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VOZDAS MISERICÓRDIAS director: Paulo Moreira | ano: XXVII | dezembro 2011 | publicação mensal Clima de confiança para aceitar hospitais de volta As Misericórdias estão disponíveis para colaborar com o Estado na área da saúde, mas querem que o mesmo garanta a sua estabilidade através de protocolos duradouros. A posição consta de uma moção aprovada durante a última assembleia geral da União das Misericórdias Portuguesas. Em Ação, 8 e 9 União das Misericórdias Portuguesas Valpaços Apoio a mais de 700 idosos no concelho Livro Contributo para natureza jurídica Debate Conclusões do congresso de cuidados continuados Terceira Idade Estante Saúde Pág. 15 Pág. 21 Pág. 16 Por causa da crise, as lojas e cantinas sociais são cada vez mais comuns nas Misericórdias portuguesas. Durante a quadra natalícia a ajuda não só continua como se intensifica. Destaque, 4 a 6 Natal Prendas solidárias para ajudar quem mais precisa Património Uma aliança em nome da arte Parceria Museu do Douro vai ajudar a restaurar e preservar acervo das Santas Casas da Região Demarcada do Douro. 20 Doçaria conventual Reguengos de Monsaraz Histórias de vida Segredo que atrai pessoas de todo o país A melhor prenda seria uma família Quando o Natal é longe de casa Cerca de 100 unidades de cada doce conventual e outros bolos são vendi- dos diariamente a 70 cêntimos nos salões-de-chá da Misericórdia de Vila do Conde. Em Foco, 12 e 13 Há crianças que não vibram com a época natalícia. Para muitas é mesmo a altura mais triste ano. Os familiares não estão presentes e para muitos não haverá reencontro. Educação, 18 Por todo o território nacional, há muitas pessoas que contam apenas com as Misericórdias para não viver a quadra natalícia em absoluta solidão. Terceira Idade, 14 e 15

Voz das Misericordias

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Revista da União das Misericórdias

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Page 1: Voz das Misericordias

VOZDASMISERICÓRDIASdirector: Paulo Moreira | ano: XXVII | dezembro 2011 | publicação mensal

Clima de confiança para aceitar hospitais de voltaAs Misericórdias estão disponíveis para colaborar com o Estado na área da saúde, mas querem que o mesmo garanta a sua estabilidade através de protocolos duradouros. A posição consta de uma moção aprovada durante a última assembleia geral da União das Misericórdias Portuguesas. Em Ação, 8 e 9

União das Misericórdias Portuguesas

ValpaçosApoio a maisde 700 idososno concelho

LivroContributopara natureza jurídica

DebateConclusões docongresso de cuidados continuados

Terceira Idade Estante SaúdePág. 15 Pág. 21 Pág. 16

Por causa da crise, as lojas e cantinas sociais são cada vez mais comuns nas Misericórdias portuguesas.

Durante a quadra natalícia a ajuda não só continua como se intensifica. Destaque, 4 a 6

Natal Prendas solidárias para ajudar quem mais precisaPatrimónio

Uma aliança em nomeda arteParceria Museu do Douro vai ajudar a restaurar e preservar acervo das Santas Casas da Região Demarcada do Douro. 20

Doçaria conventual

Reguengos de Monsaraz

Histórias de vida

Segredo que atrai pessoas de todo o país

A melhor prenda seria uma família

Quando o Natal é longe de casa

Cerca de 100 unidades de cada doce conventual e outros bolos são vendi-dos diariamente a 70 cêntimos nos salões-de-chá da Misericórdia de Vila do Conde. Em Foco, 12 e 13

Há crianças que não vibram com a época natalícia. Para muitas é mesmo a altura mais triste ano. Os familiares não estão presentes e para muitos não haverá reencontro. Educação, 18

Por todo o território nacional, há muitas pessoas que contam apenas com as Misericórdias para não viver a quadra natalícia em absoluta solidão. Terceira Idade, 14 e 15

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A FOTOGRAFIA

O NúmeRO

O CAsO

A FrAse

ESPAço SénIoR

pAnORAMAwww.ump.pt2 vm dezembro 2011

As listas de espera para cirurgia estão de novo a avolumar-se. Segundo a Administração Central do Sistema de Saúde, entre Setembro e Outubro foram feitas menos 26.272 intervenções.

intervenções

26.272

Dominique strauss-Kahn

antigo diretor- -geral do FMi

“Zona euro é uma jangada prestes a

afundar”

A DescerJornalistas

mortos

Em 2011, 106 jornalistas foram mortos, segundo

a organização não-governamental Campanha

por Emblema de Imprensa. Os conflitos da Primavera Árabe estão na origem de, pelo menos,

vinte mortes.

A subirCiDaDão

exemplar

Um menino de 12 anos recebeu a medalha de “Cidadão Exemplar”, atribuída pelo INEM, por ter efetuado um

telefonema que salvou a vida da mãe diabética depois de esta perder a

consciência.

Isabel Rodeia Academia de Culturae Cooperação da [email protected]

Estamos a chegar ao natal e 2011 está a terminar. Tradicionalmente, nesta época tão especial festejava-se o nascimento de Cristo, reuniam-se as famílias e faziam-se esperançosos projetos para o ano seguinte.

porém os tempos mudaram e no, mundo ocidental, deram-se grandes transformações nas mentalidades e assim, esqueceram-se hábitos, trocaram-se valores, do que resultou uma sociedade diferente. O consumismo foi um dos grandes males que contribuiu para modificar esta época, que devia ser de um elevado espírito, e não de um materialismo desenfreado. presentemente, a crise económica e social afeta de um outro modo este tempo. As pesadas regras de austeridade, a grande preocupação com o futuro, o mau estar predominante e, infelizmente, a pobreza que já atingiu, no nosso país, milhares de pessoas, não permitem que o “nATAL” seja para todos.

Mas nem tudo se perdeu. Os cristãos continuam a festejar o nascimento de Cristo, há muitas famílias a reunirem-se, há muitos movimentos de solidariedade para com instituições que ajudam doentes, deficientes e desfavorecidos.

na Academia, o natal vai ser, como tradicionalmente sempre foi, uma tarde de convívio com música, canto e poesia e um almoço de confraternização que sempre reúne muitos associados e que, juntos, emprestam àqueles momentos um clima de festa e espírito de natal.

nestes últimos dois meses, além das aulas, houve também diversão e visitas culturais. no dia 11 de novembro festejou-se o São Martinho com um alegre magusto. Depois de uma passagem por Torres-Vedras onde, no Festival do pastel de Feijão, se provaram esses doces deliciosos, o grupo dirigiu-se a um restaurante prestigiado da região Oeste, onde, após o almoço, se divertiram com música, dança e as indispensáveis castanhas. As visitas culturais escolhidas pelas colegas responsáveis por este trabalho, tiveram muito interesse pois foram visitados o Banco de portugal e o Teatro Dona Maria II lugares que só conhecemos por “fora”.

Agora vamos para férias fazendo votos de um FELIZ nATAL para todos.

Estamos a chegar ao Natal e 2011 está a terminar. Tradicionalmente, nesta época tão especial festejava-se o nascimento de Cristo, reuniam-se as famílias e faziam-se esperançosos projetos para o ano seguinte

2011 EStÁ A tERMINAR

S. nuno de Santa Maria

Os nomes dos autores dos três pri-meiros trabalhos apresentados a concurso de conceção da estátua a S. Nuno de Santa Maria foram divulgados, a 13 de Dezembro, pelo júri constituído para o efeito, no pátio de exposições do edifício sede da Misericórdia de Barcelos.

Assim, o primeiro prémio foi atribuído a Fernando Almeida. A escolha do júri “fundamentou-se na beleza estética da escultura, na harmonia das formas, no semblante simultaneamente nobre e contido do santo, na sugerida religiosidade e intimidade compaginada com a disponibilidade do herói para novos serviços à pátria, chegada que fosse a hora pela mesma ter que arriscar a vida”.

O júri atribuiu o segundo pré-mio a Luís Santos que valorizou aquele “trabalho pelo modo original como foi concebido”. Por fim, o júri deliberou atribuir o terceiro lugar a Carine Pimenta, tendo-lhe agradado o “carácter altamente pedagógico do trabalho”.

Na cerimónia onde foram co-

nhecidos os autores dos trabalhos e revelada a classificação dos 3 primei-ros prémios, o provedor desta Santa Casa, Dr. António Pedras, anunciou que foi deliberado adjudicar, por ajuste direto, a execução, forneci-mento e montagem da Estátua e do pedestal selecionados pelo júri pelo valor de 56.260 euros. No entanto, tal deliberação ficou condicionada à prévia obtenção da homologação da Câmara Municipal de Barcelos e de parecer favorável do Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (IGESPAR).

O vencedor, Fernando Almeida, é formado pela Escola de Belas Artes e que trabalha em artes plásticas e em escultura, e concorreu em par-ceria com o arquiteto Pedro Martins.

Oportunamente será marca-da uma cerimónia para a entrega dos prémios. Os vários trabalhos poderão ser vistos na Misericórdia de Barcelos entre os dias 17 de Dezembro e 6 de Janeiro.

bArcelos esColhiDa estátua De nunoDe santa maria

A Misericórdia Fátima-Ourém, uma das mais jovens do país, festejou o sexto aniversário a 28 de Outubro. A festa reuniu cerca de 450 participantes num jantar comemorativo e de angariação de fundos. O ponto alto da noite foi um desfile de moda sénior. “Os 35 modelos especiais, com idades para além dos 65 anos, desfilaram e provaram que a idade maior é uma etapa maravilhosa da vida, que deve ser vivida com intensidade, interioridade e jovialidade”, refere a instituição lembrando que a iniciativa só foi possível com o empenho e dedicação de funcionárias e voluntários.

FátimA-ourém Desfile marCa sexto aniversário

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ON-LINe

oPInIão

sLIDesHOW

www.ump.pt dezembro 2011 vm 3

Sara BrazVoluntária na Misericórdia de Mação

Reformei-me da profissão mas não me reformei da vida ativa.

Sentia-me útil, e porque sempre lidei com idosos e pessoas com necessidades devido às suas dependências, abordei a Santa Casa da Misericórdia de Mação. Esta era uma forma de ajudar os outros, agora como voluntária, e para dar continuidade à

minha motivação. propus-me e fui aceite. Como estava habituada a lidar com idosos, nos 30 anos em que

trabalhei no Hospital de Mação, não foi difícil a adaptação. E já lá vão seis anos desde que faço voluntariado nesta Instituição.

Entretanto, surgiu o Banco Local de Voluntariado da Câmara Municipal de Mação, do qual a Santa Casa da Misericórdia se tornou parceira desde o início. Como já era voluntária só foi preciso “legalizar” a situação. Continuei a ser voluntária na Instituição e passei a frequentar as formações que destinadas aos voluntários.

É importante para mim a troca de experiências com outras pessoas que também se dedicam a estas causas, até mesmo de outras áreas, bem como o convívio com voluntários mais jovens que aqui também fazem voluntariado. Isto porque, no final de contas, acabamos por aprender novos conceitos e a viver as experiências uns dos outros em prol de quem precisa de nós.

Hoje estou feliz e preenchida nesta atividade. Aqui faço companhia, ajudo nas refeições e envolvo-me com eles nas atividades lúdicas, contribuindo para preencher o muito tempo que estas pessoas têm livre. Quando estamos longe dos nossos internados, hospitalizados ou institucionalizados aí vemos como é bom ter mais alguém que dá um pouco de si por aqueles que nos são queridos. Faço-o diariamente todas as tardes e aqui me sinto um pouco como se estivesse em casa.

Esta é uma experiência muito enriquecedora e é tão gratificante perceber como um simples gesto ou uma simples palavra nossa pode contribuir para que seja um dia melhor para um idoso. E o mesmo acontece para quem está deste lado, como é o meu caso. Da mesma forma, como um simples gesto ou sorriso de um idoso pode ser tão recompensador para nós e chegarmos ao fim do dia com aquela extraordinária sensação de dever cumprido.

Gostava que existissem mais pessoas disponíveis para fazer voluntariado. Gente que, sem qualquer tipo de contrapartida, desse um pouco do seu tempo para conversar, jogar às cartas, apoiar nas atividades e refeições ou, simplesmente, para ouvir estas pessoas que, às vezes, nos impressionam com as suas histórias de vida e a sua memória para contar episódios do antigamente e lengalengas.

O meu nome é Sara Braz e tenho 74 anos. Com o voluntariado percebi que ao ajudar os idosos estou a ajudar-me a mim mesma e aprendo a encarar a minha velhice e o meu futuro com outros olhos.

O meu nome é Sara Braz e tenho 74 anos. Com o voluntariado percebi que ao ajudar os idosos estou a ajudar-me a mim mesma e aprendo a encarar a minha velhice e o meu futuro com outros olhos

SER VOLUNtÁRIO

A Santa Casa da Misericórdia da Sangalhos vai receber os dos direitos de autor da venda dos exemplares do livro destinado ao público infantil. A edição “As Ruas” é da autoria de Carlos Alegre com ilustrações de Davi Campos. O lançamento do livro, apadrinhado pelo cantor José Cid, teve lugar a 17 de Dezembro na Biblioteca Municipal da Anadia. As verbas serão destinadas ao Centro de Acolhimento temporário Casa da Criança.

sAngAlhos luCros em favorDa Casa Da Criança

Faleceu recentemente o ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos. Mário de Pinho Ferreira de Azevedo esteve ligado ao movimento de provedores que deu origem à União das Misericórdias Portuguesas e também foi diretor do jor-nal Voz das Misericórdias entre os anos de 1992 e 1995. As cerimónias fúnebres tiveram lugar a 13 de Dezembro e a ami-gos e familiares apresentamos os nossos pêsames.

bArcelos faleCeu márioDe azeveDo

tal como em anos anteriores, a Mise-ricórdia da Maia promoveu, em parceria com a Câmara Municipal, a atividade “Natal no Jardim”. Na instalação coloca-da no jardim junto ao Monumento das Comunidades Maiatas, envolveram-se todas as respostas sociais da Misericórdia da Maia bem como algumas Instituições de Solidariedade Social do concelho. Os participantes instalaram árvores de Natal elaboradas com materiais reciclados.

mAiA natal no JarDimreúne instituiçõesR

AD

AR

A Misericórdia de Santa Maria da Feira arrecadou o segundo prémio do Concurso de Presépios – O Mais Reciclado. Com o ex-libris do concelho em destaque, a fogaça, os seniores do Lar S. Nicolau e centro de dia da Misericórdia usaram ou-tros materiais, tais como papel de jornal, sobras de papel de seda, sobras de cortiça, lâmpada e respectivos bocal e ficha de li-

gação, cola, tesouras, pistola de cola quente, tubos de silicone, milho, so-

bras de cartolina e folha de espiga de milho.

FeirA segunDo lugar noConCurso De presépios

A Associação Empresarial de Portugal (AEP) promove na região autónoma da madeira um projeto de formação-ação para qualificar o terceiro setor. Para o efeito, convidou a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) para sua parceria nesta iniciativa dado que todas as Santas Casas da região participam. O arranque do projeto, financiado pelo programa Rumos, teve lugar no Funchal, no dia 5 de Dezembro.

mADeirA qualifiCar o terCeiro setor

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DESTAQUEwww.ump.pt4 vm dezembro 2011

Prendas solidárias para ajudar quem mais precisa

A loja social da Misericórdia de Almada abriu há menos de um ano e por lá já passaram largas centenas de pessoas. Pela altura do Natal, é ponto de encontro de quem quer doar e quem precisa receber

A loja social da Santa Casa da Miseri-córdia de Almada abriu há menos de um ano e por lá já passaram largas centenas de pessoas. Naquele espaço é possível adquirir bens por valores inferiores aos praticados no mercado, mas também há um banco de ajudas técnicas e outros materiais para pes-soas acamadas. Pela altura do Natal, a loja é ponto de encontro de quem quer doar e quem precisa receber. Em comum, todos têm a noção de que ali além é possível poupar alguns euros ao mesmo tempo que se ajuda a Misericórdia de Almada a continuar a apoiar pessoas.

Quem garante que o espaço fique aberto são as voluntárias. Organizadas em turnos, são elas que recebem e encaminham todas as pessoas que por ali passam. Além do comércio tradicional, a loja social funciona como uma ponte entre a Santa Casa e a comunidade. Desde que abriu, 193 pessoas passaram por lá para pedir

ajuda, 107 foram encaminhadas para a Misericórdia.

Atualmente já são muitos os clien-tes habituais da loja. Do outro lado da estrada funciona uma escola e é comum haver jovens a procurar alguns itens como relógios, sapatos e alguma bijuteria. A maior parte das pessoas que ali vão são mulheres. Nobélia Garcia é uma delas. Com 77 anos de idade, visita muitas vezes a loja. Nem que seja apenas para conversar um pouquinho com as voluntárias que lá estão. Para aquela senhora, compensa fazer compras ali, mesmo as natalícias. Além da qualidade e dos preços van-tajosos, é uma compra solidária uma vez que toda a mais-valia ali gerada é depois investida nas diversas respostas sociais da Misericórdia de Almada. Não é muito, o resultado das vendas ronda os 550 euros mensais, mas já é uma boa ajuda, conta-nos a diretora responsável por toda a ação social da instituição, Maria de Assis Almeida.

Em média, cerca de 100 pessoas visitam mensalmente a loja à procura

Bethania Pagin

Page 5: Voz das Misericordias

www.ump.pt dezembro 2011 vm 5

A Misericórdia de Mora arrecadou o segundo lugar de um concurso de fotografia sob a temática da deficiência. A iniciativa foi promovida por uma empresa que comercializa equipamentos médicos e produtos de apoio, a MAPE Vertical.

MoRA VEncE concuRSo DE FoTogRAFIA

de bens mais acessíveis, como roupas de criança. Uma das sete voluntárias que asseguram a abertura do espaço, Rosinda Bárbara, contou a história de uma jovem grávida que todos os meses ia a loja comprar peças para o enxoval do bebé.

Além de um banco de ajudas téc-nicas, na loja estão à venda três tipos de produtos: roupas usadas, roupas novas e produtos artesanais realiza-dos por utentes da Misericórdia. São muitos os particulares que procuram a Santa Casa para fazer doações (no dia da nossa visita chegaram dezenas de peluches). No que respeita a em-presas, em menos de um ano a Santa Casa contou com as dádivas de oito.

Mas também há artesanato. Sem-pre realizado com materiais reciclados. A ideia surgiu no âmbito do projeto Criarte, financiado pela Fundação EDP. Reutilizar, reciclar, reduzir e revalorizar eram as palavras de ordem desse projeto que até hoje produz bol-sas, porta-moedas, enfeites variados, almofadas etc.

Loja social da Misericórdia de Almada existe

há menos de um ano

“Além da qualidade e dos preços vantajosos, a mais-valia ali gerada é depois investida nas diversas respostas sociais da Misericórdia de Almada

Quem garante que o espaço fique aberto são as voluntárias. Organizadas em turnos, são elas que recebem todas as pessoas que por ali passam

Desde que abriu, 193 pessoas passaram por lá para pedir ajuda, 107 foram encaminhadas para a Misericórdia

Além de um banco de ajudas técnicas, na loja estão a venda três tipos de produtos: roupas usadas, roupas novas e produtos artesanais realizados por utentes da instituição

A maior parte das pessoas que ali vão são mulheres. Nobélia Garcia é uma delas. Com 77 anos de idade, visita muitas vezes a loja

“Vila Viçosa garante apoio no Natalloja social da misericórdia de Vila Viçosaprocura ajudar famílias maiscarenciadas através darecolha de objetos doadospor particulares ou empresas

Este ano o Natal vai ser mais pobre, financeiramente, para muita gente. Há muitos portugueses sem emprego, sem dinheiro. Mas, por outro lado, somos convidados a partilhar mais. É justamente este o espírito de cola-boração e união que se vive em Vila Viçosa, na Loja Social da Misericórdia daquela localidade.

Mas, afinal, o que é que esta loja tem de especial? A Loja Social procu-ra suprir algumas necessidades das famílias mais carenciadas, através da recolha de objetos usados ou novos, doados por particulares ou empresas. No caso de Vila Viçosa, há de tudo um pouco: roupas, calçado, material escolar, brinquedos, e tudo aquilo que já não faz muita falta há alguns, mas que pode fazer a diferença para tantas outras famílias.

A funcionar desde o dia 4 de Julho, financiada pelos Contratos Locais de Desenvolvimento Social, a Loja Social de Vila Viçosa faz parte de um projeto designado por “Gerioteca” que reúne, num único local, além do espaço da loja, um centro de empréstimo de ma-teriais lúdicos e de psicomotricidade, um centro bibliográfico geriátrico e um centro de organização de atividades para a terceira idade. “É um novo conceito de espaço”, afirma o técnico da Santa Casa da Misericórdia de Vila Viçosa, Nelson Rebola, sendo de assinalar que no âmbito deste projeto “já foram efetuadas várias atividades como: convívios, jogos, cinema e passeios lúdicos”.

O provedor Jorge Rosa destacou a importância deste tipo de projeto: “a Santa Casa, atenta aos problemas locais, tenta colmatar as dificuldades. Assim, decidiu instalar este equipa-mento que se destina às pessoas mais carenciadas. Alguns bens a Santa Casa dá, outros empresta, como é o caso dos aparelhos destinados à prática de exercício físico e dos materiais lúdicos”.

As vantagens da Loja Social são evidentes, permitindo a população mais vulnerável ter acesso a determinados bens, a título gratuito, conforme as

Adriana Melo

suas necessidades imediatas. Com a colaboração da comunidade a loja tem sido muito requisitada: está a dar apoio a cerca de 200 pessoas que, por vários motivos, se encontram em situação de maior vulnerabilidade e já contabiliza 600 produtos doados. O técnico Nelson Rebola destaca: “desde que foi inaugurada tem sido notório o aumento no número de famílias que recorrem à loja, sobretudo à procura de roupa”, sublinhando, contudo, que “essa procura tem sido acompanhada pelo crescimento ao nível de donativos”.

Os utentes parecem muito satis-feitos com a qualidade dos bens. Um dado curioso é que, muitas vezes, são os próprios beneficiários da loja que também entregam donativos, como é o caso de uma utente de Bencatel (terra próxima de Vila Viçosa). Com três filhos menores, esta frequentadora da loja social afirmou que “é um serviço muito bem pensado” e acrescentou que além das roupas já levou uma boneca que, com certeza, vai agradar à filha mais pequena.

Imbuídos do espírito natalício, na Loja Social todos procuram partilhar o que têm para que todos possam celebrar o Natal. E, no âmbito do projeto Gerioteca, está mesmo a ser confeccionada uma árvore de Natal dos desejos. Os pedidos são vários: o técnico Nelson Rebola solicita: “igual-dade no acesso às oportunidades”; a técnica Cátia Gonçalves (que recebe os utentes da loja social) reclama “que para o próximo ano a generosidade continue em alta em Vila Viçosa”. O provedor de Vila Viçosa, se pudesse fazer um pedido, dirigir-se-ia direta-mente “às entidades responsáveis e aos poderes públicos, para que estas ajudem as instituições. Afinal, as instituições – como a Misericórdia – estão na primeira linha perante aos mais necessitados.”

todos podem contribuir para a Loja Social na doação de artigos que de alguma forma não lhes façam falta ajudando os mais carenciados. Afinal, a palavra-chave deste Natal, em Vila Viçosa, vai ser solidariedade.

Partilha é a palavrade ordem na loja

da Misericórdia de Vila Viçosa

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DESTAQUEwww.ump.pt6 vm dezembro 2011

AGRADECIMENTO

Ambiente familiar para esconder a solidãocom o aproximar da época natalícia, mais se acentuam as carências emocionais e afetivas dos utentes do refeitório social da misericórdia de Viseu

Com uma média de cem refeições diárias servidas, o Refeitório Social da Santa Casa da Misericórdia de Viseu continua a dar resposta aos mais caren-ciados, constituindo uma importante âncora para todos aqueles que não têm meios de subsistência na cidade de Viseu. Segundo Sofia Simões, assis-tente social da Misericórdia de Viseu, “de há um ano para cá temos ultra-passado a barreira das 100 refeições. Sabemos que ainda há muitas pessoas que precisam de ajuda, porque nos abordam na rua, mas depois falta-lhes a coragem para virem. E a tendência é para estes números subirem, tendo em conta os cortes que se têm veri-ficado ultimamente, nomeadamente

José Alberto Lopes

final dos almoços, trouxemos cá um rancho folclórico para cantar para eles, fizemos uma sessão de cinema, com pipocas e tudo, tivemos igualmente uma tuna a atuar. Ainda vamos ter cânticos de Natal e uma peça de tea-tro alusiva à época. Os utentes vêm almoçar ao refeitório e depois ficam conosco a participar nas nossas ativi-dades”, referiu Sofia Simões.

No fim de semana de Natal, pese embora haja sempre muitos utentes que saem da cidade, para passar estes dias com a família, haverá uma sessão de cinema ao fim do almoço. À noite realizar-se-á a ceia de Natal, onde haverá declamação de poemas, cânticos e prendas para os utentes. No dia 25, domingo, o refeitório servirá o almoço de Natal. “Vai estar cá sempre alguém com eles, tanto na consoada como no dia de Natal, a tentar criar uma atmosfera natalícia, porque isto acaba por ser uma família”, conclui a assistente social.

A mesma ideia é partilhada por Maria Emília, de 55 anos, que frequen-ta o refeitório com o seu filho desde outubro de 2009. “Não tenho nada a apontar aos profissionais que aqui tra-balham, são todos muito competentes. Vou passar aqui o Natal, com o meu fi-lho, porque somos muito bem tratados e gostamos da convivência que aqui há”. Na opinião de Maria Emília, “o governo devia dar mais apoio a casas como esta, que presta um excelente serviço a quem mais precisa”.

Por sua vez, Sara da Cunha da Costa, de 58 anos, frequenta o refei-tório desde a sua abertura. Este ano vai passar o Natal fora, a casa de um irmão, apesar de viver sozinha duran-te o resto do ano. “Venho aqui todos os dias. As pessoas são todas muito boas para nós e simpáticas. No fundo, é como se fossem família”. As dificul-dades por que passa diariamente ficam bem refletidas na sua conclusão: “O dinheiro que tenho é para pagar os medicamentos, a água, a luz e a renda. Não dá para mais nada…”

Manuel Carlos Figueiredo, de 65 anos, também vai passar o Natal com familiares, apesar de almoçar no refeitório no dia 24 de dezembro. Utente desde a abertura da cantina social, sente que existe “um ambiente familiar diário. Até hoje nunca tive razões de queixa, as pessoas são impe-cáveis, têm amor à gente, estimam-nos muito bem e somos uma só pessoa, uma família”.

“Vou passar aqui o Natal, com o meu filho, porque gostamos da convivênciaque aqui há Maria Emília55 anos

Venho aqui todos os dias. No fundo, é como se fossem famíliaSara da cunha da costa58 anos

no rendimento social de inserção, na comparticipação dos medicamentos e nas taxas moderadoras”.

Com o aproximar da época nata-lícia, mais se acentuam as carências emocionais e afetivas dos utentes do refeitório, que atualmente alberga cinco agregados familiares. De forma a criar um ambiente familiar e um es-pírito natalício, para atenuar a solidão daqueles que já não têm família com quem passar o Natal ou que se encon-tram sozinhos na cidade, foi criado um programa de atividades, que vai atingir a sua expressão máxima com a consoada e o almoço de Natal. “Já tivemos a atividade das pinturas, no

ProvedorJosé Abrantes Serra

2/10/1932 – 17/11/2011

A Santa Casa da Misericórdia de Manteigas, na impossibilidade de agradecer pessoalmente a todas as instituições, individualidade e pessoas que se dignaram a acompanhar o seu Provedor, ou que por qualquer modo lhe manifestaram o seu pesar, vem por este meio testemunhar o seu mais profundo agradecimento.A todos o nosso bem-haja.

A Santa Casa da Misericórdia de Manteigas

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Page 8: Voz das Misericordias

EM AçãOwww.ump.pt8 vm dezembro 2011

Devolução dos hospitaisprecisa de clima de confiançaProvedores aprovaram uma moção onde apelam ao cumprimento dos compromissos assumidospelo estado. em causa está a confiança necessária para o processo de devolução dos hospitais

As Misericórdias estão disponíveis para colaborar com o Estado na área da saúde, mas querem que o mesmo garanta a sua estabilidade através de protocolos duradouros. A posi-ção consta de uma moção aprovada durante a assembleia geral de 3 de Dezembro da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), no Centro João Paulo II, em Fátima. Os provedores aprovaram ainda o plano de atividades e orçamento da UMP para 2012.

A preocupação dos provedores prende-se com o recente anúncio de devolução de hospitais às Santas Casas e com os atrasos das comparticipações no âmbito dos cuidados continuados, das consultas e cirurgias e também das empreitadas do Programa Mo-delar. A dívida, à altura, rondava os 20 milhões de euros. No mesmo dia em que anunciou a intenção de devolver as unidades de saúde, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho afirmou também que até Março de 2012, o governo estará em condições de liquidar “o essencial da dívida” às Misericórdias.

Segundo o presidente do Secre-tariado Nacional da UMP, apenas o cumprimento dos compromissos as-sumidos poderá assegurar o clima de confiança necessário para o processo de devolução de cerca de 15 dos 27 hospitais que ainda estão nas mãos do Estado.

Embora considerem a devolução dos hospitais como um marco decisivo, as Misericórdias apelam à garantia do Estado quanto à estabilidade e susten-tabilidade dos protocolos e acordos de cooperação hospitalar que com elas celebrar e quanto ao pagamento atempado das comparticipações finan-ceiras. O objetivo é a salvaguarda dos princípios de garantia das instituições e do serviço às comunidades, lê-se na moção. Até Março de 2012 deverá estar concluído o processo de negociação entre Misericórdias e governo para determinar as condições da devolução.

As instituições que poderão reaver os hospitais são: Águeda,

Bethania Pagin

Anadia, Espinho, Estarreja, Ovar, São João da Madeira, Famalicão, Barcelos, Fafe, Porto, Valongo, Ama-rante, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia, Santo tirso, Serpa, Fundão, Cantanhede, Seia, Pombal, torres Vedras, Mon-tijo, tondela, Alcobaça, Oliveira de Azeméis e Peso da Régua.

Em declarações ao Voz das Miseri-córdias, o provedor da Santa Casa de Va-longo mostrou-se bastante apreensivo em relação às condições da devolução do hospital. O esforço para ter contas equilibradas é enorme, contou Albino Poças, afirmando ainda temer as con-sequências do retorno da unidade de saúde à instituição. A sustentabilidade é uma preocupação comum a todos os provedores envolvidos nesse processo das unidades de saúde.

afonso Calado da maia e manuel silva pereira foram recordados durante a as-sembleia geral de 3 de Dezembro. os provedores, respetivamente de rio maior e póvoa de varzim, acompanharam a ump desde os primórdios e vivenciaram todos os seus momentos altos. para o presidente do secretariado nacional, manuel de lemos, “foi extremamente penoso vê-los partir”. recorde-se que recentemente faleceu mário de azevedo, ex-provedor da misericórdia de Barcelos e também ele integrou o movimento que deu origem à ump.

Momento pararecordar provedores

Depois de 33 anos de trabalho, a pro-vedora da misericórdia de albufeira despediu-se dos colegas provedores durante a última assembleia geral da união das misericórdias portuguesas, a 3 de Dezembro. “nunca desanimem de manter viva a nossa missão” foi a mensa-gem deixada por helena serra aos seus colegas dirigentes. todos os presentes se levantaram para aplaudir e homenagear com uma salva de palmas demorada e emocionada a primeira provedora de portugal.

o adeus deHelena Serra

na assembleia geral de 3 de Dezembro também foram distribuídas as atas do x Congresso nacional das misericórdias, que decorreu em Coimbra e arganil, de 16 a 18 de Junho. Durante aquela reu-nião magna das santas Casas, o presiden-te do congresso, o provedor de arganil, Dias Coimbra, agradeceu publicamente todo o apoio prestado por Bernardo reis durante os trabalhos do congresso. recorde-se que durante o congresso nacional a união das misericórdias por-tuguesas foi condecorada pelo presidente da república.

Atas do congressonacional editadas

Provedores também aprovaram plano

de ação para 2012

Page 9: Voz das Misericordias

www.ump.pt dezembro 2011 vm 9Como e onde obter meios financeiros

www.comogerirmelhor.com

Porto 21 de Janeiro de 2012

Inscrições online:

Reforçar competências de gestãonas instituições sociais

Workshop 1: Evitar conflitos e garantir eficiência através da gestão dos recursos humanos e da comunicação interna. Workshop 2: A melhor alimentação para crianças e idosos. Workshop 3: A Certificação da Qualidade das Normas ISO aos Manuais da Segurança Social. Workshop 4: Como organizar: da actividade mais simples ao evento mais complexo.

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A Estratégia e a MelhorGestão das Instituições

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Recebe certificado de participaçãoe documentação sobre os temas.

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MUNICIPAL DO PORTOR. Alves Redol, Porto

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Luís Vale, docente universitário, ocupou cargos de direção da Segurança Social ao longo de vários anos

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A melhor gestão com base em planos estratégicos

Sensibilidade para o socialapesar datroikaos pagamentos de IRCe IVA por parte do setorsocial também foi temade discussão durante aassembleia geral da uniãodas misericórdias

Os pagamentos de IRC e IVA por parte do setor social também foi tema de discussão durante a assembleia geral de 3 de Dezembro da União das Mise-ricórdias Portuguesas (UMP). Segundo informou o presidente do Secretariado Nacional, no âmbito do orçamento de Estado para 2012 as Misericórdias continuam isentas de pagamento de IRC. A isenção mantém-se também no que respeita às empreitadas compar-ticipadas pelo POPH e pelo Programa Modelar. Nas restantes obras, o IVA passa de 23 para 12,5 por cento. Para Manuel de Lemos, a medida “deu prova da sensibilidade do Ministério da Solidariedade e Segurança Social (MSSS)”.

Outras medidas governamentais destacadas pelo presidente da UMP

foram o reforço do Fundo de Socorro Social em dez milhões de euros e a criação de um fundo de financiamento extraordinário para o setor social. Em ambos os casos, o Secretariado sabe que à União serão solicitados parece-res que influenciarão a decisão final. “Por favor, falem conosco”, concluiu Manuel de Lemos, lembrando que “ajudar as Misericórdias é a principal missão da UMP”.

Ainda sobre as negociações com o MSSS, o responsável do Secretaria-do Nacional pela ação social, Carlos Andrade, informou que o protocolo de cooperação com o Estado está a ser negociado para vigorar durante dois anos.

Bethania Pagin

no âmbito do orçamentode Estado para 2012,as Misericórdias continuamisentas de pagamento de IRc. o IVA passa de 23 para 12,5%

VOLTAApORTUGAL

Festa em favor de Vila Real de Santo Antónioum espetáculo de solidariedade orga-nizado pela JsD de Vila real de santo António resultou na angariação de 250 kg de alimentos que reverteram para a santa casa da misericórdia da cidade pombali-na. o espetáculo incluiu música, dança e teatro, juntando algumas associações e jovens do concelho. no final, o provedor daquela misericórdia agradeceu a “boa iniciativa desta geração solidária”.

Presépios emAlhos VedrosA Aliuvetus – Associação cultural história e Património - organizou uma exposição de presépios que vai esteve patente na capela da santa casa da misericórdia da-quela localidade entre os dias 17 a 23 de Dezembro. os presépios eram de diversos materiais (vitral, madeira, vidro, azulejo, porcelana, madeira, gesso, barro, pedra, metal, madre-pérola, etc) e provenientes de diversos países.

Museu de Viseu commenção honrosao museu da misericórdia de Viseu rece-beu uma menção honrosa da Associação Portuguesa de museologia (APom) no âmbito dos prémios que todos os anos aquela organização atribui. entre as 20 categorias que a APom criou para des-tacar museus, projetos, profissionais e ati-vidades, três delas lançadas este ano pela primeira vez, destacam-se os prémios para melhor museu, melhor exposição e a personalidade do ano.

Ciclo de órgãoem SantarémA igreja da misericórdia de santarém serviu de palco ao concerto de natal integrado no ii ciclo de Órgão de santa-rém, no dia 17 de Dezembro. o evento que decorre até 1 de Abril de 2012 em várias igrejas do centro histórico conta com o apoio da Diocese de santarém, da santa casa da misericórdia de santarém, do conservatório de música de santarém e da rodoviária do tejo.

2Milhões de eurosa misericórdia da povoação, nos açores, vai receber cerca de dois milhões de euros do governo regional para remodelar e ampliar o lar dos idosos.

Em Janeiro de 2012 a UMP começará a preparar a nova edição da brochura Quem Somos. Por favor, envie-nos informação sobre as eleições na sua Misericórdia.

Leia, assine e divulgue

VOZDASMISERICÓRDIAS

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www.ump.pt

EM AçãO

10 vm dezembro 2011

RECEITAS nAS MISERICÓRDIAS

Broas de Mel de Machico

INGREDIENTES

INFoRMAção NuTRICIoNAl: PREço:

DIFICuDADE:

MoDo DE PREPARAção:

1kg de farinha3/4 kg de açúcar1/4 kg de manteiga1/4 kg de banha8 colheres de sopa de mel de cana1 Pacote de soda2 Paus de canela4 ovosraspa de um limão ou laranja

260 Kcal4 g Proteínas40 g hidratos de carbono12 g gordura2 g Fibras

€ € € € €

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Junta-se a manteiga, a banha, o açúcar, os ovos e a raspa do limão ou laranja até se obter uma mistura homogénea. segui-damente, adiciona-se a farinha, a soda, a canela e finalmente o mel. mistura-se tudo muito bem e deixa-se descansar durante meia hora. Depois de lêvedas fazem-se bolinhas e colocam-se em tabuleiros.leva-se ao forno a uma temperatura de 180ºc durante 20 minutos.

Novas Oportunidadespara 15 em Palmelamisericórdia de Palmela homenageou 15 funcionárias do lar de idosos que concluíram recentemente o processo novas oportunidades

A Santa Casa da Misericórdia de Palmela homenageou 15 funcioná-rias do lar de idosos que concluíram recentemente o processo de Reconhe-cimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) no âmbito das Novas Oportunidades.

A iniciativa, contou-nos a diretora do lar, foi da Misericórdia. Muitas fun-cionárias não tinham o nono ano de escolaridade e a instituição promoveu a formação com dois grandes objeti-vos: melhorar o nível de formação do quadro de colaboradores, mas também promover um ajuste salarial. Segundo Claudia Costa, havia diferen-ças de vencimentos visto que muitas ajudantes de lar já tinham o nono ano.

As aulas decorreram sempre durante horário laboral e não foi complicado gerir os turnos de modo a garantir que o lar continuasse a funcionar adequadamente. Durante cerca de seis meses, as colaboradoras dedicaram duas horas da sua jornada de trabalho à formação. “Havia muito entusiasmo”, refere a diretora.

As aulas decorreram sempre nas próprias instalações da Misericórdia de Palmela. Os formadores do Instituto

de Emprego e Formação Profissional (IEFP) deslocavam-se até lá. “Foi muito gratificante perceber que além de uma evolução profissional e social, elas também estavam a melhorar pessoalmente”.

Informática foi a disciplina que mais entusiasmou as formadoras por causa das redes sociais. Elizabeth Mar-tins, de 58 anos, afirma isso mesmo. Por causa de algumas competências adquiridas nas Novas Oportunidades, foi possível conviver com pessoas nas redes sociais, especialmente com o filho, que está neste momento a

estudar na República Checa. Dona Beta, como é conhecida na instituição, teve cedo de deixar os estudos para ajudar a família. “Voltar a estudar era um sonho antigo”, contou ao Voz das Misericórdias.

Além da formação, Elizabeth destaca os momentos de convívio e partilha com as colegas, mas também o recordar de muitas memórias. todos os formandos que passam pelas No-vas Oportunidades têm de produzir um dossiê com o percurso de vida. Ao longo deste trabalho, vão sendo trabalhadas as diversas competências.

Para homenagear e incentivar as colaboradoras que obtiveram o RVCC, a Misericórdia de Palmela promoveu um jantar onde foram entregues os 15 diplomas. Para o provedor, Fran-cisco Cardoso, tanto o esforço que a instituição fez para que fosse possível a formação, como aquele momento de convívio fazem todo o sentido: “a Santa Casa de Palmela é o que é por causa dos seus colaboradores”.

O jantar contou com a presença das formadoras do IEFP e de todos os membros da Mesa Administrativa da Santa Casa de Palmela. O presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Ma-nuel de Lemos, e o responsável pela ação social, Carlos Andrade, também estiveram presentes, assim como o presidente do Conselho Nacional da UMP e provedor da Misericórdia de Setúbal, Fernando Cardoso Ferreira. O evento teve lugar no passado dia 13 de dezembro.

Bethania Pagin

Três desistênciaso processo de reconhecimento, Valida-ção e certificação de competências na misericórdia de Palmela começou com 18 formandas, mas três desistiram. Foram entregues 15 diplomas.

Facilitar a formaçãoA responsável do ieFP pelo centro novas oportunidades de Palmela agradeceu ao provedor o facto de ter criado as condi-ções para facilitar o processo formativo das funcionárias da instituição.

Cerca de 60 anostodas as colaboradoras da misericórdia de Palmela que receberam diplomas a 13 de Dezembro têm idades entre os 55 e 60 anos.

Facilitar a formaçãodos colaboradores

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www.ump.pt12 vm dezembro 2011

EM FOCO

Segredo que atrai pessoas de todo o paísos doces conventuais da Misericórdia de Vila do Conde atraem pessoas de todo o país,ao mesmo tempo que preservam um património gastronómico que correu o risco de ser perder

O passo apressado não deixa adivinhar a idade de Arlindo Maia e não vamos ser nós a cometer essa inconfidência. Do alto das suas mais de oito décadas de vida, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde desfia memórias de quem tem obra feita para contar.

À frente da instituição há 27 anos, é ele o responsável por uma das grandes atrações da cidade: os doces conventuais. Vêm pessoas de pro-pósito de Lisboa para cometerem o pecado da gula.

“Ó meninas, dois bonezinhos, por favor”. Na cave do salão de chá do lar de Idosos da Santa Casa da Misericór-dia de Vila do Conde, um dos dois salões de chá da instituição, fervilham aromas que se nos entranham no ol-fato e fazem crescer a água na boca. É ali que tudo acontece, onde é dado corpo a receitas resgatadas às freiras que passaram por Vila do Conde. Não fosse o trabalho da instituição e todo este património gastronómico teria ficado perdido no tempo.

Antes de entrarmos na cozinha, Arlindo Maia, que faz questão de seguir escrupulosamente as regras de higiene e segurança, equipa-se com toucas e bata de proteção, não vá um fio de cabelo indesejado ou alguma poeira estragar as verdadeiras obras de arte que estão a ser confeccionadas.

Por entre cumprimentos bem dispostos à equipa de seis cozinhei-ras, o provedor revela que quando assumiu a direção da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde decidiu apostar na recuperação de algumas artes, tradições e cultura da região que estavam em vias de extinção: os doces conventuais foram uma das apostas.

Durante muitos anos, as freiras do convento local faziam os doces e doci-nhos, bolos e bolinhos que deixavam mais do que um a salivar, mas nunca partilharam as receitas com quem quer que fosse. “Era segredo do convento. Contavam-no de geração para geração, mas cá para fora, nada”, conta Arlindo Maia. Quando o convento fechou, o receituário tradicional dos doces conven-

Susana Ramos Martins

Tradicionalmente doces eram feitos pelas freiras

de Vila do conde

Page 13: Voz das Misericordias

www.ump.pt dezembro 2011 vm 13

Doces são fontede rendimento uma média de 100 unidades de cada doce conventual e outras qualidades de bolos são vendidos diariamente, durante os sete dias

Uma média de 100 unidades de cada doce conventual e outras qualidades de bolos são vendidos diariamente, durante os sete dias da semana, a 70 cêntimos nos dois salões-de-chá que a Santa Casa da Misericórdia possui no centro da cidade de Vila do Conde, integrados nas suas instalações. “Até ao dia 25, as pessoas compram muito, mas depois, até ao dia 1, sentimos sempre uma grande quebra nas ven-das”, confidencia Conceição Antunes, “braço-direito” do provedor.

Os responsáveis pela instituição preferem não revelar o volume de

Susana Ramos Martins

tuais de Vila do Conde ficou em risco. Valeram as empregadas das freiras que as ajudavam na confecção pasteleira. As freiras não revelaram as receitas nem em confissão, mas as empregadas, que faziam os bolos e que conheciam os ingredientes e o modo de confecção de cor e salteado, passaram o testemunho. A Santa Casa guardou esses relatos em li-vro, avançou com formação profissional para a preparação das futuras pasteleiras que iriam dar corpo aos segredos tantos anos guardados e, assim, se continua a perpetuar e preservar um património gastronómico que dá fama à cidade.

O segredo é a alma dos doces A chefe de cozinha é a mais baixi-

nha de todas as seis mulheres que se encontram naquela cozinha, mas nem por isso a que tem menos genica. Ma-ria Rosa, que há mais de uma década fez dos doces conventuais profissão, faz questão de manter a tradição do convento. Revelar as receitas? Nem pensar! “Até levamos a mal quando nos pedem, mesmo sendo nossos familiares”, conta divertida. “Nós caprichamos muito no que fazemos e é só nosso, exclusividade nossa”. Ainda assim, vai deixando escapar que alguns dos truques que fazem dos doces conventuais de Vila do Conde

exemplares únicos: são todos feitos no dia, com ovos frescos. Os tempos de cozedura, diz quem sabe, são “funda-mentais” e um dos “grandes segredos”.

Em cima da bancada de trabalho, as tigelinhas, os doces de chila, os travesseiros, os vila-condenses deixam qualquer um sem palavras. “Só doces conventuais, fazemos para cima de uns 100 de cada qualidade todos os dias”, prossegue Maria Rosa, revelan-do a razão da sua boa-forma física: “não como muitos doces”.

Os doces feitos naquela cave que não é do Ali Babá, mas que esconde certamente as 40 tentações, são ven-didos exclusivamente nos dois salões de chá da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde, um deles localizado imediatamente no piso superior.

Sala cheia, muitos jovens. É assim diariamente, confidencia Alicia Silva há 14 anos atrás do balcão daquela casa-de-chá. Por lá vem entrar diaria-mente dezenas de pessoas, entre eles um casal que aparece não diariamente, porque não consegue, mas sempre que vem para Norte. Um casal lisboeta que há muito descobriu o segredo dos doces conventuais da Santa Casa da Misericórdia e que não ruma a sul sem levar umas quantas caixas.

Abrir o lar à cidadePor lá é também possível ver os

utentes do lar, os familiares, jovens das escolas vizinhas e todos os gu-losos que conhecem a casa. Foi a fórmula encontrada para vender os doces conventuais fabricados pela instituição, preservando o receituário e em simultâneo transformando a atividade numa forma de rendimento para a instituição. Mas foi, sobretudo, a forma de abrir o lar à comunidade, pedra basilar da filosofia de gestão social do provedor Arlindo Maia.

“O provedor sempre foi defensor de que os lares deveriam estar inseri-dos na comunidade e cada vez mais, com a experiência que eu já tenho, me apercebo de que isso é verdade”, confessa a jovem Vera Santos, diretora do lar de idosos da Misericórdia. No cargo há seis anos, Vera percebeu que tudo funciona de forma mais eficaz e feliz se não houver horários de visita e se familiares e amigos dos mais de 200 idosos que acolhem e apoiam puderem conviver num es-paço agradável como o salão-de-chá, onde podem ir todas as pessoas da cidade. Um convívio que, dizem os responsáveis, é fundamental para o equilíbrio dos utentes.

negócios da atividade, mas o prove-dor, Arlindo Maia, admite que não dá prejuízo e é uma fonte de rendimento que apoia as atividades sociais da instituição. Mas também ressalva que o lucro não é assim tanto, pois no caso dos doces conventuais são utilizados os melhores e mais frescos ingredientes, normalmente sempre caros: ovos, amêndoa, chila, etc.

Estas maravilhas gastronómicas são confeccionadas diariamente por seis cozinheiras que trabalham a tem-po inteiro só na confecção dos doces.

Com um orçamento anual a ron-dar os 18 milhões de euros, muitas são as áreas a que a Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde chega com o seu apoio social: assistência a idosos, a pessoas com incapacidade física, com deficiência, a famílias carenciadas.

Page 14: Voz das Misericordias

TERCEIRA IDADEwww.ump.pt14 vm dezembro 2011

Quando o Natal é longe de casanos lares de terceira idade das misericórdias há pessoas que ainda contam com a presença de familiares para celebrar o natal, mas também há quem só conte com as instituições para não viver a quadra em absoluta solidão

Um acidente, a 13 de Março de 2010, mudou o rumo da sua vida. A auto-nomia e independência de que gozava foram interrompidas. Mulher de fé, ultrapassou as adversidades que um atropelamento lhe ditou. Hoje é utente do Lar S. Nicolau, da Santa Casa da Misericórdia de Santa Maria da Feira. Mas, se o acaso lhe impôs a mudança de residência, o Natal, esse, continua a ser em casa, junto da família.

Nascida a 27 de Maio de 1935, Alzira Campos recorda o Natal como um momento de família. Órfã desde tenra idade, sempre festejou a data à mesa com a tradicional caldeirada. “tínhamos o bacalhau e a batata

cozida, para que todos comessem até estarem satisfeitos”, recorda. Na doçaria não faltavam as rabanadas, acompanhadas de vinho quente fer-vido com açúcar e canela. “Mais água que vinho, porque éramos pequenos”, remata. Durante a noite, não faltavam as cantigas, e quando jovem, a missa do galo pela meia-noite.

Com quatro irmãos, Alzira não viveu uma vida de fartura, mas “nun-ca faltou comida à mesa”. Quando se fala das prendas do Pai Natal, essas, nos anos 30 e 40, estavam longe de se assemelhar às dos dias de hoje. “Uns sapatos, umas meias, ou alguma coisa que nos fizesse falta. Os dinheiros eram mais raros. Gastava-se mais pela Páscoa, porque vinha gente de fora, e entravam em casa com os compassos”.

Alzira Campos recorda-se de con-feccionar os “seus” bilharacos. “Ainda há pouco tempo a minha irmã me falava dos bilharacos”, lembra. Hoje, apenas os saboreia, em casa da mesma irmã e com a restante família, na fre-guesia de Rio Meão, concelho de Santa Maria da Feira. Com algumas crianças à mesa, agradam-lhe as gargalhadas e as brincadeiras que protagonizam, sem esquecer a entrega das prendas na véspera à noite, ou no dia 25 pela

manhãzinha. Da freguesia onde nas-ceu e cresceu, recorda a tradição da IPSS Macur que, todos os anos, leva as boas festas através de 12 Pais Natal. Durante alguns dias, pela hora de jan-tar, doze homens de barbas brancas, vestidos a rigor, calcorreiam todas as ruas da freguesia, desejando um Bom Natal a todos os habitantes.

Desejos para o Natal não tem. Se pudesse, talvez, regressar a sua casa. Mesmo assim, louva toda a atenção e dedicação que recebe no lar da Santa Casa da Feira, onde se diz “muito bem tratada”. Aqui, entre as árvores de Natal e o espaço enfeitado, vai lendo o seu jornal de eleição “A Voz Portu-calense”. “Passava noite largas a ler, hoje a vista não me permite”, assume.

‘Foi o que me salvou’Natural de Anadia, Casimiro Cas-

tro, 52 anos é, hoje, um homem mais satisfeito. “Miro” como é tratado, não teve uma vida fácil. “Uma vida negra” conta ao jornal Voz das Misericórdias.

Vera campos

nem todos contam com a família durante o natal

Quando se fala das prendasdo Pai natal, Alzira recorda que essas, nos anos30 e 40, estavam longe de seassemelhar às dos dias de hoje

como manda a tradição, terá à mesa caldeirada com bacalhau cozido, e as típicas sobremesas como filhoses, bolo-rei ou rabanadas

Page 15: Voz das Misericordias

www.ump.pt dezembro 2011 vm 15

Com os objetivos de divulgação de serviços e angariação de fundos, a Misericórdia de Sintra esteve representada na 2ª Feira Solidária de Sintra, organizada pela Câmara Municipal, entre 2 e 4 de Dezembro.

SInTRA PRESEnTE EM FEIRA SoLIDáRIA

Vítima do flagelo do álcool, nem sem-pre andou pelos melhores caminhos. “Dormia ao relento, não me alimenta-va, a minha cabeça não estava bem”. Por diversas vezes esteve internado para tratamento na Unidade de Alco-ologia de Coimbra. De alguns meses para cá, diz, “nunca mais toquei em álcool. Bebo um café, umas águas e nada mais. E não falto às consultas, uma vez por mês, com o Dr. Ribeiro”.

Até chegar à Santa Casa da Mi-sericórdia de Anadia, vivia, um dia de cada vez, como calhava. “Umas vezes comia umas sandes. Lavava a minha roupa como podia. Era uma vida muito desanimada”. Há cerca de dois anos foi aconselhado a solicitar apoio junto da instituição. Desde essa altura, recebe duas vezes por sema-na, alimentação, roupa e um banho quente. “Quando cá cheguei parecia um cigano. Barba e cabelo comprido, roupa sabe Deus como. Estou muito satisfeito com o que têm feito por mim”, enaltece.

Em época de Natal, não tem gran-des recordações da quadra. Órfão desde os 20 e poucos anos, a úni-ca irmã que tem foi trabalhar para Aveiro. “Há muito tempo que não nos vemos”, explica justificando a solidão, e a ausência de laços fami-liares próximos. Em jovem namorou, mas “os problemas com o abuso de álcool” não ajudaram e não resultou. Vive sozinho, sem água nem luz, no refeitório de uma antiga unidade fabril desativada, próximo de uns tios e primos. Este ano, à semelhança do que aconteceu em 2010, vai passar o Natal na Misericórdia da Anadia.

Como manda a tradição, terá à mesa caldeirada com bacalhau cozido, e as típicas sobremesas como filhoses, bolo-rei ou rabanadas. “Se não viesse aqui passava sozinho. O Natal e o Ano Novo”. A instituição servirá o almoço e jantar da véspera, numa comunhão particular, à mesa, com todos os utentes residentes presentes, e o mesmo no dia 25 de Dezembro. Uma semana depois, repete o proce-dimento com a quadra da passagem de ano. “Esforçamo-nos para que passem cá o dia. O senhor Miro é um caso particular, porque doutro modo está sozinho”, refere responsável da Misericórdia.

Atualmente a usufruir do rendi-mento mínimo de inserção, Casimiro Castro quer continuar o processo que iniciou há 12 meses. “Depois de ter deixado a escola aos 11 anos, regressei aos 50 para tirar o 6.º ano. Aprendi inglês, informática e coisas novas. Em 2012 gostava de continuar para o 9.º ano”. Novas Oportunidades para quem, outrora, se deixou levar pela ocasião.

Ver texto na página 10

Misericórdia de Valpaços tem nove lares

Cerca de 700 idososapoiados em Valpaçossanta casa de Valpaços contemplou os idososdas freguesias de Argerize carrazedo de montenegro com dois novos equipamentos

Em Valpaços, as aldeias são dispersas, os invernos rigorosos e a maior parte dos idosos vive sozinha, porque os filhos emigraram. É neste contexto que ressalta a importância de respostas sociais de acompanhamento desta população.

“O concelho de Valpaços não é só a sua sede, mas as 130 aldeias divididas por 31 freguesias. Por isso, entendemos que a nossa ação devia ser feita no sentido de descentralizar e, neste momento, temos nove lares espalhados pelo concelho, com cerca de 700 utentes e 220 funcionários”, referiu o provedor, Eugénio Morais, que presidiu à inauguração simbólica dos lares de Carrazedo de Montenegro e Argeriz, a 3 de Dezembro.

Patrícia Posse

tendo em tempos funcionado como centro de noite, o lar de Carrazedo de Montenegro tem agora uma nova ala. Com um investimento de cerca de 200 mil euros, esta requalificação aumentou o número de camas de 18 para 36.

Os olhos azuis de Lurdes Alves, 77 anos, brilham ao falar das vivências dentro daquelas paredes. Mãe de quatro filhos, Lurdes Alves decidiu de livre vontade candidatar-se a uma vaga. “Fiquei muito contente quando soube que tinha entrado.”

Na freguesia de Argeriz, a história quase se repete. Com capacidade para 20 utentes, o lar abriu portas em 2008. “Funcionou desde sempre com a capaci-dade máxima e tem uma lista de espera bastante elevada. De xaile cor-de-rosa sobre os ombros, Albina Monteiro conta o tempo que está na instituição: dois anos e dois meses. “Adoro este espaço e sinto-me bem aqui”, conclui.

No mesmo dia, foi lançada ainda a primeira pedra do lar Maria Ribeiro e Ricardo Mourão, que prevê a dis-ponibilização de 40 camas. O projeto envolve um investimento total de 1.4 milhão de euros.

Page 16: Voz das Misericordias

SAúDEwww.ump.pt16 vm dezembro 2011

Cuidadoscontinuadosvão manter-se

A rede manterá a dimensão que tem, mas não deixaráde funcionar. A conclusão surgiu no âmbitodo ii congresso nacional de cuidados continuados

Criados para responder às necessida-des das pessoas, os cuidados continu-ados vão continuar a existir. A rede manterá a dimensão que tem, mas não deixará de funcionar. A conclusão surgiu no âmbito do II Congresso Na-cional de Cuidados Continuados, que decorreu na Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa, nos dias 25 e 26 de Novembro. Cerca de 350 pessoas marcaram presença.

Bethania Pagin

congresso reuniu cerca de 350 pessoas

Em declarações do VM, o pre-sidente do congresso e responsável pelos cuidados continuados do Se-cretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Caldas de Almeida, afirmou que este congresso foi especialmente importante na medida em que foi palco para partilha de informação e experiência entre os diversos profis-sionais que integram a rede nacional. “As Santas Casas criaram um novo grupo de profissionais especializados nos cuidados continuados”, destacou aquele responsável.

Há um ano, no âmbito do I Con-gresso Nacional de Cuidados Continu-ados, foram criados grupos de trabalho inter-pares para apoiar o trabalho dos especialistas que, muitas vezes, “é bastante solitário”. Conforme explicou Caldas de Almeida, as equipas das unidades de cuidados continuados e os especialistas desenvolvem um trabalho muito solitário. A criação dos grupos de trabalho visava apoiar esses profissionais, permitindo a troca de informação. “Neste segundo congresso foi apresentado o trabalho desenvolvi-do ao longo do ano por essas equipas”.

Outro aspeto a destacar é, ainda segundo aquele responsável, a inves-tigação realizada por esses profissio-nais. Além da quantidade, Manuel Cal-das de Almeida realça a qualidade dos trabalhos. E também aqui os grupos de trabalho revelam uma mais-valia. técnicos de todo o país podem efetuar testes de novas técnicas e partilhar informação com colegas de outras uni-dades. Os especialistas que integram as equipas dos cuidados continuados são médicos, enfermeiros, terapeutas e assistentes sociais.

Para Manuel Caldas de Almeida, este esforço tem alterado a maneira como as pessoas encaram os serviços prestados pelas Misericórdias. “Para a maior parte dos portugueses, as Santas Casas deixaram de ser instituições apenas de boas intenções, hoje em dia também somos uma referência de qualidade e competência”.

A sessão de encerramento contou com a participação do presidente do Secretariado Nacional da UMP, Ma-nuel de Lemos, e da coordenadora da Unidade de Missão para os Cuidados Continuados, Inês Guerreiro. Para esta responsável, as Santas Casas têm tido um papel muito importante na afirmação dos cuidados continuados em Portugal, não apenas como pres-tadores, mas também pela qualidade e competência de um serviço que regista contínuas melhorias através da formação e da investigação.

Realizado em parceria pela União das Misericórdias Portuguesas e pela Admédic, o II Congresso Nacional de Cuidados Continuados reuniu cerca de 350 pessoas.

além da aposta em formação e investi-gação, as santas Casas de misericórdia também estão a promover processos de acreditação da qualidade nas suas unidades. recentemente, tiveram início auditorias de diagnóstico em mais sete unidades. as auditorias são asseguradas pelo Consórcio Brasileiro de acreditação (CBa), representante da Joint Comission international.

as instituições que aderiram ao processo de acreditação promovido pela união das misericórdias portuguesas são as misericórdias de guimarães, póvoa do varzim, mortágua, entroncamento, mora, santiago do Cacém e loulé, “cujas mesas administrativas e equipas técnicas têm vindo a desenvolver um enorme esforço de melhoria e um trabalho fantástico”, destaca o grupo misericórdias saúde.

Acreditação de qualidade

Novoscursos naescola deenfermagemA escola superior deenfermagem são Franciscodas misericórdias prepara-separa iniciar uma série denovas pós-graduações durante o ano letivo

A Escola Superior de Enfermagem São Francisco das Misericórdias (ESESFM) prepara-se para iniciar uma série de novas pós-graduações. Gerontologia é um deles.

Segundo comunicado oficial da escola superior da União das Miseri-córdias Portuguesas “como principal novidade surge a formação de e-for-mador, inserido na nova modalidade de formação em e-learning. Para os cursos de pós-graduação, a inovação passa pelo curso em Relação de Ajuda e Intervenção terapêutica, e o curso em Gerontologia e Qualidade dos Serviços Gerontológicos, organizado em parceria pela ESESFM e pelo ISEC”.

A ESESFM irá disponibilizar ainda cursos de formação avançada como Competências Relacionais de Ajuda à Pessoa Vítima de Mutilação Genital Feminina (MGF) e outros cursos na área da Neonatologia.

Até ao final do mês de Dezembro decorrem as candidaturas para o curso de pós-graduação em Gerontologia e Qualidade dos Serviços Geronto-lógicos e também para o curso de pós-licenciatura de especialização em Enfermagem de Reabilitação.

Criada há 60 anos pelas Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria, a Escola Superior de Enfermagem São Francisco das Misericórdias é uma referência no ensino da enfermagem em Portugal, reconhecida pela elevada taxa de empregabilidade.

A Escola Superior de Enfermagem pauta a sua atuação pela excelência, o que motivou a aposta na certificação da qualidade segundo a norma inter-nacional ISO 9001/2000. O certificado foi entregue em 2009.

A ESESFM é a primeira instituição portuguesa a dedicar-se a questões bioéticas no âmbito da enfermagem. O centro de bioética foi criado em 2005.

No ano letivo 2010/2011, estiveram inscritos cerca de 270 alunos em licen-ciatura e pós-graduações. Atualmente a Escola da União das Misericórdias Portuguesas funciona na Universidade Autónoma de Lisboa.

Bethania Pagin

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www.ump.pt18 vm dezembro 2011

EDUCAçãO

zação poderia ser trabalhada de outra forma caso a Segurança Social acei-tasse viabilizar um apartamento que a instituição já tem preparado para o efeito. “Ali, além do acompanhamento técnico, eles não teriam a preocupa-ção de pagar uma renda, o que nos primeiros é muito bom”, disse.

Não é fácil gerir os sentimentos dos que ficam. A tristeza é muitas vezes expressa através de compor-tamentos de rebeldia, agressividade, implicância etc, e começa quando os outros começam a sair. Para tentar combater a sensação de solidão e abandono, a equipa promove diversos passeios, mas também as atividades no interior da casa fazem parte da pro-gramação. A quadra começa quando os meninos se juntam para montar a árvore e o presépio.

Mariana tem 13 anos, já vive na-quele lar há 5 e foi ali que viu pela primeira vez uma árvore de Natal e ainda se lembra da primeira prenda: um estojo de pinturas da Barbie. Para ela, este Natal vai ser diferente. Dos

Lar de Reguengos tem capacidade para 40

A melhor prenda seria uma família

há crianças que não vibram com o natal. Para muitas é a altura mais triste do ano porque os familiares não estão presentes

É de certa forma um lugar-comum afirmar-se que os melhores Natais são aqueles em que a alegria das crianças nos contagia. Mas nem todas as crianças vibram tanto com a época natalícia. Para muitas é mesmo a altura mais triste ano. Os familiares não estão presentes e muitos nem sequer sabem se um dia haverá um reencontro. Por isso tudo, no lar de infância e juventude da Santa Casa

Bethania Pagin

da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz, toda a equipa começa com bastante antecedência a trabalhar para que a quadra seja vivida da melhor maneira possível.

Segundo a diretora técnica daquele equipamento social, o Natal é sempre uma época muito triste para os resi-dentes. Há três grupos, explicou Vânia Pereira: os que têm algum suporte familiar, os que contam com amigos e parente mais distantes e aqueles que não têm ninguém a não a ser os colaboradores e residentes do lar.

Madalena é uma das que vai sair, ou pelo menos assim espera. “Ainda não sei se o tribunal autoriza”, conta--nos a jovem de 17 anos. A quadra vai ser passada longe dos pais, mas com outros familiares. tios, tias e primos. “Acho que vai ser muito divertido”, comenta ansiosa. Madalena é uma das jovens que, neste momento, poderia estar a preparar a autonomização. Já concluiu um curso profissional e está a fazer um estágio. Mas, conforme explicou a diretora, essa autonomi-

familiares, apenas o irmão estará a pla-near uma visita e é ele uma das únicas pessoas a quem Mariana pretende ofe-recer uma prenda. A outra prenda vai para Helena e Pedro. O casal de Lisboa ficou sensibilizado com a história que leu numa das milhares de cartas que o Ctt divulga pela altura do Natal. Como prenda, Mariana só queria uma família. De certa forma conseguiu, há um ano que as visitas e os passeios com o casal de Lisboa são regulares. Na véspera de Natal, Pedro vai visitá-la, vão almoçar juntos. Helena está fora do país por motivos profissionais. Para o ano, passam todos juntos.

Mas esse ano também será bom. Salame de chocolate, semi-frio de ananás, arroz doce e tarte de natas são alguns dos vários bolos que vão fazer as delícias de quem fica no lar. Os que lá vivem há mais tempo sentem falta da chouriça assada na lareira, mas já não lume na casa. A lareira teve de deixar de funcionar por motivos de segurança do lar da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz.

Equipasensível atristeza dofim do anocolaboradoras da equipaeducativa ficam no lar de infância e Juventudedurante a noite da consoada, mas também no dia 25para o almoço de natal

Organizar o funcionamento da casa durante a quadra natalícia não cos-tuma ser problema no lar de infância e juventude da Santa Casa da Mise-ricórdia de Reguengos de Monsaraz. As colaboradoras da equipa educativa ficam no lar durante a noite da con-soada, mas também no dia 25 para o almoço de Natal. Segundo a diretora técnica, Vânia Pereira, não é complica-do organizar os turnos porque todas as funcionárias têm sensibilidade para a dificuldade que é para aquelas crianças e jovens lidar com as festas de fim de ano e, com boa vontade, conseguem acudir ali e nas suas próprias casas.

Além das refeições, onde os doces são alvo principal da atenção dos mais pequenos, também há prendas

que vêm de muitos lados. A comu-nidade de Reguengos de Monsaraz é generosa, afirmou o provedor Manuel Galante. Das Vicentinas todos os anos vem o chocolate, alguns particulares oferecem brinquedos. Em 2010 a Re-max também ofereceu prendas.

Normalmente, são os residentes que escolhem as prendas. “Eles fazem uma lista, mas nunca sabem exata-mente o que vão ganhar”, contou a diretora técnica. Mas esse ano, por causa da crise, vão todos comprar roupa. Diante das dificuldades por que atravessa o país, os recursos vão ser usados para adquirir os bens essenciais, “mas eles não estão mais tristes por causa disso, entendem per-feitamente”, concluiu Vânia Pereira.

O lar de infância e juventude da Santa Casa da Misericórdia de Reguen-gos de Monsaraz, no distrito de Évora, tem capacidade para 40 utentes, mas neste momento conta com apenas 24 residentes. A todos eles, assim como à toda equipa técnica, desejamos um bom Natal.

Bethania Pagin

Além das refeições natalícias, onde os doces são alvo prin-cipal da atenção dos mais pe-quenos, também há prendas que vêm de muitos lados

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pATRIMÓnIOwww.ump.pt

ARTE nAS MISERIcÓRDIAS

Apontamentos do inventário promovido pela UMP, Ver mais em http://matriz.softlimits.com/ump/

20 vm dezembro 2011

PRESéPIosCmez 0296Último quartel do século XViiiscm estremoz

Presépio inserido em maquineta de pau--santo, sendo que nas faces interiores das meias-portas se encontram representa-das, em relevo policromado, as cenas da Fuga para o egito e das ciganas lendo a sina ao menino. A cena principal decorre em cenário executado com recurso a placas de cortiça que formam grutas e superfícies dispostas em níveis sobre-postos, cobertas por flores artificiais e ocupadas por grupos de figuras de ter-racota policromada de escala progressi-vamente menor em direção ao topo. na zona inferior encontra-se a manjedoura contendo o menino, colocada à porta de estábulo escavado na rocha, sendo a entrada do mesmo definida por arco e vendo-se no interior as figuras do burro e da vaca. em redor do menino distribuem--se a Virgem e são José, envergando vestes com decoração estofada, e um grupo de pastores e camponeses com oferendas. nos espaços situados acima encontram-se representadas diversas cenas de cariz popular misturadas com cenas relacionadas com a natividade: o Anúncio aos Pastores e a Viagem dos reis magos. Da cobertura da maquineta pende uma nuvem com querubins segurando uma filactera. A decoração inclui pinturas situadas nas paredes.

MENINo JESuS BoM PASToRsCmCr 0084 eXVii d.c. - 1ª metade scm crato

imagem indo-portuguesa esculpida em marfim, representando o menino Jesus bom-Pastor. o menino encontra-se com a cabeça ligeiramente inclinada sobre o ombro direito e apoiada na mão do mes-mo lado. sob o braço esquerdo ampara uma ovelha, ostentando uma segunda, de menores dimensões, sobre o ombro. traja túnica de pele de cordeiro e apre-senta bornal e cabaça. calça sandálias. na cabeça tem uma coroa fechada em prata. Apresenta-se sentado, de pernas cruzadas sobre uma peça em forma de coração invertido. A mesma assenta sobre peanha cilíndrica do tipo canónica, de feição montanhosa, alteada em três níveis constituídos por socalcos preenchidos e ornamentados com representações zoomórficas, vegetalistas e por uma figura humana. no primeiro nível encontra-se representada maria madalena deitada à moda indiana, com a cabeça reclinada sobre a mão direita, pousando a mão esquerda sobre um livro aberto. A ladear esta imagem encontram-se dois macacos inseridos em reservas individualizadas. no segundo nível, encontram-se cinco ovelhas de diferentes dimensões e posi-cionadas de formas distintas, numa alusão ao rebanho conduzido por cristo. no ter-ceiro e último nível, é representada uma fonte, em alusão à “Fonte da Vida“, a qual jorra água de uma carranca (yaksa) entre folhagem em direcção a uma pia circular. A ladear a pia, encontram-se duas aves (Aves do Paraíso) bebendo da mesma.

Uma aliança em nome do patrimónioAs 19 misericórdias daregião Demarcada doDouro vão poder recorrerao museu do Douro, situadoem Peso da régua, paraconservar o espólio

O Museu do Douro vai ajudar a res-taurar e preservar o acervo das Mi-sericórdias da Região Demarcada do Douro, ao abrigo de um protocolo assinado a 14 de Dezembro, data em que se comemorou o 10º aniversário do Douro Património Mundial da UNESCO.

“Este acordo é um princípio de co-laboração mais ativa, de uma amizade que vai muito além do que está nos termos”, sublinhou o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos.

A presidente do Conselho de Ad-ministração da Fundação Museu do Douro, Elisa Babo, destacou “a partilha de interesses” entre as duas instituições no sentido de salvaguardar o património e de o dar a conhecer às novas gerações. “Estamos a contribuir para que este território seja cada vez mais de excelência na forma como trabalha o seu património cultural”, acrescentou.

Patrícia Posse

também na ótica de Manuel de Lemos, o protocolo reveste-se de uma importância mútua: “o Museu reforça a sua capacidade de intervenção; para nós, porque há competências próprias de Museu, desde a guarda de docu-mentos e obras de arte até ao restauro, que podemos otimizar. Fazia sentido salvaguardar património que é tam-bém ele mundial e da Humanidade”.

Já Fernando Seara, diretor da uni-dade museológica, elogiou as vanta-gens do trabalho em rede. “As Santas Casas podem também recorrer ao Museu nas suas variadas competências como, por exemplo, no património construído, na arquitetura e na avalia-

ção de patologias. No fundo, é juntar as competências de uns com o espólio de outros e fazer uma coisa que toda a gente possa ver e se salvaguarde.”

Numa fase inicial, o Gabinete de Património Cultural da UMP vai transmitir o inventário do património móvel ao Museu do Douro para que possa ser constituída uma base de dados sobre cada instituição. “Sempre que uma Misericórdia queira fazer

uma intervenção no seu património terá aqui uma ajuda técnica especia-lizada”, salientou o responsável pelo gabinete, Mariano Cabaço.

A par dos trabalhos de conserva-ção e restauro, o Museu do Douro disponibiliza-se para acolher obras de arte e documentação em regime de depósito, prestar serviços de formação, de assessoria técnica às intervenções no património imóvel e móvel, de consulta-doria em projetos na área do património cultural (como organização de eventos, edição de publicações, etc.) e ainda co-laborar no levantamento do património imaterial das Misericórdias. Mariano Cabaço salienta que este protocolo se traduz numa maior proximidade, numa redução de custos e no facto da UMP ter “um parceiro de confiança”.

Com a duração de dois anos, o protocolo vai abranger as Misericór-dias de Mesão Frio, Peso da Régua, Vila Real, Sabrosa, Alijó, Murça, Carra-zeda de Ansiães, Vila Flor, Mirandela, torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta, Figueira de Castelo Rodrigo, Alfândega da Fé, Vila Nova de Foz Côa, Meda, Armamar, tabuaço, La-mego e Resende. “Nada impede que, numa ótica de prestação de serviços, o Museu do Douro não tenha como clientes outras Misericórdias”, adian-tou o responsável pelo gabinete do Património Cultural da UMP.

Entre outros, o Museudo Douro tambémse disponibiliza para acolherobras de arte e documentaçãoem regime de depósito

Protocolo foi assinado em Peso da Régua

Page 21: Voz das Misericordias

ESTAnTEwww.ump.pt

LISTA DE LIVRoS

dezembro 2011 vm 21

o PREço A PAGAR PoR ME ToRNAR CRISTãoJoseph fadellePaulinas, novembro 2011

Da autoria de Joseph Fadelle, o livro “o preço a pagar por me tornar cristão” relata a história de um jovem muçulmano que se converte ao cristianismo.com a chancela da Paulinas editora, esta obra é uma história verdadeira de mo-hammed, um jovem muçulmano iraquiano oriundo de uma família xiita, que descobre, durante o serviço militar, com terror e assombro que o seu vizinho de camarata é cristão. entre os dois homens nasce uma relação paradoxal de que mohammed sairá metamorfoseado.Apesar de fazerem tudo para que o jo-vem desista da sua decisão, mohammed – agora José – não desiste, apesar das intimidações, murros, prisão e tortura. Já no exílio, os seus familiares atraem--no a um lugar deserto e disparam sobre ele. gravemente ferido, José desmaia… Alguém o leva ao hospital e sobrevive.

PAI-NoSSo, quE ESTAIS NoS CéuSJosé tolentino mendonçaPaulinas, outubro 2011

“Pai-nosso, que estais nos céus”: as pri-meiras palavras da mais importante ora-ção cristã situam a morada da divindade no firmamento mas o novo livro do padre José tolentino mendonça convida o leitor a procurar Deus na terra.ouvir o conselho dos não-crentes, olhar a oração como aprendizagem interminável e entender o quotidiano como experiên-cia permanente de espiritualidade são algumas das orientações propostas pelo sacerdote no volume “Pai-nosso que estais na terra”.“sobre Deus e o caminho espiritual, faz--nos bem, a nós crentes, escutar os não--crentes”, porque os cristãos correm o risco de “facilitar, de dar por adquirido, de reproduzir acriticamente”, escreve o diretor do secretariado nacional da Pastoral da cultura no livro integrado na coleção “Poéticas do Viver crente”, dirigida pelo próprio.uma edição das Paulinas.

MISERICóRDIAS PoRTuGuESAS - PADRõES DE Fé, DE HISTóRIA E DE CIDADANIAmanuel ferreira da silvaDo autor, Junho 2011

Contributo sobre a ordem jurídica

o estudo desenvolvidopor Manuel Ferreira da Silva documenta o problemada natureza jurídicadas santas casasportuguesas

O livro “As Misericórdias Portuguesas - Padrões de Fé, de História e de Cida-dania”, de Manuel Ferreira da Silva, foi apresentado ao público na sede da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) a 23 de Novembro.

Para o autor, também fundador do jornal Voz das Misericórdias, o livro foi resultado de investigação “permanente” e que teve início jun-tamente com a UMP, ainda nas suas primeiras instalações no Lumiar, numa altura em que o presidente era o padre Virgílio Lopes.

O estudo, desenvolvido de forma aprofundada, documenta o problema da natureza jurídica das Santas Casas. O subtítulo “os direitos da razão e a razão de alguns direitos” é, conforme escreveu João Afonso Calado da Maia no prefácio, “é desde logo significativo de que nem sempre os direitos legí-timos que julgamos irrefutáveis são entendidos pela razão, e que, por ve-zes, esta, por inexplicável que pareça, nem sempre é traduzida em direitos”.

“Não se trata de uma obra crítica, nem tem objetivo polémicos, como o autor adverte, sobre o diferendo que opõe alguns elementos da hierarquia da Igreja em Portugal às Santas Casas, e só em Portugal, quanto à questão de se as Misericórdias são instituições privadas de fiéis, constituídas na ordem jurídica canónica, portanto eclesiais, ou se, pelo contrário, são instituições públicas de fiéis e, nesse caso, eclesiásticas”, lê-se no prefácio.

Bethania Pagin

Page 22: Voz das Misericordias

VMEDIToRIAL

MOMENtOPARA BALANçO

É num quadro assim esbatido, pouco nítido e tristonho que chegamos ao fim de 2011. Sabemos que infelizmente nada de bom nos espera no próximo ano, que todos anunciam como o mais difícil e duro nesta guerra contra a crise

Omês de Dezembro faz-se acompanhar de uma série de rituais. Fazemos o balanço do ano, elegemos os acontecimentos mais marcantes, escolhemos as

personalidades que mais se destacaram e festejamos o natal com tudo que ele implica e pressupõe.

Mas diria que, neste final de 2011, em portugal e no espaço europeu, todos estes rituais se vão cumprindo tendo como pano de fundo a crise que, como numa aguarela, vai alastrando e ocupando todo o espaço da pintura.

Resulta pois daqui, um quadro a traços pouco nítidos, em que a cor da crise (se de cor se pode falar) vai esbatendo os contornos de todos os outros factos.

É num quadro assim esbatido, pouco nítido e tristonho que chegamos ao fim de 2011. Sabemos, além do mais, que infelizmente nada de bom nos espera no próximo ano, que já todos anunciam como o mais difícil e duro nesta guerra aberta contra a crise, que lentamente se vai entranhando em cada um de nós e no todo social.

António Gedeão dizia “Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida”. É de facto esse um dos nossos grandes problemas atuais, a falta de um sonho, de uma ideia, de uma luz que nos comande a vida e dê força e ânimo para lutar, resistir e vencer.

A nada ser feito, por cada um de nós e por todos enquanto povo, poderemos a curto prazo mergulhar num estado de desânimo e frustração que não podem conduzir a nada de bom.

neste contexto, resta-me desejar a todos os leitores e colaboradores do Voz das Misericórdias um natal tão bom e solidário quanto possível e um 2012 não tão mau quanto se anuncia!

Paulo Moreira [email protected]

VOZ DASMISERICÓRDIAS

Órgão noticiosodas Misericórdias em Portugal e no mundo

Propriedade: união das misericórdias PortuguesasContribuinte: 501 295 097 Redacção e Administração: rua de entrecampos, 9, 1000-151 lisboaTels: 218 110 540218 103 016 Fax: 218 110 545 e-mail: [email protected] Tiragem do n.º anterior:13.550 ex.Registo: 110636Depósito legal n.º: 55200/92Assinatura Anual:Misericórdias normal - €20benemérita – €30outros: normal - €10benemérita – €20Fundador:Dr. manuel Ferreira da silvaDirector: Paulo moreiraEditor: bethania PaginDesign e Composição: mário henriques Publicidade:Paulo lemosColaboradores: Adriana meloJosé Alberto lopesPatrícia Possesusana martinsVera camposAssinantes: sofia oliveiraImpressão: Diário do minho– rua de santamargarida, 4 A4710-306 braga tel.: 253 609 460

Por tradição, a Misericórdia desde que foi fundada, em 1919, festeja o Natal com sentimento católico de bem-fazer.

Na vila a falta de trabalho atingia grandes proporções, com muitas famílias na miséria. Havia fome nos seus lares.

No Natal de 1920 foi distribuído um bodo a 62 pobres – uma forma nobre de festejar a quadra – aliviando as suas carências.

Devido a diligências da Santa Casa, a Igreja local, encerrada desde a vinda da República pelo Anticle-ricalismo da época, reabriu para a Missa Dominical. Em 1922 os fiéis tiveram um bom presente natalício: a celebração da “Missa do Galo”. Nesse ano e seguintes, na quadra houve Bodo a 50 pobres.

Em 1932 a pobreza na Vila agu-dizou-se. Pedia-se esmola de porta em porta e nas ruas.

Pelo Natal, num grande mas “compensador” esforço, deu-se bodo a 100 pobres: 1 Kg de pão, 250 gr de carne de carneiro, 125 gr de açúcar e 50 gr de café. Receberam roupa 18 crianças.

Em 1941 a Misericórdia inau-gurou o seu hospital, para servir os pobres da terra. Como enfermeiras e apoio religioso, as Irmãs de S. Vicente de Paulo (ainda hoje servem a Santa Casa). O Natal contemplou também ofertas aos internados. A celebração religiosa esteve a cargo do capelão.

A Misericórdia foi diversificando a sua ação benemerente. Em 1971, inaugurou Lar de Idosos e Jardim de Infância. No Natal a festa foi de hospitalizados, idosos do Lar, crian-ças do Jardim de Infância e pessoal.

Em 1991 foi inaugurado o Centro de Dia. No Natal montou-se o pre-sépio e festejou-se no Lar/Centro de Dia e Jardim de Infância.

O mesmo aconteceu nos anos seguintes, por vezes com espetáculos em salas da terra.

Em 2010 e anos anteriores, além dos eventos religiosos, houve festa de Natal na Creche e Lar/Centro de Dia, presentes para todos, presépio (e árvore de Natal), venda de Natal, representação de um Auto, poesia, atuação de um Rancho Folclórico. Houve um “mimo” para os utentes do Apoio Domiciliário e UAI, almoço--convívio de utentes, Mesários e funcionários.

Este ano o nascimento do Jesus será comemorado de modo seme-lhante.

Apesar da crise no país, espe-ramos que em 2012 o Natal possa ser festejado pelo menos de igual modo… e que a Santa Casa mantenha e até incremente, na sua vocação católica, a prática do bem-fazer.

oPInIão

Apesar da crise no país, esperamos que em 2012 o natal possa ser festejado pelo menos de igual modo… e que a Santa casa mantenha e até incremente, na sua vocação católica, a prática do bem-fazer

Artur Aleixo Pais Provedor da Misericórdia de Vendas Novas

NAtALAO LONGODOS tEMPOS

VOZ ATIVA

União das Misericórdias Portuguesas

www.ump.pt22 vm dezembro 2011

Em Setembro de 2009 no I Encontro Internacional de Investigadores de História Moderna surgiu o primeiro contacto para a salvaguarda da Igre-ja da Misericórdia de Arez. Ponto comum entre a comunicação de Joana Pinho sobre a Arquitetura das Misericórdias quinhentistas e a tese de mestrado de Ana Leitão, estudo monográfico de Arez.

Desta dinâmica resulta a redação deste texto como relato de boas prá-ticas e forma de sensibilização para a preservação e valorização do pa-trimónio cultural das Misericórdias. Destacando atitudes fundamentais na intervenção em património cultural: a interdisciplinaridade que assegura uma intervenção coerente, o diálo-go entre técnicos e dono de obra,

o envolvimento e participação da comunidade; um conhecimento aca-démico credível que servirá de base às decisões e opções da intervenção.

Arez é atualmente uma freguesia do concelho de Nisa, com c. 56 km² e 256 habitantes. Foi vila e sede de concelho do séc. XII a 1836, comenda da Ordem de Cristo e teve foral por D. Manuel em 1517. Do seu património edificado destacam-se: igreja Matriz e ermida de Santo António que so-freram campanhas de obras no séc. XX que alteraram significativamente as suas características. E também o edifício sede da Misericórdia de Arez composto por igreja, sacristia e outras dependências. Originalmente foi capela do Espírito Santo e com a fundação da Misericórdia de Arez em

oPInIão

Ana Santos Leitão,Joana Balsa de Pinho,Joaquim caetanoe Patrícia Monteiro

VALORIzAçãO DO PAtRIMÓNIODA MISERICÓRDIA DE AREz

Page 23: Voz das Misericordias

O princípio do voluntariado está na origem do movimento das Miseri-córdias. Estas constituíram-se na sua essência como o único sistema de assistência na doença, na orfandade, na viuvez, na pobreza, na privação da liberdade, na invalidez, na velhice e na morte, que a população portuguesa conheceu desde a época dos Desco-brimentos até meados do Século XIX.

Embora em moldes menos estrutu-rados e formalizados que aqueles que são hoje prática corrente, o contributo do voluntariado constituía já uma participação cívica valiosa, pois “onde houver carências a colmatar ou grandes causas humanitárias a defender, aí ha-verá lugar para exercer o voluntariado”.

Nas Santas Casas, as obras de misericórdia são a expressão máxima do que pode conter o conceito de voluntariado: disponibilidade, solida-riedade, desinteresse na recompensa e espírito de missão.

E foi a pensar em dar respostas às necessidades crescentes das suas associadas, em matéria de volunta-riado que se constituiu em 2009, o Serviço de Voluntariado da União das Misericórdias Portuguesas.

Este serviço, ainda recente e em crescimento, tem como objetivo apoiar as Santas Casas de Misericórdia na área do voluntariado, nomeadamente através de aconselhamento, cedência de informação, esclarecimento de dúvidas, organização de projetos ou programas, formação, divulgação de notícias e

REFLEXão

Vale a pena procurar caminhos para um maior desenvolvimento de uma cidadania ativa e para a implantação dos valores como a solidariedade, desenvolvimento sustentável, dignidade humana, igualdade e subsidiariedade

eventos, receção e encaminhamento de candidaturas e sensibilização.

De facto, sensibilizar para a im-portância do trabalho voluntário, enquanto um compromisso sério e “estruturado” é um processo altamen-te desafiante, mas que requer tempo.

Apesar disso, este ano viveram-se de maneira muito particular todas as Atividades do Voluntariado que Promo-veram uma Cidadania Ativa (AEV 2011) e para todas as Santas Casas foi tam-bém, uma época de grandes desafios.

Ao longo deste tempo, tentámos conhecer muito do trabalho que é feito pelos voluntários, o seu contributo para todos os que são beneficiários da sua ação e encontrámos muitos e bons exemplos.

Vimos e ouvimos muitos relatos e

depoimentos que nos fazem acreditar que vale a pena apostar na ajuda aos mais desprotegidos da nossa sociedade…

Mas os testemunhos das Santas Casas de Misericórdia são também exemplos que devem ser replicados, dada a pertinência dos projetos de-senvolvidos, das boas práticas, das iniciativas que permitiram reconhecer o voluntariado e estimular a adesão e participação de novos voluntários.

Direi que muito se faz e não o reconhecer seria um erro, sobretudo sabendo que na EU cerca de 94 milhões de pessoas estão envolvidas em ações de voluntariado, o que corresponde a cerca de 24% da população e em Portu-gal essa participação se situa nos 12%.

Agora que o Ano Europeu do

Voluntariado teve o seu encerramento oficial simbolicamente, no dia em que se assinala em todo o mundo, o Dia Internacional dos Voluntários, pode-mos dizer que atingimos mais uma etapa nesta aposta que se expressa através de trabalho generoso, cujo balanço é positivo.

Mas, representa também mais um desafio, que nesse mesmo dia começou e que passa pelo reforço de iniciativas mais criativas para respon-der a novas necessidades, pelo apoio ao voluntariado de proximidade, aliás a grande aposta feita pelas Santas Casas da Misericórdia.

Cabe aqui um desafio direcionado aos jovens, que incentivados através de um programa de educação cívica, sintam o apelo de participar em ações de voluntariado com as Instituições.

Vale a pena continuar a procurar caminhos e a esforçarmo-nos para fazer com que este movimento de BOA VONtADE possa contribuir para um maior desenvolvimento de uma cidadania ativa e para a implantação dos valores como a solidariedade, de-senvolvimento sustentável, dignidade humana, igualdade e subsidiariedade.

Nesta época de Espírito Natalício, quero deixar uma mensagem de ESPE-RANçA para milhares de pessoas que beneficiam da ação dos que somos voluntários, com a promessa de um MUNDO melhor e o DESAFIO para que todos “experimentem viver esta experiência”.

Infância Pamplona Provedora da Misericórdia de Santar e membro do Secretariado Nacional da UMP

SENSIBILIzAR PARA A IMPORtâNCIA DO VOLUNtÁRIO

www.ump.pt dezembro 2011 vm 23

1592 sofreu uma intervenção que se prolongou até ao séc. XVII. A plani-metria, volumetria e características arquitetónicas do edifício integram--se numa corrente maneirista-chã de cariz regional. Do património móvel e integrado destacam-se o retábulo-mor, a escultura da Santíssima trindade e as pinturas murais. As da nave, duas campanhas principais, representam retábulos fingidos seguindo modelos da retabulística nacional em madeira entalhada. Da primeira campanha fazem parte os retábulos com frontão contracurvado e colunas com capitéis coríntios, de finais do séc. XVIII. Já os retábulos de perfil neoclássico, com frontões triangulares e emblemas ma-rianos, pertencerão a uma campanha mais recente, talvez do séc. XIX.

Neste projeto desde o início foi considerado prioritário o envolvi-mento das várias áreas disciplinares relacionadas com o património. Nos inícios de 2010, as duas investigadoras e Patrícia Monteiro, que desenvolve tese de doutoramento sobre pintura mural do Alto Alentejo, realizaram uma visita ao edifício. A investigação resultante de trabalhos académicos produz conhecimento, em si mesmo de inegável valor, mas que ganha nova valia ao reverter para um caso concre-to, torna-se conhecimento aplicado e com impacto na comunidade.

A nível técnico foram também contactadas a Direcção Regional da Cultura do Alentejo e o Gabinete do Património Cultural da União das Misericórdias Portuguesas.

pinturas murais existentes na igreja. O grupo foi recebido pelo Provedor José Fazendas e outros membros da Mesa Administrativa e do diálogo resultaram três ideias fundamentais: isolar o telhado com subtelha, evitar o uso de novos revestimentos à base de cimento e conservar e restaurar as pinturas murais pois, independen-temente do seu valor estético, são testemunho do gosto de uma época. Fez-se uma sondagem na parede fun-deira da capela-mor onde se detectou pintura decorativa simulando silhares de azulejo enxaquetado do séc. XVII.

O diálogo estabelecido entre pro-motores da obra, técnicos de conser-vação e restauro e historiadores da arte evidencia os bons resultados que procedimentos deste tipo proporcio-

o diálogo estabelecido entre promotores da obra, técnicos de conservação e restauro e historiadores da arte evidencia os bons resultados que procedimentos deste tipo proporcionam

nam, devendo servir como exemplo a outras intervenções.

Seguidamente procurou-se sen-sibilizar a comunidade local para a importância do património cultural, da sua conservação e o seu envolvimento no projeto; mobilizando-se a Comis-são de Festas de Arez de 2011 para a angariação de fundos que reverteram para a intervenção.

Após este processo, no verão de 2011, iniciou-se a intervenção nos telhados, rebocos e pavimentos que estará concluída no início de 2012 e definiram-se projetos futuros para o património cultural da Misericórdia de Arez: novas sondagens na capela-mor e a instalação do recuperado arquivo histórico da Misericórdia numa das dependências do edifício.

Em Junho de 2011 realizou-se nova visita ao edifício com alunos do Curso de Especialização tecnoló-gica em Conservação e Restauro do Instituto de Artes e Ofícios da FRESS e o professor Joaquim Caetano que, além de ter constituído motivo de estudo, teve como objetivo delinear uma estratégia para a conservação das

Page 24: Voz das Misericordias

Abrantes Águeda Aguiar da Beira Alandroal Albergaria-a-Velha Albufeira Alcácer do Sal Alcáçovas Alcafozes Alcanede Alcantarilha Alcobaça Alcochete Alcoutim Aldeia Galega da Merceana Alegrete Alenquer Alfaiates Alfândega da Fé Alfeizerão Algoso Alhandra Alhos Vedros Alijó Aljezur Aljubarrota Aljustrel Almada Almeida Almeirim Almodovar Alpalhão Alpedrinha Altares Alter do Chão Alvaiázere Álvaro Alverca da Beira Alverca Alvito Alvor Alvorge Amadora Amarante Amares Amieira do Tejo Anadia Angra do Heroísmo Ansião Arcos de Valdevez Arez Arganil Armação de Pera Armamar Arouca Arraiolos Arronches Arruda dos Vinhos Atouguia da Baleia Aveiro Avis Azambuja Azaruja Azeitão Azinhaga Azinhoso Azurara Baião Barcelos Barreiro Batalha Beja Belmonte Benavente Be-nedita Boliqueime Bombarral Borba Boticas Braga Bragança Buarcos CabeçãoCabeço de Vide Cabrela Cadaval Caldas da Rainha Calheta/Açores Calheta/Madeira Caminha Campo Maior Canas de Senhorim Canha Cano Cantanhede Cardigos Carrazeda de Ansiães Carregal do Sal Cartaxo Cascais Castanheira de Pera Castelo Branco Castelo de Paiva Castelo de Vide Castro Daire Castro Marim Celorico da Beira Cerva Chamusca Chaves Cinfães Coimbra Condeixa-a-Nova Constância Coruche Corvo Covilhã Crato Cuba Elvas Entradas Entroncamento Ericeira Espinho Esposende Estarreja Estombar Estremoz Évora Évoramonte Fafe Fão Faro Fátima/Ourém Felgueiras Ferreira do Alentejo Ferreira do Zêzere Figueira de Castelo Rodrigo Figueiró dos Vinhos Fornos de Algodres Freamunde Freixo de Espada à Cinta Fronteira Funchal Fundão Gáfete Galizes Gavião Góis Golegã Gondomar Gouveia Grândola Guarda Guimarães Horta Idanha-a-Nova Ílhavo Ladoeiro Lages das Flores Lages do Pico Lagoa Lagoa/Açores Lagos Lamego LavreLeiria Linhares da Beira Loulé Loures Louriçal Lourinhã Lousã Lousada Mação Macedo de Cavaleiros Machico Madalena Mafra Maia/Açores Maia/Porto Mangualde Manteigas Marco de Canaveses Marinha Grande Marteleira Marvão Matosinhos Mealhada Meda Medelim Melgaço Melo Mértola Mesão Frio Messejana Mexilhoeira Grande Miranda do Corvo Miranda do Douro Mirandela Mogadouro Moimenta da Beira Monção Moncarapacho Monchique Mondim de Basto Monforte Monsanto Monsaraz Montalegre Montalvão Montargil Montemor-o-Novo Montemor-o-Velho Montijo Mora Mortágua Moscavide Moura Mourão Murça Murtosa Nazaré Nisa Nordeste Obra da Figueira Odemira Oeiras Oleiros Olhão Oliveira de Azeméis Oliveira de Frades Oliveira do Bairro Ourique Ovar Paços de Ferreira Palmela Pampilhosa da Serra Paredes de Coura Paredes Pavia Pedrogão Grande Pedrogão Pequeno Penacova Penafiel Penalva do Castelo Penamacor Penela da Beira Penela Peniche Pernes Peso da Régua Pinhel Pombal Ponta Delgada Ponte da Barca Ponte de Lima Ponte de Sor Portalegre Portel Portimão Porto de Mós Porto Santo Porto Póvoa de Lanhoso Póvoa de Santo Adrião Póvoa de Varzim Povoação Praia da Vitória Proença-a-Nova Proença-a-Velha Redinha Redondo Reguengos de Monsaraz Resende Riba de Ave Ribeira de Pena Ribeira Grande Rio Maior Rosmaninhal S. Bento Arnóia/Celorico de Basto S. Brás de Alportel S. João da Madeira S. João da Pesqueira S. Mateus do Botão S. Miguel de Refojos/Cabeceiras de Basto S. Pedro do Sul S. Roque de Lisboa S. Roque do Pico S. Sebastião S. Vicente da Beira Sabrosa Sabugal Salvaterra de Magos Salvaterra do Extremo SangalhosSanta Clara-a-Velha Santa Comba Dão Santa Cruz/Madeira Santa Cruz da Graciosa Santa Cruz das Flores Santa Maria da Feira Santar Santarém Santiago do Cacém Santo Tirso Santulhão Sardoal Sarzedas Segura Seia Seixal Semide Sernancelhe Serpa Sertã Sesimbra Setúbal Sever do Vouga Silves Sines Sintra Soalheira Sobral de Monte Agraço Sobreira Formosa Soure Sousel Souto Tábua Tabuaço Tarouca Tavira Tentúgal Terena Tomar Tondela Torrão Torre de Moncorvo Torres Novas Torres Vedras Trancoso Trofa Unhão Vagos Vale de Besteiros Vale de Cambra Valença Valongo Valpaços Veiros Venda do Pinheiro Vendas Novas Viana do Alentejo Viana do Castelo Vidigueira Vieira do Minho Vila Alva Vila Cova de Alva Vila de Cucujães Vila de Frades Vila de Óbidos Vila de Pereira Vila de Rei Vila de Velas Vila do Bispo Vila do Conde Vila do Porto Vila Flor Vila Franca de Xira Vila Franca do Campo Vila Nova da Barquinha Vila Nova de Cerveira Vila Nova de Famalicão Vila Nova de Foz Côa Vila Nova de Gaia Vila Nova de Poiares Vila Pouca de Aguiar Vila Praia da Graciosa Vila Real de Santo António Vila Real Vila Velha de Rodão Vila Verde Vila Viçosa Vimeiro Vimieiro Vimioso Vinhais Viseu Vizela Vouzela

Onde mora a solidariedade

Descubra a Misericórdia na sua terra

1211úLTIMAHORA

Barcelos mostrapresépios de cozinhaA santa casa da misericórdia de barcelos levou a cabo, pelo quarto ano consecutivo, a mostra de Presépios na cozinha. trata--se de uma iniciativa natalícia, que consiste na realização de presépios preparados com géneros alimentares, em todos in-fantários e lares desta instituição.

Concerto de Natalna uCC de MurçaA unidade de cuidados continuados da misericórdia de murça organizou, a 16 de Dezembro, mais um lanche convívio de natal. os participantes foram surpreendi-dos com a entrega de prendas elaboradas pelos utentes nas atividades ocupacionais e com a presença da banda marcial de murça.

Seia comemorou440.º aniversárioA misericórdia de seia encerrou, a 17 de Dezembro, as comemorações dos 440 anos da sua fundação. A cerimónia começou com a inauguração das expo-sições “Do Presépio ao calvário”, que engloba amostras de coleções particulares de presépios e imagens de cristo de José santos e foi encerrada com um recital.

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FormaçãoNovos cursos na escolade enfermagem

PalmelaNovasOportunidades para 15 colaboradoras

AEV 2011Sensibilizar para importância do voluntariado

Saúde Em Ação opiniãoPág. 16 Pág. 10 Pág. 23

Misericórdias emtorno da sua Uniãopara ajudar quemmais precisa Votosde boas festas e umano novo solidárioAcademia de cultura e cooperação, Apoio Jurídico,centro João Paulo ii, centro santo estevão,comunicação e imagem, cooperaçãoe Desenvolvimento, cooperação estratégicade Ação social, escola superior de enfermagem, Formação Profissional, grupo misericórdias saúde, laboratório de análises clínicas, lar Dr. Virgílio lopes, Património cultural, serviço de Voluntariadoe turismo social