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e Araguaia do árvores as Xingu Plante Manual do plantador

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  • eAraguaiadorvoresas XinguPlante

    Manual doplantador

  • XinguAraguaiadorvores

    e

    Planteas

    Manual do plantador

    OrganizaoEduardo Malta Campos Filho (ISA)

    Volume I

    Coleo

    So Paulo, julho de 2009.

  • Instituto Socioambiental

    O Instituto Socioambiental (ISA) uma associao sem fins lucrativos, qualificada como Orga-nizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico (Oscip), fundada em 22 de abril de 1994, por pessoas com formao e experincia marcante na luta por direitos sociais e ambientais. Tem como objetivo defender bens e direitos sociais, coletivos e difusos, relativos ao meio ambiente, ao patrimnio cultural, aos direitos humanos e dos povos. O ISA produz estudos e pesquisas, implanta projetos e programas que promovam a sustentabilidade socioambien-tal, valorizando a diversidade cultural e biolgica do pas.

    Para saber mais sobre o ISA consulte www.socioambiental.org

    Conselho diretor: Neide Esterci (presidente), Marina da Silva Kahn (vice-presidente), Adriana Ramos e Srgio Mauro Santos FilhoSecretrio executivo: Srgio Mauro Santos FilhoSecretrios executivos adjuntos: Adriana Ramos e Enrique Svirsky

    Programa Xingu

    O Programa Xingu visa contribuir com o ordenamento socioambiental da Bacia do Rio Xingu considerando a expressiva diversidade socioambiental que a caracteriza e a importncia do corredor de reas protegidas de 28 milhes de hectares que inclui Terras Indgenas e Unidades de Conservao, ao longo do rio. Desenvolve um conjunto de projetos voltados proteo e sustentabilidade dos 24 povos indgenas e das populaes ribeirinhas que ha-bitam a regio, a viabilizao da agricultura familiar, adequao ambiental da produo agropecuria e proteo dos recursos hdricos.

    A Campanha Y Ikatu Xingu (www.yikatuxingu.org.br), lanada em 2004, um movimento de responsabilidade socioambiental compartilhada, que mobiliza pequenos, mdios e grandes produtores rurais, ndios, pesquisadores, organizaes da sociedade civil e municipalidades da regio das cabeceiras do rio Xingu, no Estado de Mato Grosso, com o objetivo de recu-perar e conservar as nascentes e matas ciliares do rio, fonte de sobrevivncia de 260 mil pessoas, incluindo povos indgenas da regio.

    Coordenador do Programa Xingu: Andr Junqueira Ayres Villas-BasCoordenador adjunto: Rodrigo Gravina Prates JunqueiraEquipe Cabeceiras: Cassiano Carlos Marmet, Cleudemir Peixoto, Cristina Velasquez, Eduardo Malta Campos Filho, Heber Queiroz Alves, Luciana Akemi Deluci, Luciano Langmantel Eichholz, Jos Nicola Costa, Osvaldo Luis de Sousa, Vanderlei da Costa e Silva, Sadi Elsenbach e Ivan Loch (Prefeitura Municipal de Canarana) trabalham em colaborao com a equipe do Programa Xingu do ISA que atua dentro do Parque Indgena do Xingu, na TI Panar e na TI Wawi.

    ISA So Paulo (sede): Av. Higienpolis, 901, 01238-001 So Paulo SP Brasiltel: (11) 3515-8900, fax: (11) 3515-8904, [email protected]

    ISA Canarana: Rua Redentora, 362, Centro, 78640-000 Canarana MT Brasiltel/fax: (66) 3478-3491, [email protected]

  • FSC

    Licena

    Para democratizar a difuso dos contedos publicados neste livro, os textos esto sob a licena Creative Commons (www.creativecommons.org.br), que flexibiliza a questo da propriedade intelectual. Na prtica, essa licena libera os textos para reproduo e utilizao em obras derivadas sem autorizao prvia do editor (no caso o ISA), mas com alguns critrios: apenas em casos em que o fim no seja comercial, citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e, no caso de obras derivadas, a obrigatoriedade de licenci-las tambm em Creative Commons.

    Essa licena no vale para fotos e ilustraes,que permanecem em copyright .

    Voc pode:

    Copiar e distribuir os textos desta publicao.

    Criar obras derivadas a partir dos textos desta publicao.

    Sob as seguintes condies:

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  • SuMrIO

    p.6 Sementes, rvores e Diversidade Socioambientalp.8 Olhe antes de plantarp.8 Quem vai plantar essas rvores? Fale com todos os possveis envolvidosp.8 O qu so reas de Preservao Permanente (APP) de beira-de-rio ou nascente?p.10 O desmatamento na beira dgua

    p.11 Que mato vai formar?p.12 T na regio do cerrado?p.17 T na regio da floresta?

    p.21 Como o seu lugar?p.21 Solo retirado ou aterradop.21 Erosop.22 Lavourap.22 Estradasp.22 Uso intensivo de agrotxicosp.23 Pastop.23 Plantas agressivasp.23 Queimadasp.24 Desmatamentop.24 Audes

    p.25 Como plantar rvores?p.26 1. Coletep.27 2. Beneficiep.28 3. Armazenep.30 4. Teste a germinaop.31 5. Quebre a dormnciap.33 6. Eis a muvuca de sementesp.35 7. Plante a muvuca na terrap.36 Plantio mecanizado de muvuca de sementes na plantadeirap.37 Plantio mecanizado de muvuca de sementes na lanadeirap.38 Plantio manual de rvores na roa: a Agroflorestap.40 8. Plantando mudas

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    Sementes, rvores e Diversidade Socioambiental

    H 5 anos nascia a Campanha Y Ikatu Xingu com a idia de proteger e recuperar as nascentes e matas ciliares da regio das cabeceiras do Xingu. Nas discusses entre os diversos setores que participam desse movimento, tem sido recorrente a idia de que a regio do Xingu-Araguaia um verdadeiro laboratrio da diversidade socioambiental. Que aqui poderiam ser experimentadas novas solues e arranjos entre a produo agropecuria de escala, a produo familiar tradicional e a conservao de recursos naturais.

    Os produtores afirmam que gostariam de trabalhar de outra forma, que assegurasse o seu rendimento e os livrasse do protecionismo ambiental que vem emergir no mercado internacional. Ambientalistas e ndios imaginam que corredores florestais contnuos, ao longo da bacia e conectando reas protegidas, poderiam assegurar a perenidade do ecossistema regional e dos valores culturais associados. Agricultores familiares querem garantir a viabilidade econmica dos assentamentos rurais de reforma agrria com justia e igualdade de condies. A esse tempo iniciativas e projetos comearam a surgir e a responder tais questes e desafios.

    O nascimento da Rede de Coletores de Sementes do Xingu, envolvendo agricultores familiares, indgenas e viveiristas numa integrao de saberes e culturas, numa ntida expresso de valorizao de uma cultura florestal e agroflorestal, alia, de forma inovadora na regio, conservao ambiental e gerao de renda. Ela est se estruturando para atender crescente demanda por sementes para os plantios nas nascentes e beiras de rios degradadas.

    Ao mesmo tempo, eram necessrios materiais informativos e formativos para a realidade local. Foi produzido ento, em maro

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    de 2007, o livreto Plante as rvores do Xingu com o objetivo de destacar treze espcies do cerrado e da mata que mais estavam sendo plantadas na poca. Tnhamos a certeza que, tempos depois, poderamos produzir um material mais completo, confeccionado a muitas mos. E assim foi.

    A presente publicao uma obra elaborada por muitos, com a autoria, co-autoria e fotos de pessoas, grupos e organizaes que conhecem e trabalham pela valorizao da floresta e do cerrado.

    O Araguaia passa a ser incorporado nessa verso, num claro reconhecimento do trabalho realizado ao longo do divisor de guas entre essas duas importantes bacias hidrogrficas expressa na Articulao Xingu Araguaia (AXA).

    Essa apenas a segunda edio. Por isso, no tem a pretenso de ser algo acabado, que responda a todo o conjunto complexo e inexplorado de conhecimentos cientficos das espcies e da vida florestal dessa regio. Essa publicao pretende ser, antes de tudo, um estmulo e um apoio tcnico a quem quer comear a conhecer as rvores da regio; que potencialize os talentos dos plantadores de floresta; e que apresente a quem vive na regio o gigantesco potencial e a diversidade de rvores, sementes, leos, frutos e seus diferentes usos construdos em um prazeroso trabalho de tecelagem socioambiental, dia a dia, relao a relao.

    A publicao est dividida em duas partes: a primeira o passo-a-passo para se fazer um bom plantio, o manual do plantador; a segunda um guia de identificao, plantio e uso de 73 espcies do cerrado e da mata.

    Boa leitura... e at a 3a edio!

    Rodrigo Gravina Prates JunqueiraCoordenador adjunto do Programa Xingu do ISA

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    Quem vai plantar essas rvores?Fale com todos os possveis envolvidos importante a idia do reflorestamento estar entendida por quem o proprietrio, por quem usa a rea, por quem vai fazer o reflorestamento e por quem vai colher os frutos da floresta. Claro que ser muito mais fcil se todas essas pessoas se reunirem em grupos ou na comunidade. O fundamental que todos que passem ou usem o local saibam do projeto, para que ningum corra o risco de colocar fogo, soltar o gado ou roar a rea por no saber do que se tratava.

    O qu so reas de Preservao Permanente

    (APP) de beira-de-rio ou nascente? So reas que devem ser preservadas com suas matas, veredas, pantanais, brejos ou campos nativos. So faixas de largura determinada pela Lei Federal no 4.771/65 e Cdigo Estadual do MT (veja figura 1 na pg. ao lado) que protegem as beiras de vrzeas que inundam, brejos, rios, riachos, crregos, lagos, lagoas e nascentes. Se foram desmatadas, devemos deixar a vegetao nativa se recuperar. Pare de roar, tire o gado e no queime mais. Deixe s alguns corredores cercados para o gado beber gua no rio, enquanto no puder bombear a gua para fora da APP. Enriquea sua APP com fruteiras e rvores nativas do Xingu e do Araguaia. permitido manter trilhas e fazer manejo agroflorestal da APP, desde que ambientalmente sustentvel, praticado na pequena propriedade ou posse rural familiar, que no

    Olhe antes de plantar

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    1 Intermitente o rio, nascente, lago ou represa que fica sem gua durante uma parte do ano devido seca, desmatamento, assoreamento ou compactao do solo.

    APP nO MT (Cdigo ambiental no Mato Grosso, lei nO 38 de 21/11/95):

    100m ao redor de toda nascente, mesmo que intermitente1

    100m ao redor de represas, lagos e lagoas, mesmo que intermitentes1

    50m de cada lado dos rios de 0 a 50m de largura, medida na cheia anual, mesmo que intermitentes1

    100m de cada lado dos rios de 50 a 200m de largura na cheia anual200m de cada lado dos rios de 200 a 600m de largura na cheia anual500m de cada lado dos rios com mais de 600m de largura na cheia anual

    fig.1

    fig.2

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    OLhE AnTES dE PLAnTAr

    descaracterize a cobertura vegetal nativa, ou impea sua recuperao, e no prejudique a funo ecolgica da rea. Essas aes no podem exceder o percentual de 5% (cinco por cento) da APP impactada localizada na posse ou propriedade (resoluo do Conama no 369/2006).

    O desmatamento na beira dgua A figura 2 (pg. 9) mostra o efeito do desmatamento na produo de gua de um vale. Note a localizao e funo das APPs. As vegetaes nativas contribuem para que mais gua infiltre no solo. Dessa forma, ajudam a filtrar a gua que chega at os rios, mantendo-os limpos. Quando no tem mais floresta, a gua da chuva corre por cima da terra e chega diretamente aos rios, sujando-os. A floresta bombeia muita gua do solo para o ar (at 300 litros por rvore/dia), ajudando a produzir chuvas e manter a umidade do ar. por isso tambm que aps grandes desmatamentos o nvel da gua do solo (lenol fretico) pode at subir, pois milhes de rvores pararam de bombear gua do solo para o ar. Instantaneamente aumenta a vazo de gua dos rios e podem brotar nascentes onde antes no havia. Mas isso temporrio: de 5 a10 anos aps o desmatamento, com reduzida infiltrao de gua no solo, a altura e produo de gua das nascentes tendem a baixar novamente ou sumir. A gua correu para o mar muito rpido, formando menos chuvas e retendo menos umidade na regio. Isso extremamente preocupante para o futuro dos ndios que fazem roa com fogo, dos produtores de gros que precisam da regularidade da chuva e dos criadores de gado, que tm de dar gua boa a seus animais. S o reflorestamento estratgico das beiras-de-rio e nascentes pode reverter esse processo regional.

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    Que mato vai formar?la

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    T na regio do cerrado?Use as rvores, arbustos e cips que vo crescer bem no SEU LUGAr.

    T LOnGE dGUA? A as rvores tm razes profundas e resistem seca.

    Nas terras arenosas, ocorre campo, campo-cerrado e cerrado; em terras pedregosas, cerrado rupestre e cerrado; em terras vermelhas-amarelas de chapada, o cerrado denso e o cerrado.

    QUE MATO VAi FOrMAr?

    A mata seca, ou floresta estacional decdua, perde suas folhas na seca e as recupera na estao chuvosa. Cresce em encostas de chapadas, onde o solo pedregoso e frtil, bom para o angico-branco, ing-colar, barriguda-amarela.

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    T nAS nAScEnTES PLAnAS E ESPALhAdAS OU EM brEjOS SUjEiTOS A cUrTAS inUndAES? A vivem as rvores que tm um jeito das razes respirarem dentro da terra cheia de gua.

    Matas de brejo em nascentes e beiras de vrzeas, com buriti, buritirana, landi, pindaba-do-brejo, amescla, peito de pombo, ip-do-brejo, aoita-cavalo-do-brejo.

    QUE MATO VAi FOrMAr?

    T nA rEGiO dO cErrAdO?

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    campos midos com murunduns arborizados onde capins nativos, caju-do-campo e angelim-do-campo cobrem a plancie baixa. Murunduns3 so morrinhos no meio desse campo, onde crescem murici, catul, lixeira, cambuquinha, pequi-do-campo, tucum, buritirana, pixiricas.

    3 Murunduns so inmeros morrinhos circulares de 5 a 15 metros de dimetro e 0,5 a 1,5 metros de altura que ficam espalhados no meio dos campos midos, onde rvores do cerrado crescem muito bem, pois, apesar de cida, a terra boa e gua no falta.

    nascentes planas ou brejos

    QUE MATO VAi FOrMAr?

    T nA rEGiO dO cErrAdO?

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    T PErTO dO riO? Abundncia de gua e alimento para peixes.

    Mata galeria4 nos barrancos dos rios do cerrado tem espcies de todo tipo de floresta, pois a gua est perto o ano todo e as inundaes ocasionais trazem sementes, fertilizam a terra e so curtas o suficiente para no matar as rvores. Onde inunda todo ano encontram-se mais cips, bambus, capins e palmeiras.Se as inundaes forem anuais e durarem mais tempo, se transformar em mata de vrzea ou at campo mido com murunduns.

    4 Mata galeria o nome mais usado no cerrado para mata ciliar, mata ripria ou floresta ribeirinha. Inundaes ocasionais do rio levam e trazem sementes e deixam uma fina camada de lama, galhos e folhas sobre o solo, o que fertiliza (aduba) a terra.

    QUE MATO VAi FOrMAr?

    T nA rEGiO dO cErrAdO?

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    T dEnTrO dO riO?Em reas alagadas boa parte do ano com mais de meio metro de gua, vivem as rvores com razes e troncos que conseguem respirar debaixo dgua e no apodrecer.

    cerrado ou mata de vrzea, com capins nativos e rvores da vrzea, como o tucum-da-vrzea, aoita-cavalo-da-vrzea, amescla, jatob-da-vrzea, leiteiro, lixeira, quina, pau-doce, mangaba.

    QUE MATO VAi FOrMAr?

    T nA rEGiO dO cErrAdO?

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    T na regio da floresta?Use as rvores, arbustos e cips que vo crescer bem no SEU SOLO.

    T LOnGE dGUA?Na terra firme, serra ou chapado.

    Mata de transio ou floresta estacional pereniflia (Ivanauskas, 2002) cobre a regio Amaznica perto do cerrado, onde faz mais de 4 meses de seca todo ano e onde vivem as rvores que tm razes profundas e perdem no mximo 20% das suas folhas durante a seca, como o canelo, favela, mangue, amescla, louro-prata, angelim-de-saia, caroba, jambo-da-mata.

    QUE MATO VAi FOrMAr?

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    Floresta amaznica aberta, tambm chamada de floresta ombrfila aberta, pois, por ano, chove mais de 2 mil milmetros e tem menos de 4 meses de seca. Tem castanha-do-par, mogno, itaba, pinho-cuiabano, peroba, acariquara, angelim-pedra, alm de espcies da mata de transio.

    Longe dgua

    QUE MATO VAi FOrMAr?

    T nA rEGiO dA FLOrESTA?

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    T nAS nAScEnTES PLAnAS E brEjOSAS O TEMPO TOdO? A vivem rvores com troncos e razes capazes de respirar dentro da gua, at certa altura, j que so reas sujeitas a inundaes anuais.

    Matas de brejo, desde as nascentes dos riachos planos, com buriti, buritirana, cambar, landi, pixirica, orqudeas e bromlias.

    T PErTO dO riO?s vezes precisam resistir correnteza.

    Mata ciliar, com espcies das matas de galeria do cerrado, da mata de transio e floresta amaznica.

    QUE MATO VAi FOrMAr?

    T nA rEGiO dA FLOrESTA?

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    T dEnTrO dO riO?Onde fica alagado boa parte do ano com mais de um metro de gua, vivem as rvores com razes que respiram e troncos que no apodrecem debaixo dgua.

    Mata de vrzea fica alagada at 4 meses por ano. Tem carvoeiro-do-brejo, sangra-dgua, cachimbeiro, abarema, murici-rosa etc.

    Vrzea com buritis que fica alagada mais de 4 meses por ano, com capins anuais e, nos barrancos mais altos, crescem arbustos, buritis, buritiranas...

    QUE MATO VAi FOrMAr?

    T nA rEGiO dA FLOrESTA?

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    Como o seu lugar?

    A agregao das partculas de argila com matria orgnica que forma a estrutura de um solo vivo: nesses solos, a fertilidade e a capacidade de infiltrao de gua da chuva muito maior. Um dos desafios da agricultura hoje aumentar a proporo de matria orgnica nos solos cultivados.

    Solo retirado ou aterrado: solo inorgnico, infrtil, s vezes contaminado. Use leguminosas de rpido crescimento, de preferncia inoculadas com rizbios, para produzir matria orgnica e criar solo.

    Eroso: solo instvel, no adianta comear a reflorestar sem antes acabar com o processo erosivo (ravina, vooroca). Disperse a gua ou contenha a enxurrada que est causando a eroso. Mantenha o solo forrado para aumentar a infiltrao de gua, acima e ao redor da eroso.

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    Lavoura: faa plantio direto, integre lavoura, pecuria e floresta com linhas de rvores frutferas ou madeireiras. Tenha curvas de nvel bem dimensionadas. Elas devem atravessar a estrada como lombadas, para distribuir a gua da estrada para as lavouras ao redor.

    Estradas e trilhas mal-planejadas so a maior causa de assoreamento de rios e nascentes, pois servem de leito para a enxurrada da chuva que carrega terra solta, adubos e agrotxicos das lavouras, pastos e da prpria estrada para dentro dos rios. Evite construir estradas morro abaixo. Planeje estradas mais planas. Faa desde o topo dos morros a manuteno anual de bigodes, piscinas de conteno e, preferencialmente, de curvas de nvel e lombadas.

    Uso intensivo de agrotxicos faz o banco de rvores nativas reduzir muito no cerrado e zerar na mata, podendo tambm exterminar a microfauna, fungos, rizbios e contaminar o solo irremediavelmente. Por outro lado, controla os capins invasores, o que facilita o incio do reflorestamento nessas reas. Cuide ao aplicar para que o produto no caia em matas e rios.

    cOMO O SEU LUGAr?

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    Pasto: o gado compacta o solo e por seus trilhos corre muita gua com terra, o que assoreia rios e nascentes que no forem bem protegidos. Como o gado come brotos e frutas de

    muitas rvores nativas, principalmente na seca, uma boa idia arborizar o mximo possvel seu pasto. Assim o solo vai ter mais matria orgnica e mais gua vai infiltrar, melhorando o pasto. O gado agradece e engorda mais tranqilo tendo sombra. Para arborizar, isole piquetes por 2-3 anos at que as rvores alcancem um porte mdio. use espaamentos a partir de 10x10m e planeje os cortes e podas.

    Plantas agressivas: como capim braquiria e mucuna, precisam de muita luz do sol, tm crescimento muito rpido e produzem bastante matria orgnica sobre o solo. Melhor que s control-las, use-as para melhorar o solo. Busque outras plantas que possam conviver com elas e substitu-las, ajudando a atrair animais e criar maior diversidade de nativas. O sombreamento da rea em outras alturas pode diminuir a velocidade de crescimento e a dominncia dessas plantas agressivas, chamadas de invasoras.

    Queimadas: o fogo, sucessivamente repetido na mesma rea por muitos anos, empobrece e acidifica o solo. A cada queimada, 90% do que a terra tem de fertilidade vira fumaa. Os 10% restantes ficam nas cinzas que, em boa parte, as chuvas lavam do solo para os rios. As plantas sobreviventes se beneficiam do que fica na terra, mas dura pouco tempo,

    cOMO O SEU LUGAr?

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    de 2 a 3 anos. Poucas rvores da floresta rebrotam aps uma queimada forte ou duas queimadas seguidas. J no cerrado, diversas espcies tm o tronco cascudo ou enterrado e conseguem rebrotar. Se for usar fogo, espere ao menos duas chuvas, avise e pea ajuda aos vizinhos, faa aceiro e queime aps s 17h para que o fogo fique manso e no escape. Lembre que, no estado do Mato Grosso, as queimadas s so autorizadas aps 15 de setembro.

    Desmatamento: reduz a vegetao que usa a gua do solo e, por isso, aumenta momentaneamente o fluxo de gua de rios e nascentes. Entretanto, como favorece a compactao e eroso do solo, acaba por reduzir a infiltrao de gua das chuvas na terra. Menos gua infiltrada na terra, menor a produo de gua nas nascentes. Menor infiltrao, maior a quantidade de gua e terra que correm de enxurrada para dentro dos rios durante as chuvas, causando assoreamento dos leitos e contribuindo para aumentar muito rapidamente o nvel dos rios durante chuvas fortes, podendo gerar inundaes desastrosas, assim como bancos de areia. Ajuda muito se o desmatamento para roa no for seguido de fogo, como algumas comunidades da floresta amaznica j aprenderam a fazer.

    Audes: evite construir represas e audes, principalmente grandes (>1ha), pois o represamento prejudica dezenas de espcies de peixes pequenos que servem de comida para os grandes; pea a licena da Sema (Secretaria Estadual de Meio Ambiente) para o seu reservatrio artificial e retire todas as madeiras, folhas e tocos antes de encher, caso contrrio, a gua ficar muitos anos sem oxignio, apodrecendo e prejudicando a sobrevivncia dos peixes.

    cOMO O SEU LUGAr?

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    Como plantar rvores?Plante as sementes direto no cho, no seu local definitivo

    o que os plantadores de rvores do Xingu-Araguaia provaram ser o melhor para a maioria dos tipos de rvores. Plantando a semente no cho, suas razes crescem livremente desde o incio da vida e sem traumas, diferente de mudas feitas em saquinhos. Durante esse vigor inicial das sementes, as razes vo buscar gua em profundidade no solo. Dessa forma, as rvores podem resistir melhor seca.

    cUidAdO: sob postes, redes e fios de eletricidade, plante rvores pequenas, como as fruteiras do cerrado.

    Importante : plante sempre um conjunto de plantas com diferentes formas de crescimento, exigncias de luz, porte e durao da vida, tentando imitar a mata nativa. Cuide para o solo ficar sempre coberto com folhas e galhos, vivos e mortos. O solo exposto ao sol vai piorando, pois esquenta muito, a chuva lava a fertilidade da terra e a gua no infiltra bem.

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    VAMOS L...

    cOLETE

    Como eu pego essa semente?fig.3

    fig.4

    Coloque no calendrio a florao das rvores e acompanhe os frutos amadurecendo para no perder sua safra. Algumas frutas amadurecem e caem em poucos dias.

    Junte as sementes no cho logo que carem maduras ou corte os frutos dos galhos pouco antes de amadurecerem. use o podo (fig.3), um tipo de tesoura acoplada a um cabo extensvel ou vara comprida. Se quiser, coloque uma tela sob a copa da rvore para que as sementes caiam sobre ela quando amadurecerem.

    Outra forma de coletar jogar uma linha com peso na ponta por sobre os galhos para em seguida sacud-los ou serr-los.

    Coletores treinados em escalada podem subir nas rvores, usando equipamentos de rapel, peconha ou esporo. (fig.4)

    cOMO PLAnTAr rVOrES?

    1

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    bEnEFiciE2Como eu limpo essa semente?

    cOMO PLAnTAr rVOrES?

    Frutas carnosas, bagas de casca mole: retire a polpa amassando os frutos de leve sobre uma peneira e lavando com gua. (fig.5)

    Frutos que se abrem sozinhos: colha logo antes de amadurecerem e deixe em local protegido para que se abram naturalmente.

    Frutos lenhosos, de casca dura que no abrem: quebre ou corte a casca do fruto com faco ou tesoura de poda. (fig.6) Se a semente for dura, pode socar os frutos no pilo.

    Retire galhos, folhas e as sementes chochas e brocadas, que biam na gua. Depois de limpas, coloque para secar sombra, em local ventilado. Aproveite a ajuda de formigas, morcegos e aves e tambm invente seus prprios equipamentos, como o quebrador de baru (fig.7). Se quiser, selecione as sementes por seu tamanho, por sabor do fruto, por caractersticas da rvore-me, ou outra que achar importante. (fig.8)

    fig.5

    fig.6

    fig.7

    fig.8

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    ArMAzEnE

    Como guardo essa semente?SEMEnTES dE cAScA dUrA, cOM ASAS OU MUiTO PEQUEnAS: podem ser guardadas, depois de bem limpas e secas, em garrafas ou potes bem fechados, longe da luz e da gua, com folha seca e moda de eucalipto, nim, mata-menino, aafro ou cinza de fogo para repelir insetos. A temperatura ideal entre 10 e 15oC, o que equivale parte de baixo da geladeira. Quem no tiver geladeira pode manter na sombra ou at enterrar o frasco no cho. Dessa maneira, sementes de casca bem dura podem ser armazenadas por at mais de um ano, enquanto que as com asas e as muito pequenas, por at 6 meses.

    Exemplos de sementes casca dura: jatob, murici, baru, pequi, garapa, favela, barbatimo e carvoeiro.

    Exemplos de sementes com asas: ip, guatambu, peroba, tingui, pau-terra, cega-machado e cedro.

    Exemplos de sementes muito pequenas: urucum, figueira, lacre, jambo-da-mata, embaba e aoita-cavalo.

    cOMO PLAnTAr rVOrES?

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    SEMEnTES dE cAScA MOLE: no podem secar por dentro. As que nascem em solos secos, so difceis de armazenar, pois morrem se secar e mofam se ficarem muito midas. Uma opo guardar as sementes dentro dos frutos e no frio, de preferncia na parte de baixo da geladeira, por at 20 dias. Para transportar, ensaque as sementes com bastante serragem umedecida, onde comearo a germinar dentro de uma semana. A serragem permite que seja possvel separ-las sem machucar as razes. O melhor guard-las dentro dos frutos e plantar o mais rpido possvel.

    Exemplos: mangaba, pitanga, olandi, ing, mangue, canela, jaboticaba, acerola e abiu.

    J as que nascem em brejos e vrzeas preciso ensacar e deixar dentro de um rio de gua corrente, ou colocar em caixa dgua, trocando a gua toda semana para no apodrecerem.

    Exemplos: buriti, buritirana, olandi e cambar-do-brejo.

    Importante lembrar que toda semente vai perdendo poder de germinao ao longo do tempo de armazenamento: algumas perdem mais devagar, outras mais rapidamente.

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    TESTE A GErMinAO

    Quantas sementes vo nascer?Coloque 100 sementes para germinar em um canteiro novo e anote em um caderno, com a data, o nome da espcie e o local em que foi coletada.

    uma vez por semana, conte o nmero de sementes que nasceram e anote no caderno.

    Quando pararem de germinar, termina o teste: conte o total de sementes germinadas e divida por 100. Essa a taxa de germinao, em porcentagem (%). Exemplo: 70 nascidas / 100 plantadas = 70% de germinao. Monte o grfico da germinao, com um eixo das datas de observao e outro com as plantas nascidas. Experimente fazer outro grfico, quebrando antes a dormncia das sementes.

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    QUEbrE A dOrMnciA

    Como fao pra semente nascer mais rpido?Algumas sementes podem viver dormentes por muito tempo, sem germinar.

    A dormncia comum em sementes de casca muito dura (murici, favela, tento, castanheira) e tambm em sementes revestidas por leos, como a sucupira-branca e a escova- de-macaco (pau-jangada).

    A casca ou o leo impedem a entrada de gua nessas sementes o que faz com que elas s germinem se a casca rachar naturalmente ou se forem muito lavadas pela gua ou depois de comidas por algum animal.

    Veja a seguir algumas tcnicas que criam pequeninas rachaduras na casca dessas sementes ou dissolvem seu leo impermeabilizante, permitindo a entrada de gua e a germinao. Saiba que algumas sementes de casca dura, como o jatob, no apresentam dormncia se colhidas um pouco antes de amadurecer. Aprenda tambm com os animais, como morcegos, aves, macacos, antas, queixadas, cotias e formigas, que so os maiores plantadores de rvores da natureza.

    chOQUE TrMicO: esquente gua at que as bolinhas de arcomecem a se formar no fundo da panela (60oC). Desligue ofogo, coloque as sementes por 5 minutos e depois escorra tudo em uma peneira. Para ccos e frutos de casca muito dura (babau, macaba, sucupira-branca e carvoeiro) pode-

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    se experimentar passar um fogo bem rpido. Em seguida, coloque as sementes em gua fria e deixe at que elas comecem a inchar. Da s plantar. (fig.9)

    EScAriFicAO: lixe, lime ou corte com tesoura-de-poda um pequeno pedao da casca, tomando o cuidado de no machucar o olhinho da semente. Exemplos: tento, jatob, tamboril, castanha-do-par.

    iMErSO EM GUA cOM SOLVEnTE: para sementes revestidas de leo, misture sabo ou limo na gua do molho. Exemplos: sucupira-branca e escova-de-macaco.

    iMErSO EM GUA: deixe as sementes imersas na gua por horas ou dias, at que comecem a inchar. Troque a gua sempre, antes de comear a cheirar mal. Serve para qualquer tipo de semente. (fig.10)

    5. QUEbrE A dOrMnciA

    fig.10

    fig.9

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    EiS A MUVUcA dE SEMEnTES

    Como misturo sementes e pessoas?junte tudo que voc vai querer nos prximos anos, misture com terra boa e cultive.

    Pense que toda cova tem que ter as plantas que ficaro por cima no sol, pelo meio na sombra e por baixo cobrindo o cho. Tudo isso no pode faltar nenhum ms, durante os prximos 10, 40, 100 anos... Pensou? Plante tudo junto!

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    M Plante milho, gergelim, abbora, melancia, feijo, abacaxi e mandioca, conforme o que a sua terra pode produzir logo nos primeiros anos.

    M Junte rvores frutferas, madeireiras, medicinais, resinferas e oleaginosas, que vivero 5, 15, 50 anos ou muitos sculos. Para saber a quantidade de sementes que deve plantar de cada espcie, pense em quantas rvores vai querer, divida por sua taxa de germinao e multiplique por 200 (por exemplo: se quero 100 jatobs em um hectare, que tem 80% de germinao, divido 100 por 80, que d 1,25, e multiplico 1,25 X 200 = 250 sementes por hectare).

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    6. EiS A MUVUcA dE SEMEnTES

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    Misture as sementes com terra, para que no fiquem por baixo s as sementes pequenas e por cima s as grandes.

    Est feita a muvuca para plantar. Finque junto ramas de mandioca, estacas de seriguela, caj, amora e mudas de abacaxi. Elas produziro a partir do 2o ano e protegero a cova de galinhas e outros animais. O importante que haja na muvuca plantas de todos os tipos: rasteiras, arbustos, cips, rvores que vivem anos, dcadas e rvores que vivem sculos, pois cada planta cumpre uma funo no processo natural que transforma pasto em floresta. Pode as plantas, durante seu crescimento, para que entre luz e matria orgnica. Investigue as misturas que do certo e v repetindo os acertos.

    Ao longo dos anos, busque entender o comportamento decada planta em sua natureza, nas relaes com outras plantas, com os animais, com as doenas e com a terra. Plantar, observar e cuidar a melhor escola.

    Para misturar pessoas, siga os mesmos princpios!

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    PLAnTE A MUVUcA nA TErrA

    Em cada cova, plante a muvuca de sementes com rvores, feijes, maracujs, flores etc usando de 30 a 100 sementes por metro quadrado.

    Cubra o solo ao redor com folhas e galhos.

    Plante mandioca junto, enterrando as ramas inclinadas. (fig.11) Assim as razes crescem para fora da cova.

    Essas plantas sero companheiras das suas rvores: vo ajudar a furar o solo, a fazer sombra e proteg-las do vento e dos animais, como galinhas e formigas cortadeiras.

    fig.11

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    Plantio mecanizado de muvuca de sementes na plantadeira:

    7. PLAnTE A MUVUcA nA TErrA

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    7. PLAnTE A MUVUcA nA TErrA

    Plantio mecanizado de muvuca de sementes na lanadeira:

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    Plantio manual de rvores na roa: a Agrofloresta

    7. PLAnTE A MUVUcA nA TErrA

    cOMO PLAnTAr rVOrES?

    Alguns consrcios agroflorestais so bem usados e consagrados pelos agricultores, tais como: caf com ing, bananal com rvores frutferas, car e maracuj, arroz, feijo, milho e seringueira, mandioca, abacaxi e pequi, entre muitos outros que quem anda pela roa conhece.

    O desafio maior saber plantar muitas variedades juntas, de rvores e de roa. Algumas sero a fruta ou a madeira do futuro e outras podero ser podadas para produzir matria orgnica, melhorar o solo e abrir luz para as espcies que estiverem produzindo embaixo.

    Perceba que as pragas nos mostram o que fizemos errado: quando plantamos mudas sozinhas no meio do capim ou da terra limpa, as formigas e grilos cortam mesmo. Quando crescem ao mesmo tempo junto com plantas anuais, bianuais, rvores, arbustos e cips de rpido crescimento e de crescimento lento, o ambiente fica mais equilibrado e o ataque de pragas e doenas muito menor.

    Para plantar muitas espcies agrcolas juntas na mesma roa, use o mesmo espaamento, ou um pouco mais longe, do que quando voc as planta sozinhas.

    Tente organizar as mudas, sementes e estacas de acordo com o tempo de crescimento de cada uma, a forma de colheita, a luz e a umidade no solo que vo precisar ao longo da vida para crescerem bem.

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    Troque a enxada por um faco bem afiado, para podar aps as colheitas ou para dar mais luz a outra planta, como na florada do abacaxi, por exemplo. Sempre coloque a poda no p da planta que quiser que cresa mais.

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    PLAnTAndO MUdAS

    Para plantar uma muda, abra no cho um buraco maior que o saquinho. Se tiver esterco bem curtido ou adubo, misture um pouco com a terra de dentro e de cima do buraco. Coloque a muda e puxe a terra para junto do torro, apertando de leve at ficar firme. A raiz da muda deve ficar toda enterrada.

    1 2Com um canivete, corte o fundo do saco, sem deixar soltar a terra do torro.

    Abra um buraco maior e mais fundo que o saquinho da muda, sem deixar soltar a terra do torro.

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    SUGESTO: plante com cada rvore 4 sementes de feijo-de-porco, 3 de feijo-guand, 2 abacaxis, 2 ramas de mandioca e, se possvel, 1 muda de bananeira.

    3 4Devolva a terra da cova misturada com 2 a 4 litros de esterco, se houver.

    Tire o saquinho e plante sementes de feijes, favas, arbustos, flores e outras rvores. Essas plantas sero companheiras da sua rvore, ajudando a sombrear, proteger do vento e melhorar o solo.

  • Plante as rvores do Xingu e AraguaiaManual do plantador

    TEXTOSAbilio Vinicius Barbosa Pereira, Abrao Vieira dos Santos, Aro Pinheiro, Cassiano Carlos Marmet, Eduardo Malta Campos Filho, Fabiana Mongeli Peneireiro, Ivan Loch, Ivo Cesrio da Silva, Larcio Mariano da Cruz, Luzia Dias Batista, Osvaldo Luis de Sousa, Paj Sapaim, Placides Pereira Lima, ricardo Dias Batista, Rodrigo Gravina Prates Junqueira, Rosa Loch, Santino Sena (Chininha), Thisbe Guerrero, Valdo da Silva e Vanderlei da Costa e Silva

    Prefcio Rodrigo Gravina Prates Junqueira

    Reviso geralAna Cristina Silveira, Cristina Suarez Copa Velasquez, Eduardo Malta Campos Filho e Rodrigo Gravina Prates Junqueira

    PROjETO gRfICO E EdITORAOAna Cristina Silveira

    fOTOSAbilio Vinicius Barbosa Pereira, Adriano Jerozolimski, Ana Carolina Rezende Rodrigues, Ana Lucia Manzano Deluci, Amintas Rossete, Angelise Nadal Pimenta, Augusto Pereira, Cassiano Carlos Marmet, Cludia Alves Arajo, Daniel Almeida, Eduardo Malta Campos Filho, rica Lobato de Oliveira, Irineu Loch, Ivan Loch, Jos Nicola Costa, Ktia Ono, Luciana Akemi Deluci, Luciano Langmantel Eichholz, Maria Beatriz Nogueira Ribeiro, Natlia Ivanauskas, Osvaldo Luis de Sousa, Renata Faria, Rodrigo G. P. Junqueira, Rosana C. Gasparini, Rosely A. Sanchez, Thisbe Guerrero, Valdo da Silva, Waygu Ikpeng e Yandra Fontes Bastos

    Coleo plante as rvores do Xingu e Araguaia : volume I, manual do plantador / organizao, Eduardo Malta Campos Filho. -- So Paulo : Instituto Socioambiental, 2009.

    ISBN Coleo: 978-85-85994-67-9ISBN Volume I: 978-85-85994-68-6

    1. Araguaia, Rio (Bacia hidrogrfica) 2. Meio ambiente 3. Plantaes florestais 4. Proteo ambiental 5. Recursos naturais - Conservao 6. Reflorestamento 7. Xingu, Rio (Bacia hidrogrfica) I. Campos Filho, Eduardo Malta.

    09-06317 CDD-634.956

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    1. rvores : Plantaes : Manual do plantador : Cincias florestais 634.956

  • Plante rvores para proteger a gua e produzir chuva, para criar sombra

    e embelezar o mundo, para alimentar nossos filhos, nossa fauna e nutrir nossos

    ecossistemas, pois, para viver e enriquecer neste Planeta, precisamos das rvores.

    Tire fotos do seu plantio e mande para o site www.yikatuxingu.org.br

    Seu aprendizado servir para que os plantios no Xingu-Araguaia

    melhorem cada vez mais!

  • IMPRESSO E ACABAMENTO

    Pancrom

    TIRAgEM

    3 mil exemplares

  • realizao

    ParCeria

    aPoio

    Consrcio Governana Florestal

    Rede de Coletores de Sementes do Xingu