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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS SÃO PAULO
MESTRADO PROFISSIONAL EM PROMOÇÃO DA SAÚDE
VIVIANE RAMOS DE SOUSA
USO DE APLICATIVO DE MENSAGENS INSTANTÂNEAS WHATSAPP® E SUA
CONTRIBUIÇÃO PARA QUALIDADE DE VIDA EM PROFESSORAS DE ENSINO
FUNDAMENTAL I
SÃO PAULO
2018
2
VIVIANE RAMOS DE SOUSA
USO DE APLICATIVO DE MENSAGENS INSTANTÂNEAS WHATSAPP® E SUA
CONTRIBUIÇÃO PARA QUALIDADE DE VIDA EM PROFESSORAS DE ENSINO
FUNDAMENTAL I
Apresentação de Dissertação de Mestrado como requisito para a obtenção do título de Mestre em Promoção da Saúde, junto ao Programa de Mestrado Profissional em Promoção da Saúde do Centro Universitário Adventista de São Paulo, sob orientação da Profa. Dra. Elisabete Agrela de Andrade.
SÃO PAULO
2018
3
Trabalho de Conclusão do Mestrado Profissional em Promoção da Saúde do Centro
Universitário Adventista de São Paulo, elaborado por Viviane Ramos de Sousa para obtenção
do título de Mestre, com dissertação sob o título: “Uso de aplicativo de mensagens
instantâneas WhatsApp® e sua contribuição para qualidade de vida em professoras de
ensino fundamental I”, apresentado e aprovado no dia ____________________, por banca
composta pelos seguintes membros:
________________________________________
Profa. Dra. Elisabete Agrela de Andrade
__________________________________________
Prof. Dr. Alfredo Almeida Pina de Oliveira
__________________________________________
Profa. Dra. Márcia Maria H. A. O. Salgueiro
4
É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na sua forma impressa
como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins
acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a identificação do autor, título,
instituição e ano da tese.
.
5
Aos meus pais, Dorival e Aldinéia, por seu
amor incondicional, seu exemplo de vida e
apoio irrestrito!
6
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus, fonte de toda sabedoria! Por sua graça e
misericórdia, pelas oportunidades concedidas e por colocar em meu caminho pessoas tão
queridas e especiais.
À minha orientadora, Profa. Dra. Elisabete Agrela de Andrade, por seu sorriso sincero,
abraço apertado, palavras de ânimo e sábias orientações. Agradeço principalmente por
acreditar em mim e neste projeto. Você é um presente de Deus na minha vida!
Aos professores e coordenador do curso de Mestrado do UNASP, por possibilitarem a
construção de uma aprendizagem significativa, em um ambiente de troca de experiências. Ao
Prof. Dr. Elias Porto, por sua generosidade e ajuda na estatística deste trabalho. E aos colegas
mestrandos (vários já mestres!) que partilharam suas vivências, expectativas e sonhos,
crescemos um pouco mais juntos. Em especial agradeço à Ana Paula, Claudinéia Leão e
Roberlânia, pelos trabalhos em grupo e a amizade.
Quero também agradecer aos professores que participaram desta pesquisa, aos
diretores e coordenadoras que abriram as portas de suas escolas e ao Departamento de
Educação da Associação Paulistana, por autorizar sua realização.
Agradeço aos meus pais, por acreditarem em mim, por investirem tempo e dinheiro na
minha formação acadêmica, por serem exemplo de dedicação e acima de tudo por me
amarem! Dorival e Aldinéia, amo vocês. E à minha família, Cris, Ricardo, Leila, Letícia, Eric,
Junior, Andresa, Arthur, Camila, Leandro e Tia Irene e mais primos e tios, pelo apoio e torcida,
de perto ou de longe! Vocês são a melhor família que alguém poderia ter!
Agradeço aos meus amigos do trabalho e da vida, que seguraram comigo ‘a barra’ dos
últimos meses de mestrado: Marcos, Suellen, Elisa e Mitsuo, obrigado por me ajudarem,
ouvirem e animarem.
A todos que participaram direta ou indiretamente deste trabalho, deixo aqui o meu
Muito Obrigada!
7
“Não há nenhum fundo sólido sob o oceano das
informações. Devemos aceitá-lo como nossa nova
condição. Temos que ensinar nossos filhos a
nadar, a flutuar, talvez a navegar”.
Pierre Levy (1999)
“Todos os dispositivos sofisticados e Wi-Fi do
mundo não vão fazer diferença se não tivermos
grandes professores em sala de aula”.
Barack Obama
8
RESUMO
O WhatsApp®, uma das mídias sociais mais populares no mundo e parte da revolução das
Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs), vem mudando as relações sociais.
Este estudo tem como objetivo principal analisar se o WhatsApp® tem influência positiva ou
negativa na qualidade de vida dos professores do ensino fundamental. A amostra do estudo
é composta por 51 professoras, que trabalham em seis escolas particulares no sul de São
Paulo. Dois questionários diferentes foram usados para coletar os dados do estudo: (1)
questionário de práticas de uso do WhatsApp® e (2) questionário para avaliar a qualidade de
vida WHOQOL-Bref. Os dados coletados através dos dois questionários foram relacionados
por meio do software estatístico GraphPadPrism, do qual se concluem influências negativas
ou positivas, dependendo do propósito do uso e das reações emocionais causadas. O
WhatsApp® pode ter influência positiva quando usado moderadamente e a influência
negativa se seu uso causar ansiedade ou trouxer distrações de atenção nas atividades diárias.
O WhatsApp® tem grande potencial para ser usado na promoção da saúde e educação em
saúde.
Descritores: Qualidade de vida. Professores escolares. Tecnologia da Informação. Promoção
da Saúde. WhatsApp®.
9
ABSTRACT
The WhatsApp®, one of the most popular social media and part of the Information and
Communication Technologies (ICTs) revolution, has been changing the way of social
relationships. This study has the main objective to analyze if WhatsApp® has a positive or
negative influence in the elementary education teachers quality of life. The study sample is
consisted of 51 teachers’ questionnaires answers, who work at six private schools in the south
of São Paulo. Two different questionnaires were used to collect the study data: (1)
questionnaire of WhatsApp’s usage practices and (2) questionnaire to assess the quality of
life, named WHOQOL-Bref. All data collected through both questionnaires were analyzed
through statistic software GraphPad Prism, from which concludes either negative or positive
influences depending of the use purpose and the emotional reactions caused by. WhatsApp®
could have positive influence when is moderated usage and negative influence when cause
anxiety and brings attentions distractions in the daily bases. Nevertheless, WhatsApp® has big
potential to be used for health promotion and health education.
Descriptors: Social Media. Quality of life. Elementary teachers. Information Technology.
WhatsApp®. Health Promotion.
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Características sociodemográficas da amostra ........................................................
44
Tabela 2. Avaliação da qualidade de vida - Whoqol-Bref ........................................................ 45 Tabela 3. Nível de escolaridade e os domínios do WHOQOL-Bref........................................... 46
Tabela 4. Motivo de uso do WhatsApp® e os domínios do WHOQOL-Bref.............................. 47
Tabela 5. Informações sobre WhatsApp® e os domínios do WHOQOL-Bref............................ 47
Tabela 6. Contribuições do WhatsApp® com comunicação e domínios do WHOQOL-Bref... 50
Tabela 7. Incômodo, desconforto e sensação de obrigatoriedade em relação ao uso do
WhatsApp® e domínios do WHOQOL-Bref...............................................................................
51
Tabela 8. Sentimentos e sensações provocadas pelo uso do WhatsApp® e domínios do
WHOQOL-Bref...........................................................................................................................
51
Tabela 9. Autoestima e reações emocionais provocadas pelo uso do WhatsApp® e domínio
psicológico do WHOQOL-Bref...................................................................................................
53
Tabela 10. Influência do aplicativo WhatsApp® e todos os domínios do WHOQOL-Bref......... 54
11
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Relação entre os objetivos específicos da pesquisa e os instrumentos escolhidos 36
Quadro 2. Domínios e facetas e questões do WHOQOL-Bref.................................................. 38
Quadro 3. Sintaxe para o cálculo dos escores do WHOQOL-Bref............................................. 40
Quadro 4. Relação entre o WHOQOL-Bref e questionário de uso do WhatsApp®................... 41
Quadro 5. Influência do WhatsApp® sobre a qualidade de vida de professoras do ensino
fundamental 1...........................................................................................................................
60
12
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Uso da Internet e redes sociais no Brasil, segundo a 2018 Global Digital Report..... 24
Figura 2. Aplicativos de mensagens por país, segundo a 2018 Global Digital Report.............. 26
Figura 3. Questão da Pesquisa ................................................................................................. 32
Figura 4. Mapa da cidade de São Paulo, com destaque para região onde foi realizada a
pesquisa....................................................................................................................................
35
Figura 5. Apresentação gráfica da pesquisa............................................................................. 55
13
SUMÁRIO APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................... 14
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 16
1.1 Pressupostos teóricos da pesquisa ......................................................................................... 16
1.1.1 Promoção da Saúde ............................................................................................................ 16
1.1.2 Qualidade de vida e saúde do professor .............................................................................. 18
1.1.3 As novas tecnologias e seus efeitos no cotidiano dos indivíduos .......................................... 22
1.1.4 Potencial de uso das novas tecnologias para promoção da saúde e qualidade de vida .......... 26
1.2 Justificativa ........................................................................................................................... 29
1.2.1 Relevância pessoal ............................................................................................................. 29
1.2.2 Relevância Social ................................................................................................................ 30
1.2.3 Relação com a linha de pesquisa do curso ........................................................................... 31
1.3 Problemática da Pesquisa ...................................................................................................... 31
2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 34
2.1 Objetivo geral ................................................................................................................... 34
2.2 Objetivos específicos ......................................................................................................... 34
3 METODOLOGIA ................................................................................................................... 35
3.1 Tipo de estudo .................................................................................................................. 35
3.2 Casuística .......................................................................................................................... 35
3.3 Materiais .......................................................................................................................... 36
3.3.1 Questionário sobre uso do aplicativo de mensagens instantâneas (WHATSAPP®) ............... 37
3.3.2 Questionário para avaliar a qualidade de vida WHOQOL-Bref............................................. 37
3.4 Coleta de dados ................................................................................................................ 39
3.5 Análise de dados ............................................................................................................... 40
3.6 Aspectos éticos da pesquisa .............................................................................................. 42
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................. 42
4.1 Resultados ........................................................................................................................ 43
4.1.1 Perfil da Amostra ......................................................................................................... 43
4.1.2 Avaliação da qualidade de vida (WHOQOL-Bref) ........................................................... 44
4.1.3 Relação entre o uso do aplicativo de mensagens instantâneas (WhatsApp®) e os
resultados da avaliação da qualidade de vida (WHOQOL-Bref) ..................................................... 46
4.2 Discussão ............................................................................................................................................. 54
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 63
6 REFERÊNCIAS .... .................................................................................................................. 65
7 APÊNDICES ............................................................................................................................70
8 ANEXOS ................................................................................................................................76
14
APRESENTAÇÃO
Trocar mensagens pelo aplicativo WhatsApp®, à moda brasileira virou: ‘Me passa um
zap’... Expressão comum, dita várias vezes ao dia, até meio automaticamente... É zap no grupo
da família, é zap da coordenadora, é zap para marcar hora no salão... Olha o zap logo que
acorda se não responde o bom dia da mãe, ela fica brava! Olha antes de sair de casa, no
caminho, assim que chega à escola. O dia vai passando... Responde o zap do filho, dá parabéns
para amiga, pêsames para o vizinho, uma porção de emoções diferentes no mesmo dia!
Confere o grupo, é tanto grupo! Um dia saio de todos eles! Já mandei um zap... dois risquinhos
azuis! Quer dizer que ela leu, mas não responde, que raiva! Chega em casa, o horário de
trabalho já terminou, mas o zap continua... A última coisa antes de dormir? Zap! Tão comum,
tão normal que parece futilidade, nem parece sério, mas não é bem assim.
Nos últimos anos a tecnologia invadiu nossas vidas. Com a popularização dos
smartphones (compacto de telefone, computador e câmera fotográfica e de vídeo), temos a
internet e com ela o mundo, na palma da mão! King e Nardi (2014) colocam que as tecnologias
de comunicação abriram a visão de mundo e modificaram as noções de tempo, espaço e da
própria realidade. Qual o efeito delas na nossa qualidade de vida?
A qualidade de vida é uma noção subjetiva, de múltiplos significados e acima de tudo
humana, que se refere ao bem-estar que os indivíduos e a comunidade encontram nas
diversas esferas da vida (MINAYO, 2013). Deste modo, mesmo sendo uma construção
individual, ela é influenciada pelo grupo de valores, crenças e costumes da sociedade em que
se está inserido e toda mudança, interna ou externa, que provoque alterações no cotidiano
das pessoas, pode influenciar, positiva ou negativamente, sua percepção da qualidade de vida.
Souto et al. (2016) afirmam que o professor tem uma função de destaque na formação
dos novos trabalhadores e futuros cidadãos. Com o processo de globalização e a evolução
tecnológica, recaem sobre a escola novas demandas exigindo dos professores mudanças na
formação de crianças e jovens, o que gera sobrecarga (ROCHA; FERNANDES, 2008).
A atividade docente é cercada de responsabilidades, que somada a condições
ambientais desfavoráveis podem causar problemas físicos e emocionais, limitando sua
qualidade de vida. Existe a necessidade de buscar soluções que favoreçam o equilíbrio entre
15
as atividades de trabalho dos professores e a ações de vida saudável, criando uma cultura
preventiva dos males que envolvem suas atividades laborais (MOREIRA et al., 2010).
A proposta deste trabalho é analisar a influência do uso de aplicativo de mensagens
instantâneas (WhatsApp®) na qualidade de vida de professores de ensino fundamental 1 (1º
ao 5º ano) de seis escolas particulares da zona sul de São Paulo, procurando responder se
existe influência e se ela é positiva ou negativa.
Esta dissertação está dividida em cinco capítulos, sendo o primeiro a Introdução. A
seguir, o segundo apresenta os objetivos geral e específicos. O terceiro descreve os
procedimentos metodológicos, incluindo, o tipo de estudo, a descrição da amostra, os
instrumentos de coleta de dados, a coleta, como foram a análise dos dados, os aspectos éticos
e a apresentação gráfica da pesquisa. O quarto apresenta resultados e discussão. O quinto
capítulo traz as considerações finais desta pesquisa. Seguem-se as referências bibliográficas,
anexos e apêndices.
Espera-se que os resultados desta pesquisa possam contribuir para reflexão sobre o
uso das Tecnologias Digitais de Comunicação e Informação (TDIC) e seus impactos na
qualidade de vida do professor, despertando o interesse usar estes instrumentos para a
preservação e promoção da saúde.
16
1 INTRODUÇÃO
1.1 Pressupostos teóricos da pesquisa
1.1.1 Promoção da Saúde
Em Alma-Ata, no ano de 1978, aconteceu a primeira Conferência Internacional sobre
Cuidados Primários de Saúde, resultando em uma Declaração, que coloca a saúde como
“completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou
enfermidade” e como direito humano fundamental (OMS, 1978, p. 2). Entende também que
a promoção e proteção da saúde das pessoas é imprescindível para o desenvolvimento
econômico e social e fator relevante para a melhoria da qualidade de vida e a paz mundial
entre os povos. Sob lema ‘saúde para todos até o ano 2000’, enfatiza que é tarefa de todos os
setores sociais e econômicos, além do setor da saúde, garantir o mais alto nível possível de
saúde (FEIO; OLIVEIRA, 2015).
Consequente à Alma Ata, a primeira conferência de Promoção da Saúde é a de Ottawa,
de acordo com esta a Promoção de Saúde é o processo de empoderamento dos indivíduos,
de forma que cada um pratique um melhor controle sobre sua saúde e que cada pessoa ou
grupo possa identificar e satisfazer suas necessidades lidando ou mudando o ambiente de
forma adequada. A saúde passa a ser vista como “um recurso para a vida cotidiana, não o
objetivo de viver. A saúde é um conceito positivo que enfatiza os recursos sociais e pessoais,
bem como as capacidades físicas” (OMS, 1986). O modo e circunstâncias de vida das pessoas
influenciam sua saúde, assim as ações de promoção da saúde e prevenção de doenças e
agravos, estão ligadas aos diversos setores da sociedade, entre eles educação, habitação,
alimentação e emprego.
Posteriormente, o relatório sobre saúde no mundo da OMS (2001) considera que as
doenças enfrentadas hoje, sejam físicas ou mentais, são produto da interação de diferentes
fatores de ordem biológicas, psicológicas e social. Todos os aspectos físicos, mentais e sociais
são interligados e interdependentes, reafirmando a importância da saúde mental para o bem-
estar de cada pessoa, sociedade e país.
17
Neste sentido, o marco conceitual da promoção da saúde defende que o processo
saúde-doença adquiriu configuração ampliada, sendo entendido como resultado da
convergência de determinantes sociais, econômicos, políticos e culturais, que extrapolam as
questões biológicas, genéticas e ambientais (BUSS, 2003).
Tomando a promoção da saúde como alicerce, a criação de espaços que potencializem
as ações dos sujeitos e que possibilitem a integração e articulação de diferentes setores
tornam-se importante foco de trabalho para aqueles que almejam a qualidade de vida dos
mesmos. A criação desses espaços foi definida desde Ottawa (1986) e ressaltada na
conferência de Adelaide (WHO, 1988) com proposição da criação de políticas públicas
saudáveis.
Fortalecendo as discussões sobre o termo entornos saudáveis, nos anos de 1990, a
Organização Pan-americana da Saúde (OPAS/OMS) disseminou a Iniciativa Regional de Escolas
Promotoras de Saúde pelos países da América Latina e Caribe, o que se propõe é uma
educação integral, ajustada às características do meio, onde sejam possíveis e agradáveis o
aprendizado e a convivência (OPAS, 1996).
Este movimento fortaleceu as ações de promoção da saúde no ambiente escolar e
foram considerados três componentes necessários: (a) a educação em saúde com enfoque
integral, (b) a criação de entornos saudáveis e (c) a provisão de serviços de saúde. Desta forma
a criação de entornos saudáveis torna-se componente fundamental da promoção da saúde no
âmbito escolar. Com a propulsão deste discurso, as relações que acontecem no contexto
escolar assumiram grande importância, especialmente quando enfoca todos os atores que
constituem a comunidade escolar, dentro e fora dos muros da escola.
Vermelho et al. (2014) colocam que para promover saúde àqueles que trabalham com
a formação e transmitem informações para a população tem importância vital, o que se espera
é que com maior circulação de informações a pessoas possam aprender e adotar hábitos que
levem a uma vida mais saudável e com maior qualidade.
Germani et al. (2013) entendem que a promoção da saúde envolve a capacitação da
comunidade, sendo a educação em saúde sua principal estratégia, que precisa ter em seu
escopo práticas que visem a participação da comunidade no levantamento e enfrentamento
das necessidades, buscando soluções possíveis, sempre pautadas pelo respeito. Tem como
princípio que as experiências de vida e trocas sociais, são o ponto de partida para que cada
um construa seu conhecimento.
18
1.1.2 Qualidade de vida e saúde do professor
Souto et al. (2016) afirmam que o professor tem uma função de destaque na formação
dos novos trabalhadores e futuros cidadãos, tendo papel relevante no desenvolvimento da
subjetividade e diversas habilidades profissionais e pessoais, incluindo as necessárias para o
cuidado com a própria saúde.
O nível de saúde dos indivíduos é fundamental para a qualidade de vida e potencial
para o trabalho. A relação entre saúde, bem-estar físico e emocional e o desempenho
profissional deve ser percebida no dia-a-dia das instituições (SANTOS; MARQUES, 2013).
Qualidade de vida foi definida pelo Grupo de Qualidade de Vida da Organização
Mundial da Saúde como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da
cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações” (THE WHOQOL GROUP, 1994, p. 41, apud FLECK et al., 2000, p.179).
O conceito de qualidade de vida inicialmente referia-se aos bens materiais, em especial
nos Estados Unidos, adquiridos após o período da Segunda Guerra Mundial. Ao longo do
tempo esse conceito foi ampliado para abarcar indicadores de desenvolvimento econômico.
Posteriormente, outros indicadores sociais como moradia, saúde e educação são
incorporados ao conceito de qualidade de vida. Atualmente envolve parâmetros de diversas
áreas como saúde, moradia, alimentação, esportes, educação, meio ambiente, segurança,
entretenimento, novas tecnologias, entre outros que se relacionam às pessoas, à cultura e ao
meio em que estão inseridas. Desta forma assume um aspecto subjetivo e mutável de acordo
com a percepção de cada indivíduo e da sociedade à sua volta (SOUTO et al., 2016).
Minayo, Hartz e Buss (2000) após analisarem as diversas concepções e abordagens de
qualidade de vida, apresentam uma crítica sobre, o significado que fica pouco claro e até vago,
sem uma conceituação específica. Estes autores ressaltam a presença de valores não materiais
como amor, liberdade, solidariedade e inserção social, realização pessoal e felicidade em sua
concepção. Nesse conceito devem ser identificados, por um lado, elementos de subjetividade
e incorporação cultural, e por outro, aspectos materiais relacionados à satisfação de
necessidades mais elementares da vida humana, como alimentação, acesso à agua potável,
habitação, trabalho, educação, saúde e lazer.
Nesse sentido, a qualidade de vida é uma noção subjetiva, de múltiplos significados e
acima de tudo humana, que se refere ao bem estar que os indivíduos e a comunidade
19
encontram em diversas esferas da vida, seja familiar, amorosa, social ou ambiental. É possível
ainda definir o termo, do ponto de vista sociológico, como o padrão que uma sociedade
determina e se mobiliza para conquistar através de políticas públicas e sociais voltadas ao
desenvolvimento humano, às liberdades individuais e coletivas e às mudanças favoráveis às
condições sociais e ao estilo de vida (MINAYO, 2013).
Para Moreira et al. (2010), a percepção sobre a qualidade de vida varia de pessoa para
pessoa e é influenciada por fatores externos e internos, que geram no indivíduo bem ou mal-
estar e logo, uma boa ou má percepção de sua qualidade de vida. Um destes fatores é a
evolução tecnológica que somada ao processo de globalização e introduz novos costumes,
comportamentos e hábitos nos indivíduos e na sociedade (KING; NARDI, 2013).
Ao mesmo tempo, a globalização traz sobre a escola novas demandas relacionadas às
influências política, tecnológica, cultural e econômica e exige um tipo novo de formação para
as crianças e jovens. E grande parte destas responsabilidades e exigências recai sobre os
professores. Neste sentido, pensar a qualidade de vida dos professores é importante, uma vez
que lhes são atribuídas novas funções contínua e cotidianamente (ROCHA; FERNANDES,
2008).
Servilha e Arbach (2011), argumentam que saúde e trabalho são valores humanos
intrinsecamente ligados, desta forma, é preciso que as instituições escolares aprimorem as
condições de trabalho do professor e fundamentem sua prática social. Complementam essa
ideia, Porto et al. (2013) quando apontam para a estreita relação entre o local de trabalho e
suas características ergonômicas com a saúde dos professores. Um meio ambiente adequado
e seguro deve ser visto como direito fundamental de qualquer trabalhador.
Por outro lado, as responsabilidades da profissão, intenso ritmo de trabalho, a carga
horária extensa, baixos salários, condições ambientais inapropriadas como ventilação e
iluminação inadequadas e elevado nível de ruído, somado ao excesso de alunos em sala, falta
de descanso adequado, pouco tempo para alimentação, entre outros fatores, são situações
comuns ao exercício docente que acabam por desgastar sua saúde física e mental, trazendo
consequências negativas sobre sua qualidade de vida. (SERVILHA; PEREIRA, 2012).
Como resultado, se tem o aumento dos efeitos negativos sobre o corpo e a mente,
levando ao adoecimento, passando para o afastamento e até mesmo ao abandono da
profissão (CRUZ; LEMOS, 2005).
20
No que diz respeito à saúde mental destes, para a OMS (2001, p. 31) a saúde mental
abrange, “o bem-estar subjetivo, a autoeficácia percebida, a autonomia, a competência, a
dependência intergeracional e a autorrealização do potencial intelectual e emocional da
pessoa” e o modo como ela é ou não capaz de usá-los em seu cotidiano. Corrobora com esta
ideia, Biazzi (2013) quando coloca que a saúde mental depende das atitudes do indivíduo, em
relação a si e aos outros e de situações socioculturais as quais está envolvido.
Uma das principais causas de adoecimento dos professores e que certamente
influencia outros indicadores da saúde, são os altos índices de estresse a que estão
submetidos diariamente. Atualmente, o papel do professor se estende para além da mediação
da aprendizagem do aluno, espera-se do professor que participe da gestão e do planejamento
escolares e da articulação entre escola, família e comunidade. Para atingir os objetivos
propostos os docentes mobilizam suas forças físicas, cognitivas e emocionais, o que pode
gerar um esforço constante de suas capacidades. Quando não existe tempo e recursos, para
a recuperação completa, tal sobrecarga desencadeia os problemas de saúde que levam, em
geral, ao afastamento do trabalho (GASPARINI; BARRETO; ASSUNÇÃO, 2005).
Respostas psicológicas e comportamentais são requeridas às interações entre os seres
humanos e o meio em que vivem. O mesmo acontece de situações estressoras, contudo essas
reações físicas e psicológicas, no caso de estresse prolongado ou em excesso, podem acarretar
problemas de saúde (LEMES et al., 2003).
Goulart Junior e Lipp (2008) apontam que cotidianamente os indivíduos passam por
situações e mudanças que requerem capacidade de adaptação, já que este processo demanda
energia física, mental e social. Segundo os autores, o estresse surge com o aumento da
demanda externa de adaptação e o intenso conflito interno pela busca de reequilíbrio. Em
relação ao professor, Cruz e Lemos (2005) colocam que este espera que seu trabalho seja
valorizado e quando não se percebe reconhecido por seu esforço, o conflito entre o excesso
de responsabilidade e as condições desfavoráveis ao exercício da profissão repercutem
negativamente sobre sua saúde e, consequentemente, sua qualidade de vida.
Entre outros fatores de risco, como dores nas costas e pernas, problemas na voz e
respiratórios, que vão influenciar grandemente na qualidade de vida dos mesmos, os altos
índices de estresse podem levar à Síndrome do Burnout (SERVILHA; ARBACH, 2011). Conforme
os níveis de estresse do indivíduo aumentam, os efeitos sobre o organismo o fazem na mesma
proporção, o que reduz as forças de resposta podendo levar à exaustão. Burnout é uma
21
palavra de origem inglesa, cujo significado seria queimar-se, neste sentido as pessoas estariam
se consumindo pelo trabalho. (LIPP, 2003, TAMAYO, 2008, e BIAZZI, 2013).
Desenvolver a Síndrome de Burnout é um processo gradual, quase que imperceptível
no início, mas que se não tratado, o problema se intensifica até gerar no trabalhador pânico
diante da simples ideia de ir ao local de trabalho (PORTO et al., 2013).
Evidencia-se uma necessidade urgente de encontrar soluções que favoreçam o
equilíbrio entre as atividades de trabalho dos professores e as ações de vida saudável, criando
uma cultura preventiva dos males que envolvam suas atividades laborais (MOREIRA et al.,
2010).
Rocha e Fernandes (2008) apontam para a necessidade de ações que promovam a
saúde constantemente dentro das escolas, contribuindo com a formação de hábitos saudáveis
em cada pessoa e na comunidade. Desta forma melhorando a qualidade de vida e tornando
possível exercício da cidadania, tanto de professores como alunos.
Uma vez adquirida a capacidade do autocuidado e ampliados os conhecimentos em
promoção da saúde e qualidade de vida, o professor pode por sua influência, dentro e fora do
espaço escolar, despertar transformações nos alunos e na sociedade (SILVEIRA et al., 2011).
Buss (2000) relembra que a nova concepção de saúde se afasta do entendimento de
ausência de doença para uma identificação com o bem-estar e qualidade de vida. Dentro desta
perpectiva, a saúde então não seria algo biologicamente definido, mas deve ser compreendida
como um estado dinâmico, socialmente produzido. Assim, proporcionar saúde segundo o
autor, significa não somente evitar ou curar doenças prolongando a vida, é possibilitar
circunstâncias que aumente a qualidade da vida diária, ampliem a autonomia e o bem-estar
possibilitando melhores escolhas.
22
1.1.3 As novas tecnologias e seus efeitos no cotidiano dos indivíduos
O grande avanço da tecnologia dos últimos anos tem trazido significativas mudanças
nos processos que envolvem a socialização, podendo ser sentidos nas relações sociais,
profissionais, acadêmicas e políticas (PÁRAMO; BURBANO, 2013). Passamos de seres sociais
para sócio-virtuais, estar conectado com o mundo, de posse das novas tecnologias e com
acesso à informação se tornou imprescindível na sociedade atual (HONORATO, 2014).
Campos et al. (2015) colocam que entre os mais jovens as redes sociais assumem
diversos papéis: lúdico, socialização, organização, troca de informações, entre outros.
Possolli et al. (2015) ressaltam que os dispositivos móveis, em especial tablets e smatphones,
conferem praticidade, flexibilidade e agilidade às ações cotidianas. A possibilidade de
participação ativa, liberdade de expressão das opiniões e a facilidade de acesso às
informações é o que torna as tecnologias de comunicação tão relevantes (VERMELHO et al.,
2014).
Os relacionamentos entre as pessoas vêm sendo intermediados pela internet, através
de aparelhos eletrônicos, o que pode se chamar de cibercultura (HONORATO, 2014). Pierre
Lévy (1999) definiu como ciberespaço o meio de comunicação que surgiu com a rede de
ligação mundial de computadores (Word Wide Web – WWW), tanto em estrutura física
quanto as informações que circulam por ela. Para o autor, a cibercultura seria o conjunto de
costumes, procedimentos, maneiras de pensar e valores que se desenvolvem no e com o
ciberespaço.
Para Germani et al. (2013, p. 98) as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)
“são um conjunto de recursos tecnológicos e computacionais dedicados ao armazenamento,
processamento e comunicação da informação”. Com elas ultrapassam-se os limites
geográficos, culturais e de tempo, e abre-se a possibilidade para a interatividade. Os meios
digitais ampliaram a voz dos indivíduos que passaram a compartilhar ideias, pensamentos e
experiências, como novas formas de produzir e consumir conteúdos. O que se percebe é uma
intensa interligação entre o real e o virtual, em que comportamentos sociais se alteram e
possibilitam a participação como atores e autores (ROCHA; ALVES, 2010).
Germani et al. (2013) apontam também que a rapidez com que a tecnologia se renova
e evolui requer atualização constante da humanidade. Lévy (1999, p.157), coloca que “pela
23
primeira vez na história da humanidade, a maioria das competências adquiridas por uma
pessoa no começo de seu percurso profissional serão obsoletas no fim de sua carreira”.
As tecnologias evoluem constantemente, uma servindo de base para outra, se
aperfeiçoando e ganhando novos contornos e funcionalidades, no entanto podem evoluir
tanto para o bem como em prejuízo dos seres humanos e do planeta. Se por um lado a
mobilidade, flexibilidade e conveniência são essenciais para vida moderna, dando autonomia
e liberdade, por outro lado trazem sensações negativas como não parar de trabalhar ou
dependência patológica (KING; NARDI, 2014).
Na visão dos autores é importante diferenciar a dependência da internet ou do
telefone como ferramentas para o cotidiano ou para um uso abusivo ou patológico. O uso
contínuo diário ou o número de horas estão presentes nas duas situações, entretanto
somente na dependência patológica é notada a presença de sensações e sintomas que
atrapalham a vida e as relações do indivíduo. Nomofobia é o termo utilizado para indicar o
desconforto ou angústia de ficar sem o celular ou desconectado da internet. A palavra surgiu
da junção de no-mobile e fobia, inicialmente representando o medo de ficar sem telefone
celular, posteriormente ampliou-se o conceito para o computador e a internet (KING; NARDI,
2014).
Vermelho et al. (2014) colocam que após 1991, com a criação da Word Wide Web
(www) que popularizou o uso da internet, somada a constante evolução tecnológica, existe a
ideia que as tecnologias de comunicação são o instrumento mais poderoso para o círculo de
informações, o que fortalece as redes sociais. Conceição e King (2014) estabelecem redes
sociais virtuais como ambientes na internet nos quais as pessoas trocam conteúdos públicos
ou particulares em diferentes formatos.
Goyal, Tanveer e Sharma (2017) apontam que a Web 2.0 apresenta um caminho de
inovações para o uso da tecnologia da rede mundial de computadores, em que se busca
alargar a criatividade, ampliar a colaboração e melhorar ainda mais as funções da Web.
Comunidades, serviços, aplicativos, blogs e sites de redes sociais e compartilhamento de
vídeos são algumas de suas ferramentas. Para eles, WhatsApp® é um exemplo destas
tecnologias.
O aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp® surgiu entre 2009 e 2010, nos
Estados Unidos. É uma multiplataforma, que possibilita a troca de mensagens de texto, voz,
imagens, músicas e vídeos e links de sites, entre os usuários de smartphones via internet (LIMA
24
et al.,2018, CALDERÓN et al., 2017). Pode ser utilizado para enviar e receber mensagens
instantaneamente para um contato ou grupo de contatos.
Bouhnik e Deshen (2014) colocam que a facilidade operacional tornou o aplicativo
interessante a todas as idades e diferentes nacionalidades. Pode de ser considerado uma
maneira simples e rápida de ter acesso à muitas informações. O WhatsApp® tem entre seus
benefícios a gratuidade, a sensação de pertencer a uma comunidade e a agilidade (CHURCH;
OLIVEIRA, 2013).
Desde 2014 o aplicativo pertence ao Facebook, tem cerca de 1,5 bilhão usuários/mês
ativos em todo mundo. Dados de 2017 apontavam para 120 milhões de usuários brasileiros
(SOARES, 2018). Calderón et al. (2017) colocam que na América Latina, dois terços dos que
utilizam a Internet são ativos no WhatsApp®.
Kemp (2018) na pesquisa 2018 Global Digital, mostra que são 5,135 bilhões de
telefones celulares em uso e 4,021 bilhões de pessoas estão conectadas à internet no mundo,
destas 3,196 bilhões são usuários de mídias sociais. Quanto aos brasileiros, os dados apontam
que 66% da população são usuários da internet e 62% de redes sociais. Segundo a pesquisa o
aplicativo mais baixado e com maior número de usuários/mês no Brasil é o WhatsApp®. Revela
também que os brasileiros gastam em média 3h39m nas redes sociais ficando em 2.º lugar no
ranking mundial, como apresentados abaixo (Figura 1):
Figura1. Uso da Internet e redes sociais no Brasil, segundo a 2018 Global Digital Report.
Fonte: Kemp (2018), em 2018 Global Digital Report.
25
Montag et al. (2015) afirmam que o WhatsApp® é um dos aplicativos mais populares
do mundo, permitem a comunicação rápida entre uma pessoa ou grupo de pessoas e mantém
os indivíduos conectados. Além de ser gratuito, aceito por praticamente todos os sistemas
operacionais dos smartphones e com conectividade internacional. Estes autores indicam que
estudos sobre os efeitos de uso do aplicativo ainda são escassos, contudo já se encontram
indícios que pode provocar dependência.
Com o objetivo de descobrir que porcentagem de uso diário do smartphone é relativa
ao WhatsApp®, se existem diferenças de uso entre idade, gênero e grau de instrução e se
características de personalidade interferem neste uso, Montag et al. (2015), conduziram um
estudo com 2.418 indivíduos, dos quais 2.281 usaram ativamente o WhatsApp®, os dados
foram colhidos eletronicamente, por meio de um aplicativo desenvolvido para este fim,
durante 4 semanas.
Foram encontrados os seguintes resultados: o WhatsApp® representa em média 20%
do uso diário dos telefones, sendo que as mulheres gastam em torno de 13 minutos a mais
que os homens. Os participantes mais jovens tendem a ter mais uso diário, o grau de instrução
não apresentou diferenças significativas e os classificados como extrovertidos também usam
mais o aplicativo (MONTAG et al., 2015).
Na pesquisa 2018 Global Digital, Kemp (2018) coloca que o WhatsApp® agora é o
aplicativo de mensagens que ocupa melhor posição geograficamente, sendo o mais utilizado
em 128 países.
26
Figura 2. Aplicativos de mensagens por país, segundo a 2018 Global Digital Report.
Fonte: Kemp (2018), em 2018 Global Digital Report.
As tecnologias de informação e comunicação abrem novas possibilidades no mundo e
modificam a maneira como se percebe a realidade, os relacionamentos, o tempo e o espaço.
Elas geram mudanças no cotidiano e relacionamentos dos indivíduos, assim é preciso estar
atento aos impactos que provocam na vida humana e ao meio ambiente (KING; NARDI, 2014).
Sendo fundamentais estudos que busquem compreender as consequências da interação entre
os seres humanos e as tecnologias.
1.1.4 Potencial de uso das novas tecnologias para promoção da saúde e qualidade de vida
Para Honorato (2014) os estudos e as ações em Saúde Pública não podem deixar de
lado os impactos das tecnologias de comunicação e informação, ignorar esse fenômeno seria
limitar sua atuação. Segundo o autor compreender o comportamento do ser humano
digitalizado é necessário para atuar em frentes que busquem a saúde e o bem-estar. Coloca
ainda que a visão sobre a internet e seu uso precisa ser ampliada, não só como uma forma de
realizar pesquisas, divulgar instrumentos ou informações, mas como espaço social, existem
novos preceitos que atuam diretamente sobre os sujeitos. Lulton (2013) corrobora com essa
27
ideia argumentando que é preciso investigar como essas tecnologias são usadas, quais seus
efeitos sobre o cotidiano e sobre os próprios indivíduos.
Alguns estudos mostram ganhos com ouso das tecnologias de informação e
comunicação (TIC), especialmente redes sociais como o WhatsApp®, para área da saúde como:
a facilidade de acesso diminuindo as barreiras geográficas e físicas (HENRY et al., 2016, WELCH
et al., 2016), melhora na comunicação entre os membros da equipe (BASHI; BHAWALKAN,
2017, GIORDANO et al, 2017, HENRY et al., 2016, NAIR et al. 2016, PAHWA; LUNSFORD;
LIVESLEY, 2017, WANI et al.2013,) e esclarecimento de dúvidas e adesão ao tratamento
(CALDERÓN et al., 2017, GIORDANO et al, 2017 e LIMA et al. 2018)
O uso das TDIC, exerce também, influência na educação em saúde, possibilitando
cursos à distância, programas interativos, discussões entre equipes multiprofissionais,
videoconferências, entre uma série de outras atividades destinadas ao preparo do profissional
em saúde e promoção da saúde (GERMANI et al., 2013, GOYAL; TANVEER; SHARMA, 2017,
PESSONI, 2012).
Germani et al. (2013) indicam como fundamental a melhora na formação dos que
atuam na promoção da saúde, em seu estudo que analisou o uso da tecnologia como
ferramenta pedagógica para a promoção da saúde, os autores colocam que se faz necessário
desenvolver estratégias adequadas e que propiciem a aprendizagem e o uso consciente em
prol da formação profissional.
Em consonância quanto ao uso de TDICs no campo da saúde, Calderón et al. (2017)
destacam que as redes sociais criam novas possibilidades para as relações entre equipes de
saúde e entre estas e os pacientes, trazendo melhor comunicação.
Iriart e Silva (2015) apontam a que a internet, além de fonte de informação sobre
doenças, sintomas e possibilidades de cura, é um ambiente de construção subjetiva e de
relações sociais e afetivas que merecem atenção no campo da saúde. Segundo estes autores,
estudar a forma de utilização e os significados destas tecnologias, atualmente tão comuns às
práticas sociais, é fundamental para que possam também ser utilizadas como instrumentos
de prevenção e promoção da saúde.
A qualidade de vida vem sendo influenciada pelas tecnologias que incessantemente vem
sendo aperfeiçoadas. Na mesma proporção que as tecnologias produzem benefícios, elas
também podem trazer prejuízos para saúde física e mental, como o sedentarismo, o
isolamento social ou a dependência. A linha que separa o uso consciente do abuso é muito
28
tênue e exige estudos sobre a relação Homem/Tecnologia e seus efeitos comportamentos e
emoções destes, nas diferentes camadas da população. (KING; NARDI, 2013). Pensar a saúde
dos professores e a influência das tecnologias na qualidade de vida destes, torna-se, portanto,
uma questão importante a ser discutida no campo da saúde.
29
1.2 Justificativa
1.2.1 Relevância pessoal
Eu lembro quando fui levada para fazer o teste de entrada na escola, eu tinha cinco
anos completos e estava para entrar na primeira série, em uma escola pequena, confessional,
nos fundos da Igreja, num bairro da periferia de São Paulo. Foi a primeira vez que me dei conta
que existia uma porção de coisas que eu não conhecia, entre elas uma cor chamada Pink! De
lá para cá muita coisa mudou (embora a porção de coisas que eu não conheço só aumenta...),
hoje faço os testes para receber as crianças na escola, não é raro que pequenos, de três ou
quatro anos, me digam as cores em português e inglês!
Grande parte de minha vida está ligada a uma unidade escolar, inicialmente como
aluna, depois como funcionária, professora e como parte integrante da equipe administrativa,
ao longo do tempo e de maneiras diferentes pude perceber as muitas mudanças, positivas e
negativas, nos alunos, nos professores, nos modos de ensinar e aprender.
É fato que hoje temos alunos diferentes, chegam com seus gostos, brincadeiras,
sonhos e conhecimentos, muito além do que tínhamos nesta mesma época. Parecem nascer
com o “chip” da tecnologia já instalado em seu DNA, convivem (e melhor do que nós) com os
aplicativos, blogs, vlogs, plataformas, jogos e mais uma infinidade de informações, com um
mundo na palma da mão, através de smartphones e tablets modernos. A comunicação
instantânea que vem mudando o mundo, também invadiu as escolas e trouxe novas
perceptivas aos relacionamentos ali estabelecidos.
Geralmente nas reuniões com os professores costumamos discutir que acesso à
informação eles já têm, respostas para as perguntas o “google” tem aos montes, o que
precisamos ensiná-los é o que fazer com tudo isso que a tecnologia oferece. É através dos
relacionamentos que nos formamos como indivíduos, modificamos nossa maneira de ver o
mundo e aprendemos.
Embora toda a revolução tecnológica e suas mudanças estejam presentes na escola,
as relações entre professor e aluno continuam, a meu ver, constituindo a base para uma
aprendizagem significativa. O processo de ensino-aprendizagem depende em grande parte do
sujeito professor, o que inclui seus objetivos de vida, seus valores, sua saúde e qualidade de
vida. Estudos que busquem entender o professor, seu modo e qualidade de vida podem
30
contribuir para o crescimento pessoal e profissional deste grupo, ajudando-os a desempenhar
com maior qualidade seu papel social.
1.2.2 Relevância Social
O trabalho docente é uma profissão antiga e anterior à criação de escolas. Ao longo do
tempo tanto o papel do professor, quanto os processos de ensino-aprendizagem vem se
modificando, muito pela mudança de visão no campo do trabalho e produção, na cultura e
tecnologia, que refletiram e refletem nas condições de vida e trabalho dos mesmos” (CRUZ;
LEMES, 2005).
De acordo com Rocha e Fernandes (2008), pouco conhecimento científico tem sido
produzido sobre as condições de trabalho e qualidade de vida de professores do ensino
fundamental, desta forma requer-se a atenção para a necessidade de desenvolvimento de
ações de promoção de saúde e qualidade de vida para estes, que lidam com os primeiros anos
de formação escolar das novas gerações.
Souto et al. (2016, p.459) ainda apontam que a avaliação da qualidade de vida é
importante para pensar sobre os fatores que a influenciam positiva ou negativamente e assim
possibilitar que os professores e gestores pudessem buscar por melhores condições de vida e
de trabalho.
A promoção da saúde é a maneira de capacitar a comunidade para que atuem de
maneira consciente e ativa na melhoria da própria saúde e da qualidade de vida. Saúde e
educação em um único ambiente, com professores envolvidos em um trabalho
interdisciplinar, com a finalidade de construir um ambiente favorável à promoção da saúde,
individual e coletiva. Desta forma, pode-se entender que um trabalho voltado aos professores
favorece a interlocução entre saúde e educação, ativos na comunidade escolar e na busca por
melhora na sua própria qualidade de vida. (SOUZA, 2011)
31
1.2.3 Relação com a linha de pesquisa do curso
Neste estudo destacamos o campo da Promoção da Saúde como um referencial
incentivador de intervenções neste cenário.
Tomado como um novo “paradigma” no campo da saúde, a promoção da saúde refere-
se a um modelo de atenção à saúde que extrapola a assistência médico curativa, resgatando
a concepção de saúde como produção social, como resultado de relações de distintas
naturezas: econômicas, políticas, organizacionais, ideológicas, culturais e cognitivas (SICOLI;
NASCIMENTO, 2003).
A saúde, nesta concepção ampliada, inclui os determinantes sociais, econômicos,
políticos e culturais e não se restringem às questões biológicas, genéticas e ambientais.
Considera-se que há uma forte relação entre os estilos de vida das pessoas, sua posição social
e econômica, suas condições de vida e seu estado de saúde (BUSS, 2003).
Esta pesquisa, ao discutir a qualidade de vida junto a professores assume como
pressuposto que esta pode ser uma estratégia de empoderamento e de melhoria da qualidade
de vida destes atores. Neste sentido, está coerente com o curso e com a linha de pesquisa,
qual seja, às contribuições da Psicologia às ações promotoras de saúde, em que se discute
como contribuir na construção de estratégias que tenham como foco a Promoção da Saúde.
1.3 Problemática da Pesquisa
Existe influência das tecnologias de informação e comunicação, com ênfase ao uso de
aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp®, sobre a qualidade de vida de professores
do ensino fundamental? A Figura 3 elucida a questão da pesquisa.
32
Figura 3. Questão da Pesquisa
Fonte: Produção da autora
Temos a situação do avanço de tecnologias na contemporaneidade que trazem
consequências à saúde da população em geral. Faz-se então necessário identificar o cenário
atual de uso dessas novas tecnologias para que seja possível compreender suas influências
positivas e negativas na saúde das pessoas. No caso deste trabalho em compreender a
influência de um aplicativo na qualidade de vida de um grupo de professores.
A afirmação de King e Nardi (2013, p.9) que a “qualidade de vida da população em
geral vem aumentando na mesma proporção em que as tecnologias vão incessantemente
sendo aperfeiçoadas”, parece sugerir a existência de uma contribuição positiva do uso das
novas tecnologias para a qualidade de vida. Entretanto, os mesmos autores indicam que com
o aumento da interação com a internet, seja nos computadores ou celulares, transformações
significativas ocorreram nos hábitos, costumes, condutas e relacionamentos pessoais e
sociais, o que trouxe a necessidade de estudar o tamanho e consequências dessas mudanças
em relação ao que ganhamos ou perdemos com o uso ou abuso destas novas tecnologias.
A hipótese deste trabalho é que o uso de um aplicativo WhatsApp® influencia na
qualidade de vida dos professores. Pode ser uma influência positiva ao criar uma rede de apoio
social que favorece a qualidade de vida ou negativa se houver uso inadequado ou abusivo
prejudicando sua saúde.
SITUAÇÃO ATUAL:
O grande avanço das
TDICs dos últimos anos
tem trazido significativas
mudanças nos processos
que envolvem a
socialização podendo ser
sentidas nas relações
sociais, profissionais,
acadêmicas e políticas.
IDENTIFICAÇÃO DO
PROBLEMA:
O aplicativo WhatsApp®
tem influência sobre a
qualidade de vida de
professores do EF I? Essa
influência é positiva ou
negativa?
SITUAÇÃO DESEJADA:
O uso das TDCIs como
contribuição e não como
prejuízo para qualidade
de vida das pessoas.
33
Ao identificar e analisar o uso do WhatsApp® e sua relação com a qualidade de vida de
professores pode-se recomendar maneiras de lidar com esta tecnologia a fim de aproveitá-la
e utilizá-la como uma ferramenta para promover a saúde e a qualidade de vida dos
professores de ensino fundamental.
34
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Analisar a influência do uso de aplicativo de mensagens instantâneas, WhatsApp®, na
qualidade de vida de professores de ensino fundamental 1 (1º ao 5º ano).
2.2 Objetivos específicos
Mapear o uso de aplicativo de mensagens instantâneas (WhatsApp®) por
professores do ensino fundamental das unidades escolares escolhidas;
Avaliar os indicadores de qualidade de vida nos sujeitos da pesquisa;
Relacionar os dados obtidos sobre uso de aplicativo de mensagens
instantâneas (WhatsApp®) com os indicadores de qualidade de vida.
35
3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de estudo
Trata-se de um estudo exploratório, de caráter descritivo e natureza quantitativa. Este
tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar “maior familiaridade com o problema a ser
estudado” GIL (2002, p.41).
3.2 Casuística
A pesquisa foi realizada com professores do ensino fundamental 1 (1º ao 5º ano), de
seis colégios particulares da zona sul de São Paulo. Foram convidados a participar 70
professores, que compreendem o número total de professores do seguimento, destes 51
responderam aos instrumentos propostos o que corresponde a 73% do total.
Os colégios selecionados fazem parte de uma rede confessional de ensino, cuja
entidade mantenedora é a Associação Paulistana da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD).
Foram selecionados por sua localização geográfica (região sul desta entidade mantenedora).
A figura 4 abaixo mostra no mapa da cidade de São Paulo a região na qual foi realizada a
pesquisa.
Figura 4. Mapa da cidade de São Paulo, com destaque para região onde foi realizada
a pesquisa.
Fonte: Google Maps
36
Para participação na pesquisa os professores foram adotados os seguintes critérios:
Critérios de inclusão: Ser professor de 1º ao 5º ano nos colégios selecionados,
maior de 18 anos e apto a responder os questionários e assinar o termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE - APÊNDICE 01).
Critérios de exclusão: Não pertencer aos colégios selecionados, não conseguir
responder questionário, questionários incompletos, ser menor de 18 anos ou
não assinar o termo de consentimento livre e esclarecido.
3.3 Materiais
Para analisar a influência do uso de aplicativo de mensagens instantâneas
(WhatsApp®) na qualidade de vida de professores de ensino fundamental I, os dados foram
coletados através de dois questionários autoaplicáveis:
Um questionário sobre a caracterização sociodemográfica e o uso de aplicativo
de mensagens instantâneas WhatsApp® (APÊNDICE 02).
Um questionário para avaliar a qualidade de vida WHOQOL-Bref (ANEXO 01).
O quadro abaixo demonstra a relação entre os objetivos específicos e os instrumentos
utilizados, nesta pesquisa.
Quadro 1: Relação entre os objetivos específicos da pesquisa e os instrumentos
escolhidos.
Objetivos específicos Instrumentos Mapear o uso de aplicativo WhatsApp® por professores do ensino fundamental das unidades escolares escolhidas;
Questionário sobre uso do WhatsApp®
Avaliar os indicadores de qualidade de vida nos sujeitos da pesquisa;
WHOQOL – Bref
Relacionar os dados obtidos sobre uso de aplicativo WhatsApp® com os indicadores de qualidade de vida.
Questionário sobre uso do WhatsApp® e WHOQOL – Bref
Fonte: Produção da autora
37
3.3.1 Questionário sobre uso do aplicativo de mensagens instantâneas WHATSAPP®
O questionário sobre o uso de aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp® foi
desenvolvido para esta pesquisa pela autora e sua orientadora, visando mensurar o uso do
aplicativo, suas motivações, as sensações e reações emocionais provocadas por ele e
contribuições percebidas no cotidiano das professoras. O Questionário aborda também
questões sociodemográficas com a finalidade de obter informações complementares sobre os
docentes, possibilitando descrever seu perfil e mensurar possíveis associações com qualidade
de vida.
O questionário possui 48 questões fechadas sendo: 6 questões sociodemográficas, 1
sobre o uso ou não do aplicativo WhatsApp®, 12 sobre motivação e informações gerais de uso,
3 sobre os locais ou situações de uso, 6 sobre as contribuições na comunicação e lazer, 18
sobre as sensações e reações emocionais provocadas pelo uso do aplicativo, 1 questão sobre
como o sujeito avalia a influência do WhatsApp® sobre sua qualidade de vida e 1 sobre o tipo
de influência percebida.
Com exceção das 6 perguntas sociodemográficas e 1 pergunta sobre se o sujeito usa
ou não o aplicativo, todas as questões seguem uma escala 5 pontos, 39 com as respostas:
raramente ou nunca, muito pouco, algumas vezes, muitas vezes e sempre, 1 questão com as
respostas: muito pequena, pequena, mediana, grande e muito grande e 1 com as respostas:
positiva, mais positiva que negativa, nem positiva nem negativa, mais negativa que positiva e
negativa.
3.3.2 Questionário para avaliar a qualidade de vida WHOQOL-Bref
O Word Health Organization Qualityof Life Instument (WHOQOL) é um instrumento
criado pelo Grupo de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (OMS), para
avaliação da qualidade de vida, que pudesse ser utilizado em pesquisas na área da saúde no
mundo inteiro, com traduções equivalentes em mais de 50 idiomas (FLECK, 2016).
O WHOQOL tem quatro versões: a tradicional com 100 questões (WHOQOL-100), a
abreviada (WHOQOL-Bref) com 26, uma versão de 8 itens (EUROHIS-QOL) e uma para Língua
Brasileira de Sinais (WHOQOL-LIBRAS). Também foram desenvolvidos módulos específicos
38
para pacientes com AIDS/HIV, idosos e deficientes intelectuais e para aprofundar o estudo
sobre religiosidade/espiritualidade e crenças pessoais. O Centro brasileiro fez parte de todo
processo de construção e validação dos instrumentos (FLECK et al., 2000; FLECK, 2016).
A versão escolhida para este trabalho é o WHOQOL-Bref, validado no Brasil por Fleck
et al. (2000), o instrumento apresenta desempenho psicométrico satisfatório, foi construído
para ser autoaplicado e autoexplicativo. O instrumento é constituído por 26 questões
fechadas, sendo duas gerais de qualidade de vida e 24 representantes de cada uma das 24
facetas que constituem o instrumento original. Essas questões são agrupadas em 4 domínios:
físico (7 itens), psicológico (6 itens), relações sociais (3 itens) e meio ambiente (8 itens).
Quadro 2. Domínios e facetas e questões do WHOQOL-Bref.
Domínios e facetas Questões
I – Físico • Dor e desconforto • Energia e fadiga • Sono e repouso • Mobilidade • Atividades da vida cotidiana • Dependência de medicação ou de tratamentos • Capacidade de trabalho
Em que medida você acha que sua dor (física) impede você de fazer o que você precisa? * Você tem energia suficiente para seu dia-a-dia? Quão satisfeito (a) você está com o seu sono? Quão bem você é capaz de se locomover? Quão satisfeito (a) você está com sua capacidade de desempenhar as atividades do seu dia-a-dia? O quanto você precisa de algum tratamento médico para levar sua vida diária? * Quão satisfeito (a) você está com sua capacidade para o trabalho?
II – Psicológico • Sentimentos positivos • Pensar, aprender, memória e concentração • Autoestima • Imagem corporal e aparência • Sentimentos negativos • Espiritualidade/religião/crenças pessoais
O quanto você aproveita a vida? O quanto você consegue se concentrar? Em que medida você acha que a sua vida tem sentido? Você é capaz de aceitar sua aparência física? Com que frequência você tem sentimentos negativos tais como mau humor, desespero, ansiedade, depressão? * Quão satisfeito (a) você está consigo mesmo?
III - Relações sociais • Relações pessoais • Suporte (Apoio) social • Atividade sexual
Quão satisfeito (a) você está com suas relações pessoais (amigos, parentes, conhecidos, colegas)? Quão satisfeito (a) você está com o apoio que você recebe de seus amigos? Quão satisfeito (a) você está com sua vida sexual?
IV - Meio ambiente • Segurança física e proteção • Ambiente no lar • Recursos financeiros • Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade • Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades • Participação em, e oportunidades de recreação/lazer • Ambiente físico: (poluição/ruído/trânsito/clima) • Transporte
Quão seguro (a) você se sente em sua vida diária? Quão satisfeito (a) você está com as condições do local onde mora? Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades? Quão satisfeito (a) você está com o seu acesso aos serviços de saúde? Quão disponíveis para você estão as informações que precisa no seu dia-a-dia? Em que medida você tem oportunidades de atividade de lazer? Quão saudável é o seu ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativos)? Quão satisfeito (a) você está com o seu meio de transporte?
V – Autoavaliação da Qualidade de vida Qualidade de vida global e percepção geral da saúde
Como você avaliaria sua qualidade de vida? Quão satisfeito (a) você está com a sua saúde?
* Questões com escala de resposta invertida. /Fonte: Adaptado de Pedroso et al.2010
39
O instrumento considera as duas últimas semanas vividas pelos sujeitos, e as respostas
às questões são dadas em quatro escalas de 5 pontos: intensidade (nada – extremamente),
capacidade (nada – completamente), frequência (nunca – sempre) e avaliação (muito
insatisfeito – muito satisfeito). Algumas questões (vide tabela 2) apresentam escala de
resposta invertida.
O modelo teórico em que foi desenvolvido o WHOQOL, em todas as suas versões,
sugere uma visão multidimensional da qualidade de vida, sendo assim, os escores são
calculados para cada domínio. O instrumento não apresenta uma medida que classifique a
qualidade de vida em boa ou ruim, aponta apenas que quanto maior for o escore, melhor
qualidade de vida (FLECK, 2016).
3.4 Coleta de dados
A pesquisa se operacionalizou da seguinte forma:
Os dados foram coletados no período de outubro a dezembro de 2017. Em data
previamente agendada com a administração, a pesquisadora esteve em cada escola. Os
professores eram encaminhados para a sala determinada pela coordenação, onde foram
convidados, individualmente ou em pequenos grupos a participar da pesquisa.
No momento do convite, foram apresentados os objetivos da pesquisa, seus riscos e
benefícios.
Àqueles que concordaram participar da pesquisa, foi solicitado leitura e assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE - APÊNDICE 01). Os questionários foram
individualmente respondidos, o tempo gasto para preenchimento foi de 10 minutos, em
média.
Em alguns casos, pela incompatibilidade de horários ou algum outro problema que
impediu o contato direto com os professores, o convite e a entrega do TCLE e questionários,
foi feita pela Coordenadora Pedagógica do respectivo Colégio. Após respondidos foram
encaminhados à pesquisadora.
Como dito anteriormente, foram convidados a participar 70 professores, destes, 51
responderam aos instrumentos propostos o que corresponde a 73% do total.
40
Os motivos para não participação de todos os professores do cenário foram: (1) não
aceitação em participar da pesquisa e (2) não estavam presentes no momento da visita da
pesquisadora e não enviaram os questionários preenchidos.
3.5 Análise de dados
Os dados coletados foram tabulados e analisados estatisticamente e utilizados para
compor os resultados, a discussão e conclusão final da pesquisa.
Para o questionário de uso do aplicativo WhatsApp®, foi calculada a porcentagem de
respostas (raramente ou nunca, muito pouco, algumas vezes, muitas vezes e sempre) em cada
pergunta e tabulados também os dados sociodemográficos.
Para o questionário WHOQOL-Bref o cálculo dos escores de cada domínio e a estatística
descritiva (média e desvio padrão), planilha do Microsoft Excel®, elaborada segundo a sintaxe
do próprio instrumento, proposta por Pedroso et al. (2010).
Quadro 3. Sintaxe para o cálculo dos escores do WHOQOL-Bref
ETAPAS SINTAXE SPSS PARA O CÁLCULO DOS ESCORES DO WHOQOL-
BREF
Verificar se todos os 26 itens foram preenchidos com respostas entre 1 e 5
RECODE Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8 Q9 Q10 Q11 Q12 Q13 Q14 Q15 Q16 Q17 Q81 Q19 Q20 Q21 Q22 Q23 Q24 Q25 Q26 (1=1) (2=2) (3=3) (4=4) (5=5) (ELSE=SYSMIS).
Converter as questões invertidas
RECODE Q3 Q4 Q26 (1=5) (2=4) (3=3) (4=2) (5=1).
Calcular os escores dos domínios
COMPUTE PHYS=MEAN.6(Q3,Q4,Q10,Q15,Q16,Q17,Q18)*4. COMPUTE PSYCH=MEAN.5(Q5,Q6,Q7,Q11,Q19,Q26)*4. COMPUTE SOCIAL=MEAN.2(Q20,Q21,Q22)*4. COMPUTE ENVIR=MEAN.6(Q8,Q9,Q12,Q13,Q14,Q23,Q24,Q25)*4.
Transformar os escores para uma escala de 0 a 100
COMPUTE PHYS=(PHYS-4)*(100/16). COMPUTE PSYCH=(PSYCH-4)*(100/16). COMPUTE SOCIAL=(SOCIAL-4)*(100/16). COMPUTE ENVIR=(ENVIR-4)*(100/16).
Excluir os respondentes cujo número de itens não respondidos excedem 20% do total de itens
COUNT TOTAL=Q1 TO Q26 (1 THRU 5). SELECT IF (TOTAL>=21). EXECUTE.
Fonte: WHOQOL Group, 1998 apud PEDROSO et al., 2010
41
A ferramenta proposta por Pedroso et al. (2010), quando desenvolvida, foi testada e
comparada aos resultados com o pacote estatístico SPSS e não apresentou divergências,
atestando sua confiabilidade.
Para relação entre os dados do questionário sobre o uso do WhatsApp® e os escores
do WHOQOL-Bref, uma planilha eletrônica do Microsoft Excel® foi empregada na tabulação e
categorização e estatística descritiva dos dados e utilizado o programa estatístico
GraphPadPrism, para análise de variância, o nível de significância estabelecido foi de 5%(p <
0,05).
Quadro 4. Relação entre o WHOQOL-Bref e questionário de uso do WhatsApp®
Domínios WHOQOL-Bref Questões sobre uso do WhatsApp®
I – Físico • Dor e desconforto • Energia e fadiga • Sono e repouso • Mobilidade • Atividades da vida cotidiana • Dependência de medicação ou de tratamentos • Capacidade de trabalho
Q08, Q10, Q11, Q12, Q15, Q16, Q17, Q21, Q23, Q24, Q27, Q37, Q43, Q44, Q45, Q47, Q48
II – Psicológico • Sentimentos positivos • Pensar, aprender, memória e concentração • Autoestima • Imagem corporal e aparência • Sentimentos negativos • Espiritualidade/religião/crenças pessoais
Q08, Q09, Q15, Q16, Q21, Q22, Q23, Q24, Q25, Q26, Q27, Q28, Q29, Q30, Q31, Q32, Q33, Q34, Q35, Q36,
Q37, Q38, Q39, Q40, Q41, Q47, Q48
III - Relações sociais • Relações pessoais • Suporte (Apoio) social • Atividade sexual
Q08, Q09, Q10, Q11, Q12, Q13, Q14, Q15, Q16, Q17, Q18, Q19, Q20, Q21, Q22, Q23, Q24, Q25, Q26, Q27, Q28, Q32, Q36, Q37, Q38, Q40, Q41, Q42, Q43, Q44,
Q45, Q46, Q47, Q48
IV - Meio ambiente • Segurança física e proteção • Ambiente no lar • Recursos financeiros • Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade • Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades • Participação em, e oportunidades de recreação/lazer • Ambiente físico: (poluição/ruído/trânsito/clima) • Transporte
Q08, Q15, Q16, Q18, Q27, Q37, Q40, Q41, Q42, Q43, Q44, Q45, Q46, Q47, Q48
V – Autoavaliação da Qualidade de vida Qualidade de vida global e percepção geral da saúde
Q08, Q15, Q16, Q27, Q37, Q47, Q48
Escore Geral da Qualidade de Vida
Q08, Q09, Q10, Q11, Q12, Q13, Q14, Q15, Q16, Q17, Q18, Q19, Q20, Q21, Q22, Q23, Q24, Q25, Q26, Q27, Q28, Q29, Q30, Q31, Q32, Q33, Q34, Q35, Q36, Q37, Q38, Q39, Q40, Q41, Q42, Q43, Q44, Q45, Q46, Q47,
Q48
Fonte: Produção da autora
42
Para construir uma relação entre os resultados do WHOQOL-Bref e o mapeamento de
uso do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp® todas as perguntas do questionário
foram aproximadas dos domínios do instrumento WHOQOL-Bref, de acordo com a temática
de cada questão, sendo possível relacioná-las a mais de um domínio. Neste contexto o
WHOQOL-Bref, como instrumento padronizado foi aproximado do material produzido pela
pesquisa, de forma que o objetivo pudesse ser alcançado (Quadro 4).
Em várias questões sobre o uso do WhatsApp® o número de sujeitos (n) não
contemplava todas as variáveis (raramente ou nunca, muito pouco, algumas vezes, muitas
vezes e sempre), para que a análise estatística fosse possível agrupamos em quatro variáveis
de acordo com o número de respostas, unindo as que tinham menos, assim as tabelas
apresentadas nos Resultados terão quatro variáveis.
3.6 Aspectos éticos da pesquisa
No Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE 01) estão explicitados os
objetivos deste estudo, a garantia de sigilo em relação à identificação dos participantes e o
consentimento de participação voluntária neste estudo. Na condução desta pesquisa foram
consideradas as recomendações da Resolução 466/12, do Ministério da Saúde (MS) que
dispõe sobre pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 2013) e respeitadas, também, as
diretrizes que constam na declaração de Helsinki (WORLD MEDICAL ASSOCIATION).
Para participar da pesquisa foi solicitada assinatura do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido, após sua leitura, uma vez que a mesma não envolveu experimentação com seres
humanos e que os participantes são adultos.
O risco de participação nesta pesquisa foi mínimo decorrente de possibilidade de
desconforto pelo tempo necessário para o preenchimento do questionário ou pela reflexão
sobre o uso do aplicativo WhatsApp® ou aspectos da sua qualidade de vida.
A realização desta pesquisa foi autorizada pela coordenadora pedagógica responsável
pelos Colégios Adventistas da Associação Paulistana da IASD (APÊNDICE 3) e pelo Comitê de
Ética do UNASP, sendo aprovado no parecer nº 2.066.493 (ANEXO 2). Somente após sua
aprovação os dados foram coletados.
43
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Resultados
Buscando o objetivo geral desta pesquisa, analisar a influência do uso de aplicativo de
mensagens instantâneas (WhatsApp®) na qualidade de vida de professores de ensino
fundamental 1 (1º ao 5º ano), foram aplicados um instrumento para medir a qualidade de vida
e um questionário sobre o uso do aplicativo WhatsApp®. Os dados foram comparados e serão
apresentados a seguir.
4.1.1 Perfil da Amostra
A pesquisa foi realizada com 51 professoras de seis colégios particulares confessionais
da zona sul de São Paulo. A tabela 1 apresenta as características sociodemográficas descritas
segundo as variáveis: idade, gênero, nível de escolaridade, estado civil, tempo de escolaridade
e período de trabalho.
Todas as participantes foram mulheres. A idade média das professoras era de 37,7
anos, a maioria das participantes (82,4%) casada, com nível superior completo (58,8%) e
tempo de magistério de até 5 anos. O período de trabalho para as professoras ensino
fundamental I é, em geral, de 4h30, podendo ser cumulativo com outras escolas ou mais de
um período na mesma escola. Das professoras que responderam à pesquisa, 42 (82,4%)
afirmaram trabalhar apenas um período.
44
Tabela 1. Características sociodemográficas da amostra.
Variável Total (n) Percentual (%)
Idade 20 – 29 30 – 39 40 – 49 50 - Mais
8 26 12 5
15,7 51,0 23,5 9,8
Sexo
Feminino Masculino
51 0
100
0
Nível de escolaridade
Superior Completo Superior Incompleto Pós-graduação completa Pós-graduação incompleta
30 2 9 10
58,8 3,9 17,6 19,7
Estado Civil
Solteiro Casado ou União estável Divorciado ou Separado Viúvo
5 42 4 0
9,8 82,4 7,8 0
Tempo de Magistério Até 5 anos 6 – 10 anos 11 – 15 anos Mais de 16 anos
29 6 6 10
56,9 11,7 11,7 19,7
Períodos de trabalho
1 período (manhã ou tarde) 2 períodos (em 1 escola) 2 períodos (em 2 escolas) 2 períodos (1 escola e 1 outra atividade)
42 6 2 1
82,4 11,7 3,9 2,0
Fonte: Produção da autora
4.1.2 Avaliação da qualidade de vida (WHOQOL-Bref)
O modelo teórico em que foi desenvolvido o WHOQOL, em todas as suas versões,
sugere uma visão multidimensional da qualidade de vida, sendo assim, os escores são
calculados para cada domínio. O instrumento não apresenta uma medida que classifique a
qualidade de vida em boa ou ruim, aponta apenas que quanto maior for o escore, melhor
qualidade de vida (FLECK, 2016).
O instrumento utilizado neste estudo, WHOQOL-Bref, contempla os domínios: físico,
psicológico, relações sociais e meio ambiente. A tabela 2 apresenta a média dos escores de
45
cada domínio, o escore de auto avaliação da qualidade de vida (questões 1 e 2) e o escore
geral.
Tabela 2. Avaliação da qualidade de vida - WHOQOL-Bref
Domínio Média Desvio padrão
Valor mínimo
Valor máximo
I - Físico 16,00 2,26 10,29 20,00
II - Psicológico 15,74 2,15 8,67 19,33
III - Relações Sociais 15,83 2,71 8,00 20,00
IV - Meio Ambiente 14,10 2,28 8,50 18,86
V - Autoavaliação da QV 14,63 2,73 8,00 20,00
Geral 15,24 1,89 9,23 19,00
Fonte: Produção da autora
A sintaxe oficial do WHOQOL apresenta os resultados em duas escalas: 20 e 100
pontos. No gráfico abaixo apresentamos os mesmos resultados na escala de 100, que é a mais
utilizada por pesquisadores, assim os resultados poderão ser comparados aos de outras
pesquisas (DAMASIO; MELO; SILVA,2013, FERNANDES; ROCHA, 2009, FOLLE; FARIAS, 2012,
NEVES, 2008, PENTEADO; PEREIRA,2007, PEREIRA; TEIXEIRA; LOPES, 2013; PIMENTEL et al.
2016).
O gráfico abaixo mostra a qualidade de vida dos professores participantes:
Gráfico 1. Avaliação da qualidade de vida - WHOQOL-Bref
Fonte: Produção da autora
Para relação entre os dados do questionário sobre uso do aplicativo e a avaliação da
qualidade de vida (WHOQOL-Bref) utilizados a escala de 20 pontos, conforme proposto por
Fleck (2000).
46
4.1.3 Relação entre o uso do aplicativo WhatsApp® e os resultados da avaliação da
qualidade de vida (WHOQOL-Bref)
Para construir uma relação entre os resultados do WHOQOL-Bref e o mapeamento de
uso do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp®, todas as perguntas do questionário
foram aproximadas dos domínios do instrumento WHOQOL-Bref, de acordo com a temática
de cada questão, sendo possível relacioná-las a mais de um domínio. Neste contexto o
WHOQOL-Bref, como instrumento padronizado foi aproximado do material produzido pela
pesquisa, de forma que o objetivo pudesse ser alcançado (Quadro 2).
As questões de 1 a 6 tratam dos dados sociodemográficos, já apresentados na Tabela
3 desta pesquisa, quando relacionados aos domínios, apenas o nível de escolaridade, no
domínio físico, mostrou diferenças significativas para a qualidade de vida das participantes da
pesquisa (Tabela 3).
Tabela 3. Nível de escolaridade e os domínios do WHOQOL-Bref
Nível de Escolaridade
n (%) Domínio
Físico Domínio
Psicológico
Domínio Relações sociais
Domínio Meio
Ambiente
Autoavaliação da QV
GERAL
Superior completo 30 (58,8) 15,62±2,5 15,77±2,3 15,78±2,9 14,26±2,1 14,87±2,4 15,21±2,0
Superior incompleto 2 (3,9) 15,71±0,3 16,67±0,7 15,33±3,3 12,5±0,5 15,00±1,0 14,85±0,4
Pós-graduação completa 9 (17,6) 17,02±1,4 16,01±0,7 16,52±1,7 14,86±1,3 14,89±1,4 15,90±0,9
Pós-graduação incompleta 10 (19,7) 16,23±1,8 15,23±2,6 15,47±2,5 13,27±3,0 13,60±3,2 14,79±2,2
p 0,0223 0,1831 0,3737 0,1619 0,6258 0,19
Fonte: Produção da autora
Os dados apontam para escores mais elevados nos quatro domínios e no geral para
quem tem maior nível de escolaridade, neste caso pós-graduação completa, contudo apenas
no domínio físico apresenta diferença significativa p=0,0223.
Quando perguntadas se usam o aplicativo, todas as participantes afirmaram que sim,
desta forma, não se fez necessário a correlação dos dados. As demais questões foram
relacionadas, de acordo com a temática, com os domínios do WHOQOL-Bref, conforme
apresentado no quadro 4.
Os resultados mostram que o aplicativo é amplamente utilizado para compartilhar
mensagens, trocar informações e comunicar-se com familiares, amigos, superiores e colegas
de trabalho, contudo os dados não apontam para diferenças significativas, considerando-se o
motivo de uso do aplicativo e os escores de qualidade de vida nos diferentes domínios do
WHOQOL-Bref.
47
Mesmo não apresentando diferenças significativas, compartilhar informações sobre
saúde é um dado relevante para esta pesquisa, nos domínios físico, psicológico e geral os
escores daqueles que afirmam compartilhar mensagens sobre saúde muitas vezes ou sempre,
são ligeiramente superiores aos outros (Tabela 4).
Tabela 4. Motivo de uso do WhatsApp® e os domínios do WHOQOL-Bref
Motivo de uso do
WhatsApp®
Frequência de uso
n (%) Domínio
Físico Domínio
Psicológico
Domínio Relações sociais
Domínio Meio
Ambiente
Autoavaliação da QV
GERAL
Compartilhar mensagens sobre saúde
Raro ou nunca 8 (15,7) 15,92±2,4 16,08±2,8 16,75±2,8 13,63±2,3 15,25±3,0 15,31±2,1
Muito pouco 8 (15,7) 15,23±2,1 15,62±1,0 15,67±3,2 14,94±2,0 13,25±1,4 15,15±1,2
Algumas vezes 20 (39,2) 16,00±2,1 15,39±2,2 15,33±2,8 13,34±2,3 14,90±2,6 14,88±1,9
M. vezes e sempre 15 (28,9) 16,44±2,8 16,09±2,0 16,09±1,9 14,92±1,7 14,67±3,0 15,71±1,8
p 0,689 0,7749 0,6371 0,2173 0,4581 0,655
Fonte: Produção da autora
A Tabela 5 apresenta informações gerais sobe o uso do aplicativo, tais como:
frequência diária, a necessidade de uso e a distração provocada pelo WhatsApp® e sua
correlação com os domínios do WHOQOL-Bref.
Tabela 5. Informações sobre WhatsApp® e os domínios do WHOQOL-Bref
Informações sobre o uso
do WhatsApp®
Frequência de uso
n (%) Domínio
Físico Domínio
Psicológico
Domínio Relações sociais
Domínio Meio
Ambiente
Autoavaliação da QV
GERAL
Frequência de uso
durante o dia
Raro ou muito pouco 9 (17,6) 15,44±2,4 16,33±2,9 17,11±2,5 12,92±1,9 14,22±3,0 14,99±2,0
Algumas vezes 20 (39,2) 15,62±2,4 15,33±2,0 15,57±2,4 14,03±2,3 14,40±2,8 14,97±1,9
Muitas vezes 14 (27,4) 16,34±2,1 15,41±1,7 14,81±2,7 13,78±1,9 14,57±2,4 15,02±1,6
Sempre 8 (15,7) 16,90±1,5 16,75±1,7 16,83±2,6 16,17±1,5 15,75±2,1 16,56±1,5
p 0,4557 0,3401 0,1513 0,0205 0,6499 0,2537
Usar o WhatsApp®
é uma necessidade
Raro ou muito pouco 8 (15,7) 16,01±2,5 16,38±1,6 16,83±1,5 14,40±2,0 14,50±1,9 15,59±1,7
Algumas vezes 16 (31,4) 15,06±2,5 14,65±2,6 14,13±2,8 13,31±2,4 13,00±3,4 14,18±2,2
Muitas vezes 19 (37,3) 16,52±1,9 16,08±1,5 16,84±2,5 14,91±1,9 15,68±1,6 15,86±1,3
Sempre 8 (15,7) 16,50±1,4 16,57±2,0 15,83±2,0 13,45±2,3 15,50±2,2 15,44±1,5
p 0,2701 0,0899 0,0136 0,1617 0,0197 0,061
Deixou de fazer algo
importante por estar usando
WhatsApp®
Raro ou nunca 34 (66,7) 16,52±2,0 16,04±2,3 16,45±2,5 - - 15,71±1,9
Poucas vezes 6 (11,8) 14,57±2,1 15,13±1,5 13,78±1,3 - - 14,08±1,5
Algumas vezes 11 (21,6) 15,19±2,3 15,11±1,5 15,03±3,0 - - 14,41±1,4
M. vezes e sempre 0 - - - - - -
p 0,0592 0,3792 0,0422 - - 0,036
Uso do WhatsApp® distrai sua atenção
Raro ou nunca 7 (13,7) 17,14±2,1 17,50±1,7 18,86±1,3 13,79±1,1 16,00±1,9 16,27±1,1
Poucas vezes 19 (37,3) 16,25±1,9 16,22±1,4 15,86±2,3 15,05±2,1 15,47±1,8 15,78±1,4
Algumas vezes 14 (27,4) 16,32±2,1 15,28±2,3 15,33±2,3 13,85±2,5 14,71±2,5 15,09±2,1
M. vezes e sempre 11 (21,6) 14,44±2,1 14,42±2,2 14,48±2,8 12,98±2,0 12,18±3,4 13,83±1,8
p 0,9459 0,6904 0,7841 0,5114 0,0324 0,7802
Fonte: Produção da autora
Com o propósito de entender a influência do WhatsApp® na qualidade de vida, foi
preocupação deste trabalho conhecer a frequência de uso da ferramenta, por isso foram
comparados os resultados com os escores de todos os domínios do WHOQOL-Bref. Apesar de
48
apenas o domínio de meio ambiente apresentar diferença significativa, os dados indicam que
as pessoas que usam com maior frequência a ferramenta, tem escores mais elevados em
todos os domínios e geral, com exceção do domínio de relações sociais.
Analisando o domínio ambiente, houve diferença significativa p=0,0144 entre quem
faz uso do aplicativo sempre se comparado a raro ou nunca, indicando também escore mais
elevado para quem usa o aplicativo com maior frequência durante o dia.
A maioria das professoras entende o uso do WhatsApp® como uma necessidade, mas
em graus variados. Os resultados indicam àquelas que muitas vezes sentem o uso como uma
necessidade, tem médias mais elevadas nos domínios físico, social, qualidade de vida e no
geral. Houve diferenças significativas no domínio relações sociais p=0,0136 e qualidade de
vida global (Autoavaliação da QV) p= 0,0197.
Considerando ainda o uso do WhatsApp® como uma necessidade, no domínio social
houve também diferença significativa, p= 0,0126 entre quem acredita que o aplicativo é uma
necessidade muitas vezes e quem o faz algumas vezes. Semelhante situação pôde ser
verificada na qualidade de vida global, houve diferença significativa, p= 0,0158 entre muitas
vezes e algumas vezes. No escore geral houve também diferença significativa, p= 0,0475 entre
quem acredita que o aplicativo é uma necessidade muitas vezes e algumas vezes.
A pesquisa abordou a participação em grupos dentro do aplicativo, os dados foram
comparados com o domínio das relações sociais e o geral do WHOQOL-Bref, por estarem
dentro da temática das relações sociais. Os resultados não indicam diferenças significativas.
As participantes também foram questionadas se deixaram de fazer algo importante por
estar usando o aplicativo WhatsApp® e se o uso as distrai. Quanto a ter deixado de fazer
alguma coisa importante por estar usando WhatsApp®, a maioria (66,7%) respondeu que raro
ou nunca. Os dados mostram diferenças significativas nos domínios físico p=0,0592, relações
sociais p=0,0422 e no geral p=0,036. As diferenças apontam para escores mais elevados da
qualidade de vida para quem raramente ou nunca deixa de fazer algo importante para usar o
WhatsApp®.
Para 7 (13,7%) raramente ou nunca uso do aplicativo distrai a atenção, 19 (37,3%)
disseram que muito pouco, 14 (27,4%) algumas vezes, 8 (15,7%) muitas vezes e 3 (5,9%)
responderam que sempre o uso do aplicativo distrai sua atenção. Na correlação com os
domínios do WHOQOL-Bref, com exceção do meio ambiente, os que raro ou nunca se
49
distraem com o uso do aplicativo tem escores mais elevados, com diferença significativa para
Autoavaliação da QV, apontando para uma melhor qualidade de vida.
Nos domínios psicológico, social, Autoavaliação da QV e geral os dados se confirmam
indicando melhor qualidade de vida para quem raro, nunca ou poucas vezes distrai a atenção
com o WhatsApp®, a saber: domínio psicológico diferença significativa p=0,0118 entre raro ou
nunca e muitas vezes e sempre; domínio social diferença significativa p=0,0212 entre raro e
poucas vezes, p=0,0067 entre raro e algumas vezes e p=0,001 entre raro e muitas vezes ou
sempre; Autoavaliação da QV diferença significativa p=0,0114 entre raro e muitas vezes ou
sempre e p=0,0046 entre poucas vezes e muitas vezes ou sempre; e no escore geral diferença
significativa p=0,0288 entre raro e muitas vezes ou sempre e p=0,0250 entre poucas vezes e
muitas vezes ou sempre.
Foram abordados alguns momentos de uso do aplicativo de mensagens WhatsApp®,
no trabalho, dirigindo ou na companhia de amigos e familiares, os dados não apontam para
diferenças significativas, considerando-se os escores de qualidade de vida em diferentes
domínios do WHOQOL-Bref.
Ao responderem a pesquisa as professoras apontaram para contribuição na
comunicação com o uso do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp®, considerando
a comunicação com a família, amigos, superiores e colegas de trabalho.
A Tabela 6 apresenta as contribuições na comunicação e momentos de lazer e sua
correlação com o domínio social, meio ambiente e geral do WHOQOL-Bref. Nas questões
relacionadas ao trabalho os dados também foram aproximados do domínio físico, onde
encontra-se a faceta capacidade de trabalho. Os resultados mostram diferença significativa
apenas para comunicação com os colegas de trabalho no domínio social p=0,0509, neste caso
quem entende que o WhatsApp® contribui sempre neste tipo de comunicação tem escore
mais elevado.
Na mesma tendência, quando comparados os dados da comunicação com amigos,
domínio meio ambiente e geral que apresentaram diferenças significativas p=0,0255 e
p=0,0214, respectivamente, indicando que quem sempre considera que o WhatsApp®
contribui com a comunicação tem escores mais elevados.
50
Tabela 6. Contribuições do WhatsApp® com comunicação e domínios do WHOQOL-
Bref
Usar o
WhatsApp®
contribui com:
Frequência
de uso n (%)
Domínio
Físico
Domínio
Psicológico
Domínio
Relações
sociais
Domínio
Meio
Ambiente
Autoavaliação
da QV GERAL
Comunicação
com amigos
Raro ou muito pouco 1 (2,0)*
Algumas vezes 12 (23,5) - - 16,67±2,3 14,29±2,4 - 15,60±1,6
Muitas vezes 22(43,1) - - 15,12±2,5 13,21±2,0 - 14,38±1,9
Sempre 16 (31,4) - - 16,00±3,0 15,15±2,0 - 15,99±1,6
p - - 0,7966 0,9793 - 0,8742
Comunicação
com colegas de
trabalho
Raro ou muito pouco 4 (7,8) 17,00±1,5 - 15,33±4,1 12,88±2,2 - 14,77±2,4
Algumas vezes 17 (33,3) 15,59±2,4 - 15,75±2,7 13,66±2,6 - 14,75±2,1
Muitas vezes 16 (31,4) 15,55±2,1 - 15,45±2,3 14,51±1,5 - 15,21±1,3
Sempre 11 (21,6) 16,97±1,8 - 16,73±2,3 14,68±2,2 - 16,29±1,6
p 0,5782 - 0,0509 0,342 - 0,3206
Fonte: Produção da autora
Os dados não apontam para diferenças significativas, considerando-se a contribuição
do aplicativo para os momentos de lazer e os escores de qualidade de vida nos domínios
relações sociais, meio ambiente e geral do WHOQOL-Bref.
No que diz respeito aos sentimentos e sensações provocados pelo uso do aplicativo os
dados foram divididos em três grupos, para facilitar a exposição dos mesmos. A Tabela 7
apresenta os resultados das situações que causam incômodo, desconforto ou geram
obrigação em responder de imediato as mensagens recebidas por WhatsApp® e sua
correlação com os domínios psicológico, relações sociais e geral do WHOQOL-Bref, as
questões relacionadas ao trabalho também foram analisadas no domínio físico.
As respostas da questão sobre o incômodo ao constatar a não resposta instantânea
após ter sua mensagem lida foram correlacionadas com os domínios psicológico, relações
sociais e geral do WHOQOL-Bref. Os dados apontam diferenças significativas no domínio
psicológico p=0,0332 e no geral p=0,0553, em ambos as professoras que responderam ‘poucas
vezes’ apresentam escores mais elevados de qualidade de vida.
Se sentem obrigadas a ler e responder de imediato as mensagens do aplicativo, 33,3%
das professoras respondeu poucas vezes, seus escores foram mais elevados no domínio
psicológico, apresentando diferença significativa, p=0,022 em relação aos demais.
51
Tabela 7. Incômodo, desconforto e sensação de obrigatoriedade em relação ao uso do
WhatsApp® e domínios do WHOQOL-Bref
Usar o WhatsApp® provoca:
Frequência de uso
n (%) Domínio
Físico Domínio
Psicológico
Domínio Relações
sociais
Domínio Meio
Ambiente
Autoavaliação da QV
GERAL
Incômodo quando percebe que a
mensagem foi lida mas não respondida de
imediato
Raro ou nunca 15 (29,4) - 15,29±3,0 16,27±2,8 - - 14,83±2,5
Poucas vezes 15 (29,4) - 16,43±1,7 15,78±2,2 - - 15,78±1,4
Algumas vezes 14 (27,4) - 15,74±0,8 15,81±2,2 - - 15,38±1,0
M. vezes e sempre 7 (13,7) - 15,33±2,1 15,05±3,8 - - 14,66±2,1
p - 0,0332 0,1817 - - 0,0553
Obrigatoriedade de ler e responder de
imediato as mensagens do WhatsApp®
Raro ou nunca 17 (33,3) - 15,37±3,0 15,02±3,4 - 14,66±2,4
Poucas vezes 17 (33,3) - 16,29±1,7 16,39±1,7 - - 15,73±1,4
Algumas vezes 7 (13,7) - 15,39±0,6 14,67±2,0 - - 14,87±1,3
M. vezes e sempre 10 (19,6) - 15,73±1,4 17,07±2,3 - - 15,63±1,6
p - 0,022 0,0902 - - 0,2036
Incômodo quando percebe que o
aplicativo é usado para assuntos de trabalho
Raro ou nunca 32 (62,7) 15,88±2,3 15,62±2,0 16,02±2,5 - - 15,20±1,8
Poucas vezes 9 (17,6) 15,88±2,2 16,15±1,9 15,26±1,8 - - 15,13±1,2
Algumas vezes 8 (15,7) 16,43±2,2 16,10±1,8 15,67±3,6 - - 15,71±2,1
M. vezes e sempre 2 (3,9) 16,57±1,7 14,67±4,7 16,00±4,0 - - 14,38±3,3
p 0,9682 0,0284 0,2358 - - 0,18
Fonte: Produção da autora
Para questão sobre o incômodo provocado pelos assuntos de trabalho, no domínio
psicológico apresentou-se uma diferença significativa p=0,0284, com escores mais elevados
para aquelas que responderam poucas vezes, indicando uma melhor qualidade de vida para
estas.
As questão que abordam o desconforto por mensagens fora do horário comercial e
quando as mensagens indicam que as pessoas têm atividades que elas julgam serem mais
interessantes que as delas não apresentaram diferenças significativas.
Dentro da temática de saúde emocional a Tabela 8 apresenta as sensações provocados
pelo uso do aplicativo WhatsApp® e sua correlação com o WHOQOL-Bref.
Tabela 8. Sentimentos e sensações provocadas pelo uso do WhatsApp® e domínios do
WHOQOL-Bref
Usar o WhatsApp® provoca:
Frequência de uso
n (%) Domínio
Físico Domínio
Psicológico
Domínio Relações
sociais
Domínio Meio
Ambiente
Autoavaliação da QV
GERAL
Sensação de ser importante?
Raro ou nunca 12 (23,5) - 16,00±3,3 16,67±2,9 - - 15,63±2,9
Poucas vezes 14 (27,4) - 16,16±1,3 15,95±1,9 - - 15,41±0,8
Algumas vezes 17 (33,3) - 15,56±1,7 15,18±3,0 - - 15,14±1,7
M. vezes e sempre 8 (15,7) - 15,05±1,3 15,75±2,4 - - 14,54±1,3
p - 0,0397 0,1509 - - 0,051
Sensação de não parar de trabalhar?
Raro ou nunca 34 (66,7) 16,42±2,3 16,03±2,1 16,29±2,4 14,23±2,1 15,29±2,4 15,56±1,8
Poucas vezes 8 (15,7) 15,15±1,8 15,14±1,9 15,00±2,2 13,65±2,5 13,00±2,4 14,55±1,8
Algumas vezes 7 (13,7) 14,78±1,9 15,24±0,7 14,48±3,4 14,50±2,3 14,00±2,4 14,70±1,4
M. vezes e sempre 2 (3,9) 16,57±1,7 14,67±4,7 16,00±4,0 12,25±3,3 12,00±4,0 14,38±3,3
p 0,9607 0,0075 0,2728 0,3688 0,3861 0,1446
Fonte: Produção da autora
52
As sensações de perder a privacidade, de estar sempre acompanhado e pertencer a
um grupo não apresentaram diferenças significativas quando aproximadas dos escores que
indicam a qualidade de vida.
Foram encontradas diferenças significativas no domínio psicológico p=0,0397 e geral
p=0,051, quando comparada a questão sobre o sentir-se importante com o uso do aplicativo
a estes domínios. O escore geral mais elevado está para quem respondeu raro ou nunca à esta
questão, indicando que quanto menos se depende do WhatsApp® para sentir-se importante
mais qualidade de vida. Entretanto, no domínio psicológico quem respondeu poucas vezes
apresentou índice mais alto, indicando que em poucos momentos sentir-se importante com
o uso do aplicativo é bom para a qualidade de vida.
Quando perguntadas se com o uso do aplicativo WhatsApp® sentem a sensação de não
parar de trabalhar 66,7% das professoras responderam que raramente ou nunca, os dados
foram relacionados com todos os domínios da qualidade de vida. Encontrou-se diferença
significativa para no domínio psicológico p=0,0075, indicando escore mais alto para quem
respondeu raramente ou nunca tem sensação de não parar de trabalhar com o uso do
WhatsApp®.
A tabela 9 apresenta o resultado da correlação entre a autoestima e as reações
emocionais e os domínio psicológico e geral do teste de qualidade de vida. Os resultados não
apontam para diferenças significativas para irritação, angústia, medo, satisfação e autoestima.
A ansiedade apresentou diferenças significativas p=0,0118 no domínio psicológico e
p=0,0051 no geral, indicando que aqueles em que o uso do aplicativo raramente ou nunca
provoca ansiedade tem escores mais elevados na qualidade de vida. Diferenças significativas
também foram encontradas no domínio psicológico p=0,0217 ente raro ou nunca e poucas
vezes e no escore geral, p=0,0483 entre poucas vezes e raro ou nunca e p=0,0148 entre raro
ou nunca e muitas vezes e sempre, reafirmando que quanto menor a ansiedade maior a
qualidade de vida.
A questão sobre o sentimento de solidão foi relacionada com os domínios psicológico,
relações sociais e geral, os resultados não apresentaram diferenças significativas. Entretanto,
nos domínios relações sociais e geral encontrou-se diferença significativa p=0,0366 e
p=0,0367, respectivamente, se compararmos as respostas algumas vezes e raro ou nunca,
indicando escores mais elevados em quem, o uso do aplicativo, não provoca sentimento de
solidão.
53
Tabela 9. Autoestima e reações emocionais provocadas pelo uso do WhatsApp® e
domínio psicológico do WHOQOL-Bref
Usar o WhatsApp®
provoca:
Frequência
de uso n (%)
Domínio
Físico
Domínio
Psicológico
Domínio
Relações
sociais
Domínio
Meio
Ambiente
Autoavaliação
da QV GERAL
Ansiedade
Raro ou nunca 34 (66,7) - 16,68±1,4 - - - 16,08±1,3
Poucas vezes 8 (15,7) - 14,27±2,4 - - - 14,22±2,1
Algumas vezes 7 (13,7) - 15,37±1,7 - - - 15,01±1,6
M. vezes e sempre 2 (3,9) - 14,53±3,0 - - - 13,45±2,2
p - 0,0118 - - - 0,0051
Sentimento de solidão
Raro ou nunca 40 (78,4) - 15,83±2,1 16,17±2,5 - - 15,45±1,8
Poucas vezes 6 (11,8) - 15,57±2,1 15,00±1,5 - - 14,91±1,5
Algumas vezes 4 (7,8) - 14,17±1,4 12,67±2,9 - - 12,99±1,0
M. vezes e sempre 1 (2,0)* - - - - - -
p - 0,9182 0,3725 - - 0,588
Alívio
Raro ou nunca 26 (51,0) - 16,43±2,1 - - - 15,84±1,9
Poucas vezes 11 (21,6) - 15,65±1,5 - - - 15,19±1,0
Algumas vezes 11 (21,6) - 14,74±1,5 - - - 14,08±1,6
M. vezes e sempre 3 (5,9) - 13,78±2,7 - - - 14,36±2,4
p - 0,0511 - - - 0,0526
* número de sujeitos insuficiente para análise estatística / Fonte: Produção da autora
Quanto ao alívio foram encontradas diferenças significativas no domínio psicológico
p=0,0511 e geral p=0,0526, indicando escores mais elevados para as professoras que afirmam
raramente ou nunca sentir alívio em decorrência do uso do aplicativo de mensagens
instantâneas WhatsApp®.
Questionadas sobre como avaliam a influência do uso do WhatsApp® sobre a
qualidade de vida 11 (21,6%) professoras colocam que não exerce nenhuma, 21 (41,2%)
apontam que a mesma é pequena, 15 (29,4%) indicam que a influência é mediana e 4 (7,8%)
uma grande influência.
Quando questionadas sobre o tipo de influência exercido pelo WhatsApp® sobre a
qualidade de vida, 8 (15,7%) professoras indicaram que é positiva, 22 (43,1%) colocam ser
mais positiva que negativa, 18 (35,3%) apontam que não exerce influência nem positiva, nem
negativa, 1 (2,0%) indica uma influência mais negativa que positiva e 2 (3,9%) professoras que
a influência é negativa.
A tabela 10 apresenta o resultado da correlação entre a percepção das professoras
sobre a influência e o tipo de influência do aplicativo em sua qualidade de vida e todos os
domínios e escore geral do WHOQOL-Bref.
54
Tabela 10. Influência do aplicativo WhatsApp® e todos os domínios do WHOQOL-Bref.
n (%) Domínio
Físico Domínio
Psicológico
Domínio Relações
sociais
Domínio Meio
Ambiente
Autoavaliação da QV
GERAL
Avaliação da influência do
uso do aplicativo sobre a
qualidade de vida
Nenhuma 11 (26,1) 17,31±2,1 16,5±2,5 17,58±2,2 14,15±2,4 15,09±2,7 16,00±2,0
Pequena 21 (41,2) 16,30±1,7 15,9±1,6 16,10±2,2 14,60±2,0 15,14±2,4 15,61±1,5
Mediana 15 (29,4) 14,62±2,2 14,68±2,2 14,04±2,8 13,16±2,5 13,33±2,9 14,01±1,9
Grande 4 (7,8) 15,88±2,1 16,71±0,5 16,17±1,6 18,88±0,7 15,50±2,2 15,77±0,7
p 0,018 0,11 0,0066 0,26 0,1831 0,0202
Tipo de influência do
uso do aplicativo WhatsApp®
sobre a qualidade de
vida
Positiva 8 (15,7) 16,71±1,2 17,00±0,9 17,25±1,8 14,50±1,7 16,00±1,4 16,09±0,9
Mais positiva que negativa 22 (43,1) 15,72±2,1 15,37±1,7 15,12±2,3 14,24±2,4 14,27±2,9 15,01±1,8
Nem positiva, nem negativa 18 (35,3) 16,15±2,6 15,76±2,3 16,04±3,0 13,90±2,1 14,89±2,3 15,26±2,0
Negativa ou mais negativa 3 (5,9) 15,27±2,3 14,67±4,7 16,00±3,2 13,17±2,9 12,00±3,3 14,46±2,7
p 0,6895 0,2776 0,2194 0,8182 0,1465 0,4901
Fonte: Produção da autora
A maioria das professoras classifica a influência do WhatsApp® sobre sua qualidade de
vida como pequena, entretanto, quando relacionados os dados com o WHOQOL-Bref
encontrou-se diferenças significativas nos domínios físico P=0,018, relações sociais p=0,0066
e geral p=0,0202 apontando para escores mais elevados de qualidade de vida das pessoas que
indicam não existir influência do WhatsApp® sobre a mesma.
Nos domínios físico, relações sociais e geral encontra-se a mesma tendência o fato de
apresentarem diferenças significativas quando comparados os escores entre nenhuma
influência e influência mediana, p=0,0039 no domínio físico e p=0,014 no geral. Entre
nenhuma influência e influência pequena p=0,0451 no domínio relações sociais.
O tipo de influência sobre a qualidade de vida não apresenta diferenças significativas,
quando correlacionada com os domínios do WHOQOL-Bref, embora a influência positiva
apresente escores mais elevados em todos os domínios.
4.2 Discussão
Para compreensão da discussão da pesquisa utilizou-se de um desenho gráfico que
permitia a compreensão com uma lógica de funcionamento, explicitada na figura a seguir:
55
Figura 5. Apresentação gráfica da pesquisa.
Fonte: Produção da autora
MINAYO, HARTZ e BUSS (2000) apontam que a qualidade de vida apresenta aspectos
subjetivos, como o bem-estar e os sonhos pessoais, e objetivos que se referem ao
desenvolvimento social e cultural da comunidade em que está inserido e ter as necessidades
básicas satisfeitas. PEREIRA, TEIXEIRA e SANTOS (2012) indicam esta como sendo uma maneira
holística de definir a qualidade de vida, uma vez que procura entender a multiplicidade de
dimensões abrangidas por seu significado.
O grupo WHOQOL adota uma visão holística quando define qualidade de vida como “a
percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores
nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”
(THE WHOQOL GROUP, 1994, p. 41, apud FLECK et al., 2000, p.179). E foi pautada nela que o
WHOQOL-Bref foi criado.
Analisar a influência
do WhatsApp® na
qualidade de vida
de professores
Cenário do
estudo
Escolas
particulares
Professores do
ensino fundamental I
Referencial
Teórico
Promoção da
Saúde
Qualidade de
vida e saúde
professor
Novas TDICs e
efeitos
TDICs, saúde e
qualidade de vida
Resultados e
discussão
Qualidade de
vida
Domínio Físico
Domínio
Psicológico
Domínio
Meio ambiente
Domínio Relações
sociais
Uso do
WhatsApp® Motivos de uso
Quantidade de
uso
Uso para o
trabalho
Sentimentos e
reações ao uso
Influência do WhatsApp®
na Qualidade de vida
Positiva
Uso ponderado traz
Qualidade de vida
Negativa
Dependência que
gera ansiedade e
distração
56
O instrumento não apresenta uma medida que classifique a qualidade de vida em boa
ou ruim, aponta apenas que quanto maior for o escore, melhor qualidade de vida (FLECK,
2016). Desta mesma maneira, nesta pesquisa, quando apresentados os resultados e
construídas a relação entre os questionários, entendeu-se que os escores mais elevados
indicam melhor qualidade de vida.
Os resultados apontam escores mais elevados nos domínios físico 16,00, psicológico
15,74 e relações sociais 15,83 e menor em meio ambiente 14,10. Semelhantes resultados
foram encontrados por Fleck et al.(2000), quando comparados com os dados de 50 indivíduos
controle daquela pesquisa, domínio físico 16,6, psicológico 15,6, relações sociais 15,5 e meio
ambiente 14,0. O estudo de Fleck et al. (2000), embora seja de uma amostra não constituída
por professores, nem apenas mulheres, serve de referência por tratar da consistência do teste
para avaliação da qualidade de vida, para população brasileira.
Estudos relativos à qualidade de vida de professores apresentam escores mais baixos
nos domínios físico e meio ambiente, sendo este último o de menor escore na maioria dos
estudos e o domínio das relações sociais com os escores mais elevados (DAMASIO; MELO;
SILVA,2013, FERNANDES; ROCHA, 2009, FOLLE; FARIAS, 2012, NEVES, 2008, PENTEADO;
PEREIRA,2007, PEREIRA; TEIXEIRA; LOPES, 2013, PIMENTEL et al. 2016).
No presente estudo, os dados quanto ao domínio meio ambiente também apresentam
a mesma tendência, sendo menor em relação aos demais escores, entretanto no domínio
físico, diferente das outras pesquisas, encontra-se o valor mais elevado. A diferença pode ser
produto das diversas características entre as amostras, uma vez que não foi possível a
comparação com um estudo com professores das séries iniciais do ensino fundamental e de
escolas particulares.
O domínio Meio Ambiente engloba facetas relativas à segurança física e sensação de
proteção, transporte, trânsito, poluição, oportunidade de recreação e aquisição de novas
habilidades, recursos financeiros e disponibilidades de serviços de saúde, estes estudos
(citados acima) apontam estas áreas como deficitárias em várias localidades em que foram
realizados. Penteado e Pereira (2007) reforçam ainda que escores mais baixos no domínio
meio ambiente, podem revelar a desvalorização da carreira docente. Os baixos salários
reduzem os investimentos em crescimento pessoal, momentos de lazer e cultura e
aprimoramento profissional, fatores que acabam interferindo na saúde e qualidade de vida
dos professores.
57
Nesta pesquisa, o escore do domínio relações sociais está também entre os mais
elevados. Pereira, Teixeira e Lopes (2013), argumentam que o apoio social é fundamental para
a saúde docente, podendo inclusive se constituir como fator de proteção para qualidade de
vida. O domínio relações sociais engloba: a satisfação com as relações pessoais, vida sexual e
apoio de familiares, amigos e colegas de trabalho. Estes fatores têm se mostrado como
aspecto positivo da qualidade de vida de professores (FOLLE; FARIAS, 2012, PENTEADO,
PEREIRA, 2007,).
Souto et al. (2016) sugerem que para se considerar uma melhor qualidade de vida os
valores precisam se aproximar de 100, escores superiores a 61 já indicam uma boa qualidade
de vida. No presente estudo, os escores de todos os domínios tem valor acima deste patamar,
indicando a boa qualidade de vida destas professoras.
Não foram apresentadas diferenças significativas quando comparados os escores da
qualidade de vida com as características sociodemográficas, com exceção do nível de
escolaridade, neste os dados apontam para escores mais elevados nos quatro domínios e no
geral para quem tem maior grau de instrução, pós-graduação completa, apresentando no
domínio físico diferença significativa p=0,0223.
Um estudo realizado em Brasília e entorno, conduzido por Gomes, Hamann e Gutierrez
(2014) encontraram níveis de insatisfação com a qualidade de vida em mulheres, maiores de
25 anos, com baixo grau de instrução, sendo seus resultados abaixo em todos os domínios. A
referida pesquisa não foi realizada com uma amostra de professoras.
A faceta relativa a capacidade de trabalho está entre os itens avaliados no domínio
físico, pode-se sugerir que as professoras se sentem mais capacitadas no exercício de suas
funções quando tem a oportunidade de aprimoramento profissional nos cursos de pós-
graduação. Entretanto, este dado precisa ser observado com cautela, uma vez que não há
informações insuficientes para justificá-lo.
Os dados da presente pesquisa apontam o aplicativo WhatsApp® como amplamente
utilizado para compartilhar mensagens, trocar informações e comunicar-se com familiares,
amigos, superiores e colegas de trabalho. Contudo, não apresentam diferenças significativas,
considerando-se o motivo de uso do aplicativo e os escores de qualidade de vida nos
diferentes domínios do WHOQOL-Bref. A grande utilização, está em consonância com os
estudos de Montag et al. (2015) que discutem o uso da ferramenta é responsável 20% do total
de uso dos telefones celulares. Os mesmos autores colocam que por meio do aplicativo os
58
indivíduos podem permanecer conectados o tempo todo, além de ser gratuito, fácil de usar,
estar presente na maior parte do mundo e ser compatível com o sistema operacional da
maioria dos celulares.
Todas das professoras que responderam esta pesquisa, em maior ou menor
intensidade, fazem uso do aplicativo para troca de mensagens sobre saúde. O que reforça seu
potencial na transmissão de informações relevantes para saúde e qualidade de vida. Iriart e
Silva (2015) indicam que a interação com outras pessoas que enfrentam problemas de saúde
semelhantes pode trazer benefícios, uma vez que a troca de experiências causa a sensação de
não estar sozinho e indica novas perspectivas em relação ao prognóstico da doença.
Ampliam esta discussão Paulino et al. (2018), quando colocam que por se tratar de
uma ferramenta que permite a transferência rápida de informações, sejam por textos,
imagens, áudio ou vídeos, o WhatsApp® tem potencial para ajudar no ensino em saúde.
Em estudo realizado com pacientes asmáticos sobre o uso e potencial das redes sociais
como fonte de informação sobre a doença, Calderón et al. (2017) ressaltam a importância do
WhatsApp® para comunicação, principalmente entre os mais jovens. Este grupo de
pesquisadores da América Latina encontram diferenças significativas na preferência do
aplicativo quando comparado a outros canais de comunicação entre os jovens e os que
possuem alto nível de escolaridade.
Lima et al. (2018) em seus estudos reforçam ser importante para os pacientes receber
apoio emocional e informações confiáveis. Mostram que por meio do WhatsApp®, como linha
direta entre pacientes e equipe de saúde, proporcionaram aos pacientes sentiram-se
acompanhados, mais confiante frente as dificuldades da doença e do tratamento, além de
terem a oportunidade de compartilhar suas conquistas, por sua vez os profissionais
incentivaram os hábitos saudáveis e mais controle sobre a evolução do caso.
Welch et al. (2016) mostram que as redes sociais efetivamente contribuem para
interação e transmissão das informações sobre saúde. Entretanto apontam que tanto efeitos
positivos como negativos foram encontrados sobre o comportamento dos indivíduos em
relação a este grupo de informações. O que indica a necessidade de estudos mais
aprofundados sobre a influência destas tecnologias sobre a saúde e como seus eleitos
positivos podem ser potencializados.
Retomando os objetivos desta pesquisa, outras informações gerais sobe o uso do
aplicativo, tais como: frequência diária, a necessidade de uso e a distração provocada pelo
59
WhatsApp® foram analisadas em relação aos domínios do WHOQOL-Bref, para analisar a
influência do aplicativo sobre a qualidade de vida.
As professoras que indicam usar o aplicativo com mais frequência durante o dia e
aquelas que sentem seu uso como uma necessidade moderada (representada pela resposta
muitas vezes) apresentaram escores mais elevados de qualidade de vida em diferentes
domínios do WHOQOL-Bref. Por outro lado, para aquelas que o uso distrai a atenção ou
deixaram de fazer coisas importantes por estarem no WhatsApp® os escores da qualidade de
vida são menores.
Tais dados reforçam a ideia de King e Nardi (2014) quando colocam que a mobilidade,
flexibilidade e conveniência trazidas pelas tecnologias, incluindo as redes sociais virtuais, são
essenciais para vida moderna, pela autonomia e liberdade que proporcionam, entretanto, seu
uso abusivo pode levar à dependência o que prejudica, em vários aspectos a qualidade de
vida.
Para Grossi et al. (2014) atualmente, pelas características desta sociedade imersa nas
tecnologias de comunicação, grande valor é atribuído à informação, seu acesso, divulgação e
compartilhamento, assim os indivíduos procuram maneiras de estar conectados todo tempo.
Dentro deste contexto, os autores, colocam que as redes sociais se tornaram imprescindíveis
e cada vez mais tem se tornado hábito das pessoas a participação cotidiana nelas.
Campos et al. (2015) em um estudo com um grupo de universitários, no México,
concluíram que o WhatsApp® era a preferência de uso dos alunos, para comunicação mediada
por redes sociais. Para os autores isso reforça a ideia de que tecnologias que se mostrem úteis
e de fácil acesso, que contribuam para comunicação habitual dos indivíduos, serão
amplamente usadas, como o aplicativo em questão.
Os resultados desta pesquisa também apontam para associações positivas entre a
relatada melhoria na comunicação com os amigos e colegas de trabalho e a qualidade de vida.
Relacionando-se com os outros e com o meio que se adquire as aptidões técnicas e de
comunicação. Vive-se hoje uma nova forma de convívio, existe uma mudança, mas o objetivo
continua sendo manter contato com os outros seres humanos. A comunicação com as outras
pessoas é o objetivo principal de quem utiliza a internet, e por consequência as redes sociais
(HONORATO, 2014).
Os dados deste trabalho ainda relacionados às relações sociais e emocionais a maioria
das professoras relatou que o WhatsApp® não provoca o sentimento de solidão com escores
60
mais elevados os todos os domínios. Quando perguntadas se o uso do aplicativo faz com que
se sintam importantes, as que responderam ‘poucas vezes’ apresentaram escore maior no
domínio psicológico. Os dados apontam para a relevância do aplicativo nos relacionamentos
interpessoais e consequentemente na qualidade de vida.
Campos et al. (2015) enfatizam que os seres humanos, como seres sociais, requerem
o auxílio e a coparticipação de seus pares nas diferentes dificuldades e necessidades que
encontram no seu dia-a-dia, isso demanda estar em contato e interagindo. Nas ações
comunicativas, todos participam da produção coletiva de conhecimentos, e podem, desde que
conectados, compartilhar experiências, emoções, informações e saberes (GROSSI et al., 2014).
Em consonância, Shimizu et al. (2011) entendem que ausência de comunicação e apoio
dos colegas, em especial no ambiente de trabalho, levam à sensação de prolongamento da
fadiga, que pode acarretar outros problemas emocionais. Segundo eles, a comunicação eficaz
é imprescindível para melhora e manutenção das relações interpessoais e da qualidade de
vida.
Pereira et al. (2014) entendem que quando as relações com os pares e superiores são
amistosas, podem ser associadas à sensação de maior suporte nas questões técnicas e
emocionais que envolvem o trabalho, o que aumenta a percepção sobre a qualidade de vida.
Os autores colocam ainda que apoio entre as equipes de trabalho parecem tornar a atmosfera
da escola mais favorável aos afazeres, devendo ser incentivado.
No estudo em questão, as respondentes que se incomodaram poucas vezes quando
recebiam assuntos de trabalho no aplicativo e aquelas que responderam raramente ou nunca
sobre o WhatsApp® provocar a sensação de não parar de trabalhar tiveram escores mais
elevados no domínio psicológico, indicando melhor qualidade de vida neste aspecto.
Sendo assim, os dados apresentados possibilitam discutir que mesmo sendo uma
importante ferramenta de apoio social e técnico, dando suporte nas questões relacionadas ao
trabalho, seu uso precisa ser ponderado, pois tanto a sensação de não parar de trabalhar,
quanto um incômodo maior em relação a este tipo de assunto no aplicativo indicam uma
influência que pode contribuir negativamente para a qualidade de vida.
Achados neste mesmo sentido, por Pahwa, Lunsford e Livesley (2018) em um estudo
com o objetivo de analisar o uso do WhatsApp® em uma equipe de saúde durante um
treinamento, concluíram que além de facilitar a comunicação, se mostrou útil na identificação
e análise dos problemas favorecendo o treinamento como um todo. Os autores deixam claro
61
que o uso da ferramenta precisa ser discutido e estabelecido os parâmetros com toda equipe.
Dois pontos importantes foram levantados: (1) o excesso de informações pode trazer
sobrecarga e evitar que sejam devidamente analisadas e absorvidas e (2) a sensação da
necessidade de estar sempre envolvido e engajado no trabalho pode gerar conflitos entre a
vida pessoal e profissional. Tais situações precisam ser trabalhadas com a equipe.
No que diz respeito à aspectos da saúde mental das professoras deste estudo, quando
perguntadas sobre se sentem incômodo ao perceber que sua mensagem foi lida e não
respondida instantaneamente e se sentem obrigação em responder de imediato as recebidas,
a qualidade de vida foi associada positivamente para poucas vezes. As professoras que
relatam que o uso do aplicativo não provoca nelas ansiedade, nem alívio apresentam escores
mais elevados no domínio psicológico, tais dados reforçam a proposta de um uso consciente
do aplicativo.
Neste mesmo sentido, King e Nardi (2014), argumentam que a tecnologia traz uma
mobilidade e causa um impacto no cotidiano ao qual não se pode ser indiferente, mas, por
outro lado, a ansiedade, a angústia e o nervosismo podem ser indicadores de dependência
patológica, caracterizada pela dificuldade de controle e o desconforto excessivo de ficar sem
acesso à internet ou não ser respondido instantaneamente. É preciso ter em mente que a
velocidade e fluidez da comunicação produzirão consequências, positivas e negativas, que em
algum momento precisarão ser encaradas, assim é importante que as atitudes virtuais sejam
analisadas sempre.
Para a pergunta que abordou diretamente o tema desta pesquisa: “Qual a influência
do WhatsApp® na sua qualidade de vida? ” A maioria das professoras relatou que ela existe,
21 (41,2%) relatou que é pequena, 15 (29,4%) mediana e 4 (7,8%) que é grande.
Quando perguntadas sobre o tipo de influência sobre a qualidade de vida não
apresenta diferenças significativas. A maioria 58,8 % relata influência positiva ou mais positiva
que negativa. Aquelas que indicam que a influência é positiva apresentam escores mais
elevados em todos os domínios.
Por toda a discussão realizada aqui, imersos em uma cultura em o uso do aplicativo
que chega a 1,5 bilhões de usuários ativos por mês (SOARES, 2018), é importante a indicação
que as professoras percebam a influência positiva do aplicativo sobre sua qualidade de vida.
O que está em conformidade com Church e Oliveira (2013), em um estudo que
compara a utilização do WhatsApp® com o SMS (em inglês: Short Message Service) serviço
62
mensagens de texto curtos, através de telefones celulares, colocam que o WhatsApp® tem
como vantagens: (1) a relação custo benefício, (2) é instantâneo, (3) o fato dos amigos usarem,
(4) a possibilidade de mensagens para um grupo ou grupos ao mesmo tempo, (5) sensação de
privacidade em relação a outras redes sociais.
Os dados deste estudo apontam melhores escores para a qualidade de vida quando
associados a um uso moderado do WhatsApp®, como por exemplo, em alguns momentos
sentir que o uso é necessário, causar um pouco incômodo quando não é respondido de
imediato, não se sentir obrigado a responder de imediato todas as vezes, sentir-se um pouco
desconfortável com o uso para o trabalho, não deixar de fazer alguma coisa importante por
causa do aplicativo e quando raramente distrai a atenção. Desta forma, permite-se sugerir
que o uso desta ferramenta, desde que realizada de forma ponderada, pode contribuir para a
qualidade de vida das professoras.
O que está descrito na literatura cientifica, como fundamental buscar o
desenvolvimento de bons hábitos, compreendendo os limites entre o uso e o abuso das
tecnologias e suas consequências, de forma que seus benefícios sejam potencializados e não
tragam prejuízos à vida, às relações e ao planeta. “O importante é procurarmos manter uma
relação saudável e comedida com todos estes aparatos tecnológicos do cotidiano, procurando
evitar consequências nocivas e usufruindo com sabedoria de tudo de bom que nos
proporcionam” (KING; NARDI, 2014, p.38).
63
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizando este trabalho retoma-se a questão que o conduziu: O uso de um aplicativo
de mensagens instantâneas (WhatsApp®) influencia na qualidade de vida das professoras do
ensino fundamental I? Essa influência é positiva ou negativa?
Realizadas a pesquisa e análise dos dados foram encontrados elementos para
confirmar a hipótese inicial, de que sim, o WhatsApp® pode exercer influência sobre a
qualidade de vida das professoras. No entanto, esta influência pode ser negativa ou positiva
dependendo do uso que se faz e das reações emocionais que ele provoca no indivíduo. Sua
influência é positiva quando o uso é consciente, e negativa quando gera ansiedade ou
distração, que atrapalham o cotidiano.
A quadro 5 apresenta estas influências com base nos resultados significativos:
Quadro 5. Influência do WhatsApp® sobre a qualidade de vida de professoras do
ensino fundamental 1.
Influência do WhatsApp® na Qualidade de Vida do Grupo Estudado
Positivas Negativas
Usar com frequência durante o dia; Sentir de forma moderada o uso é uma
necessidade; Melhora a comunicação com os amigos
e colegas de trabalho; Sentir um pouco de incômodo com o
fato de não ser respondido de imediato no aplicativo;
Sentir-se poucas vezes obrigado a ler e responder de imediato as mensagens;
Sentir um pouco de incômodo quando o aplicativo é usado para assuntos de trabalho;
Se não provoca sentimento de solidão; Sentir-se poucas vezes importante; Quando sua influência é pouco
percebida sobre a qualidade de vida.
Se deixar de fazer alguma coisa importante por estar usando o aplicativo;
Ao distrair a atenção; Quando provoca a sensação de não
parar de trabalhar; Ao provocar ansiedade; Depender do WhatsApp® para sentir
alívio.
Fonte: Produção da autora
Destaca-se ainda o potencial do uso para promoção da saúde, ampliando as
oportunidades na comunicação entre pacientes e equipes de saúde, como instrumento para
transmissão de conhecimentos, garantindo melhor o círculo de informações nas equipes de
saúde e de formação continuada de profissionais da área. Estudos precisam ser realizados
pelas implicações éticas destas questões, mas se constitui um campo vasto de possibilidades.
64
Considera-se como limitações deste estudo o tamanho da amostra, o que não permite
fazer generalizações e somente o uso instrumentos quantitativos autoaplicáveis que limitam
análises mais aprofundadas. Sugere-se pesquisas quantitativas e qualitativas em amostras
maiores.
Conclui-se este trabalho vislumbrando um vasto campo de estudo sobre as influências
das tecnologias digitais de informação e comunicação, em constante evolução, cotidiano e
qualidade de vida dos seres humanos e como podemos potencializar seus benefícios a fim de
serem instrumentos úteis para a preservação e promoção da saúde. Que este tenha sido um
passo nesta direção.
65
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70
7 APÊNDICES
Apêndice 1: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
Apêndice 2: Questionário sobre uso do aplicativo de mensagens instantâneas (WhatsApp®)
Apêndice 3: Autorização para Pesquisa
71
APÊNDICE 1: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
O(a) Sr.(a) está sendo convidado(a) a participar da pesquisa: “USO DE APLICATIVO DE MENSAGENS
INSTANTÂNEAS (WHATSAPP®®) E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA QUALIDADE DE VIDA EM PROFESSORAS DE ENSINO
FUNDAMENTAL”, de responsabilidade de Viviane Ramos de Sousa, mestranda do curso de Mestrado Profissional
de Promoção da Saúde do UNASP, sob a supervisão da Profª Drª Elisabete Agrela de Andrade, docente do curso
de Mestrado em Profissional da Promoção da Saúde do UNASP, que têm como objetivo analisar a influência do
uso de aplicativo de mensagens instantâneas (WhatsApp®®) na qualidade de vida de professoras de ensino
fundamental 1 (1º ao 5º ano). Seus dados serão mantidos em sigilo com as pesquisadoras. Você está recebendo
dois questionários autoaplicáveis, abordando os aspectos sócio demográficos, de uso do aplicativo e sobre a sua
qualidade de vida, que deverá respondê-lo e retorná-lo às pesquisadoras.
O risco pela participação nesta pesquisa é mínimo, decorrente de possibilidade de desconforto pelo
tempo necessário para o preenchimento do questionário, pela reflexão sobre o uso do aplicativo WhatsApp® ou
aspectos de sua qualidade de vida. O benefício decorrente da sua participação é indireto: fornecerá informações
úteis e importantes para o estudo da qualidade de vida de professores e os fatores que a influenciam. Caso você
tenha qualquer dúvida a respeito desta pesquisa, você poderá solicitar esclarecimentos às pesquisadoras. A
participação do Sr.(a) nessa pesquisa não é obrigatória e o Sr.(a) pode desistir a qualquer momento, retirando
seu consentimento sem ser prejudicado por isso. O Sr.(a) também não receberá qualquer compensação
financeira pela participação no estudo, nem tampouco haverá custos. Os resultados da pesquisa serão
divulgados de forma anônima, e serão guardados com as pesquisadoras de forma confidencial.
Qualquer questão, dúvida, esclarecimento ou reclamação sobre os aspectos éticos dessa pesquisa, favor
entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa o do UNASP, pelo telefone (11) 2128-6225, ou pelo e-mail
[email protected]. Ou com a Profa. Dra. Elisabete Agrela de Andrade ([email protected]) ou
mestranda Viviane Ramos de Sousa ([email protected]).
______________________ _________________________________
Viviane Ramos de Sousa Profa. Dra. Elisabete Agrela de Andrade
Diante do exposto, eu, __________________________________________________, concordo em
participar da pesquisa, e estou ciente de que terei uma cópia deste termo.
Assinatura: _______________________________________________________
São Paulo, ____________/ _______________/ 2017.
72
APÊNDICE 2: Questionário sobre uso do aplicativo de mensagens instantâneas
(WhatsApp®)
Por favor responda a todas as questões. Marque “X” em apenas uma resposta de cada questão. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Seus dados serão mantidos em sigilo.
Nome: ____________________________________________________________ 1. Idade: ____________ 2. Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
3. Nível de escolaridade: ( ) Ensino Médio ( ) Superior Completo – Curso: ____________________________ ( ) Superior Incompleto – Curso: ___________________________ ( ) Pós- Graduação Completa – Curso: _______________________ ( ) Pós- Graduação Incompleta – Curso: ______________________
4. Estado Civil: ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ou União estável ( ) Divorciado(a) ou Separado(a) ( ) Viúvo(a)
5. Há quanto tempo você é professor (a)?
Menos de 1 ano ( ) De 1 a 5 anos ( ) De 6 a 10 anos ( ) De 11 a 15 anos ( ) Mais de 15 anos ( )
6. Período de trabalho:
Um período manhã ou tarde ( )
Dois períodos, manhã e tarde, em uma escola ( )
Dois períodos, manhã e tarde, em duas escolas ( )
Dois períodos, um em escola e um em outro ramo de atividade ( )
Mais de dois períodos em escolas ou atividades diferentes ( )
7. Você utiliza o aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp®? ( ) Sim ( ) Não
Raramente ou nunca
Muito pouco
Algumas vezes
Muitas vezes
Sempre
8. Você usa o WhatsApp® para compartilhar mensagens sobre saúde?
9. Você usa o WhatsApp® para compartilhar mensagens motivacionais?
10. Você usa o WhatsApp® para trocar informações sobre o trabalho?
11. Você usa o WhatsApp® para trocar informações com seus superiores?
12. Você usa o WhatsApp® para comunicar-se com colegas de trabalho?
13. Você usa o WhatsApp® troca de mensagens de fatos cotidianos com a família?
14. Você usa o WhatsApp® troca de mensagens de fatos cotidianos com amigos?
15. Com que frequência você usa o WhatsApp® durante o dia?
16. Para você usar o WhatsApp® é uma necessidade?
17. Você acessa o WhatsApp® quando está no trabalho?
73
18. Você acessa o WhatsApp® quando está dirigindo?
Raramente ou nunca
Muito pouco
Algumas vezes
Muitas vezes
Sempre
19. Você participa de grupos no WhatsApp®?
20. Você usa o WhatsApp® na companhia de amigos e/ou familiares?
21. Você deixou de fazer alguma coisa importante por estar usando o WhatsApp®?
22. Você se sente incomodado quando percebe que alguém leu e não respondeu de imediato sua mensagem via WhatsApp®?
23. Você se sente incomodado quando percebe que o aplicativo é usado para o assuntos de trabalho?
24. Você se sente desconfortável quando recebe mensagens de trabalho fora do horário comercial?
25. Você se sente obrigado a ler e responder de imediato as mensagens que recebe via WhatsApp®?
26. Você se sente desconfortável quando as mensagens indicam que as pessoas têm atividades que você julga mais interessantes que as suas?
27. Você sente que o uso do WhatsApp® distrai sua atenção?
28. Você se sente importante quando recebe mensagens via WhatsApp®?
29. Você sente que o WhatsApp® contribui com sua autoestima?
O uso do WhatsApp®, provoca em você: Raramente ou nunca
Muito pouco
Algumas vezes
Muitas vezes
Sempre
30. Irritação?
31. Ansiedade?
32. Sensação perda da privacidade?
33. Angústia?
34. Alívio?
35. Medo?
36. Sentimento de solidão?
37. Sensação que não parar de trabalhar?
38. Sensação de estar sempre acompanhado?
39. Satisfação?
40. Sensação de pertencer a um grupo?
Usar o WhatsApp® contribui com: Raramente ou nunca
Muito pouco
Algumas vezes
Muitas vezes
Sempre
41. Sua comunicação com a família?
42. Sua comunicação com amigos?
43. Sua comunicação com superiores?
74
44. Sua comunicação com colegas do trabalho?
45. Sua comunicação com pais de alunos?
46. Seus momentos de lazer?
Nenhuma Pequena Mediana Grande Muito
Grande
47. Você avalia que o uso do WhatsApp® tem influência na sua qualidade de vida?
Positiva Mais
positiva que negativa
Nem positiva,
nem negativa
Mais negativa
que positiva Negativa
48. Como você avalia o tipo de influência do WhatsApp® sobre sua qualidade de vida?
75
APÊNDICE 3: Termo de Autorização para Pesquisa
76
8 ANEXOS
Anexo 1: Questionário de Avaliação de Qualidade de Vida WHOQOL-Bref
Anexo 2: Parecer do Comitê de Ética UNASP - nº 2.066.493
77
ANEXO 1: Questionário de Avaliação de Qualidade de Vida WHOQOL-bref
The World Health Organization Quality of Life – WHOQOL-bref
Instruções
Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por favor responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada.
Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha. Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como como referência as duas últimas semanas. Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma questão poderia ser:
nada muito pouco médio muito completamente
Você recebe dos outros o apoio de que necessita?
1 2 3 4 5
Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o apoio de que necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve circular o número 4 se você recebeu "muito" apoio como abaixo.
nada Muito pouco médio muito completamente
Você recebe dos outros o apoio de que necessita?
1 2 3
5
Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor resposta.
muito ruim Ruim nem ruim nem
boa boa muito boa
1 Como você avaliaria
sua qualidade de vida? 1 2 3 4 5
muito
insatisfeito Insatisfeito
nem satisfeito nem insatisfeito
satisfeito muito
satisfeito
2 Quão satisfeito(a)
você está com a sua saúde?
1 2 3 4 5
As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.
nada muito pouco
mais ou
menos bastante extremamente
3 Em que medida você acha que sua dor (física)
impede você de fazer o que você precisa? 1 2 3 4 5
4 O quanto você precisa de algum tratamento
médico para levar sua vida diária? 1 2 3 4 5
5 O quanto você aproveita a vida? 1 2 3 4 5
6 Em que medida você acha que a sua vida tem
sentido? 1 2 3 4 5
7 O quanto você consegue se concentrar? 1 2 3 4 5
8 Quão seguro(a) você se sente em sua vida
diária? 1 2 3 4 5
9 Quão saudável é o seu ambiente físico (clima,
barulho, poluição, atrativos)? 1 2 3 4 5
78
As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.
nada muito pouco
médio muito completamente
10 Você tem energia suficiente para seu dia-a-dia? 1 2 3 4 5
11 Você é capaz de aceitar sua aparência física? 1 2 3 4 5
12 Você tem dinheiro suficiente para satisfazer
suas necessidades? 1 2 3 4 5
13 Quão disponíveis para você estão as
informações que precisa no seu dia-a-dia? 1 2 3 4 5
14 Em que medida você tem oportunidades de
atividade de lazer? 1 2 3 4 5
As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.
muito ruim ruim nem ruim nem bom
bom muito bom
15 Quão bem você é capaz de se
locomover? 1 2 3 4 5
muito
insatisfeito Insatisfeito
nem satisfeito nem
insatisfeito satisfeito
Muito satisfeito
16 Quão satisfeito(a) você está
com o seu sono? 1 2 3 4 5
17
Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade de
desempenhar as atividades do seu dia-a-dia?
1 2 3 4 5
18 Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade para o
trabalho? 1 2 3 4 5
19 Quão satisfeito(a) você está
consigo mesmo? 1 2 3 4 5
20
Quão satisfeito(a) você está com suas relações pessoais
(amigos, parentes, conhecidos, colegas)?
1 2 3 4 5
21 Quão satisfeito(a) você está
com sua vida sexual? 1 2 3 4 5
22
Quão satisfeito(a) você está com
o apoio que você recebe de seus amigos?
1 2 3 4 5
23
Quão satisfeito(a) você está com
as condições do local onde mora?
1 2 3 4 5
24
Quão satisfeito(a) você está com o
seu acesso aos serviços de saúde?
1 2 3 4 5
25 Quão satisfeito(a) você está
com o seu meio de transporte?
1 2 3 4 5
79
As questões seguintes referem-se a com que frequência você sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas duas semanas.
nunca Algumas
vezes frequentemente
muito frequentemente
sempre
26
Com que frequência você tem sentimentos negativos tais
como mau humor, desespero, ansiedade, depressão?
1 2 3 4 5
Alguém lhe ajudou a preencher este questionário? ..................................................................
Quanto tempo você levou para preencher este questionário? ..................................................
Você tem algum comentário sobre o questionário?
OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO
80
APÊNDICE 3: Termo de Autorização para Pesquisa
81
ANEXO 2: Parecer do Comitê de Ética UNASP - nº 2.066.493
82
83