33
CAPACIDADE TRANSFORMATIVA E ADOÇÃO DE POLÍTICAS DE INCLUSÃO PRODUTIVA: UMA ANÁLISE PARA OS MUNICÍPIOS BRASILEIROS Beatriz Reis 1 Dr. Adilson Giovanni 2 Resumo Apesar de a literatura de capacidade estatal defender a importância da Capacidade transformativa para o desenvolvimento econômico não foram encontrados estudos que buscassem identificar se os municípios brasileiros exibem essa capacidade. Esse estudo contribui para o avanço da temática por meio do desenvolvimento de um Índice de Capacidade Transformativa para os municípios brasileiros. Ferramentas de análise descritiva de dados e a estimação de cinco regressões Probit e uma regressão por Mínimos quadrados Ordinários são utilizadas para caracterizar o comportamento desse índice ao longo dos municípios e identificar os fatores que influenciam na sua presença. Os resultados encontrados evidenciam o caráter ainda incipiente do desenvolvimento de capacidades estatais em âmbito municipal. Parte significativa dos municípios não apresenta Capacidade transformativa, sendo essa observada com mais frequência nos municípios das Regiões Sul e Sudeste do país. Os testes estatísticos realizados mostram que a Capacidade transformativa é realmente uma capacidade a parte das demais, as quais podem ser definidas como capacidades habitadoras, visto que contribuem para o desenvolvimento dessa capacidade. Palavras-chaves: Capacidade transformativa. Política industrial. Municípios. Brasil Abstract Although the literature on state capacity defends the importance of transformative capacity for economic development, no studies were found that sought to identify whether Brazilian municipalities exhibit this capacity. 1 Graduanda em Administração pública, Centro de Educação Superior da Foz do Itajaí, UDESC. Email: [email protected] 2 Professor, Curso de Administração pública, Centro de Educação Superior da Foz do Itajaí, UDESC. Email: [email protected]

 · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

CAPACIDADE TRANSFORMATIVA E ADOÇÃO DE POLÍTICAS DE

INCLUSÃO PRODUTIVA: UMA ANÁLISE PARA OS MUNICÍPIOS

BRASILEIROS

Beatriz Reis1

Dr. Adilson Giovanni2

Resumo

Apesar de a literatura de capacidade estatal defender a importância da Capacidade transformativa para o desenvolvimento econômico não foram encontrados estudos que buscassem identificar se os municípios brasileiros exibem essa capacidade. Esse estudo contribui para o avanço da temática por meio do desenvolvimento de um Índice de Capacidade Transformativa para os municípios brasileiros. Ferramentas de análise descritiva de dados e a estimação de cinco regressões Probit e uma regressão por Mínimos quadrados Ordinários são utilizadas para caracterizar o comportamento desse índice ao longo dos municípios e identificar os fatores que influenciam na sua presença. Os resultados encontrados evidenciam o caráter ainda incipiente do desenvolvimento de capacidades estatais em âmbito municipal. Parte significativa dos municípios não apresenta Capacidade transformativa, sendo essa observada com mais frequência nos municípios das Regiões Sul e Sudeste do país. Os testes estatísticos realizados mostram que a Capacidade transformativa é realmente uma capacidade a parte das demais, as quais podem ser definidas como capacidades habitadoras, visto que contribuem para o desenvolvimento dessa capacidade.Palavras-chaves: Capacidade transformativa. Política industrial. Municípios. Brasil

Abstract

Although the literature on state capacity defends the importance of transformative capacity for economic development, no studies were found that sought to identify whether Brazilian municipalities exhibit this capacity. This study contributes to the advancement of the theme through the development of a Transformative Capacity Index for Brazilian municipalities.Descriptive data analysis tools and the estimation of five Probit regressions and an Ordinary Least Squares regression are used to characterize the behavior of this However, no studies were found that sought to identify whether Brazilian municipalities exhibit this capacity index across municipalities and to identify the factors that influence the your presence. The results found show the still incipient character of the development of state capacities at the municipal level. A significant part of the municipalities does not have transformative capacity, which is most frequently observed in the municipalities in the South and Southeast regions of the country. The statistical tests carried out show that the transformative capacity is really a capacity apart from the others, which can be defined as inhabiting capacities, since they contribute to the development of this capacity.Keywords: Transformative capacity. Industrial policy. Municipalities. BrazilJEL: L52, L53, O25Area de interresse: 02 – Desenvolvimento econômico

1Graduanda em Administração pública, Centro de Educação Superior da Foz do Itajaí, UDESC. Email: [email protected] Professor, Curso de Administração pública, Centro de Educação Superior da Foz do Itajaí, UDESC. Email: [email protected]

Page 2:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

1. INTRODUÇÃO

A literatura de capacidade estatal (Painter & Pierre, 2005) exibe uma discussão abrangente sobre os instrumentos que o Estado pode utilizar e a forma como ele deve atuar, argumentando que os governos possuem um modus operandi que pode ser discriminado em diferentes dimensões (Grindle, 1996; Grin, 2012; Marenco, 2017). Para além de uma administração insulada e autônoma (Weber, 1984), o estado deve desenvolver capacidades de diálogo a sociedade, desenvolvendo instituições voltadas para a transformação na estrutura produtiva (Skocpol, 1985; Evans, 1993; Gomide & Boschi, 2016).

A presença de capacidades estatais relacionadas à promoção do desenvolvimento econômico se mostra de especial relevância (Evans, 1993). Essa capacidade, assume função orientadora, visto que complementa, coordena e direciona os esforços privados, contribuindo para o desenvolvimento econômico (Evans, 2004; Furtado & Almeida, 2009; Dathein & Pereira, 2016). O termo “Capacidade transformativa” foi proposto originalmente por Evans (1995), sendo mobilizado para explicar o contributo dos Estados industrializados para a promoção de mudanças estruturais e da industrialização.

Apesar de Evans (1995), Weiss (1998) e Cingolani et al. (2013) terem aprofundado a discussão sobre a Capacidade Transformativa, argumentando que a análise do nível de intervenção do estado não é capaz de identificar a sua real capacidade de contribuição para o desenvolvimento produtivo, se observa uma carência de estudos sobre o tema. No decorrer da revisão de literatura não foram encontrados estudos que buscassem mensurar a capacidade transformativa exibida por municípios e/ou regiões específicas do Brasil. Justifica-se, portanto, a realização desse estudo, que se propõe a avançar na discussão referente à presença de capacidades estatais voltadas para a transformação na estrutura produtiva nos municípios.

Mais especificamente, esse estudo possui quatro objetivos: 1. instigar a discussão sobre a necessidade de adoção de políticas públicas que busquem promover o desenvolvimento de capacidades transformativas em âmbito municipal; 2. identificar as capacidades possuídas pelos municípios brasileiros, voltadas para a transformação na estrutura produtiva; 3. desenvolver um indicador de capacidade transformativa para os municípios; e, 4. identificar os fatores que influenciam na presença dessa capacidade.

Esses objetivos são alcançados por meio da realização de uma análise descritiva dos dados e da elaboração de um Índice de Capacidade transformativa com base em dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic.) de 2015 e 2018. O Teste Q de Yule, o coeficiente de correlação e a estimação de uma regressão pelo Método de Mínimos Quadrados ordinários e cinco regressões Probit são utilizados para identificar o comportamento e os fatores que influenciam na presença de capacidade transformativa em âmbito municipal.

Além dessa introdução, o artigo apresenta mais quatro seções. A seção 2 revisa a literatura especializada no tema, com ênfase ao modelo burocrático proposto por Weber e ao conceito de capacidades estatais. A seção 3 discorre sobre os métodos e procedimentos utilizados. A seção 4 exibe os resultados encontrados. Finalmente, a seção 5 realiza algumas considerações finais.

Page 3:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

2. MARCO TEÓRICO

2.1 De Weber às dimensões da capacidade estatal

A defesa do Estado como ator responsável por promover políticas de transformação produtiva passa pelo conceito de burocracias estatais, proposto por Weber (1984). Segundo Weber, a burocracia profissional deve estar fundamentada em dois pilares: 1. o recrutamento meritocrático e a definição de carreiras profissionais de longo prazo, e; 2. o seguimento de um conjunto de protocolos e regras previamente definidas, tais como: escrita, hierarquia e impessoalidade, necessarios para garantir a redução na discricionariedade e a impessoalidade nas ações e decisões do funcinalismo público. Esses fatores são requeridos para a ampliação na eficiência e para a tomada de decisões com base em discernimentos de ordem técnica (Marenco, 2017).

A burocracia deve ser composta apenas por cidadãos que possuem qualificação técnica, atualização profissional e conhecimento das regras. Contratados para a execução de funções pré-definidas em troca de uma recompensa monetária estipulada de acordo com o cargo ocupado. Esse conjunto forma a administração burocrática, sendo a composição da estrutura uma questão central, visto que deve existir elevada subordinação à hierarquia (Weber, 1984).

A litratura sobre as características assumidas pelo aparato administrativo estatais exibe lonjeva discussão sobre a presença de capacidades estatais (state capacities) e a efetividade do estado na consecução de políticas, derivando diferentes definições para o conceito de capacidades estatais. Tilly (2007), por exemplo, a define como a capacidade dos agentes estatais em intervir e promover a alteração na distribuição de recursos não estatais. Para Marenco (2017, p. 1027), capacidades estatais se relacionam ao fato de que para executar as suas funções as “organizações estatais precisam dispor de agentes dispostos a empregar meios como coerção, decisões, regulamentos, procedimentos, leis, informação, ainda que isto resulte em alterar prerrogativas, status, renda ou propriedade previamente atribuídos.”

Já para Gomide, Silva e Pires (2014) as capacidades estatais podem ser discriminadas em duas dimensões ou gerações de análise: uma primeira geração, com uma abordagem mais abrangente, e uma segunda geração, que recorre a uma abordagem mais micro.

Em um nível mais abrangente, o conceito remete à criação e à manutenção da ordem em um território, o que requer, por sua vez, medidas para a proteção de sua soberania, como instituir leis (capacidade legislativa), cobrar impostos (capacidade extrativa), declarar guerras e administrar um sistema de justiça (capacidade coercitiva). Ainda nesta dimensão, subentende-se a capacidade de produzir decisões (sobre leis, impostos, guerras etc.), a qual pode ou não se dar a partir de procedimentos amplamente aceitos pela população-membro deste Estado. (Ibid., 2014, p. 236)

Essa definição evidencia a relevância da construção e fortalecimento dos aparatos estatais (state-building) e a importância da liberdade do Estado frente aos interesses dos atores econômicos e sociais. Essa abordagem considera que as capacidades estatais estão vinculadas ao desenvolvimento do Estado e à capacidade desse em definir as direções que devem ser seguidas pela sociedade (Ibid., p. 236).

Em contrapartida, a abordagem micro discorre sobre a dotação das condições e instrumentos necessários à consecução dos objetivos perseguidos pelo Estado, por meio da elaboração de políticas públicas, como o fornecimento de bens e serviços. Essa abordagem é referenciada pela literatura especializada com “os atributos que

Page 4:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

caracterizam o Estado em ação – isto é, que permitem a identificação de problemas, a formulação de soluções, a execução de ações e a entrega dos resultados”, o que demanda a presença de “atores, instrumentos e processos que, coordenados, resultam em políticas públicas de desenvolvimento” (Ibid., p. 236).

Skocpol (1985) recorre a Weber para definir o Estado como um ator independente, discriminando os conceitos de autonomia e capacidade estatal. A autonomia identifica a liberdade do Estado para formular políticas e buscar objetivos próprios, independentes dos interesses dos grupos sociais. Já a capacidade estatal é a dotação das condições necessárias para que o Estado consiga implementar essas políticas. Essas capacidades são mutáveis, sendo o Estado capaz de realizar políticas eficientes em alguns setores e não em outros.

A importância da autonomia do Estado é defendida por Weber (1984), que argumenta que apenas ao estado é facultado o monopólio do uso legítimo da coerção física para alcançar objetivos sem ceder à pressão de grupos sociais organizados. Essa aptidão única do estado em perseguir metas e objetivos sem se deixar influenciar pelos interesses é especialmente defendida por Skocpol (1979, 1985), que se mostra favorável à presença de uma burocracia adequadamente insulada como elemento indispensável à dotação do Estado das condições necessárias à consecução de políticas de desenvolvimento de forma autônoma, inclusive em oposição aos interesses dos grupos organizados da sociedade.

Evans (1995) ressalta que a presença de uma burocracia weberiana resulta em ação coerente e coesa, possibilitando a eficiente implementação de políticas voltadas à transformação econômica. Ele argumenta que o conceito de capacidade estatal não pode se limitar à construção de uma burocracia racional, qualificada e autônoma. Para além de autonomia, o corpo burocrático do Estado deve ser imbuído de capacidade de relacionamento, criando conexões entre as instituições privadas para juntos alcançarem um significativo avanço econômico (Evans, 2004).

“Na competência e na coesão interna da burocracia estatal residiria a condição que impediria que ela fosse capturada por interesses particularistas em sua relação com o setor privado.” (Gomide; Silva, & Pires, 2014, p. 22). Daí deriva o conceito de Autonomia Inserida (embedded autonomy), proposto por Evans (1993), e definida como “uma combinação aparentemente contraditória entre isolamento burocrático weberiano e inserção intensa na estrutura social circundante.” (Evans, 1993, p.122).

O conceito de “poder infraestrutural”, proposto por Mann (1984), caminha no mesmo sentido, defendendo o estabelecimento de uma relação de cooperação entre os cidadãos e seus governos. A implementação de políticas nos estados democráticos contemporâneos se encontra estreitamente vinculada à capacidade deste em interagir com os cidadãos e disponibilizar os serviços sociais básicos.

O Estado se encontra inserido em uma complexa teia de relações com atores sociais que recorrem a ele para auferir benefícios próprios. A autonomia possibilitada por uma burocracia weberiana o habilita a formular e perseguir objetivos próprios, voltados para a transformação na estrutura produtiva (Evans, 2004). O termo “Capacidade transformativa” é mobilizado por Evans (1995) para evidenciar a importância da atuação proativa do Estado voltada para a promoção de mudanças estruturais e industrialização. Mais recentemente, Evans (2010) recorre à Sen (2000) para expandir o conceito de autonomia inserida, defendendo que o estado também deve se relacionar com os demais grupos da sociedade e não apenas com os grupos empresariais. A capacidade do estado em formular políticas públicas depende da sua aptidão em mobilizar os diferentes grupos sociais para a promoção do desenvolvimento social e inclusivo.

Page 5:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

Para Cingolani et al. (2013), a Capacidade transformativa se refere à capacidade do estado em intervir no sistema de produção e moldar a economia. Já Weiss (1998, p. 4) a define como a “capacidade do Estado de se adaptar aos choques e pressões externas, gerando meios sempre novos de governar o processo de mudança industrial”. Defende, portanto, o Estado como responsável pela coordenação da mudança na estrutura produtiva, por meio do direcionamento dos recursos e do incentivo à cooperação entre os atores organizados, se fazendo imperativa a constante mudança e adequação dos instrumentos devido a necessidade de aprendizado institucional e organizacional, incremental e interativo, em resposta à mudança gradual observada no contexto.

Para além da “Capacidade transformativa”, a literatura especializada propõe a existência de diferentes dimensões de capacidades estatais. A análise minuciosa de cada uma foge ao escopo dessa pesquisa. Recomenda-se a leitura Lima e Aguiar (2019) para uma análise mais detalhada.

Cingolani et al. (2013), por exemplo, além da dimensão Transformativa, identifica mais seis dimensões de capacidades estatal, a saber: Coercitiva, decorrente da garantia da ordem pública e da proteção do território; Fiscal, extração de recursos da sociedade para financiar e fornecer bens e serviços públicos; Administrativa, construção de um corpo administrativo para implementação das políticas públicas; relacional, habilidade das burocracias do Estado de se conectar com os diferentes grupos da sociedade; Legal ou regulatória, definição das “regras do jogo” que permeiam as interações entre os atores; e Política, definição da agenda e das prioridades perseguidas.

No decorrer da revisão de literatura não foram encontrados estudos que abordassem a presença de capacidades transformativa para os municípios brasileiros. No entanto, existem alguns estudos que discorrem sobre essa temática mediante uma análise da presença dessa capacidade transformativa em âmbito nacional. Autores como Amsden (2001) e Evans (1995), por exemplo, utilizaram o conceito relacionando-o ao sucesso dos Estados desenvolvimentistas do Leste Asiático. Os países com maior renda tendem a apresentar maior desenvolvimento de modelos weberianos, o que implica em melhores resultados econômicos. O desenvolvimento econômico depende da capacidade do Estado em desenvolver instituições locais, identificar problemas e formular e implementar políticas com essa finalidade (Evans & Rauch, 2014).

Nesse tocante, o conceito de arranjos institucionais se faz contributivo ao identificar as estruturas e ações necessárias para a realização de mediações entre atores da sociedade e o desenvolvimento de mecanismos eficazes de relacionamento nessas negociações, buscando atender as demandas da sociedade por determinadas políticas públicas e cuidando para que o interesse individual de terminado agente ou grupo não prevaleça sobre o bem comum. Realizada essa mediação e definição dos contornos assumidos pela política, os agentes são coordenados e as ações são planejadas para que alcancem os respectivos objetivos. Todo o processo é acompanhado para que se tenha a garantia de plena execução das tarefas e, consequentemente, alcance da meta estabelecida (Stein & Gugliano, 2017).

Cabe a realização de uma distinção entre os conceitos de ambiente institucional e de arranjo institucional. O primeiro se refere à base para a produção e ao conjunto de normas que possibilitam a interação entre os agentes. Já o segundo se refere aos acordos de cooperação ou competição entre agentes específicos para uma determinada situação, considerando um conjunto de fluxos condicionantes que avaliam, por exemplo, a diversidade de organizações governamentais com representação local, postura

Page 6:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

comportamental dos responsáveis, capacidade do governo local em suas ações e as diretrizes da instituição (Silva; Gomide, & Pires, 2014).

Esse conjunto composto pelo ambiente institucional e pelo arranjo institucional visa alcançar a institucionalização, que possui como fundamentos: articular em diferentes cenários, participar e permitir a participação, diversificar atores, descentralizar o poder e desconcentrar as ações. Assim, o ambiente institucional identifica as regras gerais para o funcionamento dos sistemas político, econômico e social. Já os arranjos institucionais se referem às regras específicas e mecanismos adotados pelos atores para seguirem em suas transações econômicas e nas relações políticas individuais, sendo os parâmetros para ação dos arranjos determinados pelo ambiente institucional (Ibid., p. 240).

Deve-se considerar que não existe uma fórmula pronta que estabelece as diretrizes a serem seguidas pelo Estado para alcançar o êxito na elaboração e implementação de políticas. Na realidade se observam diferentes cenários, o que faz de cada caso único, exigindo um planejamento exclusivo (Ibid., p. 240).

Dessa forma, os arranjos institucionais são construídos focando na habilitação da sociedade para dirigir as metas desejadas por ela, como. Por exemplo, temas voltados para a sustentabilidade, oportunidades de crescimento econômico, bem-estar social, liberdade de expressão, entre outros. Esses arranjos incentivam os atores a interagirem através do experimentalismo, expandindo suas capacidades e as adaptando às condições encontradas (Ibid., p. 242).

Vale salientar a importância dos arranjos institucionais para se alcançar a implementação de políticas industriais e o desenvolvimento econômico, pois esses possibilitam que os atores estatais e não-estatais negociem entre si, formulem objetivos e tenham suas ações coordenadas para garantir um bom andamento no processo de implementação. Destaca-se também a necessidade de institucionalizar tais espaços para que haja transparência e debate público, alinhando as expectativas dos atores econômicos. Portanto, fica evidente a necessidade de capacidades políticas para que o desenvolvimento do regime democrático seja de fato alcançado (Stein & Gugliano, 2017).

2.2 Políticas industrial e de desenvolvimento A literatura econômica exibe uma discussão consolidada sobre os instrumentos e

mecanismos a disposição dos gestores públicos, voltados para a transformação na estrutura produtiva. A política industrial é um tema controverso, não existindo um consenso na literatura econômica de que o governo deve intervir na esfera produtiva. Em especial, a adoção de políticas de promoção do desenvolvimento contraria a Teoria das Vantagens Comparativas (TVC), proposta por David Ricardo, de acordo com a qual cada país deve se especializar na produção dos bens em que apresenta maior produtividade, recorrendo ao comércio internacional para adquirir os demais bens.

Os autores neoliberais entendem que a política industrial é desnecessária e indesejável, pois distorce os preços definidos de forma eficiente por meio da livre alocação dos recursos, realizada pelas forças de mercado. A intervenção do estado é aceitável apenas quando há falhas de mercado que levam a condutas não competitivas, sendo necessário minimizar o protecionismo e a intervenção estatal. A intervenção estatal é vista como uma fonte de geração de ineficiência e perda de bem estar social, sendo a realização de políticas industriais desnecessário e indesejável, dada a superioridade do mercado em termos de capacidade de orientação dos investimentos (Furtado & Suzigan, 2006).

Page 7:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

Os autores favoráveis à realização de políticas voltadas para a transformação na estrutura produtiva, por seu turno, argumentam que nem sempre a competição é livre, nem todos os consumidores possuem as informações necessárias, podendo ocorrer falhas de mercado. Esses fatores dificultam a tomada de decisões podendo gerar perda de bem estar social, sendo necessária a intervenção do estado (Furtado & Suzigan, 2006).

Furtado e Suzigan (2006) mostram que a política industrial tem seu foco voltado para o incentivo à indústria, entendendo que, com o apoio adequado, ela pode colaborar diretamente para o avanço econômico. Essa política é definida como proveniente de esforços unidos de diferentes setores para entender o avanço tecnológico e estar à frente dos seus efeitos econômicos, sendo também um meio de avaliar a importância científica e econômica de determinado governo. A implementação dessa política demanda boa articulação entre normas, regulamentações e instrumentos, para criar um padrão de incentivos econômicos, restringir certas ações, organizar externalidades, buscar lucro, promover desempenho e a competitividade, o que demanda capacidade de planejamento do estado e de elaboração e execução de políticas industriais.

Todos esses pontos se resumem em comando político e coordenação. A adoção de políticas industriais remete, sobretudo, a decisões políticas, comandadas por uma liderança incontestável para que a sua adoção seja assegurada. Além de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização do desenvolvimento econômico e social (Suzigan, 2017).

Políticas industriais, identificadas como políticas de incentivos setoriais, são adotadas por muitos países como ferramenta para incentivar a inovação, a pesquisa e o desenvolvimento. Na promoção do desenvolvimento, o estado deve: garantir a estabilidade macroeconômica; provisionar uma visão de futuro; coordenar a sociedade na promoção dos investimentos; construir instituições e administrar conflitos (Chang, 2004).

Uma questão crítica na adoção dessas políticas é que elas geralmente são direcionadas para setores específicos, mais sofisticados em termos tecnológicos. Porém, para se conseguir uma boa aceitação em uma sociedade democrática se faz necessário que setores tradicionais também sejam contemplados. Essa exigência nem sempre é atendida, pois não raro se faz necessário algum grau de escolha de vencedores e de favorecimento das empresas nacionais (Almeida, 2009).

Apesar de reconhecer a importância dos setores tradicionais, a política industrial deve priorizar os novos setores, pois do contrário pode implicar no incentivo recorrente aos mesmos setores, prejudicando a competitividade nacional a longo prazo. Assim como o capitalismo é fluido e dinâmico, caracterizado pelo surgimento de novas atividades produtivas, a política e as instituições voltadas para a promoção da indústria também precisam ser capazes de se adaptar às mudanças e a necessidade de incentivar os setores incipientes, sob o risco de o estado reproduzir e ampliar um quadro estagnante em termos de crescimento econômico (Arthur, 1990). Evidencia-se, portanto a necessidade de se adaptar o arranjo institucional a um ambiente institucional em constante mudança (Silva; Gomide, & Pires, 2014). Sobretudo, o estado e as instituições responsáveis pela política industrial não podem se deixar ser capturados pelos interesses de grupos privados (Evans, 2004).

Independente da forma como essas políticas sejam implantadas, existem alguns princípios que devem ser respeitados para se chegar à resultados satisfatórios. Elementos como ênfase à política de câmbio, controle de inflação, direito de propriedade bem definidos, sustentabilidade fiscal, exigências de desempenho,

Page 8:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

avaliações, prestação de contas e retirada de apoios em caso de fracasso (Pereira & Dathein, 2016).

Sobretudo, a política industrial deve ser vista como um instrumento de coordenação do Estado para garantir maior eficiência produtiva. Toda política industrial precisa ser uma ação planejada, pois traz benefícios e custos. Sua implementação está fortemente relacionada a questões econômicas, políticas e institucionais e, se bem conduzida, pode colaborar para o desenvolvimento do país. O Estado, sendo o principal responsável por impulsionar o desenvolvimento econômico, deve dispender esforços para desenvolver os setores industriais considerados estratégicos e capazes de promover o crescimento e o desenvolvimento econômico. As políticas desenvolvimentistas conectam o Estado e a sociedade civil aos grupos industriais, visando formular ações que contribuam para o desenvolvimento econômico (Pereira & Dathein, 2016).

Evans (2004) discute quais ações poderiam ser tomadas pelo Estado para alcançar esse desenvolvimento de forma eficiente, defendendo que os Estados são instituições e atores sociais que possuem poderes, sendo capazes de determinar a direção das mudanças econômicas e sociais. Algumas ações a cargo do estado são: incentivar o setor privado a investir em setores nos quais ele não possui interesse de forma isolada; investimento em áreas que não registram atuação e interesse de empresas privadas; regulamentação de setores privados e concessão de suporte e estímulo para os novos investimentos em áreas ainda não exploradas.

Já a Política de inovação abrange os incentivos que por meio de diferentes instrumentos possibilitam a inovação de produtos e processos, aperfeiçoamento de projetos; design organizacional e até mesmo de produtos que já se encontram no mercado. Segundo Freeman e Soete (2008), no decorrer da história, o termo inovação exibiu significados distintos, a depender do contexto. No campo econômico se trata das novidades trazidas pelas empresas e apoiadas pelas instituições públicas.

A inovação traz consigo uma constante processo de destruição criadora, possuindo uma natureza incerta. Justamente devido a essa incerteza que as empresas necessitam de apoio governamental para lançá-las ao mercado. Na ausência desse apoio a grande maioria das empresas preferem não se arriscar. Assim, a inovação é especialmente sensível ao apoio estatal. A redução da incerteza, promovida pelo estado, surte efeitos positivos, estimulando a iniciativa privada a inovar, implicando em importantes ganhos econômicos (Freeman & Soete, 2008).

Um dos pontos comuns às diferentes políticas voltadas para o desenvolvimento produtivo é a capacidade de coordenação e articulação. A coordenação realizada pelo Estado se faz necessária porque muitas políticas envolvem questões complexas; com elementos explícitos e implícitos; diferentes atores envolvidos que exigem processos minuciosamente pensados; questões sociais e econômicas; planejamento estratégico e inquestionável implementação para dar certo. Sem uma boa coordenação dessas etapas, dificilmente se obterá êxito na promoção da inovação. Já a articulação é essencial por conta dos diferentes atores públicos e privados envolvidos, movidos por apostas e interesses distintos (Suzigan, 2017).

Nenhum dos dois fatores essenciais citados, conseguem ser executados sem a presença de um administrador público, responsável por intermediar e propiciar um relacionamento harmonioso entre ambas as partes. Esta figura central é responsável por criar o ambiente propício para negociações, se atentar às estruturas necessárias e intermediar durante todo o processo para que a política planejada seja sustentada e tenha capacidade suficiente para obter resultados positivos em sua implementação (Andreoni & Chang, 2019).

Page 9:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

2. MÉTODOS E PROCEDIMENTOSA metodologia utilizada para mensurar a capacidade de intervenção dos

municípios na estrutura produtiva parte da construção de indicadores de capacidade estatal, discriminados de acordo com as dimensões propostas por Cingolani (2013). Os indicadores são construídos por meio da realização de alguns ajustes, dado o objetivo de se construir indicadores capazes de mensurar a presença de Capacidade transformativa em âmbito municipal. De modo que as dimensões sugeridas por Cingolani (2013) são pervertidas, Quadro 1, sendo enviesadas para a construção de indicadores estreitamente relacionados à transformação na estrutura produtiva.

Quadro 1 - Variáveis utilizadas para construir os indicadores de capacidade estatalDimensão Variável Fonte

Capacidade fiscal Cadastro imobiliário Munic 2015Cadastro imobiliário informatizado Munic 2015Município cobra Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU)

Munic 2015

Planta Genérica de Valores (PGV) Munic 2015PGV informatizada Munic 2015Cadastro Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN)

Munic 2015

Cadastro ISSQN informatizado Munic 2015Cobrança de taxa Munic 2015Taxa iluminação pública Munic 2015Taxa coleta de lixo Munic 2015Taxa incêndio ou combate a sinistros Munic 2015Taxa limpeza urbana Munic 2015Taxa poder de polícia Munic 2015Outros tipos de taxas Munic 2015

Capacidade administrativa

Funcionários ativos per capita administração direta Munic 2015Proporção funcionários estatutários Munic 2015Proporção funcionários ensino superior Munic 2015

Capacidade relacional O município faz parte de consórcio público* Munic 2015Capacidade Legal Redução do IPTU Munic 2015

Isenção do IPTU Munic 2015Isenção do ISSQN Munic 2015Isenção de taxas Munic 2015Cessão de terrenos Munic 2015Doação de terrenos Munic 2015Outros Munic 2018

Capacidade política Existência de Arranjo Produtivo Local Munic 2015Outro(s) município(s) participa(m) do Arranjo Produtivo Local

Munic 2015

Município participa Território da Cidadania Munic 2015Capacidade transformativa

Qualificação profissional e intermediação de mão de obra (Inclusão)

Munic 2018

Inclusão produtiva urbana (Urbana) Munic 2018Qualificação profissional e intermediação mão de obra (Qualificação)

Munic 2018

Crédito, microcrédito e seguro (Crédito) Munic 2018Geração de trabalho e renda (Trab-renda) Munic 2018

Fonte: Elaboração própria. *Educação, Saúde, Assistência social, Turismo, Cultura, Habitação, Meio ambiente, Transporte, Desenvolvimento urbano, Saneamento básico, Gestão das águas e Manejo de resíduos sólidos.

Page 10:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

Os indicadores de capacidade estatal são obtidos com base em um procedimento rigoroso, discriminado em duas etapas.

1. Construção de indicadores específicos, mediante a soma das variáveis utilizadas para mensurar cada dimensão de capacidade estatal, c:

V cm=∑i=1

n

X i , cm,

(1)

e linearização dos indicadores construídos, por meio da aplicação do seguinte tratamento algébrico:

I cm=V cm−min (V cm)

Max (V cm)−min (V cm),

(2)

sendo X⊂R a variável i∈ N utilizada para mensurar a presença da capacidade c∈N no município m∈ N ; V cm⊂R o indicador de capacidade c do município m; I cm⊂R o indicador linearizado de capacidade; min (V cm) o menor valor encontrado para a capacidade c ao longo dos municípios e max (V cm) o maior valor encontrado para a capacidade c ao longo dos municípios.

2. Construção do índice de Capacidade transformativa a partir dos indicadores linearizados:

CPm=∑c=1

N

I cm

N

(3)

sendo CPm⊂R o Índice de capacidade transformativa para o município m∈ N e N∈N o número de capacidades existentes.

Todas as dimensões de capacidade estatais são construídas por meio da aplicação desse procedimento, a única exceção se refere ao indicador de capacidade tecno-administrativa, obtido conforme segue:

1. Identificação do número de funcionários ativos na administração direta, Funcionários, per capta:

Fm=Funcionário sm

Populaçã om

(4)

2. Cálculo da proporção de funcionários da administração direta com ensino superior:

Sm=Superio rm

Funcionário sm

(5)

Page 11:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

3. Mensuração da proporção de funcionários estatutários na administração direta:

Em=Estatutário sm

Funcionário sm

(6)

Os indicadores provenientes são somados e linearizados por meio da aplicação das equações (2) e (3).

Construídos os indicadores, o teste Q de Yule e o coeficiente de correlação são utilizados para identificar as associações com as demais variáveis em análise. Ademais cinco modelos Probit, Trab−rend am, Inclusãom, Qualificaçã om, Urban am e Crédit om, respectivamente, equação (7) e uma regressão pelo método de MQO, equação (8), são estimados para identificar os fatores que influenciam na adoção de políticas específicas:

Prob (Y=1)=F ¿, (7)

Transformativ am=γ 0+γ 1Técno−administrativ om+γ 2 Lega lm+γ 3 Fiscalm+γ 4 Relaciona lm+γ 4 Polític om+∑j=1

k

θ j z j+ϵ

, (8)

sendo F ( . ) a função de distribuição normal; β0 , …, β4, que γ0 ,…, γ 4, θ j e α k os parâmetros estimados; xk as variáveis utilizadas para mensurar a capacidade transformativa e z j um vetor de variáveis de controle. As variáveis de controle, Quadro 2, contemplam informações gerais, como a renda per capita e a população do município e informações específicas, como a proporção de funcionários estatutários, a orientação ideológica e a capacidade de arrecadação própria do município.

Quadro 2 – Variáveis de controle discriminada de acordo com a fonte e a sigla utilizadaSigla Variável FontePopulação Número de habitantes Munic. IBGEReceita própria

Receita própria/receita total SICONFI

Taxa de urbanização

População urbana/população total IBGE

Densidade demográfica

População/área IBGE

Proporção votos direita

Proporção de votos no Partido Social Liberal no segundo turno,2018

Supremo Tribunal Eleitoral

Renda per capita

Valor adicionado bruto/população IBGE

Pós-graduação

Funcionários públicos com pós-graduação/total defuncionários

Munic. IBGE

Estatutários Funcionários Estatutários/total de funcionários Munic. IBGEFuncionários Total de funcionários públicos /população Munic. IBGE

Fonte: Elaboração própria

4. RESULTADOS ENCONTRADOS

Page 12:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

As estatísticas descritivas, Tabela 1, mostram que 62% dos municípios brasileiros possuíam Mecanismos de incentivo à implantação de empreendimento em 2015. Dentre esses, 28% recorrem à redução e 40% à isenção de IPTU; 29% isentam os empreendedores de ISSQN e 35% isentam do pagamento de taxas. Ademais, 43% dos municípios cedem terrenos e 40% doam terrenos, sendo que 29% ainda recorrem a outros incentivos para atrair e estimular o surgimento de empresas e estabelecimentos produtivos.

Tabela 1 - Percentual dos municípios que possuem mecanismos de incentivo a implantação de empreendimentos, 2015

Mecanismo

Percentua

l Mecanismos Percentual

Existência 62% Outros 17%

Redução do IPTU 28% Restrição à implantação de empreendimento 25%

Isenção do IPTU 40% Legislação 88%

Isenção do ISSQN 29% Tributação 17%

Isenção de taxas 35% Outro 12%

Cessão de terrenos 43% Indústria 51%

Doação de terrenos 40% Indústria extrativa 34%

Outros 29% Comercial e serviços 35%

Industrial 71% Turismo, esporte e lazer 13%

Comercial e serviços 62% Empreendimento com impacto ambiental 76%

Turismo, esporte e lazer 20% Outros 16%

Agropecuário 24% - -

Fonte: Elaboração própria

Quanto aos empreendimentos beneficiados pelos mecanismos de incentivo, 71% são estabelecimentos industriais; 62%, Comerciais e de serviços; 20%, Turismo, esporte e lazer; 24%, agropecuário e 17% recebem outros tipos de benefícios. Já 25% dos municípios restringem a implantação de empreendimentos. Quanto aos instrumentos de restrição adotados, 88% desses municípios utilizam a legislação; 17% cobram tributos e 12% gravam outras taxas. Em 51% dos municípios esses mecanismos de restrição incidem sobre a indústria de transformação; em 34%, sobre a indústria extrativa; 35%, comercial e serviços; 13%, turismo, esporte e lazer; 76%, empreendimentos com impacto ambiental e 16% sobre outros empreendimentos.

Indagados sobre a adoção de Ações, programas ou projetos de inclusão produtiva para a geração de trabalho e renda, 73% dos municípios (Tabela 2) assentiram positivamente, informando que possuem ações nesse sentido. Em 57% dos municípios o órgão responsável pela adoção dessas ações é a secretaria de agricultura; em 62%, assistência social; 2%, fazenda; 4%, planejamento; 7%, trabalho; 15%, desenvolvimento econômico e em 15%, outro órgão. Destarte, a grande maioria das ações de inclusão produtiva não se encontram relacionadas à indústria e/ou ao desenvolvimento tecnológico, mas ao setor agrícola e a programas de proteção social.

A Tabela 2 mostra que 48% dos municípios brasileiros desenvolvem ações, programas ou projetos de qualificação e de inclusão produtiva urbana. Destes, 69%

Page 13:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

realizam ações de fomento aos empreendimentos individuais urbanos; 64% oferecem qualificação profissional e intermediação de mão-de-obra; 93%, qualificação profissional; 55%, intermediação de mão-de-obra e 87%, ações de mobilização para qualificação profissional.

Tabela 2 - Percentual dos municípios que desenvolve ações, programas ou projetos de qualificação e de inclusão produtiva urbana

IndicadorPercentual

Percentual

Inclusão produtiva urbana 48% Assistência técnico-gerencial 58%Fomento a empreendimentos individuais urbanos 69% Incubação de empreendimentos 25%

Qualificação profissional e intermediação de mão de obra 64% Fomento ao artesanato 83%

Qualificação profissional 93% Doação de equipamentos para o trabalho 33%Intermediação de mão de obra 55%Mobilização para qualificação profissional 87% Ações, programas ou projetos de crédito,

microcrédito e seguro 37%

Fomento a empreendimentos coletivos urbanos 64% Projetos de geração de trabalho e renda 60%

Fonte: Elaboração própria

A pesquisa Munic também mostra que 64% dos municípios possuem ações de fomento a empreendimentos coletivos urbanos (Associativismo, Cooperativismo, Economia Solidária, entre outros); 58%, ações de assistência técnico-gerencial a empreendimentos individuais urbanos; 25%, incubação de empreendimentos; 83% fomento ao artesanato e 33%, doam equipamentos para o trabalho. Ademais, 37% dos municípios realizam ações, programas ou projetos de crédito, microcrédito e seguro e 60% realizam projetos de geração de trabalho e renda.

O Mapa 1 resume as informações apresentadas ao longo das Tabelas 2, 3 e 4, apresentando o número médio de municípios em cada Mesorregião que adotam Ações, programas ou projetos de Inclusão; Qualificação; Urbana e Trab_renda. Exceto pelas políticas de Inclusão produtiva, se observa a predominância em termos de presença dessas ações no cinturão Rio de Janeiro-São Paulo-Paraná-Mato Grosso do Sul e em partes da Região Nordeste.

Inclusão Qualificação

Urbana Trab_renda

Page 14:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

Mapa 1 – Número médio de municípios que adotam Ações, programas ou projetos relacionados à capacidade transformativa, 2018Fonte: Elaboração própria

Grande parte dos municípios, 84%, não possuem gastos declarados na Função industrial, Mapa 2. Os municípios que adotam esses incentivos, estão localizados em grande parte na região Sul do Brasil, destacando-se Santa Catarina e Paraná. Alguns municípios do Sudeste e do Centro-oeste também sobressaem no mapa, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Indústria Ciência e tecnologia

Mapa 2 – Investimentos, função industrial e Ciência e tecnologia, por municípios e em logaritmo, 2018 (R$)Fonte: Adaptado de SICONFI (2018)

Ademais, apenas 3,55% dos municípios possuem gastos em Ciência e tecnologia. Esses municípios estão localizados principalmente nas regiões Sudeste e Sul do país, com menor destaque para a Região Nordeste. Evidencia-se a baixa presença de políticas tecnológicas voltadas para a promoção da sofisticação da estrutura produtiva local.

O Mapa 3 compila o indicador de capacidade de intervenção no domínio produtivo. A Região Sul se destaca das demais, exibindo indicadores elevados, juntamente com São Paulo, Rido de Janeiro e parte do Centro-oeste. A região litorânea

Legenda: Legenda:

Page 15:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

do Nordeste e o Sudoeste paraense também se avultam, apesar de se observar maior proporção de municípios com baixos valores para esse indicador.

Municípios Mesorregiões

Mapa 3 – Capacidade de intervenção no domínio econômico, por municípios e por mesorregiões, 2018Fonte: Elaboração própria

O teste Q de Yule, Tabela 3, evidencia a existência de uma relação positiva forte (>0,7) entre as variáveis Inclusão produtiva; Qualificação; Urbana e Renda. Já a variável Crédito apresenta associação positiva substancial (0,5<Q<0,70) com as demais políticas de intervenção na estrutura produtiva e as variáveis Incentivo e Restrição exibem associação positiva baixa (0,10<Q<0,3) com as demais políticas.

Tabela 3 – Resultados do Teste Q de Yule

Variável

Inclusão

produtiva Qualificação Urbana Crédito Renda Incentivo Restrição

Inclusão produtiva 1,00 0,80 0,78 0,53 0,85 0,17 0,16

Qualificação 0,80 1,00 0,81 0,62 0,78 0,25 0,23

Urbana 0,78 0,81 1,00 0,62 0,82 0,30 0,26

Crédito 0,53 0,62 0,62 1,00 0,64 0,13 0,16

Renda 0,85 0,78 0,82 0,64 1,00 0,19 0,20

Incentivo 0,17 0,25 0,30 0,13 0,19 1,00 0,60

Restrição 0,16 0,23 0,26 0,16 0,20 0,60 1,00

Fonte: Elaboração própria

Esses resultados indicam que a intervenção na estrutura produtiva se encontra interrelacionada. Isto é, os municípios que possuem uma política voltada para o desenvolvimento da estrutura produtiva também tendem a realizarem outras políticas. De modo que o desenvolvimento de capacidades estatais internas aos municípios direcionadas à transformação produtiva tende a propiciar o surgimento de outras políticas com a mesma finalidade.

Page 16:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

A variável que apresenta maior correlação com a intervenção no domínio produtivo, Tabela 4, é o logaritmo do número de habitantes (População), com correlação de 0,31 com a variável Inclusão produtiva; 0,18 com Qualificação; 0,26, Urbana, 0,29, Crédito; e, 0,29, Trab_renda. Em contrapartida, o número de funcionários públicos per capta, Funcionários, -0,18, -0,11, -0,14, -0,23 e -0,20, respectivamente, registra a correlação negativa mais elevada com a realização de políticas públicas.

Tabela 4 – Correlação das políticas de intervenção na estrutura produtiva com variáveis selecionadas, municípios com mais de 15 mil habitantes

Inclusão

Qualificaçã

o Urbana Crédito Trab_renda

População 0,31 0,18 0,26 0,29 0,29

Renda -0,15 -0,06 -0,11 -0,09 -0,12

Agropecuária 0,20 0,15 0,12 0,26 0,20

Indústria 0,22 0,14 0,17 0,25 0,25

Serviços 0,19 0,09 0,15 0,29 0,26

Superior 0,10 0,05 0,07 0,13 0,08

Funcionários per capta -0,18 -0,11 -0,14 -0,23 -0,20

Densidade demográfica 0,18 0,13 0,13 0,19 0,20

Número de funcionários estatutários 0,32 0,19 0,25 0,35 0,33

Receita própria 0,22 0,14 0,13 0,28 0,22

Taxa de urbanização 0,21 0,12 0,12 0,26 0,20

Pós-graduação 0,11 0,07 0,10 0,09 0,07

Fonte: Elaboração própria

As regressões estimadas para o modelo Probit evidenciam que a adoção de Ações, programas ou projetos de geração de trabalho e renda (Trab_renda) é explicada principalmente pela presença de outros programas voltados para o desenvolvimento da estrutura produtiva. Dentre as variáveis que identificam a realização de ações com essa finalidade se destaca a realização de ações de inclusão produtiva (Inclusão), com coeficientes de 0,996; inclusão produtiva urbana (Urbana), com coeficiente de 0,889; qualificação profissional e intermediação de mão de obra (Qualificação), com coeficiente de 0,487; e fomento por meio de crédito, microcrédito e seguro (Crédito), 0,519. As variáveis que identificam o tamanho da população, em logaritmo, 6,040, e o número de funcionários públicos per capita, Funcionários, 0,288, respectivamente, também são significativas ao nível de confiança de 95%, indicando que os municípios maiores e dotados de uma máquina pública mais robusta apresentam maior probabilidade de adoção de políticas voltadas para a estrutura produtiva.

Tabela 1 – Resultados encontrados para os coeficientes estimados, modelo Probit.Variável Trab_renda Qualificação Produtiva Urbana Crédito

Coef.# E.P. ## Coef. E.P. Coef. E.P. Coef. E.P. Coef. E.P.

Trab_renda - - 0,491** 0,087 0,962** 0,09 0,928** 0,084 0,551** 0,087

Inclusão 0,996** 0,092 0,897** 0,09 - - 0,458** 0,097 0,14 0,096

Qualificação 0,487** 0,085 - - 0,848** 0,087 0,57** 0,083 0,389** 0,083

Urbana 0,889** 0,08 0,564** 0,081 0,429** 0,092 - - 0,358** 0,075

Page 17:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

Crédito 0,519** 0,081 0,394** 0,078 0,141 0,089 0,354** 0,072 - -

Pós-graduação 0,176* 0,106 0,102 0,101 -0,195* 0,108 0,115 0,094 -0,115 0,083

Estatutários -0,001 0,001 0 0,001 0,008** 0,003 0,002 0,002

-

0,003** 0,001

Funcionários 6,04** 3,059 -2,24 2,949 1,95 3,235 -0,309 2,836 1,315 2,562

Estatutários (%) -0,106 0,181 -0,06 0,176 0,15 0,188 0,124 0,16 0,191 0,146

Renda -0,052 0,097 0,192** 0,095 0,035 0,106 -0,05 0,087 0,081 0,077

Receita própria -0,01 0,063 0,02 0,06 0,038 0,065 0,147** 0,058 -0,054 0,053

Taxa de

urbanização -0,184 0,237 0,221 0,225

-

0,607** 0,248 0,103 0,219 0,193 0,202

População 0,288** 0,092 0,102 0,088 0,051 0,096 0,035 0,085 0,168** 0,076

Constante

-

3,537** 0,893

-

4,096** 0,871 -1,721* 0,974

-

3,648** 0,806

-

3,038** 0,708

Pseudo R2 0,37 0,31 0,33 0,30 0,13

Breusch-Pagan 2,98

0,084

4 1,88

0,170

1 0,33

0,565

5 3,69

0,054

8 3,47 0,0624

Fonte: Elaboração própria, #Coeficiente estimado, ##Erro padrão. **significativos ao nível de confiança de 95%. Municípios com mais de 15 mil habitantes.

A presença de funcionários públicos com pós-graduação também eleva a probabilidade de adoção de políticas de geração de trabalho e renda. De modo que os resultados corroboram os argumentos de Weber, apesar da capacidade de intervenção do governo na estrutura produtiva ser uma dimensão a parte, ela se encontra relacionada com a presença de uma burocracia estatal mais qualificada.

Os resultados encontrados para as regressões que identificam a adoção de ações de qualificação profissional e intermediação de mão de obra, (Qualificação); inclusão produtiva urbana (Urbana); geração de trabalho e renda (Trab-renda) e crédito, microcrédito e seguro (Crédito) também são explicados pela presença de outras iniciativas de inclusão produtiva, sendo todos os coeficientes estimados significativos e positivos ao nível de confiança de 95%. A única exceção é a presença de políticas de Crédito, cujo coeficiente estimado, 0,192, não é significativo para o modelo que possui a adoção de políticas de inclusão produtiva urbana com variável independente.

Ademais, algumas variáveis se mostram significativas para regressões específicas, demonstrando que o nível de renda do município eleva a probabilidade de adoção de políticas de qualificação profissional e intermediação do mão de obra, 0,192; a maior proporção de funcionários estatutários eleva a probabilidade de adoção de políticas de inclusão produtiva urbana, 0,008, evidenciando a importância da presença de burocracias estatais weberianas (Marenco, 2017; Grin et al., 2018). Já a maior proporção de funcionários com pós-graduação, -0,195, e a maior taxa de urbanização, -0,607, reduzem a probabilidade de políticas de inclusão produtiva urbana. Ademais, a maior proporção de receita própria, 0,147, e a maior população, 0,168, elevam a probabilidade de adoção de políticas de inclusão produtiva urbana e de políticas de crédito, respectivamente.

Já os resultados encontrados para as regressões estimadas por MQO, Tabela 5, demonstram que os coeficientes estimados para os indicadores relacionados as variáveis que mensuram a presença das capacidades estatais são significativos ao nível de

Page 18:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

confiança de 95%, explicando o comportamento apresentado pela Capacidade transformativa. Apenas a Capacidade relacional é significativa somente quando o nível de confiança é relaxado para 90%.

Tabela 5 – Coeficientes estimados por MQO para a Capacidade transformativaVariável Coef. E.P. Variável Coef. E.P.Legal 0,06** 0,02 Receita própria 1,936** 0,739Coordenação - - Taxa de urbanização 1,387 2,48

Capacidade fiscal 0,06** 0,029 Densidade demográfica 0,000 0,001

Capacidade Técnico-administrativa 0,243** 0,068 Proporção votos

direita -12,605** 2,884

Relacional 0,034* 0,02 Renda 1,657 1,021Política 0,045** 0,017 Constante -64,692** 8,546População 5,953** 0,899R2 0,129Breusch-Pagan 5,62 0,018

Fonte: Elaboração própria, municípios com mais de 15 mil habitantes.

Os coeficientes estimados para a População, 5,95; Receita própria, 1,94, e Proporção de votos na direita, -12,60 são significativos. Destarte, municípios maiores, com maior capacidade de arrecadação própria e com orientação ideológica para a esquerda tendem a apresentar maior capacidade de intervenção na estrutura produtiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da literatura de capacidade estatal defender a existência de uma dimensão específica de Capacidade Transformativa, entendida como a aptidão do Estado em intervir e moldar a economia, não foram encontrados estudos que buscassem mensurar a presença dessa capacidade nos municípios brasileiros. Destarte, o objetivo desse estudo é avançar no desenvolvimento de um índice específico que mensure se esses municípios possuem capacidades estatais voltadas para a intervenção no domínio econômico. Ferramentas de estatística descritiva, o Teste Q de Yule, o coeficiente de correlação e a estimação de uma regressão pelo Método de Mínimos Quadrados ordinários e cinco regressões Probit são utilizados para identificar os fatores associados à presença dessa capacidade.

Os resultados encontrados para o índice construído mostram que os municípios que se encontram nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste do Brasil são os que apresentam maior capacidade de intervenção no domínio econômico. Já o teste Q de Yule e as regressões Probit indicam que as ações, programas e projetos relacionados à intervenção no domínio econômico se encontram interrelacionados. Depreende-se desse resultado que a adoção dessas políticas identifica uma dimensão de capacidade estatal à parte das demais, sendo a sua adoção derivada do desenvolvimento de instituições e rotinas internas às gestões municipais, voltadas para o desenvolvimento da estrutura produtiva.

As regressões Probit também evidenciam a importância de uma burocracia interna capacitada, e de variáveis como o nível de renda, a proporção de funcionários estatutários e o percentual de receita oriundas de fontes próprias para a adoção de políticas de intervenção na estrutura produtiva. Já as regressões estimadas por MQO

Page 19:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

evidenciam o contributo das demais capacidades estatais para o desenvolvimento da capacidade de transformativa.

A presença das demais capacidades estatais é um pré-requisito para o desenvolvimento da Capacidade transformativa. De modo que as demais dimensões de capacidade estatal podem ser definidas como Capacidades habilitadoras. Essas capacidades são necessárias para habilitar o estado a realizar políticas produtivas, identificando dimensões importantes, que possibilitam o desenvolvimento de políticas, instituições e de uma burocracia estatal dotada de intencionalidade e apta a influenciar positivamente no desenvolvimento econômico local.

Destarte, a pesquisa cumpre com o objetivo de desenvolver um índice capaz de mensurar a presença da Capacidade transformativa nos municípios brasileiros. Evidencia-se a necessidade de conscientização dos gestores municipais sobre o seu papel central em termos de formação de agenda e de construção de política, mecanismos e canais de interlocução com os diferentes grupos locais, voltados para a promoção do desenvolvimento local.

REFERÊNCIASAguiar, R. B. D., & Lima, L. L. (2019). Capacidade estatal: definições, dimensões e mensuração. Bib: revista brasileira de informação bibliográfica em ciências sociais. São Paulo, SP. N. 89, p. 1-28.

Almeida, M. (2009). Desafios da real política industrial brasileira do século XXI (No. 1452). Texto para discussão.

Amsden, A. H. (2001). The rise of" the rest": challenges to the west from late-industrializing economies. Oxford University Press, USA.

Chang, H. J., & Andreoni, A. (2016). Industrial policy in a changing world: basic principles, neglected issues and new challenges. Cambridge journal of economics, 40.

Cingolani, L., Thomsson, K., & De Crombrugghe, D. (2015). Minding Weber more than ever? The impacts of state capacity and bureaucratic autonomy on development goals. World Development, 72, 191-207.

de Queiroz Stein, G., & Gugliano, A. A. (2017). Arranjo institucional, capacidades estatais e política industrial: os Conselhos de Competitividade do Plano Brasil Maior. Sociedade e Cultura, 20(1).

Evans, P. (1993). O Estado como problema e solução. Lua Nova: revista de cultura e política, (28-29), 107-157.

Evans, P. (1995). States and industrial transformation. Embedded autonomy: states and industrial transformation, 3-20.

Evans, P. (2004). Autonomia e parceria: estados e transformação industrial. UFRJ.

Evans, P. (2010). Constructing the 21st century developmental state: potentialities and pitfalls. Constructing a democratic developmental state in South Africa: Potentials and challenges, 37-58.

Page 20:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

Evans, P., & Rauch, J. E. (2014). Burocracia e crescimento: uma análise internacional dos efeitos das estruturas do Estado “weberiano” sobre o crescimento econômico. Revista do Serviço Público, 65(4), 407-437.

Freeman, C., & Soete, L. (2008). A economia da inovação industrial. Editora da UNICAMP.

Gomide, A. D. Á., & Boschi, R. R. (2016). Capacidades estatais em países emergentes: o Brasil em perspectiva comparada.

Gomide, A. D. Á., & Pires, R. R. C. (2012). Capacidades estatais para o desenvolvimento no século XXI.

Gomide, Alexandre De Ávila; Silva, Fábio De Sá; Pires, Roberto Rocha C. Capacidades estatais e políticas públicas: passado, presente e futuro da ação governamental para o desenvolvimento. 2014.

Grin, E. J. (2012). Notas sobre a construção e a aplicação do conceito de capacidades estatais. Revista Teoria & Sociedade, 1.

Grin, E. J., do Nascimento, A. B., Abrucio, F. L., & Fernandes, A. S. (2018). Sobre desconexões e hiatos: uma análise de capacidades estatais e finanças públicas em municípios brasileiros. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, 23(76).

Grindle, M. S., & Grindle, M. S. (1996). Challenging the State: crisis and innovation in Latin America and Africa. Cambridge University Press.

Mann, M. (1984). The autonomous power of the state: its origins, mechanisms and results. European Journal of Sociology, 25(2), 185-213.

Marenco, A. (2017). Burocracias profissionais ampliam capacidade estatal para implementar políticas? Governos, burocratas e legislação em municípios brasileiros. Dados, 60(4), 1025-1058.

Painter, M., & Pierre, J. (2005). Unpacking policy capacity: Issues and themes. In Challenges to state policy capacity (pp. 1-18). Palgrave Macmillan, London.

Pereira, A. J., & Dathein, R. (2016). Política industrial como instituição desenvolvimentista: uma crítica ao" novo desenvolvimentismo" baseada nas experiências de Brasil e Coreia do Sul. Revista de Economia Contemporânea, 20(1), 28-57.

Sen, A. (2000). Introdução: Desenvolvimento como Liberdade. Sen, A. Desenvolvimento comoliberdade. São Paulo: Editora Companhia das letras, 17-26.

Skocpol, T. (1985). Bringing the state back in. New York: Cambridge.

Suzigan, W. (2017). Elementos essenciais da política industrial. Albuquerque, E. Metamorfoses do capitalismo e processos de catch-up. Belo Horizonte: UFMG.

Suzigan, W., & Furtado, J. (2006). Política industrial e desenvolvimento. Brazilian Journal of Political Economy, 26(2), 163-185.

Page 21:  · Web viewAlém de todos os ganhos em termos de desenvolvimento de novos setores industriais, esta política também possibilita o aprendizado de novas tecnologias e a dinamização

Tilly, C. (2007). Democracy. Cambridge: Cambridge University Pres. E. Fuat Keyman, 102.

Weber, Max. (1984). A política como vocação. In: Weber, M. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Cultrix.

Weiss, L. (1998). The myth of the powerless state. Cornell University Press.