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.2011 23
Foto de Ana Luiza Schifflers
Blog Arte de Temperar
Fui almoçar em um restaurante em So-
rocaba-SP onde resido. Na mesa ao lado vi
uma pessoa saboreando um prato que para
mim, era uma comida tipicamente mineira.
Por isso, pedi ao garçom que me fosse ser-
vido o mesmo prato. Para minha surpresa,
ouvi dele um estranho “o Senhor aceita um
virado”? Eu juro que quase bati nele porque
entendi outra coisa. Mas para não perder a
classe, respondi que queria “aquele feijão
tropeiro”, apontando para a mesa ao lado. E
não é que o “maredito” insistiu em dizer que
eu queria o “virado à paulista”!
Já meio sem paciência, insisti que queria
apenas o “feijão tropeiro” e aceitei que ele me
servisse o que oferecia. Enquanto prepara-
vam meu prato, busquei no cardápio o nome
anunciado e quando vi seus ingredientes, co-
mentei com minha esposa: “é um feijão tro-
peiro diferente”!
Mais tarde, já em casa, perguntei ao dig-
níssimo Sr. Google o que era um “virado”. E
veio a resposta: também conhecido como
“virado a paulista”, é um prato típico da co-
mida caipira de São Paulo, preparado com
feijão cozido refogado na gordura, sal, cebo-
la, alho e acrescentando-se depois, farinha
de mandioca até absorver todo o caldo. É
acompanhado por linguiça, ovos fritos, cou-
ve, torresmo, costela de porco e arroz.
Meus conterrâneos mineiros vão dizer:
“mas isto é feijão tropeiro”. Como poderiam
os paulistas se apropriar de uma receita
originária do Século 18? Embora os ingre-
dientes sejam muito parecidos, a forma de
preparo é muito diferente, porque o jeito mi-
neiro de cozinhar é inimitável. Vamos à re-
ceita que é bem parecida com o feijão tro-
peiro mineiro, porém com um toque da
culinária paulista.
PArA O FeiJÃOn 3 xícaras (chá) de feijão
carioquinha cozido;
n 50 g de bacon picado;
n 1 cebola em pedaços grandes;
n 3 dentes de alho picado;
n 1 tomate picado;
n ½ xícara (chá) de farinha
de mandioca crua;
n ½ xícara(chá) de farinha de milho;
n Sal e pimenta-do-reino a gosto;
n 30 ml de azeite.
ACOMPAnHAMentOSn 4 unidades de bisteca suína grelhada;
n ½ maço de couve manteiga refogada;
n Linguiça calabresa defumada
frita a gosto;
n 4 ovos fritos;
n 4 bananas a milanesa;
n 3 xícaras (chá) de arroz cozido.
MODO De FAZerBata a metade do feijão no liquidifica-
dor e junte com a outra metade sem bater
e reserve. Refogue a cebola, bacon e alho até
amolecer. Junte o tomate e refogue mais um
pouco. Acrescente o feijão e refogue até in-
corporar todos os temperos. Adicione aos
poucos a farinha de mandioca e de milho,
mexendo até dar o ponto desejado. Servir
no prato acompanhado da couve refogada,
ovos fritos, arroz e a bisteca. Muito parecido
com o feijão tropeiro mineiro, né? Como eu
já provei os dois, tenho uma preferência pelo
feijão tropeiro da Mama, este não tem me-
lhor, porque a minha mãe tem os ingredien-
tes perfeitos: amor e o jeito mineiro de ser.
Quando vierem a São Paulo, não deixem
de provar essa iguaria, mas com o cuidado
de não entender outra coisa... Dedico essa re-
ceita aos meus amigos de São Paulo.
E agora um desafio ao nosso Sommelier
Internacional: tem um vinho para este “plá-
gio” da nossa culinária?
HArMOniZAÇÃO COM VinHOUm prato a base de bacon, bisteca e lin-
guiça defumada fazem pensar em um vinho
com boa acidez para equilibrar com o defu-
mado e a gordura de porco. O vinho poderá
ser a base da uva Riesling, como por exem-
plo, Saint Clair Vicar’s Choice 2008, elabora-
do com 100% de Riesling, teor alcoólico de
13% e originário da Nova Zelândia. A tem-
peratura de serviço deve ser em torno dos
8ºC. Preço: R$ 73 disponível na Importadora
Grand Cru (www.grandcru.com.br).
Se preferir, pode ser um bom espumante
nacional, como o Salton Ouro, produzido na
Serra Gaúcha pela Salton com 12% de teor
de álcool. Deve ser servido entre 6º e 8º. Pre-
ço: R$ 29 disponível na Grampian (31 3822-
8200 e 31 3848-1894).
Virado à Paulista