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A coesão textual em diferentes gêneros do discurso Através de uma análise de três tipos textuais diversos, analisamos a coesão textual em relação ao gênero em que o texto está inserido, e trazemos isso para a sala de aula por Thaisa Raphaela de Freitas Posto que a análise da coesão lexical seja um dos propósitos da Linguística Textual, vamos introduzir este tema apresentando a repetição recorrente em textos de alunos do ensino médio, tendo em vista uma possível produção de um todo discursivo. Tomando como base o conceito de que o texto não é um simples amontoado de ideias, nem uma ligação sem sentido das palavras, o estudo da coesão textual desenvolve-se no campo da linguística do texto que, por sua vez, impede a ausência de sentido dentro de um texto. A necessidade de trabalhar os mecanismos coesivos lexicais é demonstrar como isso acontece em diferentes gêneros textuais do discurso. Na análise feita, verificamos que, em se tratando do gênero panfleto, a ênfase na repetição com o objetivo de chamar a atenção do interlocutor para a venda do produto; já no gênero literário, a repetição foi recorrente, visto que o autor enfatizou os personagens da poesia. Nos textos dos alunos do Ensino Médio, foi possível observar a dificuldade em usar os recursos coesivos na produção textual; em outras palavras, eles se apropriaram apenas do mecanismo da repetição para fazer o texto progredir, ou seja, a mesma palavra foi usada muitas vezes e o uso do conector oracional foi extinto. Ao recente ramo da ciência da linguagem, a Linguística Textual, tem-se a denominação da análise do texto, não mais a respeito apenas da palavra ou da frase. Trata-se de um ramo relativamente novo da Linguística, que começou a se Ao contrário das correntes estruturalistas, cujo foco de estudos são os aspectos formais e estruturais do texto, essa vertente concentra suas atenções no processo comunicativo estabelecido entre o autor, o leitor e o texto em um determinado contexto. A interação entre eles é que define a textualidade de um texto. A linguística textual faz um uso pesado dos conceitos e da terminologia linguística corrente, e muito do que se faz nesse campo são tentativas de estender os tipos correntes de análise linguística a unidades maiores do que a sentença. De modo geral, é uma aplicação da Análise do Discurso num nível mais aprofundado do texto. O único caso de heteronímia na literatura mundial, Fernando Pessoa e os diversos outros poetas que escrevia - destaque para os sempre lembrados Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis -, por suas ricas variações estilísticas, fornecem infinito

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A coesão textual em diferentes gêneros do discurso

Através de uma análise de três tipos textuais diversos, analisamos a coesão textual em relação ao gênero em que o texto está inserido, e trazemos isso para a sala de aula

por Thaisa Raphaela de Freitas

Posto que a análise da coesão lexical seja um dos propósitos da Linguística Textual, vamos introduzir este tema apresentando a repetição recorrente em textos de alunos do ensino médio, tendo em vista uma possível produção de um todo discursivo. Tomando como base o conceito de que o texto não é um simples amontoado de ideias, nem uma ligação sem sentido das palavras, o estudo da coesão textual desenvolve-se no campo da linguística do texto que, por sua vez, impede a ausência de sentido dentro de um texto.

A necessidade de trabalhar os mecanismos coesivos lexicais é demonstrar como isso acontece em diferentes gêneros textuais do discurso. Na análise feita, verificamos que, em se tratando do gênero panfleto, a ênfase na repetição com o objetivo de chamar a atenção do interlocutor para a venda do produto; já no gênero literário, a repetição foi recorrente, visto que o autor enfatizou os personagens da poesia. Nos textos dos alunos do Ensino Médio, foi possível observar a dificuldade em usar os recursos coesivos na produção textual; em outras palavras, eles se apropriaram apenas do mecanismo da repetição para fazer o texto progredir, ou seja, a mesma palavra foi usada muitas vezes e o uso do conector oracional foi extinto.

Ao recente ramo da ciência da linguagem, a Linguística Textual, tem-se a denominação da análise do texto, não mais a respeito apenas da palavra ou da frase. Trata-se de um ramo relativamente novo da Linguística, que começou a se desenvolver na década de 1960, na Europa, e de modo especial, na Alemanha. Nessa perspectiva, a Linguística Textual ultrapassa os limites da frase e entende a linguagem como interação. Assim, justifica-se a necessidade de descrever e explicar a língua dentro de um contexto, considerando suas condições de uso.

Ao contrário das correntes estruturalistas, cujo foco de

estudos são os aspectos formais e estruturais do texto, essa vertente concentra suas

atenções no processo comunicativo estabelecido

entre o autor, o leitor e o texto em um determinado contexto.

A interação entre eles é que define a textualidade de um

texto. A linguística textual faz um uso pesado dos conceitos

e da terminologia linguística corrente, e muito do que se faz nesse campo são tentativas de estender os tipos correntes de análise linguística a unidades

maiores do que a sentença. De modo geral, é uma aplicação da Análise do Discurso num

nível mais aprofundado do texto.

 

O único caso de heteronímia na literatura mundial, Fernando

Pessoa e os diversos outros poetas que escrevia - destaque

para os sempre lembrados Alberto Caeiro, Álvaro de

Campos e Ricardo Reis -, por suas ricas variações

estilísticas, fornecem infinito material para análise,

especialmente neste campo da linguística. É interessante notar que os textos assinados como Fernando Pessoa não seguem as mesmas características dos de Alberto Caeiro, heterônimo

que foi mestre dos outros dois; o poeta Alberto Caeiro, uma

divisão de Fernando Pessoa, influenciou os demais

heterônimos, que montam em

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A interação na comunicação através da linguagem é uma característica da Linguística Textual que, nesse sentido, investiga textos na produção da linguagem.

Assim, a Linguística Textual fornece subsídios necessários para a construção e sentido do texto. Não é mais um sentido geral da produção de texto, mas um sentido objetivo, como os conceitos centrais para a formação de um texto, como coesão e coerêncoerência textuais. Este ligado ao sentido do texto e aquele voltado à conexão das conjunções dentro de um texto, fornecendo-lhe sentido e clareza das ideias.

 

ANÁLISE TEXTUAL COM ALUNOS

Em se tratando da análise dos dados, estudamos com alunos três textos: um panfleto de curso

de computação, uma poesia de Fernando Pessoa e um texto de um aluno do Ensino Médio, mais especificamente, uma avaliação de redação. A análise tem por objetivo mostrar a devida necessidade de o aluno conhecer os mecanismos da coesão lexical, a adequação das palavras e frases, em seus aspectos gramaticais, os conectivos oracionais (dêiticos), ao produzir um texto, a fim de obter-se um texto melhor elaborado, rico de

palavras e ideias que facilitem a compreensão geral do interlocutor no âmbito da leitura, bem como apontar a repetição enfática no panfleto e na poesia.

A importância de reconhecer um gênero textual ocorre pelo fato de que, em determinada situação, será necessário o uso adequado do mesmo.

O panfleto retrata a repetição lexical, pois a expressão "curso de computação" aparece mais de uma vez no texto. Entretanto, essa repetição faz-se necessária, visto que é o foco do trabalho. Observa-se para que serve o produto, se querem vendê-lo, a propaganda é vista como a "alma do negócio". Portanto, a repetição enfática é necessária, pois para obter êxito nas vendas, é necessário chamar a atenção do consumidor.

É importante o reconhecimento dos variados gêneros textuais, pois cada um apresenta suas peculiaridades. No panfleto acima, a repetição tornou-se necessária ao texto, visto que o mesmo tenta persuadir o cliente, para alcançar seu objetivo: a venda do curso de computação.

Para M.A.K. Halliday e Ruqaiya Hasan , "na colocação de um item no lugar de

outro elemento do texto, ou até mesmo uma oração inteira, a substituição consiste, em uma relação interna ao texto, em que uma espécie de 'coringa' é usada em lugar da repetição de um item particular".

O segundo texto, abaixo, é uma poesia de Fernando Pessoa que extrai elementos da repetição intencional, anafórica e sinonímica.

 

 

 

 

Observe o panfleto:

Michael Alexander Kirkwood Halliday, nascido em 1925, é um linguista britânico responsável pelo desenvolvimento do modelo da linguagem. Suas descrições gramaticais formam a gramática funcional sistêmica. Halliday descreve a língua como um sistema semiótico, "não no sentido de um sistema de signos, mas uma fonte sistêmica de significado".

 

 

Ruqaiya Hasan é professora de Linguística, tendo atuado na Inglaterra, nos Estados Unidos e na Austrália, onde se aposentou como professora emérita. Ao longo

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Eros e psique

Conta a lenda que dormiaUma Princesa encantadaA quem só despertariaUm Infante, que viria

De além do muro da estrada. Ele tinha que, tentado,Vencer o mal e o bem,Antes que, já libertado,

Deixasse o caminho erradoPor o que à Princesa vem. A Princesa Adormecida,

Se espera, dormindo espera,Sonha em morte a sua vida,

E orna-lhe a fronte esquecida,Verde, uma grinalda de hera. Longe o Infante, esforçado,

Sem saber que intuito tem,Rompe o caminho fadado,

Ele dela é ignorado,Ela para ele é ninguém. Mas cada um cumpre o Destino

Ela dormindo encantada,Ele buscando-a sem tino

Pelo processo divinoQue faz existir a estrada. E, se bem que seja obscuro

Tudo pela estrada fora,E falso, ele vem seguro,

E vencendo estrada e muro,Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,À cabeça, em maresia,

Ergue a mão, e encontra hera,E vê que ele mesmo eraA Princesa que dormia.

 

Nos vocábulos "princesa", "ele", "ela", "infante", destacados no texto, há um exemplo claro de coesão lexical por repetição, visto que as mesmas palavras repetem-se várias vezes dentro do texto, pois são personagens centrais da narrativa poética. A ênfase nessas palavras é para chamar a atenção do interlocutor, atentando para os personagens principais do texto. Portanto, a repetição é necessária. Não obstante, há também um caso de uma retomada anafórica, nas palavras "ele" e "ela", já que "ele" refere-se ao "infante" e "ela" faz referência à "princesa". E as demais palavras são repetidas, pelo fato de não existirem palavras que possam substituí-las.

O termo "infante", também é uma coesão por sinonímia, já que "infante" faz alusão a príncipe, que no texto não é citado, sendo substituído pelo pronome "ele". O texto revela também a presença da intertextualidade à história da Bela Adormecida.

São frequentes nos gêneros literários, as sucessivas repetições dos vocábulos, intencionalmente, por parte dos autores, pois o objetivo é a construção do sentido no texto poético.

Abaixo, ao analisar nosso terceiro texto, escrito por um aluno do Ensino Médio, é possível observar a coesão lexical por repetição.

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Observando o texto do aluno, é possível notar os mesmos vocábulos dentro do texto, formando um amontoado de palavras soltas, sem ideia. A repetição das palavras "leitura", "hábito", "ser humano", "vida", "nossa", "nossos", "diálogo" e "hábito da leitura", gerou, portanto, a coesão lexical por repetição de vocábulos idênticos.

A coesão textual em diferentes gêneros do discurso

Através de uma análise de três tipos textuais diversos, analisamos a coesão textual em relação ao gênero em que o texto está inserido, e trazemos isso para a sala de aula

por Thaisa Raphaela de Freitas

 

No Ensino Médio, é preciso que os alunos aprendam a base da construção de um texto a partir dos mecanismos textuais, ou seja, a coesão lexical por repetição. A prolixidade do texto, isto é, a repetição desnecessária de palavras pode tornar o texto cansativo, fraco de ideias e sem conhecimento de palavras sinonímicas. O ideal seria apresentar aos alunos os mecanismos coesivos textuais.

O professor, como mediador do conhecimento, precisa deixar claro os devidos mecanismos textuais que melhorem o texto, tornando-o rico de informações, como coerência, coesão, contextualização, intertextualidade, colocação etc. O educador precisa, cada vez mais, buscar soluções para suprir as necessidades dos seus alunos, tornando-os cidadãos ativos na sociedade que, por sua vez, cobra tanto o uso da língua materna.

Como já foi dito anteriormente, citando Ingedore Grunfeld Koch, "um texto não é apenas uma soma ou sequência de frases isoladas". Em outras palavras, o texto não é composto por frases soltas, sem sentido, sem ideias ou contextualização. É necessária a compreensão dos diversos mecanismos textuais, entre eles, a coesão

lexical. Podemos citar Irandé Antunes e justificar a moderação no uso repetido das mesmas palavras e ideias: "A repetição merece o cuidado da utilização equilibrada, uma vez que o conteúdo de um texto não pode reduzir-se a um mesmo sem fim, que não avança e, circularmente, não sai do lugar".

A análise dos mais variados gêneros textuais é que nos leva a reafirmar, em alguns casos, a necessidade da repetição e nos mostra que esse mecanismo não é exclusivo da fala, seja formal ou informalmente, mas também existem repetições em textos escritos, mesmo formais ou informais.

 

Irandé Antunes é uma linguista brasileira com

doutorado em Linguística pela Universidade de Lisboa. Sua tese de

doutorado foi Aspectos da coesão do texto - uma

análise em editoriais jornalísticos. Seu mestrado

em Linguística foi pela Universidade Federal de

Pernambuco. Irandé é autora de Aspectos da

coesão do texto, o primeiro livro dedicado

exclusivamente à questão da coesão no Brasil.

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GÊNERO ESCOLA

Retomando o que foi dito anteriormente, o objeto de estudo deste artigo é analisar a recorrência da coesão lexical em textos do Ensino Médio. Estes, por sua vez, se inserem no gênero escola. O tipo textual predominante é o dissertativo. Segundo a tipologia

proposta por Luiz Marcuschi , os tipos podem ser: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção etc.

No texto do aluno aqui apresentado, fica evidente observar na pesquisa no gênero escola, o mecanismo da coesão lexical, em destaque. A repetição pode não ser tão favorável, visto que o termo repetido muda a sonoridade das palavras pronunciadas anteriormente, bem como, em outras palavras, o que foi dito anteriormente não terá a mesma intenção.

Existe, portanto, a necessidade de trabalhar os mecanismos coesivos com os estudantes, em especial, o lexical, pois a análise evidenciada no texto do aluno apresenta excessivas repetições de um mesmo vocábulo. Contudo, para gerar um sentido ao texto, essas repetições precisam ser evitadas, levando em consideração o uso dos pronomes, de sinônimos, que forneçam entendimento do texto.

A preocupação de muitas pessoas é a escrita. A produção de texto está tornando-se cada vez mais alvo de maior relevância nos estudos de muitos estudiosos da língua. Falar e escrever bem são critérios levados em conta em diversas posições sociais. Dessa forma, todos desejam a ascensão à língua materna.

Atualmente, as questões da língua estão ligadas à questão da norma gramatical, visto que esta não é a única necessidade de um texto bem produzido e bem falado. Antunes, citado anteriormente, afirma que "a língua não é um sistema de signos isolado do resto do mundo. Tudo o que acontece, tudo o que é pensado, que é previsto, que é concebido

aparece refletido na linguagem". De acordo com Koch , a coesão lexical de reiteração faz alusão ao que foi dito anteriormente através de outras palavras, ou seja, sinonímias, hiperonímias, mesmo item lexical (mesma palavra) ou nomes genéricos, como mostram os exemplos, prosseguindo com o mesmo sentido na frase. Contudo, as frases jamais perderão sua função semântica.

Em se tratando de repetição, existem muitos conceitos. Segundo Antunes, "a repetição corresponde a todo e qualquer empenho por fazer reaparecer no texto alguma palavra ou sequência de palavras que já ocorreram anteriormente. Por isso mesmo a repetição constitui um recurso reiterativo, exigido pela coerência". Muitos estudiosos definiram o conceito de coesão: sua função, ainda segundo o autor, "é de criar, estabelecer e sinalizar os laços que deixam os vários segmentos do texto ligados, articulados, encadeados. Reconhecer um texto coeso é reconhecer que suas partes não estão soltas, fragmentadas, mas estão ligadas, unidas entre si". Não é um texto sem conexão, sem sentido, é necessário haver uma ligação entre as palavras. Há a conhecida metáfora do laço, a ideia de que cada segmento, cada frase do texto, precisa estar atada, presa uma à outra, sem pontas soltas; isto é, um texto coeso.

Assim, o mecanismo da coesão lexical mantém uma relação com a repetição, visto que esta faz parte dos discursos, constituindo uma relação com a linguagem oral ou escrita, já que esta participa da construção sociocomunicativa e aquela se realiza através da retomada de termos ou expressões já mencionadas, sem que o sentido seja alterado, ou, simplesmente, deixe de existir.

Luiz Antonio Marcuschi é um linguista brasileiro. Seu doutorado em Letras com ênfase na filosofia da linguagem é pela Universitat Erlangen-Nurnberg e tem pós-doutorado pela Albert-Ludwigs- Universität Freiburg. Atualmente, é professor titular da Universidade Federal de Pernambuco. Em seu artigo publicado em Gêneros Textuais e Ensino, Marcuschi separa os tipos textuais - narrativos, argumentativos, expositivos, descritivos e injuntivos - dos gêneros textuais, que podem englobar diferentes tipos textuais: por exemplo, num romance há a possibilidade de se encontrar textos argumentativos e expositivos, não apenas narrativos.

 

Ingedore Villaça Koch, licenciada em Letras e bacharel em Direito pela USP, é mestre e doutora em Língua Portuguesa pela PUCSP e livre-docente em Análise do Discurso pela Unicamp. Na PUCSP, atuou nos cursos de Letras e Jornalismo, na pós-graduação e na especialização. É professora titular do Departamento de Linguística do IEL-Unicamp, onde implantou a área de Linguística Textual. Entre suas obras, contam-se: Ler e compreender, A coesão textual, A coerência textual, A interação pela linguagem, O texto e a construção dos sentidos e Referenciação e discurso, publicadas pela Editora Contexto.

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O PROBLEMA DAS REPETIÇÕES

Buscamos, nester artigo uma definição da coesão lexical, o uso recorrente da repetição e a falta de sentido em seus enunciados, em textos de alguns gêneros do discurso (panfleto, texto literário e textos escolares). A intenção foi investigar os mecanismos coesivos escolhidos para a construção textual de um aluno do Ensino Médio.

A repetição, na língua, apresenta-se nos níveis de produção de texto, existindo como processo que participa da construção do sentido dado ao enunciado. Segundo Antunes, "a repetição não é apenas uma regularidade textual. É um recurso de grande funcionalidade, pois pode desempenhar diferentes funções, todas elas, de alguma forma, coesivas. [...]Sua função é marcar a continuidade do tema que está em foco". Conforme vimos, há uma inadequação no uso dos vocábulos no interior do texto do aluno. A repetição das mesmas palavras deixou o texto com poucas ideias, sabendo-se que clareza e elegâncias são "tecidos" fundamentais para a tessitura de um texto. A análise dos mecanismos coesivos foi demonstrada, através de exemplos. Ainda segundo Antunes, "em geral, e por falta de um conhecimento mais consistente, a repetição tem sido vista apenas como uma característica da oralidade informal [...], uma concessão que se faz, uma vez que 'a fala tudo permite'". De acordo com Sírio Possenti, "o texto deve ser concebido como uma unidade semântica e os mecanismos coesivos contribuem, significativamente, para a construção do sentido do texto, além do fato de que sua escolha não é aleatória".

Contudo, foi possível perceber, através do texto exposto, que os alunos pouco utilizam os mecanismos coesivos, norteadores de um texto claro, preciso e elegante. Por essa razão, a coesão sinonímia pouco aparece nesses textos, tornando-se frequente a coesão realizada pelo mesmo item lexical. Por esta razão que aqui se enfatizou a breve análise dos mecanismos coesivos presentes no texto do aluno, buscando uma melhor explicação para o fenômeno tão frequente nesses textos: a repetição.

 

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Irandé, 1937 - Lutar com palavras: coesão e coerência/ Irandé Costa Antunes. - São Paulo: Parábola Editorial, 2005.

BEAUGRANDE, Robert de, & DRESSLER, Wolfgang U. Einfuhrng in die textlinguistik. Tubingen: Max Niemeyer Verlag. Trad. Inglesa: introduction no

textliguistics. London: Longman, 1981.

FÁVERO, Leonor Lopes; KOCH, Ingedore Vilaça. Linguística textual: introdução. [n.s.]. São Paulo. Cortez, 2002.

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KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coesão textual / Ingedore Villaça Koch. 12 ed. - São Paulo: Contexto, 1999. - (Repensando a Língua Portuguesa).

_____. Ler e compreender: os sentidos do texto / Ingedore G. Villaça Koch e Vanda Maria Elias. 2. ed. - São Paulo: Contexto, 2006.

_____. A coesão textual/ Ingedore G. Villaça Koch - 21. ed., 2º reimpressão. - São Paulo: Contexto, 2009.

_____. A coerência textual/ Ingedore G. Villaça Koch, Luiz Carlos Travaglia. - 18. ed., 2º reimpressão. - São Paulo: Contexto, 2011.

MARCUSCHI, Luiz A. Linguística do texto: o que é e como se faz. Série Debates 1, Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1986.

_____. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In. DIONÍSIO, Ângela P.; MACHADO, Anna R.; BEZERRA, Maria Auxiliadora. (Orgs.). Gêneros

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POSSENTI, S. Discurso no texto. In: Discurso, estilo e subjetividade. São Paulo; Martins Fontes, 1993.

TRASK, R. L. Dicionário de linguagem e linguística. Trad. Rodolfo Ilari, rev. Ingedore G. V. Koch e Thaís Cristófaro Silva. São Paulo: Contexto, 2008.