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Anais da VIII Oficina de Neurociência
VIII Oficina de
Neurociências
Vale dos Vinhedos, Bento
Gonçalves, RS
18 e 19 de outubro de 2014
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Anais da VIII Oficina de Neurociência
Comissão Organizadora
Carla Dalmaz
Jorge Alberto Quillfeldt
Luiza D. Fitarelli
Mirna Bainy Leal
Patrícia Pelufo Silveira
Raquel D. Fitarelli
Tadeu Mello e Souza
Comitê científico para avaliação dos trabalhos
André Krumel Portella
Grasielle C. Kincheski
Lucas de Oliveira Alvares
Maria Elisa Calcagnotto
Mirna Bainy Leal
Rachel Krolow Santos Silva Bast
Simone Nardin Weis
Promoção
Programa de Pós-Graduação em Neurociências, UFRGS
Apoio
FAPERGS, IBRO, CAPES, PROPESQ-UFRGS
PROGRAMA
Sábado, 18 de Outubro de 2014
8h00 – Credenciamento
9h00 – Abertura
Prof .Dr. Jorge A Quillfeldt (PPG-Neurociências, UFRGS e
SBNeC) e Dr Alexandre Marafon Favero (CAPES)
9h10 – Conferência de Abertura
Apresentação: Profa.Dra. Lisiane Porciúncula (Dep.
Bioquímica. UFRGS)
Prof. Dr. Rodrigo Cunha, Caffeine and the adenosine
receptors fine-tune neuronal circuits and control
neurodegeneration. Universidade de Coimbra, Portugal.
10h00-12h00 – Mesa redonda I: Reconsolidação da memória
Coordenador: Prof. Dr. Jorge A Quillfeldt, Dep Biofísica e
PPG Neurociências, UFRGS, Brazil
Prof. Dr. Jorge A Quillfeldt. Os limites dos modelos
experimentais no estudo de funções cognitivas complexas: o
caso da reconsolidação. Dep Biofísica, UFRGS.
Prof. Dr. Victor A Molina, The influence of stress upon a fear
memory labilization/ reconsolidation. Universidad Nacional de
Cordoba, Argentina
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Anais da VIII Oficina de Neurociência
Profa. Dra. Maria Eugénia Pedreira, Reconsolidation: its role
in the destiny of a declarative memory in humans.
Universidad Nacional de Cordoba, Argentina
12h00-13h30 - Almoço
13h30-15h30 – Mesa redonda II: Estudando a consciência:
implicações clínicas e teóricas.
Coordenador: Prof. Dr. Tadeu Mello e Souza, Depto. de
Bioquímica, UFRGS
Prof. Dr. Dráulio B. de Araújo, Mudanças no sistema visual e
introspecção induzidas pela Ayahuasca, Instituto do Cérebro,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Prof. Dr. Adenauer Girardi Casali, Medindo a consciência por
meio da complexidade espaço-temporal de sinais neurais,
Universidade de São Paulo
Prof Dr. Marino Muxfeldt Bianchin, Alterações da consciência
na neurologia, Dep Medicina Interna, UFRGS.
15h30-17h00 – Café com cartazes
17h00-19h00- Mesa redonda III: Programas de Pós-
Graduação no Brasil – Avaliação dos Programas de Pós-
Graduação em Neurociências
Coordenador: Prof. Dr. Jorge Quillfeldt,
Programa de Pós-Graduação em Neurociências, UFRGS.
Dr. Alexandre Marafon Favero, CAPES
Prof. Dr. Maria Elena Crespo,
Programa of Neurociências e Biologia Celular, Universidade
Federal do Pará
Prof. Dr. Rodrigo Bainy Leal,
Programa de Pós-Graduação em Neurociências,
Universidade Federal de Santa Catarina
Prof. Dr. Pablo Pandolfo
Programa de Pós-Graduação em Neurociências,
Universidade Federal Fluminense
Prof. Dr. Draulio B. de Araújo
Programa de Pós-Graduação em Neurociências,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Domingo, 19 de Outubro de 2014
8h30-10h30 – Mesa redonda IV: Neurobiologia do
desenvolvimento – efeitos a longo prazo de eventos precoces
Coordenadora: Profa. Dra. Patrícia Pelufo Silveira, Dep
Pediatria e Puericultura, UFRGS
Prof. Dr. Aldo B Lucion, Estresse precoce e o
desenvolvimento de comportamentos sociais.
Dep Fisiologia, UFRGS.
Dra. Rachel Krolow, Isolamento social durante a pré-
puberdade leva a alterações de longa duração na função
mitocondrial no encéfalo. Dep Bioquímica, UFRGS.
Prof. Dr. Pablo Pandolfo, Papel de receptores
adenosinérgicos em um modelo animal de TDAH, UFF.
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Anais da VIII Oficina de Neurociência
10h30 – Intervalo para o café
10h45-12h45 – Mesa redonda V: Fatores ambientais e
neurotoxicologia: aspectos relacionados à exposição a metais
Coordenadora: Profa. Dra. Mirna Bainy Leal, Dep.
Farmacologia e PPG Neurosciences, UFRGS.
Profa. Dra. Solange C Garcia. Metais em amostras biológicas
e associação com déficits cognitivos em crianças. Dep
Análises, Faculdade de Farmácia, UFRGS.
Profa. Dra. Maria Elena Crespo, Envenenamento por
mercúrio: Considerações críticas e mecanismos moleculares.
Instituto de Ciências Biológicas, UFPA.
Prof. Dr. Rodrigo B. Leal, Mecanismos moleculares
envolvidos na neurotoxicidade pelo manganês. Dep.
Bioquímica, UFSC.
13h – Sessão de Encerramento
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Anais da VIII Oficina de Neurociência
RESUMOS DOS TRABALHOS APRESENTADOS NA
FORMA DE PAINEIS
01. AUMENTO DA ATIVIDADE DA ECTO-5’-
NUCLEOTIDASE EM UM MODELO DE SÍNDROME
ALCOÓLICA EM LARVAS DE ZEBRAFISH ( Danio rerio )
Aline Haab Lutte**1, Katiucia Marques Capiotti**1, Nicole
Luize Garcia da Silva*1, Luiza Wilges Kist**2, Maurício Reis
Bogo2,3, Rosane Souza Da Silva1,3
1 Laboratório de Neuroquímica e Psicofarmacologia, 2
Laboratório de Biologia Genômica e Molecular, Departamento
de Biologia Celular e Molecular, Faculdade de Biociências,
PUCRS, Porto Alegre, RS, Brazil.3 Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Translacional em
Medicina (INCT-TM), Porto Alegre, RS, Brazil.
Objetivos: O Zebrafish (Danio rerio) tem sido usado como
modelo para síndrome alcoólica fetal (SAF). O aumento dos
níveis de adenosina após a exposição ao etanol tem sido
relacionado com a inibição da recaptação por
transportadores. Nosso objetivo foi investigar os efeitos da
exposição aguda e crônica ao etanol nas vias enzimáticas
extracelulares de produção de adenosina, controladas pela
enzima ecto-5’-nucleotidase. Métodos: No tratamento agudo,
os embriões foram expostos ao etanol 2% no dia 1 pós-
fertilização (dpf) (de 5 a 24 horas pós-fertilização (hpf)) e no
tratamento crônico no dia 1 pós-fertilização (de 5 a 24 hpf)
acompanhados pela exposição ao etanol de forma
intermitente de 2 horas por dia até o 6º dpf. As larvas de 7 dpf
foram avaliadas quanto à taxa relativa de mortalidade, a taxa
de eclosão, parâmetros morfológicos, atividade enzimática e
expressão gênica da ecto-5’-nucleotidase. A exposição a um
inibidor da ecto-5’-nucleotidase, o AOPCP, foi realizada nas
concentrações de 5 a 500 nM através de injeções intra-ovo a
1 hpf. A taxa de sobrevivência foi estimada de acordo com o
método Kaplan–Méier. Morfologia, locomoção, expressão
gênica e atividade enzimática foram analisadas pelo Teste T
de Student quando comparado controle com animais tratados
com etanol e Anova de uma via quando comparado controle
e animais tratados com etanol e AOPCP. As análises post-
hoc foram realizadas pelo teste de Tukey quando necessário.
O nível de significância foi de p<0.05. Resultados: A taxa de
sobrevivência no tratamento agudo e crônico foi de 65.4% e
59% respectivamente em comparação aos controles de
85.2% e 80.6% [p<0.0001]. A exposição aguda e crônica
promoveu um aumento da atividade da ecto-5’-nucleotidase
(Agudo: 28%; Crônico: 58%, em relação ao controle)
[p<0.01], não alterou a expressão gênica da ecto-5’-
nucleotidase, causou prejuízo na locomoção [p<0.0001],
aumentou distância ocular média (Agudo: 20.9%; Crônico:
31.9% em relação ao controle) [p<0.0001], diminuiu a
circunferência ocular média (Agudo: 20.3%; Crônico: 22.1%
em relação ao controle) [p<0.0001] e diminuiu o comprimento
corporal médio (Agudo: 14.9%; Crônico: 17% em relação ao
controle) [p<0.0001]. Ciclopia foi encontrada em 5% dos
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Anais da VIII Oficina de Neurociência
animais, edema pericardial em 81% e má-formação axial em
36%. O tratamento com AOPCP nas concentrações de 50 e
200 nM foi capaz de reduzir as alterações morfológicas,
embora não o suficiente para retornar a situação controle
[p<0.0001]. Conclusão: Estes resultados mostram que os
defeitos morfológicos produzidos pelo etanol em Zebrafish,
são consistentes com os da SAF em humanos e podem ser
associados com o aumento dos níveis de adenosina com
contribuição do aumento da atividade da ecto-5’-nucleotidase
independente do controle da expressão gênica.
Procedimentos aprovados pelo Comitê de Ética para Uso de
Animais (CEUA/PUCRS) (número de registro 13/00347).
PROPESQ/PUCRS - CNPq.
02. EPIGENÉTICA DOS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
EM ADOLESCENTES: ANÁLISE LONGITUDINAL
Andressa Bortoluzzi**; Giovanni Abrahão Salum Júnior**;
Eduarda Dias da Rosa*; Mauro Antônio Alves Castro**; Gisele
Gus Manfro**
Introdução: Os transtornos de ansiedade (TA) geralmente se
manifestam na infância e adolescência e, não raro,
comprometem a vida adulta. Interações com o ambiente
possibilitam mudanças epigenéticas (incluindo a metilação)
que podem contribuir para o fenótipo desse transtorno
psiquiátrico. A neurobiologia dos TA carece de investigações
que considerem essas possíveis alterações químicas no DNA
que vão além da análise na sequência nucleotídica.
Objetivos: Investigar, longitudinalmente, as diferenças nos
padrões de metilação e as suas possíveis associações com
os TA em uma amostra comunitária de adolescentes.
Materiais e Métodos: O trabalho foi aprovado pelo Comitê
de Ética do HCPA (n° 12.0254). Em 2013, foram reava liados,
através de entrevistas psiquiátricas e extração de DNA
salivar, 47 adolescentes que foram previamente estudados
em 2008 Os participantes responderam à escala auto-
aplicativa SCARED (Screen for Children Anxiety Related
Emotional Disorder – Children rated) e realizaram entrevistas
semi-estruturadas para avaliação diagnóstica utilizando o K-
SADS-PL (Schedule for Affective Disorders and
Schizophrenia for School-Age Children-Present and Lifetime)
ou MINI (Mini International Neuropsychiatric Interview). A
extração de DNA salivar, em diferentes momentos,
possibilitou a comparação do metiloma entre os anos de
2008 e 2013. Para isso, a amostra foi organizada em 4
grupos, conforme o diagnóstico do TA e tempo de realização
da coleta (anos de 2008 ou 2013): “CONTROLE 2008-
CONTROLE 2013” (n = 14); “CONTROLE 2008-CASO 2013”
(n = 11); “CASO 2008-CASO 2013” (n =14) e “CASO 2008-
CONTROLE 2013” (n = 08). Para essa análise epigenética,
utilizamos o Infinium HumanMethylation 450 BeadChip da
Illumina. O pré-processamento dos dados brutos e o controle
de qualidade do experimento foram avaliados em R package.
Os probes diferentemente metilados, representando as
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Anais da VIII Oficina de Neurociência
regiões nos genes, serão validados, por pirosequenciamento,
para encaminharmos nossas análises futuras. Resultados
parciais: Encontramos diferenças de metilação em 692
genes de maneira longitudinal. Após correção de lote,
concentramo-nos em 4 genes (RALGDS, ANGPTL5,
PEX11G e MNS1) que se mostraram hipermetilados, no
grupo “caso 2008- caso 2013”. Os resultados são parciais
porque exigem validações que comprovem a direção da
metilação. Conclusão: Até o momento, nossos dados
sugerem que há diferença nos padrões de metilação em
indivíduos que persistiram com o diagnóstico de TA em 5
anos.
Apoio Financeiro: CNPq (483032/2007-7, 305524/2009-7,
476366/2009-7), CAPES, FIPE-HCPA (12-0254),
FAPERGS/PRONEX (10/0018-3) e FAPERGS/PRONEM
(11/2043-0).
03. EFEITO DE INIBIDORES DE PROTEÍNAS CINASES
SOBRE A RESPOSTA FEBRIL E A EXPRESSÃO DE
PROTEÍNAS HIPOTALÂMICAS EM RATOS
Lima de Oliveira, Marina F. a**, Gomes, Bruna R.B. a,b*,
Weis, Simone N. a, Mortari, Márcia R. c, Veiga-Souza,
Fabiane H. a,b e Sousa, Marcelo V. a
aLaboratório de Bioquímica e Química de Proteínas,
Departamento de Biologia Celular, Instituto de Biologia,
Universidade de Brasília, DF, Brasil.
bCurso de Farmácia, Faculdade de Ceilândia, Universidade
de Brasília, DF, Brasil.cLaboratório de Neurofarmacologia, Departamento de
Ciências Fisiológicas, Instituto de Biologia, Universidade de
Brasília, DF, Brasil.
Introdução: A febre é definida como o aumento da
temperatura corporal que ocorre como parte da resposta de
fase aguda desencadeada após a invasão de um organismo
por agentes estranhos. Um modelo amplamente empregado
para o estudo da febre em diferentes espécies envolve a
utilização do lipopolissacarídeo (LPS) de bactérias Gram-
negativas. Dados da literatura têm sugerido a participação de
vias de sinalização dependentes de proteína cinase A (PKA)
e proteína cinase C (PKC) no desenvolvimento da febre.
Objetivo: Avaliar o efeito de inibidores de PKA (H-89) e PKC
(celeritrina) sobre a resposta febril induzida por LPS.
Analisamos também alterações da expressão e atividade
destas cinases em resposta aos diferentes tratamentos, 6h
após a injeção do estímulo pirogênico. Metodologia: Foram
utilizados ratos Wistar machos (180 a 200g/peso corporal),
com aproximadamente 60 dias de vida (CEUA, UnBDoc nº
119943/2011). Os animais (n=6/grupo) foram submetidos ao
procedimento cirúrgico para implantação de transmissores de
temperatura na cavidade peritoneal e de cânulas no
ventrículo lateral direito. Após uma semana de recuperação,
os animais receberam injeções i.c.v. de diferentes doses dos
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Anais da VIII Oficina de Neurociência
inibidores celeritrina (1, 3 ou 10 µg/rato), H-89 (3, 10 ou 30
µg/rato) ou a mistura de ambos (3 e 10 µg/rato,
respectivamente), 30 min antes da injeção i.v. de LPS (5
µg/Kg). Os animais controle foram submetidos aos mesmos
procedimentos cirúrgicos e receberam injeções i.v. e i.c.v. de
solução salina (0,9%). Após 6h, os animais foram
eutanaziados para obtenção dos hipotálamos, que foram
posteriormente analisados para detecção da expressão das
proteínas PKCε e PKA (n=4/grupo) por western blotting. A
análise da atividade específica das cinases foi realizada por
meio de kits comerciais de ELISA para medir a fosforilação
do substrato pelas enzimas (n=3/grupo). Resultados: Os
resultados demonstraram que a celeritrina (3 µg/rato) e o H-
89 (10 µg/rato) reduziram a resposta febril induzida por LPS
em 36% e 33%, respectivamente. A administração conjunta
dos inibidores reduziu a resposta febril induzida por LPS;
entretanto, o efeito inibitório verificado (31%) não foi maior do
que o observado após a administração isolada de cada
droga. A expressão de PKCε, 6h após a injeção do estímulo
pirogênico, apresentou-se aumentada nos animais tratados
com H-89, sugerindo que, na ausência da ativação de PKA,
vias dependentes de PKCε sejam ativadas como um possível
mecanismo compensatório. Apesar do aumento da
expressão da PKCε, não foram encontradas mudanças
significativas nos padrões de atividade enzimática específica
de ambas proteínas. Conclusão: Os dados desse trabalho
sugerem que vias de sinalização dependentes de PKA e PKC
parecem estar envolvidas na resposta febril induzida por
LPS. Mais ensaios farmacológicos e enzimáticos, assim
como análises proteômicas de hipotálamos, estão em curso
para colaborar na elucidação dos mecanismos moleculares
envolvidos. Apoio Financeiro: CAPES e CNPq.
04. INVESTIGAÇÃO DO PAPEL DOS RECEPTORES µ
OPIÓIDES NA RESPOSTA HEDÔNICA A UMA SOLUÇÃO
DOCE EM ANIMAIS SUBMETIDOS A UM PROTOCOLO DE
RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO INTRAUTERINO (IUGR)
DP LAUREANO1**, R DALLE MOLLE2**, MB ALVES1**, TM
REIS3*, M DESAI4, MG ROSS4, PP SILVEIRA1, 2
1PPG Neurociências UFRGS, Porto Alegre, Brasil/2PPGSCA-
HCPA-FAMED UFRGS, Porto Alegre, Brasil/3Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil
/4Dept of Ob/Gyn, Harbor-UCLA Med Ctr, Torrance, CA,
Estados Unidos
Introdução: Mais de 20 milhões de crianças nascem
anualmente com baixo peso no mundo (10-15%). Fatores
ambientais, principalmente relacionados à nutrição, atuam
nas fases iniciais da vida programando o risco para doenças
crônicas na idade adulta. A IUGR pode mudar
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Anais da VIII Oficina de Neurociência
persistentemente a preferência do indivíduo à dieta palatável.
Possivelmente, a resposta alterada dos animais submetidos à
IUGR pode levar ao aumento do consumo de alimento
palatável, contribuindo assim para o desenvolvimento de
obesidade na vida adulta. Objetivo: Investigar possíveis
alterações na resposta hedônica à sacarose na idade adulta
em animais submetidos à IUGR. Métodos: A partir do dia 10
de gestação até o nascimento, ratas Sprague-Dawley de
aproximadamente 70 dias de vida receberam dieta ad libitum
(AdLib), ou dieta com restrição calórica de 50% (FR). No
nascimento, os filhotes foram submetidos à adoção cruzada,
gerando os grupos AdLib/AdLib e FR/AdLib
(gestação/lactação). Aos 90 dias de vida foi avaliada a
resposta hedônica, os animais Adlib/Adlib (n= 32) e FR/Adlib
(n=35) receberam 200 µL de sacarose (1 M) ou água
destilada via oral. Respostas hedônicas faciais dentro de 60
segundos foram filmadas e analisadas por um observador
cego. Foi realizado western blotting da porção fosforilada dos
receptores µ opióides (Ser375) no accumbens nos grupos
Adlib/Adlib (machos n= 6; fêmeas n= 7) e FR/Adlib (machos
n= 8; fêmeas n= 7). Projeto aprovado pelo CEP/HCPA: nº
120353. Resultados: Analisando a frequência das respostas
hedônicas no período de zero a 8 segundos, houve efeito da
solução (Adlib/Adlib sacarose: 28,43+3,05 e água: 6,5+2,19;
FR/Adlib sacarose: 23,84+2,73 e água: 6,43+2,01, p>0,001).
Dos 8 aos 20 segundos também houve efeito da solução
(Adlib/Adlib sacarose: 23,43+ 2,96 e água: 11,18+ 2,54;
FR/Adlib sacarose: 24,52+ 2,85 e água: 18,07+ 2,00,
p=0,001) e efeito marginal do grupo (p=0,076). Dos 20 aos 40
segundos não houve efeitos significativos (grupo p= 0,132 e
solução p= 0,791). Do período de 40 a 60 segundos houve
interação grupo e solução (Adlib/Adlib sacarose: 4,43+ 1,27 e
água: 8,43+ 1,64; FR/Adlib sacarose: 7,15+1,07 e água:
6,16+ 1,27, p=0,026), Equações de Estimativas
Generalizadas (GEE). Não houve diferenças significativas na
porção fosforilada dos receptores µ opióides (Ser375) no
núcleo accumbens dos grupos Adlib/Adlib (machos:
100,00+10,60; fêmeas: 100,06+7,65) e FR/Adlib (machos
88,28+8,95; fêmeas 98,82+4,54), (grupo p=0,437 e sexo
p=0,524), ANOVA de 2 vias. Conclusões: A fosforilação
diferencial dos µ opióides no sítio Ser375 parece não estar
envolvida em alterações na resposta hedônica em animais
submetidos ao protocolo de IUGR na idade adulta, no entanto
não podemos excluir a existência de diferenças no número
de receptores ou na sua atividade intrínseca. Mais estudos
são necessários para a melhor compreensão acerca desse
comportamento. (Apoio financeiro: CAPES, FIPE-HCPA).
05. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DO TIPO
IMPULSIVO EM RATOS MACHOS ADULTOS
SUBMETIDOS AO ISOLAMENTO SOCIAL NO PERÍODO
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Anais da VIII Oficina de Neurociência
PRÉ-PUBERE COM ACESSO A UMA DIETA
HIPERLIPÍDICA CRÔNICA
Danusa Mar Arcego**; Camilla Lazzaretti***, Carine
Lampert**; Rachel Krolow**; Ana Paula Toniazzo**; Carolina
Berlitz*; Carla Dalmaz**.
* Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS, Porto
Alegre-RS.
** Departamento de Bioquímica, ICBS, UFRGS, Porto Alegre-
RS.
*** Programa de Pós-graduação em Neurociências, ICBS,
UFRGS, Porto Alegre-RS.
Objetivo: Fatores ambientais, como o estresse em fases de
desenvolvimento e o tipo de dieta, podem afetar o
desenvolvimento cognitivo e emocional via alterações
neuroquímicas, desencadeando mudanças comportamentais,
doenças e distúrbios que podem perdurar até a idade adulta.
Além disso, sabe-se que a exposição ao estresse pode levar
a um aumento na ingestão de alimentos palatáveis. A partir
disso, o objetivo do nosso trabalho foi investigar os efeitos da
exposição a um estressor ao longo do desenvolvimento
(período pré-pubere) associado à exposição crônica a uma
dieta rica em gordura sobre alterações comportamentais
relacionadas à impulsividade em ratos machos na idade
adulta. Métodos: Foram utilizados 35 ratos Wistar machos
de 21 dias, que foram divididos em 2 grupos: controle (C) e
estressados (E) (isolamento social entre os dias 21-28 pós-
natal). Esses grupos foram subdivididos de acordo com a
dieta: um grupo recebeu somente ração (CR e ER) e os
demais animais receberam ração + dieta hiperlipídica (CD e
ED). As dietas foram oferecidas cronicamente, do desmame
até a idade adulta. Após os 60 dias, avaliou-se
comportamento do tipo impulsivo pela tarefa da tolerância ao
atraso da recompensa (N=8-10/grupo). Durante a tarefa os
animais permaneceram sob uma dieta restrita (15-20g/dia de
alimento/animal) durante todo o comportamento. A tarefa foi
dividida em quatro fases diferentes: habituação, pré-treino,
treino e teste. Os animais foram treinados de forma a
poderem optar entre uma recompensa pequena mas imediata
ou uma recompensa maior porém acessível somente com um
tempo de espera. As recompensas eram colocadas em
diferentes braços em um labirinto em forma de T. A análise
estatística foi feita por ANOVA de medidas repetidas para
pré-treino e treino e ANOVA duas vias para o teste (sendo
fatores estresse e dieta). Este projeto foi aprovado pelo
Comitê de Ética da nossa Universidade (nº 25488).
Resultados: Na tarefa da tolerância ao atraso da
recompensa, os animais que receberam a dieta hiperlipídica
tiveram um menor número de escolhas do lado com maior
recompensa com o passar do tempo (interação dieta x
tempo, P<0,05) durante o pré-treino. Sendo que nesta etapa
não havia tempo de espera para a recompensa (média dos
21
Anais da VIII Oficina de Neurociência
primeiros 4 dias de pré-treino: CR: 63,75 +29,26; CD:
55,50+20,59; ER: 60,00+20,89; ED: 45,00+24,34). Durante o
treino e teste não houve diferença significativa entre os
grupos (P>0,05). Conclusão: A partir dos resultados,
observou-se que o isolamento social durante o período pré-
pubere e a dieta hiperlipídica crônica não causaram
alterações no comportamento do tipo impulsivo em ratos
machos adultos. Porém a dieta hiperlipídica parece afetar a
seleção do lado com maior recompensa quando não há
intervalo, sugerindo prejuízo na memória ou na motivação
para tal recompensa.
Apoio financeiro: CNPq.
06. ESTABELECIMENTO DE MODELO DE
NEURODEGENERAÇÃO ATRAVÉS DO KNOCK-DOWN
DO GENE PSEN1
Raphaela Soares Fonseca*, Natália Eltz Silva*, Laura
Roesler Nery**, Monica Ryff MoreiraVianna**
Faculdade de Biociências, Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
Objetivos. Diferentes animais modelos estão sendo
adaptados para estudos que possam manter uma
complexidade de sistemas que permita a extrapolação das
pesquisas realizadas com outros animais e humanos. O uso
de embriões e larvas de zebrafish (Danio rerio) em técnicas
de microinjeção de DNA, RNA e outras proteínas, permite o
estabelecimento de recursos de pesquisa inovadores e
vantajosos. A técnica de injeção de oligonucleotídeos
morfolinos (MOs) representa uma estratégia competitiva para
o estudo da relevância de proteínas especificas através de
seu knock-down (KD) temporário. Neste trabalho
estabelecemos a técnica de injeção de MO para o
estabelecimento de modelos para o estudo de doenças
neurodegenerativas através do KD da expressão do gene
psen1, uma vez que sua mutação é a causa mais comum da
forma familiar da Doença de Alzheimer (DA) e o ganho ou
perda de função do produto do gene psen1 ainda é uma
questão controversa. Métodos. O número do protocolo da
seguinte pesquisa, já submetida e aprovada pelo CEUA, é
0107/12. Os embriões utilizados no experimento foram
obtidos através do acasalamento de matrizes wild-type de
nosso biotério. Após a coleta dos embriões, estes foram
destinados à injeção de 5 nl com 12,5 ng de MO contra o
produto do gene psen1 (MO-PSEN) ou do controle MO
scramble (SCRAM). Dado o ineditismo da técnica foi incluído
um grupo controle não injetado (CTL). Após a injeção, os
embriões foram mantidos em placas de 6 poços em uma
estufa (BOD) e tiveram sua sobrevivência e embriotoxicidade
monitoradas diariamente até os 5 dias pós-fertilização
quando foram realizados testes comportamentais para
23
Anais da VIII Oficina de Neurociência
avaliação de locomoção e cognição. A análise das taxas de
sobrevivência foi feita através do Estimador de Kaplan-Meier
e os parâmetros comportamentais foram avaliados por
ANOVA e post-hoc Tukey.. Resultados. Quando a
sobrevivência dos animais foi avaliada e observada diferença
significativa entre os grupos injetados (SCRAM e MO-PSEN)
e CTL (Log-rank (Mantel-Cox) test, p = < 0.0001). Com
relação ao comportamento exploratório, os grupos não
apresentaram alteração significativa nos parâmetros de
distância percorrida, rotação, velocidade média ou tempo
móvel. Já o comportamento aversivo das larvas demonstrou
uma variação na tarefa cognitiva dos animais injetados com
MO-PSEN (ANOVA de uma via, p < 0.0001) comparado ao
grupo CTL e SCRAM, o que sugere uma possível relação
com a perda progressiva da capacidade cognitiva observada
em pacientes com DA. Conclusões. A proposta destes
experimentos foi a validação da técnica de microinjeção de
morfolinos, a qual é uma importante ferramenta para o KD de
genes em embriões de zebrafish, possibilitando o
estabelecimento de modelos para estudos de doenças
neurodegenerativas, como a DA. Quanto aos resultados
relacionados a sobrevivência, é possível que a mortalidade
dos animais injetados possa ser atribuída ao procedimento
da injeção. Porém, a diferença significativa na tarefa aversiva
do grupo MO-PSEN indica o potencial uso da técnica para
estudos dos aspectos celulares e comportamentais da DA.
Apoio Financeiro : CAPES, CNPq, FAPERGS.
07. EXPRESSÃO DIFERENCIAL DE GENES
RELACIONADOS COM A DOENÇA DE ALZHEIMER NO
CEREBELO DE PACIENTES AUTISTAS: UMA PROPOSTA
DE CONECTOMA CEREBRAL
Moara R. Mingori1*, Fares Zeidán-Chuliá1**, Ben-Hur Neves
de Oliveira1*, Alla B. Salmina2**, Manuel F. Casanova3**,
Daniel P. Gelain1**, Mami Noda3**, Alexei Verkhratsky4**, José
Cláudio F. Moreira1**.1Centro de Estudos em Estresse Oxidativo, Departamento de
Bioquímica, Instituto de Ciências Básicas da Saúde,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul-Porto
Alegre. 2Departamento de Bioquímica, Química Médica,
Farmacêutica e Toxicológica, Universidade de Medicina do
Estado do Krasnoyarsk, Krasnoyarsk, Rússia. 3Laboratório
de Pato-fisiologia, Escola de Graduação em Ciências
Farmacêuticas, Universidade de Kyushu, Fukuoka, Japão.4Universidade de Manchester, Manchester, UK.
A desordem do aspectro autista refere-se à heterogeneidade
de sintomas e deficiências que se manifestam no início do
desenvolvimento. A ocorrência é caracterizada por prejuízos
na comunicação e interação social. Doença de Alzheimer
(AD) é uma doença neurodegenerativa que leva ao
comprometimento da memória. A doença é caracterizada
pelo acúmulo extracelular do peptídio β-amiloide (Aβ) em
placas senis. A perpetuação do ciclo envolvendo o
25
Anais da VIII Oficina de Neurociência
metabolismo de Aβ entre amiloidogênese e neuroinflamação
leva a morte neuronal. O produto neuroprotetor no
processamento (APPα) tem sido encontrado em níveis
elevados em autismo. Objetivo: Avaliar a expressão
diferencial de genes relacionados à doença de Alzheimer
pertencente à NOTCH, WNT, AD e vias de apoptose em
cerebelo de pacientes autistas. Materiais e métodos:
Desenvolvimento de modelos de rede de genes/proteínas:
NOTCH, WNT, AD, e modelos de apoptose de sub-rede
foram extraídas do banco de dados: KEGG Pathway
database, o estabelecimento das interações genes/proteína
foi obtido com o recurso do banco de dados: Search Tool for
the Retrieval of Interacting Genes/Proteins STRING version
9.05 (http://string-db.org/). A ligação entre os diferentes Nós
(genes/proteínas) fornecidos pelo banco de dados STRING
Database, foram salvos em arquivos de dados Medusa
interface e visualizados como sub-redes (NOTCH, WNT, AD,
or apoptosis). Para as análises de expressão diferencial,
dados normalizados de amostras cerebelares de pacientes
foram confrontadas com amostras de pacientes controles e
analizadas por limma package from R e controle de falsos
positivos (“False Discovery Rate”, FDR) para a avaliação
estatística dos dados de microarray (P-valor <0.05=
significativos). O diagrama de Venn foi construído usando o
Software R http://www.r-project.org). Resultados: Dentre os
resultados foi realizada uma análise de microarray focado em
genes pertencentes à cascata de sinalização NOTCH e WNT,
bem como genes relacionados com as vias de AD e apoptose
em amostras de cerebelo de indivíduos autistas, fornecendo
provas da relevância patológica dessas vias também em
autismo. Foi demonstrado que a 31% (116 de 374) dos genes
pertencentes a estas vias exibiu alterações significativas na
expressão, com genes relacionados com a mitocôndria
regulados negativamente. Também descobrimos a regulação
positiva de GRIN1, a subunidade formadora de canal de
receptores NMDA de glutamato, e MAP3K1, activador
conhecido das vias anti-apoptóticas JNK e ERK. Conclusão:
Com base nesses resultados, propomos um modelo de
ativação de ERK mediada pelo receptor glutamato NMDA da
atividade da α-secretase e adaptação mitocondrial a
apoptose que pode explicar o supercrescimento cerebral e
ruptura da plasticidade sináptica e conectoma no autismo.
Suporte financeiro: FAPERGS, CAPES, CNPq, Propesq-
UFRGS.
08. A VARIAÇÃO GENÉTICA NO GENE DO RECEPTOR
DE ADENOSINA A 2A (RS2298383) ESTÁ ASSOCIADA
COM ELEVADOS NÍVEIS DE TNF-� E DEPRESSÃO
MAIOR EM MULHERES
Fernanda Neutzling Kaufmann**1, Clarissa Bastos**1, Marta
Gazal1, Jean Oses1, Luciano Souza1, Ricardo Silva1, Diogo
Lara2, Manuella Kaster3, Gabriele Ghisleni1
27
Anais da VIII Oficina de Neurociência
1 Laboratório de Neurociências Clínicas, Programa de Pós
Graduação em saúde e Comportamento Universidade
Católica de Pelotas, RS, Brasil2 Departamento de Ciências Fisiológicas, Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
RS, Brasil3 Departamento de Bioquímica, Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil
Introdução: O transtorno depressivo maior (TDM) tem sido
uma preocupação crescente para a saúde pública, estimando
se tornar a segunda maior causa de incapacidade em 2020.
Recentemente, polimorfismos em genes envolvidos no
metabolismo da adenosina e em seus receptores foram
associados com a vulnerabilidade a transtornos psiquiátricos,
incluindo a depressão. Objetivo: Identificar uma possível
associação entre o polimorfismo rs2298383 no gene do
receptor de adenosina A2A (C/T), os níveis periféricos das
citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, IL-1β e IL-6) e o TDM em
uma população do sul do Brasil. Métodos: Este trabalho é
parte de um estudo de base populacional, incluindo 750
indivíduos (18 a 24 anos) residentes em Pelotas-RS e foi
aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade
Católica de Pelotas sob o protocolo número 2010/15. O
diagnóstico de TDM foi feito com o Mini International
Neuropsychiatric Interview 5.0, o DNA foi extraído de
leucócitos periféricos e a genotipagem foi realizada utilizando
PCR em Tempo Real. As citocinas séricas foram avaliadas
por ELISA. Resultados: Dos indivíduos estudados, 256
apresentaram TDM, sendo 54% mulheres, 78,9% brancos e
8,3% faziam uso de medicação psiquiátrica. Não foram
detectadas diferenças de acordo com diagnóstico,
distribuição genotípica (x²=0,211), níveis de TNF-α (p=0,278),
IL-1β (p=0,14) e IL-6 (p=0,45). No entanto, após
estratificação por sexo, observamos um fator de proteção
entre os portadores do alelo T (C/T heterozigotos e T/T
homozigotos) e o TDM em mulheres (p<0,05). Identificamos
uma tendência ao aumento dos níveis de TNF-α em mulheres
com TDM comparados ao controle (p=0,08), esta tendência
não foi observada com as interleucinas IL-1β e IL-6. O estudo
revelou ainda diferenças significativas entre a interação do
genótipo e diagnóstico clínico de TDM nos níveis de TNF-α
(p<0,05). A análise post-hoc indicou que em mulheres
saudáveis os níveis de TNF-α foram semelhantes de acordo
com o genótipo, já em mulheres com TDM os níveis de TNF-
α foram maiores nos portadores do genótipo CC
(241,32±50,15 pg/mL), quando comparados aos portadores
do alelo T (91,95±30,52 pg/ml). Conclusão: Concluímos que
existe associação entre o alelo T do SNP ADORA2A,
menores níveis de TNF-α e diminuição do risco de TDM em
mulheres. Apoio Financeiro: Fundação de Amparo à
Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs) e Conselho
29
Anais da VIII Oficina de Neurociência
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPQ).
09. A EXPLORAÇÃO POR BIOLOGIA DE SISTEMAS DA
INTERAÇÃO GENE-AMBIENTE NA DESORDEM AUTISTA
APONTA AO CÁLCIO COMO MOLÉCULA CENTRAL E
RHO GTPASES COMO CRÍTICAS NO SEU
DESENVOLVIMENTO
Sabrina Roncato1*, Fares Zeidán-Chuliá1**, José Luiz
Rybarczyk-Filho1**, Alla B. Salmina2**, Ben-Hur Neves de
Oliveira1*, Mami Noda3**, José Cláudio F. Moreira1**
1Centro de Estudos em Estresse Oxidativo, Departamento de
Bioquímica, Instituto de Ciências Básicas da Saúde,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul-Porto
Alegre. 2Departamento de Bioquímica, Química Médica,
Farmacêutica e Toxicológica, Universidade de Medicina do
Estado do Krasnoyarsk, Krasnoyarsk, Rússia. 3Laboratório
de Pato-fisiologia, Escola de Graduação em Ciências
Farmacêuticas, Universidade de Kyushu, Fukuoka, Japão.
Autismo é uma desordem neural do desenvolvimento
caracterizado pela falha na interação social e comunicação
acompanhada de padrões de comportamento restritos e
interesses estereotipados. Considera-se uma desordem
altamente heterogênea com diversas causas potenciais e
fatores dando lugar a uma gama variável de sintomatologia.
A sua incidência parece estar incrementando-se com o
passar do tempo e os mecanismos patológicos associados
ao mesmo são ainda virtualmente desconhecidos. Objetivo:
Após revisão sistemática da literatura e uma análise baseada
na ferramenta de biologia de sistemas, nosso objetivo era
examinar a natureza multifatorial do autismo em sua ampla
gama de severidade, determinar quais são os processos
biológicos predominantes, componentes celulares, e funções
moleculares que caracterizam a desordem, e finalmente,
elucidar as contribuições (genética e/ou meio-ambiental) in
silico. Materiais e métodos: Bases de dados como STRING
9.0, STITCH 3.0, DAVID v6.7, Gene Ontology, KEGG
Compound, e KEGG Drug foram utilizadas. Resultados:
Com esse objetivo, nos conseguimos gerar um modelo
integrativo de rede de interação gene-ambiente (modelo
GENVI) com 122 proteína/genes e 191 fatores meio-
ambientais nos quais o cálcio demonstrou ser o nó mais
central e relevante entre outros genes/fatores nunca descritos
até agora nesse contexto do autismo, como gene que
codifica para a Rho GTPase RAC1. Em total, 16 processos
biológicos diferentes encontravam-se afetados por genes
integrando o modelo, majoritariamente sendo a comunicação
intra e intercelular rota da via WNT, transmissão do impulso
nervoso, diferenciação celular, desenvolvimento neuronal,
neurogênese, comportamento, e locomoção. Alem disso,
análise da expressão diferencial dos genes em biopsias
cerebelares de pacientes autistas mediante uso do pacote de
dados limma do R e FDR (“False Discovery Rate”)
31
Anais da VIII Oficina de Neurociência
demonstraram que 15 genes da família das Rho GTPases
estavam diferencialmente expressos. Conclusão: O nosso
modelo salienta a importância critica do cálcio e as Rho
GTPases nos eventos neuropatológicos associados ao
autismo. Acreditamos também que a nossa metodologia
(combinação de revisão sistemática da literatura com biologia
de sistemas e análises de microarranjo) oferece uma opção
atrativa para o auxilio de pesquisadores na área de
neuropsiquiatria para encontrar genes, fatores e interações
gene-ambiente que poderão ser confirmadas mais tarde com
ferramentas adicionais de pesquisa básica.
Suporte financeiro: FAPERGS, CAPES, CNPq, Propesq-
UFRGS.
10. INJEÇÃO INTRAVENTRICULAR DE AMILOIDE- β (Aβ1-
42) EM EMBRIÕES DE ZEBRAFISH COMPROMETE A
COGNIÇÃO E AUMENTA A FOSFORILAÇÃO DE TAU:
EFEITOS REVERTIDOS PELO LÍTIO.
¹Laura R. Nery**, ¹Natália Eltz *, ¹Cristiana Hackm ann*,
¹Raphaela Fonseca*, ²Stefani Altenhofen**, ³Heydi G uerra**,
³Vanessa Freitas**, ²Carla Bonan e ¹Monica Vianna
1ZebLab & Laboratório de Biologia e Desenvolvimento do
Sistema Nervoso, Faculdade de Biociências, Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
RS, Brasil
2ZebLab & Laboratório de Neuroquímica e Psicofarmacologia,
Faculdade de Biociências, Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.3Departamento de Biologia Celular e do Desenvolvimento,
Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo,
SP, Brasil
A Doença de Alzheimer (DA) é a desordem
neurodegenerativa mais prevalente, caracterizada por
declínio cognitivo, acúmulo de Amiloide-β (Aβ) e fosforilação
aberrante de tau. Evidências recentes sugerem que as
formas solúveis de Aβ se ligam a receptores de membrana
modulando a atividade da GSK3-β, que por sua vez fosforila
a proteína tau associada à microtúbulos, estabelecendo uma
ligação entre os principais marcadores celulares da DA.
Objetivo: Investigar os efeitos da injeção intraventricular de
Aβ1-42 em zebrafish (Danio rerio) sobre a capacidade
cognitiva e parâmetros celulares e moleculares associados à
DA e o potencial neuroprotetor do LiCl, inibidor da GSK-3β.
Todos os experimentos foram aprovados pela comissão de
ética da universidade (CEUA-PUCRS protocolo: 0107/12).
Métodos: Embriões com 24hpf, obtidos de acasalamentos de
matrizes mantidas em sistemas automatizados de aquários
no ZebLab, foram tratados com água do sistema (H2O) ou
100mM LiCl em água, a partir de 1hpf até 5dpf. Ao
completarem 24hpf os animais foram anestesiados, tiveram o
córion removido e foram injetados no ventrículo com 5-10nL
33
Anais da VIII Oficina de Neurociência
de uma solução 10µΜ Aβ1-42 (diluído em veículo PBS; 1%
DMSO; 0,5% PhenolRed) ou somente com a solução de
veículo. Também foi realizado um controle não injetado.
Efeitos embriotóxicos foram monitorados diariamente. Aos
5dpf os animais foram submetidos a avaliação
comportamental exploratória e cognitiva e as amostras de
tecido nervoso isoladas para quantificação protéica dos
níveis de tau fosforilada e marcadores associados à morte
celular por Western Blot e qPCR. Resultados : Não foram
observados efeitos da injeção de Aβ ou dos tratamentos na
curva de sobrevivência de Kaplan-Meier e nos parâmetros
exploratórios analisados. A injeção de Aβ reduziu a resposta
aversiva em relação ao não injetado (H2O-Aβ 71,3%)
(p<0.05, Bonferroni post-hoc) enquanto o tratamento prévio
com LiCl facilitou a resposta cognitiva em todos os grupos em
relação a seus respectivos controles (LiCl-Ø 80%; LiCl-veh
77,9%; LiCl-Aβ 66,7%) (ANOVA de duas vias, p<0.0001;
F(1,166)=40.77; N=10 em triplicata). A injeção de Aβ também
ocasionou um aumento na fosforilação de tau, o que foi
revertido pelo tratamento com LiCl, que novamente teve
efeitos positivos nos demais grupos (H2O-Ø 5,3u; H2O-veh
6,5u; H2O-Aβ 7,9u; LiCl-Ø 3,3u; LiCl-veh 3,1u; LiCl-Aβ 3u)
(p<0.0001, F(1,42)=296.02; N=3 em triplicata). Níveis protéicos
e de RNAm de p53, bax e bcl-2 foram avaliados mas não
foram observados efeitos da injeção com Aβ ou do
tratamento. Estes resultados corroboram com achados em
outros modelos e sugerem que a injeção de Aβ acarreta em
alterações típicas de estágios iniciais da DA, além de ser
crucial para a complementação dos estudos de mecanismos
e screening de fármacos.
Apoio financeiro: CAPES, CNPq, FAPERGS.
11. O EXERCÍCIO FÍSICO VOLUNTÁRIO REDUZ A
NEUROINFLAMAÇÃO INDUZIDA POR LPS NO CÓRTEX
PRÉ-FRONTAL DE CAMUNDONGOS
Anelise Bavaresco**, Débora da Luz Scheffer**, Lucila de
Bortoli da Silva**, Priscila Ferreira**, Rodrigo Augusto da
Silva**, Renata Tiscoski Nesi**, Alexandra Latini, Aderbal
Silva Aguiar Junior
Laboratório de Bioenergética e Estresse Oxidativo, Centro de
Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina
– Florianópolis, Santa Catarina.
Introdução: A neuroinflamação é um processo patológico
que ocorre em diversas doenças do sistema nervoso central
(SNC). A neuroinflamação é mediada por diversas células,
como as células mononucleares, responsáveis pela secreção
das citocinas pró-inflamatórias interleucinas IL-1ß e IL-6. A
neuroinflamação também aumenta produção de Espécies
Reativas de Oxigênio (EROs) que contribuem para o
aumento do estresse oxidativo/nitrosativo. Neste trabalho,
nosso objetivo foi investigar os efeitos do exercício físico
voluntário em um modelo de neuroinflamação induzido pela
35
Anais da VIII Oficina de Neurociência
administração sistêmica de LPS em camundongos. Métodos:
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de
Animais (CEUA) da Universidade Federal de Santa Catarina
(CEUA N° PP00760). Camundongos Swiss machos adultos
(3-5 meses), com peso variando entre 40 e 60 gramas, foram
submetidos a exercício físico voluntário (roda de correr)
durante seis semanas. No final do protocolo, a
neuroinflamação foi induzida pela administração de LPS
(0,33 mg/kg, i.p). O grupo controle (CTR) recebeu solução
salina. Após 4 horas da administração foi realizada a
eutanásia para extração das estruturas cerebrais e do
músculo quadríceps para análise das citocinas IL-1ß e IL-6 e
da atividade do complexo I mitocondrial. As médias foram
comparadas através da ANOVA de duas vias, com Bonferroni
post hoc test. O P<0,05 foi considerado significativo.
Resultados: No córtex pré-frontal (CPF), a administração de
LPS induziu um aumento significativo das concentrações de
IL-1ß e IL-6 respectivamente e o exercício voluntário foi
capaz de atenuar esta resposta (IL-1ß: F(1,8) =8.969;
sedentário: 0,150; exercício: 0,066 e IL-6: F(1,9) =13.02;
sedentário: 0,010; exercício 0,004). Por outro lado, no
estriado, o LPS também aumentou a produção destas
mesmas citocinas (IL-1ß e IL-6), no entanto o exercício não
foi capaz de reestabelecer esta resposta (IL-1ß: F(1,9)=6,651;
sedentário: 0,123; exercício: 0,090 e IL-6: F(1,10)=6.639;
Sedentário: 0,006; Exercício: 0,005). A atividade do complexo
I da cadeia respiratória foi avaliada em amostras de
quadríceps. O LPS apresentou uma tendência de diminuição,
enquanto o exercício aumentou discretamente a atividade
deste complexo em comparação ao grupo CTR, no entanto,
estes dados não apresentaram diferença estatística, apenas
uma forte tendência. Desta forma, nossos dados demonstram
que o exercício voluntário não atenuou a neuroinflamação no
estriado ou a atividade do complexo I, no entanto, atenuou
significativamente a neuroinflamação no CPF. Conclusão:
Nossos resultados demonstram que o exercício atenua a
resposta neuroinflamatória induzida pelo LPS no córtex pré-
frontal de camundongos.
Apoio: CAPES
12. RETIRADA DE ÁLCOOL PRODUZ ANALGESIA EM
RATOS REVERTIDA PELO TRATAMENTO COM
PASSIFLORA INCARNATA
Rebeca Vargas Antunes Schunck1**, Isabel Cristina
Macedo3**, Gabriela Laste3**, Andressa de Souza3**, Marina
Tuerxlink Costa Valle1**, Janaína Lucas de Oliveira
Salomón2*, Jonnsin Kuo3**, Eliane Dallegrave4, Iraci Lucena
da Silva Torres3, Mirna Bainy Leal1,2
1 Programa de Pós Graduação em Neurociências, UFRGS,
Porto Alegre, RS
37
Anais da VIII Oficina de Neurociência
2 Departamento de Farmacologia, UFRGS, Porto Alegre, RS3 Laboratório de Farmacologia da Dor e
Neuromodulação,UFRGS, Porto Alegre, RS4 Departamento de Farmacociências, UFCSPA, Porto Alegre,
RS
Objetivos: As intersecções entre dependência química e dor
são frequentes. Diversos fatores modulam tanto a resposta
nociceptiva quanto os aspectos relacionados ao alcoolismo,
entre esses fatores podemos citar BDNF e IL-10. Para tratar
o alcoolismo e prevenir recaídas, a Passiflora incarnata L. é
uma planta que possui atividade terapêutica em potencial. O
presente estudo visa avaliar a resposta nociceptiva na fase
da abstinência ao álcool em um modelo de administração
intermitente de álcool, assim como investigar o potencial
antiaditivo do extrato de Passiflora incarnata L.(EPI) na
resposta nociceptiva e no conteúdo de BDNF e IL-10 no
córtex pré-frontal em ratos submetidos a um modelo de
síndrome de abstinência ao álcool. Métodos: Aprovação do
CEUA/UFRGS nº 23651. Ratos Wistar (n=8-15/grupo),
machos (90 dias, peso entre 300-350g) foram divididos em 5
grupos (CONTROLE, ÁGUA+ÁGUA, ÁLCOOL+ÁGUA,
ÁGUA+EPI e ÁLCOOL+EPI) e administrados por gavagem
oral. Grupo CONTROLE não recebeu tratamento. As
administrações de Álcool 20% (4g/kg) ou Água foram
realizadas por gavagem em ciclo intermitente de
administração com três períodos de cinco dias de
administração e dois intervalos de dois dias entre eles. Após
este período, os animais foram tratados com extrato de
Passiflora incarnata (EPI) 200 mg/kg ou Água (via gavagem)
durante 9 dias. Os ensaios nociceptivos foram realizados no
20º e 29o dia (teste de tail-flick [Ugo Bazile]) e no 20º e 30o
dia respectivamente, (teste da placa quente [Insight
Equipamentos Ltda]). No 31o dia os animais foram
anestesiados, eutanasiados e o córtex pré-frontal dissecado
para as análises do conteúdo de BDNF e IL-10 (Imunoensaio
de ELISA). Os resultados foram analisados por ANOVA/SNK
e expressos em média±EP. Resultados: O extrato de EPI
demonstrou reverter a analgesia (P<0,001) observada pela
avaliação do teste da placa quente (ÁGUA+ÁGUA
[4,97s±0,30], ÁGUA+ÁLCOOL [7,30s±0,66], ÁGUA+EPI
[4,56s±0,45], ÁLCOOL+EPI [5,07s±0,41]), mas não
apresentou efeito no teste do tail-flick (ÁGUA+ÁGUA
[4,62s±0,19], ÁGUA+ÁLCOOL [5,77s±0,29], ÁGUA+EPI
[4,71s±0,22], ÁLCOOL+EPI [5,64s±0,33]). Esta reversão é
benéfica, pois demonstrou que a resposta nociceptiva
retornou aos níveis basais encontrados em ratos controle.
Observou-se um aumento (P<0,05) nos níveis de BDNF
(pg/ug) (ÁGUA+ÁGUA [0,27±0,03], ÁGUA+ÁLCOOL
[0,77±0,17], ÁGUA+EPI [0,16±0,03], ÁLCOOL+EPI
[0,75±0,07]) e IL-10 (pg/mg) (ÁGUA+ÁGUA
[1849,12±506,43], ÁGUA+ÁLCOOL [5069,56±1044,94],
ÁGUA+EPI [2886,90±509,39], ÁLCOOL+EPI
[4951,84±447,56]) no córtex pré-frontal dos animais
39
Anais da VIII Oficina de Neurociência
abstinentes ao álcool. O aumento nos níveis de BDNF e IL-10
não foi revertido pelo EPI. Conclusão: A retirada de álcool
aumenta o limiar nociceptivo e decresce a resposta
nociceptiva, levando a analgesia. Este efeito pode estar
relacionado ao aumento nos níveis centrais de BDNF e IL-10.
O tratamento com extrato de Passiflora incarnata pode
reverter a analgesia observada após a retirada de álcool, mas
este efeito não tem correlação com níveis de BDNF e IL-10.
Mais estudos são necessários, pois é preciso elucidar os
mecanismos envolvidos na ação da Passiflora incarnata em
reverter a síndrome de abstinência ao álcool.
Apoio Financeiro: CNPq, CAPES e PROPESQ/UFRGS.
13. ASTRÓCITOS ADULTOS ENVELHECIDOS IN VITRO
APRESENTAM FUNÇÕES CELULARES DEFICITÁRIAS
Camila Leite Santos*, Débora Guerini Souza**, Bruna
Bellaver**, Diogo Onofre Gomes Souza, André Quincozes-
Santos
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre -
RS
Objetivo: O Sistema Nervoso Central (SNC) de mamíferos
apresenta dois principais grupos celulares: neurônios e
células gliais. Astrócitos são células gliais versáteis, e estão
envolvidos em um grande número de funções que garantem
a manutenção das condições fisiológicas do cérebro. Estas
funções são suscetíveis a mudanças durante a vida e, à
medida que a célula vai envelhecendo, algumas propriedades
podem se tornar deficitárias. Estudos prévios do nosso grupo
demonstraram que culturas de astrócitos de ratos Wistar
adultos e envelhecidos são uma nova ferramenta de estudo
sobre a funcionalidade astrocitária em condições normais e
patológicas, portanto, neste trabalho, nós avaliamos se as
células sofrem alterações em propriedades metabólicas de
maneira idade-dependente. Métodos: Para tanto, utilizamos
cultura de astrócitos de ratos Wistar machos de 1 (n=6), 90
(n=6) e 180 dias (n=6) ressaltando que este projeto foi
aprovado pelo CEUA/UFRGS nº 24419. Para a elaboração
da cultura, os cérebros foram cuidadosamente dissecados e
o córtex foi dissociado mecânica e enzimaticamente. As
células foram cultivadas em incubadora a 37 °C (5% CO2,
95% ar), com DMEM/F12 (10% SFB) nas duas primeiras
semanas e DMEM/F12 (20% SFB) até atingirem a
confluência. Realizamos captação de 2-Deoxy-D-[1,2-3H]Glicose em condições basal, inibida por citocalasina e
estimulada com 500 µM glutamato por 20 min a 37 °C na
confluência e 30 dias após a confluência. Também,
verificamos a atividade da enzima glutamina sintetase (GS) e
o conteúdo de glutationa (GSH). Resultados: Comparadas
com culturas de astrócitos advindas de neonatos, as células
adultas (90 e 180 dias) apresentam menor captação de
glicose, menor atividade da GS e menor conteúdo de GSH na
confluência (p < 0.05). Trinta dias após a confluência, esse
41
Anais da VIII Oficina de Neurociência
perfil se manteve para GS e GSH. Na captação de glicose, as
culturas advindas de animais adultos apresentaram alta taxa
de morte celular na presença de 500 µM de glutamato,
devido à fragilidade celular frente à citotoxicidade deste
aminoácido. Conclusão: Considerando que o cérebro adulto
apresenta diferenças significativas em relação ao cérebro
neonato, nosso trabalho apresenta um importante progresso
no estudo de características celulares no tecido
maduro/diferenciado. Assim, astrócitos adultos cultivados in
vitro apresentam características mais similares ao cérebro
adulto in vivo, e nossos resultados contribuem para a
elucidação de propriedades celulares nestas condições.
Apoio financeiro: Capes, CNPq e FAURGS
14. RECONSOLIDAÇÃO DE MEMÓRIA AVERSIVA EM
RATOS MACHOS E FÊMEAS SUBMETIDOS A
INTERVENÇÕES NO PERÍODO NEONATAL
Natividade de Sá Couto-Pereira**, Grasielle Kincheski,
Camilla Lazzaretti**, Diego Carrilho da Silva*, Raquel
Breunig*, Diego Bertolini*, Jorge Alberto Quillfeldt, Vitor
Molina, Carla Dalmaz
Departamento de Bioquímica, Instituto de Ciências Básicas
da Saúde
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre -
RS
Objetivos: Estudar os efeitos de experiências precoces na
vida na capacidade de labilizar-reconsolidar memórias
aversivas. Métodos: Vinte ninhadas de ratos Wistar foram
divididas em 3 grupos e submetidas aos seguintes
procedimentos, do dia pós-natal (PND) 1 a 10: grupo Intacto
– sem nenhuma perturbação; grupo Manipulado – os filhotes
foram retirados do ninho e gentilmente colocados numa
incubadora, a 32 ºC por 10 minutos, uma vez por dia; grupo
Separado – mesmo procedimento do grupo Manipulado, com
permanência na incubadora por 3 horas. Na idade adulta, os
ratos machos e fêmeas submetidos às intervenções
neonatais descritas foram avaliados no paradigma de medo
condicionado ao contexto. O treino consistiu em 3 minutos de
habituação, 3 choques de 0,8 mA, 30 segundos de intervalo
entre eles, 1 minuto de permanência no aparato. 24 horas
após o treino, foi realizada uma sessão de reativação de 5
minutos, no aparato do treino (E), seguida de administração
i.p. de solução salina ou midazolam 3 mg/kg. Um grupo
controle foi submetido aos mesmos procedimentos, no
entanto, a sessão foi conduzida em um aparato alternativo
(C), de forma a controlar a especificidade do efeito da droga
administrada. No terceiro dia, todos os animais foram re-
expostos ao aparato E, por 5 minutos. Em todas as sessões,
o tempo total de freezing foi contabilizado em segundos e
utilizado como um indicador de memória. Este projeto de
número 23844 foi aprovado pela CEUA/UFRGS em
13/11/2012. Resultados: Na sessão de reativação no
43
Anais da VIII Oficina de Neurociência
aparato E, os machos manipulados apresentaram tempo de
freezing inferior aos intactos (125,4±12,4 s vs. 178,6±12,2 s,
respetivamente). Não foram encontradas diferenças
significativas entre as fêmeas. No aparato C, o tempo de
freezing foi significativamente menor do que no aparato E em
todos os grupos, no entanto os machos separados
congelaram por mais tempo do que os restantes grupos
(91,8±12,8 s vs. 53,9±12,9 s – intactos; 30,6±6,5 s –
manipulados). Na sessão teste, o tempo de freezing dos
machos intactos que receberam midazolam após a
reativação foi significativamente menor do que os machos
que receberam salina (184,0±18,1 s vs. 84,2±12,4 s), no
entanto não foram encontradas diferenças entre os
tratamentos nos machos manipulados nem separados. As
fêmeas intactas e manipuladas também não tiveram o seu
comportamento alterado pela droga na sessão de teste, no
entanto, as fêmeas separadas que receberam midazolam
tiveram um aumento no tempo de congelamento em relação
às que receberam salina (98,0±21,8 s vs. 59,8±18,2 s).
Conclusões: O protocolo utilizado neste estudo induziu com
sucesso labilização e reconsolidação de memória aversiva
em machos intactos, mas não parece ter tido a mesma
eficácia em fêmeas. As intervenções na fase neonatal
parecem diminuir a capacidade do animal labilizar uma
memória aversiva, principalmente a separação materna; além
disso, este estresse precoce também parece favorecer uma
generalização da resposta de medo. Os machos manipulados
apresentam um comportamento de enfrentamento de
situações aversivas distinto dos outros animais deste estudo,
que necessita ser melhor investigado.
15. RE-EXPOSITION IN THE PRESENCE OF
DISTRACTOR STIMULUS DISRUPT FEAR MEMORY
CONSOLIDATION AND RECONSOLIDATION
Ana Paula Crestani**, Flávia Zacouteguy Boos**, Josué
Haubrich**, Rodrigo Ordoñez Sierra**, Fabiana Santana**,
Lucas de Oliveira Alvares and Jorge Alberto Quillfeldt.
Psychobiology and Neurocomputation Lab - Neurosciences
Graduate Program, UFRGS, Porto Alegre, Brazil.
Background. A new experience becomes a stable memory
trace through a consolidation. However, memory reactivation
can initiate a new transient labile phase, named
reconsolidation, through which it can be enhanced, impaired
or updated. Thus, reconsolidation provides an opportunity to
change unwanted fear memories. Furthermore, among the
psychotherapies that aim to the removal or reduction of
unwanted fear memories are those that employ distracting
stimuli during patient´s retrieval of traumatic events, such as
EMDR. Aims. Evaluate whether a distractor stimulus
presented in labile state of memory is able to disrupt the fear
memory consolidation and reconsolidation in a long-lasting
form. Also, research the molecular mechanisms underlie
memory destabilization and if the destabilization is a
45
Anais da VIII Oficina de Neurociência
mandatory factor to distractor stimulus be effective in impair
the fear memory. Methods. In this study, we used adult male
Wistar rats (270-400g) trained in the contextual fear
conditioning in order to reproduce a traumatic memory.
Animals per group:7-12. Since data was normally distributed
experiments were analyzed with independent Student’s t test
or two-way ANOVA followed by a Tukey post hoc when
applicable. Significance was set at P<0.05. These
experiments was approved by the UFRGS Ethics Committee
nº23326. Results. Our results demonstrated that animals
reactivated in the presence of distractor stimulus exhibited
long-lasting fear attenuation when compared with control
ones (test: t(21)=2.090;P=0.049; retest:t(21)=2.879;P=0.009).
We also found that the disruption of original memory trace
depends on the destabilization-reconsolidation process: when
animals were exposed to a novel context, memory
destabilization did not occur and distractor stimulus failed to
disrupt aversive memory (t(13)=0.472;P=0.645). Moreover,
drugs that prevent memory destabilization, such as the L-
VGCC and GluN2B antagonists, administered before the re-
exposition, prevent fear memory disruption caused by
distractor stimulus. In more details to nimodipine experiment:
two-way ANOVA showed a main effect of the distractor
(F(1,29)=7.245,P=0.012), drug (VEH and NIMO) (F(1,29)
=12.174, P=0.002) and interaction (distr X drug):
F(1,29)=4.299,P=0.047;Tukey’s post-hoc demonstrated that
vehicle+distractor stimulus expressed lower freezing levels if
compared with all other groups (P ≤0.05). In the same way,
ifenprodil experiment: two-way ANOVA demonstrated a main
effect of distractor (F(1,46)=6.130,P=0.017) and interaction (dist
X drug) (F(1,46)=5.418,P=0.025);Tukey’s post-hoc indicated
that ifenprodil infusion prevents the distractor effect
(P=0,915). Additionally, distractor stimulus is also effective in
disrupting memory consolidation if it is performed shortly after
training (t(13) =3.075;P <0.009). Conclusions. Our results
showed that it was possible to interfere with a previously
acquired fear memory inhibiting memory (de)stabilization
process through distractor stimulus, a finding that may have
relevant clinical implications for improvement the treatment of
emotional disorders.
Financial support : CAPES, CNPq, PROPESQ and FINEP
16. PROTEÇÃO DO GANGLIOSÍDIO GM1 FRENTE À
TOXICIDADE DO PEPTÍDEO Aβ EM NEUROBLASTOMA
HUMANO (SH-SY5Y) ENVOLVE A INTERAÇÃO ENTRE A β
E GM1 EXÓGENOS E A PREVENÇÃO DA LIGAÇÃO DO
PEPTÍDEO ÀS MEMBRANAS NEURAIS
Ana Luíza Fragoso*, Fernando Kreutz**, Marina
Michelsen*, Taíse Goulart*, Letícia Pettenuzzo,
Christianne Salbego e Vera T. Trindade – Dep.
Bioquímica, ICBS, UFRGS
A doença de Alzheimer (DA) é uma desordem
neurodegenerativa que afeta irreversivelmente a memória e
47
Anais da VIII Oficina de Neurociência
outras funções cognitivas. Sua patogenia envolve a produção
(amiloidogênese) do peptídeo β-amilóide (Aβ) e sua
agregação na forma de oligômeros ou fibrilas. A interação do
Aβ com as membranas neurais parece ser essencial ao
processo de agregação do peptídeo, ao desencadeamento
de sua toxicidade e ao ciclo patológico estabelecido entre a
deposição do Aβ e o estímulo, em cascata, da
amiloidogênese. Assim, drogas capazes de impedir a
interação do Aβ com as membranas neurais teriam um
potencial efeito neuroprotetor e uma capacidade de alterar a
evolução da DA.
Objetivos: Considerando a literatura, que aponta o
gangliosídio GM1 como o constituinte das membranas
neurais responsável pela interação com o Aβ e dados prévios
do grupo, que indicam efeito neuroprotetor do GM1 em
modelos in vivo e in vitro de DA, os objetivos deste trabalho
foram: avaliar o efeito neuroprotetor do GM1 exogenamente
administrado à cultura de células expostas ao Aβ e investigar
se a potencial proteção seria mediada pela capacidade do
gangliosídio de interagir com o Aβ, impedindo, assim, sua
ligação às membranas neurais.
Métodos: Células de neuroblastoma humano (SH-SY5Y)
foram semeadas em placas de 96 poços (3x104 células/poço)
e incubadas por 24h com diferentes concentrações do Aβ1-
42 na forma fibrilada (0,25; 0,5; 1 e 2µM). A morte neural foi
avaliada por marcação com iodeto de propídio (necrose) e
com corante Höscht (apoptose). Definida a concentração de
Aβ indutora de morte celular, foi avaliado o efeito
neuroprotetor de diferentes concentrações de GM1 (10, 20 e
30µM) quando co-administradas com o peptídeo. Para avaliar
o efeito da interação AβGM1 na neuroproteção observada,
estes foram co-incubados (AβGM1i) in vitro (37ºC) por 1h. O
sedimento (Aβfibrilado), obtido após centrifugação, foi lavado
com tampão para retirada do GM1 que não interagiu com o
Aβ, recentrifugado, suspenso no meio de cultura e exposto às
células por 24h. Para controle do processo, o Aβ foi
submetido aos mesmos procedimentos de centrifugação,
porém sem a etapa de incubação com GM1 (Aβi). A
toxicidade do AβGM1i foi comparada aos grupos controle
(sem Aβ nem GM1), Aβ (células incubadas com a
concentração tóxica do peptídeo) e Aβi. A fim de avaliar a
interação Aβ-GM1, o sedimento AβGM1i foi suspenso em
tampão contendo SDS e submetido a dot-blot para
imunodetecção de GM1.
Resultados: GM1, nas concentrações testadas, foi capaz de
prevenir a morte neural (apoptose e necrose) observada em
células expostas ao Aβ (0,5µM). Da mesma forma, o Aβ
previamente incubado (in vitro) com GM1 (0,5 e 10µM,
respectivamente) apresentou menor toxicidade frente aos
neuroblastomas. O dot-blot confirmou a presença de GM1 no
sedimento AβGM1i, o que indica a interação in vitro deste
com o peptídeo.
Conclusões: GM1, exogenamente administrado, promove
neuroproteção frente ao dano causado pelo Aβ através de
49
Anais da VIII Oficina de Neurociência
sua capacidade de interagir e neutralizar o peptídeo,
possivelmente impedindo sua interação com as membranas
neurais. (PIBIC- CNPq/UFRGS, PROBIC-
FAPERGS/UFRGS, CNPq)
17. PREJUÍZOS NA MEMÓRIA DE RECONHECIMENTO
SOCIAL E EM COMPORTAMENTOS EXPLORATÓRIOS
EM ANIMAIS SUBMETIDOS AO PROCEDIMENTO DE
HIPÓXIA-ISQUEMIA ENCEFÁLICA.
Juliana Jaboinski**, Luis Alexandre Montecinos de Almeida**,
Roberto Decker*, Andreo Rysdyk*, Lisiane Bizarro**.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de
Psicologia. Porto Alegre, RS, Brasil.
O procedimento experimental de hipóxia-isquemia encefálica
(HI) provoca dano em estruturas importantes para a memória
e o comportamento social (e.g. hipocampo, córtex, estruturas
límbicas associativas), (Amer Jour of Perinatol. 3:103-120,
2000), esse procedimento permite o estudo da relação entre
a hipoperfusão em áreas cerebrais e os prejuízos na
memória e no comportamento. Entretanto, poucos estudos
compararam o desempenho em memória para objetos e
memória social em animais com HI. Objetivo: observar se há
alterações na memória e no comportamento de animais
submetidos ao procedimento de hipóxia-isquemia encefálica.
Métodos: Foram utilizados 22 ratos Wistar (projeto aprovado
pelo CEUA Nº 24030), sendo 11 designados ao grupo hipóxia
(HI) e 11 ao grupo controle (CTR). No 7º dia pós-natal (DPN),
foi realizado o procedimento de HI pela oclusão permanente
da artéria carótida, seguido pela hipóxia sistêmica. No
momento dos experimentos a idade dos animais variou de
um mês e quinze dias (45º DPN) até um mês e vinte dias (52º
DPN). O peso médio variou de 160 g (no 45º DPN) a 200 g
(no 52º DPN). Entre o 45º e o 52º DPN, foram realizados
testes que avaliaram a memória de reconhecimento social e
de objetos. Na tarefa de memória de reconhecimento social,
cada animal HI e CTR foi exposto a 2 animais desconhecidos
por 5 minutos. Em seguida ele foi isolado por 30 minutos,
depois exposto por 10 minutos a um animal conhecido e
outro desconhecido. Registrou-se a frequência de emissão
de comportamentos sociais (cheirar, cheirar áreas genitais do
intruso, segui-lo e/ou exercer dominância ou agressão). Em
seguida os animais foram avaliados na tarefa de
reconhecimento de objetos. Cada rato foi exposto a dois
objetos iguais, transcorrido 5 minutos o animal foi retirado e
isolado por 1 hora para então ser recolocado no campo
aberto contendo 1 objeto familiar e 1 objeto desconhecido.
Registrou-se o tempo que o animal passou investigando cada
objeto. O desempenho dos dois grupos foi comparado
utilizando-se teste t. Resultados: Os animais do grupo HI
não apresentaram, um índice de reconhecimento de objetos
menor t(20)=-1,3660, p=0,187. Entretanto, na tarefa de
51
Anais da VIII Oficina de Neurociência
reconhecimento social os animais do grupo HI apresentaram
um índice de reconhecimento social (M=0,49, DP=0,087)
menor que os do grupo controle (M=0,58, DP=0,049), t(20)= -
3,147, p=0,005. O tipo de comportamento social que
apresenta diferença significativa entre os grupos foi o de
cheirar áreas genitais, F(1)=4,548, p=0,046. Além disso, os
animais do grupo HI exploraram menos os objetos que os do
grupo CTR (t(20) = -3.027, p = 0.007). Conclusões: Em
ratos, o procedimento de HI parece não ter produzido
prejuízos de memória para objetos, mas dificultou a memória
de reconhecimento social. Além disso, o baixo índice de
exploração dos objetos sugere um comportamento
exploratório diminuído. O comportamento de exploração do
ambiente e cheirar a genitália no contato social são
importantes no desenvolvimento social de ratos jovens e este
resultado pode indicar um atraso do desenvolvimento deste
tipo de comportamento no grupo HI.
Contato : [email protected]
Fomento: CNPq
18. NIVEIS SÉRICOS DE INTERLEUCINA-10
ASSOCIADOS COM OS SINTOMAS INICIAIS E COM A
DURAÇÃO DA DOENÇA EM PACIENTES COM
DEPRESSÃO MAIOR
Clarissa Bastosª**, Sílvia Oliveiraª**, Marta Gazalª**, Karen
Jansenª**, Luciano Dias de Mattos Souzaª**, Jean P.
Osesª**, Pedro Magalhãesª**, Ricardo Pinheiroª**, Luciana
Quevedoª**, Flávio Kapczinskib**, Ricardo Azevedo da
Silvaª**, Manuella P. Kasterª**, Gabriele Ghisleniª**
ª Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento,
Universidade Católica de Pelotas, (UCPel), Pelotas, Rio
Grande do Sulb Laboratório de Psiquiatria Molecular, Instituto Nacional de
Ciência e Tecnologia – Translacional em Medicina (INCT),
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
Introdução: A Depressão Maior (DM) e o Transtorno Bipolar
(TB) são relevantes problemas de saúde mental, pois
acarretam um alto custo social e econômico. De etiologia
ainda pouco elucidada, estudos têm evidenciado o papel das
citocinas pró e anti-inflamatórias nos transtornos
psiquiátricos. Objetivos: Verificar os níveis da interleucina-10
(IL-10) e sua associação com o início e a duração da doença
em pacientes com DM e TB quando comparados aos
controles. Métodos: O estudo trata-se de um caso-controle
aninhado a um estudo de base populacional. A amostra final
incluiu 231 indivíduos de 18 a 24 anos residentes na zona
urbana de Pelotas, RS (Brasil). Este estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética da Universidade Católica de Pelotas
53
Anais da VIII Oficina de Neurociência
(2006/96). O diagnóstico foi realizado através da Mini-
International Neuropsychiatric Interview (MINI 5.0) e
confirmado por meio da Entrevista Clínica Estruturada para o
DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais - 4 ª edição). Os níveis de IL-10 foram determinados
pelo método de ELISA. Resultados: Não foram encontradas
diferenças significativas nos níveis de IL-10 em pacientes
com DM ou TB quando comparados com os controles (p =
0,903). No entanto, uma diminuição significativa foi
encontrada nos níveis de IL-10 em pacientes com DM de
início precoce (p = 0,043), mas não no TB. Além disso, os
níveis de IL-10 foram correlacionados negativamente com a
duração da doença em pacientes com DM (r = -0,258, P =
0,021), o que não foi observado em pacientes com TB.
Conclusão: Os resultados mostram que altos níveis de IL-10
podem estar correlacionados com o início tardio da
depressão e estes níveis diminuem com a progressão da
doença, sugerindo que um balanço anti-inflamatório pode ser
responsável pelo início dos sintomas depressivos e pela
duração da doença.
Apoio financeiro: Cnpq e Fapergs
19. ANÁLISE DA FLUORESCÊNCIA E DA CAPTAÇÃO DE
DOXAZOSINA EM CÉLULAS DE GLIOMA DE RATO (C6)
Bárbara Paranhos Coelho**, Mariana Maier Gaelzer**, Alice
Hoffmann de Quadros*, Clara Ponzi de Almeida*, Christianne
Gazzana Salbego. Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre.
Introdução: A doxazosina [4 - (4-amino-6,7-
dimetoxiquinazolina-2-il)-piperazina] 1-il - (2,3-diidro-1,4-
benzodioxina-3-il) metanona é um derivado quinazolínico que
compreende a classe terapêutica dos alfa-bloqueadores
adrenérgicos. São fármacos que bloqueiam seletivamente os
receptores alfa1 adrenérgicos. É utilizada na clínica como
Mesilato de doxazosina (Cardura®) para o tratamento de
hipertensão, insuficiência cardíaca congestiva e hiperplasia
benigna de próstata. A dixazosina induz apoptose de células
prostáticas malignas através de um mecanismo alternativo ao
relacionado com o adrenoceptor alfa-1, também exercendo
efeitos pró-apoptóticos em células de câncer de mama e
câncer de bexiga. Por apresentar em sua estrutura química a
presença de anéis conjugados com ligações pi, a mesma
apresenta autofluorescência intrínseca. No entanto, a
autofluorescência da doxazosina não havia sido descrita até
o momento, nem a captação do fármaco por células
cancerosas. Objetivos: O objetivo deste estudo foi a
identificação do espectro de emissão de fluorescência da
doxazosina e análise da captação da droga em linhagem de
glioma de rato (C6). Métodos: Foram utilizadas
concentrações de 50µM a 200µM de doxazosina para a
determinação do espectro de emissão da fluorescência. A
55
Anais da VIII Oficina de Neurociência
quantidade de fármaco captada foi avaliada por citometria de
fluxo em células C6 tratadas por 48h com a droga. A
presença do fármaco nas células também foi analisada em
microscópio de fluorescência. Resultados: Utilizando
comprimento de onda de excitação de 320nm é possível
observar três faixas de emissão de fluorescência da
doxazosina em torno de 410nm, 630nm e 770nm. Desse
modo, a captação da droga pelas células C6 foi analisada no
citômetro de fluxo nas fluorescências verde e vermelha. A
doxazosina é captada pelas células em ambos comprimentos
de onda e a intensidade da fluorescência nas células é
proporcional ao aumento da concentração da droga. O
mesmo pode ser observado por microscopia. Conclusões: A
autofluorescência da doxazosina pode ser utilizada para
análise da captação da droga por células tumorais,
possibilitando a identificação de populações resistentes ao
fármaco e um estudo aprofundado do tempo e mecanismo de
ação da doxazosina.
Apoio financeiro: CNPq e Capes.
20. INDUÇÃO DA EXPRESSÃO DE EGFR EM CÉLULAS
DE GLIOMA DE RATO (C6)
Mariana Maier Gaelzer**, Helena Flores Mello*, Bárbara
Paranhos Coelho**, Alice Hoffmann de Quadros*, Clara Ponzi
de Almeida*, Christianne Gazzana Salbego. Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
Introdução: Glioblastomas (GBs) são os tumores mais
agressivos envolvendo o Sistema Nervoso Central (SNC),
são altamente infiltrativos e de rápida proliferação. O
tratamento padrão concilia cirurgia seguida de radio e
quimioterapia, mas ainda assim o prognóstico é bastante
desanimador: pacientes tem sobrevida média de 15 meses
após o diagnóstico. A superexpressão do Receptor do Fator
de Crescimento Epidermal (EGFR) está relacionada às
formas mais malignas de GBs, pois as rotas ativadas por
esse receptor estão envolvidas na proliferação e migração
celular, além de inibição de apoptose. Em células saudáveis
há cerca de 4x104 a 1x105 moléculas de EGFR, enquanto
células tumorais expressam mais de 2x106 receptores por
célula. O Fator de Crescimento Epidermal (EGF) é a proteína
ligante de EGFR, que estimula a dimerização e ativação do
receptor, consequentemente estimulando sinalizações de
proliferação e inibição da apoptose. Em trabalho anterior,
mostrou-se que a doxasozina induz morte por apoptose em
células de glioma de rato (C6) e humano (U138-MG).
Objetivos: O objetivo do estudo foi padronizar um protocolo
de indução de superexpressão de EGFR na presença de
EGF exógeno em células de glioma de rato (C6), com a
intenção de produzir uma variação da linhagem que
mimetizasse com mais veracidade um GB de subtipo
clássico, o qual apresenta superexpressão de EGFR. Após o
estabelecimento do protocolo de indução as células foram
57
Anais da VIII Oficina de Neurociência
tratadas com doxazosina, para avaliar se seu mecanismo de
ação possui envolvimento com o receptor (EGFR). Métodos:
As células foram expostas às concentrações de 2,5 ng/mL, 5
ng/mL e 10 ng/mL de EGF no meio de cultivo durante 24 e 48
horas. O número de células viáveis e o estágio no ciclo
celular foram avaliados por citometria de fluxo. A expressão
do gene EGFR foi observada pela análise de qPCR. Após o
estabelecimento do protocolo de indução, as células C6
foram expostas ao EGF 10ng/ml por 48hs e depois foram
tratadas com uma concentração de 180µM de doxazosina.
Resultados: Não houve diferença significativa no número de
células viáveis quando expostas por EGF durante 24h. No
entanto, as amostras tratadas com 10 ng/mL de EGF por 48h
apresentaram aumento significativo de proliferação e também
se observou aumento na expressão do gene EGFR pela
análise de qPCR. O tratamento com 180µM de doxazosina
induziu morte celular nas células que superexpressaram
EGFR. Conclusões: Nosso estudo desenvolveu um
protocolo de indução de expressão de EGFR pela presença
de EGF e mostra indícios de que a molécula EGFR está
envolvida no mecanismo de ação da doxazosina na indução
da apoptose em células de glioma de rato (C6).
Apoio financeiro: CNPq e Capes.
21. EFEITO DA DOXAZOSINA SOBRE LINHAGENS DE
GLIOMA
Clara Ponzi de Almeida*, Mariana Maier Gaelzer**, Alice
Hoffmann de Quadros*, Juliana Bender Hoppe**, Bárbara
Paranhos Coelho**, Christianne Gazzana Salbego.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
Introdução: Glioblastoma (GB) é o tumor cerebral maligno
mais frequente, com sobrevida média após o diagnóstico
variando de 6 meses a 1 ano. Isso ocorre devido à ineficácia
das estratégias terapêuticas dos tratamentos atuais, pois
esses tipos de tumores são altamente invasivos. Deste modo,
novas estratégias terapêuticas são necessárias. A
doxazosina, um composto quinazolínico pertencente à classe
farmacológica dos antagonistas dos receptores adrenérgicos
α1, é amplamente utilizada na clínica para o tratamento de
pressão arterial elevada, assim como no tratamento de
retenção urinária relacionado com a hiperplasia benigna da
próstata (BPH). Estudos têm demonstrado o efeito
antitumoral da doxazosina em células de câncer de próstata,
mama e bexiga. Objetivos: O objetivo deste estudo foi
investigar o efeito antitumoral da doxazosina em linhagem de
glioma humano U138-MG e de rato C6, bem como avaliar a
citotoxicidade do fármaco em células não tumorais. Métodos:
Foram utilizadas concentrações de 5µM a 75µM de
doxazosina, para linhagem de glioma humano (U138-MG); e
30µM a 180µM para linhagem de glioma de rato (C6) durante
48h de tratamento. Com a finalidade de analisar a
59
Anais da VIII Oficina de Neurociência
porcentagem de células aderidas e a morte celular realizou-
se a coloração com sulforrodamina B (SRB) e a marcação
com iodeto de propídeo (IP), respectivamente. A cultura
astrocitária e cultura organotípica de fatias de hipocampo de
ratos Wistar machos foram utilizadas para avaliar a
citotoxicidade da doxazosina em células não tumorais. Os
procedimentos com animais foram aprovados no
CEUA/UFRGS sob o número de protocolo 200005.
Resultados: Através da coloração por SRB, foi constatada
diminuição da viabilidade celular em ambas linhagens após o
tratamento com doxazosina. A menor porcentagem de células
marcadas com SRB foi observada nas concentrações de
75µM (p<0,001; n=4) na linhagem U138-MG e de 180µM
(p<0,001; n=4) na linhagem C6. A marcação por IP resultou
em aumento na porcentagem de morte celular com o
aumento das concentrações de doxazosina, corroborando
com os resultados da marcação com SRB. Para o ensaio de
citotoxicidade em células e em tecido saudáveis, utilizamos
cultura primária de astrócitos e cultura organotípica de
hipocampo. Na cultura primária de astrócitos, houve
diminuição na viabilidade celular apenas na concentração de
250µM de doxazosina (p<0,001; n=3), ocorrendo o mesmo na
cultura organotípica (p<0,001; n=6). Conclusões: A
doxazosina foi efetiva em induzir morte celular e diminuir a
porcentagem de células em ambas as linhagens de glioma,
após 48 horas de tratamento. A doxazosina não apresentou
citotoxicidade em células não tumorais nas concentrações
em que causou morte celular nas linhagens de glioma.
Apoio financeiro: CNPq e Capes.
22. EFEITO DA HIPÓXIA EM CÉLULAS DE GLIOMA
Alice Hoffmann de Quadros*, Mariana Maier Gaelzer**,
Mariana Silva dos Santos, Bárbara Paranhos Coelho**, Clara
Ponzi de Almeida*, Silvia Resende Terra**, Fabrício Simão,
Christianne Gazzana Salbego. Universidade do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre.
Introdução: Glioblastomas (GBs) são os tumores primários
mais agressivos do SNC, possuem uma alta taxa
proliferativa, são citologicamente malignos e mitoticamente
ativos. Apesar da combinação de diferentes tratamentos
como a radio e quimioterapia, a sobrevida média do paciente
é em torno de 15 meses. A hipóxia é frequentemente
associada a um prognóstico ruim ao paciente, pois a baixa
concentração de O2 altera a expressão de genes associados
com metabolismo, sobrevivência, migração, angiogênese e
metástase celular, contribuindo para uma maior
agressividade tumoral . O microambiente hipóxico é
caracterizado por morte celular, pela presença de moléculas
que estimulam a progressão tumoral e selecionam as células
com fenótipo mais agressivo. São as chamadas células
tronco tumorais. O fator de crescimento endotelial vascular
61
Anais da VIII Oficina de Neurociência
(VEGF) é associado à angiogênese, e à indução do fenótipo
indiferenciado (formação das células tronco tumorais), além
de ser um importante marcador de hipóxia celular. Objetivo:
O objetivo do estudo foi avaliar o efeito da privação de
oxigênio (PO) em linhagem de glioma de rato (C6), com o
intuito de mimetizar o microambiente tumoral in vitro.
Métodos: As células foram expostas à privação de oxigênio
por 15min, 1h e 3h em meio livre de soro e em meio
suplementado com 5% de soro fetal bovino (SFB). Foi
avaliada a morte celular, análise de mudanças morfológicas
induzidas pela PO, bem como a presença de marcadores de
hipóxia. A morte celular por necrose/apoptose, o tamanho e
granulosidade celular e o aumento do número de células
marcadas de VEGF e do seu receptor (FLK-1/VEGFR-2)
foram avaliados através da técnica de citometria de fluxo.
Alterações morfológicas foram observadas através de
fotomicrografias. Resultados: Através da citometria de fluxo
foi possível observar aumento da morte celular por apoptose
em todos os tempos utilizados com privação de oxigênio
(PO). As células expostas ao meio livre de soro, entretanto,
mostraram aumento de morte por apoptose em 1h e 3h de
PO. Marcação por iodeto de propídeo foi pouco observada
em células expostas a PO e núcleos picnóticos foram
detectados em todos os grupos de PO por coloração com
DAPI. Alterações morfológicas que se assemelham à
características de células tronco foram observadas após a
PO e foram mais proeminentes no grupo cultivado com meio
livre de soro. Estes resultados indicam um possível processo
de desdiferenciação de células expostas a PO. Não houve
diferença significativa em relação à presença de VEGF e
VEGFR entre as células expostas a PO e o controle.
Conclusões: Nosso protocolo de PO in vitro foi capaz de
induzir apoptose e mudanças morfológicas em células de
glioma de rato C6, recriando algumas das características
presentes no microambiente hipóxico.
Apoio financeiro: Capes e CNPq.
23..PARTICIPAÇÃO DOS RECEPTORES CB1 NA
CONSOLIDAÇÃO E RECONSOLIDAÇÃO DA MEMÓRIA
NO CÓRTEX INFRALÍMBICO COM INFUSÃO DE AM251
Autores
Flávia Zacouteguy Boos** 1,3,4, Fabiana
Santana** 1,3,4, Querusche Klippel Zanona** 1,3,4,
Rodrigo Ordoñez Sierra** 1,3,4, Ana Paula
Crestani** 1,3,4, Johanna Molina Duran** 1,3,4, Josué
Haubrich**1,3,4, Fabrício Diniz Dutra** 2,3,4,
Fernanda Lopes 1, Lucas de Oliveira Alvares 2,3,4,
Jorge Alberto Quillfeldt 1,3,4
Instituição 1 UFRGS - LPBNC - Laboratório de Psicobiologia e
Neurocomputação 2 UFRGS - LNM - Laboratório
de Neurobiologia da Memória, 3 UFRGS - PPG
Neuro - Programa de Pós-Graduação em
63
Anais da VIII Oficina de Neurociência
Neurociências, 4 UFRGS - IB - Instituto de
Biociências - Porto Alegre, RS
Introdução. Após a aquisição e consolidação de uma
memória, esta pode ser reativada e sofrer reconsolidação,
caso seja desestabilizada. Tem sido relatado que a ativação
do receptor CB1 está envolvida nos processos de
consolidação e reconsolidação. Objetivo. Neste trabalho, o
objetivo foi investigar o efeito do antagonista canabinóide
CB1 AM251 no córtex infralímbico sobre a consolidação e a
reconsolidação de uma memória aversiva. Métodos. Ratos
Wistar machos adultos (270-320g) foram treinados no
Condicionamento Aversivo ao Contexto (2 choques de 0,7
mA, por 2s cada). No experimento para avaliar o efeito do
AM251 sobre a consolidação, imediatamente após o treino foi
administrado AM251 (grupo AM251) ou seu veículo (grupo
vei) no córtex infralímbico. No experimento para avaliar o
efeito do AM251 sobre a reconsolidação, 48h após o treino
foi realizada uma sessão de 3min de reativação da memória.
Foi administrado AM251 15min antes da sessão de
reativação e seu veículo logo após a sessão (grupo AM251
pré), veículo 15min antes da sessão de reativação e AM251
logo após a sessão (grupo AM251 pós) ou veículo 15min
antes da sessão de reativação e veículo logo após a sessão
(grupo vei). O efeito das intervenções (experimento 1 e 2) foi
verificado através de um teste 24h (teste 1) e 7 dias (teste 2)
após o treino, ambos com duração de 4min. A memória foi
avaliada através da resposta de congelamento. Os resultados
foram analisados com Teste t para amostras independentes
ou ANOVA de uma via e post hoc SNK, o intervalo de
confiança foi de 95%. O projeto de n° 7862 foi apro vado pela
Comissão de Ética no Uso de Animais da UFRGS.
Resultados e Conclusões. No experimento de
consolidação, o grupo AM251 (n=7) apresentou níveis mais
altos de congelamento em relação ao grupo vei (n=10) (Teste
t, p=0,032) no teste 1. No teste 2 os grupos não diferiram
significativamente (Teste t, p=0,820). No experimento de
reconsolidação, a ANOVA de uma via demonstrou diferença
entre os grupos no teste 1 (p=0,013) e o teste post hoc SNK
apontou diferença significativa entre o grupo AM251 pós
[72,4(4,8), n=10] e os demais [AM251 pré 53,0(6,9), n=12; vei
47,7(4,6), n=14). No teste 2 os grupos não diferiram
significativamente [AM251 pós 35,41(5,88); AM251 pré
23,78(5,64); vei 20,09(4,59)]. Os resultados sugerem que a
administração de AM251 no córtex infralímbico
imediatamente após o treino teve um efeito facilitatório. Isto
indica que os receptores CB1 hipocampais modulam a
consolidação da memória. Além disso, AM251 também
provocou um efeito facilitatório com a infusão imediatamente
após a sessão de reativação, aumentando os níveis de
congelamento. Com isso, torna-se evidente que o mecanismo
que conduz tanto a consolidação quanto a reconsolidação de
uma memória aversiva é modulado por canabinóides no
córtex infralímbico.
Apoio financeiro: CNPq, CAPES, FAPERGS,
65
Anais da VIII Oficina de Neurociência
24. AÇÃO DO SISTEMA ENDOCANABINÓIDE SOBRE A
MEMÓRIA E SUA MODULAÇÃO PLÁSTICA ATRAVÉS DA
LTP IN VIVO.
André Sizer,1* Fabiana Santana,2,3** Flávia Zacouteguy
Boos,2,3 Querusche Klippel Zanona,2,3** Rodrigo Ordoñez
Sierra,2,3** Ana Paula Crestani,1,3** Johanna Molina Duran,2,3
Josué Haubrich,1,3** Fabrício Diniz Dutra,1,3** Fernanda
Lopes,1,3** Jorge Alberto Quillfeldt,2,3 Lucas de Oliveira
Alvares1,3
(1) Laboratório de Neurobiologia da Memória, (2) Laboratório
de Psicobiologia e Neurocomputação, (3) PPG Neurociências
UFRGS
Departamento de Biofísica, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Objetivo: O sistema endocanabinoide é um sistema
modulatório do sistema nervoso central (SNC), através da
interação de seus ligantes, os endocanabinoides, com os
receptores (CB1 e CB2), eles são fundamentais na
modulação de necessidades fisiológicas básicas da
sobrevivência humana, como o apetite, sono, dores, o
comportamento e a memória. A consolidação é uma das
fases da memória que pode ser completa dentro de horas
após o treino e envolve estabilização de mudanças na
conectividade sináptica em circuitos locais. Os receptores
CB1 modulam a plasticidade sináptica no hipocampo, assim
como na consolidação da memória. A abordagem
experimental que utilizamos para o estudo da biologia da
memória é a eletrofisiológica e o comportamento, que busca
decifrar como os sistemas neurais participam na
consolidação. O objetivo deste trabalho é estudar a
participação do sistema endocanabinoide hipocampal sobre o
processo de consolidação e evocação da memória na tarefa
de condicionamento aversivo ao context (CAC) e avaliar a
participação desse sistema sobre a indução da potenciação
de longa duração (LTP). Métodos e resultados: Ratos
Wistar foram canulados bilateralmente no hipocampo e
treinados na tarefa de condicionamento aversivo ao contexto.
Os animais receberam veículo (DMSO 8%) ou CP 55940 (5
µg/µl). Houve diferença significativa entre os grupos (ANOVA
de uma via, p=0,007) veículo (52,40[7,16] N=7) e 5 µg/µl CP
55940 (19,27[4,44] N=8,) no teste para consolidação. O teste
post hoc de Tuckey apontou diferença significativa entre o
grupo controle e a dose 5µg/lado (p=0,02), demonstrando um
efeito amnésico. Para o estudo eletrofisiológico os animais
foram anestesiados com uretano (1,5g/kg). O eletrodo de
estimulo foi colocado em Schaffer e o de registro no
hipocampo contralateral em CA1. O desenho experimental
apresentou 20 minutos basal de pulso pareado (50 % do
máximo de fEPSP), infusão da droga (5 µg/µl CP 55940) e
após 15min a estimulação de alta frequência. O projeto foi
67
Anais da VIII Oficina de Neurociência
aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(Project#7862). Conclusões: Os resultados sugerem que a
administração de CP 55940 intra-hipocampal imediatamente
após o treino teve um efeito amnésico. Isto indica que os
receptores CB1 hipocampais modulam a consolidação da
memória. Os estudos eletrofisiológicos corroboram com os
nossos experimentos comportamentais mostrando que o
agonista dos receptores CB1 inibe a indução da LTP.
Provavelmente, infusão de canabinoide exógeno ativa os
receptores CB1 que provoca a inibição de liberação de
glutamato na transmissão sináptica hipocampal.