urbanização no rio de janeiro período colonial

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Urbanizao no Rio de Janeiro Perodo Colonial (entre sculos XVI e XVIII)

A chegada dos Portugueses no Brasil em 1500 guardava muitos desafios, e um dos maiores era dar sentido de vivncia a terra preste a ser explorada. A urbanizao foi consequncia disso, sendo uma necessidade para tornar prtica, til e familiar as feitorias que haviam sido criadas com a posterior migrao para nossas terras. O perodo colonial tem obviamente suas particularidades, j que fora o comeo de tudo, inclusive deste processo de ocupao, organizao do espao e urbanizao, mesmo que em um ambiente e estado mais primitivo. De acordo com cada regio do que veio a se tornar o Brasil, por se tratarem de reas extensas e distantes, as faixas de ocupao que seguiam por todo o litoral guardavam suas peculiaridades neste processo. No caso da regio que compreendia o Rio de Janeiro e o Esprito Santo, logo aps o descobrimento, foram fundadas diversas feitorias, que mais tarde se subordinariam ao sistema de capitanias hereditrias. (...autor/ano...). Dentre essas feitorias esto a de Cabo Frio e da Guanabara. A de Cabo Frio, de acordo com relatos de Amrico Vespcio, teria sido a primeira criada no Brasil, em torno de 1503 e 1504, pela expedio colonizadora, mas no um fato confirmado. Com a introduo do sistema de capitanias hereditrias, a mesma regio (Esprito Santo e Rio de Janeiro) fora dividida em trs donatarias: a do Esprito Santo que fora doada Vasco Fernandes Coutinho, So Tom, esta pertencente a Pero de Gis, e por fim, So Vicente, cujo donatrio era Martim Afonso de Souza.(...autor/ano...)

Baa de Guanabara na poca da Frana Antrtica

(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Rio_1555_Frana_Antrtica.jpg)

Das primeiras vilas e povoados nada resta hoje. Na capitania de So Vicente, em sua poro norte que era despovoada devido hostilidade dos indgenas ali estabelecidos, por muitos anos corsrios, especialmente os franceses frequentaram e chegaram a se fixar na regio de Cabo Frio e posteriormente na Guanabara, fundando com a pretenso de colonizar, a chamada Frana Antrtica por volta de 1555, liderados por Nicolas Durand de Villegagnon. O franceses, no entanto, acabaram por ser expulsos pelos portugueses entre 1560 e 1567. Os franceses contavam inclusive com fortificaes, como o forte de Coligny, que foi destrudo em 1560, durante a interveno portuguesa. A partir de 1 de Maro de 1565, visando manuteno da regio e posse do territrio, a Coroa Portuguesa estabelece a cidade de So Sebastio do Rio de Janeiro, na Capitania Real do Rio de Janeiro.

"Isle e Fort des Franois": ilustrao do ataque portugus de maro de 1560 ao Forte Coligny. In: THEVET, Andr. "La Cosmographie Universelle" (Paris, 1575). (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Serigipe_1560_Forte_Coligny.jpg)

A fundao da cidade se deu de carter provisrio. Estcio de S, aps a conquista da baa, ergue uma paliada defensiva entre o Morro do Cara de Co e o Po de Acar. A retirada dos franceses da regio era especialmente importante, pois estes alia-

dos aos ndios Tamoios, ameaavam a Coroa Portuguesa com suas atividades comerciais. Alm disso, a conquista da Guanabara rechaou qualquer outra tentativa de invaso estrangeira (Coaracy, 1955). Da primitiva e primeira ocupao, de precria infra-estrutura nada restou para os dias atuais, pois por questo de necessidade, a cidade depois foi transferida para o Morro do Castelo, tambm conhecido como Morro do Descanso ou de So Janurio. Ainda sobre as precrias instalaes na praia do Cara de Co pode-se dizer que alm das paliadas e baluartes havia somente uma capela erguida pelos jesutas. Sua significncia s era explicada pela importncia da conquista da baa quando ainda estava sob domnio dos homens de Villegaignon. Passou a ser chamada depois de Vila Velha ou Cidade Velha. A cidade de Estcio de S servira, no entanto por dois anos, entre 1565 e 1567 (...autor/ano...). Mem de S foi o principal responsvel pela transferncia e construo da nova cidade no Morro de So Janurio. Em dezesseis meses que passara por l, coordenou a edificao do forte, cercando o morro de muros, com baluartes repletos de artilharia para a devida proteo. Havia no interior ainda outros prdios obviamente, como a Casa da Cmara que segundo (...autor/ano), era sobradada, telhada e grande; a Cadeia, Armazns da Fazenda Real, com caractersticas parecidas com as da Casa da Cmara, alm de possurem sacadas. Havia ainda a Igreja dos padres de Jesus e a S de Trs naves, segundo o autor, (...autor/ano...) ambas bem telhadas e consertadas. Havia ainda a inteno e at em carter de obrigao, a construo de mais casas, todas sobradadas e bem telhadas. O esquema da cidade fortificada, construda no alto, remete uma mimese de outras cidades histricas fundadas por romanos ou muulmanos, no que depois fora ocupado por Portugal. V-se a uma influncia portuguesa que jamais poderia ser negada, pois era impossvel visto que os fundadores eram lusos. Por ser considerada uma praa forte, de acordo com o Regimento de Tom de Souza, o plano urbanstico do Rio de Janeiro era subordinado aos militares para servirem principalmente s suas funes, alm da ocupao civil, assim como ocorreu com Salvador. Esta ltima era conhecida como Fortaleza Forte, enquanto o Rio de Janeiro, em comparao, era tido como o forte da costa sul.

Os anos iniciais da Praa Forte:

Na Praa do Forte, no sculo XVII, havia no sop do Morro do Castelo: o Forte de So Tiago (Calabouo); na Cidadela, o Baluarte Cidadela, Forte de So Sebastio e o Baluarte da S, este ligado ao Forte de So Tiago pela muralha da Porta da Cidade. Na Praia de Manuel de Brito: Igreja da Cruz dos Militares (Martim de S em 1605),primitiva Santa Cruz, Fortalezas de So Teodsio e Nossa Senhora da Guia (So Joo e Santa Cruz, posteriormente), Forte de So Bento. Fortificao de Santa Cruz a nica da qual se conhecem os traos (atravs do Mapa Capitania do Rio de Janeiro, do cosmgrafo Joo Teixeira Albernaz).

Do morro para a vrzea:

O caminho inverso da ocupao topogrfica do Rio de Janeiro se deu ainda no sculo XVI, com a formao das capelas de So Jos, Santa Luzia, Nossa Senhora do e da Ajuda. Este entorno foi ocupado com os casarios e o Hospital da Misericrdia. A partir de 1568 tem-se a oficializao da rea, com a escritura da doao de sesmaria. Ainda em 1568, j havia casas na praia de Manuel de Brito, e em 1583 outras escrituras do espao a outra na casa na mesma praia e outra no Caminho do Boqueiro. importante ressaltar que a ocupao da vrzea no foi aleatria. Obviamente buscava-se terra seca, iniciando, no sop do morro (Rua da Misericrdia), pelas restingas arenosas, rumo ao Boqueiro (Lapa) de um lado e do outro, em direo Vrzea de Nossa Senhora (Praa XV), em direo praia de Manuel de Brito, at o Morro de So Bento. Esta conjuntura uma linha arqueada que definira a base para o traado das ruas que foram sendo construdas a seguir. Ruas transversais tais como Rua Antnio Nabo at a dos Pescadores (Visconde de Inhama) seguiam normais ao arco, quase que perpendiculares, enquanto que as vias longitudinais seguiam um esquema paralelo ao arco inicial (...autor/ano...). Formava-se uma malha ento, em xadrez, at com certa regularidade no cruzamento dessas vias, provando no ser, ao menos inicialmente um crescimento desordenado, mas minimamente e decentemente planejado. Essa caracterstica do cruzamento das vias tambm era observada em outras cidades e vilas formadas a partir do sculo XVII. Nesse perodo embora o crescimento de

So Sebastio do Rio de Janeiro tivesse sido relativamente lento, o povoamento j se expandira ao longo do litoral, com o surgimento das Vilas de Ilha Grande (Trs Santos Reis), Angra dos Reis em 1606, Cabo Frio em 1615 e Nossa Senhora dos Remdios (Parati, em 1660). Ainda sobre as vias, pelo fato de Portugal estar sob domnio espanhol entre 1580 e 1640, pode-se dizer que h discreta influncia na construo dessas cidades, seus equipamentos e mobilirios, porm mais em carter infra-estrutural. Se no fosse por influncia da corte, seria pelos engenheiros militares mandados para o Brasil no perodo. As cidades eram erguidas em reas planas beira-mar ou margem dos rios, e como j fora brevemente descrito, suas ruas se cruzavam ortogonalmente. Essa ordenao, no entanto no foi aplicada aqui como nas cidades de colnias sob o domnio espanhol, que em geral seguiam regras mais rgidas, provavelmente por aqui j estar estabelecida desde o incio do sculo XVI a cultura lusa. Essa ordenao tambm se estendia a cidade de So Sebastio do Rio de Janeiro, mas especificamente quando j se dera a descida para a vrzea, visto que no Morro do Castelo, tais conjecturas seriam impraticveis, dada a topografia. O fragmento de mapa a seguir, embora seja de 1867, ilustra como era a organizao dessas vias na cidade do Rio de Janeiro.

Fragmento de planta da cidade do Rio de Janeiro, em 1867 (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:RiodeJaneiro_city_map_1867.jpg)

A descida para a vrzea teve um motivo especial: a segurana proveniente da ocupao do morro no compensava as dificuldades que a populao passava, portanto deram incio a ocupao de reas mais planas, visto que j havia segurana por parte da populao para isso, exceto em 1623, quando rumores de uma possvel invaso holandesa causaram um retrocesso na descida. (...autor/ano) No sculo XVII a Cidade da Vrzea j era bastante extensa segundo relatos de Dick Ruiter (capito da marinha holandesa, aprisionado em 1618). Ele relatou ter levado ao menos meia hora para percorrer a regio ao longo da praia (Boxer). Cerca de uma dcada depois no Mapa Capitania do Rio de Janeiro possvel observar o povoamento atingindo regies como So Cristvo, Inhama, Iraj, So Gonalo, etc. No entanto a densidade seria muito baixa, pois segundo relatos de Ruiter, embora houvesse ruas, no eram pavimentadas e as casas eram poucas, menos de vinte, todas pequenas e escuras. Para resolver definitivamente a extenso da pequena crise dos rumores de invaso em 1623, Salvador Correia de S (filho de Martim de S) assume o governo em 1637 e os moradores se instalam novamente na cidade de baixo, alm disso, todas as instituies antes presentes apenas na fortificao acabam por descer, a Casa da Cmara e Cadeia, por exemplo, so reconstrudas em 1639. A partir de 1656 v-se o declnio da Cidadela do Morro do Castelo.

Vias, quadras e lotes

O traado era irregular, como no medievo portugus, mas isso no Morro do Castelo, j que na Vrzea desde o primeiro sculo j havia certo planejamento (codeamento, demarcao, ruas direitas de trinta palmos e relativa regularidade, refletindo idias de Alberti, Filarete, Scamozzi). Embora no incio do sculo XVI houvesse uma influncia dos loteamentos seguindo as regies enxutas da cidade, o no planejamento inicial, traando as bases para as consequentes vias transversais no impediu que as infra-estruturas das novas ruas tivessem o mnimo de cuidado. Havia passeio e meio fio, embora raros e estreitos. E o revestimento, quando havia, era feito em pedras irregulares, porm organizadas de modo regular. As vias eram

estreitas ao modo europeu, pois no havia o porqu de serem mais largas nesse perodo, visto que fluxo no era intenso. Em geral, os terrenos eram estreitos e as casas eram de frente imediata rua, no havendo recuo entre passeio (quando existente) e edificao. Um dos marcos da cidade do Rio de Janeiro a Rua da Misericrdia, aberta aps 1569. Ligado ela esto o Largo da Misericrdia e a Ladeira da Misericrdia, que dava acesso ao Morro do Castelo. Teve vrias denominaes como rua Direita para a Misericrdia, rua para a Igreja do Bom Sucesso, rua que vai de S. Jos para a Misericrdia (em 1640). A seguir uma imagem com uma viso geral deste conjunto:

Os trs mais importantes logradouros do Rio Colonial - Largo da Misericrdia, Ladeira da Misericrdia e Rua da Misericrdia - abertos entre 1567 e 1569, numa mesma imagem. (Fonte: http://www.hcgallery.com.br/cidade20.htm)

Infra-estrutura geral

A cidade teve um desenvolvimento razoavelmente lento no sculo XVII. Ruelas se conectavam entre si e as igrejas, o Pao imperial e o Mercado de Peixe, na beira do cais, dessas ruas partia-se para o centro com as principais vias. Por volta da segunda metade do mesmo sculo, o Rio de Janeiro j tinha cerca de 30 mil habitantes tornando-

se a cidade mais populosa da colnia, o que lhe garantia extrema importncia (Coaracy, 1955). A partir da explorao do ouro nas Minas Gerais, no sculo XVIII, a importncia se multiplicara, fazendo do Rio de Janeiro um importante entreposto econmico e porturio. Em 1763, Marqus de Pombal transferiu a sede da colnia de Salvador para o Rio de Janeiro. No entanto, no haveria esse desenvolvimento sem infra-estrutura apropriada: foram feitas diversas obras para garantir e manter esse crescimento, especialmente obras de saneamento, mesmo as que remontam ainda ao sculo anterior so importantes. Ainda em 1565, na cidade implantada por Estcio de S, o abastecimento tinha origem apenas no que na poca era chamada de lagoa de gua ruim. Fora ento aberto um poo, que tempos depois j no era suficiente para abastecer a populao. As guas do Rio da Carioca ento foram cedidas pelos ndios Tamoios. Uma das primeiras obras de saneamento da cidade fora quando a Cmara, cedendo s reclamaes de padres franciscanos estabelecidos no Morro de Santo Antnio em 1607, alargaram a vala de esgotamento da Lagoa de Santo Antnio, para melhora a drenagem, em 1641. Essa lagoa servira para a lavagem dos couros de um curtume, porm o mau cheiro incomodava a populao local. Em 1617, j moravam na cidade 4.000 pessoas e Vaz Pinto criou uma taxa para quem bebesse vinho, que custearia as obras de ampliao dos sistemas de guas. Outras solues adotadas eram as cisternas e poos, eram dos recursos iniciais datados do incio do sculo XVII, e recolhiam a gua da chuva. No Convento de Santo Antnio, encontra-se uma das cisternas mais antigas. E dentre os poos mais antigos esto o Poo do Porteiro, localizado na base do Morro do Castelo, em frente Ajuda; o Poo da Misericrdia, localizado na outra vertente do Morro do castelo e o Poo da Glria, no incio do Catete. Enfim, inicialmente entre 1608 e 1640 cogitaram-se solues diferentes para o abastecimento de gua da cidade, uma finta, no primeiro governo de Martim de S, logo depois, um cano. At que em 1640 reconheceu-se a importncia de transportar gua a partir do rio da Carioca. O desenvolvimento urbano viu no governo de Aires de Saldanha (1719-1725) a construo de um aqueduto que trazia gua das nascentes do rio da Carioca atravs da serra: o Aqueduto da Carioca.

A execuo do aqueduto foi considerada a mais complexa e notvel do perodo colonial, pois era necessrio atravessar o vale entre o morro de Santo Antnio e de Santa Teresa. A construo em alvenaria com dupla arcada que tambm conhecida como Arcos da Lapa serviu tambm tempos depois como viaduto para passagem dos bondes do bairro de Santa Teresa. Alm disso, havia os chafarizes. O primeiro foi construdo no Largo da Carioca. Era de mrmore e tinha 16 bicas de bronze e pesado visual barroco, como o estilo vigente e predominante do perodo. Uma grande tubulao em pedra levava os sobejos da gua Prainha (Praa Mau) e ao Mar atravs dos Campos de So Domingos (Praa Tiradentes Rua Marechal Floriano). A seguir, ilustraes dos Arcos da Lapa e imagens de alguns chafarizes:

Arcos da Lapa Aquarela de Joo Barcelos (Fonte: http://www.joaobarcelos.com.br/mexendo_tempo.htm)

Chafariz da Carioca (1723) e Chafariz da Pirmide (de 1789, Praa XV) (Fonte: http://www.cedae.com.br/raiz/002002.asp)

A partir de 1760 comearam a ser utilizados na rede de abastecimento da cidade canos de chumbo. Quanto rede de chafarizes: muitos dos quais ainda existentes no Rio de Janeiro, tinham a funo de dar acesso gua potvel a populao do estado. O atendimento se estendia a todos, ...desde os primrdios, quando os escravos buscavam gua para os seus senhores... Esta rede abastecimento de gua pode ser entendida atravs da citao de alguns de seus chafarizes pela cidade, tais como Chafariz da Glria (1772), Chafariz das Marrecas (1785), por Mestre Valentim, Chafariz do Lagarto (1786), via Rio Catumbi, Chafariz da Praa do Carmo (1789), de Valentim, Chafariz do Largo do Moura (1794), Chafariz do Campo de Santana (1808), Chafariz do Catumbi (1809); Chafariz do Campo de Santana (1815, Lavadeiras), Chafariz de Matacavalos (1817), Riachuelo. Apenas para citar os do perodo colonial.

Chafariz do Lagarto (1786) e Chafariz da Rua Mata Cavalos (1817) (Fonte: http://www.cedae.com.br/raiz/002002.asp)

Arquitetura civil e posterior desenvolvimento da cidade at incio do sculo XIX Entre os sculos XVI e XVII, pode-se dizer que as construes e suas decoraes no tinham grandes sofisticaes, mesmo dado o perodo barroco. No havia grande preocupao esttica, a arquitetura civil em geral era mais direta, simples e objetiva. No quer dizer que ela devesse ser totalmente funcional somente pela questo da ocupao, mas era um fato. Predominavam as casas trreas e sobrados, sendo raras as de trs ou quatro pavimentos. Nas formas predominavam os cheios sobre os vazios, as formas quadradas ao invs de retangulares, as coloraes contrastantes das portas e janelas em relao as pa-

redes: as janelas eram em tons fortes, tais como verde, azul ou vinho. As frentes das casas tinha duas ou trs aberturas, e se destinavam a comrcio, moradia ou funo mista nos sobrados (...autor/ano...). As lojas eram sales corridos com depsitos ao fundo, abrigando varejo e oficinas. A funo do sobrado era escritrio e/ou moradia do comerciante ou empregados. As casas tinham frente sala de visitas ou quartos, corredor ladeado de alcovas, sala de jantar, copa e aos fundos a cozinha. O quarto dos negros se localizava no quintal. Ainda, segundo (autor/ano), nos sobrados havia ainda o vestbulo com escada para os fundos, depsito, quintal e cocheira. O vestbulo servia como espcie de garagem para a carruagem. Em uma viso mais geral das medidas urbansticas, destacam-se as tomadas durante o sculo XVIII tais como o aterramento de pntanos, construo de pontes, Lei de 1735, que trata de saneamento e nela probe-se que se atirem imundcies nas valas e que se despejem sujeiras nas lagoas vizinhas. Os moradores ainda deviam fazer s suas custas cinco palmos de caladas diante de suas residncias, mando de Lisboa, para o mnimo extremo de passeio. Ainda neste perodo aterram-se a Lagoa do Boqueiro por questes de sade pblica, abrem-se as Ruas do Passeio e das Belas Noites (Marrecas), prolonga-se o cais da Praa do Carmo pela Praia de Dom Manuel (1790-1801) e a iluminao pblica evolui dos lampies abastecidos por leo de peixe frente s igrejas, para quatro lampies nas ruas principais e dois nas secundrias melhorando a iluminao noturna da cidade, especialmente nas regies centrais e mais densas. Enfim, para Sauton (1792), fazendo uma comparao com o estilo de vida europeu, a cidade teria progredido muito, com ruas retas bem pavimentadas com passeios, fontes refrescantes, lojas abarrotadas e gente de bom gosto e conforto.