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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE - UNIVALE FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - FHS CURSO DE PSICOLOGIA Daniele Peres Lopes Darlene Maria Ferreira Neves Mirelly Pina dos Santos A SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Governador Valadares 2009

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE - UNIVALE

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - FHS

CURSO DE PSICOLOGIA

Daniele Peres Lopes

Darlene Maria Ferreira Neves

Mirelly Pina dos Santos

A SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

Governador Valadares

2009

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DANIELE PERES LOPES

DARLENE MARIA FERREIRA NEVES

MIRELLY PINA DOS SANTOS

A SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

Monografia para obtenção do grau de bacharel em Psicologia, apresentada à Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Vale do Rio Doce.

Orientador: Prof. Omar de Azevedo Ferreira

Governador Valadares

2009

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DANIELE PERES LOPES

DARLENE MARIA FERREIRA NEVES

MIRELLY PINA DOS SANTOS

A SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de bacharel em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Vale do Rio Doce.

Governador Valadares, 19 de novembro de 2009.

Banca Examinadora:

__________________________________________Profº. Omar de Azevedo Ferreira - Orientador

Universidade Vale do Rio Doce

___________________________________________Profª. Luciana Silveira AssunçãoUniversidade Vale do Rio Doce

__________________________________________Profª. Solange Nunes Leite Batista Coelho

Universidade Vale do Rio Doce

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Dedicamos este trabalho de conclusão de

curso ao nosso Pai Eterno que, em toda

glória, nos inspirou sensibilidade e firmeza

nesse intenso percurso; aos nossos pais,

que nos proporcionaram uma integridade

moral que nos permitiu chegar até aqui; e,

ainda, à enfermagem, por nos trazer à

tona um sentido do cuidado da vida.

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AGRADECIMENTOS

Os nossos agradecimentos ao Criador; que no seu divino amor nos tornou firmes

para resistir aos percalços que, às vezes, nos fizeram pensar em desistir e recuar.

Aos nossos familiares que, além de nos darem força, nos ajudou a andar.

Aos profissionais de enfermagem, por nos inspirar o desejo de tornar o exercício

dessa “arte” menos sofrível.

Aos nossos laços de amizade que nos respaldaram afeto e compreensão naquelas

horas mais árduas.

Ao nosso orientador, Prof. Omar, pela paciência e carinho, o nosso muito obrigada.

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RESUMO

Este estudo, em seu caráter científico, por meio de pesquisa bibliográfica eembasamento na Psicologia Organizacional e do trabalho, objetivou estudar sobre a ocorrência de síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem, assim como pesquisar sobre procedimentos de prevenção e tratamento. A síndrome de Burnoutpode ser compreendida como um processo estabelecido gradualmente, e se inicia com sentimentos de baixa realização pessoal e esgotamento emocional, onde o indivíduo perde sua energia ao executar as práticas laborativas. O processo se desenvolve na interação de características pessoais, com o ato de cuidar, visto que esse transtorno se dá principalmente em profissionais que realizam atividades de cuidado com o outro, no qual a oferta do cuidado ou serviço freqüentemente ocorre em situações de mudanças emocionais. É a combustão completa ou “auto se queimar”, com as seguintes características sintomatológicas: físicas, psíquicas, comportamentais e defensivas. Nesse sentido, surge o comprometimento psíquico em que o indivíduo tende ao isolamento, à perda de interesse, se comportando de forma faltosa e abstendo no trabalho, seja se ausentando ou atrasando sem justificativas intervenientes. O Psicólogo Organizacional e do tabalho busca compreender o comportamento humano no contexto laboral e entende que a organização afeta na qualidade de vida e na saúde do trabalhador, esse profissional deve destacar os fatores pessoais e ambientais que podem interferir no desempenho do trabalhor, assim, nesse ambiente organizagional se enquadra o hospital, onde diversos profissionais podem adoecer psiquicamente. Como a Enfermagem, é um campo de conhecimento que acolhe desde o estado de doença ao estado de saúde e tem a responsabilidade de solidarizar com as pessoas e comunidade e ainda cumprir a meta de conservar e manter o bom estado de saúde prestando cuidado ao outro.

Palavra-chave: Síndrome de Burnout. Enfermagem. Psicologia Organizacional.

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ABSTRACT

This study, in its scientific character, through a literature search and grounding in organizational psychology aimed to detect the occurrence of Burnout syndrome in nursing profissinais, as well as procedures for prevention and treatment. Burnoutsyndrome can be understood as a process established gradually, and begins with feelings of low personal accomplishment and emotional exhaustion, where the individual loses its power when performing work practices. The process develops in the interaction of personal characteristics, with the act of caring, since this disorder ismainly professional in carrying out care activities with the other, in which the provision of care or service often occurs in situations of emotional changes. Is the complete combustion or “self-burning” with the following characteristics symptomatic: physical, mental, and Defensive Behavior. This sense of psychological arises where the individual tends to isolation, loss of interest, behaving defaulting and abstaining at work and is absent or delayed without justification players. The organizational psychologist, seeks to understand human behavior in the workplace, and believes that the organization affects the quality of life and health of workers, these professionals should highlight the personal and environmental factors that can influence the performance of the employed, so in that environment organizagional fits the hospital, where several professionals can psychically ill. As nursing is a field of knowledge which receives from the state of disease to health and is responsabiliade of solidarity with the people and community and still meet the goal of preserving and maintaining the good health by providing care to another.

Keywords: Burnout syndrome. Nursing. Organizational Psychology

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 08

2 REVISÃO DA LITERATURA 11

2.1 ENFERMAGEM 11

2.1.1 Conceito 11

2.1.2 Surgimento 12

2.1.3 Categorias 16

2.1.4 Atribuições 16

2.1.4.1 Enfermeiro 16

2.1.4.2 Técnico em enfermagem 16

2.1.4.3 Auxiliar de enfermagem 16

3 O ATO DE CUIDAR 18

4 CARACTERIZAÇÃO DA SINDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE

ENFERMAGEM 25

4.1 SÍNDROME DE BURNOUT 27

4.1.1 Desenvolvimento 30

4.1.2 Sintomatologia 31

4.1.3 Estratégias de enfrentamento 32

4.2 O BURNOUT NOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM 33

5 ATUAÇÃO E INTERVENÇÃO DO PSICÓLOGO ORGANIZACIONAL 35

5.1 O PAPEL DO PSICÓLOGO ORGANIZACIONAL NO TRATAMENTO

DA SÍNDROME DE BURNOUT 40

5.1.1 Programa centrado na resposta do indivíduo 42

5.1.2 Programa centrado no contexto laboral 43

5.1.3 Programa centrado na interação entre o contexto laboral

e o indivíduo 43

6 METODOLOGIA 40

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 41

REFERÊNCIAS 44

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1 INTRODUÇÃO

Falar de Burnout é descrever uma história pouco conhecida, presente no dia

a dia, muitas vezes desconhecida pela parte mais afetada (o trabalhador) e ignorada

pela parte capitalista (o empregador). A área da medicina vem tratando do Burnout,

sem uma visão ampla, confundindo os seus com outros sintomas, mas sem sucesso

por não observar suas características de forma global.

As mudanças tecnológicas, introduzidas no processo produtivo,

possibilitaram às empresas o aumento da produtividade e, conseqüentemente, dos

lucros, e trouxeram impactos à saúde do trabalhador, com manifestações tanto no

aspecto físico quanto psíquico (CODO, 2000).

Segundo Filgueiras e Hippert (2002), a psicóloga Cristina Malasch é

apresentada como uma das pioneiras do estudo da síndrome de Burnout. Foram

desenvolvidos estudos com profissionais de serviço de saúde, em razão da natureza

do trabalho desenvolvido, no qual são necessários contatos diretos e constantes

com outras pessoas. Esses seriam os mais afetados, em razão de possuírem uma

filosofia humanística em seu trabalho e, constantemente, vêem-se compelidos a se

adaptar ao sistema de saúde, geralmente desumanizado e despersonalizado.

A enfermagem, em cuja essência encontra-se o cuidado, teve no Brasil seu

marco para conformação enquanto profissão, na década de 20, quando enfermeiras

norte-americanas implantaram o sistema nightingaliano, com a criação da Escola de

Enfermagem Ana Nery, no Rio de Janeiro (FASCINA et al., 2005).

A enfermagem foi classificada pela Health Education Authority como a

quarta profissão mais estressante, no setor público, que vem tentando

profissionalmente afirmar-se para obter maior reconhecimento social (ORTIZ, 1991).

Os baixos salários agravam a situação, obrigando os profissionais de

enfermagem a terem mais de um vínculo de trabalho, resultando numa carga mensal

extremamente longa e desgastante. O sistema social e econômico no qual os

profissionais de enfermagem vivem, produz, sem dúvida, grandes desigualdades e

fomenta os fatores que elevam o adoecimento iniciando pelo desgaste físico e

mental (ORTIZ, 1991).

O desgaste profissional vem no decorrer do exercício de suas funções. O

acometimento vem como conseqüência da não obediência aos limites que nossa

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fisiologia exige. È comum desenvolver as funções em dupla jornada, que em sua

grande maioria não por escolha, mas por necessidade processual.

Portanto, o presente estudo surgiu com o desejo de obter maior

compreensão sobre as questões envolvidas na discussão acerca do Burnout nos

profissionais de enfermagem. O grupo demonstrou grande interesse em trabalhar

com a Psicologia Organizacional. Como profissionais da Psicologia, intensificou-se a

pretensão de compreender tal fenômeno, entendendo que o profissional da

enfermagem vem apresentando um distanciamento emocional, levando-o a

sentimentos de angústia, esgotamento emocional e físico, experimentando, então,

reduzida realização profissional e pessoal.

Dessa forma, o presente estudo servirá de estímulos e fonte de informação

para futuras estratégias na assistência de qualidade de vida aos profissionais de

enfermagem.

Esta pesquisa tem como objetivo geral compreender como ocorre a

síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem e o papel do psicólogo na

prevenção e tratamento da síndrome, assim como os seguintes objetivos

específicos: traçar perfil do profissional de Enfermagem; compreender a síndrome de

Burnout em profissionais de enfermagem e caracterizar o papel da psicologia na

prevenção e no tratamento da síndrome.

Trata-se de um estudo bibliográfico de cunho descritivo, que foi realizado

por meio de pesquisa no SCIELLO, Bireme, LILACS1 (Literatura Latino-Americana e

do Caribe em Ciências da Saúde) e em obras da biblioteca da Universidade Vale do

Rio Doce, utilizando os seguintes descritores: profissionais de enfermagem,

síndrome de Burnout, psicologia organizacional, adoecer psíquico, saúde no

trabalho.

Na seção 1, encontra-se a introdução.

Na seção 2, há informações sobre a enfermagem, sua história, categorias,

define o profissional de enfermagem, traçando o perfil de um trabalhador, que em

sua trajetória de cuidador, exerce múltipla jornada de trabalho, na maioria das vezes

sem estrutura de apoio, com o comprometimento de sua qualidade de vida no

trabalho e em outros ambientes.

1 Sites consultados durante toda esta pesquisa, disponíveis em:http://www.sciello.org; http://www.bireme.br

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Na seção 3, apresenta-se a síndrome de Burnout, sua definição, trajetória,

manifestação, sintomatologia e como se manifesta em profissionais da área de

enfermagem

A seção 4 apresenta o papel do psicólogo, profissional que utiliza técnicas

de identificação da síndrome, projetos de prevenção e intervenção para promover a

qualidade de vida dos profissionais da enfermagem. O psicólogo organizacional e do

trabalho tem como função apresentar um processo de interação com o foco

biopsicosocial.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ENFERMAGEM

Desde o seu surgimento, a enfermagem desenvolveu como arte e ciência do

cuidar e assim pode-se concluir que a enfermagem está intimamente ligada à vida

humana desde a sua origem, podendo então relacioná-la à primeira mulher em que

se tem referencia: Eva, a esposa de Adão, pois inicialmente o cuidado era realizado

de modo instintivo, a mãe que cuida do filho, posteriormente, pelas mulheres que

permaneciam nas tribos cuidando das crianças, velhos e doentes, enquanto os

homens saiam em busca de alimentos, em outras épocas os cuidados eram feitos

por sacerdotes, onde as práticas de saúde associavam-se à religião. Quando

alguém era curado, sua cura estava relacionada com milagre, se morria era porque

era indigno de viver (GIOVANINI, 2005).

2.1.1 Conceito

A enfermagem pode ser entendida como arte e ciência. É arte, porque

emana da sensível criatividade inerente a determinados indivíduos que se dedicam a

restaurar a vida humana, em todos os seus aspectos, sejam físicos ou psíquicos;

como ciência, impõe-se de forma dinâmica, sujeita a constantes transformações que

se incorporam ao seu conteúdo, como fruto de sérias reflexões científicas (Mota,

2008)2.

Segundo Giovanini (2005), a Enfermagem é a arte e a ciência do cuidar,

necessária a todos os povos e a todas as nações, imprescindível em época de paz

ou em época de guerra e indispensável à preservação da saúde e da vida dos seres

humanos em todos os níveis, classe ou condições sociais.

2 http://www.silviamota.com.br/outrasareas/enfermagem/enferm-oquee.htm

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Mattos (2001) corrobora com Giovanini (2005) quando afirma que

enfermagem é uma arte de cuidar de doentes numa transferência de carinhos, com

envolvimento técnico e humano, dedicando o melhor de se, para uma aplicação do

cuidar aplicabilidade.

A enfermagem é uma profissão científica, caracterizada pela prestação do

cuidado de serviços de saúde em vários setores da sociedade de forma indireta e

direta, à família e ao indivíduo, com responsabilidade e compromisso globalizado

aos possíveis fatores desencadeadores de agravo, voltadas às ações de promoção,

prevenção e recuperação da saúde.

2.1.1 Surgimento histórico

A enfermagem surgiu por instinto de sobrevivência, quem tinha o dom

procurava aprender, como as mulheres tinham a função de cuidar da família, foram

elas que iniciaram as práticas. Com o passar do tempo essa profissão foi vista como

sinal de poder, então os homens começaram as práticas e se apoderaram da

dispensação do cuidar.

Nos séculos XII e XVI, sob exploração deliberada, considerada um serviço

doméstico, pela queda dos padrões morais que a sustentava, a prática de

enfermagem tornou-se indigna e sem atrativos para as mulheres de casta social

elevada. Esta fase tempestuosa, que significou uma grave crise para a Enfermagem,

permaneceu por muito tempo, e apenas no limiar da revolução capitalista, é que

alguns movimentos reformadores, que partiram principalmente de iniciativas

religiosas e sociais, tentam melhorar as condições do pessoal a serviço dos

hospitais (COREN-RJ, 2005)3.

As práticas de saúde no mundo, ou práticas de cuidados, analisam as ações

com olhar integral dentro do contexto socioeconômico, político e ambiental. A

enfermagem moderna, dinâmica e principalmente científica tem avançado e vem

construindo uma história de autonomia profissional de laços fortes e de

responsabilidade social, intensamente baseada na realidade.

3 http://www.medicinaintensiva.com.br/enfermagem-historia.htm

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A enfermagem possui em sua formação científica informações necessárias

ao desenvolvimento de habilidades que permite ao profissional dessa área participar

do processo de construção de planejamentos, defendendo-o e fazendo de sua

prática profissional um exercício permanente.

A profissão de enfermagem foi institucionalizada e legalmente reconhecida,

com sua história sendo construída com o compromisso com a vida, com o indivíduo

em particular, em coletivo e no seu contexto social respeitando sua história, sua

relação e percepção com o mundo, estimulando hábitos saudáveis de saúde,

permitindo-o como sujeito construtor autônomo incorporar na prática diária a

desvinculação de fatores de agravo à saúde.

Nos primórdios, a saúde era cuidada pelos sacerdotes dos templos que se

transformaram em escolas, onde se ensinava o básico que se sabia. Mais à frente

surgiram as escolas específicas no sul da Itália e na Sicília que foram se

propagando. A prática com a saúde passou a ser com base em experiências,

conhecimentos, observação de reações a cada doença e seus remédios.

Nessa mesma época surge a fase hipocrática com base na observação,

razão pela qual Hipócrates foi considerado o "Pai da Medicina".

Na época renascentista, a enfermagem não era atrativa para as mulheres de

nível elevado, pois os hospitais eram depósitos de doentes, onde independente do

sexo ou idade todos ficavam no mesmo local. Com o capitalismo, foi dada mais

importância à enfermagem, considerando-a como uma atividade profissional

institucionalizada. Os ricos eram tratados em casa, enquanto os pobres, tratados nos

hospitais, serviam de "cobaias" em benefícios dos ricos.

A enfermagem passa a ter maior atuação quando Florence Nightingale,

nascida na Itália e filha de ingleses, é convidada pelo Ministro da Guerra da

Inglaterra para trabalhar junto aos soldados feridos na Guerra da Criméia onde os

soldados se encontravam em abandono e a mortalidade era de 40%. Florence e

mais 38 voluntárias foram para trabalhar, com a sua ação a mortalidade caiu de 40%

para 2% e foi chamada pelos soldados de "anjo da guarda" e ficou conhecida como

"Dama da Lâmpada" (eis o símbolo da enfermagem), pois à noite com a lanterna na

mão saía percorrendo as enfermarias atendendo os doentes. Recebeu um prêmio

do governo inglês, o que mudou o destino da enfermagem (SOUZA, 2008, grifo

nosso).

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Nessa mesma época, Florence criou uma escola4 para enfermeiras, que

tinha disciplina rigorosa, do tipo militar, com exigências de qualidades morais. O

curso tinha 1 ano de duração com aulas diárias com médicos que era a única

pessoa qualificada para ensinar, e eram esses que decidiam quais funções iriam

colocar nas mãos das enfermeiras.

Apesar de se dar a devida importância à profissão nesta época, a

enfermagem foi propagada pelo mundo a partir da Inglaterra. Nos Estados Unidos, a

primeira escola foi fundada em 1873. E já em 1877 as enfermeiras diplomadas

prestavam serviços a domicílio (SOUZA, 2008).

Essa profissão exige muito de seus profissionais, física e emocionalmente,

implica uma dedicação e enormes responsabilidades.

Na Europa, em meados do século XIII, as Igrejas Católicas e Protestantes,

juntamente com o Estado e, sobretudo, com o poderio da classe dominante,

cortaram da vida pública as pessoas que se envolviam com a saúde da população.

Os atores principais que se pode chamar de cuidadores eram as mulheres. Essas

tinham o papel de prestar cuidados básicos entre as crianças, principalmente recém-

nascidos, mulheres e idosos. Esse período foi marcado pelo afastamento da mulher

do exercício do poder na saúde que foram transferidos para os técnicos e

especialistas (COREN-SP, 20055).

As práticas de saúde são tão antigas quanto a humanidade, porque fazem

parte da própria condição de sobrevivência e desenvolveram-se entre as primeiras

civilizações do Oriente e do Ocidente, tendo sido influenciadas pelas doutrinas,

dogma e religiões. Caracterizam-se pela prática do cuidar e têm como alicerces

concepções evolucionistas e teológicas (GEOVANINI, 2002 apud LISBOA, 2005).

Ainda, segundo o mesmo autor:

Quando os grupos nômades se uniram em tribos, nas quais o homem exercia funções patriarcais e as mulheres as habilidades para cuidar, tendo sido contemplada na divisão social do trabalho pelo cuidado das crianças, velhos e doentes. Com o evoluir dos tempos, foi constatado que o conhecimento a respeito dos meios de cura resultava em poder, no interior dos grupamentos humanos (GEOVANINI, 2002 apud LISBOA, 2005).

Desta forma, o homem aliando este conhecimento ao misticismo fortaleceu

este poder e apoderou-se dele. Observa-se que a enfermagem está em sua

4 Escola de enfermagem fundada for Florence Nigthtingale, no hospital Saint Thomas, em 12/05/1820, em Florença, Itália.5 http://corensp.org.br/072005/

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natureza relacionada ao cuidar das sociedades nômades e primitivas (GEOVANINI,

2002 apud LISBOA, 2005).

Quanto à Enfermagem, as referências da época, estão relacionadas com as

práticas domiciliares de parto e atuação pouco clara de mulheres de classe elevada

que dividiam as atividades dos templos com os sacerdotes (BERETTA & LANDINI,

1992)6.

Os cuidados de enfermagem iniciaram a partir do aparecimento das ordens

religiosas e em razão da motivação cristã que moviam as mulheres para a caridade,

a proteção e a assistência aos enfermos, desvinculados de conhecimentos

científicos. A moral e a conduta eram mantidas sob regras rígidas nos grupos de

jovens que se submetiam aos treinamentos de Enfermagem nos conventos

(BERETTA & LANDINI, 1992).

2.1.3 Categorias

A enfermagem se distribui em três categorias, sendo enfermeiro, técnico em

enfermagem e auxiliar de enfermagem e está inserida nas Práticas de Saúde, que

estão ambientadas em períodos transitórios de desenvolvimento das nações.

2.1.4 Atribuições dos profissionais de enfermagem

Cada categoria da enfermagem tem suas responsabilidades bem definidas

pelo Conselho Regional de Enfermagem de sua área de atuação, bem como as

atribuições destinadas a cada categoria, como será apresentado a seguir.

6 www.ufscar.br

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2.1.4.1 Enfermeiro

As atribuições do profissional enfermeiro são assim definidas:

a) Assume a direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública e privada, e chefia de serviço e de unidade de enfermagem;b) é responsável pela organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços;c) elabora planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de enfermagem;d) desempenha consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de enfermagem;e) realiza consulta de enfermagem;f) realiza prescrição da assistência de enfermagem;g) executa cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida;h) realiza cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas (LEI 7 498/86, art. 11º; DECRETO 94 406/87, art 8º).

2.1.4.2 Técnico em enfermagem

De acordo com COFEN7, o Decreto nº 94 406/87 de 25 de junho de 1986,

são atribuições do Técnico em Enfermagem:

Art.10 – O Técnico de Enfermagem exerce as atividades auxiliares, de nível técnico, atribuídas à equipe de Enfermagem, cabendo-lhe assistir ao Enfermeiro:a) No planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de assistência de Enfermagem.b) Na prestação de cuidados diretos de Enfermagem a pacientes em estado grave.c) Na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral em programas de vigilância epidemiológica.d) Na prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar.e) Na prevenção e controle sistemático de danos físicos que possam ser causados a pacientes durante a assistência de saúde.(DECRETO nº 94 406/87, 10º art.)

Suas atividades somente poderão ser exercidas sob supervisão, orientação e

direção do enfermeiro, conforme artigo 13 do Decreto citado.

2.1.4.3 Auxiliar de enfermagem

Execução de procedimentos específicos de auxiliar de enfermagem (preparo

de pacientes, curativos, dispensa e administração de medicamentos prescritos,

7 Conselho Federal de Enfermagem.

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preparo e esterilização de materiais, vacinação, aplicação de injeções e demais

atividades delegadas pelo(a) enfermeiro(a);

a) auxílio no controle de estoque de medicamentos e material;b) zelo e conservação do material de uso diário;c) Acompanhamento de consulta médica e de enfermagem, quando necessário;d) preenchimento de prontuários de pacientes e instrumentos de avaliação e controle;e) Participação no desenvolvimento de atividades de promoção e prevenção de saúde;f) participação em grupos educativos com os demais membros da equipe;g) visitas domiciliares a pacientes quando solicitado pela equipe;h) participação nos seminários propostos de formação e atualização;i) Contribuição na elaboração de estatísticas e relatórios mensais específicos;j) participação das reuniões de Equipe (COREN, 2009).

Depois de apresentadas informações a respeito da enfermagem, o ato de

cuidar será discutido na próxima seção, para que seja feito um contraponto a

respeito das atividades exercidas pelo profissional de enfermagem.

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3 O ATO DE CUIDAR

Curar vem do latim que significa cuidar, e portanto curar-se é cuidar-se ou

cuidar de alguém.

O cuidar veio como uma camada que revela a realização para alguém que

não esta em condições de fazê-lo com suas próprias forças, impedido por algo

momentâneo ou permanente.

O corpo se recupera durante o repouso. Se não se alternar o trabalho e o

movimento com o repouso, o ser humano acabará estressado e esgotado física e

psiquicamente.

O enfermo que por si só é uma pessoa esgotada, precisa descansar muito.

Não se pode esquecer que o cansaço é um dos principais sintomas de doença. O

animal enfermo repousa e se coloca num rincão isolado do mundo a descansar. Os

hospitais deveriam ser verdadeiros lugares de descanso.

Cuidar envolve a interação do profissional de enfermagem com o cliente, o

que exige o autoconhecimento e um conhecimento que abrange a sensibilidade no

tocar, no olhar, no saber sentir e captar as emoções de quem estamos cuidando

para cuidar (CALDAS, 1997).

Para cuidar do outro, o corpo do cuidador se investe de uma sabedoria

zelosa onde a plenitude da vida é o grande alvo. Essa sabedoria se aplica na

sensibilidade por peculiaridades que se encaixam na perspectiva do cuidar

(GOTARDO, 1996).

Miranda (1996) afirma que o processo de cuidar envolve a sensibilidade de

reconhecer a si mesmo (que cuida) e o outro (que recebe o cuidado) numa relação

de troca constante, ou seja, pessoas em sintonia numa compreensão do ser

humano como um todo, pois a sensibilidade é um bem precioso que deve ser

preservado e desenvolvido por toda vida.

Haguette (1992) afirmou que a sociedade consiste de pessoas que

interagem e desenvolvem atividades específicas que as colocam em diferentes

situações no processo cuidar, pois através desse processo que essas estruturas e

organizações se estabelecem. Há necessariamente uma interação entre seus

membros, já que a sociedade consiste de indivíduos que interagem entre si e cujas

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atividades ocorrem, predominantemente, em resposta de um ao outro, ou em

relação de um ao outro.

As ações tornam-se reflexivas quando reconhecemos o nosso compromisso

constante relacionado com o cuidar, o qual implica num incentivo a pensar cada vez

mais no seu fazer, melhorando a qualidade da assistência. Considerando a

importância do cuidar, no qual as habilidades se aprimoram no desenvolvimento da

reflexão, na busca de como executar o que é pensado e, assim, expor o que está no

íntimo, permitindo-nos desenvolver como se dá esse processo (PEREIRA, 1995).

Nesse contexto, a enfermagem assume um papel de suma importância na

manutenção e promoção da saúde e, por ser uma profissão que possui

singularidades nos seus conhecimentos, põe em prática o seu pensar através das

ações do cuidar e ensinar.

Camacho (2001) afirma que é fundamental o incentivo para o

desenvolvimento do pensar crítico, para que o significado do cuidado atribuído pela

pessoa cuidadora torne eficaz, com fundamentação e esclarecimento sobre a

prática de enfermagem, por meio da descoberta dos caminhos.

O cuidado é uma maneira de ser do homem, possui significado a partir do

próprio homem. Incluem comportamentos, atitudes, valores e princípios que são

vividos cotidianamente pelas pessoas em determinadas circunstâncias, porém,

antes de tudo, diz respeito ao ser (SANTIN, 1998).

O ser humano nasce com potencial de cuidado e isso significa que todas as

pessoas são capazes de cuidar. Evidentemente, essa capacidade será melhor ou

menos desenvolvida conforme as circunstâncias em que for exercida. É reconhecido

que seres humanos necessitam de cuidado, quando evidenciam dependência na

execução de suas atividades diárias, tanto de ordem físico-sociais, quanto mentais

(WALDOW, 2008).

Na verdade, o cuidar traz consigo um amplo significado, para além do

tratamento biomédico, elevando uma criação de ambiente relacional, que possibilita

a pessoa a descoberta ou releitura do valor e sentido de sua existência, que gera

segurança e confiança e nesse estado pode a pessoa reencontrar ou manifestar a

vitalidade, constituindo, um terreno propício a eficácia do tratamento. Entende-se

também que cuidar é oferecer uma segunda chance de ver a vida por um reflexo

chamado valor ou prazer.

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Observando a amplitude de cuidar, leva-se a repensar como têm sido os

cuidados com quem presta os mais variados cuidados. O trabalho em saúde impõe

aos profissionais da área uma rotina carregada de alto grau de tensão que envolve

toda a equipe. Inúmeras pessoas transitando e conversando, sons agudos,

intermitentes e variados, queixas constantes, ansiedade, tristeza, dor, morte e

longas jornadas de trabalho constituem o cotidiano da maioria desses profissionais

de enfermagem (REMEN, 1993).

Assim sendo, quem garante aos profissionais de enfermagem, em seu

trabalho, o alívio do sofrimento e manutenção da dignidade em meio às experiências

de vida e de morte?

A história do cuidado humano e a história da Enfermagem como ciência tem

uma ligação importante, no entanto, o foco da atenção sempre foi mais voltado para

o cuidado do outro, o ser doente, mas nunca o cuidado ao cuidador (DAMAS, 2004).

O legado de Florence Nightingale, sem dúvidas, se faz presente na

formação destes profissionais de enfermagem, levando-os ao marcado por uma

dualidade: “disciplina, autoritarismo, organização por um lado; obediência,

servilismo, docilidade por outro” (WALDOW, 1998ª, p. 54 )

Percebe-se que tais características possuem algo em comum. Todas elas,

em maior ou menor intensidade, são cercadas pela abnegação do eu, pela renúncia

dos sentimentos e da vontade própria. Parece-nos claro, ainda hoje, que diante da

população em geral, tais pontos são indispensáveis na caracterização de uma boa

assistência de enfermagem (DAMAS, 2004).

De igual forma, o processo de formação é guiado por essas características,

sempre muito presentes e, acrescido da excelência pela técnica, fundamentada no

modelo biológico, sem que fosse dada a mesma importância para os processos

relacionais, fundamentais nos dias de hoje a estes profissionais (ESPERIDIÃO &

MUNARI, 2000).

Todavia, vale lembrar que o ser humano não foi “configurado”, como uma

máquina, podendo despir-se de suas vontades e necessidades. Enquanto ser

humano, também é necessário refletirmos sobre quão difícil é a missão de assumir o

papel de ser cuidador (REMEN, 1993, grifo do autor).

Segundo Mattos (2001), cuidado é uma atitude de quem faz alguma coisa

com o desejo de não errar. Para o mesmo autor, cuidar é fazer o necessário para

que nada de mal aconteça com uma pessoa ou coisa; tratar, atender conforme suas

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necessidades. Também salienta que quem cuida precisa cuidar-se, que significa

tomar cuidado consigo mesmo. Acautelar-se, prevenir-se.

As pessoas que cuidam, sejam elas profissionais ou familiares, acabam por

sofrer um grande desgaste emocional, porém passam a ideia de que cuidam

também de si mesmas. Ocorre que cuidar e ser cuidado envolve relação de gente

com gente (FERNANDES et al., 2005).

Hoje, até os mais humildes cidadãos têm consciência de que são

merecedores de respeito e lutam pelo que querem, ainda que em muitos casos de

maneira precária. Neste contexto, a Enfermagem deve ocupar o seu espaço como

profissão que se preocupa com o respeito à pessoa, sua dignidade e individualidade

(DAMAS, 2004).

Ninguém pode dar ao outro o que não tem, diz um antigo provérbio, é fato,

por conseguinte, que seremos mais eficazes na nobre tarefa de cuidar se nos

dispusermos a promover o bem estar do outro sem esquecermos do nosso próprio

(MARTINS, 2003).

Segundo Vila (2002), o aspecto humano do cuidado de enfermagem, com

certeza, é um dos mais difíceis de ser implementado. A rotina diária e complexa que

envolve o ambiente hospitalar faz com que os membros da equipe de enfermagem,

na maioria das vezes, esqueçam de tocar, conversar e ouvir o ser humano que está

a sua frente.

Embora seja o local ideal para o atendimento a pacientes agudos graves

recuperáveis, parece oferecer um dos ambientes mais agressivos, tensos e

traumatizantes. Os fatores agressivos não atingem apenas os pacientes, mas

também a equipe multiprofissional, principalmente a enfermagem que convive

diariamente com cenas invasivas, pacientes graves, isolamento, morte, entre outros.

Segundo Vila (2002), é importante abordar a necessidade de humanização

do cuidado de enfermagem, com a finalidade de provocar uma reflexão da equipe e,

em especial, dos enfermeiros que são responsáveis por traçar metas de cuidados,

onde sua visão não pode fixar apenas no enfermo. Nesta abordagem, entendemos

que humanizar é uma medida que visa, sobretudo, tornar efetiva a assistência ao

indivíduo criticamente doente, considerando-o como um ser biopsicossocioespiritual.

Além de envolver o cuidado ao paciente, a humanização estende-se a todos

aqueles que estão envolvidos no processo saúde-doença neste contexto, que são,

além do paciente, a família, a equipe multiprofissional e o ambiente.

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A humanização deve fazer parte da filosofia de enfermagem. O ambiente

físico, os recursos materiais e tecnológicos são importantes, porém não mais

significativos do que a essência humana. Esta, sim, irá conduzir o pensamento e as

ações da equipe de enfermagem, tornando-o capaz de criticar e construir uma

realidade mais humana, menos agressiva e hostil para as pessoas que diariamente

vivenciam.

Em virtude da vivência dos profissionais de enfermagem preocupados com

a humanização e com a qualidade do cuidado, deve-se sempre investigar como é

desenvolvido o cuidado hoje. Se não cuidar-se, como irá oferecer cuidado em sua

essência. Para clarear esta nuance temos de integrar ao objetivo de compreender o

significado cultural do cuidado humanizado atribuído pela equipe de enfermagem.

Esse contexto traz a realidade do processo de cuidar de uma equipe de

enfermagem que tem um conceito sobre humanizar sintetizado na afirmativa: amar

ao próximo como a si mesmo, mas, na prática, o cuidar não reflete essa tão

profunda expressão.

Dessa forma, do ponto de vista do profissional de enfermagem, a realidade

na prática é interpretada considerando o conceito de "doença processo" que se

refere às anormalidades de estrutura ou funcionamento de órgãos ou sistemas.

Quando o profissional assume a posição do doente, o conceito de cuidar

reflete a percepção que constitui uma interpretação e um julgamento das

impressões sensíveis produzidas pelo corpo. Portanto, não é meramente um estado

de sofrimento, mas também uma realidade sociocultural. Essa é, então, a

perspectiva do ideal de humanizar. Colocando-se no lugar do outro, o profissional

passa a cuidar, considerando um significado de humanizar que envolve respeito,

dignidade.

Para que os trabalhadores de saúde possam exercer a profissão com honra

e dignidade, respeitar o outro e sua condição humana, dentre outros, necessitam

manter sua condição humana também respeitada, ou seja, trabalhar em adequadas

condições, receber uma remuneração justa e o reconhecimento de suas atividades

e iniciativas. Logo, fica evidente que os profissionais, na maioria das instituições de

saúde, estão aquém da reconhecida valorização de si e do seu trabalho (COREN,

1995).

Humanização, como espaço ético, requer, então, o fomento de relações

profissionais saudáveis, de respeito pelo diferente, de investimento na formação

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humana dos sujeitos que integram as instituições, além do reconhecimento dos

limites profissionais (MEZZOMO, 2001).

O profissional, possivelmente, terá condições de compreender sua condição

humana e sua condição de cuidador de outros seres humanos, respeitando sua

condição de sujeito, sua individualidade, privacidade, história, sentimentos, direito

de decidir quanto ao que deseja para si, para sua saúde e seu corpo quando

valorizado. O verdadeiro cuidado humano prima pela ética, enquanto elemento

impulsionador das ações e intervenções pessoais e profissionais, constituindo a

base do processo de humanização (SUELLI, 2003).

Os profissionais de saúde acabam rompendo seus juramentos sem dar

conta, porque a vida humana, não pode ser trocada por nenhuma moeda neste

planeta. Mas todos estes acontecimentos/cenários acontecem devido à falta de

ética ou, quando existe, por falta de uma política sustentável de saúde que vise

equidade, isto é, atender às populações conforme suas necessidades (BETO,

2008).

O cuidador de enfermagem inserido em uma organização que presta serviço

ao ‘outro’ é responsável pela qualidade do atendimento que é dispensado ao ser

cuidado e, para tal, deve empenhar-se e oferecer o melhor de si para assegurar um

cuidado humanizado (COSTENARO & LACERDA, 2001).

A prática do cuidado pelo profissional de enfermagem, objetiva

prioritariamente cuidar do outro, direcionando a atitude cuidativa para o ser que está

sob os seus cuidados. O cuidar do outro, pelas trocas que proporciona, traz para o

cuidador sentimentos de prazer e satisfação, ou seja, cuidar do outro é também

cuidar de si mesmo (BAGGIO, 2006).

Bettinelli (1998) aponta que alguns profissionais de enfermagem na relação

de cuidado demonstram um envolvimento com o paciente bastante superficial,

supervalorizando os aspectos científicos, as rotinas, os problemas burocrático-

administrativos, as normatizações de técnicas e de procedimentos.

Observamos que estas atitudes denotam a impessoalidade do cuidador,

sendo a intuição, o envolvimento, a sensibilidade e a solidariedade substituída pelo

mero cumprimento de tarefas rotineiras, fazendo com que a relação com o paciente

se torne fragmentada, fria, simplificada e, às vezes, distante, transformando o ser

humano em um objeto do cuidado.

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A organização do trabalho baseada na execução da tarefa e o

distanciamento entre equipes, pacientes e familiares, justificados como mecanismo

de defesa, em função do estresse pela sobrecarga de trabalho, referem que o cuidar

é tecnicista e mecânico. Executar a técnica, limpar, manter a ordem na unidade são

procedimentos que estão fortemente enraizados nesse cenário cultural,

esquecendo-se, muitas vezes, dos sentimentos do paciente, família e até mesmo de

seus próprios sentimentos, enquanto profissionais que, diariamente, lidam com o

estresse.

Ao refletir sobre o significado cultural de cuidado humanizado, tendo a

cultura como um sistema de significados pelo qual os indivíduos percebem e

compreendem o mundo que habitam, aprendendo a viver dentro dele, podemos ver

que a enfermagem tem a responsabilidade e o compromisso ético e profissional de

resgatar o sentido do seu agir, e isso só será possível a partir da conscientização de

que o ser humano é capaz de buscar a si mesmo, a sua essência e, por

conseqüência, buscar o outro.

Assim, essas características não devem ser apenas relacionadas a

problemas burocráticos, muito menos estruturais e técnicos, mas sim a uma questão

que envolve atitudes, comportamentos, valores e ética moral e profissional.

O conceito de enfermagem e do ato de cuidar não pode ser dissociados um

do outro, pois ser enfermeiro é ser cuidador, e ser cuidador também é ser

enfermeiro. Por isso, os profissionais de enfermagem são submetidos a atividades

exaustivas, razão pela qual podem ser acometidos por doenças ocupacionais,

dentre elas a síndrome de Burnout, que será apresentada na próxima seção.

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4 CARACTERIZAÇÃO DA SINDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE

ENFERMAGEM

O ambiente de trabalho hospitalar tem sido considerado insalubre, por

agrupar pacientes portadores de diversas enfermidades infectocontagiosas e

viabilizar muitos procedimentos que oferecem riscos de acidentes e doenças para

os trabalhadores da saúde. Poucos locais de trabalho são tão complexos como um

hospital. Além de prover cuidado básico de saúde a um grande número de pessoas,

muitos são freqüentemente centros de ensino e pesquisa. Como resultado, existem

riscos potenciais aos quais os trabalhadores hospitalares podem estar expostos,

dependendo da atividade que desenvolvem e o seu local de trabalho (NISHIDE,

2004).

No contexto hospitalar, a enfermagem constitui-se na maior força de

trabalho, e suas atividades são freqüentemente marcadas por divisão fragmentada

de tarefas, rígida estrutura hierárquica para o cumprimento de rotinas, normas e

regulamentos, dimensionamento qualitativo e quantitativo insuficiente de pessoal,

situação de exercício profissional que tem repercutido em elevado absenteísmo e

afastamentos por doenças (REIS, 2003).

Usualmente, a ausência ao trabalho é denominada absenteísmo, apesar de,

por definição, absentismo significar "o hábito de não comparecer, de estar ausente".

Vários autores destacam que as condições de trabalho vivenciadas por muitos

trabalhadores da equipe de enfermagem, particularmente em ambiente hospitalar,

têm lhes ocasionado problemas de saúde, freqüentemente relacionados à situação

e setor de trabalho, provocando prejuízos pessoais, sociais e econômicos (REIS,

2003, p. 1 ).

Na análise dos aspectos que podem influenciar as atividades no trabalho,

abordam-se os fatores intra, peri e extralaborais como: ambiente físico; riscos

ocupacionais; higiene, estruturação e segurança do setor de trabalho; situação

social de vida e do processo de trabalho do funcionário; organização e divisão das

atividades; os meios disponíveis para o exercício profissional; jornada, turno,

alimentação e transporte; situação social de moradia e deslocamento; interação

pessoal e as relações entre produção e salário (REIS, 2003).

Tratando-se especificamente do ambiente hospitalar, muito se tem falado e

publicado a respeito das condições inadequadas de trabalho vigentes em grande

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parte dessas instituições, expondo seus trabalhadores a riscos de ordem biológica,

física, química, ergonômica, mecânica, psicológica e social.

Os hospitais constituem-se em locais de aglutinação de pacientes/clientes

acometidos por diferentes problemas de saúde, assistidos por trabalhadores

diversos, da área da saúde ou técnico-administrativas, e vários estudos têm

apontado que os serviços de saúde, em particular os hospitais, geralmente

proporcionam aos seus trabalhadores, principalmente da enfermagem, piores

condições de trabalho em relação a outros serviços (REIS, 2003 apud ALVES et al.

2006).

Como consequência das condições inseguras de trabalho em instituições

hospitalares, no caso da equipe de enfermagem, têm sido freqüentes os acidentes

de trabalho, o absenteísmo e os afastamentos por doenças, o que tem dificultado a

organização do trabalho em diversos setores e, conseqüentemente, a qualidade da

assistência de enfermagem prestada (NISHIDE, 2004).

O estudo das relações entre saúde-doença-trabalho tem merecido a

atenção de muitos pesquisadores na área de saúde ocupacional, destacando-se

como prejuízos à saúde física e mental dos trabalhadores: prolongadas jornadas de

trabalho; ritmo acelerado de produção, por excesso de tarefas; automação por

realização de ações repetitivas com parcelamento de tarefas e remuneração baixa,

em relação à responsabilidade e complexidade das tarefas executadas. Em tais

situações, muitas vezes o trabalho deixa de significar satisfação, ganhos materiais e

serviços sociais úteis, para tornar-se sofrimento, exploração, doença e morte

(NISHIDE 2004).

Freqüentemente, os trabalhadores de enfermagem estão sujeitos a

condições inadequadas de trabalho, provocando agravos à saúde, que podem ser

de natureza física ou psicológica, gerando transtornos alimentares, de sono, de

eliminação, fadiga, agravos nos sistemas corporais, diminuição do estado de alerta,

estresse, desorganização no meio familiar e neuroses, fatos que, muitas vezes,

levam a acidentes de trabalho e licenças para tratamento de saúde. Alguns autores

destacam os fatores ergonômicos relacionados a problemas ósteo-músculo-

articulares entre trabalhadores de enfermagem (BENAVIDES, 1999).

Os agentes psicossociais causadores de danos à saúde dos trabalhadores

de enfermagem associam-se ao contato freqüente com o sofrimento e a morte; a

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monotonia de atividades repetitivas e parceladas e turnos rotativos de trabalho,

fadiga que leva ao estresse.

4.1 SÍNDROME DE BURNOUT

O termo trabalho é proveniente da palavra latina “tripalium”, a qual se refere

a um tipo de instrumento utilizado na antiguidade para punir pessoas que eram

submetidas ao trabalho forçado em virtude da perda de sua liberdade (SILVA, 2000).

O trabalho é um dos elementos que constituem a identidade do indivíduo.

Dessa forma, é possível dizer que a profissão de um determinado sujeito caracteriza

uma faceta de seu ser. Pode-se observar essa dinâmica nos programas jornalísticos

de televisão, nos quais a caracterização dos entrevistados é feita pelo nome e pela

profissão. Nesse sentido, é possível dizer que a profissão do sujeito não raro

caracteriza o seu ser, que o indivíduo é a sua profissão. Isso se deve, sobretudo, às

transformações sociais, econômicas e culturais advindas da Revolução Industrial e

do advento das economias capitalistas (SILVA, 2000).

Na medida em que o indivíduo está inserido no contexto organizacional, está

sujeito a diferentes variáveis que afetam diretamente o seu trabalho. Mas, para

atingir a produtividade e qualidade, é preciso ter indivíduos saudáveis e

competentes. No entanto, mesmo possuindo tais atributos, o próprio ambiente

organizacional pode atuar muitas vezes de forma a pressionar o indivíduo, levando-o

a estados de doenças profissionais e ocupacionais, de insatisfação e desmotivação.

Dentre estes fatores, pode-se encontrar a síndrome de Burnout.

O termo Burnout surgiu nos Estados Unidos em 1969 e foi inicialmente

utilizado por Brandley. Todavia, ficou conhecido, a partir de 1974, através de

Freudenberger, psiquiatra que trabalhava com toxicodependentes em Nova Iorque.

A síndrome é referida como: stress laboral, stress profissional, estresse assistencial,

stress ocupacional, neurose profissional ou neurose de excelência, síndrome do

esgotamento profissional e síndrome de queimar-se pelo trabalho (TEIXEIRA, 2009).

A síndrome de Burnout, pode ser compreendida como um processo que se

estabelece gradualmente, e se inicia com o desenvolvimento de sentimentos de

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baixa realização pessoal e esgotamento emocional, ou seja, o indivíduo vai

perdendo todo a sua energia diante do trabalho.

O termo Burnout é de língua inglesa e significa algo como “perder a energia”

ou “queimar (para fora completamente)”. Quanto mais desgastante ou geradora de

estresse é a profissão, maior probabilidade ela tem de gerar quadros de Burnout,

como por exemplo, (Profissionais da Educação, Saúde, Segurança Urbana,

Advogado, Engenheiro, Vendedor, Administrador, Assistente Social). Em tais

profissões, nota-se que o profissional tem que estar em contato direto com os

usuários de seus serviços, o que constitui outra condição desencadeante da

síndrome de Burnout.

Segundo Codo et al. (2002) apud Vidal, (2007, p. 26), a síndrome de

Burnout é um conjunto de fatores, através do qual o trabalhador perde o sentido da

sua relação com o trabalho, de forma que as sua ações loborais, já não lhe importam

mais e qualquer esforço lhe parece ser inútil.

Ainda de acordo com CODO et al. (2000), a síndrome ocorre quando certos

recursos pessoais são perdidos, ou são inadequados para atender às demandas, ou

não proporcionam retornos esperados e previstos.

Segundo Vidal (2007), algumas definições atribuem o Burnout à

discrepância entre o que o trabalhador dá (o que ele investe no trabalho) e aquilo

que ele recebe (reconhecimento de superiores e colegas, bons resultados nos

desempenhos, entre outros).

De fato, pode-se destacar que há uma distância entre o desempenho do

indivíduo e a sua valorização. Nesse sentido, um dos componentes que contribuem

para a instauração da síndrome de Burnout é a desmotivação. O trabalhador investe

no exercício de sua profissão a quase totalidade de sua energia física e mental e

não se vê recompensado por isso. Acaba eclodindo, então, um processo em que o

indivíduo “se queima” devido ao excesso de trabalho. Embora não haja uma única

definição.

O Burnout “é uma forma de adaptação que pode resultar em efeitos

negativos tanto para a própria pessoa quanto para seu local de trabalho”. (VIDAL,

2007, p. 28).

Para Freudenberger e Richelson (1991) apud Abreu, Stoll e Ramos (2002),

a síndrome de Burnout corresponde a um estado de frustração ou fadiga

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desencadeada pelo investimento em determinada causa, modo de vida ou

relacionamento que não correspondeu às expectativas.

Pereira (2002) caracteriza a síndrome de Burnout numa concepção clínica

como um conjunto de sintomas (fadiga física e mental, falta de entusiasmo pelo

trabalho e pela vida, sentimento de impotência e inutilidade, baixa auto-estima)

podendo levar o profissional à depressão e até mesmo ao suicídio.

Maslach e Jackson (1981), apud Silva, (2000,) afirmam que Burnout está

estritamente ligada a profissionais de saúde que perdiam então, o interesse, empatia

e o próprio respeito por seus pacientes.

É correto afirmar que o Burnout se caracteriza por ser um distúrbio que

produz efeitos negativos tanto para o trabalhador quanto para o trabalho. Leva o

sujeito a fadiga por várias causas, entre as quais, o modo de vida que não

estabeleceu conforme o esperado. Portanto, é um conjunto de sintomas que podem

levar o profissional à depressão, em alguns casos com desejo de morte.

Por isso, quando o indivíduo estabelece, no campo das relações

interpessoais, estados tensos, conflitivos, em longo prazo, tem-se a tendência a

aumentar os sintomas que caracterizam o Burnout. Nesse sentido, a falta de apoio

no trabalho por parte dos companheiros e supervisores, da direção, e os conflitos

interpessoais familiares, estão diretamente associados ao sentimento de “queimar-

se”, característico de trabalhadores com Burnout.

A síndrome de Burnout pode ser caracterizada, do ponto de vista

psicossocial, como um transtorno cujos sintomas são: sentimentos de esgotamento

emocional, despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho. Tais sintomas

usualmente acometem indivíduos que no início da carreira profissional ou de um

novo emprego se entusiasmam bastante, dando o melhor de si mesmos. Não

obstante, com o passar do tempo não são ou não se percebem recompensados pelo

seu esforço. Nota-se, portanto que, para as empresas, o desenvolvimento de

Burnout é vantajoso uma vez que sinaliza que o profissional está se dedicando ao

máximo às suas funções. Todavia, os problemas gerados pela intensificação dos

sintomas podem acarretar graves prejuízos para a organização (SILVA, 2000).

O trabalho, do ponto de vista psicológico, em função da forma, dos meios e

instrumentos através dos quais se realizam as tarefas tende a acarretar diferentes

graus de motivação e satisfação para o sujeito. Tais sensações dependem também

da forma como se estabelecem as relações interpessoais no ambiente de trabalho.

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Quando essas relações se configuram a partir de um padrão tenso e conflituoso, ou

seja, no qual conflitos e tensão nas relações se mantêm de forma prolongada, a

tendência é que se intensifique o sentimento de Burnout. Outras variáveis que

podem interferir no desenvolvimento da síndrome estão relacionadas ao modo como

o profissional lida com seus superiores e à forma como a organização acolhe seus

funcionários. Nesse sentido, a falta de apoio no trabalho por parte dos companheiros

e supervisores, da direção, ou da administração da organização, bem como a

excessiva identificação do profissional com o usuário ou cliente e os conflitos

interpessoais com os mesmos ou seus familiares, podem aumentar os sentimentos

de “queimar-se” (SILVA, 2000, p. 1).

De acordo com Gil-Monte (1993) apud Silva (2000), a síndrome de Burnout

não se manifesta abruptamente, mas constitui um processo em que é possível

discernir-se determinadas fases. Num primeiro momento, o indivíduo percebe a

evidência de uma tensão, o estresse. No segundo momento, aparecem sintomas de

fadiga e esgotamento emocional, concomitantemente a um aumento do nível de

ansiedade e, finalmente, o indivíduo desenvolve estratégias de defesa, que utiliza de

maneira constante. Essas estratégias consistem em mudanças de atividades e

comportamentos que incluem indiferenças e distanciamento emocional do trabalho.

Embora o autor acima localize diferentes fases de instalação da síndrome

de Burnout, vale destacar que esses momentos não se estabelecem de forma clara

e distinta. As etapas se interpõem, não sendo possível determinar com exatidão a

seqüência do desenvolvimento do transtorno.

4.1.1 Desenvolvimento

Para França e Rodrigues (2005), apud Maslach (2006) apud Salume (2007),

o Burnout é uma síndrome caracterizada por três aspectos básicos:

1) Exaustão emocional: Esta fase ocorre, devido ao contato acentuado com as pessoas freqüentes. Período onde os trabalhadores percebem que não podem dar mais de si mesmos em nível afetivo; são mais pessimistas. Devido ao contato diário com problemas, tornam-se mais intolerante, “nervosos”, rígido; distancia-se dos clientes e amigos.A exaustão emocional causa graves conseqüências nos níveis individual e organizacional. No individual, ela afeta: a saúde gerando diversos distúrbios psicossomáticos e depressão; as relações interpessoais, além de

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ocasionar agressividade e ingestão de álcool e drogas. No contexto organizacional ela afeta desempenho e ocasiona insatisfação no trabalho, absenteísmo e rotatividade (TAMAYO, 2002).2) Despersonalização: Pode ser definida como o desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativos e cinismo para as pessoas destinatárias do trabalho. É o momento onde a persona do indivíduo vai sofrendo alterações, frieza e uma postura desumanizada. Perde a capacidade de identificação e empatia, tratando as pessoas como “coisas”.3) Redução da realização pessoal e profissional: Nesta última fase, as realizações pessoais e profissionais ficam comprometidas, devido à má qualidade da atividade. O sujeito já se posiciona como diferente dos outros, descuidado, queda da auto-estima, podendo ocorrer à depressão.(SALUME, 2007 p.22).

Diante das afirmações acima, entende-se que na primeira etapa o indivíduo

se vê cansado, por ter contato excessivo com as pessoas onde já não existe

rendimento em seu trabalho. Ou seja, a exaustão emocional é descrita

metaforicamente como o sentimento do trabalho de que seu emocional está vazio, e

onde não possui mais energia para continuar enfrentando as exigências do trabalho.

Com a despersonalização, o indivíduo perde totalmente a capacidade do

seu perfil, falta de sensibilidade com o outro. Já a falta de realização pessoal é um

estágio de total insatisfação, que pode gerar a depressão. No entanto, deve ser

entendida como uma resposta ao estresse laboral, que aparece quando falham as

estratégias de enfrentamento que o sujeito pode utilizar e se comportar como

variável mediadora entre o estresse percebido e suas conseqüências.

Enfim, diante de muitas contribuições que foram citadas, esta síndrome

chega à raiz do sentido de vida das pessoas, o trabalho acaba perdendo o sentido e

o significado, chegando ao extremo da exaustão sobrecarga, desumanização e falta

de prazer naquilo que faz ou deixa de fazer, atingindo todas as esferas da vida.

4.1.2 Sintomatologia

Na literatura pode-se encontrar uma lista extensa de diversos sintomas

associados ao Burnout (BARONA, 1996; BENEVIDES-PEREIRA, 200 L; CALVETE

E VILLA, 2000 apud BENEVIDES-PEREIRA, 2002). Subdividindo-os teoricamente

em físicos, psíquicos, comportamentais e defensivos:

1) SINTOMAS FÍSICOS: Fadiga constante e progressiva, dores musculares, distúrbios do sono, cefaléias, perturbações gastrointestinais,

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imunodeficiência, transtornos cardiovasculares, distúrbios do sistema respiratório, disfunções sexuais.2) SINTOMAS PSIQUICOS: Falta de concentração e atenção, alterações de memória, lentificação do pensamento, sentimento de alienação, solidão, baixa auto-estima, desânimo, desconfiança e paranóia.3) SINTOMAS COMPORTAMENTAIS: Negligência, irritabilidade, incapacidade para relaxar, dificuldade na aceitação de mudanças, perda da iniciativa, aumento de consumo de substâncias (a farmacodependência não deve ser desprezada em casos de estresse e Burnout, LIPP,1987) apud BENEVIDES-PEREIRA (2002), comportamento de alto risco, suicídio. (Vidal p. 33)4) SINTOMAS DEFENSIVOS: Neste sintoma o indivíduo já tem uma tendência ao isolamento, sentimento de onipotência, perda do interesse pelo trabalho (ou até pelo prazer); absenteísmo, ironia e cinismo. (VIDAL, 2007 p. 32).

Subtende-se que o indivíduo acometido pela síndrome de Burnout não

necessariamente obedece a esse encadeamento de sintomas citados acima. O grau,

o tipo e o número de manifestações apresentadas de fatores individuais como,

predisposição genética, experiências socioeducacionais, fatores ambientais, e a

etapa que o sujeito se encontra no processo de desenvolvimento da síndrome é que

determinará o diagnóstico.

Nos quadros de manifestações de Burnout, pode-se notar que pessoas mais

competitivas, esforçadas, impacientes, com excessiva necessidade de controle,

dificuldade de tolerar frustração, baixa auto-estima em geral apresentam maior

probabilidade ao desenvolvimento da síndrome.

Outro fator que se pode observar é que somente indivíduos que atribuem

grande significado a seu trabalho são suscetíveis ao Burnout, pois estão envolvidos

de forma intensa com o que realizam, podendo sofrer uma perda da adaptação no

confronto com os estressores. Por outro lado, os profissionais com menor grau de

envolvimento com suas atividades laborais, sofreriam de estresse ocupacional.

4.1.3 Estratégias de enfrentamento

Os sintomas da síndrome tendem a se desenvolver em profissionais cujo

objeto de trabalho envolve o relacionamento com pessoas em qualquer tipo de

atividade. Assim, o desenvolvimento do Burnout pode ser explicado como uma

resposta do sujeito ao alto grau de estresse laboral. Todavia, tal resposta só surge

no momento em que falham as estratégias normais e funcionais de enfrentamento

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que o sujeito pode empregar. São essas estratégias que realizam a mediação entre

o estresse percebido e suas conseqüências, ou seja, é todo um conjunto de esforços

que o indivíduo desenvolve para manejar ou lidar com as solicitações externas ou

internas, que, em muitos casos, podem ser avaliadas como excessivas ou acima de

suas possibilidades (SILVA, 2000).

A síndrome de Burnout pode ser entendida como uma etapa intermediária

na relação estresse-consequência que, se permanecer durante um longo tempo,

promoverá efeitos deletérios ao indivíduo submetido ao estresse laboral. Tais

consequências danosas podem se dar na forma de doenças somáticas ou falta de

saúde com alterações psicossomáticas como modificações no funcionamento

cardíaco e respiratório, problemas no aparelho digestivo como gastrite e úlcera, além

de distúrbios do sono e náuseas. Além disso, podem surgir problemas para a própria

organização, no que tange à produtividade, como deterioração do rendimento ou da

qualidade de trabalho.

4.2 O BURNOUT NOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

Uma das profissões em que há alta prevalência da síndrome é a

enfermagem. Isso se dá em função de alguns fatores característicos do cotidiano do

profissional enfermeiro como escassez de pessoal, trabalho por turnos, contato

diário com a doença, o sofrimento e a morte, falta de autonomia e de participação

nas tomadas de decisão, rápidas mudanças tecnológicas, respostas inadequadas

das chefias aos problemas organizacionais (TEIXEIRA, 2009).

De acordo com as primeiras investigações sobre a incidência de Burnout em

enfermeiros, a síndrome estava relacionada aos seguintes fatores: a quantidade de

tempo que os enfermeiros passam com os doentes, o que demanda dos

profissionais uma alta carga de exigência emocional o fato de cuidar de doentes com

mau prognóstico. Já as pesquisas mais recentes apontam que o Burnout está

associado a fatores mais relacionados com o trabalho em si, como sobrecarga

laboral, baixo nível de suporte, conflitos interpessoais, contato com a morte e

preparação inadequada (TEIXEIRA, 2009).

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Uma pesquisa realizada no Japão por Imai et al. (2004) comparou a

incidência de Burnout entre enfermeiras psiquiatras comunitárias e enfermeiras de

saúde pública. A conclusão foi de que a prevalência da síndrome era maior nas

primeiras do que nas segundas, com uma prevalência de 59.2%.

Teixeira (2009) investigou a ocorrência de Burnout em profissionais

(enfermeiros, técnicos e auxiliares) num hospital brasileiro e observou os

profissionais que tinham maiores níveis de exaustão emocional eram os enfermeiros

quando comparados com os técnicos e auxiliares, sendo a exaustão emocional

maior nos enfermeiros com menor tempo de experiência profissional.

Rosa e Carlotto (2005) realizaram um estudo com enfermeiros da área de

psiquiatria e descobriu que os fatores mais importantes para a incidência de Burnout

eram aqueles ligados à dimensão dos relacionamentos interpessoais, ou seja, os

fatores ligados ao ambiente não eram tão relevantes quanto os primeiros, de tal

modo que quanto maior a satisfação no trabalho, menor era a ocorrência da

síndrome.

De acordo com os autores citados acima, conclui-se, então, que Burnout

desenvolve nos enfermeiros de todo o mundo, em diferentes contextos de trabalho,

levando-os a desenvolver sentimentos de frustração, frieza e indiferença. São

propícios ao desenvolvimento da síndrome indivíduos que atuam a maior parte do

tempo com pacientes doentes, sujeitos com menor experiência profissional, baixo

nível de suporte que lidam cotidianamente com a morte e que não têm preparação.

Em função disso, torna-se extremamente relevante desenvolver estratégias de

prevenção e tratamento.

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5 ATUAÇAO E INTERVENÇÃO DO PSICÓLOGO ORGANIZACIONAL

O dicionário técnico de psicologia, segundo Cabral e Nick (2001), define a

Psicologia Industrial como um ramo da psicologia que se ocupa de aplicação de

procedimento e descobertas da psicologia á soluções de problemas industriais. Tem

como área de interesse as práticas de emprego e admissão de pessoas; as

condições de trabalho; fadiga; moral e eficiência; as recompensas de trabalho; as

relações entre operários e entre estes e seus superiores funcionais.

Com a revolução industrial na Europa, foi necessário instaurar um novo

modelo trabalhista, que modificou as relações sociais e provocou também

disfunções psicológicas nos trabalhadores pela transição do modelo das produções

agrárias familiares para a produção industrial. A partir da revolução industrial as

empresas começaram a contratar psicólogos para auxiliarem o trabalho dos demais

funcionários, criando-se, assim, a psicologia organizacional e do trabalho, que

inicialmente era denominada psicologia industrial (LORENZO, 2003 apud CAMPOS,

2007).

Esta área da psicologia surgiu na segunda metade do século XIX; de acordo

com Sena e Silva (2004) apud Viana (2008), ela se forma mais especificamente no

período entre as duas guerras mundiais. Obtêm seu reconhecimento no ano de

1924, nesse período foram feitas pesquisa para conhecer as condições de trabalho

e foi nesse ínterim que começou a se pensar em novas formas de se trabalhar.

Segundo Viana (2009), ano passado ainda recentemente a Psicologia

organizacional e do trabalho se preocupava com a seleção e recrutamento de

trabalhadores e soldados e hoje em dia ela também tem esse papel na instituição,

todavia, agora, se busca dar consciência ao trabalhador, que o mesmo tenha noção

da sua força de trabalho e quanto ela vale.

Para Krumm (2005), a psicologia organizacional e do trabalho, como campo

de especialização, se iniciou a pouco mais de cem anos, quando os psicólogos

começaram a estudar problemas relacionados ao trabalho e ao comportamento no

trabalho. Nessa época o campo era denominado de psicologia industrial, pois seu

foco estava no empregado que era visto individualmente apenas no trabalho.

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A prática da chamada psicologia industrial resumia-se inicialmente na

seleção e na colocação profissional, o que gerou o nascimento de uma organização

americana denominada Psychology Corporation8 para desenvolver e distribuir testes

psicológicos e realizar serviços de consultoria a indústria e outras organizações.

(SIEGEL, 1969 apud SAMPAIO, 1998, p. 21)

Com a primeira guerra mundial surgiu a necessidade de testes psicológicos

no recrutamento de militares, Krumm (2005, p. 8) afirma que: “alguns psicólogos

sustentam que a psicologia organizacional e do trabalho começou de fato a 6 de

abriu de 1917- data em que os Estados Unidos ingressaram na Primeira Guerra

Mundial...”

De acordo com Krumm (2005), na primeira guerra os militares tiveram

dificuldades de classificar milhares de recrutas; este problema se iniciou porque pela

primeira vez o exército necessitava de pessoas adequadas para as armas

sofisticadas como os tanques e aviões. Coube aos psicólogos fazerem esta seleção

de oficiais para a guerra.

Em 1916, um grupo de psicólogos liderados por Robert M. Yerkes,

trabalhando sob o comando de médico-chefe do hospital militar dos Estados unidos,

conduziu a revisão de centenas de testes de inteligência. “A partir dessa revisão

elaboraram uma série de testes, em que se testaram quatro grupos de pessoal

militar” (KRUMM, 2005 p. 8).

Para Katzell e Austin (1992) apud Krumm (2005), após a primeira guerra, a

psicologia organizacional e do trabalho continuou a se desenvolver; o primeiro

doutorado em psicologia organizacional foi aberto em 1921; já o subcampo da

testagem de pessoal cresceu rapidamente, porém, retraiu-se quando os resultados

não foram satisfatórios para os administradores.

Novos tipos de testes, tais como os de interesse vocacional, foram

desenvolvidos durante esse período. As organizações começaram a criar

departamento de pessoal, e as empresas voltaram-se para os psicólogos industriais

para ajudarem a aumentar a eficácia e o bem-estar dos trabalhadores. Não obstante,

“nem todas as organizações procuraram melhorar o bem-estar dos trabalhadores por

motivos puramente altruístas; os administradores achavam que a melhora do moral

tornaria os trabalhadores menos vulneráveis á atração dos sindicatos, que estavam

8 Corporação de Psicologia.

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começando a crescer no período pós-guerra”. (BARITZ, 1960 apud KRUMM, 2005,

p.8).

A partir daí, houve uma necessidade do administrador em se preocupar com

as condições de trabalho dos empregados, e coube ao psicólogo mais essa tarefa,

tirando-o do lugar de ser apenas um recrutador.

De acordo com Brown (1976) apud Sampaio (1998, p. 21), “há dois tipos de

práticas da psicologia da indústria nos anos 20: orientação vocacional (baseada em

testes) e estudo sobre as condições de trabalho (visando o aumento da

produtividade)”.

Segundo Krumm (2005, p.9), apesar da psicologia organizacional e do

trabalho no início de 1900 incluir um número pequeno de mulheres, podem-se citar

Mariom Bells e Lillian Gilbreth como as primeiras psicólogas que influenciaram o

desenvolvimento da Psicologia Organizacional e do trabalho. Lillian tinha como um

dos seus objetivos humanizar a administração científica. Já Mariom “desenvolveu

um sistema de classificação de cargos e um programa de avaliação de cargos”.

No final dos anos vinte surgiu o estudo de Hawthorne que, de acordo com

Krumm (2005), são importantes por três motivos:

1) Pelos métodos experimentais mais rigorosos, em comparação a outras pesquisas de campo na época; 2) Um dos primeiros estudos a mostrar como as atitudes dos empregados e as relações interpessoais afetam a produtividade;3) a condução do mais importante movimento da Psicologia organizacional e do trabalho, o movimento das relações humanas (KRUMM, 2005, p. 9).

A tese básica da corrente que veio a ser chamada de relações humanas era

que os fatores humanos influenciam a produção. Eles afirmavam que o lado da

organização formal, estruturada pelas técnicas tayloristas de prescrição da execução

do trabalho, existe a organização informal, baseada nas relações de grupo, capazes

de alterar os resultados da produção (SAMPAIO, 1998).

Em 1939 iniciou a Segunda Guerra Mundial. Siegel (1969) apud Sampaio

(1998, p. 22) afirma que a partir desta guerra “desenvolveram-se técnicas de

colocação de pessoal e avaliação de desempenho”.

De acordo com Krumm (2005, p.11), na Segunda Guerra, assim como na

Primeira, centena de psicólogos foram trabalhar nas forças armadas com o

recrutamento de soldados. Mas desta vez foram os militares que procuraram os

psicólogos. Com o fim da Segunda Guerra “a indústria e o setor público dos Estados

Unidos adotaram muitas descobertas da Psicologia Industrial”.

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Assim como a sociedade como um todo, a Psicologia Organizacional e do

trabalho tornou-se diversificada desde os anos sessenta, seu foco foi-se ampliando

com a inclusão de novas áreas. Essas mudanças levaram à alteração do nome de

Psicologia Industrial para Psicologia Organizacional (KRUMM, 2005).

Para Sampaio (1998), a Psicologia Organizacional e do trabalho surgiu à

medida que os psicólogos deixaram de estudar apenas os postos de trabalho –

processos de seleção - para contribuir também na discussão da estrutura das

organizações.

O surgimento da chamada Psicologia Organizacional e do trabalho contou

com a ajuda dos acontecimentos históricos e com os profissionais da área da

Psicologia da época, que estavam mais interessados na saúde dos trabalhadores.

Já no Brasil a Psicologia Organizacional e do trabalho só foi legalmente

reconhecida como profissão na década de 60. Ao longo do tempo percebe-se que as

atividades efetuadas pelos psicólogos nas organizações de trabalho têm sido

precariamente consolidadas. O psicólogo era ainda associado à seleção de pessoal,

treinamento e avaliação de desempenho (ZANELI & BASTOS, 2004 apud CAMPOS,

2007).

Quando foi regulamentada a profissão e, posteriormente, o currículo mínimo,

na primeira metade da década de 60, a Psicologia Escolar e a Psicologia

Organizacional e do trabalho já contavam, naquele momento, com uma tradição de

pelo menos três décadas de aplicação em várias áreas de trabalho (ZANELLI, 2002).

Já para Carvalho e Santos (2000) a partir dos anos setenta foi notável o

desenvolvimento técnico-discursivo da Psicologia Organizacional e do trabalho, que

ampliou sua área de alcance no mundo do trabalho; o saber que antes era só

voltado para recrutamento, seleção e orientação profissionais foi acrescido de

investimento em treinamento, ergonomia, comunicação e informação.

O desenvolvimento da Psicologia Organizacional e do trabalho no Brasil foi

similar ao da Europa, aconteceu a partir do desenvolvimento das indústrias na

década de 60, quando houve a necessidade de legalizar a profissão.

A Psicologia Organizacional e do trabalho é um campo que tem

experimentado grande crescimento em todos os países industrializados do mundo,

especialmente nas duas décadas passadas. Ela começou como uma pequena

especialidade nos Estados Unidos ampliou-se e tornou-se uma das principais

especialidades aplicadas em psicologia em todo o mundo. Isso ocorreu “porque a

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Psicologia Organizacional e do trabalho se dedica ao local de trabalho, e sendo

assim, seus princípios e descobertas são importantes para todas as pessoas que

têm emprego.” (CAMPOS, 2007, p. 40)

American Psychological Association9 (1981) apud Krumm (2005), define a

Psicologia Organizacional e do trabalho como uma aplicação da teoria e da

metodologia psicológicas aos problemas das organizações e aos problemas de

grupos e de indivíduos em ambientes organizacionais.

Os psicólogos organizacionais e do trabalho estudam a estrutura psíquica e

os mecanismos de comportamento dos seres humanos no contexto laboral e suas

atribuições são assim reconhecidas pela CFP (Conselho Federal de Psicologia):

Planeja, elabora e avalia análises de trabalho (profissiográfico, ocupacional, de posto de trabalho etc.), para descrição e sistematização dos comportamentos requeridos no desempenho de cargos e funções, com o objetivo de subsidiar ou assessorar as diversas ações da administração.

Participa do recrutamento s seleção pessoal, utilizando métodos e técnicas de avaliação (entrevistas, testes, provas situacionais, dinâmica de grupo, etc.), com o objetivo de assessorar as chefias a identificar os candidatos mais adequados ao desempenho das funções.

Elabora, executa e avalia, em equipe multiprofissional, programas de treinamento e formação de mão-de-obra, visando a otimização de recursos humanos.

Participa, assessora, acompanha e elabora instrumentos para o processo de avaliação pessoal, objetivando subsidiar as decisões, tais como: promoções, movimentação de pessoal, planos de carreira, remuneração, programas de treinamento e desenvolvimento, etc.

Planeja, coordena, executa e avalia, individualmente ou em equipemultiprofissional, programas de treinamento, de capacitação e desenvolvimento de recursos humanos.

Participa do processo de movimentação pessoal, analisando o contexto atual, os antecedentes e as perspectivas em seus aspectos psicológicos e motivacionais, assessorando na indicação da locução e integração funcional.

Participa de programas e/ou atividades na área de segurança do trabalho, subsidiando-os quanto a aspectos psicossociais.

Participa e assessora estudos, programas e projetos relativos a organização do trabalho e definição de papéis ocupacionais: produtividade, remuneração, incentivo, rotatividade, absenteísmo e evasão em relação a integração psicossocial dos indivíduos e grupos de trabalho.

Promove estudos para identificação das necessidades humanas em face da construção de projetos e equipamentos de trabalho (ergonomia).

Participa de programas educacionais, culturais, recreativos e de higiene mental, com vistas a assegurar a preservação da saúde e da qualidade de vida do trabalhador.

Encaminha e orienta os empregados e as organizações, quanto ao atendimento adequado, no âmbito da saúde mental, nos níveis de prevenção, tratamento reabilitação.

9 Associação Americana de Psicologia.

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Elabora diagnósticos psicossociais das organizações. Emite pareceres e realiza projetos de desenvolvimento da

organização no âmbito de sua competência. Realiza pesquisas visando a construção e ampliação do

conhecimento teórico e aplicado ao trabalho. Coordena e supervisiona as atividades de Psicologia do trabalho, ou

setores em que elas se inserem, em instituições ou organizações em que essas atividades ocorrem.

Desenvolve ações destinadas as relações de trabalho no sentido de maior produtividade e da realização pessoal dos indivíduos e grupos, intervindo na elaboração de conflitos e estimulando a criatividade na busca de melhor qualidade de vida no trabalho.

Acompanha a formulação e implantação de projetos de mudanças nas organizações, com o objetivo de facilitar ao pessoal a absorção das mesmas.

Assessora na formação e na implantação da política de recursos humanos das organizações.

Participa do processo de desligamento de funcionários, no que se refere a demissão e ao preparo para aposentadoria, visando a elaboração de novos projetos de vida.

Participa como consultor, no desenvolvimento das organizações sociais, atuando como facilitador de processos de grupo e de intervenção psicossocial nos diferentes níveis hierárquicos das estruturas formais.(CFP, 2009)

Para Zanelli et al. (2004) apud Salume (2007) o foco da Psicologia

organizacional e do trabalho é a compreensão do comportamento humano no

trabalho. Estuda os processos da organização e seus impactos psicossociais,

principalmente sobre a qualidade de vida e a saúde do trabalhador como um todo.

Busca também compreender como os fatores pessoais, ambientais e a organização

do trabalho afeta o desempenho do indivíduo no trabalho.

Krumm (2005) divide a Psicologia Organizacional e do trabalho em três

grandes áreas de especialização. A Psicologia de pessoal trabalha com

recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, avaliação do desempenho

e análise de cargos de pessoal, o psicólogo desta área geralmente trabalha no

departamento de recursos humanos, podendo também desenvolver programas para

aumentar a motivação e reduzir o estresse; e seu foco é o empregado

individualmente. A segunda área de especialização é a Psicologia Organizacional,

estes psicólogos estão interessados na estrutura da organização, nos padrões de

comunicação, no efeito da diversidade entre os empregados, no clima e na cultura

organizacional, e nas tomadas de decisões em grupo; geralmente o psicólogo que

trabalha nesta área atua como consultor e se incorpora na organização para realizar

um determinado projeto, o foco do psicólogo organizacional é a influência do grupo

sobre os empregados considerados individualmente. E a terceira área é a

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engenharia dos fatores humanos ou ergonomia, esta focalizada na interação entre o

ser humano e a máquina no ambiente de trabalho. Essa área pode incluir o local de

trabalho e o design de equipamentos, bem como programas de segurança.

Considere-se que a dominação Psicologia Organizacional e do Trabalho

inclui larga abrangência, uma vez que busca compreender o comportamento das

pessoas que trabalham tanto em seus determinantes e suas conseqüências, como

nas possibilidades da construção produtivas das ações de trabalho, com

preservação máxima da natureza, da qualidade de vida e bem-estar humano

(ZANELLI & BASTOS, 2004).

5.1 O PAPEL DO PSICÓLOGO ORGANIZACIONAL NO TRATAMENTO DA

SÍNDROME DE BURNOUT

Para o tratamento da síndrome de Burnout o psicólogo organizacional e do

trabalho precisa estar ciente de como ela se desenvolve, e o que o psicólogo pode

fazer para não apenas tratar esta síndrome, mas também prevenir. Uma das

primeiras medidas com vistas a evitar o aparecimento do Burnout é conhecer as

suas manifestações.

Assim, é preciso que todos os profissionais de enfermagem tenham

conhecimentos sobre a síndrome, sendo também necessário que as organizações

de saúde programem medidas de prevenção e tratamento a nível individual, grupal e

organizacional.

Os profissionais adequados para realizar o tratamento são o médico e

psicólogo do trabalho. No entanto, não se pode esquecer que a prevenção da

síndrome deve partir de uma ação conjunta entre empresa e trabalhador para reduzir

os fatores de estresse que levam à doença.

O primeiro passo para o tratamento da síndrome de Burnout, deve ser o

reconhecimento do problema, principalmente nos casos em que há a prevalência de

sintomas somáticos e/ou psíquicos graves. Nesses casos, a atitude mais correta é

procurar ajuda médica. É provável que tenha que tomar remédios; entretanto, que

não pode, em hipótese alguma, se auto-medicar.

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De acordo com França e Rodrigues (1997) apud Silva (2000), as principais

estratégias de prevenção à síndrome são:

a) aumentar a variedade de rotinas, para evitar a monotonia;

b) prevenir o excesso de horas extras;

c) dar melhor suporte social às pessoas;

d) melhorar as condições sociais e físicas de trabalho;

e) investir no aperfeiçoamento profissional e pessoal dos trabalhadores.

f) atividades de lazer, praticar esportes.

Já de acordo com Rocha e Glima (2002) apud Silva (2006), os recursos

disponíveis para tratamento de síndrome de Burnout são:

1. Físicos Técnicas de relaxamento; Alimentação adequada; Exercícios físicos regulares; Repouso, lazer e diversão; Sono apropriado às necessidades individuais; Medicação, se necessária, sob supervisão médica.

2. Psíquicos Métodos psicoterapêuticos; Processos que favorecem o autoconhecimento; Estruturação do tempo livre com atividades prazerosas e atrativas; Avaliação periódica da qualidade de vida individual; Reavaliação do limite individual de tolerância e exigência; Busca de convivência menos conflituosa com pares e grupos.

3. Sociais: Revisão e redimensionamento das formas de organizações de trabalho; Aprimoramento por parte da população em geral do conhecimento de seus problemas médicos e sociais; Concomitância dos planejamentos econômicos, sociais e de saúde.

Já Benevides-Pereira (2002) apud Vidal (2007) ressalta as técnicas de

relaxamento, cognitivo-comportamental e a prática de hábitos saudáveis.

As técnicas de relaxamento atuam na diminuição dos níveis de ativação e

conseguem promover a capacidade de relaxamento, aspectos que são alterados

pela ocorrência da síndrome. O nível elevado de ativação e a dificuldade de

relaxamento acabam aumentando os sentimentos de esgotamento emocional,

inerentes ao Burnout. Respiração, relaxamento progressivo, visualização,

meditação, contato sensorial, biofeedback, terapia do sono, hipnose e auto-hipnose,

atividades artísticas, relaxamento através de ioga, musicoterapia, sistemas pessoais,

relaxamento chinês, postura equilibrada, farmacologia, esporte.

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As técnicas cognitivas atuam na modificação da autointerpretação do

ambiente. Parte-se do princípio de que as respostas emocionais (ansiedade,

frustração, raiva, depressão, etc.) são provocadas diretamente pela situação e

depende do valor que as pessoas atribuem.

As práticas de hábitos saudáveis incluem a prática de exercício físico, dieta

equilibrada, não fumar, dormir horas suficiente, estabelecer períodos de relaxamento

e realizar atividades de ócio, bem como desfrutar de tempo livre. Estes

comportamentos reforçam a saúde do indivíduo a curto e a longo prazo.

De acordo com Phillips (1984, apud SILVA, 2000) existem diferentes formas

de prevenção à síndrome que podem ser agrupadas em três categorias: estratégias

individuais, estratégias grupais e estratégicas organizacionais.

As estratégias individuais referem-se à formação e capacitação profissional.

Neste sentido, contribuem para a não-eclosão do Burnout o ato de tornar-se sempre

competente no trabalho, estabelecer parâmetros, objetivos, participar de programas

de combate ao estresse, entre outros. As estratégias grupais consistem na busca de

apoio grupal e, finalmente, as estratégias organizacionais significam articular as

estratégias individuais e grupais para que estas sejam eficazes no contexto

organizacional. (SILVA, 2000).

Para a European Agency for Safety and Health at Work (2000) apud

GRAZZIANO (2008) os métodos utilizados para gerenciamento de estresse

ocupacional são divididos em três tipos de intervenções a primaria, a secundária, e a

terciária.

As intervenções primárias são aquelas que buscam alterações na

organização do trabalho visando sempre a diminuição dos estressores ocupacionais,

tais como modificação do processo de trabalho e alterações ergonômicas. A

secundária esta voltada para o treinamento dos trabalhadores visa promover a

saúde ou desenvolver habilidade psicológica para o enfrentamento dos estressores.

Já á intervenção terciária buscam oferecer apoio aqueles trabalhadores que foram

vítimas de algum tipo de estresse ocupacional como, por exemplo, o Burnout e que

também já desenvolveram problemas de saúde psíquicos ou físicos.

A exaustão emocional também pode ser reduzida, melhorando o suporte

social no trabalho por parte de colegas e supervisores regulando o processo de

trabalho da organização através de políticas claras de divulgação de informação,

atualização e planejamento. “A implementação de políticas de ascensão, promoção

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e salários dentro da organização também podem ter efeitos redutores sobre a

exaustão emocional” (TAMAYO E TROCCOLI, 2002 apud SILVA, 2006).

De acordo com Hernández et al. (2002) apud Salume (2007), a prevenção e

intervenção do Burnout tem como foco três níveis apresentados a seguir.

5.1.1 Programa centrado na resposta do indivíduo

Neste programa o trabalhador aprende estratégias de enfrentamento

adaptativas frente a situações de estresse, prevenindo assim respostas negativas

associados a ele. O foco dessa intervenção é a resposta do indivíduo perante as

ocasiões estressantes; para que isso ocorra e necessário seguir três passos.

Primeiro passo: conhecimento do problema;

Segundo passo: reconhecimento do problema e perfil pessoal;

Terceiro passo: aprendizagem de estratégia de enfrentamento onde

há o enfrentamento orientado para a emoção, e o enfrentamento orientado ao

problema.

5.1.2 Programa centrado no contexto laboral

O programa a ênfase e dada aos determinantes físicos e sociais do

ambiente ocupacionais como motivos do Burnout. Seu objetivo é melhorar o

ambiente e o clima de trabalho. As formas de intervenção nessa área são:

1) A intervenção na estruturação das tarefas, buscando potencializar: a valorização do trabalho; o trabalho em equipe e grupos autônomos.2) Intervenções na organização do trabalho e no processo de produção centralizado: nos diálogos entre os trabalhadores e a direção; novos estilos diretivos; alternativas da estruturas sociotécnicas; e os métodos de interação participativa.3) Intervenções baseadas na melhoria das comunicações, implicando: programas de formação relativos ao Burnout; eliminação das comunicações que implicam conflitos e a criação da confiança interpessoal(HERNÁNDEZ et al., 2002 apud SALUME, 2007).

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5.1.3 Programa centrado na interação entre o contexto laboral e o indivíduo

Este programa busca juntar os dois níveis anteriores, onde a relação sujeito

e meio laboral pode originar o Burnout. O programa procura de forma integrada,

mudar as condições ocupacionais, a percepção do trabalhador, e o enfrentamento

das ocasiões estressante no trabalho.

No caso dos profissionais de enfermagem, medidas como evitar o excesso

de horas extras, proporcionar condições de trabalho atrativas e gratificantes,

modificar os métodos de prestação de cuidados, reconhecer a necessidades de

educação permanente e investir no aperfeiçoamento profissional (por exemplo,

formação em assertividade), dar suporte social às equipes e fomentar a sua

participação nas decisões, etc, podem contribuir para a prevenção do Burnout

(TEIXEIRA, 2008).

Conforme que foi citado, pode-se dizer que o modo de se prevenir a

síndrome a princípio é a formação de resolução de problemas, sempre buscando o

apoio de colegas e supervisores para uma melhor capacidade de enfrentamento e

desenvolvimento de medidas de prevenção para melhorar o clima organizacional

(programa de participações nas decisões laborais).

Portanto, a qualidade de vida laboral é uma compreensão abrangente e

comprometida das condições de vida no trabalho, que inclui aspectos de bem-estar,

garantia da saúde e segurança física, mental e social, e capacitação para realizar

tarefas com segurança e bom uso de energia pessoal. Isso significa que ambos,

organização e o profissional de enfermagem possuem sua parcela de

responsabilidade pela instalação da síndrome de Burnout. A eclosão do transtorno

depende simultaneamente do sujeito e da organização, e é este o desafio que

abrange o indivíduo e a instituição.

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6 METODOLOGIA

O presente estudo baseia-se na revisão bibliográfica de autores que

esclarecem sobre a enfermagem, o ato de cuidar, a síndrome de Burnout, o

profissional de psicologia organizacional e o tratamento psicológico para os

profissionais de enfermagem com a síndrome de Burnout.

Como fontes, foram consultadas diversas obras, sites, revistas trabalhos

técnicos científicos que tratam sobre o assunto constante no tema desta

pesquisa, que constam nas referências.

A pesquisa foi realizada no período de maio a novembro de 2009.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O profissional de enfermagem que atua em área hospitalar, precisa lidar

com uma série de fatores que se inicia na internação do paciente, prolongando-se

pela angústia do diagnóstico, necessidades financeiras e sociais, tratamento e às

vezes óbitos; junto com o cuidar do outro ele deve trabalhar concomitantemente sua

própria saúde, ou sua estrutura pessoal e social, gerando assim um enorme

desgaste físico e mental que provavelmente o conduzirá para o desenvolvimento da

Síndrome de Burnout, que após ser diagnosticada deverá ser tratada corretamente

para evitar os efeitos negativos da síndrome tanto para o trabalhador quanto para a

organização.

A teoria do Burnout surgiu como produto e expressão de uma necessidade

humana de um determinado momento, como herança do modo de produção

capitalista.

Embora tenha passado quase meio século do surgimento do termo Burnout,

existem poucos profissionais que cuidam da saúde dos trabalhadores, não o tratam

com conhecimento e comprometimento global.

A síndrome de Burnout é uma doença com foco em aspectos psicológicos,

mas com sintomatologia física, que altera o comportamento humano no trabalho.

Cabe à Psicologia Organizacional e do trabalho estudar e compreender os fatores

internos e externos que levaram o desenvolvimento da Síndrome, portanto suas

ações devem se concentrar nos impactos biopsicossociais, observando

principalmente: os fatores pessoais, ambientais, a dinâmica de organização do

trabalho, a qualidade de vida e a saúde do trabalhador de enfermagem como um

todo.

Após a conclusão do diagnóstico, a Psicologia Organizacional e do trabalho

deverá realizar um trabalho em parceria com outros profissionais da saúde focando

as possíveis causas que levam os profissionais de Enfermagem a desenvolverem a

síndrome de Burnout e suas conseqüências, o que preocupa e incomoda a todos

profissionais da equipe de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos). Os profissionais

da Psicologia devem se capacitar para terem condições de apresentar um

diagnóstico mais fidedigno e completo da síndrome.

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O Psicólogo Organizacional e do trabalho é instruído a desenvolver estudos

futuros voltados para os profissionais de enfermagem, utilizando de suas teorias, e

isto poderá significar uma contribuição na melhoria das condições de trabalho e

diminuição do sofrimento dos trabalhadores. Entretanto, deve-se considerar que se

trata da dimensão particular que tem relação com outra parte em que está inserida, a

sociedade.

Desta forma, fez-se necessário um estudo amplo sobre a síndrome que

servirá de estímulo e fonte de informação para futuras estratégias na assistência de

qualidade de vida aos profissionais de enfermagem.

Assim, conclui-se que as tarefas dos profissionais da enfermagem podem

levar seus ocupantes a uma situação de “não se estimar” ou “se desprezar”,

abominando a profissão e perdendo sua auto-estima. Observando a sintomatologia

com uma visão global em uma perspectiva patológica o diagnóstico prévio

geralmente é confundido com estresse, mas os profissionais da psicologia têm

consciência que a “Síndrome de Burnout” em uma visão mais dinâmica pode ser

ocasionada pela sobrecarga de tarefas surgindo o desgaste físico, emocional e

social.

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