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VERA PIRES Texto publicado na seção Espaço Gail na Revista IAB-PE Projetar e construir para o lugar, com um profundo respeito pelo contexto, com suas sugestões e limitações, é a atitude que sempre tem caracterizado a atividade profissional de Vera Pires. Sua Longa produção, fortemente inspirada nas referências poéticas da paisagem local, tem sido sempre enriquecida pelas mutações tecnológicas e metodológicas, assim como pela permanente reflexão crítica em relação a própria produção quanto a arquitetura como disciplina. Formada em 1971 pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), cujas referências mais reconhecidas são os arquitetos Delfim Amorim e Acácio Gil Borsoi, e complementada pela sua incisiva atuação no escritório de Borsoi e Janete Costa, Vera iniciou sua atividade independente em 1972 como integrante do Arquitetura 4, primeiro escritório de arquitetas do Recife. A produção foi tão ampla quanto reconhecida durante os 26 anos de existência do escritório, abarcando desde a arquitetura residencial (mais de uma centena de casas construídas em vários estados do Brasil) até projetos e construção de edifícios residenciais, arquitetura hoteleira, hospitalar, religiosa e institucional, especialmente edifícios públicos, como as agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal construídas em diversas cidades dos estados da Bahia, Pernambuco e Paraíba, e o edifício-sede da CEF em Recife (atual Tribuna de Justiça Federal). As publicações nacionais e internacionais, as participações em congressos e exposições no Brasil e no exterior e as premiações obtidas certificam a qualidade da obra realizada pela arquiteta. Entre as últimas, Vera lembra o projeto selecionado pelo IAB-DN para o Concurso Internacional das Pessoas sem Teto organizado pela União Internacional de Arquitetos (UIA) em 1980, em Brighton, no Reino Unido; o segundo lugar no concurso nacional para a sede do Banco do Nordeste (BNB), em 1987; o prêmio do concurso nacional parar a Praia de Ponta Negra, em Natal (RN), em 1995; o prêmio do Concurso Favela Bairro, no Rio de Janeiro, realizado com Acácio Gil Borsoi; a exposição internacional da Faculdade Lantino-americana de Estudos Ambientais (Flacam), em Barcelona, em 1996; a exposição de arquitetura brasileira no Art Brèsil, no Líbano, em 1997, as representações nos seminários de Arquitetura Latino-americana (SAL), na UFPE, no Congresso Panamericano de Arquitetura e nos encontros do Conselho Internacional de Arquitetos de Língua Portuguesa (Cialp), apresentação de projetos nas bienais de Quito, São Paulo, Recife, entre outras. Outras atividades complementares à projeção arquitetônica foram o ensino na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (Faupe), de

VERA PIRES

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VERA PIRES

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Page 1: VERA PIRES

VERA PIRES

Texto publicado na seção Espaço Gail na Revista IAB-PE

Projetar e construir para o lugar, com um profundo respeito pelo

contexto, com suas sugestões e limitações, é a atitude que sempre tem

caracterizado a atividade profissional de Vera Pires. Sua Longa produção,

fortemente inspirada nas referências poéticas da paisagem local, tem sido

sempre enriquecida pelas mutações tecnológicas e metodológicas, assim como

pela permanente reflexão crítica em relação a própria produção quanto a

arquitetura como disciplina.

Formada em 1971 pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),

cujas referências mais reconhecidas são os arquitetos Delfim Amorim e Acácio

Gil Borsoi, e complementada pela sua incisiva atuação no escritório de Borsoi e

Janete Costa, Vera iniciou sua atividade independente em 1972 como

integrante do Arquitetura 4, primeiro escritório de arquitetas do Recife. A

produção foi tão ampla quanto reconhecida durante os 26 anos de existência

do escritório, abarcando desde a arquitetura residencial (mais de uma centena

de casas construídas em vários estados do Brasil) até projetos e construção de

edifícios residenciais, arquitetura hoteleira, hospitalar, religiosa e institucional,

especialmente edifícios públicos, como as agências do Banco do Brasil e da

Caixa Econômica Federal construídas em diversas cidades dos estados da

Bahia, Pernambuco e Paraíba, e o edifício-sede da CEF em Recife (atual

Tribuna de Justiça Federal).

As publicações nacionais e internacionais, as participações em

congressos e exposições no Brasil e no exterior e as premiações obtidas

certificam a qualidade da obra realizada pela arquiteta. Entre as últimas, Vera

lembra o projeto selecionado pelo IAB-DN para o Concurso Internacional das

Pessoas sem Teto organizado pela União Internacional de Arquitetos (UIA) em

1980, em Brighton, no Reino Unido; o segundo lugar no concurso nacional para

a sede do Banco do Nordeste (BNB), em 1987; o prêmio do concurso nacional

parar a Praia de Ponta Negra, em Natal (RN), em 1995; o prêmio do Concurso

Favela Bairro, no Rio de Janeiro, realizado com Acácio Gil Borsoi; a exposição

internacional da Faculdade Lantino-americana de Estudos Ambientais

(Flacam), em Barcelona, em 1996; a exposição de arquitetura brasileira no Art

Brèsil, no Líbano, em 1997, as representações nos seminários de Arquitetura

Latino-americana (SAL), na UFPE, no Congresso Panamericano de Arquitetura

e nos encontros do Conselho Internacional de Arquitetos de Língua Portuguesa

(Cialp), apresentação de projetos nas bienais de Quito, São Paulo, Recife,

entre outras. Outras atividades complementares à projeção arquitetônica foram

o ensino na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (Faupe), de

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1990 a 1991, e a representação profissional como conselheira do IAB-PE

durante quatro biênios.

Associada (e casada) com o arquiteto argentino Roberto Ghione desde

1998, a nova fase profissional de Vera Pires intensificou ainda mais sua

produção. A permanente temática residencial (especialmente casas e

condomínios de praia) é complementada por arquitetura comercial, institucional

e hoteleira.

Roberto Ghione é formado pela Universidade Nacional de Córdoba

(FAU) em 1982, especializado em História e Crítica da Arquitetura,

Preservação do patrimônio e Planejamento Urbano, foi professor da disciplina

Projeto Arquitetônico e realizou projetos e obras publicadas e exibidas no país

e no exterior, como o Centro Cultural da Cripta Jesuítica, em Córdoba, e o

Teatro Espanhol de Villa Dolores. Tem matérias publicadas em revistas

especializadas e em livros na Argentina e no exterior.

Nos projetos elaborados no escritório da dupla é a constante a pesquisa

tipológica, procurando sempre melhorar as condições de habitabilidade e

oferecer uma arquitetura diferenciada. "Em alguns casos, como nos edifícios

Renoir e Rembrandt, em João Pessoa, as tipologias foram projetadas

transladando as qualidades espaciais das casas aos departamentos de altura",

comenta Vera. "Atualmente estamos desenvolvendo um projeto inovador na

área de residências de praia que integra apartamentos e casas com área de

lazer comum. Costumamos projetar integralmente arquitetura, interiores e

paisagismo. O resultado é sempre de absoluta coerência. O mesmo principio

de projeto integral caracteriza muitas das obras do escritório, como aloja

Benetti (projeto iniciado com Carmem Mayrinck da Arquitetura 4) e o

Laboratório de Análises Clínicas Dignose, na Paraíba, considerado modelo por

sua concepção e níveis de acabamento. "Nestes dois casos o escritório criou

até as logomarcas das instituições", comenta Roberto.

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Em arquitetura comercial, o escritório

tem projetado o showroom e área

administrativa da Pamesa, lojas de shopping e

está em construção um centro comercial no

Recife com a utilização de cerâmica Gail, que

garantirá qualidade e durabilidade às suas

fachadas e pavimentos exteriores.

Na área de hotelaria, o escritório tem

projetado um conjunto de três resorts na Praia

do Porto, litoral Sul do Estado, com um

conceito de complementaridade na utilização

das áreas de lazer. Na mesma área tem se

desenvolvido um Pólo de Pousadas,

complementado e integrado aos resorts. Este

projeto ganhou o primeiro lugar na Premiação

Nacional da Hotal Exposhow, em 2000. Outro

projeto similar está sendo desenvolvido na praia Enseada dos Corais, também

no litoral Sul.

No campo das intervenções

urbanísticas, o escritório

obteve o primeiro prêmio no

concurso da Praça da

Independência, no Recife,

com uma proposta que

integrou os conceitos de

design urbano mais

avançados, com uma

profunda reflexão e respeito

pelas características do

lugar. Outro campo de

atuação de Vera Pires é o

design de móveis. "É muito interessante, porque o detalhamento é feito ao

milímetro. A reflexão exaustiva no detalhamento do mobiliário motivou uma

nova visão e reflexão do detalhamento da arquitetura.", observa. Todos os

móveis da produção exclusiva da loja Benetti são assinados por Vera e Ghione.

A dupla também costuma realizar parceiras com escritórios locais de outros

estados e países, assim como promove colaboração de jovens arquitetos como

Roberto Sarmento (PE), Lukas Mathis (Suíça) e atualmente Marcel Mitsusawa

(SP). As viagens e participações em exposições e eventos internacionais é

uma das mais ricas fontes de atualização do escritório.