16
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, Ciências Naturais, Belém, v. 1, n. 3, p. 11-26, set-dez. 2006 11 Uso de plantas medicinais pela comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará Use of medicinal plants by the Enfarrusca community in Bragança, Pará Jussara Costa de Freitas I Marcus Emanuel Barroncas Fernandes I Resumo: A Etnobotânica enfoca a forma como diferentes grupos humanos interagem com a vegetação. O presente estudo foi realizado na comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará, com o objetivo de documentar a importância da utilização das espécies de plantas medicinais locais. A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2004 e junho de 2005. Foram aplicados 47 questionários através da Técnica de ‘Listagem Livre’ (entrevistas através de questionários estruturados) e da Técnica de Check List (lista de plantas inventariadas). Para todas as espécies de plantas medicinais do inventário previamente realizado pelo Projeto Manejo de Capoeira, foram coletados exemplares para a produção de exsicatas, as quais estão depositadas no herbário da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) Oriental, Belém, Pará. A maioria dos entrevistados nasceu e reside em Enfarrusca e possui como atividade principal a agricultura. As 28 espécies de plantas medicinais utilizadas nessa comunidade parecem ser úteis como método paliativo contra doenças ditas ‘leves’. As cascas e folhas das plantas foram as partes mais utilizadas na preparação de remédios caseiros, sendo úteis em diversas técnicas de tratamento, como fricção, emplastro, chá, banho e asseio. O conhecimento sobre essas plantas e seus procedimentos terapêuticos é transmitido em nível familiar, principalmente pelos pais. Tal sistema terapêutico comunitário encontrado em Enfarrusca é basicamente sincrético, misturando elementos da cultura indígena e européia. Uma vez alcançado o conhecimento, ele pode trazer resultados práticos, fornecendo uma base para a implantação de sistemas de saúde mais adaptados à cultura e às condições da região. Palavras-chave: Etnobotânica. Plantas medicinais. Comunidade de Enfarrusca. Bragança. Pará. Abstract: The Ethnobotany focalizes the way how different human groups interact with vegetation. The current study was carried out at the community of Enfarrusca, Bragança, Pará, aiming to register the importance of utilization of local medicinal plant species. Data colletcion occurred between November, 2004 and June, 2005. Fourty-seven questionaries were applied by using two different techniques: ‘Listagem Livre’ (enterview by structured questionaries) and ‘Check List’ (list of inventoryed plants). For all medicinal plant species from the inventory previously carried out by the project Projeto Manejo de Capoeira speciemens to produce exsicatas were collected, which are deposited at the herbarium of EMBRAPA Oriental, Belém, Pará. Most of interviewees were born and live at Enfarrusca, and has agriculture as the main activity. The 28 species of medicinal plants used by this community seem to be useful as palliative method against diseases called ‘not serious’. Barks and leaves were the parts of the plants more used in the preparation of homemade medicines, that are useful in many different treatment techniques, such as: ‘fricção’, ‘emplastro’, tea, ‘banho’ and ‘asseio’. The knowledge on these plants and their therapeutical procedures is transmitted at familiar level, mainly by parents. Such a therapeutical system found at Enfarrusca is basically syncretic, mixing elements from indigenous and European cultures. Once the knowledge is reached, it can bring practical results, giving a basis to implement healthy systems more adapted to the culture and conditions of the region. Keywords: Ethnobotany. Medicinal plants. Community of Enfarrusca. Bragança. Pará. I Universidade Federal do Pará. Campus de Bragança. Instituto de Estudos Costeiros. Laboratório de Ecologia de Manguezal. Bragança, Pará, Brasil ([email protected]) ([email protected]).

Uso de plantas medicinais pela comunidade de Enfarrusca ...scielo.iec.gov.br/pdf/bmpegcn/v1n3/v1n3a02.pdf · da Técnica de Check List (lista de plantas inventariadas). Para todas

Embed Size (px)

Citation preview

Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, Ciências Naturais, Belém, v. 1, n. 3, p. 11-26, set-dez. 2006

11

Uso de plantas medicinais pela comunidade de Enfarrusca, Bragança, ParáUse of medicinal plants by the Enfarrusca community in Bragança, Pará

Jussara Costa de Freitas I

Marcus Emanuel Barroncas Fernandes I

Resumo: A Etnobotânica enfoca a forma como diferentes grupos humanos interagem com a vegetação. O presente estudofoi realizado na comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará, com o objetivo de documentar a importância da utilizaçãodas espécies de plantas medicinais locais. A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2004 e junho de 2005. Foramaplicados 47 questionários através da Técnica de ‘Listagem Livre’ (entrevistas através de questionários estruturados) eda Técnica de Check List (lista de plantas inventariadas). Para todas as espécies de plantas medicinais do inventáriopreviamente realizado pelo Projeto Manejo de Capoeira, foram coletados exemplares para a produção de exsicatas,as quais estão depositadas no herbário da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) Oriental, Belém,Pará. A maioria dos entrevistados nasceu e reside em Enfarrusca e possui como atividade principal a agricultura. As 28espécies de plantas medicinais utilizadas nessa comunidade parecem ser úteis como método paliativo contra doençasditas ‘leves’. As cascas e folhas das plantas foram as partes mais utilizadas na preparação de remédios caseiros, sendoúteis em diversas técnicas de tratamento, como fricção, emplastro, chá, banho e asseio. O conhecimento sobre essasplantas e seus procedimentos terapêuticos é transmitido em nível familiar, principalmente pelos pais. Tal sistematerapêutico comunitário encontrado em Enfarrusca é basicamente sincrético, misturando elementos da cultura indígenae européia. Uma vez alcançado o conhecimento, ele pode trazer resultados práticos, fornecendo uma base para aimplantação de sistemas de saúde mais adaptados à cultura e às condições da região.

Palavras-chave: Etnobotânica. Plantas medicinais. Comunidade de Enfarrusca. Bragança. Pará.

Abstract: The Ethnobotany focalizes the way how different human groups interact with vegetation. The current study wascarried out at the community of Enfarrusca, Bragança, Pará, aiming to register the importance of utilization of localmedicinal plant species. Data colletcion occurred between November, 2004 and June, 2005. Fourty-seven questionarieswere applied by using two different techniques: ‘Listagem Livre’ (enterview by structured questionaries) and ‘CheckList’ (list of inventoryed plants). For all medicinal plant species from the inventory previously carried out by the projectProjeto Manejo de Capoeira speciemens to produce exsicatas were collected, which are deposited at the herbariumof EMBRAPA Oriental, Belém, Pará. Most of interviewees were born and live at Enfarrusca, and has agriculture as themain activity. The 28 species of medicinal plants used by this community seem to be useful as palliative method againstdiseases called ‘not serious’. Barks and leaves were the parts of the plants more used in the preparation of homemademedicines, that are useful in many different treatment techniques, such as: ‘fricção’, ‘emplastro’, tea, ‘banho’ and‘asseio’. The knowledge on these plants and their therapeutical procedures is transmitted at familiar level, mainly byparents. Such a therapeutical system found at Enfarrusca is basically syncretic, mixing elements from indigenous andEuropean cultures. Once the knowledge is reached, it can bring practical results, giving a basis to implement healthysystems more adapted to the culture and conditions of the region.

Keywords: Ethnobotany. Medicinal plants. Community of Enfarrusca. Bragança. Pará.

I Universidade Federal do Pará. Campus de Bragança. Instituto de Estudos Costeiros. Laboratório de Ecologia de Manguezal.Bragança, Pará, Brasil ([email protected]) ([email protected]).

12

Uso de plantas medicinais pela comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará

INTRODUÇÃO

Os estudos etnobotânicos, com ênfase no aspectomedicinal, vêm sendo bastante enfatizados naAmazônia brasileira, pois ressaltam a importânciacultural e o significado das plantas medicinais na vidados povos (RIOS, 2002). Begossi, Hanazaki e Silvano(2002) ressaltam que os estudos etnobotânicoscontribuem, em especial, para o desenvolvimentoplanejado da região onde os dados foram coletados.

As plantas medicinais, na região amazônica, são oprincipal meio de tratamento de doenças para amaioria das populações pobres devido às influênciasculturais e ao custo proibitivo dos produtosfarmacêuticos. Para um grande número de pessoaspobres da zona rural e urbana nessa região, as plantasmedicinais oferecem o único meio de tratamentodisponível, tanto para as doenças menos graves quantopara as mais sérias (ELISABETSKY; WANNAMACHE,1993). Embora as plantas medicinais sejam colocadasem evidência pelos meios de comunicação e usadaspor milhões de brasileiros, surpreendentemente hápoucas pesquisas de campo sobre sua ecologia. Poroutro lado, a literatura etnobotânica produzida naregião amazônica inclui uma série de estudos botânicose bioquímicos sobre essas plantas (ALBUQUERQUE,1989; SCHULTES; RAFFAUF, 1990; BERG, 1993;DUKE; VASQUEZ, 1994), incluindo o trabalhorealizado por Coelho-Ferreira (2000) na costa lestedo estado do Pará.

Nos últimos anos, numerosas investigaçõesetnobotânicas, que priorizam os inventários de plantasúteis, foram realizadas no intuito de estudar asrelações entre as plantas e a cultura, além depromover interpretações sobre o impacto dessasplantas na cosmovisão da sociedade e na suaeconomia (ESTRELLA; CRESPO, 1993).

Em todos os países e sistemas de saúde, é freqüenteo uso de plantas ou de seus princípios ativos na áreaterapêutica. A identificação do valor curativo dessasplantas acrescenta muitas informações para o saber

médico tradicional, que igualmente tem sido a fontepara a investigação fitoquímica por meio daidentificação dos princípios ativos e, em alguns casos,do desenvolvimento de novas drogas (ESTRELLA;CRESPO, 1993).

De acordo com Rios (2002), a capoeira ou sucessãosecundária, do ponto de vista do uso de recursosvegetais, parecia ser um ‘primo pobre’ no universoda riqueza dos ecossistemas da Amazônia. A autoraainda enfatiza que a partir da década de 1980, como incremento da pesquisa em etnobotânica no nortedo Brasil, foi constatado o quanto as plantas dacapoeira oferecem benefícios às populações rurais,especialmente àquelas que manejam essesecossistemas para o seu uso. Tal constatação trouxeà luz a necessidade imperiosa de conservação ascapoeiras, já que muitos grupos indígenas ecomunidades de pequenos agricultores encarregaram-se de conferir-lhe um status de utilidade, até entãopouco conhecido pela comunidade científica. Alémdo mais, existem evidências arqueológicas e ecológicasde que as capoeiras, na Amazônia, têm sido altamentevalorizadas, uma vez que essas florestas secundáriassão capazes de produzir produtos vegetais que auxiliamna subsistência das populações humanashistoricamente residentes na região. Assim, o objetivodo presente trabalho é documentar o uso e aimportância das espécies de plantas medicinaisoriundas das matas de capoeira pelos moradores dacomunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

O estudo foi realizado na comunidade de Enfarrusca,localizada nas coordenadas geográficas (01º07’37,6”S 46º41’70,4” W), a 13 km do município deBragança, Pará (Figura 1). O clima da região bragantinaé equatorial superúmido, com temperatura médiaanual de aproximadamente 26ºC, umidade relativado ar variando entre 80 e 91% e pluviosidade anual

Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, Ciências Naturais, Belém, v. 1, n. 3, p. 11-26, set-dez. 2006

13

de 3.000 mm (MARTORANO et al., 1993).Predominam nessa região os seguintes tipos devegetação: floresta de terra firme, representadas emsua maioria pelas capoeiras; florestas de mangue; ecampos naturais (IDESP, 1977).

A comunidade de Enfarrusca

De acordo com os informantes Sr. Antônio Assunçãoe Sr. Henrique Assunção, Enfarrusca é uma dascomunidades mais antigas de Bragança e teve comoseu primeiro habitante, em 1905, um agricultorchamado Antonio Regino de Assunção que,juntamente com sua família, vivia da agricultura desubsistência. Hoje, essa comunidade possui um total

de 60 unidades domésticas, ocupadas por famíliascuja economia baseia-se principalmente no cultivode milho, mandioca e feijão, sendo os dois últimosprodutos o objetivo da associação dos agricultoresem promover uma produção rentável às famíliaslocais. Em termos de desenvolvimento, Enfarruscapossui uma escola de ensino fundamental (EscolaMunicipal Camila Assunção), uma igreja católica, luzelétrica, água encanada e um campo de futebol,embora não exista posto de saúde.

Levantamento etnobotânico

O trabalho de campo foi realizado entre os mesesde novembro de 2004 e junho de 2005 e baseou-se

Figura 1. Mapa localizando a comunidade de Enfarrusca, no município de Bragança, Pará. Fonte: Laboratório de SensoriamentoRemoto, Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).

14

Uso de plantas medicinais pela comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará

em informações sobre o uso de plantas medicinaise a produção de exsicatas, de acordo com o métododescrito por Amoroso (1993).

As informações etnobotânicas foram coletadas apartir da utilização de um questionário-estruturado(Técnica de ‘Listagem Livre’), consistindo de umalista de questões fixas formuladas de acordo com afinalidade da pesquisa (ALEXIADES, 1996). Foramutilizados dois questionários: um com dados sobreos informantes e outro com dados relativos àsespécies vegetais.

A Técnica de Check List, segundo Alexiades (1996),foi aplicada para verificar quais as espécies vegetaiseram utilizadas para uso medicinal. A lista de espéciesvegetais, usada no presente trabalho, foi produzidapelo projeto Manejo de Capoeira, realizado pelaEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(EMBRAPA), Center for International ForestyResearch (CIFOR) e Universidade Federal Rural daAmazônia (UFRA) (Anexo 1).

Exsicatas foram produzidas a partir de trêsexemplares de cada espécie botânica coletada nascapoeiras de entorno à comunidade de Enfarrusca,utilizando o método descrito por Ming (1996).As plantas coletadas foram herborizadas eidentificadas, sendo posteriormente depositadasno Herbário da Universidade Federal do Pará(UFPA), Campus de Bragança.

Análise de dados

O teste do Qui-Quadrado de Partição (LxC) foiutilizado para averiguar a diferença quanto à origeme à classe etária dos homens e mulheres residentesna comunidade. A análise comparativa considerandoo número de homens e mulheres de toda acomunidade (incluindo os imigrantes), bem como aanálise incluindo apenas os informantes nascidos emEnfarrusca foram realizadas através do teste do Qui-Quadrado (uma amostra de proporções esperadasiguais). Este teste também foi utilizado para analisaros dados referentes ao tempo de vivência dos

moradores na comunidade, à profissão dessesinformantes, à transmissão do conhecimento sobreas plantas medicinais, ao número de plantasmedicinais usadas e à parte da planta mais utilizada,à via de administração dos remédios caseiros e aograu de conhecimento sobre as plantas medicinaisentre homens e mulheres da comunidade. As análisesforam realizadas no pacote estatístico BioEstat 3.0(AYRES et al., 2003).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos informantes

Do universo amostral de 47 unidades domésticas,que representou quase 80% das residências dessacomunidade, em cada domicílio apenas o responsávelpresente foi entrevistado, correspondendo onúmero de unidades amostrado ao número depessoas entrevistadas.

A Tabela 1 mostra que 34 (72,34%) dos moradoresentrevistados são nativos de Enfarrusca e apenas 13(27,66%) são provenientes de outras localidades.Os motivos pelos quais as pessoas passaram a adotarEnfarrusca como seu novo endereço são, em boaparte, devido a algum membro da família já residirnessa comunidade. As justificativas mais comunsregistradas nas entrevistas são a qualidade da terrapara o plantio, a existência de luz elétrica, águaencanada, igarapés, ausência de poluição e aproximidade à cidade de Bragança. Os dados foramobtidos com os informantes nativos, pois estesdetêm maior conhecimento sobre as plantasmedicinais do que os informantes oriundos de outraslocalidades.

O teste do Qui-Quadrado mostrou que não houvediferença significativa (X2=5,81; gl=7; p>0,05)entre os informantes do sexo masculino e femininocom respeito à sua origem, ou seja, o número dehomens e mulheres que migraram para Enfarruscaa partir de outras localidades é equivalente, bemcomo não houve um lugar especial de onde esses

Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, Ciências Naturais, Belém, v. 1, n. 3, p. 11-26, set-dez. 2006

15

moradores tivessem imigrado. Por outro lado, onúmero de mulheres foi significativamente maior doque o de homens (X2=7,68; gl=1; p<0,01) napopulação entrevistada (n=47), quando não seconsidera a origem dessa população. Da mesmaforma, foi constatada uma diferença muito significativa(X2=7,52; gl=1; p<0,01) quando a proporçãosexual entre os moradores nascidos em Enfarruscafoi comparada.

Tabela 1. Valores absolutos e percentuais do número deinformantes de ambos os sexos da comunidade de Enfarrusca,Bragança, Pará e suas localidades de origem.

Local de Nascimento Feminino Masculino Total %

Enfarrusca 25 9 34 72,3Bragança 3 2 5 4,3Belém 0 1 1 2,1Treme 1 1 2 2,1Laranjal 1 0 1 2,1Augusto Corrêa 1 0 1 2,1Ourém 0 1 1 2,1Quatro Bocas 1 0 1 10,6São João do Enfarrusca 1 0 1 2,1

Total 33 14 47 100

De acordo com as entrevistas, as mulheres têmmaior conhecimento das espécies vegetais dacapoeira devido a estarem, freqüentemente,fabricando vários tipos de remédios caseiros. Omaior número de informantes do sexo femininodeve-se ao fato de que as entrevistas foramrealizadas, em sua maioria, pela manhã, coincidindocom o período em que as mulheres encontram-sena unidade doméstica, enquanto os homenstrabalham na roça.

A Figura 2 apresenta o percentual de todas ascategorias referentes às atividades exercidas pelosinformantes. A categoria Agricultor representa desseuniverso amostral 64%, ao passo que Professor é acategoria que teve menos representantes.

A maioria desses entrevistados (n=30) trabalha naagricultura (75%), sendo que 57% são mulheres e

43% são homens. A razão pela qual muitas mulheresresponderam que são agricultoras deve-se ao fatode que muitas vezes elas ajudam seus maridos notrabalho agrícola, não significando, no entanto, queelas tenham a mesma carga de trabalho no campo.O restante dos entrevistados (n=17) está divididonas seguintes categorias: Domésticas (52,9%),Aposentados (23,5%), Estudantes (17,7%) eProfessores (5,9%). A análise estatística mostrou quea diferença entre o número de entrevistados paracada atividade exercida na comunidade foi bastantesignificativa (X2=25,12; gl=5; p<0,001).Considerando todas as categorias, poucos foram osprofessores e estudantes entrevistados. Os primeiroscontam apenas em número de dois em toda acomunidade. Os estudantes, por sua vez, têmnecessidade de ajudar os pais no trabalho agrícola,ausentando-se do centro da comunidade no horárioem que as entrevistas foram realizadas. As donas decasa e os aposentados formam as maiores categoriasde informantes, sendo que as mulheres, além deserem maioria no conjunto dos agricultores, tambémsomam alto valor dentre o restante dos entrevistados.De fato, as mulheres parecem ter um importantepapel tanto na agricultura quanto nos afazeresdomésticos. Tal resultado é similar ao encontradopor Amorozo e Gély (1988) em duas vilas depequenos agricultores no município de Barcarena,Pará e por Roman (2001) que trabalhou com famíliasde pescadores de Algodoal, no município deMaracanã, Pará.

Figura 2. Valores percentuais das categorias que representam asatividades dos informantes da comunidade de Enfarrusca,Bragança, Pará.

16

Uso de plantas medicinais pela comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará

Na Tabela 2 estão indicadas as faixas etárias dosentrevistados com suas respectivas porcentagens. Oteste do Qui-Quadrado mostrou que a diferençaentre as faixas etárias dos informantes, em geral émuito significativa (X2=19,33; gl=7; p<0,01), masquando a análise é realizada com a separação dosinformantes por sexo, os resultados não sãosignificativos (X2= 6,30; gl = 6; p>0,05). A faixaetária mais freqüente foi a de 37 a 47 anos (23,4%),seguida pela faixa de 14 a 25 anos (21,3%). Estesresultados indicam que, embora a maioria dosinformantes possua idade madura, outro segmentojovem também compõe boa parte desse universoamostral. Neste caso não há muita evidência de queos jovens estejam deixando a comunidade emdetrimento de outra atividade, como estudar emum centro urbano próximo, fato este descrito porRoman (2001) para as famílias de pescadores deAlgodoal, no município de Maracanã, Pará. Emboraa comunidade de Enfarrusca ofereça apenas aformação escolar básica, os mais jovens não precisamdeixar esta comunidade para cursar o nívelfundamental, pois fica apenas a 13 km da cidade deBragança e o acesso é facilitado pela oferta decondução gratuita pela prefeitura municipal.

Tabela 2. Valores absolutos e percentuais das categorias querepresentam as diferentes faixas etárias dos informantes de ambosos sexos da comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará.

Faixa Etária Feminino Masculino Total %

14–25 9 1 10 21,326–36 4 4 8 7,037–47 8 3 11 23,448–58 5 2 7 4,959–69 4 4 8 7,070–80 2 0 2 4,381–90 1 0 1 2,1

Total 33 14 47 100

De acordo com as informações das entrevistas, aclasse etária de 37 a 47 anos possui umconhecimento bem maior sobre as plantasmedicinais do que as outras classes, sendo que o

número de citações de espécies vegetais foiaproximado ao número citado pelos idosos (a partirde 60 anos).

Tempo de vivência na comunidadeA partir da variação do tempo em que osinformantes vivem na comunidade foram criadasoito classes de tempo de vivência, com base notrabalho de Roman (2001). Os resultadosmostraram que o tempo de vivência dosentrevistados em Enfarrusca varia entre 6 e 93 anos(Tabela 3). A análise comparativa dessas classes detempo foi bastante significativa (X2=20,57; gl=7;p<0,01) para os entrevistados em geral, mesmocom distinção sexual (X2=2,82; gl=7; p>0,05),demonstrando que a maioria está incluída na classede 17 a 27 anos. É importante ressaltar que algunsinformantes moram na comunidade desde quenasceram, outros se instalaram depois de passaruma temporada em diferentes cidades oucomunidades. No entanto, a maioria dessesindivíduos (n=39) mora a pelo menos 17 anosem Enfarrusca, o que sugere uma comunidadeantiga e com pouco fluxo de moradores. Istotambém é corroborado pelo fato de que acomunidade é composta de um grupo familiarpequeno, com apenas três famílias principais(Assunção, Quadros e Borges), representantes damaior parte das residências entrevistadas.

Tabela 3. Valores absolutos e percentuais das categorias querepresentam os diferentes tempos de vivência dos informantes deambos os sexos da comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará.

Tempo Feminino Masculino Total %

6–16 5 3 8 17,017–27 10 3 13 27,728–38 2 1 3 6,439–49 7 2 9 19,150–60 3 3 6 12,861–71 4 2 6 12,872–82 1 0 1 2,183–93 1 0 1 2,1

Total 33 14 47 100

Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, Ciências Naturais, Belém, v. 1, n. 3, p. 11-26, set-dez. 2006

17

Doenças mais comunsSegundo o agente comunitário de saúde que atende acomunidade de Enfarrusca, Sr. Valdemar de BritoQuadros, as doenças mais freqüentes, ditas como‘graves’ e que precisam de acompanhamento médico,são diabetes, gripe, malária, hipertensão e parasitoses.Essas mesmas doenças foram registradas nas entrevistas,sendo parasitoses e diarréia as mais freqüentes, com27% e 23%, respectivamente (Figura 3).

Embora haja acompanhamento mensal pelo agentecomunitário, essas doenças são oriundas do descuidodos pais em relação aos filhos, pois a comunidadede Enfarrusca não dispõe de água tratada etratamento de esgoto. O Anexo 2 apresenta a listadas doenças mais citadas pelos informantes.

Através das entrevistas pode-se verificar que, noscasos de doenças menos complexas, o uso deremédios caseiros e a procura ao posto de saúdesão as providências imediatas mais adotadas. Noentanto, quando esses casos não são passíveis desolução por esses meios, os moradores deEnfarrusca recorrem à assistência médica dos centrosurbanos mais próximos, como Bragança e Belém.De fato, na zona rural da cidade de Bragança hácarência de atendimento médico, ou seja, não existeposto de saúde que atenda às comunidades maisafastadas. Por essa razão, o emprego de plantasmedicinais torna-se tão necessário, agindo como umpaliativo no tratamento de doenças ditas leves comofebre, dor de barriga, dor no estômago, dor de dente,

enjôo, torções, inflamações, diarréia etc. Da mesmaforma, Roman (2001) encontrou os mesmosresultados durante o seu estudo no litoral paraense.

As plantas medicinaisO estudo de Rios (2002), realizado na comunidadede Benjamin Constant, município de Bragança,revelou um número bastante expressivo de espéciesbotânicas da capoeira úteis para esta comunidade.Das 135 plantas úteis inventariadas por esta autora,39 são medicinais. No presente trabalho foramidentificadas 28 espécies de plantas medicinais paraa comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará.

A partir dos questionários aplicados, obteve-se onome das espécies de plantas mais citadas pelosmoradores, registradas na Tabela 4. O teste do Qui-Quadrado mostrou que a diferença entre as citaçõesefetuadas pelos moradores de Enfarrusca sobre asplantas mais usadas foi bastante significativa(X2=29,26; gl=9; p<0,001). Grande parte dosentrevistados afirmou que poucas plantas medicinaiscontidas nessa lista podem ser encontradas tanto nacapoeira quanto no igapó.

Partes das plantas mais usadasA Figura 4 mostra que algumas partes das plantassão empregadas no preparo dos remédios, comoflor, folha, caule, casca, raiz, seiva, semente e fruto.

Figura 3. Valores percentuais dos tipos de doenças ditas ‘graves’pelos informantes da comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará.

Figura 4. Valores percentuais das partes mais usadas das plantasmedicinais pelos informantes da comunidade de Enfarrusca,Bragança, Pará

18

Uso de plantas medicinais pela comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará

Casca, folha e raiz foram as partes mais utilizadas(29,1, 28 e 17%, respectivamente). O Teste doQui-Quadrado mostrou que a diferença entre onúmero de citações das partes da planta é bastantesignificativa (X2=484.54; gl=10; p<0,001). Estesdados são semelhantes aos encontrados porAmorozo e Gély (1988) em duas comunidadescaboclas de Barcarena, Pará, nas quais as principaispartes das plantas utilizadas foram folhas (49%), raízes(15%) e casca (13%).

Na comunidade de Enfarrusca não existe sinais decorte seletivo de madeira para comércio de espéciesvegetais, existindo apenas a prática da queimada parao replantio de feijão, mandioca e milho. Nessacomunidade já haviam sido proferidas várias palestrassobre conscientização, manejo e preservação deprodutos naturais oriundos da vegetação secundária.Portanto, é importante ressaltar que os moradoresde Enfarrusca apresentam hábitos de exploraçãoracional dos recursos vegetais úteis da capoeira.

Uso das plantas medicinaisAs observações registradas sobre os moradoresda comunidade de Enfarrusca demonstraram queeles têm uma grande convivência com o mundo

vegetal, o que certamente promoveu o uso daexperimentação e investigação constante daspropriedades terapêuticas das plantas. De fato, osinformantes, ao longo das entrevistas, mostraramgrande conhecimento sobre o estado de maturaçãodas espécies vegetais, o preparo e a conservaçãodos remédios. Para conservar as propriedades do‘leite de Amapá’ (Brosimum parinarioides Ducke.),por exemplo, deve-se fervê-lo com água e depoiscoado, ou, então, deve ser ingerido puro oumisturado com leite condensado. De acordo comos informantes, “não se pode consumir o leite doAmapá (Brosimum parinarioides Ducke) quando aárvore ainda estiver dando fruto, pois é venenoso”.A casca da verônica (Dalbergia monetária L. f.) e dasucuba (Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson.),por exemplo, só devem ser empregadas bem secas,senão “fazem mal ”.

De acordo com os relatos dos informantes, outrouso interessante é o da planta medicinal Capitiú(Siparuna decipiens (Tul.) A. D.), preparada como umbanho, podendo trazer benefícios, como ‘limpeza daalma’ e retirada de ‘mal olhado’. Já a Vassourinha-de-botão (Borreria verticillata (L.) G. Mey.), ervamedicinal muito encontrada à beira de caminhos e

Tabela 4. As espécies de plantas medicinais mais importantes para os informantes da comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará.

Nº do coletor Nome científico Nome vernacular Nº de citações %

JCF – 0015 Stryphnodendron barbatimam Mart. barbatimão 38 13.8JCF – 0016 Dalbergia monetaria L. f. verônica 32 11.6JCF - 0007 Cinnamomum zeylonicum Nees canela 27 9.8JCF – 0005 Parahancornia fasciculata (Poir) Benoist. amapá amargoso 25 9.5JCF – 0010 Cecropia obtusa Trécul embaúba-branca 26 9.1JCF – 0004 Scoparia dulcis L. vassourinha 19 6.9JCF – 0008 Uncaria guianensis (Aubl.) J. F. Gmel. cipó-unha-de-gato 19 6.9JCF – 0028 Geissospermum sericeum Berth. & Hook. f. ex Mieis quinarana 18 6.5JCF – 0001 Abuta grandifolia (Mart.) Sandw. abuta amarela 15 5.5JCF – 0003 Borreria verticillata (L.) G. Mey. vassourinha-de-botão 13 4.7JCF – 0022 Verbena sp L. perpétua 12 4.4JCF – 0027 Pilocarpus carajaensis (Skorupa) jaborandi 11 4.0JCF – 0013 Himatanthus sucuuba (Spruce ex Müll. Arg.) Woodson sucuba 10 3.6JCF - 0017 Davilla rugosa Poir cipó-de-fogo 10 3.6

Total 275 100

Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, Ciências Naturais, Belém, v. 1, n. 3, p. 11-26, set-dez. 2006

19

estradas, é usada pelas ‘benzedeiras’ na prática da‘benzedura’ de crianças contra muitos males. Por fim,as plantas medicinais podem também exercer outrafunção, como é o caso do banho da casca deMarapuama (Clavija lancifolia Desfontaines), que,segundo os informantes, “tem efeito sobre feitiço”.Tais resultados também são encontrados no trabalhode Amorozo (1993), onde a ‘puxação’ e a ‘benzeção’são os dois procedimentos mais utilizados para otratamento de vários males entre os habitantes deItupanema e Vila Nova, município de Barcarena, Pará.

Outras utilidades das plantas medicinais tambémforam registradas, como madeira para construçãode casas e móveis, lenha, aromatizante e ornamental.

Procedimentos terapêuticosConsiderando que a terapêutica estuda e põe emprática os meios adequados para aliviar ou curar osdoentes, alguns procedimentos práticos foramregistrados em Enfarrusca para o tratamento dediferentes doenças, como o uso de fricção, aplicaçãode emplastros, uso de chá via oral, aplicação debanhos e asseios.

O modo de preparo dos remédios utilizados nosprocedimentos terapêuticos também apresenta ouso combinado de plantas nesses tratamentos,sendo utilizados outros ingredientes, como o mele o leite condensado.

Os tipos de tratamento registrados para acomunidade de Enfarrusca não são limitados ao serhumano, pois cães domésticos também são passíveisde serem assistidos. A planta Jaborandi-da-mata(Piper ottonoides Yuncker), por exemplo, quandomacerada por completo, é colocada no focinho doscães para facilitar a retirada de secreções,restabelecendo o faro do animal.

De acordo com Amorozo e Gély (1988), as razõesapresentadas para o uso de uma determinada plantaestão de acordo com o sistema de pensamento dosinformantes, com concepções de causa e efeitopróprias. Embora diferenciem-se de uma explicação

causal científica, elas não excluem a possibilidade deuma ação farmacológica da planta. Um estudo maisdetalhado sobre os procedimentos de administraçãoe das razões pelas quais os informantes ministramdeterminadas preparações para certos fins, além defornecer pistas para as pesquisas farmacológicas sobreos princípios ativos dessas plantas, seria muito útilpara a compreensão do sistema de saúde doscolonos e para a implantação de programas de saúdemais eficientes.

O Anexo 3 apresenta os usos das espécies medicinaisencontradas no presente estudo. O termo ‘medicinal’designa aqui todas as espécies que têm um valorcurativo para os moradores de Enfarrusca. De acordocom Maués (1977), as doenças dividem-se em doisgrupos: ‘doenças naturais’ e ‘doenças não-naturais’,conforme os conceitos nativos de causalidade.

No entanto, a análise destes conceitos é fundamentalpara entender o funcionamento do sistematerapêutico e da sua complexidade, o qualnecessitaria de estudos mais aprofundados. OAnexo 3 mostra, ainda, as partes das plantas quesão empregadas no preparo dos remédios caseiros.Os resultados apresentados nesse anexocomprovam a importância de considerar os dadosetnobotânicos em pesquisas farmacológicas. Váriasespécies de plantas medicinais citadas nessa lista játiveram ação farmacológica comprovada emestudos de laboratórios, como a vassourinha(Scoparia dulcis Linnaeus), verônica (Dalbergiamonetaria Linnaeus f.) e canela (Aniba canelilla(Kunth) Mez) (UNESCO, 1984).

A via oral foi a mais mencionada como viaadministrativa para o tratamento terapêutico demuitos males (244 citações, 64%), seguida pela viatópica (136 citações, 34%), sendo este umresultado bastante significativo (X2=30,69; gl=1;p<0,001), além de corroborar com os achadosde Amorozo (1993), nos quais a via externarepresentou 79% das receitas caseiras, enquantoa via tópica apenas 21%.

20

Uso de plantas medicinais pela comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará

Transmissão do conhecimento

O teste do Qui-Quadrado mostrou que houvediferença significativa (X2=14,02; gl=3; p<0.01)entre os diversos responsáveis pela transmissão doconhecimento na comunidade. Os conhecimentossobre o uso de plantas como remédios foramtransmitidos, principalmente, através dos pais (44%)(Figura 5).

CONCLUSÃO

A maneira como os moradores da comunidade deEnfarrusca utilizam as plantas e outros produtos nasua medicina tradicional está subordinada não apenasà procura de uma eficácia consagrada pela experiênciade uso, mas também como eles percebem aetiologia das doenças e a terapêutica dos remédios.

Pode-se salientar que a rede familiar de transmissãode conhecimento é relevante nessa comunidade,mesmo sendo esta uma comunidade jovem e bemestabelecida próximo a Bragança e outros povoados.O sistema terapêutico comunitário encontrado emEnfarrusca é basicamente sincrético, com a presençade elementos da cultura indígena e européia. Oconhecimento, uma vez alcançado, além dointeresse puramente acadêmico, poderia trazerresultados práticos ao fornecer uma base em que sealicerçasse a implantação de sistemas de saúde maisadaptados à cultura e às condições da região.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, J. M. 1989. Plantas medicinais de usopopular. Brasília, DF: ABEAS/MEC. 100 p.

ALEXIADES, M. 1996. Collecting Ethnobotanical Data: an introdutionto basic concepts and techniques. In: ALEXIADES, M.; SHELDON, J.M. (Ed.). Selected Guidelines for Ethnobotanical Research:a field manual. New York: New York Botanical Garden Press. p. 53-94. (Advences in Economic Botany, 10).

AMOROZO, M. C. M. 1993. A abordagem etnobotânica na pesquisade plantas medicinais. In: DI STASI, L. C. (Org.). PlantasMedicinais: arte e ciências: um guia de estudos interdisciplinar.Botucatu: UNESP. p. 47-68.

AMOROZO; GÉLY, A. 1988. Uso de plantas medicinais por caboclosdo Baixo Amazonas, Barcarena, PA, Brasil. Boletim do MuseuParaense Emílio Goeldi, série Botânica, v. 4, n. 1, p. 47-131.

AYRES, M. et al. 2003. Bio Estat 3.0: aplicações estatísticas nasáreas das ciências biológicas e médicas. Mamirauã: Sociedade CivilMamirauã/MCT-CNPq/Conservation International. 291 p.

BEGOSSI, A.; HANAZAKI, N.; SILVANO, R. A. M. 2002. Ecologiahumana, etnoecologia e conservação. In: AMOROZO, M. C. M.;MING, L. C.; SILVA, S. M. P. (Org.). Métodos de coleta eanál ise de dados em etnobiologia, etnoecologia edisciplinas correlatas. Rio Claro: UNESP/CNPq. p. 93-128.

Todos os informantes afirmaram que costumamtransmitir seus zconhecimentos para os filhos,vizinhos, amigos e a quem necessite domedicamento tradicional. Na comunidade nãoexiste a prática da venda de preparados medicinais‘garrafadas’, pois eles não constituem uma fontede renda alternativa para os informantes em funçãode não serem produzidos com muita freqüência.A maioria dos preparos caseiros é trazida de outrascomunidades próximas. Esta prática parece sermuito comum em outras comunidades, como járegistrado por Roman (2001), na ilha de Algodoal,município de Maracanã, Pará.

A maioria dos informantes afirmou que nunca tentouplantar as espécies medicinais da capoeira, devidoao fácil acesso em consegui-las.

Figura 5. Categorias que especificam a forma de transmissão doconhecimento sobre as plantas medicinais utilizadas nacomunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará.

Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, Ciências Naturais, Belém, v. 1, n. 3, p. 11-26, set-dez. 2006

21

BERG, M. E. Van den. 1993. Plantas medicinais da Amazônia:Contribuição ao seu Conhecimento Sistemático. Belém: CNPq. 223 p.

COELHO-FERREIRA, M. R. 2000. Identificação e valorizaçãodas plantas medicinais de uma comunidade pesqueirado litoral paraense (Amazônia brasileira). Tese (Doutorado)–UFPA/MPEG/EMBRAPA. 269 p.

DUKE, J. A.; VÁSQUEZ, R. 1994. Amazonian EthnobotanicalDictionary. Boca Raton, FL.: CRC Press. 224 p.

ESTRELLA, E.; CRESPO, A. (Org.). 1993. Memoias del ISimposio Salud y Población Indígena de la Amazônia.Quito: TCA, Comission de las Comunidades Europeas, MuseoNacional de Medicina Del Equador. v. 2.

ELISABETSKY, E.; WANNAMACHER, L. 1993. The Status ofEthnopharmacology in Brazil. Journal of Ethnopharmacology,v. 38, p 137-143.

IDESP. 1977. INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICOSOCIAL DO PARÁ. Diagnóstico do Município de Bragança.Belém: IDESP, Coordenadoria de Documentação e Informação. p.123.

MARTORANO, L. G. et al. 1993. Estudos climáticos do Estadodo Pará, classi f icação cl imática (Köppen) e deficiênciahídrica (Thornthwhite, Mather). Belém: SUDAM/EMBRAPA,SNLCS. 53 p.

Recebido: 05/12/2005Aprovado: 15/03/2006

MAUÉS, R. H. 1977. A ilha encantada: medicina e xamanismonuma comunidade de pescadores. 235 f. Dissertação (Mestrado) –Universidade de Brasília, Brasília.

MING, L. C. 1996. Coleta de plantas medicinais. In: DI STASI, L. C.(Org.). Plantas medicinais: arte e ciência, um guia de estudointerdisciplinar. São Paulo: EDUSP. p. 69 -86.

RIOS, M. 2002. La Comuniadad Benjamim Constant y lasPlanta Utiles de la “Capoeiras”: um enlace etnobotânico emla região Bragantina Pará, Amazônia Brasileira. 539 f. Tese(Doutorado em Ciências e Desenvolvimento Sócio Ambiental) –Universidade Federal do Pará, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos,Belém.

ROMAN, André Luis Cote. 2001. Plantas Medicinais naRestinga da Princesa, i lha de Algodoal, Município deMaracanã, Estado do Pará, Brasi l. 104 f. Dissertação(Mestrado) – Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, Belém.

SCHULTES, R. E.; RAFFAUF, R. 1990. The healing Forest:Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazon.Portland: Dioscorides Press. 236 p.

UNESCO. 1984. Médecine et pharmacopée populaire dansla Caribe. [S.l.:s.n.]. Seminaire Tramil. Rappont final. 20-26 nov.

22

Uso de plantas medicinais pela comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará

Anexo 1. Tabela das espécies de plantas medicinais inventariadas na comunidade de Enfarrusca, Pará, registrada por nome vernacular,por família, nome científico, hábito e doenças para as quais são utilizadas como terapia. Para os nomes regionais das doenças registradas,consultar Glossário (Anexo 2). Hábito: A-árvore; a-arbusto; H-herbáceo; L-liana.

N° de coletor Nome Vernacular Família Nome Científico Hábito Doenças

JCF-0001 abuta-amarela Menispermaceae Abuta grandifolia (Mart.) Sandw. A baque, torções e inflamação

JCF - 0026 açoita-cavalo Tiliaceae Leuhea divaricata Mart. A diabetes, ferimento,inflamação e reumatismo

JCF - 0005 amapá-amargoso Apocynaceae Parahancornia fasciculata (Poir) Benoist. A baque, diabetes, inflamação,desinteria, diarréia,hemorróida, dor de barriga,ameba, anemia, gastrite, gripe,problemas respiratóriose fraqueza

JCF - 0024 amapá-doce Moraceae Brosimum parinarioides Ducke A inflamação, diarréia, hemorróida,dor de barriga, fraqueza, peitoaberto e desnutrição

JCF – 0025 apuí Guttiferae Clusia insignis Mart. A/a torções e inflamação

JCF – 0015 barbatimão Leguminosae Stryphnodendron barbatimam Mart. A baque, ferimento, inflamação,diarréia, hemorróida, dor debarriga, ameba, gastritee corrimento

JCF – 0014 camembeca Polygaceae Polygala spectabilis DC. H/L/a diarréia e hemorróida

JCF – 0007 canela Lauraceae Cinnamomum zeylonicum Nees A diarréia, empachamento, dor debarriga, vômito, dores e tambématua como calmante

JCF – 0021 capitiú Monimiaceae Siparuna decipiens (Tul.) A. DC. A dores e fraqueza

JCF - 0018 cipó-abuta Menispermaceae Abuta parvifolia Rusby & Moldenke L baque, inflamação e carne

JCF - 0017 cipó-de-fogo Dilleniaceae Davilla rugosa Poir L inflamação, desinteria, diarréiae verruga

JCF - 0002 cipó-escada-de-jabuti Leguminosae Bauhinia guianensis Aubl. L desinteria, reumatismo, diarréia,hemorróida, ameba e dorde barriga

JCF - 0008 cipó-unha-de-gato Rubiaceae Uncaria guianensis (Aubl.) J.F. Gmel. L diabetes, inflamação, câncer,reumatismo, diarréia, dor de dente

JCF - 0009 embaúba-vermelha Cecropiaceae Cecropia palmata Willd A anemia e tosse

JCF - 0010 embaúba-branca Cecropiaceae Cecropia obtusa Trécul A diabetes, ferimento, inflamação,albumina, enxume, anemia, tossee hepatite

JCF - 0019 falso-barbatimão Leguminosae Dimorphandra mollis Benth. A inflamação

JCF - 0027 jaborandi Rutaceae Pilocarpus carajaensis Skorupa L inflamação, reumatismo, dor dedente, dores e queda de cabelo

JCF - 0006 jamborani-da-mata Piperaceae Piper ottonoides Yuncker L reumatismo

JCF - 0020 jasmim-de-cachorro Rubiaceae Psychotria olorata Mull.Arg. A carne crescida no olho,ferimento, alergia e dores

JCF - 0023 mangirioba Leguminosae Cassia fruticosa Mill. A ferimento, tosse e derrame

JCF - 0011 marapuama TheophrastaceaeClavija lancifolia Desfontaines A impotência e reumatismo

Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, Ciências Naturais, Belém, v. 1, n. 3, p. 11-26, set-dez. 2006

23

Anexo 2. Glossário do nome das doenças citadas no Anexo 1, referente às doenças mais citadas pelos informantes do presente estudo.

Peito aberto a região do peito (apêndice xifóide do esterno) abre-se porque a pessoa carregou muito pesoSintomas: fraqueza e emagrecimento

Albumina “a pessoa fica amarela, dá canseira, urina fica grossa; dá mais comumente em gestanteNão pode comer sal ”

Enxume corpo inchado

Empachamento estômago desconfortável e alto

Dor de urina “dor nos rins. Não é só quando urina, é o tempo todo” (pedra nos rins)

Corrimento problema de mulher

Cuúba coceira, forte comichão, prurido

Rasgadura no músculo, carne rasgada “carne que se abre por dentro, não precisa sair sangue”; pode ser causada por carregar peso

Baque hematoma

Anexo 1. Continuação.

N° de coletor Nome Vernacular Família Nome Científico Hábito Doenças

JCF - 0022 perpétua Verbenaceae Verbena sp. L. H inflamação, albumina, hemorróida,dor de urina, respiraçãoe corrimento

JCF - 0012 pimenta-longa Piperaceae Pothomorphe peltata Miq. A enxume, tosse e derrame

JCF - 0028 quinarana Apocynaceae Geissospermum sericeum Benth. A inflamação, febre, enxume,& Hook. F. ex Miers dor de urina e alergia

JCF - 0013 sucuba Apocynaceae Himatanthus sucuuba A diabetes, ferimento, inflamação,(Spruce ex Müll. Arg.) Woodson diarréia, ameba, gastrite e dores

JCF - 0003 vassourinha-de-botão Rubiaceae Borreria verticillata (L.) G. Mey. H diarréia, hemorróida,dor de urina e gripe

JCF - 0004 vassourinha Scrophulariaceae Scoparia dulcis L. H ferimento, inflamação, diarréia,dor de dente e enxume

JCF - 0016 verônica Leguminosae Dalbergia monetaria L. L inflamação, diarréia, dor debarriga, vômito e corrimento

24

Uso de plantas medicinais pela comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará

Uso

loca

l

baqu

e e

torç

ões

infla

maç

ão/c

onju

tivite

infla

maç

ão

reum

atism

o

diab

ete

diar

réia,

fraq

ueza

, am

eba,

gas

trite

, gr

ipe,

prob

lem

as in

test

inais

e r

espi

rató

rios

infla

maç

ão,

fraq

ueza

, de

snut

riçã

o,he

mor

róid

as e

diar

réia

torç

ões

infla

maç

ão

infla

maç

ão,

úlce

ra,

dor

de b

arri

ga,

ferim

ento

, am

eba

e co

rrim

ento

diar

réia

e he

mor

róid

a

fraqu

eza

e em

pach

amen

to

fraqu

eza

dor

de c

abeç

a

Nom

e ve

rnac

ular

abut

a-am

arel

a

açoi

ta-c

avalo

amap

á-am

argo

so

amap

á-do

ce

apuí

barb

atim

ão

cam

embe

ca

cane

la

capi

tiú

Anex

o 3.

Util

izaçã

o da

s pl

anta

s m

edici

nais

em E

nfar

rusc

a, B

raga

nça,

Par

á. Parte

da

plan

taut

ilizad

ara

iz e

casc

a

casc

a

casc

a

raiz

e ca

sca

casc

a

leite

leite

raiz

(bat

ata)

casc

a

raiz

folh

a

toda

a p

lanta

Mod

o de

Pre

paro

e A

plica

ção

Pos

olog

ia

Soca

r a

raiz

ou a

cas

ca, p

or n

a ág

ua p

ara

cozin

har

e co

ar.

Faze

r um

em

plas

to e

col

oca

no b

aque

.

Ferv

er a

cas

ca e

coa

r. Pi

ngar

got

as n

o ol

ho d

uas v

ezes

ao

dia.

Ferv

er a

cas

ca p

ara

fazer

o c

há. T

omar

três

vez

es a

o di

a.

Bate

r e

tirar

o s

umo

para

faze

r fri

cção

, ou

chá

.To

mar

três

vez

es a

o di

a.

Pega

r a

casc

a e

porn

a ág

ua. B

eber

com

o ág

ua.

Pode

-se

inge

rir o

leite

pur

o ou

mist

urar

com

mel

e v

inho

ou,

ainda

, mist

urar

com

mas

truz.

Dep

ende

ndo

da g

ravid

ade

dopr

oble

ma,

inge

rir a

mist

ura

duas

ou

três

veze

s ao

dia.

Pode

-se

tom

ar p

uro

ou m

istur

ar c

om le

ite m

oça.

Inge

rir u

ma

colh

er d

e ch

á um

a ve

z ao

dia.

Soca

r a ra

iz, ti

rar o

sum

o e

faze

r o e

mpl

asto

.Ra

spar

a r

aiz e

col

ocar

na

água

. Tom

ar c

omo

água

.

Coz

inha

r a c

asca

par

a fa

zer o

chá

e to

mar

três

vez

es a

o di

a,ou

ras

par

a ca

sca

e m

istur

ar c

om á

gua

e be

ber.

Coz

inha

r ca

sca

para

faze

r ba

nho

de a

ssei

o.

Coz

inha

r a ra

iz pa

ra fa

zer o

chá.

Tom

ar co

nfor

me

a gra

vidad

edo

pro

blem

a.

Coz

inha

r a

folh

a pa

ra f

azer

o c

há.

Tom

ar c

onfo

rme

agr

avid

ade

do p

robl

ema.

Por a

folh

a no

álco

ol p

ara

faze

r inf

usão

.Fe

rver

a p

lanta

par

a m

olha

r a

cabe

ça.

Uso

med

icina

l

med

icina

l

med

icina

l /co

nstr

ução

med

icina

l /fa

zem

col

her

de p

au

med

icina

l

med

icina

l /co

nstru

ção

epr

oduç

ão d

ele

nha

med

icina

l

med

icina

l /ar

omat

izant

e

med

icina

l

Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, Ciências Naturais, Belém, v. 1, n. 3, p. 11-26, set-dez. 2006

25

Uso

loca

l

baqu

e e

rasg

adur

a no

mús

culo

tira

verr

uga

desin

teria

e in

flam

ação

diar

réia,

hem

orró

ida,

pres

são

alta

e re

umat

ismo

infla

maç

ão, d

iabet

e e

dor

de d

ente

infla

maç

ão, a

lbum

ina

e en

xum

e

enxu

me

(cor

po in

chad

o) e

ane

mia

infla

maç

ão

reum

atism

o, q

ueda

de

cabe

lo, i

nflam

ação

e do

r de

den

te

dor

de d

ente

cólic

as

toss

efe

rimen

to

reum

atism

o e

impo

tênc

ia

Nom

e ve

rnac

ular

cipó-

abut

a

cipó-

de-fo

go

cipó-

esca

da-d

e-ja

buti

cipó-

unha

-de-

gato

emba

uba-

bran

ca

emba

uba-

verm

elha

falso

-bar

batim

ão

jabor

andi

jambo

rand

i-da-

mat

a

jasm

im-d

e-ca

chor

ro

man

girio

ba

mar

apua

ma

Anex

o 3.

Con

tinua

ção.

Parte

da

plan

taut

ilizad

ara

iz e

leite

caul

e/cip

ó

água

do

cipó

raiz

e ca

sca

casc

a e

folh

a

folh

a

folh

a

casc

a

raiz

e fo

lha

raiz

flor

sem

ente

casc

a e

raiz

Mod

o de

Pre

paro

e A

plica

ção

Pos

olog

ia

Soca

r a ra

iz, ti

rar o

sum

o e

faze

r o e

mpl

asto

, ou

tam

bém

tira

ro

leite

e m

istur

ar c

om o

sum

o da

raiz

para

faze

r o e

mpl

asto

e co

loca

r no

loca

l afe

tado

.

Faze

r fri

cção

com

o c

ipó

para

ser

rar

a ve

rrug

a.Be

ber

a ág

ua d

o cip

ó.Ti

rar a

águ

a do

cip

ó e

bota

r no

loca

l da

infla

maç

ão.

Rasp

ar a

cas

ca, m

acer

ar a

raiz

e co

loca

r na

água

par

a faz

er o

chá.

Tom

ar tr

ês v

ezes

ao

dia

ou b

eber

com

o ág

ua.

Ferv

er a

folh

a ou

o cip

ó pa

ra fa

zer o

chá.

Tom

ar tr

ês v

ezes

aodi

a ou

beb

er c

omo

água

.

Mac

erar

a fo

lha

seca

e p

o na

águ

a pa

ra fe

rver

.

Coz

inha

r a

folh

a pa

ra fa

zer

o ch

á e

o ba

nho.

Ferv

er a

cas

ca p

ara

fazer

o c

há. T

omar

dua

s ve

zes

ao d

ia.

Mac

erar

a r

aiz,

soc

ar a

fol

ha e

col

ocar

no

álco

ol.

Para

reum

atism

o, p

assa

r a in

fusã

o no

loca

l dol

orid

o. P

ara

qued

a de

cabe

lo, l

avar

com

o c

há d

a ra

iz e

folh

a. P

ara

dor

de

dent

e,so

car a

raiz

e a

folh

a, p

or n

a ág

ua, c

oar e

faze

r gar

gare

jo.

Soca

r a ra

iz, c

oloc

ar n

o alg

odão

, por

no

dent

e e

deixa

agir

.

Coz

inha

r a flo

r, fa

zer o

chá e

tom

ar se

mpr

e qu

e de

r von

tade

.

Torr

ar a

sem

ente

e fa

zer

o ch

á.Ra

lar, t

irar o

sum

o e

colo

car n

o fe

rimen

to.

Col

ocar

no

álcoo

l par

a fa

zer i

nfus

ão e

dep

ois c

oloc

ar n

o lo

cal

dolo

rido.

Por

na á

gua

e de

pois

bebe

r co

mo

água

.

Uso

med

icina

l

med

icina

l /co

nstr

ução

med

icina

l /co

nstr

ução

med

icina

l

med

icina

l

med

icina

l / o

caul

e é

para

carv

ão e

pólvo

ra

med

icina

l

med

icina

l

med

icina

l

med

icina

l

med

icina

l

med

icina

l

26

Uso de plantas medicinais pela comunidade de Enfarrusca, Bragança, Pará

Uso

loca

l

infla

maç

ão, d

imin

uiçã

o de

men

stru

ação

e he

mor

ragia

ute

rina

enxu

me

toss

e

infe

cção

urin

ária,

inch

aço

nas

pern

ase

coce

ira

ameb

a, in

flam

ação

, diar

réia

e m

icose

ferim

ento

hem

orró

ida

grip

e

dor

de d

ente

coce

ira

infla

maç

ão e

vôm

itofe

rimen

to

Nom

e ve

rnac

ular

perp

étua

pim

enta

-long

a

quin

aran

a

sucu

ba

vass

ourin

ha-d

e-bo

tão

vass

ourin

ha

verô

nica

Anex

o 3.

Con

tinua

ção.

Parte

da

plan

taut

ilizad

aflo

r

folh

ato

da a

plan

ta

folh

a e

caul

e

folh

a

leite

casc

a

raiz

toda

a p

lanta

folh

a

raiz

folh

aca

sca

Mod

o de

Pre

paro

e A

plica

ção

Pos

olog

ia

Ferv

er a

flor e

pre

para

r o ch

á. To

mar

dua

s ou

três v

ezes

ao

dia.

Ferv

er a

folh

a e

prep

arar

o b

anho

.C

ozin

har

para

faze

r o

chá.

Ferv

er a

folh

a e

o ca

ule

para

pre

para

r o

chá.

Tom

ar tr

ês v

ezes

ao

dia.

Soca

r a fo

lha,

tira

r o su

mo

e pa

ssar

no

corp

o.

Por o

leite

na

água

par

a di

luir.

Tom

ar c

omo

água

.Pi

lar p

ara

faze

r o p

ó. C

oloc

ar o

na fe

rida

ou fa

zer o

chá

eto

mar

dua

s ve

zes

ao d

ia.

Coz

inha

r a ra

iz e

mist

urar

com

mel

, alh

o e

geng

ibre

e p

repa

rar

o ch

á.

Faze

r xa

rope

.

Soca

r co

m s

al e

depo

is po

r no

den

te c

om a

lgodã

o ou

afo

lhin

ha c

om sa

l.C

ozin

har

a ra

iz pa

ra fa

zer

o ch

á e

prep

arar

o b

anho

.

Ferv

er a

folh

a e

prep

arar

o c

há o

u ba

nho

de a

ssei

o.Ra

spar

, fer

ver,

coar

e fa

zer

o ch

á.

Uso

med

icina

l /or

nam

enta

l

med

icina

l

med

icina

l

med

icina

l

med

icina

l /us

ada

para

benz

er

med

icina

l

med

icina

l