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Anais do V FAVE Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 ISSN 2178-7301 FACULDADE VÉRTICE UNIVÉRTIX SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA. SOEGAR III Semana de Iniciação Científica III Semana de Medicina Veterinária II Encontro de Professores do Ensino Fundamental e Médio EPE. IV Feira de Negócios, Integração Social e Cultura. VOLUME 2 2012

VOLUME 2 2012 - Faculdade Univértix...Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG 25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301 APRESENTAÇÃO

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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG

25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301

FACULDADE VÉRTICE – UNIVÉRTIX

SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA. – SOEGAR

III Semana de Iniciação Científica

III Semana de Medicina Veterinária

II Encontro de Professores do Ensino Fundamental e Médio –

EPE.

IV Feira de Negócios, Integração Social e Cultura.

VOLUME 2

2012

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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG

25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301

APRESENTAÇÃO

É com grande orgulho que, entre os dias 25 a 29 de setembro de 2012, a Faculdade

Vértice – UNIVÉRTIX, através da comissão organizadora, realizou o V FAVE (Fórum

Acadêmico) da Faculdade Vértice – Univértix, que inclui a III Semana de Iniciação

Científica, III Semana de Medicina Veterinária, IV Feira de Negócios e Integração

Social e II Encontro de Professores do Ensino Fundamental e Médio (EPE).

O evento teve como objetivos: (1) promover intercâmbio entre acadêmicos e

professores da Univértix e de outras instituições; (2) valorizar a produção do

conhecimento científico; (3) divulgar as produções científicas dos diversos cursos de

graduação da Univértix e (4) integrar-se à sociedade, valorizando o comércio, a

cultura e as demais manifestações artísticas e culturais do município e região.

Ao longo dos dias de evento, mais de 40 profissionais de renome de várias

instituições de Minas Gerais e de outros estados do Brasil ministraram palestras e

cursos. Mais de 150 trabalhos científicos foram recebidos pelo comitê e

apresentados no evento em forma de comunicação oral e pôster. As empresas

apoiadoras do V FAVE se multiplicam a cada ano e a exposição de máquinas e

equipamentos foi mais um diferencial. Recebemos também, no evento, professores

e acadêmicos de outras instituições.

Além disso, o V FAVE é um evento que contou com a participação da sociedade,

principalmente através de produtores rurais. Isso se deve ao fato de a Instituição

acreditar que o cumprimento de sua especificidade apenas se concretizará se ela

caminhar ao lado da sociedade.

Engajada em seu compromisso de oferecer ensino de qualidade, a Univértix, com

seus quase cinco anos de existência, almejou, com o V FAVE, marcar sua história

de produção científica, já que entendemos que a pesquisa é interface do ensino.

Não podemos deixar de mencionar ainda a satisfação que a Univértix tem, no V

FAVE, de estar contando novamente com o apoio da Fundação de Amparo à

Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG.

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25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301

Diante do exposto, reiteramos que com o V FAVE esperamos contribuir para a

sensibilização quanto à necessidade das habilidades de pesquisa como instrumento

para o desenvolvimento profissional permanente.

Considerando o número de trabalhos recebidos pelo evento optamos por dividir o

anais em dois volumes. Assim, o volume 1 integra os trabalhos do GT (Grupo de

Trabalhos) 1 aos artigos do GT 4 e o volume 2 inclui os resumos do GT 4 ao GT 8.

M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento - Coordenadora do V FAVE

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A PALAVRA DO DIRETOR

É com grande honra que recebi a incumbência de redigir um texto para essa

publicação. A Iniciação Científica tem grande importância e envolvimento com o

desenvolvimento do Ensino Superior por ambos possuírem como principio e missão

a fecundação e proliferação do conhecimento, utilizando a pesquisa para atingir

esse objetivo. Atividades como o V Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice –

UNIVÉRTIX amadurecem o estudante, contribuindo para que este possa se tornar

um formando com habilidades mais refinadas.

Nesta “cápsula de conhecimento” não incluímos apenas a nossa Faculdade e

estudantes puramente, pois a Univértix é mais que uma Instituição de ensino e o

estudante é mais que um aluno dedicado. Ambos consistem em agentes

modificadores da comunidade que os circunda. A comunidade, portanto, também

está inserida na cadeia de conhecimento e participa ativamente desse processo. Na

edição deste ano, o V FAVE nos brindou com um conjunto de palestras de altíssimo

nível coroadas pela presença e apoio fundamental da FAPEMIG. Através da difusão

do conhecimento gerado nos bancos acadêmicos, sendo devidamente aplicado e

bem aproveitado por todos os envolvidos, damos nossa contribuição para a

construção de um País melhor e mais justo, com condições de competir num futuro

próximo com grandes potências mundiais, mas de sobremaneira, criando melhores

condições para nossa própria população que poderá ter acesso a tecnologias mais

baratas e tratamentos eficazes.

É na prática da Iniciação Científica que o estudante pode testar técnicas e teorias

aprendidas em sala de aula, ampliar e experimentar seu cabedal de conhecimentos.

Defrontar-se com o problema “vivo”, real, fora de um ambiente restritamente

controlado e teórico de uma sala de aula da faculdade, ao mesmo tempo em que

está seguro de que os erros cometidos também compõem o processo de

aprendizado e evolução. Este estudante estará então melhor qualificado e melhor

adequado para as situações a serem encaradas fora da faculdade.

D.Sc. Lucio Flavio Sleutjes - Diretor Geral da Univértix

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SOEGAR - SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA.

João Batista Gardingo Diretor Presidente Sebastião Gardingo Diretor Executivo FACULDADE VÉRTICE – UNIVÉRTIX

Prof. D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes Diretor geral Profº D.Sc. Orismário Lúcio Rodrigues Coordenador do curso de Agronomia Profª M.Sc. Juliene Rocha Borges Fonseca Coordenadora do curso de Administração Profº M.Sc. Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves Ciências Contábeis Prof. M.Sc. Márcio Lopes de Oliveira Coordenador do curso de Educação Física Profª Esp. Ana Lígia de Souza Pereira Coordenadora do curso de Enfermagem Profº Alcino Costa Neto Coordenador do curso de Engenharia Civil Profª M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari Coordenadora do curso de Farmácia Prof. D.Sc. Gilberto Valente Machado Coordenador do curso de Medicina Veterinária Prof. Esp. Adriana Montes Justino Gardingo Coordenadora das atividades complementares de Graduação Prof. M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento Coordenadora de Extensão Prof. D.Sc. Rogério Oliva Carvalho Coordenador de Pesquisa Prof. Esp. Daniel Vieira Ferreira Diretor da Escola Técnica Vértix

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SOEGAR - SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA.

João Batista Gardingo Diretor Presidente Sebastião Gardingo Diretor Executivo FACULDADE VÉRTICE – UNIVÉRTIX

Prof. D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes Diretor geral Profº D.Sc. Orismário Lúcio Rodrigues Coordenador do curso de Agronomia Profª M.Sc. Juliene Rocha Borges Fonseca Coordenadora do curso de Administração Profº M.Sc. Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves Ciências Contábeis Prof. M.Sc. Márcio Lopes de Oliveira Coordenador do curso de Educação Física Profª Esp. Ana Lígia de Souza Pereira Coordenadora do curso de Enfermagem Profº Esp. Alcino Costa Neto Coordenador do curso de Engenharia Civil Profª M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari Coordenadora do curso de Farmácia Prof. D.Sc. Gilberto Valente Machado Coordenador do curso de Medicina Veterinária Prof. Esp. Adriana Montes Justino Gardingo Coordenadora das atividades complementares de Graduação Prof. M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento Coordenadora de Extensão Prof. D.Sc. Rogério Oliva Carvalho Coordenador de Pesquisa Prof. Esp. Daniel Vieira Ferreira

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Diretor da Escola Técnica Vértix COMITÊ ORGANIZADOR

Coordenação geral

M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento

Coordenação Setorial

Esp. Ana Lígia de Souza Pereira

M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari

D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes

M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz

M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes

M.Sc. Renata Aparecida Fontes

Estagiários

Aline Mendes Mageste

Bruno Gonçalvez Freitas

Danilo Aguiar Batista

Darlene de Fátima Garcia

Elias Barbosa Rodrigues

Fernanda Oliveira Vieira

Gláucia Camila Pimenta

Larissa Condé Matos

Marcelo de Souza César

Marynna Kelly Pinto Campos

Rafael Fialho Assanuma da Silva

Ronnys Muller da Silva Freitas

Tassyane Ferreira Silva

COMITÊ CIENTÍFICO

Coordenação

M.Sc. Renata Aparecida Fontes

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Comitê científico

D.Sc. Gilberto Valente Machado

D.sc. Júlio Cláudio Martins

D.Sc. Lucio Flavio Sleutjes

D.Sc. Rogério Oliva Carvalho

M.Sc. Cínthia Mara De Oliveira Lobato Schuengue

M.Sc. Daniel Vieira Ferreira

M.Sc. Érika Stoupa Martins

M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari

M.Sc. Gleiciely Santos Silveira

M.Sc. Igor Surian de Sousa Brito

M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento

M.Sc. Leililene antunes soares

M.Sc Alberto Yukio Chaya

M.Sc. Paloma Sayegh Arreguy Silva

M.Sc. Flávio Coutinho Longui

M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz

M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes

M.Sc. Renata Aparecida Fontes

M.Sc. Rodrigo Ataíde Dos Santos

Esp. Ana Lígia de Souza Pereira

Esp. Elder Machado Dutra

Esp. Janine Lopes de Carvalho

Esp. Joyce Perígolo Breder

Esp. Luciano Montes Justino

Esp. Marcelo de Carvalho Mendes

Esp. Renata de Abreu e Silva

Esp. Viviane Gorete Silveira Mouro

Esp. Renata Pessoa Bifano

Grd. Cristiano Oliveira Ferrari

Grd.Leonardo da Silva Gonçalves

Grd. Pedro Henrique Queiroz de Souza

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Grd. Suellen Magalhães Ferrari

Revisão de Língua Portuguesa

Esp. Renata de Abreu e Silva

CORPO DOCENTE DA GRADUAÇÃO

D.Sc. Alexandre Sadri Capucho

D.Sc. Gilberto Machado Valente

D.Sc. Irlane Bastos Costa

D.Sc. Júlio Cláudio Martins

D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes

D.Sc. Orismário Lúcio Rodrigues

D.Sc. Rogério Oliva Carvalho

M.Sc Alberto Yukio Chaya

M.Sc Cinthia M. Lobato

M.Sc Daniel M. Leite

M.Sc Flávia Batista Barbosa de Sá

M.Sc Flávio Coutinho Longui

M.Sc Leililene Antunes Soares

M.Sc Rodrigo Ataíde dos Santos

M.Sc Welerson Viana

M.Sc. Andréia Almeida Mendes

M.Sc. Bruna Waddington de Freitas

M.Sc. Bruno Santos C. de Andrade

M.Sc. Daniel Vieira Ferreira

M.Sc. Érica Stoupa Martins

M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari

M.Sc. Flávio Coutinho Longui

M.Sc. Gabriela Chaves Mendes Justino

M.Sc. Gleiciely Santos Silveira

M.Sc. Guanayr Jabour Amorim

M.Sc. Igor Surian de Sousa Brito

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M.Sc. Jefferson Souza Fraga

M.Sc. José Carlos Nolasco da Cunha

M.Sc. Juliene Rocha Borges Fonseca

M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento

M.Sc. Marcelo Silva dos Santos

M.Sc. Márcio Lopes de Oliveira

M.Sc. Marcus Vinícius Coutinho Cossi

M.Sc. Maria Aparecida Salles Franco

M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz

M.Sc. Pablo Herthel de Carvalho

M.Sc. Paloma Sayegh Arreguy Silva

M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes

M.Sc. Renata Aparecida Fontes

Esp. Alcino de Oliveira Costa Neto

Esp. Ailton Moreira Magalhães

Esp. Ana Lígia de Souza Pereira

Esp. Carlos Eduardo Toledo

Esp. Celso Abreu de Araújo

Esp. Clésio Gomes de Jesus

Esp. Cristina Maria Lobato Pires

Esp. Débora Spatini Bernardo

Esp. Deisy Mendes Silva

Esp. Elder Machado Dutra

Esp. Érica Estanislau Muniz

Esp. Fábio Florindo Soares

Esp. Ivonaldo Aristeu Gardingo

Esp. Janine Lopes de Carvalho

Esp. José Célio Klen

Esp. Joyce Perígolo Breder

Esp. Luciano Montes Justino

Esp. Kátia Imaculada Moreira de Oliveira

Esp. Luciano Aguiar Otoni

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Esp. Marcelo de Carvalho Mendes

Esp. Maria Aparecida Schröder Dutra

Esp. Renata de Abreu e Silva

Esp. Renata Pessoa Bifano

Esp. Ricardo Ker Elias

Esp. Rosélio Marcos Santana

Esp. Tadeu Hipólito da Silva

Esp. Tatiane de Cássia Fernandes Martins

CORPO DOCENTE DOS CURSOS TÉCNICOS

Carlos Coelho

Cristiano Oliveira Ferrari

Leonardo da Silva Gonçalves

Max de Andrade Coelho

Pedro Henrique Queiroz de Souza

Suellen Magalhães Ferrari

Marcos Paulo de Oliveira

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SUMÁRIO

CIÊNCIAS DA SAÚDE 20

RESUMOS 21

IMPORTÂNCIA DA VIGILÂNCIA SANITARIA EM MUNICÍPIOS VISANDO O

BEM ESTAR DA POPULAÇÃO 22

QUALIDADE DA ÁGUA EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DE MINAS GERAIS

26

UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR GESTANTES DE UM MUNICÍPIO DO

INTERIOR DE MINAS GERAIS 29

CONSUMO DE PLANTAS MEDICINAIS POR FREQUENTADORES DE UMA

FARMÁCIA COMERCIAL DA ZONA DA MATA MINEIRA 32

AVALIAÇÃO DO USO DE BENZODIAZEPÍNICOS NA POPULAÇÃO FEMININA

ADULTA DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA 36

PERFIL DA PRESCRIÇÃO DE ANOREXÍGENOS NO ANO DE 2011 EM

FÁRMACIA COMERCIAL NA CIDADE DE MATIPÓ-MG 39

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE ESTOQUE DOMICILIAR DE

MEDICAMENTOS ESTABELECIDOS PELOS USUÁRIOS DE UMA FARMÁCIA

COMERCIAL DE UM MUNICIPIO MINEIRO 42

USO DE ABREVIATURAS EM PRESCRIÇÕES MÉDICAS AVIADAS NA

UNIDADE DA FARMÁCIA DE MINAS DE PEDRA BONITA/MG NO 1º

QUADRIMESTRE DE 2012 45

PREVALÊNCIA DE POLIFARMÁCIA ENTRE IDOSOS RESIDENTES DE UMA

INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA DA ZONA DA MATA MINEIRA 48

PREVALÊNCIA DE VERMINOSES INTESTINAIS EM UM LABORATÓRIO DA

ZONA DA MATA MINEIRA 51

POSTURAS INADEQUADAS ENTRE HIPERTENSOS CADASTRADOS NO

HIPERDIA DO ESF BOA VISTA DE MATIPÓ/MG 54

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ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS PELA POPULAÇÃO

DO BAIRRO BOA VISTA DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ, MG 57

PERFIL DA UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS PELO CORPO DOCENTE DE

UMA FACULDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA 60

CARACTERIZAÇÃO DO DESCARTE DE MEDICAMENTOS POR

ACADÊMICOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO INTERIOR

DE MINAS GERAIS 63

ANÁLISE DE PRESCRIÇÕES DE ANTIDEPRESSIVOS EM UMA FARMÁCIA

DA ZONA DA MATA MINEIRA 67

CONHECIMENTO SOBRE CONTRACEPTIVOS DE ACADÊMICOS DA ÁREA

DE SAÚDE DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DA ZONA DA

MATA MINEIRA 71

ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS NA CIDADE DE

SERICITA/MG 75

PERFIL DOS EXAMES DE GLICEMIA JEJUM E HEMOGLOBINA GLICADA DE

PACIENTES DE UM LABORATÓRIO DO INTERIOR DE MINAS GERAIS 78

CIÊNCIAS AGRÁRIAS 81

ARTIGO 82

CORYNEBACTERIUM PSEUDOTUBERCULOSIS: IMPORTÂNCIA NA

OVINOCAPRINOCULTURA E SAÚDE PÚBLICA 83

RESUMOS 97

PRAGAS DO CAFEEIRO: UMA ABORDAGEM SIMPLIFICADA 98

OTITE PARASITÁRIA: UM DESAFIO PARA A PRODUÇÃO LEITEIRA 102

IDENTIFICAÇÃO DE LISTERIA SPP E LISTERIA MONOCYTOGENES EM

UTENSÍLIOS UTILIZADOS EM AÇOUGUES DE VIÇOSA – MG 106

MIOTENECTOMIA PARCIAL DO EXTENSOR DIGITAL LATERAL ASSOCIADA

À AVULSÃO DO RETINÁCULO EXTENSOR PARA RESOLUÇÃO DE ARPEJO

EQUINO – RELATO DE UM CASO. 109

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PREVALÊNCIA DE OTITE PARASITÁRIA CAUSADA POR RHABDITIS spp EM

VACAS DA RAÇA GIR-LEITEIRO NA REGIÃO DE SÃO PEDRO DOS

FERROS-MG 113

CONTROLE BIOLÓGICO NATURAL DA TRAÇA DO TOMATEIRO E DA

BROCA PEQUENA POR FORMIGAS PREDADORAS 116

CONTROLE BIOLÓGICO DE Neoleucinodes elegantalis EM CULTIVO DE

TOMATE 119

TOXICIDADE DE TRÊS ÓLEOS ESSENCIAIS AO CORUQUERÊ-DA-COUVE E

À FORMIGA PREDADORA Solenopsis saevissima 123

CONTROLE NATURAL DOS PULGÕES-DA-COUVE NA ÉPOCA CHUVOSA

126

INVESTIGAÇÃO DA PREFERÊNCIA DE PUPAÇÃO DE TUTA ABSOLUTA EM

SOLO COM E SEM COBERTURA MORTA 130

IDENTIFICAÇÃO DE PRAGAS E INIMIGOS NATURAIS NA CULTURA DO

PEPINO 133

FALHA NO CONTROLE DE TRAÇA DO TOMATEIRO NO CERRADO

BRASILEIRO 137

EFEITO DA INTERAÇÃO ENTRE ENDOSSULFAN E GLYPHOSATE NA

MORTALIDADE DE CEROTOMA ARCUATUS 140

EFEITO DO CLORFENAPIR SOBRE AS POPULAÇÕES DE INIMIGOS

NATURAIS NA CULTURA DO FEIJÃO 143

A INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO TOMATE NA

OVIPOSIÇÃO DA BROCA PEQUENA DO TOMATEIRO 147

EFEITOS DA CHUVA SOBRE AS POPULAÇÕES DE Brevicoryne brassicae e

Lipaphis erysimi 150

CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 156

ARTIGOS 157

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CLIMA ORGANIZACIONAL DENTRO DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO NO

INTERIOR DE MINAS GERAIS 158

A IMPORTANCIA DO MARKETING DE RELACIONAMENTO PARA A

MANUTENÇÃO E FIDELIZAÇÃO DOS CLIENTES DA COOPERATIVA DE

CRÉDITO SICOOB CREDILIVRE – PAC 04 - MATIPÓ 170

FLUXO DE CAIXA: UMA ANÁLISE DA NÃO UTILIZAÇÃO E SUAS

CONSEQUÊNCIAS NUMA EMPRESA VAREJISTA DO SETOR DE

ELETRODOMÉSTICOS NO MUNICÍPIO DE MANHUAÇU, MINAS GERAIS,

BRASIL 179

PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO E PREFERÊNCIAS DE CONSUMO DO

PÚBLICO EM POTENCIAL SOBRE O CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA

FACULDADE VÉRTICE EM MATIPÓ/MG 189

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 198

NOTAS SOBRE “QUESTÃO SOCIAL” E POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL 208

O PERFIL DOS CLIENTES JURÍDICOS DA EMPRESA “ÁGUA MINERAL

DIVINA PUREZA” E SUAS PREFERÊNCIAS EM RELAÇÃO À COMPRA DO

PRODUTO 217

RELAÇÃO ENTRE BLOQUEIOS E VITÓRIAS NO VOLEIBOL DE ALTO NÍVEL:

UM ESTUDO DE CASO DA SUPERLIGA MASCULINA 2010-2011 227

“AFINAL, SOMOS FORMADOS PARA PENSAR OU MEMORIZAR

CONCEITOS?” 239

UMA ANÁLISE DO ESTUDO DA DISCIPLINA HISTORIA DA EDUCAÇÃO A

PARTIR DA PERCEPÇÃO DE ALUNOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DE

INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DE VICOSA 239

A INFLUÊNCIA DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO NA ECONOMIA DE

MUNICÍPIOS DA ZONA DA MATA MINEIRA 249

A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA IMPORTÂNCIA NAS

ORGANIZAÇÕES 258

RESUMOS 324

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A INTERNACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA E DESENVOLVIMENTO “P&D” 325

A EXPECTATIVA DE INFLACÃO E O EFEITO FISHER: UMA ANÁLISE DE

2001 A 2011 328

CIÊNCIAS HUMANAS 330

ARTIGOS 331

PRECONCEITO RACIAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA 332

TRAJETÓRIAS DE TUTORES PRESENCIAIS PARA ATUAREM NA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 342

AÇÃO DOCENTE DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR DE

UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DE UMA CIDADE DA ZONA DA MATA

MINEIRA– MG 353

A AÇÃO DOCENTE DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO

TRABALHO COM ALUNOS QUE APRESENTAM DEFICIÊNCIAS 365

A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DA

CIDADE DE MATIPÓ SOBRE A DANÇA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

376

JOGOS ESCOLARES DE MINAS GERAIS (JEMG): ESPORTE EDUCACIONAL

OU ESPORTE DE RENDIMENTO? NA VISÃO DOS PROFESSORES

PATICIPANTES DA COMPETIÇÃO. 385

O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA: ENTRE AS AULAS

QUE OS ALUNOS “QUEREM” E AQUELAS QUE CONTRIBUEM PARA O

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO SER HUMANO 398

COMO PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA TÊM LIDADO COM ALUNOS

COM DEFICIÊNCIA EM SUAS AULAS 411

COMO OS ALUNOS DO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

DA FACULDADE UNIVERTIX COMPREENDEM A EDUCAÇÃO INCLUSIVA?

421

PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA SOBRE

ATITUDES E COMPORTAMENTOS DOS ALUNOS QUE APRESENTAM

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25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301

NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS E DAQUELES

CONSIDERADOS “NORMAIS” NAS AULAS DESSA DISCIPLINA 433

DESAFIOS ENCONTRADOS PELOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA PARA ATUAR COM OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS NAS

ESCOLAS URBANAS DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA 445

CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE UM

MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA SOBRE O FENÔMENO BULLYING

457

A DANÇA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: OS DESAFIOS PARA O

TRABALHO DOCENTE COM ESTE CONTEÚDO NA ESCOLA 469

A PERCEPÇÃO DE PROFESSORES DE OUTRAS DISCIPLINAS SOBRE A

EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 480

HABILIDADES ARTÍSTICAS, CULTURAIS E DESPORTIVAS DOS

ACADÊMICOS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA FACULDADE VÉRTICE –

MATIPÓ-MG 493

LINGUÍSTICA, CIÊNCIAS E ARTES 506

ARTIGOS 507

A IMPORTÂNCIA DO LETRAMENTO DIGITAL 508

A NECESSIDADE DE SE DESENVOLVER NAS MATRIZES EDUCACIONAIS

HABILIDADES DE LETRAMENTO DIGITAL 515

MOTIVAÇÕES ONOMASIOLÓGICAS PARA O TOPÔNIMO PÃO DE AÇÚCAR

522

UM ESTUDO COM OS INTERNOS EM UMA FUNDAÇÃO DE SAÚDE DA ZONA DA MATA MINEIRA A RESPEITO DA IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO PARA QUE A HUMANIZAÇÃO OCORRA NO TRABALHO DO ENFERMEIRO

515 A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO 528

RESUMO 551

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A DANÇA COMO EXPERIÊNCIA ESTÉTICA NA INFÂNCIA 552

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GT 04

CIÊNCIAS DA SAÚDE

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RESUMOS

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IMPORTÂNCIA DA VIGILÂNCIA SANITARIA EM MUNICÍPIOS VISANDO O BEM ESTAR DA POPULAÇÃO

Tânia Fernandes Martins – Graduanda em Medicina Veterinária. Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.

Tatiane de Cássia Fernandes Martins – Graduada em Nutrição. Especialista em Saúde Pública. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.

[email protected]

PALAVRAS CHAVE: Vigilância Sanitária; Intoxicação Alimentar; Município; Saúde; População.

INTRODUÇAO

Hodiernamente, há uma preocupação muito grande com a qualidade do

que ingerimos em nossa alimentação diária, assim a pergunta que nos vem sempre

em mente é de onde se origina a matéria-prima, em que situações e higiene são

preparadas os alimentos que compõe a nossa mesa. Várias reportagens escritas e

televisionadas, artigos publicadas noticiam que vários alimentos estão envolvidos

em surtos de intoxicação alimentar (VALSECHI, 2006 e IARIA, 1988). Estudos

baseados em diferentes métodos têm comprovado que a falta de higiene na

manipulação dos alimentos, estocagem inadequada, matéria-prima de má qualidade

e falta de um órgão competente para fiscalização tem contribuído para o aumento de

intoxicação alimentar.

Com base nesse pressuposto, Dallari (2000) em seu estudo, afirma que o

comércio tomou uma proporção muito grande de crescimento, onde nesse contexto

as práticas de controle sanitário tornaram-se importantes, pois locais onde vendiam

produtos alimentícios necessitavam ser monitorados, visando verificar se os

alimentos estariam estragados, pois os alimentos em má estado de conservação

aumentam o risco de diversas formas de doenças que poderiam disseminar entre a

população acarretando até mesmo o óbito.

METODOLOGIA

O presente estudo é elaborado através de revisão bibliográfica com a visão

de vários autores sobre o tema em questão “Vigilância Sanitária”, tema este de

grande relevância para a saúde pública.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Falar sobre vigilância sanitária é seguir os princípios e diretrizes para uma

política visando o bem estar da saúde publica, tanto que Costa e Rangel (2007)

enfatizam que a vigilância sanitária no Brasil, ao longo dos últimos anos é objeto de

reflexão, buscando romper com uma tradição predominantemente normativa e

fiscalizadora, se ver comprometido com o papel social de regulador abrangente. A

vigilância sanitária, conforme disposto em Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999 é

“um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de

intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e

circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde” (MOURA,

2009 citado por BRASIL, 1990). Com a função de proteger, promover e defender a

saúde Costa e Rangel (2007) destacam que a vigilância sanitária desenvolve várias

ações complexas e intercomplementares, preventivas, exercidas

predominantemente sobre riscos reais e potenciais relacionados a produtos,

processos, condições sanitárias, visando prevenir minimizar ou eliminar ampla

variedade de riscos a saúde. Diante disso é de grande importância as ações

desenvolvidas pela vigilância sanitária buscando sempre o bem estar da sociedade,

nesse sentido destaca Brasil (2007) que para garantir a qualidade e a segurança de

produtos alimentícios, limpezas e outros oferecidos a população, a vigilância

sanitária desenvolve diversas atividades que abrangem segmentos do mercado

direto ou indiretamente relacionados a saúde publica. Nesse sentido também

destaca Costa e Rangel (2007) que as intervenções da vigilância sanitária são

norteadas pelas noções de riscos reais ou potenciais oriundos dos processos de

produção e consumo onde ressalta que deve ocorrer conjunto de ações visando

eliminar, diminuir e prevenir o risco a saúde, como também intervir nos problemas

sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção, circulação de bens e serviço.

Assim pode-se dizer que as ações desenvolvidas pela vigilância sanitária em todo o

Brasil, são importantes na prevenção de doenças, e conforme consta na Cartilha da

Vigilância Sanitária, Costa et.al.(2002) essa tem a missão de proteção a saúde,

onde deve buscar participação efetiva do SUS visando contribuição nas campanhas

promovidas pela vigilância sanitária. Somente através de ações e parcerias que se é

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possível realmente ter uma efetiva vigilância sobre produtos, alimentos e outros que

são consumidos pela população. É importante ressaltar conforme a Cartilha de

Vigilância Sanitária, citado por Costa et.al. (2002), que os riscos controlados ela

vigilância sanitária são muitos dentre eles: riscos ambientais, riscos ocupacionais,

riscos sociais, riscos iatrogênicos, e riscos institucionais. Assim observa-se que o

campo de atuação da vigilância sanitária é amplo e inesgotável e que dizem respeito

à saúde do cidadão. Com a implantação da Vigilância Sanitária em municípios,

haverá diminuição de intoxicação por alimentos, falta de higiene nos comércios,

estocagem inadequada dos alimentos, bebidas e alimentos com datas de validades

vencidas visto que, os mesmos serão cobrados para que não ocorram tais casos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vale ressaltar que com a implantação da vigilância sanitária em Municípios,

os estabelecimentos comerciais fornecerão alimentos de melhor qualidade,

alimentos mais seguros levando em consideração a data de validade,

acondicionamento adequado além de adequar as normas de higiene segundo a

ANVISA. Com uma cobrança maior e trabalhos conjunto da Vigilância e

estabelecimentos, a população estará melhor assistida pois, os produtos que serão

consumido, estará em um nível mais conceituado, onde será minimizado a

incidência de contaminação e em conseqüência, diminuição do risco de intoxicação

alimentar na população, adquirindo assim uma melhor segurança alimentar. É

primordial que a Vigilância se torne ativa, mostre para toda a sociedade a

importância do seu papel, realize capacitações para funcionários dos

estabelecimentos e divulgue também a importância que a sociedade possui ao

ajudar a fiscalizar os estabelecimentos, pois só assim a mesma poderá usufruir de

alimentos seguros.

REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Guia didático, alimentos, medicamentos, produtos e serviços de interesse a saúde. ANVISA. Brasília. 2007.

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COSTA, Ana Maria; FRANCO, Túlio Batista; FRANCO Eucilene Maia; MARQUES, Luiz A. Araujo. Cartilha da Vigilância Sanitária. ANVISA. 2 ª ed. Brasília. 2002. Costa, Ediná Alves da ; Rangel-S, Maria Lígia (Org.). Comunicação em vigilância sanitária: princípios e diretrizes para uma política. Salvador: EDUFBA, 2007. LUCCHESE, Geraldo. Globalização e Regulamentação Sanitária.Disponível em: http://portalteses.icict.fiocruz.br/pdf/FIOCRUZ/2001/lucchgd/capa.pdf.Acesso em: 23.ago.2012. MOURA, Luís Antônio. Vigilância Sanitária de Produtos Alimentícios de Origem animal no Brasil. Disponível em: http://www.ufg.br/this2/uploads/files/66/Luis_Antonio_1.pdf. Acesso em 24.ago.2012. VALSECHI, Octávio Antônio. Microbiologia dos Alimentos. Disponível em: http://www.cca.ufscar.br/~vico/Microbiologia%20dos%20Alimentos.pdf. Acesso em 23.ago. 2012.

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QUALIDADE DA ÁGUA EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DE MINAS GERAIS

Celson Mendes Cunha e Elaine Vieira Grillo – Graduandos em Farmácia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade

Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises

Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Mariana de Faria Gardingo Diniz – Graduada em Biologia, Mestre em Engenharia dos Materiais Processos Químicos e Metalúrgicos, Professora da Faculdade Vértice

- UNIVÉRTIX [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Água, Contaminação; Coliformes fecais. INTRODUÇÃO

A água é essencial em todos os segmentos da vida, sendo considerado um

recurso insubstituível. Apesar de todos os esforços para armazenar e diminuir o seu

consumo, a água está se tornando, cada vez mais, um bem escasso, e sua

qualidade se deteriora cada vez mais rápido. Do ponto de vista sanitário, o que

realmente põe em risco a saúde pública é a presença na água de poluição fecal e a

presença de microrganismos patogênicos intestinais, como bactérias, vírus,

protozoários e ovos de helmintos, agentes frequentemente responsáveis por

doenças de veiculação hídrica (TEIXEIRA, 2002). Por estes motivos, empregam-se

métodos de investigação da presença de poluição de origem fecal nas águas. Os

melhores indicadores são as enterobactérias. Considerando que a qualidade

microbiológica da água é requisito essencial para a manutenção da saúde, o

presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica da água da

cidade de Matipó/MG, e comparar os resultados obtidos aos padrões estabelecidos

pela legislação vigente.

METODOLOGIA

Foi utilizado o método de avaliação microbiológica para verificação da

qualidade da água. As coletas das amostras de água foram realizadas nos mês de

agosto de 2012 em 06 pontos espalhados pela cidade. Foram coletadas três

amostras de 100 ml em cada ponto, num total de 18 amostras. Todas as amostras

foram checadas quanto à presença e ausência de bactérias heterotróficas pela

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técnica por “pour plate”, que se baseia na contagem padrão em placas estimando a

população de bactérias heterotróficas aeróbias facultativas presentes na água,

seguindo todas as recomendações do padrão CETESB 1997.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados preliminares de análise por “pour plate” revelaram a presença

de bactérias heterotróficas em todas as amostras. Os testes também revelaram que

a água de 3 dos 6 pontos apresentam colônias incontáveis indicando alta

contaminação. Segundo Santos (1999), embora a maioria das bactérias

heterotróficas da flora natural da água não sejam consideradas patogênicas, é

importante que sua densidade seja mantida sob controle, pois densidade muito

elevadas de microorganismo podem atuar como agentes oportunistas. Segundo a

Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde a aferição de potabilidade, é a ausência

total de coliformes totais e termotolerantes de preferência Escherichia coli, em

amostra de 100 ml de água tratada. De acordo com o Ministério da Saúde (2007)

para avaliação da eficiência do tratamento de água a presença dos indicadores de

contaminação pode indicar falhas ou insuficiência no tratamento.

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados observados até o momento, nenhum dos pontos

avaliados atende aos parâmetros aceitos para consumo humano de acordo com a

Portaria nº. 518 do Ministério da Saúde.

REFERÊNCIAS BRASIL. Portaria Ministério da Saúde nº 518 de 25 mar. 2004. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 mar. 2004. COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Coliformes totais e fecais. São Paulo, 1997. 39p. MINISTÉRIO DA SAUDE, Inspeção sanitária em abastecimento de água, secretária de vigilância em saúde. Brasília, DF, Brasil 2007. SANTOS, Leonilda correia dos. Laboratório Ambiental. EDUNIOESTE, PARANA, BRASIL, 1999, 341p.

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TEIXEIRA, C, Julio; LEAL, T, C, Fabiano. Desafios no controle de doenças de veiculação hídrica associadas ao tratamento e ao abastecimento de água para consumo humano. VI Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental - Vitoria / ES, BRASIL, 2002.

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UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR GESTANTES DE UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DE MINAS GERAIS

Daniele Chaves Dias e Rosâine Almerindo Carvalho - Graduandas em Farmácia da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX

Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX

Fernanda Cristina Ferrari - Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade

Vértice - UNIVÉRTIX [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Gestação; Fármacos; Teratogenicidade.

INTRODUÇÃO

A utilização de medicamentos na gestação tem sido motivo de grande

preocupação devido aos riscos relacionados ao feto. Entre 1950 e 1960, o fármaco

talidomida provocou alterações congênitas em cerca de 10 mil recém nascidos,

devido a sua utilização durante o período gestacional. Este fato teve grande

repercussão, de modo que alertou sobre a segurança da utilização de novos

fármacos, da necessidade de estudos clínicos mais profundos, antes da liberação

destes medicamentos para consumo (FURINI et al, 2009). Considerando a utilização

de medicamentos na gravidez, alguns estudos têm revelado que cerca de 2% a 4%

de todos os recém nascidos são afetados pela má-formação congênitas e cerca de

15% de todas as gestações diagnosticadas, acabam em perda do feto. Após o

nascimento, o recém-nascido pode manifestar alguns efeitos da exposição

intrauterina ao fármaco, e outros efeitos adversos podem se manifestar em outra

fase da vida, provocando alterações no desenvolvimento funcional, intelectual e

social (BRASIL, 2011). Como a maioria dos fármacos atravessa a barreira

placentária, seu uso pode provocar diferentes alterações morfológicas ao feto. Estas

alterações podem classificar os medicamentos como teratogênicos, se utilizados no

primeiro trimestre de gestação (CARMO, NITRINI, 2004). Os riscos relacionados á

utilização de medicamentos, podem ocorrer em diferentes fases da gestação,

afetando o desenvolvimento, crescimento ou até mesmo, efeitos tóxicos sobre o feto

(CARMO, 2003). Neste sentido, o risco gestacional classificado pela Food and Drug

Administration (FDA), também adotado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária

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(ANVISA), divide os fármacos em diferentes categorias de risco para assegurar o

melhor tratamento terapêutico durante a gestação (BRASIL, 2011). Desta forma este

trabalho teve como principal objetivo descrever os medicamentos utilizados por

gestantes que fizeram o pré-natal em serviços do SUS (Sistema Único de Saúde),

na cidade de Santa Margarida, Minas Gerais, Brasil. Trabalhos como estes permitem

oferecer uma oportunidade de aconselhamento as gestantes sobre os fármacos e

seus possíveis riscos.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada no Centro Municipal de Saúde (CMS) de Santa

Margarida, Minas Gerais, Brasil. Este estudo foi composto por mulheres entre 15 e

45 anos de idade, que se encontravam entre 30 e 42 semanas de gravidez. As

gestantes foram abordadas durante as consultas de pré-natal no mês de julho de

2012. Estas são realizadas duas vezes por semana no CMS. Foram utilizados como

instrumento de coleta de dados um questionário estruturado. Sendo avaliados os

aspectos sócio-demográficos, aspecto sócio econômicos e os dados relacionados à

gestação e ao consumo de medicamentos. A participação das gestantes foi

mediante as orientações e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido

(TCLE) e os dados coletados foram analisados no programa Microsoft Office Excel

2007.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

72% das gestantes entrevistadas declararam utilizar um ou mais

medicamentos, sendo que 76% referiram ter sido orientadas sobre o risco de usar

medicamentos durante a gravidez. 96% das gestantes referiram ter feito o uso de

sulfato ferroso, destas apenas 45,80% utilizaram esta substância durante todos os

trimestres gestacionais. Do total de medicamentos consumidos, apenas 4,80%

foram utilizados sem prescrição médica. Ao se avaliar a automedicação (12% do

total de gestantes) e comparar-se com os achados do estudo de Gomes et al (1999)

para gestantes da cidade de São Paulo (33,50%), pode ser dito que houve um

número menor de gestantes consumindo medicamentos sem indicação médica.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

É frequente o uso de medicamentos por gestantes, e a maioria das gestantes

referiram utilizar um ou mais fármacos prescritos ou não prescritos. As gestantes

devem ser conscientizadas sobre os riscos da automedicação, para evitar possíveis

danos ao feto. Os resultados parcialmente obtidos podem ser direcionados ao

planejamento de intervenções às gestantes e aos profissionais de saúde,

proporcionando assim, o uso racional de medicamentos.

REFERÊNCIAS

FURINI, Adriana Antônia da Cruz et al. Estudo de indicadores de prescrição, Interações medicamentosas e Classificação de risco ao feto em prescrições de gestantes da cidade de Mirassol – São Paulo. Revista de Ciências Farmacêuticas Básicas e Aplicada, 30, 2, 83-88, 2009. CARMO, Thais Adriana do, NITRINI, Sandra Maria O. O. . Prescrições de medicamentos para gestantes: um estudo farmacoepidemiológico. Caderno Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20, 4, 1004-1013, Julho-Agosto. 2004. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário Terapêutico Nacional 2010: Rename 2010. Brasília, 2011. CARMO, Thais Adriana do. Medicamentos e Gravidez. Revista Saúde, Piracicaba, 5, 10, 55-61, 2003.

GOMES, Keila R O et al. Prevalência do uso de medicamentos na gravidez e relações com as características maternas. Revista Saúde Pública, São Paulo, 33, 3, 246-254, Junho. 1999.

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CONSUMO DE PLANTAS MEDICINAIS POR FREQUENTADORES DE UMA FARMÁCIA COMERCIAL DA ZONA DA MATA MINEIRA

Eric Tensol Vieira e Polyana Luiza Florêncio Santiago – Graduandos em

Farmácia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências

Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice -

UNIVÉRTIX Patrícia Luísa de Araújo Mendes – Graduada em Biologia, Mestre em Botânica,

Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

[email protected] PALAVRAS-CHAVE: Plantas medicinais; Etnobotânica; Utilização; Cultivo.

INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da existência humana, os homens buscam na natureza

recursos para melhorar suas próprias condições de vida, aumentando suas chances

de sobrevivência. A percepção sobre o poder curativo de algumas plantas,

observada em diferentes culturas, é uma das muitas formas de relação entre

populações humanas e plantas. Essa relação é objeto de estudo da Etnobotânica,

área do conhecimento científico que aborda as interações entre pessoas e plantas

em sistemas dinâmicos (GIRALDI, 2009).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define como planta medicinal, todo

vegetal que contenha um ou mais de seus órgãos, substâncias que possam ser

utilizadas com finalidade terapêutica. O acúmulo de conhecimentos empíricos sobre

a ação dos vegetais vem sendo transmitido desde as antigas civilizações até os dias

atuais, e a utilização de plantas medicinais tornou-se uma prática generalizada na

medicina popular (DORIGONI et al., 2001). É notável o crescente número de

pessoas interessadas no conhecimento de plantas medicinais, desta forma estudos

relacionados com a medicina popular têm merecido cada vez mais atenção devido a

gama de informações e esclarecimento que fornecem à ciência contemporânea. O

presente estudo teve como objetivo delinear o perfil de utilização das plantas

medicinais em clientes de uma drogaria privada na cidade de Rio Casca – Minas

Gerais.

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METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa com aplicação

de questionário estruturado. O instrumento de coleta de dados foi aplicado a clientes

de uma drogaria da rede privada localizada no bairro centro da cidade de Rio

Casca/MG. O período de coleta foi de julho a agosto de 2012.

Os participantes foram informados sobre o objetivo e a metodologia utilizada

neste estudo, os mesmos estavam cientes que a participação de cada um seria

voluntária, com a plena liberdade em desistir da pesquisa e recusar a prestar

informações durante a coleta de dados. Os dados foram organizados no Microsoft

Access® 2007 e analisados utilizando a Microsoft Excel®.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados preliminares mostraram que, dos questionários aplicados,

14,70% dos entrevistados pertencem ao gênero masculino e 85,3% ao gênero

feminino, com idades que variam de 18 aos 60 anos, sendo que a maioria, 64%, tem

entre 20 a 39 anos.

As entrevistas permitiram verificar que as espécies vegetais mais utilizadas

são: erva doce - Foeniculum vulgare (73,52%), hortelã - Mentha arvensis L.

(70,58%), camomila – Chamomilla recutita (64,70%), boldo do chile – Vernonia

condensata (52,94%) e canela - Cinnamomum zeylanicum (52,94%).

As afecções mais frequentemente tratadas são as de garganta (82,35%), do

fígado (52,94%) e dos rins (50%). Os medicamentos à base de plantas medicinais

podem ser considerados como recursos auxiliares em um programa terapêutico

global, sendo que os profissionais da área da saúde devem atentar para esse

potencial, como meio de valorizar, estudar e utilizar terapeuticamente espécies

vegetais nativas (MACHADO 1999).

O conhecimento das preparações fitoterápicas (benefícios e riscos potenciais

assim como habilidade de interagir com medicamentos farmacológicos) habilita os

profissionais de saúde a fornecerem esclarecimentos aos pacientes, que buscam

informações sobre plantas medicinais (BAUER, 2000).

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25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A população deve ser informada de forma mais eficiente quanto às formas de

uso e preparo das plantas medicinais mais comumente utilizadas. A realização desta

pesquisa permitiu observar alguns aspectos como a diversidade de plantas

medicinais consumidas pela população local. À medida que se analisou os dados,

surgiram à necessidade de orientar a população quanto aos cuidados com a

preparação, higiene e o próprio manejo destas plantas medicinais. Com a facilidade

de poder cultivar ou encontrar em quintais de vizinhos, as plantas medicinais tem

uma ótima relação custo benefício. Porém não podemos esquecer que existem

poucos estudos relacionados, muitas destas desconhecidas. Portanto o profissional

de saúde deve estar preparado para orientar bem estes pacientes evitando assim

que ocorram efeitos indesejáveis no tratamento de doenças e/ou não levar a cura.

REFERÊNCIAS BAUER BA. Herbal Therapy: what a clinician needs to know to counsel patients effectively. Mayo Clin Proc, 75(8):835-41, 2000. CALIXTO, J.S. & RIBEIRO, E.M. O Cerrado como fonte de plantas medicinais para uso dos moradores de comunidades tradicionais do Alto Jequitinhonha, MG. 2004. FERRARI, Fernanda Cristina; BASTOS, Kenia Pereira Lemos. Aspectos da utilização de plantas medicinais pela população do bairro Centro do município de Matipó, MG. 2010 GIRALDI, M. Uso e conhecimento tradicional de plantas medicinais no Sertão do Ribeirão, Florianópolis/SC, Brasil. Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis/SC, Brasil. 2009. DORIGONI, P. A. et al. Levantamento de dados sobre plantas medicinais de uso popular no município de São João do Polêsine, RS, Brasil. I – Relação entre enfermidades e espécies utilizadas. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. v. 4, n.1, p. 69-79, 2001. MACHADO PV; BOTSARIS, AS. Guia de saúde e orientação terapêutica. Monteiro da Silva, J Flora Med, 1 (1), 1999. MARTINS, ER et al. Plantas Medicinais. Universidade Federal de Viçosa - UFV, Imprensa Universitária. 1-29. 1994.

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25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301

PARENTE, C. E. T.; ROSA, M. M. T. da. Plantas comercializadas como medicinais no município da Barra do Piraí, RJ. Rodriguésia, 52 (80): 47-59, 2001. Rampes H, Sharples F, Maragh S, Fisher P. Introducing complementary medicine into the medical curriculum. J R Soc Med; 90(1):19-22. 1997.

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AVALIAÇÃO DO USO DE BENZODIAZEPÍNICOS NA POPULAÇÃO FEMININA ADULTA DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA

Iraly Gomes Silva e Elzilaine Maira Dionízio– Graduandas em Farmácia,

Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências

Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX

Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora daFaculdade Vértice –

UNIVÉRTIX Janine Lopes Carvalho – Graduada em Psicologia, Especialista em Saúde Mental

com MBA em Gestão de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Benzodiazepínicos; psicotrópicos; ansiolíticos.

INTRODUÇÃO

Segundo Nordon et al. (2010) atualmente os Benzodiazepínicos (BDZ) são a

terceira classe de medicamentos mais consumidos no Brasil, sendo utilizada por

aproximadamente 4% da população brasileira. De acordo com Foscarini, (2010) o

uso justifica-se por que essas substâncias são medicamentos de primeira escolha

para o tratamento de diversas patologias. Todas as suas indicações deve-se ao fato

de possuírem propriedades sedativas, hipnóticas, ansiolíticas, relaxantes

musculares e anticonvulsivantes. Essas substâncias possuem elevada eficácia

terapêutica, além de apresentarem baixo risco de intoxicação e dependência.

Possuem também menor capacidade de produzir depressão fatal no Sistema

Nervoso Central (SNC) e menor ação depressora do centro respiratório, fatores

estes que tornam seu uso mais seguro e propiciam sua rápida aceitação no mercado

(GOODMAN et. al 2005; FOSCARINI 2010).

O Conselho Regional de Farmácia do Espírito Santo noticiou em 2010 divulgou

que o uso abusivo de medicamentos controlados supera o de drogas ilícitas

(THENÓRIO, OLIVEIRA, 2010). Além disso, dados estatísticos revelados pela

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) mostraram que Clonazepam,

Bromazepam e Alprazolam foram às substâncias controladas de maior consumo

pela população brasileira entre os anos de 2007 a 2010 (ANVISA, 2010 citado por

TUOTO 2012).

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Conforme Nordon et. al (2010), A maioria dos usuários de BDZ’s são mulheres

(duas a três vezes mais que homens), tendo um acréscimo neste número de acordo

com a idade. No Brasil, o medicamento é mais consumido entre as divorciadas ou

viúvas com menor renda.

Portanto, o presente estudo tem como objetivo, identificar o perfil de utilização

de BDZ´s em mulheres de um município de pequeno porte da Zona da Mata Mineira

MG.

METODOLOGIA

O referente estudo trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem

quantitativa. A população do estudo constituiu-se mulheres com idade igual ou

superior a 20 anos que se encontravam nos Postos de Saúde da Família (PSF’s) I,

II, III, IV e no Centro de Saúde para consultas periódicas e rotineiras, no mês de

agosto de 2012.

Foram realizadas entrevistas utilizando um questionário com perguntas

relacionadas sobre condições de vida, características sócio-demográficas e

relacionadas ao consumo de BDZ´s. Todas as participantes concordaram em

participar do estudo e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante o período de coleta foram entrevistadas 50 mulheres, destas 26%

referiram utilizar algum tipo de BDZ. Entre os medicamentos mais utilizados

destacaram-se o Diazepam (16%) e o Clonazepam (8%). De acordo com Casali,

(2010) o Diazepam e o Clonazepam tem maior destaque na prescrição por ser um

medicamento de baixo custo e seu acesso na rede pública é mais fácil.

Dentre as especialidades médicas que mais prescrevem estas substâncias

estão os Clínicos Gerais (34%), seguidos dos Neurologistas (6%) e Psiquiatras (2%).

Um fato interessante é que 48% das entrevistadas referiram não conhecer a

especialidade do prescritor. Carvalho et al., (2006) relatam que nos países em

desenvolvimento, a prescrição de BDZ acontece para o tratamento de diversas

patologias, inclusive hipertensão e dores lombares, alémdisso é observado que

médicos especialistas em outras áreas diferentes da neurologia e psiquiatria, são

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responsáveis pela maior parte das prescrições de BDZ´s. Segundo Coelho et al.,

(2006) o uso racional dos BDZ´s tem sido de responsabilidade de toda classe

médica desde o serviço de urgência até o especialista de medicina do sono.

Portanto, recomenda-se a familiarização dos médicos com os mecanismos de ação

e efeitos colaterais e adversos dos dessas substâncias.

As principais causas referidas como motivadoras da utilização destes

medicamentos foram ansiedade, fadiga, insônia, tristeza, estresse, entre outros,

devido o fato, segundo Casali (2010) os BDZ’s possuirem propriedades sedativas,

anticonvulsivante, hipnótica, amnésia e relaxante muscular.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados apurados até o momento revelam semelhanças ao observado na

literatura. A análise final dos dados permitirá conhecer características de extrema

relevância da população investigada. Só assim trabalhos como estes podem

possibilitar intervenções sanitárias que estimulem o Uso Racional de

Benzodiazepínicos.

REFERÊNCIAS

BRUNTON, L. Laurence, LAZO, S. Jonh, PARKER, L. Keith. As bases farmacológicas da terapêutica: Goodman e Gilman Edição: 11ª Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2006. CARVALHO, Andréa da Luz; COSTA, Milene Rangel da; FAGUNDES, Hugo. O ano da promoção do Uso Racional de Benzodiazepínicos. Uso Racional de psicofármacos.ano 1vol1/Abril - Jun 2006. CASALI, Fabiana Tambellini. Avaliação do uso de Benzodiazepínicos pelos usuários da unidade básica de saúde do município de Camacho-MG pelo dispensação realizada na farmácia básica do SUS. Camacho-Minas Gerais, 2010. COELHO, Fernando Morgadinho Santos; ELIAS, Rosilene Mota; POYARES, Dalva; PRADELLA-HALLIMAN, Márcia; BITTENCOURT, Lia Rita Azeredo; TUFIK, Sérgio. Benzodiazepínicos: uso clínico e perspectiva. 2006. FOSCARINI, Priscila Tonial. Benzodiazepínicos: Uma revisão sobre o uso abuso e dependência. Universidade Federal do Rio do Sul, Porto Alegre, jun 2010. TUOTO, Elvio Armando. A descoberta dos benzodiazepínicos. Disponível em: <HTTP://www. Historyofmedicine.blogspot.com.br >.Acesso em 24/04/2012.

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PERFIL DA PRESCRIÇÃO DE ANOREXÍGENOS NO ANO DE 2011 EM FÁRMACIA COMERCIAL NA CIDADE DE MATIPÓ-MG

André Otoni Guimarães e Jacira Paula coelho Oliveira – Graduandos em

Farmácia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises

Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade

Vértice – UNIVÉRTIX [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Anorexígenos; Sibutramina; Obesidade.

INTRODUÇÃO

A obesidade pode ser definida como um acúmulo excessivo de gordura

corporal que acarreta prejuízos à saúde dos indivíduos, tais como dificuldades

respiratórias, problemas dermatológicos e distúrbios do aparelho locomotor, além de

favorecer o surgimento de outras doenças debilitantes e de alto custo social como

dislipidemias, doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer

(PINHEIRO, FREITAS e CORSO, 2004).

Os anorexígenos são fármacos que provocam a supressão do apetite, agindo

como estimulantes do sistema nervoso central. Para muitos indivíduos, tratamentos

farmacológicos agem como uma solução única para seus males e o uso de

anfetaminas para redução de peso corporal já foi uma prática disseminada

considerando que essas substâncias inibem o apetite e reduzem o sono, causando

ao organismo uma forte necessidade de movimento (CARNEIRO, JÚNIOR e

ACURCIO, 2008). O objetivo deste trabalho foi levantar quais os anorexígenos mais

utilizados e quais as especialidades médicas mais freqüentes dos preceptores

dessas substâncias, considerando uma farmácia comercial do município de Matipó -

MG.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada através de uma análise das receitas e notificações de

receitas de medicamentos anorexígenos sujeitos a controle especial retidas em uma

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farmácia do Município de Matipó – MG, no período de janeiro a dezembro de 2011.

Foram encontradas 23 prescrições retidas no estabelecimento no período

considerado. Trata-se de uma pesquisa quantitativa retrospectiva e os dados foram

coletados manualmente das prescrições e transcritos para um formulário específico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas análises das 23 prescrições foram observadas as seguintes substâncias

anorexígenas e os respectivos percentuais: Sibutramina (52,17%), Anfepramona

(4,35%), Femproporex (43,48%). As especialidades dos médicos prescritores se

apresentaram de acordo com os seguintes percentuais: Clínica Médica (47,8%),

Endocrinologia e Metabologia (17,4%), Psiquiatria (4,3%), Endocrinologia (21,7%) e

Neurologita (4,3%). A alta prevalência de utilização da sibutramina deve representar

um alerta considerando seus principais efeitos secundários relatados como boca

seca, insônia, constipação, náusea, taquicardia, palpitação, hipertensão,

vasodilatação, dor de cabeça, ansiedade e distúrbio do paladar (AVENELL et al.,

2004). Em outubro de 2011, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA

proibiu o uso das substâncias anfepramona, femproporex e mazindol e criou

medidas de controle da prescrição e dispensação de medicamentos que contenham

a substância sibutramina (BRAIL, 2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A medida adotada pela ANVISA para controlar a venda de Sibutramina e

proibir outros anorexígenos é justificável quando se observa a variedade das

especialidades médicas que prescrevem ou prescreviam tais substancias na

farmácia analisada. Acredita-se que dados como esses são importantes para

contribuir para conscientização e orientação farmacêutica aos pacientes que utilizam

esse tipo de medicamento.

REFERENCIAS

AVENELL, A. et al. Systematic review of the longterm effects and economic consequences of treatments for obesity and implications for health improvement. Health Technology Assessment, v. 8, n. 21, p. 1-465, 2004.

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BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 52, de 6 de outubro de 2011. Dispõe sobre a proibição do uso das substâncias anfepramona, femproporex e mazindol, e seus sais e isômeros, bem como intermediários e medidas de controle da prescrição e dispensação de medicamentos que contenham a substância sibutramina, seus sais e isômeros, bem como intermediários e dá outras providências. Brasília, 2011.

CARNEIRO, Mônica de Fátima Gontijo; JÚNIOR, Augusto Afonso Guerra; ACURCIO, Francisco de Assis. Prescrição, dispensação e regulação do consumo de psicotrópicos anorexígenos em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.24, n.8, p.1763-1772, ago, 2008.

PINHEIRO, Anelise Rizzolo de Oliveira; FREITAS, Sérgio Fernando Torres de; CORSO, Arlete Catarina Tittoni. Uma abordagem epidemiológica da obesidade. Revista de Nutrição, Campinas, v.17, n.4, out./dez, 2004.

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ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE ESTOQUE DOMICILIAR DE MEDICAMENTOS ESTABELECIDOS PELOS USUÁRIOS DE UMA FARMÁCIA COMERCIAL DE UM

MUNICIPIO MINEIRO

Laiz Aquino de Oliveira Mendes e Rubianne de Oliveira Assis – Graduandas em Farmácia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade

Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises

Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Gleiciely Santos Silveira – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX

[email protected] PALAVRAS-CHAVE: Estoque domiciliar; Medicamentos; Farmácia Caseira.

INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a política nacional de

medicamentos do Ministério de Saúde estabelecem que o uso racional de

medicamentos se dá quando os pacientes recebem a medicação adequada às suas

necessidades clínicas, nas doses correspondentes aos seus requisitos individuais,

durante período de tempo adequado e ao menor custo possível para si e para a

comunidade (MASTROIANNI ET al., 2011). Tourinho et al. (2008) consideram que o

estoque domiciliar de medicamentos, também chamado de farmácia domiciliar,

frequentemente depositada em ambientes e recipientes inadequados, propicia

diversas possibilidades de desperdício e de consumo irracional por facilitar a

automedicação não responsável e, aumentando o risco de exposições tóxicas sejam

elas intencionais ou não. Os fatores que motivam a população a estocar

medicamentos em casa são: à inconstância da sua disponibilidade nas unidades

básicas de saúde (UBS), o medo de ser acometido por doenças e o

desconhecimento dos riscos que os medicamentos podem apresentar se não forem

armazenados corretamente. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações

Tóxico-Farmacológicas, os medicamentos ocupam a primeira posição entre os

principais agentes causadores de intoxicações em humanos desde 1996, sendo que,

em 2007, foram responsáveis por 30,3% dos casos registrados no Brasil

(MASTROIANNI et al., 2011). Segundo Ramos, Silva e Alencar (2010) além do

estoque propriamente dito, o armazenamento inadequado dos medicamentos é um

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dos problemas que envolvem estes produtos nas residências. As condições de

armazenamento influenciam na eficácia destes medicamentos, pois podem

comprometer a sua estabilidade. O objetivo desse estudo é analisar as condições de

estoque domiciliar de medicamentos estabelecidos pelos usuários de uma farmácia

comercial de um Município da Zona da Mata Mineira.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo quantitativo que foi realizado em uma

farmácia comercial situada em Matipó / MG. Os dados foram coletados no período

de 14/08/2012 à 18/08/2012 utilizado um questionário padronizado, onde foram

abordados itens a respeito dos locais e forma de armazenamento dos medicamentos

estocados no âmbito domiciliar e os medicamentos mais frequentes nas chamadas

“farmácias caseiras”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O questionário foi aplicado a 69 pessoas que procuraram a farmácia em

questão, no período de 14 a 18/08/12. Foram processados 100% dos questionários.

A partir da avaliação dos questionários, pôde-se verificar que a maior parte dos

entrevistados, 85,5% é do sexo feminino. No que diz respeito à faixa etária, 42,1%

possuem de 18 a 25 anos e 27,5% entre 26 a 35 anos. Em relação à presença da

farmácia domiciliar, 42% assumiram possuir a farmácia caseira. Quanto aos tipos de

medicamentos presentes (22,9%) relataram possuir em seu estoque domiciliar

antipiréticos, (17,3%) analgésico/anti-inflamatório, (13,4%) anti-histamínicos. Quanto

ao ambiente onde são armazenados os medicamentos foi relatado que os locais

mais comumente utilizados são: cozinha (47,8%), quarto (31,9%). Em relação a

guarda do medicamento na própria embalagem 82,6% disseram que sempre o

fazem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observa-se na presente pesquisa que o estabelecimento de estoque domiciliar

de medicamentos é comum entre os consultados. E muitas vezes esses

medicamentos encontram-se armazenados em locais inadequados, o que pode

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comprometer sua segurança e eficácia, devido à possibilidade de perda de

estabilidade. Resultados deste estudo reforçam a necessidade da assistência

farmacêutica, pois durante a dispensação o farmacêutico também deve orientar

quanto ao armazenamento correto dos mesmos.

REFERÊNCIAS MASTROIANNI, Patricia de Carvalho; LUCCHETTA, Rosa Camila; SARRA, Josiane dos Reis; GALDURÒZ. Estoque doméstico e uso de medicamentos em uma população cadastrada na estratégia saúde da família no Brasil. Revista Panamericana Saúde Publica, v.29, n.5, 2011. RAMOS, Diego Carneiro; SILVA, Tatiane de Oliveira; ALENCAR, Bruno Rodrigues. Análise da prática do estoque domiciliar de medicamentos de um município do Estado da Bahia. Infarma, v.22, n.10, 2010. TOURINHO, Francis Solange Vieira; BUCARETCHI, Fábio; STEPHAN, Celso; CORDEIRO, Ricardo. Farmácias domiciliares e sua relação com a automedicação em crianças e adolescentes. Jornal de Pediatria, v.84, n.5, 2008.

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USO DE ABREVIATURAS EM PRESCRIÇÕES MÉDICAS AVIADAS NA UNIDADE DA FARMÁCIA DE MINAS DE PEDRA BONITA/MG NO 1º QUADRIMESTRE DE

2012

Nilza Lorena Vitor Queiroz e Dayse Moreira Rosa – Graduandas em Farmácia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade

Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises

Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Gleiciely Santos Silveira – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX

[email protected] PALAVRAS-CHAVE: Prescrições médicas, uso racional de medicamentos, erros de medicação, abreviaturas. INTRODUÇÃO

A prescrição médica é uma ordem escrita dirigida ao farmacêutico e ao

paciente, na qual o prescritor deve determinar os medicamentos e as condições em

que devem ser utilizados (EV, GUIMARÃES & CASTRO, 2008). Seguindo a ideia do

Uso Racional de Medicamentos (URM), sabe-se da importância da prescrição e da

dispensação apropriadas para a utilização adequada do medicamento (ARAÚJO &

UCHÔA, 2011). Assim, prescrições que não contém as informações necessárias

para boa dispensação, podem induzir a erros de medicação gerando custos diretos

e indiretos que recaem sobre a sociedade e que adicionalmente podem geram nos

pacientes a perda de credibilidade no sistema de saúde (EV, GUIMARÃES &

CASTRO, 2008; CFF, 2010). O objetivo deste trabalho foi verificar a presença de

abreviaturas nas prescrições médicas aviadas na Farmácia de Minas do município

de Pedra Bonita/ MG, devido ao impacto negativo que estas podem causar na

qualidade da assistência à saúde prestada.

METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa exploratória com abordagem descritiva quantitativa.

O objeto de estudo foram as receitas médicas classificadas como simples, aviadas

na Farmácia de Minas do município de Pedra Bonita/MG, no primeiro quadrimestre

de 2012, totalizando 1870 prescrições. Como o desenho do estudo é retrospectivo,

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os responsáveis pela revisão das prescrições assinaram um Termo de Compromisso

de Utilização dos Dados, de acordo com o que recomenda a Resolução nº 196/96

(BRASIL, 1996). As prescrições foram avaliadas quanto ao uso de abreviaturas para

descrever o nome do medicamento, a forma farmacêutica e a via de administração.

Após a coleta dos dados, esses foram tabulados através da estatística descritiva

no Microsoft Office Excel, versão 2010.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das 1870 prescrições aviadas no período em questão, 0,8% foram

consideradas ilegíveis pelos pesquisadores e, portanto, nenhuma informação

adicional para o estudo foi retirada. As abreviaturas são muito utilizadas com

objetivo de simplificar e agilizar o processo de prescrição. Verificou-se que entre as

prescrições efetivamente analisadas (1855), a forma farmacêutica foi abreviada em

98,2% destas. Já as abreviaturas relacionadas à via de administração e ao nome do

medicamento foram usadas respectivamente em 30,8% e 1,2% das prescrições. Os

dados apresentados são preocupantes no que se refere aos agravos que podem ser

acarretados à saúde da população, visto que essas podem levar a o uso incorreto de

medicamentos, além de gerar reflexos sobre os custos que recaem sobre os

recursos governamentais destinados à saúde, bem como à própria sociedade

(GUZATTO & BUENO, 2007). Isto porque o emprego de abreviaturas pode acarretar

interpretações equivocadas tanto pelo desconhecimento destas pelos outros

profissionais envolvidos com a dispensação e administração dos medicamentos

prescritos, como por uma mesma abreviatura poder apresentar mais de um

significado ou pela possibilidade de ser confundida com outras abreviaturas quando

mal escrita (CARVALHO et al., 1999).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através deste estudo constatou-se deficiências nas informações das

prescrições na localidade em questão, ressaltando a necessidade da implementação

de estratégias que reforcem os benefícios de uma prescrição adequada aos

emitentes e verificação da viabilidade de compra e utilização de softwares para

elaboração de prescrição eletrônica que amenizam problemas relacionados a

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legibilidade e a emissão de prescrições com ausência de dados. Diminuindo assim o

risco de ocorrência de erros de medicação relacionados a prescrição.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Patrícia Taveira de Brito; UCHÔA, Severina Alice Costa. Avaliação da qualidade da prescrição de medicamentos de um hospital de ensino. Ciência & Saúde Coletiva, v.16, supl.1, p. 1107-1114, 2011. BRASIL. Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996. Conselho Nacional de Saúde. Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_96.htm>. Acesso em: 12 mar. 2012 CARVALHO, Viviane Tosta; CASSIANI, Silvia Helena de Bortoli; CHIERICATO, Cristiane; MIASSO, Adriana Inocenti. Erros mais comuns e fatores de risco na administração de medicamentos em unidades básicas de saúde. Rev Latinoam Enferm., v.7, p. 67-75, 1999. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. A Assistência Farmacêutica no SUS. Brasília. 2010. Disponível em: <http://www.sbrafh.org.br/biblioteca/Manual%20Ass%20Farm%20no%20SUS%20CFF%20CRF%20PR.pdf> Acesso em: 25 abr. 2012. EV, Lisiane Silveira; GUIMARÃES, Andréa Grabe; CASTRO, Vanessa Soares. Avaliação das prescrições dispensadas em uma Unidade Básica de Saúde do Município de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Latin American Journal of Pharmacy, v.27, n.4, p.543-547, 2008. GUZATTO, Paula; BUENO, Denise. Análise de prescrições medicamentosas dispensadas na farmácia de uma unidade básica de saúde de Porto Alegre – RS. Rev HCPA, v. 27, n. 3, p.20-26, 2007.

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PREVALÊNCIA DE POLIFARMÁCIA ENTRE IDOSOS RESIDENTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA DA ZONA DA MATA MINEIRA

Ludimila Gardingo Silva e Angeline Queiroz Lopes – Graduandas em Farmácia,

Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências

Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice -

UNIVÉRTIX Gleiciely Santos Silveira – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências

Farmacêuticas. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Polifarmácia, idosos institucionalizados, instituições de longa permanência. INTRODUÇÃO

Com o aumento da expectativa de vida da população os problemas

relacionados ao envelhecimento serão cada vez mais frequentes, dentre eles o

aumento da prevalência de doenças crônicas. Com isso espera-se elevação do uso

de medicamentos e também da polifarmácia (GALVÃO, 2006). Esta pode ser

definida como utilização de cinco ou mais medicamentos em associação, ou

associação de medicamentos onde a utilização de pelo menos um deles é

desnecessária (SECOLI, 2010; SOUZA et al., 2010). Existem poucos trabalhos

sobre prevalência da polifarmácia entre idosos institucionalizados com isso torna-se

importante a realização deste primeiro estudo na Instituição de Longa Permanência

(ILP) presente na cidade de Matipó/MG, avaliando a prevalência da polimedicação

entre os internos.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa realizada

durante o ano de 2012, na ILP Lar Bom Jesus, onde residem 15 internos com idade

maior ou igual há 60 anos. Os dados coletados através da leitura dos prontuários de

cada idoso foram número e grupos farmacológicos de medicamentos em uso que

foram registrados em formulário apropriado. Os dados obtidos foram tabulados

através da estatística descritiva no Microsoft Excel 2010.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Avaliaram-se todos os internos da Instituição de Longa Permanência Lar Bom

Jesus que apresentavam idades iguais ou superiores a 60 anos de idade, ou seja,

75% dos internos (n=15). Destes 86,6% faziam uso de polifarmácia e possivelmente

fazem uso de medicamentos inadequadamente. Da população avaliada todos faziam

uso de medicamentos anti-hipertensivos e 33% fazem uso de antidiabéticos orais.

Um dos principais fatores de risco para reações adversas a medicamentos em

idosos é a sua administração de maneira inadequada. Neste estudo pode-se

observar que a polimedicação pode interferir na efetividade terapêutica e aumentar o

número de reações adversas entre os idosos avaliados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos resultados encontrados nesse estudo verifica-se a extrema

relevância da atuação do profissional farmacêutico no acompanhamento

farmacoterapêutico dos idosos, pois, este pode evidenciar possíveis interações,

reações adversas e o uso inadequado de medicamentos entre indivíduos

polimedicados. Uma vez detectados esses problemas e comunicado aos

prescritores responsáveis, estes podem realizar adequações/alterações na

farmacoterapia proposta podendo assim aumentar a eficácia e segurança do

tratamento e consequentemente, melhorar a qualidade de vida dos idosos

atendidos.

REFERÊNCIAS GALVÃO, Cristina. O idoso polimedicado – Estratégias para melhorar a prescrição. Revista Portuguesa de Clínica Geral (Lisboa), vol. 22, p.747-752, 2006. SECOLI, Silvia Regina. Interações e reações adversas no uso de medicamentos por idosos. Revista Brasileira de Enfermagem (Brasília), vol.63, n.1, p.136-40, fev. 2010. LUCCHETTI, Giancarlo; GRANERO, Alessandro Lamas; PIRES, Sueli Luciano; GORZONI, Milton Luiz. Fatores associados à polifarmácia em idosos institucionalizados. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia (Rio de Janeiro), vol.13, n.1, p.51-58, 2010.

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PASSARELLI, Maria Cristina Guerra. Medicamentos Inapropriados para Idosos: Um Grave Problema de saúde Pública. Boletim Informativo Farmacovigilância (São Paulo), n.2, jun. 2006.

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PREVALÊNCIA DE VERMINOSES INTESTINAIS EM UM LABORATÓRIO DA ZONA DA MATA MINEIRA

Deiva de Ornelas Silva. Rodrigues, Vanderléia Paula Aguiar - Graduandas em

Farmácia da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises

Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas. Professora do curso de Farmácia da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.

Luciano Montes Justino – Graduado em Farmácia, Pós graduando em MBA Gestão de Negócios e Pessoas. Professor da Faculdade Univértix.

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Parasitoses; Saúde Pública; Prevalência.

INTRODUÇÃO

As parasitoses intestinais representam um grave problema de saúde pública

em todo o mundo, com agravo significativo em países em desenvolvimento.

Decorrem da presença de helmintos e/ou protozoários no intestino, causando danos

ao hospedeiro. (NEVES et al., 2002). A prevalência varia de acordo com a região

analisada. (COSTA ET al., 2003).

A gravidade das infecções parasitárias depende da patogenicidade do

parasita, da resposta imune do hospedeiro e da carga parasitária. (JERNIGAN,

GUERRANT, PEARSON, 1994). As crianças são as mais atingidas, devido ao fato

de serem mais suscetíveis em função do sistema imune ainda estar em

desenvolvimento e por terem mais contato com formas e vias de transmissão.

(NEVES et al., 2002)

Não existe um método capaz de evidenciar todos os ovos ou larvas de

helmintos, bem como cistos ou trofozoítos de protozoários intestinais. (MOTTA et al.,

2008). Contudo, a partir de dados de um laboratório particular de uma cidade da

Zona da Mata Mineira, busca levantar informações sobre a incidência de parasitoses

intestinais nesta referida cidade.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de natureza exploratória, com abordagem

quantitativa, realizada em um laboratório particular em uma cidade da Zona da Mata

Mineira. Foi feito levantamento de dados, de resultados de exames parasitológicos

arquivados no programa de gerenciamento Labsolution do referido laboratório no

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período de exames realizados entre Dezembro de 2011 e Abril de 2012. Os dados

obtidos foram processados no Microsoft Office Excel e analisados através de

estatística descritiva.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Analisando os resultados positivos, foram observados que os parasitas

encontrados com maior frequência foram: Entamoeba hystolitica (23,4%), Enterobius

vermiculares (19,9%), Giardia lamblia (19,9%), Entamoeba coli (17,5%), com a

presença de poliparasitismo em quase todos os resultados de pacientes analisados.

A intensidade das infecções parasitárias está relacionada com as condições

de moradia, saneamento básico da população exposta, hábitos alimentares, higiene

pessoal, contato com o solo e condições socioeconômicas precárias, dentre outros

fatores. Há a necessidade de conhecimento da realidade e dos fatores de risco que

favorecem a manutenção, propagação e surgimento desses agentes, para uma

intervenção com medidas profiláticas, objetivando uma redução das infecções

parasitária (ZAIDEN, 2008).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na profilaxia das doenças parasitárias, são importantes a educação sanitária,

o saneamento básico e a melhoria do estado nutricional, pois apenas o tratamento

das verminoses não é suficiente. É necessário conhecer o perfil epidemiológico de

ocorrência das diferentes verminoses para realização de intervenções que visam à

diminuição/eliminação da incidência/prevalência.

REFERÊNCIAS

NEVES, DAVID PEREIRA ET al. Parasitologia Humana. Edição 11ª. São Paulo. Editora Atheneu, 2002. COSTA, Geraldo Marques et al.Prevalência de Enteroparasitoses em uma comunidade quilombola do norte de Minas. Disponível em: http://www.fepeg.unimontes.br. Acesso em: 11 abril 2012. JERNIGAN, J.; GUERRANT, R. L.; PEARSON, R.D. Parasitic infections of the small intestine. Gut. 35, 289-293, 1994.

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MOTTA, Daiane de Souza, et al.: Levantamento epidemiológico de prevalência de parasitoses intestinais em escolares do município de Parabé-RS, 2008. ZAIDEN, Marilúcia F. et al.: Epidemiologia das parasitoses intestinais em crianças de crèche de Rio Verde-GO, 2008.

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POSTURAS INADEQUADAS ENTRE HIPERTENSOS CADASTRADOS NO HIPERDIA DO ESF BOA VISTA DE MATIPÓ/MG

Laureana Chaves T. Barbosa e Rafaela de Sousa Magalhães – Graduandas em

Farmácia, Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Fernanda Cristina Ferrari - Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências

Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX

Gleiciely Santos Silveira –Farmacêutica, Bioquímica Industrial , Mestre em Ciências Farmacêuticas. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Hiperdia; Hipertensão e Problemas relacionados a medicamentos.

INTRODUÇÃO

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica bastante comum

que apresenta altas taxas de morbimortalidade associadas e leva ao

comprometimento da qualidade de vida dos portadores. Por isso, constitui um grave

problema de saúde pública (DALLACOSTA F.M., DALLACOSTA H. & NUNES A.D,

2010). Com a missão de ampliar a longevidade e melhorar a qualidade de vida da

população por meio de intervenções capazes de diminuir a morbi-mortalidade por

HAS, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e doença renal crônica, foi criada

em 2009, a Rede Hiperdia Minas. Esta tornou-se uma rede de atenção à saúde

prioritária em Minas Gerais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). No programa

HIPERDIA, a atenção farmacêutica prevê o acompanhamento farmacoterapêutico

dos pacientes, com objetivo de detecção prevenção e resolução dos problemas

relacionados a medicamentos (PRMs) auxiliando na adesão e na boa conduta dos

indivíduos atendidos frente à farmacoterapia (Amarante et al., 2010). Assim, o

presente estudo se volta a presença de posturas inadequadas, que poderiam causar

agravos, assumidas pelos hipertensos cadastrados no programa HIPERDIA do

Estratégia Saúde Família (ESF) Boa Vista de Matipó/MG.

METODOLOGIA

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Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva com abordagem quantitativa.

Através da aplicação de um questionário que buscava informações sobre hábitos de

vida entre usuários hipertensos do ESF do bairro Boa Vistam da cidade de

Matipó/MG cadastrados no HIPERDIA. Estes questionários foram aplicados no mês

agosto de 2012, durante visitas acompanhadas por agentes de saúde, aos

domicílios de hipertensos cadastrados no Hiperdia atendidos por esta ESF. Os

dados foram tabulados no Microsoft Excel 2010.

RESULTADOS

Participaram do estudo 60 indivíduos, 38% do gênero masculino e 62% do

gênero feminino. Dentre os participantes, 2% estão em faixa etária que variou de 20

a 35 anos, 20% entre 35 e 50 anos, 40% entre 50 e 65 anos e 38% acima de 65

anos. Foram relatadas diversas posturas inadequadas assumidas por alguns destes

hipertensos. 7% são tabagistas, isso é preocupante, já que o ácido nicotínico

oriundo do tabaco deflagra a liberação de catecolaminas, que elevam a frequência

cardíaca e a pressão arterial contribuindo assim para o desenvolvimento das

doenças coronarianas (CASTRO M.E., ROLIM M.O. & MAURICIO T. F.). 35% dos

entrevistados não prática de exercícios físicos, o que não é interessante já que a

prática de exercícios físicos ajuda a diminuir o risco coronário, pois aumenta os

níveis de HDL, diminuem os níveis de triglicérides, da pressão arterial e do peso

corporal, melhora a tolerância à glicose e corrige a distribuição da gordura. Além de

promover também uma importante melhora da autoestima e da sensação de bem-

estar (GRAVINA C. F., GRESPAN S. h., JAIRO L. B.). 3% consomem bebidas

alcoólicas, o que é indesejável já que estudos apontam para a existência de uma

relação linear, direta, entre o consumo de álcool e a elevação da pressão arterial

(LIMA et. al. 1999). Segundo Criqui et al. citado por Amodeo & Lima, 1996, o uso

excessivo de álcool é responsável por cerca de 5 a 10% dos casos de HAS. Além

disso, 48% destes costumam se esquecer de tomar os medicamentos para controle

da HAS, 8% não toma os medicamentos nos horários propostos pelo médico e 16%

relataram ter feito à última consulta médica há mais de 6 meses. Verifica-se desta

forma que o número de hipertensos que não assumem posturas adequadas para

controle da HAS é considerável, verificando-se assim a necessidade de intervenções

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no sentido de esclarecer essa população quanto aos agravos que podem surgir

devido a posturas inadequadas assumidas por estes e incentivando-os assim a um

maior comprometimento com o controle da HAS.

REFERÊNCIAS AMADEO, Celso; LIMA, Nereida Kilza da Costa. Tratamento não medicamentoso da hipertensão Arterial. Medicina, Ribeirão Preto, V. 29, p. 239-243,1996. AMARANTE, Laila Carvalho et al. A influencia do acompanhamento farmacoterapêutico na adesão à terapia anti- hipertensiva e no grau de satisfação do paciente . Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada. V.31(3), p. 209-215, 2010. CASTRO, Maria Euridéa; ROLIM, Maysa Oliveira; MAURICIO, Tibelle Freitas. Prevenção da hipertensão e sua relação com o estilo de vida de trabalhadores. Acta Paulista de Enfermagem; V.18(2), p.184-189, 2005. DALLACOSTA, Fabiana Meneghetti; DALLACOSTA, Hotone; NUNES, Alessandra Daros. Perfil de hipertensos cadastrados no programa HIPERDIA de uma unidade básica de saúde. Unoesc & Ciência – ACB, p. 45-52, 2010.

GRAVINA, Claudia F; GRESPAN, Stela Maris; Borges, J. L. Tratamento não medicamentoso da hipertensão no idoso. Revista Brasileira de Hipertensão V.14(1), p. 33-36, 2007.

LIMA, Carlos Tadeu da Silva et al. Hipertensão arterial e alcoolismo em trabalhadores de uma refinaria de petróleo. Revista Panam Salud/Pan Am J Public Health. V.6(3), 1999. MINISTÉRIO DA SAÚDE. HIPERTENSÃO ARTERIAL E DIABETES MELLITUS -MORBIDADE AUTO REFERIDA SEGUNDO O VIGTEL 2009 e CADASTRO DE PORTADORES DO SIS-HIPERDIA 2010, 2011. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/geral/prevalencia012011.pdf>. Acesso em: 14 março. 2012.

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ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS PELA POPULAÇÃO DO BAIRRO BOA VISTA DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ, MG

Regiane Aparecida Brandão e Érika Cristina Alves – Graduandas em Farmácia,

Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises

Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX

Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade

Vértice - UNIVÉRTIX [email protected]

PALAVRAS-CHAVES: Plantas Medicinais; Fitoterapia; Matipó.

INTRODUÇÃO

Desde os tempos mais remotos as plantas medicinais vêm sendo utilizadas

para tratamento de enfermidades, e é graças a essa ação milenar que vários

medicamentos puderam ser desenvolvidos a partir de princípios ativos extraídos

dessas plantas (CORRÊA et al., 2003). Os fitoterápicos sempre representaram uma

grande parcela no mercado de medicamentos. No Brasil, não existem dados oficiais

atualizados, porém, estima-se que esse mercado gire em torno de US$ 160 milhões

por ano (CARVALHO et al. 2008). De acordo com Bresolin e Cechinel, (2003) citado

por Ferrari e Bastos, (2010) as plantas medicinais têm várias razões para serem

bem aceitas incluindo o alto custo dos medicamentos sintéticos, a fácil obtenção das

plantas medicinais, a dificuldade de atendimento nos hospitais e de se obter

assistência médica. Diante disso, este trabalho pretende levantar informações a

respeito da utilização de plantas medicinais pela população do Bairro Boa Vista em

Matipó, MG e dessa forma, proporcionar um levantamento de dados necessários

para futuras orientações à população estudada, alertando-a sobre eventuais

interações medicamentosas e sobre o uso abusivo das plantas medicinais.

METODOLOGIA

Os questionários foram aplicados durante o mês de agosto de 2012 no bairro

Boa Vista, situado na cidade de Matipó, MG. Participaram da pesquisa usuários da

Estratégia de Saúde da Família do bairro, abordados em suas residências por

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agentes municipais de saúde. Os usuários participantes da pesquisa assinaram e

receberam o termo de consentimento livre e esclarecido. A análise dos dados está

sendo realizada no Microsoft Office Excel® para geração de gráficos posteriores que

irão orientar uma maior discussão sobre os resultados. A amostra representou 2,7%

da população do bairro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises preliminares mostram que as plantas medicinais possuem grande

aceitação pelos entrevistados o que pode ser justificado pelo fato de que 100%

deles tiveram o efeito desejado quando recorreram ao efeito delas e, portanto as

consideram remédios. Quando perguntados sobre a frequência de utilização 56,00%

dos entrevistados relataram que raramente fazem uso das plantas medicinais,

25,00% afirmaram utilizá-las uma vez por mês, 3,57% afirmaram utilizá-las uma vez

por ano, 1,78% afirmaram nunca terem feito uso de plantas.

A variedade de espécies vegetais que os usuários pesquisados têm

conhecimento é muito vasta, estando entre as mais utilizadas: capim cidreira

(Cymbopogon citratus), boldo (Plectranthus barbatus), tanchagem (Plantago major),

camomila (Matricaria recutita),erva-doce (Pimpinella anisum), funcho (Foeniculum

vulgare), folha de laranja (Citrus sp.) e a hortelã (Mentha peperita). As espécies

citadas foram referidas por mais de 50% dos pesquisados e também foram referidas

em um estudo de mesmo caráter realizado no bairro centro do mesmo município

(FERRARI e BASTOS, 2010). Silveira e colaboradores (2008) alerta para o cuidado

com a utilização de espécies vegetais e fitoterápicos que são utilizados por

automedicação ou mesmo por prescrição médica, pois muitos não têm a sua

toxicidade bem conhecida principalmente quando associados com outros

medicamentos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As pessoas sempre utilizaram plantas medicinais baseando-se em

conhecimentos que vão passando de geração em geração. Atualmente, o Sistema

Único de Saúde já oferece alguns fitoterápicos e algumas cidades brasileiras vêm

inserindo as espécies vegetais nas práticas de Saúde Pública. E essa é uma atitude

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desejável visto que profissionais especializados, como médicos e farmacêuticos, têm

maiores condições de orientar a população quanto ao uso dessas plantas e evitar

efeitos derivados de sua eventual toxicidade.

REFERÊNCIAS CARVALHO, Ana C. B.; BALBINO, Evelin E.; MACIEL, Artur; PERFEITO, João P. S. Situação do registro de medicamentos fitoterápicos no Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia. Abr./ Jun. 2008. FERRARI, Fernanda Cristina; BASTOS, Kênia Pereira Lemos; Aspectos da utilização de plantas medicinais pela população do bairro Centro do município de Matipó,MG. Anais do III Fórum acadêmico da Faculdade Vértice, 2010. CORRÊA, Anderson Domingues; BATISTA, Rodrigo Siqueira; QUINTAS, Luis Eduardo; Plantas Medicinais do cultivo à terapêutica. 6ª Edição. Petrópolis: Editora Vozes, 2003. SILVEIRA P.F.; BANDEIRA M.A.M.; ARRAIS P.S.D.; Farmacovigilância e reações adversas às plantas medicinais e fitoterápicos: uma realidade; Revista Brasileira de Farmacognosia; 18(4):618-626,Out./Dez.2008.

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25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301

PERFIL DA UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS PELO CORPO DOCENTE DE UMA FACULDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA

Neimar de Paula Silva e Kátia Maria Gardingo – Graduandos em Farmácia,

Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências

Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências

Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Farmacoepidemiologia; Uso de medicamentos; Docentes.

INTRODUÇÃO

Em meio a inúmeros hábitos comportamentais do homem moderno, o consumo

de medicamentos como instrumento indispensável à recuperação e manutenção da

saúde vem se sobressaindo em diversas classes populacionais. Dentre estas se

destaca a população universitária que almejando manter o nível educacional

desenvolveram a tendência de aliviar suas tensões utilizando medicamentos

(CANCIAN e LIMA, 2010). O alto consumo dessas substâncias é influenciado tanto

por fatores farmacológicos como também por aspectos socioantropológicos,

comportamentais e econômicos. O grande número de alternativas disponibilizadas

no mercado, a propaganda da indústria farmacêutica, o elevado índice de

prescrições médicas, inclusive algumas inadequadas, e as atitudes culturais

colaboram para a realização de práticas irracionais por populações (STARLING,

2004). A automedicação é definida como o ato de tomar medicamentos sem a

prescrição/orientação/supervisão médica: um comportamento que faz parte do

autocuidado. Existe, no entanto, a automedicação responsável, a qual se trata do

uso responsável de medicamentos não tarjados, isentos de prescrição médica, para

cuidar sozinho de males ou sintomas menores, prática esta, reconhecida e

estimulada por entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) (SOUZA et

al., 2010). O perfil do uso de medicamentos em determinada população é tido pela

OMS como um indicador sanitário importante, considerando que ele pode auxiliar na

elucidação de problemas ou mesmo tornar conhecida a configuração da utilização

do arsenal terapêutico (CABRITA et al., 2001). Portanto, o objetivo deste estudo é

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investigar o padrão de consumo de medicamentos pela população docente de uma

faculdade da iniciativa privada sediada em uma cidade da Zona da Mata Mineira e

averiguar possíveis fatores determinantes deste consumo.

METODOLOGIA

Realizou-se um estudo descritivo com abordagem quantitativa com os

professores de uma instituição da iniciativa privada sediada em uma cidade da Zona

da Mata Mineira, os quais foram submetidos a um questionário de fácil entendimento

e autoexplicativo, padronizado ao objeto de estudo no período de 10 de junho a 12

de julho de 2012. Os dados foram analisados por estatística descritiva, utilizando o

Microsoft Office Excel®. Os docentes que concordaram em participar da pesquisa

assinaram e receberam uma cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Do total de docentes, 83,33% participaram da pesquisa, os demais não

concordaram ou não foram encontrados. A população investigada consta de 60% do

gênero masculino e 40% feminino, sendo em sua maioria casados (56,66%) e com

faixa etária entre 20 e 39 anos (71,67%). O grau de formação acadêmica máxima

mais frequente na população investigada é a pós-graduação strictu sensu nível

mestrado (40%). Com relação aos cuidados com a saúde, os pesquisados

compareceram numa consulta médica 2,2 vezes no último ano em média. Dentre

eles 16,67% não vão ao médico há mais de um ano e 28,33% consultaram um

médico no último mês. A prevalência da utilização de medicamentos foi de 76,67%

nos 30 dias que antecederam a aplicação do questionário. Os medicamentos mais

utilizados foram analgésicos e antipiréticos (73,91%) e antigripais (34,78%). Dos

medicamentos consumidos pela amostra 95,65% foram adquiridos em farmácia,

sendo que 56,52% com indicação médica, 26,09% por decisão própria e 15,22%

indicados por profissionais farmacêuticos. É importante ressaltar a presença de

(18,33%) de farmacêuticos e enfermeiros incluídos na amostra avaliada, sendo

estes, profissionais capacitados para a implementação da automedicação

responsável. A prevalência de consumo de medicamentos averiguada pode ser

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considerada alta, assim como verificado por Starling (2004), na população docente

da Universidade Federal de Minas Gerais.

CONSIDERAÇOES FINAIS

O estudo de utilização de medicamentos baseado na aplicação de questionário

mostrou-se muito eficiente na elucidação deste perfil, o que torna este trabalho um

fomento ao desenvolvimento de mais estudos desta natureza nas mais variadas

populações. Isso contribuiria no desenvolvimento de políticas públicas de saúde

mais ajustadas à necessidade populacional, sendo o presente estudo uma

ferramenta de direcionamento para isso. Os dados apresentados neste estudo ainda

são preliminares, portanto é necessária a conclusão da compilação e análise dos

mesmos para que haja mais esclarecimentos acerca deste assunto.

REFERÊNCIAS

CABRITA, José; FERREIRA, Humberto; IGLÉSIAS, Paula; BAPTISTA, Telmo; ROCHA, Evangelista; SILVA, Adelina Lopes; MIGUEL, José Pereira. Estudo do padrão de consumo de medicamentos pelos estudantes da Universidade de Lisboa. Revista Portuguesa de Saúde Pública, Lisboa-Portugal vol.19, n.2, p. 39-47, jul/dez. 2001.

CANCIAN, Tassio Betzel; LIMA, Carla Estela. Saúde e automedicação dos professores e funcionários da E.E.E.F.M. Frederico Boldt, Santa Maria de Jetibá-ES. Santa Teresa-ES, 2010. 25f. Dissertação: Escola Superior São Francisco de Assis (ESFA).

SOUZA, Livia Helena Terra; GOMES, Lidiege Terra e Souza; PEREIRA, Gabrielle Machioni; COSTA, Natalia Rafaela de Assis; PESSÔA, Gustavo de Souza; ZANETTI, Heloisa Helena Vieira. Automedicação versus automedicação responsável: uma análise em três escolas de Alfenas-MG. Revista Brasileira de Odontologia, Rio de Janeiro, v. 67, n. 1, p.8-12, jan./jun. 2010.

STARLING, Leonardo Carvalho. Consumo de medicamentos pela população de docentes da universidade federal de Minas Gerais, 2004. 88 f. Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal de Minas Gerais.

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CARACTERIZAÇÃO DO DESCARTE DE MEDICAMENTOS POR ACADÊMICOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO INTERIOR DE MINAS

GERAIS

Fabiana Toledo Dutra e Marcela Martins e Silva – Graduandas em Farmácia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade

Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises

Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Medicamentos; Descarte; Farmácia domiciliar.

INTRODUÇÃO

Os medicamentos estão entre as substâncias mais utilizadas para o

tratamento dos diversos problemas de saúde. Nos países em desenvolvimento cerca

de 30% dos recursos da saúde são destinados para esses produtos. Estimativas da

Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 50% de todos os

medicamentos usados no mundo são prescritos, dispensados, vendidos ou usados

de maneira incorreta (TOURINHO et al., 2008).

A farmácia domiciliar, conhecida também como farmácia caseira, está

relacionada com o armazenamento de medicamentos em locais e recipientes

inadequados, favorecendo o consumo irracional e desperdício, incluindo a

automedicação, bem como o aumento do risco de exposições tóxicas não

intencionais e intencionais (TOURINHO et al., 2008).

O fato de o indivíduo saber a forma correta de manusear os medicamentos é

de suma importância, pois reduz o risco do uso de medicamento vencido,

administrar doses ou posologia incorretas, armazenar em local indevido,

recomendação terapêutica errônea dentre outros (SANTIN, VIRTUOSO E

OLIVEIRA, 2007).

De acordo com Alvarenga e Nicoletti (2010) o descarte de medicamentos

vencidos no lixo comum pode trazer comprometimento à saúde pública,

considerando a nossa realidade nacional onde existem pessoas que sobrevivem de

restos adquiridos nos “lixões” da cidade sendo expostas aos riscos inerentes a esse

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tipo de produto. De maneira geral, o descarte de medicamentos é realizado no lixo

doméstico em razão de desconhecimento de informações sobre o destino correto.

Deste modo, o estudo tem como objetivo verificar as práticas da farmácia

domiciliar e o descarte de medicamentos por acadêmicos dos cursos da área de

saúde, quem estudam em uma Instituição de Ensino Superior do interior de Minas

Gerais.

Existem poucos estudos que avaliam as características das farmácias

domiciliares, sendo assim, a pesquisa torna-se relevante à medida que tentará

demonstrar as práticas inadequadas e possibilitar estratégias de intervenção que

conscientize a população.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva e abordagem quantitativa

que foi realizada com acadêmicos dos cursos da área de saúde (Enfermagem,

Farmácia e Educação Física) de uma Instituição de Ensino Superior interior de

Minas Gerais.

Os dados foram coletados em um dia letivo do mês de agosto de 2012

utilizando e questionário padronizado contendo informações socioeconômicas de

descarte de medicamentos, adaptado já testado por Bueno, Weber e Oliveira (2009).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A população do estudo constitui-se de 107 alunos devidamente matriculados

nos curso de graduação descritos acima, foram coletadas informações de 107

alunos. Perdas ocorreram, principalmente devido à ausência dos alunos no dia de

realização da pesquisa. Até o momento foram processados 50% do total dos

questionários. Em relação ao gênero, 66% pertencem gênero feminino e 34% ao

masculino. Em relação à faixa etária 70 % referiram possuir entre 20 a 39 anos.

A maioria da população investigada (87%) referiu possuir medicamentos em

casa. Os medicamentos que mais fazem parte dos estoques domiciliares são

analgésicos/antitérmicos (21,5%) e àqueles destinados para resfriados/gripes

(18,7%) resultado semelhante ao observado no estudo de Fanhani et al., (2006),

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onde os analgésicos e antipiréticos foram os medicamentos de venda livre mais

encontrado na comunidade estudada.

Em relação ao armazenamento dos medicamentos em casa, 43,90% referiu

armazenar no quarto e 40,35% na cozinha. Em um estudo realizado por Bueno,

Weber e Oliveira (2009) o local mais frequentemente destinado ao armazenamento

de medicamentos foi a cozinha. Os autores atribuem este fato a facilidade de

acesso/visualização do medicamento.

Quanto à informação em relação ao descarte e armazenamento dos

medicamentos, 50% dos investigados referiram ter obtido informações sobre o

descarte com o farmacêutico e 26,7% referiram obter essas informações em outros

locais. Em contrapartida, em estudo realizado por Gasparini, Gasparini e Frigieri

(2011) a grande maioria dos participantes (84,55%) relataramm nunca terem

recebido nenhuma informação sobre esse assunto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apenas como o processamento inicial dos dados coletados é possível

observar a necessidades de implantação de projetos que visem orientar os

estudantes e a população em relação ao armazenamento de medicamentos e o

descarte correto.

A farmácia domiciliar e o descarte correto de medicamentos exigem cuidados,

e esses cuidados podem ser orientados pelos próprios profissionais da área de

saúde, principalmente o farmacêutico. Sendo assim é necessário, finalizar a

pesquisa para obter os resultados e em seguida propor programas de

conscientização em relação ao descarte de medicamentos da farmácia domiciliar.

REFERÊNCIAS

ALVARENGA, Luciana Santos Vieira; NICOLETTI, Maria Aparecida . Descarte doméstico de medicamentos e algumas considerações sobre o impacto ambiental decorrente. Revista Saúde Publica. v.4, n.3, p.34-39, 2010. BUENO, Cristiane Schmalz; WEBER, Débora; OLIVEIRA, Karla Renata de. Farmácia caseira e descarte de medicamentos no bairro Luiz Fogliatto do município de Ijuí – RS. Revista Ciência Farmácia Básica; v. 30, n.2, p.203-210, 2009.

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FANHANI, Hellen Regina; CORREA, Márcia Inove; LOURENÇO, Emerson Botelho; FERNANDES, Elizangela Dias; BILLÓ, Vera Lúcia; LORENSON, Luciana; SPIGUEL, Paloma Karoline da Silva; GALORO, Jorge Luiz Fernandes; TAKEMURA, Orlando Seiko; ANDRADE, Oséias Guimarães de. Avaliação domiciliar da utilização de medicamentos por moradores do Jardim Tarumã, município de Umuarama - Pr. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, Umuarama, v. 10, n. 3, p. 127-131, set./dez. 2006. GASPARINI, Joice do Carmo; GASPARINI, André Renah; FRIGIERI, Mariana Carina. Estudo do descarte de medicamentos e consciência ambiental no município de Catanduva-SP. Ciência & Tecnologia: FATEC-JB, Jaboticabal, v. 2, n. 1, p. 38-51, 2011. SANTIN, Patrícia Oliveira Rocha; VIRTUOSO, Suzane; DE OLIVEIRA, Simone Maria Menegatti. Farmácia Domiciliar: uma caixa de surpresas. Visão Acadêmica, Curitiba, v.8, n.2, Jul. – Dez./2007. TOURINHO, Francis Solange Vieira; BUCARETCHI, Fábio; STEPHAN, Celso; CORDEIRO, Ricardo. Farmácias domiciliares e sua relação com a automedicação em crianças e adolescentes. J. Pediatr. (Rio J.) vol.84 no.5 Porto Alegre Set./Out. 2008.

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ANÁLISE DE PRESCRIÇÕES DE ANTIDEPRESSIVOS EM UMA FARMÁCIA DA ZONA DA MATA MINEIRA

Nívia Maria de Oliveira – graduanda em Farmácia

Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas. Professora e coordenadora do curso de

Farmácia da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Ana Lígia de Souza Pereira – Graduada em Enfermagem, Especialista em

Estomaterapia. Professora e coordenadora do curso de Enfermagem da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.

Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas. Professora do curso de Farmácia da

Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Prescrição, Antidepressivos, Qualidade.

INTRODUÇÃO

A depressão constitui de um transtorno crônico e recorrente que se

caracteriza por um ou mais episódios depressivos que acontece com duas semanas

de humor deprimido ou perda de interesse na maior parte das atividades. Entre os

sintomas da depressão incluem o pessimismo persistente, sentimentos de culpa,

dificuldade de concentração, desamparo, diminuição do desejo sexual, aumento da

irritabilidade, insônia e perda de apetite (ISTILLI et al., 2010).

Os psicofármacos, entre eles os antidepressivos, são substâncias que agem

nas doenças psiquiátricas com o objetivo de proporcionar cura, ou estabilização

destes quadros clínicos. No entanto, o uso indiscriminado desses medicamentos

podem causar sérios problemas de saúde pública (COHEN et al., 2006).

O Portal Campo Grande Notícias publicou pesquisa recente da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que demonstrou que o consumo de

antidepressivos no Brasil cresceu em torno de 45% entre os anos de 2007 e 2010

mesmo estes medicamentos estar sujeitos a controle especial. Em números isso

significa que as vendas cresceram de 29,46 milhões de caixas em 2007 para 10,59

milhões de caixas em 2010. Foi ainda detectado nesta pesquisa que ocorreu um

aumento de prescrições fornecidas por dentistas e médicos veterinários, fato este

questionável e que será investigado pela ANVISA (BARBOSA, 2012).

De acordo com Deitos et al. (2012) a prescrição segura e eficaz desses

medicamentos exige o estabelecimento de um histórico cuidadoso e detalhado do

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paciente, assim como um grande conhecimento sobre as diferentes espécies de

medicamentos disponíveis e os tipos de sintomas aos quais melhor se aplicam,

permitindo a escolha do fármaco que melhor se adapte às particularidades de cada

paciente.

Infelizmente, uma prática comum por parte dos médicos é a irracionalidade no

uso dessas substâncias. Muitas vezes estes profissionais não apresentam

conhecimento suficiente de psicofarmacologia, o que torna a prescrição um ato

incoerente e desbalanceado. Assim, a orientação médica sobre o uso desses

medicamentos aos pacientes torna-se precária e a informações importantes sobre a

utilização não são veiculadas (SILVA et al., 2012).

Dessa forma, o objetivo do presente estudo consiste em identificar o consumo

de antidepressivos e a especialidade médica de prescritores de antidepressivos em

uma farmácia escola da Zona da Mata Mineira.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo do tipo exploratório, descritivo e retrospectivo. A

pesquisa foi realizada através de uma análise direta de todas as prescrições de

medicamentos antidepressivos, retidas na Farmácia Escola Faculdade Vértice –

Univértix no mês de março de 2012. Os parâmetros observados nas prescrições

foram: medicamento(s) antidepressivo(s) prescrito(s) (nome genérico e/ou

comercial), quantidade de substância dispensada (em arábico e por extenso), forma

farmacêutica, dosagem e posologia (via de administração, horários das tomadas,

procedimento de administração), legibilidade dos dados contidos na prescrição,

presença de rasuras, identificação do emitente, identificação do usuário,

especialidade e assinatura do profissional prescritor.

A coleta de dados ocorreu em agosto de 2012 e foi precedida do

encaminhamento do Termo de Compromisso para uso de dados, em duas vias,

garantindo total sigilo em relação aos dados coletados.

Os dados coletados foram analisados através do programa Microsoft Office

Excel 2010®, através de estatística descritiva.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

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Os resultados evidenciam que foram dispensados no período avaliado 40

prescrições de antidepressivos e os parâmetros avaliados estão em fase de

processamento e análise. Preliminarmente os resultados evidenciam uma maior

prevalência de do gênero feminino (70%). Em relação ao nome utilizado para

prescrever os medicamentos, o nome comercial teve uma maior prevalência

(62,50%). A especialidade médica que mais se destacou foi o clinico geral (72,50%).

Em um estudo feito por Cole ET al., (2009) do total de 176 prescrições, as

especialidades encontradas por ordem decrescente de quantidade de prescrições

foram: Clínica Médica (40,34%), Endocrinologia (23,29%), Cirurgia Plástica

(20,45%). Os antidepressivos mais dispensados foram fluoxetina (22,50%) sertralina

(15%) amitriptilina (12,50%). No estudo de Andrade, Andrade e Santos (2004)

avaliaram o cumprimento da legislação quanto à prescrição e dispensação de

medicamentos psicotrópicos, fluoxetina (68,80%) foi à substância mais

prescrita/aviada dentre as prescrições C1, seguida da amitriptilina (12,50%).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados analisados até o momento está demonstrando problemas

relacionados a prescrição. Este fato pode estar relacionados a problemas no ato da

dispensação e utilização destas substância. A conclusão do trabalho é necessária

para detecção geral dos problemas e assim estimular o uso racional destas

substâncias.

REFERENCIAS

ANDRADE, Márcia de Freitas; ANDRADE, Regina Célia Garcia de; SANTOS, Vania dos. Prescrição de psicotrópicos: avaliação das informações contidas em receitas e notificações. Rev. Bras. Cienc. Farm.Braz. J. Pharm. Sci. v. 40, n. 4, out./dez., 2004.

BARBOSA, Álvaro. Consumo de antidepressivos cresce 45% no Brasil em 3 anos, diz relatório da ANVISA. Portal Campo Grande Notícias.2012 Disponível em: http://www.campograndenoticias.com.br/saude/7500-consumo-de-antidepressivos-cresce-45-no-brasil-em-3-anos-diz-relatorio-da-anvisa.html. Acesso 26/07/2012.

COLE, Eduardo Roberto; ARPINI, Ariana Fernandes; ANDRADE, Cleane Rodrigues; BIANCARDI, Emanoele Furlan. Terapia farmacológica da obesidade: uma análise

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critica e reflexiva das prescrições de catecolaminérgicos por uma farmácia de manipulação do Município de Vila Velha, ES; v.5, n.4, p.42-61, 2009. COHEN, C.; FERRAZ, F.C.; SEGRE, M. Saúde mental, crime e justiça. 2a Edição. Edusp, 286p. 2006. DEITOS, Fátima; COPETTE, Fábio Rogério; PASQUALOTTO, Alessandro Comaru; SEGAT, Fabiano Mendoza; SANTOS, Rodrigo Pires dos; GUILLANDE, Steneo. Antidepressivos e seus efeitos colaterais, quais são e como reconhecê-los. Departamento de Neuropsiquiatria da Universidade Federal de Santa Maria, RS; Moreira JR Editora, p.1 12, 2012. ISTILLI, Plínio Tadeu; MIASSO, Adriana Inocenti; PADOVAN, Cláudia Maria; CRIPPA, José Alexandre; TIRAPELLI, Carlos Renato. Antidepressivos: uso e conhecimento entre estudantes de enfermagem. Revista Latino-Americana Enfermagem, v.18, n.3, mai-jun, 2010. SILVA, Natalia Carolina Santos; TREVISAN, Livia Viana; GORGULHO, Melissa de Oliveira; BARACHO, Nilo César do Vale. Avaliação da Orientação Médica sobre Efeitos Colaterais de Fármacos Psicoativos em Usuários de um Programa de Saúde da Família de uma Cidade do Sul de Minas. Revista Ciências em Saúde, v2, n 1, jan 2012.

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CONHECIMENTO SOBRE CONTRACEPTIVOS DE ACADÊMICOS DA ÁREA DE SAÚDE DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DA ZONA DA MATA

MINEIRA

Chayene Massini de Almeida e Thamires Soares de Medeiros Graduandas em Farmácia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade

Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises

Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Anticoncepcionais, Conhecimento, Ensino Superior

INTRODUÇÃO

A sexualidade humana é um assunto inerente a todos os seres humanos e de

suma importância, porém esta acarreta uma série de tabus no que diz respeito à sua

discussão. Mesmo com o amplo avanço científico e tecnológico ocorrido nas últimas

décadas, a sexualidade humana continua sendo considerada um tema repleto de

mitos e preconceitos (GIR et al., 2000).

Assim as relações sexuais tornaram-se menos comprometedoras e a

sexualidade feminina não inteiramente ligada à procriação, caracterizando a isenção

às responsabilidades futuras, bem como um maior enfoque a conduzida pela busca

do prazer (LOYOLA 2003).

O início da atividade sexual torna os adolescentes e adultos jovens

vulneráveis a alguns riscos, destaque para a gravidez e as doenças sexualmente

transmissíveis, muitas vezes comprometendo o projeto de vida destes jovens

(BRASIL, 2007).

É sabido que fatores sócio-culturais e sócio-econômicos influem no

comportamento sexual dos jovens universitários, fatores estes ligados diretamente à

educação e ao meio que o indivíduo se encontra. A grande maioria dos estudos

comprova que quanto mais cedo os jovens abandonam os estudos, menores são

suas chances de reinterpretação do universo que o cerca, influenciando assim a sua

sexualidade (KAWAKAMI et al., 2009).

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As doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez ocorrem devido ao

desconhecimento e/ou uso inadequados de métodos contraceptivos e/ou de

proteção nas relações sexuais, não conhecimento da fisiologia da reprodução e das

consequências das relações sexuais (CARTER et al.,1994; JASKIEWICZ &

MCANARNEY, 1994; BRASIL, 2000; SIMÕES et al.,2003; PERSON et al., 2004).

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva e abordagem quantitativa

que foi realizada com acadêmicos dos cursos da área de saúde (Enfermagem,

Farmácia e Educação Física) de uma Instituição de Ensino Superior da Zona da

Mata Mineira. Os dados foram coletados em dois dias letivos do mês de agosto de

2012 utilizando questionário padronizado que contém informações de fácil

compreensão, com perguntas relacionadas à saúde e métodos contraceptivos.

Os dados coletados foram organizados e processados no Microsoft Excel

através de estatística descritiva.

RESULTADO E DISCUSSÕES

A população do estudo constitui-se de 207 alunos devidamente matriculados

nos curso de graduação descritos acima, foram coletadas informações de 107

alunos. Perdas ocorreram, principalmente devido à ausência dos alunos no dia de

realização da pesquisa. Até o momento foram processados 65% do total dos

questionários. Em relação ao gênero, 67% pertencem ao feminino e 33% ao

masculino. Os estudantes, no momento da pesquisa, apresentaram faixa etária

predominantemente de 20 a 39 anos, correspondendo 70% do total da amostra.

Com relação ao estado civil dos pesquisados, observa-se que a sua maioria é

composta por jovens solteiros (80%). Apenas 17% dos participantes referiram ter

diálogos sobre sexualidades e métodos contraceptivos sendo que a maioria (39%)

diz ter diálogos com outras pessoas, sendo os mais citados o (a) namorado (a) e

amigos. Em relação ao uso de métodos contraceptivos, 73% dos participantes

referiram utilizá-los nas relações sexuais. Os métodos anticoncepcionais referidos

como mais conhecidos foram à camisinha masculina (16%), anticoncepcionais orais

(16%) e os anticoncepcionais injetáveis (14%).

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As práticas sexuais na juventude têm sido descritas como dinâmicas e em

constantes transformações, sendo que seus perfis podem acarretar impacto

importante na vida reprodutiva e no perfil epidemiológico dos jovens brasileiros

(BRASIL, 2007).

O fato de os jovens conhecerem mais o preservativo e o anticoncepcional oral

coincide com outras pesquisas, o que pode estar relacionado à falta de

conhecimento sobre os outros métodos, bem como à forte campanha do Ministério

da Saúde enfocando o preservativo, além de apresentar menor custo em relação a

outros métodos. Entretanto, citar métodos de anticoncepção não significa

necessariamente conhecê-los, ou seja, ter adquirido informações suficientes sobre

as suas vantagens, desvantagens e modo de utilizá-los. Cabe salientar, ainda, que

as respostas em branco verificadas na presente investigação apontam para a

necessidade de orientação, já que o conhecimento é um elemento necessário para o

uso correto dos métodos contraceptivos (MENDES ET al., 2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora grande parte dos jovens demonstre conhecimentos sobre algum

método contraceptivo, muitos não fazem o uso correto e contínuo dos métodos.

Portanto é necessária a conscientização não só dos adolescentes e jovens, mas de

toda a população para o uso de métodos contraceptivos. Sendo assim, são

essenciais estudos que ajudem a criar estratégias para aumentar o uso de métodos

contraceptivos diminuindo a exposição dos jovens a riscos que prejudiquem a

saúde.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. A Saúde de Adolescentes e Jovens - Uma metodologia de auto-aprendizagem para equipes de atenção básica de saúde. Brasília. 2ª Edição, 168p. 2007. CARTER, D.M.; FELICE, M.E.; ROSOFF, J.; ZABIN, L.S.; BEILENSON, P.L.; DANNENBERG, A.L. When children have children: the teen pregnancy predicament. American Journal of Preventive Medicine, 10, 108-113, 1994. JÚNIOR J. S. P. F.; RABELO S. T. O.; LOPES E. M.; FREITAS L. V..; PINHEIRO A. K. B.; XIMENES L. B. Perfil e práticas sexuais de universitários da área de saúde. Revista de Enfermagem, Escola Anna Nery ( Rio de Janeiro), vol.11, p. 58-65,

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março. 2007. KAWAKAMI D.; FILHO E. S.; KENJI F.; PERASOLI J. E.; YU L. C.; SIQUEIRA M. R.; KUMAGAI R.; FERREIRA T. L.; NAKATA F. T. Satisfação sexual em jovens universitários. Revista Digital, Buenos Aires, abril, 2009. MENDES S. S.; MOREIRA R. M. F.; MARTINS C. B.; SOUZA S. P.; MATOS K. F. Saberes e Atitudes dos Adolescentes à contracepção. Revista Paul Pediatra, Cuiabá, vol. 29(3), p. 91-385, janeiro. 2011.

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ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS NA CIDADE DE SERICITA/MG

Natália Ferreira Viana, Pâmela Gomes Martins - Graduandas em Farmácia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade

Vértice - UNIVÉRTIX Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências

Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Prescrição de medicamentos, Serviços de saúde, Uso Racional de Medicamentos, Indicadores de prescrições. INTRODUÇÃO

Ter acesso à assistência médica e a medicamentos não implica

necessariamente em melhores condições de saúde ou qualidade de vida, pois os

maus hábitos prescritivos, as falhas na dispensação, a automedicação inadequada

podem levar a tratamentos ineficazes e pouco seguros (ARRAIS, BARRETO &

COELHO, 2007). Os medicamentos constituem a forma mais freqüente de

tratamento na prática médica e representam um custo importante da Atenção Básica

de Saúde (EV* et al, 2008).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua os Estudos de Utilização de

Medicamentos (EUM) como aqueles “que compreendem a comercialização,

distribuição, prescrição, dispensação e uso de medicamentos em, com especial

ênfase em suas conseqüências sanitárias, sociais e econômicas” (CUNHA,

ZORZATTO & CASTRO, 2002). É necessário que o medicamento seja prescrito

adequadamente, na forma farmacêutica, doses e período de duração do tratamento;

que esteja disponível de modo oportuno, a um preço acessível, e que responda

sempre aos critérios de qualidade exigidos; que se dispense em condições

adequadas, com a necessária orientação e responsabilidade, e, finalmente, que se

cumpra o regime terapêutico já prescrito, da melhor maneira possível (AQUINO,

2007). Frente ao exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade

das prescrições na Rede Pública Municipal de uma cidade da Zona da Mata Mineira.

METODOLOGIA

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O estudo proposto foi de caráter descritivo com abordagem quantitativa. A

pesquisa foi realizada na cidade de Sericita, estado de Minas Gerais, cuja população

é de aproximadamente 77.128 habitantes (IBGE 2010). A população de estudo

foram os usuários da Unidade Básica de Saúde Onofre Paula de Oliveira. Para

avaliar a utilização de medicamentos na rede pública foram avaliadas as prescrições

recebidas por pacientes logo após a consulta médica. Neste momento verificou-se a

quantidade de medicamento prescrito, porcentagem prescrita por nome genérico. A

coleta de dados aconteceu entre os meses de maio e junho de 2012.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados avaliados até o momento demonstram que foram prescritos em

média 3 medicamentos por receita. Do total de 196 medicamentos prescritos,

51,02% foram prescritos por nome comercial e 48,98% foram prescritos por seus

nomes genéricos. A OMS recomenda que se utilize o nome genérico ou a

Denominação Comum Brasileira ou Internacional em todas as prescrições, pois isso

facilita os processos que envolvem o ciclo do medicamento. A não utilização da

denominação genérica nas prescrições pode criar dificuldades na aquisição de

medicamentos. Apesar da legislação sobre genéricos vigorar desde 1997, suas

recomendações ainda não são seguidas integralmente pelos prescritores (GIROTTO

E SILVA, P.V 2006). O que não tem sido observado no município investigado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A boa prescrição é o primeiro passo para uma boa utilização dos

medicamentos, assim como o uso correto dos mesmos para a cura da enfermidade

a qual o paciente procura; no entanto a conclusão do trabalho torna-se necessária

para conhecer realmente o problema no município e a partir dai promover políticas

de intervenções que estimulem o uso racional de medicamentos. Sendo assim,

levanta-se a necessidade de uma conscientização dos profissionais em relação à

importância da prescrição de genéricos e do cumprimento da legislação nacional.

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REFERÊNCIAS ARRAIS, Paulo Sérgio Dourado ET al. Aspectos dos processos de prescrição e dispensação de medicamentos na percepção de paciente: estudo de base populacional em Fortaleza, Ceará, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23 (4):927-937, abr, 2007. AQUINO, Daniela Silva de. “Por que o uso racional de medicamentos deve ser uma Prioridade?” Faculdades Integradas da Vitória de Santo Antão. Recife. 14, dezembro, 2007. Ciência e saúde coletiva; 13(supl): 733-736, abr. 2008. CUNHA, Maria Candia Nunes da, ZORZATTO, José Roberto, CASTRO, Lia Lusitana Cardozo. Avaliação do uso de medicamentos na Rede Pública Municipal de Saúde de Campo Grande/MS. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, Campo Grande, vol. 38, n. 2, abr./jun., 2002. EV, Lisiane Silveira, et a.l, Avaliação das prescrições dispensadas em uma unidade básica de saúde do município de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Lat. Am. J. Pharm. 27 (4): 543-7, 2008. GIROTTO, Edmarlon; SILVA, Poliana Vieira. A prescrição de medicamentos em um município do Norte do Paraná. Revista Brasileira de Epidemiologia, vol.9 no.2 São Paulo June, 2006. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE cidade. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm. Acesso em: 20. mar.2012.

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PERFIL DOS EXAMES DE GLICEMIA JEJUM E HEMOGLOBINA GLICADA DE PACIENTES DE UM LABORATÓRIO DO INTERIOR DE MINAS GERAIS

Fernanda Rocha Mendes de Sá e Leda Firalete Brandão Quintão – Graduandas

em Farmácia, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Luciano Montes Justino – Graduado em Farmácia, Pós graduando em MBA

Gestão de Negócios e Pessoas. Professor da Faculdade Univértix. Mariana de Faria Gardingo Diniz – Graduada em Biologia, Mestre em Engenharia

dos Materiais Processos Químicos e Metalúrgicos, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Diabetes, Glicemia; Hemoglobina Glicada. INTRODUÇÃO

Entre as doenças crônicas não transmissíveis, o diabetes mellitus (DM) se

destaca como importante causa de morbidade e mortalidade, especialmente entre

crianças e idosos. O DM é caracterizado por uma elevada taxa de glicose no sangue

e por uma falta parcial ou total de insulina (SHERWIN, 2000).

Alguns fatores têm contribuído para os crescentes níveis de incidência e

prevalência do diabetes, como o acelerado ritmo de vida da população em geral, a

maior tendência ao sedentarismo e a inadequados hábitos alimentares, além de

outras mudanças sócias comportamentais (REY, 2003).

De acordo com Goldenberg et al, (2006), estimativas apontam que, enquanto

em 2000 havia 171 milhões de pessoas com DM no mundo, em 2030 esse valor

atingirá 366 milhões. O DM é uma doença altamente limitante, embora com menor

prevalência se comparado a outras morbidades, podendo causar cegueira,

amputações, nefropatias, complicações cardiovasculares e encefálicas, entre outras,

que acarretam prejuízos à capacidade funcional, autonomia e qualidade de vida do

indivíduo. Contudo, é uma das principais causas de mortes prematuras, em virtude

do aumento do risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

Diante disso o objetivo deste estudo será avaliar o perfil dos exames de

glicemia jejum e hemoglobina glicada de pacientes de um laboratório do interior de

Minas Gerais.

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METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório descritivo. As informações

sobre os pacientes foram reunidas com o auxílio de roteiro do tipo checklist

utilizando tópicos que abordam os diferentes aspectos. Após o levantamento dessas

informações foi criado um banco de dados eletrônico contendo os mesmos campos

do checklist através do software Microsoft Office Excel versão 2007.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Resultados preliminares da avaliação dos dados coletados revelaram que a

maioria das pessoas que realizam exames de rotina de prevenção são as mulheres

(59). A faixa etária predominante foi 30 a 50 anos (52%).

Ao analisar a glicemia jejum revelou que 37% dos avaliados estão no limiar ou

acima dos valores de referência para o referido exame. De acordo com Andriolo &

Vieira (2008), muitos pacientes submetidos ao teste da glicemia de jejum só

recebem o diagnóstico positivo quando já apresentam um quadro relativamente

avançado da doença.

Da população avaliada somente 11% realizou o exame de Hemoglobina

Glicada. Segundo Sumita & Andriolo (2008), a hemoglobina glicada, é um exame de

extrema importância para o controle da doença, pois aponta se o controle glicêmico

foi ou não eficaz num período anterior de 90 dias.

CONSIDERAÇÕES DINAIS

De acordo com os resultados observados até o momento, a glicemia em jejum

ainda é, de longe, o exame mais solicitado para rastrear o diabete. Os outros testes

sanguíneos, principalmente a hemoglobina glicada, que segundo diversos autores

são de grande importância ainda não são de conhecimento da população e a uma

falta de padronização dos exames para diagnosticar e controlar a doença.

REFERÊNCIAS ANDRIOLO. A., Vieira, J.G.H. Diagnóstico e acompanhamento laboratorial do diabetes mellitus. In: Andriolo A. (org.). Guias de medicina laboratorial e hospitalar / medicina laboratorial. 1.ed. São Paulo, Manole, 2008.

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GOLDENBERG. P, Franco LJ, Pagliaro H, Silva RS, Santos CA. Diabetes mellitus auto-referido no município de São Paulo: prevalência e desigualdade. Cad Saúde Pública. 1996;12(1):37-45. MINISTÉRIO DA SAÚDE – CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA – Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus – Protocolo – Brasília – 2001. REY et al. Diabetes. Revista Brasileira Reumatologia, V. 43, N. 4, P. 218-22, JUL./AGO., 2003. SHERWIN. Robert . Practical Diabetes International. Volume 17, Issue 6, pages 172–173, September 2000. SUMITA N.M., Andriolo A. Importância da hemoglobina glicada no controle do diabetes mellitus e na avaliação de risco das complicações crônicas. J Bras Patol Med Lab 2008.

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GT 05

CIÊNCIAS AGRÁRIAS

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ARTIGO

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CORYNEBACTERIUM PSEUDOTUBERCULOSIS: IMPORTÂNCIA NA OVINOCAPRINOCULTURA E SAÚDE PÚBLICA

Maria Aparecida Schröder Dutra- Graduada em Medicina Veterinária,

Especialista em Defesa Sanitária Animal, Pós-Graduanda em Docência do Ensino Superior. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX.

Elder Machado Dutra- Graduado em Engenharia Agronômica, Especialista em Meio Ambiente e Especialista em Cafeicultura, Pós-

Graduando em Docência do Ensino Superior. Professor da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX.

[email protected]

RESUMO A ovinocaprinocultura no Brasil está criando novas possibilidades comerciais

e industriais, dessa forma contribuindo para o desenvolvimento do país. É uma atividade que representa uma alternativa de subsistência e renda para alguns produtores rurais. Porém, o desenvolvimento da ovinocaprinocultura é afetado por vários fatores, dos quais ganha destaque a ocorrência de doenças. Entre as doenças relevantes na ovinocaprinocultura, destaca-se a linfadenite caseosa que, por se tratar de uma zoonose, precisa ser mais bem avaliada, por sua conotação de doença ocupacional. No presente trabalho, de revisão bilográfica, objetivou-se revisar os aspectos gerais da enfermidade em pequenos ruminantes e sua relevância na saúde pública.

PALAVRAS-CHAVE: Zoonose; Caprinos; Ovinos; Linfadenite Caseosa; Saúde Pública.

INTRODUÇÃO

A tendência da ovinocaprinocultura é aumentar a sua importância e

contribuição para o agronegócio brasileiro. Diferentemente do que acontecia há

alguns anos, estes segmentos têm sido desenvolvidos de uma forma mais

profissional, tomando impulso significativo, principalmente no que diz respeito à

produção leiteira.

Pérez et al. (2002) relatam que no Brasil a ovinocaprinocultura é uma atividade

não só de importância econômica, mas também social, onde a grande maioria dos

rebanhos de ovinos e caprinos está localizada em propriedades pequenas e médias,

porém o manejo extensivo dos rebanhos comerciais mostra a necessidade do aporte

de ciência e tecnologia para a sustentabilidade econômica e o desenvolvimento da

atividade.

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Vários fatores são responsáveis pela diminuição da produtividade na

ovinocaprinocultura brasileira, destacando-se os problemas sanitários, dentre eles a

doença bacteriana linfadenite caseosa. Conforme Abreu et al. (2008), a linfadenite

caseosa é uma doença amplamente distribuída no mundo, já tendo sido relatada em

vários Estados do Brasil, verificando-se prevalência relativamente elevada no

Nordeste brasileiro (COSTA et al. 1973, LANGENEGGER e LANGENEGGER 1991).

Além do fator econômico, deve-se considerar que a linfadenite caseosa

também é considerada uma zoonose de caráter ocupacional, que geralmente se

manifesta por linfadenite generalizada, sendo que a maioria dos casos humanos foi

descrita em países que se destacam na produção de caprinos e ovinos, como

Austrália, Nova Zelândia, França e Espanha (MOTTA, 2010).

Devido à grande importância econômica e ao potencial zoonótico da linfadenite

caseosa, no presente trabalho, objetivou-se revisar os aspectos clínicos e

epidemiológicos da enfermidade nos pequenos ruminantes e as implicações da

doença na saúde pública.

METODOLOGIA

O trabalho apresentado insere-se na linha de pesquisa bibliográfica, com intuito

de revisar, através das teorias, como os aspectos clínicos e epidemiológicos da

enfermidade nos pequenos ruminantes e as implicações da doença na saúde

pública.

Muitos autores contribuem com suas explicações sobre este tipo de pesquisa,

auxiliando no desenvolvimento da mesma. Através destes podemos perceber melhor

a importância da pesquisa, sabendo que ela não é uma mera cópia de livros e

artigos. Assim,

A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Em ambos os casos, busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. (CERVO e BERVIAN, 2002, p.65)

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Segundo Vieira e Hossne (2001, p.135 e 137), esse tipo de pesquisa refere-

se a um resumo da literatura especializada sobre determinado tema, dando uma

visão abrangente de achados relevantes. Nela os pesquisadores selecionam os

trabalhos mais importantes, sem a necessidade de explicar os critérios de seleção.

Diante deste tipo de pesquisa, informa-se que desde texto em diante

organizou-se os textos que compõem essa revisão bibliográfica, considerada

também resultados e discussões.

INFORMAÇÕES SOBRE A LINFADENITE CASEOSA Etiologia

A linfadenite caseosa é uma enfermidade infecto-contagiosa de caráter crônico,

sendo o Corynebacterium pseudotuberculosis (C. pseudotuberculosis) seu agente

etiológico.

Essa doença é também conhecida por mal do caroço, pseudotuberculose ou

enfermidade de Preïsz-Nocard e Cheesygland (VESCHI, 2005).

O C. pseudotuberculosis é uma bactéria gram-positiva, não esporulada,

anaeróbica facultativa e fermentativa (COSTA, 2002). Segundo Abreu et al. (2008), a

bactéria apresenta-se sob a forma de clava, sendo o Corynebacterium diftericum o

protótipo do grupo. Entretanto, algumas corinebactérias são pleomórficas e formam

elementos cocóides durante o seu crescimento. Corynebacterium

pseudotuberculosis é um difteróide típico, apresentando-se sob a forma cocóide a

filamentosa e que não possui cápsula.

Esta bactéria é catalase e urease positiva, não apresentando atividade

proteolítica, sendo então incapaz de hidrolisar a gelatina ou digerir a caseína,

apresentando a multiplicação facilitada em temperaturas por volta de 37°C (MOTTA,

2010).

A bactéria é intracelular facultativa e com tamanho variável entre 0,5 a 0,8 µm

de diâmetro por 1,0 a 3,0 µm de comprimento. Segundo Euzéby & Guérin-Faublée

(2000), citados por Andrade (2007), essa bactéria pode produzir dois antígenos

importantes, uma potente exotoxina hemolítica (PLD-fosfolipase D) e um lipídeo

(particularmente o ácido corinomicólico) de superfície, que constituem 6,52% da

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parede celular. De acordo com Dercksen et al. (2000), relatado por ALVES et al.

(2004), a fosfolipase D é essencial na formação do abscesso.

A parede celular do C. pseudotuberculosis é típica das corinebactérias com

elevada concentração de lipídeos, que a torna hidrofóbica e pode contribuir para a

sua sobrevivência dentro dos fagócitos e para sua leucotoxicidade (BIRBERSTEIN &

HIRSH, 2003).

Motta et al. (2010) afirmaram que a fração lipídica da parede é o fator que

dificulta o processo de fagocitose, por impedir a hidrólise enzimática dos lisossomos

e potencializar os efeitos citotóxicos no hospedeiro. Este antígeno está relacionado

com a característica piogênica da doença, reconhecida como fator determinante na

virulência do agente. Devido à composição da parede celular, estes patógenos

apresentam a capacidade de resistência ambiental por longos períodos e

permanecem viáveis durante 55 dias em objetos inanimados contaminados por pus,

ou até oito meses em ampla variação das condições de temperatura e umidade;

sendo encontrados no solo, na pele ou mucosas dos animais. Segundo Peréz et al.

(2002), o C. pseudotuberculosis pode permanecer viável de 4 a 8 meses no meio

ambiente, principalmente quando protegido da luz solar direta.

Khamis et al. (2005) relataram que o gênero Corynebacterium possui mais de

60 espécies, sendo geralmente isoladas de animais e de seres humanos (ABREU et

al., 2008).

Smith e Sherman (1994) relataram que o microrganismo já foi isolado de

alimentos, cercas, tesouras, canivetes, além de terra ao redor das áreas de

manipulação dos animais (MOTTA, 2010).

Importância econômica da doença

A linfadenite caseosa diminui a produção de leite e de carne, provoca

desvalorização da pele, condenação de vísceras e de carcaças, além de aumentar

os gastos com profissionais e tratamentos de abscessos e a possibilidade de morte

dos animais (ALVES e PINHEIRO, 1999; ANDRADE, 2007).

Cetinkaya et al. (2002) citaram que a prevalência atual da linfadenite caseosa

em pequenos ruminantes é subestimada, porque esta doença não é de notificação

obrigatória em muitos países e a os proprietários dos animais não estão conscientes

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dos impactos econômicos, juntamente com o fato de que geralmente não aplicam as

recomendações de médicos veterinários, para o manejo correto dos abscessos

superficiais. Todavia Arruda (20006) relatou prevalências entre rebanhos variáveis

entre 8 e 90% em alguns países.

Segundo Pérez et al. (2002), a doença ocorre principalmente em ovinos e

caprinos, porém já tem sido descrita em outras espécies, como os bovinos e

equinos; sendo que, no Rio Grande do Sul, é geralmente uma doença subclínica em

ovinos, sendo encontrada constantemente em frigoríficos, provocando condenação

das carcaças, o que ocasiona grandes perdas econômicas e inclusive podendo ser

um fator limitante no caso de exportações. O mais preocupante é que o animal que

se torna infectado, permanece portador por toda sua vida.

Epidemiologia

Segundo Benham et al. (1962), citados por ANDRADE (2007), a linfadenite

caseosa é considerada uma doença cosmopolita, visto que já foram relatados casos

da doença com isolamento do C. pseudotuberculosis, em países como Argentina,

Chile, Uruguai, Canadá, França, Itália, Grã-Bretanha, União Soviética e Sudão.

Belchior (2006) afirmou que a linfadenite caseosa figura entre as principais

doenças infecciosas em países com tradição na criação de ovinos e caprinos,

incluindo Nova Zelândia, Espanha, França, Austrália, Suíça e Holanda (MOTTA,

2010).

Hawari (2008) diagnosticou, no Sul da Jordânia, após análise microbiológica, a

infecção por C. pseudotuberculosis biovar ovis em camelos adultos, que

apresentaram no exame ante mortem abscessos musculares e subcutâneos e em

outros locais do corpo. O isolamento da bactéria C. pseudotuberculosis do leite

induziu a pensar na probabilidade de transmissão da doença por meio do

leite/colostro. Epidemiologicamente falando, sugeriu-se que a infecção foi

transmitida aos camelos, neste estudo, devido ao contato com ovinos e caprinos

infectados, que dividiam o mesmo pasto, apesar dos sintomas clínicos, a natureza e

a distribuição das lesões em camelos não serem típicas como em ovinos.

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Segundo Abreu et al. (2008) a linfadenite caseosa já foi relatada em vários

Estados do Brasil, verificando-se as prevalências mais elevadas no Nordeste

brasileiro.

Riet-Correa et al. (2004) citaram que, no Brasil, a linfadenite caseosa apresenta

ocorrência variável. Já Belchior (2006) relata que na região Sul do país foi descrita a

ocorrência de 8,09% de linfadenite caseosa em ovinos; e no Rio de Janeiro foi

estimada prevalência média de 12,2% em ovinos assintomáticos, e 32,5% em

animais com sinais sugestivos de linfadenite (MOTTA et al., 2010). De acordo com

Hage (2009) a Bahia possui cerca de 30% a 40% dos seus caprinos e ovinos

afetados pela doença, dependendo da região.

Sinais clínicos e Diagnóstico

Segundo Ribeiro ET al. (2001), a linfadenite caseosa caprina é caracterizada

pela formação de abscessos, principalmente em linfonodos superficiais. O C.

pseudotuberculosis também está associado a casos de mastite, pneumonia crônica,

linfadenite mesentérica e pielonefrite, bem como o desenvolvimento de abscessos

subcutâneos e/ou em órgãos internos.

Smith e Sherman (1994) relatam que os abscessos contendo pus de

consistência caseosa e de coloração amarelo-esverdeado são envolvidos por uma

cápsula fibrosa e que o período de incubação dos abscessos do C.

pseudotuberculosis pode variar entre 25 e 147 dias ou mais, fazendo com que a

enfermidade apareça em animais mais velhos (VESCHI, 2005).

Corrêa et al. (1992) relataram que com o avanço da doença, este exsudato

caseoso denso torna-se seco e com infiltrações de sais de cálcio. Em abscessos

avançados, o pus organiza-se em camadas concêntricas (ALVES et al., 2007).

Segundo Ribeiro (1997), os linfonodos geralmente afetados são os pré-

escapulares e os pré-parotídeos, mas podem ocorrer abscessos em linfonodos

internos, como os mediastínicos e mesentéricos, o que ocasiona emagrecimento

progressivo dos animais.

Brown et al. (1987) citaram que nos caprinos, os linfonodos mais atingidos são

os mandibulares, parotídeos e posteriormente os pré-escapulares e linfonodos da

zona perianal. Já nos ovinos, segundo Aleman e Spier (2001); Chirino-Zarraga et al.

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(2005), os linfonodos mais atingidos são os pré-escapulares, pré-crurais e linfonodos

superficiais. As diferentes via de transmissão podem explicar tal variação, pois no

caso de ovinos a prática da tosquia funciona como a principal via de transmissão,

enquanto que nos caprinos, são as feridas de pele, ingestão do agente ou

penetração através da mucosa oral (ANDRADE, 2007).

Aleman e Spier (2001) citaram que o diagnóstico é baseado nos achados

clínicos e epidemiológicos e nos exames laboratoriais (MOTTA et al. 2010).

Nozaki et al. (2000), León-Viscaíno (2002) citam que o diagnóstico definitivo é

feito por meio do cultivo do microrganismo, empregando-se conteúdo dos abscessos

obtido por meio de punção aspirativa ou extirpação cirúrgica (MOTTA, 2010).

O isolamento da bactéria é feito em ágar sangue, sendo identificada em 48

horas após a inoculação (ANDRADE, 2007). As provas bioquímicas são métodos

bastante simples utilizados para realizar o diagnóstico diferencial, em relação aos

possíveis agentes que são encontrados no material drenado a partir dos linfonodos

de animais acometidos (ALVES et al., 2007).

Estudos desenvolvidos recentemente demonstram a utilização da técnica de

PCR (Reação em Cadeia de Polimerase) para detecção da C. pseudotuberculosis

diretamente do material infectante, possibilitando avanços no diagnóstico da

linfadenite caseosa (ALVES et al. 2007).

Tratamento

A literatura recomenda duas formas de tratamento: o conservativo e o cirúrgico.

O tratamento para linfadenite caseosa não é prático, sendo de prognóstico ruim,

quando há comprometimento de linfonodos mais profundos. O tratamento

conservativo consiste na utilização de antimicrobianos como a penicilina,

trimetropim/sulfa, tetraciclina, eritromicina e as rifampicinas, apesar da dificuldade de

penetração dos antimicrobianos nos interior dos abscessos.

Collett et al. (1994), citados por Veschi (2005), afirmaram que testes in vitro

demonstram que o C. pseudotuberculosis é sensível a penicilina, tetraciclina e

cefalosporina, porém o uso destas drogas geralmente não é efetivo porque estes

antibióticos possuem pouca habilidade de passar pela cápsula do abscesso e

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porque a bactéria pode apresentar localização intracelular. Assim não se recomenda

o tratamento com antibióticos para os casos de linfadenite caseosa.

Smith et al.(1994) recomendaram que no caso da presença de animais

suspeitos ou com presença de nódulos no rebanho se faz necessário a

conscientização dos produtores para que os animais doentes sejam identificados e

preferencialmente retirados do rebanho (ANDRADE, 2007).

Controle

De acordo com Alves et al. (2007), o controle da linfadenite caseosa deve ser

baseado principalmente no isolamento imediato dos animais afetados e na remoção

do material contaminado antes do rompimento do abscesso e da contaminação

ambiental. Os animais tratados só devem retornar ao rebanho depois que ocorrer a

completa cicatrização da lesão. Se os animais apresentarem abscessos

reincidentes, sugere-se que sejam eliminados do plantel.

Como a bactéria é capaz de sobreviver e persistir no meio ambiente por um

longo período de tempo, torna-se uma constante fonte de infecção para os animais

(Williams, 1980), sendo fundamental a conscientização em relação às práticas de

manejo adotadas para evitar sua disseminação e para o controle eficaz desta

enfermidade. O pus derramado no recinto deve ser limpo e a área desinfetada.

Recomenda-se a adição de agente bactericida eficiente no líquido de banho

(Radostits et al., 2002).

Pérez ET al. (2002) relataram que, para os ovinos, as medidas de controle da

linfadenite caseosa são baseadas na eliminação dos animais doentes e na

prevenção de novas infecções por meio de medidas higiênicas e de desinfecção dos

instrumentos de tosquia, castração e marcação. Evitando-se em rebanhos

infectados banhar imediatamente após a tosquia, devendo os animais jovens ser

tosquiados antes dos adultos. Com relação às vacinas contendo células bacterianas

e/ou toxóides usadas em ovinos, relataram que são parcialmente eficientes e que

diminuem significativamente o número de animais com abscessos.

Segundo Burrell (1983), citado por VESCHI (2011), para demonstrar a proteção

de vacinas, os primeiros experimentos foram feitos em CSIRO (Commonwealth

Scientific and Industrial Research Organisation) em 1972, onde se verificou que a

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vacina requer uma associação de antígenos celulares com a fosfolipase da

exotoxina.

No Brasil, existe uma vacina comercial desenvolvida pelo laboratório

paranaense Vencofarma do Brasil Ltda. A vacina é composta por bactérias vivas

atenuadas, conferindo imunidade celular. Após vários testes vem apresentando

resultados satisfatórios em rebanhos em áreas endêmicas, com um nível de

proteção de 97% (NAKATANI, 2009). Hage (2009) citou que a primeira dose desta

vacina deve ser aplicada em animais a partir de três meses de idade, com reforço

após 30 dias e posteriormente anualmente. Não devendo ser aplicada em animais

doentes.

Segundo Brogden et al. (1996), pelo fato de a linfadenite caseosa ser uma

enfermidade crônica, o sucesso da utilização da vacina não pode ser avaliado em

curto prazo, requerendo um tempo maior de utilização para sua avaliação. De

acordo com Alves et al. (2007), é importante ressaltar a necessidade de avaliação

desta vacina em ambiente controlado, utilizando a mesma quantidade de bactérias

no desafio, com acompanhamento dos animais por um período mais prolongado, e

que o mesmo experimento seja realizado em meio real, sem o desafio.

Importância de Saúde Pública da Linfadenite Caseosa

Belchior et al. (2006) afirmaram que nas últimas décadas, aumentaram os

registros de infecções humanas por C. pseudotuberculosis. A maioria dos casos

humanos é descrita em países com grande atividade na exploração de pequenos

ruminantes, como Austrália, Nova Zelândia, EUA, França e Espanha (MOTTA,

2010).

Abreu et al. (2008) relataram que clinicamente a doença em humanos

manifesta-se principalmente por linfadenite generalizada (MOTTA et al., 2010).

Segundo Lopez et al. (1966), citado por PEEL et al. (1997), a linfadenite

humana por C. pseudotuberculosis foi descrita pela primeira vez em 1966 em um

homem de 37 anos na cidade do Panamá, no Panamá, cuja fonte de infecção não

foi esclarecida. O histórico do paciente apontava que ele trabalhou como cortador de

grama, e freqüentemente caçava iguanas comestíveis em torno da selva; mas ele

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negou qualquer contato com animais de fazenda durante o período de três anos

antes de sua apresentação.

Pell et al. (1997) descreveram 10 casos de linfadenite humana causada pelo

agente C. pseudotuberculosis na Austrália, sendo que a maioria dos pacientes

expostos eram ocupacionalmente expostos aos ovinos. Neste estudo, um dos

pacientes do sexo feminino, um imigrante do Vietnã, negou tanto contato com ovinos

e consumo de cordeiro ou carne de carneiro. Ainda no mesmo estudo foi observado

que foram envolvidos os linfonodos axilar, epitroclear, inguinal e supra clavicular. Os

principais sintomas observados foram: abscessos, febre intermitente, letargia,mal-

estar, mialgia,náuseas e perda de peso. A maioria dos pacientes com linfadenite por

C. pseudotuberculosis recebeu antibioticoterapia, mas a maioria dos casos requereu

a remoção cirúrgica dos linfonodos. Segundo os autores, estes 10 casos indicam

que a linfadenite humana causada por C.pseudotuberculosis não é de ocorrência tão

rara, conforme sugerem os relatórios publicados, pelo menos na Austrália.

Segundo Goldgerger et al. (1981), citado por PELL et al. (1997), o primeiro e

único relato do caso de linfadenite por C. pseudotuberculosis dos Estados Unidos

era de um paciente desempregado e morador de área urbana que negou ter viajado

fora da região ocidental do estado de Washington ou ter tido exposição ocupacional

significativa à pecuária. No entanto, ele bebia regularmente leite não pasteurizado

de vaca e de cabra, que pode ter sido a fonte de sua infecção.

Romero Perez et al. (2004) comentaram que na Espanha ocorreu um caso de

linfadenite caseosa por C. pseudotuberculosis em uma jovem e, mais recentemente,

no hospital pediátrico de Paris, notificou-se outra jovem de 12 anos de idade com

linfadenite necrosante pelo mesmo agente (Join-Lambert et al. 2006) e em Hong

Kong, um caso raro de infecção oftalmológica em ser humano. Keslin et al. (1979)

relataram a ocorrência de infecção em seres humanos que envolveu um estudante

de veterinária após o contato com C. pseudotuberculosis, em laboratório

(ANDRADE, 2007).

Motta (2010) alertou médicos veterinários, criadores e outros profissionais que

mantém contato, particularmente com pequenos ruminantes e eqüinos, para

tomarem as precauções necessárias ao abordar animais suspeitos de infecções por

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C. pseudotuberculosis, evitando, especialmente, o contato direto com material

purulento das lesões.

O contato com as áreas infectadas do animal deve ser mínimo e, para a

manipulação, devem-se usar luvas descartáveis e depois queimá-las junto com os

demais materiais utilizados. Mesmo que raramente, a bactéria pode penetrar no

corpo humano se houver um ferimento. Em alguns países, há casos registrados de

infecção humana em trabalhadores que esfolam as carcaças (que sofrem algum

corte com a faca contaminada) e também por ingestão do leite cru infectado (Diário

do Pará).

Segundo Radostits et al. (1994), citados por Ribeiro et al. (2001), a infecção do

homem é considerada zoonose ocupacional, na maioria dos casos acometendo

profissionais que trabalham nas atividades de caprino e ovinocultura. A transmissão

para o homem pode ser através do contato manual com material purulento e,

ocasionalmente pela ingestão de leite dos animais com mastite.

Segundo Severini et al. (2003), a prevalência da doença humana também,

assim como em ovinos, é provavelmente subestimada, considerando que apenas 22

casos de linfadenite por C. pseudotuberculosis foram notificados 1966-1995. Oito

dos 22 casos envolvidos se referem a pessoas que trabalharam na indústria da

carne (PELL et al., 1997). O número limitado de casos observados em humanos

tem sido atribuída em parte ao fato que muitos laboratórios não têm interesse em

identificar e catalogar o agente causador e simplesmente fazem um diagnóstico

genérico de "diphtheroid de pele" (PELL et al., 1997). De acordo com Goldberg et al.

(1981), feridas na pele e arranhões nas mãos são as portas mais importantes do

agente infeccioso, mas também existe a possibilidade de que a bactéria penetre

através da pele intacta. O potencial de transmissão de pseudotuberculosis pela

ingestão de leite cru provenientes de cabras e vacas infectadas também é motivo de

grande preocupação para a saúde humana. Ainda segundo estes autores, a

ingestão de carne mal cozida que tenha sido contaminada também pode causar

infecção. As carcaças podem ser contaminadas com pus de fístulas ou abscessos

rompidos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando os autores aqui analisados, pode-se concluir que a linfadenite

caseosa de pequenos ruminantes é uma enfermidade de grande impacto na

ovinocaprinocultura em todo mundo, acarretando expressivos prejuízos econômicos.

Com relação à saúde pública é uma doença que precisa ser mais bem avaliada,

visto que o número de casos em humanos pode ser subestimado e que as infecções

humanas podem extrapolar o caracter ocupacional, devido à possibilidade de

transmissão pela ingestão do leite cru, além da possibilidade da contaminação por

meio da ingestão de carne crua ou mal cozida, que tenha sido contaminada por

material purulento, o que é motivo de grande preocupação para a saúde humana.

Com relação aos trabalhadores de matadouros é real o perigo ao qual estão

expostos. Há a necessidade de esclarecimentos e educação sanitária adequada

para esses trabalhadores, com a finalidade de diminuição dos riscos.

REFERÊNCIAS

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produção. Veterinária e Zootecnia, v. 17, n. 2, p. 200-213, 2010. Disponível em: <www.fmvz.unesp.br/revista/volumes/vol17.../VZ17_2(2010)_200-213. pdf>. Acesso em: 10 fev. 2011. NASSAR, Alessandra Figueiredo de Castro. Linfadenite Caseosa ou “mal do caroço”. 2009. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/ Artigos/2009_2/linfadenite/index.htm>. Acesso em: 29 jan. 2011. PEEL, Margaret et al. Human Lymphadenitis Due to Corynebacteriumpseudo-tu-berculosis: Report of Ten Cases from Australia and Review. From the Microbiological Diagnostic Unit, Department of Microbiology, The University of Melbourne, Parkville, Victoria; the Department of Pathology, Central Wellington Health Service, Sale, Victoria; the Department of Pathology, Ballarat Base Hospital, Ballarat, Victoria; and Dandenong Hospital Pathology, Dandenong, Victoria, Australia. Clinical Infectious Diseases;24:185-191.1997. PÉREZ, Juan Ramón Olalquiaga et al. Cadeia Produtiva-Ovinocultura. In: III SIM-PÓSIO MINEIRO DE OVINOCULTURA, 2003, Lavras. Anais. UFLA: Lavras, 344p. RIBEIRO, Márcio Garcia. et al. Punção aspirativa com agulha fina no diagnóstico do Corynebacterium pseudotuberculosis na Linfadenite Caseosa Caprina. Arq. Instituto Biológico, v. 68, n.1, p.23-28, 2001. RIBEIRO, Silvio Doria de Almeida. Caprinocultura: criação racional de caprinos. São Paulo: Nobel, 1997. 318p. ROSINHA, Grácia Maria soares et al. Análise da variabilidade intra-espécie dos genes pld e rpob de Corynebacterium pseudotuberculosis por meio de marcadores pcr-rflp. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2007. 24 P.; 21 cm. -- (Documentos / Embrapa Gado de Corte, ISSN 1983-974X; 167). SEVERINI, Maurizio et al. Pseudotuberculosis in Sheep as a Concern of Veterinary Public Health. Veterinary Research Communications, v. 27, Suppl. 1, p. 315–318, 2003.

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RESUMOS

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PRAGAS DO CAFEEIRO: UMA ABORDAGEM SIMPLIFICADA

Daiana Paiva - Graduanda em Agronomia. Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Júlio Cláudio Martins – Graduado em Agronomia. Mestre, Doutor e Pós-

Doutorando em Entomologia. Professor da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Coffea arabica; Pragas-do-cafeeiro; Manejo de pragas.

INTRODUÇÃO

O Brasil é o maior produtor de café do mundo, encontrando-se no país, os

tipos arábica e conilon. Entretanto, o cafeeiro sofre com frequente ataque de pragas.

Algumas de importância econômica, outras ocasionais (REIS & CUNHA, 2010). Com

base no controle de pragas e na viabilidade financeira dos produtores, são

concentrados esforços e estudos para encontrar métodos eficazes que preservem

inimigos naturais das pragas, na introdução de ferramentas capazes de afetar a

fisiologia e ecologia das pragas e conscientização sobre o uso adequado de

produtos químicos.

METODOLOGIA

Foram revisadas quatro literaturas visando levar aos produtores melhor

conhecimento sobre as pragas do cafeeiro, suas formas de sobrevivência,

comportamento, ecologia e controle das mesmas. Portanto, o objetivo do trabalho foi

reunir informações sobre as principais pragas do cafeeiro citadas em literaturas que

não estão facilmente disponíveis, fazendo que este seja uma referência para

consulta de acesso fácil para produtores e demais interessados na atividade

cafeeira.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O bicho-mineiro (Leucoptera Coffeella) ocorre preferencialmente em regiões

quentes e secas, seu ciclo de vida varia entre 19 e 87 dias de acordo com a

temperatura. Baixa umidade, inseticidas não seletivos e períodos secos favorecem o

seu ataque. Vespas predadoras são os principais agentes do seu controle biológico

(PARRA et al., 2002). O controle químico deve ser feito quando atingir 20% de

folhas infestadas. Quanto ao produto a ser aplicado, deve ser selecionado conforme

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menor custo, maior seletividade a inimigos naturais e eficiência de controle. Os

inseticidas podem ser de aplicação via solo ou foliar (GARCIA, 2002; GALLO et al.,

2002).

A broca-do-café (Hypothenemus hampei) ataca frutos em todos os estádios de

maturação, causando prejuízos diretos e indiretos. Seu ciclo de vida oscila entre 17

e 63 dias, dependente da temperatura. No período de entressafra, este inseto pode

sobreviver nos frutos remanescentes nas plantas e nos caídos ao solo. O

adensamento das plantas dificulta o controle dessa praga por afetar a dispersão dos

inseticidas e impor limitações ao operador. Uma forma eficiente de seu controle é

uma colheita bem feita e repasse da mesma. O primeiro controle químico deverá

iniciar-se quando atingir 5% infestação (GALLO et al., 2002).

As cigarras sugam seiva das plantas, são de tamanhos variados. As suas

ninfas fazem furos no solo próximos ao tronco, fixam-se nas raízes onde

permanecem por até dois anos. Os cafeeiros atacados apresentam amarelecimento,

queda foliar, secos de ramos e queda na produtividade. Para o seu controle

aconselha-se a eliminação de lavouras velhas e rotação de culturas (GALLO et al.,

2002; GARCIA, 2002).

Três ácaros têm sido considerados pragas de café: o ácaro vermelho

(Oligonychus ilicis), ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus) e ácaro da mancha

anular (Brevipalpus phoenicis). O ácaro vermelho vive na face superior das folhas

que quando atacadas apresentam-se recobertas por teias. Seu ataque inicia-se em

reboleiras limitando o crescimento dos ponteiros. O ácaro branco ataca a parte

inferior de folhas. Seu prejuízo tem sido mais frequente em plantas novas,

principalmente em viveiros. Já o ácaro da mancha anular, está relacionado com a

transmissão da leprose que causa queda foliar. A primeira aplicação de acaricidas

para o seu controle deve ser realizada logo após a colheita, quando as plantas estão

pouco enfolhadas. Já a segunda aplicação deve ser realizada na fase de chumbinho

dos frutos (GALLO et al., 2002; REIS & CUNHA, 2010).

Quanto às cochonilhas, todas são sugadoras de seiva. A Dysmicoccus

texensis colonizam raízes. O sintoma do seu ataque é o amarelecimento das folhas.

As cochonilhas da parte aérea podem depauperar as plantas por infestar ramos,

folhas, botões florais e frutos. A cochonilha da roseta (Planococcus citri) é de

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ocorrência ocasional, atacam os botões florais incapacitando-os de frutificar e frutos

atacados caem. A cochonilha verde (Coccus viridis) fixa-se em ramos novos e

nervura principal das folhas. Seu ataque resulta na redução da absorção de água e

nutrientes, levando ao amarelecimento e definhamento das plantas (GALLO et al.,

2002).

Já as lagartas casualmente são pragas dos cafezais. Os ferimentos deixados

por elas podem servir de porta de entrada para patógenos como Phoma e

Ascochyta. Geralmente alimentam-se de folhas novas. Algumas se alimentam da

casca das plantas interrompendo a circulação de água e nutrientes. Outras destroem

brotações e folhas na parte superior das plantas (GALLO et al., 2002).

Finalmente a mosca-da-podridão-das-raízes (Chiromyza vittata). Esta praga

destrói as raízes, provocando murcha, amarelecimento e depauperamento das

plantas. Em situação de alto ataque dessa praga ocorre a redução do crescimento e

produção de frutos (GALLO et al., 2002). O controle químico deve ser realizado

visando às larvas no solo. Podem ser controladas também com a erradicação de

lavouras velhas e o revolvimento do solo, expondo as larvas ao sol e aos

predadores.

CONSIDERAÇÃOES FINAIS

O combate às pragas aparece como necessária atividade para uma boa

produção agrícola. Educação e instrução, em situações temáticas, são consideradas

como uma oportunidade para produtores receberem informações e discutirem

assuntos que ainda são obscuros. Espera-se que este trabalho sirva como guia de

manejo de pragas para cafeicultores direcionando suas atividades de produção de

café.

REFERÊNCIAS

REIS, Paulo Rebelles; CUNHA, Rodrigo Luz. Café Arábica do Plantio a Colheita. Lavras: Epamig, 2010. GARCIA, Flávio Roberto Mello. Zoologia Agrícola: Manejo Ecológico de Pragas. 2ª Edição. Porto Alegre: Rigel, 2002. GALLO, Domingos et al: Entomologia Agrícola. Piracicaba: Fealq: 2002.

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PARRA, José Roberto Postali et al: Controle Biológico no Brasil: Parasitóides e Predadores. São Paulo: Manolo, 2002.

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OTITE PARASITÁRIA: UM DESAFIO PARA A PRODUÇÃO LEITEIRA

Rafael Fialho Assanuma da Silva – Graduando em Medicina Veterinária, Bolsita Fapemig - Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Danilo Augusto Lopes da Silva – Graduado em Medicina Veterinária. Rogério Oliva Carvalho - Graduado, Mestre e Doutor em Medicina Veterinária.

Professor Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Marcus Vinicius Coutinho Cossi – Graduado e Mestre em Medicina Veterinária.

Professor Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. [email protected]

PALAVRAS CHAVES: Otite parasitária, Bovinos, Produção leiteira

INTRODUÇÃO

O gênero Rhabditis spp compõe-se por helmintos geralmente de vida livre,

encontrados habitualmente na matéria orgânica em decomposição, terra úmida, em

água doce ou salgada (CARDONA et al., 2010). Algumas espécies são parasitas,

sobretudo de insetos e ocasionalmente de vertebrados. Os nematódeos desse

gênero possuem tamanho relativamente pequeno (MARTINS, 1985). O objetivo do

trabalho foi pesquisar dados relacionados a associação entre Rhabditis spp e otite

parasitária bovina, assim como suas possíveis formas de controle, tratamento e

prevenção.

MÉTODOLOGIA

Revisão de literatura baseada em artigos científicos selecionados por meio das

bases de dados da área de ciências agrárias ScienceDirect; Scielo; PubMed.

RESULTADOS

Este nematoide é associado à otite parasitária bovina, uma enfermidade que

afeta diretamente o produtor, pois, eleva os gastos com medicamentos e manejo,

além de levar a uma diminuição da produção de leite, do ganho de peso e em casos

mais graves até a morte dos animais (BELTRAME et al., 2011).

Dentre as espécies acometidas, a raça Gir possui maior predisposição por

infecções desta natureza, devido ao formato anatômico de seu pavilhão auricular,

bastante longo e encartuchado, o que favorece o acúmulo de matéria orgânica, além

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de ser uma região quente e úmida, propiciando um ambiente favorável para o

desenvolvimento deste nematoide (VIEIRA et al., 2001). Além disso, animais com

chifres achatados e grossos na base também são predispostos a tal infecção por

comprimirem a orelha e favorecer a desenvolvimento do micro-organismo (DINIZ et

al., 2011).

Nos países tropicais, a infestação por nematódeos do gênero Rhabditis spp é

considerada causa primária de otite externa em bovinos, ocorrendo geralmente em

forma de surtos, podendo acometer até 100% do rebanho. No Brasil são descritas

quatro espécies, R. freitasi, R. costai, R. insectivora e R. terrestres, sendo as duas

primeiras as de maior importância. A enfermidade tem sido relatada em vários

estados brasileiros sob a forma de casos isolados ou doença de rebanhos

(VEROCAI et al., 2009; DINIZ et al., 2011). Além da otite causada diretamente pela

presença do nematoide Rhabditis, estudos associam otites crônicas originalmente

causadas pelo nematoide com a co-infecção por bactérias do gênero Actinomyces

spp., Escherichia coli, Hemophilus somnus, Streptococcus spp., Mycoplasma bovis,

Proteus spp. e Pseudomonas spp, ou ainda com leveduras do gênero Malassezia

spp (DUARTE et al., 2001).

Os animais acometidos apresentam apatia, anorexia e frequentemente

balançam a cabeça. Em quase todos os casos, ambas as orelhas são acometidas e

observam-se ulcerações e exsudato ceruminoso ou purulento, causando aumento

da sensibilidade do canal auditivo, perda ou diminuição da audição. A doença pode

evoluir para síndrome vestibular, caracterizada por inclinação da cabeça, queda do

animal para o lado da lesão e nistagmo horizontal constante(VEROCAI et al., 2009;

DINIZ et al., 2011).

Esta parasitose é considerada difícil de ser controlada no rebanho. Na África,

foram descritos alguns protocolos de tratamento com bons resultados empregando

ivermectina e banhos semanais de toxaphene com nicotina (MSOLLA et al., 1985 e

MSOLLA et al., 1987). No Brasil, Leite et al., (1994) indicou como tratamento

altamente eficaz a lavagem do conduto auditivo dos animais com uma solução de

álcool e éter na proporção 1:1, contendo sulfato de cobre a 2%. No entanto, outro

estudo comparando o tratamento anterior com uma solução de triclorfon a 3% e

dimetilsulfóxido a 1%, utilizando como veículo uma pasta de nitrofurazona, não

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obteve o efeito terapêutico desejado (VIEIRA et al., 2001). Já Scott ET al., (2006)

testaram a ivermectina a 0,5% e o sulfóxido de albendazole a 6% não obtendo

eficácia satisfatória.Tratamento com dimetilsulfóxido, coumafós+propoxur em veiculo

de nitrofurazona promoveu a cura dos animais com otite parasitaria causada por

Rhabditis em 5 dias e os manteve sem recidivas (DINIZ et al.,2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por não haver dados precisos sobre a real prevalência da otite parasitária no

rebanho nacional e por haver tantas dúvidas sobre qual a melhor opção de

tratamento e prevenção é que pesquisas nesta área devem ser incentivadas,

objetivando dados mais consistentes e resultados mais eficazes.

REFERÊNCIAS DUARTE E. R.; MELO M. M.; HAMDAN J.S. Epidemiological aspects of bovine parasitic otitis caused by Rhabditis spp. and/or Raillietia spp. in the state of Minas Gerais, Brazil. Veterinary Parasites, v. 101, n. 1, p. 45–52, 2001

LEITE R. C.; FACCINI J.L.H. Diagnóstico e tratamento da otite parasitária por nematoides rhabditiformes em bovinos. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 3, n. 1, p. 69-70, 1994.

MARTINS Jr, W. Rhabditis (Rhabditis) freitasi sp. n. e Rhabditis (Rhabditis) costai sp. (Nematoda-Rhabditidae) isolados de otite bovina. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 80, n. 1, p. 11-16, 1985.

MSOLLA, P; FLAMER-HANSEN, J; MUSEMAKWELI, J; MONRAD, J. Treatment of bovine parasitic otitis using ivermectin. Tropical Animal Health and Production, v. 17, n. 3, p. 166-168, 1985.

MSOLLA, P; MMBUJI, W. E; KASUKU, A. A. Field control of bovine parasitic otitis. Tropical Animal Health and Production, v.19, n. 3, p. 179-183, 1987.

SCOTT, F.B.; VEROCAI, G.G.; CORREIA, T.R.; MELO, R.M.P.S.; ALVES, P.A.M. Eficácia de dois tratamentos no controle da otite parasitária bovina causada por nematoides rhabditiformes. In: Congresso brasileiro de parasitologia veterinária, 14, 2006, Ribeirão Preto. Anais... Jaboticabal: CBPV, 2006. p.295.

VEROCAI, G. G.; FERNANDES, J. I.; CORREIA, T. R.; MELO, R. M. P. S.; ALVES P. A. M.; SCOTT, F. B.; GRISI L. Inefficacy of albendazole sulphoxide and ivermectin for the treatment of bovine parasitic otitis caused by rhabditiform nematodes. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 29, n. 11, p. 910-912, 2009.

VIEIRA, M. C. M.; SILVA, L. A. F.; ARAÚJO, J. L. B.; ANDRADE, M. A.; FIORAVANTI, M. A. S.; SILVA, E V. Otites parasitárias por nematódeos

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rabditiformes em bovinos: avaliação de tratamentos. Ciência Animal Brasileira, v. 2, n. 1, p. 51-55, 2001.

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IDENTIFICAÇÃO DE LISTERIA SPP E LISTERIA MONOCYTOGENES EM UTENSÍLIOS UTILIZADOS EM AÇOUGUES DE VIÇOSA – MG

Danilo Augusto Lopes da Silva, Natália Parma Augusto de Castilho, Petrônio Ferreira Soares – Graduados em Medicina Veterinária.

Marcus Vinicius Coutinho Cossi – Graduado e Mestre em Medicina Veterinária. Professor Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX

Mariane Rezende Dias - Graduanda em Medicina Veterinária

Paulo Sérgio de Arruda Pinto, Luís Augusto Nero – Professores Doutores da Universidade Federal de Viçosa

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Listeria spp; Listeria monocytogenes; Açougue.

INTRODUÇÃO

A inclusão da Listeria monocytogenes na lista dos patógenos de origem

alimentar se deu a partir de 1980, com a ocorrência de surtos e casos esporádicos

de listeriose associados ao consumo de alimentos contaminados, dentre eles os

produtos cárneos (Bula et al ., 1998). Este micro-organismo é considerado um

importante patógeno de origem alimentar por estar muitas vezes associado a

manifestações clínicas graves e até mesmo à morte, uma vez que os grupos mais

susceptíveis são os imunodeprimidos, idosos, recém-nascidos e mulheres grávidas.

(Barros et al., 2007).

Esta doença pode ocorrer sob a forma invasiva, causando sintomas associados

com encefalite, septicemia, meningite e provocando altos níveis de mortalidade

(Hofer et al., 1998;1999). No Brasil, a presença de Listeria spp. foi amplamente

demonstrado em vegetais (Hofer, 1975), camarão (Hofer et al., 1990), leite, carne e

produtos lácteos (Silva et al., 1998). Boa parte dos surtos de toxinfecção alimentar

está diretamente relacionada à contaminação cruzada dos alimentos devido a falhas

higiênicas durante o processamento, equipamentos contaminados, manipulação e

armazenamento do produto. Açougues possuem importantes pontos que contribuem

para essa contaminação cruzada como é o caso das mesas, moedores e

amaciadores de carne (Carrasco et al., 2012). A legislação brasileira não estabelece

limites seguros para L. monocytogenes no setor da carne e seus derivados (Brasil,

2001). Apesar dos vários estudos sobre L. monocytogenes em alimentos no Brasil,

não há pesquisas que forneçam dados substanciais sobre este patógeno durante o

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processamento de carne para apoiar e sugerir o controle efetivo e medidas para

evitar uma eventual contaminação (Barros et al., 2007). Por estas razões, o objetivo

do presente trabalho foi avaliar a prevalência de Listeria spp e Listeria

monocytogenes em diferentes utensílios utilizados em açougues de Viçosa- MG.

METODOLOGIA

Vinte e quatro amostras de cada utensílio (Mão= H; Mesa= T; Faca= F;

Assoalho da Gôndola Refrigerada= C; Moedor de Carne= M; Amaciador de Carne=

P) foram coletadas em açougues localizados em Viçosa-MG, através de esfregaço

superficial de 100 cm2, com o auxílio de duas esponjas por utensílio, sendo cada par

de esponjas acondicionado em uma única bolsa plástica estéril. A cada bolsa

plástica foram adicionados 100 mL de solução salina peptonada, sendo a mistura

homogeneizada em Stomacher. As amostras foram submetidas à pesquisa de

Listeria spp e Listeria monocytogenes conforme o protocolo ISO 11.290-1. Uma

alíquota de 40 mL da suspensão obtida conforme a amostragem acima foi

centrifugada e o sedimento ressuspenso em Caldo Half Fraser, incubado a 30°C/24

horas. Logo após, realizou-se semeadura em placas de ágar ALOA e ágar Oxford,

incubadas a 37ºC/48 horas. Uma alíquota de 0,1 mL foi transferida para tubo

contendo 10 mL de caldo Fraser e incubada a 37ºC/24 horas. Posteriormente foi

realizada a semeadura em placas de ágar ALOA e ágar Oxford, incubadas a

37ºC/48 horas. As colônias características foram submetidas às provas bioquímicas

para a produção de catalase, motilidade, fermentação de carboidratos (dextrose,

xilose, ramnose e manitol), produção de β-hemólise, e posteriormente identificadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Listeria spp foi identificada em 44% das amostras do ponto P, 81% do ponto M,

53% do ponto H, 50% do ponto F, 88% do ponto T e 31% do ponto C. Listeria

monocytogenes foi identificada em 21 amostras, sendo 7 no ponto P, 3 nos pontos H

e M, 2 nos pontos F e C, 4 no ponto T. Os resultados obtidos neste trabalho indicam

a existência, dentro dos açougues, de possíveis fontes de contaminação do produto

final por Listeria spp. Além de ter sido identificado amostras positivas para Listeria

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monocytogenes, a simples presença de Listeria spp sugere que há risco de

contaminação do produto final (Slade,1992).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabendo dos riscos para a saúde pública implicados no consumo de alimentos

contaminados com este patógeno, é de extrema importância que medidas de

limpeza e sanitização destes pontos sejam permanentemente tomadas.

REFERÊNCIAS

BARROS, M. A. F.; NERO, L. A.; SILVA, L. C.; OVÍDIO, L.; MONTEIRO, A. F.; TAMANINI, R.; FAGNANI, R.; HOFER, E.; BELOTI, V. Listeria monocytogenes: Ocurrence in beef identification of the main contamination points in proceedings plants. Meat Science 76, 591-596, (2007).

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HOFER, C. B., MELLES, C. E. A., & HOFER, E. Listeria monocytogenes in renal transplant recipients. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 41(6), 375–377, 1999.

SILVA, M. C. D., HOFER, E., & TIBANA, A. Incidence of Listeria monocytogenes in cheese produced in Rio de Janeiro, Brazil. Journal of Food Protection, 61(3), 354–356, 1998.

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Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG

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MIOTENECTOMIA PARCIAL DO EXTENSOR DIGITAL LATERAL ASSOCIADA À AVULSÃO DO RETINÁCULO EXTENSOR PARA RESOLUÇÃO DE ARPEJO

EQUINO – RELATO DE UM CASO.

Aline Botelho Aguillar, Celso Werner, Geraldo D'Ávila Monteiro Júnior, Rodrigo Delesporte, Waldinéia Lopes, Winnie Lopes – Graduandos em Medicina

Veterinária -Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Bruno Santos Cândido de Andrade – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre

em Clínica e Cirurgia Veterinárias. Professor da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Miotenectomia, Avulsão do retináculo, Arpejo equino

INTRODUÇÃO

O arpejo é caracterizado pela hiperflexão involuntária das articulações do tarso

dos equinos, podendo acometer um ou ambos os membros pélvicos e nos casos

graves a flexão é forte o bastante para que haja impacto do boleto no abdômen

(RADOSTITS, 2010). Apesar da etiologia ainda não ser totalmente conhecida,

acredita-se que haja envolvimento neurológico ou traumático. Quando neurológico é

conhecido como Arpejo Australiano e descrito como afecção sazonal e de rebanho

que ocorre em surtos passageiros em função do pastejo de leguminosas como o

Taraxacum officinael, Hypochaeris radicata e Malva parviflora. Tais espécies são

relacionadas a processos degenerativos axonais de nervos periféricos longos, como

o fibular superficial e profundo, tibial e laríngeo recorrente (RODRIGUES, 2008).

Quando o envolvimento for traumático (Arpejo Convencional), como nas feridas

lacerantes ou contusas da região dorsolateral proximal do metatarso e lateral do

tarso, observa-se formação de aderências do tendão extensor digital lateral (TEDL)

nas estruturas laterais do tarso ou fibroses e adesões do mesmo em sua região de

inserção no tendão extensor digital longo (BAXTER, 2011).

Para o diagnóstico diferencial é necessário considerar afecções como a

miopatia fibrótica e fixação dorsal da patela. (BAXTER, 2011). O tratamento com a

administração de Fenotoína pode produzir uma melhora, porém quando seu uso é

interrompido os sinais reaparecem dentro de um ou dois dias (RADOSTITS, 2010).

Segundo Baxter (2011), algum benefício tem sido obtido através da técnica de

acupuntura. Devido ao pequeno número de casos que respondem a tratamentos

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clínicos ou manifestem resolução espontânea, o tratamento cirúrgico padrão é o

mais indicado e consiste na miotenectomia do extensor digital lateral (EDL). Este

relato documenta o procedimento e o resultado da associação de duas técnicas

cirúrgicas – a miotenectomia parcial do extensor digital lateral e a avulsão do

retináculo extensor lateral – para tratamento de arpejo em uma égua.

RELATO DE CASO

Uma égua SRD, 350 kg, 14 anos de idade, de uma propriedade situada na

zona rural de Matipó-MG, foi referida com queixa principal de acentuada claudicação

do membro pélvico esquerdo (MPE) de origem e início desconhecidos. À inspeção e

em dinâmica, o animal apresentou hiperflexão do tarso esquerdo que causava

violento impacto do boleto ipsilateral no abdômen ao passo e marcha, tornando-se

mais acentuado ao recuo e andar em círculos. Ao exame físico uma cicatriz antiga

de 15 cm de extensão e presença de queloide foi evidenciada na região dorsolateral

proximal do metatarso esquerdo, sugerindo trauma. À palpação foi possível

identificar a porção proximal ao tarso do TEDL, porém a sua porção distal e inserção

no tendão extensor digital longo não foi identificável, devido presença de denso

tecido fibroso. Concluiu-se que o quadro era característico de arpejo unilateral e

indicou-se a miotenectomia do TEDL.

O animal foi preparado segundo as técnicas de cirurgia asséptica e o

procedimento realizado em estação. Realizou-se tranquilização com acepromazina

1% (0,05mg/kg, IV), sedação com detomidina 1% (0,001mg/kg, IV) e bloqueio

regional dos nervos fibular superficial e profundo e tibial com lidocaína 2%.

Gentamicina 4% (6mg/kg, IV) foi administrada profilaticamente ao procedimento

cirúrgico. Duas incisões de pele aprofundadas até o subcutâneo e fáscia profunda

foram realizadas sobre o músculo e TEDL para sua exposição. A primeira incisão de

aproximadamente três centímetros localizou-se no aspecto lateral do MPE, seis

centímetros acima do maléolo lateral da tíbia. Através de dissecção romba com

pinça Crile curva, o músculo EDL foi exposto. A segunda incisão deveria ser feita

logo proximal à inserção do TEDL no tendão extensor digital longo, que

normalmente é facilmente reconhecida por palpação. Como havia grande

comprometimento dos planos anatômicos por tecido fibroso, realizou-se a segunda

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incisão de aproximadamente três centímetros na região dorsolateral proximal do

metatarso esquerdo em região determinada por tração da porção proximal do TEDL

feita pelo auxiliar. Após exploração cirúrgica não foi possível identificar o TEDL. Na

impossibilidade de realizar a tenectomia total do TEDL, optou-se por realizar a

avulsão de seu retináculo extensor (RE), com intuito de desbridar o máximo de

aderências nessa região. Para tanto, a extremidade proximal do RE foi identificada

por palpação digital pela incisão proximal. Um dos ramos de uma tesoura

Metzenbaum curva de 28 cm foi então introduzido pela abertura proximal do RE,

sendo incisado até sua porção mais distal. Procedeu-se então a miotenectomia de

aproximadamente cinco centímetros do EDL em região proximal ao tarso.

Dermorrafia por pontos simples interrompidos com fio de náilon 2-0 foi realizada nas

duas incisões.

Durante o período pós-operatório o animal foi mantido em piquete.

Imediatamente após a cirurgia observou-se apenas diminuição da intensidade e

amplitude dos movimentos de hiperflexão e breves momentos de deambulação

normal alternada aos movimentos anômalos. Após uma semana de recuperação

houve melhora da condição, pois quando solta em piquete e sem estímulos a égua

deambulava normalmente. Porém, quando conduzida por cabresto apresentava

passadas esporádicas com hiperflexão, fato atribuído ao temperamento nervoso da

paciente e à relação que existe entre estresse e aumento dos sinais clínicos. Após

duas semanas houve recuperação total e mesmo quando conduzida por cabresto

não manifestou movimentos de hiperflexão. Nenhuma complicação cirúrgica foi

observada durante esse período.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A associação da miotenectomia parcial do EDL e avulsão de seu retináculo

extensor mostrou-se efetiva como alternativa para o tratamento dos casos de arpejo

nos quais a miotenectomia padrão do EDL não seja exequível.

REFERÊNCIAS

BAXTER, Gary. Adams and Stashak’s lameness in horses. 6.ed. Chichester: Wiley-Blackwell, 2011.

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RODRIGUES, Aline. (Org.). Harpejamento em equinos no Rio Grande do Sul. Pesq. Vet. Bras., Santa Maria (RS), 2008, 28, 23-28, Jan. 2008. RADOSTITS, Otto et. al. Clínica Veterinária: Um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

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PREVALÊNCIA DE OTITE PARASITÁRIA CAUSADA POR RHABDITIS spp EM VACAS DA RAÇA GIR-LEITEIRO NA REGIÃO DE SÃO PEDRO DOS FERROS-

MG

Rafael Fialho Assanuma da Silva – Graduando em Medicina Veterinária. Bolsista Fapemig - Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Danilo Augusto Lopes da Silva – Graduado em Medicina Veterinária. Universidade Estadual de Londrina

Rogério Oliva Carvalho – Graduado em Medicina Veterinária, mestre e Doutor em Medicina Veterinária. Professor e Coordenador de pesquisa da Faculdade Vértice -

UNIVÉRTIX Marcus Vinicius Coutinho Cossi – Graduado e Mestre em Medicina

Veterinária. Professor Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Otite parasitária; Rhabditis spp; Gir leiteiro

INTRODUÇÃO

Otites parasitárias em bovinos estão associadas à interferência no bem-estar

animal, perdas econômicas de diversas magnitudes e até mesmo relacionadas ao

óbito dos animais acometidos, sendo o nematóide Rhabditis spp. o principal agente

etiológico desta enfermidade (VEROCAI et al., .2007). Estas otites são consideradas

de maior relevância para a raça Gir devido ao formato anatômico dos condutos

auriculares destes animais entre outras particularidades (VIEIRA et al., 2001;

DUARTE et al., 2001). Apesar de todos os esforços, até o momento não é conhecida

a real prevalência desta doença no rebanho nacional e muito menos, protocolos de

tratamentos eficazes, estando a maioria deles relacionados à reinfecções

(BELTRAME et al., 2011). Por estas razões o objetivo do presente trabalho foi

avaliar a prevalência de otite parasitária causada por Rhabditis spp em um rebanho

de 70 vacas da raça Gir Leiteiro de uma fazenda localizada na região de São Pedro

dos Ferros-MG.

METODOLOGIA

Utilizando-se uma haste de madeira de aproximadamente 15 cm de

comprimento, contendo uma das extremidades envolvida por algodão hidrófilo

(“swab”), foi acessado o canal auditivo de cada animal, o mesmo procedeu-se para o

canal auditivo contra-lateral. O esfregaço superficial da mucosa interna do canal

auditivo foi feito através de movimentos rotativos. O par de algodões pertencente a

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cada animal foi introduzido em um frasco de aproximadamente 100 ml de

capacidade, para análises laboratoriais (NOVAIS et al., 2011). Após a coleta, os

animais foram submetidos a limpeza do canal auditivo, com solução de álcool

boricado 3%, seguido da aplicação local de TOP LINE em spray. O material coletado

nos frascos, foi exposto ao sol para observação dos nematóides, que nas amostras

positivas para o exame macroscópico, iniciaram um processo de migração para as

paredes do frasco, sendo visível a olho nu. O exame microscópico das amostras foi

realizado através de um esfregaço do algodão sobre uma lâmina de vidro, e em

seguida, cada lâmina foi analisada em microscópio óptico, objetivas de 10 e 40x.

Esta pesquisa em andamento se constitui em um dos trabalhos aprovados pelo

Programa de Incentivo Básico a Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade Vértice –

Univértix, em 2012, fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas

Gerais – FAPEMIG.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O diagnóstico foi positivo para presença de Rhabditis spp em 70% das

amostras analisadas no exame macroscópico e 71,43% no exame microscópico.

Devido a questões de manejo, apenas 7 animais positivos na primeira coleta

puderam ser reavaliados após 30 dias. Constatou-se que estes animais voltaram a

se infectar durante este período, sendo 100% dessas amostras confirmadas por

exame macroscópico e microscópico. A limpeza e tratamento utilizados na

propriedade, diminuíram as complicações clínicas causadas pela otite parasitária

porém, com recidivas frequentes, havendo a necessidade de limpeza mensal do

pavilhão auricular dos animais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por estes motivos fica evidente a necessidade de novos estudos para

esclarecer melhor os focos de transmissão e que busquem medidas mais eficazes

de prevenção e tratamento, minimizando reinfecções e novas infecções.

REFERÊNCIAS

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BELTRAME, R. T.; SUAVE, Y. F.; NETTO, B. S.; JUNIOR, J. C. D.; CANTARELI, P. C. P.; ANDRIATA, L. F. Otite parasitária bovina no município de Colatina – ES. Veterinária e Zootecnia, v.18, n.4, supl. 3, p. 904, 2011.

DUARTE E. R.; MELO M. M.; HAMDAN J.S. Epidemiological aspects of bovine parasitic otitis caused by Rhabditis spp. and/or Raillietia spp. in the state of Minas Gerais, Brazil. Veterinary Parasites, v. 101, n. 1, p. 45–52, 2001.

NOVAIS, E. P. F.; MOTA, A. L. A. A.; PALERMO, J. G. C.; FILHO, P. C. V.; SALES, J. V. F.; XIMENES, F. H. B.; BORGES, J. R. J. Otite parasitária por Rhabditis em rebanho Gir no município Formoso-GO. Veterinária e Zootecnia, v. 18, n.4, supl. 3, p. 926, 2011.

VEROCAI, G. G.; FERNANDES, J. I.; CORREIA, T. R.; MELO, R. M. P. S.; ALVES, P. A. M.; SCOTT, F. B. Otite parasitaria bovina por nematoides Rhabditiformes em vacas gir no estado do rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 16, n. 2, p. 105-107, 2007.

VIEIRA, M. C. M.; SILVA, L. A. F.; ARAÚJO, J. L. B.; ANDRADE, M. A.; FIORAVANTI, M. A. S.; SILVA, E V. Otites parasitárias por nematódeos rabditiformes em bovinos: avaliação de tratamentos. Ciência Animal Brasileira, v. 2, n. 1, p. 51-55, 2001.

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CONTROLE BIOLÓGICO NATURAL DA TRAÇA DO TOMATEIRO E DA BROCA PEQUENA POR FORMIGAS PREDADORAS

Obiratanea da Silva Queiroz, Joel Marques de Oliveira, Mirian Filgueira Pimentel- Graduandos em Agronomia. Universidade Federal de Viçosa.

Elenir Aparecida Queiroz - Graduanda em Biologia pela Universidade Federal de Viçosa.

Elizangela Gomes Fidelis de Moraes - Graduada em Agronomia, Mestre e Doutora em Entomologia pela Universidade Federal de Viçosa.

Marcelo Coutinho Picanço - Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em Fitotecnia pela UFV, Professor associado da Universidade Federal de Viçosa.

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Controle biológico; Neoleucinodes elegantalis; Tuta absoluta, formigas predadoras. INTRODUÇÃO

Nos agroecossistemas existem espécies de formigas que são pragas e outras

que são inimigos naturais de diversas pragas. As formigas são importantes

predadores de insetos praga em culturas anuais e perenes como fruteiras,

hortaliças, plantas ornamentais, culturas produtoras de grãos, café, cana-de-açúcar

e algodão. O relato das formigas como agentes do controle biológico de pragas

agrícolas é desde 300 anos antes de Cristo. Entretanto existem muitos aspectos

sobre o papel das formigas como predadoras de pragas agrícolas que ainda

precisam ser estudados, sobretudo nas regiões tropicais, para possibilitar a

preservação destes agentes do controle biológico (WAY & HEONG, 2009;

FERNANDES et al., 2010). Dentre as principais pragas da ordem Lepidoptera estão

Neoleucinodes elegantalis (Crambidae) e Tuta absoluta (Gelechiidae). Estas duas

espécies de Lepidoptera ocorrem nas Américas (GORING et al., 2003a; PICANÇO

et al., 2007). A T. absoluta foi introduzida na Espanha em 2006 e atualmente se

encontra distribuída por praticamente todo o continente europeu. Assim, o objetivo

deste trabalho foi estudar o controle biológico natural de N. elegantalis e T. absoluta

por formigas predadoras.

METODOLOGIA

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O trabalho foi realizado em lavouras de tomate da variedade Santa clara

localizada em Viçosa-MG, Brasil. O cultivo de tomate foi conduzido nas estações

secas e chuvosas. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com

cinco repetições. Cada repetição foi composta por seis fileiras com nove plantas. O

espaçamento usado foi de 1 x 0.5 m. Os insetos usados nos experimentos foram

obtidos de criações do laboratório de Manejo Integrado de Praga da Universidade

Federal de Viçosa. Cada repetição foi composta por 10 plantas. Para cada planta foi

transferido 10 ovos e 10 larvas de cada instar das duas espécies de Lepidoptera. As

plantas utilizadas no experimento possuíam cerca de 60 dias de idade (início da fase

de frutificação). Nos estádios de ovos, larvas e pupa foram monitoradas as

mortalidades causadas por formigas predadoras para broca-pequena e a traça-do-

tomateiro, nas estações seca e chuvosa. A partir dos dados, foi calculado a media

das mortalidades ocorridas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As formigas preparam a broca-pequena e a traça-do-tomateiro somente no

estádio de pupa, sendo que as mortalidades de pupas de T. absoluta por formigas

foram maiores do que as mortalidades de pupas de N. elegantalis, com 60 e 15%

respectivamente. Isto pode ter ocorrido devido a fatores como o local de pupação e

tamanho das pupas. Como as formigas forrageiam principalmente sobre os solos

(WAY & HEONG, 2009; FERNANDES et al., 2010) elas devem capturar mais

intensamente presas com pupação exclusiva neste local. Neste contexto, nós

verificamos que a predação por formigas foi maior nos Lepidopteras que empupam

no solo (T. absoluta) do que aqueles que empupam na planta e no solo (N.

elegantalis). Outro fato que pode ter influenciado a variação da taxa de mortalidade

das espécies de presas pelas formigas é o tamanho das pupas. Desta forma, nós

observamos maior predação em pupas de T. absoluta do que do que pupas de N.

elegantalis por serem de menor tamanho. A taxa de predação de pupas de N.

elegantalis e T. absoluta pelas formigas foi semelhante entre as estações chuvosa e

seca. Demostrando que a ocorrência de chuva não afetou a predação dos

lepidopteros pelas formigas predadoras.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, as formigas preparam somente no estádio de pupa, privando

preferencialmente as pupas de T. absoluta. Alem não teve diferença significativa na

taxa de privação por formigas entre as estações secas e chuvosas. Desta forma é

importante no planejamento de programas de manejo de pragas de hortaliças a

preservação dessas formigas predadoras para maximizar o controle biológico

dessas pragas.

AGRADECIMENTO A CAPES, CNPq e FAPEMIG pelas bolsas e recursos concedidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS

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CONTROLE BIOLÓGICO DE Neoleucinodes elegantalis EM CULTIVO DE TOMATE

Tiago da Silva Moreira, Dalton de Oliveira Ferreira, Thadeu Carlos de Souza,

Reginaldo Castro de Souza Júnior- Graduandos em agronomia pela Universidade Federal de Viçosa.

Marcelo Coutinho Picanço- Graduado em agronomia, mestre e doutor em fitotecnia pela UFV, professor associado da UFV.

Ézio Marques Silva- Graduado em agronomia, mestre e doutor em entomologia pela UFV, professor da UFV.

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Lycopersicum esculentum, Neoleucinodes elegantalis, Controle Biológico.

INTRODUÇAO

A broca-pequena-do-tomateiro Neoleucinodes elegantalis (Guenée)

(Lepidoptera: Crambidae), é considerada praga chave na cultura do tomate por

danificar as partes reprodutivas da planta. Os frutos infestados tornam-se impróprios

para o comércio e processamento industrial, pois apresentam a polpa destruída

(GALLO et al., 2002). O controle biológico de pragas vem assumindo importância

cada vez maior, principalmente em um momento que se discute muito a produção

integrada rumo a uma agricultura sustentável. Entre as causas de mortalidade dos

insetos estão os parasitóides. Estes insetos têm sido registrados na cultura do

tomateiro como inimigos naturais de N. elegantalis (MUÑOZ et al., 1989; PLAZA et

al., 1992; TRÓCHEZ et al., 1999; VIÁFARA et al., 1999; BLACKMER et al., 2001;

MIRANDA et al., 2005). Entretanto, é necessário quantificar o efeito dos parasitóides

sobre as populações de N. elegantalis. Assim, este trabalho objetivou quantificar o

ataque dos parasitóides de N. elegantalis por estádio de desenvolvimento e ao longo

das estações do ano.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado em Viçosa, MG. Os dados foram coletados em lavouras

de tomate pertencente à Universidade Federal de Viçosa. Os ovos e pupas

utilizados foram obtidos da criação mantida no Laboratório de Manejo Integrado de

Pragas da UFV. Foi acompanhado o ciclo de vida de N. elegantalis durante as

quatro estações do ano, ao longo de dois anos. O delineamento foi inteiramente

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casualizado com 8 parcelas, constituída de quatro plantas no estádio reprodutivo.

Para o estabelecimento inicial da coorte, 320 fêmeas acasaladas de N. elegantalis

foram levadas ao campo para a obtenção de ovos. Os ovos foram contados e

mapeados. Duas semanas após a eclosão, os cachos foram envoltos com papel

toalha em sacolas de organza e levados para o laboratório para a retirada das larvas

que broquearam os frutos. As pupas de cada parcela foram divididas igualmente

para desenvolverem-se no solo e na parte aérea da planta e utilizadas na

determinação dos fatores de mortalidades que ocorrem no solo foram

acondicionadas em potes plásticos preenchidos com areia e furados na lateral e

base para drenagem de água. Na parte aérea, as pupas foram retiradas da criação

juntamente com o papel para facilitar a fixação nas folhas das plantas de tomate. Os

ovos não eclodidos foram retirados do campo e depositados em tubos de vidro e

analisados após 30 dias. As larvas no último ínstar foram coletadas. Os insetos

foram mantidos até o estádio adulto para a verificação da emergência de

parasitóides. As pupas da parte aérea e dos potes com areia foram coletadas e

levadas para o laboratório para análise. As pupas restantes foram colocadas em

tubos de vidro e foram mantidas nos tubos por 30 dias até a emergência dos adultos

ou parasitóides.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se maior ação dos parasitóides sobre ovos de N. elegantalis, seguido

do estádio de pupa. O parasitóide Trichogramma pretiosum foi o mais importantes

na mortalidade dessa praga. Parasitoides Chalcididae, Trichospilus sp,

Copidossoma sp e Braconidae, também foram observados. A mortalidade por

parasitóides foi elevada e constante nas estações: primavera, verão e outono. No

inverno a mortalidade foi menor. Uma vez que os inimigos naturais representam o

fator mais importante, o controle biológico conservativo é a melhor tática a ser

considerada. Assim, o nível populacional dos inimigos naturais deve ser considerado

durante a tomada de decisão de controle, a fim de preservar ou aumentar a ação

benéfica destes sobre a broca pequena. A capacidade de busca de hospedeiros

pelos parasitóides também pode ser afetada pelas condições climáticas. A variação

sazonal na disponibilidade e quantidade de plantas que representam recursos

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potenciais para adultos de parasitóides também pode contribuir para a variação na

taxa de parasitismo. Os resultados do presente estudo estão em concordância com

os encontrados por (HANCE et al., 2007), visto que, a mortalidade de ovos por T.

pretiosum ocorreu em todas as épocas do ano e a menor mortalidade devido a este

fator ocorreu no inverno.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os parasitóides são importantes agentes de regulação populacional de N.

elegantalis. Além disso, estes parasitóides causam alta mortalidade durante todo

ano sendo T. pretiosum o parasitóide mais abundante.

REFERÊNCIAS

AGRIANUAL: anuário da agricultura brasileira. São Paulo: FNP - Consultoria & Comércio, p. 476-484, 2008. CARNEIRO, JS; HAJI, FRANCISCA NEUMARA PEDROSA; SANTOS, FAM. Bioecologia e controle da broca-pequena do tomateiro Neoleucinodes elegantalis. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 14 p. (Embrapa Meio-Norte - Circular Técnica, 26). 1998, FERNÁNDEZ, S; SALAS, J. Estudios sobre la biologia del perfurador del fruto del tomate Neoleucinodes elegantalis (Lepidoptera: Pyraustidae). Agronomia Tropical, Maracay, v. 35, n. 1-3, p. 77-81, 1985. GALLO, DOMINGOS; NAKANO, O; SILVEIRA NETO, SINVAL; CARVALHO, RPL; BAPTISTA, GC; BERTI FILHO, E; PARRA, JRP; ZUCCHI, RA; ALVES, SB; VENDRAMIM, JD; MARCHINI, LC; LOPES, JRS; OMOTO, C. Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, p. 757-769, 2002. GRAVENA, SANTIN; BENVENGA, SR. Manual prático para manejo de pragas do tomate. Jaboticabal: Gravena Ltda. 144 p. ., 2003 MIRANDA, MOACYR MASCARENHA MOTTA; PICANÇO, MARCELO COUTINHO; ZANUNCIO, JOSE COLA; BACCI, LEANDRO; SILVA, EM. Impact of integrated pest management on the population of leafminers, fruit borers, and natural enemies in tomato. Ciência Rural, Santa Maria, v. 35, n. 1, p. 204-208, 2005.

REIS, PR; SOUZA, JC; MALTA, AWO. Eficiência de inseticidas para o controle da broca-pequena, Neoleucinodes elegantalis (Guenée, 1854) (Lepidoptera - Pyralidae), do fruto do tomateiro, Lycopersicon esculentum Mill. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, Londrina, v. 18, n. 1, p. 131-144, 1989.

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TOLEDO, AA. Contribuição para o estudo da Neoleucinodes elegantalis (Guenée, 1854), praga do tomate. O Biológico, São Paulo, v. 14, p. 103-108, 1948.

AGRADECIMENTOS

CAPES, FAPEMIG e CNPq pelas bolsas e recursos concedidos.

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TOXICIDADE DE TRÊS ÓLEOS ESSENCIAIS AO CORUQUERÊ-DA-COUVE E À FORMIGA PREDADORA Solenopsis saevissima

Elizeu de Sá Farias, Mayara Cristina Lopes - Graduandos em Agronomia,

UFV. Jorgiane da Silva Benevenute - Graduada em Agronomia, Mestrando em

Fitotecnia, UFV. Rogério Machado Pereira - Graduado em Agronomia, Mestrando em

Entomologia, UFV. Marcelo Coutinho Picanço - Doutorado em Fitotecnia, Professor Associado,

UFV. Leandro Bacci - Doutorado em Fitotecnia, Professor Adjunto, UFS.

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Coruquerê-da-couve; Seletividade; Óleos essenciais.

INTRODUÇÃO

As brássicas constituem a família mais numerosa em termos de espécies

oleráceas, totalizando quatorze hortaliças, incluindo o repolho, a couve-flor, a couve-

comum, o brócolis e a mostarda. O curuquerê-da-couve, Ascia monuste orseis

(GODART) (Lepidoptera: Pieridae), constitui uma das pragas-chave dessas culturas,

provocando perdas causadas pela desfolha (PICANÇO & MARQUINI, 1999;

PICANÇO et al., 2000). O controle dessa praga é realizado basicamente por

aplicações de inseticidas sintéticos (PICANÇO & MARQUINI, 1999; PICANÇO et al.,

2000). Alguns desses produtos podem reduzir as populações de inimigos naturais

dessa praga e sob uso contínuo, podem levar ao surgimento de resistência de

populações do coruquerê. Dessa forma, é necessária a busca por novos compostos

que sejam mais seletivos para o coruquerê-da-couve e que causem menor impacto

sobre os predadores e outros organismos úteis. Nos últimos anos, trabalhos vêm

sendo realizados com óleos essenciais extraídos de plantas e esses compostos tem

mostrado potencial no controle de pragas. Assim, o objetivo desse trabalho foi

avaliar a atividade inseticida de óleos essenciais de Pogostemon cablin, Lippia

sidoides e Lippia gracilles sobre o coruquerê-da-couve e seu impacto sobre a

formiga predadora Solenopsis saevissima.

METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da

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Universidade Federal de Viçosa (MIP-UFV), MG. Foi testada a toxicidade dos óleos

essenciais das plantas Pogostemon cablin, Lippia sidoides e Lippia gracilles ao

coruquerê-da-couve (Ascia monustes orseis) e à formiga predadora Solenopsis

saevissima. Na montagem dos bioensaios, utilizaram-se lagartas de segundo ínstar

de coruquerê obtidas de criações mantidas no próprio laboratório e adultos de

Solenopsis saevissima coletados no campus da UFV. Os óleos foram diluídos a uma

dose de 10 mg g-1 do inseto usando acetona como solvente. O delineamento

experimental foi inteiramente casualizado com quatro repetições. Cada unidade

experimental foi constituída de um pote plástico contendo dez insetos. Em cada pote

foi colocado um pedaço de couve para a alimentação das lagartas. Para alimentação

das formigas, foi adicionado um pequeno pedaço de algodão umedecido e um

recipiente contendo uma mistura de açúcar refinado e mel (4:1). Os bioensaios

foram conduzidos por aplicação tópica. Foi aplicado 0,5 μL do óleo sobre cada inseto

usando microsseringa Hamilton. O controle foi realizado aplicando-se 0,5 μL do

solvente acetona sobre cada inseto. Os potes foram mantidos à temperatura de 25 ±

0,5°C, umidade relativa do ar de 75 ± 5% e fotoperíodo de 12 horas. A mortalidade

dos insetos foi avaliada 48 horas após a montagem dos bioensaios. Foram

considerados mortos os insetos sem coordenação motora. Os dados coletados

foram submetidos à Análise de Variância e as médias foram comparadas pelo teste

Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O óleo de Pogostemonon cablin causou maior mortalidade (96,67%) de Ascia

monustes 48 horas após a montagem dos bioensaios. O óleo de Lippia gracilles

mostrou toxicidade intermediária, enquanto que a mortalidade causada pelo óleo de

Lippia sidoides não diferiu da causada pelo Controle. Para Solenopsis saevissima, a

mortalidade causada pelos óleos de Pogostemonon cablin, Lippia gracilles e Lippia

sidoides não diferiu do Controle 48 horas após a montagem dos bioensaios.

Portanto, os resultados desse trabalho mostram o potencial do óleo essencial de

Pogostemonon cablin no controle de Ascia monustes orseis, por sua elevada

toxicidade a este inseto e pelo seu baixo impacto sobre o predador Solenopsis

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saevissima.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados deste estudo podem contribuir para a redução no uso de

inseticidas sintéticos, pois demonstram boas possibilidades da utilização do óleo

essencial de Pogostemonon cablin como alternativa de controle do coruquerê-da-

couve.

REFERÊNCIAS

PICANÇO, Marcelo Coutinho; GUSMÃO, Marcos Rafael; GALVAN, Tederson Luiz. Manejo integrado de pragas de hortaliças. In: ZAMBOLIM, Laércio. Et al. Manejo integrado de doenças, pragas e ervas daninhas. Viçosa, MG: UFV, 2000. v. 2, p. 275-324.

PICANÇO, Marcelo Coutinho; MARQUINI, Flávio. Manejo integrado de pragas de hortaliças em ambiente protegido. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 20, n. 200/201, p. 126-133, 1999.

AGRADECIMENTOS

A CAPES, FAPEMIG e ao CNPq pelas bolsas e recursos concedidos.

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CONTROLE NATURAL DOS PULGÕES-DA-COUVE NA ÉPOCA CHUVOSA

Rodrigo Soares Ramos, Izailda Barbosa do Santos, Obiratanea da Silva Queiroz, João Rafael Silva Soares – Graduandos em Agronomia na Universidade

Federal de Viçosa Marcelo Coutinho Picanço – Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em

Fitotecnia pela UFV, Professor associado da UFV Elisangela Gomes Fidelis de Morais – Graduanda em Agronomia, Mestre e

Doutora em Entomologia pela UFV. [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Pulgões, Syrphidae, Coccinellidae, chuva

INTRODUÇÃO

O pulgão Brevicoryne brassicae L. (Hemiptera: Aphididae) é uma praga

importante do repolho (Brassica oleracea var. capitata). Os danos causados por este

inseto são sucção de seiva, introdução de toxinas e transmissão de viroses

(BLACKMAN & EASTOP, 2000; COLLIER & FINCH, 2007). Dentre os principais

inimigos naturais do B. brassicae estão os fungos entomopatogênicos da ordem

Entomophthorales e a espécie Lecanicillium lecanii (Ascomycota: Hypocreales)

(SCORSETTI et al., 2007; VU et al., 2007). Os principais predadores são os

Coleoptera da família Coccinellidae e as larvas de Diptera da família Syrphidae e

Cecidomyiidae (DEVI et al., 1996; DEBARAJ & SINGH, 1998; NIETO et al., 2006;

OBRYCKI et al., 2009). Já os principais parasitóides pertencentem a ordem

Hymenoptera, principalmente das famílias Braconidae e Aphelinidae (GEIGER et al.,

2005; POWELL & PELL, 2007). Assim, para a elaboração de programas mais

eficientes de manejo integrado de pragas, estudos de fatores que regulam a

dinâmica populacional de herbívoros em cultivos agrícolas devem ser realizados.

Desta forma, objetivou-se neste trabalho determinar os estádios críticos de

mortalidade e os fatores chave de mortalidade deste inseto por meio de tabelas de

vida ecológicas na época chuvosa.

METODOLOGIA

Este estudo foi realizado em cultivos de repolho Brassica oleracea var.

capitata na Área Experimental da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. Os

pulgões utilizados nos experimentos foram obtidos da criação mantida no

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Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da UFV. O delineamento experimental

foi inteiramente casualizado com 10 repetições. Cada parcela foi constituída de duas

plantas de repolho com cerca de 20 dias após o transplante. Ao longo de todo o dia

estas plantas foram observadas para a identificação dos fatores de mortalidade. Os

pulgões foram contados imediatamente após a ocorrência de chuvas e aqueles que

desapareceram neste período ou morriam cobertos pela lama foram considerados

como mortos por este fator. As mortalidades por parasitismo foram avaliadas por

meio da contagem de múmias com aspecto liso, brilhante e inchado. As

mortalidades causadas por infecção de fungos foi avaliada por meio da contagem de

múmias cobertas por micélio ou pulgões com coloração rósea. Os pulgões que

desapareceram nas plantas protegidas das chuvas e dos inimigos naturais foram

considerados como mortos por distúrbios fisiológicos do inseto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A mortalidade média de todo ciclo de vida de B. brassicae foi de 92,39%. As

mortalidades causadas por distúrbios fisiológicos e chuvas do inseto ocorreram em

todos os ínstares ninfais de B. brassicae. A predação por larvas de Coccinellidae foi

verificada no 1º, 2º, 3º e 5º ínstar ninfal. Enquanto que a predação por larvas de

Syrphidae foi verificada no 5º ínstar e no estádio adulto. A predação por larvas de

Aphidoletes sp. foi verificada no 5º ínstar e por aranhas no 4º e 5º ínstar e no estádio

adulto. As mortalidades parciais nos 3º, 4º e 5° ínstares tiveram correlação de

Pearson com a mortalidade total no estádio ninfal. Os predadores que causaram

mortalidade às ninfas de 5º ínstar de B. brassicae foram larvas de Syrphidae, larvas

de Coccinellidae, larvas de Aphidoletes sp. e aranhas. O fator chave de mortalidade

de ninfas de 5º ínstar de B. brassicae foi predação, seguido por parasitismo e

chuvas, distúrbios fisiológicos do inseto e fungos Entomophthorales. A população do

pulgão B. brassicae é regulada por fatores bióticos e abióticos. As chuvas causaram

mortalidades significativas nesta espécie de pulgão. O parasitismo consiste no

segundo fator de mortalidade mais importante para B. brassicae. O fato das

espécies de pulgões do repolho apresentar diferentes estádios críticos de

mortalidade implica na adoção de métodos de controle em momentos diferentes do

ciclo de vida destes insetos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Táticas e estratégias de manejo devem ser adotas, a fim de maximizar ou

complementar a ação dos agentes de mortalidade natural no campo.

REFERÊNCIAS BLACKMAN, R. L.; EASTOP, V. F. Aphids on the World’s Crops: An Identification and Information Guide. Chichester: Wiley. 2000. 466p. COLLIER, R. H.; FINCH, S. IPM Case Studies: Brassicas. In: H. F. Van Emden; Harrington, R. (Eds.). Aphids as crop pests London: CABI Publishing, 2007, p.549-560 DEBARAJ, Y.; SINGH, T. K. Studies on some aspects of prey-predator interaction with reference to cabbage aphid, Brevicoryne brassicae (Linnaeus) and its predatory insects. Journal of Advanced Zoology, v.19, n.1, p.50-54. 1998. DEVI, P. B.; DEVI, L. C.; Varatharajan, R.; Singh, T. K. On the density and composition of natural enemies of cabbage infesting aphids from Manipur. Journal of Advanced Zoology, v.17, n.2, p.74-78. 1996. GEIGER, F.; BIANCHI, F.; WACKERS, F. L. Winter ecology of the cabbage aphid Brevicoryne brassicae (L.) (Homo., Aphididae) and its parasitoid Diaeretiella rapae (McIntosh) (Hym., Braconidae: Aphidiidae). Journal of Applied Entomology, v.129, n.9-10, p.563-566. 2005. NIETO, D. J.; SHENNAN, C.; SETTLE, W. H.; O'MALLEY, R.; BROS, S.; HONDA, J. Y. How natural enemies and cabbage aphid (Brevicoryne brassicae L.) population dynamics affect organic broccoli harvest. Environmental Entomology, v.35, n.1, p.94-101. 2006. OBRYCKI, J. J.; HARWOOD, J. D.; KRING, T. J.; O'NEIL, R. J. Aphidophagy by Coccinellidae: Application of biological control in agroecosystems. Biological Control, v.51, n.2, p.244-254. 2009. POWELL, G.; MANIAR, S. P.; PICKETT, J. A.; HARDIE, J. Aphid responses to non-host epicuticular lipids. Entomologia Experimentalis et Applicata v.91, p.115-123. 1999. SCORSETTI, A. C.; HUMBER, R. A.; GARCIA, J. J.; LASTRA, C. C. L. Natural occurrence of entomopathogenic fungi (Zygomycetes: Entomophthorales) of aphid (Hemiptera: Aphididae) pests of horticultural crops in Argentina. Biocontrol, v.52, n.5, p.641-655. 2007.

VU, V. H.; IL HONG, S.; KIM, K. Selection of entomopathogenic fungi for aphid control. Journal of Bioscience and Bioengineering, v.104, n.6, p.498-505. 2007.

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AGRADECIMENTOS

Ao CNPq, Capes e FAPEMIG pelas bolsas e recursos concedidos.

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INVESTIGAÇÃO DA PREFERÊNCIA DE PUPAÇÃO DE TUTA ABSOLUTA EM SOLO COM E SEM COBERTURA MORTA

Izailda Barbosa dos Santos, Reginaldo Castro de Souza Júnior, Thadeu Carlos de

Souza, Mayara Cristina Lopes – Graduandos em Agronomia na UFV. Tarcisio Visintim da Silva Galdino – Graduado em Agronomia, mestre em

Entomologia, doutorando em Fitotecnia na UFV. Marcelo Coutinho Picanço – Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em Fitotecnia, Professor associado no Departamento de Entomologia da UFV.

[email protected]

PALAVRAS – CHAVE: tomate; comportamento e manejo de pragas. INTRODUÇÃO

O cultivo de tomate é um dos principais destaques do setor de hortaliças. Em

2011 foi plantada no Brasil cerca de 650 mil ha de tomate (IBGE 2011). Um dos

problemas mundiais enfrentados no cultivo do tomate é o ataque de insetos pragas.

Neste contexto, a traça-do-tomateiro, Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera:

Gelechiidae) é a principal praga desta cultura. “Suas larvas atacam as folhas, caule,

flores e frutos do tomateiro podendo ocasionar perdas na produtividade de até

100%” (SILVA et al., 2011). Atualmente a utilização de inseticidas químicos é o

principal método de controle desta praga. Entretanto, o uso inadequado destes

produtos pode causar efeitos deletérios sobre os inimigos naturais que regulam a

densidade populacional de pragas (PICANÇO et al., 2007). Associado a isso, está o

crescimento da agricultura orgânica, onde cada vez mais aumenta a necessidade de

pesquisas voltada para práticas de controle biológico das pragas. Dessa forma,

estudos que investiguem o comportamento da T. absoluta nos seus diferentes

estágios de desenvolvimento é de fundamental importância para elaborar práticas

alternativas ao seu manejo. Sendo assim, neste trabalho foi objetivado o estudo do

comportamento de pupação de T. absoluta com o intuito de gerar informações que

permitam o uso associativo de diferentes táticas no controle desta importante praga.

METODOLOGIA

Os insetos utilizados foram coletados em lavouras comerciais de tomate em

Viçosa, MG. Com estes insetos foi estabelecida criação em laboratório conforme

Galdino et al., (2011). As plantas utilizadas foram cultivadas em casa de vegetação,

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sem o uso de pesticidas. Para verificar o efeito de cobertura morta na pupação

foram utilizadas bandejas plásticas (40 por 60 cm). Dois terços desta bandeja foram

preenchidos com areia. Em metade desta bandeja foram colocados restos vegetais,

que incluíam folhas de tomate em decomposição e de algumas plantas daninhas,

ficando a outra metade apenas com areia. Para o centro de cada bandeja foram

transferidas dez lagartas de T. absoluta no final do quarto instar, que são

diferenciadas das demais por apresentarem coloração rósea. A profundidade de

polpação foi medida utilizando potes plásticos translúcidos com capacidade de 11

cm de diâmetro e 11 cm de altura. Dentro destes foi colocado areia até a altura de

oito cm. No centro de cada pote, na superfície da areia, foram adicionadas cinco

lagartas no final de quarto instar. Para a avaliação, foi feita inicialmente uma

marcação no nível da areia do lado externo do pote. Retiraram-se então camadas

finas do solo com auxilio de uma espátula. Essa porção de solo retirada foi colocada

em bandejas brancas para observar a presença de pupas. Ao encontrar as pupas

media-se a profundidade onde esta se encontrava. Os experimentos foram

acondicionados à temperatura de 25° ± 1ºC, umidade relativa de 70 ± 5% e foto fase

de 12 horas. Em ambos, foram montadas 30 repetições e a avaliação ocorreu após

três dias de montagem. Ajustou-se curva de regressão do número de pupas em

função da profundidade a p<0.05. A curva escolhida foi a mais simples que se

ajustou aos dados biológicos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O maior número de pupas ocorreu a 1,3 mm de profundidade e decresceu até

cerca de 6 mm. Entre seis e 12 mm o número de pupas foi baixa e constante. A

partir de 12 mm de profundidade não foram encontradas pupas de T. absoluta. A

pupação de T. absoluta ocorreu na camada superficial do solo, provavelmente,

devido a esta localização possibilitar a maior taxa de emergência dos adultos (

HULTHEN & CLARKE, 2006). Ocorreu maior pupação de T. absoluta em solo com

cobertura morta. Isso se deu possivelmente pela cobertura morta apresentar

proteção contra a dessecação (HULTHEN & CLARKE, 2006) e inimigos naturais

(HOU et al., 2006). A polpação de T. absoluta na camada superficial e

principalmente em solos com cobertura morta é importante no planejamento de

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estratégias e táticas de seu manejo. Uma prática que pode ser usada no manejo

desta praga está o revolvimento do solo e a retirada de resíduos vegetais. Para

redução das infestações de T. absoluta em novos cultivos deve-se realizar rotação

de culturas, incorporação dos restos culturais e tratamento dos tutores, pois esta

praga empupa na planta e no tutor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pupação de T. absoluta ocorre na camada superficial do solo principalmente

quando há cobertura morta.

AGRADECIMENTOS Capes, CNPq e Fapemig pelas bolsas e recursos concedidos. REFERÊNCIAS GALDINO,Tarcísio Visintim da Silva; PICANÇO, Marcelo Coutinho; MORAIS, Elisangela Gomes Fidelis ; SILVA, Nilson Rodrigues; SILVA, Geverson Aelton Resende e LOPES, Mayara Cristina. Bioassay method for toxicity studies of insecticide formulations to Tuta absoluta (Meyrick, 1917). Ciência e Agrotecnologia, v.35, p.869-877. 2011.

HOU, Baidong; XIE,Li Ping ; ZHANG, Rush. Depth of pupation and survival of the Oriental fruit fly, Bactrocera dorsalis (Diptera: Tephritidae) pupae at selected soil moistures. Applied Entomology and Zoology, v.41, n.3, p.515-520. 2006. HULTHEN, Andrew & CLARKE, Anthony The influence of soil type and moisture on pupal survival of Bactrocera tryoni (Froggatt) (Diptera: Tephritidae). Australian Journal of Entomology, v.45, n.1, p.16-19. 2006. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - disponível em http//<www.ibge.gov.br> acesso em 25. ago. 2012 PICANÇO, Marcelo Coutinho; BACCI, Leandro; CRESPO, André Luiz Barreto ; MIRANDA Moacyr Mascarenhas Motta ; MARTINS, Júlio Claúdio . Effect of integrated pest management practices on tomato production and conservation of natural enemies. Agricultural SILVA, Gerson Adriano; PICANÇO, Marcelo Coutinho; BACCI, Leandro; CRESPO, André Luiz Barreto ; ROSADO, Jander Fagundes; GUEDES, Raul Narcisio Carvalho Control failure likelihood and spatial dependence insecticide resistance in the tomato pinworm, Tuta absoluta. Pest Management Science, v.67, n.8, p.913-920. 2011

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IDENTIFICAÇÃO DE PRAGAS E INIMIGOS NATURAIS NA CULTURA DO PEPINO

Reginaldo Castro de Souza Júnior, Elizeu de Sá Farias, Dalton de Oliveira

Ferreira, Thadeu Carlos de Souza – Graduandos em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa

Marcelo Coutinho Picanço – Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em Fitotecnia. Professor do curso de Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa

Tarcísio Visintin da Silva Galdino – Graduado em Agronomia, Mestre em Entomologia pela Universidade Federal de Viçosa.

[email protected] PALAVRAS-CHAVE: Cucumis sativus; controle biológico; Manejo Integrado de Pragas.

INTRODUÇÃO

Para o planejamento de estratégias e táticas de manejo integrado de pragas é

necessário conhecer a biologia das pragas e de seus inimigos naturais. Isto

possibilita a descrição dos danos causados pelas pragas as culturas, verificação dos

estádios da cultura mais atacados pelas pragas e quais inimigos naturais são

capazes de regular a população de pragas. Os insetos sugadores estão entre as

principais pragas do mundo. Estas espécies pragas podem atacar tanto a parte

aérea das plantas como seu sistema radicular. Além dos danos diretos, este grupo

de insetos são os principais transmissores de viroses em plantas. A mosca branca,

por exemplo, pode inviabilizar o cultivo e causar 100% de perdas na produção.

Apesar da importância deste grupo de praga no cultivo do pepino são poucos

os relatos, sobretudo no Brasil, dos inimigos naturais que podem controlar insetos

sugadores no campo. Assim neste trabalho nós tivemos por objetivo estudar as

intensidades de ataque dos insetos sugadores no cultivo de pepino e determinar os

inimigos naturais associados a estes insetos.

METODOLOGIA

Este trabalho foi conduzido na Área Experimental do Laboratório de Manejo

Integrado de Pragas do Departamento de Entomologia da Universidade Federal de

Viçosa, localizada no município de Viçosa, MG. O solo do local de instalação do

experimento foi arado, gradeado sendo preparados sulcos para o plantio. As mudas

utilizadas foram produzidas em bandejas plásticas contendo 200 células (2,6 x 5,5

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cm) e cultivadas em estufas conforme Sousa et al. (1997). A área experimental foi

subdivida em quatro repetições. Cada repetição foi constituída por 30 plantas em

três fileiras de seis metros de comprimento. O espaçamento utilizado foi de 1,0 x 0,6

m. “Durante a experimentação realizaram-se, diariamente, irrigação da cultura por

gotejamento. Durante o ciclo da cultura realizaram-se as operações normais de

cultivo” (BALBINO et al. 2002). “A adubação foi realizada conforme a recomendação

da Comissão de Fertilidade de Solo do estado de MG (CFSEMG)” (Ribeiro et al.

1999). Durante o cultivo semanalmente avaliaram-se por contagem direta nas

plantas da parcela as densidades dos insetos sugadores e seus predadores. Os

indivíduos presentes foram coletados, separados em morfoespécies, montados e

enviados a Sistematas especialistas para sua identificação. Foi identificado o estádio

fenológico das plantas. Foram calculadas as densidades (médias e erros padrões)

de cada espécie nos estádios vegetativo e reprodutivo do cultivo de pepino. Foram

realizadas correlações de Pearson entre as densidades das pragas e seus

predadores a p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os insetos sugadores observados atacando à cultura do pepino foram

Frankliniella sp. (Thysanoptera: Thripidae), Thrips sp. (Thysanoptera: Thripidae),

Bemisia tabaci (Hemiptera: Aleyrodidae), Aphis gossypii (Hemiptera: Aphididae),

Circulifer sp. (Hemiptera: Cicadellidae) e Empoasca sp. (Hemiptera: Cicadellidae).

As espécies mais abundantes foram os tripes Frankliniella sp. e Thrips sp. na fase

vegetativa e Frankliniella sp. na fase reprodutiva da cultura do pepino. A densidade

populacional de Bemisia tabaci não variou entre as fases. Já as demais pragas

ocorreram em maior quantidade na fase vegetativa. “O maior ataque das pragas na

fase vegetativa ocorreu, possivelmente, devido à maior quantidade de aminoácidos

livres na seiva neste estádio fenológico” (TAIZ & ZEIGER 1991). Este resultado

também nos indica que neste estádio da cultura do pepino é onde os insetos

sugadores podem causar maiores problemas à cultura. A maior diversidade de

predadores ocorreu no estádio vegetativo. Neste estádio, o predador mais

abundante foi Chrysoperla sp. (Neuroptera: Chrysopidae). Também foram

observados os predadores Ocyptamus anthiphates (Diptera: Syrphidae),

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Cecidomyiidae, Orius sp. (Hemiptera: Anthocoridae) e Cycloneda sanguinea

(Coleoptera: Coccinellidae). Já no estádio reprodutivo Chrysoperla sp e O.

anthiphates foram os predadores mais abundantes seguidos pelas aranhas. Nós

observamos correlações positivas e significativas (p<0,05) entre as densidades de

Frankliniella sp com as densidades de Chrysoperla sp., B. tabaci com Orius sp. e

Circulifer sp. com Cecidomyiidae e C. Sanguinea. As correlações significativas

indicam que os predadores mais abundantes respondem ao aumento da população

de praga. Segundo Greenberg et al., (2009) “a relação entre Frankliniella sp e

Chrysoperla sp confirma os resultados obtidos em laboratório”. Isto demonstra que

Chrysoperla sp. é um importante predador de Thrips sp. Segundo Leite et al,. (2006),

Mexia et al., (2004) e Down et al., (2009) “a relação entre Bemisia tabaci e o

percevejo Orius sp é mais comum”. Os percevejos da família Anthocoridae são

importantes predadores de diversas pragas, principalmente insetos pequenos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto este trabalho demonstra que o estádio vegetativo do desenvolvimento

da cultura do pepino é mais suscetível ao ataque de insetos sugadores. Além disso,

os inimigos naturais mais abundantes estão associados a estes insetos.

REFERÊNCIAS

BALBINO, José Mauro de Sousa; COSTA, Helcio; FORNAZIER, Maurício José; PREZOTTI, Luiz.Carlos.; SOUZA, Jacimar Luis. Cultura do pepino salada. Vitória, ES: EMCAPA. 34p. , 1990.

DOWN, Rachael, CUTHBERTSON, Andrew. G. S, MATHERS, James. J, WALTERS, Keith F. A. Dissemination of the entomopathogenic fungi, Lecanicillium longisporum and L. muscarium, by the predatory bug, Orius laevigatus, to provide concurrent control of Myzus persicae, Frankliniella occidentalis and Bemisia tabaci. Biological Control. v.50, n.2, p.172-178, 2009.

GREENBERG, Shoil M.; LIU, TONG-XIAN; ADAMCZYK, John.J. Thrips (Thysanoptera: Thripidae) on Cotton in the Lower Rio Grande Valley of Texas: Species Composition, Seasonal Abundance, Damage, and Contro. Southwestern Entomologist. v.34, n.4, p.417-430, 2009.

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LEITE, Germano Leão Demolin.; PICANÇO, Marcelo Coutino.; GUEDES, Raul Narciso; ECOLE, Carvalho Carlos. Factors affecting the attack rate of Bemisia tabaci on cucumber. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v.41, n.8, p.1241-1245, 2006.

MEXIA, Antônio.; FIGUEIREDO, Elisabete.; GODINHO, Maria Céu. Natural control against pests on vegetables in Portugal: important species and their role. Bulletin OILB/SROP, v.27, n.6, p.1-8, 2004.

RIBEIRO, Antônio Carlos et al. (Ed.) Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5ª Aproximação. Viçosa: CFSEMG, 1999. 359 p.

SOUSA, João Alencar; LEDO, Francisco José Silva.; SILVA, Marcos Rocha Produção de mudas de hortaliças em recipientes. Embrapa Acre, 1997. 20p.

TAIZ, Lincoln.; ZEIGER, Eduardo. Plant physiology. Califórnia: The Benjamin/Cummings Publishings Company, 1991. 565p.

AGRADECIMENTOS

CAPES, FAPEMIG e CNPq pelas bolsas e recursos concedidos.

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FALHA NO CONTROLE DE TRAÇA DO TOMATEIRO NO CERRADO BRASILEIRO

Thadeu Carlos de Souza, Reginaldo Castro de Souza júnior, Dalton de Oliveira

Ferreira – Graduandos em Agronomia. Universidade Federal de Viçosa Marcelo Coutinho Picanço – Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em

Fitotecnia pela UFV, Professor associado da UFV. Gerson Adriano Silva – Graduado em Agronomia, Mestre Entomologia e

Doutorando em Entomologia pela UFV. [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Tuta absoluta; Solanum lycopersicum; inseticidas neurotóxicos

INTRODUÇÃO

Em consequência do surgimento de populações resistente a inseticidas, os

produtores substituem,fazem misturas e aumentam as doses pesticidas por conta

própria, mas nem sempre são eficientes no controle da praga. Esse problema ocorre

na cultura do tomateiro Solanum lycopersicum. A traça do tomateiro Tuta absoluta

(Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae) é a mais importante desta cultura. A larva

dessa praga consome o mesófilo foliar, os ponteiros, os botões florais, as flores e

frutos do tomateiro, reduzindo a produtividade. Considerando a importância desta

cultura para o país e a grande quantidade de inseticidas aplicados para controlar T.

absoluta, ainda são poucos os trabalhos que detectam e monitora as populações

resistentes desta praga no Brasil. Portanto para aumentar estas informações, o

objetivo desse trabalho foi identificar as possíveis falhas no controle de população

de T. absolutas no cerrado brasileiro.

METODOLOGIA

Foram utilizadas duas populações de Tuta absoluta, coletadas em duas

cidades do cerrado (Goianápolis-GO e Uberlândia-MG ). Essas populações foram

levadas para o Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da Universidade Federal

de Viçosa para estabelecer a criação. Na alimentação das larvas foram utilizadas

folhas de tomateiro do cultivar santa clara cultivados em casa de vegetação sem

aplicação de inseticidas (SILVA et al., 2011). Nos testes toxicológicos foram

utilizados dez inseticidas, sendo seis neurotóxicos e quatro de ação lenta. Dentre

esses, três eram reguladores de crescimento e a base de Bacillus thuringiensis. O

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experimento foi conduzido DIC com quatro repetições. As unidades experimentais

constituíram-se de folíolos de tomate do cultivar Santa Clara. Para os inseticidas

neurotóxicos essas folhas foram emersas em concentrações de cada inseticida

(diluídos em água) e em água (testemunha). Em todos os tratamentos foram

utilizado 0,2 μL/mL espalhante adesivo N-dodecilbenzeno sulfonato de sódio 320

CE. Após a imersão, as folhas foram secadas a sombra; após a secagem, foram

acondicionadas em placas de Petri (9 cm de diâmetro x 2 cm de altura). Em cada

placa foram colocadas 10 lagartas de 3º ínstar. Já para os reguladores de

crescimento e Bacillus thuringiensis, cada parcela experimental foi constituída por

garrafa Pet de 2 litros contendo folha de tomate com 20 lagartas de 2º instar. Tanto

as garrafas Pet quando as placas de petri foram acondicionadas em estufas

incubadoras a 25 ± 0,5ºC e fotoperiodo de 12 horas. Após 48 horas da transferência

foi avaliada a mortalidade dos insetos nas placas de petri e sete dias depois da

transferência os das garrafas Pet. Em ambos os ensaios, utilizaram-se várias

concentrações de cada inseticida de forma a obterem-se mortalidades do inseto

entre 0 e 100%. Os dados de mortalidade foram corrigidos em relação à mortalidade

ocorrida na testemunha usando-se a fórmula de Abbott (1925) e submetidas à

análise de próbite com p>0,05 para determinação das curvas concentração de

mortalidade para cada inseticida e população (FINNEY, 1971). Foram estimadas as

mortalidades causadas pelas concentrações recomendadas usando-se as curvas

concentração-mortalidade de cada inseticida. Foram calculados os intervalos

fiduciais da CL80. Esse procedimento foi feito devido ao valor de 80% ser a

mortalidade mínima exigida para registro de uso de inseticida no Ministério da

Agricultura e Pecuária do Brasil.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A dose recomendada pelo fabricante dos inseticidas abamectina, espinosade,

deltametrina + triazofós e teflubenzurom apresentaram mortalidade acima de 80%

para população de Uberlândia. Os demais tiveram mortalidade abaixo de 80%

mostrando falha no controle da população de insetos. Os inseticidas bifentrina,

abamectina, espinosade e indoxocarbe apresentaram mortalidade acima de 90%

dos indivíduos da população de Goianápolis. Também nesta população, todos os

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inseticidas de ação lenta e o neurotóxico permetrina apresentaram mortalidade

abaixo de 80%. Resultado que mostra falha no controle nessa população por esses

inseticidas. Inseticidas neurotóxicos e os de ação lenta apresentaram falha no

controle das populações de T. absoluta no cerrado brasileiro. Essa falha pode ser

devido à resistência dos insetos aos inseticidas. Assim, é provável que as falhas de

controle encontradas neste trabalho sejam, realmente, devido à resitência das

populações aos inseticidas. O inseticida a base de B. thuringiensis apresentou baixa

eficiência em ambas as populações de T. absoluta. Isto ocorre, possivelmente,

devido às lagartas de T. absoluta ingerirem pequenas concentrações do inseticida

biológico. Algumas práticas do MIP como: amostragem, controle baseado nos níveis

de dano, rotação de produtos químicos com sítios de ação diferentes, pulverizações

visando às fases mais vulneráveis da praga podem melhorar a eficiência destes

produtos e reduzir a resistência à inseticidas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, podemos concluir que ocorreram falhas de controle de T. absoluta no

cerrado brasileiro, usando os inseticidas neurotóxicos e tambem os de ação lenta.

Os neurotoxicos foram: bifentrina, permetrina e indoxicarbe. Os de ação lenta foram:

diflubenzurom, teblubenzurom, triflumurom e o biologico Bacillus thuringiensis.

Agradecemos ao CNPq, Capes e FAPEMIG pelas bolsas e recursos concedidos.

REFERÊNCIAS

ABBOTT, W. S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal of Economic Entomology, College Park, v. 18, p. 265-266, 1925. FINNEY David John. Probit analysis. 3ed. London: Cambridge University, 333p, 1971. SILVA Gerson Adriano; PICANÇO Marcelo Coutinho; BACCI Leandro; CRESPO André Luis; ROSADO Jander Fagundes; GUEDES Raul Narciso.. Control failure likelihood and spatial dependence of insecticide resistance in the tomato pinworm, Tuta absoluta. Pest Management Science. 67: n/a. doi: 10.1002/ps.2131. 2011

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EFEITO DA INTERAÇÃO ENTRE ENDOSSULFAN E GLYPHOSATE NA MORTALIDADE DE CEROTOMA ARCUATUS

Mirian Filgueira Pimentel, Geverson Aelton Rezende Silva e Paulo Antônio

Santana Junior - Graduandos em Agronomia na UFV. Tarcísio Visintin da Silva Galdino - Graduado em agronomia. Mestre em

Entomologia e Doutorando em Fitotecnia na UFV. Jardel Lopes Pereira - Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em Fitotecnia na

UFV, Supervisor de Pesquisa Du Pont do Brasil, Divisão Pioneer Sementes. Marcelo Coutinho Picanço - Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em

Fitotecnia na UFV. Professor associado do Departamento de entomologia da UFV. [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Soja RR; insetos-praga; Manejo Integrado de Pragas.

INTRODUÇÃO

A soja é uma cultura de destaque no mercado mundial pela sua grande

importância econômica. “Brasil é o segundo maior produtor mundial chegando a 75,0

milhões de toneladas” (IBGE-2011). “Para o manejo dos cultivos de soja

convencional é comumente utilizado o herbicida glyphosate, que é aplicado apenas

no pré-plantio como dessecante de ervas daninhas” (PETTER et al., 2007). No

entanto, nos cultivos de variedades de soja transgênicas resistentes a este herbicida

(soja RR) são feitas até três aplicações do glyphosate. “Frequentemente as

aplicações de glyphosate no cultivo da soja RR ocorrem de maneira conjunta a um

inseticida no intuito de diminuir os custos advindos do processo de aplicação, sendo

o endosulfan um inseticida ainda muito utilizado nesta cultura” (PETTER et al., 2007;

PEREIRA et al., 2008; BAUR et al., 2010). Este inseticida é utilizado nesta cultura

principalmente para o controle de Cerotoma arcuatus. No entanto misturas de calda

em tanque de pulverização podem reduzir o efeito das moléculas envolvidas. Desta

forma, nós objetivamos neste trabalho determinar o efeito do glyphosate e

endossulfan na mortalidade de C. arcuatus, bem como o efeito da interação entre os

dois agroquimícos.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi conduzido no laboratório de Manejo Integrado de Pragas da

Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG. Os adultos de Cerotoma arcuatus

utilizadas nos bioensaios foram coletados em cultura de soja, sem aplicação de

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pesticidas, na Estação Experimental da UFV em Coimbra. Os tratamentos aplicados

foram: 1 - glifosato; 2 - endosulfan, 3 - mistura glifosato + endosulfan nas

concentrações recomendadas pelo ministério da agricultura. Uma testemunha foi

montada somente com água para o cálculo da mortalidade corrigida. Folíolos de soja

foram imersos em solução dos pesticidas e colocadas em placas de Petri (9 cm de

diâmetro x 2 cm de altura). Após a secagem dos folíolos, dez insetos adultos foram

transferidos para cada placa de Petri. O delineamento foi inteiramente casualizado

com seis repetições para cada tratamento, além de um tratamento controle

utilizando-se apenas água destilada. Os insetos foram mantidos sob temperatura

controlada (25 ± 1 ° C), umidade relativa (75 ± 5%), e fotoperíodo (12:12 L: D). As

avaliações de mortalidade foram realizadas em períodos de 1, 3, 5, 6, 12, 18, 24, 36

e 48 horas após a montagem do bioensaio. Durante as avaliações os insetos foram

considerados mortos quando eram incapazes de se movimentar. Ajustou-se curvas

de mortalidade corrigida pelo tempo a p<0,05, a curva escolhida foi a de equação

mais simples possível e que se ajustava aos dados biológicos.

RESULTADOS

Nos bioensaios laboratoriais de toxicidade com adultos de C. arcuatus não

houve diferença entre os tratamentos endosulfan e a mistura endosulfan +

glyphosate, sendo representados por apenas uma curva, ambos atingindo 80% de

mortalidade com seis horas de exposição e 100% de mortalidade em um período de

12 horas de exposição. No entanto, a mortalidade no tratamento apenas com

glyphosate foi de 58% após o período de 48 horas diferindo significativamente dos

tratamentos anteriores. Tais informações são fundamentais para o desenvolvimento

dos programas de Manejo Integrado de Pragas, os quais são determinantes para

reverter o quadro de aumento do uso de pesticidas e dos problemas ocasionados

por insetos-praga nos últimos anos na cultura da soja. Nossos resultados

demonstraram que o glyphosate causou toxicidade moderada a C. arcuatus e o

inseticida endosulfan mostrou alta toxicidade. Outros fatores importantes a serem

observados é que o glyphosate não apresentou sinergia, no entanto também não

demonstrou incompatibilidade com o inseticida endosulfan, podendo assim ser

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utilizado em mistura mantendo a eficiência do inseticida e diminuindo os custos de

aplicação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aplicação da mistura entre glyphosate e endosulfan não altera o efeito do

endosulfan e pode diminuir os custos de aplicação.

REFERÊNCIAS

BAUR, Matthew; SOSA-GOMEZ, Daniel Ricardo; OTTEA, James; LEONARD, Rogers; CORSO, Ivan; DA SILVA, Jovenil José; TEMPLE, Joshua; David BOETHEL; Susceptibilidade a inseticidas utilizados para o controle de Piezodorus guildinii (Heteroptera: Pentatomidae) nos Estados Unidos e no Brasil. J. Econ. Entomol. 103, 869-876. 2010. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - disponível em http//<www.ibge.gov.br> acesso em 29.ago.2012. PEREIRA, Jardel Lopes; SILVA, Antônio Alberto; PICANÇO, Marcelo Coutinho; BARROS, Emerson Cristi; JAKELAITIS, Adriano. Efeitos de herbicida e inseticida em interação entomofauna do solo sob cultivo de milho. Jornal de Ciências Ambientais e Saúde Parte B, pesticidas, alimentos, contaminantes e resíduos agrícolas, v.40, n.1, p.55-58. 2005. PETTER, Fabiano André; PROCÓPIO, Sérgio de Oliveira; CARGNELUTTI, Alberto Filho; BARROSO, Alberto Leão de Lemos; PACHECO, Leandro; BUENO, Adeney de freitas. Associações entre o herbicida glyphosate e inseticidas na cultura da soja Roundup Ready ®. Planta Daninha, v.25, n.2, p.389-398. 2007.

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EFEITO DO CLORFENAPIR SOBRE AS POPULAÇÕES DE INIMIGOS NATURAIS NA CULTURA DO FEIJÃO

Elenir Aparecida Queiroz – Graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas.

Universidade Federal de Viçosa. Reginaldo Castro de Souza Júnior – Graduando em Agronomia. Universidade

Federal de Viçosa. Jorgiane da Silva Benevenute – Graduada em Agronomia. Mestranda em

Fitotecnia pela UFV. Marcelo Coutinho Picanço - Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor pela UFV,

Professor associado da UFV. Jardel Lopes Pereira – Mestre e Doutor em Fitotecnia pela UFV.

Antonio Alberto da Silva – Graduado em Agronomia, Mestre em Fitotecnia pela UFV, Doutor em Solos e Nutrição de plantas pela Universidade de São Paulo,

Professor associado da UFV. [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Feijoeiro; Inseticida; Plantio Direto; Sistema Convencional.

INTRODUÇÃO

Diversas espécies de insetos que atacam o feijoeiro Phaseollus vulgaris L.,

causam perdas na produtividade fazendo com que o agricultor se utilize de

inseticidas (EMDEN 1974; PICANÇO et al., 1999). Assim, para proteção dos

inimigos naturais faz-se necessário o uso de inseticidas eficientes contra as

espécies-praga e seletivos em favor dos inimigos naturais (GALVAN et al., 2002). O

inseticida Clorfenapir é amplamente utilizado no controle de pragas da parte aérea

do feijoeiro. Estudos têm demostrado que o sistema de manejo do solo, com

cobertura vegetal ou com aplicação de herbicida, tem efeito na composição da

artropodofauna (ANDOW, 1991). Dentre os sistemas de cultivo do feijão se

destacam o plantio direto e convencional. As condições meteorológicas podem

também influenciar o número e diversidade de capturas de artrópodes (Morris &

Campos, 1999). Portanto, objetivou-se avaliar o efeito dos sistemas de plantio direto

e convencional e da aplicação de Clorfenapir sobre inimigos naturais na cultura do

feijoeiro.

METODOLOGIA

Este trabalho foi conduzido na Estação Experimental da UFV, em Coimbra-MG.

Foi utilizada a variedade de feijão BRSMG Talismã do grupo Carioca. Foi utilizado

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espaçamento de 0,45 m entre fileiras, com 13 sementes por metro e adubação

básica de 300 kg ha-1 da formulação 08-28-16. No florescimento foi feita a adubação

nitrogenada na forma de uréia. No plantio direto foi realizada a dessecação química,

enquanto no plantio convencional utilizou-se o preparo mecânico do solo. O

tratamento utilizado foi o Clorfenapir (625 ml ha-1). Manteve-se uma testemunha sem

aplicação de inseticidas. O delineamento experimental utilizado foi em blocos

casualizados, com cinco repetições. A aplicação do inseticida foi realizada aos 45

dias após a emergência (DAE) do feijoeiro em ambos os sistemas de cultivo. Na

aplicação dos inseticidas foi usado um pulverizador costal, pressurizado a CO2, com

pressão constante de 2 bar e equipado com um reservatório de 2 litros. Foram

realizadas quatro avaliações da entomofauna antes da aplicação dos tratamentos

(15, 31, 39 e 44 DAE) e três após a aplicação dos tratamentos (47, 53 e 74 DAE),

onde foram amostradas as densidades populacionais dos inimigos naturais. As

amostras da entomofauna da parte aérea do feijoeiro foram coletadas fazendo-se a

batedura de bandeja plástica branca sobre as folhas superiores da planta do feijoeiro

(Picanço, 1999). Foi realizada a confecção de uma tabela com a abundância e

freqüência das espécies coletadas. Para as espécies com freqüência acima de 25%,

foram confeccionados gráficos para a avaliação do efeito do Clorfenapir nos dois

sistemas de cultivo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No total trinta e três espécies de insetos foram amostrados com o auxílio de

bandeja plástica branca. Das 33 espécies amostradas, 39,39% foram classificadas

como predadores, 12,12% como parasitóides e 3,03% como detritívoros. No total

treze espécies de insetos predadores foram coletadas pela batida de bandeja,

quatro espécies apresentaram freqüência acima de 25%, sendo usados para a

avaliação do efeito do Clorfenapir nos dois sistemas de cultivo. As aplicações de

Clorfenapir reduziram as populações do ácaro predador Neoseiulus californicus nos

dois sistemas de cultivo, entretanto não foi verificado efeito dos sistemas de cultivo

sobre a população deste inseto. O Clorfenapir reduziu a população de solenopsis sp.

nos dois sistemas de cultivo evidenciando o impacto deste produto sobre esta

espécie. Entretanto, não se verificou efeito dos sistemas de cultivo e da aplicação de

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Clorfenapir sobre as populações dos predadores Pachycondyla sp. e Colopterus

Erichson. Apenas uma espécie do colêmbolo decompositor, Onychiuridae SP, foi

observada durante a batedura de bandeja. Esta espécie foi a mais frequente

(86,07%) das espécies amostradas. Verificou-se uma maior densidade de

Onychiuridae sp. no sistema de plantio direto em relação ao convencional. A

aplicação de Clorfenapir propiciou uma redução desta espécie nos dois sistemas de

cultivo. De acordo com Tonhasca Junior & Stinner (1991) e Tonhasca Junior (1993),

podem ocorrer variações no número desses organismos presentes em culturas, por

causa das diferenças na precipitação pluvial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a aplicação do inseticida Clorfenapir verificou-se redução das densidades

populacionais de inimigos naturais e insetos detritívoros. As populações de inimigos

naturais foram superiores no sistema de plantio direto em relação ao convencional.

REFERÊNCIAS

ANDOW, David. Vegetational diversity and arthropod population response. Annual Review of Entomology, Palo Alto, v. 36, p. 561-586, 1991.

EMDEN, H. F. Van; WILLIAMS, G. F. Insect stability and diversity in agro-ecosystems. Annual Review of Entomology, Palo Alto, v. 19, p. 455-474, 1974.

GALVAN, Tederson Luiz; PICANÇO, Marcelo Coutinho; BACCI, Leandro; PEREIRA, Eliseu José Guedes; CRESPO, André Luís Barreto. Seletividade de oito inseticidas a predadores de lagartas em citros. Pesquisa agropecuária brasileira. vol.37(2), p. 117-122, Brasília, 2002

MORRIS, T. I. & CAMPOS, M., 1999. Entomofauna depredadora del suelo del olivar. Zool. baetica, 10:149-160

PICANÇO, Marcelo Coutinho; LEITE, GERMANO Leão Demolin.L.D.; BASTOS, C.S.; SUINIAGA, F.A.; CASALI, V.W.D. Coleopteros associados ao jiloeiro (Solanum gilo Raddi). Revista Brasileira de Entomologia v. 43, p. 131–137, 1999. TONHASCA JUNIOR, Athayde. Effects of agroecosystem diversification on natural enemies of soybean herbivores. Entomologia Experimentalis et Applicata, Dordrecht, v. 69, p. 83-90, 1993. TONHASCA JUNIOR, Athayde.; STINNER, B. R. Effects of strip intercropping and no-tillage on some pests and beneficial invertebrates of corn in Ohio. Environmental Entomology, Lanham, v. 20, p. 1251-1258, 1991. AGRADECIMENTOS

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Capes, CNPq e Fapemig pelas bolsas e recursos concedidos.

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A INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO TOMATE NA OVIPOSIÇÃO DA BROCA PEQUENA DO TOMATEIRO

Lucas de Paulo Arcanjo, Dalton de Oliveira Ferreira, Tadeu Carlos de Souza e Miriam Filgueira Pimentel– Graduandos em Agronomia. Universidade Federal de

Viçosa

Marcelo Coutinho Picanço– Graduado em Agronomia. Mestre em Fitotecnia, Doutor em Entomologia e Professor e Coordenador da disciplina Entomologia Agrícola da

Universidade Federal de Viçosa.

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Solanumlycopersicum, Neoleucinodeselegantalis, comportamento. INTRODUÇÃO

A broca pequena do tomate NeoleucinodeselegantalisGuenée (Lepidóptera:

Crambidae) é uma praga de Solanáceas na Região Neotropical. Suas lagartas

broqueiam os frutos causando perdas de até 90% da produção

(LEIDERMAN&SAUER, 1953). Seus principais hospedeiros são plantas da família

Solanaceae como tomate (Lycopersiconesculentum), berinjela (Solanummelongena)

e jiló (Solanumgilo). A lagarta se desenvolve no interior do fruto se alimentando de

sua polpa (PAULA & PICANÇO 2004). O ciclo de vida de N. elegantalisdura 48 dias

a 24 ºC (MUNÕZ et al., 1991). O conhecimento do comportamento de oviposição

permite utilizar estratégias de controle direcionadas para a fase fenológica de maior

preferência da praga. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar se as

características físicas do tomate influenciam na preferência de oviposição de

Neoleucinodeselegantalis.

MATERIAL E MÉTODOS

Os bioensaios foram realizados no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas

da Universidade Federal de Viçosa. Os insetos utilizados foram obtidos de uma

criação massal de N. elegantalis deste local. Foram realizados três bioensaios para

determinação da preferência de oviposição de N. elegantalis. Os bioensaios foram

realizados a 25 ± 0,5°C, umidade relativa do ar de 75 ± 5% e fotoperíodo de 12

horas. A alimentação dos adultos foi realizada com três pedaços de algodão

umedecidos com uma solução de mel a 10%. Estes foram colocados na parte

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superior da gaiola e substituídos diariamente. Frutos artificiais foram confeccionados

com esferas de isopor recobertas por parafina para a simulação dos frutos. O efeito

do tamanho dos frutos na oviposição de N. elegantalis foi realizado em esquema de

livre escolha. Os tratamentos foram frutos artificiais de 2,0; 3,0; 3,8; 5,2 e 7,7 cm de

diâmetro recoberto por parafina verde. O delineamento experimental foi em blocos

casualizados com seis repetições. Cada bloco foi constituído por uma gaiola de

madeira (45 x 45 x 45 cm) recoberta com organza e contendo 10 casais de N.

elegantalis e um fruto de cada tamanho. Os frutos foram fixados no teto da gaiola há

uma distância de 25 cm um do outro. Os frutos artificiais foram substituídos

diariamente e o número de ovos por frutos foi contado. Os dados foram submetidos

à análise de variância e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste

Scott-Knott a p < 0,05. A avaliação do efeito da cor dos frutos na oviposição de N.

elegantalis foi realizada de forma semelhante ao bioensaio do efeito do tamanho dos

frutos artificiais. Os tratamentos foram frutos artificiais de 3,8 cm de diâmetro

recobertos por parafina nas cores verde, amarela, vermelha e branca. O efeito da

densidade de frutos artificiais sobre a oviposição de N. elegantalistambém foi

medido de forma semelhante aos experimentos anteriores. O delineamento

experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições. Os tratamentos

foram às densidades de 3, 5, 6, 9 e 12 frutos artificiais por gaiola. Estas densidades

simulam diferentes tamanhos de cachos. Os frutos possuíam 3,8 cm de diâmetro e

foram recobertos por parafina verde. A parcela experimental foi constituída por uma

gaiola (45 x 45 x 45 cm) de madeira recoberta com organza e contendo 10 casais de

N. elegantalis. Os frutos artificiais foram substituídos diariamente e o número de

ovos nos frutos foi contado. O número de ovos por fruto e o número de ovos por

gaiola foram calculados. Os dados experimentais foram submetidos à análise de

regressão em função da densidade de frutos a p< 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos frutos com 3,8 cm de diâmetro foi observado um maior número de ovos

por fruto do que de 2,0; 3,0; 5,2 e 7,7 cm de diâmetro. Nos frutos de coloração verde

foi observada maior oviposição em relação aos vermelhos, brancos e amarelos. Isto

implica que a coloração verde dos frutos é determinante na escolha do local de

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oviposição pela fêmea adulta. A preferência por frutos verdes de 3,8 cm de diâmetro

se deve, possivelmente, por uma vantagem reprodutiva dos indivíduos que

escolhem frutos com estas características. Estes frutos ficam desenvolvendo na

planta durante muito tempo, permitindo que as lagartas completem o ciclo antes do

fruto cair ao solo. Não se detectou efeito das densidades de 3 a 12 frutos artificiais

no total de ovos de N. elegantalispor gaiola. Entretanto, verificou-se redução do

número de ovos/fruto com o aumento da densidade de frutos/gaiola. Esta

distribuição em diferentes frutos possivelmente reduz a competição intraespecífica

das lagartas ao penetrarem no fruto. As mariposas preferem ovipositar em frutos

verdes e pequenos. Nesse contexto, os inseticidas devem ser empregados nessa

fase fonológica da cultura, uma vez que os inseticidas não possuem efeito de

profundidade nos frutos. Outra característica é que o controle deverá ser realizado

em área total já que a oviposição não ocorre de forma concentrada. Estas novas

informações acima são importantes para um controle mais eficiente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, como conclusão mariposas de Neoleucinodeselegantalis preferem

ovipositar em frutos pequenos e verdes, além de distribuir seus ovos em vários

frutos.

REFERÊNCIAS

LEIDERMAN, L. e SAUER, H.F.G. A broca pequena do fruto do tomateiro Neoleucinodeselegantalis(Guenee, 1854 ). Biológico, v.19, p.182-186. 1953. MUNÕZ, L.E., P.A. SERRANO, et al. Ciclo de vida, hábitos y enemigosnaturales de Neoleucinodeselegantalis(Guenee, 1854)(Lepidóptera: Pyralidae), pasadordel fruto delluloSolanumquitoenseLam. Em elvalledelCauca. Acta Agronômica, v.41, n.1, p.99-104. 1991. PAULA, S.V., M.C. PICANÇO, et al. Controle de broqueadores de frutos de tomateiro com uso de faixas de culturas circundantes Bioscience Journal, v.20, n.1, p.33-39. 2004.

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EFEITOS DA CHUVA SOBRE AS POPULAÇÕES DE Brevicoryne brassicae e Lipaphis erysimi

Jorgiane da Silva Benevenute – Graduada em Agronomia. Mestranda em

Fitotecnia pela UFV Mayara Cristina Lopes, Elenir Aparecida Queiroz, Suzana de Sá Moreira –

Graduandas em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa. Marcelo Coutinho Picanço – Graduado em Agronomia, Mestre e Doutor em

Fitotecnia pela UFV, Professor Associado da UFV. Elisangela Gomes Fidelis de Morais – Graduada em Agronomia, Mestre e Doutora

em Entomologia pela UFV. [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Pulgões, dinâmica populacional, chuva

INTRODUÇÃO

Os pulgões Brevicoryne brassicae e Lipaphis erysimi Kalt. (Hemiptera:

Aphididae) causam sucção de seiva, injeção de toxinas e transmissão de viroses

(BLACKMAN & EASTOP, 2000; COLLIER & FINCH, 2007). As formas ápteras do

pulgão-das-brássicas secretam uma secreção cerosa que deixam seu corpo

esbranquiçado, o que facilita a identificação desta epécie (ELLIS & SINGH, 1993;

BLACKMAN & EASTOP, 2000). O pulgão-do-nabo, Liphafis erysimi ataca tanto

folhas quanto partes terminais de inflorescências de várias espécies de brássicas.

Os ápteros de L. erysimi apresentam variação de cor que vai de verde amarelado,

verde acinzentado até verde oliva (BLACKMAN & EASTOP, 2000). Apesar destes

insetos se alojarem na superfície abaxial das folhas, durante as chuvas os respingos

de água e lama podem derrubar esses insetos ou até matá-los. Após as chuvas é

comum encontrar colônias de pulgões cobertas por lama, que acabam matando os

indivíduos por asfixia. Portanto, o objetivo deste trabalho foi estudar os efeitos da

chuva sob as populações dos pulgões B. brassicae e L. erysimi em cultivos de

repolho na região de Viçosa, MG.

METODOLOGIA

Este experimento foi conduzido em dezesseis cultivos de repolho Brassica

oleracea var. capitata na Área Experimental da Universidade Federal de Viçosa,

Viçosa, MG. A densidade populacional dos pulgões foi avaliada semanalmente,

desde a implantação dos cultivos até o fechamento das cabeças de repolho. Foram

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amostradas, aleatoriamente, 20 plantas de repolho, quatro por fileira, sendo

verificadas da segunda a sexta folhas expandidas. Em cada folha foi contado o

número de pulgões ápteros e alados de cada espécie e pulgões infectados por

fungos. Os dados de precipitação pluviométrica foram monitorados, diariamente,

durante todo o período experimental através da estação meteorológica da

Universidade Federal de Viçosa. A abundância de alados e ápteros de cada espécie

de pulgão foi relacionada, através da análise de redundância (RDA) com: as fases

fenológicas da cultura; as estações do ano; a temperatura média do ar, a umidade

relativa média do ar, a média dos ventos e as chuvas acumuladas da semana

anterior à amostragem dos pulgões. A visualização dos autovalores foi efetuada por

meio de gráficos do tipo bi-plots. A análise de redundância foi feita no Canoco 3.1 e

os gráficos de ordenação foram confeccionados no Canodraw 3.0 (Ter Braak &

Šmilauer, 2002). Análise de regressão linear múltipla foi utilizada para verificar a

relação entre o os dados médios dos elementos climáticos da semana anterior a

avaliação e a relação entre a densidade de B. brassicae e L. erysimi e os dados

médios dos elementos climáticos da semana anterior a avaliação no programa SAS

(PROC REG; SAS INSTITUTE, 2002).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através da analise de redundância foi possível correlacionar as densidades de

alados e ápteros de B. brassicae e L. erysimi com as fases fenológicas da cultura do

repolho, as estações do ano e os elementos climáticos. Considerando os dois

primeiros eixos significativos pelo teste de permutação de Monte Carlo (F= 2,17; p =

0,004, 499 permutações), o modelo explicou 73,8% da variância total. A análise de

redundância (RDA) mostrou que as fases fenológicas da cultura do repolho tiveram

baixa influência na densidade de pulgões. As maiores densidades de alados e

ápteros do pulgão B. brassicae na fase de desenvolvimento das cabeças. De acordo

com análise de regressão múltipla a produção de alados de B. brassicae é induzida

pelas altas densidades de pulgões sadios (b = 0,43) e parasitados (b=0,58) na

planta (R2= 0,55; F= 9,6; p<0,0001). Os picos populacionais dos ápteros do pulgão

B. brassicae e L. erysimi coincidem com baixa ocorrência de chuvas. As maiores

densidades de alados e ápteros do pulgão L. erysimi ocorreram entre as fases de

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desenvolvimento e fechamento das cabeças de repolho. A espécie de pulgão mais

abundante foi a de L. erysimi com média geral de 92 pulgões/planta, seguida de B.

brassicae com média de 39 pulgões/planta. A taxa de infecção pelo fungo

Entomophthorales aumentou com a densidade de pulgões infectados na planta sete

dias antes da avaliação devido a ocorrência de chuvas aos 6º, 7º e 8º dias antes da

avaliação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que as gotas de chuva podem derrubar os pulgões das plantas, já

que eles apresentam o corpo extremamente frágil e se prendem às plantas somente

pela inserção do estilete. As epizootias causadas por Entomophthorales em B.

brassicae e L. erysimi dependem da quantidade de inóculo e da ocorrência de

chuvas. O fato das infecções de B. brassicae e L. erysimi pelos Entomophthorales

terem maior ocorrência durante os períodos chuvosos, deve estar relacionado com o

aumento da umidade próximo às folhas, favorecendo assim a esporulação e

germinação dos conídios. O manejo da irrigação também poderá ser uma alternativa

para o incremento da ação dos fungos entomopatogênicos destes pulgões.

REFERÊNCIAS

BLACKMAN, Roger.; EASTOP, Victor Frank. Aphids on the World’s Crops: An Identification and Information Guide. Chichester: Wiley. 466p. 2000.

COLLIER, Rosemary. H.; FINCH, S. IPM Case Studies: Brassicas. In: H. F. Van Emden; Harrington, R. (Eds.). Aphids as crop pests London: CABI Publishing, p.549-560. 2007,

ELLIS, S. A.; OAKLEY, J. N.; PARKER, W. E.; RAW, K. The development of an action threshold for cabbage aphid (Brevicoryne brassicae) in oilseed rape in the UK. Annals of Applied Biology, v.134, n.2, p.153-162. 1999.

TER BRAAK, C. J. F.; ŠMILAUER, P. CANOCO Reference Manual and CanoDraw for Windows User's Guide: Software for Canonical Community Ordination (version 4.5). Ithaca NY: Microcomputer Power. 2002

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq, Capes e FAPEMIG pelas bolsas e recursos concedidos.

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IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA RESISTÊNCIA A INSETICIDAS EM

Spodoptera frugiperda

Clébson dos Santos Tavares- Graduando em Agronomiana UFV

Eliseu Jose Guedes Pereira – Graduado em agronomia, Mestre e Doutor em Entomologia. Professor no Departamento de Entomologia na UFV

Nilson Rodrigues Silva – Graduado em Agronomia, Mestre em Entomologia e Doutorando em entomologia na UFV

Dalton Oliveira Ferreira, Silvério de Oliveira Campos, Thais Patrícia Moreira Teixeira – Graduandos em agronomiana UFV

[email protected] PALAVRAS-CHAVE: Lagarta-do-cartucho; Sinergista;Milho INTRODUÇÃO

A lagarta do cartucho, Spodopterafrugiperda, é a principal praga da cultura do

milho no Brasil. As perdas causadas pelo ataque desta praga podem reduzir a

produção de grãos em até 73%, dependendo da intensidade de ataque (HRUSKA;

GOULD, 1997; EMBRAPA, 2009). A principal forma de controle desta praga é

através do uso de produtos químicos. Entretanto, o uso indiscriminado destes

produtos tem levado a falha de controle e favorecido à seleção de populações

resistentes. Dentre os mecanismos de resistência de insetos a inseticidas, podemos

destacar a detoxificação ou metabolização do inseticidapor enzimas

(OPPENOORTH 1985; HEMINGWAY 2000; BECKEL et al., 2006). A interação entre

mecanismos de detoxificação metabólica em espécies de insetos resistentes a

inseticidas pode ser constatada através do uso de sinergistas, os quais representam

uma importante ferramenta de laboratório (RAFFA & PRIESTER 1985). O uso

destes sinergistas minimiza a quantidade de inseticida químico necessária para o

controle de insetos, pois age como um substrato alternativo, evitando que o

inseticida seja excretado, ou reage com outro sítio no sistema enzimático,

prevenindo a detoxificação do inseticida (CASIDA, 1970), aumentando assim a

letalidade dos mesmos nas populações resistentes. A identificação de populações

resistentes e a caracterização bioquímica dos mecanismos responsáveis por conferir

resistência àspopulações deS. frugiperda, devem ser considerados nos programas

de manejo da resistência desta praga. Assim, este trabalho foi realizado com

objetivo de avaliar a suscetibilidade da população de S.frugiperda de Morrinhos-Go a

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três inseticidas e identificar os possíveis mecanismos fisiológicos responsáveis por

conferir resistência a estes produtos.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidos no laboratório de Resistência de Plantas a

Insetos da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG. As lagartas utilizadas nos

testes foram coletadas em lavouras comerciais de milho em Morrinhos - Go e

mantidas em laboratório por duas gerações.Os bioensaios foram realizados em

delineamento inteiramente casualizado (DIC), compostos por três tratamentos e seis

repetições. Os tratamentos foram os inseticidas espinosade, clorfenapir e

etofemproxi, que foram aplicados na dose comercial. Cada parcela experimental foi

constituída de um pote plástico transparente de 250 ml contendo pedaços de 30

centímetrosde folha de milho tratadas em calda inseticida, em cada pote foram

colocadas dez lagartas de 2º instar de S. frugiperda. O mesmo procedimento foi

adotado nos experimentos realizados com sinergista. No tratamento realizado com

sinergista foi usada uma mistura de etofemproxi + butóxido de piperonil. Após a

confecção dos bioensaios os potes foram mantidos sob temperatura de 26 + 2° C,

umidade relativa de 75 +5%, e com fotofase de 12 horas. Avaliou-se a mortalidade

48 horas após a montagem do experimento. Os dados provenientes dos bioensaios

foram submetidos à análise de variância e as diferenças entre as médias testadas

pelo teste Tukey e teste t a 5% de probabilidade. E os dados de mortalidade foram

corrigidos segundo Abbott (1925).

RESULTADO E DISCUSSÃO

A mortalidade observada para os inseticidas Espinosa de, clorfenapir e

etofemproxi foi de 100, 100 e 6%, respectivamente. Dentre os produtos testados, foi

encontrada resistência apenas para o etofemproxi, que não foi eficiente no controle

S. frugiperda. Em geral, a resistência a inseticidas do grupo dos piretróides têm sido

relatada em diversos trabalhos. Nestes trabalhos, alguns autores (LIU et al. 1981,

DIEZ-RODRÍGUEZ & OMOTO, 2001) relatam que geralmente a resistência a

piretróides é recessiva e tem sido associada ao mecanismo de resistência por

insensibilidade do alvo de ação. A mortalidade observada para o sinergista butóxido

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de piperonil foi de 49%. A adição do sinergista butóxido de piperonil

aoetofemproxicausou um aumento de 33% na mortalidade de S. frugiperda. Como a

resistência não foi completamente suprimida, podemos inferir que outros

mecanismos de resistência, além do metabolismo por oxidases, podem estar

envolvidos com essa população. Logo, podemos concluir que o butóxido de piperonil

causou um efeito sinérgico sobre o inseticida etofemproxie que essas enzimas

exercem um papel na resistência de S. frugiperda a este inseticida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, a população de Morrinhos - Go apresentou resistência somente ao

inseticida etofemproxi que causou menor mortalidade a S. frugiperda, enquanto que

o sinergista butóxido de piperonil causou o maior incremento na mortalidade,

provavelmente o aumento da atividade de Monooxigenases está contribuindo para

resistência desta população.

REFERÊNCIAS BECKEL, Helenara dos Santos; LORINI, Irineu; LAZZARI, Sonia Maria Nemberg. Efeito do sinergista butóxido de piperonila na resistência de Oryzaephilussurinamensis (L.) (Coleoptera, Silvanidae) a deltametrina e fenitrotiom. Rev. Bras. entomol., São Paulo, v. 50, n. 1, Mar. 2006 . OPPENOORTH, F. J. 1985. Biochemistry and genetics of insecticide resistance.Comprehensive insect physiology, biochemistry and pharmacology, p. 731–773.In: G. A. Kerkut& L. I. Gilbert (ed.). Pergamon Press, Oxford, United Kingdom. HEMINGWAY, J. 2000. The molecular basis of two contrasting metabolic mechanisms of insecticide resistance. Insect Biochemistry and Molecular Biology 30: 1009–1015. RAFFA, K. F. & T. M. PRIESTER. 1985. Synergists as research tools and control agents in agriculture. Journal of Agricultural Entomology 2: 27–45. CASIDA, J. E. 1970. Mixed-function oxidase involvement in the biochemistry of insecticide synergists.Journal of Agricultural and Food Chemistry 18: 753–772. ABBOTT, W. S. 1925.A method of computing the effectiveness of an insecticide.J. Econ. Entomol. 18: 265-267. LIU, M.J TZENG & C. N. SUN. 1981. Diamondback moth resistance to several synthetic pyrethroids. J. Econ. Entomol.74: 393-396.

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GT 06

CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

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ARTIGOS

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CLIMA ORGANIZACIONAL DENTRO DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO NO INTERIOR DE MINAS GERAIS

Rosélio Marcos Santana – Graduado em Sistemas de Informação, Licenciado em

Matemática. Pós-graduado em MBA e Gestão de Pessoas e Negócios. Professor da Faculdade Vértice - Univértix.

Guanayr Jabour Amorim – Graduado em Turismo. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professor da Faculdade Vértice - Univértix.

[email protected]

RESUMO

Este trabalho aborda o clima organizacional em uma instituição de ensino superior no interior de Minas Gerais por considerar que o mesmo é ferramenta poderosa e eficaz na descoberta e enfrentamento das dificuldades enfrentadas para que se alcance excelência na prestação de serviços. Para tanto, foi aplicado questionário a professores e funcionários e os dados obtidos tabulados e analisados qualitativamente. As informações coletadas podem favorecer melhoria nas relações interpessoais e condução das equipes de trabalho para que a excelência seja uma realidade constante, embasada na defesa da filosofia, políticas e valores da organização. PALAVRAS-CHAVE: Clima Organizacional. Comportamento. Comunicação.

INTRODUÇÃO

A fundação do povoado que mais tarde veio a chamar-se cidade de Matipó -

MG, sede do município de igual nome, teve sua origem possivelmente em 1840. A

Provisão do Bispo Dom Silvério Gomes Pimenta, datada de 23/3/1889, criou o

curato de São João do Matipó, que pouco depois, em 23/10/1889, foi elevado à

categoria de paróquia cujo primeiro vigário foi Monsenhor João Facunto Chaves. O

povoado passou a distrito pela Lei provincial número 3442 de 28/9/188, mantido pela

Lei estadual nº2 de 1891, integrando o município de Abre Campo e com o nome de

São João de Matipó. Em 1938, pelo Decreto-lei nº 148, de 17 de dezembro, o distrito

passou a município com o nome atual. Está subordinado judicialmente à comarca de

Abre Campo (IBGE, 2011).

Matipó é uma cidade essencialmente agrícola, sendo o café seu principal

produto, participando também de sua economia a pecuária e o comércio, porém com

menor sustentabilidade. Tem uma população de 17.639 habitantes numa área de

unidade territorial de 266.990 km², sua densidade demográfica é de 66,07

(hab/Km²), possui uma área de 277 km2 e altitudes máxima e mínima de 989 e 660

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metros, respectivamente. A principal via de acesso até a cidade é através da BR

262, distante apenas 4 km, pela rodovia Ozires Linhares Fraga(IBGE, 2011).

Para que possa alcançar excelência nos serviços prestados, as instituições de

ensino superior devem desenvolver estratégias que fortaleçam os fatores que

influenciam positivamente seu clima organizacional. O estudo do clima

organizacional de uma instituição é ferramenta poderosa e eficaz para a descoberta

da origem das dificuldades enfrentadas bem como da fonte do sucesso alcançado.

Neste sentido, este trabalho tem como objetivo realizar uma pesquisa do clima

organizacional em uma instituição de ensino no interior de Minas Gerais. Para tanto,

os seguintes objetivos específicos foram traçados: Realizar uma pesquisa do clima

organizacional em uma instituição de Ensino no interior de Minas Gerais; Identificar

os pontos positivos e negativos no ambiente de trabalho da instituição; Apresentar

as informações em relação ao clima organizacional da Instituição aos seus gestores;

Sugerir novas alternativas de gestão de pessoas para a Instituição.

JUSTIFICATIVA

Nos dias atuais em que vivemos a grande concorrência no mercado de

trabalho e escassez de mão de obra qualificada, as empresas tem de se aprimorar a

cada dia para satisfazer as necessidades dos seus colaboradores e assim obter o

resultado esperado dos mesmos, mantendo um clima favorável e boas condições de

trabalho.

O clima organizacional estuda os fatores negativos e positivos dentro de uma

organização, e está diretamente relacionado com a motivação e satisfação de seus

participantes. Segundo Chiavenato (2002) o conceito de clima organizacional

envolve fatores estruturais, como o tipo de organização, tecnologia utilizada,

políticas de companhia, metas operacionais, regulamentos internos, além de

atitudes e comportamento social que são encorajados ou sancionados através de

fatores sociais.

Milkovich e Boudreau (2009) também afirmam que as relações com os

empregados têm sido caracterizadas por alguns como um pouco mais que uma

estratégia para evitar a sindicalização. Todavia esta é uma visão simplista, embora

esse seja certamente um dos objetivos das atividades do relacionamento com os

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empregados (...) quando o problema é o comportamento de um empregado, os

sistemas de assistência a ele e de resolução de conflitos buscam soluções

construtivas. Quando o problema é o comportamento da organização, os comitês de

empregados e administradores ou outros fóruns de comunicação bilateral podem

identificar as mudanças necessárias para eliminar as dificuldades.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada para realizar o trabalho foi uma pesquisa documental e

bibliográfica a diversas obras, periódicos e publicações relacionadas ao assunto.

Realizou-se pesquisa de campo/exploratória, descritiva e quantitativa, através de

entrevista com aplicação de um único questionário aos professores e funcionários,

numa amostra de 57 colaboradores.

A pesquisa caracteriza-se por ser exploratória em função de proporcionar uma

visão geral dos fatos, e de campo porque buscou a realidade atual da instituição, o

que permitiu a observação de descrições precisas da situação pesquisada. Foram

quantificados os percentuais que apresentam os resultados para a base da

conclusão.

Para a coleta de dados foi apresentado um questionário que abordou os temas

propostos, sendo aplicado aos colaboradores em uma Instituição de Ensino, no

período de 13 a 27 de outubro de 2011. Em seguida os dados obtidos foram

tabulados no Microsoft Office Excel 2007 e analisados qualitativamente, visando

descrever a interação de certas variáveis e o entendimento das particularidades do

comportamento desses indivíduos, bem como verificar seus níveis de satisfação e

insatisfação em trabalhar na Instituição.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O questionário foi aplicado a 57 funcionários da instituição, com o objetivo de

demonstrar e verificar o clima organizacional da mesma. Verifica-se que a maioria

dos funcionários percebe um futuro promissor e tem grandes expectativas em

relação ao crescimento e a significativa conquista de mercado que a Instituição vem

tendo nos últimos anos.

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Analisando se os funcionários sentem orgulho da atividade desenvolvida na

empresa, podemos observar que 79% dos entrevistados afirmam estar satisfeitos,

enquanto 21% dos mesmos relatam estar mais ou menos satisfeitos, conforme se

observa na Figura 1.

Figura 1 – Orgulho da atividade na empresa

Os processos de trabalho juntamente com os resultados alcançados

contribuem para que o colaborador construa sua identidade. Assim, os participantes

da pesquisa apontaram não somente a empresa onde trabalham, mas as atividades

que desempenham como motivo de orgulho, status e reconhecimento social,

conforme se observa, também, nos estudos desenvolvidos por Morin, Tonelli e

Pliopas (2007).

Perguntou-se aos funcionários se a empresa oferece um bom plano de carreira.

Analisando a Figura 2, observamos que 63% deles afirmam que sim, enquanto 33%,

dizem mais ou menos, já 4% dos mesmos mencionam que a empresa não oferece

um bom plano de carreira.

Figura 2 – A empresa oferece um bom plano de carreira

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Sendo o plano de carreira um processo contínuo que permite a integração

entre o empregado e a instituição sua finalidade é atender aos objetivos e interesses

de ambas as partes. Para Tachizawa (2001), o desenvolvimento de novos

conhecimentos, habilidades e atitudes capacita o profissional a atender requisitos

sempre mais complexos o que aumenta sua capacidade e versatilidade. O

profissional então torna-se apto a exercer cargos e funções que lhe proporcionem

maior reconhecimento ou compensação e eleva seu status.

Sugere-se que a instituição reavalie seu plano de carreira e procure, junto aos

funcionários e professores, contribuições que levem à melhoria dos itens

considerados insatisfatórios. Ao se analisar o plano de carreira apresentado

percebeu-se que ele não oferece uma proposta de promoção onde o profissional

pode ser pontuado por atitudes pró-ativas e assim ser mudar de nível funcional. Por

outro lado, ações e atitudes consideradas inadequadas o levariam a “perder” pontos,

incentivando assim, uma postura ideal que faculte melhoria no desempenho

embasada na motivação (UNIVERTIX, 2011b).

Na Figura 3 86% dos funcionários afirmam que gostaria que seus filhos

trabalhassem na mesma empresa, 11% dos mesmos dizem não gostar muito da

idéia e opina mais ou menos, já 3% deles não querem que seus filhos trabalhem na

empresa.

Figura 3 – Gostaria que os filhos trabalhassem na empresa

A continuidade familiar junto à empresa, desejada pela maioria dos funcionários

traz relevância à identificação com a instituição e representa excelente integração

com os objetivos da mesma. O que lhes faz desejar continuar participando

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ativamente do desenvolvimento institucional e inserir seus filhos no quadro funcional

para que possam usufruir dos benefícios ofertados pela instituição.

Segundo Rizzatti (2002) o sentimento de pertencimento e de identidade

compreende a idéia de envolvimento, obrigação e dever para com a instituição, seus

objetivos e resultados e apresentação de uma imagem altamente positiva da

mesma.

Na opinião de Luz (2006) só é excelente a empresa que estende excelência à

qualidade de vida de seus funcionários. Neste sentido, é importante que a instituição

descubra caminhos que lhe permitam elevar a qualidade de vida de seus

funcionários, para tanto, sugere-se a elaboração de um programa que atenda aos

requisitos indispensáveis para que a excelência seja um dos pontos fortes da vida

de seus funcionários. O que leva à necessidade de realização de nova pesquisa que

aborde mais detalhadamente o quesito qualidade de vida.

Quando perguntado aos funcionários se eles confiam no chefe imediato, 70%

deles dizem que sim, 26% afirmam confiar mais ou menos, e 4% dos mesmos dizem

não confiar no seu chefe imediato, conforme se observa na Figura 4.

Figura 4 – Confiar no chefe imediato

Segundo Chiavenato (2004) o ponto mais crítico da organização situa-se na

gerência porque é de sua responsabilidade a decodificação e tradução das

estratégias que serão posteriormente apresentadas aos funcionários em forma de

metas e objetivos a serem alcançados.

De acordo com Rizzatti (2002), para que seja possível refletir acerca do

comportamento das chefias, é importante que sejam analisados componentes como

a credibilidade e a honestidade considerados importantes para o crescimento e

valorização da empresa.

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Quando a pergunta foi o reconhecimento do seu trabalho, dados encontrados

na Figura 5, 49% afirmam que sim, que a empresa reconhece e valoriza o seu

trabalho, 42% dos funcionários entrevistados dizem que a empresa reconhece mais

ou menos o seu trabalho. Já 9% deles dizem que a empresa não valoriza e nem

reconhece o trabalho exercido.

Figura 5 – O trabalho é reconhecido e valorizado pela empresa

O reconhecimento e a valorização do trabalho são fatores que influenciam a

motivação ao transformar-se em possibilidade de desenvolvimento pessoal e

profissional, configurando oportunidade de auto-realização (MOREIRA, 2002).

Segundo Chiavenato (2004), o reconhecimento do esforço das pessoas é

demonstrado através da implantação de um sistema de recompensas. Já na opinião

de Milkovich e Boudreau (2009) é necessária a implantação de um sistema de

assistência e benefícios que aborde remuneração fora do trabalho.

A Figura 6 representa a análise do salário dos funcionários onde observa-se

que 28% deles acham justo o salário que recebem atualmente, 51% julgam estar

mais ou menos e 21% afirmam que o salário não é justo.

Figura 6 – Avaliação do salário

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Segundo Milkovich e Boudreau (2009) os salários somados aos benefícios e

bonificações devem ser suficientemente altos para atrair e reter os empregados.

Pois a possibilidade de encontrar outra instituição que lhe traga maior satisfação e

remuneração considerada mais adequada pode levar o funcionário a buscar novos

caminhos profissionais.

É importante lembrar que não apenas bons salários, mas possibilidade de se

trabalhar em um ambiente inovador que facilite melhoria na qualidade de vida do

funcionário faz com que a motivação aumente e o interesse em permanecer se

solidifique.

Portanto, sugere-se que a IES ofereça proposta que insira ações que

promovam a melhoria da qualidade de vida nos aspectos social, físico e emocional

de seus servidores. Neste contexto deve proceder a estudo que analise o bem-estar

e o equilíbrio no trabalho, focalizando as necessidades individuais e coletivas

visando resolver situações que possam prejudicar a qualidade de vida do

funcionário.

Observando o quesito “cursos e treinamentos”, representado pela Figura 7,

67% dos funcionários dizem estar satisfeitos com os mesmos, já 30% deles afirmam

que os treinamentos são mais ou menos.

Figura 7 – Cursos e treinamentos

O treinamento dos colaboradores de uma instituição além de favorecer o

aumento da lucratividade contribui para que ocorra melhor sintonia da educação de

seu corpo funcional com atividades que exijam trabalho em equipe (MILKOVICH e

BOUDREAU, 2009).

Sugere-se aos recursos humanos a aplicação de programas de treinamentos

capazes de suprir as necessidades advindas da falta de capacitação dos

funcionários. A escolha dos cursos deve obedecer aos resultados observados em

pesquisa diagnóstica a ser realizada, tendo em vista que este trabalho não abrange

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as necessidades de treinamento e capacitação dos funcionários da instituição. O

que leva à necessidade de elaboração de nova pesquisa que aborde as áreas de

treinamento prioritárias à capacitação e qualificação dos funcionários.

De acordo com a Figura 8, podemos observar que 81% dos funcionários

afirmam obter um sucesso na carreira profissional, mas em contrapartida 19% dos

entrevistados dizem obter mais ou menos esse sucesso.

Figura 8 – Obter sucesso na carreira profissional

O principal motivo para um funcionário continuar na empresa onde trabalha é

representado pela oportunidade de crescimento. No entanto, essas oportunidades

são influenciadas pela chefia imediata que deve avaliar corretamente o funcionário

e, procurar motivar a todos na busca de crescimento e aquisição de aptidões que

facilitem sua ascensão (MARRAS, 2002).

Quando se perguntou aos funcionários se eles se preocupam com o futuro da

família, 100% deles afirmam que sim, impactando assim uma persistência no seu

trabalho cotidiano, ou seja, quanto mais o funcionário é preocupado com o futuro da

família ele tende a desempenhar um melhor trabalho para garantir o sucesso da

família.

Chiavenato (2006) destaca que a motivação constitui a mola mestra do

comportamento das pessoas, sendo assim, seu conhecimento é necessário para

que o administrador reconheça os fatores que motivam seus funcionários para

contar com a colaboração efetiva de todos o que leva à importância de se conhecer

o grau de preocupação do funcionário com o futuro de sua família.

Para Kotter (2001) a motivação e a inspiração energizam as pessoas ao

satisfazer suas necessidades, incluída a preocupação com o futuro próprio e do

grupo familiar. Tendo em vista que satisfazem as necessidades de realização,

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pertencimento ao grupo, reconhecimento, auto-estima, vivência dos próprios ideais e

outros sentimentos que dão origem a um nível de dedicação superior.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na pesquisa realizada, sobre o clima organizacional pode-se chegar a algumas

conclusões: Todos os colaboradores, sem exceção, engajaram-se neste processo e

procurou de alguma forma colaborar, fazendo críticas e elogios ao trabalho

realizado.

Sugerem-se à Instituição que dê continuidade as pesquisas de clima

organizacional, pois esta é uma importante ferramenta que auxilia na revelação da

situação atual e real da organização, segundo as percepções e atitudes das pessoas

que nela estão inseridas, bem como o estado de ânimo desses professores e

funcionários, apontando seu grau de satisfação ou insatisfação em relação ao

trabalho realizado e a organização como um todo.

Assim, pode-se afirmar que os colaboradores estão satisfeitos em trabalhar na

instituição, pois esta possui de uma forma geral, um clima organizacional que

possibilita o crescimento pessoal e profissional de seus colaboradores, bem como os

deixa livres para dar sugestões e idéias em relação ao seu trabalho, e ainda, tecer

críticas quando for necessário. Observou-se também que a empresa possui bem

definida os níveis de responsabilidade e autoridade nos diferentes cargos existentes

havendo uma comunicação,

Praticamente todos os colaboradores sentem-se motivados e realizados em

trabalhar nela, apesar de muitos não se consideram bem aproveitados dentro da

empresa, podendo ser melhores trabalhados em outras funções ou até mesmo a

atual.

Observou-se ainda que o processo de comunicação é facilmente compreendido

e podendo ser melhor trabalhado, proporcionando uma visão integrada do todo e os

colaboradores poderão ser sempre mantidos informados sobre os assuntos

relacionados ao seu trabalho na empresa, ou seja uma forma de feedback. Cabe

ressaltar também, que, tanto os colaboradores professores como funcionários,

admiram o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Instituição, através do publico

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interno e externo da mesma, e as dificuldades existentes certamente irão ser

superadas, como tantas outras foram.

Enfim, conclui-se que todos os objetivos anteriormente propostos foram

atingidos, verificou-se o grau de satisfação dos colaboradores em trabalhar na

empresa, se mostrou a importância de pesquisas de clima organizacional como uma

ferramenta a mais no apoio a tomada de decisão das organizações, buscou-se

também melhorar o desempenho, proporcionando às lideranças informações que

orientem na condução das equipes de trabalho e verificou-se que os colaboradores

estão assimilando a filosofia, as políticas e os valores da empresa.

REFERÊNCIAS

CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. Rio de Janeiro, 2006. _____. Gerenciando Pessoas: Como Transformar Gerentes em Gestores de Pessoas. São Paulo: Prentice Hall, 2004. _____. Teoria Geral da Administração. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades. Disponível em www.ibge.gov.br acesso em 05 set 2011. KOTTER, John. Liderando mudança. Rio de Janeiro: Campus, 2001. LUZ, Ricardo. Gestão do clima organizacional. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. MARRAS, JEAN P., Administração de Recursos Humanos: do Operacional ao Estratégico. São Paulo: Ed. Futura, 2002. MILKOVICH, G. T; BOUDREAU, J. W. Administração de recursos humanos. São Paulo: Atlas, 2009.MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações.5.ed. São Paulo: Pioneira, 2002. MORIN, E; TONELLI, M. J; PLIOPAS, A. L. V. O trabalho e seus sentidos. Psicologia e Sociedade. Porto Alegre,v. 19, n. spe, 2007 . MOSCOVICI, F. Desenvolvimento interpessoal. 3.ed. Rio de Janeiro: LTC, 1986. RIZZATTI, G. Categorias de análise de clima organizacional em universidades federais. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

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TACHIZAWA, T. Gestão com Pessoas: uma abordagem aplicada às estratégias de negócios. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2001. UNIVERTIX. História da Fundação da Faculdade Vértice. Disponível em www.faculdadevertice.com.br acesso em 05 set 2011a. _____. Plano de Carreira. Secretaria da UNIVERTIX. Matipó (MG). Acesso em 10 set 2011b.

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A IMPORTANCIA DO MARKETING DE RELACIONAMENTO PARA A MANUTENÇÃO E FIDELIZAÇÃO DOS CLIENTES DA COOPERATIVA DE

CRÉDITO SICOOB CREDILIVRE – PAC 04 - MATIPÓ

Leandro Moreira Pedroso - Graduado em Administração. Aluno no curso de Pós Graduação em MBA da Faculdade Univértix,

Celso Abreu de Araujo - Graduado em Administração. Especialista em Gestão Empresarial. Mestrando em Administração. Professor Faculdade Vértice -

UNIVÉRTIX e Consultor Empresarial. [email protected]

RESUMO

Este artigo foi desenvolvido para demonstrar a importância do relacionamento entre empresa e clientes, analisando como se processam as práticas de relacionamento adotadas pela Cooperativa de Crédito da Zona da Mata de Minas Gerais Sicoob Credilivre PAC 04 Matipó. A ferramenta, marketing de relacionamento, quando utilizada de maneira correta, permite a construção de uma relação duradoura entre a empresa e seus clientes, como foi demonstrado nesse estudo. Para desenvolvê-lo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre Marketing e Marketing de Relacionamento, através de pesquisas que abordam os temas propostos. Durante a pesquisa foi possível identificar que as ações de comunicação da cooperativa são suficientes para manter os associados, no entanto, as formas de divulgação dos produtos e serviços precisam ser melhoradas, pois, as atuais, não têm alcançado um resultado satisfatório.

PALAVRAS-CHAVE: Marketing de Relacionamento; Fidelização; Cooperativismo.

INTRODUÇÃO

De acordo com Maestrali (2011), as empresas perdem em média 10% de

seus clientes a cada ano, mas conquistar novos clientes pode custar até cinco vezes

mais do que satisfazer e reter os já existentes. Para diminuir essa estatística, as

empresas devem identificar estratégias para reduzir esses números e diminuir o

índice de perda de clientes, já que perder clientes gera uma diminuição dos lucros e

conseqüentemente, um aumento das despesas na tentativa de realizar a captação

de novos clientes. Dependendo do setor, uma redução de 5% no índice de perda de

clientes pode aumentar os lucros de 25 a 80%.

O Sicoob Credilivre - PAC 04 – está localizado na cidade de Matipó e

pertence a um grupo de 17 agencias que compõem a Cooperativa de Crédito

SICOOB CREDILIVRE, instituição esta, que iniciou suas atividades no ano de 1999

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e conta com mais de 10.300 associados ativos. Hoje a agencia de Matipó conta com

500 associados ativos.

Segundo IBGE ([2007]), a cidade de Matipó possui uma população de

aproximadamente 17.639 habitantes e sua economia é voltada para os setores de

Agropecuária, Indústria e Serviços. A cidade apresenta uma grande quantidade de

produtores de café, sendo esse produto, uma das principais fontes de renda.

De acordo com Freire; Lima; Leite (2009), o marketing de relacionamento

originou-se nas últimas duas décadas como um dos mais promissores campos de

investigação. Ao mesmo tempo, tornou-se alvo de grande interesse gerencial, visto

que suas práticas têm por objetivo conduzir as empresas a melhores resultados por

meio do desenvolvimento de relacionamentos de longo prazo.

O objetivo deste trabalho é analisar a importância da aplicação do Marketing

de Relacionamento na Cooperativa de Crédito da Zona da Mata de Minas Gerais

Sicoob Credilivre PAC 04 Matipó, para manter e fidelizar seus associados.

Objetivos específicos:

Analisar o grau de interação entre a cooperativa e seus associados e se a

cooperativa dá a importância necessária ao desenvolvimento de estratégias para

alcançar seus objetivos;

Identificar o conhecimento dos associados sobre os produtos e serviços

oferecidos pela cooperativa;

Alertar sobre a necessidade de se conhecer a opinião dos associados em relação

aos serviços prestados pela empresa;

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Cooperativa de Crédito

Uma Cooperativa de Crédito é uma instituição de crédito organizada sob

forma de sociedade cooperativa mantida pelos próprios cooperados, que exercem

ao mesmo tempo o papel de donos e usuários. As cooperativas de crédito são

eficientes para o fortalecimento da economia, a democratização do crédito e a

desconcentração de renda (PORTAL, 2011).

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O principal objetivo das cooperativas de crédito é a captação e a

administração de poupanças, empréstimos, financiamentos, prestação de serviços e

outros aos associados. A cooperativa não deve obter vantagens apenas para si, em

detrimento do resultado do sócio, os resultados deverão ser investidos com dupla

finalidade: zelar por benefícios para o associado e pelas operações e serviços

cooperativos (PORTAL, 2011).

Marketing

De acordo com Kotler (2000, p. 3), as pessoas pensam que marketing é

baseado em vendas e propaganda. Isso acontece, pois todos os dias somos

bombardeados por comerciais de televisão, anúncios em jornais, campanhas de

mala direta e telefonemas de vendas, realizados por diversas empresas. No entanto,

vendas e propaganda são apenas a ponta do iceberg do marketing e embora sejam

importantes, não são as mais fundamentais. Hoje em dia, o marketing não deve ser

compreendido apenas no antigo sentido de fazer uma venda – “dizer e vender” –

mas também no novo sentido de satisfazer as necessidades do cliente. Se um

profissional de marketing fizer um bom trabalho de identificação dessas

necessidades, desenvolver produtos de valor superior, apreçá-los, distribuí-los e

promove-los eficientemente, esses produtos serão vendidos com muita facilidade

para os consumidores. Portanto, marketing é um conjunto de ferramentas que

trabalham juntas para causar efeito no mercado.

Kotler (2006, p. 24) afirma que marketing é um processo social e gerencial

pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação

oferta e troca de produtos de valor com outros.

Rocha; Christensen (1999, p. 15) afirmam que marketing é uma função

gerencial, que busca ajustar a oferta da organização às demandas específicas do

mercado, utilizando como ferramentas, um conjunto de princípios e técnicas, mas

que pode ser visto também, como um processo social, pelo qual são reguladas a

oferta e a demanda de bens e serviços para atender as necessidades sociais. É,

ainda, uma orientação da administração, uma filosofia, uma visão. Essa orientação

reconhece que a tarefa primordial da organização é satisfazer o consumidor,

atendendo a suas necessidades, levando em conta seu bem-estar a longo prazo,

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respeitadas as exigências e limitações impostas pela sociedade e atendidas as

necessidades de sobrevivência e continuidade da organização.

Marketing de relacionamento

Segundo Kotler (2008, p. 57), no passado, as empresas achavam que os

consumidores estavam garantidos, pois não havia tantas fontes alternativas de

suprimentos como existem hoje, todos os fornecedores prestavam serviços

igualmente deficientes ou o mercado crescia tão rápido que as empresas não se

preocupavam em satisfazer plenamente seus consumidores. Porém, essa situação

mudou, as empresas estão enfrentando uma concorrência jamais vista, mas se

forem capazes de passar de uma orientação de vendas para uma orientação de

marketing elas poderão ter um desempenho melhor que o das rivais. Os

profissionais de marketing devem conectar-se com os clientes, informá-los, engajá-

los e talvez até fazer com que participem ativamente do processo.

A utilização do marketing de relacionamento é importante para a manutenção

e fidelização de seus associados, já que as cooperativas de crédito possuem

grandes concorrentes, os bancos comerciais, que podem oferecer vários serviços e

muitas vantagens a seus clientes. Portanto, as cooperativas devem utilizar métodos

ou estratégias cada vez mais eficazes para acompanhar as mudanças do mercado,

destacando-se e conquistando uma fatia considerável e relevante no mercado

financeiro.

De acordo com Valente (2011, pg. 02), pode-se perceber que os principais

benefícios do marketing de relacionamento são o aumento da retenção e lealdade

do cliente, pois os clientes estabelecem relacionamentos de longo prazo com a

empresa, comprando mais e com mais freqüência, além de proporcionar uma maior

lucratividade por cliente, em função da diminuição dos custos para conquistar novos

clientes.

Para Solomon (2002, p. 28), os profissionais de marketing empenham-se em

definir segmentos de clientes e ouvir as pessoas como nunca antes, por isso, muitos

perceberam que construir um relacionamento estável que dure toda a vida entre

marcas e clientes tornou-se um fator importante para o sucesso. Os profissionais

que acreditam nessa filosofia, chamada de marketing de relacionamento, interagem

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com os clientes de modo regular e lhes dão razões para manter um elo com a

empresa ao longo do tempo.

Para Kotler (2008, p. 30), o Marketing de Relacionamento é a construção de

relações satisfatórias em longo prazo com três partes essenciais: consumidores,

fornecedores e distribuidores. As empresas inteligentes tentam desenvolver

confiança e relacionamento “ganha-ganha” em longo prazo com os consumidores,

distribuidores, revendedores e fornecedores, prometendo e entregando alta

qualidade, bons serviços e preços justos as outras partes no decorrer do tempo.

Marketing de Relacionamento resulta em fortes vínculos econômicos, técnicos e

sociais entre as partes.

Para Mckena citado por Chaves; Silva; Lira; Gavião (2011), a organização é

obrigada a conhecer melhor seu cliente, antecipando sua expectativa e superando-a

com o objetivo de fidelizar o cliente e criar um relacionamento duradouro nos

negócios.

Marketing de serviços

O Sicoob Credilivre possui uma carteira de associados que se estende desde

comerciantes a produtores rurais da cidade de Matipó, portanto, a empresa precisa

oferecer produtos e serviços que atendam as necessidades de todos os associados

para mante-los.

De acordo com Cobra (2009, p. 221), a preocupação básica no setor de

produtos e serviços encontra-se na adaptação entre as possibilidades de produção e

as necessidades e desejos dos consumidores.

Para Miotto Junior; Amaro; Belei; Colletti (2011), qualidade em serviços, é

muito mais do que tratar bem ou mal o cliente, a organização sempre deve saber

quais são as expectativas de seus clientes para poder atendê-las e ficar na mente

do cliente como prestadora de um serviço de qualidade.

Qualidade no atendimento a clientes

A qualidade no atendimento tornou-se essencial e necessária para manter um

bom relacionamento com os clientes, portanto, toda empresa que deseja utilizar a

ferramenta marketing de relacionamento para obter uma relação duradoura com

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seus clientes precisa utilizar como uma de suas estratégias, a qualidade no

atendimento. Para Chiavenato citado por Queiroz (2005, pg. 38), a qualidade no

atendimento é a satisfação das exigências do cliente.

De acordo com PROCON-FGV citado por SEBRAE (2011), foram analisados

em uma pesquisa, os motivos que fazem com que as empresas percam seus

clientes, onde foi encontrado o seguinte resultado:

1% Porque morrem

3% Porque se mudam

5% Porque fazem novos amigos

9% Pelos preços mais baixos da concorrência

14% Pela Qualidade dos produtos e serviços

68% Devido à indiferença e ao mau atendimento

METODOLOGIA

Este estudo descritivo de abordagem qualitativa, aliada a uma pesquisa de

campo e estudo de caso. Foram aplicados 50 questionários estruturados in loco,

aplicados durante o período de 01 a 20 de setembro de 2011, com questões

referentes ao relacionamento entre a cooperativa e seus associados, para que o

objetivo proposto fosse alcançado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa de campo foi realizada na cidade de Matipó onde foram aplicados

50 questionários, contendo 10 perguntas cada, a associados escolhidos

aleatoriamente em um universo de 500 associados.

Após a tabulação dos questionários, a pesquisa atingiu os seguintes

resultados:

Detectou-se que 62% dos entrevistados solucionam suas dúvidas através do

atendimento ou telefone da agencia. O que significa que poucos associados

procuram outros canais de relacionamento como e-mail da gerencia, 0800 ouvidoria,

página na internet e etc., para solucionar suas duvidas.

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Pode-se perceber que mais de 80% dos entrevistados avaliam o

relacionamento entre a cooperativa e os associados, bom ou alto, sendo que a

minoria, ou menos de 20% deles considera esse relacionamento baixo ou regular.

De acordo com Labinas (2009), muitas pessoas deixam uma marca ou

empresa por problemas de relacionamento.

Apenas 20% dos entrevistados afirmaram sempre ler os informativos ou

materiais de divulgação da cooperativa. Detectou-se que as técnicas de divulgação

dos produtos e serviços deixam a desejar, já que a cooperativa apresenta um

extenso mix de produtos e serviços. A cooperativa pode desenvolver novos métodos

de divulgação, ou fortalecer os existentes, pois, se continuar assim, ela pode perder

associados para seus concorrentes.

Observou-se que 60% dos clientes consideram as ações de comunicação da

cooperativa suficientes para manter os associados, resultado que pode ser

melhorado, pois, 40% deles nunca consideram, ou somente às vezes, essas ações

suficientes para manter os associados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Do estudo realizado conclui-se que o mercado está cada vez mais competitivo

devido à evolução dos meios de comunicação que tornaram as enormes distancias,

que separam as pessoas em todo o planeta, em pequenos espaços que podem ser

alcançados facilmente com um simples clicar de um botão. Portanto, os clientes

passaram a ser ainda mais importantes para as empresas, mas em conseqüência

disso, eles também se tornaram mais exigentes, obrigando as empresas a focar

seus esforços na manutenção e melhoramento de suas relações com seus clientes

para tornarem-se competitivas no mercado.

Este estudo mostrou que o marketing de relacionamento, quando bem

aplicado, é uma ferramenta indispensável à manutenção e perenidade das

empresas ao proporcionar um relacionamento duradouro com os seus clientes.

Neste sentido, constatamos que o objeto do nosso estudo, ou seja, a

Cooperativa de Crédito – Sicoob Credilivre – PAC 04, localizada na cidade de

Matipó – MG tem investido no relacionamento com seus associados, oferecendo

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vários canais de interação, a despeito das falhas de execução de algumas

ferramentas do mix de comunicação.

Observa-se ainda, a existência de um desperdício de investimentos quanto as

ferramentas disponíveis aos associados em razão do desconhecimento destas, que

poderiam ser mais bem gerenciadas a partir do conhecimento deste estudo por parte

da diretoria da Cooperativa.

Este estudo demonstrou que o marketing de relacionamento é uma troca de

informação entre as empresas e seus clientes com o intuito de solidificar as relações

e maximizar o “ganha-ganha” entre as partes.

REFERÊNCIAS

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FLUXO DE CAIXA: UMA ANÁLISE DA NÃO UTILIZAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS NUMA EMPRESA VAREJISTA DO SETOR DE

ELETRODOMÉSTICOS NO MUNICÍPIO DE MANHUAÇU, MINAS GERAIS, BRASIL

Celso Abreu de Araujo. Graduado em Administração. Especialista em Gestão

Empresarial. Mestrando em Administração. Professor Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX e Consultor Empresarial.

[email protected]

PALAVRAS CHAVES: Fluxo de caixa, decisão, recursos financeiros, feeling, experiência.

RESUMO O presente artigo é o resultado de um estudo que teve por objetivos verificar o

nível de utilização das técnicas financeiras e as conseqüências da não utilização das mesmas. Para tal, foi desenvolvido um questionário com 06 (seis) perguntas de múltipla escolha que foi aplicado em 36 micro e pequenas empresas do município de Manhuaçu/MG. Dentre as entrevistadas, a empresa Eletrominas do Brasil Ltda foi selecionada para um estudo de caso que compreendeu na realização de um levantamento dos dados financeiros históricos para compor a curva do saldo do fluxo de caixa da mesma. A análise deste levantamento indicou que houve uma negligência por parte dos diretores da Eletrominas no que se refere ao saldo e a tendência do fluxo de caixa. Já a análise dos questionários, revelou que os empresários têm uma preocupação constante com o fluxo de caixa por considerá-lo como um instrumento imprescindível para uma boa administração.

INTRODUÇÃO

Comumente ouvimos questionamentos sobre os tipos de conhecimentos

financeiros necessários a um empreendedor para se obter sucesso nos negócios.

Acredita-se que a resposta seria mais fácil se soubéssemos do potencial de

crescimento e complexidade do negócio envolvido. Entretanto, grande parte dos

problemas financeiros das empresas estaria solucionada se os empreendedores

dominassem as técnicas de fluxo de caixa na sua forma mais simples, ou seja, a

conciliação entre as entradas e as saídas.

A RELEVÂNCIA DO TEMA VERSUS INTUIÇÃO DOS GESTORES

A problemática na gestão das pequenas empresas está, segundo Laudmann

apud Maluche (2000), na informalidade com que são conduzidas. A gestão dos

recursos financeiros representa uma das principais atividades da empresa e dessa

forma, se faz necessário um efetivo planejamento e acompanhamento dos

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montantes captados e desembolsados com o objetivo de melhor utilizar estes

recursos.

Segundo Frezatti (1997), muitos empresários se valem do conceito de "tino

comercial" ou "feeling" para a administração empresarial. Estes conceitos foram

acobertados, até a alguns anos, pelas grandes margens (proporcionado pelos

índices de alta inflação), que vigoravam no Brasil. Entretanto, com o início da

globalização e a estabilidade econômica, as margens de lucro foram se reduzindo e

os empresários de pequenos negócios passaram a sentir os efeitos da má

administração, principalmente no tocante à administração de caixa.

Considerando o que foi exposto e procurando responder ao questionamento

desde trabalho, a saber: É possível gerir uma empresa sem a utilização de um fluxo

de caixa, ou ainda, quais as conseqüências da não utilização do fluxo de caixa para

a micro e pequenas empresas? Realizou-se um levantamento dos relatórios de fluxo

de caixa da Eletrominas do Brasil Ltda - empresa varejista de pequeno do porte

situada no município de Manhuaçu/MG - com o intuito de estabelecer uma relação

dos fatores que influenciaram no seu fluxo de caixa, assim como as implicações

resultantes das tomadas de decisões.

No que se refere ao questionamento formulado, é sabido que o fluxo de caixa,

isoladamente, não garantirá a perpetuação da empresa, no entanto, facilitará

enormemente nos processos decisórios quando utilizado e forma correta.

Neste sentido, segundo Campos Filho (1999), o fluxo de caixa tem por

objetivo primordial, a projeção das entradas e das saídas dos recursos financeiros

da empresa em um determinado período de tempo. Já para Bangs Jr. (1999) a

projeção do fluxo de caixa é o dado individual mais importante para se controlar uma

empresa. Ao administrador, o fluxo de caixa será como um farol que ilumina o

caminho a ser percorrido ou a ser modificado. Assim sendo, normal seria que todas

as empresas adotassem o uso do fluxo de caixa como uma ferramenta essencial na

gerência dos recursos financeiros.

Pesquisa realizada em todo o Brasil pelo SEBRAE1 (Serviço Brasileiro de

Apoio a Micro e Pequena Empresa) no primeiro trimestre de 2010 revelou que

1BOLETIM Estatístico de Micro e Pequenas Empresas. Sebrae. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/br/mpe_numeros/mortalidade_empresas.asp>. Acesso em: 11 ago. 2011.

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59,9% das empresas morrem até os primeiros quatro anos de vida. Como fatores

que levam estas empresas a perecerem, podemos citar a falta de conhecimento do

mercado por parte de seus empreendedores, aos exorbitantes tributos, a

concorrência, a negligência quantos aos princípios de entidade2 e a falta da

aplicabilidade de ferramentas básicas na administração dos recursos financeiros: o

exemplo, o fluxo de caixa.

Esta pesquisa visou, ainda, investigar e estabelecer uma conexão entre as

teorias acadêmicas financeiras e a realidade encontrada numa empresa de pequeno

porte. O entendimento destas doutrinas trazidas à realidade permitiu aos

administradores da Eletrominas do Brasil Ltda conhecer melhor as variáveis que

influenciaram no seu fluxo de recursos financeiros.

OBJETIVO

OBJETIVOS GERAIS

Esta pesquisa teve e ainda tem como objetivo chamar a atenção dos

administradores para uma ferramenta que é considerada a pedra fundamental de

uma boa gestão financeira.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Realizar levantamentos históricos dos relatórios de fluxo de caixa da empresa

Eletrominas do Brasil Ltda;

2. Analisar os relatórios na tentativa de melhor compreender os fatores que

influenciaram nas curvas dos saldos do caixa da Eletrominas do Brasil Ltda;

3. Comparar os resultados da análise do fluxo de caixa da Eletrominas com os

resultados encontrados na pesquisa de campo realizada;

4. Propor sugestões de melhoria no gerenciamento dos recursos financeiros da

Eletrominas do Brasil Ltda.

REVISÃO DA LITERATURA

Nem sempre percebemos que os departamentos contábeis e financeiros das

empresas estão, em sua maioria, estruturados para gerar informações com base no

2Princípios de entidade: é preciso separar o “bolso” do sócio do “bolso” da empresa.

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regime por competência, ou seja, nos dados registrados na época em que ocorreu o

fato independentemente do seu recebimento ou pagamento. Esta situação tem

segundo o autor Campos Filho (1999), como conseqüências as dificuldades

encontradas pelos empresários em gerar e utilizar as informações de caixa.

Usando as palavras de Falcini (1992, p. 44).

Nos 500 anos que precederam os anos 30 deste século (1430 a 1930), o foco central da contabilidade e dos demonstrativos financeiros foi sobre o fluxo de caixa das empresas e por conseqüência, sobre a geração operacional líquida de fundos de caixa. Nos últimos 50 anos, tem havido uma verdadeira obsessão no enfoque sobre a demonstração contábil de resultados e principalmente sobre o lucro líquido contábil e o consequente lucro por ação.

Possivelmente sejam esta forma arraigada de se observar os resultados

financeiros que tem levado tantas empresas à falência, mesmo obtendo lucros

contábeis. Segundo Goldratt e Cox (1990, p. 45) “É possível que uma empresa

apresente lucro líquido e um bom retorno sobre o investimento e ainda assim vá à

falência. O Péssimo fluxo de caixa é o que acaba com a maioria das empresas que

fracassam”.

Segundo estudo publicado em 2003 pelo jornal americano US Today "Global

Entrepreneurship Monitor", o Brasil é um país com o maior índice de

empreendedorismo do mundo. Em contra partida, detêm um dos mais elevados

índices de mortalidade prematura de empresas do mundo, fruto de um despreparo

intelecto-financeiro de seus empreendedores.

É essencial que os empresários aprendam a tomar decisões com base

naquilo que os números dizem. Nos dias de hoje não dá para ficar tomando

decisões com base somente na experiência e na sensibilidade, é preciso unir feeling

e conhecimentos técnicos. É de conhecimento de todos, com raras exceções, que

todo tipo de negócio tem capacidades reais de gerarem lucros, entretanto, nenhuma

atividade empresarial será bem sucedida se não houver um planejamento financeiro

adequado àquele negócio.

Segundo Shoon Ledyard, controller da Charlotte Hornets,

O planejamento de caixa é a espinha dorsal da empresa. Sem ele não se saberá quando haverá caixa suficiente para sustentar as operações ou quando se necessitará de financiamentos bancários. Empresas que

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continuamente tenham falta de caixa e que necessitem de empréstimos de última hora poderão perceber como é difícil encontrar bancos que as financie (GITMAN, 1997, p. 586).

A esta altura, acredito que já tenha conseguido transmitir aos leitores,

empresários ou não, a seriedade que o assunto requer. É preciso compreender que

quem paga fornecedores, empregados e impostos é o caixa, é ele quem “aceita” a

máquina operacional e permite que a empresa tenha um dia após o outro. Portanto,

mais justo seria que esta ferramenta fosse medida e esquadrinhada de todas as

formas possíveis. Segundo Jack Welch (1993, p. 32) “Muitas vezes nós medimos

tudo e não entendemos nada. As três coisas mais importantes a medir num negócio

são: a satisfação dos clientes, a satisfação dos empregados e o fluxo de caixa”.

METODOLOGIA

No primeiro momento, a metodologia de pesquisa adotada foi á análise

exploratória de dados secundários de artigos e obras literárias que abordassem o

tema proposto como forma de subsidiar os argumentos necessários. Já no segundo

momento, na fase de desenvolvimento do projeto, realizou-se a exploração de dados

primários coletados por meio de um questionário (veja anexo) de perguntas e

recorreu-se à base de dados dos softwares de gerenciamento da Eletrominas do

Brasil Ltda.

Quanto à intervenção, o estudo foi observacional, visto que não nos é

possível influenciar resultados já ocorridos.

Quanto ao tempo, o estudo foi transversal, visto que o período investigado foi

curto e nem teríamos recursos necessários para tal estudo mais longo.

DELIMITAÇÃO DOS DADOS

Quanto ao questionário de perguntas, selecionou-se uma amostra de 36

empresários, proprietários de micro-empresa, com faixas etárias, sexo e formações

acadêmicas distintas e pertencentes ao município de Manhuaçu/MG. Os dados

coletados neste questionário foram de natureza quantitativa.

Quanto à análise dos dados extraídos do banco de informações da

Eletrominas, apurou-se as entradas e saídas de numerários compreendendo o

período de janeiro de 2010 a junho de 2011.

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HIPÓTESES

Tendo por base os conhecimentos acadêmicos e profissionais adquiridos até

o momento, formulei duas hipóteses que explicariam a não utilização do fluxo de

caixa como uma ferramenta primordial para o gerenciamento dos recursos de

capitais e conseqüentemente como parâmetro nos processos decisórios.

A primeira hipótese é a que a maioria da empresas que abrem as portas é

gerida por empreendedores que nunca administraram um negócio na vida, portanto,

estes empreendedores tendem a desconhecer totalmente a dinâmica dos ciclos de

recebimento e pagamentos de uma empresa.

A segunda hipótese se aplica as empresas geridas por empresários com

experiência e conhecimentos administrativos, mas que, no entanto, cometem erros

na utilização dos recursos capitais. Ou seja, apesar de deterem alguns

conhecimentos técnico-financeiros, recusam-se a se orientar pelos números

demonstrados nos fluxos de caixa apostando mais no seu feeling.

ANÁLISE DOS DADOS

Nesta seção apresentaremos os resultados obtidos dos questionários e coleta

de dados na forma de gráficos e explanações necessárias a partir da seleção dos

dados.

QUESTIONÁRIO

Conforme questionário (veja anexo) aplicado entre os dias 20 de agosto e 10

de outubro de 2011, 55,56% dos entrevistados disseram que nunca haviam

possuído ou gerenciado um negócio.

44,44%

55,56%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

Sim Não

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Gráfico 1 – Percentual do universo de 36 entrevistados que já tiveram alguma experiência empresarial.

Novamente, quando questionados sobre a utilização ou não do fluxo de caixa,

88,89% dos empresários disseram que utilizam o fluxo de caixa em sua empresa e

destes, 44,44% faz as devidas atualizações num período máximo de 15 dias.

22,22%

33,33%

11,11% 11,11%

22,22%

0,00%5,00%

10,00%15,00%20,00%25,00%30,00%35,00%

Trim

estr

al

Men

sal

Qui

nzen

al

Sem

anal

Diá

rio

Gráfico 2 – Empresários que atualizam o fluxo de caixa versus periodicidade de atualização.

Dando prosseguimento a apresentação dos dados, quando os empresários

foram argüidos sobre a forma do processo decisório, 77,78% dos empresários

disseram que suas decisões são tomadas em conformidade com os números do

fluxo de caixa. Já na pergunta seguinte, e em harmonia a resposta anterior, apenas

22,22% dos entrevistados disseram que suas decisões são pautadas, tão somente,

pela sua experiência de vida e profissional.

Quando os empresários foram questionados sobre o modelo decisório, ou

seja, tendo que escolher entre um modelo empírico, baseado na vivência de cada

um, ou num modelo científico, baseado em números e técnicas financeiras, 66,67%

dos entrevistados disse que optariam por uma decisão com base nos números do

fluxo de caixa.

DADOS HISTÓRICOS DO FLUXO DE CAIXA

Em consonância com a proposta inicial dos objetivos desde projeto, foram

levantados os dados do fluxo de caixa da Eletrominas do Brasil Ltda do período de

01 de janeiro de 2010 a 30 de junho de 2011. Com estes dados, foi possível traçar a

curva primária de saldo dos recursos da época de maneira tal que permitisse

conhecer a disponibilidade ou necessidade de capital num determinado mês,

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semana ou dia. Entretanto, por limitações técnicas, demonstraremos tão somente

um gráfico da curva primária do saldo de caixa.

O termo curva primária, neste projeto, vem designar uma situação primitiva

resultante da combinação das entradas e saídas do caixa que posteriormente foram

ajustadas ou remanejadas.

Gráfico 3 - Curva primária realizada do saldo de caixa versus tendência da curva – jan/2010 a jun/2011.

Como podemos observar no gráfico 3, a linha classificada como sequencia1

representa a curva primária do saldo de caixa realizado, já a linha pontilhada

representa a tendência da curva de saldo obtida pela média móvel de 04 (quatro)

períodos. O saldo representado pela linha da média móvel nos permite saber o

comportamento da curvatura do saldo para os próximos 04 meses (período

calculado) ao espelhar o saldo realizado dos últimos 04 meses.

Ao examinar o gráfico 3 é possível verificar a tendência de saldo negativo

para os meses de maio, junho e julho de 2010 já no mês de abril de 2010, data esta

em que o saldo de caixa era positivo.

DISCUSSÃO

Contrariando pesquisa realizada pelo SEBRAE no período de 2006-08 com

mais de 5 mil empresas que revelou a existência de quase ¼ dos entrevistados

(22%) terem iniciado os negócios sem nenhuma experiência ou conhecimento no

ramo, a compilação dos dados do questionário respondido pelos 36 empresários

demonstrou que 44,44% deles tinham alguma experiência na gestão de negócios.

-140.000

-120.000

-100.000

-80.000

-60.000

-40.000

-20.000

0

20.000

40.000

Seqüência1 4 por. Méd. Móv. (Seqüência1)

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Esta realidade, segundo a pesquisa, refuta a hipótese primária de que a maioria das

empresas que abrem as sua portas são concebidas por empreendedores

inexperientes e primários na gestão financeira.

A segunda hipótese alega que empresários com algum grau de experiência

administrativa cometem erros por não observar o fluxo de caixa ao tomar as

decisões necessárias. De acordo com Andrade (1998), decisão se define como “um

curso de ação escolhido pela pessoa, como o meio mais efetivo à sua disposição

para alcançar os objetivos procurados, ou seja, para resolver o problema que a

incomoda”. Logo, podemos traduzir estas ações nas políticas de compras, vendas e

créditos que interferem positivamente ou negativamente na dinâmica do ciclo de

caixa. Pois bem, segundo os resultados da pesquisa, salvo margens estatísticas de

erros desconhecidas, quatro quintos (4/5) dos empresários disseram tomar decisões

em conformidade com os números do fluxo de caixa, refutando desta forma a

segunda hipótese.

Ao fazermos uma comparação da análise dos resultados do questionário e da

evolução da curva primária do saldo de caixa da Eletrominas, podemos concluir que

a empresa é gerida pela fração de empresários que privilegiam a experiência de vida

às orientações sugeridas pelo fluxo de caixa na hora de decidir. Esta afirmativa pode

ser reforçada tecnicamente ao traçarmos uma reta sob os fundos da curva de saldo

dos meses de março de 2010 e julho de 2010, o que vem a configurar uma clara

tendência de deficiência de caixa, o que efetivamente ocorre de janeiro a junho de

2011 como demonstrado no gráfico 3.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto procurou enfatizar a importância do uso e do monitoramento do

fluxo de caixa para a sobrevivência de uma empresa. Permitiu-nos, também,

conhecer, através de uma amostra, como os empresários vêem a ferramenta fluxo

de caixa e o papel gerencial que esta exerce sobre o seu negócio. Demonstrou

ainda, que quando interpretado corretamente, o fluxo de caixa é um instrumento

poderoso de orientação nas tomadas de decisões e que ao ignorar estas

orientações, por quaisquer motivos que seja, poderá estar optando entre o incerto

caminho do sucesso e o caminho mais curto para a falência.

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RECOMENDAÇÕES GERENCIAIS

Pesquisa de Mercado divulgada em abril de 2005 pela KPMG Corporate

Finance sobre Reestruturação de Empresas com faturamento acima de 66 milhões

de reais, revelou que 77% das empresas preparam o fluxo de caixa operacional e

que 84% delas revisam o fluxo num prazo máximo de 15 a 30 dias. Portanto, tanto

as empresas de grande porte como as microempresas de nosso município têm

adotado estratégias de gestão financeira similares, nas suas devidas proporções.

Assim sendo, recomendamos que a Eletrominas do Brasil Ltda passe a observar

mais atentamente o seu fluxo de caixa, pois entre os emaranhados de números,

linhas e setas estão grande parte das respostas para uma boa gerência dos

recursos financeiros.

REFERÊNCIAS

BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas, 1989.

CAMPOS FILHO, A. Demonstração dos fluxos de caixa: uma ferramenta indispensável para administrar sua empresa. São Paulo: Atlas, 1999.

DEGEN, R. J. O empreendor: Fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: McGraw-Hill, 1989.

GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Harbra, 1987.

BOLETIM Estatístico de Micro e Pequenas Empresas. SEBRAE. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/br/mpe_numeros/mortalidade_empresas.asp>. Acesso em: 11 agosto. 2011

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PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO E PREFERÊNCIAS DE CONSUMO DO PÚBLICO EM POTENCIAL SOBRE O CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA FACULDADE

VÉRTICE EM MATIPÓ/MG

Max Andrade Coelho - Graduado em Administração. Aluno no curso de Pós Graduação em MBA da Faculdade Univértix. Professor da Escola Técnica Vértix.

Guanayr Jabour Amorim. Graduado em Tturismo. Mestre em Meio Ambiente. Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

RESUMO Este artigo relaciona-se sobre uma pesquisa de mercado realizada no ano de

2010, junto à população de Matipó/MG. A pesquisa teve como foco avaliar a satisfação e a qualidade do serviço oferecido pela Faculdade Univértix em alinhamento com os 4 P’s do Marketing (Praça, Preço, Produto e Promoção). A metodologia utilizada no trabalho foi: pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo com aplicação de questionários estruturados. Para justificar e contextualizar o estudo, também foi realizada uma analise do ambiente interno e do mercado da instituição através da analise de (SWOT) Fraquezas, Oportunidades, Forças e Ameaças. Os resultados da pesquisa mostraram que a organização tem potencial de mercado, mas precisa reestruturar o negócio e atender às demandas do seu público-alvo. PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa de Mercado; Marketing; Faculdade Univértix; Analise de SWOT.

INTRODUÇÃO

O planejamento de Marketing é a técnica que permite a uma organização

decidir sobre qual é o melhor uso de seus recursos para atingir seus objetivos

(MAZZETTO, 2009). As (IES) Instituições de Ensino Superior sofrem

constantemente vários tipos de influências, inclusive com a concorrência, por isso, o

uso da comunicação é essencial, pois possui a necessidade de se apresentarem no

mercado de uma forma atrativa mostrando suas qualidades e potencialidades

(NETO, 2004).

Com isso, pode-se perceber que cada vez mais, as Instituições de Ensino

Superior preocupam-se com suas ações mercadológicas e o marketing voltado

totalmente ao cliente, de alguma maneira, seja para atender as necessidades

individuais e também para atender as necessidades como um todo, englobando toda

sociedade (BOTELHO, 2008).

A Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX teve inicio das suas atividades em 2008

construindo um novo conceito de ensino superior, localizada na cidade de

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Matipó/MG, localizado na região II da Zona da Matado estado de Minas Gerais

(IBGE, 2009), suas instalações apresentam uma estrutura moderna e arrojada. Com

professores mestres e doutores, laboratórios de última geração em todas as áreas

de conhecimento, biblioteca e complexo poliesportivo, que também atende alunos

portadores de necessidade especiais conforme a portaria Ministerial 1679/1999

(MEC) Ministério da Educação. A Faculdade Univértix é mantida pela Sociedade

Educacional Gardingo Ltda, e dispõe para sociedade atualmente sete cursos de

graduação superior e também pós-graduação, entre eles vamos destacar o Curso de

Administração de Empresas (UNIVÉRTIX, 2010).

O propósito da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX desde que iniciou suas

primeiras turmas, é de se tornar uma referência de ensino, e contribuir na formação

de pessoas capacitadas para o mercado de trabalho na região, com ênfase nas

cidades circunvizinhas da cidade de Matipó/MG, onde esta instalada (UNIVÉRTIX,

2010).

A disseminação de ensino a distância, e a concorrência mesmo que distante

pode vir a ser modificada com o tempo. O preço como atração das classes com

pouco poder aquisitivo. A sua estrutura física, bem que se assemelha com projeto

futurista e diferenciado nessa região. Salas preparadas ergonomicamente para a

comodidade do aluno, bem como pessoal no atendimento aos usuários. Fácil

localização funciona como ponto de referência na cidade de Matipó/MG.

Contudo, o presente estudo tem como objetivo identificar o perfil sócio

demográfico e as preferências de consumo do público em potencial sobre o curso de

Administração da Faculdade Vértice em Matipó/MG, já que nenhuma instituição

pode sobreviver no mundo moderno sem que planeje o futuro de suas ações.

JUSTIFICATIVA

De acordo com Kotler (2008, p.27) “marketing é um processo social e gerencial

pelos quais os indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da

criação, oferta e troca de produtos de valor com outros”. Marketing é normalmente

associado às propagandas e publicidades, com isso, se faz necessário a

compreensão melhor do que significa marketing e qual é a sua utilidade, em

produtos e serviços.

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A importância de Identificar por meio de pesquisa de mercado, o perfil e

percepções (preferências) da população de Matipó/MG em relação à presença e

oferta do ensino superior da Faculdade Univértix e também a possibilidade de ofertar

novos cursos é de suma importância para o planejamento de marketing.

Não adianta investir em propaganda sem conhecer o mercado. Ou seja, quais

são as prioridades e preferências dos consumidores. Num mercado globalizado, a

alma do seu negócio é, antes de tudo, conhecer o seu mercado de atuação (clientes,

concorrência, ambiente).

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A American Marketing Association definiu marketing como um processo pela

qual se planeja e efetua a concepção, a fixação do preço, a promoção e a

distribuição de ideias, bens e serviços que estimulam trocas que satisfazem aos

objetivos individuais e organizacionais (BASTA et al., 2006).

Mattar (2007) define que a pesquisa de marketing é a função que liga o

consumidor, o cliente e o público ao marketing através da informação – informação

usada para identificar e definir as oportunidades e problemas de marketing, gerar,

refinar e avaliar a ação de marketing, monitorar o desempenho de marketing, e

aperfeiçoar o entendimento de marketing como um processo. É a forma pela qual

pode gerar uma infinidade de possibilidades para atingir os objetivos.

De acordo com Kotler e Keller (2006, p. 50) “um objetivo importante da

avaliação ambiental é o reconhecimento de novas oportunidades. Sob muitos

aspectos, um bom marketing é a arte de encontrar, desenvolver e buscar a partir de

oportunidades”. Uma oportunidade de marketing existe quando a empresa pode

lucrar ao atender as necessidades dos consumidores de determinada segmento.

Também serve como um processo de investigação no mercado para localizar onde

esta e qual carência necessita de investimento mercadológico.

Para Mattar (2007) os próprios pesquisadores são a maior fonte de dados em

pesquisa de marketing. O dado pode ser obtido do pesquisado através de sua

própria declaração, oralmente ou por escrito, ou de sua observação. Quando ocorre

de o pesquisado ser inacessível, possuir pouco conhecimento da informação

desejada ou ter dificuldades de expressar-se, às vezes, é mais fácil conseguir a

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informação com outras pessoas que convivem com ele. Nesse ponto o marketing

abrange uma totalidade bem maior do desejado, já que amplia sua área de

pesquisa, obtendo mais detalhes do pesquisado e em vários segmentos.

Mattar (2007) diz que a pesquisa de marketing especifica a informação

necessária destinada a estes fins, projeta o método para coleta de dados, analisa os

resultados e comunica os achados e suas implicações. Este dado é usado para

traçar todo o método de trabalho na conquista do mercado, por isso a fidelidade dos

dados no resultado é marca registrada para o êxito no projeto, que acaba virando

um ciclo, na busca de outras necessidades.

Segundo Cobra:

A pesquisa de mercado é um instrumento valioso para detectar

oportunidades de mercado, os chamados nichos de mercado. E é útil

também para os estudos exploratórios para novos produtos e serviços,

como também se presta para inúmeras finalidades como testar o impacto do

esforço de marketing, como testes do tipo antes e depois, para, por

exemplo, segmentar o mercado (COBRA, 2009, p.111).

Ainda Cobra (2009) a pesquisa de mercado é entendida por muitos autores

de marketing como sendo qualquer esforço planejado e organizado para obter fatos

e conhecimentos novos que facilitem o processo de decisão de mercado.

METODOLOGIA

Este estudo é de caráter exploratório e quantitativo foi realizado numa

Instituição de ensino superior da zona da mata mineira. O instrumento de coleta de

dados foi o questionário semi-berto que possibilitou a avaliação das seguintes

variáveis sobre o perfil do entrevistado: sexo, renda mensal, idade, meio de

comunicação que obteve a informação, entre outros.

A amostra foi de 70 questionários de um universo de 600 alunos, indicada pela

fórmula n= N.Z².p(1-p)/Z².p.(1-p)+e².(N-1) apresentada por Santos (2012). O

instrumento foi aplicado presencialmente entre as datas 05 a 12 de junho de 2010

por arguição. Os dados obtidos por amostragem pela e foram tabulados utilizado o

programa Microsoft Excel 2007.

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O plano de marketing é importante para a faculdade, pois ele é usado para

concretizar a criatividade, organização e inovação, sendo necessário para observar

e implementar os detalhes das atividades que poderá ser desenvolvidas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com base nessa análise do mercado aparecem os pontos fracos, fortes,

ameaças e oportunidades. Analizando a situação problemática juntamente com a

análise SWOT (fraquezas, oportunidades, forças e ameaças) foi possível determinar

os pontos fortes e os pontos fracos da instituição. O plano de marketing visa,

também, desenvolver esses pontos fracos assim como aprimorar os pontos fortes.

Pois, é importante agir sob forças, mas ter as fraquezas sob controle (COBRA,

2006).

Durante o processo de elaboração do plano de marketing, é necessário fazer

uma avaliação em relação às forças e as fraquezas que possui, corrigindo todas as

fraquezas da instituição e destacando suas forças que são:

Forças Recursos e capacidades, (posicionamento, conceito da empresa,

participação de mercado, professores experientes no mercado).

Franqueza Vulnerabilidade, (nº de habitantes, localização, baixo conceito

perante o mercado, custos e localização desfavorável).

Oportunidades Crescimento, (necessidades não aceitas ao consumidor,

aumento do poder de compra do mercado e disponibilidade de

linhas de credito, Prouni, Fies).

Ameaças Mudanças no ambiente, (mudanças no padrão de consumo,

lançamentos de produtos substitutos do mercado e redução do

poder de compra, situação do mercado, pouca demanda, cursos

técnicos).

Quadro 1 – Análise SWOT – Tópicos

Barros e Lehfeld (2000, p. 68), por sua vez atestam que a pesquisa científica

consiste na observação dos fatos tal como ocorrem espontaneamente na coleta de

dados, no registro de variáveis, presumivelmente relevantes para análises

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posteriores. Esse raciocínio aponta a informação coletada atua como um forte

instrumento de soluções.

Gráfico n. 1 – Faixa etária dos acadêmicos

De acordo com o gráfico n.1, temos 44% dos entrevistados que possui de 20

a 24 anos de idade, e 29% com a idade de 25 a 34, já com 25% na faixa de 35 e

acima 40 e que mostra o interesse do jovem em responder sobre assunto de

educação.

Gráfico n. 2 – Renda familiar e curso desejado

Para Cobra (2009), o preço pode ter várias avaliações, isto depende das

diferentes realidades que as pessoas estão inseridas, como também a renda. No

gráfico n. 2, vem apresentando a renda de 1 e 2 salários mínimo temos 60% dos

entrevistados e com 28% ganhando de 3 a 4 mínimos, e 7% com rendimento de 5

salários e acima, e 5% não quiseram responder, é um dado que condiz com a

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situação economia atual, sendo a maioria jovens e com renda para freqüentar uma

instituição de ensino superior.

Podemos ver uma diversificação de escolhas dentre os cursos ofertados pela

faculdade considerando o universo questionado, vemos que não teve muita

concorrência, sendo administração com 13%, agronomia 12%, ciências contábeis

7%, educação física 11%, enfermagem 10%, farmácia 11%, veterinária 13%, já no

critério outros com 19% houve diversas sugestões.

Como diz Mattar (2007, p. 64). “Tanto o método da comunicação quanto o da

observação possuem vantagens e desvantagens e cabe ao pesquisador,

conhecendo umas e outras de cada método, fazer a escolha mais adequada para

atender às necessidades de sua pesquisa.”

Como se percebe nas organizações para dar continuidade no plano é

necessário montar uma estratégia de marketing na qual são utilizadas as

informações coletadas e os objetivos determinados.

A análise do ambiente, do mercado e o foco no cliente, são necessários para

entender a estratégia do composto. Ou seja, a estratégia dos 4 P’s. que são produto,

preço, praça e promoção com isso podemos analisar os dados da Faculdade

Univértix:

Pontos fracos Pontos fortes

Divulgação dos cursos.

Poucos funcionários para atendimento.

Horário de atendimento limitado.

Faculdade pertence a um grupo forte.

Possui boa localização regional.

Um bom atendimento ao cliente.

Preço competitivo.

Ameaças Oportunidades

Aumento da concorrência, e oferta do Ensino

a Distância.

Concorrência com menor preço.

Grande procura de cursos técnicos.

Investir em alunos de escola pública.

Crescimento da economia 2010 e 2011.

Palestras com alunos concluintes do 2º grau

Grande procura de cursos técnicos.

Quadro 2 – Diagnóstico da Faculdade Vértice

Kotler (2003, p. 204) afirma que “as empresas excelentes almejam superar as

expectativas dos clientes”. É com este conceito que a empresa se prepara para

atender seu publico alvo, com um esforço dirigido para suprir carências no mercado

e atender com mais agilidade e confiança na certeza de um bom serviço prestado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na era da informação, é como se as pessoas estivessem sempre prontas

para se surpreender com o que lhe oferecem, esse é o novo sistema de ensino que

a Faculdade Univértix vem a implantar no meio do ensino superior visto no estudo

acima.

Esta Pesquisa de Marketing revelou e descreveu dados seguros sobre o

universo investigado na cidade de Matipó/MG no ano de 2010, com informações que

podem servir para a racionalização da tomada de decisões futuras. Uma variável

importante é o preço, que apresenta como fator que determina a escolha da IES

pelos alunos.

Também esses resultados indicam que, ainda há o que se desenvolver em

termos de um planejamento de marketing para elaborar um plano para a divulgação

do curso de Administração, implementar a divulgação em locais freqüentados pelo

publico alvo e capacitar graduandos, para fazer palestras nas escolas, grêmios com

o intuito de disseminar os conhecimentos adquiridos na sala, e divulgando a IES.

REFERÊNCIAS

BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodologia Científica: um guia para a iniciação científica. 2.ed. São Paulo: Makron Books, 2000. BASTA, Darci; MARCHESI, Fernando Roberto de Andrade; OLIVEIRA, José Antônio Ferreira de; SÁ, Luiz Carlos Seixas de. Fundamentos de Marketing. 7. Ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. BOTELHO, Déborah. A Utilização do Marketing na Administração de Instituições de Ensino Superior – IES. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/a-utilizacao-do-marketing-na-administracao-de-instituicoes-de-ensino-superior-ies/20838/>. Acesso em 20 Nov. /2010. COBRA, Marcos. Marketing . 2. ed. São Paulo:Cobra, 2006. COBRA, Marcos. Marketing Básico: uma perspectiva brasileira. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2009. IBEGE. Cidades – Minas gerais. Disponivel em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acessado em 20 Agot. /2012.

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KOTLER, Philip. Marketing de A a Z: 80 Conceitos que todo profissional precisa saber. 3. ed. Rio de Janeiro: Campos, 2003. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice, 2006. KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 5. ed. – 7. Reimpr. - São Paulo: Atlas, 2008. MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de marketing: edição compacta. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007 MAZZETTO, Marcos. Estudo de um Plano de Marketing para Empresas. Disponível em: <http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_23616/artigo_sobre_estudo_de_um_plano_de_marketing_para_empresas>. Acesso em 20 Agot. / 2012. MEC. Portaria n.º 1.679 de 2 de dezembro de 1999. Disponivel em: <http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/c1_1679.pdf> Acessado em 20 Agot. /2012. NETO, Leon Iotti. Percepção da Qualidade dos Serviços Prestados em uma Instituição Privada de Ensino Superior. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/10169/000499600.pdf?sequence=1>. Acesso em 02 Set. 2010. SANTOS, Glauber Eduardo de Oliveira. Cálculo amostral: calculadora on-line. Disponível em: <http://www.calculoamostral.vai.la>. Acesso em: 05 Abr /2012. UNIVÉRTIX. Faculdade. Disponivel em: <http://faculdadevertice.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17&Itemid=18>. Acesso em 20 Set. /2010).

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GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Getulio Ferreira dos Santos – Graduado em Administração. Maria Aparecida Salles Franco - Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade

Maria Helena Sleutjes - Especialista em Instituição de Ensino Superior. Mestre em Administração Pública. Professora dos Cursos de Pós-graduação da Faculdade

Vértice - UNIVERTIX. [email protected]

RESUMO

Na gestão dos resíduos sólidos urbanos há de se considerar a heterogeneidade dos materiais, potencialidades comerciais e de contaminação do ambiente, portanto quem lida com a gestão de resíduos tem que estar bem informado sobre riscos e a importância do maior aproveitamento possível. Sabedores de que este processo depende não só do interesse do cidadão, mas especialmente do poder executivo, este trabalho buscou dentro da micro-região do Manhuaçu, formas diferentes de gestão de resíduos sólidos em três municípios, que serão tratados como município A, B e C. Empregando questionário estruturado e observação participante do pesquisador, foram encontradas três situações administrativas distintas para municípios de uma mesma região. PALAVRAS-CHAVES: Gerenciamento; Sustentabilidade; Gestão; Resíduos. INTRODUÇÃO

O aumento da população mundial e o crescimento dos centros urbanos sem

planejamento provocam conseqüências e problemas ambientais, portanto tornou-se

necessário elaborar políticas públicas específicas para mitigar a degradação

ambiental (MAREGA, 2011). Segundo a Agenda 21 o lixo urbano é hoje um dos

mais sérios desafios na ordem sanitária e ambiental para qualquer gestor de cidade

no Brasil e no mundo (AGENDA 21, 1992, p 43) 3.

Conforme dados do IBGE (2008):

O Brasil já tem mais de 180 milhões de habitantes. Segundo as projeções, o país apresentará um potencial de crescimento populacional até 2039, quando se espera que a população atinja o chamado “crescimento zero”. Vale ressaltar que se o ritmo de crescimento populacional se mantivesse no mesmo nível observado na década de 1950 (aproximadamente 3% ao ano), a população brasileira chegaria, em 2008, a 295 milhões de pessoas e não nos 189,6 milhões divulgados pelo IBGE.

As atividades humanas resultam na geração de resíduos sólidos, e esses

precisam ter um destino adequado. Segundo a Lei federal 12.305 de 02/08/2010,

3 Agenda 21- Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

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independente de o gerador de resíduo ser publico ou privado, o destino adequado é

de responsabilidade de quem o gerou (BRASIL, 2010). De acordo com PAVAN

(2007), a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na NBR 10.004 (2004),

classifica os “resíduos como qualquer sobra resultante de atividades de origem

industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviço e de varrição”.

A forma como são realizados os descartes dos resíduos do consumo humano

influência a vida da população, assim o que acontece com o lixo deve ser

preocupação de todos, e não apenas do poder público.

O objetivo geral dos assentamentos humanos é melhorar a qualidade social, econômica e ambiental (...) em especial dos pobres de áreas urbanas e rurais. Essas melhorias deverão basear-se em cooperação técnica, na cooperação entre os setores público, privado e comunitário, e na participação, no processo de tomada de decisões, de grupos da comunidade (...) (AGENDA 21, 1992, p 84).

Deve-se destacar que o direito essencial à vida, higiene, moradia, saúde e a

um meio ecologicamente equilibrado, são condições presentes na Constituição

Brasileira e exigem atitudes dos governantes para serem postas em prática e

cumpridas.

Assim, Fraga (2003, p. 33) ressalta que:

Art. 225 – todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações.

Uma alternativa tem sido a coleta seletiva do lixo. E para tentar minorar o

problema ambiental causado pelo descarte impróprio do lixo, o governo federal

sancionou a Lei nº 11.445/07, que estabelece diretrizes nacionais para o

saneamento básico e para a Política Nacional de Saneamento Básico (FERREIRA,

2008).

Para compreender a complexidade da gestão de resíduos sólidos em cidades

de menor porte foi realizado um estudo de caso sobre a atual situação de três

cidades da micro-região do Manhuaçu, macro região Zona da Mata. Todo município

precisa organizar sua política de gestão dos Resíduos Sólidos. Essa diretriz deve

programar e abranger a participação total da sociedade, objetivando mudanças nas

atitudes.

OBJETIVO GERAL

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Objetiva-se com este estudo inventariar os principais problemas e soluções

encontrados na gestão de resíduos sólidos nos municípios A, B e C, localizados na

micro-região de Manhuaçu. Buscou-se na escolha dos municípios apresentar as

diferentes formas de gestão de resíduos que melhor ilustrem o quão diversificado

ainda é este processo no interior.

A QUESTÃO DOS RESÍDUOS

Durante muito tempo lixo e resíduos sólidos possuíam fundamentalmente o

mesmo significado, porém presentemente são distinguidos da seguinte maneira:

Lixo: Tudo aquilo que não tem como ser reaproveitado ou reciclado;

Resíduos: Todo material que ainda permite ser parcialmente ou integralmente

usado. Os resíduos sólidos foram classificados com a finalidade de especificar a

mais adequada tecnologia no tratamento, reaproveitamento e/ou destino final

(ABNT, 2004).

Classificação de resíduos: “A NBR 10.004/87 substituída pela NBR – ABNT

10.004/2004, publicada em 31 de maio de 2004” (ABNT, 2004). Elaborada no âmbito

da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) determina os novos critérios

técnicos para a classificação dos resíduos sólidos.

E segundo Pinheiro (2008, p. 13) corroborando com as normas da ABNT

(2004) destaca que:

A definição encontrada em dicionários técnicos para metais pesados é a de elementos químicos com densidade acima de 4 ou 5 g/cm3. Entre os ecotoxologistas, no entanto, o termo metal pesado é usado para os metais capazes de causar danos ao meio ambiente. A divergência no que se refere aos metais pesados não reside apenas na definição.

De acordo com a nova NBR 10.004/2004 a classificação para gerenciar os

resíduos determina dois grupos: Classe I – Perigosos Nos anexos A e B constantes

da NBR 10004/04 estão detalhados os resíduos perigosos de fontes não específicas

e os resíduos perigosos de fontes específicas, respectivamente. Estes possuem

uma das seguintes características: Corrosividade, Reatividade, Inflamabilidade,

Toxicidade ou Patogenicidade.

Classe II – Não perigosos. INVENTARIANDO OS PROBLEMAS ENCONTRADOS

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No município “A” houve dificuldade para obter resposta do questionário

formulado. O que será apresentado fez parte da observação participante do

pesquisador. No local que recebe a destinação final dos resíduos sólidos deste

município, estava sendo implantado um aterro controlado que contemplava o

tratamento do chorume produzido. O tratamento do chorume que deveria passar por

uma série de três lagoas revestidas por lona própria sugere que todo o resíduo

orgânico seria destinado a aterramento. Pelas construçoes inacabadas e próprias

para a triagem de materiais recicláveis, leva a crer que haveria uma Usina de

Triagem para a seleção e posterior comercialização destes. Onde observou-se

piscina de contenção de chorume desativada e danificada; a queima do material

depositado, a presença de catadores, presença de animais ; existência de

embalagens de remédios, agulhas e lixo proveniente de uso clínico. Inexistência de

canaletas de captação das águas pluviais.

Município B. Aqui a realidade foi bem diferente da anterior mesmo estando tão

próximos apresentaram dicotomia no modelo de gestão de seus resíduos que aqui

são triados e encaminhados para compostagem e reciclagem. Sendo então

aterrados apenas o referente aos rejeitos contaminantes numa área específica do

aterro controlado. Toda a área da usina e do aterro possui canaletas que recolhem

as águas pluviais que são tratadas em caixas apropriadas. Após o encerramento das

atividades observou-se uma higienização do local com a finalidade de eliminar

odores e a proliferação de insetos. Todos os funcionários utilizavam os EPIs

adequados às suas atividades, os banheiros e refeitório são mantidos em perfeita

higienização. Apesar do município não ter implantado a coleta seletiva, ainda assim

o volume de rejeito é insignificante e o material selecionado é bem superior em

relação ao município “A”.

O município “C” é o que melhor gerencia os seus resíduos pois além de possuir

usina de triagem e compostagem, conta com a parceria entre a prefeitura e a

Cooperativa de Catadores “Aguapé”. Os resíduos de saúde são recolhidos e

tratados pela empresa SERQUIP. A cooperativa possui programa surgido a partir da

implantação da certificação SA 8000, referente à Responsabilidade Social.

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Sendo assim os municípios B e C se encontram em conformidade às

legislações específicas enquanto o município A depende de adequações na sua

gestão dos resíduos sólidos.

SOLUCIONANDO OS PROBLEMAS

De acordo com o apresentado no município A, segue abaixo as soluções para

sua adequação na gestão de resíduos sólidos.

Propõe-se estabelecer um Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos,

passando pelas seguintes etapas:

a) Determinação dos Componentes do Sistema de Gerenciamento: não se deve

determinar modelo ou sistema único de eliminação, mas a integração de medidas

para satisfazer as prioridades dessa gestão.

De acordo com Cândido, ET al. (2008, p.9):

O gerenciamento integrado de resíduos é um conjunto articulado de ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento que uma administração municipal desenvolve (com base em critérios sanitários, ambientais e econômicos), para coletar, segregar, tratar e dispor o lixo de sua cidade.

O princípio de SIGR tem uma hierarquia baseada e aceita nos Quatro RS:

Redução, Reciclagem, Reutilização e Recuperação. (LIXO, [S.d. b]).

b) Redução: A redução dos resíduos é estratégia preventiva, podendo ser realizada

com política de instrumentos regulatórios socioeconômicos. (LIXO, [S.d.b]).

Conforme SANTOS (2007) a diminuição rotulada de “prevenção de resíduo” é

definida pela EPA (Environmental ProtectionAgency)4 como: qualquer modificação

no projeto , na compra, fabricação, uso de insumos ou produtos, incluindo

embalagens, antes que se tornem resíduos sólidos urbanos.

A prevenção inclui o reuso de produtos ou insumos. Dessa forma as atividades

para redução na fonte determinam o fluxo de resíduos antes do ponto de geração.

Além de alongar a vida do produto, o reuso retarda o tempo gasto para estes itens

serem finalmente dispostos como resíduos.

c) Reutilização: A reutilização é um dos métodos possíveis e fáceis de divulgação

entre a população, e na prática acontece com embalagens e produtos (LIXO,

[S.d.b]).

4 EPA – Agência de Proteção Ambiental.

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Assim, conforme Oliveira (2008):

A reutilização é um método de gerenciamento de resíduos, baseado no emprego de um produto com a mesma finalidade para a qual foi originalmente concebido: um exemplo típico é a reutilização das garrafas de vidro. Reutilização é um método de controle útil na minimização da produção de resíduos, mantendo os bens envolvidos com as suas características e funções originais.

A reutilização contempla o menor gasto de matéria-prima original na confecção

de produtos e também um resíduo menor no futuro descarte.

d) Reciclagem: A reciclagem é uma etapa no gerenciamento de rejeitos

reaproveitando material descartado, respeitando suas propriedades fazendo com

que seu uso possa se tornar viável, e de acordo com Silva Filho (2010):

Não dá para seguir em frente com o padrão desregrado e a precariedade com que nos deparamos atualmente. Isso não quer dizer que o trabalho dos catadores e cooperativas não seja importante. Pelo contrário, é indispensável, mas não pode continuar sendo feito sem uma normatização, sem condições adequadas, e na informalidade.

e) Recuperação: É fundamental no gerenciamento, pois diversos processos podem

ser utilizados no beneficiamento gerando produtos ou energia, pois a transformação

esta diretamente ligada a sua composição.

E em Reciclagem (S. d.) encontra-se que:

os resíduos sólidos urbanos contêm frações recicláveis, tais como plástico, papel, embalagens de cartão e cartão, assim como metais. Sem a reciclagem dos resíduos sólidos urbanos, essas frações recicláveis perdem-se. Recuperá-las significa recuperar um produto vendável. Além disso, permite conservar o meio ambiente.

Sendo assim, a recuperação é uma maneira de reaproveitamento onde há uma

provável e significativa perda em relação ao valor anterior do produto. A recuperação

assim vista, pode ser classificada recuperação de energia ou de material (LIXO,

[S.d.a]).

f) Eliminação Final: A última etapa do método gerencial dos resíduos, a eliminação

final, deve ser restrita ao lixo impossível de reutilizar, reciclar ou recuperar.

Soares (2011) afirma que:

Minas Gerais até 2005 apresentava menos de 30% da população urbana dos seus municípios com disposição adequada de lixo. A disposição inadequada causa grandes danos ambientais como contaminação de águas

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subterrâneas e superficiais, e ainda prejudica a saúde pública pela proliferação de insetos, roedores e outros vetores.

O aterro precisa ser considerado integrante indispensável nos planejamentos e

projetos de gestão e não simples depósitos de resíduos.

g) Implantação de medidas de conscientização: Palestras em escolas,

distribuição de cartilhas, capacitação de agentes de saúde.

A IMPORTÂNCIA DA CONSCIENTIZAÇÃO a) Educação Ambiental: Com atuação contínua, progressiva e permanente é

viável modificar relações estabelecidas pelo homem e sua atuação no meio que

ocupa.

Pode-se verificar em Projeto (2005) que:

A Educação Ambiental objetiva estimular, educar e criar o senso crítico dos jovens sobre o meio em que vivem, visando à construção de valores e relações sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências que contribuam para a participação de todos na melhoria das condições sócio-ambientais...

Quando a sociedade participa, torna-se atuante, solidarizando-se com as

decisões tomadas e sendo inserida no processo educativo.

b) Coleta seletiva: Os resíduos se transformam em lixo e a coleta seletiva é um

processo fundamental para o controle destes, desde a seleção no âmbito

domiciliar até a destinação final nos aterros.

Assim Cândido (2008) afirma que:

A implantação da coleta seletiva de lixo é uma das soluções para minimizar o problema dos resíduos urbanos. Além de reduzir a poluição e o risco de problemas de saúde pela contaminação do ar, do solo e da água, a coleta seletiva reduz o volume dos materiais destinados aos aterros sanitários ou controlados.

O Poder Público deve agir garantindo as ações implementadas e a população

deve estar inserida neste processo, construindo conjuntamente responsabilidade

com consciência ambiental. (CANDIDO, 2008, P.18).

c) Construção de indicadores: De acordo com Nora (2007) são necessários

passos para conseguir determinar os objetivos, por isso sugere:

1) Inserir uma discussão sobre a avaliação da administração dos resíduos;

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2) Elaboração de indicadores;

E ainda Nora (2007) alerta que:

A construção de indicadores objetivos pode apresentar dificuldades de mensuração, na medida em que quantificar os resultados negativos de sua ausência e o custo de oportunidade de não realizar uma coleta seletiva torna-se complexo. Pelo motivo de que a diversidade espacial, cultural, de costumes e hábitos, normas ambientais municipais e condições financeiras de diferentes populações resultam em produções de lixo distintas, com características e conseqüências diferentes.

Os parâmetros determinariam a gestão dos resíduos determinados como

relevantes na implantação do GRSU, e que contaria com a participação efetiva da

população nas questões municipais de maneira responsável (NORA, 2007).

RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se um resultado positivo com debates sobre consumismo e destino dos

resíduos, um estudo local, sério, técnico, responsável, visando determinar os

componentes dos resíduos, respeitando a cultura populacional e a forma de inseri-la

na determinação da implantação proposta, participação de empresários, instituições,

no desenvolvimento e acompanhamento das etapas desta diretriz. A ação do poder

público municipal na aplicação das determinações governamentais ambientais na

gestão dos resíduos locais, se estabelecendo dentro das normas legais, a

readequação do processo de gestão e gerenciamento dos resíduos. Inclusão do

município nos programas de benefícios governamentais em todas as esferas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As discussões sobres recursos naturais ocorrem em vários setores, e não se

pode perder esta oportunidade. Observou-se no desenvolver desse trabalho a

diferença de gestão dos resíduos sólidos urbanos nos municípios analisados,

estando estes localizados em uma mesma região e com características comuns

resta concluir que esta divergência é explicada pelo grau de consciência e interesse

do poder público de cada município. Educar pessoas no intuito de modificar seus

hábitos é tarefa árdua, principalmente no momento econômico de bonança atual,

então é imperativo implantar programas que possam minimizar as alterações

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geradas com essa conduta. Cabe aos governantes atuar cumprindo leis,

disseminando a educação ambiental e adequando o município com capacitação

técnica para a gestão dos resíduos. Neste contexto, uma grande causadora de

problemas é a miséria urbana, que é indubitavelmente um enorme vetor de risco

ambiental e da saúde.

REFERÊNCIAS.

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NOTAS SOBRE “QUESTÃO SOCIAL” E POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL

Érica Stoupa Martins – Graduada em Serviço Social. Especialista em Gestão de Recursos Humanos. Mestre em Serviço Social. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.

[email protected]

RESUMO O presente ensaio traz uma breve reflexão sobre as raízes das expressões da

“questão social” e seu enfrentamento sócio-histórico no cenário brasileiro, via políticas sociais públicas. Para tanto, são discutidos os sentidos da expressão “questão social”, suas manifestações imediatas no contexto de desenvolvimento capitalista europeu do século XIX. É abordado o caráter contraditório das políticas sociais, compreendidas tanto como expressões de conquistas históricas do conjunto da sociedade, quanto como estratégia de conservação da ordem social, econômica e política. Por fim, são destacadas algumas tendências recentes das políticas sociais no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Questão social; política social; políticas públicas no Brasil.

INTRODUÇÃO

A Carta Magna brasileira de 1988 é reconhecida como “Constituição Cidadã”,

pois se configura um marco histórico legal que enaltece a ampliação dos direitos

civis, políticos e sociais. Como resultado de um intenso processo histórico de

movimentos populares, a Constituição Federal em vigência é fruto de lutas pela

cidadania democrática e do enfrentamento da “questão social” na Brasil, a favor do

reconhecimento ético e político da dignidade humana.

No entanto, os ideais de justiça e igualdade proclamados ainda contrastam

com a arraigada situação brasileira de desigualdade social, resultante do processo

de concentração de renda e negação de direitos arduamente conquistados. A

dialética da polarização e exclusão social, embora sendo histórica e observada em

âmbito global, se redefine em nossos dias a partir da crise das políticas públicas

engendradas pela fragilização do Estado e da submissão à crença no mercado

como único mecanismo de regulação da sociedade. Assim, vemos prosperar a

defesa da diminuição do papel do Estado como interventor e provedor de políticas

públicas (como educação, saúde, habitação, previdência, etc.) e demais garantias

sociais.

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Nossa proposta de trabalho é refletir sobre as expressões da “questão social”

e as atuais configurações das políticas sociais no Brasil. Para tanto, inicialmente,

resgataremos brevemente o sentido sócio-histórico da expressão “questão social”.

Em seguida, abordaremos a relação entre “questão social” e política social, no

intento de compreender os processos que as envolvem e desenvolvem socialmente.

Objetivamos assim, situarmo-nos perante a realidade brasileira, favorecer a

compreensão de nossa condição de cidadãos de direitos e ainda, de nosso papel

enquanto seres sociais conscientes e atuantes nos rumos de nosso país.

O QUE É “QUESTÃO SOCIAL”.

Existem diferentes compreensões, sentidos e atribuições à expressão

“questão social” e, para desvendarmos as suas origens, propomos a circunscrição

de algumas determinações teóricas e históricas imprescindíveis.

Netto (2001) nos informa que, difundido por volta de 1830 e tratado sob o

ângulo do poder por críticos da sociedade, o termo “questão social” se referia ao

fenômeno da pauperização absoluta e massiva da população trabalhadora no

estágio do capitalismo industrial-concorrencial.

O pauperismo gerado a partir da primeira onda industrializante iniciada na

Inglaterra (a partir de 1775), foi visto como um fenômeno inédito naquele contexto,

pois “era radicalmente nova a dinâmica da pobreza que então se generalizava”,

conforme elucida Netto (2001).

Diferentemente das sociedades precedentes à ordem burguesa, em que a

pobreza estava ligada à escassez, o modo de produção capitalista traz o aumento

da capacidade social de produzir riquezas (bens e serviços) e, em vez de reduzir,

acentua-se a pobreza. Pois, as massas trabalhadoras não tinham acesso efetivo a

tais bens e serviços e suas condições materiais de vida se alteraram sobremaneira a

partir das relações sociais capitalistas.

Porém, Netto (2001) destaca:

A designação desse pauperismo pela expressão “questão social” relaciona-se diretamente aos seus desdobramentos sócio-políticos (...) Foi a partir da perspectiva efetiva de eversão da ordem burguesa que o pauperismo designou-se como “questão social” (NETTO, 2001, p. 43).

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Compreende-se aqui, a estrutura histórica e determinada da “questão social”.

No entanto, as manifestações imediatas da “questão social” (forte desigualdade,

desemprego, fome, doenças, penúria, desamparo frente a conjunturas econômicas

adversas etc.), foram postas ideologicamente pelo pensamento conservador como

consequências naturais, desdobramentos da sociedade moderna que então se

erguia. Supondo, portanto, uma intervenção política limitada sobre as manifestações

da “questão social”, visando apenas amenizar e reduzí-las, a partir de um ideário

reformista sem alterar as instituições fundantes do capitalismo, bem como a

propriedade privada dos meios de produção.

Apesar da expressão “questão social” não ter sido utilizada por Karl Marx, os

processos sociais que ela traduz encontram-se no centro de suas análises sobre o

“processo de produção do capital”, descritas na publicação do primeiro volume de “O

Capital”, em 1867. Marx vislumbra que a dinâmica da “questão social” não é mera

sequela transitória do regime do capital ou manifestação imediata do pauperismo e

de problemas sociais que a ordem burguesa herdou. Sua existência e suas

manifestações são indissociáveis e constitutivas do desenvolvimento do capitalismo,

pois são determinadas pela relação de exploração do capital sobre o trabalho.

Sob esse mesmo ângulo, Iamamoto (2007) pontua que, a gênese da questão

social na sociedade burguesa,

Deriva do caráter coletivo da produção contraposto à apropriação privada da própria atividade humana – o trabalho –, das condições necessárias à sua realização, assim como de seus frutos. É inseparável da emergência do “trabalhador livre”, que depende da venda de sua força de trabalho como meio de satisfação de suas necessidades vitais. Assim, a questão social condensa o conjunto das desigualdades e lutas sociais, produzidas e reproduzidas no movimento contraditório das relações sociais, alcançando plenitude de suas expressões e matizes em tempo de capital fetiche (IAMAMOTO, 2007, p. 156).

A RELAÇÃO ENTRE: “QUESTÃO SOCIAL” E POLÍTICA SOCIAL.

A compreensão teórica de Marx acerca da gênese da desigualdade social no

capitalismo, instrumentaliza teoricamente os sujeitos políticos à frente do movimento

operário no século XIX, à superação desse modo de produção. Momento histórico

no qual os trabalhadores tomam consciência coletiva dos interesses da classe, se

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organizam e lutam pela garantia de direitos, dentre eles, as políticas sociais

públicas.

Em suas elaborações, Iamamoto (2007) examina que as políticas sociais,

segundo a perspectiva marxista, têm o objetivo de assegurar as condições

necessárias ao desenvolvimento do modo de produção capitalista, garantindo o

acúmulo do capital. Sendo assim, a funcionalidade estatal de primeira ordem, da

política social do Estado no capitalismo diz respeito à preservação e ao controle da

força de trabalho ocupada (mediante a regulamentação das relações trabalhistas) e

excedente (através da prestação de serviços sociais e assistenciais). Além da

função meramente econômica, agora, possui funções políticas e sociais.

Se por um lado, as políticas sociais são utilizadas como estratégias de

controle e dominação por parte do Estado burguês, para manutenção de sua

hegemonia, ao fazer certas “concessões” para a classe trabalhadora, por outro, são

também expressões de conquistas históricas da classe trabalhadora dominada e

que vão provocar alterações em suas condições de vida e de trabalho, expressando-

se, assim, o seu caráter contraditório.

Para entanto, o esforço explicativo acerca da “questão social” e da política

social no capitalismo, com base na tradição marxista é pertinente aos dias atuais -

sintonizam Behring e Boschetti (2006), pois:

Esse processo - a configuração da desigualdade, que tem relação com a exploração dos trabalhadores, e as respostas engendradas pelas classes sociais e seus segmentos, a exemplo das políticas sociais - se expressa na realidade de forma multifacetada através da questão social (BEHRING e BOSCHETTI, 2006, p. 52).

Assim, revela-se a íntima relação entre “questão social” e política social. As

políticas sociais e os padrões de proteção social são desdobramentos, respostas e

formas de enfrentar (geralmente setorizadas e fragmentadas) às variadas

expressões da “questão social” no processo histórico de desenvolvimento do

capitalismo, atreladas às relações de exploração estabelecidas nesse modo de

produção.

“QUESTÃO SOCIAL” E POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL.

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Em sua obra “Política social: fundamentos e história”, Behring e Boschetti

(2006) discutem o desenvolvimento histórico da política social a partir de suas

determinações e funções desde sua gênese nos países capitalistas centrais e na

sociedade brasileira, considerando a mediação fundamental do Estado e sua

vinculação às lutas sociais.

Ao traçar a trajetória recente das políticas sociais no Brasil, interligadas ao

cenário de expansão capitalista mundial, as autoras dão destaque às suas facetas:

focalização/seletividade e “políticas pobres para pobres”; descentralização encarada

como desconcentração e desresponsabilização do Estado; além de sua privatização

para os que podem pagar.

Ao tornar seletivo o acesso às políticas sociais, ocorre a inversão do direito

constituído de universalidade, para a focalização dos serviços e benefícios sociais

somente aos que não podem pagar e são “comprovadamente pobres”, excluídos do

mercado de trabalho. Substituindo políticas sociais por ações de caráter

assistencialista, transitório, focalizado, de baixo impacto e reduzida efetividade. A

população pobre é majoritária e é a que mais demanda serviços sociais básicos e

permanentes; restringindo e focalizando o acesso a estes serviços não é possível

abarcar toda esta demanda, excluindo, portanto, os considerados “não pobres” e

também os próprios pobres.

Já com a descentralização dos serviços sociais, o nível federal de governo

transfere “o problema” para os municípios, passando a responsabilidade sobre

serviços deteriorados e sem financiamento. Sob o argumento de buscar equidade e

eficiência social, na realidade dá vazão à perda do controle fiscal e à corrupção (a

exemplo de manobras políticas e eleitoreiras).

A redução da ação do Estado na área social, intervindo precária e

focalizadamente, cria assim, uma demanda lucrativa para os serviços privados e por

outro lado, promove a ação voluntária e filantrópica do chamado “terceiro setor”,

substituindo a intervenção estatal. Cedendo suas responsabilidades à sociedade

civil (via filantropia, ações voluntárias, solidárias e filantrópicas, organizações não

lucrativas e não governamentais) e ao setor privado (via mercantilização das

políticas públicas).

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Laura Tavares Soares enfatiza que, se verifica uma substituição dos agentes

públicos estatais por organizações não-governamentais para desenvolver ações

sociais financiadas com recursos públicos. A qualidade do serviço prestado por

estas organizações é comprometida por vários fatores: incapacidade técnico-

profissional para desenvolver ações na área social; reduzido impacto e efetividade

das ações, dado número reduzido de atendimentos; ausência de transparência em

relação aos critérios de acesso aos programas e ausência de mecanismos de

controle social, descaracterizando o público para o discricionário (SOARES, 2003).

Enquanto isso, a privatização abre todas as atividades econômicas rentáveis

aos investimentos privados; com a mercantilização das políticas públicas (saúde,

educação, previdência etc.), somente os que podem pagar se beneficiam de

serviços de qualidade, restando à grande massa populacional o acesso “gratuito” e

precário no âmbito público.

Conjugado a esse perfil da política social, a política econômica monetarista e

de duro ajuste social, redundam perversamente sobre a sociedade brasileira. O

Estado restringe sua atuação sobre o conjunto da sociedade e os gastos públicos

(especialmente os sociais), deixando de proporcionar econômica, social e

politicamente respostas satisfatórias às expressões da “questão social” vivenciadas

pelas maiorias nacionais.

Behring e Boschetti (2006) utilizam subsídios de uma pesquisa governamental

do ano de 2003, realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)

sobre as condições de vida no Brasil, e sublinham a dualidade e a desigualdade

deflagradas nos indicadores apresentados. Conforme tal pesquisa, apesar de alguns

pequenos avanços, como o aumento da expectativa de vida, da queda dos índices

de incidência de exploração do trabalho de crianças e de uma pequena redução da

mortalidade infantil, a pobreza e a desigualdade prevalecem como estigmas da

sociedade brasileira.

A concentração de renda salta aos olhos, ao se revelar que o Brasil está no

penúltimo lugar entre o conjunto dos países mundiais em distribuição de renda. Os

programas focalizados nos indigentes (ou seja, que possuem renda familiar inferior a

¼ do salário mínimo por pessoa da família), associados à estabilidade econômica e

a alguma recuperação do poder de compra do salário mínimo, vem tendo um efeito

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de diminuição da indigência, mas sem alterar a pobreza e a desigualdade

(BEHRING e BOSCHETTI, 2006).

Os indicadores apontam que o desemprego aumentou ao lado do crescimento

da informalidade e a renda dos trabalhadores esteve em queda. Quanto à educação,

registra-se o analfabetismo de aproximadamente 11,6% da população de 15 anos ou

mais, o que se combina às altas taxas de evasão e reprovação escolar. As crianças

têm acesso à escola, mas menos de 70% concluem o ensino fundamental.

Quanto à saúde, as dificuldades de acesso são relacionadas à condição de

pobreza e aumento dos óbitos por causas externas, que atinge principalmente

homens de 15 a 39 anos de idade. Sobre moradia, há uma concentração de mais de

80% da população em cidades, sem infra-estrutura básica, com baixa oferta de

habitações populares, resultando em ocupações informais, irregulares e na

segregação espacial (como é o caso de domicílios sem acesso mínimo aos serviços

de água, esgoto e coleta de lixo). Ou seja, hoje a pobreza é mais urbana que rural.

Behring e Boschetti (2006) fazem alusão à “violência que vem de cima” -

composta de três elementos combinados: desemprego, exílio em bairros decadentes

e estigmatização na vida cotidiana (em geral associada às dimensões étnico-raciais

e de gênero) - e que está presente nos subúrbios de Paris, Nova York, como nas

favelas do Rio, São Paulo e Recife.

As “necessidades básicas” da população são relegadas às conveniências de

ampliação de capital (acumulação, concentração, lucro). Como resposta às

exigências de reorganização do processo de acumulação capitalista, estabelece-se

fronteiras à atuação estatal, reforçando ainda o individualismo e a desigualdade,

como componentes ideológicos funcionais a este fim. Enquanto no plano econômico

a concentração de renda aumenta a distância entre as classes, no social são ainda

mais explícitos os malefícios do neoliberalismo: desemprego, miséria, informalidade,

fim das garantias sociais e trabalhistas, etc. Politicamente falando, a desarticulação

das forças sociais e seus movimentos e o desmonte de suas conquistas e direitos.

No entanto, Behring e Boschetti (2006) nos congregam e advertem :

(...) levar as políticas sociais ao limite de cobertura numa agenda de lutas dos trabalhadores é tarefa de todos os que têm compromissos com a emancipação política e a emancipação humana, tendo em vista elevar o

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padrão de vida das maiorias e suscitar necessidades mais profundas e radicais (BEHRING e BOSCHETTI, 2006, p. 190).

Cientes de que a sociedade é produto da ação humana histórica, acreditamos

no poder que emana do povo como forma deliberativa de efetivação de direitos,

ampliação dos canais de exercício da cidadania, rumo aos almejados patamares de

liberdade, igualdade e justiça social. Para tanto, reforçamos a necessidade de

alargamento dos canais de participação popular e controle social em todos os níveis

do poder público: seja municipal, estadual ou federal – nos variados conselhos de

direitos, fóruns de discussão, assembleias públicas, etc. E enaltecemos a educação

como o caminho possível para aquisição de consciência e ação crítica sobre a

realidade, que conduzirá o conjunto da sociedade a uma vida digna e plena.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A “questão social” envolve um conjunto de problemas políticos, sociais e

econômicos que atingem as maiorias sociais em nosso país. Exclusão social,

desemprego, pobreza, miséria, falta de acesso e negações de direitos sociais e

serviços públicos são algumas de suas mais perversas expressões, constituídas

historicamente nas sociedades.

Já as políticas sociais públicas, constituem parte das garantias instituídas pela

Constituição Federal de 1988, abarcando a amplitude dos direitos conquistados

legalmente – igualdade perante a lei, igualdade de participação política e igualdade

de condições econômicas. Assim, o Estado deve materializar parte do fundo público

na implementação de políticas sociais para fazer frente às variadas facetas da

“questão social” e favorecer a igualdade de condições econômicas.

No entanto, como vimos ao longo deste trabalho, alinhado à tendência do

capitalismo global, o Estado brasileiro desenvolve-se politicamente de acordo com o

receituário neoliberal, limitando sua intervenção no mercado e reduzindo os gastos

públicos, especialmente no provimento de políticas sociais. Tal responsabilidade tem

sido transferida para a iniciativa privada, a filantropia, enfim, para o conjunto da

sociedade civil. Enquanto as políticas públicas que ainda restam, são caracterizadas

pela seletividade e focalização.

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Contrariando os pressupostos neoliberais, elucidamos que, o Estado é o

grande responsável pelo desenvolvimento nacional com a garantia efetiva dos

direitos dos cidadãos. É dos poderes públicos que devem ser cobradas políticas

agrária, educacionais, de saúde, habitação, previdenciária, dentre outras. Sendo

assim, a sociedade brasileira dever se voltar ao alcance da meta da igualdade socio-

enconômica não só por meio de leis, mas pela correta implementação de políticas

verdadeiramente públicas e demais programas de ação do Estado. Cientes disto,

mais uma vez, enaltecemos a importância da participação popular nos variados

canais de controle social.

REFERÊNCIAS BEHRING, Elaine Rossetti.; BOSCHETTI, Ivanete. Política social - fundamentos e história. São Paulo: Cortez, 2006. IAMAMOTO, Marilda Villela. Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social. São Paulo: Cortez, 2007. NETTO, José Paulo. Cinco notas a propósito da “questão social”. In: Temporalis. Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. Ano 2, nº 3. Brasília: ABEPSS, Grafline, 2001. SOARES, Laura Tavares. O desastre social. Rio de Janeiro: Record, 2003.

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O PERFIL DOS CLIENTES JURÍDICOS DA EMPRESA “ÁGUA MINERAL DIVINA PUREZA” E SUAS PREFERÊNCIAS EM RELAÇÃO À COMPRA DO PRODUTO

Aline de Paiva Costa Fabiene Dutra Mendes, Leiliane de Abreu Silva, Patrícia

Sanglard de Freitas - Graduadas em Administração – Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.

Guanayr Jabour Amorim - graduado em turismo e mestre em Meio Ambiente e sustentabilidade. Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.

Rosélio Marcos Santana - graduado em sistemas de informação, licenciado em matemática, Pós-graduado em MBA e Gestão de Pessoas e Negócios. Professor da

Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. [email protected]

RESUMO

Devido à competitividade no mercado e as diversas inovações tecnológicas, uma organização para crescer e acompanhar o mercado precisa satisfazer as necessidades dos clientes, procurando entender o comportamento das pessoas na aquisição dos produtos, os seus desejos e necessidades para proporcionar assim a sua contínua satisfação além de conquistar de novos clientes na compra de seus produtos e serviços. O planejamento de marketing é essencial na empresa, onde as estratégias e ações devem ser inseridas corretamente para que as mudanças nos produtos e serviços possam se diferenciar no mercado e satisfazer os clientes.

PALAVRAS-CHAVES: Marketing. Clientes. Satisfação.

INTRODUÇÃO

Para uma empresa crescer e se destacar no mercado ela precisa buscar

meios de satisfazer seus clientes oferecendo-lhes produtos e serviços de maior

qualidade e com um baixo custo e como isso obter lucros e atingir seus objetivos. E

uma empresa hoje deve ser flexível e inovadora, buscando identificar os desejos,

necessidades e expectativas das pessoas. Com isso foi desenvolvido uma pesquisa

mercadológica na Hidro - Mineração Divina Pureza Ltda. Localizado na Estância

Hidromineral de Águas de Santa Maria, interior de Matipó – MG, foi idealizada em

1998, porém deu início de suas atividades em 2002. Possui uma área de

aproximadamente dois mil metros quadrados de área construída, totalmente

protegida pela natureza. A Fonte Santa Maria possui 180 metros de profundidade e

está localizada a 450 metros da sede onde é realizado a vasão da água. Possui dois

tanques com capacidade de 70 mil litros cada. Sua vazão é de 4.300 litros/hora e

está devidamente registrada no Departamento Nacional de Proteção Mineral

(DNPM) e Ministério da Saúde. É classificada como Água Mineral Natural

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Fluoretada. Todo processo de ênfase é feito por meio de máquinas modernas em

aço inoxidável, com o acompanhamento de profissionais capacitados. Realiza

análises diárias em laboratório próprio, e está sempre em busca do equilíbrio com a

natureza na extração de água mineral, com o máximo de qualidade e tecnologia.

Através disso a presente pesquisa visa identificar o perfil dos clientes jurídicos

da empresa “Água Mineral Divina Pureza” e suas preferências em relação à compra

do produto.

Confirmando Kotler; Keller (2006, p. 102) as empresas realizam

levantamentos para aprender sobre o conhecimento, as convicções, as preferências

e o grau de satisfação das pessoas e mensuram essas magnitudes na população

em geral.

METODOLOGIA

Essa pesquisa exploratória foi realizada através da aplicação de questionários

via telefone com os 30 clientes jurídicos cadastrados no banco de dados da empresa

“Água Mineral Divina Pureza”. Até a data de maio de 2010, momento em que a

pesquisa foi realizada, este era o número total de clientes que constava no banco de

dados da empresa. A pessoa que respondeu o questionário foi o funcionário da

empresa que era o responsável pelas compras.

O questionário fechado identificou informações como: tempo de existência

das empresas no mercado, formas preferenciais de pagamentos, meios de

comunicações de massa utilizados para recolher informações, entre outros.

A “Água Mineral Divina Pureza” fica localizada na zona rural do município de

Matipó - MG, que se limita com os municípios de Abre Campo, Caputira, Manhuaçu,

Santa Margarida e Pedra Bonita, ambos no Estado de Minas Gerais.

Após ter coletado todas as informações necessárias foi realizado o registro

dos dados e a formalização ordenada das informações coletadas (tabulação) sendo

estes desenvolvidos com a utilização do software SPSS 17.0®. Depois da fase de

coleta e registro dos dados foi desenvolvido o presente relatório com auxílio, que

contem gráficos e suas análises, trazendo então o resultado da pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

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Devido à competitividade no mercado, as organizações vêm buscando

conhecer e satisfazer as necessidades dos consumidores, procurando assim

entender o comportamento das pessoas na aquisição dos produtos.

De acordo com Kotler (2008), as empresas devem fazer um trabalho de

qualidade no atendimento e procurar satisfazer as necessidades dos consumidores,

onde as empresas que são centradas são adeptas em criar consumidores, não

apenas em criar produtos. Para uma empresa possuir uma administração de

marketing correta, ela deve possuir algumas capacidades como, entender o valor

para o cliente, criar valor para o cliente, entregar valor para o cliente e sustentar o

valor para o cliente, mas para que essas atividades sejam executadas corretamente

a existência de um planejamento estratégico é essencial. (KOTLER, 2006)

Confirmando Kotler, Armstrong (2000) diz que a satisfação do cliente

depende da qualidade do produto em relação às expectativas do

comprador/consumidor, se a qualidade se equipara as expectativas o comprador fica

satisfeito, se o produto não atender as expectativas do cliente ele ficará insatisfeito.

As empresas mais inteligentes têm como meta satisfazer os clientes, prometendo

somente o que podem oferecer e depois oferecendo mais do que prometem.

Segundo Klotler (2008), o marketing direto pode ser planejado para atingir

clientes no momento adequado. Seus materiais de comunicação recebem índice de

leitura porque são enviados as pessoas mais interessadas. Permite o teste de

mídias e mensagem alternativas para melhor definição da abordagem mais eficaz

em termo de custo beneficio. Também torna a oferta e a estratégia da empresa

menos visível aos concorrentes.

Figura 1. Tempo de existência da empresa no mercado

Pode-se analisar de acordo com a figura 1, que 50% das empresas

entrevistadas que compram a Água Mineral Divina Pureza estão no mercado a

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11anos ou mais, assim, pode-se perceber que a metade as empresas pesquisadas

já possuem uma boa experiência para com a comercialização, logística e inserção

deste produto com maior facilidade no mercado regional, proporcionando, portanto,

um cenário de ofertas de comercialização interessante para a Empresa Divina

Pureza no desenvolvimento de ações de planejamento de marketing de vendas para

contribuir com o aumento das vendas em períodos de sazonalidade do produto.

Figura 2. Projeção de compras em valores

Tendo em vista que a Água Mineral é um produto sazonal, a projeção desse

produto pelos clientes pode ter uma variação em relação ao período do ano. Mas de

acordo com o resultado acima pode-se identificar que 43,3% dos clientes

pesquisados realizam compras de valores que variam entre R$ 500,00 a R$

1.000,00.

De acordo com Rocha; Christensen (1999) quando o produto apresenta

sazonalidade acentuada e a empresa deseja vender de forma mais uniforme durante

um período específico, podem ser ofertados descontos aos clientes, com o propósito

de estimular a compra de mercadoria até determinada data. Dessa forma, a

empresa pode investir em parcerias em eventos com intuito de divulgar e vender o

produto.

Frequência de Compra

23,30%

40,00%

36,70%SEMANALMENTE

DE 15 EM 15 DIAS

MENSALMENTE

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Figura 3. Freqüência de Compra

Pode-se perceber que 40% das empresas pesquisadas realizam suas

compras quinzenalmente, 36,70% mensalmente e 23,3% semanalmente. Analisando

os resultados, percebe-se que a compra da Água Mineral Divina Pureza está tendo

um giro rápido dentro das empresas já que a maioria das compras são efetuadas em

um curto período. Porém, existem fatores que influenciam na compra dos produtos

que é à sazonalidade, clima da cidade e cultura da população. “Uma boa estratégia

que a empresa pode adotar é a elaboração de um plano de vendas com análise,

projeção, objetivos das vendas e síntese, para estimar o potencial de mercado” (LAS

CASAS, 2011, p. 79).

Kotler; Keller (2006) afirma que quanto mais alta for a motivação do vendedor,

maior será seu esforço. Um esforço maior conduzirá a um desempenho melhor, um

desempenho melhor levarão a maiores recompensas, maiores recompensas leva a

uma maior satisfação, e maior satisfação reforçará a motivação.

Como nos informa Cobra (2012, p. 21) “a atividade de vendas é classificada

como ferramenta promocional entre propaganda, promoção de vendas,

merchandising e relações públicas”.

Pode-se perceber que 40% das empresas pesquisadas não trabalham com

outra marca de Água Mineral, que 20% trabalham com outra marca, e os outros 40%

ainda trabalha com uma marca de água. Isso mostra uma boa estratégia de

investimento em logística e distribuição, pois faz com que a Água Mineral Divina

Pureza busque ampliar seu mercado na região tomando espaço das outras marcas

que ainda são adquiridas pelos clientes. Segundo Las Casas (2011, p. 251) “alguns

autores afirmam proporcionar a distribuição também como utilidade de posse.

Através da rede de distribuição, os produtos chegam às mãos dos consumidores. Os

produtos mais desejados são aqueles que contribuem para esta satisfação”.

Como foi citado anteriormente, 40,0% não trabalha com outras marcas de

água, somente com a Água Divina Pureza, 10,0% das empresas pesquisadas

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trabalham com outra (s) marca (s) devido ao preço, e 10% por questão de fidelidade

com outras. Ambos os fatores estão relacionados ao tempo de existência das

empresas no mercado, porque através do tempo ela consegue obter maior número

de consumidores e clientes, o que consequentemente leva a ter um volume maior de

vendas, podendo proporcionar descontos, bonificações, premiações entre outros, de

forma a fidelizar os seus consumidores.

Conclui que a empresa que consegue atender e superar as expectativas dos

clientes após a venda do produto, leva o cliente a comprar a mesma marca várias

vezes transformando-se assim em um cliente fiel a marca, desejo de toda

organização (BASTA; MARCHESINI; OLIVEIRA; SÁ, 2008).

Figura 4. Aumento do mix de produtos

Pode-se perceber que 40% das empresas pesquisadas estão satisfeitas com

o mix de produtos oferecidos pela Água Mineral Divina Pureza. Algumas das

empresas responderam que a água deveria aumentar o mix de produtos, mas foram

apenas 3,3% para sucos, água de 5 Litros e para mais variedades o que não

apresenta grande relevância. Mas 46,8% das empresas gostariam que a empresa

oferecesse em seu mix de produtos, água com gás e a água de copinho. Esse é um

número relevante onde a empresa deve analisar cautelosamente, porque a inserção

desses novos produtos no mercado pode levar ao aumento de novos clientes e

conseqüentemente aumentar as vendas dos demais produtos, assim como a

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demanda de colaboradores na linha produção, e aquisição de novos equipamentos

de produção.

O percentual correspondente a 56,7% responderam que tomaram

conhecimento da existência do produto através do boca a boca e 40% através de

representantes da Distribuidora de Alimentos do Grupo Gardingo. Percebe-se assim

que o boca a boca tem grande influência na divulgação dos produtos. Mas outra

forma que a empresa pode utilizar para divulgar seu mix é através da construção de

web site, confecção de panfletos para envio de malas – diretas propagandas em

rádio locais e a elaboração de um planejamento de visitas por um supervisor interno,

levando assim, o cliente a ter maior interesse em conhecer e adquirir os produtos.

De acordo com Watanabe (2008, p. 107) “Use a internet. Hoje, a empresa que não

está inserida na rede já está perdendo espaço para a concorrência. Fazendo parte

da internet, você pode oferecer um enorme volume de informações aos seus

clientes.”

“Obter visibilidade e reconhecimento do nome como um dos mais de 2

milhões de domínios requer agora um enorme esforço de marketing ou métodos

melhores e mais criativos.” (LODISH, 2002, p. xii)

Figura 5. Como os clientes realizam a compra da Água Mineral Divina Pureza?

A figura 5 permite visualizar como é feito a compra da Água Mineral Divina

Pureza, onde 80% das empresas pesquisadas realizam suas compras por telefone,

e os outros 20% se dividem em representantes da empresa de Água Mineral Divina

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Pureza e representante de compra das empresas pesquisadas. A empresa pode

criar como estratégia a inserção de mais representantes de vendas, pois assim eles

podem conhecer e identificar quais as necessidades dos clientes.

Os dados a seguir permitem analisar a forma de entrega dos produtos da

água, 46,7% das empresas pesquisadas gostariam que fosse entregue todas as

vezes que fosse efetuada a compra 37,6% não têm necessidade desse serviço de

entrega e 16,7% gostaria que fosse entregue somente quando necessário.

Deve ser analisado cautelosamente esse tipo de serviço, pois pode ser uma

maneira de adquirir novos clientes, porém irá gerar despesas com transportes do

produto. É necessário criar uma estratégia de logística estipulando o pedido mínimo

e prazo de entrega para os clientes regulares da empresa.

Através dos resultados obtidos percebe-se, que a realização da compra está

relacionada a diversos fatores, principalmente a facilidade de acesso ao produto e o

atendimento que foram citados pelas empresas pesquisadas como muito importante.

Esses fatores formam um conjunto, que influenciam nas vendas dos produtos e logo

na distribuição do produto comercializado no mercado.

Confirmando Kotler; Keller (2009) a satisfação do comprador após a

realização da compra depende do desempenho da oferta em relação à suas

expectativas. De modo geral, satisfação é a sensação de prazer ou desapontamento

resultante da comparação entre o desempenho (ou resultado) percebido de um

produto e as expectativas do comprador.

Kotler; Keller (2006) afirma que a qualidade total é o segredo para criar valor

e satisfazer o cliente. E, assim como o marketing, ela é obrigação de todos.

Para a empresa alcançar qualidade total, é preciso focar tanto em seus

produtos quanto em seus serviços, identificando as necessidades e exigências dos

clientes, para que atendam as suas expectativas garantindo assim a sua satisfação

e fidelização. Portanto, a empresa pode procurar oferecer cursos de capacitação e

treinamentos para os funcionários, para que possam desempenhar melhor ainda seu

papel dentro da empresa, ajudando-a a identificar as necessidades dos clientes,

mantendo contato após as vendas para assegurar que estejam satisfeitos e que

permaneçam satisfeitos, contribuindo assim para a lucratividade do cliente e da

empresa.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos resultados apresentados, conclui-se que a Água Mineral Divina

Pureza que apesar de pouco tempo no mercado tem alguns pontos fortes e fracos

que podem ser trabalhados. Diante disso recomenda-se para a empresa a

divulgação dos produtos em panfletos, outdoor, cartazes, rádio, propaganda em

eventos, oferecer visitas dos clientes à empresa, oferecer informativos com dicas de

armazenamento e conservação dos produtos e a criação de uma web site onde os

clientes possam conhecer a empresa, sendo uma forma também de efetuar seus

pedidos. Como nos mostra Solomon (2011, p. 61) “Até mesmo a tecnologia pode ser

viciante – como qualquer pessoa com um Black Berry pode atestar: algumas

pessoas chamam esse pequeno aparelho pelo apelido de CrackBerry”. Oferecer aos

clientes/consumidores uma maior variedade no mix de produtos como foi sugerido

pelas empresas pesquisadas, como água com gás e água de copo, levando assim

ao aumento das vendas e conseqüentemente o número de clientes.

Diante de um mercado tão competitivo é preciso conquistar a confiança do

público-alvo garantindo assim a sua fidelização. Para isso pode-se investir em

contratos de exclusividade concedendo aos clientes um melhor preço, desconto nas

compras bonificações entre outros. Deve procurar expandir suas vendas atendendo

novos clientes através de mais representantes em outros estados, de forma que ela

cresça no mercado e contribua cada vez mais para o desenvolvimento da mesma

gerando mais empregos e oportunidades.

REFERÊNCIAS BASTA; Darci. MARCHESINI; Fernando Roberto de Andrade. OLIVEIRA; José Antônio Ferreira de. SÁ; Luís Carlos Seixas de. Fundamentos de marketing. 3. ed. reimp. Rio de Janeiro: FGV, 2008. COBRA, Marcos. Administração de vendas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012 LAS CASAS; Alexandre Luzzi. Administração de vendas. 8. ed. – 6. Reimpr. São Paulo: Atlas, 2011. LODISH, Leonard; MORGAN, Howard Lee; KALLIANPUR, Amy. Empreendedorismo e marketing: lições do curso de MBA da Wharton School. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002.

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KOTLER; Philip; ARMSTRONG; Gary. Introdução ao marketing. 4. ed. Rio de Janeiro: S.A, 2000. ______; Kevin Lane. Administração de marketing: a bíblia do marketing. 12. ed. São Paulo: Editora Pearson Prentice Hall. 2006 ______. Administração de marketing. Análise, Planejamento, Implementação e controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. ROCHA; Ângela da. CHRISTENSEN; Carl. Marketing. Teoria e prática no Brasil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. SOLOMON, Michael R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 9. ed. Porto Alegre: Boockman, 2011. WATANABE, Katsue M. A; SCHETTINI, Maria A. Marketing para pequenas empresas. Viçosa: CPT Centro de Produções, 2008.

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RELAÇÃO ENTRE BLOQUEIOS E VITÓRIAS NO VOLEIBOL DE ALTO NÍVEL: UM ESTUDO DE CASO DA SUPERLIGA MASCULINA 2010-2011

Lindinalva Aparecida Romeiro e Pâmela Cristina Pauferro Lima Brandão –

Licenciadas em Educação Física, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Marcio Lopes de Oliveira – Coordenador e Professor do curso de Educação Física

da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.

Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.

Kátia Imaculada Moreira de Oliveira – Bacharel e Licenciada em Dança – UFV. Especialista em Metodologia da Pesquisa. Professora do curso de Educação Física

da UNIVÉRTIX [email protected]

RESUMO O voleibol é esporte conhecido do povo brasileiro e um dos esportes mais

praticados no mundo. No Brasil o esporte ganha adeptos devido à emoção proporcionada pelas partidas, seja ela disputada por profissionais ou simples amadores. O voleibol se destaca como uma das modalidades esportivas mais reconhecidas devido ao número de conquistas. O objetivo deste estudo foi verificar a relação entre bloqueios e a obtenção de vitórias no voleibol de alto nível. Foram analisadas as partidas da Superliga Masculina de 2010-2011 e tratados os dados de forma descritiva através do Microsoft Office Excel 2007. Conclui-se que o bloqueio é um elemento importante para a obtenção de vitórias no voleibol e cada bloqueio se faz importante em uma partida. A incidência de bloqueios pode ser um fator determinante para se prever as colocações em um torneio devido aos resultados encontrados.

PALAVRAS-CHAVE: Voleibol; Fundamentos técnicos; Vitórias.

INTRODUÇÃO.

O voleibol é muito discutido e praticado por todos os que o torna em um

excelente campo de trabalho para os profissionais de Educação Física. (...) É com

orgulho que podemos dizer que hoje temos o melhor voleibol do mundo, poucos

países possuem, uma equipe masculina e feminina, com resultado internacional tão

bom como o Brasil. O nosso voleibol é, hoje, o mais respeitado do mundo, graças ao

desempenho dos atletas e toda sua comissão técnica. (BOJIKIAN e BOJIKIAN,

2008).

Crisóstomo, 2005; citado por Samulski, Noce e Costa, (2006) afirmam que o

vôlei é muito praticado pela população brasileira nas escolas e clubes e possui uma

estrutura organizacional e profissional que serve de exemplo para muitas

modalidades esportivas.

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Segundo Noce (1999,) citado por Samulki, Noce e Costa, ( 2006,p.87) A

modalidade,como jogo, exige do atleta um bom preparo físico, domínio técnico, ótimo

nível de concentração mental e um bom pensamento tático.

Os atletas brasileiros possuem uma capacidade que poucos jogadores

possuem: a criatividade. Esta característica aliada a um pensamento estratégico da

Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) tem proporcionado inúmeras vitórias ao

País. Segundo estatísticas da CBV (2005) as seleções brasileiras, masculina e

feminina, estão classificadas em 1º e 2º lugares respectivamente no ranking da

Federação Internacional de Voleibol (FIVB). (SAMULKI, NOCE e COSTA, (2006,

p.87)

Os jogos esportivos coletivos caracterizam-se principalmente pela alternância

entre ataque e defesa. A posse de bola geralmente é o que determina o papel

(ofensivo ou defensivo) que a equipe está desempenhando. Por isso quando uma

equipe ataca, a outra tem que defender. O momento de ataque caracteriza-se pela

“progressão” da equipe que detém a posse de bola rumo ao campo adversário. E o

momento defensivo caracteriza-se por ações que tentam defender o próprio campo.

(BAYER, 1986; GRECO e CHAGAS, 1992 citado por ROCHA e BARBANTI, 2004).

O interesse por este tema surgiu ainda muito cedo nos tempos do ensino

fundamental, quando durante as aulas de Educação Física o professor nos

incentivava a jogar vôlei e participar de pequenos campeonatos entre escolas, e o

bloqueio nos chamou atenção por ser um fundamento mais difícil de realizar. Um

assunto muito pertinente, já que o voleibol brasileiro é o melhor do mundo,

despertando interesse para sua prática. Sendo assim o objetivo desse trabalho é

verificar a relação e execução de bloqueios na obtenção de vitórias no voleibol de

alto nível. Este estudo se faz necessário devido à falta de literatura específica na

área pesquisada, pela necessidade em aperfeiçoar os fundamentos dos

treinamentos técnicos tático nessa modalidade esportiva e contribuir com a

evolução do voleibol em âmbito nacional e mundial. Sendo assim surge a seguinte

questão: Qual a relação entre a incidência de bloqueios e obtenção de vitórias em

partidas de voleibol?

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REFERENCIAL TEÓRICO

O vôlei hoje representa muito para o Brasil, pois temos uma grande seleção,

que cada dia, passa ser melhor no que faz. O voleibol desde sua criação tem

evoluído constantemente em todas as suas ações ofensivas e defensivas. Essas

mudanças não se restringem somente as regras, mas também aos termos técnicos e

táticos do jogo. RAMOS ET al., (2004). Isso contribui para que alguns pesquisadores

pesquisassem um pouco mais sobre o voleibol, buscando analisar os fundamentos

que o compõem.

Nesse sentido Rocha e Barbante (2004) realizaram um estudo com o objetivo

de analisar a primeira seqüência de ações do jogo de vôlei com a finalidade de

verificar a influência de alguns fatores selecionados recepção, posição para onde a

bola foi levantada, tipo de bola levantada e destino de ataque sobre o resultado do

ataque. A pesquisa foi realizada através da análise de 20 jogos de voleibol

masculino de alto nível, o que resultou na observação de 77 “sets”. Os resultados

encontrados para explicar o ataque a partir desta análise de regressão mostram que

basicamente dois fatores influenciaram o resultado do ataque: a recepção e o

destino do ataque.

No contexto do jogo de Voleibol é inegável o papel que o ataque sempre

assumiu no desenrolar do jogo, demonstrando-se determinante no sucesso

competitivo das equipes. Para GOUVEA (2005) Uma das conclusões foi a de que a

qualidade das ações avaliadas realmente influenciava no resultado do jogo, em

especial o ataque.

Matias e Greco (2005) também realizaram um estudo para analisar a estatística

oficial da Copa do Mundo de Voleibol 2003 e do Campeonato Mundial 2002,

verificando a participação dos melhores atacantes e dos maiores pontuadores na

classificação final de cada uma das competições. O estudo utilizou os dados

estatísticos da FIVB, referentes às seleções nacionais participantes do MENS´S

WOLRD CHAMPIONSHIP 2002(Campeonato Mundial de Voleibol Masculino),

realizado na Argentina em 2002 e do MEN´S WORLD CUP 2003 ( Copa do Mundo),

realizado no Japão 2003. Os resultados confirmam a importância do ataque como

fundamento ligado ao sucesso no voleibol, demonstrando também o valor da

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distribuição de jogo, ou seja, evitar a concentração do jogo em um atleta, para uma

melhor classificação final.

RAMOS et al., (2004) realizou um estudo com o objetivo de analisar a estrutura

interna das ações de levantamento de equipe de voleibol masculino finalistas da

Superliga Brasileira de 2002/2003, procurando caracterizar e comparar as áreas de

incidência da distribuição, as condições de finalização e os efeitos de finalização. O

instrumento de coleta de dados foi à observação sistemática do levantamento a

partir do Sistema de Observação e Avaliação do Distribuidor (SOS-vgs). Os

resultados revelaram a existência de diferenças estaticamente siguinificativa

(p<0,05) na eficácia percentual do levantamento nas situações de contra-ataque,

destacando-se efetividade do levantador da equipe campeã em facilitar as ações

ofensivas terminais.

Todos os fundamentos são importantes para o voleibol, cada um tem a sua

importância, como o ataque, o bloqueio, a recepção, o levantamento e todos podem

decidir um jogo. Assim como o levantamento ele é uma ação defensiva e tem a

intenção de preparar uma ação ofensiva.

Bojikian (2003) realizou um estudo para discutir de que forma o voleibol, em

parceria com as demais disciplinas na grade curricular, pode contribuir na formação

do futuro professor de educação física e de que forma utilizá-lo como ferramenta de

educação. O estudo é baseado em experiência própria e na literatura. Os resultados

indicaram que o curso de licenciatura prepara professores.

O referido estudo aponta que a disciplina voleibol faz parte dos nossos cursos

de formação de professores, e que este contribui para a formação motora dos

indivíduos. Bojikian e Bojikian (2002) diz que ao professor de Educação Física fica

claro que a qualquer momento poderá surgir oportunidade de trabalho com esse

esporte, portanto ele deve estar preparado.

Sendo assim Nascimento, Freris, Dias e Souza (2010) realizaram um estudo

para analisar a importância de se trabalhar a Valência física velocidade, utilizada no

voleibol, em crianças na fase escolar precoce podendo esta ser encorajada na

infância, por meio de atividades lúdicas que incorporem um repertório motor, uma

vez que a velocidade esteja presente constantemente. A pesquisa foi realizada

através de revisão de literatura. Os resultados indicaram que é necessário que seja

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feito um trabalho bem estruturado de base, com atividades lúdicas e que esse

trabalho baseia-se principalmente no desenvolvimento do sistema neuro muscular.

O voleibol é um esporte com ações bastante complexas e, que para uma boa

execução delas é preciso uma aprendizagem bem planejada e conduzida. Exige

também muito treinamento sistematizado que leve a alcançar os padrões

observados em jogos de alto nível, de forma gradual e racional. Identificadas as

ações, o próximo passo demanda uma revisão para identificar as funções técnicas

táticas mais típicas dos jogadores na disputa de uma partida. (GOUVEIA 2005). E

assim como toda modalidade desportiva o voleibol, baseia se em gestos específicos

que devem ser dominados com perfeição para que se atinja um alto nível de

desempenho desportivo (MAGNO 2006).

A literatura especializada em voleibol mostra que essas funções estão

inicialmente vinculadas ao desenvolvimento dos sistemas táticos ofensivos. Estes,

por sua vez, seriam “[...] a forma como a equipe distribui as funções e o número de

atacantes e levantadores entre os seis jogadores em quadra” (BIZZOCCHI, 2000

citado por GOUVEIA 2005).

Para Bojikian e Bojikian (2008, p. 117):

Os sistemas de jogo no voleibol definem a quantidades de atacantes e levantadoresda equipe. Temos o 6x0 ou 6x6 (todos atacam e to dos levantam), 3x3(3 atacantes e 3 levantadores), 4x2 (4 atacantes e 2 levantadores) ,5x1 ( 5 atacantes e 1 levantador) e 6x2 (4 só atacam e 2 atacam e levantam). O sistema 6x0 ele e muito utilizado pelos iniciantes, pois nesse sistema os jogadores eles aprendem todas as funções Bojikian e Bojikian (2008, p. 117):

O sistema 4x2 diferencia-se do 6x0, pois os jogadores eles se tornam

especialistas em determinada função: dois são sempre levantadores e quatro

atacantes. A cada passagem do rodízio teremos a mesma formação tanto na rede

quanto no fundo da quadra: teremos um levantador, um atacante de meio ou central

e um atacante de ponta ou de entrada da rede. (BOJIKIAN e BOJIKIAN 2008).

O voleibol nele é muito difícil precisar o término de uma ação defensiva e o

inicio de uma ofensiva. Pois no instante em que alguém defende, há o inicio do

contra ataque. Realizado o ataque, no mesmo instante, os atletas já precisam adotar

posicionamentos defensivos para tentar neutralizar o contra ataque adversário. A

dinâmica do jogo o torna apaixonante. (BOJIKIAN e BOJIKIAN 2008).

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Em 1998, quando a FIVB (Federação Internacional de Voleibol) cria a figura

do Líbero, traz com ele a versatilidade de articulação entre as zonas de ataque e

defesa, e um novo desenho estético passa a compor o jogo. O líbero ele realiza

funções por vezes “impossíveis”, defesa de bolas difíceis e recepção de saques

fortíssimos, o que gera maior emoção aos ralis deixando o jogo mais emocionante. A

defesa/bloqueio e a recepção são ações defensivas onde se procura o conserto da

ação adversária para poder contra atacar e fazer o ponto. Deste modo, o bloqueio

possui algumas peculiaridades nesta relação, uma fase de transição da defesa para

o ataque, onde o bloqueador estará esperando a definição do levantamento

adversário para efetuar o bloqueio (defesa) que venha a marcar um ponto com um

bloqueio ofensivo (ataque). (SHIMITZ, LAPORTA, SILVA, 2010).

O bloqueio tem a ver com o líbero sim, seria a resposta mais correta, pois o

posicionamento do líbero muda em função da marcação (posicionamento) do

bloqueio. Após os bloqueadores se formarem em função do levantamento

adversário, o líbero tem de posicionar conforme a probabilidade da bola passar do

bloqueio, ou seja, ele se desloca para o lado contrário da “sombra do bloqueio”.

Conforme a sombra do bloqueio vai ficando maior (sem bloqueio, bloqueio

simples, duplo e triplo), existe uma menor área para o líbero cobrir e uma maior

facilidade de defender para conseguir contra atacar. (SHIMITIZ, LAPORTA, SILVA,

2010).

Antes o saque era usado somente para iniciar o jogo. Com a profissionalização

e a participação em campeonatos, eles observaram que o saque serviria também

como uma arma ofensiva, pois quando a bola tocava diretamente o chão (ace) era

computado um ponto no placar, e dependendo do tipo, força ou direção do saque,

poderia favorecer, quebrando toda e qualquer ação estratégica do adversário, ou

ainda, usar de adversários com recepção fraca para fazer pontos através de seus

erros. (SCHIMITZ, LAPORTA, SILVA, 2010).

METODOLOGIA

Esse estudo caracterizou-se uma investigação descritiva, a qual procurou

analisar média e percentual. Os pressupostos da investigação dizem respeito à

importância do bloqueio na obtenção de vitórias. Serão analisados todos os jogos do

play- off Superliga masculina de 2010/2011. Os dados obtidos foram coletados do

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site da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Para a realização dessa pesquisa

os dados foram somados em cada um de seus aspectos, sendo aplicado em cada

um individualmente o cálculo da Média, Máxima e Mínima, utilizando-se o programa

Microsoft Office Excel 2007.

Em seguida analisaram-se alguns aspectos, cujos resultados foram

apresentados em forma de gráficos, para melhor compreensão das conclusões de

forma descritiva.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O fundamento bloqueio é algo muito importante durante uma partida. Os

treinadores tendem a pedir sempre à suas equipes atenção especial a finalização do

bloqueio, pois é um fundamento que é usado para obtenção de vitórias. Uma dúvida

sempre se faz presente no sentido de elucidar se realmente o fundamento bloqueio

define o campeão em uma partida de voleibol e assim mostrar a uma equipe a

importância de bloquear mais, logicamente aliada a outros fatores, seria o diferencial

em obter vitórias neste esporte.

Figura 1: número de bloqueios em partidas de voleibol análise entre os vencedores e perdedores em partidas da Superliga Masculina de Voleibol em 2010-2011.

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Fonte: dados do estudo.

Na Figura 1 observamos que a média de bloqueios na fase classificatória foi de

93 bloqueios, o que foi superior a média de bloqueios no returno, já na fase final a

média de bloqueios foi muito superior às outras duas fases. Demonstra-se que na

fase decisiva do campeonato as equipes se empenharam mais na realização desse

fundamento, atingindo assim mais sucesso e deixando a decisão mais acirrada.

Figura 2: bloqueios, análise dos melhores e piores desempenhos em partidas da Superliga Masculina em 2010-2011. Fonte: dados do estudo.

A Figura 2 indica que a diferença média entre os melhores e piores resultados

em termos de incidência de bloqueios nos jogos de voleibol, oscilam entre 21.3 e

17.05 bloqueios bem sucedidos, o que é uma diferença considerável, comparação

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essa entre a melhor equipe e pior nesse fundamento (BMG/São Bernardo como o

melhor desempenho e BMG Montes Claros como o pior desempenho).

Figura 3: ataques, análise dos melhores e piores desempenhos em partidas da Superliga Masculina em 2010-2011. Fonte: dados do estudo.

A Figura 3 indica que a diferença média entre os melhores e piores resultados

em termos de incidência de ataques nos jogos de voleibol, oscilam entre 36.28 e

24.2 ataques bem sucedidos, o que é uma diferença considerável, comparação essa

entre a melhor equipe e pior nesse fundamento (Sada Cruzeiro como o melhor

desempenho e Santo André/ SPRED como o pior desempenho).

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Figura 4: bloqueios em partidas de voleibol, análise de todos os bloqueios por equipe em partidas da Superliga Masculina 2010-2011. Fonte: dados do estudo.

Na Figura 4 analisou-se o desempenho total das equipes. Podemos observar

que a média de bloqueios variou muito de equipe para equipe, sendo 1.613 para o

SESI- SP campeão da Superliga na temporada 2010-2011 e 1.094 para o Londrina/

Sercomtel.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após á análise dos dados obtidos, através de todos os instrumentos utilizados

para estudar a relação entre bloqueios e as vitórias na Superliga Masculina 2010-

2011 conclui-se:

A relação entre bloqueios e as vitórias no campeonato tem uma relação direta, as

seleções que ocupam as primeiras posições da competição, sempre têm uma

média superior que as outras seleções em relação a bloqueios, mas podemos

ver que no voleibol diferenças técnicas e táticas entre as equipes pode ser um

fator muito significativo no resultado final do jogo;

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As equipes que procuram bloquear mais durante as partidas, na maioria das

vezes é o time que ao final da partida chega à vitória. Os bloqueios das equipes

têm uma grande influência no resultado do jogo. Os resultados comprovam que

as equipes que ocupam os seis primeiros lugares na competição tiveram um

aproveitamento dos bloqueios superior aos adversários durante a competição. Ao

compararmos os bloqueios das equipes podemos observar que há uma diferença

enorme entre as equipes que ocupam a parte de baixo da tabela e as equipes

que ocupam o primeiro lugar;

Observando-se as estatísticas entre 1º primeiro e 2º segundo lugar e

comparando com 15º, observa-se que existe uma diferença consistente em

relação à bloqueios, observamos o 1º lugar que foi o SESI com a média de 19.9

e o 2º lugar Sada Cruzeiro com 19.8 já o 14º lugar que é Cimed com a média de

14.2 de bloqueios e o 15º lugar que foi BMG Montes Claros ficando com uma

porcentagem de 17 em média. Podemos observar claramente que os números

de incidência de bloqueios se relacionam diretamente e proporcionalmente com

as posições conquistadas no mundial.

Faz-se de extrema importância que o técnico treine sua equipe com base no

trabalho de bloqueios, a ser contemplado na preparação de sua equipe. O

técnico tem um fator fundamental nas partidas de voleibol, ao treinar sua equipe.

Ele deve treinar para que se tenha um maior número de bloqueios dentro do

jogo, fazendo com que sua equipe possa obter vantagens sobre a equipe

adversária, sendo assim ele deve conhecer seus adversários, e também no que

diz respeito às estatísticas de jogo para elaborar estratégias para vencer as

partidas.

REFERÊNCIA

ROCHA, Claudio Miranda da; BARBANTI, Valdir José. Uma analise dos fatores que influenciam o ataque no voleibol masculino de alto nível. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v.18, n. 4, p.303-14, 2004. BOJIKIAN, João Crisóstomo. M. A disciplina voleibol nos cursos de licenciatura em educação física: uma proposta de conteúdo e avaliação. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, 2(2), p.115-124, 2003.

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BOJIKIAN, J.C.M. BOJIKIAN, L.P. Ensinando Voleibol. São Paulo: Phorte, 2008.134p. PRONI, Marcelo Weishaupt. Marketing e organização esportiva: elemento para uma historia recente do esporte- espetáculo. Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v.1, n.1, p.82-94, 1998. RAMOS, Marcel Henrique Kodama Pertille; NASCIMENTO, Juarez Vieira; DONEGÁ, André Luís; NOVAES, Artur José; SOUZA, Robson Rides de; SILVA, Thiago José; LOPES, Adair da Silva. Estrutura interna das ações de levantamento das equipes finalistas da superliga masculina de voleibol. Revista Brasileira Ciência e Movimento. 2004; 12(4): 33-37. SAMULSKI, Dietmar Martin; NOCE, Franco; COSTA, Varley Teoldo da. A criatividade no voleibol brasileiro de alto rendimento: uma analise dos conceitos e diferenças existentes entre gêneros. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte e do Exercício. V.0, 83-106, 2006. MATIAS, Cristiano Julio A. da Silva; GRECO, Juan Pablo. Campeonato mundial de 2002 e copa do mundo de voleibol masculino de 2003: A influencia dos atletas de maior pontuação e dos melhores atacantes na classificação final. HTTP://www.efdeportes.com/ Revista Digital- Buenos Aires- Ano 10- Nº 90- Diciembre de 2005. NASCIMENTO, Kelly Aparecida do; FRERIS, Vagner Maciel; DIAS e SOUSA, Celeste Aparecida. Do lúdico a especialização: Analise da importância de um programa de estimulação motora como meio de desenvolvimento da Valencia física velocidade utilizada no voleibol. Disponível em HTTP://www.efdesportes.com/. Acessado em: 17. Setembro. 2010. SCHIMITIZ FILHO, Antonio Guilherme; LAPORTA, Lorenzo Iop; SILVA, Vagner de Magalhães. Sentidos vinculados a figura do libero. XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação_ Caxias do Sul, RS- 2 a 6 de setembro de 2010. GOUVEIA, Fabio Luiz. Analise das ações de jogos de voleibol e suas implicações para o treinamento técnico-tatico da categoria infanto-juvenil feminina (16 e 17): Campinas, SP, 2005. 106(f). Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas. MAGNO, Jean Carlo. Periodização Esportiva: macrociclo de treinamento aplicado ao voleibol:Florianópolis, 2006. 39 (f). Monografia (Pós- Graduação)- Especialista em Treinamento Desportivo, Universidade Gama Filho. COSTA, Hugo Cesar Martins; LIMA, Claudio Olívio Vilela; MATIAS, Cristiano Julio Alves da Silva; GRECO, Pablo Juan. Efeito do processo de treinamento técnico- tático no nível de conhecimento declarativo de jovens praticantes de voleibol. Revista Min. Educação Física, Viçosa, v. 15, n. 2, p. 5-19, 2007.

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“AFINAL, SOMOS FORMADOS PARA PENSAR OU MEMORIZAR CONCEITOS?” UMA ANÁLISE DO ESTUDO DA DISCIPLINA HISTORIA DA EDUCAÇÃO A PARTIR DA PERCEPÇÃO DE ALUNOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DE

INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DE VICOSA

Débora Brandão de Paula. Pedagoga. Pós-graduada em Inspeção, Gestão,

Supervisão e Orientação Escolar. Assistente de Projetos.

Natália Rigueira Fernandes. Pedagoga. Mestre em Extensão Rural-UFV.

Professora na Faculdade de Viçosa.

[email protected] RESUMO

O presente artigo concentrou-se em verificar, por meio de pesquisa qualitativa, a forma que o ensino da História da Educação é abordado na Educação Superior, analisando, através de entrevista, especificamente, como os graduandos do curso de Pedagogia visualizam a disciplina História da Educação em sua formação profissional, bem como suas implicações na área educacional. Diante da presente proposta, observou-se que a disciplina História da Educação não tem apresentado o enfoque adequado em sua ministração, deixando de oferecer o respaldo necessário para a formação de profissionais críticos, o que consequentemente tem contribuído para a manutenção de um ensino acadêmico mecânico e pouco problematizador. PALAVRAS-CHAVE: História da educação; Pedagogia; Docência.

INTRODUÇÃO

A disciplina História da Educação surgiu no final do século XIX,

desenvolvendo-se, principalmente, nas Escolas Normais e nos cursos de formação

de professores, e não como se imagina nos centros de pesquisa e ensino de História

da Educação. Dessa forma, pode-se afirmar que sua história está totalmente ligada

ao campo da Pedagogia. Em nosso país, a História da Educação está bastante

associada ao percurso das escolas normais, e aos cursos de Pedagogia das

Faculdades de Filosofia e, dessa forma, ao campo da educação e ensino.

Atualmente no contexto educativo o fluxo de informações é bastante

dinâmico, instigando instituições de ensino a oferecerem respostas imediatas, em

curto espaço de tempo. Diante dessa situação a História da Educação torna-se

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marcada pelo caráter utilitário, comprometendo a formação de professores e

professoras. Segundo Lopes e Galvão (2001), muitos educadores que pesquisam

assuntos no contexto da História da Educação se esforçam por compreender suas

práticas, muitas vezes as justificativas para apontar a importância da disciplina para

a Pedagogia, encontra-se na relação mecânica e direta que se costuma estabelecer

entre o passado, o presente e o futuro. Nessa visão, como por muito tempo a própria

área de História propalou, sobretudo, em livros didáticos. Dessa forma, estudar

História da Educação era compreendido como a possibilidade de intervir no futuro

através do estudo do passado.

Diante dessas vertentes, o presente trabalho tem como objetivo verificar a

forma que o ensino da História da Educação é abordado na Educação Superior, bem

como a aplicabilidade dos métodos e das práticas de ensino da referida disciplina.

Analisando como os graduandos do curso de Pedagogia visualizam a disciplina

História da Educação em sua formação profissional, bem como suas implicações na

área educacional; observando se as discussões realizadas em torno da História da

Educação tem sido, de fato, problematizadoras e analíticas.

Portanto, pode-se afirmar que a educação deve estar voltada para a

promoção da emancipação social, caso contrário perderá muito de sua essência,

deixando de contribuir para a constituição crítica do pensamento humano. Segundo

Gramisc (1999) o indivíduo que não possui um olhar crítico, se torna alvo da massa

manipuladora que se encontra inserida em todos os segmentos da sociedade,

agindo, dessa forma, segundo os interesses da classe dominante. Diante dessa

vertente, compete ao campo educacional a oferta de subsídios, para a formação de

uma visão holística e crítica dos indivíduos, para que os mesmos exerçam sua

autonomia no contexto em que vivem.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Em todo contexto mundial, tanto em aspectos sociais quanto econômicos, a

educação se caracteriza por ser um agente totalmente interligado com a

transformação social, assumindo, desta forma, um papel relevante como prática de

liberdade. De acordo com Freire (1999) a educação se faz absolutamente

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fundamental entre nós, educação que desvestida da roupagem alienada e alienante

seja uma força de mudança e de libertação.

Seguindo essa linha de pensamento, Bourdieu (1989) afirma que, sem as

intervenções educativas necessárias para a construção de um pensamento reflexivo,

os constituintes da sociedade acabam por reproduzir em diversos meios e

instituições, ideologias das classes dominantes. É pautado nesse contexto que o

poder simbólico surge, com toda autoridade que consegue impor significações, e

impô-las como legítimas, se utilizando da violência simbólica que objetiva manipular

e reprimir causando prejuízos às relações socialmente distribuídas, hierarquizando e

causando dicotomias entre os vários sujeitos.

Nos concentrando mais no âmbito do ensino da História da Educação, Nunes

(2003) afirma que alguns dos problemas relacionados a esta disciplina, estão

associados ao reconhecimento do saber histórico-educacional, como contribuidor,

para formação. Uma das questões básicas é o tratamento do conteúdo tido, muitas

vezes como denso, fastidioso, enciclopédico, levando ao questionamento do sentido

de aprender História da Educação. Quanto a isso, os planos demonstram de início, a

necessidade de repensar a amplitude do conteúdo a ser apresentado em espaço

limitado de tempo, dedicado a disciplina.

Nesta perspectiva, Borges e Júnior (2010) compete a disciplina História da

Educação, o desafio de que se torne transformadora pela via do conhecimento

histórico. Esse movimento é também uma necessidade para que a disciplina não se

torne obsoleta, apenas a fim de cumprir a carga horária dos currículos, ou pior,

ceder lugar para outras disciplinas ou tendências que volta e meia tomam os

processos de formação docente.

Diante dessa vertente, torna-se necessária uma educação, associada a

abordagem de conteúdos e disciplinas, como a História da Educação; que apresente

permanente disposição para as ações inovadoras, observando, investigando e

traçando estratégias que rompam com a visão dicotomizada. Segundo Freire (1999)

necessita-se de uma educação que tente a passagem da transitividade ingênua à

transitividade crítica, ampliando e alargando a capacidade de captar os desafios do

tempo, colocando o homem em condições de resistir aos poderes da

emocionalidade da própria transição.

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METODOLOGIA

Partindo do pressuposto de que a disciplina História da Educação se

configura como um conteúdo de importância fundamental para a construção de uma

prática educativa reflexiva, utilizou-se como instrumento metodológico para a

reflexão em torno desta problemática, a realização de entrevistas, priorizando, desta

forma, a abordagem qualitativa, visto que esta se mostra capaz de fornecer as

respostas para as indagações que permeiam o presente trabalho. De acordo com

Chizzoti (1991), “a abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma

relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito e o objeto”.

O local de estudo foi constituído por duas instituições de Ensino Superior

localizadas no município de Viçosa-MG. Para tanto, solicitou-se a permissão dos

coordenadores dos cursos de Pedagogia para a realização de entrevistas

estruturada, a um grupo de dezoito universitários, oriundos do curso de Pedagogia,

necessariamente coristas do terceiro, sexto e oitavo período do referido curso,

constituindo-se assim, o grupo de sujeitos da pesquisa.

A pesquisa científica consiste na análise e no estudo de fatos tal como se dão

no contexto dos acontecimentos e das vivências entre a singularidade humana. A

pesquisa consiste em um processo reflexivo e sistemático, que conduz a

constatação de novos acontecimentos e de novas situações.

Neste sentido, Barros e Lehfeld (2000, p.68) afirmam:

Através da pesquisa, chega-se a um conhecimento novo ou totalmente novo, isto é, o pesquisador pode aprender algo que ignorava anteriormente, porém, já conhecido por outro, ou chegar a dados desconhecidos por todos. Pela pesquisa, chega-se a uma maior precisão teórica sobre os fenômenos ou problemas da realidade.

Dessa forma, a partir dos dados coletados, por intermédio das entrevistas,

foram analisadas as impressões diversas dos sujeitos da presente pesquisa, com

base em autores que discorrem sobre o tema proposto, transformando-se em

elementos importantes para o debate em torno da avaliação que o presente trabalho

se propôs. Vale ressaltar também que os sujeitos bem como as instituições terão

sua identificação reservada para garantir a ética almejada na proposta dessa

pesquisa. Sendo que os relatos apresentados, foram transcritos sendo colocados

em forma de recuo, para que, diferenciados do corpo do texto, possam dar ao leitor

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a oportunidade de diferenciar e refletir com mais propriedade sobre as impressões

dos estudantes investigados.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Pode se afirmar, que o período de formação dos futuros educadores deve

estar pautado em estudos que venham promover um olhar diferenciado e analítico

por parte dos mesmos. Porém, dentre as modalidades educacionais, o Ensino

Superior se destaca por concentrar o menor índice de discussão e reflexão sobre a

sua organização didático-pedagógica. Segundo Hoffmann (1993) o que se percebe,

atualmente, é que o corpo docente do 2° e 3° graus de ensino revela-se muito mais

impermeável à discussão das práticas educativas do que os professores de 1° grau.

Com base nessa vertente, quando questionados sobre que aspectos deveriam ser

mais abordados no período da graduação no âmbito da História da Educação foram

apresentadas as seguintes constatações:

“A História da Educação deveria ser trabalhada de maneira mais atualizada e dinâmica.” (ALUNO A) “Deveria ser dado mais ênfase as teorias que contribuíram para a educação.” (ALUNO C) “Acho que deveria se falar mais sobre a educação atual.” (ALUNO D) “Certamente deveria se priorizar mais os aspectos analíticos da História Da Educação do que propriamente as teorias desprovidas de contexto, como se costuma presenciar. (ALUNO E). “Gostaria de ter aprendido mais sobre a História da Educação que estivesse relacionada com a Idade Média, e o Brasil do século XVII.” (ALUNO H) “Acredito que deveria ser trabalhado os diversos meios de ensino, e a evolução da educação”. (ALUNO I)

Com base nas declarações e nos autores consultados, pode-se observar, que

tem havido falhas na formação de professores nas licenciaturas, o que acaba

gerando um alto índice de reprodução de metodologias tradicionais e pouco

reflexivas em sala de aula, trazendo uma série de prejuízos para o processo de

formação dos docentes. Diante dessa realidade os estudantes entrevistados

relataram que as principais metodologias utilizadas pelos docentes são baseadas

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em seminários, aulas expositivas, exercícios e provas. Diante dessa vertente,

quando indagados sobre a viabilidade das referidas metodologias, utilizadas no

ensino da História da Educação, 70% dos alunos relataram estarem satisfeitos com

a forma de apresentação do conteúdo, ao passo que 30% afirmaram que a forma

que o conteúdo era abordado não permitia a total compreensão dos elementos

constituintes da História da Educação. No entanto conforme nossos autores

discorrem acima, várias metodologias ainda se encontram influenciadas pelo

tradicionalismo, causando prejuízos para o processo analítico e reflexivo do ensino,

conforme se observa nos depoimentos abaixo:

“As metodologias utilizadas não propiciavam a construção de um olhar crítico para com o cenário educacional.” (ALUNO E) “A professora ficava muito presa aos recursos didáticos, não tornando a aula criativa, mas sim cansativa.” (ALUNO H).

De acordo com Lombardi (2009), em alguns casos, o sistema educacional

contribui entre outros aspectos, para reproduzir a ordem social hegemônica, não

tanto pelos pontos de vista que fomenta, mas por distribuir de forma regulada o

capital cultural. Desta forma, a violência simbólica atua em todo o campo da

educação e da cultura, na qual aqueles a quem falta o gosto “correto” são

discretamente excluídos, relegados a violência simbólica, aqui referida, constitui-se

no conjunto de regras não faladas sobre o que se pode ser validamente enunciado

ou percebido dentro do processo educacional, ou cultural. Essas regram operam em

todos os níveis e modalidades de ensino, uma vez que elas são legitimadas e

costumam passar despercebidas como violência, uma vez que a violência é

considerada natural nas relações sociais de produção da sociedade capitalista.

Tomando por base essas constatações, a educação tem por objetivo, no

entanto alçar meios para que as novas gerações estejam mais preparadas para

confrontar tudo o que a elas for apresentado ou imposto, visto que sendo, assim os

mesmos apresentarão maior capacidade de análise de sua realidade e de sua

própria essência humana, composta na sociedade por direitos e deveres.

Dessa forma, dentro de uma perspectiva sociológica da educação, para a

transformação social, deve-se buscar sempre um modelo educacional emancipado,

que permita ao sujeito seguir uma direção em suas ações, no contexto em que se

situa de acordo com valores que elege e com os quais se compromete no decorrer

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de sua historicidade. Nessa perspectiva os graduandos apresentaram as seguintes

ideias no que tange a contribuição da História da Educação para o contexto

educacional vigente:

“Através da compreensão da História da Educação torna-se possível a busca constante por novos métodos de ensino”. (ALUNO A) “A História da Educação é importante pois através dela vemos as modificações que aconteceram na sociedade e consequentemente na educação”. (ALUNO C) “A História da Educação possui bases que fundamentam o contexto educacional vigente hoje.” (ALUNO E) “Procuro sempre que possível buscar na História esclarecimentos de situações temáticas que ainda hoje são fortemente presentes na educação, e assim construir minha prática a partir do que considero relevante ou não”. (ALUNO G) “Vejo a História da Educação como algo que nos permite ver como foi à evolução da educação, e com isso conseguimos melhor compreender os caminhos que a educação passou para se configurar tal qual é hoje.” (ALUNO I)

Ao passo que os estudantes consideraram a História da Educação, como

fundamental para a compreensão do contexto educacional, percebe-se o

contraponto, visto 60% dos graduandos afirmaram não considerar que a referida

disciplina, de maneira geral, não recebe o enfoque que lhe deveria ser dada,

deixando assim de promover todas as compreensões que poderia viabilizar.

Nesta vertente, Os PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais) apresentam

uma nova concepção de ensino, de educador e de instituições de ensino, delineando

um processo de ensino significativo, transversal, contextualizado, interdisciplinar,

que não dissocie informação de formação, permitindo a compreensão de que a

ministração de disciplinas, deve-se pautar em potencializar meios que qualifiquem

os indivíduos de maneira estruturada e abrangente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se afirmar com toda veemência que a Educação se constitui em uma

espécie de “carta de alforria” da sociedade, visto que, mediante a mesma, o cidadão

toma consciência do contexto social no qual se encontra inserido, podendo dessa

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forma usufruir de seus direitos e deveres, traçando dessa forma metas e

reivindicações para a constituição de uma sociedade mais justa e igualitária.

Sendo assim, todas as instâncias da Educação, assim como as instituições de

ensino, por exemplo, possuem uma responsabilidade muito grande no que concerne

a orientação e formação do indivíduo. Pautado nessa realidade, o presente trabalho

pode concluir mediante autores renomados e depoimentos de universitários; mais

especificamente no que tange ao ensino superior, que este ainda não tem sido alvo

de uma problematização da qual se necessita. Nesse contexto nos concentrando na

perspectiva da ministração dos conteúdos e disciplinas acadêmicas, mas

especificamente no ensino da História da Educação, pode-se concluir que esta se

faz fundamental para a compreensão do sistema educacional vigente hoje, sendo

concebida como disciplina indispensável para a formação de profissionais críticos e

conscientes de sua identidade profissional. Porém, mesmo decorrente da

importância essencial da referida disciplina, percebe-se conforme a discussão

realizada pelo presente trabalho que a mesma é ofertada em um período muito

curto, deixando de contribuir mais para o aperfeiçoamento acadêmico dos

estudantes. Percebeu-se também que muitos graduandos declararam não terem

sido instigados a desenvolver um olhar crítico diante da História da Educação e de

suas implicações, relatando que as metodologias utilizadas são em muitos casos

tradicionais e pouco adequadas ao contexto vigente, o que acaba ocasionando uma

deficiência no que se refere à concepção de educação que deve ser assimilada e

implantada. Com isso constatou-se, portanto que a disciplina História da Educação

não tem recebido o enfoque que lhe deveria ser dada no âmbito acadêmico,

deixando de oferecer as contribuições que a ela são inerentes, não apresentando os

subsídios necessários para a compreensão dos mecanismos educacionais e de sua

estrutura.

Diante dessa vertente, torna-se fundamental a promoção de metodologias

que permitam ao aluno a conexão dos dados históricos com as perspectivas atuais,

apostando na utilização de ferramentas participativas, como vídeos, blogs, revistas e

internet para a apropriação do conhecimento por parte do aluno.

Convém ressaltar também, que este trabalho não esgota a discussão em

torno das impressões dos discentes, mas que sinaliza também, a necessidade de

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novas pesquisas direcionadas para a prática docente no que tange as metodologias

e abordagens da disciplina História da Educação, ouvindo a todos os que compõem

o cenário educacional, promovendo, portanto um debate a cerca das implicações da

referida disciplina.

Com base nesta perspectiva, o presente trabalho também indica que o curso

de Pedagogia é a oportunidade de formação de futuros professores, e que dessa

forma, seria interessante que as ementas das disciplinas História da Educação

contassem com propostas que integrassem teoria e prática, conectando passado

histórico a realidade atual, promovendo a criticidade e a emancipação propiciando a

formação de educadores capazes de gerir a transformação social em sala de aula,

devido a compreensão da historicidade e de sua práxis, internalizando a história

como subsídio para compreensão da realidade educacional a qual estão inseridos.

REFERÊNCIAS

BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. 2.ed. ampliada. São Paulo: 2000. BORGES, Bruno Gonçalves. JÚNIOR, Décio Gatti. O Ensino de História da Educação na Formação de Professores no Brasil atual. Revista Histedbr. On-line. Campinas. 2010 BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Lisboa: Difel. 1989. CHIZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo. Paz e Terra, 1999. GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. V. 1. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 1999. Tradução e edição de Carlos Nelson Coutinho. HOFFMANN, Jussara Maria Lerdch. Avaliação da pré-escola á universidade. Porto Alegre: Educação e realidade, 1993. LOMBARDI e SAVIANI. Navegando pela História da Educação Brasileira. Campinas, São Paulo: HISTEDBR, 2009. LOPES, E. M. S. T.; GALVÃO, A. M. O. História da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

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NUNES, Clarice. O Ensino da História da Educação e a Produção de Sentidos na Sala de Aula. Revista Brasileira de História da Educação, 2003. QUEIROZ, T. Dias; BRAGA, M. Márcia. Como obter sucesso em sala de aula? São Paulo: Editora Rideel, 2005.

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A INFLUÊNCIA DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO NA ECONOMIA DE MUNICÍPIOS DA ZONA DA MATA MINEIRA

Rafaela Cristina Coelho – Graduanda em Administração de Empresas. Bolsista

Fapemig. Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Juliene Rocha Borges – Graduada em Administração, Especialista em Negociação e Empreendimentos. Mestre em Economia Empresarial. Professora e Coordenadora

do curso de Administação da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. [email protected]

RESUMO Este trabalho busca levar ao conhecimento das pessoas e associados o que é

uma cooperativa de crédito, qual a importância deste tipo de associação diante à economia da região da zona da mata mineira onde a atividade predominante é a agropecuária, portanto ele fala sobre quais as vantagens de se associar a uma cooperativa, quais as funções de uma cooperativa diante de um associado e o que este pode obter de benefício quando se une a um grupo de pessoas do mesmo segmento para ganhar mercado e concorrer com os grandes produtores. Todavia este trabalho vem demonstrar que um grupo de pessoas unidas para conseguir um objetivo comum pode ser chamado de cooperativa.

PALAVRAS - CHAVE: cooperativa, economia, sociedade, produtores rurais.

INTRODUÇÃO

A evolução e desenvolvimento do cooperativismo no Brasil tiveram como

norteador os modelos europeus, de Raiffeinsen (modelo alemão de crédito rural) e

Luzzatti (modelo italiano de banco popular urbano), os quais se alinhavam com as

populações de imigrantes do Rio Grande do Sul e nos demais estados do Brasil. A

constituição de outros tipos de cooperativas ocorre após o Decreto nº. 22.239 de

1932, período em que ocorre forte expansão do sistema cooperativo até a reforma

bancária, em 1964, data a partir do qual passaram a ser classificadas como as

demais instituições financeiras e subordinadas à fiscalização do Banco Central do

Brasil, recém-criado. Igualmente, no início dos anos 1980 e 1990, os fatos

relevantes do movimento cooperativo culminam com a criação de bancos

cooperativos, mecanismo de grande significado, pois impulsiona fortemente o

desenvolvimento e o crescimento das cooperativas de crédito, merecendo, portanto,

destaque no cenário financeiro nacional (PINHEIRO, 2007).

Cooperativas são entidades criadas para auxiliar os produtores

financeiramente, de acordo com o dicionário Aurélio é uma “sociedade ou empresa

constituída por membros de determinado grupo econômico ou social, e que objetiva

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desempenhar, em benefício comum, determinada atividade econômica”, todavia as

cooperativas dependem única e exclusivamente de pessoas pra que assim auxiliem

no desenvolvimento econômico e social de uma cidade ou região.

As cooperativas de crédito geram também emprego e renda realizando assim o

desenvolvimento econômico e social da cidade e mesmo da região tendo como

resultado um movimento constante da economia.

Em cidades do interior as cooperativas têm um papel muito importante, pois

agiliza a negociação de produtores, o que seria mais demorado em bancos

comerciais. Nos bancos a burocracia é maior do que em cooperativas de crédito, o

que aumenta o risco de negócio da cooperativa, porém facilita e agiliza as

operações do associado.

Desse modo, objetivando contribuir, acadêmica e operacionalmente, para a

prática de constituição de sociedades cooperativas de crédito e para a formação de

membros de um empreendimento coletivo, conscientes de sua atuação, essa

pesquisa se justifica, tendo em vista que ao procurar compreender os aspectos que

envolvem as cooperativas de crédito na economia da Zona da Mata Mineira, poderá

trazer subsídios para viabilizar programas de prestação de serviços e

desenvolvimento profissional, solidificado numa estrutura administrativa eficiente,

qualificada, confiável e respeitável, em busca de resultados socioeconômicos.

Diante do exposto, o problema proposto para essa pesquisa é: Quais as

influências das cooperativas de crédito dentro da economia de municípios da Zona

da mata Mineira?

Assim, o objetivo deste trabalho é identificar a influência das cooperativas de

crédito dentro da economia de municípios da Zona da mata Mineira.

Com este estudo pretendemos contribuir para uma melhor compreensão da

sociedade e principalmente dos cooperados sobre a constituição e funcionamento

das cooperativas de crédito, levando em consideração a sua função perante a

economia de municípios da Zona da mata Mineira.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O cooperativismo surgiu no século XIX a partir de uma movimentação em

reação a problemas econômicos e sociais por causa do advento do capitalismo na

Europa. De acordo com Duarte (1986, p. 13):

Desde os pioneiros, os 28 tecelões de Rochdale, o cooperativismo tem sido criado como uma alternativa econômica a situações históricas específicas, sendo reconhecido como um dos mais eficientes instrumentos de desenvolvimento e de possível transformação social. Essa visão do cooperativismo surgiu do duplo caráter que lhe é peculiar e que o distingue das demais organizações econômicas: o de sociedade de pessoas e o de empresa.

Panzutti (2001) destaca três elementos principais que definem uma

cooperativa: a) propriedade cooperativa, significando que seus usuários são os seus

proprietários; b) gestão cooperativa, implicando a concentração do poder decisório

nas mãos dos associados; e c) repartição cooperativa, significando que a

distribuição das sobras líquidas é feita proporcionalmente à participação dos

associados nas operações com a cooperativa.

Ainda segundo Krueguer (2003), a Legislação Cooperativista, – Lei n°.

5.764/71 – consagra o princípio doutrinário da dupla natureza das cooperativas, que

confirma a especificidade da sociedade. Isso implica uma natureza social, na medida

em que pressupõe a participação solidária dos cooperados na condição simultânea

de donos e de usuários do empreendimento e também uma natureza societária,

porque visa ao desenvolvimento econômico de seus sócios. Segundo o autor

supracitado:

Essa dupla natureza corporifica-se na celebração do contrato de Sociedade Cooperativa, no qual as pessoas reciprocamente se obrigam a contribuir com bens e serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro (KRUEGUER, 2003, p. 25).

Ainda para Krueguer (2003), a cooperativa, como sociedade, realiza-se no

plano dos indivíduos organizados com finalidades econômicas próprias e comuns.

Essa natureza societária surge como um traço que une os indivíduos à Cooperativa

e a Cooperativa à Sociedade.

O cooperativismo, enquanto organização econômica propõe uma alternativa

ao modo de produção capitalista, uma vez que elimina as relações de intermediação

no modo de produção capitalista, no qual se visa à acumulação. A idéia de

autogestão é algo intrínseco à natureza das cooperativas. Seu exercício permeia o

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fundamento de uma sociedade que prima pela coletividade, na busca de soluções

para um grupo de pessoas com objetivos comuns.

Em relação aos fundamentos utilizados por este modelo organizacional, os

princípios Rochdalianos ainda são – teoricamente – o norte do cooperativismo

contemporâneo. De acordo com a Assembléia da Aliança Cooperativista

Internacional (ACI), os princípios cooperativos são: 1) adesão voluntária e livre; 2)

gestão democrática pelos membros; 3) participação econômica dos membros; 4)

autonomia e independência das cooperativas; 5) educação, formação e informação;

6) cooperação entre cooperativas e 7) interesse pela comunidade.

METODOLOGIA

Essa pesquisa integra um estudo mais abrangente aprovado no Programa de

Incentivo Básico à Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade Vértice – Univértix,

fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG).

Segundo Minayo (2003), todo estudo científico pressupõe uma metodologia

para sua realização, o que inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto

de técnicas que possibilitam a construção da realidade e o potencial criativo do

investigador.

A escolha pela pesquisa bibliográfica se deve ao fato de que, através desse

método, é possível, além de identificar o estágio em que se encontram os

conhecimentos acerca do tema que está sendo investigado, elaborar conhecimentos

que possam ter aplicação prática num determinado momento.

Segundo Lakatos e Marconi (2001), “pesquisa bibliográfica” é a técnica de

pesquisa executada com base em material elaborado anteriormente e com a devida

formalização. É composta principalmente por artigos científicos, teses, dissertações

e livros, porém pode ser realizada partindo de outros tipos de fontes. Possui como

propósito colocar o pesquisador em contato com o que já foi escrito sobre

determinado tema. Sua principal vantagem é a possibilidade de compilação de

dados acerca de inúmeros fatores quando comparada com a pesquisa direta dos

mesmos.

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Destaca-se que se trata de uma pesquisa em andamento e que até o momento

foi realizada apenas a pesquisa de revisão bibliográfica. No entanto, será realizada

pesquisa qualitativa através de entrevista com cooperados e funcionários das

cooperativas. Além disso, uma outra parte da coleta de dados será quantitativa, com

questionários para saber a opinião dos cooperados sobre o trabalho das

cooperativas de crédito. Esta pesquisa será realizada em municípios da Zona da

Mata Mineira, sendo estes: Abre Campo, Matipó, Rio Casca e Sericita.

COOPERATIVAS DE CRÉDITO E A SOCIEDADE DE UMA REGIÃO: FATORES

ECONÔMICOS E SOCIAIS

Desafios e vantagens de uma cooperativa de crédito em municípios da Zona da

mata Mineira

As cidades que compõem a zona da mata mineira e que têm cooperativas de

crédito são cidades que têm sua economia com base em atividades agropecuárias

levando a essas cooperativas a incentivarem este tipo de atividade na região.

Todavia os associados em sua maioria são produtores rurais, pessoas menos

esclarecidas que por sua vez têm mais resistência a mudanças e acabam por não

aceitar muito bem as cooperativas de crédito com medo de arriscar o seu capital.

De acordo com Bialoskorski Neto e Balieto (2000, apud MARTINS,

PASSADOR, 2009) “o associativismo e o cooperativismo são ferramentas

importantes capazes de viabilizar a permanência de pequenos produtores no campo

e identificar instrumentos que possam promover o desenvolvimento contemplando

as dimensões econômica, social e humana”. Com isso entende-se que cooperativa é

uma associação que permite aos produtores e associados um crescimento mais

rápido, além de ser um sistema moderno de distribuição de renda mais justo.

Com isso, de acordo com Oliveira (2011, p. 4): “as vantagens competitivas das

cooperativas devem estar baseadas em suas formas de interação para com seus

clientes – cooperados e mercado em geral -, e não, simplesmente, nas leis que

sustentam sua constituição”. Portanto as cooperativas de crédito têm como

vantagem a maior aproximação de seus cooperados diferente de outros bancos,

mas com isso toma para si a concorrência de outros tipos de empresas de crédito,

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isso a torna mais forte diante das outras, que mesmo com o publico alvo sendo mais

resistente a mudanças esta forma de interatividade e reciprocidade chama a atenção

dos produtores.

As cooperativas de crédito têm segundo Oliveira (2011) um modelo de gestão

onde tem respeito pelos aspectos básicos do modelo cooperativista: (i) educação

cooperativista, consolidada pela perfeita interação entre os cooperados e a

cooperativa; (II) cultura cooperativista, consolidada pela vontade de trabalhar em

conjunto com outras pessoas; (iii) democracia cooperativista, consolidada pela

igualdade de direitos e deveres de todos os cooperados; e (iv) empreendimento

cooperativista, consolidado pela verdade de que, se a competição é inevitável,

cooperação é essencial.

As cooperativas têm características que a transforma em um “banco” para os

associados, pois estes começam a fazer suas negociações e operações como

crédito e investimento nas cooperativas, pois estas dão maior agilidade nos

processos e diminuem a burocracia imposta pelos bancos comerciais, isso para o

seu publico alvo que, na maioria das vezes, são pessoas menos esclarecidas, torna-

se uma vantagem.

Como uma cooperativa de crédito pode influenciar a economia de uma região?

O Cooperativismo segundo o Presidente da Frente Parlamentar do

Cooperativismo no Congresso Nacional (Frencoop), Waldemir Moka senador do

PMDB: “responde atualmente por 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, por

meio de 6.652 cooperativas, que atuam em 13 ramos de atividades econômicas”.

Moka afirma ainda que:

A participação democrática, a solidariedade, a independência e a autonomia são referenciais do cooperativismo, sistema, segundo ele, fundamentado na reunião de pessoas e não no capital, visando atender necessidades do grupo e não o lucro. O objetivo é conjunto e não individual. Essas diferenças fazem com que o setor seja considerado a terceira onda do desenvolvimento, uma das formas de organização da sociedade mais eficientes no Brasil e no mundo.

Todavia o setor cooperativista na região da zona da mata mineira dá suporte

aos produtores rurais, auxiliando na identificação de novos instrumentos que

auxiliem no desenvolvimento produtivo e administrativo de seus bens.

As Cooperativas conseguiram no setor agropecuário segundo o SEBRAE:

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Mais notoriedade em nosso país face às características da produção rural brasileira, o cooperativismo foi o elemento que aglutinou os esforços dos pequenos produtores familiares e foi também a fórmula encontrada para que se defendessem das pressões e dos interesses mais poderosos situados no comércio ou na indústria. E tem sido o principal responsável pela resistência dos pequenos produtores no enfrentamento de todos os percalços que a nossa agricultura vem enfrentando nos últimos anos.

Portanto, trabalhar em cooperativa faz com que os produtores rurais da região,

ou mesmo grupos de pessoas de qualquer outro tipo de produção, ganhem força

diante dos gigantes produtores industriais do país, ou seja, eles têm uma fatia de

mercado expressiva quando se unem, podendo concorrer assim com grandes

empresas ou grandes produtores do mesmo setor.

As cooperativas também contribuem para sociedade em geral da região, pois

segundo Bialoskorski Neto (2004, apud STEFANO, ZAMPIER, GRZESZCZESZYN):

As cooperativas são excelentes formas organizacionais para prover a sociedade de serviços, para gerar empregos, renda e produto, distribuir essa renda, prover poder de barganha aos agentes econômicos, agregar valor aos produtos e à sociedade por meio de externalidades positivas (p. 9).

As cooperativas geram empregos em uma região tanto diretos quanto indiretos,

pois, existem aqueles que trabalham para atender aos associados e assim trabalhar

para os interesses das cooperativas, assim como existem os trabalhadores dos

associados que indiretamente interferem nos resultados da associação, pois estes

colaboradores trabalham para o beneficio de um, tendo como resultado o beneficio

de toda uma cooperativa, um conjunto de pessoas com mesmo objetivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em cooperativas todos os associados têm direitos e deveres iguais em relação

aos processos administrativos adotados, bem como aos resultados alcançados. São

eles os responsáveis pela criação de toda a organização, dos seus valores

compartilhando assim de todo o processo de gestão da cooperativa,

comprometendo assim com os resultados da mesma.

Nas cooperativas não deve existir hierarquias rígidas e verticalizadas, pois não

pode existir alienação e dominação, pois como o próprio nome já diz cooperativa é

uma cooperação de pessoas objetivando um bem comum. Portanto é necessário ter

ousadia na flexibilização do processo de gestão onde o objetivo se torna mais

importante que a geração de lucros.

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Em uma região como a zona da mata mineira, que é composta por vários

municípios pequenos e com pouca industrialização, as cooperativas de crédito têm

grande força sobre os associados, pois ela auxilia-os a ganhar mercado onde existe

muita força, principalmente vinda da migração de pessoas para o Rio de Janeiro, em

busca de mercado industrial, devido aos benefícios fiscais oferecidos pelo estado.

REFERÊNCIAS

AURÉLIO, Dicionário. Cooperativismo. Disponível em: <74.86.137.64-static.reverse.softlayer.com>. Acesso em: 18.mar.2012. DUARTE, Laura Maria Goulart. Capitalismo e cooperativismo no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: L&PM, 1986. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2001. LIMA, Eliene. A importância do Cooperativismo. Disponível em: <www.cooperativismodecredito.com.br>. Acesso em: 18.mar.2012. KRUEGER, Guilherme. Cooperativismo e o novo código civil. Belo Horizonte: Mandamentos, 2003. MARTINS, Mônica Mendes; PASSADOR, Claudia Souza. O papel da organização cooperativa no desenvolvimento de uma região: um estudo de caso de uma cooperativa de pequenos produtores de São Paulo. Disponível em: < www.sober.org.br>. Acesso em: 18.mar.2012. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Rio de Janeiro: Vozes, 2003. MOKA, Waldemir. Senador destaca papel do cooperativismo para a economia brasileira. Disponível em : <www.senadormoka.com.br>. Acesso em: 18.mar.2012. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Manual de gestão de cooperativas: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2011. PANZUTTI, Ralph. Empreendimento cooperativo: um novo agente econômico. São Paulo: OCESP/SESCOOP-SP. 2001. PINHEIRO, Marcos A. Cooperativas de crédito: história da evolução normativa no Brasil. Brasília: Banco Central do Brasil, 2007. SCHNEIDER, José Odelso. Democracia, participação e autonomia cooperativa. São Leopoldo: Editora UNISINOS, 1999.

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STEFANO, Silvio Roberto; ZAMPIER, Maria Aparecida; GRZESZCZESZYN, Geverson. Cooperativas: características, gestão e relevância socioeconômica para o Brasil. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br>. Acesso em: 18.mar.2012. SKYSCRAPERCITY. As 30 maiores cidades da Zona da Mata Mineira. Disponível em: <www.skyscrapercity.com>. Acesso em: 18.mar.2012. SEBRAE. Cooperativismo. Disponível em: http://www.sebraemg.com.br>. Acesso em 18.mar.2012.

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A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA IMPORTÂNCIA NAS ORGANIZAÇÕES

Raquel Chaves de Oliveira - Graduada em Administração.

Janine Lopes de Carvalho – Graduada em Psicologia, Especialista em saúde mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice -

UNIVÉRTIX. Juliene Rocha Borges – Graduada em Administração, Especialista em Negociação e Empreendimentos, Mestre em Economia Empresarial. Professora e Coordenadora

do curso de Administração. Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Maria Helena Sleutjes - Graduada em Biblioteconomia e Documentação,

Especialista em Instituições de Ensino Superior. Especialista em Biopsicologia. Mestre em Administração Pública. Professora de pós-graduação UNIVÉRTIX.

[email protected] RESUMO

O artigo tem como objetivo apresentar os fatores que influenciam a QVT nas organizações. O Universo da pesquisa abarcou as obras dos principais autores que tratam do tema estresse ocupacional e qualidade de vida no trabalho. E os dados foram tratados em uma perspectiva qualitativa. O conceito QVT é explanado aqui como a gestão do bem-estar através das necessidades biológicas, psicológicas e sociais, a visão biopsicossocial. Conclui-se que a QVT é fundamental para transformar o ambiente de trabalho em um local melhor para o desenvolvimento e evolução do indivíduo, aumentando assim o nível de satisfação e posteriormente a produtividade dentro de uma organização. PALAVRAS CHAVE: Qualidade de Vida no Trabalho – QVT; stress; visão biopsicossocial; Qualidade Total.

INTRODUÇÃO

A luta pela sobrevivência tem sido fundamental para as organizações em um

ambiente globalizado e competitivo e o desafio para se obter resultados é cada vez

maior. Isto demanda dos trabalhadores maior capacidade de suportar cobranças e

viver constantemente sob pressão no ambiente de trabalho. As organizações

necessitam adotar programas de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), almejando,

assim, uma melhoria no bem-estar individual e coletivo de seus funcionários, na sua

capacidade produtiva e, por conseguinte, a obtenção de resultados desejados, uma

vez que, os colaboradores representam o ativo intangível de valor inestimável.

As empresas passaram a se preocupar com o homem na linha de produção a

partir do momento que perceberam a necessidade de aumentar sua produtividade.

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Desta forma a QVT veio a melhorar as condições no ambiente de trabalho

aumentando a produtividade e o desempenho do indivíduo.

A questão que motiva esse trabalho é averiguar a importância da Qualidade de

Vida no Trabalho para o desenvolvimento das organizações.

O trabalho em questão tem como objetivo apresentar os fatores que

influenciam a QVT nas organizações. O texto foi desenvolvido com apresentação da

origem da QVT, sua evolução histórica, definições e estudos de especialistas,

conceito, QVT no Brasil e perspectivas atuais.

REFERENCIAL TEÓRICO

Nasceu na década de 50 na Inglaterra o conceito de Qualidade de Vida no

Trabalho (QVT). Eric Trist e colaboradores – pesquisadores do Tavistock Institute –

iniciaram os estudos do trinômio indivíduo/trabalho/organização. Essas pesquisas

deram origem a uma abordagem sociotécnica da organização do trabalho, tendo

uma inquietação com a satisfação e o bem-estar do trabalhador (TOLFO E

PICCININI, 2001; RODRIGUES, 2009).

As preocupações com a QVT tomaram impulso somente na década de 60. A

conscientização dos trabalhadores e o avanço das responsabilidades sociais da

organização colaboraram para que os cientistas e gerenciadores organizacionais

pesquisassem formas para realizar melhor o trabalho (RODRIGUES, 2009).

A crise energética e a alta inflação fizeram com que descaísse o interesse pela

QVT no início dos anos 70, devido à preocupação das organizações pela

sobrevivência, fazendo com que os interesses dos funcionários passassem a ter

uma importância secundária. O ano de 1974 foi um marco no desenvolvimento da

QVT, esse período caracterizou-se pelas preocupações dos cientistas, líderes

sindicais, empresários e governantes, em como influenciar a qualidade das

experiências do trabalhador em um determinado emprego. Incentivada pela

probabilidade de uma sociedade progressista, e baseada na saúde, segurança e

satisfação dos trabalhadores, a QVT seguiu uma linha sociotécnica (FERNANDES E

GUTIERREZ, 1988; RODRIGUES, 2009).

Em 1979, devido à perda de competitividade das empresas norte-americanas

em face das suas concorrentes japonesas. Estar perdas levou a pesquisas de estilos

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gerenciais aplicados em outros países, relacionando programas de produtividade

com melhoria de QVT (TOLFO, PICCININI, 2001).

Rodrigues (2009) ressalta que hoje em dia a QVT tem se desenvolvido em

outros países, como: França, Alemanha Ocidental, Dinamarca, Suécia, Noruega,

Holanda e Itália, estes países adotaram a filosofia e métodos para que o indivíduo

tenha maior satisfação no trabalho.

Através da tabela abaixo é possível compreender como os estudos de QVT,

foram evoluindo - de uma perspectiva mais restrita para uma mais ampla – desde a

década de 50.

ERÍODO FOCO PRINCIPAL DEFINIÇÃO

1959/1972 Variável

A QVT foi tratada como reação individual ao trabalho ou às conseqüências pessoais de experiência do trabalho.

1969/1975 Abordagem

A QVT dava ênfase ao indivíduo antes de dar ênfase aos resultados organizacionais, mas ao mesmo tempo era vista como um elo dos projetos cooperativos do trabalho gerencial.

1972/1975 Método

A QVT foi meio para o engrandecimento do ambiente de trabalho e a execução de maior produtividade e satisfação;

1975/1980 Movimento

A QVT, como movimento, visa à utilização dos termos “gerenciamento participativo” e “democracia industrial” com bastante freqüência, invocador como idéias do movimento.

1979/1983 Tudo

A QVT é vista como um conceito global e como uma forma de enfrentar os problemas de qualidade e produtividade

Previsão futura Nada

A globalização da definição trará como conseqüência inevitável a descrença de alguns setores sobre o termo QVT. E para estes QVT nada representará.

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FONTE: Nadler e Lawler5 (1983, apud RODRIGUES,2009, p.81)

Para explanar os fatores que afetam a QVT foram desenvolvidos modelos de

indicadores de qualidade de vida. Vários estudiosos com o passar do tempo

utilizaram o nome QVT para descreverem situações e métodos com objetivos

diversos. Os mais conhecidos formam: Walton (1973), Hacman e Oldhan (1975),

Lippit (1978), Westley (1979), Nadler e Lawler (1983), K. Davis & Wether (1983),

Huse & Cummings (1985). Todos eles criaram uma espécie de indicadores expondo

os fatores críticos que influenciam na QVT (CAVASSANI, A., CAVASSANI, E.,

BIAZIN, 2006; RODRIGUES, 2009).

A expressão QVT tem sido utilizada com assiduidade para expor certos valores

ambientais e humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em favor do

progresso tecnológico, da produtividade e crescimento econômico. Alguns

questionamentos importantes foram levantados como diretrizes para a determinação

dos oitos critérios para QVT, cujos são:

Como deveria a Qualidade de Vida no Trabalho ser conceituada e como ela pode ser medida?; quais são os critérios apropriados e como eles são interrelacionados?; como cada um é relacionado à produtividade?; são estes critérios uniformemente destacados em todos os grupos de trabalho? (WALTON6, 1973, apud RODRIGUES, 2009, p.82).

Walton (1973, apud Vasconcelos, 2001, p.27-28) citam oito critérios a fim de

fornecer uma estrutura analítica relacionada a características da Qualidade de Vida

no Trabalho. São elas:

CRITÉRIOS INDICADORES DE QVT

1. COMPENSAÇÃO JUSTA E ADEQUADA

Equidade interna e externa Justiça na compensação Partilha de ganhos de produtividade

2. CONDIÇÕES DE TRABALHO Jornada de trabalho razoável Ambiente físico seguro e saudável Ausência de insalubridade

3. UTILIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES

Autonomia Autocontrole relativo Qualidades múltiplas Informações sobre o processo total do trabalho

5 NADLER, David & Lawler, Edward. Quality of work life: perspctives and directions. Organizacional

Dynamics, 1983. 6 WALTON, Richard E. Quality of working life: what is? Slon Management Review, Cambridge, 15, n. 1, p. 11-

21, dec. 1973.

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4. OPORTUNIDADES DE CRESCIMENTO CONTÍNUO E SEGURANÇA

Possibilidade de carreira Crescimento pessoal Perspectiva de avanço salarial Segurança do emprego

5. INTEGRAÇÃO SOCIAL NA ORGANIZAÇÃO

Ausência de preconceitos Igualdade Mobilidade Relacionamento Senso comunitário

6. GARANTIAS CONSTITUCIONAS Direitos de proteção ao trabalhador Privacidade pessoal Liberdade de expressão Tratamento imparcial Direitos trabalhistas

7. TRABALHO E ESPAÇO TOTAL DA VIDA

Papel balanceado no trabalho Estabilidade de horários Poucas mudanças geográficas Tempo para lazer da família

8. RELEVÂNCIA SOCIAL DA VIDA DO TRABALHO

Imagem da empresa Responsabilidade social da empresa Responsabilidade pelos produtos Práticas de emprego

Fonte: Walton (1973 apud Vasconcelos, 2001, p. 27-28)

Walton (1973, apud Rodrigues, 2009), afirma que as mudanças nas

organizações ocorrerão de forma mais lenta do que as mudanças do aumento das

expectativas do empregado. Esta situação acarretará uma maior alienação para o

trabalhador e somente com uma reestruturação do trabalho, a QVT poderá ser

exaltada e assim as perspectiva dos trabalhadores serão entendidas e satisfeitas.

A QVT refere-se a esforços em melhorar as condições humanas no ambiente

de trabalho, tornado o mais produtivo e mais satisfatório para os gestores das

organizações. A qualidade de vida no trabalho é vista como uma maneira de pensar

a respeito das pessoas, trabalho e organização (FERNANDES e GUTIERREZ,

1988).

Limongi-França (1996, p.143) define QVT como:

Qualidade de Vida no Trabalho é considerada neste estudo o conjunto das ações de uma empresa que envolvem a implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho. Portanto, o foco proposto é qualidade de vida no trabalho como ferramenta gerencial construída na cultura organizacional

Albuquerque, Limongi-França (1998) assinalam que atualmente a sociedade

vive novos paradigmas sobre as formas de vida dentro e fora de uma organização,

desenvolvendo novos valores quanto às demandas relacionadas à QVT. Neste

contexto, várias ciências têm contribuído especificamente, onde se destacam elas:

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saúde, ecologia, ergonomia, psicologia, sociologia, economia, administração,

engenharia.

As contribuições das ciências citadas acima permitem identificar dois

movimentos principais na filosofia e na gestão de QVT: nível individual,

caracterizado pelo aprofundamento da compreensão a respeito do stress e de

doenças relacionadas às condições do ambiente de trabalho. O segundo, o nível

organizacional, refere-se a desenvolvimento do conceito de qualidade total, que não

restringe a processos e procedimentos para incluir aspectos comportamentais e

satisfação de expectativas individuais visando os resultados finais da empresa

(ALBUQUERQUE, LIMONGI-FRANÇA, 1998).

No nível organizacional a Qualidade Total originou-se na engenharia e visava,

principalmente, o processo produtivo de um determinado produto. Com a evolução

do conceito de Qualidade Total para serviços deu abertura para discussão sobre a

necessidade de incluir nele o conceito Qualidade Pessoal e, posteriormente, o de

QVT como parte dos Programas de Qualidade Total (ALBUQUERQUE, LIMONGI-

FRANÇA, 1998).

O Programa de Qualidade Total visa aprimorar o desempenho da empresa em

três dimensões: o produto em si, da concepção à venda; o ambiente interno; a

mobilização de todos os trabalhadores (BARROS, 2010).

A QVT é uma evolução da Qualidade Total, o último elo da cadeia, não há

como falar de Qualidade Total sem abranger a QVT. Os esforços empresariais

devem, em última instância, conduzir à realização humana, ou seja, a qualidade só

terá sentido se gerar qualidade de vida. As mudanças ocorrem tanto no foco

estratégico como na gestão da qualidade e no envolvimento de pessoas, essas

mudanças mostram o aumento da responsabilidade estratégica dos gestores de

Recursos Humanos (ALBUQUERQUE, LIMONGI-FRANÇA, 1998).

No nível individual a QVT expressa as necessidades pessoais, em uma nova

condição de ética e expectativa de condições de trabalho, cada pessoa tem sua

identidade formada por acontecimentos subjetivos e de relacionamento e ao celebrar

o contrato de trabalho passa a acatar normas e padrões organizacionais

pertencendo assim àquele sistema social. Expectativas da empresa frequentemente

focalizam a busca da produtividade através de investimento de energia física e

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psíquica sobre operações, tarefas e responsabilidades, que é força de trabalho

(LIMONGI-FRANÇA, 1996).

A construção da QVT se da a partir do momento em que as pessoas passam a

ser olhadas como um todo, o que é chamado de visão biopsicossocial. A origem do

conceito biopsicossocial se deu através da Medicina Psicossomática, que sugeri

uma visão holística do ser humano. Cada indivíduo é um complexo biopsicossocial,

ou seja, tem potencialidades biológicas, psicológicas e sociais que respondem ao

mesmo tempo às condições de vida. As respostas relacionadas a esses três níveis

têm diversas combinações e intensidades que podem ser mais visíveis em um deles,

embora todos sejam sempre interdependentes (LIMONGI-FRANÇA, 1996).

O nível biológico são as características físicas herdadas ou adquiridas ao

nascer e ao longo da vida. Neste nível inclui metabolismo, resistência e

vulnerabilidade dos órgãos ou sistemas. O nível psicológico são os processos

afetivos, emocionais e raciocínio, conscientes ou inconscientes, que moldam a

personalidade de cada indivíduo e a sua maneira de perceber e de se posicionar

diante das pessoas e das circunstâncias ao redor. O nível social expõe os valores,

as crenças, o papel na família, no ambiente de trabalho e em todos os grupos e

comunidades que cada indivíduo convive (LIMONGI-FRANÇA, 1996).

Associado aos distúrbios psicossomáticos está o stress, ele é a tensão do

organismo quando está exposto a pressão iminente, levando a diversos estados de

ansiedade, tensão prejudicial que gera, entre outros motivos, os distúrbios

psicossomáticos. O stress está presente no trabalho a partir da capacidade de

adaptação, que envolve a equidade entre exigência e capacidade, quando o

equilíbrio é atingido, obtém-se o bem-estar, caso ao contrário, gerará conflitos

(LIMONGI-FRANÇA, 1996).

A QVT está sempre buscando um ambiente humanizado para aproveitar as

habilidades mais refinadas dos trabalhadores, com o objetivo de ajustar tecnologia,

tarefa e empregados. A QVT não de limita apenas em prevenir acidentes de

trabalho, mas sim em abranger todas as esferas da organização, para isso é preciso

desenvolver um estudo para apurar as causas de insatisfação dos funcionários,

tanto na vida familiar quanto na vida social (CAVASSANI, A., CAVASSANI, E.,

BIAZIN, 2006).

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Segundo Denssen (2010) existem autores que definem a QVT focando o

desenvolvimento pessoal do trabalhador e outros que enfatizam a eficiência

organizacional. Contudo, nestes últimos anos, a QVT é observada como filosofia de

trabalho que ocorre em organizações mais participativas, ou seja, que levam em

consideração as opiniões de seus membros.

A QVT é vista na literatura como a procura de tornar os cargos mais produtivos

em termos de organizações e mais satisfatórios para os executores. Portanto a

preocupação com as melhorias da QVT está na reformulação dos cargos ou na sua

correta projeção, dando importância aos elementos organizacionais, ambientais e

comportamentais (RODRIGUES, 2009).

O ponto crucial da QVT esta na mobilização de todos os colaboradores da

organização. Planos e metas são elaborados e somente o envolvimento de todos

possibilitará o cumprimento dos mesmos. É justamente nessa dimensão que

aparecem como preocupação dos gestores as questões que abordam a motivação

dos trabalhadores e o quanto estes estão satisfeitos coma a empresa (BARROS,

2010).

As preocupações com QVT surgem no Brasil na década de 90, devido à

preocupação das empresas com a competitividade, em circunstância de maior

abertura para a importação de produtos estrangeiros e na esteira dos programas de

qualidade total (TOLFO E PICCININI, 2001).

No Brasil, tanto como no cenário internacional, a discussão do tema QVT vem

sendo ampliada. A QVT pode ser vista como um indicador da qualidade da

experiência humana no ambiente de trabalho, onde está relacionada à satisfação do

indivíduo ligada a capacidade produtiva, onde de um lado está à produtividade e do

outro o desempenho produtivo (PILATTI, BEJARANO, 2005).

Ao investigar ações e programas de gestão de RH, verificou-se que muitas

empresas brasileiras buscam novos paradigmas, onde o ser humano passa a ser

fator real de competência, e os cuidados com relação à humanização acontecem no

trabalho, na qualificação e em situações extensivas à vida pessoal e familiar

(LIMONGI-FRANÇA, 1996)

No Brasil, talvez por tratar-se de um tema novo, embora certas empresas

desenvolvam trabalhos com as mesmas intenções. É importante trabalhar com a

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bibliografia específica, uma clara conceituação da QVT, como ela é, e como

implantar novas formas de organização do trabalho (MORAES, 2006).

Hoje em dia, com o avanço da tecnologia, qualquer pessoa pode exercer seu

trabalho em qualquer lugar, em casa, viagens, hotéis, etc. O ambiente de trabalho

não exige um lugar específico, mesmo o homem tentando se desligar do trabalho,

de uma forma ou de outra sua vida sempre gira em torno do mesmo. A cobrança por

resultados, e a competitividade existente no mercado, obriga o homem a viver

constantemente em função do trabalho. A cada dia as organizações vêem notando a

suma importância do ser humano para o alcance dos resultados desejados, pois, as

máquinas não pensam, não solucionam problemas, são apenas máquinas, essas

qualidades competem apenas ao homem (CAVASSANI, A., CAVASSANI, E.,

BIAZIN, 2006).

Conte (2003) afirma que com o aumento de produtividade na década de 90, as

pessoas passaram a ter um ritmo de vida acelerado, levando ao excesso de horas

de trabalho e uma pressão excessiva para serem cada vez mais produtivos.

A importância da QVT reside simplesmente no fato de que passamos em ambiente de trabalho mais de 8 horas por dia, durante pelo menos 35 anos de nossas vidas. Não se trata mais de levar os problemas de casa para o trabalho, e sim de levarmos para casa os problemas, as tensões, os receios e as angústias acumulados no ambiente de trabalho. É um assunto importante a ser discutido, independentemente se o cenário econômico mostra recessão ou crescimento, perda de poder aquisitivo ou aumento do desemprego (CONTE p. 32-33).

Com a atual competitividade vivida no mundo contemporâneo, à necessidade

das empresas se manterem no mercado esta relacionada a cargos satisfatórios que

é algo cada vez mais difícil de satisfazer. Esforço para melhorar a QVT através da

reengenharia de cargos com a participação dos trabalhadores e melhoria do meio

ambiente organizacional vem demonstrando um investimento com resultados

positivos em termos de produtividade e satisfação no trabalho. Em países como

Canadá, EUA e principalmente a França e a Suécia, a preocupação com a QVT vem

se intensificando, especialmente pelo amadurecimento da sociedade (FERNANDES

e GUTIERREZ, 1988).

De acordo com Vasconcelos (2011) após processos contínuos de

reestruturação e reengenharia que foram um marco na década de 90, nota-se que

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cada vez mais as pessoas estão trabalhando excessivamente, sendo assim, não

estão tendo tempo para si mesmo.

Quando se fala na melhoria da QVT, se fala em melhorar as condições de

trabalho do indivíduo que afeta os custos, aumentando assim o passivo das

empresas. Logo surgem barreiras à implementação da QVT, com as condições de

trabalhos favoráveis os cargos podem se tornar mais satisfatórios, refletindo

indiretamente na produtividade e que independem de elevação do custo operacional

com pessoal ou instalações (FERNANDES e GUTIERREZ, 1988).

METODOLOGIA

A metodologia científica que foi adotada para a realização deste artigo foi à

pesquisa exploratória. De acordo com Vieira (2002) esse tipo de pesquisa é o

primeiro contato com o tema a ser analisado, com os sujeitos a serem pesquisados

e com as fontes secundárias disponíveis. Os estudos exploratórios são

fundamentados na hipótese de que através do uso de métodos relativamente

sistemáticos, podem-se desenvolver suposições relevantes a um determinado

fenômeno. Esta metodologia utiliza métodos amplos e versáteis. Os métodos

empregados abrangem: levantamentos em fontes secundárias (bibliográficas,

documentais, etc.), levantamentos de experiência, estudos de casos selecionados e

observação informal (a olho nu ou mecânico).

O método utilizado para a coleta de dados desse artigo constou de pesquisa

bibliográfica, pois, como ensina Chizotti (2001) é o tipo básico para qualquer

pesquisa, onde foi feita a revisão da literatura sobre o assunto investigado. Este

procedimento consultou apenas livros e artigos científicos, de autores que

abordaram o tema com propriedade.

O Universo da pesquisa abarcou as obras dos principais autores que tratam do

tema qualidade de vida no trabalho. E os dados foram tratados em uma perspectiva

qualitativa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Em um mundo contemporâneo onde às organizações têm como desafio a luta

pela sobrevivência a Qualidade de Vida no Trabalho vem se destacando como um

novo desafio para obter o sucesso organizacional.

Para que a QVT não seja apenas uma prática passageira é necessário que

haja um envolvimento organizacional como um todo que compreende o setor

administrativo e operacional, desta forma a humanização no trabalho poderá

acontecer tornando o ambiente de trabalho saudável aumentando a produtividade e

satisfação no trabalho. A QVT proporciona ao indivíduo uma melhor qualidade de

vida pessoal, social e familiar onde satisfazer as necessidades humanas básicas

consiste em uma vida saudável.

Conclui-se que, os objetivos das empresas na busca de resultados, melhorias

na produtividade e Qualidade Total podem ser alcançadas através da aplicação de

Qualidade de Vida no Trabalho, onde o bem-estar individual e coletivo dos

funcionários gera satisfação de ambos, levando a obtenção de resultados

desejados. É nas empresas que o ser humano passa a maior parte de sua vida, é

normal que este ambiente seja transformado em um local prazeroso e saudável

podendo realizar assim um trabalho com satisfação e alegria com qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

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O ASPECTO PSICO-SOCIAL DA SENTENÇA DE GUARDA

Rogério de Oliveira Freitas - Graduado em Direito, Advogado, Especialista em Direito da Família e Direito Econômico.

Fernando de Sousa Santana - Graduado em Ciências Contábeis, Mestre em Administração de Empresas e Doutorando em Economia . Professor da UNIPAC e

da UEMG. Guanayr Jabour Amorim - Graduação em Turismo, Mestre em Meio Ambiente e

Sustentabilidade. Professor da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Juliene Rocha Borges - Graduada em Administração,

Especialista em Negociação e Empreendimentos, Mestre em Economia Empresarial Professora da UEMG e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.

Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves - Graduado em Ciências Contábeis, Especialista em Auditoria e Contabilidade Financeira e Mestre em Economia Doméstica. Professor da Faculdade Sudamérica e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.

[email protected] RESUMO

As constantes mudanças na sociedade obrigam o magistrado cada vez mais a utilizar métodos além da letra da Lei no momento de proferir a sua decisão ao caso concreto de Guarda de Menores. Neste ínterim, buscaram-se refletir sobre a introdução do laudo psicológico na sentença de guarda, juntamente com a visão de diversos autores e profissionais da área Social e Psicológica, seus benefícios, quando associados com outras técnicas disponíveis, objetivando a sedimentação da tutela jurisdicional, tão esperada pelas partes em conflito. PALAVRAS CHAVE: Métodos; Economia; Família; Princípios; Tutela Jurisdicional; Psicologia.

INTRODUÇÃO

O Direito contemporâneo sofre constantes mudanças em seus textos legais,

numa tentativa de acompanhar o dinamismo da sociedade que se altera dia após

dia. Muitas vezes, mesmo com todo este dinamismo do Direito, muitas lacunas se

formam na norma fria, deixando assim, de um lado, a sociedade à espera de uma

manifestação por parte do Estado, que possui o dever de dizer o direito, que o faça

de forma segura, e, do outro, o Estado, representado pelo magistrado, um ser

humano que fica limitado em seu poder pela força das normas

Diante da possibilidade de utilização de métodos, além da letra da lei, quando

a decisão tem que ser tomada em questão de guarda de menores, onde o ponto de

maior relevância tem de ser o bem estar do menor, a maioria dos magistrados tende

a recorrer de forma única e exclusiva a laudos elaborados por Assistentes Sociais,

não se questiona a capacidade do profissional citado, nem tão pouco sua

competência para tal função. Acontece que, como foi citado, o direito é dinâmico, e

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pode e deve o Estado-Juiz se utilizar de outros métodos para fundamentar sua

sentença. Nesta linha de raciocínio, ocorrendo à ruptura de uma união, o que deve

prevalecer são os interesses do menor, então, pensa-se que a aplicação de outros

métodos, como fundamentação da decisão por parte do magistrado, deva ter a sua

utilização com uma maior frequência.

O conceito de família que se dá pela união de homem e mulher, com a união

civil e ratificada pelo sacramento, gera em tese, uma proteção da mesma por parte

do Estado e da igreja, pois a mesma foi gerada de forma legal e amparada por estas

instituições. É certo que, mesmo em se tratando de uma forma contratual e

obrigacional – pois o casamento é um contrato com deveres e direitos - tudo se dá

de forma livre, onde a manifestação de vontade, não sofre a interferência do Estado,

que neste caso atua como garantidor desta manifestação contratual.

Atualmente este conceito de instituição familiar não se encontra mais fundado

na idéia da união civil de homem e mulher com a bênção da igreja. Hoje se encontra

famílias formadas por pessoas do mesmo sexo; famílias compostas por apenas uma

pessoa, já que o objetivo da mesma era a procriação; famílias formadas em razão

das inovadoras técnicas de reprodução assistida; enfim, diante destes poucos

exemplos e de diversos outros que com certeza irão surgir, o Estado deve ficar

sempre alerta para possíveis litígios que irão se formar com toda esta evolução

social.

Partindo do principio de que a principal preocupação, independentemente de

qualquer outro fato, é o melhor interesse da criança, e numa tentativa de acerto por

parte do magistrado em buscar sempre este objetivo, muitas das vezes um bom

trabalho psicológico, não só com o menor, mais com toda a família envolvida neste

processo de finalização da chamada entidade familiar, possa ser de grande valia

para uma fundamentação mais realista e justa, na hora de uma decisão terminativa,

pois diante de tantos elementos enriquecedores o magistrado possa optar pela

guarda compartilhada, assegurando ao menor e a todos os envolvidos, uma decisão

menos traumática.

Diante de tais fundamentos, deve o Magistrado ter a ousadia de ir além da

norma fria, e de uma forma inovadora, incrementar tal norma sempre com

fundamentos legais, nunca indo alem de sua competência e sim buscando uma

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melhor aplicabilidade do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, objetivando o

“melhor interesse da criança”.

Portanto torna-se este o objetivo deste trabalho, o de buscar informações

sobre até que ponto pode e deve o Magistrado se estender além da norma para uma

melhor aplicabilidade da mesma.

A UTILIZAÇÃO DE MÉTODOS COMO NORTE NA SENTENÇA DE GUARDA

Origem da família Para este estudo, o que se torna realmente importante é se tentar identificar o

surgimento da família no âmbito do direito, ou seja, quando há uma interferência do

Estado de uma forma direta nesta entidade (SILVA, 2005).

Partindo deste ponto, o Estado entra em cena de forma a estipular regras de

organização e de condutas, criando assim a instituição do casamento, como uma

maneira de organização dos vínculos estabelecidos entre os indivíduos, que por vez

foi absorvido pela sociedade como regra de conduta, gerando assim um limite

imposto pelo Estado, como forma de coibir a busca por prazer e desrespeito entre os

mesmos, restringindo a liberdade total, pois o Estado não admite que ninguém fuja

de suas restrições. Este é o pensamento de Maria Berenice Dias: “Em uma

sociedade conservadora, os vínculos afetivos, para merecerem aceitação social e

reconhecimento jurídico, necessitavam ser chancelados pelo que se convencionou

chamar de matrimônio” (DIAS, 2006).

Evolução da família Com o advento da revolução industrial e a necessidade de mão-de-obra, toda

a caracterização de família até então normatizada começa a sofrer transformações.

Ocorre a migração de grupos para as cidades e isto faz com que a mulher se inicie

no mercado de trabalho, descaracterizando assim o homem como cerne da entidade

familiar e como única fonte de subsistência da mesma. Pessoas passam a conviver

em espaços menores, levando assim um maior relacionamento e aproximação entre

os seus entes, gerando um maior vínculo afetivo, surgindo uma nova concepção de

família embasada no carinho, no afeto e nas relações familiares estabelecidas,

Fernanda Rocha Lourenço Levy expõe:

O século XX foi palco de grande transformação ocorrida na seara familiar. A família deixa de ser um núcleo chefiado pelo “cônjuge-varão” auxiliado pelo

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“cônjuge-varoa”, de cunho patrimonialista, e assume um novo perfil igualitário baseado nos laços afetivos. A mulher e a criança ascendem socialmente e juridicamente, tornam-se focos de atenções e leis aparadoras de seus direitos (LEVY, 2008:13).

Cria-se novamente um impasse para o legislador e para todo o direito vigente,

pois com toda a transformação sofrida na família, o acompanhamento por parte do

legislador torna-se impossível, pois como já é do conhecimento, a família é o

primeiro agente socializador do ser humano, a esse respeito diz Maria Berenice

Dias: “O legislador não consegue acompanhar a realidade social e nem contemplar

as inquietações da família contemporânea. A sociedade evolui, transforma-se, rompe

com tradições e amarras, o que gera a necessidade de constante oxigenação das

leis [...]” (DIAS, 2006).

Dissolve-se toda a estrutura hierárquica antes constituída e passa-se a

estabelecer o convívio em respeito e igualdade nas relações, não existindo mais

diferenças entre o homem e a mulher, estendendo-se esta igualdade a todos os

membros da família. Como ressaltamos, a sociedade evolui e o alargamento das

relações interpessoais faz com que o pensamento que temos de família composta

pela união de um homem e uma mulher, cercados de filhos, tenha sua realidade

transformada. Tem-se então uma pluralização do modelo de família, onde

encontramos: família matrimonial, informal, monoparental, homoafetiva, anaparental,

eudemonista, e muitas outras que possam surgir com o desenvolvimento humano

(DIAS, 2006).

Diante deste cenário, o nosso ordenamento pátrio, em sua Carta Magna,

tendo a família como base da sociedade, realça a importância e valorização de seus

membros criando dispositivos e Princípios que passam a nortear estas relações.

Princípios como o da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III, CR/88), Princípio da

Igualdade (art.5º caput e incisos, CR/88) e a Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002,

vem reforçar a preocupação do Estado nas relações de seus jurisdicionados, em

face dos novos “pais, mães e filhos” pela evolução ocorrida nesta relação.

DISSOLUÇÃO DA FAMÍLIA E GUARDA DOS FILHOS Para se tratar do assunto de dissolução matrimonial ou dissolução da

instituição familiar, se torna necessário o entendimento de que, com o advento do

Código Civil de 2003, onde a união estável também se tornou entidade familiar, e a

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tão festejada EC nº 66/2010 que trata o divórcio de uma forma mais dinâmica e

rápida, muitas dúvidas pairam no ar a respeito do tema, pois somente o tempo e

diversas decisões dos magistrados irão sedimentar o assunto, tornando-o mais claro

para sua aplicação no mundo jurídico (SILVA, 2005).

O Estado tem o papel de pacificador das lides e proteção de seus cidadãos,

intervindo e buscando alternativas, para que a sociedade possa viver de forma

pacífica e harmoniosa. Para que o Estado de uma resposta, o elemento culpa deve

ser atribuído a uma das partes, e se tratando de relacionamento amoroso, é possível

que a culpa não esteja presente, tornando-se assim desnecessária a intervenção

Estatal na dissolução desta união (DIAS, 2006).

Certo, porém, é que, em se tratando de separação conjugal ou dissolução da

entidade familiar, onde se tem menores envolvidos, toda a dinâmica de resolução

deve ser tratada com mais carinho por parte do Estado/Juiz e também por parte dos

próprios interessados na resolução do conflito, não se esquecendo que, sempre

deve-se levar em conta o bem estar do menor, para que o mesmo não seja

transformado em objeto de disputa sobre o qual recairá somente os interesses dos

envolvidos (DIAS, 2006).

Disputas à parte, o importante no processo é a decisão de quem irá ficar com

o menor. Quem possui melhores condições financeiras, emocional, psicológica e ate

mesmo amorosa, para transmitir ao filho, sem que haja prejuízo futuro em seu

desenvolvimento? Nesta hora em que o Estado/Juiz deve decidir, diante de

possibilidades elencadas no Código, ou até mesmo criadas por doutrinadores, que

tipo de guarda irá adotar ao caso concreto, buscando sempre fundamentar sua

decisão com laudos minuciosamente preparados por Assistentes Sociais, Psicólogos

e depoimentos de testemunhas. Diante de tal fato Fernanda Rocha Lourenço Levy

expõe:

Quão penosa se afigura a tarefa do juiz que atua em varas de família! Decidir qual dos pais conviverá continuamente com os filhos, ordenar buscas e apreensões de menores, atribuir ou ainda denegar o pedido de direito de visita, viver momentos angustiantes de Rei Salomão. O Juiz não é só Juiz, é pai, marido, ex-marido, filho, e tem referências vividas que, por mais que tente abstraí-las em busca da pura neutralidade, inúmeras vezes se torna impossível fazê-lo de modo integral. É um ser humano que sofre influências do meio em que vive, da criação que recebeu (LEVY, 2008:97).

A decisão deve ser tomada, e diante de tantas possibilidades para a solução

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do conflito vislumbra-se, neste momento, o instituto da Guarda Compartilhada, onde

deveres e obrigações serão divididos pelos pais de maneira a não fazer com que o

menor se sinta abandonado por aquele que não obteve a sua guarda no decorrer do

processo judicial, assim todos os laços afetivos criados pelo casal, que mesmo não

tendo mais um relacionamento amoroso, não deixará de ter responsabilidades e

participação na criação de seus filhos. Maria Berenice Dias expõe:

Guarda conjunta ou compartilhada significa mais prerrogativas aos pais, fazendo com que estejam presentes de forma mais intensa na vida dos filhos. A participação no processo de desenvolvimento integral dos filhos leva a pluralização das responsabilidades, estabelecendo verdadeira democratização de sentimentos. A proposta é manter os laços de afetividade, minorando os efeitos que a separação sempre acarreta nos filhos e conferindo aos pais a função parental de forma igualitária [...] (DIAS, 2006).

Divisão de tarefas, esta é a idéia central da Guarda Compartilhada, onde os

pais não se afastam de seus filhos, privilegiando assim o princípio do bem estar do

menor. Sempre que possível, esta decisão deve ser adotada pelos magistrados,

buscando formas claras de aplicação, e embasando-se em laudos formulados por

profissionais capacitados, onde o menor será observado e avaliado, não deixando

nenhuma dúvida na aplicação de tal instituto. Munido de tantas informações, o Juiz

pode dar sua decisão com base no Princípio do livre convencimento de suas

decisões e do Princípio das motivações das decisões, previsto no artigo 93, inciso IX

da Constituição Federal de 1988 (LEVY, 2008).

IMPORTÂNCIA DO LAUDO PSICO-SOCIAL

É uma forma inovadora de sentenciar quando da utilização de laudos

técnicos, elaborados por profissionais da área de Psicologia, certo é que a atuação

de peritos no âmbito processual encontra-se elencado nos artigos 145 e seguintes

do CPC, in verbis: Artigo 145. “Quando a prova do fato depender de conhecimento

técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo disposto no art. 421”

(BRASIL, 2010).

Desta forma, o próprio Código alicerça a decisão do juiz que, mesmo sendo

pai, esposo, filho e ser humano, não possui total conhecimento dos sentimentos que

se encontram no íntimo das pessoas, e que, através de profissionais capacitados,

estes sentimentos poderão ser traduzidos, com estudos aprofundados não só no

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menor em disputa, mas em toda a sociedade familiar, pois o objetivo dos mesmos e

a melhor aplicabilidade das normas de forma justa ao caso concreto (LEVY, 2008).

A maioria dos psicólogos, quando da elaboração de laudos judiciais, utiliza-se,

da Teoria do Desenvolvimento Humano de Jean Piaget, epistemólogo e psicólogo

suíço, que pesquisou de forma minuciosa o desenvolvimento cognitivo de seus

filhos, concluindo que o indivíduo passa por várias etapas de desenvolvimento ao

longo da vida, através de um equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, ao qual

resulta em adaptação. Ou seja, o ser humano assimila dados externos, adapta a

estrutura mental existente, o processo de acomodação se dá pela modificação

mental do indivíduo, desta forma, nenhum conhecimento nos chega sem que sofra

alteração por nossa parte, e tudo que aprendemos é influenciado pelo que já

tínhamos anteriormente aprendido (LEVY, 2008).

O processo de ruptura da sociedade familiar e a disputa do casal pela guarda

dos filhos, podem ocasionar consequências devastadoras na formação do ser em

disputa. O magistrado, sem o devido estudo elaborado pelo profissional técnico,

pode por descuido deixar passar questões que muitas vezes se tornam ocultas aos

olhos humanos, e que não são percebidas pelos comportamentos manifestos dos

menores, conforme elucida José Osmir Fiorelli e Rosana Cathya Ragazzoni Mangini:

Crianças, em especial, possuem significativa habilidade para comparar detalhes dos comportamentos e das falas e identificar paradoxos; para lidar com eles, desenvolvem mecanismos de defesa; isso, entretanto, não evita danos ao aparelho psíquico, que refletirão, mais tarde, em dificuldades na adolescência e na vida adulta (FIORELLI e MANGINI, 2009)

Nesta visão, pode-se observar com clareza que a teoria desenvolvida por

Piaget se mostra bem evidente no processo de desenvolvimento do ser, onde os

mecanismos de defesa se encontram armazenados no psíquico da criança.

A demonstração dos traumas causados pela separação pode não ser

percebida pelo simples contato com o menor em disputa, mas, certamente suas

marcas ficarão guardadas e expostas mais tarde, causando consequências de

natureza psíquica e social ao menor.

Desta forma, o profissional psicólogo, o operador do direito e o magistrado

devem ficar atentos para que uma disputa não se torne em alienação parental,

trazendo consequências tão graves como as expostas anteriormente. Sendo assim,

deve o Estado, na pessoa do Juiz, buscar sempre a ajuda do profissional como

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forma de fundamentação de suas decisões (FIORELLI e MANGINI, 2009).

A DECISÃO DO JUIZ DIANTE DO PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO DAS DECISÕES

O julgamento deverá ser fruto de uma operação lógica, armada com base nos

elementos de convicção existentes no processo, de acordo com o exposto no artigo

131 do Código de Processo Civil, in verbis: “O juiz apreciará livremente a prova,

atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados

pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o

convencimento” (BRASIL, 2010).

A liberdade que é conferida ao magistrado para apreciar as provas levadas

aos autos é denominada sistema do livre convencimento motivado ou da persuasão

racional, Misael Montenegro Filho expõe:

O sistema adotado pelo CPC, repetindo a tradição de vários outros povos modernos, com visível influência do Código Napoleônico, apóia-se na certeza de que o magistrado apenas pode julgar de acordo com as provas que se encontram nos autos, para ali trazidas por iniciativa dele e/ou das partes, não podendo se valer do que se encontra fora do processo (aplicando-se, dessa forma, a máxima quod mon est in actis mon est in mundo – o que não está nos autos não está no mundo do Direito) (MONTENEGRO FILHO, 2007)

O material de valoração da prova deve encontrar-se necessariamente contido

nos autos do processo, onde o juiz tem o dever de justificá-los e motivar sua

decisão. Isso permite às partes conferirem que a convicção foi extraída dos autos e

que os motivos que o levaram a determinada sentença chegam racionalmente à

conclusão exposta pelo magistrado. Importante lembrar que as provas não possuem

valor determinado, sendo apreciadas no contexto e conjuntamente com as demais

provas, ou seja, seu peso e valor serão considerados de forma única e exclusiva

pelo juiz (FIORELLI e MANGINI, 2009).

O laudo elaborado pelo profissional psicólogo e inserido nos autos a pedido

das partes ou pelo magistrado será valorado no contexto de que se faz necessário

em conjunto com as outras provas ali existentes, porem o juiz poderá não se vincular

ao laudo conforme expõe o artigo 436 do CPC, in verbis: “O juiz não está adstrito ao

laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos

provados nos autos” (BRASIL, 2010:420)

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Diante da situação de litígio onde a disputa pela guarda de um menor, que em

determinadas situações pode ter todo o seu desenvolvimento afetado como

consequência desta disputa, pensa-se a vinculação de um laudo psicológico, além

de outros meios de provas nos litígios onde envolvam guarda seja de grande

importância para um maior convencimento do magistrado (SILVA, 2005).

Laudos, provas, depoimentos das partes, documentos, enfim, todos os meios

de provas são levados aos autos para apreciação do magistrado que tem a função

de julgar e de dar a tão desejada prestação jurisdicional buscada pelas partes,

função difícil para um ser humano que se coloca no lugar do Estado para oferecer a

prestação ora pretendida e que fica atrelado ao resultado e acaba sendo julgado por

uma das partes como coloca José Osmir Fiorelli e Rosana Cathya Ragazzoni

Mangini:

Julgam juízes e jurados; julgam os que acusam e os que defendem. Julgam os que opinam. Entretanto, todos trabalham antes com a realidade dos relatos do que com os fatos. Julga-se perante a perspectiva sociocultural interpretada pelos indivíduos por meio de seus filtros sensoriais e cognitivos, impregnados de valores e conceitos, experiências, expectativas e do zeitgeist, o espírito da época. Julga-se por meio de comparação com referenciais inscritos no social e modulados pelos fenômenos mentais que dominam cada individuo. O sujeito e o social estruturam a mente e a mente domina o sujeito, prisioneiro do próprio artefato. O homem deixa-se escravizar pelas crenças que produz. Assim, o que julga é também julgado (FIORELLI e MANGINI 2009:).

Desta forma, fica o Magistrado com o “poder” de decisão sobre a

questão apresentada e devidamente fundamentada, cabendo ao mesmo ter

discernimento, para que, de sua decisão o objetivo fundamental que é o bem estar

do menor seja sempre preservado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sociedade se transforma de forma acelerada, e a Justiça não consegue

acompanhar estas mudanças no mesmo ritmo; os esforços empregados pelos

Legisladores e doutrinadores, na busca de um norte pacificador dos conflitos sociais,

se tornam cada dia mais latentes desta forma, cabe ao julgador decidir quais os

melhores caminhos e métodos a serem empregados nos conflitos trazidos pelas

partes na busca da tutela jurisdicional oferecida pelo Estado.

É evidente que, cada vez mais, torna-se penosa a função de julgar, pois a

justiça tem que se mostrar cega, e a imparcialidade deve sempre vir em primeiro

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lugar, e, em disputas judiciais envolvendo menor, o interesse deste sempre será o

foco central de qualquer decisão, devendo ser colocado em primazia dos demais.

Geralmente estas disputas são complexas, causando desgastes em todos os

envolvidos, direta ou indiretamente na condução do processo.

Afinal, o que vem a ser justiça? Qual a verdade que deve ser levada em

conta? Quem realmente está correto ou apto à condição de merecedor da guarda do

menor? Qual o limite que o Estado deve ter para fundamentação de sua decisão?

Este limite deve ser estabelecido em Lei?

Duvidas sempre ficarão latentes nos processos que se formam no dia a dia

das Varas de Família espalhadas por este País. Desta forma, é de suma

importância, que se tenha uma atitude mais audaciosa na forma de apreciação das

provas levadas aos autos, onde cada parte terá preservada a garantia Constitucional

de liberdade para produção das que lhes for conveniente, e o Magistrado tenha a

ousadia de inovar, buscando sempre laudos elaborados por profissionais diversos

como Psicólogos, Assistentes Sociais, Pedagogos, Médicos Pediatras, até mesmo

do Orientador Espiritual do casal em litígio.

Que o peso desta decisão, seja qual for, diante da utilização livre e

conveniente dos métodos escolhidos pelo Magistrado, possa causar-lhe o

sentimento de dever cumprido de forma justa e perfeita, onde o homem, utilizando-

se de todos os meios possíveis ao seu alcance, buscou, não de olhos vendados,

como se deve ter a justiça, e sim com o olhar bem atento às possíveis

consequências de uma decisão sem fundamentos.

RERÊNCIAS

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DIAS, Maria Berenice, Amor tem preço? Disponível em: <http://www.mariaberenice.com.br> Acesso em: 23 mar. 2010. FIORELLI, José Osmir; MANGINI, Rosana Cathya Ragazzoni, Psicologia Jurídica. 1 ed. 2. reimpr. São Paulo: Atlas, 2009. LEVY, Fernanda Rocha Lourenço, Guarda de filhos: os conflitos no exercício do poder familiar. São Paulo: Atlas, 2008. MONTENEGRO FILHO, Misael, Curso de direito processual civil. Volume 1: teoria geral do processo e processo de conhecimento, 4 ed. São Paulo: Atlas, 2007. SILVA, Evandro Luiz; Guarda de filhos: aspectos psicológicos. In: APASE Associação de Pais e Mães Separados Guarda Compartilhada: aspectos psicológicos e jurídicos. Porto Alegre: Equilíbrio, 2005.

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A QUALIDADE NO ATENDIMENTO EM SERVIÇOS COMO FATOR DE DIFERENCIAÇÃO

Juliene Rocha Borges - Graduada em Administração,

Especialista em Negociação e Empreendimentos, Mestre em Economia Empresarial Professora da UEMG e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.

Fernando de Sousa Santana - Graduado em Ciências Contábeis, Mestre em Administração de Empresas e Doutorando em Economia . Professor da UNIPAC e

da UEMG. Guanayr Jabour Amorim - Graduação em Turismo, Mestre em Meio Ambiente e

Sustentabilidade. Professor da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Lúcio Flávio Sleutjes - Graduado em Fisioterapia, Mestre em Ciência da

Motricidade e Doutor em Cinesiologia. Diretor Acadêmico e professor da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX.

Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves - Graduado em Ciências Contábeis, Especialista em Auditoria e Contabilidade Financeira e Mestre em Economia Doméstica. Professor da Faculdade Sudamérica e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX

[email protected]

RESUMO A mudança no panorama econômico nas últimas décadas, somada a um

ambiente de mercado extremamente mutável, onde somente as empresas que tiverem estratégias claras terão vantagens sustentáveis em relação a seus concorrentes, as questões relacionadas ao atendimento de qualidade ao cliente têm se tornado um dos temas principais de estudo tanto no âmbito da pesquisa teórica como no das teorias empresariais. Assim, o objetivo deste estudo é verificar, através de uma pesquisa bibliográfica, de que forma o oferecimento de um atendimento de qualidade tem se tornado um fator de competitividade para as empresas do setor de serviços. A hipótese é de que as empresas que almejam sucesso e que tenham como meta manter seus clientes ativos precisam oferecer serviços de qualidade, que por sua vez, está diretamente relacionada ao nível de atendimento oferecido. PALAVRAS-CHAVE: Serviços; Qualidade em serviços; Atendimento.

INTRODUÇÃO

O setor de serviços apresenta enorme importância em todos os países,

independente de seu grau de desenvolvimento. Em termos socioeconômicos pode-

se afirmar que a maioria dos países se transformou em economias de serviços. Este

espectro da importância do setor não é característica única dos países com elevado

grau de desenvolvimento, no Brasil a tendência é semelhante.

Vários fatores podem contribuir para uma melhor explicação do crescimento

da produção de serviços. Nos países mais desenvolvidos a demanda por serviços

pode ser causada pela diminuição das jornadas de trabalho, crescente aumento na

expectativa de vida das pessoas, maior preocupação com questões ecológicas e

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ambientais e propriamente a constantes evoluções tecnológicas, entre diversos

outros possíveis fatores. Já nos países menos desenvolvidos, a principal causa da

excessiva demanda de serviços credita-se ao enorme êxodo dos trabalhadores

rurais para os grandes centros urbanos, estimulando o crescimento, muitas vezes

desordenado, da produção de serviços formais e informais (FALCONI, 1988).

No entanto, com um ambiente extremamente mutável, onde somente as

empresas que tiverem estratégias claras terão vantagens sustentáveis em relação a

seus concorrentes e com uma economia extremamente competitiva, para as

empresas do setor de serviços tem sido cada vez mais necessário manter os seus

clientes ativos. Ou seja, a empresa que almeja sucesso nos dias atuais tem que ter

como uma de suas principais estratégias buscar a fidelização de seus clientes e,

para isso, é de suma importância que se possua a maior gama de informações

possíveis acerca de seus clientes para, a partir daí, conhecer seu comportamento e

tentar uma real aproximação (KOTLER, 2000).

Inúmeros estudos abordam a questão de que um cliente satisfeito é mais

propenso a tornar-se leal, porém, não é o único ponto a ser abordado. Griffin (1998)

afirma que a satisfação tratada isoladamente não é fator suficiente para criar e

manter clientes fiéis.

Hoje, o cliente cada vez mais clama por um atendimento de qualidade. São

frequentes as queixas em relação ao tratamento dado por algumas empresas, pelos

funcionários de linha de frente. Assim, a qualidade do serviço ao cliente apresenta-

se como desafio para as empresas, exigindo urgentes transformações haja vista as

frequentes queixas dos clientes quanto ao atendimento prestado (KOTLER, 2000).

A relevância do estudo está na possibilidade de, ao abordar a questão da

qualidade em serviços, demonstrar que oferecer atendimento de qualidade nas

empresas desse setor, quando se faz da satisfação do cliente o centro das

atenções, pode ser um importante diferencial competitivo, para que essas empresas

se destaquem no mercado.

SERVIÇOS

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No processo de prestação de serviços, o que os clientes avaliam, segundo

Lovelock e Wright (2002), é o desempenho e a qualidade do serviço no decorrer de

suas ações.

Assim, devido a essas particularidades, o desafio para as empresas do setor

está relacionada com a compreensão das necessidades e das expectativas dos

clientes em relação ao serviço, no sentido de tangibilizar e superar estas

expectativas, conseguindo assim garantir o sucesso da empresa.

Segundo Grönroos (2003), a característica mais importante dos serviços é a

sua natureza de processo. São processos porque consistem em uma série de

atividades nas quais vários tipos de recursos – humanos e materiais – são utilizados,

no mais das vezes, em interação direta com os clientes, de modo a encontrar uma

solução para o seu problema. Essa característica é tão importante que a maioria das

outras dela decorre.

Ainda segundo Grönroos (2003), a segunda característica dos serviços é a

simultaneidade ou inseparabilidade. Essa característica ressalta que os serviços são

consumidos no mesmo instante em que são produzidos.

A terceira característica enfatiza o fato de o cliente participar ativamente do

processo de produção do serviço. Ele é, então, um recurso da produção. Por

conseguinte, sem a participação do cliente não se pode produzir serviços, muito

menos estocar para que sejam vendidos em momento posterior.

A quarta característica é a intangibilidade, tida pela maioria dos

pesquisadores como a mais importante distinção entre serviços e bens físicos.

A quinta característica dos serviços é a sua heterogeneidade ou variabilidade.

Afirmar que os serviços são heterogêneos implica dizer que são diferentes; mesmo

quando um conceito de serviço é prestado por um mesmo prestador a um mesmo

cliente, a percepção do serviço varia.

A conclusão a que se chega é que a maioria das empresas opera entre dois

extremos de uma escala, ou de um continuum, e o que nelas é produzido pode ser

classificado segundo seu nível de tangibilidade. Ou seja, num extremo, têm-se as

organizações que produzem mercadorias relativamente puras e, no outro, as que

produzem serviços relativamente puros.

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QUALIDADE NO ATENDIMENTO EM SERVIÇOS

Como conceito, a qualidade é conhecida, entretanto, só recentemente ela

surgiu como função gerencial. “Originalmente, tal função era relativa e voltada para a

inspeção; hoje, as atividades relacionadas com a qualidade se ampliaram e são

consideradas essenciais para o sucesso estratégico”. (GARVIN, 1998).

Tecnicamente, qualidade é definida na norma NBR ISO 9000:2000 como

“grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos”. Hoje,

qualidade é um termo que passou a fazer parte do jargão das organizações,

independentemente do ramo de atividade e abrangência de atuação. A principal

diferença entre a abordagem do início do século XX e a atual é que a qualidade

agora está relacionada às necessidades e anseios dos clientes.

Qualidade em Serviços

Qualidade é vista como um substrato essencial à criação de valor para o

cliente. Mais do que qualquer estratégia de marketing externo, a longo prazo, é a

qualidade dos serviços que determinará o sucesso ou o fracasso de uma

organização. Em grande medida, até recentemente, considerava-se qualidade uma

meta interna da organização, dando-se ênfase ao produto em si. De acordo com

Clarke (2001), acreditavam os administradores que, na avaliação da qualidade, o

cliente apenas considerava os atributos intrínsecos ao próprio produto. Segundo o

autor:

No caso de bens físicos, as características do produto e sua conformidade com os padrões técnicos estabelecidos eram vistos como o fator de maior relevância para essa avaliação. O mesmo princípio aplicava-se também aos serviços; acreditava-se que o resultado de todo o processo, fruto das técnicas adotadas, era o elemento de destaque na avaliação de qualidade pelo cliente. Naquele contexto, então, qualidade era um conceito muito mais diretamente relacionado ao produto do que ao cliente. (CLARKE, 2001, p. 116).

Resultados de pesquisas recentes (CLARKE, 2001), no entanto, alteram essa

visão, alertando que a avaliação de qualidade pelos consumidores contemporâneos,

não se constitui em fenômeno simples. Na perspectiva de gestão de serviços,

qualidade não é um atributo inerente ao produto. Por conseguinte, um fabricante

pode produzir artigos que atendam todas as especificações previstas pelo setor de

pesquisa e desenvolvimento, e um prestador de serviços jurídicos, por exemplo,

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pode adotar os mais apropriados procedimentos técnicos para a condução de um

caso, mas, apesar disso, o cliente pode não perceber qualidade no resultado de seu

trabalho. Isso porque, nessa perspectiva, qualidade é um conceito que deriva da

percepção do cliente. É o cliente, subjetivamente, e não a organização empresarial,

quem determina o que vem a ser qualidade.

Não obstante os atributos da intangibilidade e da heterogeneidade, o

consumidor não chega ao mercado de serviços como uma tábula rasa, ao contrário,

quando para lá se dirige, ele já tem uma idéia, uma expectativa acerca do que

precisa e do que deseja receber em troca. Tal expectativa, na visão de Grönroos

(2003, p. 85):

[...] é determinada por diversos fatores, entre os quais se encontram a própria necessidade do cliente, suas experiências anteriores, sua filosofia do que vem a ser um serviço de qualidade, a comunicação da empresa com o mercado e a imagem corporativa da instituição à qual se dirige. Boa qualidade percebida será obtida quando a qualidade experimentada atender às expectativas do cliente, ou seja, ao padrão de qualidade que ele espera daquele serviço.

Qualidade no Atendimento em Serviços

A perspectiva de relacionamento em negócios não é fenômeno novo.

Historicamente, negociação e comércio eram orientados mais para o relacionamento

do que para as trocas (GRÖNROOS, 2003). Ocorre, no entanto, que, com o advento

da Revolução Industrial, essa perspectiva perdeu muito sua posição, pois, a partir

daí, foram introduzidos meios de produção em massa. Daquele ponto em diante, o

aumento da riqueza da crescente classe média levou ao consumo de massa, à

distribuição em massa; e o marketing para produtos de massa tornou-se necessário

(GRÖNROOS, 2003). Dessa forma, deixou de existir a ligação tradicional entre

produtores, fabricantes, consumidores e usuários.

No caso dos serviços, dada a sua natureza relacional, esses elos não foram

partidos. Apesar disso, durante certo período, o modelo de administração adotado

pelas indústrias foi largamente utilizado também pelas prestadoras de serviços.

Certamente, por esse motivo, tais organizações desenvolveram não uma boa

reputação, mas o reconhecimento público da baixa qualidade de seus serviços.

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Sabe-se que existem pelo menos duas perspectivas pelas quais as

negociações podem ser efetivadas: a que se baseia na troca e a que se baseia no

relacionamento. Segundo Grönroos (2003, p. 314):

A perspectiva da troca parte do pressuposto de que o valor é entregue ao cliente no momento em que se entrega o produto. O valor está encerrado no produto, foi produzido em momento anterior, longe da interferência do cliente. O mesmo não é verdadeiro para uma perspectiva de relacionamento; nessa, os produtos são apenas facilitadores de valor. O valor é produzido, parcialmente, em cada interação entre o produtor e o comprador, até o final do processo de prestação de serviços. Dentro dessa perspectiva, o atendimento é visto como algo inerente às funções de negócios envolvidas no processo de criação valor.

Sob a ótica desse autor, portanto, a prestação de serviços de qualidade

requer que as expectativas do cliente sejam compreendidas e que o processo de

serviço seja bem planejado, visando ao atendimento dessas expectativas, ou

mesmo, em algum grau, à sua superação. Ocorre, porém, que, mesmo que essas

duas etapas tenham se desenrolado com sucesso, isto é, as expectativas dos

clientes tenham sido bem entendidas e os processos de serviços bem planejados,

ainda existe uma forma de a organização fracassar no seu objetivo de ofertar

serviços de qualidade: a existência de descontinuidade entre o padrão especificado

e a execução propriamente dita, que ocorrerá sempre que o serviço for executado

em desconformidade com o que foi planejado.

Entende-se, assim, que os funcionários que executam os serviços e as

questões de recursos humanos são tidos como de fundamental importância para a

qualidade dos serviços e do atendimento prestados.

Da mesma maneira, a qualidade no atendimento efetiva-se no desempenho

de uma equipe de trabalho, e todos os membros da organização fazem parte dessa

equipe. Ela se manifesta nos menores detalhes, nos momentos mais inesperados,

quando da interação com o cliente. Como não se pode prever o que ocorrerá no

contato com o próximo cliente, os funcionários devem estar preparados para, com

maestria, conduzir as novas situações e desafios que se lhe apresentarem. Para

isso, como pontua Grönroos (2003, p. 320), “as mentes e os corações da

organização inteira têm de estar engajados no objetivo de bem servir. Todos

precisam estar comprometidos com a entrega de serviços de qualidade ao cliente”.

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Dessa forma, os empregados das organizações prestadoras de serviços

devem ser devidamente contratados, treinados e recompensados pelo desempenho,

quando em consonância com os objetivos da empresa, caso contrário o atendimento

prestado ao cliente será deficitário.

Realizar bem as funções para as quais foram contratados e, ao mesmo

tempo, fazê-lo de um modo que crie impacto positivo nos clientes não é tarefa

simples. Estudos, como Bateson e Hoffman (2001), sugerem que, para que isso

ocorra, é necessária a contratação de pessoas que possuam uma inclinação natural

para a prestação de serviços. A partir da contratação, os passos seguintes são o

treinamento e a promoção do trabalho em equipe.

No entanto, segundo Bateson e Hoffman (2001, p. 117), embora os

empregados possam ter sido treinados e vivido as mesmas experiências

profissionais “eles apresentarão diferentes desempenhos em tarefas semelhantes,

porque aqueles que apresentam níveis mais elevados de orientação ao cliente, no

caso, habilidade com pessoas, irão apresentar melhor performance em atividades”.

Dessa forma, os autores sugerem que, ao contratar empregados, as

organizações devem ter em mente essa informação: a inclinação ao cliente é, pois,

importante antecedente à manifestação do sentimento de satisfação e do

comprometimento organizacional, tão essenciais ao processo de atendimento.

(BATESON e HOFFMAN, 2001).

Na seleção do pessoal, a organização deve estar atenta não somente aos

talentos naturais de cada candidato, mas também a todas as outras habilidades que

tenham adquirido ao longo de sua vida. Chiesa (2001, p. 32) sugere que certas

características e habilidades são necessárias ao empregado, para que tenha bom

desempenho no encontro de serviço. Habilidades técnicas, interpessoais,

flexibilidade, adaptabilidade e empatia devem ser, segundo o autor, consideradas

durante o processo de seleção.

Berry (1996, p. 175) acrescenta ainda que as empresas que pretendem

prestar atendimento de excelência, além de praticarem o marketing de

relacionamento com os clientes, devem fazê-lo também, com os empregados.

O segundo item apontado – treinamento e capacitação do funcionário – é

outro fator determinante para um bom atendimento. Os empregados de uma

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organização de serviços, diferentemente de outros setores, não precisam produzir

uma quantidade tal de produtos cada dia. Precisam, no entanto, além de atuar em

sua função principal, estar preparados para atender ao cliente de modo dinâmico e

eficiente.

Diferentemente dos que operam máquinas nas indústrias, os empregados da

empresa de serviços precisam de uma visão mais ampla, mais abrangente, daquilo

que Grönroos (2003) chama de visão holística da estratégia de serviço da

organização. Se não tiverem essa visão, não serão capazes de participar do

processo de modo eficaz. Não irão acertar da primeira vez que executam o

atendimento.

Por fim, o último item apontado, o trabalho em equipe, também é

extremamente importante para que se possa oferecer um atendimento de qualidade,

pois, prestar serviço é muito cansativo e estressante. São muitos clientes solicitando

atenção, geralmente, ao mesmo tempo. Isso pode levar à exaustão física e mental

do pessoal que mantém contato direto com eles. Além dos desgastes já esperados,

o problema pode ser maior quando se tem clientes mal-educados e grosseiros, o

que não é difícil acontecer.

Portanto, identificar para cada serviço prestado pela organização, os mais

importantes pontos de interseção entre os diversos setores, e encontrar um meio de

remover as barreiras, é a solução apontada.

Fatores Determinantes para um Atendimento de Qualidade

Do ponto de vista da avaliação, pode-se afirmar que as expectativas sobre os

serviços e sobre o atendimento é um insumo fundamental para mensuração da

satisfação dos clientes. A qualidade do atendimento percebida pelos clientes é

definida como fruto da comparação entre o atendimento esperado e a percepção do

atendimento recebido.

Um dos pontos centrais é identificar as necessidades dos clientes para,

através de ferramentas próprias, procurar alternativas para satisfazê-los.

Com base nessa premissa, Kotler (2000, p. 53) define satisfação como:

[...] sentimento de prazer ou de desapontamento resultante da comparação do desempenho esperado pelo produto (ou resultado) em relação as expectativas da pessoa. A satisfação é o estado psicológico resultante da

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emoção em torno da expectativa desconfirmada, que é casada com os sentimentos a priori do consumidor.

Assim, os clientes estarão satisfeitos quando o atendimento estiver dentro de

suas expectativas. Ao contrário, quando o atendimento ficar aquém destas – muitas

vezes imaginado pelo próprio cliente – este se sentirá insatisfeito. Criar, portanto,

instrumentos para auferir o nível de satisfação dos clientes é muito importante para o

sucesso organizacional.

Dessa forma, muitas providências devem ser tomadas para a melhoria do

atendimento, principalmente aquele realizado pela linha de frente nas empresas de

serviços, a começar por uma seleção criteriosa do profissional de atendimento para

garantir que o perfil seja adequado. Estudiosos da área como Kotler (2000), afirmam

que os funcionários de linha de frente devem ser os melhores funcionários da

organização.

Portanto, é importante que haja uma estratégia de apoio da direção das

empresas, no sentido de proporcionarem condições organizacionais favoráveis ao

atendimento, voltadas para a organização do trabalho e do ambiente físico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A globalização e o consequente aumento da competitividade entre as

empresas, fez com que a qualidade dos serviços se tornasse uma preocupação no

meio empresarial. Geralmente, a qualidade em serviços é determinada por três

fatores: desempenho, atendimento e custo. Muito embora as empresas dêem

prioridade ao primeiro elemento, não se pode deixar de lado as outras duas

variáveis, especialmente o atendimento, o qual é o momento em que o cliente entra

em contato direto com a organização e vivencia uma relação bilateral, em que

requisita um serviço ao atendente e recebe orientação para solucionar seu

problema.

No mundo industrializado, a qualidade tem sido considerada um atributo das

empresas, associado a questões de custo, produtividade e competitividade. Com o

crescimento da demanda por maior e mais diferenciada oferta de serviços, a

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qualidade antes percebida como desejável nos produtos passou a ser exigida como

imprescindível, a ser considerada como fator diferenciador e inerente ao processo

de atendimento a toda e qualquer expectativa de clientes.

Apesar da questão do atendimento ser ainda um campo pouco desenvolvido

e investigado por estudiosos, percebe-se um aumento considerável nos últimos anos

de cursos de atendimento oferecidos por empresas de consultoria, escolas e

universidades. Esse fato confirma a necessidade de melhorar o atendimento nas

organizações em geral. Entretanto, é notório que a maior parte desses cursos

enfatiza as habilidades e atitudes necessárias para um atendimento de qualidade,

mas ignora quase que totalmente a importância de questões relacionadas à

organização do trabalho para a melhoria do atendimento.

Outros temas também são mencionados, dentre eles: psicologia no

atendimento, as faces da inteligência, unidade na diversidade, técnicas de

atendimento, conquistando cliente, contornando desafios, transformando

reclamações, as várias funções do marketing, atendimento interno, qualidade de

vida, situações de risco, troca de mercadorias, fidelização de clientes, o cliente da

empresa prestadora de serviço e planejamento e metas.

Porém, percebe-se a ausência de temas que considerem as estratégias e as

metas organizacionais, a missão organizacional (a razão de ser), o conhecimento do

fluxo do serviço, os indicadores de desempenho e de melhoria contínua, os recursos

disponíveis, instrumentos de identificação dos funcionários, dos locais e dos serviços

oferecidos e a avaliação do serviço por meio de pesquisa com o cliente.

Todos esses aspectos precisam ser pensados quando se pretende oferecer

um serviço de qualidade, pois, a qualidade, principalmente no setor de serviços é um

importante diferencial competitivo. Com esses itens, as empresas poderão mensurar

seu poder de reação e, a partir daí, proporcionar aos seus clientes o que eles

realmente desejam e esperam de seus serviços atuais e futuros.

Portanto, procurar saber a percepção do serviço sob a ótica do cliente, quanto

à qualidade versus desempenho, pode ser um momento das empresas de serviços

contemplarem o diagnóstico para um planejamento estratégico com vistas a

permanência no mercado.

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REFERÊNCIAS

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A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO: EFICIENTE FERRAMENTA NA GESTÃO POR COMPETÊNCIAS

Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves - Graduado em Ciências Contábeis, Especialista

em Auditoria e Contabilidade Financeira e Mestre em Economia Doméstica. Professor da Faculdade Sudamérica e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX

Fernando de Sousa Santana - Graduado em Ciências Contábeis, Mestre em Administração de Empresas e Doutorando em Economia . Professor da UNIPAC e

da UEMG. Guanayr Jabour Amorim - Graduação em Turismo, Mestre em Meio Ambiente e

Sustentabilidade. Professor da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Juliene Rocha Borges - Graduada em Administração,

Especialista em Negociação e Empreendimentos, Mestre em Economia Empresarial Professora da UEMG e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.

Lúcio Flávio Sleutjes - Graduado em Fisioterapia, Mestre em Ciência da Motricidade e Doutor em Cinesiologia. Diretor Acadêmico e professor da Faculdade

Vértice –UNIVÉRTIX. [email protected]

RESUMO O presente artigo discute uma evolução dos conhecimentos para um melhor

desempenho dos funcionários numa organização, identificando os pontos positivos a serem mantidos, assim como os pontos negativos a serem aperfeiçoados ou eliminados. Dessa forma, as organizações estão procurando avaliar seus profissionais para conseguir um salto em competitividade, pois são as pessoas o sucesso organizacional na era da informação. Outro aspecto fundamental é a manutenção e o desenvolvimento desse indivíduo na empresa conseguido por meio de competências interligadas ao sucesso do cargo e, principalmente, à estratégia organizacional. PALAVRAS CHAVE: Avaliação de desempenho; Gestão por competências; Gestão de pessoas.

INTRODUÇÃO

Constantemente fazem-se avaliações no dia a dia, ou seja, avaliam-se

colegas, as bolsas de valores, a capacidade do professor, o carro do vizinho etc., o

que não é diferente nas organizações. Nesse sentido, elas necessitam avaliar o

desempenho de diversos setores como marketing, financeiro, vendas, operacional e,

principalmente, o humano. Portanto, hoje em dia é necessário um ótimo

desempenho humano para que a empresa tenha competitividade para atuar e se

sair bem nesse mundo globalizado.

Desse modo, a avaliação de desempenho é uma ferramenta para verificar o

desempenho do empregado. Sendo assim, o seu principal objetivo é melhorar a

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performance profissional dos colaboradores da organização. Neste caso, com a

avaliação podem-se identificar as necessidades de treinamento dos profissionais,

elaborarem planos de ação visando corrigir desempenhos insatisfatórios, definir o

grau de contribuição de cada empregado para com a organização, obter subsídios

para redefinir o perfil requerido dos ocupantes dos cargos, se necessário e, também,

permitir a implantação de um plano de carreira na empresa.

Partindo dessas constatações, este artigo por ora apresentado tem por

objetivo pesquisar em referências bibliográficas especializadas e apontar como a

avaliação de desempenho é um precioso instrumento para que as empresas

alcancem seus objetivos.

COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS E ORGANIZACIONAIS

Competência é uma palavra do senso comum, utilizada para mencionar uma

pessoa qualificada para realizar alguma coisa. O seu oposto, ou o seu antônimo,

não implica apenas a negação desta capacidade, mas guarda um sentimento

pejorativo, depreciativo. Chega mesmo a sinalizar que a pessoa se encontra, ou se

encontrará brevemente, marginalizada dos circuitos de trabalho e de

reconhecimento social.

Para Brandão e Guimarães (2001), o conceito de competência pode ser visto,

e é utilizado neste trabalho, como um conjunto de capacidades humanas, isto é,

conhecimentos, habilidades e atitudes. Em outras palavras, a competência pode ser

tratada como um armazenamento de recursos.

Ainda, segundo o autor, a habilidade refere-se ao saber fazer. Nesse sentido,

centraliza-se no desenvolvimento de práticas e consciência da ação tomada. Logo,

as habilidades são o que se deve saber para obter um bom desempenho.

Enquanto a atitude refere-se ao saber agir, busca um comportamento mais

condizente com a realidade desejada. Sendo assim, neste momento realiza-se a

união entre discurso e ação. Por isso, deve-se saber agir para poder empregar

adequadamente os conhecimentos e habilidades (RUAS, 1998).

Para tanto, uma competência essencial não precisa necessariamente ser

baseada em tecnologia estrita, ou seja, ela pode estar associada ao domínio de

qualquer estágio do ciclo de negócios, como por exemplo, um profundo

conhecimento das condições de operação de mercados específicos. Não obstante,

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para ser considerado uma competência essencial, esse conhecimento deve estar

associado a um sistemático processo de aprendizagem, que envolve descobrimento,

inovação e capacitação de recursos humanos. (BRANDÃO E GUIMARÃES, 2001)

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO MODELO DE GESTÃO POR

COMPETÊNCIAS

A avaliação de desempenho foi estruturada para constituir um meio de

resolver problemas de desempenho nas empresas e melhorar a qualidade do

trabalho e a qualidade de vida dos profissionais.

Assim, é definida como o processo que busca medir os objetivos do

desempenho e fornecer aos colaboradores informações sobre a própria atuação, de

forma que possam aperfeiçoá-la sem diminuir sua independência e motivação para a

realização do trabalho. Portanto, o desempenho reflete-se no sucesso da própria

organização e talvez por isso, seja a característica mais básica a ser medida

(CHIAVENATO, 2002).

Desse modo, segundo Gil (2001), é necessário para uma organização que ela

mantenha um sistema de avaliação de desempenho tecnicamente elaborada. Sendo

esta, uma maneira de evitar que a avaliação seja feita de forma superficial e

unilateral, do chefe em relação ao supervisionado.

No entanto, para Scott (1998), a avaliação de desempenho deveria

preocupar-se também, com o nível habitual de desempenho no trabalho atual, em

determinado período, a contar desde a última avaliação.

Outro aspecto importante, segundo o autor, é que a avaliação de pessoal é a

apreciação sistemática de um subordinado segundo um trabalho feito, suas aptidões

e outras qualidades necessárias à boa execução de suas tarefas e está ligada,

frequentemente, mas não necessariamente, às vantagens financeiras a titulo de

encorajamento.

Além disso, Chiavenato (2002) cita a avaliação de desempenho como uma

apreciação ordenada do comportamento de cada pessoa no cargo e o seu potencial

de desenvolvimento futuro.

Chiavenato (1981) comenta que através da avaliação podem ser observadas

e avaliadas competências, tais como: visão estratégica, planejamento, organização,

responsabilidade, acompanhamento, liderança, delegação, tomada de decisão,

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solução de problemas, iniciativa, pro atividade, criatividade e inovação, orientação a

resultados, autodesenvolvimento, administração de conflitos, capacidade de

negociação, flexibilidade e adaptação a mudanças, competências interpessoais e

trabalho em equipe.

Vista desse modo, a avaliação de desempenho é um instrumento utilizado

pelas organizações há muito tempo. Percebe-se que, em muitas empresas, há uma

preocupação crescente em implantar algum sistema avaliativo, que vise conhecer a

extensão das competências em relação a cada um dos colaboradores, bem como

identificar problemas relacionados à integração, supervisão, motivação, dentre

outros.

No entanto, o autor recomenda a observação de alguns pontos frágeis do

processo de avaliação do desempenho quando da sua implementação:

a) quando as pessoas envolvidas na avaliação do desempenho a percebem como

uma situação de recompensa ou de punição pelo desempenho passado;

b) quando a ênfase do processo repousa mais sobre o preenchimento de formulários

do que sobre a avaliação crítica e objetiva do desempenho;

c) quando as pessoas avaliadas percebem o processo como injusto e tendencioso.

A iniquidade prejudica profundamente o processo de avaliação;

d) quando os comentários desfavoráveis do avaliador conduzem a uma reação

negativa do avaliado;

e) quando a avaliação é inócua, isto é, quando está baseada em fatores de

avaliação que não conduzem a nada e não agregam valor ao avaliado.

Portanto, um dos objetivos da avaliação de desempenho é promover o

comprometimento dos colaboradores com os objetivos organizacionais. Desta forma,

é vital que o funcionário demonstre motivação no exercício do trabalho, gerando

aumento da produtividade.

TENDÊNCIA CONTEMPORÂNEA: A AVALIAÇÃO POR COMPETÊNCIAS

Para Vroom (1997), o primeiro passo nesta nova abordagem de avaliação

consiste na reformulação do papel dos funcionários no sistema avaliativo.

Segundo o autor, os talentos hoje são procurados nas próprias empresas. Em

função do exposto, investir naqueles que estão adaptados à cultura da organização

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e buscam novos horizontes, é algo a ser valorizado pelas empresas, mas, também é

evidente que, em algumas ocasiões, a contratação externa pode ser tão saudável

quanto estratégica para a efetivação de mudanças. Porém, torna-se cada vez mais

comum reconhecer os méritos dos colaboradores que se destacam no dia-a-dia de

trabalho e dar-lhes as oportunidades de carreira, para ampliar seu campo de

desafios. Nesse sentido, o retorno reflete-se na motivação das pessoas e no

aumento do nível de competitividade da empresa que valoriza o potencial de suas

equipes.

A avaliação por competências parte de uma premissa básica, qual seja, saber

se o funcionário tem o conhecimento ou pode aprender a identificar suas próprias

competências, necessidades, pontos fortes, pontos fracos, inclusive seus potenciais

(VROOM, 1997). Assim, ele é a pessoa mais capaz de determinar o que é melhor

para si. O papel dos superiores e da área de gestão de pessoas passa a ser o de

ajudar o funcionário a relacionar seu desempenho às necessidades e a realidade da

organização.

Esse novo modelo desperta algumas dúvidas e uma delas é sobre a

conceituação do que são competências. No referido contexto, competências são

repertórios de comportamentos que algumas pessoas ou organizações dominam, o

que as fazem destacar-se de outras em contextos específicos. É importante

ressaltar que o conceito destaca a excelência, o que torna necessário estabelecer

um processo sistematizado, com metodologias específicas, passível de mensuração

e comparação de performances entre os vários colaboradores de uma instituição,

quando se deseja identificar pessoas dentro do perfil desejado.

Desse modo, Gramignia (2002) afirma que é possível pensar a avaliação de

desempenho por competências como um poderoso meio de identificar os potenciais

dos funcionários, de melhorar o desempenho da equipe, a qualidade das relações

entre dirigentes e empregados, assim como estimular os colaboradores a assumir a

responsabilidade pela excelência dos resultados pessoais e empresariais.

Portanto, a gestão por competências é um sistema gerencial que busca

impulsionar os funcionários na competência profissional, acrescentando

capacidades e aumentando as já existentes. Logo, competências são aqui

entendidas como as capacidades, os conhecimentos e as características pessoais

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que distinguem os profissionais de alto desempenho daqueles de desempenho

regular em determinada função.

Por outro lado, o gerenciamento baseado em competências ou Gestão por

Competências é uma ferramenta que identifica as competências essenciais, as

habilidades e conhecimentos determinantes da eficácia profissional e também as

lacunas de qualificação do funcionário para tarefas específicas, bem como fornece

recursos para aperfeiçoar suas capacidades. Desse modo, o resultado é um quadro

de funcionários mais talentosos e mais produtivos.

Vale ressaltar que, no modelo de gestão por competência a avaliação, apenas

uma ferramenta que auxilia o funcionário a clarear, para si mesmo e para a

organização, quais as competências que possui e quais deverá buscar para

desenvolver ou incrementar. Esse processo deverá sempre estar alinhado às

competências essenciais da própria organização.

Desta forma, a avaliação inicia-se pelo mapeamento, que irá permitir colher

dados relativos às competências necessárias para o bom desempenho das

atividades e perfil do funcionário quanto a estas competências, categorizando-as em

três blocos, que são: a) competências conceituais: conhecimento e domínio de

conceitos e teorias que embasam as técnicas; b) competências técnicas: domínio de

métodos e ferramentas específicas para determinada área de trabalho e c)

competências interpessoais: são as que permitem que as pessoas se comuniquem e

interajam de forma eficaz.

Em suma, a avaliação de desempenho por competências mostra-se como

uma ferramenta gerencial efetiva para incrementar a gestão do desempenho,

alcançando um nível maior de profundidade e identificando causas do desempenho

deficiente, possibilitando estabelecer uma perspectiva de desenvolvimento com a

participação ativa do funcionário, fornecendo indicadores e critérios objetivos para

cada colaborador buscar a maximização de seu desempenho profissional (HAMEL;

PRAHALAD, 1995).

AVALIAÇÃO 360º

Como modelo de instrumento utilizado, esta modalidade da avaliação do

desempenho é feita de modo que circule por todos os elementos que mantêm

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alguma interação com o avaliado. Participam da avaliação o chefe, os colegas e

pares, os subordinados, os clientes internos e externos, os fornecedores, enfim,

todas as pessoas em torno do avaliado, em uma abrangência de 360 graus. Vista

desse modo, a avaliação feita pelo entorno é mais rica por produzir diferentes

informações, vindas de todos os lados e funciona no sentido de assegurar o

ajustamento do funcionário às variadas demandas que ele recebe de seu ambiente

de trabalho ou de seus parceiros. Todavia, ser o alvo das atenções não é nada fácil

para o avaliado, pois, este se torna muito vulnerável, se não tiver a mente aberta e

receptiva para o sistema (CHIAVENATO, 2002).

Para assegurar a qualidade e aceitação desta avaliação é necessário que

seja assegurado o anonimato do avaliador, que os avaliadores se responsabilizem

pelas respostas dadas e que estas sejam adequadas e confiáveis.

Com isso, se evitam preconceitos e tendências, pois as informações vêm de

várias pessoas e as mesmas podem contribuir para o desenvolvimento do

empregado, mas a sua aplicação é muito trabalhosa e complexa, pois é necessário

combinar todas as respostas, já que é grande o número de avaliadores.

O sucesso deste tipo de avaliação, como qualquer outro, depende de como

os gerentes usam as informações e tratam seus empregados (GIL, 2001).

Ao contrário da avaliação do subordinado pelo superior, a avaliação para cima

é o outro lado da moeda e permite que a equipe avalie o seu gerente. Portanto, a

avaliação para cima permite que o grupo promova negociações e intercâmbios com

o gerente, exigindo novas abordagens em termos de liderança, motivação e

comunicação que tornem as relações de trabalho mais livres e eficazes. Desse

modo, o comando arbitrário do superior passa a ser substituído por uma nova forma

de atuação democrática, sugestiva, consultiva e participativa. Vale ressaltar que

algumas organizações vão mais além, ao propor a avaliação da própria companhia

pelos funcionários e proporcionar-lhes retroação dos resultados alcançados e

medidas corretivas necessárias para ajustar o ambiente de trabalho às expectativas

das pessoas (CHIAVENATO, 2002).

Como se pode observar, a avaliação de desempenho das equipes passou por

várias ferramentas e a que demonstra, atualmente, ter um melhor resultado é a

avaliação 360 graus. Trata-se de uma metodologia que possibilita otimizar a

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produtividade e prevê a participação de todas as pessoas que interagem com o

funcionário avaliado.

Desse modo, tem-se como principais objetivos otimizar a produtividade e

orientar o desempenho, para as metas do negócio da empresa e do órgão;

diagnosticar pontos de melhoria e proporcionar o desenvolvimento pessoal e

profissional; permitir a adaptabilidade às mudanças e o comprometimento com os

valores organizacionais e, por último, subsidiar a implementação de sistemas de

remuneração variável e sistemas de promoções (REIS, 2000).

Esta metodologia é indicada quando se deseja estimular o desempenho para

fins de planejamento individual, através da negociação de metas de melhorias.

Portanto, essas metas são negociadas no plano de desenvolvimento individual,

instrumento que complementa a avaliação. Sendo assim, a operacionalidade da

avaliação torna-se bastante simplificada, através da utilização de um sistema

informatizado, que permite que todo o procedimento seja executado on-line,

computando os resultados e emitindo o plano de desenvolvimento individual.

A metodologia de 360 Graus prevê que todas as pessoas que interagem com

o funcionário atuem como avaliadores, inclusive clientes e fornecedores, daí a

denominação de 360 Graus. Qualquer sistema de gerenciamento de desempenho

deve prever um sistema de consequências em função dos resultados da avaliação.

Nesse sentido, é necessário que e empresa, ou instituição que irá adotar essa

metodologia, tenha um forte compromisso em gerenciar o conhecimento da sua

força de trabalho, em função das suas estratégias e ofereça recursos para o

planejamento e progressão na carreira funcional.

Vale ressaltar que o modelo de gestão de desempenho pela técnica de 360

Graus imprimiu à avaliação vantagens como orientação para resultados,

objetividade, flexibilidade, imparcialidade, continuidade e participação. E, como

desvantagem, a prática tem demonstrado grande dificuldade para eliminar a

subjetividade do contexto da avaliação. A construção, dessa forma, torna-se

bastante trabalhosa. Mesmo sendo disponibilizada on-line, as pessoas tendem a

responder "por alto", comprometendo, dessa maneira, a validade do instrumento,

prejudicando muito a negociação de metas táticas no plano de desenvolvimento

pessoal.

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A gestão por competências é a resposta que as empresas estão encontrando

para enfrentar as exigências de um mercado cada vez mais competitivo. Dentro

deste novo enfoque, é essencial renovar os métodos de seleção, avaliação de

performance, promoção e desenvolvimento profissional dos colaboradores.

Para tanto, os sistemas de avaliação de potencial e avaliação 360 Graus

alimentam todo o sistema de formação e desenvolvimento dos profissionais da

empresa, enfocando e analisando competências e identificando necessidades

individuais e grupais, de treinamento e educação, fortalecendo o desempenho

orientado para resultados, proporcionando auto conhecimento e até mesmo, auto

desenvolvimento pessoal (REIS, 2000).

No entanto, os sistemas de avaliação de potencial e avaliação 360 Graus, em

dupla, subsidiam e alimentam o sistema de remuneração por competências.

Para Reis (2000), a influência da psicologia social-cognitiva e da teoria da

aprendizagem social argumentam que o processo promove ganhos relacionados ao

autoconhecimento dos participantes, ou seja, propicia incremento na consistência

entre auto-percepção e percepção dos outros.

Conclui-se, portanto, que ela vem a ser um mecanismo inovador do

entendimento sobre o sistema gerencial que deva ser levado a sério e visto como

inovação em matéria de desenvolvimento organizacional e gerencial (REIS, 2000).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em um mundo com mudanças constantes, as organizações precisam ter

atenção no seu ambiente interno, para que o desenvolvimento e o crescimento

organizacional ocorram de forma que também venham a contribuir para o

crescimento e satisfação de seus colaboradores.

Para isso há a necessidade das organizações optarem por um modelo de

gestão de pessoas que propicie o alinhamento dos objetivos organizacionais com os

pessoais, onde o foco principal seja o desenvolvimento do ser humano. Acredita-se

que o modelo de gestão de pessoas, baseado na gestão por competências e que

tem a pessoa como referencial principal, seja capaz de agregar valor, sustentar e

alavancar vantagem competitiva à organização.

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Para que isso ocorra é necessário que os objetivos organizacionais e as

necessidades dos colaboradores estejam alinhados, pois sem as pessoas as

organizações não conseguem suprir suas necessidades, assim como as pessoas

sem as organizações não conseguem realizar seus objetivos pessoais.

Através dessa visão da gestão as organizações são recompensadas com o

comprometimento e esforços de seus colaboradores. Porém, quando essa confiança

é violada, as relações são afetadas, comprometendo o ambiente organizacional. O

respeito, a credibilidade, a compreensão e a motivação, constituem ferramentas

essenciais no entendimento do clima organizacional, já que o ideal é que o

colaborador sinta que é especial, pelo fato de estar ligado a uma organização

eficiente.

Portanto, o ideal é que as organizações desenvolvam os processos de

manutenção de pessoas, baseando-se nas diferenças individuais e investindo em

atividades que visem a melhoria da qualidade de vida dos colaboradores e atitudes

que aperfeiçoem o ambiente de trabalho e o relacionamento interpessoal.

Conclui-se, então, que a busca por identificar os meios de uma efetiva

avaliação de desempenho humano nas organizações é realmente uma ferramenta

que auxilia os gestores a impulsionar a motivação dos funcionários, desde que seja

bem elaborada, melhorando continuamente o desempenho das tarefas, baseada na

gestão por competências.

Deste modo, certifica-se que a avaliação 360º é a ferramenta mais eficaz na

gestão de desempenho, por garantir um melhor resultado para as empresas.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, Hélio Pereira; GUIMARÃES, Toscano Arleon. Gestão de competências e gestão de desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo construtor? RAE – Revista de Administração de Empresas, SP, Vol.41, fev. 2001. CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Recursos Humanos. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1981. ___________, Idalberto. Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 2002. DUTRA, Joel Souza. Gestão de Pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. São Paulo: Atlas, 2002.

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GIL, Antonio Carlos. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2001. GRAMIGNIA, Maury Rian. Modelo de Competências e Gestão dos Talentos. São Paulo: Pearson Education, 2002. HAMEL, Guimel.; PRAHALAD, Cooler Competindo pelo futuro: estratégias inovadoras para obter o controle do seu setor e criar os mercados de amanhã. 10. ed. Rio de Janeiro: Campus,1995. p. 25-39. REIS, Germano Glufke. Avaliação 360 graus: um instrumento de desenvolvimento gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. p.62. RUAS, Renata Antoni Módulo: Consolidação, Aplicação e Apropriação do Treinamento. SEBRAE/RS,CEPA/UFRGS, NADE, dez. 1998. SCOTT, Arlon Administração construindo vantagem competitiva. São Paulo, 1998. VROOM, Victor Hugo Gestão de pessoas, não de pessoal. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

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PRIVATIZAÇÕES NO BRASIL E NA ARGENTINA: UMA PERSPECTIVA COMPARADA

Fernando de Sousa Santana - Graduado em Ciências Contábeis, Mestre em

Administração de Empresas e Doutorando em Economia . Professor da UNIPAC e da UEMG.

Juliene Rocha Borges - Graduada em Administração, Especialista em Negociação e Empreendimentos, Mestre em Economia Empresarial

Professora da UEMG e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves - Graduado em Ciências Contábeis, Especialista

em Auditoria e Contabilidade Financeira e Mestre em Economia Doméstica. Professor da Faculdade Sudamérica e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX

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RESUMO O presente artigo pretende abordar os processos de privatização adotados

pelo Brasil e pela Argentina e delinear um quadro geral a respeito das articulações políticas e econômicas que proporcionaram a implementação desses programas. Para uma completa compreensão desse fenômeno, faz-se necessário, também, elencar os principais pretextos que os governos das duas maiores economias latino-americanas utilizaram para justificar a venda das empresas estatais às iniciativas privadas, considerando as semelhanças e particularidades dos programas de privatização adotados. Ademais, perpassando pela reforma do Estado, este artigo anseia elencar as consequências da ausência do Estado como fomentador econômico. PALAVRAS CHAVE: Privatização; Reforma do Estado; Brasil; Argentina.

INTRODUÇÃO

O fenômeno da privatização envolve conceitos que podem ser compreendidos

em diversos sentidos, mas a todos é comum o entendimento de que, com a

privatização, um notável quinhão da responsabilidade da administração pública é

transferido para o setor privado.

Para compreender corretamente as privatizações, podem-se tomar como

base as doutrinas econômicas de Adam Smith (1759), uma vez que as privatizações

são uma re-leitura moderna da doutrina em questão, que acreditava que a iniciativa

privada deveria agir livremente, com pouca ou nenhuma intervenção governamental.

De acordo com Adam Smith (1759), a privatização representa um conceito

hegemônico, enquanto Feigenbaum, Henig e Hamnett (1998) consideram a

privatização um fenômeno essencialmente político.

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Originalmente, o interesse pelas privatizações proveio das iniciativas para

minimizar o papel do setor público na economia e, assim, transferir algumas

responsabilidades ao setor privado.

Esse sistema iniciou-se no Chile em 1973 e alcançou seu auge nos países

europeus, em 1980, atingindo a América Latina em 1990, impulsionado pelo Banco

Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), como estratégia para acelerar o

crescimento econômico desses países, pois permitiria, ao Estado, obter maior

eficiência, reduzir despesas e gerar recursos (FEIGENBAUM, HENIG e HAMNETT,

1998)

Por outro lado, o setor privado, ao assumir serviços públicos essenciais

(fornecimento de água, geração, transmissão e distribuição de energia elétrica,

telefonia fixa e coleta de esgotos, dentre outros), tem o lucro como principal objetivo,

o que se confronta com a necessidade de atender às pessoas de baixo poder

aquisitivo.

Tanto o Brasil, quanto a Argentina, ao aderirem às propostas do chamado

“Consenso de Washington” realizado em 1989, promoveram profundas alterações

em suas políticas, como: redução de gastos públicos, disciplina fiscal, reforma

tributária, liberalização financeira e comercial, alteração no modelo de regime

cambial, afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas, investimento estrangeiro

direto, privatizações e direito à propriedade intelectual. (FEIGENBAUM, HENIG e

HAMNETT, 1998)

Essas mudanças envolveram dois principais alvos: a redução do tamanho e a

abertura econômica do Estado. Em resumo, a nova política econômica adotada

passa a ser exercida em nome da soberania do mercado auto-regulável, em suas

relações econômicas internas e externas.

Assim, nos dois países em questão, as práticas dos programas de

privatização apontaram para uma construção política interna, que visava à

prosperidade econômica e redução das desigualdades sociais.

Nesse contexto, o presente artigo pretende abordar os processos de

privatização adotados pelo Brasil e pela Argentina, nos anos 90, apresentando, de

forma resumida, um comparativo entre as semelhanças e as diferenças dos modelos

implementados por esses dois países.

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O PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO NO BRASIL

O programa de privatização brasileiro iniciou-se ainda no final dos anos 80,

com a aprovação do Plano Nacional de Desestatização – PND, cujo principal

objetivo, de acordo com Bresser Pereira (1997), era dar credibilidade ao então

presidente da república, Fernando Collor de Melo, o qual fora eleito por um partido

desconhecido e sem expressão nacional (Partido da Renovação Nacional – PRN), e

que havia implementado, ainda no início do governo, o confisco dos ativos

financeiros.

Assim, o programa de privatização precisava evidenciar o objetivo do governo

em alterar a situação atual, principalmente diante dos investidores estrangeiros e

organizações multilaterais, que seriam aliados para a nação na implantação das

reformas.

Em setembro de 1992, com o processo de impeachment de Collor, a

presidência da república foi ocupada pelo então vice-presidente Itamar Franco, que

deu continuidade ao processo de desestatização. Porém, essas privatizações

ganharam maior amplitude durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso, que

teve apoio de uma forte aliança entre grande parte dos partidos.

Segundo Gremaud, Vasconcellos e Júnior (2006), vários foram os pretextos

empregados para justificar a necessidade de privatização das empresas estatais:

a) rendimento insatisfatório das empresas públicas, percebida pela baixa

qualidade dos serviços e/ou pela existência de déficit financeiro nas empresas

estatais;

b) baixo nível de eficiência operacional, evidenciado pelo volume de perdas e

pela falta de confiabilidade nos sistemas contábeis;

c) redução dos investimentos estatais necessários à manutenção ampliação dos

serviços de atualização tecnológica das empresas;

d) diminuição da mobilização de recursos financeiros, explicitada pela

inadequada capacidade de recuperação dos custos incorridos na prestação

de serviços;

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e) crescente deterioração física dos ativos, decorrente da indisponibilidade de

recursos;

f) necessidade de gerar receitas para abater a elevada dívida estatal; e

g) mudança no quadro tecnológico e financeiro internacional.

Ainda de acordo Gremaud, Vasconcellos e Júnior (2006), devido às

particularidades de cada governo, no que diz respeito ao programa de vendas das

empresas estatais, a privatização no Brasil pode ser dividida em quatro fases:

1ª Fase - Ocorreu ao longo dos anos 80, quando foram vendidas as empresas

estatizadas que estavam em situação de falência. Foram vendidas 39 empresas em

vários setores e arrecadou-se, em média, US$735 milhões.

2ª Fase - Se deu entre 1991 e 1992, com a criação do Programa Nacional de

Desestatização (PND). Nessa fase, durante o Governo Collor, foram vendidas 18

empresas, principalmente dos setores siderúrgicos, petroquímicos e de fertilizantes,

perfazendo um total arrecadado de US$5.371 milhões.

3ª Fase - Entre 1993 e 1994, a privatização tem alterações em parte de seus

aspectos legais: ampliação da aceitação das chamadas moedas podres – antigas

dívidas do governo, não limitação ao capital estrangeiro e venda de participações

minoritárias. Esse período contempla 15 empresas privatizadas, arrecadando

US$6.503 milhões. A partir de então, são reduzidas as privatizações de empresas

produtoras de bens.

4ª Fase - Essa fase se dá a partir de 1995, período que inclui boa parte das

privatizações de empresas ligadas à concessão de serviços públicos, além de

privatizações estaduais.

É possível verificar, por meio de análise da Tabela 1, a seguir, que a

privatização brasileira permitiu, ao governo do país, arrecadar um grande volume de

recursos em um curto espaço de tempo, mostrando-se um dos maiores processos

do gênero.

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Tabela 1 - Processo de Privatização: um resumo (US$ milhões)

Fonte: BNDES

A justificativa para a rápida abertura do mercado era a falta de recursos do

Estado para investir nos setores de infra-estrutura, entretanto, foram os recursos do

Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT, gerido pelo Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que financiaram a compra dos

ativos públicos. Em muitos dos editais de licitação constava que 50% do preço

mínimo poderíamos ser financiados pelo BNDES, porém, na prática, acabou sendo

100%, pois os outros 50% foram emprestados pelo próprio BNDES, como capital de

giro, com fontes de recursos do próprio banco (GREMAUD, VASCONCELLOS e

JÚNIOR, 2006).

Argumenta-se, ainda, de acordo com os autores supracitados que muitos

desses empréstimos foram liberados sem garantias reais, como são habitualmente

exigidas em qualquer instituição financeira, sendo oferecidas, como garantias,

apenas as próprias ações da empresa.

Em decorrência dessa ação do banco estatal, algumas empresas estrangeiras

jamais honraram seus compromissos com o BNDES, dentre elas, pode-se citar a

norte-americana AES Corporation, que comprou a Eletropaulo e causou um prejuízo

de US$ 2 bilhões no balanço de 2003, mas o banco acabou por não executar a

empresa, já que as garantias do empréstimo foram as próprias ações da companhia

e, caso fossem executadas, resultariam na “reestatização” da maior concessionária

de serviço público do Brasil (PINHEIRO e GIAMBIAGI,2000).

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No que diz respeito à privatização do sistema Telebrás, foram os fundos de

pensão que suportaram financeiramente os compradores das Teles, principalmente

a Previ dos funcionários do Banco do Brasil, a Petros da Petrobrás e a Funcef da

Caixa Econômica Federal (PINHEIRO e GIAMBIAGI,2000).

Sendo assim, de acordo com Oliveira (2003), no processo brasileiro de

privatização, foi o fundo público que definiu a economia de mercado, diferentemente

do que se esperava do Estado de intervenção mínima.

O PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO NA ARGENTINA

Durante a década de 90, a transferência de propriedade das empresas

públicas do governo federal argentino para o setor privado e para as administrações

provinciais foi uma política ativa naquele país. Nessa década, o programa de

privatização argentino se divide em duas etapas, que se identificam com os dois

mandatos presidenciais de Carlos Menem: a primeira fase, entre julho de 1989 e

finais de 1994, abrangeu a venda de uma vasta gama de empresas públicas

dedicadas à prestação de serviços básicos e à exploração de recursos naturais; e a

segunda etapa, entre 1995 e 1999, envolveu uma quantidade menor de

privatizações de empresas, entretanto, as mesmas se desenvolveram em espaços

mais competitivos (PINHEIRO e GIAMBIAGI, 2000).

Na Argentina, tal como no Brasil, a política de privatização surge a partir de

recomendações do Consenso de Washington, estando enraizada na Lei 23.696/89

(Ley de Reforma del Estado), que deu o entendimento de que a privatização deveria

ser concebida como um meio de reestruturação do setor público, de forma que todas

as funções não específicas do Estado, incorporadas ao longo de décadas, fossem

transferidas para a iniciativa privada (LLANOS, 2001).

Segundo Visintini (2001), os desequilíbrios financeiros suportados pelas

empresas estatais e o impacto negativo que as mesmas ocasionavam nas contas

públicas, por seu baixo nível de produtividade, se tornaram as maiores justificativas

para o início do processo argentino de privatização. Esse programa objetivava

reduzir rapidamente os gastos públicos, pois grande parte desses gastos se dava

em função das empresas estatais, e obter uma absorção de fundos considerável,

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para sanear os déficits públicos e suavizar o endividamento externo, por meio da

troca de títulos da dívida externa por participações nas empresas a serem

privatizadas.

Uma particularidade desse método de privatização envolve o fato de que as

empresas, declaradas como sujeitas a esse sistema, suspendiam, automaticamente,

as atividades que desempenhavam, durante o período em que eram geridas por

uma administração paralela – dirigida por interventores indicados pelo poder

executivo.

Para justificar o programa de privatização, o governo sustentou-se no

argumento dos custos e benefícios que a manutenção dessas empresas, sob o

poder do Estado acarretaria ao longo do tempo, demonstrando que essas

instituições estavam debilitadas e amplamente desacreditadas. Assim sendo, o

Estado argentino afirmava que a melhor opção, naquele momento, seria vendê-las a

investidores estrangeiros, considerados economicamente aptos a atuarem na

reorganização das mesmas, melhorando consideravelmente os serviços prestados e

gerando, ao longo do tempo, outras variáveis macroeconômicas positivas

(PINHEIRO e GIAMBIAGI, 2000).

Observa-se, no entanto, que o governo argentino buscava controlar as

porcentagens de participações acionárias individuais, no intuito de evitar que cada

investidor privado superasse os limites máximos de possessão e que a maioria

acionária não ficasse em mãos de estrangeiros (PINHEIRO e GIAMBIAGI, 2000).

Embora a venda de empresas estatais, promovida pelo governo central

argentino, tenha se desacelerado a partir de 1995, o processo de privatização

adquiriu nova ênfase quando os governos provinciais começaram a transferir

bancos, empresas de eletricidade, água e gás para a iniciativa privada (FERRER,

2006)

Com o passar dos anos, a opinião popular passou a questionar os preços

pagos pelas empresas públicas, pois se argumentava que os valores efetivamente

pagos não refletiam as verdadeiras potencialidades dos setores envolvidos, afinal,

apesar das empresas encontrarem-se economicamente falidos no momento da

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privatização, os ganhos contábeis que poderiam ser obtidos no futuro eram

enormes, por tratar-se de setores com garantida demanda elevada.

Outro julgamento, quanto ao programa de privatização argentino, está

relacionado ao desenho dos marcos regulatório, principalmente nos setores

transferidos no início do programa, nos quais os objetivos das políticas

encontravam-se orientados para uma rápida arrecadação de recursos financeiros.

Assim, se o Estado criasse um sistema regulatório consistente, com normas claras e

que promovessem a livre concorrência, representaria menores investimentos da

iniciativa privada, que teriam os seus lucros reduzidos, se comparados aos

mercados mais monopolizados, ou seja, em mercados com fraqueza ou ausência

regulatória (PINHEIRO e GIAMBIAGI, 2000).

SISTEMAS DE PRIVATIZAÇÕES: UM ESTUDO COMPARATIVO

Os processos de privatização das empresas estatais brasileiras e argentinas

abrangem um conjunto de práticas bastante semelhantes e, ao mesmo tempo,

envolvem uma série de elementos bastante específicos.

No Brasil, tal como na Argentina, no final dos anos 80, consolidaram-se os

anseios em favor da privatização dos setores estatizados, embora o ideário privatista

se encontrasse mais fortalecido na Argentina, visto que, desde a década de 70, o

governo militar adotou medidas favoráveis à abertura da economia, desencadeando

um amplo processo de desindustrialização.

No caso brasileiro, ocorreu uma redefinição dos princípios econômicos do

governo durante o período militar, mas isso não significou a incorporação dos

princípios da ortodoxia liberal, tal como ocorreu na Argentina.

Ao traçar um estudo comparativo entre os processos de reformas estruturais

conduzidos pelos governos brasileiro e argentino, no final dos anos 80 e,

principalmente, na década de 90, Palermo (1998) aponta posturas políticas bastante

semelhantes. Os governos de Carlos Menem, na Argentina e de Fernando Henrique

Cardoso, no Brasil, formularam planos econômicos intensamente tecnocráticos,

mas, ao promoverem as ações referentes às privatizações, isso não ocorreu, na

prática, em nenhum desses países: no caso da Argentina, por ter optado por uma

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reforma “a toque de caixa”; e no caso do Brasil, por ter exercido um

encaminhamento mais gradual.

Acrescenta-se que na Argentina o ideário do Consenso de Washington foi

aceito muito mais amplamente que no Brasil, pois, enquanto a Argentina incorporou

os princípios do neoliberalismo como única alternativa, o Brasil o aceitou, porém, a

contragosto (LLANOS, 2001).

Em ambos os países, os sistemas de privatização foram empregados como

mecanismos de política financeira interna e externa, e motivados pelo anseio do

Estado em acumular recursos e estabilizar as contas externas. Mas a rapidez dos

processos dispensou os marcos regulatórios apropriados e as empresas foram

privatizadas antes mesmo da instalação das agências reguladoras.

Os recursos alcançados com a privatização das principais companhias

estatais da Argentina convieram para refazer as reservas da nação e para amortizar

seu endividamento externo, mediante a venda de títulos da dívida externa. Assim

como ocorreu com a Empresa Nacional de Telecomunicaciones (ENTEL), os papéis

de diversas empresas do Estado argentino, foram comprados em leilões por valores

nominais, o que gerou uma grande concentração no controle dessas estatais

adquiridas, majoritariamente, por firmas estrangeiras. De acordo com Azpiazu

(2003), os títulos da dívida argentina eram comercializados no mercado secundário

por 11 centavos do dólar, enquanto nas privatizações eram vendidos pelo seu valor

nominal de US$ 1.00 (ARGENTINA, 2011)

No Brasil, admitiu-se que os investidores adquirissem as estatais com títulos

públicos, por seus valores nominais, enquanto, no mercado, eles eram negociados

com expressiva desvalorização, por serem, basicamente, débitos não pagos do

Estado. Segundo Pinheiro e Giambiagi (2000), essa forma de pagamento foi muito

utilizada nos cinco primeiros anos das privatizações, tornando insignificantes os

valores das alienações.

No que diz respeito aos modelos das privatizações, os dois países em

questão, também trazem semelhanças, pois ambos escolheram a Coopers&Librand

– agência de consultoria britânica – para determinar o procedimento que seria

adotado para determinar o valor das estatais (LLANOS, 2001).

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Diante das características expostas, é possível perceber intensa analogia

entre as metodologias utilizadas pelo Brasil e pela Argentina, pois, em resumo, ao

serem alienadas, as empresas estatais foram avaliadas pelo método de Fluxo de

Caixa Descontado, deixando de lado seu valor patrimonial – bens móveis, imóveis e

instalações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio da análise das privatizações brasileiras e argentinas, é possível

verificar que o Brasil teve como particularidade um atributo pouco promissor: o

patrimônio público foi alienado com auxílio de um banco estatal, ou seja, foram os

financiamentos subsidiados pelo BNDES que permitiram que as concessionárias

públicas fossem resgatadas por empresas multinacionais, em leilões. É importante

ressaltar que grande parte desses empréstimos ainda não foi honrada por essas

empresas, sendo assim, em 2003, o banco foi compelido a lançar essas

inadimplências como prejuízo, que, por conseguinte, foram socializados com a

população.

Quanto à reforma do Estado argentino, pode-se dizer que, após o programa

de privatização de seu patrimônio público, que assumiu posições radicais, o país

amargou cinco anos contínuos de recessão econômica, que envolveram:

desequilíbrios nas contas públicas, periódicas renegociações da dívida externa,

ascendente estado de miséria da população e elevadas taxas de desemprego.

As políticas privatistas, adotadas pelos países em questão, resultaram na

desativação do Estado-Empresário, entretanto, essa desnacionalização não trouxe o

esperado aporte de capitais, pelo contrário, acabou por aumentar a dívida externa

desses países e ocasionar uma demanda de poupança interna a juros subsidiados.

Por fim, ressalta-se que a ausência do Estado como fomentador econômico

resultou em um crescimento econômico insuficiente, ao passo que a inflação, o

descontrole das contas nacionais e as baixas reservas decretaram o fim da

estabilidade cambial no Brasil em 1998 e na Argentina em 2001 e 2002.

REFERÊNCIAS

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ARGENTINA. Instituto Nacional de La Adminitrácion Publica. Disponível em: <www.inap.org.br>. Acessado em: 13 de ago. 2011. AZPIAZU, Daniel. Las privatizaciones en la Argentina. Buenos Aires: Miño Y Davila, 2003. BRESSER PEREIRA, Luiz Carlos. A Reforma do Estado dos anos 90: Lógica e Mecanismos de Controle. Brasília: Caderno 1 do MARE - Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado, 1997. FEIGENBAUM, Harvey B.; HENIG, Jeffrey; HAMNETT, Chris. Shrinking the State: The Political Underpinnings of Privatization. Cambridge: Cambridge University Press,1998. FERRER, Aldo. A economia Argentina: de suas origens ao início do Século XXI. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. GREMAUD, A. P., VASCONCELLOS, M. A. S.; JÚNIOR, R. T. Economia brasileira contemporânea. São Paulo: Atlas, 2006. LLANOS, Mariana. Understanding presidential power in Argentina: a study of the policy of privatisation in the 1990s. Cambridge: Journal of Latin American Studies, nº 33, 2001. OLIVEIRA, F. de. Crítica da razão dualista / O ornitorrinco. São Paulo: Boitempo Editorial, 2003. PALERMO, Vicente. Reformas institucionales y regimen político. Rio de Janeiro: Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro - IUPERJ, 1998. PINHEIRO, Armando Castelar e GIAMBIAGI, Fabio. Os Antecedentes Macroeconômicos e a Estrutura Institucional da Privatização no Brasil. Rio de Janeiro: Revista BNDES, fev. 2000. VISINTINI, A. A. Las políticas econômicas em Argentina: Um enfoque histórico y analítico. Córdoba: Facultad de C. Econômicas, UNC, 2001.

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BENEFÍCIOS SOCIAIS: RESPONSABILIDADE E ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES.

Ione Câmara Ferraz, Graduada em Administração, Especialista em Recursos Humanos.

Fernando de Sousa Santana - Graduado em Ciências Contábeis, Mestre em Administração de Empresas e Doutorando em Economia . Professor da UNIPAC e

da UEMG. Guanayr Jabour Amorim - Graduação em Turismo, Mestre em Meio Ambiente e

Sustentabilidade. Professor da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Juliene Rocha Borges - Graduada em Administração,

Especialista em Negociação e Empreendimentos, Mestre em Economia Empresarial Professora da UEMG e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.

Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves - Graduado em Ciências Contábeis, Especialista em Auditoria e Contabilidade Financeira e Mestre em Economia Doméstica. Professor da Faculdade Sudamérica e da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.

Suellen Magalhães Ferrari, Graduada em Administração. Professora da Escola Técnica UNIVÉRTIX.

[email protected]

RESUMO Para a maioria dos empresários o ser humano é fundamental para o

desenvolvimento das empresas e é necessário investir para garantir a satisfação dos colaboradores e a alegria por participar da organização. Os responsáveis em definir os valores da empresa são os gestores, em particular os que lidam com o setor de recursos humanos, como também são responsáveis em procurar pessoas que tenham valores semelhantes, e com certeza investir em benefícios, salários adequados e em oportunidades para o desenvolvimento pessoal e profissional. Considerando o assunto que embasa benefícios como um incentivo no ambiente de trabalho, foram realizadas pesquisas teóricas aos diversos acervos bibliográficos. Com a coletânea de argumentos, pretendem-se expor, de maneira clara e objetiva, os tipos de benefícios sociais atualmente oferecidos pelas organizações e suas viabilidades. PALAVRAS-CHAVE: Benefícios Sociais; remuneração; responsabilidade social.

INTRODUÇÃO

A preocupação com questões sociais é constante na humanidade. O estudo

da conduta vem evoluindo, desde a antiguidade grega, com diversas teorias e

aplicações, tornando a ética fundamental em todas as áreas.

No ramo empresarial, questões de caráter ético e social, são verdadeiros

diferenciais às organizações. Nossa sociedade, com o avanço dos recursos

tecnológicos, se mostra cada vez mais exigente em relação a esses aspectos.

Com isso, a responsabilidade social empresarial consiste naquelas ações,

medidas e estratégias desenvolvidas pelas organizações que permitem a interação

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entre as partes envolvidas no todo organizacional, de modo que haja uma melhor

satisfação coletiva, em paralelo ao planejamento e às atividades da organização.

Em muitas empresas, os planos de serviços e benefícios sociais foram

inicialmente orientados para uma perspectiva paternalista e unilateral, justificada

pela preocupação de reter pessoal e reduzir a rotatividade, principalmente nas

organizações cuja atividade é desenvolvida em condições rudes e adversas.

Rapidamente, a iniciativa se espalhou a quase todo tipo de organizações.

Hoje, além do aspecto competitivo no mercado de trabalho, os benefícios

oferecidos constituem-se em atividades voltadas para a preservação das condições

físicas e mentais dos seus colaboradores. Além da saúde, as atitudes dos

colaboradores são os principais objetivos desses planos.

O SURGIMENTO DOS BENEFÍCIOS SOCIAIS A PARTIR DE SUAS

NECESSIDADES

O benefício sempre foi visto como um item incentivador. No mundo, a

preocupação em se melhorar a produtividade das organizações através de

incentivos salariais e também através de outros tipos de remuneração se deu desde

a escola científica da administração. Taylor (1903), a fim de descobrir a forma mais

justa de remuneração, desde 1896, já demonstrava uma preocupação com o

chamado problema dos salários. Várias tentativas foram feitas por Taylor (1903) a

fim de descobrir a forma mais justa de remuneração juntamente com o aumento da

produção. (BARAÇAS, 2006)

Já Abraham Maslow (1909), acreditava que a satisfação de cada nível é pré-

requisito para que o nível seguinte influa no comportamento, o que coloca o

comportamento em constante dinâmica, já que pode num momento, ser guiado, por

exemplo, pela necessidade de auto-realização e, no momento seguinte, pela

necessidade de afetividade/amor.

A escalada da sua pirâmide não dependia apenas de condições oferecidas,

mas também das circunstâncias de vida de cada pessoa. Maslow (1909) ampliou

sua teoria, sugerindo que a organização assumisse a construção de uma ponte

entre as necessidades básicas e de auto-realização dos indivíduos. Com isso as

organizações percebem que não são os benefícios financeiros que estimulam a

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produtividade, há outros tipos de remuneração e desenho de cargos para se motivar

e atender as necessidades de reconhecimento social dos funcionários.

Alguns trabalhos têm se referido à importância das fontes internas e ou intrínsecas de energia motivacional, deixando sempre a crença de que nada se pode fazer para conseguir motivar uma pessoa, a não ser que ela mesma esteja espontaneamente disposta a agir na direção que se pretende levá-la (BARAÇAS 2006, p.107).

No Brasil, sua origem foi na Era Getulista. Na década de 40 quando

presidente, Getúlio Vargas adotou no mercado de trabalho a CLT (Consolidação das

Leis Trabalhistas), instituindo a maioria dos benefícios sociais e trabalhistas que hoje

vigoram no Brasil.

No dia 1º de maio de 1943, Getúlio Vargas, no seu discurso em homenagem

ao dia do trabalho, falava sobre a criação de um “conjunto de leis que atravessaria

décadas, regulando as relações de trabalho e norteando a relação entre trabalho e

capital no Brasil.”.

Certamente os seres humanos necessitam de condições para expressar sua

capacidade de trabalhar. É necessária uma remuneração justa em relação ao

esforço, condições favoráveis físico-psicológicas no ambiente de trabalho e de

outras maneiras de remuneração: os benefícios sociais.

As origens e o crescimento dos planos de serviços e benefícios sociais

devem-se a diversos fatores, tais como atitudes e expectativas das pessoas,

exigências dos sindicatos, legislação trabalhista, competição entre as organizações,

disputa de talentos, como meio lícito das organizações fazerem deduções de suas

obrigações tributárias (BARAÇAS 2006).

Os serviços e benefícios oferecidos pelas organizações demonstram o grau

de responsabilidade social, isto é, a maneira pela qual elas procuram compensar o

esforço das pessoas com uma série de atividades de apoio e suporte que garantam

sua qualidade de vida (BARAÇAS 2006).

Nesse sentido, as organizações ultrapassam o velho enfoque de

responsabilidade legal para ampliar seu escopo no sentido de prestar um valioso

serviço à sociedade.

Benefícios sociais poderiam ser definidos de forma bem sucinta como:

Benefícios Sociais são aquelas facilidades, conveniências, vantagens e serviços que as empresas oferecem aos empregados, no sentido de poupar-lhes esforços e preocupação. Constituem meios indispensáveis na

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manutenção de força de trabalho dentro de um nível satisfatório de moral e produtividade. É uma forma de remuneração indireta. Seus itens mais importantes são: Assistência médico-hospitalar, seguro de vida em grupo, alimentação, etc. (SERRA, 2008, p.2).

Atualmente os planos de benefícios estão intimamente relacionados com a

gradativa conscientização da responsabilidade social da organização. A criação dos

benefícios sociais auxilia os empregados em três fases de suas vidas como

trabalhador registrado (SERRA, 2008).

Primeira fase, no exercício de seu cargo através de prêmios de produção e no

seguro; na segunda fase, dentro da empresa, mas fora do cargo, através de

refeitórios e lazer; já na terceira fase, fora da empresa, em sua comunidade ou lar

através da recreação, auxilio doença e férias remuneradas (SERRA, 2008).

TIPOLOGIA DE BENEFICIOS SOCIAIS

Segundo Chiavenato (1999), os benefícios sociais podem ser classificados

quanto à sua exigibilidade legal, quanto à sua natureza e quanto aos seus objetivos.

Quanto à sua exigibilidade legal, eles podem ser legais ou espontâneos. Os

principais benefícios legais são: férias e 13º salário, ticket-refeição e vale-transporte,

aposentadoria e auxílio-doença, salário-família e salário-maternidade e seguro de

acidentes de trabalho. Os benefícios espontâneos são concedidos por mera

liberalidade das empresas, como, por exemplo, seguro de vida em grupo,

gratificações e empréstimos, assistência médico-hospitalar diferenciada mediante

convênio, complementação de aposentadoria ou planos de seguridade social.

Já quanto à natureza, os benefícios podem ser monetários ou não

monetários. Os monetários são benefícios concedidos em dinheiro e normalmente

acrescidos à folha de pagamento. Vale lembrar que eles geram encargos sociais e

podem ser: férias e 13º salário, complementação de salários em afastamentos

prolongados por doença, gratificações, etc. Os benefícios não monetários são

oferecidos em forma de serviços, vantagens ou facilidades aos funcionários. São

eles: refeitório, clube ou grêmio, assistência médico-hospitalar e/ou odontológica,

serviço social de aconselhamento, transporte de casa para a empresa e vice-versa,

horário móvel ou flexível.

Quanto aos objetivos, os planos de benefícios podem ser:

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a) Assistenciais - visam promover o funcionário e sua família de certas

condições de segurança e previdência, em casos de imprevistos ou emergências,

tais como: assistência médico hospitalar e odontológico, assistência financeira

através de empréstimos, complementação de aposentadoria ou planos de

previdência social, complementação de salário em afastamento prolongado por

doença, serviço social e creche para os filhos de funcionários, seguro de vida em

grupo ou de acidentes pessoais, etc.

b) Recreativos - são aqueles que visam proporcionar aos funcionários, e às

vezes aos seus familiares, condições físicas e psicológicas de repouso, diversão,

higiene mental ou lazer e recreação. Entre eles destacam-se: grêmio ou clube e

música ambiente, áreas de lazer nos intervalos de trabalho, atividades esportivas e

comunitárias, passeios e excursões programadas, etc.

c) Supletivos são aqueles que visam proporcionar aos funcionários certas

facilidades, conveniências e utilidades para melhorar a sua qualidade de vida.

Incluem: restaurante no local de trabalho, cooperativas de gêneros alimentícios ou

convênios com supermercados, agência bancária no local de trabalho, etc.

(CHIAVENATO, 1999).

Esta classificação é bastante ampla, mas, Marras (2000) dividem os

benefícios em apenas duas categorias: benefícios compulsórios e espontâneos. Os

compulsórios são aqueles que a empresa concede aos seus empregados em

atendimento às exigências da lei ou de normas legais, como acordos ou convenções

coletivas de trabalho. Estes benefícios são os que Chiavenato (1999) chama

benefícios legais.

Os espontâneos são aqueles que a empresa oferece aos seus empregados

por vontade própria, geralmente com o objetivo de atender às necessidades dos

empregados ou de atender ao perfil da remuneração atraente e competitiva no

mercado de trabalho, tanto para atrair novos “recursos humanos” quanto para

manter os atuais.

Contudo, continua Marras (2000), é comum também encontrar a concessão

de outros benefícios como: empréstimos subsidiados, complementação de

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aposentadoria, gratificações salariais, viagens de recreação, convênios com

farmácias e supermercados e cooperativas de crédito e consumo.

Os subsídios, remuneração paga em uma única parcela, sem gratificações,

abonos ou adicionais (admitem-se exceções apenas para o pagamento de verbas

indenizatórias e algumas espécies remuneratórias específicas), ganham destaque

nessa modalidade de benefício, quando direcionados à educação, com pagamento

de estudos em escolas e universidades, ao desenvolvimento pessoal com

pagamento de cursos de treinamento de interesse do empregado (MARRAS, 2000).

VANTAGENS E DESVANTAGENS DE UM PLANO DE BENEFÍCIOS SOCIAIS

Não somente o desenho de cargos e os salários exercem poder de atração aos

trabalhadores, mas também os pontos analisados como as oportunidades de

crescimento, o clima organizacional e os benefícios oferecidos pela organização. Sem

os benefícios, a visão de emprego na sociedade mercadológica dos anos 2000 seria

muito diferente da atual.

Os benefícios devem trazer vantagens para a empresa e para o empregado.

(tabela 1)

TABELA 1 – VANTAGENS DOS BENEFÍCIOS: EMPRESA E EMPREGADO Vantagens dos benefícios para

EMPRESA EMPREGADO

Eleva a moral dos empregados Oferece conveniências não avaliáveis em dinheiro

Reduz a rotatividade e o absentismo Oferece assistência disponível na solução de problemas pessoais

Eleva a lealdade do empregado face à empresa Aumenta a satisfação no trabalho

Aumenta o bem-estar do empregado Contribui para o desenvolvimento pessoal e bem-estar individual

Facilita o recrutamento e a retenção do pessoal Oferece meios de melhor relacionamento social entre os empregados

Aumenta a produtividade e diminui o custo unitário de trabalho

Reduz sentimentos de insegurança

Demonstra as diretrizes e os propósitos da empresa para com os empregados

Oferece oportunidades adicionais de assegurar status social

Reduz distúrbios e queixas Oferece compensação extra

Promove relações públicas com a comunidade Melhora as relações com a empresa

Fonte: Baraças (2006, p. 8).

Entretanto, há também desvantagens que comprometem a utilização dos

planos de benefícios em muitas empresas. As duas principais desvantagens são que

primeiramente, os funcionários podem escolher benefícios inadequados, por não

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usarem tempo suficiente para entender as diversas possibilidades, ou não disporem

de esclarecimentos suficientes para tal decisão. E, em segundo, que os custos e a

carga administrativa aumentam porque os funcionários escolhem apenas os

benefícios que querem utilizar. Neste caso, o processo de controle deve ser maior

para permitir a monitoração do sistema como um todo (BARAÇAS, 2006).

CUSTOS DOS BENEFÍCIOS SOCIAIS

Na década de 1960, as empresas americanas gastavam 23,5% da sua folha

de pagamento em benefícios, mas, no final do século passado, este valor chegou a

41%. O que representa mais ou menos US$7,00 por hora de trabalho. Segundo

Chiavenato (1999), estes investimentos estavam assim subdivididos: pagamento de

tempo não trabalhado (férias e licenças) em torno de 10%; custos médicos e de

seguros em torno de 11%; pagamentos exigidos por lei representam 9%; Planos de

aposentadoria e outros serviços ficam em 11% (BARAÇAS, 2006).

No Brasil, o custo é mais baixo, mas muitos funcionários não sabem que

mesmo assim, para nossa economia, o custo dos benefícios sociais é relativamente

alto. Muitas empresas têm cortado os benefícios e regalias e substituído por

remuneração variável (recompensa por objetivos alcançados). Com ela, outras

empresas têm feito o mesmo, mas muitas ainda acreditam na força dos benefícios

para estimular a competitividade interna e externa da empresa (BARAÇAS, 2006).

As taxas e contribuições, como as que financiam o SESI (Serviço Social da

Indústria), o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), o SEBRAE

(Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas), o INCRA (Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o salário-educação, constituem

tributos que representam quase 5% do total da folha de salários, dependendo do

ramo da atividade da empresa. Só o salário-educação representa 2,5% sobre a folha

de pagamento. Há um forte desejo da sociedade de reduzir os encargos sociais

como forma de garantir mais empregos formais na economia e tornar esses custos

mais compatíveis com o que existe no exterior. Além do mais, o retorno que tanto a

organização como os cidadãos obtém dos impostos pagos no país é insignificante

em muitos casos (BARAÇAS, 2006).

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OS BENEFÍCIOS LEGAIS ESTABELECIDOS PELO GOVERNO

As transformações que vinham ocorrendo na Europa em decorrência da

Primeira Guerra Mundial incentivaram a criação de leis trabalhistas em nosso país.

Existiam muitos imigrantes que deram origem a movimentos operários reivindicando

melhores condições de trabalho e salários (SANT’ANNA, 2005).

Desde 1919, a Constituição Federal sofreu grandes alterações. Só em 1988

foi aprovada a atual Constituição, que trata de direitos trabalhistas. O artigo 7° da Lei

Maior vem a ser uma verdadeira CLT, tantos os direitos trabalhistas nele albergados.

Para Sant’anna (2005), Direito do Trabalho é “o conjunto de princípios, regras

e instituições atinentes à relação de trabalho subordinado e situações análogas,

visando assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao trabalhador, de

acordo com as medidas de proteção que lhe são destinadas”.

A finalidade do Direito do Trabalho é assegurar melhores condições de

trabalho, porém não só essas situações, mas também condições sociais ao

trabalhador. O Direito do Trabalho pretende corrigir as deficiências encontradas no

âmbito da empresa, assegurando uma remuneração condigna, a fim de que o

operário possa suprir as necessidades de sua família na sociedade.

Alguns dos benefícios legais estabelecidos pelo governo para os

trabalhadores são os seguintes: 13° Salário, Salário-Família, Salário-Maternidade,

Férias remuneradas, Repouso Semanal Remunerado, Auxílio-Doença, FGTS,

Adicional de 50% para Horas-Extras, Abono de 1/3 sobre as férias, Adicional

Periculosidade, etc. (SANT’ANNA, 2005).

O RETORNO DE INVESTIMENTO

Embora os planos de benefícios se refiram aos benefícios concedidos a

funcionários, é preciso que a organização também se beneficie deles.

A organização necessita desses planos para recrutar e reter funcionários

competentes. Para tanto, ela necessita controlar os custos dos benefícios e projetar

custos futuros (CHIAVENATO, 2010).

Isso é feito mais facilmente com planos formais do que com planos informais,

negociados na medida em que os problemas vão surgindo.

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Todo benefício deve trazer uma contribuição para a organização, de maneira

a ser igual aos seus custos ou, pelo menos, no sentido de compensá-los ou reduzi-

los, trazendo algum retorno (LUCENA, 1991).

Uma relação humana mais profunda somente pode ser mantida quando

ambas as partes desejam e são capazes de fazer mais do que os requisitos mínimos

exigidos (ROBBINS, 2001).

A mútua responsabilidade é a característica de pessoas que cooperam entre

si para promover um mútuo propósito de grupo (CHIAVENATO, 2010).

Como os serviços e benefícios sociais são complementos lógicos dos

requisitos do trabalho, a empresa tem o direito de esperar padrões mais elevados de

eficiência dos funcionários, cujas energias seriam desperdiçadas no combate de

condições adversas, como a falta de transporte para a empresa, ausência de um

refeitório, precária assistência médico-hospitalar do INSS (Instituto Nacional da

Seguridade Social), dificuldade de obter empréstimos, etc. (ROBBINS, 2001).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os benefícios sociais são variados e podem se apresentar de diferentes

formas. Apesar dos diferentes tipos e formas de atribuição, a finalidade é a mesma:

recompensar e atrair o empregado, transformando o trabalho numa tarefa menos

árdua ou penosa. A carga das exigências diárias vai sendo aliviada ou compensada

por serviços que visam o bem estar do empregado.

Os serviços e benefícios oferecidos pelas organizações demonstram o grau

de responsabilidade social, isto é, a maneira pela qual elas procuram compensar o

esforço das pessoas com uma série de atividades de apoio e suporte que garantam

sua qualidade de vida. Nesse sentido, as organizações ultrapassam o velho enfoque

de responsabilidade legal para ampliar seu objetivo, no sentido de prestar um

valioso serviço à sociedade.

A questão fundamental dos benefícios é servir a todos os funcionários da

organização. Para que os benefícios sejam percebidos como úteis e eficazes, eles

precisam adequar-se ao perfil de cada funcionário. A utilidade e a eficácia de um

plano de benefícios dependem disso. Daí a forte tendência em flexibilizar os

benefícios. Cada pessoa tem necessidades diferentes e que mudam conforme o

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tempo. Muitos benefícios podem ser úteis para uma pessoa e inúteis para outra. E

isso muda com o crescimento e a história de cada pessoa.

REFERÊNCIAS AQUINO, Carlos Paulo. Administração de recursos humanos: uma Introdução. São Paulo: Atlas, 1979. BARAÇAS, Francisco José Loureiro. Avaliação e qualificação de funções, benefícios sociais e condições de trabalho. Coimbra, 2006. 15 f. Trabalho acadêmico – Curso de Engenharia Civil, Instituto Politécnico de Coimbra. CAMPOS, Wagner. Incentivos e Benefícios agregam reconhecimento, diferencial. Portal da Administração, Administradores.com. br. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/incentivos_e_beneficios_agregam_reconhecimento_diferencia/25739/> Acesso em 20 abr. 2011. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999; CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos, o capital humano das organizações. Campus: Elsevier, 2010; LUCENA, Maria. Planejamento de recursos humanos. São Paulo: Atlas, 1991. MARRAS, Jean Pierre. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. São Paulo: Futura, 2000. MASLOW, Abrãao. H. Uma teoria da motivação humana. In: BALCÃO, Y.; CORDEIRO, L. L. (org.). O comportamento humano na empresa (pp. 337-366). Rio de Janeiro: FGV. 1975. ROBBINS, Sérgio. P. Administração: Mudanças e Perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2001. SANT’ANNA, Antonio Soares; MORAES, L.F.R.; KILIMNIK, Z.M. Competências individuais, modernidade organizacional e satisfação no trabalho: Um estudo de diagnóstico comparativo. RAE-eletrônica. V.4, n.1, Art. 1, jan./jul. 2005. SERRA de Campo Consultoria. Planos de Benefícios Sociais. S.d. Disponível em <www.serradecampoconsultoria.com.br/planosdebeneficiossociais.ppt>Acesso 04 mar. 2011.

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RESUMOS

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A INTERNACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA E DESENVOLVIMENTO “P&D”

Jefferson Souza Fraga – Graduado e Mestre em Economia. Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa e Desenvolvimento, Empresas Transnacionais7.

INTRODUÇÃO

Com o processo de reformas financeiras liberais ocorridas nas últimas

décadas, principalmente as de 1970 e 1980, o mundo das indústrias passou a

apresentar fortes transformações (GOMES, 2006). As principais são presenciadas

nas novas formas de organização industrial, tanto de produção como das atividades

de pesquisa e desenvolvimento. Sendo que, a evolução de tais mudanças

possibilitou o surgimento do que é chamado pela literatura especializada de

internacionalização das atividades tecnológicas, assim, afetando várias indústrias e

causando impactos sobre um amplo e diversificado conjunto de países e regiões.

Para Gomes (2006), a internacionalização da atividade tecnológica decorre de

razões diversas, ao passo que, ela pode ser uma conseqüência indireta da

necessidade de conquistas de novos mercados, seja por causa da necessidade de

obter acesso ao produto, à produção ou, também, ao marketing tecnológico ou

competência organizacional fora do país de origem. Então, a descentralização das

tarefas inovatórias reflete principalmente a busca de ativos estratégicos com a ajuda

da rede multinacional. Logo, com todo esse processo de dispersão da atividade

tecnológica, as Empresas Transnacionais passaram a liderar tal processo, pois são

Empresas líderes que visam a adquirir e acumular vantagens através do

direcionamento global de novos recursos para inovação. Outro ponto de grande

relevância é o novo papel assumido pelas Subsidiárias, elas são formalmente

orientadas para o mercado local e crescentemente incorporadas à rede internacional

das Empresas Transnacionais. Com base nesse novo cenário, o objetivo deste

trabalho é avaliar o processo de internacionalização das atividades tecnológicas em

uma perspectiva mundial.

7 São empresas que possuem matriz num país e possuem atuação em diversos países. Instalando filiais em outros

países em busca de mercado consumidor, energia, matéria-prima e mão-de-obra baratos.

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METODOLOGIA Foi realizado um levantamento bibliográfico do processo de

internacionalização da pesquisa e desenvolvimento das Empresas Transnacionais e

de suas Subsidiárias. Para a seleção e avaliação dos estudos científicos levantados

na busca, foram estabelecidos critérios, contemplando os aspectos: tipo de estudo e

a relação com o objetivo do presente estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados sugerem que o poder de coordenação das grandes Empresas

Transnacionais, ou mesmo de grandes Empresas nacionais com redes de

suprimento, decorre de seu controle sobre ativos estratégicos, tais como marcas,

patentes, canais de comercialização, e sobre as chamadas funções corporativas

superiores, que são: capacitações em pesquisa e desenvolvimento de produtos,

design, marketing (GOMES, 2006). As novas tecnologias de informação e

comunicação possuem um papel importante na descentralização das atividades

tecnológicas, que é realizada por meio da integração internacional de laboratórios de

P&D ou redes de pesquisa, já que permitem manipular imensas bases de dados e

informações, conectar agentes dispersos em tempo real, podendo com isso

mobilizar conhecimentos em várias áreas de estudo. A razão da descentralização é

devido a três forças: o desempenho de novas funções de adaptação de produtos ao

mercado local; uma estratégia de interdependência entre as unidades dispersas, e o

atrativo do patrimônio tecnológico do país. Cabe também destacar o papel das

Subsidiárias8 nesse contexto, em que a diversificação tecnológica passou a ser uma

importante característica das Empresas Transnacionais, à medida que as

Subsidiárias no estrangeiro têm assumido papéis específicos nas funções de P&D,

seja na ênfase continuada ao processo local de inovação, seja no desenvolvimento

de um capital organizacional (DUNNING, 1997). Dessa forma, o aumento da

mobilidade internacional de ativos-chave para a criação de riqueza, por exemplo:

finanças, tecnologia, habilidades empresarias e organizacionais são derivadas pelas

reformas financeiras liberais, do final dos anos de 1970 e 1980 e também a

8É entendida como instituição que adiciona valor no estrangeiro e executa uma única atividade (manufatura) ou toda a cadeia de valor, (GOMES, 2003).

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ampliação da capacidade de codificar conhecimento, o que facilitou a sub-

contratação da produção e, sem menos importância, a dispersão de determinadas

etapas produtivas e de várias funções de cunho tecnológico (GOMES, 2006).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após avaliar o processo de internacionalização das atividades tecnológicas,

percebe-se que a estratégia de descentralização dos laboratórios de P&D vem

transformando e provocando grandes mudanças nas funções corporativas das

Empresas Transnacionais, sendo que tais mudanças são presenciadas pela grande

transferência de importantes funções de alto conteúdo tecnológico nas mais

variadas regiões. Outro ponto de grande destaque é o papel das Subsidiárias nesse

processo de internacionalização das atividades tecnológicas, à medida que as

Subsidiárias no estrangeiro têm assumido papeis específicos nas funções de P&D,

seja na ênfase continuada ao processo local de inovação, seja no desenvolvimento

de um capital organizacional que permita que as Empresas Transnacionais interajam

as atividades tecnológicas das unidades mais dispersas e, contudo, impulsionando

ainda mais o processo de internacionalização das atividades tecnológicas.

REFERÊNCIAS

DUNNING, JOHN. HARRY.; “Governments and Macro – Organization of Economic Activity: A Historical in Spatial Perspectives”. In: DUNNING, JOHN. HARRY. (Ed.) Governments and international globalization business. Oxford: Oxford University Press, 1997. GOMES, ROGÉRIO. Empresas transnacionais e internacionalização da P&D. vol. 1, Ed. Unesp/ Araraquara, 2006. GOMES, ROGÉRIO. O Papel das Subsidiarias e a Internacionalização das Atividades Tecnológicas. In: Gestão & Produção, vol. 10, nº. 3, p. 267 – 281. dez. 2003.

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A EXPECTATIVA DE INFLACÃO E O EFEITO FISHER: UMA ANÁLISE DE 2001 A 2011

Jefferson Souza Fraga – Graduado e Mestre em Economia. Professor da

Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Taxa de Juros; Efeito Fisher; Expectativas de Mercado.

INTRODUÇÃO

A relação entre juros e inflação é um assunto que tem motivado um

considerável esforço da análise teórica e empírica nas décadas mais recentes,

particularmente no Brasil, habituado, historicamente, as taxas de inflação altas e

instáveis (FISHER, 1984). Esta relação positiva entre taxa de variação de preços e

taxa de juros nominal, definida por FISHER (1984) no início do século XX, é ainda

bastante discutida no meio acadêmico. Para o autor, a taxa nominal de juros é a

soma entre a taxa real de juros e a taxa de inflação esperada. Apoiando-se nos

pressupostos clássicos de dicotonomia de mercado e neutralidade da moeda, ele

afirmou que variações no nível geral de preços serão acompanhadas por alterações

na taxa nominal de juros, sendo a taxa real, em princípio constante, ceteris paribus.

Logo, há constatação de que uma variação unitária dos preços terá como efeito uma

variação de mesma magnitude e na mesma direção da taxa nominal de juros. Ao

efeito de um-para-um entre as duas variáveis denominou-se Efeito Fisher. Sendo

esta hipótese verdadeira, os investidores teriam mais segurança no planejamento

dos seus investimentos. Assim, o objetivo deste trabalho foi analisar a hipótese de

Fisher, utilizando tanto os dados de expectativas de inflação obtidos através da

pesquisa Focus como também os das expectativas obtidas, disponíveis no banco de

dados do IPEADATA.

METODOLOGIA Uma análise empírica para a economia brasileira no período de dezembro de

2001 a agosto de 2011 também foi realizada, utilizando-se, para tanto, técnicas de

econometria de séries temporais, como teste de regressão linear e análise de erros

auto-regressivos de primeira ordem. Foram utilizados dados de expectativa de

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inflação da pesquisa Focus e do IPEADATA9. A Equação de Fisher será

reapresentada por uma regressão do tipo:

i t = 1 + 2e

t 1 +e t

em que: i t é a taxa nominal de juros no período t; e

t 1 é a taxa de inflação esperada

no período t +1; 1 e 2 são os parâmetros; E e t o erro aleatório da regressão.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados sugerem a não-existência do Efeito Fisher no período

analisado, ou seja, a taxa real de juros não foi relativamente uniforme, ceteris

paribus, pois grande parte das equações estimadas utilizando a mediana da

pesquisa Focus apresentou baixa significância estatística, ou porque quando as

estimações caminhavam para a existência do Efeito Fisher, utilizando os dados do

IPEADATA, os modelos possuíam problemas de autocorrelação e normalidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um ponto foi destacado: será que os investidores, no momento de planejar

seus investimentos, não dão credibilidade à expectativa de inflação da pesquisa

Focus? Ou a premissa de que as expectativas são racionais é falha? Este trabalho

não pode responder a essas perguntas, devido à maior necessidade de estudos com

os dados da pesquisa Focus. Cabe enfatizar, porém, que há um campo amplo de

pesquisa a ser desenvolvido no Brasil, relacionando juros e inflação.

REFERÊNCIAS

BANCO CENTRAL DO BRASIL, Sistema Banco Central de Expectativas de Mercado. Brasília, disponível em: www.bcb.gov.br/expectativa. Acesso em: 10. Dezembro.2011. FISHER, IRVING. A Teoria do Juro: determinada pela impaciência de gastar renda e pela oportunidade de investi-la. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, IPEADATA, Expectativas, disponível em: www.ipeadata.gov.br. Acesso em: 10. Dezembro.2011.

9 Os dados divulgados pelo IPEADATA também são extraídos da pesquisa Focus (BACEN).

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GT 07

CIÊNCIAS HUMANAS

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ARTIGOS

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PRECONCEITO RACIAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Lia Almerinda Nogueira Alves - Graduada em Educação Física. Leililene Antunes Soares - Graduada em Economia Doméstica, Especialista em

Psicopedagogia e Mestre em Educação. Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX.

[email protected]

RESUMO A discriminação racial é um problema social e cultural que atinge até mesmo

crianças em idade escolar. É um problema que, para ser solucionado na escola e atingir proporções sociais, depende da intervenção educacional de nossos professores. O presente estudo teve por objetivo verificar a ocorrência de preconceito racial durante as aulas de Educação Física do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Para tanto, optou-se, pela abordagem qualitativa, com amostra composta por 10 professores, sendo elaborado e utilizado, como instrumento de coleta de dados, um questionário semiestruturado. Constatou-se pouca incidência de preconceito racial nas aulas de educação física e que há preocupação do professor em realizar intervenções de forma adequada. Pode-se concluir que há necessidade de reflexão, culminando em medidas mais eficazes para prevenção e coibição desse preconceito. PALAVRAS-CHAVE: preconceito racial, intervenção, educação física escolar.

INTRODUÇÃO

A sociedade brasileira caracteriza-se por uma pluralidade étnica, produto de

um processo histórico que inseriu num mesmo cenário três grupos distintos:

portugueses, índios e negros de origem africana. Esse contato favoreceu o

intercurso dessas culturas, levando à construção de um país inegavelmente

miscigenado, multifacetado, ou seja, uma unicidade marcada pelo antagonismo e

pela imprevisibilidade (MENEZES, 2002).

No entanto, o intercurso cultural descrito acima desencadeou alguns

desencontros. As diferenças se acentuaram levando à formação de uma hierarquia

de classes que deixava evidentes à distância e o prestígio social entre os

colonizadores e colonos. Os índios e, em especial, os negros permaneceram em

situação de desigualdade, situando-se na marginalidade e na exclusão social, sendo

esta última compreendida por uma relação assimétrica em múltiplas dimensões –

econômica cultural e política. Sem a assistência devida dos órgãos responsáveis, os

sujeitos tornam-se alheios ao exercício da cidadania (MENEZES, 2002).

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Assim, desde os primórdios da colonização brasileira, existe a prática do

preconceito racial, sobretudo a discriminação contra negros. Atualmente percebem-

se várias atitudes de governos, sociedade, organizações não governamentais e

instituições condenando a prática do preconceito, que é notada em diversas

instâncias (SANTOS 2005).

Para Santos (2005), a palavra preconceito tem como significado uma opinião

ou um conceito formado por antecipação, geralmente com precipitação, destituído

de análise mais profunda ou conhecimento de determinado assunto, sem levar em

consideração suficientes argumentos contrários e favoráveis, sem devido cotejo

entre múltiplos aspectos que incidem sobre os fatos, e, por conseguinte, sem a

suficiente e necessária reflexão.

O preconceito constitui-se em um grave problema da atualidade, existente em

toda a sociedade, de modo geral, e principalmente na escola, sendo observado nas

aulas de Educação Física. Ele está presente em várias situações do dia a dia, como:

o preconceito contra as mulheres, os homossexuais, outra religião, a nacionalidade,

a classe social, entre outros; e um dos que mais perturbam, principalmente no Brasil,

“seria contra a cor, denominado racismo, relacionado com as raças, inclusive o

negro” (LIMA, 2008, p.23).

No que se refere à escola, trata-se de um local cuja finalidade consiste em

fazer a criança aprender, ser educada. Entretanto, essa aprendizagem não deve se

restringir apenas aos livros: são importante que sejam formados cidadãos e seres

humanos melhores, mais conscientes, mais tolerantes, desde a infância. Assim,

pode-se esperar uma sociedade melhor no presente e no futuro, consciente de que

a correta intervenção do professor é fundamental na tentativa de humanizar essas

relações.

Considerando-se que a manifestação de práticas discriminatórias raciais no

ambiente escolar pode levar o indivíduo discriminado a sofrer consequências

marcantes para o resto de sua vida, fazendo com que ele se torne um ser humano

frustrado e à margem da sociedade, foi objetivo deste estudo verificar a ocorrência

de preconceito racial durante as aulas de Educação Física do 1º ao 9º ano do

Ensino Fundamental. Mais especificamente, pretendeu-se compreender a conduta

dos professores diante do preconceito; identificar se os professores se sentem

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preparados e de que formas de intervenção se utilizam no enfrentamento dessa

situação.

Este estudo não tem intenção de ser taxativo e fiscalizador, mas de contribuir

para a compreensão da questão de preconceito racial nas aulas de educação física

no ensino fundamental.

METODOLOGIA

Optou-se, neste estudo, pela abordagem qualitativa, por se tratar de um nível

da realidade que não pode ser quantificado, não requerendo o uso de métodos e

técnicas estatísticas. De acordo com Thomas ET al. (2007), a pesquisa qualitativa, é

uma abordagem bastante subjetiva, natural, flexível, tendo o pesquisador como seu

principal instrumento. Seus principais objetivos são a descrição, a compreensão e o

significado, buscando desenvolver hipóteses a partir de observações.

A amostra foi composta por 10 professores de Educação Física, sendo 2 do

sexo feminino e 8 do sexo masculino, com faixa etária entre 25 e 40 anos (média de

idade: 26,5 anos), que atuam no Ensino Fundamental, de duas escolas públicas e

duas escolas privadas de Visconde do Rio Branco, localizada no interior da Zona da

Mata Mineira.

O número de escolas e professores que atuam em cada uma pode ser

visualizado no Quadro 1.

Quadro 1 – Caracterização da amostra

Escola Nº Nº de professores Sexo

Escolas públicas 2 8 Masculino

Escolas privadas 2 2 Feminino

Fonte: dados da pesquisa

Com o objetivo de verificar a ocorrência de preconceito racial durante as aulas

de Educação Física do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, foi elaborado e

utilizado, como instrumento de coleta de dados, um questionário semiestruturado

contendo oito questões, no qual os professores puderam marcar mais de uma

opção.

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O questionário semiestruturado é, de acordo com Gil (1999), “uma técnica de

investigação onde os indivíduos podem expressar-se através de questões abertas e

fechadas, sendo possível conhecer suas as opiniões, valores, crenças, situações

vivenciadas, sentimentos, expectativas, dentre outros”.

Finalmente, os dados foram analisados e discutidos com base em referenciais

teóricos sobre discriminação racial, enfocando o contexto escolar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Categoria 1 – Preconceito racial nas aulas de Educação Física

Nesta categoria, procurou-se investigar a ocorrência de discriminação racial

durante as aulas de Educação Física das escolas públicas e privadas.

Para 60% dos professores entrevistados, as manifestações de racismo em

suas aulas raramente acontecem, enquanto os demais 40% afirmam que nunca

ocorreu qualquer manifestação durante sua aula.

Divergindo dos resultados encontrados, Bozi et al, (2008) afirmam que “é na

Educação Física escolar que o preconceito é abordado de forma mais clara,

sobretudo no que diz respeito às questões do contato físico proporcionado pelas

atividades práticas em conjunto”.

Isso pode ser constatado diante dos resultados obtidos com a indagação sobre

o tipo de agressão percebida ou presenciada em aula. A maioria (58%) afirmou ter

presenciado agressão verbal (58%); os demais se dividiram entre agressão física

(17%); atitudes indiferentes com o colega (17%); e outros (8%); estes marcaram a

opção e não justificaram.

A partir da realidade encontrada na escola, onde a agressão verbal, a agressão

física e indiferença são percebidas (estas em menor proporção), os professores

precisam estar atentos às considerações de Scopel e Gomes (2006), no sentido de

que os motivos de agressão, aparentemente banais, muitas vezes ocorrem nas

aulas, devido à falta de uma formação educacional adequada. É necessário que o

professor intervenha educando diante de comentários do tipo “neguinho” ou outros

apelidos, pois a educação modifica a existência e o comportamento individual

construindo uma sociedade mais justa

Em concordância com os resultados obtidos PACHECO (2007) afirma que os

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professores percebem que as agressões verbais são a forma de discriminação mais

comum, uma vez que os alunos entendem que agredir fisicamente um colega lhe

trará consequências mais sérias.

Para Lopes (2006), o preconceito racial no Brasil opera fundamentalmente em

três dimensões: a moral, a intelectual e a estética. Esse preconceito é reforçado

através de atribuições, piadas e brincadeiras e fundamenta-se na ideia de que o

negro é inferior na escala humana.

As justificativas apresentadas pelos professores para as agressões, que vão

desde motivos banais (46%) e falta respeito mútuo (38%), até, em menor escala, o

fato de os alunos não saberem resolver as diferenças com conversa (8%). Para os

demais educadores (8%), o incentivo ao racismo vem da própria família.

Tais resultados apontam para o fato de não existir preconceito latente nas

aulas de educação Física. Entretanto, cabe ao professor prestar atenção a

incidentes "aparentemente sem importância”. É importante que os educadores

tratem os incidentes no momento em que eles ocorrem, para que os alunos reflitam

naquele momento. Motivos aparentemente banais podem ser significativos para

aquele que recebeu a agressão, por isso não devem ser desconsiderados pelo

professor (PACHECO, 2007, p.24).

Categoria 2 - Conduta do professor diante atitudes discriminatórias

Esta categoria discute a postura do professor diante da percepção de atitudes

discriminatórias por parte de seus alunos.

Quando questionados sobre sua atitude ao se deparar com alguma situação

de discriminação racial em sua aula, 80% dos professores admitiram interferir

sempre; os demais alegaram que sua interferência ocorre “às vezes”, por

considerarem que raramente a discriminação racial ocorre em suas aulas.

As justificativas dadas para suas respostas foram agrupadas para melhor

visibilidade e compreensão, no Quadro 2.

Quadro 2: Justificativas apresentadas pelos professores

Justificativas dos que

responderam que “sempre

interferem”

Frequência

Justificativa dos que

responderam que “às

vezes interferem”

Frequência

Não

justificam

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“Procuro mostrar aos

alunos seu erro.”

“Mostro que todos são

iguais.”

“O respeito deve

prevalecer sempre.”

1

1

1

“Muito raramente

acontece a discriminação

racial.”

1

6

Total 3 1 6

Fonte: Dados da pesquisa

Embora na categoria anterior os professores tivessem afirmado que raramente

ou nunca ocorrem situações discriminatórias, por inferência pode-se considerar que

eles comentam atitudes que teriam mediante situações preconceituosas.

Assim, através das justificativas apresentadas, pode-se perceber que os

professores têm consciência de que é sua função mostrar aos alunos a igualdade

entre eles ou apontar seus erros quando não respeitam o colega. Nesse sentido, de

acordo com Scopel e Gomes (2006), a superação do preconceito na sociedade está

ligada à formação, à instrução e aos conceitos de cidadania que o professor passa

ao aluno. Entretanto, além da atitude de interferir, é necessário ter habilidade para

realizar essa interferência. Complementando, Machado (2002) diz que saber educar,

ensinar o respeito aos colegas é importante até mesmo na formação do individuo.

Quando questionados quanto ao tipo de intervenção, constatou-se que 59%

dos professores alegam ensinar o respeito às diferenças, enquanto 25% admitem

debater o tema com seus alunos. Os demais (16%) dividem-se igualmente entre os

que se preocupam em promover jogos e brincadeiras durante as aulas para

socializar alunos brancos e negros e os que recorrem a outras maneiras de tratar o

assunto. Ressalta-se que os professores marcaram a opção “outros” não justificaram

sua resposta.

Tais intervenções são importantes, já que o professor, de acordo com Pacheco

(2007), nunca deve se omitir frente às manifestações de discriminação e exclusão

que possam ocorrer em aulas, mas sim, planejar ações para eliminar o preconceito.

Em relação a atitudes dos professores para prevenirem/coibirem atitudes

discriminatórias, verificou-se que 80% dos professores trabalham a igualdade racial

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através de recreação em suas aulas, enquanto os demais utilizam outras maneiras

de coibir atitudes racistas. Destes, 10% alegaram fazê-lo através de diálogos e os

outros 10% não especificaram o tipo de interferência.

Ratificando os resultados obtidos, Castro (2010), em seus estudos, afirma que

para combater atitudes racistas é preciso dialogar e cabe aos professores

considerarem que uma forma coerente para promover esse diálogo entre as

crianças é através de brincadeiras, “uma vez que assim entramos em seu mundo e

falamos sua linguagem”.

Embora os professores não explicitem outras formas de coibir atitudes

discriminatórias, na opinião de Scopel e Gomes (2006), isso pode ser feito através

da oportunidade de o aluno conhecer, experimentar e analisar diversos valores,

tendo a liberdade de escolher valores para si.

Categoria 3 - Contribuição dos conhecimentos acadêmicos para intervir em situações discriminatórias

Nesta categoria buscou-se identificar se os professores se sentem preparados

para a intervenção em atitudes discriminatórias durante as suas aulas.

Ao se indagar sobre as disciplinas cursadas que abordou o tema discriminação

racial durante a graduação, 50% afirmaram que em sua graduação a minoria das

disciplinas os preparou para atuarem em situações discriminatórias. Os demais se

dividiram entre os que relatam não ter sido preparados em nenhuma disciplina

(20%), os que afirmam que todas as disciplinas os prepararam (10%), e os que

admitiram que a maioria das disciplinas os preparou para trabalharem com questões

relacionadas à discriminação racial (20%).

É importante ressaltar que uma pequena porcentagem da amostra (10%) teve

a oportunidade de abordar o preconceito racial em todas as disciplinas da

graduação. Esse resultado confirma a opinião de Cavalleiro (2010) ao afirmar que

durante a graduação é insuficiente o conhecimento que os profissionais da

educação têm sobre o racismo e suas consequências. Na análise de Machado

(2002), não há progresso na erradicação do preconceito escolar, devido à falta ou

pouca formação dos educadores. Assim, a necessidade de informar esses

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educadores é notória, pois só assim os alunos também receberão formação

adequada.

Em relação a situações diversas em que os professores tiveram formação

profissional e conhecimento sobre a discriminação racial, verificou-se que 42% dos

entrevistados participaram de palestras a respeito do assunto, 33% tiveram interesse

em fazer cursos de extensão sobre o tema, 8% tiveram em sua pós-graduação o

assunto abordado e 17% tiveram contato com a questão em outras situações (estes

não especificaram quais situações foram).

Embora não se possa avaliar em que grau essas formações (palestras,

cursos de extensão, cursos de pós-graduação) tenham contribuído para o saber

docente sobre preconceito racial, Scopel e Gomes (2006) comentam ser

imprescindível o conhecimento de questões relacionadas a esse tema para tratar

com mais propriedade o assunto.

Os estudos de Sant’Ana (2005) confirmam os dados encontrados no presente

trabalho, ao afirmar que muitos professores de Educação Física não receberam,

durante sua formação, qualquer tipo de orientação pedagógica sobre racismo. O

autor acrescenta que surge, então, a importância de procurar, após a conclusão da

graduação, mais informações e conhecimento sobre o assunto. Essa busca pode ser

constatada através das respostas dos docentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A discriminação racial é um problema ainda existente em nossa sociedade.

Acredita-se que, socialmente, o negro e sua cultura ainda sejam vistos como menos

importantes que os brancos, apesar das conquistas e espaços já obtidos por eles,

mas ainda há muito a se fazer; e o lugar mais adequado é a escola, com a

intervenção de seus educadores.

O presente estudo constatou pouca incidência de preconceito racial nas aulas

de educação física e a preocupação do professor em realizar intervenções de forma

adequada.

É importante ressaltar que os professores apontaram o comportamento que

teriam caso houvessem presenciado situações preconceituosas e a necessidade de

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formação inicial e continuada sobre medidas eficazes para prevenção e coibição de

práticas preconceituosas no âmbito escolar.

REFERÊNCIAS

BOZI, Luiz Henrique Marchesi. et al. Educação física escolar: principais formas de preconceito. n. 117, fev. 2008. Disponível em: <http://efedesportes.com/efd117/educaçao_fisica_escolar>. Acesso em: 2.mai.2010. CASTRO Mary Garcia. Gênero e raça: desafios a escola. Disponível em: http://www.smec.salvador.ba.gov.br/documentos/genero-raca.pdf. Acesso: 22.set.2010. CAVALLEIRO, Eliane. Políticas de ação afirmativa no contexto da educação. Disponível em: http://www.vcp.com.br/bienal/pdfspdf. Acesso em: 14.nov.2010. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1999. LIMA, Loara. Preconceito racial nas aulas de educação física escolar. Ubá- MG: FAGOC, 2008. 35 f. Monografia (Licenciatura em Educação Física) – Faculdade Governador Ozanam Coelho, Ubá, MG, 2008. LOPES, Ana Lúcia. Currículo, escola e relações ético-raciais. In: Educação africanidades Brasil. MEC – SECAD – UnB – CEAD – Faculdade de Educação. Brasília. 2006. p. 21-22. MACHADO, Maurimar Melo Santos et al. O preconceito no contexto educacional. Rio de Janeiro, 2002. MENEZES, Waléria. O preconceito racial e suas repercussões na instituição escola. 2002. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br/licitacao/ preconceito_racial.pdf>. Acesso em: 12.nov.2010. PACHECO, Thiago. Preconceito racial nas aulas de educação física. Ubá- MG: FAGOC, 2007.22f. Monografia (Licenciatura em Educação Física) – Faculdade Governador Ozanam Coelho, Ubá, MG, 2007. SANT’ ANA, Antônio Olímpio. História e conceitos básicos sobre racismo e seus derivados. In: MUNANGA, Kabengele. (org.). Superando racismo na escola. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.

SANTOS, Isabel Aparecida. A responsabilidade da escola na eliminação do preconceito racial: alguns caminhos. In: CAVALLEIRO, Eliane. (Org.). Racismo e anti-racismo na educação: repensando nossa escola. São Paulo: Summus, 2005.

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SCOPEL, Delza Tonele; GOMES Mercedes Silverio. O papel da escola na superação do preconceito na sociedade brasileira. Revista educação e tecnologia. Faculdade de Aracruz-ES. n. 1, p.1, abr-set 2006. THOMAS, Jerry et al. Métodos de pesquisa em atividade física. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

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TRAJETÓRIAS DE TUTORES PRESENCIAIS PARA ATUAREM NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Leililene Antunes Soares - Graduada em Economia Doméstica, Especialista em Psicopedagogia e Mestre em Educação. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.

[email protected] RESUMO

Este trabalho objetiva analisar a trajetória e a história de vida que levam as pessoas à função de tutor; compreender quais os condicionantes que interferem nesta escolha e investigar como se identificam enquanto tutores. Os relatos de suas trajetórias até se tornarem tutores envolveram um trabalho de memória, construindo narrativas. Desta forma, foram identificados elementos que dizem muito a respeito do tutor, são eles: inserção no trabalho com Educação a Distância, o lugar de fronteira professor/tutor, os caminhos e anseios por ser professor universitário. As experiências, ao serem contadas, possibilitaram entendimento sobre o ser tutor num curso de modalidade a distância. As histórias de vida ajudaram a entender os tutores, seus anseios, valores, ações e identidade. Então, pensar na história de cada tutor convoca a articular processos objetivos e subjetivos de suas trajetórias de vida, bem como de suas opções para um caminho e não para outro, em determinado momento, mas as histórias se entrelaçam no significado que cada um atribui à educação e sua identificação enquanto profissionais da área. PALAVRAS-CHAVE: Tutor, memórias, narrativas, educação à distância. INTRODUÇÃO

O surgimento das novas tecnologias da informação e da comunicação deu

impulso à Educação a Distância10 (EaD), fazendo aparecer, através da internet,

formas alternativas de geração e de disseminação do conhecimento.

Altera-se, pois, as formas de relacionamento humano em que o diálogo,

enquanto mediação interativa de construção do conhecimento proporciona o

processo educacional em uma perspectiva de compreensão da necessidade da

condição humana para interagir, intercambiar saberes, repensar valores, refletir

conceitos, reformular visões de mundo.

10 A educação é um processo pedagógico constituído por docência e discência, isto é, ensino e aprendizagem (ou ensino-aprendizagem). A importância de trazer à tona essa compreensão de educação está no nosso desconforto da utilização, no âmbito da educação a distância, dos termos ensino ou aprendizagem a distância. Consideramos inadequado o emprego de ensino a distância ou aprendizagem a distância, pois ignora a imprescindível junção do ensinar com o aprender. Somente a terminologia educação abarcaria essa concepção (MILL, 2006).

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Com o desenvolvimento da EaD, surgem novas figuras profissionais, de

diferentes áreas do conhecimento, atuando como tutor. Entre as denominações a ele

atribuídas percebemos tutor virtual, tutor eletrônico, tutor presencial11, tutor de sala

de aula, tutor local. O que caracteriza este trabalhador é sua função de acompanhar

os alunos no processo de aprendizagem, que se dá, na verdade, pela intensa

mediação tecnológica (MILL et al., 2008).

Neste contexto, torna-se instigante a questão da inserção de diferentes

profissionais na Educação a Distância, discutindo os motivos de escolha pela tutoria.

Assim objetivou-se analisar a trajetória e a história de vida que levam as pessoas a

função de tutor; compreender quais os condicionantes que interferem nesta escolha

e investigar como se identificam enquanto tutores.

Os relatos de suas trajetórias até se tornarem tutores, envolveram um trabalho

de memória, construindo narrativas. Estas, de acordo com Bertaux (2010),

possibilita-nos compreender melhor o que se passa no interior desse processo,

trazendo dados sobre fenômenos inacessíveis por meio de outras técnicas.

OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

Trata-se de um estudo baseado nos pressupostos da história oral e das

narrativas de vida. A história oral é uma metodologia de pesquisa que consiste em

realizar entrevistas gravadas com pessoas que podem testemunhar sobre

acontecimentos, conjunturas, instituições, modos de vida ou outros aspectos da

história contemporânea, exigindo respeito pelo outro:

O trabalho história oral exige do pesquisador um elevado respeito pelo outro, por suas opiniões, atitudes e posições, por sua visão do mundo enfim. É essa visão do mundo que norteia seu depoimento e que imprime significados aos fatos e acontecimentos narrados. Ela é individual, particular àquele depoente, mas constitui também elemento indispensável para a compreensão da história de seu grupo social, sua geração, seu país e da humanidade como um todo, se considerarmos que há universais nas diferenças (ALBERTI, 2004, p. 24).

11 Os tutores podem ser divididos em duas categorias tutoria presencial, composta pelo grupo de profissionais que acompanha os alunos presencialmente, com encontros frequentes ou esporádicos; e tutoria virtual ou tutoria a distância, dedicada ao acompanhamento dos educandos virtualmente (a distância), por meio de tecnologias de informação e comunicação (MILL, 2008).

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Em seus estudos, Bertaux (2010) complementa que esse respeito faz-se

mediante a relação dialógica entre o pesquisador e o sujeito pesquisado através das

narrativas de vida.

Segundo Jovchelovitch e Bauer (2002, p. 98), é por meio da narrativa que as

pessoas lembram o que aconteceu, colocam a experiência em uma sequência,

encontram possíveis implicações para isso e jogam com a cadeia de acontecimentos

que constroem a vida individual e social.

Alarcão (2004, p.9), comenta sobre o ato de narrar como revelador do sentido

da vida, onde ela se refere que “ao ato de narrar subjaz uma atitude e uma

capacidade de observar e interpretar fenômenos e acontecimentos inseridos nos

contextos da sua ocorrência e nas relações espaciais e temporais”.

Narrar uma memória não é uma tarefa mecânica. Para Lima (1995, p.72) "o

momento presente não pode ser considerado como um momento original, mas como

reconstrução permanente de tudo aquilo que vivemos e aprendemos no decurso de

nossas vidas".

Josso (2004, p.60) comenta que “a narrativa é centrada na formação e nas

aprendizagens do seu autor, orientada por um processo de reflexão para

compreender o percurso da sua formação”.

Já a memória apóia-se sobre o “passado vivido”, o qual permite a constituição

de uma narrativa sobre o passado do sujeito de forma viva e natural, mais do que

sobre o “passado apreendido pela história escrita” (HALBWACHS, 2004, p.75).

Neste estudo, a memória é trabalhada, especialmente, como memória

individual, não obstante imbricada às relações vivenciadas – sociais e culturais – e

por elas informada-significada-resignificada, desde que o sujeito, ao rememorar

fatos e situações, lhes imprima significação singular (BOSI, 1994, p. 86).

Tendo estes conceitos como referência, a questão norteadora deste estudo é a

inserção de diferentes profissionais na Educação a Distância discutindo os motivos

que os levaram a atuar como tutores, através da história oral.

Os três entrevistados, sendo os de número 1 e 2 mulheres – ambas Bacharel

em Administração, tutoras dos cursos de Administração e Ciências Contábeis - e

número 3, homem - Bacharel em Ciência da Computação, tutor do curso Tecnólogo

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em Segurança do Trabalho - atuam numa mesma Instituição de Educação a

Distância localizada em Ubá/MG.

A entrevista aconteceu de forma livre e espontânea, seguindo as orientações

de Bertaux (2010), interagindo com os entrevistados. Em prol de organizar e

direcioná-la utilizou-se um roteiro buscando atender e ser coerente com os objetivos

propostos. As questões direcionaram para o tutor narrar sobre como se tornou tutor,

sua escolha, e os marcadores para sua atuação.

Foram seguidas as considerações de Bertaux (2010) sugerindo com uma das

técnicas de analisar narrativas, a análise temática, consistindo em descobrir em

cada narrativa de vida as passagens relativas a algum tema, com o objetivo de

comparar, em seguida, os conteúdos das passagens de uma narrativa para outra.

“É por meio da comparação entre percursos biográficos, que se percebem recorrências das mesmas situações, das lógicas de ação semelhantes; que se descobre, através de seus efeitos, um mesmo mecanismo social ou um mesmo processo” (BERTAUX, 2010, p. 121).

Neste contexto, para o exercício de análise, foram identificados elementos

que dizem muito a respeito do tutor, são eles: inserção no trabalho com Educação a

Distância, o lugar de fronteira professor/tutor, os caminhos e anseios por ser

professor universitário.

Após a transcrição das entrevistas, passou-se à transcrição considerando os

ensinamentos de Bolívar (2002) apud Braúna (2007, p.5) sobre configurar os dados

em uma história que una e dê significado aos mesmos, sem manipular a voz dos

participantes.

TRAJETÓRIAS DOS TUTORES

Para Josso (2004, p.48), “falar das próprias experiências é, de certa maneira,

contar a si mesmo a própria história, as suas qualidades pessoais e socioculturais, o

valor que se atribui ao que é vivido na continuidade temporal de nosso ser”. Neste

processo de formação podemos tecer com fios de memórias de vários tempos,

lugares, falas, fragmentos de escritas, registros, e reflexões.

Ressalta-se que na Educação a Distancia, os atores sociais envolvidos com

os alunos, os tutores, desempenham importante papel na mediação do processo

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ensino-aprendizagem sendo interessante conhecermos as trajetórias que os levaram

a atuar nesta modalidade de ensino.

Os três entrevistados tiveram suas trajetórias marcadas por estudarem em

escolas públicas do ensino fundamental ao médio e participaram do processo

seletivo na Universidade Federal de Viçosa (UFV). A tutora 1 relata que seu desejo

era estudar na UFV, devido a qualidade do curso de Administração e poder

participar das festas tão faladas pelos amigos. Segundo a tutora 2 a UFV é mais

perto de casa e a situação financeira não lhe permitiria ir para mais longe. Já o tutor

3 narrou que gostaria de estudar na UFV pela qualidade do curso de Ciências da

Computação principalmente pela altíssima probabilidade de “sair empregado”.

Como não obtiveram êxito, tiveram por opção não continuar “prestando

vestibular” e estudar na própria cidade, numa Instituição particular (a única que

oferecia, na época, os cursos que desejavam). Importante destacar que os tutores

estudaram na mesma Faculdade, no mesmo período, iniciando o curso em 2003,

finalizando em 2006.

A relação com o ensino fica evidente nas narrativas do entrevistado 3, já que

ele ressaltou vários fatos ocorridos durante sua trajetória acadêmica, onde ensinar

os outros a fazer algo que não sabiam era sua prioridade, destacando ainda ter sido

monitor. Segundo ele, já era indicio de querer atuar na área educacional, embora

estivesse se formando em Ciências da Computação:

“Eu naquela época, por volta de 2004 já fui ser monitor, queria era ter oportunidade de participar das aulas, ensinar os colegas e aprender com os professores como dar aula. Eu gosto de ensinar, me faz bem. Hoje, puxando pela memória tudo que eu fazia, entendo que já era porque eu queria ser professor”

As narrativas dos entrevistados remetem a Bosi (2003, p. 39), quando afirma

que “na maior parte das vezes, lembrar não é reviver, mas refazer”; e a Bertaux

(2010, p. 49) acrescentando que a narrativa de vida é estruturada em torno de uma

sucessão temporal de situações, acontecimentos, ações e projetos e que esta

seqüência constitui a “coluna vertebral” como a linha de uma vida. Entretanto, essa

linha não é assimilável a uma reta ou curva harmoniosa, uma vez que as existências

são “sacudidas por forças coletivas que reorientam seus percursos de maneira

imprevista e geralmente incontrolável”.

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A oportunidade: “Fui convidada para trabalhar como tutora”

Vivemos uma época de globalização, de grande avanço tecnológico e

mudanças significativas de várias dimensões. Tal mudança leva-nos a refletir sobre

os desafios e as novas possibilidades no âmbito do trabalho.

Nas cidades consideradas do “interior” com menor número de habitantes, infra-

estrutura e distribuição de renda, as oportunidades de trabalho ficam reduzidas, e as

relações interpessoais tendem a se tornar fator importante no auxilio da busca por

emprego.

Percebemos nos relatos dos 3 entrevistados, a evidência de serem convidados

para atuarem como tutores devido a suas relações interpessoais com seus ex-

professores e por estes fazerem parte da Instituição mantenedora dos cursos a

distância. Tal fato lhes proporcionou a oportunidade de começarem a atuar como

tutores.

“Eu não participei de nenhuma seleção, minha ex-professora já me conhecia e me ligou convidando para trabalhar como tutor presencial na EaD no curso de Tecnólogo em Segurança do Trabalho que seria oferecido pela Faculdade que estudei.” (Tutor 3)

A tutora 1 narra o convite e sua felicidade pelo desafio.

“A coordenadora dos cursos de Educação a Distância me ligou e eu fui convidada a trabalhar como tutora. Na hora fiquei com medo e feliz pelo desafio, porque eu nunca tinha dado aula. Só tinha sido monitora lá na Faculdade.”

O lugar de fronteira: “Às vezes me sinto professora, mas na verdade não sou”

Na Educação a Distância, os agentes envolvidos nos processos de ensino-

aprendizagem percebem suas práticas mediatizadas pelo uso sistêmico de materiais

educativos, reforçados pelos meios de comunicação adequados às suas realidades,

integrados no seu contexto sócio-educativo.

O tutor, um dos atores envolvidos na educação à distância, é segundo Gomes

(2010) ora o individuo que intermedia ações educativas em ambientes virtuais e

ordena as atividades decorrentes desta ação: correção de atividades, intervenções

teóricas e metodológicas em exercícios, atribuição de pontuação a atividades, dentre

outras; ora aquele que concebe o material didático das unidades curriculares. No

presente estudo, os tutores são presenciais.

“Nós tutores não participamos da elaboração de material, utilizamos o que vem pronto.” (Tutora 2)

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“Eu incentivo os alunos a usarem as ferramentas e as mídias que a Instituição disponibiliza, mas não ajudo a preparar nada”. (Tutor 3)

Associada a essa aparente semelhança das atribuições e atividades do tutor

em EAD, há também um preconceito, no sentido mesmo de um conceito pré-

estabelecido, sobre tutoria que finaliza, quase que empiricamente e sem

problematizações complexas, em afirmações que concebem o tutor como professor

pela natureza de sua atividade e papel desempenhado no processo de construção

do conhecimento (GOMES, 2010).

Para Freire (1996), ensinar é uma especificidade humana e exige um elenco de

atitudes primordiais dos atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.

Dentre os saberes necessários às práticas pedagógicas destaca-se que o ensino

exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação.

Neste sentido, só se consegue pensar em educação, e em qualquer

modalidade, se houver concretamente a possibilidade de reconhecimento do novo e

do velho em situação de igualdade e pertinência; disponibilizando-se, primeiramente,

a respeitar suas particularidades.

Na EaD os agentes envolvidos nos processos de ensino-aprendizagem

percebem suas práticas mediatizadas pelo uso sistêmico de materiais educativos,

reforçados pelos meios de comunicação adequados às suas realidades, integrados

no seu contexto sócio-educativo. Tal fato é relatado pelo tutor 3:

“Os alunos precisam saber usar as ferramentas da EaD, isso é o básico do dia a dia deles”

Neste estudo, utilizaremos o sentido de construção de identidade citado por

Ciampa (2001), como metamorfose; movimento; processo que se verifica durante

toda a vida da pessoa.

A construção de uma identidade profissional está relacionada, entre outros, aos

saberes dos professores (PIMENTA, 2002, apud BRAÚNA, 2007). Neste contexto,

os tutores se consideram professores justamente por precisarem deter

conhecimentos para ensinar aos alunos.

“Eu faço papel de professor, porque para o aluno da EaD o tutor é o professor. O tutor é a pessoa que ele tem aquele contato direto, físico. Aquele professor dando aula pra ele na tela é a mesma coisa dele pegar um DVD e assistir uma aula. Ele não tem aquela aproximação, aquele calor humano, ele pode postar pergunta? Ele pode postar pergunta, mas pra ele é como uma máquina que tá respondendo pra ele, não é uma pessoa que

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respondendo pra ele fisicamente, ali, ao vivo. Então o tutor passa pelo papel de professor, o aluno cobra dele tudo que é cobrado de um professor. Então ele tem que ter um jogo de cintura grande porque qualquer problema que ele tem a nível de conteúdo da disciplina, vamos dizer assim, ele tem que ta postando aquelas perguntas pra equipe do pólo no caso da sede pra tarem respondendo aquilo pros alunos”.(Tutor 3).

“Eu tento fazer o papel de professora e me considero assim. Os conhecimentos específicos da área de Tecnólogo tudo é novo, mas eu estudo. Agora também sou tutora no curso que formei, Administração, e neste me sinto uma professora”. (Tutora 2).

Ciampa (2001, p.72) afirma que “é do contexto histórico e social em que o

homem vive que decorrem suas determinações e, consequentemente, emergem as

possibilidades ou impossibilidades, os modos e as alternativas de identidade”, o que

dá ritmo aos movimentos de construção da própria história e, também, do processo

de formação profissional, contemplando em larga escala um preparo qualificado

deste sujeito em formação, consequência da reflexividade adquirida com este

processo que remexe com as memórias, essenciais para a legitimidade e

continuidade desta trajetória nem sempre linear.

“Apesar de estudar e ajudar meus os alunos, não me considero professora, eu poderia ate ser uma professora, mas a Instituição não me permite isso. porque pelo regimento da Faculdade eu não posso ir lá pra frente explicar matéria pros alunos. Somos proibidos de fazer isso... não vou falar que não faço, porque senão não fica um aluno dentro da sala de aula, eu faço isso por eles. Preciso estudar muito para ajudá-los e ensino tudo que eu sei. Ah! Às vezes me considero professora, mas na verdade não sou” (Tutora 1)

E, neste lugar de fronteira, os tutores comentam sobre os alunos e consideram

que “o lugar do aluno” é aquele que permite o entendimento, o acesso e a

permanência às demandas educacionais e profissionais contemporâneas; que

afirma e legitima sua identidade cultural e social, que o reconhece como ser singular

e independente, respeitando suas particularidades.

“Embora o material seja fixo eu respeito o tempo de cada um e sempre que posso falo que eles precisam se adaptar para cumprir os prazos das atividades das aulas e que no ensino moderno, no caso a distância é assim.” (Tutora 1).

“Eu to sempre falando com os meus alunos para se atualizarem (...). O importante é acompanhar as transformações tecnológicas e ser um aluno que use todas as ferramentas do sistema a seu favor, porque o mercado de trabalho vai exigir isso dele também.” (Tutor 3)

O caminho para a docência: “Ser tutora é uma oportunidade de ser professora

aqui na Faculdade”

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A identidade construída junto ao contexto em que se está inserida pode ser

gerida sob a perspectiva de Ciampa (2001), já citada anteriormente, compreendendo

o processo de Identidade, como movimento e metamorfose. Para o referido autor, é

do contexto sócio-histórico, vivido pelos homens que provém as possibilidades ou

impossibilidades, bem como as alternativas e os modos de identidade, em

movimentos, construtores da própria história e do processo de formação profissional.

Estar em formação implica investimento pessoal sobre os percursos e, também

sobre os próprios projetos, quando é possível fabricar os próprios modos de viver,

em que os limites, também, suscitam possibilidades (HOSSEIN e ABRAHÃO, 2010).

Para as tutoras, sua função lhes proporcionará alcançar seu objetivo maior: o

da docência na Instituição e por consequência realização profissional.

“Ser tutora é uma oportunidade de ser professora aqui na Faculdade, que é o meu desejo maior. Não penso em deixar de ser tutora, porque eu gosto, mas para me sentir realizada, uma professora mesmo é só dando aula em algum curso aqui.” (Tutora 1)

“Eu quero é ser professora aqui. Esse é meu projeto, ser professora e superar tudo que precisar para atingir esse objetivo.” (Tutora 2)

Entretanto, o tutor alcançou seu objetivo. É professor na Instituição, mas

destaca seu investimento, dedicação e estudo:

“Eu consegui o que queria, virei professor. Desde 2008 que eu dou aula de Introdução a Computação. Como eu já era tutor, depois que terminei minha Pós-Graduação na UFV me chamaram para dar aula”

Moita (1995, p.139) afirma que a profissão pode ser para cada pessoa, “um

projeto que integra um projeto mais vasto”, e que assim o vivido pode ser

extremamente mobilizador, desta forma:

Identidade pessoal/identidade profissional é uma grande variedade de relações que se estabelecem. Há nessas relações uma atividade de autocriação e de transformação vividas entre a tensão e a harmonia, à distância e a proximidade, a integração e a desintegração. A pessoa é o elemento central, procurando a unificação possível e sendo atravessada por múltiplas contradições e ambiguidades (MOITA, 1995, p.139).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As experiências, ao serem contadas, possibilitaram entendimento sobre o ser

tutor num curso de modalidade a distância. As histórias de vida ajudaram a entender

os tutores, seus anseios, valores, ações e identidade.

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Tal fato, só foi possível porque estes profissionais compartilharam suas

memórias através de narrativas e onde foram, através da correlação com o tempo,

articulando passado, presente e futuro, no exercício significativo de mencionar o

vivido.

Neste sentido, pensar na história de cada tutor convoca a articular processos

objetivos e subjetivos de suas trajetórias de vida, bem como de suas opções para

um caminho e não para outro, em determinado momento, mas as histórias se

entrelaçam no significado que cada um atribui à educação e sua identificação

enquanto profissionais da área.

REFERÊNCIAS ALBERTI, Verena. Ouvir Contar. Textos em história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, p. 33-89, 2004.

ALBERTI, Verena. Manual de historia oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, p. 85-127, 2004. ALARCÃO, Isabel. Prefácio. In: ABRAHÃO, Maria Helena Menna Barreto (org.). Identidade e Vida de Educadores Rio-Grandenses: Narrativas na primeira pessoa (e em muitas outras). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004. p. 7-13. BERTAUX, Daniel. Narrativas de vida; a pesquisa e seus métodos. São Paulo: Paulus, 2010. BOSI, Eclea. Memória e Sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Cia das Letras, 1994. BRAÚNA, Rita de Cássia de Alcântara. Narrativas de professores tutores: a experiência do projeto Veredas. 2007. Disponível em: http://www.anped.org.br. Acesso em 10.nov.2010. CIAMPA, Antônio. A estória de Severino e a História de Severina. São Paulo: Brasiliense, 2001. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GOMES, Ednaldo Farias. Perfil e identidade do tutor em cursos na modalidade a distância do IFAL vinculados ao Sistema Universidade Aberta do Brasil: definições e prática docente. Revista Eletrônica Multidisciplinar Pindorama do Instituto

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AÇÃO DOCENTE DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR DE UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DE UMA CIDADE DA ZONA DA MATA

MINEIRA– MG

Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de

Extensão da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Giselle Vieira Pereira e Carmelita Santana Bueno – Licenciadas em Educação

Física. Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Janine Lopes Carvalho. Graduada em Psicologia, Especialista em saúde mental e

MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.

Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de

Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected]

RESUMO

O objetivo desse estudo foi compreender a ação docente de professores de Educação Física Escolar de escola pública estadual de uma cidade da Zona da Mata Mineira. Essa pesquisa foi realizada numa escola pública estadual de uma cidade localizada na Zona da Mata Mineira. Os sujeitos da pesquisa foram 2 profissionais de Educação Física que atuam tanto na docência, ministrando aulas para o ensino fundamental, como também na área de fitness, trabalhando em academias. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que foi realizada através de entrevista estruturada e observação participante com esses professores. Os resultados dessa pesquisa nos permitem afirmar que a cada ano a obra de Medina (2001) vem nos convencendo de forma contundente que os profissionais precisam entender que a Educação Física se encontra em crise para que revejam seus conceitos, já que a crise traz à tona todas as anomalias que perturbam uma instituição. Porém, as instituições não mudarão se as pessoas que as constituem não mudarem. PALAVRAS-CHAVE: ação docente; professores de Educação Física; perfil profissional.

INTRODUÇÃO

A maneira que a Educação Física escolar tem sido trabalhada nas escolas

nos despertou o interesse de pesquisar essa temática. O problema em questão

enfoca a situação da ação docente dos professores de Educação Física Escolar,

principalmente, em relação ao processo de ensino e aprendizagem e, subjacente a

ele a metodologia utilizada pelos profissionais que trabalham com essa disciplina.

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Segundo Medina (2006), no caso da Educação Física brasileira, ela não tem

sido capaz de justificar a si mesma, quer como disciplina formal e

predominantemente educativa, quer como atividade que auxilie alguns aspectos de

desenvolvimento humano fora da escola e, em especial, no esporte de alta

competição ou de rendimento.

Nesse sentido, Cardoso (2006) destaca que a aula de Educação Física sofre

da “síndrome de rotinas esportivas”. Para que se possam desvendar esses

problemas centrais do ensino, é necessário revisar alguns pontos críticos da

literatura e, em seguida, entrar nos passos de análise interpretativa. A esse

respeito, Medina (2006) coloca que isso se deve preponderantemente à falta de

disposição crítica que tem caracterizado esse campo específico do conhecimento,

notadamente os seus profissionais.

Pouco se tem sobre o significado de uma cultura de corpo que fundamente a

Educação Física, propiciando, por parte de seus profissionais, uma atuação coletiva

mais comprometida com um real estado de bem-estar físico, mental e social de

toda a comunidade nacional, e não apenas da parcela privilegiada representante de

uma minoria.

Diante do exposto, questiona-se: como é a ação docente de professores de

Educação Física Escolar de uma escola pública estadual de uma cidade da Zona

da Mata Mineira - MG?

Assim, o objetivo desse estudo foi compreender a ação docente de

professores de Educação Física Escolar de escola pública estadual de uma cidade

da Zona da Mata Mineira.

Com a realização desta investigação, pretendemos contribuir a ampliação da

produção de um conhecimento que vise à re-significação da identidade profissional

do professor de Educação Física, bem como o lugar desta disciplina no currículo

escolar. Além disso, pode apontar caminhos que subsidiem o professor na

transformação da docência.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Segundo Cardoso (2006) sempre quando nos referimos à Educação Física

cada pessoa tem certa concepção de aula dessa disciplina. Adquirimos esse

conhecimento durante o tempo escolar, os anos de formação profissional e nos

cursos de graduação universitária. No entanto, isso não quer dizer

necessariamente que as concepções e crenças apreendidas por aquele sujeito que

está se constituindo profissionalmente seja necessariamente a sua forma de

conduzir as aulas na escola. Sobre isso, Mattos e Neira (2000) destacam que esse

profissional adquire considerável bagagem de conhecimento durante a sua

formação e que o empobrecimento do seu trabalho nas escolas leva-o ao não

resgate do que aprendeu, ao esquecimento, à subutilização de seu potencial e a

formação profissional, isto é, a inutilização de suas capacidades e habilidades.

Uma ajuda para a mudança dessa realidade pode estar na etapa de

preparação do professor de Educação Física. Essa etapa permite o contato direto

com a comunidade e seus problemas, suas contradições e suas necessidades

emergentes de mudança. Essas atividades podem acontecer em escolas, através

do agir pedagógico de uma prática docente, a saber: (I) aplicando conhecimentos,

(II) formando atitudes críticas e (III) desenvolvendo habilidades necessárias para

essa prática (CARDOSO, 2006).

Segundo Pires (2005) um dos eixos norteadores dos currículos acadêmicos

é o programa de formação em serviço de professores de Educação Física, que

deve estabelecer como meta a capacitação para reflexões que tematizem e

anunciem possibilidades de intervenção pedagógicas em diferentes espaços

institucionais. Tamanha abrangência ressalta como pressupostos o reconhecimento

de que somos, antes de tudo, profissionais-educadores e, como destaca Marques

(1992, p.19) cabe a cada um e ao mesmo tempo ao coletivo “responsabilizar-se

pelo compromisso social solidário que o identifica na profissão da docência”.

Aqui, defendemos que a formação inicial e continuada do licenciado em

Educação Física assuma como responsabilidade social a preparação profissional

direcionada, prioritariamente, para atuação na educação básica, em seus três

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níveis de ensino, reconhecendo a escola como locus de atenção, estudo e

intervenção.

Segundo Galvão (2002) citado por Arantes e Magalhães (2009) o docente

qualificado deve conhecer a dimensão e o alcance do seu saber, conhece as suas

implicações e o rumo que o mesmo pode tomar. Conhecendo-se, pode estabelecer

contato com os demais e, com alguma certeza, ensinar e aprender de maneira

dialética.

Diante disso, torna-se pertinente apresentar o conceito de desenvolvimento

profissional. Segundo García (1997) esse conceito de rompe com a mera

justaposição dos elementos componentes da tradicional formação de professor:

formação inicial – através de conhecimentos acadêmicos – e formação em serviço

ou continuada – através de cursos de aperfeiçoamento e capacitação docente.

Nesse caso, a graduação é apenas o primeiro nível de desenvolvimento profissional,

cujas dimensões técnicas, culturais e pessoais se entrelaçam dialeticamente,

provocando continuidades e rupturas entre os níveis. Dessa forma, o

desenvolvimento profissional refere-se à capacidade do educador em articular os

seus conhecimentos teóricos, levando em consideração as suas experiências

profissionais e pessoais.

Para Cardoso (2006) a aula é assunto para análise porque é concreta e

objetiva. Embora o homem tenha tornado esse fato “artificial”, ele serve para

oferecer a sistematização do conhecimento. Na Educação Física não é mais

possível somente analisar os aspectos físicos e o comportamento dos alunos. É

necessário analisar as situações de interação social.

O processo de entendimento e da compreensão entre os participantes da

aula tem tomado proporções do mais alto nível. No entanto, não é só o processo de

comunicação que é decisivo para entender a aula. A comunicação se dá através de

um símbolo mediador. Esse símbolo possui vários significados e torna-se

compreensível através da comunicação. Por isso, a aula de Educação Física possui

muitos símbolos, como a bola, a trave, a rede, os adversários, o árbitro, o goleiro e

a equipe. Cada um deles forma uma categoria de símbolos comunicativos

(CARDOSO, 2006).

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Ao tratar dos aspectos relacionados à aula, é fundamental finalizarmos

abordando também o conceito de docência e didática. Segundo Cimini e Machado

(2008) a docência representa a ação estruturada do que se relaciona ao ato de

ensinar, tendo a participação e contribuição, tanto do professor como do aluno. E a

didática, segundo elas, refere-se à prática de ensinar, ou seja, a metodologia

utilizada pelo professor para que o aluno alcance a compreensão do que está

sendo ensinado.

É exatamente o exercício dessa docência e a apropriação dos aspectos

didáticos adequados e o conhecimento que profissional agrega desde o seu

processo de formação acadêmico que são instrumentos fundamentais a fim de que

ele ministre aulas de qualidade e vá avançando no seu desenvolvimento

profissional.

METODOLOGIA

Essa pesquisa foi realizada numa escola pública estadual de uma cidade

localizada na Zona da Mata Mineira. Os sujeitos da pesquisa foram 2 profissionais

de Educação Física que atuam tanto na docência, ministrando aulas para o ensino

fundamental, como também na área de fitness, trabalhando em academias.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que foi realizada através de entrevista

estruturada e observação participante com esses professores no ano de 2011.

Essa abordagem de pesquisa inaugura a possibilidade de alterar a forma de

conceber e interpretar os fenômenos humanos e de se construir uma teoria para

além do conhecimento objetivo da verdade, já que a investigação qualitativa:

ao invés de procurar a formulação de leis causais que permitem o controle do fenômeno social, procura-se compreendê-lo através de processos em que seus participantes se envolvem e nos quais, por sua própria agência,12 constroem seus pontos de vista (MONTEIRO,1998, p.08).

A entrevista de cada um dos professores foi transcrita e as quatro observações

participantes das aulas deles (duas de cada um) organizadas em forma de nota

Segundo Monteiro (1998), a palavra agência refere-se a agência humana, isto é, à plena participação da pessoa na articulação das relações sociais com quais seu universo social e cultural se estrutura.

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de campo expandida. Aos professores foram explicados os objetivos da pesquisa

como também seus riscos e desafios, e o início da investigação só se deu após a

assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).

Para organização dos dados utilizamos o programa de computador Word, versão

2007, o que possibilitou a recuperação dos dados nos momentos necessários. De

posse dos dados eles foram codificados e a partir da triangulação emergiram as

categorias de análises da investigação, apresentadas no próximo tópico.

CATEGORIAS EMERGENTES DA COLETA DE DADOS

Os professores investigados nessa pesquisa foram chamados de Débora e

Marcos, representados por nomes fictícios para resguardar suas identidades. O

tempo de formação e atuação de Débora é de 7 anos. Ela trabalha com Ensino

Fundamental no período matutino e vespertino e no período noturno atua em

academia, que inclusive é de sua propriedade. O tempo de formação e atuação de

Marcos é de 4 anos, atuando também com ensino fundamental. No distrito trabalha

no período matutino e na sede do município no vespertino. Nas horas em que não

está na escola também atua na academia.

Ao iniciar a entrevista com cada profissional perguntamos o que os levou a

optar pelo curso de Educação Física? Ambos responderam que foi pela prática

esportiva no período escolar e a frequência em academias. Sobre as aulas de

Educação Física deles, perguntamos como são realizadas. Débora afirmou que

ministra uma aula prática e outra teórica. A respeito do conteúdo, a professora disse

que trabalha esportes, saúde e que tenta adaptar as aulas práticas ao que estudam

dentro de sala.

Sobre esta questão Medina (2006) ressalta que a prática torna-se vazia se

não for acompanhada por uma teoria que lhe dê suporte, assim também a teoria

sem a prática não constitui a práxis, fundamental ao processo de ensino e

aprendizagem. Isso não quer dizer necessariamente que o profissional de Educação

Física para trabalhar teoria tenha que separar aulas dentro da sala, inclusive com

utilização do quadro, e aulas práticas na quadra. Para planejar suas aulas precisa

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agir com o bom senso, pois na ânsia de provar a parte teórica e a prática de sua

aula pode acabar ocasionando uma dicotomia entre as duas.

No entanto, apesar das afirmações de Débora, durante as observações das

aulas evidenciou-se que o que ela disse na entrevista não foi exatamente ao

encontro do que realizou em suas aulas práticas. Conforme destaca Gil (1991, p.57)

pode existir uma “diferença entre o que as pessoas fazem ou sentem e o que elas

dizem a esse respeito”. No caso de Débora, na sala de aula ela ministrava um

conteúdo e nas aulas práticas deixava os alunos fazerem o que queriam.

Nesse sentido, a professora havia falado que estava trabalhando atletismo na

teoria, mas na aula prática vimos que os alunos faziam o que queriam. Trabalhava-

se com atletismo na teoria, entendemos que na prática poderia ter adaptado alguns

materiais alternativos, tais como bastões, blocos, a fim de possibilitar que o conteúdo

fosse experimentado na prática. Diante disso, concordamos com Dias e Sousa

(2003) que a professora se inclui no perfil profissional chamado de laissez-faire, isto

é, aquele em que o professor deixa a aula acontecer, sem se preocupar com o que

os alunos estão fazendo.

Outra observação que fizemos é que em todas as aulas de Débora os

meninos e meninas automaticamente se separam para praticar atividades, sendo

que os meninos jogam futsal e as meninas queimadas ou vôlei. A maioria das

meninas não participa da aula, permanecendo sentadas conversando ou ouvindo

músicas.

A atitude dessa profissional constitui um entrave para a compreensão das

diferenças entre meninos e meninas, inclusive do ponto de vista biológico e

anatômico. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) ela dificulta a

reciprocidade entre os alunos, o que impede que se observem, descubram-se,

aprendam a ser tolerantes, a não discriminar e a compreender as diferenças de

forma a não produzir relações autoritárias.

Em relação ao conteúdo, Marcos afirmou que trabalha com parte teórica e as

práticas dos esportes, não deixando de trabalhar temas inseridos na realidade do

educando, tais como músicas e brincadeiras (queimada, corridas etc.) entre outros.

Diferentemente da aula da professora, nas aulas de Marcos os alunos participam

todos juntos em uma única atividade, seguindo os planos do professor, como foi

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possível constatar. Os alunos não vão para a aula utilizando uniforme para aula

prática, mas mesmo assim a aula acontece de acordo com o conteúdo do professor.

Essa questão de uniforme foi possível perceber que está muito mais ligada aos

aspectos socioeconômicos dos alunos do que a outros fatores.

Em relação aos processos avaliativos dos alunos, os dois professores

parecem ter a mesma forma de avaliar. Avaliam o aluno de acordo com sua

participação, tanto na aula prática como teórica, seu interesse pela disciplina, o

desenvolvimento, principalmente nas aulas práticas, e também utilizam o método de

trabalhos avaliativos e provas.

Nas aulas práticas de Educação Física nem todo aluno tem interesse de

participar, às vezes por não gostar de esportes, ou até mesmo por seguir certo tipo

de religião que não permite. Em função disso, é fundamental que o professor esteja

sempre inovando suas aulas a fim de que não fiquem repetitivas e convençam o

aluno que praticar esporte é essencial para a qualidade de vida.

Perguntamos aos professores como lidam com alunos que não gostam de

participar de aulas práticas. Marcos respondeu que procura por meio de conversa

convencer o aluno a experimentar, a vivenciar o que está sendo trabalhado, não

obtendo reposta procura alternativa de absorver algo dele relacionado ao conteúdo.

Débora diz que tenta mostrar ao aluno várias opções, tais como fazer atividades de

diversas modalidades esportivas para ver com qual delas aluno se identifica mais, ou

até mesmo deixa-los escolher a atividade que querem fazer. Ao obter esta resposta

indagamos na sequência como lida com os alunos indisciplinados nas aulas. Os

professores afirmaram:

Procuro de todas as formas legais resolver o problema entre professor e aluno. Não obtendo resultado procuro a solução junto com a equipe pedagógica e a direção. (Marcos). Por ter uma aula teórica e uma prática sempre estou tendo oportunidade de observá-los e avaliá-los. Se o aluno não faz os exercícios da aula teórica no dia da aula prática terá que fazer. (Débora)

É preciso lembrar que quando o professor envolve equipe pedagógica e

direção em um problema ocorrido em sua disciplina isso evidencia que o profissional

não é capaz de resolver o problema sozinho e, a maioria das vezes, essa decisão

poderá acarretar a perda de autoridade.

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A outra situação é que essa postura da professora pode também ser coerente,

considerando os princípios da sanção por reciprocidade, ou seja, tendo “como efeito

motivar a criança a construir regras de conduta através da coordenação de pontos

de vista” (KAMI, 2005, p.109). Isso quer dizer que baseado em combinado prévio se

o aluno não fez a atividade no momento da aula teórica terá, portanto, de fazê-lo em

outro momento e que este seja então na aula teórica, que a maioria das vezes é

esperada ansiosamente pelos alunos.

Apesar das dificuldades encontradas para lidar com os desafios das aulas, os

professores ainda têm esperança de que os alunos avancem. Sobre isso, o

professor Marcos diz esperar que consigam absorver algo positivo que possa

contribuir no seu convívio na sociedade e consigo mesmo. Sobre isso, Medina

(2006, p.36):

Para uma Educação Física realmente preocupada com o ser humano não basta concordar plenamente com a sociedade. É necessário que faça uma permanente crítica social; seja sensível ás diversas formas de repressão a que as pessoas estão sujeitas e as ajudem a entender os seus determinismos e superar os seus condicionamentos, tornando-as cada vez mais livres e humanas.

Além disso, para que os alunos construam essa percepção de convívio em

sociedade o lugar do profissional educador é fundamental, considerando a qualidade

de sua ação docente. Assim, segundo o mesmo autor citado anteriormente quem faz

a Educação Física são as pessoas nela envolvidas de uma forma ou de outra.

Assim, as finalidades, os objetivos, os conteúdos, os métodos e os próprios

conceitos dessa disciplina são condicionados pelo grau de consciência individual e

coletiva dos que trabalham nessa área da atividade humana. Portanto, de acordo

com as diferentes visões de homem e de mundo que porventura possamos ter,

diferentes serão as nossas concepções a seu respeito (MEDINA, 2006).

Ao encontro ainda dessa abordagem, perguntamos aos pesquisados quais os

pontos positivos e negativos das aulas para o professor de Educação Física na visão

deles. Para ambos os professores o principal ponto positivo é saber que a Educação

Física é a disciplina que os alunos mais gostam. Esse posicionamento é muito

comum aos professores de Educação Física e carrega alguns riscos. Isso pode fazer

o professor sentir-se envaidecido colocando uma “venda sobre os olhos”, que o

impede de enxergar o possível processo de desvalorização de seu trabalho. A

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respeito disso, Santos (2002) indaga que quando o professor de Educação Física

chega ao portão da escola e as crianças vão ao seu encontro, pulam e o abraçam

dizendo “hoje é futebol né tio?”, terá o professor planejado uma aula inovadora e

criativa para seus alunos?

O professor consegue perceber, que atendendo aos desejos imediatos dos

alunos está perdendo o direito de exercer suas obrigações profissionais, visando

oferecer atividades que promovam a aprendizagem e o desenvolvimento dos

alunos? Essa indagação faz-se pertinente pelo fato de ser comum a maioria dos

alunos esperarem ansiosos os horários das aulas de Educação Física a fim de

utilizá-lo como “tempo livre” para ficarem passeando pelo pátio, sentados nas

arquibancadas da escola e “batendo papo”. Esse tipo de aula revela a falta de

organização e planejamento das aulas.

Como pontos negativos os professores apontam a falta de materiais, espaço

físico, legislação privilegiando os alunos, além de darem destaque para a

indisciplina. No entanto, essa última pode ser amenizada através da construção de

combinados com os alunos e um trabalho coletivo na escola. No entanto,

precisamos considerar também que o que coloca Freire (2002) ao afirmar que a

tarefa do profissional de Educação Física que lida com corpos em movimentos é

muito mais desafiadora do que os profissionais das demais disciplinas que, ao

contrário tratam estes corpos como objetos imóveis, com olhares fixos no quadro ou

no caderno.

Percebemos nas observações das aulas que nenhum dos professores no final

da aula faz reflexão ou volta à calma com os alunos. Ao término os alunos saem

correndo para ir ao banheiro e beber água e a aula são encerrados assim todos os

dias. Os objetivos, que deveriam ser retomados nesse último momento, para a

compreensão da aula pelos alunos acabam não ficando explícitos. E o momento de

reflexão é, sem dúvida, a parte mais importante da aula de Educação Física, pois é

quando o profissional possibilita ao aluno perceber o lugar de sua disciplina na

escola.

Ghiraldelli Júnior (1997, p.11) afirma que “um profissional de Educação Física,

ao planejar suas aulas, deve se perguntar: que conteúdos e habilidades podem

ajudar o aluno a ser um cidadão participativo?” Finaliza: “Como a educação do

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corpo, do movimento e os esportes podem contribuir para o exercício de uma prática

social mais consciente e menos alienada”? (p.11)

Medina (2006) discute sobre estas questões enfatizando que a falta de

volume de séria reflexão em torno do significado mais amplo e profundo dessa

disciplina tem tirado dela a oportunidade de se estabelecer definitivamente como

arte e ciência do movimento humano. Completa dizendo que o certo é que a

Educação Física não sairá de sua superficialidade enquanto não se posicionar

criticamente em relação aos seus valores, ou, em outras palavras, não se questionar

quanto ao valor de sua prática para as pessoas e para as comunidades a que serve.

Concluem-se assim, com palavras do mesmo autor, que as vítimas da educação

brasileira não são apenas os que não têm acesso à escola, mas muitas vezes

àqueles que também se encontram nessas instituições.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados dessa pesquisa nos permitem afirmar que a cada ano a obra

de Medina (2001) vem nos convencendo de forma contundente que os profissionais

precisam entender que a Educação Física se encontra em crise para que revejam

seus conceitos, já que a crise traz à tona todas as anomalias que perturbam uma

instituição. Porém, as instituições não mudarão se as pessoas que as constituem

não mudarem.

Conforme coloca o mesmo autor, a Educação Física tem sido incapaz de

justificar a si mesma. Isso se deve preponderantemente à falta de disposição crítica

que tem caracterizado esse campo específico do conhecimento. A Educação Física

precisa de uma teoria que lhe dê suporte como disciplina essencialmente, mas não

exclusivamente prática (MEDINA, 2006).

Assim, cabe unicamente ao profissional de Educação Física fazer a escolha

do seu itinerário, continuar no marasmo ou integrar-se aos que lutam para que essa

disciplina tenha a mesma relevância das demais na escola.

REFERÊNCIAS

CARDOSO, Osney Marcos. Professor de Educação Física ou Técnico Desportivo... Quem vale mais? Marília, 2000. 231p. Dissertação de Mestrado,

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Ensino na Educação Brasileira - Faculdade de Filosofia e Ciências - Universidade estadual Paulista.

CIMINI, Maria Claret de Faria e MACHADO, Maria Lúcia Jannuzzi. Discutindo alguns conceitos: prática pedagógica e prática docente – a busca por uma concepção epistemológica. In anais do I Congresso das ciências exatas e da terra e suas tecnologias: Ciência, tecnologia e Inovação - A busca por um mundo sustentável; 20 a 24 de outubro de 2008. Centro Universitário de Caratinga – UNEC.

DIAS e SOUSA, Celeste Aparecida. A importância da pedagogia na formação de futuros profissionais de Educação Física. Disponível em: <http.//www.funec.br.> Acessado em 20 jul. 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 23.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002b.165p.

GALVÃO, Zenaide. Educação Física Escolar: a prática do bom professor. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – ano I Número I, 2002.

GARCÍA, Carlos Marcelo. A Formação de Professores: novas perspectivas baseadas na investigação sobre o pensamento do professor. In NÓVOA, Antônio (Org.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1997. (temas de Educação). 51-76p.

GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. Educação Física progressista: a Pedagogia crítico-social dos conteúdos e a Educação Física brasileira. 6.ed. São Paulo: Loyola.1997

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KAMII, Constance. A criança e o número. 33.ed. Campinas: Papirus, 2005.

MEDINA, João Paulo s. A educação física cuida do corpo... e “mente”. 21.ed. Campinas SP: Papirus, 2006.

MONTEIRO, Roberto Alves. Fazendo e aprendendo pesquisa qualitativa em educação. Juiz de fora: FEME/UFJF,1998.

PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Educação Física/ Secretaria da educação Fundamental- Brasília: MEC/SEF, 1997.

PIRES, Rosely. Formação Profissional e prática Pedagógica. XI CONBRACE. 1999. Disponível em: http://www.ufes.br. Acessado em: 20 nov. 1999.

SANTOS, Aline Elias de Oliveira. Relação entre o planejamento e a ação docente de alunos estagiários do sétimo período do curso de Educação Física da FUNEC. Monografia de graduação, FUNEC,2002.

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A AÇÃO DOCENTE DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO TRABALHO COM ALUNOS QUE APRESENTAM DEFICIÊNCIAS

Adriana Carla Mendes Soares e Isaac Brandão de Paula – Graduandos em

Educação Física UNIVÉRTIX. Kátia Imaculada Ferreira de Oliveira – Bacharel e Licenciada em Dança, Especialista

em Metodologia da Pesquisa Científica . Professora da Faculdade Vértice - UNIVERTIX.

Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de

Extensão da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de

Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected]

RESUMO Esse estudo teve por objetivo analisar a maneira que os professores de

Educação Física da rede municipal e estadual do município de Sericita - MG lidam com alunos que apresentam deficiência. A inclusão pode ser considerada um grande desafio para o professor, pois este lida com corpo em movimento e os aspectos corporais ficam mais evidentes. A metodologia utilizada foi pesquisa qualitativa mediante entrevista semi-estruturada. Podemos concluir que os professores apesar de não receber apoio de seus superiores, conseguem desenvolver metodologias que atendem os alunos com deficiências, conseguindo assim fazer com que os alunos deficientes se sintam inclusos em sua aula de Educação Física. PALAVRAS – CHAVE: Alunos, deficiência, inclusão. INTRODUÇÃO

A escolha do tema surgiu a partir da preocupação com as crianças que

necessitam da inclusão, que muitas vezes são vítimas de preconceitos.

Segundo Mantoan (2004), os vocábulos “integração” e “inclusão”, mesmo

tendo significados semelhantes, são empregados para expressar situações de

inserção diferentes e se fundamentam em posicionamentos teórico-metodológicos

divergentes.

Mediante isso, é notável o crescimento de matrículas de alunos com

deficiências, isto se deve em parte a elaboração de políticas públicas que os

beneficiam. Dessa forma, torna-se coerente a apresentação da citação abaixo que

aponta para uma elevação do número de matrículas de discentes que apresentam

deficiência.

Segundo Silva (2003), os dados estatísticos de 1974 (BRASIL, 1998)

indicavam um total de “96.413 matrículas em educação especial”, “58,2% em

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estabelecimentos públicos e 41,8% em privados; em 1994” não há informe

estatístico a respeito da educação especial; o quadro em 1996 (BRASIL, 1997) era

de “104.268 matrículas, 58,3% na rede pública e 41,7% no setor privado; em 2000”.

Em relação à Educação Física escolar, a inclusão pode ser considerada um

grande desafio para o professor, pois este lida com corpos em movimentos e os

aspectos corporais ficam mais evidentes. Nesse caso a aprendizagem está

vinculada á experiência pratica, onde o aluno precisa ser considerado como um

todo, onde aspectos cognitivos, afetivos e corporais estão inter-relacionados em

todas as situações do cotidiano de professores e alunos (PCN, 1997).

Para Stainback e Stainback (1999, p.113) no que diz respeito à inclusão nas

escolas:

É preciso incluir alunos com deficiência em todas as turmas e para a inclusão ter sucesso, as escolas devem ser comunidades conscientes e o objetivo da inclusão é criar uma comunidade onde as crianças aprendam e se desenvolvam juntas havendo entre elas respeito mútuo e apoio aos colegas para que haja assim um mundo onde todos se respeitam mutuamente (STAINBACK e STAINBACK, 1999, p.113).

A aula de Educação Física parece ser a aula, mas propicia para que ocorra a

socialização dos alunos com deficiências com os demais alunos, pois é nela que os

alunos se sentem mais a vontade, devido às brincadeiras e reflexões feitas pelo

professor.

E é pensando nisso que escolhemos este tema, pois somos futuros

profissionais de Educação Física e devemos nos preocupar com isso, hoje em dia é

grande o ingresso de alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas.

Sassaky (2002) acredita que é importante acontecer adaptações e não haver

medo de mudar, pois as adaptações devem existir para atender a todas as

diferenças. Sabemos também que nem todas as escolas estão preparadas para

receber o aluno com deficiência e por vários motivos, entre eles, porque os

professores não se sentem preparados para lidar com crianças deficientes. Por isso,

as escolas precisam se adaptar adequadamente com recursos materiais e humanos.

Os profissionais estão preparados para trabalhar com alunos que apresentam

deficiência? Como preparar o profissional de Educação Física para que este

desenvolva um trabalho capaz de garantir um desenvolvimento de alunos com

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deficiência? Diante dessas questões o objetivo deste estudo é verificar a ação

docente do profissional de Educação Física com alunos que apresentam deficiências

na escola.

A relevância do estudo vincula-se a atuação do profissional de Educação

Física faz com que os alunos sintam-se integrados e valorizados em meio aos outros

alunos. Sendo assim este trabalho promove a reflexão sobre a importância da

atuação do profissional de Educação Física no desenvolvimento de alunos com

deficiência.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A inclusão escolar da pessoa com deficiências é um tema de grande relevância

e vem ganhando espaço cada vez maior em debates e discussões que explicitam a

necessidade de a escola atender às diferenças intrínsecas à condição humana.

Definem-se como Pessoas com Deficiência (PD), aquelas cujas necessidades

decorrem de sua capacidade ou de suas dificuldades de aprendizagem, todas aquelas

com algum tipo de deficiência ou qualquer outra necessidade que requer algum tipo de

atenção especial e diferenciação dos demais, sendo elas deficiências de todos os

gêneros como físicas, intelectuais, motoras e múltiplas (UNESCO, citado por DELOU,

2008).

A Educação Inclusiva é, antes de tudo, uma posição acertada dentro dos

direitos humanos. A escola deve produzir uma resposta educativa para as

necessidades de todos os estudantes e ao principio de igualdade de oportunidades ou

dificuldade de aprendizado, gênero ou pertencer a uma minoria, principalmente nas

aulas de Educação Física, onde os professores encontram dificuldades de lidar com

essa necessidade e de unir a necessidade de cada um com a movimentação em si

(MANTOAN, 2004).

O processo de inclusão se refere a um processo educacional que visa estender

ao máximo a capacidade da criança portadora de deficiência na escola e na classe

regular. Envolve fornecer o suporte de serviços da área de Educação Especial através

dos seus profissionais. A inclusão é um processo constante que precisa ser

continuamente revisto.

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A Educação Física adaptada surgiu através da Resolução 3/87 do Conselho

Federal de Educação onde prever a atuação do professor de Educação Física com o

portador de deficiência. Segundo Duarte e Werner (1995, p. 9) a Educação Física

Adaptada tem por objetivo de estudo a motricidade humana para as pessoas com

deficiências, onde a metodologia deve ser de acordo com suas necessidades e

também o respeito às diferenças individuas de cada um.

A inclusão escolar das pessoas com deficiência é proposta dominante na

Educação Especial e na Educação em geral nas ultimas décadas, direcionando

programas e políticas educacionais e de reabilitação em vários países, incluindo-se o

Brasil.

Ao compreender o desenvolvimento como um processo qualitativamente

diferente para cada indivíduo, no qual os obstáculos podem ser contornados por meio

de processos compensatórios, sendo a mediação fundamental para a obtenção de

bons resultados, as proposições de Vygotsky sobre o desenvolvimento anormal

oferecem uma visão da deficiência como uma anormalidade social e as diferenças no

desenvolvimento passam a ser vistas como variações qualitativas. Vygotsky (1993).

Segundo Mrech, a inclusão é atender aos estudantes com deficiência, propiciar

a ampliação do acesso destes alunos ás classes comuns, propiciar aos professores da

classe comum um suporte técnico, perceber que as crianças podem aprender juntas,

embora tendo objetivos e processos diferentes, levar os professores a estabelecer

formas criativas de atuação com as crianças com deficiências, propiciando um

atendimento integrado ao professor de classe comum.

Na perspectivas da inclusão, Mittler (2003) entende que a inclusão é uma visão

de uma estrada a ser viajada, sem fim, com todos os tipos de barreiras e obstáculos,

alguns dos quais se encontram em nossas mentes e outros em nossos corações.

Cabe, portanto à sociedade eliminar todas as barreiras arquitetônicas, programáticas,

metodológicas, instrumentais, e alem de tudo as barreiras de comunicação e de atitude

para que as pessoas com deficiência possam ter acesso aos serviços, lugares,

informações e bens necessários ao seu desenvolvimento pessoal, social, educacional

e profissional.

Portanto, garantir um espaço de informação/formação/redefinição poderia

colaborar no sentido de promover debates sobre os fatores referentes às baixas

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expectativas dos pais e professores em relação ao desenvolvimento e á aprendizagem

dos deficientes múltiplos, articulando-se para cobrarem de todo o sistema educacional

posturas e práticas de qualidade.

METODOLOGIA

Sericita é um município brasileiro do estado de minas gerais, sua população é

de aproximadamente 7 mil habitantes. Está localizada na Zona da Mata do estado

de Minas Gerais. Sua principal fonte de renda é agropecuária com maior destaque

para cafeicultura.

Com relação ao Ensino formal, a cidade concentra duas escolas, sendo uma

municipal e outra estadual. Devido ao processo de inclusão em que salienta que:

Os alunos com deficiência devem ser inscritos na rede regular de ensino e receber apoio em salas de recursos multifuncionais por meio de professores capacitados e/ou especializados. A escola deve receber alunos “Independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras.” (citação bloco) (UNESCO, 1994, apud, DELOU, 2008).

A presente investigação trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo.

Segundo Minayo, (2000, p. 22)., essa abordagem “aprofunda-se no mundo dos

significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável

em equações e estatísticas”.

A coleta de dados será realizada do mês de maio a junho de 2012, por meio

de uma entrevista semi-estruturada dirigida a quatro profissionais de Educação

Física que atuam nas escolas, Municipal e Estadual de Sericita-Mg, sendo dois

formados e dois graduandos do curso de Licenciatura em Educação Física. Sabe-se

que nas duas escolas de Sericita-Mg, existem alunos com deficiência. Os

professores investigados nessa pesquisa foram chamados de Carlos (22), Eduardo

(40), Cristiano (39), Amanda (37), representados por nomes fictícios para resguardar

suas identidades. Juntamente a esta intervenção será disponibilizado aos

participantes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido a fim de manter o sigilo

das entrevistas

Segundo Minayo (2006, p. 57) o método qualitativo é o que se aplica ao

estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções

e das opiniões produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de

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como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmo, sentem e pensam. Traz a tona

à discussão como os professores de Educação Física têm lidado com alunos com

deficiência.

CATEGORIAS EMERGENTES DA COLETAS DE DADOS

Os professores investigados nesta pesquisa foram chamados de Eduardo

(22), Antônio (39), José (38), representados por nomes fictícios para resguardar

suas identidades. O tempo de formação e atuação de Antônio e José são mais de 10

anos, Eduardo ainda esta em processo de formação, Antônio e José atuam no

Ensino Médio, tanto no período matutino e vespertino, Eduardo atua no Ensino

Fundamental e no período vespertino.

Ao iniciar a entrevista com cada profissional perguntamos aos professores se

existem alunos com deficiências inseridos em alguma de suas turmas. Todos

responderam que sim, que existem alunos com deficiências em suas turmas.

Esses alunos devem ser inscritos na rede regular de ensino e receber apoio

em salas de recursos multifuncionais por meio de professores capacitados e/ou

especializados. A escola deve receber alunos “independentemente de suas

condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras (UNESCO,

1994, apud, DELOU, 2008).

Nesse sentido, Mantoan (2004) ressalta que incluir é necessário,

primordialmente para melhorar as condições da escola, de modo que nela se

possam formar mais preparadas para viver a vida na sua plenitude, sem barreiras e

sem preconceitos. Outra pergunta feita no decorrer da entrevista foi sobre o que diz

respeito aos alunos que apresentam deficiência, quais adaptações na estrutura

física da escola e curricular são feitas para a inclusão dos alunos na aula de

educação física:

Tem. As que a lei exige. Qualquer reforma que for feita tem que ser de acordo com a lei. (Antônio professor, 39). Existe. Mas são poucas. (José professor, 38) Na questão de estrutura física não tem muitas ou quase nenhuma adaptação, mas as aulas são adaptadas de acordo com o numero e o tipo de deficiência dos alunos. (Eduardo professor, 22 anos)

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Quanto à inclusão dos alunos com deficiência nas aulas de Educação Física

segundo Dutra et al. (2008) quando adaptamos a Educação Física às possibilidades

de cada aluno, acabamos por proporcionar a inclusão. Todo o programa deve

desafiar os alunos e permitir sua participação respeitando os limites individuais e

impulsionando a independência. (DUTRA ET al., 2006, MARQUES et al., 2008).

Perguntamos também se na escola em que o entrevistado leciona, é

oferecido respaldo pedagógico para orientar os professores de Educação Física no

que se refere a alunos que apresentam deficiência:

Pouquíssimos. (Antônio professor, 39). Muito pouco. (José professor, 38) Desde o primeiro dia de atuação na escola até hoje durante o tempo que Estou lecionando eu não tenho visto isto presente na escola, Pode até já ter tido, mas o tempo que estou lá não. (Eduardo professor, 22 anos).

Pelas respostas de cada entrevistado, as escolas não dão apoio necessário e

preciso para o profissional de Educação Física dar sua matéria, em algumas

escolas, podemos perceber que os alunos com deficiência não são notados pelos os

pedagogos, mas, o como profissional de Educação Física, tem como objetivo incluir

e dar apoio ao aluno com deficiência e tratar todos com igualdade.

Segundo a PFDC, Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, escolas

includentes são aquelas que admitem todos os alunos como seres singulares, dentro

de um modelo de aprendizagem cooperativa e primando pela formação do indivíduo,

oferecendo o mesmo apoio para todos e apresentando uma proposta curricular

aberta. Já as escolas excludentes são aquelas que admitem apenas alguns alunos,

classificando-os e rotulando-os, e dividindo visivelmente o ensino em especial e

regular. Além disso, este tipo de escola também incentiva a aprendizagem

competitiva, focada na instrução, dando apoio somente para alunos e apresentando

currículos adaptados pelo professor.

Quando perguntamos no que se refere a sua formação, como você avalia seu

preparo para trabalhar com alunos que necessitam de metodologias diferenciadas,

como no caso dos alunos com deficiência.

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Nenhuma. Teria que ter um curso extra para quando for trabalhar com aluno Especial. Uma pós por exemplo. (Antônio professor, 39). Só possuo o conhecimento que adquirir na graduação. (José professor, 38)

Eu me considero com uma capacidade básica para estar incluindo não com Todo tipo de informação que precisava, mas o básico eu consigo fazer com Eles. (Eduardo professor, 22 anos)

Pelo que podemos perceber um dos entrevistados não teve uma preparação

necessária para obter conhecimento para lhe dar com um aluno com deficiência em

suas aulas, mas podemos concluir que cada profissional tem sua capacidade de

adquirir conhecimento necessário e ir à busca de cada um deles, podendo assim,

ajudar a integrar cada aluno com deficiência em suas aulas.

Para Cardoso (2003) a inclusão de alunos com necessidades especiais na

escola regular, constitui uma perspectiva e um desafio para o século XXI, cada vez

mais firme, nos diferentes sistemas e níveis educativos.

Nesse caso perguntamos ainda se todos os alunos com deficiência participam

das aulas de EFI:

A maioria. As deficiências deles não impedem que eles participem. E de todos Que eu tenho só uma que não participa uma cadeirante. No início eu tentei Adaptar o xadrez, a Peteca, mas é complicado. (Antônio professor, 39). Todos os alunos participam. (José professor, 38).

Nas minhas aulas todos participam. (Eduardo professor, 22 anos). .

Podemos perceber que todos os professores entrevistados tentam incluir de

alguma maneira os alunos que tem deficiências em suas aulas, como no caso da

cadeirante citado pelo um dos entrevistados, que talvez não possa participar de

alguma atividade que exija muito movimento, assim sendo, o professor promove

atividades, como por exemplo, o xadrez, peteca e outros, por isso, na visão de

MITTLER (2003), a integração envolve preparar os alunos para ser colocado nas

escolas regulares, o que implica um conceito de “prontidão” para transferir o aluno

da escola especial para a escola regular. Nesse conceito, o aluno deve adaptar-se à

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escola e não há necessariamente uma perspectiva de que a escola mudará para

acomodar uma diferença cada vez maior entre os alunos.

Outra questão discutida nessa pesquisa foi como você vê a convivência de

alunos deficientes e não deficientes em uma aula sua

Essa convivência é complexa, não é simples não. Temos um aluno surdo e Por causa de sua deficiência ele acaba ficando mais tenso então qualquer Coisinha... . A maioria tem que se adaptar. Eu acho que eles têm que

conviver Juntos sim, mas penso que poderia ter uma aula específica. (Antônio professor, 39). Considero uma convivência muito boa, pois alguns sem deficiências até Auxiliam os outros durante as atividades. (José professor, 38).

A convivência deles durante o tempo que eles estão dentro de sala, é Diferenciada, alguns ficam mais isolados, mas quando eu Entro dentro de sala e a partir do momento que começo minha aula toda Convivem de forma a um estar ajudando o outro e é isso que tento fazer Durante as aulas. (Eduardo professor, 22 anos).

Diante das respostas, podemos perceber que a convivência entre os alunos é

muito complexa, sendo assim o professor precisa fazer com que suas aulas sejam

prazerosas para o aluno com deficiência, tentando assim tratar a todos de forma

semelhante, respeitando as diferenças, e fazendo com que os alunos com

deficiência se sintam como qualquer outro.

Gortázar (1995) expõe algumas possibilidades de apoio para crianças que

eventualmente apresentem dificuldades maiores de adaptação ao currículo escolar,

tais como reforço pedagógico antes, durante e/ou após a explicação de algum tema.

Abramowicz (2001) e Beyer (2003a) também destacam que seriam agentes

facilitadores do movimento de inclusão a individualização no processo de ensino e a

avaliação e o apoio de um segundo professor na sala de aula, podendo, em alguns

casos, ser um professor especialista em educação especial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho realizado conclui que os professores entrevistados de alguma

maneira promovem a inclusão dos alunos com deficiências em suas aulas de

Educação Física, promovendo dinâmica, adaptações necessárias para cada aluno,

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criando possibilidades de integrar seus alunos no meio da sociedade, criando assim

entusiasmo e motivação ao aluno, para que venha ter uma convivência sociocultural.

Notamos que não existe qualificação adequada para todos os professores,

precisando assim de oportunidades para que tenham uma preparação necessária de

como tratar cada aluno da maneira correta, por isso, cada professor precisa também

de ir alem e buscar nos estudos seus objetivos, para que tenham sucesso naquilo

que possui.

Os entrevistados sabem da importância da inclusão de alunos com deficiência

em suas aulas, pois é nesta aula que os alunos se sentem a vontade e com

liberdades para expressar todo seu entusiasmo e carisma. Eles sabem também que

as aulas de Educação Física são de fundamental importância no desenvolvimento

dos alunos.

Sendo assim, é preciso que os professores tenham suporte e apoio

necessário da direção da escola e família desses alunos, para que venha alcançar a

sua meta, fazendo com que cada aluno se sinta realizado.

REFERÊNCIAS

CARDOSO, C. S. Aspectos Históricos da Educação Especial: da exclusão a inclusão uma longa caminhada. Educação, n. 49, p. 137-144, 2003. DELOU, Cristina Maria Carvalho. Ano da Educação no Sistema Conselhos de Psicologias. Disponível em; HTTP://www.crprj.org.br/puplicacoes/cartilhas/anoeducacao.pdf.Acesso em 24.03.2012. DUARTE, E; WERNER, T. Conhecendo um pouco mais sobre as deficiências. In: Curso de atividade física e desportiva para pessoas portadoras de deficiência: educação a distancia. Rio de Janeiro: ABT: UGF, 1995, v. 3. GORTÁZAR, A. O professor de apoio na escola regular. In: COLL, C.; PALACIOS, J; MARCHESI, A. Desenvolvimento psicológico e educação: necessidades educativas especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. MANTOAN, Maria Tereza Edglér. O direito de ser, sendo diferente, na escola. Revista CEJ. Brasília, n.26, p.36-44, jul./set. 2004. MITTLER, Pettler. Educação Inclusiva. Contexto Sociais. Porto Alegre: Artmed Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: educação física / Secretaria de Ensino Fundamental. Brasília, MEC, SEF, 1998a.

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SASSAKI Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 4.ed. Rio de Janeiro: editora, 2002. STAINBACK, Susan. STAINBACK William. Inclusão: um guia para educadores.Tradutora:Magda França Lopes. Porto Alegre:1999.

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A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DA CIDADE DE MATIPÓ SOBRE A DANÇA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Angelina de Oliveira Santana – Graduanda em Educação Física da Faculdade

Vértice – UNIVÉRTIX. Kátia Imaculada Ferreira de Oliveira – Bacharel e Licenciada em Dança, Especialista

em Metodologia da Pesquisa Científica . Professora da Faculdade Vértice - UNIVERTIX.

Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de

Extensão da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de

Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected]

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo identificar a percepção dos alunos da rede municipal do ensino da cidade de Matipó em relação à dança nas aulas de Educação Física. O estudo trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem quantitativa, que evidencia a importância de trabalhar com a vivência, com a experiência, com o cotidiano e também com a compreensão das estruturas e das instituições como resultados da ação humana objetivada. Educar é criar condições para que o educando se perceba na prática como sujeito capaz de aprender.

PALAVRAS-CHAVE: Dança; Educação; Percepção.

INTRODUÇÃO

Entendendo o ambiente escolar como um meio rico em contatos físicos, sócio

afetivo Reid (1986), distingue em seus trabalhos dois tipos de sentimentos: o

sentimento afetivo, associativo às vivências/descargas emocionais, e o sentimento

cognitivo, com o qual a dança enquanto forma de conhecimento e disciplina escolar,

estaria mais engajada. Muito mais do que auto expressar-se, desanuviar tensões,

sentir o íntimo da alma, tal como defender muitos dançarinos e professores de

dança que associam às emoções, o conhecimento direto da dança (a vivência

prática) permite um tipo diferenciado de percepção, discriminação e crítica tanto da

dança quanto de suas relações conosco mesmos.

Através da arte o homem encontra sentidos que não podem se dar de outra

maneira senão por ela própria, ou seja, o sentimento e a emoção contidos nas artes

permitem-nos dar/criar significados àquilo que vivemos sem intermediação da

linguagem falada, ou das experiências refletidas (DUARTE JÚNIOR,1988).

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A criança tem necessidade de andar e saltar: não a podemos condenar a ficar

imóvel, porque certamente falharíamos e a prejudicaríamos. Porque a criança tem

necessidade de agir, criar e trabalhar, isto é, empregar a sua atividade numa tarefa

individual ou somente útil (FREINET, 1974, p.49)

A dança é puro movimento. No momento em que a criança se movimenta, ela

está se organizando internamente e terá um objetivo a ser cumprido. No processo

de alfabetização, a sua motricidade ainda está em construção através dos

movimentos variados juntamente com o ritmo e a criatividade onde irá adquirir maior

confiança e espontaneidade (VERDERI 1998, p.13)

O interesse por este tema surgiu ainda muito cedo nos tempos do ensino

fundamental, quando durante as aulas de Educação Física o professor não incluía o

conteúdo Dança na disciplina. O único contato que tínhamos na escola com a dança

é na quadrilha da festa junina, vivenciamos quanto à interação que a dança nos

propiciou em relação aos movimentos corporais. No momento em que a criança se

movimenta, ela está se organizando internamente e terá um objetivo a ser cumprido.

No processo de alfabetização, aprendemos a conhecer nosso corpo, a socialização,

cooperação e aprendemos a perder a timidez, a prática em si nos mostra essa

realidade. Constituem formas de expressar.

A partir dessas informações sobre as influências que a dança pode exercer no

aluno, temos como objetivo identificar a percepção dos alunos da rede municipal do

ensino da cidade de Matipó em relação à dança nas aulas de Educação Física.

Esse estudo se configura relevante, pois pretendiam contribuir para a

compreensão de como a dança acontece no contexto escolar. E assim, oferecer

elementos importantes para o efetivo desenvolvimento futuro desta prática, tendo

em vista que ao compreender a percepção dos alunos com relação à Dança, o

professor de Educação Física, poderá buscar novas formas de desenvolver este

conteúdo em suas aulas.

METODOLOGIA

O estudo trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem quantitativa, que

evidencia a importância de trabalhar com a vivência, com a experiência, com o

cotidiano e também com a compreensão das estruturas e das instituições como

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resultados da ação humana objetivada

Mediante estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), o município de Matipó está localizado no estado de Minas Gerais,

especificamente na Zona da Mata, numa área de 267 km². Com uma população de

aproximadamente 17.639 habitantes de acordo com o censo (2010). O índice de

desenvolvimento humano (IDH) segundo as últimas estatísticas do ano de 2000 era

de cerca de 0, 683, devido ao grande número de desemprego, uma vez que em sua

maioria os cidadãos de Matipó trabalham em serviços temporários e esporádicos em

especial na fonte de renda da cidade a “cafeicultura”.

A pesquisa será realizada na cidade de Matipó - MG, entre Abril e Maio de

2012, na turma 8ª ano dos anos finais do Ensino Fundamental, que atuam na Escola

Municipal. Tal escolha se justifica devido a vivência desses alunos com a dança

vista em apresentações esporádicas realizadas pela escola Jair Gualberto da Rocha

do bairro Palhada da cidade de Matipó-MG, composto por 15 alunos.

Será aplicado um questionário previamente elaborado pelos autores dessa

pesquisa. O instrumento utilizado é fechado e aborda dados como idade, nível de

escolaridade, quanto ao interesse dos alunos em relação a dança, atividade voltada

para a dança, conceito da dança, sendo 14 perguntas com até 5 (cinco) opções de

respostas.

Os alunos entrevistados irão assinar um Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE), autorizando a realização da pesquisa. De acordo com as

normas do TCLE a identidade pessoal será mantida em sigilo e a identificação se

dará por meio de uma numeração ordinal crescente.

Os dados colhidos no questionário que antecedem as perguntas servirão de

base para traçar a faixa etária e o perfil social dos indivíduos pesquisados. Eles

serão trabalhados em programa Microsoft Excel e organizados em forma de gráficos

para apresentação dos resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na Tabela1: percebemos que a faixa etária dos entrevistados está entre 13 e

15 anos, sendo que 60% são adolescentes de 13 anos. Esta faixa nos remete a uma

análise mais minuciosa com relação ao corpo uma vez que é nesse período que o ser

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humano enfrenta os maiores conflitos em relação ao próprio corpo, devido as

transformações e alterações hormonais, corporais e também os relacionamento

afetivo e social.

Tabela1: Características sócio-demográfica referidas pela população investigada, Matipó, 2012.

Característica N=15 %

Gênero

Masculino 11 73,3

Feminino 4 27

Faixa Etária

13 9 60

14 4 27

15 2 13,3

Na tabela 1 homens e mulheres desde os primórdios das histórias assumiram

papéis sociais que os destinguiram um dos outros a determinar suas funções e

atuações na vida. Percebe-se no tabela 1, que 73,3% dos entrevistados são do sexo

masculino. Este fato não nos pode passar despercebidos uma vez que movimentar,

expressar-se e se emocionar são características do gênero feminino, conceito

culturalmente construido.

No gráfico 1 notamos a definição de dança, de acordo com o dicionário é uma

sequência de movimentos corporais executados de maneira ritmada em geral ao

som da música, 53,3% disseram que é movimentos corporais de maneira ritmadas.

Atravéz da dança o adolescente conhece seu próprio corpo, toma a consciência de

tudo que ele é capaz, aprende a escutar o seu eu, e acaba se socializando e

respeitando o corpo através dos movimentos.

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Gráfico 1: Dados referidos sobre o que é dança respondido pela população investigada.

Quando perguntamos aos alunos entrevistados se gostavam de dançar, 80%

disseram que sim. Percebemos que eles se identificam com a dança atravéz das

sensações de si mesmas, precisam estar pensando e sentindo o que realizam, é

importante que as pessoas se movimentam para se relacionar com seus

movimentos corporais, descobrindo seus próprios sentimentos.

Na Gráfico 2: atravéz da questão sobre qual estilo que os alunos têm

preferência, percebemos que a mídia influência muito sob as suas respostas. A

dança na escola não busca a execução correta dos movimentos e sim deve partir de

forma de expressão e comunicação do aluno, com objetivo de tornar um cidadão

crítico, participativo e responsável, capaz de expressar-se em variadas linguagens,

desenvolvendo a auto expressão e aprendendo a pensar em termos de movimentos.

33,3%

13,3%13,3%

7%

7%

7%

20%

% Funk

Funk e Pop Rock

Hip Hop

Quadrilha

Qualquer uma mas tenho vergonha de dançar funk

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Gráfico 2: Dados referidos sobre os estilos de dança respondido pela população investigada.

Quando perguntamos o motivo de não gostar de dançar. 93,3% deixaram sem

resposta pelo fato que nesta fase eles têm dificuldade de falar de si, dos gestos não

sabem definir o que quer. Eles ainda estão em fase de decobrimento de

transformações corporais.

Ao aplicarmos a pergunta se os alunos têm aula de dança na escola 86,7%

disseram que não. Na pergunta a dança acontece dentro da Educação Física,

obtivemos a resposta de que 53,3% disseram que não. Geralmente na escola

quando não se tem a disciplina dança, vivênciamos um pouco dessa espressão

corporal dentro da Educação Física. Atravéz dos esportes coletivos e outros

atividades como frma de aprendizado.

No Gráfico 3: perguntamos se os alunos gostaria de ter aula de dança na

escola, e 66,7% responderam que sim. Atravéz da dança, então o aluno poderá

descobrir a confiança no ser humano que é, pleno e capaz, desenvolver a

capacidade de se movimentar criativamente, pois é a dança uma das expressões

que estabelece o sentido de ser.

66,7%

20%

13,3%

%

Sim

Não

SR

Gráfico 3: Dados referidos sobre se eles gostariam de ter aula de dança na escola, respondido pela população investigada.

No Gráfico 4: perguntamos aos entevistados qual a importância da aula de

dança na escola, 46,7% disseram que ajuda a se expressar.

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13,3%

7%

46,7%

26,7%

7%

%

Emagrece

Não tem nenhuma impotância

Ajuda a de expresssar

Não se explica

Gráfico 4: Dados referidos sobre a importância da aula de dança na escola respondido pela população investigada.

No Gráfico 5: quando perguntamos sobre as atividades na escola voltado

para a dança, podemos perceber que 99,9% dos alunos em suas respostas citaram

a predominânciada quadrilha. Atravéz dessa resposta vimos como a cultura,

influência no contexto da escola e conquista seu espaço transformanod a vida dos

alunos.

6,7%7%

20%

7%7%7%

7%

13,3%

13,3%7%

%

Corpo jovem,quadrilha e apresentaçãoDança,quadrilha e Jemg

Quadrilha

Quadrilha e alguns festivais, e JemgQuadrilha e apresentação de JemgQuadrilha e competição de JemgQuadrilha e dança para o trabalho

Gráfico 5: Dados referidos sobre atividades na escola voltado para a dança, respondido pela população investigada.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista da realidade da dança na escola, o aluno não tem

conhecimentos. Muitos conhecem a dança vivenciando nas festas juninas da

escola, Como por exemplo, o funk, com a questão, quando se fala em dança

entendemos que falta formação de professores na área, para atender melhor esses

discentes.

Quando observamos a percepção desses alunos quanto à dança na escola,

visualizamos a vasta importância que essa disciplina traz para esses alunos.

Quando se diz respeito à afetividade, o emocional e ao cognitivo. É através desses

contatos, que a dança transmite faz com que o aluno se desenvolve melhor sua

relação social com seus colegas. E passa a ter seus próprios conceitos, sobre o

mundo e ser crítico, pois a dança possui uma arte de conhecimento do corpo, que

se adquiri através da prática.

REFERÊNCIAS

DAOLIO, Jocimar. Educação Física Escolar: Em busca da Pluralidade. Rev, paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.2,p.40-42,1996. DUARTE JR., J. F. Fundamentos estéticos da educação.Campinas:Papirus,1988. VERDERI, Èrica Beatriz I. P.Dança na escola. Rio de Janeiro:Sprint, 1998. MARQUES, Isabel A. Dançando na escola: Disponível em: NANNI, Dionísia. Dança Educação: pré-escola à universidade. 5ed: Rio de Janeiro: Sprint,2008. VARGAS, Lisete Arnizaut Machado de. Escola em dança: movimento, expressão e arte.2.ed. Porto Alegre: Mediação,2009. VERDERI, Érica. Dança na escola: uma proposta pedagógica. São Paulo: Phorte, 2009. SILVA, Wilney Fernando; ALVES, Darjane Silva; RIBEIRO, Gersiane Franciere Freitas. Aplicabilidade do conteúdo dança nas escolas da rede estadual de ensino fundamental na cidade de Porteirinha, MG. Disponível em:http://www.efdeportes.com/efd149/aplicabilidade-do-conteudo-danca-nas-escolas.htm. Acesso em: 10.abr.2012.

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SILVEIRA, Marília Balbi. A dança como ferramenta pedagógica na escola. Disponível em:<>.Acesso em:15.marc.2012.

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JOGOS ESCOLARES DE MINAS GERAIS (JEMG): ESPORTE EDUCACIONAL OU ESPORTE DE RENDIMENTO? NA VISÃO DOS PROFESSORES

PATICIPANTES DA COMPETIÇÃO.

Fábio Florindo Soares – Bacharel e Licenciado em Educação Física, Especialista em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e Personal Training-

ESFM, Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Bruno de Cássio Coelho – Graduando em Educação Física –

Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Eliseu Júnior da Silveira Coelho – Graduando e m Educação Física –

Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Márcia Paula de Miranda Florindo – Bacharel e Licenciado em Educação Física,

Especialista em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e Personal Training- ESFM

[email protected]

RESUMO O programa Minas Olímpica/Jogos Escolares de Minas Gerais - (JEMG), é o maior e o mais importante Programa Esportivo-social e faz parte do projeto Minas Esporte do Governo do Estado. Este estudo tem como objetivo de verificar a relação entre as ações práticas do JEMG e as políticas esportivas educacionais propostas pelo programa, na visão dos profissionais envolvidos, surgindo assim à questão: o JEMG é esporte educacional ou de rendimento? O estudo constituiu na aplicação de questionários para verificar a opinião de professores e profissionais em relação aos jogos, analisando a teoria apresentada e as ações realizadas. Foram pesquisados 51 professores participantes nas etapas municipais, microrregionais e regionais do JEMG 2012, envolvendo 35 cidades. Conclui-se que a relação entre as políticas publica apresentada e a caracterização prática das mesmas, apresenta um grande distanciamento do desporte como fenômeno educacional, ficando cada vez mais evidenciado uma ênfase ao rendimento.

PALAVRAS CHAVE: políticas públicas, JEMG, esporte educacional, esporte de rendimento.

INTRODUÇÃO

O esporte é um fenômeno social que tem por finalidade o desenvolvimento

integral do homem como ser autônomo, democrático e participante. (BRASIL, 1998).

Em consonância com o Conteúdo Básico Comum (CBC, 2006, p.12), o

esporte, é entendido como campo do conhecimento da Educação Física e criticar o

esporte não significa desvalorizar a sua aprendizagem ou mesmo desejar sua total

desportivização, mas sim, contextualizar a vivência de sua prática nas aulas, pois

esta não se restringe ao domínio de suas técnicas.

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Dentre das políticas governamentais no estado de Minas Gerais, o programa

Minas Olímpica/Jogos Escolares de Minas Gerais - (JEMG), é o maior e o mais

importante Programa Esportivo-social do Estado e faz parte do projeto Minas

Esporte do Governo do Estado. É uma competição esportiva-educacional, podendo

participar as escolas com alunos do ensino fundamental e médio, dos 853

municípios. (MINAS OLÍMPICA, 2012).

O JEMG é uma ferramenta pedagógica que valoriza a prática esportiva

escolar e a construção da cidadania dos jovens alunos-atletas do Estado de Minas,

de forma educativa e democrática, tendo como finalidade o aumento da participação

da juventude estudantil mineira em atividades desportivas e paradesportivas,

promovendo a integração social, o exercício da cidadania e a descoberta de novos

talentos. (MINAS OLÍMPICA, 2012).

Dessa forma, o referente interesse por este tipo de pesquisa se resume à

nossa participação no JEMG, durante vários anos de nossas vidas, onde nos

deparamos inúmeras vezes com situações que caracterizavam os jogos como

esporte de rendimento, diferentemente do que é proposto pelas políticas

governamentais.

Sendo assim, o estudo tem como objetivo de verificar a relação entre as

ações práticas do JEMG e as políticas esportivas educacionais propostas pelo

programa, na visão dos profissionais envolvidos, surgindo assim a questão: o JEMG

é esporte educacional ou de rendimento?

Pretendemos com este estudo contribuir para uma melhor análise do

fenômeno: esporte educacional ou esporte de rendimento em relação ao JEMG na

sua teoria e prática, contribuindo para que o Governo crie estratégias norteadoras

deste programa educacional.

REFERENCIAL TEÓRICO O programa Minas Olímpica/Jogos Escolares de Minas Gerais tem por

finalidade o aumento da participação da juventude estudantil mineira em atividades

esportivas e paradesportivas, promovendo a integração social, o exercício da

cidadania e a descoberta de novos talentos, onde a integração e a sociabilidade de

crianças e jovens constroem valores e formam conceitos por meio de atividades

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desportivas a paradesportivas, promovendo benefícios à saúde física e psicológica,

atendendo o direito constitucional à prática de esportes e ajudando na construção de

valores e conceitos importantes na sua formação. (JEMG, 2012).

A Educação Física teve sua primeira referência em texto constitucional federal

na Constituição de 1937, incluindo-a no currículo como prática educativa obrigatória.

Com a Promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961, ficou

determinada a obrigatoriedade da Educação Física para o ensino médio. A partir daí

o esporte passou a ocupar cada vez mais espaço nas aulas de Educação Física.

(ALMEIDA, 2006).

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (1998), os

esportes são as práticas em que são adotadas regras de caráter oficial e

competitivo, organizadas em federações regionais, nacionais e internacionais que

regulamentam a atuação amadora e profissional, e envolve condições espaciais de

equipamentos como, por exemplo, campos, piscinas, bicicletas, pistas, dentre

outros.

O Ministério do Esporte (2012) caracteriza o esporte escolar como espaço de

intervenção e de direito social e deve enriquecer e ampliar o currículo garantindo a

gestão democrática e participativa e a elevação da qualidade de ensino.

Tubino (2006) conceitua o esporte de acordo com a sua abrangência em:

esporte-educação, esporte-lazer e esporte de desempenho. Segundo ele, o primeiro

é aquele que possui um caráter formativo. O esporte-lazer, como o próprio nome

infere, é aquele que se apoia no próprio lazer em busca do bem-estar de seus

praticantes. Por fim, o esporte de desempenho é aquele disputado obedecendo

rigidamente às regras existentes - por isso diz-se que ele é institucionalizado.

Segundo o Art. 1º- Regulamento Geral dos Jogos Escolares Minas Gerais, o

programa tem como objetivo aumentar a participação da juventude estudantil

mineira em atividades esportivas, promovendo a integração social, o exercício da

cidadania e da descoberta de novos talentos. (JEMG, 2012).

Dentro de uma política pública educacional/esportiva, o JEMG é uma

competição esportiva/ educacional podendo participar as escolas com alunos do

ensino fundamental e médio, dos 852 municípios mais a cidade de Belo Horizonte.

Somente em 2010, mais de 180.000 mil alunos, de 4.740 escolas participaram do

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JEMG. O crescimento da participação de alunos- atletas e escolas no JEMG

consolidam seu papel de difusor da prática esportiva e ferramenta para uma

educação de qualidade. Prova disso, é que entre 2003 e 2010, mais 800 mil alunos

já participaram dos jogos. Os jogos acontecem em quatro etapas, em dois módulos.

Módulo I com alunos de 12 a 14 anos e módulo II de 15 a 17 anos. As modalidades

disponíveis no JEMG 2012 são: atletismo, atletismo PCD, basquetebol, futsal,

ginástica artística, ginástica rítmica, ginástica de trampolim, handebol, judô, natação,

peteca, taekwondo, tênis de mesa, xadrez voleibol nos naipes masculino e feminino

(SECRETARIA DE ESTADO DE ESPORTES E DA JUVENTUDE/ MG, 2012).

O JEMG é composto de quatro fases. A primeira delas é a municipal e o

primeiro lugar de cada modalidade, nos dois módulos e naipes segue para a

segunda etapa, a Microrregional. O Estado é dividido em 46 microrregiões e cada

Superintendência Regional de Ensino (SRE) ligada a Secretaria de Estado de

Educação, auxilia o andamento dos jogos. Os primeiros lugares de cada modalidade

levam os alunos/atletas para a 3ª etapa, denominada etapa Regional e somente

disputarão a etapa final (etapa Estadual) os campeões da etapa regional;

A proposta dos jogos é a integração, sociabilidade e aprendizado dos alunos-

atletas envolvidos nos Jogos. Em consonância com o art. 3º do Regulamento Geral

do JEMG, são objetivos do Programa Minas Olímpicos, conforme consta no capítulo

1(2012, p.03)

Fomentar a prática do esporte com fins educativos; Possibilitar a identificação de novos talentos esportivos; Contribuir para o desenvolvimento integral do aluno como ser social democrático e participante, estimulando o pleno exercício da cidadania; Estimular a prática esportiva nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio das redes públicas (municipal, estadual e federal) e particular; Promover o intercâmbio sócio esportivo entre os participantes e as comunidades envolvidas; Estabelecer um ela de identidade do educando com sua unidade de ensino; Indicar o representante do Estado nas modalidades e categorias, quando for o caso, em eventos promovidos pelo Ministério do Esporte, Ministério da Educação e Comitê Olímpico Brasileiro.

É importante salientar que o JEMG tem agregado outros valores e

significados, além da prática do esporte, entre seus participantes. Os alunos/atletas

apontaram que os Jogos são excelente oportunidade para aperfeiçoamento no

esporte, além de representar um momento favorável para fortalecer laços de

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amizade e conhecer novos lugares. (SECRETARIA DE ESTADO DE ESPORTES E

DA JUVENTUDE/ MG, 2012).

De acordo com os Conteúdos Básicos Comuns (CBC, 2006, p.38) o esporte é

caracterizado nas seguintes manifestações:

Esporte educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer; Esporte de participação, praticado de modo voluntário, compreendendo as modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e na preservação do meio ambiente; Esporte de rendimento, praticado segundo normas gerais desta Lei e das regras de práticas desportivas, nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País, e estas com as de outras nações (LEI 9.615/98, art. 3º).

No segmento Esporte Educacional as politicas públicas no estado de Minas

Gerais têm como foco as crianças, adolescentes e jovens em idade escolares

atendidos por meio de parcerias com instituições integradas ou não ao sistema de

educação, que tenham como finalidade o desenvolvimento integral do indivíduo e

sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer. Aproveitando a

característica inter setorial do esporte com a educação, a Secretaria Estadual de

Esportes e da Juventude de Minas Gerais (SEEJ), tem trabalhado na disseminação

da atividade física como uma ferramenta importante para a aplicação em um sistema

educacional de qualidade. Afinal, em grande parte das vezes, é na escola que

ocorre o primeiro contato entre indivíduo e esporte. Pensando nisso, várias são as

estratégias incorporadas pela SEEJ para promoção do esporte educacional.

Exemplo disso são as ações realizadas em parceria com a Secretaria de Estado de

Educação (SEE) e a realização do programa Minas Olímpica, Jogos Escolares de

Minas Gerais. (MINAS OLÍMPICA, 2012).

METODOLOGIA

Esta pesquisa descritiva foi realizada com professores que participam ou já

participaram do JEMG, usando como instrumento de coleta de dados questionários

fechados, para verificar a opinião de professores e profissionais em relação aos

jogos, analisando a teoria apresentada e as ações realizadas. Foram pesquisados

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51 professores participantes nas etapas municipais, microrregionais e regionais do

JEMG 2012, envolvendo 35 cidades, no período de abril a junho de 2012. Os

questionários foram aplicados depois de assinado o Termo Consentimento Livre

Esclarecido (TCLE).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados e discussão desse estudo apresentam uma etapa quantitativa,

organizada através de gráficos, e outra descritiva, estabelecida com respostas das

entrevistadas.

Através dos questionários aplicados a 51 professores de 35 cidades

principalmente das regiões da Zona da Mata e Vale do Aço do estado de Minas

Gerais obtivemos os seguintes resultados:

Em relação à formação profissional dos professores entrevistados, 72,5% são

Licenciados em Educação Física, 19,5% são Bacharéis e Licenciados em Educação

Física e 8% são acadêmicos do curso de Educação Física.

Segundo o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) A

LICENCIATURA: RESOLUÇÃO CNE/CP 1, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2002 é a

formação de professores que atuarão nas diferentes etapas e modalidades da

educação básica, portanto, para atuação específica e especializada com a

componente curricular Educação Física. O BACHARELADO: RESOLUÇÃO N 7, DE

31 DE MARÇO DE 2004 (oficialmente designado de graduação) qualificado para

analisar criticamente a realidade social, para nela intervir por meio das diferentes

manifestações da atividade física e esportiva, tendo por finalidade aumentar as

possibilidades de adoção de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável, estando

impedido de atuar na educação básica. Em resumo, são duas formações distintas

com intervenções profissionais separadas.

Para o LICENCIADO é exclusividade atuar especificamente na componente

curricular Educação Física na educação básica e ao BACHARELADO é

impossibilitada a atuação docente na educação básica. A esse respeito refere-se,

inclusive, a resolução CNE 7/2004 em seu art. 4º, 2º que distingue a formação do

graduado do licenciado, estabelecendo: O professor da educação básica,

licenciatura plena em Educação Física, deverá estar qualificado para a docência

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deste componente curricular na educação básica, tendo como referência a

legislação própria do Conselho Nacional de Educação, bem como as orientações

específicas para esta formação tratadas nesta resolução.

Quanto ao número de participação dos entrevistados nos Jogos Escolares de

Minas Gerais observamos que na figura 1, a maioria dos professores já participou

mais que três edições dos jogos.

Figura 1 – Número de participações em edições do JEMG

O número de participantes nos jogos vem apresentando grande aumento

desde a sua primeira edição no ano de 2002, alcançando nestes anos números

impressionamentes, como a participação de mais de 8.000 professores, 160.000

alunos. (MINAS OLÍMPICA, 2012).

Em relação à relevância do JEMG na formação de um indivíduo crítico e

emancipado, 96% dos professores destacaram a importância do mesmo no

desenvolvimento de seus alunos.

Em consonância com o Conteúdo Básico Comum (CBC, 2006, p.17), a

Educação Física tem o compromisso voltado para a formação cidadã dos alunos.

O JEMG/2012 atua como canal de integração, sociabilidade e aprendizado

dos alunos-atletas envolvidos nos Jogos. Por intermédio do desporto escolar, auxilia

na formação de cidadãos mais críticos e conscientes, estimulando o pleno exercício

da cidadania. (MINAS OLÍMPICA, 2012).

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Dentro deste mesmo contexto 86% dos professores acredita que usar a

competição como ferramenta pedagógica para valorizar a prática esportiva escolar e

a construção da cidadania dos jovens alunos-atletas do estado de Minas Gerais de

forma educativa democrática estão sendo alcançados.

Para Miranda e Bara Filho (2008), o esporte como ferramenta educacional,

auxilia na capacitação do indivíduo em lidar com as mais diversas situações:

promove a elevação da autoestima, ensina a superar adversidades, conhecer seu

papel e obrigações dentro de um contexto social, delinear objetivos e metas, buscar

constantemente a excelência, trabalhar em equipe, desenvolver um pensamento

lógico e colaborar com o desenvolvimento da sociedade.

Foi abordado no questionário respondido pelos professores, qual o processo

utilizado para a montagem de suas equipes participantes no JEMG. Dos 51

professores participantes da pesquisa, 46 consideram que o desempenho esportivo

é o principal fator determinante no processo de montagem de suas equipes. Apenas

2 indicaram o desempenho escolar como primordial neste processo e 3 profissionais

utilizam a afinidade como ferramenta de escolha na montagem das mesmas.

Para Feijó (1998), pontualidade, comportamento em treinos e viagens,

desempenho esportivo e por último desempenho escolar são comportamento alvos a

serem utilizados para a formação de uma equipe a nível escolar.

A figura 2 é representada pela classificação por parte dos professores a qual

o tipo de manifestação esportiva que melhor representa o JEMG.

Figura 2 – Classificação do JEMG quanto à manifestação esportiva.

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Quase a totalidade dos professores classificam o JEMG como sendo esporte

de rendimento.

Em consonância com os Conteúdos Básicos Comuns (CBC, 2006, p.38),

esporte de rendimento, é aquele praticado segundo normas gerais desta Lei e das

regras de práticas desportivas, nacionais e internacionais, com a finalidade de obter

resultados e integrar pessoas e comunidades do país e estas com as de outras

nações. (LEI 9.615/98, art. 3º). Dentro deste mesmo contexto o programa Minas

Olímpica JEMG, apresentou em seu regulamento no ano de 2012 a diminuição do

número de alunos/atletas participantes por modalidade o que foi considerado por

82% dos professores caracterização ao esporte de rendimento.

A intencionalidade do Programa Minas Olímpica é exposta na figura 3.

Figura 3 – Intencionalidade do Programa Minas Olímpica

Indicar o represente do estado nas modalidades e categoria para competições

nacionais foi apontada pela maioria dos professores como o maior objetivo dos

Jogos Escolares de Minas Gerais.

O Programa Minas Olímpica/Jogos Escolares de Minas Gerais - JEMG/2012

tem por finalidade o aumento da participação da juventude estudantil mineira em

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atividades desportivas e para desportivas, promovendo a integração social, o

exercício da cidadania e a descoberta de novos talentos. (MINAS OLÍMPICA, 2012).

Outra questão levantada nesta pesquisa foi quanto ao trabalho e a

participação das escolas nas modalidades paraolímpicas dos jogos. Os profissionais

foram unânimes em relatar que não trabalham e não participam de nenhuma

modalidade paraolímpica, apesar de contarem com alunos para estas modalidades.

As modalidades paraolímpicas disponíveis no JEMG/2012 são: Atletismo

PCD, Bocha, Futsal, Futebol de 5, Futebol de 7, Natação PCD, Tênis de Mesa PCD,

Tênis em Cadeira de Rodas, Vôlei Sentado e Xadrez, nos naipes masculino e

feminino.

Finalizando com a figura 4, observamos qual a etapa de maior relevância em

que os professores já participaram.

Figura 4 – Etapa de maior relevância que sua escola já participou.

Observar-se que somente uma das escolas participaram dos Jogos

Escolares Brasileiros (JEB´s). Nota-se que a grande maioria das escolas

participantes ficam restritas a participação até a etapa regional do JEMG.

As equipes e os atletas vencedores do JEMG formam a Seleção Mineira que

disputa as Olimpíadas Escolares – competição nacional realizada pelo Ministério do

Esporte com apoio do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). A competição é disputada

em duas categorias com diversas modalidades olímpicas – módulo I, para crianças

de 12 a 14 anos; e módulo II, destinado a jovens de 15 a 17 anos. O evento funciona

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como um incentivo aos jovens à prática do esporte, estimulando o desenvolvimento

sadio do espírito de competição e valorizando o relacionamento interpessoal. A

SEEJ é a responsável pela promoção da participação do Estado de Minas Gerais

nas Olimpíadas Escolares. SEEJ (2012).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Programa Minas Olímpica – JEMG é o maior e o mais importante Programa

Esportivo-social do Estado de Minas Gerais, onde os jogos são utilizados como

ferramenta pedagógica que valoriza a prática esportiva escolar e a construção da

cidadania dos jovens alunos-atletas do Estado de Minas Gerais, de forma educativa

e democrática, tendo como finalidade o aumento da participação da juventude

estudantil mineira em atividades desportivas e para desportivas, promovendo a

integração social, o exercício da cidadania e a descoberta de novos talentos.

A relação entre as políticas publicas apresentadas e a caracterização prática

das mesmas, verificamos um grande distanciamento do desporte como fenômeno

educacional, ficando cada vez mais evidenciado uma ênfase ao rendimento, como

observamos ao longo desta pesquisa.

Não podemos desconsiderar a importância dos jogos na formação de todos

os envolvidos (alunos e professores), sua relevância social, apesar dos fortes

aspectos quanto ao rendimento.

Os jogos precisam ser repensados pelos seus idealizadores afim de

aproxima-lo como um fenômeno educativo, visando a formação integral de seus

participantes, diminuindo assim principalmente os fatores da exclusão.

Investir na base da pirâmide esportiva (Escola) torna-se um processo

inevitável dentro desta conjuntura, visto que só assim diminuiremos as distorções

apresentadas até então.

Recomenda-se a realização de estudos periódicos, envolvendo as diversas

regiões do Estado de Minas Gerais, quanto intencionalidade, e as práticas

realizadas quanto ao fenômeno: JEMG – Esporte Educacional ou de Rendimento?

REFERÊNCIAS

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O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA: ENTRE AS AULAS QUE OS ALUNOS “QUEREM” E AQUELAS QUE CONTRIBUEM PARA O

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO SER HUMANO

Márcia Paula de Miranda Florindo. Licenciada e Bacharel em Educação Física,

Especialista em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e Personal Training - ESFM

Geniel Mendes Dias e Luciano Martins. Graduandos em Educação Física pela Univértix

Fábio Florindo Soares. Licenciado e Bacharel em Educação Física, Especialista em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e Personal Training-

ESFM. Professor da Univértix Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada em Educação Física

Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade, pela UNEC. Professora da Univértix. [email protected]

RESUMO

O objetivo deste estudo foi identificar a preocupação dos professores de Educação Física nas escolas públicas de uma cidade da Zona da Mata Mineira, entre as aulas que os alunos “querem” e aquelas que contribuem para o desenvolvimento integral do ser humano. Trata-se de uma pesquisa descritiva, realizada na cidade de Matipó, localizada na Zona da Mata de Minas Gerais, no mês de abril a junho de 2012. O instrumento de coleta de dados foram dois questionários fechados, sendo um aplicado aos professores de Educação Física e outro em quatro turmas: duas do 9º (nono) ano do ensino fundamental e duas turmas do 3° (terceiro) ano do ensino médio. Os resultados mostraram que as aulas de Educação Física contribuem para desenvolvimento integral do ser humano e 73% dos professores escolhem sempre ou quase sempre escolhem as atividades a serem desenvolvidas, apenas 20% deixa a escolha para os alunos e em 7% dos casos a escolha é sempre dos alunos. PALAVRAS-CHAVE: Educação Física Escolar, desenvolvimento integral.

INTRODUÇÃO

“A Educação Física, no âmbito escolar, vem mudando, ao longo do tempo, de

acordo com os princípios éticos da sociedade e os projetos político-pedagógicos

construídos em cada época. (CONTEÚDOS BÁSICOS COMUNS CBC, 2012, p.12).”

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 1999) também colocam a

Educação Física como componente curricular responsável por introduzir os

indivíduos no universo da cultura corporal contemplando múltiplos conhecimentos

produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento, com

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inúmeras finalidades, tais como: lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções,

e com inúmeras possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde.

“O objetivo da Educação Física consiste em desenvolver a coordenação de

forma geral (BATISTA, 2001)”. Nesse sentido, observa-se que a Educação Física

pode contribuir com uma educação compreendida como um processo de formação

humana que valoriza não só o domínio de conhecimentos, competências e

habilidades, sejam intelectuais ou motoras, mas também a formação estética,

política e ética dos alunos, um processo de formação humana. Rodrigues (2001)

citado na Proposta Curricular CBC (2012).

No CBC (2012) da Educação Física, os conteúdos de ensino que estruturam

e identificam essa área de conhecimento como componente curricular é denominado

eixo temático, a saber: esporte, jogos e brincadeiras, ginástica, dança e movimentos

expressivos.

Segundo o (PCN) (1999) o trabalho do professor de Educação Física, nas

escolas brasileiras em relação a seu conhecimento, concluiu-se que esse

profissional adquire uma considerável bagagem, durante sua formação e o

empobrecimento do seu trabalho nas escolas leva-se ao não resgate do que

aprendeu, ou, seja a não utilização de suas capacidades e potenciais.

Como afirma Medina (1990), se na Educação começam a surgir inquietações

com as mazelas de nosso ensino institucionalizado; se aparecem os primeiros

movimentos para repensar toda a estrutura educacional gerando inúmeras

propostas de mudança, infelizmente não estão acontecendo com a Educação Física

pelo menos de uma forma significativa.

A partir dessas afirmações sobre o professor na escola e sua atuação, fica

evidente que temos uma questão a ser discutida, despertando o interesse pelo tema:

o professor de Educação Física na escola entre as aulas que os alunos “querem” e

aquelas que contribuem para o desenvolvimento integral do ser humano.

Evidenciamos essa situação de despreocupação dos professores de Educação

Física em uma cidade do interior da Zona da Mata Mineira, quando participamos de

algumas aulas como estagiários e percebemos que os professores de Educação

Física parecem não se preocupar com o desenvolvimento integral dos alunos.

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“Assim, faz se imperioso olhar sobre a questão Educação Física com senso

crítico para anunciar seus valores e benefícios, denunciar a cumplicidade com os

esquemas que retorcem e alienam seus objetivos (MEDINA, 1990)”.

A questão eixo deste estudo é: Os professores de Educação Física se

preocupam em ministrar aulas que os alunos “querem” ou preocupam com as aulas

que proporcionem o desenvolvimento integral dos alunos.

O estudo tem como objetivo identificar a ação docente de professores de

Educação Física nas escolas públicas de uma cidade da Zona da Mata Mineira.

Nesse sentido, considerando a qualidade das aulas, entre aquelas que os alunos

“querem” e as que contribuem para o desenvolvimento integral do ser humano.

Com este estudo pretendemos contribuir para a conscientização sobre o lugar

da Educação Física como disciplina na escola, que faz a diferença na formação do

aluno para seu desenvolvimento integral como ser humano, instrumentalizando-os

para serem cidadãos críticos e emancipados.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com Batista (2001), a Educação Física se reveste de um papel

importante na formação do indivíduo. Por isso, seria necessário iniciar sua prática

desde a pré-escola, fazendo com que as crianças se acostumem com movimentos

dinâmicos e venham a conhecer o corpo. Se assim forem trabalhadas as atividades

de expressões corporais, quando essas chegarem aos anos seguintes já possuirão

certo conhecimento sobre Educação Física e sua importância.

A Educação Física é um processo de educação integral, visando o ser

humano, seu inteiro desenvolvimento físico, emocional, intelectual e social.

(RIBEIRO, 1970).

É importante destacar que a Legislação Federal, por meio do decreto nº.

69.450 (vigente de 1971 a 1996). Concebida a Educação Física como “atividade,

que por seus, processos e técnicas, desperta, desenvolve, e aprimoram forças

físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando, constituindo um dos

fatores básicos da educação nacional’’, onde visa esse decreto dando amparo para

a Educação Física no sentido de formação e desenvolvimento do ser integral do ser

humano (PCN, 1999)”.

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Como afirma Medina (1990), a Educação Física precisa entrar em crise para

que possamos ver a realidade, ou seja, os professores precisam ser capazes de

justificar a si mesma, procurar sua identidade, para que possa se tornar uma

disciplina realmente crítica e possa cumprir seu objetivo e que deixa de ser um

conhecimento superficial.

A Educação Física tem como principal desafio contribuir com um processo de

educação compreendida para a formação e desenvolvimento do ser humano,

considerando a pluralidade das potencialidades humanas, valorizando o

conhecimento, a arte, a estética, a identidade, o sentimento, a emoção e as

múltiplas linguagens, buscando sempre não só a prática de esportes, mas também o

desenvolvimento integral do educando, com uma variedade de práticas e vivência

corporal. (CBC, 2012).

Segundo Medina (1990), os professores ao serem contratados buscam dar

“aquilo que é pedido a ele’’, deixando de lado seu conhecimento que adquiriu

durante sua formação, a falta de buscar sua própria identidade no âmbito

educacional leva essa desvalorização da Educação Física. De acordo com o PCN

(1999), numa visão legal confrontada com a realidade do ensino da Educação

Física, nos apresenta um conceito contrário a nossa prática pedagógica, em pouco

tem contribuído para a compreensão dos fundamentos, para o desenvolvimento da

habilidade de aprender ou sequer para a formação ética e integral do ser do

humano, não está preocupada em buscar sua identidade para realizar de maneira

coerente com seus verdadeiros objetivos”.

De acordo com Valentino e Toigo (2006), a Educação Física deve oferecer

condições ao educando através dos movimentos o conhecimento do corpo e

desenvolvimento cognitivos, mas para isso ocorrer de forma favorável o professor

precisa transpor as barreiras, desprezando a precariedade da situação de trabalho

hoje encontrada nas maiorias das escolas brasileiras.

Darido (2005) aponta que a Educação Física deve exercer seu papel

buscando alcançar seus objetivos, que é oferecer experiências de movimentos

adequados ao seu nível de crescimento e desenvolvimento, a fim de que a

aprendizagem das habilidades motoras seja alcançada, devendo movimentar-se,

adaptando-se de acordo com as exigências do cotidiano em termos motores.

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Segundo Kunz (2005), para que a criança possa desenvolver integralmente

através da atividade física, o professor deve desenvolver atividades que sirvam de

estímulo a um autoconhecimento corporal, e que também proporciona o

desenvolvimento do raciocínio cognitivo e emocional.

Já Darido (2003), acredita que o professor deve saber separar as coisas

profissionais daquelas da escola, em relação à infraestrutura e salariais mesmo

sendo difícil, mas não é impossível adotar a metodologia reflexiva, refletindo sobre

nossas ações individuais e coletivas. Para proporcionar um melhor desenvolvimento

dos alunos, é preciso que os professores se juntem para refletir todas as disciplinas

como um todo e não que uma seja mais importante que a outra.

METODOLOGIA

Essa pesquisa descritiva foi realizada na cidade de Matipó, localizada na

Zona da Mata de Minas Gerais, no mês de abril a junho de 2012. O instrumento de

coleta de dados serão dois questionários fechados, sendo um aplicado a 15

professores de Educação Física, que correspondem a todos dessa área, atuantes

nas escolas da zona urbana de Matipó - MG e outro em quatro turmas, sendo duas

do 9º (nono) ano do ensino fundamental e duas turmas do 3° (terceiro) ano do

ensino médio.

Fundamentando-se neste instrumento, afirmamos que se trata de uma

pesquisa descritiva. O instrumento contém perguntas, a fim de entendermos a ação

docente dos professores: se estão dando aulas que os alunos “querem” ou aquelas

que contribuem para o desenvolvimento integral do ser humano.

Os resultados foram organizados através de gráficos e outra descritiva. Os

questionários foram aplicados depois de assinado o Termo Consentimento Livre

Esclarecido (TCLE) e as informações serão agrupadas por questões e tabuladas em

arquivo Excel versão 2010.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A coleta dos dados foi realizada entre os meses de abril a junho de 2012, em

duas escolas estaduais, para alunos de uma turma de cada escola do 90 ano do

ensino fundamental e uma turma 30 ano do ensino médio, totalizando 103 alunos,

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sendo 68 do sexo feminino correspondendo a 66% e 35 alunos do sexo masculino,

correspondendo a 34% dos pesquisados. As idades foram compreendidas entre 13

a 21 anos. Também foram pesquisados 15 professores de Educação Física de 6

escolas da zona urbana de Matipó. Os professores pesquisados são 7 do sexo

masculino (47%) e 8 do sexo feminino (53%).Iniciamos nosso estudo perguntando

se os alunos gostavam ou não das aulas de Educação Física. Observando que

89,5% gostam das aulas de Educação Física e apenas 10,5% não gostam. Segundo

os Parâmetros Curriculares de Educação Física (CBC), uma boa parte dos alunos

que frequentam a escola consideram as aulas de Educação Física marcantes,

gerando uma experiência prazerosa, de sucesso, de vitórias e para outros uma

lembrança amarga, de sensações de incompetência, falta de jeito em medo de errar.

Com relação ao nível de participação nas aulas, observou-se que 68%

participam sempre, 27% às vezes e apenas 5% não participa. De acordo com (CBC,

2012), o reconhecimento e a valorização do aluno como sujeito do processo

educativo é essencial não somente para conhecer as necessidades do aluno e os

interesses para ampliar as possibilidades de construção de novas aprendizagens,

como também para motivar o seu efetivo envolvimento e participação nas aulas, no

contexto da Educação Física, esse princípio desafia os professores a desenvolver

uma prática não discriminatória entre os alunos, buscando a participação e inclusão.

Quando falamos da participação durante as aulas, 73% considera-se

excelente, participando de todas ou boa participando da maioria delas. De acordo

com Ribeiro et al. (1970), o professor não está preocupado com o desempenho do

aluno na realização da atividade e sim com a participação e aprendizagem na aula.

Em relação ao nível de satisfação com as aulas de Educação Física entre os

alunos observou que 77,5% estão satisfeitos e 22,5% não estão satisfeitos. A

satisfação deve ser a porta principal, pois a satisfação pode estar em participar de

brincadeiras sem regras equivocadas e perfeitas como também em executar um

movimento eficiente na execução de uma técnica aperfeiçoada. (PCN 1998).

As aulas de Educação Física em 24% foram classificadas como sendo

excelentes, 74% classificaram-nas como sendo ótimas ou médias e apenas 2%

como sendo ruins ou péssimas. Lobato (2010), afirma que o professor deve

proporcionar durante suas aulas, atividades aos alunos que deem a eles liberdade

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para a execução das tarefas, onde os professores ensinam aos alunos a encontrar

diferentes possibilidades para realizá-las e atendê-los.

A relação professor-aluno é excelente ou ótima em 68%. De acordo com

Sousa et al.(2012), não existe nenhuma mágica ou receitas prontas de como

ensinar, porque o ensino, como um modo que executa a formação coletiva, é

mediada pela relação professor-aluno-conhecimento.

O eixo temático esporte é relatado como sendo o que mais acontece nas

aulas de Educação Física, alcançando-se 72%. O esporte educacional é aquele

praticado nos sistema de ensino e em formas assistemáticas de educação, evitando-

se a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de

alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo a sua formação para o exercício da

cidadania e a pratica do lazer. (CBC, 2012).

Ao se perguntar sobre o eixo temático: jogos e brincadeiras, 52% relatou que

acontecem pouco, apesar de que 20,5% considerar que sempre acontecem, 18,5%

menos acontece e 9% nunca acontecem. A natureza dos jogos e de brincadeiras e

das brincadeiras não é discriminatória, pois aplica o reconhecimento de si e do

outro, trás a possibilidade de lidar com os limites como desafio e não como barreira,

possibilita o uso de diferentes linguagens verbais, não verbais, o uso do corpo de

forma diferente e coerente; a organização, ação e avaliação coletiva. (CBC, 2012).

O eixo temático Ginástica foi considerado em 58,5% como nunca acontendo,

e em 31,5% como menos acontecendo. É sabido que o termo ginástica envolve o

conhecimento sobre as diversas formas de exercitar e conhecer o próprio corpo. Por

isso, consideramos a ginástica uma prática cultural, patrimônio da humanidade,

legitima de ser problematizada e vivenciada durante as aulas. (CBC, 2012).

O eixo temático dança e movimentos expressivos em 45% foram

considerados como nunca acontecendo e 39% que menos acontece durante as

aulas. Segundo o (CBC, 2012), a dança é uma rica possibilidade de trabalhar os

movimentos expressivos, mas não é a única forma. Podemos criar oportunidades

para os alunos vivenciarem a pantomima, a produção de sons com o próprio corpo,

a dramatização. Nesse caso, como na dança o trabalho de improvisação dever ser

considerado, pois envolve imaginação expressividade e espontaneidade.

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A Educação Física pode contribuir para o desenvolvimento integral dos alunos

em 68%. Sabe-se que o principal envolvimento da Educação Física é com o

desenvolvimento da criança, com o ato de aprender, com os processos cognitivos,

afetivos e psicomotores, ou seja, buscando garantir a formação integral do

educando. Segundo Zabala (1998), citado na Proposta Curricular CBC (2012) a

Educação Física consiste em três naturezas: procedimental, atitudinal e conceitual,

sendo essas, responsáveis pela aprendizagem do educando nos seguintes

aspectos: o procedimental referindo-se a realização de ações e a reflexão sobre a

atividade. O atitudinal refere-se aos comportamentos ou regras, segundo

determinado grupo social. Por sua vez o conceitual que tem como objetivo informar

sobre os porquês, a importância dos limites e vivências corporais. (CBC, 2012).

A abordagem deste estudo também abrangeu os professores, pois nesta

análise é importante o enfoque dos dois lados envolvidos.

Os professores pesquisados são em 61% formados entre 2 a 5 anos, 33%

encontram-se não formados ou formados apenas a 1 ano.

Ao se perguntar o que mais lhe chamou a atenção ao escolher a profissão,

verificou-se que 47% dos pesquisados foram inspirados no professor de Educação

Física de sua escola e que 53% por amar a profissão. Segundo Verri, (2009), esse

profissional é muito marcante na história de muitos. Ele relata que esses

profissionais são os mais atrativos da escola, a aula é sempre um representante de

felicidade e prazer, entre os jogos e as atividades individuais além de proporcionar

um bem estar físico. Também se perguntou, se estão preparados a exercer a

profissão e 93% dos professores afirmaram estarem preparados. De acordo com o

(PCN, 1999), o professores adquirem uma bagagem de conhecimentos no decorrer

de sua formação que podem contribuir muito para a competência no momento de

preparar suas aulas, organização de um evento escolar e também na orientação ao

aluno numa apresentação de trabalho entre outras modificações.

Em 46% dos professores, nunca pensou deixar a profissão escolhida, 27%

em uma pequena parte do tempo pensou em desistir, 20% pensaram em desistir

uma boa parte tempo e 7% somente pensaram em alguma parte do tempo em

desistir. Segundo os (PCNs,1999), o profissional de Educação Física passou a ser

mais exigido quanto a qualificação e ao uso de conhecimento em relação ao

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planejamento de atividades que venham ao encontro do interesse do aluno e ao

mesmo tempo a Educação Física não tem um conteúdo próprio o que obriga o

professor a adaptar e improvisar nas mais variadas condições de trabalho, mas

como afirma Verri, (2009), essa profissão se torna prazerosa por ser um

representante de alegria.

Ao se auto avaliarem, percebeu-se que 60% consideram-se bons no que

fazem e de acordo com os (PCNs,1999), a liberdade e a necessidade do professor

de Educação Física em poder adaptar materiais para chegar o mais próximo

possível o desenvolvimento do aluno, exige um esforço muito grande para o

educador, pois todo tempo tem que ser criativo e criterioso para desenvolver um

trabalho integrativo e interessante.

A aceitação e o respeito pela Educação Física no âmbito escolar, foi relatada

como sendo regular em 60%, em 40% como sendo ótima ou boa e em nenhum

momento houve o relato da relação ser péssima. Segundo Macedo e Antunes

(2012), o professor de Educação Física tem sido colocado em muitas vezes à

margem das instituições, essas questões têm grande importância quando a

presença dessa disciplina na escola é questionada em geral, sendo colocado em

nível inferior em relação às outras disciplinas. Em muitos casos o professor de

Educação Física mostra-se como um eterno repetidor de procedimentos de duvidosa

fundamentação teórica sem conhecer sua real função no processo educacional, bem

como seu potencial de contribuição para o desenvolvimento de seus alunos, pouco

tem contribuído para melhoria da parte pedagógica do professor dentro da escola.

Em relação ao planejamento anual, 93% afirmaram fazê-lo. De acordo com o

(CBC, 2012), o trabalho por plano é uma alternativa relevante, capaz de viabilizar as

ações coletivas interdisciplinar no interior da escola. Construindo uma possibilidade

de os educadores repensarem os tempos e espaços escolares e a organização do

currículo, o trabalho planejado permite não apenas a construção do conhecimento

em forma de contexto, mas também a integração desses, às realidades do aluno,

ajudando também a facilitar a construção de um conceito sobre as aulas.

Nota-se que 67% utilizam o CBC para realizar seu planejamento anual. De

acordo com Sousa et al. (2012), a importância do CBC justifica-se por ter como base

a elaboração anual do Programa de Avaliação da Educação Básica (PROEB) e

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também para estabelecer um plano de metas e objetivos para as escolas e também

para dar apoio ao professor de Educação Física.

O eixo temático os jogos e brincadeiras em 47% são os mais desenvolvidos

em suas aulas. Os jogos e brincadeiras resultam em um processo lúdico, autônomo

e criativo, que possibilita a construção de regras, diferentes métodos de lidar com o

tempo, espaço e materiais. Todos os quatro eixos temáticos deverão ser

desenvolvidos igualmente e distribuídos durante o ano, o que vem ao encontro de

33% dos professores. (CBC, 2012).

Os professores são unânimes em relatarem que a Educação Física contribui

para o desenvolvimento integral dos alunos. A disciplina contribui não só para as

habilidades motoras, mas; norteia a formação integral e por meio dela que os alunos

se adaptam aos problemas do cotidiano, através dos contatos com diferentes

situações. (PCNs, 1999).

Dos pesquisados 74% acreditam que a Educação Física desenvolve o ser

humano no seu aspecto crítico e emancipado. Segundo o (PCN, 1998), essa

disciplina é de extrema importância para o desenvolvimento dos alunos com o ato de

aprender com os processos cognitivos, afetivos e psicomotores, buscando garantir a

formação integral do aluno, preparando para opinar e participar das decisões da

sociedade.

Quando indagados sobre quem escolhe as atividades a serem desenvolvidas

durante as aulas, 47% quase sempre escolhem 26% sempre escolhem 20% às

vezes escolhem e 7% deixam à escolha dos alunos. De acordo com CBC, a

elaboração de plano de aula é de responsabilidade do professor, que por sua vez

deve ser discutida com os educandos para proporcionar uma maior satisfação

durante as aulas, através de um planejamento não discriminatório.

Os professores afirmaram em 40% que o esporte é o que os alunos mais

gostam e 60% como sendo os jogos e brincadeiras. O CBC afirma que, ao assumir o

esporte como uma prática educativa, precisa que algumas ações metodológicas

sejam mudadas para atender e incluir a participação dos menos habilidosos, lembrar

que existem maneiras diferentes para utilizá-lo de acordo com o objetivo que se quer

alcançar. Já os jogos e brincadeiras tem objetivo de ensinar os jogos de forma de

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diferentes sem barreiras e poucas regras e possibilitam a vivência e caráter lúdico

que acompanha tais práticas corporais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação Física é um processo de educação integral, visando o ser

humano, seu inteiro desenvolvimento físico, emocional, intelectual e social. Os

conteúdos de ensino que estruturam e identifica a Educação Física como área de

conhecimento como componente curricular é denominado eixo temático, sendo eles:

esporte, jogos e brincadeiras, ginástica, dança e movimentos expressivos.

O presente estudo constatou que o professor de Educação Física na escola é

bem quisto pelos alunos, pois os mesmos gostam de participar das aulas, estando

satisfeitos, considerando-as excelentes ou ótimas. A relação professor-aluno é

excelente ou ótima, seguida dos demais segmentos da escola. O esporte foi

relacionado pelos alunos como sendo o eixo temático mais desenvolvido, jogos e

brincadeiras como acontecendo pouco, ginástica nunca acontecendo, a dança e

movimentos ritmos e expressivos como nunca acontecendo ou menos acontecendo.

Esta resposta entra em contradição à resposta dos professores, pois os

mesmos responderam que jogos e brincadeiras são os mais desenvolvidos. Este

fato se deu porque a maioria dos professores pesquisados trabalha nos anos iniciais

do ensino fundamental e a pesquisa foi realizada com os alunos de duas turmas de

90 ano e duas turmas de 30 ano do ensino médio. Outros conteúdos também

poderiam estar sendo desenvolvidos ao longo do ano, porém os alunos poderiam

não associar o conteúdo ao eixo temático desenvolvido.

Os professores envolvidos amam a profissão, em sua maioria nunca

pensaram em abandoná-la, consideram-se bons no que fazem, realizam um

planejamento anual baseado no CBC, acreditam que a Educação Física contribui

para o desenvolvimento integral do aluno fazendo-o tornar-se um cidadão mais

crítico e emancipado. Para a escolha das atividades a serem desenvolvidas durante

as aulas, entre as aulas que os alunos “querem” e aquelas que contribuem para o

desenvolvimento integral do ser humano, observou-se que 73% dos professores

escolhem sempre ou quase sempre escolhem as atividades a serem desenvolvidas,

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apenas 20% deixa a escolha para os alunos e em 7% dos casos a escolha é sempre

dos alunos.

Os professores e alunos envolvidos em sua maioria acreditam que a

Educação Física pode contribuir para o desenvolvimento integral do aluno e esta

contribuição passa muitas vezes através da atividade física, onde o professor deve

desenvolver atividades que sirvam de estímulo a um autoconhecimento corporal e

que também proporcione o desenvolvimento do raciocínio cognitivo e emocional.

Sugerimos pesquisas feitas somente com professores e alunos dos anos

finais do ensino fundamental e médio. E também somente com professores e alunos

de anos iniciais do ensino fundamental.

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COMO PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA TÊM LIDADO COM ALUNOS COM DEFICIÊNCIA EM SUAS AULAS

Francismária Mendes de Souza e Luana de Magalhães Campos Barbosa–

Graduadas em Educação Física UNIVÉRTIX. Janine Lopes Carvalho. Graduada em Psicologia, Especialista em saúde

mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de

Extensão da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de

Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected]

RESUMO

O estudo teve como objeto identificar a forma que o professores de Educação Física da rede estadual do município de Matipó - MG têm lidado com alunos que apresentam necessidades educacionais especiais em suas aulas. A inclusão não é apenas a inserção dos alunos com deficiência nas escolas regulares, mas também a integração dos mesmos no ambiente escolar. A metodologia utilizada foi pesquisa qualitativa através de entrevista semi-estruturada. O que se pode comprovar com o estudo é que ainda existe falta de recursos e falta de interação entre a direção da escola e professores de educação física no que diz respeito aos PNEE.

PALAVRAS-CHAVE: Deficiência, Educação Física, inclusão, professores.

INTRODUÇÃO

Embora seja grande o número de alunos com deficiência, matriculados em

salas de aula do ensino regular, percebe-se que os educadores ainda sentem

dificuldades ao receberem estes educandos. O despreparo do professor em relação

ao aluno com deficiência pode ser um dos obstáculos a dificultar a inclusão escolar e

a aprendizagem do mesmo.

Em relação à Educação Física escolar, a inclusão pode ser considerada um

grande desafio para o professor, pois este lida com corpos em movimento e os

aspectos corporais ficam mais evidentes. Nesse caso a aprendizagem está

vinculada á experiência prática, onde o aluno precisa ser considerado como um

todo, onde aspectos cognitivos, afetivos e corporais estão inter-relacionados em

todas as situações do cotidiano de professores e alunos (PCNs, 1997).

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Sabe-se que já existe uma parcela de alunos com deficiência ativos na

sociedade; eles trabalham, estudam, têm família. Também dispõem de tempo livre

para ser ocupado com atividades de lazer. Esse é um direito universal de todos os

seres humanos (GOULART e NEGRINE, 2008).

O fato de existirem alunos com necessidades educacionais especiais, inclusos

ou não, nas aulas de Educação Física, sempre foi para nós objeto de interesse;

saber mais sobre como os professores de Educação Física se relacionam com os

indivíduos excepcionais, quais estratégias são utilizados para promover a integração

do aluno com deficiência com os demais colegas, quais são as dificuldades

enfrentadas pelo professor devido às barreiras arquitetônicas encontradas no

ambiente escolar e quais os benefícios que este aluno tem em estudar em escolas

regulares.

Diante do exposto, a questão eixo indaga: como professor de Educação Física

do município de Matipó tem lidado com alunos que apresentam necessidades

educacionais especiais em suas aulas? Apresenta-nos ainda as questões

periféricas: como surgem e como se relacionam Educação Física e pessoas com

deficiência? Têm surgido espaços para a avaliação crítica das relações da Educação

Física com essas pessoas portadoras de necessidades educacionais? Como

professores de Educação Física têm lidado com alunos que apresentam

necessidades educacionais especiais em suas aulas? Todos os alunos participam

das aulas de Educação Física? Como é o comportamento dos demais alunos diante

das diferenças existentes entre eles? Os professores estão preparados para

trabalhar alunos nestas condições? Essas são questões que pretendemos

responder no decorrer de nossa pesquisa.

Diante dessas questões o objetivo desse estudo foi identificar a forma que o

professores de Educação Física da rede estadual do município de Matipó têm lidado

com alunos com deficiência em suas aulas.

Com este estudo pretendemos contribuir para que os professores repensem

suas práticas pedagógicas ao lidar com os alunos com deficiência, não

simplesmente considerando que esses alunos não têm condições de realizar esse

ou aquele movimento, mas criando estratégias para que da forma deles possam

participar das aulas.

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Portanto, diante de todos esses fatos tomamos a escolha do tema onde assim

uma pesquisa junto as escolas Estaduais de Matipó-MG, visando ver como é a atual

realidade dos alunos portadores de necessidades educacionais no que diz respeito a

Educação Física.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A deficiência pode ser definida como anormalidades nos sistemas e órgãos das

partes do corpo. Deficiência vem juntamente conceituada às limitações e/ou

impedimentos de longo prazo, de natureza física mental, intelectual ou sensorial, que

em intercâmbio com distintos obstáculos podem ter reduzida sua participação

completa e ativa na escola e na sociedade (UNESCO, citado por DELOU, 2008).

Segundo Mantoan (2004) as ações educativas inclusivas têm como eixo o

convívio com as diferenças, a aprendizagem como experiência relacional,

participativa, que produz sentido para o aluno, pois contempla a sua subjetividade,

embora constituída no coletivo das salas de aula. A educação inclusiva possui a

proposta de acolher em escolas regulares todas as diferenças, sendo elas de

origens raciais, sociais, étnicas, religiosas e deficiências de todos os gêneros como

físicas, intelectuais, motoras e múltiplas.

A Educação Física contempla múltiplos conhecimentos a respeito do corpo e do

movimento, onde sua finalidade é de lazer, expressão de sentimentos, saúde,

desenvolvimento recuperação dentre outros, sendo fundamental a vida de qualquer

ser humano. A educação física deve ser adaptada conforme a necessidade do

aluno, visto que cada um tem suas limitações. O trabalho na área da Educação

Física tem seus fundamentos nas concepções de corpo e movimento, e trabalha

com a motricidade, ou seja, com as habilidades do corpo e é capaz de contribuir

para o desenvolvimento do aluno inclusive dos alunos com deficiência (PCNs, 1997).

A Educação Física Adaptada surgiu através da Resolução 3/87 do Conselho

Federal de Educação onde prevê a atuação do professor de Educação Física com a

pessoa com deficiência e outras necessidades especiais. Segundo Duarte e Werner

(1995) a Educação Física Adaptada tem por objeto de estudo a motricidade humana

para as pessoas com necessidades especiais, onde a metodologia deve respeitar as

suas necessidades e também as diferenças individuais de cada um.

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Menezes e Santos (2002) apontam que a educação física adaptada deve incluir

alunos com necessidades especiais nas atividades físicas, isto porque a atividade

motora adaptada é um dos meios que proporciona ao aluno com necessidades

especiais condições de aumentar o repertório de movimentos. E possibilita a ele

estabelecer um novo conceito de corpo, desenvolvendo assim todo o seu potencial.

METODOLOGIA

A presente investigação traz a tona à discussão de como os professores de

Educação Física tem lidado com alunos que apresentam necessidades educacionais

especiais em suas aulas. Trata-se de uma pesquisa do caráter qualitativo. Segundo

Minayo (2006) o método qualitativo é o que se aplica ao estudo da história, das

relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões,

produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem,

constroem seus artefatos e a si mesmo, sentem e pensam.

Atualmente existem 10 professores de Educação Física atuantes nas escolas

Estaduais de Matipó-MG mas apenas 6 declararam ter alunos PNEE. Assim, essa

pesquisa foi realizada através de entrevistas semi-estruturadas com 6 professores

de Educação Física atuantes nas escolas.

A entrevista semi-estruturada obedece a um roteiro apropriado e utilizado pelo

investigador pra chegar a seus objetivos. Contudo, nenhuma questão se coloca de

forma totalmente aberta ou totalmente fechada. Antes de iniciar a aplicação do

instrumento apresentamos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

A pesquisa foi realizada do mês de junho a agosto de 2011. As entrevistas

foram gravadas e posteriormente transcritas e armazenadas no programa Word

versão 2007, mantendo-se a fidelidade das falas dos sujeitos.

CATEGORIAS EMERGENTES DA COLETA DE DADOS

Os professores investigados nessa pesquisa foram chamados de Fernando

(38), Paola (38), Luís (25), Sandra (26), Renata (26) e Ruan (25), representados por

nomes fictícios para resguardar suas identidades. O tempo de formação e atuação

de Fernando e Paola são mais de 13 anos, Sandra 7 anos, Ruan e Luís é de 5 anos

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aproximadamente e Renata 2 anos. Fernando, Paola e Ruan atuam tanto no Ensino

Fundamental quanto Ensino Médio, os outros demais professores atuam no Ensino

Fundamental. Todos atuam no período matutino e vespertino.

Ao iniciar a entrevista com cada profissional perguntamos aos professores se

existem alunos com necessidades educacionais especiais inseridos em alguma de

suas turmas. Todos responderam que sim. A seguir foi perguntado qual o tipo de

deficiência:

Autista (Paola, professora, 38 anos) Cadeirante (Fernando, professor, 38 anos) Deficiência física e deficiência mental (Ruan, professor, 25 anos) Atraso mental (Renata, professora, 26 anos) Déficit de atenção (Luís, professor, 25 anos) (Sandra, professora, 25 anos)

Quanto a patologia que o aluno apresenta segundo Sassaki (2002) é

fundamental que alguns cuidados sejam tomados, como analisar o tipo de

necessidade especial que este aluno apresenta, visto existirem diferentes graus de

limitações que requerem procedimentos específicos.

Esses alunos devem ser inscritos na rede regular de ensino e receber apoio em

salas de recursos multifunicionais por meio de professores capacitados e/ou

especializados. A escola deve receber alunos “independentemente de suas

condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras”

(UNESCO, 1994, apud , DELOU, 2008, p. 19).

Outra pergunta feita foi: Como a direção da escola lhe entrega essas crianças,

lhe é passado algumas instruções de quais as patologias e de como lidar com elas?

Eles chegam lá como se fossem crianças normais (Fernando, professor, 38 anos). No primeiro dia de aula eles não falam nada, no segundo dia de aula eles não falam nada, no primeiro mês de aula eles não falam nada... Eles não falam nada nunca, se a gente não for atrás e perguntar eles nunca fala. Raríssimas vezes são as horas que eles entregam pra gente uma turma já falando antes o que esta acontecendo. Maioria das vezes são os professores que detectam algumas patologias vão atrás da direção ou da pedagoga e ai sim quando ela tem algum conhecimento ela passa pra gente. Mais na maioria das

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vezes a gente chega lá sem saber nada ai a gente fica um pouco assustado porque a gente não está sabendo de nada a principio. E tem hora que chega a ser constrangedor já recebemos um aluno que era surdo e a gente não sabia que ele era surdo e ai no caso ano passado eu que detectei que ele era surdo ai que eu fui correndo atrás da direção avisá-los e eles nem sabiam ainda (Paola, professora, 38 anos).

Segundo Stainback e Stainback (1999) a escola só obterá sucesso no que diz

respeito à inclusão se respeitar as diferenças e trabalharem juntas, com um trabalho

criativo visando à resolução de problemas. Direção e professores precisam caminhar

juntos no que diz respeito à inclusão desses alunos, pois, respeitando a

individualidade de cada um e o tempo próprio que eles levam para assimilarem o

novo e desenvolverem suas potencialidades, a inclusão será de fato efetiva e

autêntica.

Quando perguntados sobre como incluem esses alunos em suas aulas de

Educação Física eles foram unânimes em responder que incluem os alunos de

modo que estes não sejam prejudicados nem excluídos:

Na verdade a patologias deles não impedem eles em nível de ter que fazer atividade separada, eles conseguem acompanhar, mesmo que tem deficiência física consegue acompanhar toda turma naturalmente (Ruan, professor, 25 anos) O que tem um problema físico ele já é mais... uma pessoa mais tranqüila, mais centrada, porém, o que tem problema mental, o que tem o psicológico dele mesmo, ele já é... já causa um pouco mais de problemas, as vezes por uma questão de comportamento, de participação nas atividades, comportamento dos outros alunos, então a gente tem que “ tá” sempre muito atento a ele, se não envolve brigas, agressões físicas tem que “tá” sempre muito ligado a ele (Luís, professor,25 anos). Eu tento aproximar ao máximo, dar algumas atividades que eles gostam algumas atividades menos complexa que eles possam participar. Vo tentando chegar perto, tentando dar um carinho a mais e ai eles conseguem algumas atividades realizarem, mais ou menos esse menino ele não participou da primeira semana de aula, nem da segunda depois ele já foi participando e atividades menos complexas, hoje em dia já participa mais e sorri e fica alegrinho participando (Paola, professora, 38 anos).

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Duarte e Werner (1995) pontuam que a Educação Física adaptada é uma

área da Educação Física que tem como objetivo de estudo a motricidade humana

para as pessoas com necessidades educativas especiais, adequando metodologias

de ensino para o atendimento às características de cada um, respeitando suas

diferenças individuais.

As dificuldades imprimem um ritmo, mas não impedem o desenvolvimento... Precisamos ter sensibilidade para incluir cada sujeito em sua particularidade, promovermos situações de aprendizagem e trabalharmos com a diferença... ( ELIZA, 2005, apud ,PROJETO INCLUIR, 2006, p.9).

Sobre a participação dos alunos com deficiência nas aulas de Educação Física

escolar, Boato (2008) afirma que é preciso incluir, num meio que sempre excluiu,

classificou, separou, cobrou performances extraordinárias, deixando de lado os

“incapazes”. As pessoas que tem deficiência historicamente sempre foram excluídas

da participação social. Os conteúdos da Educação Física Escolar, precisam atender

às pessoas que não apresentam competências e habilidades para acompanhar suas

propostas, caso das pessoas com deficiência que vêm, gradativamente, sendo

incluídas nas turmas regulares da Educação Infantil e do Ensino Fundamental.

Outra questão discutida nessa pesquisa foi sobre o comportamento dos alunos

com deficiência nas suas aulas e como é o comportamento dos demais colegas em

relação a esses alunos nas aulas de Educação Física. Os professores disseram que

existem pontos positivos e negativos:

Como ele... Ele é muito nervoso, ele acabou colocando um pouco de medo nos demais alunos, então nesse ponto chega a ter um... Os meninos têm um respeito maior por ele, às vezes por medo, por qualquer atitude que ele possa ter então o medo que os meninos sentem dele vêem transformando em respeito (Luís, professor, 25 anos). Eles ficam meio arredios, distante, não ficam querendo participar e alguns alunos não tem muita paciência com eles, mais ai a gente tem que ter um jogo de cintura e tentar aproximar ao máximo essas crianças com necessidades especiais dos ditos normais (Paola, professora, 38 anos).

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Mittler (2003) faz uma grande crítica a esse processo de integração com a

classe escolar, revelando que neste caso o aluno deve adaptar-se à escola e não há

necessariamente uma perspectiva de mudança de que a escola mudará para

acolher uma diversidade cada vez maior de alunos. Caso essa afirmação fica claro

que a integração fere um dos principais pressupostos da educação inclusiva, que é o

de transformar a escola, de provocar nela uma ampla revisão de suas práticas, de

forma a garantir a todos o acesso democrático a um espaço que deve promover o

respeito à diversidade humana.

Sobre como os professores enxergam a inclusão nas escolas regulares hoje

em dia responderam os professores: que enxergam pontos positivos e negativos.

A maioria dos pontos são positivos, acontece que o principal ponto negativo é quando o professor passa a tratar o aluno de forma totalmente diferente. Às vezes desnecessário, às vezes o aluno esta em condição de acompanhar a turma e o professor passa a ter receio do aluno ficar chateado. Passa a tratar ele de forma diferente é o que costuma magoar mais o aluno e os pontos positivos são vários, se a gente for enumerar aqui, os seja, essa questão da inclusão é muito importante, tanto pro aluno que esta sendo incluído a quem está incluindo o aluno, porque ele passa a ter uma convivência melhor com os professores e os alunos (Renata, professora, 26 anos).

Tanto positivos e negativos. Positivos é a socialização, a vivencia NE, ele se sente uma pessoa como outra qualquer, todos nos temos deficiências, mas, por outro lado existe o problema de querer ter uma escola inclusiva não sendo inclusiva, estão esses alunos... se gasta muito dinheiro falando da inclusão, mais eu não vejo tanto resultado perante a isso. Igual o colégio é uma escola inclusiva, se gastou um dinheiro para adaptar a escola aqui, e não foi conservada, ta tudo quebrado. Então isso é um ponto negativo e por outro lado também é aquela coisa, você se prepara uma parte da escola e a outra não, então é, existe ponto positivo de conviver mais também não existe o ponto positivo de você conviver dando condições para convivência. Tipo, muitas vezes igual você falou ai, não tem um acompanhamento pedagógico, psicológico, interpretes, não tem nada (Fernando, professor, 38 anos).

Segundo Carneiro (1997) apostar em inovações será o caminho mais seguro

para a efetivação da escola inclusiva. Quando professores das mais variadas

diversidades (re) descobrirem o valor de ensinar através da troca, reconhecimento

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seus alunos como seres capazes de realizações, interagindo com as famílias na

busca por soluções de seus problemas familiares, os quais interferem diretamente

na sala de aula, procurando apoio em todos os setores da escola na realização de

tarefas conjuntas e garantindo a participação dos alunos nas decisões de sala de

aula, estaremos construindo não apenas a escola que irá atender ao aluno com

deficiência, mas a escola que atenderá a todos, ou seja, a escola inclusiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho concluiu após a pesquisa que é possível perceber que os

professores de Educação Física das escolas estaduais de Matipó – MG acreditam

na possibilidade de se trabalhar a educação inclusiva em suas aulas consideram

esta uma prática importante para os alunos que nela estão inseridos, e quem em

momento algum, estes prejudicam os ostros alunos.

Percebemos que não existe qualificação adequada para todos os professores e

que nem sempre a direção da escola informa o profissional de Educação Física

sobre o aluno com deficiência.

Os professores entrevistados estão conscientes da importância da inclusão nas

aulas de Educação Física, como também sendo importante para o desenvolvimento

do PNEE visto que através de atividades físicas adequadas eles se sentem mais

inseridos, interagem com outros se tornando mais participativos.

Por isso, é preciso que os professores, direção da escola e família se unam

para tornar de fato afetiva a inclusão de alunos com deficiência no cotidiano das

escolas. Com as situações adversas, criadas pela falta de preparo dos professores,

por legislações equivocadas e escolas mal adaptadas para receber esses alunos.

Eles esperam por soluções imediatas, nós também.

REFERÊNCIAS

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CARNEIRO, Rogéria. Sobre a Integração de Alunos Portadores de Deficiência no Ensino Regular. Revista Integração. Secretaria de Educação Especial do MEC, 1997.

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COMO OS ALUNOS DO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA DA FACULDADE UNIVERTIX COMPREENDEM A EDUCAÇÃO INCLUSIVA?

Marina Aparecida Gomes e Simone Leal Silva – Graduandas em Educação Física

UNIVÉRTIX. Janine Lopes Carvalho. Graduada em Psicologia, Especialista em saúde

mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de Extensão

da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de

Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected]

RESUMO O tema da educação inclusiva tem despertado grandes angústias e

entusiasmos em vencer as barreiras impostas pela sociedade em geral e principalmente no meio educacional. O objetivo desse trabalho é compreender a forma que os alunos do curso de licenciatura em Educação Física da Faculdade Univértix entendem sobre o assunto educação inclusiva. Trata-se de uma pesquisa descritiva com uma abordagem quantitativa, através da aplicação de questionários com os alunos do 3° ao 6° períodos curso de Educação Física. O presente estudo constatou que apesar de a maioria dos acadêmicos considerarem que possuem conhecimentos sobre à Educação inclusiva e/ou adaptada os mesmos não se encontram preparados para atuar com esses alunos. PALAVRAS-CHAVE: Educação; inclusão, educação física.

INTRODUÇÃO

O tema da educação inclusiva tem despertado no meio educacional grande

angústia e entusiasmo em vencer as barreiras impostas pela sociedade em geral. As

necessidades educacionais especiais (NEE) exigem um processo complexo de

transformação tanto na educação como na própria vida do aluno.

O motivo que nos levou a tratar desse assunto foi à tentativa de mostrar a

realidade vivida por essas crianças e jovens - pessoas com deficiência, com

transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades/superlotação - e assim ter

o privilégio de compartilhar, entender, viver e conhecer essas diferenças, não só

apenas para entender o que é, mas sim para poder fazer a diferença.

De acordo com Carvalho (1998) a escola inclusiva pressupõe,

conceitualmente, uma educação apropriada e de qualidade dada conjuntamente

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para todos os alunos considerados dentro dos padrões da normalidade com também

os com necessidades educacionais especiais (NEE), nas classes do ensino regular.

Assim a educação inclusiva é a prática da inclusão de todos independente de seu

talento, deficiência (sensorial, física ou cognitiva), origem socioeconômica, étnica ou

cultural.

Somente a partir da última década, os cursos de licenciatura em Educação

Física colocaram em seus programas curriculares, conteúdos que abordam as

necessidades das pessoas com NEE. Contudo o material didático que trata das

formas de trabalho com pessoas com deficiência, transtorno global do

desenvolvimento e altas habilidades/superlotação em nossa língua ainda são

escassos (AGUIAR e DUARTE, 2005).

Tendo como base essas argumentações elaboramos as seguintes questões

para este estudo: O que os alunos do curso de licenciatura da faculdade UNIVÉRTIX

entendem sobre educação inclusiva? Qual a diferença que eles como educadores

podem fazer na vida dessas crianças? O que os professores podem fazer para

promover a interação entre todos os alunos mesmo com deficiência?

O objetivo desse trabalho é compreender a forma que os alunos do curso de

licenciatura da faculdade Univértix entendem sobre o assunto educação inclusiva.

Com esse estudo pretendemos contribuir para que os nossos colegas futuros

educadores entendam a verdadeira ação de ensinar. Não limitando-se a ensinar

matérias inferiores para alunos com necessidades especiais educacionais e sim

fazendo a diferença incluindo-os nas aulas de Educação Física fazendo com que

eles desenvolvam-se e sintam-se alunos iguais e com todos os direitos.

REFERENCIAL TEORICO

Em 2008 um documento foi elaborado pelo grupo de trabalho (GT) da política

nacional da educação especial – equipe da Secretaria da Educação Especial/MEC –

intitulado “Política Nacional da educação Especial na Perspectiva da Educação

Inclusiva”. Esse documento revela os progressos da informação e das lutas sociais,

visando estabelecer políticas públicas promotoras de uma educação de qualidade

para todos os alunos. O documento determina que os “alunos da inclusão” são

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aqueles que apresentam “deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas

habilidades/superlotação” (BRASIL, 2008).

Segundo o decreto presidencial nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999

deficiências é:

Toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano (p.2).

De acordo com decreto presidencial nº 5.296, de 2004 as deficiências podem

ser física, auditiva, visual e mental:

Deficiência física consiste em alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física. Deficiência auditiva é uma perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais. Deficiência visual trata-se de uma cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica. Deficiência mental é funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas. (p.2)

Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento caracterizam-se por

uma alteração global e qualitativa das capacidades de comunicação, interações

sociais recíprocas, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e

repetitivo. Inclui-se nesse grupo de alunos os autistas, as síndromes do espectro do

autismo (Síndrome de Rett, Síndrome de Asperger) e as psicoses infantis (BRASIL,

2008; MARCELLI & COHEN, 2009).

Crianças com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevadas

em qualquer uma das áreas que se segue: intelectual, acadêmica, liderança,

psicomotricidade e artes. Essas potencialidades podem ser isoladas ou combinadas

(BRASIL, 2008).

No Brasil a educação especial passou a ser discutida a partir de 1970, onde o

governo começou a se preocupar em criar instituições públicas e privadas, órgãos

normativos federais e estaduais e de classes especiais. Mas a educação inclusiva

ganhou força a partir da aprovação da Constituição em 1988 e da LDB em 1996

(ROGALSKI, 2010).

Em 1990, o Brasil participou da Conferência Mundial de Educação para

Todos, na qual foi aprovada a Declaração Mundial de Educação para Todos que

enfatizou a importância da educação dos sujeitos excluídos social e

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educacionalmente e daqueles que dela não puderam se beneficiar, na época certa

(SOUZA e OLIVEIRA, 2012).

A escola deve recriar o modelo educativo não tendo como foco principal

apenas o aspecto cognitivo do desenvolvimento, mas oferecer um ensino capaz de

modificar a vida desses alunos, formando cidadãos que possam viver em sociedade,

incluindo o aspecto social e afetivo no processo de ensino (MANTOAN, 2002).

Aguiar e Duarte (2005) consideram que a Educação Física é um dos

componentes curriculares que não pode ficar indiferente ao movimento da educação

inclusiva. Trata-se de uma disciplina muito ampla, que vivencia a prática corporal

direcionada a vivência de movimentos, e desenvolvimento físico e psíquico do aluno

que trata a cultura corporal do movimento. Possuindo assim condições aos discentes

de desenvolver competências adotando estratégias adequadas, onde os professores

irão propor ao aluno com necessidades educacionais especiais uma participação

plena durante as aulas evitando a exclusão.

Para atuar com alunos com necessidades educacionais especiais torna-se

necessário que os professores estejam capacitados, integrando em sua prática

pedagógica todos os recursos da sociedade, da comunicação e informação. Sugere-

se que os profissionais recebam em sua formação a preparação necessária para

exercer sua autonomia, e aplicar sua competência na adaptação desses alunos. O

professor deve ser formado para atuar de acordo com o saber ensinar e construir

estratégias para isso (OLIVEIRA, TRIGUEIRO e AQUINO, 2012).

A questão da formação profissional é motivo de varias discussões acadêmico,

profissional e políticas, que se referem à inclusão escolar de pessoas necessidades

educacional especiais. É fundamental que as universidades ofereçam disciplinas

curriculares que proporcione ao profissional, formação necessária para atuar com

alunos que apresentam algum tipo de deficiência (BIEGER, 2011).

METODOLOGIA

O presente trabalho consiste em uma pesquisa quantitativa tendo como

característica principal a interrogação direta de pessoas sobre um determinado

assunto, por meio de um questionário (GIL, 2006).

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Quanto à abordagem trata-se de uma pesquisa descritiva, que, de acordo

com Gil (2006) tem como objetivo a descrição das características e fenômenos

relativos a uma determinada população, ou fenômeno. Uma das características

dessa modalidade está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados.

A pesquisa foi realizada com alunos do 3° ao 6° períodos do curso de

Licenciatura em Educação Física da Faculdade Univertix, localizada no centro da

cidade de Matipó-MG. Este município possui 17.639 mil habitantes. Sua principal

atividade econômica é a cafeicultura e agropecuária (IBGE, 2012).

A pesquisa foi realizada através da aplicação de questionários com os alunos

do 3° ao 6° períodos curso de Educação Física, a participação desses alunos foi

mediante a garantia de anonimato e sigilo e apresentação do Termo de

Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).

Os dados foram coletados nos meses de abril e junho de 2012. A partir dos

dados coletados foi utilizado o programa Microsoft Office Excel 2007. Dessa

tabulação serão geradas gráficos a fim de melhor comunicar os resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A população investigada consta 38 alunos graduandos do curso de Educação

Física da Faculdade Univértix. A idade dos entrevistados variou de 19 a 41 anos,

participantes do gênero feminino teve uma prevalência de 55%, e 45% do sexo

masculino. Em relação à graduação 42% dos alunos participantes dessa pesquisa

foram do 6° Período de Educação Física.

Na primeira questão os acadêmicos são questionados se possuem

conhecimentos sobre Educação inclusiva e/ou Educação Física Adaptada. 74%

afirmaram possuir conhecimentos e 26% ressaltaram não possuir o conhecimento.

No Brasil a educação inclusiva é ainda uma história a ser construída, e as

universidades podem contribuir para esse processo (STRAPASSON e CARNIEL,

2007). A universidade enquanto agência de formação, além de produzir

conhecimento tem ainda à responsabilidade de qualificar os recursos humanos

envolvidos, tanto em cursos de formação inicial quanto continuada, o que é um

desafio considerável para o sistema brasileiro de ensino superior. (MENDES, 2006

apud STRAPASSON e CARNIEL, 2007).

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Diante disso, os acadêmicos são questionados onde foram adquiridos tais

conhecimentos.

Figura 1 – Onde obteve informações sobre a Educação inclusiva e/ou Educação Física Adaptada.

Os dados mostram que 63% dos acadêmicos possuem conhecimentos sobra

a Educação inclusiva e/ou Educação Física adaptada através do curso de

graduação e 21% durante palestras.

Para Reis e Ross (2012) os cursos ou programas de formação e capacitação

docente precisam dar condições efetivas para que o professor trabalhe de imediato

com seus alunos. Proporcionando aprofundamento teórico metodológico (que a

maioria dos professores tanto do ensino regular quanto especial, não tem) para que

o professor possa refletir e modificar sua pratica pedagógica para atender à

diversidade de seus alunos.

Os acadêmicos e futuros professores de Educação Física são interrogados se

acreditam ter conhecimentos suficientes para incluir alunos deficientes em suas

aulas, 61% disseram não estar preparados para essa inclusão, e 39% consideram

estar preparados.

Nota-se que a maioria dos pesquisados se sentem inseguros para incluir

alunos com NEE em suas aulas. Essa questão mostra o que aponta Reis e Ross

(2012) para que a inclusão escolar seja real o professor deve estar sensibilizado e

capacitado, tanto psicológica quanto intelectualmente, para “mudar sua forma de

ensinar e adaptar o que vai ensinar”.

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A formação de professores é base viva da inclusão. Porque a partir do

momento que a escola quer mudança ela tem que dar espaço, suporte e

sustentabilidade para essa formação (CARRILHO CUSTODIO e SOUZA, 2007).

Os acadêmicos são questionados se acreditam no processo de inclusão dos

alunos com deficiência no Ensino Regular.

Figura 2 – Acreditam no processo de inclusão dos alunos portador de deficiência no Ensino Regular.

Nota-se que 45% dos participantes dessa pesquisa acreditam no processo de

inclusão dos alunos com deficiência, pois é através do contato e da interação com

outros indivíduos que o sujeito aprende e desenvolve.

De modo geral cabe aos professores realizar na pratica pedagógicas ações

no intuito de favorecer a aprendizagem de todos os alunos envolvidos no processo.

Dentre essas ações existem adaptações que fazem parte do currículo, para garantir

a inclusão e a permanência do aluno com necessidades educacionais especiais no

ensino regular:

A criação de condições físicas, materiais e ambientais na sala de aula; Favorecer o melhor nível possível de comunicação e interação do aluno com toda a comunidade escolar; Permitir e favorecer a participação do aluno em toda e qualquer atividade escolar; Lutar pela aquisição de equipamentos e materiais específicos necessários; Realizar adaptações em materiais de uso comum em sala de aula; Permitir sistemas alternativos de comunicação, tanto no decorrer das aulas como nas avaliações, para alunos que não utilizam a comunicação oral; Colaborar na eliminação de sentimentos de baixa auto-estima, inferioridade, menos valia ou fracasso (FRIAS E MENEZES, 2012 p.14)

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Entre as dificuldades que existem na educação inclusiva questionamos aos

participantes dessa pesquisa qual seria a maior dificuldade para se trabalhar com

alunos com deficiência.

Figura 3 – Qual a maior dificuldade para trabalhar com alunos com deficiência.

A maior dificuldade encontrada pelos acadêmicos consiste em falta de

infraestrutura da escola (75%).

Para corresponder às exigências e expectativas da educação inclusiva a

escola precisa estar preparada para receber alunos com deficiência isto inclui

adequação da infraestrutura, dos procedimentos de ensino, proposta pedagógica,

preparação dos seus recursos humanos (administração, professores e funcionários),

integração entre a escola e a família (ALCIATI, 2011).

Segundo Leonardo, Bray e Rossato (2009) na implantação da inclusão

escolar não foi providenciado nem mesmo o básico, isto é, a formação/capacitação

de professores, materiais didático-pedagógicos e adaptações curriculares. É

evidente que estas não são as únicas questões importantes a serem discutas e

debatidas quando o assunto é a inclusão escolar, mas são imprescindíveis,

principalmente a infraestrutura da escola, que deve estar adequada para receber os

alunos portadores de deficiência.

Uma nova pergunta aos acadêmicos surge para identificar o que é necessário

para um professor de Educação Física incluir um aluno com Deficiência em suas

aulas?

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Figura 4 – O que é necessário para um professor de Educação Física incluir um aluno Portador de

Deficiência em suas aulas?

Para a maioria dos acadêmicos o que é necessário para incluir um aluno com

deficiência em suas aulas consiste em conhecimento profissional com relação aos

tipos de deficiência, planejamento das aulas e capacitação profissional (70%).

A inclusão escolar pressupõe mudanças físicas relacionadas a posturas frente

às concepções que co-habitam na escola. Um dos embates de maior significância é

o que se refere à formação de professores em níveis teóricos, práticos e pessoais.

Na maioria das vezes, mostra-se bastante insólita para edificar práticas que

realmente estimulem a autonomia, a criatividade e a ampliação das competências do

aluno com deficiência múltipla (SILVEIRA e NEVES, 2006).

A última questão interroga os participantes em relação à participação de

pessoas com deficiência em aulas de Educação Física auxilia a inclusão do aluno na

comunidade escolar, 95% disseram que sim e 5% que não.

Os professores de Educação Física podem contribuir para que estes alunos

com Necessidades Educativas Especiais se sintam seres importantes e não se

excluam do seu grupo de colegas, propiciando-lhes a descontração, o lazer, o

esporte, e enfim favorecendo uma vida de qualidade a estes alunos, estimulando

sempre a participação deles em suas aulas, fazendo com que se sintam capazes e

facilitando, desta forma, a socialização (CARRILHO CUSTODIO e SOUZA, 2007).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui se que apesar de a maioria dos acadêmicos considerarem que

possuem conhecimentos sobre a Educação inclusiva e/ou adaptada os mesmos não

se encontram preparados para atuar com esses alunos. Conhecem a importância do

profissional de Educação Física na educação inclusiva, mas consideram necessário

que haja uma preparação do profissional.

Verificou ainda que entre as principais dificuldades encontradas estejam às

mesmas existentes em qualquer escola pública brasileira, a saber: infra-estrutura,

formação insuficiente dos professores, falta de apoio pedagógico.

O futuro da educação inclusiva em nosso país dependerá de um esforço

coletivo, que obrigará a uma revisão na postura de pesquisadores, políticos,

prestadores de serviços, familiares e indivíduos com deficiência. É importante

trabalhar numa meta comum que seria a de garantir uma educação de melhor

qualidade para todos (STRAPASSON e CARNIEL, 2007).

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SILVEIRA, Flávia Furtado; NEVES, Marisa Maria Brito da Justa. Inclusão Escolar de Crianças com Deficiência Múltipla: Concepções de Pais e Professores. Psicologia: Teoria e Pesquisa. v. 22, n. 1, pp. 079-088, jan/abr, 2006. STRAPASSON, Aline Miranda; CARNIEL, Franciele. A Educação Física na Educação Especial. Revista Digital Buenos Aires; v. 11, n. 104 – jan.2007.

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PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA SOBRE ATITUDES E COMPORTAMENTOS DOS ALUNOS QUE APRESENTAM NECESSIDADES

EDUCACIONAIS ESPECIAIS E DAQUELES CONSIDERADOS “NORMAIS” NAS AULAS DESSA DISCIPLINA

Ana Paula Santana e Rosilaine Cristina Librelon Pereira– graduandas em Educação Física UNIVÉRTIX.

Janine Lopes Carvalho. Graduada em Psicologia, Especialista em saúde mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice -

UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física,

Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de Extensão da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.

Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de

Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. [email protected]

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo identificar a percepção dos professores sobre as atitudes e comportamentos dos alunos ditos normais e dos que apresentam necessidades educacionais especiais nas aulas de Educação Física de uma cidade da Zona da Mata Mineira. A inclusão não é apenas trazer os alunos com necessidades educacionais especiais para a classe regular, mas sim proporcionar a eles uma convivência sem preconceitos, propiciando a aprendizagem. O método utilizado foi à pesquisa qualitativa com uma entrevista semi-estruturada. Os resultados que obtivemos foi que a aceitação das diferenças nas classes vem sendo trabalhada pelos professores de Educação Física, apesar das dificuldades, garantindo assim um que o aluno com necessidades educacionais especiais participe das aulas.

PALAVRAS-CHAVE: Inclusão, necessidades educacionais especiais, professores, Educação Física.

INTRODUÇÃO

Ao longo do período de aprendizagem nos primeiros semestres do Curso de Educação

Física, em que nos foi aplicada disciplinas que falavam sobre a inclusão de pessoas com

necessidades educacionais especiais na perspectiva da educação inclusiva surgiu o

interesse pelo tema inclusão assunto tão polêmico na atualidade. Nesse intuito,

encontramos nestas disciplinas uma afinidade para desenvolvermos um estudo nessa área.

A Educação Brasileira vem sofrendo grandes modificações ao longo dos anos.

E nesse contexto de mudanças, observou-se o crescimento da concepção de

Educação Inclusiva. Mantoan (2004, p. 2) aponta que:

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A inclusão é uma inovação, cujo sentido tem sido muito distorcido e um movimento muito polemizado pelos mais diferente segmentos educacionais e sociais. No entanto, inserir alunos com déficits de toda ordem, permanentes ou temporários, mais graves ou menos severos no ensino regular nada mais é do que garantir o direito de todos à educação - e assim diz a Constituição!

A Educação Física é uma área que já foi considerada excludente, pois

antigamente foi utilizada na formação de uma juventude forte e saudável em caráter

militarista para defesa da nação (PCN, 1997). O enfoque atual da Educação Física

ressalta que os educadores devem dar oportunidade a todos os alunos para

desenvolver seu potencial de forma igualitária e não seletiva cooperando no

processo de construção de conhecimento dos alunos (SILVA, 2004).

Diante do exposto, o objetivo desse trabalho é identificar a atitude e

comportamento dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais e

daqueles considerados normais nas aulas de Educação Física de uma cidade da

Zona da Mata Mineira.

A questão norteadora do nosso estudo é como o professor analisa o

comportamento e a atitude dos alunos ditos normais e dos com necessidades

especiais em suas aulas?

A essência dessa investigação é fundamentada no fato de que a partir de uma

visão dos professores acerca das atitudes e do comportamento dos alunos ditos

normais e daqueles com necessidades educacionais especiais nas aulas de

Educação Física, possamos fornecer aos leitores e aos professores uma base de

dados de como lidar com a Educação Física Inclusiva.

REFERENCIAL TEÓRICO

Em 2008 o grupo de trabalho (GT) da política nacional de educação especial –

equipe da Secretaria da Educação Especial/ MEC - elaborou um documento

intitulado “Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação

Inclusiva”, que foi entregue ao Ministro da Educação. Esse documento revela os

progressos da informação e das lutas sociais, visando estabelecer políticas públicas

promotoras de uma educação de qualidade para todos os alunos O documento

determina que os “alunos da inclusão” são aqueles que apresentam “deficiência,

transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superlotação” (BRASIL,

2008).

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A Organização Mundial de Saúde define deficiência como anormalidades no

sistema e órgãos das partes do corpo. Deficiência vem juntamente conceituada às

limitações e/ou impedimentos de longo prazo, de natureza física mental, intelectual

ou sensorial, que em intercâmbio com distintos obstáculos podem ter reduzida sua

participação completa e ativa na escola e na sociedade. A deficiência seja ela física

ou mental, não torna a pessoa incapaz ou inferior em determinada atividade, apenas

geram marcas individuais e coletivas (NERI ET AL, 2003; FARIAS e BUCHALLA,

2005; BRASIL, 2008).

Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento são aqueles

caracterizados por uma alteração global e qualitativa das capacidades de

comunicação, interações sociais recíprocas, um repertório de interesses e atividades

restrito, estereotipado e repetitivo. Nesse grupo de alunos incluem-se os autistas, as

síndromes do espectro do autismo (Síndrome de Rett, Síndrome de Asperger) e as

psicoses infantis (MARCELLI & COHEN, 2009).

Crianças com altas habilidades/superdotação evidenciam potencial elevadas

em qualquer uma das áreas que se segue, isoladas ou combinadas: intelectual,

acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes (BRASIL, 2008; MARCELLI &

COHEN, 2009).

Marcelli e Cohen (2009, p. 59) apontam que as questões do normal e do

patológico instituem dois marcos indissociáveis - não se pode conceituar um sem o

outro. “Uma criança pode ser patologicamente normal como pode ser normalmente

patológica”.

O conceito de necessidades educacionais especiais ressalta a interação das

características singulares dos educandos com a atmosfera educacional e social,

chamando a atenção do ensino regular para a provocação de atender as diferenças.

A escola deve deixar de organizar seu cotidiano pelos referenciais de normalidade,

do que é certo ou errado, de quem sabe ou não sabe e de como os alunos devem se

comportar. Se a igualdade for o parâmetro de referência, pode-se inventar o que

quiser para unificar e rotular os alunos com necessidades educacionais especiais.

Contudo, se a diferença for usada como referência, acaba-se com os padrões de

igualdade e normalidade que durante tanto tempo foi padrão na educação, a escola

deixa de ser homogênea, para tornar-se heterogênea, cai toda uma hierarquia das

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igualdades e diferenças que sustentam o ideal da normalização (MANTOAN, 2004;

BRASIL, 2008; DELOU, 2008; COHEN, 2010).

Segundo Jean Meynard citado por Gregório (2002, p.1), atitude “é uma

disposição ou ainda uma preparação para agir de uma maneira de preferência a

outra. As atitudes de um sujeito dependem da experiência que tem da situação à

qual deve fazer face”.

Segundo Braghirolli (1990), se conhecemos as atitudes de uma pessoa é

possível prever seu comportamento com alguma segurança. A atitude está sendo

considerada um processo de disposição interna, que se produz a partir das

percepções resultantes das relações reflexivas com grupos culturais, logo, em

interação com o mundo externo.

A educação para alunos com necessidades educacionais especiais nos últimos anos

está voltada para a perspectiva da educação inclusiva capaz de construir uma escola de

qualidades para todos. A inclusão objetiva construir uma escola que acolha a todos que a

procuram e não tenha preconceito com nenhum aluno, fazendo com que ele permaneça na

escola (GLAT e FERNANDES, 2005; ALVES e BARBOSA, 2006).

Segundo Rodrigues (2003, p.69) “a Educação Física (EF), como disciplina

curricular, não pode ficar indiferente ou neutra em face deste movimento de

educação inclusiva.” As dificuldades que o aluno apresenta dever ser reconhecida

de forma a conduzi-lo e não limita-lo em seu processo de ensino nas aulas de

Educação Física (AGUIAR e DUARTE, 2005).

No final da década de 1950 surge a Educação Física Adaptada, voltada para a

reabilitação. A Educação Física Adaptada surge, como que para realçar um pouco a

visão de atendimento as pessoas com necessidades educacionais especiais no

âmbito escolar. O verbo “adaptar” tem sentido de “ajustar” ou “modificar”. A

Educação Física Adaptada é uma subdisciplina da Educação Física que favorece ao

aluno uma participação um pouco mais segura e satisfatória, e sendo bem sucedida,

podendo suprir assim as necessidades especiais do mesmo (CASTRO, 2005;

CHICON, 2008).

Para Gorgatti (2005, p.27) “a inclusão nas aulas de educação física, quando bem

orientada e estimulada, pode viabilizar vários benefícios para todos.” Incluir em Educação

Física é adotar um ponto de vista educacional com objetivos, conteúdos e métodos que

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valorize a diferença humana para formar uma sociedade comprometida com a inclusão

(CHICON, 2005).

METODOLOGIA

Para efeito dessa pesquisa utilizamos como campo uma escola de rede estadual que

atende aos anos iniciais do fundamental, situada em uma pequena cidade da Zona da Mata

Mineira. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a cidade

pesquisada possui 15.011 habitantes e o principal ramo de atividade é a cafeicultura.

Foram sujeitos dessa pesquisa três dos professores de Educação Física que atuam

nas séries iniciais do ensino fundamental. O método utilizado foi uma pesquisa qualitativa.

Segundo Gil (2002, p.133):

A análise qualitativa depende de muitos fatores, tais como a natureza dos dados coletados, a extensão da amostra, os instrumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que nortearam a investigação. Pode-se, no entanto, definir esse processo como uma sequência de atividades, que envolve a redução dos dados, a categorização desses dados, sua interpretação e a redação do relatório.

Para coleta de dados realizamos entrevistas do tipo semi-estruturada com os três

professores Educação Física atuantes nas séries iniciais do Ensino Fundamental. A

entrevista semi-estruturada obedece a um roteiro apropriado e utilizado pelo investigador

pra chegar a seus objetivos. Contudo, nenhuma questão se coloca de forma totalmente

aberta ou totalmente fechada. Antes de iniciar a aplicação do instrumento apresentamos o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que foi assinada pelo participante,

sendo esclarecido que seria resguardada a identidade dos entrevistados.

A pesquisa foi realizada nos meses de Julho e Agosto do ano de 2012. As

observações e as entrevistas foram gravadas e armazenadas no programa Microsoft Word

versão 2010.

DISCUSSÕES E COLETAS DE DADOS

Os professores investigados na nossa pesquisa foram chamados de Lucas (26), Joana

(32), Marcos (28) e Vitoria (34), representado por nomes fictícios para que sejam

resguardadas suas identidades. Nossa intenção era fazer entrevista com todos os

professores, porém Marcos não quis que gravássemos a entrevista. Todos os professores

entrevistados trabalham no ensino fundamentam series iniciais, Lucas, Joana e Marcos

trabalham em período integral e Vitoria no período vespertino. O professor Marcos ao ser

procurado por nós pesquisadoras não quis nem que gravássemos nem responder nossos

questionamentos.

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A primeira pergunta feita aos professores foi: Durante a sua formação você teve

alguma disciplina que abordasse as deficiências? E Educação Física Adaptada? Você

conhece a legislação pertinente a educação inclusiva?

Sim, com um título diferente, mas abordando o mesmo tema de Educação Física Adaptada. Não conheço a legislação q diz respeito à educação inclusiva. (Lucas, professor) Sim, não. Sim, que até já fez um curso no ano passado sobre educação inclusiva. (Joana, professor)

O Decreto nº 3.298 de 20/12/99, que regulamenta a Lei nº 7.853 de

24/10/1999, em seu artigo 27 parágrafo 2º, determina que o Ministério da Educação

deva expedir instruções para que os programas de educação superior incluam em

seus currículos conteúdos, itens ou disciplinas relacionadas aos alunos com

necessidades educacionais especiais. De uma forma geral alguns professores não

receberam ou não recebem capacitação ou alguma formação especializada, o

professor precisa buscar novos recursos educativos, tentando construir novas

formas de aprendizagem para que haja a inclusão dos alunos com necessidades

educacionais especiais (BRASIL, 1999, OMOTE ET AL, 2005). Segundo Stainback

(2006, p.10):

Não se pode mais esperar de nós, professores, sermos complacentes com um padrão educacional que seja aplicável a todos os alunos. Em vez disso, deveremos ser mais pró-ativos em providenciar habilidades e conhecimento que são necessários para que cada indivíduo viva de forma produtiva sua vida, continuadamente, em um mundo de mudanças.

Outra pergunta feita foi se existem alunos com deficiência em suas aulas? Qual?

Como você ficou sabendo sobre a deficiência do aluno? Você conhece a historia desse

aluno? Já conversou com os pais? Sabe se ele faz algum tratamento especializado de

saúde? Como é esse tratamento?

Sim, existe um cadeirante, tomei conhecimento da deficiência do aluno no visual mesmo, ou seja, ao ver os alunos, deparei-me com um aluno com necessidades especiais. Apesar de conhecer o aluno, a sua história, nunca tive contato nenhum com os pais do mesmo, nunca houve interesse por parte dos mesmos, pois quando ocorre dos pais entrarem em contato com a escola, conversa somente com o professor regente. O aluno realiza um tratamento especializado de saúde, ele é feito em Belo Horizonte, mas nada é passado a mim, somente ao professor regente, sou isolado de qualquer informação, a

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própria escola não nos dá oportunidade de trabalharmos em comunhão com os demais professores regentes e até mesmo com a supervisora. (Lucas, professor) Sim. Vários temos alunos com distúrbios mentais, cadeirante. Os alunos frequentam a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais- APAE- que os pais não são muitos frequentes na escola. Não sei. (Joana professor) Existe. Deficiência física e deficiência mental. Fiquei sabendo da deficiência do aluno em sala de aula. Não conheço a história desse aluno. Não conversei com os pais deste aluno. Acredito que não faz nenhum tratamento especializado de saúde (Vitoria professor).

É importante que o professor tenha conhecimento sobre o tipo de

necessidades educacionais que o aluno possui, para que ele possa definir o tipo de

atividade esse aluno vai poder realizar. A escola torna-se responsável por garantir

que as necessidades educacionais dos alunos sejam identificadas e prestar auxilio o

que só vai acontecer se isso fizer parte da política educacional e tiver como objetivo

na prática educacional (CIDADE e FREITAS, 2002; BRASIL, 2004).

Quando questionamos aos professores como é a relação dos alunos considerados

normais em relação aos com deficiência? Obtivemos a seguinte reposta

Eles sempre procuram ajudar, são poucos casos a que venha ocorrer à discriminação, eu sempre passo pra eles os cuidados que devem ser tomados, e eles mesmos ajudam o aluno com necessidade. (Lucas, professor) Às vezes são tratados por alguns alunos com desprezo, e por outros não, mas conversamos e explicamos que para Deus todos somos iguais e temos valor. (Joana, professor) A relação entre os alunos normais e os com deficiência é normal(Vitoria, professor).

A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais em rede regular de

ensino nem sempre é sinônimo de que eles serão bem recebidos tanto pelos colegas de

classe, como pelos professores. Os professores são uma peça de fundamental importância

para propiciar a aceitação dos colegas (OMOTE et al, 2005). Segundo Mantoan (2004, p.4),

“o direito à diferença nas escolas desconstrói, portanto, o sistema atual de significação

escolar excludente, normativo, elitista, com suas medidas e mecanismos de produção da

identidade e da diferença”.

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Outro questionamento foi o que você, professor de Educação Física conclui dessa

convivência, acredita que contribui para a inclusão dos alunos com necessidades especiais?

Com certeza, o semblante de medo dele, quando começa a aula, o medo de não participar, medo de sofrer algum tipo de preconceito, é totalmente diferente do semblante dele quando termina a aula, a felicidade dele quando faz a aula e vê que é “praticamente” igual aos outros, que ele pode participar, claro que com algumas adaptações. (Lucas) A convivência é muito satisfatória pelo menos pra mim. Sempre trato eles com muito carinho e respeito deixando-os a vontade e mostrando para seus colegas que eles são diferentes, mas tem valor e são especiais para todos nós. (Joana) Não tenho experiência nessa área é o primeiro ano que trabalho com alunos com deficiência, acho que contribuo pouco, gostaria de contribuir mais. (Vitoria).

A inclusão tem como ponto principal a convivência com as diferenças, em que

se aprende com experiência, com participação, que faz sentido para o aluno,

contemplando o individual na construção do coletivo nas salas de aula. Valorizar no

aluno o seu papel social é perceber que ele pode contribuir no desenvolvimento do o

processo de aprendizagem, mesmo que pequena, de forma a enxergar nele que ele

pode contribuir na formação de conhecimento dentro de seus limites (FIGUEIREDO,

2010; MANTOAN, 2004).

A igualdade democrática não garante que vão ocorrer relações justas nas

escolas uma vez que e escola se encontra diante de diferenças naturais e sociais. A

autora ainda afirma que o ensino de qualidade só acontece quando existe um ser

solidário, que colabore e compartilhe no processo educacional dos alunos

(MANTOAN, 2006)

Batistti (2010, p. 45) afirma que a inclusão de alunos com necessidades

educacionais especiais

Auxilia a um melhor desenvolvimento físico e psíquico do aluno com deficiência e, aos demais alunos, oportuniza a aquisição de atitudes de respeito, ajuda e compreensão. Nas relações do aluno que não apresenta deficiência com o aluno deficiente haverá oportunidade de ambos aprenderem e conhecerem mundos e saberes diferentes durante as aulas e durante todo o tempo escolar, ampliando esse entendimento para outros espaços sociais.

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Segundo Chicon (2008), incluir em Educação Física é propiciar ao aluno um

convívio positivo com as diversidades, possibilitando assim mais oportunidade de

aprendizagem entre os alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A inclusão é um tema da atualidade, garantir que ela ocorra vem sendo um

papel que os educadores estão tentando assumir, apesar da falta de materiais,

estrutura, e até mesmo de capacitação. Pode-se observar que apesar de os

dispositivos legais assegurarem que as pessoas com necessidades educacionais

especiais tenham acesso a escola regular, não há suporte técnico preparado para

receber esse aluno.

Os professores que entrevistados acreditam que a inclusão ajuda na formação

dos alunos, instigando neles um espírito de colaboração e de respeito ao próximo. É

necessário buscar meios para que a inclusão aconteça realmente. Que ela não fique

somente em papéis. Precisamos estar ligados às necessidades especiais dos alunos

na tentativa de buscar condições favoráveis a aprendizagem do mesmo.

REFERÊNCIAS

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Mestre em Educação.

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DESAFIOS ENCONTRADOS PELOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA ATUAR COM OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS NAS ESCOLAS

URBANAS DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA

Fernanda Mageste Carvalho e Thamires Torres Magalhães– graduandas em Educação Física UNIVÉRTIX.

Janine Lopes Carvalho. Graduada em Psicologia, Especialista em saúde mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice -

UNIVÉRTIX Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física,

Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de Extensão da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.

Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected]

RESUMO

A inclusão tem sido um tema de grande relevância e vem ganhando cada vez

mais espaços em debates e discussões no campo educacional. O objetivo desse

estudo foi identificar os desafios encontrados pelos profissionais de Educação Física

para atuar com alunos com deficiência nas escolas públicas urbanas de um

Município da Zona da Mata Mineira. Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo

realizada com professores de Educação Física que atuam nas escolas municipais

urbanas no município de Matipó – MG. Concluímos que os professores de Educação

Física que atuam na Rede Municipal de Ensino do Município de Matipó – MG

conhecem e compreendem a importância da educação inclusiva no mundo atual.

PALAVRAS-CHAVE: Desafios; Educação inclusiva; Educação física.

INTRODUÇÃO

A inclusão tem sido um tema de grande relevância e vem ganhando cada vez

mais espaços em debates e discussões no campo educacional. Toscano et al.

(2012) acreditam que a ideia da inclusão é possibilitar que o aluno que possui algum

tipo de deficiência, faça parte da escola na sua totalidade. Esse artigo abordará a

inclusão das pessoas com deficiência na rede regular de ensino.

Moraes (2007) considera importante criar oportunidades às pessoas com

deficiência para que elas se socializem exercendo assim sua cidadania. A escola é

um instrumento da inserção dos portadores de necessidades especiais na

sociedade, à educação pode ser vista como um instrumento estratégico para

desenvolver essa socialização garantindo os direitos básicos de cidadania.

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A Educação Física possui papel fundamental na vida dos alunos portadores

de necessidades educacionais especiais, desempenhando papel importante no

desenvolvimento motor, social, afetivo e intelectual. Em relação à Educação Física

adaptada ela procura estimular o aluno com igualdade, tornando possível através da

autoestima e autoconfiança a execução mais elevadas de atividades que envolvem

o portador de deficiência como um todo (STRAPASSON e CARNIEL, 2007).

O interesse pelo tema surgiu da observação de alunos com necessidades

educacionais especiais nas aulas de EFI durante o estágio regulamentar e do

pensamento de que a Educação Física pode fazer a diferença na inclusão desses

alunos.

Diante do exposto, a questão norteadora da pesquisa é: Quais são os

desafios encontrados pelos profissionais de Educação Física para atuar com os

alunos com deficiência nas escolas publica urbanas de um Município da Zona da

Mata Mineira?

O objetivo desse estudo consiste em identificar os desafios encontrados pelos

profissionais de Educação Física para atuar com alunos com deficiência nas escolas

públicas urbanas de um Município da Zona da Mata Mineira.

Trabalhos como este permitem a conscientização e envolvimento cada vez

maior dos profissionais de Educação Física na atuação dentro das escolas na

prescrição de atividades adaptadas para as pessoas que apresentam necessidades

educacionais especiais – especialmente os que apresentam alguma deficiência.

Assim, estes profissionais tornar-se-ão cada dia mais, agentes fundamentais da

integração da inclusão social.

REFERENCIAL TEORICO

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 no seu artigo 208, inciso III explicita

como dever do Estado, o atendimento educacional especializado às pessoas com

deficiência, preferencialmente, na Rede Regular de Ensino (GODOY ET al., 2000).

Em 1994 aconteceu na Espanha a Conferência Mundial sobre Necessidades

Educativas Especiais: acesso a qualidade. Surge então a Política Nacional de

Educação Especial, com vistas a estabelecer objetivos que garantem a conquista e

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a manutenção dos alunos especiais nas redes regulares de ensino (ROGALSKI,

2010).

O Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº 555/2007, prorrogada pela

Portaria nº 948/2007 aponta que:

O atendimento educacional especializado identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela (BRASILIA, 2008 p.16).

Existem quatro tipos diferentes de deficiência, que é mental, visual, auditiva e

múltipla. A deficiência mental se caracteriza por registrar um funcionamento

intelectual geral significativamente abaixo da média, com limitações associadas a

duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em

responder adequadamente às demandas da sociedade. Na deficiência visual,

acontece uma redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e

após a melhor correção ótica. Deficiência auditiva é a perda total ou parcial da

capacidade de compreender a fala através do ouvido. E deficiência múltipla, que é a

associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias (mental/

visual/auditivo-física), com comprometimentos que acarretam atrasos no

desenvolvimento global e na capacidade adaptativa (BRASIL, 1998).

De acordo com Maciel (2000) cada deficiência acarreta um tipo de

comportamento de diferentes formas de reações, preconceitos e inquietações. A

falta de informação e conhecimento da sociedade em relação à deficiência faz com

que a considerem uma doença crônica, um peso ou um problema.

Sant´Ana (2005) considera que na inclusão educacional, a escola é envolvida

como um todo no planejamento de ações e programas voltados à atenção de alunos

com necessidades educacionais especiais. Cabe o envolvimento dos professores,

diretor, pedagogos, enfim, todos os funcionários da escola agindo coletivamente. Um

fato preocupante que o autor coloca é a ausência de formação especializada dos

educadores para trabalhar com esses alunos, isso é um sério problema no âmbito

educacional.

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O professor de Educação Física dispõe de uma maior liberdade para

organizar os conteúdos que serão vivenciados ou aprendidos pelos alunos nas suas

aulas. Aparentemente a Educação Física é uma área curricular mais facilmente

inclusiva, devido à flexibilidade inerente aos seus conteúdos, o que conduziria a uma

maior facilidade de diferenciação curricular (RODRIGUES, 2003).

Torna-se necessário ao profissional de Educação Física conhecimentos sobre

educação inclusiva, pois, independente da escolha de atuação do profissional da

área, haverá sempre a possibilidade de se trabalhar com pessoas com deficiência,

seja em escolas regulares, academias, clubes, colônias de férias, enfim, em

qualquer lugar (STRAPASSON e CARNIEL, 2007).

METODOLOGIA

A presente investigação traz a tona à discussão de sobre os desafios

encontrados pelos professores de Educação Física para atuar com alunos que

apresentam deficiência em suas aulas.

Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo. De acordo com Minayo

(2008, p. 57):

O método qualitativo é o que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam.

A pesquisa foi realizada com professores de Educação Física que atuam nas

escolas municipais urbanas no município de Matipó – MG. Este município possui

17.639 mil habitantes. (IBGE, 2012). A Rede Municipal de Ensino do Município de

Matipó - MG possui 5 escolas na zona urbana e 7 professores de Educação Física,

porém apenas 5 responderão ao questionário, haja visto que as acadêmicas

pesquisadoras do estudo se constituem em docentes no município. A pesquisa foi

realizada através de entrevista semi-estruturada. A participação na pesquisa será

mediante a garantia de anonimato e sigilo e apresentação do Termo de

Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).

A entrevista semi- estruturada corresponde a um roteiro adequado que é

utilizado pelo pesquisador, onde nenhuma questão se põe de forma totalmente

aberta ou totalmente fechada. Por ter uma base clara no seguimento das questões,

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a entrevista semi-estruturada facilita a abordagem e garante, sobretudo aos

investigadores menos experientes, que suas hipóteses ou seus pressupostos serão

cobertos na conversa (MINAYO, 2008).

Os dados foram coletados nos meses de abril e junho de 2012. As entrevistas

foram gravadas com autorização do pesquisado e transcritas e armazenados em

arquivo Word versão 2007.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para fins de análise foram aplicado questionários para cinco professores de

Educação Física que atuam na Rede Municipal de Ensino do Município de Matipó –

MG. Das respostas obtidas, apropria-se daquelas consideradas relevantes ao

objetivo da pesquisa.

Os professores investigados na nossa pesquisa foram chamados de, Mariana

possui licenciatura plena em Educação Física e leciona há 3 anos. Ana Paula possui

licenciatura plena em Educação Física e atua como professora há 4 anos. Gisele

possui licenciatura plena em Educação Física, leciona há 6 meses. Janaina é

estudante do curso de licenciatura em Educação Física e leciona há 4 meses. João

Paulo possui licenciatura plena em Educação Física e leciona há 6 meses,

representados por nomes fictícios para que seja resguardada suas identidades.

Na primeira questão os professores são questionados se possuem

conhecimento sobre Educação Especial e/ou Educação Física Adaptada, onde

foram adquiridos esses conhecimentos e se foi satisfatório para sua atuação. Sobre

essa questão eles responderam.

Sim, foi satisfatório, pois com esses conhecimentos pude dar aula para alunos especiais. (Mariana) Sim, não precisei usar ainda, mais o conhecimento foi satisfatório. (Ana Paula)

Sim, mas esses conhecimentos não foram adquiridos na faculdade e como tenho um aluno com deficiência tive que correr atrás. (Janaina) Sim, adquiri na faculdade, mas ainda não trabalhei com crianças deficientes. (João Paulo)

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Os professores possuem conhecimento sobre Educação Inclusiva,

consideram o conhecimento satisfatório. O entrevistado 4 evidencia que os

conhecimentos não foram adquiridos na Faculdade durante sua formação. Bieger

(2011) considera necessário que as universidades e/ou instituições de ensino

superior ofereçam disciplinas que abordem a educação inclusiva para que o

estudante seja preparado para atuar dentro da proposta inclusiva.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), no capítulo V, art

59 destaca que os sistemas de ensino devem assegurar o atendimento dos

educandos com Necessidades Educacionais Especiais. Alves (2005) destaca a

importância da adequação dos currículos dos cursos de licenciatura, para que os

profissionais possam desenvolver métodos, técnicas e recursos educativos

diferenciados em suas aulas, objetivando atender às necessidades específicas

desse alunado.

Na segunda questão, interrogamos se os professores já atuaram ou atuam

com alunos que apresentam necessidades educacionais especiais (NEE) e se sim

quais necessidades especiais, como foi trabalhar com esses alunos. Observe as

respostas:

Sim, Síndrome de Down. Foi um aprendizado para mim e para eles, pois tive que me adaptar para ensiná-los. (Mariana) Sim, autismo. Apresentei dificuldades ao interagir com ele e com o restante da turma. (João Paulo)

O professor especializado deve valorizar as reações afetivas de seus alunos e

estar atento o seu comportamento global, para solicitar recursos mais sofisticados

como a revisão médica ou psicológica. Outro fato de estrema importância na

educação especial é o fato de que o professor deve considerar o aluno como uma

pessoa inteligente, que têm vontades e afetividades e estas devem ser respeitadas,

pois o aluno não é apenas um ser que aprende (SILVA, 2002).

Na próxima questão os entrevistados são questionados se a escola que

trabalha possui condições de receber alunos com deficiência e se o professor

recebe algum auxílio pedagógico para trabalhar com esse aluno.

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Nessa questão todos os professores afirmaram que a escola não possui

condições de receber o aluno com deficiência e que os professores não recebem

nenhum auxilio pedagógico.

A escola para todos requer uma dinamicidade curricular que permita ajustar o

fazer pedagógico às necessidades dos alunos. Para que as deficiências sejam

atendidas na escola regular, é necessário que os sistemas educacionais modifiquem

não só as suas atitudes e expectativas em relação a esses alunos. Mas, também,

que se organizem para construir uma escola real para todos, que dê conta dessas

especificidades (TAVARES, 2008).

Os professores de educação física não podem estar sozinhos na tarefa

pedagógica da inclusão. A prática pedagógica para crianças com necessidades

especiais requer um amplo e preciso acompanhamento da evolução do grupo. Não

basta apenas incluir a criança com necessidades especiais, é necessário prover

recursos para sua manutenção (FALKENBACH ET al., 2007).

A próxima questão os entrevistados são questionados se encontram

dificuldades para ministrar aulas para pessoas com deficiência. Nesse sentido,

observe.

Não. (Mariana)

Não. (Ana Paula)

Sim. Interagir com os alunos (Gisele). Não. (Janaina) Não. Mas é preciso ter conhecimento e muita atenção e carinho porque ao mesmo tempo em que ensina você aprende muito (João Paulo).

Os professores devem estar devidamente preparados para a inclusão,

adequando suas atividades e oferecendo desde atividades lúdicas até jogos

adaptados ao seu aluno, para que estes consigam lidar com as próprias dificuldades

e êxitos. Na Educação Física essa inclusão significa desenvolver atividades que

visem limitações físicas, motoras, sensoriais, mentais, potencialidades de alunos,

além de promover o melhor das pessoas com necessidades educacionais

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integrando-o aos demais alunos da turma através de atividades físicas (LENZ,

MAYER e BURGOS, 2012).

Os professores são interrogados em quais são os requisitos necessários para

um professor de Educação Física incluir um aluno com deficiência em suas aulas.

Ter com consciência que ele é um aluno “diferente” e ter uma noção de como dar aula para alunos especiais. (Mariana) Sempre seguro do seu serviço, ter conhecimento e ser capaz. (Ana Paula) Materiais necessários que muitas vezes as escolas não proporcionam. (Gisele) Materiais adequados e cooperação tanto dos alunos como dos professores. (João Paulo)

Ao professor cabe a função de trabalhar passando exemplos aos seus alunos

com deficiência, para que estes possam imitá-lo ou imitar a colegas que já consigam

executar bem os movimentos e ações. Ajudar fisicamente, inclusive, se houver

necessidade, trabalhar com a forma de estimulação verbal, a fim de aumentar a

auto-estima e consequente vontade de seguir na atividade, explorar gestos, enfim,

criar programas para que todas as diferenças possam participar em uma mesma

aula. Assim, a criança tem a oportunidade de criar, diversificar e ampliar a bagagem

motora que já traz consigo, agregando ainda mais experiências a seu acervo (LENZ,

MAYER BURGOS, 2012).

Na próxima questão interroga aos professores se acreditam que a

participação do aluno com deficiência em aulas de Educação Física auxilia a

inclusão do mesmo na comunidade escolar, se sim de que forma.

Sim, tendo mais contato com os demais colegas para uma boa socialização. (Mariana) Sim, entendendo e conhecendo através da sua capacidade. (Ana Paula) Sim, auxiliando na interação com os demais, assim desenvolvendo o lado afetivo da criança. (Gisele)

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Sim, pois através das aulas de Educação Física esse alunos se abre mais permitindo a interação com os demais alunos e consequentemente com os outros alunos da escola. (João Paulo)

O papel do professor de educação física é de contribuir com uma formação de

cidadão, cuja ação educativa é possibilitar aprendizagens e avanços nas

capacidades de adaptação da criança com deficiência em relação ao contato social

como também com a relação corporal. O brincar capacita à experimentação concreta

da criança, possibilitando um ir e vir entre as representações mentais e as ações

concretas, firmando-se como um facilitador no exercício das aprendizagens

(FALKENBACH et al., 2007).

Na ultima questão os professores são questionados em o que pode ser feito

para que a inclusão escolar deixe o mundo das ideias e as leis e se torne realmente

uma prática.

Mostrar que as crianças tem direitos iguais e que tem também suas prioridades e direitos. (Ana Paula) As escolas devem apresentar mais cursos de aperfeiçoamento para que tanto o professor quanto a escola possa receber o aluno. (Gisele)

Incluir os alunos de forma com que eles fiquem bem a vontade nas aulas, e que os profissionais possam trabalhar com mais dedicação e carinho com esses alunos. (João Paulo)

Essa ausência de investimento e/ou preparação aos profissionais acaba

acarretando na qualidade do ensino aos alunos com deficiência; pois as escolas irão

colocar em contato com esses alunos qualquer tipo de profissional sem uma

preparação adequada para melhor atender a demanda (SILVA e ROSA, 2010).

Silva e Reis (2011) consideram fundamental que se invista, verdadeiramente,

na formação do professor, no sentido de ajudá-lo a desmistificar conceitos e

preconceitos, tornando-o mais consciente, crítico, participativo e comprometido com

a construção de uma sociedade mais democrática.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluímos que os professores de Educação Física que atuam na Rede

Municipal de Ensino do Município de Matipó – MG conhecem e compreendem a

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importância da educação inclusiva no mundo atual. Mas trabalhar com os alunos

com necessidades educacionais especiais exige um preparo, e é devido à falta

deste que os professores encontram desafios quando vão atuar com os alunos

deficientes nas escolas.

Em relação às dificuldades encontradas os professores da presente pesquisa,

ressaltaram não possuir dificuldade. Mas observamos que a maior dificuldade que

existe na educação inclusiva atualmente é a o despreparo do profissional.

Reconhecemos que a educação vem modificando ao longo de sua história,

principalmente a educação inclusiva que é baseada em leis e princípios que

reconhecem a necessidade de uma educação para todos. Diante disso

consideramos necessários investimentos e cursos de especialização para uma

melhor preparação não somente para os professores de Educação Física, mas para

todos os conteúdos, podendo assim futuramente dizer que temos uma escola

inclusiva.

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SILVA, Lívia Ramos de Souza; REIS, Marlene Barbosa de Freitas.. Educação Inclusiva: o desafio da formação de professores. Revista de Educação, Linguagem e Literatura da UEG-Inhumas. v. 3, n.1, p.7-17, mar.2011. STRAPASSON, Aline Miranda; CARNIEL, Franciele. A Educação Física na Educação Especial. Revista Digital Buenos Aires; v. 11, n. 104 - Enero de 2007. TAVARES, Hermínia Vicente. Apoio Pedagógico às crianças com necessidades educacionais especiais DISLEXIA E TDAH. São Paulo Disciplina de Oftalmologia da Faculdade de Medicina do ABC – Centro de Referência em Distúrbios de Aprendizagem, 2008. TOSCANO, Chrystiane Vasconcelos Andrade; SOUZA, Rita de Cácia Santos; LOBATO, Raul Soares Júnior; COSTA, Luiz de Azevedo Neto. Educação Física no processo de Educação inclusiva: Dificuldades conceituais, procedimentos e atitudinais do fazer pedagógico no Município de Aracaju – SE. Disponível em: http://www.cbce.org.br/cd/resumos/254.pdf Acesso em 28.abr.2012.

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CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA SOBRE O FENÔMENO BULLYING

Janine Lopes Carvalho. Graduada em Psicologia, Especialista em saúde

mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de Extensão

da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia

de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX [email protected]

RESUMO

A pesquisa trata sobre bulliyng escolar, como as escolas e profissionais lidam com esse tipo de violência ocorrido na escola e em suas aulas. A pesquisa tem como objetivo compreender o conhecimento dos profissionais de educação física de escolas públicas da rede estadual de uma cidade da zona da mata mineira da ocorrência de bullying em suas aulas. Trata-se de uma pesquisa descritiva, o instrumento de coleta de dados foi um questionário semi-aberto, aplicado a 10 professores de Educação Física, correspondendo a todos os profissionais dessa área atuantes nas escolas do município de Santa Margarida – MG. Os resultados mostram que muitos desses professores ainda desconhecem que atos violentos que ocorrem dentro da escola podem evidenciar as diversas formas de se manifestar o Bullying, e consequentemente os prejuízos que vem com ele. PALAVRAS-CHAVE: Bullying, conhecimento, profissionais de Educação Física.

INTRODUÇÃO

Atualmente, em se tratando do contexto de violência na escola, seria

imprudente não mencionar um tipo de agressão cada vez mais comum, e que na

maioria das vezes se disfarça na forma de brincadeira: o bullying. (LOPES NETO,

2005).

Bullying palavra de origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil é utilizada

para qualificar atos de violência (física ou não) que ocorrem de forma intencional e

repetitiva contra uma ou mais pessoas, impossibilitadas de fazer frente às agressões

sofridas. O bullying é mais uma forma de violência que vem crescendo

assustadoramente e fazendo vítimas, fatais ou não, ao redor do mundo. Os

agressores do bullying são denominados bullies que tem o significado de valentão,

mandão, brigão e os agredidos são as vitimas (SILVA, 2010).

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Atualmente o bullying tem feito vítimas fatais, e a mídia tem contribuído muito

na divulgação desses casos, trazendo assim uma preocupação maior em conhecer

o fenômeno e construir parâmetros que possa minimizar esses acontecimentos. Um

caso amplamente divulgado pela mídia foi o de Wellington Menezes de Oliveira – o

atirador de Realengo – que chocou o Brasil após fazer 12 vítimas fatais em uma

escola de Realengo no ano de 2011, após investigação pela polícia e pela imprensa

soube-se que o atirador era uma pessoa bastante retraída que costumava ser vítima

de atos agressivos pelos colegas (PORTALODIA, 2012).

De acordo com o estudo realizado por Fischer et al. (2010) o bullying é um

fenômeno comum e recorrente nas escolas. O bullying é um fenômeno antigo e que

ocorre em todo o mundo, mas nos últimos anos o numero de casos tem aumentado

assustadoramente, principalmente no âmbito escolar fazendo diversos tipos de

vitimas e trazendo muitas conseqüências.

O interesse de escrever sobre bullying partiu de um estudo feito na disciplina,

Diretrizes e Bases do Desenvolvimento Humano III, ministrado pela professora

Janine Lopes Carvalho, no curso de Educação Física da Faculdade Vértice, sobre o

fenômeno e saber que muitas pessoas o consideram ainda como uma simples

brincadeira. Daí partiu a curiosidade de saber se os profissionais de educação física

de escolas públicas da rede estadual sabem identificar quando este tipo de

fenômeno esta ocorrendo dentro da escola e qual o conhecimento deles em relação

ao bullying.

A questão eixo que motiva a pesquisa é: Qual o conhecimento dos

profissionais da educação física em relação ao fenômeno bullying? Como eles

identificam a ocorrência desse fenômeno em suas aulas? Qual atitude tomam diante

dessa situação? Qual atitude eles acham correto que a escola tome?

Diante disso a pesquisa tem como objetivo compreender o conhecimento dos

profissionais de educação física de escolas públicas da rede estadual de uma cidade

da zona da mata mineira da ocorrência de bullying em suas aulas.

Pretendo com este estudo, contribuir no sentido de auxiliar os profissionais da

educação da importância de se ter o conhecimento sobre o tema, para que dessa

forma eles também possam contribuir na intervenção e prevenção desses casos que

muitas vezes trazem vitimas fatais.

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REFERENCIAL TEÓRICO

Desde a década de 80 na Europa, psiquiatras e psicólogos iniciaram um

estudo para distinguir as brincadeiras naturais e saudáveis, típicas da vida

estudantil, daquelas que ganham requintes de crueldade e extrapolam todos os

limites de respeito um pelo o outro. Dando assim origem ao termo bullying (SILVA,

2010).

No Brasil as pesquisas sobre bullying são recentes. O fenômeno bullying

passou a chamar a atenção da população brasileira a partir do momento em que a

mídia noticiou casos ocorridos em escolas e que tiveram desfechos trágicos. Os

primeiros estudos referentes ao assunto surgiram no fim de 1990 e início de 2000

por iniciativa de educadores preocupados com a crescente onda de violência nas

escolas (PINGOELLO, 2009).

Para Oliveira e Votre (2005, p. 174) o bullying:

É um comportamento cruel, portanto marcado pela intencionalidade em atingir objetivos eticamente condenados; é intrínseco nas relações interpessoais, e que pode verificar-se sempre que duas ou mais pessoas interagem, convivem, compartilham espaço de qualquer natureza.

O bullying pode ser expresso de várias formas sendo elas: verbal (insultar,

ofender, xingar, colocar apelidos, etc.), físico e material (bater, empurrar, ferir, roubar

ou destruir os pertences da vítima), psicológico e moral (humilhar, excluir, ameaçar,

dominar, fazer intrigas, difamar etc.) sexual (assediar, violenta, abusar, insinuar) e

virtual ou ciberbullying (através de equipamentos tecnológicos, celular e internet),

podendo causar várias consequências (SILVA, 2010).

Silva (2010) aponta que é importante identificar cada personagem envolvido

no bullying, para que as escolas e as famílias possam construir estratégias e ações

contra ao bullying.

Colovini (2007, p.14) ressalta que:

Os envolvidos com o bullying se classificam em: autores ou agressores, que são os que praticam a violência; vitimas ou alvos são aqueles que sofrem a violência arcando com as conseqüências do comportamento de seus colegas e testemunhas são aqueles que não sofrem nem praticam o

bullying, mas convive onde ocorre o fenômeno e fica calado.

Os motivos que levam os alunos a praticarem esse tipo de violência são as

diferenças econômicas, sociais e culturais, os aspectos inatos de temperamento do

agressor, influências de familiares, de amigos, da escola e da comunidade. Todos

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esses fatores constituem riscos para a manifestação do bullying que causa impacto

na saúde e no desenvolvimento de crianças e adolescentes (LOPES NETO, 2005).

Para Lopes Neto (2005), a agressividade nas escolas é um problema

universal. Mesmo assim os comportamentos característicos à violência pessoal,

denominada bullying, são tradicionalmente admitidos como naturais, sendo

habitualmente ignorados ou não valorizados, tanto por professores, demais

funcionários e pais. O acontecimento do bullying “é mais prevalente entre alunos

entre 11 e 13 anos, sendo menos freqüente na educação infantil e ensino médio”.

METODOLOGIA

O referente estudo trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem

quantitativa. Segundo Gil (1991, p.21) a pesquisa descritiva:

Visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento. (GIL, 1991, p. 21).

A coleta de dados foi realizada com 10 professores de Educação Física de 4

escolas públicas da rede estadual de um município de pequeno porte da zona da

mata mineira. O município contém 15.011 habitantes segundo os dados IBGE

(2010). A atividade econômica principal é voltada para agricultura com ênfase na

produção de café. O município não conta com muitas atividades de lazer e culturais

para seus habitantes.

O instrumento de coleta de dados foi um questionário semi-aberto, objetivo e

claro, elaborado pela pesquisadora do estudo com intuito de facilitar a maneira de

interpretação e entendimento dos participantes da pesquisa.

De acordo com Marconi e Lakatos (2007) o questionário é um instrumento de

coleta de dados, constituído por uma serie de perguntas, que devem ser

respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.

Caberá à pesquisadora esclarecer aos participantes da pesquisa a não

obrigatoriedade de responder o questionário e assegurar a quem participar de livre e

espontânea vontade seu anonimato e sigilo quanto suas respostas e apresentação

do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).

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A coleta de dados aconteceu nos mês de julho de 2012. Os dados foram

processados no Microsoft Office Excel e analisados através de estatística descritiva.

RESULTADO E DISCUSSÕES

O questionário foi respondido por 10 professores de Educação de Física do

município de Santa Margarida, os professores investigados na nossa pesquisa foram

chamados de, Iris (33), Margarida (33), Rosa (29), Lisianto (28), Delfin (27), Lírio

(27), Narciso (26), Jacinto (26), Dendron (26), Tulipa (24), representados por nomes

fictícios para que seja resguardada suas identidades. O tempo de formação de Iris e

Margarida são de 10 anos, Rosa 8 anos, Lisianto 6 anos, Tulipa, Lirio, Narciso e

Delfin 5 anos, Dendron e Jacinto aproximadamente 3 anos. Lírio, Delfin e Tulipa

atuam tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, os outros demais

professores atuam no Ensino Fundamental. Tulipa (24) trabalha á dois anos na

instituição e os demais professores atuam a 3 anos ou mais na instituição, todos

atuam no período matutino e vespertino.

A primeira questão procura analisar os tipos de agressão que são mais

freqüentes na escola:

Figura 1. Quais os tipos de agressão são mais freqüentes na escola?

Os tipos de agressão mais freqüente na escola foram “ameaças verbais,

empurrões e gozação” que é uma das classificações de bullying direto. Lopes Neto

(2005) aponta que:

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O bullying é classificado como direto, quando as vítimas são atacadas diretamente, ou indireto, quando estão ausentes. São considerados bullying direto os apelidos, agressões físicas, ameaças, roubos, ofensas verbais ou expressões e gestos que geram mal estar aos alvos.

A ocorrência do bullying acontece com maior freqüência nos meninos quando

se trata da forma direta, com o uso de violência física ou ameaças e nas meninas, o

bullying ocorre mais em sua forma indireta, com agressões verbais e difamações a

respeito da conduta (COLOVINI, 2009).

Em nova questão todos os professores pesquisados responderam identificar

em suas aulas alunos que costumam colocar apelidos nos colegas e que fazem

piadinhas e comentários maldosos. Em relação à postura que eles tomam diante

disto, os professores dizem que:

“Chamo atenção, faço com que pedem desculpas e explico por que estão errados” (Iris, professora, 33 anos).

“Sempre converso muito com eles explicando sobre a importância do respeito ao próximo” (Margarida, professora, 33 anos).

“Explico para eles que não estão corretos ao fazer qualquer ofensa ao colega, e também falo sobre as conseqüências que isso pode causar” (Lisianto, professor, 28 anos).

“Repreendo-os, e tento explicá-los que não é correto colocar apelidos maldosos e fazer piadas de mau gosto” (Narciso, professor, 26 anos).

De acordo com Santos (2007), se o professor transmitir aos alunos a

importância do respeito e tiver conhecimentos sobre os direitos das crianças, ser o

mediador de um ambiente de amizade e companheirismo, interferir de maneira

coesa nas chamadas brincadeiras de mal gosto, transmitir o papel ético, que envolve

a importância do respeito mútuo, do diálogo, da justiça e da solidariedade, os casos

de bullying poderão não acontecer no interior da sala de aula.

Na próxima questão procura identificar se existem alunos excluídos de grupos

de amizade nas aulas de educação física, 60% dos professores disseram que não,

mas 40% disseram que sim, que existem alunos excluídos em suas aulas.

As atitudes configuram o bullying em formas direta e indiretas, e nem sempre

a vítima recebe apenas um tipo de maus-tratos, e essa versatilidade de atitudes

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maldosas contribui para exclusão social da vítima e para a evasão escolar (SILVA,

2010).

Na questão em que pergunta se existem alunos que não participam das

atividades, por vergonha ou medo do que os colegas possam falar 40% disseram

que não existe, mas 60% disseram que existem alunos que não participam das

atividades. Os professores que responderam positivamente disseram em relação a

sua postura que:

“Tento fazer com que participem ensinando as regras do jogo” (Iris, professora, 33 anos).

“Aos poucos procuro diversificar as aulas e insistir para que ele participe” (Rosa, professora, 29 anos).

“Refletir com os alunos e inserir o aluno excluído na atividade proposta” (Dendron, professor, 26 anos).

“Procuro estabelecer o respeito para que todos sintam-se confortáveis para a participação da aula” (Lirio, professor, 27 anos).

Sabino (2010) diz que a Educação Física é um componente básico da

educação formal que possibilita a formação integral do aluno. É através da

Educação Física escolar que o aluno tem a oportunidade de vivenciar suas

competências de movimento, conhecer sua identidade, desenvolver suas

capacidades psicomotoras, sua criatividade, reforçar sua auto-estima e ter relações

sócio-afetivas.

Outra grande tarefa dos professores é mobilizar os alunos para o

conhecimento, estimular as interações e a participação, promovendo valores como

respeito e cooperação através do empenho coletivo, o que requer a adesão de todos

os envolvidos com a prática pedagógica (SILVA, 2002).

Na próxima questão procura-se identificar se os professores chegam a

perceber algum aluno que repetidas vezes sejam vitimados pela violência,

preconceito ou pela agressividade oferecidas por outros alunos, 50% disseram que

não e 50% disseram que sim. Os que responderam que sim têm a seguinte postura

diante dos alunos:

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“Sempre corrijo, e chamo atenção deles, e dou valor aquele aluno” (Delfin, professor, 27anos).

“Protejo imediatamente o aluno vitimado e reflito com os alunos sobre a igualdade de direitos e deveres dos mesmos” (Dendron, professor, 26 anos).

“Procuro sempre a participação de todos, através de estratégias, tento fazer com que o aluno seja participativo” (Lirio, professor, 27 anos).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (2000) citado por Haiduk (2010) aponta

que com o diálogo o educador trabalha com o agressor de forma que eles reflitam

sobre seus atos e consequentemente sobre as consequências que os seus atos

podem gerar nos alunos agredidos. Em relação ao respeito mútuo, ao trabalhar as

diferenças entre as pessoas, certamente estará prevenindo a ocorrência de bullying

em sala e demais ambiente da escola.

Sobre se existe na escola algum tipo de apoio às vitimas de violência, 60%

dos professores disseram que não e 40% disseram que sim. Os que disseram que

existem definiram o apoio como:

“Equipe de coordenação e orientadores” (Lisianto, professor, 28 anos).

“O apoio se dá mais por parte dos professores, supervisores e a direção da escola”(Dendron, professor, 26 anos).

“Através de conversa, chamam a polícia” (Margarida, professor, 33 anos).

As escolas necessitam capacitar seus profissionais para identificação,

diagnóstico, intervenção e encaminhamento adequado de todos os casos. Tem o

dever de conduzir o tema a sua comunidade para que estratégias preventivas sejam

criadas e executadas para enfrentar a situação. É preciso também contar com

apoios de profissionais de diversas áreas, e parcerias com instituições públicas

ligadas a educação e ao direito como: Conselho Tutelar, Delegacia da Criança e do

Adolescente, Promotorias Públicas, Varas da Infância e da Juventude e promotorias

da Educação (SILVA, 2010).

Sobre o que eles acham que a escola deveria fazer para diminuir a violência

em seu ambiente eles responderam:

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“Palestras, atividades sociais, atividades com a comunidade e a família... etc...” (Rosa, professora, 29 anos)

“Colocar câmeras em toda escola e punir as pessoas que usam a violência”. (Delfin, professor, 27 anos)

“Mais palestras e trabalhos diferenciados com todos os alunos, incluindo pais, professores e funcionários da escola” (Margarida, professora, 33 anos)

“Ter mais assistência de supervisoras, apoio psicológico e principalmente auxilio da família, o que digamos de passagem é o mais difícil” (Narciso, professor, 26 anos).

Albino e Terêncio (2012) apontam para violência escolar no Brasil as

recomendações com propostas de intervenção integral promovida pela UNESCO,

tais como: pensar em uma política pública global que abranja as várias áreas

referentes à educação, à qualidade de ensino, à convivência e às violências nas

escolas; realizar diagnósticos da situação de cada escola e de seu cotidiano; propor

novas regras de convivência escolar; romper com a lei do silêncio que se constrói

em torno da violência; discutir com alunos e corpo técnico-pedagógico sobre os

conflitos e violências; adotar medidas para a democratização do ambiente escolar,

possibilitando a participação dos alunos, na elaboração das regras e normas

escolares e, finalmente, integrar os pais e a comunidade no cotidiano escolar, além

de adotar programas de mediação de conflitos nas escolas.

Na última questão do trabalho e a principal, pergunta o que a palavra bullying

significava para eles, tivemos as seguintes respostas:

“É uma situação caracterizada por agressões intencionais verbais, feita de forma repetitiva, por um colega contra o outro” (Margarida, professora, 33 anos).

“Bullying é a denominação que se dá a situações violentas que ocorrem com um aluno, feito por outro aluno, pedem ser agressões físicas, verbais e emocionais” (Lírio, professor, 27 anos).

“O preconceito entre ambos. Agressões intencionais, verbais ou físicas feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. (ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato) (Jacinto, professor, 26 anos).

“Qualquer agressão física, verbal, ameaça, discriminação, que levam o outro a se sentir oprimido, envergonhado, amedrontado, influenciado, influenciado na sua vida escolar, pessoal e social” (Rosa, professora, 29 anos).

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“Uma ofensa verbal, feita através de apelidos a uma determinada pessoa com o propósito de gera gozações” (Lisianto, professor, 28 anos).

Lopes Neto (2005) define:

Bullying compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudante contra outro(s), causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder

Para Pingoello (2009) o pouco ou nenhum conhecimento por parte dos

professores de como o bullying se apresenta e se propaga pode contribuir com a

omissão de caso, por falta de conhecimento em como atuar de forma ativa na

tentativa de solucionar o problema, contribuindo com a sensação de impunidade dos

agressores e de insegurança nos alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados evidenciam que muitos dos profissionais pesquisados

conseguem apesar de achar difícil, lidar com casos de violência na escola, muitas

vezes através de conversas e conselhos sobre a postura que se devem ter dento e

fora da escola. Porém, muitos ainda desconhecem que esses atos violentos que

ocorrem dentro da escola podem evidenciar as diversas formas de se manifestar o

Bullying. Verificou-se também que nas escolas não existem nenhum tipo de apoio

específico às vitimas, e nem os familiares ficam sabendo da situação para que

possam ajudar a resolver de uma melhor forma.

Através da pesquisa observou-se que as escolas necessitam realizar

programas de capacitação dos profissionais não só da área de educação física, mas

todos os profissionais da instituição e membros da comunidade para colaborar na

prevenção e intervenção desses casos ocorridos em todos os segmentos da

sociedade.

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SANTOS, Luciana Pavan Ribeiro dos. O papel do professor diante do bullyng na sala de aula. Disponível em: http://www.fc.unesp.br/upload/pedag ogia/TCC%20Luciana%20Pavan%20-%20Final.pdf. Acesso em: 3.mai.2012.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

SILVA, Maria José Domingues da. Para onde caminha a educação: A violência nas escolas e suas implicações para a prática pedagógica. Disponível em: http://www.rizoma.ufsc.br/html/53-of10a-st2.htm. Acesso em: 31.ago.2012.

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A DANÇA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: OS DESAFIOS PARA O TRABALHO DOCENTE COM ESTE CONTEÚDO NA ESCOLA

Leidiana Pereira Queiroz e Isadora Cristina Martins Ribeiro. Graduandas em

Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Kátia Imaculada Ferreira de Oliveira – Bacharel e Licenciada em Dança, Especialista

em Metodologia da Pesquisa Científica . Professora da Faculdade Vértice - UNIVERTIX.

Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de

Extensão da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. Márcio Lopes de Oliveira. Graduado em Educação Física, Mestre en Ciencia de la Educacion Fisica, el deporte y la Recreación,Professor e Coordenador do curso de

Educação Física da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected]

RESUMO Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997) no Brasil existe

uma riqueza muito grande de manifestações e são criadas a todo tempo; inúmeras influências são incorporadas e as danças transformam-se, multiplicam-se. Dessa forma, o objetivo de nosso trabalho é compreender os desafios do trabalho docente com a dança para professores de Educação Física das escolas da rede estadual da cidade de Abre Campo - MG. Este trabalho encontra-se ancorado na abordagem de pesquisa qualitativa e foi realizado na cidade de Abre Campo - MG, através de entrevista semi-estruturada com 6 professores de Educação Física de ambos os gêneros, que atuam na rede Estadual de Ensino da mesma cidade. Constatamos o medo, a falta de preparação, a vergonha, enfim vários foram os motivos apontados pelos professores da rede Estadual da cidade de Abre Campo, MG, para não trabalhar a dança na escola.

INTRODUÇÃO

Olhar o ser humano por um só prisma é restringir a sua essência e sua

posição ante a uma perspectiva do seu modo de ver o mundo. As ciências devem

retomar a busca e a apreensão de pleno significado do homem enquanto ser total

refletindo e atuando no e com o seu contexto. O homem, enquanto fenômeno em

sua abrangência é fonte, motivo e fim de toda experiência, sentido e significado de

Ser, de ser-homem; deve buscar de forma dinâmica, constante e incessante, a

relação do sujeito frente ao mundo que possibilitará ao mesmo ser- no- mundo –

com- o- outro. É nessa relação constante, de sujeito e mundo que a essência se

desprende a partir da existência (NANNI, 2008).

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Todas as culturas têm algum tipo de manifestação rítmica e/ou expressiva, No

Brasil existe uma riqueza muito grande dessas manifestações. Danças trazidas

pelos africanos na colonização, danças relativas aos mais diversos rituais, danças

que os imigrantes trouxeram em sua bagagem, danças que foram aprendidas com

os vizinhos de fronteira, danças que se vêem pela televisão. As danças foram e são

criadas a todo tempo: inúmeras influências são incorporadas e as danças

transformam-se, multiplicam-se. (PCN’s, 1997, p.52)

Segundo PCNs(1997), o trabalho na área da Educação Física têm seus

fundamentos na concepção de corpo e movimento. Ou, dito de outro modo a

natureza de trabalho desenvolvida nessa área têm íntima relação com a

compreensão que se têm desses dois conceitos. Atualmente, a análise crítica e

busca de superação dessa concepção apontam a necessidade de que, alem

daqueles, se considere também as dimensões cultural, social, política e afetiva,

presentes no corpo vivo, isto é, no corpo das pessoas, que interagem e se

movimentam como sujeitos sociais e como cidadãos.

Entendendo o ambiente escolar como um meio rico em contados físicos,

sócio-afetivos, e ainda permeado de trocas de riquezas culturais, percebe-se que tal

ambiente necessita de um trabalho voltado para a Dança, pois tal disciplina permite

que estas trocas continuem existindo e mais ainda, que se fortaleçam no dia a dia da

escola.

A Dança Escolar deve possibilitar o regaste da cultura brasileira por meio da

tematização das origens culturais, sejam do índio, do branco ou do negro, como

forma de despertar a identidade social do aluno no projeto de construção da

cidadania (GIFFONI, 1973 citado por MANFIO e PAIN, 2008). É um tema que em

qualquer lugar haverá sua cultura a ser destacada e é na nossa área que irá ser

trabalhada de forma alegre, saudável.

Com esse estudo pretendemos contribuir para que a dança seja percebida

como um conteúdo tão importante quanto os outros desenvolvidos nas aulas de

educação física. Além disso, pretendemos apontar caminhos, evidenciando as

formas de trabalhar a dança de maneira simplificada, mantendo as suas

peculiaridades, porém com maiores possibilidades de ser desenvolvida plenamente

dentro da escola.

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METODOLOGIA

Este trabalho encontra-se ancorado na abordagem de pesquisa qualitativa.

Segundo Manfio e Paim (2008) com base em Barbosa (1998), essa abordagem de

pesquisa envolve a detenção de dados descritivos obtidos no contato direto do

pesquisador com a situação estudada, enfatizando mais o processo do que o

produto e se preocupa em relatar a perspectiva dos participantes.

Nossa pesquisa será realizada na cidade de Abre Campo-MG, em maio e

junho de 2011, com professores de Educação Física de ambos os gêneros, que

atuam na rede Estadual de Ensino, sendo que a maioria destes também atuam na

rede municipal de ensino da mesma cidade. Entre os entrevistados há profissionais

formados há mais de 6 anos e também recém-formados, possibilitando fazer uma

análise da qualidade dos cursos de dança em cada formação.

Em busca de nossas dúvidas decidimos que a melhor maneira para coletar os

dados necessários para analisarmos e assim chegar a uma conclusão seria através

de uma entrevista semi-estruturada.

Com seus dados registrados em ofício e gravação, para assim termos uma

maior fidelidade na transcrição das respostas. Esta gravação não será

disponibilizada para outros fins e pessoas, estando o entrevistado resguardado pelo

acordo de aceitação da gravação contendo esta condição.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Conhecimento e prática da dança pelos professores de Educação Física

No Brasil, atualmente, existem cerca de 15 cursos de graduação em dança,

no entanto, muitos deles são recentes, e além disso durante muito tempo o

profissional responsável pelas aulas de dança na escola foi o professor de Educação

Física.

Sabemos que a disciplina com o conteúdo de dança é obrigatória no currículo

de graduação do curso de Educação Física, como indica os Parâmetros Curriculares

Nacionais.

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Assim sendo podemos dizer que todos os profissionais formados em

Educação Física, tiveram alguma experiência com a dança e/ou atividades rítmicas

e expressivas.(PCNs, 1997- pag.51).

Para alguns professores entrevistados, esse tempo que tiveram de

experiência com a dança na faculdade não foi suficiente para que eles a

ministrassem nas suas aulas de Educação Física, podemos observar isso na

afirmação abaixo do professor 3, onde ele diz que:

“Tive acesso a disciplina Dança, na faculdade no

período de seis meses. Somente neste período, o que

não nos dá bagagem para ministrarmos aulas de dança

na escola.”

Podemos perceber que esta situação é recorrente uma vez que normalmente

a disciplina é ministrada em apenas um período durante a vida acadêmica.

Observamos também na fala do professor 5, que apesar de não se identificar

com o conteúdo da dança, ele admite ter tido uma boa formação. Podemos observar

isso na afirmação abaixo, onde diz, que em sua vida acadêmica teve contato com

Dança, por um semestre, mas que posteriormente continuou tendo contato com esta

prática

“...tive um semestre com a disciplina. Na profissional já tive dança de salão e

balé, participando da dança de salão e com gosto. E fiz curso de dança de salão

para escola(tempo integral).”

No caso dos entrevistados, todos estudaram a dança durante um período da

graduação, mas alguns afirmam que é um tempo muito curto para se tornarem aptos

para desenvolver este conteúdo nas aulas, assim constatamos na fala do professor

03, quando indagado se considera-se apto para desenvolver a dança em suas aulas:

“Agora sim! Só depois de alguns anos de prática é que a

gente tem condições de trabalhar. Pensar que só com a disciplina da

faculdade nos da embasamento para trabalharmos na escola com

Educação Física é bobeira. Só com a prática é que a gente aprende.”

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Quando se trata em técnica de dança, um semestre onde na turma há

diferentes níveis de habilidades para a dança, seria realmente um prazo curto, mas

se tratando de um curso de licenciatura em Educação Física onde se aprende

somente o básico deste conteúdo não podemos considerar que este seja um

empecilho para trabalhar a dança na escola.

Alguns fatores contribuem para o investimento tímido por parte dos

professores, no que diz respeito à inserção desses temas em maior escala nos seus

programas de ensino, afirmando assim na fala do professor 05:

“Não. Mais por identificação com a dança, mesmo entendendo de dança a

vergonha atrapalha, pois na formação vi várias possibilidades de se trabalhar.”

E ainda existem aqueles professores que sempre procuram trabalhar este

conteúdo, por se identificarem, conseqüentemente facilitando o trabalho com tal.

Assim como afirmam os professores 01 e 02. Sendo que o professor 01 afirma:

“Sim. Por gosto e ter jeito pra dança, porque quem não sabe dançar não tem

como dar uma aula.”

Em seguida o professor 02, faz essa seguinte afirmação:

“Sim. Adoro dança, toda vida eu dancei, nos anos iniciais tive medo, por medo

dos alunos não se interessarem pelo conteúdo, mas pelo desempenho dos alunos

eu vou trabalhar pelo menos uma vez ao ano, principalmente nos anos iniciais, por

conta das estruturas psicomotoras.”

De acordo com Campos e Nunes (s/ano), eleger a dança como tema a ser

trabalhado sistematicamente, principalmente por meio de projetos, é dar a

oportunidade para que os alunos (as) vivenciem práticas ligadas à expressa, à

criatividade, ao ritmo, à cultura, ou seja, ao desenvolvimento da arte.

Através das entrevistas podemos perceber que muitas das vezes a dança só

aparece em datas comemorativas, em eventos escolares, enfim, nunca como um

conteúdo específico na escola. Podemos perceber isso nas falas dos professores

01, 02, 04,05 e 06, onde afirmam respectivamente que:

“Em auditório, quadrilha, no conteúdo, de dança, brincadeiras e atividades

rítmicas com corda entre outras. Durante as aulas e projetos da escola. No pátio da

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escola e em festas, e quem ensaia é os professores de Educação Física. Não tendo

a colaboração de outros.

“A dança apresenta quando tem algum evento da escola, como folclore,

primavera, pois nem sempre só em festa junina, e nas aulas de Educação Física.

Em determinadas épocas e deveria ter ao menos uma vez no mês. Sempre

acontece na escola, e quem ensaia sou eu.”

“Para comemorar algum evento. Os alunos que ensaiam e apresentam na

escola.”

“Apenas em festas junina. Se apresentam na quadra. E cada ano é uma

professora quem ensaia. E eu geralmente não me indico.”

“Nos auditórios, festas, aulas, trabalhos. Os professores regentes,

professores de educação física, amigos da escola.”

Podemos observar nas respostas acima dos entrevistados, que a dança

aparece muito pouco na vivência de professores com alunos na escola. Segundo

Campos e Nunes (s/ano), o desenvolvimento de atividades com dança não precisa

necessariamente ser direcionado a montagem de coreografias ou à apresentação

em um festival, o que restringiu as inúmeras possibilidades do conteúdo, focando

apenas em um produto final.

Com isso podemos perceber na fala do professor 03, que ele trabalha a

dança nas suas aulas de Educação Física, constatamos isso quando disse:

“Como já disse, uma vez por mês nas aulas de Educação Físicas, 50 minutos.

Alongamento, aquecimento (músicas coreografadas) e volta à calma (música mais

lenta) e em auditórios e formaturas no final do ano. Apresentam na escola mesmo e

quem ensaia sou eu mesma, professora de Educação Física.”

Através desses argumentos do professor (a) entrevistado podemos evidenciar

que a dança não necessariamente precisa ocorrer somente em eventos ou festas

juninas nas escolas, ela pode ser inserida nas aulas de Educação Física, se

tornando assim um conteúdo importante a ser passado para os alunos. Segundo

CBC (s/ano, pag.46), como forma de expressar a vida, sonhar e brincar com o corpo,

a dança pode promover o desenvolvimento orgânico, social e cultural.

Procuramos colher informações também a respeito do gênero, ou seja, se de

alguma forma ele pode causar ou não, algum tipo de influência ao se aplicar o

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conteúdo da dança, por parte dos alunos. Ao entrevistar o professor 01, obtivemos a

seguinte resposta:

“Sim. Porque os meninos não dançam e acabam dispersando, atrapalhando a

aula, não tem como obrigar menino a fazer o que não quer. A única coisa mais ou

menos que eles gostam é forró e sertanejo e mesmo assim não dança com fulano

ou cicrano.”

Ao entrevistarmos o professor (a) 04, no deparamos com uma resposta

parecida, qual aponta a mesma questão em relação ao preconceito com a dança por

parte dos meninos, o professor indagou:

“Na maioria das vezes os meninos não gostam e acha que isso é coisa de

(boiola).

Por outro lado podemos perceber através da fala do professo (a) 05, que este

problema está cada vez mais ficando para trás e que os alunos de ambos os

gêneros estão se soltando mais e deixando de lado esse preconceito, percebe-se

que muitas vezes a segregação entre os alunos ocorre muitas vezes também pela

diferença de idade, percebemos isso quando diz:

“Sim. Dependendo da faixa etária, no início a timidez atrapalha, mas depois

eles se entregam. Já no ensino médio há uma grande resistência. Mas quando

trabalhei, a turma respondeu muito bem tanto os meninos quanto as meninas.”

Podemos afirmar isso, através da fala de Campos e Nunes (s/ano, pag.109 e

110), quando destacam que a apresentação da dança como uma prática tipicamente

feminina está passando por algumas rupturas a partir de mudanças sociais que vêm

acontecendo desde a década de noventa, principalmente com o advento do axé e do

“funk”, que fizeram com que garotos se interessassem por danças, nas quais

inclusive o “rebolado” é evidente.

Dentre os professores surgiu também essa polêmica pelo lado da religião, o

qual um deles destacou a questão que muitos alunos, dizem que não podem dançar

por causa da religião, podemos evidenciar essa questão na fala do professor (a) 02,

no qual afirma:

“Tem diferença de idade no tempo integral, mas tento reunir o

máximo de alunos, mas sempre têm aqueles que a igreja não permite

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pais não deixam ou não gostam, mas tento animá-los: vocês não

nasceram andando, tudo tem que começar. A dança pode servir de

volta a calma para as crianças, penso em montar um projeto.

Depende da dança que você vai fazer, pois o forró e o country que

tem par têm um pouco de dificuldade, porém a dança de rua não

achou problema. E o professor precisa de criatividade para achar

maneiras para o aluno que não quer aquela dança participe de outro

estilo, mas que participem.”

De acordo com CBC (s/ano pág.47), a dança é uma rica possibilidade de

trabalhar os movimentos expressivos, mas não é a única forma. Podemos criar

oportunidades para os alunos vivenciarem a pantomima, a produção de sons com o

próprio corpo, a dramatização. Neste caso, como na dança, o trabalho de

improvisação deve ser considerado, pois envolve imaginação, expressiva e

espontaneidade.

Segundo os PCNs (1997, pág.53), por meio das danças e brincadeiras os

alunos poderão conhecer as qualidades do movimento expressivo como

leve/pesado, forte/fraco, rápido/lento, fluido/interrompido, intensidade, duração,

direção,sendo capaz de analisá-los a partir desses referenciais;conhecer algumas

técnicas de execução de movimentos e utilizar-se delas; ser capaz de improvisar, de

construir coreografias,e, por fim, de adorar atitudes de valorização e apreciação

dessas manifestações expressivas.Podemos perceber a importância da dança,como

vimos no trecho citado acima, tanto para os alunos quanto para os professores,nas

aulas de Educação Física através da fala do professores(a), 01,03,05 e 06,

respectivamente:

“Sim. Cooperação, socialização e também um conteúdo diferenciado para

chamar a atenção deles.”

“Sim. Claro. Até para mim quanto professora, pois eu achava que nunca iria

dar conta de montar uma coreografia e muito menos de passar (ensinar) para os

meus alunos e hoje faço isso com facilidade. E para os alunos como falei, além de

desenvolver como um todo, ainda trabalha a socialização e a descontração.”

“Com certeza. Em todas as áreas, físico, auto-estima.”

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“Sim. Uma melhora na expressão corporal, na qualidade de vida e no

cognitivo. Corpo e mente trabalhando juntos.”

Como vimos, a dança tem o poder de proporcionar muitos benefícios de

forma geral para o ser humano, independente da idade, do gênero, enfim

independente da pessoa, tudo depende somente da força de vontade do indivíduo, e

esse conteúdo, consideravelmente têm muita importância e precisa ser passado

para os alunos. De acordo com o CBC (s/ano, pág.46), toda dança comporá valores

culturais, sociais e pessoais produzidos historicamente. Ignorar essa questão faz da

dança mera repetição mecânica dos gestos, por mais agradáveis e belos que

possam parecer.

Cabe a Educação Física (re) conhecer outras possibilidades encontradas na

dança e em suas mais diversas manifestações populares, como forró, o pagode, a

lambada, o rap, o funk, o hip-hop, o underground, o tecno, dentre outras. Essas

expressões apresentam-se como alternativas de legitimação da cultura dos alunos,

reconhecimento deles como sujeitos históricos, imersos num contexto sociocultural.

Ao entrevistar professor (a) 02, podemos entender de uma forma bem simples a

fundamental importância desse conteúdo nas escolas:

“É uma coisa nova, você tendo coragem de trabalhar uma

dança na escola vai ganhar reconhecimento, pois ninguém

trabalhava, pois é difícil e precisa de tempo para a preparação da

aula. Eu arrisco e tento, mesmo com medo de errar. Quando a gente

vê uma coisa que nós fizemos e dá certo, ficamos muito

emocionados.”

Todo movimento pode ser usado como matéria-prima em uma coreografia,

como uma metáfora que informa ao espectador o desejo criativo de um coreógrafo.

Contudo, a dança não se materializa apenas no corpo do dançarino profissional; ela

se mostra em cada indivíduo que, com ou sem acompanhamento musical,

exterioriza seus pensamentos ou sentimentos por meio de movimentos carregados

de significados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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A dança possui conceitos específicos que deveriam ser trabalhados, como

podemos perceber a dança é um conteúdo muito importante, o qual precisa ser

trabalhado na escola, e constatamos que ela aparece muito pouco nesse espaço.

Em nosso estudo podemos constatar o medo, a falta de preparação, a

vergonha, enfim vários foram os motivos apontados pelos professores da rede

Estadual da cidade de Abre Campo, MG, para não trabalhar a dança na escola.

Porém, temos que defender a hipótese de que a dança não pode continuar sendo

colocada na Educação Física como uma área pouco utilizada, ou seja, aparecendo

somente em festas juninas, festivais escolares ou apresentações. Ela deve ser um

conteúdo que faça parte do plano de ensino dos profissionais de Educação Física,

pois por meio das aulas de dança, os alunos adquirem uma maior socialização, além

de ser uma forma de eles liberarem suas energias, se expressarem através do corpo

e explorarem sua criatividade.

Enfim, podemos perceber que as atividades de dança, se diferenciam

daquelas normalmente propostas pela educação física, pois não caracteriza o corpo

do aluno como um apanhado de alavancas e articulações. Ao contrário, o corpo

através da dança expressa suas emoções e estas podem ser compartilhadas com

os outros, através da imaginação, dos movimentos e da expressão corporal em

geral, o qual consegue nos transmitir.

Percebe-se, ainda, a necessidade de um trabalho de base para que os

indivíduos adquiram experiências concretas com a dança em sua formação e que

sejam estimulados a buscar uma complementação no conteúdo como uma

reciclagem e assim possibilitar uma vivencia concreta do seu corpo enquanto

instrumento expressivo, para assim serem capazes de estimular e educar seus

alunos através da dança, permitindo que a vivencia da corporeidade seja uma

constante no ambiente escolar.

REFERÊNCIAS

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BERNARDINO, Edimar José. et al. Artigo - A dança no contexto da Educação Física: na visão de professores de ensino infantil e Fundamental de Romaria-MG. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/EDUCACAO_FISICA/artigos/A_danca_no_contexto_EF.pdf. Acesso em: 16.fev.2011. CAPRI, Fabíola Schiebelbein;FINCK, Sílvia Christina. A dança no contexto da educação física. Uma análise da prática de ensino no processo de formação docente. Revista Digital. Disponível em: http://www.efdeportes.com/. Acesso em: 16. fev. 2011. COUTINHO, Renato Xavier.et al.Perfil de idosos praticantes de atividades fpisicas: saúde e atividades da vida diária.Revista Digital. Disponível em: http://www.efdeportes.com/. Acesso em: 16. fev. 2011. FILHO, Lino Castellani et al. Metodologia do Ensino de Educação Física.2.ed. São Paulo:Cortez,2009. 200p. GASPARI, Telam Cristiane. Dança. In: DARIDO, Suraya Cristina et al. Educação Física na Escola: Implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 199-226p. NANNI, Dionísia. Dança Educação: princípios, métodos e técnicas. 5.ed.: Rio de Janeiro: Sprint, 2008. NANNI, Dionísia; Ensino da dança; Rio de Janeiro: Shape, 2003,215p. PAIM, Maria Cristina Chimelo; MANFIO,Juliane Baggiotto. Artigo – A dança no contexto da Educação Física escolar: e a percepção de professores de ensino médio. Disponível em: http://www.efdesportes.com. Acesso em: 16.fev.2011. TEIXEIRA, Fernanda Gomes. A dança e a ginástica como práticas pedagógicas na Educação Física. Revista Espaço Acadêmico. Disponível em: http://www.espacoacademico.com.br/091/91teixeira.pdf. Acesso em: 16. fev. 2011.

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A PERCEPÇÃO DE PROFESSORES DE OUTRAS DISCIPLINAS SOBRE A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Larissa Condé Matos e Moisés Felício Cassiano – Graduandos em Educação

Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX. Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de

Extensão da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. [email protected]

RESUMO

Essa pesquisa integra um estudo mais abrangente aprovado no Programa de Incentivo Básico à Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade Vértice – Univértix, fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG). O objetivo do estudo foi compreender a percepção de professores de outras disciplinas sobre a Educação Física na escola. A pesquisa qualitativa foi realizada através de entrevista estruturada com 5 professores das disciplinas de Geografia, Matemática, Artes, sendo duas professoras de Língua Portuguesa, de uma escola pública estadual de uma cidade da Zona da Mata Mineira. Os resultados dessa pesquisa apontam para a compreensão equivocada dos profissionais da escola sobre o lugar da Educação Física para o desenvolvimento integral do ser humano, o que tem sido causado principalmente pela falta de identidade desta área do conhecimento. A Educação Física não tem sido muito bem vista pelos profissionais da Educação, porém os próprios professores de Educação Física são os responsáveis por esta lástima enquanto não realizar o seu trabalho com consciência e responsabilidade.

INTRODUÇÃO

Sabemos que quando se quer realizar uma investigação, temos como base

uma história de interesse por parte dos investigadores. Contudo, este interesse pode

vir de diversos fatores, tais como, uma experiência de vida, ou até mesmo questões

polêmicas e/ ou atuais.

Dessa forma, apresentamos nosso interesse de pesquisa levando em

consideração nossas experiências escolares, o relato de professores de Educação

Física sobre opiniões de outros profissionais da escola em relação à disciplina em

destaque e o fato de termos essa grande curiosidade sobre o que pensam os

profissionais da educação a respeito da disciplina.

A Educação Física faz parte do currículo escolar desde 1882, quando Rui

Barbosa deu seu parecer sobre o projeto 224, reforma Leôncio de Carvalho, decreto

nº 7.247 de 19 de abril de 1879 na qual defendeu a inclusão da ginástica na escola e

equiparação dos professores, uma vez que as pessoas precisam ter um corpo

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saudável para sustentar uma atividade intelectual.

Apesar de mais de um século que ela faz parte do currículo, a Educação Física

nas escolas públicas vem recebendo críticas de alunos, pais, professores de outras

disciplinas entre outros profissionais da escola, já que ela tem sido percebida como

atividade que não contribui efetivamente para o desenvolvimento integral de crianças

e adolescentes. Nesse sentido, Medina (2006) coloca que a Educação Física precisa

entrar em crise urgentemente, questionar criticamente seus valores e se tornar

capaz de justificar-se a si mesma, buscando a sua identidade.

Mattos e Neira (2000) dizem que a Educação Física comparada a outras

disciplinas evidencia falta de objetivo, já que as outras matérias propiciam aos

alunos uma metodologia diversificada, tendo estudo com exposição de vídeos,

visitas técnicas a lugares que os alunos estão estudando naquele momento, nos

livros de diversos autores, discussão de problemas atuais e passados, enquanto a

Educação Física Escolar não sai dos conhecimentos fundamentados no esporte.

O posicionamento de Medina (2006) é o de que a Educação Física ainda sofre

em relação a outras disciplinas, entretanto o que mais assusta não e o desprezo e a

discriminação em si, mais a passividade com que ela aceita os seus

condicionamentos.

Existem também controvérsias, pois Soares (1996) por exemplo destaca que a

Educação Física está na escola. Ela é uma disciplina de ensino e sua presença traz

uma adorável, benéfica e restauradora desordem naquela instituição. Esta sua

desordem é portadora de uma ordem interna que lhe é peculiar e que pode criar

outra ordem na escola.

Botelho e Oliveira (2005) afirmam que as disciplinas Educação Física,

Educação Artística e Educação Religiosa são, historicamente, posicionadas de

forma desigual. Para as autoras as outras disciplinas do currículo escolar se

sobrepõem, pois consideram que a exigência intelectual seja mais marcante.

Diante do exposto, a questão norteadora dessa pesquisa é: como é a

percepção de professores de outras disciplinas sobre a Educação Física numa

escola pública estadual da cidade de uma cidade da Zona da Mata Mineira? Assim,

o objetivo do estudo foi compreender a percepção de professores de outras

disciplinas sobre a Educação Física na escola.

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Com a realização desta investigação, pretendemos contribuir a ampliação da

produção de um conhecimento que vise à ressignificação da identidade profissional

do professor de Educação Física, bem como o lugar desta disciplina no currículo

escolar. Além disso, pode apontar caminhos que subsidiem o professor na

transformação da docência.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Às vezes nos deparamos com situações que deixam a desejar, como por

exemplo, a atuação de alguns profissionais em suas áreas. Isso gera certa

preocupação, pois automaticamente, nasce ali um preconceito em relação aos

demais profissionais que, por sua vez, fazem bem o seu trabalho.

Podemos destacar como exemplo o professor laissez-faire, que segundo Dias

e Sousa (2003) é definido como aquele professor que deixa a aula acontecer, sem

se preocupar com o que os alunos estão fazendo.

Segundo Cardoso (2006) sempre quando nos referimos à Educação Física

cada pessoa tem certa concepção de aula dessa disciplina. Adquirimos esse

conhecimento durante o tempo escolar, os anos de formação profissional e nos

cursos de graduação universitária. No entanto, isso não quer dizer

necessariamente que as concepções e crenças apreendidas por aquele sujeito que

está se constituindo profissionalmente seja necessariamente a sua forma de

conduzir as aulas na escola. Sobre isso, Mattos e Neira (2000) destacam que esse

profissional adquire considerável bagagem de conhecimento durante a sua

formação e que o empobrecimento do seu trabalho nas escolas leva-o ao não

resgate do que aprendeu, ao esquecimento, à subutilização de seu potencial e a

formação profissional, isto é, a inutilização de suas capacidades e habilidades.

Uma ajuda para a mudança dessa realidade pode estar na etapa de

preparação do professor de Educação Física. Essa etapa permite o contato direto

com a comunidade e seus problemas, suas contradições e suas necessidades

emergentes de mudança. Essas atividades podem acontecer em escolas, através

do agir pedagógico de uma prática docente, a saber: (I) aplicando conhecimentos,

(II) formando atitudes críticas e (III) desenvolvendo habilidades necessárias para

essa prática (CARDOSO, 2006).

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Para Pires (2005) um dos eixos norteadores dos currículos acadêmicos é o

programa de formação em serviço de professores de Educação Física, que deve

estabelecer como meta a capacitação para reflexões que tematizem e anunciem

possibilidades de intervenção pedagógicas em diferentes espaços institucionais.

Tamanha abrangência ressalta como pressupostos o reconhecimento de que

somos, antes de tudo, profissionais-educadores e, de acordo com Marques (1992,

p.19) cabe a cada um e ao mesmo tempo ao coletivo “responsabilizar-se pelo

compromisso social solidário que o identifica na profissão da docência”.

Pereira e Bueno (2011) defendem que a formação inicial e continuada do

licenciado em Educação Física assuma como responsabilidade social a preparação

profissional direcionada, prioritariamente, para atuação na educação básica, em

seus três níveis de ensino, reconhecendo a escola como lócus de atenção, estudo e

intervenção.

Segundo Galvão (2002) o docente qualificado deve conhecer a dimensão e o

alcance do seu saber, conhece as suas implicações e o rumo que o mesmo pode

tomar. Conhecendo-se, pode estabelecer contato com os demais e, com alguma

certeza, ensinar e aprender de maneira dialética.

Diante disso, devemos apresentar o conceito de desenvolvimento profissional.

Segundo Garcia (1997) esse conceito rompe com a mera justaposição dos

elementos componentes da tradicional formação de professor: formação inicial –

através de conhecimentos acadêmicos – e formação em serviço ou continuada –

através de cursos de aperfeiçoamento e capacitação docente. Nesse caso, a

graduação é apenas o primeiro nível de desenvolvimento profissional, cujas

dimensões técnicas, culturais e pessoais se entrelaçam dialeticamente, provocando

continuidades e rupturas entre os níveis. Dessa forma, o desenvolvimento

profissional refere-se à capacidade do educador em articular os seus conhecimentos

teóricos, levando em consideração as suas experiências profissionais e pessoais.

Segundo Cimini e Machado (2008) a docência representa a ação estruturada

do que se relaciona ao ato de ensinar, tendo a participação e contribuição, tanto do

professor como do aluno. E a didática, segundo elas, refere-se à prática de ensinar,

ou seja, a metodologia utilizada pelo professor para que o aluno alcance a

compreensão do que está sendo ensinado.

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Medina (2006) destaca em sua obra que, lamentavelmente, é comum

encontrarmos indivíduos que pregam coisas que absolutamente não entendem e é

nesse sentido que a nossa cultura está necessitando de uma revolução. Uma

revolução que comece com uma “crise”. Mas uma crise que, por meio do choque das

contradições, amplie nossas possibilidades como humanos.

Medina (2006) publicou a 1ª edição de sua obra em 1983, com um estudo que

se tornou marco na Educação Física Brasileira e defendia que essa disciplina

precisava entrar em crise para conseguir superar, naquela época, o quadro de

indefinições quanto a sua identidade. O estudo do autor versa sobre os graus de

consciência (intransitiva, intransitiva ingênua e transitiva crítica) dos estudantes de

Educação Física, denunciando a precariedade do processo de formação acadêmica

nos cursos de graduação.

Para Medina (2006) a crise é um instante decisivo, que traz à tona

praticamente todas as anomalias que perturbam um organismo, uma instituição, um

grupo ou mesmo uma pessoa.

Dessa forma, Medina (2006) também afirma que, as mudanças mais radicais

não ocorrem espontaneamente, sem revoluções. Mas é preciso, antes de tudo, se

dispor a assumir um compromisso consigo mesmo, com os outros, com o mundo e

com a vida. O resto começará a acontecer a partir daí.

METODOLOGIA Essa pesquisa integra um estudo mais abrangente aprovado no Programa de

Incentivo Básico à Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade Vértice – Univértix,

fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG).

O estudo foi realizado numa escola pública estadual de uma cidade localizada

na Zona da Mata Mineira, em agosto de 2012. A cidade contexto da pesquisa

apresenta uma área de 194 quilômetros quadrados e sua principal atividade

econômica é o cultivo de café. Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) (2010), sua população é de 7.128 habitantes.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que segundo Bogdan e Biklen (1994,

p.70):

o objetivo dos investigadores que compartilham o paradigma qualitativo é o de melhor compreender o comportamento e experiência humana. Tentam compreender o processo mediante o qual as pessoas constroem

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significados e descrever em que consistem estes mesmos significados. Recorrem à observação empírica por considerarem que é em função de instâncias concretas do comportamento humano que se pode refletir com maior clareza e profundidade sobre a condição humana.

O estudo foi realizado através da entrevista estruturada, constituída de 10

perguntas. No entanto, nesse estudo parcial foram discutidos os dados apenas das

duas primeiras questões. Os sujeitos da pesquisa foram 5 professores que ministram

aulas de Matemática, Geografia, Artes, sendo duas professoras de Língua

Portuguesa. Os pesquisadores tinham a intenção de realizar a entrevista com todos

os profissionais da escola, cerca de 26 pessoas. No entanto, a maior parte deles não

quis participar do estudo por diferentes motivos que preferimos não mencionar a

pedido deles.

As entrevistas foram gravadas, transcritas e armazenadas em arquivo tipo

Word versão 2000, o que possibilitará a recuperação dos dados quando necessário.

De posse dos dados, fizemos a triangulação a fim de estabelecer as categorias de

análise que emergiram da inserção no campo; portanto, não a priori.

CATEGORIAS EMERGENTES DA COLETA DE DADOS

Os professores investigados nessa pesquisa foram chamados de Joice, Júlia,

João, Jarbas e Joana, representados por nomes fictícios para resguardar suas

identidades. Segue tabela com caracterização dos professores investigados:

Tabela 1: Caracterização dos professores pesquisados.

Característica N=5 Gênero

Jarbas Masculino Joana Feminino João Masculino Joice Feminino Júlia Feminino

Faixa Etária

Jarbas 33 anos Joana 53 anos João 37 anos Joice 36 anos Júlia 43 anos

Curso superior

Jarbas Geografia Joana Letras/ Pedagogia João Matemática

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Joice Português/ Inglês Júlia Pedagogia

Tempo de formação acadêmica

Jarbas 9 anos Joana 28 anos João 8 anos Joice 6 anos Júlia 3 anos

Tempo de atuação profissional

Jarbas 6 anos Joana 30 anos João 5 anos Joice 11 anos Júlia 20 anos

Iniciamos a entrevista perguntando como a Educação Física era trabalhada

no tempo em que eles foram alunos e como ela é trabalhada atualmente. Todos os

professores responderam que no seu tempo de aluno não existia professor com

formação na área e que essa pessoa responsável pela aula muitas vezes não

possuía sequer curso superior. As aulas se caracterizavam pelo praticismo,

esvaziadas de sentido e significado. Inclusive, aluno que residia na zona rural era

dispensado.

Ao contrário disso, Medina (2006) enfatiza que a Educação Física é uma

disciplina essencialmente, mas não exclusivamente prática. Sobre isso, o mesmo

autor ressalta que a prática torna-se vazia se não for acompanhada por uma teoria

que lhe dê suporte, assim também a teoria sem a prática não constitui a práxis,

fundamental ao processo de ensino e aprendizagem.

Os professores pesquisados consideram que atualmente a Educação Física

melhorou, lembrando principalmente que as aulas são ministradas por profissionais

graduados na área, o que, de fato, não se pode afirmar que é suficiente. A fala de

João aponta para essa discussão:

Hoje mudou um pouco, tem professor habilitado, mas mesmo assim algumas aulas de Educação Física deixam a desejar, pois os alunos ficam ainda fazendo o que querem. (João, professor de Matemática, 37 anos). Mediante a pergunta sobre como as aulas de Educação Física são realizadas

nesta escola, os professores responderam:

Existe um professor específico e habilitado que duas vezes na semana

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trabalham com os alunos na quadra ensinando as regras e jogos que ajudam no preparo físico e mental. (Joice, professora de Língua Portuguesa, 36 anos). As aulas são realizadas na quadra, onde o professor ensina os esportes em geral e algumas aulas são trabalhadas dentro de sala, onde está presente a parte teórica da disciplina. (João, professor de Matemática, 37 anos). Tem aula na quadra e dentro da sala, e os professores desta disciplina dão mais futebol e vôlei do que qualquer outra coisa. Trabalham muito as regras e também incrementam o xadrez nas aulas. (Jarbas, professor de Geografia, 33 anos). O professor dá uma aula prática e uma teórica e acontece um aquecimento. Há a predominância do vôlei e o futebol. (Joana, professora de Língua Portuguesa, 53 anos). A partir desses depoimentos percebe-se que as aulas são assinaladas pelo

praticismo e pela repetição cotidiana dos esportes.O praticismo das atividades

vincula-se às representações da concepção de Educação Física Higienista. Ela

vigorou no final do império e no período da primeira república (1889-1930). Esta

concepção enfatiza, em primeiro plano, a dimensão biologista e, segundo Ghiraldelli

Júnior (2001), atribuiu à Educação Física o papel fundamental na formação de

homens e mulheres sadios, uma vez que ela assumiu o lugar de agente de

saneamento público na busca de uma sociedade livre de doenças e vícios

deterioradores da saúde. Possibilitando compreensão a respeito disso, Ghiraldelli

Júnior (2001) afirma que:

O trabalho do professor de Educação Física, como socializador da cultura erudita, vai além da pura e simples transmissão das técnicas da ginástica e do desporto. É fundamental que a aula de Educação Física se transforme num ambiente crítico, onde a riqueza cultural se estabeleça como trampolim para a crítica.(GHIRALDELLI JÚNIOR, 2001, p. 58)

Outra evidência que os depoimentos fornecem é a falta de compreensão dos

professores investigados a respeito do valor da Educação Física para o

desenvolvimento integral do ser humano, haja vista que predominam em seus

relatos afirmações frágeis e inconsistentes que apontam para a dicotomia corpo e

mente e o lugar da Educação Física quase que exclusivamente voltada para o

desenvolvimento físico.

Ocorre que a formação de uma consciência coletiva adequada a respeito do

valor da Educação Física é de responsabilidade dos professores que a ministram,

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isto é, quem faz esta disciplina são os professores nela envolvidos. Ao encontro

disso, Medina (2006) destaca que os objetivos, os conteúdos, os métodos e o

próprio conceito da Educação Física são condicionados pelo grau de consciência

individual e coletiva dos que trabalham nesta área do desenvolvimento humano.

Na sequencia da entrevista, questionamos os professores o que eles pensam

sobre as aulas de EF na escola. Obtivemos as respostas:

Penso que a Educação Física é importante para o desenvolvimento físico dos alunos, pois com ela eles saem de uma possível vida sedentária, passando a ter gosto pela prática de esportes. (Jarbas, professor de Geografia, 33 anos). Acho muito importante, pois através das aulas de Educação Física pode-se observar o comportamento físico de cada aluno, pode detectar principalmente em crianças bem menores deficiência corporal. (Joice, professora de Português/Inglês, 33 anos). Essas duas respostas anteriores sobre a Educação Física reforçam

novamente a percepção dos professores vinculando-a a dimensão exclusivamente

física. De uma maneira muito mais ampla, a tendência sócio histórica considera no

caso da Educação Física, a dimensão cultural, social, afetiva e política, além da

fisiológica e técnica. O indivíduo passa a ser um sujeito que tem uma história de vida

individual que se constrói inserido no coletivo. Na concepção sócio histórica teoria e

prática constituem uma unidade indissolúvel.

Os três depoimentos que se seguem ainda apontam outro lugar que a

Educação Física ocupa na escola:

Contribuem para o desenvolvimento físico dos alunos, e também como uma distração para os alunos, para que estes não fiquem só dentro das salas de aula. (Júlia, graduada em Pedagogia, 43 anos). É importante para quebrar a rotina dos alunos e também para que estes possam ter conhecimentos de esporte e atividades físicas em geral. (João, professor de Matemática, 37 anos). É a aula mais atrativa para o aluno, pois adoram esporte, os professores hoje trabalham a teoria e matérias interdisciplinares, vejo muita importância nisto.(Joana, Pedagoga, 53 anos). As palavras distração, quebrar a rotina e atrativa assinalam então para o lugar

de adendo que a Educação Física ocupa na escola. Significa que com ela ou sem

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ela não faz muita diferença, já que o horário da aula serve principalmente como

formas diversas de descanso de outras aulas. Adversamente a isso, Candau (1996)

afirma que o professor é um profissional com características peculiares em relação a

outros, uma vez que seu trabalho não pode ser reduzido a uma rotina, ao contrário,

supõe criatividade, envolvimento, compromisso e doação.

A veracidade da afirmação anterior pode ser constata quando é perguntado

aos professores como eles acreditam que a Educação Física é percebida pelos

diversos profissionais da escola:

Pelo desinteresse dos outros profissionais quando se fala da Educação Física vê que eles não dão nenhuma importância a ela. (Jarbas, professor de Geografia, 33 anos).

Serei sincera, muitos profissionais a percebem com insignificância, pois eles acham que a educação Física deixa os alunos agitados e que não ajuda em nada, isso foi comentários que já chegou até mim. (Joice, Professora de Língua Portuguesa, 33 anos). Ocorre é que muitos professores de Educação Física não separam os

momentos das aulas de Educação Física, deixando ao fim da aula que os alunos

retornem às salas agitados, já que não tiveram o momento de reflexão, possibilitaria

alunos e professores das outras disciplinas perceberem que a aula tem sequencia,

planejamento e, portanto, objetivo. Sobre isso, Nascimento, Freris e Dias e Sousa

(2002) colocam que o momento de reflexão é o mais importante da aula de

Educação Física, uma vez que nele o profissional, através de observações

conceituais, oportuniza o aluno a perceber o lugar fundamental da Educação Física

na formação deles. Aliás, a reflexão é o momento de maior aproximação entre

professor e aluno, à medida que estes têm a oportunidade de intensificar o vínculo

afetivo através do diálogo.

Ainda sobre a percepção dos professores sobre a Educação Física,

constamos:

A maioria a vê como uma hora de brincar, de distração, e chegam a dizer que não faz nenhuma diferença.(Júlia, professora de Artes,43 anos). Alguns dão importância para a Educação Física, mas em geral ela é vista como somente um lazer na escola.(João, professor de Matemática, 37 anos).

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Se esta a especificidade da Educação Física for à mencionada nos dois

últimos depoimentos, Ribeiro (1996) levanta a seguinte questão: qual é então a

diferença entre um recreio dinâmico e uma aula de Educação Física? Segundo o

mesmo autor se não houver diferença será mais eficiente, inclusive mais barato,

abolir a Educação Física e aumentar os tempos de recreio na escola.

Essa análise possibilita compreender os desafios da disciplina Educação

Física. “O professor, aos olhos dos dirigentes, é uma entidade vazia de significado,

que não gera benefícios sociais visíveis. Ensino não exige trabalho, não é trabalho.

Ensino é “bico”, improvisação, é reprodução de uma realidade estática “(SILVA,

2000, p.17).

Contudo, é preciso enfatizar que “estes procedimentos não são resultados

exclusivamente da falta de competência de um ou outro profissional, mas

consequência de um contexto histórico-social porque passou a Educação Física no

Brasil e no mundo” (DARIDO. 1997 p.193). Baseado nisso, ressaltamos que a

compreensão da organização da Educação Física é muito complexa, visto que,

houve de certa forma, uma incorporação das cinco tendências da Educação Física

brasileira, e essas estão vivas nas cabeças dos profissionais atuais e, não raro,

levam a um ecletismo pouco produtivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados parciais dessa pesquisa apontam para a falta de compreensão

dos profissionais da escola sobre o lugar da Educação Física no desenvolvimento

integral do ser humanos, o que tem sido causado principalmente pela falta de

identidade desta área do conhecimento.

A Educação Física não tem sido muito bem vista pelos profissionais da

Educação, porém cabe principalmente aos Profissionais de Educação Física reverter

essa situação, fazendo o seu trabalho com consciência e responsabilidade.

REFERÊNCIAS

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HABILIDADES ARTÍSTICAS, CULTURAIS E DESPORTIVAS DOS ACADÊMICOS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA FACULDADE VÉRTICE – MATIPÓ-MG

Darlene de Fátima Garcia e Luis Fernando Gomes Coelho – Graduandos em

Educação Física. Bolsista Fapemig. Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX Janine Lopes Carvalho. Graduada em Psicologia, Especialista em saúde mental e

MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

Kelly Aparecida do Nascimento. Licenciada e Bacharel em Educação Física, Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e Coordenadora de Extensão

da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX. [email protected]

RESUMO Habilidades são capacidades técnicas para realizar determinadas atividades, desenvolvidas a partir da teoria e da prática, gerando experiência. O presente trabalho tem como objetivo identificar as habilidades artísticas, culturais e esportivas dos acadêmicos dos cursos de graduação da Faculdade Vértice. Para sua realização foi aplicado questionário, onde os mesmos revelaram suas preferências, interesses e práticas. Foram analisados resultados parciais de 529 acadêmicos, com o objetivo de identificá-las a fim de promover a valorização de tais habilidades. Com os resultados obtidos pode-se verificar que embora os acadêmicos, em sua maioria não se considerem habilidosos, não deixam de ter interesse em praticar/aprendê-las.

PALAVRAS-CHAVE: identificar; habilidades; acadêmicos. INTRODUÇÃO

A Faculdade Vértice é uma instituição de educação superior mantida pela

Sociedade Educacional Gardingo Ltda. – SOEGAR. As atividades acadêmicas desta

Instituição foram iniciadas em fevereiro de 2008, iniciando com 2 (dois) cursos de

graduação naquele momento. Atualmente, a Faculdade Vértice (4846) possui 8 (oito)

cursos de graduação em funcionamento. No final do ano de 2010 emergiu a ideia de

ampliação das instalações da Faculdade Vértice para novos campi, haja vista o

impacto social do empreendimento em Matipó e região, que passou a utilizar o nome

fantasia Faculdade Univértix (UNIVÉRTIX, 2011).

A Missão Institucional da Univértix é ser uma entidade de referência

educacional, tendo seu projeto político-pedagógico baseado na prática e no senso da

justiça e da solidariedade, utilizando técnicas modernas, flexíveis e inovadoras

integradas a comunidade (UNIVÉRTIX, 2011).

Nesse sentido, a Faculdade Vértice – Univértix nasceu com o compromisso de

exercer uma função social de fundamental relevância dentro do contexto populacional

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do município de Matipó e região. O Campus na cidade de Matipó abrange dezenas de

municípios com distâncias de até 80 Km, totalizam mais de 400.000 habitantes,

dispondo atualmente de cerca restrição socioeconômicos para estudar em uma

Instituição de Ensino Superior (IES).

Embora seja uma Instituição particular, a Univértix vem se estabelecendo em

Matipó e região como uma Faculdade preocupada em inserir a sociedade dentro do

seu âmago, oferendo condições para que todo cidadão que tenha o anseio de cursar o

ensino superior possa se tornar um acadêmico. Para isso, ela oferece estágios

remunerados, bolsas internas, bolsa transporte, além dos projetos do governo federal

como PROUNI e FIES (Financiamento Estudantil).

Outrossim, empenhada em conhecer inteiramente os acadêmicos que atende a

Instituição procura ainda compreender as suas necessidades e valorizar às suas

experiências. E é exatamente para estimar as experiências que os seus acadêmicos

apresentam é que a questão norteadora desde estudo se delineia: quais são as

habilidades artísticas culturais e esportivas dos acadêmicos dos cursos de graduação

da Faculdade Vértice- Matipó-MG?

Ao encontro dessa questão, insere-se o Regimento Interno da Instituição, que

em seu artigo 3º que dispõe sobre os objetivos da Univértix, e em seu parágrafo 3º

coloca como um deles contribuir para a formação da cultura superior e para o

desenvolvimento das ciências, do desporto, das letras e das artes; e no paragrafo 4º

promover a divulgação e a difusão de conhecimentos culturais, científicos e técnicos

que constituem patrimônio da humanidade (UNIVÉRTIX, 2011).

Diante disso se delineia o objetivo da investigação: identificar as habilidades

artísticas, culturais e esportivas dos acadêmicos dos cursos de graduação da

Faculdade Vértice- Matipó-MG.

Desde 2008 a Univértix vem se empenhando na realização de uma gestão

participativa, ensino de qualidade e investimento em iniciativas de extensão e pesquisa

com recursos próprios. A partir de 2011 começa a ampliar seus horizontes

principalmente com a parceria estabelecida com a Fundação de Amparo à Pesquisa de

Minas Gerais – FAPEMIG. Reflexos disso já se constatam com a criação em 2012 da

coordenação de Pesquisa e de Extensão. Assim, aproveita-se para registrar que esse

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estudo se constitui em uma iniciativa da coordenação de Extensão a fim de poder

estabelecer novas estratégias e metas que incluem os acadêmicos.

Com este estudo pretendemos contribuir para uma compreensão mais apurada

das experiências dos acadêmicos por parte da direção, coordenações e demais setores

da Univértix a fim de que eles possam aproveitar melhor as qualidades apresentadas

pelos seus discentes.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O levantamento bibliográfico sobre habilidades artísticas, culturais e desportivas,

mesmo que em um contexto generalista, apontou que não houve ainda praticamente

nenhum pesquisador que já tenha se dedicado a essa temática. Aliás, até mesmo a

identificação dos conceitos-chave do estudo, que se constituem em ferramentas

intelectuais para a sua execução também se apresentou de forma restrita. Segue assim

discussão conceitual necessária à abordagem da temática em questão.

Habilidades, talento e competências

Sobre o conceito de habilidades, Press (2005) coloca que elas são capacidades

técnicas para realizar determinadas atividades, desenvolvidas a partir da teoria e da

prática, gerando a experiência. Fleury e Fleury (2001) auxiliam a compreensão do

conceito colocando que habilidade é a demonstração de uma aptidão particular na

prática.

Outro conceito que contribui para a compreensão daquele de habilidades é o de

talento. Talentos são capacidades inatas de cada ser humano e que os leva a um

desempenho naturalmente excelente, associando prazer e facilidade tanto na

aprendizagem quanto na execução (PRESS, 2005).

Press (2005) afirma ainda que o talento leva qualquer atividade à arte, ou seja,

pode transformar habilidades em inovação, criatividade, flexibilidade, adaptabilidade,

originalidade, autenticidade, excelência e alto rendimento. Essa é a diferença entre

contratar um profissional que tem apenas habilidade e aquele que também tem o

talento para a função ou cargo que exercerá. O primeiro poderá chegar à eficiência,

mas o talentoso terá melhores condições de chegar ao desempenho qualificado.

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O mesmo autor destaca que a soma da habilidade e do talento formam o que

chamamos de competência. Sobre a competência, Fleury e Fleury (2001) destacam

que ela é conjunto de aprendizagens sociais e comunicacionais sustentadas pela

aprendizagem e pela formação, que se pauta na avaliação do outro como indicar. O

status de competência é adquirido quando o conhecimento e o know-how são

comunicados e utilizados, isto é, as pessoas precisam saber que eles existem. Assim,

a rede de conhecimento em que se inserem cada sujeito é indispensável para que a

comunicação seja eficiente e gere a competência.

O Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (2000) trata do conceito de

competências e habilidades numa óptica um pouco mais especifica, porém ainda

relevante a essa discussão. Para o Instituto competências são as modalidades

estruturais da inteligência, isto é, ações e operações que utilizamos para estabelecer

relações com e entre objetos, situações, fenômenos e pessoas que pretendemos

conhecer. As habilidades derivam das competências adquiridas e referem-se ao plano

imediato do “saber fazer”. Por meio das ações e operações, as habilidades aprimoram-

se e unem-se, permitindo nova reorganização das competências.

Experiência e cultura

A natureza do conceito de experiência em que me apóio perpassa o conceito

apresentado pelo cientificismo moderno, que é reduzido ao sentido de experimento,

aquilo que é planejado de modo técnico, previsível e passivo. Esta concepção

apresenta um conceito limitado e empobrecido para as discussões relacionadas ao

fenômeno educacional.

Ao contrário do conceito apresentado pelo cientificismo, Dias e Sousa (1999), afirma

que Benjamin (1994), defende experiência de tal forma que ela seja um acontecimento

cujo resultado é desconhecido, produzindo infinitas condições de possibilidade. De

acordo com essa autora, a experiência forma, transforma e produz a subjetividade, que

é ímpar para cada sujeito, já que um mesmo evento pode ou não significar experiência

para determinado grupo e, em caso positivo, ela não será a mesma para todos. Nesse

sentido, ela não é previsível, não pode ser planejada tecnicamente, o que impossibilita

a relação causa e efeito. Tais apontamentos constituem-se em situações observadas

em experiência nos moldes do cientificismo moderno.

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De acordo com o conceito defendido por Benjamin (1994), o sujeito dá sentido e

significado ao objeto e este é constantemente re-significado por ele. Segundo Dias e

Sousa (1998), o objeto é entendido aqui como um fragmento de cultura, que faz refletir

sobre a natureza das atividades realizadas pelo sujeito, que compõe a experiência. Já

numa visão cientificista, o sujeito é assumido como algo exterior ao objeto, o que não é

uma relação de experiência, no sentido benjaminiano do termo.

Dias e Sousa (1999) nos chama a atenção para o conceito de vivência, que,

embora semelhante, contrapõe-se ao conceito de experiência. Segundo ela, Benjamin

(1994) criou este conceito para contrapô-lo ao de experiência, com a intenção de

discutir a inexistência do último na modernidade. O conceito de vivência enfatiza um

mundo caracterizado por informações aceleradas e fragmentadas, que passam diante

dos olhos dos sujeitos, mas é incapaz de tocá-lo. O sujeito “sabe mais, mas não muda

em relação ao que é” (DIAS e SOUSA, 1999, p. 27). Ao contrário da vivência, a

experiência parece cancelar “a fronteira entre o que o sujeito sabe e o que ele é entre o

que ele passa no mundo e o que ele passa em seu interior. Ela resgata a capacidade

de memória do sujeito e sua singularidade no mundo” (DIAS e SOUSA, 1999, p. 27).

Portanto, para Benjamim (1994), experiência “não é o que ocorre e é registrado fora do

sujeito, mas sim o que ocorre no/com o sujeito, por isso o modifica, o transforma, altera

sua identidade” (DIAS e SOUSA, 1999, p. 27).

A discussão do conceito de experiência nos possibilita a reflexão, conforme

Fleury e Fleury (2001) de que as emoções e os afetos orientam o aprendizado e a

integração de memórias. As pessoas lembram-se melhor daquilo que lhes despertou

sentimentos positivos do que daquilo que lhes manifestam sentimentos negativos e se

praticamente não se lembram daquilo que as deixou indiferentes. As emoções

contribuem efetivamente na motivação para a pessoa aprender; parecem atribuir cor e

sabor ao que aprende.

Como a cultura influencia nas experiências, consideramos o primeiro outro

conceito fundamental a abordagem dessa temática. Encontramos em Freire (1983)

uma definição de cultura que vem fornecer subsídio ao nosso pensamento. Este autor

diz que a dimensão cultural, num sentido amplo, antropológico-descritivo, é tudo que o

homem cria e recria engendrado nas permanentes relações homem-realidade, homem-

estrutura, realidade-homem, estrutura-homem. Continua a definição, inferindo que:

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Todos os produtos que resultam da atividade do homem, todo o conjunto de suas obras, materiais ou espirituais, por serem produtos humanos que se desprendem do homem, voltam-se para ele e o marcam, impondo-lhe formas de ser e de se comportar também culturais. Sob este aspecto, evidentemente, a maneira de andar, de falar, de cumprimentar, de se vestir, os gostos são culturais. Cultural também é a visão que tem ou estão tendo os homens de sua própria cultura, da sua realidade. (FREIRE, 1983, p. 56-7).

Chauí (2002) também discute o conceito de cultura. Depois de algumas

definições de cultura, como a própria autora afirmou em sentido amplo e restrito,

conclui que cultura é “a maneira pela qual os humanos se humanizam por meio de

práticas que criam a existência social, econômica, política, religiosa, intelectual e

artística” (p. 295).

As definições de Freire (1983) e Chauí (2002) são, de certa forma, coincidentes

com a de Geertz (1989), que enfatiza a cultura como uma teia de significados,

produtora/produto do homem. O próprio Geertz (1989) afirma concordar com Weber

quando este diz “que o homem é um animal amarrado às teias de significados que ele

próprio teceu”. Ele também assume cultura como “sendo essas teias e sua análise;

portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência

interpretativa, à procura do significado” (GEERTZ, 1989, p.15). As teias de significado

de que fala Geertz são tecidas no seio de cada grupo humano, a partir das

manifestações de atividades e dos diversos tipos de linguagem.

Nesse sentido, podemos considerar a cultura conforme Alves (2011), como uma

característica humana, já que somente o ser humano pode produzi-la, e social porque o

homem não pode desenvolvê-la individualmente. Quando tratamos sobre cultura

falamos em algo abrangente, pois ela envolve toda produção racional humana,

precisamente, toda produção da inteligência humana e não somente literatura, cinema

e teatro.

METODOLOGIA

Essa pesquisa integra um estudo mais abrangente aprovado no Programa de

Incentivo Básico à Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade Vértice – Univértix,

fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG).

O estudo, do tipo descritivo, foi realizado através de um questionário aplicado

aos acadêmicos de todos os cursos da Faculdade Vértice – Univértix. O questionário

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apresenta lacunas para serem preenchidas abordando habilidades artísticas, culturais

e esportivas a fim de que os acadêmicos possam ir assinalando ou não. A coleta de

dados foi realizada nos mês de agosto de 2012, com o questionário inserido na

plataforma web giz. Participou da pesquisa um total de 529 acadêmicos. Os dados

coletados foram tabulados em arquivo Excel versão 2010 e organizados em forma de

dados descritivos para melhor comunicação de seus resultados. Sobre a pesquisa

descritiva Gil (1999, p. 21) afirma que ela:

Visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento.

Esta Instituição localiza-se na Zona da Mata Mineira, no município de Matipó-

MG. Atualmente, a Faculdade Vértice possui 8 (oito) cursos de graduação em

funcionamento, a saber: Administração, Agronomia, Ciências Contábeis, Licenciatura

em Educação Física, Enfermagem, Engenharia Civil, Farmácia e Medicina Veterinária,

além de dois cursos técnicos. Possui ainda mais de 1000 alunos matriculados; 95

funcionários, destes um total de 75 professores.

Matipó é um município brasileiro do estado de Minas Gerais. De acordo com o

censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010), sua

população é de 17.639 habitantes. A principal fonte de renda da cidade de Matipó é a

agropecuária, com maior destaque para a cafeicultura, além do comércio.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir dos dados parciais obtidos após a avaliação do questionário, pôde-se

verificar que a maior parte dos entrevistados, 56,33% é do sexo masculino. No que diz

respeito à faixa etária, a maioria dos participantes da pesquisa tinham entre 17 e 30

anos o que corresponde a 89,98% dos entrevistados (Tabela 1).

Verificou-se também, após análise dos dados, em relação à variável cor/etnia

que 51,23% dos entrevistados consideram-se brancos. E embora o número de

evangélicos esteja crescente, a população católica ainda é predominante com 73,91%

entre os entrevistados (Tabela 1).

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Tabela 1: Características sócio-demográficas referidas pela população

investigada, 2012.

Característica N=529 %

Gênero Feminino 231 43,67 Masculino 298 56,33 Faixa Etária 17 – 30 anos 476 89,98 31 – 45 anos 47 8,88 46 – 60 anos 61 – ou mais

5 1

0,95 0,19

Cor/ Etnia Branca 271 51,23 Negra 32 6,05 Amarela 30 5,67 Parda 196 37,05 Religião Católica 391 73,91 Evangélica 109 20,60 Espírita 9 1,70 Outra 20 3,78

Nos Anais do XIII CNLF (2009, p. 1803) fala do crescimento do número de

evangélicos no país:

Os evangélicos representam o segmento religioso que mais cresce no Brasil. O ISER (Instituto Superior de Estudos da Religião) sugere que o número de evangélicos gira em torno de 13% da população, chegando a 20% em alguns estados, como Rio de Janeiro. Para os pessimistas, o percentual nacional seria de 11% e para os otimistas, 22%. De qualquer forma, o crescimento é bem alto.

Os pesquisados responderam que durante o tempo livre a atividade a qual se

dedicam são, em ordem de preferência: uso de computador para lazer 50,66%, leitura

e estudo 48,39%, assistir TV e vídeos 47,64%, dormir 44,05% e ir à igreja 37,81%.

Em relação às habilidades musicais quando perguntados sobre se tocam e/ou

estão aprendendo a tocar algum instrumento 15,69% dos entrevistados responderam

que tocam e/ou estão aprendendo a tocar algum instrumento, 25, 14 % disseram que

tocam este instrumento por lazer. Quando questionados se gostariam de aprender a

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tocar algum instrumento, 52,74% responderam que gostariam de aprender a tocar

violão, 17, 77 % disseram que gostariam de aprender a tocar piano e bateria.

Quando perguntados se já estudaram música 27,79% responderam não mais

que gostariam de estudar e 6,62% responderam que já estudaram música. A questão

seguinte foi se já cantaram em algum momento da vida 23,06% disseram cantar por

lazer, 12,85% cantam na igreja e 0,95% cantam e/ou cantaram profissionalmente.

Perguntados se já fizeram parte de alguma banda ou grupo musical 7,94% dos

entrevistados disseram que sim. Sobre qual estilo musical cantam, 31,38% disseram

que cantam sertanejo, 14,37% música religiosa, 10,40% pop rock e 35,54% disseram

cantar outro estilo musical.

Perguntados a respeito de dança, 21,36% disseram que gostariam de fazer aula

de dança, 8,70% disseram que já fazem ou fizeram. Quarenta % responderam que

dançam por lazer, 1,13% na igreja e 0,57% o fazem profissionalmente. A respeito do

estilo de dança que gostariam de aprender o forró recebe destaque com 53,69% das

preferências, seguido da dança de salão com 24,57%, logo atrás com 10,21% vem o

balé e 22,50% optaram por outro estilo de dança.

A dança, de um modo geral, é extremamente importante como meio de diálogo, de reflexão e de possibilidades de revisão de conceitos, pois o respeito a si próprio e ao outro está presente em sua prática, que traz aprendizados que podem levar a transformações, reafirmações, concepções e princípios, na busca de uma construção mais significativa de nossos códigos de valores (ABRÃO e PEDRÃO, 2005, p.244).

Quanto a considerarem-se pessoas com habilidades artísticas 24,76%

responderam positivamente. A respeito das habilidades artísticas que gostariam de

aprender, dentre os onze itens apresentados a fotografia foi à escolha de 40,08%, logo

atrás ficou o desenho com 31,38% e pintura em tela com 24,39% na preferência dos

entrevistados. Foram ainda perguntados se já fizeram teatro alguma vez na vida,

17,01% responderam que sim, e 34,03% gostariam de fazer um curso de teatro.

Quando questionados sobre a prática de esportes 48,96% declararam ser

praticantes. No quesito com que frequência praticam 34,78% disseram que o faz uma

vez por semana.

Ainda quando questionados sobre qual esporte gostariam de aprender/praticar,

48,02% dos entrevistados optaram pela natação, seguida do voleibol com 24,76% e o

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automobilismo com 20,79% ocupa o terceiro lugar. Surpreendentemente o futebol,

preferência nacional, ficou na quarta colocação com 19,85% na preferência dos

entrevistados. Melo (2007, p.2) pontua que:

Podemos afirmar que o Brasil é considerado o País do futebol, para compreender esta idolatria, basta perceber como o País para a cada quatro anos, quando são realizadas as Copas do Mundo, para acompanhar e torcer pela seleção. Os brasileiros mudam suas rotinas e entram em campo com o time canarinho.

Perguntados se praticam alguma luta, responderam positivamente 5,67% dos

entrevistados. Sobre quais lutas gostariam de praticar na ordem de preferência:

31,95% jiu jitsu, 25,90% judô, 24,95% muay thai, capoeira 24,7%. Silva e Zamboni

(2010, p.5) ressaltam que:

O jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta são produções da cultura corporal que foram incorporadas pela Educação Física e seus conteúdos (...). Em cada uma dessas manifestações existem benefícios fisiológicos e psicológicos e suas possibilidades de utilização como instrumentos de comunicação, expressão, lazer e cultura.

Sobre as modalidades de atletismo que gostariam de aprender/praticar, corridas

rasas e corridas cross country foram a preferência de 15,88% dos indivíduos, logo

depois temos salto em distância com 15,12% seguido do arremesso de peso com

13,99%.

A Faculdade Vértice conta hoje com moderno complexo esportivo, com quadra

poliesportiva, piscina, campo de futebol, laboratórios de lutas e dança e pista de

atletismo semi-olímpica, que atende aos acadêmicos do curso de Educação Física em

suas aulas.

Quando perguntados sobre os jogos que gostariam de aprender/praticar, 37%

dos entrevistados escolheram o xadrez, jogo que exige raciocínio lógico de seus

praticantes.

Douglas e Zara (2008, p. 104) apontam que:

O xadrez pode ser um bom instrumento para demonstrar métodos de raciocínio lógico para a tomada de decisões. Uma das vantagens do xadrez é que ele exclui a sorte, a não ser a sorte de jogar com um jogador que não é habilidoso! Ou que se distrai, ou a sorte de não cometermos nós mesmos os erros.

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Em regra, a vitória no xadrez depende exclusivamente da habilidade dos jogadores.

Quanto à prática da leitura, 39,32% relataram que costumam ler às vezes,

seguido dos que leem sempre com 33,08%. Os que leem quando necessário

representam 24,76% dos participantes da pesquisa. Sendo a leitura de jornais a de

maior preferência entre 56,71%, seguido da leitura de revistas com 55,39% e logo atrás

vem à comédia com 31,00%.

Farone, Hittleman e Unruh (1990) citados por Silva e Santos ( 2004,p. 459)

dizem que:

Ao realizar uma pesquisa documental sobre a leitura no âmbito universitário, destacaram sua importância como um dos caminhos que levam o aluno ao acesso e à produção do conhecimento, enfatizando a leitura crítica como forma de recuperar todas as informações acumuladas historicamente e de utilizá-las de maneira eficaz.

A respeito do tipo de filme que preferem 60,30% dos entrevistados responderam

ação, aventura com 54,06% vem logo atrás e ficção científica tem 32,89% das

preferências.

Perguntados se falam ou escrevem outras línguas além do português, 7,94%

responderam que sim. Quanto ao interesse por aprender outras línguas, o inglês

aparece com 83,55%, o espanhol com 54,25%, seguido do francês com 29,87% no

grau de interesse dos entrevistados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com os resultados obtidos pode-se verificar que embora os acadêmicos, em

sua maioria não se considerem habilidosos, não deixam de ter interesse em

praticar/aprendê-las. O que é positivo para nossa pesquisa, uma vez que com ela

pretende-se realizar atividades que valorizem as habilidades dos acadêmicos.

Dados curiosos foram revelados, como a predominância da população

masculina e o futebol perdendo destaque na preferência dos esportes.

Verificou-se que embora inseridos no meio acadêmico, muitos dos

entrevistados não cultivam o hábito da leitura frequente, o que pode comprometer o

bom rendimento dos mesmos. Ainda sendo a população acadêmica

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predominantemente jovem, encontramos pessoas na faixa etária de 45 a 60 anos ou

mais frequentando uma IES.

Diante disso, está lançado o desafio de projetos que melhorem o que apresenta

deficiência, estimulem os pontos positivos e busquem a valorização das habilidades

apresentadas pelos acadêmicos.

REFERÊNCIAS

ABRÃO, Ana Carla Peto; PEDRÃO, Luis Jorge. A contribuição da dança do ventre para a educação corporal, saúde física e mental de mulheres que frequentam uma academia de ginástica e dança. Revista Latino-americana de Enfermagem. Disponível em: http://www.eerp.usp.br. Acesso em: 14. Set.2012. ALVES, Arabelle Nogueira. Cultura na escola. Revista graduando. Jan/jun, n.2, 2011. BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Obras escolhidas, v.1). CHAUÍ, Marilena. Convite Filosofia. 2.ed. São Paulo: Ática, 2001. 440p. DIAS e SOUSA, Celeste Aparecida. Como tornar-se Professor? um estudo sobre o Desenvolvimento Profissional de professores a partir das suas experiências na docência. Juiz de Fora, 1999a. 191p. Dissertação de mestrado, Formação de professores - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Juiz de Fora. DOUGLAS,Willian;ZARA, Carmem;Como usar o cérebro para passar em provas e concursos:As lições da PNL,do pensamento positivo e da lei da atração para você ser aprovado. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. FLEURY, Maria Tereza Leme; FLEURY, Afonso. Construindo o conceito de competência. RAC, Edição Especial 2001: 183-196. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 14. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1983. GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989. 323p. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. GOMES,Nataniel dos Santos (UNESA).Descrição do Falar do Evangélico do Rio de Janeiro.Cadernos do CNLF,Rio de Janeiro,vol.XIII / 2009,nº04,p.1801-1810,2009.Disponível em: http://www.filologia.org.br. Acesso em: 14.set.2012

IBGE. (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).Dados estatísticos da cidade de Matipó – MG.2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 20. Maio. 2011.

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INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS (INEP). Exame Nacional do Ensino Médio:documento básico 2000. Brasília: INEP, 2000. MELO,Mariana.O futebol e o surgimento dos mitos: a mídia e a análise dos discursos. Disponível em: http://paginas.ufrgs.br. Acesso em:14.set.2012. PRESS, Mauro. É preciso gerir talentos. Entrevista realizada por Patrícia Bispo. Disponível em: http://www.rh.com.br/Portal/Desempenho/Entrevista/4036/e-preciso-gerir-os-talentos.html. Acesso em: 20.mar.2012. SILVA,André Calil e,;ZAMBONI,Milton José; Educação Física,esporte e cultura no ensino superior:íntimas relações com o Brasil e a atualidade.Disponível em: http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br. Acesso em: 14.set.2012.

SILVA,Maria José Moraes da;SANTOS,Acácia Aparecida Angeli dos.A Avaliação da Compreensão em Leitura e o Desempenho Acadêmico de Universitários.Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em:14.set.2012.

UNIVÉRTIX. Regimento Interno. Faculdade Vértice – Univértix. 2011.

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GT 08

LINGUÍSTICA, CIÊNCIAS E ARTES

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ARTIGOS

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A IMPORTÂNCIA DO LETRAMENTO DIGITAL

Rita de Cássia Ferreira Pedrosa Lazaroni – Graduada em História, Especialista em Educação, Mestre em Educação, Doutoranda em Educação.

Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística. Professora da

Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected]

RESUMO

O presente artigo pretende analisar a diferença entre letramento e letramento digital, tentando mostrar quais saberes um indivíduo necessita ter para ser considerado letrado digitalmente; além disso, falar-se-á também a respeito dos locais e as formas em que se pode aprender ou adquirir esse tipo de letramento, bem como os perigos que a exclusão digital pode trazer a um indivíduo neste mundo globalizado. PALAVRAS-CHAVE: Letramento; Letramento digital; cidadania; exclusão social. CONSIDERAÇÕES INICIAIS: Todas as mudanças ocorridas no cenário mundial levam-nos à reflexão de

que o letramento digital torna-se extremamente necessário, já que as relações do

sujeito com o mundo estão cada vez mais dependentes do acesso a instrumentos

mediadores de informações e da repercussão de se transformar essas informações

em conhecimentos.

É justamente esse o ponto de partida deste trabalho: mostrar que o

letramento digital é necessário para que o processo de exclusão não se agrave

ainda mais. Para tanto, analisar-se-á, inicialmente, os procedimentos metodológicos

que nortearam a pesquisa; em seguida, o que é letramento; logo após, será

realizada uma análise sobre o que é letramento digital e, na sequência, retratar-se-á

a questão da inclusão social e da cidadania. Para terminar, serão apresentadas as

considerações finais.

METODOLOGIA

O objetivo deste trabalho é analisar a diferença entre letramento e letramento

digital, tentando mostrar quais saberes um indivíduo necessita ter para ser

considerado letrado digitalmente; os locais e as formas em que se pode aprender ou

adquirir esse tipo de letramento, bem como os perigos que a exclusão digital pode

trazer a um indivíduo neste mundo globalizado serão também analisados.

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A metodologia aqui utilizada será a revisão bibliográfica, valendo-se, para

tanto, das idéias dos seguintes teóricos: Soares (2010), Xavier (2010) e Pereira

(2005). Segundo esses teóricos, as diferenças entre tecnologias tipográficas e

digitais são claras, tanto na recepção, quanto nos gêneros e funções do texto, como

também nos processos cognitivos e discursivos e no estado ou condição dos

destinatários dos textos. “No computador, o espaço de escrita é a tela, ou a “janela”;

ao contrário do que ocorre quando o espaço da escrita são as páginas do códice,

quem escreve ou quem lê a escrita eletrônica tem acesso, em cada momento,

apenas ao que é exposto no espaço da tela.” (SOARES, 2002, p. 150)

Não se pode negar que o letramento digital é fator primordial para que as

pessoas consigam exercer de fato a cidadania. Ao dominar esse mundo digital e,

consequentemente, toda essa tecnologia que advém dele, o indivíduo sai do

processo de exclusão social e passa a exercer a sua cidadania com plenitude. Só

assim a tecnologia passa a trabalhar em favor do homem, e não contra; assumindo

o papel de valorização dos seres humanos.

O QUE É LETRAMENTO?

O termo letramento é uma palavra nova na língua, que ainda não foi

dicionarizada; sendo, portanto, um neologismo baseado na tradução da palavra

inglesa literacy, cujo significado é: a condição de ser letrado. O termo literacy, por

sua vez, baseia-se na palavra latina littera (letra) somada ao sufixo cy (que indica

qualidade, condição e estado). Essa palavra apóia-se no termo também em inglês

literate, que, por sua vez, é um adjetivo que designa aquele que é educado, mais

especificamente não apenas aquele que possui a habilidade de ler e escrever, mas

aqueles que fazem uso competente e frequente da leitura e da escrita. Assim,

letramento não se reduz meramente ao processo de aquisição das práticas de

leitura e escrita; é o “estado ou condição de indivíduos ou grupos sociais de

sociedades letradas que exercem efetivamente as práticas sociais de leitura e de

escrita” (SOARES, 2002, p. 145). Percebe-se que não basta apenas dominar o uso

da leitura e da escrita, há a necessidade de se participar de forma ativa e

competente nas situações em que ocorrem essas práticas de leitura.

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Dessa maneira, fica clara a diferença entre saber ler e escrever, ou seja, a

condição de ser alfabetizado; e viver como alguém que sabe faz uso constante da

leitura e da escrita, envolvendo-se nas práticas sociais de leitura e de escrita. Assim,

podemos afirmar que muitas pessoas, apesar de serem alfabetizadas, não são

letradas, uma vez que embora saibam ler e escrever, não usa esses conhecimentos

constantemente.

Ao alcançar a condição de letramento, o indivíduo passa a ter uma condição

social e cultural diferente dos que não possuem essa habilidade. Essa pessoa passa

a ocupar um lugar social diferente, mudando o seu modo de viver na sociedade e

sua relação com a cultura e com a apropriação dos bens culturais.

O QUE É LETRAMENTO DIGITAL?

Durante o processo histórico de aquisição da escrita pelo homem, percebe-se

que o espaço da escrita sofreu inúmeras modificações, iniciando com a superfície de

uma tabuinha de argila, madeira ou pedra, passando pelos rolos de papiro ou de

pergaminho, chegando à estrutura da página, até chegar à tela do computador.

(SOARES, 2002, p. 149). Nesse momento privilegiado, em que novas práticas de

leitura e escrita surgem, torna-se necessário analisar se “as práticas de leitura e de

escrita digitais, o letramento na cibercultura, conduzem a um estado diferente

daquele que conduzem as práticas de leitura e escrita quirográficas e tipográficas

(...) (SOARES, 2002, p. 146).

As diferenças entre tecnologias tipográficas e digitais são claras, tanto na

recepção, quanto nos gêneros e funções do texto, como também nos processos

cognitivos e discursivos e no estado ou condição dos destinatários dos textos. “No

computador, o espaço de escrita é a tela, ou a “janela”; ao contrário do que ocorre

quando o espaço da escrita são as páginas do códice, quem escreve ou quem lê a

escrita eletrônica tem acesso, em cada momento, apenas ao que é exposto no

espaço da tela.” (SOARES, 2002, p. 150)

Surge com isso, um novo conceito, o de letramento digital que pode ser

entendido não somente com o saber utilizar as tecnologias digitais, mas ao fato de

estar sempre em contato com essas novas tecnologias, utilizá-las como

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instrumentos de leitura e escrita, entendendo os usos e as novas possibilidades que

elas podem trazer para a nossa vida.

O Letramento digital implica realizar práticas de leitura e escrita diferentes

das formas tradicionais de letramento e alfabetização. Ser letrado digital

pressupõe assumir mudanças nos modos de ler e escrever os códigos e

sinais verbais e não-verbais, como imagens e desenhos, se compararmos

às formas de leitura e escrita feitas no livro, até porque o suporte sobre o

qual estão os textos digitais é a tela, também digital. (XAVIER, 2005, p.02)

É uma verdadeira revolução na forma de conceber a aprendizagem, sendo

muito comum o “auto-letramento” pela Internet, segundo Xavier (2005, p. 3) surge

um novo jeito de aprender: mais dinâmico, participativo, descentralizado da figura do

professor; pautado na independência, na autonomia e nas necessidades e

interesses imediatos de cada um dos usuários das tecnologias de comunicação

digital.

Segundo Tapscott (apud Xavier, 2005, p. 3),

A geração que tem crescido na rede de computadores tende a desenvolver

habilidades como: independência e autonomia na aprendizagem, abertura

emocional e intelectual, preocupação pelos acontecimentos globais,

liberdade de expressão e convicções firmes, curiosidade e faro

investigativo, imediatismo e instantaneidade na busca de soluções,

responsabilidade social, senso de contestação, tolerância ao diferente.

Cabe lembrar que para ser letrado digitalmente, há primeiro a necessidade de

se letrar alfabeticamente, o “novo” tipo de letramento é totalmente dependente do

“velho”, o que faz com que aumente a importância do letramento alfabético na vida

do indivíduo. A grande massa de dados que surgem a todo instante na Internet faz

com que o letramento alfabético torne-se essencial na conquista da cidadania. Não é

necessário conhecer computador a fundo, mas precisa-se vencer a limitações

impostas pelo analfabetismo digital. Segundo XAVIER (2000, p.5), há a necessidade

de se conhecer pelos menos as “infovias ou auto-estradas virtuais por onde

trafegam as informações relevantes que ficam à espera de serem transformadas em

conhecimento.” Há a necessidade de saber “buscar” pelo menos determinada

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informação na rede digital, utilizando com eficiência as informações armazenadas e

disponibilizadas nos sites, é isso que irá assegurar a cidadania de cada um dos

indivíduos.

INCLUSÃO DIGITAL E CIDADANIA

Um dos grandes desafios desse século é o de justamente formar cidadãos

preparados para o mundo contemporâneo; cada dia que passa, está mais claro que

“os mesmos métodos que produziram sucesso no estágio passado podem não ter

serventia alguma no estágio atual ou no futuro.” (PEREIRA, 2005, p.13). Torna-se,

portanto, necessário investir em métodos mais atuais; para que isso ocorra, a

exclusão digital ou o analfabetismo digital deve ser expurgado de nosso sistema de

ensino. Essa constatação leva-nos a algumas reflexões sobre a natureza dos

problemas que iremos enfrentar ao fazer parte da Sociedade da Informação na Era

do Conhecimento:

Problemas são normais e desejáveis, é resultado da mudança. O único

lugar no ciclo da vida em que não há nenhum problema é o lugar em

que não há nenhuma mudança, que é a morte.

O papel daqueles que conduzem o ensino não é impedir problemas ou

retardar o ritmo das mudanças. Em vez disso, deve-se focalizar e

acelerar suas habilidades e competências para reconhecer e resolver

problemas.

A maioria dos problemas que as instituições de ensino na Sociedade da

Informação irão enfrentar é comum a todas as instituições, não somente

o Brasil, mas em todo o mundo. Para aqueles que ainda não se alertou,

a Sociedade da Informação nos conduz, irreversivelmente, à

globalização. Isso não serve de consolo, mas a exclusão a exclusão

digital não é um problema exclusivo dos países de terceiro mundo, é um

problema global. Em todas as partes do mundo esse problema é

discutido por educadores, sociedade civil e governos. Pode se

economizar muito tempo e esforço compreendendo quais são boas

práticas adotadas ao redor do mundo. (PEREIRA, 2005, p.14)

Vários são os organismos associados à educação na Sociedade da

Informação: educadores, instituições de ensino, professores etc.. Cabe a todos

envolvidos nesse processo entender que letramento digital é muito mais do que

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saber ler, escrever e digitar em um computador. A inclusão é um processo em que

“uma pessoa ou um grupo de pessoas passa a participar dos usos e costumes de

outro grupo, passando a ter os mesmos direitos e os mesmos deveres dos já

participantes daquele grupo onde se está incluindo”. (PEREIRA, 2005, p.15).

Entende-se por digital não apenas o uso do computador, mas também o uso

de celulares, caixas eletrônicos, máquinas fotográficas modernas, televisão etc..

Assim, a inclusão digital é um “processo em que uma pessoa ou grupo de pessoas

passa a participar dos métodos de processamento, transferência e armazenamento

de informações que já são do uso e do costume de outro grupo, passando a ter os

mesmos direitos e os mesmos deveres dos já participantes daquele grupo onde se

está incluindo.” (PEREIRA, 2005, p.17).

Dessa forma, torna-se cada vez mais necessário dominar a tecnologia para

que dela se possa extrair conhecimento. Como já foi dito, esse é um problema

mundial, o mundo inteiro tenta eliminar a exclusão digital da sociedade organizada.

É certo que os países do “terceiro mundo” sofrem muito mais com esse problema,

principalmente, nas comunidades rurais, onde existem muito mais limitações com

relação ao acesso ao mundo digital. Mas é só através da superação desse problema

que iremos conseguir superar esse processo de exclusão e garantir cidadania a

todos, sem distinção.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A informação apresenta-se, atualmente, como um meio de produção de

conhecimento; a partir dessas informações o sujeito formula respostas aos seus

questionamentos. Devido a isso, o letramento digital torna-se cada vez mais

importante para o processo de compreensão do mundo e problematização de tudo

que o cerca.

Dominar esse mundo digital e, consequentemente, toda essa tecnologia que

advém dele, é essencial para que o indivíduo saia do processo de exclusão social e

exerça a sua cidadania com plenitude. Só assim teremos a tecnologia em favor do

homem, à tecnologia sendo usada em seu favor e não contra; uma vez que o

objetivo principal da tecnologia é a valorização dos seres humanos.

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REFERÊNCIAS

SOARES, Magda. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura. Campinas: Ed. Soc. Vol. 23, n. 81, dez. 143-160, dez. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v23n81/13935.pdf. Acesso em: 14 de agosto de 2010. XAVIER, Antônio Carlos dos Santos. Letramento digital e ensino. Disponível em: http://www.ufpe.br/nehte/artigos/Letramento%20digital%20e%20ensino.pdf. Acesso em: 15 de agosto de 2010. PEREIRA, João Thomaz. Educação e Sociedade da Informação. In: COSCARELLI, Carla Viana e RIBEIRO, Ana Elisa (orgs.). Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

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A NECESSIDADE DE SE DESENVOLVER NAS MATRIZES EDUCACIONAIS HABILIDADES DE LETRAMENTO DIGITAL

Rita de Cássia Ferreira Pedrosa Lazaroni – Graduada em História, Especialista

em Educação, Mestre em Educação, Doutoranda em Educação. Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do

Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

[email protected] RESUMO A pretensão, neste trabalho, é refletir sobre as habilidades de leitura, diferenciando alfabetização, letramento e letramento digital e, também, discutir sobre o “novo jeito” de aprender que surgiu com a chegada da Era da Informação. Percebe-se que apesar de ser uma realidade, as matrizes do governo desconsideram o letramento digital das habilidades que a escola necessita desenvolver nos alunos. Para solucionar esse problema, propõem-se aqui uma matriz para o ensino de língua materna. PALAVRAS-CHAVE: Letramento digital; Aprendizagem; Matrizes educacionais. CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

Este artigo tem por objetivo mostrar que o letramento digital pode beneficiar

as pessoas, será dado maior enfoque aos alunos das escolas, pois é percebido que

apesar de ser uma realidade, as matrizes do governo desconsideram o letramento

digital das habilidades que a escola necessita desenvolver nos alunos.

Assim, através de uma revisão bibliográfica, baseada principalmente nas

ideias de Dias e Novais (2009), Soares (2010), Xavier (2010) e Ribeiro e Coscarelli

(no prelo), o artigo divide-se em quatro partes: na primeira, falar-se-á a respeito dos

procedimentos metodológicos utilizados; na segunda, discutir-se-á a diferença entre

alfabetização, letramento e letramento digital; em seguida, será analisado o novo

conceito de aprendizagem que nasce com a apropriação da tecnologia digital; na

quarta parte, refletir-se-á sobre as possibilidades de trabalho oriundas com a adoção

de uma matriz de letramento digital. Ao término, será proposta uma matriz de

letramento digital para o ensino de língua materna.

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METODOLOGIA

O objetivo deste trabalho é refletir sobre as habilidades de leitura,

diferenciando alfabetização, letramento e letramento digital e, também, discutir sobre

o “novo jeito” de aprender que surgiu com a chegada da Era da Informação.

Percebe-se que apesar de o letramento digital ser uma realidade, as matrizes do

governo desconsidera o domínio da tecnologia digital dentre as habilidades que a

escola necessita desenvolver nos seus alunos.

Através de uma revisão bibliográfica, baseada principalmente nas ideias de

Dias e Novais (2009), Soares (2010), Xavier (2010) e Ribeiro e Coscarelli (no prelo),

pretende-se refletir sobre a diferenciação dos conceitos de alfabetização, letramento

e letramento digital; bem como analisar o “novo jeito” de aprender que vem sendo

criado com a chegada dos computadores nas escolas. Ao se perceber todos os

problemas oriundos desse novo tipo de aprendizagem, propõem-se aqui uma matriz

para o ensino de língua materna que privilegie o letramento digital. Cumpre

ressaltar que não se pretende definir todos os descritores que uma matriz digital

necessita ter; mas sim analisar a necessidade e a emergência de matrizes digitais

nos contextos sociais e contemporâneos.

ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E LETRAMENTO DIGITAL

Alfabetizar é adquirir a tecnologia de escrita, saber decodificar os sinais

gráficos do seu idioma, ou seja, alfabetizado é

Aquele indivíduo que, mesmo tendo passado pela escola, ainda lê com dificuldade, de modo muito superficial e escreve com pouca freqüência e, quando escreve, produz textos considerados simples (bilhetes, listas de compras, preenchimento e proposta de emprego e coisas do gênero) (XAVIER, 2006, p.01)

Mas apenas a alfabetização não é suficiente: para se viver bem em nossa

sociedade, tornou-se indispensável à aquisição do letramento alfabético, pois as

formas de vida atuais estão condicionadas por essa capacidade.

É através do letramento que conseguimos ler e compreender textos mais

aprofundados; escrever textos argumentativos, analisar as informações implícitas,

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escrever textos técnicos detalhados. É o letramento que garante ao indivíduo ocupar

o papel de cidadão.

Ler não é apenas decodificar sinais gráficos, é uma ação muito mais

abrangente, “ler é executar diversas operações que vão desde o reconhecimento da

letra até a construção de sentidos mais globais, fazendo inferências e colhendo

pistas, de uma maneira coordenada.” (RIBEIRO e COSCARELLI, [s.d., p.11]).

Cabe aqui outro questionamento: apenas ser letrado alfabeticamente garante

às pessoas plenamente a cidadania atualmente? Se levarmos em conta o

desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação, perceberemos que não

mais. Surge a necessidade de também se tornar letrado digitalmente; não se podem

desconsiderar as mudanças nos modos de ler e escrever códigos e sinais verbais e

não verbais oriundos da cultura digital e, com ele, um novo meio de aprendizado.

UM NOVO CONCEITO DE APRENDIZAGEM

Tappscot (1995 apud XAVIER, 2006, p.2-3), ao analisar um questionário

respondido na Internet por pré-adolescentes e adolescentes que cresceram com

acesso à informática, concluiu que a forma “velha” de aprendizagem está sendo

substituída por uma “nova”.

“Jeito velho” “Jeito novo” Implicações para o aluno

Centrado no professor Centrado no aluno Aprendizes ativos

Absorção passiva Participação ativa do aluno Muita motivação

Trabalho individual Trabalho coletivo Equipe constrói habilidades desenvolvidas coletivamente

Professor “sabe-tudo” Professor articulador Aprendizagem adequada às mudanças no mundo

Ensino estático Ensino dinâmico Material didático on-line substitui livros etc.

Aprendizado predeterminado Aprender a aprender Competências voltadas para a Era da Informática

Fonte: Tappscot 1994 apud XAVIER, 2006, p.3

O auto-letramento digital pela Internet está desafiando os sistemas

educacionais tradicionais e está trazendo um “jeito novo” de se aprender.

Ao se analisar a matriz do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),

percebe-se que a prova constituída por questões abertas e de múltipla escolha com

o objetivo de avaliar as habilidades dos estudantes que concluíram o Ensino Médico

desconsidera essa realidade, pois não avalia nenhuma habilidade que seja

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específica da cultura escrita digital, como se a modalidade textual veiculada nesse

tipo de cultura não estivesse amplamente difundida socialmente e como se ela não

requeresse algumas habilidades diferenciadas das exigidas pela cultura impressa.

Se analisarmos que essas matrizes de ensino devem conter as habilidades

consideradas relevantes no processo de ensino e aprendizagem, omitir o ambiente

virtual seria até certo ponto desconsiderar a sua importância.

Navegar e ler são etapas diferenciadas da leitura, concorrendo ambas para a composição de uma competência que, se relacionada a práticas de leitura (e escritas) em ambiente suportado por computadores ou, mais abrangentemente, por tecnologia digital. (RIBEIRO e COSCARELLI, [s.d., p.3])

Se essa matriz não é suficiente para contemplar habilidades necessárias para

se ler e escrever em ambiente digital, torna-se necessário que se construa outra,

voltada, dessa vez, ao problema da utilização do computador como ferramenta de

produção de leitura de textos escritos, para que se possa refletir sobre as

experiências tradicionais de escrita como também sobre as experiências

genuinamente digitais de comunicação.

Para tanto, torna-se necessário analisar quais são as habilidades necessárias

para lidar em ambientes digitais. Segundo Tapscott (1999 apud XAVIER, 2006, p.3),

a geração que tem crescido na rede de computadores desenvolve as seguintes

habilidades:

Independência e autonomia na aprendizagem;

Abertura emocional e intelectual;

Preocupação com os acontecimentos globais;

Liberdade de expressão e convicções firmes;

Curiosidade e faro investigativo;

Imediatismo e instantaneidade na busca de soluções;

Responsabilidade social;

Senso de contestação;

Tolerância ao diferente. (TAPSCOTT, 1999 apud XAVIER, 2006, p.3)

Cabe lembrar que essa geração amadurece mais rápido que a de seus pais;

isso ocorre pelo intercâmbio das informações na rede, que levam esses

adolescentes a ensinar e aprender mutuamente, produzindo experiências

compartilhadas com todos.

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Em contrapartida, esse processo exige a mudança do perfil do professor e da

sua prática pedagógica; pois só assim ele conseguirá acompanhar a geração digital.

Ele deve se tornar:

Pesquisador, não mais reprodutor de informação;

Articulador do saber, não mais fornecedor único do conhecimento;

Gestor de aprendizagens, não mais instrutor de regras;

Consultor que sugere não mais chefe autoritário que manda;

Motivador da “aprendizagem pela descoberta”, não mais avaliador de informações empacotadas a serem assimiladas e reproduzidas pelo aluno. (TAPSCOTT, 1999 apud XAVIER, 2006, p.3)

Dessa forma, o letramento digital faz com que os indivíduos assumam uma

nova maneira de realizar suas atividades de leitura e de escrita. Essa nova proposta

de se analisar o hipertexto pressupõe em um conjunto de capacidades mentais que

envolvem algumas competências:

Competência para compreender os novos princípios que regulam a organização e a armazenagem do conhecimento em um ambiente virtual, não mais em locais físicos, como livros, por exemplo;

Competência para clicar nos “links” que são ferramentas auxiliares de navegação na página eletrônica;

Competência para “sacar” os dados apresentados na tela de modo diverso como em textos, imagens e sons, que precisam ser selecionados e filtrados em meio às muitas informações dispostas na página eletrônica visitada e em toda a Internet (TAPSCOTT, 1999 apud XAVIER, 2006, p.3)

Como se percebe, os textos digitais exigem novas competências, exigem

gêneros próprios e geram um tipo de tratamento diferenciado; as condições sociais,

culturais e tecnológicas apresentam, por usa vez, cada vez mais favoráveis à

aquisição do letramento digital. Mas, em uma sociedade desigual como a nossa,

valorizar ainda mais esse letramento considerando suas habilidades como básicas

nas matrizes das avaliações do governo não seriam excluir ainda mais aqueles que

não fazem parte desse mundo digital? Até que ponto também nossas escolas e

professores estão preparados para tudo isso?

Cabe, portanto, ao Estado, o desenvolvimento de condições para tentar

universalizar cada vez mais o acesso ao universo digital com o intuito de amenizar

as desigualdades sócio-econômicas e históricas, garantindo o acesso à cidadania

plena.

Se a política de educação do governo atual estimular e financiar a construção de telecentros públicos (locais de acesso à Internet e de aprendizagem de processadores de textos), equipar as escolas do ensino fundamental e médio com laboratórios de computação, capacitar em massa

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seus professores transformando-o em “letrados digitais”, é bem provável que os gêneros digitais (...) serão cada vez mais trabalhados, aprendidos e utilizados na escola e principalmente fora dela. (XAVIER, 2006, p. 5-6)

Só assim, os profissionais de educação, nesse caso, em especial, os

professores de linguagem, conseguirão desenvolver estratégias pedagógicas mais

eficazes em seus mais variados espaços educacionais com o intuito de enfrentar os

desafios colocados atualmente: alfabetizar, letrar e letrar digitalmente um maior

número de pessoas.

POSSIBILIDADES DE TRABALHO ORIUNDAS DA UTILIZAÇÃO DA MATRIZ DE LETRAMENTO DIGITAL Ao se propor uma matriz de letramento digital para o ensino de língua

materna, não se pretende definir todos os descritores que uma matriz digital

necessita ter; mas sim analisar a necessidade e a emergência de matrizes digitais

nos contextos sociais e contemporâneos.

Cabe lembrar que a matriz proposta não foi testada com relação à produção

de atividades e nem com relação à capacidade de se medir o nível de letramento

digital de um indivíduo; apenas se quis listar quais seriam as habilidades básicas

para que um indivíduo para aprender e aperfeiçoar seus conhecimentos de língua

materna através do ambiente digital.

É primordial que ela seja analisada, aplicada e testada nas escolas para que

possa ser adaptada e melhorada; pois, só assim, poder-se-á refinar esse

instrumento que irá desenvolver as habilidades de leitura e escrita mediadas pelas

tecnologias digitais.

REFERÊNCIAS

DIAS, Marcelo Cafiero; NOVAIS, Ana Elisa Novais. Por uma matriz de letramento digital. III Encontro Nacional Sobre Hipertexto. Belo Horizonte, CEFET- MG, 2009. Disponível em: http://www.ufpe.br/nehte/hipertexto2009/anais/p-w/por-uma-matriz.pdf. RIBEIRO, Ana Elisa e COSCARELLI, Carla Viana. Matrizes de habilidades e leitura digitais. Educação em Revista. (no prelo). SOARES, Magda. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura. Campinas: Ed. Soc. Vol. 23, n. 81, dez. 143-160, dez. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v23n81/13935.pdf. Acesso em: 14 de agosto de 201

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XAVIER, Antônio Carlos dos Santos. Letramento digital e ensino. Disponível em: http://www.ufpe.br/nehte/artigos/Letramento%20digital%20e%20ensino.pdf. Acesso em: 15 de agosto de 2010.

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MOTIVAÇÕES ONOMASIOLÓGICAS PARA O TOPÔNIMO PÃO DE AÇÚCAR

Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística. Professora da

Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX [email protected]

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar a origem e o significado do topônimo Pão de Açúcar nos estados do Rio de Janeiro, Alagoas e Minas Gerais, com o intuito de verificar se a motivação toponímica das três localidades foi à mesma. A análise verificará a relação entre o nome do lugar e as características da nomeação, tentando resgatar os traços da cultura. PALAVRAS-CHAVE: Pão de Açúcar; topônimo; motivação.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A pesquisa apresentada neste artigo tem como objetivo analisar a origem e o

significado do topônimo Pão de Açúcar, nos estados do Rio de Janeiro, Alagoas e

Minas Gerais, com o intuito de verificar se a motivação toponímica das três

localidades foi à mesma. Para tanto, serão analisadas as vinculações existentes

entre o nome de lugar e as características que subordinaram o nomeador; uma vez

que a nomeação tem a função de registrar um momento vivido e/ou as próprias

características deste local. Desse modo, ao mesmo tempo em que se nomeia o

local, o nomeador deixa definido traços de sua cultura.

Inicialmente, será apresentada a metodologia utilizada durante a pesquisa;

logo após, o topônimo será analisado em cada uma das localidades: primeiro o Pão

de Açúcar do Estado do Rio de Janeiro, por ser ele a denominação mais antiga; em

seguida, o da cidade alagoana de Pão de Açúcar e o do Córrego de Pão de Açúcar

em Minas Gerais. Ao terminar essa análise, serão vistas as considerações finais.

METODOLOGIA

O topônimo surge da necessidade de indicação, sendo diferente dos nomes

comuns, que tem a função de significação; assim, ao se “batizar” uma localidade, o

que era arbitrário lingüisticamente, transforma-se, no ato do batismo, em um termo

essencialmente motivado. A funcionalidade do emprego toponímico adquire uma

grande dimensão, apontando dois aspectos referentes à nomeação.

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_ primeiro, na intencionalidade que anima o denominador, acionado em seu agir por circunstâncias várias, de ordem subjetiva ou objetiva, que o levam a eleger, num verdadeiro processo seletivo, um determinado nome para este ou aquele acidente geográfico; _ e, a seguir, na própria origem semântica da denominação, no significado que revelam de modo transparente ou opaco, e que pode envolver procedência as mais diversas. (DICK, 1990, p.18)

O mecanismo de nomeação é causado por um vínculo estreito entre o objeto

denominado e o seu denominador. Esta motivação tanto pode ocorrer por causas

claras como subjetivas; por isso, o que inicialmente é transparente, pode, com o

tempo, perder a sua relação com a etimologia primitiva. Isso ocorre, como já foi dito,

pois, no primeiro momento da nomeação é o homem quem escolhe o nome,

“permitindo a averiguação de todos os impulsos que sujeitaram o ato mediador, num

segundo momento, é a denominação que irá condicionar e determinar os rumos dos

estudos toponímicos” (DICK, 1990, p. 26).

Este estudo é de fundamental importância, pois,

É do estudo deste homem individual ou coletivo que se poderá depreender a legitimidade do emprego de uma forma de língua, no uso toponímico, e seus conseqüentes: origem ou filiação genética, as causas motivadoras, suas relações com o meio físico ou antrópico. Dessa rede onomástica ou nominal, poder-se-á inferir um modelo denominativo dominante na região em estudo, ou mesmo, vários modelos simultâneos, como os pontos de intersecção de um nome a outros, as línguas faladas, as tendências lingüísticas visíveis nas denominações, manifestando, por vezes, formas antigas de linguagem ou expressões idiomáticas em desuso, mas ainda vivas nos nomes. O topônimo, assim, vai deixando de ser apenas um instrumento de marcação ou de identificação de lugares para se transformar em um fundo de memória, de natureza documental tão valiosa e significativa como os textos escritos. (DICK, 1996, p. 337).

O PÃO DE AÇÚCAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO:

Como já foi citada, a pesquisa partiu da motivação do topônimo carioca por

ser ele um dos nomes de lugares mais antigos do país. Aos seus pés, Estácio de Sá,

em 1º de março de 1565, fundou a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Estácio de Sá chegou ao Rio em 28 de fevereiro de 1565 e, no dia 1º de março,

lançou os fundamentos da cidade, entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar,

uma vez que era esse o local de mais fácil defesa, pois permitia não só a

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observação de qualquer movimento de entrada e saída de embarcações da baía,

como também facultava a visão interna de todos os possíveis invasores.

Marca registrada da cidade do Rio de Janeiro, o morro do Pão de Açúcar é

uma montanha despida de vegetação em quase sua totalidade; sendo circundado

por uma vegetação característica do clima tropical, especificamente um resquício de

Mata Atlântica com espécies nativas, muitas já extintas em outros lugares. É um

bloco único de uma pedra proveniente do granito, que sofreu alteração por pressão

e temperatura, possuindo idade superior a 600 milhões de anos.

Imagem 1 – Pão de Açúcar do Rio de Janeiro, no Rio de Janeiro

Esse morro constitui o sítio geológico mais popular do país, sendo

reconhecido em todos os continentes como um dos símbolos do Brasil. Seu

reconhecimento como em dos principais sítios geológicos mundiais, ocorreu durante

o 31 st International Geological Congress (Julho/2000), quando foi decerrada a placa

comemorativa. Esse morro localiza-se no bairro da Urca, na zona sul do município

do Rio de Janeiro, capital do Estado do Rio de Janeiro, na entrada da baía de

Guanabara, com altitude máxima de 396 metros. Ele está inserido geologicamente

na Província da Mantiqueira de Almeida et al (1981), que é caracterizada por

abundante granitogênese neopraterozóica, resultante da amalgamação do

supercontinente Gondwana, ao final do Ciclo Orogênico Brasileiro/Pan-Africano.

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Há várias versões para a nomeação deste topônimo, uma é de que os

Tamoios, os primitivos habitantes da Baía de Guanabara, se referiam à essa

montanha como “Pau-nh-açuquã”, significando morro alto, isolado e pontudo” na

língua Tupi Guarani; os franceses da primeira leva o chamavam de “Pot de beurre”;

os colonizadores portugueses de “Pão de Sucar”; os franceses da segunda leva o

chamavam “Pot de Sucre”.

A versão historicamente mais aceita, porém é outra. Segundo o historiador

Vieira Fazenda, foram os portugueses que deram este nome, pois durante o apogeu

do cultivo da cana-de-açúcar no Brasil (século XVI e XVII), após a cana ser

espremida, o caldo fervido e apurado era colocado em uma forma de barro cônica. A

semelhança do penhasco carioca com aquela forma de barro teria originado o nome.

Entre os anos 1583 e 1590, o padre jesuíta Fernão Cardim, em missão no

Brasil descreve os engenhos de açúcar e processo de produção, classificando-o

como o primeiro empreendimento industrial do Brasil.13

Cada engenho é uma máquina e fábrica incrível. Em cada um, de ordinário há seis, oito ou mais brancos e, ao menos, 60 escravos, que se requerem para o serviço. Os trapiches, engenhos que moem a cana com bois, requerem 60 bois, os quais moem de doze em doze, revezados: começa-se de ordinário a tarefa à meia noite e acaba-se no dia seguinte as três ou quatro horas depois do meio dia. Em cada tarefa se deita 60 a 70 formas de açúcar branco e mascavo. Cada forma tem mais de meia arroba. Os serventes andam correndo, e por isso morrem muitos escravos. Tem necessidade cada engenho de feitor, carpinteiro, ferreiro, mestre de açúcar com outros oficiais, que servem do purificar. Os mestres de açúcares são os senhores do engenho, porque em sua mão está o rendimento e ter o engenho fama, pelo que são tratados com muitos mimos, e os senhores lhes dão mesa, e cem mil réis, e outros mais a cada ano.

O engenho era, então, formado pelas instalações destinadas ao preparo do

açúcar: a moenda, onde a cana era moída para a extração do caldo; as fornalhas,

onde o caldo era fervido e purificado em tachos de cobre; a casa de purgar, onde o

açúcar era branqueado, os galpões, onde os blocos de açúcar eram quebrados em

várias partes e reduzidos a pó.

Essas formas de açúcar citadas acima – cones com um furo no meio –,

também conhecidas como formas de pão de açúcar recebiam, como já foi dito o

13 Embora esta época seja anterior ao período da Revolução Industrial, os engenhos são assim considerados por

englobarem registros do trabalho humano, do maquinário, das ferramentas e processos de produção.

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caldo de cana fervido e o armazenava por 45 dias, período após o qual o “pão”

(bloco de açúcar endurecido) era retirado.

O “pão” era cortado pelos escravos de modo que fossem separadas as partes

“nobres” do açúcar destinadas à exportação; a parte que misturava o bagaço de

cana e impurezas era destinada à alimentação dos escravos. Na parte inferior se

depositava o açúcar mascavo (mais escuro). A imagem abaixo retrata uma dessas

fôrmas de “pão-de-açúcar” encontrada através de escavações no antigo Engenho

dos Erasmos em São Paulo.

Imagem 2: Cacos das antigas formas de Pão de Açúcar do antigo Engenho dos Erasmos, em São

Paulo

O PÃO DE AÇÚCAR DO ESTADO DE ALAGOAS

O município de Pão de Açúcar, por sua vez, está localizado no estado de

Alagoas. Segundo Moreno Brandão, o seu povoamento se deu a partir de 1611, com

gente branca e índios da serra do Aracaré, estado de Sergipe e que parte de seu

território pertencia à Casa da Torre (Bahia). Em princípios do século XVII, os índios

Uramaris obtiveram de D. João IV terras à margem do rio São Francisco, desde o

Morro do Cavalete, pelo lado do poente, até o Morro do Aranha, pelo nascente, com

quatro léguas de fundo, até e Serra do Xitroá. Deram-lhe o nome de Jaciobá que,

em guarani significa “Espelho da Lua”. A doação de D. João suscitou a inveja dos

índios Xocós, residentes na ilha de São Pedro. Após luta sangrenta, os invasores

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venceram e os índios Uramaris mudaram-se para um lugar fronteiro, no estado de

Sergipe, ao qual deram o nome de Jaciobá, o mesmo da antiga pátria.

Imagem 3: Localização do Município Pão de Açúcar, em Alagoas

No ano de 1634, Cristovam da Rocha, proprietário da Ilha Grande (Penedo),

apossou das terras onde hoje se ergue a cidade de Pão de Açúcar. Em 07 de

novembro de 1660, por carta de Sesmaria, as terras passaram ao domínio do

português Lourenço José de Brito Correia que, com o fim de explorar a pecuária e o

comércio, pelo porto de Penedo, criou uma fazenda de gado entre os morros

Cavalete e Farias, com o nome Pão de Açúcar. Segundo Amorim, este topônimo

surgiu através de uma comparação do “Morro do Cavalete com as formas, de feitio

cônico, onde se punha o mel de cana-de-açúcar para cristalizar e formar o pão de

açúcar.” (AMORIM, 2004, p.13).

A figura abaixo retrata o Morro do Cavalete, sendo perceptível a sua forma

cônica que serviu de motivação para o topônimo.

Imagem 4: Morro do Cavalete, na cidade de Pão de Açúcar, em Alagoas

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O PÃO DE AÇÚCAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS:

Encontramos, nesse estado, o Córrego do Pão de Açúcar, situado no

município de Abre Campo, na divisa com as cidades de Matipó e Pedra Bonita. A

denominação baseia-se no fato de encontrar-se nessa região uma pedra muito

parecida com a formação rochosa do Pão de Açúcar do Rio de Janeiro – a Pedra

Branca. Em 1911, o PE. Dario Schettim já fazia referência a esse local ao enviar

notícias a Nelson de Senna:

Unindo o útil ao agradável, a pedra-redonda, deleitando a vista com a sua majestosa ellevação e bonita forma serve também ao povo de um quase infalível barômetro. No inverno conserva constantemente o seu ellevado cabaço envolto nos densos nevoeiros que sobre ele descem. A retirada dos mesmos é indício certo de melhoria do tempo. Continuamente descoberta na estação da secca, previne muitos dias antes a chuva, envolvendo-se em seu alvo capuz de nuvens. De qualquer parte que se mostre ao observador curioso, offerece sempre a vista um painel soberbo, um quadro verdadeiramente encantador e superior a todo encarecimento. Talhada a pique da sua base ao seu ápice, toda escalvada e suas faces, apresentando apenas uma ou outra raga, a sua forma levemente arredondada e a sua grande altura faz-nos lembrar um desses castellos roqueiros, tão communs na Idade Média, o que segundo a sua posição podiam zombar dos ataques dos inimigos(...) O Pão de Assucar, aquele gigante de pedra, que se de pedra não fora já há muito ter-se-ia esborvado, minado pelas furiosas vagas que constantemente o açoutão postado, como uma sentinella muda á entrada da ridente bahia do Rio de Janeiro: a rainha das cidades sul-americanas, tão admirado de naturaes e estrangeiros, como decantado dos poetas, pôde pela sua collocação levar vantagem a pedra-redonda em magestade, porém, em belleza não. Não é conhecida a sua altitude, porém, crê-se não ser inferior á de mil e quinhentos metros. (SCHETTIM, 1911, p. 13)

Essa pedra citada por esse autor está sendo retratada nas imagens abaixo:

Imagem 5: Pedra Branca, no Córrego do Pão de Açúcar, em Abre Campo, Minas Gerais

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Imagem 6: Pedra Branca, no Córrego do Pão de Açúcar, em Abre Campo, Minas Gerais

Como se percebe, o topônimo Pedra Branca originou-se do fato de ela estar

constantemente envolta de nuvens ou serração, indicando frio ou possibilidade de

chuva. Ao lado desta pedra, temos outra, localizada no alto do morro denominado

Pão de Açúcar. O nome do Córrego, por sua vez, surge do fato desta pedra estar

situada nele. O Morro do Pão de Açúcar e a Pedra Branca podem ser possíveis

referências ao Pão de Açúcar e ao Morro Cara de Cão do Estado do Rio de Janeiro.

Imagem 7: Morro do Pão de Açúcar, no Córrego do Pão de Açúcar, em Abre Campo, Minas Gerais

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Tem-se, como se verifica na carta do IBGE abaixo, a existência de três

topônimos denominados Pão de Açúcar nesta região: a fazenda Pão de Açúcar, o

Córrego do Pão de Açúcar e a próprio Morro do Pão de Açúcar.

Figura 8: Carta do IBGE

Torna-se imprescindível ressaltar que, para a geologia, todo maciço cujos

gradientes são muito elevados e os topos aguçados e arredondados são chamados

de pontões rochosos do tipo “pão-de-açúcar” ou inselbergs.

CONCLUSÃO

Ao se analisar o topônimo Pão de Açúcar do Rio de Janeiro, pôde-se verificar

que a sua motivação ocorreu devido ao fato do formato das antigas fôrmas de “pão

de açúcar” utilizadas antigamente na produção de açúcar ser parecida com o

formato desse morro.

O Pão de Açúcar da cidade de Alagoas, por sua vez, tem essa mesma

motivação, uma vez que o Morro do Cavalete, situado nessa cidade às margens do

Rio São Francisco tem o formato também parecido com estas mesmas formas.

Quanto ao topônimo mineiro, parece ter sido resultado de uma translação

toponímica, na qual a motivação deste topônimo parece ter surgido através da

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comparação das formações rochosas existentes nesta cidade de Minas Gerais com

as do Pão de Açúcar carioca.

Percebe-se também que os estudos toponímicos revelam grande importância

para o conhecimento de aspectos histórico-culturais de um povo. A necessidade de

se nomear, diferenciar e indicar faz com que surjam estruturas que refletem essa

história sócio-cultural de um povo. Sendo assim, o uso da língua vai além da função

de nomeação, espelhando a cultura de um povo num determinado momento.

REFERÊNCIAS

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UM ESTUDO COM OS INTERNOS EM UMA FUNDAÇÃO DE SAÚDE DA ZONA DA MATA MINEIRA A RESPEITO DA IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO PARA

QUE A HUMANIZAÇÃO OCORRA NO TRABALHO DO ENFERMEIRO

Bruna Batista Zanetti Lemos e Vera Lúcia Villares Nogueira – Graduadas em Enfermagem.

Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística. Professora da

Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

[email protected] RESUMO

A comunicação é um instrumento básico da enfermagem que representa uma troca de informações e concepções, estabelece o cuidado visando à humanização e a qualidade do atendimento aos pacientes hospitalizados. É através da relação de comunicação existente entre a equipe de enfermagem e seus pacientes/clientes que se podem humanizar os cuidados prestados. O objetivo deste estudo foi identificar a necessidade de uma boa comunicação entre a equipe de enfermagem e os pacientes internados em unidades hospitalares. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com entrevistas semi-estruturadas com internos em uma Fundação de Saúde da Zona da Mata Mineira. Os questionários aplicados aos pacientes utilizaram os princípios da teoria da comunicação, com os quais buscamos ressaltar a importância da comunicação e da interação entre a equipe de enfermagem e os pacientes hospitalizados. A partir de nossas reflexões, consideramos que a comunicação é essencial para a humanização dos cuidados de enfermagem. PALAVRAS-CHAVE: comunicação; humanização; cuidado.

INTRODUÇÃO

É notório que a qualidade na assistência de enfermagem está relacionada ao

desenvolvimento e ao aprimoramento da capacidade de comunicação do enfermeiro

enquanto facilitador da interação terapêutica. Soares e Vieira (2004) enfatizam que

esse cuidado deve ultrapassar a assistência física e os conhecimentos a respeito da

patologia e dos tratamentos clínicos a serem realizados, abrangendo a utilização de

técnicas adequadas de comunicação e relacionamento, para com isso amenizarem

a dor, a solidão e a ansiedade dos internos. Uma comunicação regular provê um

atendimento humanizado, contribui para inserir o paciente na sociedade e

demonstra aos profissionais de saúde de que a cura não está relacionada apenas à

administração de medicamentos, mas ao diálogo, que também faz parte dessa

terapia como antecessor da humanização.

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Segundo Kurcgant (1991, p. 181), “sem comunicação, não existe trabalho,

não existe relacionamento humano, e portando, não há grupo, organização e

sociedade.” Sendo assim, a comunicação está presente em todos os momentos e

em todas as atividades. Portanto, cabe à equipe de enfermagem comunicar-se ao

máximo e de forma humanizada com os pacientes/clientes e através desta

comunicação humanizada identificar as reais necessidades do paciente/cliente

hospitalizado.

De acordo com Meier; Nascimento (2003, p.222), “as ações de Enfermagem

só se concretizam em determinado tempo e espaço quando o cuidado é resultante

de um processo comunicativo”. No entanto, para o alcance desses objetivos, é

necessária a utilização da habilidade comunicativa, pois as informações, sendo

compartilhadas e identificadas, desencadeiam um processo de transação e,

conseqüentemente, satisfação dos envolvidos. Devido a isso, este trabalho buscou

compreender o lugar da comunicação como instrumento para a construção do

processo de humanização do cuidado de enfermagem, com internos de uma

Fundação de Saúde de um município da Zona da Mata Mineira.

Assim, relatar-se-á a necessidade de uma boa comunicação entre a equipe

de enfermagem e os pacientes internados em unidades hospitalares, ressaltar-se-á

o quão importante é o papel da comunicação verbal e não verbal para o sucesso do

tratamento e para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. É sabido que se

deve tratar todos os pacientes com carinho e atenção; pois, esses, geralmente, só

têm a equipe de enfermagem para conversarem e expressarem seus sentimentos,

seja esse de dor, alegria, tristeza ou saudade.

Por pretendermos atuar na área da saúde, considera-se essencial utilizarmos

a comunicação como o principal processo para um atendimento diferenciado e

humanizado, sendo esse atendimento com carinho, respeito, consideração e sendo

essa comunicação algo imprescindível na melhoria e manutenção da qualidade de

vida dos pacientes. A necessidade de se referir ao paciente como um ser humano

único, sendo avaliado e tratado em sua integralidade e não apenas como parte

fragmentada de um ser, ou pela patologia apresentada, ou ainda pelo número do

leito que ele ocupa na unidade.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa qualitativa em que se realizaram entrevistas semi-

estruturadas com os internos de uma Fundação de Saúde de um município da Zona

da Mata Mineira. Segundo Chizzotti (2001), a abordagem qualitativa parte do

fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma

interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o

mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. Através desta pesquisa qualitativa,

objetivamos descrever com exatidão fatos e fenômenos ocorridos no cotidiano do

paciente/cliente hospitalizado, focando a realidade vivenciada pelos profissionais e

clientes de uma unidade hospitalar.

Segundo Minayo (2004), uma pesquisa de natureza qualitativa trabalha os

motivos, as aspirações, valores e atitudes, ao lado dos fenômenos que não podem

ser quantificados. E através dessa forma de pesquisa, obtivemos dados para com

clareza entendermos e demonstrarmos a necessidade de um elo de comunicação

entre a enfermagem, sua equipe e os pacientes internados na unidade.

A Fundação de Saúde pesquisada, local onde foi realizado o estudo, está

situada em um município da Zona da Mata Mineira, é uma entidade Filantrópica de

dupla gestão (municipal e particular); é beneficente sem fins lucrativos, foi fundada

no dia 11/05/1976 e cadastrada no CNES em 2002, sua esfera administrativa é

privada, a diretoria desta é eleita de 3 em 3 anos, a última eleição foi em novembro

de 2010. A instituição possui 33 funcionários no setor privado, sendo 02 enfermeiros,

02 técnicos e 11 auxiliares, os demais estão distribuídos em outros departamentos,

uma equipe médica composta por profissionais que atuam em Clínica Geral, na

urgência e emergência, obstetrícia, cirurgião geral, anestesiologia, pediatria e outros.

Possui 36 leitos disponíveis, dentre eles 02 apartamentos particulares, 06 leitos

ambulatoriais, 06 leitos para a pediatria, todos os outros são disponibilizados ao

SUS (Sistema Único de Saúde). O atendimento na parte do pronto atendimento

conta com 04 enfermeiros, 07 técnicos, 04 recepcionistas, 04 atendentes para o

SUS Fácil e mantêm convênios com: AMS, EM VIDA, UNIMED, IPSEMG, COPASA

E SUS.

Os princípios da teoria da comunicação foram utilizados na aplicação dos

questionários a pacientes com os quais buscamos avaliar a importância da

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comunicação e interação entre a equipe de enfermagem e os pacientes

hospitalizados. Para coleta de dados, foi utilizada a técnica da entrevista semi-

estruturada, em que serão entrevistados os pacientes internados nessa fundação. A

entrevista foi dividida em duas partes: na primeira, coletaram-se informações como

idade, sexo, estado civil, escolaridade, internações anteriores e tempo de

internação; na segunda, houve um roteiro semi-estruturado com questões abertas

diretamente relacionadas ao objeto de estudo, com intuito de identificar falhas e/ou

conflitos na rotina hospitalar.

Minayo (2004) relata que a entrevista não se estabelece apenas de uma

fonte de informações, pois além de ser uma técnica de coleta de dados com

abordagens diferenciadas, é meio de interação, cujas respostas dos pacientes

pesquisados podem ser influenciadas pelas relações estabelecidas entre o paciente

e o entrevistador estando, conseqüentemente, sujeitas à mesma dinâmica das

relações existentes na nossa sociedade. Segundo Triviños (1995), a entrevista semi-

estruturada é o meio mais importante que tem o investigador para coletar os dados,

pois valoriza a presença do investigador, proporciona todas as perspectivas

possíveis para que o informante obtenha a liberdade e espontaneidade

indispensável, enriquecendo a investigação.

As entrevistas foram agendadas em uma fundação de saúde da Zona da

Mata Mineira, criando um clima favorável para a realização da entrevista. Antes da

realização da entrevista, foi assegurado ao entrevistado o anonimato, a

confidencialidade das informações prestadas e a voluntariedade da participação,

sendo explicado que o conteúdo será utilizado somente para fins científicos da

presente pesquisa, cumpre lembrar que o roteiro de entrevistas segue anexo a esse

trabalho. Os entrevistados assinaram o termo de livre consentimento, cumprindo os

princípios éticos.

As entrevistas foram gravadas com gravador digital, sendo que a gravação foi

autorizada pelo paciente; a escolha pela gravação deu-se com intuito de registrar a

fala do entrevistado imediatamente e na sua íntegra; as entrevistadoras, quando

necessário, fizeram anotações pertinentes com relação às expressões não verbais.

Após a gravação, as entrevistas foram transcritas pelas pesquisadoras e,

posteriormente, analisadas. Os dados utilizados nesta pesquisa foram obtidos da

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fala de oito informantes: seis deles moradores do município de Matipó e dois do

município de Abre Campo. A faixa etária dos entrevistados é entre 19 e 76 anos de

idade, como já foi explicitado, todos concordaram com a gravação da entrevista e

assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Durante as entrevistas, as

pesquisadoras tentaram extrair do informante o máximo de espontaneidade, em que

os entrevistados foram respondendo às perguntas formuladas previamente. As

entrevistas foram gravadas com o gravador digital de voz (DVR-1920) e depois

transcritas. Como o propósito era o de analisar a comunicação como instrumento de

humanização do cuidado de enfermagem, optou-se por uma transcrição ortográfica

que teve por base as normas foram adaptadas daquelas utilizadas pelo Projeto de

Estudo da Norma Linguística Urbana Culta de São Paulo (Projeto NURC).

CATEGORIAS EMERGENTES DA COLETA DE DADOS

O cuidado envolve sentimentos, vontades e necessidades das pessoas que

necessitam ser cuidadas e do cuidador. Durante esta pesquisa, encontramos a

definição da palavra cuidado em vários momentos, cada um explicando o tipo de

cuidado que foi proporcionado pela equipe de enfermagem aos pacientes

internados. Watson citado por Waldow (2006, p. 23), afirma que:

O cuidar pode ser efetivamente demonstrado e praticado somente de forma interpessoal; o cuidado consiste em fatores que resultam da satisfação de certas necessidades humanas; cuidar inclui aceitar a pessoa não somente como ela é, mas como ela virá a ser; o meio ambiente de cuidado proporciona o desenvolvimento do potencial da pessoa, ao mesmo tempo em que lhe permite escolher a melhor ação para si em um tempo dado; o cuidado refere-se mais à saúde do que à cura, e a prática do cuidar é o foco central da enfermagem.

A palavra cuidar é mencionada o tempo todo na área da saúde,

principalmente pela enfermagem, por isso, também perguntamos aos nossos

entrevistados o que eles consideram como cuidado? Neste estudo, observamos o

uso dos cuidados nos seguintes depoimentos:

cuidado... éeee... toda hora disposto a gente né... trata a gente bem pra que a

gente se recupera... (I5F33M) assim... as pessoas cuida de mim... ou... ahh... tô sendo bem cuidada... eu acho que... que... ((pausa)) bom num ixiste nesse sentido naum... acho que dá as

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coisa tudo na hora certa... os remédio na hora certa né... o que eu precisa... né... (I7F51AC)

atenção com a gente né... (I6F31M)

olha... o cuidado com os medicamentos... na hora certa... é... o almoço o jantar tudo...(I8F19AC)

aah... cuidar bem da saúde... de tudo né... (I2M30M)

cuidado? seria uma... é... ((pausa)) uma atenção com o que aconteceu tipo assim... problema de saúde né? é assim um cuidado com os doentes com os pacientes... (I4F23M)

Já para Bittes Júnior e Mattheus (1996), a comunicação em enfermagem

pode ser vista como uma precisão humana essencial, uma capacidade que o

enfermeiro necessita usar para ampliar e aprimorar o saber-fazer profissional. Dessa

forma, a comunicação pode ser adotada pelos enfermeiros como artifício e

responsabilidade, para que melhor possam auxiliar o paciente. Uma pergunta de

extrema necessidade para a compreensão da comunicação foi feita aos pacientes:

com que frequência a equipe de enfermagem tem tido a preocupação de lhe

informar e explicar os procedimentos que estavam sendo adotados?”A colocação da

técnica da comunicação foi identificada nos depoimentos:

vem... falaram... tudo direitinho... falam tudo direitinho... ( I7F51AC)

é... tem mais ou menos umas quatro horas que eu cheguei aqui... nessas quatro horas já vieram uma duas ou três vezes pra olhar...(I4F23M)

eu acho assim... sempre quando o médico fala pra eles vim medicar... tá lá... eles tem uma folha lá né? que tá iscrito pra eles vim... sempre eles vem no horário certim... (I8F19AC)

aaa... ((pausa)) toda veis que eles vem trazer o medicamento eles falam...

porque...fala... falam tudo. (I2M30M)

aah... quais umas duas três quatro veis por dia... assim mais o menos. (I1M71M)

muito bem... não... toda hora que vem é bem atendido...(I3M76M)

isso... vem... vem... nos horário tudo certo... com frequência... (I5F33M)

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Leonardo Boff (2002) citado por Carvalho, Tuerlinckx, Santana (2011) destaca

que a comunicação é artifício fundamental no cuidado prestado à pessoa, funciona

como ferramenta eficaz para executar o cuidado, pelo qual se pode ser mais

humano, mais próximo da natureza ontológica voltada ao cuidar.

Uma das perguntas contidas em nosso questionário é: “como a equipe de

enfermagem que está lhe atendendo tem demonstrado cuidado com você?”.

Recebemos respostas que demonstram claramente como os pacientes valorizam a

atenção, o carinho e a preocupação da equipe de enfermagem para consigo.

é toda hora que a gente precisa... fala com eles e é na hora... (I3M76M)

ah... toda veis que eles traz medicamento... a hora certa né... o jeito que eles aplica com cuidado...( I2M30M)

a partir do momento que elas vem e preocupa né... olha... isso aí é uma forma de cuidado né.. (I4F23M) é... vem toda hora... pergunta se quê alguma coisa...(I6F31M)

vem traz o medicamento direitinho... vem dá os medicamentos nas hora certa né... e tudo...(I5F33M)

eles vem cá medicá a gente na hora certa... vem e volta pergunta se a gente tá bem... se a gente tá melhor... vem sempre pra olhar como a gente tá... então acho que é só... (I8F19AC) Diante de tais respostas, podemos avaliar o quão bem essa atenção,

preocupação e disponibilidade de tempo por parte da equipe de enfermagem

transmitem segurança e conforto aos pacientes/clientes que se encontram, na

maioria das vezes, fragilizados pela doença, pela distância e ausência de seus

familiares e de sua rotina diária.

Ainda segundo Boff (2002) citado por Carvalho, Tuerlinckx, Santana (2011),

cuidar é mais que uma ação; é uma atitude. Consequentemente, cuidar abrange

mais que um momento de atenção, de zelo e de solicitude. Representa uma atitude

de profissão, de preocupação, de responsabilidade e de envolvimento afetivo com o

outro. Diante disso, também perguntamos aos nossos entrevistados que tipo de

cuidado que a equipe de enfermagem teve com você que lhe chamou mais atenção?

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porque no momento que eu cheguei... eu já a vinte e dois dias tinha feito uma cirurgia... por causa da fratura... então... até então eu tava vindo fazer o curativo... após três dias que eu tirei os pontos e o enfermeiro... ((pausa)) o enfermeiro... assim que eu cheguei... que ele viu... que tava assim aberto e não estava assim cicatrizando... que ele viu que não iria cicatrizar... imediatamente ele chamou o médico... e ele já olhô... porque senão tivesse feito a raspagem seria muito pior... então assim... eu acho que foi muito importante o trabalho dele... que se ele não tivesse no momento chamado o médico... tivesse feito o curativo e mandado eu voltar pra casa... eu poderia até perder o dedo... porque eu não nem ia saber como é que tava... porque pra mim tava tudo bem... mas na realidade não estava então eu acho que nessa parte ele teve até muito cuidado ele foi um profissional muito competente...(I4F23M) ah... é eles mesmo... ter responsabilidade certa na hora de vim né... de vim trazer os remédios da gente... na hora da alimentação na hora certa...”( I7F51AC)

acho que é isso... eles vem aqui sempre... eu acho que talvez nem vem pra medicar e vem cá olhar como que a gente tá... perguntar ‘você tá bem? tá precisando de alguma coisa’?” (I8F19AC)

é o cuidado que ela teve comigo de colocar o remédio no meu braço...

(I1M71M) aah... acho que foi na hora de pegar veia no braço... teve bem cuidado...

(I2M30M)

éee... o que me chamou atenção é que sempre com... com... assim... trata a gente carinhosamente... num tem ignorância nem nada... como se a gente fosse da família... (I5F33M)

Segundo Morais et al. (2009), normalmente, a internação hospitalar é uma

experiência pouco agradável para quem precisa vivenciar tal episódio, tendo em

vista que é quase sempre acompanhada pelo medo do desconhecido, medo da dor,

insegurança diante de processos invasivos e dolorosos e, muitas vezes, pelo uso de

linguagem técnica e de difícil compreensão pelo paciente/cliente o que em muito

contribui para aumentar a ansiedade que influencia negativamente na melhora do

seu quadro clínico e, também, devido a aflição por estar em um ambiente diferente

do seu habitual e o compartilhamento do mesmo espaço físico com pessoas

desconhecidas e o distanciamento de seus familiares. Diante desses

conhecimentos, fizemos a seguinte pergunta aos nossos entrevistados: “o que você

considera pior em estar internado em um hospital? E recebemos as mais variadas

respostas.

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pra falar a verdade... ((risos))... a comida do hospital... ((risos))... que as vezes tem coisas que a gente não come... não porque a comida seja ruim... mas... é porque a gente não come mesmo. (I8F19AC)

aah... ficá longe de casa...(I4F23M) ficar deitada o dia inteiro... (I6F31M) aah... o repouso... (I2M30M)

tem muita coisa que faz falta a gente né... é a casa da gente que faz falta... uma comidinha do jeito da gente lá... que faz falta né...(I7F51AC)

a preocupação né... com a família...(I5F33M) é ficar quieto... aqui deitado eu não gosto... (I1M71M)

Na busca por um atendimento humanizado, devemos sempre tentar oferecer

aos nossos pacientes/clientes um ambiente mais agradável e menos tenso,

ambiente que possa acalmar o paciente, que possa de alguma forma minimizar suas

preocupações e ansiedades e, diante disso, perguntamos aos nossos entrevistados:

“o que você acha que poderia ser feito para que você se sentisse melhor?” (durante

o período de internação)

aah... eu acho assim... que só de estar no hospital a gente assim... num se

sente muito bem não... mas... do jeito que tá tratando tá bom mesmo... só que deveria ter uma televisão... alguma coisa assim prá... né? (I4F23M)

distrair prá recuperar melhor... que aí a gente esquece que... lá fora e recupera mais rápido. (I5F33M)

eu acho que não precisa ser melhor do que o que tá acontecendo não! (I1M71M)

pra mim? se tivesse uma televisãozinha ali né... seria ótimo! (I6F31M) aah... acho que tá bão... não tem mais nada não... (I2M30M) ir embora... (I3M76M)

Infelizmente, as pessoas sentem medo de procurar uma unidade hospitalar,

esse medo está relacionado à internação. A partir do momento em que a pessoa

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chega ao hospital, ela passa a ser um paciente e este é assistido pela equipe da

unidade de saúde. Se a experiência de uma internação não for agradável ao

paciente, ele e sua família se tornam receosos em relação a uma internação futura,

tanto para o mesmo paciente quanto para qualquer outra pessoa da família. A

experiência de uma internação mesmo sendo por motivos tristes e dolorosos deve

ser digna ao paciente e sua família, a equipe de saúde, principalmente a de

enfermagem, deve oferecer segurança e carinho ao paciente e sua família a todo o

momento durante uma hospitalização. Nesse sentido, a próxima pergunta do estudo

se remete às percepções dos pacientes em relação à internação. Diante disso,

perguntamos aos pacientes internados: “qual era a imagem que você possuía do

hospital antes de ser internado?”

aah... primeiramente assim eu nunca tinha ficado internado aqui não... mas

sempre achei sim que divia tá tratando bem... né... (I4F23M)

aah... ((pausa)) eu pra mim... num tenho nada que quexá... né... sempre quando eu venho não dimudou em nada... né... (I5F33M)

aah... todo mundo fala que é ruim né... que trata a gente mal... que o pessoal

é mal educado... mas num tem nada disso... eu tô aqui... ninguém fez nenhuma falta de educação comigo... eu não posso reclamar de nada... (I8F19AC)

não... eu sempre fui bem tratada aqui... (I6F31M)

boa... imagem boa... (I2M30M)

inhantes deu tá qui... ((pausa))... eu... eu... imaginava sim que... num é ruim

não fia... sabe... (I7F51AC)

Sabemos que a hospitalização nem sempre é bem vista e que o paciente se

sente fragilizado ao estar internado, principalmente por estar longe da sua casa e de

seus familiares. Os pacientes internados se sentem dependentes de cuidados e isso

faz com que, a maioria deles, sintam-se impotentes, a equipe de saúde deve estar

sempre atenta e preparada para prestarem uma assistência humanizada a esses

pacientes para que não ocorra um trauma em relação à internação.

A hospitalização é um fato estressante ao indivíduo, pois, na maioria das vezes,

acontece devido a doença ou a trauma. Além do mais, o ambiente hospitalar causa

aflição e receio na pessoa, já que esse é submetido a uma cadeia de princípios e

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rotinas, além de ser distanciado de seu espaço natural de relacionamento familiar,

abandonando sua singularidade – religiões, apegos e sentimentos – para um

segundo plano, já que a sua doença passa a ser o foco fundamental da atenção da

equipe. (REIS et al., 2009). Diante disso, com o intuito de conhecermos a opinião

dos pacientes após uma internação, fizemos a seguinte pergunta: “após ser

internado, qual é a sua opinião?” No estudo, encontramos o emprego das respostas

nos seguintes depoimentos:

não... eu acho assim... que o hospital de repente tem alguma dificuldade

sim... mais os funcionários são todos competentes... tão trabalhando assim direitinho... pra melhoria dos pacientes... (I4F23M)

assim... eu acho que... que se a pessoa pricisô... ele pricisa sim da

internão... é muito bão... eu tivi aqui né... (I7F51AC)

acho... que é bão sim...dô conselho pessoas que precisa de qualquer hora vim pro hospital... pessoa deveria vim sim... num fica em casa sofrendo não... que com certeza as coisa... primeiro é Deus né... mas com certeza... a pessoa ser bem atendida... Deus ajudano... encontrano médico bão... é muito boa coisa...(I7F51AC)

não... é boa também... bem recebido aqui... não... não tem nada a reclamar

não...(I2M30M)

agora eu vejo que num é nada do jeito que as pessoas fala né... porque aqui todo mundo trata a gente bem... ninguém trata com ignorância nem nada...(I8F19AC)

No transcorrer da entrevista e através de nossas conversas, ficou claro que

todos os nossos informantes estavam muito satisfeitos com o atendimento recebido

pela equipe de enfermagem e demais funcionários do hospital, demonstraram

satisfação em relação a atenção e cuidados dispensados a eles e, outro fato que

muito nos chamou a atenção, foi quando vários informantes mencionaram o cuidado

dos profissionais de enfermagem em puncionar uma artéria, de lhes dar a

medicação nas horas certas, de lhes fornecer as refeições, banho e camas sempre

limpas, coisas corriqueiras na rotina hospitalar. O fato de ser tratado com carinho e

respeito foi amplamente demonstrado pelos informantes e isso muito enaltece a

nossa profissão; porque, durante grande parte da nossa vida acadêmica, recebemos

orientações de nossos docentes em relação a essa atitude, tivemos diversas aulas e

mini-cursos sobre ética e bioética e, em todos, a mensagem passada sempre rebatia

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no mesmo tema: carinho, respeito, atenção, atendimento humanizado, enxergar o

paciente/cliente como um todo e tratá-lo como gostaríamos de ser tratados ou que

tratassem nossos entes queridos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se não houver comunicação, não existirá humanização; portanto, é

imprescindível que a equipe de enfermagem procure sempre e cada vez mais utilizar

de métodos de comunicação eficazes em sua rotina de trabalho, visando assim a

continuidade da assistência e o pronto reestabelecimento do paciente/cliente. A

comunicação representa o elo entre o enfermeiro/paciente; assim, o enfermeiro pode

desenvolver melhor suas funções assistenciais, gerando maior satisfação ao

paciente/cliente hospitalizado.

Percebemos, no decorrer desta pesquisa, que os pacientes/clientes

hospitalizados estavam com poucos dias de internação e, com isso, não se

mostraram insatisfeitos com o atendimento prestado pela equipe de enfermagem, o

que é comum e normalmente ocorre com pacientes/clientes de longos períodos de

internação. Contudo, notamos o quão é valorizada pelo paciente/cliente internado a

atenção dispensada pela equipe de enfermagem através de diálogos, demonstração

de preocupação e carinho, que humanizam o cuidado e enobrecem a profissão da

enfermagem.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, Karen. Knopp. de; TUERLINCKX, Patrícia da Silva; SANTANA, Maria da. Glória. O cuidado de enfermagem e a comunicação não verbal. Disponível em: www.ufpel.edu.br/cic/2004/arquivos/CS_00786.rtf. Acesso em 19.jul.2011. CHIZZOTTI, Antônio. A pesquisa em ciências humanas e ciências sociais. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2001. KURCGANT, Paulina. Administração em enfermagem. São Paulo: EDU,1991. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Dilemas do setor saúde diante de suas propostas humanistas. Ciência e Saúde Coletiva, vol. 9, nº 1, p. 17-20, 2004. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo/Rio de Janeiro: Hucitec - Abrasco, 2004.

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MORAIS, Gilvânia Smith da Nobrega et.al. Comunicação como instrumento básico no cuidar humanizado em enfermagem ao paciente hospitalizado. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ape/v22n3/a14v22n3.pdf. Acesso em 25.ago.2011. REIS, Paula Elaine Diniz dos et al. Reflexões acerca da comunicação enquanto facilitadora da humanização da assistência em saúde. Revista Eletrônica de Enfermagem do Unieuro Reeuni, Brasília, v.2, n.1, p. 81-92, jan/abr, 2009. Disponível em http://www.unieuro.edu.br/downloads_2009/reeuni_04_006.pdf. Acesso em 19.jul.2011 SOARES, Maria Júlia Pães. VIEIRA, Ingrid de Almeida. Cuidado humanizado em enfermagem: o agir com respeito em um hospital universitário. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672007000500012 Acesso em: 25.ago.2011. TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1995.

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A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

Bruna Batista Zanetti Lemos e Vera Lúcia Villares Nogueira – Graduadas em Enfermagem.

Andréia Almeida Mendes – Graduada em Letras, Especialista em Docência do Ensino Superior, Mestre em Linguística, Doutoranda em Linguística. Professora da

Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX

[email protected] RESUMO

Trata-se de um trabalho de revisão bibliográfica que objetiva analisar o funcionamento do processo de comunicação. A comunicação pode ser definida basicamente como um processo de troca de informações entre os elementos participantes; mas resta deixar claro que para que ela realmente ocorra é necessária a presença dos seis elementos da comunicação. A base de todo processo comunicativo é a linguagem, seja ela verbal ou não verbal. No processo comunicativo, é indispensável compartilhar, dividir com alguém, unir-se a alguém e, para que haja comunicação, é preciso que exista reciprocidade. PALAVRAS-CHAVE: comunicação; palavra; elementos da comunicação.

INTRODUÇÃO

Segundo Silva (1996), a palavra comunicar tem origem latina, na palavra

comunicare, tendo como significado “por em comum”. Portanto, é indispensável

compartilhar, dividir com alguém, unir-se a alguém e, para que haja comunicação, é

preciso que exista reciprocidade.

Feldman e Miranda (2001) relatam que a palavra é a base da comunicação

entre os seres humanos, porém, além da comunicação verbal ainda podemos utilizar

a comunicação não-verbal: assim, gestos e expressões faciais podem nos ajudar a

compreender, entender, trocar informações, idéias e sentimentos. Sem

comunicação, seríamos um ser isolado, desconhecido, inexplorável. Somente

através da comunicação somos capazes de transformar o meio no qual estamos

inseridos.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia aqui empregada é a revisão bibliográfica, levando-se em

consideração as ideias de Andrade e Henriques (2007), Silva (1992) e Stefanelli

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(1993), tudo isso com o objetivo de analisar o funcionamento do processo de

comunicação e mostrar que esse processo é essencial na vida dos seres humanos.

A comunicação é definida basicamente como um processo de troca de

informações entre os elementos participantes; mas, ao se analisar o fundo esse

processo fica claro que ele é tão simples assim, basta analisarmos que para a

ocorrência real da comunicação são necessários seis elementos da comunicação. A

base de todo processo comunicativo é a linguagem, seja ela verbal ou não verbal.

Assim, no processo comunicativo, é indispensável compartilhar, dividir com alguém,

unir-se a alguém e, para que haja comunicação, é preciso que exista reciprocidade.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Pode-se verificar uma série de definições para a palavra comunicação, uma

vez que dependerá do ponto de vista do autor. Segundo Ghiorzi (2004, p. 174), “as

pessoas se ligam umas às outras e estabelecem um elo, onde medos, desejos,

faltas, necessidades, esperas, alegrias, vitórias, etc., são colocados em comum. Isto

é comunicar”. Já para Silva (1996), a comunicação é uma ação de criatividade, não

existe somente um agente emissor ou receptor, mas um câmbio entre as pessoas

que compõem um princípio de interação e reação, ou seja, um método mútuo que

gera modificações no feitio de sentir, refletir e agir dos submergidos.

Para Stefanelli (1993), a comunicação é o ambiente pelo qual pessoas

interagem entre si. O homem emprega a comunicação nos atos do dia-a-dia e é

através dela que compartilha, com os outros, suas opiniões. Nessa partilha, ele está

sujeito a ganhar aceitação e desaprovação das outras pessoas e isso acaba

gerando determinação e percepção de segurança e contentamento da adequação

no espaço que o cerca. Ainda segundo Dobro et al. (1998), a comunicação verbal é

o alicerce da comunicação diária, pela qual estudamos a habilidade de atribuir o

sentido das coisas que não são faladas explicitamente, enriquecendo a concepção

da realidade.

Concordamos com Werkhauser; Camarão e Subutzki (2006, p. 3) quando

afirmam que: “é na relação entre os seres humanos que o papel da comunicação

demonstra-se essencial, dela há interação, amor e sofrimento, tornando o

relacionamento interpessoal rico de possibilidades e de compreensão”.

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O PAPEL DOS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO NO PROCESSO

COMUNICATIVO

De acordo com Andrade e Henriques (2007, p. 19), o ato de comunicação é

estabelecido por um processo que objetiva “a transmissão de uma mensagem e,

como todo processo, apresenta alguns elementos fundamentais.” O esquema abaixo

mostra que são seis os elementos necessários para que a comunicação ocorra:

Figura 1: Elementos do processo de comunicação Fonte: Andrade e Henriques, 2007, p.19.

Ainda segundo esses autores, o emissor ou o destinador é aquele que

transmite a mensagem. Podendo ser um indivíduo, um grupo, uma figura ou um

órgão de divulgação.

O receptor ou destinatário é quem recebe a mensagem. Pode ser um

indivíduo, um grupo, um animal ou, até mesmo, uma máquina (gravador, um

computador). O simples fato de ser o receptor, não sugere fundamentalmente que

tenha decodificado-a e compreendido-a. (ANDRADE e HENRIQUES, 2007, p.19)

Segundo Andrade e Henriques (2007, p.19), a mensagem é tudo aquilo que o

emissor comunica ao receptor, é o elemento da comunicação. Toda mensagem é

transmitida através de um canal de comunicação.

Ainda segundo os mesmos autores, o canal ou o contato é o meio físico, o

veículo por onde a mensagem é conduzida do emissor ao receptor. De modo geral,

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as mensagens circulam por dois principais meios: sonoros – ondas sonoras, voz,

ouvido; e por meios visuais: excitação luminosa, percepção da retina.

O código é um conjunto de sinais gráficos e suas normas de comunicação.

Cada tipo de comunicação tem um indicador próprio: comunicações verbais e não-

verbais, evidentemente, utilizam códigos diferentes, específicos para cada condição

de comunicação. (ANDRADE e HENRIQUES, 2007, p.19)

O referente é o tema da comunicação, o teor da mensagem.

A comunicação só se realiza quando todos os seus elementos funcionam

adequadamente. Se o receptor não detém ou não compreende a mensagem, não

pode existir comunicação. Qualquer problema com o canal, impossibilitará que a

mensagem chegue ao receptor; sendo assim, não haverá comunicação , e sim

“ruído de comunicação”. Entende-se por ruído de comunicação qualquer empecilho

à comunicação. O código utilizado deve ser plenamente conhecido pelo emissor e

seu receptor para que haja uma verdadeira e efetiva comunicação; caso contrário, a

comunicação poderá ser parcial ou nula.

Segundo Silva (l996), a comunicação apropriada tem por finalidade diminuir

possíveis conflitos gerados e sanar dúvidas. Ainda segundo Silva (1996), a

comunicação verbal é alcançada através de palavras expressas tanto através da

linguagem escrita como da falada, devendo ser clara, a fim de que o outro entenda a

mensagem transmitida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Depois de tudo que foi analisado, percebemos que a comunicação é a

capacidade de transmitir ideias e significados para outra pessoa, podendo ser

transmitida de diversas formas: o tom e o volume da voz, a escolha das palavras, a

expressão facial e os gestos. Tudo isso pode traduzir ideias e sentimentos que,

muitas vezes, não são expressas pelas palavras. Assim, para que haja clareza na

transmissão da mensagem, o emissor deve utilizar de todos os recursos e técnicas

de comunicação.

O homem emprega a comunicação nos atos do dia-a-dia e é através dela que

compartilha, com os outros, suas opiniões. Nessa partilha, ele está sujeito a ganhar

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aceitação e desaprovação das outras pessoas e isso acaba gerando determinação e

percepção de segurança e contentamento da adequação no espaço que o cerca.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Maria Margarida de e HENRIQUES, Antônio. Língua Portuguesa: noções básicas para cursos superiores, 8 ed., São Paulo: Atlas, 2007. BERTHO, Alex-Sander; OLIVEIRA, Simone Collaço de; OBERST, Kalandra K. A influência da comunicação terapêutica entre enfermeiro e paciente psiquiátrico. Revista Uniandrade.,v.10,2006 CARVALHO, Karen. Knopp. de; TUERLINCKX, Patrícia da Silva; SANTANA, Maria da. Glória. O cuidado de enfermagem e a comunicação não verbal. Disponível em: www.ufpel.edu.br/cic/2004/arquivos/CS_00786.rtf. Acesso em 19.jul.2011. MARCOLINO, Janaína Souza et al. A importância da comunicação na passagem de plantão e sua interferência no processo de trabalho da equipe de Enfermagem. Disponível em: http://arquivosdeenfermagem.blogspot.com/ 2009/04/ importancia-da-comunicacao-na-passagem.html. Acesso em: 25.ago.2011. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Dilemas do setor saúde diante de suas propostas humanistas. Ciência e Saúde Coletiva, vol. 9, nº 1, p. 17-20, 2004. MORAIS, Gilvânia Smith da Nobrega et.al. Comunicação como instrumento básico no cuidar humanizado em enfermagem ao paciente hospitalizado. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ape/v22n3/a14v22n3.pdf. Acesso em 25.ago.2011. OLIVEIRA, Poliéria Santos et al. Comunicação terapêutica em enfermagem revelada nos depoimentos de pacientes internados em Centro de Terapia Intensiva. Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista/revista7 1/original 05.htm. Acesso em: 04 set. 2011. ORIÁ, Mônica Oliveira Batista; MORAES, Leila Memória Paiva; VÍCTOR, Janaína Fonseca. A comunicação como instrumento do enfermeiro para o cuidado emocional do cliente hospitalizado. Disponível em: http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen. Acesso em: 05.set.2011. REIS, Paula Elaine Diniz dos et al. Reflexões acerca da comunicação enquanto facilitadora da humanização da assistência em saúde. Revista Eletrônica de Enfermagem do Unieuro Reeuni, Brasília, v.2, n.1, p. 81-92, jan/abr, 2009. Disponível em http://www.unieuro.edu.br/downloads_2009/reeuni_04_006.pdf. Acesso em 19.jul.2011

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SILVA, Maria Júlia Pães. BARBOSA, Ingrid de Almeida. Cuidado humanizado em enfermagem: o agir com respeito em um hospital universitário. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672007000500012 Acesso em: 25.ago.2011. SILVA, Maria Júlia Paes. O papel da comunicação na humanização da atenção à saúde. Disponível em: http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica /article/view/215/216. Acesso em: 31. Ago.2011. TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1995.

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RESUMO

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A DANÇA COMO EXPERIÊNCIA ESTÉTICA NA INFÂNCIA

Isabela Alves Vieira– Graduanda em Dança. Universidade Federal de Viçosa. Kátia Imaculada Ferreira de Oliveira – Bacharel e Licenciada em Dança, Especialista

em Metodologia da Pesquisa Científica . Professora da Faculdade Vértice - UNIVERTIX.

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Dança; Arte; crianças.

INTRODUÇÃO

A Dança dentro da sociedade é vista na maioria das vezes como uma

atividade funcionalista, como afirma Pellegrin (2007), servindo momentaneamente

para aliviar o estresse, melhorar a postura, coordenação, concentração e promover a

sociabilidade e lazer, por exemplo. Para transformar essa visão o projeto “Iniciação à

Dança para crianças” oferece aulas de dança para crianças de 6 a 10 anos da

comunidade de Viçosa-MG, objetivando uma visão diferenciada delas diante a

sociedade e fazendo com que enxerguem a Dança como arte e como disciplina com

conteúdos próprios que à caracterizam na sociedade capitalista do século XXI.

METODOLOGIA

O projeto é desenvolvido no “Centro Experimental de Artes” da cidade e na

Igreja da comunidade Santa Clara que atende crianças no turno vespertino.

“Iniciação à Dança para crianças” é um laboratório efetivo de experimentação

teórico- prática que busca modelos inovadores e inclusivos de ampliação das

capacidades artísticas, colaborativas e gerenciais, funcionando como uma rede de

aprendizagem permanente, voltada para a ampliação das oportunidades de

capacitação de seus participantes. Os alunos devem até o final do projeto no mês de

dezembro, depois de toda experiência com a Dança considera-la como Arte. A

coleta de dados foi realizada com desenhos onde deveriam escrever ou desenhar o

que consideram Dança, a análise é de caráter qualitativo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os alunos consideraram Dança como algo bom, relaxante e divertido, alguns

relacionaram com tipos de dança como balé e funk e duas crianças disseram que é

cultura. Com o decorrer das aulas a Dança será apresentada como fonte de

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diversão sim, porém será mostrado aos alunos que ela possui conteúdos próprios e

é uma Arte que pode ser usufruída e refletida. O fazer a Dança estimula a

criatividade que dá base para o ser humano desenvolver seu potencial criativo que o

acompanhará durante toda a sua vida. O aluno é sempre instigado a pensar e criar

as movimentações dentro da sala de aula, levando em consideração a subjetividade

de cada um, pois cada criança apesar de estar em um mesmo ambiente possui suas

vivências e seu modo de observar e abstrair cada acontecimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Dança deve deixar seu estado funcional e passar a ser visto como Arte

pelas crianças que é a próxima geração de educadores do século XXI.

REFERÊNCIAS MARQUES, Isabel. Dançando na Escola. São Paulo: Cortez Editora, 2003.

MOMMENSOHN, Maria; PETRELLA Paulo. Reflexões sobre Laban, o mestre do movimento. São Paulo: Summus Editorial, 2006. EÇA, Teresa Torres Pereira de. Educação através da Arte para um futuro sustentável. Cad. Cedes. Campinas, vol 30, 2010. ZAGONEL, Bernadete. Arte na Educação Escolar. Curitiba, IBPEX, 2008. TEIXEIRA, Letícia. Dança Educação e Movimento. Cortez.

LOBO, Lenora ; NAVAS, Cássia. Arte da Composição: Teatro do Movimento/. Brasília: LGE Editora, 2008. MARCHESI, Álvaro; PALÁCIOS, Jesús; COLL, César. Desenvolvimento Psicológico e Educação. Porto Alegre, Artmed, 2004 PELLEGRIN, Ana de. Filosofia, estética e educação: a dança como construção social e pratica educativa. 2007. Tese (Doutorado em Educação) Faculdade de Educação, Unicamp, Campinas. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, ARTE. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf > Acesso em 12 de maio de 2012.