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Sistematização de experiência de transição agroecológica
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José Maria Alves, conhecido como Zezão e Zildene
Alves, moram na comunidade do Zé do Lago, município
de Itapipoca - Ceará. A experiência da familia em
horticultura orgânica começou a ser construída a partir
de 2004, quando o Projeto Caminhos da
Sustentabilidade para Agricultura Familiar realizado
pelo CETRA, chegou a comunidade com a proposta de
desenvolver junto aos agricultores, unidades
demonstrativas de horticultura orgânica e manejo em
apicultura, baseado nos principios da agroecologia.
O casal logo na primeira reunião do projeto se interessou
pelo trabalho na horta, uma vez que já tinham uma experiência
anterior com um canteiro onde cultivavam principalmente
tomate e pimentão. Naquele período era comum o uso de
adubo químico. Segundo Zezão, essa primeira experiência
fracassou por falta de conhecimento e técnicas necessárias
para o desenvolvimento da produção.
No começo do trabalho com a horta Zezão diz ter sofrido
discriminação por parte das mulheres da comunidade que
diziam que horta era trabalho feminino, mesmo assim, com
apoio da companheira Zildene ele seguiu acreditando.
Na horta trabalham juntos. Para fazer os canteiros Zezão diz que por ser um
trabalho mais duro ele assume esse serviço, mas para os cuidados gerais é Zildene que
é mais animada.
Um dos desafios enfrentados pelo casal foi trazer o
consumo das hortaliças para alimentação da família e
para que as crianças pudessem comer eles tiveram que
dar o primeiro exemplo. As descobertas dos benefícios
da diversidade do quintal e da horta viriam com o tempo.
Por exemplo, a beterraba a gente come de toda a forma,
faz até remédio dela, é só cortar a carne da beterraba e
A experiência de Zezão e ZildeneA experiência de Zezão e ZildeneComunidade de Zé do Lago - Itapipoca/CE - Outubro de 2006
Rede de
AGRICULTORES/AS AGRECOLÓGICOS DO TERRITÓRIO DE ITAPIPOCA
REALIZAÇÃO: APOIO:
colocar dentro do açucar, a carne se encarrega de chupar
formando um mel e então é só tomar, ótimo remédio para
anemia! Ensina com sabedoria Zezão.
A horta hoje está mais diversificada e lá se encontra
cebolinha, cheiro verde, pimentão, cenoura, beterraba e
outros. A produção é consumida pela própria família, já o
excedente é comercializado na comunidade e levado
uma vez por mês para Feira Agroecológica e Solidária de
Itapipoca. Zildene é multiplicadora em agroecologia e
ambos participam da Rede de Agricultores Agroecológicos do Território de Itapipoca.
Existe um esforço grande de articulação entre os feirantes que hoje estão unidos pelo
fortalecimento da rede, ela tem um movimento que auxilia os agricultores e as
agricultoras. A rede é boa, porque a gente tem a
experiência de definir as regras da comercialização e de
quem vai entrar no grupo. Tudo passa pela gente, além
do mais é um espaço que pode servir para aumentar a
comercialização em outros territórios também, vejo a
feira ganhar nome e isso me faz sentir feliz, relata Zezão.
Para o casal essa experiência trouxe muitas
melhorias para a qualidade de vida da familia. A prática
agroecológica permitiu que a gente aprendesse muito,
minha família e meus irmãos, são conscientes graças ao nosso trabalho. Tenho 9 irmãos
e 1 tem horta, ele também não usa produtos químicos. A gente faz um trabalho bonito e
hoje aquelas pessoa que eram preconceituosa com a gente, acham nosso trabalho
legal, contam com o brilho nos olhos Zezão e Zildene.
O ativismo agroecológico de seu Genésio extrapola a questão produtiva. O
despertar de sua preocupação com a natureza coincidiu, não por acaso, com o
começo de sua luta pela melhoria da qualidade de vida da população do Escalvado e
ele sabe que só existe possibilidade de mudança e melhora com a união de todos.
“Se você vê três ou quatro abelhas no mato nem vai atrás de mel porque sabe que
esse tantinho de abelha não produz, mas se vê 15 abelhas voando tem certeza de
que por ali tem mel. É a mesma coisa com a gente”, ensina.