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Leishmanioses Zoonoses e Administração em Saúde Pública Fábio Raphael Pascoti Bruhn

Zoonoses e Administração em Saúde Pública Fábio Raphael … · entomológica, estratificação de áreas de risco da transmissão e prevenção do contato humanos e cães-vetores,

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Leishmanioses

Zoonoses e Administração em Saúde Pública

Fábio Raphael Pascoti Bruhn

Porque estudar a leishmaniose?

Leishmaniose humana

Doença negligenciada associada ao aspecto social (OMS,

2014)

LV: Incidência de 200 a 400 mil casos, associados a 20 - 40 mil mortes anualmente (Alvar et al., 2012)

LT: 88 países, em 4 continentes: 1 – 1,5 milhões de casos

Brasil: disseminação nas últimas décadas

Dificuldade e alto custo no controle

Rio Grande do Sul

Formas de apresentação

• Cutânea

– Maior morbidade; úlceras pelo corpo

• Mucocutânea

– Lesões graves nas mucosas nasais e orais

• Visceral

– Maior letalidade; perda de peso, anemia, febre, esplenomegalia

Leishmaniose visceral

Leishmaniose tegumentar

ORDEM Kinetoplastida

FAMÍLIA Trypanosomatidae

GENERO Leishmania

SUB-GÊNERO Leishmania (LT) e Viannia (LT)

• LEISHMANIOSE CUTÂNEA E MUCOSA (LT) – L.V. brasiliensis; L.L. amazonensis; L.V. guyanensis

• LEISHMANIOSE VISCERAL (LV) – L. infantum chagasi

Etiologia

Ciclo biológico

Hospedeiros e reservatórios Depende da espécie de leishmania

Lutzomyia sp.

Animais silvestres (reservatório primário ou secundário)

Cães (reservatório primário)

Ser humano (reservatório acidental)

Baseado em Quinnell e Courtenay (2009)

Gravidade dos sinais clínicos (OR=3.09, IC. 95%=

1.96–4.88, P<0.0001)

Didelphis spp

Cerdocyon thous

Rattus rattus

2 a 3 milímetros Vôo silencioso e curto Hematofagia crepuscular e noturna Ovoposição em matéria orgânica Ovo, larva, pupa e adulto : 30-40 dias Longevidade das fêmeas de 20 dias Ciclo do parasito no inseto: 72 horas Período de incubação: » Humanos: 10 dias a 2anos (2 a 6 meses) » Cães: 3 meses a vários anos (3 a 7 meses)

0,5 cm de comprimento Vôo silencioso e mais longo; 0,5 m do chão Hematofagia predominantemente diurna Ovoposição em água parada, limpa ou suja Ovo, larva, pupa e adulto : até 10 dias O período de incubação varia de 3 a 15 dias, geralmente cinco a seis dias Ovos resistentes por 450 dias, 10 hrs após a ovoposição Capaz de infectar muitos indivíduos

Vetor Lutzomyia sp.

Aedes Aegypti Lutzomyia sp. X

Índia (TL=2,4%)

Bangladesh (TL=1,5%) Sudão

Brasil (TL=7,2%)

Sudão do Sul (TL=20%)

Etiópia

Iraque

90% dos casos se concentram em...

OMS (2012)

90% dos casos de leishmaniose

mucocutânea se concentram no Brasil (maior morbidade da

América), Bolívia e Peru

Alvar et al. (2012)

Tabela 1. Incidência da Leishmaniose visceral humana na América Latina, 2003 a 2008

95% dos casos da região

OMS (2010)

Entre 1993 – 2003 Aumento de 21,8% nos casos de LV nas regiões Centro-oeste

e Sudeste

Atualmente a LV está presente em aproximadamente 1600

municípios brasileiros, em 19 das 27 UF (Brasil, 2014)

Figura 5. Distribuição dos casos de Leishmaniose visceral humana no mundo, 2010

Epidemiologia (LT) Entre 1988 e 2007, 554.475 casos humanos foram notificados no

Brasil, com uma média anual de 27.723 casos (17,3 casos/ 100 mil habitantes)

Durante os anos 1980, LT e LM se limitavam a 17 estados; em 2003 se expandiram para 27 estados brasileiros

A LM ocorre a taxas inferiores a 5% dos casos, variando entre regiões; geralmente sua ocorrência está associadas a regiões de introdução recente da LT e a epidemias

Forma epidemica (derrubada de matas – animais silvestres); forma endêmica (cães, equinos e roedores como reservatórios)

Rio Grande do Sul

Primeiro caso – ano 2001; 2009 - 0,01 caso / 100 mil habitantes

Epidemiologia (LV)

Doença com apresentação crônica e sistêmica, cuja letalidade, em caso de não tratamento, pode chegar a 90% (BRITO et al., 2014)

Brasil (1995 e 2010): 53.633 novos casos de LV, com TI=2,0 casos / 100.000 (Brasil, 2012)

Rio Grande do Sul

Primeiro caso de LVC –2008 e LVH – 2009 (São Borja)

Até 2012: 12 casos (7 São Borja; 2 Itaqui; 1 Uruguaiana; 2 alóctones)

Epidemiologia

Fatores de risco

Leishmaniose tegumentar

Doença de áreas desmatadas, rurais, peri-urbanas e urbanas

Ocupacional, gênero masculino (74%) com mais de 10 anos (90%)

Leishmaniose visceral

Caráter social, essencialmente ligados à pobreza e baixo nível educacional, que conduzem a uma maior vulnerabilidade da população, não apenas a LV, que pode funcionar como doença secundária a outras enfermidades, como por exemplo, a aids (Argaw

et al., 2013; Belo et al., 2013)

Controle

PVC-LV e PVC-LT

Vigilância epidemiológica de casos suspeitos, vigilância etiológica e entomológica, estratificação de áreas de risco da transmissão e prevenção do contato humanos e cães-vetores, por meio de medidas individuais e coletivas (vacinas, repelentes, dentre outras)

Diagnóstico precoce associado ao tratamento de casos humanos, redução no risco de transmissão por meio da eliminação dos reservatórios (LV) e vetores (LV e LT) e educação em saúde a população

Em áreas endêmicas para LV, essas ações são desenvolvidas de acordo com a estratificação das áreas de risco

Inquérito canino Casos humanos Vulnerabilidade

Notificação compulsória

Instrução Normativa no 50, de 24/09/2013

“Leishmanioses” de notificação mensal de casos confirmados ao Serviço Veterinário Oficial

Portaria no 1271 de 06/06/2014

Leishmaniose visceral ou tegumentar de notificação compulsória semanal ao serviço de saúde

Portaria no 1426 de 11/07/2011

Dificuldade no controle

Controle do reservatório: reposição rápida de cães (em média 4 meses), que em 15% das vezes são soropositivos (Nunes et al. 2008; Moreira et al. 2004); falhas no diagnóstico e elevado tempo entre diagnóstico e eutanásia (Courtenay et al., 2002b; Quinnell e Courtenay, 2009)

Controle do vetor: elevado custo dos inseticidas tópicos, baixa cobertura das borrifações, elevada presença do mosquito fora do ambiente domiciliar, principalmente no inicio da noite (Oliveira e Melo, 1994; Courtenay et al. 2007)

Referencias consultadas Informações OMS Brasil (inglês):

http://www.who.int/leishmaniasis/resources/BRAZIL.pdf?ua=1

MAPAS (doenças negligenciadas OMS, 2013): http://apps.who.int/neglected_diseases/ntddata/leishmaniasis/leishmaniasis.html

Informações gerais Leishmaniose:

https://www.ufpe.br/biolmol/Leishmanioses-Apostila_on_line/nas_americas.htm

http://lineu.icb.usp.br/~farmacia/ppt/Leishmania2013.pdf

BRASIL. Ministério da Saúde - Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral. Brasília: 1ª ed, 5ª reimpressão 2014. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_controle_leishmaniose_vi sceral.pdf. Acesso em 25/05/2014

COURTENAY, O., QUINNELL, R. J., GARCEZ, L. M., SHAW, J. J., DYE, C. Infectiousness in a cohort of Brazilian dogs: Why culling fails to control visceral leishmaniasis in areas of high transmission. Journal of Infectious Diseases , V. 186, P. 1314–1320, 2002.

QUINNELL, R.J., COURTENAY, O. Transmission, reservoir hosts and control of zoonotic visceral leishmaniasis. Parasitology, v. 136, p. 1915-1934, 2009. doi:10.1017/S0031182009991156.