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i CAMILA DE SOUZA PAGLARINI UTILIZAÇÃO DE EXTRATOS COMERCIAIS DERIVADOS DE PLANTAS EM PRODUTOS CÁRNEOS: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE CAMPINAS 2015

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CAMILA DE SOUZA PAGLARINI

UTILIZAÇÃO DE EXTRATOS COMERCIAIS DERIVADOS DE

PLANTAS EM PRODUTOS CÁRNEOS: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE

ANTIOXIDANTE

CAMPINAS

2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS

CAMILA DE SOUZA PAGLARINI

UTILIZAÇÃO DE EXTRATOS COMERCIAIS DERIVADOS DE

PLANTAS EM PRODUTOS CÁRNEOS: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE

ANTIOXIDANTE

Dissertação apresentada à Faculdade

de Engenharia de Alimentos da

Universidade Estadual de Campinas

como parte dos requisitos exigidos para

a obtenção do título de Mestra em

Tecnologia de Alimentos.

Orientadora: Profª. Drª. MARISE APARECIDA RODRIGUES POLLONIO

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA PELA ALUNA CAMILA DE

SOUZA PAGLARINI E ORIENTADA

PELA PROFA. DRA. MARISE

APARECIDA RODRIGUES POLLONIO

Assinatura do Orientador

__________________________

CAMPINAS

2015

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Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Faculdade de Engenharia de Alimentos Claudia Aparecida Romano - CRB 8/5816

Paglarini, Camila de Souza, 1989- P148u PagUtilização de extratos comerciais derivados de plantas em produtos cárneos :

avaliação da atividade antioxidante / Camila de Souza Paglarini. – Campinas, SP :

[s.n.], 2015.

PagOrientador: Marise Aparecida Rodrigues Pollonio. PagDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de

Engenharia de Alimentos.

Pag1. Oxidação lipídica. 2. Antioxidantes naturais. 3. Produtos cárneos. 4.

Extratos de plantas. 5. TBARS. I. Pollonio, Marise Aparecida Rodrigues. II.

Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia de Alimentos. III.

Título. Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Plant-derived commercial extracts on meat products : Study on the

antioxidant activity Palavras-chave em inglês: Lipid oxidation

Natural antioxidants

Meat products

Plant extracts

TBARS Área de concentração: Tecnologia de Alimentos

Titulação: Mestra em Tecnologia de Alimentos Banca examinadora: Ana Paula Badan Ribeiro [Presidente] Paulo Cezar Bastianello Campagnol

Mario Roberto Marostica Junior Data de defesa: 06-04-2015 Programa de Pós-Graduação: Tecnologia de Alimentos

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BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________

Profª. Drª. Ana Paula Badan Ribeiro

Presidente

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Paulo Cezar Bastianello Campagnol

Membro Titular

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Mário Roberto Maróstica Junior

Membro Titular

___________________________________________________________________

Profª. Drª. Ana Lúcia da Silva Correa Lemos

Membro Suplente

___________________________________________________________________

Dr. Renato Grimaldi

Membro Suplente

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RESUMO GERAL

Os produtos cárneos são muito susceptíveis à oxidação lipídica, uma das principais reações

de deterioração e a causa principal de sabor e odor desagradáveis, redução do valor

nutricional e da vida útil, além da formação de compostos tóxicos. O consumo excessivo de

produtos cárneos está relacionado com o aumento do risco de algumas doenças, tais como

doenças cardiovasculares, câncer, hipertensão e obesidade e assim pesquisas vem sendo

desenvolvidas para elaboração de produtos mais saudáveis, dentre os quais destacam-se

aqueles com redução de aditivos sintéticos. Neste contexto, o objetivo do presente estudo

foi avaliar a atividade antioxidante de extratos comerciais derivados de plantas em matéria-

prima cárnea (carne de frango mecanicamente separada - CFMS) e em produto cárneo

reestruturado elaborado com diferentes matérias-primas (carne bovina, suína, de frango e

CFMS). As concentrações dos extratos naturais foram de 0,125, 0,25, 0,5 e 1,0%, m/m. Os

extratos foram caracterizados quanto ao teor de compostos fenólicos, flavonóides totais,

atividade antioxidante ORAC, DPPH e ABTS. A oxidação lipídica foi avaliada pela análise

de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico - TBARS. A matéria-prima cárnea foi

avaliada crua em ambiente refrigerado (4 °C) nos dias 0, 2, 4, 6, 8 e 10 e o produto cárneo

foi avaliado cozido refrigerado (4 °C) nos dias 0, 3 e 6 e cru congelado (-18 °C) nos dias 0,

30 e 60 de vida útil. Quando caracterizados, todos os extratos naturais apresentaram

atividade antioxidante, com destaque para os extratos de semente de uva e chá verde. Na

CFMS todos os extratos apresentaram potencial antioxidante, sendo que o extrato de romã

foi o menos efetivo e assim não foi aplicado no produto cárneo. O extrato de chá verde foi

o mais efetivo contra a oxidação nos hambúrgueres cozidos e crus. No entanto os extratos

de semente de uva, alecrim e mate também aumentaram a vida útil dos hambúrgueres

cozidos. Nos hambúrgueres congelados a vida útil foi aumentada pelos extratos de semente

de uva e alecrim. Os extratos naturais apresentaram maior potencial antioxidante nos

hambúrgueres quando comparados com o antioxidante sintético BHT. Os resultados

obtidos sugerem que extratos comerciais derivados de plantas podem ser utilizados como

antioxidantes naturais em produtos cárneos, no entanto, estudos sensoriais tornam-se

necessários para viabilizar sua adição. Com relação à oxidação lipídica, é possível a

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utilização de extratos comerciais derivados de plantas em produtos cárneos, melhorando a

sua qualidade nutricional.

Palavras-chave: oxidação lipídica, antioxidantes naturais, produto cárneo, extratos de

plantas, TBARS

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ABSTRACT

Meat products are very susceptible to lipid oxidation, a major degradation reaction and

primary cause of off-flavors, reduction in the nutritional value and shelf life, and formation

of toxic compounds. Increased consumption of meat products has been associated with a

high risk of developing cardiovascular disease, cancer, hypertension and obesity. Therefore,

several studies have focused on the manufacture of healthier products, among which the

products with less synthetic additives have stood out. In this context, the aim of this study

was to evaluate the antioxidant activity of plant-derived commercial extracts on meat raw

materials (mechanically separated poultry - MSP) and restructured meat product made with

different raw materials (beef or pork or chicken or MSP). The natural extracts

concentrations were 0.125, 0.25, 0.5, and 1.0% w / w. The extracts were characterized for

phenolics content, total flavonoids, and antioxidant activity using ORAC, DPPH, and

ABTS assays. Lipid oxidation was evaluated by measuring thiobarbituric acid reactive

substances - TBARS. The chilled (4 °C) fresh raw material was evaluated at days 0, 2, 4, 6,

8, and 10, while the cooked product (4 °C) was evaluated at days 0, 3, and 6, and the fresh

frozen product (-18 °C) was evaluated at days 0, 30 and 60 of storage. All natural extracts

exhibited antioxidant activity, especially the grape seed and green tea extracts. In the MSP,

all extracts presented antioxidant potential, and the pomegranate extract was less effective

and therefore has not been used in the product formulation. The green tea extract was the

most effective against oxidation in cooked and raw burgers. However, the grape seed,

rosemary, and mate extracts also increased shelf life of the cooked burgers. With respect to

the frozen hamburgers, the shelf life was also increased by grape seed and rosemary

extracts. A higher antioxidant potential of the natural extracts was observed when

compared to the synthetic antioxidant BHT. The results suggest that despite commercial

plant-derived extracts can be used as natural antioxidants in meat products, sensory studies

are necessary to enable their addition. With regard to lipid oxidation, it is possible to use

commercial plant-derived extracts in meat products, improving nutritional quality.

Keywords: lipid oxidation, natural antioxidants, meat product, plant extracts, TBARS

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SUMÁRIO

RESUMO GERAL..............................................................................................................vii

ABSTRACT..........................................................................................................................ix

INTRODUÇÃO GERAL......................................................................................................1

CAPÍTULO 1 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: UTILIZAÇÃO DE EXTRATOS

COMERCIAIS DERIVADOS DE PLANTAS EM PRODUTOS CÁRNEOS:

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE

ANTIOXIDANTE.................................................................................................................7

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 9 1

1.1 OXIDAÇÃO LIPÍDICA .......................................................................................... 9

1.1.1 Mecanismos da oxidação lipídica .................................................................. 9

1.1.2 Fatores que influenciam a oxidação lipídica em produtos cárneos.......... 11

1.1.3 Efeitos da oxidação lipídica em produtos cárneos ..................................... 12

1.2 USO DE ANTIOXIDANTES PARA INIBIR A OXIDAÇÃO LIPÍDICA .......... 14

1.2.1 Mecanismo de ação dos antioxidantes ........................................................ 15

1.2.2 Antioxidantes sintéticos ................................................................................ 16

1.2.3 Antioxidantes naturais ................................................................................. 18

1.2.3.1 Extrato de semente de uva .......................................................................... 21

1.2.3.2 Extrato de alecrim ...................................................................................... 22

1.2.3.3 Extrato de chá-verde ................................................................................... 23

1.2.3.4 Extrato de erva mate ................................................................................... 24

1.2.3.5 Extrato de romã .......................................................................................... 25

1.3 MÉTODOS PARA AVALIAR A OXIDAÇÃO LIPÍDICA EM CARNES E

PRODUTOS CÁRNEOS .................................................................................................. 25

1.3.1 Análise de Substâncias Reativas ao Ácido Tiobarbitúrico (TBARS) ...... 26

1.4 ATIVIDADE ANTIOXIDANTE .......................................................................... 28

1.4.1 Métodos para avaliar a atividade antioxidante ......................................... 28

1.4.1.1 Método de Folin-Ciocalteau ....................................................................... 28

1.4.1.2 Determinação de flavonóides totais baseado na formação do complexo

AlCl3- flavonóide ....................................................................................................... 29

1.4.1.3 Método DPPH ............................................................................................. 30

1.4.1.4 Atividade antioxidante pelo método ORAC (Oxygen Radical Absorbance

Capacity) ................................................................................................................... 31

1.5 CARNE MECANICAMENTE SEPARADA (CMS) E PRODUTOS CÁRNEOS

PROCESSADOS .............................................................................................................. 32

1.5.1 Carne mecanicamente separada.................................................................. 32

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1.5.1.1 Fatores que influenciam nas características e na qualidade da CFMS ..... 33

1.5.1.1.1 Tipo e origem da matéria-prima ............................................................ 33

1.5.1.1.2 Tipo de abate/desossa ............................................................................ 33

1.5.1.1.3 Tipo e regulagem do equipamento ........................................................ 33

1.5.1.1.4 Rendimento aplicado ............................................................................. 34

1.5.1.1.5 Utilização em produtos cárneos ............................................................ 34

1.5.2 Produtos cárneos processados ..................................................................... 35

CAPÍTULO 2- EFEITO DA ADIÇÃO DE ANTIOXIDANTES COMERCIAIS

DERIVADOS DE PLANTAS EM CARNE DE FRANGO MECANICAMENTE

SEPARADA ARMAZENADA SOB

REFRIGERAÇÃO..............................................................................................................61

RESUMO.............................................................................................................................63

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 65 1

MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 66 2

2.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E PREPARO DOS SISTEMAS

MODELOS PARA AVALIAÇÃO DOS EXTRATOS COMERCIAIS .......................... 66

2.1.1 Matéria prima ............................................................................................... 66

2.1.2 Seleção dos extratos naturais ....................................................................... 67

2.1.3 Caracterização dos extratos ......................................................................... 67

2.1.3.1 pH ................................................................................................................ 67

2.1.3.2 Determinação de compostos fenólicos totais .............................................. 68

2.1.3.3 Determinação de flavonóides totais............................................................ 68

2.1.3.4 Determinação da capacidade antioxidante pelo método ORAC (Oxygen

Radical Absorbance Capacity) .................................................................................. 68

2.1.3.5 Determinação da capacidade antioxidante por DPPH .............................. 69

2.1.3.6 Capacidade Antioxidante Equivalente a Trolox (TEAC) - captura do

radical 2,2-azino-bis(3-etilbezotiazolina)-6-ácido sulfônico (ABTS•+

) .................... 70

2.1.4 Aplicação dos extratos derivados de plantas na CFMS ............................ 71

2.2 ANÁLISES REALIZADAS NOS SISTEMAS MODELOS ................................ 72

2.2.1 Determinação de TBARS ............................................................................. 72

2.2.2 Determinação de pH ..................................................................................... 72

2.2.3 Determinação de cor objetiva ...................................................................... 72

2.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................... 73

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 73 3

3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS EXTRATOS NATURAIS DERIVADOS DE

PLANTAS ........................................................................................................................ 73

3.2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CFMS ................................................................ 75

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3.3 APLICAÇÃO DOS EXTRATOS COMERCIAIS DERIVADOS DE PLANTAS

NOS SISTEMAS MODELOS .......................................................................................... 76

3.3.1 pH ................................................................................................................... 76

3.3.2 Avaliação da oxidação lipídica nos sistemas modelos ............................... 78

3.3.3 Avaliação de cor objetiva dos sistemas modelos ........................................ 82

3.3.3.1 Luminosidade (L*) ...................................................................................... 82

3.3.3.2 Intensidade de cor vermelha (a*) ............................................................... 84

3.3.3.3 Intensidade da cor amarela (b*) ................................................................ 86

3.3.3.4 Whiteness index (índice de brancura) ........................................................ 89

CONCLUSÃO ............................................................................................................. 90 4

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 91 5

CAPÍTULO 3 - EFEITO DE ANTIOXIDANTES COMERCIAIS DERIVADOS DE

PLANTAS SOBRE A ESTABILIDADE OXIDATIVA DE HAMBÚRGUERES

COZIDOS CONGELADOS ELABORADOS COM DIFERENTES MATÉRIAS

PRIMAS CÁRNEAS...........................................................................................................99

RESUMO...........................................................................................................................101

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 103 1

MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 104 2

2.1 MATÉRIAS PRIMAS, INGREDIENTES E ADITIVOS ................................... 104

2.2 TRATAMENTOS E DESENHO EXPERIMENTAL ......................................... 105

2.3 PROCESSAMENTO DOS HAMBÚRGUERES ................................................ 106

2.4 ANÁLISES REALIZADAS ................................................................................ 108

2.4.1 Composição química dos hambúrgueres .................................................. 108

2.4.2 Perfil de ácidos graxos das matérias-primas e dos hambúrgueres ........ 108

2.5 AVALIAÇÃO DA OXIDAÇÃO LIPÍDICA ...................................................... 109

2.6 INIBIÇÃO DA OXIDAÇÃO LIPÍDICA ............................................................ 109

2.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................. 109

RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 110 3

3.1 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E PERFIL DE ÁCIDOS GRAXOS ............... 110

3.2 EXTENSÃO DA OXIDAÇÃO LIPÍDICA EM HAMBÚRGUERES COZIDOS

..............................................................................................................................113

3.3 EXTENSÃO DA OXIDAÇÃO LIPÍDICA EM HAMBÚRGUERES

CONGELADOS ............................................................................................................. 119

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 122 4

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 122 5

CONCLUSÃO GERAL....................................................................................................129

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Aos meus pais Primo e Nelcinda,

DEDICO.

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AGRADECIMENTOS

À Deus por ter me guiado e protegido em Campinas e por me fazer sentir amada e cuidada

nos momentos de solidão e atribulações. À Maria pela intercessão em todos os momentos.

Aos meus pais por me conceberem a vida e pelo apoio no decorrer de toda minha vida

pessoal e acadêmica. Também sou grata aos meus irmãos, tios, primos e todos os demais

que sempre me incentivaram e apoiaram. Amo vocês!

Ao meu amor João Henrique por todo companheirismo, carinho e incentivo em todos os

momentos e à sua família por todo apoio.

À Universidade Estadual de Campinas e à Faculdade de Engenharia de Alimentos, pela

oportunidade de realização deste trabalho e ao CNPq pelo apoio financeiro.

À minha orientadora, Profª Drª Marise A. Rodrigues Pollonio por todo conhecimento e

profissionalismo transmitido e pelo incentivo no decorrer do trabalho, além de todo apoio

profissional e pessoal.

Aos membros da banca pelas valiosas contribuições que só enriqueceram o trabalho.

À professora Ana Paula Badan por todo apoio concedido na ausência da Profª. Marise.

Ao técnico do Laboratório de Carnes, José Roberto, pelo conhecimento transmitido, por

todo apoio no decorrer do trabalho e pelas longas conversas que me fizeram admirá-lo

muito.

Aos amigos do Laboratório de Carnes Claúdia, Vanessa, Bibiana, Teresa, Carla, Mária,

Maristela e Vitor pela amizade, incentivo e todo apoio no decorrer do trabalho. Um

obrigada especial ao Vitor por todos os almoços juntos, pelo companheirismo e amizade em

todos os momentos.

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Aos amigos da “salinha” May, Lígia, Ju, Vitor, Aninha, Diogo, Cecília, Débora, Carol,

Ana, Willian e Alexandre pela amizade e pelos bons momentos vividos.

Aos amigos do GPR pelos ensinamentos, apoio e amizade nos maravilhosos encontros de

sábado, realmente amigos pela fé.

À minha amiga irmã May Queiroz, pela amizade, companheirismo e por tudo que vivemos

e ainda viveremos.

Ao Alexandre e Willian pelo empréstimo da câmara no decorrer do experimento.

À funcionária Leila por toda ajuda no decorrer do experimento, pelas conversas e

companhia em todos os momentos.

Aos estagiários Igor, Ana Claúdia, Fernanda, Mariana e Gabriela por toda ajuda no decorrer

do experimento.

Aos Laboratórios de Óleos e Gorduras e Laboratório de Bioaromas e Compostos Bioativos

pela recepção e apoio nas ánalises realizadas. Em especial ao Dr. Renato, Marcella e a

Mestra Angélica.

À Nutron Alimentos, Tovani Benzaquen, Fuchs e Univar pelo fornecimento dos extratos

utilizados neste estudo.

À Cooperativa Agropecuária Holambra pela doação da CFMS e da carne de frango.

À Spel pela doação das embalagens a vácuo.

À todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento deste

estudo.

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"O que somos é presente de Deus;

no que nos transformamos é o

nosso presente a Ele”. (São João Bosco)

“Sê humilde pra evitar o orgulho,

mas voa alto para alcançar a

sabedoria” (Santo Agostinho)

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Mecanismo geral da oxidação lipídica. RH- ácido graxo insaturado; ROO• -

Radical peroxil; ROOH - hidroperóxidos; R• - radical livre ................................................ 10

Figura 2. Mecanismo de ação de antioxidante primário e secundário.................................. 16

Figura 3. Compostos fenólicos ............................................................................................. 19

Figura 4. Estrutura geral dos flavonóides ............................................................................. 19

Figura 5. Estrutura geral das diferentes subclasses de flavonóides ...................................... 20

Figura 6. Estrutura química do ácido carnósico e seu produto da oxidação, o carnosol ...... 23

Figura 7. Caminho de formação do MDA a partir do radical peroxil do ácido graxo

poliinsaturados C18 (a) e formação do cromóforo de TBA e MDA (b) .............................. 27

Figura 8. Estabilização do radical livre DPPH• .................................................................... 30

Figura 9. Produtos cárneos mais saudáveis e suas características ........................................ 36

Figura 10. Extratos comerciais naturais derivados de plantas .............................................. 67

Figura 11. Cor das amostras homogeneizadas de CFMS adicionadas de extratos comerciais

naturais de plantas 1% (a) 0,5% (b), 0,25% (c) e 0,125% (d) no decorrer de 10 dias de

armazenamento a 4 ºC. FC- controle; F1- semente de uva; F2- Alecrim; F3- Romã; F4- Chá

verde; F5- Mate; F6- BHT .................................................................................................... 88

Figura 12. Fluxograma do processamento de hambúrgueres ............................................. 107

Figura 13. Hambúrgueres crus congelados elaborados com carne bovina (HB), suína (HS),

de frango (HF) e de CFMS (HCFMS), adicionados de extrato de semente de uva (F1),

extrato de alecrim (F2), extrato de chá verde (F3), extrato de mate (F4) e BHT (F5) ....... 113

Figura 14. Hambúrgueres cozidos elaborados com carne bovina (HB), suína (HS), de

frango (HF) e de CFMS (HCFMS), adicionados de extrato de semente de uva (F1), extrato

de alecrim (F2), extrato de chá verde (F3), extrato de mate (F4) e BHT (F5) ................... 113

Figura 15. Inibição da oxidação lipídica (%) pelos extratos de semente de uva (F1), alecrim

(F2), chá verde (F3), mate (F4) e o antioxidante sintético BHT (F5) em hambúrgueres de

carne bovina (HB), suína (HS), frango (HF) e CFMS (HCFMS) cozidos ......................... 118

Figura 16. Inibição da oxidação lipídica (%) pelos extratos de semente de uva (F1), alecrim

(F2), chá verde (F3), mate (F4) e o antioxidante sintético BHT em hambúrgueres de carne

bovina (HB), suína (HS), frango (HF) e CFMS (HCFMS) crus congelados ..................... 121

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Espécies reativas ao oxigênio ............................................................................... 11

Tabela 2. Tipos de antioxidante de acordo com sua classificação ....................................... 16

Tabela 3. Antioxidantes sintéticos, sua efetividade e toxicidade ......................................... 17

Tabela 4. Delineamento experimental do sistema modelo para avaliação dos extratos

comerciais naturais derivados de plantas.............................................................................. 71

Tabela 5. Valores de pH dos extratos comerciais naturais derivados de plantas ................. 73

Tabela 6. Teores de compostos fenólicos totais dos extratos de semente de uva, alecrim, chá

verde, romã, mate e do antioxidante sintético BHT, expressos em equivalente de ácido

gálico (EAG)......................................................................................................................... 74

Tabela 7. Composição centesimal da carne de frango mecanicamente separada ................. 75

Tabela 8. Valores de pH da CFMS adicionada de 1, 0,5, 0,25 e 0,125% de extrato e

armazenada sob refrigeração (4 °C) pro 10 dias .................................................................. 77

Tabela 9. Concentração de malonaldeído (mg/kg de amostra) em CFMS adicionada de 1,

0,5, 0,25 e 0,125% de extrato e armazenada sob refrigeração (4 °C) pro 10 dias ................ 80

Tabela 10. Médias dos valores de L* (luminosidade), das amostras com diferentes

concentrações de extratos comerciais naturais e com adição do antioxidante sintético BHT

.............................................................................................................................................. 83

Tabela 11. Valores de a*(intensidade da cor vermelha) das amostras com diferentes

concentrações de extratos comerciais naturais e com adição do antioxidante sintético BHT

.............................................................................................................................................. 85

Tabela 12. Valores de b*(intensidade da cor amarela) das amostras com diferentes

concentrações de extratos comerciais naturais e com adição do antioxidante sintético BHT

.............................................................................................................................................. 87

Tabela 13. Índice de brancura das amostras com diferentes concentrações de extratos

comerciais naturais e com adição do antioxidante sintético BHT ........................................ 89

Tabela 14. Formulações dos hambúrgueres elaborados com diferentes matérias-primas

cárneas, adicionados de extratos naturais e enriquecidos com ômega 3 ............................ 106

Tabela 15. Composição química (b.u.) das matérias-primas e das formulações controle dos

hambúrgueres cozidos ........................................................................................................ 110

Tabela 16. Composição em ácidos graxos das matérias cárneas (% área do total de lipídeos)

............................................................................................................................................ 111

Tabela 17. Composição em ácidos graxos das formulações controle cozidas (% área do total

de lipídeos) ......................................................................................................................... 112

Tabela 18. Valores de TBARS das matérias-primas e das formulações controle dos

hambúrgueres cru ............................................................................................................... 114

Tabela 19. Valores de TBARS de hambúrgueres cozidos mantidos sob refrigeração (4 °C)

nos intervalos de 0, 3 e 6 dias de armazenamento .............................................................. 116

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xxiv

Tabela 20. Valores de TBARS de hambúrgueres crus congelados (-18 °C) nos dias 0, 30 e

60 de armazenamento ......................................................................................................... 120

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Introdução Geral

1

INTRODUÇÃO GERAL

Produtos cárneos são alimentos amplamente consumidos pela população mundial e

esse consumo se deve aos aspectos sensoriais e principalmente à variedade de produtos que

não demandam muito tempo para o preparo, disponíveis nas gôndolas de supermercados.

Diante dessa variedade, o consumidor é atraído, contribuindo para que produtos tais como

salsichas, salames, mortadelas, linguiças, empanados, almôndegas e hambúrgueres sejam

opção crescente como componentes de refeições rápidas para o lanche de muitas famílias

no mundo todo (OLIVEIRA et al., 2013).

Carnes e produtos cárneos são importantes fontes de proteínas, lipídeos,

aminoácidos essenciais, minerais, vitaminas e outros nutrientes. O alto teor de aminoácidos

essenciais faz com que esses produtos tenham grande importância na suplementação de

proteínas na dieta humana e seu consumo depende de fatores sócio-econômicos, éticos ou

religiosos, além da tradição. Globalmente, a carne suína é a mais consumida, seguida pela

carne de frango, carne bovina e por fim carnes de carneiro e de cabra (FONT-I-FURNOLS;

GUERRERO, 2014).

Devido à relação entre o consumo de derivados cárneos e aumento do risco de

doenças, tais como doenças cardiovasculares, câncer, hipertensão e obesidade, pesquisas

vem sendo desenvolvidas para elaboração de produtos mais saudáveis (ÖZVURAL;

VURAL, 2012). Além disso, mudanças nos hábitos alimentares decorrente do

desenvolvimento da sociedade nas últimas décadas tem levado as pessoas a procurarem por

alimentos com preços mais acessíveis, mais saudáveis e que tenham sabor e aparência

agradáveis. Assim, a indústria de alimentos busca continuamente se adaptar e desenvolver

novas formulações destinadas ao aumento da vida de prateleira e melhorar a qualidade e

segurança dos alimentos (SELANI et al., 2011).

Nos últimos anos, o consumidor tem buscado por escolhas de produtos cárneos mais

saudáveis, com redução dos níveis de gordura, colesterol, cloreto de sódio e nitrito. Além

disso, importância tem sido dada a produtos com melhoramento do perfil de ácidos graxos

e incorparados de ingredientes mais saudáveis, como antioxidantes naturais (ZHANG et al.,

2010).

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Introdução Geral

2

Produtos cárneos são originados através de uma diversidade de processos e

formulações, sendo classificados em emulsionados, reestruturados, injetados, fermentados,

congelados, enlatados, tratados termicamente, entre outras classificações. Esses processos,

associados a seleção de diferentes matérias primas e ingredientes, influenciam na qualidade

global dos produtos cárneos. Além disso, em sua maioria, esses produtos têm alto teor de

gordura, e assim sua suceptibilidade à oxidação é aumentada.

Carnes e produtos cárneos quando sujeitos ao processamento (principalmente

aquecimento) e armazenamento, que alteram suas características físico-químicas, sofrem

oxidação devido ao desenvolvimento de radicais livres, que iniciam a oxidação de ácidos

graxos poliinsaturados e destroem o sistema natural antioxidante (HYGREEVA et al.,

2014).

A oxidação lipídica é uma das principais reações de deterioração que resulta na

perda de qualidade em produtos cárneos (GRAY et al., 1996), causando redução na vida

útil devido ao desenvolvimento de odor e flavour rançoso (BRANNAN; MAH, 2007).

Além disso, ocorre degradação das vitaminas lipossolúveis e ácidos graxos essenciais, os

quais afetam a integridade e segurança, através da formação de compostos tóxicos como

malonaldeídos e outros intermediários da reação (SELANI et al., 2011).

A forma mais eficiente e prática para evitar a oxidação lipídica e alterações de cor

em produtos cárneos, é a adição de antioxidantes nas formulações (KONG et al., 2010). O

uso de antioxidantes em alimentos é controlado por leis regulatórias de um país ou por

padrões internacionais (KARRE et al., 2013).

Os antioxidantes podem ser sintéticos ou naturais, sendo que os sintéticos mais

utilizados na indústria de alimentos são o butilhidroxianisol (BHA), butilhidroxitolueno

(BHT), galato de propila (GP) e terc-butil hidroquinona (TBHQ) (HUANG et al., 2011).

No entanto, devido seu consumo estar relacionado com malefícios à saúde humana, a

aplicação de antioxidantes naturais em produtos cárneos tem sido amplamente estudada.

Além disso, estudos demonstraram que os antioxidantes naturais podem ser mais eficientes

que os sintéticos (AHN et al., 2007; SEBRANEK et al., 2005; McCARTHY et al., 2001).

As plantas (vegetais, frutas, ervas e especiarias) são fontes de diversas substâncias

bioativas que tem ação antioxidante. Os principais compostos ativos responsáveis pela

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Introdução Geral

3

atividade antioxidante de derivados de plantas são os compostos fenólicos, flavonóides,

diterpenos fenólicos e taninos (ZHANG et al., 2010).

Compostos fenólicos de plantas são apontados como efetivos inibidores da oxidação

lipídica em sistemas alimentares, além disso, os consumidores estão cada vez mais alertas

quanto ao consumo de aditivos alimentares sintéticos, devido seus possíveis efeitos

negativos a saúde (YU et al., 2013). O potencial antioxidante dos extratos de plantas

despertou interesse da indústria alimentícia, e atualmente estão disponíveis no mercado

diversos extratos comerciais naturais derivados de plantas para aplicação em alimentos,

inclusive em produtos cárneos.

Esses extratos são preparados a partir de plantas (frutas, vegetais, especiarias, entre

outros) pelo uso de diferentes solventes e métodos de extração. A atividade antioxidante

dos extratos comerciais é afetada pelo solvente utilizado e pelo método de extração, uma

vez que o procedimento de extração tem grande influência na composição dos extratos

(SHAH et al., 2014). Os extratos têm potencial de inibir a oxidação lipídica e a degradação

dos pigmentos da carne, podendo melhorar a qualidade sensorial e nutricional dos produtos

cárneos, além de extender a vida útil.

A semente de uva, o chá verde, o alecrim, o mate e a romã são descritos na literatura

como potenciais antioxidantes em produtos cárneos. No entanto, a avaliação desses extratos

é na maioria das vezes realizada a partir de extratos obtidos em processos laboratoriais e

não existem informações disponíveis sobre os respectivos compostos comerciais, cuja

oferta tem aumentado muito no mercado de ingredientes cárneos. Dessa forma, a avaliação

de ingredientes comerciais com propriedades antioxidantes, facilmente disponíveis para

aplicações industriais em produtos cárneos torna-se necessária para comprovar e validar tal

estratégia. Diante disto, o objetivo desse estudo foi avaliar a atividade antioxidante de

extratos comerciais derivados de plantas em matéria-prima cárnea e em produto cárneo.

Este trabalho foi dividido em três capítulos. No primeiro capítulo foi desenvolvida a

revisão bibliográfica sobre o tema, apresentando tópicos importantes para o bom

entendimento do mesmo. O capítulo 2 descreve a atividade antioxidante de extratos

comerciais derivados de plantas (semente de uva, chá verde, alecrim, romã e mate) em

carne de frango mecanicamente separada crua e armazenada sob temperatura de

refrigeração (4 °C), nas concentrações de 0,125, 0,25, 05 e 1,0%, durante 10 dias de vida de

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Introdução Geral

4

útil. O capítulo 3 descreve a etapa em que os extratos (semente de uva, chá verde, alecrim e

mate) foram adicionados em hambúrguer bovino cozido (4 °C) e cru (-18 °C) na

concentração de 0,125% e a extensão da oxidação lipídica avaliada por 0, 3 e 6 dias nos

hambúrgueres cozidos e 0, 30 e 60 dias nos hambúrgueres crus.

REFERÊNCIAS

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color change, and lipid oxidation in cooked beef. Food Microbiology, v. 24, p.7-14, 2007.

BRANNAN, R. G.; MAH, E. Grape seed extract inhibits lipid oxidation in muscle from

different species during refrigerated and frozen storage and oxidation catalyzed by

peroxynitrite and iron/ascorbate in a pyrogallol red model system. Meat Science, v.77,

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GRAY, J. L.; GOMAA, E. A.; BUCKLEY, D. J. Oxidative quality and shelf life of meats.

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HUANG, B.; HE, J.; BAN, X.; ZENG, H.; YAO, X.; WANG, Y. Antioxidant activity of

bovine and porcine meat treated with extracts from edible lotus (Nelumbo nucifera)

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HYGREEVA, D.; PANDEY, M. C.; RADHAKRISHNA, K. Potential applications of plant

based derivatives as fat replacers, antioxidants and antimicrobials in fresh and processed

meat products. Meat Science, v.98, p.47-57, 2014.

KARRE, L.; LOPEZ, K.; GETTY, K. J. K. Natural antioxidants inmeat and poultry

products.Meat Science, v.94, p.220-227, 2013.

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Introdução Geral

5

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system and in cooked pork patties and the possible mode of action. Meat Science, v.85,

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McCARTHY, T. L.; KERRY, J. P.; KERRY, J. F.; LYNCH, P. B.; BUCKLEY, D. J.

Evaluation of the antioxidant potential of natural food/plant extracts as compared with

synthetic antioxidants and vitamin E in raw and cooked pork patties. Meat Science, v.57,

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OLIVEIRA, D. F.; COELHO, A. R.; BURGARDT, V. C. F.; HASHIMOTO, E. H.;

LUNKES, A. M.; MARCHI, J. F.; TONIAL, I. B. Alternativas para um produto cárneo

mais saudável: uma revisão. Brazilian Journal of Food Technology, v.16, p.163-174,

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ÖZVURAL, E. B.; VURAL, H. The effects of grape seed extract on quality characteristics

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SEBRANEK, J. G.; SEWALT, V. J. H.; ROBBINS, K. L.; HOUSER, T. A. Comparison of

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SELANI, M. M.; CONTRERAS-CASTILLO, C. J.; SHIRAHIGUE, L. D.; GALLO, C. R.;

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as natural antioxidants in raw and cooked chicken meat during frozen storage. Meat

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Introdução Geral

6

YU, J.; AHMEDNA, M. Functional components of grape pomace: their composition,

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ZHANG, W.; XIAO, S.; SAMARAWEERA, H.; LEE, E. J.; AHN, D. U. Improving

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7

CAPÍTULO 1

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA:

UTILIZAÇÃO DE EXTRATOS COMERCIAIS DERIVADOS DE PLANTAS EM

PRODUTOS CÁRNEOS: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE

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Capítulo 1

9

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1

1.1 OXIDAÇÃO LIPÍDICA

A oxidação lipídica é um dos principais processos que leva a perda da qualidade da

carne e seus derivados, depois da deterioração microbiana (SEBRANEK et al., 2005;

KANNER, 1994; RAHARJOS; SOFOS, 1993). A oxidação lipídica origina uma série de

reações químicas que podem alterar características sensoriais (cor, sabor e odor), vida de

prateleira (LIU et al., 1995), valor nutritivo e a funcionalidade do produto. Além do mais,

essas alterações são percebidas como efeito negativo pelo consumidor (RAHARJOS;

SOFOS, 1993).

Dentre as reações deteriorativas, as microbiológicas e/ou enzimáticas, podem ser

inibidas com a utilização de baixas temperaturas, já a oxidação lipídica ocorre normalmente

à temperatura de resfriamento e/ou congelamento, ainda que numa velocidade reduzida

(PIEDADE, 2007). A indústria de alimentos tem grande interesse em encontrar soluções

para prevenir ou minimizar as reações de oxidação lipídica, uma vez que estas levam ao

desenvolvimento de indesejáveis off-flavours e produtos de reação potencialmente tóxicos

(TAHERI et al., 2014).

1.1.1 Mecanismos da oxidação lipídica

Os lipídeos presentes na composição dos alimentos podem ser oxidados por reações

hidrolíticas ou lipolíticas, oxidação enzimática, fotoxidação ou autoxidação (RAMALHO;

JORGE, 2006).

A rancidez pode ser classificada em hidrolítica enzimática e não enzimática. O que

as diferencia, é que na hidrolítica enzimática ocorre hidrólise das moléculas de

triacilgicerídeos em ácidos graxos livres, pela ação das enzimas lipases. Já na rancidez não

enzimática também ocorre a quebra dos triacilgliceróis, só que na presença de água e altas

temperaturas, como o processo de fritura dos alimentos (PIRES, 2014).

A oxidação enzimática ocorre pela ação das enzimas lipoxigenases que atuam sobre

os ácidos graxos poliinsaturados, catalisando a adição de oxigênio à cadeia hidrocarbonada

poliinsaturada. Essa reação resulta na formação de peróxidos e hidroperóxidos com duplas

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Capítulo 1

10

ligações conjugadas que podem envolver-se em diferentes reações degradativas

(HALLIWELL et al., 1995).

A fotoxidação é causada essencialmente pela radiação UV em presença de

fotossensibilizadores (clorofila, mioglobina, riboflavina e outros) que absorvem a energia

luminosa de comprimento de onda na faixa do visível e a transferem para o oxigênio

triplete (3O2), gerando o estado singlete (

1O2). O oxigênio singlete reage diretamente com

as ligações duplas dos ácidos graxos insaturados por adição formando hidroperóxidos

diferentes dos que se observam na ausência de luz e de sensibilizadores, e que por

degradação posterior originam aldeídos, álcoois e hidrocarbonetos (RAMALHO; JORGE,

2006).

A autoxidação, também denominada rancidez oxidativa, é a reação mais importante,

pois representa o principal mecanismo da oxidação lipídica, e provoca alterações

indesejáveis e irreversíveis. A autoxidação está associada à reação do oxigênio com os

ácidos graxos insaturados e pode ser descrita por três etapas gerais: iniciação, propagação e

terminação (Figura 1) (PERUMALLA; HETTIARACHCHY, 2011).

Figura 1. Mecanismo geral da oxidação lipídica. RH- ácido graxo insaturado; ROO

• -

Radical peroxil; ROOH - hidroperóxidos; R• - radical livre

Fonte: Perumalla; Hettiarachchy (2011)

Nas fases de iniciação e propagação, a presença de radicais livres é decisiva

(ADAMS, 1999). Um radical livre pode ser definido como qualquer átomo ou molécula

que contém um ou mais elétrons desemparelhados. Podem ser formados pela perda de um

elétron de um não radical ou no caso do rompimento de uma ligação covalente, caso cada

um dos átomos envolvidos fiquem com um elétron. Essa situação energicamente instável é

o que confere alta reatividade a essas espécies (HORTON, 2003). Os radicais livres

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Capítulo 1

11

geralmente são produzidos durante o metabolismo do oxigênio nos tecidos e são chamados

de espécies reativas ao oxigênio (Reactive Oxygen Species - ROS). São divididos em

radicais e não radicais, conforme a Tabela 1.

Tabela 1. Espécies reativas ao oxigênio

Radicais Não radicais

Radical hidroxila (OH•) Peróxido de hidrogênio (H2O2)

Radical nítrico (N•O) Ácido hipocloroso (HClO)

Radical superóxido (O2•-) Oxigênio singlete (

1O2)

Radical peroxila (ROO•) Ozônio (O3)

Radical alcoxila (RO•)

Fonte: Combs, 1998

O radical hidroxila (OH•) é provavelmente o radical livre mais importante para a

iniciação do processo de oxidação nos tecidos animais, pois ele pode rapidamente remover

um átomo de hidrogênio do ácido graxo insaturado. Os principais alvos desse radical são os

lipídeos, especialmente os ácidos graxos insaturados da membrana celular, proteínas e

DNA (COMBS, 1998).

Na propagação ocorre a reação dos radicais livres dos ácidos graxos com o

oxigênio, onde são formados os peróxidos e hidroperóxidos, os produtos primários da

oxidação lipídica (ARAÚJO, 1995). A partir dos hidroperóxidos, são formados os produtos

secundários como, aldeídos, cetonas, álcoois, alcanos, alcenos, sendo de grande

importância para o desenvolvimento do odor característico do ranço (MÁRQUEZ-RUIZ et

al., 2013). O aldeído da oxidação mais comumente avaliado é o malonaldeído, que é um

dialdeído com três carbonos (ARAÚJO, 1995).

Na terceira fase da oxidação ou terminação, os radicais livres reagem entre si e

aroma e sabor fortes são gerados, além de alterações de cor, viscosidade e composição do

lipídio (BOBBIO; BOBBIO, 1992).

1.1.2 Fatores que influenciam a oxidação lipídica em produtos cárneos

A susceptibilidade da carne a oxidação lipídica está relacionada ao seu teor de

ácidos graxos insaturados (MÁRQUEZ-RUIZ et al., 2013). Além disso, também é afetada

por compostos heme (ferro ligado ao grupo porfirina); metais e ferro não heme (ferro ligado

diretamente à proteína); enzimas da membrana e teor de sal (TORRES, 1988). De acordo

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Capítulo 1

12

com KANNER (1994) diversos fatores podem afetar a intensidade da oxidação lipídica no

processamento de carnes, dentre eles: a composição e frescor dos componentes de carne

crua; cozimento ou aquecimento; corte, descamação, emulsificação, desossa; e adição de

outros componentes como sal, nitrito, condimentos e antioxidantes.

Os íons ferro na forma livre ou ligado a mioglobina (Fe2+

e Fe3+

) são potenciais pró-

oxidantes. De acordo com Ladikos; Lougovois (1990) íons metálicos, como o ferro,

facilitam a transferência de elétrons levando a um aumento da taxa de formação de radicais

livres. Os autores ainda relataram que a forma do íon metálico é tão importante quanto à

quantidade presente, pois o ferro no estado ferroso (Fe2+

) demonstrou ser mais pró-oxidante

do que o ferro no estado férrico (Fe3+

) em produtos cárneos cozidos. Pigmentos heme

podem ativar mais rápido a oxidação lipídica com o ferro no estado férrico, enquanto o

ferro não hemínico aparentou ser mais ativo no estado ferroso.

Estudos relatam que o cloreto de sódio (NaCl) tem efeito pró-oxidante em produtos

cárneos (DEVATKAL et al., 2011; TANG et al., 2001). Seu efeito está associado à

capacidade do NaCl melhorar a atividade dos íons ferro. Além disso, o NaCl pode deslocar

íons ferro de ligações macromoleculares para reações oxidativas (KANNER, 1994).

A reação de oxidação é acelerada durante a desossa, processamento, cozimento,

estocagem e exposição das matérias primas cárneas. Nessas etapas, ocorre rompimento das

membranas celulares pela desossa mecânica, moagem, reestruturação ou cozimento, com a

liberação do ferro livre catalítico da mioglobina e de outras proteínas, devido à alteração

dos compartimentos celulares. O ferro e outros agentes pró-oxidantes interagem com os

ácidos graxos insaturados, gerando radicais livres e propagando a reação. Além disso, a

exposição das matérias-primas ou dos produtos cárneos a elevadas temperaturas, presença

de oxigênio e a incidência excessiva de luz aceleram a autoxidação, tornando os produtos

cárneos reestruturados e cozidos muito susceptíveis a oxidação lipídica (OLIVO, 2006).

1.1.3 Efeitos da oxidação lipídica em produtos cárneos

Dentre os atributos de qualidade dos produtos cárneos, a cor, o sabor, o aroma e a

textura são os parâmetros que mais influenciam na aceitabilidade pelo consumidor. Dentre

esses, a aparência é o mais importante na hora da compra (GRAY et al., 1996). Esses

atributos são modificados pela oxidação lipídica, prejudicando a qualidade sensorial desses

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Capítulo 1

13

alimentos. Além disso, a reação de oxidação afeta negativamente os aspectos nutricionais

dos produtos cárneos, com a degradação parcial de ácidos graxos insaturados e vitaminas

lipossolúveis.

A cor é o principal atributo de qualidade que influência na aceitabilidade de

produtos cárneos pelo consumidor, bem como é um parâmetro essencial na decisão de

compra do produto.

A perda de oxigênio da oximioglobina, pigmento vermelho brilhante, e de um

elétron do íon ferroso, forma a metamioglobina, um pigmento de cor marron acinzentado,

que reduz a aceitabilidade da carne perante o consumidor (KANNER, 1994). A oxidação

do pigmento pode catalisar a oxidação lipídica, bem como, os radicais livres produzidos

durante esse processo podem oxidar o átomo de ferro ou desnaturar a molécula de

mioglobina, alterando a cor do produto cárneo (SELANI, 2010; LYNCH; FAUSTMAN,

2000).

A formação de aldeídos e outros compostos voláteis atribui odores desagradáveis a

diversos tipos de carnes e derivados, especialmente em carnes pré-cozidas que, após dias de

armazenagem, apresentam aroma/sabor de requentado (TIMS;WATTS, 1958).

O termo “warmed-over flavor” foi introduzido por Tims; Watts (1958) para explicar

o rápido desenvolvimento de odor oxidado em carnes cozidas e depois refrigeradas, e que

pode se desenvolver em até 48 horas. O warmed over flavour (WOF) se difere da rancidez

comum ocorrida em carnes in natura, tecidos gordurosos, gordura animal ou toucinho, que

normalmente não é aparente até que o produto tenha sido armazenado por semanas ou

meses. Apesar disso, foi detectado WOF em carne in natura moída e depois exposta ao ar e

em CMS e carnes reestruturadas onde foi rompida estrutura muscular e incorporado ar

(GRAY et al., 1996).

O WOF é uma das maiores causas de deterioração de flavour em produtos cárneos

pré-cozidos. Os ácidos graxos poliinsaturados (PUFAs) por possuírem duplas ligações, são

instáveis e assim oxidados originando compostos secundários oxidativos, como o hexanal,

pentanal, heptanal e octanal. Dentre eles, o hexanal é o principal responsável pelo

desenvolvimento de WOF (AHN et al., 2007; ST. ANGELO et al., 1987).

O desenvolvimento do WOF está largamente associado com a autoxidação dos

PUFAs, principalmente os presentes nos fosfolipídeos, e o ferro, que é um potente

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Capítulo 1

14

catalisador da reação. Nas carnes cozidas, a desnaturação das proteínas faz com que o ferro

hemínico seja liberado e assim a oxidação lipídica é acelerada. A susceptibilidade e a taxa

de oxidação dos fosfolipídeos são dependentes do teor de ácidos graxos presentes e seu

grau de instauração (FRANKEL, 2005; GRAY; BYRNE et al., 2002; PEARSON, 1987).

Os lipídeos oxidados podem reagir com proteínas e aminoácidos em carnes. Essa

interação pode ocorrer de três maneiras: formação de complexos não covalentes; reações

tipo radical produzindo complexos covalentes e reações com produtos secundários da

oxidação lipídica. Reações radical entre lipídeos oxidados e proteínas levam a formação de

ligações cruzadas proteína-proteína, lipídeo-proteína e a cisão das proteínas. Compostos

secundários da oxidação (aldeídos) podem reagir com grupos amino de compostos da base

de Schiff e emitir luz fluorescente. Além disso, as ligações cruzadas de proteínas formam

polímeros e causam redução na solubilidade, desnaturação e inativação de enzimas

(KANNER, 1994).

A oxidação lipídica traz diversos prejuízos nutricionais aos produtos cárneos, dentre

eles: a destruição parcial dos ácidos graxos insaturados (linoléico e linolênico); destruição

de vitaminas lipossolúveis como, vitamina A, vitamina E e carotenóides; destruição parcial

da vitamina C (co-oxidação); formação de produtos secundários da oxidação lipídica

(malonaldeído entre outros) e produtos da reação de Maillard que podem reagir com as

proteínas, diminuindo sua absorção; irritação da mucosa intestinal por peróxidos causando

diarréia e reduzindo a capacidade de absorção, e por fim a formação de lipídeos oxidados

que são antagonistas a muitos nutrientes como vitaminas (tiamina, riboflavina, vitamina A,

tocoferóis, etc), proteínas, aminoácidos, entre outros (SELANI, 2010; KANNER, 1994).

Além disso, o aquecimento de carnes e derivados promove a formação de produtos

das reações de Maillard que, reagindo com produtos da oxidação lipídica (malonaldeído),

originam as aminas aromáticas heterocíclicas, substâncias de elevado poder cancerígeno

(GRAY et al., 1996; KANNER, 1994).

1.2 USO DE ANTIOXIDANTES PARA INIBIR A OXIDAÇÃO LIPÍDICA

Uma das formas de retardar ou inibir a oxidação lipídica em alimentos é a utilização

de antioxidantes, que podem ser sintéticos ou naturais. Antioxidantes são compostos que

protegem o sistema biológico contra o efeito nocivo de processos ou reações que podem

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Capítulo 1

15

causar oxidação excessiva (KRISKY, 1994) e tem sido amplamente utilizados pela

indústria de alimentos para esse fim (BRAND-WILLIAMS et al., 1995).

1.2.1 Mecanismo de ação dos antioxidantes

Os antioxidantes retardam a oxidação lipídica de duas maneiras: protegem os

lipídios de iniciadores da reação ou travam a oxidação na fase de propagação (LAGUERRE

et al., 2007). De acordo com DAMODARAN et al. (2010) os mecanismos antioxidantes

dos compostos que são usados para aumentar a estabilidade oxidativa de alimentos

envolvem o controle de radicais livres, pró-oxidantes e intermediários da oxidação.

Ramalho; Jorge (2006) classificaram os antioxidantes mediante seu mecanismo de

ação em: primários ou secundários (sinergistas, removedores de oxigênio, biológicos,

agentes quelantes e antioxidantes mistos). Já a indústria alimentícia os classifica em

sintéticos ou naturais (Tabela 2).(PIRES, 2014).

Os antioxidantes primários são capazes de doar elétrons ou hidrogênio para o

radical livre formado durante a oxidação lipídica, convertendo-os em produtos

termonidamicamente estáveis e/ou formando o complexo lipídio-antioxidante, que pode

reagir com outro radical livre (ADEGOKE et al., 1998). De acordo com Kulkarni et al.

(2011) esses são os antioxidantes mais eficazes. Os antioxidantes secundários atuam

retardando a etapa de iniciação da autoxidação, por diferentes mecanismos que incluem

complexação de metais, seqüestro de oxigênio, decomposição de hidroperóxidos para

formar espécie não radical, absorção da radiação ultravioleta ou desativação de oxigênio

singlete (Figura 2) (ADEGOKE et al., 1998).

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Capítulo 1

16

Tabela 2. Tipos de antioxidante de acordo com sua classificação

Classificação Antioxidante

Primários BHA, BHT, TBHQ, PG, tocoferóis

Removedores de oxigênio

Acido ascórbico e seus isômeros (ex.

eritorbato de sódio)

Biológicos

PG, tocoferóis e enzimas: glucose oxidase,

superóxido dismutase e catalases

Quelantes/sequestrantes

Ácido cítrico e seus sais, fosfatos e sais de

ácido etileno diamino tetra acético (EDTA)

Mistos

Proteínas hidrolisadas, flavonoides e

derivados de ácido cinâmico

Sintéticos BHA, BHT, TBHQ e PG

Naturais

Tocoferóis, ácidos fenólicos e extratos de

plantas como: semente de uva, alecrim, romã,

mate e chá verde

Fonte: Ramalho; Jorge (2006); Pires (2014)

Figura 2. Mecanismo de ação de antioxidante primário e secundário

Fonte: Adaptado de Lundberg (1962)

1.2.2 Antioxidantes sintéticos

Dentre os antioxidantes sintéticos mais utilizados na indústria de alimentos incluem

o BHA, BHT, GP e TBHQ (Tabela 3) (TAHERI et al., 2014). Em produtos cárneos, os

mais utilizados são o BHA e o BHT. Esses antioxidantes são sinergistas entre si, ou seja, o

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Capítulo 1

17

BHA age como sequestrante de radicais peróxido e o BHT age como sinergista ou

regenerador de radicais BHA (RAMALHO; JORGE, 2006).

Conforme apresentado na Tabela 3, os antioxidantes sintéticos têm sido apontados

como causadores de malefícios à saúde e grandes restrições estão sendo colocadas para sua

utilização (EGEA et al., 2010). A concentração permitida desses aditivos em produtos

cárneos é regulada pela legislação de cada país. No Brasil, o Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA) permite a aplicação de 0,01% de cada antioxidante ou

combinados (BHA, BHT e GP), em base lipídica, exclusivamente para aplicação em

embutidos frescos congelados, carne desidratada, hambúrgueres cozidos e feijoada (MAPA,

2006).

Tabela 3. Antioxidantes sintéticos, sua efetividade e toxicidade

Antioxidante Efetividade Toxicidade

BHA

Maior em gordura animal e em

ácidos graxos de cadeia curta.

Baixa efetividade em óleos

vegetais. Apresenta sinergia com

PG.

Lesão no estômago de ratos,

carcinogênico, danos no sistema

circulatório em ratos (KARPINSKA

et al., 2001; SHAHIDI;

WANASUNDARA, 1992;

JAYALAKSHMI; SHARMA, 1986)

BHT

Similar ao BHA, mas não apresenta

sinergia com PG.

Hemorragia em doses elevadas em

ratos, carcinogênico, danos no

sistema circulatório em ratos

(KARPINSKA et al., 2001;

THOMPSON et al., 2001; SHAHIDI;

WANASUNDARA, 1992;

JAYALAKSHMI; SHARMA, 1986)

PG

Pode atuar como pró-oxidante

quando aplicado em níveis

elevados. Baixa efetividade em

alimentos fritos, massas assadas e

biscoitos preparados com gorduras.

Citotoxicidade e disfunção

mitocondrial (NAKAGAWA et al.,

1996)

TBHQ

Melhor antioxidante para óleos

vegetais e para óleos de fritura,

Sinergia com ácido cítrico.

Excelente efetividade em óleos

durante a estocagem.

Tumor no estômago e danos ao DNA

em animais de laboratório, altas

doses podem pode estimular a

apoptose e carcinogenicidade

(ESKANDANI et al., 2014)

Fonte: Adaptado de Pires (2014); Ramalho; Jorge (2006)

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Capítulo 1

18

A oxidação lipídica em produtos cárneos é controlada pela adição de antioxidantes

sintéticos, como o BHA, BHT, entre outros. No entanto, estudos têm demonstrado que

esses aditivos podem causar malefícios à saúde humana, e nos últimos anos diversos

estudos tem sido desenvolvido visando à adição de antioxidantes naturais em produtos

cárneos.

Assim, a utilização de antioxidantes naturais em produtos cárneos tem sido

amplamente estudada (FRANCO et al., 2012; ÖZVURAL;VURAL, 2012; GARRIDO et

al., 2011; ÖZVURAL;VURAL, 2011), pois além de não causarem malefícios a saúde, tem

a vantagem de não necessitarem de extensos testes de segurança antes da sua aplicação

(HUANG et al., 2011).

1.2.3 Antioxidantes naturais

Nos extratos de plantas os principais antioxidantes são compostos fenólicos, ácido

ascórbico e carotenóides (LEONG; SHUI, 2002).

A definição química dos fenólicos é que eles são substâncias que possuem um anel

aromático tendo um ou mais grupos hidroxilas, incluindo seus derivados funcionais

(SHAHIDI; NACZK, 2004). Polifenóis são compostos que tem mais do que um grupo

hidroxila fenólico ligado a um ou mais anel de benzeno (VERMERRIS; NICHOLSON,

2006). Entre os seres vivos, apenas os vegetais e os microrganismos são capazes de

sintetizar compostos fenólicos (SIQUEIRA et al., 1991), que são metabólitos secundários

das plantas e a síntese ocorre no desenvolvimento normal e em resposta as condições de

stress como: infecção, ferimentos, radiação UV, dentre outros (NACZK; SHAHIDI, 2006).

O stress oxidativo pode causar diversas doenças degenerativas em humanos, como

câncer, esclerose múltipla, doença de Parkinson, entre outras (THERIAULT et al., 2006).

Estudos têm demonstrado que uma dieta rica em compostos fenólicos pode evitar esses

danos oxidativos (KUROSUMI et al., 2007), devido ao efeito antioxidante, antifúngico,

antimicrobiano e atividades antibacterianas dos compostos fenólicos (LUO et al., 2011).

Os compostos fenólicos constituem desde moléculas simples até moléculas com alto

grau de polimerização (BRAVO, 1998). Como pode ser observado na Figura 3, os fenóis

são divididos em dois grupos principais: os flavonóides e os não-flavonóides (ácidos

fenólicos: C6-C1; hidroxicinamatos: C6-C3 e estilbenos C6-C2-C6) (KUCK, 2012). Os

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Capítulo 1

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flavonóides representam o maior grupo de polifenóis encontrados em alimentos

(SCALBERT; WILLIAMSON, 2000), além de serem considerados os mais potentes

antioxidantes entre os compostos fenólicos (SOOBRATTEE et al., 2005).

Figura 3. Compostos fenólicos ÁCIDOS

Fonte: Adaptado de Kuck, 2012

Os flavonóides têm em sua estrutura 15 carbonos, dispostos em três anéis: C6-C3-

C6 (denominados A, B e C). Os dois anéis de seis carbonos são aromáticos (Figura 4).

Figura 4. Estrutura geral dos flavonóides

Em função da sua estrutura básica os flavonóides são divididos em seis subclasses

denominadas flavan-3-ol (flavanóis), flavanonas, flavon-3-ol (flavonóis), antocianinas,

flavonas e isoflavonas, Figura 5 (HAMINIUK et al., 2012).

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Capítulo 1

20

Figura 5. Estrutura geral das diferentes subclasses de flavonóides

Os flavonóides estão presentes nas plantas como agliconas, oligômeros, ou

esterificados com ácido gálico, grande parte presente na natureza são estereoisômeros na

configuração cis ou trans em relação aos carbonos 2 e 3 ((-)-epicatequina (cis) e (+)-

catequina (trans)). Os oligômeros mais comuns (procianidinas) presentes em plantas

comestíveis são derivados a partir de (-)-epicatequina. Os perfis dos oligômeros e a

concentração relativa de cada procianidina individuais variam, dependendo da planta

(HAMMERSTONE et al., 2000).

Dentre os antioxidantes naturais, os extratos de plantas estão sendo amplamente

utilizados, uma vez que eles podem agir como: agentes redutores, terminadores de radicais

livres, quelantes de íons metálicos e dissipadores de oxigênio singlete (MATHEW;

ABRAHAM, 2006). A propriedade antioxidante dos extratos de plantas é devido a uma

mistura de componentes ativos, que podem atuar tanto individualmente como em sinergia

(HAAK et al., 2009; HALLIWELL, 2000). KONG et al. (2010) ressaltam, que a adição de

extratos de plantas em produtos cárneos permite o desenvolvimento de novos produtos com

melhores características nutricionais além de melhorar a vida útil e qualidade do produto

final.

Diversos extratos naturais de condimentos, vegetais ou frutas foram estudados para

aplicação em produtos cárneos como antioxidantes, dentre eles estão: extrato de semente de

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uva (YU; AHMEDNA, 2013; ÖZVURAL; VURAL, 2011, 2012; GARRIDO et al., 2011;

KULKARNI et al., 2011; BAÑÓN et al., 2007; NISSEN et al., 2004), extrato de alecrim

(DOOLAEGE et al., 2012; HAAK et al., 2009; MARTÍNEZ et al., 2006; SEBRANEK et

al., 2005; MCCARTHY et al., 2001), extrato de chá verde (HAAK et al., 2009;

MARTÍNEZ et al., 2006), extrato de romã (DEVATKAL; NAVEENA, 2010; NAVEENA

et al., 2008a; 2008b), extrato de mate (FERREIRA et al., 2011; RACANICCI et al., 2008;

CAMPOS et al., 2007), dentre outros. Em todos os trabalhos a eficiência desses extratos foi

satisfatória.

1.2.3.1 Extrato de semente de uva

O bagaço da uva (BU) é um subproduto da indústria de vinhos, consiste

principalmente de cascas (peles), sementes e caules e é responsável por cerca de 20-25% do

peso da uva esmagada para produção de vinho (LLOBERA; CANELLAS, 2007). As

sementes da uva são ricas em antioxidantes fenólicos extraíveis tais como o ácido fenólico,

flavonóides, procianidinas e resveratrol, enquanto que as peles de uvas contêm antocianinas

abundantes. Os benefícios a saúde de polifenóis advindos do BU tem sido de grande

interesse para os pesquisadores da indústria alimentar e nutracêutica. Além de antioxidantes

fenólicos, o BU ainda contém uma quantidade significativa de lípidos, proteínas, fibras não

digestíveis e minerais (YU; AHMEDNA, 2013).

A semente da uva representa 20-25% do peso do bagaço úmido, com umidade de 7-

9% e cerca de 40% de fibra, 13-19% de lipídeos (rico em ácidos graxos essenciais), 11% de

proteínas, 7% de compostos fenólicos complexos (taninos), açúcares, sais minerais, entre

outros (CAMPOS, 2008; BRAVI et al., 2007;. LLOBERA; CAELLAS, 2007; BAYDAR;

AKKURT, 2001; RAO, 1994). A semente de uva tem maior capacidade antioxidante

quando comparada com as demais partes da uva (casca e polpa) (XIA et al., 2010;

PASTRANA-BONILLA et al., 2003). Aproximadamente 60% dos polifenóis presentes na

uva são encontrados nas sementes, sendo os componentes majoritários flavan-3-óis,

(GARCIA-MERINO et al., 2006), o ácido gálico, (+)-catequina, (−)-epicatequina,

procianidina dimérica e polímeros de procianidinas (proantocianidinas) (HERNANDEZ-

JIMENEZ et al., 2009; HUANG et al., 2005; PASTRANA-BONILLA et al., 2003), sendo

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Capítulo 1

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que as proantocianidinas estão presentes em maior quantidade (HERNANDEZ-JIMENEZ

et al., 2009; KAMMERER et al., 2004).

O extrato de semente de uva tem sabor e aroma adstringente, assim ele representa

um grande desafio para os pesquisadores quando se trata da sua incorporação em produtos

alimentares (DAVIDOV-PARDO et al., 2013). BAÑÓN et al. (2007) sugerem que é quase

improvável que o extrato de semente de uva possa substituir o ascorbato ou aditivos

semelhantes em formulações industriais de produtos de carne crua, para eles, esse composto

seria mais eficaz em produtos cárneos cozidos ou pré cozidos.

Autores comprovaram a atividade antioxidante do extrato de semente de uva em

hambúrguer de carne bovina (BAÑÓN et al., 2007), bife de carne bovina (FRANCO et al.,

2012), carne moída bovina (AHN et al., 2002, 2007), linguiça de carne bovina pré cozida,

congelada e reaquecida (KULKARNI et al., 2011), linguiça chinesa (YU et al., 2013),

músculo de peixe moído (ÖZEN et al., 2011), hambúrgueres de porco (GARRIDO et al.,

2011), carne suína crua (CARPENTER et al., 2007), fatias de carne de carneiro (REDDY et

al., 2013), salsicha (ÖZVURAL; VURAL, 2011, 2012), carne cozida de frango (SELANI et

al., 2011), peito e coxa de frango, carne bovina do olho do lombo e lombo suíno

(BRANNAN; MAH, 2007).

De acordo com BRANNAN (2008) estudos comprovam que o ESU é estável ao

calor e resiste às temperaturas de processamento de carnes e produtos cárneos, de tal modo

que a sua eficácia antioxidante em carne é observada tanto no armazenamento refrigerado

quanto congelado.

1.2.3.2 Extrato de alecrim

O alecrim (Rosmarinus officianalis L.) é uma fonte popular de antioxidantes,

composto principalmente de compostos fenólicos diterpenos como carnosol, epirosmanol,

rosmanol, ácido carnósico e rosmandial (ZHEN; WANG, 2001; SHAHIDI et al., 2000).

Os diterpenos têm diversos papéis funcionais nas plantas, atuando como hormônios,

pigmentos fotossintéticos e reguladores de ferimentos induzidos por respostas. Os

diterpenos pertencem a dois grupos principais: abietano e clerodano. Em geral, os

diterpenos com esqueletos abietano ocorrem normalmente em espécies asiáticas e

européias, enquanto que os diterpenos mais comuns em espécies da América do Sul são os

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Capítulo 1

23

clerodanos (SCHWARZ, 2002). No alecrim, os principais diterpenos fenólicos são o ácido

carnósico e o carnosol, Figura 6 (ARUOMA et al., 1992). O carnosol é resultado da

degradação oxidativa do ácido carnósico (LÓPEZ-JIMÉNEZ et al., 2013).

Figura 6. Estrutura química do ácido carnósico e seu produto da oxidação, o carnosol

O extrato de alecrim é um composto natural e sua aplicação em alimentos tem

aceitação positiva pelo consumidor. O uso de extratos de alecrim é de grande interesse para

a indústria de carnes devido sua capacidade antioxidante (SEBRANEK et al., 2005). Os

diterpenos fenólicos, principalmente o carnosol e o ácido carnósico são responsáveis por

90% da sua atividade antioxidante (DOOLAEGE et al., 2012; HAAK et al., 2009). A ação

antioxidante destes compostos está baseada na sua capacidade de doar hidrogênio aos

radicais livres (ARUOMA et al., 1992).

Além de ser um antioxidante natural, o extrato de alecrim, na presença de sal,

melhora as características de cor e protege contra a descoloração, além de atuar como

antimicrobiano (MARTÍNEZ et al., 2006). A eficácia de aplicação do extrato de alecrim em

produtos cárneos foi verificada em concentrações de 0,02 a 1% (DOOLAEGE et al., 2012).

A eficiência do extrato de alecrim em produtos cárneos foi comprovada por

Maheswarappa et al. (2014); Fernández-López et al. (2005); Haak et al. (2009),

Georgantelis et al. (2007) ao avaliarem a adição do extrato em hambúrguer de frango cru e

cozido, almôndega, hambúrguer suíno e hambúrguer bovino, respectivamente.

1.2.3.3 Extrato de chá-verde

O chá (Camellia sinensis) é uma das bebidas mais consumidas no mundo e acredita-

se que seu efeito benéfico é devido principalmente a atividade antioxidante dos compostos

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Capítulo 1

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fenólicos presentes no chá verde e chá preto (WISEMAN et al., 1997). Os chás são

cultivados principalmente na China, Índia, Japão e no Ceilão (FERNANDEZ et al., 2002).

O extrato de chá verde possui diversos compostos fenólicos, sendo que, os

antioxidantes mais efetivos são as epicatequinas (epigalocatequina-3-galato (EGCG),

epicatequina-3-galato (ECG) e epicatequinas (EC)) (HAAK et al., 2009). As catequinas do

chá são capazes de agir como antioxidante devido sua capacidade de doar um átomo de

hidrogênio e assim atuar como receptor de radicais livres, interrompendo as reações de

oxidação da cadeia (GRAMZA et al., 2004) e ainda quelar íons metálicos (MARTÍNEZ et

al., 2006). Esse extrato pode ser utilizado na indústria de carnes para produção de nuggets

de frango, cortes de carne pré-assadas, hambúrguer e seus derivados, tiras de frango,

salsicha tipo Frankfurt, mortadela, entre outros.

Haak et al. (2009); Jo et al. (2003); Price et al. (2013) e Nissen et al. (2004)

comprovaram o efeito antioxidante do extrato de chá verde em hambúrguer suíno,

hambúrguer suíno cru e cozido, almôndegas e hambúrguer suíno cozido, respectivamente.

1.2.3.4 Extrato de erva mate

O mate (Ilex paraguariensis) é um chá amplamento consumido no Brasil,

Argentina, Paraguai e Uruguai (FILIP et al., 2000). Contém 1-1,5% de cafeína e 7-11 % de

taninos. Normalmente é consumido como infusão em água quente (mate) ou água gelada

(terere) (KAWAKAMI; KOBAYASHI, 1991). As folhas de mate são ricas em ácidos

fenólicos (FILIP et al., 2000). Filip et al. (2000) ainda ressaltam que o mate é utilizado pela

medicina popular no tratamento de artrite, digestão lenta, doenças no fígado, dor de cabeça,

reumatismo, obesidade, dentre outras.

O mate verde é obtido depois dos processos de sapecagem, trituração e secagem das

folhas e caules e pode ser armazenado por até 1 ano antes da comercialização (BASTOS et

al., 2006).

Estudos em carne de frango, filé de dourado e hambúrguer bovino (RACANICCI et

al., 2008; VEEK et al., 2013; FERREIRA et al., 2011) comprovaram a ação antioxidante do

extrato de mate em carnes e produtos cárneos.

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Capítulo 1

25

1.2.3.5 Extrato de romã

Frutos de romã contém elevado teor de antioxidantes, sendo os principais os

taninos, as antocianinas e os flavonóides (NAVEENA et al., 2008b; GIL et al., 2000).

Dentre estes, os presentes em maior abundância são: as antocianinas (cianidina-3-

glicosideo, cianidina-3,5-diglicosideo e delfindina-3-glicosideo), catequinas, taninos

elágico e ácidos gálico e elágico. O teor de polifenóis solúveis no suco da romã variam de

0,2 a 1%, dependendo da variedade (AVIRAM et al., 2000).

A capacidade antioxidante do suco de romã é três vezes maior que do vinho tinto e

do chá verde (GIL et al., 2000). De acordo com LI et al. (2006) a casca de romã ou o

extrato da casca tem sua atividade antioxidante baseada na capacidade de eliminar os

ânions superóxido e ação inibitória sobre a oxidação da lipoproteína de baixa densidade

(LDL).

NAVEENA et al. (2008b) ressaltam que a aplicação do extrato de romã no

processamento de carnes e seus benefícios a saúde ainda não estão esclarecidos, sendo

necessário mais estudos.

O extrato de romã foi efetivo na inibição da oxidação lipídica em hambúrguer de

frango, hambúrguer de frango cozido e carne moída suína crua (DEVATKAL et al., 2011;

NAVEENA et al., 2010; QIN et al., 2013).

A grande variedade de extratos de plantas comerciais disponíveis no mercado, com

alegação de potencial antioxidante, juntamente com a necessidade da indústria de produtos

cárneos em produzir alimentos mais saudáveis, viabilizam estudos nessa área, com boas

perspectivas para a utilização desses compostos naturais em derivados cárneos e assim,

disponibilizar alimentos seguros e de qualidade nutricional e sensorial para o consumidor.

1.3 MÉTODOS PARA AVALIAR A OXIDAÇÃO LIPÍDICA EM CARNES E

PRODUTOS CÁRNEOS

Diversos métodos analíticos podem ser utilizados para medir a extensão da oxidação

lipídica em carnes e produtos cárneos, os quais podem ser químicos ou físicos. Dentre os

químicos estão: índice de peróxidos, anisidina, Kreis, TBARS (substâncias reativas ao

ácido 2-tiobarbitúrico), valor Totox (valor total de oxidação) (OSAWA et al., 2005) e os

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Capítulo 1

26

físicos podem ser: polarografia, espectroscopia de infravermelho, refratometria,

fluorescêscia, e dienos conjugados (FERNÁNDEZ et al., 1997).

Apesar de suas limitações, o método mais usual na avaliação da oxidação de lipídios

em carnes e produtos cárneos é o teste de TBARS (substâncias reativas ao ácido

tiobarbitúrico) devido à sua simplicidade e rapidez (OSAWA et al., 2005; GOMES et al.,

2003; RAHARJO et al., 1993).

1.3.1 Análise de Substâncias Reativas ao Ácido Tiobarbitúrico (TBARS)

Geralmente, a oxidação lipídica em carnes é acompanhada através do valor de

TBARS, uma vez que produtos primários de oxidação lipídica constituem-se

principalmente de hidroperóxidos, que rapidamente são decompostos em várias substâncias

reativas ao ácido 2-tiobarbitúrico (TBARS), onde o malonaldeído (MDA) é o elemento

mais importante (BOTSOGLOU et al., 1994).

O MDA é um dialdeído de três carbonos com grupos carbonilas nas posições C-1 e

C-3 (RAHARJO; SOFOS, 1993). O método consiste na quantificação espectrofotométrica

da cor pink formada depois da reação do MDA com duas moléculas de TBA (Figura 7)

(BOTSOGLOU et al., 1994) e depois medido espectrofotometricamente a 532 nm de

comprimento. A quantificação de malonaldeído é feita a partir de curvas de calibração

construídas com concentrações conhecidas de MDA. Os padrões mais utilizados são

1,1,3,3-tetrametoxipropano (TMP) e 1,1,3,3-tetraetoxipropano (TEP) que, nas condições

ácidas do teste, sofrem hidrólise, resultando na liberação do malonaldeído. Cabe ressaltar

que o teste de TBARS mede a extensão da oxidação de lipídeos com três ou mais duplas

ligações (OSAWA et al., 2005).

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Capítulo 1

27

Figura 7. Caminho de formação do MDA a partir do radical peroxil do ácido graxo

poliinsaturados C18 (a) e formação do cromóforo de TBA e MDA (b)

Fonte: Laguerre et al. (2007); Fernández et al. (1997)

O método pode ser realizado por diferentes maneiras: (a) pelo aquecimento direto

da amostra com o TBA seguido pela separação do complexo pink formado; (b) pela

destilação da amostra seguida pela reação do destilado com o TBA; (c) a extração da

porção lipídica da amostra com solventes orgânicos e reação do extrato com TBA; (d) a

extração do MDA com solução aquosa de ácido tricloroacético ou ácido perclórico e reação

com TBA (OSAWA et al., 2005; BOTSOGLOU et al., 1994). Cada método tem suas

vantagens e desvantagens, sendo os mais comuns para avaliação da oxidação lipídica em

produtos cárneos a extração com solução aquosa de ácido tricloroacético e o método por

destilação.

A velocidade da reação do MDA com o TBA depende da concentração da solução

de TBA, da temperatura e do pH das misturas de reação, sendo que, a reação é acelerada

quanto mais concentrada for a solução de TBA, mais alta a temperatura e menor o pH

(RAHARJO; SOFOS, 1993).

O MDA pode ter potencial carcinogênico e mutagênico e assim afetar a segurança

dos alimentos (FERNÁNDEZ et al., 1997). Além disso, os produtos da oxidação lipídica

têm sido associados a doenças como a aterosclerose, as doenças gastrintestinais e câncer

(EL-ALIM et al., 1999).

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Capítulo 1

28

1.4 ATIVIDADE ANTIOXIDANTE

A atividade antioxidante (AH) refere ao atraso ou inibição da oxidação lipídica ou

outras moléculas pela inibição da etapa de iniciação ou propagação das reações oxidativas

das cadeias ou formação de radicais estáveis (A•) que não são reativos ou formam produtos

não radicais (HUANG et al., 2005).

ROO• + AH ROOH + A

A AH depende de vários fatores, dentre eles a composição lipídica, concentração do

antioxidante, temperatura, pressão do oxigênio, variáveis estas muito comuns em sistemas

alimentares e condições de processamento (ÖZEN et al., 2011; ALGHAZEER et al.,2008;

HOULIHAN et al., 1985).

1.4.1 Métodos para avaliar a atividade antioxidante

A AH de extratos de plantas é avaliada por diferentes métodos, que medem o

consumo de oxigênio ou a produção de hidroperóxidos e outros produtos da degradação

(BRAND-WILLIAMS et al., 1995). Ela pode ser determinada por diferentes métodos

espectrofotométricos in vitro. Alguns são baseados na captura de radicais livres, como o

ORAC (“oxygen radical absorbance capacity”), o ABTS (2,2´-azinobis (3-

etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico)) e o DPPH• (2,2-difenil-1-picrilhidrazila). Também se

baseiam na transferência de elétrons, como o FRAP (“ferric reducing antioxidant power”) e

o Folin-Ciocalteu (HUANG et al., 2005) ou na quantificação de produtos formados durante

a peroxidação lipídica, como o TBARS (substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico) e a

oxidação do LDL (lipoproteína de baixa densidade) (PAIXÃO et al., 2007).

1.4.1.1 Método de Folin-Ciocalteau

O método Folin-Ciocalteau tem sido usado por muitos anos para quantificar os

compostos fenólicos totais em produtos naturais. O seu mecanismo básico é uma reação de

redução/oxidação e pode ser considerado um método para calcular o efeito protetivo de um

antioxidante (PRIOR et al., 2005).

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Capítulo 1

29

O método foi desenvolvido em 1927 a partir de reagentes químicos utilizados para a

análise de tirosina, em que a oxidação de fenóis por um reagente molibidotungstico gera

um produto colorido com absorbância máxima a 745-750 nm (FOLIN, 1927). Em 1965,

Singleton e Rossi melhoraram o método, utilizando o reagente fosfomolibídico com

alteração na absorbância máxima (765 nm), estabelecimento de tempo e temperatura ótimo

para o desenvolvimento de cor, uso de ácido gálico como padrão, dentre outros (PRIOR et

al., 2005; SINGLETON; ROSSI, 1965).

O reagente de Folin consiste de mistura dos ácidos fosfomolibídico e fosfotungstico,

na qual o molibdênio se encontra no estado de oxidação (cor amarela no complexo

Na2MoO4.2H2O); porém, em presença de certos agentes redutores, como os compostos

fenólicos, formam-se os chamados complexos molibdênio-tungstênio azuis [(PMoW11O4)4-

] e cuja coloração permite a determinação da concentração das substâncias redutoras que,

não necessariamente, precisam ter natureza fenólica (OLIVEIRA et al., 2009).

O método é simples, sensível e preciso. No entanto, a reação é lenta a pH ácido, e

não tem especificidade. Além disso, substâncias como alguns açúcares, aminas aromáticas,

dióxido de enxofre, ácido ascórbico, ácidos orgânicos, metais como ferro podem interferir

na análise. No entanto, pode ser feito correção (PRIOR et al., 2005).

1.4.1.2 Determinação de flavonóides totais baseado na formação do complexo AlCl3-

flavonóide

Assim como a análise de fenóis totais, a quantificação de flavonóides não é uma

análise antioxidante. Trata-se de um ensaio colorimétrico que consiste na adição de cloreto

de alumínio (AlCl3) e nitrito de sódio (NaNO2) à amostra, a fim de promover a formação do

complexo flavonóide-alumínio (grupamento carbonila + íon Al+3

) que, em meio alcalino,

apresenta uma coloração rosa (JIA et al., 1999). Através deste ensaio, é possível evitar

interferências nas medidas de absorbância uma vez que os complexos formados a partir do

íon Al+3

com os flavonóides em metanol absorvem em comprimentos de onda superiores

com intensificação da absorção, ao contrário do que se verifica nos complexos formados

por ácidos fenólicos com o AlCl3+.

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Capítulo 1

30

1.4.1.3 Método DPPH

O método DPPH• (1,1-diphenyl-2-picrylhydrazyl) é um dos mais populares

utilizados para avaliar a capacidade antioxidante em frutas, por ser considerado simples e

rápido e foi introduzido por Marsden Blois em 1958 (BRAND-WILLIANS et al., 1995;

BLOIS, 1958). Esse método é baseado na captura do radical DPPH• (2,2-difenil-1- picril-

hidrazil) por antioxidantes, produzindo um decréscimo da absorbância (BRAND-

WILLIAMS et al., 1995). O DPPH• é um radical livre que pode ser obtido diretamente por

dissolução do reagente em meio orgânico (RUFINO et al., 2007). A absorbância é

monitorada na faixa de 515-520 nm (NOIPA et al., 2011). O DPPH• é conhecido como

sendo um radical livre estável, mas sensível à luz, oxigênio, pH e o tipo de solvente usado

(OZCELIK et al., 2003). Este, após receber um átomo de hidrogênio dos compostos

antioxidantes é reduzido da cor violeta para a coloração amarela (Figura 8) (MISHRA et

al., 2012). Desta forma, é possível medir a descoloração do radical

espectrofotometricamente e estimar o poder antioxidante de uma amostra (SCHERER;

GODOY, 2009; MOLYNEUX, 2004; BRAND-WILLIAMS et al., 1995).

Cor violeta escura cor amarelo claro

Figura 8. Estabilização do radical livre DPPH•

Fonte: Rufino et al. (2007)

A molécula de DPPH• é caracterizada como um radical livre em virtude da

deslocalização de um elétron pela molécula como um todo, o que faz com que a molécula

não forme um dímero, como ocorre com a maioria dos radicais livres. Quando uma solução

de DPPH é misturada a uma substância que pode doar um átomo de hidrogênio, há a

formação da forma reduzida (1,1-difenil-2-picrilhidrazina) (SCHERER; GODOY, 2009;

MILARDOVIĆ et al., 2006).

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Capítulo 1

31

Os resultados do método DPPH• podem ser apresentados como: inibição do radical

DPPH• (%), DPPH• residual (%), atividade antiradical, capacidade antioxidante

equivalente de ácido ascórbico ou de algum antioxidante natural como ácido gálico ou

sintético como o trolox (6-hidroxi-2,5,7,8-tetrametilchroman-2-ácido carboxílico)

(SCHERER; GODOY, 2009). No entanto, grande parte das pesquisas expressam os

resultados como o valor de IC50 (concentração eficiente), definido como a concentração do

substrato que promove a redução de 50% da atividade do DPPH• (RUFINO et al., 2007;

MOLYNEUX, 2004).

A ampla utilização do método e a falta de padronização dos resultados torna difícil

comparar a força antioxidante de diferentes extratos e compostos puros. Além disso, é

importante considerar o fato de o radical DPPH• sofrer descoloração não apenas por ação

do antioxidante presente no ensaio, mas também pela ação da luz, calor ou até mesmo a

perda de estabilidade do próprio radical, bem como por reações não relacionadas ao efeito

antioxidante. Outro importante fator, que deve ser levado em consideração, é o

impedimento estérico à sua molécula, por parte dos antioxidantes de cadeia longa. Assim,

moléculas pequenas possuem maior acesso ao radical, o que pode gerar controvérsia sobre

a real maior ação antioxidante destas frente a outros antioxidantes com estruturas

moleculares maiores (SOUSA, 2012; BOGUSZ JUNIOR, 2010).

1.4.1.4 Atividade antioxidante pelo método ORAC (Oxygen Radical Absorbance

Capacity)

A metodologia ORAC foi introduzida por Glazer (1990) e modificada por Cao et al.

(1993).

O método ORAC é baseado na inibição da oxidação induzida pelo radical peroxil

iniciada pela decomposição térmica de compostos azo, como 2,2′-azobis (2-

amidinopropano) dihidrocloreto (AAPH) (PRIOR et al., 2005; 2003). Nesse método a

capacidade antioxidante é quantificada pelo cálculo da área da rede protéica sobre o tempo

registrado da curva de decaimento da fluorescência da R-PE (R ficoeritrina) ou β-PE (β

ficoeritrina) na presença de um antioxidante. O AAPH como um gerador de radical peroxil

(ORACROO•) ou cobre (II)-H2O2 como principal gerador do radical hidroxil (ORACHO•) ou

cobre (I) como um oxidante do metal de transição (ORACCu) são usados. O método ORAC

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Capítulo 1

32

combina o tempo de inibição e a porcentagem de inibição da ação do radical livre por

antioxidantes usando a técnica da área sob a curva para quantificação. Os resultados são

expressos em unidade equivalente de Trolox, que corresponde à quantidade de micromoles

de Trolox que tem a mesma atividade antioxidante para um litro de solução testada

(SÁNCHEZ-MORENO, 2002).

Além disso, devido a sua importância biológica para a eficiência antioxidante in

vivo, o ORAC é o método preferido para alguns pesquisadores (HAMINIUK et al., 2012).

Ou et al. (2001) substituíram a β-PE pela fluoresceína devido a inconsistência de

lote para lote, fotodegradação e a interação com polifenóis devido a ligação com proteínas

não específicas. O uso da fluoresceína é mais conveniente, pois ela é estável a luz e tem um

custo menor.

1.5 CARNE MECANICAMENTE SEPARADA (CMS) E PRODUTOS CÁRNEOS

PROCESSADOS

1.5.1 Carne mecanicamente separada

A legislação brasileira (BRASIL, 2000b) define CMS como a carne retirada a partir

de ossos, carcaças ou parte de carcaças, com exceção dos ossos da cabeça, submetidos à

separação mecânica em equipamentos especiais, e imediatamente congelada, por processos

rápidos ou ultra-rápidos, quando não for utilizada no momento seguinte. A CMS pode ser

de carne bovina, suína, de peixe ou de frango, sendo que no Brasil a CMS de frango é a

mais utilizada.

A produção de carne de frango mecanicamente separada (CFMS) teve início no

final dos anos 50, nos Estados Unidos. A CMSF veio como alternativa para aproveitar

dorso, pescoço e ossos, resultantes da desossa, uma vez que o consumidor deu preferência

aos cortes e ao peito de frango, e não mais ao frango inteiro (BIGOLIN et al., 2013).

O aumento dos preços da matéria-prima cárnea in natura exigiu que a indústria de

processados cárneos procurasse por fontes cárneas com menor custo, como a CMS de

frango ou mechanically deboned poultry meat (MDPM) (MOHAMED; MANSOUR, 2012;

PÜSSA et al., 2009), combinado à grande expansão do segmento avícola em nível mundial.

A CMSF tem aparência de carne finamente picada, característica pastosa e excelentes

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Capítulo 1

33

propriedades funcionais e nutricionais, que se adequam a formulações de diversos produtos

cárneos (PÜSSA et al., 2008).

1.5.1.1 Fatores que influenciam nas características e na qualidade da CFMS

A composição e estabilidade durante a estocagem do produto final vão depender da

matéria-prima cárnea in natura e das condições utilizadas na desossa mecânica.

1.5.1.1.1 Tipo e origem da matéria-prima

A CFMS é composta de tecidos musculares, conectivos e adiposos, sendo sua

composição dependente da matéria-prima e das condições utilizadas no processo de

separação. Os fatores que podem influenciar a sua composição são: relação músculo:osso,

idade da ave, quantidade de pele, cortes e tipo de desossa, quantidade de pigmentos heme

conferindo cor escura ao produto, entre outros (MIELNIK et al., 2002).

1.5.1.1.2 Tipo de abate/desossa

O tipo de desossa tem grande influência na qualidade final da CFMS. De acordo

com Al-Najdawi; Abdullah (2002) a carne desossada mecanicamente (CDM) tem

quantidades significativamente maiores de nitrogênio sarcoplasmático e não protéico do

que a carne desossada manualmente (CDMA). Devido à extração da medula óssea, a CDM

tem maior variação no teor de ácidos graxos e maior porcentagem de colesterol e

fosfolipídeos. Além disso, a desossa mecânica pode incorporar pequenas quantidades de

osso triturado na carne, fazendo com que ela tenha maiores quantidades de cinzas e cálcio.

Al-Najdawi; Abdullah (2002) ainda relatam que a CDM é mais susceptível a

oxidação lipídica, devido à liberação do grupo heme e enzimas oxidativas, incorporação de

oxigênio e autoxidação dos ácidos graxos poliinsaturados na fração de fosfolipídeos do

tecido das aves.

1.5.1.1.3 Tipo e regulagem do equipamento

Dentre os fatores relacionados ao equipamento que podem afetar a qualidade do

produto final estão: a pressão aplicada sobre a matéria-prima (quanto maior, maior a

quantidade de ossos, tendões e outros resíduos não cárneos no produto final), a manutenção

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Capítulo 1

34

do equipamento (as superfícies cortantes devem estar sempre bem afiadas para não alterar a

textura do produto final), além disso, fatores como a forma construtiva do equipamento, o

cabeçote separador, a forma e o tamanho das aberturas e a regulagem em termo de

rendimento tem importância fundamental na composição e característica final da CFMS

(PEREIRA, 2009).

1.5.1.1.4 Rendimento aplicado

O rendimento da CFMS pode variar de 55 a 80%, sendo influenciado pela parte

desossada utilizada e as configurações do equipamento (MIELNIK et al., 2002). O dorso e

o pescoço, por exemplo, contem cerca de 70% de carne recuperável mecanicamente

(BERAQUET, 1989). Quanto maior o rendimento maior o teor de cinzas (advindos dos

ossos) e lipídeos (presentes na medula óssea) no produto final.

1.5.1.1.5 Utilização em produtos cárneos

Em nenhum outro país a CFMS tem tanta importância na elaboração de produtos

cárneos como no Brasil. Isso ocorreu principalmente devido ao grande volume disponível,

o baixo custo em relação às outras matérias-primas cárneas e o baixo poder aquisitivo de

boa parte da população (PEREIRA, 2009).

A produção de CFMS é eficaz para o aproveitamento da carne restante do processo

de desossa manual, bem como da carne de aves de baixa qualidade ou das poedeiras de

descarte. A CFMS é frequentemente utilizada na formulação de produtos cárneos

cominuídos, devido sua consistência fina e baixo custo (MIELNIK et al., 2002).

No Brasil, a utilização de CFMS em produtos cárneos é feita principalmente em

emulsionados de baixo custo, como salsicha e mortadela. É permitida a adição de até 60%

de CFMS em salsicha e 40% em mortadela (BRASIL, 2000b). Além disso, a legislação

permite adicionar até 30% em almôndegas e hambúrgueres cozidos (BRASIL, 2000a).

Apesar de sua ampla aplicação na produção de derivados cárneos, a CFMS resulta

num aumento e mais rápida rancidez oxidativa, com o surgimento de off-flavours e odores

indesejáveis. O elevado potencial oxidativo da CFMS é devido ao stress mecânico extremo,

a extração de quantidades consideráveis de lípideos e dos componentes heme da medula

óssea, além da aeração durante o processo de desossa mecânico. Esses fatores promovem a

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Capítulo 1

35

auto-oxidação dos ácidos graxos poliinsaturados localizados principalmente nos

fosfolipídeos da medula óssea (DAWSON; GARTNER, 1983).

O início mais rápido da oxidação, bem como a maior carga microbiana da CFMS

são responsáveis pela menor aceitação sensorial e vida de prateleira mais curta dos

produtos elaborados com essa matéria-prima (FIELD, 1988). De acordo com Mohamed;

Mansour (2012) a susceptibilidade da oxidação lipídica nestes produtos pode ser evitada

pela utilização de antioxidantes nas formulações.

1.5.2 Produtos cárneos processados

Diante do acelerado ritmo urbano que o consumidor tem enfrentado, torna-se cada

vez mais evidente a busca por alimentos industrializados de fácil preparo. Entretanto, junto

à escassez de tempo e à procura por alimentos de rápido e fácil preparo, vem a preocupação

da população com os problemas de saúde que estes alimentos podem ocasionar

(OLIVEIRA et al., 2013).

Carnes e produtos cárneos são importantes fontes de proteínas na dieta humana, e

seu consumo esta relacionado com fatores sócio-econômicos, éticos, crenças religiosas e

tradição (FONT-I-FURNOLS; GUERRERO, 2014). De acordo com a FAOSTAT (2014) a

carne suína é a mais consumida mundialmente (15,8 kg/ pessoa/ano) seguida pela carne de

frango (13,6 kg/pessoa/ano), carne bovina (9,6 kg/pessoa/ano) e por fim as carnes caprina e

ovina (1,9 kg/pessoa/ano).

A disponibilidade de diversos produtos cárneos que não demandam muito tempo

para o preparo nas gôndolas de supermercados tornou-se um atrativo para os consumidores,

contribuindo para que salsicha, salame, mortadela, linguiça, empanado, almôndegas e

hambúrguer sejam opção crescente para o lanche de muitas famílias no mundo todo

(OLIVEIRA et al., 2013).

No entanto, muitos consumidores acreditam que o consumo de produtos cárneos

podem trazer malefícios a saúde, devido ao seu teor de gordura, colesterol e a presença de

aditivos, pois seu consumo está associado com diversas doenças degenerativas. Diante

disto, as organizações da saúde (FAO- Food and Agriculture Organizacion, OMS -

Organização Mundial da Saúde, ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária),

bem como diversos pesquisadores tem realizado grandes esforços para promover a

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Capítulo 1

36

elaboração de produtos cárneos mais saudáveis, com redução de sódio, gordura, adição de

aditivos naturais (antioxidantes e antimicrobianos) e/ou enriquecidos com fibras ou ácidos

graxos ômega 3 e ômega 6 (Figura 9).

Figura 9. Produtos cárneos mais saudáveis e suas características

Fonte: Adaptado de Hygreeva et al. (2014)

Um dos produtos processados mais consumidos em todo o mundo é o hambúrguer

por sua praticidade, conveniência e por se tratar de uma matriz cárnea de muito fácil

reformulação na promoção de apelos mais saudáveis. Por ser submetido a processos de

mistura, seguido de congelamento e posterior aquecimento em altas temperaturas, pode ser

facilmente suscetível a reações de oxidação lipídica, o que o torna um excelente substrato

para estudos nesse contexto.

Segundo o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade, entende-se por

hambúrguer como o produto cárneo industrializado obtido da carne moída dos animais de

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Capítulo 1

37

açougue, adicionado ou não de tecido adiposo e ingredientes, moldado e submetido a

processo tecnológico adequado. Trata-se de um produto cru, semi-frito, cozido, frito,

congelado ou resfriado. A adição de carne mecanicamente separada em hambúrguer é

permitida apenas no produto cozido, num limite máximo de 30 % (BRASIL, 2000a).

O consumo demasiado de hambúrguer pode ser prejudicial à saúde humana,

podendo ocasionar aumento da pressão arterial, excesso de gordura no sangue e obesidade,

doenças estas, tidas como um problema de saúde pública e que, em tempos recentes, têm

acometido além de adultos e idosos, crianças (OLIVEIRA et al., 2013).

Devido à importância da elaboração de hambúrgueres mais saudáveis, diversas

pesquisas foram desenvolvidas, sendo que, destacam-se os hambúrgueres elaborados com

adição de antioxidantes naturais (REALINI et al., 2015; SCHEVEY et al., 2013; LARA et

al., 2011; NAVEENA et al., 2008a; NAVEENA et al., 2008b).

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61

CAPÍTULO 2

EFEITO DA ADIÇÃO DE ANTIOXIDANTES COMERCIAIS DERIVADOS DE

PLANTAS EM CARNE DE FRANGO MECANICAMENTE SEPARADA

ARMAZENADA SOB REFRIGERAÇÃO

Paglarini, C. S.; Vidal, V. A. S.; Pollonio, M. A. R.

Este artigo será traduzido para o inglês e depois submetido à Food Research International

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Capítulo 2

63

RESUMO

A carne de frango mecanicamente separada é uma matéria-prima de baixo custo, com boas

propriedades funcionais e nutricionais, porém muito susceptível a reação da oxidação,

principalmente devido ao seu alto teor de ferro e ácidos graxos insaturados e condições de

processo que favorecem a oxidação, como aeração e stress mecânico. O objetivo deste

trabalho foi avaliar o potencial antioxidante de extratos comerciais derivados de plantas em

carne de frango mecanicamente separada armazenada sob refrigeração. Foi adicionado 0,

0,125, 0,25, 0,50 e 1% de extratos de semente de uva, alecrim, romã, chá verde, mate e

0,01% de BHT (base gordurosa) em carne de frango mecanicamente separada. As amostras

foram armazenadas por 10 dias em BOD a 4 °C e nos dias 0, 2, 4, 6, 8 e 10 foram

realizadas análises de pH, cor (L*, a*, b*, whiteness index) e TBARS. Os extratos

comerciais e o antioxidante BHT foram caracterizados pelas análises de compostos

fenólicos totais, flavonóides totais, capacidade antioxidante ORAC, DPPH e TEAC. Os

extratos de semente de uva, chá verde e mate foram os que apresentaram melhor potencial

antioxidante, com maiores quantidades de fenóis totais e flavonóides totais. O aumento na

porcentagem de extrato incorporado reduziu os valores de pH nos sistemas modelos

adicionados de extratos naturais. A formulação com BHT teve maiores valores de pH com

relação as demais. Os valores de L* e b* apresentaram redução no decorrer da vida útil em

todas as formulações. O extrato de semente de uva foi o que melhor conservou a cor

vermelha durante a vida útil para todas as concentrações de extrato. Exceto as formulações

controle e as com adição de 0,125, 0,25 e 0,50% de extrato de romã, todos as demais

apresentaram elevado potencial antioxidante no decorrer dos 10 dias de vida útil, com

valores de TBARS abaixo de 0,3 mg MDA/kg amostra.

Palavras-chave: CFMS, extratos comerciais, oxidação lipídica, antioxidantes naturais

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Capítulo 2

64

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Capítulo 2

65

INTRODUÇÃO 1

A carne de frango mecanicamente separada (CFMS) é obtida a partir de carnes

aderidas aos ossos, resultantes da desossa manual das carcaças de frango (DAROS et al.,

2005). Essa matéria-prima tem elevado valor nutricional, destacando o alto teor de

proteínas e minerais. No entanto, a CFMS é um produto altamente susceptível a oxidação

lipídica, principalmente devido ao stress extensivo e a aeração durante o processo de

desossa mecânica, além de estar presente em sua composição medula óssea (rica em ferro

hemínico) e alto teor de lipídeos (principalmente ácidos graxos insaturados) (MIELNIK et

al., 2003; FRONING, 1976).

A oxidação lipídica, depois da deterioração microbiológica, é a principal reação de

perda de qualidade em produtos cárneos (GRAY et al., 1996), ela causa redução na vida de

prateleira devido ao desenvolvimento de odor e flavour rançoso (BRANNAN; MAH,

2007), degradação de cor e textura. Além disso, ocorre degradação das vitaminas

lipossolúveis e ácidos graxos essenciais, os quais afetam a integridade e segurança dos

alimentos, através da formação de compostos tóxicos como malonaldeídos e outros

intermediários da reação (SELANI et al., 2011). A oxidação lipídica em produtos cárneos é

acelerada por diversos fatores, dentre eles: composição de ácidos graxos, processamento,

presença de oxigênio, temperatura, luz e presença de metais (como o ferro) (SELANI,

2010).

Os antioxidantes tem a função de evitar, retardar ou prevenir o processo de

autoxidação (SHAHIDI; WANASUNDARA, 1992), sendo classificados em sintéticos ou

naturais. Os antioxidantes sintéticos mais utilizados na indústria de alimentos são o

butilhidroxianisol (BHA), butilhidroxitolueno (BHT), galato de propila (PG) e terc-butil

hidroquinona (TBHQ) (HUANG et al., 2011). No entanto, estudos tem demonstrado que os

antioxidantes sintéticos apresentam potencial carcinogênico, dentre outros malefícios a

saúde (CHEN et al., 1992). Isso faz com que o consumidor tenha uma percepção negativa

sobre a segurança desses aditivos, e assim, preferem alimentos com antioxidantes naturais.

Nas últimas décadas, um grande número de compostos fenólicos tem sido extraídos

de frutas, vegetais e condimentos, tais como, monoterpenos (óleos etéreos), fenóis

diterpenos (ácido carnósico, carnosol, rosmanol, epirosmanol, etc), ácidos fenólicos (ácido

rosmarínico, ácido caféico), flavonóides (procianidinas, quercitina, miricetina, luteolina),

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Capítulo 2

66

ácidos triterpenos (ácido ursólico, ácido oleanólico) e óleos voláteis (eugenol, timol,

carvacrol) (MAHESWARAPPA et al., 2014), com o objetivo de serem aplicados em

alimentos. E assim, a utilização de antioxidantes naturais para retardar a oxidação lipídica

em produtos cárneos tem sido amplamente estudada (ÖZVURAL; VURAL, 2011, 2012;

HAAK et al., 2009; BAÑÓN et al., 2007; MARTÍNEZ et al., 2006; NISSEN et al., 2004).

Diversas pesquisas foram desenvolvidas utilizando extratos naturais de semente de

uva, alecrim, chá verde, romã e erva mate visando avaliar sua eficiência em retardar ou

inibir a oxidação lipídica em produtos cárneos (MAHESWARAPPA et al., 2014; QIN et

al., 2013; FERREIRA et al., 2011; GARRIDO et al., 2011; SELANI et al., 2011;

DEVATKAL et al., 2010; NAVEENA et al., 2010; HAAK et al., 2009; NAVEENA et al.,

2008; RACANICCI et al., 2008; BAÑÓN et al., 2007; CAMPOS et al., 2007;

GEORGANTELIS et al., 2007; JO et al., 2006; MARTÍNEZ et al., 2006; NISSEN et al.,

2004), alguns estudos foram realizados com extratos obtidos em laboratório e outros com

extratos comerciais. Atualmente a indústria de alimentos disponibiliza uma vasta variedade

de extratos de plantas, como antioxidantes naturais, para aplicação em produtos cárneos

justificando a necessidade e importância de estudos para validar sua eficiência perante a

reação de oxidação lipídica.

O objetivo do presente trabalho foi caracterizar os extratos comerciais derivados de

plantas (semente de uva, alecrim, romã, chá verde e mate) quanto ao seu potencial

antioxidante e avaliar o efeito dos extratos na estabilidade oxidativa de carne de frango

mecanicamente separada armazenada sob refrigeração.

MATERIAL E MÉTODOS 2

2.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E PREPARO DOS SISTEMAS MODELOS

PARA AVALIAÇÃO DOS EXTRATOS COMERCIAIS

2.1.1 Matéria prima

A carne de frango mecanicamente separada (CFMS) foi obtida na Cooperativa

Agropecuária Holambra, localizada na cidade de Holambra em São Paulo, com no máximo

2 dias de produção. Os blocos de 20 kg congelados foram transportados sob refrigeração,

até o Laboratório de Carnes e Produtos Cárneos da Universidade Estadual de Campinas. No

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Capítulo 2

67

laboratório, as amostras foram separadas em porções de 2-3kg com serra fita em ambiente

refrigerado e armazenada em câmara de congelamento até o momento de sua utilização,

que não excedeu 30 dias. As amostras foram caracterizadas quanto ao teor de lipídeos,

umidade, cinzas e proteínas.

2.1.2 Seleção dos extratos naturais

Foram testados os seguintes extratos: extrato de semente de uva (Grape PP powder,

Nutron Alimentos), extrato de chá verde (STD N° 607K HD Green Tea Extract, Tovani

Benzaquen), extrato de alecrim (Extrato Natural de Alecrim Fuchstract 2,5, Fuchs), extrato

de romã (Pomegranate juice powder, Tovani Benzaquen) e extrato de mate (Univar), nas

concentrações de 0,125, 0,25, 0,5 e 1%. A característica física dos extratos pode ser

observado na Figura 10. Todos os extratos solúveis em água (semente de uva, romã, chá

verde e mate) estavam dispersos em maltodextrina e foram obtidos por secagem em spray

dryer e o extrato de alecrim estava disperso em óleo de soja. Todos os extratos foram

mantidos a 4° C até o momento da análise.

Figura 10. Extratos comerciais naturais derivados de plantas

2.1.3 Caracterização dos extratos

Os extratos foram caracterizados quanto ao pH, teor de fenólicos totais, flavonóides

totais, capacidade antioxidante como atividade seqüestradora de radical livre pelos métodos

ORAC, DPPH e TEAC.

2.1.3.1 pH

Um grama de extrato foi diluído em 20 ml de água destilada e a análise foi realizada

com o auxílio de um pHmetro MA 130 Metler. Medidas em triplicatas foram realizadas.

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Capítulo 2

68

2.1.3.2 Determinação de compostos fenólicos totais

Este ensaio foi realizado de acordo com o método proposto por ROESLER et al.

(2007), dissolvendo a amostra em metanol P.A., a fim de se obter uma concentração de 10

mg sólidos/mL, e analisado utilizando-se o reagente de Folin-Ciocalteu.

Para reação colorimétrica, uma alíquota de 500 μL da solução metanólica dos

extratos foi adicionada de 2,5 mL de solução aquosa do reativo de Folin-Ciocalteau a 10%

e 2,0 mL de carbonato de sódio a 7,5%. A mistura foi incubada durante 5 minutos em

banho-maria a 50°C para desenvolvimento de cor. As leituras de absorbância foram

realizadas em espectrofotômetro (Beckman, Modelo DU-70, Muskegon, USA) a 740 nm,

utilizando-se o branco da amostra como referência. A quantificação de fenóis totais da

amostra foi realizada por meio de uma curva padrão preparada com ácido gálico e expressa

como equivalentes de ácido gálico (EAG) (y=0,0222x + 0,0463 R2=0,9903). O resultado

final foi expresso em mg de equivalente de EAG por g de amostra. A estimação dos

compostos fenólicos presentes no extrato foi determinada em triplicatas.

2.1.3.3 Determinação de flavonóides totais

O teor de flavonóides totais foi determinado de acordo com o método proposto por

ZHISHEN et al. (1999), através de reações das amostras com NaNO2, AlCl3 e NaOH,

seguidas de leitura de absorbância em leitor de microplacas NOVOstar (BMG Labtech®,

Offenburg, Germany) a 510 nm.

A amostra foi preparada em água na concentração de 10 mg/mL, homogeneizada

em agitador de tubos por 30 segundos, seguido de ultrassonicação a 10°C durante 30

minutos. Posteriormente, foram diluídas em diferentes concentrações.

A quantificação de flavonóides totais da amostra foi realizada por meio de curva

padrão preparada com catequina e expressa como equivalentes de catequina (ECA)

(y=0,0018x + 0,0647 R2=0,9938). O resultado final foi expresso em mg de equivalente de

catequina por g de amostra. A análise foi realizada em triplicata.

2.1.3.4 Determinação da capacidade antioxidante pelo método ORAC (Oxygen Radical

Absorbance Capacity)

Os ensaios foram realizados conforme os métodos descritos por PRIOR et al. (2003)

e DÁVALOS et al. (2004), com algumas modificações. Foram preparadas soluções estoque

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Capítulo 2

69

denominadas “mãe” e cada amostra na concentração de 10 mg/mL (p/v) com tampão

fosfato de potássio 75 mM, pH 7.4. As soluções “mães” foram misturadas em agitador

vórtex por 30 segundos, seguido de ultrassonicação a 10°C durante 30 minutos.

O extrato em pó foi dissolvido em metanol, a fim de se obter uma concentração de

10 mg.sólidos.mL-1

e depois, foi deixado em equipamento de ultrassom por 30 minutos. Os

reagentes foram colocados em poços de microplacas onde ocorreu a reação. Foram

adicionados 20 μL de extrato, 120 μL de fluoresceína e60 μL de AAPH (2,2´-azobis (2-

methylpropionamidine dihydrochloride). A solução de AAPH foi preparada minutos antes

de ser colocada na placa. Para o branco, o extrato foi substituído por tampão fosfato de

potássio. Como padrão, foi utilizado Trolox em tampão fosfato de potássio (12,5; 25; 50;

100; 200; 400 e 800 μM/ml). Após a adição de todos os reagentes na placa, foi realizada a

leitura da fluorescência, a cada 1 minuto, por 80 minutos. Todas as leituras foram

realizadas em leitor de microplacas NOVOstar (BMG Labtech®, Offenburg, Germany),

acompanhado com o Software de análise de dados MARS Data Analysis versão 1.3 (BMG

Labtech®, Offenburg, Germany).

O cálculo da curva de decaimento da fluorescência ou AUC foi realizado com o

auxílio da seguinte fórmula:

AUC = 1+fi/f0 +... fi/f0 +... f80/f0

onde, o f0 é representado pela fluorescência obtida no tempo 0 e fi a fluorescência obtida

nos tempos intermediários entre 0 e 80 minutos.

Os resultados foram expressos em μmol equivalentes de Trolox, utilizando-se a

curva padrão de Trolox (y=0,0349x + 3,7382 R2=0,9818). A área da perda de fluorescência

de uma amostra foi calculada subtraindo a área correspondente à do controle (branco). As

leituras foram realizadas em triplicata.

2.1.3.5 Determinação da capacidade antioxidante por DPPH

O ensaio foi realizado conforme os métodos propostos por ROESLER et al. (2007)

com algumas modificações. Uma solução de DPPH• (0,004% m/v), com intervalo de

absorbância entre 0,8 e 1,2 a 517 nm, foi preparada no dia da análise.

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Capítulo 2

70

A amostra foi preparada em metanol na concentração de 10 mg/mL, homogeneizada

em agitador de tubos por 30 segundos, seguido de ultrassonicação a 10°C durante 30

minutos. Posteriormente, foram diluídas em diferentes concentrações. A curva da amostra

foi incubada durante 30 minutos ao abrigo da luz e à temperatura ambiente. O mesmo

procedimento foi adotado para a curva padrão de Trolox. O branco da reação foi preparado

conforme o procedimento descrito acima, sem adição da amostra. O metanol foi utilizado

para corrigir a linha de base. A leitura da absorbância foi feita a 517nm em leitor de

microplacas NOVOstar (BMG Labtech®, Offenburg, Germany). O resultado foi expresso

em μM de Trolox equivalentes por g de amostra (y=0,4449x - 0,2536 R2=0,9937). Os

ensaios foram feitos em triplicata.

2.1.3.6 Capacidade Antioxidante Equivalente a Trolox (TEAC) - captura do radical 2,2-

azino-bis(3-etilbezotiazolina)-6-ácido sulfônico (ABTS•+

)

A atividade antioxidante total foi determinada através do ensaio com ABTS•+

,

obtido pela reação de 5mL de ABTS (7Mm) com 88μl de persulfato de potássio 140mM

(concentração final de 2,45mM), conforme método descrito por LEE et al. (2004). O

sistema foi mantido em repouso, a temperatura ambiente de 12 a 16 horas em ausência de

luz. Uma vez formado o ABTS•+

, o mesmo foi diluído com água destilada até obter valor de

absorbância de 0,7000±0,02 a 734nm.

A amostra foi preparada em etanol na concentração de 10 mg/mL e homogeneizada

em agitador de tubos por 30 segundos, seguido de ultrassonicação a 10°C durante 30

minutos. Posteriormente, foram diluídas em diferentes concentrações. A leitura da

absorbância ocorreu com a mistura de reação (300μL) contendo 50μL de amostra e 250μL

de solução ABTS•+

, contra o branco 734nm em leitor de microplacas NOVOstar (BMG

Labtech®, Offenburg, Germany).

O branco da reação foi preparado conforme o procedimento descrito acima, sem

adição da amostra, onde o etanol foi utilizado para corrigir a linha de base. O percentual do

decréscimo na absorbância foi medido pela concentração e a capacidade de capturar o

ABTS•+

e calculada com base no decréscimo da absorbância observada.

Foi construída uma curva a partir dos valores de absorbâncias e concentrações do

Trolox [10-250μM] da mesma forma, sendo representada graficamente como a

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Capítulo 2

71

porcentagem (%) de inibição versus concentração do Trolox (y=2,6699x - 3,8008

R2=0,9977).

O resultado da atividade dos compostos testados foi expressa em valores TEAC,

definido em μMol de equivalentes de Trolox/g (RE et al., 1999). As análise foram

realizadas em triplicatas.

2.1.4 Aplicação dos extratos derivados de plantas na CFMS

Essa etapa do projeto foi executada de acordo com a metodologia utilizada por

MIELNIK et al. (2003), com adaptações. A CFMS porcionada (500 gramas), foi adicionada

dos diferentes extratos naturais comerciais de plantas e do antioxidante sintético BHT,

conforme Tabela 4. Os extratos hidrossolúveis (semente de uva, chá verde, mate e romã)

foram dissolvidos em 10 ml de água filtrada antes de serem adicionados na CFMS. O

extrato de alecrim utilizado por ser disperso em óleo, foi misturado com uma pequena

porção de CFMS e depois misturado com o restante. O BHT foi diluído em 10 ml de etanol

antes de ser adicionado. A mistura foi feita utilizando um misturador de laboratório

(Retsch, Modelo GM 200, Haan, Alemanha), por 1 minuto, a 5000 rpm, com a quantidade

adequada do extrato. Uma amostra controle sem adição de antioxidantes foi avaliada. Após

a mistura, as amostras foram embaladas em sacos transparentes de polietileno

(20cmx30cm), sem utilização de vácuo e armazenadas em BOD a 4ºC durante 10 dias para

realização das determinações de TBARS, pH e cor objetiva nos intervalos de 0, 2, 4, 6, 8 e

10 dias.

Tabela 4. Delineamento experimental do sistema modelo para avaliação dos extratos

comerciais naturais derivados de plantas

Tratamento Extrato % de extrato

FC - -

F1 Semente de uva 0,125, 0,25, 0,5 e 1

F2 Alecrim 0,125, 0,25, 0,5 e 1

F3 Chá verde 0,125, 0,25, 0,5 e 1

F4 Romã 0,125, 0,25, 0,5 e 1

F5 Mate 0,125, 0,25, 0,5 e 1

F6 BHT 0,0030*

*A quantidade de BHT adicionada foi calculada de acordo com o teor de gordura da CMS (30%), de acordo

com a legislação vigente (BRASIL, 2006; BRASIL, 1998)

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Capítulo 2

72

2.2 ANÁLISES REALIZADAS NOS SISTEMAS MODELOS

As amostras foram avaliadas a cada 48 hs para as seguintes análises:

2.2.1 Determinação de TBARS

A extensão da oxidação lipídica foi avaliada de acordo com o método utilizado por

Bruna et al. (2001), com adaptações. 2,5 gramas de amostra foram homogeneizadas com 10

ml de solução de ácido tricloroacético (5%) e 0,25 ml de solução etanólica de BHT (0,19

M) em ULTRA-TURRAX® digital IKA T-25 (1 min, 20.000 rpm), com a amostra mantida

em banho de gelo. O homogeneizado foi filtrado em papel filtro Whatman N° 54. Uma

alíquota de 3 ml do filtrado foi misturada com 3 ml de solução de ácido tiobarbitúrico (0,02

M), agitado em vórtex e aquecido a 100 °C por 40 minutos. A absorbância foi medida em

espectrofotômetro (Beckman, Modelo DU-70, Muskegon, USA) a 532 nm. Os resultados

foram expressos em mg de malonaldeído/kg de amostra usando uma curva padrão

(concentração de 0,17 a 1,015 mg MDA/ml) estabelecidos com 1,1,3,3-tetraethoxypropane

(TEP). As determinações foram em quadruplicata.

2.2.2 Determinação de pH

A determinação do valor de pH foi realizada através do pHmetro MA 130 Metler,

com inserção da sonda de penetração em locais diferentes na amostra. A análise foi feita em

quatro repetições.

2.2.3 Determinação de cor objetiva

Na determinação da cor foi utilizado um espectrofotômetro Colorquest II (Hunter-

Lab) baseado no sistema de cor CIELAB, onde L* representa a luminosidade, a* o eixo

vermelho-verde e b* o eixo amarelo-azul. Os seguintes ângulos de operação foram

observados: ângulo de visão 10º, iluminante D65 e modo de calibração RSEX (Refectância

especular excluída). As amostras foram mantidas a temperatura ambiente até o momento da

leitura. As leituras foram realizadas em 5 repetições por tratamento.

A partir dos parâmetros L*, a* e b* foi calculado o whiteness index (WI - índice de

brancura) das amostras, de acordo com a seguinte equação.

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Capítulo 2

73

WI= 100- √(100-L*)2+ a*2 + b

*2

(1)

2.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados foram analisados pela análise de variância (ANOVA) e as médias

comparadas pelo teste de Tukey, considerando o nível de significância de 5% (p ≤ 0,05),

utilizando o pacote estatístico SPSS (SPSS, Chicago, IL,USA). O experimento foi realizado

em duplicata.

RESULTADOS E DISCUSSÃO 3

3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS EXTRATOS NATURAIS DERIVADOS DE

PLANTAS

Dos extratos utilizados, os extratos de romã e de semente de uva foram os que

apresentaram menores valores de pH (Tabela 5). Não foi possível medir o pH no extrato de

alecrim, pois o mesmo estava disperso em óleo de soja que não possui hidrogênio livre,

composto quantificado na análise de pH. Naveena et al. (2008) encontraram valor de 3,9

para o pH de extrato de romã.

Tabela 5. Valores de pH dos extratos comerciais naturais derivados de plantas

Extratos pH

Semente de uva 4,480 (±0,006)

Chá-verde 5,470 (±0,005)

Alecrim -

Romã 4,260 (±0,004)

Mate 5,160 (±0,007)

A importância de se avaliar o teor de compostos fenólicos nos extratos está no fato

de que esse grupo de compostos predominam em plantas e atuam como antioxidantes

primários captadores de radicais livres (PEREIRA, 2009).

Os valores dos compostos fenólicos encontrados para os extratos naturais e para o

BHT estão apresentados na Tabela 6. O extrato de semente de uva apresentou o maior teor

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Capítulo 2

74

de compostos fenólicos, seguido pelos extratos de chá verde, BHT, mate, romã e alecrim,

respectivamente. Os resultados mostraram que não houve diferença significativa (p <0,05)

no teor de compostos fenólicos entre o chá verde e o antioxidante sintético BHT.

Tabela 6. Teores de compostos fenólicos totais dos extratos de semente de uva, alecrim, chá

verde, romã, mate e do antioxidante sintético BHT, expressos em equivalente de ácido

gálico (EAG)

Extratos

CFT

(mg EAG/g

extrato seco)

FT

(mg CAE/g

extrato seco)

ORAC

µmol ET/g

extrato seco

DPPH

µmol ET/g

extrato seco

TEAC

µmol ET/g

extrato seco

SU 128,63±0,010a 305,12±0,014

a 11803,45±0,51

a 42,729±1,134

a 19,429±0,442

a

Alecrim 1,24±0,004d 2,31±0,0035

d 405,97±1,89

c 0,006±0,000

d 0,006±0,000

c

CV 116,98±0,012b 130,31±0,015

b 12969,96±0,77

a 21,572±0,118

b 2,451±0,015

b

Mate 49,43±0,036c 58,61±0,012

c 2568,87±2,08

b 0,368±0,001

d 0,038±0,000

c

Romã 5,19±0,002d n.d 64,28±1,86

c 0,008±0,000

d 0,001±0,000

c

BHT 107,97±0,055b n.d. 2006,32±1,71

b 14,147±0,282

c 0,306±0,001

c

SU- semente de uva; CV- chá verde; CFT= Compostos fenólicos totais; FT- Flavonóides totais; n.d.=não

detectado; Letras minúsculas iguais na mesma coluna significam resultados sem diferença significativa pelo

teste de Tukey (p<0,05).

A concentração de fenóis totais tem grande variação em estudos relatados na

literatura, uma vez que pode ser influenciada pela origem geográfica, cultivar, colheita e

tempo de armazenamento, além dos métodos de extração e secagem dos extratos

(MALLAVADHANI et al., 2006).

O extrato de semente de uva apresentou estatisticamente maior teor de flavonóides,

se comparado com os extratos de alecrim, chá verde, mate e o antioxidante sintético BHT.

Não foram encontrados esses compostos no BHT e no extrato de romã (Tabela 6).

Na Tabela 6 também estão os valores da capacidade antioxidante ORAC,

determinados para os extratos naturais e para o BHT. O extrato de semente de uva e de chá

verde apresentaram altos valores de ORAC, indicando significativa capacidade

antioxidante, não diferindo estatisticamente entre si (p<0,05).

Os resultados obtidos para a captura do radical DPPH (Tabela 6) demonstraram que

não foi possível apresentar os resultados em concentração inibitória IC50 (quantidade

necessária para decrescer a concentração inicial de DPPH em 50%) devido ao fato de que

os extratos de semente de uva e alecrim não apresentarem comportamento linear entre a

concentração dos extratos (mg/ml) e a % de inibição, então os resultados foram expressos

em µMol equivalente trolox/g extrato.

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Capítulo 2

75

Dados na literatura de atividade antioxidante pelo método de capacidade de

sequestro do radical DPPH expressos em equivalente trolox são escassos, o mais comum é

expressá-los em IC50, EC50 ou % de inibição.

Pelo método ABTS o extrato de semente de uva também obteve melhor capacidade

antioxidante, seguido pelos extratos de chá verde e pelo BHT (Tabela 6). Os resultados

obtidos indicam significativa atividade antioxidante do extrato de semente de uva cerca de

aproximadamente oito vezes superior ao extrato de chá verde. Os demais extratos (alecrim,

mate e romã) e BHT foram similares estatisticamente e apresentaram valores

insignificantes.

Diferentes metodologias para obtenção dos extratos, bem como o solvente utilizado

para extração e diferentes metodologias de análise dificultam a comparação de resultados

reportados na literatura. Além disso, a origem de cada amostra, sua forma de preparação,

entre outros diversos fatores podem influenciar no resultado da análise.

Ferreira et al. (2012) ressaltam que devido às limitações e vantagens de métodos

diretos (ORAC) e indireto (DPPH, ABTS) pode-se considerar que é sempre prudente que

os dados obtidos por métodos indiretos sejam correlacionados com os dados obtidos por

métodos diretos para obter uma maior segurança analítica dos resultados.

A atividade antioxidante avaliada por diferentes métodos in vitro neste estudo

(ORAC, DPPH, TEAC) mostrou-se diretamente relacionada ao teor de compostos fenólicos

ou flavonóides determinados, ou seja os extratos de semente de uva, chá verde e mate

foram os que apresentaram maior atividade antioxidante.

3.2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CFMS

A composição química da CMSF é apresentada na Tabela 7.

Tabela 7. Composição centesimal da carne de frango mecanicamente separada

% (b.u.)

Umidade 68,50 (±0,31)*

Proteína 12,26 (±0,90)

Lipídeo 15,96 (±1,00)

Cinzas 1,44 (±0,81) *média ±desvio padrão

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Capítulo 2

76

De acordo com a legislação vigente, a CMS tem que ter no mínimo 12% de proteína

e no máximo 30% de gordura (BRASIL, 2000). Assim, a matéria-prima utilizada no estudo

estava em conformação com a legislação.

3.3 APLICAÇÃO DOS EXTRATOS COMERCIAIS DERIVADOS DE PLANTAS

NOS SISTEMAS MODELOS

Nas Tabelas 8 a 13 são apresentados os valores de pH, TBARS e cor dos sistemas

modelos, respectivamente.

3.3.1 pH

Na Tabela 8 são apresentados os valores de pH determinados para os sistemas

modelos. De acordo com Pereira (2009) os valores de pH da CFMS dependem de vários

fatores, tais como o estado de conservação da carne e sua qualidade microbiológica.

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Capítulo 2

77

Tabela 8. Valores de pH da CFMS adicionada de 1, 0,5, 0,25 e 0,125% de extrato e

armazenada sob refrigeração (4 °C) pro 10 dias

Tratamentos Dia 0 Dia 2 Dia 4 Dia 6 Dia 8 Dia 10

1% de extrato

FC 6,60bA

6,54aA

6,43bB

6,31cC

6,29bC

6,29cC

F1 6,48cA

6,45bA

6,17cB

6,08eC

6,16cB

6,18dB

F2 6,55bA

6,53aA

6,44bB

6,39bB

6,44aB

6,38bB

F3 6,30dA

6,32cA

5,53fB

5,31gD

5,28eD

5,44fC

F4 6,46cA

6,47bA

6,01dC

6,17dB

6,17cB

6,22dB

F5 6,47cA

6,44bA

5,65eD

5,77fC

5,86dB

5,82eD

F6 6,68aA

6,57aB

6,57aB

6,57aB

6,43aC

6,55aB

0,5% de extrato

FC 6,68aA

6,53dB

6,51aB

6,54aB

6,39bC

6,36cC

F1 6,56bA

6,56cA

6,49aB

6,48bB

6,33cC

6,32cC

F2 6,67aA

6,61bB

6,53aC

6,57aC

6,36bcE

6,43bD

F3 6,50cA

6,53cdA

6,43bB

5,86eD

5,85fD

6,00eC

F4 6,66aA

6,67aA

6,51aB

6,41cC

6,27dE

6,32cD

F5 6,69aA

6,65aA

6,4bB

6,27dC

6,14eD

6,23dCc

F6 6,67aA

6,56cdB

6,53aD

6,55aBC

6,43aE

6,55aCD

0,25% de extrato

FC 6,52dA

6,40eCD

6,37dE

6,39bDE

6,42bcC

6,48bB

F1 6,56cA

6,42eC

6,42cC

6,39bD

6,44bC

6,51bB

F2 6,61bA

6,50bB

6,50aB

6,51aB

6,51aB

6,63aA

F3 6,53dA

6,45dB

6,45bB

6,13eE

6,17fD

6,29dC

F4 6,54cdA

6,50bcA

6,41cB

6,36cC

6,38dBC

6,50bA

F5 6,54cdA

6,48cB

6,36dD

6,26dF

6,34eE

6,40cC

F6 6,65aA

6,56aB

6,53aC

6,55aBC

6,43cD

6,54bC

0,125% de extrato

FC 6,46eD

6,57cdB

6,61abA

6,53bC

6,39cdE

6,41bcE

F1 6,58cA

6,59bcA

6,60bA

6,53bB

6,43bcC

6,51aB

F2 6,67aA

6,63aB

6,62aB

6,54bC

6,39cdE

6,45bD

F3 6,61bA

6,55dB

6,53cB

6,36dC

6,26eE

6,32dD

F4 6,52dC

6,63aA

6,60abB

6,47cD

6,44bE

6,41cF

F5 6,53dB

6,59bcA

6,55cB

6,47cC

6,43dE

6,39bcD

F6 6,61bA

6,61abA

6,59bA

6,61aA

6,48aB

6,43bcC

FC- controle; F1- extrato de semnete de uva; F2- Alecrim; F3- Romã; F4- Chá verde; F5- Mate; F6- BHT.

Letras minúsculas iguais na mesma coluna indicam que não houve diferença significativa (p<0,05) entre as

médias pelo teste de Tukey. Letras maiúsculas iguais na mesma linha indicam que não houve diferença

significativa (p<0,05) entre as médias pelo teste de Tukey.

Os valores de pH variaram de 5,28 a 6,68 quando utilizado 1% de extrato, 5,85 a

6,69 para 0,5% de extrato, 6,13 a 6,65 para 0,25% de extrato e 6,26 a 6,67 quando aplicado

0,125% de extrato. Observa-se que o aumento no teor de extrato adicionado causou a

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Capítulo 2

78

redução dos valores de pH nos sistemas modelos adicionados de extratos naturais. Este fato

pode ser explicado pelo valor de pH dos extratos (Tabela 5).

Os valores de pH das formulações controle são semelhantes aos encontrados na

literatura (BIGOLIN et al., 2013; POLLONIO, 1994). A CFMS possui pH mais elevado

que o da carne principalmente devido a relação carne-osso da matéria-prima e a

incorporação da medula óssea (pH de 6,8-7,40) durante o processo de desossa mecânica

(PEREIRA, 2009).

No dia zero, para todos os extratos, houve diferença significativa entre os valores de

pH. Essa diferença foi maior nas amostras com 1 e 0,5% de extrato, já nas menores

concentrações, apesar das diferenças, o valor mínimo e o valor máximo estão muito

próximos entre si e se devem à heterogeneidade dos lotes, considerada normal para esse

componente.

Os valores de pH da FC tiveram uma leve redução no decorrer dos 10 dias. Essa

redução pode ser atribuída ao desenvolvimento de bactérias láticas que conseguem se

desenvolver nessa temperatura de refrigeração, bem como psicrotróficos.

As amostras que foram adicionadas extrato de romã (F3) resultaram em menores

valores de pH, possivelmente devido esse extrato ter o menor valor de pH com relação aos

demais (semente de uva 4,48; mate 5,16; chá verde 5,47 e romã 4,26, Tabela 5).

Özvural; Vural (2011) observaram uma redução de pH com o aumento da

porcentagem de farinha de semente de uva adicionada em salsicha, os teores utilizados

foram 0, 0,5, 1, 2, 3, 4 e 5%.

3.3.2 Avaliação da oxidação lipídica nos sistemas modelos

Os tratamentos formulados com CFMS contendo diferentes concentrações de

extratos foram avaliados quanto à extensão da oxidação lipídica através da determinação do

no índice de TBARS, ao longo de 10 dias de armazenamento refrigerado.

Os resultados apresentados na Tabela 9 demonstram que todos os extratos utilizados

na concentração de 1% apresentaram elevado potencial antioxidante, quando comparados

com a formulação sem adição de antioxidante e com adição de BHT. As amostras com

BHT apresentaram baixos valores de TBARS, comprovando sua eficiência em inibir a

oxidação lipídica na CFMS armazenada sob refrigeração.

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Capítulo 2

79

A adição de 1% de extrato de romã teve efeito antioxidante na CFMS ao longo dos

10 dias de armazenamento. Quando a concentração foi reduzida para 0,5% a extensão da

oxidação foi baixa durante 8 dias de armazenamento, tendo sido reportado um expressivo

aumento no décimo dia, mas ainda 65% inferior ao da amostra sem adição de antioxidante.

Nas amostras com adição de 0,25 e 0,125% de extrato de romã a oxidação foi inibida em 5

e 40%, respectivamente, com relação a amostra controle. O extrato de romã apresentou

menor capacidade antioxidante e menor teor de compostos fenólicos. Não foram detectados

flavonóides em sua composição, o que possivelmente explica sua menor eficiência perante

aos demais extratos na inibição da oxidação lipídica em CFMS.

Os demais extratos quando aplicados na CFMS foram efetivos na inibição oxidação

no decorrer da vida útil em todas as concentrações utilizadas perante a amostra sem adição

de antioxidante. Esse efeito pode ser relacionado com a caracterização dos extratos, em que

os extratos de semente de uva e chá verde, apresentaram elevada atividade antioxidante,

seguido pelos extratos de alecrim e mate com menor potencial.

Qin et al. (2013) ao adicionarem 2% de extrato de casca, semente e suco de romã

em carne suína moída crua e avaliarem a extensão da oxidação por 15 dias a 4 °C,

verificaram efeito similar ao encontrado neste estudo, onde no 15° dia os extratos

apresentaram potencial antioxidante com diferença significativa em relação ao controle,

mas os valores de TBARS ficaram próximos aos da formulação controle, principalmente as

amostras com extratos da semente e do suco da fruta. Li et al. (2006) também observaram

maior potencial antioxidante da casca da romã com relação a polpa.

De acordo com a ficha técnica do extrato de romã, o mesmo foi obtido do suco da

romã, talvez por isso o efeito antioxidante foi menor, sugerindo a utilização de extratos de

semente ou da casca da romã em estudos futuros.

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Capítulo 2

80

Tabela 9. Concentração de malonaldeído (mg/kg de amostra) em CFMS adicionada de 1, 0,5, 0,25 e 0,125% de extrato e armazenada

sob refrigeração (4 °C) pro 10 dias

Tratamentos Dia 0 Dia 2 Dia 4 Dia 6 Dia 8 Dia 10

1% de extrato

FC 0,026(±0,025)bE

0,080(±0,007)bcE

0,909(±0,001)aD

1,404(±0,024)aB

1,229(±0,026)aC

1,926(±0,034)aA

F1 0,035(±0,021)abBC

0,065(±0,015)cdABC

0,034(±0,009)dC

0,078(±0,002)bABC

0,092(±0,022)bAB

0,095(±0,038)bA

F2 0,011(±0,012)bC

0,066(±0,010)cdB

0,053(±0,015)dB

0,071(±0,017)bAB

0,104(±0,008)bA

0,016(±0,025)dC

F3 0,077(±0,002)aBC

0,173(±0,013)aA

0,096(±0,010)bcB

0,061(±0,003)bC

0,098(±0,013)bB

0,089(±0,017)bcBC

F4 0,039(±0,011)abB

0,108(±0,011)bA

0,060(±0,004)dB

0,058(±0,019)bB

0,106(±0,014)bA

0,047(±0,008)bcdB

F5 0,052(±0,021)abAB

0,086(±0,018)bcA

0,065(±0,004)cdAB

0,075(±0,004)bAB

0,075(±0,010)bcAB

0,048(±0,011)bcdB

F6 0,032(±0,021)abB

0,042(±0,021)dB

0,102(±0,021)bA

0,013(±0,021)cB

0,034(±0,021)cB

0,033(±0,021)cdB

0,5% de extrato

FC 0,015(±0,009)abD

0,274(±0,081)aD

0,731(±0,024)aC

2,271(±0,107)aB

2,278(±0,079)aB

3,409(±0,179)aA

F1 0,028(±0,021)abC

0,059(±0,026)bBC

0,078(±0,028)cBC

0,156(±0,035)bA

0,091(±0,018)cABC

0,117(±0,019)cAB

F2 0,010(±0,010)abC

0,140(±0,046)bA

0,055(±0,001)cAB

0,094(±0,008)bcAB

0,098(±0,015)cAB

0,123(±0,003)cA

F3 0,029(±0,006)abE

0,108(±0,007)bC

0,128(±0,006)bCD

0,108(±0,007)bcD

0,237(±0,009)bB

1,177(±0,010)bA

F4 0,004(±0,000)bC

0,072(±0,007)bB

0,060(±0,012)cB

0,050(±0,014)bcB

0,060(±0,003)cdB

0,119(±0,010)cA

F5 0,035(±0,013)aC

0,068(±0,002)bAB

0,062(±0,014)cB

0,061(±0,011)bcB

0,089(±0,004)cdA

0,093(±0,001)cA

F6 0,016(±0,013)abCD

0,062(±0,013)bB

0,040(±0,013)cBC

0,021(±0,013)cCD

0,003(±0,013)dD

0,102(±0,013)cA

0,25% de extrato

FC 0,060(±0,012)aE

0,123(±0,007)aDE

0,319(±0,005)aD

1,291(±0,039)aC

2,083(±0,179)aA

1,807(±0,055)aB

F1 0,036(±0,003)bC

0,082(±0,023)abcBC

0,065(±0,043)cBC

0,160(±0,017)cA

0,114(±0,023)cAB

0,097(±0,020)bABC

F2 0,034(±0,002)bE

0,058(±0,014)cDE

0,069(±0,009)bcCD

0,200(±0,023)cA

0,103(±0,004)cB

0,096(±0,003)cBC

F3 0,035(±0,005)bD

0,078(±0,017)abcD

0,120(±0,023)bD

0,843(±0,048)bC

1,374(±0,010)bB

1,721(±0,053)bA

F4 0,038(±0,014)bC

0,061(±0,011)cBC

0,048(±0,002)cBC

0,171(±0,039)cA

0,067(±0,013)cBC

0,095(±0,011)cB

F5 0,034(±0,005)bC

0,118(±0,017)abA

0,069(±0,008)cB

0,114(±0,016)cA

0,038(±0,006)cC

0,036(±0,009)cC

F6 0,005(±0,005)cA

0,075(±0,005)bcD

0,046(±0,005)cBC

0,021(±0,005)dCD

0,010(±0,005)cD

0,061(±0,005)cAB

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Capítulo 2

81

Tabela 9. Continuação

Tratamentos Dia 0 Dia 2 Dia 4 Dia 6 Dia 8 Dia 10

0,125% de extrato

FC 0,056(±0,016)bcD

0,160(±0,018)aCD

0,318(±0,052)aC

1,232(±0,060)aB

1,800(±0,117)aA

1,941(±0,039)aA

F1 0,075(±0,018)abB

0,080(±0,004)bB

0,207(±0,026)bA

0,129(±0,021)cAB

0,215(±0,083)cA

0,116(±0,022)cAB

F2 0,108(±0,012)aAB

0,111(±0,034)abAB

0,107(±0,018)cAB

0,044(±0,016)cdC

0,141(±0,023)cdA

0,072(±0,007)cdBC

F3 0,065(±0,021)bD

0,101(±0,012)bD

0,135(±0,037)bcD

0,278(±0,043)bC

0,691(±0,032)bB

1,164(±0,014)bA

F4 0,022(±0,002)cdD

0,061(±0,004)bC

0,088(±0,004)cB

0,026(±0,006)dD

0,025(±0,007)dD

0,115(±0,010)cA

F5 0,025(±0,001)cdC

0,078(±0,010)bAB

0,102(±0,017)cA

0,051(±0,023)cdBC

0,043(±0,006)dBC

0,052(±0,009)dBC

F6 0,014(±0,004)dC

0,107(±0,029)abAB

0,131(±0,038)bcA

0,034(±0,004)dC

0,058(±0,011)cdBC

0,049(±0,006)dC

FC- controle; F1- semente de uva; F2- Alecrim; F3- Romã; F4- Chá verde; F5- Mate; F6- BHT.

Letras minúsculas iguais na mesma coluna indicam que não houve diferença significativa (p<0,05) entre as médias pelo teste de Tukey, em uma mesma

concentração de antioxidante. Letras maiúsculas iguais na mesma linha indicam que não houve diferença significativa (p<0,05) entre as médias pelo teste de

Tukey, em uma mesma concentração de antioxidante.

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Capítulo 2

82

Um estudo com adição de 0,1% de extrato de alecrim em hambúrguer suíno cru

mantido sob refrigeração (4 °C) por 9 dias, apresentou no dia 9 o valor de TBARS da

formulação controle de 2,44 mg MDA/kg amostra e da formulação com extrato de alecrim

0,29 mg MDA/kg amostra (MCCARTHY et al., 2001).

Emulsões cárneas elaboradas com alto teor (67%) de carne mecanicamente separada

de peru (CMSP) e de suíno (CMSS) adicionadas de 0,5% de extrato de semente de uva

apresentaram valores de TBARS de 0,31 e 3,64 mg MDA/kg amostra para as formulações

de CMSP com adição do extrato e formulação controle, respectivamente, e 0,0 e 0,25 mg

MDA/kg amostra para as formulações com CMSS com adição do extrato e formulação

controle, respectivamente (MARTÍNEZ et al., 2014).

3.3.3 Avaliação de cor objetiva dos sistemas modelos

Dos parâmetros de qualidade de carnes e produtos cárneos, a cor é o mais

importante, pois ela é fator determinante na escolha do produto pelo consumidor. A

oxidação da mioglobina pode catalisar a oxidação lipídica, alterando a cor do produto

cárneo, reduzindo assim, sua aceitação.

Nas Tabelas 10, 11, 12 e 13 estão os resultados obtidos para a luminosidade (L*),

cor vermelha (a*), cor amarela (b*) e whiteness index na CFMS armazenada sob

refrigeração (4 °C) por 10 dias.

3.3.3.1 Luminosidade (L*)

Observa-se na Tabela 10 que no decorrer da vida útil os valores de L* foram

reduzidos em todas as formulações, o que teoricamente indica que a carne está mais

“escura”. No dia 10 as amostras controle e com BHT ficaram com maiores valores de L*

com relação às amostras adicionadas de extratos naturais, esse resultado foi observado em

todas as concentrações de extrato.

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Capítulo 2

83

Tabela 10. Médias dos valores de L* (luminosidade), das amostras com diferentes

concentrações de extratos comerciais naturais e com adição do antioxidante sintético BHT

Tratamentos Dia 0 Dia 2 Dia 4 Dia 6 Dia 8 Dia 10

1% de extrato

FC 59,52cdB

59,63bB

59,59cB

59,70bAB

59,75aAB

60,28aA

F1 59,00dA

58,74cAB

58,61dAB

58,42cdBC

57,88bC

57,98cC

F2 59,85bcBC

60,12bAB

60,44bA

59,41bcC

60,01aAB

58,82bD

F3 60,30bA

59,86bAB

59,46cBC

59,85bAB

60,31aA

58,94bC

F4 59,16dA

57,44dB

55,52fD

56,83eC

55,24cD

57,00dC

F5 56,68eB

56,62eB

56,92eB

57,68deA

57,86bA

57,04dD

F6 61,76aAB

61,99aAB

61,32aBC

62,77aA

60,60aBC

60,06aC

0,5% de extrato

FC 61,082bcdA

58,27cC

58,8cdBC

58,91bBC

59,43bB

60,49aA

F1 61,54abA

58,35cB

58,06deB

56,54deD

56,43dD

57,22cC

F2 60,61cdA

60,08bB

60,32abAB

57,9cD

58,8bC

58,78bC

F3 60,46dA

58,35cB

58,36cdeB

56,8dD

57,51cC

57,72cC

F4 61,37abcA

60,2bB

59,28bcC

57,28cdD

58,04cC

58,36bC

F5 58,79eA

57,93cB

57,27eC

55,68eE

56,6dD

57,38cBC

F6 61,99aAB

61,55aABC

60,50aBC

62,84aA

61,65aABC

60,01aC

0,25% de extrato

FC 60,36bcdABC

59,79cdC

60,05aBC

60,05bBC

60,54abAB

60,72abA

F1 59,69dA

58,97deAB

58,66bB

58,70cB

58,76eB

58,77dB

F2 61,07abA

60,78abA

60,37aA

60,72bA

60,52abA

60,66abA

F3 60,85bcABC

59,83cdD

60,46aBCD

60,20bCD

60,98aB

61,32aA

F4 59,79cdA

58,79eB

58,84bB

58,01cC

59,06deB

59,12cdB

F5 62,00aA

60,33bcBC

60,92aB

59,97bC

59,71cdC

59,55cdB

F6 60,28bcdB

61,36aAB

60,19aB

61,86aA

59,95bcB

59,93bcB

0,125% de extrato

FC 59,71bAB

59,65dAB

60,07dA

59,86bA

60,15aA

59,04bB

F1 60,29bA

60,10cdA

59,87dA

58,90cB

58,62bcB

57,17dC

F2 61,63aA

60,91abBC

61,55bAB

60,31bCD

60,06aD

58,56cE

F3 61,67aA

60,53bcB

61,17bcAB

58,85cC

59,17bC

58,54cC

F4 61,85aA

60,81abcB

60,67cdB

59,92bC

58,35cD

58,31cD

F5 59,74bA

58,57eB

59,03eB

57,96dC

57,30dD

57,23dD

F6 61,77aBC

61,33aC

62,62aA

62,04aB

60,02aD

59,66aD

FC- controle; F1- semente de uva; F2- Alecrim; F3- Romã; F4- Chá verde; F5- Mate; F6- BHT. Letras

minúsculas iguais na mesma coluna indicam que não houve diferença significativa (p<0,05) entre as médias

pelo teste de Tukey. Letras maiúsculas iguais na mesma linha indicam que não houve diferença significativa

(p<0,05) entre as médias pelo teste de Tukey.

No dia 0 as formulações com adição de 0,125% de extrato de semente de alecrim,

romã, chá verde tiveram valor maior de L* com relação à formulação controle. Jo et al.

(2003) também observaram esse comportamento ao adicionarem 0,1% de extrato de chá

verde em hambúrgueres cru de carne suína.

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Capítulo 2

84

Apesar de serem diferentes estatisticamente, não houve grande variação numérica

entre os valores de L* nos tratamentos.

3.3.3.2 Intensidade de cor vermelha (a*)

Os resultados da análise de variância mostraram efeito significativo do tempo de

armazenamento e entre os tratamentos para os valores de a*. Todas as amostras em todas as

concentrações tiveram redução dos valores de a* no decorrer da vida útil, possivelmente

devido à oxidação da mioglobina.

No dia 0 o tratamento controle e o com adição de extrato de alecrim foram as que

tiveram os maiores valores de a* e as formulações com adição de extrato de chá verde,

mate e BHT foram as que tiveram os menores valores.

O extrato de semente de uva foi o que melhor conservou a cor vermelha durante a

vida útil para todas as concentrações de extrato. Esse resultado pode ser atribuído à cor

desse extrato, que tende a ser avermelhada e também ao seu efeito antioxidante. Carpenter

et al. (2007) ressaltaram que a melhoria da cor vermelha a partir da adição do extrato de

semente de uva em hambúrguer suíno pode ser atribuída à cor vermelha do próprio extrato.

A qual a cor vermelha deste extrato está relacionada aos compostos fenólicos presentes,

principalmente as proantocianidinas (PERUMALLA; HETTIARACHCHY, 2011).

O grau de alteração da cor pela adição do extrato de semente de uva (ESU) depende

da variedade da uva, do tipo de carne e da dosagem. O ESU pode ser mais adequado para

ser utilizado em carnes vermelhas do que em carnes brancas, porém extratos com menores

teores de antocianinas podem ser mais adequados em produtos cárneos (YU; AHMEDNA,

2013).

Observa-se na Tabela 11 que o extrato de chá verde e mate caracterizaram as

amostras por valores de a* estatisticamente menores nas concentrações de 1 e 0,5%. Essa

redução pode ter ocorrido pela cor característica dos extratos, pois em concentrações

inferiores não foi observado esse efeito.

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Capítulo 2

85

Tabela 11. Valores de a*(intensidade da cor vermelha) das amostras com diferentes

concentrações de extratos comerciais naturais e com adição do antioxidante sintético BHT

Tratamentos Dia 0 Dia 2 Dia 4 Dia 6 Dia 8 Dia 10

1% de extrato

FC 15,41aA

10,22bB

7,26dE

9,35bC

8,57bCD

8,20bD

F1 13,09bA

10,84aBC

9,58aE

11,14aB

10,42aCD

9,86aDE

F2 14,77aA

10,63aB

7,28dD

9,72bC

10,25aBC

7,29cD

F3 12,41bcA

8,31cBC

8,78bB

8,17cdCD

7,69bcD

4,81dE

F4 9,68dA

6,32dD

7,59cdC

8,48cB

7,47cC

7,58bcC

F5 10,05dA

6,25dD

7,66cdC

8,34cB

7,28cC

5,18dE

F6 11,78cA

8,66cB

7,87cBC

7,59dC

7,43cC

7,66bcC

0,5% de extrato

FC 16,65aA

10,47cB

8,00bD

7,88cD

8,67dC

8,08cdD

F1 14,36dA

12,57aB

9,93aD

10,03aD

11,54aC

11,22aC

F2 15,71bA

11,28bB

7,35cF

9,54abD

10,39bC

8,71bE

F3 14,90cA

11,26bB

7,61cE

9,22bC

9,39cC

8,21cD

F4 13,52eA

8,90dB

5,92dD

8,10cC

7,96eC

7,7deC

F5 13,37eA

7,98eC

7,34cD

8,19cC

8,91cdB

7,31eD

F6 12,54fA

8,85dB

7,92bC

7,53cC

6,79fD

7,88cdC

0,25% de extrato

FC 15,68bA

9,76dB

7,99dD

7,58eD

8,97dC

9,07cC

F1 15,23bA

12,21aB

10,49aE

10,86aDE

11,66aC

11,34aCD

F2 16,33aA

10,94bB

9,51bC

9,54cC

11,02bB

10,01bC

F3 14,62cA

10,39cB

8,27cE

8,64dCD

8,88dC

7,81dF

F4 14,58cA

10,24cB

8,05cdD

10,23bB

9,74cC

8,24dD

F5 12,61dA

8,33fD

6,70eE

9,07cdC

9,80cB

7,97dD

F6 12,65dA

9,07eB

8,11cdC

7,92eC

7,65eC

7,99dC

0,125% de extrato

FC 15,59aA

10,45cB

9,25bD

7,89cE

9,65bCD

9,81bcC

F1 14,69bA

12,18aB

10,73aC

9,60aD

11,14aC

11,24aC

F2 15,84aA

10,63bcB

9,46bC

8,94bC

10,78aB

10,53abB

F3 14,11cA

10,10dB

8,60cC

8,86bC

9,04bcC

8,73deC

F4 13,89cdA

10,74bB

9,34bC

8,44bD

8,84cCD

8,71deD

F5 13,68dA

9,51eB

8,46cC

8,44bC

9,27bcB

9,46cdB

F6 13,84dA

8,38fB

7,36dC

5,92dE

6,61dD

8,55Eb

FC- controle; F1- semente de uva; F2- Alecrim; F3- Romã; F4- Chá verde; F5- Mate; F6- BHT. Letras

minúsculas iguais na mesma coluna indicam que não houve diferença significativa (p<0,05) entre as médias

pelo teste de Tukey. Letras maiúsculas iguais na mesma linha indicam que não houve diferença significativa

(p<0,05) entre as médias pelo teste de Tukey.

Apesar de o BHT ter sido efetivo na prevenção da oxidação lipídica, os valores de

a* foram reduzidos no decorrer da estocagem refrigerada. De acordo com Selani et al.

(2011) esse resultado pode ser explicado pelo fato do BHT ser um efetivo sequestrador de

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Capítulo 2

86

radicais livres lipossolúveis, no entanto é incapaz de inativar radicais livres solúveis em

água, assim seu efeito na proteção de cor pode ser menor do que dos extrato naturais.

3.3.3.3 Intensidade da cor amarela (b*)

No decorrer da estocagem refrigerada todos os tratamentos tiveram redução nos

valores de b*. De acordo com Ruiz (2011) a redução do valor de b* no decorrer da vida útil

pode estar relacionada com o decréscimo da concentração de oximioglobina, neste caso

devido à oxidação do pigmento, que contribui consideravelmente para o decréscimo do

valor de b*. Qin et al. (2013) também observaram redução dos valores de b* em amostras

com e sem adição de extrato de romã em carne de porco moída crua, armazenada a 4 °C por

12 dias.

Observa-se ainda na Tabela 12 que a redução da % de extrato diminuiu a diferença

dos valores de b* entre os tratamentos, sugerindo que menores concentrações promovem

menor impacto na cor de CFMS.

Desde o dia 0 até o dia 10 o extrato de chá verde deixou as amostras mais amarelas

em todas as concentrações, sendo que, no dia 0, nas concentrações de 0,25 e 0,125% o

extrato de alecrim também apresentou essa característica. Esse resultado pode ser explicado

pela própria coloração dos extratos.

Na Figura 11 é possível observar o tom amarelado dos tratamentos adicionados de

chá verde (F4) e mate (F5), principalmente nas concentrações de 1 e 0,5%.

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Capítulo 2

87

Tabela 12. Valores de b*(intensidade da cor amarela) das amostras com diferentes

concentrações de extratos comerciais naturais e com adição do antioxidante sintético BHT

Tratamentos Dia 0 Dia 2 Dia 4 Dia 6 Dia 8 Dia 10

1% de extrato

FC 18,90Ab

16,40dB

15,47eC

16,30cdB

16,45dB

16,25cB

F1 17,05eA

15,66fC

15,33eD

16,17dB

15,75eC

16,01cdB

F2 18,83bA

16,77cB

15,70dD

16,47cC

16,91cB

15,95dD

F3 18,07cdA

16,07eB

16,00cB

15,41eC

15,36fC

14,92eD

F4 20,86aA

19,90aB

18,90aC

20,14aB

18,77aC

20,85aA

F5 17,64dCD

18,26bA

17,49bD

17,88bBC

17,95bB

17,08bE

F6 18,20cA

16,35dB

17,97cB

16,12dB

15,75eB

16,13cdB

0,5% de extrato

FC 19,36bA

16,12eB

15,18dD

15,61dC

15,72deC

16,16bcB

F1 18,29fA

16,8bcB

15,78cD

15,92cD

16,00cdD

16,27bC

F2 18,95cdA

16,86bB

15,38dE

15,93cD

16,26cC

15,88cD

F3 18,73deA

16,61cdB

15,11dCD

15,27eCD

15,42eC

15,04dD

F4 19,98aA

18,10aB

17,83aC

18,18aB

17,67aCD

17,57aD

F5 18,44efA

16,86bB

16,7bBC

16,51bCD

16,83bB

16,43bB

F6 19,24bcA

16,40dB

15,90cC

16,39bB

16,07cBC

16,40bB

0,25% de extrato

FC 19,44bcA

16,46dB

16,03dC

15,91cC

16,60cB

16,69bcB

F1 18,99deA

17,30bB

16,62cD

16,69bD

17,08bBC

16,84abCD

F2 19,87aA

17,25bB

16,48cD

16,72bCD

17,01bBC

16,75bCD

F3 18,88eA

16,89cB

15,96dD

15,95cD

16,44cC

16,10dD

F4 19,65abA

17,60aB

17,05bD

17,54aBC

17,77aB

17,27aCD

F5 18,87eA

17,22bC

17,31aC

17,40aC

17,78aB

17,24aC

F6 19,25cdA

16,52dB

16,09dBC

15,74cC

15,78dC

16,27cdBC

0,125% de extrato

FC 18,98cA

16,74deB

16,25deC

15,89cD

16,59abB

16,33bC

F1 18,64dA

17,44bB

16,67bC

16,09bcDE

16,26bcD

15,96cE

F2 19,68aA

17,07cB

16,64bcC

16,37abD

16,72aC

16,45bCD

F3 18,91cA

16,94cdB

16,23deC

15,95cC

16,17cC

16,04cC

F4 19,16bA

17,72aB

17,09aC

16,62aD

16,62abD

16,74aD

F5 18,25eA

16,73eB

16,43cdCD

16,39aCD

16,22bcD

16,50abBC

F6 18,74dA

16,27fB

16,03eBC

15,86cC

15,92Cc

16,00cC

FC- controle; F1- semente de uva; F2- Alecrim; F3- Romã; F4- Chá verde; F5- Mate; F6- BHT. Letras

minúsculas iguais na mesma coluna indicam que não houve diferença significativa (p<0,05) entre as médias

pelo teste de Tukey. Letras maiúsculas iguais na mesma linha indicam que não houve diferença significativa

(p<0,05) entre as médias pelo teste de Tukey.

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Capítulo 2

88

(a) (b)

(c) (d)

Figura 11. Cor das amostras homogeneizadas de CFMS adicionadas de extratos comerciais

naturais de plantas 1% (a) 0,5% (b), 0,25% (c) e 0,125% (d) no decorrer de 10 dias de

armazenamento a 4 ºC. FC- controle; F1- semente de uva; F2- Alecrim; F3- Romã; F4- Chá

verde; F5- Mate; F6- BHT

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Capítulo 2

89

3.3.3.4 Whiteness index (WI)

Na Tabela 13 estão apresentados os valores do whiteness index da CFMS

adicionada de extratos naturais e armazenada sob refrigeração (4 °C). As amostras com

BHT (F6) tiveram maior valor de WI com relação às demais formulações, comportamento

semelhante aos valores de L* da mesma amostra.

Além disso, pode-se observar que as formulações FC, F2 e F3 foram as com

maiores valores de WI, depois da F6, e consequentemente amostras com maior

branqueamento com relação à F1, F4 e F5. Quando altas concentrações de extrato foram

adicionadas na CFMS foi possível perceber esse branqueamento nas amostras, mas não nas

menores concentrações (Figura 11).

Tabela 13. Whiteness index das amostras com diferentes concentrações de extratos

comerciais naturais e com adição do antioxidante sintético BHT

Tratamentos Dia 0 Dia 2 Dia 4 Dia 6 Dia 8 Dia 10

1% de extrato

FC 52,74deD

55,24cC

56,12cAB

55,53bcC

55,67bBC

56,31aA

F1 53,71cB

54,55dA

54,83eA

54,02dB

53,84cB

53,97cB

F2 53,26cdC

55,45bcB

56,82bA

55,13cB

55,45bB

55,24bB

F3 54,65bD

55,97bBC

55,54dC

56,22bAB

56,75aA

56,05aBC

F4 53,13cdA

52,60eB

51,08gD

51,61eC

50,89dD

51,61dC

F5 52,16eC

52,52eBC

52,88fB

53,31dA

53,62cA

53,48cA

F6 56,04aD

57,72aAB

57,42aABC

58,72aA

56,91aBCD

56,25aCD

0,5% de extrato

FC 53,45deC

54,05cC

55,37bB

55,34bB

55,63bB

56,56aA

F1 55,06abA

53,36cC

54,10cdB

52,64deDE

52,17eE

52,87eCD

F2 53,56deD

55,22bB

56,81aA

53,99cD

54,49cC

54,97bB

F3 53,78cdC

53,77cC

55,06bcA

53,26cdD

53,74dCD

54,38cB

F4 54,45bcB

55,38bA

55,16bA

52,87dD

53,78dC

54,15cdBC

F5 52,92eB

53,98cA

53,54dA

51,99eC

52,60eB

53,74dA

F6 55,59aD

57,27aABC

56,68aBCD

58,69aA

57,87aAB

56,06aCD

0,25% de extrato

FC 53,14bcC

55,47bB

56,22aA

56,33bA

56,26abA

56,37bA

F1 52,90cB

53,83cA

54,23bA

54,15cA

53,86dA

54,04dA

F2 53,34bcB

55,78bA

56,03aA

56,26bA

55,62bA

56,08bA

F3 54,14bD

55,20bC

56,56aB

56,26bB

56,73aAB

57,38aA

F4 52,93cD

54,03cC

54,73bAB

53,36cD

54,32cdBC

54,86cA

F5 55,74aB

55,95bAB

56,74aA

55,42bBC

54,88cC

55,31cBC

F6 54,08bC

57,00aAB

56,30aB

57,98aA

56,28aB

56,01bB

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Capítulo 2

90

Tabela 13. Continuação

Tratamentos Dia 0 Dia 2 Dia 4 Dia 6 Dia 8 Dia 10

0,125% de extrato

FC 52,81cD

55,08cdBC

55,91cdA

56,11bA

55,77bAB

54,82bC

F1 53,74bC

54,78deAB

55,24deA

54,83cdA

54,16dBC

52,93dD

F2 54,02bD

56,04bBC

57,05bA

56,15bB

55,38bcC

54,18cD

F3 54,99aC

55,88bB

57,04bA

54,99cC

55,16cC

54,69bC

F4 55,11aB

55,67bcAB

56,11cA

55,79bAB

54,30dC

54,24cC

F5 53,73bCD

54,31eB

55,05eA

54,10dBC

53,39eDE

53,19dE

F6 55,23aE

57,21aB

58,67aA

58,44aA

56,46aC

55,76aD

FC- controle; F1- semente de uva; F2- Alecrim; F3- Romã; F4- Chá verde; F5- Mate; F6- BHT. Letras

minúsculas iguais na mesma coluna indicam que não houve diferença significativa (p<0,05) entre as médias

pelo teste de Tukey. Letras maiúsculas iguais na mesma linha indicam que não houve diferença significativa

(p<0,05) entre as médias pelo teste de Tukey.

CONCLUSÃO 4

Os extratos de semente de uva, chá verde e mate apresentaram maior teor de

compostos fenólicos quando comparados com os extratos de alecrim, romã e o antioxidante

sintético BHT, além de reportarem também maior capacidade antioxidante detectada pelos

métodos ORAC, DPPH E TEAC. Todas as concentrações de extratos adicionadas na carne

de frango mecanicamente separada foram efetivas na inibição da oxidação lipídica, mas o

extrato de romã apresentou menor potencial. As concentrações de 1 e 0,5% alteraram com

mais intensidade os parâmetros de cor e pH nas amostras. Os resultados obtidos sugerem

que adição de 0,125% dos extratos de semente de uva, chá verde, mate e alecrim visando a

elaboração de produtos cárneos mais saudáveis pode ser adequada do ponto de vista de

minimização da deterioração oxidativa, sendo que são necessários estudos futuros de

qualidade sensorial e microbiológica. Sugere-se ainda avaliar o efeito de concentrações

menores desses extratos nesses produtos, uma vez que, na literatura concentrações de até

0,01% foram efetivas na inibição da oxidação lipídica. Nos dias atuais a elaboração de

produtos cárneos com aditivos naturais é de extrema importância, perante os malefícios que

os aditivos sintéticos podem causar. Diante dos resultados obtidos, os extratos naturais

comerciais derivados de plantas podem ser uma boa opção na fabricação de derivados

cárneos mais saudáveis.

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Capítulo 2

91

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Capítulo 2

92

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Capítulo 2

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CAPÍTULO 3

EFEITO DE ANTIOXIDANTES COMERCIAIS DERIVADOS DE PLANTAS

SOBRE A ESTABILIDADE OXIDATIVA DE HAMBÚRGUERES COZIDOS

CONGELADOS ELABORADOS COM DIFERENTES MATÉRIAS PRIMAS

CÁRNEAS

Paglarini, C. S.; Vidal, V. A. S.; Pollonio, M. A. R.

Este artigo será traduzido para o inglês e depois submetido à Food Research International

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Capítulo 3

101

RESUMO

As matérias-primas cárneas são bastante susceptíveis à oxidação lipídica, principalmente

aquelas que são submetidas a processos como moagem, tratamento térmico e expostas a

altas temperaturas, acelerando assim, a autoxidação. Essa reação preocupa a indústria, pois

a oxidação causa off-flavours, perda do valor nutricional e rejeição do consumidor.

Alimentos com adição de antioxidantes sintéticos têm sido evitado pelo consumidor,

principalmente devido sua associação com malefícios a saúde humana. O objetivo deste

estudo foi avaliar o efeito da adição de extratos comerciais derivados de plantas na

estabilidade oxidativa de hambúrgueres cozidos e congelados elaborados com diferentes

matérias-primas cárneas. Os hambúrgueres foram elaborados com carne bovina ou suína ou

de frango ou carne de frango mecanicamente separada (CFMS), adicionados de 0,125% de

extratos comerciais derivados de plantas (semente de uva, alecrim, chá verde, mate) e do

antioxidante sintético BHT (0,01% base lipídica). Uma formulação sem adição de

antioxidante também foi avaliada. Adicionou-se 5% de óleo de linhaça em todas as

formulações, visando acelerar o processo oxidativo. A extensão da oxidação lipídica

(TBARS) foi avaliada nos dias 0, 3 e 6 para os hambúrgueres cozidos armazenados sob

refrigeração (4 °C) e nos dias 0, 30 e 60 para os hambúrgueres crus congelados (-18 °C). O

perfil em ácidos graxos da matéria-prima e das formulações controle cozida foi avaliado.

Nos hambúrgueres cozidos e congelados a efetividade dos antioxidantes comerciais

derivados de plantas foi maior do que do BHT. O extrato de mate inibiu com menor

intensidade a oxidação nos hambúrgueres cozidos com relação aos demais extratos, mas se

demonstrou efetivo. Já nos hambúrgueres crus congelados elaborados com carne suína o

extrato de mate atuou como pró-oxidante, não sendo estatitisticamente diferente da amostra

controle nos hambúrgueres bovino, atuando como antioxidante apenas nos hambúrgueres

de frango e CFMS. Nos hambúrgueres congelados, o BHT atuou como antioxidante apenas

no produto elaborado com carne suína, nos demais seu efeito foi pró-oxidante.

Palavras-chave: hambúrguer, oxidação lipídica, antioxidantes naturais, warmed over

flavour

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Capítulo 3

102

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Capítulo 3

103

INTRODUÇÃO 1

A disponibilidade de diversos produtos cárneos que não exigem muito tempo para o

preparo nas gôndolas de supermercados tornou-se um atrativo para os consumidores,

contribuindo para que salsicha, salame, mortadela, linguiça, empanado, almôndegas e

hambúrguer sejam opção crescente para o lanche de muitas famílias no mundo todo

(OLIVEIRA et al., 2013).

Nos últimos anos, o consumidor tem buscado produtos cárneos mais saudáveis, com

redução dos níveis de gordura, colesterol, cloreto de sódio e nitrito. Além disso,

importância tem sido dada a produtos com melhoramento do perfil de ácidos graxos e

incorparados de ingredientes mais saudáveis, como antioxidantes naturais (ZHANG et al.,

2010).

Produtos cárneos são obtidos através de uma diversidade de processos e

formulações, sendo classificados em emulsionados, reestruturados, injetados, fermentados,

congelados, enlatados, tratados termicamente, entre outras classificações. Esses processos,

associados à seleção de diferentes matérias primas e ingredientes, influenciam na qualidade

global dos produtos cárneos. Além disso, em sua maioria, esses produtos têm alto teor de

gordura, e assim sua suceptibilidade à oxidação é aumentada.

O processo a que é submetido o hambúrguer, envolvendo etapas como moagem,

mistura, associado a métodos de preparo como o cozimento e de conservação como o

congelamento, favorece sua utilização como um sistema adequado para a investigação da

oxidação lipídica, pois todas essas etapas de preparo aceleram a reação.

A indústria de carnes tem grande preocupação com a reação de oxidação,

principalmente pelos efeitos indesejáveis que ela causa nos produtos, como odores

desagradáveis, alteração de cor, redução do valor nutricional e geração de compostos

tóxicos. Indesejáveis flavours em produtos cárneos pré-cozidos se desenvolvem

rapidamente quando o alimento é cozido e depois refrigerado, essa oxidação é conhecida

como warmed-over flavour (WOF- sabor de requentado) (TIMS; WATTS, 1958).

A maneira mais comumente utilizada para evitar o desenvolvimento de WOF e

consequentemente aumentar a vida útil de derivados cárneos é a adição de antioxidantes.

Os antioxidantes sintéticos mais utilizados em produtos cárneos são o BHA

(butilhidroanisol) e o BHT (butilhidroxitolueno) e seu efeito para inibir o desenvolvimento

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Capítulo 3

104

de WOF é satisfatório. No entanto, nos últimos anos os consumidores tem buscado por

alimentos livre de aditivos sintéticos, além da preferência por produtos naturais (AHN et

al., 2002), ademais, estudos tem demonstrado que esses aditivos sintéticos podem causar

malefícios a saúde humana (CHEN et al., 1991).

A adição de antioxidantes naturais em produtos cárneos exibe diversas funções

dentre elas, o potencial antioxidante, antimicrobiano e aumento da vida de prateleira. Os

antioxidantes naturais podem estabilizar os níveis de colesterol, inibir a formação de óxidos

de colesterol e reduzir a formação e absorção de malonaldeído e aminas heterocíclicas

(FALOWO et al., 2014).

Desenvolver produtos cárneos com antioxidantes naturais consiste numa excelente

estratégia para gerar produtos mais saudáveis. Dentre os antioxidantes naturais os mais

abundantes em frutas, vegetais e condimentos são os polifenóis, flavonóides, diterpenos

fenólicos e taninos (ZHANG et al., 2010), compostos estes presentes na semente de uva,

alecrim, chá verde e mate.

Diversas pesquisas foram desenvolvidas com a adição de extratos naturais derivados

de plantas em produtos cárneos (KIM et al., PRICE et al., 2013; 2013; YU et al., 2013;

FERREIRA et al., 2011; KULKARNI et al., 2011; FERNÁNDEZ-LÓPEZ et al., 2005;

NISSEN et al., 2004), mas ainda são necessários estudos com os extratos comerciais, uma

vez que muitas opções de produtos comerciais têm sido disponibilizadas, mas poucos

estudos sobre a eficiência desses compostos têm sido avaliados.

O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da adição de extratos comerciais

derivados de plantas (semente de uva, alecrim, chá verde e mate) na estabilidade oxidativa

de hambúrgueres cozidos e congelados elaborados com diferentes matérias-primas cárneas.

MATERIAL E MÉTODOS 2

2.1 MATÉRIAS PRIMAS, INGREDIENTES E ADITIVOS

As carnes bovina e suína foram compradas em frigoríficos localizados na cidade de

Campinas, SP. O peito de frango e a CFMS foram doados pela Cooperativa Agropecuária

Holambra, localizada na cidade de Holambra, SP. Após obtenção, as carnes foram picadas

manualmente, moídas em picador de carnes marca C.A.F modelo 22STB, (com disco de

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Capítulo 3

105

moagem de 8 mm), embaladas a vácuo e mantidas sob congelamento (-18 °C) até o

momento da preparação dos hambúrgueres, não ultrapassando um período superior a 4 dias.

Os extratos de plantas naturais foram selecionados de acordo com fichas técnicas,

inserção no mercado de alimentos como ingredientes e consistentes dados da literatura.

Também foram realizadas entrevistas com técnicos das referidas empresas e consultas a

material bibliográfico fornecido pelas mesmas. Os extratos foram obtidos por doação de

fornecedores no mercado.

Foram utilizados os seguintes extratos: extrato de semente de uva (Grape PP

powder, Nutron Alimentos), extrato de chá verde (STD N° 607K HD Green Tea Extract,

Tovani Benzaquen), extrato de alecrim (Extrato Natural de Alecrim Fuchstract 2,5, Fuchs),

e extrato de mate (Univar). Todos os extratos solúveis em água (semente de uva, chá verde

e mate) estavam dispersos em maltodextrina e foram obtidos por secagem em spray dryer e

o extrato de alecrim estava disperso em óleo de soja. Todos os extratos foram mantidos a 4°

C até o processamento.

O óleo de linhaça dourada foi obtido no mercado municipal da cidade de Campinas,

SP (Lino oil). O sal, a carragena e o BHT (Synth) utilizados pertencem ao Laboratório de

Carnes e Produtos Cárneos da Faculdade de Engenharia de Alimentos na UNICAMP.

2.2 TRATAMENTOS E DESENHO EXPERIMENTAL

Foram elaborados cinco tratamentos de cada matéria-prima cárnea (carne bovina,

suína, de frango e CFMS) na concentração de 0,125% de extratos comerciais de semente de

uva, alecrim, chá verde e mate. Também foi elaborada uma formulação com a adição de

0,01% (base lipídica) do antioxidante sintético BHT (BRASIL, 2006; BRASIL, 1998),

conforme apresentado na Tabela 14.

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Capítulo 3

106

Tabela 14. Formulações dos hambúrgueres elaborados com diferentes matérias-primas

cárneas, adicionados de extratos naturais

Ingredientes %

FC F1 F2 F3 F4 F5

Matéria-prima cárnea* 75,65 75,65 75,65 75,65 75,65 75,65

Óleo de linhaça 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00

Água 17,65 17,52 17,52 17,52 17,52 17,65

Sal 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50

Extrato de semente de

uva - 0,125 - - - -

Extrato de alecrim - - 0,125 - - -

Extrato de chá verde - - - 0,125 - -

Extrato de mate - - - - 0,125 -

BHT (ppm) - - - - - 10** e

30***

Carragena 0,20 0,20 0,20 02,0 0,20 0,20

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

*carne bovina ou suína ou de frango ou CFMS; ** quantidade em ppm de BHT utilizada nas formulações

com carne bovina, suína e de frango; *** quantidade em ppm de BHT utilizada na formulação com CFMS

2.3 PROCESSAMENTO DOS HAMBÚRGUERES

Os hambúrgueres foram preparados na Planta Piloto do Laboratório de Carnes e

Produtos Cárneos da Faculdade de Engenharia de Alimentos na UNICAMP. A temperatura

ambiente não excedeu 10 °C durante o processamento. As formulações foram preparadas

no homogeneizador Filizola S/A (modelo sire), e cada batelada foi de 1,5 kg. A carne

moída foi misturada com o gelo (água), por 20 segundos, em seguida foi adicionado o sal e

misturado por mais 10 segundos. A seguir, foi adicionada a carragena e misturado por 40

segundos e por fim foram adicionados os antioxidantes (natural ou sintético) e o óleo de

linhaça e homogeneizados por 20 segundos cada. Os extratos que foram adicionados, bem

como sua porcentagem, foram definidos em estudo anterior (capítulo 2) e a quantidade de

BHT adicionada foi calculada de acordo com o teor de gordura de cada formulação (10%

para as formulações carnes bovina, suína e de frango e 30% para a formulação com

CFMS), seguindo a legislação vigente no Brasil.

As formulações prontas foram congeladas por cerca de uma hora e depois

elaborados hambúrgueres de 100 g ± 5 e 100 mm de diâmetro (Müller, 100 mm de

diâmetro e 0,35÷0,50), sendo cada hambúrguer separado por folhas de papel vegetal. Após,

os hambúrgueres foram congelados durante um período de 8 a 10 hs e depois cozidos em

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Capítulo 3

107

grill elétrico George Foreman super Jumbo a temperatura de aproximadamente 200 °C por

cerca de 10 minutos. A temperatura foi controlada pela inserção de sensores de temperatura

no centro da amostra, até atingir 72 °C (Figura 12).

Figura 12. Fluxograma do processamento de hambúrgueres

Os hambúrgueres cozidos foram resfriados até a temperatura de 25 °C, embalados

em sacos transparentes de polietileno (20cmx30cm), sem utilização de vácuo e

armazenados em BOD a 4ºC por 6 dias para análise de TBARS nos dias 0, 3 e 6. As

amostras para análise do dia 0 foram congeladas logo após resfriamento, até o momento da

análise, que não excedeu 2 horas. Para análise nos tempos 3 e 6 as amostras foram

reaquecidas em micro-ondas (Brastemp, modelo BMX40ARHNA, 1450 W de potência) até

a temperatura interna atingir 56 °C, o tempo não excedeu 1 min e 30 segundos.

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Capítulo 3

108

Os hambúrgueres congelados foram embalados em sacos transparentes de

polietileno (20cmx30cm), sem utilização de vácuo e armazenadas em freezer a -18 °C por

60 dias para análise de TBARS nos dias 0, 30 e 60.

2.4 ANÁLISES REALIZADAS

2.4.1 Composição química dos hambúrgueres

A composição química foi determinada para as matérias-primas utilizadas (carne

bovina, suína, de frango e CFMS) e para as formulações controle dos hambúrgueres

cozidos (hambúrguer bovino, suíno, de frango e de CFMS). A porcentagem de umidade foi

baseada na metodologia descrita pela Norma 24.002 da ASSOCIATION OF OFFICIAL

ANALYTICAL CHEMISTS (1984), que consiste em secagem a 105°C até peso constante.

O conteúdo de nitrogênio foi determinado pelo método de Kjeldahl e o teor de

proteína estimado pela multiplicação do conteúdo de nitrogênio por 6,25 (ASSOCIATION

OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS, 1984). A quantificação de lipídeos seguiu a

metodologia de BLIGH; DYER (1959). As cinzas foram determinadas através da

calcinação em mufla (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2005). As análises foram realizadas

em triplicatas.

2.4.2 Perfil de ácidos graxos das matérias-primas e dos hambúrgueres

Para essa análise, os lipídeos das amostras foram obtidos por extração a frio

(BLIGH; DYER, 1959), a fim de não modificar a composição real em ácidos graxos dos

hambúrgueres. A análise da composição em ácidos graxos foi realizada em cromatógrafo

em fase gasosa com coluna capilar - CGC 68650 Series GC System (Agilent, Santa Clara,

California, EUA), após esterificação utilizando o método de HARTMAN; LAGO (1973).

Os ésteres metílicos de ácidos graxos foram separados de acordo com o método AOCS Ce

2-66 (2009) em coluna capilar DB-23 Agilent (50% cianopropil-metilpolisiloxano),

dimensões 60 m, Ø int: 0,25 mm, 0,25 µm filme. Temperatura do forno de 110 ºC por 5

min, 110-215 ºC (5 ºC/min), 215 ºC por 24 min; temperatura do detector: 280 ºC;

temperatura do injetor: 250 ºC; gás de arraste hélio; razão split 1:50; volume injetado 1,0

µL. A composição qualitativa foi determinada por comparação dos tempos de retenção dos

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Capítulo 3

109

picos com os dos respectivos padrões de ácidos graxos. A análise foi realizada em

duplicata.

2.5 AVALIAÇÃO DA OXIDAÇÃO LIPÍDICA

A extensão da oxidação lipídica foi avaliada pelo método de Substâncias Reativas

ao Ácido Tiobarbitúrico (TBARS), de acordo com o método utilizado por BRUNA et al.

(2001), com adaptações. 2,5 gramas de amostra foram homogeneizadas com 10 ml de

solução de ácido tricloroacético (5%) e 0,25 ml de solução etanólica de BHT (0,19 M) em

ULTRA-TURRAX® digital IKA T-25 (1 min, 20.000 rpm), com a amostra mantida em

banho de gelo. O homogeneizado foi filtrado em papel filtro Whatman N° 54. Uma alíquota

de 3 ml do filtrado foi misturada com 3 ml de solução de ácido tiobarbitúrico (0,02 M),

agitado em vortex e aquecido a 100 °C por 40 minutos. Por fim, a absorbância foi medida

em espectrofotômetro (Beckman, Modelo DU-70, Muskegon, USA) a 532 nm. Os

resultados foram expressos em mg de malonaldeído/ g de amostra usando uma curva

padrão (concentração de 0,17 a 1,015 mg MDA/ml) estabelecidos com 1,1,3,3-

tetraethoxypropane (TEP). As determinações foram em quadruplicata.

2.6 INIBIÇÃO DA OXIDAÇÃO LIPÍDICA

A % de inibição da oxidação lipídica foi calculada de acordo com a metodologia

proposta por Tang et al. (2001). Os valores de TBARS obtidos nos dias 0, 3 e 6 para as

formulações controle e com adição de antioxidantes, foram somados, e usados no cálculo

da % de inibição da oxidação, conforme Equação 3.

% de inibição= ( TBARS controle- TBARS com antioxidante)

TBARS controle*100

(3)

2.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados foram analisados pela análise de variância (ANOVA) e as médias

comparadas pelo teste de Tukey, considerando o nível de significância de 5% (p ≤ 0,05),

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Capítulo 3

110

utilizando o pacote estatístico SPSS (SPSS, Chicago, IL,USA). O experimento foi realizado

em duplicata.

RESULTADOS E DISCUSSÃO 3

3.1 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E PERFIL DE ÁCIDOS GRAXOS

Na Tabela 15 pode ser observado a composição química das matérias-primas

cárneas e dos hambúrgueres.

Tabela 15. Composição química (b.u.) das matérias-primas e das formulações controle dos

hambúrgueres cozidos

Umidade (%) Lipídeos (%) Cinzas (%) Proteínas (%)

Carne bovina 77,09 (±1,22) 1,74 (±0,06) 0,94(±0,04) 19,61 (±0,55)

Carne suína 74,79 (±0,32) 4,55 (±0,56) 1,06 (±0,02) 18,84 (±0,25)

Carne de frango 75,74 (±0,09) 1,39 (±0,16) 1,11 (±0,008) 19,65 (±0,47)

CFMS 62,41 (±0,17) 24,11 (±1,97) 0,96 (±0,098) 12,67 (±0,80)

Hambúrguer bovino 66,39 (±0,89) 9,82 (±0,84) 2,33 (±0,06) 20,04 (±0,64)

Hambúrguer suíno 67,08 (±0,43) 9,52 (±0,20) 2,44 (±0,003) 21,25 (±1,15)

Hambúrguer de frango 68,19 (±0,17) 7,67 (±0,35) 2,51 (±0,05) 21,21 (±0,26)

Hambúrguer de CFMS 56,23 (±0,33) 25,66 (±0,30) 2,40 (±0,04) 13,19 (±0,56)

Os hambúrgueres elaborados com carne bovina, suína e de frango estão de acordo

com a legislação vigente para os teores de proteínas (mínimo 15%) e lipídeos (máximo

23%). Já os hambúrgueres de CFMS estão em desacordo com a legislação, pois essa

matéria-prima possui menor teor de proteína devido sua origem e forma de obtenção. No

entanto, esse produto foi elaborado apenas para avaliar extensão da oxidação lipídica nessa

matéria-prima, uma vez que não é permitido produzir esse produto pela legislação

brasileira, sendo permitido no máximo a adição de 30% de CFMS em hambúrguer cozido

(BRASIL, 2000).

Conforme esta apresentado na Tabela 16, das matérias-primas utilizadas a carne

bovina apresentou menor teor de ácidos graxos insaturados. Ácidos graxos trans estavam

presente na carne bovina e na CFMS.

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Capítulo 3

111

Tabela 16. Composição em ácidos graxos das matérias cárneas (% área do total de lipídeos)

Ácido graxo Bovina Suína Frango CMS

C10:0 cáprico 0,07 0,08 0,08 0,04

C12:0 láurico 0,13 0,11 0,17 0,08

C14:0 mirístico 2,08 1,19 0,68 0,67

C15:0 pentadecanóico 0,63 0,06 0,10 0,09

C16:0 palmítico 22,23 21,47 21,41 19,76

C16:1 palmitoléico 3,30 2,50 4,09 4,58

C17:0 margárico 1,41 0,31 0,18 0,16

C17:1 cis-10-heptadecenóico 0,88 0,25 0,11 0,13

C18:0 esteárico 16,42 9,88 7,17 6,22

C18:1 trans elaídico 2,70 - - 0,22

C18:1 oléico 36,89 41,43 36,06 38,29

C18:2, ω-6, linoleico 4,30 17,11 21,54 21,47

C18:3 trans t-linolênico 0,21 - - 0,19

C18:3, ω-3, linolênico 1,10 0,81 1,20 6,76

C18:4 estearidônico 0,62 0,08 - -

C20:0 araquídico 0,12 0,18 - 0,11

C20:1 eicosenóico 0,17 0,71 0,29 0,28

C20:4, ω-6, araquidônico 1,38 1,27 3,06 0,48

C22:0 behênico 0,57 0,06 - -

C22:5, ω-3, Clupanodônico DPA 0,93 0,20 0,53 -

saturados 43,69 33,35 29,80 27,08

insaturados 52,51 64,34 66,63 71,94

trans 2,87 - - 0,31

monoinsaturados 41,11 44,89 40,24 43,15

poli-insaturados 8,40 19,47 26,20 28,48

A composição do óleo de linhaça é de: 73% de ácidos graxos poliinsaturados (57%

de ω-3 e 16% de ω-6), cerca de 18% de ácidos monoinsaturados e somente 9% de ácidos

graxos saturados, sendo considerado o alimento de origem vegetal mais rico em ômega 3

(TRUCOM, 2006). Porém, este óleo é muito susceptível a oxidação lipídica, devido a seu

alto grau de insaturação (TONON et al., 2011) fator principal que levou sua utilização neste

estudo.

A adição de óleo de linhaça possivelmente aumentou o teor de ácido linolênico (ω-

3) nos hambúrgueres de carne bovina, suína, de frango e de CFMS (Tabela 17), uma vez

que esse óleo tem alto teor de ω-3.

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Capítulo 3

112

Tabela 17. Composição em ácidos graxos das formulações controle cozidas (% área do total

de lipídeos)

Ácido graxo HB HS HF HCFMS

C10:0 cáprico 0,03 0,04 - 0,04

C12:0 láurico 0,04 0,06 0,08 0,12

C14:0 mirístico 0,66 0,48 0,20 0,62

C15:0 pentadecanóico 0,18 - 0,04 0,08

C16:0 palmítico 11,03 12,07 9,22 18,23

C16:1 palmitoléico 1,03 1,00 0,908 4,02

C17:0 margárico 0,42 0,15 0,09 0,15

C17:1 cis-10-heptadecenóico 0,26 0,11 0,08 0,11

C18:0 esteárico 8,93 7,41 6,22 6,31

C18:1 trans elaídico 0,68 - - 0,21

C18:1 oléico 26,79 28,77 24,24 36,03

C18:2, ω-6, linoleico 11,56 15,74 15,92 20,46

C18:3 trans t-linolênico 0,20 0,13 0,17 -

C18:3, ω-3, linolênico 35,77 32,06 41,22 11,76

C18:4 estearidônico 0,15 - - -

C20:0 araquídico 0,18 0,21 0,17 0,12

C20:1 eicosenóico 0,13 0,32 0,15 0,28

C20:4, ω-6, araquidônico 0,30 0,54 0,70 0,36

C22:0 behênico 0,40 - 0,19 -

C22:5, ω-3, Clupanodônico DPA 0,24 0,15 - 0,06

saturados 21,78 20,58 16,11 25,70

insaturados 76,83 78,69 83,28 73,21

trans 0,77 0,13 0,17 0,21

monoinsaturados 28,18 30,23 25,26 40,32

poli-insaturados 47,87 48,37 57,73 32,57 HB- Hambúrguer bovino; HS- Hambúrguer suíno; HF- Hambúguer de frango; HCFMS- Hambúguer de carne

de frango mecanicamente separada

A oxidação lipídica ocorre em lipídeos que contêm ácidos graxos insaturados e

podem sofrer oxidação, degradação e polimerização por mecanismos de radicais livres.

Essa reação não ocorre normalmente em ácidos graxos saturados porque neste caso, a

formação de um radical livre é energeticamente desfavorável (BOBBIO;BOBBIO, 1992).

Observa-se na Tabela 17 o alto teor de ácidos graxos insaturados dos hambúrgueres

elaborados com carne de frango, seguido pelos de carne suína, carne bovina e CFMS.

Assim, considera-se que os hambúrgueres de carne de frango seriam mais susceptíveis a

oxidação, no entanto, fatores como teor de ferro da matéria-prima cárnea devem ser

considerados.

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Capítulo 3

113

Nas Figuras 13 e 14 pode ser observado a característica física dos hambúrgueres

congelados e cozidos no tempo 0 de vida útil.

Figura 13. Hambúrgueres crus congelados elaborados com carne bovina (HB), suína (HS),

de frango (HF) e de CFMS (HCFMS), adicionados de extrato de semente de uva (F1),

extrato de alecrim (F2), extrato de chá verde (F3), extrato de mate (F4) e BHT (F5)

Figura 14. Hambúrgueres cozidos elaborados com carne bovina (HB), suína (HS), de

frango (HF) e de CFMS (HCFMS), adicionados de extrato de semente de uva (F1), extrato

de alecrim (F2), extrato de chá verde (F3), extrato de mate (F4) e BHT (F5)

3.2 EXTENSÃO DA OXIDAÇÃO LIPÍDICA EM HAMBÚRGUERES COZIDOS

As matérias-primas e as formulações controle cruas foram avaliadas quanto à

oxidação lipídica através da determinação da concentração de substâncias reativas ao ácido

tiobarbitúrico – pelo teste de TBARS. Os baixos valores reportados na Tabela 18

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Capítulo 3

114

comprovam a qualidade da matéria-prima cárnea utilizada na elaboração dos

hambúrgueres, bem como das formulações elaboradas. Esses valores também podem ser

atribuídos ao controle da temperatura antes e durante a análise, além da análise ser

realizada imediatamente após o processamento.

Tabela 18. Valores de TBARS das matérias-primas e das formulações controle dos

hambúrgueres cru

Matéria-prima TBARS (mg MDA/g amostra)

Carne bovina 0,022 (±0,010)

Carne suína 0,033 (±0,003)

Carne de frango 0,022 (±0,012)

CMS 0,035 (±0,002)

Hambúrguer bovino 0,046 (±0,033)

Hambúrguer suíno 0,030 (±0,032)

Hambúrguer de frango 0,036 (±0,012)

Hambúrguer de CMS 0,071 (±0,001)

Na Tabela 19 são reportados os valores de TBARS que avaliam a extensão da

oxidação lipídica, no decorrer de 6 dias de armazenamento sob refrigeração (4 °C), dos

hambúrgueres cozidos elaborados com diferentes matérias-primas e adicionados de extratos

naturais e do antioxidante sintético BHT.

A formulação controle dos hambúrgueres (FC) elaborados com carne bovina foi a

que teve maior potencial de oxidação. Esse resultado pode ser explicado pelo maior teor de

ferro dessa matéria-prima, uma vez que esse elemento é um catalisador potente da reação

de oxidação lipídica. Cerca de 0,5-1,0 ppm de ferro já contribui significativamente na

reação (PIRES, 2014). O ferro não hemínico é um catalisador ativo em carnes cozidas

(SATO; HEGARTY et al., 1971), o qual pode ser liberado dos pigmentos heme durante o

cozimento e assim a oxidação lipídica é acelerada (CHEN et al., 1984). Contrariamente ao

resultado obtido neste estudo, Tang et al. (2001) obtiveram maior oxidação lipídica em

carne cozida de frango do que em carne bovina.

No dia 0 os valores de TBARS foram significativamente menores para as amostras

com antioxidantes naturais. Esses resultados sugerem que tais antioxidantes retardaram a

oxidação lipídica durante e imediatamente após o cozimento. O mesmo foi observado por

Fernández-López et al. (2005) ao adicionarem antioxidantes naturais (extrato de alecrim,

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Capítulo 3

115

laranja e limão) em almôndega bovina e avaliarem seu efeito na oxidação lipídica por 12

dias a 8 °C.

Ao final do armazenamento sob refrigeração (6 dias), os hambúrgueres elaborados

com carne bovina, suína, de frango e CFMS com adição de antioxidantes naturais

apresentaram menor oxidação lipídica com relação a formulação controle e a formulação

com BHT. Isso indica que todos os extratos naturais adicionados aos hambúrgueres

mostraram atividade antioxidante. A extensão da oxidação lipídica foi aumentada no

decorrer da vida útil para todas as formulações.

Ahn et al. (2002) compararam o efeito antioxidante do extrato de semente de uva e

de alecrim nas concentrações de 0,02, 0,05 e 0,1% em carne moída bovina cozida

armazenada a 4 °C por 3 dias. Os valores de TBARS no dia 3 foram de 2,47, 1,88 e 1,35

mg MDA/kg amostra para o extrato de semente de uva, nas concentrações de 0,02, 0,05 e

0,1%, respectivamente e 4,29, 3,67 e 3,07 mg MDA/kg amostra para o extrato de alecrim,

contra 5,77 mg MDA/kg amostra para a formulação controle.

Cabe ressaltar que todos os extratos apresentaram boa estabilidade ao aquecimento,

sendo efetivos em todas as matérias-primas após os hambúrgueres serem cozidos.

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Capítulo 3

116

Tabela 19. Valores de TBARS de hambúrgueres cozidos mantidos sob refrigeração (4 °C) nos intervalos de 0, 3 e 6 dias de

armazenamento

Dias FC F1 F2 F3 F4 F5

Carne bovina

0 0,609(±0,082)cA

0,059(±0,015)cB

0,036(±0,006)cB

0,023(±0,006)cB

0,084(±0,029)cB

0,090(±0,019)cB

3 2,504(±0,238)bA

0,164(±0,008)bCD

0,096(±0,007)bCD

0,044(±0,000)bD

0,337(±0,056)bC

1,795(±0,033)bB

6 5,087(±0,229)aA

0,226(±0,017)aD

0,163(±0,009)aD

0,063(±0,009)aD

1,66(±0,008)aC

4,165(±0,076)aB

Carne suína

0 0,616(±0,082)cA

0,022(±0,005)cD

0,042(±0,022)cCD

0,016(±0,0065)bD

0,128(±0,014)cC

0,237(±0,005)cB

3 1,617(±0,062)bA

0,040(±0,001)bD

0,207(±0,012)bC

0,041(±0,006)aD

0,167(±0,010)bC

1,012(±0,037)bB

6 1,864(±0,032)aA

0,083(±0,009)aE

0,294(±0,009)aD

0,030(±0,003)aF

0,409(±0,003)aC

1,494(±0,025)aB

Carne de frango

0 0,832(±0,071)bA

0,054(±0,025)bCD

0,078(±0,016)cCD

0,025(±0,012)bD

0,125(±0,014)bC

0,429(±0,011)cB

3 1,949(±0,073)aA

0,054(±0,011)bC

0,320(±0,025)bB

0,034(±0,001)abC

0,266(±0,022)aB

1,955(±0,006)bA

6 2,093(±0,022)aA

0,106(±0,006)aE

0,413(±0,037)aC

0,047(±0,004)aE

0,306(±0,019)aD

1,829(±0,045)aB

CFMS

0 0,617(±0,045)cA

0,114(±0,008)bC

0,194(±0,021)aB

0,065(±0,004)bCD

0,040(±0,009)cD

0,220(±0,009)bB

3 1,664(±0,041)bA

0,054(±0,006)cC

0,196(±0,017)aB

0,047(±0,003)cC

0,087(±0,005)bC

1,629(±0,040)aA

6 1,909(±0,147)aA

0,231(±0,022)aC

0,216(±0,003)aC

0,101(±0,007)aC

0,186(±0,017)aC

1,651(±0,045)aB

FC- Formulação controle; F1- 0,125% de extrato de semente de uva; F2 - 0,125% de extrato de alecrim; F3- 0,125% de extrato de chá verde; F4- 0,125% de

extrato de mate; F5 - 0,01 % de BHT, base gordurosa. Letras minúsculas iguais na mesma coluna indicam que não houve diferença significativa (p<0,05) entre as

médias pelo teste de Tukey. Letras maiúsculas iguais na mesma linha indicam que não houve diferença significativa (p<0,05) entre as médias pelo teste de Tukey.

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Capítulo 3

117

Apesar da carne suína apresentar um teor maior de ferro em relação a carne de

frango, a extensão da oxidação lipídica foi semelhante em ambas formulações controles dos

hambúrgueres elaborados com tais matérias-primas. Tal comportamento pode ter ocorrido

devido ao maior teor de ácidos graxos poliinsaturados presente nos hambúrgueres

elaborados com carne de frango com relação aos elaborados com carne suína (Tabela 17).

Além disso, o processamento e o aquecimento podem ter acelerado a liberação dos

fosfolipídeos presentes na membrana celular e acelerado a oxidação, principalmente o

WOF, uma vez que esses lipídeos tem alto teor de ácidos graxos poliinsaturados em sua

composição e assim são altamente susceptíveis a oxidação lipídica.

A CFMS tem alto teor de ferro, porém foi a formulação controle que apresentou

menor teor de ácidos graxos poliinsaturados (Tabela 17), podendo assim justificar a menor

extensão da oxidação nesse produto.

Todas as formulações com adição de extratos naturais tiveram valores de TBARS

menor que 2,0 mg MDA/kg amostra. Autores relataram que amostras com concentrações

entre 1,0 e 2,0 mg MDA/kg são valores limites para indicativo de rancidez (VERMA;

SAHOO, 2000), outros relatam que TBARS na faixa de 0,6-2,0 mg MDA/kg de amostra, é

o mínimo para ser detectado o flavour de oxidado em carne bovina moída (GREENE;

CUMUZE, 1982).

Mccarthy et al. (2001) ao elaborarem hambúrguer suíno com adição de 0,1% de

extrato de alecrim, e armazená-los a 4°C por 9 dias, observaram que no dia 6 o valor de

TBARS foi de 2,49 mg MDA/kg amostra contra 5,09 mg MDA/kg amostra da formulação

controle.

Jo et al. (2003) avaliaram o efeito da adição de 0,1% de extrato de chá verde em

hambúrgueres cozidos de carne suína armazenados a 4 °C por 15 dias. No décimo dia os

valores de TBARS para as formulações controle e com adição do extrato de chá verde

foram de 1,38 e 0,44 mg MDA/kg de amostra, respectivamente.

Na Figura 15 pode-se observar que todos os extratos naturais inibiram a oxidação

lipídica acima de 70% para todas as matérias-primas utilizadas. O antioxidante sintético

BHT também inibiu a reação, porém com menor intensidade.

A ação antioxidante entre extrato de semente de uva e de chá verde foi

estatisticamente similar, com inibição de mais de 90% da oxidação com relação à

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Capítulo 3

118

formulação controle em todas as matérias-primas cárneas utilizadas, caracterizando-os

como os mais efetivos em hambúrgueres cozidos. Perumalla; Hettiarachchy (2011)

ressaltam que o extrato de semente de uva na concentração de 0,1% é um efetivo

antioxidante em sistemas cárneos crus e cozidos.

Os extratos de mate e alecrim foram estatisticamente menos efetivos que os

extratos de semente de uva e chá verde nos dias 3 e 6 em todos os tipos de hambúrguer, no

entanto ambos inibiram a oxidação em mais de 70% com relação à formulação controle. Já

o BHT foi menos efetivo, com inibição da oxidação em no máximo 33% com relação à

formulação controle.

Figura 15. Inibição da oxidação lipídica (%) pelos extratos de semente de uva (F1), alecrim

(F2), chá verde (F3), mate (F4) e o antioxidante sintético BHT (F5) em hambúrgueres de

carne bovina (HB), suína (HS), frango (HF) e CFMS (HCFMS) cozidos

0

20

40

60

80

100

F1 F2 F3 F4 F5

% i

nib

ição

da

ox

idaç

ão

HB

HS

HF

HCFMS

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Capítulo 3

119

3.3 EXTENSÃO DA OXIDAÇÃO LIPÍDICA EM HAMBÚRGUERES CONGELADOS

Os valores de TBARS foram maiores nos hambúrgueres cozidos, com relação aos

hambúrgueres congelados. De acordo com Kanner (1994) altas temperaturas reduzem a

energia de ativação da reação de oxidação, decompondo hidroperóxidos pré formados que

propagam a reação e geram off flavours.

Na Tabela 20 são apresentados os valores de TBARS para os hambúrgueres

elaborados com carne bovina ou suína ou de frango ou CFMS e armazenados sob

congelamento por 2 meses.

Os hambúrgueres congelados de carne de frango apresentaram baixa intensidade da

oxidação lipídica. Isso pode ter ocorrido porque não houve liberação dos fosfolipídeos

(ricos em ácidos graxos insaturados e principais responsáveis pelo desenvolvimento de

WOF), assim como houve nos hambúrgueres cozidos. Como esses lipídeos não estavam

disponíveis, não houve intensa reação.

Os extratos de chá verde, semente de uva e alecrim foram os mais efetivos em inibir

a oxidação em todas as matérias-primas cárneas, com inibição de mais de 80% da oxidação

em relação à formulação controle. Apenas na F1 de carne bovina o extrato de semente de

uva inibiu apenas 42% e na F2 de carne de frango a inibição foi de 50% em relação à FC.

O extrato de mate atuou como antioxidante nos hambúrgueres de carne de frango e

CFMS, sendo que nos elaborados com carne bovina não teve diferença estatística da

formulação controle e atuou com pró-oxidante nos hambúrgueres de carne suína. Esse

efeito pode estar relacionado à instabilidade desse extrato ao congelamento, pois nos

hambúrgueres cozidos este extrato mostrou-se efetivo.

Observa-se ainda na Tabela 20 que a extensão da oxidação lipídica foi aumentada

no decorrer da vida útil para todas as formulações.

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Capítulo 3

120

Tabela 20. Valores de TBARS de hambúrgueres crus congelados (-18 °C) nos dias 0, 30 e 60 de armazenamento

Dias FC F1 F2 F3 F4 F5

Carne bovina

0 0,048(±0,004)c 0,048(±0,004)

c 0,048(±0,004)

b 0,048(±0,004)

c 0,048(±0,004)

c 0,048(±0,004)

c

30 1,391(±0,112)bB

0,671(±0,002)bD

0,086(±0,012)bE

0,085(±0,003)bE

1,168(±0,066)bC

1,651(±0,008)bA

60 2,120(±0,257)aB

1,524(±0,059)aC

0,174(±0,040)aD

0,116(±0,008)aD

1,951(±0,184)aB

2,611(±0,000)aA

Carne suína

0 0,055(±0,002)c 0,055(±0,002)

c 0,055(±0,002)

c 0,055(±0,002)

b 0,055(±0,002)

c 0,055(±0,002)

c

30 0,762(±0,070)bB

0,111(±0,005)bD

0,111(±0,012)bD

0,070(±0,006)aD

0,876(±0,042)bA

0,444(±0,008)bC

60 0,982(±0,028)aB

0,140(±0,009)aD

0,167(±0,018)aD

0,063(±0,002)abE

1,445(±0,021)aA

0,503(±0,000)aC

Carne de frango

0 0,052(±0,004)c 0,052(±0,004)

b 0,052(±0,004)

b 0,052(±0,004)

a 0,052(±0,004)

c 0,052(±0,004)

c

30 0,330(±0,015)bA

0,097(±0,006)aC

0,181(±0,014)aB

0,054(±0,003)aD

0,104(±0,005)bC

0,355(±0,003)bA

60 0,394(±0,023)aB

0,053(±0,003)bD

0,177(±0,003)aC

0,045(±0,012)aD

0,187(±0,015)aC

0,455(±0,000)aA

CFMS

0 0,080(±0,008)c 0,080(±0,008)

b 0,080(±0,008)

b 0,080(±0,008)

a 0,080(±0,008)

b 0,080(±0,008)

c

30 2,245(±0,047)bB

0,151(±0,015)bCD

0,188(±0,016)aC

0,070(±0,007)aD

0,096(±0,007)bCD

3,063(±0,083)bA

60 3,036(±0,051)aC

0,348(±0,058)aD

0,210(±0,029)Ae

0,071(±0,011)aF

3,710(±0,034)aB

3,951(±0,000)aA

FC- Formulação controle; F1- 0,125% de extrato de semente de uva; F2 - 0,125% de extrato de alecrim; F3- 0,125% de extrato de chá verde; F4- 0,125% de

extrato de mate; F5 - 0,01 % de BHT, base gordurosa. Letras minúsculas iguais na mesma coluna indicam que não houve diferença significativa (p<0,05) entre as

médias pelo teste de Tukey. Letras maiúsculas iguais na mesma linha indicam que não houve diferença significativa (p<0,05) entre as médias pelo teste de Tukey.

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Capítulo 3

121

Ferreira et al. (2011) compararam o efeito da adição 0,01 e 0,1% de extrato

etanólico de erva mate em hambúrguer congelado de carne bovina, com vida de prateleira

de 90 dias. A adição de 0,01% não foi eficaz na prevenção da oxidação lipídica, já a

concentração de 0,1% evitou a oxidação nas amostras. Os autores ressaltam que apesar de

0,01% ser o limite permitido pela legislação na maioria dos países para adição de

antioxidantes sintéticos em produtos cárneos, os antioxidantes naturais em geral são

efetivos nas concentrações de 0,02 a 1% do peso total do produto.

Observa-se na Figura 16 que o extrato de chá verde foi o que mais inibiu a oxidação

lipídica para todas as formulações. Em contrapartida, o extrato de mate atuou como pró-

oxidante nos hambúrgueres de carne suína. O BHT também teve ação pró-oxidante nos

hambúrgueres de carne bovina, de frango e CFMS. Destacando-se assim a maior

efetividade dos extratos comerciais derivados de plantas com relação ao antioxidante

sintético BHT.

Figura 16. Inibição da oxidação lipídica (%) pelos extratos de semente de uva (F1), alecrim

(F2), chá verde (F3), mate (F4) e o antioxidante sintético BHT em hambúrgueres de carne

bovina (HB), suína (HS), frango (HF) e CFMS (HCFMS) crus congelados

Com relação a porcentagem de extrato a ser aplicada nos produtos cárneos, extremo

cuidado deve ser tomado, pois extratos de plantas podem exibir atividade pró oxidante em

baixas concentrações e atividade antioxidante acima de determinado nível

-100

-80

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

F1 F2 F3 F4 F5

% p

rom

oçã

o

% i

nib

ição

HB

HS

HF

HCFMS

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Capítulo 3

122

(WANASUNDARA; SHAHIDI, 1998), em contrapartida um antioxidante pode ser efetivo

em baixas concentrações e atuar como pró oxidante em altas concentrações

(PRYZBYLSKI et al., 1998).

CONCLUSÃO 4

Todos os extratos naturais comerciais derivados de plantas foram efetivos na

inibição da oxidação lipídica em hambúrgueres cozidos e congelados. Apenas o extrato de

mate atuou como pró oxidante nos hambúrgueres congelados suíno. O antioxidante

sintético BHT não foi tão efetivo quanto os extratos naturais nos hambúrgueres cozidos e

nos congelados atuou como antioxidante apenas nos hambúrgueres elaborados com carne

suína, nos demais sua ação foi pró-oxidante. Os hambúrgueres cozidos elaborados com

carne bovina foram mais susceptíveis a oxidação, seguido pelos hambúrgueres de carne de

frango, CFMS e carne suína. Nos hambúrgueres congelados, a CFMS deixou as amostras

mais susceptíveis à oxidação, seguido pelos hambúrgueres elaborados com carne bovina,

suína e por fim carne de frango. O perfil em ácidos graxos das formulações se caracterizou

com alto teor de ômega 3, o que provavelmente ocorreu devido a adição de óleo de linhaça.

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Capítulo 3

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Conclusão Geral

129

CONCLUSÃO GERAL

Diante da necessidade de elaborar produtos cárneos mais saudáveis o trabalho

desenvolvido demonstrou grande potencial de substituir antioxidantes sintéticos por

naturais. Além disso, são necessários estudos com os antioxidantes comerciais derivados de

plantas disponíveis no mercado, pois a ficha técnica dos mesmos não contêm todas as

informações necessárias para aplicação deles em produtos cárneos.

Todos os antioxidantes comerciais apresentaram atividade antioxidante pelos

métodos ORAC, DPPH e ABTS. Sendo que o extrato de romã foi caracterizado com menor

potencial.

Todos os antioxidantes naturais foram efetivos na inibição da oxidação lipídica

quando aplicados na CFMS, além disso, o BHT também foi efetivo. Os antioxidantes

naturais de semente de uva e chá verde apresentaram maior potencial antioxidante em

produto cárneo. No entanto, os demais também inibiram a reação de oxidação em mais de

70%. Os extratos naturais apresentaram maior potencial antioxidante nos hambúrgueres

com relação ao antioxidante sintético BHT.

Os hambúrgueres cozidos elaborados com carne bovina foram os com maiores

valores de TBARS, seguidos pelos de carne de frango, suína e CFMS. Nos hambúrgueres

congelados os elaborados com CFMS sofreram maior oxidação, seguido pelos de carne

bovina, suína e de frango.

Nos dias atuais a elaboração de produtos cárneos com aditivos naturais é de extrema

importância, diante dos malefícios que os aditivos sintéticos podem causar. Visando a

minimização da deterioração oxidativa, os extratos comerciais derivados de plantas podem

ser uma boa opção na fabricação de derivados cárneos mais saudáveis, sendo necessários

estudos quanto à qualidade microbiológica e sensorial desses extratos em produtos cárneos.