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1- Medir Grandezas Físicas Sendo a Física e a Química ciências experimentais é necessário efectuar medições de várias grandezas. Pensa-se, em geral, que numa actividade experimental deve chegar-se a uma resposta exacta para o problema que originou essa actividade. Contudo, há que ter a noção que qualquer medição efectuada depende das condições em que a actividade é realizada e, por essa razão, é apenas uma estimativa, isto é, uma medida é uma melhor ou pior aproximação do verdadeiro valor da quantidade medida. Mesmo quando as condições em que a actividade é realizada são as melhores possíveis, há sempre uma incerteza associada à medida, uma vez que existem erros inerentes ao processo de medição. 1.1- Medir, medição e medida Medir é comparar o valor de uma grandeza com outro predefinido, que se convencionou chamar unidade. Por exemplo, medir o comprimento de uma sala é verificar quantas vezes a sala é mais comprida do que a unidade de comparação – o metro. Medição é a operação que traduz o acto de medir e pode ser: Directa, se for uma comparação directa entre grandeza a medir e outra da mesma espécie, cujo valor se escolheu para unidade; Ex: para determinar o comprimento de uma sala, é necessário efectuar a medição directa do seu comprimento. Indirecta, se for resultado da relação matemática entre grandezas de medição directa. Ex: para determinar a área da sala, é necessário efectuar a medição directa do seu comprimento e da sua largura, Texto de apoio de Física e Química – A ------ Medição 10º ano de escolaridade TEXTO DE APOIO DISCIPLINA DE FÍSICO – QUÍMICA A – 10º Medição 1

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1- Medir Grandezas FísicasSendo a Física e a Química ciências experimentais é necessário efectuar medições de várias

grandezas.

Pensa-se, em geral, que numa actividade experimental deve chegar-se a uma resposta exacta

para o problema que originou essa actividade. Contudo, há que ter a noção que qualquer medição

efectuada depende das condições em que a actividade é realizada e, por essa razão, é apenas uma

estimativa, isto é, uma medida é uma melhor ou pior aproximação do verdadeiro valor da quantidade

medida. Mesmo quando as condições em que a actividade é realizada são as melhores possíveis,

há sempre uma incerteza associada à medida, uma vez que existem erros inerentes ao processo de

medição.

1.1- Medir, medição e medidaMedir é comparar o valor de uma grandeza com outro predefinido, que se convencionou

chamar unidade.

Por exemplo, medir o comprimento de uma sala é verificar quantas vezes a sala é

mais comprida do que a unidade de comparação – o metro.

Medição é a operação que traduz o acto de medir e pode ser:

Directa, se for uma comparação directa entre grandeza a medir e outra da

mesma espécie, cujo valor se escolheu para unidade;

Ex: para determinar o comprimento de uma sala, é necessário efectuar a

medição directa do seu comprimento.

Indirecta, se for resultado da relação matemática entre grandezas de medição

directa.

Ex: para determinar a área da sala, é necessário efectuar a medição directa do

seu comprimento e da sua largura, e usa-se a relação matemática A = c×l

para determinar a área da sala.

Medida (de uma grandeza) é o resultado de uma operação chamada medição, que se

exprime através de um número, por vezes acompanhado de uma unidade, noutras vezes sem

unidade (grandeza adimensional)

Por exemplo, o comprimento da sala tem uma medida de 4,0 m e a sua largura tem

6,0 m. A área da sala tem uma medida de 24 m2.

1.2- Erros de mediçãoPor mais sofisticado que seja o aparelho, por mais adequada que seja a técnica e por

mais experiente que seja o operado, é impossível efectuar uma medição que forneça o valor

verdadeiro.

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TEXTO DE APOIO DISCIPLINA DE FÍSICO – QUÍMICA A – 10ºMedição

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Qualquer medição está sempre sujeita a erros experimentais, que podem ter várias

causas, mas dependem fundamentalmente do aparelho de medida e do modo como este é

utilizado, do operador ou das condições experimentais.

Assim, é importante o conhecimento de todos os tipos de erros que se podem cometer de

modo a minimizá-los. Os erros podem classificar-se em erros sistemáticos e em erros acidentais ou fortuitos.

Tipos de erros

Características Causas

Sistemáticos

(instrumentais

e

do método)

Têm sempre as mesmas

causas

Existem sempre

Apresentam variação

sempre no mesmo

sentido

Podem ser detectados e

corrigidos

Método utilizado não adequado Deficiências dos instrumentos de medida (má

calibração do aparelho) Posição inadequada ou manipulação incorrecta do

operador durante a medição (por exemplo, má colocação em relação à escala durante as leituras – erros de paralaxe)

Flutuações nas condições de medida (medições realizadas em condições de pressão e temperatura diferentes das indicadas no aparelho)

Utilização de reagentes com impurezas Simplificação no modelo matemático em medições

indirectas (por exemplo, desprezar o atrito em experiências de mecânica)

Acidentais

Têm causas pontuais

São imprevisíveis

Variam de forma

aleatória, para um lado e

para o outro do valor da

grandeza

Podem ser atenuados,

mas nunca eliminados

Más leituras, quer por desconhecimento da escala de leitura, quer por limitações na capacidade de visão humana (por exemplo, na leitura de uma escala quando se estima um algarismo incerto)

Variações nas condições de temperatura, pressão, vento (por exemplo, devido a correntes de ar), tensão eléctrica, etc. durante o trabalho

Vibrações e estremecimentos do aparelho de medida (por exemplo, quando uma porta bate)

Limitações no funcionamento do aparelho de medição (por exemplo, variações na corrente eléctrica nos circuitos durante o funcionamento)

Os erros sistemáticos podem ser eliminados (ou quase), se o operador conhecer bem o

método e os aparelhos envolvidos na medição.

Já os erros acidentais são difíceis de eliminar, uma vez que as suas causas são

imprevisíveis. Podem, contudo ser reduzidos, quer com o aperfeiçoamento da medição pelo

operador, quer efectuando várias medições (sempre em número impar e no mínimo cinco) da

mesma grandeza, de modo a tomar o seu valor médio x̄ como valor mais provável dessa

grandeza.

1.3- Exactidão e precisão de uma medidaOs termos exactidão e precisão não têm o mesmo significado, embora por vezes se confundam.

Exactidão – relaciona-se com a proximidade entre o valor encontrado e o valor verdadeiro.

O resultado de um conjunto de medições diz-se exacto se o valor médio é próximo do verdadeiro.

A exactidão de um resultado é afectada pelos erros sistemáticos.

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Precisão – relaciona-se com a proximidade entre os valores encontrados em medições

repetidas de uma dada grandeza.

Quando se fazem medições repetidas de uma dada grandeza pelo mesmo método e os valores

encontrados são próximos, diz-se que existe precisão nos resultados.

A precisão é afectada pelos erros acidentais.

Deste modo, o valor médio de uma grandeza pode ser preciso e não exacto, ou ser

exacto e não preciso.

Também se pode falar de exactidão e precisão de um aparelho de medida. Um aparelho

de medida é exacto quando o valor por ele medido coincide com o valor verdadeiro da grandeza

a medir. Contudo, é difícil de avaliar esta característica, visto que poucas vezes conhecemos o

valor verdadeiro.

A precisão de um aparelho de medida indica-nos a menor divisão que um aparelho pode

detectar. Por exemplo, uma precisão de 0,1 mg numa balança indica que podemos atribuir a

quarta casa decimal à medida de uma massa expressa em gramas. Isso significa que o

aparelho de medida é tanto mais sensível quanto maior for a sua precisão.

1.4- Sensibilidade, menor divisão da escala e alcance de um aparelho de medidaA sensibilidade representado pelo número de divisões que o indicador se desvia por

efeito do acréscimo de uma unidade da grandeza em medição.

A menor divisão da escala de um aparelho é o valor da menor divisão da escala.

O alcance de um aparelho de medida é o valor máximo que ele permite medir.

1.5- Incerteza de uma mediçãoNuma actividade experimental feita em laboratório é tão importante manusear os

instrumentos e efectuar os procedimentos correctamente como tratar os dados recolhidos. É o

tratamento desses dados que conduz à interpretação do fenómeno em estudo e permite

formular conclusões. A estimativa dos erros inerentes à experiência permite chegar a um

resultado afectado de uma certa incerteza. O valor numérico desta incerteza pode ser crucial,

quando se pretende validar hipóteses ou comparar resultados.

Ao medir uma grandeza não se pode afirmar que o valor encontrado é exacto, isto é, que

é o valor verdadeiro. Sendo a medida o resultado de uma medição, é lógico que esse resultado

seja afectado de uma incerteza, reflexo dos erros das medições.

A medida não deve não só conter o valor numérico estimado, mas também a incerteza

associada e a respectiva unidade, quando a tem (há grandezas sem unidade, ditas

adimensionais como o caso da densidade relativa). Assim, uma medida deve conter a seguinte

informação:

Medida = (valor numérico incerteza) unidade

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Por esta razão, sempre que se efectua uma medição deve-se também registar a

incerteza associada à medida. Como determinar essa incerteza?

a) Quando se faz apenas uma medição .

Chama-se incerteza absoluta de leitura ao erro máximo razoável que se pode cometer

ao efectuar uma leitura. Normalmente adopta-se os seguintes procedimentos:

Se o aparelho for analógico (se indicar o valor da medida mediante a posição de um

ponteiro que se desloca continuamente sobre uma escala), toma-se como incerteza

absoluta de leitura a metade da menor divisão da escala. O resultado da medida

deve indicar um valor até às décimas da menor divisão da escala, a incerteza

absoluta de leitura e a respectiva unidade.

Exemplo: uma medição de um comprimento (ℓ ) com uma régua cuja menor divisão é o

milímetro pode ser:

ℓ =(25,7 0,5) mm ou ℓ = (2,57 0,05)cm

Não se deve utilizar a forma ℓ = 2,57 cm 0,5 mm, pois os dois números devem estar

nas mesmas unidades e com a mesma quantidade de casas decimais.

Se o aparelho for digital (se fornecer directamente a medida, indicando medidas com

variações descontínuas), toma-se como incerteza absoluta de leitura o menor valor

lido no aparelho (o valor da sensibilidade). O resultado da medida deve indicar: o

valor tal e qual e apresentado no aparelho; a incerteza absoluta da leitura e a

respectiva unidade.

Exemplo: uma medição de uma massa m numa balança digital em que o menor valor

da escala é a décima de grama:

m =(20,6 0,1) g

Pode ainda suceder que o aparelho tenha explicitamente indicada a incerteza

absoluta de leitura. Muitas vezes essa incerteza surge com outros nomes, como

precisão, tolerância ou erro do aparelho.

Se existirem erros sistemáticos de valor conhecido, devem ser adicionados à incerteza

absoluta de leitura.

b) Quando se faz várias medições da mesma grandeza nas mesmas condições.

Neste caso obtêm-se diferentes valores para essa grandeza, o que revela que se

cometeram erros acidentais. Uma forma de controlar este tipo de erros consiste em efectuar

várias medições, pelo menos cinco, e fazer o tratamento estatístico dos dados experimentais.

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Supondo que os resultados das medições se representam por X1, X2, …, Xn, sendo n o

número de medições, toma-se como valor mais provável da medida o valor médio X̄ :

X̄=1n( X1+X2+.. .+Xn )

Verifica-se que a maioria dos resultados das medições são diferentes do valor médio.

Então o desvio de uma medida, di, é definido como a diferença entre cada valor Xi e o valor

médio. di=X i− X̄

Toma-se como incerteza o módulo do maior dos desvios calculados, |dmáx|, ou seja o

desvio absoluto máximo. Esta incerteza é designada incerteza absoluta de observação; se o

seu valor for superior à incerteza absoluta de leitura, a medida resultante das várias medidas é

dada por:

X=X̄+|dmáx| ou seja, o intervalo para o valor da medida é [ X̄−|dmáx| , X̄+|dmáx|]

Em todos os casos, deve tomar-se sempre a maior das incertezas absolutas (de leitura

ou de observação) para o resultado da medida

Define-se a incerteza relativa, δ , como o quociente entre a incerteza absoluta, Δ , (de

leitura ou de observação) e o valor medido, que é dada pela expressão: δ= Δ

Se <0,05 pode-se considerar os resultados experimentais exactos.

Se o valor de uma grandeza é obtido por adição ou subtracção de duas ou mais medidas,

esse valor vem afectado por uma incerteza absoluta que é igual à soma das incertezas

absolutas das parcelas.

Exemplo: sendo m1 = 2,03 0,01 g e m2 = 4,23 0,01 g

m = m1 + m2 = 2,03 + 4,23 (0,01 + 0,01) = 6,26 0,02 g

Se o valor de uma grandeza é obtido por multiplicação ou divisão de duas ou mais

medidas, esse valor vem afectado por uma incerteza igual à multiplicação desse valor pela

soma das incertezas relativas dos factores.

Exemplo: sendo m = 6,26 0,02 g e V = 110,0 0,5 mL

ρ=mV

⇒ ρ= 6 ,26110 ,0

=0 ,0569 g /mL sendo

δm=0 ,026 ,26

=0 ,003 e

δV=0,5110 ,0

=0 ,0045

δ ρ=0 ,003+0 ,0045=0 ,008 , então Δρ=ρ×δ ρ⇒ Δρ=0 ,0569×0 ,008=0 ,00046

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Page 6: Web viewPor exemplo, o comprimento da sala tem uma medida de 4,0 m e a sua largura tem 6,0 m. A área da sala tem uma medida de 24 m2. Erros de medição

logo ρ=0 ,0569±0 ,00046 g/mL

1.6- Apresentação dos resultados das mediçõesNotação científica

Quando os resultados, das medições, são expressos por números muito grandes

ou muito pequenos, é conveniente expressá-los em função do produto de um número

(digito compreendido entre 1 e 9, inclusive), por uma potência de base 10 e de expoente

inteiro, que pode ser positivo ou negativo. Deste modo, qualquer número pode expressar-

se em função de uma potência de base 10, o que permite facilmente comparar valores e

ter noção da sua ordem de grandeza, que é potência de base 10 mais próxima desse

número. Esta representação é feita do seguinte modo:

A×10n em que 1≤A<10 e n é um número inteiro, positivo ou negativo.

Algarismos significativosO resultado de uma medição pode ser expresso de tal modo, que indique a

precisão com que ela foi efectuada. Essa precisão é evidenciada, pelo número de

algarismos significativos expressos nesse resultado. Nele existem algarismos exactos e

um algarismo incerto ou aproximado.

Os algarismos exactos são concordantes com as divisões da escala, enquanto que

o algarismo incerto é não exacto e corresponde a uma fracção da menor divisão da

escala, lida por estimativa.

Regras para a contagem de algarismos significativos Os algarismos significativos contam-se da esquerda para a direita.

Qualquer algarismo diferente de zero é significativo

Os zeros à esquerda do primeiro algarismo diferente de zero não são significativos:

0,035060 – 5 algarismos significativos

32,0 – 3 algarismos significativos

0,3 – 1 algarismo significativo

Nos números apresentados em notação científica, as potências de base 10 não

são contadas como algarismos significativos.

Por exemplo, para o número 3000 podemos ter:

3×103 – 1 algarismo significativo

3,0×103 – 2 algarismos significativos

3,00×103 – 3 algarismos significativos

Quando o primeiro algarismo significativo for igual ou superior a 5, conta por dois

algarismos significativos

127 – 3 algarismos significativos

527 – 4 algarismos significativosTexto de apoio de Física e Química – A ------ Medição 10º ano de escolaridade 6

Page 7: Web viewPor exemplo, o comprimento da sala tem uma medida de 4,0 m e a sua largura tem 6,0 m. A área da sala tem uma medida de 24 m2. Erros de medição

0,032 – 2 algarismos significativos

0,072 – 3 algarismos significativos

Quando se faz uma redução, de uma unidade de grandeza para outra, o número

de algarismos significativos permanece constante.

6,5 m = 6,5×103 mm – 3 algarismos significativos

12,8 cm3 = 0,0128 dm3 ou 1,28×10-2 dm3 – 3 algarismos significativos

ArredondamentosMuitas medidas são obtidas indirectamente, pois resultam de cálculos efectuados

com medições directas. Nesses casos não é correcto apresentar o resultado final dos

cálculos com um número enorme de algarismos (todos aqueles que aparecem na

calculadora). O resultado deverá exprimir as limitações das medidas que o originou, isto

é, deverá apresentar um número correcto de algarismos significativos, pelo que deverá

ser arredondado.

Ao fazer o arredondamento deve-se, em primeiro lugar, definir-se a última casa

decimal a aparecer no resultado e sobre o qual irá incidir a aproximação.

Depois, aplicam-se as regras dos arredondamentos, que são as seguintes:

Se o primeiro algarismo a suprimir for inferior a 5, o algarismo anterior arredonda-

se por defeito (mantém-se).

35,317 – algarismos a suprimir 1 e 7 O resultado fica 35,3

Se o primeiro algarismo a suprimir for superior a 5, o algarismo anterior arredonda-

se por excesso (aumenta uma unidade).

35,881 – algarismos a suprimir 8 e 1 O resultado fica 35,9

Se o algarismo a suprimir for 5, o algarismo anterior arredonda-se por defeito

(mantém-se) caso seja par, ou arredonda-se por excesso (aumenta uma unidade)

caso seja impar.

35,450 – algarismos a suprimir 5 e 0 O resultado fica 35,4

35,152 – algarismos a suprimir 5 e 2 O resultado fica 35,2

Operações com algarismos significativos

Adição e subtracção.

Na adição, ou na subtracção, o número de casas decimais do resultado deve ser

igual ao da parcela com menor número de casas decimais.

32,617 + 2,7 = 35,317 (o resultado deverá ter só uma casa decimal)

Resultado arredondado é 35,3

20,496 - 2,12 = 18,376 (o resultado deverá ter só duas casas decimais)Texto de apoio de Física e Química – A ------ Medição 10º ano de escolaridade 7

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Resultado arredondado é 18,38

Multiplicação e divisão

O resultado de uma multiplicação, ou de uma divisão, deve apresentar um número

de algarismos significativos igual ao do factor com menor número de algarismos

significativos.

4,98 × 2,3 = 11,454 (o resultado deverá ter só dois algarismos significativos)

Resultado arredondado é 11

653 × 3,4 = 2220,2 (o resultado deverá ter só dois algarismos significativos)

Resultado arredondado é 2,2×103

8,32 : 2,13 = 3,906 (o resultado deverá ter só três algarismos significativos)

Resultado arredondado é 3,91

O diagrama seguinte apresenta uma possível organização dos conceitos anteriormente descritos.

Texto de apoio de Física e Química – A ------ Medição 10º ano de escolaridade 8

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2- Medição de massas, volumes e temperaturas, usando diversos instrumentos adequados.

2.1 Medição de massasHabitualmente, massa e peso são confundidos porque estão relacionados. A massa é, de

facto, proporcional ao peso, mas as duas grandezas são diferentes. Quando pesamos um corpo,

estamos, na verdade, a medir a sua massa, embora se chame à operação pesagem.

A massa é uma importante propriedade da matéria. Como não depende da temperatura ou da

pressão atmosférica, pode ser determinada com elevada precisão. O instrumento utilizado para

efectuar esta operação é a balança, que geralmente está graduada em grama (g), unidade

submúltipla do quilograma (kg).

Existem vários tipos de balanças, com alcance e sensibilidade diversas. As balanças analíticas

podem apresentar uma incerteza até 0,00001 g! As balanças disponíveis nas

escolas são balanças técnicas, ou semi-analíticas, que permitem precisões de

0,1 g a 0,001 g. A balança que se encontra na figura é um exemplo de uma

balança que se pode encontrar num laboratório de uma escola. Como é um

Texto de apoio de Física e Química – A ------ Medição 10º ano de escolaridade 9

Page 10: Web viewPor exemplo, o comprimento da sala tem uma medida de 4,0 m e a sua largura tem 6,0 m. A área da sala tem uma medida de 24 m2. Erros de medição

instrumento de escala discreta, a sua incerteza é igual ao menor valor que por ela pode ser medido

(isto é, a menor divisão da escala, por exemplo, para esta balança Δm=±0,1g ).

Antes de medir a massa de um corpo deve escolher-se a balança adequada em termos de

alcance e sensibilidade de entre as que existem no laboratório. Deve, ainda, conhecer o seu

funcionamento, de modo a evitar acidentes que a danifiquem, visto que a balança é um equipamento

sensível e caro, devendo ser utilizado com cuidado. Após a selecção da balança, pesa-se a amostra

tendo os seguintes cuidados.

Não colocar a amostra directamente sobre o prato da balança, mas, sim, dentro de um

recipiente limpo e seco, que pode ser um vidro de relógio, um copo de precipitação ou até

um simples papel de filtro. Estes recipientes devem estar limpos, secos e à temperatura

ambiente. As amostras devem estar, também à temperatura ambiente.

Evitar vibrações da mesa ou da bancada em que se encontra a balança.

Evitar derrame de líquidos ou de reagentes sólidos sobre o prato da balança. Se ocorrer

algum derrame de amostra, limpar imediatamente.

Técnica de pesagem para sólidos: As balanças automáticas têm um funcionamento muito

simples. Basta colocar um recipiente no prato da balança, carregar no botão de tara (para que

marque zero) e dosear a massa da substância desejada.

Para pesar reagentes sólidos em pó deve-se utilizar uma espátula e proceder do seguinte modo.

Aproximar o frasco de reagente do recipiente colocado no prato da balança.

Segurar a espátula por cima e bater suavemente de um lado com o indicado, de modo a

dosear uma pequena porção para o recipiente.

Aguardar que a leitura estabilize e repetir o procedimento anterior até obter a massa

desejada.

Técnica de pesagem para líquidos:

Para pesar reagentes líquidos deve-se proceder do seguinte modo.

Colocar o recipiente vazio na balança e registar a sua massa mi.

Colocar no recipiente o volume de líquido que se pretende pesar e registar a sua massa mf.

Calcula-se a massa do líquido por subtracção dos valores registados: ml = mf – mi.

2.2 Medição de volumesA técnica de medição do volume de uma amostra depende do estado físico da amostra (líquido

ou sólido) e da sua forma (regular ou irregular).

No laboratório de química é muitas vezes necessário medir pequenos volumes com grande

exactidão. As unidades de volume mais usuais são:

O decímetro cúbico, dm3, que corresponde ao litro, L.

O centímetro cúbico, cm3, que corresponde ao mililitro, mL.

O milímetro cúbico, mm3, que corresponde ao microlitro, L.

Texto de apoio de Física e Química – A ------ Medição 10º ano de escolaridade 10

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a) Medir volumes de líquidos.

O material usado para medir volumes de líquidos pode ser graduado ou volumétrico. O

material volumétrico só pode medir o volume correspondente à sua capacidade, enquanto que o

material graduado tem uma escala que permite medir uma ampla gama de volumes. Para

seleccionar o material de medição de volume mais adequado é necessário atender a aspectos

como, por exemplo, a capacidade, a facilidade de utilização e a precisão da medida pretendida. O

volume que se pretende medir deve ser próximo da capacidade do instrumento de medida. Por

exemplo, para medir 3 mL utiliza-se uma pipeta graduada de 5 mL e não uma de 10 mL. Esta

escolha permite diminuir os erros experimentais.

Para medir volumes de líquidos usam-se diversos instrumentos, cosoante o rigor a observar

e o volume da amostra.

Material UtilizaçãoCapacidade/cm3

(valores mais comuns)

Proveta graduada Medir volumes desconhecidos 10, 25, 50, 100, 250, 500

Pipeta graduada Medir uma ampla gama de volumes 1, 2, 5, 10, 20, 25

Pipeta

volumétricaMedir pequenos volumes com elevada precisão 1, 2, 3, 5, 10, 20, 25

Balão volumétrico Medir volumes grandes com elevada precisão 25, 50, 100, 250, 500, 1000

Para medições rigorosas usam-se pipetas, buretas ou balões volumétricosPara medições menos rigorosas utilizam-se provetas.

As provetas e os balões volumétricos medem o volume que se encontra no seu interior. Se o

líquido for vertido para o exterior, então o volume escoado será inferior, devido aos resíduos que

aderiram às paredes (calibração dita In).

As pipetas medem o volume de líquido escoado para o exterior: já estão calibradas de modo

a que o líquido aderente às paredes não faça parte do volume medido. Por este motivo, não

devem ser sopradas ou sacudidas para remover os últimos pingos (calibração dita Ex).

As pipetas podem ser de escoamento parcial ou de escoamento total. As pipetas de

escoamento total acertam-se apenas por uma marca e descarregam-se totalmente. Nas pipetas

de escoamento parcial é necessário fazer um escoamento entre duas marcas para medir o

volume pretendido.

Qualquer um dos instrumentos utilizados para medir volumes, possuem um conjunto de

inscrições que podem fornecer informações úteis para a sua utilização. Como por exemplo:

Exemplo Significado

A Classe: AS – precisão máxima; A – maior precisão; B – menor precisão

10 mL Capacidade: volume máximo que pode medirTexto de apoio de Física e Química – A ------ Medição 10º ano de escolaridade 11

Page 12: Web viewPor exemplo, o comprimento da sala tem uma medida de 4,0 m e a sua largura tem 6,0 m. A área da sala tem uma medida de 24 m2. Erros de medição

0,02 mL Tolerância: intervalo de incerteza para a medida efectuada

ExTipo de escoamento: In – o volume medido inclui os resíduos aderentes à

parede; Ex – o volume medido não inclui os resíduos aderentes à parede

15 s Tempo de escoamento a aguardar para que o escoamento seja total.

20 ºC Temperatura à qual o instrumento foi calibrado

Qualquer que seja o instrumento utilizado na medição de um dado volume, deve fazer-se a

leitura de modo a evitar os erros de paralaxe – erros associados à posição incorrecta do

observador.

A superfície livre de um líquido contido num instrumento de medida apresenta-se, sempre,

ligeiramente encurvada na periferia, forma-se um menisco. Essa curvatura tem a forma côncava –

menisco côncavo – no caso dos líquidos, como a água, que molham as paredes do recipiente.

No caso do mercúrio, este não molha as paredes do recipiente que o contém, a curvatura tem a

forma convexa – menisco convexo.

A leitura deve ser feita pela base do menisco (base inferior no menisco côncavo, base

superior no menisco convexo), de modo a que a direcção do olhar coincida com a linha tangente

dessa base.

O último algarismo da medida deve corresponder a um valor obtido por estimativa da

fracção da menor divisão da escala.

Texto de apoio de Física e Química – A ------ Medição 10º ano de escolaridade 12

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Técnicas de medição de líquidos

Instrumento Características Como utilizar

PipetasGraduadasEscala graduada,

normalmente em mL.

VolumétricasTêm um traço de referência

na parte superior, indicador

do nível a que deve ficar o

líquido, para que o volume

medido seja o que está

assinalado na pipeta.

Dão medidas rigorosas

(exactas) do volume de

líquido.

São de vidro.

As pipetas são utilizadas

com a respectiva

pompete.

Lava-se a pipeta com água destilada, em seguida, com um pouco de líquido a medir.

Premir a válvula A e apertar a pompete para fazer sair o ar.

Inserir, rodando suavemente e sem forçar, cerca de 1 cm da extremidade superior da pipeta

na extremidade S da pompete.

Mergulhar a pipeta no líquido, sem tocar no fundo, e mantendo-a aí premir a devagar a válvula

S para que o líquido suba na pipeta sem atingir a pompete.

Se exceder o volume pretendido premir a válvula E, e o líquido descerá da pipeta.

Retirar a pipeta do líquido mantendo-a na vertical, com a escala à altura dos olhos. Premir a

válvula E para que o líquido desça até atingir a marca desejada.

Quando se tiver obtido o volume de líquido pretendido, retirar a extremidade inferior da pipeta

do líquido e encostá-la à parede do recipiente para fazer deslizar a última gota e deslocá-la

para o recipiente para onde se deseja transferir o líquido. Não sacudir a pipeta.

Pressionar a válvula E para deixar escoar o líquido.

BuretasEscala graduada,

normalmente em mL.

Dão medidas rigorosas de

volumes de líquidos.

São de vidro.

Na extremidade inferior

têm uma torneira que

permite controlar o caudal

de líquido a medir.

Previamente, lava-se a bureta duas vezes, com um pouco de líquido a medir rodando a

bureta quase horizontalmente.

Prende-se a bureta num suporte.

Com o auxílio de um funil, enche-se a bureta até um pouco acima do nível desejado.

Deixa-se escoar o líquido em excesso, garantindo a eliminação de bolhas de ar que possam

existir ao longo da bureta.

Faz-se a leitura do nível inicial do líquido (Vi).

Com a mão esquerda controla-se o caudal de líquido a escoar através da torneira, para um

recipiente de recolha, em geral um erlenmeyer, enquanto que a com mão direita se vai

agitando esse recipiente, caso não haja agitador magnético.

Faz-se a leitura final do líquido (Vf. O volume do líquido escoado será V = Vf – Vi.

Texto de apoio de Física e Química – A ------ Medição 10º ano de escolaridade 13

Page 14: Web viewPor exemplo, o comprimento da sala tem uma medida de 4,0 m e a sua largura tem 6,0 m. A área da sala tem uma medida de 24 m2. Erros de medição

Instrumento Características Como utilizar

Balões volumétricosTêm um traço de referência

na zona tubular, o colo do

balão, indicando o nível a

que deve ficar o líquido a

medir, para que tenha o

volume correspondente à

capacidade do balão.

Dão medidas rigorosas

(exactas) do volume de

soluções.

São de vidro.

Usam-se na preparação

de soluções a partir de

sólidos ou na diluição de

soluções de concentração

conhecida.

Na preparação de soluções, a partir de sólidos, diluem-se os sólidos num pouco de água

destilada num gobelé.

Depois transfere-se para o balão, com a ajuda de um funil e de uma vareta.

Lava-se o gobelé mais uma ou duas vezes com um pouco de água destilada, que será

transferida para o balão do mesmo modo.

Por fim, enche-se o balão cuidadosamente até ao traço de referência, com o auxílio de um

conta-gotas.

Tapa-se o balão e inverte-se (agita-se) várias vezes para homogeneizar a solução.

ProvetasEscala graduada,

normalmente, em mL.

Dão medidas pouco

rigorosas de volumes de

líquidos.

São de vidro ou de

plástico.

Após a medição do volume do líquido, escoa-se o líquido pelo bico da proveta, lentamente,

com a ajuda de uma vareta.

A quantidade de líquido vertida é inferior à leitura efectuada, pois fica sempre um pouco de

líquido agarrado às paredes da proveta.

Texto de apoio de Física e Química – A ------ Medição 10º ano de escolaridade 14

Page 15: Web viewPor exemplo, o comprimento da sala tem uma medida de 4,0 m e a sua largura tem 6,0 m. A área da sala tem uma medida de 24 m2. Erros de medição

b) Medir volumes de sólidos

A técnica a usar na medição do volume de um corpo sólido depende da sua forma: regular

ou irregular.

Se um corpo for um sólido de forma regular (cubo, esfera, paralelepípedo, pirâmide, etc.)

medem-se os comprimentos necessários e aplicam-se as expressões matemáticas, que permitem

calcular os respectivos volumes.

Para medir o volume de sólidos irregulares usa-se a técnica do deslocamento de água.

Técnica de medição do volume de um sólido irregular por deslocamento de água.Material necessário: proveta com água destilada e corpo irregular.

Analisa-se a escala da proveta e regista-se a sua incerteza.

Deita-se água na proveta e lê-se o volume respectivo (Vi). Regista-se a sua medida.

Mergulha-se, com cuidado, o sólido na proveta até ficar completamente mergulhado, e

lê-se o volume do conjunto (Vf). Regista-se essa medida.

Calcula-se o volume do corpo Vc por subtracção dos valores registados: Vc = Vf – Vi.

Fazem-se mais quatro ensaios, secando bem o corpo entre cada ensaio.

Calcula-se o valor médio do volume do corpo.

2.3 Medição de temperaturasNa medição de temperaturas usam-se termómetros, em geral de mercúrio, graduados,

normalmente, em graus Celsius (ºC). Devem ser manuseados com cuidado para não se partirem.

Antes de se fazer qualquer leitura, deve estudar-se a escala do termómetro que se vai utilizar, de

modo a evitar erros, e deve verificar-se se o seu alcance está adequado à temperatura a medir.

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QUÍMICA – Bloco 1 – 10º ano – Caderno de Actividades Laboratoriais; 1ª edição – 1ª tiragem; Lisboa: Texto

Editora; pp. 14 – 30.

MAGALHÃES, Jorge; (2007); Caderno de Actividades Laboratoriais – Química A – 10º ano; 1ªa

edição – 1ª tiragem; Carnaxide: Santillana Constância; pp. 22 – 25.

Texto de apoio de Física e Química – A ------ Medição 10º ano de escolaridade 15