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1 XIII SBGFA SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA Eixo Temático: CLIMA E PLANEJAMENTO URBANO/RURAL A CONSTRUÇÃO DE UMA MEMÓRIA: AS REPERCUSSÕES DOS EVENTOS PLUVIAIS EM VIÇOSA-MG. Paulo Henrique Rodrigues Junior – Graduando do curso de Engenharia de Alimentos – UFV e Bolsista Bic- Junior/ EFFIE ROLFS/Fapemig (2007-2008). Joseane Silva Leite – Estudante do Ensino Médio – Bolsista Bic-Junior/ESEDRAT/Fapemig (2007-2008). Edson Soares Fialho – Professor Assistente II – DGEO–UFV e Doutorando do Programa de Pós-graduação em Geografia Física da USP – [email protected]. RESUMO O clima quase sempre influencia na rotina das pessoas desde os primórdios da humanidade e atualmente não é diferente. Atividades simples do cotidiano, como: lazer, atividade física, cultivo da lavoura dentre outras dependem das condições de tempo. O fato é que o tempo é um fator que contribui para a limitação de certas atividades do homem moderno, o que o mesmo não tolera, pois não permite a expansão e crescimento das atividades humanas sobre a superfície terrestre. Inúmeros fenômenos climáticos ameaçam este crescimento como: tempestades, furacões, terremotos dentre outros, mas uma simples chuva passageira, hoje, já é motivo de alarme. A pluviosidade é o principal fenômeno capaz de provocar inconvenientes no espaço do município de Viçosa. Isto nos levou a elaborar um levantamento histórico com o objetivo de identificar as principais conseqüências e repercussões que o fenômeno de precipitação trás a população viçosense. Para isto, optou- se em pesquisar nos dois jornais de Viçosa (Tribuna Livre e Folha da Mata) reportagens maior importância local sobre eventos extremos e médios de chuva que causaram prejuízos ou marcaram a cidade. Também aplicamos 80 questionários junto a população residente a mais de 30 anos em diversos bairros da cidade para verificar como esses eventos afetam a população no geral. Dentre os resultados, constatou-se que poucos moradores se lembram dos episódios pluviais intensos de 1948 e 1986, quando a cidade foi muito castigada. Em ambos os eventos, em um dia choveu mais de 50,0% do total pluvial esperado para o mês. Já em 2001, os prejuízos se deram por eventos médios, mas de grande duração, chegando a chover dois meses ininterruptos. Verificou-se também que o comércio é a atividade econômica mais prejudicada no período chuvoso, que vai de dezembro a março e que, neste mesmo período, há um aumento do volume de uso de transportes coletivos. ABSTRACT The climate almost always influences in the people's routine from the humanity's origins and now it is not different. Simple activities of the daily, as: leisure, physical activity, cultivation of the farming among another depends on the conditions of time. The fact is that the time is a factor that contributes to the limitation of the modern man's certain activities, which the same doesn't tolerate, therefore it doesn't allow the expansion and growth of the human activities on the terrestrial surface. Countless climatic phenomena threaten this growth as: storms, hurricanes, earthquakes among other, but a simple passing rain, today, is already reason alarm for. The rain is the main phenomenon capable to provoke inconveniences in the space of the municipal district of Lush. This took us to elaborate a historical rising with the objective of identifying the

XIII SBGFA SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA ... · O clima quase sempre influencia na rotina das pessoas ... pois não permite a expansão e crescimento das atividades humanas

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XIII SBGFA

SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA

Eixo Temático: CLIMA E PLANEJAMENTO URBANO/RURAL

A CONSTRUÇÃO DE UMA MEMÓRIA: AS REPERCUSSÕES DOS EVENTOS PLUVIAIS EM VIÇOSA-MG.

Paulo Henrique Rodrigues Junior – Graduando do curso de Engenharia de Alimentos – UFV e Bolsista Bic-Junior/ EFFIE ROLFS/Fapemig (2007-2008). Joseane Silva Leite – Estudante do Ensino Médio – Bolsista Bic-Junior/ESEDRAT/Fapemig (2007-2008). Edson Soares Fialho – Professor Assistente II – DGEO–UFV e Doutorando do Programa de Pós-graduação em Geografia Física da USP – [email protected].

RESUMO O clima quase sempre influencia na rotina das pessoas desde os primórdios da humanidade e atualmente não é diferente. Atividades simples do cotidiano, como: lazer, atividade física, cultivo da lavoura dentre outras dependem das condições de tempo. O fato é que o tempo é um fator que contribui para a limitação de certas atividades do homem moderno, o que o mesmo não tolera, pois não permite a expansão e crescimento das atividades humanas sobre a superfície terrestre. Inúmeros fenômenos climáticos ameaçam este crescimento como: tempestades, furacões, terremotos dentre outros, mas uma simples chuva passageira, hoje, já é motivo de alarme. A pluviosidade é o principal fenômeno capaz de provocar inconvenientes no espaço do município de Viçosa. Isto nos levou a elaborar um levantamento histórico com o objetivo de identificar as principais conseqüências e repercussões que o fenômeno de precipitação trás a população viçosense. Para isto, optou-se em pesquisar nos dois jornais de Viçosa (Tribuna Livre e Folha da Mata) reportagens maior importância local sobre eventos extremos e médios de chuva que causaram prejuízos ou marcaram a cidade. Também aplicamos 80 questionários junto a população residente a mais de 30 anos em diversos bairros da cidade para verificar como esses eventos afetam a população no geral. Dentre os resultados, constatou-se que poucos moradores se lembram dos episódios pluviais intensos de 1948 e 1986, quando a cidade foi muito castigada. Em ambos os eventos, em um dia choveu mais de 50,0% do total pluvial esperado para o mês. Já em 2001, os prejuízos se deram por eventos médios, mas de grande duração, chegando a chover dois meses ininterruptos. Verificou-se também que o comércio é a atividade econômica mais prejudicada no período chuvoso, que vai de dezembro a março e que, neste mesmo período, há um aumento do volume de uso de transportes coletivos. ABSTRACT

The climate almost always influences in the people's routine from the humanity's origins and now it is not different. Simple activities of the daily, as: leisure, physical activity, cultivation of the farming among another depends on the conditions of time. The fact is that the time is a factor that contributes to the limitation of the modern man's certain activities, which the same doesn't tolerate, therefore it doesn't allow the expansion and growth of the human activities on the terrestrial surface. Countless climatic phenomena threaten this growth as: storms, hurricanes, earthquakes among other, but a simple passing rain, today, is already reason alarm for. The rain is the main phenomenon capable to provoke inconveniences in the space of the municipal district of Lush. This took us to elaborate a historical rising with the objective of identifying the

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main consequences and repercussions that the precipitation phenomenon back the population viçosense. For this, she chose in researching in the two newspapers of Lush (Free Tribune and Leaf of the Forest) reports adult local importance on extreme and medium events of rain that caused damages or they marked the city. We also applied 80 questionnaires close to resident population the more than 30 years in several neighborhoods of the city to verify as those events affect the population in the general. Among the results, it was verified that few residents remember of the intense pluvial episodes of 1948 and 1986, when the city was very punished. In both events, in one day it rained more than 50,0% of the expected pluvial total for the month. Already in 2001, the damages felt for medium events, but of great duration, getting to rain two uninterrupted months. It was also verified that the trade is the more prejudiced economical activity in the rainy period, that it is going from December to March and that, in this same period, there is an increase of the volume of use of public transportations.

1. Introdução

Os problemas de ordem social e ambiental estão se agravam, nas cidades tropicais

subdesenvolvidas, pela falta de um melhor gerenciamento ao nível dos municípios,

desprovidos de instrumentos legais adequados. Consequentemente, a vulnerabilidade do

espaço frente aos eventos atmosféricos intensos, que normalmente coorrem na zona

intertropical..

Apesar das chuvas serem uma característica do clima tropical e " ...no tienen nada

de discretas, constituyen em realidad fenómenos meteorológicos de uma gran violencia y de

uma belleza inovidable...”, conforme descreve Hallé (1999, p. 46). O poder executivo

responsabiliza o fenômeno natural, como agente responsável (FIALHO et. al, 2004), pelos

prejuízos ocasionados à população, mesmo tendo em vista que os trópicos recebam 3/5 da

pluviosidade global.

A tentativa de transferência da culpabilidade seria palusível caso os totais pluviais diários

fossem significativos, ou seja, superiores a 50 mm.h-1, porém tal argumento se torna frágil,

quando sérios transtornos, tais como: deslizamentos, engarrafamentos e inundações são

provocados com totais diários inferiores a 40 mm.h-1.

Isto demonstra que a vulnerabilidade climática e topográfica é elevada pela

impermeabilização das superfícies urbanizadas, que altera a capacidade de armazenamento

e infiltração da água da chuva no solo e favorece o escoamento hortoniano, que acelera a

chegada da água da chuva aos canais fluviais. A conseqüência disto, é a formação de

enxurradas e a redução da evaporação, mesmo que exista a retificação e canalização dos

rios, na medida em que essas intervenções por aumentar a velocidade do fluxo das águas,

transferem o represamento para outro lugar com maior intensidade.

Conforme Mattedi (2002) as ações governamentais intervém somente nos fenômenos

naturais, desconsiderando os fatores sociais do problema. Com base nisso, argumenta-se

que a relação entre a construção do fenômeno e o processo decisório estabeleceu um

processo de retroalimentação positiva, onde a as iniciativas provocadas pelas perdas das

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enchentes, uma vez atendidas por ações governamentais, cria uma imagem falsa de

segurança, mesmo que temporária, reforçada pela ocupação das áreas já afetadas pelas

enchentes e de grande risco de deslizamentos.

Nessa linha de pensamento, para Rodrigues (1998) o tempo não parece mais como a fonte

de resolução dos problemas, mas sim de acumulação. Por esta razão, a solução dessa

questão ultrapassa os limites da engenharia. Ela requer uma integração de forças de

inúmeros agentes responsáveis pela produção do espaço urbano, a fim de solucionar

questões urgentes, como o problema das enchentes, que embora seja visto como um

problema ligado, muitas vezes, a vazão fluvial no tempo e no espaço, necessita-se mudar o

modo de ver o problema.

A ação humana ao modificar o meio, ocasiona conseqüências sobre os mesmos seres que

produziram a ação, visualizada sobre o espaço, que segundo Santos (2004) aumenta a

distância entre os homens, em razão do processo produtivo que os une, ou seja, o

crescimento da cidade. Principlamente, quando se trata de países subdesenvolvidos como o

Brasil, que apesar de apresentar 12 regiões metropolitanas e 37 aglomerações urbanas

não-metropolitanas, que concentram 47,0% da população do país, onde residem 33,6% da

população brasileira (52,7 milhões de habitantes), em extensos aglomerados que envolvem

200 municípios, o que dificulta o atendimento das demandas sociais e de infra-estrutura urbana.

Percebe-se que o padrão de urbanização brasileiro imprimiu às metrópoles pelo menos

duas fortes características associadas ao modo predominante de “fazer cidade”: apresentam

componentes de “insustentabilidade” vinculados aos processos de expansão e transformação

urbana e proporcionam baixa qualidade de vida a parcelas significativas da população.

Esse padrão cria um espaço antagônico, de um lado, a cidade “formal”, que concentra os

investimentos públicos e, de outro, seu contraponto absoluto, a cidade “informal”, que cresce

exponencialmente na ilegalidade urbana, sem atributos de urbanidade, exacerbando as diferenças

sócioambientais.

A exploração predatória do espaço geográfico promove drásticas modificações sobre o meio

físico traduzido em ocupações ilícitas, sem equipamentos públicos, e, também, orquestrada

pela ação, não menos ambiental do planejamento municipal, produzindo áreas impróprias

de assentamento e concentração humana, a falta de um zoneamento urbano respeitando as

peculiaridades ambientais, o desrespeito ao plano diretor de cada município faz com que

tenhamos este lastimável quadro urbanístico atual1.

A conseqüência imediata disso, é a diminuição do armazenamento do lençol freático,

prejudica o abastecimento do curso d agua, podendo levar a redução da vazão dos rios no período de estiagem. 1Para se ter idéia da gravidade do problema, somente no Brasil 4,4 milhões de moradias entre 1995 e 1999, sendo apenas 700 mil dentro do mercado formal. Ou seja, mais de 3 milhões de moradias foram construídas em terras invadidas ou em áreas inadequadas.

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Como se identifica, o balanço hídrico no meio urbano é alterado, por conseguinte, as

conseqüências são geralmente associadas ao extravasamento das águas contidas nos

leitos fluvial, conhecida como enchentes, também conhecida como inundação, significando o

alagamento de uma área que antes não era coberta pela água. Esse fenômeno por sua vez

se intensifica cada vez mais, em razão da ocupação das atividades humanas, tornando-se

mais visível nas grandes cidades brasileiras, em sua maioria situada na região centro-sul.

Segundo o a pesquisa nacional de saneamento básico realizado pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (Folha de São Paulo, 9/4/2004) os Estados mais afetados pelas

enchentes são: Rio de Janeiro (63,7%), Santa Catarina (45,0%), São Paulo (40,6%), Espírito

Santo (37,6%), Paraná (26,3%) e o Rio Grande do Sul (25,4%). Dentre as principais causas

estão: obstrução dos bueiros (51,0%), crescimento populacional (31,6%), realização de

obras inadequadas (27,9%) e o mau dimensionamento dos projetos de galerias pluviais (27,4%).

Apesar disso, a legislação que pretende ordenar o uso e a ocupação do solo é aplicada à

cidade legal (aquela área em que existe a efetiva atuação da administração pública), mas

não se aplica à outra parte, a qual é a que mais cresce.

As conseqüências dessa ocupação desorganizada já são bastante conhecidas: enchentes,

assoreamento dos cursos de água devido ao desmatamento e ocupação das margens,

desaparecimento de áreas verdes, desmoronamento de encostas, comprometimento dos

cursos de água que viraram depósitos de lixo e canais de esgoto. Esses fatores ainda são

agravados pelo ressurgimento de epidemias como a leptospirose.

Apesar dos problemas decorrentes das chuvas fortes em áreas urbanas serem evidentes, o

ritmo das atividades humanas tornarem a percepção do tempo um fato supérfluo,

esquecendo, que o crescimento das áreas urbanas está associado ao aumento dos efeitos

negativos, principalmente, ligados a chuva.

As conseqüências à cidade não se referem somente aos prejuízos e catástrofes

relacionados aos eventos pluviais intensos, mas também a queda no faturamento. Em

algumas áreas chuvas de baixa intensidade já são capazes de colocar a cidade em estado

de alerta. A população da cidade quer que o clima tenha um ritmo de acordo com seu ritmo

de vida, esquecendo que o clima sempre existiu e que a cidade deve obedecer às condições

climáticas.

2. Objetivo Nesse sentido, o presente trabalho pretende analisar a percepção climática da população,

quanto às conseqüências dos fenômenos climáticos que afetam o município de Viçosa-MG

(Figura 1).

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N

EW

S

1000 0 1000 2000 Km

720000

720000

723200

723200

7702

400 7702400

7705

600 7705600

7708

800 7708800

Figura 1. Localização do município de Viçosa-MG, assim como a sua área urbana.

Fonte: IBGE/DPS-UFV Elaborado por Edson Soares Fialho, 2009.

3. Metodologia Para a realização deste trabalho, algumas etapas foram realizadas, a fim de alcançar o

objetivo proposto. Inicialmente, as análises sobre o espaço físico da cidade, tais como:

características dos bairros, sítio e outros a fim de reconhecer o espaço geográfico da cidade

de Viçosa foram levantados por meio de três percursos executados nos bairros: Santa

Clara, Julia Mollá e Centro.

Com base neste levantamento prévio, questões foram levantadas para discussão em

seminário interno sob o tema: O que é uma cidade? Deste momento de reflexão, frutificaram

duas orientações de levantamento de informações: A primeira foi a produção de um

questionário (Quadro 1), aplicado a 80 indivíduos com idade superior a 35 anos de idade.

Este limite se refere ao fato de construir uma amostra com pessoas que apresentem um

maior tempo de vivência da cidade, descartando a população estudantil universitária. A

segunda linha foi o levantamento de manchetes de jornal, referente aos fenômenos da

chuva e suas repercussões sobre o meio urbano de Viçosa. Para isto, foram visitados os

arquivos dos jornais da cidade (Folha da Mata e Tribuna Livre). Além das fontes anteriores

de informação, também se coletou os dados de pluviosidade, obtido junto a Estação

climatológica de Viçosa (INMET) para os anos de 1985, 1986, 2000 e 2001.

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Quadro 1. Questionário utilizado para entrevistas de campo.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Geografia - 36570-000 - VIÇOSA, MG

Fone: (31) 3899-4055. Fax: 3899-4061 E-mail: [email protected]

Entrevista

Sexo: ( )M ( )F Idade:_________ Profissão:_______Escolaridade:___________ Cidade Natal:_____Quanto tempo reside em Viçosa?______ Bairro onde reside atualmente________ O tempo influencia no desenvolvimento de suas atividades diárias? ( ) Sim ( ) Não O tempo influencia em seu lazer? ( )Sim ( )Não O tempo influencia o exercício da sua profissão? ( ) Sim ( ) Não Quando chove você muda o meio de transporte para se locomover? ( ) Sim ( ) Não Quais são os meses mais chuvosos no ano?_________________________________________________ Quais são os meses mais secos no ano? ____________________________________________________ Quais os meses mais frios do ano?_________________________________________________________ E os mais quentes? _____________________________________________________________________ O Clima de Viçosa já apresenta influencia da ação humana? Como? ______________________________ Qual bairro da cidade você acha que é o mais quente e mais ameno em Viçosa_____________________ Você acha que as alterações climáticas são maiores sobre as áreas urbanas? Por quê? Você procura se informar a respeito da previsão do tempo? ( )Sim ( )Não Por quê? Quantas vezes por semana? _____________________________________________________________ Qual meio você utiliza para se informar da previsão? Por quê? ___________________________________ É comum a incidência de chuvas fortes em Viçosa? ___________________________________________ Chuvas em geral causam prejuízos a nossa cidade? ___________________________________________ Você sabe de algum evento extremo de chuva que tenha ocorrido em Viçosa? Descreva-o_____________ Chuvas já causaram algum prejuízo a você?_________________________________________________ Nos meses chuvosos, os gastos da sua casa aumentam? Como?_________________________________ Você acredita que as chuvas influenciam na atividade comercial de Viçosa? Como?__________________ Além das chuvas, que outros eventos climáticos atuam sobre a cidade? ___________________________ Eles causam prejuízo?___________________________________________________________________ Você sabe dizer quais profissionais lucram mais nos períodos chuvosos?__________________________ E os que lucram menos?_____________________________________________________________ Organizado por Edson Soares Fialho e Paulo Henrique Rodrigues Junior e Joseane Silva Leite 2009.

4. Análise dos dados

Os resultados mostram que Viçosa, mesmo sendo uma cidade de pequeno porte, apresenta

uma vulnerabilidade frente aos eventos pluviais intensos. Segundo a maioria dos

entrevistados, o principal sintoma dessa influência é o aumento do calor e a mudança

repentina do tempo, fato mais evidente na zona urbana do que na rural.

De modo geral, cerca de 51,0% dos entrevistados disseram sofrer influencia do tempo,

principalmente, quanto ao lazer e ao meio de transporte. O meio de transporte beneficiado é

o ônibus coletivo, que segundo a opinião da população, é a atividade que mais lucra no

período chuvoso, compreendido entre outubro a março. Neste período todos os eventos

extremos de chuva que foram registrados na cidade, causaram prejuízos à cidade, de

acordo com 63,0% da população entrevistada.

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Porém, segundo 54,0% dos indivíduos, as chuvas fortes não são comuns em Viçosa. Esta

incongruência abre espaço para um questionamento. Se Viçosa não sofre com chuvas

fortes, qual é a razão para a cidade apresentar prejuízos relacionados a chuva, como

enchentes localizadas e deslizamentos de terra.

A resposta para esta pergunta, de acordo com a própria população entrevistada é a falta de

infra–estrutura urbana, principalmente nos bairros do Bom Jesus e o Centro. Quanto à

memória dos eventos de chuva intensa, a população de maneira geral, apenas citou os

eventos pluviais recentes, tais como: 2001 (19,0%); 1986 (14,0%); 1979 (12,0%); 2004,

2005 e 2007 (1,0%), enquanto 52,0% da população não souberam responder. Ao se

observar a Figura 2, que demonstra os totais pluviais mensais para os respectivos anos de

1985, 1986, 2000 e 2001, num primeiro momento, se identifica o ano de 1985 como o mais

chuvoso.

Figura 2. Totais pluviais mensais dos anos de 1985, 1986, 2000 e 2001 para o

município de Viçosa.

Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Elaborado por Edson Soares Fialho, 2009.

Porém, ao nível de repercussão ou impactos pluviais, o ano de 1986 registrou mais

prejuízos, conforme pode ser visto nas Figuras 3 e 4, que demonstra a elevada

concentração das chuvas no dia primeiro de janeiro de 1986, com mais de 180 mm em 21

horas, enquanto o ano de 1985 as chuvas máxima não alcançou a 80 mm e foi mais bem

distribuída ao longo do mês.

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Nivel das chuvas_Janeiro

0102030405060708090

100110120130140150160170180190

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

Dia

(mm

) 1985198620002001

Figura 3. Total diário das chuvas nos anos de 1985, 1986, 2000 e 2001 em Viçosa.

Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Organizado por Edson Soares Fialho e Paulo Henrique Rodrigues Junior e Joseane Silva Leite 2009.

Figura 4. Total diário das chuvas entre dezembro de 1985 e janeiro de 1986 para Viçosa.

Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Organizado por Edson Soares Fialho e Paulo Henrique Rodrigues Junior e Joseane Silva Leite 2009.

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Além desta comparação entre os anos de 1985 e 1986, o que nos chama atenção é a não

citação das chuvas de 1948 pelos entrevistados (Figura 5), que segundo a literatura

pesquisada foi um evento de maior magnitude, embora ainda não confirmado pela pesquisa

realizada, pois não se obteve os dados pluviais da estação, que não se encontram no

acervo da UFV, mas no INMET de Brasília. Mesmo assim, uma indagação surge.

Figura 5. O rompimento da represa de abastecimento de água da cidade de Viçosa em 1948, localizado, atualmente, na Mata do Paraíso, se rompeu em decorrência das fortes chuvas, o que gerou a jusante o aumento repentino do volume do rio São Bartolomeu, que arrastou tudo que encontrava em suas margens. A foto acima é possível identificar as 4 Pilastras, porta de entrada da UFV e o rio São Bartolomeu e sua destruição.

Fonte: Disponível em http://opassadocompassadodevicosa.blogspot.com. Acesso em 22 mai. 2009.

A memória deste evento para o grupo de pessoas que conversamos indica uma

inconsciência coletiva provocada pela não vivência do fato ocorrido a mais de 50 anos?

Quem ou o quê é responsável pela preservação da memória dos fatos importantes em uma

cidade? No caso Viçosa.

Em outras cidades, fatos antigos ainda se mantêm no inconsciente coletivo das pessoas,

mesmo naquelas que não vivenciaram o fato, quando não são comemorados como sinal de

respeito aos mortos ou aos heróis. Um exemplo disto, relacionado as chuvas foi as chuvas

do ano de 1982 em Santa Catarina. Para arrecadar fundos para a reconstrução da cidade

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de Joinvile, criou-se a Oktoberfest. Embora os turistas hoje pouco relacionem a festa ao fato

dos impactos das chuvas, os moradores locais não se esquecem do motivo da festa.

Então porque será que Viçosa esqueceu este acontecido? Uma pergunta que ainda

investigamos. Mas que deve nos remeter a algumas ponderações.

De acordo com Kessel (2009) as memórias individuais e coletivas se alimentam e têm

pontos de contato com a memória histórica e, tal como ela, são socialmente negociadas.

Guardam informações relevantes para os sujeitos e têm por função primordial garantir a

coesão do grupo e o sentimento de pertinência entre seus membros. Abarcam períodos

menores do que aqueles tratados pela história.

Tem na oralidade o seu veículo privilegiado, porém não necessariamente exclusivo, de

troca. Já a memória histórica tem no registro escrito um meio fundamental de preservação e

comunicação. Memórias individuais, coletivas e históricas se interpenetram e se

contaminam. Memórias individuais e coletivas vivem num permanente embate pela co-

existência e também pelo status de se constituírem como memória histórica.

Para Von Simson (s/d) a memória coletiva que é aquela formada pelos fatos e aspectos

julgados relevantes e que são guardados como memória oficial da sociedade mais ampla.

Ela geralmente se expressa naquilo que chamamos de lugares da memória que são os

monumentos, hinos oficiais, quadros e obras literárias e artísticas que expressam a versão

consolidada de um passado coletivo de uma dada sociedade. Porém, o mesmo autor afirma

que se vive, atualmente, a perda do exercício desse poder de seleção nas sociedades

atuais constitui o fator fundamental para a formação do que os profissionais da informação

chamam de sociedades do esquecimento. Isto poderia ser a razão da não lembrança das

chuvas em Viçosa no ano de 1948?

Ou será por estarmos no meio tropical com período de chuva bem definido, que ocorre todo

ano, não atentamos ao fato de lembrarmos o ano exato daquela forte chuva, pois são

parecidas a cada ano? Ou seja a chuva secou a memória da população?

Acompanhando as manchetes das chuvas em Viçosa no Quadro 2, percebe-se que a partir

de 1986 (Figura 6) o noticiário das chuvas aumentou significativamente. Mas infelizmente, o

não acesso aos arquivos do Jornal Folha da Mata antes do ano de 1986 nos limitou a

análise, porém, acredita-se que o noticiário referente aos problemas das chuvas, ainda era

incipiente.

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Quadro 2. Levantamento dos eventos de chuva ocorridos em Viçosa e notícias pelos jornais locais (Folha da Mata e Tribuna Livre).

Jornal Data Título Resumo Cidade Evento

Tribuna livre 13/09/08

Obra sofre abalos com

chuvas

As intervenções começadas deste abril no bairro de Lourdes foram abaladas com as chuvas ocorridas entre os dias 15 e 16 de setembro. Moradores reclamam da demora de tais obras e dos transtornos causados pela mesma.

Viçosa Chuva

Tribuna livre 19/09/08

Bairro de Lourdes quase

inundado

Chuva que caiu na noite do dia 15 revela a precária infra-estrutura das obras, arrancando o calçamento e deixando buracos

Viçosa Chuva

Tribuna livre 19/09/08

Chuva causou estragos na

cidade

Chuva causa transtornos em Viçosa, e revela ineficiência em obras realizadas pela prefeitura, além disso, bueiros são entupidos, calçamentos arrancados, casas alagadas.

Viçosa Chuva

Folha da Mata 19/09/08

Reforma da Bernardes Filho e Silva Pontes não passa no

teste

Moradores se revoltam pela ineficiência da obra que não teve os objetivos alcançados. Chuvas de granizo causam prejuízos em Viçosa e região

Viçosa Chuva

Folha da Mata 19/09/08

Reforma não acaba com enchentes

Chuva revela ineficiência em obras realizadas pela prefeitura e causa revolta em moradores

Viçosa Chuva

Folha da Mata 26/01/07 Chuvas

torrenciais

Chove 92 mm durante 12 horas em viçosa, conseqüência: desabamentos, famílias desalojadas, estradas e ruas intransitáveis

Viçosa Chuva

Folha da Mata 26/01/07

Desabamentos e inundações desalojam 16

famílias

Transtornos e prejuízos decorrentes das chuvas Viçosa Chuva

Tribuna livre 02/02/07 Represas estão

seguras

As represas estão seguras e são mínimas as chances delas se romperem. Estas represas têm a função de regularizar a vazão do Ribeirão São Bartolomeu

Viçosa Chuva

Tribuna livre 02/02/07

Chuvas trazem desastre

ambiental à tona

Chuva torrencial entre 8h30’ a 5h em 17/18 de fevereiro de 1948 causou um grande desastre para a ESAV (hoje UFV) e para cidade, devido ao rompimento da única represa.

Viçosa Chuva

Tribuna livre 02/02/07

BR 120 permanece intransitável

Barraco cai entre Viçosa e Visconde do Rio Branco causando transtornos para os que por lá passam

Viçosa Chuva

Tribuna livre 12/01/07

Chuvas também castigam Viçosa

As chuvas de fim de ano estão causando muitos problemas e transtornos aos moradores. A chuva registrada nos 10 primeiros dias atingiu 171 mm , sem 50,7 mm registrado apenas no dia 4.

Viçosa Chuva

Tribuna 26/01/07 Chuvas Chuvas deixam Defesa Civil em Viçosa Chuva

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livre castigam Viçosa

alerta em Viçosa, sendo várias casas notificadas. Moradores reclamam descaso da prefeitura

Folha da Mata 04/02/06 Viçosa sobe

águas

Chuva causa desabamento, arrasta carros em Viçosa, além de danificar estradas vicinais

Viçosa Chuva

Folha da Mata 18/03/05

Obra de contenção gera transtorno na Dª Gertrudes

Obras para conter as enchentes causam transtornos aos moradores na rua Dª Gerturudes e Silva Pontes

Viçosa Chuva

Tribuna livre 05/01/01

Mãe e filhos morrem

soterrados

O desabamento de um barraco vitimou a mãe e seus dois filhos, no bairro Cidade Nova, além disso, há riscos de mais desabamentos em outros pontos da cidade. O SAAE alerta para o não direcionamento das águas da chuva para a rede de esgoto. Em pouco mais de 6 horas Viçosa recebeu o volume de água correspondente a um terço do mês de janeiro.

Viçosa Chuva

Tribuna livre 05/01/01

Chuvas provocam mortes e

estragos em Viçosa

As fortes chuvas provocaram inundações, desmoronamentos e mortes em Viçosa. O ribeirão São Bartolomeu transbordou em vários pontos. A chuva arrastou o lixo do depósito para a rodovia que liga Viçosa a Porto Firme, causando congestionamento.

Viçosa Chuva

Tribuna livre 05/01/01 A natureza

reclama

Obras para a construção do Condomínio Burle Marx causam rachaduras e queda do asfalto próximo as Quatro Pilastras, durante as fortes chuvas do início do ano

Viçosa Chuva

Tribuna livre 07/01/86 Chuvas abalam

a cidade Temporal atinge a cidade durante a virada do ano Viçosa Chuva

Tribuna livre 04/01/86

Chuva trouxe lamento e dor na entrada do

Ano Novo

Temporal da virada do ano causou desabamentos, inundações, deixando cerca de 400 desabrigados e vítimas fatais. O temporal de 5 horas registrou 184.8 mm

Viçosa Chuva

Fonte: Jornal Folha da Mata e Tribuna Livre. Elaborado por Edson Soares Fialho, 2009. Mesmo as chuvas trazendo prejuízos à cidade, as pessoas em maioria esmagadora afirmam

não terem sofrido nenhum dano pessoal.

A minoria sofre com o aumento das despesas no período chuvoso, mas as que gastam mais

revelam os aumentos com alimentação e eletricidade. Os entrevistados reconhecem que o

comércio de Viçosa sofre influência das chuvas, apontando o comerciante como o

profissional mais prejudicado durante os meses chuvosos de setembro a março.

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Figura 6. Manchete das chuvas fortes em Viçosa no ano de 1986.

Fonte: jornal Tribuna Livre, 7 de Janeiro de 1986

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5. Considerações Finais

Após esforço de tentar pensar e tentar reconstruir a memória das chuvas em Viçosa, por

meio de levantamento preliminar, o trabalho demonstrou que a memória se faz presente nas

discussões das questões ambientais, com também serve de fator de alienação e

desconstrução da idéia de que nada aconteceu de grave antes.

Além disto, a colaboração de dois bolsistas do Ensino médio foi enriquecedora, pois

reaproximou dois mundos distantes e tão próximos, quanto à academia e o Ensino Médio.

Com o desenvolvimento da pesquisa adotou práticas pedagógicas capazes congregar os

aspectos humanos e físicos da paisagem, com intuito de ultrapassar o obstáculo da visão de

mundo da ciência construída nos centros universitários, que reforçam a idéia de dominação

do homem sobre a natureza, ignorando que o ser humano faz parte dela, os alunos bolsistas

da pesquisa conseguiram compreender melhor a sua cidade, que vivem em um grande

conflito com sua memória esquizofrênica entre uma cidade pequena e uma cidade

cosmopolita pós-moderna, posta como um enclave entre os muros invisíveis da UFV.

6. Referências Bibliográficas

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Agradecimentos: Ao apoio da Fapemig – CNPq, que apoiou a pesquisa fornecendo aos alunos Paulo Henrique Rodrigues Junior (hoje graduando do curso de Engenharia de Alimentos e antes alunos da Escola Estadual EFFIE ROLFS) e Joseane Silva Leite (ainda estudante do Ensino Médio –/ESEDRAT) a bolsa BIC-Júnior entre os anos de (2007-2008).