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MOSTRA CIENTÍFICA DAS ESCOLAS EM ARAÇUAÍ
I- Introdução
Algo que se pode destacar como uma qualidade de uma nação é a sua
diversidade. O Brasil não é um país de cultura homogênea, mas sim uma
nação plural com diversidade sociocultural e características socioeconômicas
diferentes na extensão de seu território. Mais ainda, não é um país estático do
ponto de vista da relação cultural entre seus povos. A cada momento, fervilham
nesse caldeirão tropical, os saberes “cultos” e “incultos” que de tanto interagir
já não são mais os mesmos. Projetam-se como conhecimento da aldeia para o
mundo e do mundo para a aldeia, produzindo novos saberes e novas atitudes.
Na comunhão dos saberes e dos fazeres diversos nessa pequena parte de
Brasil situa-se este que é o estudo sobre a Mostra Científica das Escolas em
Araçuaí-MOSTRAR. Nesse recorte deseja-se relatar e analisar criticamente um
pouco do que se materializou enquanto evento de popularização de ciência,
idealizado por um grupo de servidores do Instituto Federal do Norte de Minas
Gerais-Câmpus Araçuaí. O objetivo da MOSTRAR é incentivar a participação
de estudantes do ensino básico das escolas da região na produção de
trabalhos técnico-científicos, estimulando a capacidade criativa desses jovens
como forma de iniciá-los no campo da pesquisa e de sua aplicação para a
vida.Com o apoio do CNPq, através do Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação do Brasil, foram realizadas duas edições da MOSTRAR que servem
de base para esta pesquisa.
Partindo de uma contextualização sobre os desafios da popularização da
ciência no contexto regional, busca-se situar o município de Araçuaí e elencar
as suas condições de cidade polo. Dentre os fatores sociais, econômicos e
geográficos, analisa-se também o potencial difusor da ciência, através de
instituições públicas de ensino superior mais próximas do município. Essa
leitura possibilita enxergar a amplitude da pesquisa e, na sequência,
fundamentá-la através das reflexões sobre ciência e sociedade ...(...), as ideias
sobre a alfabetização em ciência, bem como as referências sobre a sua
popularização através de feiras científicas no Brasil.
Os objetivos desse estudo estão elencados de sua forma geral à específica,
buscando analisar as etapas de desenvolvimento da MOSTRAR. Essas etapas
estão descritas em registros e depoimentos que configuram-se como base
instrumental da pesquisa. A análise e discussões desses documentos pelo
grupo de proponentes do projeto permitiram apresentar a síntese das duas
edições da MOSTRAR, bem como os projetos integrados que precederam e
sucederam os eventos.
A análise da MOSTRAR, a partir de fóruns e reuniões programadas com essa
equipe traduzem-se em momentos descritos como etapas metodológicas do
desenvolvimento da Mostra Científica das Escolas em Araçuaí. Dessa forma,
os resultados da segunda MOSTRAR servem como ilustrações desses
momentos metodológicos aplicados, evidenciando o caráter referencial desse
estudo na edição de evento de popularização da ciência.
II- Desafios da Popularização da Ciência no Contexto Regional
O município de Araçuaí situa-se, geograficamente, na região central do
Vale do Jequitinhonha, localidade tradicionalmente conhecida como Médio
Jequitinhonha. Essa localização torna o município uma espécie de elo natural
entre extremos e proximidades dessa macrorregião, ligando em seus caminhos
todas as cidades erguidas no curso do Rio Jequitinhonha.
Gráfico 1: Araçuaí em destaque no Vale do Jequitinhonha- Minas Gerais.
Fonte: IBGE citado por Gomes(2009).
As proximidades as quais se referem podem ser entendidas como os
municípios limítrofes de Araçuaí. São eles: Itinga, Coronel Murta, Virgem da
Lapa, Francisco Badaró, Jenipapo de Minas, Novo Cruzeiro, Caraí, Padre
Paraíso e Ponto dos Volantes. Contudo, para o que se propõe discutir nesse
contexto, tona-se necessário estabelecer o que é chamado de extremidades
que tem como elo o município de Araçuaí. Por definição, estabelecem-se,
como extremos, todos os municípios que se encontram à distância limite
de150km de Araçuaí, ligadas por meio de estrada pavimentada ou não. A
tabela a seguir apresentam essas localidades, sua população geral e a
população jovem. Os números foram obtidos a partir do cruzamento dos dados
censitários do IBGE (....) e do Departamento de Estradas e Rodagem de Minas
Gerais
Tabela 6: Cidades até 150 km do município
Nº Cidade População População entre
18 a 24 anos
Distância de
CIDADE
01 Araçuaí 36.013 4626 0km02 Virgem da Lapa 13.619 1841 34km
03 Coronel Murta 9.117 1148 43km
04 Itinga 14.407 1776 44km
05 Itaobim 21.001 2516 74km
06 Francisco Badaró 10.248 1609 44km
07 Jenipapo de Minas 7.116 1106 51km
08 Berilo 12.300 992 60km
09 Caraí 22.343 2834 72km
10 Chapada do Norte 15.189 2358 84km
11 Minas Novas 30.794 4913 104km
12 Turmalina 18.055 2633 130km
13 Veredinha 5.549 781 136km
14 José Gonçalves M. 4553 723 86km
15 Leme do Prado 4804 712 110km
16 Rubelita 7772 434 83km
17 Salinas 39178 4911 112km
18 Padre Carvalho 5834 855 129km
19 Novorizonte 4963 603 140km
20 Fruta de Leite 5940 704 149km
21 Josenópolis 4563 588 114km
22 Grão Mogol 15024 2118 137km
23 Comercinho 8298 924 88km
24 Medina 21026 2402 118km
25 Jequitinhonha 24131 2602 137km
26 Ponto dos Volantes 11345 1226 94km
27 Monte Formoso 4656 494 133km
28 Novo Cruzeiro 30725 3967 97km
29 Setubinha 10885 1364 141km
30 Itaipé 11798 822 127km
31 Catuji 6708 870 98km
32 Padre Paraíso 18852 2258 127km
Total 456.806 57.710
Fonte: DER-MG(2011)
Ao percorrer os olhos sobre o gráfico, identifica-se que o município de Araçuaí,
além de um centro geográfico, é um polo convergente acessível a uma
população de quase meio milhão de pessoas distribuídas em 32 municípios,
ligados a uma distância de até 150km ao seu redor. Desse universo,
contabiliza-se quase 58mil Jovens entre 18 e 24 anos, idade de referência para
ingresso no ensino superior. Para melhor entender a razão desse levantamento
é preciso mostrar ainda a disponibilidade de cursos superiores presenciais e
gratuitos mais próximos de Araçuaí, através da tabela 8.
Tabela 8: Os 7 Campus de Universidade Pública mais próximos, a distância até
eles e número de cursos oferecidos.
Cidade do
Campus
Universidade Distância Número de Cursos
Diamantina- UFVJM 307km 23
Teófilo Otoni-MG UFVJM 253km 9
Governador
Valadares-MG
UFJF 406 km Em implantação
Vitória da
Conquista-BA
UFBA 309km 5
Janaúba-MG UFVJM e
UNIMONTES
336km Em implantação
Teixeira de
Freitas-BA
UFESBA 386km Em implantação
Montes Claros* UNIMONTES e
UFMG
332km 48
Fonte: DER(2011)
O que é curioso nesse levantamento é que, apesar do município de Araçuaí
constituir-se como polo microrregional, cujas distâncias até 150km ligam uma
enorme população, o ensino superior ainda é espacialmente distante de muitos
jovens dessa região que desejam prosseguir seus estudos por aqui mesmo. A
universidade mais próxima encontra-se a 253Km do município, revelando um
vazio de Espaço Educacional Superior.
Mas o que isso tem a ver com a Popularização da Ciência? Não é preciso
muito esforço intelectual para constatar que a Universidade é um dos principais
centros de difusão da ciência e tecnologia no Brasil. Em geral, é daí que se
difunde e populariza a ciência através do poder que tem a universidade de
encampar museus, observatórios, parques temáticos, dentre outros projetos
extensionista na área de ciência. Portanto, para a análise da intensidade e
relevância de um projeto de popularização da ciência, sempre é importante ter
em mente o contexto em que esse conceito se aplica. Numa realidade de
grandes centros urbanos, apesar de ter outros desafios, é razoável inferir que a
concentração de instituições de ensino superior favorece a emergência de
espaços como centros, observatórios e museus de ciências, em geral, mais
envolvidos com as atividades de popularização de ciência. Por aqui, no Vale do
Jequitinhonha, a falta de instituições públicas de ensino superior, interpretado
nas tabelas ((.....)) dão a verdadeira dimensão do desafio que é trabalhar com a
Popularização da Ciência onde não existem espaços não formais de educação
dedicados a essa finalidade. Mas essa ainda é uma face da carência com a
qual se depara na região.
Em termos socioeconômicos, o município está situado numa das regiões
consideradas mais pobres do Brasil. O Índice de Gini, que mede o grau de
desigualdade existente na distribuição de indivíduos, segundo a renda
domiciliar per capita, é de 0,46 para o município de Araçuaí com variações
entre 0,42 e 0,50. Considerando que o valor nulo para esse índice sugere que
não haja desigualdade e que o valor 1 ocorra a concentração máxima de renda
por uma só pessoa, na amostra avaliada, entende-se que Araçuaí apresenta
desigualdade num próximo da média.
Embora seja importante para reconhecer como a renda é distribuída,
esse critério não dá a noção de riqueza. Para isso, é relevante observar o
Indicador Social de Pobreza. Segundo essa mesma fonte, a Incidência de
pobreza absoluta no município de Araçuaí é de 56,21% e o índice de pobreza
subjetiva é de 56,30 %. A pobreza absoluta é medida a partir de critérios
definidos por especialistas que analisam a capacidade de consumo das
pessoas, sendo considerada como pobre, aquela pessoa que não consegue ter
acesso a uma cesta alimentar e de bens mínimos necessários a sua
sobrevivência. A medida subjetiva de pobreza é derivada da opinião dos
entrevistados e é calculada levando-se em consideração a própria percepção
das pessoas sobre suas condições de vida. Como se constata, estes dois
resultados são aproximadamente os mesmos. Segundo o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o IDH do Município de
Araçuaí era de 0,597 em 1991 e subiu para 0,687 em 2000. Embora não se
disponha de dados mais recentes, a evolução deste indicador em uma década
representou cerca de 15% do seu valor inicial. As medidas de distribuição de
renda, a medida da pobreza e do IDH têm relações diretas com a educação,
permitindo entender que a política de regionalização da educação superior no
Vale do Jequitinhonha é um caminho para a melhoria da condição de vida
dessa população.
Diante dessa ausência, a expectativa da população volta-se sobre os
benefícios do recém-implantado Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do
Norte de Minas Gerais, no município de Araçuaí. O IFNMG é uma instituição
pública que oferta cursos técnicos e tecnológicos, podendo legalmente,
oferecer ainda as mesmas modalidades de cursos de uma universidade, o que
não é o caso do Câmpus Araçuaí. A base indissociável entre ensino, pesquisa
e extensão caracteriza a natureza do IFNMG e o contexto regional dá a
dimensão da sua complicada missão: torna-se um desafio muito grande elevar
a autoestima, principalmente de jovem estudante desse lugar, quando o círculo
que se projeta ao seu entorno é o de estigma de região pobre, da região em
que não se pode ter, nem tão pouco ser. Nesse sentido, a figura do “ser
cientista”, por aqui, torna-se um mito para jovens cujo contato com o mundo
acadêmico é distante espacial e culturamente falando.
No entanto, a ausência da instituição de meios de popularização
científica na região não pode ser entendida como ausência de saber. Uma ideia
que tem ficado nítida na mente da equipe que promove a MOSTRAR é que a
ciência tem um aspecto amplo e diverso. A natureza de sua construção é
humana e, por essa razão, há de se referir também à leitura do universo
cultural que caracteriza e integra a população desse lugar.
Em contraste com a ausência histórica do poder público, em especial
quanto à política educacional, formou-se por aqui uma cultura popular
caracterizada pelos cantares, os dançares e o saberes, expressos pela
herança dos diversos povos que a formou: indígenas, africanos e europeus.
Segundo Burlandy e demais organizadores (2006), o Arraial dos Crioulos,
localizado na periferia da cidade, e as famílias Aranãs foram reconhecidos,
respectivamente, como remanescente de quilombo e pertencentes ao povo
indígena Borun, como povo indígena ressurgido. O Centro de Referência da
Cultura Afro-indígena de Araçuaí-QUIGEMM, dentre outras ações, tem
contribuído para o resgate cultural da aldeia Pankararu-Pataxó que se
reconstituiu recentemente no município próximo, formada por 11 famílias
indígenas, além do povo Aranã e Baú – comunidades remanescentes
quilombolas que vivem no município de Araçuaí.
Seus cantares e dançares podem ser ilustrados pela Irmandade de Nossa
Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Araçuaí-uma entidade que se
identifica com a comunidade em geral, através dos seus Tamborzeiros que
animam a tradicional festa do Rosário da cidade. Seus corais e grupos teatrais,
como expressão viva desta cultura, cantam e encantam mundo afora e constitui
um grande patrimônio imaterial de Minas Gerais, destaque em reportagens de
circulação nacional. Os corais Meninos de Araçuaí, Trovadores do Vale, Coral
Nossa Senhora do Rosário, Coral Araras Grandes e Coral Santa Tereza
constituem uma demonstração desta riqueza presente no município.
Palco do teatro internacional e cenário do cinema nacional, Araçuaí é uma
referência quando o assunto é cultura. Merecem destaque o Grupo Vozes,
ligado ao Centro Cultural Luz da Lua que tem como projeto-piloto o K-iau em
cena- Festival Nacional de Teatro de Araçuaí-MG. O evento faz parte do
calendário cultural da cidade e ocorre anualmente.
No cinema, o município foi cenário escolhido para o filme Kenoma (significado)
que aborda a saga do ator principal numa busca quixotesta de construir um
motoperpétuo, máquina proibida pela segunda lei da termodinâmica. Nesse
ramo cinematográfico, destacam-se as produções de filmes de curta metragem,
realizados pelos Meninos de Araçuaí, grupo ligado ao Centro Popular de
Cultura e Desenvolvimento- CPCD. Essa organização não governamental
também promove atividades de formação em oficinas de artesanato,
permacultura e fabriqueta de softwares. O nível de profissionalismo desses
jovens aprendizes pode ser medido pelo site da MOSTRAR e o vídeo do
evento produzido por eles (ref.)
Por toda essa diversidade humana e cultural, não se pode ignorar a
existência de um saber popular que se engendra de forma diferente do saber
científico acadêmico. Por essa razão, a compreensão da equipe da MOSTRAR
é que a Popularização da Ciência tenha um aspecto dialógico que, não só vai
ao encontro da necessidade das pessoas, como também provoca novas
necessidades.
Nesse sentido, a distância epistemológica e cultural da ciência produzida
na universidade até a população tem implicações diretas com a distância
espacial que mesma população se encontra da academia. Essa conformação
pode ser sintetizada pelo ditado popular onde se ouve: “O que os olhos não
veem o coração não sente”. O coração das pessoas passa a sentir a
necessidade da ciência quando a elas é dado o direito de ter ao menos o
contato com esse universo.
Essa é uma das principais motivações da MOSTRAR, ou seja, é preciso
despertar o gosto de jovens pela ciência, provocando neles o desejo de
mostrar que são capazes de valorizar e construir o próprio conhecimento
quando são mobilizados e orientados para isso. Portanto, uma equipe que se
dispõe a popularizar a ciência deve ter uma compreensão ampla dos fatores
contextuais, considerados subjacentes, pois são eles que, em geral, dão
sentido à ação projetada.
III- Fundamentação teórica (justificativa e fundamentações)
A MOSTRAR é um evento.....A realização de feiras ou mostras de ciências
cumpre papel social relevante ao aproximar o público, em geral, do meio
acadêmico e sua produção científico-tecnológica, permitindo o diálogo com a
população, conforme define o professor Antônio Carlos Pavão, um entusiasta
das feiras de ciência no Brasil:
“Do ponto de vista metodológico, as feiras de ciências podem ser
utilizadas para repetição de experiências realizadas em sala de
aula; montagem de exposições com fins demonstrativos; como
estímulo para aprofundar estudos e busca de no vos
conhecimentos; oportunidade de proximidade com a comunidade
científica; espaço para iniciação científica; desenvolvimento do
espírito criativo; discussão de problemas sociais e integração
escola-sociedade.” (PAVÃO apud BRASIL, 2006).
A razão que a equipe da MOSTAR vê em se popularizar a ciência consiste na
compreensão de que ela é um poderoso instrumento de leitura do mundo
moderno, necessário à formação humana e consequentemente um meio de
inserção social. Sobre esse aspecto linguístico, Chassot (2013) defende que a
ciência seja uma linguagem; assim, ser alfabetizado cientificamente é saber ler
a linguagem em que está escrita a natureza. É um analfabeto científico aquele
incapaz de uma leitura do universo. Para o autor, existe um fazer científico que
está comprometido com a elaboração dessa explicação do mundo natural e a
alfabetização científica que deve propiciar o entendimento ou a leitura dessa
linguagem.
Embora a alfabetização científica seja um propósito da Educação Formal, pode
se admitir que a Popularização da Ciência também assume essa tendência
uma vez que possibilita a interface entre o Público e o conhecimento científico,
com a diferença de flexibilizar os espaços e tempos onde essa interação
ocorre. Para fulano ( falar sobre interface ciência e tecnologia)
O fato de muitos projetos de feiras científicas ocorrerem, tradicionalmente,
através de demonstrações de experimentos das ciências da natureza traz um
inconveniente quanto à concepção de ciência que se deseja construir. A
ciência, para a equipe da MOSTRAR, não é definida nesse sentido restrito. Ela
tem um sentido amplo. A ciência não é só saber fazer um equipamento que
demonstre um fenômeno da natureza, uma investigação em determinada área
ou transmitir informação de um dado conhecimento. Ela também é um
instrumento que torna nossos sentidos habilidosos para apreciar a beleza do
universo, de uma música ou de qualquer outra manifestação artística. O caráter
investigativo da ciência possibilita o despertar da consciência, contribuindo
para o reconhecimento e valorização da identidade do indivíduo em comunhão
com a sociedade onde vive. A ciência, que parece estar presente em tudo, é
esse instrumento pelo qual lemos o mundo, no entendimento de que “ler o
mundo”, como afirma Paulo Freire, é algo anterior à leitura da palavra.
Dentre os trabalhos que se enquadram na área de popularização da ciência,
alguns se pode dizer que são de grande abrangência e importância por
assumirem, em seu planejamento, um público e extensão geográfica muito
grande. Nesse cenário, destaca-se a Semana Nacional de Ciência e
Tecnologia com temática predefinida e número de atividades muito grande. Por
outro lado, a Mostra Científica das Escolas em Araçuaí-MOSTRAR é um
evento que tem uma abrangência regional e
IV-Objetivo:
Partindo do conhecimento da realidade local, o estudo em questão constitui-se
de um relato das experiências vivenciadas no processo de concepção,
planejamento, elaboração e execução da Mostra Científica das Escolas em
Araçuaí nas edições de 2012 e 2014. O objetivo desse trabalho é apresentar
aspectos metodológicos na área de Popularização da Ciência a partir das
ações desenvolvidas no âmbito das edições da Mostra Científica das Escolas
em Araçuaí- MOSTRAR.
V- Metodologia
Esse estudo consiste em relatar e analisar as etapas metodológicas das
edições da MOSTRAR que vai desde a concepção do projeto, passando pela
sua preparação e culminância até o acompanhamento de estudantes nas
principais feiras de ciências do Brasil. Para isso, foi preciso realizar uma
investigação bibliográfica e de campo sobre o contexto socioeconômico e
territorial no qual o município sede da MOSTRAR está inserido e situar os
desafios que fazem frente às ações de popularização de ciência no âmbito
regional. Essa abordagem contextual da pesquisa é caracterizada como fase
de concepção do projeto e sua formulação está baseada em levantamento de
dados, geográficos, estatísticos, socioeconômicos e censitários sobre a região.
O estudo dessa realidade foi feito antes da formulação da primeira edição do
projeto, o que permitiu integrar a equipe em torno de uma ideia de
popularização de ciência.
Portanto, as etapas metodológicas da pesquisa consistem em análises da
memória registrada do evento, através da releitura do projeto de fomento e dos
projetos integrados, da revisão dos relatórios, da inspeção de mídias e
reexame das fichas de avaliação, anais do mostra e livro de presença das
edições realizadas. Todo o registro de memória dos eventos foi então
disponibilizado e discutido com o grupo por meio de fórum virtual de discussão
e 3 encontros programados. Essas reuniões foram gravadas em áudio e
ocorreram nos dias...., tendo, respectivamente, as seguintes
durações: ....minutos. A equipe é composta por 7 integrantes, sendo que um
dos integrantes foi substituído, por conta da sua transferência para outro
Câmpus.
No primeiro encontro, foi feita uma apresentação de slides com fotos da
MOSTRAR em suas duas edições, buscando apresentar e dialogar sobre
alguns momentos marcantes do projeto. Nessa reunião, discute-se a
importância do edital como processo de regulamentação da atividade de
popularização de ciência intencionada. O site é reapresentado e sua relevância
no processo é discutida. Um filme editado com duração de 19 minutos sobre a I
MOSTRAR foi apresentado.
No segundo encontro, foi analisado o relatório e sua consistência com o projeto
submetido ao órgão de fomento (CNPq- 2011). Como a II MOSTRAR ainda
está vigente, o estudo limitou-se à análise apenas de seu projeto submetido
(CNPq-2013), fotos e 3 filmes não editados de algumas atividades
desenvolvidas. No Terceiro e último dia a equipe organizou-se para produzir
sínteses avaliativas sobre o processo e os resultados das duas edições da
MOSTRAR, tendo como parâmetro, os relatórios de avaliação do público, anais
e livro de presença da mostra científica, bem como as observações feitas nos
encontros anteriores. O fórum foi permanente e os objetos de discussão e
análise giravam em torno das discussões desencadeadas nas reuniões
presenciais.
VII- O evento
A primeira edição da MOSTRAR ocorreu em 2012 através de um série de
atividades programadas. Essas atividades são estabelecidas a partir de
parcerias firmadas com outras instituições e com a colaboração de servidores
internos e externos à instituição proponente. A tabela a seguir, apresenta a
síntese da programação da 1ª edição do evento.
21 de novembro
Atividades Responsáveis
Abertura Oficial do Evento Coral Araras Grandes e Filarmônica
Virgolapense
22 de novembro
Mostra de trabalhos científicos I Expositores das escolas da região
Planetário Itinerante Equipe do planetário da UFJF
Parque da ciência Itinerante Equipe do Parque da Ciência da
UFVJM
Oficinas, Minicursos e Palestra Professores do IFNMG
23 de novembro
Mostra de trabalhos científicos II Expositores das escolas da região
Planetário Itinerante Equipe do planetário da UFJF
Parque da ciência Itinerante Equipe do Parque da Ciência da
UFVJM
Oficinas e Minicurso Professores do IFNMG
Encerramento Grupo de teatro Ícaros do Vale
Esse cronograma é estruturado em função das ações que foram
desenvolvidas, o que se difere um pouco das ações planejas. Portanto, é
necessário não só estabelecer as parcerias, mas promover atividades de
integração cujo resultado é o comprometimento das equipes responsáveis por
cada ação programada. No caso da primeira MOSTRAR os responsáveis pelas
atividades foram: a equipe do parque da ciência da UFVJM- Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Monitores do Planetário da
UFJF-Universidade Federal de Juiz de Fora, Professores do IFNMG, Escolas
de ensino básico da região e Grupos artísticos locais.
Com a experiência da realização do primeiro evento e a repercussão que
houve com a viagem dos bolsistas premiados, a Segunda MOSTRAR,
realizada em 2014, torna-se uma expectativa para as escolas participantes.
Após dois anos da realização da primeira edição, a segunda edição é
programada conforme a tabela (...) a seguir.
19 de novembroAtividades Responsáveis
Abertura Oficial do Evento Artistas Instrumentais-Professores
20 de novembro
Mostra de trabalhos científicos I Expositores das escolas da região
Planetário Itinerante Equipe do planetário da UFMG
Como a luz traz informação dos
astros.
Equipe da UFMG
Oficinas, Minicurso, Palestras e
Seminário.
Professores do IFNMG e da UFMG
23 de novembro
Mostra de trabalhos científicos II Expositores das escolas da região
Planetário Itinerante Equipe do planetário da UFMG
Observações astronômicas Equipe da UFMG
Oficinas e Minicurso Professores do IFNMG e da UFMG
Encerramento Equipe do Segundo IF SHOW
O que as duas edições desse evento têm em comum é a diversidade temática
e metodológica de suas apresentações. Um desses fatores marcantes são as
apresentações artísticas de grupos da cultura local. Essas apresentações
ocorrem, principalmente, durante a abertura e o encerramento, caracterizadas
por apresentações musicais, instrumentais e teatrais, típicas da região. A
abertura é seguida de palestra e explicação sobre os objetivos e importância do
evento, visita ao “Corredor Cósmico” e ao Planetário. Nos dias que se seguem
são apresentados minicursos, oficinas, seminário e palestras paralelas à
exposição de trabalhos das escolas da região.
Como desfecho, a mostra científica encerra-se através de uma apresentação
cultural. TERRA: A História de João Boa Morte – Cabra Marcado Para Morrer, esta foi
peça encenada pelo Cia de teatro Ícaros do Vale. No pátio da escola, o drama dos
despossuídos na luta pela terra ilustra a situação da chacina de camponeses sem
terra no Vale do Jequitinhonha. A ideia de unir arte e ciência tem ganhado força. O
encerramento teve de ser ampliado, uma vez que o IF SHOW, que é uma espécie de
show de talentos da região, veio a se integrar à Segunda MOSTRAR.
Quanto à mostra científica das escolas, elas são diversificadas e cada temática
se enquadra nas seguintes categorias gerais de trabalhos: a) Montagem; b)
Investigatório; c) Informativo. No primeiro caso, a exibição se caracteriza por
evidenciar algum fenômeno da natureza a partir de um dispositivo cujo princípio
é explicado por meio do experimento que se demonstra no momento. Os
grupos apresentam dispositivos ou fenômeno como prensa hidráulica, reações
químicas, robôs, aquecedor e fogão solar, entre outros. Já os trabalhos
investigatórios classificam-se assim por caracterizarem-se como estudo de um
problema definido, em geral pesquisa de campo, cujos resultados são
apresentados por meios gráficos. Aqui, destacam-se trabalhos como o de
investigação da qualidade da água em cisternas de placas, o quadro local de
leishmaniose canina, a qualidade do leite quanto à infecção por mastite, etc.
Por fim, os trabalhos informativos, são baseados em levantamento bibliográfico
sobre um determinado tema que, em geral, buscam informar e conscientizar a
população. Por exemplo, Doenças Sexualmente Transmissíveis, Exploração do
Trabalho Infantil, A violência sobre a população negra no Brasil, etc.
Enquanto os alunos apresentam suas atividades em cada estande, são
realizadas oficinas, minicursos, palestras sobre diversos temas nas
dependências do Câmpus. Essas atividades são multitemáticas e sua definição
fica a cargo da especialidade de cada colaborador. Dessa forma, o professor
de biologia apresenta a oficina “otólitos- a caixa preta da vida dos peixes”, por
sentir afinidade com o tema e reconhecer na região uma potencialidade para a
pesquisa sobre as espécies dos rios que cruzam o município. Com o mesmo
formato apresenta-se outras atividades das quais destacam-se as oficinas
sobre geoprocessamento, estudo ambiental sobre um bairro de Araçuaí,
Geometria Dinâmica, propagação de plantas, Como a luz nos traz informações
dos astros, astronomia indígena, seminário sobre empreendimento da
economia solidária, dentre muitas outras apresentações.
VI. Projetos Integrados
Mesmo que se busque explicar as edições da MOSTRAR em termos das suas
programações, ainda não será possível alcançara a amplitude desse projeto.
Para isso, é preciso relatar alguns projetos que antecederam ou sucederam o
evento, descrevendo a natureza processual desta laboriosa ação de
popularização da ciência que se transformou a MOSTRAR.
6.1 CURSO FIC
O curso de extensão “Oficinas de Capacitação de Professores da Rede Escolar de Araçuaí-MG na Área de Instrumentação para o Ensino Ciências (Física e Química) na Educação Básica Utilizando Materiais de Baixo Custo”, é conhecido atualmente como curso de Formação Inicial e Continuada
de Professores de Ciências (FIC). Ele foi concebido por professores do IFNMG
e implementado pela primeira vez ao longo de 2012. Pelo fato da execução do
curso coincidir com o ano da 1º Mostra Científica das Escolas em Araçuaí, viu-
se uma grande possibilidade de integrações com as escolas da região através
dos professores participantes. O curso foi estruturado em uma carga-horária
total de 80horas distribuídas em 10 encontros programados aos sábados,
sendo 4horas de química e 4horas de física para cada encontro. A proposta
tem como metodologia a utilização de recursos e materiais de baixo custo na
construção e elaboração de experimentos simples que abrangem temas das
áreas da Física e Química. No entanto, ao longo do seu desenvolvimento pôde-
se promover diálogos com os professores, buscando refletir sobre a atual
situação do ensino de ciência na região. A foto a seguir evidencia uma
atividade que faz uso do computador como ferramenta para o ensino de
ciência. Ao todo, foram capacitados 27 professores oriundos dos municípios
próximos à cidade de Araçuaí. Ao término do curso, os docentes receberiam 5
kits de ciência que foram explorados durante o desenvolvimento das
atividades.
Fig 3: Participantes do curso em aula nos laboratórios virtuais
Uma das tarefas que os professores participantes tinham no curso era a de
trazer os seus alunos para apresentar e visitar a Primeira MOSTRAR. Isso não
só ocorreu como foi destaque no evento. Um dos projetos selecionados teve
orientação de um professor participante do curso FIC. Com o sucesso dessa
metodologia, buscou-se em 2014 aplicar o curso novamente. Dessa vez, no
entanto, o número de participantes foi bem menor, apenas 5 professores. A
razão para isso foi identificada como sendo a implantação de projeto do
Estado, conhecido como PACTO, que promove ação justamente aos sábados,
garantindo a todos os docentes participantes uma bolsa de estudos. Ainda
assim, esses poucos professores, participantes do curso FIC, juntaram-se aos
professores da primeira edição para uma ação conjunta de lançamento da II-
MOSTRAR, onde ocorreu a entrega dos kits de ciência. Novamente, os
docentes submeteram projetos e trouxeram seus alunos para apresentar e
visitar a MOSTRAR atual, sendo, mais uma vez contemplados com projeto
premiado (figura...).
6.2 Robótica Educacional
A Robótica Educacional é um projeto que já vem se desenvolvendo no
câmpus desde 2011, quando a 1ª MOSTRAR ainda estava sendo planejada. A
primeira ação desse projeto refere-se à Oficina de Robótica promovida por
colaboradores da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri-
UFVJM, visando a aprendizagem dos alunos sobre a montagem e
programação de um robô, em temos introdutórios da linguagem de
programação específica.
Imagem 1: 1º oficina de Robótica no Campus Araçuaí. Fonte: http://www.ifnmg.edu.br/artigo?
id=1669
Este evento desencadeou o interesse de alunos pela pesquisa nesta
área, o que resultou na proposição do projeto “Criação de modelos educacionais demonstrativos de aplicação da robótica em processos sustentáveis de uso de recursos naturais.” O seu propósito inicial era o de
criar um robô que servisse de um modelo para aplicação de metodologia de
ensino nos cursos de meio ambiente e informática, do IFNMG, de forma a
promover uma integração entre eles. Contudo, o desdobramento dessas
atividades de pesquisa, possibilitou formas bem mais amplas de integração.
Em 2012, os orientandos desse projeto, deixaram de se participantes e
passaram a ministrar a II Oficina de Robótica junto com a equipe da UFVJM,
como uma atividade da Primeira MOSTRAR.
Em 2013, deu-se continuidade ao projeto que passou, então, a ser
intitulado como “Criação de modelo educacional demonstrativo: montando um
robô ecológico”. Neste estudo, a intenção era criar uma automação para fins
ecológicos. Nesta fase, foi possível adquirir, com recursos do próprio
pesquisador, um microcontrolador Arduino Uno e montar um Irrigador
Automatizado (MOSTRAR, 2014). O dispositivo foi apresentado na XIX Ciência
Jovem e serviu de modelo para a demonstração em sala de aula. A
participação desse grupo nessa feira nacional repercutiu tão intensamente que
os alunos das turmas sequentes passaram a montar grupos de estudos para
criar seus robôs. Essas atividades foram acompanhadas por alunos mais
experientes, orientandos do projeto de Robótica Educacional. Em 2014, esses
alunos voluntários participaram da Olimpíada Brasileira de Robótica,
destacando-se por terem criado alguns componentes eletrônicos, ao invés de
comprá-los. Foram criados dispositivos como sensor de linha e sensor
fotoelétrico para acionamento automático. Ainda nesse ano, os alunos
apresentaram 2 projetos na segunda MOSTRAR, além de ministrarem,
sozinhos, a III Oficina de Robótica Educacional.
6.3 Astronomia na Escola
O projeto Astronomia na Escola é uma ação de Popularização da Ciência que
tem o objetivo de tornar acessível aos estudantes e professores das escolas do
município de Araçuaí a prática de observação astronômica por meio de um
telescópio. Nesse projeto, os orientandos de iniciação científica são preparados
para realizarem sessões de observação do céu envolvendo o próprio IFNMG
como escolas do município e região. Na sua execução, foram realizadas
montagens de objetos didáticos tais como maquetes eletrônicas de algumas
constelações, preparação de cartas celestes e pesquisas de softwares
gratuitos de planetários virtuais. Apesar de nenhum dos objetos requeridos no
projeto terem sido adquiridos, foi possível realizar, de agosto até o momento, 4
sessões no pátio do IFNMG, mais 2 sessões em cidades vizinhas e outra numa
comunidade quilombola conhecida como Arraial dos Crioulos, em Araçuaí.
Numa dessas expedições, foi ministrada uma Oficina de Astronomia para
estudantes de licenciatura em física na cidade de Salinas, onde também existe
um Câmpus do IFNMG.
Enquanto fazia a exposições, a equipe desse projeto divulgava a II MOSTRAR,
buscando sensibilizar alunos e comunidade a participarem desse evento. No
período de sua realização, tivemos a visita de duas escolas e participação de
representantes da comunidade quilombola no seminário sobre
“empreendimentos de economia solidária”. Foram estabelecidos contatos com
colaboradores da Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG que
apresentaram oficinas, cursos e palestras. O planetário inflável foi uma das
oficinas mais visitadas e encantou o público. Os alunos do projeto Astronomia
na Escola monitoraram a equipe de colaboradores externos, entrando ao vivo,
em cadeia nacional de rádio para falar da importância dessa ação, através
programa “Universo Fantástico”, dirigido pelo professor comunicador Renato
Las Casas.
6.5 Visitas Técnicas
As visitas técnicas são ações que só se tornaram possíveis a partir do
momento em que a instituição passou a ter veículo apropriado para tal fim. Daí
a razão de ocorrerem apenas nas fases preparatórias para a II MOSTRAR.
Nesse tipo de atividade, busca-se estabelecer o contato dos alunos do IFNMG
com museus da ciência, levando-os a despertar o interesse pela participação
mais efetiva no evento. As visitas ao Parque da Ciência da UFVJM e ao Museu
Itinerante Ponto UFMG, ilustradas a partir da imagem (...) retratam essas
atividades.
A atividade ocorreu em dois dias, totalizando 40 alunos. Eles visitaram o
Parque da Ciência da UFVJM, em Teófilo Otoni, que esteve presente na 1ª
MOSTRAR. A parceria entre o Parque da Ciência e coordenação do evento é
de longa data, já que o coordenador da MOSTRAR foi membro da equipe que
criou esse museu. Na oportunidade os alunos também visitaram o Ponto
UFMG que fazia itinerância nessa mesma época na cidade. Além do aspecto
lúdico, a visita possibilita essa interação do estudante da escola básica com a
Universidade mais próxima da cidade, o que permite também despertar neles o
desejo de prosseguirem em seus estudos.
6.4 Feiras Afiliadas
A Mostra Científica das Escolas em Araçuaí é um evento que permite aos
participantes irem além dos limites regionais. Isso porque o projeto é filiado às
duas principais feiras de ciência do Brasil: a Ciência Jovem-PE e à FEBRACE-
SP. Essas feiras nacionais funcionam a partir da participação das escolas
públicas, principalmente de ensino básico, de todos os Estados da Federação.
Há duas formas de participar, uma pela inscrição geral das escolas e outra
pelas feiras de ciências afiliadas.
Dos três projetos escolhidos para representar Minas Gerais na XIX Feira
Nacional da Ciência Jovem, na cidade de Olinda - Pernambuco, dois foram do
IFNMG- Campus Araçuaí. Os alunos apresentaram um Irrigador Automatizado
e um estudo sobre o uso de biofertilizante como base nutricional para
diferentes culturas (Imagem...). Ambos os projetos foram egressos da 1ª
MOSTRAR. Adotando inovações sobre o uso do biofertilizante, uma das
equipes apresentou o seu trabalho também na FEBRACE-2012 (imagem..)
Na Segunda MOSTRAR foram selecionados três trabalhos, dois do ensino
médio e um do ensino fundamental. A reconstrução de um microscópio
alternativo com alcance e resolução semelhantes à de um microscópio de
ensino foi destaque na feira e já está inscrito para a FEBRACE-2015. Além
desse, há o projeto sobre método de construção de células fotovoltaicas e uma
montagem que demonstra fenômenos do sistema Terra-Lua- Sol, ambos com
submissão prevista para a próxima edição da Ciência Jovem em 2015.
A partir desse relato, percebe-se que a MOSTRAR busca integrar-se não só
em nível regional com as escolas do município e de localidades em torno de
Araçuaí, mas no âmbito nacional com as principais feiras de ciência do país.
Essa busca cresce à medida das oportunidades e seus horizontes ultrapassam
os limites regionais, buscando agora conectar os saberes e fazeres daqui com
os saberes e fazeres globais, permitindo o binômio Vale-Mundo, ligado pela
ciência.
VII- Resultados da MOSTRAR
Os resultados da MOSTRAR são descritos em dois momentos. No primeiro
momento, busca-se caracterizar a 1ª MOSTRAR e, em outro, aborda-se o
frutos da segunda edição do evento. Contudo, as comparações quantitativas
devem estar acompanhadas da leitura de totalidade que representa o processo
de desenvolvimento que vai de uma realização à outra do evento, obsevando
que a Segunda MOSTRAR ainda se encontra em andamento.
I MOSTRAR II MOSTRAR
Número de projetos Inscritos:40 trabalhos 65 trabalhos
Público participante1484 1682
Número de projetos apresentados34 trabalhos 58 trabalhos
Atividades integradas:3 5
Orientações 5 bolsistas 8 bolsistas
Apresentação e participação em eventos-3 Nacionais --3 Regionais -
Repercussão na mídia [referência] 1 Matéria em site da instituição: [1] 1 Matéria em site da instituição [7]1 Histórico no Site do evento: [2] 1 Apresentação em programa Nacional de
Rádio[...]1 Matéria em Blog Regional: [3] -1 Matéria em tele Jornal da Região: [4]
-
1 Vídeo para escolas: [5] -1 Matéria em Portal Nacional: [6] -
VII-Análise metodológica do evento- preparação e desdobramentos.
A análise dos discursos obtidos a partir das gravações de reuniões agendadas
e dos comentários do blog possibilita compreender como as etapas
metodológicas da MOSTRAR se estruturam. A investigação permite
reconhecer momentos estratégicos do evento através das seguintes etapas de
organização: concepção; diagnóstico; parcerias; integração; regulamentação; divulgação; culminância, avaliação; acompanhamento de bolsistas. Embora essas etapas não tenham sido pensadas e discutidas na
fase de planejamento das edições da MOSTRAR, a partir desse estudo, elas
tornam-se evidentes e necessárias para a estruturação de futuras edições do
evento.
Primeiro, apresenta-se qual é a ideia de ciência compartilhada pela equipe e
qual é a importância dada à Popularização de Ciência, no âmbito da
MOSTRAR. As discussões com a equipe revelam momentos em que a etapa
de concepção de popularização da ciência ficou bem clara no que se refere a
sua forma de tornar acessível o conhecimento científico como forma de ampliar
a visão de mundo das pessoas.
Ao refletir sobre a popularização da ciência, a professora L argumenta que o
conhecimento científico é visto como instrumento de emancipação das
pessoas, ideia que se completa na interpretação do professor H ao reconhecer
a sua popularização como uma forma de tornar a ciência cada vez mais
acessível a todos. A aluna B vê a popularização da ciência como uma forma de
interação entre o conhecimento escolar e a prática. A aluna J argumenta que a
popularização da ciência, através de eventos como a MOSTRAR, abre a visão
de mundo, possibilitando enxergar outras possibilidades: A gente fica baseada
em algumas profissões e a gente olha para outros pontos.
Certamente, as discussões sobre a importância da popularização da ciência
desenvolvem uma noção mais objetiva do que esperar de um evento e seu
processo de construção. “[...]quando a gente caminha pelos estandes, a
sensação que tenho é que ali é um espaço que tem objetivo de trazer para o
visitante a ciência que ele não tem acesso em outro espaço. Trazer a esse
visitante, que pode ser um adolescente, uma criança, ou um adulto, várias
visões sobre o mundo.
Concepções espontâneas como essas surgem ao longo dos diálogos,
permitindo entender as motivações da equipe. Contudo, nenhum objetivo de
popularização da ciência deve ignorar os aspectos da realidade do público ao
qual se destina. Dessa forma, o diagnóstico é enfatizado nos discursos como
desafios de popularizar a ciência numa região em que essa prática não é uma
realidade.
“Na nossa região, as pessoas não se acham capazes de fazer e participar de
assuntos relacionados à ciência”, argumenta a aluna B que conclui: “Acho que
o desafio é a conscientização. A professora L explica essa ideia, dizendo que
“a região é enxovalhada de conceitos de que a gente é menor, de que a gente
não pode, da região oprimida” e termina dizendo que é preciso incentivo. A
aluna J também destaca o fator social “porque aqui as pessoas têm uma
cultura que vai crescendo e tem que trabalhar para ajudar a família. A
professora L lembra que “O fato de estar longe de grandes centros de
pesquisa, talvez intimide a popularização, mas a nossa presença na região é
importante para acabar com esse mito de que ciência só se faz nos grandes
centros.”
Esses argumentos vão de encontro com a realidade contextualizada no início
desse estudo. A caracterização social de pobreza, mantidas pela ausência de
políticas públicas, dentre elas a que se refere à educação, situa a região num
circuito distante da influência acadêmica, fazendo com que a ciência seja uma
entidade fora do alcance da população. Ao se referir à “nossa presença” como
sendo a presença do IFNMG, assume-se uma responsabilidade da iniciativa,
buscando incentivar outras intuições a assumirem o papel de tornar a ciência
mais acessível ao público.
Naturalmente, há uma compreensão da equipe sobre os limites de suas ações,
dada as condições materiais e humanas necessárias à popularização da
ciência na região. Nesse sentido, o professor N argumenta que a principal
dificuldade é dar suporte para que eventos tal como a MOSTRAR aconteça,
referindo-se à logística, financiamento e parcerias diversas.
Embora a MOSTRAR seja um projeto financiado, a parceria exigida em um
evento vai além de apoio financeiro. As parcerias revelam-se nos discursos
como ações colaborativas e de fomento ao projeto concebido teoricamente. No
que se refere ao fomento, destaca-se apenas a limitação de recursos. Na
última edição foram destinados R$ 22.500,00 para despesas com o evento
mais R$ 6.000, de bolsas para premiação dos projetos em destaque. Os
colaboradores caracterizam-se como aqueles cujas ações se integram ao
projeto e contribuem continuamente ou pontualmente. Os colaboradores que
formam a equipe proponente têm uma participação mais intensa e contínua,
enquanto que o coordenador de uma oficina colabora mais pontualmente.
Esses perfis, contudo, constituem extremos da estruturação executora em
vários níveis que nem sempre são tão colaborativos quanto se espera.
O professor H expõe, como exemplo, as instituições de educação situadas no
próprio município que “não prestigiam tanto como as cidades visinhas”. A
compreensão sobre tal assunto é complexa e passa pela diferenciação da
política estabelecida por conta de redes de ensino Federal, Estadual, e
Municipal. Em geral, cada rede trabalha com suas metas e orbitam em torno de
sua cultura institucionalizada. Não há um diálogo sistemático entre essas
redes educacionais, nem mesmo um espaço que as permitam discutir sua
realidade, ainda que estejam situadas num mesmo município.
Para o professor A, “a MOSTRAR vem resgatar essa ideia de integração.
Porque não existe a educação federal, estadual, a municipal. Senti essa
necessidade de integração no momento de visita às escolas quando convidava
as pessoas para participarem da MOSTRAR. Eu senti que trabalhamos de
forma isolada.”
Sobre essa integração, evidenciada na fala do professor, ela mais do que
necessária já que a MOSTRAR é uma apresentação das escolas para as
escolas. Isso implica em exercício de ampla articulação com a rede de
educação básica, buscando encorajar professores e alunos quanto à
participação no evento. Para isso, são criados e desenvolvidos projetos que
encurtam as distâncias entre IFNMG e os professores e estudantes externos. O
curso FIC, Astronomia na Escola, Robótica Educacional são alguns exemplos
de projetos integradores que si diferenciam do evento pelo fato de ocorrerem
continuamente e não só durante a sua culminância da MOSTRAR.
A professora L destaca o papel do projeto FIC de professores que está
associado à MOSTRAR. “Ele está baseado em oficinas de materiais de baixo
custo e uma coisa vivenciada é esses professores produzindo feiras de
ciências em suas instituições e trazendo para nós como exemplo”. “Eventos
como esses também são multiplicadores”, conclui a professora.
Aluna B define a MOSTRAR como “espaço de integração” e avalia “a dinâmica
relação de troca de conhecimento entre o projeto Astronomia na Escola e a
equipe do Observatório da UFMG”, demonstrando que essa interação ocorre
não só com as escolas da região, mas entre a Universidade e o Instituto. Na
visão do professor N, “a integração também acontece porque é um momento
de divulgação. De saber o que seu colega faz, como ele faz, quais os
resultados, já que nem todos tem conhecimento da ciência que está sendo
produzida até mesmo internamente.
Constata-se que a integração é um dos grandes resultados subjetivos
produzidos com essas ações. Alunos cujos trabalhos se destacam na
MOSTRAR são levados às feiras nacionais as quais o evento é filiado. Esses
diversos níveis de integração, escola-instituto, instituto-universidade, instituto-
feira nacional, impactam significativamente a visão dos participantes que
parecem ampliar as perspectivas a cada evento, como evidenciado nos
comentário da professorar L a seguir:
Na primeira versão do curso FIC, os professores que participaram trouxeram
seus alunos e fomos surpreendidos por uma professora que argumentou que
os seus alunos nunca tinha saído da comunidade. Foi a primeira vez que
sairam da comunidade à 40km para visitar Araçuaí. Nesse ano, um dos
prêmios foi para duas estudantes da comunidade. É um exemplo de como a
MOSTRAR serviu para ampliar os horizontes dos alunos daquela região.
O Professor H fala que “um resultado importante é quando você vê no rosto do
aluno a alegria da descoberta de um novo conhecimento. Quando você vê a
expressão das pessoas ao visitar os estandes [...] e não há como medir isso.”
Certamente, o impacto desses resultados, avaliados como algo positivo pela
equipe e a população acabam por retroalimentar o próprio evento, permitindo
criar novas expectativas quanto às edições futuras. Nas próximas edições o
professor A sugere que “a MOSTRAR seja também esse espaço para que
professores da região possam ser estimulados a apresentar suas experiências
na forma de relatos, comunicações, entre outros trabalhos sistematizados.”
A repercussão interna e externa do evento são fatores que contribuem com a
sua própria continuidade, mas no caso de iniciativas como a MOSTRAR, com
somente duas edições, é preciso de múltiplas formas de divulgação. O site de
domínio www.mostrar.ifnmg.edu é uma das ferramentas que, além de ser um
meio de divulgar as regras contidas no edital que regulamenta o processo,
possibilita o controle de inscrições, submissão e a divulgação das atividades
dentro de uma programação.
Apesar desse meio permitir uma forma rápida de interagir com o público
participante, observa-se que não é suficiente esperar que as inscrições
ocorram no ambiente virtual sem que haja uma constante presença nas
escolas. Tão pouco, pode se esperar que haja participação do público com
uma equipe panfletária com a tarefa de visitar as escolas. É preciso que o
pessoal envolvido com a divulgação se comprometa com evento e acredite no
seu sucesso. Nesse sentido, as estratégias de divulgação da MOSTRAR se
diferenciam dos meios tradicionais por que atingem as escolas principalmente
através dos projetos de integração anteriormente descritos.
Como um evento bianual, a MOSTRAR teve a sua culminância em duas
edições, até o momento. Suas programações são apresentadas, sucintamente,
nas tabelas (...) e estão seguidas das descrições das atividades. O evento
ganha proporções mais intensa nesse momento, implicando em fatores de
risco de ser bem sucedido ou não. Esse aspecto eventual manifesta-se por
diversos fatores, dentre eles a impossibilidade de se prever e controlar todas as
circunstâncias de uma mostra científica, dado o seu caráter criativo e inusitado.
Além disso, existem funções solidárias entre a equipe de organização, os
colaboradores, participantes e visitantes que não se adéquam a um controle
rígido. Daí a razão de se promover estudos como esses para discutir e
analisar os desdobramentos da MOSTRAR, produzindo resultados coletivos da
sua avaliação. Nesse sentido, a avaliação da MOSTRAR não se resume à
impressão do coletivo proponente. Ela possibilita reconhecer as experiências
de eventos anteriores em termos de suas limitações e potencialidades, também
a partir do olhar do público sobre o evento. A tabela a seguir apresenta a
avaliação de 289 visitantes sobre 7 critérios durante a segunda MOSTRAR.
Critério Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo
O espaço físico da II MOSTRAR foi: 186 78 13 5 1
Na sua opinião os horários de apresentação dos
trabalhos foram:
116 127 39 2 3
Classifique a II MOSTRAR quanto à relevância
técnico-científica:
157 101 29 2 -
Os trabalhos apresentados na II MOSTRAR
foram:
158 111 18 - 2
A programação da II MOSTRAR foi: 137 106 38 5 2
Com relação às suas expectativas a II MOSTRAR
foi:
150 100 28 6 3
As informações prestadas pela equipe
organizadora durante a II MOSTRAR foram:
178 86 23 - 2
Ao concentrar atenção sobre as justificativas da insatisfação dos que
consideram o evento ruim ou péssimo, verifica-se como principais
reclamações: as mudanças, de última hora, na programação; dificuldade de
visitar o planetário; falta de informação; ausência de avaliadores em alguns
estandes; e explicação do projeto. Ainda que as reclamações sejam pontuais,
elas retratam muito bem os problemas que foram constatados pela equipe,
compondo, junto com a avaliação dos proponentes, um quadro mais amplo de
diagnóstico do evento e seus resultados.
A avaliação, tem esse aspecto formativo que permite reconhecer o
amadurecimento do evento e entendê-lo não só como um resultado de um
período culminante, mas como um processo construtivo e continuado. O
sentido de continuidade completa o caráter eventual da MOSTRAR quando se
discute a etapa que sucede o evento. Trata-se do Acompanhamento de Bolsistas cujos projetos são selecionados com base em critérios previstos em
edital. Nessa etapa, tanto os estudantes quanto os seus coordenadores de
projetos recebem orientações da equipe da MOSTRAR e são inscritos para a
participação em feiras nacionais.
O professor A argumenta que “isso é um incentivo, pois, à medida que os
estudantes veem os trabalhos premiados, eles começam a sentir necessidade
de produzirem também. Os alunos vão querer que seu trabalho seja
selecionado e que seja apresentado em feira nacional.”
Esse resultado da MOSTRAR é impactante, sobre tudo, por despertar nos
estudantes um desejo de ir além dos limites tradicionais da sala de aula. Nesse
sentido, trata-se de um mergulho num mundo que não fazia parte da sua
cultura educacional. Embora a MOSTRAR selecione poucos alunos para os
eventos nacionais, o efeito disso sobre os estudantes e a população é a
desmitificação da ciência como algo inacessível, o que implica em incentivo à
participação que se renova a cada evento.
O caminho que conduz a todos os resultados discutidos nesse estudo revelam
etapas metodológicas da MOSTRAR pelas quais perpassam a própria
regulamentação do evento. Nessa etapa esta implícita a concepção de
ciências através da temática que se admite nas categorias de submissão de
trabalhos, o que faz pensar sobre o que se pode admitir como trabalho
científico ou não. Nesse sentido, é preciso levar em conta que a ciência por
aqui está presente nos fazeres e saberes culturalmente construídos.
Então, o diagnóstico deve ser essa leitura da realidade para a qual as regras
de participação devem ser pensadas. Mas há normas que extrapolam a
autonomia do evento de fazer o que melhor entende. Especificamente, quem
financia também tem sua ideia de ciência e o mesmo vale para qualquer outra
forma de parceria e integração.
A própria divulgação da MOSTRAR é, fundamentalmente, a sua explicação
em função das regras de participação: a forma de submissão de trabalhos,
suas categorias temáticas, o público ao qual se destina, a programação e a
inscrição de visitantes. Toda essa ação, articulada com os projetos de
integração conduz à culminância, que é o evento propriamente dito. Na
confluência das atividades planejadas estão, de um lado, os visitantes e os
expositores, ambos em interação com o objeto de aprendizagem. Alguns, mais
tarde, irão integra-se a outros espaços de popularização da ciência em feiras
nacionais. A seleção desses estudantes é precedida de critérios previstos em
edital que avalia o comportamento alinhado ao mérito científico e à
possibilidade de continuidade do trabalho no que se define como etapa de
acompanhamento de bolsista.
Finalmente, retornamos à etapa de avaliação que, embora possa ser prescrita
em alguma forma de planejamento, sempre é mais ampla por se dar na
dimensão de análise dos fatos. Trata-se desse momento de pesquisa sobre o
qual se de dedicam alguns outros momentos de reflexão sobre a prática, por
meios de grupos de discussão. Daí a importância de se perceber este estudo
Avaliação Regulamentação
Parcerias
Culminância Divulgação
Acompanhamento de bolsita
Integração
Diagnóstico
Concepção
não só como um relato de experiência, mas sobretudo, como instrumento de
inovação para as próximas edições da MOSTAR.
A seguir, apresenta-se um mapa das etapas da MOSTRAR, ilustrando o fluxo
desses conceitos e sua interdependência.
Os aspectos centrais desse quadro são: a regulamentação, a integração e a
avaliação. Isso se explica pela capacidade nutriente da avaliação em promover
a inovação no processo que delineia o evento quando a mesma decorre de um
resultado de discussão integrado. Esse também é o sentido de participar que
está presente nesse estudo, coforme define.... Para o autor, participar é fazer
parte das conquistas e tomar parte nos resultados. Quanto à concepção, ela se
posiciona no alto, por representar a motivação de essencial de se popularizar a
ciência. O acompanhamento de bolsistas constitui-se de etapa mais específica,
posicionando-se na parte inferior como forma de ilustrar a etapa final do
projeto. O diagnóstico e a parceria são etapas que se emparelham pelo
aspecto conectivo e situacional, relativo à realidade da população. Enquanto a
divulgação e culminância, num nível mais abaixo, representam fases de
contornos mais expoentes do evento, onde já se pode percebê-lo com uma
identidade através da programação. Obviamente, todas essas etapas estão
interligadas sem sentido privilegiado por força de seu aspecto orgânico de
totalidade.
VIII Conclusão
Portanto, compreende-se que a MOSTRAR, embora tenha essa conotação de
evento, é caracterizada por etapas que antecedem e sucedem a sua
culminância. De forma conclusiva, percebe-se que esses momentos
metodológicos dão a ela um caráter processual e subjetivo capaz de tornar
acessível ao público, seja ele escolar ou não, o conhecimento científico e
tecnológico como instrumento de ampliação da visão que tem do mundo.