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  • Pr-Diagnstico das Prticas de Gesto de Resduos

    Slidos da Escola de Engenharia da UFF: uma anlise

    com base no Decreto 5.940/06 e na Lei 12.305/10

    John Lennon Specht Altro

    (LATEC/UFF)

    Fernando Oliveira de Araujo

    (LATEC/UFF)

    Resumo: Apesar das instrues do Decreto Federal 5.940, de 25 de outubro de 2006, que institui a separao dos resduos reciclveis descartados pelos rgos pblicos federais, na fonte

    geradora, e a sua destinao s associaes e cooperativas dos catadores de materiais reciclveis

    e da Lei Federal 12.305, de agosto de 2010, que institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos,

    observa-se em Instituies Federais de Ensino Superior (IFES) da Regio Metropolitana do Rio

    de Janeiro preocupante negligncia no que concerne observao das determinaes expressas

    nos referidos instrumentos legais. O presente estudo de pesquisa pretende oferecer uma anlise

    qualitativa sobre a gesto de resduos slidos atual do Campus da Escola de Engenharia da

    UFF, visto que este no se encontra em conformidade com o Decreto e a Lei supracitados. Para

    isto, o presente estudo baseia-se nos instrumentos legais aplicveis, alm de lanar mo da

    observao direta das boas prticas presentes em casos de sucesso (benchmarks) de adoo de

    prticas da coleta seletiva solidria no ambiente acadmico, como as iniciativas da Universidade

    Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro

    (UFRJ), com o intuito de representar estudo contributivo a outras IFES para inspirar a

    implementao das prticas de coleta seletiva solidria. Como resultados desta pesquisa observa-

    se o no atendimento a inmeros requisitos do Decreto 5940/2006 e Lei 12.305/2010.

    Palavras-chaves: coleta seletiva solidria; gesto de resduos slidos; Instituies Federais de Ensino Superior; Decreto 5.940/ 2006; Lei 12.305/2010.

    ISSN 1984-9354

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    Introduo

    1. Consideraes iniciais

    As preocupaes concernentes sustentabilidade tm se avolumado, sobretudo a partir da dcada

    de 1990, inspiradas pelos resultados provenientes da Conferncia do Clima, realizada no Rio de

    Janeiro, em 1992 (Eco 92). Mais contemporaneamente, governos, empresas, organizaes da

    sociedade civil, entre outros atores, tm atribudo especial relevncia a repensarem suas prticas e

    vises considerando oportunidades de melhoria de suas aes, com base em uma perspectiva de

    perenidade.

    Neste sentido, as Instituies de Ensino Superior (IES) assumem papel fundamental na preparao

    dos futuros profissionais e cidados, por meio da oferta de saberes capazes de serem utilizados

    para o desenvolvimento de uma sociedade mais sustentvel e justa. Segundo Tauchen e Brandli

    (2006), isto se torna possvel, a partir da incorporao dos princpios e prticas da

    sustentabilidade, seja para iniciar um processo de conscientizao em todos os nveis da

    instituio ou para tomar decises fundamentais sobre planejamento, treinamento, operaes ou

    atividades comuns compreendidas pela instituio.

    Emlio Eigenheer (1989) no apenas afirma que as IES exercem um papel imprescindvel para a

    realizao de trabalhos pioneiros que envolvam aes ambientais de amplo alcance social e

    educaciona1, como vai alm; para o pesquisador a Universidade enquanto "territrio neutro"

    pode facilitar enormemente a aglutinao de esforos dos mais diversos setores da sociedade

    interessados em questes ambientais: comunidade, rgos pblicos, de pesquisa etc.

    Contudo, Eigenheer (1989) indica as dificuldades da implementao de aes interdisciplinares

    nas Universidades, sejam por questes polticas ou econmicas. Sob o prisma da comunidade

    acadmica, observa-se, portanto, que, passadas mais de duas dcadas do estudo referenciando,

    ainda hoje, estas questes justificam a inviabilidade de muitos projetos orientados ao

    desenvolvimento de polticas e prticas orientadas sustentabilidade.

    Apesar de o engajamento com a reconstruo de prticas e vises nas Universidades no ter

    ocorrido no mesmo ritmo de outras organizaes, aquelas, de acordo com Brandli (2006) precisam

    praticar aquilo que ensinam.

    Para Careto & Vendeirinho (2003 apud Brandli, 2006), enquanto as universidades so

    frequentemente vistas como instituies estagnadas e burocrticas, outras instituies

    demonstraram ser capazes de, pelo menos, iniciar o caminho da sustentabilidade.

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    Dessa forma, nota-se que o engajamento com a reconstruo de prticas e vises por parte dos

    governos, empresas, entidades da organizao civil no ocorreu no mesmo ritmo das

    Universidades do pas, onde este marco na tomada de iniciativas a cerca de aes mais

    sustentveis partiu, sobretudo, de presses polticas externas. Estas fomentaram a criao de

    polticas pblicas, recaindo inicialmente sobre organizaes com maior potencial de gerao de

    resduos.

    O surgimento de tais polticas, como o Decreto 5.940/2006 que institui a coleta seletiva solidria

    e a Lei 12.305/2010, que trata da Poltica Nacional de Resduos Slidos, por sua vez, pressionam

    as organizaes pblicas e privadas a adotarem medidas que zelem pela melhoria das condies de

    vida a mdio e longo prazos. Apesar disso, a motivao das universidades para adotar novas

    concepes sobre o ciclo de vida de um produto no se deu no mesmo compasso que nas demais

    organizaes, corroborando a afirmao de Brandli & Careto (2003), visto que muitas

    universidades ainda no comearam a implantar esse sistema.

    Um exemplo disso a tmida aplicao do supracitado Decreto Federal no mbito das

    Universidades Federais, com pontuais relatos de experincias no Centro Tecnolgico (CT) da

    UFRJ, com o projeto Recicla CT (2009); na Universidade Federal de Viosa (UFV), com

    iniciativas associadas compostagem (2010) e na Universidade Federal de Santa Catarina

    (UFSC), que em 2011, obteve o comprometimento em estabelecer sua Agenda Ambiental na

    Administrao Pblica (A3P).

    O Decreto institui que a coleta seletiva solidria deve ser implantada sob a liderana de uma

    comisso interna, responsvel por realizar o planejamento, implantao e monitoramento do

    processo. Esta comisso deve ser composta por, no mnimo, trs servidores pblicos indicados

    pelos respectivos titulares de rgos e entidades pblicas.

    Em particular, no Estado do Rio de Janeiro, as Instituies Federais de Ensino tambm esto

    comeando a se mobilizar a respeito da implantao de sistemas de gesto de resduos slidos de

    maneira alinhada aos requisitos do Decreto Federal 5.940/06. Algumas iniciativas, j esto em

    fase de implementao, como o caso do Programa Recosol, da UNIRIO, que tem papel

    protagonista na sensibilizao de outros entres pblicos, como o CEFET/RJ, Colgio Pedro II e a

    Universidade Federal Fluminense/ Escola de Engenharia, alvo do presente estudo.

    As solues concernentes destinao final dada aos resduos slidos so complexas. Estes

    compem uma grande diversidade de materiais, determinando solues heterogneas, especficas

    e satisfatrias para sua gesto adequada. Geralmente as medidas de menor impacto so inviveis

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    do ponto de vista econmico. Somente um gerenciamento ou sistema de gesto integrado de forma

    eficaz, ir permitir e definir a melhor alternativa vivel, de acordo com as condies de cada

    localidade (TORRES & RODRIGUES, 2006).

    Torres & Rodrigues (2006) ainda afirmam que:

    O objetivo central de um sistema de gesto de resduos slidos deve estar voltado no s

    para a diminuio da quantidade final de resduos a ser eliminados como tambm, para o

    impacto ambiental e as consequncias para sade da populao, causadas pela disposio

    inadequada dos diferentes tipos de resduos.

    A reciclagem de materiais tem ganhado espao no decorrer do tempo em funo de seus

    benefcios associados, como: diminuio dos impactos ambientais, gerao de renda, reduo do

    consumo de energia, entre outros. Contudo, ainda enfrenta grandes dificuldades para sua correta

    implementao, como a falta de conscientizao das pessoas e a coleta de resduos ineficaz.

    1.1. Descrio da situao-problema

    As questes pertinentes sustentabilidade, sobretudo, quelas associadas minimizao de

    impactos ambientais tm assumido importncia central no mbito das polticas pblicas.

    Entretanto, apesar da determinao legal, at o momento, percebe-se somente aes incipientes

    para implementao e adequao das prticas relacionadas coleta de resduos slidos em

    Instituies Federais.

    O presente estudo prov uma investigao prvia da situao das prticas da coleta seletiva na

    Escola de Engenharia, situada no Centro Tecnolgico da Universidade Federal Fluminense (UFF),

    no municpio de Niteri/ RJ, orientado a oferecer um panorama da atual gesto de resduos slidos

    atual do Campus, contrapondo com os requisitos estipulados pela Lei 12.305/ 2010.

    importante ressaltar que este estudo tem como premissa contribuir como base para a realizao

    de um diagnstico mais aprimorado visando identificao de oportunidades de melhoria no que

    diz respeito gesto dos resduos de maneira a atender aos requisitos do decreto federal na

    referida Instituio.

    1.2. Questes-problema

    Como so as prticas relacionadas coleta seletiva de materiais inservveis no mbito da

    Escola de Engenharia da UFF?

    H aes em curso relacionadas dedicadas implementao de prticas de gesto de resduos

    na EE/ UFF?

    Quais so os principais desafios observados para a consolidao das prticas de gesto de

    resduos na EE/UFF?

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    1.3. Objetivo

    Desenvolver um pr-diagnstico da gesto de resduos slidos atual da Escola de Engenharia da

    UFF, visando a observar potencialidades, peculiaridades e desafios para a implantao de um

    programa de gesto de resduos na Escola, a fim de entender como planejar e mobilizar a

    implantao da Coleta Seletiva Solidria para a referida unidade acadmica e inspirar a

    mobilizao de toda a Universidade.

    2. Reviso da literatura

    A Associao Brasileira de Normas Tcnicas define resduos slidos na Norma Brasileira

    Registrada NBR 10.004 de 2004 como:

    Resduos no estado slido ou semi-slido que resultam de atividade da comunidade de

    origem industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio.

    Ficam includos nesta definio os lodos provenientes de sistema de tratamento de gua,

    aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como

    determinados lquidos cujas particularidades inviabiliza o seu lanamento na rede pblica

    de esgoto ou corpos dgua e que exigem solues tcnicas e economicamente inviveis

    em face da melhor tecnologia disponvel.

    Entretanto, este conceito pode variar de acordo com Calderoni (1998) conforme a poca e o lugar,

    pois depende de fatores jurdicos, econmicos, ambientais, sociais e tecnolgicos. Em virtude da

    ideia de reaproveitamento ou de reinsero do resduo na cadeia produtiva esta questo deve

    sempre ser avaliada com suas particularidades, porque a destinao incorreta dos resduos

    extremamente danosa para o meio ambiente.

    Para Canassa (1992) o acondicionamento constitui a primeira etapa do processo de remoo dos

    resduos slidos. Para isso so utilizados diversos recipientes para armazenamento, tais como:

    vasilhas domiciliares, tambores, sacos plsticos, sacos de papel, containers comuns, conteiners

    basculantes e outros.

    A operao de coleta visa recolher todos os resduos slidos gerados pela comunidade de forma

    organizada, segura e econmica, deposit-lo em locais de tratamento, em estaes de

    transferncia, ou encaminh-los para a disposio final.

    O processo de coleta dos resduos slidos engloba desde a sada do veculo, o roteiro de coleta at

    a estao de transbordo ou de transferncia, podendo ser de vrias formas, conforme determina a

    NBR 12.980: a convencional, a seletiva e a especial. Desterremo-nos apenas a coleta seletiva,

    objeto de estudo desta pesquisa.

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    Segundo Albuquerque et al.(2010), a coleta seletiva refere-se aos resduos que passaram pelo

    processo de triagem na prpria fonte geradora ou nos centros de triagem, dos componentes que

    podem ser recuperados, mediante um acondicionamento distinto para cada componente ou grupo

    de componentes, para serem reutilizados ou reaproveitados como fonte de matria prima na

    produo de novos produtos.

    Albuquerque et al.(2010) ainda define a reciclagem como um [...] reprocessamento do resduo,

    transformando-o num produto que retornar ao mercado, normalmente com caractersticas e

    funes diferentes do produto inicial.

    Entretanto, a reciclagem s ser possvel por meio do processo de logstica reversa defina pela Lei

    12.305 como:

    Instrumento de desenvolvimento econmico e social caracterizado por um conjunto de aes,

    procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituio dos resduos slidos ao setor

    empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra

    destinao final ambientalmente adequada.

    Teixeira & Zanin (2001, apud Albuquerque, 2010) concordam com esta afirmao, mencionando

    que necessria a implantao de vrias etapas anteriores reciclagem, tais como: a separao

    dos resduos reciclveis (que pode se dar na fonte geradora ou nas usinas de triagem),

    armazenamento e transporte at as indstrias recicladoras.

    Em 2006, no Dirio Oficial da Unio foi publicado o Decreto n 5.940, que institui a

    obrigatoriedade da separao dos resduos reciclveis descartados pelos rgos e entidades da

    administrao pblica federal direta e indireta, na fonte geradora, inserindo nesse processo, ao

    mesmo tempo, o princpio da incluso social, haja vista que destinava esses materiais s

    associaes e cooperativas dos catadores de materiais reciclveis.

    A Lei 12.305/2010 define como gerenciamento de resduos slidos:

    Conjunto de aes exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte,

    transbordo, tratamento e destinao final ambientalmente adequada dos resduos slidos e

    disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com o plano municipal

    de gesto integrada de resduos slidos ou com plano de gerenciamento de resduos

    slidos exigidos na forma desta lei.

    A Lei 12.305 define como principio da Poltica Nacional de Resduos Slidos por meio do inciso

    VII do artigo 6 a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, ou seja, as

    Universidades tambm so responsveis pela gesto adequada dos resduos gerados por elas

    prprias.

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    Alm disso, esta mesma lei define como objetivo, por meio do Inciso II do artigo 7, a no

    gerao, reduo, reutilizao, reciclagem e tratamento dos resduos slidos, bem como disposio

    final ambientalmente adequada dos rejeitos, indicando que, h pelo menos dois anos, qualquer

    gerador deve buscar o alcance destas metas.

    Em aderncia com o Decreto Federal 5.940/06, o inciso XII do mesmo artigo tem como objetivo a

    integrao dos catadores de materiais reutilizveis e reciclveis nas aes que envolvam a

    responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Para isto, a Lei define como um

    de seus instrumentos a coleta seletiva, comentado pelo decreto.

    O inciso II do Art. 48 da Lei 12.305 veta a prtica de catao nas reas de disposio final de

    resduos ou rejeitos, corroborando a importncia da implementao da Coleta Seletiva em acordo

    com o decreto 5.940/06.

    3. Metodologia

    O presente estudo subsidiado por fontes de investigao diretas e provenientes de fontes

    secundrias. No que concernem s fontes diretas, foram adotados os seguintes procedimentos,

    entre os meses de Junho e Outubro de 2012:

    Observao crtica da ambincia a ser investigada (Escola de Engenharia da UFF);

    Visitas de campo ao Projeto Recicla CT (UFRJ), com entrevistas aos profissionais envolvidos

    no desenvolvimento e gesto do processo;

    Visita de campo cooperativa de catadores do Morro do Cu1, em Niteri/ RJ, que possui uma

    parceria com a Companhia de Limpeza de Niteri (CLIN);

    Anlise sistemtica das boas prticas adotadas na Universidade Federal do Estado do Rio de

    Janeiro (UNIRIO) e na UFRJ (benchmarks).

    Participao das discusses pblicas mensais promovidas pela Comisso Central de Coleta

    Seletiva Solidria (3C2S) da UNIRIO.

    Em termos de fontes secundrias, a pesquisa levou em considerao a Lei 12.305/ 2010 e o

    Decreto 5.940/ 2006, alm de relatrios provenientes das aes realizadas na UNIRIO, UFRJ,

    UFRRJ, entre outros documentos que subsidiaram a reviso da literatura, tais como artigos

    cientficos referentes a implantao de programas de gesto de resduos slidos e sistemas de

    gesto ambiental em universidades e escolas.

    1 Durante a visita ao local, notou-se que os resduos, eram destinados, primeiramente a uma rea descoberta onde estes

    eram separados de acordo com o seu tipo de composio material, tais como vidro, papel, plstico, alumnio, entre

    outros.

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    3.1. Limitaes do mtodo

    importante ressaltar que a observao direta do fenmeno, sofre, invariavelmente, o vis do

    olhar da equipe de pesquisa, uma vez que se trata de uma pesquisa participante.

    Adicionalmente, vlido destacar que apesar de amplamente utilizado na rea das cincias

    humanas e mesmo nas cincias da engenharia, estudos de caso possuem outras limitaes. De

    acordo com Silva & Spinola (2005), o mtodo deveras sujeito a anlises intuitivas, podendo ser

    executado sem maior rigor metodolgico. Essa tcnica exige, portanto, maior esforo do

    pesquisador no que concerne sua iseno fenomenolgica.

    4. Anlise e discusso de resultados

    Durante a anlise visual em reas comuns (externas e internas) ao campus da Escola de

    Engenharia da UFF, realizada entre Junho e Outubro de 2012, notou-se a no aderncia dos

    coletores existentes s boas prticas de coleta seletiva de resduos slidos, na maior parte destas

    reas.

    Visando endossar essa perspectiva, foram tiradas fotos que ilustram os sagues e outras reas

    comuns da EE/ UFF, normalmente, com grande circulao de pessoas. Como se pode observar,

    no se percebe a disposio de coletores especficos para tipos de resduos distintos e s vezes,

    nenhum coletor.

    A Figura 01 ilustra a entrada dos elevadores da Escola de Engenharia da UFF. Neste ponto nota-se

    que no existe nenhum coletor de resduo que pudesse comportar os resduos descartados neste

    local de grande circulao de pessoas. Enquanto isso, a Figura 02 ilustra o hall do mesmo prdio

    onde est localizado o elevador retratado na Figura 01.

    Figura 01 elevador do Bloco D da Escola de Engenharia (10/08/2012, foto: Arthur Barreto)

    Figura 02 Hall do Bloco D da Escola de Engenharia (10/08/2012, foto: Arthur Barreto)

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    As Figuras 03 e 04 ilustram o saguo do 2 andar do Bloco D e a cantina do mesmo prdio,

    respectivamente. Enquanto na primeira imagem no se percebeu a presena de algum coletor

    adequado para a coleta dos resduos descartados nesta regio, na segunda imagem no se notou a

    presena de qualquer coletor.

    Figura 03 Saguo localizado no 2 andar do bl. D da Escola de Engenharia (10/08/2012, foto: Arthur Barreto)

    Figura 04 rea prxima cantina do Bloco D da Escola de Engenharia (10/08/2012, foto: Arthur Barreto)

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    As Figuras 05 e 06 ilustram corredores do Bloco D da Escola de Engenharia. Realizando uma

    anlise comparativa entre as duas imagens, nota-se que no h uma padronizao na disposio

    dos coletores pelos corredores, quando h a presena de algum.

    Figura 05 Corredor localizado no 2 andar do bloco D da Escola de Engenharia (10/08/2012, foto: Arthur Barreto)

    Figura 06 Corredor localizado no 3 andar do bloco D da Escola de Engenharia (10/08/2012, foto: Arthur Barreto)

    As Figuras 07 e 08, mostradas a seguir so referentes ao bloco E, e como indicam as Figuras 05 e

    06, tambm no apresentam uma padronizao na disposio dos coletores pelos corredores. Em

    alguns dos corredores deste prdio existem alguns coletores separados de acordo com o tipo de

    resduo que estes foram destinados a captar.

    Figura 07 Corredor localizado no 3 andar do bloco E da Escola de Engenharia (10/08/2012, foto: Arthur Barreto)

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    Figura 08 corredor localizado no 2 andar do bloco E da Escola de Engenharia (10/08/2012, foto: Arthur Barreto)

    Nas salas de aula tambm no se percebeu uma disposio padro para os coletores de resduos,

    conforme Figuras 09 e 10. Alm disso, estes coletores recebem qualquer tipo de resduo.

    Figura 09 Sala de aula localizada no 3 andar do bloco D da Escola de Engenharia (10/08/2012, foto: Arthur

    Barreto)

    Figura 10 Sala de aula localizada no 4 andar do bloco D da Escola de Engenharia (10/08/2012, foto: Arthur

    Barreto)

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    As imagens agrupadas na Figura 11 ilustram alguns coletores distribudos pelos prdios D e E.

    Conforme discutido anteriormente, no h uma padronizao no layout dos coletores, tanto em seu

    formato como em sua disposio nos locais. Alm disso, muitos deles no informam com clareza

    o tipo de resduos que deveriam receber.

    Figura 11 No homogeneizao dos tipos de coletores dos Prdios D e E da EE/ UFF (10/08/2012, fotos: Arthur

    Barreto)

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    A Figura 12 ilustra o local de destino para onde os bens patrimoniais da Universidade, atualmente,

    tm sido descartados.

    Figura12 Disposio de bens patrimoniados inservveis na Escola de Engenharia da UFF (14/08/12, fotos: Delean

    Medeiros)

    .

    Com o intuito de oferecer uma sntese da atual adequao do campus da Escola de Engenharia da

    UFF com relao observao dos dispostos no Decreto 5.940/ 2006 e da Lei 12.305/ 2010 foram

    elaborados dois Quadros, indicando o atendimento ou no da referida Escola, referente s duas

    diretrizes legais.

    O Quadro 01 sumariza a no adequao da Escola de Engenharia a todos dos requisitos do

    Decreto 5.940/ 2006, segundo as observaes realizadas pela equipe.

    Quadro 01: apresentao de requisitos referentes ao Decreto 5.940/06, indicando o atendimento ou no atendimento

    s disposies do respectivo instrumento:

    Decreto 5.940/ 2006 Atende ao disposto

    no Decreto?

    # Requisitos Sim No

    1 Observncia de uma comisso interna de coleta seletiva solidria, composta por no mnimo trs

    servidores designados pelos respectivos titulares de rgos e entidades pblicas

    X

    2 Projeto de implantao de prticas referentes coleta seletiva solidria local

    X

    3 Implementao de prticas de coleta seletiva solidria local X

    O Quadro 02 sumariza o no atendimento da Escola de Engenharia a nenhum dos requisitos

    previstos na Lei 12.305/ 2010. Entretanto, cabe ressaltar, que em alguns casos foram observadas

    aes pontuais em curso.

    Quadro 02: requisitos atendidos ou no pela Escola de Engenharia de acordo com a Lei 12.305/ 2010

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    Lei 12.305/10 Atende aos requisitos

    da Lei?

    # Dos objetivos da Lei Sim No

    1 Proteo da sade pblica e da qualidade ambiental

    X

    2 No gerao, reduo, reutilizao, reciclagem e tratamento dos resduos slidos, bem como

    disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos X

    3 Estmulo adoo de padres sustentveis de produo e consumo de bens e servios

    X

    4 Adoo, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar

    impactos ambientais2 X

    5 Incentivo industria de reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matrias-primas e insumos

    derivados de materiais reciclveis e reciclados3 X

    6 Gesto integrada de resduos slidos

    X

    7 Integrao dos catadores de materiais reutilizveis e reciclveis nas aes que envolvam a

    responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos X

    8 Estimulo implementao da avaliao do ciclo de vida do produto

    X

    9

    Incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gesto ambiental e empresarial voltados para a

    melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resduos slidos, includos a

    recuperao e o aproveitamento energtico4

    X

    Lei 12.305/10 Atende aos requisitos

    da Lei?

    # Dos objetivos da Lei Sim No

    Das Responsabilidades dos Geradores e do Poder Pblico

    10

    instituda a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada

    de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e

    comerciantes, os consumidores e os titulares dos servios pblicos de limpeza urbana e de manejo

    de resduos slidos, consoante s atribuies e procedimentos previstos nesta Seo.

    X

    5. Concluses e Sugestes de Novos Estudos

    Alm de ser obrigatria a implantao de programas de coleta seletiva solidria em rgos

    pblicos nas trs esferas de governo, conforme dispe a Lei 12.305/ 2010, essa prtica um dos

    2 Observaram-se algumas aes pontuais, tomando-se conhecimento de artigos cientficos referentes criao e

    desenvolvimento de tecnologias limpas que foram publicados por alguns professores da Escola de Engenharia.

    3 Observou-se outra ao pontual, na qual a UFF realiza uma parceria com a ONG Tem quem queira, para onde a

    Instituio Federal destina seus resduos compostos de lonas provindas de banners de material publicitrio. A ONG,

    por sua vez, realiza a reciclagem da matria-prima, produzindo artigos de moda, empregando mo de obra proveniente

    de egressos do sistema penitencirio.

    4 Por meio de pesquisas realizadas no Mestrado em Sistemas de Gesto, promovido pelo Laboratrio de Tecnologia,

    Gesto de Negcios e Meio Ambiente (LATEC), na Escola de Engenharia, percebeu-se o incentivo ao

    desenvolvimento de sistemas de gesto ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e

    ao reaproveitamento dos resduos slidos, includos a recuperao e o aproveitamento energtico. Entretanto, v-se

    esta prtica como uma ao pontual, no extensvel a toda Universidade.

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    pilares da poltica socioambiental dos rgos, cuja elaborao se tornou impositiva para a

    administrao pblica. Essa determinao est alinhada aos grandes desafios a serem enfrentados

    em prol da sustentabilidade como a reduo do consumo de gua, energia e de materiais de

    consumo, que somente sero possveis com uma mudana de comportamento e alterao no

    padro de consumo de seus servidores e beneficirios da administrao pblica direta.

    A adoo da prtica de coleta seletiva pela Universidade pode ser o primeiro passo para a prtica

    da gesto ambiental nessa organizao. fundamental, portanto, que a Universidade adote

    medidas mitigatrias que atenuem ou eliminem os impactos ambientais, buscando os efeitos

    positivos, alinhados s premissas do desenvolvimento sustentvel.

    Em vista do que fora observado, torna-se premente a necessidade da implantao de um sistema

    eficiente de gesto de resduos slidos na Escola de Engenharia da Universidade Federal

    Fluminense.

    Como j havia sido colocado anteriormente, o Campus da Escola de Engenharia, ainda no est

    alinhado com os dispositivos legais ao no realizar a gesto adequada de seus resduos, devendo,

    num curto espao de tempo, promover aes relacionadas mobilizao de servidores, estudantes

    e usurios, em geral, para um amplo dilogo sobre o problema, visando obteno de subsdios

    capazes de conduzir ao desenvolvimento de um projeto capaz de responder aos requisitos legais e

    alinhar-se s demandas sociais e ambientais, em sentido amplo.

    O desenvolvimento desse projeto, a cooptao de servidores para a composio da comisso local

    de coleta seletiva, a mobilizao de estudantes e a reviso dos contratos de prestao de servios

    de limpeza do campus, tambm so aes que devem ser envidadas para contribuir com a

    aderncia desse relevante ente pblico no tocante sua correta gesto de resduos slidos.

    Enquanto pr-diagnstico que , o presente documento deve representar um primeiro esforo para

    a compreenso da situao-problema, de maneira ampliada. Sugere-se, portanto, que novos

    diagnsticos, mais especficos e detalhados devem ser compostos para fins do mapeamento

    pormenorizado das oportunidades e desafios da Escola de Engenharia na conduo de seu

    processo de planejamento e implementao de sua gesto de resduos slidos.

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    Referncias

    ABNT. NBR 10.004/04 - Resduos slidos: Classificao - 2 ed.

    ABNT. NBR 12.980/93 - Coleta, varrio e acondicionamento de resduos slidos urbanos.

    ALBUQUERQUE, Bruno Lins et al (2010) . Gesto de Resduos Slidos na Universidade

    Federal de Santa Catarina: os Programas Desenvolvidos pela Coordenadoria de Gesto

    Ambiental, p. 2-6.

    CALDERONI, S (1998). Os bilhes perdidos no lixo. 2.ed. So Paulo: Humanistas, p. 348.

    CANASSA, Edson Marco (1992). Planejamento de roteiros dos veculos coletores de resduos

    slidos urbanos. Dissertao de Mestrado. EPS/UFSC, Florianpolis.1992.

    EIGENHEER, Emlio Maciel (1989). EDUCAO E MEIO AMBIENTE: Uma experincia

    comunitria de educao ambiental atravs da Coleta Seletiva de Lixo, p. 10/11.

    Presidncia da Repblica. Casa Civil. Decreto n 5.940, de 25 de outubro de 2006.

    Presidncia da Repblica. Casa Civil. Lei n 12.305, de 02 de agosto de 2010.

    SILVA, Jacira Jacinto da; SPINOLA, Mauro de Mesquita. O mtodo de estudo de caso e sua

    aplicao em pesquisa esprita. CPDOC Centro de Pesquisa e Documentao Esprita. Verso

    3, Setembro de 2005. Disponvel em:

    http://www.cpdocespirita.com.br/Trabalhos/Estudo_Caso_Mauro_Jacira.pdf. Acesso em 02 de

    Outubro de 2012.

    TAUCHEN, Joel; BRANDLI, Luciana Londero (2006). A gesto ambiental em instituies de

    ensino superior: modelo para implantao em campus universitrio. Gesto e Produo, v.13,

    n.3, p.503-515, set.-dez.

    TORRES, Luciene de Fatima Costa , RODRIGUEZ, Manoel Gonalves (2006). Gerenciamento e

    destino dos resduos slidos numa escola municipal no Rio de Janeiro.

    1.1.