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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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Patologia.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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Didatismo e Conhecimento 1

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

1 NOÇÕES DE ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA.

Anatomia: é a ciência que estuda e classifica e descreve as estruturas e órgãos do corpo humano. Etimologicamente, deriva do grego Ana, “repetir”, e tomos, “cortar”; ou seja, da repetição de cortes na dissecação de cadáveres.

Fisiologia: (do grego physis = natureza, função ou funcio-namento; e logos = palavra ou estudo) é o ramo da biologia que estuda as múltiplas funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres vivos. De uma forma mais sintética, a fisiologia estuda o fun-cionamento do organismo.

Quando você procura assistência médica, precisa usar os ter-mos anatômicos corretos para descrever a posição, a direção e a localização da vítima. Primeiramente, veremos os termos relativos à posição, direção e localização.

Termos relativos à posição:

Posição anatômica – o paciente está em pé, ereto, os braços para baixo ao longo do corpo, as palmas voltadas para frente. “Di-reita” e “esquerda” referem-se à direita e esquerda da vítima.

Posição de decúbito dorsal – o acidentado está deitado de costas (com a barriga para cima).

Posição de decúbito ventral – o acidentado está deitado com a barriga para baixo (de bruços).

Posição de decúbito lateral – o paciente está deitado de lado (direito ou esquerdo).

Termos relativos à direção e à localização:- Superior – em direção à cabeça.- Inferior – em direção aos pés.- Anterior – em direção à frente.- Posterior – em direção ao dorso.- Medial – em direção à linha mediana ou centro do corpo.- Lateral – para a esquerda ou direita da linha mediana.- Proximal – próximo ao ponto usado como referência.- Distal – longe do ponto usado como referência.- Superficial – próximo à superfície.- Profundo – distante da superfície.- Interno – do lado de dentro.- Externo – do lado de fora.

Sistema Esquelético

O corpo humano é formado por um arcabouço de ossos unidos por ligamentos que conectam um osso a outro, camadas de mús-culos e tendões que conectam os músculos aos ossos ou outras es-truturas. O sistema esquelético é responsável pela movimentação, apoio e proteção dos órgãos vitais.

Os ossos são formados por células vivas circundadas por depósitos densos de cálcio; todas as células ósseas são ricamen-te supridas por vasos sanguíneos e nervos. O esqueleto do adulto tem 206 ossos que são classificados de acordo com seu tamanho e formato.

As extremidades ósseas se encaixam umas nas outras forman-do uma articulação. Todas as articulações são envolvidas por uma cápsula flexível rígida com uma membrana interna que produz um líquido espesso para lubrificação. As articulações podem ser imó-veis (como as do crânio), ligeiramente móveis (como as da coluna vertebral) ou de movimento livre (como joelho ou cotovelo).

A emergência mais comum envolvendo o sistema esquelético é a fratura, uma rachadura ou quebra do osso. Quando a fratura danifica vasos sanguíneos pode causar hemorragia interna poten-cialmente grave.

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Sistema Muscular

Os músculos dão ao corpo capacidade de movimento. Todos os músculos são compostos de células longas e filiformes, denominadas fibras, que formam deixes em grupos sobrepostos e intimamente reunidos.

Existem três tipos básicos de músculos no corpo humano:

- Músculos esqueléticos ou voluntários – estão sobre o controle consciente da pessoa e tornam possíveis ações como andar, mastigar, engolir, sorrir, falar e mover os olhos. Estes músculos ajudam a dar a forma ao corpo. A maioria dos músculos esqueléticos está presa aos ossos por tendões, que são cordões rígidos de tecido fibroso.

- Músculos lisos ou involuntários – são aqueles que temos pouco ou nenhum controle consciente, como no intestino e vasos sanguí-neos.

- Músculo cardíaco – forma a parede do coração. Este músculo é capaz de auto estimular suas contrações sem receber sinais do sistema nervoso central.

Existem três tipos de músculos. Os músculos esqueléticos, também denominados músculos voluntários, são encontrado em todo o cor-po. O músculo cardíaco se limita ao coração. Os músculos lisos, ocasionalmente denominados músculos involuntários, são encontrados nos intestinos, nas arteríolas e nos bronquíolos.

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Sistema Circulatório

O sistema circulatório é formado por dois sistemas de trans-porte principais: o sistema cardiovascular, que compreende o coração, vasos sanguíneos e sangue, com o objetivo de carregar oxigênio e nutrientes para as células do corpo e transportar os resí-duos das células corporais para os rins. O sistema linfático fornece drenagem para o líquido dos tecidos, denominado linfa.

O coração contrai e relaxa alternadamente para bombear os pulmões (onde ocorre a oxigenação) e depois para a vasta rede de vasos sanguíneos. Ele fica localizado no centro esquerdo do tórax, imediatamente atrás do esterno, e tem aproximadamente o tama-nho da mão fechada. As artérias e arteríolas carregam o sangue oxigenado do coração para as células do corpo. A troca de líquido, oxigênio e gás carbônico entre o sangue e as células dos tecidos ocorre através dos capilares. As vênulas e veias carregam o sangue pobre em oxigênio de volta para o coração, onde o ciclo recomeça.

Cada vez que o coração contrai, a corrente sanguínea pode ser sentida, na forma de pulsação, em qualquer lugar onde uma artéria passa próxima a superfície da pele. As principais localizações onde podem ser sentidas o pulso são: no punho, na virilha e no pescoço.

As emergências envolvendo o sistema circulatório ocorrem quando há sangramento descontrolado, comprometimento da cir-culação ou quando o coração perde sua capacidade de bombear.

Sistema Respiratório

O corpo depende de um suprimento constante de oxigênio, que é disponibilizado para o sangue pelo sistema respiratório, que compreende as cavidades nasais, faringe, laringe, traqueia e os pulmões.

A passagem do ar para dentro e para fora dos pulmões é deno-minada respiração. Durante a inspiração, o ar entra através do na-riz chegando até os pulmões. Estes se expandem para preencher a cavidade torácica, o sangue que circula nos pulmões é oxigenado. Durante a expiração, os músculos do peito relaxam liberando o ar dos pulmões, o ar exalado carrega com ele gás carbônico.

A freqüência respiratória normal em repouso, medida pelo nú-mero de respirações por minuto é de 12 a 20 em adultos, de 15 a 30 em crianças e de 25 a 50 em bebês.

As emergências envolvendo o sistema respiratório incluem a obstrução (asfixia), dificuldade para respirar e parada respiratória.

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Sistema DigestórioO sistema digestório compreende o trato alimentar e os órgãos

acessórios da digestão – boca, esôfago, estômago, pâncreas, fíga-do, baço, vesícula biliar, intestino delgado e intestino grosso.

Em caso de ferimentos fechados (batida) ou penetrantes (fa-cada, tiro) no abdome, é necessário atendimento de emergência.

Sistema NervosoO sistema nervoso é composto de centros nervosos (a maioria

deles no encéfalo e na medula espinhal) e nervos que se ramificam a partir desses centros, levando aos tecidos e órgãos do corpo.

Existem duas divisões estruturais principais do sistema nervo-so. O sistema nervoso central compreende o encéfalo e a medula espinha; o sistema nervoso periférico compreende os nervos loca-lizados fora do encéfalo e da medula espinhal.

Existem também duas divisões funcionais do sistema nervo-so: o sistema nervoso voluntário influencia os movimentos volun-tários em todo o corpo; o sistema nervoso autônomo, que não está sob a influência direta do cérebro, influencia os músculos involun-tários e as glândulas.

O sistema nervoso autônomo é ainda subdividido em dois sis-temas:

- O sistema nervoso simpático regula o funcionamento do coração, o suprimento de sangue para as artérias e a função dos órgãos internos. Este sistema é o responsável pela resposta ao es-tresse com agitação e força.

- O sistema nervoso parassimpático se opõe ao sistema ner-voso simpático, impedindo que as reações do corpo se tornem ex-tremas.

O atendimento de emergência é necessário em caso de perda de consciência, traumatismo craniano significativo, traumatismo encefálico ou lesão medular e qualquer grau de paralisia.

Sistema nervoso autônomo, que pode ser descrito de acordo com a função. Existem duas divisões: o sistema voluntário (ce-rebroespinhal), que geralmente controla as ações corpóreas cons-cientes e deliberadas mediante comando voluntário, além dos re-flexos, que podem ou não ser conscientes, e o sistema involuntário (autônomo), que é automático e parcialmente independente do res-to do sistema nervoso. O sistema nervoso autônomo é subdividido em: sistema simpático e parassimpático.

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Sistema Tegumentar

A pele é o maior órgão do organismo. Tem a função de prote-ger os órgãos internos contra lesões e invasão de microrganismos, impedir a desidratação, manter a temperatura do corpo e atuar como receptor do tato, dor, calor e frio.

A pele é composta de três camadas. A camada mais externa, a epiderme, contém células que dão cor à pele. A derme, se segunda camada, conte a vasta rede de vasos sanguíneos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas e nervos sensitivos. A última camada é composta por tecido adiposo com espessura va-riada, dependendo da parte do corpo que ela cobre.

Fisiologia

Para o entendimento do funcionamento do nosso organismo, e necessária a visão de noções básicas de como se dá a inter-relação entre os sistemas. É disto que trata a Fisiologia. Neste livro temos a intenção de mostrar uma visão geral destas relações entre os di-versos sistemas do organismo, a fim de podermos entender melhor suas funções e importância para o dia-a-dia, além de melhorar a percepção dos capítulos que se seguem.

A homeostase designa a tendência do organismo vivo em manter constante o meio interno, em equilíbrio. Quando o organis-mo não consegue manter a homeostase ocorre a doença. Quando o corpo é ameaçado ou sofre um trauma, sua resposta pode envolver mudanças estruturais ou funcionais. Essas mudanças podem ser adaptativas ou mal adaptativas. Os mecanismos de defesa que o corpo suporta vai determinar a diferença entre saúde e doença.

Sistema Cardiovascular

O sistema cardiocirculatório é exposto a condições variáveis de estresse e tem uma grande capacidade de se adaptar. Entender essa fisiologia adaptativa torna-se muito importante, visto que as manifestações clínicas de muitas doenças cardiovasculares acon-tecem devido à perda desta capacidade adaptativa e de sua função principal, que é fornecer sangue para suprir os tecidos de oxigênio e nutrientes necessários para o metabolismo

O endocárdio compõe o revestimento interno do coração (membrana interna), em contato direto com o sangue, o pericárdio é a membrana que reveste externamente o coração. O miocárdio, músculo cardíaco, é estriado e possui filamentos de actina e miosi-na (proteínas que fazem a contração muscular), que deslizam uns pelos outros durante a contração, determinando o inotropismo car-díaco, que é a força de contração. O feixe átrio ventricular é um sistema de condução elétrica especializado em conduzir potencial elétrico entre átrio e ventrículo, determinando a contração sincro-nizada das células cardíacas. O nodo sinusal, ou também chamado sinoatrial é considerado o marca-passo normal do coração, contro-lando o batimento cardíaco devido a sua freqüência de descargas rítmicas liberadas.

1- Sistema de condução elétrica cardíaco.

2- Nodo sinusal.

3- Nodo átrio-ventricular.

4- Feixe de His.

5- Células de Purkinji.

O ciclo cardíaco é a sequência de eventos ocorridos entre um batimento e outro, começando pela geração de um potencial de ação no nodo sinusal (o marca-passo autônomo já citado), que está localizado no átrio direito, propagando-se através de ambos os átrios e, daí, através do feixe átrio ventricular, para os ventrículos através do feixe de His que se divide em ramo esquerdo e direito; a partir daí, as células de Purkinje distribuem-se de forma a permitir que todo o miocárdio ventricular (células de contração cardíaca) seja ativado simultaneamente. O ciclo cardíaco consiste em um período de relaxamento, denominado diástole, onde o coração se enche de sangue, e um período de contração denominado sístole, onde o coração bombeia boa parte do sangue presente nos ventrí-culos.

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Diástole Sístole

Quando o organismo tem febre, ocorre um aumento acentuado da FC, chegando até o dobro do seu valor. Isto se dá pelo fato de o calor aumentar o metabolismo, dentre outros fatores. Na hipo-termia ocorre o inverso, a FC diminui chegando a alguns poucos batimentos por minuto até a morte.

Sistema Hematopoiético

O sangue é um tecido fluido, composto em 45% de compo-nentes celulares que circulam em suspensão num meio líquido, denominado plasma. A parte celular, composta principalmente pelas hemácias (células vermelhas, para transporte de oxigênio no sangue) é denominada hematócrito. O componente celular do sangue consiste em três tipos principais de células: leucócitos (cé-lulas brancas), eritrócitos (hemácias) e trombócitos (plaquetas). A porção acelular ou plasma é constituída por 92% de água. Os 8% restantes são formados por proteínas, sais e outros constituintes orgânicos em dissolução

Num homem adulto e normal, com peso corpóreo de 75 kg, o volume total de sangue é de, aproximadamente, 5.000 ml. Nas mu-lheres, esses valores são um pouco menores, ou seja, 3.404 ml de volume sanguíneo total, considerando-se um peso médio de 55 kg.

O sistema hematopoiético consiste em sangue e nos locais onde este é produzido, incluindo a medula óssea e o sistema re-ticuloendotelial. Na criança, todos os ossos esqueléticos estão en-volvidos, mas, à medida que a pessoa envelhece, a atividade da medula diminui. Todavia, na idade adulta, a atividade da medula é geralmente limitada à pelve, costela, vértebra e esterno.

Vejamos abaixo, os principais tipos células sanguíneas e suas principais características.

Sistema Respiratório

A respiração é o intercâmbio de gases entre um organismo e o meio no qual esse organismo vive. Mais especificamente, trata-se da absorção de oxigênio, sua utilização nos tecidos e a eliminação de dióxido de carbono pelo organismo.

Para o diagnóstico e o tratamento da maioria das doenças respiratórias é necessário compreender os princípios da fisiologia respiratória e das trocas gasosas. Algumas doenças respiratórias resultam de ventilação inadequada, ao passo que outras resultam de anormalidades na difusão através da membrana pulmonar ou no transporte de gases dos pulmões para os tecidos.

Podemos dividir a respiração em quatro grandes eventos, do ponto de vista funcional:

- A ventilação pulmonar, que é a remoção cíclica do gás alveo-lar pelo ar atmosférico.

- A difusão do oxigênio e do dióxido de carbono entre os al-véolos e o sangue.

- O transporte, no sangue e nos líquidos corporais, do oxigênio (dos pulmões para as células) e do dióxido de carbono (das células para os pulmões).

- A regulação da ventilação e de outros aspectos da respiração.

São exemplos de doenças do sistema respiratórias a DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) que nela inclui o enfisema pulmonar e a bronquite crônica; embolia pulmonar; síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA); edema agudo de pulmão (EAP); pneumonia; infecções; insuficiência respiratória aguda (IRA); dentre outras.

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A inspiração, que promove a entrada de ar nos pulmões, dá-se pela contração da musculatura do diafragma e dos músculos inter-costais. O diafragma abaixa e as costelas elevam-se, promovendo o aumento da caixa torácica, com consequente redução da pressão interna (em relação à externa), forçando o ar a entrar nos pulmões. A expiração, que promove a saída de ar dos pulmões, dá-se pelo relaxamento da musculatura do diafragma e dos músculos inter-costais. O diafragma eleva-se e as costelas abaixam, o que diminui o volume da caixa torácica, com consequente aumento da pressão interna, forçando o ar a sair dos pulmões.

Cinética do movimento inspiratório com elevação das coste-las e abaixamento do diafragma.

O transporte de gás oxigênio está a cargo da hemoglobina, proteína presente nas hemácias. Cada molécula de hemoglobina combina-se com 4 moléculas de gás oxigênio, formando a oxi-he-moglobina. Nos alvéolos pulmonares o gás oxigênio do ar difun-de-se para os capilares sanguíneos e penetra nas hemácias, onde se combina com a hemoglobina, enquanto o gás carbônico (CO2) é liberado para o ar. Nos tecidos ocorrem um processo inverso: o gás oxigênio dissocia-se da hemoglobina e difunde-se pelo líquido tissular, atingindo as células.

Em repouso, a frequência respiratória (FR) é da ordem de até 12 movimentos por minuto. A respiração é controlada automati-camente por um centro nervoso localizado no bulbo. Desse centro partem os nervos responsáveis pela contração dos músculos respi-ratórios (diafragma e músculos intercostais).

Os sinais nervosos são transmitidos desse centro através da coluna espinhal para os músculos da respiração. O mais impor-tante músculo da respiração, o diafragma, recebe os sinais respi-ratórios através de um nervo especial, o nervo frênico, que deixa a medula espinhal na metade superior do pescoço e dirige-se para baixo, através do tórax até o diafragma.

Os sinais para os músculos expiratórios, especialmente os músculos abdominais, são transmitidos para a porção baixa da medula espinhal, para os nervos espinhais que inervam os músculos.

Existem algumas ocasiões em que a concentração de oxigênio nos alvéolos cai a valores muito baixos. Isso ocorre especialmente em locais de grande altitude ou quando uma pessoa contrai pneu-monia, por exemplo.

Sistema Renal

O sistema urinário é composto pelos rins, ureteres, bexiga e uretra. Os rins são órgãos excretores e reguladores. Excretando a água e outras substâncias, os rins eliminam do corpo o excesso de água e produtos desnecessários e tóxicos. Eles também regulam o volume e a composição dos fluidos corporais dentro de um limi-te bastante estreito, eliminando o efeito de grandes variações na absorção de alimentos e água. Devido à função homeostática dos rins, os tecidos e as células do corpo podem realizar suas funções habituais em um ambiente relativamente constante.

O fluxo sanguíneo para os dois rins é equivalente a 25% (1,25 L/min) do débito cardíaco nos indivíduos em repouso. Contudo, os rins constituem menos de 0,5% do peso corporal total.

No ser humano, cada rim é constituído de cerca de 1 milhão de néfrons, cada um destes é capaz de formar urina. Os néfrons são tubos ocos formados de uma camada celular simples. O rim não tem a capacidade de regenerar novos néfrons. Por conseguinte, em caso de lesão ou doença renal, ou no processo do envelhecimento normal, verifica-se diminuição gradual do número de néfrons.

Néfron esquemático demonstrando arteríola interlobular, arte-ríola aferente, arteríola eferente, glomérulos, cápsula de Bowman, espaço urinário, ducto proximal, alça de Henle, ducto distal e duc-to coletor.

Cada néfron possui dois componentes principais: (1) um glo-mérulo (capilares glomerulares), através do qual, grandes quanti-dades de líquidos são filtradas do sangue e (2) um longo túbulo no qual o liquido filtrado é convertido em urina no seu trajeto até a pelve renal.

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Sistema Nervoso Autônomo

Este é caracterizado pela sua grande complexidade das ações de controle que pode desempenhar. Em conjunto com o sistema endócrino, provê a maior parte das funções de controle do corpo. A porção denominada sistema nervoso autônomo (SNA) é respon-sável pelo controle das funções viscerais.

O SNA regula atividades dos órgãos internos, como o coração, pulmões, vasos sanguíneos, órgãos digestivos e glândulas. É res-ponsável, em grande parte, pela manutenção e restauração da ho-meostase interna. Dentre suas atribuições encontram-se o controle da pressão arterial, motilidade e secreção gastrintestinal, esvazia-mento da bexiga urinária, transpiração, temperatura corporal, entre muitas outras. O SNA possui duas divisões importantes: simpático e parassimpático, que geralmente atuam em oposição.

O SNA inerva a grande parte dos órgãos internos, embora oca-sionalmente considerado parte do sistema nervoso periférico, ele é regulado por centros na medula espinhal, tronco cerebral e hipo-tálamo. Possui dois neurônios em uma série que se estende entre os centros no SNC e os órgãos inervados.

O SNA transmite seus impulsos por meio de vias nervosas es-timulados por mediadores químicos assemelhando-se, nesse senti-do, ao sistema endócrino.

O sistema nervoso parassimpático funciona como o contro-lador dominante para a maioria dos efetores viscerais. Durante condições calmas e sem estresse, os impulsos das fibras parassim-páticas (colinérgicas) predominam. O sistema nervoso Simpático, ao contrario, atua predominantemente nas situações de “fuga”, as-sociado ao estresse. Tem a função basal também de manter o tônus dos vasos e frequência cardíaca.

Sistema Digestório

O sistema digestivo tem a função primordial de promover nu-trientes para o corpo. O alimento, após passar pela boca, é prope-lido, por meio do esôfago, para o estômago e, em seguida para os intestinos delgado e grosso, antes de ser esvaziado pelo ânus. O sistema digestório prepara o alimento para ser usado pelas células por meio de cinco atividades básicas.

- Ingestão: Captar alimento pela boca (ato de comer).

- Mistura e movimentação do alimento: As contrações mus-culares misturam o alimento e as secreções e movimentam o ali-mento ao longo do trato gastrointestinal.

- Digestão: Ocorre a degradação do alimento por processos químicos e mecânicos. A digestão química é uma série de reações que degradam as moléculas grandes e complexas de carboidratos, lipídios e proteínas que ingerimos, transformando-as em molécu-las simples, pequenas o suficiente para passar através das paredes dos órgãos digestórios e eventualmente para as células do corpo. A digestão mecânica consiste de vários movimentos que auxiliam na digestão química. Os dentes trituram o alimento para que ele seja deglutido; o músculo liso do estômago e do intestino delgado promovem a mistura do alimento com as enzimas que o digerem; e as ondas de contração muscular denominadas peristalse movem o alimento ao longo do trato gastrointestinal.

- Absorção: É a passagem do alimento digerido do trato gastrointestinal aos sistemas sanguíneo e linfático para distribuição às células.

- Defecação: É a eliminação de substâncias não digeridas do trato gastrointestinal.

Assim, as funções gerais desempenhadas pelo tubo gastrintes-tinal podem ser classificadas em

- propulsão e mistura do conteúdo gastrintestinal;

- secreção dos sucos digestivos;

- digestão do alimento;

- absorção do alimento.

Todas as células do corpo necessitam de nutrientes. Esses nutrientes derivam da ingestão de alimento que contém proteína, lipídios, carboidratos, vitaminas e minerais, bem como fibras de celulose e outras matérias vegetais sem valor nutricional.

As principais funções digestivas do trato gastrointestinal são:

- Clivar as partículas alimentares na forma molecular para a digestão.

- Absorver as pequenas moléculas produzidas pela digestão para dentro da corrente sanguínea.

- Eliminar alimentos não-digeridos e não-absorvidos e outros produtos residuais do corpo.

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Depois que o alimento é ingerido, ele é impulsionado através do trato gastrointestinal, ficando em contato com uma ampla varie-dade de secreções que auxiliam na digestão, absorção e eliminação do mesmo.

O processo digestivo consiste em uma série de transformações sequenciais e é deflagrada por mediadores químicos, endócrinos e estímulos diversos, desenvolvidos pelo aparelho digestivo com a finalidade de possibilitar a melhor absorção alimentar.

A digestão se inicia na boca, onde a mastigação e a insalivação reduzem os alimentos sólidos a uma massa de menor tamanho, auxiliados pela movimentação da língua. Segue-se a deglutição voluntária e/ou reflexa, que conduz o bolo alimentar ao estômago.

Sistema Endócrino

O sistema endócrino possui alta complexidade, sendo com-posto por um grupo de órgãos integrados e de ampla distribuição, coordenando um estado de equilíbrio metabólico (homeostase) entre vários órgãos do corpo. Este equilíbrio ocorre, pois são regu-lados por dois sistemas: sistema nervoso representado pelo hipo-tálamo e o sistema endócrino.

O hipotálamo contém neurossecreções que são importantes no controle de certas atividades metabólicas, como a manutenção do equilíbrio hídrico, metabolismo do açúcar e das gorduras, regula-ção da temperatura corporal, secreção de hormônios liberadores e inibidores.

Os hormônios agem nas células em um sistema chamado “cha-ve-fechadura”, ou seja, as chaves são os hormônios e a fechadura, são os receptores sendo divididos em receptores de membrana: hormônios hipofisários e catecolaminas; receptores de citoplasma ou de núcleo: hormônios esteroides; receptores associados direta-mente ao DNA: hormônio tireóideo. Com freqüência, o hormônio endócrino é transportado pelo sangue de seu local de liberação até o seu órgão-alvo(órgão onde o hormônio ira agir).

A função das glândulas endócrinas é controlada por meios de mecanismos de retro alimentação: feedback, assim as discrepân-cias nas taxas séricas normais desses hormônios estimulam ou ini-bem a liberação de substâncias de controle de secreção produzidas no eixo hipotálamo-hipofisário.

O sistema endócrino é constituído pelo hipotálamo, hipófise, pineal, tireóide, paratireoides, timo, suprarrenal, pâncreas, ovários, testículos e placenta (durante a gravidez).

Assim, podemos enumerar algumas das principais funções do sistema endócrino, lembrando da interação com os diversos siste-mas do nosso organismo:

- Regula a proliferação e a diferenciação celular;

- Crescimento;

- Reprodução;

- Controla a pressão arterial;

- Concentração iônica;

- Comportamento.

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Microbiologia

Microbiologia é o ramo da biologia que estuda os microrga-nismos, incluindo eucariontes unicelulares e procariontes, como as bactérias, fungos e vírus. Atualmente, a maioria dos trabalhos em microbiologia é feita com métodos de bioquímica e genética. Também é relacionada com a patologia, já que muitos organismos são patogênicos.

Micróbios possuem características básicas do fundo dos or-ganismos dicromáticos que os tornam os modelos de organismos ideais. Foi descoberta a origem das bactérias, tendo sido anterior a origem de outros corpos, tais como protozoários, eucariontes e vírus. Dentre os citados, o último a se desenvolver foram os proto-zoários, por tratar-se de seres com uma complexidade maior:

- São muito pequenos, então eles não consomem muitos re-cursos;

- Alguns possuem ciclos de vida bastante curtos (aprox. 30 minutos para E. coli, desde que esteja na presença das condições ótimas de crescimento);

- Células podem sobreviver facilmente em isolamento das ou-tras células;

- Eles podem-se reproduzir por divisão mitótica, permitindo a propagação de clones idênticos em populações;

- Eles podem ser congelados por longos períodos de tempo. Mesmo se 90% das células são mortas pelo processo de congela-mento, há milhões de células em um mililitro da cultura líquida.

Estes traços permitiram que Joshua e Esther Lederberg pu-dessem dirigir um elegante experimento em 1951 demonstrando que adaptações evolutivas surgem melhor da pré-adaptação do que da mutação dirigida. Para isto, eles inventaram a replicação em placa, que permitiu que eles transferissem numerosas colônias de bactérias para locais específicos de uma placa de Peri preenchida com Ágar-ágar para regiões análogas em diversas outras placas de petri. Após a replicação de uma placa com E. coli, eles expuseram cada uma das placas a fagos. Eles observaram que colônias re-sistentes aos fagos estavam presentes em partes análogas de cada placa, possibilitando-os concluir que os traços de resistência aos fagos existiam na colônia original, que nunca havia sido exposta aos fagos, ao invés de surgirem após as bactérias terem sido ex-postas aos vírus.

A extensiva caracterização dos micróbios tem nos permitido o uso deles como ferramentas em outras linhas da biologia:

- Bactérias (especialmente Escherichia coli) podem ser usadas para reduplicar DNA na forma de um (plasmídeo). Este DNA é frequentemente modificado quimicamente in vitro e então inserido em bactérias para selecionar traços desejados e isolar o produto desejado de derivados da reação. Após o crescimento da bactéria e deste modo a replicação do DNA, o DNA pode ser adicionalmente modificado e inserido em outros organismos.

- Bactérias podem também ser usadas para a produção de grandes quantidades de proteínas usando genes codificados em um plasmídeo.

- Genes bacteriais tem sido inseridos em outros organismos como genes repórteres.

- O sistema de hibridação em levedura combina genes de bac-térias com genes de outros organismos já estudados e os insere em uma célula de levedura para estudar interações proteicas em um ambiente celular. E também vista na área da computação.

Importância da Microbiologia: É uma área da Biologia que tem grande importância seja como ciência básica ou aplicada. Básica: estudos fisiológicos, bioquímicos e moleculares (modelo comparativo para seres superiores). Microbiologia Molecular Aplicada: processos industriais, controle de doenças, de pragas, produção de alimentos, etc.

Áreas de estudo:

Odontologia: Estudo de microrganismos associados à placa dental, cárie dental e doenças periodontais. Estudos com aborda-gem preventiva.

Medicina e Enfermagem: - Doenças infecciosas e infecções hospitalares.

Nutrição: - Doenças transmitidas por alimentos, Controle de qualidade de alimentos, Produção de alimentos (queijos, bebidas).

Biologia: - Aspectos básicos e biotecnológicos. Produção de antibióticos, hormônios (insulina, GH), enzimas (lipases, celula-ses), insumos (ácidos, álcool), Despoluição (Herbicidas - Pseudo-monas, Petróleo), Bio-filme (Acinetobacter), etc.

Biotecnologia - Uso de microrganismos com finalidades in-dustriais, como agentes de biodegradação, de limpeza ambiental, etc.

Efeitos das doenças nas civilizações: talvez um dos aspectos mais negligenciados quando se estuda a microbiologia refere-se às profundas mudanças que ocorreram no curso das civilizações, decorrentes das doenças infecciosas. De forma geral, as doenças provocavam um abatimento físico e moral da população e das tro-pas, muitas vezes influenciando no desenrolar e no resultado de um conflito. A própria mobilização de tropas, resultando em uma aglomeração, muitas vezes longa, de soldados, em ambientes onde as condições de higiene e de alimentação eram geralmente inade-quadas, também colaborava na disseminação de doenças infeccio-sas, para as quais não existiam recursos terapêuticos.

Paralelamente, em áreas urbanas em franca expansão, os pro-blemas mencionados acima eram também de grande importância, pois rapidamente as cidades cresciam, sendo que as instalações sanitárias geralmente eram completamente precárias.

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Didatismo e Conhecimento 11

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Com a prática do comércio entre as diferentes nações emer-gentes, passou a haver a disseminação dos organismos para outras populações, muitas vezes susceptíveis a aqueles agentes infeccio-sos. Abaixo listaremos, brevemente, um pequeno histórico com alguns exemplos dos efeitos das doenças microbianas no desen-volvimento de diferentes civilizações. O declínio do Império Ro-mano, com Justiniano (565 a.C.), foi acelerado por epidemias de peste bubônica e varíola. Muitos habitantes de Roma foram mor-tos, deixando a cidade com menos poder para suportar os ataques dos bárbaros, que terminaram por destruir o Império.

Durante a Idade Média varias novas epidemias se sucederam, sendo algumas amplamente disseminadas pelos diferentes conti-nentes e outras mais localizadas. Dentre as principais moléstias pode-se citar: Tifo, varíola, sífilis, cólera e peste. Em 1346, a po-pulação da Europa, Norte da África e Oriente Médio era de cer-ca de 100 milhões de habitantes. Nesta época houve uma grande epidemia da peste, que disseminou-se através da “rota da seda” (a principal rota mercante para a China), provocando um grande número de mortes na Ásia e posteriormente espalhando-se pela Europa, onde resultou em um total de cerca de 25 milhões de pes-soas, em poucos anos.

Novas epidemias da peste ocorreram nos séculos XVI e XVII, sendo que no século XVIII (entre 1720 e 1722), uma última grande epidemia ocorreu na França, matando cerca de 60% da população de Marselha, de Toulon, 44% em Arles, 30% em Aix e Avignon. A epidemia mais recente de peste originou-se na China, em 1892, disseminando-se pela Índia, atingindo Bombaim em 1896, sendo responsável pela morte de cerca de 6 milhões de indivíduos, so-mente na Índia. Antes da II Guerra Mundial, o resultado das guer-ras era definido pelas armas, estratégias e “pestilência”, sendo esta última decisiva. Em 1566, Maximiliano II da Alemanha reuniu um exército de 80.000 homens para enfrentar o Sultão Soliman da Hungria. Devido a uma epidemia de tifo, o exército alemão foi profundamente dizimado, sendo necessária a dispersão dos sobre-vivente, impedindo assim a expulsão das hordes de tribos orientais da Europa nesta época.

Na guerra dos 30 anos (1618-1648), onde protestantes se re-voltaram contra a opressão dos católicos, além do desgaste decor-rente da longa duração do confronto, as doenças foram determi-nantes no resultado final. Na época de Napoleão, em 1812, seu exército foi quase que completamente dizimado por tifo, disenteria e pneumonia, durante campanha de retirada de Moscou. No ano seguinte, Napoleão havia recrutado um exército de 500.000 jovens soldados, que foram reduzidos a 170.000, sendo cerca de 105.000 mortes decorrentes das batalhas e 220.000 decorrentes de doenças infecciosas. Em 1892, outra epidemia de peste bubônica, na China e Índia, foi responsável pela morte de 6 milhões de pessoas.

Até a década de 30, este era quadro, quando Alexander Fle-ming, incidentalmente, descobriu um composto produzido por um fungo do gênero Penicillium, que eliminava bactérias do gênero Staphylococcus, um organismo que pode produzir uma vasta gama de doenças no homem. este composto - denominado penicilina -

teve um papel fundamental na desfecho da II Guerra Mundial, uma vez que passou a ser administrado às tropas aliadas, enquanto o exército alemão continuava a sofrer pesadas baixas no campo de batalha. Além destas epidemias, vale ressaltar a importância das diferentes epidemias de gripe que assolaram o mundo e que con-tinuam a manifestar-se de forma bastante intensa até hoje. Temos ainda o problema mundial envolvendo a AIDS, o retorno da tuber-culose (17 milhões de casos no Brasil) e do aumento progressivo dos níveis de resistência aos agentes antimicrobianos que vários grupos de bactérias vêm apresentando atualmente.

2 ESTERILIZAÇÃO: CONCEITOS, UTILIZAÇÃO, MÉTODOS E EQUIPAMENTOS.

Central de Material e Esterilização

No cenário hospitalar, a Central de Material e Esterilização é a unidade encarregada de expurgar, preparar, esterilizar, guardar e distribuir materiais estéreis ou desinfetados para todos os setores do hospital que prestam cuidados aos pacientes. Neste contexto, é o setor responsável diuturnamente por atividades fundamentais no controle de qualidade do processo de esterilização e no controle das infecções hospitalares.

Na estrutura hospitalar brasileira, até a década de 40, não existia central de material e esterilização; todos os processos de preparo, esterilização e armazenamento de materiais eram feitos no centro cirúrgico. A partir dos anos 50, com o surgimento de novos métodos de limpeza e esterilização de materiais e o adven-to de instrumentais especializados para cirurgias mais complexas é que começaram a destinar uma área própria para o preparo de materiais. Porém, só no início dos anos 70 é que alguns hospitais, especialmente os grandes e os universitários, iniciaram a implan-tação de setores destinados às atividades de limpeza autônomas e independentes do centro cirúrgico. Surgiu então a Central de Material e Esterilização, chefiada por um enfermeiro, composta por áreas: de recepção, expurgo, preparo, esterilização e guarda (armazenamento e distribuição de materiais).

O desenvolvimento tecnológico ocorrido nas últimas décadas na área de saúde, impulsionou as atividades desenvolvidas nas CMEs de forma vertiginosa, colocando-a como um setor de vital importância no ambiente hospitalar, dada a magnitude do trabalho ali desenvolvido. Neste manual os principais métodos de limpeza, desinfecção, esterilização e validação do processo de esterilização desenvolvidos nas CMEs são abordados de forma clara e objetiva para que todos possam realizá-los, oferecendo aos seus clientes materiais seguros que contribuam para a qualidade da assistência prestada.

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Didatismo e Conhecimento 12

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Classificação de Artigos Hospitalares

Críticos: São artigos que estão envolvidos em alto risco de aquisição de infecção se estiverem contaminados com quaisquer microrganismos, incluindo os esporos bacterianos. Estes objetos penetram tecidos estéreis ou sistema vascular e devem ser esteri-lizados para uso. Ex: instrumentos cirúrgicos, cateteres urinário e cardíaco, implantes, agulhas e etc.

Semicríticos: São artigos que entram em contato com mem-branas mucosas íntegras ou pele não íntegra . Devem estar livres de todos os microrganismos na forma vegetativa, mas, podem conter alguns esporos. Membranas mucosas intactas geralmente são resistentes aos esporos bacterianos mais comuns; porém, são suscetíveis a infecções por microbactérias e alguns vírus. Estes ar-tigos requerem desinfecção de alto nível. Ex: equipamentos respi-ratórios e de anestesia, endoscópios digestivo e etc.

Não-Críticos: São artigos que entram em contato com pele íntegra, mas não com mucosas. A pele íntegra é uma barreira efeti-va a muitos microrganismos. Há baixíssimo risco de se transmitir agentes infecciosos para pacientes através dos artigos não críticos. Entretanto, eles podem servir de fonte de contaminação das mãos dos profissionais ou dos fômites em geral que por sua vez poderão carrear microrganismos quando entrarem em contato com outro paciente. Os artigos não críticos dependendo da sua particularida-de ou grande contaminação poderão ser lavados com água e sabão, ou receber desinfecção de nível intermediário ou baixo. Ex: coma-dres, aparelhos de pressão, móveis do paciente e etc.

Etapas do preparo de Material para Esterilização

Seleção: É a separação dos materiais odonto-médico-hospitalares, por tipo, para que sejam limpos adequadamente sem sofrer danos. Ex. Instrumentais, endoscópios, borrachas, vidros, etc.

Limpeza: É o processo de remoção de sujidades realizado pela aplicação de energia mecânica (fricção), química (soluções deter-gentes, desincrostantes ou enzimática) ou térmica. A utilização as-sociada de todas estas formas de energia aumentam a eficiência da limpeza. A matéria orgânica presente (óleo, gordura, sangue, pus e outras secreções) envolve os microrganismos, protegendo-os da ação do agente esterilizante. Por essa razão, a limpeza constitui núcleo de todas as ações referentes aos cuidados de higiene com os artigos e áreas hospitalares, além de ser o primeiro passo nos procedimentos técnicos de desinfecção e esterilização. A limpeza dos artigos deve ser feita de maneira escrupulosa e meticulosa pro-curando-se escolher para cada tipo de material a melhor maneira de executar esta tarefa.

Quanto aos produtos de limpeza, merece destaque o seguinte grupo:

Detergentes: São produtos que contém tensoativos em sua formulação, com a finalidade de limpar através de redução da ten-são superficial, umectação, dispersão, suspensão e emulsificação da sujeira.

Detergente Enzimático: À base de enzimas e surfactantes, não iônico, com pH neutro, destinado a dissolver e digerir sangue, restos mucosos, fezes, vômito e outros restos orgânicos de instru-mental cirúrgico, endoscópios e artigos em geral. As enzimas que promovem a quebra da matéria orgânica são basicamente de três tipos:

1- Proteases: decompõem as proteínas2- Amilases: decompõem os carboidratos3- Lipases: decompõem as gorduras

Observações:- Diluir o produto conforme orientações do fabricante;- Produtos abrasivos: Lã de aço e similares não são reco-

mendados, principalmente para metais, pois tornam suas super-fícies progressivamente ásperas e proporcionam abrigo para a proliferação de microrganismos;

- Sabões: Os comuns, são combinações de substâncias for-tes e gordurosas. Têm pouco valor para a limpeza de materiais odonto-médico-hospitalares, quando comparados aos modernos detergentes.

Alternativas de Limpeza

Manual: Por fricção com escova macia e/ou esponja, atentan-do para ranhuras, articulações, concavidades e lumens do material. Ex: Instrumentais, circuito respiratório, etc.

O artigo deve ser imerso, por completo, em água com deter-gente enzimático ou sabão neutro líquido, friccionado, enxaguado em água corrente abundante e seco.

Por equipamentos- Lavadoras Ultrassônicas: emitem vibrações ultrassônicas na

água aquecida para remover a sujidade das superfícies externa e interna dos instrumentais com ajuda de soluções químicas;

- Lavadoras esterilizadoras (a 121ºC e alta pressão): de acordo com o nome, existem dois ciclos: um de lavagem (não remove toda a matéria orgânica dos instrumentas), e outro de esterilização (de-vido a alta temperatura a matéria orgânica não removida na lava-gem adere-se aos instrumentais dificultando a remoção na limpeza manual), necessitando de lavagem manual posterior;

- Lavadora descontaminadora (descontaminadora térmica, de-sinfectora e sanitizadora): essa máquina emite numerosos jatos de água, através de espargidores, que são estrategicamente dispostos para remover a sujidade, proporcionando excelente limpeza, sem danificar os instrumentais. O ciclo inicia um banho de água fria (reduz a impregnação de matéria orgânica), e depois, água quente (até 85ºC), com detergente, seguido de enxágue múltiplos.

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Didatismo e Conhecimento 13

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Observações:- Após a limpeza, deve ser feita revisão de todo material, com

cuidado especial para ranhaduras e lumens, para detecção de su-jidade;

- A escolha da alternativa de limpeza deve levar em conta a realidade de cada unidade e a natureza do artigo a ser processado;

- O uso dos EPIs pelo servidor, é obrigatório nesta fase.

Secagem: Tem por objetivo evitar que a umidade interfira nos processos químicos e/ou físicos de desinfecção e/ou esterilização dos materiais. Deve ser feita rigorosamente utilizando-se:

- Pano limpo e seco;- Secadoras de ar quente;- Ar comprimido.

Observações: A secagem deve ser criteriosa porque havendo água nos artigos pode ocorrer:

- Alteração da concentração em que as soluções químicas agem adequadamente;

- Interferência no ciclo de secagem na autoclave porque esse processo tem umidade relativa definida;

- Aumento do tempo necessário para esterilização em estufa, por ampliar o tempo de aquecimento inicial.

Revisão: Feita durante o preparo das bandejas, consiste na verificação da integridade das funções e presença de sujidade no material. Confere-se: ranhuras, cremalheiras, corte, etc.

Preparo: É a montagem das bandejas e pacotes; Deve ser feito em área limpa e organizada; O setor deve ter livro (ou pasta) com as listas dos materiais e orientações para o preparo.

Observações:- Os campos e/ou embalagens devem estar íntegros;- Observar a presença de pelos, lanugem, sujidade, etc, nos

campos a serem usados;- Os profissionais devem usar gorro, cobrindo totalmente os

cabelos para evitar queda nas mesas, bancadas e materiais.

Empacotamento: Deve ser adequado ao processo de esterili-zação, de maneira a garantir a esterilidade do material. Devemos observar:

Na seleção da embalagem:- Permeabilidade ao agente esterilizante;- Impermeabilidade a partículas microscópicas;- Resistência às condições físicas do processo de esterilização;- Adequação ao material a ser esterilizado;- Flexibilidade e resistência à tração durante o manuseio;- Se proporciona selagem adequada;- Ausência de resíduos tóxicos (corantes e alvejantes) e nu-

trientes microbianos (amido).

No empacotamento:- Tamanho do pacote deve ser, no máximo 25x25x40cm;- Peso máximo de 5 Kg;- Embalagem adequada ao volume do material.

Na montagem dos pacotes:- Não deixá-los muito apertados, para que o agente esterilizante

possa penetrar facilmente nem muito folgados para que não se des-façam, permitindo contaminação durante o manuseio.

Tipos de embalagens:

Campo duplo de algodão cru- permeável ao vapor;- 140 fios/polegada = 56 fios/cm2 = 200g/m2;- lavado recentemente.

Papel grau cirúrgico: É um laminado com duas faces de papel ( uso industrial ) ou uma face de papel e outra com filme transparente.

• Permeável ao vapor e óxido de etileno;• Resistente a temperaturas de até 160º C;• Impermeável a microrganismos, oferecendo segurança ao

material esterilizado;• Validade de esterilização de acordo com as condições de es-

tocagem e integridade da embalagem;• Não pode ser reaproveitado porque torna-se impermeável ao

agente esterilizante após uma esterilização;• O ar deve ser removido ao máximo da embalagem para evi-

tar ruptura dos pacotes por expansão do mesmo.

Papel crepado- Atóxico, biodegradável;- Composto de celulose tratada, resiste até 150º C por 1 hora;- Permeável ao vapor e óxido de etileno;- É flexível mas menos resistente à tração que o tecido e não

tecido;- Funciona como barreira microbiana efetiva;- Guarda memória das dobras.

Papel Kraft

Observação:- O papel Kraft vem caindo em desuso devido à fragilidade

e vulnerabilidade como barreira microbiana após a esterilização. Além da presença do amido, corante e outros produtos tóxicos que podem se depositar sobre os artigos.

Não tecido- Sintético, resultado da união de três camadas de não tecido,

100% polipropileno;- Barreira microbiana;- Maleável, facilitando a confecção dos pacotes;- Resistente às condições físicas do processo de esterilização;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

- Atóxico e livre de furos;- Permeável ao vapor, óxido de etileno e plasma de peróxido

de hidrogênio;- Não guarda memória nas dobras.

Tyvec- Compatível com óxido de etileno, vapor, radiação gama e

plasma de peróxido de hidrogênio;- Alta resistência à tração e perfuração;- Excelente barreira microbiana;- O uso em larga escala é limitado pelo alto custo.

Caixas metálicas- Podem ser usadas por vapor, se as mesmas forem perfuradas

e recobertas por embalagens permeáveis ao vapor.

Containers- Apresentam perfurações na tampa e fundo, onde são coloca-

dos filtros permeáveis ao vapor e impermeáveis a microrganismos.

Identificação: Todo o material a ser esterilizado deve ser identificado na própria fita (ou etiqueta) adesiva com os seguintes dados:

- Identificação do material (bandeja de parto, etc);- data e lote;- setor de origem;- assinatura legível do servidor que preparou.

Procedimentos Gerais adotados em setores e CME

Instrumentais Cirúrgicos

Procedimento de pré lavagem- Uso obrigatório de EPI completo (máscara, óculos prote-

tores, gorro, avental plástico, propés/botas, luvas de borracha de cano longo);

- Receber e conferir material sujo das unidades, na própria bandeja, sem descartáveis e pérfuro-cortantes;

- Selecionar os delicados, pontiagudos, de anestesia, materiais elétricos, etc;

- Abrir os instrumentais, com exceção das pinças pontiagudas (Backaus, Pozzi), para reduzir risco ocupacional;

- Materiais leves devem ficar sobre os pesados a fim de evitar danos (os delicados lavar manualmente);

- Se a CME dispuser de máquinas, o material continuará a ser processado nelas.

Caso contrário, obedecer as etapas seguintes:- Fazer enxágue prévio dos instrumentais com jato de água

fria (para remoção de restos de sangue e matéria orgânica);- Colocar os instrumentais imersos em sabão neutro líquido ou

detergente enzimático, tendo o cuidado de abrir as pinças, exceto os pontiagudas (evitar acidente com o servidor). Obs: não utilizar detergente de uso doméstico; ao longo do tempo danifica os ins-trumentais;

- Deixar agir na solução de acordo com as orientações do fa-bricante;

- Retirar desta solução e lavar friccionando com escova, ob-servando ranhuras, articulações, cavidades e concavidades. Lavar os delicados separadamente;

- Enxaguar em água corrente abundantemente, secar e enca-minhar para preparo.

OBS:- Os instrumentais com peças removíveis devem ser desmon-

tados para facilitar a limpeza em todos os pontos críticos;- Caneta de bisturi deve ser encaminhada envolvida em com-

pressa, não misturada com os demais instrumentais;

- Os instrumentais com grande carga de sujidade, (sangue, pus e fezes), encaminhar à CME acondicionados em dois sacos plásti-cos identificados;

- Os instrumentais com grande carga de sujidade (pus, fezes etc.) deverão ser colocados de preferência na lavadora – esteriliza-dora evitando qualquer contato destes resíduos com pia, bancadas e mesas, para reduzir riscos ocupacionais.

Procedimento de secagem e revisão dos instrumentais cirúr-gicos

- Secagem minuciosa com compressas limpas e/ou ar com-primido;

- Fazer revisão observando integridade das funções de cada instrumental e presença de sujidade;

- Lubrificação das articulações quando necessário;- Encaminhar os materiais para a área de preparo.

Área de preparo dos instrumentais cirúrgicos- Separar por tipo: pinças, tesouras, afastadores, etc, inspecio-

nando os materiais;- Solicitar à enfermeira a substituição de materiais danificados

ou quebrados, quando necessário;- Montar bandejas conforme relação de instrumentais padro-

nizada;- Acondicionar em bandejas, caixas perfuradas ou pacotes,

tendo o cuidado de colocar os materiais leves sobre os pesados a fim de evitar danos;

- Juntar e amarrar frouxamente peças delicadas como: gan-chos, espátulas, etc, para evitar que caiam ao abrir a bandeja em sala de cirurgia;

- Proteger os instrumentos pontiagudos para evitar danos aos materiais e acidente de trabalho. Para tanto pode-se usar envelope aberto de papel cirúrgico ou compressa de gaze 7,5 x 7,5 cm.

Empacotamento

Instrumentais cirúrgicos, embalar na seguinte sequência:- Abrir campo duplo de algodão cru;- Sobrepor campo de cretone simples;- Colocar o instrumental;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

- Fechar segundo técnica de envelope.

Obs: os pacotes também podem ser feitos em papel grau cirúr-gico com termoselagem.

Instrumental acondicionado em bandejas e caixas perfura-das, na seguinte sequência:

- Abrir campo duplo de algodão cru;- Sobrepor campo simples de cretone;- Colocar a bandeja, forrando-a com campo simples de cre-

tone;- Colocar os instrumentais conforme relação padronizada so-

brepondo os materiais leves sobre os pesados;- Fechar segundo a técnica de envelope.

Identificação- Usar preferencialmente fita teste para autoclave;- Colocar nome do material, especialidade, setor de origem,

data e assinatura;- Encaminhar para esterilização.

OBS: Para o fechamento com fita branca, com adesivo acríli-co, faz-se necessário o uso de no mínimo 5 cm ( 3 listras ) de fita teste para autoclave.

Tubos para aspiração e oxigenação (látex e silicone)- Após uso, passar em jato de água corrente imediatamente,

para retirar excesso de matéria orgânica;- Imergir em solução de sabão neutro de 20 a 30 minutos;- Levar para pia, friccionando toda extensão da borracha para

retirada total da sujidade;- Enxaguar em água corrente;- Colocar para escorrer o excesso de água em suporte;- Encaminhar para preparo, após inspeção visual;- Todo tubo usado em procedimento de grande sujidade (pus,

fezes, etc) deve ser desprezado no local do procedimento;- Os tubos novos devem ser lavados antes do preparo;- Separar por tamanho (máximo 1,50m), enrolar em círculo

frouxo, colocar conexão quando for para o centro cirúrgico;- Envolver em campo de cretone e campo duplo de algodão

cru;- Fixar e identificar;- Encaminhar para esterilização.

Obs: As borrachas deverão ser preparadas ainda úmidas inter-namente, para facilitar a penetração de vapor no lúmem.

Vidrarias

Vidros de aspiração- Receber sem secreção;- Colocar solução limpadora dentro do vidro e proceder de

acordo com as recomendações do fabricante;- Lavar com água corrente, sabão neutro líquido e escova pró-

pria;

- Escorrer em local próprio ( dispensador );- Devolver ao setor de origem.

Seringas de vidro- Colocar em recipiente adequado com sabão neutro líquido e

água quente, corpo e êmbolo separadamente;- Lavar com escova própria;- Colocar para escorrer e secar;- Separar corpo e êmbolo por tamanho;- Testar o êmbolo e observar se o bico está íntegro;- Enrolar com gaze aberta, corpo e embolo conforme rotina;-• Fixar, identificar e assinar.

Obs: As seringas de vidro são usadas atualmente para confec-ção de bandejas de bloqueio anestésico e punção lombar.

Vidros para biópsia- Lavar com água corrente e sabão neutro líquido e escova

própria;- Enxaguar com água corrente e escorrer em local próprio;- Empacotar individualmente tampa e vidro em papel grau ci-

rúrgico ou embalagem descartável, observando para que a tampa não entre em contato direto com o vidro;

- Fixar, identificar, datar e assinar;- Encaminhar para esterilização.

Bacias, comadres e papagaios- A limpeza, desinfecção e secagem devem ser feitas no setor

de origem;- Em caso de lesão de pele do paciente que entra em contato

direto com bacia, comadre ou papagaio, após limpeza, empacotar, identificar e encaminhar a CME para esterilização.

Limpeza no setor:- Desprezar as secreções na própria enfermaria;- Levar ao expurgo colocar solução enzimática, caso não te-

nha, lavar com água e sabão neutro líquido, utilizando escova para friccionar;

- Enxaguar em água corrente abundante;- Colocar para escorrer em local próprio;- Secar com pano limpo e seco;- Friccionar com pano umedecido em álcool etílico a 70%;- Guardar em local adequado.

Obs: Dispondo de lavadora com rack próprio, colocar os ma-teriais diretamente na máquina; conforme orientação do fabricante.

Equipamento elétrico

Caneta de bisturi elétrico- Desconectar o eletrodo da caneta e lavar separadamente com

água e sabão neutro líquido;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

- Passar compressa com sabão neutro líquido em toda exten-são do fio;

- Passar compressa úmida com água para retirar o sabão;- Secar com compressa limpa;- Readaptar o eletrodo na caneta;- Encaminhar para área de preparo;- Enrolar o fio em forma circular de maneira folgada ( sem

amarrar );- Envolver a caneta de bisturi e colocar em papel grau cirúrgi-

co ou campo de algodão, selar ou fixar, identificar, datar e assinar;- Encaminhar para esterilização em autoclave.

Perfurador elétrico

- Passar compressa úmida, com sabão neutro líquido em todo aparelho externamente, inclusive o fio;

- Abrir o mandril e limpar rigorosamente com gaze, haste fle-xível ou escova embebida em sabão neutro líquido, em seguida retirar o sabão com gaze umedecida em água;

- Secar com ar comprimido;- Embalar individualmente e encaminhar para esterilização

em ciclo de materiais termossensíveis.

Retossigmoidoscópio

Peças metálicas:

- Paramentar-se usando EPIs;- Passar água corrente para retirar o excesso de sujidade;- Colocar em detergente enzimático (conforme orientação do

fabricante);- Enxaguar abundantemente;- Fazer revisão das peças para detectar sujidades;- Acondicionar em campos de cretone simples e campo de al-

godão cru e/ou bandejas;- Fixar, identificar, datar e assinar;- Encaminhar para esterilização em autoclave.Óticas:- Lavar manual e delicadamente evitando impactos, não enro-

lar para não danificar;- Usar água e sabão neutro líquido ou detergente enzimático;- Enxaguar bem em água corrente;- Secar com compressa limpa;- Enrolar em forma de círculo grande para não danificar in-

ternamente;- Encaminhar para preparo;- Colocar as óticas em solução esterilizante ( conforme orien-

tação do fabricante);- Enxaguar em água corrente;- Colocar sobre um campo duplo;- Secar com compressa limpa;- Acondicionar em campo estéril para uso imediato.

Desinfecção

Conceito: É o processo físico (raios ultravioleta, pasteurização) ou químico (solução germicida) que elimina muitos ou todos os microrganismos na forma vegetativa em objetos inanimados com exceção de esporos bacterianos.

Níveis de desinfecção:

De alto nívelOcorre quando a ação dos desinfectantes é eficaz sobre todos

as bactérias nas formas vegetativas, microbactérias, fungos, vírus e alguns dos esporos bacterianos.

De nível intermediárioOcorre quando a ação dos desinfetantes é eficaz contra mi-

crobactérias, bactérias na forma vegetativa, maioria dos fungos, maiorias dos vírus, mas não é eficaz contra esporos bacterianos.

Baixo nívelOcorre quando a ação dos desinfetantes é eficaz contra a

maioria dos fungos, alguns vírus, mas não é eficaz contra micror-ganismos resistentes como a microbactéria ou contra esporos bac-terianos.

Processos

FísicosLavadoras termo-desinfectoras: são usadas para descontami-

nar e desinfetar artigos. Emitem numerosos jatos de água através de espargidores dispostos estrategicamente para prover uma exce-lente limpeza sem danificar os instrumentos. A limpeza é realizada com água fria e depois água quente e detergente. A etapa da água fria é importante para reduzir a impregnação da matéria orgânica nos instrumentos. A temperatura da água na etapa subsequente é em torno de 90º C, indicadas para a desinfecção de itens de baixo risco de aquisição de infecção como comadres, papagaios, cubas e frascos coletores de secreção. Não devem ser utilizadas para lim-par equipamentos de fibra óptica por causa da natureza delicada das fibras.

Pasteurização: É o processo que destrói através da coagulação de proteínas todos os microrganismos patogênicos, porém não eli-mina esporos bacterianos. Consiste na imersão de artigos em água a 77º C por 30 minutos. Indicado para desinfecção de equipamento de terapia respiratória e de anestesia.

Químico

Um grande número de germicidas são usados em unidades de saúde. Cada formulação é única e deve ter registro no Ministério de Saúde. O profissional de saúde deverá estar familiarizado com as características de cada um para selecionar aquele apropriado à sua necessidade.

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Didatismo e Conhecimento 17

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Glutaraldeído 2%: É um dialdeído saturado utilizado para desinfecção de alto nível e esterilização química, dependendo do tempo de exposição. Espectro de ação: possui ação bactericida, fungicida, viruscida, microbactericida e esporicida. Tempo de ex-posição: o glutaraldeído a 2% requer no mínimo 20 minutos de exposição para efetivar alto nível de desinfecção.

Indicação de uso: endoscópios semicríticos (endoscópios di-gestivos, broncoscópios, laringoscópios, retossigmoidoscópios) e críticos (artroscópios e laparoscópios) quando a esterilização não é possível. Artigos metálicos semicríticos como espéculos vaginais, otorrinológicos e lâminas de laringoscópios entre outros.

Critérios para uso do glutaraldeído a 2%:- A ativação e manuseio desses produtos devem ocorrer em

salas ventiladas;- Usar equipamento de proteção individual - EPI: máscara

com filtro, avental plástico, luvas grossas de borracha, óculos de proteção;

- Usar recipiente de acrílico ou plástico limpo com tampa para colocar a solução;

- Verificar a validade do produto e data de ativação do mesmo;- Observar o tempo de exposição necessária de acordo com o

material a ser desinfetado;- O material a ser desinfetado ou esterilizado deve estar rigo-

rosamente limpo e seco, para evitar a alteração do pH do produto;- Imergir completamente o artigo observando a configuração

física do material (tubos, lumens, etc.) para evitar a formação de bolhas de ar, as quais impedem a ação do glutaraldeído;

- Deixar o material em contato com a solução de acordo com o tempo recomendado;

- Retirar o material com pinça estéril e/ ou luva;- Enxaguar abundantemente, usando de preferência água es-

téril. Se não for viável, enxaguar com água potável e após fazer rinsagem com álcool a 70% para facilitar a secagem;

- Secar com compressa estéril, usando campos duplos de cre-tone estéril sobre a mesa, em bandeja esterilizada.

Álcool etílico a 70%: Espectro de ação: Através da desnatura-ção da proteína. É bactericida, tuberculicida, fungicida e viruscida, entretanto, não é esporicida. Tempo de exposição: é difícil especi-ficar o tempo de exposição pois o álcool evapora rapidamente. Os artigos devem permanecer umedecidos pelo álcool por 5 minutos.

Indicação de uso: desinfecção de nível intermediário de su-perfícies de mobiliário e equipamentos, termômetros, diafragmas e olivas de estetoscópios. É utilizado, usando uma compressa em-bebida fazendo fricção. O álcool não tem penetração em matéria orgânica. Apresenta desvantagem de opacificar acrílico e ressecar plásticos.

Cloro e compostos clorados: Quanto maior a concentração e/ou o tempo, maior o espectro de ação. São utilizados para desin-fecção de nível intermediário de artigos e superfícies. Possui como vantagens o baixo custo e ação rápida e como desvantagem, ser extremamente corrosivo para metais, sofrer interferência de maté-ria orgânica e ser instável.

Espectro de ação: viruscida, fungicida, bactericida, micro-bactericida e esporicida para grande número de esporos. Concen-tração e tempo de exposição: o tempo de exposição e a concentra-ção variam de acordo com o artigo e superfície a ser desinfetada. Concentrações baixas de 25ppm atuam em microrganismos mais sensíveis. A concentração mínima necessária para eliminar micro-bactérias é de 1000ppm (0,1%). Para desinfecção de circuitos ven-tilatórios e inaladores: 30 minutos na concentração 10.000 ppm (1%) ou 200 ppm (0,02 %) por 60 minutos. Bicos de mamadei-ras e chupetas devem ser desinfetadas utilizando concentração de 0,015% (150ppm) por 60 minutos. Pode-se utilizar a concentração de 0,5% (5000ppm) para desinfecção de artigos semicríticos, des-de que a diluição seja para uso imediato. A concentração de 1% pode ser mais segura do ponto de vista de degradação mas oferece a desvantagem do forte odor e requer enxágue abundante para evi-tar irritação química iatrogênica.

Preparo de Materiais de Consumo e Roupa Cirúrgica

Escovas para unhas- Envolver individualmente papel crepado ou algodão cru;- Selar ou fixar e identificar conforme o item 3.1.5;- Encaminhar para esterilização em autoclave no menor tempo

possível.

Ataduras de crepon e de algodão ortopédico- Separar por tamanho;- Retirar o invólucro;- Envolver cada unidade em papel grau cirúrgico ou papel cre-

pado;- Selar ou fixar e identificar conforme o item 3.1.5;- Encaminhar para esterilização em autoclave.

Obs: A atadura de algodão ortopédico muito densa deve ser desenrolada e enrolada novamente, deixando-a fofa, de modo a facilitar a esterilização.

Compressa cirúrgica para campo operatório- Observar cuidadosamente os dois lados, verificando a inte-

gridade, limpeza, presença de corpo estranho e integridade da alça;- Retirar cabelos, bolinhas soltas, pelos, fiapos e outros obje-

tos estranhos;- Selecionar as compressas:- Com sujidades - encaminhar a lavanderia;- Rasgadas, não íntegras – utilizar para secagem de material e

outros procedimentos de clínica;- Com algumas asperezas e manchas e/ou sem alças – utilizar

para preparo de pacotes de parto e aventais e outros procedimentos de clínicas;

- Limpas, com alças, sem manchas, íntegras, livres de quais-quer objetos estranhos- preparar para cirurgias;

- Dobrar conforme a rotina;- Para procedimento cirúrgico, agrupar cinco unidades;- Envolver em campo duplo de algodão cru 70x70 cm;

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Didatismo e Conhecimento 18

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

- Fixar e identificar;- Encaminhar para esterilização em autoclave.

Palito e haste flexível- Fazer pacotes com 2 a 3 unidades em papel grau cirúrgico;- Selar e identificar;

- Encaminhar para esterilização em autoclave no menor tempo de superfície.

Dissectores- Fazer pacotes com 3 a 5 unidades em papel grau cirúrgico

duplo;- Selar e identificar;- Encaminhar para esterilização em autoclave.

Tampões ginecológico e nasal- Empacotar individualmente em papel grau cirúrgico duplo;- Selar e identificar;- Encaminhar para esterilização em autoclave.

Borboletas e bolas de amígdalas- Empacotar individualmente em papel grau cirúrgico duplo;- Selar e identificar;- Encaminhar para esterilização em autoclave.

Vidros para coleta de secreções, biópsias e outros- Empacotar individualmente em papel grau cirúrgico, ou pa-

pel crepado. Vidro aberto, com a tampa solta;- Selar ou fixar e identificar;- Encaminhar para esterilização em autoclave.

Líquidos

Óleo- Acondicionar em caixa metálica, colocando até 1.0 cm da

altura do recipiente;- Tampar a caixa;- Encaminhar para esterilização em estufa a 160ºC por 2 ho-

ras;- Após a esterilização, deixar esfriar e lacrar o recipiente com

fita adesiva.

Violeta genciana/azul de metileno

- Colocar 3 ml da solução em um vidro pequeno (tipo Xylo-caína);

- Vedá-lo com fita adesiva e colocar uma agulha hipodérmica no centro para permitir a penetração do vapor;

- Identificar;- Encaminhar para esterilização em autoclave no ciclo de lí-

quidos ou gravidade;- Após a esterilização retirar a agulha.

Observação:- Dentro da autoclave, acondicionar os vidros com solução em

bandeja ou cuba.

Pós- Acondicionar em placa de Petri grande, colocando uma ca-

mada de cerca de 1mm de altura, uniformemente;- Esterilizar em estufa a 1600 C por 2 horas.

Roupa cirúrgica- Selecionar por tamanho e tipo;- Observar cuidadosamente os dois lados, verificando a inte-

gridade, limpeza, presença de corpos estranhos;- Retirar cabelos, bolinhas soltas, pelos, fiapos e outros obje-

tos estranhos;- Selecionar as roupas:- Com sujidades - encaminhar à lavanderia;- Rasgadas, não íntegras - encaminhar à costuraria;- Com algumas manchas – utilizar para empacotamento, for-

rar bandejas e outros procedimentos de clínicas;- Limpas, sem manchas, íntegras, livres de qualquer objeto

estranho – preparar para cirurgias;- Dobrar conforme a rotina cirúrgica;- Montar os pacotes de acordo com a rotina de cada unidade;- Envolver em campo duplo de algodão usando técnica de en-

velope;- Fixar e identificar;- Encaminhar para esterilização em autoclave.

Guarda do material estéril

Após a esterilização é importante observar:

Em relação aos pacotes:- Não retirá-los imediatamente após o final do ciclo; deixar o

ar circular na autoclave para evitar choque térmico;- Não colocar o material estéril quente em superfícies

compactas ao sair da autoclave;- Observar a integridade e presença de umidade nos pacotes

e embalagens;- Observar mudança na coloração da fita indicadora;- Manusear o mínimo possível e com delicadeza.

Em relação ao ambiente:- Manter o ambiente fechado, limpo e seco;- Manter a temperatura ambiente entre 18º e 22ºC;- Restringir o acesso e movimentação na sala.

Em relação a estocagem:- Usar prateleiras móveis, preferencialmente em aço inoxidá-

vel, favorecendo a limpeza;- Usar estantes com cestos removíveis;- Observar que a distância entre o material e o piso deve ser de

no mínimo 30cm e em relação ao teto 50cm;- Estocar separadamente de materiais não estéreis.

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Didatismo e Conhecimento 19

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Em relação ao período de estocagem:

Em condições adequadas de estocagem, manuseio e integri-dade da embalagem, é aconselhado:

Material esterilizado em autoclaves:- Campos de algodão – 7 dias- Papel grau cirúrgico selado – indeterminado

Material esterilizado em estufa:- Caixa – 7 dias

Material esterilizado em Plasma de Peróxido de Hidrogênio:- Tecido não tecido – 30 dias- Tyvec – indeterminado

Em relação a paramentação na área de guarda: Usar roupa pri-vativa para o setor, gorro e máscara

Controle de qualidade do processo de esterilização através de indicadores químicos e biológicos e integradores químicos em autoclave

Os indicadores e integradores são usados para assegurar a real esterilidade dos artigos e instrumentais que passam por processos de esterilização Químicos indicador de processo indicadores exter-nos Fita Indicadora/Fita teste indicadores internos Bowie & Dick Indicadores

Tira de indicador químico para vaporEx:: comply indicador de esterilização indicador biológico

Ex: Attest integrador químico Ex: Sterigage Biológico

Indicadores químicos: Consistem de tiras de papel impregna-das com tinta termocrômica que mudam de cor quando expostas à temperatura por tempo suficiente, indicando que as condições em que se processou a esterilização estavam corretas. Classificam-se em:

- Indicadores de Processo- Indicadores de Esterilização

Indicadores de Processo: São usados para evidenciar o funcionamento correto ou não do processo realizado pelo equipa-mento. Porém não atestam se o material foi realmente esterilizado.

Tipos

- Indicadores Externos- Indicadores Internos

Indicadores Externos/ Fita Indicadora Rolo/Fita Teste: São fitas autoadesivas utilizadas unicamente para diferenciar os paco-tes processados dos não processados. Sendo um indicador visual, facilita a detecção de problemas nos equipamentos e falhas do

servidor responsável pela esterilização. A fita indicadora possui listras claras que se tornam escuras (marrom/grafite) após a pas-sagem pelo calor; não deixa resíduo após autoclavagem e deve es-tar presente em todos os pacotes de materiais estéreis distribuídos pelo hospital.

Indicadores Internos: Teste de Bowie & Dick/Indicador de ar residual: É usado para determinar a eficácia do sistema de vácuo na autoclave de pré - vácuo. Foi desenvolvido para detectar bolhas de ar e avaliar a habilidade do equipamento em reduzir o ar resi-dual da câmara a um nível suficiente para prevenir a compactação da carga quando o vapor é introduzido após a eliminação do ar.

O teste deve ser feito diariamente no primeiro ciclo do dia, após o ciclo de aquecimento (antes da primeira carga processada); seguindo as orientações do fabricante da autoclave sobre o tempo, a temperatura e o uso correto do indicador. A folha indicadora de-verá ser colocada no interior de um pacote a ser esterilizado sobre o dreno (purgador), com a câmara vazia. Este pacote pode ser pre-parado utilizando-se campos lavados e dobrados, empilhados até a altura de 25 a 28cm. Este indicador mudará para a cor preta após completado o ciclo, evidenciando a ausência de bolhas de ar. A presença de áreas mais claras indica ar residual na câmara.

Obs: Este teste só deve ser utilizado em autoclaves de pré--vácuo e nunca em autoclaves gravitacionais, porque neste sistema não ocorre eliminação do ar na câmara interna.

Tira de indicador químico para vapor- Ex: Comply: É uma tira composta por substâncias químicas que reagem às condições do processo. Oferece resposta através de uma nítida mudança de coloração, ( - ) grafite e ( + ) cinza claro/outros. Monitora a pressão do vapor saturado no interior do pacote e caixas, assegurando a ex-posição dos artigos às condições mínimas de tempo e temperatura. Utilizado em cada pacote, aponta problemas locais causados por falhas humanas ou avarias mecânicas na autoclave.

Indicadores de Esterilização

Incluem todas as variáveis do processo de esterilização (tem-peratura, tempo e pressão). Tipos:

- Integrador Químico- Indicador Biológico

Integrador Químico para Ciclo de Vapor- Ex: Sterigage: É um dispositivo que indica se os materiais dentro do pacote foram expostos às três variáveis críticas: temperatura, tempo e presen-ça de vapor saturado, condições necessárias para esterilização. Pode ser utilizado em todos os processos de esterilização a vapor. Aconselha-se colocar, no mínimo, um integrador por ciclo de es-terilização e também no interior de caixas e pacotes grandes. A leitura é fornecida de maneira precisa e de fácil interpretação, pela mudança de coloração.

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Didatismo e Conhecimento 20

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Indicador Biológico – Ex: Attest: É um sistema que contém suspensão de esporos do tipo Bacillus stearothermophilus (auto-clave) e Bacillus subtiliza (estufa ou peróxido de hidrogênio). É uma preparação padronizada de esporos bacterianos de modo a produzir suspensões contendo em torno de 106 esporos por uni-dade de papel filtro. É o único meio capaz de assegurar que todas as condições de esterilização estão adequadas porque os micror-ganismos são testados quanto ao seu crescimento ou não, após a aplicação do processo.

Utilização: Diariamente, para validar os equipamentos de es-terilização, após o teste de Bowie & Dick.

Esterilização

É o processo de destruição de todas as formas de vida microbiana: bactérias, fungos, vírus e esporos mediante a aplica-ção de agentes físicos, químicos ou físico-químicos.

Físicos- Vapor saturado /autoclaves- Calor seco/estufa- Raios Gama/cobalto 60

Físico-químicos- Esterilizadoras a Óxido de Etileno (ETO)- Plasma de Peróxido de Hidrogênio- Vapor de Formaldeído

Químicos- Glutaraldeído- Formaldeído- Ácido peracético

Métodos de esterilização

Físicos: Esterilização por meio físico consiste na utilização do calor, em suas várias formas, e alguns tipos de radiação.

Esterilização por vapor saturado sob pressão: É o processo que oferece maior segurança no meio hospitalar. Sendo o método preferencial para o processamento de material termo resistente, destruindo todas as formas de vida em temperaturas entre 121°C a 132°C. A esterilização a vapor é realizada em autoclaves. Vale lembrar que o vapor saturado é um gás e portanto está sujeito às leis dos gases da física. Não se pode obter uma redução na tempe-ratura do vapor saturado sem correspondente diminuição da pres-são e vice-versa. Em regiões de altitude elevada como Brasília, é necessário usar maiores pressões do vapor para se obter a mínima variação de temperatura para esterilização. Isto ocorre porque a pressão atmosférica varia com a altitude.

Observações: Vapor saturado: É o ideal para uma esterilização de qualidade. É a camada de vapor mais próxima da superfície líquida, isto é, se apresenta no limiar do estado líquido e gasoso, podendo apresentar-se seca ou úmida. Para a esterilização é ne-cessário que o vapor apresente um valor de “secura”. Esse valor é medido pelo técnico de manutenção.

Vapor úmido: Inadequado para esterilização. É normalmente formado quando a água da caldeira ou condensado dos tubos é carregado pelo vapor quando injetado na câmara. O resultado é um excesso de água que poderá tornar úmidos os materiais den-tro da esterilizadora, podendo ocorrer contaminação ao retirá-los da autoclave. Para evitar o problema, realizar o primeiro ciclo/dia vazio, para eliminar o condensado de vapor da rede de caldeira. As autoclaves elétricas não necessitam pois geram o próprio vapor.

Mecanismo de ação: Os microrganismos são destruídos pela ação combinada da temperatura, pressão e umidade que promo-vem a termo coagulação e a desnaturação das proteínas da estru-tura genética celular.

Fases do ciclo de esterilização:- drenagem do ar na câmara de esterilização – possibilita a

penetração do vapor;- período de exposição – começa a ser marcado no instante

em que a câmara atinge a temperatura previamente estabelecida demonstrada pelo termômetro.

Compreende três tempos:- da penetração do vapor: é o intervalo necessário para que a

carga atinja a temperatura da câmara;- da esterilização: é o menor intervalo necessário para a des-

truição de todas as formas de vida microbiana em uma determina-da temperatura;

- da confiança: é um período adicional, geralmente igual à metade do tempo de esterilização, adotado na autoclavação de ar-tigos em que a penetração do calor é, ou poderá ser, retardada ou variável. O excesso na margem de segurança é uma prática antie-conômica, pois a combinação do custo de energia com a deterio-ração dos materiais por excessiva exposição ao calor aumentam as despesas.

- exaustão do vapor – realizado por uma válvula ou conden-sador;

- secagem da carga – obtida pelo calor das paredes da câmara em atmosfera rarefeita.

Equipamentos:

Autoclaves a vapor: São câmaras de aço inóx equipadas com uma ou duas portas dotadas de válvula de segurança, manômetros de pressão e um indicador de temperatura, geralmente localizado na linha de drenagem da câmara. Para que haja esterilização é ne-cessário que o vapor entre em contato com todos os artigos colo-cados na câmara e isso só ocorre quando o ar é removido adequa-damente. As autoclaves podem ser divididas em dois tipos básicos:

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Didatismo e Conhecimento 21

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

- Autoclave gravitacional (evacuação do ar por gravidade): O ar frio, mais denso, tende a sair por um ralo colocado na parte inferior da câmara, quando o vapor é admitido. Este processo é relativamente lento e permite a permanência de ar residual. A fase de secagem é limitada pois não possui capacidade para completa remoção do vapor, podendo apresentar umidade no material ao final do processo. Em geral, processos em autoclaves gravitacionais são adequados para esterilização de materiais desempacotados.

- Autoclave pré-vácuo (evacuação mecânica do ar): neste sistema o ar é removido previamente, para formação de vácuo. Quando o vapor é admitido, penetra instantaneamente nos pacotes, com pouca chance de permanência de ar residual. Devido a este mecanismo o pro-cesso é mais rápido e eficiente. A bomba de sucção forma o vácuo num único pulso (alto vácuo) ou através de seguidas injeções e retiradas rápidas de vapor em temperatura ligeiramente inferior a do processo (pulsos de pressurização). O sistema mais eficiente é o de pulsos de pressurização pois existe grande dificuldade em obter vácuo num único pulso.

Disposição dos artigos dentro da câmara: Os pacotes devem ser posicionados de forma a permitir que o vapor possa fluir por todos os itens no esterilizador. Para isso, deve ser observado um espaçamento de 25 a 50mm entre todos os pacotes e entre eles e as paredes da câ-mara. O volume de material não deve exceder a 80% da capacidade do aparelho. Os pacotes maiores devem ser colocados na parte inferior da câmara e os menores na superior. Os jarros, bacias, frascos e outros artigos que apresentam concavidade devem ser colocados com sua abertura para baixo, para facilitar o escoamento de água resultante da condensação do vapor.

Falhas no processo: Inspeções periódicas, manutenção e troca dos componentes das autoclaves (filtros, válvulas e diafragma) são ne-cessários para garantir o bom funcionamento e devem seguir as recomendações do fabricante. A frequência para se realizar a manutenção preventiva depende do número de utilizações e da idade dos equipamentos. As autoclaves devem ser validadas em função de suas instalações e desempenho. Um calendário de manutenção preventiva deverá ser estabelecido de acordo com a recomendação do fabricante, como no exemplo:

Frequência AtividadeDiariamente - limpeza da câmara interna (álcool ou éter).Mensalmente - limpeza dos elementos filtrantes e linha de drenagem.Trimestralmente - descarga do gerador.

Semestralmente

- verificação e limpeza dos eletrodos de nível- lubrificação do sistema de fechamento- verificação da guarnição da tampa- avaliação dos sistemas de funcionamento e segurança- desempregnação dos elementos hidráulicos- ajustamento e reaperto do sistema de fechamento

Anualmente

- verificação do elemento filtrante de entrada de água- aferição dos instrumentos de controle monitoração e segurança- limpeza do gerador de vapor- após 3º ano de funcionamento, teste, avaliação hidrostática,- aferição dos instrumentos de controle.

Fonte: Manual Técnico da Autoclave Sercon.

Os maiores problemas durante o processo são: remoção do ar, superaquecimento, carga úmida e danificação do material. Abaixo, quadro dos principais defeitos de funcionamento de autoclave.

Quadro 1: Causa dos principais defeitos de funcionamento das autoclaves

Defeito Autoclave com geração elétrica de vapor Autoclave com geração de vaporatravés de caldeira

A pressão do vapor na câmara não alcança o desejado.

• Resistência queimada• Falta de fase• Filtro entupido• Excesso de água ou de entrada de água• Pressostato ou termostato danificado ou des-regulado.

• Válvula redutora desregulada• Suprimento de vapor baixo• Purgadores ou filtros entupidos• Pressostato danificado ou desregulado.

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Didatismo e Conhecimento 22

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

A temperatura não alcança o desejado.

• Dreno da câmara está entupido• Termostato ou pressostato está desregulado• Purgador danificado ou sujo• Filtro entupido• Esquecimento de fechar a válvula de seguran-ça.

• Dreno da câmara está entupido• Termostato ou pressostato está desregulado.• Purgador danificado ou sujo• Filtro entupido• Esquecimento de fechar a válvula de segurança.

O redutor da autoclave não permite mais regulagem. • Necessita trocar o redutor ou reparo. • Necessita trocar o redutor ou reparo.

Vapor excessivo na área de es-terilização.

• O condensador tem defeito ou a entrada de água está fechada. • O condensador tem defeito ou a entrada de água

está fechada.

Poça de água na câmara

• O Vapor está escapando através da válvula de segurança que precisa ser trocada.• A autoclave não está nivelada.• O sistema de drenagem está entupido.

• O Vapor está escapando através da válvula de se-gurança que precisa ser trocada.• A autoclave não está nivelada.• O sistema de drenagem está entupido.

Os pacotes saem molhados

• O vapor está úmido e não saturado.• O nível de água deve estar elevado.• O tempo de secagem necessita ser maior.• Os pacotes estão mal colocados ou encostados nas paredes ou entre si.• Dreno sujo.• Filtro ou purgador entupido ou defeituoso.• A pressão do vapor não é suficiente.

• O vapor está úmido e não saturado.• O nível de água deve estar elevado.• O tempo de secagem necessita ser maior.• Os pacotes estão mal colocados ou encostados nas paredes ou entre si.• Dreno sujo.• Filtro ou purgador entupido ou defeituoso.• A pressão do vapor não é suficiente.

A carga de líquidos ferve na autoclave

• Abertura da porta demasiado rápida. Deve-se aguardar pelo menos cinco minutos com a porta entreaberta.

• Abertura da porta demasiado rápida.

Perda de vapor pela porta• Necessita trocar a guarnição.• Porta desregulada ou empenada.• Mecanismo defeituoso.

• Necessita trocar a guarnição.• Porta desregulada ou empenada.• Mecanismo defeituoso.

Vapor escapa pela válvula de segurança

• Válvula danificada ou desregulada • Excesso de pressão, examinar o registro do manômetro.

• Válvula danificada ou desregulada • Excesso de pressão, examinar o registro do ma-nômetro.

Piloto não acende • Lâmpada queimada ou desligada• Fusível queimado.

• Lâmpada queimada ou desligada• Fusível queimado

Fonte: Zanon & Neves.1987

Riscos ocupacionais:

- Ruídos emitidos pelo aparelho:- Alta frequência: causa nervosismo e irritabilidade;- Frequência moderada: provoca distração;- Frequência baixa: origina cansaço.

Obs: Sons contínuos ou constantes apresentam efeito cumulativo podendo causar irritação. O ruído diminui a capacidade de trabalho, a produtividade, afeto e bem-estar, podendo induzir o trabalhador a erros.

Aspectos ergonômicos e posturais: São necessários cuidados no que se refere ao transporte do rack, carregamento, fechamento da porta da autoclave e descarregamento.

Calor: Desconforto pelo aumento de temperatura e umidade ambiental, como riscos diretos de queimaduras. Embora existam diferentes modelos de autoclave, alguns pontos são fundamentais no seu manuseio, visando a prevenção de acidentes do seu operador.

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Didatismo e Conhecimento 23

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Dentre estes, enumeramos algumas das medidas preconizadas pelo “Manual de Segurança para Serviços de Saúde”:

- Manter as válvulas de segurança em boas condições;- Não abrir a porta da autoclave enquanto a pressão de vapor

na câmara não atingir o valor zero;- Proteger o rosto atrás da porta da autoclave, quando for abri-

-la , para evitar queimaduras pelo vapor e possíveis explosões ou implosões dos frascos de vidro tampados;

- Evitar contato direto com as partes metálicas ou com o ma-terial quente, utilizando luvas de proteção próprias (raspa), no des-carregamento;

- Verificar periodicamente, o funcionamento de termostatos, purgadores e válvulas de segurança;

- Não forçar a porta para abrir quando emperrar;- A autoclave deve ser equipada com uma trava ou outro dis-

positivo que impeça sua abertura enquanto houver pressão no seu interior.

Validação: É a verificação prática e documentada de todo o processo de esterilização, que avalia o desempenho dos equipa-mentos para averiguar se cumprem suas finalidades (Moura 1996).

Validação da Autoclave a Vapor Saturado sob Pressão

Passos na validação:

1- Aquecimento da autoclave: Realizar um ciclo completo de esterilização com tempo máximo de 3 minutos;

2- Na autoclave vazia, posicionar um pacote desafio (roupa cirúrgica) colocando no centro deste, um teste Bowie & Dick. Re-petir a operação por mais 2 vezes com outros pacotes e testes;

3- Retirar os testes a cada ciclo, procedendo as anotações per-tinentes em formulário próprio;

4- No centro do pacote desafio (roupa cirúrgica), colocar um teste biológico, um integrador químico e uma tira para indicador químico para vapor. Posicionar o pacote sobre o dreno em autocla-ve com carga completa, em ciclo padronizado de rotina. Repetir a operação por mais 2 vezes com novos pacotes e testes;

5- Retirar os testes a cada ciclo, realizando a incubação dos in-dicadores biológicos processados, e de um piloto/não processado, em incubadora de leitura rápida/ 3 horas ou 48 horas e as anotações pertinentes aos demais testes em formulário próprio;

6- Só liberar os pacotes das cargas testes, após leitura final dos indicadores biológico e integrador químico com resultados negativos.

QUANDO VALIDAR A AUTOCLAVE: Segundo NORMA ISO 11.134

1- Na instalação de equipamentos novos;2- Após manutenção corretiva de grande extensão;3- Após a autoclave ficar parada por muito tempo;4- Sempre que trocar guarnição;5- A cada doze meses.

Teste Biológico

Os testes deverão ser realizados diariamente no primeiro ciclo com carga completa, sendo colocado em pacote do tipo cirurgia geral sobre o dreno/purgador. Operação do Sistema de Controle Biológico em autoclave

1- Identificar nos espaços apropriados do rótulo do Indicador Biológico, o número da carga, a data e o esterilizador;

2- Colocar esta ampola identificada no centro de um pacote desafio;

3- Processar o ciclo de acordo com a rotina da autoclave;4- Retirar a ampola do pacote;5- Incubar e fazer leitura de acordo com o tipo de teste; de

leitura rápida/3horas ou 48 horas;6- Registrar os resultados em formulário próprio. Arquivar na

CME e encaminhar mensalmente cópias ao SCIH;7- Após leitura final, os Indicadores Biológicos utilizados de-

verão ser esterilizados em autoclave a vapor e descartados em lixo comum.

Esterilização por calor seco/estufa

Baseia-se na utilização do calor gerado por uma fonte. Requer o uso de altas temperaturas e um longo tempo de exposição, pois como o ar quente propaga-se lentamente no material, a esteriliza-ção exige um aquecimento prolongado. A sua distribuição dentro da câmara não ocorre de maneira uniforme, sendo recomendado que não se utilize o centro da estufa, pois este concentra os cha-mados pontos frios. A carga deve ser o mais uniforme possível e as caixas devem conter uma quantidade limitada de instrumentais. O calor seco por não ser tão penetrante quanto o vapor, deve ser utilizado somente quando não for possível a autoclavação, como nos casos de óleos e pós.

Mecanismo de ação: a morte dos microrganismos pelo ca-lor seco tem sido considerada fundamentalmente um processo de oxidação, em que ocorre uma desidratação progressiva no núcleo das células, gerando um desarranjo interno e consequente desse-camento.

Equipamento/Estufa ou Forno de Pasteur: seu funciona-mento consiste na produção de calor gerado por resistências elé-tricas. A temperatura dentro da câmara não é uniforme devido à diferença de densidade entre o ar frio e quente. Existem dois tipos de estufa, comumente utilizados:

- Estufa de convecção por gravidade: compõe-se de uma câmara revestida de resistência elétrica em sua parede inferior, possuindo um orifício de drenagem de ar na parede superior. À medida que ocorre o aquecimento do ar no interior da câmara, o ar frio é empurrado pelo ar quente em direção ao dreno superior, promovendo-se a uniformização da temperatura interna.

- Estufa de convecção mecânica: possui um dispositivo que produz rápido movimento de grande volume de ar quente, facili-tando a transmissão do calor diretamente para a carga, sob condi-ções de temperatura controlada e limitando as variações de tempe-ratura em vários pontos da câmara a mais ou menos 1°C. É a mais indicada para uso hospitalar.

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Didatismo e Conhecimento 24

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Princípios operacionais:- validação do equipamento básico e calibração dos instru-

mentos: deve ser solicitada ao fabricante do equipamento uma car-ta de validação indicando o ponto mais frio, uma vez que existem variações de temperatura dentro do ambiente da câmara de este-rilização. A esterilização é eficiente quando o ponto frio registrar 160°C, em exposição por 2 horas. Nesse local, deverão ser realiza-dos os testes biológicos;

- após iniciado o ciclo a porta não pode ser aberta. Caso ocor-ra, deve-se esperar que o equipamento atinja novamente os 160o C, para reiniciar a contagem de tempo (2 horas);

- seleção de materiais que possuam boa condutibilidade tér-mica: a esterilização na estufa requer alta temperatura e tempo de exposição prolongado, portanto, não é recomendada para artigos como tecidos, borrachas e papéis que não tenham boa condutibili-dade térmica ou não sejam termo resistentes;

- preenchimento da carga anteriormente à marcação do tempo de exposição: o material deve ser colocado assim que se liga a estufa, sendo aquecido ao mesmo tempo que a câmara;

- distribuição interna da carga: não sobrecarregar a estufa com materiais, nem permitir que toquem nas paredes. A sobrecarga di-ficulta a circulação do calor.

As caixas devem ser pequenas contendo poucos instrumentos;

- invólucros: os mais utilizados são caixas metálicas fechadas, papel alumínio e frascos de vidro refratário;

- o monitoramento deve ser feito pelo menos uma vez por semana usando fita teste própria e indicador biológico (Bacillus subtiliza), no centro de cada caixa.

Riscos ocupacionais:- queimaduras por acidente;- incêndio por extravasamento de óleos.

Esterilização por radiação ionizante:

É utilizada para materiais termossensíveis por utilizar baixa temperatura. Seguro, mas por razões econômicas é normalmen-te utilizado em escala industrial. As principais fontes de radiação utilizadas com fins de radio esterilização industrial são os raios beta e gama. Mecanismo de ação: A capacidade antimicrobiana da radiação ionizante se dá principalmente por modificações no DNA da célula alvo.

Físico-químicos

De forma geral os métodos físico-químicos são processos realizados em equipamentos especiais, que utilizam substâncias químicas esterilizantes e baixas temperaturas. É indicado para es-terilização de materiais termossensíveis e/ou sensíveis à umidade. Óxido de etileno (ETO): é um gás inflamável e explosivo. Quando misturado com gás inerte é uma das principais opções para esteri-lização de materiais termossensíveis, desde que obedecidos alguns

parâmetros relacionados com a concentração do gás, temperatura, umidade e tempo de exposição. O ETO tem boa penetração em embalagens e lúmens podendo ser usado na maioria dos artigos hospitalares. Entretanto, sua’ utilização é muito complexa, de alto custo e toxicidade exigindo uma estrutura física específica. Meca-nismo de ação: a sua ação letal é atribuída a alquilação das cadeias proteicas microbianas, impedindo a multiplicação celular. Fatores a serem considerados:

- Concentração: 450 a 1200mg/L;.- Temperatura: 49°C a 65°C, o que pode danificar artigos mui-

to sensíveis ao calor; nesse caso, pode-se adotar temperatura entre 30°C e 38°C, sendo necessário um período de exposição mais lon-go ou concentração mais elevada;

- Umidade: 45% a 80%;- Tempo de exposição: 2 a 5 horas. Havendo limitações, o au-

mento da concentração do gás pode reduzir o tempo de exposição;- Fases do processo: preparo e umidificação, introdução do

gás, exposição, evacuação do gás e injeções de ar que requerem aproximadamente duas horas e meia excluindo o período de ae-ração;

- Período de aeração: mecânica 8 a 12 horas de 50°C a 60°C; ambiental 7 dias a 20°C.

Plasma de peróxido de hidrogênio - Esterilizadores que ope-ram a baixa temperatura utilizando peróxido de hidrogênio como substrato para formação de plasma. O plasma chamado de quarto estado da matéria, é definido como uma nuvem de íons, elétrons e partículas neutras (muitas das quais em forma de radicais livres), que são altamente reativos. É formado pela geração de um campo eletromagnético (rádio frequência) que produz o plasma. Este pro-cesso é uma alternativa viável para submeter artigos sensíveis ao calor e umidade. Os materiais compatíveis com o sistema incluem: alumínio, bronze, acetato de vinil etílico (EVA), craton, látex, po-lietileno de baixa densidade, polietileno de alto peso molecular, policarbonatos, poliolefinas, polipropileno, poliuretano, cloreto de polivinila (PVC), silicone, aço inoxidável, teflon, vidro, bor-rachas, acrílico, fibras ópticas, equipamentos e materiais elétricos e pneumáticos. O equipamento deve ser monitorizado pelo menos uma vez por semana, toda vez que sofrer manutenção e quando da esterilização de materiais ainda não testados. Para tanto usa-se:

- Indicador químico no interior de todas as embalagens;- Fita química colante nas embalagens que não possuem o in-

dicador no seu exterior;- Indicador biológico próprio/Bacillus subtillis.

Mecanismo de ação: os radicais livres gerados no plasma de peróxido de hidrogênio apresentam-se com cargas negativas e positivas excitadas que tendem a se reorganizar, interagindo com moléculas essenciais ao metabolismo e reprodução microbianos ligam-se de maneira específica às enzimas, fosfolipídios, DNA, RNA e etc. Essa reação é rápida , viabilizando o processo de este-rilização em curto espaço de tempo.

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Didatismo e Conhecimento 25

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Fases do ciclo de esterilização:- Vácuo: após a câmara de esterilização ter sido carregada

e a porta fechada, o ciclo de esterilização é iniciado, ocorrendo uma redução da pressão da câmara através do acionamento de uma bomba de vácuo. Esta fase dura aproximadamente 5 minutos, po-dendo variar, dependendo do tipo de carga;

- Injeção: quando a pressão atinge 0,3 Torr, o conteúdo de uma ampola de peróxido de hidrogênio ( 1,8 ml ) a 58%, fornecendo uma concentração de 6mg/l é injetado na câmara de esterilização sob a forma de vapor. O peróxido de hidrogênio é fornecido em um cassete plástico que possui 10 ampolas;

- Difusão: a solução de peróxido de hidrogênio, injetada den-tro da câmara sob vácuo, se difunde por todos os materiais. Esta fase dura 44 minutos e assegura tempo e concentração de peróxido de hidrogênio suficientes para o início da fase seguinte;

- Plasma: como resultado da injeção e difusão do peróxido de hidrogênio na forma gasosa, a pressão dentro da câmara no fi-nal da fase de difusão permanece demasiadamente elevada para a formação de plasma a baixa temperatura, mediante a aplicação de energia de radiofrequência. Esta fase dura 15 minutos, onde é obtido o fator de segurança de esterilização previsto;

- Ventilação: a energia de radiofrequência é interrompida ao final da fase de plasma, passando-se para a ventilação. Esta fase possui duas etapas de injeção de ar, o que permite à câmara retor-nar à pressão atmosférica num período de 4 minutos.

Recomendações de uso: por se tratar de um aparelho extrema-mente sensível são fundamentais os seguintes passos para evitar abortamento do ciclo:

- Limpeza com remoção completa de resíduos orgânicos;- Secagem completa;- Embalagem e selagem adequadas.

OBS: Não é indicada a esterilização de instrumentos com lu-mens longos e estreitos e de fundo fechado.

Riscos ocupacionais: O processo de esterilização foi concebi-do de forma a evitar o contato direto com o peróxido de hidrogênio líquido, na forma de vapor ou plasma, independentemente da fase em que o processo se encontre. O material não necessita aeração, pois o resíduos finais do processo são água e ar. Portanto, é segu-ro para o meio ambiente e o trabalhador. Esterilização com vapor de baixa temperatura e formaldeído gasoso (autoclave de formal-deído). A esterilização é conseguida com formaldeído gasoso na presença de vapor saturado. A combinação desses dois meios de esterilização, distribuídos uniformemente na câmara da autoclave, é essencial para o sucesso do processo.

Fases do ciclo de esterilização:- Evacuação do ar;- Injeção: o vapor a baixa temperatura e o formaldeído são

injetados na autoclave em vários pulsos;

- Difusão: o formaldeído se difunde através da carga (fase de manutenção da esterilização);

- Remoção do ar: por repetidas evacuações e injeções de jatos de vapor ou ar.

- Secagem.

A maior parte das autoclaves usa o sistema de jatos de ar. Embora tenha sido relatado que os jatos de vapor eliminam mais rapidamente os resíduos de formaldeído, podem necessitar de um estágio subsequente de vácuo muito longo, para secar a carga. O processo inteiro normalmente inclui 20 pulsos, e dura aproxima-damente 2 horas, a 65°C sendo mais curto a temperaturas mais elevadas. Indicações de uso: Indicado para esterilização de ma-teriais sensíveis ao calor, tais como endoscópios rígidos, equipa-mentos elétricos, vários objetos fabricados com plásticos sensíveis ao calor, entre outros. São aplicáveis os mesmos procedimentos de embalagem para esterilização em autoclave a vapor d’água. Controle da esterilização: a validação de uma autoclave à base de formaldeído, inclui testes físico-químicos e microbiológicos. Os testes físicos investigam:

- integridade da câmara da autoclave;- capacidade física da máquina para evacuar o ar da câmara/

carga;- capacidade de manter a temperatura requerida com a admis-

são de vapor;- produção de temperatura uniforme para toda a carga.Depois de estabelecida a função física correta da máquina,

pode-se estimar a distribuição do formaldeído dentro da câmara, usando papéis indicadores ou fazendo a análise química de amos-tras retiradas da câmara. Não havendo homogeneidade, deve-se corrigi-la antes de proceder os estudos de qualificação com os in-dicadores biológicos. A eficácia da esterilização é medida por bio-indicadores de dois tipos - um com esporos de Bacillus stearother-mophilus e outro com Bacillus subtiliza. Avaliação de toxicidade: A determinação do resíduo de formaldeído é feita de acordo com o método do ácido cromotrópico. Um filtro circular é utilizado como objeto de teste. A enorme superfície de fibras de filtro absorve o formaldeído o suficiente para possibilitar a análise do total dos re-síduos. Não existem requerimentos oficiais no Brasil, mas na Es-candinávia, o valor máximo de 200g/filtro é estabelecido.

Químicos:

Esterilização por imersão do artigo em produto químico do grupo dos aldeídos e outros, de eficácia comprovada. São utiliza-dos para artigos que não possam ser esterilizados pelo calor. Os artigos devem estar limpos e secos, serem imersos na solução, dentro de recipiente plástico e tampado conforme orientação do fabricante e aprovação do órgão oficial. Esterilização por gluta-raldeído a 2%: O glutaraldeído é um dialdeído saturado com po-tente ação biocida podendo ser utilizado para quimioesterilização de equipamentos que não possam ser processados pelos métodos físicos tradicionais. As soluções aquosas de glutaraldeído são áci-das e geralmente neste pH não são esporicidas. Somente depois

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Didatismo e Conhecimento 26

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

de ativadas por agentes alcalinizantes atingindo pH de 7,5 a 8,5 é que a solução se torna esporicida. Desde que não estejam em uso, essas soluções mantém sua atividade biocida por 14 a 28 dias (de acordo com o fabricante) devido a subsequente polimerização de suas moléculas ativas.

Mecanismo de ação: O glutaraldeído tem atividade bacteri-cida, viruscida, fungicida e esporicida em tempo que varia de 8 a 10 horas de acordo com a orientação do fabricante. Indicações de uso: .Utilizado como esterilizante de materiais termossensíveis. Compatível com instrumentos com lentes (endoscópio), metal, borracha e plástico. Não deve ser utilizado em superfícies por ser muito tóxico e de alto custo. Pontos a observar:

- Lavar rigorosamente o artigo e secar para evitar que a água altere a concentração da solução;

- Utilizar solução recém ativada;

- Medir a concentração de glutaraldeído, com fita teste pró-pria;

- Utilizar a solução apenas se a concentração estiver a 2% ou mais;

- Utilizar equipamento de proteção individual (EPI);

- Imergir completamente o artigo na solução, mantendo o re-cipiente tampado;

- Rotular o recipiente com a hora do início e término do pro-cesso;

- Enxaguar abundantemente os artigos, após a esterilização, com água destilada ou deionizada estéril. Evitar soro fisiológico, pois pode promover depósito acelerando a corrosão do metal;

- Utilizar o material imediatamente (não é recomendado o ar-mazenamento).

Toxicidade: Quando o trabalhador de saúde processa os equi-pamentos e artigos pode ocorrer exposição ao vapor de glutaral-deído. O limite máximo de glutaraldeído no ar é de 0,2 ppm. Nesta concentração pode ocorrer irritação dos olhos, nariz ou garganta. Este problema pode ser minimizado com ventilação adequada, re-cipientes que contém a solução hermeticamente fechauso de EPIs. Devido ao risco de impregnação do glutaraldeído em alguns ma-teriais, principalmente plásticos e borrachas. É fundamental o en-xágue abundante dos mesmos, para evitar iatrogenias, como bron-quites e pneumonite química. Formaldeído líquido: é apresentado em duas formulações básicas:

- aquosa a 10%, composta de tensoativos, sequestrantes, an-tioxidantes, dissolvidos em glicerina, que não libera vapores irri-tantes, mas conserva as propriedades germicidas do formaldeído.

3 NOÇÕES DE PARASITOLOGIA.

Mecanismos de Contágio

Fontes de Infecção: Todos os agentes infecciosos ou parasi-tários têm o seu habitar natural, ou seja, um meio no qual encon-tram as condições necessárias ou ideais para sobreviverem, que podem ser o solo, a água, o organismo de determinados animais, o ser humano... Estes nichos ecológicos costumam ser denomi-nados fontes de infecção, já que é através deles que os agentes conseguem penetrar no ser humano. Embora a maioria dos agentes patogénicos apenas consiga sobreviver se estiver num nicho eco-lógico favorável, morrendo quando se encontra exposto a condi-ções adversas, existem outros que são capazes de resistir bastante tempo em situações difíceis, por exemplo ao alterarem a estrutura, adaptando formas que lhes permitam manterem-se adormecido, até encontrarem um meio favorável para a sua proliferação.

As fontes de infecção costumam ser exógenos, ou seja, lo-calizadas fora do organismo do indivíduo afetado pela doença, nomeadamente na terra, água, qualquer tipo de objeto contami-nado e também animais e pessoas que alberguem o microrganis-mo, independentemente de estarem afetadas pela doença ou de se manterem em perfeitas condições de saúde, como é o caso dos indivíduos considerados “portadores saudáveis”. Noutros casos, a fonte de infecção encontra-se no próprio indivíduo (endógena), por exemplo na pule ou no tubo digestivo, onde normalmente ha-bitam microrganismos que, mesmo não sendo prejudiciais, podem tornar-se perigosos caso encontrem as condições ideais para pro-liferarem.

Vias de Transmissão

A via de transmissão, ou de contágio, designa o percurso que cada agente patogênico tem que efetuar desde a fonte de infecção até ao indivíduo afetado pela doença. Dada a existência de inúme-ros agentes patogénicos e de várias possíveis fontes de infecção, é possível distinguir diferentes vias de transmissão, já que embora alguns microrganismos consigam penetrar no ser humano de di-ferentes maneiras, outros apenas o conseguem fazer de um único modo.

Via de transmissão direta: Em alguns casos, o contágio por microrganismos efetua-se de pessoa para pessoa, independente-mente de ser por contato direto ou por proximidade. Como é ób-vio, o contato direto com lesões superficiais de uma pessoa doente com agentes patogénicos constitui um perigo evidente de contágio, mesmo que a transmissão possa adaptar outras formas. Um bom exemplo deste fenômeno são as relações íntimas que proporcio-nem o contato direto com secreções contaminadas, como o caso paradigmático da mononucleose infecciosa, igualmente conhecida

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como “doença do beijo”, já que o contágio entre adolescentes e jovens é, na maioria das vezes, provocado por um efusivo contato oral, em que o agente causador se encontra na saliva do porta-dor. Existem muitas outras infecções em que o contágio se efetua através de relações íntimas, as denominadas “doenças sexualmen-te transmissíveis”. Uma outra forma de transmissão direta é a via feca-loral, na qual o meio de transmissão corresponde às mãos do indivíduo afetado por infecção digestiva, contaminadas após uma defecação, que entram em contato com uma pessoa saudável, algo muito comum na cadeia de transmissão entre crianças.

Via de transmissão indireta: Existem muitos elementos que podem servir de meio para os agentes infecciosos e parasitários. É possível, por exemplo, que uma pessoa seja contagiada por via res-piratória ao inalar partículas contaminadas que estão em suspen-são no ar, o que pode acontecer, por vezes, quando se está muito próximo de um indivíduo que expulse microscópicas partículas de saliva repletas de microrganismos ao tossir, ao espirrar ou sim-plesmente ao falar; porém, noutros casos, as correntes de ar podem transportar as ditas gotas e partículas de pó ou de outra natureza contaminadas a grande distância. Como é óbvio, qualquer utensílio pessoal ou objeto de utilização quotidiana de uma pessoa infectada pode constituir um meio de transmissão de agentes patogênicos, pois bastará que uma pessoa o toque para que as suas mãos se con-vertam num meio de contaminação. Podem igualmente produzir--se contágios indiretos por via digestiva, através da ingestão de água ou alimentos contaminados, pois existem inúmeras doenças infecciosas que se alastram desta forma. A água pode constituir um meio de contágio de várias formas: fungos contraídos quando se caminha descalço numa piscina, ginásio ou balneário, larvas de vermes que se introduzem através da pele quando se toma banho num lago contaminado.

Microbiologia e Parasitologia:

É a ciência que estuda as relações entre os seres vivos, suas principais características e formas de associação, como as infecções parasitárias e a transmissão dos agentes infecciosos; a seguir, analisaremos as vias de penetração e de eliminação destes agentes.

Cadeia de transmissão dos agentes infecciosos

Para que ocorram infecções parasitárias é fundamental que haja elementos básicos expostos e adaptados às condições do meio. Os elementos básicos da cadeia de transmissão das infec-ções parasitárias são o hospedeiro, o agente infeccioso e o meio ambiente. No entanto, em muitos casos, temos a presença de ve-tores, isto é, insetos que transportam os agentes infecciosos de um hospedeiro parasitado a outro, até então sadio (não-infectado). É o caso da febre amarela, da leishmaniose e outras doenças.

Elementos básicos da cadeia de transmissão:

Hospedeiro: Na cadeia de transmissão, o hospedeiro pode ser o homem ou um animal, sempre exposto ao parasito ou ao vetor transmissor, quando for o caso. Na relação parasito-hospedeiro, este pode comportar-se como um portador são (sem sintomas aparentes) ou como um indivíduo doente (com sintomas), porém ambos são capazes de transmitir a parasitose. O hospedeiro pode ser chamado de intermediário quando os parasitos nele existentes se reproduzem de forma assexuada; e de definitivo quando os pa-rasitos nele alojados se reproduzem de modo sexuado. A Taenia solium, por exemplo, precisa, na sua cadeia de transmissão, de um hospedeiro definitivo, o homem, e de um intermediário, o porco.

Agente infeccioso O agente infeccioso é um ser vivo capaz de reconhecer seu hospedeiro, nele penetrar, desenvolver-se, multiplicar-se e, mais tarde, sair para alcançar novos hospedeiros. Os agentes infecciosos são também conhecidos pela designação de micróbios ou germes, como as bactérias, protozoários, vírus, ácaros e alguns fungos. Existem, porém, os helmintos e alguns ar-trópodes, que são parasitos maiores e facilmente identificados sem a ajuda de microscópios. Só para termos uma ideia, a Taenia mag-nata, que parasita os bovinos e também os homens, pode medir de quatro a dez metros de comprimento.

Os parasitos são também classificados em endoparasitos e ec-toparasitos. Endoparasitos são aqueles que penetram no corpo do hospedeiro e aí passam a viver. Ectoparasitos são aqueles que não penetram no hospedeiro, mas vivem externamente, na superfície de seu corpo, como os artrópodes - dentre os Meio ambiente Meio ambiente é quais destacam-se as pulgas, piolhos e carrapatos, o espaço constituído pelos fatores físicos, químicos e biológicos, por cujo intermédio são influenciados o parasito e o hospedeiro.

Como exemplos, podemos apontar:

Físicos: temperatura, umidade, clima, luminosidade (luz so-lar);

Químicos: gases atmosféricos (ar), pH, teor de oxigênio, agentes tóxicos, presença de matéria orgânica;

Biológicos: água, nutrientes, seres vivos (plantas, animais). Anteriormente, vimos que as relações que se estabelecem a todo momento entre os seres vivos e os agentes infecciosos (parasitos) não são estáticas, definitivas; pelo contrário, são muito dinâmicas e exigem constantes adaptações de ambos os lados, tendendo sem-pre, para o bem das partes envolvidas, a aproximar-se do equilí-brio. Entretanto, sabemos que tanto o parasito quanto o hospedeiro sofrem influência direta do ambiente, o qual, por sua vez, também sofre constantes alterações, de ordem natural ou artificial, como as causadas pelo próprio homem.

Tipos de doenças: Doenças transmissíveis e não- transmissí-veis Nem todas as doenças que ocorrem em uma comunidade são transmitidas, ou passadas, de pessoa a pessoa (as “que se pega”). Existem também as que não se transmitem desse modo (as “que não se pega”). Podemos então dizer que as:

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- doenças transmissíveis, são causadas somente por seres vi-vos, chamados de agentes infecciosos ou parasitos. O sarampo, a caxumba, a sífilis e a tuberculose exemplificam tal fato.

- doenças não-transmissíveis podem ter várias causas, tais como deficiências metabólicas (algum órgão que não funcione bem), acidentes, traumatismos, origem genética (a pessoa nasce com o problema). Como exemplos, temos o diabetes, o câncer e o bócio tireoidiano.

Agentes Infecciosos e Ectoparasitos e suas Doenças Trans-missíveis

Os vírus: características gerais: Os vírus são considerados partículas ou fragmentos celulares capazes de se cristalizar até al-cançar o novo hospedeiro. Por serem tão pequenos, só podem ser vistos com o auxílio de microscópios eletrônicos. São formados apenas pelo material genético (DNA ou RNA) e um revestimento (membrana) de proteína. Não dispõem de metabolismo próprio e são incapazes de se reproduzir fora de uma célula. Podem causar doenças no homem, animais e plantas. Outra característica impor-tante é que são filtráveis, isto é, capazes de ultrapassar filtros que retêm bactérias. Principais doenças transmitidas pelos vírus: Os vírus são responsáveis por várias doenças infecciosas, tais como AIDS, gripes, raiva, poliomielite (paralisia infantil), meningite, febre amarela, dengue, hepatite, caxumba, sarampo, rubéola, mo-nonucleose, herpes, catapora, etc. Sua transmissão ocorre de várias formas:

a) pela picada de mosquitos (vetores), como o Aedes aegypti infectado, responsável pela dengue e febre amarela;

b) pela mordida de cães infectados, ocasionando a raiva; c) pela saliva e pelo trato respiratório, podendo gerar herpes,

catapora, hepatite, sarampo, etc.; d) pelo sangue contaminado: provocando a AIDS e a hepatite

B; e) há ainda a transmissão de vírus pelo leite materno, por via

oral-fecal, pela urina, placenta, relações sexuais e lesões de pele (rubéola, HIV, vírus da hepatite B). Algumas doenças transmitidas por vírus são facilmente controláveis por meio de vacinas, como sarampo, rubéola, caxumba, raiva, poliomielite, febre amarela, hepatite e alguns tipos de meningite. Mesmo que não haja vaci-na e tratamento específico para muitas viroses, é importante, para se evitar a disseminação ou propagação da doença, que se faça o diagnóstico definitivo com acompanhamento de um profissional de saúde. As formas de diagnóstico (descobrir qual é o microrga-nismo) mais comuns são realizadas por intermédio do exame de escarro, sangue, líquor (da medula) e secreções.

As bactérias: características gerais Como vimos anteriormen-te, as bactérias são organismos muito pequenos, porém maiores que os vírus, mas visíveis somente ao microscópio. Apresentam formas variadas e pertencem ao reino Monera, sendo, portanto, seres unicelulares – procariontes.

As que têm formas arredondadas são chamadas de cocos, como o Streptococcus pneumoniae, capaz de causar a pneumonia no homem; as alongadas são denominadas bacilos, como o Clostri-dium tetani, responsável pelo tétano; as de forma espiralada rece-bem o nome de espirilos, como a Treponema pallidum, que causa a sífilis; as que se parecem com uma vírgula são conhecidas como vibriões, como o Vibrio cholerae, causador da cólera. Grande parte das bactérias, bem como os fungos, são organismos decomposito-res, portanto vivem no meio ambiente, fazendo a reciclagem da matéria orgânica. Outras, atuam como parasitas, causando doen-ças - são as patogênicas; existem ainda aquelas que, embora vi-vam no organismo de outro ser vivo, não causam doenças - são as comensais. Quem poderia imaginar que existem bactérias na pele e nas mucosas de pessoas sadias? E mais, participando da manu-tenção da saúde e de atividades normais dos indivíduos? Muitas bactérias fazem parte da flora normal humana, colonizando a pele, as mucosas do trato respiratório (boca, nariz) e o intestino. Sua presença tem importante papel na defesa do organismo, impedin-do, por competição, a entrada de agentes infecciosos capazes de causar doenças. Quantos de nós, após o uso prolongado de antibió-ticos, já não tomamos iogurtes e compostos ricos em lactobacilos (bactérias comensais)? O objetivo é recuperar a flora bacteriana para a proteção de nossa mucosa e, assim, facilitar a digestão. Comparando-se com as bactérias de vida livre, são poucas as que causam doenças, mas dentre elas há algumas bastante agressivas. Principais doenças transmitidas por bactérias As infecções cutâ-neas mais comuns no homem são causadas por bactérias do grupo dos estafilococos - caso dos furúnculos ou abscessos, carbúnculo, foliculite (infecção na base dos pelos) e acne. Podemos ainda citar as doenças causadas por estreptococos, tais como erisipelas, ce-lulite e impetigo. A hanseníase é causada por um bacilo chamado Mycobacterium leprae, que afeta a pele e o sistema nervoso, cau-sando deformações e falta de sensibilidade. O contágio ocorre pelo contato íntimo e prolongado com o indivíduo infectado. A pneu-monia pode ser causada pelo S. pneumoniae ou por fungos. OS pneumoniae é um habitante comum da garganta e nasofaringe de indivíduos saudáveis. A doença surge com a disseminação desse agente para outros locais: pulmões, seios paranasais (sinusite), ou-vido (otite), faringe (faringite) e meninges (meningite). A infecção é causada pela aspiração do agente infeccioso ou por sua presença em fômites contaminados por secreções, principalmente devido à baixa resistência do indivíduo. A meningite é doença grave, carac-terizada pela inflamação das meninges - membranas que envolvem a medula espinhal, o cérebro. Os fungos: características gerais. Os fungos - estudados no ramo da parasitologia chamado de micolo-gia - são seres vivos que possuem organização rudimentar, sendo constituídos por talos, formados por uma ou mais células. São en-contrados nos meios terrestre e aquático. Muitos, juntamente com as bactérias, são decompositores; alguns, são parasitos e outros são utilizados como alimento (cogumelos), embora, nesse caso, haja alguns tóxicos e venenosos. Existem espécies de fungos utilizados na produção de queijos, fermentação de pães, preparo de bebidas (vinho, cerveja, rum, whisky, gim), fabricação de medicamentos (antibióticos), produtos químicos (etanol, glicerol), etc.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Principais doenças transmitidas por fungos: Os fungos que vivem como parasitas são capazes de provocar doenças chamadas de micoses, que podem ser de dois tipos:

a) as superficiais, geralmente brandas, ocorrem com a dis-seminação e o crescimento dos fungos na pele, unha e cabelos. Assim, temos a dermatofise (tínea), esporotricose, candidíase (sa-pinho na boca), ptiríase, pé-de-atleta, etc.

b) as profundas são menos frequentes e envolvem órgãos in-ternos, podendo representar risco de vida - como a histoplasmose, que afeta o pulmão e o baço. As micoses profundas ocorrem prin-cipalmente em indivíduos com baixa resistência, como os aidéti-cos. Os fungos propagam-se pelo ar na forma de esporos, poden-do ser inalados, deglutidos ou depositados na pele ou mucosas. A transmissão se dá pessoa a pessoa ou por meio de objetos, peças de vestuário, calçados, assoalhos ou pisos de clubes esportivos, sempre em lugares onde não há vigilância sanitária. A transmissão também pode ocorrer diretamente de animais - como o cão, gato e cavalo - para o homem. As espécies do gênero Candida podem ser encontradas nas condições de comensais, na pele, nas mucosas, no intestino e nos órgãos cavitários (boca, vagina e ânus). Em condi-ções de baixa resistência do hospedeiro, podem causar doenças. Por isso, o ideal é que estejamos sempre com boa saúde e elevada resistência.

Os protozoários: características gerais: Os protozoários são seres unicelulares cuja maioria é extremamente pequena, ou seja, microscópica. A maior parte vive de forma livre em ambientes úmidos ou aquáticos, mas existem protozoários comensais (Enta-moeba coli) e os que são parasitos do homem e capazes de causar doenças graves, como a malária e a doença de Chagas. Possuem formatos variados - esférico, oval e alongado - e alguns se loco-movem através de flagelos, cílios ou projeções do próprio corpo (pseudópodes), mas também há aqueles que não se movimentam. Apresentam-se de duas formas distintas:

- forma de trofozoíto (também conhecida como vegetativa) – é a forma ativa, que se reproduz, alimenta-se e vive no interior do hospedeiro;

- forma de cisto e oocisto – são formas inativas e de resistên-cia dos protozoários, encontradas nas fezes do hospedeiro. Para facilitar nosso estudo, separaremos os protozoários em grupos me-nores, em função da presença de estruturas por eles utilizadas na locomoção:

- protozoários que se locomovem por meio de projeções celu-lares, denominadas pseudópodes: os sarcodíneos (amebas);

- protozoários que se locomovem por meio de flagelos, deno-minados mastigóforos ou flagelados: Trypanosoma cruzi, Tricho-monas e Giardia;

- protozoários que se locomovem utilizando cílios, denomina-dos ciliophoros ou ciliados: Balantidium coli;

- protozoários que não possuem estruturas locomotoras: spo-rozoários (Plasmodium e Toxoplasma gondïi).Os protozoários pa-rasitos do homem podem habitar os tecidos, incluindo o sangue (Tripanosoma cruzi), as cavidades genitais e urinárias (Trichomo-nas) e o intestino (giardia e amebas).

A Lei Orgânica da Saúde conceitua Vigilância Epidemiológi-ca (VE) como um conjunto de ações que proporciona o conheci-mento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de preven-ção e controle das doenças ou agravos. Entretanto, nas últimas décadas o sistema de saúde organizou serviços de VE nas Secreta-rias Estaduais que desenvolviam uma série de ações e atividades voltadas para a erradicação, eliminação ou apenas controle de al-gumas doenças infecciosas e parasitárias, excluindo as não trans-missíveis. Como este Guia tem como propósito sintetizar conhe-cimentos básicos sobre algumas doenças que estão sob vigilância epidemiológica no Brasil, acrescidas de outras importantes para a saúde pública, que dispõem de algumas medidas de controle e tratamento, as noções de VE aqui colocadas estão restritas à área de doenças transmissíveis.

Notificação: É a comunicação da ocorrência de determi-nada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fim de adoção de medidas de intervenção pertinentes. Deve-se notificar a sim-ples suspeita da doença, sem aguardar a confirmação do caso, que pode significar perda da oportunidade de adoção das medidas de prevenção e controle indicadas. A notificação tem que ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito médico sanitário em caso de risco para a comunidade, sempre respeitando-se o direito de anonimato dos cidadãos.

Propósitos: A VE tem como propósito fornecer orientação técnica permanente para os que têm a responsabilidade de deci-dir sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos. Sua operacionalização compreende um ciclo completo de funções específicas e intercomplementares, que devem ser desenvolvidas de modo contínuo, permitindo conhecer, a cada momento, o com-portamento epidemiológico da doença ou agravo escolhido como alvo das ações, para que as intervenções pertinentes possam ser desencadeadas com oportunidade e eficácia.

Funções: Coleta e processamento de dados; análise e inter-pretação dos dados processados; investigação epidemiológica de casos e surtos; recomendação e promoção das medidas de controle apropriadas; avaliação da eficácia e efetividade das medidas adota-das; divulgação de informações sobre as investigações, medidas de controle adotadas, impacto obtido, formas de prevenção de doen-ças, dentre outras. É importante salientar que todos os profissio-nais de saúde (da rede pública, privada e conveniada), bem como os diversos níveis do sistema (municipal, estadual, federal), têm atribuições de vigilância epidemiológica. Dependendo da inserção profissional e da capacidade executiva, técnica e gerencial de cada área, essas funções vão da simples notificação de casos suspeitos ou confirmados das doenças que compõem o sistema de vigilância até a investigação epidemiológica (casos ou surtos), adoção de me-didas de controle, coleta, análise e interpretação de dados e outras.

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Didatismo e Conhecimento 30

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Coleta de Dados: A VE desencadeia suas atividades a par-tir da ocorrência de um evento sanitário (caso(s) suspeito(s) ou confirmado(s) de doença sob vigilância. Costuma-se defini-la, de modo simples e operacional, como Informação para Ação. A co-leta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de saúde. A força e valor da informação (que é o dado analisado) de-pendem da qualidade e fidedignidade com que a mesma é gerada. Para isso, faz-se necessário que as pessoas responsáveis pela cole-ta estejam bem preparadas para diagnosticar corretamente o caso, como também para realizar uma boa investigação epidemiológica, com anotações claras e confiáveis para que se possa assimilá-las com confiabilidade.

Tipos de Dados: morbidade; mortalidade, dados demográficos e ambientais; notificação de surtos e epidemias. Fontes de Dados:

a) Notificação compulsória de doenças - é uma das principais fontes da vigilância epidemiológica a partir da qual, na maioria das vezes, se desencadeia o processo informação-decisão-ação. A lista nacional das doenças de notificação vigente encontra-se neste guia, e a sua seleção é baseada na magnitude (medida pela fre-quência), potencial de disseminação, transcendência (medida pela letalidade, severidade, relevância social e econômica), vulnerabi-lidade (existência de instrumentos de prevenção); compromissos internacionais de erradicação, eliminação ou controle; doenças in-cluídas no Regulamento Sanitário Internacional; epidemias, surtos e agravos inusitados. Esses critérios são observados e analisados em conjunto.

b) Resultados de exames laboratoriais. c) Declarações de óbitos. d) Maternidades (nascidos vivos). e) Hospitais e ambulatórios. f) Investigações epidemiológicas.g) Estudos epidemiológicos especiais. h) Sistemas sentinelas. i) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE. j) Imprensa e população, dentre outros.

Diagnóstico de Casos: A confiabilidade do sistema de notifi-cação depende, em grande parte, da capacidade dos profissionais e serviços locais de saúde - que são responsáveis pelo atendimento dos casos - diagnosticarem, corretamente, as doenças e agravos. Para isso, os profissionais deverão estar tecnicamente capacitados e dispor de recursos complementares para a confirmação da sus-peita clínica.

Investigação Epidemiológica: A investigação epidemiológica é um método de trabalho utilizado com muita freqüência em casos e epidemias de doenças transmissíveis, mas que se aplica a outros grupos de agravos. Consiste em um estudo de campo realizado a partir de casos (clinicamente declarados ou suspeitos) e de porta-dores, com o objetivo de avaliar a ocorrência, do ponto de vista de suas implicações para a saúde coletiva. Sempre que possível, deve conduzir à confirmação do diagnóstico, à determinação das carac-terísticas epidemiológicas da doença, à identificação das causas do fenômeno e à orientação sobre as medidas de controle adequadas.

a) Roteiro de Investigação: as seguintes indagações devem ser levantadas: De quem foi contraída a infecção? (fonte de contágio); Qual a via de disseminação da infecção, da fonte ao doente?; Que outras pessoas podem ter sido infectadas pela mesma fonte de con-tágio?; Quais as pessoas a quem o caso pode haver transmitido a doença?; A quem o caso ainda pode transmitir a doença? Como evitá-lo?

b) Finalidade da Investigação: adoção de medidas de controle em tempo hábil. Para que isso aconteça, ela tem que ser iniciada imediatamente após a ocorrência do evento.

c) Ficha de Investigação Epidemiológica: formulários, exis-tentes nos serviços de saúde, específicos para cada tipo de doença, que facilitam a coleta e consolidação de dados; devem ser preen-chidos cuidadosamente, registrando-se todas as informações indi-cadas, para permitir a análise e a comparação de dados. Quando se tratar de agravo inusitado, deve-se elaborar uma ficha própria, de acordo com as manifestações clínicas e epidemiológicas do even-to. Os formulários contêm dados de identificação do paciente, da anamnese, do exame físico, de suspeita diagnóstica, informações sobre o meio ambiente (de acordo com o agravo); exames comple-mentares de acordo com o(s) agravo(s) suspeitado(s).

d) Busca de pistas: visa buscar a origem da transmissão, ca-bendo ao investigador estabelecer quais as mais importantes e o caminho a seguir. Em geral, é importante definir: período de incu-bação; presença de outros casos na localidade; existência ou não de vetores ligados à transmissibilidade da doença; grupo etário mais atingido; fonte de contágio comum (água, alimentos); modos de transmissão (respiratória, contato direto, etc.); época em que ocorre (estação). Por ser uma atividade que exige tempo e cus-tos adicionais, nem todas as doenças são investigadas. Os critérios de definição para investigação são: doença considerada prioritária pelo sistema de vigilância; estar excedendo a frequência usual; há suspeita de que os casos sejam devidos a uma fonte comum de infecção; apresenta-se com gravidade clínica maior que a habitual; é desconhecida na área (agravo inusitado).

e) Busca ativa de casos: é feita para conhecer a magnitude do evento quando se suspeita que casos possam estar ocorrendo sem o conhecimento dos serviços de saúde. É mais restrita (domicílio, rua ou bairro) ou ampliada (cidade, municípios, acompanhando correntes migratórias, etc), seguindo-se a área geográfica de abran-gência da fonte de contágio.

Processamento e Análise de Dados: Os dados colhidos são consolidados (ordenados de acordo com as características das pes-soas, lugar, tempo, etc.) em tabelas, gráficos, mapas da área em es-tudo, fluxos de pacientes e outros. Essa disposição fornecerá uma visão global do evento, permitindo a avaliação de acordo com as variáveis de tempo, espaço e pessoas (quando? onde? quem?) e de associação causal (por quê?) e deverá ser comparada com períodos semelhantes de anos anteriores. É importante lembrar que, além das frequências absolutas, o cálculo de indicadores epidemiológi-cos (coeficientes de incidência, prevalência, letalidade e mortali-dade) deve ser realizado para efeito de comparação.

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Didatismo e Conhecimento 31

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Decisão-Ação: Todo o sistema de vigilância é montado tendo como objetivo o controle, a eliminação ou a erradicação de doen-ças, o impedimento de óbitos e sequelas, etc. Dessa forma, após a análise dos dados, deverão ser definidas imediatamente as medi-das de prevenção e controle mais pertinentes à situação. Isso deve ocorrer no nível mais próximo da ocorrência do problema, para que a intervenção seja mais oportuna e, consequentemente, mais eficaz.

Normatização: Normas técnicas capazes de uniformizar pro-cedimentos e viabilizar a comparabilidade de dados e informações são elaboradas e divulgadas pelo sistema de vigilância epidemio-lógica. Destaque especial é dada à definição de caso de cada doen-ça ou agravo, visando tornar comparáveis os critérios diagnósticos que regulam a entrada dos casos no sistema, seja como suspeito, compatível ou mesmo confirmado por diagnóstico laboratorial.

Retroalimentação do Sistema: É a devolução de informações aos notificantes das análises resultantes dos dados coletados e das medidas de controle adotadas.

Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica: O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) compreende o conjunto interarticulado de instituições do setor público e privado componentes do Sistema Único de Saúde (SUS) que, direta ou in-diretamente, notificam doenças e agravos, prestam serviços a gru-pos populacionais ou orientam a conduta a ser tomada no controle das mesmas. O SNVE está passando por profunda reorganização, que visa adequá-lo aos princípios de descentralização e de integra-lidade das ações definidas no SUS.

A transferência de ações e atividades para os níveis descen-tralizados está sendo feita de modo gradual, de acordo com o de-senvolvimento dos sistemas locais de saúde, de forma a evitar a descontinuidade técnica e administrativa. A implantação da Nor-ma Operacional Básica-NOB/SUS/96 significa um grande avan-ço para a Doenças Infecciosas e Parasitárias descentralização das ações de vigilância epidemiológica não só por prever o aporte contínuo de recursos financeiros específicos para essa área, trans-ferindo-os do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Estaduais e/ou Municipais de Saúde, como também por definir requisitos e atividades mínimas a serem desenvolvidas pelos sistemas locais de saúde dos municípios, dependendo do nível de gestão em que estiverem habilitados.

4 NOÇÕES DE IMUNOLOGIA.

Imunologia é o estudo do sistema imunitário, o sistema de defesa do organismo.

Antígeno: Qualquer substância ou partícula estranha que, ao ser introduzida no corpo, provoca uma reação de defesa imunitá-ria, com produção de anticorpos específicos.

Anticorpo: Substâncias de natureza proteica, produzida pelos linfócitos, que ataca e destrói substâncias ou micro-organismos es-tranhos ao corpo, genericamente chamados antígenos.

Imunoglobulinas: São todas as proteínas que possuem ativi-dade de anticorpo.

Glóbulos brancos – Células de defesa do organismo

- Neutrófilos: (de maior frequência no sangue – 60 a 70%) atravessam as paredes dos capilares (diapedese) e englobam e des-troem bactérias com as enzimas digestivas do lisossomo (fagoci-tose).

- Acidófilos ou eosinófilos: (cerca de 2 a 4%) defendem o cor-po contra vermes parasitas.

- Basófilos: (menos de 1%) liberam histamina, substância que dilata os vasos sanguíneos, facilitando a saída dos neutrófilos.

- Monócitos (Macrófagos): (cerca de 3 a 8%) fagocitam mi-crorganismos e células mortas.

- Linfócitos: (20 a 30%) divididos em T (CD8), B e auxiliar (T4 ou CD4+). Os primeiros atacam partículas invasoras e pro-duzem anticorpos, enquanto os últimos ativam outras células de defesa através da proteína INTERLEUCINA.

As interleucinas fazem com que os linfócitos se dividam por mitose, e sua capacidade de reconhecer as partículas invasoras é transmitida às células filhas.

Os linfócitos continuam a se propagar enquanto houver an-tígenos para ativá-los. À medida que os antígenos são destruídos e vão desaparecendo, o número de linfócitos especializados em combatê-los vai diminuindo.

Alguns linfócitos ativados pelos antígenos se transformam em células de memória, que guardam a capacidade de reconhecer agentes infecciosos com os quais o organismo já teve contato.

Órgãos do sistema imunitário

Armazenam as células responsáveis pela resposta imunológi-ca.

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Didatismo e Conhecimento 32

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Vacinas: substâncias compostas por micro-organismos inativados ou por algumas de suas substâncias e dão proteção contra diversos tipos de doenças (funciona como medida preventiva).

Soros: são obtidos de animais nos quais foram injetados antígenos. Os anticorpos específicos contra o antígeno, presentes no soro, combatem prontamente toxinas de animais venenosos (cobras, aranhas, taturanas, etc.) e de micro-organismos que causam doenças de evolução rápida (como o tétano).

Doenças - Eritroblastose fetal: Doenças que se manifestam em recém-nascidos com sangue tipo Rh+, cuja mãe é Rh- e já sensibilizada para produzir anticorpos anti-Rh (seja por filhos anteriores Rh+ ou por transfusão de sangue Rh+)

Alergias

Alergia é a intolerância do organismo para com determinados produtos físicos, químicos ou biológicos, aos quais reage-se de forma exagerada. Portanto, trata-se de uma reação anormal à uma ou mais substâncias aparentemente inocentes que, quando apreendidas pelo organismo (inaladas, ingeridas, ou por contato com a pele) causam irritabilidade. As substâncias capazes de desencadear a alergia são cha-madas de Alérgenos.

Quando alérgenos são apreendidos pelo organismo, células brancas do sangue que produzem anticorpos (IgE) são ativadas. Estes an-ticorpos determinam a liberação de produtos químicos (mediadores) potentes como, por exemplo, a histamina, que acabam provocando os sintomas alérgicos típicos.

Alguns alérgenos mais comuns são o pólen, a poeira, pelos de animais, penas, comidas, medicamentos, picadas de inseto, cosméticos.

Doenças autoimunes

Doenças autoimunes são decorrentes do ataque do sistema imune contra si mesmo. As causas e os mecanismos que levam a isso não são completamente conhecidos.

As doenças autoimunes podem ser classificadas como: a) órgão-específicas (que têm como alvo um único órgão) como tireiodite de Hashimoto, hepatite autoimune e esclerose múltipla; ou b) sistêmicas-generalizadas, como artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico.

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5 VIDRARIA: TIPOS, LIMPEZA E DESINFECÇÃO.

Almofariz com Pistilo: Usado na trituração e pulverização de sólidos.

Alonga: Serve para conectar o condensador ao frasco coletor

nas destilações, direcionando o fluxo de líquido.

Anel ou Argola: Usado como suporte do funil na filtração.

Aparelhagem de Destilação: Montagem de aparelhos para uma destilação. É utilizado, um condensador reto, uma alonga, um balão volumétrico, um adaptador para destilação e uma manta aquecedora.

Balança Digital: Para a medida de massa de sólidos e líqui-dos não voláteis com grande precisão.

A balança analítica é um dos instrumentos de medida mais usados no laboratório e dela dependem basicamente todos os re-sultados analíticos.

As balanças analíticas modernas, que podem cobrir faixas de precisão de leitura da ordem de 0,1 µg a 0,1 mg, já estão bastan-te aperfeiçoadas a ponto de dispensarem o uso de salas especiais para a pesagem. Mesmo assim, o simples emprego de circuitos eletrônicos não elimina as interações do sistema com o ambiente. Destes, os efeitos físicos são os mais importantes, pois não podem ser suprimidos.

As informações contidas neste texto visam indicar os pontos mais importantes a serem considerados nas operações de pesagem.

Localização da Balança A precisão e a confiabilidade das pesagens estão diretamente

relacionadas com a localização da balança analítica. Os principais itens a serem considerados para o seu correto

posicionamento são:

Características da sala de pesagem - Ter apenas uma entrada. - Ter o mínimo de janelas possível, para evitar a luz direta do

sol e correntes de ar.- Ser pouco susceptível a choques e vibrações.

As condições da bancada

Ficar firmemente apoiada no solo ou fixada na parede, de modo a transmitir o mínimo de vibrações possível.

- Ser rígida, não podendo ceder ou vergar durante a operação de pesagem. Pode-se usar uma bancada de laboratório bem estável ou uma bancada de pedra.

- Ficar localizada nas posições mais rígidas da construção, ge-ralmente nos cantos da sala.

- Ser antimagnética (não usar metais ou aço) e protegida das cargas eletrostáticas (não usar plásticos ou vidros).

As condições ambientais

- Manter a temperatura da sala constante. - Manter a umidade entre 45% e 60% (deve ser monitorada

sempre que possível). - Não permitir a incidência de luz solar direta. - Não pesar próximo a irradiadores de calor. - Colocar as luminárias distantes da bancada, para evitar dis-

túrbios devido à radiação térmica. O uso de lâmpadas fluorescen-tes é menos crítico.

- Evitar pesar perto de equipamentos que usam ventiladores (ex.: ar condicionado, computadores, etc.) ou perto da porta.

Cuidados operacionais Cuidados básicos

- Verificar sempre o nivelamento da balança. - Deixar sempre a balança conectada à tomada e ligada para

manter o equilíbrio térmico dos circuitos eletrônicos. - Deixar sempre a balança no modo stand by, evitando a ne-

cessidade de novo tempo de aquecimento (warm up). O frasco de pesagem

- Usar sempre o menor frasco de pesagem possível. - Não usar frascos plásticos, quando a umidade estiver abaixo

de 30-40%. - A temperatura do frasco de pesagem e seu conteúdo devem

estar à mesma temperatura que a do ambiente da câmara de pesa-gem.

- Nunca tocar os frascos diretamente com os dedos ao colocá--los ou retirá-los da câmara de pesagem.

O prato de pesagem

- Colocar o frasco de pesagem sempre no centro do prato de pesagem.

- Remover o frasco de pesagem do prato de pesagem tão logo termine a operação de pesagem.

A leitura

- Verificar se o mostrador indica exatamente zero ao iniciar a operação. Tare a balança, se for preciso.

- Ler o resultado da operação tão logo o detector automático de estabilidade desapareça do mostrador.

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Calibração

Calibrar a balança regularmente, principalmente se ela estiver sendo operada pela primeira vez, se tiver sido mudada de local, após qualquer nivelamento e após grandes variações de tempera-tura ou de pressão atmosférica.

Manutenção

- Manter sempre a câmara de pesagem e o prato de pesagem limpos.

- Usar somente frascos de pesagem limpos e secos. Influências Físicas sobre as Pesagens Quando o mostrador da

balança ficar instável seja por variação contínua da leitura para mais ou para menos ou simplesmente se a leitura estiver errada…

ATENÇÃO: Você estará observando influências físicas inde-sejáveis sobre a operação. As mais comuns são:

Temperatura

- Efeito Observado: O mostrador varia constantemente em uma direção.

- Motivo: A existência de uma diferença de temperatura entre a amostra e o ambiente da câmara de pesagem provoca correntes de ar. Estas correntes de ar geram forças sobre o prato de pesagem fazendo a amostra parecer mais leve (chamada flutuação dinâmi-ca). Este efeito só desaparece quando o equilíbrio térmico for es-tabelecido. Além disso, o filme de umidade que cobre qualquer amostra, e que varia com a temperatura, é encoberto pela flutuação dinâmica. Isto faz com que um objeto frio pareça mais pesado ou um objeto mais quente mais leve.

- Medidas corretivas: - Nunca pesar amostras retiradas diretamente de estufas, mu-

flas, ou refrigeradores. - Deixar sempre a amostra atingir a temperatura do laboratório

ou da câmara de pesagem. - Procurar sempre manusear os frascos de pesagens ou as

amostras com pinças. Se não for possível, usar uma tira de papel. - Não tocar a câmara de pesagem com as mãos. - Usar frascos de pesagem com a menor área possível. Variação de massa - Efeito Observado: O mostrador indica leituras que aumen-

tam ou diminuem, continua e lentamente.

- Motivo: Ganho de massa devido a uma amostra higroscópica (ganho de umidade atmosférica) ou

perda de massa por evaporação de água ou de substâncias vo-láteis.

Medidas corretivas: - Usar frascos de pesagem limpos e secos e manter o prato de

pesagem sempre livre de poeira, contaminantes ou gotas de líqui-dos.

- Usar frascos de pesagem com gargalo estreito. - Usar tampas ou rolhas nos frascos de pesagem. Eletrostática - Efeito Observado: O mostrador da balança fica instável e

indica massas diferentes a cada pesagem da mesma amostra. A re-produtibilidade dos resultados fica comprometida.

- Motivo: O seu frasco de pesagem está carregado eletros-taticamente. Estas cargas formam-se por fricção ou durante o transporte dos materiais, especialmente os pós e grânulos. Se o ar estiver seco (umidade relativa menor que 40%) estas cargas ele-trostáticas ficam retidas ou são dispersadas lentamente. Os erros de pesagem acontecem por forças de atração eletrostáticas que atuam entre a amostra e o ambiente. Se a amostra e o ambiente estiverem sob o efeito de cargas elétricas de mesmo sinal [+ ou -] ocorrem repulsões, enquanto que sob o efeito de cargas opostas [+ e -], observam-se atrações.

- Medidas corretivas:

- Aumentar a umidade atmosférica com o uso de um umidi-ficador ou por ajustes apropriados no sistema de ar condicionado (umidade relativa ideal: 45-60%).

- Descarregar as forças eletrostáticas, colocando o frasco de pesagem em um recipiente de metal, antes da pesagem.

- Conectar a balança a um “terra” eficiente. Magnetismo

- Efeito Observado: Baixa reprodutibilidade. O resultado da pesagem de uma amostra metálica depende da sua posição sobre o prato da balança.

- Motivo: Se o material for magnético (ex.: ferro, aço, níquel, etc.) pode estar ocorrendo atração mútua com o prato da balança, criando forças que levam a uma medida errônea.

- Medidas corretivas:

- Se possível, desmagnetize as amostras ferromagnéticas. - Como as forças magnéticas diminuem com a distância, sepa-

rar a amostra do prato usando um suporte não-magnético (ex.: um béquer invertido ou um suporte de alumínio).

- Usar o gancho superior do prato da balança, se existir. Gravitação

- Efeito Observado: As pesagens variam de acordo com a la-titude. Quanto mais próximo do equador maior a força centrífuga devido à rotação da Terra, que se contrapõe à força gravitacional. Desta forma, a força atuando sobre uma massa é maior nos pólos

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Didatismo e Conhecimento 35

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que no equador. As pesagens dependem também da altitude em relação ao nível do mar (mais exatamente, em relação ao centro da Terra). Quanto mais alto, menor a atração gravitacional, que decresce com o quadrado da distância.

- Medidas corretivas: - Pesagens diferenciais ou comparativas ou de precisão, efe-

tuadas em diferentes latitudes ou altitudes (ex.: no térreo e em ou-tros andares de mesmo prédio) devem ser corrigidas.

Balão de Fundo Chato: Utilizado como recipiente para con-ter líquidos ou soluções, ou mesmo fazer reações com desprendi-mento de gases. Pode ser aquecido sobre o TRIPÉ com TELA DE AMIANTO.

Balão de Fundo Redondo: Utilizado principalmente em sis-temas de refluxo e evaporação a vácuo, acoplado a ROTAEVA-PORADOR.

Balão Volumétrico: Possui volume definido e é utilizado para o preparo de soluções em laboratório.

Béquer: É de uso geral em laboratório. Serve para fazer reações entre soluções, dissolver substâncias sólidas, efetuar reações de precipitação e aquecer líquidos. Pode ser aquecido sobre a TELA DE AMIANTO.

Bico de Bunsen: É a fonte de aquecimento mais utilizada em laboratório. Mas contemporaneamente tem sido substituído pelas MANTAS E CHAPAS DE AQUECIMENTO.

O bico de Bunsen é um dispositivo usado em química para efetuar aquecimento de soluções em laboratório. O bico de Bun-sen foi aperfeiçoado por Robert Wilhelm Bunsen, a partir de um dispositivo desenhado por Michael Faraday. Em biologia, espe-cialmente em microbiologia e biologia molecular, é usado para manutenção de condições estéreis quando da manipulação de mi-croorganismos, DNA, etc.

O bico de Bunsen queima em segurança um fluxo contínuo de gás sem haver o risco da chama se propagar pelo tubo até o depó-sito de gás que o alimenta. Normalmente o bico de Bunsen queima gás natural, ou alternativamente um GPL, tal como propano ou butano, ou uma mistura de ambos. (O gás natural é basicamente metano com uma reduzida quantidade de propano e butano).

Diz-se que a área estéril do bico de bunsen seja de 10 cm. Quando a janela do Bico de Bunsen está fechada sua chama é igual à de uma vela, pois apenas queima o oxigênio que esta em volta e sua chama fica mais fraca.

Os bicos de Bunsen estão sendo substituídos hoje em dia por outros sistemas de aquecimento usando energia elétrica. Sistemas elétricos são mais seguros, pois não produzem chamas, eliminando assim o risco de reações não controladas.

Também são mais eficientes que os bicos de Bunsen pois con-seguem atingir temperaturas muito mais altas, e em uma área mui-to mais abrangente do que a chama atingiria.

Os bicos de Bunsen ainda são muito usados em laboratórios devido à velocidade com que conseguem atingir altas temperaturas e também para esterilização de materiais.

Bureta: Aparelho utilizado em análises volumétricas. Uma bureta é um instrumento de medição e transferência rigorosa de volumes líquidos.

Cadinho: Peça, geralmente de porcelana, cuja utilidade é aquecer substâncias a seco e com grande intensidade, por isto pode ser levado diretamente ao BICO DE BUNSEN.

Cápsula de Porcelana: Peça de porcelana usada para evapo-rar líquidos das soluções.

Chapa Elétrica e Agitador: É utilizada para o aquecimento de substâncias de uma forma em geral, principalmente as substâncias inflamáveis. Esta é a forma mais comum e segura de aquecimento em um laboratório de química, atualmente. Ela também pode ser utilizada para o agitamento de soluções, aquecidas ou não.

Condensador: Utilizado na destilação, tem como finalidade condensar vapores gerados pelo aquecimento de líquidos.

Dessecador: Usado para guardar substâncias em atmosfera com baixo índice de umidade. Um dessecador é um recipiente fe-chado que contém um agente de secagem chamado dessecante. A tampa é engraxada (com graxa de silicone) para que feche de for-ma hermética. É utilizado para guardar substancias em ambientes com baixo teor de umidade.

O agente dessecante mais utilizado é a sílica, que deve estar na coloração azul (seca). Quando a sílica fica na coloração aver-melhada, significa que já está saturada de água, impossibilitando que a mesma absorva a água do interior do dessecador. Como au-xílio ao processo de secagem de substâncias, é comum o acopla-mento de uma bomba de vácuo para reduzir a pressão no interior do dessecador, quando o mesmo apresenta uma válvula para esta finalidade na tampa. Após o vácuo desejado, a válvula é fechada e a bomba de vácuo desacoplada.

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Seu uso mais comum se dá nas etapas de padronização de so-luções, onde um sal de uma determinada substância é aquecido em estufa e posteriormente posto para esfriar sob pressão reduzida no interior do dessecador. O resfriamento a pressão reduzida e no in-terior do dessecador impede a absorção de água pelo sal enquanto sua temperatura se iguala à ambiente, para que seja posteriormente pesado.

Erlenmeyer: Utilizado em titulações, aquecimento de líqui-

dos e para dissolver substâncias e proceder reações entre soluções.

Estante para Tubo de Ensaio: É usada para suporte de os TUBOS DE ENSAIO.

Funil de Büchner: Utilizado em filtrações a vácuo. Pode ser usado com a função de FILTRO em conjunto com o KITASSATO.

Funil de Haste Longa: Usado na filtração e para retenção de partículas sólidas. Não deve ser aquecido.

Funil de Separação: Utilizado na separação de líquidos não miscíveis e na extração líquido/líquido.

Garra de Condensador: Usada para prender o condensador à haste do suporte ou outras peças como balões, erlenmeyers etc.

Kitassato: Utilizado em conjunto com o FUNIL DE BUCH-NER em FILTRAÇÕES a vácuo.

Manta Aquecedora: Equipamento usado juntamente com um balão de fundo redondo; é uma fonte de calor que pode ser regula-da quanto à temperatura.

Pinça de Madeira: Usada para prender o TUBO DE EN-SAIO durante o aquecimento.

Pinça Metálica: Usada para manipular objetos aquecidos.

Pipeta: Há dois tipos clássicos de pipetas:

- pipetas graduadas: possuem uma escala para medir volumes variáveis;

- pipetas volumétricas: possuem apenas um traço final, para indicar o volume fixo e final indicado por ela, sendo estas mais rigorosas que as graduadas.

Para utilizar uma destas pipetas é também necessário uma própipeta ou pompete, um pipet-aid ou um macro-filler. Estes podem ser colocados na ponta superior da pipeta, produzindo um abaixamento da pressão de seu interior e provocando a aspiração do líquido de tal forma a preencher a pipeta no volume desejado.

Um outro tipo de pipetas, usado especialmente em labo-ratórios de biologia, bioquímica ou quando há a necessidade de se transferir volumes muito reduzidos, é a micropipeta (imagem acima). Esta permite medir pequenos volumes, da ordem de mi-crolitros, porém, com precisão e exatidão geralmente inferiores às obtidas pelas pipetas graduadas e volumétricas de maior volume. Este tipo de pipeta utiliza pontas (no Brasil chamadas de ponteiras) descartáveis, feitas de polipropileno. O líquido aspirado por elas não entra ou não deve entrar no corpo principal da micropipeta, sob risco de adulterá-la e descalibrá-la.

Para biologia molecular, são utilizadas pontas com um filtro de polipropileno para não haver uma contaminação da micropi-peta. A micropipeta pode ser digital e eletrônica. A maioria das micropipetas são monocanais mas também existem micropipetas multicanais (8 e 12 canais). A micropipeta mais precisa do mundo é uma pipeta que mede zeptolitros e foi inventada pelo Brookha-ven National Laboratory.

Pisseta ou Frasco Lavador: Usada para lavagens de mate-riais ou recipientes através de jatos de água, álcool ou outros sol-ventes.

Proveta ou Cilindro Graduado: Serve para medir e transfe-rir volumes de líquidos. Não pode ser aquecida.

Suporte Universal: Utilizado em operações como:Filtração, Suporte para Condensador, Bureta, Sistemas de

Destilação etc. Serve também para sustentar peças em geral. Tela de Amianto: Suporte para as peças a serem aquecidas.

A função do amianto é distribuir uniformemente o calor recebido pelo BICO DE BUNSEN.

Tubo de Ensaio: Empregado para fazer reações em peque-na escala, principalmente em testes de reação em geral. Pode ser aquecido com movimentos circulares e com cuidado diretamente sob a chama do BICO DE BÜNSEN.

Tripé: Sustentáculo para efetuar aquecimentos de soluções em vidrarias diversas de laboratório. É utilizado em conjunto com a TELA DE AMIANTO.

Vidro de Relógio: Peça de Vidro de forma côncava é usada em análises e evaporações. Não pode ser aquecida diretamente.

Vidraria laboratorialO químico é um profissional que investiga a composição das

substâncias, as suas propriedades, suas transformações, os efeitos dessas transformações em novas substâncias e o desenvolvimento de modelos que possam explicar esses fenômenos. Além disso, ele atua no desenvolvimento de processos de análise, síntese de subs-tâncias e materiais, bem como na separação de misturas.

Mas para realizar esse trabalho de modo eficaz, os cientistas dependem cada vez mais da construção de aparelhos e equipamen-tos que tenham a maior precisão possível. Entre esses equipamen-tos, os mais usados pelos químicos são as vidrarias, que recebem esse nome exatamente porque são feitas de vidro temperado, dessa forma aguentam temperaturas muito elevadas.

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Didatismo e Conhecimento 37

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Cada vidraria é usada com uma finalidade específica. Já os mais estreitos, como as pipetas e os balões volumétricos, identifi-cam facilmente a variação de pequenas gotas no volume do reci-piente, sendo, portanto, mais precisos.

Veja as vidrarias mais usadas nos laboratórios de Química e suas aplicações:

Tubo de ensaio: Esse é um dos mais usados em laboratório, pois serve para testar reações em pequena escala, com poucos reagentes;

Béquer: Também é um dos mais usados em laboratório, servindo para diversas finalidades, tais como preparar soluções dissolvendo substâncias sólidas no solvente, aquecer líquidos ou soluções, realizar reações e misturas. Em algumas situações, ele é usado para se estimar o volume de líquido ou soluções, mas visto que ele é um recipiente mais largo, ele será impreciso na medida;

Erlenmeyer: Usado principalmente para preparar e guardar soluções, e em titulações, onde fica o titulado, isto é, a solução que queremos descobrir a concentração, com algum indicador ácido-base adicionado. Todas as funções exercidas pelo béquer também podem ser realizadas com o erlenmeyer, porém, essa última vi-draria tem a vantagem de seu formato ser mais afunilado, o que permite agitação manual sem que haja risco de perda do material;

Balão volumétrico: Utilizado para preparar volumes de soluções. Por ser mais estreito, o volume medido por ele é mais preciso;

Balão de fundo chato: Para preparar soluções, aquecê-las e realizar reações em que gases se desprendem;

Balão de fundo redondo: Tem os mesmos usos que o anterior, porém, pode ser aquecido de uma forma mais abrangente e é apropriado aos processos de destilação, em sistemas de refluxo e evaporação a vácuo;

Proveta: É um cilindro graduado usado para medir e transferir líquidos e soluções por escoamento. Não possui muita precisão;

Pipeta graduada: Todas as pipetas são usadas para medir e transferir volumes de líquidos ou soluções, em que se coloca o líquido por um orifício na extremidade inferior através da sucção. Para realizar essa sucção, geralmente, usa-se uma “pera de borra-cha”. Sua precisão é muito boa;

Pipeta volumétrica: Mesma aplicação da anterior, porém, o volume que é medido e transferido é fixo;

Bureta: Mede volumes de líquidos e soluções que são colo-cados pela abertura na parte superior. Eles são transferidos por es-coamento, na parte inferior. Seu principal benefício é possuir uma torneira que permite escoar com precisão a quantidade desejada, até mesmo gota a gota. Visto que ela possui graduações em toda a sua extensão, é possível realizar a leitura de volume escoado.

A bureta é muito usada em titulações, onde fica o titulante;

Vareta de vidro (ou bastão de vidro): Usada para agitar ou misturar soluções;

Funil de vidro: Realiza filtrações simples.

* Texto adaptado por Jennifer Rocha Vargas Fogaça.

6 NOÇÕES DE BIOSSEGURANÇA.

Biossegurança: Conceituações Essenciais

Existem várias definições para biossegurança, que a apre-sentam como ciência, conduta, conjunto de ações. Tais definições trazem como ponto comum, implícita ou explicitamente, a noção de controle dos riscos. Será considerada a definição existente nas Diretrizes gerais para o trabalho em contenção com material bio-lógico do Ministério da Saúde, em que biossegurança é a condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a pre-venir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e vegetal e o ambiente.

Pode-se afirmar que o conceito de biossegurança implica em uma abordagem técnico-científica do risco, segundo a qual o risco é entendido como “uma realidade objetiva, que pode ser medida, controlada e gerenciada”. A perspectiva técnico-científica consi-dera que os riscos podem ser avaliados e controlados de maneira exclusivamente científica. Sendo assim, as discussões e conflitos envolvendo o tema biossegurança estão ligados basicamente a uma avaliação técnico-científica dos riscos. Tal perspectiva não oferece respostas completas e adequadas a questões fundamentais relacionadas ao risco, tornando-se urgente e necessária a confron-tação das diversas noções de riscos, subjacentes ao debate sobre biossegurança.

O debate sobre o risco na perspectiva técnico-científica tende a se focalizar nas maneiras pelas quais o risco foi identificado e calculado, no nível de seriedade dos riscos e seus possíveis efeitos, nos métodos dos cálculos de risco, na discussão sobre a abrangên-cia dos modelos preditivos e nas formas como as pessoas perce-bem os riscos.

Não se trata de se desconsiderar e negar as contribuições do enfoque técnico-científico, pois, apenas se pode considerá-lo ana-liticamente deficiente se for feita a separação do marco funcional que o gera. Este enfoque torna-se extremamente útil quando são combinados de maneira adequada outros elementos que o cons-tituem, isto é, as representações individuais sobre insegurança, as formas institucionais de enfrentar esta insegurança e o conheci-mento necessário para estabilizar estas representações e alcançar a segurança ou ao menos minimizar a insegurança. Deve-se con-siderar que os riscos são objetos sociais relacionados a contextos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Ou seja, formar uma crença sobre um risco é uma ação simultanea-mente cognitiva e executiva, descritiva e normativa; ao se identi-ficar um risco também se faz uma criação e valoração do mesmo, pois se dá visibilidade às consequências danosas que poderiam existir em uma atividade ou em um elemento visto até então como inofensivo.

A utilização de somente uma perspectiva, neste caso a técni-co-científica, para se analisar e compreender um assunto tão com-plexo quanto o risco, pode tornar parciais e incompletas as respos-tas esperadas, pois as características globais dos riscos tendem a ser perdidas por orientações descontextualizadas e reducionistas oferecidas por uma única abordagem. Será, assim, interessante e útil que se discuta o conceito de biossegurança à luz da perspectiva que concebe o risco como uma entidade dinâmica que se manifesta em relações entre domínios materiais e sociais, ao invés de algo relacionado apenas a um determinado domínio.

Esta interpretação destaca a natureza sistêmica dos problemas contemporâneos, compreendendo que as possíveis soluções so-mente podem ser alcançadas, se forem considerados os problemas de escala e complexidade. Juntamente com esta abordagem, tam-bém é proposto um pluralismo epistêmico para os problemas, nos quais os métodos convencionais são pragmaticamente combinados para que se obtenham respostas satisfatórias.

O controle dos riscos, que é o princípio básico da biossegu-rança é um elemento considerável do esforço gradual da busca de proteção contra as ameaças à vida humana, um dos componentes fundamentais do processo civilizador. Contudo, a lógica da defesa acima de tudo, que impera em uma sociedade que busca incessan-temente controlar riscos, acaba por transformar-se no mais grave perigo, pois estes não desaparecem simplesmente porque procura-mos evitá-los.

Outro importante aspecto a ser destacado é o “mito da oposi-ção entre riscos reais e riscos percebidos”, que emerge do enfoque técnico-cientifico dos riscos subjacente a biossegurança. Este falso antagonismo gera sérias implicações, inclusive no campo da edu-cação, como será analisado posteriormente, pois quando as pessoas não interpretam as informações sobre os riscos ou não modificam seu comportamento no modo que é esperado pelos especialistas científicos, são definidas como irracionais (indicando ter déficit cognitivo), ignorando-se, assim, que as pessoas entendem a partir de sua própria lógica e racionalidade.

Muitas vezes utiliza-se a palavra educação em um sentido ex-tremamente amplo, compreendendo os efeitos indiretos produzi-dos sobre o caráter e sobre as faculdades do homem por objetos e instituições: as leis, as formas de governo, as artes ou até os fatos físicos, tais como o clima e o solo. Pode-se afirmar, ainda, que a educação é o principal instrumento de continuidade da vida hu-mana, pois permite que a vida, a memória e a cultura de um deter-minado grupo tenham continuidade, prossigam no tempo, mesmo depois do desaparecimento de uma geração de indivíduos de um grupo social.

A educação, de acordo com Durkheim, satisfaz necessidades sociais, tendo por objetivo, ao invés de comprimir e diminuir, en-grandecer o indivíduo, esforçando-se em torná-lo personalidade autônoma, criatura verdadeiramente humana. Educar significa en-volver o indivíduo em sua totalidade, considerando todas as variá-veis da história e da cultura de cada um, compreendendo-se que o aluno nunca aprende uma habilidade isoladamente.

Uma noção ampliada de educação considera, além do conhe-cimento científico, a sabedoria, ultrapassando, desta maneira, os interesses da ciência na sua busca por conhecimento e remeten-do-nos a outros interesses humanos. A arte de educar seria uma combinação de saber ou conhecimento científico e sabedoria ou experiência de vida com preocupações ético-sociais.

A etimologia do termo educação nos remete a conduzir, diri-gir ou elevar. Segundo John Dewey, a educação é uma atividade formadora, que modela os seres a partir da vida social. Colocando--se desta maneira, pode-se perguntar: se educar é modelar, o que diferencia a educação do adestramento, do treinamento mecânico?

É importante notar, a partir das reflexões de John Dewey que o meio social não implanta diretamente desejos e ideias e nem se limita a estabelecer meros hábitos musculares de ação. Aqui a pa-lavra “meio” significa algo mais do que lugar; ela se refere também às coisas e relações que exercem influência sobre a formação de alguém. “Assim, na medida em que as atividades de um indivíduo estão diretamente associadas às de outros, temos a noção de meio social”. Em tal meio, são estabelecidas condições que estimulam modos patentes de proceder; além disso, o indivíduo deve parti-cipar de alguma atividade comum, na qual “ele sinta, como seus próprios, os triunfos e os maus êxitos das mesmas”. Assim, algo que diferencia a educação do adestramento é o fato de na primeira ocorrer participação em atividades comuns, com o compartilha-mento de emoções e idéias, e modificação dos impulsos originais ou primários das ações, o que não ocorre pelo implante direto de certas idéias, nem pelo estabelecimento de meras variações mus-culares, como do caso do adestramento.

Importante ainda ressaltar a noção de educação como recons-trução da experiência, isto é, a capacidade, tanto do aluno quanto do professor, de refletir sobre a experiência e ordenar novamente o curso da ação; e também a ideia de desenvolvimento ou cresci-mento como algo contínuo.

Articulando Biossegurança e Educação Alguns estudos indicam que a informação e a formação

centrada em aspectos técnicos não são suficientes para reduzir a ocorrência de acidentes de trabalho. Assim, além de considerar os aspectos técnicos, deve-se atentar para os conflitos vividos pelo trabalhador na realização de seu trabalho e os seus recursos subje-tivos, que também são usados para solucionar problemas.

De acordo com estudo epidemiológico recente realizado em hospitais públicos brasileiros, o conhecimento dos profissionais de saúde sobre o conceito e as normas de biossegurança, a disponi-bilidade destas normas no ambiente de trabalho e a realização de treinamento em biossegurança não influenciaram positivamente na redução de acidentes no trabalho.

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O presente estudo considera a biossegurança como ação edu-cativa, ao invés de reduzi-la a treino e introjeção de normas (como muitas vezes é concebida), pois quando se faz referência à educa-ção, alude-se à totalidade da experiência dos agentes envolvidos, a atividades comuns, algo que não se reduz a um processo de con-dicionamento.

Deve-se voltar neste momento ao “mito da oposição entre ris-cos reais e riscos percebidos”. Este “mito” implica em reconhecer que os riscos reais são aqueles objetivamente reconhecidos pela ciência, enquanto que os riscos percebidos são aqueles “irracional-mente” captados pelo público. Se esta oposição for efetivamente considerada, consequentemente as pessoas são concebidas como “tábulas rasas” que devem ser treinadas e conscientizadas para que ajam conforme os especialistas científicos esperam.

É fundamental considerar que a comunicação pedagógica tem relação direta com a cultura do receptor, com seu meio familiar, com seus valores, enfim, com o habitus. A partir de Pierre Bourdieu, o habitus pode ser entendido como um conjunto disposições incorporadas (estruturas), que geram, unificam e retraduzem as características intrínsecas e relacionais de uma posição social em um estilo de vida. Porém, há nessa noção uma recusa a reduzir os agentes a meros recipientes passivos, considerando-os ativos e atuantes a partir de suas «matrizes de ação».

Habitus geram práticas distintas e distintivas, sendo simulta-neamente diferenciados e diferenciadores; habitus significa tam-bém uma espécie de senso prático, produto da incorporação de es-truturas objetivas. O conceito de habitus expressa, de modo simul-tâneo, a negação da consciência e do inconsciente, do finalismo e do mecanicismo, indicando um conhecimento adquirido e também um haver, uma disposição incorporada, quase postural.

Deve-se compreender o habitus como uma mediação funda-mental entre os saberes e as circunstâncias que produzem uma ação. É também uma noção que permite escapar do determinismo cultural, ou seja, julgar os agentes sociais como “idiotas culturais”. O conceito de habitus é ao mesmo tempo permeável e hábil, cap-tando, assim, a mudança e a continuidade.

A concepção pedagógica de aprendizagem significativa deve ser também enfatizada. Por aprendizagem significativa, com-preende-se aqui a articulação dos diversos tipos de conhecimentos adquiridos pelo profissional de saúde com o intuito de analisar e resolver os problemas inesperados. Por isso, há que se trabalhar com uma pedagogia diferenciada, que considere cada ator social com seus potenciais e dificuldades que esteja voltada à construção de sentidos, abrindo, assim, caminhos para a transformação e não para a reprodução acrítica da realidade social.

Se a biossegurança também pode ser compreendida como uma ação educativa, deve ser entendida então, não somente como um processo de aquisição de habilidades e conteúdos que objetivam preservar a saúde humana e ambiental, pois, como foi discutida neste ensaio, a ideia de educar ultrapassa a noção de transmissão de conhecimentos e treinos; educação implica em compartilha-mento de ações em levar em consideração as disposições, habitus dos agentes, e sobretudo em conceber os agentes realmente como sujeitos de aprendizagem, envolvendo os indivíduos em sua totali-dade, considerando suas diferenças e singularidades.

Enfim, educar em seu sentido amplo significa recusar a visão dos educandos como recipientes passivos de informações, “tábu-las rasas”, que devem ser adestradas e conscientizadas, ideia tão cara ao «mito da oposição entre riscos reais e riscos percebidos» subjacente à abordagem técnico-científica dos riscos implícita ao conceito de biossegurança.

Têm-se desta maneira um paradoxo e um desafio: como pode a biossegurança ser uma ação efetivamente educativa, se conceitual-mente sugere transmissão de informações e treinamento? Trata-se apenas de antagonismo superficial, falso paradoxo, porque qual-quer que seja a situação em que haja verdadeiramente educação, haverá reconstrução da experiência, reflexão sobre a mesma, reor-denamento do curso da ação, a participação em atividades comuns.

Além disto, a concepção de biossegurança como ação educa-tiva implica também em uma ruptura, pois, assim, ultrapassa-se a ideia de simples normatização de formas de trabalhar seguras, que em determinadas situações, representam apenas uma prevenção simbólica.

Conceber biossegurança como ação educativa significa con-siderar e respeitar o saber dos trabalhadores, propondo soluções a partir do conhecimento empírico dos agentes sobre os riscos no seu ambiente de trabalho, que se constitui em um dos pressupostos da ideia de uma saúde do trabalhador, ao invés de relacionada, pertencente ao próprio trabalhador.

Biossegurança

A biossegurança no Brasil está formatada legalmente para os processos envolvendo organismos geneticamente modificados e questões relativas a pesquisas científicas com células-tronco em-brionárias, de acordo com a Lei de Biossegurança – Nº 11.105 de 24 de Março de 2005.

O foco de atenção dessa Lei são os riscos relativos às téc-nicas de manipulação de organismos geneticamente modificados. O órgão regulador dessa Lei é a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), integrada por profissionais de diversos ministérios e indústrias biotecnológicas. Exemplo típico de discus-são legal da biossegurança são os alimentos transgênicos, produtos da engenharia genética.

Por outro lado, a palavra biossegurança, também aparece em ambientes onde a moderna biotecnologia não está presente, como, indústrias, hospitais, laboratórios de saúde pública, laboratórios de análises clínicas, hemocentros, universidades, etc., no sentido da prevenção dos riscos gerados pelos agentes químicos, físicos e ergonômicos, envolvidos em processos onde o risco biológico se faz presente ou não. Esta é a vertente da biossegurança, que na rea-lidade, confunde-se com a engenharia de segurança, a medicina do trabalho, a saúde do trabalhador, a higiene industrial, a engenharia clínica e a infecção hospitalar.

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Didatismo e Conhecimento 40

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Controle de Germes

Os germes são seres vivos infinitamente pequenos, não sendo possível vê-los a olho nu. Para serem visualizados, precisamos da ajuda de um microscópio. Por isso são chamados de microrganis-mos ou micróbios = micro (pequeno) bio (vida). Estes micróbios são classificados em:

- protozoários- fungos- vírus- bactérias

Como exemplo de doenças causadas por protozoários temos a Giardíase, doença intestinal que causa diarreia, a Doença de Chagas causada pelo trypanossoma ou a Toxoplasmose, doença transmitida pelo gato ou carne mal cozida de porco e carneiro con-taminados. Das doenças causadas por fungos, temos as micoses de pele e a Candidíase oral (sapinho) ou vaginal. Exemplos de doen-ças causadas por vírus temos a Gripe, a Hepatites e a AIDS. Como doenças bacterianas, os furúnculos, as amigdalites, as cistites, as diarreias e as pneumonias causadas por estes germes são alguns exemplos. Assim, fica ilustrado que os microrganismos, também chamados de agentes infecciosos, podem causar infecção.

Infecção é uma doença caracterizada pela presença de agentes infecciosos que provocam danos em determinados órgãos ou teci-dos do nosso organismo causando febre, dor, eritema (vermelhi-dão), edema (inchaço), alterações sanguíneas (aumento do numero de leucócitos) e secreção purulenta do local afetado, muitas vezes.

O nosso contato com microrganismos não significa obriga-toriamente que desenvolveremos doenças, muito pelo contrário, o homem, os animais e as plantas não apenas convivem com os germes, mas dependem direta ou indiretamente deles. Todas as áreas da Terra, que reúnem condições de vida, são habitadas por microrganismos e nós sempre convivemos com eles; inclusive em nosso corpo, onde eles auxiliam na proteção de nossa pele e mu-cosas contra a invasão de outros germes mais nocivos. Estes seres vivos minúsculos decompõem matéria orgânica transformando-a em sais minerais prontos para serem novamente sintetizados em substratos nutritivos que formarão os vegetais do qual homem e animais se alimentam. O homem (hospedeiro) e os germes (parasi-tas) convivem em pleno equilíbrio. Somente a quebra desta relação harmoniosa poderá causar a doença infecção.

A doença infecciosa é uma manifestação clínica de um dese-quilíbrio no sistema parasito-hospedeiro-ambiente, causado pelo aumento da patogenicidade do parasita em relação aos mecanis-mos de defesa anti-infecciosa do hospedeiro, ou seja, quebra-se a relação harmoniosa entre as defesas do nosso corpo e o número e virulência dos germes, propiciando a invasão deles nos órgãos do corpo. Alguns microrganismos possuem virulência elevada poden-do causar infecção no primeiro contato, independente das nossas defesas. Outros, usualmente encontrados na nossa microbiota nor-mal, não são tão virulentos, mas podem infectar o nosso organismo se diminuímos a nossa capacidade de defesa.

A capacidade de defesa anti-infecciosa é multifatorial, pois é influenciada pela nossa idade (bebês e idosos), estado nutricio-nal, doenças e cirurgias, stress, uso de corticoides, quimioterapia, radioterapia, doenças imunossupressoras (HIV, leucemia), fatores climáticos e precárias condições de higiene e habitação.

Na natureza, o estado de esterilidade, definido como ausência de microrganismo vivo, é excepcional e transitoriamente encon-trado no feto durante a gestação, excluindo os casos de bebês con-taminados via placentária pela mãe. O contato com os microrga-nismos começa com o nascimento, durante a passagem pelo canal vaginal do parto, onde a criança se contamina com os germes da mucosa vaginal e então se coloniza mantendo-se por toda a sua existência, até a decomposição total do organismo após a sua mor-te.

Cuidados com Biossegurança

Lavagem das Mãos: A lavagem rotineira das mãos com água e sabão, elimina além da sujidade (sujeira) visível ou não, todos os microrganismos que se aderem a pele durante o desenvolvimen-to de nossas atividade mesmo estando a mão enluvada. A lava-gem das mãos é a principal medida de bloqueio da transmissão de germes. Devemos lavar as mãos sempre, antes de iniciarmos uma atividade e logo após seu término, assim como fazemos em nosso dia a dia antes das refeições e após a ida ao banheiro. Mantenha suas unhas curtas e as mãos sem anéis para diminuir a retenção de germes.

Manipulação de Instrumentos e Materiais: Os instrumentos e materiais sujos com sangue, fluidos corporais, secreções e excre-ções devem ser manuseados de modo a prevenir a contaminação da pele e mucosas (olhos, nariz e boca), roupas, e ainda, prevenir a transferência de microrganismos para outros pacientes e ambiente. Todos os instrumentos reutilizados tem rotina de reprocessamento. Verifique para que estes estejam limpos ou desinfetados/esteriliza-dos adequadamente antes do uso em outro paciente ou profissio-nal. Confira se os materiais descartáveis de uso único estão sendo realmente descartados e se em local apropriado.

Manipulação de Materiais Cortantes e de Punção: Ao ma-nusear, limpar, transportar ou descartar agulhas, lâminas de bar-bear, tesouras e outros instrumentos de corte tenha cuidado para não se acidentar. A estes materiais chamamos de instrumentos per-furo cortantes.

Eles devem ser descartados em caixas apropriadas, rígidas e impermeáveis que devem ser colocadas próximo a área em que os materiais são usados. Nunca recape agulhas após o uso. Não remova com as mãos agulhas usadas das seringas descartáveis e não as quebre ou entorte. Para a reutilização de seringa anestésica descartável ou carpule, recape a agulha introduzindo-a no interior da tampa e pressionando a tampa ao encontro da parede da bandeja clínica de forma a não utilizar a mão neste procedimento. Seringas e agulhas reutilizáveis devem ser transportadas para a área de lim-peza e esterilização em caixa de inox ou bandeja.

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Didatismo e Conhecimento 41

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Ambiente e Equipamentos: Toda a unidade de saúde deve ter rotinas de limpeza e desinfecção de superfícies do ambiente e de equipamentos. Colabore na supervisão para conferir se estas me-didas estão sendo seguidas. Verifique estas rotinas nos próximos capítulos. Proteja as superfícies do contato direto, como botões, alças de equipamentos, teclados, mouses e monitores com barrei-ras do tipo filme plástico (PVC), papel alumínio ou outros mate-riais próprios a este fim. Este procedimento impede a aderência da sujidade, requerendo apenas desinfecção na hora da troca de barreiras entre pacientes, dispensando a limpeza da superfície do equipamento.

Roupas e Campos de Uso no Paciente: Manipule e transporte as roupas sujas com sangue, fluidos corporais, secreções e excre-ções com cuidado. Transporte-as em sacos plásticos. Os serviços de saúde que utilizam rouparia e campos reutilizáveis devem ter um sistema de lavanderia, própria ou terceirizada que garanta a desinfecção destas roupas.

Vacinação: Todos os profissionais de saúde devem estar vaci-nados contra a hepatite B e o tétano. Estas vacinas estão disponí-veis na rede pública municipal. Participe de todas as campanhas de vacinação que a Secretaria Municipal de Saúde promove. Vacina é proteção específica de doenças.

Equipamentos de Proteção Individual

Luvas: As luvas protegem de sujidade grosseira. Elas devem ser usadas em procedimentos que envolvam sangue, fluidos cor-porais, secreções, excreções (exceto suor), membranas mucosas, pele não íntegra e durante a manipulação de artigos contaminados. As luvas devem ser trocadas após contato com material biológico, entre as tarefas e procedimentos num mesmo paciente, pois po-dem conter uma alta concentração de microrganismos. Remova as luvas logo após usá-las, antes de tocar em artigos e superfícies sem material biológico e antes de atender outro paciente, evitan-do a dispersão de microrganismos ou material biológico aderido nas luvas. Lave as mãos imediatamente após a retirada das luvas para evitar a transferência de microrganismos a outros pacientes e materiais, pois há repasse de germes para as mãos mesmo com o uso de luvas. As luvas estéreis estão indicadas para procedimentos invasivos e assépticos. Luvas grossas de borracha estão indicadas para limpeza de materiais e de ambiente.

Máscaras, Óculos de Proteção ou Escudo Facial: A máscara cirúrgica e óculos de proteção ou escudo facial são utilizados em procedimentos e servem para proteger as mucosas dos olhos, nariz e boca de respingos (gotículas) gerados pela fala, tosse ou espirro de pacientes ou durante atividades de assistência e de apoio. Es-tas gotículas geradas por fonte humana tem diâmetro de até 5μ e se dispersam até um metro de distância quando se depositam nas superfícies. Elas podem ser de sangue, fluidos corporais, secreções e excreções ou líquidos contaminados como aquelas geradas du-rante a lavagem de materiais contaminados. Os procedimentos de

maior risco e dispersão de respingos são: broncoscopia, aspiração oral, nasal ou endotraqueal, passagem de sonda gástrica, cirurgias, suturas, técnicas laboratoriais de bioquímica e microbiologia e atendimento odontológico. Outra indicação de uso destes equipa-mentos é durante a manipulação de produtos químicos como em farmácia hospitalar, áreas de expurgo ou de desinfecção de artigos onde existe o risco químico de contato. As máscaras cirúrgicas de-vem ter um filtro bacteriano de até 5 μ de diâmetro. São de uso úni-co, mas durante procedimentos de longa duração, sua troca deverá ocorrer quando úmidas ou submetidas a respingos visíveis.

Protetor respiratório (respiradores): Usado para proteger as vias respiratórias contra poeiras tóxicas e vapores orgânicos ou químicos. É indicado para entrar em quarto de isolamento de pa-cientes com tuberculose pulmonar, sarampo ou varicela, doenças que são transmitidas via aérea quando inalamos os núcleos de go-tículas ressecadas suspensas no ar contendo os germes. Também é indicado no laboratório de microbiologia em técnicas de identifi-cação do bacilo da tuberculose. Outra indicação para o uso do pro-tetor respiratório, de um tipo específico, é no manuseio prolongado de glutaraldeído 2% usado para desinfecção de artigos em ambien-te pouco arejado, desde que este protetor tenha uma camada de carvão ativado (máscara escura). Este protetor com carvão ativado filtra gases tóxicos e odores. Seu uso também está indicado para ambientes ou atividades com odor fétido e desagradável.

É de uso individual, intransferível e reutilizável. Tem vida útil variável dependendo do tipo de contaminante, sua concentração, da frequência respiratória do usuário e da umidade do ambiente. Deve ser trocado sempre que se encontrar saturado (entupido), perfurado, rasgado ou com elástico solto, ou quando o usuário perceber o cheiro ou gosto do contaminante. Não deve ser feito nenhum tipo de reparo. Manusear com as mãos limpas e guardar em local limpo.

Instruções de uso do protetor respiratório:- Segure o respirador na mão e aproxime no rosto cobrindo a

boca e o nariz.- Puxe o elástico de cima, passando-o pela cabeça e ajustando-

-o acima das orelhas. Depois faça o mesmo com o elástico inferior, ajustando-o na nuca.

- Pressione o elemento metálico com os dedos de forma a moldá-lo ao formato do nariz.

- Para verificar o ajuste, coloque as mãos na frente do respira-dor e assopre fortemente. O ar não deve vazar pelas laterais.

- Para retirar, comece pelo elástico de baixo das orelhas e de-pois o outro.

- Profissionais imunizados por sarampo e varicela não neces-sitam de proteção respiratória, devendo estes serem escalados para o atendimento de pacientes portadores destas doenças infecciosas.

Avental e gorro: O avental (limpo, não estéril) serve para pro-teger a pele e prevenir sujidade na roupa durante procedimentos que tenham probabilidade de gerar respingos ou contato de san-gue, fluidos corporais, secreções ou excreções. O avental será se-

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Didatismo e Conhecimento 42

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

lecionado de acordo com a atividade e quantidade de fluido encon-trado (plástico ou tecido). O avental de plástico está indicado para lavagem de materiais em áreas de expurgo. O avental sujo será removido após o descarte das luvas e as mãos devem ser lavadas para evitar transferência de microrganismos para outros pacientes ou ambiente.

O gorro estará indicado especificamente para profissionais que trabalham com procedimentos que envolvam dispersão de aerossóis, projeção de partículas e proteção de pacientes quando o atendimento envolver procedimentos cirúrgicos. É o caso da equipe odontológica e outras especialidades como oftalmologia, otorrinolaringologia, cirurgia geral, cirurgia vascular e outras es-pecialidades cirúrgicas.

Tanto o avental quanto o gorro podem ser de diferentes teci-dos laváveis ou do tipo descartável de uso único. A lavagem domi-ciliar de aventais contaminados deve ser precedida de desinfecção, por 30 minutos em solução de hipoclorito de sódio a 0,02% (10ml de alvejante comercial a 2 a 2,5% para cada litro de água).

Calçados: Os calçados indicados para o ambiente com sujeira orgânica são aqueles fechados de preferência impermeáveis (cou-ro ou sintético). Evita-se os de tecido que umedecem e retém a sujeira. Escolha os calçados cômodos e do tipo antiderrapante. Se o local tiver muita umidade, como em lavanderias, usar botas de borracha.

Manual de Biossegurança

As atividades a serem desenvolvidas no Programa de Bio-ssegurança devem permitir o aprendizado e o crescimento do profissional na sua área. Os líquidos biológicos e os sólidos, os quais manuseamos nos laboratórios, são, quase sempre, fontes de contaminação. Os cuidados que devemos ter para não haver contaminação cruzada dos materiais, não contaminar o pessoal do laboratório, da limpeza, os equipamentos, o meio ambiente através de aerossóis e os cuidados com o descarte destes materiais fazem parte das Boas Práticas em Laboratório Clínico (BPLC), seguindo as regras da Biossegurança. Para cada procedimento há uma regra já definida em Manuais, Resoluções, Normas ou Instruções Nor-mativas.

- O local de trabalho deve ser mantido sempre em ordem.- Aos chefes de grupo cabe a responsabilidade de orientar seu

pessoal e exigir o cumprimento das regras, sendo os mesmos, res-ponsáveis diretos por abusos e falta de capacitação profissional para utilizar os equipamentos, reagentes e infraestrutura.

- Antes de utilizar qualquer dependência que não seja a do laboratório em que se encontra trabalhando, o estagiário deverá pedir permissão ao responsável direto pelo mesmo.

- Para sua segurança, procure conhecer os perigos oferecidos pelos produtos químicos utilizados no seu trabalho.

- Procure inteirar-se das técnicas que você utiliza. Ciência não é mágica. O conhecimento dos porquês pode ser muito útil na so-lução de problemas técnicos.

- Na dúvida, pergunte.

- Ao perceber que um aparelho está quebrado, comunique imediatamente ao chefe do setor para que o reparo possa ser pro-videnciado.

- Ao perceber algo fora do lugar, coloque-o no devido lugar. A iniciativa própria para manter a ordem é muito bem-vinda e ante-cipadamente agradecida.

- Planeje bem os seus protocolos e realize os procedimentos operacionais dos mesmos. Idealmente, antes de começar um expe-rimento, você deve saber exatamente o que será consumido, sobre-tudo no tocante ao uso de material importado.

- Trabalho com patógenos não deve ser realizado em local mo-vimentado. O acesso ao laboratório deve ser restrito a pessoas que, realmente, manuseiem o material biológico.

- O trânsito pelos corredores com material patogênico deve ser evitado ao máximo. Quando necessário, utilize bandejas. Aquele que nunca trabalhou com patógenos, antes de começar a manuseá--los, deve: Estar familiarizado com estas normas; Ter recebido in-formações e um treinamento adequado em técnicas e conduta geral de trabalho em laboratório (pipetagem, necessidade de manter-se a área de trabalho sempre limpa, etc.)

- Ao iniciar o trabalho com patógenos, o estagiário deverá fi-car sob a supervisão de um pesquisador experimentado, antes de estar completamente capacitado para o trabalho em questão.

- Saída da área de trabalho, mesmo que temporariamente, usando luvas (mesmo que o pesquisador tenha certeza de que não estão contaminadas), máscara ou avental, é estritamente proibida. Não se deve tocar com as luvas em maçanetas, interruptores, tele-fone, etc. (Só se deve tocar com as luvas o material estritamente necessário ao trabalho).

- Seja particularmente cuidadoso para não contaminar apare-lhos dentro ou fora da sala (use aparelhos extras, apenas em caso de extrema necessidade).

- Em caso de acidente: A área afetada deve ser lavada com água corrente em abundância; Álcool iodado deve ser passado na área afetada (com exceção dos olhos, que devem ser lavados exaustivamente com água destilada); Em caso de ferida, deve ser lavada com água corrente e comprimida de forma a sair sangue (cuidado para não aumentar as dimensões da ferida deve ser to-mado); Os acidentes devem ser comunicados, imediatamente, ao responsável pelo setor e a direção do Instituto para discussão das medidas a serem adotadas;

- As normas de trabalho com material radioativo e com mate-rial patogênico devem ser lidas com atenção antes de se começar a trabalhar com os mesmos.

- Recomendação final para minimizar o risco de acidentes: não trabalhe sob tensão.

Biossegurança - Definição

Biossegurança é um conjunto de procedimentos, ações, técni-cas, metodologias, equipamentos e dispositivos capazes de elimi-nar ou minimizar riscos inerentes as atividades de pesquisa, produ-ção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos.

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Didatismo e Conhecimento 43

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Tipos de Risco(Portaria do Ministério do Trabalho, MT no. 3214, de

08/06/78)- Riscos de Acidentes- Riscos Ergonômicos- Riscos Físicos- Riscos Químicos- Riscos Biológicos

Riscos de Acidentes: Considera-se risco de acidente qual-quer fator que coloque o trabalhador em situação de perigo e pos-sa afetar sua integridade, bem estar físico e moral. São exemplos de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado, etc.

Riscos Ergonômicos: Considera-se risco ergonômico qual-quer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador causando desconforto ou afetando sua saúde. São exemplos de risco ergonômico: o levantamento e transporte ma-nual de peso, o ritmo excessivo de trabalho, a monotonia, a repe-titividade, a responsabilidade excessiva, a postura inadequada de trabalho, o trabalho em turnos, etc.

Riscos Físicos: Consideram-se agentes de risco físico as di-versas formas de energia a que possam estar expostos os traba-lhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, tempe-raturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, ultrassom, materiais cortantes e pontiagudos, etc.

Riscos Químicos: Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostas ou produtos que possam penetrar no orga-nismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Riscos Biológicos: Consideram-se agentes de risco biológico as bactérias, fungos, parasitos, vírus, entre outros.

Classificação de risco biológico: Os agentes de risco bioló-gico podem ser distribuídos em quatro classes de 1 a 4 por ordem crescente de risco (anexo 1), classificados segundo os seguintes critérios:

- Patogenicidade para o homem.- Virulência.- Modos de transmissão- Disponibilidade de medidas profiláticas eficazes.- Disponibilidade de tratamento eficaz.- Endemicidade.

Métodos de Controle de Agente de RiscoOs elementos básicos para contenção de agentes de risco:

Boas Práticas de Laboratório - GLP- Observância de práticas e técnicas microbiológicas padro-

nizadas.- Conhecimento prévio dos riscos.- Treinamento de segurança apropriado.

- Manual de biossegurança (identificação dos riscos, especifi-cação das práticas, procedimentos para eliminação de riscos).

Recomendações Gerais- Nunca pipete com a boca, nem mesmo água destilada. Use

dispositivos de pipetagem mecânica.

- Não coma, beba, fume, masque chiclete ou utilize cosméti-cos no laboratório.

- Evite o hábito de levar as mãos à boca, nariz, olhos, rosto ou cabelo, no laboratório.

- Lave as mãos antes de iniciar o trabalho e após a manipu-lação de agentes químicos, material infeccioso, mesmo que tenha usado luvas de proteção, bem como antes de deixar o laboratório.

- Objetos de uso pessoal não devem ser guardados no labo-ratório.

- Utilize jalecos ou outro tipo de uniforme protetor, de algo-dão, apenas dentro do laboratório. Não utilize essa roupa fora do laboratório.

- Não devem ser utilizadas sandálias ou sapatos abertos no laboratório.

- Utilize luvas quando manusear material infeccioso.- Não devem ser usados joias ou outros adornos nas mãos,

porque podem impedir uma boa limpeza das mesmas.- Mantenha a porta do laboratório fechada. Restrinja e contro-

le o acesso do mesmo.- Não mantenha plantas, bolsas, roupas ou qualquer outro ob-

jeto não relacionado com o trabalho dentro do laboratório.- Use cabine de segurança biológica para manusear material

infeccioso ou materiais que necessitem de proteção contra conta-minação.

- Utilize dispositivos de contenção ou minimize as atividades produtoras de aerossóis, tais como operações com grandes volu-mes de culturas ou soluções concentradas.

Essas atividades incluem: centrifugação (utilize sempre copos de segurança), misturadores tipo Vortex (use tubos com tampa), homogeneizadores (use homogeneizadores de segurança com copo metálico), sonicagem, trituração, recipientes abertos de ma-terial infeccioso, frascos contendo culturas, inoculação de animais, culturas de material infeccioso e manejo de animais.

- Qualquer pessoa com corte recente, com lesão na pele ou com ferida aberta (mesmo uma extração de dente), devem abster--se de trabalhar com patógenos humanos.

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Didatismo e Conhecimento 44

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

- Coloque as cabines de segurança biológica em áreas de pou-co trânsito no laboratório, minimize as atividades que provoquem turbulência de ar dentro ou nas proximidades da cabine.

- As cabines de segurança biológica não devem ser usadas em experimentos que envolvam produtos tóxicos ou compostos carci-nogênicos. Neste caso utilizam-se capelas químicas.

- Descontamine todas as superfícies de trabalho diariamente e quando houver respingos ou derramamentos. Observe o processo de desinfecção específico para escolha e utilização do agente de-sinfetante adequado.

- Coloque todo o material com contaminação biológica em re-cipientes com tampa e a prova de vazamento, antes de removê-los do laboratório para autoclavação.

- Descontamine por autoclavação ou por desinfecção quími-ca, todo o material com contaminação biológica, como: vidraria, caixas de animais, equipamentos de laboratório, etc..., seguindo as recomendações para descarte desses materiais.

- Descontamine todo equipamento antes de qualquer serviço de manutenção.

- Cuidados especiais devem ser tomados com agulhas e se-ringas. Use-as somente quando não houver métodos alternativos.

- Seringas com agulhas ao serem descartadas devem ser depo-sitadas em recipientes rígidos, a prova de vazamento e embalados como lixo patológico.

- Vidraria quebrada e pipetas descartáveis, após descontami-nação, devem ser colocadas em caixa com paredes rígidas rotulada “vidro quebrado” e descartada como lixo geral.

- Saiba a localização do mais próximo lava olhos, chuveiro de segurança e extintor de incêndio. Saiba como usá-los.

- Mantenha preso em local seguro todos os cilindros de gás, fora da área do laboratório e longe do fogo.

- Zele pela limpeza e manutenção de seu laboratório, cumprin-do o programa de limpeza e manutenção estabelecido para cada área, equipamento e superfície.

- Todo novo funcionário ou estagiário deve ter treinamento e orientação específica sobre Boas Práticas Laboratoriais e Princí-pios de Biossegurança aplicados ao trabalho que irá desenvolver.

- Qualquer acidente deve ser imediatamente comunicado à chefia do laboratório, registrado em formulário específico e enca-minhado para acompanhamento junto a Comissão de Biosseguran-ça da Instituição.

- Fique atento à qualquer alteração no seu quadro de saúde e dos funcionários sob sua responsabilidade, tais como: gripes, aler-gias, diarreias, dores de cabeça, enxaquecas, tonturas, mal estar em geral, etc... e notifique imediatamente à chefia do laboratório.

Barreiras Primárias

Equipamento de Proteção Individual – EPI: São empre-gados para proteger o pessoal da área de saúde do contato com agentes infecciosos, tóxicos ou corrosivos, calor excessivo, fogo e outros perigos. A roupa e o equipamento servem também para evi-tar a contaminação do material em experimento ou em produção. São exemplos:

Luvas: As luvas são usadas como barreira de proteção preve-nindo contra contaminação das mãos ao manipular material conta-minado, reduzindo a probabilidade de que microrganismos presen-tes nas mãos sejam transmitidos durante procedimentos. O uso de luvas não substitui a necessidade da lavagem das mãos porque elas podem ter pequenos orifícios inaparentes ou danificar-se durante o uso, podendo contaminar as mãos quando removidas.

- Usar luvas de látex sempre que houver chance de contato com sangue, fluídos do corpo, dejetos, trabalho com microrganis-mos e animais de laboratório.

- Usar luvas de PVC para manuseio de citostáticos (mais resis-tentes, porém menos sensibilidade).

- Lavar instrumentos, roupas, superfícies de trabalho sempre usando luvas.

- Não usar luvas fora da área de trabalho, não abrir portas, não atender telefone.

- Luvas (de borracha) usadas para limpeza devem permane-cer 12 horas em solução e Hipoclorito de Sódio a 0,1% (1g/l de cloro livre = 1000 ppm). Verificar a integridade das luvas após a desinfecção.

- Nunca reutilizar as luvas, descartá-las de forma segura.

Jaleco: Os vários tipos de jalecos são usados para fornecer uma barreira de proteção e reduzir a oportunidade de transmissão de microrganismos. Previnem a contaminação das roupas do pes-soal, protegendo a pele da exposição a sangue e fluidos corpóreos, salpicos e derramamentos de material infectado.

- São de uso constante nos laboratórios e constituem uma pro-teção para o profissional.

- Devem sempre ser de mangas longas, confeccionados em algodão ou fibra sintética (não inflamável).

- Os descartáveis devem ser resistentes e impermeáveis.- Uso de jaleco é permitido somente nas áreas de trabalho.

Nunca em refeitórios, escritórios, bibliotecas, ônibus,Etc.- Jalecos nunca devem ser colocados no armário onde são

guardados objetos pessoais.- Devem ser descontaminados antes de serem lavados.

Outros Equipamentos- Óculos de Proteção e Protetor Facial (protege contra salpi-

cos, borrifos, gotas, mpacto).- Máscara (tecido, fibra sintética descartável, com filtro HEPA,

filtros para gases, ó, etc.).- Avental impermeável.- Uniforme de algodão, composto de calça e blusa.- Luvas de borracha, amianto, couro, algodão e descartáveis.- Dispositivos de pipetagem (borracha peras, pipetadores au-

tomáticos, etc.).

Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC): São equipamen-tos que possibilitam a proteção do pessoal do laboratório, do meio ambiente e da pesquisa desenvolvida. São exemplos:

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Didatismo e Conhecimento 45

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Cabines de Segurança: As Cabines de Segurança Biológica constituem o principal meio de contensão e são usadas como bar-reiras primárias para evitar a fuga de aerossóis para o ambiente. Há três tipos de cabines de segurança biológica:

Classe IClasse II – A, B1, B2, B3.Classe III

Procedimento correto para uso da Cabine de Segurança Bioló-gica encontra-se no anexo 2.

Fluxo laminar de ar: Massa de ar dentro de uma área con-finada movendo-se com velocidade uniforme ao longo de linhas paralelas.

Capela química nb: Cabine construída de forma aerodinâmi-ca cujo fluxo de ar ambiental não causa turbulências e correntes, assim reduzindo o perigo de inalação e contaminação do operador ambiente.

Chuveiro de emergência: Chuveiro de aproximadamente 30 cm de diâmetro, acionado por alavancas de mão, cotovelos ou joe-lhos. Deve estar localizado em local de fácil acesso.

Lava olhos: Dispositivo formado por dois pequenos chuvei-ros de média pressão, acoplados a ma bacia metálica, cujo ângulo permite direcionamento correto do jato de água. Pode fazer parte do chuveiro de emergência ou ser do tipo frasco de lavagem ocular.

Manta ou cobertor: Confeccionado em lã ou algodão grosso, não podendo ter fibras sintéticas. Utilizado ara abafar ou envolver vítima de incêndio.

Vaso de areia: Também chamado de balde de areia, é utiliza-do sobre derramamento de álcalis para neutralizá-lo.

Extintor de incêndio a base de água: Utiliza o CO2 como propulsor. É usado em papel, tecido e madeira. Não usar em eletri-cidade, líquidos inflamáveis, metais em ignição.

Extintor de incêndio de CO2 em pó: Utiliza o CO2 em pó como base. A força de seu jato é capaz de disseminar os materiais incendiados. É usado em líquidos e gases inflamáveis, fogo de ori-gem elétrica. Não usar em metais alcalinos e papel.

Extintor de incêndio de pó seco: Usado em líquidos e gases inflamáveis, metais do grupo dos álcalis, fogo de origem elétrica.

Extintor de incêndio de espuma: Usado para líquidos infla-máveis. Não usar para fogo causado por eletricidade.

Extintor de incêndio de BCF: Utiliza o bromoclorodifluo-rometano. É usado em líquidos inflamáveis, incêndio de origem elétrica. O ambiente precisa ser cuidadosamente ventilado após seu uso.

MANGUEIRA DE INCÊNDIO: Modelo padrão, compri-mento e localização são fornecidos pelo Corpo de Bombeiros.

Procedimentos para descarte dos resíduos gerados em La-boratório

Resíduos infectantes: Estes resíduos podem ser divididos em quatro grupos a saber:

Material proveniente de áreas de isolamento: Incluem-se aqui, sangue e secreções de pacientes que apresentam doenças transmissíveis.

Material biológico: Composto por culturas ou estoques de microrganismos provenientes de laboratórios clínicos ou de pes-quisa, meios de cultura, placas de Petri, instrumentos usados para manipular, misturar ou inocular microrganismos, vacinas vencidas ou inutilizadas, filtros e ases aspiradas de áreas contaminadas.

Sangue humano e hemoderivados: Composto por bolsas de sangue com prazo de utilização vencida, inutilizada ou com so-rologia positiva, amostras de sangue para análise, soro, plasma, e outros subprodutos.

Procedimentos recomendados para o descarte- As disposições inadequadas dos resíduos gerados em labo-

ratório poderão constituir ocos de doenças infectocontagiosas se, não forem observados os procedimentos para seu tratamento.

- Lixo contaminado deve ser embalado em sacos plásticos para o lixo tipo 1, de capacidade máxima de 100 litros, indicados pela NBR 9190 da ABNT.

- Os sacos devem ser totalmente fechados, de forma a não permitir o derramamento de seu conteúdo, mesmo se virados para baixo. Uma vez fechados, precisam ser mantidos íntegros até o processamento ou destinação final do resíduo. Caso ocorram rom-pimentos frequentes dos sacos, deverão ser verificados, a qualida-de do produto ou os métodos de transporte utilizados. Não se ad-mite abertura ou rompimento de saco contendo resíduo infectante sem tratamento prévio.

- Havendo derramamento do conteúdo, cobrir o material der-ramado com uma solução desinfetante (por exemplo, hipoclorito de sódio a 10.000 ppm), recolhendo-se em seguida. Proceder, de-pois, a lavagem do local. Usar os equipamentos de proteção ne-cessários.

- Todos os utensílios que entrarem em contato direto com o material deverão passar por desinfecção posterior.

- Os sacos plásticos deverão ser identificados com o nome do laboratório de origem, sala, técnica responsável e data do descarte.

- Autoclavar a 121 C (125F), pressão de 1 atmosfera (101kPa, 151 lb/in acima da pressão atmosférica) durante pelo menos 20 minutos.

- As lixeiras para resíduos desse tipo devem ser providas de tampas.

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Didatismo e Conhecimento 46

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

- Estas lixeiras devem ser lavadas, pelo menos uma vez por semana, ou sempre que houver vazamento do saco.

Resíduos perfuro cortantes: Os resíduos perfuro cortantes constituem a principal fonte potencial de riscos, tanto de acidentes físicos como de doenças infecciosas. São compostos por: agulhas, ampolas, pipetas, lâminas de bisturi, lâminas de barbear e qualquer vidraria quebrada ou que se quebre facilmente.

Procedimentos recomendados para o descarte- Os resíduos perfuro cortantes devem ser descartados em re-

cipientes de paredes rígidas, com tampa e resistentes à autoclava-ção. Estes recipientes devem estar localizados tão próximo quanto possíveis da área de uso dos materiais.

- Os recipientes devem ser identificados com etiquetas autoco-lantes, contendo informações sobre o laboratório de origem, técni-co responsável pelo descarte e data do descarte.

- Embalar os recipientes, após tratamento para descontami-nação, em sacos adequados para descarte identificados como ma-terial perfuro cortantes e descartar como lixo comum, caso não sejam incinerados.

- A agulha não deve ser retirada da seringa após o uso.- No caso de seringa de vidro, levá-la juntamente com a agu-

lha para efetuar o processo de descontaminação.- Não quebrar, entortar ou recapear as agulhas.

Resíduos radioativos: Compostos por materiais radioati-vos ou contaminados com radionuclídeos com baixa atividade provenientes de laboratórios de pesquisa em química e biologia, laboratórios de análises clínicas e serviços de Medicina Nuclear. São normalmente, sólidos ou líquidos (seringas, papel absorvente, frascos, líquidos derramados, urina, fezes, etc.). Resíduos radioa-tivos, com atividade superior às recomendadas pela Comissão Na-cional de Energia Nuclear (CNEN), deverão ser acondicionados em depósitos de decaimento (até que suas atividades se encontrem dentro do limite permitido para sua eliminação).

Procedimentos específicos para o descarte- Não misturar rejeitos radioativos líquidos com sólidos.- Preveja o uso de recipientes especiais, etiquetados e apro-

priados à natureza do produto radioativo em questão.- Coletar materiais como agulhas, ponteiras de pipetas e ou-

tros objetos afiados, contaminados por radiação, em recipientes específicos, com sinalização de radioatividade.

- Os containers devem ser identificados com: Isótopo presen-te, tipo de produto químico e concentração, volume do conteúdo, laboratório de origem, técnico responsável pelo descarte e a data do descarte.

- Os rejeitos não devem ser armazenados no laboratório, mas sim em um local previamente adaptado para isto, aguardando o recolhimento.

- Considerar como de dez meias vidas o tempo necessário para obter um decréscimo quase total para a atividade dos materiais (fontes não seladas) empregadas na área biomédica.

- Pessoal responsável pela coleta de resíduos radioativos de-vem utilizar vestimentas protetoras e luvas descartáveis. Estas se-rão eliminadas após o uso, também, como resíduo radioativo.

- Em caso de derramamento de líquidos radioativos, poderão ser usados papéis absorventes ou areia, dependendo da quantidade derramada. Isto impedirá seu espalhamento. Estes deverão ser eli-minados juntos com outros resíduos radioativos.

Observações Importantes: Os Procedimentos estabelecidos para a eliminação de rejeitos radioativos foram padronizados pela Norma CNEN-NE-6.05 (CNEN, 1985). O pessoal envolvido na manipulação desses rejeitos devem receber treinamento específico para realização dessa atividade, além de uma regular vigilância médico sanitária.

Resíduos Químicos: Os resíduos químicos apresentam riscos potenciais de acidentes inerentes às suas propriedades específicas. Devem ser consideradas todas as etapas de seu descarte com a fi-nalidade, de minimizar, não só acidentes decorrentes dos efeitos agressivos imediatos (corrosivos e toxicológicos), como os riscos cujos efeitos venham a se manifestar a mais longo prazo, tais como os teratogênicos, carcinogênicos e mutagênicos. São compostos por resíduos orgânicos ou inorgânicos tóxicos, corrosivos, infla-máveis, explosivos, teratogênicos, etc.

Para a realização dos procedimentos adequados de descarte, é importante a observância do grau de toxicidade e do procedimento de não mistura de resíduos de diferentes naturezas e composições. Com isto, é evitado o risco de combinação química e combustão, além de danos ao ambiente de trabalho e ao meio ambiente. Para tanto, é necessário que a coleta desses tipos de resíduos seja pe-riódica.

Os resíduos químicos devem ser tratados antes de descarta-dos. Os que não puderem ser recuperados, devem ser armazenados em recipientes próprios para posterior descarte.

No armazenamento de resíduos químicos devem ser conside-rados a compatibilidade dos produtos envolvidos, a natureza do mesmo e o volume.

Procedimentos Gerais de Descarte- Cada uma das categorias de resíduos orgânicos ou inorgâni-

cos relacionados deve ser separada, acondicionada, de acordo com procedimentos e formas específicas e adequadas a cada categoria. Na fonte produtora do rejeito e em sua embalagem deverão existir os símbolos internacionais estabelecidos pela Organização Inter-nacional de Normalização (ISO) e pelo Comitê de Especialistas em Transporte de Produtos Perigosos, ambos da Organização das Nações Unidas, adequados a cada caso.

- Além do símbolo identificador da substância, na embalagem contendo esses resíduos deve ser afixada uma etiqueta autoadesi-va, preenchida em grafite contendo as seguintes informações: La-boratório de origem, conteúdo qualitativo, classificação quanto à natureza e advertências.

- Os rejeitos orgânicos ou inorgânicos sem possibilidade de descarte imediato devem ser armazenados em condições adequa-das específicas.

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Didatismo e Conhecimento 47

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

- Os resíduos orgânicos ou inorgânicos deverão ser desativa-dos com o intuito de transformar pequenas quantidades de produ-tos químicos reativos em produtos derivados inócuos, permitindo sua eliminação sem riscos. Este trabalho deve ser executado com cuidado, por pessoas especializadas.

- Os resíduos que serão armazenados para posterior recolhi-mento e descarte/incineração, devem ser recolhidos separadamen-te em recipientes coletores impermeáveis a líquidos, resistentes, com tampas rosqueadas para evitar derramamentos e fechados para evitar evaporação de gases.

- Resíduos inorgânicos tóxicos e suas soluções aquosas – Sais inorgânicos de metais tóxicos e suas soluções aquosas devem ser previamente diluídos a níveis de concentração que permitam o descarte direto na pia em água corrente.

Concentrações máximas permitidas ao descarte direto na pia para cada metal:

Cádmio - no máximo 1 mg/LChumbo- no máximo 10 mg/LZinco- no máximo 5 mg/LCobre- no máximo 5 mg/LCromo- no máximo 10 mg/LPrata- no máximo 1 mg/L

- Resíduos inorgânicos ácidos e suas soluções aquosas – Di-luir com água, neutralizar com bases diluídas e, descartar na pia em água corrente.

- Resíduos inorgânicos básicos e suas soluções aquosas – Di-luir com água, neutralizar com ácidos diluídos e descartar na pia em água corrente.

- Resíduos inorgânicos neutros e suas soluções aquosas – Di-luir com água e descartar na pia em água corrente.

- Resíduos inorgânicos insolúveis em água:- Com risco de contaminação ao meio ambiente – armazenar

em frascos etiquetados e de conteúdo similar, para posterior reco-lhimento.

- Sem risco de contaminação ao meio ambiente – coletar em saco plástico e descartar como lixo comum.

- Resíduos orgânicos e suas soluções aquosas tóxicas – co-letar em frascos etiquetados e de conteúdo similar para posterior recolhimento.

- Resíduos orgânicos ácidos e suas soluções aquosas – diluir com água, neutralizar com ácidos diluídos e descartar na pia em água corrente.

- Resíduos orgânicos básicos e suas soluções aquosas – diluir com água, neutralizar com ácidos diluídos e descartar na pia em água corrente.

- Resíduos orgânicos neutros e suas soluções aquosas – diluir com água e descartar na pia em água corrente.

- Resíduos orgânicos sólidos insolúveis em água:- Com risco de contaminação ao meio ambiente – armazenar

em frascos etiquetados e de conteúdo similar para posterior reco-lhimento.

- Sem risco de contaminação ao meio ambiente – coletar em sacos plásticos e descartar em lixo comum.

- Resíduos de solventes orgânicos:- Solventes halogenados puros ou em mistura – armazenar em

frascos etiquetados e de conteúdo similar para posterior recolhi-mento.

- Solventes isentos de halogenados, puros ou em mistura – co-letar em frascos etiquetados e de conteúdo similar, para posterior incineração.

- Solventes isentos de toxicidade, puros ou em solução aquo-sa, utilizados em grande volume – coletar em frascos etiquetados e de conteúdo similar para posterior recuperação.

- Solventes que formam peróxidos e suas misturas – coletar em frascos, adicionar substâncias que impeçam a formação de pe-róxidos, etiquetar, para posterior incineração.

Resíduos Comuns: Composto por todos os resíduos que não se enquadram em nenhuma das categorias anteriores e que, por sua semelhança com os resíduos domésticos comuns, podem ser considerados como tais.

Rotinas de Esterilização

Vidraria a ser autoclavada de rotina: A vidraria deve ser auto-clavada a 120O C por 20 minutos e postas para secar em estufa. A vidraria com tampa de poliestireno não deve ser submetida a temperatura acima de 50O C no forno. Os demais materiais a se-rem esterilizados devem ser solicitados, diretamente, ao pessoal da esterilização, pelos próprios usuários.

1. Tubos de ensaio, frascos e pipetas:

- Contaminados ou sujos com material proteico: Após o uso imergi-los em solução de hipoclorito de sódio a 1% em vasilhames apropriados (pipetas Pasteur e demais separadamente) por, no mí-nimo, 12 horas.

- Vidraria suja com material aderente (Nujol, Percoll, Adju-vantes oleosos, etc.): Lavar em água de torneira e colocá-los em solução de Extran a 2% próximos a pia das salas dos laboratórios por um período mínimo de 04 horas (Pipetas Pasteur e demais se-paradamente). Observação: A vidraria maior que não couber den-tro dos vasilhames deve ser tratada colocando-se a solução desin-fetante ou detergente dentro da mesma.

- Vidrarias utilizadas com água ou soluções tampões sem pro-teínas: Os frascos deverão ser lavados pelo próprio usuário, em água corrente e, em seguida, três vezes em água destilada, colo-cados para secar deixando-os emborcados sobre papel toalha no laboratório, próximo a pia. Após secarem, deverão ser tampados com papel alumínio e guardados nos armários. Tubos e pipetas deverão ser processados como se estivessem contaminados.

- Pipetas sujas com gel: Colocar em vasilhames separados e ferver antes de juntar as demais pipetas.

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Didatismo e Conhecimento 48

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

2. Lâminas e LamínulasColocar nos vasilhames apropriados e rotulados para as mes-

mas com solução de hipoclorito a 1%. Após o trabalho, colocar as lâminas e lamínulas em vasilhames separados. Lavar as lamínulas no laboratório e colocar em vasilhames contendo álcool, na mesa de apoio do fluxo.

3 - Câmara e Lamínula de Neubauer e Homogeneizadores de Vidro: Após uso, colocar em vasilhame imergindo em hipoclorito a 1%. Após 1 hora, lavar em água corrente, secar e guardar.

Material Plástico

1) Frasco, tubos de ensaio, seringas, ponteiras e tampas- Contaminados: Imergir em hipoclorito de sódio a 1% no

mesmo vasilhame utilizado para as vidrarias, com exceção das ponteiras, que deverão ser colocadas em recipientes menores, se-parados. Observação: Encher as ponteiras com a solução de hipo-clorito ao desprezá-las.

- Não contaminados, porém sujos com material aderente (ad-juvante oleoso, Nujol, Percoll,etc): Lavar em água corrente e imer-gir em Extran a 2% por tempo mínimo de 04 horas em vasilhame apropriado.

2) Pipetas Descartáveis- Contaminadas: Colocar no vasilhame para pipeta de vidro.- Sujas com material aderente: Lavar em água corrente e colo-

car no vasilhame para pipeta de vidro.- Tampas pretas de poliestireno: Imergir em formol a 10% ou

glutaraldeído a 2% por um mínimo de 24 horas ou 02 horas res-pectivamente.

Outros Materiais:

1) Agulhas descartáveis- Contaminadas: Após o uso imergir no vasilhame de paredes

duras contendo formol a 10%, para isso destinado, pelo menos 24 horas. Observação: desprezá-las sem usar o protetor a fim de se evitar o risco de acidentes (punção acidental do dedo).

- Sujas com material aderente: Desprezá-las com o respectivo protetor bem preso. Após a descontaminação deverá ser incinerado

2) Material Cirúrgico- Contaminado: Imergir em solução de glutaraldeido a 2% por

02 horas para desinfectar. Após lavar em água corrente e destilada, secar com gase e guardar. Se desejar esterilizar o material, subme-ter a glutaraldeido a 2% durante 10 horas, lavar e secar com água e gaze estéreis dentro do fluxo laminar. Alternativamente.

3) Tampões de Gaze- Molhados com cultura. Colocar no vasilhame com hipoclori-

to de sódio a 1% para ser desprezado após desinfecção.- Secos. Deixar em vasilhame reservado por, no mínimo, 48

horas e em seguida reutilizá-los.

4) Filtros Millipore Pequenos. Devem ser desmontados pelo operador, colocados dentro de um frasco com hipoclorito e entre-gues à esterilização (até às 16 horas).

5) Culturas de parasitos não utilizados. Colocar um volume duas vezes maior de hipoclorito dentro dos frascos e em seguida desprezar dentro do vasilhame para vidrarias ou plásticos.

6) Imãs para agitadores magnéticos. Após uso, lavar com água corrente e destilada, secar e guardar.

7) Placas de gel de poliacrilamida. Após o uso, lavar em água corrente, água destilada e álcool, secar e guardar.

Equipamentos, Bancadas e Pias

- Cada usuário deverá limpar e arrumar as bancadas e equipa-mentos após o uso.

- No final do expediente as bancadas deverão ser limpas com hipoclorito a 0,5% e, a sexta-feira, à tarde, no caso, na sala de cul-tura, fazer a mesma limpeza com fenol semissintético (Germipol – 50 ml/L), utilizando máscara.

- As pias deverão ser limpas no início do expediente, quando forem removidos os materiais a serem lavados.

- Verificar se os refrigeradores e freezers precisam ser des-congelados e limpos, semanalmente, e executar a limpeza, se ne-cessário.

Algumas Normas da Sala de Esterilização

Lavagem:- Retirar, os vasilhames com materiais a serem lavados, da

sala, no início do expediente.

- Lavar o material que estava com hipoclorito de sódio, fenol ou glutaraldeído em água corrente.

- Mergulhar o material em Extran em vasilhames específicos para cada tipo de material, pelo período mínimo de 04 horas.

- Retirar o Extran do material após escová-los (quando neces-sário), rinsando-os, repetidas vezes, com água de torneira seguido por água destilada.

- Fazer a rinsagem das pipetas graduadas dentro do lavador de pipetas.

- Secar o material em estufa. Colocar papel alumínio para co-brir a vidraria não autoclavável e devolver ao laboratório.

Esterilização:

Pipetas: Colocar chumaço de algodão, empacotar em papel pardo ou porta-pipetas e

esterilizar em forno (170O C – 180O C) por 01 hora.

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Didatismo e Conhecimento 49

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

ANEXO 1

Classes de risco biológico:

Classe de Risco I - Escasso risco individual e comunitário. O Microrganismo tem pouca probabilidade de provocar enfermi-dades humanas ou enfermidades de importância veterinária. Ex: Bacillus subtiliza

Classe de Risco II - Risco individual moderado, risco comu-nitário limitado. A exposição ao agente patogênico pode provocar infecção, porém, se dispõe de medidas eficazes de tratamento e prevenção, sendo o risco de propagação limitado. Ex: Schistosoma mansoni

Classe de Risco III - Risco individual elevado, baixo risco comunitário. O agente patogênico pode provocar enfermidades humanas graves, podendo propagar-se de uma pessoa infectada para outra, entretanto, existe profilaxia e/ou tratamento. Ex: My-cobacterium tuberculosis

Classe de Risco IV - Elevado risco individual e comunitário. Os agentes patogênicos representam grande ameaça para as pes-soas e animais, com fácil propagação de um indivíduo ao outro, direta ou indiretamente, não existindo profilaxia nem tratamento. Ex: Vírus Ebola

Níveis de contenção física para riscos biológicos:

Para manipulação dos microrganismos pertencentes a cada um das quatro classes de risco devem ser atendidos alguns requisi-tos de segurança, conforme o nível de contenção necessário.

- O nível 1 de contenção se aplica aos laboratórios de ensino básico, nos quais são manipulados os microrganismos pertencen-tes a classe de risco I. Não é requerida nenhuma característica de desenho, além de um bom planejamento espacial, funcional e a adoção de boas práticas laboratoriais.

- O nível 2 de contenção é destinado ao trabalho com micror-ganismos da classe de risco II, se aplica aos laboratórios clínicos ou hospitalares de níveis primários de diagnóstico, sendo necessá-rio, além da adoção das boas práticas, o uso de barreiras físicas pri-márias (cabine de segurança biológica e equipamentos de proteção individual) e secundárias (desenho e organização do laboratório).

- O nível 3 de contenção é destinado ao trabalho com micror-ganismos da classe de risco III ou para manipulação de grandes volumes e altas concentrações de microrganismos da classe de ris-co II. Para este nível de contenção são requeridos além dos itens referidos no nível 2, desenho e construção laboratoriais especiais. Devem ser mantidos controles rígidos quanto à operação, inspeção e manutenção das instalações e equipamentos. O pessoal técnico deve receber treinamento específico sobre procedimentos de segu-rança para a manipulação desses microrganismos.

- nível 4 ou contenção máxima destina-se a manipulação de microrganismos da classe de risco IV, é o laboratório com maior nível de contenção e representa uma unidade geográfica e funcio-nalmente independente de outras áreas. Esses laboratórios reque-rem, além dos requisitos físicos e operacionais dos níveis de con-tenção 1, 2 e 3, barreiras de contenção (instalações, desenho, equi-pamentos de proteção) e procedimentos especiais de segurança.

ANEXO 2

- Fechar as portas do laboratório.- Evitar circulação de pessoas no laboratório durante o uso da

cabine.- Ligar a cabine e a luz UV de 15 a 20 minutos antes de seu

uso.- Descontaminar a superfície interior com gaze estéril embebi-

da em álcool etílico ou isopropílico a 70%.- Lavar as mãos e antebraços com água e sabão e secar com

toalha ou papel toalha descartável.- Passar álcool etílico ou isopropílico a 70% nas mãos e an-

tebraços.- Usar jaleco de manga longa, luvas, máscara, gorro e pró-pé

quando necessário.- Colocar os equipamentos, meios, vidraria, etc. no plano de

atividade da área de trabalho.- Limpar todos os objetos antes de introduzi-los na cabine.- Organizar os materiais de modo que os itens limpos e conta-

minados não se misturem.- Minimizar os movimentos dentro da cabine.- Colocar os recipientes para descarte de material no fundo da

área de trabalho ou lateralmente (câmaras laterais, também, são usadas).

- Usar incinerador elétrico ou microqueimador automático (o uso de chama do bico de Bunhsen pode acarretar danos no filtro HEPA e interromper o fluxo de ar causando turbulência).

- Usar pipetador automático.- Conduzir as manipulações no centro da área de trabalho.- Interromper as atividades dentro da cabine enquanto equipa-

mentos como centrífugas, misturadores, ou outros equipamentos estiverem sendo operados.

- Limpar a cabine, ao término do trabalho, com gaze estéril embebida com álcool etílico ou isopropílico a 70%.

- Descontaminar a cabine (a descontaminação poderá ser feita com formalina fervente; aquecimento de paraformaldeído (10,5g/m3) ou mistura de formalina, paraformaldeído e água com per-manganato de potássio. (35 ml de formalina e 7,5 g de permanga-nato de potássio).

- Deixar a cabine ligada de 15 a 20 minutos antes de desligá--la.

- Não introduzir na cabine objetos que causem turbulência.- Não colocar na cabine materiais poluentes como madeira,

papelão, papel, lápis, borracha.- Evitar espirrar ou tossir na direção da zona estéril (usar más-

cara).

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Didatismo e Conhecimento 50

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

- A cabine não é um depósito, evite guardar equipamentos ou quaisquer outras coisas o seu interior, mantendo as grelhas anterio-res e posteriores desobstruídas.

- Não efetue movimentos rápidos ou gestos bruscos na área de trabalho.

- Evite fontes de calor no interior da cabine, utilize microquei-madores elétricos. Emprego de chama, só quando absolutamente necessário.

- Jamais introduzir a cabeça na zona estéril.- A projeção de líquidos e sólidos contra o filtro deve ser evi-

tada.- As lâmpadas UV não devem ser usadas enquanto a cabine

de segurança estiver sendo utilizada. Seu uso prolongado não é necessário para uma boa esterilização e provoca deterioração do material e da estrutura da cabine. As lâmpadas UV devem ter con-trole de contagem de tempo de uso.

- Os recipientes para descarte de material devem estar sobre o chão, carrinhos ou mesas ao lado da cabine de segurança.

- Papéis presos no painel de vidro ou acrílico da cabine limi-tará o campo de visão do usuário e diminuirá a intensidade de luz podendo causar acidentes.

LEI Nº 11.105, DE 24 DE MARÇO DE 2005.

Regulamento Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organis-mos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Co-missão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe so-bre a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES PRELIMINARES E GERAIS

Art. 1º Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanis-mos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a expor-tação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o con-sumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biosseguran-ça e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente.

§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se atividade de pesquisa a realizada em laboratório, regime de contenção ou campo, como parte do processo de obtenção de OGM e seus derivados ou de avaliação da biossegurança de OGM e seus derivados, o que engloba, no âmbito experimental, a construção, o cultivo, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a liberação no meio ambiente e o descarte de OGM e seus derivados.

§ 2º Para os fins desta Lei, considera-se atividade de uso comercial de OGM e seus derivados a que não se enquadra como atividade de pesquisa, e que trata do cultivo, da produção, da manipulação, do transporte, da transferência, da comercialização, da importação, da exportação, do armazenamento, do consumo, da liberação e do descarte de OGM e seus derivados para fins comerciais.

Art. 2º As atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados, relacionados ao ensino com manipulação de organis-mos vivos, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial ficam restritos ao âmbito de entidades de direito público ou privado, que serão responsáveis pela obediência aos preceitos desta Lei e de sua regulamentação, bem como pelas eventuais consequências ou efeitos advindos de seu descumpri-mento.

§ 1º Para os fins desta Lei, consideram-se atividades e projetos no âmbito de entidade os conduzidos em instalações próprias ou sob a responsabilidade administrativa, técnica ou científica da entidade.

§ 2º As atividades e projetos de que trata este artigo são vedados a pessoas físicas em atuação autônoma e independente, ainda que mantenham vínculo empregatício ou qualquer outro com pessoas jurídicas.

§ 3º Os interessados em realizar atividade prevista nesta Lei deverão requerer autorização à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, que se manifestará no prazo fixado em regulamento.

§ 4º As organizações públicas e privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais, financiadoras ou patrocinadoras de atividades ou de projetos referidos no caput deste artigo devem exigir a apresentação de Certificado de Qualidade em Biossegurança, emitido pela CTNBio, sob pena de se tornarem corresponsáveis pelos eventuais efeitos decorrentes do descumpri-mento desta Lei ou de sua regulamentação.

Art. 3º Para os efeitos desta Lei, considera-se:

I – organismo: toda entidade biológica capaz de reproduzir ou transferir material genético, inclusive vírus e outras classes que venham a ser conhecidas;

II – ácido desoxirribonucléico - ADN, ácido ribonucleico - ARN: material genético que contém informações determinantes dos caracteres hereditários transmissíveis à descendência;

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Didatismo e Conhecimento 51

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

III – moléculas de ADN/ARN recombinante: as moléculas manipuladas fora das células vivas mediante a modificação de segmentos de ADN/ARN natural ou sintético e que possam mul-tiplicar-se em uma célula viva, ou ainda as moléculas de ADN/ARN resultantes dessa multiplicação; consideram-se também os segmentos de ADN/ARN sintéticos equivalentes aos de ADN/ARN natural;

IV – engenharia genética: atividade de produção e manipula-ção de moléculas de ADN/ARN recombinante;

V – organismo geneticamente modificado - OGM: organis-mo cujo material genético – ADN/ARN tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética;

VI – derivado de OGM: produto obtido de OGM e que não possua capacidade autônoma de replicação ou que não contenha forma viável de OGM;

VII – célula germinal humana: célula-mãe responsável pela formação de gametas presentes nas glândulas sexuais femininas e masculinas e suas descendentes diretas em qualquer grau de ploi-dia;

VIII – clonagem: processo de reprodução assexuada, produzi-da artificialmente, baseada em um único patrimônio genético, com ou sem utilização de técnicas de engenharia genética;

IX – clonagem para fins reprodutivos: clonagem com a finali-dade de obtenção de um indivíduo;

X – clonagem terapêutica: clonagem com a finalidade de pro-dução de células-tronco embrionárias para utilização terapêutica;

XI – células-tronco embrionárias: células de embrião que apresentam a capacidade de se transformar em células de qualquer tecido de um organismo.

§ 1º Não se inclui na categoria de OGM o resultante de técnicas que impliquem a introdução direta, num organismo, de material hereditário, desde que não envolvam a utilização de moléculas de ADN/ARN recombinante ou OGM, inclusive fecundação in vitro, conjugação, transdução, transformação, indução poliploide e qual-quer outro processo natural.

§ 2º Não se inclui na categoria de derivado de OGM a substância pura, quimicamente definida, obtida por meio de processos biológicos e que não contenha OGM, proteína heteróloga ou ADN recombinante.

Art. 4º Esta Lei não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio das seguintes técnicas, desde que não impli-quem a utilização de OGM como receptor ou doador:

I – mutagênese; II – formação e utilização de células somáticas de hibridoma

animal; III – fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células ve-

getais, que possa ser produzida mediante métodos tradicionais de cultivo;

IV – autoclonagem de organismos não-patogênicos que se processe de maneira natural.

Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utiliza-ção de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:

I – sejam embriões inviáveis; ouII – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na

data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da pu-blicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento.

§ 1º Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.

§ 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa.

§ 3º É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e sua prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.

Art. 6º Fica proibido:I – implementação de projeto relativo a OGM sem a manuten-

ção de registro de seu acompanhamento individual;II – engenharia genética em organismo vivo ou o manejo in

vitro de ADN/ARN natural ou recombinante, realizado em desa-cordo com as normas previstas nesta Lei;

III – engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano;

IV – clonagem humana;V – destruição ou descarte no meio ambiente de OGM e seus

derivados em desacordo com as normas estabelecidas pela CTN-Bio, pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta Lei, e as constantes desta Lei e de sua regula-mentação;

VI – liberação no meio ambiente de OGM ou seus derivados, no âmbito de atividades de pesquisa, sem a decisão técnica favorá-vel da CTNBio e, nos casos de liberação comercial, sem o parecer técnico favorável da CTNBio, ou sem o licenciamento do órgão ou entidade ambiental responsável, quando a CTNBio considerar a atividade como potencialmente causadora de degradação ambien-tal, ou sem a aprovação do Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, quando o processo tenha sido por ele avocado, na forma desta Lei e de sua regulamentação;

VII – a utilização, a comercialização, o registro, o patentea-mento e o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso.

Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, entende-se por tecnologias genéticas de restrição do uso qualquer processo de intervenção humana para geração ou multiplicação de plantas geneticamente modificadas para produzir estruturas reprodutivas estéreis, bem como qualquer forma de manipulação genética que vise à ativação ou desativação de genes relacionados à fertilidade das plantas por indutores químicos externos.

Art. 7º São obrigatórias:I – a investigação de acidentes ocorridos no curso de pesqui-

sas e projetos na área de engenharia genética e o envio de relatório respectivo à autoridade competente no prazo máximo de 5 (cinco) dias a contar da data do evento;

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Didatismo e Conhecimento 52

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

II – a notificação imediata à CTNBio e às autoridades da saúde pública, da defesa agropecuária e do meio ambiente sobre acidente que possa provocar a disseminação de OGM e seus derivados;

III – a adoção de meios necessários para plenamente informar à CTNBio, às autoridades da saúde pública, do meio ambiente, da defesa agropecuária, à coletividade e aos demais empregados da instituição ou empresa sobre os riscos a que possam estar subme-tidos, bem como os procedimentos a serem tomados no caso de acidentes com OGM.

CAPÍTULO IIDo Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS

Art. 8º Fica criado o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, vinculado à Presidência da República, órgão de assesso-ramento superior do Presidente da República para a formulação e implementação da Política Nacional de Biossegurança – PNB.

§ 1º Compete ao CNBS: I – fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos

órgãos e entidades federais com competências sobre a matéria; II – analisar, a pedido da CTNBio, quanto aos aspectos da

conveniência e oportunidade socioeconômicas e do interesse na-cional, os pedidos de liberação para uso comercial de OGM e seus derivados;

III – avocar e decidir, em última e definitiva instância, com base em manifestação da CTNBio e, quando julgar necessário, dos órgãos e entidades referidos no art. 16 desta Lei, no âmbito de suas competências, sobre os processos relativos a atividades que envol-vam o uso comercial de OGM e seus derivados;

IV – (VETADO)§ 2º (VETADO)§ 3º Sempre que o CNBS deliberar favoravelmente à realização

da atividade analisada, encaminhará sua manifestação aos órgãos e entidades de registro e fiscalização referidos no art. 16 desta Lei.

§ 4º Sempre que o CNBS deliberar contrariamente à atividade analisada, encaminhará sua manifestação à CTNBio para informação ao requerente.

Art. 9º O CNBS é composto pelos seguintes membros:I – Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da

República, que o presidirá;II – Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia;III – Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário;IV – Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abasteci-

mento;V – Ministro de Estado da Justiça;VI – Ministro de Estado da Saúde;VII – Ministro de Estado do Meio Ambiente;VIII – Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior;IX – Ministro de Estado das Relações Exteriores;X – Ministro de Estado da Defesa;XI – Secretário Especial de Aquicultura e Pesca da Presidên-

cia da República.

§ 1º O CNBS reunir-se-á sempre que convocado pelo Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República, ou mediante provocação da maioria de seus membros.

§ 2º (VETADO)§ 3º Poderão ser convidados a participar das reuniões, em

caráter excepcional, representantes do setor público e de entidades da sociedade civil.

§ 4º O CNBS contará com uma Secretaria-Executiva, vinculada à Casa Civil da Presidência da República.

§ 5º A reunião do CNBS poderá ser instalada com a presença de 6 (seis) de seus membros e as decisões serão tomadas com votos favoráveis da maioria absoluta.

CAPÍTULO IIIDa Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio

Art. 10. A CTNBio, integrante do Ministério da Ciência e Tec-nologia, é instância colegiada multidisciplinar de caráter consulti-vo e deliberativo, para prestar apoio técnico e de assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e implementação da PNB de OGM e seus derivados, bem como no estabelecimento de normas técnicas de segurança e de pareceres técnicos referentes à autorização para atividades que envolvam pesquisa e uso comer-cial de OGM e seus derivados, com base na avaliação de seu risco zoofitossanitário, à saúde humana e ao meio ambiente.

Parágrafo único. A CTNBio deverá acompanhar o desenvolvi-mento e o progresso técnico e científico nas áreas de biosseguran-ça, biotecnologia, bioética e afins, com o objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente.

Art. 11. A CTNBio, composta de membros titulares e suplen-tes, designados pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, será constituída por 27 (vinte e sete) cidadãos brasileiros de re-conhecida competência técnica, de notória atuação e saber cien-tíficos, com grau acadêmico de doutor e com destacada atividade profissional nas áreas de biossegurança, biotecnologia, biologia, saúde humana e animal ou meio ambiente, sendo:

I – 12 (doze) especialistas de notório saber científico e técni-co, em efetivo exercício profissional, sendo:

a) 3 (três) da área de saúde humana;b) 3 (três) da área animal;c) 3 (três) da área vegetal;d) 3 (três) da área de meio ambiente;II – um representante de cada um dos seguintes órgãos, indi-

cados pelos respectivos titulares:a) Ministério da Ciência e Tecnologia;b) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;c) Ministério da Saúde;d) Ministério do Meio Ambiente;e) Ministério do Desenvolvimento Agrário;f) Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Ex-

terior;g) Ministério da Defesa;

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Didatismo e Conhecimento 53

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

h) Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República;

i) Ministério das Relações Exteriores;III – um especialista em defesa do consumidor, indicado pelo

Ministro da Justiça;IV – um especialista na área de saúde, indicado pelo Ministro

da Saúde;V – um especialista em meio ambiente, indicado pelo Minis-

tro do Meio Ambiente;VI – um especialista em biotecnologia, indicado pelo Ministro

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; VII – um especialista em agricultura familiar, indicado pelo

Ministro do Desenvolvimento Agrário;VIII – um especialista em saúde do trabalhador, indicado pelo

Ministro do Trabalho e Emprego. § 1o Os especialistas de que trata o inciso I do caput deste

artigo serão escolhidos a partir de lista tríplice, elaborada com a participação das sociedades científicas, conforme disposto em regulamento.

§ 2o Os especialistas de que tratam os incisos III a VIII do caput deste artigo serão escolhidos a partir de lista tríplice, elaborada pelas organizações da sociedade civil, conforme disposto em regulamento.

§ 3o Cada membro efetivo terá um suplente, que participará dos trabalhos na ausência do titular.

§ 4o Os membros da CTNBio terão mandato de 2 (dois) anos, renovável por até mais 2 (dois) períodos consecutivos.

§ 5o O presidente da CTNBio será designado, entre seus membros, pelo Ministro da Ciência e Tecnologia para um mandato de 2 (dois) anos, renovável por igual período.

§ 6o Os membros da CTNBio devem pautar a sua atuação pela observância estrita dos conceitos ético-profissionais, sendo vedado participar do julgamento de questões com as quais tenham algum envolvimento de ordem profissional ou pessoal, sob pena de perda de mandato, na forma do regulamento.

§ 7º A reunião da CTNBio poderá ser instalada com a presença de 14 (catorze) de seus membros, incluído pelo menos um representante de cada uma das áreas referidas no inciso I do caput deste artigo.

§ 8º (VETADO)§ 8º-A As decisões da CTNBio serão tomadas com votos

favoráveis da maioria absoluta de seus membros. (Incluído pela Lei nº 11.460, de 2007)

§ 9º Órgãos e entidades integrantes da administração pública federal poderão solicitar participação nas reuniões da CTNBio para tratar de assuntos de seu especial interesse, sem direito a voto.

§ 10. Poderão ser convidados a participar das reuniões, em caráter excepcional, representantes da comunidade científica e do setor público e entidades da sociedade civil, sem direito a voto.

Art. 12. O funcionamento da CTNBio será definido pelo re-gulamento desta Lei.

§ 1o A CTNBio contará com uma Secretaria-Executiva e cabe ao Ministério da Ciência e Tecnologia prestar-lhe o apoio técnico e administrativo.

§ 2o (VETADO)

Art. 13. A CTNBio constituirá subcomissões setoriais perma-nentes na área de saúde humana, na área animal, na área vegetal e na área ambiental, e poderá constituir subcomissões extraordiná-rias, para análise prévia dos temas a serem submetidos ao plenário da Comissão.

§ 1o Tanto os membros titulares quanto os suplentes participarão das subcomissões setoriais e caberá a todos a distribuição dos processos para análise.

§ 2o O funcionamento e a coordenação dos trabalhos nas subcomissões setoriais e extraordinárias serão definidos no regimento interno da CTNBio.

Art. 14. Compete à CTNBio: I – estabelecer normas para as pesquisas com OGM e deriva-

dos de OGM;II – estabelecer normas relativamente às atividades e aos pro-

jetos relacionados a OGM e seus derivados;III – estabelecer, no âmbito de suas competências, critérios

de avaliação e monitoramento de risco de OGM e seus derivados;IV – proceder à análise da avaliação de risco, caso a caso,

relativamente a atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados;

V – estabelecer os mecanismos de funcionamento das Co-missões Internas de Biossegurança – CIBio, no âmbito de cada instituição que se dedique ao ensino, à pesquisa científica, ao de-senvolvimento tecnológico e à produção industrial que envolvam OGM ou seus derivados;

VI – estabelecer requisitos relativos à biossegurança para au-torização de funcionamento de laboratório, instituição ou empresa que desenvolverá atividades relacionadas a OGM e seus deriva-dos;

VII – relacionar-se com instituições voltadas para a biosse-gurança de OGM e seus derivados, em âmbito nacional e interna-cional;

VIII – autorizar, cadastrar e acompanhar as atividades de pes-quisa com OGM ou derivado de OGM, nos termos da legislação em vigor;

IX – autorizar a importação de OGM e seus derivados para atividade de pesquisa;

X – prestar apoio técnico consultivo e de assessoramento ao CNBS na formulação da PNB de OGM e seus derivados;

XI – emitir Certificado de Qualidade em Biossegurança – CQB para o desenvolvimento de atividades com OGM e seus de-rivados em laboratório, instituição ou empresa e enviar cópia do processo aos órgãos de registro e fiscalização referidos no art. 16 desta Lei;

XII – emitir decisão técnica, caso a caso, sobre a biosseguran-ça de OGM e seus derivados no âmbito das atividades de pesquisa e de uso comercial de OGM e seus derivados, inclusive a classi-ficação quanto ao grau de risco e nível de biossegurança exigido, bem como medidas de segurança exigidas e restrições ao uso;

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Didatismo e Conhecimento 54

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

XIII – definir o nível de biossegurança a ser aplicado ao OGM e seus usos, e os respectivos procedimentos e medidas de seguran-ça quanto ao seu uso, conforme as normas estabelecidas na regula-mentação desta Lei, bem como quanto aos seus derivados;

XIV – classificar os OGM segundo a classe de risco, observa-dos os critérios estabelecidos no regulamento desta Lei;

XV – acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico--científico na biossegurança de OGM e seus derivados;

XVI – emitir resoluções, de natureza normativa, sobre as ma-térias de sua competência;

XVII – apoiar tecnicamente os órgãos competentes no pro-cesso de prevenção e investigação de acidentes e de enfermidades, verificados no curso dos projetos e das atividades com técnicas de ADN/ARN recombinante;

XVIII – apoiar tecnicamente os órgãos e entidades de registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta Lei, no exercício de suas atividades relacionadas a OGM e seus derivados;

XIX – divulgar no Diário Oficial da União, previamente à análise, os extratos dos pleitos e, posteriormente, dos pareceres dos processos que lhe forem submetidos, bem como dar ampla publicidade no Sistema de Informações em Biossegurança – SIB a sua agenda, processos em trâmite, relatórios anuais, atas das reuniões e demais informações sobre suas atividades, excluídas as informações sigilosas, de interesse comercial, apontadas pelo proponente e assim consideradas pela CTNBio;

XX – identificar atividades e produtos decorrentes do uso de OGM e seus derivados potencialmente causadores de degradação do meio ambiente ou que possam causar riscos à saúde humana;

XXI – reavaliar suas decisões técnicas por solicitação de seus membros ou por recurso dos órgãos e entidades de registro e fis-calização, fundamentado em fatos ou conhecimentos científicos novos, que sejam relevantes quanto à biossegurança do OGM ou derivado, na forma desta Lei e seu regulamento;

XXII – propor a realização de pesquisas e estudos científicos no campo da biossegurança de OGM e seus derivados;

XXIII – apresentar proposta de regimento interno ao Ministro da Ciência e Tecnologia.

§ 1o Quanto aos aspectos de biossegurança do OGM e seus derivados, a decisão técnica da CTNBio vincula os demais órgãos e entidades da administração.

§ 2o Nos casos de uso comercial, dentre outros aspectos técnicos de sua análise, os órgãos de registro e fiscalização, no exercício de suas atribuições em caso de solicitação pela CTNBio, observarão, quanto aos aspectos de biossegurança do OGM e seus derivados, a decisão técnica da CTNBio.

§ 3o Em caso de decisão técnica favorável sobre a biossegurança no âmbito da atividade de pesquisa, a CTNBio remeterá o processo respectivo aos órgãos e entidades referidos no art. 16 desta Lei, para o exercício de suas atribuições.

§ 4o A decisão técnica da CTNBio deverá conter resumo de sua fundamentação técnica, explicitar as medidas de segurança e restrições ao uso do OGM e seus derivados e considerar as particularidades das diferentes regiões do País, com o objetivo de orientar e subsidiar os órgãos e entidades de registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta Lei, no exercício de suas atribuições.

§ 5o Não se submeterá a análise e emissão de parecer técnico da CTNBio o derivado cujo OGM já tenha sido por ela aprovado.

§ 6o As pessoas físicas ou jurídicas envolvidas em qualquer das fases do processo de produção agrícola, comercialização ou transporte de produto geneticamente modificado que tenham obtido a liberação para uso comercial estão dispensadas de apresentação do CQB e constituição de CIBio, salvo decisão em contrário da CTNBio.

Art. 15. A CTNBio poderá realizar audiências públicas, ga-rantida participação da sociedade civil, na forma do regulamento.

Parágrafo único. Em casos de liberação comercial, audiência pública poderá ser requerida por partes interessadas, incluindo-se entre estas organizações da sociedade civil que comprovem inte-resse relacionado à matéria, na forma do regulamento.

CAPÍTULO IVDos órgãos e entidades de registro e fiscalização

Art. 16. Caberá aos órgãos e entidades de registro e fiscaliza-ção do Ministério da Saúde, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente, e da Secre-taria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República entre outras atribuições, no campo de suas competências, obser-vadas a decisão técnica da CTNBio, as deliberações do CNBS e os mecanismos estabelecidos nesta Lei e na sua regulamentação:

I – fiscalizar as atividades de pesquisa de OGM e seus deri-vados;

II – registrar e fiscalizar a liberação comercial de OGM e seus derivados;

III – emitir autorização para a importação de OGM e seus de-rivados para uso comercial;

IV – manter atualizado no SIB o cadastro das instituições e responsáveis técnicos que realizam atividades e projetos relacio-nados a OGM e seus derivados;

V – tornar públicos, inclusive no SIB, os registros e autoriza-ções concedidas;

VI – aplicar as penalidades de que trata esta Lei;VII – subsidiar a CTNBio na definição de quesitos de avalia-

ção de biossegurança de OGM e seus derivados. § 1o Após manifestação favorável da CTNBio, ou do CNBS,

em caso de avocação ou recurso, caberá, em decorrência de análise específica e decisão pertinente:

I – ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento emitir as autorizações e registros e fiscalizar produtos e atividades que utilizem OGM e seus derivados destinados a uso animal, na agricultura, pecuária, agroindústria e áreas afins, de acordo com a legislação em vigor e segundo o regulamento desta Lei;

II – ao órgão competente do Ministério da Saúde emitir as autorizações e registros e fiscalizar produtos e atividades com OGM e seus derivados destinados a uso humano, farmacológico, domissanitário e áreas afins, de acordo com a legislação em vigor e segundo o regulamento desta Lei;

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Didatismo e Conhecimento 55

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

III – ao órgão competente do Ministério do Meio Ambiente emitir as autorizações e registros e fiscalizar produtos e atividades que envolvam OGM e seus derivados a serem liberados nos ecos-sistemas naturais, de acordo com a legislação em vigor e segundo o regulamento desta Lei, bem como o licenciamento, nos casos em que a CTNBio deliberar, na forma desta Lei, que o OGM é poten-cialmente causador de significativa degradação do meio ambiente;

IV – à Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidên-cia da República emitir as autorizações e registros de produtos e atividades com OGM e seus derivados destinados ao uso na pesca e aquicultura, de acordo com a legislação em vigor e segundo esta Lei e seu regulamento.

§ 2o Somente se aplicam as disposições dos incisos I e II do art. 8o e do caput do art. 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, nos casos em que a CTNBio deliberar que o OGM é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente.

§ 3o A CTNBio delibera, em última e definitiva instância, sobre os casos em que a atividade é potencial ou efetivamente causadora de degradação ambiental, bem como sobre a necessidade do licenciamento ambiental.

§ 4o A emissão dos registros, das autorizações e do licenciamento ambiental referidos nesta Lei deverá ocorrer no prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias.

§ 5o A contagem do prazo previsto no § 4o deste artigo será suspensa, por até 180 (cento e oitenta) dias, durante a elaboração, pelo requerente, dos estudos ou esclarecimentos necessários.

§ 6o As autorizações e registros de que trata este artigo estarão vinculados à decisão técnica da CTNBio correspondente, sendo vedadas exigências técnicas que extrapolem as condições estabelecidas naquela decisão, nos aspectos relacionados à biossegurança.

§ 7o Em caso de divergência quanto à decisão técnica da CTNBio sobre a liberação comercial de OGM e derivados, os órgãos e entidades de registro e fiscalização, no âmbito de suas competências, poderão apresentar recurso ao CNBS, no prazo de até 30 (trinta) dias, a contar da data de publicação da decisão técnica da CTNBio.

CAPÍTULO VDa Comissão Interna de Biossegurança – CIBio

Art. 17. Toda instituição que utilizar técnicas e métodos de engenharia genética ou realizar pesquisas com OGM e seus deriva-dos deverá criar uma Comissão Interna de Biossegurança - CIBio, além de indicar um técnico principal responsável para cada projeto específico.

Art. 18. Compete à CIBio, no âmbito da instituição onde cons-tituída:

I – manter informados os trabalhadores e demais membros da coletividade, quando suscetíveis de serem afetados pela atividade, sobre as questões relacionadas com a saúde e a segurança, bem como sobre os procedimentos em caso de acidentes;

II – estabelecer programas preventivos e de inspeção para garantir o funcionamento das instalações sob sua responsabilida-de, dentro dos padrões e normas de biossegurança, definidos pela CTNBio na regulamentação desta Lei;

III – encaminhar à CTNBio os documentos cuja relação será estabelecida na regulamentação desta Lei, para efeito de análise, registro ou autorização do órgão competente, quando couber;

IV – manter registro do acompanhamento individual de cada atividade ou projeto em desenvolvimento que envolvam OGM ou seus derivados;

V – notificar à CTNBio, aos órgãos e entidades de registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta Lei, e às entidades de traba-lhadores o resultado de avaliações de risco a que estão submetidas as pessoas expostas, bem como qualquer acidente ou incidente que possa provocar a disseminação de agente biológico;

VI – investigar a ocorrência de acidentes e as enfermidades possivelmente relacionados a OGM e seus derivados e notificar suas conclusões e providências à CTNBio.

CAPÍTULO VIDo Sistema de Informações em Biossegurança – SIB

Art. 19. Fica criado, no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia, o Sistema de Informações em Biossegurança – SIB, destinado à gestão das informações decorrentes das atividades de análise, autorização, registro, monitoramento e acompanhamento das atividades que envolvam OGM e seus derivados.

§ 1o As disposições dos atos legais, regulamentares e administrativos que alterem, complementem ou produzam efeitos sobre a legislação de biossegurança de OGM e seus derivados deverão ser divulgadas no SIB concomitantemente com a entrada em vigor desses atos.

§ 2o Os órgãos e entidades de registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta Lei, deverão alimentar o SIB com as informações relativas às atividades de que trata esta Lei, processadas no âmbito de sua competência.

CAPÍTULO VIIDa Responsabilidade Civil e Administrativa

Art. 20. Sem prejuízo da aplicação das penas previstas nesta Lei, os responsáveis pelos danos ao meio ambiente e a terceiros responderão, solidariamente, por sua indenização ou reparação in-tegral, independentemente da existência de culpa.

Art. 21. Considera-se infração administrativa toda ação ou omissão que viole as normas previstas nesta Lei e demais disposi-ções legais pertinentes.

Parágrafo único. As infrações administrativas serão punidas na forma estabelecida no regulamento desta Lei, independente-mente das medidas cautelares de apreensão de produtos, suspensão de venda de produto e embargos de atividades, com as seguintes sanções:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

I – advertência;II – multa;III – apreensão de OGM e seus derivados;IV – suspensão da venda de OGM e seus derivados;V – embargo da atividade;VI – interdição parcial ou total do estabelecimento, atividade

ou empreendimento;VII – suspensão de registro, licença ou autorização;VIII – cancelamento de registro, licença ou autorização;IX – perda ou restrição de incentivo e benefício fiscal conce-

didos pelo governo;X – perda ou suspensão da participação em linha de financia-

mento em estabelecimento oficial de crédito;XI – intervenção no estabelecimento;XII – proibição de contratar com a administração pública, por

período de até 5 (cinco) anos.

Art. 22. Compete aos órgãos e entidades de registro e fisca-lização, referidos no art. 16 desta Lei, definir critérios, valores e aplicar multas de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais), proporcionalmente à gravida-de da infração.

§ 1o As multas poderão ser aplicadas cumulativamente com as demais sanções previstas neste artigo.

§ 2o No caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro. § 3o No caso de infração continuada, caracterizada pela

permanência da ação ou omissão inicialmente punida, será a respectiva penalidade aplicada diariamente até cessar sua causa, sem prejuízo da paralisação imediata da atividade ou da interdição do laboratório ou da instituição ou empresa responsável.

Art. 23. As multas previstas nesta Lei serão aplicadas pelos ór-gãos e entidades de registro e fiscalização dos Ministérios da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento, da Saúde, do Meio Ambiente e da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República, referidos no art. 16 desta Lei, de acordo com suas res-pectivas competências.

§ 1o Os recursos arrecadados com a aplicação de multas serão destinados aos órgãos e entidades de registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta Lei, que aplicarem a multa.

§ 2o Os órgãos e entidades fiscalizadores da administração pública federal poderão celebrar convênios com os Estados, Distrito Federal e Municípios, para a execução de serviços relacionados à atividade de fiscalização prevista nesta Lei e poderão repassar-lhes parcela da receita obtida com a aplicação de multas.

§ 3o A autoridade fiscalizadora encaminhará cópia do auto de infração à CTNBio.

§ 4o Quando a infração constituir crime ou contravenção, ou lesão à Fazenda Pública ou ao consumidor, a autoridade fiscalizadora representará junto ao órgão competente para apuração das responsabilidades administrativa e penal.

CAPÍTULO VIIIDos Crimes e das Penas

Art. 24. Utilizar embrião humano em desacordo com o que dispõe o art. 5o desta Lei:

Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Art. 25. Praticar engenharia genética em célula germinal hu-mana, zigoto humano ou embrião humano:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 26. Realizar clonagem humana:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Art. 27. Liberar ou descartar OGM no meio ambiente, em de-sacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.§ 1o (VETADO)§ 2o Agrava-se a pena:I – de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se resultar dano à pro-

priedade alheia;II – de 1/3 (um terço) até a metade, se resultar dano ao meio

ambiente;III – da metade até 2/3 (dois terços), se resultar lesão corporal

de natureza grave em outrem;IV – de 2/3 (dois terços) até o dobro, se resultar a morte de

outrem.

Art. 28. Utilizar, comercializar, registrar, patentear e licenciar tecnologias genéticas de restrição do uso:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Art. 29. Produzir, armazenar, transportar, comercializar, im-portar ou exportar OGM ou seus derivados, sem autorização ou em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

CAPÍTULO IXDisposições Finais e Transitórias

Art. 30. Os OGM que tenham obtido decisão técnica da CTN-Bio favorável a sua liberação comercial até a entrada em vigor des-ta Lei poderão ser registrados e comercializados, salvo manifesta-ção contrária do CNBS, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data da publicação desta Lei.

Art. 31. A CTNBio e os órgãos e entidades de registro e fisca-lização, referidos no art. 16 desta Lei, deverão rever suas delibera-ções de caráter normativo, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, a fim de promover sua adequação às disposições desta Lei.

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Art. 32. Permanecem em vigor os Certificados de Qualidade em Biossegurança, comunicados e decisões técnicas já emitidos pela CTNBio, bem como, no que não contrariarem o disposto nesta Lei, os atos normativos emitidos ao amparo da Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995.

Art. 33. As instituições que desenvolverem atividades reguladas por esta Lei na data de sua publicação deverão adequar-se as suas disposições no prazo de 120 (cento e vinte) dias, contado da publicação do decreto que a regulamentar.

Art. 34. Ficam convalidados e tornam-se permanentes os registros provisórios concedidos sob a égide da Lei no 10.814, de 15 de de-zembro de 2003.

Art. 35. Ficam autorizadas a produção e a comercialização de sementes de cultivares de soja geneticamente modificadas tolerantes a glifosato registradas no Registro Nacional de Cultivares - RNC do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Art. 36. Fica autorizado o plantio de grãos de soja geneticamente modificada tolerante a glifosato, reservados pelos produtores rurais para uso próprio, na safra 2004/2005, sendo vedada a comercialização da produção como semente. (Vide Decreto nº 5.534, de 2005)

Parágrafo único. O Poder Executivo poderá prorrogar a autorização de que trata o caput deste artigo.

Art. 37. A descrição do Código 20 do Anexo VIII da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, acrescido pela Lei no 10.165, de 27 de dezembro de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:

ANEXO VIII

Código Categoria Descrição Pp/gu

20Uso de Recursos Naturais

Silvicultura; exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos florestais; importação ou exportação da fauna e flora nativas brasileiras; atividade de criação e exploração econômica de fauna exótica e de fauna silvestre; utilização do patrimônio genético natural; exploração de recursos aquáticos vivos; introdução de espécies exóticas, exceto para melhoramento genético vegetal e uso na agricultura; introdução de espécies geneticamente modificadas previamente identificadas pela CTNBio como potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente; uso da diversidade biológica pela biotecnologia em atividades previamente identificadas pela CTNBio como potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente.

Médio

Art. 38. (VETADO)

Art. 39. Não se aplica aos OGM e seus derivados o disposto na Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989, e suas alterações, exceto para os casos em que eles sejam desenvolvidos para servir de matéria-prima para a produção de agrotóxicos.

Art. 40. Os alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM ou derivados deverão conter informação nesse sentido em seus rótulos, conforme regulamento.

Art. 41. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 42. Revogam-se a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, a Medida Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de 2003.

Brasília, 24 de março de 2005; 184º da Independência e 117º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAMárcio Thomaz BastosCelso Luiz Nunes AmorimRoberto RodriguesHumberto Sérgio Costa Lima

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Luiz Fernando FurlanPatrus AnaniasEduardo CamposMarina SilvaMiguel Soldatelli RossettoJosé Dirceu de Oliveira e Silva

7 CONDUTA ÉTICA E RELAÇÕES HUMANAS DOS PROFISSIONAIS DA ÁREA DE SAÚDE.

A ética pode ser definida sob seu aspecto etimológico, isto é, observando a origem da palavra, ou sob o aspecto real, definindo--a. A palavra “ética” vem do grego “ethos”, que significa “costu-me”, “uso” ou “forma de conduzir-se”.

A ética não consiste em um conjunto de ordens e proibições. Ela indica caminhos para a procura e a prática de uma boa manei-ra de ser e de agir, de acordo com o bem e contrária ao mal. Se a teoria reflete sobre a prática, ela também a inspira, indicando possibilidades diferentes de ação. Dependendo do conceito teórico de bem, mal, justo, injusto, felicidade, amor, honestidade e ou-tros, o caminho a ser tomado por uma pessoa pode ser diferente do caminho de outra que tenha ideias diversas ou antagônicas sobre aqueles valores.

A ética se fundamenta na natureza e na condição humana e nos direitos naturais dos seres humanos pelo simples fato de serem humanos, independentemente de idade, cor, etnia, gênero, capa-cidade física ou mental, nacionalidade, orientação sexual, estado civil, religião, posição filosófica ou política, postura, comporta-mento e até se está vivo ou morto.

Já a cidadania significa o conjunto de direitos e deveres pelo qual o cidadão, o indivíduo está sujeito no seu relacionamento com a sociedade em que vive. O termo cidadania vem do latim, civitas que quer dizer “cidade”.

Ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e representam imperativos de sua conduta. Ter ética profissional é o indivíduo cumprir com todas as atividades de sua profissão, seguindo os princípios determinados pela sociedade e pelo seu grupo de trabalho.

Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca se esquecer das pessoas que mais necessitam. A cidadania deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação para o bem estar e desenvolvimento da nação.

A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos (assim como todas às outras pessoas), não destruir telefo-nes públicos, saber dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia quando necessário... até saber lidar com o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas, o direito das crianças carentes e outros grandes problemas que enfrentamos em nosso país.

“A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre para garantir os interesses coletivos: mas é também o mais impe-rioso dos deveres impostos aos cidadãos.” Juarez Távora - Militar e político brasileiro.

Consciência ecológica é uma expressão, exaustivamente uti-lizada na bibliografia especializada, de anos recentes, sem uma preocupação da maioria dos autores de precisarem a que, exata-mente, estão se referindo. A noção focalizada se contextualiza, historicamente, no período pós Segunda Guerra Mundial, quando setores da sociedade ocidental industrializada passam a expressar reação aos impactos destrutivos produzidos pelo desenvolvimen-to tecnocientífica e urbano industrial sobre o ambiente natural e construído. Representa o despertar de uma compreensão e sensibi-lidade novas da degradação do meio ambiente e das consequências desse processo para a qualidade da vida humana e para o futuro da espécie como um todo. Expressa a compreensão de que a presente crise ecológica articula fenômenos naturais e sociais e, mais que isso, privilegia as razões político-sociais da crise relativamente aos motivos biológicos e/ou técnicos. Isto porque entende que a degra-dação ambiental é, na verdade, consequência de um modelo, de organização político-social e de desenvolvimento econômico, que estabelece prioridades e define o que a sociedade deve produzir, como deve produzir e como será distribuído o produto social. Isto implica no estabelecimento de um determinado padrão tecnológi-co e de uso dos recursos naturais, associados a uma forma especí-fica de organização do trabalho e de apropriação das riquezas so-cialmente produzidas. Comporta, portanto, interesses divergentes entre os vários grupos sociais, dentre os quais aqueles em posição hegemônica decidem os rumos sociais e os impõe ao restante da sociedade. Assim, os impactos ecológicos e os desequilíbrios so-bre os ciclos biogeoquímicos são decorrentes de decisões políticas e econômicas previamente tomadas. A solução para tais proble-mas, por conseguinte, exige mudanças nas estruturas de poder e de produção e não medidas superficiais e paliativas sobre seus efeitos.

Essa consciência ecológica, que se manifesta, principalmen-te, como compreensão intelectual de uma realidade, desencadeia e materializa ações e sentimentos que atingem, em última instância, as relações sociais e as relações dos homens com a natureza abran-gente. Isso quer dizer que a consciência ecológica não se esgota enquanto ideia ou teoria, dada sua capacidade de elaborar com-portamentos e inspirar valores e sentimentos relacionados com o tema. Significa, também, uma nova forma de ver e compreender as relações entre os homens e destes com seu ambiente, de cons-tatar a indivisibilidade entre sociedade e natureza e de perceber a indispensabilidade desta para a vida humana. Aponta, ainda, para a busca de um novo relacionamento com os ecossistemas naturais

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Didatismo e Conhecimento 59

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

que ultrapasse a perspectiva individualista, antropocêntrica e utili-tária que, historicamente, tem caracterizado a cultura e civilização modernas ocidentais.(Leis, 1992; Unger, 1992; Mansholt, 1973; Boff, 1995; Morin, 1975).

Para Morin, um dos autores que mais avança no esforço de definir o fenômeno:

“(...) a consciência ecológica é historicamente uma maneira radicalmente nova de apresentar os problemas de insalubridade, nocividade e de poluição, até então julgados excêntricos, com re-lação aos ‘verdadeiros’ temas políticos; esta tendência se torna um projeto político global , já que ela critica e rejeita, tanto os fundamentos do humanismo ocidental, quanto os princípios do crescimento e do desenvolvimento que propulsam a civilização tecnocrática.” (Morin, 1975)

Sinaliza-se, assim, algumas referências preliminares que in-dicam o significado aqui atribuído à expressão consciência eco-lógica.

A participação e o exercício da cidadania, com empenho e responsabilidade, são fundamentais na construção de uma nova sociedade, mais justa e em harmonia com o ambiente. Para isto, é urgente descobrir novas formas de organizar as relações entre sociedade e natureza, e também um novo estilo de vida que res-peite todas as criaturas que, segundo São Francisco de Assis, são nossas irmãs. Queremos contribuir para melhorar a qualidade de vida através da construção de um ambiente saudável, que possa ser desfrutado por nossa geração e também pelas futuras. Vivemos hoje sob a hegemonia de um modelo de desenvolvimento baseado em relações econômicas que privilegiam o mercado, que usa a na-tureza e os seres humanos como recursos e fonte de renda. Contra este modelo injusto e excludente afirmamos que todos os seres, animados ou inanimados, possuem um valor existencial intrínseco que transcende valores utilitários.

Por isso, a todos deve ser garantida a vida, a preservação e a continuidade. Já chega deste antropocentrismo exacerbado. O ser humano tem a missão de administrar responsavelmente o ambien-te natural, não dominá-lo e destruí-lo com sua sede insaciável de possuir e de consumir. Apesar de o quadro ecológico ser extrema-mente inquietante, existem, graças a Deus, cada vez mais pessoas e entidades que têm a consciência de que uma mudança é necessária, e possível.

DECRETO Nº 1.171/1999

(CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO PÚBLICO).

A busca da gestão socialmente responsável tem exigido maior transparência das instituições, sejam públicas ou privadas, nas re-lações com seus fornecedores, funcionários e clientes. Tal atributo tem sido fundamental para a reputação das organizações, que de-vem explicitar à sociedade seus valores e a seu corpo funcional os padrões éticos e de conduta considerados adequados.

As empresas privadas não podem atuar apenas com foco no lucro. A honestidade, a confiança e a integridade é quem constrói a lealdade dos clientes.

Portanto, também as empresas privadas podem (e devem) es-tabelecer códigos de ética.

A ética empresarial exige transparência, coerência e com-promisso com a veracidade de qualquer informação transmitida.

O conflito é inevitável nas organizações (sejam públicas ou privadas), mas deve ser visto como oportunidade de reestudo e aperfeiçoamento do processo interno de lidar com as pessoas.

O conflito de interesses deve encorajar os gerentes e adminis-tradores a reconhecer que os indivíduos possuem diferentes objeti-vos e propósitos e que esses conflitos e jogos podem servir tanto a propósitos positivos quanto negativos.

Assim, cabe aos gerentes e administradores manter um nível de conflito saudável para a empresa, descobrindo maneiras de ca-nalizar diferentes interesses de diferentes indivíduos para um inte-resse em comum: a prosperidade da empresa.

O mundo convive com sérios problemas ligados à educação, saúde, desemprego, violência e ações que destroem o ecossistema.

Muitas organizações (públicas e privadas) assumem seu papel social e contribuem eficazmente para o desenvolvimento sustentá-vel e melhoria da qualidade de vida no planeta.

As ações de filantropia, motivadas por razões humanitárias, representam um passo inicial nesse sentido.

Mas a responsabilidade social é mais ampla que isso. A diferença entre as duas é que a filantropia é uma ação so-

cial, praticada de forma isolada ou sistematicamente, ao passo que os compromissos de responsabilidade social compreendem ações proativas, integradas e inseridas tanto no planejamento estratégico quanto na cultura da organização, envolvendo todos os colabora-dores.

Façamos agora a leitura do Código de Ética aplicável aos ser-vidores públicos da União:

DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994

Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.

0 PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992,

DECRETA:

Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com este baixa.

Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as providências necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integrada por três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente.

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Didatismo e Conhecimento 60

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será comunicada à Secretaria da Administração Federal da Presi-dência da República, com a indicação dos respectivos mem-bros titulares e suplentes.

Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publi-cação.

Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106° da República.

ITAMAR FRANCO

Romildo Canhim

Eate texto não substitui o publicado no DOU de 23.6.1994.

ANEXO

Código de Ética Profissional do

Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal

CAPÍTULO I

Seção I Das Regras Deontológicas

I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nor-tear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do pró-prio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos.

No caso concreto, a análise da moralidade desta ou daquela conduta administrativa envolve prudência e compreensão clara e objetiva do interesse sociais. Há que se medir a boa-fé e a lealdade como parâmetros definidores daquilo que é, administrativamente, moral ou imoral.

Conduta sem decoro é conduta inconveniente, marcada por posturas inadequadas em relação ao posto público que se ocupa. Falta de dignidade é incontinência moral pública (social) ou parti-cular (pessoal ou familiar) que compromete o cargo e angaria des-respeito da opinião pública e outras modalidades de repercussões negativas, na comunidade.

II - O servidor público não poderá jamais desprezar o ele-mento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir so-mente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principal-mente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras conti-das no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.

Vamos conferir o que diz a Constituição Federal: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obe-decerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Ressarcir o erário nada mais é do que devolver o dinheiro público aos cofres públicos. O Superior Tribunal de Justiça, em recente julgamento, entendeu que as ações de ressarcimento ao erário por danos decorrentes de atos de improbidade administra-tiva são imprescritíveis. A conclusão foi da Segunda Turma du-rante o julgamento do recurso especial n. 1.069.779. Rel. Min. Herman Benjamin. 2ª Turma. Julgado em 18/09/2008

III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a le-galidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo.

Essa finalidade a ser perseguida pelo servidor é princípio ba-silar da Administração Pública, onde se sobrepõe o interesse da coletividade sobre o interesse do particular, o que não significa que os direitos deste não serão respeitados.

Sempre que houver confronto entre os interesses, há de prevalecer o coletivo. É o que ocorre no caso de desapropriação por utilidade pública, por exemplo. Determinado imóvel deve ser disponibilizado para a construção de uma creche. O interesse do proprietário se conflita com o da coletividade que necessita dessa creche. Seguindo esse princípio e a lei, haverá sim a desapropria-ção, com a consequente indenização do particular (art. 5º, XXIV, CF/88).

IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a mo-ralidade administrativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência, em fator de legalidade.

Na aplicação da lei, o servidor deverá se pautar pela mora-lidade, sempre! De forma que a moral esteja entrelaçada com os dispositivos legais, isso porque o servidor está adstrito ao princípio da legalidade. O principio da legalidade é a garantia vital de que a sociedade não está presa às vontades particulares, pessoais, dos servidores públicos. Esses, por sua vez, somente poderão fazer o que a lei autorizar, adicionando uma “boa dose” de moralidade.

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Didatismo e Conhecimento 61

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu pró-prio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.

Sempre que o servidor público estiver executando suas tare-fas, estará executando serviços para seu próprio bem, posto ser integrante da sociedade.

VI - A função pública deve ser tida como exercício profis-sional e, portanto, se integra na vida particular de cada servi-dor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.

VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública, a serem preservados em processo previamente decla-rado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar.

VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação.

IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedica-dos ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indi-retamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio públi-co, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Esta-do, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los.

X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espé-cie de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas principal-mente grave dano moral aos usuários dos serviços públicos.

XI - 0 servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores, velando atentamente por seu cumpri-mento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função pública.

XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas.

XIII - 0 servidor que trabalha em harmonia com a estrutu-ra organizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora e de todos pode receber colaboração, pois sua ativi-dade pública é a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação.

Seção II Dos Principais Deveres do Servidor Público

XIV - São deveres fundamentais do servidor público:

a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de que seja titular;

b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e ren-dimento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário;

Procrastinar é “deixar para amanhã o que você pode fazer hoje”. Questão de escolha. Você procrastina o estudo, procrastina ir ao médico, o servidor público procrastina o trabalho, ou seja, “empurra com a barriga”. Nos termos da alínea b do inciso XIV, é dever do servidor público exercer suas atribuições com rapidez!

c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a in-tegridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;

Ser probo, reto, leal e justo é o mesmo que ser honesto, ínte-gro, confiável. O bem comum reflete vantagem para a coletividade. O administrador público, tendo duas opções quando da execução de suas tarefas, deve-se pautar pela opção que seja mais vantajosa a coletividade, e não a um único indivíduo.

d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu cargo;

e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfei-çoando o processo de comunicação e contato com o público;

f) ter consciência de que seu trabalho é regido por prin-cípios éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços públicos;

g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de pre-conceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa for-ma, de causar-lhes dano moral;

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Didatismo e Conhecimento 62

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qualquer comprometimento indevi-do da estrutura em que se funda o Poder Estatal;

i) resistir a todas as pressões de superiores hierárqui-cos, de contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em de-corrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá--las;

j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigên-cias específicas da defesa da vida e da segurança coletiva;

l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refle-tindo negativamente em todo o sistema;

m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigin-do as providências cabíveis;

n) manter limpo e em perfeita ordem o local de traba-lho, seguindo os métodos mais adequados à sua organiza-ção e distribuição;

o) participar dos movimentos e estudos que se relacio-nem com a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a realização do bem comum;

p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequa-das ao exercício da função;

q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;

r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem.

s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de direito;

t) exercer com estrita moderação as prerrogativas fun-cionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos jurisdicionados administrativos;

u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observando as formalidades legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei;

v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência deste Código de Ética, estimulan-do o seu integral cumprimento.

Seção III Das Vedações ao Servidor Público

XV - E vedado ao servidor público;

a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem;

b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros ser-vidores ou de cidadãos que deles dependam;

c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, coniven-te com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;

d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exer-cício regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material;

e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mis-ter;

f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, capri-chos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no tra-to com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores;

g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doa-ção ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim;

h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva en-caminhar para providências;

i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em serviços públicos;

j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular;

l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente au-torizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público;

m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âm-bito interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;

n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habi-tualmente;

o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa hu-mana;

p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.

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Didatismo e Conhecimento 63

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CAPÍTULO II DAS COMISSÕES DE ÉTICA

XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições dele-gadas pelo poder público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética pro-fissional do servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento susceptível de censura.

XVII - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)

XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos orga-nismos encarregados da execução do quadro de carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e fundamentar promoções e para todos os demais procedimentos próprios da carreira do servidor público.

XIX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)

XX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)

XXI - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)

XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comis-são de Ética é a de censura e sua fundamentação constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do faltoso.

XXIII - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)

XXIV - Para fins de apuração do comprometimento éti-co, entende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou indireta-mente a qualquer órgão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.

XXV - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)

8 NORMAS DE SEGURANÇA. 8.1 Princípios Gerais de Segurança no Trabalho. 8.2 Prevenção e Causas dos Acidentes do Trabalho.

8.3 Princípios de Ergonomia no Trabalho. 8.4 Códigos e Símbolos Específicos de Saúde

e Segurança no Trabalho.

Segurança do Trabalho

É o conjunto de medidas técnicas, médicas e educacionais, empregadas para prevenir acidentes, quer eliminando condições inseguras do ambiente de trabalho quer instruindo ou convencionando pessoas na implantação de práticas preventivas.

Acidente do Trabalho

É o que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, que cause a morte, ou perda, ou redução permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Acidente de Trajeto

Fica caracterizado como acidente de trabalho também aquele que ocorra na ida ou na volta do trabalho, ou o ocorrido no mesmo trajeto quando o trabalhador efetua as refeições na sua residência. Deixa de caracterizar-se o acidente quando o trabalhador tenha por vontade própria, interrompido ou alterado o trajeto normal.

Doença Profissional

É a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar à determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego e o da Previdência Social. Ex: Saturnismo ( intoxicação provocada pelo chumbo) e Silicose ( sílica ).

Doença do Trabalho

É a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente (também constante da relação supracitada). Ex: Di-sacusia (surdez) em trabalho realizado em local extremamente ruidoso.

Incidente

No conceito prevencionista é todo acidente sem lesão física, sendo que esta conceituação permite a análise de todos os aciden-tes ocorridos, para que possamos descobrir as verdadeiras causas e as consequentes medidas de prevenção.

Causas do Acidente do Trabalho

Em um passado não muito distante, a responsabilidade do acidente do trabalho era colocada muito mais nos trabalhadores através dos atos inseguros, essa tendência acabou criando uma “consciência culposa” nos mesmos, sendo que era tendência a ne-gligência, o descuido, a facilitação e o excesso de confiança serem apontados como causas dos acidentes.

Atualmente com o avanço e a socialização das técnicas pre-vencionistas, o que queremos é apurar quais são as verdadeiras causas e não os culpados pelos acidentes do trabalho, portanto, não é que não exista o ato inseguro e a condição insegura, o que precisamos é compreendê-los melhor.

- Condição insegura: é a condição do meio ambiente de tra-balho, que causou o acidente, ou contribuiu para a sua ocorrência.

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- Fator pessoal de insegurança: é causa relativa ao comporta-mento humano, que propicia a ocorrência de acidentes. Ex: Doen-ça na família, excesso de horas extras, problemas conjugais, etc.

Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT)

A Lei nº 8.213/91 determina no seu artigo 22 que todo aciden-te de trabalho ou doença profissional deverá ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de omissão.

Tipos de CAT

A. CAT inicial - acidente do trabalho, típico ou de trajeto, ou doença profissional ou do trabalho.

B. CAT reabertura - reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença pro-fissional ou do trabalho, já comunicado anteriormente ao INSS.

C. CAT comunicação de óbito - falecimento decorrente de acidente ou doença profissional ou do trabalho, ocorrido após a emissão da CAT inicial.

A comunicação em epígrafe deverá ser feita ao INSS, em 24 horas úteis, em seis vias, com a seguinte destinação:

1. ao INSS2. à empresa3. ao segurado ou dependente4. ao sindicato de classe do trabalhador5. ao Sistema Único de Saúde (SUS)6. à Delegacia Regional do Trabalho

Técnicas de Investigação de acidentes

A quem interessa a prevenção de acidentes?

1. Ao trabalhador:- assegura qualidade de vida- evita perda de rendimentos- mantém sua autoestima- trabalho como prazer, alegria, motivação para vida

2. Ao empregador:- ganhos de produtividade- preservação da imagem da empresa perante à comunidade- redução dos custos diretos e indiretos- diminuição de litígios trabalhistas- menor rotatividade da mão-de-obra

3. A sociedade/governo:- menores encargos previdenciários- imagem positiva da nação perante organismos internacionais- valorização do ser humano por meio de políticas públicas- diminuição do “Custo Brasil”

A prevenção de acidentes deve obedecer a um processo dinâ-mico e constante que se caracterize por ações efetivamente pre-vencionistas que devem ser tomadas no sentido de evitar, eliminar, controlar ou impedir a evolução e consolidação dos riscos no am-biente de trabalho.

A cuidadosa investigação de um acidente oferece elementos valiosos para a análise que deve ser feita, concluindo-se sobre suas causas e suas consequências.

A análise dos acidentes fornece dados que se acumulam e pos-sibilitam uma visão mais correta sobre as condições de trabalho nas empresas, com indicações sobre os tipos de acidentes mais co-muns, as causas mais atuantes, a gravidade das consequências e os setores que necessitam de maior atenção do SESMT e da CIPA.

Passos a serem seguidos: - Levantar os fatos, fazendo pesquisa no local do acidente e

entrevistas com as pessoas envolvidas.- Ordenar os fatos e não fazer prejulgamentos.- Identificar as causas, sem querer achar um culpado.- Definir as medidas preventivas que visem eliminar o risco

identificado.

A realidade demonstra que a melhor maneira de evitar aciden-tes é praticar a prevenção, a análise de acidentes estruturada em fatos reais, com a participação efetiva de todos os envolvidos, pro-posição de medidas viáveis e consensuais para evitar a reincidên-cia constituem-se em uma arma valiosa na prevenção de acidentes quer de ordem pessoal, quer de ordem material.

Investigar um acidente é reconstituir o ocorrido através dos vestígios encontrados no local e através dos dados coletados nas indagações feitas junto aos elementos diretamente envolvidos com o acidente.

Após as providências imediatas (socorro ao acidentado e mar-cha normal do processo), iniciar imediatamente, no próprio local do evento, a investigação do acidente que deve ser feita por todos os envolvidos na análise e deve necessariamente ser realizada no local do evento.

A investigação deve ser a mais completa possível e não omitir os seguintes aspectos:

- Tarefa no momento do acidente;- Descrição do acidente;- Equipamentos envolvidos;- Ferramentas utilizadas;- EPI’s utilizados;- Produtos envolvidos;- Tipo de acidente;- Fator pessoal.

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Didatismo e Conhecimento 65

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Importância da Saúde do Trabalhador:

A organização, no seu cotidiano, se depara com uma brutal concorrência no mercado, com isso a natureza do trabalho favo-rece uma vida sedentária, movimentos repetitivos e posturas in-corretas. A busca inconstante pela produtividade e pela qualidade dos produtos e do serviço vem impondo condições extremamente insalubres e prejudiciais ao organismo humano (ROCHA, 2004).

Um dos problemas que mais tem afetado as empresas são os distúrbios na saúde dos trabalhadores, na maioria das vezes oca-sionados devido a uma organização do trabalho que envolve tare-fas repetitivas, pressão constante por produtividade, jornada pro-longada, além de tarefas fragmentadas, monótonas, que reprimem o funcionamento mental do trabalhador. Esses distúrbios trazem para os empresários, onerosas despesas com assistência médica, alto absenteísmo, pagamento de seguros e redução da produti-vidade e, para os trabalhadores, sofrimento, queixas de dores e, principalmente, falta de motivação no desenvolvimento das tarefas (MORAES, 2007).

A promoção e proteção da saúde do trabalhador proporcio-na ao empregado uma vida melhor e provavelmente mais longa, com melhor saúde física e principalmente mais feliz. Este estado de felicidade não advém única e exclusivamente de um bem estar físico, mas principalmente de um bem estar interior decorrente das melhorias das relações pessoais que mantém no trabalho, além de passar a vivenciar o trabalho não como tortura e fonte de proble-mas, mas como algo prazeroso e desejável (ASFAHL, 2005).

Porque é tão importante o bem estar e a saúde no trabalho? A resposta é simples, é só lembrarmos da quantidade de tempo que passamos em nossas atividades de trabalho, sem exagero podemos dizer que é a maior parte de nossas vidas, quando estamos acorda-dos, e por meio dele (trabalho), é que realizamos grande parte das nossas aspirações (COSTA, 2005).

O ambiente de trabalho deve ser visto como um todo, inse-rido na sociedade com toda a sua capacidade de agressão ou de proteção. Mudanças profundas, intensas e aceleradas no processo produtivo, aliadas à adversidade de situações de trabalho, adoção de novas tecnologias, de métodos gerenciais que deterioram as re-lações de trabalho, podem causar consequências negativas para a saúde do trabalhador (FIALHO, 2006).

A vivência depressiva em relação ao trabalho alimenta-se da sensação de adormecimento intelectual, na verdade, marca de al-guma forma o triunfo do condicionamento em relação ao compor-tamento produtivo e criativo. As más condições físicas e psicoló-gicas no ambiente laboral influenciam diretamente na qualidade de vida no trabalho, com reflexo nas relações interpessoais e na execução das funções. A relação entre o ambiente e o ser humano se configura no bem-estar físico e psicológico no trabalho, a qual se caracteriza por ser o sustentáculo para a eficácia na execução das tarefas organizacionais. O trabalhador que se encontra num ambiente laboral que prioriza sua integridade física, emocional e social, estará disposto, motivado para exercer de forma eficiente suas tarefas.(GRANDJEAN, 2005)

Dentre isso, destacam-se os aspectos indispensáveis para um ambiente de trabalho saudável:

- A promoção e prevenção do bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as ocupações;

- A prevenção da deterioração da saúde do trabalhador causa-da pelas condições de trabalho;

- A colocação e manutenção do trabalhador em emprego ade-quado às suas aptidões físicas e psicológicas;

Esses aspectos envolvem a promoção e preservação da saúde do trabalhador, em que se tornam necessários desenvolver medi-das no ambiente organizacional, conforme o processo de trabalho desenvolvido, as quais se caracterizam como medidas ergo-nômicas, ou seja, a análise ergonômica do ambiente de trabalho (BELLUSCI, 2007).

Adaptado de: BARBOSA, D. A.

Prevenção e causas dos acidentes do trabalho.

Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, no exercício de suas atividades, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade para o tra-balho. O acidente do trabalho será caracterizado tecnicamente pela perícia médica do INSS, mediante a identificação do nexo entre o trabalho e o agravo.

Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo quando se verificar nexo técnico epidemiológico entre a ativida-de da empresa e a entidade mórbida motivadora da incapacidade, elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID). Con-sidera-se agravo para fins de caracterização técnica pela perícia médica do INSS a lesão, doença, transtorno de saúde, distúrbio, disfunção ou síndrome de evolução aguda, subaguda ou crônica, de natureza clínica ou subclínica, inclusive morte, independente-mente do tempo de latência. Reconhecidos pela perícia médica do INSS a incapacidade para o trabalho e o nexo entre o trabalho e o agravo, serão devidas as prestações acidentárias a que o beneficiá-rio tenha direito, caso contrário, não serão devidas as prestações. A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador, sendo também seu dever prestar informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular.

Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho. Nos casos de negligência quanto às normas de segurança e saúde do trabalho indicadas para a proteção individual e coletiva, a pre-vidência social proporá ação regressiva contra os responsáveis. O pagamento pela Previdência Social das prestações decorrentes do acidente do trabalho não exclui a responsabilidade civil da em-presa ou de terceiros. A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário-de-contribuição, sucessivamente au-mentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social. Desta comunicação receberão cópia fiel o acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua categoria.

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Na falta de comunicação por parte da empresa, podem forma-lizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade públi-ca, não prevalecendo nestes casos o prazo de apenas um dia útil. Nesta hipótese, a empresa permanecerá responsável pela falta de cumprimento da legislação. Caberá ao setor de benefícios do INSS comunicar a ocorrência ao setor de fiscalização, para a aplicação e cobrança da multa devida. Os sindicatos e entidades representa-tivas de classe poderão acompanhar a cobrança, pela Previdência Social, das multas previstas para o descumprimento desta obriga-toriedade.

Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profis-sional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação com-pulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro. O segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de 12 meses, a ma-nutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente da percepção de auxílio-acidente. Vamos conferir os artigos 19, 20 e 21 da Lei 8.213/91

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

§ 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador.

§ 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho.

§ 3º É dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular.

§ 4º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os sindicatos e entidades representativas de classe acompanharão o fiel cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores, conforme dispuser o Regulamento.

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do

artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desen-

cadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada ativida-de e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou de-sencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.

§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:a) a doença degenerativa;b) a inerente a grupo etário;c) a que não produza incapacidade laborativa;

d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é re-sultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho.

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para

efeitos desta Lei:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segu-rado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de:

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por ter-ceiro ou companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de ter-ceiro ou de companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos

ou decorrentes de força maior;III - a doença proveniente de contaminação acidental do em-

pregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local

e horário de trabalho:a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a

autoridade da empresa;b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa

para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo

quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor ca-pacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de loco-moção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veí-culo de propriedade do segurado.

§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior.

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Princípios de ergonomia no trabalho.

A palavra ergonomia é de origem grega, em que ERGO sig-nifica trabalho e NOMOS significa regras, normas, leis. Podemos entender que seriam as regras/normas/leis para a execução do tra-balho. Se considerarmos como ciência, poderemos dizer que é a ciência aplicada em facilitar o trabalho executado pelo homem, sendo que aqui se interpreta a palavra “trabalho” como algo muito abrangente, em todos os ramos e áreas de atuação.

Sendo, desta forma, uma ciência que pesquisa, estuda, desen-volve e aplica regras e normas a fim de organizar o trabalho, tor-nando este último compatível com as características físicas e psí-quicas do ser humano. Alguns autores a consideram como ciência, outros como tecnologia. Segundo Montmollin, a ergonomia é uma ciência interdisciplinar que compreende a fisiologia e a psicologia do trabalho.

Murrel a define como o estudo científico das relações entre o homem e o seu ambiente de trabalho. Self cita que ergonomia reúne os conhecimentos da fisiologia e psicologia e das ciências vizinhas aplicadas ao trabalho humano, na perspectiva de uma melhor adaptação ao homem dos métodos, meios e ambientes de trabalho. Wisner explica ergonomia como sendo o conjunto dos conhecimentos científicos relacionados ao homem e necessários à concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência.

Na definição de Couto é um conjunto de ciências e tecnolo-gias que procura a adaptação confortável e produtiva entre o ser humano e seu trabalho, basicamente buscando adaptar as condi-ções de trabalho às características do ser humano. Já Leplat nos informa que ergonomia é uma tecnologia, e não uma ciência, cujo objetivo é a organização dos sistemas homem-máquina.

Segundo a Ergonomics Research Society, “Ergonomia é o es-tudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamen-to e ambiente e, particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas sur-gidos desse relacionamento”.

Segundo a International Ergonomics Association – IEA, a Er-gonomia é a disciplina científica preocupada com o entendimento das interações entre seres humanos e outros elementos de um sis-tema e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos para projetar, de modo a otimizar, o bem-estar humano e a perfor-mance geral do sistema.

Em 1960 a Organização Internacional do Trabalho − OIT defi-ne a ergonomia como sendo a: “Aplicação das ciências biológicas conjuntamente com as ciências da engenharia para lograr o ótimo ajustamento do homem ao seu trabalho, e assegurar, simultanea-mente, eficiência e bem-estar” (MIRANDA, 1980).

Algumas considerações sobre interações entre homem e seus ambientes de trabalho foram encontradas em alguns documentos da Grécia Antiga, em alguns outros artigos medievais com mais de cem anos na Alemanha. Falando em relação à historia moderna da ergonomia, que surgiu no período entre 1939 a 1945 com a Segunda Grande Guerra, houve a necessidade de adaptação das armas utilizadas no combate ao homem, com o principal objetivo de obter vantagens sobre o adversário, além de preservar a própria sobrevivência.

Para Abrahão e Pinho (2002), a importância da ergonomia nos anos 1940 se deu pela abordagem do trabalho humano e suas interações nos contextos social e tecnológico, buscando mostrar a complexidade dessas interações. A ergonomia trouxe a ideia de proteger o trabalhador dos riscos físicos, ambientais e psicológi-cos provocados, principalmente, pelo sistema capitalista, que visa sempre o lucro através do aumento da produção. Promovendo a intensificação da carga de trabalho e implementação do tempo de trabalho, sem se preocupar com o conforto do funcionário. Pode-mos exemplificar com o que aconteceu nos EUA, quando os norte--americanos construíram o projeto da cápsula espacial, em que o homem tentou adaptar qualquer tipo de máquina às características humanas. Mas o desconforto provocado aos astronautas no primei-ro protótipo da cápsula espacial fez com que houvesse a necessi-dade de replanejar o tempo e os meios para a viagem ao espaço.

É importante citarmos que o conforto do trabalhador é necessário para que tenha uma boa relação com o trabalho. Dentro das atribuições da ergonomia temos alguns domínios de especiali-zação com competências mais profundas. São elas:

- Ergonomia Física – versa sobre as características humanas anatômicas, antropométricas, fisiológicas e biomecânicas que se relacionam com a atividade física. Os tópicos relativos incluem posturas de trabalho, manipulação de materiais, movimentos re-petitivos, lesões musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho, layout do posto de trabalho, segurança e saúde.

- Ergonomia Cognitiva – relata sobre os processos mentais, como a percepção, memória, raciocínio, e resposta motora, que afetam as interações entre humanos e outros elementos de um sis-tema. Os tópicos relevantes incluem a carga de trabalho mental, tomada de decisão, desempenho especializado, interação homem--computador, fiabilidade humana, stress do trabalho e formação relacionadas com a concepção homem-sistema.

- Ergonomia Organizacional – diz respeito à otimização de sistemas sociotécnicos, incluindo as suas estruturas organizacio-nais, políticas e processos. Os tópicos relevantes incluem comu-nicação, gestão de recursos de equipes, concepção do trabalho, organização do tempo de trabalho, trabalho em equipe, concepção participativa, “community ergonomics”, trabalho cooperativo, no-vos paradigmas do trabalho, cultura organizacional, organizações virtuais, teletrabalho e gestão da qualidade.

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Didatismo e Conhecimento 68

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Segundo HENDRICK (1992), a ergonomia possui quatro componentes identificáveis:

- Tecnologia de interface homem-máquina ou ergonomia de Hardware – é aplicada no projeto de controles, displays e arranjo das estações de trabalho para otimizar a performace do sistema e diminuir as probabilidades de erros humanos;

- Tecnologia da interface homem-ambiente ou ergonomia ambiental – que consiste no estudo das capacidades e limitações humanas em relação às demandas impostas pelas variações do am-biente. É utilizada a fim de minimizar o estresse ambiental para a performance humana e também para proporcionar maior conforto e segurança, além do aumento da produtividade;

- Tecnologia de interface usuário-sistema ou ergonomia de software – estuda como as pessoas conceitualizam e processam as informações. É frequentemente chamada de ergonomia cognitiva. A maior aplicação desta tecnologia é no projeto ou modifi cação de sistemas para aumento da usabilidade;

- Tecnologia da interface homem-organização-máquina ou macro ergonomia – o foco central das três tecnologias da ergono-mia é o operador individual, no time de operadores ou em níveis de subsistemas. A macro ergonomia tem seu foco na estrutura do sistema de trabalho como um todo, ou seja, em suas interfaces com os avanços tecnológicos, com o sistema organizacional e com a interface homem-máquina.

Quando falamos em ergonomia temos que levar em conside-ração alguns pontos, como:

- Produtividade da empresa;- Qualidade do produto;- Condições de trabalho;- Qualidade de vida dos trabalhadores.

Alguns objetivos devem sempre ser levados em consideração, tais como:

- Melhoria das condições ambientais;- Prevenção de acidentes de trabalho;- Prevenção de lesões por esforço repetitivo.

Outra consideração que devemos ter, quando se trata de ergo-nomia, é a sua tríade básica de sustentação, composta por:

- Eficiência- Segurança- Conforto

Através desta tríade podemos observar que a eficiência de uma intervenção ergonômica é muito importante, tanto para justi-ficar o trabalho do ergonomista como para melhoria das condições da empresa (financeira, econômica, social ou profissional). Além da própria melhoria da eficiência dos trabalhadores.

A segurança é de extrema importância, tanto para os trabalha-dores como para os empregados. A diminuição dos riscos indica uma maior preocupação com os funcionários. O conforto nos mos-tra que o indivíduo, quando em situações satisfatórias, produz e trabalha mais e com melhor humor.

Tipos Principais

Ergonomia de Correção: atua de maneira restrita, modifican-do os elementos parciais do posto de trabalho, como: Dimensões, Iluminação, Ruído, Temperatura, etc.

Ergonomia de Concepção: Interfere amplamente no projeto do posto de trabalho, do instrumento, da máquina ou do sistema de produção, organização do trabalho e formação de pessoal.

Ergonomia de Conscientização: Ensina o trabalhador a usu-fruir os benefícios de seu posto de trabalho:

- Boa postura, uso adequado de mobiliários e equipamentos.- Implantação de pausas, ginástica laboral (antes, durante e

depois da atividade)- Como conscientizar as pessoas da limitação de seu corpo.- Como treinar as pessoas a serem mais eficientes com seu

corpo.

Ergonomia Participativa: Estimulada pela presença de um Comitê Interno de Ergonomia (CIE): CIE – comissão que engloba representantes da empresa e dos funcionários, utiliza as ferramen-tas da ergonomia de conscientização para que haja o pleno usufru-to do projeto ergonômico, seja esse implementado pela ergonomia de concepção ou de correção. Um CIE só funciona quando é sim-ples, de baixo custo.

Princípios da Ergonomia

Princípio 1: Posição vertical - O corpo humano deve trabalhar na vertical ou posição neutra onde encontra seu melhor ponto de equilíbrio, com baixo nível de tensão dos músculos em geral. Para que seja possível esta postura o posto de trabalho deve proporcio-nar:

- Altura adequada das bancadas: trabalho pesado, moderado ou leve.

- Para trabalhos de escrita a bancada ou mesa na altura da linha epigástrica (parte superior do estômago).

- Quando o trabalho envolver mais de um tipo de tarefa, ana-lisar a tarefa de maior tempo e assim utilizar a altura da bancada adequada.

- Na medida do possível dotar o posto com regulagem de al-tura.

Principio 2: Boa situação mesa – cadeira:- Manter o tronco apoiado ajuda a aliviar a tensão muscular.- Durante a escrita manter a inclinação anterior do assento per-

mitindo assim que utilize corretamente o assento e não posicionar--se na extremidade do mesmo.

- Utilizar cadeira com rodízios a fim de evitar torcer o corpo e sim girar a cadeira.

- Quando possível inclinar a superfície de trabalho.

Princípio 3: Auxílio mecânico.- Diminuição do peso dos objetos deve ser uma prioridade

constante em qualquer trabalho de ergonomia.- Utilizar carrinhos com elevação manual lenta.

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Didatismo e Conhecimento 69

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

Princípio 4: Eliminar esforço estático:- Eliminar tronco encurvado corrigindo com altura adequada

de bancada.- Sustentação de cargas pesadas através principalmente de su-

portes e correntes.- Evitar apertar pedais estando de pé se a frequência deste

esforço for maior que 3 vezes por minuto, colocar o trabalhador sentado ou colocar atarefa para ser feita através de botões manuais.

- Evitar braços acima do nível dos ombros;- Eliminar o manuseio, movimentação e carregamento de car-

gas muito pesadas. - Instituir a flexibilidade postural, pois é através desta que se

consegue um bom revezamento dos esforços, sem sobrecarga.

Principio 5: Melhorar a alavanca do movimento:- Melhoria de projeto de ferramentas manuais; motosserras,

cortadeiras, etc.- Aumento do cabo de ferramentas, especialmente quando en-

volver esforço de distorcer uma porca.- Substituir o levantar por puxar; melhor ainda é empurrar.

Princípio 6: Os instrumentos de controle devem estar dentro da área de alcance das mãos. Todos os objetos, ferramentas e con-troles a serem pegos/operados frequentemente devem estar dentro da área de alcance normal. Todos os objetos, ferramentas e contro-les a serem pegos/operados ocasionalmente devem estar dentro da área de alcance máximo.

Alcance normal: entende-se por braços esticados na linha do ombro.

Alcance Máximo: entende-se por braços esticados na linha do ombro e giro do tronco.

Princípio 7: Evitar torcer e fletir o tronco ao mesmo tempo. Para evitar esforços deste tipo:

- orientação ao trabalhador. - eliminar obstáculos das cargas que tenham que ser manu-

seadas. - reposicionar locais de armazenamento. - peças pesadas devem ser colocadas sobre caixas rasas, e es-

tas sobre bancada.

Princípio 8: Criar facilidades mecânicas no trabalho. Para evitar esforços desnecessários utilizar:

- carrinhos; talhas com corrente;- gancho com corrente;- talhas mecânicas;- talhas com ventosas ou com prendedores laterais e dispositi-

vos auxiliares para transportar tambores.

Princípio 9: Utilizar o princípio PEPLOSP para manusear pe-ças. PEPLOSP quer dizer:

P- perto do corpo E- elevada na altura de 75 cm do pisoP- pequena distância vertical entre a origem e o destino

L- leveO- ocasionalmenteS- simetricamente, sem ângulo de rotação do troncoP- pega adequada para as mãos

Princípio 10: Usar análises biomecânicas para avaliar o risco das tarefas. Duas formas de análises são muito úteis:

- Modelo biomecânico bidimensional da Universidade de Mi-chigan.

- Critério de NIOSH para avaliar o risco do levantamento ma-nual de cargas.

A aplicação destes princípios visa prevenir os riscos de lom-balgias nas empresas em até 80%. A Ergonomia é a ciência do conforto, e é através dela que procuramos assegurar uma boa adap-tabilidade entre o homem e seu trabalho, seus equipamentos, seu ambiente físico, suas ferramentas e muitos fatores que cercam seu sistema de trabalho.

Códigos e símbolos específicos de Saúde e Segurança no Trabalho.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

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Didatismo e Conhecimento 71

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

QUESTÕES

01. O anticoagulante citrato será utilizado para(A) preservar os níveis de glicose na amostra, devido à inibi-

ção do metabolismo desse carboidrato pelas hemácias.(B) quelar os íons cálcio na amostra, impedindo assim a coa-

gulação com mecanismo semelhante à heparina.(C) aumentar a disponibilidade íons cálcio na amostra e assim

dificultar a coagulação sanguínea.(D) separar o soro.(E) preservar os níveis de fibrina na amostra e assim impedir

a coagulação.

02. A coprocultura é um exame que tem por finalidade auxiliar o diagnóstico de doenças infecciosas do sistema

(A) geniturinário.(B) cardiovascular.(C) digestório.(D) respiratório.(E) renal.

03. O uso prolongado do garrote pode acarretar na amostra de sangue:

(A) aumento de líquido vascular e consequentemente diminui-ção do número de hemácias.

(B) aumento de hematócrito.(C) aumento do risco do desenvolvimento de tromboembolis-

mo por aumento do número de plaquetas.(D) aumento na contagem diferencial de leucócitos.(E) hemodiluição completa dos elementos figurados do san-

gue.

04. A conservação da amostra de sangue arterial inclui(A) o congelamento da amostra para preservação dos níveis

de gases na amostra.(B) o processamento da amostra em até 10 minutos, caso esta

seja preservada na temperatura ambiente.(C) a retirada imediata da amostra para tubo de ensaio conten-

do EDTA. Após isso, deve-se fechar imediatamente o tubo.(D) a utilização de fluoreto como conservante e anticoagu-

lante.(E) o não processamento da amostra em, pelo menos, 30 mi-

nutos para estabilização dos componentes a serem dosados.

05. Com relação à coleta de urina para urocultura, a amostra ideal

(A) pode ser coletada em vários tipos de recipiente, pois isso normalmente não interfere na amostra, que não necessariamente precisa estar estérea.

(B) deve ser o primeiro jato, pois nele existe maior possibili-dade de se diagnosticar uma infecção urinária.

(C) deve ser coletada após higiene pessoal das mãos e da ge-nitália com álcool a 70%, para evitar contaminação.

(D) caso não possa ser a primeira urina da manhã, esperar intervalo de 3 horas sem urinar para coletar a amostra.

(E) caso a amostra não seja coletada no laboratório, o tempo máximo de processamento é de até 2 horas em temperatura am-biente.

06. O sangue é um dos fluidos corporais mais utilizados para a realização de exames laboratoriais devido à própria facilidade de coleta, mas principalmente porque a maioria das substâncias do organismo pode ser nele detectadas. Com base nas características desse fluido orgânico e no seu uso como amostra laboratorial, ana-lise as sentenças abaixo:

I. É composto de uma fração líquida, o plasma, e de uma fra-ção de componentes sólidos (hemácias, leucócitos e plaquetas).

II. Os leucócitos são as células mais numerosas e, por isso, devem ser contadas separadamente no hemograma (contagem di-ferencial)

III. As plaquetas são células do sangue que são responsáveis pela sua coagulação.

IV. O percentual de hemácias em uma amostra de sangue pode ser verificado pela realização do hematócrito.

V. As células leucocitárias representam células de defesa do corpo humano, normalmente seu número pode aumentar no san-gue devido à ocorrência de infecções.

VI. Entre os componentes do sangue, as hemácias possuem formato bicôncavo e pigmento avermelhado chamado hemoglobi-na, que é responsável pelo transporte de O2.

(A) Apenas as sentenças II, III e IV estão corretas.(B) Apenas as sentenças I, IV e V e VI estão corretas.(C) Apenas as sentenças III, IV e V estão corretas.(D) Apenas as sentenças I, II e III estão corretas.(E) Apenas as sentenças I, III e V estão corretas.

07. Ainda considerando as características do sangue como amostra laboratorial, assinale a opção CORRETA.

(A) O hemograma é o exame laboratorial que verifica os va-lores de hemácias, leucócitos e plaquetas em uma amostra de san-gue. Normalmente o valor de referência desses parâmetros não se modifica com a idade.

(B) O eritrograma é formado pelo hematócrito, número de hemácias e dosagem de hemoglobina. Os índices hematimétricos fazem parte do leucograma.

(C) A contagem diferencial deve ser realizada em câmera de Neubauer.

(D) Os índices hematimétricos fazem parte do eritrograma.(E) A contagem de plaquetas não faz parte do hemograma e

deve sempre ser solicitado como um segundo exame.

08. Considere o procedimento descrito abaixo:Em uma lâmina de microscopia, colocar 3 gotas de sangue

total separadas por um centímetro em sentido original. Esperar até a secagem do sangue. Colocar, em seguida, a lâmina em um frasco contendo água destilada para desemoglobinizar. Corar pelo coran-te Giemsa ou Leishman e levar para análise microscópica, em óleo de Imersão.

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Didatismo e Conhecimento 72

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

O texto acima se refere a(A) um hemograma convencional.(B) exame em teste da gota espessa para pesquisa de hema-

tozoários.(C) exame a fresco para diagnóstico de leucemia.(D) exame de secagem sanguínea para diagnóstico de doença

de Chagas.(E) exame de gota espessa para diagnóstico de anemias espe-

cíficas.

09. Das opções abaixo, a que contém apenas componentes de um microscópio é:

(A) oculares, refratômetro e condensador.(B) condensador, objetiva e refratômetro tubular.(C) condensador, objetiva e platina.(D) diafragma, lentes bicôncavas planas e micrométrico.(E) lentes de imersão, objetiva e cristalino bicôncavo.

10. Corante utilizado para contagem de reticulócitos:(A) Giemsa.(B) Leishman.(C) Azul de cresil brilhante.(D) Metabissulfito de sódio.(E) Peróxido de hidrogênio.

11. Os exames laboratoriais normalmente devem ser realiza-dos mediante orientação adequada ao paciente. Entre as orienta-ções mais importantes, está a realização de jejum adequado. Dos exames abaixo, o que é mais afetado pelo jejum inadequado é

(A) Tempo de sangria.(B) Gonadotrofina coriônica humana.(C) Triglicérides.(D) Hemograma.(E) Teste de afoiçamento.

12. O soro é uma das amostras mais utilizadas em laborató-rio de análises clínicas principalmente nos setores de bioquímica clínica e imunologia. Sobre este tipo de amostra, assinale a opção CORRETA.

(A) O soro é obtido a partir de sangue total deixado em repou-so acrescido de EDTA pata retirada do cálcio da amostra.

(B) O soro é obtido a partir da coagulação espontânea do san-gue total. Não contém elementos celulares, mas ainda contém to-dos os fatores de coagulação.

(C) O soro apresenta composição idêntica a do plasma mesmo em termos dos fatores de coagulação.

(D) Caso o sangue se apresente avermelhado, isso pode ser indicativo de hemólise. Em caso de turvação, isso pode ser indi-cativo de lipemia.

(E) Em aparelhos automatizados mais modernos, a hemólise não mais interfere nas dosagens bioquímicas.

13. A conservação das amostras laboratoriais é essencial para a preservação das características delas. Dos fatores abaixo relacio-nados, o que pode comprometer a dosagem de potássio sérico é

(A) a luz.(B) hemólise.(C) temperatura de geladeira.(D) jejum.(E) glicemia elevada.

14. Esterilização é a destruição de todos os organismos vivos, mesmo os esporos bacterianos, de um objeto. Para isso, são utili-zados agentes físicos e químicos. Das opções abaixo, a que delas representa um método químico de esterilização é:

(A) utilização de estufa.(B) fulguração.(C) utilização de autoclave.(D) utilização de desinfetantes.(E) flambagem.

15. A ação combinada entre temperatura, pressão e umidade é suficiente para uma esterilização rápida, de modo que vapor sa-turado a 750 mmHg e temperatura de 120 ºC são suficientes para destruir os esporos mais resistentes, em 30 minutos. Essa é a com-binação mais usada, servindo para todos os objetos que não se es-tragam com a umidade e temperatura alta.

O princípio acima descrito corresponde ao método utilizado no equipamento de esterilização

(A) estufa.(B) câmera radiante.(C) autoclave.(D) estufa de CO2.(E) compressor.

16. Soluções antissépticas com detergentes (degermantes) se destinam à degermação da pele, removendo detritos e impurezas e realizando antissepsia parcial. Nas opções abaixo, há exemplos dessas soluções, EXCETO

(A) solução detergente de PVPI a 10% (1% de iodo ativo).(B) solução detergente de clorhexidina a 4 %, com 4% de ál-

cool etílico.(C) àlcool etílico a 70%, com ou sem 2% de glicerina.(D) solução de ácido acético a 5% acrescentada de 10% de

iodo ativo.(E) solução de álcool iodado a 0,5 ou 1 % (álcool etílico a

70%, com ou sem 2 % de glicerina).

17. Alguns cuidados devem ser tomados no laboratório para se evitar contaminação com as amostras biológicas.

Com base nisso, analise as sentenças abaixo:I. O uso de pipetas com a boca deve ser evitado para evitar

acidentes no laboratório.II. As pipetas de vidro devem possuir rolhas de algodão para

evitar riscos de contaminação do operador.III. Sempre soprar o líquido acumulado na extremidade da pi-

peta de vidro.

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Didatismo e Conhecimento 73

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ AOSD Patologia Clínica

IV. Se cair acidentalmente um material infeccioso da pipeta sobre uma superfície, deve-se limpá-la com pano ou papel e des-cartar no lixo.

São CORRETAS(A) sentenças I, III e IV somente.(B) sentenças I e II somente.(C) sentenças II e III somente.(D) sentenças I e IV somente.(E) sentenças III e IV somente.

18. No laboratório de microbiologia, alguns cuidados devem ser tomados principalmente com a eliminação de resíduos ou lixo. Com base nas medidas básicas de proteção em laboratório, analise as sentenças abaixo:

I. Todo o lixo do laboratório de microbiologia é considerado contaminado.

II. Vidrarias em geral e outros artigos reaproveitáveis devem ser autoclavados.

III. Exceto meios de cultura, o lixo pode ser descartado como lixo comum.

IV. As vidrarias, em geral, devem ser descontaminadas na es-tufa e nunca na autoclave.

(A) Estão corretas somente as sentenças I, II e III.(B) Estão corretas somente as sentenças I e II.(C) Estão corretas somente as sentenças II e III.(D) Estão corretas somente as sentenças I, III e IV.(E) Todas as sentenças estão corretas.

19. São equipamentos essenciais a um laboratório de micro-biologia, EXCETO

(A) autoclave.(B) estufa bacteriológica.(C) refrigerador.(D) microscópio.(E) aparelho de eletroforese.

20. Considere o preparo de uma solução a 12% de um deter-minado reagente. Para essa preparação, devem ser obtidos 200 ml do volume final. O peso de reagente deve ser utilizado para prepa-ração dessa solução é

(A) 28 g(B) 32 g(C) 24 g(D) 16 g(E) 12 g

Respostas: 01-B 02-C 03-B 04-D 05-D 06-B 07-A 08-D 09-C 10-B 11-E 12-E 13-A 14-C 15-E 16-E 17-C 18-B 19-E 20-A

ANOTAÇÕES

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ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 78

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ANOTAÇÕES

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