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ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS Nº2 · MAR/ABR 2011 · ANO I Aliança entre gigantes. Brasil, Rússia, Índia e China lideram uma frente de trocas comerciais a que Portugal precisa de estar atento. Perceba de que forma estes quatro países podem impulsionar a nossa indústria Economia e sustentabilidade. Duas realidades que lhe parecem inconciliáveis? Descubra nesta edição a importância de funcionarem em conjunto para a preservação de um património que é de todos. Saiba ainda qual o valor da floresta para o PIB nacional e as mais-valias de uma aposta na certificação Nº2 · MAR/ABR 2011 · ANO I FOCUS ECONOMIA & GESTÃO EMPRESAS A arte da inovação. Aceda a um estudo que enumera as principais razões para colocar a investigação na agenda e no centro da estratégia da sua empresa. Liderar a concorrência criando a realidade do seu próprio mercado é apenas uma

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Num momento em que se assiste a uma reorientação estratégica das marcas a favor da I&D e do design de produto, colmatando a saturação e algum excesso de protagonismo da comunicação e da publicidade, o professor Cruz Rodrigues do IADE (Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing, fala, em entrevista à Xylon Portugal, da importância de um caderno de tendências do sector. Um projecto que está a ser realizado em parceria com a aimmp e que tem em consideração a importância da dimensão multi-sensorial e comportamental das marcas em detrimento de uma focalização em factores exclusivamente visuais. Uma análise experiente ao mercado, em alinhamento com a evolução internacional, que inclui também um farol à criatividade nacional através da divulgação dos vencedores do Concurso Nacional de Design de Mobiliário, anunciados recentemente na Exporthome.

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ANO INTERNACIONALDAS FLORESTAS

Nº2 · MAR/ABR 2011 · ANO I

Aliança entre gigantes. Brasil, Rússia, Índia e China lideram uma frente de trocascomerciais a que Portugal precisa de estar atento. Perceba de que forma estes quatro países podem impulsionar a nossa indústria

Economia e sustentabilidade.

Duas realidades que lhe parecem

inconciliáveis? Descubra nesta edição

a importância de funcionarem

em conjunto para a preservação

de um património que é de todos.

Saiba ainda qual o valor da fl oresta

para o PIB nacional e as mais-valias

de uma aposta na certifi cação

Nº2 · MAR/ABR 2011 · ANO I

FOCU

S

ECONOMIA & GESTÃO

EMPRESASA arte da inovação. Aceda a um estudoque enumera as principais razões para colocar a investigação na agendae no centro da estratégia da sua empresa. Liderar a concorrência criando a realidade do seu próprio mercado é apenas uma

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A fileira da madeirae mobiliário é um excelente

exemplo para a economiado país pois deté

uma balança comercialpositiva em 250 milhões

e uma quota de 10%nas exportações

nacionais

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Num momento em que se assiste a uma reorientação estratégica das marcas a favor da I&D e do design de produto, colmatando a saturação e algum excesso de protagonismo da comunicação e da publicidade, o professor Cruz Rodrigues do IADE (Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing, fala, em entrevista à Xylon Portugal, da importância de um caderno de tendências do sector. Um projecto que está a ser realizado em parceria com a aimmp e que tem em consideração a importância da dimensão multi-sensorial e comportamental das marcas em detrimento de uma focalização em factores exclusivamente visuais. Uma análise experiente ao mercado, em alinhamento com a evolução internacional, que inclui também um farol à criatividade nacional através da divulgação dos vencedores do Concurso Nacional de Design de Mobiliário, anunciados recentemente na Exporthome.

CADERNO DE TENDÊNCIASPARA O MOBILIÁRIOQuais os objectivos e premissas princi-pais para a elaboração de um caderno de tendências para os próximos anos no âmbito do universo casa e especifi-camente na área do mobiliário?O habitat, para além de ser um compo-nente fundamental da nossa qualidade de vida, é um factor dinâmico e impulsor na economia dos sectores provenientes, como a domótica, a energia renovável, os novos materiais de construção, a arqui-tectura e o design. Diante deste cenário e para que as empresas dos sectores re-lacionados com o habitat (indústrias da madeira, têxtil, cerâmica, mobiliário e centros tecnológicos, etc.) possam dis-por de informações e conhecimentos das tendências e necessidades do actu-al mercado, é necessário desenvolver-se estratégias adequadas, que permitam o desenvolvimento de produtos e o seu correcto posicionamento no mercado. A solução reside no desenvolvimento de um “Caderno de Tendências”, que de-senvolvido no âmbito do Design, ofere-ce soluções inovadoras para um estudo abrangente e uma análise multidiscipli-nar de todos os sectores relacionados com o habitat.

No contexto internacional as empresas portuguesas devem abrir-se ao mun-do e apostar com mais intensidade na exportação dos seus produtos. O mo-biliário é um dos sectores que mais ex-porta?O actual contexto do mercado financei-ro internacional introduziu no nosso dia-a-dia um novo termo - crise. Isto por-que com o seu agravamento ao nível in-ternacional nos últimos meses, ficaram evidentes as principais fragilidades es-truturais da economia portuguesa (défi-ce público, défice na balança comercial e endividamento externo), e apesar dos constantes alertas dos economistas, só agora o país tomou consciência, que nos últimos tempos, estava a viver acima das

posses. Assim para ser viável necessita de exportar mais bens transaccionáveis e substituir parte das importações com produção interna. Parece evidente que Portugal se encontra confrontado com uma enorme mudança dos factores de competitividade da generalidade das su-as empresas. Como tal, para se aumentar o número de exportações, o país têm que se auxiliar de todos os bens de serviço transaccionáveis. Sendo um bom exem-plo, a fileira da madeira e mobiliário que detém uma balança comercial positiva em €250 milhões e uma quota de 10% nas exportações nacionais. O seu futu-ro crescimento passa pela tentativa de conquista de novos mercados em países emergentes.

TENDÊNCIASDO DESIGN

Diferentes sectores económicos estãopreocupados com a transformaçãodo conceito de família, pelo que nos últimosanos foram efectuados estudos sobrea evolução do conceito de habitat(casa e seus objectos) e sobre os padrõesde família, de modo a compreender-se que impacto essas mudanças impõem ao nosso mercado

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No plano das Tendências existem no-vas formas de habitar. O sector da casa sofreu mudanças e transformações nos últimos anos?O habitat, como qualquer outro mercado/sector a ser analisado, sofreu mudanças e transformações nos últimos anos, reflec-tindo a série de transformações ocorridas no ambiente sociocultural e económico, que por sua vez fomentaram reacções nos consumidores e nos mercados em geral. Como resultado, grandes mudan-ças ocorrem na maneira como vivemos, nas nossas cidades, casas, ou até mesmo no interior das habitações com os objec-tos do quotidiano. Para entender essas mudanças é essencial perceber como evoluíram e surgiram os novos modelos de família, uma vez que são essas unida-des que formam a casa. É necessário per-ceber como elas se comportam, quais os seus valores e, finalmente, que tipo de ob-jectos precisam ou querem, assim como quais são as estratégias correctas, para se conseguir comunicar com este novo grupo social. Assim, diferentes sectores económicos estão preocupados com a transformação deste conceito de família, (principal sistema em que a sociedade se baseia), como tal, nos últimos anos foram efectuados estudos sobre a evolução do conceito de habitat (casa e seus objectos),

e consequentemente sobre os padrões de família, de modo a compreender-se que impacto essas mudanças impõem ao nosso mercado.

Do ponto de vista do seu desenvolvi-mento, a construção de um caderno de tendências apresenta que tipo de es-trutura metodológica? A construção do caderno de tendências tem como base processos de análise de conteúdo e proporciona um conjunto de instrumentos metodológicos, que se aplicam a «discursos» (conteúdos) extre-mamente diversificados e onde o factor comum é a interpretação controlada, ba-seada na dedução: a inferência. Enquan-to esforço e método de interpretação do meio social, a análise de conteúdo oscila entre os dois pólos do rigor da objecti-vidade e da abundância da subjectivida-de. Absorve e incita o investigador pela atracção do novo, o latente, o potencial inédito, retido por qualquer conceito de produto. Daí ser necessário investir-se num instrumento técnico e prático que se organiza em torno de três pólos cro-nológicos (pré-análise; exploração do material; interpretação dos resultados) e que nos possibilita alongar o tempo de latência entre as intuições e as interpre-tações definitivas.

Num clima económico fortemente con-correncial, onde os riscos têm que ser reduzidos ao máximo, que vantagens pode trazer para as empresas o desen-volvimento de um caderno de tendên-cias?Como resultado desta descodificação de dados, os cadernos de tendências são o método empregado como motor de pes-quisa dos gabinetes de criação. Onde o conhecimento das tendências de produ-to consagra um valor diferencial para a gestão estratégica das empresas, tornan-do-se uma chave para a diferenciação. Permitindo que as empresas obtenham

A criação de um caderno de tendênciasabsorve e incita o investigadorpela atracção do novo, o latente, potencial inédito, retido porqualquer conceito de produto

Os cadernosde tendências sãoo método empregadocomo motorde pesquisa dos gabinetes de criação,onde o conhecimentodas tendências deproduto consagra umvalor diferencial paraa gestão estratégicadas empresas

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CONCURSO NACIONAL DE DESIGN DE MOBILIÁRIOQuais os factores ou princípios que estiveram na génese da escolha do te-ma “A Procura da Essência do Desa-dorno”? As candidaturas respeitaram o mote lançado?No presente cenário social, os consu-midores são suscitados a questionar a finalidade do consumo desenfreado. Perante este contexto conclui-se que é necessário fornecer profundidade e ex-plorar o valor real das coisas, ou seja, os objectos precisam de ter um significa-do e responder a uma necessidade es-pecial ou desejo. O que representa uma mudança de paradigma no conceito de

‘No contexto deconsumo é necessáriofornecer profundidadee explorar o valorreal das coisas;os objectos precisamde ter um significadoe responder a uma necessidadeespecial ou desejo’

consumo. Mais informado, mais exigen-te, mais participativo, os consumidores encontram-se hoje numa posição de maior força, perante um consumo ex-cessivo. Originando que cada vez mais se compre as coisas realmente neces-sárias, em vez de artigos de luxo e/ou supérfluos, promovendo assim um con-sumo responsável, onde cada objecto tem uma lógica, que é um perfeito equi-líbrio entre o usuário e as funções ofe-recidas pelo mesmo objecto. Passando a simplicidade a ter um significado mui-to próximo da funcionalidade. Neste contexto as candidaturas apresentadas enquadraram-se na sua maioria na filo-sofia do concurso.

respostas as perguntas do mercado, atra-vés de um conhecimento da evolução do produto, relacionado ao perfil do consu-midor e a divulgação adequada para essa tendência. Assim o conhecimento deste manual é útil para os diferentes perfis de usuário, como Empresas (responsáveis do domínio da gestão, marketing e de-sign...), Profissionais (arquitectos, deco-radores e designers…) e Instituições do sector da habitação (centros tecnológi-cos, associações empresariais...). No ca-so do sector do habitat, os cadernos de tendências permitem-nos, não somente estudar os elementos que formam a ca-sa (arquitectura, design de interiores, mobiliário, revestimentos e têxteis), mas também as estratégias de comunicação, marketing e distribuição inovadoras que se relacionam com estes, bem como o ambiente sociocultural (novos usuários) em que o habitat está absorvido.

VENCEDORESPrimeira categoria

MENTE VERDE (Estudantes)Sean Patrick Santos Silva | Banco BIND

Segunda Categoria

DESIGN QUOTIDIANO (Designers)Paulo Jorge S.F. de Almeida | Sistema STARP

Terceira Categoria

MANIFESTO TECNOLÓGICO (Empresas)Temahome, S.A. | Sistema Modular ZENITH

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Em que contribui um concurso do gé-nero para o desenvolvimento do sec-tor e especificamente dos seus futuros profissionais?A 2ª Edição do Concurso foi planea-da como um projecto que tinha como objectivo principal incentivar a cria-ção, o desenvolvimento e a promoção de produtos de mobiliário de madeira, concebidos por designers e empresas nacionais. Pretendendo assim destacar a capacidade e o talento de profissio-nais, estudantes e indústrias do ramo, contribuindo deste modo para o for-talecimento do sector, numa socieda-de onde a crise financeira e económica sentida nos últimos tempos abalou a consciência dos consumidores. Neste âmbito, o Prémio de Design de Mobi-liário em Madeira procurou fomentar a nível nacional o design português e a qualidade da produção nacional. Assim como, promover o mobiliário português e a internacionalização do design nas empresas de mobiliário, aproximando os futuros designers das empresas e da realidade do sector.

Uma das questões actuais é aliar a criatividade às necessidades empre-sariais e económicas. Que análise lhe merece a composição geral dos traba-lhos? Cumprem esse propósito?Neste âmbito e recordando o concurso

foi organizado segundo três categorias. Mente Verde, Design Quotidiano e Ma-nifesto Tecnológico. A primeira – Men-te Verde – deu relevância a aspectos relativos à carga ética e social implícita no produto e pela responsabilidade so-cial e ambiental presente nos objectos concebidos, tendo em atenção o seu ci-clo de vida natural e os materiais e re-cursos aplicados. A segunda – Design Quotidiano – deu relevância a aspectos relativos à noção de objecto como ex-pressão da cultura, evidenciando a sua

evolução, a capacidade de resolver pro-blemas quotidianos através de produ-tos dinâmicos, inventivos e práticos. A terceira – Manifesto Tecnológico – deu relevância a aspectos relativos à qua-lidade, a durabilidade e a optimização das matérias-primas, a sustentabilidade dos processos produtivos numa pers-pectiva criativa. As candidaturas apre-sentadas nestas categorias, não só são testemunho de uma clara percepção do contexto empresarial e económico das empresas portuguesas, mas também apresentam uma qualidade de projecto ao nível dos mercados internacionais.

A criação de um prémio potencia no seu entender uma melhor qualidade do trabalho desenvolvido? Qual o va-lor acrescentado que representa? O trabalho desenvolvido é o reflexo de um design onde se evoca o propósito, a vontade e a capacidade de integração no tecido empresarial e comercial por-tuguês. Os produtos apresentados são também uma mais-valia para a interna-cionalização de marcas e produtos por-tugueses. Neste âmbito os resultados alcançados acrescentam valor no sen-tido de criar condições para uma mu-dança de paradigmas de projecto, para fazer face aos novos desafios de merca-do e para uma sociedade que se está a alterar profundamente.

‘Hoje cada objectotem uma lógica, que é um perfeitoequilíbrio entreo usuárioe as funções oferecidaspelo mesmo,passando asimplicidade a terum significadomuito próximo dafuncionalidade’

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LUSOMAPLE ÍRIS - MOBILIÁRIO DE ESCRITÓRIO, LDA.LINHA ARQUI E LINHA LUK

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J. J. LOURO PEREIRA S.A. LINHA FACE E LINHA LOOK

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ATZLINHA EMPIRE

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LINHA BOOMERANG