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II Simpósio Brasileiro de Geomática Presidente Prudente - SP, 24-27 de julho de 2007 V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas ISSN 1981-6251, p. 223-231 UTILIZAÇÃO DO SIG NA ANÁLISE DAS ÁREAS VERDES PÚBLICAS DO BAIRRO DO CÓRREGO GRANDE (UEP-12), FLORIANÓPOLIS/SC PAULO BARRAL DE HOLLANDA VIEIRA LISANA KATIA SCHMITZ SANTOS ADRIANO GRAZZIOTIN Universidade Federal do Paraná - UFPR Departamento de Arquitetura e Urbanismo - DAU Centro Integrado de Estudos de Geoprocessamento - CIEG [email protected] [email protected] [email protected] RESUMO - Este Trabalho de Monografia é um estudo das áreas verdes públicas, entendidas, como as praças, os parques e largos, reconhecidos pelo Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) e Câmara Municipal de Florianópolis (CMF) e as áreas verdes dos loteamentos por parte da Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (SUSP). O foco de estudo restringe a Unidade Espacial de Planejamento (UEP) número 12 também conhecido como o bairro do Córrego Grande parte integrante do Distrito Sede do município de Florianópolis, SC. Objetivo principal é utilizar a tecnologia de bancos de dados geográficos associado com a aplicação destas informações juntamente com o programa ArcGIS 9.0 para cadastrar as áreas verdes públicas e a análise da distribuição espacial melhorando o gerenciamento pelos três principais órgãos públicos diretamente envolvidos. A quantidade de áreas verdes disponíveis em Florianópolis está muito aquém do desejável, o que reflete diretamente na qualidade ambiental da população. A quantificação das áreas verdes tem sido realizada através de indicadores dependentes da demografia, expressos, respectivamente, em termos de superfície de área verde/habitante (IAV = Índices de Áreas Verdes). ABSTRACT - This paper analysis the public green areas, known, as the squares, the parks and plazas, recognized for the Institute of Urban Planning of Florianópolis (IPUF) and Council of Florianópolis City (CFM) and the green areas of the land divisions on the part of the Secretariat of Urbanism and Public Services (SUPS). The focus of study restricts the Space Unit of Planejamento (UEP) number 12 also known as the quarter of the Stream Great integrant part of the District Headquarters of the city of Florianópolis, SC. Main objective is to use the technology of geographic data bases associate with the application of these information together with ArcGIS 9,0 program to register in cadastre the public green areas and the analysis of the space distribution improving the management for the three main directly involved public agencies. The amount of available green areas in Florianópolis is very on this side of the desirable one, wich reflects directly on the environment quality of the population. The amount of the green areas has been carried through through dependent pointers of the demography, Expresses, respectively, in terms of surface of green area/inhabitant (IAV = Indices of Green Areas). 1 INTRODUÇÃO A constante relação entre o homem e o ambiente é relevante para a qualidade do meio ambiente urbano. A qualidade ambiental é comprometida, durante os diferentes estágios de evolução e desenvolvimento urbano. Esses fatores provocam sensíveis mudanças no meio. Causa desequilíbrio ambiental e faz surgir a necessidade de se identificar, quantificar e qualificar impactos ambientais, para controlar e minimizar , enfim, gerenciar melhor. Numa situação de ocupação espacial qualquer, deve-se levar em conta o bem estar coletivo dos cidadãos, bem como o equilíbrio ambiental. Assim, os gestores têm grande dificuldade em administrar os espaços físicos ocupados pelo homem, especialmente nos centros urbanos. Devido à complexidade e diversidade de relações que ocorrem no meio urbano, os impactos ambientais são mais disseminados e de difícil solução. Muitos são os fatores prejudiciais ao meio ambiente, como desmatamento e ocupação de encostas de modo irregular, ocupação em área de mata ciliar ao redor dos rios, falta de P.B.H. Vieira; L.K.S. Santos; A.Grazziotin;

UTILIZAÇÃO DO SIG NA ANÁLISE DAS ÁREAS VERDES …docs.fct.unesp.br/departamentos/cartografia/eventos/2007_II_SBG/... · população. A quantificação das áreas verdes tem sido

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II Simpósio Brasileiro de Geomática Presidente Prudente - SP, 24-27 de julho de 2007V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas ISSN 1981-6251, p. 223-231

UTILIZAÇÃO DO SIG NA ANÁLISE DAS ÁREAS VERDES PÚBLICAS DO BAIRRO DO CÓRREGO GRANDE (UEP-12), FLORIANÓPOLIS/SC

PAULO BARRAL DE HOLLANDA VIEIRA

LISANA KATIA SCHMITZ SANTOS ADRIANO GRAZZIOTIN

Universidade Federal do Paraná - UFPR

Departamento de Arquitetura e Urbanismo - DAU Centro Integrado de Estudos de Geoprocessamento - CIEG

[email protected] [email protected]

[email protected]

RESUMO - Este Trabalho de Monografia é um estudo das áreas verdes públicas, entendidas, como as praças, os parques e largos, reconhecidos pelo Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) e Câmara Municipal de Florianópolis (CMF) e as áreas verdes dos loteamentos por parte da Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (SUSP). O foco de estudo restringe a Unidade Espacial de Planejamento (UEP) número 12 também conhecido como o bairro do Córrego Grande parte integrante do Distrito Sede do município de Florianópolis, SC. Objetivo principal é utilizar a tecnologia de bancos de dados geográficos associado com a aplicação destas informações juntamente com o programa ArcGIS 9.0 para cadastrar as áreas verdes públicas e a análise da distribuição espacial melhorando o gerenciamento pelos três principais órgãos públicos diretamente envolvidos. A quantidade de áreas verdes disponíveis em Florianópolis está muito aquém do desejável, o que reflete diretamente na qualidade ambiental da população. A quantificação das áreas verdes tem sido realizada através de indicadores dependentes da demografia, expressos, respectivamente, em termos de superfície de área verde/habitante (IAV = Índices de Áreas Verdes). ABSTRACT - This paper analysis the public green areas, known, as the squares, the parks and plazas, recognized for the Institute of Urban Planning of Florianópolis (IPUF) and Council of Florianópolis City (CFM) and the green areas of the land divisions on the part of the Secretariat of Urbanism and Public Services (SUPS). The focus of study restricts the Space Unit of Planejamento (UEP) number 12 also known as the quarter of the Stream Great integrant part of the District Headquarters of the city of Florianópolis, SC. Main objective is to use the technology of geographic data bases associate with the application of these information together with ArcGIS 9,0 program to register in cadastre the public green areas and the analysis of the space distribution improving the management for the three main directly involved public agencies. The amount of available green areas in Florianópolis is very on this side of the desirable one, wich reflects directly on the environment quality of the population. The amount of the green areas has been carried through through dependent pointers of the demography, Expresses, respectively, in terms of surface of green area/inhabitant (IAV = Indices of Green Areas).

1 INTRODUÇÃO A constante relação entre o homem e o ambiente é relevante para a qualidade do meio ambiente urbano. A qualidade ambiental é comprometida, durante os diferentes estágios de evolução e desenvolvimento urbano. Esses fatores provocam sensíveis mudanças no meio. Causa desequilíbrio ambiental e faz surgir a necessidade de se identificar, quantificar e qualificar impactos ambientais, para controlar e minimizar , enfim, gerenciar melhor.

Numa situação de ocupação espacial qualquer, deve-se levar em conta o bem estar coletivo dos cidadãos, bem como o equilíbrio ambiental. Assim, os gestores têm grande dificuldade em administrar os espaços físicos ocupados pelo homem, especialmente nos centros urbanos.

Devido à complexidade e diversidade de relações que ocorrem no meio urbano, os impactos ambientais são mais disseminados e de difícil solução. Muitos são os fatores prejudiciais ao meio ambiente, como desmatamento e ocupação de encostas de modo irregular, ocupação em área de mata ciliar ao redor dos rios, falta de

P.B.H. Vieira; L.K.S. Santos; A.Grazziotin;

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áreas verdes públicas de lazer, entre outros. (SILVA, 2002, p.22)

Nos últimos anos, o processo de urbanização é acompanhado por profundas alterações no uso e ocupação do solo, que resultam em impactos ambientais nas bacias hidrográficas. As transformações sofridas pelas bacias em fase de urbanização podem ocorrer muito rapidamente, gerando transformações na qualidade da paisagem, degradação ambiental, ocupação irregular e falta de planejamento na gestão urbana. (ONO; BARROS; CONRADO; 2005, p.03)

A manifestação mais importante desse fenômeno dá-se na forma de: poluição do ar e sonora, abastecimento de água, fornecimento de energia elétrica, assim como a falta de áreas verdes públicas, que provocam uma série de efeitos nocivos, impondo custos elevados à nossa sociedade.

Os parques, praças e florestas urbanas possuem um grande valor estético e recreativo, além de auxiliar na atenuação do ruído, na minimização dos extremos de temperatura e em outras formas de poluição, fornecendo um habitat para pássaros e outros pequenos animais e proporcionando a vitalização da vida urbana.

As tarefas de conservação da Arborização Urbana são de responsabilidade dos municípios. Os Trabalhos de Conservação da Arborização exigem profissionalização e especialização devido à complexidade das situações enfrentadas, e a mão-de-obra é um dos aspectos mais importantes da Arborização Urbana (Figura 1).

P.B.H. Vieira; L.K.S. Santos; A.Grazziotin;

Figura 1 – Arborização Urbana (SCHERER, 2001)

São práticas de conservação: o replantio,

retutoramento, poda, dendrocirurgia, transplantes e remoção. O cuidado com as árvores diferencia uma cidade no aspecto paisagístico, e é fator determinante da qualidade de vida de sua população. (BARCELOS, 1994)

Situação que merece destaque especial, em face do objetivo, encontra-se prevista no art. 4º, inciso I, da Lei Federal n. 6.766/79, que assim dispõe:

Art. 4º Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos:

I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso público, serão proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal para a zona em que se situem;

No que diz respeito ao uso social e ambiental do parcelamento do solo pode-se dividir qualquer loteamento em três partes, conforme Lei Federal nº 9.785/99 (Figura 2), de Janeiro de 1999, onde na organização da gestão municipal: a) 65% para lotes privados; b) 20% para o sistema de circulação viário; c) 15% para as áreas verdes de uso público e/ou instalação de espaços livres, além de área institucional.

LEI nº 9785/99

65%

20%

10%5%

LotesSistema ViárioÁrea VerdeÁrea Institucional

Figura 2 – Lei Federal nº9785/1999 que complementa Lei

Federal nº6766/1979

O atual Plano Diretor do Distrito Sede (FLORIANÓPOLIS, 1997), tem a seguinte definição no artigo 15, Subseção I - Das Áreas de Usos Urbanos, da Secção II – Do Micro Zoneamento, coloca da seguinte forma a composição das Áreas Verdes:

“Áreas Verdes (AV) são espaços urbanos ao ar livre, de uso público ou privado, que se destinam à criação ou à preservação da cobertura vegetal, à prática de atividades de lazer e recreação, e à proteção ou ornamentação de obras viárias, subdivindindo-se em: I – Áreas Verdes de Lazer (AVL); II – Áreas Verdes do Sistema Viário (AVV); III – Áreas Verdes de Uso Privado (AVP)”.

2 METODOLOGIA

Pesquisa bibliográfica referente à área de estudo,

foi realizada junto à Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e à Biblioteca Setorial do Departamento de Engenharia Civil da UFSC. Também foram realizadas consultas a órgãos gestores, tais como Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF), Secretaria Urbanística e Serviços Públicos (SUSP) e Câmara Municipal de Florianópolis (CMF), para coleta de dados e informações, além de visitas de campo que permitiram a reambulação de temáticas como: aspectos do sistema viário, identificação das áreas verdes, hidrográficos e de uso e ocupação do solo urbano.

Na pesquisa em foco, trabalhar-se-á com a fórmula para calcular o índice de áreas verdes para o Bairro do Córrego Grande do município de Florianópolis, que é o somatório das áreas totais (praças, parques, largos e áreas verdes dos loteamentos), expresso em metro quadrado, dividido pelo número de habitantes, conforme o Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2000.

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Em relação ao Índice de Áreas Verdes (IAV), a

falta de uma definição amplamente aceita sobre o termo "áreas verdes", assim como as diferentes metodologias utilizadas para obtenção do IAV e a própria divergência sobre padrões das mesmas dificultam a comparação dos dados obtidos para diferentes cidades brasileiras e, destas, com cidades estrangeiras.

Sob esse contexto, buscou-se trabalhar as temáticas: rede hidrográfica, declividade, hipsometria, uso do solo e áreas verdes. Assim, foi possível sistematizar dados e informações espaciais e descritivas relevantes para a aplicação no campo geotecnológico, procurando subsidiar a estruturação de um banco de dados das áreas verdes para o bairro do Córrego Grande (UEP-12).

Utilizou-se imagem de satélite de alta resolução espacial QuickBird (resolução 60cm) ortorretificada com data de outubro de 2003, como base para a vetorização das feições cartográficas, com precisão relativa a escala de até 1:10.000. No desenvolvimento do trabalho, todo documental cartográfico foi gerado a partir da manipulação da Imagem QuickBird conforme recomenda PINTO (2005). 3 ÁREAS VERDES EM FLORIANÓPOLIS

Qualidade de vida ambiental é assunto bastante

polêmico, por seu caráter subjetivo, pois o que é considerado qualidade de vida para uns não serve para todos. A mídia e o setor imobiliário supervalorizam áreas com atrativos naturais de lazer, como praias e áreas verdes públicas.

O Parque Ecológico do Córrego Grande (PECG), por ser a principal área verde do município de Florianópolis, exerce forte influência perante o mercado imobiliário do Distrito Sede. (VIEIRA, 2006, p.31) O valor agregado que essa área verde de uso público oferece é a criação de outros valores intrínsecos, tais como: lazer, conservação ambiental e qualidade de vida urbana. A valorização ocorre, conforme UBERTI (2000, p.64): “com relação às áreas verdes, a hipótese é que a proximidade a estas áreas podem ocasionar uma valorização nos imóveis”.

Por questões de definição, as Áreas de Preservação Permanente (APP) são, portanto, diferentes das áreas verdes, pois nem todos os parques criados em Florianópolis são caracterizados como Áreas Verdes pelo Plano Diretor do Distrito Sede e dos Balneários, principalmente pelo fator de legislação serem distintas e de não sobreporem uma a outra.

A grande maioria das áreas verdes, principalmente nos bairros mais periféricos, são carentes de mobiliário e de uma melhor infra-estrutura para o uso da população. (VIEIRA, 2006, p.32)

Alguns fatos são observáveis, como excesso de visitação (falta de capacidade de carga das praças para estes tipos de eventos em relação aos visitantes), degradação ambiental, onde canteiros e jardins floridos são pisoteados, vandalismo em estátuas ou monumentos de personalidades públicas, além do desmonte quase que completo dos equipamentos públicos de lazer para as crianças em épocas de festividades religiosas.

Outra conseqüência do atual modelo de crescimento é a redução das áreas verdes. Antigamente, a Praça General Osório transformou-se no atual Instituto Estadual de Educação. A própria administração municipal tem aprovado a destruição de grandes parcelas em função de permissões concedidas para a execução de grandes obras sobre parques e áreas verdes liberando licenças ambientais irregulares.

Além do prédio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o prédio da Polícia Federal e o Terminal do Sistema de Integração de Transporte Coletivo que, praticamente, desmantelou mais da metade do Parque Metropolitano Francisco Dias Velho, além de outros exemplos, como é o caso do Centro de Convenções e Estação de Tratamento de Esgoto. O Parque Náutico Walter Lange que somando o Parque Municipal do Manguezal do Itacorubi, tiveram suas áreas reduzidas em função da construção dos elevados. 4 ÍNDICE DE ÁREAS VERDES (IAV)

O primeiro índice é utilizado como referência do

que seria desejável para uma área urbana. CAVALHEIRO (1992) discutiu a existência do IAV de 12 m2/hab., considerado ideal, arraigado e difundido no Brasil e atribuída à FAO, OMS ou ONU, onde este valor de IAV não é reconhecido, pois não tem referências bibliográficas específicas por tais instituições internacionais. O índice varia muito de país para país e também conforme o que se considera área verde.

De acordo com SCHERER (2001, p.12): “A necessidade de definição de quais elementos estão sendo considerados no levantamento de índices associados às áreas verdes pode ser percebida ao comparar-se exemplos de IAV para algumas cidades brasileiras, como: Curitiba/PR - 55,09m2/hab.(1998); Maringá/PR - 20,62m2/hab.(1988); Porto Alegre/RS - 3,08m2/hab.(1998) e Vitória/ES - 82,70m2/hab.(1991).” Outros índices de áreas verdes pesquisados foram as capitais de: Florianópolis/SC - 5,50m2/hab.(VIEIRA, 2004, p.40); São Paulo/SP (SECRETÁRIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO DA CIDADE DE SÃO PAULO, 2003) - 4,60 m2/hab.(1988); Goiânia/GO (AZEVEDO, 2003) - 40,79m2/hab. (1995) e Belo Horizonte/MG (GOMES, 2003) - 27,15m2/hab (1992).

Observa-se no Quadro 01 que o município de Florianópolis tem uma carência muito grande de áreas verdes, de lazer público e acessível. Está muito aquém do desejável em quantidade, o que se reflete diretamente na qualidade de vida (e ambiental) da população.

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Mas essa carência é muito maior nos distritos do interior da ilha, como é o caso de Ratones, São João do Rio Vermelho e Santo Antônio de Lisboa. Esta carência de áreas verdes, assim como dos demais serviços públicos urbanos, não se distribui igualmente pelas diferentes localidades. Ocorre uma concentração na parte mais urbanizada.

Setores ocupados por populações de baixa renda são menos favorecidos quanto às áreas verdes, tanto em distribuição quanto em tratamento. Os índices mais baixos correspondem àqueles com população mais carente (Quadro 1). Os índices mais altos correspondem aos setores com população de maior poder aquisitivo. É o caso dos distritos de Canasvieiras, Barra da Lagoa e Lagoa da Conceição, salvo o Distrito Sede.

Distritos de Florianópolis Área Verde

(m2) População

(hab.) IAV

(m2/hab.)Barra da Lagoa 50.240,09 4.331 11,60

Cachoeira do Bom Jesus 84.751,33 12.808 6,62Campeche 93.690,38 18.570 5,04

Canasvieiras 356.401,43 10.129 35,19Sede 1.032.656,72 228.869 4,51

Ingleses 67.576,58 16.514 4,09Lagoa da Conceição 40.107,30 9.849 8,14

Pântano do Sul 39.072,00 5.824 6,71Ratones 0,00 2.871 0,00

Ribeirão da Ilha 111.944,01 20.392 5,49Santo Antônio de Lisboa 8.006,27 5.367 1,49

São João do Rio Vermelho 1.300,00 6.791 0,19TOTAL 1.885.746,11 342.315 5,50

Quadro 1 - Índice de Áreas Verdes para os Distritos de Florianópolis

Nenhuma espécie de indicadores, como: Índice de

Áreas Verdes (IAV), Limite Aceitável de Câmbio/Impacto (LAC) e Manejo do Impacto dos Visitantes (VIM), deveriam ser estabelecidos pelos administradores municipais, mas é recomendável que seja elaborado um plano diretor de uso do solo, como ferramentas úteis para o manejo público destas áreas de lazer.

Qualidade de vida e ambiental é assunto bastante polêmico, por seu caráter subjetivo, pois o que é considerado qualidade de vida para uns não serve para todos. A mídia, e o setor imobiliário supervalorizam áreas com atrativos naturais: vegetação, praias, cachoeiras. E a mídia incentiva a busca por esses padrões, além de divulgar políticas que, em Florianópolis, a qualidade de vida é excelente. 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E MATERIAIS

Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) têm-

se tornado, nos últimos anos, um importante instrumento de auxílio na resolução de problemas de gestões, no âmbito de administrações federal, estadual e municipal.

Portanto, a produção de mapas temáticos representativos dos indicadores sociais no que se refere principalmente aos índices de áreas verdes e densidade populacional.

Com base nesta tecnologia desenvolveu-se um estudo da distribuição espacial das áreas verdes públicas de lazer a partir do cadastramento de dados e levantamentos de campo sobre estas áreas.

O banco de dados utilizado no trabalho foi construído no software ArcGIS 9.0 da ESRI. A estrutura baseou-se na ficha de levantamento de campo. Foi criada então Banco de Dados (BD) para as seguintes feições: cartográficas: Distritos do Município; Bairros do Distrito Sede, Bairro do Córrego Grande, Sistema Viário (Figura 3), Hidrografia, Loteamentos e Áreas Verdes Públicas.

Figura 3 - Feição selecionada e associada ao seu

respectivo item no Banco de Dados

Sob esse contexto, buscou-se trabalhar as temáticas: sistema viário, rede hidrográfica, uso do solo, loteamentos e áreas verdes. Assim, foi possível sistematizar dados e informações espaciais e descritivas relevantes para a aplicação no campo geotecnológico, procurando analisar e juntar as informações provenientes de três entidades municipais responsáveis pelo cadastramento e gerências destas áreas: SUSP, CMF e IPUF. 6 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS VERDES PÚBLICAS DO BAIRRO DO CÓRREGO GRANDE

No decorrer dos levantamentos de campo, foram

vistoriados em torno de 44 áreas verdes, distribuídas em 12 loteamentos e mais o Parque Ecológico do Córrego Grande (PECG). (VIEIRA, 2006, p.47)

O bairro do Córrego Grande apresenta o maior percentual de áreas verdes em comparação aos outros bairros e distritos do município de Florianópolis em função da presença do PECG que possui uma área de 202.992,80m² bastante significativa para a capital catarinense.

A distribuição espacial das áreas verdes no bairro foi diferenciada em função de duas categorias: Área Verde de Lazer com 301.689,30m² e Área Verde do Sistema Viário com 22.718,50m² totalizando 324.407,80m² de áreas verdes. (Figura 4)

As áreas verdes de públicas e seus equipamentos de lazer não são entendidos como essenciais e não têm a

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O ferramental de geoprocessamento permite mostrar o quanto são necessárias políticas para a

preserv

ruído do bairro do Córrego Grande onde h

as verdes pode ser considerado como indicad

ofundado sobre a caracte

mento legal e de gerenci

as linhas para lidar

eito de Segurança Públic

bens de uso comum do povo, apesar de a partir

bairros mais perifér

atenção necessária, nem lhes é atribuída a importância real numa política de administração urbana, além de ser um dos elementos pouco reivindicados pela população, pelo menos organizadamente através da gestão participativa do Conselho Comunitário e por parte do IPUF que está reformulando o Plano Diretor do Distrito Sede.

Figura 4 - AVL e AVV em %

Os equipamentos públicos de lazer que fazem

parte das áreas verdes são caracterizados por possuírem os seguintes mobiliários urbano: Bancos de Jardim; Mesa de Jogos; Iluminação Pública; Quadra Poliesportivas; Papelaria; Bebedouros; Placas de Sinalização e Informação; Vias de Circulação (pedestres e ciclovias); Acesso à Usuários com Diferentes Habilidades e Restrições; Lago de Pesca; Arborização; Telefones Públicos; Caixa Coletora de Correspondências; Pontos de Ônibus; Sanitários e Vestuários Públicos; Relógios digitais com indicador de temperatura; abrigos; Monumentos Públicos; Prestadores de serviços (banca de flores e revistas, chaveiros, lanches e cadeiras de engraxates); (VIEIRA, 2006, p.48)

7 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

A problemática ambiental nas cidades de médio e

grande porte, com um ecossistema diversamente estruturado, com inter-relações complexas de seus elementos (o homem, construções, solo, água, ar, flora e fauna) exigem uma investigação que deve ultrapassar o conhecimento geográfico, ou seja, deve ser interdisciplinar.

E, quanto às áreas verdes, é necessário se fazer um planejamento do sistema dessas áreas, através de boa distribuição das mesmas pela cidade, utilizando não só a vegetação, mas bons equipamentos de lazer e diversidade de entretenimento aos usuários em suas diferentes faixas etárias.

O planejamento e o projeto de arborização do espaço urbano, público e privado se inscrevem na problemática da ecologia urbana. É preciso defender os ecossistemas urbanos, debater e escrever sobre os problemas urbanos reais através da gestão pública participativa.

ação do que ainda resta. Percebe-se a eficácia de um software SIG, para a determinação espacial de qualquer temática abordada, nesse caso, a gestão ambiental urbana.

O trabalho mostra a insuficiência de áreas verdes no espaço não const

á uma concentração nas partes mais adensadas e urbanizadas do bairro já que grande parte do UEP-12 são áreas de APP.

Como conclusão, é importante destacar que o índice de áre

or da qualidade de vida urbana. A implementação de áreas verdes públicas deve

estar associado a um estudo mais aprrização e gerenciamento, fazendo valer as normas

de criação como constam no Plano Diretor do Distrito Sede de Florianópolis em função do grau de conhecimento das entidades públicas.

O Plano Diretor de Áreas Verdes e Arborização Urbana de uma cidade é o instru

amento mais importante que pode haver para assegurar a existência de espaços que desempenhem funções de melhorias do ambiente urbano e da qualidade de vida de seus habitantes. É uma recomendação importante para administração pública de Florianópolis essa idéia como já existe em outras cidades como Porto Alegre, Curitiba e São Paulo.

Não se pretendeu traçar propostas, mas indicar situações e problemas, sugerindo algum

com os mesmos. Procurou-se atentar para os objetivos, procurando ressaltar os resultados que estivessem de acordo com os mesmos e que pudessem provar a relevância do tema, na consideração das questões relacionadas às áreas verdes públicas.

Não seria nenhum disparate afirmar que, nestes tempos em que tanto se fala a resp

a, o incremento de áreas verdes públicas de lazer nas cidades, propicia às pessoas, especialmente aos jovens (freqüentes clientes da justiça penal), lazer, recreação e intercâmbio sócio-cultural, poderia contribuir no combate à criminalidade.

Importante destacar que as áreas verdes, como de resto os chamados

do registro do loteamento passarem a integrar o patrimônio público municipal, a quem compete sua guarda e administração, é a comunidade em sua totalidade, que detem o direito ao seu uso e gozo, sendo vedado qualquer desvio da sua finalidade.

O abandono que se vê entregue a maioria das áreas verdes notadamente aquelas situadas nos

icos do município. Em razão desta falta de interesse do Poder Público, esses espaços, ao invés de cumprirem com suas funções sócio-ambientais, tornam-se, isto sim, grandes depósitos de resíduos sólidos, abrigo para organismos vivos como macro-vetores (ratos, baratas, moscas etc.) e micro-vetores (vermes, bactérias, fungos e outros), que são agentes portadores de doenças e nocivos à saúde humana.

301.689,30m²93%

22.718,50m² 7%

AVL AVV

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A falta de manutenção dessas áreas torna a construção atrativa para

de serem propícias à utilização para atividades marginais, principalmente, no período noturno. Fato que explica o quase total abandono da área de lazer, com a perda de sua função social e, por conseguinte, afastamento da população.

Outro problema evidente diz respeito ao fato das áreas verdes públicas não

as faixas etárias. Na verdade, as áreas verdes públicas já na sua concepção na CMF são mal definidas e distribuídas pelos vereadores. Pouco atende os padrões de implementação das AVL como determina o Plano Diretor do Distrito Sede de Florianópolis, e muito menos ainda, suas reais necessidades sociais e lazer. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, Margarete. Goiânia. [on le<http://www.thb.com.br/portal/destino.asp?materia=3&total=6 BARCELOS, PRA. Arborização UrbanmLuís/MA: Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, 18 a 24 de setembro de 1994, p.97-102. CAVALHEIRO, F. Áreas verdes: concdSobre Arborização Urbana, 1. Vitória, 1992. Anais. Vitória/ES: 1992. CÉ, Maria Rosa. v(Monografia de Especialização na área de Educação e Meio Ambiente). Florianópolis/SC: FAED/UDESC, 1997. FLORIFFlorianópolis/SC: CMF, 1997. GOMES, Ivair. 2 - DescriçãoGregional Barreiro - Belo Horizonte/MG - Brasil (Monografia de Graduação do Curso de Geografia do IGC/UFMG). [on line] Disponível em: <http://members.tripod.com/ivairr/area.htm> Acesso em: 25 de maio de 2003. IBGE. Sinopse preli2Rio de Janeiro/RJ: IBGE, 2000. ONO, S; BARROS, MTL; CONRd

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II Simpósio Brasileiro de Geomática Presidente Prudente - SP, 24-27 de julho de 2007V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas

P.B.H. Vieira; L.K.S. Santos; A.Grazziotin;

II Simpósio Brasileiro de Geomática Presidente Prudente - SP, 24-27 de julho de 2007V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas

P.B.H. Vieira; L.K.S. Santos; A.Grazziotin;

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P.B.H. Vieira; L.K.S. Santos; A.Grazziotin;