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Velejando e Pescando: Grenada e Grenadines

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Charter a vela, realizado por um grupo de amigos a bordo do Catamarã Tarsha, Leopard 47, abril 2010 no Mar do Caribe.

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Aventura publicada na Revista Velejar. Edições 50 e 51

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Dedicatória A você, para todos os amantes da vela, da pesca esportiva e do mar.

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Em 2009 fizemos um charter de 10 dias nas Ilhas Virgens Britânicas. Esta história foi publicada na Revista Velejar e Meio Ambiente, nas edições 45, 46 e 47. O sucesso desse primeiro charter no Caribe, nos motivou a partir para uma nova aventura. A opção escolhida foi a região das Granadinas, considerada como a Meca do Caribe.

As Granadinas pertencem a Saint Vincent e Grenadines, localizada na cadeia de ilhas de barlavento do Ca-ribe, uma ex-colônia Britânica que obteve a sua independência em 1979. Esta região é formada por muitas ilhas, próximas umas das outras e grandes formações de corais. A navegação é muito privilegiada pelos ven-tos alísios, clima tropical, águas cristalinas e quentes.

Definido o destino, iniciamos a pesquisa sobre as empresas de charter disponíveis na região, a localização, os meios de acesso, qualidade dos veleiros e preço. Após várias pesquisas chegamos a duas opções: embar-car em Saint Vincent ou em Granada.

1 - Saint Vincent e Granadinas : Empresas: Sunsail. Barefoot Yacht Charters, www.barefootyachts.com

2 - Granada, outra ex-colônia Britânica. Empresa Horizon Yacht Charter. www.horizonyachtcharters.com , localizada próxima à capital Saint Georges.

A primeira opção tem a vantagem de navegar em todas as ilhas das Granadinas, sem ter que passar por imigrações e aduanas. As formalidades legais de entrada e saída do país são apenas no aeroporto. A Sunsail, tem bons veleiros, mas os preços são altos. A Barefoot Yacht Charters, bons preços, mas não tinham o cata-marã que queríamos. Chegar a Saint Vincent é um pouco complicado, muitas escalas em pequenos aviões. O acesso pode ser via Miami ou Venezuela. Registramos também nas nossas pesquisas, vários relatos sobre problemas de segurança pessoal em Caracas e na Capital das Granadinas, Kingstown.

Granada tem várias vantagens e algumas desvantagens: fácil acesso com vôos diretos de Miami, uma boa companhia de charter, bons veleiros e preços acessíveis. As dificuldades são: a necessidade de visto para entrar no país, estar a 50 milhas ao Sul das Granadinas e ter que passar por quatro procedimentos de imigra-ção. Muitos velejadores relatam as dificuldades burocráticas nas entradas e saídas desse país, que também pesaram na nossa decisão.

Depois de algumas reuniões, decidimos partir de Granada, devido a melhor segurança, fácil acesso via Mia-mi, privilegio de velejar maiores distâncias, conhecer dois países e muitas ilhas. Os possíveis problemas com a imigração foram encarados como parte da aventura e do nosso aprendizado.

Fechamos o charter com Horizon Yacht Charters, em Granada. Alugamos um catamarã Leopard 47 pés com

VELEJANDO NO CARIBE:GRANADA E GRANADINAS

Por Philip Conolly

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04 suítes, ano 2001, por 10 dias, sem tripulação ou bareboat iniciando no dia 18 de abril de 2010. Depois de um chorinho conseguimos um desconto de 5% e pagamos USD$6.988. Recomendo fazer a reserva com, no mínimo, 6 meses de antecedência. Desta forma, consegue-se melhores preços. Cada tripulante paga sua cota, em quatro parcelas, diretamente à empresa de charter, via cartão de crédito. Após a assinatura do contrato, a Horizon nos enviou, via Correios, um guia: Sailors Guide Windward Islands 2010. Uma excelente publicação, muito completa, com todas as dicas para velejar nas ilhas de barlanto do Caribe, desde Martini-que até Granada. Uma verdadeira bíblia para planejar o cruzeiro.

Antes da partida, fizemos muitos preparativos como: confeccionar camisas personalizadas para a tripulação, definir o roteiro da navegação e o mais importante; conseguir visto de entrada. Granada não tem represen-tação diplomática no Brasil, mas descobrimos que temos uma embaixada em Saint Georges, a capital. O Embaixador do Brasil em Granada, muito nos ajudou a obter uma permissão para ingressar no país, via e--mail. Recebemos uma carta do Ministério das Relações Exteriores de Granada, confirmando nossa aceitação para entrar em Granada como turistas, onde constava os nomes da nossa tripulação: Philip Conolly, Fabiano Becker, Sérgio Medeiros, Ricardo Meneguzzo e Ubiratan Rayel. Este documento explicava que o visto seria concedido no aeroporto, perante o pagamento de EC$100( Eastern Caribian Dolar) p/ tripulante. Ficamos felizes e muito agradecidos pelo excelente atendimento da nossa embaixada. Nada melhor que viajar com a documentação toda pronta e em dia.

Chegamos às 21h30, no aeroporto internacional de Grenada, num vôo de 4 horas de duração, direto de Mia-mi. Todos muito felizes com nossos pensamentos voltados para a nossa aventura. Na emigração do aeropor-to, apresentamos nossos passaportes e a carta do Ministério das Relações Exteriores de Granada, garantindo a nossa entrada. O oficial leu o documento, pensou, analisou e levou para o oficial superior. Ficamos todos

Chegada em Granada Hotel Siesta em Granada

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juntos numa área de espera, sem compreender o que estava acontecendo. Depois de duas longas horas, finalmente recebemos nossos vistos. O aeroporto já estava fechado e quase perdemos o taxi que nos espe-rava. Achamos uma atitude burocrática, autoritária e desnecessária dos oficiais da emigração. Talvez eles nunca tenham visto aquele modelo de carta ou estavam querendo mostrar que eles eram as autoridades máximas naquela hora. Um pequeno país, que depende quase exclusivamente de turismo, deveria facilitar a entrada de visitantes. Tudo bem, estávamos de férias e entramos em Granada. Um conselho: nunca viaje para este país sem um visto ou uma autorização de entrada!

Chegamos em Saint Georges no dia 16 de abril, com 36 horas de antecedência , para poder descansar da viagem, conhecer Granada e comprar as provisões com tranqüilidade; nada de pressa.

Ficamos uma noite hospedados no Hotel Siesta, USD$40 p/ pessoa, com boas acomodações e uma bela piscina, www.siestahotel.com. Alugamos uma ótima Van com motorista, Mr. Keith, indicado pela Horizon, USD 20 p/hora, para fazer um tour pela ilha e comprar provisões. A capital é muito bonita e a população muito amigável e prestativa. Língua oficial é o inglês.

Na manhã dia 17, saímos do hotel e partimos bem cedo para a marina da Horizon Charters, em True Blue Bay, onde fomos apresentados ao nosso Tarsha. Este momento é sempre mágico para a tripulação. Depois de muitas pesquisas na internet, só vendo as fotos e ar-ranjos internos, ver o catamarã atracado, ao vivo, nos esperando é sempre uma grande emoção. Ficamos im-pressionados com as dimensões do catamarã, com 7,4 metros de boca e um padrão de limpeza, nota dez.

Características do Catamarã Tarsha

- Ano de fabricação: 2001

- Comprimento: 14,33 metros

- Boca: 7,4 metros

- Calado: 1,34 metros

-Água doce: 742 litros.

-Diesel: 569 litros

- Acomodações: 04 suítes e ca-mas king size

- Ar condicionado

- Dois motores de 50HP Yanmar

- Equipamentos eletrônicos: GPS com plotter, sonda, ane-mômetro e piloto automático.

- Cozinha completa: freezer, geladeira vertical com pratelei-ras, microondas, fogão de quatro bocas com forno.Catamarã TARSHA

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O tour pela ilha foi muito agradável. Granada tem muitas mon-tanhas cobertas de florestas e cachoeiras. No final do passeio, compramos nossas provisões, com muita facilidade em um dos bons supermercados de Granada. www.realvaluesupermarket.com . A segunda noite em Granada, dormimos a bordo do Tar-sha, ou sleep aboard, que é uma boa opção para conhecer o barco e deixar tudo pronto para partida. Na marina True Blue Bay, tem um ótimo restaurante com música caribenha ao vivo e uma piscina liberada para os clientes. Tudo muito tranqüilo, uma bela vista e com muita segurança. Um pouco caro, mas, um gran-de momento, deve ser comemorado.

Na manhã da nossa partida, 18 de abril de 2010, os funcioná-rios da Horizon Charter vieram a bordo para entregar o Tarsha. Primeiro passaram toda documentação, seguido das explicações dos melhores roteiros, cuidados com a navegação e todos os pro-cedimentos para as entradas e saídas de Granada e Granadinas. A empresa de charter fornece a documentação da emigração já preenchida juntamente com a lista dos tripulantes, que contem

Mercado de Granada Baia Halifax Noz Moscada Muitas cachoeiras

Fruta pão

Supermercado em Granada

Base da Horizon Yacht Chartes em True Blue Bay - Grenada

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todas as informações dos passaportes etc. Depois do briefing de segurança, operação dos motores e equi-pamentos, estávamos finalmente prontos para partir. Um marinheiro da Horizon Charter desatracou o Tar-sha e entregou o comando na saída da marina. Um ótimo procedimento, que livra nossa responsabilidade de manobrar um barco, ainda desconhecido, num cais congestionado com outros veleiros.

INÍCIO DA AVENTURA

Recebi o comando do Tarsha às 13 horas do dia 18 de abril, com muita emoção. Estávamos finalmente iniciando nosso charter depois de meses de preparativos. Certamente é um grande momento de alegria para todos a bordo.

Partimos do extremo Sul da Ilha de Granada, com o objetivo de velejar ao largo da costa oeste em dire-ção as Granadinas. Tínhamos 42 milhas náuticas pela proa até a Ilha de Carriacou, mas devido a hora, só velejamos 6 milhas até Saint Georges, onde largamos a âncora para passar a noite. O contrato de charter não permite a navegação noturna e concordamos plenamente com esta norma, estávamos de férias, que-

Briefing na entrega do Tarsha

ríamos curtir o visual e relaxar.

Em Saint Georges, existe uma grande baía muito bem protegida, La-goon Bay com uma grande marina, mas o pernoite é cobrado. Opta-mos em ancorar ao largo da cidade, onde a água é muito limpa e bem abrigada. O primeiro banho nas águas mornas do Mar do Caribe foi inevitável. Descarregamos todo nosso cansaço e a ansiedade naquela água cristalina e revigorante. O nosso Chef de Cozinha Ricardo Mene-guzzo, gaúcho de Erexim, rapidamente temperou bistecas de porco com alho, pimenta e alecrim, que se transformou no primeiro chur-rasco, comandado pelo segundo gaúcho de Lajeado, Fabiano Becker. Todos ficaram impressionados com a comodidade do catamarã e do espaço no convés.

Na manhã do segundo dia, acordamos com o nascer do Sol e com um belo visual de um navio de passageiros chegando em Saint Geor-ges. Fabiano preparou a tradicional omelete light com bacon e queijo, que foi servido no cockpit. Depois do breakfast reforçado, a primeira providência foi preparar as duas carretilhas para garantir o peixe do jantar. Nesse dia, o nosso destino era Tyrrel Bay, 34 milhas ao norte. Levantamos as velas e seguimos um rumo paralelo à costa oeste de Granada, que é bem abrigada dos ventos alísios pelas grandes mon-tanhas que dominam a Ilha. Nesta área, existe uma linda baía, Halifax Harbour, que lamentavelmente virou o lixão da capital. O cheiro de plástico queimando é muito forte e pode ser sentido a mais de 10 milhas da costa.

Saint Georges - Capital de Granada

Chef Ricardo, preparando bistecas

Fabiando assando as bistecas, primeiro churrasco

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O vento de NE, quase de proa, nos obrigou a manter uma orça forçada e para manter uma média de cinco nós, tivemos que usar os motores até o extremo norte da ilha. Depois a orça ficou mais folgada e passamos a velejar a oito nós. Neste trajeto, Sérgio Medeiros de Jaraguá do Sul – SC, embarcou uma bela barracuda de 6kg e Fabiano, outra menor. Os dois peixes foram libe-rados vivos, devido a uma toxina Ciguatera, que conta-mina os peixes de coral. Depois tivemos uma surpresa de encontrar barracudas, à venda, num mercado local. Estávamos de férias; para que correr riscos com a saú-de? Chegamos a Tyrrel Bay no final da tarde, mas ainda com muito Sol, ideal para localizar um bom ponto de fundeio. Esta baía é bem abrigada e um porto tradi-cional para veleiros, que navegam pelo Caribe. Oferece poucas opções de compras e abastecimento.

No terceiro dia, motoramos 8 milhas até Hillsborough, capital da Ilha de Carriacou, onde atendemos à todos os procedimentos de saída do Tarsha na imigração de Granada. A delegacia de polícia está localizada muito próxima ao porto local. Ancoramos no meio da baía e desembarcamos no dingue. Os procedimentos legais duraram cerca de 40 minutos. Adotamos uma estratégia bem humilde; yes Sir, no Sir, falamos muito de futebol, o que ajudou a quebrar o gelo reinante na delegacia. Funcionou e fomos bem atendidos. Até prometeram torcer pelo Brasil na copa da África, mas acho que es-queceram ou fizeram macumba.

Sérgio largando a linha do corrico

Fabiano com a primeira barracuda

Sérgio com a segunda barracuda

Velejando para Tyrrel Bay

Happy hour - Rum Punch

Chegando em Tyrrel Bay Tyrrel Bay - Ilha de Carriacou

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De Hillsborough, motoramos 1,5 milhas até Sandy Island. Uma pequena ilha desabitada, de águas crista-linas e de areias brancas. Tiramos muitas fotos, filmamos e curtimos o visual paradisíaco. Voltamos para o Tarsha para o almoço e logo levantamos âncora rumo à Clifton em Union Island, Granadinas. A velejada foi rápida com um vento constante de través e cobrimos as 8 milhas em menos de uma hora. Entre Carriacou e Union Island trocamos a bandeira de Granada pelo pavilhão das Granadinas.

Um cuidado especial, que deve ser tomado a sotavento das ilhas no Caribe, é com as pequenas bóias de sinalização de armadilhas e redes de pesca, bastante abundantes. Uma distração e as cordas dos petrechos

Hillborough - Capital de Carriacou

Sandy Island Tarsha em Sandy Island

Philip - Sandy Island

de pesca podem enrolar no hélice ou na quilha, trazendo grandes complicações. Desviamos de várias e com mar agitado, só são visíveis a menos de 100 metros.

Clifton é uma pequena cidade com boa infra-estrutura de mercados, marinas, abastecimento de água, combustível, gelo e outros serviços. O aeroporto é muito movimentado, recebendo pequenos aviões com muitos turistas. Este porto é o principal acesso à visitação ao Parque Marinho de Tobago Cays. Existem várias escunas e grandes catamarãns, que levam os visitantes para passeios diários no parque. A Baía de Clifton é muito bonita, protegida por um anel de corais, águas cristalinas e o fundo de areias brancas, um postal do Caribe. Maravilha! Estávamos nas Granadinas!

Union Island também é famosa pelos boat boys, pequenas lanchas que seguem os veleiros até o ancoradou-ro. Todos os cruzeiristas comentam as suas experiências com esses flanelinhas do mar, que são muito persis-

Famosos Boat Boys de CliftonAncorando na Baia de Clifton

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tentes e oferecem de tudo: gelo, frutas, lagostas, drogas...etc. Estávamos mentalmente bem preparados para lidar com a abordagem deles. Fomos seguidos desde a entrada da baía por uma lancha com dois boat boys, mas com o jeitinho brasileiro, simpatia e um pouco de paciência, não tivemos problemas.

A primeira providência em Clifton foi desembarcar e caminhar dez minutos até o aeroporto para dar en-trada do Tarsha e da tripulação no país, Saint Vincent and Grenadines. Fomos bem atendidos na imigração e os procedimentos foram rápidos. Levar uma lista dos tripulantes com nomes, nacionalidades, número dos passaportes e dados de registro da embarcação, ajuda muito a agilizar os procedimentos. Aprovei-tamos o desembarque para conhecer a cidade e relaxar, tomando a famosa cerveja Carib, no Iate Clube, que tem um belo visual da baía. Neste porto, existe uma pequena lagoa de água salgada com mais de 20 tubarões lixa. Um point muito tranquilo, relaxante e com acesso gratuito a internet. www.grenadines--bougainvilla.com

Em Clifton existe uma pequena ilha artificial, que foi construída manualmente por um nativo chamado Janti. Um ex-entregador de suprimentos, ou boat boy, que se cansou das travessias e começou a aterrar

Lagoa com tubarões lixa - Clifton Ricardo em Clifton - Union Island

Happy Man Island - Clifton

Happy Man Island Rum Punch

Tripulação com Janticonstrutor da ilha

uma área sobre os corais. Hoje, Janti, tem uma ilha particular chamada Happy Man Island, onde recebe os velejadores com um Rum Punch especial. A ilha virou uma atração turística e é o melhor local para um happy hour no por do Sol.

Na manhã do quarto dia, como sempre, acordamos bem cedo e velejamos 5 milhas só com a genoa até Chatham Bay, do lado oeste de Union Island. Uma grande baía, muito bem protegida, quase desabitada e sem perigos a navegação. Logo na chegada fomos abordamos por uma lancha da Polícia Aduaneira. Pe-diram apenas a documentação de entrada nas Grana-dinas, olharam, agradeceram e partiram. Ainda bem que estávamos legalizados. Nosso fotógrafo de bordo, Ubiratan Rayel, Bira de Curitiba, também responsável em manter sempre a caixa térmica abastecida com cerveja e gelo, tirou muitas fotos da natureza intocada dessa baía. Passamos o dia mergulhando no costão norte, avistamos tartarugas e muitos peixes coloridos. A noite jantamos no boteco da Vanessa, churrasco de lagosta, com salada de fruta pão, muito bom.

Lancha da polícia aduaneira - Granadinas

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Restaurante da Vanessa

Chatham Bay

Partimos bem cedo para Mayreau Island, 6 milhas ao norte. Nessa área das Granadinas, as velejadas são curtas devido às proximidades das ilhas. Chegamos em Salt Whistle Bay , uma pequena enseada, bem abri-gada, cuja entrada é protegida por corais , mas a visibilidade da água permite ver a passagem sem proble-mas. Aproximadamente 15 veleiros já estavam ancorados na baía e certamente passaram a noite neste local. A área, propícia para o fundeio, estava quase toda ocupada. Uma grande vantagem do catamarã é poder ancorar em águas mais rasas, próximo a praia. Salt Whistle é uma baía fantástica, cercada de muitos coqueiros, praias de areias brancas e águas cristalinas. Do topo de um morro local, se tem uma bela vista de Tobago Cays. Existe um hotel nesta praia, mas não é visível do mar e que cuida muito bem da limpeza. www.saltwhistlebay.com/english.htm

Da ilha de Mayreau partimos para Tobago Cays, próximo ao meio dia, com o Sol bem a pino para melhor

visualizar as passagens entre os bancos de corais. O acesso mais seguro ao Parque Nacional Marinho das Granadinas é pelo norte da Ilha de Mayreau . As escunas locais partem de Clifton e entram no parque pelo Sul, mas é extremamente perigoso e deve ser evi-tado. www.tobagocays.org

Tobago Cays é o principal destino náutico das Granadinas, que foi transformado em Parque Marinho, monitorado por guarda parques, que cobram EC$10 p/pessoa dia, em cash. Entramos em Tobago motorando e curtindo a transparência da água, passando pelas Ilhas: Petit Bateau e Jamesby e chegamos numa área onde

Salt Whistle Bay - Ilha de Mayreau - Granadinas

Tarsha ancorado em Salt Whistle Bay

Vanessa c/ camisa autografada

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pelas Ilhas: Petit Bateau e Jamesby e chegamos numa área onde dezenas de veleiros estavam ancorados, junto a Ilha Baradel. Larga-mos a âncora e logo recebemos a visita de boat boys oferecendo la-gostas, pão, gelo e bebidas. Não incomodaram e foram simpáticos, em especial o Sydney que vende belas camisetas das Granadinas. Passamos o dia mergulhando e visitando as ilhas, que são habitadas apenas pelas iguanas e aves.

Sempre que ancorávamos num novo point, hasteávamos uma grande Bandeira do Brasil, uma ótima forma de buscar novos ami-gos. Em Tobago, um dingue com um casal passou, olhou para nosso pavilhão e perguntaram: ...are you Brazilians? e prontamente res-pondemos: Yes, nós somos! Fechamos uma grande amizade com Agnes, brasileira de Belo Horizonte e o seu marido americano Da-vid, piloto da Fedex. Estavam a bordo do catamarã de 44 pés, de sua propriedade, o Gostosa Tu. Tomamos muitas cervejas Carib e vários tragos de Rum. Até fomos convidados, por eles, para um ha-ppy hour a bordo. É sempre muito bom conhecer pessoas amantes da vela e de aventuras. Todos têm muitas histórias e experiências para trocar. O casal estava velejando, sem pressa, para a Venezuela, para realizar reparos no catamarã e passar a temporada de fura-cões no Sul. Infelizmente perdemos o e-mail deles. Agnes e David mandem notícias!

Na manhã do quinto dia, levantamos a vela mestra, ainda ancorado, para que Agnes e David fotografassem a tripulação do Tarsha devidamente uniformizada. A foto oficial! Partimos de Tobago Cays, rumo à Musti-que, 22 milhas ao Norte. O vento de Nordeste, soprando a 14 nós , mar calmo e muito Sol, o sonho de todo velejador. Tivemos que dar dois bordos para passar a Ilha de Canouan. Não paramos nessa ilha e passamos ao largo. O vento melhorou e rondou para Leste, que nos proporcionou uma grande velejada de través até Mustique, a ilha de veraneio dos ricos e famosos como Mick Jagger, feliz proprietário de uma das mansões.

Sempre que estávamos velejando, as linhas de pesca de corrico eram lançadas. Fabiano e Sérgio manti-nham uma vigília severa sobre as carretilhas. Ao menor sinal, rerrrrr..., da linha sendo puxada, estes tripu-lantes se lançavam sobre a vara, para ter o prazer de recolher o peixe. Pescadores fanáticos são assim, ficam malucos quando ouvem a carretilha cantar, pois traz muita adrenalina e satisfação.

Tripulação com David e Agnes a bordo do Gostosa-Tu

Catamarã Gostosa-Tu de David e Agnes - Tobago Cays

Ricardo, Fabiano e Sérgio Tobago Cays

Sidney - vendedor de camisas Tobago Cays

Tobago Cays

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Sérgio Philip Bira Fabiano Ricardo

Foto oficial da tripulação, tirada por David a bordo do Catamarã Gostosa -Tu, em Togago Cays. Tarsha ao fundo.

Nos últimos cinco dias, só pescamos duas barracudas e Ricardo, o nosso chef de cozinha, andava cobrando mais peixes. A área onde estávamos navegando não era propícia para a pesca. Águas rasas e protegidas a sotavento das ilhas, não são piscosas. Isso é uma regra em todos os oceanos. Melhores lugares são os talu-des das plataformas continentais, a barlavento, onde as profundidades despencam de 50m para 400 metros. O vento e a corrente, incidem sobre o talude, formando uma ressurgências das águas profundas, ricas em nutrientes, que desenvolve o plâncton e toda uma cadeira alimentar, atraindo grandes peixes. Quase che-gando a Britannia Bay, em Mustique, a carretilha de boreste cantou, rerrrrr... e ,por sorte, Ricardo estava à postos e embarcou um belo olhete ou Rainbow Runner, Sashimi garantido.

A Ilha de Mustique é administrada por um grande condomínio particular, onde tudo é muito limpo, organi-zado, mas caro. A bóia de fundeio ou atracação custa EC$80 por até três noites. No início tínhamos decido apenas fazer um reconhecimento ao longo da costa e seguir para Bequia, mas a beleza de Britannia Bay nos deixou fascinados e resolvemos ficar uma noite. Desembarcamos, alugamos uma caminhonete com um motorista chamado de Bom Bom. Uma figura! Típico has safári com um boné arco Iris, roupas coloridas e aparentava ter fumado uma erva... Fizemos um tour de 2 horas pela ilha, ao custo de EC$30 por pessoa. Passamos pelas grandes mansões de Yves Saint Laurent, Brain Adams, Mick Jagger e muitas outras. Tudo é muito limpo e organizado. O principal bar e restaurante é o Basil´s Bar, muito bem localizado a beira mar e com uma excelente vista da baía. Olhamos o cardápio, os preços... e decidimos apenas tomar um Rum Punch, observando o por do SOL. A comida é cara, só para os famosos. Voltamos para o Tarsha para jantar; sashimi de olhete e salada. Tenho certeza que o Mick ia gostar!

Velejando Chegando em Mustique Britannia Bay - Mustique

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Pescadores de Mustique - Granadinas

Ao amanhecer do sexto dia, partimos para Bequia, 14 milhas à NW, vento de 14 nós pela alheta de boreste e muito Sol. Velejamos umas duas horas, contornamos a Ilha de Quatre e entramos em Admiralty Bay. Uma baía fantástica, com muita circulação de ferry boats e centenas de veleiros. Este porto é muito procurado por cruzeiristas para fazer provisões e reparos. Em Bequia, fizemos nosso único abastecimento de água e com muita facilidade. No centro da baía existe um grande rebocador, pintado na cor laranja, transformado em um posto flutuante. Atende dois veleiros simultaneamente, um em cada bordo, oferecendo também gelo, cerveja, água mineral e refrigerantes. Tudo muito prático e eficiente.

Bequia é uma cidade muito movimentada, com uma arquitetura caracterizada pela colonização Britânica. Certamente, uma parada obrigatória para todo velejador. A orla da praia é muito bonita com casarões colori-dos, que foram transformados em restaurantes ou hotéis. A área de ancoragem, destinada aos veleiros, fica no Sul da baía, à aproximadamente uma milha da cidade. Optamos em atracar numa bóia de um restauran-te, muito bem localizada, à 200 metros da praia e do comércio. Pagamos EC$25 pelo pernoite e valeu cada centavo. Sérgio, Fabiano, Bira e Ricardo fizeram um tour pela ilha e gostaram muito do visual.

Ao anoitecer, nosso tradicional happy hour, no cockpit, foi dedicado ao planejamento do nosso retorno à Granada, 82 milhas ao Sul. Queríamos pescar na costa leste das Granadinas, região de mar aberto, com grandes possibilidades de boas pescarias. Como já foi citado, navegamos muito à sotavento das ilhas e agora tínhamos a oportunidade de velejar à barlavento, ao longo do talude da plataforma continental. A rota foi rapidamente aprovada por unanimidade e comemorada com várias rodadas de Rum. Viva! Vamos voltar pescando.

Mansões de Mustique Ruas de Mustique Ricardo com Olhete

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Fotos acima; Admiralty Bay, Bequia - Granadinas

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Às 7:00 horas da manhã já estávamos saindo de Admi-ralty Bay e tivemos de motorar por duas horas para con-tornar a Ilha de Bequia pelo Norte. Neste ponto, se tem uma perfeita visão da grande Ilha de Saint Vincent, sede do governo das Granadinas. Levantamos as velas e nave-gamos numa orça forçada até ultrapassar a Ilha Baliceaux e seguir na direção leste, por mais 9 milhas até o final da plataforma continental. Tentamos orçar o máximo possí-vel para nordeste, para poder explorar uma maior área

de pesca. Logo, a nossa estratégia de seguir este rumo, começou a dar frutos. A carretilha de bombordo cantou rerrrrrr... e a adrenalina subiu. Fiquei muito feliz e surpreso, quando a tripulação gritou,... este peixe é do capitão! Finalmente abriram mão do assédio sobre as varas e deixaram que eu embarcasse o peixe. Depois de uma luta, contabilizamos a bordo, um atum de 8kg, da espécie conhecida no Brasil como Albacorinha ou Black Fin Tuna. Ótimo para sashimi. O peixe foi direto para o gelo para garantir a qualidade.

Chegando no talude, ou no final da plataforma continental, logo tivemos uma sinfonia de carretilhas can-tando rerrr... rerrr.... Bira foi o próximo premiado, perdeu um peixão, e logo depois embarcou outra alba-corinha, com muita alegria, ..“o primeiro atum ninguém esquece”. A tripulação foi se revezando até que o último atum foi embarcado pelo Ricardo. Pescar de corrico num veleiro é um pouco difícil, quando um peixe é ferrado é necessário entrar no vento para diminuir a velocidade. O timoneiro deve ter muito cuidado para não se distrair com a gritaria na popa e não dar um bordo. Pescamos 5 atuns e um olhete, mas devolvemos

A GRANDE PESCARIA

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três peixes vivos ao mar. Ficamos apenas com o necessário para o Sashimi e para fazer uma salada de atum.

O talude, leste das Granadinas, é um local especial para a pesca de corrico. Ao longo da caída da plataforma, entre as isóbatas de 40 e 200 metros, é possível visualizar divisas de espuma e pequenas ondas, como se a água estivesse fervendo, provocado pelas fortes correntes ascendentes. Nessa área, existe muita atividade de gaivotas e cardumes de peixe voador, que voam, quando são atacados por predadores. Essas condições são especiais para pesca. Navegamos três horas nessas profundidades, mas tivemos que mudar o rumo para SW, em busca de uma ilha para passar a noite. No final da tarde, chegamos à Petit Tabac, uma pequena ilha desabitada, localizada a leste de Tobago Cays. O mar na pequena baía de fundeio, estava muito agitado e não seria seguro pernoitar. Seguimos para a nossa conhecida Chatham Bay, onde chegamos antes do por do Sol. Nesse dia navegamos 62 milhas.

Petit Tabac - Granadinas

Ao amanhecer, seguimos novamente para Clifton para as formalidades de imigração e saída oficial das Gra-nadinas: fizemos algumas compras e velejamos até Petit Saint Vincent ou PSV. Uma ilha muito bonita com praias de areia branca. Desembarcamos e tiramos muitas fotos. Petit SV fica muito próxima à Petite Marti-nique, que já pertence a Granada. No meio do canal passa a linha imaginária da fronteira entre esses dois países. Petite Martinique é indicada, pela empresa de charter, para reabastecimento de água e combustível de boa qualidade e de fácil acesso. Informaram que é bem melhor e mais confiável do que Clifton. Posto náutico: B&C Fuels Enterprice.

Partimos de PSV, logo após o almoço e navegamos 6 ilhas no rumo SW até Carriacou para nosso último procedimento de emigração e aduana, retornando para Granada. A Horizon Charter já tinha fornecido os formulários oficiais preenchidos, que facilitou muito o atendimento. Naquele mesmo dia retornamos à Tyr-rel Bay onde ancoramos. Logo após o por do Sol, saboreamos um suculento Sashimi de atum com salada e ficamos no cockpit curtindo e relembrando as aventuras do dia e planejando a rota para o nosso último dia no mar do Caribe.

Acordamos com o nascer do Sol e após um café reforçado, partimos rumo a Granada, 40 milhas ao Sul. Dessa vez, decidimos navegar pela costa Leste, ao longo do talude da plataforma continental, certamente outra re-gião muito piscosa. Durante a noite, o vento aumentou para 16 nós e já saímos da baía com as velas rizadas.

Sashimi de Atum

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Ao largo da Ilha Ronde Island, o mar começou a piorar e o vento também. Resolvemos abortar a pescaria e mudamos o rumo para a costa protegida a oeste. Ficamos muito frustrados, mas a segurança está sempre em primeiro lugar.

Chegando à área protegida de Granada, as ondas diminuíram, mas o vento estava soprando forte, rajadas de até 35 nós desciam as montanhas e rasgavam a superfície do mar. Reduzimos ainda mais a genoa, que se transformou numa vela de Laser e seguimos nosso rumo. O catamarã se comportou muito bem e não tivemos avarias.

Próximo à Saint Georges, o vento acalmou e seguimos até o porto de destino, True Blue Bay. Na entrada da baía, chamamos a Horizon Charters pelo rádio VHF, que prontamente mandou um dingue com um prático para atracar nosso Tarsha. Tínhamos completado, com sucesso, o nosso cruzeiro nas Granadinas.

Os procedimentos da entrega começam com o abastecimento de diesel, vistoria geral do barco e a devo-lução do kit com binóculos, peças de reserva etc. Consumimos 105 litros de diesel em 10 dias; muito bom, considerando o quanto motoramos e uso com o gerador. Fizeram até uma vistoria submarina para verificar se não houve avarias no casco, ou danos no hélice e lemes.

Chegamos ao final do nosso charter, com tudo e todos bem a bordo. Isso traz uma grande alegria e grande prazer de ter completado todo percurso sem incidentes ou problemas. O catamarã Tarsha 47 surpreendeu nossas expectativas, muito espaço, conforto e em perfeitas condições operacionais. Estávamos todos muito bem, com as nossas amizades ainda mais fortalecidas e prontos para retornar às nossas famílias. Certamente não vamos esquecer o Tarsha, das Granadinas e dos grandes momentos que passamos juntos. Já estamos sonhando com o nosso próximo charter, aguardem!

Petit Saint Vincent

Retornando para Granada

Petit Saint Vincent

Tarsha ancorado em

Petit Saint Vincent

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