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129 Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 13(1): 129-142, maio de 2001. A ARTIGO RESUMO: A construção da cultura passa por múltiplas influências cultu- rais. A dinâmica cultural desmente pretensas posições etnocêntricas. Ao longo do tempo a história brasileira se viu vinculada a vários siste- mas socioculturais e, nos dois últimos séculos, às influências ibérica, africana e indígena houve intensa incorporação da cultura francesa e anglo-saxônica que somadas, moldaram, em grande parte, nossos co- rações e mentes. Neste trabalho se focaliza a influência da cultura e do catolicismo conservador francês na formação do anti-semitismo brasi- leiro. A partir da análise da iconografia religiosa se observará uma das fontes da construção da diabolização do judeu no imaginário popular e culto. A construção da exclusão social dos judeus franceses e sua deportação para campos de concentração será observada através de um roteiro pelo Marais, o bairro judaico de Paris. A arquitetura concentracionista de Corbusier completa o quadro da exclusão social. Todos estes elementos, reunidos, permitem entender, em parte, como foi sendo construída a imagem do judeu imigrante no Brasil expressa por vários autores. Velhas e novas hegemonias econômicas e culturais cusa-se a globalização pela construção de culturas homogêneas. Na verdade, a acusação se refere à expansão da influência cultural norte-americana. O fenômeno não é novo: ao lado de hegemonias econômicas a cultura absorve inúmeras outras influências, mesclando-as às Algumas raízes do anti- semitismo no Brasil ou um outro olhar sobre Paris EVA ALTERMAN BLAY Professora do Depar- tamento de Sociologia da FFLCH - USP PALAVRAS-CHAVE: anti-semitismo, campo de concentração, Drancy, França.

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    BLAY, Eva Alterman. Algumas razes do anti-semitismo no Brasil ou um outro olhar sobre Paris. Tempo Social; Rev. Sociol. USP,S. Paulo, 13(1): 129-142, maio de 2001.Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 13(1): 129-142, maio de 2001.

    A

    A R T I G O

    RESUMO: A construo da cultura passa por mltiplas influncias cultu-rais. A dinmica cultural desmente pretensas posies etnocntricas.Ao longo do tempo a histria brasileira se viu vinculada a vrios siste-mas socioculturais e, nos dois ltimos sculos, s influncias ibrica,africana e indgena houve intensa incorporao da cultura francesa eanglo-saxnica que somadas, moldaram, em grande parte, nossos co-raes e mentes. Neste trabalho se focaliza a influncia da cultura e docatolicismo conservador francs na formao do anti-semitismo brasi-leiro. A partir da anlise da iconografia religiosa se observar uma dasfontes da construo da diabolizao do judeu no imaginrio populare culto. A construo da excluso social dos judeus franceses e suadeportao para campos de concentrao ser observada atravs deum roteiro pelo Marais, o bairro judaico de Paris. A arquiteturaconcentracionista de Corbusier completa o quadro da excluso social.Todos estes elementos, reunidos, permitem entender, em parte, comofoi sendo construda a imagem do judeu imigrante no Brasil expressapor vrios autores.

    Velhas e novas hegemonias econmicas e culturais

    cusa-se a globalizao pela construo de culturas homogneas.Na verdade, a acusao se refere expanso da influncia culturalnorte-americana. O fenmeno no novo: ao lado de hegemonias

    econmicas a cultura absorve inmeras outras influncias, mesclando-as s

    Algumas razes do anti-semitismo no Brasil ou um

    outro olhar sobre ParisEVA ALTERMAN BLAY

    Professora do Depar-tamento de Sociologiada FFLCH - USP

    PALAVRAS-CHAVE:anti-semitismo,campo deconcentrao,Drancy,Frana.

  • BLAY, Eva Alterman. Algumas razes do anti-semitismo no Brasil ou um outro olhar sobre Paris. Tempo Social; Rev. Sociol. USP,S. Paulo, 13(1): 129-142, maio de 2001.

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    preexistentes razes locais. Basta um rpido olhar sobre o passado paradesmentir a possibilidade de se constituir um sistema cultural autctone sejano ocidente ou oriente1.

    No caso brasileiro, de tempos em tempos despontam debatespuristas sobre a msica, pintura, teatro, como se o Brasil ou qualquer ou-

    Ao longo do tempo a sociedade brasileira se viu vinculada a vriossistemas socioculturais e, nos dois ltimos sculos, houve intensa influncia fran-cesa e anglo-saxnica que moldou, em grande parte, nossos coraes e mentes.

    Para destrinchar o caminho desta penetrao cultural examine-mos nossas prprias trajetrias. Como muitos brasileiros e brasileiras deminha gerao e classe social estudei em escola pblica na poca, anos

    50, considerada a melhor ondeaprendi a respeitar a cultura, a arte,a literatura francesas. Na escolapblica at o fim dos anos 70 seestudava, no ginsio, o francs des-de o primeiro ano e o ingls a par-tir do 2o. Aprendi a cantar aMarselhesa no original. Atravs daeducao formal, instalava-se umfiltro ideolgico cultural que sele-

    cionava fatos visveis e obscurecia outros. A relao de subordinao colo-nial mantida com tudo que viesse da Frana permitia, a ns brasileiros ebrasileiras, estabelecer uma escala de valores que determinava nossa visodo mundo e do Brasil. A rebelio dos artistas da Semana de 1922 fora umaplida reao ao poderoso centro econmico hegemnico francs, solidamen-te infiltrado em todos os campos da vida quotidiana: a roupa, a comida, aarquitetura, a arte, a lngua, os valores...

    A dominao ideolgico-cultural sutil e complexa. Junto cultu-ra francesa, aparentemente laica e racionalista, veio uma vertente catlica queinfluenciou parcela preponderante do pensamento brasileiro.

    Creio que descobriremos muito do que aprendemos no Brasil se olhar-mos, de novo, as catedrais, alguns monumentos e as prprias ruas de Paris.

    Sugiro um roteiro para este novo olhar.

    Esta pesquisa foi rea-lizada durante 1996,na Frana, com bolsade Ps Doutorado daFapesp. Parte destetrabalho foi apresen-tado no CongressoAfro-Luso-Brasileiro.Porto, 2000 e no II En-contro Brasileiro deEstudos Judaicos, Riode Janeiro,1999.

    1 Claro, no nos referi-

    mos a culturas indge-nas isoladas.

    1. A Sinagogavencida

    Imagem do lado direitoda fachada da

    Catedral de NotreDame, Paris.

    2. Fachada daCatedral de Notre

    Dame, Paris

    tro pas, nao ou povo pudesse so-breviver isoladamente. Isto no sig-nifica que haja um internacionalismoque homogeinize as diferentes cul-turas mas sim que, na construo dahistria social, so absorvidas inme-ras influncias em decorrncia dehegemonias econmicas, polticas eculturais.

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    BLAY, Eva Alterman. Algumas razes do anti-semitismo no Brasil ou um outro olhar sobre Paris. Tempo Social; Rev. Sociol. USP,S. Paulo, 13(1): 129-142, maio de 2001.

    Da carrire ao gueto

    A presena judaica na Frana, ou, se preferirem, na Glia, remontaao perodo romano. Com a queda de Massada, no ano 73, muitos judeus fugiramdo Reino de Israel e vieram se instalar em cidades do sul da Frana alm deoutras partes da Europa. Os judeus j estavam h 5 sculos na regio quando arecente monarquia francesa se tornou crist com o batismo de Clovis. Confor-me anexaes territoriais foram sendo feitas, excluam-se os judeus e os marca-vam com um disco de tecido (rouele) costurado sobre a roupa; posteriormenteo disco foi substitudo por um chapu amarelo. Embora estivessem na Franah XIII sculos, com Felipe, o Belo (1306), e Carlos V (1394), foram obrigadosa viver somente em certas ruas, trancadas noite. Eram as carrires,antecessoras dos guetos.

    Na cidade de Cavaillon, onde havia uma carrire cuja sinagoga atu-almente um pequeno museu, pode ser vista uma chanukia, candelabro de oitobraos, do perodo romano. Diz a histria oral que as carrires ficavam fechadas noite para proteger os judeus evitando que cristos entrassem para atac-los.

    Era o inverso, os judeus ficavam presos no gueto, no podiamcircular noite para evitar eventuais encontros amorosos ou mesmo qualquercontato no controlado pelas autoridades locais.

    A situao era diferente em Avignon quando l se instalou a sededo papado contrrio a Roma. Tinham proteo e liberdade de circulao e, emtroca, custeavam os gastos militares do considerado antipapa.

    Em praticamente todas as cidades francesas so encontradas asRuas dos Judeus, indicativas da restrio imposta moradia que, com algu-mas excees, duraram at 1790-17912 quando os judeus foram emancipa-dos. Este fenmeno, a Rua dos Judeus, encontrado em inmeros pases daEuropa e inclusive no Brasil.

    A didtica da excluso

    Vrios mecanismos foram usados para ensinar aos cristos porque osjudeus deveriam ser excludos. Visitando as monumentais catedrais se tem umanoo da didtica do anti-semitismo medieval e renascentista. Ali esto os smbo-los da vitria da Igreja e da derrota da Sinagoga. Os crentes eram e so recebidos porta por esculturas na forma de mulheres, uma altiva, portando as tbuas da lei,a coroa e o cetro, simboliza a Igreja vencedora; a outra, de cabea baixa, tem nasmos as tbuas da lei quebradas e colocadas de cabea para baixo, sem coroa oucetro, tem os olhos vendados, simbolizando a cegueira pois no enxergam a verda-de do cristianismo. So a representao da Sinagoga, vencida.

    A mais agressiva didtica visual est nas grgulas, figuras de pedraque envolvem as calhas das igrejas, na forma de porcas ou porcos, mantendorelaes sexuais com seres humanos, os judeus (Raphal e Weyl, 1977).

    Era a excelncia da forma didtica para ensinar a verdade crist

    2 Embora a Declarao

    dos Direitos do Ho-mem e do Cidadoseja de 26 de agostode 1789, houve duasdatas para a igualda-de dos judeus: 28 dejaneiro de 1790 igual-dade para os judeusde origem portugue-sa, espanhola e deAvignon; 27 de setem-bro de 1791, a Assem-blia emancipa os ju-deus da Alsacia e daLorena tornando entoemancipados todos osjudeus da Frana (cf.Barnavi, 1995, p. 160).

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    aos fiis de todas as idades que freqentavam a missa. O quadro se com-pletava com os trpticos e pinturas onde o inferno era representado porfiguras de chifre e rabo, o diabo associado aos judeus.

    A mdia da poca a iconografia eclesistica desempenhavaseu papel ao veicular uma imagem do judeu herege, dissoluto, ligado aoinferno. Considere-se que, por pelo menos cinco sculos, estas representa-es eram as nicas formas a ensinar os verdadeiros valores.

    No entanto, em todas estas regies, os judeus se consideravam ab-solutamente franceses e muitos tinham se convertido ao catolicismo.

    Do gueto ao Marais

    Muitos judeus, graas s atividades econmicas de produ-o e de comrcio, j viviam fora das carrires quando veio a emanci-pao em 1791. Algumas famlias estavam instaladas em Nancy,Estrasburgo e Paris. So sobretudo estes segmentos que, a partir dosc. XIX, passaram a se auto-definir como franceses de crenaisraelita; at hoje no se dizem judeus. Ao assim se identificarem taissegmentos pretendiam (e pretendem ainda hoje) acentuar a diferenaentre eles, os antigos, e os imigrantes da Europa Oriental de meados dosc. XIX e primeiras dcadas do XX. A maioria destes imigrantes veioem busca de emprego e fugindo dos pogrons da Europa Oriental. Eramjudeus operrios e foram predominantemente para Paris em busca dasoficinas de confeco que necessitavam de fora de trabalho e paga-vam bem.

    Em Paris, como disse Mandel: No foram morar no gueto, poiseste foi substitudo pelos bairros operrios onde vivem judeus proletri-os (Mandel,1950 apud Green,1985, p. 7). Foram morar no Marais.

    As condies de explorao levaram organizao de um movimen-to operrio judaico que foi responsvel por inmeras greves (cf. Green, 1985, p.111-17). Concomitantemente criaram escolas e centros de ensino profissional.Finalmente se articularam para a criao de um movimento sindical.

    O Marais foi o cenrio dessas lutas cujas marcas ainda esto vivas.Funcionam as escolas para trabalhadores3, h habitaes modestas, inmerasminsculas sinagogas, sedes de antigos sindicatos.

    Em todos esses imveis esto tambm placas alusivas s deporta-es para Drancy e para Auschwitz.

    Sentirem-se e agirem como franceses, participarem de guerrascomo a de 14, no impediu que fossem perseguidos durante a ocupao da2 Guerra. Sob o pretexto de conter a expanso de Hitler pela Frana, oGeneral Ptain fez um tratado com o regime nazista e instalou seu governoem Vichy. O brao nazista passou a utilizar a polcia francesa para fazer omesmo servio que a SS fazia na Alemanha e em outros pases dominados:a caa, espoliao dos bens e destruio dos judeus.

    3 cole de Travail. 4 bisRue des Rosiers. Paris.

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    BLAY, Eva Alterman. Algumas razes do anti-semitismo no Brasil ou um outro olhar sobre Paris. Tempo Social; Rev. Sociol. USP,S. Paulo, 13(1): 129-142, maio de 2001.

    Marais e Bom Retiro

    O charmoso Marais, em Paris, um bairro muito visitado por turis-tas inclusive brasileiros. Nele est a Place de Voges e vrios museus como oCarnavalet, o Hotel de Sully, o museu Picasso. Na terra dos museus, curiosa-mente, apenas em 1998 foi instalado um Museu Judaico4 no por acaso no Marais.

    No sc. XVII o Marais foi a residncia da realeza; aps a revolu-o de 1789 foi ocupado pela plebe. No fim do sc. XIX e comeo do XXficou conhecido como um bairro judaico pois l imigrantes judeus da Euro-pa Oriental se instalaram em precrias habitaes e inmeras oficinasartesanais. O olhar dos franceses sobre a pobreza dos imigrantes judeus fielmente descrita nas palavras de Frenzy: Os nicos judeus com quemalis eu tinha tido contacto at ento (1910) eram os infelizes refugiados daRussia, da Polonia e da Rumania, que pululam no Quarto Districto da capi-tal, onde eu por muito tempo morei e sua desdita, juntamente com o fielapgo ao seu culto, eram de molde a nos tornar sympaticos. ...Terminada aguerra vim fixar meu domicilio na Alsacia. Sabe-se que os judeus aqui sonumerosos. Mas, no so os piolhentos (sic) do bairro parisiense do Marais(Frenzy, 1939, p. 16-17). Ferenzy o autor de Les Juifs et nous lesChretiens, livro escolhido pela Bibliotheca do Pensamento Catholico, sob adireo de Jos Carlos de Macedo Soares, traduzido para o portugus e quetinha o objetivo de se contrapor ao anti-semitismo nazista. Como se v mui-tos valores e preconceitos se mesclam apesar da indiscutvel vontade de secontrapor perseguio nazista.

    Semelhante ao Marais, o Bom Retiro, em So Paulo, foi o bairro demaior concentrao de judeus operrios no incio do sc. XX. Embora os ju-deus tivessem chegado dcadas antes, e se espalhado pela cidade toda, o BomRetiro ficou conhecido como o bairro judeu independentemente da enormepresena de operrios italianos e de outras nacionalidades. Morar no BomRetiro era (e ) uma marca de identidade tnica.

    Em algumas ruas do Bom Retiro se instalaram casas de prostitui-o. O interventor Ademar de Barros, sob pretexto de limpar a cidade, am-pliou o espao de prostituio transferindo-as compulsoriamente para l.

    possvel que estes fatores tenham fortalecido uma identificaosocialmente desclassificadora o que levou geraes seguintes a sarem do bairro.

    A dinmica urbana fortemente movida pela especulao imobili-ria. No caso do Marais, na segunda metade do sc. XX, foi recuperado eocupado pela classe mdia alta.

    Atualmente l esto, em edifcios do sc. XVI ou XVII, antiqurios,requintados, ateliers de alta costura, ruas de sofisticado comrcio varejistamas tambm alto atacado e aougues kasher, restaurantes de comida judaicada Europa Oriental e do Oriente Mdio. Vrias antigas sinagogas de todos ostamanhos convivem com igrejas catlicas. Escolas judaicas esto ao lado deescolas laicas e colgios particulares.

    4 Anteriormente havia

    uma modesta instala-o de um Museu Ju-daico (Muse dArtJuif de Paris. 42 Ruedes Saules. 18me)onde havia tambmuma pequena sinago-ga e uma escola.

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    Mas no nos confundamos, andemos pelas maravilhosas ruas doMarais, olhando com ateno placas, inscries em pedra, observemos algu-mas flores colocadas junto a certas inscries. Leremos ento o testemunhodo anti-semitismo e morte de judeus e encontraremos at lpides no meio depequenos jardins particulares. Comecemos pela

    Rue des Rosiers

    A Rue des Rosiers talvez a mais conhecida do Marais judaico. Lesto inmeras lojas de moda ao lado de livrarias e papelarias que vendem jor-nais judaicos publicados em Paris, em Israel e outras partes da Frana e domundo. H casas de artigos religiosos, discos cantados por judeus do Oriente,da Frana, de Israel ou da Europa Oriental. Dos vrios restaurantes, no JoeGoldemberg esto os orifcios dos tiros que, num sangrento atentado, deixa-ram vtimas fatais, na extenso da guerra entre palestinos, rabes e israelenses.

    Andando pela Rue des Rosiers se destacam, para olhos avisados,algumas pequenas placas que guardam a memria dos antigos moradores,exterminados pelo nazismo alemo e francs.

    4 Bis Rue des Rosiers

    L ainda hoje funciona a cole de Travail instalada em 1852. Ao lado daporta, uma placa de pedra diz:

    memria do Diretor do Pes-soal e dos alunos desta escola,presos em 1943 e 1944 pela Po-lcia de Vichy e pela Gestapo, de-portados e exterminados emAuschwitz, porque nasceramjudeus.

    26, Rue des RosiersNa mesma Rue des Rosiers, pare ao lado da porta nmero 26 e voc

    ler a placa que informa:

    Aqui morou Yvette Feuillet.Sargento da Fora Francesado Interior, merecedora daOrdem da resistncia. Assas-sinada pelos nazistas emAuschwitz aos 22 anos.

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    BLAY, Eva Alterman. Algumas razes do anti-semitismo no Brasil ou um outro olhar sobre Paris. Tempo Social; Rev. Sociol. USP,S. Paulo, 13(1): 129-142, maio de 2001.

    34 Rue des Rosiers

    8/10 Rue des Hospitaliers Saint Gervais

    Um pouco mais adiante, perpendicular Rue des Rosiers, est a Ruedes Hospitaliers Saint Gervais. No n 8 /10 h uma grande escola primriacriada em 1844. Destinava-se a meninos israelitas. Ladeando a grande por-ta h duas placas de pedra: a da esquerda faz uma homenagem bravura doseu Direto, Joseph Migneret, que salvou muitas crianas da deportao in-surgindo-se contra ordens superiores. Ele fez parte daqueles franceses queresistiram conivncia para eliminar os judeus da Frana.

    Mas a placa da direita informa que 165 crianas dessa mesma escolaforam deportadas

    Quase vizinho, no n 34 da Rue des Rosiers, a placa diz:Aqui moru Louis Chapiro, nascido em Paris no dia 28 de Maro de1915. Comandante da FTPF. Fuzilado pelos Alemes no Forte do MonteValerio em 30 de abril de 1944.

    18 Rue des couffes

    Vamos a outra rua perpendicular Rue des Rosiers, a Rue des couffes.L, no n 18 est a Fundao Roger Fleischman, criada em 1931 para ho-menagear o jovem Roger que morreu aos 19 anos. Dizem que era um tsadik,um santo. Neste local de orao se ensinam s crianas a leitura da Tor.L moravam a Sra. Engros com seus trs filhos. Todos foram fuziladospelos nazistas, lembra a placa colocada do lado esquerdo de quem entra.

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    Aqui viveram com sua me, tor-turada at a morte pela Gestapo,os patriotas Marcel, Lucien eAndre Engros, fuzilados pelosocupantes hitleristas.

    10-12 da Rue des Deux Ponts

    Se estivermos com vontade de espairecer um pouco, procurar um lindolugar beira do Sena e decidir ir a p para a le de Saint Louis, muitoprxima, nem assim se vai escapar destas tristes marcas. No 10-12 da Ruedes Deux Ponts est uma discreta indicao: Fundao Fernand Halphenfundada em 1926. direita a fatdica placa:

    memria dos 112 habitantesdeste prdio, dos quais 40 erampequenas crianas, deportadose mortos nos campos alemesem 1942

    Rue Egignard

    As surpresas se sucedem. Caminhando de volta para a Rue SaintPaul, a linda rua dos antiqurios, em meio a inmeras vitrines h tambmestreitssimas travessas, escondidas entradas para ptios e passagens paraoutras ruas. Entre elas a R. Egignard. Ter talvez uns 20 metros decomprimento.No fundo uma casa alta e um pequeno jardim no qual foi colo-cada a seguinte lpide

    Aqui viveu o Senhor EliasZajdner, morto pela Frana aos41 anos. Antigo resistente foi de-portado para Auschwitz pelosnazistas em Maio de 1944 comseus trs filhos Albert de 21 anos,Salomom e Bernard de 15 anosmortos no setor de experincias.Ns jamais os esqueceremos.

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    BLAY, Eva Alterman. Algumas razes do anti-semitismo no Brasil ou um outro olhar sobre Paris. Tempo Social; Rev. Sociol. USP,S. Paulo, 13(1): 129-142, maio de 2001.

    Aqui viveram a Viva Sra.Lucien Bernheim nascida Lyon,Srta. Andre Lyon, M. RaymondLyon, mebros de antiga ehonorvel famlia de Avignon.Mortos quando deportados em1943 e 1944. Vtimas dabarbrie nazista.

    Da famlia Zajdner restou uma filha que nunca conseguiu recuperara casa confiscada pelo governo Vichy e que continuou ocupada pelos gover-nos posteriores. Ela levou 50 anos para obter autorizao para colocar a lpidena antiga casa de seu pai. apenas mais um dos casos em que as propriedadesdos judeus foram confiscadas pelo governo Vichy e nunca mais devolvidas(cf. Vital-Durand, 1996). As notcias sobre estas indevidas apropriaes foramfartamente noticiadas pela imprensa em 1996 e, em 1999, quando algumasrestituies comearam a ser feitas, verificou-se que, afinal, os judeus france-ses no eram os magnatas que muitos supunham.

    32 Rue Buffalt

    Mas no s no Marais que encontramos estas memrias. Nomuito longe da pera, numa travessa da Rue La Fayette e perto do Faubourgde Montmartre, h um alto prdio de pedra branca onde funcionava umaescola laica para meninas. No n 32 da Rue Buffault h uma placa com aseguinte inscrio:Em memriaDoze mil crianas judias presas,nas escolas, em suas casa e nasruas, foram deportadas da Fran-a entre 1942 e 1944 e mortas emAuschwitz ou outros lugares. Queseu sacrifcio permanea vivo paratodos e para sempre. 1979 Ano In-ternacional da Criana.

    Estes marcos so encontrados tambm em outras cidades. Cita-rei apenas uma, que vi em Avignon, logo ao lado da Sinagoga, 4 Place Jeru-

    salm:

    O campo de concentrao de Drancy

    Afinal como foi feita uma deportao to grande? Como foramreunidas tantas crianas, jovens, mulheres e homens adultos, velhos, todosjudeus e de que modo foram eles transferidos para Auschwitz?

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    Drancy e outros campos de concentrao franceses so a res-posta. Pelo Tratado de Cooperao Vichy x Hitler criou-se na Frana oComissariat General aux Questions Juives e foram instalados campos ondeos judeus tinham de ficar concentrados. Bastava ser judeu, no importavase eram franceses ou de outra nacionalidade. Foram mais de 20 campos.

    Autoridades tm usado a forma eufemsitca"campos de passa-gem" para se referir aos campos de concentrao franceses, alegando queneles no havia fornos crematrios. No entanto, o procedimento era o se-guinte: judeus franceses ou judeus estrangeiros eram obrigados a deixarsuas respectivas casa e eram aprisionados nestes campos guardados pelapolcia francesa. Cercas evitavam que fugissem. Perdiam todos os seusbens.

    A partir destes campos eram transferidos e concentrados em umdeles, o de Drancy, "Camp de Juifs" (Direction de la Policie Generale, 1943)de onde saa um trem diretamente para Auschwitz.

    Os comboios eram numerados e havia listas com os nomes detodos os passageiros que podem ser consultadas no livro de Klarsfeld (1978)Memorial da deportao dos judeus da Frana de 1942 a 1944, elabo-rado a partir da documentao francesa nazista. Os campos franceses eramsolidrios execuo dos prisioneiros muitos dos quais morriam no prprioterritrio francs, especialmente bebs e crianas de pouca idade.

    Klarsfeld relacionou 73 comboios dos quais 59 saram de Drancy,8 de Pithiviers, um de Beaume-la-Rolande, um de Compiegne e um deAngers. Faltam trs listas.

    Dos 75.721 deportados da Frana retornaram apenas 1.518.Georges Etlin, um judeu prisioneiro, foi encarregado pelas autorida-

    des do Campo de Drancy a elaborar listas dos prisioneiros por nacionalidade.Em maio de 1943 l havia 2.476 prisioneiros, 1.487 homens e 989 mulheres,crianas e velhos. Destes 1545 eram franceses e 931 estrangeiros. Nesta rela-o h dois brasileiros. Quem seriam?

    Em outro trabalho que escrevi para o n 1 da Revista Tempo Social(Blay, 1989) referi-me a vrios casos de deportao de judeus do Brasil para aEuropa nazista e fascista. Todos conhecem o clebre caso de Olga Benriomas poucos se referem aos casos de Jenny Gleizer, do Sr. Gutnik e outros.Tentei conseguir com Rivka Gutnik os nomes dos outros deportados mas elasempre alegava que no sabia. Talvez no soubesse, talvez no quisesse dizerpois o medo ficou com ela e com outros militantes at a morte. Procurei encon-trar na Frana, atravs de documentos, indicao dos deportados.

    Os dois brasileiros que constam da lista poderiam ser identificados seeu consultasse as listas originais guardadas no Carton F9 5579, nos ArchivesNationales de Paris. Surpreendentemente foi impossvel obter autorizao paraconsultar esta caixa. O funcionrio dos Archives que nos autoriza (ou no) aentrar aps fazer inmeras perguntas me informou que os documentos noestavam disponveis 50 anos depois! Disse-me que eu no estava autorizada

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    3. O vago dadeportao dosjudeus a partir doCampo de Drancy

    a publicar, sob pena de ser processada, mesmo aqueles documentos que pesquiseino Centre de Documentation Juive Contemporaine. Ameaou-me e me dis-suadiu de pedir autorizao garantindo que no a obteria.

    De Drancy para Auschwitz

    Drancy fica a uns 20 minu-tos do centro de Paris. Na Porte dePantin, toma-se o nibus 151 que empoucos minutos nos deixa no ex-cam-po, hoje moradia de uma populao imi-grada da frica do Norte e seus des-cendentes.

    Drancy, antiga Ville de laMuette, foi construda por Le Corbusier que tanto influenciou a arquiteturabrasileira dos anos 30, 40 para ser umacidade operria modelo. Ocupava umterreno de uns 15.000 m quadrados, asedificaes formavam a figura U o quefoi considerado um modelo da arquite-tura concentracionista por historiado-res e arquitetos. Explica-se: bastavacolocar uma cerca e se fechava a entrada do U aprisionando os que lviviam. Foi exatamente o que aconteceu no governo colaboracionista dePtain. Arames farpados, metralhadoras e guardas franceses aprisiona-ram os judeus franceses e de outras nacionalidades.

    Os documentos da Prefecture de Police informavam que emDrancy havia 4.500 lugares. L se jogaram homens, mulheres, crianasmuito pequenas. Evidentemente no havia camas, fraldas, nem banheirossuficientes. Algumas pessoas da vizinhana francesa, no conscientes dosfatos polticos, reclamavam do tratamento desumano dado s crianas echegaram a escrever ao General Ptain, supondo inocentemente que eledesconhecia o que se passava no campo.

    Recentemente foi reencontrado um tnel construdo para fugalamentavelmente descoberto a tempo e que no pode evitar a transfe-rncia dos prisioneiros para o vago de trem que rumaria para Auschwitz.

    Antigos deportados que voltaram Frana organizaram umasociedade, o Conservatoire Historique du Camp de Drancy, para con-servar a memria da deplorvel deportao; fazem eventos, convidamjovens estudantes para conhecer a histria do antigo campo visandoeduc-los para a democracia.

    Mesmo em 1996 no conseguiram apoio governamental para res-taurar o tnel da fuga.

  • BLAY, Eva Alterman. Algumas razes do anti-semitismo no Brasil ou um outro olhar sobre Paris. Tempo Social; Rev. Sociol. USP,S. Paulo, 13(1): 129-142, maio de 2001.

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    Brasil e FranaA influncia da cultura francesa no Brasil foi alm da Academia,

    impregnou a cultura erudita e a popular, usos e costumes, gostos e valores. No necessrio analisar a msica popular brasileira, a moda, o cordel, para avaliara penetrao da cultura francesa. Alm do j citado francs das escolas secun-drias, as aulas no perodo da fundao da Faculdade de Filosofia da Universi-dade de So Paulo em 1934, e por alguns anos, eram dadas naquela lngua.Certamente no se errar se considerarmos o predomnio cultural francs atuma dcada depois da Segunda Guerra Mundial. O ingls o foi progressivamen-te substituindo na medida em que a economia norte-americana se tornavahegemnica.

    A religio catlica, na verso conservadora francesa, veio junto e sesomou ao catolicismo j presente no Brasil. Fortalecia-se a orientao de que osjudeus deveriam ser convertidos pois representavam a negao da Igreja, deCristo, a aliana com o mal, etc. Ordens religiosas, como a de Sion cuja missono Brasil tambm era a de converter os judeus, formaram-se com a tarefa desalvao dos judeus cuja converso seria premiada com salvao do prprioconversor.

    Parcela dos catlicos admitia que, apesar das diferenas, os judeusdeveriam ser defendidos de atitudes anti-semitas. A j citada Bibliotheca doPensamento Catholico, sob a direo de Jos Carlos de Macedo Soares, tinhaeste objetivo. Em volume daquela coleo, o Padre R.P. Devaux, Superior-Geral dos Padres Missionrios de Nossa Senhora de Sio, diz: A Igrejacatholica sempre teve o costume de rogar pelo povo hebreu, que foi o depositariodas promessas divinas at Jesus Christo, no obstante a cegueira desse povo.Alm disso, ella o faz por causa dessa mesma cegueira. Obedecendo a esteprincipio de caridade, a S Apostolica protegeu esse povo contra injustasoppresses e, ao mesmo tempo que reprova em geral todos os dios e animo-sidades entre os povos, condemna, no mais alto grau, o odio contra o povooutroora escolhido por deus, odio que hoje designado ordinariamente pelonome de antisemitismo. (Decreto do Santo Officio de 25 de maro de 1928)(Devaux , 1939, p. 12).

    A cegueira dos judeus, simbolicamente esculpida nas imagens de pe-dra e mrmore das Catedrais, reaparece nas expresses com que alguns autoresfranceses definem os judeus. Apesar da indiscutvel boa vontade de muitos, esta-va-se longe de se aceitar a pluralidade de crenas e valores. Era necessrio umgrande esforo intelectual para justificar a presena dos diferentes. Sendo ocatolicismo a religio hegemnica no Brasil do sc. XIX e XX, estas questes setornaram fundamentais e extrapolaram os limites da prpria religio. O raio deinfluncia dos valores cristos atingia imensas camadas da populao inclusive osprprios judeus.

    Intelectuais brasileiros, como Humberto de Campos, ao defenderos judeus ameaados por Hitler, revelam a distorcida e contraditria ima-gem que tinham dos judeus. Campos aborda a clebre culpabilidade dos

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    KEY WORDS:anti-semitism,concentration camps,Drancy,France.

    judeus que teriam vendido Cristo, ou a suposta valorizao do dinheiro.Assim procura compartilhar estas culpas mostrando que so as duas facesda mesma moeda pois tanto foi criminoso Judas, que vendeu Christo, comoos sacerdotes, que o compraram;...A cupidez de Israel no existiria, pois, seno existisse a imprevidncia do christo (Campos, 1933, p.18).

    E j que as culpas devem ser divididas, Campos expe qual deveser a conduta do governo brasileiro face expulso dos judeus da Alemanhanazista: O Brasil devia, pois, abrir os braos a Israel, na hora em que operseguem no Velho Mundo....Venham com os livros e com os livros de che-que. E s encontraro irmos, desde, est bem visto, que no venhamaugmentar o numero de vendedores de moveis a prestaes. E conclui: Dequalquer modo, aqui fica, e bem alto, o protesto de um escriptor brasileirocontra a perigosa aventura do racismo allemo. Uma perseguio religiosa,em nossos tempos, mesmo ditada por secretas razes economicas, envergo-nha o seculo. Mas Israel vencer. Hitler nasceu hontem. Moyses tem quatromil annos (Campos, 1933, p. 19).

    A imagem da cupidez judaica estava instalada. Apesar dela, ou porcausa dela, os judeus no deveriam ser perseguidos e seriam bem vindos ao Brasil.

    Da cultura e valores franceses veio tudo, os laicos e fraternos e osanti-semitas e racistas.

    Paris continua sendo uma das mais belas cidades do mundo. umenorme prazer andar por suas ruas, ver construes que marcaram o tem-po, a beleza nos museus. A histria revela um povo heterogneo, h os quelutam pela liberdade e o respeito diferena, e os que discriminam e espo-liam os perseguidos. No se pode andar ingenuamente pelas lindas ruas,continuar bebendo apenas a beleza e ignorando os que foram perseguidos emortos seja por serem judeus ou por defenderem a liberdade. Paris valepela resistncia.

    Recebido para publicao em fevereiro/2001

    BLAY, Eva Alterman. Anti-semitic roots in Brazil or a different view of Paris. Tempo Social; Rev. Sociol.USP, S. Paulo, 13(1): 129-142, May 2001.ABSTRACT: The construction of culture undergoes a number of culturalinfluences. Cultural dynamics disavows alleged ethnocentric positions. Fromthe beginning, Brazilian history has been linked to various socio-culturalsystems. In the last two centuries, an intense incorporation of French andAnglo-Saxon cultures has been added to the Iberian, African and Nativeinfluences. Together, these have molded, to a large extent, our hearts andminds. This paper focuses on the influence of French culture and Frenchconservative Catholicism in the constitution of Brazilian anti-semitism. Theanalisys of religious iconography reveals one of the sources of the satanizationof the Jews in popular and elite imagination. The development of the socialexclusion of the French Jews and their deportation to the concentration campsis analysed in the context of a tour around the Marais, the jewish district in

  • BLAY, Eva Alterman. Algumas razes do anti-semitismo no Brasil ou um outro olhar sobre Paris. Tempo Social; Rev. Sociol. USP,S. Paulo, 13(1): 129-142, maio de 2001.

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    Paris. Corbusiers concentrationist architecture completes the social exclusionpicture. All of these elements together allow us to understand, to a certainextent, how the image of the immigrant Jew was built and seen by variousauthors.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICASBARNAVI, Elie (org.). (1995). Histria universal dos judeus. Da gnese

    ao fim do sculo XX. Belm/So Paulo, Editora Cejup.BLAY, Eva Alterman. (1989) Inquisio. Inquisies. Tempo Social, So

    Paulo, 1(1): 105-130.CAMPOS, Humberto. (1933) Em favor de Israel. In: LIMA, Mrcio Campos

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    ns Christos. Trad. de Godofredo Rangel. So Paulo, Compa-nhia Editora Nacional.

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    histoire). Privat Editeur. Toulouse, France.VITAL-DURAND, Brigitte. (1996). Domaine Priv. Paris, ditions Generales

    First.Documentos e centros de documentaoDocumentos e centros de documentaoDocumentos e centros de documentaoDocumentos e centros de documentaoDocumentos e centros de documentao pesquisados:

    Camp dInternement de Drancy. Documento da Prefecture de Police.Archives Nationales. Carton F9 5579. Rapport mai 1943 (documentde la direction de la Police Generale). Statistiques. Effectives parcategorie. Pag. 1. Effectifs par nationalit. Pag. 3. MouvementsdEffectives au mois de mai / 1943. Divers: nombre des colisarrivs, argent reu, visites, correspondance, censure surcorrespondence.

    Centre de Documentation Juive Contemporaine. Agradeo enormementes documentalistas Sra. Sarah MIMOUN, Karen TAEB, e LiorBITTOUN-SMADJA.

    Conservatoire Historique du Camp de Drancy. Cit de la Muette. 15, rueArthur Fontaine. 93700 Drancy. Agradeo a grande ajuda da his-toriadora brasileira que trabalha em Drancy, a Prof. Maria deSouza.

    Strasbourg Archives Municipales.