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USO INDISCRIMINADO DE ANTIBIÓTICOS PELOS ESTUDANTES DE
UMA UNIVERSIDADE DO NORDESTE DE MINAS GERAIS
Alan Pereira dos Santos – Graduando em Farmácia – UNEC – Centro Universitário de Caratinga - E-mail -
[email protected] – Campus UNEC de Nanuque
Daniel Rodrigues Silva - Graduado em Farmácia – Bioquímica, Enfermagem, Biomedicina e Ciências Biológicas,
Mestre e Doutor em Ciências Farmacêuticas - Coordenador do curso de Farmácia do Centro Universitário de
Caratinga – e-mail - [email protected] – Campus UNEC de Nanuque
Danilo Ramaciotti Caires - Graduado em Enfermagem – UNEC, Especialista em Enfermagem do Trabalho - FASE
e Graduando em Farmácia - UNEC - Centro Universitário de Caratinga - e-mail - [email protected]
Roberto Santos Barbiéri - Graduado em Química, Mestre e Doutor em Química, Pró-Reitor de graduação do
Centro Universitário de Caratinga, [email protected]
Resumo: O uso indiscriminado de antibióticos vem acarretando grande impacto na área de saúde, devido
ao potencial desenvolvimento de bactérias resistentes aos antibióticos convencionais. A resistência
bacteriana tem sido alvo de questionamentos nas áreas de saúde pública, pois isto implica na necessidade
da descoberta e síntese de novos fármacos tornando esses medicamentos mais escassos e com maior
custo. Este trabalho teve como objetivo investigar se existe o uso indiscriminado de antibacterianos orais
em uma determina Universidade do Nordeste de Minas Gerais. Foi realizada, uma pesquisa bibliográfica
e uma pesquisa de campo quantitativa, com aplicação de um questionário para 155 estudantes de uma
Universidade do Nordeste de Minas Gerais no qual foi evidenciado que o antibiótico mais utilizado é a
amoxicilina. A finalidade do estudo diante desses achados é colaborar com os profissionais de saúde e
assim contribuir para o uso racional de antibiótico.
Palavras-chave: Antibióticos. Resistência bacteriana. Uso indiscriminado. Uso racional.
1. Introdução
Antibióticos são compostos naturais ou sintéticos que são capazes de inibir o crescimento
ou causar a morte de fungos ou bactérias. Podem ser classificados como bactericidas ou
bacteriostáticos (GUIMARÃES et al., 2010).
São largamente prescritos em atenção primária, ocupando sempre uma das primeiras
posições entre as classes de fármacos mais consumidas (ABRANTES, et al., 2007).
O uso indiscriminado de antibióticos vem acarretando grande impacto na área de saúde
pública e ambiental, devido ao potencial desenvolvimento de bactérias resistentes aos
antibióticos convencionais, inclusive com a detecção de multirresistência e ocorrência de
infecções hospitalares levando à morte por bactérias polirresistentes (DEPIZZOL, 2010).
Existem vários mecanismos de resistência bacteriana, dentre os quais se destacam:
redução da permeabilidade da membrana, e fluxo da droga, degradação ou modificação do
antibiótico, síntese de altos níveis da enzima cuja ação é bloqueada pela droga e presença de uma
segunda enzima que executa a reação metabólica inibida (VERMELHO et al., 2007).
Deste modo, a resistência bacteriana, tem sido alvo de questionamentos nas áreas de
saúde pública, pois isto implica na necessidade da descoberta e síntese de novos fármacos que,
atualmente, encontra grandes dificuldades através dos métodos clássicos de triagens, a partir de
fungos e bactérias. Este fato torna esses medicamentos mais escassos e com maior custo
(FERRONATTO, 2007). “O fenômeno da resistência a antibióticos decorre, principalmente, da
2
seleção de cepas bacterianas em ambientes que apresentam concentrações destes quimioterápicos
[...]” (DEPIZZOL, 2010).
Existem vários mecanismos de resistência bacteriana, dentre os quais se destacam:
redução da permeabilidade da membrana, e fluxo da droga, degradação ou modificação do
antibiótico, síntese de altos níveis da enzima cuja ação é bloqueada pela droga e presença de uma
segunda enzima que executa a reação metabólica inibida (VERMELHO et al., 2007).
Segundo a OPAS – Organização Pan Americana da Saúde (2010), a resistência
bacteriana resulta em redução da eficácia dos antibacterianos, aumenta o período de internação e
o custo do tratamento; este fato tem como consequência à escolha de fármacos menos eficientes,
mais tóxicos e de maior custo.
Portanto, é de fundamental importância para todos os profissionais da saúde o
conhecimento sobre o assunto, com o intuito de promover uma melhor assistência ao paciente, já
que o uso correto desses medicamentos contribui para a redução de internações hospitalares e
consequentemente para a diminuição dos custos do sistema de saúde.
Pretendeu-se com o desenvolvimento desta pesquisa investigar se existe o uso
indiscriminado de antibacterianos pelos estudantes de graduação de um Centro Universitário do
Nordeste de Minas Gerais. Para isso foi realizado uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa
quantitativa, na qual foi feita a aplicação de um questionário para 155 estudantes.
2. Referencial Teórico
2.1 Medicamentos Antibacterianos
A maioria dos medicamentos antibacterianos age seletivamente na célula bacteriana
possuindo como alvo de ação estruturas celulares vias metabólicas ou enzimas específicas para
as bactérias (VERMELHO et al., 2007).
Existem diversas maneiras de classificar os antibacterianos: de acordo com a estrutura
química, quanto ao espectro de ação em largo, baixo ou intermediário dependendo da espécie
bacteriana os quais estes são ativos. Porém, a forma mais comum de classificação é de acordo
com o seu modo de ação (DEPIZZOL, 2010).
Amoxicilina:
A amoxicilina se liga às proteínas plasmáticas na taxa de cerca de 20%. Distribui-se
primariamente no líquido extracelular e atinge elevadas concentrações na bile e na urina. É
excretada rapidamente por secreção tubular renal. A amoxicilina é inativada pelas betas-
lactamases produzidas por diversas bactérias com Staphylococcus aureus, Haemophilus
influenzae, Neisseria gonorrhoeae e várias enterobactérias, como Escherichia coli e Salmonella
sp (SILVA, 2006).
“O mecanismo de ação da amoxicilina é a inibição da síntese da parede celular
bacteriana. É um antibiótico bactericida com pico de ação de 1 hora e duração de 6 a 8 horas,
meia – vida 60 a 80 minutos; excretada em sua maior parte pela urina, de forma inalterada”
(FONSECA, 2009, P. 120).
3
Segundo Fonseca (2009, P.121):
Absorção embora seja do mesmo grupo da ampicilina, a amoxicilina é mais absorvida
pelo trato grasto intestinal, atingem maiores concentrações nos tecidos e no sangue após
administração oral exige menor número de doses diárias e provoca diarreia em
incidência mais baixa. Caso a aconteça superdosagem, não há necessidade de nenhum
tratamento especial, apenas medidas de suporte. Em casos de ingestão de até 250mg/kg
em pacientes pediátricos, assim não há necessidade de uma lavagem gástrica.
Azitromicina:
A azitromicina inibe a síntese protéica pela ligação à subunidade 50S dos ribossomos de
microrganismos, sensíveis, de modo similar à eritromicina. É um antibiótico de largo espectro,
agindo contra bactérias Gram-positivas algumas Gram-negativas, micoplasma, clamídias e
algumas espiroquetas. A azitromicina é duas a quatro vezes menos ativa que a eritromicina
contra estafilococos e estreptococos (KATZUNG, 2006).
“Usualmente é bacteriostática, podendo ser bactericida em concentrações elevadas contra
algum micro–organismo, como Streptococcuspyogenes, S. pneumoniae e
Haemophilusinfluenzae. A azatioprina inibe a síntese proteica nos micros–organismos
susceptíveis” (FONSECA, 2009, P. 178).
“Penetra na parede celular, ligando-se às subunidades 50S de ribossomos, inibindo a
síntese de polipeptídios. Esse local de ação parece ser o mesmo de outros macrolídeos, como
eritromicina, claritromicina e também da clindamicina, da lincomicina e do cloranfenicol. A
azatioprina concentra-se nos leucócitos, monócitos macrófagos e fibrobrastos” (FONSECA,
2009, P. 177, 178).
“A azitromicina se caracteriza por baixa concentração plasmática e alta e persistente
contração tissular. É rapidamente absorvida pelo trato GI; a absorção e incompleta, mais excede
a da eritromicina” (FONSECA 2009, P. 177).
“Os alimentos não tem efeito substancial sobre a quantidade absorvida de azitromicina,
embora a velocidade de absorção possa ser aumentada. Distribui-se na maioria dos tecidos e
fluidos do organismo. Eliminada primariamente inalterada por excreção biliar. Meia-vida de 68
horas” (FONSECA, 2009, P. 177).
Tetraciclina:
“Penetra no microrganismo por parte da difusão e parte por um processo de transporte
ativo dependente de energia. As células susceptíveis concentram a droga a no seu interior; dentro
da célula, a tetraciclina liga-se a subunidades 30S do ribossomo bacteriano, impedindo a adição
de aminoácidos no crescimento peptídeo” (FONSECA, 2009, P. 1115).
“A absorção a partir do trato gastrointestinal é boa, mas pode ser afetada pela presença
de alimento ou alguns medicamentos contendo cátions divalentes, uma parte das doze orais
administradas permanece na luz do intestino modifica a flora intestinal e é excretada nas fezes.
Uma dose oral de 500mg a cada 6 horas produz pico sanguíneo de 4 a 6 mcg após 2 a 3 horas”
(FONSECA, 2009, P. 1115).
Sulfametaxol + Trimetropina:
A atividade antibacteriana da associação sulfametoxazol - trimetoprima deve-se ao bloqueio de
duas enzimas, na mesma cadeia de reações, no metabolismo bacteriano. As sulfonamidas
impedem a síntese do ácido fólico indispensável ao metabolismo bacteriano. A trimetoprima
4
intervém em outra fase do mesmo processo, inibe de forma quase específica a enzima
diidrofólico em ácido tetraidrofólico (SILVA, 2006).
A associação de sulfametaxazol/trimetropina bloqueia duas etapas consecutivas da
síntese de ácidos nucleicos e proteínas pelas bactérias. O sulfametoxazol inibe a síntese
bacteriana do ácido di-hidrofólicopela competição com o ácido para-aminobenzoico
(PABA). Timetroprim bloqueia a produção da enzima necessária, de-
hidrofolatoredutase. Portando, a associação de sulfametaxazol/trimetropina bloqueia
duas etapas consecutivas da síntese de ácidos nucleicos e proteínas pelas bactérias
(FONSECA, 2009, P. 1067).
Cefalexina:
Inibição da síntese da parede bacteriana; bactericida. Seu pico da ação após administração
oral é de 1 hora; com duração da ação após administração6 a 8 horas, meia-vida de 30 a 72
minutos. (FONSECA, 2009, P. 264).
A superdosagem com a cefalexina pode causar náuseas, vômitos, dor epigástrica, diarreia
e hematúria. Caso haja outros sintomas provavelmente, devem-se a doença subjacente, ou a
reação alérgica ou mesmo concomitantes. Quando a superdosagem for superior a cinco vezes a
quantidade usual precisa-se fazer lavagem gástrica. (FONSECA, 2009, P. 264).
Cipofloxacino:
“Interfere na síntese do DNA da bactéria, bactericida; seu pico de ação após
administração oral: 1 a 2 horas. Meia vida plasmática em 4 horas; eliminação pela urina na forma
de droga ativa e por excreção biliar nas fezes” (FONSECA, 2009, P. 298).
Os dados sobre a toxidade aguda da ciprofloxacina em seres humanos são limitados. Em
caso de superdosagem, deve-se proceder a indução de vômitos ou lavagem gástrica. O
paciente deve ser mantido bem hidratado para diminuir o risco de cristalúria. Há
controvérsia contra o valor da diálise para retirada da droga (FONSECA, 2009, P. 298).
O Norfloxacino:
É um novo ácido-quinolino-carboxílico com ação antibacteriana e de administração
oral. Tem amplo espectro de atividade antibacteriana contra patógenos aeróbios Gram-
positivos e Gram-negativos. O átomo de flúor na posição 6 proporciona potência
superior contra organismos Gram-negativos, e o núcleo piperazínico na posição 7 é
responsável pela atividade antipseudomonas (YUI, 2005).
“O Norfloxacino inibe a síntese de ácido desoxirribonucleico bacteriano e é bactericida
em nível molecular, três eventos específicos foram atribuídos
ao Norfloxacino em células de Escherichia coli” (YUI, 2005).
“Em caso de superdosagem deve-se manter hidratação adequada.
Em caso de superdosagem aguda, deve-se esvaziar o estômago por vômito ou lavagem gástrica”
(YUI, 2005).
Oxitetraciclinica:
E um produto do metabolismo de Streptomycesrimosus, sendo um membro da família
de antibióticos das tetraciclinas, acredita-se que seu efeito antimicrobiano se devido à
inibição da síntese proteica. A oxitetraciclinica e seus sais são facilmente absorvidos por
via oral e uma porcentagem de 10 a 40% liga-se às proteínas plasmáticas. Entre 40 e
70% é excretada inalterada na urina via filtração glomerular. Foi relatada uma meia-
vida sérica de 6 a 10 horas para a oxitetraciclinica em pacientes com função renal
normal (BUMERAD 2012).
5
Eritromicina:
“Inibe a síntese proteica das bactérias ligando-se às subunidades dos ribossomos.
Seu pico de ação é de 4 horas. Duração: 6 horas. Meia vida: 1 a 3 horas metabolização
hepática” (FONSECA, 2009, P. 472).
“Em caso de superdosagem, a droga deve ser suspensa imediatamente e tomadas todas as
medidas para eliminar o que ainda não foi absorvido (emese, lavagem gástrica). A eritromicina
não pode ser retirada por diálise” (FONSECA, 2009, P. 472).
Vancomicina:
A vancomicina afeta o metabolismo de construção da parede celular das bactérias. Para
tanto, ela liga-se na porção terminal D-Ala-D-Ala de um pentapeptídeo encontrado em
precursores de peptidoglicano, interferindo na etapa de transpeptidação (Silveira et al., 2006).
“Inibe a síntese da parede bacteriana, a permeabilidade da membrana celular e a síntese
de DNA. E bactericida contra germes gram-positivos, exceto no caso de enterococos, em que
atua como bacteriostático” (FONSECA, 2009, P. 1156).
“Seu pico de ação após administração endovenosa: imediata ao final da infusão (que
devem durar 60 minutos). Meia-vida: 4 a 8 horas. Excretada pela urina na forma ativa.
Penetra em meninges inflamadas e coleções líquidas de derrame pleural pericárdico,
ascético e sinovial, bem como a urina, no líquido de diálise peritoneal e na bile”
(FONSECA, 2009, P. 1156).
Claritromicina:
A claritromicina é bacteriostática, podendo ser bactericida em altas concentrações. Ele
inibe a síntese proteica, penetrada na parede celular ligando-se às subunidades de ribossoma 50S.
A sua absorção é por via oral e maior que a eritromicina, com biodisponibilidade de 50%
a 55%, após 250mg oral. Sofre rápida passagem para um metabólico ativo; os alimentos causam
um pequeno retardo na absorção, mas a quantidade absorvida é aumentada ou não afetada pelos
alimentos.
A distribuição é pouca conhecida; a concentração tissular é maior que a sérica,
extensamente metabolizada no fígado. Seu pico de ação em 2 a 4 horas. Meia-vida de 3 a 7
horas. (FONSECA, 2009, P. 305).
Acido Clavulânico:
O ácido clavulânico (AC) é um excelente inibidor de β-lactamases, que são enzimas
responsáveis pela resistência bacteriana aos antibióticos β-lactâmicos. É constituído por um anel
ß-lactâmico condensado a um anel oxazolidina. O uso combinado do AC com antibióticos ß-
lactâmico tornou possível a cura de várias infecções resistentes a terapias convencionais, sem
necessitar de utilização de medicamentos com fortes efeitos colaterais (OLIVEIRA, et al., 2009).
A combinação do AC com a amoxicilina é o exemplo de maior sucesso do uso de um
antibiótico β-lactâmico sensível à β-lactamase, juntamente com um inibidor desta enzima. O
Acido Clauvulânico funciona como proteção do antibiótico, protegendo-o do ataque de bactérias
que possuem resistência aos antibióticos (OLIVEIRA, et al., 2009).
6
2.3 Mecanismos Bacterianos de Resistência a Drogas
Segundo Wannmacher (2004) a resistência bacteriana é caracterizada pela capacidade de
cepas bacterianas se multiplicarem mesmo na presença de concentrações mais elevadas de
antibacterianos do que as doses terapêuticas utilizadas em humanos. Esse fenômeno é
considerado natural e se deu a partir da iniciação na prática clínica desses medicamentos.
Acredita-se que o uso indiscriminado dos antibacterianos em gados e humanos foi
responsável pelo rápido desenvolvimento da resistência bacteriana (OLIVEIRA, 2008).
Atualmente é relevante a preocupação em relação à resistência aos antimicrobianos, pois
esta pode levar a graves consequências no tratamento de doenças infecciosas. A exposição da
microbiota intestinal do homem aos antibacterianos pode aumentar a resistência, pois estas
bactérias reservam genes de resistência para microrganismos patogênicos (POETA e
RODRIGUES 2008).
Vale ressaltar que a resistência bacteriana tem se agravado principalmente no âmbito
hospitalar, mas também tem se distribuído pelas comunidades humanas. Um fator que tem
contribuído por essa disseminação é a pressão seletiva – resultante do uso clínico dos
antibióticos e como agente do crescimento de animais; além das viagens nacionais e
internacionais (VERMELHO et al., 2007).
Existem dois tipos de resistência bacteriana (VERMELHO et al., 2007).
Resistência intrínseca - resulta do estado fisiológico das bactérias ou da sua organização
estrutural. Este processo é natural e também herdado pelas células, está presente na maioria das
cepas que compõem um grupo, gênero ou espécie (VERMELHO et al., 2007).
Resistência adquirida - ocorrem mutações no material genético ou aquisição de material
genético que codificam genes de resistência; ocorre apenas em algumas cepas de uma
determinada espécie bacteriana. Com isso, as bactérias adquirem genes de resistência com muita
facilidade tornando-as resistentes às drogas (VERMELHO et al., 2007).
Existem vários mecanismos de resistência bacteriana, dentre os quais se destacam:
Reprogramação e modificação da estrutura-alvo - ocorre quando o sítio-alvo do
antibiótico sofre alteração estrutural a partir de genes que o expressa, impedindo a ligação do
fármaco no seu alvo de ação, uma vez que a interação do fármaco com seu sítio-alvo é bastante
especifica. Os antibióticos eritromicina e vancomicina são exemplos de drogas para as quais este
tipo de resistência já foi mencionado (SILVEIRA et al., 2006).
Síntese de altos níveis da enzima cuja ação é bloqueada pela droga - os cromossomos
sofrem mutações levando a produção de um excesso da enzima inibida, apesar de uma parte das
moléculas da enzima ser bloqueada pela droga, outra parte fica livre para atuar na via metabólica
correspondente. Neste tipo de resistência destacam-se os antibióticos β-lactâmicos
(VERMELHO et al., 2007).
Redução da permeabilidade celular em relação à droga em questão - por este tipo de
mecanismo, [...] a maioria das bactérias gram-negativas é resistente à penicilina G por ser
impermeável à droga, ou por apresentar alteração em proteínas de ligação à penicilina. No caso
das sulfonamidas, o microrganismo pode também apresentar uma menor permeabilidade à droga
(DEPIZZOL, 2006).
Mecanismo de fluxo da droga - ocorre a remoção ativa de antibióticos de dentro da
célula - bomba de fluxo. O antibiótico é imediatamente lançado para fora da célula, reduzindo
7
assim expressivamente a eficácia antibacteriana. Tetraciclinas, fluoroquinolonas, cloranfenicol e
β-lactâmicos são drogas que representam este tipo de resistência (DEPIZZOL, 2006, apud ANG
et al.,, 2004).
Presença de uma segunda enzima que executa a reação metabólica inibida - as sulfas e o
trimetropim são exemplos de antibióticos em que ocorre este tipo de resistência. Ambos estão
envolvidos na inibição da síntese do folato, as bactérias resistentes produzem uma segunda
enzima que executa a síntese do folato enquanto a primeira enzima está inibida pela droga
(VERMELHO et al., 2007).
Produção de enzimas modificadoras ou destruidoras das drogas - algumas enzimas são
capazes de degradar o antibiótico ou modificar os grupamentos farmacologicamente ativos
inativando-o e impedindo a sua interação com sítio-alvo, é o que ocorre, por exemplo, com a
dalfopristina e com as penicilinas (SILVEIRA et al., 2006).
Além disso, [...] através de mecanismos de troca genética, muitas bactérias tornam-se
resistentes a várias classes de antimicrobianos. A emergência de cepas de germes
multirresistentes é consequência natural da pressão seletiva resultante do uso de antimicrobianos,
sendo um problema cada vez mais preocupante (JACOBY, 2008).
3. Metodologia e resultados
A pesquisa realizada no período de 03 de março a 05 de abril de 2017 com os estudantes
universitarios de um centro universitário do nordeste de Minas Gerais. Foram entrevistandos 155
alunos de forma aleatória simples, sem destiguir turma, sexo, idade, religião ou classe
econônomica.
A metodologia para levantamento dos dados foi por levantamento bibliografico e a
aplicação de questionários quantitativos (anexo I) no campus institucional. Foram realizadas as
perguntas a seguir: (1) Idade por Pessoa (2) Prevalência das causas da ingestão de antibióticos
(3) Prevalência dos agentes viabilizadores da utilização de antibacterianos orais (4) Distribuição
dos medicamentos utilizados (5) Frequência do período de utilização de antibióticos (6)
Assinatura do termo de consetimento. Após coleta dos dados, procedeu-se o tratamento e escrita
do presente trabalho.
Tabela I – Resultado do questionário aplicado
Distribuição da amostra por idade
Quantidade %
Menos de 20 anos 39 25,16
20 a 30 anos 90 58,06
31 a 40 anos 15 9,68
41 a 50 anos 7 4,52
51 a 60 anos 4 2,58
61 anos ou mais 0 0
Total 155 100
8
Prevalência das causas da ingestão de antibióticos
Quantidade %
Indicação médica 101 57,71
Indicação de amigos 8 4,57
Indicação de Balconista de Farmácia 19 10,86
Indicação do Profissional da Saúde 13 7,42
Conta própria 25 14,29
Não ingere 9 5,15
Total *175 100
Prevalência dos agentes viabilizadores da utilização de
antibacterianos orais
Quantidade %
Infecção Intestinal 13 6,7
Dor de garganta ou gripe 75 38,66
Infecção na pele 11 5,67
Infecção Urinaria 30 15,46
Infecção de garganta 28 14,43
Sinusite 15 7,74
Outras situações 22 11,34
Total *194 100
Distribuição dos medicamentos utilizados
Quantidade %
Amoxicilina 100 48,78
Azitromicina 21 10,25
Cefalexicina 19 9,27
Oxitetraciclina 1 0,49
Sulfametoxazol 3 1,46
Ciprofloxacino 8 3,9
Norfloxacino 3 1,46
Trimetoprima 0 0
Tetraciclina 7 3,41
9
Não faz uso 14 6,83
Não se lembra 20 9,76
Outras 9 4,39
Total *205 100
Frequência do período de utilização de antibióticos
Quantidade %
Dose única 3 1,94
02 a 06 dias 35 22,58
07 dias a 10 dias 48 30,97
Acima de 10 dias 0 0
Não sabem por quantos dias fez uso 13 8,39
Conformeprescrição indicação médica 56 36,12
Total 155 100
Fonte: Os autores (2017).
*Houve mais de uma resposta por entrevistado = 155
Dados obtidos na pesquisa foram 25,16 % possuem idade até 20 anos, 58,6 % têm idade
de 20 e 30 anos, 9,68 % estão entre 31 e 40 anos, 4,72 % entre 41 a 50 anos e 2,68 % estão entre
51 a 60 anos. Verificou-se que 5,19 % não faziam uso de antibióticos. Quanto ao sintoma que
mais motivou esse procedimento, “dor de garganta ou gripe” recebeu o maior número de
referências, 38,66 %. O antibiótico mais utilizado foi a amoxicilina, com 48,78 % conforme
discriminados na Tabela I.
4. Resultados discussões
A pesquisa apresentou um índice de automedicação elevado de antibiótico, e verificou-se
que 42,29% utilizaram antibiótico sem prescrição médica. A propagação da automedicação está
relacionada a fatores econômicos, políticos e culturais, que se relacionam com: a elevada
disponibilidade de produtos; simbolismo da saúde representada pelo medicamento; propaganda
irresponsável; venda sem apresentação da receita; qualidade da assistência à saúde; o acesso
dificultado da população aos serviços de atenção formal à saúde em países mais pobres ( Pereira
et al., 2007). E os antibióticos constituem parte dos medicamentos não prescritos mais
consumidos.
É comum o uso de antibióticos para tratamentos de enfermidades de etiologia viral, pois:
são de difícil diferenciação clínica das enfermidades de etiologia bacterianas, existe a falsa
crença que a profilaxia de antibióticos evita complicações bacterianas, há grande pressão dos
familiares pela prescrição de antibióticos, a venda desses medicamentos é descontrolada, os
eventos adversos decorrentes do uso inadequado desses medicamentos são desconhecidos
(BRICKS, 2003).
10
A prescrição de antibióticos para infecções virais como tentativa de impedir possíveis
complicações bacterianas é ineficaz e, além disso, o uso excessivo de antibióticos contribuiu para
o surgimento e disseminação da resistência bacteriana. Pois em um longo uso contí=nuo dessa
droga não ocorrera mais efeito e sim a proliferação bacteriana, por isso devemos controlar o uso
inadequado de antibiótico.
A amoxicilina também foi descrita em um estudo sobre avaliação da qualidade das
prescrições de antimicrobianos dispensadas em unidades públicas de saúde (ABRANTES, et al.,
2007). Diante disso, vale destacar a importância da sua indicação para melhor emprego desta
droga e ainda rever o potencial de resistência relacionada a ela.
Quanto aos erros de dosagem e duração de tratamento, no meio hospitalar, a posologia
inadequada tem sido apontada pela maior parte dos erros de prescrição desses medicamentos
(ABRANTES et al., 2007). Informações posológicas e do tempo de tratamento inadequados
contribui para a não adesão aos protocolos de antibacterianos preconizados no âmbito hospitalar
(ABRANTES et al., 2007).
Em vários países dois terços dos antimicrobianos são utilizados sem prescrição médica e
mais de 50 % das prescrições desses medicamentos se mostram inapropriadas, 50 % dos
consumidores utilizam o medicamento por um dia e 90 % utilizam aproximadamente por três
dias (NICOLINI, et al., 2008).
5. Conclusão
Muitos antibióticos são utilizados para diversos fins, sendo necessário rever os critérios
para sua indicação. O uso indiscriminado está associado a vários problemas destacando a
resistência bacteriana.
Apesar da maioria dos entrevistados 57,71 % consumir antibióticos somente mediante
prescrição médica, é fundamental rever as práticas de prescrição e políticas de saúde
relacionadas ao uso desses medicamentos, principalmente na indicação, seleção do antibiótico
mais adequado para o caso e o período de tratamento, tendo em vista que a utilização
desnecessária e incorreta desses medicamentos pode causar riscos para a saúde, além do
desperdício dos recursos que poderiam ser mais bem empregados para a prevenção de doenças.
Também são necessários métodos mais criteriosos para diagnosticar e tratar as infecções
bacterianas é necessário também usar, com bastante cuidado, os antimicrobianos, pois a
capacidade das bactérias desenvolverem resistência é grande e o processo da indústria para
desenvolvimentos de novos fármacos é dispendioso.
Diante disso vale destacar a importância do profissional farmacêutico no estabelecimento
de dispensação de antibióticos. Pois apesar de muitos afirmarem a utilização de antibacterianos
somente mediante indicação médica relataram o consumo antibacterianos na gripe e resfriados
que são de etiologia viral.
11
6. Referências
ABRANTES, P. de M. et al., Avaliação da qualidade das prescrições de antimicrobianos dispensadas em
unidades públicas de saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 2002.Cad. Saúde Pública vol.23 n.1 Rio de
Janeiro Jan. 2007.
ANVISA. 2012. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC no 20, de 05 de maio de 2012. Dispõe sobre o controle
de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isoladas ou
em associação. Diário Oficial da União de 09 de maio de 2012.
BRAOIOS, A. P. et al Uso de Antimicrobianos pela população da cidade de Jataí (GO). Revista Ciência &
Saúde Coletiva. v. 18, n. 10, p. 3055-3060, 2013. ISSN: 2236-0867 Acta Biomédica Brasiliensia / Volume 6/ no 2/
Dezembro de 2015. www.actabiomedica.com.br 93
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7. Anexo I
Termo de Compromisso Livre e Esclarecido
Você está sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa para Trabalho de conclusão de curso
de farmácia e para publicação de um artigo cientifico. O objetivo é elabora uma pesquisa sobre
Uso Indiscriminados de Antibióticos por estudantes de nível superior de uma determinada
universidade do centro Universitário do Nordeste de Minas Gerais. Sua participação é
completamente voluntaria, não existindo nenhuma forma de remuneração para sua participação.
Se você concorda em participar do trabalho, basta apenas responder um questionário
padronizado que se encontra a seguir, sobre informações obre “Antibióticos”. Assim peço sua
colaboração de ser o mais fidedigno possível em suas respostas. Os resultados serão utilizados
para elaboração do trabalho de conclusão de Curso TCC e para publicação de um artigo
cientifico. Todos os questionários utilizados na pesquisa ficarão sob a guarda do pesquisador
responsável. Se você tiver qualquer dúvida em relação a pesquisa, poderá contatar o Estudante
Alan Pereira dos Santos, por e-mail [email protected] ou Prof. Orientador Dr. Daniel
Rodrigues Silva, por e-mail [email protected]
( ) Concordo ( )Não concordo Data: ____/____/2017
1) Distribuição da amostra por idade;
( ) menos de 20 anos; ( ) 20 anos a 30 anos; ( ) 31 anos a 40 anos;
( ) 41 anos a 50 anos; ( ) 51 anos a 60 anos; ( ) 61 anos ou mais;
2) Prevalência das causas da ingestão de antibióticos
( ) Indicação medica; ( ) Indicação de amigos;
( ) Indicação de Balconista de Farmácia; ( ) Indicação do Profissional da Saúde;
( ) Conta própria; ( ) Não ingere;
3) Prevalência dos agentes viabilizadores da utilização de antibacterianos orais
( ) Infecção Intestinal; ( ) Dor de garganta ou gripe; ( ) infecção na Pele;
( ) Infecção urinaria; ( ) Infecção de garganta; ( ) Sinusite;
( ) outra situação;
4) Distribuição dos medicamentos utilizados
( ) Amoxicilina; ( ) Azitromicina; ( ) Cefalexicina; ( ) Oxatetraciclina;
( ) Sulfametoxazol; ( ) Ciprofloxacino; ( ) Norfloxacino; ( ) Trimetoprima;
( ) Tetraciclina; ( ) Não faz uso; ( ) Não se lembra; ( ) Outros;
5) Frequência do período de utilização de antibióticos.
( ) dose única; ( ) 02 a 6 dias; ( ) 7 dias a 10 dias ( ) acima de 10 dias;
( ) não sabem por quantos dias utilizam o antibiótico;
( ) conforme prescrição, indicação médica.
Assinatura (preencher somente com as iniciais do seu nome. Exemplo Alan Pereira dos Santos =
A.P.S.). Aluno (a) ______________________________________________