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Determinação da cafeína de uma bebida
energética por HPLC/UV
Métodos Instrumentais de Análise
5º Ano do Mestrado Integrado em Bioengenharia
Elisabete Marina Nunes Pires ([email protected])
Joana Rita Ferreira dos Santos ([email protected])
PORTO, 21 de Dezembro de 2012
1
Sumário
A cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) é uma técnica de separação que,
nos últimos anos, passou a ser um dos métodos analíticos mais utilizados para fins
qualitativos e quantitativos. As razões que sustentam a sua ampla utilização estão
relacionadas com a sua adaptabilidade para determinações com boa sensibilidade, à
possibilidade de separar espécies não-voláteis e termicamente instáveis, com destaque
para a indústria farmacêutica, ambiental, alimentar, e em muitos outros campos da
ciência, como o da medicina.
Este trabalho está integrado na unidade curricular Métodos Instrumentais de
Análise (MIA), cujos objectivos são o estabelecimento de uma resposta apropriada para a
determinação do teor de cafeína numa bebida energética por HPLC/UV. Ou seja,
pretendeu-se implementar, compreender e validar a metodologia analítica de HPLC/UV, e
ainda avaliar o desempenho da cromatografia.
Para análise por HPLC/UV, a amostra e os padrões foram preparados a partir de
uma bebida energética e de uma solução mãe de cafeína, respectivamente. Para tal, foi
utilizado um cromatógrafo HPLC/UV, com uma coluna de fase C18 cuja fase ligada é
octadecilsílica (250-4, com partículas 5µm) e uma fase móvel composta por trietilamina,
ácido fosfórico, acetonitrilo e água. O caudal do eluente utilizado foi de 1mL/min e um loop
de 20µL. Uma vez que, se pretendeu analisar a cafeína, o comprimento de onda de
detecção no UV foi de 273 nm.
A separação cromatográfica mostrou-se ideal, pois o factor de capacidade foi de
1,52±0,02. Foi, ainda, avaliado a qualidade da separação pela eficiência (N=2334±38).
Através da reta de calibração determinou-se a concentração da amostra (3,37 ±
0,24 mg/L), considerando-se o factor de diluição, o teor de cafeína na bebida energética
foi de 337± 24 mg/L, valor este próximo do valor rotulado.
Relativamente à validação do método analítico, obteve-se uma gama de
linearidade de 0,5 mg/L a 10 mg/L e um limite de detecção e de quantificação de 0,24
mg/L e de 0,79 mg/L, respectivamente. Quanto ao estudo da exatidão, avaliada pelo erro
relativo (Er), obteve-se um Er 5%. Apresenta ainda um coeficiente de correlação de 0,999
e o desvio padrão do relativo do declive de 2% Estes parâmetros mostraram que o
método é adequado para o fim a que se destina.
2
índice
1. Introdução
4
2. Materiais e Métodos
7
2.1. Equipamento
7
2.2 Fase móvel
7
2.3. Preparação dos padrões e da amostra
7
2.4. Análise por HPLC/UV
8
3. Resultados e Discussão
9
3.1. Cromatograma
9
3.2. Desempenho da separação cromatográfica
10
3.3. Teor da cafeína na amostra
11
3.4. Validação do Método analítico: Parâmetros de quantificação e de fiabilidade
(Exatidão)
12
4. Conclusões
13
5. Referências
14
6. Apêndice
15
3
1. Introdução Teórica
A cromatografia é uma técnica poderosa e versátil, que num processo único é
capaz de separar e identificar os componentes de uma mistura e, simultaneamente,
proporciona uma estimativa quantitativa de cada constituinte da mistura [1]. O processo
de separação é obtido pela distribuição dos componentes entre duas fases, a fase móvel
e a fase estacionária. Isto é, a mistura é introduzida na fase móvel e é transportada por
esta ao longo de uma coluna que contém a fase estacionária [2,3]. A fase estacionária
estabelece as possíveis interações de afinidade com os componentes da amostra. Assim,
quanto menor for a afinidade de um componente da mistura para a fase estacionária,
menor será o tempo a percorrer a coluna, ou seja, menor o tempo que ficam retidos [3].
A classificação da cromatografia depende do estado das fases (móvel e
estacionária). A fase móvel poderá ser um gás ou um líquido, dando origem a dois a tipos
de cromatografia: cromatografia gasosa, em que a fase móvel é gás e cromatografia
líquida, sendo a fase móvel um líquido. Da mesma forma, a fase estacionária será
normalmente um líquido ou um sólido, o qual dá origem a quatro subgrupos de
cromatografia: cromatografia de gás-líquido; cromatografia de gás-sólido; cromatografia
líquido-líquido; e cromatografia líquido-sólido [2]. A cromatografia pode ainda ser
classificada, segundo o modo de separação (adsorção, partição, exclusão molecular e
troca iónica) [4]
Cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC, sigla inglesa de High Performance
Liquid Chromatography) distingue-se da cromatografia líquida convencional pelo uso de
instrumentação sofisticada e colunas de alta eficiência. As principais vantagens da HPLC
recaem sobre a redução do tempo de análise, elevada resolução, sensibilidade,
seletividade e reprodutibilidade [5].
A HPLC pode ser dividida em dois grupos, cromatografia em fase normal e
cromatografia em fase reversa. Quando a fase estacionária (normalmente sílica) é polar a
cromatografia é de fase normal. Na situação inversa, ou seja, quando a fase estacionária
apresenta menor polaridade que o eluente a cromatografia é denominada de fase reversa.
Nesta, fase estacionária é normalmente constituída por substâncias polares quimicamente
ligadas a grupos funcionais apolares. É de salientar que a cromatografia em fase reversa
é a mais recorrida para análises por HPLC [6].
Um sistema de HPLC consiste, essencialmente, nos seguintes constituintes: uma
bomba, um sistema de injeção, uma coluna de separação e um detetor (Figura 1) [6]. A
bomba tem como finalidade superar a resistência exercida pela coluna ao escoamento da
4
fase móvel, permitindo um fluxo contínuo e constante da fase móvel, independentemente
da sua viscosidade e da contrapressão da coluna [7]. O constituinte seguinte, o injetor,
baseia-se essencialmente num sistema de válvulas que permitem introduzir a amostra
num volume preciso e exato, loop, sendo o excesso de amostra descartado. Ou seja, não
é necessário que o volume seja preciso. A injeção é conseguida pela rotação da válvula
da posição de carga (load) para a posição de injeção (inject) [8]. Relativamente à coluna,
pode afirmar-se que esta é o coração do equipamento HPLC, porque é aqui que a
separação ocorre [7,8]. A coluna é instalada entre as válvulas do injetor e o detetor, sendo
o espaço onde se dá o contacto entre a fase móvel e a fase estacionária. As colunas mais
comuns em HPLC são de enchimento, quer de partículas sólidas (cromatografia de
adsorção) ou de partículas revestidas com filme líquido (cromatografia de partição) [4]. No
que diz respeito ao detetor, este equipamento regista continuamente propriedades, físicas
ou físico-químicas, á medida que os componentes da mistura saem da coluna. Um detetor
apropriado tem de ter a capacidade para detetar a presença de um composto e enviar o
sinal elétrico correspondente para um sistema de aquisição de dados. A escolha do
detetor é feita de entre diferentes tipos de detetores (seletivos e universais), dependendo
das características e concentrações dos compostos que têm de ser separados e
analisados. Dos detetores existentes destacam-se, pela sua basta aplicação, os detetores
ultravioleta (UV), de índice de refração e de fluorescência [7,8].
Figura 1 Representação esquemática dos constituintes do HPLC [9].
Resumidamente, na análise por HPLC, a amostra é injetada no sistema de injeção
e arrastada pela fase móvel, sendo forçada a percolar através da coluna cromatográfica,
com o auxílio de uma bomba. Os componentes deslocam-se ao longo da coluna com
velocidades diferentes e, à medida que saem da coluna a sua passagem é registada por
5
um detetor que vai transmitir um sinal elétrico necessário para gerar o cromatograma. O
cromatograma obtido relaciona a resposta do detetor com o tempo de retenção de cada
componente [9].
A partir de um cromatograma podem obter-se vários parâmetros que irão permitir
caracterizar a separação cromatográfica. O primeiro pico de um cromatograma
corresponde à eluição do componente não retido, e ao tempo que este demora a sair da
coluna designa-se por tempo morto (t0). Por outro lado, o tempo que os componentes
retidos na coluna demoram a sair denota-se por tempo de retenção (tr). É de salientar que
este tempo permite a identificação dos compostos. Uma outra informação a retirar do
cromatograma é a largura do pico (w) ou a largura do pico a meia altura (w1/2), referente
ao componente retido [6,7].
O desempenho de uma cromatografia pode ser avaliado pelo fator de capacidade
(K), eficiência (N), seletividade (α) e resolução (R) [6,7,8]. Sendo que o fator de
capacidade e a eficiência são determinados para caracterizar os parâmetros
cromatográficos referentes a um componente. Por outro lado, a resolução e seletividade
relacionam características entre dois componentes da mistura.
O K obtido pela equação 1, definido como a medida da retenção de um
componente na fase estacionária, é um parâmetro adimensional, característico de cada
componente eluído para uma determinada fase e independente de outros parâmetros [7].
A eficiência avalia a qualidade de separação e expressa a eficiência de uma coluna
cromatográfica. Quanto menor for a banda cromatográfica, isto é, quanto mais estreito for
o pico do componente, maior será a capacidade de separar um maior numero de
componentes num determinado tempo, e mais eficiente é a coluna. Considerando que o
pico representa uma distribuição aproximadamente gaussiana, a obtenção experimental
da eficiência é dada pela equação 2.1 e 2.2 dependendo da largura de banda [4,8].
(
)
(
)
A seletividade (equação 3) descreve a capacidade do método separar dois
componentes de uma mistura, depende da temperatura, da natureza do analíto, da fase
estacionária e fase móvel sendo independente do fluxo [6].
6
Por fim, a resolução mede como dois picos adjacentes são separados,
considerando as larguras dos picos na linha de base, bem como os respetivos tempos de
retenção (equação 4) [4,7].
A HPLC é aplicada em vários ramos da ciência, nomeadamente, na indústria
alimentar, por forma a determinar a composição real de uma dada substância num
produto. A cafeína (1,3,7-trimetilxantina), presente na dieta humana, pode ser encontrada
em diversos produtos: chá, café, coca-cola, bebidas energéticas, entre outros [10,11].
Este trabalho, integrado na unidade curricular de Métodos Instrumentais de
Análise, tem como objetivo, primeiro, implementar, compreender e validar a metodologia
analítica de HPLC/UV, aplicada na determinação do teor de cafeína numa bebida
energética. O segundo objetivo consiste em avaliar o desempenho da cromatografia,
através do cálculo do fator de capacidade e da eficiência.
7
2. Material e Métodos
2.1. Equipamento
As amostras foram analisadas por HPLC (figura 2). Utilizou-se um HPLC com um
detetor UV-Vis (Knauer, modelo A0293) de comprimento de onde variável, ligado a um
sofware de aquisição e processamento de dados. Possuí uma bomba de alta
pressão(Knauer, Well chrom Maxi-Ster K-1000). A coluna cromatográfica usada foi uma
coluna C18, LichoCart ®, cuja fase ligada é de octadecilsílica com tamanho de partícula
de 5 µm, 250mm de comprimento e 4,6 mm de diâmetro.
2.2. Fase móvel
A fase móvel, composta por trietilamina, ácido fosfórico, acetonitrilo e água, já tinha
sido previamente preparada. Esta solução encontrava-se filtrada e tinha sido
desgazificada durante 15 minutos.
2.3. Preparação dos padrões e da amostra
Para a preparação dos padrões de calibração, fizeram-se os cálculos de diluição
necessários e procedeu-se à preparação dos padrões em balões volumétricos de 100 ±
0,1 mL, medindo os volumes necessários de solução mãe com uma micropipeta (figura 3).
A solução mãe de cafeína de concentração 500 mg/L, já preparada antes da elaboração
deste trabalho experimental, deu origem aos padrões de concentrações 0,5 mg/L; 0,75
mg/L; 1,00 mg/L; 5,00 mg/L e 10,00 mg/L.
Figura 3 Representação esquemática da preparação dos padrões de calibração
Solução mãe
(500mg/L) 0,50mg/L 0,75mg/L 1,00mg/L 5,00mg/L 10,00mg/L
V=0,10 mL V=0,50 mL V=0,20 mL V=1 mL V=2 mL
Figura 2 Fotografia do equipamento de HPLC/UV do laboratório de MIA
do DEQ.
8
A amostra foi preparada num balão de 100±0,1 mL, a partir de uma bebida
energética, numa diluição de 1:100 (figura 4). O volume da amostra foi medido com
auxílio de uma micropipeta.
Por fim, a amostra e os padrões foram filtrados por uma membrana com
porosidade de 0,45 µm.
Figura 4 Representação esquemática da preparação da amostra a partir de uma bebida energética.
2.4. Análise por HPLC/UV
Inicialmente houve o cuidado de efetuar a purga da fase móvel para
eliminação de eventuais bolhas de ar no sistema cromatográfico, bem como garantir uma
linha de base estável. Este processo também foi sucedido antecipadamente.
Antes da injeção a seringa foi lavada com água destilada e, posteriormente, lavada
várias vezes com a solução que se pretende analisar. Iniciou-se a injeção dos padrões,
por ordem crescente de concentrações, de modo a obter a curva de calibração. Por fim,
injetou-se a nossa amostra, solução diluída da bebida energética.
A análise cromatográfica, tanto dos padrões como da amostra, foi feita por injeção
das soluções com a válvula na posição load. Para que introduzir a amostra na coluna
mudou-se a posição da válvula para inject e, simultaneamente inicia-se o registo do
cromatograma. Este é fornecido pelo programa de aquisição e tratamento de dados.
O volume de solução injetado não necessitava de ser exato, uma vez que apenas
passava para a coluna o volume do loop, 20µL. O caudal de eluente foi 1 mL/min e o
comprimento de onda de deteção no UV foi 273 nm. A escolha deste comprimento esta
intimamente relacionado com o espetro de absorção da cafeína, onde a sua absorção é
máxima a 273 nm [10].
Amostra Bebida energética
V=1 mL
9
3. Resultados e Discussão
3.1 Cromatograma
À medida que os componentes da mistura saem da coluna, já separados, chegam
ao detetor, onde é registada a sua passagem gerando um cromatograma (figura 5). Como
foi dito anteriormente, o primeiro pico num cromatograma é alusivo dos compostos não
retidos, neste caso o primeiro pico do cromatograma obtido é relativo à água (solvente). O
outro pico presente no cromatograma identifica a cafeína pelo tempo de retenção que lhe
é característico.
Figura 5 Cromatograma da amostra obtido por HPLC/UV.
A partir do cromatograma, o programa permitiu que se retirasse informação
referente ao tempo de retenção, ao tempo morto e à largura do pico a meia altura (tabela
I). É de salientar que o tempo de retenção médio para a cafeína foi de 7,10 min, e com
base em seis determinações, o desvio padrão do tempo de retenção foi de 0,07 min.
Tabela I Informação fornecida pelo programa de
aquisição e processamento de dados.
tr (min) t0 (min) W1/2 (min)
Média 7,10 2,81 0,35
Desvio padrão 0,07 0,01 0,01
10
Além do valor médio do tempo morto obtido experimentalmente, foi possível
estimar o seu valor teoricamente. O valor teórico para o tempo morto foi calculado tendo
em conta o caudal usado, a área e o comprimento da coluna (Apêndice 1. Cálculo do
tempo morto teórico). O valor obtido para o tempo morto teórico foi de 3,14 min.
Comparando o valor teórico com o valor obtido experimentalmente verifica-se que é estes
são semelhantes. Este facto poderá levar a concluir que a coluna é muito porosa, assim o
caminho percorrido experimentalmente é semelhante ao comprimento da coluna. Ou seja,
pressupõem-se que o trajeto percorrido é aproximadamente linear devido à elevada
porosidade da coluna.
3.2 Desempenho da separação cromatográfica
O desempenho da separação cromatográfica foi avaliado pela determinação do
factor de capacidade e da eficiência. Pelos valores da tabela I foi possível calcular o factor
de capacidade e a eficiência, tendo em conta a equação 1 e a equação 2.1,
respectivamente (Apêndice 2. Cálculo factor de capacidade e eficiência). Na tabela II
apresenta-se os respectivos valores médios e o desvio padrão associados.
Tabela II Factor de capacidade (K) e eficiência (N) cromatográfica.
K N
Média 1,52 2334
Desvio padrão 0,02 38
O factor de capacidade descreve a migração dos componentes da amostra ao
longo da coluna, se este valor for muito baixo (inferior a 1) significa que a eluição dá-se de
uma forma rápida que torna difícil determinar qual o tempo de retenção, por lado se K for
superior muito elevado (superior a 20) a o tempo de retenção é muito elevado, levando a
uma análise excessivamente demorada. Assim define-se como um factor de capacidade
ideal compreendido entre 1 e 10 [12]. O valor de K obtido (1,52±0,02) nesta análise
encontra-se na gama ideal.
Comparando a eficiência obtida (2334±38) com a eficiência teórica da coluna
fornecida pelo fabricante (12500), verifica-se que o valor obtido experimentalmente é
muito inferior em relação ao esperado teoricamente. Uma possível explicação para este
facto incide sobre a redução do tempo de análise para que fosse possível fazer a análise
cromatográfica no tempo de aula.
11
3.3. Teor da cafeína na amostra
Além dos parâmetros fornecidos, já referidos (tr, t0, W1/2), é também fornecido a
área do pico. Assim, para cada concentração padrão é associada uma área do pico,
permitindo traçar uma reta de calibração que relaciona a área do pico (uv.min) com a
concentração (mg/L) (figura 6).
Figura 6 Representação gráfica da reta de calibração da cafeína por HPLC/UV.
Calculou-se o desvio padrão associado ao declive e à ordenada da origem da
equação da reta de calibração (Apêndice 3. Cálculo dos erros associados ao declive e
ordenada da origem da reta de calibração). A equação da reta, com os seus erros
associados pode ser rescrita na seguinte forma (equação 5):
Onde, o valor de y tem como unidades uv.min, o declive uv.min/ (mg/L), o x mg/L e
a ordenada da origem uv.min.
Com base na equação da reta (equação 5), e sabendo a área do pico da amostra
de concentração de cafeína desconhecida, foi possível determinar o teor de cafeína da
amostra (X0), e posteriormente, considerando-se o fator de diluição, determinar a
concentração da cafeína na bebida energética (C).
A concentração da cafeína na amostra e a respectiva incerteza (Sx0) obtidas foi de
3,37±0,24 mg/L. Por sua vez, concentração de cafeína na bebida energética obtida por
y = 25482x + 3231,8 R² = 0,9979
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00
Áre
a(u
v.m
in)
Concentração(mg/L)
Reta de calibração da cafeína por HPLC/UV
12
HPLC/UV, foi de 337±24 mg/L, este é um valor próximo do teor de cafeína rotulado, 320
mg/L. (Apêndice 4. Cálculos da concentração e incerteza associada).
3.4. Validação do Método analítico: Parâmetros de quantificação e de
fiabilidade (Exatidão)
A informação retirada da reta de calibração permite obter os parâmetros de
quantificação que possibilitam a validação do método. Estes parâmetros, o seu limite de
validação e os valores obtidos estão apresentados na tabela III. (Apêndice 5. Cálculos
para o limite de quantificação e para o limite de deteção)
Tabela III Validação do método analítico: Parâmetros de quantificação
Validação Obtido
Recta de calibração: pontos
Gama de concentrações
Limite de deteção -
Limite de quantificação( ) - 0
⁄
Ordenada da origem 5235,54
Coeficiente de correlação
Analisando a tabela acima, verifica-se que apenas um dos parâmetros não é válido,
ordenada na origem. Esta não validação pode ser devida ao ruído instrumental. É de
salientar que o valor do limite de quantificação, valor mínimo do analíto que é possível
medir, é muito mais baixo que a concentração de cafeína quantificada na amostra (X0).
Sendo por isso, o limite de quantificação válido para a para o nosso objetivo, bem como o
limite de deteção.
Além disso, foi averiguado a fiabilidade do método, através da exatidão,
nomeadamente, do erro relativo. (Apêndice 6. Cálculo da exatidão (erro relativo)).A
exatidão mede o grau de proximidade entre o resultado obtido e o resultado esperado, o
erro relativo associado ao método analítico foi de 5%. Considera-se um erro aceitável
para o objectivo em questão.
Posto isto, pode afirma-se que o método analítico é válido para o fim a que se
destina.
13
4. Conclusão
A HPLC tem um elevado poder de separação para amostras complexas. A sua
aplicação encontra-se dependente de um método de detecção sensível e selectivo. A
associação do HPLC com a detecção ultravioleta (UV) permite a obtenção de resultados
de elevada selectividade.
Este trabalho incidiu sobre a determinação do teor de cafeína de uma bebida
energética por HPLC/UV.
O desempenho da separação cromatográfica foi avaliado pelo coeficiente de
capacidade, concluindo-se que a separação é ideal (K=1,52±0,02), uma vez que o seu
valor se enquadra na gama (1-10) referenciada como ideal pela literatura. Foi ainda
averiguado a qualidade da separação cromatográfica pela eficiência. A eficiência obtida
experimentalmente (N=2334±38) é menor que a eficiência fornecida pelo fabricante (N=
12500).
Com esta técnica foi possível quantificar a concentração da cafeína de uma bebida
energética, 337 ± 24 mg/L, tendo-se obtido valores de acordo com os valores rotulados
320 mg/L.
Através da avaliação e determinação de um conjunto de parâmetros, de
quantificação e de fiabilidade, que caracterizam um método, conclui-se que o método é
válido para o objetivo do trabalho.
De um modo geral, este trabalho permitiu que se adquirisse conhecimentos
técnicos sobre o modo de funcionamento de um HPLC/UV e aptidões para caracterizar a
qualidade da separação cromatográfica.
14
5. Referências
[1] Scott Raymond P.W., Principles and Practice of Chromatography, kindle edition,
Cap 1, Reese-Scott Partnership, 2012.
[2] Love Jonathan, Process Automation Handbook: A Guide to Theory and
Practice,1st Ed, Cap 18, Springer, 2007.
[3] Li Dongqing, Encyclopedia of Microfluidics and Nanofluidics, Springer,p 260-264,
New York, 2008.
[4] Portal de Laboratórios Virtuais de Processos Químicos,
http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?option=com_content&task=view&id=10
3&Itemid=451#2, Acedido em Dezembro de 2012.
[5] Rosenberg Ian M., Protein Analysis and Purification, 2nd Ed, Cap 10, Springer,
2005.
[6] Gomes Sara, Determinação de Antioxidantes por Cromatografia Líquida de Alta
Pressão com Detecção Electroquímica, Tese de Mestrado, Universidade de Coimbra,
2010.
[7] Meyer Veronika R., Practical High-Performance Liquid Chromatograph,5th Ed, Cap
6,Wiley, 2010.
[8] Kazakevich Yuri V., LoBrutto Rosario HPLC for Pharmaceutical Scientists, 1st Ed,
Cap 1, Wiley-Interscience, 2007.
[9] Waters, http://www.waters.com/waters/nav.htm?locale=en_PT&cid=10049055,
Acedido em Novembro de 2012.
[10] Bispo M. S. et al. Simultaneous Determination of Caffeine, Theobromine, and
Theophylline by High-Performance Liquid Chromatography, J. Chromatographic
Science, 40,45-48, 2002.
[11] Thomas J. B., Yen J. H., Schantz M. M., Porter B. J., Sharpless K. E.,
Determination of Caffeine, Theobromine, and Theophylline in Standard Reference
Material 2384, Baking Chocolate, Using Reversed-Phase Liquid Chromatography, J.
Agric. Food Chem., 52, 3259-3263, 2004.
[12] Dong Michael W., Modern HPLC for practicing scientists, 1st Ed, 19-21, Wiley-
Blackwell,2006.
15
6. Apêndice
Apêndice 1. Cálculo do tempo morto teórico
Área
Velocidade
Caudal
Apêndice 2. Cálculo factor de capacidade e eficiência
K médio:
N médio: (
)
(
)
Apêndice 3. Cálculo dos erros associados ao declive e ordenada da origem
da reta de calibração
Xi(mg/L) Xi2(mg/L) yi(uv.min) yi^(uv.min) (yi-yi^)2
(uv.min) (xi-xmed)2
(mg/L)
0,50 0,25 14286,75 15972,95 2843278,39 8,70
0,75 0,56 22027,50 22343,51 99860,58 7,29
1,00 1,00 26258,00 28714,06 6032241,18 6,00
5,00 25,00 138852,25 130642,94 67392765,98 2,40
10,00 100,00 254303,00 258054,04 14070285,95 42,90
Média 3,45 91145,50
Soma 17,25 126,81 90438432,08 190,44
Nota: yi^ representa o valor de y calculado pela reta de calibração para cada xi.
Equação da recta
a 25482,22
b 3231,84
n 5,00
m 1,00
16
√∑
Substituindo-se os valores da tabela na equação acima obteve-se 5490,55.
Erro associado ao declive:
√
∑
Erro associado à ordenada na origem
√
∑
∑
Apêndice 4. Cálculos da concentração e incerteza associada
Através da equação da reta:
Sendo o factor de diluição 100 (1:100):
Incerteza associada á concentração
√
∑
Incerteza associada ao resultado final da concentração
√
√
Apêndice 5. Cálculo para o limite de quantificação e para o limite de deteção
Limite de quantificação:
↔
17
Limite de deteção:
↔
Apêndice 6. Cálculo da exatidão (erro relativo-Er)
𝑓 ê
𝑓 ê
(
)