Villa Savoye - Arquitetura e Manifesto

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Villa Savoye - Arquitetura e Manifesto Autor: Carlos Alberto MacielEste artigo é parte da dissertação de mestrado defendida pelo autor denominada Arquitetura e Complexidade: Le Corbusier e a consideração do homem, da EA-UFMG

Citation preview

  • 29/11/2011 16:07arquitextos 024.07: Villa Savoye: arquitetura e manifesto (1) | vitruvius

    Page 1 of 7http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.024/785

    busca ok

    receba o informativo | contato | + vitruviusvitruvius | pt|es|en

    pesquisaguia de livrosjornalrevistasem vitruvius

    arquitextos | arquiteturismo | drops | minha cidade | entrevista | projetos | resenhas online

    024.07 ano 02, mai 2002

    revistas

    buscar em arquitextos okarquivo | expediente

    arquitextos ISSN 1809-6298

    Villa Savoye: arquitetura e manifesto (1)Carlos Alberto Maciel

    024.07 sinopses como citar

    idiomas

    original: portugus

    compartilhe

    024

    024.00Desenho urbano perdeDavid Gosling(editorial)Vicente del Rio

    024.01L vem o patopatrop...Wellington Canado

    024.02Pensar y habitarAlfonso Ramrez Ponce

    024.03Meu tio era um BladeRunner: ascenso equeda da arquiteturamoderna no cinemaLineu Castello

    024.04Engenharia earquitetura:valorizaoprofissionalAdilson Luiz Gonalves

    024.05El edificio FOCSAJuan de las CuevasToraya

    024.06El tratamiento delpatrimonio, nuevo campoprofesionalGraciela Mara Viuales

    jornalnotciasagenda culturalrabiscoseventosconcursosseleoemail do leitor

    Vista geral da residncia desde a chegadaFoto Carlos Alberto Maciel

    1/7

    em vitruvius

  • 29/11/2011 16:07arquitextos 024.07: Villa Savoye: arquitetura e manifesto (1) | vitruvius

    Page 2 of 7http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.024/785

    A idia [da casa] era simples: eles tinham um parque magnficoformado por um campo cercado de rvores; eles desejavam viver nocampo; eles estariam ligados a Paris por um caminho de 30quilmetros de automvel. Vai-se portanto at a porta da casa decarro, e o arco mnimo de curvatura do automvel que fornece adimenso mesma da casa. O automvel entra sob o pilotis, contornaos servios comuns, pra no meio, na porta do vestbulo, entraento na garagem ou segue seu caminho de sada: eis ofundamental. Outra coisa: a vista muito bonita, a grama umacoisa bela, a floresta tambm: se tocar neles o mnimo possvel.A casa se colocar em meio grama como um objeto, sem molestarnada (2).

    A Villa Savoye, obra do arquiteto franco-suo Le Corbusier (Charles-Edouard Jeanneret-Gris, 1887-1965), uma residncia projetada econstruda entre 1928-29 em Poissy, na regio parisiense. Foioriginalmente edificada para ser uma residncia de fim de semana para umcasal com um filho, residente em Paris. Representa um momento de sntesena obra de Le Corbusier, quando pela primeira vez o arquiteto teve apossibilidade de concretizar integralmente suas proposies apresentadasnos cinco pontos para uma nova arquitetura. Formulados em 1927, essescinco pontos orientaram de modo parcial a concepo das suas primeirascasas, especialmente na definio de um repertrio formal que seadequasse s novas possibilidades tecnolgicas recm-surgidas,especialmente a impermeabilizao e as estruturas em concreto armado. Aimportncia da tecnologia na definio desse novo repertrio formal revelada pelo prprio arquiteto. Segundo Le Corbusier, a considerao datcnica vem em primeiro lugar, antes de tudo, e constitui sua condio ofato de ela trazer dentro de si conseqncias plsticas inevitveis, e delevar algumas vezes a transformaes estticas radicais (3).

    Anteriormente trabalhada por outros arquitetos, a estrutura em concretoarmado e a impermeabilizao das coberturas, criando terraos habitveis,surgem no repertrio corbusiano aps sua temporada de trabalho noescritrio do arquiteto francs Auguste Perret, um dos pioneiros nodesenvolvimento destas novas tcnicas. Le Corbusier se apropria daquelerepertrio tecnolgico e o reprope como um novo repertrioarquitetnico, potencializando utilizaes diversas atravs dos seguintespontos:

    1. Pilotis, liberando o edifcio do solo e tornando pblico o uso desteespao antes ocupado, permitindo inclusive a circulao deautomveis;

    2. Terrao jardim, transformando as coberturas em terraos habitveis,em contraposio aos telhados inclinados das construestradicionais;

    3. Planta livre, resultado direto da independncia entre estruturas evedaes, possibilitando maior diversidade dos espaos internos, bemcomo mais flexibilidade na sua articulao;

    4. Fachada livre, tambm permitida pela separao entre estrutura evedao, possibilitando a mxima abertura das paredes externas emvidro, em contraposio s macias alvenarias que outrora recebiamtodos os esforos estruturais dos edifcios; e

    5. A janela em fita, ou fentre en longueur, tambm conseqncia daindependncia entre estrutura e vedaes, se trata de aberturaslongilneas que cortam toda a extenso do edifcio, permitindoiluminao mais uniforme e vistas panormicas do exterior.

    A utilizao destes Cinco Pontos para uma Nova Arquitetura aparece j nasprimeiras casas projetadas pelo arquiteto, embora restries diversascomo dimenses reduzidas de terrenos ou excessiva complexidadeprogramtica tenham impedido sua realizao integral (4). Apenas na VillaSavoye tais pontos so integralmente realizados, e o prprio Le Corbusierreconhece a casa como uma sntese do seu trabalho anterior, reunindosolues criadas para vrios de seus projetos de residncias anteriores.

    Associado aos cinco pontos, o conceito da promenade architecturale, ou opasseio arquitetural, fundamental para a compreenso desta residncia.

  • 29/11/2011 16:07arquitextos 024.07: Villa Savoye: arquitetura e manifesto (1) | vitruvius

    Page 3 of 7http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.024/785

    A valorizao do percurso como uma estratgia conceitual, a ordenar tantointerna como externamente a Villa Savoye, evidenciada desde a chegada,pontuando a experincia de fruio do objeto arquitetnico com surpresasconstantes, seja a inflexo no percurso aps o pequeno bosque, desvelandoo volume da residncia pousado sobre o tapete verde, seja na inverso daposio da entrada principal, contrria chegada. O conceito se realizaatravs de um conjunto de propriedades materiais, trabalhadoconscientemente com o objetivo de realizar a idia de variao dopercurso, obrigando a experincia do objeto arquitetnico em diferentesposies e pontos de vista e variando constantemente a relao entre oobjeto e o fruidor. O prprio Le Corbusier revela a origem do conceito daPromenade:

    A arquitetura rabe nos d um ensinamento precioso. Ela apreciada no percurso a p; caminhando, se deslocando que se vdesenvolverem as ordenaes da arquitetura. Trata-se de umprincpio contrrio arquitetura barroca que concebida sobre opapel, ao redor de um ponto terico fixo. Eu prefiro oensinamento da arquitetura rabe (5)

    No volume principal da casa, a grande massa branca garante a integridadeda forma atravs do contraste entre o branco da alvenaria pintada e oescuro da abertura. Essa caracterstica, associada ao pilotis, ao mesmotempo assegura uma uniformidade entre as diversas fachadas e incorpora ascomplexidades impostas pelas articulaes funcionais, revelando-as nassolues especficas de cada fachada. As variaes diversas que severificam nessas aparentes contradies evidenciam respostas integradas aexigncias relativas utilidade dos espaos internos e soluo formaldo edifcio.

    Sob o bloco principal, o recuo do volume que articula as entradas defineum espao de transio entre o interior e o exterior, coberto, entre ascolunas do pilotis, que se presta a diversas funes. Apresenta autilidade mais imediata da proteo contra as intempries de quem chega ecria a possibilidade de um caminho coberto para que o automvel chegueat a garagem, passando pela entrada principal. Atende tambm intenodo arquiteto de soltar o volume principal do terreno natural, reforandoa idia da liberao do solo para o uso comum e a circulao, ainda queparcialmente. E estabelece uma diferenciao qualitativa do espao, quese torna uma transio natural entre o exterior e o interior, sendoespao aberto e iluminado naturalmente, porm coberto e em sombra,estando j sob a projeo do volume da casa e sendo acessvel a todos.

    No interior, enquanto a rampa central sugere uma organizao simtricapara quem chega atravs da entrada principal, reforando a expectativaproduzida pela disposio dos volumes externos, a escada orientada emdireo oposta e o hall assimtrico contrariam de imediato talexpectativa, indicando a complexidade das articulaes do espaointerior. A inverso de sentidos entre escada e rampa evidencia oconceito da promenade architecturale, ou seja, em cada uma daspossibilidades de percurso, as direes variadas fazem com que a fruiose d de forma complexa, produzindo estmulos diversificados equalitativamente distintos na medida em que se caminha no espaointerior. A experincia do percurso se faz mais importante do que aapreenso da forma esttica, a relao entre espao e tempo se fazefetiva tambm no interior da residncia.

    A complexidade do espao interior conseqncia das exigncias de uso,como insinuado por variaes sutis nas fachadas, e reforada pelotratamento variado e heterogneo conferido aos elementos estruturais, oraexplicitados, ora ocultos, ora associados ou transformados emequipamentos utilitrios, como bancadas e armrios.

    As solues dos espaos internos revelam a mxima explorao do conceitoda planta livre, atravs da manipulao consciente dos elementos devedao, definindo nichos, armrios e compartimentos, ao mesmo tempo emque potencializa a caracterizao de ambientes diversos atravs dadiferenciao entre estrutura e vedao. Essa busca constante por umalgica interna significativa por revelar a atitude projetual de LeCorbusier de criar o edifcio de maneira integrada, concebendo-o comovolume a ser frudo e tambm como espao interior, a ser percorrido evivenciado. Tal atitude revela uma profunda considerao das questesrelativas ao uso, buscando propor uma nova forma de vida a partir de umaarticulao diferenciada dos espaos internos.

    O trabalho consciente sobre as dimenses das diversas circulaes quepercorrem a casa, definido espaos com profundidades e larguras variadas,refora a distino entre os espaos sociais e ntimos. Essa disposiodos espaos, conferindo aos diversos aposentos gradaes sutis deabertura e fechamento, expressando graus distintos nas relaes entreespaos pblicos e privados, entre individualidade e coletividade, fundamental para a compreenso dessa arquitetura como um instrumento queregula as prticas sociais do ser humano, podendo portanto ser entendidacomo um artefato tico, mais que esttico.

  • 29/11/2011 16:07arquitextos 024.07: Villa Savoye: arquitetura e manifesto (1) | vitruvius

    Page 4 of 7http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.024/785

    Na cobertura, a presena retrica do solarium como grand finale dapromenade architecturale revela a tentativa de preservar o fundamento daidia original, em que a rampa finalizaria seu percurso no espaodestinado suite do casal. Aps diversas alteraes do projeto,solicitadas pelos clientes em funo de redues de custos, o quarto docasal foi integrado ao pavimento nobre da casa, restando na cobertura asparedes curvas que serviram a delimitar e a proteger contra o vento umterrao cujo uso no pr-determinado. A presena do solarium revelacomo o arquiteto realiza a adequao do projeto s diversas demandas deuso e economia, preservando o conceito original que preside a gerao doespao arquitetnico.

    A Villa Savoye torna manifesto um novo modo de ver e viver no mundo. Paraisso, utiliza a tecnologia de ponta da poca, tornando explcitos osoperadores que permitiam a sua realizao arquitetnica. um manifestode um novo modo de vida que se expressa em uma nova e diferenciadaarticulao dos usos que toma lugar nos espaos que o conceito dapromenade architecturale possibilitava. O edifcio foi construdoutilizando-se de uma tecnologia inovadora do concreto armado que semostrava atravs de um repertrio formal sintetizado pelos Cinco Pontospor uma Nova Arquitetura. Contudo, as premissas de projeto definidaspelos Cinco Pontos, embora tenham sido apresentadas pelo arquiteto comorequisitos para uma nova arquitetura, dita moderna, constituem-se apenasem um dos diversos repertrios formais possveis. O prprio arquiteto, aomesmo tempo em que fazia a Villa Savoye, desenvolveu o projeto da CasaErrazuriz (1930), no Chile. Ali, em virtude da escassez de mo de obraespecializada e da dificuldade da utilizao das tecnologias modernas, LeCorbusier opta pela utilizao de elementos existentes no local: pedra,madeira e telha. Segundo o arquiteto, a rusticidade dos materiais no de modo algum um entrave manifestao de um plano claro e de umaesttica moderna (6). Tal afirmao extremamente significativa porrevelar o mal entendimento que ocorreu na transposio daquele repertrioinicial do arquiteto nos desdobramentos do International Style. muitorelevante tambm porque evidencia o fato de que o fundamento daarquitetura feita pelos primeiros modernos no se estabelecia norepertrio formal, amplamente reproduzido, inclusive atualmente, atravsde modismos revivalistas neo-modernos e minimalistas, mas em umaarticulao diferenciada do espao arquitetnico, cujo fim se estabelecena criao de suportes fsicos, construdos, que promovam a mediaoentre as relaes humanas, traduzindo na sua forma respostas inventivasaos sutis cdigos de tica de um determinado grupo.

    Muito mais frtil para o entendimento do repertrio formal resultante dosCinco Pontos para uma Nova Arquitetura a abordagem de Alan Colquhoun,que apresenta esse repertrio como um deslocamento de diversos elementosda tradio arquitetnica anterior. Segundo Colquhoun,

    [...]cada um deles [dos cinco pontos] extrai seu princpio de umaprtica existente e promove nela uma reverso. O uso do pilotis, porexemplo, uma reverso do pdio clssico; aceita a separao clssicaentre o pavimento nobre e o cho, mas interpreta essa separao em termosde vazio ao invs de massa. A fnetre en longueur uma contradio dajanela clssica. O teto-terrao contradiz o telhado inclinado e substituio pavimento do tico por uma sala ao ar livre. A fachada livre substituio arranjo regular das aberturas de janelas por uma superfcie decomposio livre. A planta livre contradiz o princpio pelo qual adistribuio era limitada pela necessidade de paredes estruturaiscontnuas verticalmente e as substitui por um arranjo livre de partiesno estruturais determinadas pela convenincia funcional (7)Essa atitude de reproposio de cada elemento fazendo uso dedeslocamentos ou reverses de seus modelos anteriores se constitui nainveno arquitetural que d obra de Le Corbusier a atualidade para ostempos de hoje. Colquhoun refora o argumento da inveno, desenvolvendo-o a partir da identificao das estratgias utilizadas por Le Corbusierpara realiz-la:

    portanto legtimo, ao se discutir o processo criativo de Le Corbusier,falar de um deslocamento de conceitos e atravs dele indicar umprocesso de reinterpretao, ao invs de um processo de criao em umvazio cultural. A mudana no arranjo e a interpretao de elementosexistentes encontradas na obra de Le Corbusier apresentam diversasformas, duas das quais parecem ser de particular importncia. A primeiraocorre quando elementos da alta tradio so radicalmente transformadossob condies estranhas a seu uso normal. A segunda ocorre quandoelementos pertencentes a uma tradio externa quela da altaarquitetura so assimilados na arquitetura e a eles dada umasignificao que eles at ento no possuam (8)Sempre entendida como um manifesto por novas formas, como umademonstrao eloqente do conceito da Promenade Architecturale, a VillaSavoye cumpriu esse papel de manifesto. Contudo, esse entendimentosuperficial por vezes impediu um aprofundamento na compreenso dascomplexas - e igualmente inovadoras - articulaes de uso que asinvenes formais e tecnolgicas possibilitavam. Tais qualidades, mais do

  • 29/11/2011 16:07arquitextos 024.07: Villa Savoye: arquitetura e manifesto (1) | vitruvius

    Page 5 of 7http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.024/785

    que o repertrio formal sintetizado pelos Cinco Pontos, representam osfundamentos que permitem que a Villa Savoye e s demais casasprojetadas por Le Corbusier seja uma casa para ser habitada. Sutisgradaes de privacidade aparecem nas transies entre os espaos sociaise ntimos, seja na variao da largura das circulaes, seja na criaodo trecho avarandado e menor do terrao, promovendo a transio com oboudoir, seja ainda na inverso de sentido da disposio da escada emrelao rampa, que propicia um acesso mais privado s reas intima e deservio, em contraposio eloqncia que a rampa iluminada assegura aoacesso principal.

    O binmio individualidade e coletividade evidente no contraste entre acompartimentao da rea ntima e a abertura e integrao das reassociais. Por ltimo, mas no menos importante, a associao entreintimidade e controle marcante no boudoir, de onde se domina todo oterrao principal sem comprometer a privacidade que o espao exige. Essaassociao parece ter sido a tnica da caracterizao de todo o pavimentoprincipal da casa, garantindo uma visibilidade panormica do exterior e,ao mesmo tempo, assegurando uma separao em relao ao terreno, que resultado da elevao da casa sobre pilotis. Assim, verifica-se que umapropriedade relativa ao uso do espao se realiza devido a uma atuaoinventiva do arquiteto sobre o conhecimento tcnico do concreto armado,que permitiu tal soluo. Intimidade e controle se realizam em conjuntoatravs do equilbrio entre abertura e fechamento, integrao visual eisolamento fsico, proteo material realizada pela separao e seguranapsicolgica, propiciada pela reduo da vulnerabilidade do habitante pelapossibilidade de visualizao panormica do exterior.

    A resposta s demandas relativas utilidade se fazem na Villa Savoyeatravs da incluso de valores relacionados vida cotidiana, sejaatravs da criao de equipamentos e suportes para os acontecimentos dodia a dia, como bancadas, armrios, mesas e bancos, seja atravs daincorporao das inovaes tecnolgicas, como o automvel. Tal inclusoelimina a possibilidade de leitura da obra corbusiana como arte pura,revelando a considerao de uma finalidade que externa prpria forma.

    A Villa Savoye aponta para a possibilidade de que a arquitetura, atravsdos seus elementos tectnicos, possa regular as relaes humanas e, maisimportante, atingir um grau de inveno arquitetural na medida em quepromove deslocamentos em todas as demandas que interagem na criao e narealizao do edifcio, o que sugere uma reinveno dos modostradicionais de mediao dessas relaes e interaes entre os homens, ouseja, uma reinveno da finalidade a que a arquitetura deve atender. manifesto, ainda hoje, por uma arquitetura que se realize para responders demandas impostas pela vida cotidiana, sem recorrer a argumentos ouestratgias aliengenas aos aspectos imanentes ao fazer arquitetnico.

    notas

    1Este artigo parte da dissertao de mestrado defendida pelo autor denominadaArquitetura e Complexidade: Le Corbusier e a considerao do homem, defendidaem 30/10/00 no curso de mestrado em teoria e prtica de projeto da EA-UFMG

    2Leur ide tait simple: ils avaient un magnifique parc form de prs entoursde fort; ils dsiraient vivre la campagne; ils taient relis Paris par 30kilomtres dauto. On va donc la porte de la maison en auto, et cest larcde courbure minimum dune auto qui fournit la dimension mme de la maison.Lauto sengage sous le pilotis, tourne autour des services communs, arrive aumilieu, la porte du vestibule, entre dans le garage ou poursuit sa route pourle retour: telle est la donne fondamentale. Autre chose: la vue est trsbelle, lherbe est une belle chose, la fret aussi: on y touchera le moinspossible. La maison se posera au milieu de lherbe comme un objet, sans riendranger. LE CORBUSIER. Oeuvre Complte 1929-34, p.24.

    3LE CORBUSIER. Journal de psychologie normale, Paris, 1926, apud BANHAM. Teoriae projeto na primeira era da mquina, p. 404. Banham aponta ainda a forteinfluncia de Auguste Choisy no pensamento de Le Corbusier, especialmente noque se refere importncia da tcnica na determinao arquitetnica.

    4Os Cinco Pontos aparecem de modo parcial nas seguintes residncias projetadaspor Le Corbusier: na Villa La Roche Jeanneret (1923-4) pilotis, planta efachadas livres e terrao-jardim so realizados pontualmente; na MaisonLipchitz e Miestchanninof (1923-5) a estrutura independente no explcita, afentre en longueur pouco expressiva e no h pilotis; na Maison Planeix(1924-8) aparece o pilotis atualmente fechado , a estrutura independente pouco expressiva e, na fachada frontal, no aparece a fentre en longueur nem opano de vidro fachada livre, e ainda o terrao jardim no suficientementeintegrado aos espaos da casa; na Maison Cook (1926), todos os Cinco Pontos serealizam, porm restritos pela frente estreita do terreno;na Villa Stein deMonzie (1926-7), melhor demonstrao do conceito da fentre en longueur, e na

  • 29/11/2011 16:07arquitextos 024.07: Villa Savoye: arquitetura e manifesto (1) | vitruvius

    Page 6 of 7http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.024/785

    Villa Church (1928) no comparece o pilotis e a independncia da estrutura no explcita externamente; na Villa Baizeau (1927) a estrutura independente, aplanta livre, porm o projeto realizado apresenta uma simplificao quecontraria a complexidade do espao do primeiro projeto. Sobre as primeirascasas dos anos 20, cf. CURTIS. Le Corbusier: ideas and forms, p.71-84 eBOESIGER.GIRSBERGER. Le Corbusier 1910-65, p.22-57.

    5Larchitecture arabe nous donne un enseignement prcieux. Elle sapprcie lamarche, avec le pied; cest en marchant, en se dplaant que lon voit sedvelopper les ordonnances de larchitecture. Cest un principe contraire larchitecture baroque qui est conue sur le papier, autour dun point fixethorique. Je prfre lenseignement de larchitecture arabe. LE CORBUSIER.JEANNERET. Oeuvre Complte 1929-1934, p. 24.

    6La rusticit des materiaux nest aucunement une entrave la manifestationdun plan clair et dune esthtique moderne. LE CORBUSIER. JEANNERET. OeuvreComplte 1929-1934, p. 48.

    7[...] each of which takes it departure from an existing practice and proceedsto reverse it. The use of pilotis, for example, is a reversal of the classicalpodium; it accepts the classical separation of the piano nobile from the groundbut interprets this separation in terms of void rather than mass. The fnetreen longueur is a contradiction of the classical window aedicule. The roofterrace contradicts the pitched roof and replaces the attic story with an open-air room. The free facade replaces the regular arrangement of window openingswith a freely composed surface. The free plan contradicts the principle bywhich distribution was constrained by the need for vertically continuousstructural walls and replaces it with a free arrangement of nonstructuralpartitions determined by functional convenience. COLQUHOUN. Essays inarchitectural criticism, p. 51.

    8It is therefore legitimate, when discussing Le Corbusiers creative process,to speak of the displacement of concepts and by this to indicate a process ofreinterpretation, rather than one of creation in a cultural void. The change inthe arrangement and interpretation of existing elements found in Le Corbusierswork takes several forms, two of which seem to be of particular importance. Thefirst occurs when elements of high tradition are radically transformed underconditions alien to their normal use. The second occurs when elements belongingto a tradition outside that of high architecture are assimilated intoarchitecture and given a symbolic significance which they have not hithertopossessed. COLQUHOUN. Essays in architectural criticism, p. 51.

    referncias bibliogrficas

    BANHAM, Reyner. Teoria e projeto na primeira era da mquina. Traduo: A. M.Goldberger Coelho. So Paulo: Perspectiva, 1979.

    BOESIGER, W.; GIRSBERGER, H (Org). Le Corbusier 1910-65. Barcelona: GustavoGili, 1995.

    COLQUHOUN, Alan. Essays in architectural criticism: modern architecture andhistorical change. Cambridge: Mit Press, 1995.

    CURTIS, Willian J. R.. Le Corbusier, ideas and forms. London: Phaidon, 1998.

    LE CORBUSIER; JEANNERET, Pierre. Oeuvre complte 1929-34. (4a ed). Erlenbach:Les ditions darchitecture, 1947.

    MOREL-JOURNEL, Guillemette. La Villa Savoye: itinraires du patrimoine. Paris:ditions du Patrimoine, 1998.

    sobre o autorCarlos Alberto Maciel arquiteto e mestre pela EA-UFMG,professor dessa escola e da Universidade de Itana-MG. Autor de projetospremiados em diversos concursos e premiaes nacionais, dentre os quais oCentro de Arte Corpo (2001), o 4 Prmio Jovens Arquitetos e a 4 BienalInternacional de Arquitetura de So Paulo

    comentrios

  • 29/11/2011 16:07arquitextos 024.07: Villa Savoye: arquitetura e manifesto (1) | vitruvius

    Page 7 of 7http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.024/785

    Plug-in social do Facebook

    Comentar

    Comentar...

    Samiro Matimbe Despachante na empresa EMPRESTILComentar...Responder Curtir 7 de Novembro s 10:17

    20002011 Vitruvius Todos os direitos reservados

    As informaes so sempre responsabilidade da fonte citada