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Conceitos Fundamentais da História da Arte, de Heinrich Wölfflin Resenha por Tarcízio Silva , 11/02/2009 tarciziosilva.com.br/blog/conceitos-fundamentais-da-historia-da-arte-de-heinrich-wolfflin Escrito em 1915, Conceitos Fundamentais da História da Arte apresenta transformações estilísticas nas “belas- artes” entre os séculos XV e XVII a partir de cinco pares conceituais: linear e pictórico; plano e profundidade; forma fechada e forma aberta; pluralidade e unidade; clareza e obscuridade. Heinrich Wolfflin trata, além da pintura e do desenho, da escultura e da arquitetura também. O livro é recheado de exemplos, com algum destaque para Dürer, Rembrandt e Rubens, o que faz do texto essencial para quem possui interesse nestes artistas. Em cada capítulo, as transformações são observadas tanto de um ponto de vista histórico quanto do ponto de vista nacional. E, para uma maior validade, os exemplos utilizados sempre são contrapostos a outros, de mesmo motivo e tema. O linear é aquele tipo de arte em que os limites formas são delineadas claramente, com linhas bem definidas. A

Wolfflin, Conceitos Fundamentais Da H.A. (Resenha Por Tarcizio Silva)

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Wolfflin, Conceitos Fundamentais Da História da Arte (Resenha Por Tarcizio Silva)

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Conceitos Fundamentais da Histria da Arte, de Heinrich Wlfflin

Resenha por Tarczio Silva, 11/02/2009tarciziosilva.com.br/blog/conceitos-fundamentais-da-historia-da-arte-de-heinrich-wolfflin

Escrito em 1915,Conceitos Fundamentais da Histria da Arteapresenta transformaes estilsticas nas belas-artes entre os sculos XV e XVII a partir de cinco pares conceituais: linear e pictrico; plano e profundidade; forma fechada e forma aberta; pluralidade e unidade; clareza e obscuridade.

Heinrich Wolfflin trata, alm da pintura e do desenho, da escultura e da arquitetura tambm. O livro recheado de exemplos, com algum destaque para Drer, Rembrandt e Rubens, o que faz do texto essencial para quem possui interesse nestes artistas.

Em cada captulo, as transformaes so observadas tanto de um ponto de vista histrico quanto do ponto de vista nacional. E, para uma maior validade, os exemplos utilizados sempre so contrapostos a outros, de mesmo motivo e tema.

O linear aquele tipo de arte em que os limites formas so delineadas claramente, com linhas bem definidas. A arte pictrica, por sua vez, permite que os efeitos da luz sejam mais evidentes. a oposio das referncias tteis s referncias visuais. Abaixo um desenho de Holbein, do sculo XVI e um de Gabriel Metsu, do sculo XVII.

EmPlano e Profundidade, Heinrich Wolfflin deixa claro que as mudanas no se deram apenas em termos de evoluo da expresso da profundidade espacial, mas que principalmente na relao dos elementos entre os vrios planos. Os exemplos abaixo so de Quentin Masyss, 1507 e Peter Paul Rubens, de 1614.

EmForma Fechada e Forma Aberta, o autor contrape as obras que se fecham em si mesmas, como se fossem uma realidade nica, s obras que deixam claro que representam um recorte de um espao maior. A primeira imagem abaixo a Santa Ceia de Leonardo da Vinci. Observem a relao das horizontais e verticais com os limites do quadro e com os prprios elementos representados. A segunda imagem a Ceia em Emas, de Rembrandt. Observem como o foco da composio no est no centro, a disposio dos elementos e a prpria referncia ao espao externo, com a incluso de meia porta no canto direito.

Pluralidade e Unidadetem o subttulo unidade mltipla e unidade individual. Abaixo, a Asceno de Maria de Titian e a de Bolswert ilustram as diferenas. De um sistema articulado de formas para um fluxo contnuo.

EmClareza e Obscuridade, por fim, tambm tem um subttulo abrandando os termos em clareza absoluta e clareza relativa. O excerto desta resenha se refere a este captulo:

[]o Barroco evista sistematicamente suscitar a impresso de que o quadro tenha sido composto para ser visto e de que possa ser totalmente apreendido pela viso. Dizemos que o Barroco evita tal impresso pois, na realidade, ao conceber a obra, o artista naturalmente leva em conta o espectador e suas exigncias visuais. A verdadeira obscuridade antiartstica. Mas existe, paradoxalmente, uma clareza do obscuro. A arte continua a ser arte mesmo quando renuncia ao ideal da perfeita clareza objetiva.

As duas imagens abaixo so, respectivamente de Durer (1504) e de Rembrandt (1638).

Obviamente, essas afirmaes que utilizei aqui nesta resenha passam bem longe da complexidade das proposies de Wolfflin. Somente uma leitura minuciosa do livro pode resultar na verdeira compreenso do valor desse texto. Esses conceitos no se aplicam somente s belas-artes, entretanto. J postei aqui, h mais de um ano, um exerccio que fiz durante uma disciplina na faculdade. Ao final da disciplina Teorias da Imagem, aplicamos os conceitos de Wolfflin anlise de fotografias, comoesta de Sadayuki Mikami.