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INFORMAÇÃO E CIDADANIA ANO II - N 0 32 - RIO DE JANEIRO, 28 DE OUTUBRO DE 2014 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Elite (Grupo A) x Palmeiras (B); Juventude (A) x Bahia (B); Bola de Fogo (A) x Samuel (B); e Nova Esperança (A) x Sport (B) são as partidas que darão início no dia 2 ao mata-mata do Campeonato do Terceiro Campo para apontar os finalistas de 2014. No Solazer, muita emoção na rodada que classificou os quatro primeiros para as quartas de final. No jogo mais emocionante, o Galáticos venceu por 4 a 3 o Bahia, de virada. Corinthians e Brasinha conquistaram vaga nos pênaltis, e o Caranguejo goleou (6 a 0) a Portuguesa. Domingo, oito times lutarão pelas vagas restantes para a decisão do título. Jefferson, o melhor dos Galáticos na vitória sobre o Bahia, domina a bola, mesmo marcado (foto 1); o goleiro André e Emanuel, os heróis do Brasinha na conquista da vaga (foto 2); à direita, o terceiro gol do Caranguejo, de pênalti, na goleada de 6 a 0 sobre a Portuguesa (foto 3) Quatro jovens escritoras compartilharam experiências no mundo fascinante da literatura, num evento entremeado por depoimentos marcantes e um mix de música e dança. PÁGINA 4 PÁGINA 5 Os alunos da PUC Vanesa, Yuri e Mariana posam na porta da sede do nosso jornal após realizarem trabalho de pesquisa. Eles saíram encantados com a rotina simples e o carisma da nossa Rio das Pedras FOTO DE LAERTE GOMES FOTO DE LAERTE GOMES FOTOS DE CLAUDIA GONZAGA PÁGINA 4 O pioneiro Fernando Estanislau dá umas dicas para um trabalho que universitária da UFRJ faz sobre proposta de urbanização de área próxima FOTO DE LAERTE GOMES UM DIA DE DOMINGO BEM AO GOSTO DO TORCEDOR CAFÉ LITERÁRIO LEVA ALUNOS DO CAIC A UMA VIAGEM PELO MUNDO A cearense Antônia Lívia e a carioca filha de nordestinos Luana Cabral reagiram indignadas às ofensas à Miss Brasil 2014. Uma demonstração de solidariedade tipo: "Não se metam com a gente." MISS BRASIL GANHA FAMA E TAMBÉM APOIO DAS MUSAS DA NOSSA COMUNIDADE PÁGINA 3 E AGORA, GOVERNADOR? FOTOS DE LAERTE GOMES FOTOS DE RICARDO DE SOUZA PÁGINA 8 PÁGINA 7 1 2 3 4 5 6 EM DUAS ENTREVISTAS AO NOSSO JORNAL, PEZÃO PROMETEU: VAMOS COBRAR EXCLUSIVO: NA PRÓXIMA EDIÇÃO OS MAPAS DE VOTAÇÃO NAS URNAS DE RIO DAS PEDRAS TAMMY CAMILLE GRACIELA BIANCA AQUI SERÁ A FUTURA UNIDADE DE PONTO ATENDIMENTO DE RIO DAS PEDRAS Apoiar a criação da Associação Comercial de Rio das Pedras e projetos habitacionais na região. Iniciar ainda este ano a construção de uma completa Unidade de Pronto Atendimento. Apoiar o desejo de moradores e comerciantes para transformar Rio das Pedras em bairro. Estender para toda a comunidade obras como as que estão sendo realizadas em Areal/Areinha. Resgatar uma promessa feita pelo antecessor e instalar o Serviço Poupa-Tempo na comunidade. Melhorar a mobilidade de transporte com serviço de barcas e balsas pelo sistema lagunar da Barra. ANTONIA OLIVIA LUANA CABRAL 1 2 3

A VOZ DE RIO DAS PEDRAS - N º 32

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I N F O R M A Ç Ã O E C I D A D A N I AANO II - N0 32 - RIO DE JANEIRO, 28 DE OUTUBRO DE 2014 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Elite (Grupo A) x Palmeiras (B);Juventude (A) x Bahia (B); Bola deFogo (A) x Samuel (B); e NovaEsperança (A) x Sport (B) são aspartidas que darão início no dia 2 aomata-mata do Campeonato doTerceiro Campo para apontar osfinalistas de 2014. No Solazer, muitaemoção na rodada que classificou osquatro primeiros para as quartas definal. No jogo mais emocionante, oGaláticos venceu por 4 a 3 o Bahia, devirada. Corinthians e Brasinhaconquistaram vaga nos pênaltis, e oCaranguejo goleou (6 a 0) aPortuguesa. Domingo, oito timeslutarão pelas vagas restantes para a decisão do título.

Jefferson, o melhor dosGaláticos na vitória sobre oBahia, domina a bola, mesmomarcado (foto 1); o goleiroAndré e Emanuel, os heróis doBrasinha na conquista davaga (foto 2); à direita, oterceiro gol do Caranguejo, depênalti, na goleada de 6 a 0sobre a Portuguesa (foto 3)

Quatro jovens escritoras compartilharamexperiências no mundo fascinante da literatura,num evento entremeado por depoimentosmarcantes e um mix de música e dança.

PÁGINA 4

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Os alunos da PUCVanesa, Yuri eMariana posam naporta da sede donosso jornal apósrealizarem trabalhode pesquisa. Elessaíram encantadoscom a rotina simplese o carisma da nossaRio das Pedras

FOTO DE LAERTE GOMES

FOTO

DE

LAER

TE G

OMES

FOTOS DE CLAUDIA GONZAGA

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O pioneiro Fernando Estanislau dá umas dicaspara um trabalho que universitária da UFRJ fazsobre proposta de urbanização de área próxima

FOTO DE LAERTE GOMES

UM DIA DE DOMINGO BEM AO GOSTO DO TORCEDOR

CAFÉ LITERÁRIO LEVAALUNOS DO CAIC A UMAVIAGEM PELO MUNDO

A cearense Antônia Lívia e a carioca filha denordestinos Luana Cabral reagiram indignadas àsofensas à Miss Brasil 2014. Uma demonstração desolidariedade tipo: "Não se metam com a gente."

MISS BRASIL GANHA FAMAE TAMBÉM APOIO DAS MUSASDA NOSSA COMUNIDADE

PÁGINA 3

E AGORA, GOVERNADOR?

FOTOS DE LAERTE GOMES

FOTOS DE RICARDO DE SOUZA

PÁGINA 8 PÁGINA 7

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EM DUAS ENTREVISTAS AO NOSSOJORNAL, PEZÃO PROMETEU:

VAMOS COBRAR

EXCLUSIVO: NA PRÓXIMA EDIÇÃO

OS MAPAS DE VOTAÇÃO NAS URNAS DE RIO DAS PEDRAS

TAMMY CAMILLE GRACIELA BIANCA

AQUI SERÁ A FUTURA UNIDADE DE PONTO ATENDIMENTO DE RIO DAS PEDRAS

Apoiar a criação da Associação Comercial deRio das Pedras e projetos habitacionais na região.

Iniciar ainda este ano a construção de umacompleta Unidade de Pronto Atendimento.

Apoiar o desejo de moradores e comerciantespara transformar Rio das Pedras em bairro.

Estender para toda a comunidade obras comoas que estão sendo realizadas em Areal/Areinha.

Resgatar uma promessa feita pelo antecessor einstalar o Serviço Poupa-Tempo na comunidade.

Melhorar a mobilidade de transporte com serviçode barcas e balsas pelo sistema lagunar da Barra.

ANTONIA OLIVIA LUANA CABRAL

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www.avozderiodaspedras.com.br

EXPEDIENTE

PUBLICAÇÃO QUIZENAL Tiragem:

20 mil exemplares DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Impresso na Gráfica e Editora Jornal do Commercio

� Cartas para a redação de A VOZ DE RIO DAS PEDRAS, a/c do Núcleo de Cidadania, Rua Nova n0 105, loja 2. e -mails para [email protected]

Uma publicação da Livraria eEditora Citibooks Ltda.CNPJ: 05.236.806/0001-5 Rua Jardim Botânico 710, CEP22.460-000 para a AssociaçãoComercial do Rio das Pedras (emorganização). Rua Nova 105 – Loja,Rio das Pedras - Tel.: 41088 439

EDITOR-CHEFE

Aziz Ahmed(Reg. 10.863 - MTPS)[email protected]

EDITOR EXECUTIVO

Laerte Gomes [email protected]

CONSULTORES

Cláudia Franco CorrêaIrineu Soares

Maria Etatiane Costa Barroso Juliana Barcellos da Cunha e Menezes

TRATAMENTO DE IMAGENS

Eduardo [email protected]

ANALISTA DE MÍDIA E WEBMASTER

Claudia [email protected]

REPORTAGEM

Ricardo de [email protected] [email protected]

FOTOGRAFIA

Fábio [email protected]

RIO, 28 DE OUTUBRO DE 2014

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Recebemos do morador eparceiro Helio Rocha a seguintemensagem: “Muito boa areportagem sobre o terminalrodoviário. Já enviei reclamaçãopara o 1746. É importante quetodo mundo também faça isso,porque existe uma estatísticaque mostra onde há maisreclamações, e eles agem nessasáreas. Queria pedir também aojornal para quando entrar emcontato com o subprefeito,nãoesquecer de lembrá-lo da linhade ônibus variante do 343, ViaSerra, ou da sugestão de desviara 345 para Rio das Pedras, dandoalternativa ao saturado 343-Linha Amarela.”

Também Leo Tigrão, outromorador e parceiro, fez coro àmensagem de Helio Rocha epostou no nossoFacebook aseguinte mensagem: “Ficoumuito boa a reportagem sobre aconstrução do terminalrodoviário. A comunidadeespera com ansiedade o iníciodas obras. Os rodoviáriosprecisam ter um lugar decentepara trabalhar e o passageirosonha com um espaço agradávelpara embarcar. Essas linhas quepartem de Rio das Pedrasprecisam de um reordenamento,pois muitas fazem o mesmotrajeto enquanto há localidadesem que poderiam seraproveitadas. Sugestão: linha 555(Rio das Pedras-Gávea) faz omesmo trajeto das linhas 550 e556 e poderia ser prolongada atéo bairro da Gardênia-Azul, quenão conta com nenhuma linhapara a Zona Sul e desafogaria obairro de Rio das Pedras, que,nos últimos tempos, ficouapertado com muitas linhassobrepostas. A linha 556 (Rio dasPedras-Leblon) poderia seguir otrajeto até o metrô de Botafogo,por Jardim Botânico, Lagoa,Humaitá, e finalizando emBotafogo. Os passageiros queresidem na nossa comunidadetrabalham nessa região eutilizam o 354-Praça XV, mas seutrajeto passa por toda a Zona Sule a viagem se torna muitodemorada. Fica a sugestão.”

Resposta para um leitor que estámal informadoCarlos Felixpostou no nosso

Facebook a seguinte mensagem:“É um jornal a serviço da milíciade Rio das Pedras.”

�Nota da Redação:Olá,Carlos Felix! Você está malinformado e faz uma ilaçãoinjusta e impertinente. Você nãoteve o cuidado de examinar ahistória dos profissionais quefazem este jornal, não tem,certamente, acompanhado oconteúdo da nossa linhaeditorial, pela qual poderiaconstatar nossa vinculação à

emergente AssociaçãoComercial de Rio das Pedras.Você, assim, ofendecomerciantes e moradores.Nosso jornal é independente eestá a serviço da comunidade edo comércio de Rio das Pedras.Ratificando mensagem queenviamos a você, estamos àdisposição caso queira secomunicar ou tenha algo adivulgar. SomosA Voz de Rio dasPedras. A serviço de moradorescomo você.

Ex-morador procura pelos amigosde Rio das Pedras

Recebemos deAdemir daSilva Marinho (foto) o seguintepedido: “Olá! Morei aí no Rio etive oportunidade de conhecerótimas pessoas dessa localidade.Passei alguns dias em Rio dasPedras, no ano de 1987. Gostariamuito de poder entrar emcontato com as pessoas com asquais trabalhei na Barra daTijuca, à Avenida ArmandoLombardi 1.000. Eram eles osmoradores de Rio das PedrasPaulina, Antônia, Lourdes, osirmãos Celso e Luiz, além deoutros funcionários: Atilas,Prudêncio, Wallace. Quem sabeterei alguma notícia delesatravés de vocês? Fico muitograto. Abraços.”

Procura pela sobrinha AlineSylvia Tereza Radoschpostou

no nosso Facebook: “Procurouma sobrinha, de nome Aline. Amãe dela se chama Zeza e o pai,já falecido, Luiz Claudio deAndrade. Quem, por favor, tivercontato, me comunique. Essamoça deve ter hoje uns 39 anos.Obrigada!”

�Nota da Redação:Quemtiver qualquer informação quepossa ajudar o Ademir ou aSylvia, pode entrar em contatocom o jornal pelo nosso site ouFaebook, cujos endereços estãono corpo deste jornal.Providenciaremos os encontros.

Cine & Rock abre para ensaiosNosso amigo Leandro

Oliveira,o Leu, líder dosRoqueiros do Pinheiro em Ação,manda o seguinte recado para agalera do rock: “Tem banda e nãotem onde ensaiar? Venha para oEstúdio Cine & Rock, noPinheiro. É só R$ 15,00 por umperíodo de duas horas!”

�Nota da Redação: Em outramensagem, Leu Oliveirainformou que inaugurou no Cine& Rock, na praça do Pinheiro, a

sede com estúdio novo. No Diada Criança promoveu uma festana comunidade, comdistribuição de prêmios ebrindes.

Faltam equipamentos para idososna nossa comunidadeGilson Campos enviou a

seguinte mensagem: “Nossacomunidade já é tão carente deequipamentos para as pessoasidosas que o único que possui, aAcademia da Terceira Idade, naClínica da Família, agora sófunciona às segundas e quintas-feiras, das 8h às 11h e das 13h às17h. Fica fechada os outros cincodias da semana, inclusivesábados e domingos. Qualqueracademia dessas, em qualquerpraça da cidade, funciona 24horas por dia, todos os dias.Além de não haver parque combrinquedos para crianças, oscidadãos da melhor idadetambém sofrem com a falta deuma estrutura mínima de lazer."

Pedido para ser colaboradoraRecebemos o seguinte e-mail:

“Meu nome é Michele CristinaCosta, estudante de jornalismo,moro no Anil. Preciso saber se hápossibilidade de estágio.”

�Nota da Redação: Estamosabertos a colaborar na formaçãoprofissional de moradores dacomunidade. A estudanteMichele não reside em Rio dasPedras, mas, ainda assim,pedimos para entrar em contatocom a nossa Redação paraestudar essa possibilidade, emrazão da proximidade do bairrodo Anil com Rio das Pedras.

Adiado festival no CaicA professora Norma

Magalhães informou o seguinte:"Ficou adiado para os dias 30 e31 de outubro, às 15 horas, noCaic Euclides da Cuinha, arealização do Festival de NovosTalentos. Alunos da escola emoradores da comunidade vãoconcorrer aos prêmios de 1º, 2º e3º lugares e ratificamos quegostaríamos muito de contarcom a cobertura do jornal devocês ao evento, o que, para oaluno, é muito importante comoincentivo à busca de uma novacarreira artística.”

�Nota da Redação: Vamoscobrir. Está na nossa pauta.

Nossa paróquia realizou missãode evangelização

A nossa Paróquia de São JoãoBatista enviou e-mail parainformar que realizou, dias 18 e19 de outubro (sábado edomingo), missão aqui em Riodas Pedras, onde os missionáriospercorreram casas e comércio,para evangelizar. No sábado, das14 às 17 horas, houve a formaçãodos missionários na Matriz e, às19h, missa para o envio damissão, celebrada pelo bispodom Edson Castro Homem.Apósa missa, houve umaconfraternização emcomemoração ao aniversário deordenação do bispo. No domingo,às 8h, teve café da manhã dosmissionários no Centro Pastoral,do qual saíram, às 10h, para amissão nas ruas que terminou às17h, com missa na Matriz.

AS SOLUÇÕES PARA O SANEAMENTO

A VOZ DA RAZÃOMARIO MOSCATELLI *

Até hoje comenta-se, negativamente, determinadaprática vivenciada no Brasil, principalmente no Norte e no Nordeste, denominada de voto de cabresto”

É preciso exigir do poder público políticas permanentesde habitação, saneamento e transporte, seja qual for opartido do presidente, do governador ou do prefeito”

CRISTINA GOMES CAMPOS DE SETA *

A VOZ DO DIREITO

NOVA POLÍTICA, VELHOS HÁBITOS

A VOZ DO LEITOR

Este jornal da comu-nidade me pergun-tou se há soluçãopara o saneamentode Rio das Pedras,

Muzema e Tijuquinha. Reafirmointegralmente o que disse na-quela ocasião. Inicialmente, épreciso estancar o crescimentodesordenado em todas essasáreas, seja o horizontal como overtical, porque é uma questãode uma ou duas décadas paraocorrer uma tragédia ambientale social de proporções bíblicasnessas áreas. Posteriormente,estancado o crescimento desor-denado, exigir do poder públicopolíticas públicas permanentesde habitação, saneamento etransporte permanente, inde-

pendentemente de qual partidopolítico abocanhar o comandoda prefeitura, do governo do es-tado ou da Presidência. Terceiro,na foz dos rios, instalar sistemasde unidades de tratamento derios. Quarto, pressionar para queo saneamento acima das Unida-des de Tratamento de Resíduosseja acelerado e apresentado emtermo de ajuste de conduta assi-nado junto ao Ministério Pú-blico. Caso contrário, esqueça,porque com o tipo de adminis-trador público que temos poraqui, todos nós vamos afundarna merda e no lixo.

*Mario Moscatelli é biólogo, ambientalista emestre em Ecologia

Encerradas as elei-ções, independente-mente do candidatoque tenha logradoêxito nas urnas, cha-

mou a atenção certa condutarealizada por determinados po-líticos ao longo da propagandaeleitoral nesta segunda fase, istoé, após o resultado do primeiroturno. Até hoje, nos livros de His-tória e nos relatos jornalísticos,comenta-se, negativamente, de-terminada prática vivenciada noBrasil, principalmente no Nortee no Nordeste, e nas regiões maisafastadas dos grandes centrosurbanos, denominada de votode cabresto.

No passado, os chamados“coronéis”, geralmente os pro-prietários de grandes fazendas,pessoas influentes na “Provín-cia”, obrigavam os seus empre-gados e moradores das vilas avotarem em candidatos específi-cos, fiscalizando, por conse-quência, o resultado obtido naseleições, o que era feito pela con-tagem dos votos lançados empequenos papéis, chamados decédulas, depositadas no interiordas velhas urnas de lona. Hoje,em plena era da urna eletrônica,percebemos ao longo da campa-nha eleitoral divulgada para osegundo turno das eleições umanova roupagem deste voto de ca-bresto.

Determinados candidatos,derrotados nas urnas, passarama afirmar publicamente que es-tavam “liberando” os seus eleito-res para votarem no candidatoque continuava na disputa, can-didato este que passou a serapoiado pelo derrotado. A per-plexidade ora comentada de-corre pela palavra utilizada.Sabe-se que o emprego de umapalavra, ao invés de outra, podesignificar muito mais do que amensagem que consciente-mente se tenta transmitir. Emtempos de “nova forma de fazer

política para um novo Brasil”,candidatos que até então afir-mavam ser preciso mudar aforma como se faz política nestepaís vieram a público para “libe-rar” o seu eleitor para votar nocandidato “A” ou “B”, como se oeleitor fosse propriedade sua eque somente pudesse votar na-quele candidato “escolhido” porele, pelo proprietário do eleitore, consequentemente, dono doseu voto.

Não se está falando aqui dascampanhas de apoio a candida-tos, de propaganda maciça, pre-sença em palanques, posturaslegítimas, mas da visualizaçãodo eleitor como se fosse um “se-guidor”, um ser humano incapazde raciocinar e de ter as suaspróprias convicções, que pre-cisa, portanto, de que o seu“dono”, “líder”, a quem o eleitorestá amarrado, lhe autorize avotar em determinada pessoa.Só se “libera” quem está amar-rado, preso. Alguns chegaram aafirmar que “liberavam os seuseleitores para votarem no candi-dato que agora era por eleapoiado”. Não recomendavam,não sugeriam, mas, sim, libera-vam.

A democracia brasileira é pe-culiar porque cada indivíduo,mesmo que analfabeto, mesmoque somente tenha 16 anos,pode votar para escolher aqueleque tomará as decisões em seunome, sendo seu voto tão im-portante quanto o voto de qual-quer outra pessoa: cada pessoa,um voto. Mesmo que a legitimi-dade de governos escolhidosunicamente através de um votorealizado de tempos em temposseja sujeita a críticas, certo é queo direito de escolha é de cadabrasileiro. O voto é de cada um.Se cada pessoa é livre, por que oseu voto não o é?

*Cristina Gomes Campos de Seta é juíza da 9ªVara Cível do Méier

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RIO, 28 DE OUTUBRO DE 2014

3A UPA de Rio das Pedras ficará no terreno de 1.500m2,vizinho ao campo principal de futebol, na rua sem nomeque liga a Via Light à Av. São Josemaria Escrivá.

Quem vive em Rio das Pedras terá os mesmos serviços que podem ser vistos hoje nos bairros do Anil e da Barra da Tijuca, que estão no entorno”

Chegou a conta para pagar.Basta desse negócio decandidato aparecer nanossa comunidade emépoca de eleições, prome-

ter mundos e fundos e ficar na promessa.Reeleito no último domingo, dia 26, o go-vernador Luiz Fernando Pezão contraiudurante a campanha uma dívida com Riodas Pedras. Vamos cobrar. Em duas re-centes entrevistas ao nosso jornal, a úl-tima delas feita durante uma caminhadapouco antes do primeiro turno, Pezão fir-mou os seguintes compromissos com osnossos moradores: 1 – construir umaUPA24h; 2 – apoiar o desejo dos morado-res de transformar Rio das Pedras embairro; 3 – concluir e ampliar os trabalhosde urbanização, drenagem e tratamentode esgotos de Areal/Areinha; 4 – instalarum Serviço Poupa-Tempo (SPT); 5 – inte-grar a ligação com a Linha 4 do metrô,implantando o transporte hidroviário naslagoas da região; 6 – apoiar a criação daAssociação Comercial de Rio das Pe-dras, além de projetos habitacionais dainiciativa privada na região; 7 – empe-nhar-se na melhoria da qualidade devida do nosso povo.

A CONTA QUE O GOVERNADOR TEM A PAGAR

Areeleição do governador facilitaa liquidação da primeira fatura.Durante caminhada pela co-munidade, no dia 15 de setem-bro – 20 dias antes da votação

do primeiro turno –, Pezão anunciou quehavia tirado do papel a promessa feita na pri-meira entrevista ao nosso jornal, a de cons-truir uma Unidade de Pronto Atendimento(UPA) em Rio das Pedras. E tirou do papel: aedição do “Diário Oficial do Estado”, do úl-timo dia 24 (veja fac-símile ao lado), publicouo decreto de desapropriação do terreno de1.500m2, vizinho ao campo principal, numarua sem nome que liga a Via Light à AvenidaSão Josemaria Escrivá, endereço do conjuntoMoradas do Itanhangá. Segundo Pezão, aUPA terá uma unidade de cuidados intensi-vos e unidades semi-intensivas adulta e in-fantil, e contará com 250 funcionários para oatendimento. Ele explicou:

— Vamos construir rapidamente essaUPA, de Nível III, que é a maior. Vamos tra-zer médicos, dentistas e pediatras. O centromédico terá ainda duas salas de observaçãoindividual, com um leito cada uma, paraatender doentes com moléstias infectocon-tagiosas até serem transferidos para umhospital. Além disso, haverá cinco consul-tórios, sendo três de clínica médica e doisde pediatria.

A o reconhecer formalmente que“isto aqui é uma cidade”, o gover-nador reeleito incorpora o desejode a nossa comunidade de Rio

das Pedras ser convertida em bairro. Ele, de-fensor da tese de que “transformar favelasem bairros é uma maneira mais ampla detratar questões sociais”, ao ser questionado

pela nossa reportagem se Rio das Pedras iaao encontro dessa sua tese, afirmou textual-mente:

— Certamente. Não há dúvida de queRio das Pedras é uma região de grande po-tencial e cada vez mais estará incorporadaà cidade.

Nesse raciocínio, lembrou as obras queabrangem 200 mil metros quadrados emAreal/Areinha, que estão beneficiando 30mil moradores com investimentos de R$64,7 milhões, obras essas já objeto de váriasreportagens deste jornal. Também lembrouque a comunidade está sendo beneficiadapor um grande projeto da Light, a pedido dogoverno do estado. E prometeu:

— Quem vive em Rio das Pedras terá osmesmos serviços que podem ser vistos hojenos bairros do Anil e da Barra da Tijuca, queestão no entorno.

OBRAS DEAREAL/AREINHA E A TRANSFORMAÇÃO EM BAIRRO

A lém de considerar incluir em seusplanos a implantação de um Ser-viço Poupa-Tempo (SPT) na co-munidade, resgatando

compromisso assumido e não cumpridopor seu antecessor Sergio Cabral, o gover-nador reeleito ratificou seu compromissode apoiar todas as iniciativas privadas de in-teresse comum, como a criação da Associa-

ção Comercial de Rio das Pedras e os proje-tos de construtoras proprietárias de terre-nos vizinhos para a construção de mais de20 mil apartamentos na região, inclusivepelo sistema de Parceria Público-Privadas(PPP). Ele destacou o benefício que a dra-gagem do sistema lagunar da Barra e Jaca-repaguá trará para a integração da rede detransportes na nossa área, a partir da inau-guração da Linha 4 do metrô e sua extensãoaté o Recreio, da ampliação dos BRTs e douso do transporte hidroviário nas lagoas daregião. E anunciou:

— O metrô vai chegar à Barra no iníciode 2016. Com a dragagem das lagoas, facili-tará muito circular de balsa e de barco até aestação do metrô no Jardim Oceânico.Foram muitos anos sem investimento, emque não se olhou para a mobilidade. Agente está tirando do papel.

UM PACOTE DE BOAS NOTÍCIAS QUE NÃO PODEM FICAR NAS PROMESSAS

DIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO

Em dezembro do anopassado, ainda vice-governador e secretárioestadual de Obras,Pezão esteveinspecionando as obrasde urbanização que aCehab realiza na regiãode Areal/Areinha, eouviu críticas,sugestões e demandas dos nossosmoradores

Em caminhada pelasruas e vielas de Rio dasPedras, no dia 15 desetembro, emcampanha eleitoral, ocandidato à reeleiçãoabraçou moradores eanunciou uma série deprojetos que pretendetirar do papel paramelhorar a qualidade de vida donosso povo

DESAPROPRIAÇÃO DO TERRENO DA UPA COMEÇA A QUITAR A PRIMEIRA CONTA

É HORA DE COBRAR AS PROMESSASFEITAS POR PEZÃO À COMUNIDADE DURANTE A CAMPANHA

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RIO, 28 DE OUTUBRO DE 2014

4Rio das Pedras é um lugar reconhecidamente tranquilo.Problemas de violência são brigas de marido e mulher e isso acontece nas melhores famílias”

Três jovens universitá-rios da PUC estiveramna nossa comunidadepara realizar um traba-lho de pesquisa e se

renderam ao carisma e poder de se-dução de Rio das Pedras.

O tijucano Yuri Sepúlveda, de 21anos, do 70 período do curso de Ci-nema, confessou-se encantado como que viu nas ruas e ouviu da nossaequipe.

Moradora da Gávea, MarianaCarvalho, de 23 anos, do 80 períododo curso de Publicidade, surpreen-deu-se com a grandiosidade da co-munidade, com o ambiente familiar,mas carente de serviços públicos bá-sicos, queixa também recorrente dosnossos moradores.

Era início da tarde e a naturezahavia ligado o maçarico. A Rua Novaera um verdadeiro caldeirão, outracaracterística local: aqui, parece quefaz mais calor do que em qualqueroutro lugar do mundo. Nem por isso,Vanessa Reuter, de 20 anos, do 70pe-ríodo do curso de Cinema, perdeu opique. Filmadora na mão, saiu pelasruas e vielas em companhia donosso companheiro Laerte Gomes,driblando o emaranhado de fios dasligações clandestinas, desviando-sede motos e bicicletas que dividemespaço com os moradores, e fez umemblemático tour pela comunidade,onde já estivera antes e pretendevoltar para sentir a paixão local pelofutebol e conhecer as atrações dafeira nordestina, realizada aos do-mingos na Via Light e na Avenida

Debaixo de uma teia de fios dos “gatos” de luz na Rua do Comércio, Vanessa Reuter posa para foto durante um passeio pela comunidade

FOTOS DE LAERTE GOMES

Engenheiro Souza Filho.Nossa equipe de reportagem

pediu que cada um desses jovens declasse média, acostumados ao con-forto e ao glamour da Zona Sul, re-gistrasse as suas impressões sobre oque viram e ouviram aqui.

Eis o que disseram:

YURI SEPÚLVEDA DESCOSTRUIU ERECONSTRUIU A NOSSA IMAGEM

"No caminho para A Voz de Riodas Pedras minha imagem sobre oambiente foi desconstruída e re-construída completamente. A ca-rência de necessidades básicas(saneamento, luz, quantidade gigan-tesca de "gatos",asfalto) se con-trapõe a pessoassorrindo e a fa-mílias andandocom tranquili-dade. Ao chegar-mos à sede dojornal fiquei en-cantado com oscomentár ios.Com a diferença entre o que nos éfalado pela grande mídia e o que,realmente, encontramos em Rio dasPedras. Não vimos resquício de mi-lícia, e nos deparamos com umaimensidão tão vasta de diversidade,necessidades e felicidades. No fim,minha impressão é que Rio das Pe-dras se caracteriza como microcos-mos perfeito do cenário brasileiro. Ocrescimento econômico, muitaslojas e comércio, e, do outro lado,descaso do poder público para comas necessidades dos habitantes doespaço em questão", disse Yuri Se-púlveda.

BOM HUMOR DO NOSSO POVO DEIXAMARIANA SURPRESA E ENCANTADA

"Ainda no ônibus, antes de che-gar à redação de A Voz de Rio dasPedras, já deu para perceber agrandiosidade que é a comuni-dade. Muitas lojas, salões de be-

leza, restauran-tes, escolas,mercados, pré-dios... Enfim,tudo aquilo quefaz de um lugarum bairro. Des-cemos umpouco longe dasede do jornal, edurante caminhada foi possível en-xergar algumas precariedades. Fica-mos surpresos com a quantidade de“gatos” de luz na região e, também,com a carência de saneamento bá-sico. Por outro lado, notamos umlugar bem movimentado, com mui-tas famílias e ausência de violência.Ao longo da conversa que tivemoscom a equipe do jornal, foi possívelconhecer ainda mais sobre Rio dasPedras. Ficamos encantados com aspessoas que residem ali, bem-hu-moradas, amantes do tradicional fu-tebol local e interessadas emcontribuir com o conteúdo do jor-nal", afirmou Mariana Carvalho.

VANESSA ANDA PELA COMUNIDADEPARA CONSTATAR: ‘É UMA CIDADE!’

"O clima em Rio das Pedras real-mente é outro. Já tinha passado pelacomunidade, mas nunca a havia ex-plorado a pé. São tantas lojas... Fi-quei impressionada. É uma cidade!Revoltante não ter seu reconheci-mento. Passeei pelas vielas e fiqueiassustada com a quantidade de“gatos” de luz e com a dificuldadeque as pessoas têm de receber servi-ços básicos, como energia e sanea-mento.

Por eu ser nordestina, tive umaempatia logo de cara com o lugar e aenergia das pessoas me cativou devez. Fiquei curiosa para ver o talcampeonato de futebol. Outra coisacom que fiquei impressionada foi aquantidade de motos, carros e pes-soas compartilhando a mesma pista.É quase um Índia brasileira. Só digouma coisa: RP, voltarei em breve!",prometeu Vanessa Reuter.

EM PESQUISA NANOSSA COMUNIDADE,JOVENS DA PUC SE RENDEM AO QUE VIRAM E OUVIRAM

RIO DAS PEDRAS TEM OS SEUS ENCANTOS

Por ser nordestina, tive empatia logo de cara com o lugar e a energia das pessoas me cativou de vez.Fiquei curiosa para ver o campeonato de futebol”

Os três universitários colheminformações com a nossa equipe

Assim como os três alunos da PUC-Rio estiveram nanossa redação fazendo pesquisa (veja reportagemao lado), também Pamela Martins, da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (UFRJ), empenhada numtrabalho sobre proposta de urbanização para uma

área junto ao Riodas Pedras, procu-rou auxílio donosso jornal. Elapostou 14 pergun-tas no nosso Face-book e obteve oretorno das mora-doras Mara Lopes eDanielli RicardoMartins, conformepublicamos na edi-ção anterior, naseção "A Voz doLeitor". Para dar,porém, uma orien-tação mais consis-tente ao trabalhoda universitária,pedimos o depoi-mento do escultorFernando Estanis-lau (foto). Moradorda comunidadedesde que nasceu,há 71 anos, Fer-nando administra oCentro de Esportesde Rio das Pedras,onde rolam cam-peonatos com 700atletas inscritos, e ainda dirige uma escolinha de futebol com 187alunos. Vejam as perguntas da Pamela e as respostas do pioneiroFernando:

Pamela Martins – A quantidade de transporte é suficiente? O quetem mais, ônibus ou van?

Fernando Estanislau – Já teve mais vans, mas agora são osônibus que dominam o transporte de massa da comunidade. Eeles têm mais é que atender bem, porque isso aqui é uma minade passageiros.

Tem alguma feira semanal? Quando e onde?– Tem aos domingos, e ocupa grande parte da Via Light e da Ave-

nida Engenheiro Souza Filho. É um programa semanal até para pes-soas que vêm de outros bairros. Aqui funciona uma verdadeira feiranordestina, com umas 150 barracas que vendem de tudo do Nor-deste e também produtos sofisticados, como roupas e bolsas degrife, até lagosta, salmão e camarão graúdo.

Tem escola e posto de saúde suficientes?– Posto de saúde, não. Tem a Clínica da Família, que encaminha

as pessoas nos casos de maior gravidade. Vamos ganhar uma UPA,que deverá melhorar bem o atendimento médico à comunidade.

Há algum lugar em que as pessoas costumam se reunir comoponto de encontro?

– O ponto de encontro principal é no campo. Depois, o pessoalvai para a Estação Azul ou para a praça da Associação.

Como é feita a coleta de lixo? Há lixeiras suficientes?– A coleta é boa, mas não dá vazão por causa da quantidade de

lixo produzida. Já foi pior. Mas temos de reconhecer que há gari tra-balhando dia e noite, sem parar.

Há manutenção de equipamentos públicos, como postes, ban-cos de praça, lixeiras etc.?

– Não temos aqui uma verdadeira praça. É um dos desejos dacomunidade.

A iluminação das ruas é boa?– É boa. Estão sempre trocando as lâmpadas. E quando pedimos,

a RioLuz troca as luminárias queimadas.

Como é a segurança?– Somos uma comunidade grande, mas quase todo mundo se

conhece. É um lugar reconhecidamente tranquilo. A polícia faz ron-das nas ruas, mas os maiores problemas de violência daqui são asbrigas de marido e mulher e isso acontece nas melhores famílias.

O que você acha das calçadas?– As calçadas sofrem com a invasão de puxadinhos.

Como é o saneamento básico? Há algum tratamento do esgoto?– O saneamento está bem agora. Há um núcleo da Cedae que

está dando conta do recado.

O comércio é suficiente? O que falta?– O comércio é um dos melhores da cidade.

O que você acha da largura das ruas?– Acho que deviam ser até mais estreitas, para deixar passar um

só carro por vez. As pessoas estacionam de qualquer jeito.

Sente falta de mais árvores?– Temos muitas árvores. Eu mesmo levo meus alunos para re-

plantar. Hoje mesmo plantamos quatro.

O que você gostaria que melhorasse na comunidade?– A atenção do poder público para a implantação dos serviços

que estão sendo prometidos. E que a Light estenda o projeto de for-malizar o fornecimento de energia para toda a comunidade.

PIONEIRO RESPONDEÀ PESQUISA DA UFRJ

FOTO DE LAERTE GOMES

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Da esquerda para a direita, as donas do espetáculo: em pé, as professoras Ana Rose e Norma Magalhães com os alunos-apresentadores Gabriel e Gabriela; sentadas, as escritoras Bianca Carvalho, Graciela Mayrink, Camille Thomaz e Tammy Luciano

As editoras precisam de bons autores e pagam bem. O que o livro fez por mim? Sem ele eu seria apenasmais uma pessoa no mundo, uma pessoa sem graça!”

Escola é isso, é a preparação para a transformaçãodo mundo e essa transformação acontece quando ela começa aqui, na escola”

CAFÉ LITERÁRIO AGITA O CAICQUATRO JOVENS ESCRITORASCOMPARTILHAM COM ALUNOSEXPERIÊNCIAS DO MUNDO FASCINANTE DA LITERATURA

Música também é cultura e sempre dá um toquelúdico aos eventos. E não faltou esse ingrediente aoCafé Literário. Entremeando as palestras das quatroescritoras, alunos do Caic atacavam um mix de ritmosque levantava a galera, dando um toque de sonoridadeao ambiente ao mesmo tempo festivo e cultural.Começou com o romantismo da aluna e poetisaJardiennes Silva, acompanhada ao violão pelo alunoCarlos Florêncio, interpretando “Eu só quero umxodó”. Em outro momento, quem soltou a voz firme eafinada foi a menina Iara, interpretando sucesso deLuiz Gonzaga, o Rei do Baião. O lado musical teve oponto alto quando a dupla de rap Samuel e Andersonconvidou o também aluno Marcos André para seapresentar. Com um depoimento que arrancouaplausos, Marcos André admitiu em público que estavano caminho errado e que Deus o livrou do pesadelo.Hoje no caminho certo, ele terminou de declamar aletra da sua poesia, em ritmo de rap, deixando umamensagem:

— Antes de salvar o mundo, encontrei meusalvador.

O público veio abaixo e ele deixou o espaçoimprovisado de palco cumprimentado ao estilo de umverdadeiro pop star.

O Grupo DançaCaic também incendiou a plateia,com apresentação de dança de salão ritmada e

envolvente. O grupo da casa desenvolveu umacoreografia perfeita e os colegas não economizaramaplausos calorosos e gritos entusiasmados. Logodepois, ao alunos-apresentadores Gabriela Cristiana eGabriel Martins convocaram os colegas para a leiturade poesias selecionadas pelas professoras.Apresentaram-se como voluntários e mandaram bemos alunos Natalia, Lucas, Bruno, Lisa e Eliziane. Todosforam agraciados com brindes que estavam sobre umamesa escolar, forrada de enfeites e ornamentada comuma linda helicônia, também conhecida popularmentecomo bananeira-do-mato. A parte artística do eventoterminou com a apresentação da Equipe de DançasJoão Piccoli. Antes de dar um show de zouk,acompanhado da esposa, Luana, o professor Joãoconvidou os alunos a se inscreverem no projeto daescola que oferece aulas gratuitas na academia daFreguesia. Na apresentação com Luana, que usavauma microssaia num corpo exuberante, a galera foi aodelírio, manifestação que se tornou a marca do eventoe quebrou a rotina da maior escola pública de Rio dasPedras, que passa por um processo de reforma físicaem suas instalações e na rotina escolar, com aimplantação de regras básicas de disciplina e areformulação na estrutura pedagógica, sob a novadireção do professor Marcio de Macedo Monteiro, umincentivador desse tipo de iniciativa cultural.

aconteceu. Era atriz e professora de teatro, até querecebi um convite para escrever um livro quemudou a minha vida para sempre. Falaram que euera maluca e que não daria certo. Vivo de litera-tura. O mercado está aberto para novos autores.As editoras precisam de bons autores e pagambem. O que o livro fez por mim? Sem ele eu seriaapenas mais uma pessoa no mundo, uma pessoasem graça! — desabafou Tammy, que já teve seus15 minutos de fama numa entrevista ao programado Jô Soares, na Rede Globo.

Já Camille Thomaz Labanca, autora do livro“Imaginário feminino”, da novela “Tempo de ce-reja” e idealizadora do projeto Beletristas, disseque trabalha para a Editora Leya, lendo livros in-ternacionais para avaliar se há mercado para eles,se podem ser publicados aqui no Brasil. E acres-centou:

— Além de escrever, é o que amo fazer e querocontinuar fazendo para sempre. Quem quer serescritor tem de ler bastante. Isso é essencial. Ler éum aprendizado. A minha ambição na vida é in-centivar as pessoas a escrever.

Terceira a falar, Graciela Mayrink disse queantes de ser escritora é leitora compulsiva. Autorade “Até eu te encontrar” e “A namorada do meuamigo”, falou da sua história:

— Leio mais de um livro ao mesmo tempo,em todo lugar, na condução, na fila do banco.Quem quiser ser escritor de sucesso tem de ler detudo... os grandes clássicos, o que está na moda,tem de conhecer o mercado literário. Quem dizque não gosta de ler é porque ainda não encon-trou o livro certo. Quando encontrar, vai se apai-xonar e gostar de todos. Fiz faculdade deAgronomia e meu português foi elogiado peloorientador da minha tese. O que era meu hobbyacabou virando minha profissão. No início, escre-via só para mim, tinha vergonha de mostrar meutrabalho. Depois, levei dois anos batendo às edi-toras até conseguir publicar meu primeiro livro.Quem quiser dicas, é só me procurar nas redessociais.

A última a fazer apresentação foi Bianca Car-valho. Autora de “Jardim de escuridão”, “Versossombrios”, “Sabores mortais”, Horas noturnas” e“Porto das águias – Quando choram os anjos”,Bianca acha que ser escritora é uma grande aven-tura:

— Ninguém acredita que é uma profissão.Quando vou preencher um cadastro, e respondoescritora, a pessoa pergunta: “E a profissão?” É aminha profissão, vivo disso e o bom é que a gentepode viver muitas vidas em uma só. Sou um pou-quinho de cada uma de minhas personagens.Comecei a escrever aos 14 anos. Desculpem osprofessores, mas eu escrevia durante as aulas deFísica e Matemática. No meu tempo, ler era coisade CDF. Quando eu abria um livro no recreio(hoje intervalo), as pessoas faziam "humm..."Mas até hoje eu vivo lendo e fazendo amigos commeus livros.

A professora Edilene também mandou seu re-cado, resumindo a opinião das quatro. Disse ela:

— Aqui no Brasil têm sido produzidas obrasmaravilhosas. A literatura está por trás da letra damúsica, da novela, da minissérie de que gosta-mos. Em tudo isso ela está presente. É muito bomler para enriquecer nossos conhecimentos, paraque possamos participar politicamente dosacontecimentos de nosso país. A literatura regis-tra o que estamos vivendo: nossa cultura, nossaalma, as ansiedades do homem. Leiam, porqueler faz muito bem.

— Que a palestra de hoje sirva de motivaçãopara que vocês possam conhecer o mundo semusar meios de transporte — afirmou a professoraAlcinéia, depois de dissimular timidez e receberdos alunos da plateia aplausos consagradores.

Foi o diagnóstico que fez do Café Literário or-ganizado pelos estudantes do Caic Euclides daCunha, com o toque competente e profissionaldas professoras Norma Magalhães e Ana RoseRamos Anselmo. O evento buscou apresentar ediscutir o novo. Quatro jovens autoras — TammyLuciano, Camille Thomaz, Graciela Mayrink eBianca Carvalho — dissertaram sobre suas expe-riências como escritoras, todas convencidas deterem feito a escolha certa e pregando consensual-mente que qualquer um pode ser escritor e viajarpelo mundo “sem utilizar meio de transporte”,viver várias vidas numa só, compartilhar ideias,histórias e reflexões. E mais: pode viver disso. E serfeliz. Daí o entusiasmo da professora Alcinéia, que,diante de uns 400 atentos alunos, resumiu a im-portância do evento com essas sábias palavras.

— Quando a escola permite que seus alunosmostrem suas habilidades é maravilhoso. Mobili-zando-se para realizar esse trabalho, acreditandona sua capacidade, é a escola em movimento. Es-cola é isso, a preparação para a transformação domundo e essa transformação acontece quando elacomeça aqui, na escola — disse, completandocom a frase que abre esta reportagem.

Articulados e com grande desenvoltura, Ga-briel Martins, da turma 2004, e Gabriela Cristina,da turma 2003, foram os mestres de cerimônia. Aoabrir os trabalhos, Gabriel, em meio à algazarranatural ao perfil de um público jovial, deu seu re-cado:

— Em 2011 eu era um adolescente que nãotinha tempo para leitura. Quando comprei umacoleção fui descobrindo novos mundos, fiz ami-zades dentro da literatura. Ela dá possibilidadesque quem não lê não tem. Vocês também podemfazer isso e aproveitar tudo o que a leitura propor-ciona.

Na sequência, Gabriela deu seu testemunho.— A leitura é algo muito particular, desenvolve

nossa imaginação e desperta sentimentos nagente. Cada um que lê faz a sua interpretação.Outra pessoa pode odiar a personagem que euamei! A gente tem de valorizar os livros que a gentetem. É muito legal ler Harry Potter, mas aqui noBrasil também tem muitos bons autores. Vamosvalorizar a nossa literatura! — enfatizou, convo-cando a seguir cada escritora a dar seu depoi-mento.

MERCADO ABERTO PARA OS JOVENSA primeira foi Tammy, já então conhecida do

público graças à tietagem do pai, Luiz Luciano, fãe revisor de suas obras e que distribuía folhetosdescrevendo as qualidades e listando as obras dafilha. Atriz, jornalista e escritora, autora de poesias,peças de teatro e dos livros “Fernanda Vogel napassarela da vida”, “Novela de Poemas”, “Sou todaErrada”, “Garota replay” e “Claro que te amo”,Tammy, bem articulada, fez a apologia da profis-são e disse que se sentiria gratificada se conse-guisse, naquele evento, pelo menos fazer a cabeçade um aluno para seguir a profissão de escritor. Econtou.

— Não pretendia ser autora de livros. Era jor-nalista, escrevi uma crônica para um jornal, e

UM MIX DE MÚSICA E DANÇA ANIMOU O PÚBLICO JOVEM

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Foto 1 – Grupo de DançaCaic. 2 –Jardiennes com Carlos Florêncioao violão. 3 – Professora Edilene.4 – Aluna Iara solta a voz. 5 –Mesa de brindes enfeitada comuma linda helicônia. 6 – MarcosAndré e a dupla de rap Samuel eAnderson. 7 – A professoraAlcinéia dá o seu recado

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Faço questão de dizer que é um lugar de pessoasíntegras, que se desenvolve com pessoas do bem quevivem e lutam com dignidade para melhorarem de vida”

Sinto-me retribuída pelo que a comunidade me deu. Se sou hoje reconhecida como pesquisadora de nívelinternacional é por causa de Rio das Pedras”

Tudo começou com umartigo enviado pela pro-fessora Claudia Francoà organização do I En-contro de Internaciona-

lização do Conselho Nacional dePesquisa e Pós- desenvolvido emnossa comunidade, que tem a opor-tunidade de ver a sua imagem divul-gada no exterior de forma positiva.

– Foi tão impactante para aquelaplateia altamente qualificada da Fa-culdade de Direito de Barcelona, for-mada somente por doutorados, quealguns me procuraram, impressio-nados, para dizer que querem co-nhecer a nossa comunidade – diz aprofessora, satisfeita com o resul-tado do trabalho.

Se você estranhou o "nossa co-munidade" na fala da professoraClaudia não se espante, porque énossa comunidade mesmo. Claudiaestá aqui desde 2007, quando veiofazer uma tese de doutorado, e sesente orgulhosa por representar Riodas Pedras pelo Brasil afora ou noexterior.

– Eu me sinto retribuindo tudo oque Rio das Pedras me deu. Se hojeeu sou reconhecida como uma pes-quisadora em nível nacional e inter-nacional é por causa de Rio dasPedras – afirma, com um tom de vozmais pausado e carinhoso do que onormal, a nossa mestre e doutorapela Universidade Gama Filho(UGF).

Para termos ideia de como a pro-fessora Claudia fortalece a nossaimagem no exterior, ela já esteve naArgentina, na Inglaterra, em Portu-gal e agora em Barcelona, na Espa-nha. E uma das coisas que maisemocionam Claudia é quando ela

NA VOZ DAPROFESSORA

CLÁUDIA FRANCONOSSA

COMUNIDADEBRILHA NABELA CIDADEESPANHOLA

RIO DAS PEDRAS CONQUISTA BARCELONA

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vai falar da nossa comunidade e suaspalestras têm como retorno projetosque beneficiam Rio das Pedras.

– Quando eu vejo uma palestra setransformar em ação concreta paraRio das Pedras, é o ponto máximo dotrabalho – revela, empolgada.

Em seguida, sorri para dizer quea tecla na qual ela mais bate quandovai dar palestra no exterior é a dadignidade dos moradores:

– Faço questão de dizer que é umlugar de pessoas íntegras, que se de-senvolve com pessoas do bem quevivem e lutam com dignidade paramelhorarem de vida e proporcionarmelhores condições de moradia

para todos.São esses valores que estão

saindo da nossa comunidade para omundo graças aos convênios que oNúcleo de Cidadania de Rio das Pe-dras faz com as entidades. São maisde 50 artigos publicados em revistasnacionais e estrangeiras em con-junto com sua equipe e, é claro,como ela faz de questão de dizer,com o trabalho desenvolvido pelojornal A Voz de Rio das Pedras, que,segundo a professora, é um dos pon-tos que chamam a atenção das pla-teias para as quais ela discursalevando a nossa luta diária para todoo Brasil e para o mundo.

ARQUIVO

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COMERCIANTE, ENTRE EM CONTATO E ENVIE SEU ANÚNCIO Contato: [email protected] https://www.facebook.com/ASCORPE

Já sofri preconceito por ser cearense. Já riram na minha cara e perguntei por que estavam rindo.Percebi que era devido ao meu sotaque”

A gente leva na grandeza como a conterrânea Melissa fez, sorrindo, acenando placidamente aos internautas carniceiros, do alto da sua beleza”

CONHEÇA A HISTÓRIAQuando se elegeu pela primeira vez,

em 2002, presidente da República, opernambucano Lula declarou que “aesperança venceu o medo”, lembram? Pois,agora, a beleza da mulher cearense venceuo preconceito. Ao se eleger Miss Brasil 2014,a cearense Melissa Gurgel, a Mel, desfilouseu charme e elegância acima de um bandode recalcados que andaram postando nasredes sociais comentários tentandodesqualificar a moça pela baixa estatura e,principalmente, pelo forte sotaquenordestino.

Logo, os conterrâneos partiram parao contra-ataque. A começar pela Ordemdos Advogados do Brasil, seção Ceará(OAB-CE), que acionou o MinistérioPúblico para punir os autores dasmensagens. Melissa não deu muita bola,disse apenas:

— Fiquei triste.Tadinha.A escritora cearense Natércia

Pontes, que vive em São Paulo, reagiusolidária:

— A gente leva na grandeza como aconterrânea fez, sorrindo, acenandoplacidamente aos internautascarniceiros, do alto da sua beleza.

Na edição anterior — como fazemosnesta, com a matéria ao lado —,abordamos a reação das moças, belasmisses cearenses da nossa comunidade,reconhecendo a existência dessescomentários depreciativos ao sotaquenordestino. Mas a beleza sempre vence opreconceito e o foco da nossa Melissaagora é o Miss Universo, título que oBrasil só conquistou duas vezes: comuma gaúcha (Ieda Maria Vargas), em1963, e com uma baiana (MarthaVasconcellos), em 1968.

Hoje vivendo em São Paulo, porconta do doce reinado, Melissa nãoesconde o orgulho da sua origem econfessa estar morrendo de saudade dasua Maracanaú, cidade localizada naRegião Metropolitana de Fortaleza.

— Tenho muito orgulho de vir deonde vim — diz, com a voz embargadapela saudade.

E completa:— Meu sotaque é arretado, viu?

REPERCUTE NA COMUNIDADE NOSSA REPORTAGEM SOBRE O PRECONCEITO SOFRIDO PELA CEARENSE MISS BRASIL 2014

MISSES DE RIO DAS PEDRAS CONTRA-ATACAM

Oespírito corporativo das nordestinas— das cearenses principalmente —materializou-se nas manifestaçõesde solidariedade à conterrânea Me-lissa Granja, a Miss Brasil 2014, ví-

tima de insólito preconceito por causa do fortesotaque da região. Não houve uma só moradora deRio das Pedras que não reagisse em apoio à Melissa,

repercutindo reportagem publicada neste jornal.Além de Ana Paula, Fabíola, Ana Lúcia e Jéssica —quarteto que retrata a beleza e o charme da mulhernordestina em nossa comunidade, personagens daedição anterior —, recolhemos outros depoimentossolidários, na torcida para que a nossa doce Mel es-banje o seu glamour no dia 25 de janeiro de 2015 napassarela da U.S. Century Bank Arena, em Miami,Flórida (EUA), e traga para o Brasil o sonhado títulode Miss Universo.

DIVULGAÇÃO

DOCE GUERREIRA E O ORGULHO DE TER NASCIDO NO CEARÁ

Quando chegamos à lojaAbstrato Kids e nos identifi-camos, fomos devidamentemandados para escanteiopor Luana Cabral, de 26anos, nascida na Freguesia,mas que é filha de nordesti-nos até a alma, como pude-mos ver ao longo daentrevista. Mesmo argu-mentando que a equipede reportagem de A Vozde Rio das Pedras es-tava ali por indicação,para falar com ela porsua beleza, a bela queé fera braba não sesensibilizou e avisou aoquase desistente repórter.— Estou atendendo.

Volte outra hora, volteoutro dia — disse a lindaloura arretada.Mas como o repórter

também é filho de nordes-tino, e como bom brasileironão desiste nunca, foi fi-cando até que a fera resol-veu falar, depois doatendimento a uma clienteespecial. Perguntamossobre a beleza da mulhernordestina e Luana foi di-reto ao ponto.— Beleza é beleza e a

mulher nordestina é dasmais bonitas — senten-ciou.Insistimos e pedimos

que explicasse melhor.Antes de o repórter termi-nar, Luana, com autori-dade, ensinou:— O corpo da nordestina é o

que manda. A mulher nordestinasabe o que quer, e se ela quer muitouma coisa ela vai atrás, não esperaacontecer.Ela deixa a sisudez de lado e re-

vela outra face do preconceito, quevai muito além do conhecido no Riode Janeiro, onde todo nordestino é“paraíba”, ou em São Paulo, onde são

Antônia Lívianasceu há 22anos em São Be-nedito, municípiomais chuvoso doCeará, a 360 qui-lômetros de For-taleza. Ép e q u e n i n a(pouco mais de1,60m), mas se re-vela uma gigantequando fala dasua disposiçãopara o trabalho. Olindo rosto demenina fica aindamais evidentequando sorri edeixa à mostra oaparelho. Mora-dora do Pinheirohá quatro anos emeio, nesse curtobate-papo ela falado orgulho de sercearense, do pre-conceito queexiste contra osnordestinos eavisa que, apesardo tamanho e daaparência angeli-cal, não leva desa-foro para casa.Mostra que a mu-lher nordestina ébela e fera aomesmo tempo,mas sem perder adoçura, comoprova essa confei-teira de mão-cheia. A exemplo da música de JorgeBenjor, ela também é uma doceguerreira, com poder de fazer chovercom o brilho que carrega nos olhos.Com vocês, Antônia:

A Voz de Rio das Pedras — Por queveio morar no Rio?

Antônia Lívia — Minha irmãmais velha já morava aqui, separou-

todos tachados de “baianos”.— Morei seis anos no Mara-

nhão, em São Luís, e tinham muitopreconceito com meu jeito de falar.A verdade é que existe preconceitoem todo lugar — resume de formainequívoca a carioca gente boacom DNA nordestino, que atébateu no repórter quando ele ten-tou tirar uma foto dela.

FOTOS DE RICARDO DE SOUZA

A BELA QUE É FERA COM A VERDADEIRAALMA NORDESTINA

se do marido e entãovim ficar com ela.Mas já pensava emvir mesmo, para tra-balhar.

— Por que Riodas Pedras?— Eu fui

morar na Roci-nha, mas nãome senti bem lá, egosto de moraraqui. Apesar do lixo,tem lugares que nãosão tão sujos. E tam-bém tem de tudo.

Você já sofreualgum tipo depreconceito porser cearense?— Já riram na

minha cara e per-guntei por que es-tavam rindo.Percebi que era de-vido ao meu sota-que.

Você já se sentiuexcluída de al-guma maneira pornão ser do Rio?— Sim, porque

quando alguém falado seu lugar todomundo tem curiosi-dade de conhecer.Quando falo domeu, criticam auto-maticamente.

O que as nordestinas têm de me-lhor?— A maioria das nordestinas é

trabalhadora, esforçada. Falo isso pormim mesmo, que trabalho comovendedora em shopping e tambémfaço bolos para festas de aniversá-rios. Muitas vezes viro a noite traba-lhando e não reclamo disso. Pelocontrário, faço por prazer.

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RIO, 28 DE OUTUBRO DE 2014

SÁBADO É DIA DE... FUTEBOLCorinthians, Só no Pelo, Nova Esperança, São Caetano,Juventude e Inter são os seis times já confirmados para oTorneio de Sábado (dia 1) com os jogadores quetrabalham aos domingos.

A MARATONA DOS ÁRBITROSOs árbitros Antônio da Conceição Filho (Solazer) eMarcelo Bello (Terceiro Campo) correram muito nodomingo: cada um apitou quatro jogos, porque dois dosseus colegas de profissão bateram gazeta.

Acima, lance da vitória por 2 a 1 do Chaval sobre oPalmeiras, que mesmo derrotado confirmou sua vaga (foto 1); Samuel também se classificou, apesar do empateem 2 a 2 com o Rua Larga (foto 2)

Bujão, grande destaque na derrota do Bahia, espalmafinalização do Galáticos (foto 1); Imperiano defende cobrançae garante a vaga do Corinthians na decisão com o RPS (foto 2);em dia de goleiros, André também ajuda o Brasinha (foto 3);na festa do Corinthians, Imperiano some entre os companheiros(foto 4); o que vale mais: a cobrança convertida ou o abraçoafetuoso do filho? (foto 5); um dos muitos ataques doCaranguejo (de branco) na goleada sobre a Portuguesa (foto 6)

FOTOS DE LAERTE GOMES

Odomingo prometiana nossa comuni-dade. Segundo turnodas eleições, congra-çamento entre as fa-

mílias, numa repetição do quevimos no primeiro turno, promessade chuva e de bom futebol... Aseleições transcorreram pacifica-mente (como já acontecera no dia5); as famílias se divertiram, apesardos poucos e obsoletos espaçospara os filhos brincarem; a chuvanão caiu do céu; mas houve sim ade gols, nos jogos do Campeonatodo Solazer, já na sua fase de mata-mata para apontar os finalistas. Equatro já têm vaga nas quartas definal: Galáticos, Corinthians, Brasi-nha e Caranguejo.

A vaga obtida de forma maisempolgante, em jogo eletrizante,cheio de emoção, foi a do Galáticos,que derrotou o Bahia por 4 a 3, devirada. O time começou domi-nando o adversário, desperdiçoutrês chances de gol e foi para o in-tervalo perdendo por 2 a 0, gols deFábio e Zé Carlos. O marcador per-sistiu até a metade do segundotempo, quando a emoção tomouconta do espetáculo.

Com gols de Ricardo e Jefferson,o Galáticos empatou. Todos já pre-viam a disputa da vaga em co-brança de pênaltis. Nada disso.Marcos tratou de pôr o Galáticosem vantagem. No entanto, Cebolafez o terceiro do Bahia, no últimominuto. Mas ainda tinha o acrés-cimo de cinco minutos, tempo su-ficiente para Rodolfo fazer 4 a 3 e oGaláticos garantir sua vaga.

No segundo jogo, Corinthians 0x 0 RPS. Nos pênaltis o Corinthianslevou a melhor por 4 a 3. Na co-brança em que o RPS poderia igua-lar a contagem, Imperiano fezdefesa espetacular, garantindo avaga do Corinthians e sendo muitofestejado pelos companheiros.

Também nos pênaltis o Brasi-nha eliminou (4 a 3) o Juventude,depois de empate em 2 a 2 notempo normal. O goleiro André foio destaque, pois defendeu a quintacobrança do Juventude, evitando aigualdade. No quarto jogo, o Caran-guejo goleou por 6 X 0 a Portuguesae está nas quartas de final.

No Campeonato do Terceiro Campo já estãoconhecidos os oito classificados para as quartasde final, que começarão domingo comcruzamento dos quatro primeiros colocados doGrupo A contra os quatro primeiros do Grupo B.Os jogos: Elite (A) x Palmeiras (B); Juventude (A) xBahia (B); Bola de Fogo (A) x Samuel (B); e NovaEsperança (A) x Sport (B).A rodada de domingo (dia 26) foi marcada pelaausência de dois times (Inter e Águias) que fariamo jogo de abertura, às 10h, e foram punidos comW.0., como manda o regulamento. No segundojogo, vitória por 2 a 1 do Chaval sobre o Palmeiras,que, mesmo assim, teve sua vaga confirmadaporque Siri e Rua Larga, ambos com algumachance, não se saíram bem: o Siri perdeu por 3 a 1 para o Bahia e o Rua Largaempatou em 2 a 2 com o Samuel.

MATA-MATA DO TERCEIRO CAMPO COMEÇA DOMINGO

MAIS UM DIA PARA A HISTÓRIA DE RIO DAS PEDRAS

FOTOS DE MARCOS POWER NET

DOMINGO PRÓXIMO

MAIS OITO TIMES LUTARÃO POR SUASVAGAS NA COMPETIÇÃO DO SOLAZER:

11h Nordeste x Chelsea

12h20minLixão x Grêmio

13h40minUnião de Copa x Guimarães

15hJ. Areinha x Sport

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