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128 v27 DE NOVEMBRO DE 2008 FOTOS: MARCOS BORGA ESTUÁRIOS SOCIEDADE Trata-se de um peixe catádromo em vias de extinção e uma espécie ainda pouco co- nhecida. A pesca está proibida, na União Europeia, mas, no Minho, é permitida, ain- da que de forma condicionada, porque tem um peso muito grande na economia local. Nos últimos dados disponíveis, de 1997, a Capitania do Porto de Caminha calculava o valor do meixão capturado em 445 mil eu- ros, na moeda actual. PROTEGIDOS Q.B. A importância das zonas húmidas é reco- nhecida internacionalmente, através de diversas convenções e redes ecológicas. Em Portugal, os principais sistemas sa- lobros estão abrangidos por disposições legais, que variam consoante a impor- tância das funções por aqueles desem- penhadas. O Tejo e o Sado têm os seus estuários declarados como Reserva Natural, assim como o Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, na foz do Guadiana. Grande parte das zonas salobras encon- tra-se também protegida por convenções internacionais (Ramsar) e/ou classifica- das como Zonas de Protecção Especial, no âmbito da Rede Natura 2000 – iniciativa de preservação ambiental de natureza comunitária. Existem igualmente diferentes instru- mentos de ordenamento do território como Planos de Bacia, de Ordenamento das Áreas Protegidas, de Ordenamento da Orla Costeira e até dos Estuários, o que não significa que os rios estejam protegi- dos. A avaliar pelo estudo que a Quercus divulgou a 1 de Outubro, Dia Nacional da Água, em 20 amostras de diferentes rios nacionais só duas mereciam a classifica- ção de «Excelente» e quatro de «Bom». Será que vamos conseguir continuar a co- mer peixe por muitos anos? TEJO Área (ha): 32 500 População*: 2 500 000 Problemas: Contaminação fecal, diminui- ção da função de viveiro, metais pesados, destruição do sapal, pesca, pressão urba- nística B. I. DAS ZONAS RIBEIRINHAS FONTE: Plano Nacional da Água/VISÃO RANKING Importância* Tejo > Douro > Minho > Sado = ria Formosa = Guadiana > ria de Aveiro * Tendo em conta factores de biodiversidade e estatutos de conservação, valor dos recursos extraídos e usos comerciais, tamanho da bacia, área e população Gravidade de problemas Ria Formosa > Guadiana > Sado > Minho > ria de Aveiro > Tejo > Douro Urgência de intervenção Douro > Tejo > ria de Aveiro > Minho > Sado > Guadiana > ria Formosa MINHO Área (ha); 2 300 População*: 130 000 Problemas: Assoreamento, alteração das rotas migratórias das espécies anádromas (que sobem os rios para desovar), destruição do sapal DOURO Área (ha): 980 População*: 700 000 Problemas: Extracção de inertes, presença de metais pesados, poluição doméstica, urbana e agrícola RIA DE AVEIRO Área (ha): 11 300 População*: 400 000 Problemas: Eutrofização (crescimento anormal de plantas aquáticas, que pode originar a morte do ecossistema ribeirinho), pressão humana, urbanização e construção de malha viária, diminuição da função de viveiro, destruição do sapal, aterros para fins agrícolas. SADO Área (ha): 22 600 População*: 270 000 Problemas: Artificialização da bacia, pesca, pressão turística e industrial, conversão de salinas em tanques de aquacultura, estaleiros navais RIA FORMOSA Área (ha): 14 800 População*: 300 000 Problemas: Qualidade da água, viveiros de bivalves e de peixes, destruição do sapal, poluição urbana e industrial * Que reside junto do estuário ou à zona húmida GUADIANA Área (ha); 2 200 População*: 60 000 Problemas: Abandono das salinas, destruição de sapal, alteração das rotas migratórias das espécies anádromas. Segundo um estudo da Quercus, divulgado em Outubro, só duas das 20 amostras recolhidas nos principais rios do País apresentavam uma qualidade de água «excelente»

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SADO PROTEGIDOS Q.B. RIA DE AVEIRO TEJO Área (ha): 980 População*: 700 000 Problemas: Extracção de inertes, presença de metais pesados, poluição doméstica, urbana e agrícola Área (ha): 22 600 População*: 270 000 Problemas: Artificialização da bacia, pesca, pressão turística e industrial, conversão de salinas em tanques de aquacultura, estaleiros navais 128 v 27 DE NOVEMBRO DE 2008 Importância* Tejo > Douro > Minho > Sado = ria Formosa = Guadiana > ria de Aveiro

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ESTUÁRIOS SOCIEDADE

Trata-se de um peixe catádromo em vias de extinção e uma espécie ainda pouco co-nhecida. A pesca está proibida, na União Europeia, mas, no Minho, é permitida, ain-da que de forma condicionada, porque tem um peso muito grande na economia local. Nos últimos dados disponíveis, de 1997, a Capitania do Porto de Caminha calculava o valor do meixão capturado em 445 mil eu-ros, na moeda actual.

PROTEGIDOS Q.B. A importância das zonas húmidas é reco-nhecida internacionalmente, através de diversas convenções e redes ecológicas. Em Portugal, os principais sistemas sa-lobros estão abrangidos por disposições legais, que variam consoante a impor-tância das funções por aqueles desem-penhadas.

O Tejo e o Sado têm os seus estuários declarados como Reserva Natural, assim como o Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, na foz do Guadiana. Grande parte das zonas salobras encon-tra-se também protegida por convenções internacionais (Ramsar) e/ou classifica-das como Zonas de Protecção Especial, no âmbito da Rede Natura 2000 – iniciativa de preservação ambiental de natureza comunitária.

Existem igualmente diferentes instru-mentos de ordenamento do território como Planos de Bacia, de Ordenamento das Áreas Protegidas, de Ordenamento da Orla Costeira e até dos Estuários, o que não significa que os rios estejam protegi-dos. A avaliar pelo estudo que a Quercus divulgou a 1 de Outubro, Dia Nacional da Água, em 20 amostras de diferentes rios nacionais só duas mereciam a classifica-ção de «Excelente» e quatro de «Bom». Será que vamos conseguir continuar a co-mer peixe por muitos anos?

TEJOÁrea (ha): 32 500 População*: 2 500 000 Problemas: Contaminação fecal, diminui-ção da função de viveiro, metais pesados, destruição do sapal, pesca, pressão urba-nística

B. I. DAS ZONAS RIBEIRINHAS

FONTE: Plano Nacional da Água/VISÃO

RANKINGImportância* Tejo > Douro > Minho > Sado = ria Formosa = Guadiana > ria de Aveiro * Tendo em conta factores de biodiversidade e estatutos de conservação, valor dos recursos extraídos e usos comerciais, tamanho da bacia, área e população

Gravidade de problemas Ria Formosa > Guadiana > Sado > Minho > ria de Aveiro > Tejo > Douro

Urgência de intervenção Douro > Tejo > ria de Aveiro > Minho > Sado > Guadiana > ria Formosa

MINHO Área (ha); 2 300 População*: 130 000 Problemas: Assoreamento, alteração das rotas migratórias das espécies anádromas (que sobem os rios para desovar), destruição do sapal

DOUROÁrea (ha): 980 População*: 700 000 Problemas: Extracção de inertes, presença de metais pesados, poluição doméstica, urbana e agrícola

RIA DE AVEIROÁrea (ha): 11 300 População*: 400 000 Problemas: Eutrofização (crescimento anormal de plantas aquáticas, que pode originar a morte do ecossistema ribeirinho), pressão humana, urbanização e construção de malha viária, diminuição da função de viveiro, destruição do sapal, aterros para fins agrícolas.

SADOÁrea (ha): 22 600 População*: 270 000 Problemas: Artificialização da bacia, pesca, pressão turística e industrial, conversão de salinas em tanques de aquacultura, estaleiros navais

RIA FORMOSAÁrea (ha): 14 800 População*: 300 000 Problemas: Qualidade da água, viveiros de bivalves e de peixes, destruição do sapal, poluição urbana e industrial

* Que reside junto do estuário ou à zona húmida

GUADIANA Área (ha); 2 200 População*: 60 000 Problemas: Abandono das salinas, destruição de sapal, alteração das rotas migratórias das espécies anádromas.

Segundo um estudo da Quercus, divulgado em Outubro, só duas das 20 amostras recolhidas nos principais rios do País apresentavam uma qualidade de água «excelente»