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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ VANIA MARIA CREMONESE DE MEDEIROS RECURSO DE REVISTA NO PROCESSO DO TRABALHO CURITIBA 2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

VANIA MARIA CREMONESE DE MEDEIROS

RECURSO DE REVISTA NO PROCESSO DO TRABALHO

CURITIBA

2012

VANIA MARIA CREMONESE DE MEDEIROS

RECURSO DE REVISTA NO PROCESSO DO TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Felipe Augusto da Silva Alcure

CURITIBA

2012

TERMO DE APROVAÇÃO

VANIA MARIA CREMONESE DE MEDEIROS

RECURSO DE REVISTA NO PROCESSO DO TRABALHO

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção de grau de Bacharel em

Direito no Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade

Tuiuti do Paraná.

Curitiba, ____ de _______________de 2012.

______________________________

Eduardo de Oliveira Leite

Coordenador do Núcleo de Monografia

Orientador: _______________________________

Prof, Felipe Augusto da Silva Alcure

Examinador 1: _____________________________

Examinador 2: _____________________________

“Uma vida não basta ser apenas vivida:

também precisa ser sonhada”.

Mário Quintana

Agradeço aos meus filhos, Eduardo e

Vanessa, pelo apoio durante o caminho

percorrido em busca de conhecimento e pela

compreensão que esta formação acadêmica

significa para mim. Agradeço à minha amiga,

Dilcléia, por me aturar nos momentos de

angústia e dar forças na elaboração deste

trabalho. Agradeço, especialmente, ao

Professor e Orientador Felipe Augusto da

Silva Alcure pela paciência, presteza e

atenção a mim dispensada.

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar o recurso de revista, previsto no artigo 896 da CLT, como último recurso das decisões proferidas pelo TRT em grau de recurso ordinário em ações individuais ou em recurso de agravo de petição. Com o intuito de interpretar o recurso de revista no sistema recursal trabalhista, faz-se um apanhado da teoria geral dos recursos e o recurso de revista é abordado desde sua origem histórica até seus pressupostos de admissibilidade, cabimento e procedimento. Discute-se, também, baseando-se na bibliografia jurídica e no artigo 896-A da CLT, o critério da transcendência e a função social do recurso de revista.

PALAVRAS-CHAVE: Recurso de Revista. Transcendência. Prequestionamento. Admissibilidade. Princípios Recursais. Função Social do Recurso de Revista

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................7

2 HISTÓRICO...............................................................................................................9

3 TEORIA GERAL DOS RECURSOS.......................................................................15

3.1 CONCEITO..........................................................................................................15

3.2 CLASSIFICAÇÃO.................................................................................................16

3.3 PRINCÍPIOS.........................................................................................................16

3.3.1 Princípio do duplo grau de jurisdição................................................................17

3.3.2 Princípio da proibição da reformatio in pejus....................................................17

3.3.3 Princípio da taxatividade...................................................................................18

3.3.4 Princípio da singularidade ou da unirrecorribilidade.........................................18

3.3.5 Princípio da fungibilidade..................................................................................18

3.3.6 Princípio da dialeticidade..................................................................................18

3.3.7 Princípio da irrecorribilidade em separado das decisões

interlocutórias.............................................................................................................19

3.3.8 Princípio da voluntariedade...............................................................................19

3.3.9 Princípio da complementaridade.......................................................................20

3.4 PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS...........................20

3.4.1 Requisitos de admissibilidade intrínsecos.........................................................20

3.4.2 Requisitos de admissibilidade extrínsecos........................................................21

3.5 O MÉRITO DOS RECURSOS..............................................................................21

3.6 ATOS JUDICIAIS SUJEITOS A RECURSOS......................................................22

3.7 EFEITOS DOS RECURSOS................................................................................22

4 CABIMENTO, REQUISITOS E PROCEDIMENTOS DO RECURSO DE

REVISTA....................................................................................................................24

4.1 CONCEITO DE RECURSO DE REVISTA...........................................................26

4.2 CABIMENTO........................................................................................................26

4.3 PRESSUPOSTOS................................................................................................29

4.3.1 Pressupostos intrínsecos..................................................................................29

4.3.2 Pressupostos extrínsecos.................................................................................30

4.4 PREQUESTIONAMENTO....................................................................................31

4.5 PROCEDIMENTOS..............................................................................................33

5 TRANSCENDÊNCIA...............................................................................................36

6 FUNÇÃO SOCIAL DO RECURSO DE REVISTA...................................................41

7 CONCLUSÃO.........................................................................................................50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS..........................................................................52

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1 INTRODUÇÃO

Nas palavras de José Carlos Barbosa Moreira pode-se conceituar recurso, no

direito processual cível brasileiro, como “remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro

do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de

decisão judicial a que se impugna”. (2003, p.233). É por meio do recurso, então, que

uma das partes sentindo-se lesada com o resultado da demanda, manifesta seu

inconformismo, dentro da mesma relação jurídica processual.

Os recursos no processo do trabalho possuem os mesmos princípios dos

recursos no processo civil e também da Constituição Federal. Porém, a CLT e a

legislação processual trabalhista estabelecem os recursos que são específicos do

processo do trabalho. Faz o arrolamento dos recursos admissíveis no processo do

trabalho, mas não faz toda a regulamentação, de forma que as omissões são

supridas pelas normas do Código do Processo Civil.

Os recursos cabíveis no processo do trabalho podem ser ordinários e de

revista e estão previstos nos artigos 895 e 896 da CLT, respectivamente. O recurso

de revista era na nomenclatura primitiva considerado recurso extraordinário,

passando a ser chamado recurso de revista a partir do surgimento da CLT. O

recurso de revista é considerado um recurso de caráter técnico, pois a sua

admissibilidade depende do atendimento de pressupostos específicos e não

constitui objetivo deste recurso corrigir a decisão, mas sim, a correta interpretação

da lei pelos tribunais do trabalho. (VADE MECUM, 2012),

Neste trabalho pretende-se demonstrar as formas de utilização do recurso de

revista, seus requisitos, também chamados de pressupostos que podem ser:

intrínsecos, tais como cabimento, legitimidade, interesse, inexistência de fato

impeditivo ou extintivo; e, extrínsecos como a tempestividade, a regularidade e o

preparo. Faz-se, também, uma análise da função social do recurso de revista, como

recurso necessário e imprescindível para uniformização da jurisprudência dos

tribunais do trabalho, garantindo que causas que versam sobre a mesma matéria,

possuam tratamentos semelhantes, como prevê o Princípio da Isonomia.

A distribuição dos capítulos deste trabalho segue a ordem: no primeiro

capítulo foi realizado um breve histórico da origem do recurso de revista; o segundo

capítulo discorre sobre os princípios recursais, da teoria geral dos recursos; o

terceiro capítulo resgata o conceito, cabimento, requisitos e procedimentos do

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recurso de revista; o quarto capítulo versa sobre o requisito da transcendência e o

quinto sobre a função social do recurso de revista.

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2 HISTÓRICO

A Constituição de 1824, ao criar o Superior Tribunal de Justiça, outorgou-lhe

competência para anular os processos e sentenças que violassem leis, em causas

cíveis. Nos seus artigos 163 e 164, previa a existência de um Tribunal na capital do

Império com a denominação de Supremo Tribunal de Justiça, bem como, a

competência deste Tribunal:

Art. 163. Na capital do Império, alem da Relação, que deve existir, assim como nas demais Províncias, haverá também um Tribunal com a denominação de – Supremo Tribunal de Justiça- composto de Juízes Letrados, tirados das Relações por suas antiguidades; e serão condecorados com o Titulo do Conselho. Na primeira organização poderão ser empregados neste Tribunal os Ministros daqueles, que se houverem de abolir. Art. 164. A este Tribunal Compete: l. Conceder, ou denegar Revistas nas Causas, e pela maneira, que a Lei determinar. II Conhecer dos delitos, e erros do Oficio, que cometerem os seus Ministros, os das Relações, os Empregados no Corpo Diplomático, e os Presidentes das Províncias. III Conhecer, e decidir sobre os conflitos da jurisdição, e das competências das Relações Providenciais. ( BRASIL CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1824, 2012, p. ÚNICA).

No entanto, o Supremo Tribunal de Justiça foi extinto pouco tempo depois de

sua criação, e o mesmo ocorreu com o recurso de revista. Posteriormente, o Decreto

n° 848 de 11 de outubro de 1890, trouxe a organizaç ão da Justiça Federal e no seu

artigo 9°, parágrafo único, o recurso extraordinári o:

Parágrafo único. Haverá também recurso para o Supremo Tribunal Federal das sentenças definitivas proferidas pelos tribunais e juízes dos Estados: a) quando a decisão houver sido contraria á validade de um tratado ou convenção, á aplicabilidade de uma lei do Congresso Federal, finalmente, á legitimidade do exercício de qualquer autoridade que haja obrado em nome da União – qualquer que seja a alçada; b) quando a validade de uma lei ou ato de qualquer Estado seja posta em questão como contrario á Constituição, aos tratados e ás leis federais e a decisão tenha sido em favor da validade da lei ou ato; c) quando a interpretação de um preceito constitucional ou de lei federal, ou da clausula de um tratado ou convenção, seja posta em questão, e a decisão final tenha sido contraria, á validade do titulo, direito e privilegio ou isenção, derivado do preceito ou clausula. (BRASIL DECRETO nº 848, 2012, p. ÚNICA).

A Constituição da República de 24 de fevereiro de 1891 no artigo 59, inciso II,

e parágrafo primeiro, ao estabelecer a competência do Supremo Tribunal Federal,

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atribuiu-lhe o julgamento em grau de recurso, das sentenças das justiças dos

Estados, em última instância.

§1º - Das sentenças das Justiças dos Estados, em última instancia, haverá recurso para o Supremo Tribunal Federal: a) quando se questionar sobre a validade, ou a aplicação de tratados e leis federais, e a decisão do Tribunal do Estado for contra ela; b) quando se contestar a validade de leis ou de atos dos Governos dos Estados em face da Constituição, ou das leis federais, e a decisão do Tribunal do Estado considerar válidos esses atos, ou essas leis impugnadas. ( BRASIL CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1891, 2012, p. ÚNICA).

Não havendo, portanto, adjetivação do recurso de essência extraordinário,

chamando-lhe apenas de recurso.

A emenda de 03 de setembro de 1926 alterou o texto da Constituição de 24

de fevereiro de 1891 e o artigo 60, §1º, passou a prever a possibilidade de recurso

para o Supremo Tribunal Federal das sentenças das Justiças dos Estados:

Art. 60 § 1° Das sentenças das Justiças dos Estados em ulti ma instancia haverá recurso para o Supremo Tribunal Federal: quando se questionar sobre a vigência ou a validade das leis federais em face da Constituição e a decisão do Tribunal do Estado lhes negar aplicação; a) quando se contestar a validade de leis ou atos dos governos dos Estados em face da Constituição, ou das leis federais, e a decisão do tribunal considerar válidos esses atos, ou essas leis impugnadas; b)quando dois ou mais tribunais locais interpretarem de modo diferente a mesma lei federal, podendo o recurso ser também interposto por qualquer dos tribunais referidos ou pelo procurador geral da Republica; c)quando se tratar de questões de direito criminal ou civil internacional. ( BRASIL LEGISLAÇÃO INFORMATIZADA, 2012, p. ÚNICA).

O texto da Constituição de 1934 atribui no art. 76, III, à Corte Suprema a

competência de julgar em recurso extraordinário as causas decididas pelas Justiças

locais em única ou última instância:

III – em recurso extraordinário, as causas decididas pelas Justiças locais em única ou última instância: a) quando a decisão for contra literal disposição de tratado ou lei federal, sobre cuja aplicação se haja questionado; b) quando se questionar sobre a vigência ou validade de lei federal em face da Constituição, e a decisão do Tribunal local negar aplicação à lei impugnada; c) quando se contestar a validade de lei ou ato dos Governos locais em face da Constituição, ou lei federal, e a decisão do Tribunal local julgar valido o ato ou a lei impugnada;

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d) “quando ocorrer diversidade de interpretação definitiva da lei federal entre Cortes de Apelação de Estados diferentes, inclusive do Distrito Federal ou dos Territórios, ou entre um deste Tribunais e a Corte Suprema, ou outro Tribunal Federal.( BRASIL, CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1934, 2012, p. ÚNICA).

Foi a partir daí que se adotou expressamente o termo “recurso extraordinário”,

sendo assim referido deste então até a atual Constituição.

O Decreto-Lei nº 1.237, de 2 de maio de 1939, organizou a Justiça do

Trabalho e, no artigo 76 do Capítulo V, que trata dos recursos, dispunha: “Quando a

decisão do Conselho Regional der à mesma lei inteligência diversa da que tiver sido

dada por outro Conselho ou pelo Conselho Nacional do Trabalho, caberá recurso

para este”. ( BRASIL, DECRETO-LEI No 1.237, 2012, p. ÚNICA).

O Decreto-lei n° 6.596 de 12 de dezembro de 1940, que aprovou o

regulamento da Justiça do Trabalho, estabeleceu no artigo 200 os recursos cabíveis

da decisão:

Art. 200. Das decisões são admissíveis os seguintes recursos: I, embargos; II recurso ordinário; III recurso extraordinário; IV, agravo. [...] ( BRASIL, TRT 1ª REGIÃO, 2012, p. ÚNICA).

Assim, a partir de tal decreto, o ordenamento jurídico nacional passa a

comportar uma duplicidade de recursos extraordinários: um endereçado ao

Conselho Nacional do Trabalho (art. 203 do citado decreto), outro dirigido ao

Supremo Tribunal Federal (art. 76, III, da Carta Magna de 1934) (RUIZ, 2000).

O Decreto-Lei n° 5.452, de 1° de maio de 1943, man teve a terminologia de

recurso extraordinário em seu artigo 896.

Art. 896. Cabe recurso extraordinário das decisões de última instância, quando:

a) derem à mesma norma jurídica interpretação diversa da que tiver sido dada por um Conselho Regional ou pela Câmara de Justiça do Trabalho;

b) proferidas com violação, expressa de direito. (BRASIL DECRETO-LEI n° 5.452, 2012, p. ÚNICA).

A denominação de recurso extraordinário foi mantida pelo Decreto-Lei n°

5.452, de 1° de maio de 1943, que foi também o decr eto responsável pela

aprovação da CLT. No artigo 896, tal Decreto-Lei, estabeleceu o cabimento de

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recurso extraordinário: “Cabe recurso extraordinário das decisões de última

instância, quando: a) derem à mesma norma jurídica interpretação diversa da que

tiver sido dada por um Conselho Regional ou pelo Conselho Nacional do Trabalho;

b) fossem proferidas contra a letra expressa da lei”. (BRASIL DECRETO-LEI n°

5.452, 2012, p. ÚNICA).

Pereira Junior esclarece: “O Decreto-Lei 8.737 de 19 de janeiro de 1946,

estabeleceu que do recurso extraordinário tomaria conhecimento o Conselho

Nacional do Trabalho, que passou a denominar-se Tribunal Superior do Trabalho

pelo Decreto-Lei n° 9.797, de 09-09-1946. (1991, p. 21).

Com a Constituição de 1946, a Justiça do Trabalho foi incluída no Poder

Judiciário e o cabimento do recurso extraordinário para o STF foi expressamente

previsto, das decisões proferidas em desconformidade com o disposto das normas

constitucionais. Para Pereira Junior (1991), dessa forma, verificou-se no mesmo

processo, na área trabalhista, a possibilidade de serem oferecidos dois apelos com o

mesmo rótulo. Ou seja, inicialmente caberia o recurso extraordinário para o TST e a

seguir, no mesmo feito, seria cabível o recurso extraordinário da decisão deste

tribunal para o STF.

Para Lenira Ferreira Ruiz:

Tal ambigüidade terminológica influenciou o legislador que, ao editar a Lei n. 861, de 13 de outubro de 1949, modificou a redação de artigos da Consolidação das Leis do Trabalho e, no art.896, previu o cabimento de recurso de revista das decisões de última instância quando: “a)derem à mesma norma jurídica interpretação diversa da que tiver sido dada pelo mesmo Tribunal Regional ou pelo Tribunal Superior do Trabalho; b) proferida com violação da norma jurídica ou princípios gerais de direito”. Contudo, a ambigüidade passou, então, a envolver o recurso de revista previsto no processo civil, cuja finalidade era a de uniformizar a jurisprudência dos tribunais locais. (1991, p. 18).

O recurso de revista tem natureza jurídica extraordinária por ser diferente dos

recursos que o precedem. Destina-se a assegurar, unicamente, a correta aplicação

da lei em seu aspecto objetivo. Foi por isso denominado inicialmente de recurso

extraordinário. A denominação de recurso de revista surgiu somente com a Lei n°

861/49 que deu nova redação ao artigo 896 da CLT. Dessa forma o recurso de

revista está legalmente previsto no artigo 896 da CLT:

Art. 896. Cabe recurso de revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho quando:

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a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência Uniforme dessa Corte; b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a; c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta literal à Constituição Federal. §1º O Recurso de Revista, dotado de efeito apenas devolutivo, será apresentado ao Presidente do Tribunal recorrido, que poderá recebê-lo ou denegá-lo, fundamentando, em qualquer caso, a decisão. §2º Das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução de sentença, inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, não caberá Recurso de Revista, salvo na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal. §3º Os Tribunais Regionais do Trabalho procederão, obrigatoriamente, à uniformização de sua jurisprudência, nos termos do Livro I, Titulo IX, Capítulo I do CPC, não servindo a súmula respectiva para ensejar a admissibilidade do Recurso de Revista quando contrariar Súmula daJurisprudência Uniforme do Tribunal Superior do Trabalho. §4º A divergência apta a ensejar o Recurso de Revista deve ser atual, não se considerando como tal a ultrapassada por súmula, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. §5º Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro Relator, indicando-o negar seguimento ao Recurso de Revista, aos Embargos, ou ao Agravo de Instrumento. Será denegado seguimento ao Recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação, cabendo a interposição de Agravo. §6º Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho e violação direta da Constituição da República. (VADE MECUM, 2012, p. 939).

Para Manoel Antônio Teixeira Filho (2012), também como para Ruiz (1991), o

que influenciou o legislador de 1949 na alteração do nome do recurso foi a

possibilidade de, em um só processo trabalhista, virem a ser interpostos dois

recursos extraordinários, embora de decisões distintas: um para o TST e outro para

o STF. No entanto, na opinião desse autor:

De qualquer forma, a providência não evitou que continuassem a existir – agora com outra denominação comum – dois recursos com nomenclatura idêntica, pois tanto o processo do trabalho quanto o civil continham o recurso de revista, embora se distinguissem, profundamente, quanto à finalidade. A revista do processo civil, aliás, era anterior à do processo do trabalho, uma vez que já prevista no CPC de 1939 (art. 853), que estava a viger quando surgiu a CLT. Essa duplicidade de recursos de revista no ordenamento processual brasileiro levou, a propósito, Russomano a sugerir, no anteprojeto do Código de Processo do Trabalho de 1963, que o trabalhista passasse a ser designado de recurso de revisão. Se a sugestão tinha o mérito de eliminar o problema de identidade terminológica para

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recursos distintos, parece-nos, data vênia, que incorria em sensível vício tautológico, porquanto a revisão é objeto comum a todos os recursos. Tanto isto é certo que se costuma aludir aos juízos ad quem como órgãos de revisão (ou reexame). Com o advento do CPC de 1973, contudo a questão ficou solucionada, pois esse Código eliminou o recurso de revista. (TEIXEIRA FILHO, 2009, p. 1614).

As Leis de n° 7.033, de 05 de outubro de 1982, e 7. 701, de 21 de dezembro

de 1988, e 9.756, de 17 de dezembro de 1998, também alteraram o artigo 896 da

CLT. A versão atual do artigo 896 é dada pela Lei 9.957, de 12 de janeiro de 2000.

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3 TEORIA GERAL DOS RECURSOS

No direito brasileiro, recurso é um remédio voluntário, não sendo, no entanto,

o único meio de impugnação das decisões judiciais, uma vez que existem as ações

autônomas de impugnação, tais como: ação rescisória, embargos de terceiro, desta

forma, os recursos são remédios processuais que visam manter a integridade dos

atos processuais, evitando que os mesmos padeçam de vícios capazes de

comprometer todo o processo.

Como esclarece Marcelo Abelha Rodrigues:

[...] o recurso é um meio processual colocado à disposição das partes, do Ministério Publico e de um terceiro, a viabilizar dentro da mesma relação jurídica processual, e dentro de certo prazo, a anulação, a reforma, a integração ou ao aclaramento da decisão judicial impugnada. (2010, p. 585).

3.1 CONCEITO

A palavra recurso possui significados diversos, em se tratando do direito de

natureza processual, significa um remédio que pode ser empregado para que uma

decisão seja reexaminada por suposto vício nela contido.

Citando Marcelo Abelha Rodrigues:

Assim, a rigor, há uma correspondência lógica entre o conceito processual de recurso e a sua raiz etimológica, já que se recurso é correr de novo, voltar ao lugar de onde saiu, então há similitude com o sentido processual de que recorrer é ato de impugnação de uma decisão judicial, no próprio processo, com o fito de ser reexaminada. (2010, p. 585).

De sorte que os pedidos recursais são interpostos no sentido de integrar,

esclarecer, invalidar ou reformar uma decisão judicial e, a causa de pedir são os

fundamentos que dão suporte aos referidos pedidos. Pode-se lançar mão do recurso

para corrigir a injustiça de uma decisão, ou para esclarecê-la. Porém, há que se

fazer distinção entre recurso e ação autônoma de impugnação, pois nem todo

remédio é considerado recurso. Para evitar confusões é bom ter-se em conta que os

recursos são sempre um prolongamento do direito de ação, ou seja, são passiveis

de serem utilizados num processo que ainda não chegou ao seu fim, não se criando

com a sua interposição, uma nova relação jurídica processual, enquanto as ações

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autônomas de impugnação (ação rescisória, embargos de terceiro, ação de

mandado de segurança) dão ensejo a uma nova relação jurídica processual.

3.2 CLASSIFICAÇÃO

De acordo com Rodrigues (2010), o recurso pode ser total ou parcial; de

fundamentação livre e de fundamentação vinculada; principal ou subordinada

(adesivo). Quanto a totalidade e a parcialidade, referem-se ao conteúdo impugnável

da decisão recorrida. Se o recorrente impugna somente parte do que poderia

impugnar, o recurso é parcial. Impugna-se tudo aquilo que poderia impugnar, o

recurso é total, como por exemplo, nos embargos infringentes em que se impugna

todo conteúdo do voto vencido. Se apenas parte do voto vencido é impugnado, o

recurso é parcial.

Os recursos de fundamentação livre são aqueles que não sofrem qualquer

restrição quanto a extensão da matéria a ser impugnada, são exemplos a apelação

os embargos infringentes, o recurso ordinário constitucional. Já os recursos de

fundamentação vinculada só podem ser utilizados para determinados tipos de vícios

previstos, ou seja, são necessários os fundamentos típicos (vícios típicos previstos

pelo legislador). São exemplos de recursos de fundamentação vinculada: o recurso

especial, o extraordinário, os embargos de declaração.

A classificação dos recursos em principal ou subordinado limita-se aos

recursos de apelação, embargos infringentes, recurso especial e extraordinário. O

recurso adesivo é forma diferenciada de interposição do recurso principal. (IBID,

2010). Para que o recurso adesivo seja interposto, é necessário que concorram as

condições de: sucumbência parcial, recurso principal interposto pela parte contraria,

que o recurso principal tenha sido conhecido e não interposição do próprio recurso

principal pela parte que pretende interpor o adesivo. O recurso subordinado é assim

chamado porque depende do recurso principal interposto pela parte contrária.

Os recursos podem ser ainda ordinários e extraordinários. Sendo ordinários

aqueles que têm como prioridade a tutela dos direitos subjetivos dos recorrentes.

São considerados extraordinários os recursos que se destinam a tutela do direito

objetivo, federal ou constitucional, respectivamente o recurso especial e o recurso

extraordinário.

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3.3 PRINCÍPIOS

Os princípios aplicados aos recursos são os mesmos do processo civil.

Especificamente os princípios que regulam a sistemática processual recursal são:

princípio do duplo grau de jurisdição; princípio da proibição da reformatio in pejus;

princípio da taxatividade; princípio da singularidade; princípio da fungibilidade;

princípio da dialeticidade; princípio da irrecorribilidade em separado das decisões

interlocutórias; princípio da voluntariedade; princípio da complementaridade;

princípio da consumação.

3.3.1 Princípio do duplo grau de jurisdição

O princípio do duplo grau de jurisdição significa a possibilidade de a decisão

ser revista por órgão de jurisdição, normalmente com hierarquia superior àquele que

proferiu a decisão e constitui uma diretriz estabelecida pela Constituição Federal,

que adota em seu texto a técnica recursal em diversas passagens, não só no que

tange a organização Judiciária e a competência dos tribunais, mas também quando

faz alusão aos recursos a eles cabíveis.

De acordo com Luiz Guilherme Marinoni:

Como já se sabe, a idéia que subjaz à noção de duplo grau de jurisdição impõe que qualquer decisão judicial, da qual possa resultar algum prejuízo jurídico para alguém, admita revisão judicial por outro órgão pertencente também ao Poder Judiciário (não necessariamente por órgão de maior hierarquia em relação àquele que proferiu, inicialmente, a decisão). (2008, p. 508).

3.3.2 Princípio da proibição da reformatio in pejus

O princípio da proibição da reformatio in pejus, ou reforma para pior, visa

evitar que o tribunal destinatário do recurso, possa decidir de forma a piorar a

situação do recorrente, por extrapolação do âmbito da devolutividade, fixado com a

interposição do recurso, ou em virtude de não haver recurso da parte contraria.

Dessa forma, não pode o magistrado julgar o que não foi impugnado, e a

sucumbência (derrota) é aspecto ligado ao interesse de recorrer, o juiz só pode

julgar aquilo que foi levado a juízo através do recurso. Pelo mesmo motivo, é vedada

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também, a reformatio in melius, que significa a reforma para melhor, pois é obvio

que a reforma para melhor para um lado significará a reforma para pior para o outro

lado. (RODRIGUES, 2010).

3.3.3 Princípio da taxatividade

O princípio da taxatividade baseia-se no fato de que os recursos para assim

serem considerados, devem estar taxativamente previstos em lei federal (artigo 22, I,

da CF/1988). “Assim, se não houver previsão em lei federal ou no CPC é porque de

recurso não se trata.” (IBID, 2010).

3.3.4 Princípio da singularidade ou da unirrecorribilidade

O princípio da singularidade ou princípio da unirrecorribilidade significa que

para cada decisão recorrível há um recurso específico próprio e adequado, previsto

no ordenamento jurídico, sendo vedada a interposição cumulativa ou simultânea de

mais de um recurso para um mesmo ato judicial. De acordo com essa regra, não é

possível a utilização simultânea de dois recursos contra a mesma decisão; para

cada caso há um recurso adequado e somente um. (DIDIER JUNIOR, 2011)

3.3.5 Princípio da fungibilidade

O princípio da fungibilidade, como o próprio nome diz, significa a permissão

de se trocar um recurso por outro. Entende a jurisprudência serem requisitos para a

aplicação do princípio da fungibilidade a existência de fundada dúvida a respeito do

recurso a ser interposto, a inexistência de erro grosseiro, a ausência de má-fé e ou a

tempestividade, por exemplo, tal princípio pode ser aplicado se houver divergência

doutrinaria ou jurisprudencial a respeito de qual recurso é cabível. Esse princípio

constitui em atenuação do princípio da singularidade, pois permite mais de um tipo

de recurso para uma única decisão e deriva do postulado da instrumentalidade das

formas (art. 250 do CPC). (RODRIGUES, 2010).

3.3.6 Princípio da dialeticidade

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A dialeticidade dos recursos esta ligada a discursividade dos mesmos, ou

seja, as razões que motivaram o recurso devem estar presentes, constituindo os

fundamentos de fato e de direito, além do pedido de nova decisão. Portanto, não

basta que o recorrente cite os dispositivos legais que considera terem sido violados,

deve, na verdade, impugnar todos os fundamentos suficientes para manter o

acórdão recorrido, de sorte a demonstrar que o julgamento proferido pelo Tribunal

de origem deve ser modificado. O recorrente deve então, delinear o porquê do

pedido de novo exame da decisão, bem como, os fundamentos de fato e de direito

que embasam o seu inconformismo, e só então firmar o pedido de nova decisão.

Nesse sentido se insere a Súmula 284 do STF: inadmissível o recurso

extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata

compreensão da controvérsia, e a Súmula 182 do STJ prevê: “inviável o agravo do

artigo 545, do CPC que deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão

agravada”. (VADE MECUM, 2012, p. 1589). Dessa forma, não basta ao recorrente

fazer alegações genéricas que contrariem as afirmações do julgado contra o qual se

impõe ou transcrever simplesmente o voto vencido, sem nada acrescentar.

3.3.7 Princípio da irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias

Por intermédio do principio da irrecorribilidade em separado das decisões

interlocutórias, todas as interlocutórias são impugnáveis por via de agravo. No

entanto, o princípio prevê que não se pode recorrer com a suspensão do processo,

ou seja, em separado do mesmo. Baseado nesse princípio, o recurso de agravo é

dotado de efeito apenas devolutivo, pois do contrário causaria procrastinação do

feito. Portanto, as decisões interlocutórias não são impugnáveis de maneira a

paralisar todo o curso do procedimento. Sua impugnação deve se dar de maneira

racional observando princípios, tais como, da concentração dos atos processuais e

da economia processual. (IBID, 2010).

3.3.8 Princípio da voluntariedade

O princípio da voluntariedade baseia-se no fato de que recurso é um ato de

vontade devendo ser emanado da parte. Tal manifestação volutiva deve provir das

partes, terceiro prejudicado ou Ministério Público, não podendo ninguém constranger

20

ou impor a outrem, obrigação de interpor recurso. Não se submete a tal princípio a

remessa necessária, que na jurisprudência do STJ é considerada como exceção ao

princípio da voluntariedade.

3.3.9 Princípio da complementaridade

Pelo princípio da complementaridade resta clara a impossibilidade de

apresentação de razões do recurso fora do prazo da interposição do mesmo.

(RODRIGUES, 2010). Pois ocorrida tal situação, estaremos diante da preclusão

consumativa. Porém, aberto prazo recursal às partes, pode acontecer de uma parte

apresentar recurso cabível como apelação e a outra interpor embargos de

declaração. Em tal caso, o julgamento dos embargos de declaração poderá

modificar o ato em desfavor da parte que recorrera em primeiro lugar. Para garantir o

devido processo legal admite-se nesses casos a complementação do recurso

interposto. Contudo, deve-se observar que a complementação só é possível se o

seu objeto se limitar à parte modificada em razão dos embargos.

3.4 PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS

Para que um recurso seja admitido é necessário que o mesmo preencha

certos requisitos. Diversos são os critérios levados em consideração na

admissibilidade dos recursos. De forma geral podem ser classificados em intrínsecos

e extrínsecos. Os primeiros dizem respeito ao direito de recorrer e os segundos

relacionam-se com o exercício do direito de recorrer, uma vez que são externos à

decisão recorrida. Os intrínsecos são: cabimento, legitimidade, interesse e

inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer. Os pressupostos

extrínsecos são: tempestividade, preparo e regularidade formal.

3.4.1 Requisitos de admissibilidade intrínsecos

Os requisitos de admissibilidade intrínsecos, ou seja, do cabimento dos

recursos dividem-se no binômio recorribilidade-adequação. A recorribilidade deve-se

à necessidade da existência em lei federal de recurso para decisão judicial que se

pretende impugnar. A adequação é a correlação biunívoca que deve existir entre o

21

recurso e a decisão judicial que se pretende impugnar. Portanto, para cada decisão

judicial existe, via de regra, um recurso que lhe é próprio. (IBID, 2010).

São legítimas para interpor recursos as partes, o Ministério Público e o

terceiro prejudicado, segundo a regra do art. 499 do CPC. Partes recorrentes são,

além do MP, aquelas que pleiteiam e em face das quais foi pleiteada, em nome

próprio, a tutela jurisdicional. Logo, as partes com legitimidade para recorrer são: o

autor, o réu, ou qualquer dos litisconsortes, bem como, o interveniente (que desde a

intervenção, se tornou parte), inclusive o assistente, litisconsorcial ou simples. E,

ainda, no processo de execução, quem assume a posição postulatória e o terceiro

prejudicado.

A inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer é requisito

necessário à existência do poder de recorrer, ou seja, havendo fato impeditivo, não

nasce sequer o direito de recorrer. No caso do fato extintivo o poder de recorrer não

mais existe. Exemplos do primeiro caso são as situações de preclusão lógica

quando se pretende recorrer de sentença de desistência bilateral homologada. Para

exemplificar o segundo caso tem-se a renúncia, a desistência ou a conformação,

tácita ou expressa com a decisão proferida.

3.4.2 Requisitos de admissibilidade extrínsecos

Como um dos requisitos de admissibilidade extrínseca temos a

tempestividade que está intimamente ligada ao exercício do recurso no prazo

previsto em lei. A necessidade do prazo recursal provém da segurança jurídica, uma

vez que estabelecido um prazo para que a decisão possa ser impugnada, ele acaba

com a intranquilidade das partes diante de uma situação em que a lei pudesse ser

vista e revista em qualquer momento. Além disso, o direito de recorrer não exercido

no prazo determinado sofre a preclusão temporal.

Outros requisitos de admissibilidade extrínsecos são a regularidade formal, a

inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer e o preparo.

Para Nelson Néri Junior:

[...] no tocante aos pressupostos extrínsecos, correspondem eles aos seguintes elementos: a) tempestividade do recurso, isto é, a necessidade de obediência aos prazos estipulados em lei; b) regularidade formal; c) inexistência de fato impeditivo (desistência do recurso, a renúncia ao direito

22

ou reconhecimento jurídico do pedido, não-adimplemento de multas fixadas nos arts. 538, parágrafo único, e 557, § 2°, do CPC etc.) ou extintivo (renúncia ao recurso, aceitação expressa ou tácita da decisão recorrida etc.) do direito de recorrer; e d) preparo. (2004, p. 274).

3.5 O MÉRITO DOS RECURSOS

Em hipótese alguma, apesar do recurso ser prolongamento do direito de

ação, pode-se dizer que o mérito do recurso é o mérito da ação. Isto porque o mérito

do recurso é limitado àquilo que foi objeto de sucumbência e que não corresponde,

necessariamente, a todo pedido inicial. O mérito do recurso é a pretensão de

invalidação, reforma, integração ou esclarecimento da decisão, qual seja a

pretensão recursal. Já o mérito da ação é o pedido inicial e, se houver sentença de

carência de ação, o mérito não terá sido apreciado, nada impedindo que haja

recurso contrário a essa decisão. (RODRIGUES, 2010)

O objeto do mérito do recurso é completamente diferente do objeto do pedido

inicial, até porque, terá natureza processual. Nas decisões interlocutórias, por

exemplo, o mérito do recurso nada tem a ver com a lide, sendo somente cabível o

agravo contra questões incidentes que não levem à extinção do processo. Logo, o

mérito do recurso é pretensão recursal que raramente pode coincidir com o mérito

da demanda.

3.6 ATOS JUDICIAIS SUJEITOS A RECURSOS

O processo é feito de atos processuais que se sucedem em cadeia numa

sequência lógica, ritmada, progressiva e complexa. No entanto, nem todos os atos

praticados no processo e para o processo são objetos de impugnação recursal.

Apenas os atos praticados pelo juiz, chamados de atos decisórios (singular ou

colegiado), em primeiro e segundo grau de jurisdição, poderão ser impugnados por

meio de recurso. Isto afasta do alvo recursal os atos judiciais de realização de uma

audiência, de colheita de uma prova, de dar impulso ao processo, etc. (IBID, 2010).

O Código de Processo Civil com o intuito de facilitar a vida do operador do

direito, na tarefa de identificação dos atos recorríveis (e de qual recurso será cabível

em cada hipótese) conceitua os pronunciamentos judiciais. Nos artigos 162 e 163 do

CPC, é feita uma identificação dos atos recorríveis e de qual recurso será cabível

23

em cada hipótese. Além disso, a adoção do principio da singularidade recursal (cada

recurso serve apenas para um tipo de decisão) obriga o operador do direito a

identificar no caso concreto, não só se há decisão, mas, também, qual decisão é

aquela e qual recurso é cabível.

3.7 EFEITOS DOS RECURSOS

Efeito é tudo aquilo que é produzido por uma causa, ou seja, a consequência

de alguma coisa. No caso dos recursos os efeitos da interposição dos mesmos são

o de adiar a formação da coisa julgada, o efeito suspensivo e o efeito devolutivo. Os

efeitos do julgamento do recurso são a substituição da decisão recorrida ou a sua

anulação. O efeito de retardar o trânsito em julgado da decisão é chamado de efeito

obstativo e esse efeito é inerente a todos os recursos. O efeito suspensivo não é

propriamente um efeito do recurso, pois não acontece com a sua interposição, mas

sim decorre do fenômeno da recorribilidade que é consequência do postulado da

segurança jurídica. Desta forma, o recurso funciona como condição suspensiva da

eficácia da decisão, uma vez que esta não pode ser executada até que haja o seu

julgamento.

O efeito devolutivo é comum a todos os recursos, pois é da essência do

recurso provocar o reexame da decisão e isso caracteriza a devolução. A

interposição do recurso transfere ao órgão ad quem o conhecimento da matéria

impugnada, podendo variar de recurso para recurso a extensão e a profundidade do

efeito devolutivo. O recurso devolutivo não devolve ao tribunal o conhecimento de

matéria estranha ao âmbito do julgamento, mas, somente o conhecimento da

matéria impugnada.

24

4 CABIMENTO, REQUISITOS E PROCEDIMENTOS DO RECURSO DE REVISTA

Pela Lei 861/49, divergências de interpretação e violação da norma jurídica ou

dos princípios gerais do direito, reduziam-se a uma só e admitia-se o recurso de

revista sempre que a decisão de última (ou única) instância envolvesse uma questio

juris passível de controvérsia. Portanto, a amplitude da revista era muito maior que a

do recurso extraordinário para o STF. Pois, a amplitude da hipótese de violação da

norma jurídica ou dos princípios gerais do direito envolvia quaisquer questões de

direito, houvesse ou não divergência de interpretação. As condições para

admissibilidade do recurso de revista eram: a) que se tratasse de decisão de ultima

instancia; b) que a decisão se fundamentasse em violação da norma jurídica ou dos

princípios gerais de direito podendo ser referente a erro de procedimento ou ao

mérito da controversa (PEREIRA JUNIOR, 1991).

As características do recurso de revista foram alteradas substancialmente

pela Lei 2.244/1954, restringindo o âmbito de sua admissibilidade a duas hipóteses:

a) quando a decisão de ultima instância desse ao mesmo dispositivo legal

interpretação diversa da que tivesse sido dada pelo mesmo ou por outro Tribunal

Regional ou pelo Tribunal Superior do Trabalho, na plenitude de sua composição; b)

quando a decisão de ultima instância tivesse sido proferida com violação de literal

disposição de lei, ou de sentença normativa. Dessa forma, no mais se aplicava o

recurso de revista para decisões que violavam princípios gerais de direito ou normas

jurídicas que não fossem a lei e a sentença normativa. Se não houvesse literal

disposição de lei, ou de sentença normativa, o recurso de revista só era cabível na

divergência de interpretação de dispositivo legal, entre decisão recorrida e decisão

proferida pelo mesmo ou por outro Tribunal Regional, ou ainda, pelo Tribunal

Superior do Trabalho na plenitude de sua composição. (IBID, 1991).

A Lei 7.701 de 21-12-1988, no artigo 896 da CLT, estabelece três hipóteses

para o cabimento do recurso de revista: interpretação de dispositivo de lei diversa

daquela dada pelo mesmo ou por outro Tribunal Regional, ou pela Seção de

Dissídios Individuais do TST; interpretação de cláusula de convenção coletiva, de

acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento de empresa de observância

obrigatória em área que excede a jurisdição do Tribunal Regional; e violação de lei

federal ou da Constituição. (PEREIRA JUNIOR, 1991).

25

O artigo 896 da CLT, foi alterado pela Lei 9. 756/1998, passando a vigorar

com a seguinte redação:

Art. 896. cabe recurso de revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho quando: a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência Uniforme dessa Corte; b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a; c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta literal à Constituição Federal. §1º O Recurso de Revista, dotado de efeito apenas devolutivo, será apresentado ao Presidente do Tribunal recorrido, que poderá recebê-lo ou denegá-lo, fundamentando, em qualquer caso, a decisão. §2º Das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução de sentença, inclusive em processo incidente de embargos de terceiro, não caberá Recurso de Revista, salvo na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal. §3º Os Tribunais Regionais do Trabalho procederão, obrigatoriamente, à uniformização de sua jurisprudência, nos termos do Livro I, Titulo IX, Capítulo I do CPC, não servindo a súmula respectiva para ensejar a admissibilidade do Recurso de Revista quando contrariar Súmula da Jurisprudência Uniforme do Tribunal Superior do Trabalho. §4º A divergência apta a ensejar o Recurso de Revista deve ser atual, não se considerando como tal a ultrapassada por súmula, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. §5º Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro Relator, indicando-o negar seguimento ao Recurso de Revista, aos Embargos, ou ao Agravo de Instrumento. Será denegado seguimento ao Recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação, cabendo a interposição de Agravo. §6º Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho e violação direta da Constituição da República. (VADE MECUM, 2012, p. 939).

A expressão “decisões de última instância” foi alterada para: decisões

proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídios individuais, pelos Tribunais

Regionais do Trabalho.

4.1 CONCEITO DE RECURSO DE REVISTA

O recurso de revista pode ser conceituado como: o remédio jurídico previsto

em lei, de natureza extraordinária ao qual cumpre impugnar decisões proferidas

26

pelos Tribunais Regionais do Trabalho, em sede de recurso ordinário, em dissídios

individuais, com a finalidade de proceder a uniformização da jurisprudência dos

Tribunais do Trabalho e assegurar a observância de lei federal e da Constituição da

Republica.(VILLELA, 2006). Portanto, é um recurso eminentemente técnico, com

admissibilidade subordinada ao atendimento de pressupostos específicos. Tais

quais, a demonstração de divergência jurisprudencial ou violação de dispositivo de

lei ou da Constituição.

4.2 CABIMENTO

Podemos resumir as hipóteses de cabimento do recurso de revista em duas:

a decorrente da interpretação divergente e a de violação de norma jurídica. Além

disso, é necessário que a matéria objeto de recurso tenha sido examinada e julgada

pelo Tribunal Regional. Pois, se a matéria não foi considerada na instância inferior,

torna-se impossível a constatação de divergências jurisprudenciais. Ou seja, se o

Tribunal Regional deixou de apreciar determinado aspecto do litígio, deve a parte

interessada instigá-la a cumprir tal feito mediante embargos de declaração. Esse é o

entendimento expresso pela Súmula 356 do STF: O ponto omisso da decisão, sobre

o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso

extraordinário, por faltar o requisito de prequestionamento. (VADE MECUM, 2012).

A interpretação divergente pode ser: de lei federal, de lei estadual, pacto

coletivo, sentença normativa e regulamento de empresa. Ressalta-se o fato de que o

recurso de revista tem por objeto “exclusivamente” questão de direito; matéria de

fato, não.

No que diz respeito à interpretação divergente de lei federal, pela alínea a do

artigo 896, deduz-se ser recorrível de revista o acórdão de Tribunal Regional que dê

ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diferente daquela que lhe houver

dado outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios

Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência

Uniforme dessa Corte. (VADE MECUM, 2012).

Na interpretação de Eduardo Gabriel Saad:

O legislador, no preparo dessa norma, fez questão de sublinhar que a divergência de interpretação há de centrar-se num mesmo dispositivo da Lei

27

Federal, repetindo categoricamente discrepância por analogia ou semelhança. (2008, p.789).

A jurisprudência discrepante para o efeito da letra a do artigo 896 prova-se

por meio de certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou citação da fonte

oficial ou do repositório autorizado em que foi publicado. Deve, além disso,

transcrever nas razões recursais as ementas ou trechos dos acórdãos trazidos à

configuração do dissídio, tornando claro o conflito de teses que justifique o

conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos ou

venha a ser juntado com o recurso. Pois, assim estabelece a Súmula 337 do TST.

Sobre a divergência de interpretação de lei estadual, pacto coletivo, sentença

normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial

que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, conforme

alínea b do artigo 896, a razão de ser dessa possibilidade de recorrer provém da

necessidade de uniformizar a jurisprudência, buscando-se a segurança jurídica. Tal

não seria atendida no sentido pleno se persistissem orientações jurisprudenciais

diferentes em cada Tribunal Regional ou entre um Tribunal Regional e a Seção de

Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho. Pelo mesmo motivo, justifica-

se a interposição de recurso de revista para interpretação diferente da mesma

cláusula de Convenção Coletiva de Trabalho. E, também, aplica-se para o caso de

uma Convenção Coletiva de Trabalho que abrange mais de uma região jurisdicional,

pois se assim não fosse, nessa situação permitir-se-ia surgir uma Convenção

Coletiva interpretada diferentemente por mais de um tribunal. (NASCIMENTO,

2009).

Cabe salientar que a divergência capaz de ensejar o recurso de revista deve

ser atual, não podendo, para tanto, ser utilizada Súmula ultrapassada ou superada

por reiterada e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, como consta

do §4° do artigo 896 da CLT. E, a divergência juris prudencial ensejadora da

admissibilidade, do prosseguimento e do conhecimento do recurso, há de ser

especifica, revelando a existência de teses diversas de um mesmo dispositivo legal,

embora idênticos os fatos que a ensejaram, constante da Súmula 296, I do TST.

(VADE MECUM, 2012).

Os acórdãos paradigmas que podem servir de base para a interposição da

revista são a divergência: a) entre acórdãos de diferentes Tribunais Regionais,

cabendo ao Tribunal Superior do Trabalho a uniformização; b) entre decisões dos

28

Tribunais ou de suas Turmas e decisões de Seção Especializada do Tribunal

Superior; c) entre decisões dos Tribunais Regionais ou suas Turmas e acórdão do

pleno do Supremo Tribunal Federal. Não constituem base para interposição de

revista a divergência: a) entre Varas, porque será corrigida pelo Tribunal Regional

através de recurso ordinário; b) entre Juízes de Direito ou entre Varas e Juízes de

Direito, também, pelas mesmas razões; c) entre turmas do mesmo tribunal, porque

nesse caso cada tribunal deve uniformizar a sua jurisprudência; d) entre Turmas do

Tribunal Superior do Trabalho, porque das decisões das turmas desse tribunal, cabe

outro recurso, os embargos para a Seção Especializada em dissídios individuais,

meio de corrigir as distorções entre as turmas da mais alta Corte Trabalhista; e)

entre decisões dos Tribunais Regionais ou suas Turmas e decisões das Turmas do

Tribunal Superior, porque estas últimas decisões não são finais e podem ser

modificadas pelo já mencionado recurso de embargos para Seção Especializada

deste tribunal em dissídios individuais. (NASCIMENTO, 2009).

A segunda hipótese de revista é de decisões proferidas com violação de

norma jurídica ou afronta direta e literal à Constituição da República. Nesse caso, a

revista tem a função de reformar a decisão diante da nulidade resultante da violação.

O cabimento do recurso de revista depende, em primeiro lugar, da existência de

uma lei que disponha em sentido diverso da decisão recorrida. A violação deve ser

literal (como literal entende-se a violação da letra do texto da lei), categórica e clara.

A inexistência de prejuízo para os litigantes não impedirá o conhecimento da revista

sendo, no entanto, motivo para que não seja declarada a nulidade do julgamento do

recurso, como matéria preliminar. A afronta direta e literal à Constituição Federal é

aquela que se opõe ao sentido e/ou ao espírito do texto da Lei Magna. Há princípios

constitucionais que podem ser afrontados por decisões judiciais, embora não

diretamente, dependendo da apreciação do magistrado.

Nas ações submetidas ao procedimento sumaríssimo é admissível o recurso

de revista em apenas duas hipóteses: a) o acórdão regional contraria Súmula do

Tribunal Superior do Trabalho e b) afronta direta a preceito constitucional. Para

comprovar o item “a” tem o recorrente de demonstrar o conflito entre a decisão

impugnada e a súmula. Já na hipótese do item “b” é inadmitida a ofensa obliqua ao

texto constitucional, assim considerado aquela que diz respeito a dispositivo de

índole processual. Nas duas hipóteses é cabível, embora a lei não o afirme, o

embargo para a competente Seção Especializada do TST, se existentes os

29

pressupostos de admissibilidade do recurso de revista. E, se comprovada ofensa

direta à regra constitucional, a causa pode ser levada ao STF.

É admissível, por exceção à regra legal proibitiva, o recurso de revista contra

acórdão proferido em Agravo de Petição, na liquidação de sentença, quando

acarretar ofensa direta à letra da Carta Magna, conforme a Súmula 266, da CLT.

4.3 PRESSUPOSTOS

Os pressupostos de admissibilidade do recurso de revista podem ser divididos

em: pressupostos intrínsecos e extrínsecos.

4.3.1 Pressupostos intrínsecos

Os pressupostos recursais intrínsecos exigidos pelo recurso de revista são:

cabimento, legitimidade para recorrer, interesse em recorrer e inexistência de fato

impeditivo ou extintivo do direito de recorrer.

O cabimento do recurso depende da existência de pronunciamento judicial

recorrível, pois os acórdãos podem ter efeito de decisão interlocutória e, nesse caso

são de regra irrecorríveis, conforme Súmula n° 214 do TST. O recurso de revista

então depende da existência de acórdão de TRT proferido em grau de recurso

ordinário em ações individuais ou em recurso de Agravo de Petição. Por meio do

recurso de revista o TST corrige violações às normas constitucionais e legais, por

parte dos Tribunais Regionais, e uniformiza a jurisprudência trabalhista.

O recorrente, no recurso de revista, deve trazer à colação arestos (decisão de

um tribunal, que serve de paradigma para casos análogos) que contrariem o

acórdão recorrido, e, também, quando este último não afrontou literalmente

disposição de lei.

O esgotamento dos recursos ordinários não constitui naturalmente o direito

irrestrito de a parte recorrer por meio de recurso de revista. É indispensável a

ocorrência de um dos pressupostos reunidos no artigo 896 da CLT.

O recurso de revista não pode ser utilizado para impugnar, por exemplo,

decisões dos Tribunais Regionais do Trabalho em processo de sua competência

originária, como quando do julgamento em dissídios coletivos, mandados de

segurança, ações rescisórias, habeas corpus, entre outros.

30

No que diz respeito à legitimidade para recorrer, o recurso de revista pode ser

interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo MP. Sendo exigido

deste terceiro nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação

jurídica submetida à apreciação judicial.

O interesse em recorrer provém daquele, parte ou terceiro interessado, que

tenha sofrido algum prejuízo jurídico em decorrência da decisão judicial ou que, pelo

menos, não tenha visto satisfeita de forma plena a pretensão exposta. Também, o

Ministério Público tem seu interesse recursal caracterizado pela ofensa ao direito

objetivo, ao interesse público e ao regime democrático.

Constitui, no recurso de revista, fato impeditivo do ato de recorrer a falta de

prequestionamento, ou seja, se a questão controvertida não foi levantada,

expressamente, não cabe recurso de revista.

4.3.2 Pressupostos extrínsecos

Os pressupostos recursais extrínsecos exigidos pelo recurso de revista são:

tempestividade, regularidade e preparo. Os pressupostos extrínsecos do recurso de

revista estão previstos na parte final do § 5°, do artigo 896 da CLT:

Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministério Relator, indicando-o, negar seguimento ao Recurso de Revista, aos Embargos, ou ao Agravo de Instrumento. Será denegado seguimento ao Recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção falta de alçada e ilegitimidade de representação, cabendo a interposição de Agravo. (VADE MECUM, 2012, p. 939).

O prazo para a interposição de recurso de revista não está previsto na CLT,

assim, considera-se a forma geral dada pela Lei 5.584/70 que prevê como sendo 8

dias o prazo para interpor e contra arrazoar qualquer recurso. O processo trabalhista

adota a sistemática do artigo 184, do CPC, ou seja, exclui-se o dia do começo e

inclui-se o dia do vencimento. O prazo recursal, para o recurso de revista, tem início

com a publicação do acórdão. Quanto à prorrogação do prazo recursal em virtude

dos feriados locais, no entendimento do TST, a parte que interpor o recurso deve

comprovar a existência do feriado que justifique a prorrogação do prazo recursal.

Cumpre ressaltar que a Fazenda Pública e o Ministério Público têm prazo em dobro

para recorrer.

31

O recurso somente será admissível se todo procedimento formal

estabelecido, pelos ditames legais, tanto para sua interposição quanto tramitação,

for satisfeito.

O preparo para a interposição do recurso de revista implica no recolhimento

do depósito recursal e no recolhimento das custas processuais, sob pena de

deserção. Ocorre deserção se a diferença a menor do deposito recursal ou das

custas tenha expressão monetária na época da efetivação do depósito. Para

comprovar o devido preparo deve ser feita a juntada nos termos do artigo 830 da

CLT, da guia do recolhimento do FGTS e informação à Previdência Social, relativo

ao depósito recursal, e do documento da arrecadação de receitas federais, relativo

às custas.

4.4 PREQUESTIONAMENTO

Um dos requisitos do cabimento do recurso de revista é o prequestionamento,

que ocorre quando a questão controvertida foi levantada, embora tenha sido

rejeitada pelo acórdão recorrido. Segundo Manoel Antônio Teixeira Filho:

Conquanto o vocábulo prequestionamento não se encontre dicionarizado, esse neologismo significa, na terminologia processual, o ato de discutir-se, de ventilar-se, de questionar-se, de maneira prévia, perante o órgão a quo, determinada matéria ou tema, a fim de que o tribunal possa reexaminá-lo, em grau de recurso.(2009, p.1627).

Se a questão não foi expressamente levantada, é necessária a interposição

de embargos declaratórios, conforme rege a Súmula 297 do TST:

1. Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito. 2. Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.3. Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargas de declaração. (VADE MECUM, 2012, p. 1886).

Para Russomano Junior:

O prequestionamento exigível é, tão somente, aquele da matéria a partir da qual se extrai determinada violência legal e não, em absoluto de individualizado preceito de lei. Caracteriza-se, em outras palavras, o

32

prequestionamento mesmo que o acórdão regional não mencione o dispositivo legal argüido, como vulnerado no recurso de revista e/ou verbete jurisprudencial apontado como contrariado, desde que a matéria disciplinada pelos mesmos tenha sido objeto de análise pela instância ordinária derradeira. (2006, p. 76).

Consiste, portanto, o prequestionamento na resolução, pelo Tribunal Regional

local, no acórdão, das questões constitucionais ou federais que se pretende

submeter aos Tribunais Superiores via recurso excepcional. Há tema

prequestionado quando este houver sido citado na decisão, isto é, quando o Tribunal

local tenha emitido juízo de valor explícito a respeito. Não bastando que as partes

tenham tornado o tema controvertido, sendo necessário que haja manifestação no

acórdão recorrido, sobre a questão federal ou constitucional que foi violada. Se

houver a manifestação do Tribunal recorrido, não importa se os sujeitos da relação

processual debateram ou não o tema, anteriormente.

A caracterização do prequestionamento pode ser encontrada nas Súmulas

282 que declara ser inadmissível o recurso extraordinário quando não ventilada, na

decisão recorrida, a questão federal suscitada. E a Súmula 356, também do STF,

que impõe o oferecimento de embargos declaratórios, com a finalidade de suprir a

omissão do órgão a quo, sob pena de o recurso extraordinário não ser admitido, por

falta de um prequestionar. A Súmula 297 do TST, citada anteriormente, deixa

implícita a necessidade de serem oferecidos embargos de declaração devido o

acórdão ser objeto de recurso, objetivando suprir a omissão.

No plano dos recursos de natureza extraordinária o requisito do

prequestionamento foi instituído em virtude da cognição restrita que caracteriza essa

espécie de recurso. Portanto, para que determinada matéria possa ser apreciada por

meio de recurso de revista é necessário que ela tenha sido examinada pela decisão

impugnada. (TEIXEIRA FILHO, 2009).

“Há situações em que a violação da literalidade de lei federal ou da

Constituição Federal é perpetrada pela própria decisão proferida pela decisão a quo.

Nesta hipótese, dispensa-se, por motivo óbvio, o requisito do prequestionamento”.

(IBID, 2009). Pode acontecer, também, de o acórdão regional adotar como razões

de decidir as mesmas da sentença impugnada, nesse caso, entende-se não ter

ocorrido o prequestionamento para efeito de interposição de recurso de revista. Ou

seja, neste procedimento não se exime a parte de oferecer embargos declaratórios

para obter um pronunciamento próprio do tribunal.

33

4.5 PROCEDIMENTOS

Antes de tratar-se dos procedimentos do recurso de revista, cabe explicitar

que devido a Lei 9.756/1998, que deu nova redação ao § 2º do artigo 896 da CLT, o

mesmo é dotado apenas de efeito devolutivo. Ou seja, uma vez recebido o recurso,

permitia-se ao Juiz Presidente do TRT, sem qualquer critério objetivo, conferir efeito

suspensivo à revista, doravante não cabe mais efeito suspensivo ao recurso, mas

apenas o devolutivo. Então, do recurso apresentado ao Presidente do Tribunal

recorrido, a este caberá recebê-lo ou denegá-lo fundamentando em ambos os casos

sua decisão. Cabe frisar, ainda, que para Carlos Henrique Bezerra Leite, tal

devolutibilidade não é ampla, como no recurso ordinário, sendo pelo contrário bem

delimitada como no recurso especial ou no recurso extraordinário, e não havendo

lugar para o efeito translativo, pois o TST apenas apreciará as questões

prequestionadas, ainda que sejam de ordem pública. (LEITE, 2010).

O recurso de revista, portanto, se diferencia do recurso ordinário, por ser

impossibilitado de ver reexaminada a decisão recorrida em todos os seus aspectos

fáticos e probatórios. Limita-se apenas ao exame das matérias e questões de direito

presentes nas razões recursais impugnadas pelo recorrente.

O recurso de revista pode ser de divergência ou de nulidade, deve ser

apresentado no prazo de 08 dias, ao Presidente do Tribunal recorrido (ou outro

órgão previsto no respectivo regimento interno), que poderá recebê-lo ou denegá-lo.

Tal petição deverá ser fundamentada, sob pena de nulidade. A autoridade recorrida

proferirá o despacho de admissibilidade ou de inadmissibilidade, podendo a parte

interessada pedir a carta de sentença para execução provisória. Se denegada a

interposição do recurso, poderá o requerente interpor agravo de instrumento no

prazo de, também, 08 dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, conforme consta

no artigo 897 da CLT. Cabe salientar que a petição do recurso é dirigida ao

Presidente do TRT e as razões recursais à Turma do TST.

Pode ocorrer no Tribunal Regional do Trabalho, primeira instância de

admissibilidade do recurso de revista, que o recurso seja aceito apenas em parte.

Tal fato não impossibilita o reexame de toda a matéria do recurso pelo Tribunal

Superior do Trabalho, esse é o entendimento que se infere da Súmula 285 do TST:

34

O fato de o juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista entendê-lo cabível apenas quanto à parte das matérias veiculadas não impede a apreciação integral pela Turma do Tribunal Superior do Trabalho, sendo imprópria a interposição de agravo de instrumento. (VADE MECUM, 2012, p. 1885).

Assim, o despacho do Presidente do Regional, quando muito se equipara a

uma recomendação endereçada à instância superior, sem, contudo, ter o poder de

estabelecer as fronteiras de sua atuação.

A comprovação da divergência jurisprudencial é disciplinada na Súmula 337

do TST, nos seus incisos I e II estabelece:

I – Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é necessário que o recorrente: a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; e, b) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso. II – A concessão de registro de publicação como repositório autorizado de jurisprudência do TST torna válidas todas as suas edições anteriores. (VADE MECUM, 2012, p. 1888).

No entanto, a súmula anterior em nada faz referência da prova da divergência

jurisprudencial, por meio da cópia de acórdão extraída da mídia eletrônica ou da

internet. Esta questão é disciplinada pelo artigo 541, do CPC e há entendimento de

que seu comando é aplicado ao processo trabalhista. Sendo assim, fica esclarecido

que a prova jurisprudencial pode ser extraída da mídia eletrônica, inclusive da

internet.

Admitido o processamento do recurso de revista, será intimado o recorrido

para tomar ciência da decisão e, querendo, contra arrazoar, oportunidade em que

poderá apresentar o recurso adesivo. Para o recurso adesivo, a Súmula 283

estabelece:

O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho, onde cabe, no prazo de oito dias, nas hipóteses de interposição de recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de embargos, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária. (VADE MECUM, 2012, p. 1885).

Se denegado o recurso de revista adesivo, também será cabível o agravo de

instrumento.

35

No Tribunal Superior do Trabalho, o recurso de revista passará por dois novos

exames de admissibilidade, sendo que o primeiro cabe ao Ministro Relator e o

segundo, à Turma. Se decisão recorrida estiver de acordo com súmula do TST, o

Ministro Relator poderá denegar seguimento à revista, indicando a referida súmula.

Da mesma forma, o seguimento será denegado se houver intempestividade,

deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação, casos em que caberá a

interposição de agravo, podendo haver reconsideração. Mantida a decisão o agravo

regimental será submetido a julgamento pelo órgão colegiado (Turma). Uma vez

admitida à revista, pelo Ministro Relator, ou se conhecido e provido o agravo

regimental, o recurso será julgado pela mesma Turma.

Portanto, no Tribunal Superior do Trabalho, o Relator designado poderá

receber ou denegar o recurso, mas o despacho deve ser fundamentado, é o que

estabelece o § 5° do artigo 896, da CLT. No que tan ge a recursos que conflitam com

súmula do TST, Eduardo Gabriel Saad argumenta:

Dissentimos do legislador, no que tange ao trancamento da revista que conflita com Súmula do TST. Deve-se admitir o recurso, pois de outro modo teremos a eternização de uma Súmula, o que não se compatibiliza com as mutações inerentes à própria jurisprudência, a qual reflete as mudanças de matizes e de conteúdo das relações que os homens travam em sociedade. Diz-se o mesmo em relação ao Direito material, mas é inegável – como a história o demonstra – ser a jurisprudência, nesse particular, mais sensível que a Lei. (2008, p. 797).

O depósito recursal, em se tratando de decisão condenatória, é indispensável.

Havendo acréscimo ou redução da condenação em grau recursal, o juízo prolator da

decisão arbitrará novo valor à condenação, quer para exigir o depósito ou para

complementá-lo, de acordo com a Súmula 128. I do TST:

É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigível para qualquer recurso. (VADE MECUM, 2012, p. 1879).

36

5 TRANSCENDÊNCIA

Um dos pressupostos de admissibilidade do recurso de revista é o requisito

da transcendência, estabelecido pelo artigo 896-A na CLT, através da Medida

Provisória n° 2.226 de 04-09-2001: “O Tribunal Supe rior do Trabalho, no recurso de

revista, examinará previamente se a causa oferece transcendência com relação aos

reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica”. (VADE MECUM,

2012, p. 940).

Mas o que seria a transcendência? Citando, Carlos Henrique Bezerra Leite:

“Certamente o vocábulo “transcendência”, que é a qualidade de transcendente,

comporta multifários significados. Parece-nos que a mens legislatoris aponta no

sentido de algo muito relevante, de extrema importância, a ponto de merecer um

julgamento completo por parte do TST. [...]”. (2010, p. 796).

Para definir a transcendência, do ponto de vista operacional processual nas

palavras de Salvador F. L. Laurino:

Um mecanismo de “filtragem recursal”, que permite ao Tribunal conhecer apenas daquelas questões de maior importância, cujo conhecimento se impõe como algo imprescindível para a ótima realização dos fins pretendidos pelo Estado Democrático de Direito. (2009, p. 109).

Logo, o critério da transcendência é um mecanismo utilizado para selecionar

os processos submetidos ao Tribunal Superior do Trabalho, estabelecendo as

premissas básicas para o processo ser adotado como norma processual. Pois há a

necessidade de diminuir o número de recursos para o Tribunal Superior do Trabalho.

Para explicitar as dificuldades impostas às Cortes Superiores, pelo número de

recursos a serem julgados, o Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Ives

Gandra, faz referência à astronomia:

[...] aproveitando o jargão dos astrônomos na sessão do dia x, foram julgados 2 agravos-luz, ou seja, 2.000 agravos, à velocidade da luz! (pouco menos de 10 segundos por agravo, em média). Realmente, um sistema desde tipo não é dos mais confiáveis para se obter um julgamento final de qualquer causa. O número de processos deve, necessariamente, ser menor, caso se pretenda uma decisão final que dê segurança às partes e represente uma composição justa do conflito. (O CRITÉRIO DA TRANSCENDÊNCIA NO RECURSO DE REVISTA, 2012, p. ÚNICA).

37

Deve-se frisar, no entanto, que o princípio da transcendência não constitui só

em hipótese de admissão do recurso ao TST, mas, também, em condição de

admissibilidade do mesmo. Ou seja, o recurso só será analisado, quanto aos outros

pressupostos de admissibilidade, se o critério de transcendência for satisfeito.

Portanto, o critério de transcendência não constitui em mais uma condição para

admitir o recurso, mas, em uma condição a priori para o mesmo ser analisado

quanto aos outros pressupostos.

A Medida Provisória nº 2.226/01 não revogou o artigo 896 da CLT, mas incluiu

mais um critério de exigência junto aos requisitos ali estabelecidos, o critério da

transcendência, o qual possui prioridade de análise em relação aos demais, ou seja,

senão reconhecida como relevante a questão levantada pelo recurso, o mesmo é

denegado automaticamente mesmo satisfazendo os demais recursos legais.

Mas, como são estabelecidas as condições para aferir a transcendência do

recurso em questão?

O TST goza da mesma natureza do STF, enquanto instância extraordinária,

ao qual cabe a interpretação final do ordenamento jurídico trabalhista

infraconstitucional, portanto, o tratamento dado em termos de mecanismos redutores

de recursos ao STF, é o mesmo adotado, também, pelo TST e STJ. Assim, cabe ao

TST regulamentar e estabelecer os critérios de admissibilidade dos recursos

extraordinários. O artigo 2º da MP 2.226/2001 prevê que a análise da

transcendência seja realizada em sessão pública com direito a sustentação oral por

parte dos advogados e fundamentação da decisão.

No entanto, na opinião do ilustre professor Manuel Antônio Teixeira Filho,

quanto à subjetividade da decisão, o legislador:

[...] não conseguiu, enfim, formular conceitos objetivos, que permitissem ao TST, neles se baseando, decidir com a necessária segurança se a matéria contida no recurso de revista apresentará transcendência capaz de justificar o julgamento do apelo. (2009, p. 1638).

Mas, quais requisitos são necessários ao recurso de revista para ser admitido

na Corte Superior?

O Projeto Lei 3.267/2000, de iniciativa do Poder Executivo, o qual tramita

atualmente na Câmara dos Deputados, dá nova redação ao artigo 896-A da CLT,

38

classificando a transcendência do ponto de vista jurídico, político, social e

econômico, em cada um de seus incisos.

O inciso I, do parágrafo § 1º, do artigo 896-A da CLT, define a transcendência

jurídica como sendo: “o desrespeito patente aos direitos humanos fundamentais ou

aos interesses coletivos indisponíveis, com comprometimento da segurança e

estabilidade das relações jurídicas”. Na opinião de Ives Gandra Martins Filho

(Ministro do TST):

Quatro hipóteses claras transparecem desse dispositivo, apontando para algumas espécies de causas que justificam a apreciação do processo pelo TST, em face de sua transcendência jurídica: a) recursos oriundos de ações civis públicas, nas quais se discutem interesses difusos e coletivos, cuja solução envolverá toda a coletividade de empregados de uma empresa ou setor produtivo, exigindo uma revisão final do TST e a máxima ponderação sobre o provimento jurisdicional que se ofertará ao demandante, mormente tendo em vista que, dependendo de qual seja, pode ter efeitos colaterais indesejáveis para o interesse público, bem maior a ser preservado; b) processos em que o sindicato atue como substituto processual da categoria, defendendo interesses individuais homogêneos, cuja proximidade aos interesses coletivos recomenda uma análise final mais pormenorizada pelo TST; c) causas que discutam alguma norma que tenha por fundamento maior o próprio Direito Natural, cujo desrespeito patente pode ensejar uma manifestação do TST em defesa clara dos direitos humanos fundamentais, os quais não são conferidos pelo Estado, mas pertencem à pessoa humana pelo simples fato de existir (direito à vida, à liberdade, à igualdade perante a lei, à propriedade, etc.); d) processos em que um TRT resista a albergar a jurisprudência pacificada do TST ou do STF, rebelando-se contra o sistema, o que acarreta insegurança jurídica e desestabiliza as relações entre os jurisdicionados (essa era uma das hipóteses em que o STF, na época da existência da arguição de relevância, acolhia o pedido, para adequar o Tribunal refratário à jurisprudência já pacificada). (O CRITÉRIO DA TRANSCENDÊNCIA NO RECURSO DE REVISTA, 2012, p. ÚNICA).

O inciso II do § 1º do artigo 896-A da CLT, define a transcendência política

como sendo “o desrespeito notório ao principio federativo ou à harmonia dos

Poderes constituídos”. Tal critério pretende que a uniformização seja feita nos casos

em que o desrespeito ao principio federativo for notório, ou seja, quando houver

discrepância entre os Tribunais Regionais do Trabalho que possam levar à

instauração, na Federação, de conflitos como os que ocorrem na guerra fiscal em

torno do ICMS, e que, na Justiça do Trabalho acontece quando a execução se faz

por meio de precatórios em que o sequestro de contas gera antagonismos entre

TRT e governo local, sendo necessária a pacificação do TST para preservar a

unidade do sistema e a harmonia governativa.

39

No que tange a transcendência social, a mesma pode ser identificada no

inciso III do § 1º do artigo 896-A da CLT, como sendo: “a existência de situação

extraordinária de discriminação, de comprometimento no mercado de trabalho ou de

perturbação notável à harmonia entre capital e trabalho”. A intervenção do TST,

nesse caso, visa corrigir as distorções, no âmbito de empresas, de procedimentos e

normas de caráter genéricos que sejam visivelmente discriminatórios em relação à

parte dos empregados ou grupos sociais, indevidamente restritivos quanto ao

acesso ao mercado de trabalho ou que promova conflitos de idades entre patrões e

empregados.

Estabelece, ainda, o inciso IV do § 1º do artigo 896-A da CLT, a

transcendência econômica definida como sendo: “a ressonância de vulto da causa

em relação à entidade de direito público ou economia mista, ou a grave repercussão

da questão na política econômica nacional, no segmento produtivo ou no

desenvolvimento regular da atividade empresarial”. Neste caso, a transcendência

econômica não esta ligada diretamente ao valor da causa em termos absolutos, mas

relativizada pela sua importância pela empresa pública ou privada da qual se trata.

Pois, se a imposição da condenação acarretar comprometimento da atividade

produtiva da empresa é possível uma última revisão da causa pelo TST no sentido

de verificar se o direito é patente ou se houve distorções.

Outros óbices se colocam quanto o esforço de restringir a admissibilidade do

recurso de revista, por meio do critério da transcendência. Para Carlos Henrique

Bezerra Leite:

[...] o requisito da transcendência acabará criando novos obstáculos à celeridade processual, pois, à evidência: estimulará sobremaneira a discussão da “matéria de fundo que ofereça transcendência”; o aumento de sustentações orais no TST; o que exigirá a diminuição dos processos em pauta, a proliferação de aditamentos ao recurso de revista para a supressão do não preenchimento de pressuposto extrínseco do recurso etc. (2010, p. 797).

Logo, a eficácia do pressuposto da transcendência no sentido de diminuir o

número de recursos de revista, pode ser questionada. Não somente quanto à

discricionariedade, imposta pelos mecanismos de seleção, atinentes ao artigo 2º da

MP 2.226/2001, em que pode afastar da apreciação do Tribunal Superior, direitos

fundamentais ou tornar sem efeito o critério, mas também, na opinião de José

Janguiê Bezerra Diniz, a Medida Provisória em questão é inconstitucional, pois:

40

Assim afirmamos porque, nos termos do art. 62, § 1. °, inciso I, letra b, da Constituição Federal, é vedada a edição de Medida Provisória sobre direito processual civil – entendendo-se estar aqui compreendido, para este efeito, o direito processual do trabalho. E a transcendência, sem qualquer sombra de dúvida, é tema pertinente ao direito processual do trabalho. (2005, p.1520).

Para além da eficácia do critério da transcendência, outras medidas poderiam

ser adotadas no sentido de garantir a celeridade processual. Fernanda Pinheiro Brod

enumera alternativas para o problema da morosidade, tais quais: a dotação do

Poder Judiciário de meios e recursos tanto financeiros quanto pessoais e

tecnológicos; a revisão dos valores do depósito recursal, pois a limitação do valor a

ser depositado não coíbe recursos protelatórios, mas beneficia o grande devedor e

prejudica o pequeno; estudo da possibilidade de adoção da Súmula Impeditiva de

Recursos, diferente da Súmula Vinculante; favorecimento de tutelas coletivas;

adoção de expedientes não diretamente relacionados aos Tribunais Superiores

como a penhora online e o sistema eletrônico de envio de petições. Além destas

sugestões, mudar o paradigma atual, para o qual, o descumprimento da lei é

rentável do ponto de vista econômico, tolerável do ponto de vista político, inclusive

pela própria Administração Pública, a qual apresenta maior número de recursos.

(BROD, 2011)

41

6 FUNÇÃO SOCIAL DO RECURSO DE REVISTA

E quanto à função social? O processo do trabalho devido seu caráter

publicista tem uma importante função social, relacionada à satisfação do crédito

trabalhista. É nesse sentido que a moderna doutrina vem defendendo a existência

do principio da função social do processo trabalhista.

No que concerne à reunião dos homens nos grupos sociais, as regras de

organização e de conduta visam garantir uma convivência de harmonia recíproca.

No entanto, nem sempre a existência de normas constitui em garantia do seu efetivo

cumprimento. De sorte, que ao longo da história os conflitos têm sido resolvidos de

várias formas: autodefesa, auto composição, arbitragem e, atualmente por meio do

processo. Essa última forma de solução de conflitos surgiu do aparecimento da

arbitragem compulsória do Estado. “O Estado, já suficientemente fortalecido, impõe-

se sobre os particulares e, prescindindo da voluntária submissão destes, impõe-lhes

autoritativamente a sua solução para os conflitos de interesses”. (CINTRA,

GRINOVER, DINAMARCO, 2006, p. 29).

Da atuação do Estado na solução dos conflitos nascem as normas

processuais para disciplinar a jurisdição na atuação do direito material pelo Estado,

perante os casos julgados. Esse Estado, no entanto, nem sempre foi um Estado

democrático perfazendo um longo caminho até chegar ao Estado Social e

Democrático atual. O Estado Social e Democrático diferencia-se de outras formas de

Estado e teve sua origem, na opinião de Paulo Bonavides, na busca de superação

entre a igualdade política e a desigualdade social. O autor explica o que chama de

Estado Social:

Quando o Estado, coagido pela pressão das massas, pelas reivindicações que a impaciência do quarto estado faz ao poder político, confere, no Estado constitucional ou fora deste, os direitos do trabalho, da previdência, da educação, intervém na economia como distribuidor, dita o salário, manipula a moeda, regula os preços, combate o desemprego, protege os enfermos, dá ao trabalhador e ao burocrata a casa própria.(2004, p. 186).

Constitui, ainda, a principal característica do Estado Social, na opinião de

Bonavides o estar constitucionalmente constituído: “[...] o Estado Social que temos

em vista é o que se acha contido juridicamente no constitucionalismo democrático.”

(2004, p. 187). Pois, é na Constituição que os direitos sociais relacionados aos

42

princípios da dignidade da pessoa humana, da solidariedade e da igualdade, são

estabelecidos visando atingir a justiça social. A história do surgimento dos direitos

sociais é recente, foi a partir do século XX que os países, no período pós-guerra,

predominantemente na Europa, firmaram suas constituições, tendo em vista a

preocupação com as questões sociais. A expressão questão social não foi formulada

antes do século XIX, quando os efeitos do capitalismo e das condições da

infraestrutura social foram sentidos intensamente com a revolução industrial.

Trazendo no seu bojo o empobrecimento dos trabalhadores, impactos sobre a

agricultura, o enriquecimento dos donos dos métodos e aparelhos de produção, a

inserção dos menores e das mulheres nas fábricas.

Na Alemanha a Constituição de Weimar, de 1919, representou uma relevante

fonte jurídica na questão da seguridade social, não só no que tange o Direito do

Trabalho, mas no sentido mais amplo dos direitos sociais. Tal constituição fixou os

princípios fundamentais que regem os direitos da classe trabalhadora nas

democracias capitalistas. Pouco a pouco, todos os seus princípios foram

reproduzidos pelas constituições modernas dos Estados Democráticos. Pois, todas

as constituições democráticas afirmam o dever do Estado de proteger o trabalho,

elevando-o a dignidade de bem social, cuja preservação constitui interesse da

coletividade.

O Direito do Trabalho trata de bens socialmente relevantes como: saúde, a

vida, a integridade física e a moral do trabalhador. E, muito embora, sendo direito

privado foi considerado por alguns como direito público, o que facilitou a afirmação

da inderrogabilidade de suas leis em determinadas matérias, visando fortalecer a lei

trabalhista, por exemplo, numa relação contratual em que o desnível entre as partes

é evidente. No Brasil, o artigo 8º, parágrafo único da CLT dispõe: “O direito comum

será fonte subsidiaria do Direito do Trabalho, naquilo que não for incompatível com

os princípios fundamentais deste”.(VADE MECUM, 2012, p. 848). A Constituição

Federal de 1988 declara que o nosso Estado democrático de direito tem como

fundamento, entre outros valores, a dignidade da pessoa humana. Esse é o valor

subjacente a numerosas regras de direito e considerado o princípio dos princípios do

ordenamento jurídico brasileiro.

Nesse sentido, aplicam-se aos contratos de trabalho as normas de proteção

aos direitos de personalidade, de não discriminação, segurança, saúde, trabalho da

mulher, da criança e do adolescente. Estabelece-se o direito de indenização ao dano

43

moral e patrimonial ou a prática de qualquer ato discriminatório lesivo ao trabalhador

ou candidato ao emprego. Os princípios gerais do Direito do Trabalho são: o

principio da liberdade do trabalho, de organização sindical, das garantias mínimas

do trabalhador, da multinormatividade do Direito do Trabalho, da norma mais

favorável ao trabalhador, da igualdade salarial, do direito ao descanso, da justa

remuneração, do direito ao emprego, o direito à previdência social, da condição mais

benéfica, no que concerne ao direito adquirido, da irrenunciabilidade correlato a

inderrogabilidade da norma jurídica trabalhista. (NASCIMENTO, 2010).

As peculiaridades do Direito Processual do Trabalho lhe garantem mais

alguns princípios peculiares, tais como: protecionismo temperado ao trabalhador,

informalidade, conciliação, celeridade, simplicidade e oralidade. No que diz respeito

à celeridade embora não seja uma característica exclusiva do Direito Processual do

Trabalho, neste adquire uma característica de maior relevância por se tratar de

crédito de natureza alimentar. Desse modo, para Mauro Schiavi:

Deve o Juiz do Trabalho direcionar o processo no sentido de que este caminhe de forma célere, justa e confiável, assegurando-se às partes igualdades de oportunidades, dando a cada um o que é seu de direito, bem como, os atos processuais sejam praticados de forma razoável e previsível, garantindo-se a efetividade processual, mas preservando-se, sempre, a dignidade da pessoa humana tanto do autor como do réu, em prestigio da supremacia do interesse público. (2010, p. 105).

Portanto, o juiz está comprometido com a efetividade dos atos processuais e

com a realidade e justiça da decisão. O juiz como interprete do direito deve valorizar

os fatos sociais, neles fundando seus critérios interpretativos ao invés de um tutor da

lei ou da vontade do legislador. Nesse sentido dispõe o artigo 8º da CLT:

As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. (VADE MECUM, 2012, p. 848).

A interpretação da legislação processual do trabalho deve estar alinhada com

os princípios constitucionais do processo e toda norma que rege o processo do

trabalho deve ser entendida tendo como base a Constituição Federal, procurando

44

sempre a máxima eficiência das normas e princípios constitucionais do processo. É

nesse sentido que Luiz Guilherme Marinoni explicita:

Não há mais qualquer legitimidade na velha id de jurisdição voltada à atuação da lei; não é mais possível esquecer que o judiciário deve compreendê-la e interpretá-la a partir dos princípios constitucionais de justiça e dos direitos fundamentais [...]. Diante disso, alguém poderia pensar que o principio da legalidade simplesmente sofreu um desenvolvimento, já que a subordinação à lei passou a significar subordinação à Constituição, ou melhor, que a subordinação do Estado à lei foi levada a uma última consequência, consistente na subordinação da própria legislação à Constituição, que nada mais seria do que a “lei maior” (...). A obrigação do jurista não é mais apenas a de revelar as palavras da lei, mas sim a de projetar uma imagem, corrigindo-a e adequando-a aos princípios da justiça e aos direitos fundamentais. (2006, p.44).

Cabe ressaltar um principio extra no processo do trabalho, o da vedação do

retrocesso social, por este princípio o processo do trabalho deve estar sempre em

evolução, acompanhando os direitos fundamentais do cidadão, a fim de propiciar a

efetividade do direito fundamental do acesso do trabalhador à Justiça do Trabalho.

Nesse sentido, são relevantes os papéis da doutrina e jurisprudência para melhoria

constante do processo do trabalho a fim de assegurar melhores condições sociais

ao trabalhador. Respalda-se este princípio, no princípio do Estado Democrático de

Direito, o qual impõe um patamar mínimo de segurança jurídica, de dignidade da

pessoa humana e de efetividade dos direitos fundamentais. Os princípios do Direito

Processual do Trabalho são principalmente os constitucionais. Estes devem nortear

a atividade do intérprete, servindo para preenchimento de lacunas a jurisprudência,

a equidade e a doutrina.

A jurisprudência como fonte do Direito Processual do Trabalho compõe o

conjunto das decisões dos tribunais, englobando os tribunais superiores, os de

segundo grau de jurisdição e também os órgãos de primeiro grau de jurisdição

(Varas do Trabalho). Provém das reiteradas decisões num mesmo sentido sobre

determinada matéria. A jurisprudência uniforme dos tribunais é resumida em

Súmulas que constituem a síntese da interpretação pacífica de um determinado

Tribunal sobre uma determinada matéria jurídica.

Todavia, nem sempre as decisões impostas pelo Estado para solucionar os

conflitos de interesses são aceitas. A irresignação quanto a uma decisão é algo

bastante natural e por este motivo os sistemas processuais devem apresentar

formas de impugnação das decisões judiciais, autorizando a revisão dos atos

45

judiciais. Os recursos são uma via de impugnação de ato judicial e submetem-se a

critérios específicos com limites e particularidades no seu manejo, tendo como

finalidade obter a revisão do ato contestado, seja por anulação ou reforma de seu

conteúdo. Constitui o recurso, portanto, a possibilidade de se provocar o reexame de

determinada matéria pela autoridade hierarquicamente superior, visando a uma

possível modificação.

Os recursos no processo do trabalho concorrem para uma maior segurança e

tranquilidade social, pois se houver algum erro na prestação jurisdicional tem-se com

este meio de impugnação, a oportunidade de ver a matéria novamente discutida em

segunda instância onde os órgãos em geral são colegiados. O que se pretende com

isso é evitar o arbítrio indesejável de um juiz único e de um pronunciamento

imutável. Citando Mauro Bley Pereira Junior:

O recurso é uma forma de clamor e rebeldia bem peculiar ao homem: é o grito dos que, julgando-se injustiçados, acenam para um juízo superior, na expressão de Cuture. Citado por Augustín Costa, Sassen sublinha que defender a dupla jurisdição é exercitar defesa de um instinto humano, porque o recurso satisfaz tanto os sentimentos do que vence quanto os de vencido, na medida em que enseja o melhor estudo e mais clareza para a relação jurídica comprometida. (1991, p. 13).

Esgotando-se o duplo grau de jurisdição na Justiça do Trabalho, ainda se

admite, conforme o caso, o recurso de revista. O recurso de revista é um recurso

eminentemente técnico, estando sua admissibilidade subordinada ao atendimento

de determinados pressupostos já elencados em capítulo anterior. O principal objetivo

do recurso de revista é a uniformização da jurisprudência sobre uma mesma

matéria. É nesse sentido que ao conceber e formatar a aplicação do recurso de

revista, o legislador pretendeu munir o jurisdicionado com um instrumento capaz de

garantir a efetividade do Princípio Constitucional da Isonomia, possibilitando assim

que a lei tenha vigência e seja aplicada de maneira uniforme em todo território onde

incidir. A sociedade ficaria perplexa e o Poder Judiciário desacreditado, se fosse

obrigada a conviver com decisões, que tratando de assuntos juridicamente

semelhantes, se opusessem. É nesse sentido que o texto da CLT é decisivo em

designar como obrigatória, a uniformização de sua jurisprudência pelos Tribunais

Regionais do Trabalho.

Tendo em vista o principio da celeridade processual, tão premente na justiça

do trabalho, surge à necessidade de racionalizar o funcionamento da Corte, para

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fazer frente a crescente demanda recursal. Provém daí a necessidade de

estabelecer um critério primário e necessário, sine qua non, para a admissão do

recurso de revista: o critério da transcendência. Funciona esse critério como um

elaborado teste de admissibilidade do recurso de revista, uma vez admitida a

presença da transcendência, o recurso é analisado no que tange aos critérios

secundários de admissibilidade. No entanto, não satisfeito o critério da

transcendência, sequer serão analisados os demais critérios de admissibilidade.

Estará o recurso gravemente comprometido.

Repousa, portanto, a aceitação ou não do recurso de revista na análise do

critério da transcendência. Se o objetivo do critério da transcendência é garantir a

celeridade processual, não o faz, no entanto, sem prejudicar a objetividade do

julgador (assim defende Manoel Antonio Teixeira Filho). Pois, a discricionariedade

na análise da presença ou não de tal critério no recurso já faria divisa com o arbítrio,

retirando do processo a objetividade que oferece as partes através do contraditório.

Interpretações díspares acerca de um mesmo texto normativo poderão escapar à

atividade uniformizadora do TST, bastando, para isso, que este considere não

transcendente a matéria versada na causa quanto aos reflexos gerais de natureza

econômica, política, social ou jurídica. Mesmo que o TST venha a adotar Súmulas

ou Orientações de sua jurisprudência acerca da transcendência, ainda assim,

haverá o risco de perpetrar discriminação entre pessoas colocadas em situações

jurídicas idênticas. (TEXEIRA FILHO, 2009)

Em determinado caso, o TST pode entender como transcendente as razões

contidas no recurso de revista e em outro caso considerar não transcendente razões

idênticas àquelas do primeiro caso, mesmo sem ser sua intenção. Estaria utilizando,

portanto, “dois pesos e duas medidas”, com tratamento desigual que dificilmente

poderá ser corrigido (mediante embargos), pois a decisão em tema de

transcendência é irrecorrível. Para corrigir esse desvio do principio isonômico, seria

necessário prever a possibilidade de recurso. (IBID, 2009)

Não seria desarrazoado supor, que o critério da transcendência compromete

pela discricionariedade a função social do recurso de revista, tendo como único

beneficiário de tal critério o Poder Público, quando figurante na causa trabalhista

como parte, discriminando-se com isto os interesses privados, ainda que legítimos.

Através desse critério o Tribunal Superior do Trabalho dirá às partes o que considera

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importante e o que considera desimportante em decisão irrecorrível. De sorte, que o

TST estará, na verdade, selecionando aquilo que deseja e o que não deseja julgar.

E é importante chamar a atenção para o que pode vir a acontecer devido ao

constante aumento do número de processos no TST. Citando Manoel Antonio

Teixeira Filho:

Quanto mais se avolumar o número de recursos de revista dirigidos ao TST, tanto mais rigorosa, por certo, tenderá ser a utilização do critério da transcendência, de modo a fazer com que o número dos recursos a serem julgados nunca exceda ao que o TST repute ser razoável ou suportável. (2009, p. 1643).

Embora os requisitos para regulamentação da transcendência possam ser

subjetivos e de difícil elaboração, na opinião do Ministro Ives Gandra Martins Filho,

ao invés de inviabilizar o acesso à justiça, a transcendência agiliza a tramitação dos

processos, impedindo que inúmeros recursos cheguem ao TST:

O critério da transcendência previsto para a admissibilidade do recurso de revista para o TST dá ao Tribunal, e seus Ministros, uma margem de discricionariedade no julgamento dessa modalidade recursal, na medida em que permite uma seleção prévia dos processos que, pela sua transcendência jurídica, política, social ou econômica, mereçam pronunciamento da Corte. Discricionariedade não é sinônimo de arbitrariedade. (...). A rigor, qualquer procedimento de seleção de causas a serem julgadas pelas Cortes superiores constitui juízo de conveniência e não, propriamente, pronunciamento jurisdicional, uma vez que não se aprecia questão de direito material ou processual, mas se faz uma avaliação da conveniência, pela repercussão geral do caso ou pela transcendência da matéria, de haver um pronunciamento final da Corte Superior. (O CRITÉRIO DA TRANSCENDÊNCIA NO RECURSO DE REVISTA, 2012, p. ÚNICA).

Faz coro à opinião do Ministro citado, o autor Mauro Schiavi, expressando

que: a transcendência funciona como um filtro para o recurso de revista, a fim de

impedir que certos recursos, que não tenham repercussão para a coletividade,

sejam admitidos. (SCHIAVI, 2010)

Para Antônio Álvares da Silva:

O subjetivismo nesse contexto é inerente à atividade jurisdicional e não será em nada menor do que aquele que se emprega para dizer que não houve interpretação, mas violação de uma norma legal, ou quando, havendo duas correntes jurisprudenciais, se opta por uma. [...]. Pior ainda do que qualquer subjetivismo é julgar processo aos milhares, por mãos de assessores, transportados em carrinhos, com um papel em cima, designando o julgamento único e válido para todos. É melhor ver a realidade como ela é do que tratá-la com alienamento e abstração. (2002, p. 85).

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Por todas estas razões o Tribunal Superior do Trabalho, pelo menos por

enquanto, não obteve autorização constitucional para regulamentar em seu

regimento interno, o processamento da transcendência no recurso de revista,

somente uma emenda constitucional poderá estabelecer o critério da

transcendência, e não simples medida provisória. Mas, o Projeto de Lei 3267/00 que

tramita no Congresso Nacional, estabelece que existe transcendência jurídica

quando: “há desrespeito patente aos direitos humanos fundamentais ou os

interesses coletivos indisponíveis, com o comprometimento da segurança e

estabilidade das relações jurídicas.” (O CRITÉRIO DA TRANSCENDÊNCIA NO

RECURSO DE REVISTA, 2012, p. ÚNICA).

É de suma importância, do ponto de vista da função social do recurso de

revista, o critério da transcendência, tanto no que concerne a celeridade processual,

garantindo que os processos sejam julgados no menor tempo possível, quanto que o

julgamento do recurso seja eficiente e seguro. No entanto, não há de se esperar que

haja precisão absoluta, mas ao jurista não cabe esmorecer ante as insuficiências da

lei. Nenhum aplicador da lei deve ter dúvidas em dizer se um caso tem ou não

reflexos que transcendem de natureza econômica, política, social ou jurídica e

traduzem consequências para a categoria de empregados e empregadores ou para

a maioria da sociedade.

Cabe ponderar que a transcendência como afirma Antônio Álvares da Silva:

“não será um ato cabalístico do TST, pois será apreciada em sessão pública, com

sustentação dos interessados e decisão fundamentada”. (2002, p. 89). E nesse

caso, haverá plena segurança e nenhum receio de agressão à garantias

constitucionais do cidadão brasileiro. Nesse viés, quem se opõe ao critério da

transcendência se opõe aos trabalhadores, pois, a situação do TST no que diz

respeito ao elevado número de processos, a serem julgados, é critica e gera como

consequência o retardo dos julgamentos. É imprescindível a reforma no judiciário e

todos nós como cidadãos brasileiros devemos nos mobilizar para torná-la concreta e

eficiente.

Portanto, há um instante que o processo será julgado pela última vez e nesse

sentido, a sustentação oral nos tribunais é de suma importância, fundamental,

mesmo que não haja mais recurso, por constituir a última oportunidade das partes

de convencerem os juízes, mesmo diante da impossibilidade de recorribilidade.

Cabe ressaltar o lado altamente positivo da transcendência: permitir ao TST julgar

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com rapidez os processos acumulados e os que chegam às suas prateleiras,

diminuindo o volume de processos e desincentivando a recorribilidade irresponsável

que hoje se pratica.

O judiciário brasileiro em razão de sua lentidão se tornou ineficiente

transformando-se num instrumento de rolagem de obrigações e num modo de

descumprir a lei com respaldo no processo. São inúmeros os casos em que é mais

vantajoso para o empregador pagar ao empregado 6 anos depois, com juros

menores que os de mercado, sem nenhuma consequência para o devedor. Para

garantir a eficiência do judiciário há que se onerar quem usa dos recursos como

forma de protelar ao invés de cumprir e pagar.

Não se pode admitir que um processo, envolvendo crédito alimentar, possa

durar tanto tempo, e não adianta afirmar que 50% dos processos na justiça do

trabalho terminam por acordos. Pois, como são feitos esses acordos? Nas longas

pautas das Varas nos grandes centros, sem prova das alegações das partes e,

normalmente, sem sequer ler-se a inicial e a defesa. Acordos assim firmados, na

maioria das vezes, constituem a renúncia do empregado do crédito a que faz jus.

(SILVA, 2002).

Com base em todas as questões aqui levantadas, no que concerne o requisito

da transcendência, percebe-se a importância de existir um dispositivo que possa ser

adotado, funcionando como um filtro, para possibilitar que o recurso de revista que

suba ao TST, realmente, possua as características necessárias e inerentes a esse

tipo de recurso. A transcendência é necessária ao recurso de revista e a análise

primária desse recurso, quanto à presença ou não desse critério, possibilita ao TST,

em um primeiro momento, fazer uma seleção prévia tornando mais rápido o trabalho

desse Tribunal. Além do que, deve se levar em conta sempre serem finitos os meios

necessários ao trabalho da justiça processual, tanto humanos como materiais, limitar

o número de recursos a serem julgados constitui, portanto, uma atitude, mesmo que

criticada, necessária. É importante destacar que o recurso de revista é um recurso

de caráter extraordinário e que antes de chegar à Corte Superior existem os

recursos ordinários, garantindo-se assim o duplo grau de jurisdição. Deve, portanto,

ter um caráter próprio e que desestimule a parte recorrer para ganhar tempo no

processo.

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7 CONCLUSÃO

A palavra recurso, em se tratando do direito processual, significa um remédio

que pode ser empregado para que uma decisão seja reexaminada por suposto vício

nela contido. Os pedidos recursais são interpostos no sentido de integrar,

esclarecer, invalidar ou reformar uma decisão judicial. Devem ser interpostos pelas

partes, o Ministério Público, ou um terceiro, em um processo que ainda não chegou

ao seu fim, portanto, dentro da mesma relação jurídica, respeitando-se o prazo

estabelecido para recorrer. Dentre os princípios norteadores da atividade recursal,

destaca-se o princípio do duplo grau de jurisdição, este é o princípio que possibilita o

reexame das decisões judiciais. Para alguns autores esse princípio está previsto na

Constituição Federal; enquanto que outros autores acreditam não estar. Para além

dessa controvérsia a Constituição Federal garante aos acusados e aos litigantes o

contraditório e a ampla defesa. Nesse sentido, os recursos constituem um instituto

salutar contribuindo para a perfectibilidade das decisões judiciais.

Na Justiça do Trabalho as ações trabalhistas são julgadas por uma das Varas

do Trabalho e da sentença prolatada é cabível o recurso ordinário ao Tribunal

Regional do Trabalho. A Turma do Tribunal Regional do Trabalho julga o recurso

ordinário prolatando um acórdão com o teor da decisão. Essa é a última chance de

ser revista a matéria fática do processo, pois é incabível recurso endereçado ao

Tribunal Superior do Trabalho para o reexame de fatos e provas. Desse acordão a

parte vencida tem a oportunidade de recorrer ao Tribunal Superior do Trabalho por

meio do recurso de revista. Mas, este recurso não surge naturalmente após os

recursos ordinários serem esgotados. Por ser um recurso eminentemente técnico

sua admissibilidade está condicionada ao atendimento de pressupostos específicos

de admissibilidade. Então, das decisões proferidas em grau de recurso ordinário

pelos Tribunais Regionais do Trabalho cabem recurso de revista para uma das

Turmas do Tribunal Superior do Trabalho, desde que satisfeitos os requisitos de

admissibilidade estabelecidos pelo art. 896 da CLT e pela Lei 9756 de 17 de

dezembro de 1998.

O recurso de revista, remédio último no processo do trabalho, é questionado

por alguns por atravancar e fazer demorar o resultado das sentenças. Sua função,

no entanto, vai muito além de resolver um único caso devolvendo ao trabalhador a

verba, muitas vezes, de caráter alimentar que lhe foi suprimida. Seu objetivo maior é

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fazer com que a Corte Superior uniformize a jurisprudência, padronizando a

interpretação das normas trabalhistas e resolvendo os conflitos jurisprudenciais que

vão surgindo pelas interpretações dos vários Tribunais Regionais do Trabalho.

Como o recurso de revista não se destina, a não ser de forma indireta a

corrigir a injustiça da decisão judicial, sua admissibilidade depende de previa

demonstração de que a controvérsia oferece transcendência com relação aos

reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. O requisito da

transcendência constitui uma importante forma de classificação e seleção dos

recursos, diminuindo o número de processos para o TST. Traz, no entanto, no seu

bojo uma ferrenha discussão sobre o subjetivismo inerente à análise da presença ou

não da transcendência.

Neste trabalho, longe de resolver questões paradoxais como a que surge da

análise do requisito da transcendência, pretendeu-se estudar o recurso de revista,

como um todo. Desde sua origem, seu significado, sua aplicação, seus elementos

técnicos, principais e necessários, sua função e seu objetivo social. Cabe ressaltar

que, o recurso de revista constitui muito mais do que apenas mais um recurso na

justiça processual, este recurso tem a função social de provocar o TST e fazer com

que a jurisprudência, pelo seu caráter dinâmico, se adapte às transformações

sociais.

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