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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 015.743/2010-1 GRUPO I - CLASSE II – 1ª Câmara TC-015.743/2010-1 Natureza: Tomada de contas especial Unidade: Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - Confea Responsáveis: Ênio Padilha Filho (Gerente de Marketing e Fiscal do Contrato), CPF 342.182.549-15; William Paes Kuhlmann (Gerente Financeiro), CPF 242.959.736-53; Humberto de Oliveira Campos (Superintendente Administrativo e Financeiro), CPF 090.122.496-00; José Paulo Pinto Gonçalves (Controlador Interno), CPF 105.497.650-34; Marco Túlio de Melo (Presidente do Confea), CPF 130.866.186-04; Ricardo Antônio de Arruda Veiga (Vice-Presidente do Confea), CP 032.407.03-15; Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., CNPJ 02.977.786/0001-27 Advogado constituído nos autos: não há SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL ORIGINADA DE CONVERSÃO DE PROCESSO DE DENÚNCIA. CIÊNCIA AOS RESPONSÁVEIS. IRREGULARIDADES. PAGAMENTOS EFETUADOS EM DESACORDO COM CRITÉRIO CONTRATUAL. REJEIÇÃO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA DO GESTOR/FISCAL DO CONTRATO E DA EMPRESA CONTRATADA. IRREGULARIDADE. DÉBITO. MULTA. ACOLHIMENTO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA DOS DEMAIS RESPONSÁVEIS. CONTAS REGULARES. RELATÓRIO Cuida-se de Tomada de Contas Especial tendente a apurar supostas irregularidades em contratações realizadas pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), sendo o presente processo originário da conversão, operada pelo Acórdão 650/2010-TCU- Plenário (alterado pelo Acórdão 915/2010-TCU-Plenário), de denúncia autuada sob o TC 028.124/2009-5. 2. Apuraram-se, naquela denúncia, irregularidades quanto ao critério de pagamento por serviço de degravação e por montagem e manutenção de estande em evento. Consoante determinação contida no item 1.7.1 da referida deliberação, foram citados os Srs. Ênio Padilha Filho (Gerente de Marketing e Fiscal do Contrato), William Paes Kuhlmann (Gerente Financeiro), Humberto de Oliveira Campos 1

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Page 1: €¦  · Web view5.1 Item 1.7.1.1.3 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário (Ato Impugnado nº 1 do Ofício de citação, fls. 79/81, vol. princ. do apensado): ‘em razão de ter

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 015.743/2010-1

GRUPO I - CLASSE II – 1ª CâmaraTC-015.743/2010-1Natureza: Tomada de contas especialUnidade: Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - ConfeaResponsáveis: Ênio Padilha Filho (Gerente de Marketing e Fiscal do Contrato), CPF 342.182.549-15; William Paes Kuhlmann (Gerente Financeiro), CPF 242.959.736-53; Humberto de Oliveira Campos (Superintendente Administrativo e Financeiro), CPF 090.122.496-00; José Paulo Pinto Gonçalves (Controlador Interno), CPF 105.497.650-34; Marco Túlio de Melo (Presidente do Confea), CPF 130.866.186-04; Ricardo Antônio de Arruda Veiga (Vice-Presidente do Confea), CP 032.407.03-15; Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., CNPJ 02.977.786/0001-27Advogado constituído nos autos: não há

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL ORIGINADA DE CONVERSÃO DE PROCESSO DE DENÚNCIA. CIÊNCIA AOS RESPONSÁVEIS. IRREGULARIDADES. PAGAMENTOS EFETUADOS EM DESACORDO COM CRITÉRIO CONTRATUAL. REJEIÇÃO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA DO GESTOR/FISCAL DO CONTRATO E DA EMPRESA CONTRATADA. IRREGULARIDADE. DÉBITO. MULTA. ACOLHIMENTO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA DOS DEMAIS RESPONSÁVEIS. CONTAS REGULARES.

RELATÓRIO

Cuida-se de Tomada de Contas Especial tendente a apurar supostas irregularidades em contratações realizadas pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), sendo o presente processo originário da conversão, operada pelo Acórdão 650/2010-TCU-Plenário (alterado pelo Acórdão 915/2010-TCU-Plenário), de denúncia autuada sob o TC 028.124/2009-5.

2. Apuraram-se, naquela denúncia, irregularidades quanto ao critério de pagamento por serviço de degravação e por montagem e manutenção de estande em evento. Consoante determinação contida no item 1.7.1 da referida deliberação, foram citados os Srs. Ênio Padilha Filho (Gerente de Marketing e Fiscal do Contrato), William Paes Kuhlmann (Gerente Financeiro), Humberto de Oliveira Campos (Superintendente Administrativo e Financeiro), José Paulo Pinto Gonçalves (Controlador Interno), Marco Túlio de Melo (Presidente do Confea), Ricardo Antônio de Arruda Veiga (Vice-Presidente do Confea) e da empresa Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda.

3. Os responsáveis ofereceram as justificativas analisadas no bojo da instrução lançada pela 1ª Secex às fls. 30/47, cujo excerto integro a este relatório:

“ANÁLISE DAS CITAÇÕES3 Diante dos fatos apontados anteriormente, passamos a analisar as alegações de defesa dos

responsáveis citados no Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário, de 31/03/10, alterado pelo de nº 915/2010-TCU-Plenário, de 28/04/2010.

4 Os comentários serão realizados em função dos responsáveis e não pela sequência dos itens dispostos no Acórdão, em razão de parte dos interessados ter apresentado uma única justificativa para todos os itens questionados.

5 EXEMPLUS AGÊNCIA DE VIAGENS E TURISMO LTDA. (fls. 77/82, anexo 1)5.1 Item 1.7.1.1.3 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário (Ato Impugnado nº 1 do Ofício

de citação, fls. 79/81, vol. princ. do apensado): ‘em razão de ter apresentado ao Confea as notas fiscais de nos 147 e 148, de sua emissão, no âmbito do processo 1177/2008, cobrando valores e

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Page 2: €¦  · Web view5.1 Item 1.7.1.1.3 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário (Ato Impugnado nº 1 do Ofício de citação, fls. 79/81, vol. princ. do apensado): ‘em razão de ter

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quantidades de laudas resultantes de degravações de sessões plenárias da Autarquia, em desacordo com o contrato firmado entre as partes (item 41), o que acarretou pagamentos a maior no valor supracitado.’

Valor do Débito: R$ 16.530,00

5.2 Item 1.7.1.2.3 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário (Ato Impugnado 2 do Ofício de citação): ‘em razão de ter apresentado ao Confea a nota fiscal de nº 224, de sua emissão, no âmbito do processo 1177/2008, cobrando valor e quantidades de laudas resultantes de degravações de sessões plenárias da Autarquia em desacordo com o contrato firmado entre as partes (item 41), o que acarretou pagamento a maior no valor supracitado’.

Valor do Débito: R$ 9.145,00

5.3 Por meio do expediente encaminhado ao Tribunal em 26/05/10, a empresa Exemplus Agência de Viagem, representada por seu diretor, Sr. Eduardo Rocha Silva Neto, aduz, conjuntamente, suas alegações de defesa para os dois itens do aludido Acórdão (fls. 77/79, anexo 1).

5.4 Inicialmente conceitua lauda como sendo uma folha de papel, geralmente tamanho A4, digitada ou datilografada pelo tradutor, repórter ou jornalista. No entanto, acrescenta que o número de caracteres ou toques nela contidos pode variar, dependendo do tamanho da letra ou fonte, resultando em um total de 1.000 a 1.500 caracteres.

5.5 Assim, entende que, ao utilizar o parâmetro de 1.200 caracteres por lauda, a empresa teria adotado uma média razoável, produzindo um documento legível. Além disso, alega que não teria sido encontrada nenhuma normatização estabelecendo uma lauda padrão com 2.000 caracteres.

5.6 Dessa forma, entende que o Auditor do TCU equivocou-se ao afirmar, com fulcro no item 41 do contrato, a existência de um mínimo de 2.000 caracteres nas laudas, uma vez que esse item refere-se à ‘tradução de texto’.

5.7 Acrescenta que somente no item ‘revisão’ haveria esse limite, a qual teria sido realizada em conjunto com o serviço de degravação e não de forma separada, razão pela qual não haveria motivos para limitar o número de caracteres por lauda, sendo plenamente aceitável o adotado pela empresa.

5.8 Da mesma forma, entendeu o interessado que houve equívoco, também, no preço da lauda, uma vez que o relatório afirmava ter sido cobrado o valor de R$ 50,00 e a avença R$ 45,00.

Análise da Secex:5.9 Concordamos com a justificativa da interessada de que o Relatório de Inspeção

embasou as irregularidades em tela em um item do contrato que não corresponde ao serviço prestado nas notas fiscais, uma vez que o item 41 refere-se à tradução de texto, exigindo uma lauda padrão com 2.000 caracteres, enquanto os serviços faturados pela contratada dizem respeito à degravação de reuniões ocorridas no Plenário do Confea, cuja lauda, prevista no item 32 da avença, não exige quantidade mínima de caracteres (fls. 10 e 11 do anexo 1).

5.10 Assim, os pagamentos realizados à empresa Exemplus não descumpriram o contrato firmado entre as partes, o que nos leva a acatar as alegações de defesa apresentadas para os itens 1.7.1.1.3 e 1.7.1.2.3 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário.

5.11 No entanto, cabe salientar que o item 32 do contrato, ao não fixar a quantidade mínima de caracteres por lauda, permitiu que a empresa Exemplus cobrasse os serviços de degravação com cada lauda contendo apenas 1.200 caracteres. A interessada justifica que esse quantitativo é resultado de uma média entre 1.000 e 1.500, não informado, contudo, nessa oportunidade, de onde surgiram tais limites.

5.12 Destaca-se que quando da elaboração do Ofício nº 12/2009/Departamento Financeiro/Exemplus, de 24/09/2009 (fl. 35, anexo 3, do TC 028.124/2009-5), a empresa, em resposta às constatações referenciadas no Parecer nº 4/2009-CINT (fl. 73/76, anexo 3, do TC

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028.124/2009-5), elaborado pela Controladoria Interna da Autarquia, afirmou, no item ‘e’, serem esses parâmetros fixados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

5.13 Tendo em vista que a Entidade não informou expressamente qual a norma da ABNT que fixa tais valores, valemo-nos das regras de formatação contidas na norma ABNT NBR 14724:2005 – especifica os princípios gerais para elaboração de trabalhos acadêmicos, aplicando-se, no que couber, a trabalhos extraclasse da graduação – para verificar a razoabilidade dos referidos parâmetros. De acordo com o normativo, a lauda deve possuir, essencialmente, a seguinte formatação:

a) papel em formato A4 (21 cm x 29,7 cm);b) digitação em fonte tamanho 12;c) margens esquerda e superior de 3 cm, e direita e inferior de 2 cm; ed) espaçamento entrelinhas de 1,5.5.14 Ante esse padrão, e com o auxílio da ferramenta ‘contar palavras’ do software

Microsoft Word, verificamos que uma lauda comporta entre 1.900 e 2.100 caracteres. Dessa forma, consta-se que, nada obstante o contrato tenha silenciado quanto à quantidade mínima de caracteres por lauda para o serviço de degravação, a utilização arbitrária, por parte da Exemplus, de 1.200 caracteres por lauda na prestação desses serviços não se mostra razoável, ao contrário do que alega a citada.

5.15 Não bastasse essa constatação, caberia, outrossim, a seguinte indagação: se o item 41 da planilha de preços do contrato fixa que a lauda contendo tradução de texto deve conter, no mínimo, 2.000 caracteres, por que a lauda com degravação de reunião conteria apenas 1.200?

5.16 A empresa esclarece que não houve fixação da quantidade de caracteres porquanto somente no serviço de revisão haveria esse limite, a qual teria sido realizada em conjunto com o de degravação, conforme previsto no item 32 da planilha de preços. Todavia, em nosso ponto de vista, ante a ausência de previsão expressa no item 32 da planilha de preços da quantidade mínima de caracteres por lauda para o serviço de degravação, uma vez que esse inclui o serviço de revisão, deveria ter sido utilizado, por analogia, o número de caracteres mínimos previstos para a execução do serviço de tradução ou, ainda, do próprio serviço de revisão, qual seja 2.000 caracteres por lauda (itens 23 e 41 da planilha de preços, à fl. 39, anexo 2, do TC 028.124/2009-5). Ressalta-se que esse quantitativo se mostra condizente com o obtido ao utilizarmos a formatação proposta pela norma ABNT NBR 14724:2005, conforme acima exposto.

5.17 Acrescente-se, ainda, o fato de que, se compararmos os serviços de tradução com o de degravação, temos que aquele exige um profissional mais qualificado para sua execução do que este. Todavia, o segundo possui preço da lauda, com 40% menos caracteres, fixado em R$ 50,00, enquanto que o primeiro foi fixado em R$ 45,00, evidenciando incoerência na remuneração dos serviços.

5.18 Tudo isso vem demonstrar que o pagamento dos serviços de degravação pelo Confea à interessada na forma como foi procedido não foi vantajoso para a Administração Pública. No entanto, considerando que esse pagamento decorreu da omissão do termo de contrato em fixar parâmetros mínimos essenciais para a fiscalização de seu cumprimento; que a avença teve sua vigência extinta em 30/04/2009 (fl. 63, anexo 2, do TC 028.124/2009-5); que não foi promovida a citação do responsável pela elaboração da minuta de contrato; bem como a baixa materialidade dos recursos envolvidos, entendemos que cabe apenas alertar o Confea que a ausência de parâmetros mínimos para possibilitar a efetiva fiscalização da execução do item 32 da planilha de preços do contrato decorrente do Processo 1177/2008, firmado com a empresa Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., deu ensejo à prestação de serviços de forma desvantajosa para a Autarquia.

5.19 Item 1.7.1.3.3 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário (Ato Impugnado nº 3 do Ofício de citação): ‘em razão de ter apresentado ao Confea as notas fiscais de nos 277, 299, 300, 312 e 313, de sua emissão, no âmbito do processo 1177/2008, cobrando diárias de montagem de Estandes e de Piso de acordo com os dias de duração do evento, em confronto com o previsto nos

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itens 169, 170 e 179 da Planilha de Custos do Contrato firmado entre o Confea e a empresa Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., que determinavam o pagamento por m2, o que acarretou pagamento a maior no valor supracitado’.

Valor do Débito: R$ 86.010,005.20 Por meio do expediente citado no item 5.3 desta Instrução, a empresa Exemplus aduz

suas alegações de defesa para esse item (fls. 79/82, anexo 1).5.21 Preliminarmente, a empresa enfatizou que, para atender o evento inerente ao Encontro

Mundial dos Engenheiros – WEC/2008, o Confea instaurou, de forma premente e açodada, licitação específica para o acontecimento, resultando na expedição de edital com diversas falhas, as quais não foram observadas na contratação.

5.22 Como exemplo, citou que a omissão da medida ‘m2/diária’ no contrato inviabilizaria a prestação do serviço, visto que todos os itens que compõem os estandes, tais como cadeiras, banquetas, lixeiras, sofás, mesas, etc. são locados por dia e não por metro quadrado, bem como que os contratos com a Administração Pública têm sempre previsto a locação de estandes por diárias.

5.23 Com vistas a demonstrar as consequências da referida omissão, mostrou que, em uma locação de estande de apenas 2m2 por um mês, a Exemplus receberia uma única locação do Conselho, porém, desembolsaria o equivalente multiplicado por 29 dias.

5.24 Registra que, flagrante o erro material e o prejuízo que este possa ocasionar, é certo que as condições estabelecidas no momento da proposta deveriam ser retificadas, por meio de termo aditivo, para bem do contrato, visto que a modificação busca o estabelecimento do equilíbrio financeiro.

5.25 Em seguida, comenta que, por meio do Ofício nº 012/2009/Produção/Exemplus, o Conselho tomou conhecimento da distorção e prontificou-se a corrigir, por meio de termo aditivo, a omissão da limitação ‘por diária’. No entanto, nunca providenciou o competente ajuste. Por sua vez, a contratada, temendo punição por descumprimento contratual, viu-se compelida a executar o serviço na forma avençada verbalmente.

5.26 Salienta que o preço fixado, mesmo por diária, encontrava-se inferior aos preços praticados no mercado e nos pregões promovidos pela Administração Pública, não tendo havido, portanto, ganhos exorbitantes nem dano patrimonial à Instituição.

5.27 Frisou, ainda, que o serviço fora realizado de acordo com a conveniência da Autarquia, razão pela qual não há que se falar em devolução do valor pago, e que, se algum prejuízo existiu, em função de irregularidades provocadas por seus representantes, estes devem ser acionados regressivamente pela Instituição para reparação.

5.28 Concluindo, a interessada impugna os atos que vislumbram irregularidades na contratação e execução do contrato de prestação de serviços em tela e pleiteia o arquivamento do processo.

Análise da Secex:5.29 Inicialmente, cabe esclarecer que não merece guarida a justificativa da empresa

Exemplus de que o Confea instaurou, de forma premente e açodada, licitação específica para o evento relativo ao Encontro Mundial dos Engenheiros – WEC/2008. Conforme pode ser constatado dos autos, o contrato decorrente do Processo nº 1177/2008, para a prestação de serviços de planejamento, organização, execução e acompanhamento de eventos realizados em qualquer município da Região Centro-Oeste, foi firmado entre a Autarquia e a Exemplus em 11/04/2008 (fl.71, anexo 2, do TC 028.124/2009-5), quase oito meses antes da realização do Encontro Mundial de Engenheiros daquele ano, que ocorreu entre os dias 2 e 6/12/2008.

5.30 Carece de sustentação, ademais, a alegação da Exemplus de que os contratos de locação de estandes firmados com a Administração Pública não se valem do m2 como unidade de referência, contabilizando sempre o valor da locação por diárias.

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5.31 De fato, existem diversos contratos firmados pela Administração com empresas especializadas na montagem de estandes em que o valor da contrapartida pelos serviços prestados é calculado por diária. Como exemplo dessa forma de contratação, podemos citar os Pregões Eletrônicos nos 4/2009 e 13/2010, realizados, respectivamente, pelos Ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, trazidos à baila pela citada (fls. 83/182, anexo 1).

5.32 Todavia, essa forma de contratação de serviços de montagem de estande não exclui a existência da contratação dos mesmos por m2, consoante se verifica, a título de exemplo, das atas dos Pregões Eletrônicos nos 4 e 92029/2009, realizados pelos Ministérios da Educação e das Minas e Energia, respectivamente, acostadas às fls. 77/79, anexo 3 do TC 028.124/2009-5. Destaca-se que a locação de estandes somente por sua dimensão se mostra perfeitamente factível nos casos em que a duração do evento é pré-determinada e de conhecimento da contratada ou quando não há grande variação no número de dias dos eventos promovidos pela contratante, cabendo à interessada, quando da elaboração de sua proposta, ponderar o preço médio do m2 do estande em face da provável duração dos eventos a serem realizados.

5.33 Afastada a inviabilidade da locação de estandes por m2, poder-se-ia, ainda, restar a dúvida quanto à existência da alegada falha material na unidade de medida quando da elaboração do edital.

Essa possível incerteza é sanada pelo cotejo entre o contrato decorrente do Processo nº 1177/2008 (fls. 36/71, anexo 2 do TC 028.124/2009-5), cuja vigência encerrou-se em 30/04/2009, e o decorrente do Processo nº 1043/2009 (fls. 2/21-A, anexo 2 dos presentes autos), com início de vigência em 13/05/2009, ambos com o mesmo objeto e firmados entre a Autarquia e a Exemplus.

5.34 Tanto no contrato ora em análise (item nº 170) quanto no que o sucedeu (item nº 67) há previsão nas planilhas de preços para o serviço ‘Estande montagem especial’, cuja descrição requer:

‘piso revestido de carpete novo; Montagem no sistema OCTANORM, com paredes a 2,70 de altura, área de depósito com chave, área vip com paredes TS e policarbonato azul com acesso através de porta blindex; Sala de estar climatizada com mesa para computador, balcão bar curvo com três banquetas cromadas, dois sofás de dois lugares em couro branco, uma mesa de canto cromada; Depósito com geladeira residencial; Cenografia; testeira com logomarca em cor e expositor em vidro com no mínimo 4 níveis para colocação de material gráfico; mesa redonda de vidro com 04 cadeiras cromadas; totem com identificação do(s) expositor(es), iluminado por dentro’ (fl. 53, anexo 2 do TC 028.124/2009-5, e fl. 8, do anexo 2 dos presentes autos).

5.35 Embora ambos refiram-se à montagem e locação do mesmo tipo de estande, no primeiro contrato o Confea optou por utilizar como unidade de medida o m2, enquanto no segundo valeu-se da diária, indicando que o estande usualmente é montado com tamanho entre 18 e 27 m2.

5.36 Prosseguindo, verificamos que, no primeiro contrato, a empresa Exemplus orçou seus serviços por R$ 80,00 por m2. Já no segundo, o fez por R$ 450,00 por diária. Dessa forma, ao calcularmos o valor do m2 por dia, nos termos do segundo contrato, obtemos os valores de R$ 25,00 (R$ 450,00/dia dividido por 18 m2) e R$ 16,67 (R$ 450,00/dia dividido por 27 m2).

5.37 Ora, se realmente a empresa Exemplus esperava cobrar a montagem e o aluguel do estande por dia, no âmbito do contrato decorrente do Processo nº 1177/2008, ela certamente teria orçado para esse serviço um valor próximo ao proposto para o contrato que o sucedeu, em que restava claro que a cobrança se daria por diárias, ou seja, algo entre R$ 16,67 e R$ 25,00 por m2. No entanto, a empresa orçou os serviços por R$ 80,00 por m2, um valor cerca de quatro vezes maior.

5.38 Ademais, por meio de consulta ao sitio do Conselho, constata-se que os eventos organizados pela Autarquia, ou dos quais ela participa, raramente excedem quatro dias de duração. Segundo a programação da Entidade, acessada em 09/07/2010, estavam previstos os seguintes eventos (fls. 22/24, anexo 2):

a. Congressos:

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i. World Engineering Congress and Exhibition (3 dias de duração, de 18 a 20 de outubro de 2010);

ii. XVI Congresso Brasileiro de Meteorologia (5 dias de duração, de 13 a 17 de setembro de 2010);

iii. Congresso Mundial e Exposição de Engenharia 2010 – Argentina (4 dias de duração, de 17 a 20 de outubro de 2010);

iv. XVIII Congresso Brasileiro de Engenharia Química (4 dias de duração, de 19 a 22 de setembro de 2010); e

v. VI Congresso Nacional de Engenharia Mecânica (4 dias de duração, 18 a 21 de agosto de 2010).

b. Seminários:i. Seminário Internacional de Gerenciamento e Planejamento do Meio Ambiente (3 dias de

duração, de 19 a 21 de outubro de 2010);ii. II Seminário Biodiesel (2 dias de duração, de 3 a 4 de maio de 2010); eiii. Seminário Internacional sobre Revitalização de Rios (3 dias de duração, de 10 a 12 de

maio de 2010).c. Feiras:i. Feira e Seminário Internacional de Meio Ambiente Sustentabilidade (3 dias de duração,

de 9 a 11 de novembro de 2010);ii. Feira Internacional de Esquadrias, Ferragens e Componentes – FESQUA (4 dias de

duração, de 20 a 23 de outubro de 2010); eiii. Feira Internacional da Indústria e da Construção 2010 (5 dias de duração, de 6 a 10 de

abril de 2010).5.39 Dessa forma, resta claro, portanto, que a empresa Exemplus, quando elaborou seu

orçamento para a prestação dos serviços de montagem de estande previstos no contrato decorrente do Processo nº 1177/2008 estava ciente de que a cobrança se daria exclusivamente por metragem de estande disponibilizado, independentemente da quantidade de dias, haja vista já ter ponderado essa situação e cobrado valor bastante superior ao que cobraria caso os mesmos serviços fossem cobrados por dia de locação do estande.

5.40 Corroboram, ainda, essa linha de raciocínio, os seguintes fatos constatados dos autos:a) nenhum participante do certame, inclusive a própria Exemplus, impugnou a unidade de

medida do item em questionamento no âmbito do processo licitatório, assim como, após ser declarada vencedora do certame, a citada firmou contrato com o Confea, sem fazer qualquer objeção à controvérsia;

b) quando da realização da Semana Nacional de Ciências e Tecnologia, entre os dias 20 e 26/10/08, a citada fez montagem básica de um Estande, atestada pelo Sr. Ênio Padilha, em 21/11/08, recebendo para tanto a importância de R$ 2.790,00 (resultado da multiplicação de 45 m2

por R$ 62,00/m2, desconsiderando, portanto, a quantidade de dias do evento), conforme documentos emitidos pela própria empresa às fls. 58 e 64v do anexo 3 do TC 028.124/09-5;

c) constam, somente entre os itens 150 e 191 da planilha de custos do contrato, 18 cotações em m2, entre os quais montagem de estantes, coberturas, pisos, tablados e túnel, o que demonstra que não houve qualquer falha no edital, na proposta de preços da empresa nem no contrato (fls. 20/23, anexo 1).

5.41 Quanto ao esclarecimento de que o suposto erro no contrato (alteração de m2 para m2/diária) foi comunicado à Autarquia por meio do Ofício nº 12/2009 Departamento Financeiro/Exemplus, de 24/09/09, a qual se prontificou a saná-lo, por meio de termo aditivo, e que nenhuma providência havia sido tomada até o momento, entendemos cabível tecer algumas considerações.

5.42 Primeiramente, por meio do citado Ofício, o Confea não tomou conhecimento da suposta inconsistência apontada pela empresa Exemplus, mas sim recebeu as justificativas desta

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Page 7: €¦  · Web view5.1 Item 1.7.1.1.3 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário (Ato Impugnado nº 1 do Ofício de citação, fls. 79/81, vol. princ. do apensado): ‘em razão de ter

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acerca das inúmeras irregularidades apontadas no Parecer nº 4/2009 da Controladoria Interna do Conselho, entre as quais a ora em análise (fls. 34/36, anexo 3 do TC 028.124/09-5).

5.43 Ademais, não constou do Processo nº 1177/2008 qualquer manifestação de que o Confea elaboraria termo aditivo no sentido de corrigir suposta falha, até porque ela, consoante restou demonstrado anteriormente, não existe de fato e de direito.

5.44 Por fim, pelos esclarecimentos prestados pela contratada no Ofício (alínea ‘f’, fl. 35, anexo 3 do TC 028.124/09-5), observa-se, mais uma vez, que a empresa Exemplus estava plenamente ciente de que a cobrança da montagem do estante se daria por m2, uma vez que consignou que apenas no evento do WEC-2008 seria cobrado m2/diária, tendo em vista ‘uma composição realizada com o Confea’ (não comprovada), o que demonstra que a cobrança feita contrariou o contrato firmado entre as partes.

5.45 Diante do exposto, observa-se que não há consistência na argumentação da empresa no sentido de que os preços cobrados nas notas fiscais nos 277, 299, 300, 312 e 313 deveriam ser calculados por m2/dia e não por m2, visto que infringe o ajuste firmado entre as partes (itens 169, 170 e 179), razão pela qual rejeitamos as alegações de defesa apresentadas para o item 1.7.1.3.3 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário, com responsabilização da empresa Exemplus pelo débito que lhe foi imputado, sem prejuízo da aplicação de multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/92.

6. ÊNIO PADILHA FILHO - Gestor do Contrato WILLIAM PAES KUHLMANN - Gerente Financeiro HUMBERTO DE OLIVEIRA CAMPOS - Superintendente da Secretaria de

Administração e Finanças - SAF

JOSÉ PAULO PINTO GONÇALVES - Controlador Interno6.1 Item 1.7.1.1.1 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário (Ato Impugnado nº 1 dos

Ofícios de citação, fls. 62/70 e 76/78, princ. do TC 028.124/09-5): ‘em razão de terem atestado que as notas fiscais de nos 147 e 148, cobrando valores e quantidades de laudas resultantes de degravações de sessões plenárias da Autarquia, estavam em consonância com o contrato firmado entre as partes (item 41), o que acarretou pagamentos a maior o valor supracitado’.

Débito: R$ 16.530,00

6.2 Item 17.1.2.1 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário (Ato Impugnado nº 2 dos Ofícios de citação): ‘em razão de terem atestado que a nota fiscal de nº 224, cobrando valor e quantidade de laudas resultantes de degravações de sessões plenárias da Autarquia, estava em consonância com o contrato firmado entre as partes (item 41), o que acarretou pagamento a maior no valor supracitado’.

Débito: R$ 9.145,00.

6.3 Item 17.1.3.1 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário (Atos impugnado nº 3 dos Ofícios de citação): ‘em razão de terem atestado que as notas fiscais de nos 277, 299, 300, 312 e 313 estavam em consonância com o contrato firmado entre as partes (itens 169, 170 e 179 da planilha de custos), sendo que foram cobradas diárias de montagem de Estandes e de Piso de acordo com a quantidade de dias de duração do evento, em desacordo com o previsto nos itens 169, 170 e 179 da Planilha de Custos do Contrato firmado entre o Confea e a empresa Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., que determinavam o pagamento por m2, o que acarretou pagamento a maior no valor supracitado’.

Débito: R$ 86.010,00.6.4 ÊNIO PADILHA FILHO (fls. 202/206, anexo 1)HUMBERTO DE OLIVEIRA CAMPOS (fls. 197/201, anexo 1)JOSÉ PAULO PINTO GONÇALVES (fls. 183/188, anexo 1)

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Page 8: €¦  · Web view5.1 Item 1.7.1.1.3 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário (Ato Impugnado nº 1 do Ofício de citação, fls. 79/81, vol. princ. do apensado): ‘em razão de ter

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 015.743/2010-1

6.5 As alegações de defesa dos responsáveis acima listados serão aduzidas conjuntamente, em razão de serem semelhantes.

6.6 No que tange aos itens 1.7.1.1.1 e 1.7.1.2.1 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário, observaram que a análise do TCU se baseou em um item do contrato que não corresponde ao serviço descrito nas notas fiscais citadas.

6.7 Alegam que o serviço efetivamente prestado tem previsão no item 32 do contrato, o qual descreve que o ‘Serviço de degravação de fitas com revisão de texto’ custará R$ 50,00 cada lauda. No entanto, a instrução desta Corte considerou que o serviço descrito na mencionada nota fiscal se enquadrava no item 41 do contrato, que se refere à ‘tradução de texto’, cujo preço unitário também era contabilizado por lauda, só que no valor de R$ 45,00.

6.8 Assim, concluíram que não houve pagamento indevido à empresa contratada.6.9 Já no que diz respeito ao item 17.1.3.1 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário,

esclarecem, inicialmente, que a cobrança pelos serviços descritos nos itens 169, 170 e 179 do contrato deveria ser feita por m2/dia, conforme efetuado quando do pagamento.

6.10 Em que pese não constar explicitamente no contrato, entendem que essa seria a única forma possível de efetuar a cobrança dos referidos serviços, sendo a multiplicação da metragem quadrada do estande pelos dias em que o mesmo se encontrava montado a fórmula correta a ser utilizada para se alcançar o valor devido à contratada. Salientam, ainda, que essa forma de pagamento seria a praxe do mercado de eventos para locação de estandes.

6.11 Nesse sentido, argumentam que ‘pensar em sentido contrário seria admitir que um estande de 16m2, por exemplo, disponibilizado por apenas 02 dias em um evento, teria o mesmo preço de um estande de mesmo tamanho disponibilizado durante três semanas em uma exposição, o que é, no mínimo, inverossímil.’

6.12 Entendem que, de fato, houve irregularidade formal no contrato, já que não constou explicitamente que os preços praticados nos itens 169, 170 e 179 da planilha de custos referiam-se à diária do metro quadrado (m2/dia).

6.13 Todavia, sustentam que não houve pagamentos indevidos, pois, se os aludidos itens não fossem cobrados por m2/dia, haveria enriquecimento sem causa do contratante, que estaria se valendo de serviços diários, em metragem definida, mas sem limitação no tempo, o que não seria plausível.

6.14 Como exemplo, citam que todos os serviços de estande relacionados no contrato foram faturados desta forma, a exceção de apenas uma nota fiscal que foi apresentada de forma equivocada, cujo pagamento se deu a menor e foi aceito pela contratada, não causando, portanto, prejuízos ao Conselho.

6.15 Acrescentam, por fim, os Srs. José Paulo Pinto Gonçalves e Humberto de Oliveira Campos que os serviços faturados nas aludidas notas fiscais foram atestados pelo fiscal do contrato, a quem compete declarar que os serviços foram efetivamente prestados. Tal fato não poderia ser comprovado pela simples análise dos autos procedida pela Controladoria Interna - CINT e pela Superintendência Administrativa e Financeira – SAF, setores pelos quais eram, respectivamente, responsáveis.

6.16 Dessa forma, os três responsáveis requerem que o Tribunal acate as alegações de defesa ora apresentadas, excluindo suas responsabilidades dos fatos narrados na presente Tomada de Contas Especial, uma vez que consideram não ter havido qualquer pagamento indevido.

Análise da Secex:6.17 No que tange às alegações apresentadas pelos responsáveis para os itens 1.7.1.1.1 e

1.7.1.2.1 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário, entendemos que lhes assiste razão, em face dos motivos expostos nos itens 5.9 e 5.10 desta Instrução.

6.18 Já com relação às justificativas apresentadas para item 1.7.1.3.1 do mencionado decisum, entendemos cabível tecer as seguintes considerações acerca da conduta do Sr. Ênio Padilha Filho.

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Page 9: €¦  · Web view5.1 Item 1.7.1.1.3 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário (Ato Impugnado nº 1 do Ofício de citação, fls. 79/81, vol. princ. do apensado): ‘em razão de ter

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6.19 De início, salientamos que tanto a exclusividade da contratação dos serviços de montagem de estande somente por diária quanto a hipótese de erro na redação do contrato firmado entre o Confea e a Exemplus já foram de pronto afastadas pelos argumentos expostos nos itens 5.30 a 5.44 desta Instrução, quando da análise das alegações trazidas pela contratada.

6.20 Ademais, embora não conste dos autos Portaria designando o Sr. Ênio Padilha Filho como gestor do contrato, consoante previsão do item 9.2 do ajuste (fl. 35, anexo 1), verifica-se que o responsável exerceu essa atribuição, haja vista ter atestado diversas notas fiscais expedidas pela empresa Exemplus (fls. 59-v, 60-v, 61-v, 62-v, 63-v, 64-v, anexo 3 do TC 028.124/2009-5, por exemplo), ato de competência exclusiva do gestor, nos termos do item 10 do contrato (fl. 35, anexo 1).

6.21 Nesse sentido, por ter atestado as notas fiscais expedidas pela contratada, atuando, por conseguinte, cumulativamente, como fiscal do contrato, cabia ao Sr. Ênio Padilha Filho verificar se os serviços prestados pela Exemplus o foram de forma satisfatória, bem como se certificar de que o valor por ela cobrado estava condizente com o inicialmente contratado. Além do mais, em se verificando irregularidades, deveria o responsável devolver a nota fiscal à contratada com vista ao seu saneamento, conforme previsto no item 12.5 do contrato (fl. 36, anexo 1).

6.22 Ao não proceder dessa forma, atestando a cobrança de serviços em desacordo com os termos do ajuste, o responsável possibilitou o pagamento a maior para a contratada, sendo o principal responsável pelos prejuízos advindos à Autarquia.

6.23 Destaca-se, por oportuno, que esta Egrégia Corte de Contas tem responsabilizado agentes que, embora não tenham sido formalmente designado, atuem como fiscal de contrato, e, nessa condição, pratiquem atos contrários ao interesse da Administração, a exemplo do Acórdão 1.231/2004-TCU-Plenário.

6.24 Cabe salientar, ainda, que, após atestar de forma equivocada a regularidade das notas fiscais exaradas pela Exemplus, o responsável subscreveu o Memorando nº 075, de 12/12/08, da Gerência de Marketing e Eventos, informando a Gerência Financeira – GFI acerca da necessidade de se promover o pagamento de diversas notas fiscais, dentre as quais as de montagem dos estandes, o que deu ensejo à prolação do despacho de fls. 82/83, anexo 3 do TC 028.124/2009-5, subscrito por diversos agentes, todos ouvidos nestes autos.

6.25 Ante o exposto, entendemos que ao atestar as Notas Fiscais nos 277, 299, 300, 312 e 313, emitidas em desconformidade com o ajustado entre as partes, o Sr. Ênio Padilha Filho deu ensejo à ocorrência de prejuízos aos cofres do Confea, devendo, portanto, ter suas contas julgadas irregulares, respondendo, por conseguinte, pelo débito decorrente desses atos, nos termos dos arts. 16, inciso III, alínea ‘c’, e 19, da Lei nº 8.443/92, sem prejuízo da aplicação de multa prevista no art. 57 do mesmo diploma legal.

6.26 Destaca-se que os Srs. Humberto de Oliveira Campos e José Pinto Gonçalves valeram-se, em parte de suas alegações de defesa para o item 1.7.1.3.1 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário, desses mesmos argumentos, não merecendo, portanto, nesse ponto, acolhimento por este Tribunal.

6.27 Todavia, entendemos que posicionamento diverso deve ser adotado quanto à alegação de que as aludidas irregularidades não eram de fácil detecção a ponto de serem identificadas quando da análise dos autos procedida pela SAF e pela CINT.

6.28 Tendo em vista a racionalidade administrativa, não nos parece razoável exigir que tais agentes, ocupantes dos cargos de Superintendente da SAF e Controlador Interno, verificassem minuciosamente os termos de cada nota fiscal encaminhada para pagamento, comparado a unidade de medida constante da cada fatura com a prevista no contrato, haja vista tal tarefa já ter sido executada pelo fiscal do contrato e, em grau de revisão, pelo gerente financeiro. Dessa forma, entendemos que não cabe responsabilizar os Srs. Humberto de Oliveira Campos e José Pinto Gonçalves pelos prejuízos decorrentes dos pagamentos irregulares realizados pelo Confea ora em análise.

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6.29 Nesse sentido, entendemos que as alegações de defesa dos Srs. Humberto de Oliveira Campos e José Pinto Gonçalves devem ser parcialmente acatadas, para que, no mérito, suas contas sejam julgadas regulares, dando-lhes quitação plena, nos termos dos arts. 16, inciso I, e 17 da Lei nº 8.443/92.

6.30 WILLIAM PAES KUHLMANN(fls. 02/76, anexo 1)6.31 Por meio do expediente, datado de 21/05/10, o responsável apresentou,

conjuntamente, as alegações de defesa para os três itens pelos quais foi citado (fls. 02/04, anexo 1).6.32 Sustenta, inicialmente, que, de acordo com o item 9 do contrato firmado com a

empresa Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., estaria evidente que quem tinha competência para atestar as notas fiscais e dizer se elas estavam de acordo com a avença seria o gestor do contrato, o qual deveria comunicar qualquer desconformidade à autoridade superior, para a adoção das providências cabíveis.

6.33 Fundamenta, ainda, seu ponto de vista consignando que a Lei nº 8.666/93, em seu art. 67 e parágrafos, prescreve que a execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração, o qual anotará as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados.

6.34 Quanto à afirmação na citação de que o interessado havia atestado que os pagamentos estavam em consonância com o contrato, acredita o Sr. William que houve um equívoco, porque ele somente poderia se atentar às matérias relacionadas no item 12 do ajuste, referente às condições de pagamento.

6.35 Como prova, comenta que, nos despachos exarados nos processos de despesa para pagamento, fazia constar sempre a seguinte expressão:

a) no caso das notas fiscais nos 147 e 148: ‘Em atendimento ao MEMO nº 051/2008-SCM, de 21.10.08, fls. 520 a 525, analisamos o

processo de interesse da empresa Exemplus (...), que tem por objeto serviços de planejamento, organização, execução e acompanhamento de eventos (...), onde constatamos que a documentação que dá suporte ao pagamento está em consonância com o que dispõe o contrato firmado entre as partes em 11.04.08, como segue’ (grifo deles) - vide fls. 41/45 e 49/50 do anexo 1 dos presentes autos e fls. 80/81 do anexo 3 do TC 028.124/09-5.

b) no caso das notas fiscais nos 224, 277, 299, 300, 312 e 313: ‘Em atendimento ao MEMO nº 066/2008-SCM, fls. 588 a 592 e MEMO nº 075/2008-GME,

de 12.12.08, fls. 651 a 653,analisamos o processo da empresa Exemplus (...), onde constatamos que a documentação que dá suporte ao pagamento está em consonância com o que dispõe o contrato firmado entre as partes em 11.04.08, como segue’ (grifo deles) - vide fls. 51/55, 57/59 e 62/63 do anexo 1 dos presentes autos e fls. 82/83 do anexo 3 do TC 028.124/09-5.

6.36 Ante o exposto nas alíneas ‘a’ e ‘b’ supra, o responsável entende que, quando menciona a expressão ‘COMO SEGUE’, fica evidenciado que estaria se reportando ao item 12 do contrato, que se refere às condições de pagamento, pois não atestou nenhuma nota fiscal.

6.37 Finalizando, entende que não deve ser arrolado solidariamente nestes autos.Análise da Secex:6.38 Não concordamos com o posicionamento do responsável de que somente o gestor do

contrato, o Sr. Ênio Padilha, deveria comunicar qualquer inconsistência na prestação dos serviços. 6.39 O item 12.10 da avença, subitem do Capítulo ‘DAS CONDIÇÕES DE

PAGAMENTO’ (fls. 36/37, anexo 1), estabelece que, ‘no caso de incorreções nos documentos apresentados, inclusive nas notas fiscais/faturas, serão esses restituídos à adjudicatária para as correções solicitadas’. Dessa forma, tendo em vista que o responsável ocupava o cargo de gerente financeiro, e considerando sua própria alegação de que no exercício de sua atividade somente deveria se atentar às exigências do capítulo 12 do contrato, esperava-se dele a verificação da conformidade do atesto dado nas notas fiscais, que declarava estarem em conformidade com os

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termos contratados a quantidade, a qualidade e o preço dos materiais fornecidos e dos serviços prestados.

6.40 Caso tivesse realizado o referido procedimento, teria evitado que o pagamento das notas fiscais (nos 277, 299, 300, 312 e 313), relativas à montagem de estandes, fosse realizado em desacordo com o pactuado inicialmente entre o Confea e a Exemplus, consoante demonstrado anteriormente nesta Instrução.

6.41 Cabe salientar, por oportuno, que se tivesse agido com maior diligência no exercício de suas atribuições, poderia ter constatado, também, que, nos pagamentos das notas fiscais relativas à degravação de sessões plenárias no Confea (nos 147, 148 e 224), as laudas só apresentavam 1.200 caracteres, quantidade bem abaixo do mínimo exigido para o serviço de tradução (2.000 caracteres/lauda), bem como que seu preço unitário (R$ 50,00/lauda) era superior ao daquele serviço (R$ 45,00/lauda), que exige maior capacidade técnica para sua execução (itens 5.11/5.18 desta Instrução).

6.42 Acrescente-se ainda que, de acordo com o princípio da segregação das funções, caberia ao gestor financeiro conferir a veracidade do atesto dado nas notas fiscais antes de seu pagamento. Nesse sentido dispunha a Portaria-AD nº 29/2008 (fls. 25/36, anexo 2), que, à época, estabelecia a estrutura organizacional do Confea, ao definir as competências da Gerência Financeira - GFI. Segundo o normativo, compete à GFI ‘emitir análise em todos os processos de despesas antes do pagamento’ (fl. 33-v, anexo 2).

6.43 Tem-se, portanto, que essas irregularidades narradas acima eram passíveis de serem detectadas pelo responsável, ante sua posição de revisor da legalidade do ato de pagamento. Tanto poderiam, que a Controladoria Interna da Autarquia (Parecer nº 04/2009-CINT), ao realizar exames rotineiros nos processos de pagamento, percebeu-as imediatamente.

6.44 No entanto, sem qualquer embasamento técnico e/ou legal, o responsável subscreveu os despachos descritos nas alíneas ‘a’ e ‘b’ do item 6.34 acima (fls. 80/83, anexo 3 do TC 028.124/09-5), consignando que a documentação que dava suporte aos pagamentos estava de acordo com o contrato, o que influenciou as demais chefias a liberarem o pagamento, dando ensejo à ocorrência de danos ao patrimônio da Autarquia.

6.45 Diante do exposto, entendemos que devem ser parcialmente acatadas as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. William Paes Kuhlmann, para, no mérito, julgar suas contas irregulares, sendo a ele imputado o débito prescrito no item 1.7.1.3.1 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário, nos termos dos arts. 16, inciso III, alínea ‘c’, e 19, da Lei nº 8.443/92, sem prejuízo da aplicação da multa prevista na art. 57 do mesmo normativo.

7 MARCOS TÚLIO DE MELO - Presidente do Confea (fls. 189/191, anexo 1)7.1 Item 1.7.1.1.2 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário (Ato Impugnado nº 1 do Ofício

de citação, fls. 71/72, princ. do TC 028124/09-5) - ‘em razão de ter autorizado o pagamento das notas fiscais de nos 147 e 148, cobrando valores e quantidades de laudas resultantes de degravações de sessões plenárias da Autarquia em desacordo com o contrato firmado entre as partes (item 41), o que acarretou pagamentos a maior no valor supracitado’.

Débito: R$ 16.530,007.2 As alegações de defesa apresentadas pelo responsável são semelhantes às descritas nos

itens 6.6 a 6.8. Destarte, em face da análise empreendida nos parágrafos 5.9 e 5.10 desta Instrução, propomos que sejam acatadas as justificativas apresentadas pelo Sr. Marcos Túlio de Melo, julgando suas contas regulares e dando-lhe quitação plena, nos termos dos arts. 16, inciso I, e 17 da Lei nº 8.443/92.

8 RICARDO ANTÔNIO DE ARRUDA VEIGA - Vice-Presidente do Confea (fls. 192/196, anexo 1)

8.1 Item 1.7.1.2.2 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário (Ato Impugnado nº 1 do Ofício de citação, fls. 73/75, princ. do TC 028.124/09-5) - ‘em razão de ter autorizado o pagamento da nota fiscal de nº 224, cobrando valor e quantidade de laudas resultantes de degravações de sessões

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Page 12: €¦  · Web view5.1 Item 1.7.1.1.3 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário (Ato Impugnado nº 1 do Ofício de citação, fls. 79/81, vol. princ. do apensado): ‘em razão de ter

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plenárias da Autarquia em desacordo com o contrato firmado entre as partes (item 41), o que acarretou pagamento a maior no valor supracitado’.

Débito: R$ 9.145,008.2 Item 1.7.1.3.2 do Acórdão nº 650/2010-TCU-Plenário (Ato Impugnado nº 2 do Ofício

de citação) - ‘em razão de ter autorizado o pagamento das notas fiscais de nos 277, 299, 300, 312 e 313 em desacordo com o contrato firmado entre as partes (item 41), sendo que foram cobradas diárias de montagem de Estandes e de Piso de acordo com a quantidade de dias de duração do evento, em desacordo com o previsto nos itens 169, 170 e 179 da Planilha de Custos do Contrato firmado entre o Confea e a empresa Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., que determinavam o pagamento por m2, o que acarretou pagamento a maior no valor supracitado o que acarretou pagamento a maior no valor supracitado’.

Débito: R$ 86.010,008.3 As alegações de defesa aduzidas pelo responsável para os dois itens são semelhantes às

descritas nos itens 6.6 a 6.16.8.4 Acrescenta, tão somente, que os aludidos pagamentos foram por ele autorizados na

qualidade de Vice-Presidente, após ampla análise dos setores competentes da Casa, dentre eles o fiscal do contrato e a Controladoria Interna.

Análise da Secex:8.5 No que tange às alegações apresentadas para o item 1.7.1.2.2 acima transcrito,

entendemos que assiste razão ao responsável, em face dos motivos expostos nos parágrafos 5.9 e 5.10 desta Instrução.

8.6 Já no que toca ao item 1.7.3.2, conforme analisado nos parágrafos 5.30 a 5.44, não merece guarida a alegação de que houve erro quando da elaboração do contrato. Todavia, tendo em vista que o responsável, ao autorizar o pagamento das notas fiscais nos 277, 299, 300, 312 e 313, exercia o cargo de Vice-Presidente do Confea, tendo atuado com base em posicionamentos da área técnica competente, entendemos não caber a ele responsabilidade pelos prejuízos causados em decorrências de tais pagamentos.

8.7 Destarte, propomos que sejam parcialmente acatadas as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Ricardo Antônio de Arruda Veiga, para, no mérito, julgar suas contas regulares, dando-lhe quitação plena, nos termos dos arts. 16, inciso I, e 17 da Lei nº 8.443/92.

6. Ante todo o exposto, submetemos os autos à consideração do Sr. Secretário, sugerindo o encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmº Ministro-Relator, Augusto Sherman, ouvindo-se preliminarmente o Ministério Público junto ao TCU, propondo:

6.2 autorizar, desde logo, a cobrança judicial da dívida, caso não atendidas as notificações, nos termos do artigo 28, inciso II, da Lei 8.443/92;

6.3 enviar cópia da deliberação que vier a ser proferida, acompanhada de relatório e voto, ao Ministério Público da União, à vista do que dispõe o artigo 16, § 3º, da Lei 8.443/92, para adoção das medidas de sua competência.”

3. A proposta de encaminhamento, no sentido de exculpar o Sr. Marcos Túlio de Melo e condenar solidariamente os demais responsáveis, angariou a concordância dos dirigentes da Secex-1. O representante do Ministério Público anuiu parcialmente com a Unidade Técnica, divergindo apenas quanto à exclusão do Gerente Financeiro, Sr. William Paes Khulmann, e do Superintendente da Secretaria de Administração e Finanças, Sr. Humberto de Oliveira Campos, no elenco de responsáveis.

4. Encontrando-se os autos já em meu gabinete, o Sr. William Paes Khulmann protocolizou, intempestivamente, memoriais contendo novos elementos de defesa. Colimando a verdade real e homenageando o princípio da ampla defesa, despachei por que fossem juntados aos autos, conferindo chancela de sigilo às declarações de bens ofertadas (fl. 54). Incontinenti, restituí os autos à Unidade Técnica para nova análise, a qual ora perfilho:

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“(...) 10. Em cumprimento à deliberação do Exmo. Relator, passemos, então, a tratar dos novos esclarecimentos prestados pelo responsável.

- Dos novos elementos de defesa apresentados pelo Sr. William Kuhlmann:11. Alega o Sr. William Kuhlmann que a Unidade Técnica teria se equivocado acerca das

competências do Gerente Financeiro do CONFEA, uma vez que lhe foi atribuída ‘a responsabilidade por certificar a regularidade da atestação de notas fiscais dadas pelo fiscal/gestor do contrato’.

12. Em seu entendimento, o Gerente Financeiro não possuiria condições de realizar um trabalho de verificação com a minúcia pretendida pela Unidade Técnica. Ressalta que, no caso concreto, tal providência envolveria a conferência ‘item a item, inclusive com a contagem manual de laudas e caracteres, todo o volumoso processo encaminhado para pagamento antes de autorizá-lo’.

13. Considera que essa tarefa é da competência do fiscal/gestor do contrato, que ‘tem a atribuição de atestar o recebimento dos serviços de acordo com o solicitado’, não cabendo ao setor financeiro a sua revisão e supervisão, uma vez que cumpriria ao Gerente Financeiro ‘a verificação das questões eminentemente financeiras do contrato, tais como se o valor estimado dos serviços foi previamente empenhado, se a nota fiscal encontra-se dentro da validade da emissão, se a retenção dos impostos na fonte está correta, e o contratado possui todas as certidões negativas atualizadas e etc.’.

14. Salienta que todos os pagamentos realizados no CONFEA, de qualquer natureza, são autorizados pelo Gerente Financeiro. Assim, em se observando a lógica contida na instrução da Unidade Técnica, o ocupante do referido cargo seria ‘responsável solidário por todas as transações bancárias do órgão, devendo realizar a análise minuciosa de todos os serviços atestados por todos os fiscais de contrato da autarquia, o que tornaria o trabalho humanamente impossível’.

15. Destaca ainda que, de acordo com a estrutura organizacional do CONFEA, competiria à Controladoria Interna (CINT), e não à Gerência Financeira (GFI), a análise pormenorizada dos processos de pagamento, ‘sendo a CINT a unidade responsável por ‘liberar’ os pagamentos, ou seja, autorizá-los para encaminhamento à GFI’. Nesse sentido, transcreve as competências que seriam atribuídas à CINT e à Gerência Financeira.

16. Reafirma que à GFI caberia a verificação dos pagamentos apenas quanto aos aspectos financeiros, ‘até mesmo porque o setor financeiro não detém os conhecimentos técnicos necessários para fiscalizar a efetiva prestação de serviços de todos os contratos firmados pela Autarquia’.

17. Aduz que, em cumprimento ao item 1.6.3 do Acórdão 650/2010-TCU-Plenário, o CONFEA concluiu a apuração dos fatos apontados pela CINT no processo 1177/2008 (fls. 07/33, anexo 3), responsabilizando pelo ressarcimento do valor apurado a empresa Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., solidariamente ao Sr. Ênio Padilha Filho, Gerente de Marketing e Eventos – GME e fiscal do contrato, por ter atestado todas as notas fiscais questionadas. O Sr. William Kuhlmann não teria sido sequer convocado para prestar esclarecimentos a respeito junto à comissão sindicante.

18. Concluindo, assevera que jamais se locupletou com recursos públicos, ao tempo em que autoriza, em caso de necessidade, a quebra de seu sigilo fiscal e bancário, fazendo anexar cópias de parte de sua declaração de imposto de renda, bem assim de sua esposa (Anexo 4 – sigiloso).

- Da análise:19. Entendemos que as novas justificativas aduzidas pelo responsável mereçam acolhida.

Como destacado na instrução precedente, embora não conste dos autos portaria designando formalmente o Sr Ênio Padilha Filho como gestor/fiscal do contrato, conforme disposição contida no item 9.2 do contrato (fls. 35, anexo 1), o responsável veio a exercer efetivamente tal atribuição, tendo em vista ter atestado diversas notas fiscais expedidas pela empresa Exemplus, dentre elas as

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relativas à ocorrência questionada no item 1.7.1.3.1 do Acórdão 650/2010-TCU-Plenário, tal como por ele reconhecido em depoimento à comissão sindicante instituída no âmbito do CONFEA (fls. 15 e 20/25, anexo 3).

20. Portanto caberia ao Sr. Ênio Padilha Filho, na qualidade de fiscal do contrato, verificar se os serviços prestados pela Exemplus se deram de forma satisfatória e em consonância com os termos contratualmente estabelecidos, promovendo o atesto e liberação das notas fiscais para pagamento apenas quando cumpridas todas as condições pactuadas. É o que dispõe o item 12.4 do contrato (fls. 36, anexo 1).

21. Em existindo erro na nota fiscal ou circunstância que impedisse a liquidação da despesa, nos termos do item 12.5 do contrato (fls. 36, anexo 1), caberia ao responsável a sua devolução à contratada, ficando o prazo para pagamento suspenso até a regularização da pendência.

22. Todavia, como por ele admitido em esclarecimento prestado à comissão de sindicância, atestou as notas fiscais ‘como uma formalidade a ser atendida pela área que respondia (GME)’, denotando a ausência de compromisso com a regularidade dos serviços prestados e dos pagamentos deles decorrentes.

23. Entendemos que, ao receber as notas fiscais devidamente atestadas, ou seja, com a suposta confirmação da regularidade dos serviços prestados, não caberia à Gerência Financeira, na figura do Sr. William Kuhlmann, proceder à nova verificação, por meio do confronto entre a descrição inserta no documento fiscal e os termos do contrato, por ensejar retrabalho (tornando desnecessária a figura do fiscal) e assunção de atribuições fora de sua competência.

24. Tal se mostra mais evidente se considerarmos o volume de documentos que certamente transita pelo setor financeiro da autarquia, envolvendo pagamentos de diferentes naturezas, inviabilizando a análise pormenorizada da execução do contrato. Para tal atribuição é que a Lei de Licitações prevê, expressamente, que a execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada pelo representante da Administração especialmente designado para esse fim (art. 67).

25. Julgamos que, ao Gerente Financeiro, caberia verificar a regularidade da documentação apresentada – e não dos serviços - para fundamentar os pagamentos requeridos. E foi exatamente nesse sentido o pronunciamento do Sr. William Kuhlmann, consignando que ‘a documentação que dá suporte ao pagamento [saldo do empenho, certidões negativas válidas, notas fiscais atestadas, retenção de tributos] está em consonância com o que dispõe o contrato’.

26. Salientamos, ainda, que o pronunciamento do Sr. William Kuhlmann (fls. 82/83, anexo 3, do TC 028.124/2009-5) contou com o ‘de acordo’ do responsável pela CINT, Sr. José Paulo Pinto Gonçalves, que se manifestou acerca da documentação que fundamentou o pagamento, conforme atribuição prevista na Portaria-AD 029, de 20 de fevereiro de 2008 (fls. 25/36, anexo 2, TC 028.124/2009-5). As irregularidades tratadas no âmbito destes autos foram detectadas pela mesma CINT, e relacionadas no Parecer 04/2009-CINT, de 30/6/2009 (fls. 30/33, anexo 2, TC 028.124/2009-5). Todavia, tal se deu por meio de posterior análise acurada da execução do contrato, dentro das atribuições daquela Controladoria.

27. Em face de todo o exposto, entendemos que possam ser acolhidas as justificativas prestadas pelo Sr. William Paes Kuhlmann, com exclusão de sua responsabilidade.

- Proposta de Encaminhamento:28. Ante todo o exposto, divergindo em parte da proposta contida na instrução de fls.

45/47, volume principal, propomos, especificamente em relação ao Sr. William Paes Kuhlmann, que sejam acolhidas suas alegações de defesa quanto às irregularidades consignadas nos itens 1.7.1.1.1, 1.7.1.2.1 e 1.7.1.2.3 do Acórdão 650/2010-TCU-Plenário, com julgamento pela regularidade das suas contas, com fundamento nos art. 1º, inciso I, e 16, inciso I, da Lei 8.443/92.”

5. Em seguida à anuência conferida pelo titular da 1ª Secex, os autos foram encaminhados ao Ministério Público, tendo aquele órgão aprofundado o reexame da matéria, apresentando parecer nos seguintes termos:

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“Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial constituída a partir de Denúncia formulada ao TCU em face de supostas irregularidades verificadas em contratações promovidas pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – Confea, apuradas nos autos do TC-028.124/2009-5.

O Plenário do Tribunal, mediante o Acórdão 650/2010 (alterado pelo de nº 915/2010), determinou as citações de diversos responsáveis do Confea em solidariedade com a empresa Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., em função de pagamentos indevidos verificados no âmbito do contrato firmado em 11.04.2008, que tinha por objeto ‘a prestação de serviços de planejamento, organização, execução e acompanhamento de eventos que poderão ser realizados em qualquer município da Região Centro-Oeste do Brasil, atendendo os interesses do Confea. (Processo nº 1177/2008)’.

Após a análise das defesas trazidas ao feito, a unidade técnica concluiu remanescer a irregularidade concernente ao pagamento dos serviços de montagem dos estandes em bases contrárias ao que restou estabelecido no próprio contrato. Na avença, restou ajustado entre as partes o pagamento utilizando a unidade de medida ‘m²’, mas, na prática, os pagamentos ocorreram com base na medida ‘m²/diária’, resultando dispêndio a maior pelo Confea.

Em termos mais detalhados, a irregularidade de que resultou o prejuízo ocorreu por se ter atestado que as notas fiscais 277, 299, 300, 312 e 313 estavam em consonância com o contrato, cobrando diárias de montagem de estandes e de piso de acordo com a quantidade de dias de duração do evento, em desacordo com o previsto nos itens 169, 170 e 179 da Planilha de Custos do Contrato firmado entre o Confea e a empresa Exemplus Ltda., que determinavam o pagamento por m2.

Assim, a 1ª Secex propôs fossem julgadas irregulares as contas do Sr. Ênio Padilha Filho, por ter atestado diversas notas fiscais em desconformidade com o ajustado entre as partes, e do Sr. William Paes Khulmann, por não ter verificado a regularidade do atesto retromencionado, condenando-os, em solidariedade com a empresa contratada, ao pagamento do débito apurado. Sugeriu, ainda, fosse aplicada a multa do art. 57 da Lei 8.443/92.

Em manifestação anterior anuí parcialmente à proposição aduzida, por considerar que também deveriam responder solidariamente pelo dano o Superintendente da Secretaria de Administração e Finanças – SAF, o Controlador Interno e o Presidente em exercício, Srs. Humberto de Oliveira Campos, José Pinto Gonçalves e Ricardo Antônio de Arruda Veiga, respectivamente.

Tal compreensão fundou-se na existência de documento preparado pelo Gerente Financeiro, Sr. William Paes Khulmann, e pelo Superintendente da SAF, Sr. Humberto de Oliveira Campos, e que recebeu o ‘de acordo’ do Sr. José Paulo Pinto Gonçalves, Controlador Interno, e a autorização para pagamento do Presidente em exercício, Sr. Ricardo Antônio de Arruda Veiga. Nele se indicava que a documentação relativa à execução do contrato dava suporte ao pagamento e estava em consonância com o que dispunha o ajuste firmado entre as partes.

Os presentes autos retornam ao Ministério Público em face dos novos elementos apresentados pelo Sr. William Kuhlmann, Gerente Financeiro do Confea (documentação constante das fls. 01/34 do anexo 3 e 01/02 do anexo 4).

Ao apreciá-los, a unidade técnica revê sua proposição, para, agora, acolher a defesa do responsável, o que faz apoiado nos argumentos exarados pela Diretora da 3ª Divisão, em seu parecer de fls. 55/59 do v. principal.

Em reapreciação do feito, à luz dos elementos a ele colacionados, tenho nova compreensão acerca da responsabilização dos envolvidos.

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No plano jurídico, é sempre bom recordar que a responsabilidade apurada no processo de controle externo, a cargo da Corte de Contas, é de natureza subjetiva. Em outra linguagem, é necessário que a conduta tenha se revelado culposa ou dolosa, com o estabelecimento do nexo causal entre o ato praticado e o resultado.

Enquanto no dolo há a intenção de alcançar o resultado nocivo, na culpa tal resultado, embora não desejado pelo agente, ocorre por uma conduta imprópria, seja comissiva ou omissiva. Noutro dizer, há um dever jurídico preexistente que foi descumprido, dever esse que está materializado em uma regra ou um princípio. Imperioso, pois, conhecer as competências e atribuições de cada agente, bem como o contexto no qual o ato foi praticado, a fim de saber qual a conduta exigível do agente, tendo por base o comportamento do homem médio.

No caso vertente, a questão nuclear a ser respondida é a seguinte: caberia ao gerente financeiro do Confea se certificar que o atesto do fiscal/gestor do contrato fora realizado corretamente, procedendo ao confronto das notas fiscais com os termos contratuais?

Ante os elementos juntados aos autos pelo Sr. William Kuhlmann, entre os quais a descrição das competências da Gerência Financeira do aludido Conselho, concluo que a resposta à indagação acima milita em favor do responsável.

De fato, mostra-se coerente e plausível a alegação de que as atribuições da área que gerencia cingem-se a exames de questões eminentemente financeiras do contrato, entre as quais a verificação se o valor estimado dos serviços foi previamente empenhado, se a nota fiscal encontra-se dentro da validade da emissão, se a retenção dos impostos na fonte está correta, se o contratado possui todas as certidões negativas atualizadas. Tal argumentação se ajusta às atribuições da área financeira do Confea, conforme descrição às fls. 33/34 do anexo 2, no normativo que define a estrutura organizacional do Conselho, a teor da Portaria-AD n. 029/2008.

Com efeito, não vejo no elenco das competências da Gerência Financeira atribuição que imponha ou mesmo indique a revisão de atestos de notas fiscais a fim de confirmar se tal procedimento fora adequadamente realizado pela área competente, de acordo com os termos contratuais. Isso evidentemente implicaria extenso retrabalho, com perda de eficiência, máxime considerando a assertiva do responsável de que todos os pagamentos realizados no Conselho, de qualquer natureza, são autorizados pelo Gerente Financeiro. Ao examinar os termos contratuais verifico que o dever de acompanhar e fiscalizar a execução da avença restou induvidosamente previsto em cláusula específica (item 9 e subitens, Anexo 2 do TC-028.124/2009-5, fl. 66), disciplinando que o ajuste seria ‘acompanhado e fiscalizado pela Superintendência de Comunicação e Marketing - SCM, por meio da Gerência de Marketing e Eventos - GME. representando a contratante’. Previa também a nomeação do gestor do contrato, a quem incumbiria a atestação das notas fiscais.

Observo – e dou realce ao fato em face da lógica que o orienta – que o dever de atesto estava a cargo de outra área, que era a área demandante, a Gerência de Marketing e Eventos, comandada pelo Sr. Ênio Padilha Filho. E foi ele quem realizou tal tarefa, mas o fez sem a diligência esperada, pois acabou por afirmar, indevidamente, que os serviços prestados pela Exemplus Ltda. se deram de forma satisfatória e em conformidade com os termos ajustados contratualmente.

Ressalto que pouco importa a ausência da designação formal do Sr. Ênio como fiscal da avença, eis que foi ele quem de fato exerceu essa incumbência, atraindo a responsabilidade pelos erros ali havidos, conforme entendimento do TCU (Acórdão nº 1.231/2004 – Plenário).

Dessa forma, correto o entendimento da 1ª Secex, na abalizada peça da Diretoria da 3ª Divisão, no sentido de que caberia à Gerência Financeira ‘verificar a regularidade da documentação apresentada – e não dos serviços - para fundamentar os pagamentos requeridos’. Ou seja, não era

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exigível da mencionada Gerência que procedesse à nova verificação, por meio do confronto entre a descrição inserta no documento fiscal e os termos do contrato, o que implicaria até mesmo assunção de atribuições fora de sua competência.

Assim, o documento que deu suporte ao pagamento, elaborado pelo gerente financeiro e pelo superintendente da SAF, deve ser compreendido nos limites das atividades dos respectivos setores.

Por coerência lógica, atinente ao plano de atribuições e competências de cada área organizacional, uma vez afastada a responsabilidade do Gerente Financeiro, cumpre também conferir o mesmo tratamento ao coautor do referido documento, bem assim àqueles que a ele emprestaram concordância, no caso o responsável pela Controladoria Interna e pela Presidência do Conselho.

Nessa ordem de fatos e conceitos, penso que a responsabilidade sobre o prejuízo deve recair sobre o fiscal do contrato, Sr. Ênio Padilha Filho, solidariamente com a empresa Exemplus Agência de Viagens Turismo Ltda., com a adoção das medidas sugeridas na instrução de fls. 45/47 (v. principal), com os ajustes assinalados no parecer da Diretora da 3ª Divisão (fl. 59, v. principal).

É a opinião deste representante do Ministério Público junto ao TCU.”

É o relatório.

VOTO

Por meio do Acórdão 650/2010-TCU-Plenário, retificado pelo Acórdão 915/2010-TCU-Plenário, esta Corte de Contas determinou a conversão da denúncia tratada no TC 028.124/20095 em tomada de contas especial. Consequentemente, procedeu-se à citação dos Srs. Ênio Padilha Filho, William Paes Kuhlmann, Humberto de Oliveira Campos, José Paulo Pinto Gonçalves, Marco Túlio de Melo, Ricardo Antônio de Arruda Veiga e da empresa Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., de modo a que se manifestassem sobre supostas irregularidades em contratações realizadas pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).

2. No que tange à primeira irregularidade tratada nos autos (cobrança de valores e quantidades de laudas resultantes de degravações de sessões plenárias da Autarquia em desacordo com o previsto no contrato), verifico que assiste razão à unidade técnica quando propõe o acolhimento das justificativas prestadas pelos responsáveis, uma vez que, conforme apurado, a ocorrência não representou de fato descumprimento das cláusulas contratuais. Entretanto, a falta de especificação prévia do número de caracteres constantes por lauda resultante de degravação denota falha na confecção do instrumento contratual, uma vez que facultou à contratada fixar número diminuto de caracteres por lauda, artificialmente inflando o número final de páginas a serem remuneradas.

3. Não obstante, a 1ª Secex elenca três fatores que desaconselham o prosseguimento na apuração de responsabilidades pela primeira impropriedade detectada, a saber: a diminuta materialidade do dano, o interstício decorrido após a extinção do contrato e a ausência de identificação e citação do responsável direto pela elaboração do contrato. Concordo com a unidade técnica e considero que se deve, no caso concreto, prosseguir no julgamento do feito, expedindo-se cientificação conforme sugerida na instrução.

4. Relativamente ao segundo tópico da Tomada de Contas Especial – qual seja, o pagamento, por critério diverso do consignado em contrato, realizado a título de montagem de estandes –, vislumbra-se ter havido afronta, por parte do responsável pelo monitoramento e ateste da execução

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contratual, dos termos ali avençados. Revelam os cálculos efetuados pela unidade técnica que a alteração no critério de retribuição pelo serviço prestado resultou em pagamento a maior no montante de R$ 86.010,00, quantia correspondente ao débito imputado.

5. Não se encontram, nos autos, razões hábeis a justificar a substituição do critério de remuneração por metragem, segundo previsto pelo contrato em apreço, pela remuneração diária realizada pelo Confea. As alegações inicialmente ofertadas pela empresa Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., representativas dos argumentos trazidos pelos demais responsáveis, foram assim refutadas pela 1ª Secex: o certame não se revestiu de urgência, tendo sido realizado com antecedência de oito meses; a locação de estandes por metros quadrados não seria inviável, havendo numerosos exemplos de contratos com tal característica firmados pelo Poder Público; não foi juntada comprovação de aditivo entre o Confea e a contratada autorizando a alteração de critérios em exame; e o preço fixado por diária não se apresenta inferior, e sim superior, ao praticado no mercado.

6. No atinente à responsabilização pelo dano, entendo que o débito caiba solidariamente ao Sr. Ênio Padilha Filho, fiscal do contrato, e à empresa Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., por terem concorrido direta e decisivamente para os acontecimentos acima: ao fiscal, por não coibir a medição e cobrança dos serviços por critério distinto do previsto no contrato, permitindo a realização de pagamentos indevidos à contratada; à empresa, por haver sido beneficiada com os pagamentos em desacordo com o contrato. Além da condenação desses responsáveis em débito, manifesto-me de acordo com a proposta de aplicação da multa prevista no art. 57 da Lei 8.433/1992.

7. A outro turno, observo que as circunstâncias do presente caso amparam as razões de defesa apresentadas pelo Sr. William Paes Kuhlmann (Gerente Financeiro). Em vista das atribuições do cargo por ele ocupado, não se pode pressupor que aquelas impropriedades ingressaram ou mesmo devessem ter ingressado no plano de conhecimento daquele gestor, eis que a conferência da correta prestação dos objetos contratados desborda das atribuições normativamente a ele cominadas.

8. Acompanho o entendimento do Ministério Público no sentido de que as alegações produzidas pelo Gerente Financeiro aproveitam aos Srs. Marco Túlio de Melo (Presidente do Confea), Ricardo Antônio de Arruda Veiga (Vice-Presidente do Confea), Humberto de Oliveira Campos (Superintendente Administrativo e Financeiro) e José Paulo Pinto Gonçalves (Controlador Interno), isentando-os de responsabilidade pela irregularidade motivadora do débito apurado nestes autos.

Diante do exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à apreciação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de junho de 2012.

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI Relator

ACÓRDÃO Nº 3620/2012 - TCU - 1ª Câmara

1. Processo TC-015.743/2010-1 2. Grupo: I - Classe: II - Assunto: Tomada de contas especial.3. Responsáveis: Ênio Padilha Filho (Gerente de Marketing e Fiscal do Contrato), CPF 342.182.549-15; William Paes Kuhlmann (Gerente Financeiro), CPF 242.959.736-53; Humberto de Oliveira Campos (Superintendente Administrativo e Financeiro), CPF 090.122.496-00; José Paulo Pinto Gonçalves (Controlador Interno), CPF 105.497.650-34; Marco Túlio de Melo (Presidente do Confea),

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CPF 130.866.186-04; Ricardo Antônio de Arruda Veiga (Vice-Presidente do Confea), CPF 032.407.038-15; Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., CNPJ 02.977.786/0001-274. Unidade: Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - Confea.5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral, Dr. Lucas Rocha Furtado.7. Unidade técnica: Secex-1.8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial originária da conversão

do TC 028.124/2009-5, reportando irregularidades em contratações realizadas pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea),

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de 1ª Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 julgar regulares, com quitação plena, as contas dos Srs. William Paes Kuhlmann, Marco Túlio de Melo, Ricardo Antônio de Arruda Veiga, Humberto de Oliveira Campos e José Paulo Pinto Gonçalves, com espeque nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, ambos da Lei 8.443/1992;

9.2. julgar irregulares as contas do Sr. Ênio Padilha Filho, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “c”, 19 e 23, inciso III, da Lei 8.443/92, condenando-o, solidariamente com a empresa Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., ao pagamento da quantia de R$ 86.010,00, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - Confea, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora calculados a partir de 19/12/2008 até a data do efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor;

9.3. aplicar ao Sr. Ênio Padilha Filho e à empresa Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., com base no art. 57 c/c art. 19, caput, da Lei 8.443/1992, multa individual no valor de R$ 6.000,00, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante este Tribunal, nos termos do art. 214, inciso III, alínea “a”, do RI/TCU, o recolhimento das referidas quantias ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do presente acórdão até as datas dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

9.4. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/92, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;

9.5. cientificar o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - Confea de que:9.5.1. a ausência de parâmetros mínimos para possibilitar a efetiva fiscalização da execução do

item 32 da planilha de preços do contrato decorrente do Processo 1177/2008, firmado com a empresa Exemplus Agência de Viagens e Turismo Ltda., considerando a não especificação da quantidade mínima de caracteres por lauda de degravação, ensejou a prestação de serviços de forma desvantajosa para a Autarquia; e

9.5.2. resta pendente de cumprimento o item 1.6.3 do Acórdão 650/2010-TCU-Plenário (alterado pelo Acórdão 915/2010-TCU-Plenário), que determinou ao Confea o encaminhamento ao Tribunal de Contas da União do relatório final da Sindicância instaurada pela Portaria AD 410, de 26/10/09, assim que finalizado, e

9.6. determinar à Secex-1 que apure a situação atual da Sindicância mencionada no item 9.5.2 acima e, caso aquele procedimento apresente indícios de irregularidades materialmente relevantes e diversas das tratadas no presente processo, represente a este Tribunal.

10. Ata n° 21/2012 – 1ª Câmara.11. Data da Sessão: 26/6/2012 – Ordinária.

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12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-3620-21/12-1.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (na Presidência), José Múcio Monteiro e Ana Arraes.13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator).13.3. Ministro-Substituto presente: Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)WALTON ALENCAR RODRIGUES

(Assinado Eletronicamente)AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

na Presidência Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)MARINUS EDUARDO DE VRIES MARSICO

Procurador

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