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Panorama Rural Novembro 2009 1 A cana-de-açúcar não é brasileira, mas sua união com este País é tão perfeita que somos campeões mundiais em produção e em tecnologia sucroenergética www.panrural.com.br Ano XI · Nº 129 · Novembro/2009 · R$ 9,90 É DO BRASIL ! Especial implementos agrícolas - Coadjuvantes de luxo Automóveis rurais para todos os gostos Vampyrum spectrum - Pega, mata e come Novilho Precoce mais perto da mesa do brasileiro

Vampyrum spectrum - Pega, mata e come Novilho Precoce mais ... · o palco para a costura de um acordo global agressivo de redução das emissões de gases ... ENTREVISTA A bruxa continua

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Panorama Rural Novembro 2009 1

A cana-de-açúcar não é brasileira, mas sua união com este País é tão perfeita que somos campeões mundiais em produção e em tecnologia sucroenergética

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É DOBRASIL!

Especial implementos agrícolas - Coadjuvantes de luxo

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Automóveis rurais para todos os gostos

Vampyrum spectrum - Pega, mata e come

Novilho Precoce mais perto da mesa do brasileiro

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Diretores: Plínio César e Marco Baldan

Gerente de Comunicação: Fábio Soares Rodrigues

Gerente Administrativo: Paulo Cézar

Consultor Técnico: Neriberto Simões

Publicação mensal da

PC&Baldan / Abimaq / Agrishow

www.panrural.com.br

Filiada a:

Editora Chefe: Luciana Paiva

Editor Gráfi co: Thiago Gallo

Arte/Web: Anselmo Germano

Caio Ingegneri

João Domingos

Outras publicações da PC & Baldan:

Guia Oficial de Compras do Setor Sucroalcooleiro

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Vanessa Cassimiro: [email protected]

Contatos com a Redação:

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Impressão: Gráfica São Francisco

Distribuição em bancas para todo o Brasil:

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PC & Baldan Consultoria e Marketing

Av. Independência, 3.262

CEP 14.025-230 - Ribeirão Preto - SP

(16) 3913.2555

www.pcebaldan.net

Para assinar, esclarecer dúvidas sobre sua

assinatura ou adquirir números atrasados:

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das 9 às 12 hs e das 13:30 às 18 hs.

É permitida a reprodução total ou parcial

dos textos, desde que citada a fonte.

Em 2 de outubro, o presidente Lula, vários ministros, celebridades como o escritor Paulo Coelho e até o “rei” Pelé estavam presentes em Copenhague, na Dinamar-ca, para fazerem lobby a favor da candidatura da cidade do Rio de Janeiro para

sediar as Olimpíadas de 2016. Esse esforço concentrado em prol da candidatura do Rio recebeu apoio irrestrito do Governo Federal e os organizadores desenvolveram um forte projeto de marketing para influenciar os formadores de opinião.

Em dezembro, Copenhague será sede novamente de outro grande evento mundial, representantes de 192 países se reunirão para decidir o que farão em relação às mudan-ças climáticas, é o maior evento global desde a assinatura do Protocolo de Kyoto, em 1997. O objetivo é que o encontro coordenado pela Organização das Nações Unidas seja o palco para a costura de um acordo global agressivo de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa.

O cenário é de urgência, um recente estudo feito pelo Global Humanitariam Forum revela que mais de 325 milhões de pessoas já têm sua rotina afetada pelas mudanças climáticas, a um custo econômico de 125 bilhões de dólares por ano. O Brasil surge como uma das potencias no novo cenário, temos a matriz energética mais limpa do mundo, cerca de 85% baseada em fontes renováveis, além de a maior floresta do mundo.

O campo e a agricultura são responsáveis, em grande parte, por esse diferencial brasileiro. O nosso etanol de cana-de-açúcar é hoje a opção mais barata e eficiente aos combustíveis fósseis. E o mercado para o nosso etanol poderá ser dourado. Só nos Esta-dos Unidos, onde o governo determinou que 15% dos combustíveis de origem fóssil sejam substituídos por produtos de origem renovável, a demanda por etanol poderá chegar a 136 bilhões de litros em 2022. Na Europa, a meta é que, até 2020, 10% de todo o com-bustível usado nos transportes rodoferroviários venham de fontes renováveis, a estimativa é que serão necessários 60 bilhões de litros de etanol por ano.

O Brasil ainda se destaca pelo emprego da biomassa na produção de energia elé-trica, em que o mais utilizado é o bagaço da cana, mas a ele podem se somar as folhas e pontas, além de cavacos de madeira, palha de arroz e muitos outros. Essa energia da biomassa também pode ser exportada para outros países em forma de pellets. A Europa os tem adotado em substituição ao carvão mineral e gás natural. Naquele continente, em oito anos, o consumo de pellets saltou de 1,6 milhão de toneladas para 6,8 milhões e já movimenta 2,2 bilhões de dólares. Especialistas afirmam que a demanda global por pellets pode chegar a 20 milhões de toneladas em 2020 e o Brasil tem potencial para conquistar até 25% deste mercado. Em Pernambuco, está em desenvolvimento um pro-jeto de uma microdestilaria de álcool, e um dos objetivos é produzir pellets de bagaço de cana para exportação.

Outro ponto favorável ao Brasil será a criação de uma política de precificação das florestas por meio de créditos de carbono, países desenvolvidos pagarão para que as árvores continuem em pé. Estudos apontam que esse mercado poderia render às florestas mundiais até 20 bilhões de dólares anualmente, e o Brasil, por ter a maior delas, recebe-ria boa parte dessa verba.

Dependendo da política ambiental adotada pelos líderes mundiais neste encontro de Copenhague, o Brasil poderá ser o grande beneficiado, mas para isso, um lobby bem feito ajudaria muito. No entanto, até o final de outubro, o presidente Lula nem sabia se iria prestigiar esse evento que, simplesmente, tenta salvar o mundo.

Luciana PaivaEditora

As olimpíadas das mudanças climáticas

Não é só o urso polar que vai se dar bem com menos gases poluentes

PR

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4 Panorama Rural Novembro 2009

CAPA

É DO BRASILA cana-de-açúcar não é brasileira, mas sua união com este País é tão perfeita que somos campeões mundiais em 26

produção e em tecnologia sucroenergética

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LEIA TAMBÉM

ENTREVISTA A bruxa continua solta nas plantações de cacauESTRATÉGIA Fatos, dados e os rumos da economiaAGROINFORMÁTICA A tecnologia da informação a serviço do produtorCURIOSIDADES Vampyrum spectrum - Pega, mata e comeLUIZ AUBERT NETO A vitória do bom sensoSONHO DE CONSUMO Automóveis rurais para todos os gostosDIVERSIFICAÇÃO O marolo como fonte de rendaESPECIAL - IMPLEMENTOS Coadjuvantes de luxoNEGÓCIOS Novilho Precoce mais perto da mesa do brasileiroMARKETING RURAL Novidades, tendências e destaquesAGENDA Feiras, exposições, eventos e leilões

69

122024485662747882

BEIRA D’ÁGuADe volta a ilha malditaPágina 14

AMBIENTALDe bem com a natureza e com o bolso

Página 18

CLIMAEm busca da adaptaçãoPágina 40

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6 Panorama Rural Novembro 2009

Ricardo Barbosa

O Brasil é o 5º maior produ-tor de chocolate do mundo, mas a produção nacional

de chocolate tem enfrentado dias amargos. É que sua matéria-prima, o cacau, sofre fortemente a ação de pragas e doenças. Em meados de 1992, o Brasil, cuja produção de cacau se concentra principalmente no Estado da Bahia, foi abatido por uma infestação de uma praga que persiste até hoje: a vassoura-de-bruxa, causada pelo fungo Moni-liophtera perniciosa, doença desco-berta em 1985, que deixa os ramos dos cacaueiros secos, o que faz pa-recer com uma vassoura velha, por isso o nome.

Em 1969, o cacau da Bahia respondia por 80% das exportações do Estado, hoje, depois de 40 anos, o setor representa apenas 3%. A vassoura-de-bruxa vem destruindo plantações e arruinando produto-res. Muitos já desistiram da cul-

uma infestação de uma praga que persiste até hoje: a vassoura-de-bruxa, causada pelo fungo Moni-liophtera perniciosa, doença desco-berta em 1985, que deixa os ramos dos cacaueiros secos, o que faz pa-recer com uma vassoura velha, por

Em 1969, o cacau da Bahia respondia por 80% das exportações do Estado, hoje, depois de 40 anos, o setor representa apenas 3%. A vassoura-de-bruxa vem destruindo plantações e arruinando produto-res. Muitos já desistiram da cul-

tura, quem ainda persiste enfrenta dificuldades. O governo federal se mostrou solidário a esta questão, mas não pode fazer muita coisa. Para o secretário da Agricultura do Estado da Bahia, Roberto Muniz, a recuperação da lavoura cacaueira é questão prioritária para o governo, mas o desafio ainda é grande.

Já houve a tentativa de clona-gem do fruto, mas o experimento

não obteve sucesso contra a do-ença. Recentemente, a Embrapa mapeou o genoma do cacau para tentar descobrir uma solução para este problema. No entanto, regras simples como o bom manejo da cultura, pode amenizar esse caos, como explica o secretário executivo da Associação Brasileira das In-dústrias Processadoras de Cacau, Walter Tegani. Em entrevista à

ENTREVISTA

Walter Tegani

A bruxa continua solta nas plantações de cacau

6 Panorama Rural Novembro 2009

O Secretário executivo da Associação Brasileira das

Indústrias Processadoras de Cacau, diz que doenças reduzem

a oferta de cacau e a indústria brasileira se mostra insatisfeita

por ter de importar o produto

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ENTREVISTA

Panorama Rural Novembro 2009 7

Panorama Rural, Tegani explica a atual situação dos produtores e da indústria brasileira de cacau e tra-ça um perfil sobre esse mercado tão esquecido no Brasil.

PanRural - O que está acon-tecendo com o mercado brasilei-ro de cacau?

Tegani - O que eu percebi em diversas reuniões que ocorre-ram neste ano em Salvador, é que a vassoura-de-bruxa reduziu forte-mente a oferta de cacau, provocan-do perda significativa para o setor. A praga invadiu a Bahia e, ainda, não se achou uma solução para este problema. Para agravar ainda mais a situação, as dívidas dos produto-res rurais foram se acumulando ao longo do tempo, acarretando efei-tos irreparáveis.

PanRural - Já existem ini-ciativas para tentar resolver este problema?

Tegani - Há uma predispo-sição por parte do governo Fede-ral e Estadual para tentar conter o avanço dessas dívidas, como foi dito na reunião na Câmara Seto-rial de Salvador, mas isso não sig-nifica que esse problema irá ser eliminado, ou até mesmo diminu-ído. Essa ajuda dará um fôlego a mais para os agricultores para se dedicarem à produção e ao com-bate às doenças do cacau. Além de eliminar esses problemas da vida do produtor, precisamos dar uma injeção de investimentos, para que ele possa ter tecnologias que de-verão ser voltadas para a limpeza da área, maquinários, entre outros fomentos.

PanRural - O que a indús-

tria fez, em caráter emergencial, para atender a demanda?

Tegani - Tivemos uma queda na oferta de cacau e um aumento significativo na demanda. Che-gamos a tal ponto de escassez do produto, a partir daí, começamos a importar cacau. Hipótese até então absurda, já que éramos au-tossuficientes e exportadores de cacau. E foi um experimento dolo-rido por parte da indústria e para o produtor. Em 1994, período que se iniciou essa crise, o Ministério da Agricultura demorou em contor-nar toda essa situação, sendo que a preocupação é legítima, principal-

paração com o ano passado. No fi-nal de novembro e dezembro, é que veremos se de fato será a realidade do setor.

PanRural - Com isso, esses produtos vão ficar mais caros?

Tegani - Não tenho avaliação sobre custos, mas uma coisa leva a outra. Se há fábricas concentradas na Bahia, é por causa da matéria-prima abundante na região. Mas a partir do momento, em que preci-sam importar essa matéria-prima, isso passa a ser um problema, ain-da mais porque os importadores enfrentam dificuldade marítima e

”“Éramos autossuficientes e exportadores de cacau

mente se tratando de um produto in natura.

PanRural - Quais foram as consequências dessa série de problemas de queda de produção de cacau?

Tegani - Essa situação mo-mentânea, com o passar do tempo, perpetuou-se, as importações co-meçaram a subir na mesma propor-ção das quedas na oferta de cacau no Estado da Bahia. Com tudo isso, as fábricas começaram a diminuir a sua produção perante essa situa-ção atípica, que veio culminar ago-ra com a crise econômica mundial. Pelos dados que tenho em mãos teremos uma queda de 10% de ja-neiro a agosto deste ano, em com-

altos impostos. Quando compra-mos uma mercadoria, não sabemos quando ela vai chegar, e o pior, em que estado vamos levar para a in-dústria. Acontecem muitos aciden-tes de percurso. Importar cacau não é o desejo do setor industrial, queremos a matéria-prima em nos-sa porta. Quando nos instalamos naquela região contávamos com o cacau em nossa porta. Esperamos que a atual realidade mude em pou-co espaço de tempo.

PanRural - No momento de queda do cacau, houve alguma iniciativa por parte da indústria para reter o processo de declí-nio?

Tegani - Acompanhamos pri-

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8 Panorama Rural Novembro 2009

PR

ENTREVISTA

8 Panorama Rural Novembro 2009

meiro os trabalhos de órgãos do setor, pois além da vassoura-de-bruxa, nos preocupamos, também, com outras pragas incididas nos Estados da Bahia, Pará e Espírito Santo, que estão devastando todas as plantas. Nunca vi o produtor tão desanimado. Para poder dar um âni-mo ao produtor, a única opção da indústria é por meio dos centros de treinamento de produtores. No ano passado, foi criado na Bahia um projeto chamado Fênix para incenti-var novamente a produção de cacau. Partes dos recursos são enviados pelas empresas processadoras de cacau e outra parte de investidores holandeses. Verificamos a situação do cacau e sugerimos ações simples para tentar manter a produtividade, como a limpeza da área, deixar in-cidir uma maior quantidade de luz no cacaueiro para diminuir o avanço da vassoura-de-bruxa, entre outras séries de medidas que estamos ten-tando apoiar.

PanRural - Esse projeto já conseguiu bons resultados?

Tegani - O projeto Fênix ain-da é pequeno, pois atinge apenas vinte fazendas. O projeto faz uma vistoria das fazendas mais ataca-das e até verificação da qualidade do solo. Para isso, contamos com o apoio de engenheiros agrônomos e também estudamos a possibilidade de enriquecer o solo para aumentar a produtividade em uma determina-da região. O projeto é recente, os dados ainda são insuficientes, mas já mostram recuperação em algu-mas regiões do Estado da Bahia. Isso foi uma das soluções que a in-dústria tomou para mostrar um ca-minho para os produtores, o custo desse projeto não é caro, pois conta

com a força do homem do campo.

PanRural - Quantas indús-trias processadoras de cacau existem no Brasil?

Tegani - Cinco, sendo quatro na Bahia e uma em Embu das Ar-tes, em São Paulo.

PanRural - A infestação de pragas no setor tem prejudicado a qualidade do produto?

Tegani – Quando a indústria recebe o cacau há necessariamente uma inspeção para ver se o produ-to atende os critérios de qualidade.

PanRural - A indústria tra-balha com estoques?

Tegani - Sempre. Recente-mente as indústrias pararam por 20 dias, devido ao elevado cresci-mento dos estoques, resultado de demanda abaixo das estimativas. O setor de processados também está em queda, os números que tenho desde o ano passado cons-ta que tivemos um retrocesso de 10%. A redução maior vem do mercado externo, em decorrência da crise financeira. As indústrias de processamento de cacau não têm nenhuma ajuda de fomento

”“Se nada for feito a favor do cacau, a tradicional região produtora de

cacau da Bahia se transformará em um grande pasto

Até hoje não tivemos devoluções de matéria-prima. As fábricas instala-das na Bahia não anunciaram pro-blemas com a qualidade do produto, mesmo com a incidência de pragas, o grande problema é a redução da oferta. Mas é certo que é neces-sário difundir o manejo correto a ser aplicado no cacaueiro, os erros acarretam prejuízo. As indústrias estão pensando em aumentar a exi-gência em relação a qualidade do produto e a aplicação de práticas corretas, mas acho isso um erro, defendo, primeiramente, a realiza-ção de um trabalho de orientação ao produtor. Não adianta aumentar a fiscalização se eles não sabem como realizar o trabalho.

para o setor, mas também nun-ca solicitaram. A saída tem sido reduzir custo e amenizar preços. Mas estamos melhorando.

PanRural – Quais os próxi-mos passos?

Tegani - Primeiramente, eli-minar a vassoura-de-bruxa, a se-gunda seria tentar liquidar o caixa negativo dos produtores. É preciso motivação para o setor porque eles estão desanimados. O pasto voltado para a criação de gado está substi-tuindo as áreas de plantação de ca-cau. Se nada for feito a favor do ca-cau, a tradicional região produtora de cacau na Bahia se transformará em um grande pasto.

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Recomposição

Considerado um dos mais importantes trabalhos de reflorestamento de mata nativa, o Programa Mata

Ciliar do Paraná atingiu a sua muda de número 100 mi-lhões. O feito foi comemorado no final de setembro em Londrina na área onde será formada a primeira coleção de plantas do jardim botânico do município. Envolvendo 399 prefeituras e mais de 130 mil agricultores, o Programa já garantiu 4,1 mil hectares de novas mudas de 85 espécies nativas. O índice de sobrevivência das mudas em campo é de 55%. A produção é viabilizada graças à reestrutura-ção de 20 viveiros e de iniciativas de prefeituras, colégios agrícolas, centros de menores infratores, penitenciárias e outras instituições e organizações.

Div

ulga

ção

A recuperação de viveiros permitiu a oferta de mudas em escala

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quit

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Censo aquícola quer mapear toda a produção marinha e continental brasileira

Peixes e Cia.

Aproximadamente 250 coletores de dados estão a campo, no Brasil, tra-balhando no primeiro censo aquícola do País. O levantamento de dados

vai até dezembro. O objetivo do Ministério da Pesca e da Aquicultura é ouvir todos os produtores brasileiros, tanto na costa quanto no interior do País (águas doces e salgadas). Espera-se muito trabalho até dezembro, mês limite para apuração dos dados. Só em Santa Catarina, por exemplo, estima-se que 20 mil pessoas vivam da piscicultura e do cultivo de moluscos. Para evitar eventuais resistências de produtores em fornecer informações, as coordena-dorias regionais do censo estão propagando que todos os dados cadastrais terão caráter de sigilo e não poderão ser repassados a nenhum órgão federal, estadual ou regional. O governo brasileiro garante que os resultados serão utilizados apenas para direcionar políticas públicas para o setor. O censo tem parceria com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimenta-ção (FAO) e apoio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Família produtiva

Exemplo de diversificação produ-tiva familiar em reduzida esca-

la vem do município de Ivinhema, no sudeste do Mato Grosso do Sul (283 km de Campo Grande). Enquanto os maridos tocam plantações de café e outras culturas em pequenas proprie-dades, um grupo de 18 mulheres tra-balha com lã de ovinos na confecção de edredons e baixeiros. Elas formam o Núcleo de Artesanato Bom Pastor e são responsáveis em tosquiar, la-var, fiar, selecionar e cardar a lã. A matéria prima é originada a partir de um rebanho de cinco mil animais. O trabalho é viabilizado graças a uma parceria do Núcleo com duas proprie-dades da região: Cabanha Cordeiro do Rei e Agropecuária Tocando em Frente.

Artesãs de Ivinhema, MS, durante processamento de lã de ovinos.

Ariosto Mesquita

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10 Panorama Rural Novembro 2009Fale com o editor desta coluna: [email protected]

Dinheiro “grátis”

Um plano com financiamentos a juro zero para os adimplentes pode benefi-ciar perto de 2,5 milhões de pessoas que vivem na zona rural da Bahia. É

o que prevê o Plano Agrícola e Pecuário do Estado, batizado de “Agricultura Tamanho Família”, lançado no início de setembro. O foco das ações de estrutu-ra é a agricultura familiar. O crédito será assistido, ou seja, haverá acompanha-mento da aplicação dos recursos. Convênios a serem firmados devem garantir assistência técnica e extensão rural. A grande novidade será o dinheiro “de graça”. O agricultor familiar poderá tomar financiamento de até R$ 100 mil para adquirir equipamentos através do Programa Mais Alimentos. Original-mente, o plano prevê juros de 2% ao ano, três anos de carência e sete anos para pagar. O governo baiano, entretanto, está eliminando os juros de 2% para quem

Cachaça for export

O Brasil exporta apenas 1% da sua produção de um bi-

lhão de litros de cachaça/ano. Esta pequena fatia é ainda di-luída entre 55 países comprado-res. Para aumentar o mercado internacional, o Projeto de Lei 1.187 do deputado federal Val-dir Colatto (PSDB/SC), quer identificar a cachaça como pro-duto genuinamente brasileiro criando uma única denominação/conceito para a bebida. Vários produtores, no entanto, querem a diferenciação entre o produto industrial e o artesanal alegando variações de preços para o mer-cado europeu. Algumas marcas artesanais são exportadas por valores até 16 vezes superiores ao preço pago pelo produto in-dustrial. O autor do projeto, no entanto, esclarece seu foco: “va-mos trabalhar em um conceito de cachaça para que ninguém tenha mais dúvida que cachaça é cachaça, seja qual for o processo de produção...”. Estima-se que no Brasil existam mais de 40 mil produtores e perto de quatro mil marcas da bebida.

Objetivo é ampliar mercado internacional para a cachaça brasileira

Ariosto Mesquita

Recuperação

Um volume de 61 mil toneladas de uva e aproximadamente 79 mil toneladas de manga. Esta é a expectativa dos produtores do Vale do

São Francisco, na região de Juazeiro, BA, para a safra de frutas 2009/10. O lançamento do ciclo produtivo aconteceu no final de setembro e teve como objetivo marcar o início da recuperação da fruticultura do Vale, atingido na segunda metade de 2008 pelos efeitos da crise financeira mun-dial. No ano passado, importadores europeus e norte-americanos suspen-deram compras antecipadas que ajudavam no financiamento da produção. Com a renegociação de dívidas e novos recursos de financiamentos dispo-nibilizados pelo BNDES os fruticultores puderam respirar. O Vale do São Francisco é considerado o principal exportador de manga e uva do Brasil. Antes de estourar a crise de 2008 a região vendia anualmente para o mer-cado internacional, 105 mil toneladas de manga e 60 mil toneladas de uva.

Agricultura familiar será diretamente beneficiada na Bahia

Div

ulga

ção pagar em dia. Isso está

sendo possível graças à criação do “bônus adimplência” através de projeto do Execu-tivo já aprovado pelo Legislativo estadual.

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Frutas brasileiras começam a retomar mercado externo

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Panorama Rural Novembro 2009 11

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12 Panorama Rural Novembro 2009

* Celso G. Furlan

A tecnologia da informação é o instrumento por excelência para ganhos de produtivida-

de e alcance de novos patamares de eficiência na execução dos processos do agronegócio, administrativos ou de produção, promovendo agilidade na percepção de situações e na aferição dos resultados obtidos.

Benefícios reais de economia de tempo e dinheiro com melhor quali-dade e maior produtividade podem ser facilitados com o uso adequado

A Tecnologia da Informação a Serviço do Produtor

da tecnologia da informação, desde a seleção da mudas, do planejamen-to operacional das safras, gerencia-mento da capacidade de execução das operações agrícolas e dos seus resul-tados, logística da movimentação da produção e sua comercialização, até a apuração dos custos reais da cadeia de valor e análise da rentabilidade do negócio.

são mais privilégios dos grandes pro-dutores e das indústrias que proces-sam a produção vinda do campo. Uma análise crítica desse processo pode re-velar níveis satisfatórios, para manter um patamar conservador, de retorno sobre o investimento (ROI) e também do custo de propriedade ao longo do tempo.

Uma questão fundamental que A tecnologia da infor-

mação viabiliza um processo de gestão enxuto, produtivo e lucrativo disponibilizando hoje um conjunto de ferra-mentas cada vez mais acessí-vel ao produtor para apoiar os processos e contribuir para a evolução sustentável do negó-cio. Do uso simples de siste-mas para automação de roti-nas até a conexão em tempo real da cadeia produtiva, o uso da tecnologia da informa-ção não é mais uma opção, mas sim um grande fator crí-tico de sucesso.

Sistemas integrados de gestão, com excelente re-lação custo x benefício, não

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Panorama Rural Novembro 2009 13

precisa também ser avaliada quando se analisa custos e oportunidades é buscar respostas para alguns pontos de atenção, tais como: que benefícios os produtores estão deixando de obter por não utilizar essas ferramentas? Como administrar a sustentabilidade do negócio sem tecnologia da infor-mação? Quanto pode custar uma in-formação tardia ou imprecisa sobre uma infestação de pragas ou sobre a resposta de um tratamento aplicado? Entre outros questionamentos, quais são os custos invisíveis, de certa for-ma, que tendem a se perpetuar na ine-ficiência dos processos, na perda da qualidade e da produtividade.

Vivemos o momento do conheci-mento, e não mais só da informação. É preciso reunir, organizar e viabili-zar a reutilização do conhecimento acumulado para melhorar a percep-

ção da realidade do hoje e das tendên-cias do amanhã.

Imperioso se faz reconhecer, no entanto, que os provedores de solu-ções, a sociedade organizada e prin-cipalmente os governantes, possam evoluir e se tornarem mais sensíveis aos desafios do agronegócio brasi-

leiro que, embora tenha a seu favor representar uma considerável parte do produto interno bruto nacional e a perspectiva de crescimento para os próximos anos, carece ainda de um melhor entendimento de seus proces-sos operacionais e de gestão. Há que se agir e disponibilizar informações e ferramentas para beneficiar, proteger e fortalecer o agronegócio a partir do seu principal agente: o Produtor.

Gestão. Sem ela, não se corre o risco de dar certo. E a tecnologia da informação está aí, presente, disponí-vel e acessível, para prestar serviços ao produtor viabilizando a gestão do seu negócio em novos patamares de competitividade.

* Celso G. Furlan – diretor-comercial da Ancora Business Management

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14 Panorama Rural Novembro 2009

De volta à ilha maldita

Baía de Castelhanos, beleza incrível, fenômenos paranormais e

dezenas de navios naufragados

Arq

uivo

Wal

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do V

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Walter do Valle

O mergulhador fluvial José Bor-ges da Costa, o Borjão, está voltando de Ilhabela para se

juntar ao mergulhador Mané da Ilha. Juntos, há 14 anos, passaram tempo-rada caçando tesouros submersos no mar de Castelhanos, avesso da ilha considerada maldita por caiçaras e

aventureiros.Cientistas do Instituto de Pes-

quisas Espaciais (Impe), de São José dos Campos, SP, garantem que, por ser excessivamente imantada, a Baía de Castelhanos enlouquece bússolas, provoca naufrágios e atrai objetos estelares. É comum cair ali chuva de meteoritos, como aconteceu na noite do último eclipse lunar.

Muita gente já viu objetos vo-adores mergulhando no mar revolto da Praia do Gato. E bolas coloridas (parecidas com enfeites de árvore de natal, mas do tamanho de bola de fu-tebol) que vagueiam pela ilha como guardas-noturnos. O ex-repórter da TV Globo, Jorge Licurci, morou na ilha e jura que viu a tal bola colorida vagante e um OVNI pousando no pico

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Panorama Rural Novembro 2009 15

Mané da Ilha, com badejo quadrado. Mergulhador já

esteve no Príncipe de Astúrias

Arq

uivo

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da montanha. Licursi vai fazer parte da expedição de mergulho de Borjão, tentando resgatar tesouros que repou-sam, há 93 anos, no Príncipe de Astú-rias, navio que naufragou no mar de Castelhanos em 1916.

Como a tragédia do Titanic – orgulho da marinha espanhola, o na-vio Príncipe de Astúrias tinha 150m de comprimento, 20m de boca e 10m de pontal, que é a altura do casco. Deslocava incríveis 16 mil toneladas e podia transportar 1800 passageiros. Fazia a rota Barcelona-Buenos Aires, com escala no porto de Santos. Seu naufrágio, o mais terrível da costa brasileira, pode ser comparado ao do Titanic, quatro anos antes.

Madrugada de domingo de carnaval, o capitão José Lontina conhecia bem a região, mas ao se aproximar de Ilhabela as bússolas “enlouqueceram” em meio a uma tempestade tropical. Quando um raio clareou o céu o navio entrou com tudo num enorme rochedo em forma de navalha, o Ponta de Pirabura, que rasgou 50m do casco, de proa à popa. A água invadiu, o Astúrias adernou a bombordo (tombou para a esquerda) e as caldeiras explodiram. Sobreviven-tes do naufrágio disseram que Lontina deu um tiro na cabeça. Naufrágio é desonra para o capitão, daí o suicídio.

445 mortos, ou mais de mil? O Astúrias foi para o fundo do mar com mais de mil pessoas. Números oficiais falam em 445 mortos, entre passagei-ros e tripulantes, mas foi ignorada a presença de mil imigrantes alojados na parte baixa do navio, perto das caldeiras. Seriam judeus que vinham para a América Latina fugindo da 1ª guerra mundial.

Nesse naufrágio iam morrer to-dos, mas, por sorte, os sobreviventes foram recolhidos pelo navio Veja, de bandeira britânica, que passava ao

largo de Castelhanos. A maioria dos corpos foi parar nas praias de Ilha-bela e Ubatuba. Os que apareceram em Castelhanos foram enterrados na praia ou cremados na laje.

Esculturas atraem a morte – o manifesto de carga do Astúrias reve-la que o navio levava 4500 toneladas de cobre, 1700 toneladas de estanho, 800 toneladas de chumbo, 45 mil libras esterlinas em moedas e uma carga de ouro diplomático de valor ignorado, além da bagagem dos pas-sageiros e suas jóias. Até hoje pouca coisa foi recuperada, apesar do navio estar “descansando” há quase um sé-culo a uma profundidade de 52 me-tros. De helicóptero, com mar calmo, dá para ver seu contorno sombrio à beira do abismo. Parece desafiar a ló-gica e a humanidade.

Ele carregava também 20 escul-turas doadas pela Espanha à Argenti-na, para completar o monumento Los Españoles, no centro de Buenos Aires. São estátuas de anjos e querubins em bronze, que iriam fazer o contorno da estátua principal do general San Mar-tin montado a cavalo. O mergulhador grego Jeanis Michail Platon, hoje mo-rando em São Sebastião, conseguiu resgatar uma das estátuas que se en-contra até hoje na Capitania dos Por-tos. Trata-se de uma figura feminina de meia tonelada de bronze.

Outro mergulhador, conhecido por Mané da Ilha, já retirou do As-túrias talheres de prata, bandejas, to-alhas de seda com brasão da compa-nhia, um abajur, além de garrafas de

vinho de fundo redondo. Tudo vendido a colecionadores.

Platon conta que, de 1.916 a 1.924, a Seguradora Northon trouxe equipamentos modernos e os melhores mergulhadores do mundo para tentar recuperar a carga do Astúrias. Con-seguiram salvar um cofre cheio de ouro, mas desistiram porque o mar de Castelhanos é muito violento e estava matando gente. “Quando Castelhanos embravece faz devastação na superfí-cie, aí fica impossível resgatar quem mergulhou”, explicou Platon. Nessa aventura da Northon morreram seis mergulhadores. Os homens que vol-taram vivos disseram que o Astúrias está se equilibrando na beira de um precipício submarino. “É muito peri-goso vasculhar o interior, a retirada da carga pode fazer o navio despen-car, levando junto quem estiver den-tro”, explicou.

Castelhano deslumbra e as-sombra – o ermitão Cícero Buarque, ex-radialista em Mogi das Cruzes, SP, conhece como ninguém o “aves-so” de Ilhabela. Apesar de sua beleza deslumbrante, Castelhanos continua “virgem” do mercado imobiliário. As

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poucas casas do lado de lá, com vistas para o Oceano Atlântico, são de cai-çaras que vivem da pesca. Ou de per-sonagens exóticos e fantasmagóricos. “No início do século 19 havia ali uma fazenda de café com muitos escravos. Contam que as mães negras, quando davam a luz, atiravam os recém-nasci-dos no mar para que não virasse escra-vos. Espíritos dessas crianças vagam pela ilha, assombrando pessoas”, acre-dita. Autor de quatro livros sobre Ilha-bela e Castelhanos, Cícero costuma passar meses nesse misto de inferno e paraíso. “Paraíso pelas belezas natu-rais, samambaias, tinhorões, moran-gos silvestres que parecem praga perto das nascentes, bananas nativas doces como mel, Mata Atlântica intacta, praias maravilhosas, fartura de peixes, borboletas azuis gigantescas que saem do nada e desaparecem. Mais 200 fios d’água, riachos que nascem na monta-nha e vão para o mar”, diz o escritor.

“E inferno pelos fenômenos pa-ranormais. Bolas coloridas que va-gueiam pela ilha, zumbis que parecem monges tibetanos, discos voadores descendo na Praia do Gato, automó-veis pendurados em árvores no preci-pício (acidentados na estradinha de terra que sobe e desce a montanha), mais esqueletos de 50 navios naufra-gados na baía”, completa.

A fantástica Praia do Gato – Cícero Buarque espera a maré baixar e nos levar à Praia do Gato.Com maré alta não dá para ter acesso. Nem para sair. Quando o mar sobe o invasor fica preso num beco sem saída: atrás o íngreme penhasco impossível de esca-lar, à frente o mar violento que explo-de na praia feito furacão.

A maré descera, tínhamos duas horas para visitar a menor praia do mundo, não mais de um quarteirão de comprimento por 50 m de largura. E esculturas da natureza de extasiar Buda: no centro uma rocha em forma de pirâmide. No canto, uma pedra re-donda gigantesca. No outro, uma re-tangular. Como se tivessem sido dis-

postas por um gênio da trigonometria. Ou do urbanismo.

Cícero acredita que foram ETs que armaram o cenário. E nos mos-tra o riacho que vem da montanha e “desaparece” antes de chegar ao mar, “sugado” pela areia imantada da praia. É de enlouquecer tantos fe-nômenos num mesmo lugar. E vamos embora antes que a maré nos condene para sempre.

Na volta, Cícero indica um ata-lho para evitar um cemitério de três covas que dá arrepios e um casebre de chão batido onde moram os “zumbis tibetanos” que não falam, vestem rou-pa branca e opaca como se feita de saco, cabeças raspadas. Olham, mas parecem não ver. Nem ouvir. Passa-mos ao largo, não sem ver a janela aberta e a porta encostada. Não sem ouvir o brutal silêncio ou deixar de sentir aqueles olhos mortiços furando nossos corpos como se fossem trans-parentes.

Apressamos o passo, estugados pelo frisson da morte que não foi fala-da uma única vez.

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Borjão com serra elétrica retirando

árvores do Rio Tietê. Agora ele vai atrás dos tesouros

naufragados

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Luciana Paiva

Empresa que pretende se man-ter no mercado não pode abrir mão da competitividade e sus-

tentabilidade, por isso, os gestores estão empenhados em reduzir custos de pro-dução, aumentar a eficiência, mas sem provocar impactos ambientais e sociais. Estudos apontam que a agricultura é responsável por 70% da água utilizada no mundo, essa estatística além de não fazer bem à imagem da agricultura, mostra que muitas práticas e proces-sos podem ser melhorados para reduzir esse desperdício não só de água, mas de dinheiro. Muitas iniciativas estão em curso pelo mundo do agronegócio, uma delas é um estudo sobre a redução no

De bem com a natureza e com o bolso

Projeto desenvolvido pela Basf, IAC e unidades sucroenergéticas visa à redução do uso de água, do custo e tempo na aplicação de herbicida

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Estudo visa o uso racional da aplicação de herbicidas em áreas de cana

volume de calda em aplicação de herbi-cida na cultura canavieira. Trata-se do Projeto Provar Plateau - Programa de Valorização da Água em Pulverizações Agrícolas, realizado por meio de uma parceria entre o Instituto Agronômico (IAC), a BASF e por unidades sucroe-nergéticas paulistas.

Coordenado pelo diretor do Cen-tro de Engenharia e Automação do IAC, Hamilton Ramos, o Provar Plateau al-meja medir a eficiência proporcionada pela adoção de menores volumes de água na aplicação do herbicida em pré-emergência na cana-de-açúcar durante três épocas do ano (início, meio e fim da safra), principalmente em ganhos eco-nômicos e de tempo. “O maior desper-dício está na quantidade de água utiliza-

da para se colocar o herbicida. Quanto maior o volume de água, menor o rendi-mento operacional dos pulverizadores e maior o custo do seu transporte. Assim,

“Quanto maior o volume de água, menor o rendimento operacional dos pulverizadores

e maior custo do seu transporte”, diz o pesquisador Hamilton Ramos

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a adequação do volume de água pode re-duzir sensivelmente o custo de aplicação de herbicidas“, enfatiza Ramos. Segun-do cálculos do IAC, em uma área de 15 mil hectares plantados, há uma perda estimada de R$ 22 mil por safra.

Foco ambiental – iniciados em junho de 2008, os ensaios do Provar Plateau vêm sendo feitos em áreas co-merciais de seis grandes grupos sucro-energéticos do Estado de São Paulo. As avaliações consideram a utilização de menores volumes de água na aplica-ção, com uso do herbicida Plateau. Se-gundo a Basf, a escolha desse produto deveu-se a sua maleabilidade, o herbi-cida é destinado à soqueira (lavoura de cana-de-açúcar após o primeiro ano de colheita) e pode ser aplicado tanto no período seco como úmido, ao contrário dos herbicidas comuns, que só podem ser aplicados na época úmida. “Pela eficácia já comprovada, o herbicida foi escolhido para a pesquisa do Provar, avaliado com diferentes volumes de cal-da, tamanhos de gotas e épocas de apli-cação”, observa Antônio César Azenha, gerente de Desenvolvimento Cana.

Azenha explica que o projeto teve origem a partir de uma monografia de um aluno do curso de Agronomia da faculdade Fafram de Ituverava e, des-de 2007, havia o interesse da Basf em desenvolvê-lo, pois o menor volume de calda, não só reduzira custos na opera-

ção, mas principalmente, propiciará ga-nho ambiental, contribuindo com o uso racional da água na agricultura.

Resultados – “Os resultados apresentados até o momento demons-tram que é possível obter melhorias no rendimento operacional das pulveriza-ções e reduzir, no mínimo, em 25% o volume de calda. Hoje, o volume médio de água utilizada pelas usinas varia de 200 a 300 litros por hectare, o objetivo do estudo é chegar a uma redução entre 50 e 75% desse volume”, ressalta Ha-milton Ramos.

Outros ganhos também estão sen-do avaliados como: redução no custo de transporte, aumento da capacidade de pulverização e benefícios ambientais. Azenha explica que a redução no vo-lume de calda de pulverização propor-

ciona ganhos de rendimento operacional quando associada à manutenção e me-lhoria na qualidade da aplicação, sem comprometer a distribuição e eficácia do produto. “Isso implica em ganhos de rendimento nas operações e diminuição no número de máquinas (tratores, pulve-rizadores e caminhões-tanques) e de ope-radores por área tratada, otimizando os custos operacionais de aplicação. Além da utilização de recursos hídricos de for-ma responsável e consciente”, salienta.

Os testes de aplicação aconte-cem em mais de 100 talhões de cana. O projeto, financiado pela Basf, envolve diretamente oito profissionais, além dos estagiários que atuam no IAC, mais o pessoal das usinas. O estudo tem du-ração de três safras, o resultado final, com as análises dos pesquisadores e a indicação do desempenho dos volumes de calda, deverá ser divulgado no final da safra 2010. Azenha ressalta que os resultados apurados até o momento superaram as expectativas e que não há dúvidas de que o estudo cumprirá o objetivo de oferecer informações sobre o volume de calda correto, mantendo a eficiência, reduzindo o consumo de água, de logística, quantidade de opera-dores, enfim, ajudar a empresa a ficar bem com a natureza e com o caixa.

Os equipamentos estão sendo regulados para o uso de menor volume de caldo

Ensaio Projeto Provar

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Walter do ValleFotos: Paulo Villasboas

O maior morcego das Américas, o Vampyrum spectrum, também conhe-cido por “carcará da Amazônia”, quase um metro de envergadura de uma asa a outra, é uma espécie muito rara. Carnívoro por excelência, o

spectrum tem caninos iguais aos do lobo-guará e costuma ir à caça no crepúscu-lo, quando as aves estão voando para os ninhos. Estrategista, localiza a presa e a segue cuidadosamente até encontrar a melhor chance de ataque. Ou em pleno vôo ou quando ela descansa num galho de árvore.

Seu habitat são as florestas tropicais (Amazônia brasileira e peruana e matas nativas da América Central). Esse morcego gigante escolhe troncos de árvores mortas para morar, geralmente próximas de córregos, rios e cachoeiras. O biólogo Wilson Uieda, sansei de 55 anos, chefe do Departamento de Zoologia

Vampyrum spectrum Pega, mata e come

um estranho e raro morcego da Amazônia é especialista em caçar pássaros em pleno vôo ou dormindo em galho de árvore. Como o gavião carcará, ele pega, mata e come

Wilson Uieda segura um exemplar do

Vampyrum spectrum

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da Unesp de Botucatu, SP, trabalha com morcegos desde 1977, mas só recentemente descobriu no Pará essa raridade brasileira. Ele conta que o vampiro comedor de aves caça várias vezes durante a noite. Nesse período localiza as presas pelo cheiro das fe-zes, já que o spectrum prefere utilizar o olfato ao invés da visão ou do sonar (seu radar). A captura da presa pode ser em pleno vôo, ou quando ela des-cansa no galho da árvore ou no ninho.

Apesar do nome, Vampyrum spectrum, esse morcego carnívoro não tem nada de vampiro. Come aves, referencialmente, mas ataca também roedores, insetos e até escorpiões, dos quais arranca a cauda para só então engolir o corpo. Quando a caçada no-turna fracassa, o spectrum persegue, captura, mata e come até outros mor-cegos. Uieda ensina que esse singular morcego costuma dormir em grupos de até cinco indivíduos da mesma fa-mília nos troncos de árvores mortas.

Monogâmico, forma um casal e permanece unido até o fim da vida, que poderá durar 20 anos. “O casal se reveza na caça. Um sai para a captu-ra e o outro fica no ninho cuidando da prole”, conta o cientista. Mas o casal pode sair à caça junto, deixando o fi-

lho mais velho para cuidar dos mais novos.

O devorador de aves voa baixo durante a caçada e pode cobrir uma área de até cinco hectares, sempre perto de rios. A grande envergadura de suas asas permite que ele alce vôo enquanto carrega grandes presas, al-gumas bem maiores do que ele.

Comedor de peixe – se o Vam-pyrum spectrum gosta de aves, o mor-cego Noctilio leporinus adora peixe.

“Essa espécie dá vôo rasante no es-pelho d’água e captura o peixe com suas garras afiadas”, diz Uieda, um apaixonado por mato. Para estudar o leporinus, Uieda morou durante dois anos no Pantanal mato-grossense e fez mais de 50 viagens à Amazônia brasileira, do Pará a Roraima, e à lendária Ilha do Mel, no Paraná.

Além de estudar os morcegos, ele aproveita a estada na mata para cuidar de índios e da população ribei-rinha.

Nosso especialista diz que só na América Latina (até o norte da Argentina) existem morcegos hema-tófagos, ou vampiros, chupadores de sangue. “É que essas boas criaturas não gostam de frio prolongado.”

Aliás, todas as espécies de mor-cego, insetívoros, frugívoros, detes-tam clima frio. Daí ser impossível en-contrar morcego no Pólo Norte ou na Antártida, por exemplo.

Doces criaturas – os morcegos são espécies silvestres e, no Brasil, es-tão protegidos pela Lei de Proteção à Fauna. Sua perseguição, sua caça ou

70% dos morcegos são insetívoros

Exemplar de morcego albino

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destruição é crime. Matar um morce-go é como matar um mico-leão-dou-rado, por exemplo. Essas doces cria-turas vivem 20 a 30 anos e estão no ecossistema há mais de 60 milhões de anos. Mas os morcegos hematófagos são criaturas recentes, cerca de dois milhões de anos. “Eles vivem só na América Latina porque nessa época os continentes já estavam separados”, explica o professor.

Uieda tem um viveiro de morce-gos no campus do Lageado, em Bo-tucatu, para estudos. Os hematófagos ele alimenta com cubos de sangue de boi congelado, recolhido no matadou-ro e desfibrinado depois. O alimento é colocado num bebedouro de passari-nho. Cada morcego lambe cerca de 30 ml de sangue por dia. “Tive um mor-cego que viveu 29 anos em cativeiro, um recorde. Na natureza eles vivem 20 anos, no máximo”, explica Uieda.

Únicos dos animais mamíferos capazes de voar, os morcegos repre-sentam quase a quarta parte de toda a fauna de mamíferos da Terra. São 1.200 espécies em todo o mundo, 160 espécies no Brasil, 65 espécies no Es-tado de São Paulo e 34 na região de Botucatu, onde Uieda trabalha. Ele explica que 70% dos morcegos são insetívoros.

Sonar acha até pernilongo voando – morcego come quase tudo:

frutas, néctar, pólen, aves insetos, peixes, rãs e pequenos vertebrados. Somente três espécies se alimentam de sangue, os hematófagos, encon-trados na América Latina e no Sul do México. Todos os morcegos, inclusive os vampiros, contribuem para o equi-líbrio dos ecossistemas, já que atuam como polinizadores, dispersores de sementes e controladores da popula-ção de insetos. Os morcegos possuem

um sentido adicional, aliado aos cinco a que nós humanos estamos acostu-mados: a ecolocalização. Ele emite ondas ultrassônicas pelas narinas ou pela boca. Essas ondas atingem obs-táculos no ambiente e voltam a eles em forma de ecos com frequência me-nor. Com base no tempo em que os ecos demoram a voltar, nas direções de onde vieram e nas direções de onde nenhum eco veio, os morcegos sentem se há obstáculos no caminho, as dis-tâncias, as formas e as velocidades re-lativas entre eles, no caso dos insetos voadores que servem de seu alimento, por exemplo. Pelo eco o morcego lo-caliza uma borboleta em pleno vôo ou até um minúsculo pernilongo.

Corujas, gatos e falcões – há poucos animais na natureza capazes de caçar morcego. No Brasil, a coru-ja, que dorme de dia e caça à noite, adora morcego malpassado. Marsu-piais, como nosso malcheiroso gam-

Garra de um morcego insetívoro

Morcego lambedor de pólen

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bá, também come morcego de vez em quando. Gatos domésticos podem capturar morcegos que invadem casa

de extinção. Cientistas e o governo da Malásia temem que a espécie vá desaparecer se o atual nível de caça continuar. Segundo eles, cerca de 22 mil raposas voadoras são caçadas le-galmente a cada ano, mas muitos ou-tros são caçadas ilegalmente. Esses

morcegos gigantes são cruciais para os ecossistemas da floresta tropical na Ásia. Eles comem frutas, lambem o néctar e, ao fazer isso, derrubam sementes no solo e polinizam as ár-vores. As estimativas mais otimistas indicam que a população de morcegos da espécie Pteropus vampyrum na pe-nínsula malaia gira em torno de 500 mil animais.

Para o bem e para o mal – os morcegos saíram das matas, vieram para as cidades e viraram persona-gens de histórias em quadrinhos e filmes de ficção. Quem não conhece a história de Batman, o Homem Morce-go, e seu fiel escudeiro, o adolescente Robin, personagens do bem e inimi-gos do terrível Coringa? E quem não assistiu a um filme do Conde Drácu-la, personagem noturno dos castelos medievais da Transilvânia? Esse é do mal, combatido com muito alho, cru-cifixo e lasca de aroeira enfiada no coração. Arre!

ou caiam no chão. Morcegos podem ir ao chão por acidente enquanto apren-dem a voar. Na Ásia existe uma es-pécie de falcão especialista em caçar morcego em pleno vôo. Rãs e sapos que moram em cavernas também comem morcego filhote que despenca do teto.

Saliva anestésica – morce-go hematófago pode ser transmissor de raiva. Sua saliva tem forte poder anestésico e coagulante. Ainda que o perigo de transmissão de raiva se re-suma aos locais onde a doença é en-dêmica, dos poucos casos relatados a maioria é causada por mordida de morcego. A grande maioria dos mor-cegos não tem raiva. Os que têm ficam pesados, desorientados, incapazes de voar. Quando com raiva o morcego muda seu comportamento e sai para se alimentar durante o dia. E torna-se presa fácil dos predadores. A raiva é transmitida pela saliva do morcego, não pelo sangue, como a maioria pre-sume.

Raposas voadoras – o maior morcego do mundo, o Pteropus vam-pyrum, conhecido como raposa vo-adora, pode ter asas com até dois metros de envergadura e corre perigo

Coruja comedora de

morcegos

Batman: morcego do bem

Drácula: morcego do mal

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Luiz Aubert Neto é Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq)

Normalmente definimos bom senso como um conceito usa-do na argumentação, que é

estritamente ligado às noções de Sabe-doria e de Razoabilidade, e que define a capacidade média que uma pessoa possui, ou deveria possuir, de adequar regras e costumes a determinadas rea-lidades e, assim, poder fazer bons jul-gamentos e escolhas. Pode, assim, ser definido como a forma de “filosofar” espontânea do homem comum, também chamada de “filosofia de vida”, que su-põe certa capacidade de organização e independência de quem analisa a expe-

A vitória do bom sensoLuIz AuBERT NETO

ção de bens de capital no país, além de incentivar a aquisição dos mesmos com a criação de um bônus-restituição aos compradores. Precisamos de ajuda nes-sa tarefa, com postura séria, adequada e transparente, no sentido de criar as melhores condições de disputa de mer-cado para os nossos associados. Essa é a nossa função, o nosso papel.

E mais uma vez vamos ter que nos exercitarmos em relação ao bom senso, que nesse caso do pré-sal vai muito além da capacidade de discernir

”“

novas gerações, já com uma feira pre-vista para setembro de 2010.

Bom senso também deve ser a tô-nica em relação ao pré-sal. Ao contrá-rio de uma postura cartorial, como em um primeiro momento poderia parecer a bandeira da necessidade de conteúdo nacional proposta pela entidade, temos que olhar principalmente para a neces-sidade de mobilização que precisamos fazer para participar desse esforço in-dustrial, desse novo desafio. A nossa expectativa é inclusive poder contar com financiamento para aumentar a nossa participação no desenvolvimento

... precisamos redobrar nossos esforços para evitar que os nossos associados venham a competir em desvantagem com concorrentes de outros países...

riência de vida cotidiana.Dentro da ABIMAQ usamos a ex-

pressão bom senso como forma de aten-der interesses diferenciados em relação ao mesmo tema, como pudemos obser-var nos recentes episódios relacionados à Cidade da Energia x Agrishow.

Aparentemente, diante de uma situação de interesses divergentes, ti-vemos efetivamente a vitória do bom senso, onde através de uma política equilibrada obtivemos uma solução que atendeu a todos,com a manutenção da Agrishow em Ribeirão Preto e também com outra oportunidade de expor equi-pamentos e ampliar as possibilidades de vendas na Cidade da Energia, em São Carlos, que deverá se transformar no maior pólo tecnológico da energia lim-pa e renovável, atendendo aos apelos da sustentabilidade e preocupação com as

do pré-sal. Entusiasmo é o que não nos falta, mas precisamos redobrar nossos esforços para evitar que os nossos asso-ciados venham a competir em desvanta-gem com concorrentes de outros países, principalmente do Sudeste Asiático, que possuem linhas de financiamentos infinitamente melhores e, diferentemen-te do que ocorre no Brasil, operam com total desoneração da produção .

A indústria brasileira de máquinas e equipamentos, através da ABIMAQ, em busca de melhores condições para fornecer para o pré-sal, está apresen-tando, por meio do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), duas emen-das parlamentares para o Projeto de Lei 5.938, que trata do regime de partilha de produção das reservas. As emendas têm o objetivo de criar condições mais favoráveis à produção e comercializa-

o certo do errado. Além de agirmos com ponderação, vamos ter que contar com a capacidade dos nossos governantes de agir com a sua capacidade intuitiva de pensar e fazer as coisas certas.

O bom senso não envolve tanto uma reflexão aprofundada sobre um de-terminado tema, lugar ou situação (isso já entraria no campo da meditação), mas sim a capacidade de agir e intera-gir, obedecendo certos parâmetros da normalidade, face uma situação qual-quer, guiando-se por um senso comum e quase que completamente intuitivo.

Essa será a postura da ABIMAQ em relação ao pré-sal e outras situações que envolverem os seus associados. PR

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É do Brasil!

A cana-de-açúcar não é brasileira, mas sua união

com este País é tão perfeita que somos campeões

mundiais em produção e em tecnologia sucroenergética

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Luciana Paiva

Há controvérsias quanto à ori-gem da cana-de-açúcar, uns dizem que surgiu na Índia,

outros em Nova Guiné. Sua chegada ao Brasil também provoca dúvidas, historiadores informam que foi intro-duzida por Martim Afonso de Souza, que em 1533, fundou na Capitania de São Vicente, próximo à cidade de Santos, Estado de São Paulo, o pri-meiro engenho para produzir açúcar, com o nome de São Jorge dos Eras-mos. No entanto, há quem afirme que antes disso, os portugueses já produ-ziam cana no Brasil. Segundo o pes-quisador Geraldo Eugênio de França, diretor-executivo da Empresa Brasi-leira de Pesquisa Agropecuária (Em-brapa), há registros na alfândega por-tuguesa que o primeiro carregamento de açúcar proveniente do Brasil acon-teceu em 1516.

Se há divergências em relação a sua origem e o início da atividade em nosso País, não há dúvidas sobre o quanto essa gramínea se deu bem nas terras brasileiras. A cultura da cana

encontrou por aqui excelentes condi-ções para se desenvolver. Solos fér-teis e clima adequado contribuíram para o sucesso da atividade, por volta de 1584, havia no Brasil cerca de 115 engenhos, que produziam mais de 200 mil arrobas de açúcar por ano, apro-ximadamente 3000 toneladas. Plan-tações de cana foram introduzidas em várias regiões do litoral brasilei-ro passando o açúcar a ser produzido

nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Sergipe e Alagoas.

De todas essas regiões, a que mais se desenvolveu foi a de Pernam-buco, chegando a ter em fins do século XVI cerca de 66 engenhos. As melho-res condições de clima e solo do Nor-deste brasileiro, a maior proximidade com o continente europeu e a tecno-logia de ponta introduzida pelos hola-deses favoreceram o desenvolvimento do açúcar naquela região.

Durante centenas de anos, o açú-car foi considerado uma especiaria extremamente rara e valiosa. Apenas nos palácios reais e nas casas nobres era possível consumir açúcar. Ven-dido nos boticários (as farmácias de então), o açúcar atingia preços altíssi-mos, sendo apenas acessível aos mais poderosos. Mas, no século XVII com o açúcar produzido nas Américas, sob a liderança do Brasil, o consumo do açúcar foi democratizado, a maior oferta derrubou os preços e populari-zou o produto.

Faz parte da cultura brasileira – a cana-de-açúcar não se constituiu apenas na primeira atividade econô-A cidade de Olinda em Pernambuco nasceu com a cana-de-açúcar

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Moenda de cana de 1620 produzida em madeira de lei

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28 Panorama Rural Novembro 200928 Panorama Rural Novembro 2009

mica do Brasil. Essa gramínea espi-gada se entrelaçou à cultura do País, era íntima da senzala e também da casa grande. Durante muitos anos, o Brasil e a cana-de-açúcar tinham quase a mesma identidade e já davam mostras do grande potencial de nosso País para o agronegócio.

Polêmicas sempre cercaram essa cultura, a cana foi taxada de escravocrata, e até hoje, há quem a responsabilize pelo período de escra-vidão no Brasil. Esquecem que esse lamentável vício humano, de escra-vizar os seres mais frágeis, já existia antes das lavouras canavieiras. E se, por aqui, outro produto tivesse sido cultivado no lugar da cana, a escravi-dão também ocorreria, foi assim com o algodão nos Estados Unidos.

Acabou a escravidão mas as po-lêmicas envolvendo a cana não tiveram fim. Uma hora é porque se trata de uma monocultura, outra é porque seus produtores mantiveram a postura de senhores de engenho, e assim vai. Até mesmo no meio rural, produtores de outras atividades torcem o nariz para a cana, não a consideram uma ativi-dade nobre, acham que é um capim e que qualquer um consegue produzi-

la. Talvez essa ruptura entre a cana e outros produtos agrícolas aconteça porque a cana não tem raízes apenas na roça, mas também na indústria, é uma das poucas matérias-primas bra-sileiras que conseguiu agregar valor ao seu processo, diversificando pro-dutos, reduzindo custos e tornando o negócio mais competitivo. Do seu processo de industrialização obtém-

se como produtos o açúcar nas suas mais variadas formas e tipos, o álco-ol (anidro e hidratado e especiais), o vinhoto (utilizado na fertiirrigação da lavoura) e o bagaço (combustível para produção de vapor no acionamento de turbinas no processo e geração de eletricidade), além de levedura, plás-tico biodegradável, diamante de cana, produtos para a área farmacêutica,

No Brasil, a cana-de-açúcar ocupa uma área de 8 milhões de hectares, menos de 2% da área agricultável do País

O Brasil ajudou a democratizar o consumo de açúcar

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química e muitas coisas mais.O Brasil é o maior produtor

mundial de cana, de etanol e açúcar de cana, além de ser o mais competi-tivo. Com o etanol de cana, desenvolve o maior e melhor programa de com-bustível renovável do mundo. Mesmo assim, vez ou outra, encontramos veí-culos de comunicação salientando que a atividade canavieira brasileira não

gerando melhorias do campo à indús-tria, além de melhoramento genético e tecnologias de ponta, o CTC é um grande formador de profissionais.

Mas foi após 1975, quando foi lançado o Proálcool, programa go-vernamental para incentivar o etanol, que o País começou a trilhar o cami-nho da liderança tecnológica no setor de biocombustível. Hoje, a Nação de-

tecnologias que estão em desenvolvi-mento, pode se chegar a 14 mil litros de etanol por hectare. Outra boa notí-cia é que 100% dos equipamentos das usinas foram desenvolvidos e produzi-dos no Brasil. Cidades como Piracica-ba e Sertãozinho, no interior paulista, pode-se adquirir uma usina inteira.

“O Brasil responde por um ter-ço da produção mundial de cana-de-açúcar, 20% da produção e 40% das exportações mundiais de açúcar, 30% da produção e 60% das exportações mundiais de etanol. O etanol já re-presenta mais da metade do consumo nacional de combustíveis para auto-móveis leves e a biomassa da cana responde por 3% da produção de ele-tricidade, com potencial de chegar a 15% da matriz elétrica brasileira até 2015. Desde o ano passado, a indús-tria da cana-de-açúcar já é a segun-da principal fonte de energia do País, atrás do petróleo e acima da hidroe-letricidade. O setor sucroenergético brasileiro possui mais de 400 indús-trias processadoras, acima de 1 mil indústrias de suporte, 70 mil fornece-dores de cana e gera quase 1 milhão de empregos diretos em 20 estados brasileiros”, informa Marcos Jank, presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).

evoluiu nesses 500 anos. Para saber se essa alegação tem cabimento, a Panorama Rural mergulhou no uni-verso sucroenergético para apurar se a cana, seu cultivo, produção, indus-trialização e a postura de seus produ-tores pararam no tempo.

Índices de produtividades – o setor admite que mesmo estando no País há 500 anos o potencial da cana-de-açúcar passou a ser melhor traba-lhado nos últimos 50 anos, por meio dos investimentos em pesquisas e de-senvolvimento. A criação, em 1969, do Centro Tecnológico da Copersucar, atual Centro Tecnológico Canavieiro (CTC), localizado em Piracicaba, SP, maior empresa privada de pesquisas na área canavieira, foi uma grande alavanca para a evolução do setor,

tém as melhores técnicas para o plan-tio e colheita da cana-de-açúcar. Com o uso de novas variedades da planta, a média nacional de produtividade por hectare passou de 47 toneladas em 1975 para 85 toneladas atuais. Avanços tecnológicos na usina permi-tem extrair 80 litros de etanol de cada tonelada de cana limpa (sem palha), quando em 1975 eram produzidos 45 litros por tonelada. Esse expressivo ganho de produtividade nas etapas agrícola e industrial fez com que hoje se produza mais de 7,5 mil litros de etanol por hectare de cana colhida, contra três mil em 1975. Com novas

Vista aérea do CTC em Piracicaba, SP

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Jank : “O Brasil responde por um terço da produção

mundial de cana-de-açúcar”

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A mecanização chegou tarde – diferentemente de outras culturas como a soja e algodão, a mecanização demorou para chegar nos canaviais brasileiros, na Austrália, por exem-plo o corte é 100% mecanizado, já no Brasil, segundo dados da Unica, na safra 2008/09 na região Centro-Sul o corte mecanizado com cana crua foi de 41% e no Estado de São Paulo 50%. Segundo especialistas na área, por muito tempo houve certa tolerân-cia quanto à necessidade de se apres-sar o processo de mecanização da ca-na-de-açúcar. Talvez essa morosidade deva-se ao fato de as dificuldades sur-gidas no início do processo, pois eram tecnologias de difícil aplicação e que não apresentavam resultados satisfa-

tórios. Por outro lado, havia ainda, abudante procura por parte da mão-de-obra, pelo trabalho nos canaviais

que o setor ficou mais propenso a me-canização, as críticas da sociedade em relação à queima de cana e a visão agronômica da importância da palha na lavoura passaram a ganhar maior força. Neste momento, uma empresa brasileira, a Santal, de Ribeirão Pre-to, SP, inovou de vez, lançando a co-lhedora Amazon para o corte de cana crua, o modelo ganhou o mercado.

Com o aumento da necessidade do corte mecanizado, os profissio-nais da área agronômica resolveram que estava na hora de trabalhar para o aperfeiçoamento do processo. En-quanto os institutos de pesquisa inten-sificavam o melhoremento genético

Colheita de cana crua: menor custo que a manual

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e o corte manual era mais economica-mente viável que o mecânico.

Foi a partir da década de 1990

desenvolvendo variedades aptas ao corte com máquina, os integrantes dos Grupo de Motomecanização do Setor Sucralcooleiro (Gmec) cobrava das empresas fornecedoras o aprimo-ramento do corte, redução das per-das, inclusive, as invisíveis, pneus que não compactam o solo, e até mesmo exigiam que as empresas que tinham fábricas em países fora do Brasil, viessem para cá, e desenvolvessem máquinas atendendo as caracterís-ticas da lavoura brasileira. “Foi um período de muitas lutas, mas válidas, pois o corte mecânico passou a ter qualidade, menor custo que o manual, hoje está consolidado, e não é possível desenvolver a lavoura canavieira sem

Pesquisas de melhoramento

genético de variedades de cana ajudam

no processo de mecanização

da lavoura

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A máquina abre o sulco, planta as mudas, aplica o fertilizante, o inseticida, se necessário, e faz a cobertura do sulco em uma única operação

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o auxílio da mecanização”, salien-ta Humberto César Carrara, gerente agrícola da Usina São João, de Ara-ras, SP. Na São João, 85% do corte é

envolve as análises de variedades, relevo, manejo, assistência técnica e treinamento”, diz. Para Gustavo, a mecanização mudou a realidade

Guaíra são 33 mil hectares de área de cana, 60% do plantio são direto na palhada da soja, mas em 2009, a expectativa da empresa é chegar aos 100%.

A prática do plantio de cana com máquina é bem mais recente que a do corte, começou a se intensificar nos últimos três anos, incentivado principalmente pela grande expansão do setor e a escassez de mão-de-obra. Apesar de não existir um levantamen-to preciso e confiável, estima-se que em média apenas 15% dos canaviais brasileiros sejam plantados com má-quina, e que nos próximos três ou quatro anos se ampliará para 80%, isso dependerá, e muito, da saúde fi-nanceira das empresas sucroenergéti-cas. Nas novas fronteiras canavieiras, a topografia plana e a escassez de mão-de-obra estimulam ainda mais a mecanização, um exemplo de corte e plantio 100% mecanizado é a Eldo-rado, de Rio Brilhante, MS, unidade adquirida pela ETH Bionergia, ramo bioenergético da Odebrecht.

Geração de alimentos – a es-

mecanizado e 20% do plantio.Na Usina Açucareira Guaíra,

em Guaíra, SP, 96% de sua produção é cortada com máquina. “E tudo cana crua”, ressalta Gustavo Villa Gomes, diretor-agrícola. “Para nós é inad-missível cortar cana queimada com máquina, temos razões agronômicas e ambientais que defendem nossa posi-ção”, diz. Todo esse cuidado tem con-quistado vários prêmios agroambien-tais à empresa, além da tranquilidade de estar dentro da Lei.

Mudança agronômica e econô-mica – Humberto observa que, foi nos últimos cinco anos que a mecanização do corte realmente se firmou, deixou de ser vista como custo e passou a ser tratada como ferramenta para efici-ência do sistema, além de ser a única alternativa para a expansão da pro-dução. Assim, a tecnificação passou a ser parte do dia a dia do setor. “Até surgiu o termo ‘colheitabilidade’, que

do setor tanto na parte agronômica como econômica. “Falava-se muito que o uso da máquina iria reduzir a produtividade dos canaviais, aqui na Guaíra temos áreas que há 10 anos realizamos cortes, e a produtividade é de 120 toneladas por hectare.” Na

Cana plantada com máquina na Usina Eldorado, MS

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Colheita de amendoim em área de renovação de cana

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calada de preço do petróleo a partir de 2006, a adesão dos Estados Uni-dos ao etanol como alternativa aos combustíveis fósseis, o aumento da consciência ambiental sobre a neces-sidade de redução de gases tóxicos e a entrada do carro flex impulsionaram fortemente a expansão canavieira no Brasil, tanto que, de acordo com Plí-nio Nastari, presidente da consultoria Datagro, 1/4 das atuais 423 unidades foram instaladas nos últimos quatro anos. A área plantada com cana no Brasil alcançou os oito milhões de hectares e aumentaram as críticas de que a cana está roubando áreas de ou-tros alimentos.

O setor se defende ao afirmar que a cana ocupa menos de 2% da área agricultável do País e tem cres-cido em regiões degradadas, além dis-so também produz outros alimentos, por meio da rotação de cultura com grãos. O cultivo do amendoim nas áre-as de renovação é um bom exemplo. A região de Ribeirão Preto, respon-sável por 40% da produção nacional de amendoim, é a maior produtora do Estado de São Paulo, que responde por 75% da produção nacional, a re-

gião colheu, na safra 2009, mais de 5 milhões de sacas (25 kg).

Cooperativas de produtores de cana, como a Coplana, com sede em Guariba, e a Copercana, de Sertãozi-nho, incentivam a produção nas áreas de renovação de canaviais.

A prática é muito interessante, tanto no aspecto agronômico, pois ajuda na reciclagem de nutrientes do solo e na fixação do nitrogênio, como no aspecto socioeconômico, ao permi-tir que um pequeno produtor de cana se torne, ao mesmo tempo, um médio ou grande produtor de amendoim. Desde a década de 80, os produtores da região de Ribeirão Preto optaram pelo amendoim como cultura de su-

cessão. Na maioria dos anos, o lucro com amendoim cobre os custos de im-plantação do canavial.

A preferência pelo amendoim como rotação de cultura se dá em municípios como Sertãozinho, Jabo-ticabal, Guariba, Dumont e Pradópo-lis, enquanto que de Ribeirão rumo a Minas Gerais, passando por Orlândia, São Joaquim da Barra e Batatais a opção é pela soja. A experiência de rotação com cereais está sendo re-plicada nas novas fronteiras da cana, aumentando a geração de alimentos nas áreas degradadas. No Nordeste, a rotação é principalmente por meio do plantio de feijão e milho. Em Ala-goas, existe o projeto Barriga Cheia,

Plantio de cana em meiose com a soja na usina Volta Grande, unidade do Grupo Caeté, MG

Produtores de feijão em área de rotação de cultura nas usinas de Alagoas A

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no qual as usinas cedem as áreas de renovação para os pequenos agricul-tores cultivarem feijão.

Já em Barrinha, no interior paulista, o IAC iniciou em agosto de 2008, um experimento que visa a produção de cereais, mais especifica-

Agronegócios), os resultados prelimi-nares são bastante aceitáveis. O fei-jão é plantado na entrelinha da cana e tem um ciclo de 90 dias. O projeto objetiva analisar o desempenho das lavouras e fornecer dados para os canavicultores que desejem iniciar a produção em consórcio em suas pro-priedades. Ainda sobre o tema cana como geradora de alimentos, outro fator a ser abordado é a utlização da cana como volumoso para gado, além do uso de seus subprodutos como ba-gaço hidrolizado, melaço e levedura para o aumento da produtividade na pecuária.

Evolução industrial – nova ge-ração de usinas sucroenergéticas têm como características layout moderno visando as futuras ampliações e faci-litando a instalação de novas tecno-logias. Unidades que privilegiam a

totalmente automatizados. Fábricas 100% eletrificadas, com caldeiras de alta pressão e tecnologia osmose de ultrafiltração para a purificação de água visando a produção de energia elétrica.

Os investimentos também obje-tivam o funcionamento de indústrias com menor impacto ambiental, en-tre eles a menor captação de água e maior recuperação de água da cana. Segundo dados da Agência Nacional de Água (ANA), em 1997 eram capta-dos cerca de 5 mil litros de água para o processamento de uma tonelada de cana; em 2004 este valor passou a ser de 1,8 mil litros de água. A expectati-va é que este valor caia para mil litros por tonelada de cana. “A agroindús-tria canavieira, busca pela sustentabi-lidade de água desde a década de 80 e os instrumentos para isso incluem ba-lanço hídrico, racionalização do uso, fechamento de circuitos, alterações com a adoção de novos processos e equipamentos, PERH (Plano Estadu-al de Recursos Hídricos) e cobrança pelo uso da água”, enumera o enge-nheiro químico Homero Tadeu de Car-valho Leite, especialista em projetos ambientais nas indústrias.

Ainda nesta linha de utilização de água, em 2008, a Dedini Indústrias de Base apresentou para o mercado uma usina autossuficiente em água, que não capta água externa e ainda produz água. Como 70% da cana é água, o processo “otimiza” o uso da água que está presente na cana. Essa usina não desperdiça nada, ou seja, ela tem o mínimo gasto porque per-de o mínimo em evaporação. A água doce produzida por uma usina pode ter uso doméstico e industrial (não potável) ou para irrigação. Nesse pro-cesso pode-se produzir cerca de 300 litros de água por tonelada de cana, ou seja, em uma usina com capacida-

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mente feijão, nas entrelinhas da cana e não apenas nas áreas de renovação. O projeto chama-se Feijão Doce, e utiliza a variedade IAC Alvorada. De acordo com o pesquisador Deni-zart Bolonhezi, do Pólo Regional do Centro Leste coordenado pela APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos

economia, eficiência e a preservação ambiental, atendendo a nova realida-de do setor estruturada na competiti-vidade e sustentabilidade. Tornou-se comum encontrar unidades que pos-suem um centro de operações integra-das (COI), que permite operar todos os processos de produção, que estão

As unidades sucroenergéticas investem em tecnologia para aumento de eficiência e menor consumo de vapor e água

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de para processar 12 mil toneladas de cana/dia, terá a produção diária de 3,6 milhões de litros de água.

A cana e a bioeletricidade – o Brasil é o país que utiliza o maior percentual de energia renovável do mundo. Considerando apenas a ener-gia elétrica, são mais de 80%, e, se considerarmos a energia como um todo - combustível para os carros, para fazer vapor para as indústrias e inclusive a própria energia elétrica - são 46%, contra uma média mundial de 14%, onde apenas 7% são dos paí-ses desenvolvidos. “Somos campeões, mas podemos melhorar”, afirma Luiz

Otávio Koblitz, diretor-presidente da Areva Koblitz.

“Somente com o bagaço de cana, hoje ainda utilizado de forma perdulária visando apenas atender as necessidades energéticas das usinas de açúcar e álcool, e as pontas e palhas, na sua grande maioria descartada no campo - considerando os 650 milhões de toneladas existentes de cana-de-

existente; extremamente empregado-ra; os produtos açúcar e etanol fica-rão mais competitivos; a localização dessa cana está junto aos grandes centros de consumo, diminuindo per-das; não precisaremos de nenhuma área de terra nova; há uma perfeita sinergia com o sistema hidroelétrico, considerando a defasagem da safra e do período das chuvas; a engenharia e

Área de preservação na Usinas Itamarati, MT

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“Somos campeões, mas podemos melhorar”, afirma Luiz Otávio Koblitz

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açúcar - poderíamos produzir 15.000 MW médios, 50% mais do que Itaipu. Ou ainda, quase 30% da energia gera-da hoje em nosso País”, diz Koblitz.

Segundo ele, as vantagens são muitas: agrega valor a uma atividade

os equipamentos são todos nacionais. “Além disso, produziremos um quarto produto, Créditos de Carbono; ciclo curto de implantação de apenas dois anos, ajuda no planejamento do cres-cimento do setor elétrico; tudo isso

Usina Boa Vista em Goiás: a luz que vem da cana ilumina a usina, toca as máquinas e ilumina as cidades

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sem emitir CO2 ”., ressalta.O etanol e o meio ambien-

te – dados da Agência Internacional de Energia indicam que o etanol de cana é capaz de reduzir em até 90% a emissão de gases de efeito estufa quando comparado à gasolina. Cálcu-los do Ministério das Minas e Energia apontam que a utilização de etanol nos últimos 30 anos no Brasil evitou a emissão de 850 milhões de toneladas de CO2. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veícu-los Automotores (Anfavea), 88% dos veículos leves vendidos no Brasil hoje têm motor flex fuel. A perspectiva é que, em 2014, 65% da frota brasilei-ra será flex. Atualmente, dez monta-doras multinacionais produzem quase 100 modelos diferentes de carros flex no Brasil, o que faz do País detentor da maior frota deste tipo de veículo no mundo. O etanol brasileiro é de alta qualidade, aumenta a potência do ve-ículo em mais de 10% e não oferece riscos ao motor.

A meta do setor é expandir para o mundo a experiência brasileira na utilização do etanol. “A matriz ener-gética global está em transformação. Líderes e cientistas das principais na-ções reconhecem o impacto das emis-

sões de CO2 e os efeitos das mudanças climáticas causadas pelo homem. A civilização do petróleo cede espaço a fontes renováveis de energia. Ao mesmo tempo os incômodos do aque-cimento global se tornam palpáveis e potências como Índia, China, Estados Unidos e União Europeia se mobi-lizam para inserir em suas matrizes energéticas novas fontes de energia limpa”, observa José Carlos Grubisi-ch, presidente da ETH Bioenergia.

Nesse contexto, segundo Grubi-sich, a experiência brasileira na pro-dução de etanol a partir de cana-de-açúcar é uma resposta eficaz para o mundo. Entre 2006 e 2008, a produ-ção brasileira de etanol dobrou para 24 bilhões de litros e a tendência é manter o mesmo ritmo até 2015, su-perando os 50 bilhões de litros ao fi-nal desse período. O executivo salien-ta que a transformação do mercado de etanol no Brasil ocorreu a partir da entrada dos carros flex e ao au-mento da renda e da maior oferta de linha de crédito disponíveis para esse setor. A cadeia produtiva do setor consolidou-se e é hoje um dos setores de mais destaques na economia. Uma iniciativa ambiciosa que avança com

passos firmes e responde aos desafios de energia limpa e sustentável no pla-no global.

A cana e a sustentabilidade – mais do que avanços tecnológicos a agroindústria canavieira apresenta grande evolução em relação aos con-ceitos. A mais antiga atividade econô-mica do Brasil passou a ser exemplo de sustentabilidade. Em 2008, a Uni-ca, principal entidade do setor, que

Etanol de cana é capaz de reduzir em até 90% a emissão de gases de efeito estufa quando comparado à gasolina

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“A matriz energética global está em transformação”, diz Grubisich

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congrega 127 associadas e responde por cerca de 60% da cana moída, do etanol e do açúcar produzidos no País, tornou-se a primeira associação no Brasil a publicar um relatório de sustentabilidade. “Isso mostra a evo-lução do setor e o comprometimento de todos com a sustentabilidade. Es-sas ações encorajam a reflexão sobre a atividade produtiva e demonstram à sociedade o forte compromisso com um modelo de desenvolvimento que alia crescimento econômico, social e ambiental”, diz Maria Luiza Barbo-sa, coordenadora do Núcleo de Res-ponsabilidade Socioambiental e Sus-tentabilidade da Unica.

As associadas da Unica de-senvolvem mais de 600 projetos so-cioambientais, que demandaram

Maria Luiza : crescimento econômico, social e ambiental

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investimentos de R$ 160 milhões, be-neficiando aproximadamente 400 mil pessoas. “Mas não são ações a esmo, e sim resultados de pesquisas sobre as carências da comunidade nas áreas da saúde, educação, meio ambiente, cultura, esporte, qualidade de vida e capacitação profissional”, diz Ma-ria Luiza. Segundo ela, desde 2002, as associadas elaboram informações sobre os projetos, benefícios e ações dirigidas aos empregados, investido-res, acionistas e comunidade. Esse balanço de informações passou a ser uma moderna ferramenta de gestão para o direcionamento das tomadas de decisões.

Para a produção de relatórios de sustentabilidade, a Unica firmou parceria com o Ibase na elaboração do Balanço Social Empresarial. E, em 2006, iniciou um trabalho com o Instituto Ethos para implantar os Indicadores Ethos de Responsabili-dade Social Empresarial, mapeando por meio de questionários de auto-avaliação o estado de cada empresa sucroalcooleira em relação a transpa-rência e governança; governo e socie-dade; meio ambiente; consumidores e clientes; fornecedores; comunidade

e público interno. Também adotou os métodos do GRI (Global Reporting Initiative), metodologia universal de apresentação dos relatórios sócioam-bientais das empresas, que traz ações de sustentabilidade sem prejudicar a transparência das informações.

Entidades representantivas do setor em outros Estados também de-senvolvem programas de sustentali-dade. Projetos sociais e ambientais passaram a fazer parte da gestão das unidades sucroenergéticas de todo o Brasil, assim como a adesão a pactos contra o trabalho escravo e explora-

ção de mão de obra.Protocolo agroambiental – na

opinião de Marcos Jank, presiden-te da Unica, a criação, em 2007, do Protocolo Agroambiental do Estado de São Paulo, que estabelece uma sé-rie de medidas ambientais na indús-tria da cana, entre elas, a eliminação da queima da palha até 2014 em áre-as mecanizáveis, e até 2017 em áreas hoje consideradas não-mecanizáveis, é um grande avanço para o setor. O Protocolo Agroambiental já obteve 80% de adesão voluntária das usinas produtoras de açúcar, etanol e bioele-tricidade do Estado.

E o setor não investe apenas na mecanização da cana crua, dados divulgados pela Secretaria do Meio Ambiente e da Agricultura e Agro-pecuária de São Paulo confirmaram que a indústria da cana-de-açúcar está mantendo e até ampliando sua posição como principal contribuidora para a preservação de matas ciliares do Estado. No total, 260 mil hectares em Áreas de Preservação Permanente (APP) já estão comprometidos pelo setor. O índice, que equivale a mais de 43 mil quilômetros de rios, riachos e córregos protegidos, faz parte das me-tas estabelecidas no Protocolo Agro-

Alunos do Projeto Criança Doce Energia, desenvolvido pela Usina Cerradinho, Catanduva, SP

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Coral da Usina Virálcool, Pitangueiras, SP

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ambiental do Setor Sucroenergético, firmado com o governo do Estado.

Ações envolvendo preservação ambiental promovidas pelo segmen-to canavieiro têm sido cada vez mais comuns, e as maiores em comparação com outros setores da economia brasi-leira. Dados da Unica mostram que na safra 2008/09, as empresas do setor investiram R$ 2,8 milhões no plantio de 1 milhão e 600 mil mudas de ár-vores, a maioria de viveiros próprios. Também foram doadas outras 120 mil mudas a diversas prefeituras. Para os próximos anos serão aplicados mais R$ 5,6 milhões na manutenção de áreas reflorestadas em 2008 e 2009.

Boas práticas trabalhistas e qualificação profissional – em 25 de junho deste ano, a agroindústria canavieira apresentou mais um avan-ço em direção a modernidade, lançou em Brasília, com a participação do presidente Lula, o Compromisso Na-cional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar, que logo em sua largada contou com mais de 75% de adesão do setor sucroener-gético. “É um passo decisivo e histó-rico que trata do presente e do futuro

e coloca a adoção das melhores práti-cas trabalhistas em primeiro plano no setor sucroenergético”, disse Marcos Jank durante o evento. Para as usi-

Como ferramenta para auxiliar o cumprimento do Compromisso, o se-tor lançou, também em 25 de junho, o Programa de Requalificação de Tra-balhadores em Operações Manuais da Cana-de-açúcar (RenovAção), consi-derado o maior programa de requali-ficação de trabalhadores do setor su-croenergético do mundo. O Programa é uma iniciativa da Unica, da Feraesp, com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e patrocí-nio de várias empresas fornecedoras de produtos e serviços do setor. Tem como objetivo treinar e requalificar anualmente sete mil trabalhadores e integrantes das comunidades cana-vieiras no Estado de São Paulo.

A imagem do setor – a maioria dessas informações é de conhecimen-to dos integrantes do universo sucro-energético, mas é fundamental que

Viveiro de mudas na Usina Santa Cruz, SP

Henrique Santos

nas, assinar o termo de adesão signi-fica cumprir um conjunto de cerca de 30 práticas empresariais exemplares, que em seu conjunto extrapolam as obrigações estabelecidas na lei. Cada usina participante receberá ainda um certificado de conformidade.

essa comunicação ultrapasse as por-teiras das usinas para que a sociedade possa ter acesso à imagem que refle-te a realidade de uma atividade que vem crescendo e se modernizando em ritmo acelerado. Para isso, a Unica criou o Projeto Agora – Agroenergia

Formação de operadores de colhedoras de cana na fábrica da Case IH em Piracicaba

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e Meio Ambiente –, com o objetivo de aglutinar toda a extensa cadeia pro-dutiva em torno da cana-de-açúcar em um grande esforço conjunto de co-municação e marketing.

O Projeto conta com a partici-pação da União da Indústria de Ca-na-de-Açúcar (Unica), empresas par-ceiras do setor, além dos sindicatos estaduais dos produtores de açúcar e etanol de Goiás, Minas Gerais, Pa-raná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Entre as ações do Projeto Agora

Criadouro conservacionista de animais silvestres em

extinção na Usina Uruba, na Fazenda Santa Tereza,

Grupo João Lyra, no município de Atalaia, AL

Artesanato de ouricuri produzido pelas associadas da Cooperativa de Artesãs de Coruripe, Alagoas. Projeto desenvolvido pela Usina Coruripe

Projeto educacional desenvolvido pela Usina São José, em Pernambuco

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vaestá a iniciativa educacional “Desafio Mudanças Climáticas”, que pretende informar professores e estudantes so-bre as causas do aquecimento global, além de fomentar a busca por formas de combater os efeitos do aquecimen-to global. Entre as alternativas para enfrentar os desafios das mudanças climáticas estão as energias renová-veis.

A ação envolve 3.500 esco-las públicas da Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pa-

raná, Rio de Janeiro, São Paulo e do Distrito Federal. Mais de 40 mil alunos, além de ficarem por dentro sobre o tema mudanças climáticas, saberão que o etanol, a cana-de-açúcar e o Brasil podem ajudar a reduzir a emissão de gases que pro-vocam o efeito estufa, resultando em melhoria para todo o planeta. Ainda há duvidas sobre evolução da cultu-ra canavieira? PR

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40 Panorama Rural Novembro 2009

Em busca da adaptação

As mudanças climáticas provocam alterações na agricultura e o produtor rural precisa rever conceitos para se adequar ao que vem por aí

Adair Sobczak

Não bastasse a volatilidade do mercado mundial das com-modities, os altos custos de

produção e a falta de políticas de ga-rantias, os agropecuaristas serão cada vez mais obrigados a conviverem com um fantasma que independe de fatores micro e macroeconômicos e que tem desafiado o mundo científico: as mu-danças climáticas. Em grande parte, resultado da ação desordenada do ser humano, a quem cabe criar alternati-

vas que minimizem os efeitos causados por um fenômeno de sua própria cria-ção. A ciência vem estudando o rede-senho da produção agrícola, visando a adaptação dos fatores de produção aos novos ambientes e nesta batalha será imprescindível a participação do homem do campo, através da mudan-ça de concepção, voltada a um siste-ma produtivo ambientalmente correto e, principalmente, o apoio de políticas públicas de garantias à produção para que a agricultura sustentável não seja apenas mais uma filosofia dogmática e

Em decorrência do excesso de chuva, doenças atacam o trigo no Paraná

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do no sentido de criar cultivares, via programas de melhoramento genético, que se adaptem a este novo ambiente e sejam também, tolerantes ao calor e a falta de água ”, aponta, revelando que, os defensivos agrícolas e a tecnologia de aplicação também estão sendo apri-morados para que estas mudanças am-bientais não sejam tão catastróficas.

Boas práticas de manejo – no entanto, não basta apenas o auxílio tecnológico se o produtor não adotar boas práticas de manejo do solo, como o sistema plantio direto na palha, a ro-tação de cultura, o revolvimento míni-mo do solo – apenas na linha de seme-adura – e a manutenção permanente da cobertura da terra. “Isto é funda-mental para melhorar a fertilidade dos solos e evitar a erosão. A preocupação técnica é fazer um manejo adequado do solo, de acordo com as característi-cas de cada região e atividade agríco-la em exploração, adotando, também,

de Mudanças Climáticas Globais da Embrapa Informática Agropecuária, Giampaolo Queiroz Pellegrino, além do aumento da temperatura, se obser-va também, a tendência de aumento da frequência dos eventos extremos, como ondas de calor, chuvas fortes e torna-dos. “As chuvas poderão se concentrar em um menor período de tempo, pro-longando as estações secas”, explica. Para ele, a elevação da temperatura, associada ao aumento do período seco, ocasionará uma crescente deficiência hídrica do solo. Assim, é importante usar culturas e cultivares adequadas às novas faixas de temperatura de cada região. “Temos que utilizar cultivares de ciclos mais precoces, pois elas terão menos tempo para crescer”, comenta o pesquisador.

Nova geografi a – um estudo apontando a nova geografia da produ-ção agrícola no Brasil, resultante da simulação de cenários agrícolas futu-

sim, uma realidade.De acordo com o pesquisador em

Agrometeorologia da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, o Brasil tem viven-ciado duas situações: o aumento da temperatura e uma maior quantidade de chuvas nos Estados do Centro-Sul, paralelamente há perspectiva de redu-ção do volume nos Estados do Norte e Nordeste. “Desde 2000, todos os índices médios de precipitação no Sul foram superados e isto causa preocu-pação, pois o ambiente úmido e quente pode elevar a incidência de doenças, de

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insetos e outras pragas que, até então, mesmo presente, estavam em níveis controláveis”, explica Cunha. Segundo ele, com o aquecimento, insetos típicos do Centro-Oeste estão se deslocando para o Sul, como o percevejo que ata-ca a soja. “Neste contexto, institutos de pesquisa e tecnologia têm trabalha-

equipamentos com base tecnológica moderna, defensivos menos agressivos ao ambiente e dar preferência para cultivares com bom potencial genético de produtividade e tolerância geral a doenças e pragas, entre outros”, co-menta Cunha.

Segundo o pesquisador da área

“Desde 2000, todos os índices médios de precipitação no Sul foram superados”, diz Gilberto Cunha

Paulo Kurtz

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ros analisando nove culturas, revela que a maioria terá uma redução na área potencial de baixo risco até 2070, principalmente a soja. “Neste docu-mento trabalhamos com dois cenários: otimista e pessimista. Para soja, a pro-jeção otimista indica uma redução da área potencial de 34,86% e no pessi-mista de 41,39%. Para a mandioca, o Brasil teria um aumento na área de 16,64%, podendo chegar a 21,26%,

o estudo aponta para uma redução da área potencial, o mesmo não ocorrerá com a cana-de-açúcar, que terá um au-mento de até 143,4%.

Discutir as mudanças climáticas, os recursos hídricos e uma agricultu-ra sustentável foi o objetivo do XVI Congresso Brasileiro de Agrometeo-rologia, CBA, realizado em setembro passado em Belo Horizonte, MG. Or-ganizado pela Sociedade Brasileira de

paciais, Inpe, Maurício Alves Moreira, apontou o crescimento exponencial da população mundial nas últimas déca-das, comparado ao crescimento linear da produção de alimentos no período. “No Brasil, por exemplo, há um con-sumo médio diário de 90 mil tonela-das de alimentos, algo próximo de 33 milhões de toneladas por ano. E como chegar a uma produção deste porte? Só mesmo através de uma agricultura

porém no Nordeste, haveria uma redu-ção da área, o que traria problemas, inclusive para a segurança alimentar da população local”, ressalta Pelle-grino. Se para a maioria das culturas

Agrometeorologia, Universidade Fede-ral de Viçosa, UFV, e Embrapa Milho e Sorgo.

Durante o evento, o especialista do Instituto Nacional de Pesquisas Es-

moderna e sustentável”, aponta.Professora da Universidade Fe-

deral do Rio Grande do Sul, Denise Fontana, comentou sobre o Laborató-rio de Estudos em Agricultura e Agro-meteorologia, LEAA, que trabalha com o mapeamento de áreas e modela-gem agrometeorológica do rendimen-to de culturas agrícolas e pastagens. “Com a geração das chamadas “más-

Especialistas debatem alternativas no Congresso Brasileiro de Agrometereologia

Marina Torres - Embrapa Milho e Sorgo

Eduardo Assad: “A agricultura é a única atividade que pode, em um curto espaço de tempo, virar o jogo”

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caras de cultivo”, é possível quantifi-car as áreas de lavoura, localizando-as e estudando-as”, explica Denise.

A nova geografia que está se formando no País foi abordada pelo pesquisador da Embrapa Informá-tica Agropecuária, Eduardo Assad, que apresentou dados sobre diferentes culturas agrícolas e alertou para a ne-cessidade de estudá-los melhor, já que se referem ao que pode acontecer em pouco tempo. Entre as soluções que amenizariam os danos causados na agricultura, Assad citou o plantio di-reto – desde que bem feito – e a in-tegração lavoura-pecuária. Frente às acusações de que a agricultura é a vilã da história, ele foi veemente. “Muito pelo contrário, é a única atividade que pode, em um curto espaço de tempo, virar o jogo”, afirmou.

Manejo de irrigação – presiden-te do XVI CBA e pesquisador da Em-brapa Milho e Sorgo, Reinaldo Lúcio Gomide apontou que a possibilidade de mudanças climáticas tem chamado a atenção de autoridades. “O conheci-mento sobre possíveis cenários futuros pode ajudar a prever riscos e pensar em políticas públicas adequadas”, diz ele. Já o professor da UFV, Everaldo

Mantovani, defendeu a importância da gestão e do manejo da irrigação. “O manejo decide quando e quanto irrigar. A gestão envolve o manejo e vai além, considerando o solo, planta, clima, água, equipamentos, energia e estratégias de condução da lavoura”, explica.

Para o gerente de negócios da área de irrigação do Grupo Fockink para a região Sul, Bruno Rauber, a ir-rigação é a melhora alternativa para

fugir da estiagem, já que possibilita que o produtor programe o plantio para a melhor época de acordo com cada re-gião. “Assim, o agricultor não depende das chuvas para plantar, o que possi-bilita que ele faça mais safras por ano com elevado ganho em produtividade”, explica. Segundo Rauber, dependendo apenas das chuvas, o produtor acaba atrasando o plantio e a colheita, per-dendo em produtividade. “Em anos normais, o produtor pode até dobrar

Gerson Schiochet mostra trigo que sofreu com o excesso de chuvas: perda da lavoura

Adair Sobczak

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a produtividade nas lavouras de mi-lho irrigadas e na soja, o aumento fica acima de 50%. Salvo as intempéries, o lucro é garantido, pois o produtor in-veste em adubação, sementes e manejo cultural, já que água, ele sabe que não faltará”, afirma.

De acordo com Rauber, linhas de financiamento, como o Finame PSI, a juros de 4,5% ao ano sem limite de valor e três anos de carência têm aque-cido as vendas de equipamentos. “Em média, o agricultor paga o investimento nos três primeiros anos, mas há casos de produtores paulistas de feijão que quitaram tudo já no primeiro ano de produção”, revela, alertando que, quem desejar investir na irrigação, primeiro deve buscar a liberação ambiental para depois encaminhar os projetos.

Na opinião de Gilberto Cunha, a irrigação, em algumas regiões do Bra-sil – semi-árido do Nordeste ou na esta-ção seca do Cerrado – é imprescindível para a exploração agrícola. No Sul do Brasil, sem estação seca definida, a téc-nica pode, em algumas situações, ser usada para suplementação das chuvas,

particularmente em culturas de valor econômico agregado como, por exem-plo, na produção de sementes, flores e de hortaliças, que abastecem os centros urbanos. “Porém, deve-se ter cuidado com o manejo da água na irrigação, especialmente nas regiões áridas, com vistas a evitar problemas de salinização dos solos. Todavia, para o Sul do País, a solução não está apenas na irrigação. O principal aspecto é a absorção e a conservação da água das chuvas no solo através da melhoria da sua estrutura física e química, elevando a capacida-de de armazenamento e permitindo o aprofundamento do sistema radicular dos cultivos”, orienta Cunha.

Excesso de chuvas – se na safra 2008/09 os Estados do Sul sofreram em função da estiagem, desta vez é o excesso de chuvas, causado pelo El Niño, quem tem tirado o sono dos pro-dutores. No Paraná, maior produtor brasileiro de trigo, as chuvas têm pre-judicado o desenvolvimento da cultura e impedido a colheita, causando preju-ízos que podem chegar a 100%.

No município de Vitorino, PR, os resultados positivos das últimas safras, com produtividades de até 80 sacas por

hectare em função de novas cultivares, estimularam os produtores a dobrarem as áreas. “Porém, o período chuvoso tem provocado o avanço de doenças, como a giberela, a brusone, mal-do-pé e manchas foliares, dificilmente con-troladas quando há muita chuva, pois os fungicidas não surtem o efeito de-sejado”, explica o técnico da Emater, Gerson Schiochet. Segundo ele, a prin-cipal doença é a giberela, que provoca a morte da espiga ou o estrangulamen-to de parte dela. “Em anos de chuvas regulares, ela é controlada com um ou dois tratamentos, mas nesta safra, já há casos de produtores que realizaram cinco aplicações de fungicidas e mes-mo assim, correm o risco de perderem a lavoura”, afirma Schiochet.

Até meados de outubro, as la-vouras da região – em fase de flora-ção e formação do grão – apresentavam perdas médias de 40%. “Se a precipi-tação continuar, os prejuízos poderão chegar a 100% em algumas áreas, embora ainda cedo para diagnosticar. Mesmo que as chuvas parem, o que for colhido não cobrirá mais os custos de produção e dificilmente atingirá a qua-lidade exigida pela indústria. Assim, o produtor receberá um valor bem abai-xo do preço de mercado e para agravar ainda mais a situação, o preço atual do

Até meados de outubro, as lavouras da região – em fase de floração e formação do grão – apresentavam perdas médias de 40%

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“Para próxima safra de trigo, vou reduzir a área em 50%”, diz Schiochet

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grão está muito aquém do mínimo esta-belecido pelo governo”, aponta o técni-co da Emater.

Outro problema, segundo a Ema-ter, é que mesmo a maioria dos produ-tores tendo financiado a lavoura, ain-da não há uma definição se o Proagro cobrirá as áreas atingidas por doenças decorrentes das chuvas. “Há o risco de o produtor não ficar assistido pelo segu-ro”, diz Schiochet. Já os produtores que optaram pelo seguro privado, onde o go-verno cobre 70% e o produtor 30% do custo da contratação, não terão direito ao prêmio. “O questão é que este seguro cobre 100% das perdas decorrentes da geada e do granizo, mas não as causa-das pelas chuvas”, diz Schiochet.

Perdas com a estiagem e com as chuvas – na safra 2008/09, o pro-dutor de Vitorino, PR, Ivair Schiochet amargou perdas de 40% na área de 41 hectares de milho e 95% em 13 hecta-res de feijão por causa da estiagem. Na safrinha, ele apostou no feijão, plan-tando 54 hectares, mas a estiagem e as geadas acabaram consumindo 90% da lavoura. Na tentativa de reverter o quadro, o produtor apostou todas as fichas em 84 hectares de trigo e, no-vamente, mais uma decepção. “Até

agora, perdi 40% da lavoura e se con-tinuar chovendo, não precisarei nem passar a colhedora”, lamenta Ivair Schiochet, embora tenha feito quatro tratamentos fúngicos. “O prejuízo já chega a R$ 44,2 mil e se as chuvas continuarem, o valor poderá chegar a R$ 80 mil”, revela, acrescentando que contratou o seguro privado, mas que este, não cobre perdas desta natureza.

“Mesmo com seguro a situação não muda”, diz Daga

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tão não me resta alternativa”, justifica Schiochet, reivindicando que deveria haver um preço mínimo garantido e um seguro que cobrisse todas as intem-péries climáticas.

Na região de Cascavel, PR, a situação é mais grave ainda. As gea-das de final de maio e 25 de julho que atingiram as lavouras provocaram perdas de 77% na produção e o pou-

Com tanto prejuízo, a atitude do produtor não poderia ser outra. “Para próxima safra de trigo, vou reduzir a área em 50%, pois vou colher mal e o preço do produto esta péssimo, en-

co que está sendo colhido é recusado pela indústria, pois o grão não possui qualidade para a panificação. Segun-do o engenheiro agrônomo e produtor em Cascavel, Modesto Félix Daga, a

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situação dos triticultores e lamentá-vel. “Nos 520 hectares que semeei tive uma perda de 80% e o pouco que co-lhi, não conseguindo vender! Ninguém quer comprar, porque o grão não tem qualidade”, desabafa.

Mesmo os produtores possuin-do seguro, seja através de Proagro ou seguradoras privadas, Daga diz que a situação não muda, pois eles cobrem apenas as perdas qualitati-vas. “O trigo é um cereal cujo preço está atrelado à qualidade do grão. De nada adianta produtividade, se o grau qualitativo não for a exigida pela in-dústria, que acabará pagando um preço insignificante. Então estamos discutindo com as seguradoras e com o governo, para que seja assegurada também, a qualidade do produto”, re-vela Daga.

Até meados de outubro, segundo Daga, estudos apontavam para uma significativa queda na produção esta-dual em função das geadas e das chu-vas. “As perdas no rendimento (quan-titativas) já chegam a 28%, mas há também, as perdas financeiras (quali-tativas), que já ultrapassam os 40%”, ressalta.

Instituto do clima – analisar as mudanças ambientais globais e seus impactos nas diversas áreas da ativida-de humana, principalmente a agrícola é o objetivo de um projeto da Univer-sidade Federal de Viçosa, UFV, que prevê a criação de um Instituto voltado aos estudos do clima e agrometeorolo-

gia de forma integrada com projetos nacionais e internacionais, através de parcerias com órgãos e Institutos de pesquisa do Brasil e do exterior, como o INPE, a EMBRAPA, a Organização Meteorológica Mundial, a FAO, entre outros.

De acordo com o Reitor da UFV

Em Santa Catarina, a Gerência de Extensão e o Centro de Informa-ções Ambientais da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural, Epagri, estão propondo algumas medidas para prevenir e

tentar minimizar as perdas na agricultura que vêm ocorrendo no Estado em função dos fenômenos agroclimáticos. “Nossa intenção é divulgar, de maneira ampla, recomendações para plantios e outros cuidados com as cul-turas, especialmente para os agricultores familiares”, diz o gerente técnico de extensão da Epagri, Jose Cezar Pereira.

Entre as medidas preventivas estão:• Plantar de acordo com os períodos recomendados no zoneamento agrícola para reduzir os riscos climáticos;• Utilizar as cultivares recomendadas pelo zoneamento agrícola;• Quando houver possibilidade, realizar o escalonamento do plantio ou se-meadura de grãos, considerando o potencial de produção da cultura nas diferentes épocas;• Os períodos propícios à semeadura da safra de verão poderão ser mais restritos, em especial para a soja que ainda concentra áreas semeadas em novembro. • Poderá ocorrer um ambiente favorável para doenças, portanto, quando aplicar pesticidas e adubos, deve-se ter atenção redobrada para evitar per-das de produto e intoxicações;• As chuvas podem reduzir a ação dos agentes polinizadores durante o pe-ríodo de floração de frutíferas como a videira e a macieira.

Luiz Cláudio Costa, reitor da UFV: informações para minimizar os riscos climáticos e ambientais

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e também presidente da Sociedade Brasileira de Agrometeorologia, Luiz Cláudio Costa, o Instituto estudará aspectos ligados à adaptação do setor agrícola às mudanças climáticas, for-necendo aos agricultores, informações para minimizar os riscos climáticos e ambientais oriundos destas mudanças. “Quais as variedades, os manejos e as épocas de plantio mais adequadas se-rão questões abordadas pelo Instituto e que estarão disponíveis aos agricul-tores”, revela Costa, acrescentando que, da mesma forma, serão estudas e divulgadas técnicas para o setor agrí-cola em mitigar a emissão de carbono por meio de uma agricultura de baixo impacto ambiental.

Medidas de prevenção

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AUTOMÓVEIS RURAISpara todos os gostos

Linha 2010 de picapes médias e SuV´s para o público do agronegócio ganha mais opções. Mercado oferece modelos fl ex,

reduções de preços e até descontos para o produtor rural

F-250: 100% de mercado no agronegócio

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Ariosto Mesquita

Após a redução da turbulência provocada pela crise financeira mundial e com o início da con-

solidação das primeiras picapes e utili-tários (SUV) flex no Brasil, o mercado dos automóveis off road e assemelha-dos, mais especificamente voltado para profissionais do agronegócio (agriculto-res, pecuaristas, agroindustriais, exe-cutivos, etc.), está bem mais acirrado para 2010. A concorrência exigiu mu-danças em vários modelos para garantir diferenciais e estimular o consumidor. Melhor para o comprador, que encontra mais alternativa, sendo algumas com preços “congelados” e até inferiores às versões anteriores.

Algumas montadoras, de olho no potencial do segmento e acirrando a briga com os concorrentes, oferecem descontos para o produtor rural na compra de suas caminhonetes. Na lide-rança das chamadas picapes médias es-tão, respectivamente, a Chevrolet S-10, Toyota Hilux, Mitsubishi L200 e Ford Ranger. No entanto, há opções às pi-capes - algumas mais robustas e outras mais esportivas - também muito utiliza-

das no campo e com bom desempenho em estradas pavimentadas e na cidade.

Além das já conhecidas picapes lí-deres de mercado, uma nova força deve chegar ao mercado brasileiro em 2010. A previsão é de que nos primeiros me-ses do próximo ano a Volkswagen lance a VW Amarok, a sua primeira picape média, já apresentada no Salão do Au-tomóvel de São Paulo de 2008. O carro deverá ser produzido inicialmente na Argentina e sua primeira versão tende a ser a cabine dupla com tração 4x4 com motor turbo diesel.

O mercado brasileiro de picapes médias vem em evolução crescente desde 2003, ano em que foram comer-cializadas 104.233 unidades, segundo

dados da Nissan Brasil. O mesmo le-vantamento aponta para 126.845 ca-minhonetes comercializadas em 2004 e 191.158 em 2007. No entanto, dificil-mente este número deverá ser alcança-do em 2009. Dados da Chevrolet apon-tavam para apenas 57,5 mil unidades vendidas de janeiro a julho deste ano, envolvendo as cinco picapes mais vendi-das do segmento.

Nunca é demais fazer esclare-cimentos sobre o que há no mercado. Existe uma série de denominações para veículos funcionais comumente no meio rural, estradas e cidades. Muitas vezes, os conceitos se misturam. As chama-das picapes (ou caminhonetes) trazem compartimentos individualizados para cargas e passageiros e não oferecem co-municação interna entre eles.

Os utilitários esportivos - tam-bém chamados de SUV´s (Sport Utility Vehicles) - são fabricados a partir de chassis de caminhonetes. A diferença é que a capota se estende até o fim do veículo que ainda possui, internamente, banco traseiro e porta-malas. Portanto, apresentam bom espaço para passagei-ros e uma versatilidade de carga próxi-ma de uma picape. Dependendo de sua configuração (potência, tração, etc.) é uma boa alternativa para acesso a am-bientes rurais. A Blazer, da Chevrolet e a Pajero, da Mitsubishi, são exemplos de SUV.

As caminhonetes não devem ser confundidas com as chamadas “ca-mionetas”, popularmente conhecidas como “peruas”, que possuem carro-ceria destinada a uso misto (passagei-ros e carga), mas de uso limitado no meio rural, Já as chamadas “vans” são veículos em forma de “caixa”

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Fonte: Chevrolet

Modelo unidades ParticipaçãoSegmento

Chevrolet S10 20.656 35,4%

Toyota Hilux 16.331 28,0%

Mitsubishi L200 11.415 19,5%

Ford Ranger 6.290 10,8%

Nissan Frontier 3.117 6,4%

Total 57.508 100%

Picapes médias mais emplacadas de janeiro a julho de 2009:

Montadoras de veículos realizam teste drive de picapes na Agrishow em Ribeirão Preto: seduzindo o público-alvo

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50 Panorama Rural Novembro 2009

com uso no transporte de carga e/ou pessoas. No campo, tem uma deman-da forte para o turismo rural, através do transporte de pequenos grupos a

Em se tratando de tecnologia, o desempenho mais recente da S-10 acontece, em boa parte, em função do seu motor bicombustível que oferece a

pulou de pouco mais de 20 mil unida-des vendidas em 2006 para 32.773 em 2008, de acordo com dados da própria GM. Esta picape leve, segundo Neto, tem boa penetração em consumidores do meio rural.

Preço menor e descontos – ain-da sem dispor do motor flex em sua principal caminhonete, a Ford aposta na redução de preços e descontos para o produtor rural como diferenciais de mercado e atrativos para impulsionar as vendas da Ranger. O modelo 2010 chegou ao mercado em agosto com vi-sual renovado (sobretudo na dianteira) e preços inferiores aos praticados no modelo 2009.

A picape pode ser adquirida a partir de R$ 45.900,00 (R$ 3.355,00 a menos que a versão imediatamente anterior). Por outro lado, como a mon-tadora oferece 18 configurações dife-rentes, um modelo mais completo pode custar até R$ 96.730,00. Detalhe que não se pode esquecer: a Ranger cabine simples 2009 foi eleita “melhor com-pra” entre as picapes médias brasileiras pela “Quatro Rodas”.

Também chama atenção junto ao setor agropecuário as possibilidades de abatimento no valor total do veículo

hotéis fazendas pelo Brasil. Líder – a S-10 é a campeã de ven-

das entre as picapes médias brasileiras e parece que ganhou mais fôlego ainda com seu motor flex, lançado a partir da linha 2007 – o único no segmento. De acordo com o vice-presidente da General Motors do Brasil, João Carlos Pinheiro Neto, a vendagem deste mode-lo pulou de 18.599 unidades em 2006 para 31.443 em 2008. Estes números podem ser batidos ainda em 2009. Se-gundo a montadora, de janeiro a julho deste ano foram emplacadas 20.656 unidades da S-10, o que representaria 35,4% do segmento de picapes médias no Brasil.

Neto lembra que liderança não é novidade para a S-10: “nossa picape é líder no mercado brasileiro há 14 anos, desde o seu lançamento em 1995; o mo-delo continua sendo o preferido pelo ho-mem do campo e também pelo consumi-dor da cidade graças à sua versatilidade e evolução tecnológica”.

possibilidade de utilização do etanol. “Este automóvel foi pioneiro no seg-mento das picapes médias no Brasil a oferecer a motorização flex fuel; hoje, as vendas de picapes S-10 Flexpower já superam as das picapes com motoriza-ção a diesel, fato que era impensável há alguns anos”, revela.

O vice-presidente da GM Brasil vê o perfil do homem de agronegócio brasi-leiro enquanto consumidor em potencial de picapes como “bastante exigente”. Ele aproveita para fazer considerações sobre dois outros veículos da Chevrolet com saída também para o segmento rural: Blazer e Montana. “A Blazer se destina mais aos consumidores frotistas e também para a área de segurança pú-blica; já a picape Montana é bastante utilizada em pequenos ramos de ne-gócios”, conta. A Montana, por sinal,

S-10 2010 – Beleza e evolução tecnológica para manter a liderança de mercado

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Vice-presidente da General Motors do Brasil, João Carlos Pinheiro Neto

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Panorama Rural Novembro 2009 51

vam na casa de 800 unidades/mês pularam para aproximadamente 1.300 veículos/mês em agosto e setembro deste ano.

Para manter contato direto, medir a de-

O SUV Blazer 2010 com motor bicombustível (gasolina e etanol) e tração 4x2

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Ranger 2010: descontos de até 15% para o produtor rural

para aquisição por parte deste público consumidor. Os descontos oferecidos ao produtor rural, por exemplo, variam de 15% (picape a gasolina) a 9% (picape a diesel).

Ao que tudo indica, a resposta do mercado parece que foi boa. De acordo com o gerente de Marketing de Picapes da montadora no Brasil, Wilson Vas-concelos, as vendas da Ranger que esta-

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manda e o perfil do consumidor de picapes, a Ford do Brasil investe na participação em feiras agropecuárias. “Estamos sempre nas sete principais feiras nacionais, como a Agrishow e a Expointer, além de garantir presença em mais de 70 feiras regionais, muitas delas com pistas para testes drives”, re-vela o gerente de Marketing de Picapes da montadora, Wilson Vasconcelos.

Com base neste trabalho extensio-nal, o executivo da Ford já tem um perfil do produtor rural potencial comprador de um modelo Ranger: “este consumi-dor quer um veículo multifuncional, que o leve onde ele necessita, que ofereça conforto e a imagem de modernidade e de adequado status”. Como principais competidores diretos de mercado com a Ranger, o gerente de marketing cita a Mitsubishi L-200 e a Chevrolet S-10.

A Ranger, na verdade, é a referên-cia de vendas mesmo como opção inter-mediária (segmento de picapes médias) para o homem do campo, pois a Ford oferece ainda mais duas opções para o segmento rural: A F-250 (picapes gran-des) e a Courier (picapes pequenas). “A F-250 é um veículo com seis metros de extensão e com 100% de mercado no agronegócio, enquanto a Courier é um carro bem menor em relação às duas outras opções, de custo inferior e volta-

do para o pequeno empresário”, explica Vasconcelos.

O que visivelmente ainda incomo-da a Ford é a ausência do motor flex. Vasconcelos, no entanto, minimiza a questão, apostando em um futuro breve e de melhores resultados. “Tradicional-mente a Ford sempre demorou um pou-co mais para lançar seus modelos flex, mas quando isso acontece nossos pro-dutos são sempre os melhores”, afirma categoricamente.

Versatilidade – a japonesa Mit-subishi aposta forte tanto em picape quanto em SUV para o mercado rural brasileiro. “O agronegócio é bastante diverso e variado no que diz respeito às necessidades”, comenta o diretor co-mercial da Mitsubishi Motors no Bra-sil, Robert Rittscher. É justamente este o termômetro da montadora para ofe-recer as suas opções, que começam pela picape L200 um dos três automóveis mais bem vendidos nos sete primeiros meses deste ano em seu segmento.

“Quando pensamos em um veículo destinado apenas para o trabalho, res-salta-se a robustez de uma L200 Outdo-or GL; já para uso misto, há a opção do

conforto de uma L200 Outdoor GLS ou HPE, podendo evoluir para uma L200 Triton”, explica Hittscher. Ele ainda enumera as principais exigências do consumidor rural na aquisição de uma picape: “autonomia, resistência, tração 4x4, ângulos de entrada e saída mais elevados que não comprometam o uso e baixo custo de manutenção”. De 11,6 mil unidades vendidas em 2007 a fábri-ca tem previsão em atingir a marca de 20 mil picapes emplacadas em 2009. A L200 Triton, segundo a montadora, sai a um preço médio de R$ 110 mil.

Mas a Mitsubishi não abre mão de focar uma de suas estrelas – Pajero – também para o consumidor rural. Este

Toyota Hilux: vice-campeã de vendas de janeiro a julho de 2009

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Picape Frontier, da Nissan, oferece 10 opções de configuração

para escolha do comprador

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SUV é apresentado em cinco versões, sendo duas bicombustíveis: TR4 Flex e Sport Flex. O diretor comercial da montadora ressalta a versão esportiva: “o Pajero Sport Flex 2010 é o primei-ro V6 Flex do mercado e tem todos os requisitos necessários para o uso mais severo do agronegócio”.

Bem no mercado – a Toyota não pode reclamar do desempenho de sua caminhonete Hilux. O carro iniciou 2009 sendo eleito a “melhor picape”, prêmio concedido pela agência de notí-cias Auto Press. Em dados divulgados pela própria concorrência – Chevrolet – o modelo aparece como o segundo mais emplacado em 2009 (janeiro a julho), atrás apenas da S-10. Em sete meses foram vendidas 16.331 unidades, o que corresponderia a 28% do mercado bra-sileiro de picapes médias.

A Hilux 2010 chegou ao merca-do em outubro deste ano com uma nova versão: a SR 4x2 gasolina com câmbio automático de quatro velocidades. Com esta, o modelo atinge 16 possibilidades de configurações diferenciadas para atender o mercado rural. Os preços nas regiões Sul e Sudeste para o mês de ou-tubro deste ano variavam de R$ 71,5 mil a R$ 119,9 mil.

Em se tratando de SUV, a Toyo-

ta oferece a partir de sua linha 2010 a SW4 SR 4x2 a gasolina, agora com novos itens de série: rodas de liga leve de 17 polegadas envoltas por pneus 265/65 e sistema ABS de freios nas quatro rodas. A empresa espera que esta nova configuração seja opção para clientes que buscam um utilitário espa-çoso e confortável para uso misto.

ranking das cinco picapes médias mais vendidas no Brasil, a Nissan Frontier não apresenta novidades em seu modelo 2010 (já à venda) em relação ao 2009. Pelo menos é o que garante o seu ge-rente de marketing de produto, Mário Furtado. Também não dispõe de motor flex e, segundo o executivo, sequer tem previsão desta versão no Brasil.

A Toyota disponibiliza a linha SW4 em cinco versões buscando aten-der públicos urbanos, esportivos e ru-rais: SRV 3.0 diesel manual, SRV 3.0 diesel automática com bancos em cou-ro, SRV 4.0 V6 gasolina automática com bancos em couro, SR 4x2 gasolina manual e SR 4x2 gasolina automática.

O SW4 a gasolina também ofe-rece terceira fileira de bancos e tem capacidade para sete passageiros, com saída e controle individual do sistema de ar condicionado para as segundas e terceiras fileiras de bancos. Pela tabela de outubro os preços do SW4 variavam de R$ 119,7 mil a 163,5 mil. Tanto a Hilux quanto a SW4 são veículos pro-duzidos na fábrica da Toyota Argentina, na cidade de Zárate.

Sem novidades – completando o

A picape da Nissan disponibili-za 10 configurações para a escolha do comprador com opções de tração 4x2 e 4x4 e todas com motor 3.5 turbo die-

A F- Milha é montada a partir de uma picape Ford F-250

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Wilson Vasconcelos: “A Ford marca presença nas sete principais feiras nacionais de agronegócio e em mais de 70 regionais”

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sel. Os preços sugeridos variam de R$ 79.790,00 a R$ 115.890,00. No caso de pintura metálica há acréscimo de R$ 1.100,00.

“Somente a Frontier atende ao agronegócio”, garante o gerente de marketing em relação aos automóveis disponibilizados pela montadora no mercado brasileiro. Furtado revela que foram 19.677 unidades vendidas de 2006 até setembro de 2009 no Brasil. O número é inferior às vendas da líder S-10 em um período de apenas sete me-ses (janeiro a julho de 2009).

formação acontece a par-tir da Ford F-250 cabine simples, de qualquer ano.

Algumas de suas principais características são o rodado traseiro du-plo (como picapes norte-americanas), caçamba tipo “splash”, alargado-res de paralamas, que-bra-sol com iluminação e pintura personalizada. Dentro do automóvel, destaque para um porta-malas extra de 200 litros e opções para acessórios que incluem geladeiras,

F-Maxx tem duas vezes o tamanho de uma F-250 e capacidade para até nove passageiros. Apesar de possuir “sangue de caminhão”, a F-Maxx pode surgir com linhas bem modernas, dependendo do gosto e das exigências do compra-dor.

Mas quem optar por estes gigan-tes de estradas deve se preparar para desembolsar quantias significativas. A transformação básica do F-Milha varia de R$ 55 mil (básico, veículo usado) até R$ 178,9 mil no caso da opção comple-ta (0 km + transformação + acessó-rios). No caso da Super Picape F-Maxx o pacote fechado é de R$ 350 mil.

Preferências – o produtor rural

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Gigantes – além das várias op-ções em picapes e SUV´s no mercado brasileiro, muitos ainda querem mais, sobretudo no quesito “tamanho”. De olho neste público algumas empresas se especializaram no desenvolvimento de extensões para alguns veículos. Com isso, surgem carros “gigantes”, consi-derados como “tamanho família”.

É o caso, por exemplo, da F-Mi-lha, uma picape customizada e volta-da para diversos segmentos, incluindo atividades de equitação e reboque de traillers, além de uso intensivo rural. Montada pela Tropical Cabines,foi lan-çada em outubro deste ano e sua trans-

piloto automático e teto solar. Mas a Tropical garante que a

maior caminhonete do Brasil é a Su-per Picape F-Maxx, desenvolvida so-bre a linha Ford F-12000, F-14000 e F-16000. A primeira unidade deste veículo foi fabricada em 2005 e cau-sou frisson por onde passou. A segun-da unidade saiu no final de 2007, mais personalizada e, segundo a empresa, impressionou ainda mais quem a viu de perto. Seus detalhes impressionam: a

O produtor rural Jacinto Romon com sua S-10 flex: “este carro me completa”

O F-Maxx é um gigante customizado cujo pacote completo custa R$ 350 mil

Para o trabalho em sua mineradora e acesso a fazendas, Massimo fez opção pela SUV Acytion

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Ariosto Mesquita

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paranaense, Jacinto Romon, é daqueles que não abrem mão de uma boa pica-pe. Em 45 anos de lida no campo, teve várias caminhonetes, incluindo uma Pampa e uma Ranger. Hoje se diz satis-feito com uma S-10 modelo 2009 flex. “Dizem que a Mitsubishi é muito boa, mas este carro da Chevrolet me com-pleta”. Ainda proprietário da Fazenda Três Patinhos (está em negociação), de 255 hectares, em Nova Londrina, PR, Romon usa seu carro tanto para o meio rural quanto para viagens pelas mais diversas estradas brasileiras.

Produtor de cana, mandioca e gado de corte e de leite, o fazendeiro paranaense garante que a picape líder de mercado no Brasil tem desempe-nho e economia bastante satisfatórios. “Acabei de fazer uma viagem de 700 km e nem senti; o carro oferece mui-

ta segurança, conforto e estabilidade; além disso, é econômico, fazendo até sete quilômetros por litro de álcool com o ar condicionado ligado”, revela.

Integrante de uma cooperativa mista (café, álcool e mandioca) no no-roeste do Paraná, Jacinto Romon tem uma outra vantagem: paga um preço di-ferenciado pelo litro do álcool: “desem-bolsava R$ 1,10 pelo litro, mas com o aumento de preço que teve entre agosto e setembro, o valor subiu para R$ 1,29, mas ainda assim compensa e muito”. No entanto, faz um alerta: “tive uma Ranger com motor a gasolina que adap-tei para utilização de álcool, mas não ficou nada bom”.

Já o minerador Massimo Henri-que Notari Volpon, é adepto das SUV e se diz satisfeito com o desempenho de seu importado Actyon, da sul-coreana

Ssang Yong. Trata-se de um modelo 2009, tração 4 x 4, motor diesel, que ele usa tanto em estradas pavimentadas quanto em vicinais, para acesso a fazen-das ou à sua mineradora e indústria de granilha, em Campo Grande, MS. “O carro enfrenta qualquer terreno sem apresentar problemas; já rodei 42 mil quilômetros e até agora só abasteci e troquei o óleo”, garante.

Para a sua atividade no agrone-gócio, Volpon considera o veículo – que possui motor, câmbio e suspensão Mer-cedes Bens - “mais do que suficiente” e destaca sua economia no diesel: “com um litro de combustível roda até oito quilômetros na cidade e chega aos 11 quilômetros na estrada”. Indagado so-bre qual seria sua opção em uma even-tual troca de carro, o minerador foi ta-xativo: “não trocaria de marca”. PR

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O marolo comofonte de renda

Fruta nativa da região do cerrado ganha atençãode pesquisadores e produtores, o que reduz o riscode extinção e ainda a torna uma opção de negócio

• Diversif icação •

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Luciana PaivaFotos: Oswaldo Maricato

O marolo é uma fruta nativa da região do cerrado brasilei-ro, com ocorrência em par-

tes de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Distrito Federal, Bahia e interior de São Paulo. Nas cidades grandes pode ser encontrado,

principalmente nos primeiros meses do ano, em barraquinhas de vende-dores ambulantes de frutas, aqueles que vendem caju, jaca e até pequi, outro fruto do cerrado. O marolo é uma planta da família das Annona-ceas. É parente da fruta do conde, da atemóia, da graviola dentre outras. Tem um perfume marcante e gosto pronunciado.

Em Minas Gerais, o marolo, conhecido por araticum, faz parte da alimentação da população local e, além de ser vendido in natura, é usado para fazer doces e licores. A safra do marolo começa em meados de fevereiro e vai até abril. Nos úl-timos anos, a produção da fruta tem diminuído por causa da degradação ambiental do cerrado e a instalação

da região. Para evitar essa ameaça, a Emater-MG e a Universidade Fede-ral de Alfenas (Unifal-MG) criaram o projeto “Marolo: Gerando Trabalho e Renda”, que visa a transformar a fru-ta numa alternativa de renda para os produtores da região.

O projeto “Marolo: Gerando Trabalho e Renda” tem o objetivo de ampliar o mercado da fruta, agregar valor à produção de seus derivados e garantir renda o ano inteiro para os produtores.

O programa é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e o Conselho Nacional de Desenvolvimen-to Científico e Tecnológico (CNPq). A estratégia para ampliar o mercado da fruta será a realização de estudos

Em São Paulo é Marolo, em Minas Gerais e Goiás é araticum,

mas de todo jeito é gostoso

de monoculturas no local. A organi-zação precária em todo o seu sistema de plantio e processamento também desestimula a utilização do fruto com fins econômicos. Por essas razões, o marolo corre o risco de desaparecer

envolvendo análises químicas, senso-riais, funcionais e socioeconômica do marolo produzido na microrregião de Alfenas.

Qualifi cação dos maroleiros – outra proposta do projeto é a capa-

Fruta nativa da região do cerrado brasileiro

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citação dos maroleiros para melhorar a qualidade de toda cadeia produtiva. A Emater-MG já treinou várias exten-sionistas rurais em boas práticas de fabricação de derivados do fruto e es-sas profissionais estarão repassando as técnicas às famílias de produtores da região durante este ano e em 2010. Também será criado um viveiro para produção de mudas de marolo.

Com o projeto, os idealizadores querem padronizar receitas, trabalhar junto aos agricultores a agregação de valor ao produto e futuramente cons-tituir uma cooperativa ou uma asso-ciação de maroleiros. Assim, acredi-tam ser possível afastar o perigo de extinção da fruta. A Emater-MG dará incentivo aos maroleiros, principal-mente dos municípios de Paragua-çu, Alfenas, Três Pontas, Machado e Fama.

Paixão pelo marolo – a fruta também nasce espontaneamente na região da pequena Itaí, interior de São Paulo. Desde criança, os irmãos Luiz Antonio Duarte Montanari e Ney Duarte Montanari nutrem verdadeira paixão por essa fruta tão saborosa. E aproximadamente 20 anos perce-beram que o marolo corria o risco de desaparecer da região de Itaí, por causa do desmatamento dos cerrados

para dar lugar aos grandes reflores-tamentos, plantios de grãos e cana. “Decidimos então salvar o marolo de sua extinção e procuramos dedicar uma pequena parcela do nosso tempo em buscar frutos remanescentes na região, retirar sementes, germiná-las e assim obter as mudas”, conta Luiz

Antonio, que é enge-nheiro e ex-executivo de empresa do ramo de madeira aglome-rada e revestimentos, além de consultor.

Os irmãos ten-taram obter informa-ções junto a outros plantadores, produto-

Luiz Montanari: desde criança apaixonado pelo marolo

Em 2004, os Montanari plantaram as primeiras 130 mudas

res de mudas, universidades, centros de pesquisa, mas, descobriram muito pouco a respeito. “Não havia livro so-bre o manejo da cultura e nem pesqui-sas em relação ao cultivo do marolo. Então decidimos pesquisar por nossa conta”, diz Ney, advogado, ex-diretor de empresa, mestre em Administra-ção e atualmente Doutorando em Di-reito na PUCSP.

Já se vão 10 anos de aprendi-zado para a produção de mudas. Os irmãos descobriram que o marolo é muito rústico, de manejo complicado, de germinação dificílima. Desvenda-ram que na natureza as chances de germinação ocorrem de 0% a 3% e que a semente leva de 300 a 800 dias

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Panorama Rural Novembro 2009 59Panorama Rural Novembro 2009 59

para nascer. “As pessoas não ima-ginam que demora todo esse tempo. Muitos devem ter plantado as semen-tes e, como não germinaram em 30, 60 dias, acabaram substituindo por outra cultura”, observa Luiz Antonio. Após decifrarem parte dos enigmas do marolo, os irmãos Montanari já conseguem a proeza de fazer com que 55% das sementes cultivadas por eles germinem.

Em 2004, conseguiram produzir suas primeiras mudas e, no final da-quele ano, plantaram 130 pés de ma-rolo. “Em 2005, ficamos empolgados com os avanços conseguidos na produ-ção de mudas e decidimos ampliar a plantação para uma escala comercial. Fizemos nossas próprias mudas e em 2006 plantamos 2700 pés. Em 2007, plantamos mais 3000 e em 2008, ou-tras 2500”, diz Ney. O projeto pilo-to de produção de marolo dos irmãos Montanari ocupa uma área de sete

alqueires em uma fazenda em Itaí. A partir de três anos de plantio, já se constata os primeiros frutos, sendo que em sete anos a árvore já pode ser considerada adulta e pode produzir acima de 20 frutos.

Primeira safra comercial – em 2010, acontecerá a primeira safra co-mercial, a expectativa de produção é de três a cinco mil frutos. Nesta pri-

meira safra foram deixados de dois a três frutos por pés. Segundo Luiz Antonio, uma carga de 10 frutos por pé é considerada ótima, e isso já pode ocorrer na safra de 2011, com esti-mativa de produção de 20 mil frutos. Para 2012, esperam colher de 60 a 100 mil frutos. Mas o pomar de ma-rolo atingirá a plenitude em 2016. Os irmãos ainda estão desvendando as

As chances de germinação na natureza vão de 0% a 3%. Os Montanari conseguem 55%

Uma planta que comporta 10 frutos, comercialmente, apresenta um desempenho ótimo

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informações sobre os tratos culturais do marolo, mas plantaram as árvo-res em linhas com distância de três a cinco metros cada. Sabem que é pos-sível fazer consórcio na mesma área do marolo com outras culturas, mas, por enquanto, não é esse o objetivo

Antonio. Logo depois de colhido, ma-nualmente, o marolo deve seguir para a câmara fria, pois, rapidamente, amadurece.

Festa do marolo – os irmãos Montanari também estão em busca de informações sobre quais são as

às regiões onde o consumo da fruta é mais intenso. O objetivo é agregar valor ao negócio, além de vender a fruta in natura, pretendem comercia-lizar a polpa. Estiveram em Goiânia e conheceram a sede da Milca Sorve-tes, empresa que desenvolve a marca Sorvetes do Cerrado, com franquias em várias cidades da região Centro-Sul. “Fomos conferir como é o ne-gócio e, inclusive, a possibilidade de fornecermos polpa. Para o futuro, além da venda “in natura”, temos a ideia de industrializar o marolo sob a forma de compota, polpa e outros derivados, além de aprimorar nossa unidade de pesquisa e melhoramento dessa maravilhosa fruta”, comenta Luiz Antonio.

Com o aprimoramento da pro-dução, os Montanari pretendem ser os maiores plantadores de marolo do Brasil e também fornecedores de mu-das, têm capacidade para produzir de quatro a cinco mil mudas por ano. Em 2010, já pensam em comerciali-zar de duas a três mil mudas. “Nosso grande sonho é realizar a difusão do marolo na região de Itaí e cercanias e, quem sabe, um dia, fazer a “fes-ta do marolo em Itaí”, salienta Luiz Antonio. Nós da Panorama Rural da-mos o maior apoio e aguardamos o

deles. As árvores adultas chegam a cinco metros de altura e os frutos até aos três meses podem sofrer a ação de ácaros, mas depois passam a ter uma autodefesa, pois formam uma carapa-ça tão dura que serve de escudo con-tra o ataque das pragas. Dispensando o uso de inseticidas.

Esta carapaça também protege o fruto das quedas e pancadas. “Os marolos podem cair de uma altura de até três metros que não ficam machu-cados ou amassados”, diz Luiz Anto-nio. Isso é muito bom, pois o marolo só pode ser colhido quando está no ponto e seu talo não pode ser cortado com faca ou tesoura, assim, muitas vezes ele acaba despencando da árvo-re. “É uma fruta que se larga. A gente toca nela e ela se larga na nossa mão. Precisa ter olho clínico para saber se está na hora de colher”, observa Luiz

exigências do consumidor de maro-lo. “Não sabemos, por exemplo, se o mercado prefere frutos maiores ou menores”, diz Luiz Antonio. Para apurar estas informações e também alternativas de demanda para o ma-rolo, os irmãos têm realizado visitas

Flor da planta macho

Tereza, esposa de Luiz

Antonio: Os Montanari pretendem

industrializar o marolo

sob a forma de compota,

polpa e outros derivados

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Bolacha de maroloIngredientes2 xícaras (chá) de polpa de marolo;1½ xícara (chá) de leite;150 g de margarina;½ kg de farinha de trigo enriquecida com ferro;100 g de açúcar;1 pitada de sal;2 gemas.

Modo de Fazer: Bata no liquidificador a polpa do araticum, o leite e as gemas. Numa vasilha, misture todos os ingredientes e sove bem; a seguir, faça uma bola e borrife uma colher (sopa) de água gelada. Cubra a massa com saco plástico e leve à geladeira por duas horas. Abra a massa em mesa enfarinhada. Corte as bolachas, colocando-as em assadeiras untadas e enfarinhadas. Leve ao forno médio até ficarem tostadas.

convite para a festa do marolo.Serviço: Os interessados em mais

informações sobre a cultura do maro-lo ou na aquisição do produto e mudas,

os contatos são: Luiz Montanari (15) 9740-2502 [email protected] - Ney Montanari (11) 4226-6354 [email protected]

A polpa do marolo rende doces, licores, sorvetes, muitas gostosuras

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Coadjuvantes de

LUXOO trator é o principal sonho de consumo dos

produtores rurais, no entanto, sem os implementos agrícolas o trator só serve para passear

A evolução tecnológica dos equipamentos agrícolas tem sido responsável pela elevação nos índices de produção no agronegócio brasileiro. Os tratores não tracionam apenas implementos, mas também carregam em si um grau tecnológico de primeiro mundo, sejam eles destinados a grandes, médios ou pequenos produtores. Este

desenvolvimento também acompanha os implementos agrícolas, que evoluíram do antigo arado puxado pela junta de bois para equipamentos automatizados. São implementos para todas as finalidades e tamanhos de propriedades, dis-poníveis aos produtores através de linhas especiais de financiamento. No entanto, embora as facilidades na aquisição, os fabricantes reclamam da burocracia dos bancos na liberação dos recursos, o que segundo eles, têm prejudicado os produtores e, principalmente, as vendas do setor.

Em parte, a revolução tecnológica dos implementos, segundo as indústrias, se deve ao aumento no grau de exi-gências dos produtores, que passaram a buscar equipamentos cada vez mais adaptados às suas necessidades.

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De acordo com o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Luiz Fernando Coelho de Souza, há uma visível mudança na concepção dos produtores rurais, que se tornaram mais exigentes e adeptos às novas tecnologias. “Há 15 anos, os fabricantes entregavam os equipamen-tos aos produtores e praticamente se eximiam de qualquer responsabilida-de, cabendo aos agricultores o ônus de eventuais problemas. Hoje, o produtor prioriza a assistência técnica, a segu-rança operacional, a qualidade dos produtos e, principalmente, a seguran-ça ao meio ambiente, tanto na agricul-tura empresarial como na familiar”, explica Souza. “O pequeno produtor evoluiu tecnologicamente. Com o apoio dos programas governamentais ele se sentiu seguro, respondendo muito bem e de forma rápida aos incentivos, ala-vancando as vendas de equipamentos”, afirma o professor.

Pequenos, mas grandes por vo-cação, os agricultores familiares têm sido o foco das empresas do setor. Dos equipamentos premiados no Prê-mio Gerdau Melhores da Terra 2009 na Categoria Destaque, dois são des-tinados aos pequenos produtores – um trator de 75cv e um vagão forrageiro.

“Geralmente, o agricultor é escravo da produção. Mas, com este vagão, por exemplo, um produtor de leite com 100 matrizes pode fazer em duas ho-

ras, o trabalho que levaria o dia intei-ro, restando mais tempo para outras atividades ou para o lazer”, ressalta Souza.

“Os produtores rurais se tornaram mais exigentes e adeptos às novas tecnologias”, diz o pesquisador Coelho de Souza

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O Prêmio Gerdau Melhores da Terra foi criado em 1983, quando a Expointer era uma feira praticamente de animais. “Na época, começaram a surgir as indústrias de máquinas e implementos agrí-

colas, então criamos um prêmio para estimular a cadeia”, explica Luiz Fernando Coelho de Souza, criador e coordenador da comissão julgadora do Prêmio Gerdau Melhores da Terra, há 27 anos.

Com o tempo, o Prêmio Gerdau passou a ser a nível nacional e com o apoio dos Institutos de Pesquisa e Ensino, tornou-se internacional. Desde a criação, pesquisadores e professores que fazem as avaliações a campo, já percorreram 600 mil km entre Brasil e países de Mercosul, visitando pro-dutores, analisando suas necessidades e o desempenho dos equipamentos. “Quem ganha com o Prêmio Gerdau são: os fabricantes, porque colocam seus produtos na vitrine; os produtores, que no final do processo vão rece-ber equipamentos com mais tecnologia e as Universidades e Institutos de Pesquisa que, através dos estudos de seus professores e pesquisadores, aca-bam repassando o conhecimento a seus alunos e entidades”, explica Souza, ressaltando que as empresas participantes recebem um feedback sobre seus equipamentos para que possam trabalhar no aprimoramento. “Muitas em-presas nos procuram interessadas não apenas no Prêmio, mas sim, no estudo de desempenho que receberão de seus equipamentos”, revela.

Prêmio Gerdau incentivaa inovação tecnológica

Pulverizador da Herbicat um dos vencedores do Prêmio Gerdau 2009

Divulgação

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Assistência técnica – facilida-des na aquisição com taxas baixas e longos prazos de pagamento, associa-das a equipamentos de alta tecnologia, aparentemente fatores decisivos para impulsionar o setor rural. No entan-to, Souza aponta para uma questão que ainda precisa ser solucionada: a assistência técnica. “Acredito que pre-cisamos que os Estados e municípios disponibilizem mais técnicos para au-xiliarem os produtores na utilização dos equipamentos, pois muitos têm dificuldades e não sabem com obter a melhor eficácia na utilização”, revela o professor.

De acordo com o professor da UFRGS, há muitos produtores reno-vando os implementos, mas, há tam-bém uma parcela de agricultores com problemas financeiros agindo com cau-tela. “A tecnologia dos equipamentos tem evoluído muito rapidamente e o produtor tem acompanhado esta evolu-ção, pois assim, ele ganha em produti-vidade, tem mais segurança na opera-ção, conforto e redução em sua carga diária de trabalho”, comenta Souza.

Para o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Celso Casale, a adesão dos produtores a implemen-tos com novas tecnologias causa um impacto direto na produtividade com redução das perdas e maior agilidade

nas tarefas. “Isso garante mais lucro e sustentabilidade ao processo produti-vo, como é o caso do plantio direto que, só é possível graças aos equipamentos desenvolvidos para essa finalidade”, afirma.

Investimento em tecnologia – de acordo com Celso Casale que, também é presidente da Casale Equi-pamentos, o Brasil é um dos maiores produtores de máquinas e implementos agrícolas do mundo, com sua balança comercial amplamente exportadora. “Esse fato por si só já demonstra o estágio tecnológico dos produtos bra-sileiros, sendo que a adaptabilidade e o desenvolvimento de produtos adequa-dos às mais diferentes culturas e solos é uma forte característica do Brasil”, revela Casale, apontando para outras duas importantes características dos implementos: a rusticidade e a facili-dade de operação. “Chamamos isso de “tropicalização” dos nossos produtos. Eles são desenvolvidos para operarem nas condições climáticas dos trópicos, onde estão localizados países pobres que praticam uma agricultura ainda atrasada. Em resumo, o Brasil está na vanguarda”, ressalta.

A diretora comercial da Seme-ato, Carolina Rossato Hayashida, sa-lienta que a tecnologia está cada vez mais presente no campo e a prova disso são os incrementos em produtividade que o produtor vem alcançando, assim, os investimentos em tecnologia e ino-vação são prioridades para a Semea-to. “Nosso objetivo é que o agricultor melhore sua rentabilidade por hectare. Desta forma, a mesma tecnologia em-pregada nos grandes equipamentos é disponibilizada nos de pequeno porte, como as semeadoras PH, vencedora do Prêmio Gerdau Melhores da Terra na Categoria Destaque de 2006 e, a pe-quena, mas robusta, semeadora múlti-pla SAM, disponível para o plantio de pastagem, trigo, aveia, soja, feijão e milho”, comenta a diretora comercial.

O incremento na produtividade e a evolução na qualidade do plantio, segundo Carolina, que também, é vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Equipamentos Agrí-colas do Rio Grande do Sul, Simers, estão relacionados à aquisição de im-plementos com novas tecnologias. “A demanda mundial por alimentos segui-rá crescendo e não podemos mais criar novas terras agriculturáveis. Temos sim é que melhorar a produtividade nas áreas em que já plantamos, preservan-do o solo e o meio ambiente e isso só se

Celso Casale: novas tecnologias levam a maior produtividade

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“Nosso objetivo é que o agricultor melhore sua rentabilidade por hectare”, afirma Carolina

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consegue com tecnologia no campo”, diz ela, apontando que os resultados do desempenho deste ano com as vendas do Mais Alimentos serão comprovados com o aumento de produtividade e de mais comida na mesa da população brasileira, assim como no aumento das exportações.

O supervisor de marketing da In-dústria de Implementos Agrícolas Ven-ce Tudo, Charles Rui Teixeira, ressalta que o foco da empresa é desenvolver implementos com alta tecnologia des-tinados às pequenas, médias e grandes propriedades, mostrando o que há de melhor em cada segmento. “Esta tec-nologia possibilita a otimização dos recursos e a maximização dos resulta-dos, aumentando a produtividade e a qualidade da produção com redução dos custos, tornando o negócio mais lucrativo”, revela Teixeira. Segundo ele, a Vence Tudo está quebrando pa-radigmas no segmento de Agricultura de Precisão, pois atualmente é a única a trabalhar com uma plantadora com duplo reservatório para fertilizante, com taxas variáveis para a adubação e sementes. “A Panther Precision utiliza uma tecnologia inovadora na distribuição do potássio, consistindo

em um sistema bipartido de condutor, onde 30% da dosagem é colocada no sulco e 70% a uma distância em tor-no de 15 cm para cada lado da linha. Assim, há melhor distribuição e apro-veitamento do fertilizante pela planta, evitando problemas de salinização”, revela Teixeira. A constante evolução tecnológica dos implementos também contribui para o aumento de vendas de equipamentos. O gerente comercial da Implementos Agrícolas Jan, Claudio-miro dos Santos, diz que o produtor tem buscado equipamentos com alta eficiência produtiva, visando a redução dos custos e aumento da rentabilidade das lavouras. “Os implementos não se-rão mais apenas um “monte de ferro” e sim, equipamento com alta tecnolo-

gia, principalmente eletrônica”, diz o gerente comercial.

Desenvolver produtos com avan-çados conceitos de engenharia, que se destinam ao preparo do solo e plantio e cultivo também é o objetivo da Agri-Tillage do Brasil – Baldan. Entre os lançamentos deste ano da Baldan está a Semeadora SPA-Megaflex, equipada com exclusivo e inovador sistema Spe-ed box, que oferece maior praticidade e rapidez de ajuste na distribuição de adubo e sementes. Outra tecnologia apresentada pela Baldan é ISOBUS Brasil, que consiste na padronização da comunicação entre tratores e im-plementos agrícolas, fruto da parceria com a Embrapa. Na visão do gerente nacional de vendas da Baldan, Renato Forti Duarte, os conceitos no campo têm mudado dia a dia, pois os resulta-dos positivos e os períodos propícios ao plantio estão sendo reduzidos a cada safra. “Isto faz com que os produtores busquem maior eficiência, procurando novas tecnologias para ter mais segu-rança em seus negócios. Hoje, mais do que nunca, os agricultores brasileiros são homens de negócios, empresários do campo”, comenta Duarte.

Buscando a ampliação de merca-do, a Baldan tem investido na comple-mentação da linha de plantio e preparo do solo, analisando a possibilidade de ingresso em segmentos agrícolas ainda não contemplados pelo atual portfólio de produtos.

Os bancos precisam cooperar – As expectativas de reaquecimento do mercado de implementos agrícolas recaem sobre os pequenos agriculto-res, que contam com o programa Mais Alimentos, além dos médios e grandes produtores que possuem o Moderfrota

Charles Rui Teixeira: plantadora com taxas variáveis para adubação e sementes

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“Hoje, mais do que nunca, os agricultores brasileiros são homens de negócios, empresários do campo”, comenta Duarte

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e o Moderinfra, além do BNDES-PSI. Mesmo com as atuais linhas de crédito, Celso Casale aponta para o desinteres-se e morosidade dos bancos na opera-ção das linhas, além da ineficiência da assistência técnica em alguns Estados, fatores que acabam inibindo o volume de vendas. “O desafio está em fazer com que esses equipamentos cheguem aos produtores, sobretudo pela preca-riedade de nossa rede de Assistência Técnica e Extensão Rural, desmontada na maioria dos Estados. Outro proble-ma, diz respeito ao baixo interesse dos bancos em operar com essas linhas e crédito, de alto custo de operação e um baixo retorno – muita gente compran-

se deve ao Mais Alimento, embora no começo tenha andado a passos lentos em função da morosidade na execução e na liberação dos projetos. “Mas, o que mais vem travando as vendas, principalmente no Moderfrota PSI, é a dificuldade na liberação do crédito. Há bancos, que nem se interresam pe-los programas e muitos emperram a liberação dos recursos. Outro entrave é que os produtores que possuem algum atraso ou prorrogamento junto às ins-tituições, não conseguem o dinheiro, o que acaba reduzindo as vendas do se-tor”, aponta Santos. Cerca de 60% das vendas da Jan são através do Moder-frota PSI e têm como principais desti-no os Estados do Centro-Oeste. Segun-do a empresa, a expectativa para 2010 é boa, embora haja muita especulação de mercado. “A gente não sabe o que vai acontecer, mas, acreditamos em bons momentos, principalmente em feiras e exposições”, comenta Santos.

Jalmar Martel, presidente da Imasa, observa que as linhas de crédi-to nunca estiveram tão acessíveis aos produtores e só não são mais eficientes por causa da morosidade dos bancos. “É preciso que haja uma desburocra-

do produtos de baixo valor. É preciso estimular a concorrência entre bancos oficiais e privados”, alerta Casale.

Segundo Casale, a segurança ali-mentar nos paises é tema estratégico e assim deve ser conduzida pelos gover-nos, como tem sido feito no Brasil. Os programas governamentais, também possuem forte impacto social, contri-buindo para fixar o homem no campo, diminuindo a pressão sobre as grandes metrópoles. “Vale lembrar, da impor-

tância das empresas do setor - e de toda a cadeia de produção - na geração de empregos (aproximadamente 45 mil di-retos e 250 mil indiretos), bem como no fortalecimento da indústria, tipicamen-te nacional e familiar”, aponta Casale.

Para o gerente comercia da Im-plementos Agrícolas Jan o mercado superou as expectativas que, no final de 2008 e início deste ano, apontava para um cenário nebuloso em função da crise. Segundo ele, o aquecimento

O Brasil é um dos maiores produtores de implementos agrícolas

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As feiras agropecuárias são importantes canais para demonstração dos produtos, principalmente a Agrishow, em Ribeirão Preto, SP, que apresenta a parte de dinâmica

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tização no acesso ao crédito. As atuais linhas, a juros baixos, têm motivado os produtores a investirem em equipa-mentos, porém, a burocracia enfrenta-

to, como o Mais Alimentos do começo ao fim”, afirma.

A Semeato tem direcionado suas vendas para os pequenos produtores

carência – para valores de até R$ 500 mil. “Estes são os principais progra-mas que trabalhamos e obtemos uma resposta muito positiva. Mas, ainda podemos incentivar o consumo em locais onde a agricultura é pouco de-senvolvida e possui pouca tecnologia”, aponta Carolina.

A Baldan foi a primeira empre-sa a investir no Mais Alimentos. De-senvolveu cartilha explicativa sobre o programa e vem realizando caravanas pelo Brasil com técnicos da Emater em visitas a cooperativas e associações para, por meio de palestras, informar aos produtores como podem se benefi-ciar com o programa.

Segundo Duarte, o mercado agrí-cola no Brasil se comporta de forma oscilante, é vulnerável a crise e mui-to dependente de incentivos agrícolas, como os financiamentos. “Os incen-tivos governamentais são de suma importância, uma vez que estimulam categorias de produtores cuja maioria não tinha oportunidades de financia-

da nos Bancos tem inibido as vendas”, critica Martel. Segundo ele, são mui-tas exigências e documentações, em-bora reconheça que haja um acúmulo de pedidos, o que até justifica a demo-ra, mas, que nada tem sido feito para agilizar este processo. “Os pedidos não deveriam demorar mais que 30 dias. No entanto, há caso que levam até 90 dias e esta demora tem travado em mé-dia 50% o volume de vendas. Mesmo o setor apostando no aquecimento dos negócios, este só não será maior por causa da demora na liberação dos re-cursos”, alerta Martel, acrescentando que em relação às linhas disponíveis, não há o que reclamar.

Mais Alimentos do começo ao fi m – Carolina Rossato Hayashida ob-serva que as partes envolvidas na ca-deia agrícola estão cada vez mais cons-cientes da importância de se investir no plantio, etapa fundamental da agricul-tura. “Mas, ainda é preciso desenvol-ver mais este foco, para se alcançar o sucesso de programas de financiamen-

através do Mais Alimentos que possui ótimas vantagens, com juros de 2% ao ano e prazo de pagamento de 10 anos – com três de carência – para bens de

até R$ 100 mil. Outro plano eficiente, segundo a empresa, é o Finame Agrí-cola PSI, que possui juros de 4,5% ao ano e prazo de 10 anos – com dois de

mentos. Um bom exemplo é o Pronaf Mais Alimentos, voltado à agricultura familiar”, destaca Duarte.

Para a Baldan, o bom desempe-

Os bancos precisam cooperar

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Mega Flex da Baldan: maior praticidade e rapidez de ajuste na distribuição de adubo e sementes

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nho do setor de implementos depende do somatório de atitudes, como a ga-rantia dos preços mínimos dos produ-tos, o acesso e a agilidade nos financia-mentos, processos ainda burocrático, com pouca reciprocidade dos agentes financeiros.

Vendas aquecidas e expectati-va para o próximo ano – para o su-pervisor de marketing da Vence Tudo, Charles Rui Teixeira, as vendas de implementos encontram-se aquecidas em todas as regiões brasileiras, com bons resultados em todas as linhas de

produtos. A boa fase do setor, segun-do ele, se deve a facilidade e agilidade do crédito, com taxas atrativas, além dos bons preços dos cereais, o que vem proporcionando resultados positivos nas vendas da empresa. “São várias as linhas de crédito, todas muito atra-tivas e de fundamental importância para manter o mercado aquecido, pois criam um mecanismo facilitador para que as negociações fluam com maior facilidade”, explica Teixeira que prevê um 2010 um ano muito próspero para o setor e para e empresa.

A Semeato também acredita na retomada de crescimento, como vinha ocorrendo em 2008, antes da crise. Otimismo este, decorrente do apoio que o governo vem demons-trando com o crédito e do compor-tamento das commodities, em níveis intermediários, mas, ainda acima das médias históricas. “Resta torcer por uma boa safra e pela estabilida-de do dólar, já que exportamos tec-nologia 100% brasileira para todo o mundo”, ressalta Carolina Rossato. Vamos torcer.

A Semeato disponibiliza aos equipamentos de pequeno porte a mesma tecnologia empregada nos grandes equipamentos

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Novilho Precocemais perto damesa do brasileiro

Melhor remuneração ao produtor, garantia de escala e novas alianças quase triplica o mercado

para o pecuarista do Mato Grosso do Sul

NEGÓCIOS

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Ariosto Mesquita

A partir de julho deste ano pelo menos 115 mil bovinos do Mato Grosso do Sul, clas-

sificados como novilhos precoces, passaram a ser abatidos anualmente para abastecer, sobretudo, o merca-do consumidor brasileiro. Trata-se da maior oferta em escala do animal com esta classificação no Brasil, garantida pela Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores de Novilho Precoce (ASPNP) graças à ampliação de uma aliança mercadológica com a Rede Carrefour e ao estabelecimento de um novo acordo comercial, desta vez com o Grupo Bertin. Com isso, o aba-te médio da oferta dos pouco mais de 200 produtores associados à ASPNP praticamente triplica, subindo de 40 mil para aproximadamente 115 mil animais/ano.

A entidade garante que, só em 2008, 50% dos bovinos precoces co-mercializados pela Rede Carrefour no Brasil foram originados do Mato Grosso do Sul. A expectativa é am-pliar ainda mais esta participação

no mercado nacional. Toda a esca-la de oferta de animais e de abate é controlada pela própria associação (www.novilhoms.com.br), com sede em Campo Grande, MS.

A associação, criada em 1998 já mantinha uma aliança com a Rede Carrefour desde 2001, para abate médio de 40 mil animais ano, visando

o abastecimento de algumas lojas pelo Brasil dentro do seu programa Garan-tia de Origem (GO). Durante a Feicor-te 2009, realizada em junho, em São Paulo, SP, a parceria foi ampliada para uma nova linha de produtos.

Provavelmente a partir de outu-bro, o Carrefour deverá lançar a sua linha “Selecion”, incluindo a chance-la de carne “Novilho Precoce – Mato Grosso do Sul”. Serão cortes embala-dos de carnes nobres como picanhas, pontas do contrafilé, maminhas e filés mignon. A rede de supermercados es-pera que, de início, o volume de abates possa sair da atual média de 40 mil para 50 mil animais/ano. A ASPNP estima que serão de seis a oito cortes selecionados para esta nova linha de carnes.

Bom poder aquisitivo – de acordo com o gerente Nacional de Garantia de Origem Carrefour, Da-niel Pereira Alexandre, a carne vai abastecer, a princípio, boa parte das 62 lojas do Estado de São Paulo que devem receber mensalmente de qua-tro a cinco toneladas do produto.

Cortes embalados de Novilho Precoce-MS: aliançascomerciais valorizam apresentação do produto

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Escala de abate é controlada pela própria associação

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“Mas não descartamos outros merca-dos como Brasília onde há demanda e um bom poder aquisitivo”, revela. A eliminação de etapas também é um detalhe desta parceria dentro da nova linha de produtos: “a carne já chega embalada, portanto não vamos mani-pular”. O abate obedecerá aos mes-mos critérios da aliança firmada em 2001 e fica sob a responsabilidade do Frigorífico Navicarnes, instalado em Rochedo, MS. No entanto, um even-tual aumento na demanda e conse-quente elevação da oferta em escala, podem levar ao estabelecimento de parceria com nova indústria. A oferta é de apenas novilhas. A remuneração ao produtor é equivalente ao preço do boi Esalq menos 3%. Geralmente são animais até 30 meses (cruzados) e até 36 meses (nelore).

Originário da França, o Carre-four possui 15.430 lojas em 33 paí-ses. O Brasil foi o primeiro a receber a rede fora da Europa, há 34 anos. São 770 lojas em 17 Estados que recebem uma média de dois milhões de clientes/dia. Em encontro da ASP-NP realizado em maio deste ano em

Campo Grande, MS, o diretor nacio-nal de Açougue do grupo, Luis Carlos Paschoal, confirmou a tendência de ofertar carnes embaladas: “estamos deixando de trabalhar com carne com osso; não temos de fazer desossa na loja, não somos indústria”.

Mais 65 mil animais – já a nova aliança comercial com o Grupo Ber-tin prevê o abate anual de 65 mil ani-mais, que pode ser feito em qualquer planta industrial da empresa no Bra-sil. No entanto, os animais devem ser originários dos associados da ASPNP. Nos primeiros meses, os abates tota-lizaram 3.956 animais (julho/2009) e 4.371 animais (agosto/2009). São

bois e vacas pesadas com um mínimo de 16 e 15 arrobas, respectivamente. A cobertura mínima de gordura deve ser de três mm e não há, pelo menos inicialmente, exigência com relação à idade.

“Este é um trabalho piloto que nos possibilita identificar mercados que estejam dispostos a consumir a carne de novilho precoce; inicialmente estamos atendendo o mercado interno em vários pontos do Brasil além de também destinar parte para exporta-ção”, revela o técnico de compra de gado do Bertin, em Campo Grande, MS, Cristiano Leal.

A remuneração ao produtor neste caso é de preço Esalq mais 2% (bois) e preço Esalq vaca mais 5% até limite preço Esalq Boi (vacas). As fazendas certificadas para a União Europeia associadas da ASPNP (12 propriedades) ainda recebem uma re-muneração extra de 3%.

A partir da detecção de nichos específicos de mercado para a carne de novilho precoce, o Bertin deverá definir a rotina de abastecimento. “A partir de 2010 vamos começar a tra-

Rodrigues: “com as alianças agora apostamos na ampliação de nossa oferta”

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Os animais devem possuir capa de gordura, sendo que sua ausência ou o excesso (acima de 10 mm) leva à desclassificação

NEGÓCIOS

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var vendas”, prevê Leal.A ampliação e o estabelecimento

de novas alianças comerciais aumen-taram a procura de filiação à ASPNP por parte de novos pecuaristas. Pelo menos é o que garante o presidente da entidade, Nedson Rodrigues: “a partir desta ampliação de escala acatamos mais 16 novos associados e existem ainda oito pedidos em avaliação”.

Para se associar, o pecuarista deve obedecer às normas determi-nadas pela ASPNP e submeter sua propriedade a uma vistoria técnica. Deve-se obedecer a critérios técnicos e administrativos. Todos os procedi-mentos, segundo Rodrigues, demoram cerca de 15 dias até a fazenda ser ou não aceita como associada. O inves-timento do pecuarista é de uma taxa de inscrição no valor de R$ 150,00, uma mensalidade equivalente ao va-lor de uma arroba/boi. No abate pelas alianças comerciais, o produtor ainda colabora com a taxa equivalente a um quilo de carne por animal.

De acordo com Rodrigues, o número de pecuaristas associados só não é ainda maior em função de al-

gumas características do pecuarista brasileiro, sobretudo no Centro-Oeste. “A maioria ainda vê dificuldades em mudar padrões de trabalho, tem certo medo do novo e culturalmente é tradi-cionalista”, comenta.

Diante da nova demanda gera-da, a ASPNP pretende ampliar a es-cala de abates e mergulhar com mais intensidade no mercado externo. Em estudos preliminares, por exemplo, está a possibilidade da busca do selo de Indicação Geográfica “Novilho Precoce do Mato Grosso do Sul” que no entender de Rodrigues ajudaria a promover a carne. “De imediato não seria uma ferramenta para agregar valor ao produto, mas vejo como uma boa alternativa de marketing”, disse.

Como é – a ASPNP surgiu em 1998 com o objetivo estritamente comercial, ou seja, para “melhorar

tivada”, comenta Rodrigues. A “Pa-norama Rural” tentou contato com a ABNP por telefone por diversas vezes em horário comercial, sem obter su-cesso. No site oficial – www.novilho-precocebrasil.com.br – há informa-ções atualizadas até julho deste ano.

Dentre as normas técnicas gerais – fora os padrões das alianças – exigi-das pela ASPNP para o abate, está a idade limite de 36 meses para animais nelore e de 30 meses para animais cru-zados. O peso varia de 180 kg (12@) para as fêmeas e de 220 kg a 225 kg (14 a 15 @) para machos. Todos os animais devem ser rastreados e possuir capa de gordura, sendo que sua ausên-cia ou o excesso (acima de 10 mm) leva à desclassificação. A associação também exige um sistema produtivo sustentável e social e ecologicamente em sintonia com as leis brasileiras.

a remuneração do pecuarista padro-nizando a produção através de critérios de qualidade, ma-turidade, peso de carcaça, identifi-cação de origem, dentre outros pa-râmetros”, revela o presidente.

A associação é considerada uma entidade indepen-dente, ou seja, não se reporta a qual-quer outra em nível nacional. “Chega-mos a tentar um contato com a As-sociação Brasileira de Novilho Precoce (ABNP) mas não progrediu; hoje te-nho informações de que estaria desa-

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A Unipac, uma divisão de negócios do Grupo Jacto, amplia seu portfólio com soluções que atendem a demanda do mercado agropecuário. Os produtos

são feitos de plástico e foram criados para facilitar a vida do homem do campo, mas também beneficiam grandes la-ticínios, cooperativas e produtores de leite e queijo de todo o Brasil, pois são facilmente higienizáveis e resistentes.

Dentre as soluções para este setor está a Linha de Formas específicas para a produção de queijos. A forma para o tipo minas frescal é encontrada nas versões com 1/2 kg ou 1 kg; já para a produção de mozarela, a capacidade é de 4 kg. Para oferecer um resultado completo, a área de laticínios da Unipac apresenta o Coador com Peneira. Seu funil tem diâmetro de 300 mm, sendo próprio para dar a vazão adequada no momento de colocação do leite em re-cipientes. A peneira tem diâmetro de 147 mm e é de nylon com malha 100.

Para o transporte e armazenagem de leite, desde a ordenha até o laticínio, os produtores têm à sua disposi-ção a Linha Milkan, encontrada nas versões Standard, Or-denhadeira e Transporte. São produtos resistentes, leves,

unipac dispõe de soluções para produtores de leite e queijoatóxicos e que não amassam mesmo sob condições severas de transporte e manuseio e conservam a qualidade do leite extraído da vaca até sua transferência aos reservatórios refrigerados, mesmo em longos percursos sob o sol.

A novidade desta linha é a versão Standard. Disponí-vel com 3 ou 5 litros, o item é indicado tanto para o arma-zenamento de leite como mantimentos, sucos, entre outros alimentos. Do seu portfólio, destaca-se a linha Milkan Or-denhadeira, que possui capacidade de 40 litros é específica para atender o produtor que utiliza o sistema de ordenha mecânica ao pé da vaca. O produto é translúcido, possui escala de graduação para facilitar a visão do nível do leite no recipiente enquanto é ordenhado, evitando o transbordo ou o retorno para a bomba de vácuo. Além disso, possui alças nas laterais e área para encaixe da mão no fundo da embalagem, que facilitam o manuseio.

Produtos com resistência superior – Na produção destes produtos, a empresa utiliza matérias-primas de qua-lidade e controla rigorosamente cada etapa do processo de produção, visando oferecer o máximo em segurança e pro-teção. “Observamos um aumento da demanda por nossos produtos principalmente porque eles possuem qualidade e resistência superiores, se comparado aos similares de mer-cado. Além disso, facilitam o manuseio e a higienização, o que se traduz em praticidade para o produtor agrope-cuário”, explica Geraldo Cassiano, gerente comercial da Divisão de Agropecuária da Unipac. O executivo informa que para a limpeza destes produtos basta vapor de água (água quente) e escovas macias. Não é indicado o uso de materiais abrasivos, como escovas ou palhas de aço.

Ordeinhadeira da Unipac

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Unipac Milkan Standard

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CONHEÇA OS LANÇAMENTOS 2009 DA STARA

Em 2009, a Stara bate recorde de lançamento de produtosEm 2009, a Stara bate recorde de lançamento de produtos

O ano de 2009 está sendo marcado pelo lançamento re-corde de novos produtos da Stara, o que demonstra a eficiência da empresa em inovar e se antecipar lançan-

do no mercado produtos que atendam as necessidades dos pro-dutores. Essa estratégia mantém a Stara como uma empresa líder em levar novidades para o campo, isso demonstra que na Stara a evolução é constante.

Entre os oito lançamentos deste ano estão:Brava Elektra – a líder absoluta do mercado agora com

regulagem elétrica das chapas despigadoras. A Brava Elektra é uma plataforma para colheita de milho equipada com um sistema de regulagem elétrica das chapas despigadoras, o qual é acionado com apenas um toque no controle remoto, elimi-nando a regulagem manual das linhas. As suas transmissões laterais recebem o banho de óleo que proporciona melhor de-sempenho do sistema, diminuindo o aquecimento e eliminando o gotejo do óleo, resultando em maior durabilidade das cor-rentes.

Fox – Escarificação e descompactação ideal para o plantio direto realiza a escarificação e descompactação do solo em uma profundidade máxima de 26 cm, proporcionando uma maior capacidade de armazenamento das águas das chu-vas e um melhor ambiente para o desenvolvimento das raízes das culturas a serem plantadas. Ideal para o plantio direto, pois preserva toda a palhada das culturas na superfície do solo.

Twister 1500 APS – primeiro distribuidor hidráulico do Brasil com taxa variável. O Twister 1500APS, um distribuidor de sementes e fertilizantes que possui como opcional o sistema APS (Controlador Falcon + DGPS) que realiza aplicação a taxa variável, garantindo uma aplicação precisa e uniforme com melhor aproveitamento dos produtos a serem aplicados. Seus mexedores são helicoidais com rotação de apenas 196 rpm, evitando que o produto aplicado sofra danos como moa-gem, o que garante maior distância de lançamento do mesmo.

A Merial Saúde Animal acaba de lançar no mer-cado Gastrogard®, medicamento desenvolvido especialmente para o tratamento e prevenção de

gastrites e úlceras em equinos. Em pesquisa inédita no Brasil, a Merial apresentou durante o WEVA - Congres-so Mundial de Medicina Veterinária para Equinos, estu-dos sobre a incidência da doença em animais de esporte, haras e planteis brasileiros.

Diminuição do apetite, má condição corporal, di-minuição do desempenho, diarréia, cólicas ranger de dentes e salivação excessiva são apenas alguns dos si-nais que um cavalo pode apresentar quando está com úlceras gástricas. Segundo Alessandro Orsolini, Coor-denador Técnico de Equinos da Merial Saúde Animal, a incidência de úlceras está ligada a hábitos alimentares e ao estresse desses animais. “A rotina de cavalos atletas exige uma atenção especial de veterinários e proprietá-

Merial lança Gastrogard ® solução para o tratamentoe prevenção de gastrites e úlceras em equinos

rios, pois as atividades destes equinos normalmente são intensas. Uma endoscopia pode confirmar a presença de lesões para que um tratamento seja iniciado. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos mostraram que uso do Gastrogard® curou ou ainda melhorou o problema de úlceras em 99% dos cavalos analisados e, em poucos dias, o equino pôde voltar às atividades diárias”, obser-va Orsolini.

Gastrogard deve ser administrado por via oral. Seu princípo ativo omeprazol inibe a produção ácida que provoca as lesões.”O Gastrogard® é sem dúvida a solução que faltava no mercado de medicamentos para equinos. Seu lançamento reflete nossa estratégia de apoio multidimensional aos clínicos e criadores brasi-leiros objetivando o desenvolvimento e valorização do segmento”, conclui Luiz Luccas, diretor de operações para animais de companhia da Merial.

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A contínua crescente demanda de produtos protéi-cos, destinados à alimentação e sua limitada dis-ponibilidade, devido especialmente a necessidade

da cadeia do frio, nem sempre disponível e de qualquer forma extremamente cara, torna cada vez mais atual a ne-cessidade de transformar alimentos frescos em produtos desidratados (secos) regeneráveis e, portanto, conserváveis durante longos períodos sem particulares estruturas limi-tantes (ex.: a linha de conservação de super gelados).

Dentro deste objetivo, a especialização na transforma-ção de alimentos deve centrar sua atenção para soluções tec-nológicas mais avançadas, que sejam possíveis com investi-mentos não excessivamente onerosos que, de forma contrária, poderiam comprometer a estrutura financeira do negócio.

Por outro lado, deve-se resolver com rapidez e sim-plicidade problemas tecnológicos complexos para transfor-mar estes produtos, a base de carne, frescos ou perecíveis, num patrimônio energético alimentar de ampla disponibi-lidade.

A empresa VOMM propõe uma linha especializada no tratamento de carne fresca baseada na utilização de seus turbo secadoresTM, já amplamente conhecidos e apli-cados no setor de alimentos processados.

O processo VOMM de produção de alimentos desi-dratados a partir de produtos de abate animal é dirigido a obter o melhor resultado em termo de qualidade com o menor custo de produção.

Como melhor resultado qualitativo entendemos: - Elevado valor biológico.

- Ampla possibilidade de emprego do produto seco.- Controlados níveis de pureza microbiológica, dentro dos parâmetros exigidos para os produtos cárneos.

Para obter o mínimo custo de produção é necessário:- Baixo consumido energético- Investimento reduzido- Processo compacto com poucas etapas- Nenhuma emissão poluente- Nenhum subproduto obtido no processo.

Do ponto de vista qualitativo, a TURBO TECNOLO-GIATM VOMM aplicada ao procedimento de tratamento de carne, permite manter no maior nível o valor biológico das características nutricionais do produto original.

A tecnologia de processo escolhida (VOMM) possi-bilita realizar toda a operação (do produto fresco até o granulado terminado) no tempo total de poucos minutos.

Este resultado se fundamenta nos reduzidos tempos de contato em alta temperatura que a TURBO TECNOLO-GIATM VOMM requer.

Esta tecnologia é baseada em reatores horizontais de parede aquecida por circulação de vapor dentro dos quais gira em alta velocidade periférica um turbo agitador de desenho exclusivo que mantém em centrifugação, como pe-lícula dinâmica fina, os ingredientes.

Eng. Marco VezzaniDepto. Técnico – VOMM BRASIL

11 3931.9888 – [email protected]

Turbo secadorTM

O moderno procedimento VOMM paradesidratação de carne para uso alimentício

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I Congresso Brasileiro dePesquisa em Pinhão MansoLocal: Brasília Alvorada Hotel – Brasília/DFData: 11 e 12 de novembro de 2009 Contato: (11) 5523-9413 e [email protected]

Congresso sobre Manejo eNutrição de Aves e SuínosLocal: Auditório do IAC – Campinas/SPData: 11 a 13 de novembro de 2009 Contato: (19) 3232-7518 e [email protected]

III Curso de Genética Molecularaplicada à Reprodução AnimalLocal: Parque Estação Biológica – Bra-sília/DFData: 16 a 21 de novembro de 2009Contato: (61) 3448-4783 e [email protected]

23º Curso de Sistema RotacionadoIntensivo de Produção dePastagens para Bovinos LeiteirosLocal: Esalq/USP – Piracicaba/SPData: 16 a 19 de novembro de 2009 Contato: (19) 3417-6604 e [email protected]

17º Encafé – EncontroNacional da Indústria de CaféLocal: Vila Galé Marés Resort – Salva-dor/BAData: 18 a 22 de novembro de 2009 Contato: (11) 3868-4037 e [email protected]

II Congresso Nacionaldo Cavalo MangalargaMarchadorLocal: Porto Seguro/BAData: 19 a 22 de novembro de 2009 Contato: (31) 3379-6100 e [email protected]

4º Encontro Brasileiro de HidroponiaLocal: Hotel Praiatur – Florianópolis/SCData: 19 e 20 de novembro de 2009 Contato: (48) 3028-9052 e [email protected]

Curso de Projeto e Construçãode Carretas de Transbordopara Cana-de-AçúcarLocal: Centro de Pesquisa de Cana – Ri-beirão Preto/SPData: 24 de novembro de 2009 Contato: (11) 3231-4522

11º Congresso de Agribusiness daSociedade Nacional de AgriculturaLocal: Confederação Nacional do Comér-cio – Rio de Janeiro/RJData: 24 e 25 de novembro de 2009 Contato: (21) 3231-6350 e [email protected]

III Congresso Brasileirode Tomate IndustrialLocal: Centro de Convenções – Goiânia/GOData: 25 e 28 de novembro de 2009 Contato: (62) 3241-3939 e [email protected]

XVII Curso sobre Leite deCabra e Derivados: QueijosLocal: Capritec – Espírito Santo do Pi-nhal/SPData: 28 e 29 de novembro de 2009 Contato: (19) 3651-5531 e [email protected]

I Curso de Gestão naCaprinocultura e na OvinoculturaLocal: Capritec – Espírito Santo do Pi-nhal/SPData: 28 de novembro de 2009 Contato: (19) 3651-5531 e [email protected]

9º Leilão Pompeu BorbaOferta: Santa Inês, Boer e DorperLocal: João Pessoa/PBData: 28 de novembro de 2009 Horário: 13 horasInformações: (83) 9941-5649

12ª Jornada de Atualizaçãoem Agricultura de PrecisãoLocal: Esalq/USP – Piracicaba/SPData: 30 de novembro a 04 de dezembro de 2009 Contato: (19) 3417-6604 e [email protected]

4º Congresso Latino Americanosobre as Perspectivas doSetor de Celulose e PapelLocal: São Paulo/SPData: 15 a 17 de novembro de 2009 Contato: (11) 9904-5350 [email protected]

VII FestBerro – Exposiçãode Ovinos e CaprinosLocal: Tauá/CEData: 18 a 22 de novembro de 2009 Contato: (88) 3437-2068

Expovizinhos – Feira Agropecuária, Comercial e Industrial de Dois VizinhosLocal: Parque de Exposições de Dois Vi-zinhos/PRData: 22 a 29 de novembro de 2009 Contato: (46) 3536-1235

68ª Expo Nordestina Local: Parque Professor Antonio Coelho – Recife/PEData: 08 a 15 de novembro de 2009 Contato: (81) 3228-4332 e [email protected]

8ª Expo André da RochaLocal: André da Rocha/RSData: 12 a 15 de novembro de 2009 Contato: (54) 3611-1331

IV ExpoloandaLocal: Loanda/PRData: 26 a 29 de novembro de 2009 Contato: (44) 3425-1330

Fenagro 2009 – 22ª FeiraInternacional da AgropecuáriaLocal: Salvador/BAData: 28 de novembro a 06 de dezembro de 2009Contato: (71) 3375-3062 e [email protected]

Eventos & Leilões

Feiras & Exposições fale com o editor:[email protected]

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