VAMOS REPENSAR BRINCADEIRAS E JOGOS? Texto · PDF fileTexto de apoio: Jogo, Brinquedo e Brincadeira ... quanto ao papel do jogo, acreditamos que suas idéias sejam fundamentais no

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  • CVDEE - Centro Virtual de Divulgao e Estudo do Espiritismo http://www.c vdee.org.br

    VAMOS REPENSAR BRINCADEIRAS E JOGOS?

    Estamos to acostumados c om o ver as c rianas brincarem, jogarem, se divertirem com isto, que sequer muitaimportnic a, s vezes, damos ao fato.

    No entanto, a brinc adeira, o jogo tambm so uma forma de verific armos c omo esto, c omo so nossas c rianas.

    Alm, c laro de podermos utilizar esses momentos de brinc adeiras e jogos para tambm repassarmos umaconceituao maior.

    Vamos ler e refletir sobre o assunto?

    Texto de apoio:

    Jogo, Brinquedo e Brincadeira - Uma Reviso Conceitual

    Janic e Vidal Bertoldo

    Maria Andrea de Moura Ruschel

    A pergunta feita pelo professor: "- Vamos brinc ar? " ou ainda: "- Vamos jogar?" pode surtir o mesmo efeito em seusalunos por se tratar, afinal, de duas palavras c om o mesmo signific ado, ou ele est propondo duas atividades, quepor serem distintas, podem dividir o grupo entre os que respondero: "eu prefiro brinc ar" e os que diro "eu prefirojogar"?

    Certamente encontraremos professores que utilizam as palavras jogo, brinquedo e brinc adeira c omo sinnimos.Outros, no entanto, marc am uma diferena entre elas que remonta sua prpria histria de vida.

    Podemos pensar, portanto, que h pelo menos dois aspec tos implic ados nessa questo. O primeiro diz respeito spalavras poderem assumir diferentes signific ados desde a nossa infnc ia, bem c omo ao longo da fase adulta. Ouseja, antes mesmo da formao profissional e c om ela possveis reflexes desde o ponto- de- vista de Piaget,Winnic ott e outros, tais c onceitos j estavam marc ados pelas vivnc ias de c ada um, desde o lugar de c rian as quenomeavam o seu brincar.

    O segundo aspec to refere- se aos diferentes signif ic ados que uma mesma palavra pode assumir ao longo dostempos. Se pegarmos um dic ionrio de 50 anos atrs c ertamente a ac ep o das palavras jogo, brinquedo ebrinc adeira estaro impregnadas de uma viso da poc a. Nos dias de hoje, observamos que h uma c lara diferen aentre jogo e brinquedo e entre brinc adeira e brinquedo. No entanto, tanto jogo e brinc adeira, podem ser sinnimosde divertimento. Vejamos c omo esses termos so definidos no dic ionrio Larousse:

    "Jogo = Ao de jogar; folguedo, brinc o, divertimento". Seguem-se alguns exemplos: "jogo de futebol; JogosOlmpic os; jogo de damas; jogos de azar; jogo de palavras; jogo de empurra".

    "Brinquedo = objeto destinado a divertir uma c riana".

    "Brincadeira = ao de brincar, divertimento. / Gracejo, zombaria. / Festinha entre amigos ou parentes. / Qualquerc oisa que se faz por imprudnc ia ou leviandade e que c usta mais do que se esperava: aquela brinc adeira c ustou-mecaro".

    A ambigidade entre os termos se c onsolida c om o uso que as pessoas fazem dela. A primeira e talvez mais forteimagem que vem mente a quase todos, quando se fala em jogo, c onsiste em duas pessoas sentadas jogando(xadrez, c artas, damas, etc .). Ou seja, dentro dessa idia no h movimento. No entanto, o jogo por si s, sec onstitui em ao e, assim, assoc iado ao

    movimento.

    c laro, porm que, alm das diferenas, esses c onceitos tambm possuem pontos em comum. Um deles o de quetanto o jogo quanto a brinc adeira so c ulturais. difc il encontrarmos exemplos de um jogo ou uma brinc adeira que

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  • sendo originrio de uma cultura, tenha sido assimilado por outra. No fosse assim, de tanto assistirmos filmes norte-americ anos e c onvivermos c om pessoas que viajam c onstantemente aos Estados Unidos trazendo "novidades" de l,ns j estaramos hoje jogando beisebol, e nossas c rian as estariam brinc ando de "doc es ou travessuras" na noitede Halloween.

    Reviso Conc eitual

    Frente a estes distintos paradigmas nos propomos a c ontribuir c om algumas reflexes sobre o assunto e,paralelamente, realizar uma reviso c onceitual quanto ao jogo, a brinc adeira e o brinquedo, na viso de Benjamin,Didonet, Froebel, Piaget, Vygotsky e Winnic ott.

    Benjamin

    Benjamin fez algumas reflexes importantes sobre o ldic o, c onsiderando o seu aspec to c ultural. Brinquedo ebrinc ar, para ele, esto assoc iados, e documentam como o adulto se c oloc a em rela o ao mundo da c riana.

    Os estudos de Benjamin mostraram c omo, desde as origens, o brinquedo sempre foi um objeto c riado pelo adultopara a c riana.

    Segundo Benjamin, ac reditava- se erroneamente que o c ontedo imaginrio do brinquedo que determinava asbrinc adeiras infantis, quando na verdade quem faz isso a c rian a. Por esta razo, quanto mais atraentes forem osbrinquedos, mais distantes estaro do seu valor c omo instrumentos do brinc ar.

    atravs do brinc ar que a c riana se encontra c om o mundo de c orpo e alma. Perc ebe c omo ele e dele rec ebeelementos importantes para a sua vida, desde os mais insignif ic antes hbitos, at fatores determinantes da c ulturade seu tempo.

    Tambm atravs do brinc ar que a c riana v e c onstri o mundo, expressa aquilo que tem dific uldade de c oloc arem palavras. Sua esc olha motivada por proc essos e desejos ntimos, pelos seus problemas e ansiedades. brinc ando que a c rian a aprende que, quando se perde no jogo, o mundo no se ac aba.

    Didonet

    Didonet afirma que todas as c ulturas, desde as mais remotas eras, produziram e utilizaram brinquedos. A boneca e abola so dos mais antigos que se tem notc ia e mais difundidos em todas as c ulturas. Em tmulos egpc ios de 4 a 5mil anos atrs foram encontradas bonecas. Nas c iviliza es andinas, as c rian as eram enterradas c om elas.

    O interesse pelo estudo do brinquedo tambm muito antigo. E isso talvez dec orra do fato de que o brinquedo e ojogo faam parte to intrnseca da vida infantil e juvenil. Entender seu signific ado um caminho muito til, senomesmo nec essrio, para c onhec er a prpria c rian a e seu proc esso de

    desenvolvimento. O brinquedo foi objeto de c onsidera o de filsofos, psic logos, psic analistas, telogos,antroplogos, mdic os, terapeutas, educ adores e pais, portanto, nos mais diversos c ampos das c inc ias e dasprtic as soc iais.

    O brinc ar algo to espontneo, to natural, to prprio da c rian a, que no haveria c omo entender sua vida sembrinquedo. prec iso ressaltar, no entanto, que no apenas uma atividade natural. , sobretudo, uma atividadesoc ial e c ultural. Desde o c omeo, o brinquedo uma forma de relac ionar- se, de estar c om, de encontrar o mundofsic o e soc ial. Para Vital Didonet:

    " uma verdade que o brinquedo apenas o suporte do jogo, do brinc ar, e que possvel brinc ar c om a imaginao.Mas verdade, tambm, que sem brinquedo muito mais difc il realizar a atividade ldic a, porque ele que permitesimular situaes (...) Se c rian a gosta de brinc ar, gosta tambm de brinquedo. Porque as duas c oisas estointrinsec amente ligadas".

    Didonet salienta que nec essrio passar as informaes e c onhec imentos sobre a importnc ia do brinquedo para ac riana e o signific ado para o seu desenvolvimento afetivo, soc ial, c ognitivo e fsic o.

    Froebel, [in Kishimoto, 98]

    Entendendo que Froebel uma figura signific ativa no c ontexto educativo, porque traz uma importante c ontribui oquanto ao papel do jogo, ac reditamos que suas idias sejam fundamentais no sentido de c ontront- las c om asdemais. No entanto, em virtude da dific uldade de encontrar material a seu respeito, c onsideramos adequado oreferenc ial de Kishimoto, j que a mesma

    faz uma relevante abordagem sobre Froebel.

    "Embora no tenha sido o primeiro a analisar o valor educativo do jogo, Froebel foi o primeiro a c oloc - lo c omo parteessenc ial do trabalho pedaggic o, ao c riar o jardim de infnc ia c om uso dos jogos e brinquedos.

    A partir de sua filosofia educ ac ional baseada no uso dos jogos infantis, Froebel delineia a metodologia dos dons eocupaes, dos brinquedos e jogos, proponto:1 dons, materiais c omo bola, c ubo, varetas, anis etc ., que permitem

  • a realiza o de atividades denominadas oc upa es, sob a orienta o da jardineira, e 2 brinquedos e jogos,atividades simblic as, livres, ac ompanhadas de msic as e movimentos c orporais, destinadas a liberar a c riana paraa expresso das rela es que estabelec e sobre objetos e situa es do seu c otidiano. Os brinquedos so atividadesimitativas livres, e os jogos, atividades livres c om o emprego dos dons".

    "Brinc ar a fase mais importante da infnc ia - do desenvolvimento humano neste perodo - por ser a auto- ativarepresenta o do interno - a representa o de nec essidades e impulsos internos. (Froebel, 1912c , pp. 54- 55)

    ... A brinc adeira a atividade espiritual mais pura do homem neste estgio e, ao mesmo tempo, tpic a da vidahumana enquanto um todo - da vida natural interna no homem e de todas as c oisas. Ela d alegria, liberdade,c ontentamento, descanso externo e interno, paz c om o mundo... A c riana que brinc a sempre, c om determinaoauto- ativa, perseverando, esquec endo sua fadiga fsic a, pode c ertamente tornar- se um homem determinado, c apazde auto- sac rifc io para a promoo do seu bem e de outros... Como sempre indic amos, o brinc ar em qualquer tempono trivial, altamente srio e de profunda signific ao. (Froebel, 1912c , p. 55)

    Embora justif ic ando- a por uma teoria metafsic a e valendo- se do pressuposto romntic o que a c oncebe c omoatividade inata da c riana, Froebel postula a brinc adeira c omo ao metafric a, livre e espontnea da c riana.Aponta, no brinc ar, c arac terstic as c omo atividade representativa, prazer,

    autodetermina o, valoriza o do proc esso de brinc ar, seriedade do brinc ar, expresso de nec essidades etendnc ias internas aproximando- se de autores c onhec idos c omo Henriot (1893, 1989), Brougre (1995), Vygotsky(1987, 1988, 1982), Piaget (1977, 1978) e tantos outros. Para Froebel, a brinc adeira importante para odesenvolvimento da