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XVI FÓRUM UNIVERSITÁRIO MERCOSUL (FoMerco)
“INTEGRAÇÃO REGIONAL EM TEMPOS DE CRISE”
GRUPO DE TRABALHO 07 – COMUNICAÇÃO, INFORMAÇÃO E
PODER
A COBERTURA DO TELEJORNAL “JORNAL NACIONAL”, UMA
ANÁLISE DOS CASOS TEORI E ALCAÇUZ.
PEDRO ERNESTO RIBEIRO ALVES
UNIVERSIDAD NACIONAL DE QUILMES – UNQ
LARISSA ALVES DE CARVALHO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA – UFRB
SALVADOR, 27 A 29 DE SETEMBRO
2017
A cobertura do telejornal “Jornal Nacional”, uma análise dos casos
Teori e Alcaçuz.
Resumo: O trabalho consiste na análise da cobertura do telejornal
intitulado Jornal Nacional, da emissora Rede Globo, entre os dias 19, 20, 21 e
23 de janeiro do ano de 2017. A escolha do jornal se justifica por seu grande
alcance na população brasileira: cerca de 25 milhões de pessoas assistem ao
jornal todos os dias. O telejornal é apresentado diariamente de segunda a
sábado e tem duração de cerca de 45 minutos. Em relação as datas, é
importante ressaltar que elas foram escolhidas propositalmente, pois ocorrem
dois fatos que tiveram uma relevância maior na cobertura do telejornal, a morte
por acidente aéreo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori
Zavascki, e as rebeliões ocorridas em presídios do norte e nordeste brasileiros.
O artigo visa desvelar o tempo dedicado a cada bloco de notícia, mostrando
como o telejornal é estruturado, tendo em vista sua liderança de audiência em
cada programa que apresenta, portanto, a maior ênfase sobre a notícia acaba
por ser a tônica do que é discutido nos meios de comunicação em todo o país, e
consequentemente isso influência até mesmo o governo e a agenda política
nacional. A análise do tempo foi dividida em cinco blocos: Acidente Teori,
Violência, Demais Notícias, Notícias Internacionais, Política Nacional. Nesta
análise pudemos perceber a disparidade entre os tempos dedicados a cada
notícia o que, por conseguinte, pode visar objetivos dos mais variados além do
protocolar de levar a informação à população, como por exemplo formar ou
moldar a chamada “opinião pública”, modificar a agenda presidencial, influenciar
a popularidade ou a credibilidade de alguma política específica ou até mesmo de
um governo.
Palavras chave: Mídia; Agenda; Opinião Pública;
INTRODUÇÃO
O trabalho a seguir faz uma análise sobre o tempo de cobertura de cada
bloco do telejornal brasileiro Jornal Nacional, nos dias 19, 20, 21 e 23 de janeiro
do ano de 2017. Estas datas não foram escolhidas aleatoriamente, pois
houveram dois fatos de grande importância na agenda política nacional, a saber:
A rebelião do presídio de Alcaçuz no estado do Rio Grande do Norte, onde vários
detentos foram mortos e que, consequentemente, gerou rebeliões em outros
presídios federais, a exemplo do de Manaus e também o de Belém do Pará, e o
acidente aéreo do Ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavaski, que era
até então relator da Lava Jato, operação que investiga uma grande quantidade
de políticos em esquemas de corrupção. Segundo Charaudeau (2006), existem
dois critérios de seleção dos fatos, o primeiro é o externo, onde se refere a forma
ocorrem os fatos, se eles são provocados ou planejados, e o interno, no qual as
imagens que os meios de comunicação ampliam a fim de que se cause algum
sentimento de interesse ou de emoção pela audiência. A notícia tem um
ordenamento específico para causar um choque e concomitantemente distrair o
espectador (Temer, 2010, p.113), apesar dos temas serem mostrados sem uma
ordenação aparente, todo bloco tem em si um componente e tem um valor
específico, retroalimentado a partir de novos dados relacionados a ele. Uma
outra característica importante do telejornal, é justamente o seu elemento
estrutural, no qual é predominante o estilo da reportagem e a sua arrumação em
blocos, nos quais não se pode utilizar outros formatos de informação como os
formatos de opinião. (Temer, 2010, p. 115).
A relevância da cobertura destes quatro dias deste jornal ocorre
especificamente pela liderança do Jornal Nacional em relação a outros
telejornais brasileiros, sendo o telejornal mais antigo em atividade no Brasil.
Apenas o telejornal “carro chefe” da Rede Globo está presente, com repórteres,
cinegrafistas e editores, nos 27 estados brasileiros, em 117 municípios, cobrindo
literalmente o país inteiro. Ao todo, são 4.500 jornalistas para contar aos
brasileiros. É igualmente ampla a cobertura internacional. O Jornal Nacional tem
correspondentes próprios em seis países: Estados Unidos, Inglaterra, Argentina,
Itália, Israel e na França1.
O programa de notícias recebeu inúmeros prêmios internacionais de
reconhecimento e jornalismo de qualidade, enquanto também sofreu muitas
críticas pelo monopólio midiático do grupo que o comanda. A TV Globo pertence
ao Grupo Globo, que é um dos maiores conglomerados de mídia da América
Latina (Becerra y Mastini, 2006) e uma das maiores empresas de mídia em todo
o mundo, pois é líder na produção de conteúdo no país, com cerca de 4.400
horas, que são distribuídas para todo o país (Idem,2006), que além de manter o
mercado consumidor nacional, que tem números absolutos continentais,
também exporta conteúdo para produção a nível mundial (Idem,2006).
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada de modo qualitativo, no qual é analisado o tempo
registrado para cada bloco de notícias do jornal, para que se entenda a
relevância de cada notícia dentro do tempo final, onde assim, se poder perceber
ou não o grau de importância a uma informação. Concordando com Champagne
(2000), sobre a noção de “malestares mediáticos”, nota-se a tentativa de
incorporar um tema ao chamado “debate público”, no qual também é descrito
que, apesar disso, nem todo malestar é “mediático”, e que o trabalho jornalístico
de construção dele é em grande medida movido por interesses próprios deste
setor. (Idem, 2000).
A fabricação do conhecido “acontecimento”, é resultado de uma
mobilização de um determinado meio de comunicação que, pode ser provocada
ou espontânea, e que tem a tentativa de representar os problemas pondo um
1 Fonte: Jornal Nacional: a notícia faz história / Memória Globo. - Rio de- Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004
acento sobre aquilo que por eles mesmos são considerados “extraordinários”
Champagne (2000). Dentro da definição de sociedade “telecêntrica” (Rincón,
2006), é explicado que a televisão hoje já não é mais uma “construtora” de
mensagens, e sim uma construtora de modelos de relação e modos de
percepção da realidade. Em se tratando principalmente de países que tem íntima
relação com os meios de comunicação preferidos, além de uma vocação
democrática dessas nações, ou seja, a herança na relação entre a mídia e os
governos de países com uma menor tradição de democracia, onde se pode
incluir o Brasil, acaba consequentemente tornando a penetração da televisão
não somente em um processo de força, mas sim de investidura. (Rincón, 2006).
PROGRAMAS
19/01/2017
O Jornal Nacional na data de 19 de janeiro, quinta-feira, durou cinquenta
e sete minutos e trinta segundos de notícias e foi dividido em cinco partes que
cobrem diferentes temas.
Acidente Teori: O primeiro foi sobre a questão de um acidente aéreo,
que acabou vitimando o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavaski,
relator da operação Lava Jato, e que teve a duração de 32 minutos e 30
segundos.
Violência: Foi mostrado uma reportagem de duas mortes que ocorreram
através de brigas entre facções rivais dentro da prisão Alcaçuz no estado do Rio
Grande do Norte, além de um apêndice sobre as consequências deste confronto
com a violência em Natal, a capital do estado do Rio Grande do Norte. Esse
bloco teve a duração de 6 minutos.
Notícias Internacionais: Reportou uma avalanche que soterrou um hotel
na Itália, e a política internacional, com os preparativos para a posse do
presidente dos EUA, Donald Trump, e tomada também um pequeno saldo da
administração do antigo presidente Barack Obama. Parte que durou 13 minutos
e 30 segundos.
Demais Notícias: O quarto foi o de com a previsão do tempo e esportes
e teve a duração de 5 minutos e 30 segundos.
Política Nacional: A categoria não foi utilizada pelo telejornal neste dia.
JORNAL NACIONAL 19/01/2017
TIPO DE NOTÍCIA TEMPO DEDICADO QUANTIDADE EM %
ACIDENTE TEORI 32min 30s 57%
POLÍTICA NACIONAL 0 0%
VIOLÊNCIA 6min 10%
DEMAIS NOTÍCIAS 5min 30s 10%
NOTÍCIAS INTERNACIONAIS 13min 30s 23%
TOTAL 57min 30s 100%
Fonte: https://globoplay.globo.com/jornal-nacional/p/819/
20/01/2017
A edição do Jornal Nacional de 20 de janeiro, sexta-feira, durou 53
minutos em notícias e foi basicamente uma continuação dos acontecimentos do
dia anterior, mas com algumas diferenças no tempo determinado para cada
notícia.
Acidente Teori: Se aprofundou as possíveis causas do acidente que
vitimou o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavaski, o bloco que tratou
do acidente durou exatamente 27 minutos.
Política Nacional: Mostrou a tentativa de reverter o processo de
execução da Lava Jato, além de mostrar o processo de sucessão na relatoria da
operação, que por motivos óbvios foi interrompida pela morte do seu relator. O
bloco durou exatamente 8 minutos e 30.
Notícias Internacionais: Basicamente falou sobre a cerimônia de posse
do presidente norte-americano Donald Trump. A emissão foi feita com um ponto
correspondente in loco. No total, este bloco durou exatamente 11 minutos e 30
segundos.
Violência: O telejornal continuou a cobertura de notícias diárias sobre os
motins que tiveram lugar na prisão de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte. O
material mostrou uma parte de uma conferência de imprensa do Ministro da
Defesa e outra do governador da província do Rio Grande do Norte. O bloco
durou 3 minutos, e a quinta parte foi a de
Demais Notícias: Tratou da previsão do tempo, que também durou
exatos três minutos.
JORNAL NACIONAL 20/01/2017
TIPO DE NOTÍCIA TEMPO DEDICADO QUANTIDADE EM %
ACIDENTE TEORI 27min 51%
POLÍTICA NACIONAL 8min 30s 16%
VIOLÊNCIA 3min 6%
DEMAIS NOTÍCIAS 3min 6%
NOTÍCIAS INTERNACIONAIS 11min 30 s 21%
TOTAL 53 min 100%
Fonte: https://globoplay.globo.com/jornal-nacional/p/819/
21/01/2017
A edição de 21 de janeiro do Jornal Nacional foi apresentada no sábado
e durou 46 minutos e trinta segundos em notícias. Neste dia houve várias
agendas parecidas com os dias anteriores.
Acidente Teori: Foi direcionado para o funeral do ministro do Supremo
Tribunal Federal, Teori Zavaski, cobrindo o funeral, a chegada do caixão com o
corpo do ministro, também a questão de colegas de entrevista no lugar foi
tomada de trabalho. Também foi mostrado fotografias do enterro dos outros
ocupantes do avião que caiu na cidade de Paraty, parte durou exatamente 15
minutos.
Violência: foi continuada a cobertura sobre a luta de facções rivais em
Alcaçuz, prisão localizada no Rio Grande do Norte. Além de mostrar a tentativa
do governo de colocar paredes na prisão e também o processo de recolha dos
corpos dos mortos na batalha. Ao mesmo tempo, ele mostrou uma reportagem
sobre a cidade de Belém, no estado do Pará, que matou 24 pessoas nas últimas
24 horas. Bloco que durou exatamente 8 minutos e 30.
Notícias Internacionais: que apresentou a agenda do novo presidente
norte-americano Donald Trump, além de um resgate de pessoas em um hotel
em Itália, que foi destruída por uma avalanche, tendo o total deste bloco durado
8 minutos e 30 segundos.
Demais Notícias: A parte relacionada as demais notícias neste dia
incorporou temas bastante diversos. Um relacionado à economia, que mostrou
o problema da acumulação de pagamento de bônus para os trabalhadores no
país e que durou 2 minutos e 30 segundos, outra que mostrou a previsão do
tempo para o dia e durou 2 minutos e 30 segundos além de dois temas
relacionados, um com um parque ecológico no país, que está enfrentando
dificuldades financeiras, além de uma matéria relacionado ao ENEM. Esta parte
durou 4 minutos e 30 segundos. Ainda dentro desse bloco houveram duas
matérias relacionadas a esporte, uma que mostrou a Copa Downhill da América,
além de uma outra sobre o primeiro jogo equipe de futebol Chapecoense após a
tragédia de avião que matou todo o time no final de 2016. Ao todo a parte
relacionada as demais notícias durou 14 min e 30 segundos.
Política Nacional: Não houve bloco sobre política nacional neste dia.
JORNAL NACIONAL 21/01/2017
TIPO DE NOTÍCIA TEMPO DEDICADO QUANTIDADE EM %
ACIDENTE TEORI 15min 33%
POLÍTICA NACIONAL 0 0%
VIOLÊNCIA 8min 30s 18%
DEMAIS NOTÍCIAS 14min 30s 31%
NOTÍCIAS INTERNACIONAIS 8min 30s 18%
TOTAL 46min 30s 100%
Fonte: https://globoplay.globo.com/jornal-nacional/p/819/
23/01/2017
A edição do jornal do dia 23, segunda-feira, teve a duração de 29 minutos
e trinta segundos em notícias e explorou a fundo as notícias que o próprio já
abordara na semana anterior.
Acidente Teori: Mostrou o desenrolar político do acidente aéreo que
vitimou o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavaski, onde foi
reportado que a Justiça Federal declarou sigilo na investigação do fato, que
durou 3 minutos e 30 segundos.
Política Nacional: Após isso o telejornal abordou os desdobramentos da
morte do ministro na continuidade da operação Lava Jato, bloco durou ao todo
2 minutos e 30 segundos.
Violência: Foram atualizadas as notícias sobre o confronto de detentos
do presídio de alcaçuz, no Rio Grande do Norte e que teve a duração de 4
minutos.
Demais Notícias: Houveram reportagens sobre saúde, onde o jornal
mostrou o surto de febre amarela em vários estados populosos do país, parte
que teve a duração e 4 minutos e 30 segundos, além da previsão do tempo que
durou 2 minutos e 30 segundos, notícias econômicas, que informou dados do
FMI sobre o PIB nacional e que durou exatamente 1 minuto. Além disso foram
realizadas reportagens variadas, a primeira foi sobre a chamada “guerra do
grafite” na cidade do São Paulo e que teve a duração de 2 minutos e 30
segundos, além de uma matéria de 3 minutos sobre estudantes que vão disputar
um campeonato mundial de matemática nos Estados Unidos, e por último o
jornal, e fez duas matérias, uma sobre a final da Copa São Paulo de futebol
Junior, e o problema com um atleta que fraudou a certidão de nascimento para
disputar a competição, além de fazer uma outra matéria sobre a preparação
física dos atletas de futebol antes de um ano inteiro de competições, a chamada
pré-temporada. Este bloco das Demais Notícias durou exatamente 13 minutos e
30 segundos.
Notícias Internacionais: Nesse bloco o telejornal cobriu as primeiras
movimentações do novo presidente dos Estados Unidos Donald Trump, além
mostrar uma matéria sobre a saída do presidente da Gâmbia, parte que ao todo
durou 5 minutos, além de mostrar uma reportagem sobre o resgate de filhotes
que sobreviveram a avalanche que soterro a um hotel na Itália, além de mostrar
uma imagem de uma demolição de um hotel na China. Essa parte durou
exatamente 1 minuto.
JORNAL NACIONAL 23/01/2017
TIPO DE NOTÍCIA TEMPO DEDICADO QUANTIDADE EM %
ACIDENTE TEORI 3min 30s 12%
POLÍTICA NACIONAL 2min 30s 8%
VIOLÊNCIA 4min 14%
DEMAIS NOTÍCIAS 13min 30s 46%
NOTÍCIAS INTERNACIONAIS 6min 20%
TOTAL 29min 30s 100%
Fonte:https://globoplay.globo.com/jornal-nacional/p/819/
CONCLUSÃO
Depois de analisar o Jornal Nacional por quatro dias consecutivos,
pudemos notar algumas das características mais salientes em relação ao tempo
que o telejornal mais visto no país dedica a alguns assuntos, a exemplo de que
em todas as datas o acidente do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori
Zavascki, também as rebeliões que ocorreram em presídios do Norte e do
Nordeste do país, com início na rebelião do presídio de Alcaçuz, no Rio Grande
do Norte, no qual se pode perceber uma maior relevância de tempo do telejornal
a esses assuntos na maioria dos dias analisados. Se pode notar em relação ao
tema violência, totalmente relacionado as rebeliões, uma constância em relação
aos quatro dias analisados. Em relação ao acidente do ministro, percebe-se além
de uma constância, uma relevância no tempo final do telejornal, chegando
inclusive, nos dias 19 e 20 de janeiro de 2017, a ter mais da metade de tempo
do Jornal Nacional dedicados as circunstâncias do acidente e aos
desdobramentos desse fato em relação a operação Lava Jato. A não igualdade
de tempo nos blocos de temas releva características no modelo padrão, tanto do
telejornal, quanto de empresa. Segundo Martini (2000), o jornalismo que produz
as notícias e fazem parte de uma realidade social específica, possibilitam aos
indivíduos o conhecimento do mundo embora não possam ascender de uma
maneira mais direta. O produto e o trabalho dos meios de comunicação
multiplicam, deixando de forma natural a grande parte dos discursos nos círculos
sociais. Neste contexto, é importante notar que, no Brasil, os dados do relatório
de 2014 do censo, realizado pelo IBGE, em que 97% dos domicílios brasileiros
têm pelo menos um televisor, o Jornal Nacional, é o programa de notícias visto
no intervalo de tempo de maior audiência do país, popularmente conhecido no
país como "horário nobre", logo, tem um papel de liderança em todo o setor dos
meios de comunicação no Brasil, como o modelo ou como um norte do padrão
de jornalismo no país. Por sua liderança de audiência em cada programa que
apresenta, quando há uma maior ênfase sobre uma notícia específica, ela acaba
por ser a tônica do que é discutido nos outros meios de comunicação, e isso
influencia até mesmo as agendas governamentais e as políticas por eles
apresentadas. A forma linear de apresentar a notícia sem interação com o
espectador, por isso é, como explica (Martini, 2000), o "produtor de significados",
gera ainda mais essa influência na formação de opinião pública. Esse
“Infotaitment”, ou sociedade do “infoentretenimento” no qual predomina as
retóricas sensacionalistas, seja na cobertura de casos políticos, graves
problemas de violência, desemprego e insegurança, além de uma escassa
credibilidade nas instituições e nos partidos políticos, os meios de comunicação
têm um direcionamento para esse público com uma característica mais de
comoção do que de argumentação, onde o casuísmo pavimenta a narrativa
(Idem, 2000).
A partir da análise de cada edição do jornal e gráficos que mostram a
percentagem de tempo de cada bloco, pode-se notar uma relevância para um
evento especial como a morte de um ministro que era relator de um dos maiores
escândalos de corrupção da história o Brasil, que é a Lava Jato, com a tentativa
de gerar opinião pública uma comoção em torno desta tragédia. Os meios são
capazes de influir na opinião pública, ao destacar certas questões amortizando
ou simplesmente ignorando outras, acabam assim com uma função “criadora de
agenda”, que tem um impacto no marco de referência dos cidadãos sobre a visão
da política. (Aruguete, 2015).
Outra característica importante notada na análise do tempo dedicado a
cada bloco é uma tendência grande a espetacularização da notícia, por razão de
um tempo maior em cada programa dedicado a questão da violência. A partir
dessa análise, foi registrado uma tendência grande ao realce da violência, pois,
o tempo que o Jornal Nacional dedicou a este tema acabou ficando em segundo
lugar, atrás da cobertura do acidente que vitimou o ministro do supremo Teori
Zavaski. Sobre o conceito de espetacularização das notícias, Cebrian Herreros
(2009) aponta que existe um excesso de espetacularização na televisão e que a
consequência disso é a desfiguração da informação, logo, essa cultura do
espetáculo termina passando por cima de muitos critérios de rigorosidades. Por
isso o conceito de informação acabou se pervertendo, onde as adaptações em
torno de uma notícia específica geram mais audiência, porém, a orientação
social, educativa ou cultural da informação televisiva acabou sendo deixada de
lado.
Uma notícia ou um fato noticiado, quando bem explorado, ou explorado
com um fim específico, segundo o artigo apresentado, acaba por se tornar uma
ferramenta importante na chamada economia política de comunicação.
Concordando com o conceito de Mosco na definição de economia política na
qual é definido como o “estudio de las relaciones sociales, particularmente las
relaciones de poder, que mutuamente constituyen la producción, distribución y
consumo de recursos, incluidos los recursos de comunicación”(2006, p.3). Se
pode notar, no caso específico, que o interesse do Jornal Nacional em dar uma
ênfase a dois fatos, que foram considerados por ele como assuntos de interesses
nacionais, pois, não utilizam somente a informação como um mero influenciador
na agenda política, mas também como uma mercadoria. Os meios são sínteses
de múltiplas dimensões, quando os meios de difusão são analisados na sua
operação como indústria cultural, produzindo e fazendo circular mercadorias, se
faz assim, uma investigação econômica, ou no caso específica, uma economia
política. (Sanchez Ruiz, 1992).
Se pode notar a partir desse artigo, a característica ou a relevância na
notícia como um influenciador de uma agenda, mas também como uma
mercadoria valiosa, que pode gerar dentro do espectro social recursos
importantes tanto para o meio de comunicação quando para o governo ou a
opinião pública.
REFERÊNCIAS
ARUGUETE, Natalia. El poder de la agenda: política, medios y público. – 1ª ed -
Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Biblos, 2015
BECERRA, M. y MASTRINI, G.(2006): “Periodistas y magnates”. Prometeo, Buenos
Aires.
CHAMPAGNE, Patrick. “La visión mediática”. En Bourdieu, Pierre. La miseria del
mundo. FCE, Buenos Aires, 2000.
CHARADEAU, Patrick. “Discurso de mídias”. São Paulo: Contexto,2006.
HERREROS, Mariano Cebrián - La informacion en televisión: obsesión mercantil y
política. Barcelona. Gedisa. 2009
Jornal Nacional: a notícia faz história / Memória Globo. - Rio de- Janeiro: Jorge Zahar
Ed., 2004
MARTINI, Stella. Periodismo, noticia y noticiabilidad. Buenos Aires: Norma, 2000.
MOSCO, Vincent. La Economía Política de la Comunicación: una actualización diez
años después. CIC Cuadernos de Información y Comunicación 2006, vol. 11 57-79
RINCÓN, Omar. Narrativas mediáticas. O cómo se cuenta la sociedad del
entretenimiento, col. Estudios de televisión, núm. 23. Barcelona: Gedisa. 2006.
60 anos de telejornalismo no Brasil: história, análise e crítica /. Temer, A. C. R. P. Alfredo
Viseu, Flávio Porcello, Iluska Coutinho(orgs,). Florianópolis: Insular, 2010
SÁNCHEZ RUIZ, Enrique E. Medios de difusión y sociedad. Notas críticas y
metodológicas. Guadalajara: Universidad de Guadalajara. 1992
SITES
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-04/ibge-embardada-ate-amanha-10h-
0604
https://globoplay.globo.com/jornal-nacional/p/819/.