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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DE FAZENDA PÚBLICA DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA-PR URGENTE – Prioridade na tramitação – art. 71, Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) "O maior pecado contra nossos semelhantes não é o de odiá-los, mas de ser indiferentes para com eles" (Bernard Shaw) O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, através da Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos do Idoso, e-mail: [email protected] , com endereço na Avenida Marechal Floriano Peixoto, nº 1251, Bairro Rebouças, em Curitiba/PR, CEP 80.230-100, fone (41) 3250-4798, onde recebe intimações e notificações, por meio de sua Promotora de Justiça, infra-assinada, no uso de suas atribuições legais, vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 127, caput, 129, inciso III, e 230, § 2º, todos da Constituição Federal; da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública); da Lei nº 8.842, de 04 de janeiro de 1994, regulamentada pelo Decreto nº 1.948, de 03 de julho de 1996; Lei Federal 10.741, de 1º de outubro de 2003 (estatuto do Idoso), da Lei Estadual do Paraná nº 11.863, de 23 de outubro de 1997, da Lei Municipal de Curitiba nº 7.556/1990 (artigo 19, III e IV) e pelo Decreto Municipal nº 210/91, vem por intermédio desta propor a instauração de AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM COMINAÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C PEDIDO LIMINAR

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DE

FAZENDA PÚBLICA DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO

METROPOLITANA DE CURITIBA-PR

URGENTE – Prioridade na tramitação – art. 71,

Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso)

"O maior pecado contra nossos semelhantes não é o

de odiá-los, mas de ser indiferentes para com eles"

(Bernard Shaw)

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO

PARANÁ, através da Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos do Idoso,

e-mail: [email protected], com endereço na Avenida Marechal Floriano

Peixoto, nº 1251, Bairro Rebouças, em Curitiba/PR, CEP 80.230-100, fone (41)

3250-4798, onde recebe intimações e notificações, por meio de sua Promotora de

Justiça, infra-assinada, no uso de suas atribuições legais, vem à presença de Vossa

Excelência, com fulcro nos artigos 127, caput, 129, inciso III, e 230, § 2º, todos da

Constituição Federal; da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública); da Lei nº 8.842,

de 04 de janeiro de 1994, regulamentada pelo Decreto nº 1.948, de 03 de julho de

1996; Lei Federal 10.741, de 1º de outubro de 2003 (estatuto do Idoso), da Lei

Estadual do Paraná nº 11.863, de 23 de outubro de 1997, da Lei Municipal de

Curitiba nº 7.556/1990 (artigo 19, III e IV) e pelo Decreto Municipal nº 210/91, vem

por intermédio desta propor a instauração de

AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM COMINAÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C

PEDIDO LIMINAR

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em face do MUNICÍPIO DE CURITIBA/PR – pessoa jurídica de direito

público interno, representada por seu Prefeito Municipal, LUCIANO DUCCI,

com endereço na Av. Cândido de Abreu nº 817 – Bairro Centro Cívico – Curitiba/PR –

CEP 80530-908 – fone 3350-8484, em face da URBANIZAÇÃO DE CURITIBA S/A

– URBS, representada por seu Secretário, MARCOS ISFER, localizada na Av.

Presidente Afonso Camargo nº 330 – Bairro Jardim Botânico – Curitiba/PR – CEP

80060-090 – fone 3320-3232, e em face das pessoa jurídicas de direito privado

denominadas TRANSPORTE COLETIVO GLÓRIA LTDA, pessoa jurídica de direito

privado, com sede na Av. Paraná nº 2265 – Bairro Boa Vista - Curitiba/PR – CEP

82510-000 – fone 3251-5922, inscrita no CNPJ/MF nº 76.491.109/0001-30,

representada pelo senhor Dante José Gulin, portador do RG nº 610.832-6 SSP/PR e

inscrito no CPF/MF nº 003.069.169-91 e pelo senhor Darci Gulin, portador do RG nº

579.361 SSP/PR e inscrito no CPF/MF nº 110.370.169-04, ORLANDO BERTOLDI &

CIA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, com sede na Rua Alcides Munhoz nº

822 – Bairro Mercês – Curitiba/PR – CEP 80710-030 – fone 3019-3434, inscrita Np

CNPJ nº 76.538.412/0001-41, representada pelo senhor Edison Bertoldi, portador

dão RG nº 247.820 SSP/PR e inscrito no CPF/MF nº 000.214.079-91 e pela senhora

Mariane Pinheiro Bertoldi, portadora do RG nº 187.875 SSP/PR e inscrita no CPF/MF

nº 796.943.579-34, pelo que passa a expor:

I – DA COMPETÊNCIA DE FORO

É competente o Juízo da Vara da Fazenda Pública Falências e Concordatas

desta Comarca de Curitiba, ante a previsão do artigo 2º, da Lei 7.347, de 24.07.85,

Lei da Ação Civil Pública, que dispõe: “As ações previstas nesta lei serão propostas

no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para

processar e julgar a causa”.

II – DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O artigo 129, inciso II da Constituição Federal preceitua ser função

institucional do Ministério Público “zelar pelo efetivo respeito dos Poderes

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Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta

Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia”.

O artigo 230, caput, da Constituição Federal garante: “Art. 230 – A

família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,

assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e

bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”.

A Lei nº 8.842/94, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, estabelece

em seu artigo 3º, inciso I:

“Art. 3º A política nacional do idoso reger-se-á pelos seguintes

princípios:

I - a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao

idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na

comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à

vida”.

Assim é que a matéria ganhou status de interesse público e, via de

conseqüência, vinculou o Ministério Público à defesa dos direitos do idoso.

Ainda, no âmbito estadual, a Lei nº 11.863/97, prevê em seu artigo 10:

“Art. 10. Caberá ao Ministério Público do Estado do Paraná a adoção

de medidas administrativas e judiciais necessárias à garantia dos

direitos do idoso”.

É ainda digno de especial destaque o advento da Lei 10.741, de 1º de

outubro de 2003 – Estatuto do Idoso – que atribui legitimidade ao Ministério

Público para propositura de Ação Civil Pública para a proteção dos direitos e

interesses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e individuais homogêneos do

idoso. Prevê referida lei que:

“Art. 74. Compete ao Ministério Público:

I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção

dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais

indisponíveis homogêneos do idoso;

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(...)

VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados

ao idoso, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;

(...)

“Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos,

coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, consideram-se

legitimados, concorrentemente:

I- o Ministério Público; (...)”.

III - OBJETO E CABIMENTO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA:

Com a presente ação objetiva-se a concessão pelo poder

público municipal de isenção às pessoas idosas no transporte coletivo urbano de

passageiros, denominado Linha Turismo, ou a concessão de pelo menos 50%

(cinqüenta por cento) de desconto na tarifa para turismo/lazer da referida Linha

Turismo, em atenção aos ditames da Constituição Federal e à legislação

infraconstitucional vigente.

IV - DOS FATOS

Em 2009, mais precisamente no dia 10.12.2009, o Conselho Municipal dos

Direitos da Pessoa Idosa encaminhou a este Ministério Público o ofício nº 87/2009,

por meio do qual solicitou avaliação quanto as ações necessárias afim de que a URBS

adotasse, ao menos, a meia tarifa para pessoas idosas na linha de transporte

coletivo denominada “Turismo”, identificada como linha 979 desta Capital.

Desta feita, esta Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos do Idoso

instaurou o Inquérito Civil Público nº MPPR-0046.11.000007-5, cujo objetivo era a

verificação acerca do cabimento da aplicação do artigo 23 do Estatuto do Idoso na

“LINHA TURISMO” de transporte coletivo de Curitiba.

Em resposta ao ofício encaminhado por este órgão ministerial a URBS aduziu

que “um dos principais fatores que define a Linha Turismo, como sendo serviço

especial, é a sua tarifa que atualmente é de R$ 20,00, estabelecida no Decreto

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Municipal nº 50/09”, o qual define apenas e tão-somente as novas tarifas para o

transporte coletivo de passageiros de Curitiba, a partir de janeiro de 2009.

Em junho de 2009, a Ilustre Coordenadora do Centro de Apoio Operacional

das Promotorias de Defesa dos Direitos do Idoso, Doutora Rosana Beraldi

Bevervanço, manifestou-se acerca do tema (documento de fls. 25/27) no sentido de

que: “(...) Nada obstante, e pelo antes dito, a conclusão é da aplicabilidade plena do

desconto previsto no artigo 23 do Estatuto do Idoso na linha Turismo”.

Em abril de 2010 manifestou-se novamente a Excelentíssima Coordenadora

do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Defesa dos Direitos do Idoso,

Doutora Rosana Beraldi Bevervanço, reiterando a anterior argumentação (documento

de fls. 32/34).

Em contrapartida a URBS (documento de fls. 36/39) alegou que “a Linha

Turismo não é lazer, apenas se destina ao meio de locomoção para parques e

teatros”.

Posteriormente, por solicitação deste órgão ministerial a URBS encaminhou

cópa integral do Edital de Concorrência Pública n. 005/2009 (cujo objeto é a

prestação e exploração dos serviços de transporte coletivo público urbano de

passageiros, com ônibus, no Município de Curitiba), do qual a Linha Turismo integrou

o lote 01 (documentos cópias inclusas).

Da análise detida da documentação supracitada, em Parecer Jurídico deste

órgão ministerial (documento de fls. 87/89), verificou-se que:

“Da análise da documentação apensada aos Autos de INQUÉRITO CIVIL

PÚBLICO Nº MPPR-0046.11.000007-5, notadamente da documentação

encaminhada pela Urbanização de Curitiba S/A – URBS, fls. 09/10, 54/72,

78 e 83/84, bem como do material encaminhado em CD-ROM, do qual

imprimiu-se somente as laudas que citavam a “Linha Turismo”, verificou-se

que:

“Ofício DJU/52/2010, datado de 05/02/2010, oriundo da

Urbanização de Curitiba S/A – URBS, fls. 09/10, encaminhado em

resposta ao ofício nº 0199/2010-vhg deste órgão ministerial:

...de acordo com as informações prestadas pela Área de Operação de

Transporte Coletivo, a linha Turismo é uma linha considerada

especial, razão pela qual os idosos não possuem o direito de utilizá-la

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gratuitamente, conforme exceção prevista no art. 29, caput, da Lei nº

10.741/2003(...)

É oportuno informar, ainda, que o art. 29, da Lei Municipal nº 12.597/08,

estabelece que as isenções e as reduções tarifárias de

procedência municipal serão objeto de legislação específica, com

clareza nas indicações dos recursos, como forma de compensação dos

respectivos custos, e que até o momento não há previsão legal

estabelecendo redução tarifária em favor de idosos, para a linha

turismo”.

Tal alegação da URBS não pode prosperar haja vista que a Lei Federal nº

10.741/2003 (Estatuto do Idoso) regula, em dois artigos, a existência de

isenção para o idoso no transporte coletivo (art. 39) e, desconto nas

atividades de lazer (art. 23).

“Ofício DTP/114/2009, datado de 25/05/2009, oriundo da

Urbanização de Curitiba S/A – URBS, fls. 18/34, encaminhado em

resposta ao Ofício Conjunto nº 31/09 deste órgão ministerial:

...informamos que um dos principais fatores que define a Linha

Turismo, como sendo um serviço especial, é a sua tarifa que

atualmente é de R$ 20,00, estabelecida no Decreto Municipal nº 50/09

(cópia anexa), o qual define as novas tarifas para o transporte

coletivo de passageiros de Curitiba, a partir de janeiro de 2009.

(...)

Concluímos que a Linha Turismo é um serviço especial, por se diferenciar

das demais linhas do Sistema pelas suas características operacionais

(horário, itinerário, gravações orientativas em português, espanhol e

inglês sobre os pontos turísticos), tipo de ônibus utilizados e sistemática

de cobrança e preço de tarifa, totalmente direcionados ao turismo e

ainda por termos pontos turísticos constantes de seu itinerário, atendidos

por linhas regulares do Sistema de Transporte Coletivo de Curitiba, onde

a isenção aos maiore4s de 65 anos está assegurada.

Insta destacar que o Decreto Municipal nº 50/2009 não regulamenta o

que seja a Linha Turista, limitando-se apenas a aprovar as tarifas para o

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transporte coletivo de passageiros da cidade de Curitiba e, dentre

elas a da Linha Turismo.

“Ofício DJU/846/2010, datado de 30/11/2010, oriundo da Urbanização

de Curitiba S/A – URBS, fls. 54/72:

... informamos que o serviço de transporte na modalidade “LINHA

TURISMO” integrou o Lote 01 do Edital de Concorrência Pública n.

005/2009, o qual tinha por objeto a prestação e exploração dos

serviços de transporte coletivo público urbano de passageiros,

com ônibus, no Município de Curitiba/PR.

Informamos, também, que o consórcio Pontual composto pela empresas

Transporte Coletivo Glória Ltda, Auto Viação Santo Antonio Ltda, Auto

Viação Marechal Ltda, Orlando Bertoldi & Cia Ltda, sagrou-se vencedor

do Lote 01, consoante se denota do Contrato de Concessão de serviços

de Transporte Coletivo Municipal de Passageiros nº 086/2010, ora

anexado.

As únicas empresas integrantes do Consorcio Pontual que operam a

“LINHA TURISMO” são a Transporte Coletivo Glória Ltda e Orlando

Bertoldi & Cia Ltda” (fls. 54)

Contrato nº 086/2010

...

O presente contrato tem por objeto a delegação dos serviços de

transporte coletivo de passageiros, por ônibus, nas linhas e

itinerários descritos no lote nº 01 do Edital de Concorrência

Pública nº 005/2009, conforme descrição detalhada no ANEXO II,

parte integrante do presente contrato. (fls. 55/56)”

“Em atenção ao ofício supramencionado (...), encaminhamos anexo ao

presente, em meio magnético (CD), cópia integral do Edital de Licitação

para concessão do serviço público de transporte coletivo de Curitiba, do

qual faz parte o Anexo II referido no Contrato 086/2010. (fls. 80)”

Realmente, da verificação do Anexo II observou-se que a LINHA TURISMO

é parte integrante do Contrato nº 086/2010, cujo objeto é a

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Concessão de Serviços de Transporte Coletivo Municipal de

Passageiros, portanto, faz parte a aludida LINHA TURISMO do Transporte

Coletivo de Curitiba. (documentos impressos – cópias anexas).

Todavia, a Urbanização de Curitiba S/A – URBS (documento de fls. 18/19

dos autos) aduz que “...a Linha Turismo é um serviço especial, por se

diferenciar das demais linhas do Sistema pelas suas características

operacionais (...), tipo de ônibus utilizados e sistemática de

cobrança e preço da tarifa, totalmente direcionados ao turismo e

ainda por termos os pontos turísticos constantes de seu itinerário,

atendidos por linhas regulares do Sistema de Transporte coletivo de

Curitiba, onde a isenção aos maiores de 65 anos está assegurada”.

Assim, conclui-se que: ou a Linha Turismo faz parte integrante do Contrato

086/2010 e, portanto integra o Transporte Coletivo de Curitiba, daí à ela se

aplica a isenção do artigo 39 do Estatuto do Idoso ou, a referida Linha

Turismo, está sendo concessionada de forma irregular, posto que licitada

para compor o Transporte Coletivo de Curitiba e sendo utilizada para serviço

diverso ao que se destina, fazendo parte de serviço especial de

turismo, portanto de lazer, se aplicando à ela, desta forma, o art. 23

do Estatuto do Idoso.

(...)”.

Considerando plenamente aplicável a isenção de tarifa às pessoas idosas e,

com o fito de fazer cumprir a legislação vigente, este órgão ministerial expediu a

Recomendação Administrativa nº 04/2011 ao senhor Presidente da URBS, a fim de

que o mesmo promovesse em seu âmbito de atribuições medidas destinadas ao

cumprimento da legislação que assegura ao idoso a isenção no transporte coletivo de

Curitiba, mais precisamente na Linha Turismo (documento de fls. 106/110), haja

vista que o referido órgão já havia se manifestado, conforme acima já relatado, no

sentido de que a Linha Turismo se destinava ao transporte e não ao lazer.

Em resposta a supracitada Recomendação Administrativa, a URBS

(documento cópia inclusa - acostado às fls. 167/171 do Inquérito Civil Público nº

MPPR-0046.11.000007-5, alegou que:

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“(...)

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(...)”.

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Assim, malgrados todos os esforços desta Promotoria de Justiça de Defesa

dos Direitos do Idoso, no sentido de fazer cumprir a legislação vigente que assegura

às pessoas idosas a isenção ao Transporte Público Coletivo e/ou o desconto de pelo

menos 50% (cinqüenta por cento) na tarifa referente ao acesso para turismo/lazer,

certo é que todas as medidas encetadas ao caso restaram sem efetividade por conta

da inércia e do descaso do Poder Público Municipal com os direitos das pessoas

idosas.

Desse modo, não havendo sucesso quanto à definição da questão no âmbito

da Administração Pública Municipal, não restou a este órgão ministerial outra

alternativa, senão a propositura da presente demanda, com vista à busca de solução

do presente impasse através da via judicial ora eleita.

Esses, pois, os fatos sobre os quais se ancora a presente ação civil pública,

cujos fundamentos jurídicos adiante são delineados.

V – DO DIREITO

A isonomia de todos perante a lei foi expressa no art. 5º, inc. I da

Constituição Federal. No entender de José Afonso da Silva “a igualdade constitui o

signo fundamental da democracia. Não admite os privilégios e distinções

que um regime simplesmente liberal consagra”.

O prof. Celso Bastos, em detalhada análise, ensina que a conotação dada

pelos autores ao referido princípio é insuficiente. E traz interessante critério para

aplicação do princípio da isonomia: o binômio “elemento discriminador – finalidade

da norma”. Assim pontifica o constitucionalista:

“O problema do reconhecimento das diferenciações que não podem ser feitas

sem quebra da isonomia se biparte em duas questões. A primeira diz com o

elemento tomado como fator de desigualação. A segunda reporta-se à

correlação existente entre fator erigido em critério de discriminação e a

disparidade estabelecida no tratamento. Esclarecendo melhor: tem-se que

investigar, de um lado, se há justificativa para, à vista do traço desigualador

adotado, atribuir o específico tratamento jurídico construído em função da

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igualdade proclamada”. (Comentários à Constituição Federal, Ed. Saraiva, p.

7-8).

De se lembrar que o art. 1º da Declaração dos Direitos do Homem e do

cidadão consagrou o princípio de que os homens nascem e permanecem iguais em

direito.

A ação afirmativa, ou affirmative action, como definiu Suprema Corte Norte

Americana, surge como exigência de favorecimento das pessoas idosas, face ao

preconceito existente na sociedade em relação a este segmento, bem como a sua

peculiar situação de saúde e fragilidade, visando uma igualação jurídica, assegurando

assim o princípio constitucional de igualdade.

Tendo em vista a necessidade de tratar-se desigualmente os desiguais para

manter-se o equilíbrio entre as pessoas, quanto ao tratamento despendido idosos a

Constituição Federal preceitua que é dever também do Município zelar por eles:

A Constituição Federal dispõe que:

“Art. 30. Compete aos Municípios:

(...)

V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou

permissão, os serviços de interesse local, incluído o de transporte

coletivo, que tem caráter essencial;.

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as

pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo

sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

(...)

§ 2º - Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade

dos transportes coletivos urbanos” (ênfases acrescidas).

Discussões se apresentam nos pretórios nacionais quanto á eficaz

regulamentação de tais dispositivos constitucionais. Debates à parte, fato é que a

Lei, na esfera Federal, já retratou fortemente o assunto. Veja-se:

“Estatuto do Idoso” (Lei Federal Nº 10.741, de 1º de Outubro de

2003), estabelece entre outras as seguintes disposições:

(...)

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“Art. 3º - É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do

Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do

direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao

lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à

convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos

órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população.

Art. 4º - Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência,

discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus

direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.

Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões,

espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição

de idade.”

Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será

proporcionada mediante descontos de pelo menos 50% (cinqüenta por

cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer,

bem como o acesso preferencial aos respectivos locais.

Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a

gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-

urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados

paralelamente aos serviços regulares”.

Aqui cabe um parêntese: impossível aceitar-se a presente situação

vivenciada no município de Curitiba que nega a isenção da tarifa para a Linha de

Transporte Público Coletivo denominada Turismo, posto que não há lei que defina

que a Linha Turismo é modalidade especial de transporte coletivo e, como ninguém

será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei

(art. 5º II, da Constituição Federal), a simples definição “administrativa” do

órgão municipal de que a Linha Turismo trata-se de transporte especial não pode

prosperar.

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Ademais, conforme se comprova com a documentação que instrui que a

presente exordial, o serviço de transporte na modalidade “Linha Turismo” no

município de Curitiba integrou o Lote 01 do Edital de Concorrência Pública nº

005/2009, o qual tinha por objeto a prestação e exploração dos serviços de

transporte coletivo público urbano de passageiros, com ônibus, no Município

de Curitiba/PR. Além disto, o Contrato nº 086/2010, referente ao processo

licitatório acima referido, tem por objeto a delegação dos serviços de

transporte coletivo de passageiros, por ônibus, nas linhas e itinerários

descritos no lote nº 01 do Edital de Concorrência Pública nº 005/2009,

conforme descrição detalhada no ANEXO II, parte integrante do presente

contrato, o qual contempla a Linha Turismo como serviço público de transporte

coletivo de Curitiba.

Desta feita, o que se extrai dos documentos apresentados pela URBS (cópia

inclusas) é que ao contrário do que os documentos oficiais (Edital de Concorrência

Pública nº 005/2009 e Contrato nº 086/2010) apresentam, ou seja, que a Linha

Turismo faz parte do Transporte Coletivo de Passageiros de Curitiba - conforme fora

contratado – o próprio órgão municipal afirma se tratar de transporte especial, sem,

contudo, haver qualquer lei que assim o defina, bem como não ter sido contratado

para tal finalidade, posto que os únicos documentos que tratam da Linha Turismo no

Município de Curitiba é o edital de licitação e o contrato de prestação de serviços,

que a direciona ao rol dos serviços de transporte coletivo comuns de Curitiba,

portanto, aplicando-se à ela o disposto no art. 39 do Estatuto do Idoso.

Considerando que apesar da Urbanização de Curitiba S/A - URBS ter

informado que a Linha Turismo trata-se de um “serviço especial”, por ser direcionado

ao turismo, não há legislação vigente que defina a “Linha Turismo” como

serviço especial.

Impende destacar que o processo licitatório, como conjunto de atos

administrativos intermediários ou preparatórios, está sujeito ao controle da

legalidade pelo Poder Judiciário lecionando Hely Lopes Meirelles in "Direito

Administrativo Brasileiro", Editora Revista dos Tribunais, 16ª edição, pág. 186:

"Certo é que o Judiciário não poderá substituir a Administração em

pronunciamentos que lhe são privativos, mas dizer se ela agiu com

observância da lei, dentro de sua competência, é função específica da justiça

comum, e por isso mesmo poderá ser exercida em relação a qualquer ato do

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Poder Público, ainda que praticado no uso da faculdade discricionária, ou com

fundamento político, ou mesmo no recesso das câmaras legislativas como

seus interna corporis. Qualquer que seja a procedência, a natureza e o

objeto do ato, desde que traga em si a possibilidade de lesão a direito

individual ou ao patrimônio público, ficará sujeito à apreciação judicial,

exatamente para que a Justiça diga se foi ou não praticado com fidelidade à

lei, e se ofendeu direitos do indivíduo ou interesses da coletividade."

No caso em exame, o Edital traz em si discordância com a situação fática que

vem sendo exercida no caso da Linha Turismo, posto que contratada como

Transporte Público Coletivo e apregoada pela administração pública municipal como

Transporte Especial com finalidade de Turismo.

Corroborando com o entendimento de que cabe a isenção na tarifa do

Transporte Público de Passageiros para Idosos, está o Tribunal de Justiça de São

Paulo:

“PODER JUDICIÁRIO/ TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO

PAULO

2a CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO

VOTO N° 6656

AGRAVO DE INSTRUMENTO N° 736.525-5/6-00

COMARCA: São José do Rio Preto

AGRAVANTE: Viação São Raphael Ltda.

AGRAVADO: Ministério Público

AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ação Civil Pública ajuizada para garantir

transporte a todos idosos sem limitação do número de beneficiários por

carro. Empresa de transporte rodoviário que alega respeitar o percentual de

10% previsto na Lei n. 10.741/03, ou seja, reserva cinco assentos por

viagem a idosos. Gratuidade do transporte prevista na Carta Constitucional e

na Lei do Idoso. Negativa que pode acarretar dano irreparável. Requisitos

para a concessão da liminar presentes. Decisão mantida. Recurso

improvido.

I- Trata-se de agravo de instrumento interposto pela Viação São Raphael

Ltda. contra decisão de fls. 121/122 que, nos autos da ação civil pública

ajuizada pelo Ministério Público deferiu liminar, determinando que a

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empresa ré transporte gratuitamente todos os idosos que procurarem o

serviço de transporte, sob pena de multa de 20 UFESP's por passageiro

idoso a quem o transporte foi negado.

Sustenta a agravante, em síntese, que a liminar causa grave lesão à

empresa e que o transporte gratuito assegurado aos idosos pelo artigo 230,

parágrafo 2o, da CF/88 deve respeitar os princípios da razoabilidade,

probabilidade para preservar o equilíbrio econômico-financeiro do contrato

de concessão, não tendo como suportar os custos da gratuidade sem

limitação. Aduz que a Lei 10.741/03 limita o transporte de idosos em ônibus

suburbanos a 10% dos assentos, pelo que a aplicação de tal limite, para

cada horário é legal, pelo que o limite de cinco assentos está em

consonância com as normas reguladoras. Observa a existência de demais

isenções como deficientes, militares, estudantes e professores. Pugna pela

reforma da r. decisão para que a empresa seja autorizada a transportar

gratuitamente os idosos no limite de 05 assentos por viagem, até a decisão

final da ação civil pública. Recurso processado com efeito suspensivo,

informações do juiz da causa (fls. 169), resposta às fls. 173/177. A douta

Procuradoria Geral de Justiça se manifestou às fls. 179/185 e juntada

petição da agravante às fls. 194/197.

É o relatório.

II-O recurso não comporta provimento.

Pela análise dos autos, verifica-se que a ação civil pública ajuizada tem

como objeto a garantia do transporte gratuito, aos idosos maiores de 65

anos, que apresentarem documentação de identidade, sem que se tenha a

limitação de beneficiários por número de carros. Sabe-se que o artigo 230,

§2°, da Constituição Federal prevê gratuidade aos idosos, nos transportes

coletivos urbanos e, em consonância a previsão contida no §2° do artigo 5º

da mesma norma constitucional, resguarda o princípio da dignidade da

pessoa humana.

Após, o Estatuto do Idoso (Lei n°. 10.741/2003), em seu Título II, artigo 39

preceitua que:

"Artigo 39- Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a

gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos,

exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente

aos serviços regulares §1° Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso

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apresente qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade. §2°

Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão

reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os idosos, devidamente

identificados com a placa de reservado preferencialmente para idosos."

Deste modo, a ordem constitucional e infraconstitucional trazem garantia à

dignidade do idoso por meio de sua participação e integração na

comunidade.

Por isso, de rigor a preservação da liminar concedida pelo Juízo condutor do

feito, a fim de resguardar em especial, o periculum in mora, mormente

porque, a determinação de isenção de pagamento de tarifa aos maiores de

65 anos é feita pela Carta Magna e Lei Ordinária e, pelo que constou na r.

decisão há possibilidade de "que a requerida está a restringir indevidamente

os direitos dos idosos aos transporte gratuito"- fls. 121.

Também certa a existência da possibilidade do dano irreparável que se faz

presente diariamente, a cada veto de embarque de passageiro, com mais de

65 anos, haja vista que a agravante está obrigada a transportá-los

gratuitamente, não podendo se confundir à reserva de assentos com a

gratuidade do transporte.

Bom observar, que as empresas de transporte intermunicipal prestam o

serviço em escalas já determinadas, tendo ou não número de passageiros

que lotem o transporte e assim procedendo já estão contabilizados os custos

da operação, abrangendo o transporte dos idosos, independente do número

de passageiros, daí porque não se vislumbra desequilíbrio econômico

financeiro gerador do periculum in mora. Pelo exposto, nega-se

provimento ao recurso. VERA ANGRISANI, Relatora.

De outro cariz, a URBS aduz, no Ofício DTP/114/2009, datado de

25/05/2009 (documento cópia inclusa - fls. 18/34), que a Linha Turismo se diferencia

das demais linhas do Sistema pelas suas características operacionais: horário,

itinerário, gravações orientativas em português, espanhol e inglês sobre os

pontos turísticos, tipo de ônibus utilizados e sistemática de cobrança e preço de

tarifa, totalmente direcionados ao turismo.

Apenas fazendo um parêntese ao tema, segundo o dicionário na língua

portuguesa “ingresso” tem como definição: “entrar, fazer ingresso em, dar

entrada, fazer parte”, ou seja, é o valor monetário que se paga para entrar em um

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espetáculo, fazer parte de um evento esportivo, participar de uma atividade de lazer

ou turística, independente de que nome se dê a esse valor monetário (ingresso, taxa

de participação, entrada, etc).

Nesse diapasão, diante a afirmação do Diretor de Transporte da URBS

(documento acostado aos autos) de que a Linha Turismo é um serviço especial

totalmente direcionado para o turismo e, por essa razão não atenderia o disposto no

artigo 23 do Estatuto do Idoso, alguns esclarecimentos se fazem necessários, quanto

a correlação entre turismo e lazer.

Segundo o sociológo francês Joffre Dumazedier lazer é o conjunto de

ocupações às quais o individuo pode se integrar de livre vontade, seja para divertir-

se, recrear-se ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação

desinteressada, sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das

obrigações profissionais, familiares ou sociais.

Ainda, a Organização Mundial do Turismo (OMT) conceitua Turismo como

“atividades de deslocamentos e permanência em locais fora de seu ambiente de

residência, por período inferior a um ano consecutivo, por razões de lazer, negócio

ou outros propósitos”.

Em consonância com a OMT o artigo 2o da Lei 11.771/2008 (Lei Geral do

Turismo), considera turismo as atividades realizadas por pessoas físicas durante

viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período

inferior a 1 (um) ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras.

O artigo 23 do Estatuto do Idoso dispõe que a participação dos idosos em

atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo

menos 50% (cinqüenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais,

esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais.

O artigo 28 da Lei 11.771/2008 consolida a afirmação de que o serviço

prestado com a Linha Turismo é serviço turístico, ao considerar como prestadores

de serviços turísticos as empresas que tenham por objeto social a prestação de

serviços de transporte turístico de superfície. Este serviço é caracterizado pela

referida lei como o deslocamento de pessoas em veículos e embarcações por vias

terrestres e aquáticas, nas modalidades pacote de viagem, traslado, especial e

passeio local. Cabe destacar a modalidade passeio local, o qual é definido

pela referida lei como serviço de transporte turístico em que é realizado um

itinerário para visitação a locais de interesse turístico do município ou

vizinhança, sem incluir pernoite.

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Portanto, considerando a afirmação do órgão público municipal (URBS) de

que a Linha Turismo é um serviço preponderantemente voltado ao turismo

(atividade de lazer praticada por pessoas físicas fora do seu entorno habitual) e,

assim, que o desconto em atividades de lazer está contemplado no art. 23 do

Estatuto do Idoso, entende-se necessária a concessão, aos idosos, de desconto de

pelo menos 50% no valor da tarifa cobrada pelo serviço fornecido pela Linha

Turismo, sob pena de descumprimento do referido Estatuto.

Ou seja, de um lado a Linha Turismo é contratada como sendo parte

integrante do Transporte Coletivo de Passageiros de Curitiba (daí à ela se aplica a

isenção do artigo 39 do Estatuto do Idoso) e, de outro lado, é uma Linha de

ônibus voltada preponderantemente ao turismo, conforme alega a URBS (aplicando-

se à ela, desta forma, o art. 23 do Estatuto do Idoso).

VI - DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

Diante de tudo o que foi exposto na presente exordial, é possível concluir,

sem sombra de qualquer dúvida, que o edital nº 005/2009 do Município de Curitiba,

assim como o Contrato nº 086/2010 firmado entre o Município de Curitiba e as

concessionárias de serviço público de transporte coletivo, incluem a Linha Turismo

como Transporte Público Coletivo de Passageiros, sem contudo estar sendo

respeitado pelo Município de Curitiba, pela URBS e pelas concessionárias contratadas,

a Constituição Federal e a previsão do art. 39 do Estatuto do Idoso, ocasionado

enorme prejuízo para este segmento da população, que possui inúmeras dificuldades

de inclusão social e acesso a todos bens e serviços existentes à disposição dos

cidadãos, fazendo-se mister que o Poder Judiciário, liminarmente, determine que o

Município Curitiba, Urbanização de Curitiba S/A – URBS e as concessionárias

contratadas Transporte Coletivo Glória Ltda e Orlando Bertoldi & Cia Ltda, concedam

às pessoas idosas isenção de tarifa ao transporte coletivo comum denominado

“Linha Turismo” no município de Curitiba, conforme previsão do art. 39 do Estatuto

do Idoso.

Ou, se o entendimento deste Douto Juízo é no sentido de que a Linha

Turismo não for considerada transporte coletivo público municipal, conforme foi

contratada, mas sim linha de transporte preponderantemente voltada ao Turismo,

mister que o Poder Judiciário, liminarmente, determine que o Município Curitiba,

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Urbanização de Curitiba S/A – URBS e as concessionárias contratadas Transporte

Coletivo Glória Ltda e Orlando Bertoldi & Cia Ltda, concedam às pessoas idosas o

desconto de pelo menos 50% na tarifa da referida Linha Turismo, conforme

previsão do art. 23 do Estatuto do Idoso.

Chamamos a ordem os artigos 461 do Código de Processo Civil e 83 e

parágrafos do Estatuto do Idoso:

Código de Processo Civil:

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de

fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se

procedente o pedido, determinará as providências que assegurem o

resultado prático equivalente ao do adimplemento.

§1º. A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o

requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado

prático correspondente.

§2º. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art.

287).

§3º. Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado

receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela

liminarmente ou mediante justificativa prévia, citado o réu. A medida liminar

poderá ser revogada ou modificada, a qualquer momento, em decisão

fundamentada.

§4º. O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor

multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente

ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o

cumprimento do preceito.

§5º. Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado

prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar

as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de

atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de

obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de

força policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa,

caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva. (Incluído pela Lei nº

10.444, de 7.5.2002)

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Estatuto do Idoso:

Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer

ou não-fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou

determinará providências que assegurem o resultado prático

equivalente ao adimplemento.

§ 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo

justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz

conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na forma

do art. 273 do Código de Processo Civil.

§ 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na sentença, impor multa

diária ao réu, independentemente do pedido do autor, se for suficiente

ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento

do preceito.

§ 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da sentença

favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver

configurado.

Nunca é demais ressaltar que a Lei nº 7.347/85 admite expressamente a

possibilidade de o Juiz conceder em sede de ação civil pública medidas liminares, o

que se aplica à Lei 7.853/89, por força do artigo 7º deste último diploma legal.

Convencer-se da verossimilhança, no dizer de Candido Rangel Dinamarco,

“não poderia significar mais do que imbuir-se do sentimento de que a realidade fática

pode ser como a descreve o autor”. (A Reforma do Código de Processo Civil, 2ª

Edição, Editora Malheiros, p. 143). A propósito, os fatos descritos nesta inicial

demonstram, à saciedade, as dificuldades encontradas nesta Cidade para fazer

prevalecer os direitos inclusivos destinados as pessoas idosas.

Entende Candido Rangel Dinamarco que, em face das disposições da

verossimilhança e prova inequívoca, deve-se entender cabível a antecipação de

tutela no caso da probabilidade, explicando que a mesma “é a situação decorrente da

preponderância dos motivos convergentes á aceitação de determinada proposição,

sobre os motivos divergentes. A probabilidade, assim conceituada, é menos que a

certeza, porque lá os motivos divergentes não ficam afastados, mas somente

suplantados; e é mais que a credibilidade, ou verossimilhança, pela qual, na mente

do observador os motivos convergentes e os divergentes compareçam em situação

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de equivalência e, se o espírito não se anima a afirmar, também não ousa negar”.

(op. Cit. p. 143).

A verossimilhança está presente, face às provas coligidas, que dão a certeza

de que não estão sendo respeitadas, de forma contundente, as normas vigentes em

prol dos direitos ao público idoso. O fumus boni iuris está bem caracterizado pela

existência de regras constitucionais e infraconstitucionais determinando a concessão

da isenção da tarifa do transporte público coletivo ou a concessão de desconto ao

serviços destinados ao lazer das pessoas idosas, consoante exaustivamente exposto

nesta peça. O fundamento da demanda é, pois, relevante.

Assim é que esta parcela da sociedade encontra sérios obstáculos ao pleno

exercício de sua cidadania.

Na verdade, a duras penas têm os idosos obtido o reconhecimento de seus

direitos, pois que, nas mais das vezes, os obtêm a título de favor ou de caridade,

sofrendo humilhações e discriminações de toda sorte, daí que, o deferimento da

medida ora pleiteada, por certo, terá o condão de por fim a tantas agruras, pois que

conferirá direitos às pessoas idosas proporcionando, enfim, a efetivação das

intenções constituições constantes no preâmbulo da Magna Carta de 1988: “... a

igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, plurarista e

sem pré -conceitos, fundada na harmonia social ...”

De outro lado, há necessidade da comprovação do perigo da demora, o

mesmo requisito exigido para a concessão das liminares em ações cautelares. A

respeito de tal requisito, pondera Humberto Theodoro Junior:

“Para obtenção da tutela cautelar, a parte deverá demonstrar fundado temor

de que, enquanto aguarda a tutela definitiva, venham a faltar as

circunstâncias de fato favoráveis à própria tutela. O perigo de dano refere-

se, portanto, ao interesse processual em obter uma justa composição do

litígio, seja em favor de uma ou de outra parte, o que não poderá ser

alcançado caso se concretize o dano temido. Diz a lei que o perigo,

justificador da atuação do poder geral de cautela, deve ser: a) fundado; b)

relacionado a um dano próximo; c) que seja grave e de difícil reparação (art.

798). Receio fundado ... é o que se liga a uma situação objetiva,

demonstrável através de algum fato concreto. Perigo de dano próximo ou

iminente é, por sua vez, o que se relaciona com uma lesão que

provavelmente deva ocorrer ainda durante o curso do processo principal, isto

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é, antes da solução definitiva ou de mérito. Por fim, o dano temido, para

justificar a proteção cautelar, há de ser a um só tempo grave e de difícil

reparação, mesmo porque as duas idéias se interpenetram e se completam,

posto que para se Ter como realmente grave uma lesão jurídica é preciso

que seja irreparável sua consequência, ou pelo menos, de difícil reparação”.

(Curso de Direito Processual Civil, 23ª edição, Ed. Forense, p. 372-3).

A medida liminar deverá ainda ser concedida porque o periculum in mora é

manifesto, existindo, objetivamente, fundado receio de que, caso a tutela seja

deferida somente ao final da ação, o seu comando normativo emergente se mostrará

ineficaz, posto que a demora em toda demanda que envolva pessoas idosas é

urgente, haja vista sua peculiar situação de fragilidade de saúde e de idade

avançada, bem assim que essa parcela da população se encontra em situação

desigual quando confrontada com o restante da sociedade. Tanto é assim que a

própria Constituição Federal e diversas Lei infraconstitucionais prevêem diversos

tidos de proteção a esse grupo da sociedade.

Não deferida a liminar, além do flagrante desrespeito a ordem jurídico-

constitucional que restará inobservada, subsistirá considerável prejuízo à esse

contingente fragilizado de nossa população, que não desfrutando do benefício legal,

terão sua integração à sociedade cada vez mais dificultada, consoante já o

expusemos circunstancialmente, tudo assistido pelo povo e, a partir de agora,

também pelo Poder Judiciário.

Vale asseverar que é plenamente cabível a concessão de medida liminar

contra o poder público, segundo o disposto no art. 1º, § 2º da Lei 8.437/92, mesmo

sendo decisão judicial sujeita a recurso.

VII - DOS PEDIDOS

Isto posto, o Ministério Público postula o que se segue:

1) Presentes os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, SEJA

CONCEDIDA, ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, INAUDITA ALTERA PARS, nos termos dos

arts. 273 c/c 461, ambos do CPC, art. 2º da Lei 8.437, de 30 de junho de 1992,

assentada no art. 4º da Lei 7.347/85 e no poder geral de cautela, para a concessão

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às pessoas idosas de isenção de tarifa ao transporte coletivo comum

denominado “Linha Turismo” no município de Curitiba ou, alternativamente,

sendo esse o entendimento deste Douto Juízo de Direito, a concessão às pessoas

idosas de pelo menos 50% na tarifa de lazer para uso da Linha Turismo no município

de Curitiba;

2) A citação do MUNICÍPIO DE CURITIBA/PR – pessoa jurídica de

direito público interno, representado por seu Prefeito Municipal, LUCIANO

DUCCI, com endereço na Av. Cândido de Abreu nº 817 – Bairro Centro Cívico –

Curitiba/PR – CEP 80530-908 – fone 3350-8484, em face da URBANIZAÇÃO DE

CURITIBA S/A – URBS, representada por seu Secretário, MARCOS ISFER,

localizada na Av. Presidente Afonso Camargo nº 330 – Bairro Jardim Botânico –

Curitiba/PR – CEP 80060-090 – fone 3320-3232, e em face das pessoa jurídicas de

direito privado denominadas TRANSPORTE COLETIVO GLÓRIA LTDA, pessoa

jurídica de direito privado, com sede na Av. Paraná nº 2265 – Bairro Boa Vista -

Curitiba/PR – CEP 82510-000 – fone 3251-5922, inscrita no CNPJ/MF nº

76.491.109/0001-30, representada pelo senhor Dante José Gulin, portador do

RG nº 610.832-6 SSP/PR e inscrito no CPF/MF nº 003.069.169-91 e pelo senhor

Darci Gulin, portador do RG nº 579.361 SSP/PR e inscrito no CPF/MF nº

110.370.169-04, ORLANDO BERTOLDI & CIA LTDA, pessoa jurídica de direito

privado, com sede na Rua Alcides Munhoz nº 822 – Bairro Mercês – Curitiba/PR –

CEP 80710-030 – fone 3019-3434, inscrita Np CNPJ nº 76.538.412/0001-41,

representada pelo senhor Edison Bertoldi, portador dão RG nº 247.820 SSP/PR

e inscrito no CPF/MF nº 000.214.079-91 e pela senhora Mariane Pinheiro

Bertoldi, portadora do RG nº 187.875 SSP/PR e inscrita no CPF/MF nº 796.943.579-

34, na forma da lei, para, querendo, no prazo legal, apresentar resposta à presente

ação, sob pena de revelia, bem como acompanhá-la em todos os seus termos;

3) Produção de todas as provas admitidas em direito, mormente a

documental, testemunhal, pericial, e outras que se fizerem necessárias, ainda que

não especificadas;

4) Fixação de multa diária, em valor a ser fixado por esse douto juízo, para

garantia da execução da tutela concedida antecipadamente, cujo valor deverá ser

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recolhido ao Fundo Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa (FMPI), criado pela Lei

11.919, de 26 de setembro de 2006;

5) Que as intimações do autor sejam feitas pessoalmente, mediante entrega

e vista dos autos, à Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos do Idoso desta

comarca dado o disposto no art. 236, § 2º do CPC e art. 224, XI da Lei

Complementar Estadual nº 734/93;

6) Ao final, NO MÉRITO, a procedência integral do pedido, com a

confirmação da liminar que ora se espera seja concedida, nos exatos termos

dos requerimentos constantes do item “1” dessa peça inicial;

7) Por fim, requer-se a concessão da gratuidade processual ao autor, nos

termos do artigo 18, da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1.985.

Para fins de alçada, dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais)

posto que o presente ação é de natureza eminentemente declaratória.

“Tarefas simples do cotidiano de um cidadãocomum se tornam grandes obstáculos, sócontornáveis por uma luta e um esforçoindividual que os transformam em grandesconquistas pessoais”.

(Álvaro Ricardo de Souza Cruz – obra citada)

Termos em que,

Pede Deferimento.

Curitiba, 27 de março de 2012.

TEREZINHA RESENDE CARULA

Promotora de Justiça

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