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RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site Melhor idade O Site da melhor idade... Conheça. Todos pela educação DEZEMBRO 2009 CIDADANIA E Meio Ambiente Formiguinhas do Vale www.fomiguinhasdovale.org O nosso projeto tem como principal motivação as mudanças comportamentais da sociedade, no que tange a preservação ambiental, sustentabilidade e paz social, reflorestamento, incentivo á agricultura or- gânica, hortas comunitárias e familiares, preservação dos ecossistemas, reciclagem e compostagem do lixo doméstico e, o in- centivo a preservação e conhecimento de nossas culturas e tradições populares. Ações integradas: · Projeto “Inicialização Musical” Este projeto tem por finalidade levar o conhecimento básico sobre música, a crian- ças e adultos com o fim de formar grupos musicais, sempre incentivando a musica de raiz de cada região, ao mesmo tempo em que inserem aulas sobre culturas e tradi- ções populares. Inicialmente iremos formar turmas que terão a finalidade de multiplica- ção do conhecimento adquirido, no projeto, em cada comunidade. · Projeto “Viveiro Escola Planta Brasil” Este projeto tem por finalidade a im- plantação de um Viveiro Escola, especializa- do em árvores nativas das Matas Atlântica e Ciliares. Nele nossas crianças irão aprender sobre os ecossistemas envolvidos, árvores nativas, como plantar e cuidar, técnicas de compostagem e reciclagem de lixo domésti- co. Tudo isto, integrando-se o teórico á prá- tica, através de demonstrações de como plantar e cuidar, incentivando e destacando também, a importância da agricultura orgâ- nica, hortas comunitárias e familiares. Se- rão formadas turmas que terão a finalidade de se tornarem multiplicadoras do conheci- mento adquirido em cada comunidade. · Projeto “Arte&Sobra” Aqui iremos evidenciar a necessidade da reciclagem, com a finalidade de preser- vação dos espaços urbanos e, como fato de geração de renda. Também serão formadas turmas multiplicadoras de conhecimento, que terão como função a formação de coo- perativas ou grupos preservacionístas em suas comunidades. · Projeto “SaciArte” Este projeto é um formador de grupos musicais onde as culturas regionais e a mú- sica de raiz sejam o seu tema. Primeiramen- te será formado um grupo composto por crianças, adolescentes e adultos com res- ponsabilidade de participação voluntária, no grupo da comunidade da Região Cajuru na Zona Leste de São José dos Campos, . # SEJA UM VOLUNTÁRIO. Fale conosco 0xx12 - 9114.3431 abrir Conheça mais sobre tradições culturas e regiões do Cone Leste Paulista acesse - www.formiguinhasdovale.org Desejamos a nossos, amigos, alunos, professores, educadores e diretores. UM FELIZ NATAL e BOM ANO NOVO Este veículo. transcende a sala de aula como proposta para reflexão, discussão, interação e aprendizagem sobre temas dos projetos desenvolvidos pela OSCI “Formiguinhas do Vale”, sem fins lucrativos e, em assuntos inerentes à sustentabilidade social e ambiental. da redação Vale do Paraíba Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Litoral Note Paulista - Região Bragantina - Região Alto do Tietê Ela é considerada a rainha das flores aquáti- cas. Nós a encontramos na Amazônia, em Mato Grosso e também nas Guianas. É cultivada nos jardins botânicos de muitos países, por ser considerada uma planta realmente preciosa. As folhas maiores podem suportar perto de quarenta quilos de peso! A flor, branca, se abre ao cair da tarde, perfuma o ar e dura apenas duas noites. UMA história Estava fazendo uma noite muito quente. O luar era tão claro, que se enxergava quase como se fosse de dia. Perto da lagoa havia uma importante tribo de ín- dios, que hoje não existe mais. Entre os índios, havia um velho chefe, muito procurado pelas crianças, que gostavam de ouvir suas histórias. Como a noite estava quente e o luar muito lindo, o velho cacique havia-se sen- tado bem perto da lagoa, para descansar e gozar daquela beleza. Logo que as crianças descobriram que ele estava ali, foram sentar-se perto dele. Pediram que lhes contasse uma história. O cacique, porém, estava tão distraído, admi- rando a vitória-régia, que nem percebera a chegada das crianças. Custou para que ele saísse daquela contemplação. Por fim, sorriu para elas. - O que o senhor estava vendo com tanta atenção? - perguntou uma. - Aquela estrela! Aquela bonita estrela, respondeu o cacique, apontando para a vitória-régia. As crianças ficaram admiradas e trocaram um olhar significativo. A vitória- régia era uma estrela? Pobre cacique! Ele percebeu o espanto das crianças e lhes disse: - Não tenham medo! Não fiquei doido, não. Não acreditam que a vitória-régia seja uma estrela? Então ouçam: Faz muitos e muitos anos. Nem sei quantos. Em nossa tribo, vivia uma índia, muito moça e muito bonita, a quem haviam contado que a lua era um guerreiro forte e poderoso. A moça apaixonou-se por esse guerreiro e não quis casar-se com nenhum dos índios da tribo. Não fazia outra coisa sendo esperar que a lua surgisse. Aí, então, punha os olhos no céu e não via mais nada. Só o poderoso guerreiro. Muitas vezes, ela saía correndo pela floresta, os braços erguidos, procurando agarrar a lua. Todos da tribo tinham pena da índia, pena de vê-la dominada por um sonho tão louco. E o tempo foi passando... Contudo, o sonho não deixava a pobre moça em paz. Queria ir para o céu. Queria transformar-se numa estrela, numa estrela tão bonita, que fosse admirada pela lua. Mas a lua continuava dis- tante e indiferente, desprezando o desejo da moça. Quando não havia luar, a jovem permanecia aborrecida em sua oca, sem falar com ninguém. Eram inúteis os esforços dos amigos e parentes para que ela ficasse com as outras moças. Continuava recolhida, silenciosa, até a lua aparecer novamente. Uma noite em que o luar estava mais bonito do que nunca, transformando em prata a paisagem da floresta, a moça repetiu sua tentativa. Chegando à beira da lagoa, viu a lua refletida no meio das águas tranqüilas e acre- ditou que ela havia descido do céu para se banhar ali. Finalmente, ia conhecer o famoso e poderoso guerreiro. Sem hesitar, a moça atirou-se às águas profundas e nadou em direção à imagem da lua. Quando percebeu que havia sido ilusão, tentou voltar, mas as forças lhe faltaram e morreu afogada. A lua, que era, como eu disse, um guerreiro forte e poderoso, uma espécie de deus, viu o que havia acontecido e ficou compadecida. Sentiu remorso por não ter transformado a formosa índia em uma estrela do céu. Agora era tarde. A moça ia pertencer, para sempre, às águas profundas da lagoa. Porém, já que não era possível tor- ná-la uma estrela do céu, como ela tanto desejara, podia transformá-la numa estrela das águas. Uma flor que seria a rainha das flores aquáticas. E, assim, a formosa índia foi transformada na vitória-régia. À noite, essa maravilhosa flor se abre, permitindo que a lua a ilumine e revele sua impressionante beleza. Cancioneiro Popular

Vale do Paraíba Paulista - Região Serrana da Mantiqueira ... · Aqui iremos evidenciar a necessidade da reciclagem, com a finalidade de preser- ... musicais onde as culturas regionais

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Todos pela educação DEZEMBRO 2009

CIDADANIA E

Meio Ambiente

Formiguinhas do Vale www.fomiguinhasdovale.org

O nosso projeto tem como principal motivação as mudanças comportamentais da sociedade, no que tange a preservação ambiental, sustentabilidade e paz social, reflorestamento, incentivo á agricultura or-gânica, hortas comunitárias e familiares, preservação dos ecossistemas, reciclagem e compostagem do lixo doméstico e, o in-centivo a preservação e conhecimento de nossas culturas e tradições populares.

Ações integradas: · Projeto “Inicialização Musical” Este projeto tem por finalidade levar o conhecimento básico sobre música, a crian-ças e adultos com o fim de formar grupos musicais, sempre incentivando a musica de raiz de cada região, ao mesmo tempo em que inserem aulas sobre culturas e tradi-ções populares. Inicialmente iremos formar turmas que terão a finalidade de multiplica-ção do conhecimento adquirido, no projeto, em cada comunidade.

· Projeto “Viveiro Escola Planta Brasil” Este projeto tem por finalidade a im-plantação de um Viveiro Escola, especializa-do em árvores nativas das Matas Atlântica e Ciliares. Nele nossas crianças irão aprender sobre os ecossistemas envolvidos, árvores nativas, como plantar e cuidar, técnicas de compostagem e reciclagem de lixo domésti-co. Tudo isto, integrando-se o teórico á prá-tica, através de demonstrações de como plantar e cuidar, incentivando e destacando também, a importância da agricultura orgâ-nica, hortas comunitárias e familiares. Se-rão formadas turmas que terão a finalidade de se tornarem multiplicadoras do conheci-mento adquirido em cada comunidade.

· Projeto “Arte&Sobra” Aqui iremos evidenciar a necessidade da reciclagem, com a finalidade de preser-vação dos espaços urbanos e, como fato de geração de renda. Também serão formadas turmas multiplicadoras de conhecimento, que terão como função a formação de coo-perativas ou grupos preservacionístas em suas comunidades.

· Projeto “SaciArte” Este projeto é um formador de grupos musicais onde as culturas regionais e a mú-sica de raiz sejam o seu tema. Primeiramen-te será formado um grupo composto por crianças, adolescentes e adultos com res-ponsabilidade de participação voluntária, no grupo da comunidade da Região Cajuru na Zona Leste de São José dos Campos, .

# SEJA UM VOLUNTÁRIO. Fale conosco

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Conheça mais sobre tradições culturas e regiões do Cone Leste Paulista acesse - www.formiguinhasdovale.org

Desejamos a nossos, amigos, alunos, professores, educadores e

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UM FELIZ NATAL e BOM ANO NOVO

Este veículo. transcende a sala de aula como proposta para reflexão, discussão, interação e aprendizagem sobre temas

dos projetos desenvolvidos pela OSCI “Formiguinhas do Vale”, sem fins

lucrativos e, em assuntos inerentes à sustentabilidade social e ambiental.

da redação

Vale do Paraíba Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Litoral Note Paulista - Região Bragantina - Região Alto do Tietê

Ela é considerada a rainha das flores aquáti-cas. Nós a encontramos na Amazônia, em Mato Grosso e também nas Guianas. É cultivada nos jardins botânicos de muitos países, por ser considerada uma planta realmente preciosa. As folhas maiores podem suportar perto de quarenta quilos de peso! A flor, branca, se abre ao cair da tarde, perfuma o ar e dura apenas duas noites.

UMA história Estava fazendo uma noite muito quente. O luar era tão claro, que se enxergava quase como se fosse de dia. Perto da lagoa havia uma importante tribo de ín-dios, que hoje não existe mais. Entre os índios, havia um velho chefe, muito procurado pelas crianças, que gostavam de ouvir suas histórias. Como a noite estava quente e o luar muito lindo, o velho cacique havia-se sen-tado bem perto da lagoa, para descansar e gozar daquela beleza. Logo que as crianças descobriram que ele estava ali, foram sentar-se perto dele. Pediram que lhes contasse uma história. O cacique, porém, estava tão distraído, admi-rando a vitória-régia, que nem percebera a chegada das crianças. Custou para que ele saísse daquela contemplação. Por fim, sorriu para elas. - O que o senhor estava vendo com tanta atenção? - perguntou uma. - Aquela estrela! Aquela bonita estrela, respondeu o cacique, apontando para a vitória-régia. As crianças ficaram admiradas e trocaram um olhar significativo. A vitória-

régia era uma estrela? Pobre cacique! Ele percebeu o espanto das crianças e lhes disse: - Não tenham medo! Não fiquei doido, não. Não acreditam que a vitória-régia seja uma estrela? Então ouçam: Faz muitos e muitos anos. Nem sei quantos. Em nossa tribo, vivia uma índia, muito moça e muito bonita, a quem haviam contado que a lua era um guerreiro forte e poderoso. A moça apaixonou-se por esse guerreiro e não quis casar-se com nenhum dos índios da tribo. Não fazia outra coisa sendo esperar que a lua surgisse. Aí, então, punha os olhos no céu e não via mais nada. Só o poderoso guerreiro. Muitas vezes, ela saía correndo pela floresta, os braços erguidos, procurando agarrar a lua. Todos da tribo tinham pena da índia, pena de vê-la dominada por um sonho tão louco. E o tempo foi passando... Contudo, o sonho não deixava a pobre moça em paz. Queria ir para o céu. Queria transformar-se numa estrela, numa estrela tão bonita, que fosse admirada pela lua. Mas a lua continuava dis-tante e indiferente, desprezando o desejo da moça. Quando não havia luar, a jovem permanecia aborrecida em sua oca, sem falar com ninguém. Eram inúteis os esforços dos amigos e parentes para que ela ficasse com as outras moças. Continuava recolhida, silenciosa, até a lua aparecer novamente. Uma noite em que o luar estava mais bonito do que nunca, transformando em prata a paisagem da floresta, a moça repetiu sua tentativa. Chegando à beira da lagoa, viu a lua refletida no meio das águas tranqüilas e acre-ditou que ela havia descido do céu para se banhar ali. Finalmente, ia conhecer o famoso e poderoso guerreiro. Sem hesitar, a moça atirou-se às águas profundas e nadou em direção à imagem da lua. Quando percebeu que havia sido ilusão, tentou voltar, mas as forças lhe faltaram e morreu afogada. A lua, que era, como eu disse, um guerreiro forte e poderoso, uma espécie de deus, viu o que havia acontecido e ficou compadecida. Sentiu remorso por não ter transformado a formosa índia em uma estrela do céu. Agora era tarde. A moça ia pertencer, para sempre, às águas profundas da lagoa. Porém, já que não era possível tor-ná-la uma estrela do céu, como ela tanto desejara, podia transformá-la numa estrela das águas. Uma flor que seria a rainha das flores aquáticas. E, assim, a formosa índia foi transformada na vitória-régia. À noite, essa maravilhosa flor se abre, permitindo que a lua a ilumine e revele sua impressionante beleza.

Cancioneiro Popular

Dezembro 2009 Gazeta Valeparaibana Página 02

Gazeta Valeparaibana é um jornal gratuito distribuído mensalmente em mais de 80 cidades, do Cone Leste Paulista, que é composto pelas seguintes regiões:

Vale do Paraíba Paulista, Serrana da Mantiqueira, Litoral Norte Paulista, Bragantina e Alto do Tietê.

Editor: Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J Diretora Administrativa: Rita de Cássia A. S.Lousada

Diretora Pedagógica dos Projetos: Elizabete Rúbio Tiragem mensal:

Distribuído por: “Formiguinhas do Vale” Filiados à FENAI - Federação Nacional de Imprensa

Gazeta Valeparaibana é um MULTIPLICADOR do Projeto Social

“Formiguinhas do Vale” e está presente mensalmente em mais de 80 cidades do Cone Leste Paulista, com distribuição gratuita em

cerca de 2.780 Escolas Públicas e Privadas de Ensino Fundamental e Médio. “Formiguinhas do Vale”

Uma OSCIP - Sem fins lucrativos

Crônica

AJUDENOS A MANTER ESTA PUBLICAÇÃO E NOSSOS PROJETOS DE EDUCAÇÃO, CULTURA E PRESERVAÇÃO

Falando nisso ... Preservação e sustentabilidade

www.formiguinhasdovale.org

TODOS PELA EDUCAÇÃO

A Gazeta Valeparaibana, um veículo da OSCIP “Formiguinhas do Vale”, organização sem fins lucrativos, somente publica matérias, relevantes, com a finalidade de abrir discussões e reflexões dentro das salas de aulas, tais como: educação, cultura, tradições, história, meio ambiente e sustentabilidade e responsabilidade, social e ambi-ental. Assim, publica algumas matérias selecionadas de sites e blogs da web, por acreditar que todo o cidadão deve ser um multiplicador do conhecimento adquirido e, que nessa multiplicação, no que tange a Cultura e Sustentabilidade, todos devemos nos unir, na busca de uma sociedade mais justa, solidária e conhecedora de suas respon-sabilidades sociais. No entanto, todas as matérias serão creditadas a seus editores, des-de que adjudiquem seus nomes nas matérias originais. Caso não queira fazer parte da corrente, favor entrar em contato.

[email protected]

CONFERÊNCIA GLOBAL Caros professores, diretores, educadores e pais com-prometidos com o futuro de nossos filhos e netos. Venho atra-vés destas breves linhas demonstrar mais uma vez a minha in-dignação sobre a forma como Os chamados países desenvolvi-dos têm vindo a cuidar de suas maiores riquezas naturais. No que tange à Amazônia, resolvemos, nós os Editores da Gazeta Valeparaibana, inserir nas páginas deste ultimo jornal do ano de 2009, matérias importantes sobre essa Floresta e os Estados que abrange, afim de que se abram discussões sobre a forma de exploração, ocupação e conhecimento sobre a história em cada uma de suas etapas de ocupação. Sobre este assunto e também sobre nossa água potável, gostaria de lembrar que nossos aqüíferos vêem sendo contami-nadas, ano após ano, pela agroindústria e agropecuária e que nada, até ao momento foi feito de concreto para reverter esta situação, pela imediatista que tem vindo a receber dos Gover-nos. Nossa !!! podem os meus caros amigos exclamar; - Quanto mau humor e revolta! afinal de contas o Brasil está mui-to bem obrigado. Temos petróleo à vontade, etanol a escorrer pelos dedos, entramos e saímos da “marolinha” sem grandes arranhões. Pois é e, temos também uma enormidade de áreas ótimas para plantio, somente necessitando de revitalização mas que somente visam a especulação imobiliária. Com tudo isto, a Conferência Global de Kopenhagen, sobre o aquecimento global, a realizar-se em Dezembro de 2009, para a qual segundo parece o Brasil levará somente intenções e cobranças, se nos apresenta como mais um banquete de confra-ternização, que começará mas não terminará em lugar nenhum, ou seja; começará com um grande banquete e muitos discursos, redigidos de forma a não trazer constrangimentos diplomáticos ou políticos e terminará com um grande acordo de intenções. Também na primeira semana do mês passado, nossos Deputados aprovaram alterações ao nosso Código Florestal. Pi-or é que o que se viu foi prevalecer a vontade dos grandes agro-industriais, que economicamente, pelo imediatismo visado, do retorno de seus investimentos, optam pelo desmatamento ao invés do árduo trabalho de recuperação do solo, por eles mes-mos degradado. Um retrocesso em uma Lei inicialmente perfeita e que poderia servir de exemplo para o Mundo. Gostaríamos que as páginas deste jornal de Dezembro, servisse não só como matéria para formatação de aula, mas, também, como itens de discussão nas oficinas escolares. Por fim, queremos desejar a todos os amigos que nos acompanham mensalmente, um feliz natal e um ano novo cheio de realizações, certos de que, por sermos cidadãos conscientes, não poderemos visualizar grandes vitórias mas, resta-nos a úni-ca, certeza de que nossa luta por um Mundo melhor, continuará. Filipe de Sousa

APRESENTAÇÃO Nesta Edição que é a última do ano de 2009, final da primeira década do século XXI, inten-cionalmente abordamos a Temática “Floresta Amazônica”, dada a sua importância para o Brasil e para o Mundo. Não se trata de uma crítica e muito menos de um jargão político, trata-se de um alerta, nu-ma época em que tanto se discute sobre aquecimento global, ecologia e sustentabilidade. Muito também além disso, pretendemos chamar a atenção da sociedade sobre a necessida-de de preservação das culturas nativas e das riquezas naturais que esta floresta possui. O Editor

INTRODUÇÃO A Amazônia possui grande importância para a estabilida-de ambiental do Planeta. Nela estão fixadas mais de uma centena de trilhões de tonela-das de carbono. Sua massa vegetal libera algo em torno de sete trilhões de toneladas de água anualmente para a atmosfera, via evapotranspira-ção, e seus rios descarregam cerca de 20% de toda a água doce que é despejada nos o-ceanos pelos rios existentes no globo terrestre. Além de sua reconhecida riqueza natural, a Amazônia abriga expressivo conjunto de povos indígenas e populações tradicionais que incluem seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, babaçueiras, entre outros, que lhe conferem destaque em termos de diversidade cultural. Este patrimônio socioambiental brasileiro chega ao ano de 2002 com suas características originais relativamente bem preservadas. Atualmente, na Amazônia, ainda é possível a exis-tência de pelo menos 50 grupos de indígenas arredios e sem contato regular com o mundo exterior. A Amazônia, como floresta tropical, apresenta-se como um ecossistema extremamente complexo e delicado. Todos os elementos (clima, solo, fauna e flora) estão tão estreitamen-te relacionados que não se pode considerar nenhum deles como principal. Durante muito tempo, atribuiu-se à Amazônia o papel de “pulmão do mundo”. Hoje, sabe-se que a quantidade de oxigênio que a floresta produz durante o dia, pelo processo da fotos-síntese, é consumida à noite. Mas, devido às alterações climáticas que causa no planeta, a Floresta Amazônica vem sendo chamada como “o condicionador de ar do mundo”. A importância da Amazônia para a humanidade não reside apenas no papel que desempe-nha para o equilíbrio ecológico mundial. A região é o berço de inúmeros povos indígenas e constitui-se numa riquíssima fonte de matéria-prima (alimentares, florestais, medicinais, energéticas e minerais). Na página seguinte veja uma pequeno histórico sobre sua ocupação, suas riquezas e políti-cas públicas levadas a efeito na região.

Dezembro 2009 Gazeta Valeparaibana Pagina 03

Borracha, madeira, soja, minério, pecuária ...

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No “VIVEIRO ESCOLA Planta Brasil”, prioriza o cultivo de mudas de árvores nativas ás e-xóticas, pratica a agricultura orgânica e, as mudas somente são disponibilizadas para replantio, em projetos de reflorestamento nas áreas de Mata Atlântica degradadas e, após atingirem o desenvolvimento seguro, para sobreviverem em seu local definitivo. Mais informações: http://www.formiguinhasdovale.org

QUEIMADAS

Você sabia que o BRASIL é apontado como o 4º maior poluidor do mundo ? Que as queimadas são o maior moti-vo para esta consideração. Que a fu-maça composta pelos gases e fuligem, liberada pelas queimadas pode ser tóxica e cancerígena. Na área rural o problema indicado em primeiro lugar é a queima da “cana de açúcar”.

Queimada é crime. DENUNCIE - Ligue 190

PATROCINE EDUCAÇÃO Ligue: 0 xx 12 - 9114.3431

Borracha, madeira, soja, minério, pecu-ária - ou simplesmente o sonho de ter um pedaço de terra. Foram muitos os motivos que, historicamente, levaram brasileiros de todas as regiões à Ama-zônia. Há sinais desse movimento desde a época do descobrimento, mas foi no governo de Getúlio Vargas (1930-1945) que a colonização da floresta passou a ser vista como estratégica para os inte-resses nacionais. Era a época da Mar-cha para o Oeste. Foram anos de incentivos governa-mentais à exploração da floresta. Es-tradas foram abertas para facilitar o desenvolvimento da região. Durante a ditadura militar, a política para a Ama-zônia ficou conhecida pelo lema "Integrar para não Entregar". Junto com a ocupação e o desenvolvi-mento da região veio também a destru-ição do bioma. Estima-se que, na déca-da de 1970, as derrubadas tenham atin-gido 14 milhões de hectares, número que deve chegar a 70 milhões de hec-tares nos dias atuais. ndios devoradores de gente, monta-nhas de ouro e diamante, feras selva-gens. Essas e outras lendas herdadas

dos bandeirantes eram quase tudo o que se conhecia sobre o interior do Brasil há 60 anos. No início da década de 40, praticamente todos os 43 mi-lhões de habitantes do país estavam concentrados no litoral e viam o interi-or do próprio país como algo exótico. A região não passava de uma enorme e inexplorada mancha na geografia bra-sileira. A Expedição Roncador-Xingu foi plane-jada para conquistar e desbravar o co-ração deste Brasil lendário e misterio-so. Iniciada em 1943, o movimento a-dentrou o Brasil-Central, desvendou o sul da Amazônia e travou contato com diversas etnias indígenas ainda desco-nhecidas. Uma epopéia sensacional, que entrou para a História como das maiores aventuras do século 20 em todo o mundo. Na liderança, três ir-mãos que marcaram este período da história nacional: Leonardo, Cláudio e Orlando Villas Bôas. No início dos anos 40, o Araguaia e seus afluentes eram a ultima barreira natural ao progresso “civilizatório” que massacrava índios desde o descobri-mento. As margens, que dividem tam-bém cerrado e floresta amazônica, es-condiam mais de uma dezena de povos

numa região vasta e desocupada. Eram os últimos refúgios para dezenas de nações indígenas até então desconhe-cidas. Apesar disso, a região era clas-sificada como um “vazio demográfico que precisava ser ocupado” e desper-tava o interesse de autoridades inter-nacionais, além de garimpeiros, fazen-deiros, políticos e, em especial, tirava o sono dos militares brasileiros. Longe das veredas do cerrado e das águas límpidas do rio Kuluene, eclodia na Europa o auge da Segunda Guerra, um conflito que teve como uma de su-as razões a noção de “Espaço Vital”. A idéia, simplificadamente, defendia o direito de que nações “mais desenvol-vidas” ocupassem áreas pouco explo-radas em países “menos desenvolvi-dos”. Esta teoria colocava a região in-cógnita no Centro-oeste brasileiro co-mo alvo potencial para a cobiça de ou-tros países. Neste contexto, o então presidente, Getúlio Vargas, fez um longo sobrevôo na região do Araguaia, a convite do então governador de Goiás, Pedro Lu-dovico. Ao ver uma vastidão de flores-tas cortadas por rios imensos, conclu-iu abismado: "É o branco do Brasil Central". Para mudar essa realidade, o presiden-te encarregou o ministro da Coordena-ção de Mobilização Econômica, João Alberto Lins de Barros, de promover a interiorização do Brasil. Assim nasceu a Fundação Brasil Central, FBC. Em seguida, foi anunciada a criação da Expedição Roncador-Xingu, cujo obje-tivo era ser ponta de lança do avanço progressista, com a função de mapear o centro do país e abrir caminhos que ligassem a região ao resto do país. O ministro João Alberto foi um dos maiores incentivadores da colonização do Centro-Oeste, principalmente por ter conhecido toda a região como revo-lucionário da Coluna Prestes. Ele vis-lumbrava o futuro econômico do Vale do Araguaia, apontando a terra como ideal para pecuária. Além disso, o mi-nistro sonhava em ver uma urbaniza-ção planejada e ordenada que, ao seu

entender, traria assistência, riquezas e qualidade de vida ao interior do país. Em boa parte, o sonho progressista do militar se concretizou. Transcorrida por cerca de quarenta anos, a Marcha Para o Oeste fundou cerca de 43 vilas e cidades, construiu 19 campos de pouso, contatou mais de cinco mil ín-dios e percorreu 1,5 mil quilômetros de picadas abertas e rios. Saiba quais foram os principais mo-mentos dessa história: 1 - Os primórdios: Os portugueses descobrem a Amazô-nia; 2 - Fim do século 19: Surge o ouro negro.

Uma segunda chance à borracha Brasileira

Anos 1960:

"Integrar para não Entregar"

Anos 1970: O perigo do desmatamento

Anos 1980: O ambientalismo de

Chico Mendes

Anos 1990: O impacto da soja

Anos 2000

Os primórdios:

Os portugueses descobrem a Amazônia

Durante muitos anos, grande parte do que se conhece hoje pela Amazônia pertencia aos espanhóis - graças ao Tratado de Tordesilhas, assinado com Portugal em 1494. Mas as primeiras expedições à região foram acontecer apenas anos depois, a partir de 1540.

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Coisas de loiras

Um belo dia uma loira resolvel assautar um banco ... -mais foi pega pela policia ... -outro dia resolvel assaltar um mercearia ... -mais novalmente foi pega pela policia ... Ai ela pensou chega de roubar lojas ... - Agora irei roubar crianças . -A loira vai ate um parque cheio de crianças e chama uma delas e diz : -Isto e um assalto !!! -O menino não sabendo de nada senta ao lado da loira enquanto ela escreve um bilhete a mae do menino. O bilhete dizia : -Seu filho esta comigo me de 100 mil reais ou eu o mato !!! -A loira vai e enfia o bilhete no bolso do menino e pedi para que ele levasse-o para sua mae . -Chegando em casa o menino chama sua mãe e lhe entrega o bilhete . a mãe que também era loira fica apavorada com o bilhete e corre ao banco e saca 100 mil reais e entrega ao menino e pedi para ele levar a sequestradora . chegando ao parque o menino entrega o dinheiro a mulher com um bilhete dizendo : -mossa por favor não sequestra mais meu filho !!! enviado: por uma loira (segundo sua identificação)

Dezembro 2009 Gazeta Valeparaibana Página 04

Quando pensar em desistir, não cruze os braços, lembre-se: O maior homem do Mundo morreu de braços abertos

Amazônia - 1494 - 1960

Apesar de a maior parte da terra estar sob domínio dos espanhóis, foram os portugueses que mais se interessaram sobre aquela área: era preciso prote-gê-la da invasão de outros países, co-mo Inglaterra, França e Holanda. Em 1637, Portugal encomenda a pri-meira grande expedição à região, com cerca de 2 mil pessoas. A exploração de frutos como o cacau e a castanha ganham uma forte conotação comerci-al. A partir do século 18, a agricultura e a pecuária passam a ter papel funda-mental na região. Como a mão-de-obra indígena já não era mais suficiente, os negros africanos também chegam à região como escravos. Em 1750, com o Tratado de Madri, Por-tugal passa a ter direito sobre as ter-ras ocupadas na região Norte do país. É o início do estabelecimento da fron-teira brasileira na região amazônica, que culmina finalmente no século 20 com a anexação do Estado do Acre. Há sinais desse movimento desde a época do descobrimento, mas foi no governo de Getúlio Vargas (1930-1945) que a colonização da floresta passou a ser vista como estratégica para os interesses nacionais. Era a época da Marcha para o Oeste. Foram anos de incentivos governa-mentais à exploração da floresta. Es-tradas foram abertas para facilitar o desenvolvimento da região. Durante a ditadura militar, a política para a Ama-zônia ficou conhecida pelo lema "Integrar para não Entregar". Junto com a ocupação e o desenvolvi-mento da região veio também a des-truição do bioma. Estima-se que, na década de 1970, as derrubadas te-nham atingido 14 milhões de hectares, número que deve chegar a 70 milhões de hectares nos dias atuais.

Saiba quais foram os principais momentos dessa história:

Os primórdios: Os portugueses descobrem a Amazô-nia Durante muitos anos, grande parte do que se conhece hoje pela Amazônia pertencia aos espanhóis - graças ao Tratado de Tordesilhas, assinado com Portugal em 1494. Mas as primeiras expedições à região foram acontecer apenas anos depois, a partir de 1540. Apesar de a maior parte da terra estar sob domínio dos espanhóis, foram os portugueses que mais se interessaram sobre aquela área: era preciso prote-gê-la da invasão de outros países, co-mo Inglaterra, França e Holanda. Em 1637, Portugal encomenda a pri-meira grande expedição à região, com cerca de 2 mil pessoas. A exploração de frutos como o cacau e a castanha ganham uma forte conotação comerci-al. A partir do século 18, a agricultura e a pecuária passam a ter papel funda-mental na região. Como a mão-de-obra indígena já não era mais suficiente, os negros africanos também chegam à região como escravos.

Em 1750, com o Tratado de Madri, Por-tugal passa a ter direito sobre as ter-ras ocupadas na região Norte do país. É o início do estabelecimento da fron-teira brasileira na região amazônica, que culmina finalmente no século 20 com a anexação do Estado do Acre.

Fim do século 19: Surge o ouro negro

Outro grande marco na história da o-cupação da Amazônia foi a Revolução Industrial. Com suas fábricas operan-do a todo vapor, a Inglaterra encon-trou na floresta brasileira uma impor-tante matéria-prima: a borracha, tam-bém chamada na época de "ouro ne-gro". Incentivados pelo governo, milhares de brasileiros e estrangeiros decidem migrar para a região. Estima-se que, entre 1870 e 1900, 300 mil nordestinos tenham migrado para região. Os imigrantes eram recrutados para trabalhar nos seringais, mas não ti-nham direito às terras. Os seringais eram administrados por famílias tradi-cionais locais, que lidavam diretamen-te com as exportadoras inglesas insta-ladas na região. A exportação da borracha gera rique-zas nunca antes vistas na região, o que permite construir as primeiras grandes obras, como o Teatro da Paz (Belém, 1878) e o Teatro Amazonas (Manaus, 1898). Estradas de ferro, co-mo a Madeira-Mamoré, também são erguidas. O primeiro boom da borracha dura pouco. Já em 1900, o produto começa a ser fortemente explorado na Ásia, interrompendo a primazia brasileira nesse mercado. A região amazônica entra em decadência.

Uma segunda chance à

borracha brasileira Na década de 1940, a borracha brasi-leira encontra uma segunda chance: com a Segunda Guerra Mundial, os aliados perdem acesso ao produto asiático, colocando o Brasil novamen-te na rota do comércio mundial. País em plena expansão, os Estados Unidos tinham especial interesse na borracha brasileira. Ciente disso, o governo brasileiro firma um acordo com os americanos: eles investem no Brasil e o governo brasileiro se encar-rega de arregimentar nova mão-de-obra para os seringais da Amazônia. O então presidente Getúlio Vargas (1930-1945) defende a "Marcha para o Oeste". De acordo com a historiadora Maria Liege Freitas, da Universidade Federal do Ceará, Getúlio é o primeiro presidente brasileiro a ver na Amazô-nia uma "importância estratégica". "Getúlio tinha uma preocupação geo-política e via na floresta um peso im-portante, sobretudo em função das fronteiras", diz a historiadora. O esforço de seu governo para atrair trabalhadores à floresta surte efeitos. Nas principais capitais do país, espe-cialmente no Nordeste, são instalados postos de recrutamento. O suíço Jean-

Pierre Chabloz é contratado para criar uma campanha chamando os brasilei-ros à Amazônia, que passa a ser co-nhecida como o "Novo Eldorado". Mais uma vez, o ciclo de riqueza dura pouco. Terminada a guerra, os Esta-dos Unidos suspendem os investi-mentos, e a Amazônia volta a sofrer com a decadência econômica.

Anos 1960: "Integrar para não Entregar" O início da ditadura (1964) também deixa suas marcas na ocupação da Amazônia. Dentro de um discurso na-cionalista, os militares pregam a unifi-cação do país. Além disso, é preciso proteger a floresta contra a "internacionalização". Em 1966, o presidente Castelo Branco fala em "Integrar para não Entregar". Também nessa época começam as grandes obras rodoviárias em direção à Amazônia. A Transamazônica é inau-gurada em 1972 e, dois anos depois, fica pronta a Belém-Brasília. Por meio da Superintendência do De-senvolvimento da Amazônia (Sudam), o governo oferece uma série de incen-tivos aos interessados em produzir na região. Mas segundo o historiador Al-fredo Homma, "os subsídios são dire-cionados aos mais favorecidos". Apesar da onda migratória, pratica-mente todas as terras ainda pertenci-am oficialmente à União e aos Esta-dos.

Anos 1970: O perigo do desmatamento

Após anos de incentivos à produção e à ocupação da Amazônia, os sinais de destruição ficam mais claros. Em 1978, a área desmatada chega a 14 milhões de hectares. Longe dali, uma descoberta iria influ-enciar o futuro da Amazônia: em 1974, Frank Rowland e Mario Molina provam que substâncias utilizadas em aeros-sóis e sistemas de refrigeração des-troem a camada de ozônio. O assunto ganha repercussão interna-cional e os desmatamentos nas flores-tas também passam a ser questiona-dos. Até então, a discussão ambiental era vista como uma questão "burocrática" ou como de "intimidação por parte daqueles que se sentiam prejudica-dos", diz Homma. Um novo fenômeno mexe com a vida das pessoas: a venda e a disputa por terras. Torna-se cada vez mais comum o comércio de terras, muitas vezes sem controle ou documentação. Era

comum os lotes serem cercados sem o devido controle do governo. Em 1976, o governo faz a primeira re-gularização de terras na Amazônia. Uma Medida Provisória permitiu a re-gularização de propriedades de até 60 mil hectares que tivessem sido adqui-ridas irregularmente, mas "com boa fé". A população da Amazônia Legal chega a 7 milhões de pessoas.

Anos 1980: O ambientalismo de Chico Mendes

(Adiante “O DIVISOR DE ÁGUAS)) As discussões sobre meio ambiente começam a mudar na década de 1980. O assassinato do líder sindical Chico Mendes, em 1988, é considerado um "divisor de águas" na história da Ama-zônia. Foi a partir desse crime que o governo brasileiro passou a sofrer pressões - inclusive internacionais - a respeito de suas políticas para a Amazônia. O governo reage com algumas iniciati-vas, mas, segundo os historiadores, as ações são ainda pontuais e insipi-entes.

Anos 1990: O impacto da soja

A realização da Conferên-cia das Na-ções Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvi-mento, bati-zada de Eco-92, coloca definitiva-mente a questão am-biental e a

Amazônia na pauta das grandes dis-cussões mundiais. A ideia de que as florestas precisam ser preservadas conquista o imaginário popular. Ao mesmo tempo, a soja chega à A-mazônia. O grão, que desde a década de 1970 já figurava entre os principais produtos da pauta de exportação bra-sileira, é adaptado ao cerrado e se transforma em um dos vilões do des-matamento. A produção atrai uma nova leva de imigrantes, dessa vez do Sul e Sudes-te do país.

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Dezembro 2009 Gazeta Valeparaibana Página 05

Acertar por vezes é um dever mas, saber reconhecer um erro, é sem dúvida o maior dos acertos...

Amazônia - Ano 2000

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Anos 2000 Segundo o IBGE, a população da Ama-zônia Legal chega a 21 milhões de pessoas em 2000. Os estudos sobre os impactos huma-nos sobre a Floresta Amazônica tor-nam-se mais consistentes. Um estudo da ONG Imazon, realizado em 2002, aponta que 47% da Amazônia está sob algum tipo de pressão humana. A pecuária passa a ser responsável pelo desmatamento de grandes áreas. Entre 1990 e 2003, o rebanho bovino da Amazônia Legal cresceu 240%, che-gando a 64 milhões de cabeças. Mesmo após algumas tentativas do governo de regularizar as posses na Amazônia, estima-se que metade das propriedades tenha algum tipo de irre-gularidade fundiária. De 2003 a 2009, o governo abriu mão de 81 milhões de hectares de terras federais, que foram utilizadas para as-sentamentos de reforma agrária, pre-servação ambiental ou para projetos indígenas. Ainda assim, 67 milhões de hectares de terras federais continuam oficial-mente sob a responsabilidade da Uni-ão. Em fevereiro de 2009, o presidente Lu-iz Inácio Lula da Silva envia ao Con-gresso a Medida Provisória 458, que prevê a transferência dessas terras. Em junho, a MP é sancionada pelo pre-sidente e vira lei. Mais de 70 milhões de hectares des-matados.

A seguir iremos rever mais al-guns dados históricos sobre o chamado OURO NEGRO e a se-gunda chance dada à borracha

Brasileira.

Fim do século 19:

*Surge o ouro negro

Outro grande marco na história da o-cupação da Amazônia foi a Revolução Industrial. Com suas fábricas operan-do a todo vapor, a Inglaterra encontrou na floresta brasileira uma importante matéria-prima: a borracha, também chamada na época de "ouro negro". Imigrantes eram recrutados para tra-balhar nos seringais da região. Incentivados pelo governo, milhares de brasileiros e estrangeiros decidem migrar para a região.

Estima-se que, entre 1870 e 1900, 300 mil nordestinos tenham migrado para região. Os imigrantes eram recrutados para trabalhar nos seringais, mas não ti-nham direito às terras. Os seringais eram administrados por famílias tradi-cionais locais, que lidavam diretamen-te com as exportadoras inglesas insta-ladas na região. A exportação da borracha gera rique-zas nunca antes vistas na região, o que permite construir as primeiras grandes obras, como o Teatro da Paz (Belém, 1878) e o Teatro Amazonas (Manaus, 1898). Estradas de ferro, co-mo a Madeira-Mamoré, também são erguidas. O primeiro boom da borracha dura pouco. Já em 1900, o produto começa a ser fortemente explorado na Ásia, interrompendo a primazia brasileira nesse mercado. A região amazônica entra em decadência.

Uma segunda chance à borracha brasileira

Na década de 1940, a borracha brasi-leira encontra uma segunda chance: com a Segunda Guerra Mundial, os aliados perdem acesso ao produto asi-ático, colocando o Brasil novamente na rota do comércio mundial. Os povos indígenas do Acre estiveram submetidos por dezenas de anos ao trabalho forçado nos seringais, desde o século passado. Hoje os Kaxinawá, os Yawanawá, os katukina, os Arara e os seringueiros trabalham junto na produção de couro vegetal

feito a partir do látex extraído da seringueira. O processo de ocupação da Amazônia foi bem diferente. Entre 1840 e 1920, a região foi tomada por um surto econômico que transfor-mou a cidade de Manaus numa cidade moderna e Belém num porto interna-cional. A Amazônia era o único lugar do mun-do que fornecia a borracha, uma maté-ria-prima cada vez mais requisitada pelos países industrializados, a partir da descoberta do processo de vulcani-zação que abria o seu uso para a pro-dução de pneus. Isso levou milhares de trabalhadores a invadirem a região. Como as seringueiras se espalhavam por toda a floresta, e como os primiti-vos métodos de incisão matavam a planta em alguns anos, os seringuei-ros foram obrigados a se embrenhar cada vez mais mata adentro. Fugindo da grande seca de 1877-1880, cerca de 300 mil nordestinos, vindos em sucessivas levas, chegaram à A-mazônia incentivados pelo governo federal, que via nessa mobilidade uma forma de livrar-se do problema social e de ocupar uma região considerada “desabitada”. Adentrando a selva, sangrando as se-ringueiras, o nordestino viveu em con-dições de extrema penúria, explorado pelo dono do seringal, dizimado por doenças e muitas vezes vítima de uma alimentação precária, pois todos esta-vam voltados para o recolhimento do látex.

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Trabalho escravo: coisa de antigamente?

Não. No século 21, no tempo da riqueza no campo, no meio da floresta, no Pará, 38 trabalhadores eram mantidos em condições subumanas, sem salário, sem alimentação e eram intimidados por capangas armados. A equipe de reportagem da Rede Globo acompa-nhou o resgate no meio da selva. Veja depoimentos emocionados desses trabalhadores no momento da liberta-ção. O trabalho escravo em uma fazenda em São Félix do Xingu, no sudeste do Pará, só foi descoberto porque um em-pregado fugiu a pé e avisou a Comis-são Pastoral da Terra. Uma força-tarefa do Ministério do Tra-balho, da Polícia Federal e do Ministé-rio Público do Trabalho foi até a fazen-da e concluiu que não seria possível retirar os trabalhadores por terra. Eles estavam isolados no meio da sel-va

Um helicóptero da Força Aérea foi fa-zer o resgate – um alívio para os traba-lhadores. “Estou muito feliz, muito fe-liz”, disse um deles. É o fim de dois meses de escravidão na selva. Todos foram trazidos para São Felix do Xin-gu. Agora, o patrão será chamado e terá que pagar os salários atrasados e os direitos trabalhistas. Ernoel Rodrigues Júnior se apresentou como emprega-dor. “O senhor se considera ou não um bom patrão?”, perguntou o repórter. “Sou bom, sou bom”, respondeu. “E por que tem trabalho escravo?”, conti-nuou o repórter. O entrevistado fez silêncio. Eles viviam em barracos de lona e pa-lha, se alimentavam mal e bebiam á-gua de um igarapé. Não havia banhei-ros, nem higiene. Muitos trabalhavam preparando a área para a derrubada da mata. “Tratam a gente como se fosse um animal. Sem alojamento, sem uma co-mida adequada, sem água boa para beber, sem salário”, disse outro traba-lhador. Quase tudo o que os empregados usa-vam ou comiam tinha que ser compra-do do patrão e depois descontado do salário. “Ele simplesmente diz: ‘Olha, você está me devendo tanto e produziu tanto’. Então, eles fazem um jogo de

números que o trabalhador, sempre no final, fica endividado”, disse Benedito de Lima e Silva Filho, coordenador do grupo móvel do Ministério do Traba-lho. Alguns perderam a noção do tempo. “Eu não lembro o dia que eu cheguei”, comentou um trabalhador. “Esse dia, para mim, vai ser inesquecí-vel, eu nunca vou esquecer, nunca. Agora eu vou ser um cidadão, vou tirar meus documentos, vou trabalhar em qualquer fazenda, mas com carteira assinada. Trabalhar como escravo nunca mais na minha vida”, comemo-rou um trabalhador. Ao todo, 28 empregados não tinham carteira de trabalho e receberam o do-cumento. Entre os libertados, há três menores. Uma adolescente contou que, quando faltava comida, a saída era caçar na mata. “Iam caçar para ver se matavam algu-ma coisa para a gente comer”, contou uma jovem. A polícia investiga se ele é um laranja de algum fazendeiro e vai abrir inqué-rito para apurar vários crimes. “A condição análoga à de escravo, a supressão de direitos garantidos em leis trabalhistas. Em conseqüência disso, a sonegação de contribuição previdenciária e nós temos informação que aqui é uma reserva ambiental e, possivelmente, teremos também cri-mes ambientais”, relatou um policial federal.

Dezembro 2009 Gazeta Valeparaibana Página 06

Amazônia - o recrutamento

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"Existem três Tipos de pessoas no mundo: As que fazem as coisas acontecerem; as que assistem as coisas acontecerem e

as que não se dão conta das coisas que acontecem."

Os trabalhadores viviam em regime semi-escravidão, vigiados pelos ca-pangas dos seringalistas e impedidos à força de abandonar o trabalho. Além disso, havia constantes conflitos com os povos indígenas que ali vivi-am. Os indígenas foram subjugados e muitas vezes inseridos na extração do látex. Nesse processo foram dizimadas as populações das nações de língua Pa-no, Aruak, Arawa e Katukina. Outras foram drasticamente reduzidas, como os Munduruk, que em 1877 contavam com 18 mil pessoas, passando a ter, em 1960, apenas 1.600. Governo lançou campanha para

atrair trabalhadores para a Amazônia.

País em plena expansão, os Estados Unidos tinham especial interesse na borracha brasileira. Ciente disso, o governo brasileiro firma um acordo com os americanos: eles investem no Brasil e o governo brasileiro se encar-rega de arregimentar nova mão-de-obra para os seringais da Amazônia. O então presidente Getúlio Vargas (1930-1945) defende a "Marcha para o Oeste". De acordo com a historiadora Maria Liege Freitas, da Universidade Federal de Campina Grande, na Paraí-ba, Getúlio é o primeiro presidente bra-sileiro a ver na Amazônia uma "importância estratégica". "Getúlio tinha uma preocupação geo-política e via na floresta um peso im-portante, sobretudo em função das fronteiras", diz a historiadora. O esforço de seu governo para atrair trabalhadores à floresta surte efeitos. Nas principais capitais do país, especi-almente no Nordeste, são instalados postos de recrutamento. O suíço Jean-Pierre Chabloz é contratado para criar uma campanha chamando os brasilei-ros à Amazônia, que passa a ser co-nhecida como o "Novo Eldorado". Mais uma vez, o ciclo de riqueza dura pouco. Terminada a guerra, os Esta-dos Unidos suspendem os investimen-tos, e a Amazônia volta a sofrer com a decadência econômica.

Retrocedendo: Anos 1980

O ambientalismo de Chico Mendes

As discussões sobre meio ambiente começam a mudar na década de 1980. O assassinato do líder sindical Chico Mendes, em 1988, é con-siderado um "divisor de águas"

na história da Amazônia. A morte de Chico Mendes foi "divisor de águas" na história da Amazônia. Foi a partir desse crime que o governo brasileiro passou a sofrer pressões - inclusive internacionais - a respeito de suas políticas para a Amazônia. O governo reage com algumas iniciati-vas, mas, segundo os historiadores, as ações são ainda pontuais e insipien-tes.

CHICO MENDES Francisco Alves Mendes Filho

44 anos antes de Chico Mendes nas-cer, no Acre, já existiam conflitos de terra. A área que hoje é o estado do Acre foi disputada num confronto armado entre Bolívia e Brasil, os seringueiros por fim, comandado por Plácido de castro, retiraram os 15 milhões de hectares das mãos dos bolivianos. O tratado de Petrópolis, de 1903 deu a posse definitiva do Acre ao Brasil. Os seringais tornaram rica a região do Acre. A riqueza da borracha atraiu muitos nordestinos á região. Um deles foi o avô de Chico Mendes. As famílias que se mudaram do Ceará para a Amazônia tiveram de se adaptar a um meio ambiente totalmente dife-rente. Úmida, escura e fechada a Ama-zônia era uma selva de insetos, doen-ças que se propagavam. Não havia escolas e nem hospitais. Embora o Brasil estivesse ganhando milhões de dólares com imposto sobre a extração da borracha, o governo não reaplicava um centavo na região da Amazônia.

Todos os aspectos da vida representa-vam, então, um novo desafio. As Famílias ficaram dispersas pela floresta, muitas vezes separadas por quatro ou cinco horas de caminhada. Toda família caçava e colhia na flores-ta o que não podia plantar comprava dos caixeiros-viajantes. Em 1944, nasce no seringal Porto Rico em Xapuri – Acre - Francisco “Chico” Alves Mendes Filho. Aos nove anos, Chico Mendes já a-companhava seu pai na floresta; Aos onze tornou-se seringueiro em tempo integral, nesta mesma época, a família mudou-se para a colocação Pote Seco no seringal Equador próximo à cacho-eira, durante o dia Chico cortava serin-ga, caçava e a noite Chico lia alguns livros e se inteirava das noticias atra-vés de jornais quase sempre com atra-so de semanas. Com doze anos Chico Mendes conhe-ceu Euclides Fernandes Távora, aliado de Carlos Prestes. Euclides havia par-ticipado da intentona comunista em 1935, preso, conseguiu fugir e escon-deu-se no meio da floresta Amazônica

perto da colocação dos Mendes. Foi com Euclides Távora que Chico começou a entender o significado da exploração dos seringueiros, a luta de classes sempre com referencias a Lê-nin e Marx. As aulas de Távora tiveram uma inter-rupção quando Chico estava com 17 anos e teve que trabalhar horas extras para sustentar sua família, pois sua mãe e irmão mais velho morreram. O aprendizado político de Chico com Távora foi retomado nos anos seguin-tes, Távora conseguiu um rádio, onde juntos Távora e Chico Mendes ouviam os noticiários em português da central de Moscou, BBC de Londres e Voz da América. Analisando os fatos e as noti-cias, Távora infundia em Chico a cons-ciência da geopolítica e o lugar do Bra-sil no jogo de tração entre comunismo e capitalismo. Com Távora, Chico aprendeu não ape-nas a ler em jornais, mas também a pensar e recolher elementos para com-preender o país e a condição dos se-ringueiros. E foi assim que teve inicio, embora isoladamente, um trabalho in-

cessante de conseguir a autonomia dos seringueiros. Com a chegada do movimento sindical ao Acre por volta de 1974, Chico en-controu um aliado forte para organizar as bases, difundir suas idéias e fortale-cer o movimento. Chico Participou do primeiro curso da Confederação Nacional dos Trabalha-dores na Agricultura (Contag), em 1975, sobre os direitos da terra e orga-nização sindical, onde causou forte impressão, pois estava a um nível bem superior a outros trabalhadores, pois além de ler e escrever bem, conhecia os fundamentos da filosofia sindical. A igreja católica teve importante papel na trajetória de Chico Mendes, foi mili-tando nas comunidades eclesiais de base que Chico cultivou lideranças e um combativo senso de propósito en-tre os isolados habitantes da floresta. A ocupação intensiva gerenciada pelo governo na Amazônia na década de setenta atingi também o Acre. Agricul-tores e pecuaristas oriundos do sul do país chegam ao Acre para explorar a terra, substituindo os seringais, derru-

bando a floresta para a implantação de fazendas de gado. Como conseqüência das derrubadas, 10 mil famílias de seringueiros sem trabalho acabaram por virar favelado nas periferias de Rio Branco, capital do Acre, ou na Bolívia.

OS AVANÇOS DA SOJA O avanço da soja sobre a flores-ta amazônica, depois de ter to-mado e destruído praticamente todo o cerrado do Centroeste brasileiro, teve um boom a partir de 2003, quando o mal da vaca louca na Europa multiplicou a demanda pelo grão para alimen-tação animal. Campeão nacional de produção de so-ja, o Mato Grosso, depois das áreas de cerrado, pôs abaixo grande parte da floresta amazônica do seu território, tornando-se também o campeão de desmatamento e queimadas (48% do total) em 2003.

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Dezembro 2009 Gazeta Valeparaibana Página 07

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tarefa por um Mundo melhor.

Sobre o Currículo e formas de avaliação

do candidato.

Texto deve conter as últimas três

empresas trabalhadas.

Quando a experiência profissional é exten-sa – às vezes somando décadas de traba-lho em diversas empresas – o candidato pode ficar tentado a descrever em seu cur-rículo suas atividades em cada companhia. No entanto, o detalhamento das ações, re-quisito para deixar um currículo atraente e diferenciado, pode, neste caso, atrapalhar. “A pessoa deve levantar as habilidades e competências técnicas focadas no objetivo de hoje. Se ela trabalhou anos atrás em uma área que não é o foco dela atualmente, não cabe esmiuçar essa experiência”, pon-dera Carmem Benet, consultora de recur-sos humanos da Manpower, de São Paulo. Duas páginas - A medida certa é o candida-to colocar, em apenas duas páginas, as três últimas empresas em que atuou e suas principais atribuições, sugere a consultora Neussymar Magalhães, diretora de planeja-mento e atendimento da Recursos Huma-nos em Marketing e Comunicação (RHMC). “As demais empresas em que trabalhou, o profissional pode apenas citar o nome, o período e o cargo que ocupou.” Enxuto – Mas, para Carmem Benet, citar o nome de uma firma em que se trabalhou há bastante tempo, somente por se tratar de uma companhia de renome, não é o mais recomendado. Carmen lembra que o candidato é avaliado por um conjunto de fatores. Segundo ela, descrever as atribuições e mostrar os re-sultados alcançados é mais importante do que o porte da empresa em que atuou. Cursos e idiomas - Outro ponto que o pro-fissional experiente deve ter cuidado é com a seção de cursos do currículo. “Ele deve colocar apenas os mais recentes, realiza-dos há, no máximo, três anos, e que te-nham ligação com a área em que ele pre-tende atuar”, aponta Carmem. Para enxugar ainda mais o documento, o domínio dos idiomas também pode ser re-sumido. Para a consultora, basta colocar o nível de fluência em cada uma das línguas, sem citar certificados. “Assim, ele tem mais espaço para escrever sobre as com-petências, que é o mais importante”, suge-re. Maria Carolina Nomura

Amazônia - O avanço da soja

AS RODOVIAS “Oitenta e cinco por cento de todo o desmatamento ocorre nos 50 quilô-metros de cada lado das rodovias. Nos últimos anos, a produção de soja ao longo da parte pavimentada da BR-163 saltou de 2,4 mil hectares em 2002 para mais de 44 mil hecta-res em 2005 – um crescimento de quase 20 vezes em três anos. Os grandes desmatamentos terminam junto com o asfaltamento da estrada, ao sul da divisa com o estado do Pará. Tanto a Cargill quanto a Bunge têm comprado soja de fazendas localiza-das na área de influência da BR-163. Pior: Cargill, ADM e Bunge são par-ceiras no financiamento do projeto de US$ 175 milhões para pavimentar o restante da estrada, acelerando o acesso ao novo porto graneleiro construído ilegalmente pela Cargill em Santarém”, afirma o relatório do Greenpeace. Também de acordo com o estudo da ONG, “uma segunda rodovia da soja, construída ilegalmente, se estende por 120 quilômetros, saindo da cida-de de Feliz Natal, no Mato Grosso, até terminar de forma abrupta na fronteira oeste do Parque Indígena do Xingu. Tanto a Cargill quanto a Bunge construíram silos com capa-cidade para armazenar 60 toneladas de grãos nesta ‘estrada para lugar nenhum’. Além disso, oferecem crédito e mer-cado garantido para qualquer fazen-da já desmatada na região.Nos dois últimos anos, mais de 40 mil hecta-res de soja foram produzidos perto desta estrada e o Greenpeace desco-briu outros 99,2 mil hectares para venda na internet. Documentos mostram que tanto a Cargill quanto a Bunge estão com-prando soja destas novas áreas. Análise das imagens de satélite mos-tram que os impactos da rodovia da soja devem se estender por mais de 1 milhão de hectares de florestas da região. Este número contabiliza apenas os impactos diretos do desmatamento. Os impactos indiretos produzidos por grandes quantidades de produ-tos químicos e pelo crescimento po-pulacional devem ser ainda maio-res”. Anos 2000

Segundo o IBGE, a população da Amazônia Legal chega a 21 milhões de pessoas em 2000. Os estudos sobre os impactos hu-manos sobre a Floresta Amazônica tornam-se mais consistentes. Um estudo da ONG Imazon, realizado em 2002, aponta que 47% da Amazônia está sob algum tipo de pressão hu-mana. Área desmatada na Amazônia chega a MAIS de 70 milhões

de hectares. A pecuária passa a ser responsável pelo desmatamento de grandes á-

reas. Entre 1990 e 2003, o rebanho bovino da Amazônia Legal cresceu 240%, chegando a 64 milhões de ca-beças. Mesmo após algumas tentativas do governo de regularizar as posses na Amazônia, estima-se que metade das propriedades tenha algum tipo de irregularidade fundiária. De 2003 a 2009, o governo abriu mão de 81 milhões de hectares de terras federais, que foram utilizadas para assentamentos de reforma agrária, preservação ambiental ou para pro-jetos indígenas. Ainda assim, 67 milhões de hectares de terras federais continuam oficial-mente sob a responsabilidade da União. Em fevereiro de 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva envia ao Congresso a Medida Provisória 458, que prevê a transferência dessas terras. Em junho, a MP é sancionada pelo presidente e vira lei.

Asfalto na Floresta:

A história da BR-319 na Amazônia A BR-319 liga Porto Velho a Manaus e está sendo reasfaltada. Única ligação por terra entre Porto Velho e Manaus, a BR-319 é fruto do projeto de integração nacional pro-movido pelos governos militares nas décadas de 60 e 70. Baseando-se na construção de rodo-vias e em incentivos à migração, a intenção do governo era possibilitar a ocupação da Amazônia de forma a garantir o controle estratégico sobre a região. Neste contexto, a BR-319 foi aberta e construída entre 1968 e 1973. O as-faltamento da estrada foi concluído às pressas - chegaram a ser usadas coberturas de plástico para proteger o piso durante a época de chuvas, em que normalmente as obras são suspensas. A inauguração oficial aconteceu em 27 de março de 1976. Notícias da época ressaltaram o discurso do en-tão presidente Ernesto Geisel em que ele disse que a abertura da es-trada acontecia em caráter experi-mental. O "experimento" foi encerrado por volta de 1988, quando a empresa que ainda explorava a linha Porto Velho-Manaus decidiu suspender os servi-ços, por falta de condições da estra-da. Para diversas famílias que haviam trocado suas casas mais ao sul para tentar a vida nas imediações da es-trada, o abandono da BR-319 signifi-cou o início de dificuldades.

Planos de recuperação Com o passar dos anos, o trecho entre Manaus e Humaitá foi sendo retomado pela floresta e hoje, em diversos trechos, não é possível ver sequer vestígios do asfalto. Em 1996, o então presidente Fernan-do Henrique Cardoso incluiu a recu-peração da rodovia no seu plano es-tratégico Brasil em Ação, mas o pro-jeto nunca saiu do papel. Coube ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva separar R$ 697 milhões para reabrir a rodovia, um investimento anunciado em 2007 como parte dos R$ 500 bilhões do Programa de Ace-leração do Crescimento (PAC) até 2010. O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, é um dos principais de-fensores da reabertura da estrada, que ele advoga desde a sua primeira passagem pela pasta, em 2005. A rejeição do Ibama à concessão da licença, com diversas críticas ao es-tudo de impacto ambiental apresen-tado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit), criou mal estar entre Nascimento e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, em ju-lho. Política Na época, Minc disse que estava sob muita pressão pela aprovação da licença de recuperação da rodovia, mas que não cederia. O Ibama apre-sentou diversas exigências no seu parecer sobre o estudo de impacto ambiental encomendado pelo Dnit. Minc afirmou então que a rodovia não poderia se transformar na "estrada da destruição" de uma das áreas mais preservadas da Amazô-nia. A briga, entretanto, se limita a um trecho de cerca de 400 quilôme-tros. No total, a BR-319 cobre uma distância aproximada de 900 quilô-metros. As obras de asfaltamento já começa-ram nas duas pontas da estrada. Em 2008, o Exército começou a as-faltar 190 quilômetros próximos à cidade de Humaitá, e outros 215 qui-lômetros mais ao norte, levando a Manaus. Para liberar o trecho central, o mais deteriorado, o Ibama exige a demar-cação das unidades de conservação que foram criadas pelo governo no entorno da estrada, além de um sis-tema de monitoramento delas, e uma avaliação mais abrangente dos pos-síveis impactos da reabertura da BR-319.

A SEGUIR TRABALHO ESCRAVO E EPIDEMIAS

Dezembro 2009 Gazeta Valeparaibana Página 8

Amazônia - Trabalho escravo e epidemias

CARATER Do grego “charactér” de “charássein” que significa GRAVAR. Etimologicamente, caráter quer dizer “coisa gravada”. O Termo pode ter dois sentidos di-versos: 1º.) como conjunto de disposições psicológicas e comportamentos habituais de uma pessoa, isto é, a personalidade concreta. 2º.) relacionado à vontade e nesse caso conecta as idéias de energia, honestidade e coerência; é nessa acepção que falamos,em “homem de caráter”. Há inúmeras classificações de caráter, obedecendo aos mais diversos critérios. Citaremos a de Heymans e Wiersma, baseada nas três propriedades fundamentais do caráter: emotivi-dade, atividade repercussão das representações. Quanto á emotividade os indivíduos podem ser emotivos e não-emotivos; Quanto à atividade, distribuem-se em ativos e não-ativos; Quanto à repercussão das representações, distinguem-se os primários (influenciados pelo presente e a ele reagindo) e os secundários (com capacidade de reagir em vista do futuro e não somente em função da situação atual). O homem de vontade é, precisamente, aquele que sabe criar para si um caráter e que, por esse caráter, orienta sua própria conduta.

EDUCAÇÃO Do latim “educere”, que significa extrair, tirar, desenvolver. Consiste, essen-cialmente, na formação do homem de caráter. A Educação é um processo vital, para o qual concorrem forças naturais e espirituais, conjugadas pela ação consci-ente do educador e pela vontade livre do educando. Não pode, pois, ser confundida com o simples desenvolvimento ou crescimento dos indivíduos, nem com a sua mera adaptação ao meio. É atividade criadora, que visa a levar o ser humano a realizar as suas potenciali-dades físicas, intelectuais, criativas, morais e espirituais. Não se reduz, à prepara-ção para fins exclusivamente utilitários, como uma profissão, nem para desenvol-vimento de características parciais de personalidade, como um dom artístico, mas abrange o homem integral, em todos os aspectos de seu corpo e de sua alma, ou seja, em toda a extensão de sua vida sensível, espiritual, intelectual, moral, indivi-dual, doméstica e social, para elevá-la, regulá-la e aperfeiçoá-la. É um processo continuo, que começa nas origens do ser humano e se estende até sua morte.

O Trabalho escravo e epidemias na Amazônia

Desde meados do século XVII, em virtu-de do decréscimo da população indíge-na no Baixo Amazonas, conseqüência das epidemias de varíola e da escravi-zação, sobreveio uma enorme carência de braços para o trabalho nas fazendas e na coleta das "drogas do sertão". Os colonos e missionários de São Luís e Belém passaram então a incursionar pelo sertão do Rio Negro e Amazonas, capturando escravos índios e massa-crando os que resistiam: eram as "tropas de resgate" e as "guerras jus-tas". A Fortaleza de Barra de São José do Rio Negro (onde hoje se encontra a cidade de Manaus), construído em 1669, serviu de base para futuras entra-das em busca de escravos. Na primeira metade do século XVIII, depois de derrotarem os Manao e os Mayapena, que dominavam o Baixo e Médio Rio Negro e que haviam sido anteriormente seus colaboradores, os portugueses conseguiram alcançar a região do Alto Rio Negro e de seus principais afluentes, como o Uaupés, o Içana e o Xié, ainda muito povoados e praticamente não atingidos pelos bran-cos. Nesse período, os Carmelitas ins-talaram aldeamentos até o Alto Rio Ne-

gro, nas proximidades da atual cidade de São Gabriel da Cachoeira. O comér-cio de escravos ficou tão intenso nos

anos de 1740 que estima-se que até meados do século XVIII cerca de 20 mil índios foram apresados e descidos do Alto Rio Negro. Nas listas dos escravos retirados dessa região, já estão incluí-dos em grande número índios Tukano, Baniwa, Baré, Maku, Werekena e outros que vivem hoje em dia nesta mesma área, trazidos para trabalhar em Belém e São Luís. Em conseqüência do contato com os portugueses, uma epidemia de varíola devastou o Alto Rio Negro em 1740, matando grande número de índios, pois é muito provável que ela tenha se alastrado por certas partes da região sem contato direto com os "brancos", por meio de tecidos e roupas de algo-dão. Entre 1749 e 1763, epidemias re-correntes de varíola e sarampo conti-nuaram assolando a região, sendo que a de sarampo de 1749 foi tão terrível que passou a ser chamada "o sarampo grande". A revolta indígena mais famosa desse período foi a de 1757, liderada pelos principais de Lamalonga no Médio Rio Negro. Esta rebelião marca a revolta dos índios contra os missionários, pela ênfase dada à destruição das igrejas e

paramentos religiosos e o assassinato do padre carmelita. Na segunda metade do século XVIII, o governo português sob a direção do Marquês de Pombal retirou o "poder temporal" dos missionários. Eles per-deram o controle da administração das aldeias, que então passaram a ser diri-gidas por colonos, civis ou militares, que também ganharam o título de "diretores dos índios". Os missionários foram, todavia, autorizados a ficar nos povoados para prosseguir o trabalho de catequese e convencimento dos ín-dios das cabeceiras dos rios e dos iga-rapés a virem se instalar nessas aldei-as do Médio e Baixo Rio Negro. Ainda assim, ocorreu um sensível declínio do trabalho missionário. As aldeias mais prósperas foram elevadas à categoria de povoados ou de vilas, recebendo um nome português, muitas vezes o de um santo. A lei pombalina queria colo-car um fim à escravidão e promover a assimilação dos índios à sociedade colonial. O Marquês de Pombal queria dar aos índios os mesmos direitos dos euro-peus, mas logo entendeu que os colo-nos dependiam, para sobreviver, do trabalho indígena, tanto para a agricul-tura como para a extração das drogas de sertão. Instituiu um sistema de tra-balho segundo o qual uma parte dos homens de boa saúde trabalharia vá-rios meses por ano na construção de casas nas vilas coloniais, ao passo que os outros cuidariam das plantações. Mas esse sistema de regulação do tra-balho não foi respeitado e os índios continuaram sendo explorados pelos colonos. Centenas deles foram levados para as vilas coloniais durante esse período. Com base nas fortalezas construídas em 1763 (São Gabriel e São José de Marabitanas), exploradores militares portugueses fizeram exaustivas via-gens pelos afluentes superiores do Ne-gro, uma região estratégica, por estar situada na faixa de fronteira entre os impérios coloniais de Portugal e Espa-nha, sobretudo após a assinatura, em 1750, do Tratado de Madri. Para os povos indígenas, esse período significou o devassamento quase com-pleto de seu território pelos militares portugueses, e também o aumento da de população das aldeias em decorrên-cia dos "descimentos", uma forma de escravidão velada que levava os índios ao trabalho nas embarcações e na agri-cultura. Essa política teve alto custo para os portugueses, pois ocasionou muitas fugas e revoltas de índios aldea-dos, havendo sempre a necessidade de reposição de braços para a lavoura de anil e mandioca e para o trabalho de

coleta de cacau.

DENÚNCIA

Aquecimento global aumentará a fome no mundo, alerta ONU

O aquecimento global deve diminuir significativamente a oferta de alimen-tos em muitos países e aumentar o nú-mero de famintos no mundo, alertou a Organização das Naçoes Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) nesta quinta-feira. Segundo relatório da entidade, o prejuí-zo maior ficará por conta dos sistemas de distribuição de alimentos e toda in-fraestrutura envolvida. O maior impacto deve ocorrer na África Subsaariana. "Há fortes evidências de que o clima global está mudando e que os custos sociais e econômicos de desacelerar o aquecimento global e reagir a seus im-pactos será considerável," disse o tex-to do Comitê de Segurança Alimentar Mundial da FAO. Muitos cientistas temem que a eleva-ção das temperaturas, atribuídas ao efeito estufa provocado por certos po-luentes, derreterá as calotas polares, elevará o nível dos mares em quase um metro até o final do século e provocará inundações e secas. Além disso, o aquecimento global au-mentará a proporção das terras consi-deradas áridas ou semi-áridas nos paí-ses subdesenvolvidos. Na África, a área ocupada por essas terras inférteis pode crescer em até 90 milhões de hectares até 2008 -- o equi-valente a quase quatro vezes o tama-nho da Grã-Bretanha. Outros efeitos devastadores podem ser provocados pelos chamados "eventos climáticos extremos", como inundações e tempes-tades. O mundo sofreu 600 inundações nos últimos dois anos e meio, que mataram cerca de 19 mil pessoas e provocaram prejuízos de 25 bilhões de dólares -- isso sem contar o tsunami de dezem-bro na Ásia, que matou mais de 180 mil. Segundo a FAO, estudos demonstram que o aquecimento global pode levar a uma redução de 11 por cento nas terras irrigadas por chuvas em países pobres, o que provocaria uma quebra na produ-ção de cereais. A entidade afirmou que "65 países em desenvolvimento, representando mais da metade da população total dos paí-ses em desenvolvimento em 1995, vão perder cerca de 280 milhões de poten-cial produção de cereais como resulta-do das mudanças climáticas". As consequências agrícolas do fenô-meno devem elevar o contingente de pessoas sob insegurança alimentar, especialmente em países que já têm baixo crescimento econômico e eleva-dos índices de desnutrição.

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Amazônia - Ocupação ilegal

Gazeta Valeparaibana - O jornal educação + CIDADANIA

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AS ONGs da Amazônia O general brasileiro Maynard Marques

Santa Rosa, secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa,

advertiu nesta quarta-feira sobre os "interesses ocultos" que muitas das 100 mil ONGs que atuam no território amazônico têm. O militar explicou que este número foi calculado pelos servi-ços de inteligência do Exército onde

existem suspeitas de que muitos des-ses grupos se dedicam a atividades

ilegais.

"Essas organizações clamam pela de-fesa do meio ambiente e dos direitos indígenas, mas muitas têm interesses ocultos, como o tráfico de drogas, de armas e de pessoas, a lavagem de di-nheiro e até a espionagem", afirmou o general na Comissão de Relações Ex-teriores e Defesa da Câmara dos Depu-tados. Segundo Marques Santa Rosa, apesar de o Exército "se esforçar" para cum-prir sua obrigação de defender este vasto território, tem problemas para vigiar a Amazônia pela própria exten-são desse ecossistema e por suas ca-rências orçamentárias. O general con-siderou também que deveriam ser revi-sadas as leis que regulam a atuação das ONGs, pois, na sua opinião, no Brasil "não se põe nenhuma restrição" a estes grupos. Segundo o deputado Carlos Mendes Thame (PSDB/SP), "as informações (dadas pelo general) são gravíssimas e não podem ficar sem resposta". Carlito Mess (PT-SC) afirmou que a região a-mazônica "está cheia de piratas, pelo interesse dos laboratórios na biodiver-sidade da região, as igrejas infiltradas ou países, como o Japão, que patente-aram frutos da Amazônia".

NA AMAZÔNIA HÁ MAIS ONG

DO QUE ÍNDIOS Este blog, em vários artigos, já men-cionou os fortes indícios de que gover-nos e grandes grupos estrangeiros atuam no Brasil camuflados de inocen-tes Organizações Não Governamentais (ONG). Em muitas delas, é flagrante o objetivo de obstruir radicalmente o nosso de-senvolvimento econômico, em coinci-dência com o interesse das grandes potências. Por ação de ONG “ambientalistas”, intrigantes embargos na Justiça impe-dem, indefinidamente, projetos nacio-nais importantes, especialmente na Amazônia. Como um pequeno exemplo entre cen-tenas, já citamos em postagem de an-teontem que, por ação de ONG, a Justi-ça e o IBAMA impedem há muitos anos a construção pela Petrobrás dos oleo-dutos e gasodutos Urucu-Porto Velho, e Urucu-Manaus, os quais permitiriam gerar energia limpa (gás no lugar de diesel ou de lenha) e levar o progresso e melhor qualidade de vida para aque-las capitais amazônicas.

Na década de 90, especialmente, sob o governo do Presidente Fernando Hen-rique Cardoso, surgiram e passaram a atuar no Brasil muitas ONG e entida-des que se autodenominam de filantró-picas e “sem fins lucrativos”, funcio-nando quase que exclusivamente com recursos do Estado brasileiro. O Estado brasileiro se autocondenava a ser “mínimo” em prol delas. Até a coordenação de ações do tal “Estado-mínimo” era dita poder ser feita por empresas transnacionais e por ONG (a maioria com a matriz no exterior). Desde então, vários ministérios passa-ram a ter grande parte dos seus recur-sos geridos por ONG, sob gordos pa-gamentos. Anualmente, milhões de dólares recebidos do nosso Tesouro eram remetidos para engordar as con-tas das sedes delas em Washington ou Nova Iorque, sob o artifício de paga-mento pela administração daqueles “trabalhos” das ONG (denúncia da Carta Capital, em 28/07/2004). Isso continua até o presente. “Os instrumentos de controle do go-verno sobre os recursos públicos que as sustentam são débeis, díspares e confusos” (J. Falcão, FSP, 30/07/2004). Segundo o jornal “O Estado de São Paulo“ 55% das ONG no Brasil se man-têm com recursos públicos. Elas não são empresas nem governo, criaram uma área cinzenta ao obter contratos sem licitação com o poder público”. Hoje, 24/04, li no blog “Por um novo Brasil”, de Jussara Seixas, o artigo a seguir transcrito, publicado também pela Agência Estado. Nele consta, inclusive, a intrigante in-formação de que atuam na Amazônia cerca de 100.000 ONG, quantidade se-melhante ao de índios que vivem na região. Ah! Quanto a isso, algumas ONG con-testarão fortemente. Há vinte anos, a população indígena no Brasil todo já havia sido por elas aumentado de 120.000 para 220.000, numa penada. Hoje, as ONG já dizem que os índios no Brasil são 1.000.000 (um milhão). Mesmo que essas ONG estejam incen-tivando uma intensa atividade copulati-va nas aldeias, é difícil acreditar nesse espantoso crescimento.

DENUNCIA A AMAZÔNIA HOJE .... (Segue abaixo o relato de Mara Silvia Alexandre Costa, que passou recente-mente em um concurso público federal e foi trabalhar em Roraima. Trata-se de um Brasil que a gente não conhece) As duas semanas em Manaus foram interessantes para conhecer um Brasil um pouco diferente, mas chegando em Boa Vista (RR) não pude resistir a fazer um relato das coisas que tenho visto e escutado por aqui. Conversei com al-gumas pessoas nesses três dias, des-

de engenheiros até pessoas com um mínimo de instrução. Para começar o mais difícil de encontrar por aqui é ro-raimense, pra falar a verdade, acho que a proporção é de um roraimense para cada 10 pessoas é bem razoável, tem gaúcho, carioca, cearense, amazo-nense, piauiense, maranhense e por aí vai. Portanto falta uma identidade com a terra. Aqui não existem muitos meios de so-brevivência, ou a pessoa é funcionária pública, e aqui quase todo mundo é, pois em Boa Vista se concentram to-dos os órgãos federais e estaduais de Roraima, além da prefeitura é claro. Se não for funcionário público a pessoa trabalha no comércio local ou recebe ajuda de Programas do governo. Não existe indústria de qualquer tipo. Pou-co mais de 70% do Território roraimen-se é demarcado como reserva indíge-na, portanto restam apenas 30%, des-contando-se os rios e as terras impro-dutivas que são muitas, para se culti-var a terra ou para a localização das próprias cidades. Na única rodovia que existe em dire-ção ao Brasil que liga Boa Vista a Ma-naus, (cerca de 800 km ) existe um tre-cho de aproximadamente 200 km da reserva indígena Waimiri Atroari por onde você só passa entre 6:00 da ma-nhã e 6:00 da tarde, nas outras 12 ho-ras a rodovia é fechada pelos índios (com autorização da FUNAI e dos ame-ricanos) para que os mesmos não se-jam incomodados. Detalhe I: Você não passa se for bra-sileiro, o acesso é livre aos america-nos, europeus e japoneses. Desses 70% de território indígena, diria que em 90% dele ninguém entra sem uma grande burocracia e autorização da FUNAI. Detalhe II: Americanos entram na hora que quiserem, se você não tem uma autorização da FUNAI mas tem dos americanos então você pode en-trar.... A maioria dos índios fala a lín-gua nativa além do inglês ou francês, mas a maioria não sabe falar portu-guês. Dizem que é comum na entrada de algumas reservas encontrarem-se hasteadas bandeiras americanas ou inglesas. É comum se encontrar por aqui ameri-cano tipo nerds com cara de quem não quer nada, que veio caçar borboleta e joaninha e catalogá-las, mas no final das contas pasme, se você quiser montar um empresa para expo rtar plantas e frutas típicas como cupuaçu, açaí camu-camu etc., medicinais, ou componentes naturais para fabricação de remédios, pode se preparar para pagar 'royalties' para empresas japo-nesas e americanas que já patentea-ram a maioria dos produtos típicos da Amazônia. Por três vezes repeti a seguinte frase após ouvir tais relatos: É os america-nos vão acabar tomando a Amazônia - e em todas elas ouvi a mesma respos-ta em palavras diferentes.. Vou repro-duzir a resposta de uma senhora sim-ples que vendia suco e água na rodovi-a próximo de Mucajaí: Irão, não, minha filha, tu não sabe, mas tudo aqui já é

deles, eles comandam tudo, você não entra em lugar nenhum porque eles não deixam. Quando acabar essa guer-ra aí eles virão pra cá, e vão fazer o que fizeram no Iraque quando determi-naram uma faixa para os curdos onde iraquiano não entra, aqui vai ser a mesma coisa. A dona é bem informada não? O pior é que segundo a ONU o concei-to de nação é um conceito de sobera-nia e as áreas demarcadas têm o nome de nação indígena. O que pode levar os americanos a alegarem que estarão libertando os povos indígenas. Fiquei sabendo que os americanos já estão construindo uma grande base militar na Colômbia, bem próximo da fronteira com o Brasil numa parceria com o governo colombiano com o pseudo objetivos de combater o narco-tráfico.Por falar em narcotráfico, aqui é rota de distribuição, pois essa mãe chamada Brasil mantém suas frontei-ras abertas e aqui tem Estrada para as Guianas e Venezuela. Nenhuma bagagem de estrangeiro é fiscalizada,principalmente se for ameri-cano, europeu ou japonês, (isso pode causar um incidente diplomático). Di-zem que tem muito colombiano trafi-cante virando venezuelano , pois na Venezuela é muito fácil comprar a cida-dania venezuelana por cerca de 200 dólares. Pergunto inocentemente às pessoas; 'Porque os americanos querem tan-to proteger os índios?' A resposta é absolutamente a mesma; porque as terras indígenas além das riquezas animais e vegetais, da abun-dância de água são extremamente ri-cas em ouro (encontram-se pepitas que chegam a ser pesadas em quilos), diamante, pedras preciosas, minério e nas reservas norte de Roraima e Ama-zonas, ricas em PETRÓLEO. Parece que as pessoas contam essas coisas como que num grito de Socorro a alguém que é do sul, como se eu pu-desse dizer isso ao presidente ou a alguma autoridade do sul que vá fazer alguma coisa. É pessoal, saio daqui com a quase certeza de que em breve o Brasil irá diminuir de tamanho.. Um grande abraço a todos. Será que podemos fazer alguma coi-sa? Mara Silvia Alexandre Costa, Depto de Biologia Cel. Mol. Bioag. Patog.. FMRP - USP Opinião pessoal: Gostaria que vo-cê, especialmente que acaba de ler estas linhas, o repasse para o maior número possível de pessoas. Do meu ponto de vista seria interessante que o Mundo inteiro ficasse sabendo desta a ocupação ilegal, antes que isso venha a acontecer, através de qualquer artifí-cio ocupacionista. Afinal foi um momento de fraqueza dos Estados Unidos que os europeus lançaram o Euro, assim poderá se a-proveitar esta situação de fraqueza norte-americana (perdas na guerra do Iraque) para revelar isto ao mundo a fim de antecipar a próxima guerra.

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Carta de um chefe indígena ao Presidente do E.U.A

Carta do Chefe Seattle ao Presiden-te dos Estados Unidos da América

em: 1854 Cada pedaço desta terra é sagrado pa-ra meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiên-cia de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho. Os mortos do homem branco esque-cem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela ter-ra, pois ela é a mãe do homem verme-lho. Somos parte da terra e ela faz par-te de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem -todos pertencem à mesma família. Por isso, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reser-vará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós va-mos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós. Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e de-vem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de aconteci-mentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças.

Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão. Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A ter-ra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se inco-moda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A se-pultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coi-sas, que possam ser compradas, sa-queadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devora-rá a terra, deixando somente um deser-to. Eu não sei, nossos costumes são dife-rentes dos seus. A visão de suas cida-des fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda. Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de u-ma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um ho-mem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros. O ar é precioso para o homem verme-lho, pois todas as coisas compartilham

o mesmo sopro -o animal, a árvore, o homem compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem a-gonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nos-sa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês de-vem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açu-carado pelas flores dos prados. Portanto, vamos meditar sobre sua o-ferta de comprar nossa terra. Se deci-dirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os ani-mais desta terra como seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na pla-nície, abandonados pelo homem bran-co que os alvejou de um trem ao pas-sar. Eu sou um selvagem e não com-preendo como é que o fumegante ca-valo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somen-te para permanecer vivos. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem o homem morreria de uma grande solidão de es-pírito. Pois o que ocorre com os ani-mais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo. Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nos-sos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enrique-cida com as vidas de nosso povo. En-sinem as suas crianças o que ensina-mos as nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, a-contecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspin-do em si mesmos. Isto sabemos: a terra não pertence ao

homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão liga-das como o sangue que une uma famí-lia. Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá so-bre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simples-mente um de seus fios. Tudo o que fi-zer ao tecido, fará a si mesmo. Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do desti-no comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos – e o ho-mem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e Sua compai-xão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e feríla, é desprezar seu cria-dor. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios deje-tos. Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a es-ta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e so-bre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os ca-valos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa, impregnados pelo cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruí-da por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu.

É o final da vida

e o início da sobrevivência.

O Governo e as ONGs

“ONGs só atuarão na Amazônia com autorização expressa da Defesa”

"O Governo também vai criar um esta-tuto específico para regulamentar o trabalho dessas entidades em todo o País" "O Planalto vai fechar o cerco às orga-nizações não-governamentais (ONGs), na tentativa de coibir a biopirataria, a influência internacional sobre os índios e a venda de terras na floresta amazô-nica. A primeira ação de controle consta do projeto da nova Lei do Estrangeiro, que está na Casa Civil e será enviado ao Congresso até junho. Se a proposta for aprovada, estrangeiros, ONGs e institu-ições similares internacionais, mesmo com vínculos religiosos, precisarão de autorização expressa do Ministério da Defesa, além da licença do Ministério da Justiça, para atuar na Amazônia Le-gal. Sem esse procedimento, o “visitante” do exterior terá seu visto ou residência cancelados e será retirado do País. Preparado pela Secretaria Nacional de

Justiça, o projeto prevê multas que vão de R$ 5 mil a R$ 100 mil para os infra-tores. A ofensiva não pára aí: além dessa ini-ciativa, o governo alinhava estatuto específico para regulamentar a atuação das ONGs em todo o País. O alvo são organizações que atuam em terras indígenas, reservas ecológicas e faixas de fronteira. Trata-se de institui-ções que, apesar do endereço domésti-co, são patrocinadas por dólares, eu-ros, libras e outras moedas fortes. SOBERANIA “Grande parte dessas ONGs não está a serviço de suas finalidades estatutá-rias”, diz o ministro da Justiça, Tarso Genro. “Muitas delas escondem inte-resses relacionados à biopirataria e à tentativa de influência na cultura indí-gena, para apropriação velada de de-terminadas regiões, que podem amea-çar, sim, a soberania nacional.” O estatuto vai revisar o licenciamento de um grupo de ONGs que cuidam de questões ambientais, mas não apenas na Amazônia. Sua confecção está a cargo de um grupo de trabalho forma-do por integrantes do Ministério da Justiça, que há quatro meses estuda o

assunto ao lado de técnicos da Advo-cacia-Geral da União (AGU), da Agên-cia Brasileira de Inteligência (Abin) e da Controladoria-Geral da União (CGU). “Ninguém aqui quer espionar ONGs”, afirma o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior. “Mas também não queremos que organizações de facha-da, disfarçadas de ONGs, espionem o território brasileiro e prejudiquem nos-sa soberania. Não vamos aceitar testa-de-ferro de ação internacional.” Pelos cálculos dos militares, existem no Brasil 250 mil ONGs e, desse total, 100 mil atuam na Amazônia. Outras 29 mil engordam o caixa com recursos federais, que somente em 2007 atingi-ram a cifra de R$ 3 bilhões. O governo admite não ter controle de quem compra terras na região. Pior: como a floresta amazônica é uma exu-berante reserva de carbono, há estran-geiros de olho nesse tesouro, que, se-gundo estudo publicado na revista ci-entífica Environmental Research Let-ters, está na casa de 80 bilhões de to-neladas e corresponde a quase um ter-ço do estoque mundial. Na semana passada, ao escancarar o descontentamento com a demarcação

da reserva Raposa Serra do Sol, o ge-neral Augusto Heleno Ribeiro Pereira, comandante militar da Amazônia, fez um alerta: contou que ONGs interna-cionais estimulam índios a lutar pela divisão do território. Heleno definiu a política indigenista do governo de Luiz Inácio Lula da Silva como “lamentável, para não dizer caó-tica”, mas foi logo enquadrado pelo Planalto. Tuma Júnior disse que o governo faz um “mapeamento” da Amazônia para impedir, por exemplo, a venda de ter-ras da União, a bioprospecção e a a-propriação de conhecimentos indíge-nas por indústrias estrangeiras de cos-méticos. Nessa tarefa, o Ministério da Justiça tem entrado em contato com governa-dores, prefeitos e cartórios.“Não temos interesse em criminalizar as ONGs”, insistiu o secretário nacional de Justi-ça. “O que queremos é reconhecer as organizações sérias, separar o joio do trigo e dar mais condições de trabalho para aquelas instituições que agem dentro da lei.”

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Amazônia - Interesses e conflitos

AMAZONIA Interesses e Conflitos

A medicina moderna não seria a mes-ma sem o curare. Veneno de flechas usado pelos índios da Amazônia, para paralisar a caça ou matar seus inimigos, a tubocurarina, substância ativa do curare, e atual-mente seus derivados, fazem parte dos principais anestésicos em uso clínico produzidos pelas empresas farmacêu-ticas multinacionais. Exemplos como este não são isolados, inúmeras drogas em uso clínico no mundo são derivados de produtos na-turais da Amazônia .

A Europa não existiria como tal, se não fosse a Quina (Cinchona spp), u-sada para curar malária na Amazônia até hoje. A malária que grassava nos pântanos da Europa, fez mais vítimas que exércitos inteiros. As tropas de Napoleão foram capazes de estender seu império, graças ao Quinino, substância ativa da Quina, que protegia seus soldados das infec-ções e assim em vantagem competiti-va, podiam avançar em regiões em que seus inimigos não se sustentavam. A biodiversidade amazônica se conta em termos sempre superlativos em números de plantas, peixes, aves, ma-míferos, animais marinhos e insetos, sem contar os microorganismos que são milhões de espécies. Talvez apenas 1% desta mega-biodiversidade amazônica tenha sido estudada do ponto de vista químico ou farmacológico. Estudos químicos e farmacológico são a base para a pesquisa e desenvolvi-mento (P&D) de produtos farmacêuti-cos. No entanto da rica fauna e flora, que tem gerado tantos produtos para o mundo, nenhum medicamento foi pro-duzido até hoje, pelos cientistas brasi-leiros para a nossa sociedade. E a res-posta a esta acertiva, parece estar no divórcio existente entre o meio acadê-mico e as atividades produtivas. Diferentemente do 1o mundo onde a relação cientista-empresa é um fato que é respeitado, no Brasil é desco-nhecido, desconsiderado e pratica-mente impedido pela Universidade. Os cientistas brasileiros têm enorme competência, evidenciada na publica-ção (Barata et al) que fizemos com co-

legas de Unicamp e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP . Mi-lhares de trabalhos científicos em quí-mica, farmacologia, biologia, ecologia, cultivo e medicina foram publicados nos últimos 10 anos em revistas cientí-ficas respeitadas mundialmente sobre a biodiversidade brasileira, principal-mente a amazônica. Muitos foram produzidos pelos órgãos de pesquisas espalhados da região amazônica, como o Museu Paraense Emílio Goeldi, que tem mais de cem anos de história científica. Assim, não faltam pesquisa, faltam produtos a partir destas pesquisas. Muitas pesquisas foram feitas com o quebra-pedra (Phylantus niruri) a partir do conhecimento popular que o chá desta planta tem ação antiinflamatória e elimina cálculos renais. O Ministério da Saúde-CEME, apoiou pesquisas nos anos 80, que visavam fitoterápicos, no entanto, esta planta foi patenteada pelo Fax-Chase Center nos EUA. O mercado mundial dos fitoterápicos é estimado hoje em U$22 bilhões (cf. o Estado de São Paulo 10/11/00) sendo U$400 milhões no Brasil. Muitas empresas brasileiras estão en-trando neste disputado mercado que cresce 12%/ano, como a Natura e a Aché, maior empresa brasileira de me-dicamentos alopáticos. Mas das plan-tas da Amazônia, também se produ-zem fitofármacos , substância medica-mentosa extraída dos extratos de plan-tas (ex: o quinino extraído da quina). Dois exemplos recentes de ações que visam obter fitofármacos são os con-tratos que a Bioamazônia e a Extracta fizeram respectivamente com a Novar-tis e a Glaxo-Wellcome. O mercado farmacêutico é dinâmico, e mundialmente lança produtos que ven-dem U$ 345 bilhões/ano. É um merca-do extremamente importante mesmo no Brasil, onde chega a U$ 10 bilhões. Mas não é o único onde a Amazônia pode se inserir. O mercado de Cosmé-ticos pode chegar a U$ 140 bilhões de dólares/ano e o Brasil exporta menos que U$ 70 bilhões. As pesquisas começaram há mais de cem anos na Amazônia, no entanto hoje, existem apenas 500 cientistas na região. Isso é um número muito peque-no para estudar cerca de 33.0000 espé-cies conhecidas de plantas, talvez 10.000 medicinais que estão na Ama-zônia. Sozinho o estado de São Paulo produz 500 Cientistas por ano. Outro aspecto muito importante é o conhecimento da biodiversidade. O Brasil por ter sido uma nação produ-to da miscigenação de raças, trouxe o conhecimento das plantas medicinais do negro e dos portugueses para so-mar aos dos índios que aqui estavam. Mas não só de plantas, também de pei-xes, insetos e muitos outros organis-mos. Todo este conhecimento se transfor-mou em etno-produtos como o curare, abelhas que produzem mel, timbó para a pesca, plantas para o controle bioló-gico, como o mastruço (mastruz). Ainda tem frutas comestíveis, que na Amazônia foram descritas cerca de 300 de nomes (Cavalcante, 1988)tão

sonoros quanto desconhecidos: uxi, pupunha, mari, tucumã, ucuqui, cutite, bacuri e burity. Pode-se produzir nu-tracêuticos destas frutas. Do burity obtem-se carotenos que em mistura com licopeno pode prevenir ou curar cânceres na próstata. Também se pode obter aromas ou fla-vorizantes de frutas como o cupuaçu e o muricy. Apesar dessa riqueza, a exportação das matérias primas vegetais do Brasil é ridícula e a importação de plantas vegetais e extratos vegetais da Euro-pa, EUA e Ásia chega á U$ 210 milhões/ano. Então, apesar do conhecimento de nossa biodiversidade e apesar do co-nhecimento científico, nós não tive-mos capacidade de transformar este conhecimento em produtos, como a-contece na Europa, EUA e Ásia. De fato, o caminho do conhecimento até o mercado é bastante longo, com-plicado e exige absolutamente a pre-sença do setor produtivo. Essa talvez seja a razão pela qual não existam pro-dutos da nossa biodiversidade amazô-nica.

A universidade está completamente apartada da área empresarial.

Nos congressos científicos que tenho participado, só nos últimos 5 anos co-meçou a haver uma tímida presença de empresários. E o divórcio vem dos dois lados. Os empresários raramente procuram a universidade, talvez porque não acre-ditam nas soluções que vêm da nossa casa. E podem ter razão, a Unicamp acumula 3.000 descobertas nas suas prateleiras que não foram tomadas pelo setor pro-dutivo ou transformadas em produtos para a comunidade. E aí perdem todos, a universidade que investiu nas pesquisas e o empresaria-do que compra tecnologias, as vezes obsoletas no exterior. Talvez porque as tecnologias geradas estejam além da compreensão ou interesse dos em-presários, e talvez porque haja neces-sidade de que alguns cientistas se transformem em empresários, o que não é incompatível com a ciência e a geração do conhecimento. Ao contrário, um cientista bem infor-mado e vivido na tecnologia, certa-mente auxilia na capacitação dos seus alunos que um dia irão para o mercado de trabalho. Certamente na universidade, temos solução para muitas tecnologias bási-cas necessitadas por empresas. O controle de qualidade adequado de medicamentos fitoterápicos, pratica-mente não existe nas empresas brasi-leiras e muito menos nas da Amazônia, isto causa um sério problema de saú-de pública. No entanto, qualquer bom laboratório de química de produtos naturais, tem o conhecimento necessário para desen-volver um protocolo usando cromato-grafia para o controle de qualidade de fitomedicamentos. Isto ajudaria empre-sas da Amazônia a colocar seus pro-dutos no Sul e depois no mundo, mas não é o que acontece, apenas 8,3% da empresas da Amazônia exportam seus produtos naturais. A área cosmética na Amazônia sofreu

um grande impulso nos últimos anos, principalmente alavancados pela Su-frama, que percebendo a morte anun-ciada da zona franca de Manaus, deci-diu investir U$ 30 milhões em projetos que incluem a Bioamazônia, órgãos de pesquisa e empresariado local, visan-do colocar a Amazônia no centro da produção de matérias primas cosméti-cas no Brasil. A Amazônia já produz o óleo de andi-roba, castanha, cupuaçu e burity para a indústria cosmética. O óleo de andi-roba que vem das sementes de uma planta nativa, tem propriedades anti-inflamatórias e analgésicas e é usado pela população. Devido a este novo mercado, muitos tem cultivado esta árvore na região da Amazônia. Qualquer caboclo que se machuque numa boa briga ou a velha dama da society local que sofre de reumatismo, não dispensa o óleo de andiroba. Ou-tras empresas como a The Body Shop da Inglaterra, a Aveda dos EUA e a I-ves Rocher da França têm usado as mesmas matérias primas da Amazônia para seus produtos. A indústria de cosméticos é muito ávida em produ-tos. A cada ano precisa de inúmeros lançamentos, diferentemente da área farmacêutica. Mais é um mercado ex-tremamente interessante que vive da aparência e do marketing. E o nome Amazon, por si só já é uma marca, um chamariz e o marketing que poderia ser usado pelos amazonidas. No entanto, para produzir matérias pri-mas de qualidade, um óleo vegetal de-ve ser padronizado através de proces-samento para que suas propriedades fisico-químicas sejam constantes. Sem padronização é praticamente impossí-vel do produto chegar ao mercado. Outro produto da Amazônia é o açaí que é o fruto de uma palmeira. Dela nada se perde, aproveita-se o palmito, as folhas para cobertura de casas, a madeira para a construção de casas e portos, e os frutos para o vinho ou su-co, que é um energético rico em anto-cianinas, o mesmo corante encontrado no vinho. Usado na região há centenas de anos como alimento, só nos últi-mos 3 anos, chegou ao sul do país. Hoje, os jovens sarados não passam sem ele. E o açaí, virou um negócio de U$ 20 milhões/ano, o mesmo valor ob-tido com a venda da tradicional casta-nha-do-Pará. É um produto extrema-mente interessante, porque começou com o protesto dos ecologistas que tentavam impedir a derrubada das pal-meiras usadas para a indústria do pal-mito. O cultivo em ilhas em frente á Belém começou com algumas ONGs, e hoje dá emprego a uma população impor-tante, guardiã de cada pé de açaí exis-tente. O açaí também poderia servir como corante na indústria cosmética, onde 10% do mercado é para adquirir matérias primas, muitas de origem na-tural. O cultivo das palmeiras do açaí e das árvores de andiroba, se tornaram um símbolo da economia sustentável na Amazônia. Hoje os caboclos e ribeiri-nhos sabem que é importante preser-var a floresta, porque isto lhes traz re-cursos e o sustento de suas famílias. Prof. Dr. Lauro E. S. Barata Professor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas.

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Cinchona spp

Dezembro 2009 Gazeta Valeparaibana Página 12

A biodiversidade amazônica

Copiar, por vezes, pode se nos apresentar menos arriscado. Mas, as grandes vitórias vêm com a inovação.

ÁRVORES DA AMAZÔNIA

Em uma análise por satélite da Amazô-nia, foram identificados 104 sistemas de paisagens, o que revela uma alta diversidade e complexidade de ecos-sistemas. A biodiversidade torna-se cada vez mais valorizada como fonte potencial de informações genéticas, químicas, ecológicas, microbiológicas, etc. A diversidade de árvores na Amazônia varia entre 40 e 300 espécies diferentes por hectare. Das 250.000 espécies de plantas supe-riores da terra, 170.000 ( 68% ) vivem exclusivamente nos trópicos, sendo 90.000 na América do Sul. A Amazônia possui aproximadamente 3.650.000 km² de florestas contínuas. Florestas de Igapó: ocorrem em so-los que permanecem alagados durante cerca de seis meses, em áreas próxi-mas aos rios. As árvores podem atingir até 40 metros de altura e raramente perdem as folhas - geralmente largas para captar a maior quantidade possí-vel de luz solar. Nas águas aparecem as folhas da vitória-régia - que chegam a ter 4 metros de diâmetro. Ocorrem associadas aos rios de água branca. Florestas de Várzea: as árvores são de grande porte (até 40 metros de altu-ra) e apresentam características seme-lhantes ao igapó - embora a várzea a-presente maior número de espécies. Ocorrem associadas aos rios de água preta. Florestas de Terra Firme: apresen-tam grande porte, variando entre 30 e 60 metros; o dossel é contínuo e bas-tante fechado, tornando o interior da mata bastante úmido e escuro. Esta formação está presente nas terras altas da Amazônia e mescla-se com outros tipos de associações locais, como os campos e os cerrados amazônicos. Campinaranas ou Caatingas do Rio Negro: caracterizadas pela presença de árvores mais baixas, com troncos finos e espaçados. Situadas sobre arei-as brancas, lavadas e pobres do rio Negro.

A FLORA

A riqueza da flora Amazônica é tão grande que não nos atrevemos a

falar em números, no entanto, abai-xo descrevemos as espécies mais

conhecidas .

Abieiro Andiroba Anthodiscus obovatus Araçá-pera Aspidosperma spruceanum Bacurizeiro

Cariniana decandra Cariniana domestica Cariniana micrantha Cariniana multiflora Cariniana pachyantha Cariniana pauciramosa Cariniana uaupensis Castanha-do-Pará Cedro-cheiroso Cordia alliodora Cuiarana Freijó Guanandi Jatobá Mafumeira Mogno Myrciaria dubia Paratudo Psidium sartorianum Quinquina Rollinia mucosa Sapucaia Taniboca Tanibuca Tanimbuca Vitória-régia

Esta última, a Vitória Régia, é tida como o símbolo da Amazônia,

por sua beleza e opulência.

A FAUNA

A principal explicação para grande va-riedade na Amazônia é a teoria do refú-gio. Nos últimos 100.000 anos, o planeta sofreu vários períodos de glaciação, em que as florestas enfrentaram fases de seca ferozes. Desta forma as matas expandiram-se e depois reduziram-se. Nos períodos de seca prolongados, cada núcleo de floresta ficava isolada do outro. Os invertebrados constituem mais de 95% das espécies dos animais existen-tes e distribuem-se entre 20 a 30 filos. Na Amazônia, estes animais diversifi-caram-se de forma explosiva, sendo a copa de árvores das florestas tropicais e o centro da sua maior diversificação. A pesar de dominar a Floresta Amazô-nica em termos de números de espé-cies, números de indivíduos e biomas-sa animal e da sua importância para o bom funcionamento dos ecossistemas, por meio de sua atuação como polini-zadores, agentes de dispersão de se-mentes, "guarda-costas", de algumas plantas e agentes de controle biológico natural de pragas, e para o bem-estar humano, os invertebrados ainda não receberam prioridade na elaboração de projetos de conservação biológica e raramente são considerados como ele-mentos importantes da biodiversidade a ser preservada. Mais de 70% das espécies amazônicas ainda não possuem nomes científicos e, considerando o ritmo atual de traba-lhos de levantamento e taxonomia, tal situação permanecerá. Então os grupos animais dessas áreas isoladas passaram por processos de diferenciação genética, muitas vezes se transformando em espécies ou sub-espécies diferentes das originais e das que ficaram em outros refúgios. A riqueza da biodiversidade de animais cresce a cada dia com as novas desco-bertas, mas está ameaçada pela caça, pela degradação e devastação das flo-restas e de seus vários ecossistemas. Ainda há muitos animais e plantas ain-da não catalogados. Na Amazônia só se conhece 30% das espécies do reino animal. Um total de 163 registros de espécies de anfíbios foi encontrado para a Ama-zônia Brasileira.

Esta cifra equivale a aproximadamente 4% das 4.000 espécies que se pressu-põem existir no mundo e 27% das 600 estimadas para o Brasil. O número total de espécies de répteis no mundo é estimado em 6.000, sendo 465 espécies identificadas no Brasil. Das 550 espécies de répteis registra-dos na bacia Amazônica 62% são endê-micos. Existem, na Amazônia, 14 espé-cies de tartarugas de água doce e duas espécies de tartarugas terrestres, sen-do cinco endêmicas e uma ameaçada. Há ainda, três espécies de tartarugas marinhas que aninham em ilhas e prai-as ao longo da costa de estados da Amazônia, mas que não são considera-das como parte da fauna da região. Quanto aos lagartos, existem pelo me-nos 89 espécies na região, distribuídas em nove famílias, das quais entre 26 e 29% ocorrem também ocorrem fora desta região. A distribuição, a abundância das popu-lações de serpentes são bem menos conhecidos do que dos outros grupos de répteis na Amazônia, e os estudos existentes não permitem tecer reco-mendações seguras para a conserva-ção. As aves constituem um dos grupos mais bem estudados entre os vertebra-dos, com o número de espécies esti-mado em 9.700 no mundo, sendo que, deste total, 1.677 estão representadas no Brasil. Na Amazônia, há cerca de 1.000 raras, considerando as que ocorrem em ape-nas uma das três grandes divisões da região (do rio Negro ao Atlântico; do rio Madeira ou rio Tapajós até o Mara-nhão; e o restante ocidental, incluindo rio Negro e rio Madeira ou do rio Tapa-jós às fronteiras ocidentais do País). O número total de espécies de mamífe-ros existentes no mundo é estimada em 4.650, com 502 representantes no Brasil. Na Amazônia, são registradas anualmente 311 espécies, sendo 22 de marsupiais, 11 edentados, 124 morce-gos, 57 primatas, 16 carnívoros, dois cetáceos, cinco ungulados, um sirênio, 72 roedores e um lagomorfo. Esses números, entretanto, devem ser considerados apenas como aproxima-dos, pois certamente serão modifica-dos na medida em que revisões taxo-nômicas forem realizadas e novas á-reas sejam amostradas.

Alguns mamíferos da Amazônia

Onça A onça é, sem dúvida, o mais temido carnívoro da fauna brasileira. Devido ao seu grande porte (atinge até dois metros de comprimento consi-derando a cauda) e grande agilidade, a onça é uma exímia caçadora. Movimenta-se com astúcia na mata, de prefe-rência a noite, quando sai para caçar outros mamíferos como cotias, pacas e antas. Alimen-ta-se também de pássaros e não dispensa ma-cacos. Seu nome científico é Felix onça e, devido a pele vistosa, é um dos animais mais procura-dos pelos caçadores. As onças habitam ocos de troncos caídos, grutas e podem também subir em árvores para descansar sobre os galhos frondosos. Suas garras são retráteis e seus pas-sos são silenciosos. Há uma variedade da onça pintada, com alta pigmentação conhecida por onça preta ou 'tigre', mas ambas são da mesma espécie. Suçuarana Felino de porte um pouco menor que a onça pintada, a suçuarana habita desde a América do Norte até o sul da Argentina. Bastante caça-da, tornou-se animal raro. Tem comportamen-to noturno, quando sai a caça de pacas, veados e pássaros. Sobe com muita facilidade os tron-

cos de árvores, onde costuma também descan-sar. Seu nome científico é Felis concolor, mas po-pularmente chamam-na de onça parda ou pu-ma. Atinge até cerca de 1,20m de comprimen-to e acasala no início do ano, mais aproxima-damente no mês de fevereiro, quando é vista formando casais. Muito ágil, é uma das espé-cies mais bonitas da nossa fauna. Capivara A capivara é o maior roedor do mundo. Adora tomar um banho de rio, onde chega a ficar horas só com o focinho de fora d' água. Mamí-fero bastante dócil, pode alcançar até 1 m de comprimento. Cotia A cotia é um pequeno roedor, muito esperto e desconfiado que habita as florestas brasileiras. Bastante ligeiro, alimenta-se de sementes caí-das das árvores, raízes e frutos. Algumas ela esconde para comer mais a frente, enterrando-as no solo. Devido a este hábito acaba sendo responsável pelo plantio de muitas árvores, que se origi-nam das sementes que esquece de comer. Ani-mal irrequieto, sempre correndo de um lado para o outro e fuçando o chão, a cutia espalha muitas sementes, que assim se distribuem me-lhor antes de começarem a germinar. Roedor da família dasiproctídea, pertence ao gênero Dasyprocta, que tem sete espécies no Brasil. As cotias chegam a atingir entre quarenta e sessenta centímetros de comprimento. Vivem em matas altas e capoeiras, escondidas ao dia e saindo a noite para se alimentar. Anta As antas são animais fortes. Os pés traseiros têm três dedos e os dianteiros têm um adicio-nal, muito reduzido. As antas possuem uma tromba flexível, preênsil e coberta por pêlos sensíveis a cheiro e a umidade. Durante o acasalamento, os machos atraem as fêmeas com assobios estridentes. A cópula pode ocorrer tanto dentro quanto fora da água. O casal se separa após isso. Raramente nasce mais de um filhote; este possui uma coloração diferente dos adultos: são rajados de marrom e branco. Ele é amamentado até quando a mãe estiver lactando. Em um ano e meio já está crescido e com a aparência dos adultos. Durante o dia, a anta fica escondida na floresta. À noite, deixa o esconderijo para pastar. Suas pegadas, difíceis de serem confundidas, podem ser vistas logo ao amanhecer nas trilhas abertas na floresta, nas margens dos rios e até no fundo das lagoas. A anta toma banhos fre-qüentes de lama e de água para se livrar de parasitas como carrapatos, moscas, etc. Por isso é encontrada próxima a rios e florestas úmidas. Animais de hábitos solitários, são encontrados acompanhados apenas durante a época de acasalamento ou durante a amamen-tação. Os machos urinam regularmente nos mesmos locais, talvez para mostrar aos outros indiví-duos da mesma espécie sua presença no local. A anta possui glândulas faciais usadas para deixar rastro de cheiro. Entre os predadores da anta estão o homem, sucuris e a onça. Quando surpreendida ou ameaçada, ela mergu-lha na água ou se esconde entre arbustos fe-chados. É capaz de galopar, derrubando peque-nas árvores e arbustos, fazendo muito barulho, além de nadar e escalar terrenos íngremes mui-to bem. Entre as vocalizações emitidas pela anta, in-cluem-se o guincho estridente, usado para de-monstrar medo, dor e apaziguamento; o estali-do que pode ser usado para identificar indiví-duos da mesma espécie e o bufo que significa agressão. Ficha Comprimento Até 2,20 m (fêmeas); 2,00 m (macho) Altura Até 1,10 m Peso Até 250 kg Gestação De 335 a 439 dias Número de filho-tes 1 Hábito Alimentar Noturno e crepuscular

VEJA NAS PÁGINAS SEGUINTES

HIDROGRAFIA

SUMAUMA

Dezembro 2009 Gazeta Valeparaibana Página 13

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Hidrografia - Bacia Amazônica

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HIDROGRAFIA Os rios amazônicos diferem quan-to à qualidade de suas águas e sua geomorfologia. Os principais rios, baseando-se na coloração de suas águas são: •De água preta: Negro •De água clara: Tapajós •De água barrenta: Solimões e Amazonas Os rios de água preta apresentam esta coloração devido à presença de ácidos húmicos e fúlvicos resul-tantes da decomposição incomple-ta do húmus do solo. Já os rios de água clara têm suas cabeceiras nos escudos cristalinos pré-cambrianos. Drenam solos muito intemperiza-dos e suas águas não são tão áci-das; a carga de material em sus-pensão é pequena tornando suas águas claras. Os rios barrentos originam-se em regiões montanhosas (Cordilheira dos Andes) carregando elevadas quantidades de material em sus-pensão, garantindo uma coloração amarronzada.

Rios que fazem parte da hidrografia da Amazônia:

Rio Araguaia Com 2.627 km de extensão, o Araguaia nasce na divisa dos Estados do Mato Grosso e Tocantins e deságua na mar-gem esquerda do Tocantins. Na época da estiagem, aparecem inúmeras prai-as. O rio oferece também uma grande variedade de peixes. Principal afluente do Tocantins, o rio Araguaia nasce na serra do Caiapó, na divisa entre Goiás e Mato Grosso, nu-ma altitude aproximada de 850m. Corre quase paralelamente ao Tocantins e nele desemboca, após percorrer cerca de 2.115Km, na cota de 84m. Os 450Km compreendidos pelo Alto Araguaia apresentam um desnível de 570m. O médio Araguaia sofre um des-nível de 185m nos seus 1.505km de extensão. O baixo Araguaia, nos seus últimos 160Km, até o foz, tem um des-nível de 11m. A ilha do Bananal é um acidente im-portante no rio. Está situada, aproxi-madamente entre os Km 760 e 1156 e compreendida entre os dois braços do Araguaia, possuindo uma área de cer-ca de 20.000 Km2. O braço menor é chamado de rio Javaés.

Trechos Navegáveis e Dificuldades Naturais à Navegação:

Trecho confluência com Rio Tocan-tins a Conceição do Araguaia

Da confluência com o Tocantins até Xambioá (225,5Km), o rio Araguaia a-presenta uma profundidade mínima de 0,90m nos períodos de águas baixas (set/out). É um dos trechos com maio-res restrições de calado. Devido às in-

terferências entre os regimes hidroló-gicos do Tocantins e do Araguaia, as definições de níveis d'água ficam sujei-tas a imprecisões, ainda que pouco significativas face às aproximações para a definição das condições de na-vegabilidade. Os calados garantidos nos 84,5Km entre a confluência com o Tocantins a Araguatins para os diferentes períodos de navegação contínua durante o ano, levando-se em conta os aspectos refe-rentes à auto-dragagem. Tudo indica que o local mais crítico no subtrecho Tocantins-Xambioá é o Bai-xio do Surubim, entre os Km 31 e 35, onde pode haver a necessidade de desmembramento dos comboios. Os 80Km seguintes, de Araguatins até Vila de Santa Isabel, apesar dos aspectos hidromorfológicos semelhantes ao subtrecho da jusante, dispõem de me-lhores condições de navegabilidade. As influências mútuas dos dois rios já são menos sensíveis neste trecho, per-mitindo uma melhor definição da linha d'água. Considerando-se, ainda, os fenômenos de auto-dragagem. Não há restrições quanto ao cruzamen-to das embarcações, nem necessidade de desmembramento dos comboios. Seguindo 61Km para montante, até Xambioá, tem-se a região rochosa de-nominada Corredeiras de Santa Isabel, sendo a região mais acidentada, não apenas do trecho, como de toda a hi-drovia. Os pedrais aí existentes não impedem a navegação, porém, acabam por torná-la precária nas épocas de estiagem do ano. Com aproximadamente 14Km de ex-tensão e um desnível total da ordem de 13m, as Corredeiras de Santa Isabel constituem-se de uma série de canais e rápidos, que apresentam condições de escoamento muito diferentes nas estiagens, águas médias e altas. As dificuldades encontradas pela navegação comercial nestas corredei-ras, devem-se, sobretudo, às velocida-des das águas, pouca largura dos ca-nais, sinuosidade das rotas e correntes transversais, já que, de um modo geral, as profundidades são satisfatórias. As variações dos níveis de água, nos ca-nais da corredeira não acompanham as verificadas a montante e a jusante, de-vido às numerosas secções de contro-le existentes. Isto faz com que em está-gios diferentes de vazão, as condições favoráveis de navegabilidade mudem de um canal para outro. Apresentando condições de navega-ção críticas, porém, mais favoráveis que as de Santa Isabel, existem ainda neste subtrecho as corredeiras de San-ta Cruz (Km 185 a 186) e de São Miguel (Km 218,5 a 227), além do Travessão do Chiqueirão (Km 217) que oferece restrições às embarcações de maior boca. Considerando-se as passagens pe-las corredeiras que apresentam meno-res velocidades das águas, que nem tem sempre são os trechos de maiores profundidades, estima-se os calados garantidos, em condições naturais. A construção da barragem de Santa Isabel, com a incorporação de um sis-tema de eclusas, para vencer cerca de 60m do desnível a ser criado, irá propi-ciar o aumento da segurança da nave-gação entre o baixo e o médio Araguai-

a, e melhorando condições de navega-bilidade em qualquer época do ano. Entre Xambioá e Conceição do Ara-guaia tem-se um trecho com 278Km, onde as condições de navegabilidade, nos 152Km de Xambioá à localidade de Pau d'Arco (Km 405) são razoavelmen-te boas. Aparecem alguns travessões rochosos profundos e vários bancos de areia que, por efeito da auto-dragarem, oferecem passagens relati-vamente profundas. Nos 98Km seguin-tes, de Pau d'Arco a Conceição do Ara-guaia (Km 503,5), ocorrem travessões rochosos rasos que, em estiagem, res-tringem consideravelmente as profun-didades, deixando apenas passagens estreitas e sinuosas. Por este motivo, antes da formação do reservatório de Santa Isabel, deve-se proceder a algu-mas derrocagens e ao balizamento per-manente da rota de navegação, para plena utilização do trecho. Trecho Conceição do Araguaia a Baliza

O estirão compreendido entre Con-ceição do Araguaia e Baliza, com 1.254Km, deve ser também analisado em subtrechos. No geral, possui carac-terísticas típicas de rio de planície, ten-do um calha maior, por onde passam as cheias, e outra menor serpenteando dentro da primeira, por onde se esco-am as v azões de es t iagem. O subtrecho de Conceição do Ara-guaia e Araguacema, com cerca de 77Km de extensão, apresenta alguns travessões rochosos (portões), que necessitam de balizamento e propicia dificuldades. No subtrecho de Araguacema à Arua-nã, as condições de navegabilidade são bastante favoráveis. A declividade média é baixa (inferiores a 20cm/Km) e apresenta grandes larguras. Apesar do regime hidrológico ele se carateriza apor apresentar numerosas ilhas e bancos de areia, que emergem nas á-guas baixas, de tal forma que, nos perí-odos de estiagem, o leito se apresenta totalmente sinuoso em relação ao do leito principal. Por outro lado, o leito de cheia é bastante estável, pois as margens são, em geral, baixas e alaga-diças, não sofrendo processos acentu-ados de erosão. A profundidade da via no trecho de Conceição do Araguaia a Aruanã é es-timada em 2,30m em 9 meses do ano e 0,90m no período de estiagem. O rio Javaés, braço menor do rio A-raguaia com 556Km de extensão, cons-titui o limite oriental da ilha do Bana-nal. Acompanha as características morfológicas já citadas e, observa-se que, durante seis meses do ano (de janeiro a junho), o rio possui uma pro-fundidade mínima disponível de 1,0m. É preciso complementar os estudos na época de estiagem para definir as pro-fundidades disponíveis nos meses res-tantes. O Javaés pode se constituir numa via de grande importância para escoar a produção das extensas áreas agricultáveis existentes na região. O último subtrecho, de Aruanã à ba-liza, apresenta, nos seus 256Km, ca-racterísticas morfológicas semelhantes ao trecho de jusante, entretanto, as condições de navegabilidade são bem mais precárias. Considerações econô-micas indicam ser mais conveniente

utilizar Aruanã ponto terminal da via. Os levantamentos já realizados leva-ram a inferir que, durante 50% do tem-po o calado garantido é de 1,0m, entre-tanto, durante a estiagem, este valor decresce, dificultando o acesso de em-barcações de maior porte.

Rio Nhamundá O Nhamundá divide os estados do Pa-rá e Amazonas, tem um leito arenoso e águas claras. No curso superior possui várias cachoeiras e na confluência com o rio Paracatu atinge uma largura tão expressiva que forma um lago com 40 km de comprimento e 4 km de largu-ra.

Saímos dos dados técnicos para apre-sentar a visão de um cidadão apaixo-nado por seu rio e seu Estado. Suas margens são de uma formosura cheia de vigor, com capins batidos pe-la brisa soprante formatam desenhos em múltiplas cores e ao longo do cur-so das grandes cachoeiras, despontam rosas amarelas, cipós entrelaçados que suspendem troncos e galhos na perpendicular em ângulos diversos para o banho de sol dos tracajás, jaca-rés, e tantas outras espécies. Por entre redemoinhos saltitam pétalas incolores de pingos de águas cristali-nas, que abençoam as folhas próximas do grande espelho de água. Nas manhãs ensolaradas o excelso rio recebe os primeiros raios do Rei Sol e usando os funis os arremessa para suas profundezas que vão ao encontro de milhares de espécies, eternos resi-dentes e guardião do grande rio. Suas forças benéficas são imensurá-veis, ora nasce na virtuosa serra, de repente renasce em lugares distantes, sempre palmilhando e abrindo novas enseadas, fertilizando solos por todas as várzeas e barrancas de terras fir-mes. Suas veias pulsam sem parar re-nascendo novas fontes sob areias cris-talinas, pedra vermelha queimadas nas encostas da Serra do Copo. A caminhada é longa desde as encos-tas da serra ondulada, o líquido preci-so vem descendo por entre árvores, cipós, platôs de argilas, até formatar o Santuário das Amazonas, no Lago do Espelho da Lua, se reencontrando me-tros abaixo em suas mesmas margens. As lindas andorinhas e o aracuã levan-tam vôo para que o grande rio faça as-sepsia em seus ninhos para o próximo ciclo que se anuncia.

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Dezembro 2009 Gazeta Valeparaibana Página 14

Rios da Bacia Amazônica

Não existe País que se queira grande, sem que invista em uma boa educação, e saúde, para a suas crianças.

Analise da previsão do CPTEC/INPE - Cachoeira Paulista - SP para a PRIMAVERA de 2009 A Primavera deste ano de 2009, será mais chuvosa e mais quente devido á ação do El-Ninho. A Estação vai alternar frentes frias, com

períodos muito quentes, ocasionando o choque de temperaturas e com isso precipitações mais violentas e ventos fortes.

CONTINUAÇÃO A nós não foi dado os conhecimentos dos seus segredos, tão bem guarda-dos no coração que impulsiona as vei-as de suas águas, que sustentam tri-lhões de vidas. São de domínios de seu universo as faculdades latentes que pulsam sem parar a cada milésimo de segundo transformando e revitalizando toda uma cadeia de vidas. Ficamos restritos ao nosso mundo da vã imaginação, pois, suas mensagens são indecifráveis, deduções torna-se desencontradas, logística e silogística desaparecem, variantes e variáveis desencontram-se, o que ficam são me-ras interrogações sem respostas para tantas maravilhas. Intuitivamente as criancinhas sentem a energia quando de sua passagem e correm ao seu encontro para banha-rem-se e praticar saltos em carambola, enquanto a moça faceira mergulha ma-tando o tempo no aguardo do novo amor, a garça morena observa a dis-tância, é quando o portentoso Nha-mundá, manda o boto tucuxi e o cor-de-rosa, levarem a mensagem confi-dencial que as águas também têm o-lhos. De repente milhares de espécies na-dam em direção as fontes e submersos nos olhos de água e se preparam para assistir o maior espetáculo do príncipe das águas. É quando surgem no hori-zonte lágrimas em formato de um Ar-co-íris que vibra em energia cósmica devolvendo-lhes a visão por uma eter-nidade de segundos a todos aqueles seres. Esse é o único momento em que o grande Nhamundá, se curva aos pés da mãe de todas as mães para agrade-cer-lhe a dádiva, e copiosamente cho-ra, lágrimas são derramadas de pro-funda felicidade.

Rio Negro Tem águas muito escuras devido à de-composição da matéria orgânica vege-tal que cobre o solo das florestas e é carregada pelas inundações. Quando o Solimões encontra o Rio Negro, passa a chamar-se de Amazonas.

A cor escura das águas do rio Negro, que contrasta com a limpidez de seu principal afluente, o Branco, e com o barrento Solimões, deve-se principal-mente a sua transparência e à pequena quantidade de argilas em suspensão. A cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas, é banhada por este rio. O rio Negro é o principal afluente do

Amazonas. Banha três países da Amé-rica do Sul e percorre cerca de 1.700km. Com o nome de Guainía, nas-ce no leste da Colômbia, corre na dire-ção nordeste e depois sul, formando a fronteira entre Colômbia e Venezuela. Depois da junção com o Cassiquiare, recebe o nome de rio Negro. Entra no território brasileiro no estado do Ama-zonas e segue a direção geral sudeste, banhando, entre outras, as localidades de Içana, Barcelos, Carvoeiro e Airão. Próximo a Manaus, que se ergue em sua margem esquerda, forma um estu-ário de cerca de seis quilômetros de largura no encontro com o Solimões, daí em diante chamado Amazonas. Afluentes: O rio Negro recebe grande número de afluentes. Os principais, na margem esquerda, são Padauri, Deme-ni, Jaçari, Branco, Jauaperi e Camama-nau; na margem direita, Içana, Uaupés, Curicuriati, Caurés, Unini e Jaú. No território da Venezuela, um pequeno afluente da margem esquerda do rio Negro, o Siapa, comunica-se com o rio Orenoco pelo canal de Cassiquiare e liga as bacias hidrográficas do Amazo-nas e do Orenoco.

Encontro das águas

O rio é uma das grandes atrações tu-rísticas da cidade e um dos principais meios econômicos e de transporte pa-ra os seus habitantes. Nas proximida-des de Manaus, o rio Negro encontra-se com o rio Solimões, formando o Encontro das águas, onde as águas barrentas do Solimões não se mistu-ram com as águas do Rio Negro. De-pois da união dos dois rios, passam a receber o nome de "Rio Amazonas", em território brasileiro. O rio Negro Rio Negro apresenta um elevado grau de acidez, com pH 3,8 a 4,9 devido à grande quantidade de áci-dos orgânicos provenientes da decom-posição da vegetação. Por isso, a água apresenta uma coloração escura (parecida com a do chá preto). Em alguns pontos o reflexo das árvo-res na água é como a de um espelho. A visibilidade varia entre 1,50 e 2,50 me-tros. Devido a esse baixo pH, os inse-tos não se proliferam e quase não há mosquitos na região. É conhecido co-mo o "rio da fome". Velocidade: 2 a 3 km/h Temperatura: 25 a 26 ºC Densidade

Rio Solimões O rio fica bicolor quando há o encon-tro dos Rios Negro e Solimões; as á-guas com cores contrastantes percor-rem vários quilômetros sem se mistu-

rar. Começa no Peru e ao entrar no Brasil, no município de Tabatinga, recebe o nome de Solimões.

Tem como afluentes da margem direita o Rio Javari, Jutaí, Juruá e Purus na margem esquerda os rios Içá e Japurá e percorre as cidades de São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Içá, Tonantins, Jutaí, Fonte Boa, Tefé, Coari, Codajás, Anamã, Anori, Manaca-puru, totalizando aproximadamente 1.700 km até chegar a Manaus, onde ao encontrar o Rio Negro, recebe o nome de Rio Amazonas.

Ele é importante para o Norte porque é fonte de alimento, transporte, comér-cio, pesquisas científicas e lazer.

Rio Tapajós

As águas do Tapajós, devido às dife-renças de composição, densidade e temperatura, não se misturam com às do Rio Amazonas. Tem 1.992 km de extensão, nasce nas divisas dos Estados do Pará, Amazo-nas e Mato Grosso. Drenando uma área de 460.200km2, a bacia hidrográfica do Tapajós estende-se totalmente em território brasileiro, ocupando terrenos dos estados de Ma-to Grosso, Pará e Amazonas.

Entre seus formadores destaca-se o rio Arinos, devido à sua maior vazão d'água, apesar de o Juruena se consti-tuir no formador mais extenso. O Arinos tem suas nascentes no tabu-leiro de um contraforte da Serra Azul, em cotas aproximadas de 400m. Per-corre cerca de 760km até unir-se com o Juruena. Sua declividade é acentua-da nos primeiros 50km, amenizando-se nos 706km, até sua barra, para a média de 18cm/km. O Juruena nasce nas en-costas setentrionais da Serra dos Pa-recis em altitudes próximas a 700m. Recebe grande número de tributários até sua confluência com a Arinos, ten-do já percorrido cerca de 850km. En-tretanto, somente 425km a jusante, onde recebe pela margem direita o a-fluente Capitão Teles Pires, é que o rio assume a denominação de Tapajós. O Tapajós, propriamente dito, não a-presenta tributários de grande impor-tância, percorrendo uma extensão da ordem de 795km, até desaguar na mar-gem direita do Amazonas. Apresenta declividade média inferior às dos seus formadores, um leito acidentado até a Cachoeira de Maranhãozinho e grande número de ilhas deste ponto para ju-sante.

Os formadores do Tapajós, Arinos e Juruena, não podem ser considerados

navegáveis, devido ao grande número de obstáculos encontrados ao longo de seus cursos.

Os 321km do baixo Tapajós apresen-tam um declividade média de 9,6cm/km. Caracteriza-se o trecho pelo gran-de número de ilhas cobertas de vege-tação. Nos seus últimos 100km o rio forma um largo estuário, onde a dis-tância entre as margens chega a alcan-çar 18km, afunilando-se na foz, no rio Amazonas, desaguando através de um canal de apenas 1.124m de largura. A influência da maré, registrada na foz do Tapajós, provoca uma oscilação de 0,40m, aproximadamente.

Rio Tocantins Nasce no Estado de Tocantins, na ser-ra dos Pirineus e deságua no Oceano Atlântico, formando o estuário do rio Pará. O Rio Tocantins (Bico de Papagaio em dialeto Tupi) é um rio brasileiro que

nasce no estado de Goiás, passando logo após pelos estados do Tocantins, Maranhão e Pará, até chegar na foz do Rio Amazonas, aonde este desemboca as suas águas.

Após a união dos rios Maranhão e Pa-ranã entre os municípios de Paranã e São Salvador do Tocantins (ambos localizados no estado do Tocantins), o rio passa a ser chamado definitivamen-te de Rio Tocantins. Durante a época das cheias, seu trecho navegável é de aproximadamente 2000 km, entre as cidades de Belém - PA e Lajeado - TO.

O Rio Tocantins é o segundo maior rio totalmente brasileiro (perde apenas para o Rio São Francisco), e também pode ser chamado de Tocantins-Araguaia, após juntar-se ao Araguaia na região do "Bico do Papagaio", que fica localizada entre o Tocantins, o Ma-ranhão e o Pará. É no vale do médio e baixo Rio Tocantins que se encontrava a maior concentração de castanheiras da Amazônia.

Rio Trombetas

Nasce na fronteira do Brasil com a Gui-ana e tem 750 km de extensão. Quando se encontra com o Paraná de Sapucuá, ganha o nome de baixo Trombetas e chega a atingir 1.800 m de largura.

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Dezembro 2009 Gazeta Valeparaibana Página 15

////////////“A pessoa que não lê; mal fala, mal ouve, mal vê.“ (Malba Tahan)/////////////

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Hidrografia - Bacia Amazônica Seu leito divide-se em várias ilhas es-treitas e compridas. O Rio Trombetas é um rio brasileiro que banha o estado do Pará.

Seus afluentes nascem em território estrangeiro, quais sejam, o rio Cafuini, que nasce na Guiana, e o rio Anamu, que nasce na fronteira da Guiana com o Suriname.

Rio Xingu

Tem 1.980 km de extensão, mas é nave-gável em apenas 900 km.

Tem um curso sinuoso e várias cacho-eiras, algumas com mais de 50 metros de altura.

O Rio Xingu é um rio brasileiro que nasce no estado de Mato Grosso, que segue pelo estado do Pará e deságua próximo à foz do rio Amazonas.O rio tem aproximadamente 1870 km de ex-tensão.

Na região de sua cabeceira abriga o Parque Indígena do Xingu, o primeiro parque indígena do Brasil, sendo a principal fonte de água e alimentos pa-ra uma população de cerca de 4.500 índios que vivem no Parque.

Constantemente ameaçado pela expan-são da fronteira agrícola, com o conse-quente desmatamento na região de seus principais formadores, que se en-contram todos fora da área do Parque.

O rio Xingu é afluente do Amazonas, ficando à margem direita desse podero-so rio.

Rio Amazonas

Nasce no norte da Cordilheira dos An-des peruano; sua altitude na nascente é de 5,3 mil metros com aproximadamen-te 1.100 afluentes.

O volume de água do rio Amazonas é tão grande que sua foz, ao contrário dos outros rios,consegue empurrar a

água do mar por muitos quilômetros. O oceano atlântico só consegue rever-ter isso durante a lua nova quando, fi-nalmente, vence a resistência do rio. O choque entre as águas provoca on-das que podem alcançar até 5m de altu-ra, avançando rio adentro. Este choque das águas tem uma força tão grande que é capaz de derrubar ár-vores e modificar o leito do rio. É no Rio Amazonas que acontece um curio-so fenômeno da natureza, a pororoca. No dialeto indígena do baixo Amazo-nas, o fenômeno da pororoca tem o seu significado exato: Poroc-poroc significa destruidor. Embora a pororoca aconteça todos os dias, o período de maior intensidade no Brasil acontece entre janeiro e maio e não é um fenômeno exclusivo do Ama-zonas. Acontece nos estuários rasos de todos rios que desembocam no golfo amazô-nico e no rio Araguari, no litoral do Es-tado do Amapá. Verifica-se também nos rios Sena e Ganges.

.

A Bacia Amazônica é formada por to-dos os rios, córregos e demais tipos de mananciais que deságuam suas águas no rio Amazonas. Essa bacia abrange Estados brasileiros (Amazonas, Rorai-ma, Rondônia, Mato Grosso, Pará e A-mapá), além de países vizinhos (Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana e Bolívia).

Ocupando uma área de 5 846100 km2, a bacia em questão é a maior do mundo. Nela existe um grande número de rios, a maioria deles detentores de um gran-de volume de água. O rio que dá nome à bacia (Amazonas) tem sua nascente nos Andes, mais precisamente no Peru. Durante o percurso do rio, o mesmo é denominado de maneiras distintas. No Brasil, por exemplo, seu primeiro nome é Solimões, e passa a ser chamado de Amazonas quando converge com o Rio Negro.

Em razão dos rios serem caudalosos, a Bacia Amazônica é muito rica em volu-me de água, aspecto que resulta em um enorme potencial de produção de ener-gia elétrica (é a maior do país com essa característica). Outro potencial extre-mamente importante da bacia é a nave-gação. A Bacia Amazônica se encontra estabelecida na planície Amazônica,

portanto o relevo é plano, condição es-sa que permite que quase todos os rios que integram a bacia, inclusive o Ama-zonas, sejam navegáveis. O transporte hidroviário é muito importante para a população nortista. Há muito tempo, toda hidrografia da região Norte foi u-sada como via de acesso a essa porção do espaço brasileiro, até porque em muitos casos outra forma de transporte não seria viável. Tal fato não ocorreu somente no passado, pois atualmente os rios ainda são os principais meios de deslocamento e comunicação.

A área onde está contida a Bacia Ama-zônica compreende a parte do Brasil de menor população absoluta. Tal fator, juntamente com a grande incidência de chuvas, impede que se construa e con-serve as estradas, por isso a única al-ternativa que resta é a utilização dos rios, especialmente pelos ribeirinhos.

O rio Amazonas não serve somente co-mo recurso de transporte, mas também para a subsistência de muitas pessoas que vivem da pesca.

A Bacia Amazônica detém 20% da água doce Mundial, despejada nos Oceanos.

A ameaça da Fome no Mundo.

O Brasil detém um território tão grande e fértil que pode muito bem ser consi-derado o celeiro do Mundo, para as próximas décadas. Não somente possui terras férteis e vastas, como também a maior quanti-dade de água potável do Mundo. Com uma economia estável e confiável, o Brasil é sim sem medo de firmar o País em desenvolvimento, com maior possibilidade de produção de alimen-tos. Enquanto a Ásia e a África são ilhas de pobreza e sub-nutrição, no Brasil a fo-me está erradicada de seu território, excetuando algumas áreas isoladas e de difícil acesso que, mesmo assim são assistidas pelo Governo Federal.

O mundo precisa investir US$ 83 bi-lhões por ano na agricultura dos países em desenvolvimento para alimentar os 9,1 bilhões de habitantes projetados para 2050, disse na quinta-feira a Orga-nização das Nações Unidas para Agri-cultura e Alimentação (FAO).

A meta é elevar a produção agrícola em 70% nos próximos 41 anos, período em que a população mundial deve crescer em mais 2,3 bilhões. De acordo com a FAO, seria especialmente importante quase duplicar a produção agrícola nos países em desenvolvimento. O investimento primário em agricultura precisaria incluir cerca de US$ 20 bi-lhões por ano destinados à produção agrícola e 13 bilhões para a criação de animais, de acordo com um estudo di-vulgado pela FAO antes de um fórum nos dias 12 e 13 em Roma que irá dis-cutir como alimentar o mundo em 2050. Outros US$ 50 bilhões por ano teriam de ser investidos em serviços correla-tos, como armazenamento e processa-mento. A maior parte desses valores teria de sair da iniciativa privada - compras de sementes, maquinários e fertilizantes por agricultores, por exemplo. Mas tam-bém seriam necessários investimentos públicos em pesquisa e infraestrutura ¿ portos, estradas, armazéns e sistemas de irrigação, além de saúde e educa-ção. Dos US$ 83 bilhões anuais a serem in-vestidos, 29 bilhões deveriam se con-centrar nos dois países mais populo-sos do mundo, China e Índia, segundo a FAO. A África subsaariana precisaria de cer-ca de 11 bilhões de dólares por ano; a América Latina e o Caribe teriam de receber investimentos em torno de US$ 20 bilhões; o Oriente Médio e o norte da África precisam de US$ 10 bilhões por ano; o sul da Ásia, US$ 20 bilhões; e o leste asiático, US$ 24 bilhões por ano. Em países onde faltam verbas, investi-mentos externos diretos poderiam ser decisivos, diz o documento. Mas os chamados investimentos de "ocupação de terras" dos países ricos em países que são pobres ou têm problemas de segurança alimentar geram preocupa-ções políticas e econômicas, porque muitas vezes a produção resultante é exportada para os países investidores. A FAO disse que investimentos agríco-las devem ser feitos de modo a benefi-ciar as populações locais, aumentar a segurança alimentar e reduzir a pobre-za.

Caros amigos Esperamos ter alcançado vossas ex-pectativas e, caso tenham notado a fal-ta de algo relevante para o bioma Ama-zonas, favor entrarem em contato com a redação de nosso jornal, através de nosso site: www.gazetavaleparaibana.com NA EDIÇÃO DE JANEIRO: Iremos abordar o Bioma do Serrado. Caso tenham alguma sugestão fiquem á vontade. Desde já agradecemos.

Filipe de Sousa

DEZEMBRO - 2009 ÚLTIMA PÁGINA / Falando nisso - As perigosas ideologias...

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ANIVERSÁRIO DA QUEDA DO MURO DE BERLIM

O Botão da Liberdade brotará sempre. Faz 20 anos que o muro da vergonha, que separava a Alemanha Ocidental (BRD) da Alemanha Oriental (DDR), ca-iu. Depois de várias odisséias e tragé-dias com os cidadãos da DDR, a 9 de Novembro de 1989 o Comitê político do Regime Socialista da DDR, exausto, anunciou a abertura da fronteira. A tampa comunista, que tapava a caldei-ra do sistema, rebenta, iniciando-se ondas de reações em catadupa. A re-sistência que se tinha formado em tor-no das igrejas e apoiada pela BRD ven-ce finalmente sob o slogan “Alemanha Pátria Unida”. Na Alemanha Federal o objetivo da união tinha-se mantido de forma declarada nos partidos cristãos CDU E CSU. Um sistema de pobres para pobres não pode aguentar o desenvolvimento do cidadão. Finalmente este ganha: “Nós somos a Alemanha!” A partir da abertura da fronteira as de-monstrações escalam de tal maneira que, em pouco tempo, provocam a uni-ão das duas Alemanhas na Alemanha Federal Alemã. Mais precisamente: a Alemanha Ocidental absorve a Alema-nha oriental que se tinha tornado seu filho pródigo. A democracia social ven-ce o socialismo! A 18 de Março de 1990 dão-se as pri-meiras eleições livres na Alemanha socialista. Nelas vence o partido da CDU (União de Cristãos Democratas). A 1 de Julho dá-se a união monetária passando a haver apenas o Marco Ale-mão da Alemanha Ocidental. A 23 de Agosto de 1990 a Câmara Popular da Alemanha Oriental decidiu a adesão à Alemanha Federal. A 31 de Agosto é assinado o tratado da união entre os políticos dos dois Estados. A 1 de Ou-tubro os países aliados da NATO reco-nhecem a soberania alemã. As datas e os acontecimentos suce-dem-se como que em competição. Hel-mut Kohl, “o chanceler da unidade” esteve à altura da diplomacia necessá-ria para tão grande obra. Isto só de ale-mães! Estes, para tornarem a unidade efetiva criaram um imposto suplementar novo, o “imposto da solidariedade” que cor-responde a 5% dos impostos que cada cidadão paga e é transferido para in-vestimentos nas regiões correspon-dentes à Alemanha de Leste. Esta, ape-sar dos bilhões que continuamente se transferem, ainda não conseguiu atin-gir o nível econômico da antiga Alema-

nha Ocidental. O buraco socialista não só se faz sentir no buraco econômico como no buraco moral trazido. Isto a-pesar do sistema de jardins infantis, de escolas e de saúde da extinta DDR te-rem atingido alto nível no sistema soci-alista! A região atual correspondente à antiga Alemanha de Leste (DDR) ainda se encontra cerca de 20% em atraso em relação à do Ocidente (RFA). Uma sociedade de cidadãos alemães sofreu muito sob a imoralidade institu-cional dum Estado injusto. Na antiga DDR (Alemanha democrática), quando da divisão, foram extintos os tribunais administrativos, não precisando as de-cisões administrativas de ser funda-mentadas; a justiça fora politicamente instrumentalizada e partidizada como é boa prática socialista: o Poder tem sempre prioridade perante o Direito. Como é costume em ditaduras e tam-bém em democracias, as massas não pensam, subjugando-se normalmente ao Poder. Por isso se compreende que apenas se tenha manifestado resistên-cia pública a 17 de Junho de 1953 e finalmente em 1989. Parte do povo não sente os aguilhões do Estado, tal como nas sociedades democráticas. O cão que se mantém dentro da casota ou que dorme não sente a corrente que o prende! A Alemanha apesar de unida ainda não conseguiu superar o trauma da sua divisão. Atualmente, também em con-sequência do turbocapitalismo, a es-querda radical sente uma certa brisa a seu favor, o que se registrou especial-mente na parte da república correspon-dente à antiga DDR. Não é irrelevante o fato de alguns votantes de centro-direita usarem o voto socialista como chicote, numa tentativa de levar o boi do capitalismo ao rego da democracia social e cristã. Apesar da consciência vigente na Ale-manha de que o antigo sistema da DDR era um “Estado injusto” manifesta-se em alguns cidadãos uma espécie de nostalgia branqueadora do passado. Muitos contribuintes alemães da parte ocidental não conseguem engolir tal atitude, depois de terem desprendido tanto e continuarem a contribuir tanta para os alemães do outro lado! Entretanto, o que para uns é um Estado injusto pode para outros ser um Estado desejável. Não há uma opinião verda-deira e outra falsa! O direito de avaliar é livre. Na verdade não há critérios seguros de avaliação que possibilitem uma compa-ração da injustiça praticada num Esta-do de Direito com a injustiça praticada num Estado ditatorial, porque neste a injustiça não pode ser atenuada pela opinião púbica, visto neste não haver liberdade de imprensa. Por outro lado, nos Estado de Direito publicam-se to-dos os males existentes, o que pode levar os cidadãos das ditaduras a pen-sar que nos seus estados há menos violência. Na Alemanha socialista não eram publicadas as condenações à morte do sistema, os assassínios sexu-ais e muitos outras faltas menos exem-plares que o aparelho político censura-

va, o que poderá levar antigos cida-dãos desta a julgar a Alemanha Oci-dental injustamente por se fixarem ape-nas nos seus males, atendendo a uma informação demasiadamente fixada no negativo. Cada sistema tem os seus vícios mas o democrático é o menos injusto de todos, pelo que se pode con-firmar pela experiência e pelos valores defendidos. Não pode haver compara-ções aproximadas entre sistemas de caráter qualitativo tão diferentes. As injustiças, intimidações e os medos e a quantidade de pessoas espias ao servi-ço da DDR reduzem uma PIDE portu-guesa à insignificância! Todos os regi-mes são inclinados ao controlo exage-rado de seus cidadãos. Isto pressupõe um cidadão sempre atento e crítico! A Dignidade humana é um valor maior a defender por todo o Estado justo. Na república socialista o Estado está aci-ma do indivíduo sendo este apenas seu instrumento e não o seu fim. António da Cunha Duarte Justo Kassel - Alemanha

A HISTÓRIA DO MURO DE BERLIM

Na manhã bem cedo do dia 13 de a-gosto de 1961, a população de Berlim, próxima à linha que separava a cidade em duas partes, foi despertada por ba-rulhos estranhos, exagerados. Ao abri-rem suas janelas, depararam-se com um inusitado movimento nas ruas a sua frente. Vários Vopos, os milicianos da RDA (República Democrática da Ale-manha), a Alemanha comunista, com seus uniformes verde-ruço, acompa-nhados por patrulhas armadas, esten-diam de um poste a outro um intermi-nável arame farpado que alongou-se, nos meses seguintes, por 37 quilôme-tros adentro da zona residencial da ci-dade. Enquanto isso, atrás deles, traba-lhadores desembarcavam dos cami-nhões descarregando tijolos, blocos de concreto e sacos de cimento. Ao tempo em que algum deles feriam o duro solo com picaretas e britadeiras, outros co-meçavam a preparar a argamassa. As-sim, do nada, começou a brotar um muro, o pavoroso Mauer, como o cha-mavam os alemães. Berlim fora conquistada pelo Exército Vermelho em maio de 1945. De comum acordo, acertado pelo tratado de Yalta e confirmado pelo de Potsdam, entre 1944-45, não importando quem colo-casse a bota ou a lagarta do tanque por primeiro na capital do III Reich, com-prometia-se a dividi-la com os demais aliados. Desta maneira, apesar dos so-

viéticos tomarem antes a cidade, e também um expressivo território ao seu redor, tiveram que ceder o lado ocidental dela para os três outros membros da Grande Aliança, vitoriosa em 1945. Assim Berlim viu-se adminis-trada, a partir de 8 de maio de 1945, em quatro setores: o russo, majoritário, o americano, o inglês e o francês. Com o azedar da relação entre os vencedores, em 1948 as quatro zonas reduziram-se a duas: a soviética e a ocidental. Em seguida, Stalin decidiu-se por um blo-queio total contra a cidade em represá-lia ao Plano Marshall, que visava pro-mover o reerguimento econômico da Europa destroçada pela guerra. Todas as estradas de rodagem e de ferro que ligavam Berlim com a Alemanha Oci-dental foram então fechadas pelos so-viéticos, na tentativa de fazer com que os aliados ocidentais desistissem da sua parte na cidade. Ou saíam ou os berlinenses morreriam de fome e frio. Com a primeira linha de pedra se es-tendendo pela cidade, Krushev, então o chefe de Estado da URSS, mandava às

favas a imagem do socialismo no res-tante do mundo. O paredão viera para ficar. Era uma monstruosidade arquite-tônica que denunciava a estética kits-ch, cinzenta, burra e tosca, do comu-nismo soviético, ao tempo em que ex-punha a absoluta insensibilidade das suas autoridades maiores. Quando ele ficou pronto, seu cinturão externo, en-volvendo completamente a cidade, me-dia 155 quilômetros, enquanto que o interno atingiu a 43 quilômetros: 37 deles na área residencial. Medindo em média 3,6 m, instalaram nele 302 torres de observação e 20 bunkers, de onde os soldados atiravam em quem se ar-riscasse a trespassá-lo. Ao longo de quase trinta anos, os Vopos mataram 192 pessoas e feriam outras 200 que tentaram fugir através dele, além de deterem outras 3.200 suspeitas de que-rer evadirem-se.

A Alemanha foi dividida em 4 setores

Finalmente o Muro da Vergonha foi abaixo.