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Até quando, senhor prefeito? INFORMAÇÃO E CIDADANIA ANO I - N 0 16 - RIO DE JANEIRO, 26 DE FEVEREIRO DE 2014 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA PÁGINA 7 Nossa folia vai durar dez dias e terá desfiles, bailes, shows e muita alegria e diversão para todas as tribos de todas as idades. FOTO DE FABIO COSTA PÁGINA 6 A pesquisadora Cláudia Franco Corrêa faz o retrato da comunidade, diz que ela está pronta para ser bairro e ter a Associação Comercial. FOTO DE FABIO COSTA PÁGINA 6 Basta uma chuvinha para tudo virar poça de água na entrada da Engenheiro e um convite para o mosquito da dengue se hospedar. FOTO DE FABIO COSTA PÁGINA 3 São mais de dois anos sem uma solução por parte da Prefeitura, da Comlurb e da Cedae para um problema que os moradores não têm como resolver : a água que jorra das redes precárias de esgoto e fica parada na entrada da Quadra 4 na Rua Nova, um manancial de doenças e mau cheiro, durante os 365 dias do ano. CARNA V AL 2014 FOTO DE FABIO COSTA Animais vadios, montanha de lixo, água imunda de esgoto, fazem a via crucis dos pedestres no Quadrilátero do Inferno SETE ANOS PARA PASSAR RIO DAS PEDRAS A LIMPO PÁGINAS 4 e 5 Depois da revolta do dia 10, Comlurb melhora a coleta na movimentada esquina da Rua Nova com Estrada Velha de Jacarepaguá. Depois da consagração, Dom Orani Tempesta recebe em Roma o cumprimento da Presidente Dilma Rousseff e depois conversa descontraidamente com o Papa Francisco no salão do Vaticano. FOTO DE LAERTE GOMES LIXO DÁ UMA TRÉGUA NA CURVA DO PINHEIRO PAPA OFICIALIZA E PROCLAMA DOM ORANI CARDEAL DO RIO FOTOS: DIVULGAÇÃO PÁGINA 8 As duas graciosas e talentosas bailarinas de Rio das Pedras, chamadas Ana, acalentam o mesmo sonho de um dia virem a dançar no famoso balé russo. MICHELLE ENSINA OS PASSOS PARA ELAS CHEGAREM AO BOLSHOI CONFIRA A PREVISÃO DO TEMPO PARA O CARNAVAL

A VOZ DE RIO DAS PEDRAS - N º 16

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Page 1: A VOZ DE RIO DAS PEDRAS - N º 16

Até quando, senhor prefeito?I N F O R M A Ç Ã O E C I D A D A N I AANO I - N0 16 - RIO DE JANEIRO, 26 DE FEVEREIRO DE 2014 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

PÁGINA 7

Nossa folia vai durardez dias e terádesfiles, bailes,shows e muitaalegria e diversãopara todas as tribosde todas as idades.

FOTO DE FABIO COSTA

PÁGINA 6

A pesquisadora Cláudia Franco Corrêa faz oretrato da comunidade, diz que ela está prontapara ser bairro e ter a Associação Comercial.

FOTO DE FABIO COSTA

PÁGINA 6

Basta uma chuvinha para tudo virar poça deágua na entrada da Engenheiro e um convitepara o mosquito da dengue se hospedar.

FOTO DE FABIO COSTA

PÁGINA 3

São mais de dois anos sem uma soluçãopor parte da Prefeitura, da Comlurb e daCedae para um problema que osmoradores não têm como resolver : a águaque jorra das redes precárias de esgoto efica parada na entrada da Quadra 4 na Rua Nova, um manancial de doenças e maucheiro, durante os 365 dias do ano.

CARNAVAL2014

FOTO DE FABIO COSTA

Animais vadios, montanha de lixo, água imunda de esgoto,fazem a via crucis dos pedestres no Quadrilátero do Inferno

SETE ANOS PARA PASSARRIO DAS PEDRAS A LIMPO

PÁGINAS 4 e 5

Depois da revolta do dia 10, Comlurb melhoraa coleta na movimentada esquina da RuaNova com Estrada Velha de Jacarepaguá.

Depois da consagração, Dom Orani Tempestarecebe em Roma o cumprimento da PresidenteDilma Rousseff e depois conversadescontraidamente com o Papa Francisco no salão do Vaticano.

FOTO DE LAERTE GOMES

LIXO DÁ UMA TRÉGUA NACURVA DO PINHEIRO

PAPA OFICIALIZA E PROCLAMA DOM ORANI CARDEAL DO RIOFOTOS: DIVULGAÇÃO

PÁGINA 8

As duas graciosas e talentosas bailarinas de Rio dasPedras, chamadas Ana, acalentam o mesmo sonhode um dia virem a dançar no famoso balé russo.

MICHELLE ENSINAOS PASSOS PARAELAS CHEGAREM AO BOLSHOI

�CONFIRA A PREVISÃO DO TEMPO PARA O CARNAVAL

Page 2: A VOZ DE RIO DAS PEDRAS - N º 16

CRISTINA GOMES CAMPOS DA SETA *

RIO, 26 DE FEVEREIRO DE 2014

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A VOZ DOLEITOR

� Cartas para a redação de A Voz de Rio das Pedras, a/c doNúcleo de Cidadania, Rua Nova n0 105, loja 2. e -mails [email protected]

CLASSIFICADOS GRÁTIS!

www.avozderiodaspedras.com.br

A partir dos próximos números, este jornal vai reservar espaço para que você,morador ou comerciante de Rio das Pedras, possa anunciar bens, serviços ouprodutos que esteja disposto a alugar, vender ou, simplesmente, doar. Bastaque seja um texto curto e grosso, que vamos publicar de graça. Se quiser"vender seu peixe", encaminhe o anúncio para o setor de classificados para oe-mail [email protected]!

EXPEDIENTEEDITOR-CHEFE Aziz Ahmed(Reg. 10.863 - MTPS)[email protected]

EDITOR EXECUTIVOLaerte Gomes [email protected]

CHEFE DE REPORTAGEMJosé Antonio Gerheim [email protected]

CONSULTORES Cláudia Franco CorrêaIrineu SoaresMaria Etatiane Costa BarrosoJuliana Barcellos da Cunha e Menezes

FOTOGRAFIA Fábio CostaTRATAMENTO DE IMAGENS Eduardo JardimANALISTA DE MÍDIA E WEBMASTERClaudia [email protected]

Uma publicação da Livraria e Editora Citibooks Ltda.CNPJ: 05.236.806/0001-5 Rua Jardim Botânico, 710,CEP 22.460-000para a Associação Comercial do Rio das Pedras (em organização). Rua Nova 105 – Loja, Rio das Pedras

Publicação quizenal / Tiragem: 20 mil exemplares / DISTRIBUIÇÃO GRATUITA / Impresso na Gráfica e Editora Jornal do Commercio

Pagamento porfora na compra detransformadores

No facebook, a Central de Rio das Pedrascomentou a mensagem da leitora Simone PeresAlves, publicada na edição anterior, sobre falta de luz:"A falta de energia se dá principalmente por conta defuncionários da fornecedora Light não atenderem aospedidos de reparos feitos pelos moradores dacomunidade. Muitos deles só consertam se osmoradores locais pagarem um valor absurdo, comotem acontecido em outros pontos da comunidade."

Um morador postou um vídeo no nosso Facebookcom a seguinte mensagem: “Devido à falta deeducaçãode moradores de Rio das Pedras em não jogaro lixo no depósito do lixo ou na caçamba da Comlurb,acabam acontecendo transtornos. Um mês sem luz,transformadores queimados e a culpa não é da Light,porque acostumaram mal os funcionário daconcessionária, que agora só vêm em troca de dinheiropara substituir os tais transformadores. A populaçãode Rio das Pedras continua fazendo o que não presta,que são as ligações irregulares.

Nota da Redação – A propósito das mensagensacima, contendo denúncias já registradas em matériasno nosso jornal, ouvimos a Assessoria de Imprensada Light que nos respondeu com a seguinte notaoficial: “A Light repudia esta prática e mantém rígidoCódigo de Ética, ao qual tanto os profissionais dacompanhia quanto os de todas as empresas que lheprestam serviços estão subordinados. A companhia deenergia recebeu denúncias de moradores de Rio dasPedras e investiga os casos, mas ainda não houvesubsídios que possibilitassem a identificação dosdenunciados. A empresa solicita à população que avisea companhia, por meio do Disque-Light Emergência(0800-021 0196), sempre que presenciar qualqueratitude irresponsável, suspeita e/ou desrespeitosa dealgum profissional da empresa ou a serviço dela. Adenúncia é mantida em sigilo.”

A Disney é aquiPor e-mail, Ana Célia Hosken, moradora da Barra

da Tijuca, que a nossa reportagem acompanhou em umturismo de compras na nossa comunidade, escreveu:“Viajei para Carangola, em Minas Gerais, levandoexemplares com a reportagem na qual apareço emdestaque. Meus amigos avançaram neles e fizeramcomentários positivos sobre a qualidade e o visual dojornal, com os quais concordo plenamente. Mas queromesmo registrar que virei garota-propaganda docomércio dessa simpática comunidade. Li na coluna ‘AVoz do Morador’, publicada na última edição, ouniversitário Antônio Marques destacando em seuartigo que ‘Rio das Pedras é um verdadeiro Saara deJacarepaguá, uma espécie de Mercadão de Madureiraem maior dimensão’. Concordo com ele e vou além,repetindo o que eu disse para a repórter de vocês: aDisney das compras é aí. Que o diga o montão decoisas que comprei.”

Depois do pagodãoDe Thiago Amorim, pelo Facebook: “Fico

impressionado com a quantidade de amebas no Riodas Pedras aos domingos. Acaba o pagodão da praça etodos vão pra frente do Castelão das Pedras.

É tanta gente sem nada na cabeça, crianças, pré-adolescentes, adultos etc, um bando de gente vazia.São pessoas assim que ajudam o nosso governoroubar, roubar e afundar o nosso País. Acordem, pô!Não sei como ainda não acostumei.

História de superaçãoMaxwel dos Santos pede para divulgarmos um

livro juvenil de interesse social, disponívelgratuitamente na internet no link:http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:http://livromelanie.bl.ee/wp-content/uploads/2014/02/melanie.pdf . “Melanie, umahistória de amor e superação” relata a história damenina que tem a vida radicalmente transformadaquando é atropelada por dois rapazes queparticipavam de um racha. Sobrevivendo, ela tentasuperar a perda de parentes. O livro faz parte da lutacontra a impunidade nos crimes de trânsito tentaconscientizar motoristas sobre os perigos dacombinação álcool-direção.

A VOZ DO DIREITO

VOTO E PARTICIPAÇÃO POPULAR

Viver em sociedade não vemsendo fácil. Problemas detodas as ordens surgem no dia-a-dia: saúde, educação, segu-rança, mobilidade urbana. De

acordo com a Constituição, compete ao Es-tado o dever de prestar meios para garantira saúde do cidadão na sua integralidade,com fornecimento de remédios essenciais,consultas, exames, cirurgias e tratamentosde ordem física e psicológica. Também édever do Estado garantir educação de exce-lência para as crianças e jovens. É direito docidadão viver em uma sociedade segura ecom transporte público de qualidade. Apesarde nós, brasileiros, sabermos de nossos di-reitos perante o Estado e o dever deste emrelação a todos nós, estamos cientes de quehá lesões de diversas ordens a esses direitosconsiderados pela Constituição como “fun-damentais”.

No entanto, devemos pensar qual a nossaparticipação nesta lesão aos nossos direitos.Como o Brasil é uma democracia represen-

tativa, compete aos brasileiros a escolha da-queles que, em seu nome, irão tomar as de-cisões essenciais que afetarão, durantelongos anos, os seus direitos fundamentais.A aprovação das leis que irão estabelecer eregulamentar os direitos do cidadão em suasdiversas áreas é realizada pelos deputados,sejam federais ou estaduais, e pelos vereado-res com relação às questões municipais. Aconstrução de escolas, hospitais, postos desaúde, metrôs e a forma como tais serviçosserão prestados dependem do presidente daRepública, governador e prefeito.

É preciso, em ano de eleições, que todosos brasileiros reflitam sobre como podem in-fluenciar neste processo de tomada de deci-são feita em seu nome. Todos sãoresponsáveis pelas suas escolhas. Assim, aose exercer o direito do voto, é preciso quetodos ouçam as propostas apresentadaspelos candidatos e escolham aqueles que,além de terem condutas que demonstremcoerência e honestidade, apresentem suges-tões que atendam aos interesses coletivos.

Candidatos que não apresentam as suas pro-postas de governo e querem ganhar a eleiçãocom promessas impossíveis de serem cum-pridas ou que buscam adquirir o voto pormeios não legítimos não se preocuparão,caso eleitos, em exercer as suas funções embenefício do povo. A reflexão é importante:contrataríamos uma pessoa para cuidar denosso filho se ela nos procurasse e nos ofe-recesse um dinheiro para isto? Obviamente,iríamos desconfiar. De igual forma, os brasi-leiros devem perceber que de nada adiantairem para as ruas reclamar do aumento daspassagens, das péssimas condições da saúdee da educação se no momento de escolhadaqueles que irão “gerenciar” os recursospúblicos exercem o voto de forma impen-sada, baseados em um grande negócio. Écomum ouvir reclamações sobre a condutade determinados políticos, mas é curiosocomo eles conseguem se reeleger. Com oprocesso eletrônico de votação, desaparecea possibilidade de fraude em grande escalacomo no passado. A responsabilidade, por-tanto, é dos próprios brasileiros, que devemdemonstrar serem realmente cidadãos nomomento do voto. É este que determina sehaverá escola, hospitais, transporte públicode qualidade nos próximos anos ou se nosencontraremos em passeatas para reclamar-mos de nossas próprias escolhas.

* Cristina Gomes Campos de Seta é juíza da 9ª Vara Cível do Meier

A VOZ DA CIDADANIALUIZ CLÁUDIO CARVALHO DE ALMEIDA *

ENVELHECER NÃO É MAIS COMO ANTIGAMENTE

Será que envelhecer no século XXIserá exatamente igual ao que eraenvelhecer no século XX? Arrisco-me a dizer que para todos os quetrabalham com idosos e acompa-

nham as mudanças da sociedade a respostahá de ser negativa.

A expectativa de vida tem aumentado ecom ela novos desafios estão surgindo. Hojeem dia não se pode mais falar de uma ve-lhice, mas de várias. Basta olhar para pessoascom 60 anos e ativas para ter certa dúvidasobre o que é ser idoso hoje. Muitas dessaspessoas aparentam ter 10 anos a menos enão se enquadram no estereótipo do velhoque guardamos em nossa memória.

Contudo, o outro lado da moeda são aspessoas que envelhecem sem autonomia eindependência. Aquelas que por condiçõesde saúde ou por terem atingido uma idademuito avançada se deparam com a finitudede seu corpo e passam a depender de fami-liares e da assistência social para se mante-

rem vivas.E é nesse contexto que nos deparamos

muitas vezes com o desamor e a falta de es-trutura de amparo que caracteriza nossa so-ciedade.

Não raro a vulnerabilidade do idoso nes-sas condições de perda de autonomia otorna alvo fácil de aproveitadores que mui-tas vezes estão em suas próprias famílias.

Assim, cada vez se tornam mais comunsnotícias de familiares que assumem o con-trole das aposentadorias de idosos rele-gando-os ao abandono. E não é só. Nesse rolde abusos encontramos casamentos forja-dos, testamentos elaborados sob coação,procurações falsas e interdições com o in-tuito exclusivo de apropriação indébita dopatrimônio do idoso.

Na nossa atividade como promotor deJustiça, nos deparamos com casos revoltan-tes de exploração financeira de idosos, queé, tal qual uma agressão física, uma forma deviolência. Aliada ao desprezo que historica-

mente caracterizou a forma como a socie-dade vê seus idosos, a violência financeiratorna o cenário mais cruel.

O que denota certa esperança é o com-portamento de vizinhos que indignadoscom a situação que presenciam são os pri-meiros a levar denúncias às autoridades pormeio dos mecanismos colocados à disposi-ção da população conhecidos como “disque-denúncia”.

O Ministério Público tem seu canal de co-municação com a sociedade por meio donúmero de telefone 127 ou pela internet nosítio eletrônico WWW.mprj.mp.br.

Cada vez mais é preciso ganhar a cons-ciência de que o envelhecimento é um ele-mento da vida de todos nós e que precisa daatenção da sociedade e do Estado no intuitode garantir aos que tanto colaboraram naconstrução do que somos hoje o mesmo res-peito e dignidade que esperamos receber aochegarmos a tão propalada terceira idade.

* Luiz Cláudio Carvalho de Almeida é promotor de Justiça, coor-denador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias deJustiça de Proteção ao Idoso e à Pessoa com Deficiência.

� Este espaço está reservado para o Ministério Público doEstado orientar a comunidade de Rio das Pedras sobre seusdireitos e como pode ser amparada por aquela instituição.

A VOZ DA PSICOLOGIAGISELLE SANTOS*

ONDE VOCÊ GUARDA O PRECONCEITO?

Nos últimos dias, muito se falounos noticiários sobre o precon-ceito. E você? Sabe o que épreconceito? Onde guarda oseu?

Podemos entender preconceito, princi-palmente, como uma atitude negativa quetraz como consequência o tratamento desi-gual que damos às pessoas. Toda e qualquerforma de discriminação em relação às carac-terísticas de uma pessoa ou de um grupo depessoas, pode ser entendido como precon-ceito. Pode ser em relação ao seu modo devestir, pensar, ser ou agir, passando pelas ati-tudes, hábitos, crenças e tradições. Normal-mente o preconceito tem início a partir deum estereótipo existente, generalizado econsolidado pela sociedade ou pela culturaa ela inerente. Certa vez ouvi a pergunta

“onde guardamos o preconceito?” em umcomercial de televisão, no qual as pessoasrespondiam que não tinham qualquer tipode preconceito porque os guardavam emcasa, no bolso, no carro... E isso me fez pen-sar muito sobre o assunto naquela época. Aprimeira pergunta que me fiz foi: “Comoessas pessoas podem guardar algo quedizem não ter?” A partir daí percebi que,cada vez mais, o preconceito está presenteno nosso dia-a-dia, porém disfarçado de boavontade, educação, gentileza, entre outros.Mas até quando? E se esse “tal” preconceitoacontecer com você? E se você for discrimi-nado por algum motivo? Como você vai rea-gir?

Em todo o mundo o preconceito temconsequências desastrosas, trazendo muitosofrimento, desrespeito, humilhação e, às

vezes, também agressão física e moral, afe-tando profundamente a vida e a autoestimadas suas vítimas. Infelizmente o preconceitoainda está entre os maiores problemas so-ciais existentes em nossa sociedade. Mas oque podemos tirar de lição deste assunto éque não devemos pensar onde guardar ouesconder algo que não é saudável. Pelo con-trário, devemos respeitar a opção, a escolhade cada um, seja qual for. Cada ser humanotem sua particularidade, preferência e ne-cessidade. E podem sim ser diferentes dassuas. E as suas, diferentes das dos outros.Não é bom discriminar ou julgar pessoaspelo que elas possuem, vestem, gostam,fazem... pela sua cor, opção sexual, religiãoou qualquer outro motivo. Julgamentos er-rados nos trazem escolhas e atitudes erradas.Além disso, as pessoas discriminadas so-frem, e muito. Pense nisso e mude de atitudevocê também!

* Giselle Santos é psicóloga, especialista em Recursos Humanos,com trabalhos realizados nesta área e nas áreas social, clínica,escolar e da saúde. Você pode mandar perguntas para ela peloe-mail: [email protected]

É preciso, em ano de eleições, que todos os brasileirosreflitam sobre como podem influenciar neste processode tomada de decisão feita em seu nome.

Não raro a vulnerabilidade do idoso em condições de perdade autonomia o torna alvo fácil de aproveitadores que,muitas vezes, estão em suas próprias famílias.

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RIO, 26 DE FEVEREIRO DE 2014

3Uma equipe da prefeitura esteve no local,examinou o problema, e desiludiu osmoradores dizendo que não há o que fazer.

Parece que estamos condenados a conviver eternamente com esta rotina da tragédia urbana.

Moradores, comerciantes, funcionáriosda Clínica da Família Otto Alves deCarvalho, motoristas de carros,motos, ônibus, vans, ciclistas, carro-ças, alunos do Caic Euclides da

Cunha, do Ciep Lauro de Oliveira Lima (Brizolão), ho-mens, mulheres, crianças, visitantes, enfim, todos. Nin-guém esconde mais o sentimento de repulsa,desconforto e o descrédito no Poder Público (prefeiturae estado do Rio de Janeiro), por serem obrigados, todosos dias, a terem de passar por aquela enorme poça deágua imunda, de cheiro pavoroso, de aspecto repug-nante, nojento, chamado "Quadrilátero do Inferno" nadefinição de um desiludido morador da Quadra 4, deonde jorra o inesgotável manancial de água de esgoto,24 horas por dia, 365 dias do ano, chova ou faça sol.

– O que podemos mais esperar se tudo o que fizeramaté agora, Comlurb, Cedae, Prefeitura, foram obrinhasde tapar e destapar um bueiro que fica no meio da RuaNova. Paliativos, que não resolvem o problema, não aca-bam com o nosso inferno astral. Parece que estamoscondenados a conviver eternamente com esta rotina datragédia urbana – desabafa o comerciante Edvaldo Ta-jima, que tem uma loja de venda de motos bem na es-quina da Quadra 4, mora no local há 20 anos e vê omovimento de sua loja diminuir cada vez mais. Sen-tindo-se impotente diante da falta de perspectiva de queo drama chegue ao fim, ele completa:

– Já vieram aqui a Rede Globo, a Record, vocês já fi-zeram matéria no jornal. Aí veio uma equipe da Prefei-tura e a coordenadora olhou, olhou, viu o bueiro

despejando a água suja e falou que não há o que fazer,alegando que o problema surgiu porque a rede de es-goto foi dimensionada para atender moradores das ca-sinhas, que depois foram transformadas em prédios deaté cinco andares. Se antes era esgoto para casa de umafamília, passou para cinco, dez. Ela até tem certa razão,mas quem vai resolver isso, acabar com esse horror, senão for o poder público?

Outro morador, que tem com a mulher uma pensãono fundo da Quadra 4, atrás do Bar da Zezé, Luís Al-berto,concorda com Edvaldo e com o diagnóstico dacoordenadora da Prefeitura, mas não com a falta de umasaída, de uma obra que só pode ser feita pela Cedae:

– Eu só moro aqui na 4 há um ano. Mas antes, sem-pre passava aqui de carro e nada mudou. Houve sim umaumento sem controle, sem planejamento, do númerode casas transformadas em edifícios. Aí, o que aconte-ceu? Não precisa ser engenheiro para entender: a cana-

lização da água, dos esgotos, que foi feita para atendera casinhas, às famílias pequenas, com menor consumoda água, não aguentou. Por causa desse crescimento in-discriminado, sem controle do poder público, começouo jeitinho de furar os canos para puxar água da rede(“gatos” não só o de luz, mas de água também). Alémdisso, a canalização dos esgotos explodiu, obstruídapelo excesso de volume, e o resultado é esse que vemosaí. O que podemos fazer a não ser esperar pelo milagre,que só os lá do alto são capazes de realizar? – concluiLuís Alberto, com um ar de descrença.

O morador João Batista, que trabalha como artesão,ratifica o desabafo de Luis Alberto. E afirma categórico:

– Moro aqui há mais de 30 anos e nunca vi Rio dasPedras tão abandonada quanto agora. É uma vergonhao lixo espalhado por toda parte. Pedimos que o subpre-feito da Barra, Tiago Mohamed, venha olhar isso e tomaruma providência. Não suportamos mais.

O aspecto do "Quadrilátero do Inferno" é mesmodesolador e ainda é agravado por outras pequenas in-frações, irregularidades, não fiscalizadas, não coibi-das, como obstrução das calçadas – se é que se podechamar aquilo de calçada – por onde os pedestres sãoobrigados a passar por carros velhos, abandonados,com pneus furados, lataria apodrecendo, lixo espa-lhado por todos os lados.

Mas nosso jornal, seguindo a linha editorial de ser oporta-voz da comunidade, não vai desanimar, não vaiparar de acompanhar, fiscalizar, cobrar do poder pú-blico o fim do "Quadrilátero do Inferno" e a sua trans-formação um local mais civilizado e habitável.

O “QUADRILÁTERO DO INFERNO”

SE EDUARDO PAES E A CEDAE NÃO DEREMJEITO, QUEM DARÁ?

Esta é a "Veneza do Cocô", uma das "atrações turísticas" do quadrilátero que exibe, numa só esquna, algumas das principais mazelas que retratam a nossa comunidade e infernizam a vida dos nossos moradores: esgoto, lixo, buraqueira nas ruas e desordem urbana

Um mosaico com flagrantes que constatam a esculhambação que caracteriza o descaso do poder público, que abandonou a nossa comunidade ao Deus dará, obrigando nossos moradores a viver numa verdadeira sucursal do inferno

Abaixo, de camisalistrada, o artesãoJoão Batista diz quenos mais de 30 anosque mora nacomunidade nuncaa viu a tãoabandonada econvida osubprefeito TiagoMohamed para quevenha aqui verificarpessoalmente o problema

FOTOS DE FABIO COSTA

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RIO, 26 DE FEVEREIRO DE 2014

Estamos potencializando recursos para melhorar os serviços na comunidade. 4

RIO, 26 DE FEVEREIRO DE 2014

5O mutirão de junho de 2013, com a presença do gari Renato Sorriso, acabou em samba.Literalmente.

Moradores começaram a sentir que o sonho do lixo zero começou a virar um terrível pesadelo.

Depois da tempestade de fogo na Curva do Pinheiro, veio a bonança na promessade manter a favela limpa.

Arevolta dos moradores da Curva do Pinheiro, namadrugada de segunda-feira, 10 de fevereiro, bo-tando fogo na lixarada que não era recolhida há dezdias, gerou consequências. Em entrevista ao nossojornal, a Gerência de Comunicação da Comlurb ad-

mitiu o problema e garantiu resolvê-lo:– Estamos potencializando recursos para melhorar os servi-

ços prestados à área de Rio das Pedras, adotando novos equipa-mentos e revendo os planos de operação para atender melhor acomunidade – assegurou, acrescentando que espera contar tam-bém com a colaboração dos moradores para manter a comuni-dade mais limpa.

– Ano passado foi realizado um mutirão, com ação de cons-cientização, para garantir que Rio das Pedras ficasse limpa e o ser-viço de limpeza de rotinapudesse ser feito a partirdessa nova realidade. A ini-ciativa deu certo e a regiãomanteve um bom padrão delimpeza ao longo do ano de2013 – afirmou a Comlurb.

De fato, após a realizaçãodesse mutirão, realizado nosábado, 10 de junho de 2013,num clima de festa – queteve até a presença do gariRenato Sorriso – a ação daempresa ficou visível.

Em abril do ano passado,na primeira reportagem quefizemos ouvindo moradores,antes da ação da Comlurb,além da reclamação contraos “apagões”, o esgoto e olixo, a operadora de telemar-keting Camila Guimarães, de23 anos, resumiu em umafrase o acúmulo dos proble-mas enfrentados pela comunidade, principalmente do lixo:

– Rio das Pedras fede – desabafou a jovem, na ocasião.Mas veio o mutirão e reverteu o quadro por um bom período.

O sonho do lixo zero voltou. Em junho, numa entrevista ao nossojornal, o presidente da Comlurb, Vinicius Roriz, fez um balançopositivo daquela ação, que mobilizou 123 garis, coordenados por12 encarregados e gerentes. E afirmou:

– A equipe fez limpeza geral, incluindo capina, roçada mecâ-nica, limpeza de ralos, limpeza de postes, coleta de lixo domiciliare remoção de resíduos. Removemos 268 toneladas somente nosábado, dia do mutirão, sendo que em dias úteis, durante a se-mana, são removidas 120 toneladas.

Depois disso, nossa equipe de reportagem ouviu várias vezesde moradores elogios à parceria que firmamos com a empresamunicipal de limpeza urbana, mas a situação começou a voltarao estágio anterior, e o sonho do lixo zero virou pesadelo, comoilustramos em outra reportagem, culminando com a matéria pu-blicada na nossa última edição, na qual registramos a revolta dosmoradores da Curva do Pinheiro, incendiando a lixarada que nãoera recolhida há dez dias pelos garis. Ao reconhecer o problema,a Comlurb explicou o motivo:

– Durante o período da troca da empresa terceirizada respon-sável pela frota de caminhões da coleta de lixo, houve falhas naoperação no final do ano, mas, com a nova frota atuando, a coletade lixo já foi regularizada. Outro fator que contribuiu para aqueda da qualidade do serviço foi a falta de energia elétrica, queatingiu várias regiões, prejudicando o funcionamento das caixascompactadoras das centrais de recebimento de lixo.

A empresa explicou que, em janeiro, foi criada uma Diretoriade Serviços para atender a Barra, Jacarepaguá, Recreio, VargemGrande e Vargem Pequena, visando melhorar os serviços presta-dos nesses bairros, incluindo Rio das Pedras, que o presidente Vi-nicius Roriz acredita que poderá voltar a ser, como já foiconsiderada, a favela mais limpa do Rio de Janeiro.

– Os moradores vão ver nossas equipes trabalhando, commuitos equipamentos, fazendo a nossa parte. Esperamos que apopulação colabore, atitude fundamental para que a comuni-dade permaneça limpa – concluiu o presidente da Comlurb, queagradeceu a publicação do nosso anúncio pedindo aos nossosmoradores que joguem o lixo no lixo.

DEPOIS DA REVOLTA DOS MORADORES DA CURVA DO PINHEIRO, EMPRESA REVÊ SEUS PLANOS DE OPERAÇÃO NA COMUNIDADE

CURVA DOPINHEIRO,SEGUNDA, 10

CURVA DOPINHEIRO, QUARTA, 19

COMLURB PROMETE APRIMORAR OS SERVIÇOS EM RIO DAS PEDRAS

O presidente daComlurb, ViniciusRoriz, admite quehouve um problemapontual, diz que Riodas Pedras podevoltar a ser a favelamais limpa do Rio eelogia o anúncio donosso jornalpedindo aosmoradores parajogar lixo no lixo

DIVULGAÇÃO / RICARDO CASSIANO

Da Gerência de Comunicação da Comlurb

A Comlurb garante: a barreira depneus na Avenida EngenheiroSouza Filho, parcialmentedestruída, será refeita em breve.

Em maio do ano passado, a empresarealizou uma intervenção num dosprincipais acessos à comunidade. Numtrecho que era ponto de descarte irregularde entulho e bens inservíveis, cercou os doislados da pista com barreiras de pneususados com terra, para coibir essesvazamentos inadequados. Para dar umaspecto melhor ao local, foram plantadasalgumas espécies de plantas nos vãos dospneus, tais como fícus, espirradeira e pingode ouro, que já brotaram. Não fosse a secados últimos dias, o canteiro de vasosformados pelos pneus estariafrondosamente florido.

Acontece que, na tarde de sexta-feira,11 de outubro, por causa de um protestode motoristas de vans contra a proibiçãode circularem na Barra da Tijuca eJacarepaguá, acabou sobrando para abarreira colocada pela Comlurb. Osmanifestantes usaram os pneus parafazerem barricadas na Av. EngenheiroSouza Filho, tocaram fogo em algunsdeles para impedir a circulação deveículos, e acabaram destruindoparcialmente uma benfeitoria que haviaresolvido um problema pontual emelhorado o aspecto do local.

Mas a empresa assegura que tudovoltará a ficar como antes. As equipes jáfizeram o levantamento das necessidadesde pessoal e material para recompor abarreira de pneus floridos.

A VOLTA DA BARREIRA DOS PNEUS FLORIDOS

A Comlurb garante que vai refazer a barreira de pneus que protege as laterais da Avenida Engenheiro Souza Filho e que foi parcialmente destruida nos protestos de motoristas de vans, em outubro

FOTOS ARQUIVO A VOZ DE RIO DAS PEDRAS

FOTOS ARQUIVO A VOZ DE RIO DAS PEDRAS FOTOS DE LAERTE GOMES

Moradores revoltados botaram fogo na lixaradaque há 10 dias não era recolhida

Depois da revolta incendiária dos moradores, ascinzas foram removidas pelos garis

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COMBATE À DENGUE NÃO PODE PARAR

O carnaval está batendo às portas, o calor continua registrandorecordes neste verão e as águas de março do lindo samba dadupla de poetas Tom Jobim e Vinícius de Moraes podem chegare com elas as enchentes, um drama do qual nem nossa Cidade

Maravilhosa, muito menos nossa comunidade de Rio das Pedras, estão livres dereviver.

Mas não é só, com as enchentes, com as águas das chuvas a se acumularemem recipientes como pneus abandonados ou até mesmo usados como barreirasprotetoras contra poças de água (caso mais flagrante, da Avenida Engenheiro,na altura do Supermarket, em frente à entrada para a Areinha), vasos deplantas e flores, garrafas de vidro, as pets, simples sacolas de supermercados,que a nossa população tem de se prevenir contra a ameaça maior à sua saúde,

nesta época do ano: o da chegada da dengue.Daí, em boa hora, a campanha que a Secretaria Municipal de Saúde, em

conjunto com o SUS, está lançando, esclarecendo e alertando a população parao combate diário sem tréguas ao terrível o famigerado aedes aegypti. Essemosquito do dengue foge da luz, se esconde, adora locais escuros comoestantes, atrás de cortinas e embaixo de móveis. Um só deles pode transmitir adoença a várias pessoas. Já a fêmea é que gosta da água clara e da chuva parapôr seus ovos, que podem ficar grudados nas paredes dos vasilhames com águadurante o seu período de vida, que dura até 30 dias, podendo gerar 1.500 novosovos durante esse período. Então, vamos seguir as recomendações dasautoridades sanitárias e diminuir as chances desse inimigo mortal proliferar nanossa comunidade.

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6Peço aos moradores que sejam generosos, como oscomerciantes foram, e contribuam com a pesquisa,recebendo nossos recenseadores.

Aadvogada e professora de DireitoCláudia Franco Corrêa, de 49anos, chegou a Rio das Pedras emfins de 2007. Num trabalho pio-neiro, mergulhou numa pesquisa

sobre a ocupação irregular e o mercado imobi-liário da comunidade. Daí surgiu a tese de dou-torado, o material para produzir um livro sobredireito de laje e a produção de mais de 20 arti-gos publicados em congressos nacionais e in-ternacionais. Além disso, implantou ecomanda, desde 2008, o Núcleo de Cidadaniade Rio das Pedras, que além de oferecer aten-dimento jurídico gratuito a todos os nossosmoradores, está realizando o maior censo jáfeito em uma favela no Brasil, com a finalidadede promover melhorias para toda a comuni-dade. Nessa pesquisa, de 20 a 25 recenseadoresjá percorreram o comércio local e contabiliza-ram quatro mil empreendedores, em sua es-magadora maioria querendo a formação deuma Associação Comercial e a construção deum shopping Center em Rio das Pedras, o queprojetaria o aquecido comércio local ao pata-mar de grandeza que ele representa.

Na avaliação de Cláudia Corrêa, uma enti-dade reunindo os comerciantes locais dará vozà comunidade e força na sua luta para tornar-se bairro.

– Na condição de bairro, Rio das Pedras pas-saria a receber do estado e da prefeitura os ser-viços públicos essenciais para proporcionar aoseu povo uma qualidade de vida digna e con-fortável – explicou Cláudia, que, na sede do nú-cleo, na Rua Nova, 105, loja 2, concedeu aonosso jornal a seguinte entrevista:

A Voz de Rio das Pedras – Qual a finali-dade do Censo de Rio das Pedras?

Cláudia Corrêa – O Censo busca fazer umaradiografia completa da comunidade, identi-ficando as maiores reclamações e sugestõesdos moradores. O objetivo é buscar soluçõespara que Rio das Pedras se torne um bairrocom infraestrutura, saneamento básico, co-leta de lixo, escolas de qualidade para as nos-sas crianças, áreas de lazer e toda sorte de

aparelhamentos urbanos dignos de um bairrode verdade. Todas as moradias serão visitadas.Portanto, abra as portas de sua residênciapara o pesquisador que é identificado comum crachá. Não tenha medo de prestar as in-formações que ele solicitar, pois todas as in-formações são sigilosas.

Como foram elaboradas as perguntaspara o censo com os moradores?– Em uma pesquisa que utiliza questionáriosas perguntas devem ser elaboradas para ex-trair informações relevantes dos pesquisadose não apenas um monte de informações des-casadas. As perguntas do censo com os mo-radores objetivam construir um perfilsocioeconômico da comunidade com per-guntas que abordam desde o lazer até a pro-fissão dos entrevistados.

O censo com os moradores será reali-zado de maneira igual ao censo anteriorcom os comerciantes?– Sim. Os pesquisadores são, em sua maioria,moradores da comunidade e alunos de Di-

reito que trabalham no Núcleo. Estão identi-ficados com crachá e aplicam um questioná-rio que não leva mais que 10 minutos para serrespondido. Todas as informações são sigilo-sas e serão usadas apenas para a pesquisa.Peço que todos os moradores sejam genero-sos, como os comerciantes foram e contri-buam com a nossa pesquisa, cedendo umpequeno tempo, recebendo nossos recensea-dores, porque somente com a colaboração detodos será possível obter sucesso.

Os moradores da comunidade podemtrabalhar no censo?– Sim. Os interessados devem comparecer àsede do Núcleo de Cidadania com a sua do-cumentação para seleção e treinamento.Eles receberão algum pagamento ou o traba-lho é voluntário?– O trabalho é pago por produtividade e de-pende do desempenho de cada pesquisador.O que determina o valor da bolsa auxílio é onúmero de entrevistas que o pesquisadorconsegue fazer. Quem trabalha mais ganhamais!

O Núcleo já realizou um censo com os co-merciantes e agora está realizando umcenso com os moradores de Rio das Pe-dras. Qual o objetivo dessa nova pes-quisa?– O censo com os comerciantes foi muito pro-dutivo. Com ele conseguimos fazer uma ra-diografia do comércio local e levantar asprincipais demandas dos empreendedores dacomunidade. Agora nosso objetivo é ouvirtodos os moradores. As duas pesquisas juntasconstituem o maior censo feito em uma favelano Brasil. Algo realmente inovador. O intuitoé promover melhorias a partir das falas dosprincipais atores da questão, ou seja, os mo-radores e comerciantes que tornam Rio dasPedras a terceira maior favela do Brasil e a se-gunda do Rio de Janeiro.

Alguns resultados?– São quase 80 mil moradores, distribuídosem 25 mil moradias e aproximadamente qua-tro mil comerciantes, quase todos ocupandoimóveis alugados, uma realidade social maiorque muitas cidades brasileiras. Ouvi-los é opasso mais importante para viabilizar as me-lhorias que se precisa. Com o resultado dessapesquisa poderemos efetivar parcerias comsetores públicos e privados objetivando trans-formar Rio das Pedras em um dos melhoresbairros para classe menos favorecida viver.

Quais as maiores reclamações dos mora-dores e comerciantes aparecem na pes-quisa?– O problema do lixo é recorrente, além de es-goto, energia elétrica, falta de estacionamentoe o trânsito caótico nas principais vias da co-munidade. Atualmente, a questão da falta se-gurança também tem surgido nas falas dosmoradores. Uma pena, já que Rio das Pedrassempre foi conhecido como um lugar tran-quilo. Mas a insegurança não é um problemaexclusivo de Rio das Pedras. O Rio de Janeiro,infelizmente, não anda bem das pernas nesseassunto.

UMA RADIOGRAFIA COMPLETA

DE RIO DAS PEDRASNÚCLEO DE CIDADANIA JÁ REALIZOU O CENSO DOS COMERCIANTES E AGORA VISITA OS MORADORES

FOTOS DE FABIO COSTA

Estas fotos mostramnão só o transtornoprovocado pelaschuvas, mas,também, aquantidade de focosde mosquitosexistentes.Combatê-los não ésó dever do poderpúblico, mas decada morador emsuas casas

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7Segundo o organizador dos eventos naPraça da Associação, haverá todos os diasum público aproximado de 8 mil foliões.

Se você mora aquiem Rio das Pe-dras ou nas re-dondezas, podevestir a fantasia.

Nada de estresse, de preo-cupação em pegar condu-ção para brincar o carnaval.Quem conhece sabe que anossa comunidade é fes-teira e, quando é para cairna gandaia e curtir a folia,nada fica a dever para qual-quer outra. Se a vontade éde brincar e se divertir, rela-xar, cantar, sambar e curtirtodos os gêneros de músicae dança, tomar umas cerve-jinhas e turbinar as crianças com doses de refrigerantes, pipocas ehot dogs, é aqui mesmo. E tudo isso durante dez dias, igualzinho aocarnaval de Salvador, da Bahia: a brincadeira começa na noite desexta-feira, 28 de fevereiro, e vai até o domingo seguinte ao carnavaloficial, 9 de março. Serão, portanto, dez dias corridos, numa comu-nidade que já não dorme nos dias comuns, que dirá embalada pelosamba.

Além do carnaval de rua – no qual pontificam as baterias de gru-pos carnavalescos já consagrados, como o Bloco das Piranhas, ban-das, foliões anônimos com suas gaifonas burlescas e fantasiasalegres criativas – recebemos também grupos de visitantes de outrosestados, turistas estrangeiros, e moradores de outros cantos da ci-dade. Há um variado cardápio de opções para quem quer se divertiraqui, como os bailes e eventos programados para a Praça da Amarp(Asssociação dos Moradores e Amigos de Rio das Pedras), organiza-dos pelo promoter Marcelo Madureira.

Para os dez dias de folia, Marcelo confirma um palco armado es-pecialmente para o evento no qual haverá shows com grupos de pa-gode, baterias de escola de samba, um trio elétrico, MCs e DJs. Afolia começará todos os dias às 5 da tarde e vai até às 4h da manhã.

Haverá também bailinhos para as crianças, concursos de fanta-sias e brinquedos ao gosto da garotada. Uma infraestrutura com ba-nheiros químicos e um plano geral de estacionamento para quenada impeça o livre acesso e o ir e vir das pessoas vai garantir con-forto e segurança aos foliões. Nos eventos na praça é esperado emmédia um público de 8 mil pessoas por dia.

ESTE ANO NÃO VAI SERIGUAL AQUELE QUEPASSOU... VAI SER AINDA MELHORE A NOSSA

FOLIA DURADEZ DIAS, IGUALNA BAHIA.É SÓ VESTIR A FANTASIA

Se já foi bom no anopassado, quando reinou aalegria e a diversão quecontagiou a nossacomunidade, a festa esteano promete ser aindamelhor. A Praça daAssociação vai ser pequenapara tantas atrações, tudoem clima de total segurançae respeito a todos os tiposde foliões, bem de acordocom a tradição que faz docarnaval de Rio das Pedrasum dos melhores e maisanimados de nossa CidadeMaravilhosa

O MELHOR CARNAVAL É AQUI

FOTOS: DIVULGAÇÃO

� CONFIRA A PREVISÃO DO TEMPO

FONTE: CLIMATEMPO

CARNAVAL2014

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Na agitada vida da professora Michelle não é só aginástica, a dança clássica e o balé que ocupam seucorpo e sua mente: há lugar também para o carnaval,nos desfiles da Tradição e da campeã Vila Isabel.

O FILME “CISNE NEGRO”, apontado por AnaMaria (que viu três vezes) e Ana Cristina como opreferido delas, é um drama americano lançado em2011. Conta a história de uma bailarina aposentada,Nina (Natalie Portman) que, apoiada pela mãe, sededica totalmente à companhia de dança de baléda qual faz parte. A grande oportunidade destajovem surge quando o diretor artístico Thomas

Leroy (Vicent Cassel) procura por uma dançarinapara protagonizar “O Lago dos Cisnes”. Lily (MilaKunis) tem toda a aptidão para a sensualidade do“Cisne Negro”, enquanto Nina se mostra ideal paraviver o “Cisne Branco”, inocente e gracioso. Nestadisputa, Nina passa a conhecer melhor o seu ladosombrio, e este autoconhecimento pode serdestrutivo.com uma faca que levava consigo.

Ana Regina nasceu e foi criadaaqui mesmo em Rio das Pedras,há 11 anos. Tem uma irmã de 19e um irmão de 21. Desde pe-quena se encantou por música

clássica, sem distinguir se a magia daquelessons era criação da genialidade de um Beet-hoven, Chopin ou Tchaikovsky. Acompanhavaos sedutores acordes com passinhos que logorevelariam a vocação para a dança clássica,para ser uma bailarina. Boa aluna na EscolaMunicipal Vitor Hugo, aos nove anos, final-mente surgiu a oportunidade e começou a fre-quentar a Escola de Dança da Amarp, onde dáaula a professora Michelle Mendonça de San-tana.

O aprendizado e o desenvolvimento vie-ram muito mais rápido do que se poderia es-perar, o que só mostrava a determinação deAna Regina. Passou em seguida para uma es-cola de muito mais recursos, a Academia dasArtes da Gardênia, bairro próximo a Rio dasPedras, onde também dá aulas a professoraMichelle. A menina Ana de destacou tanto nasua arte que foi impulsionada a dar mais umpasso na compulsiva busca da realização deum sonho encantador: tornar-se bailarinaprofissional, e chegar ao Bolshoi de Moscouou ao Royal Ballet, de Londres.

– Por mérito meu e da professora Michelleganhei uma bolsa de estudos para a Petit

Dance, na Barra, neste ano. Vou com toda a féde criar condições de me aperfeiçoar aindamais e seguir os passos da Mayara Magri, queconheci na Academia das Artes, e, depois deganhar o primeiro lugar num festival naFrança, já está estudando no Royal Ballet emRoma. Mas pode ser também no Bolshoi, queamo – diz confiante Ana Regina, lembrandocomo ressalva: – Sem prejudicar os meus es-tudos.

Outra Ana, Ana Cristina, nasceu há dezanos em Teresina, no Piauí. Há três anos che-gou em Rio das Pedras e está matriculadanuma escola particular, onde cursa a 4ª sériedo Fundamental. Como a mãe, Jaila, sempregostou de ouvir música clássica, sonoridade aqual gostava e gosta de acompanhar com pas-sos e movimentos de pés e pernas, ou simples-mente, balé.

Por isto, a mãe procurou há um ano a Es-cola da Amarp, mas, como a parceira Ana Re-gina, na avaliação da professora Michelle,progrediu muito e já vai passar este ano tam-bém para a Academia de Artes da Gardênia.

Sem a menor inibição, Ana Cristina tam-bém revela o mesmo sonho de Ana Regina:chegar ao Bolshoi, mas com outra faceta quetambém pode dar frutos, que é a de cantar:

– Também gosto de cantar adoro a PaulaFernandes. Gosto também de samba e carna-val – completa.

A maior responsável pelo desenvolvimentoda vocação das duas Anas é a encantadora

professora Michelle Mendonça de Santana, de27 anos nascidos e vividos em Rio das Pedras,formada em Educação Física pela Unisuam,sempre com bolsas de estudos:

– Meus pais não tinham condições depagar escola de dança, balé, para mim, coisaque amei desde pequenininha. Mas semprefui determinada. Consegui bolsa da Petrobras,entrei para escola de balé, me formei e hojedou aulas em sete escolas e vivo disso. Já deupara comprar um carro que me ajuda na mo-bilidade, em dividir meu dia, que começa àssete da manhã e vai até 11h da noite, de se-gunda a sexta-feira. Só no fim de semana é quedou um tempo para meu namorado e atéacompanhar um jogo de futebol, que eu gosto.E, como ele, torço pelo Flamengo.

Mas a elétrica Michelle tem mais ambi-ções, uma crítica e um apelo a fazer:

– Só aqui na Escola da Amarp são 70 me-ninas matriculadas. Mas poderia ser um nú-mero muito maior. O problema é aprecariedade de equipamentos. Falta som,faltam cadeiras, faltam barras, falta tudo. Jáé mais do que hora de a comunidade, dosque têm condições financeiras, dos comer-ciantes, contribuírem. Nosso povo tem umaenorme e natural vocação para a dança,para a música, para a alegria de viver. E faltatambém a dança, o canto, a música, seremincluídos como matéria obrigatória noscurrículos escolares, do fundamental anonível superior – conclui Michelle.

ANA MARIA DESOUZA BARRETO

Idade: 11 anosOnde nasceu: Rio dasPedras, Rio de JaneiroOnde mora: PinheiroOnde estuda: EscolaMunicipal Vitor HugoSérie: 6º períodoMatérias Preferidas:História e PortuguêsGênero musical:Clássico, MPB (MúsicaPopular Brasileira) eSambaGostos fora da música edança: Cinema, Carnavale Escolas de SambaEscola de Sambapreferida: Mangueira eRenascer de JacarepaguáFilme favorito: CisneNegro (já viu três vezes)Compositor preferidode música clássica:TchaikovskyBailarina preferida:Ana Botafogo e Mayara Magri (*)Escolas de dança: desdeos nove anos – Escola deBalé da Amarp, Academiadas Artes da Gardênia e,este ano, Petit Dance, na BarraSonho e plano: poderchegar ao Bolshoi deMoscou ou Royal Balletde Londres(*) Mayara Magritambém estudou naAcademia de Dança daGardênia, foi selecionadapara participar doFestival Prix Lausanne,na França, chegou emprimeiro lugar e foiconvidada para seguirestudando e dançandono Royal Ballet deLondres. “É um espelhopara mim", diz AnaRegina, convicta e cheiade graça.

ANACRISTINA DA SILVARODRIGUES

Idade: 10 anosOnde nasceu: Teresina,PiauíOnde mora: PinheiroOnde estuda: EscolaEstrelinha MágicaSérie: 4º período doFundamental Matérias preferidas:Português, Ciências eHistóriaGênero musical:Clássico, MPB e SambaGostos fora da música edança: Cinema, Teatro,Televisão e CarnavalFilme favorito: CisneNegroCompositor preferidode música clássica:TchaikovskyBailarina preferida:Ana BotafogoÍdolo: Paula Fernandes,cantora sertaneja,country e MPBEstudo de Dança: Escolada Amarp com aprofessora Michelle e,este ano, Academia dasArtes da GardêniaSonho e plano: Chegarao Bolshoi de Moscou.

DE RIO DAS PEDRAS À ESTAÇÃO BOLSHOI

UM LINDO SONHO DE DANÇA E MÚSICA CLÁSSICA DE DUAS MENINAS CHAMADAS ANA

A piauiense Ana Cristina e a cariocaAna Regina exibem nas aulas-ensaiosda professora Michelle a graça e otalento que embalam seus sonhos

À esquerda em cima, Michellecomanda os primeirosmovimentos para as mãos ebraços das iniciantes, vestidas derosa; ao lado, as maisadiantadas, vestidas de preto,são orientadas sobre a posiçãocerta dos pés e braços; à direita,mães acompanham a algazarra ealegria das filhas