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7/25/2019 (Venise Melo e Luciana Silveira) REFLEXES SOBRE OS ACOMODAMENTOS E INCOMODAMENTOS TECNOLGICOS D
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REFLEXES SOBRE OS ACOMODAMENTOS E INCOMODAMENTOSTECNOLGICOS DA ARTE CONTEMPORNEA
Venise Paschoal e MeloPPGTE/UTFPR
L!ciana Ma"#ha Sil$ei"aPPGTE/UTFPR
RES%MOS&
Pensando que a arte parte de um processo mltiplo e articulado por diversaslgicas e temporalidades, com relaes esta!elecidas entre a sociedade, a economia e apol"tica de nossa poca, este artigo se apresenta como uma proposta de re#le$%o a cerca deseus acomodamentos esta!elecidos nas tecnologias atuais e consequentemente so!re osdiversos inc&modos gerados pela mesma' (iante deste cen)rio, nos propomos a pensarso!re esta pro!lemati*a%o, a partir da +un%o conceitos evocados por pesquisadores queveem nos au$iliar a compreender as relaes esta!elecidas entre arte, sociedade etecnologia, como sus -artin.ar!ero e 0stor Garcia 1anclini' Propomos assim, umadiscuss%o cr"tica para a indaga%o da su!stitui%o de parte dos valores art"sticos pelosvalores de produtos de consumo, e tam!m uma !usca, atravs das margens edissid2ncias, para a produ%o de outros mapas e ol3ares, visando trans#ormaes deste
panorama atual'
Pala$"as'Cha$e&4rte contempor5nea6 Tecnologia6 (issid2ncias6
1ompreendendo que as tecnologias de nosso tempo, inseridas em um processo de
supervalori*a%o, veem gradativamente provocando mudanas em nossas estruturas
sociais, e consequentemente s%o estes mesmos aspectos que vem remodelando esustentando nossa produ%o cultural' (iante deste panorama, as #ormas tradicionais veem
a!rindo espao para a trans#igura%o das linguagens art"sticas, por meio das mestiagens e
do 3i!ridismo tecnolgico, e neste vis que se locali*a nossa preocupa%o em re#letir
so!re tais determinados elementos que veem constituindo, modi#icando e e$pandindo a arte
para os mesmos limites em que se locali*a a lgica da produ%o e do consumo capitalista'
0ossa !ase de pensamento tem como ponto de partida os conceitos de auman
7899:;que re#lete so!re os aspectos da vida cotidiana do su+eito contempor5neo, atravsdos conceitos de #luide* e
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nserida nesta sistemati*a%o, a arte vem se estendendo gradativamente para o
campo dos o!+etos tecnolgicos e de consumo, o resultado desta e$pans%o pode ser
apresentado atravs das trans#ormaes relacionadas aos modos di#erenciados de
produ%o, e$i!i%o e #rui%o art"stica'
>!servando que v)rios artistas veem se apropriando da media%o dos sistemas
eletr&nico.digitais, !em como o uso dos recursos dos #lu$os da in#orma%o e simula%o em
suas produes art"sticas, e cada ve* mais as o!ras veem se apresentando so! a #orma de
am!ientes virtuais e inter#aces gr)#icas interativas, compreens"vel que, uma ve*
constitu"da por dados numricos, a arte se insira nas possi!ilidades de multiplicidade e
3i!ridi*a%o das linguagens 7v"deo, #otogra#ia, vetori*a%o, som, te$tos;, assim como
tam!m introdu*a outras #ormas de a!ertura entre o!ra e participante, o queconsequentemente #a* as modi#icaes dos modos de produ%o e #rui%o da o!ra'
0este conte$to perce!emos ainda, alm da maior visi!ilidade dos aspectos da
novidade tecnolgica, a demonstra%o de um intenso e$perimentalismo tecnolgico, e neste
conte$to, a e$ig2ncia de outro tipo de participa%o do p!lico, cu+o des#ec3o vem sendo
uma prov)vel dissolu%o, em diversos n"veis, do contedo da produ%o, !em como nos
modos de #rui%o da o!ra, convertendo, tanto a produ%o art"stica quanto o local e$positivo,
em entretenimento, divers%o e distra%o'
Para estas consideraes, apresentamos re#le$es so!re an)lise do momento em
que se insere as tecnologias digitais na produ%o da arte contempor5nea, cu+o movimento
resulta em elementos da !usca aos e$perimentalismos para o artista, que se utili*a da
programa%o computacional para a produ%o da o!ra, tornando esta mais processual, no
ponto de vista da intera%o com o espectador' (este modo, diante destas mudanas
perce!emos que, as #ormas de participa%o na o!ra, atravs do uso de tais aparatos,
permitiu a gradativa mudana do estado da arte, de seu contedo sim!lico, esttico e
narrativo, contri!uindo para o deslocamento da #rui%o da contempla%o art"stica para umaespcie de modalidade de , 899C, p' IC;'
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4travs deste ponto de vista, e das possi!ilidades de intera%o com a o!ra, veri#icou.
se, na a%o do espectador, certo aspecto narcisista, despertado pelas relaes entre a
imagem e o corpo, por meio de aes do su+eito participante, tais como, a possi!ilidade de
ver a prpria imagem diante de um monitor re#letida como um espel3o de !its e cores, na
qual o seu corpo
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p!lico na o!ra, nos remetendo imediatamente a uma re#le$%o mais sria so!re os aspectos
da rela%o da arte como entretenimento e consumo' Para isto o pesquisador 1anclini nos
responde?
7'''; esta inclus%o dos p!licos mais do que uma !usca de e#ic)cia narecep%o, no controle da resist2ncia ou na legitima%o de uma empresaou de um Estado mediante o marMeting cultural' Ela implica uma re#le$%oso!re a atividade dos destinat)rios das aes art"sticas, nem sempreconsumidores e sim part"cipes na produ%o?prosumidores' 71401H0,89B8, p' 8BN;
J no momento, em que a o!ra determinada inaca!ada e se espera a in#inita
atuali*a%o e recon3ecimento da mesma pelo espectador, se decompe a autonomia da
arte' 0esta condi%o o autor a#irma?
7'''; sem roteiro nem autor, a cultura visual e a cultura pol"tica ps.modernas s%o testemun3as da descontinuidade do mundo e dossu+eitos, a co.presena O melanclica ou pardica, segundo o 5nimo Ode variaes que o mercado promove para renovar as vendas e que astend2ncias pol"ticas ensaiam 7'''; 71401H0, B::, p'II9;'
0esta re#le$%o so!re a arte fast food, onde os artistas e$pem em seus o!+etos
am)lgamas de recortes e colagens 3"!ridas, com um ol3ar cr"tico a respeito do p!lico,
1anclini 7B::;, nos apresenta o espectadorpret- penser, que no instante atual n%o possui
mais nen3uma responsa!ilidade de pensar so!re a arte em seu processo de #rui%o'
En#ati*ando so!re a arte so! os termos do espet)culo.espetaculari*a%o.espectador, o
autor a#irma estar nesta sequencia, um dos pontos centrais para a re#le$%o dos processos
art"sticos contempor5neos'
Pensando que a arte remodelada e sua nova rela%o com os espectadores, e#etivam
uma espcie de pacto com a m"dia, 1anclini aponta?
7'''; a rela%o dos espectadores ou leitores se esta!elece cada ve* maisno registro do entretainment, cena em que as relaes continuam sendoconstru"das O modos coletivos de dese+ar ou representar, masdespo+adas daquilo que implicava o sentido p!lico? assumir de #ormacompartil3ada, na intera%o social, o lugar comum' 71401H0, 89B8,p'BN9;
(iante destes #atos, perce!emos que 3) certa intensi#ica%o e acomoda%o da arteatual na demonstra%o de um intenso e$perimentalismo tecnolgico, e provavelmente estas
consequ2ncias este+am relacionadas, tanto Ks relativas #acilidades do artista em
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desenvolver seus processos de produ%o a partir da apropria%o de ideias pr.de#inidas e
esta!elecidas dentro das possi!ilidades das tecnologias atuais, quanto aos di#erenciados e
estimulantes modos de apro$ima%o intera%o da o!ra, en#aticamente voltados ao p!lico
participante'
0a vis%o de 4rlindo -ac3ado 7899; evidenciado na atualidade um consider)vel
crescimento de propostas art"sticas reali*adas atravs da media%o tecnolgica, porm o
que vem se revelando, ao invs das desco!ertas inventivas e criativas, segundo o autor,
uma
con#ormismo e da integra%o como valores dominantes'= 7-41Q4(>, 899, p' C;' > autor
nos mostra tam!m sua preocupa%o so!re os aspectos esta!elecidos nestas o!ras,
apresentadas so! a #orma de uma espcie de merchadising, na qual os artistas n%opropem o!ras, e sim uma demonstra%o das qualidades e potencialidade do hardwaree do
software' E ainda a#irma?
> que parece estar ocorrendo, em grande parte dos casos, uma perdasutil, mas implac)vel, da perspectiva mais radical da arte' Qo+e, quandovisitamos qualquer evento de arte eletr&nica, de msica digital ou deescritura interativa, ou quando #ol3eamos qualquer revista dedicada aessas especialidades, n%o preciso muito es#oro para constatar que a
discuss%o esttica #oi quase que inteiramente su!stitu"da pelo discursotcnico, e que questes relativas a algoritmos, 3ardare e so#taretomaram grandemente o lugar das ideias criativas, da su!vers%o dasnormas e da reinven%o da vida' 1om o !oom das tecnologiaseletr&nicas, a arte parece ter.se redu*ido O e$cetuadas, naturalmente,algumas poucas e$peri2ncias poderosas e inquietantes O a uma espciede per"cia pro#issional, K medida que a 3a!ilidade tcnica #oi tomando olugar das atitudes mais radicais' 7-41Q4(>, 899, p'C;
1ompactuando com as ideias de -ac3ado 7899;, ao o!servarmos estes par5metros
que vem
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se apenas acrescentar que seria mel3or v2.lo sem iluses, gan3ar alguma clare*a e
precis%o acerca disso que nos con#ronta'= 74-ES>0, 899N, p'BC;
1om re#le$es semel3antes, Eco 7B::I; citando as aes dos
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J nesta !rec3a, atravs da locali*a%o das di#erenas, que o autor nos mostra as
possi!ilidades dos artistas para propor uma produ%o mais peculiar, com mais autonomia e
dissens%o, distinta dos aspectos de 3omogenei*a%o cultural capitalista' Para 1anclini
789B8;, neste ol3ar da dissid2ncia e da resist2ncia, que se locali*a a di#erena a ser
e$altada, e$atamente no ponto divergente da cultura dominante em que podemos locali*ar
os reais valores emergentes de nossa cultura'
Para o autor, o ol3ar deve ser direcionado ao processo de
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aqui evidenciado, os quais, resumidamente, propem a constru%o de uma nova pr)tica,
onde a a%o do su+eito #undamental para a reestrutura%o de uma nova am!i2ncia social e
cultural'
Tam!m com o pensamento voltado para a 4mrica Hatina, o autor, acredita que esteol3ar tam!m pode ser deslocado atravs de mapas noturnos, met)#ora usada para
e$plicitar a necessidade de descolamento do 5ngulo de vis%o so! a lu* da classe dominante
capitalista para um rompimento das #ronteiras' 0este discurso a valida%o da cultura n%o
deve ser reali*ada, nem atravs da 3omogenei*a%o dominante, ou mel3or, se #a*
necess)rio recon3ecer o 3i!ridismo, as tecnologias e repensar a produ%o art"stica neste
vis'
1om a principal pretens%o de moldar o uso da tecnicidade a #avor da sociedade, oautor a#irma ser necess)rio
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0esta an)lise, na a#irmativa das trans#ormaes da arte contempor5nea quando
inserida nas tecnologias O em sua condi%o transposta para o entretenimento e o +ogo O a
partir da produ%o voltada para os aspectos interativos possi!ilitados pelos so#tares e
3ardares computacionais , e ainda pensando nos valores acenados por -ac3ado 7899;,tais como os aspectos do esva*iamento esttico da o!ra de arte, a produ%o padroni*ada
do artista e a 3ipnoti*a%o do espectador, e ainda com a contri!ui%o dos autores voltados
para a re#le$%o da cultura na 4mrica Hatina, evidenciamos as possi!ilidades de mudanas
do cen)rio atual do estado da arte, quando convergimos as o!ras em aes ativas e
politi*adas'
(este modo, acreditamos na necessidade de um apro#undamento da discuss%o e
re#le$%o cr"tica so!re as imposies dominantes em prol de uma cultura renovada, madura,altiva e com alteridade' E atravs da a#irma%o da arte e a sociedade que se #undem e se
trans#ormam, nas di#erenas e dissid2ncias, que podem estar os camin3os para a
trans#orma%o da arte e cultura latino.americana'
REFER)NCIAS
4U-40, WXgmunt' Glo*ali+a,-o& as conse.!/ncias h!0anas(Rio de aneiro? orgeWa3ar Ed' B:::
1401H0, 0stor Garcia' A socieae se0 "ela#o& An#"o1olo2ia e Es#3#ica aI0in/ncia(S%o Paulo? Editora Universidade de S%o Paulo, 89B8'
-41Q4(>, 4rlindo' Tecnolo2ia e a"#e con#e01o"4nea& co0o 1oli#i+a" o e*a#e( Revistade Estudios Sociales 88 7899;? B.:'
-4RTV0.4RER>, ess' In#"o!,-o& a$en#!"as e !0 ca"#52"a6o 0es#i,o(n?-4RTV0.4RER>, ess 78998;' O67cio e ca"#52"a6o& #"a$essias la#ino'a0e"icanas aco0!nica,-o e a c!l#!"a(S%o Paulo? Edies HoXola, p' :OL8'
-EH>, Yenise Pasc3oal de' In#e"a#i$iae8 Vi"#!aliae e I0e"si$iae& a 1a"#ici1a,-ona o*"a e a"#e con#e01o"4nea(899C' (isserta%o 7-estrado;apresentada ao Programa de Ps.Gradua%o -estrado em estudos de Hinguagens' 1ampoGrande? Universidade Federal de -ato Grosso do Sul'