MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PIAUÍ
PROCURADORIA - GERAL DE JUSTIÇA GRUPO DE ATUAÇÃO ESPECIAL DE COMBATE AO CRIME ORGANIZADO-GAECO
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE TERESINA/PI
"
A corrupção é uma assassina sorrateira, invisível e de massa.
Ela é uma serial killer que se disfarça de buracos em estradas,
em faltas de medicamentos,
de crimes de rua e de pobreza"
Deltan Dallagnol (Procurador da República)
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PIAUÍ,
através do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO), vem
perante V. Exa., no exercício de suas atribuições constitucionais e legais, com fundamento
no artigo 129, I da Constituição Federal de 1988, art. 240, §1º, incisos a, b, c, d, e, f e h, e
311 e seguintes ambos do Código de Processo Penal, na Lei 7.960/89 e no Procedimentos
de Investigação Criminal n.º 004/2015, representar pela BUSCA E APREENSÃO e
PRISÃO TEMPORÁRIA dos seguintes alvos:
1- EMIR MARTINS FILHO, brasileiro,
casado, CPF n° 906.512.198-68, residente no Condomínio Aldebaran Ville, Av. Presidente
Kennedy, Bairro Tabajaras, rua do Sol, lote “M” 07, Teresina/PI.
2- MARIA DA GLÓRIA SAUNDERS
MARTINS, brasileira, solteira, CPF n° 289.797.883-04, residente na rua Inês Santos, n° 250,
Canto da Várzea, Picos/PI.
3- ARMINDA HAGI SAUDERS
GADELHA, brasileira, solteira, CPF n° 850.925.413-34, residente na rua João Emídio da
Silveira, n° 214, Bairro Dionísio Torres, Fortaleza/CE.
4- MARIA LIDUINA UCHOA SAUDERS,
brasileira, casada, CPF n° 049.602.893-68, residente na rua João Emídio da Silveira, n° 214,
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Bairro Dionísio Torres, Fortaleza/CE.
5- MARIA RACHEL SAUDERS
PACHECO, brasileira, casada, CPF n° 383.633.803-34, residente na rua João Emídio da
Silveira, n° 214, Bairro Dionísio Torres, Fortaleza/CE.
6- TIAGO SAUDERS MARTINS,
brasileiro, casado, CPF n° 832.441.073-20, residente na rua Antonieta Araújo, Condomínio
Vale dos Guaribas, apt. 202, 2° andar, Picos/PI.
7- ANDREA SAUDERS MARTINS,
brasileira, casada, CPF n° 805.176.503-63, residente na rua 1° de Maio, n° 355, Edifício
Fernando Monteiro, apt. 101, Bairro Boa Sorte, Picos/PI.
8- AGAMENON REGO MARTINS DE
DEUS, brasileiro, casado, CPF n° 649.961.403-30, residente na rua 1° de Maio, Edifício
Fernando Monteiro, Apt. 101, Bairro Boa Sorte, Picos/PI.
9- SUSYANE ARAÚJO LIMA SAUDERS
MARTINS, brasileira, casada, CPF n° 935.037.923-68, residente na rua Antonieta Araújo,
condomínio Vale dos Guaribas, apt. 202, 2° andar, Picos/PI.
10- MARIANA SAUDERS UCHOA DE
MOURA SANTOS, brasileira, solteira, CPF n° 958.889.423-91, residente na rua Dr.
Francisco Almeida, n° 1799, apt. 204, Teresina/PI.
11-SAMUEL PACHECO MORAIS, brasileiro, casado, CPF n°
266.534.781-49, residente Q 1003 Sul Alameda, 10, LT 10 CS 2 AL
10 QI 37, bairro ST Sul, Palmas/TO OU Rua Joaquim Jovino, 1753,
bairro Catavento, Picos/PI OU Av. treze de maio, 1109, CAA,
bairro de Fátima, Fortaleza/CE;
12- JOSÉ
RIBAMAR DE SENA ROSA, brasileiro, casado, CPF n°
429.134.467-87, residente na rua Olavo Bilac, n° 3411, apt. 1301,
bairro Ilhotas, Teresina/PI.
1. DOS FATOS.
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O Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI), através do Grupo de
Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO), instaurou o presente
Procedimento de Investigação Criminal (PIC) n.º 004/2015, a partir do Ofício PGJ nº
088/2015, de lavra da então Procuradora-Geral de Justiça, Exma. Zélia Saraiva Lima, que
encaminhou a este órgão de execução cópia integral do Processo de Controle Administrativo
(PCA) nº 147/2010-80, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), para fins de
investigar supostos pagamentos irregulares a estagiários e servidores do Ministério Público
do Piauí, entre novembro de 2004 e novembro de 2010.
Entre novembro de 2004 e novembro de 2008, o MPPI era gerido pelo
então Procurador-Geral de Justiça EMIR MARTINS FILHO, ora investigado; enquanto que
entre dezembro 2008 e novembro de 2010, pelo Sr. Augusto César de Andrade.
Aduz o relatório do PCA nº 147/2010-80, do CNMP, que a auditoria
realizada na folha de pagamentos dos servidores públicos do MPPI encontrou várias
irregularidades no período em que o MPPI foi gerido pelo investigado EMIR MARTINS
FILHO. Verificou-se, por exemplo, o pagamento a menor da remuneração de alguns cargos
em comissão, “resultando em uma diferença a menor no valor de R$ 72.361,78 (Setenta e
dois mil, trezentos e sessenta e um reais e setenta e oito centavos).” (fl. 19 do PIC
004/2015).
Com relação aos estagiários da Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), à
época, a auditoria apurou o pagamento de verbas ilegais intituladas de “estágio remunerado”
e “gratificação de desempenho”, bem como em forma de DAS e 13º salários, “verbas estas
inconciliáveis com o cargo de estagiário, os quais deveriam receber apenas uma bolsa de
estágio”. (fl. 19 do PIC 004/2015).
Em auxílio ao Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP, o Grupo
de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (GAECO/MT)
realizou perícia nos dados obtidos no sistema do setor financeiro, bem como nas folhas de
pagamento, do MPPI. Foram encontrados registros de pagamentos nos quais havia
diferenças entre o valor da remuneração fornecido à auditoria, o valor encontrado nos
arquivos digitais copiados no setor financeiro do MPPI e os valores repassados efetivamente
aos Bancos responsáveis pelo pagamento dos salários dos servidores.
Detectou-se, ainda, que parentes diretos e colaterais do investigado EMIR
MARTINS FILHO, além de sua ex-companheira, durante sua gestão, receberam diretamente
do MPPI a quantia de R$ 1.676.994,45 (Um milhão, seiscentos e setenta e seis mil,
novecentos e noventa e quatro reais e quarenta e cinco centavos). (obs: valores da época,
portanto, não atualizados).
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Saliente-se a absoluta informalidade do processo de nomeação de pessoas
para exercerem cargos comissionados e estágios no âmbito do MPPI, bem como do controle
e segurança das folhas de pagamento, como assim advertiu o CNMP, in verbis:
“Do que se expôs até aqui, é possível constatar que a administração
interna do Ministério Público do Piauí é totalmente informal, inexistindo
qualquer tipo de controle rígido ou profissionalismo, o que,
consequentemente, lança por terra o princípio da eficiência.” (v. p. 19, do
PIC 004/2015).
Valendo-se desta total informalidade, o Gestor do MPPI à época, o Sr.
EMIR MARTINS FILHO, nomeava comissionados e estagiários utilizando-se de um único
critério: o pessoal. Nomeou parentes próximos, que receberam valores vultosos e
incompatíveis com os próprios cargos que exerciam. Não havia sequer portarias de
nomeação destas pessoas, fazendo constar seus nomes somente na folha de pagamento que
era remetida aos bancos, os quais efetuavam mês a mês o pagamento dos salários dos
servidores do MPPI.
1.1. DOS ESTAGIÁRIOS E
OCUPANTES DE CARGOS COMISSIONADOS QUE RECEBIAM A MENOR DO
QUE CONSTAVA NA FOLHA DE PAGAMENTO. INGERENCIA DE EMIR
MARTINS FILHO NA NOMEAÇÃO DE SERVIDORES E NO CONTROLE DA
FOLHA DE PAGAMENTO.
O Sr. EMIR MARTINS FILHO aliciava pessoas e até os próprios
servidores do MPPI, para servirem de “laranja”, contudo sem o conhecimento destes de que
estavam participando de atos ilícitos.
O Sr. EMIR, valendo-se do cargo de PGJ do MPPI, abordava especialmente
estagiários. Posteriormente, nomeava-os para um cargo com remuneração um pouco maior
daquela que percebia o estagiário. Digamos: recebia R$ 300,00 e passaria a ganhar
R$ 800,00 mensais.
Ocorre que, além do valor prometido (no exemplo, a quantia de R$ 800,00),
o PGJ, em conluio com os servidores responsáveis pela folha de pagamento, inseria nesta
mais R$ 2.600,00 a título de DAS, e mais R$ 3.600,00 de gratificação de desempenho,
perfazendo um total de R$ 7.000,00. Todavia, o servidor aliciado recebia efetivamente
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somente R$ 800,00. Vejamos o depoimento da servidora MARIANNE DE MACEDO
RODRIGUES, ouvida pelo GAECO/MP/PI, que ilustra bem como funcionava este sistema:
“Que ingressou no Ministério Público, em novembro do ano de 2005,
como estagiária; (...) que a remuneração do estágio era com base no
salário mínimo; que, em novembro e dezembro, era de R$ 300,00; (...)
que pouco antes dessa mudança, em agosto de 2007, foi indagada pelo drº
Emir, então PGJ, no corredor da sede da PGJ, se ela queria permanecer
no MP (“você tem interesse em permanecer trabalhando aqui, fazendo a
mesma coisa, no mesmo local, ganhando um pouco mais?”); que a
declarante aceitou, especialmente por ter acabado de se formar, vendo ali
uma possibilidade de trabalho, ganhando um pouco mais do que como
estagiária; que a declarante ainda perguntou ao drº Emir pela portaria de
nomeação, tendo ele respondido “deixa isso pra lá, depois a gente vê
isso”; que, de agosto a dezembro de 2007, a declarante passou a ganhar
R$ 800,00, ainda como atendente, nomenclatura constante no
contracheque; que, a partir de janeiro de 2008, a nomenclatura do
contracheque mudou para assessora jurídica, porém, a declarante
continuou recebendo o valor de R$ 800,00, conforme contracheques de
fls. 81/92 dos autos; que apesar disso, consta na ficha financeira da
declarante como se ela tivesse recebido o valor de R$ 2.600,00, a título de
DAS e R$ 3.600,00, a título de gratificação de desempenho; que a
declarante nunca recebeu esses valores; (...)”
Às fls. 79/92 consta cópia dos contracheques da servidora MARIANE, que
se encontrava em seu poder, e eram fornecidos pela própria PGJ. Nestes contracheques
consta o recebimento de apenas R$ 800,00 a título de salário.
De acordo com a servidora VIVIANE MARIA DE PÁDUA RIOS
MAGALHÃES, também ouvida pelo GAECO, servidores que ocupavam o mesmo cargo
tinham remunerações diferentes. Demais disso, o Sr. EMIR exercia forte ingerência na
nomeação de servidores, bem como no controle da folha de pagamento:
“Que ingressou no Ministério Público, no ano de 1998, como comissionada
do Procon, à época coordenado pelo dr. Ruszel; (...) que drº Emir Martins
teve dois mandatos como Procurador Geral de Justiça, de 2005 a 2008; que
entre os anos de 2004 a 2009, a declarante recebia gratificação DAS e mais
uma gratificação de desempenho, a título de remuneração, conforme avisos
de crédito apresentados; que a declarante efetivamente recebia os valores
constantes nos contracheques; que não sabe dizer se os demais assessores
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recebiam a remuneração da mesma forma que a declarante, com
gratificação DAS e de desempenho; (...) que, por ouvir dizer, tomou
conhecimento que os valores pagos a alguns assessores eram distintos, a
depender do vínculo deles com o Procurador Geral de Justiça; que acredita
que o valor percebido pela declarante era o padrão pago aos assessores; (...)
que drº Emir tinha muita ingerência na administração, quando ocupava a
chefia de gabinete do PGJ, inclusive para a nomeação de servidores,
estagiários e membros; (...)que, na época, do drº Emir PGJ, ele mesmo
ordenava a confecção de portarias para a nomeação; (...); que Paulo Cury,
chefe da folha de pagamento, era o braço direito do drº Emir; (...)”.
Havia pessoas que constavam na folha de pagamento que sequer trabalharam no MPPI,
entre novembro/2004 e novembro/2008. É o exemplo de ALEXANDRE REZENDE
CORREIA, que afirmou ao GAECO que neste período trabalhava como conciliador no
Juizado Especial da Zona Leste, no bairro Piçarreira, nesta capital, não sabendo dizer como
seu nome constava na folha de pagamento do MPPI:
“Que ingressou no Ministério Público, como assessor do Procurador de
Justiça, drº Assunção, em setembro de 2010; que, em 28 de fevereiro de
2011, pediu exoneração; que, em 20 de janeiro de 2012, foi nomeado como
assessor da Procuradora Geral de Justiça, em seguida, em 14 de maio de
2013, foi trabalhar com drº Alípio, onde se encontra até os dias atuais; que
do ano de 1997 até 30 de julho de 2009, trabalhava como conciliador do
Juizado Especial da Zona Leste, na Piçarreira, conforme cópia do diário da
justiça; que durante o período que se encontrava trabalhando no Tribunal
de Justiça não prestou qualquer serviço ao Ministério Público, tampouco
pensava em lá trabalhar; que não recebeu qualquer valor pago pelo
Ministério Público à época em que lá não trabalhava; que também não
conhece quem tenha recebido; que, no período de 2004 a 2008, não foi
procurado por alguém da administração da PGJ oferecendo um cargo; que,
no período de 2004 a 2008, as informações referentes ao imposto de renda
não diziam respeito ao Ministério Público, uma vez que lá não trabalhava; (...)”.
O Sr. JOSÉ RIBAMAR DE SENA ROSA, também ouvido pelo GAECO, um dos
responsáveis pela folha de pagamento do MPPI durante a gestão de EMIR MARTINS, bem
como pela criação do próprio sistema da folha de pagamento do MPPI, demonstra em seu
depoimento a forma como agia o ex Procurador-Geral de Justiça:
“Que prestou serviços de informática ao Ministério Público durante
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dezoito anos, de abril de 1991 a março de 2009; que elaborou o sistema de
folha de pagamento que funcionou durante todos esses anos; que desde que
ingressou, trabalhou com Paulo Cury; que o professor de física da UFPI,
Magno Alves dos Santos, professor do departamento de informática da
UFPI, desenvolveu o sistema de folha de pagamento com o declarante; (...)
que quem alimentava o sistema de folha de pagamento eram o declarante,
Paulo Cury e Magno Alves; que o declarante e Magno Alves foram
contratados para desenvolver o sistema de folha de pagamento, após o que
continuaram a prestar serviços de manutenção do sistema, porém,
inicialmente, sem cumprir expediente; (...) que a sistematização do trabalho
era a mesma, Paulo Cury imprimia a folha de pagamento e levava ao
Procurador Geral, para ajustes; que na época do drº Emir como PGJ, havia
autorização antes do fechamento da folha de pagamento; que isso era
praxe até a época em que trabalhou na PGJ; (...)”
Notemos que o ex-PGJ nutria uma preocupação demasiada com o
fechamento mensal da folha de pagamento do MPPI. Segundo RIBAMAR, como vimos
acima, a folha de pagamento não era fechada enquanto o SR. EMIR não desse o aval para
tanto, sendo estranha a preocupação acentuada do Chefe da Instituição ministerial com um
simples fechamento de folha. Afirmou, inclusive, que antes do encerramento da folha de
pagamento do MPPI, esta era levada ao Sr. EMIR “para ajustes”.
Quais seriam estes ajustes? Qual o objetivo destes ajustes? As investigações
demonstram que o ex Procurador-Geral de Justiça, em conluio com os servidores
RIBAMAR e PAULO CURY, fraudavam a folha de pagamento do MPPI, mês a mês, com o
fim inescrupuloso de desviar recursos públicos ministeriais em seu benefício, bem como em
benefício de seus familiares.
Vale salientar que o Sr. Paulo Cury, responsável pela folha de pagamento
do MPPI, “braço direito do Sr. EMIR”, faleceu, momento em que o Sr. RIBAMAR ficou
como responsável exclusivo pela folha de pagamento.
De acordo com o GAECO/MT, há indícios fortíssimos de que tenham sido
criadas folhas de pagamento paralelas no âmbito do MPPI. Enquanto em uma condiziam os
valores corretos a serem pagos e elencava os servidores que efetivamente prestavam serviço
ao órgão, em outra constavam quantias remuneratórias adulteradas e “funcionários
fantasmas”, dentre eles parentes próximos do próprio PGJ EMIR MARTINS FILHO.
Enquanto a primeira folha servia de base para prestação de contas aos órgãos de controle
(Ex; CNMP e TCE), a segunda consubstanciava o arquivo TXT enviado aos bancos,
mensalmente, para o pagamento dos salários.
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“Coincidentemente”, os referidos arquivos TXTs não eram arquivados no
âmbito Ministério Público piauiense; simplesmente eram apagados. Nos arquivos do parquet
constavam apenas os ofícios enviados aos bancos autorizando os pagamentos de acordo com
o arquivo TXT. Além disso, as próprias folhas de pagamento eram arquivadas em pen drive,
que ficava em poder do Sr. RIBAMAR. Em seus depoimentos, prestados no procedimento
administrativo do CNMP, bem como perante os Promotores de Justiça do GAECO/PI, JOSÉ
RIBAMAR DE SENA ROSA confessou esta prática:
“(...) que o txt pode ser alterada manualmente; que o arquivo de txt não era mantido
arquivado na PGJ por falta de interesse da administração; que o arquivo no forma-
to txt dizia respeito somente ao valor líquido dos servidores e membros, o valor que
efetivamente seria pago; que os demais valores que deveriam ser retidos na fonte,
permaneciam na PGJ, para repasse a quem de direito, no que se incluíam as con-
signações; que todos os bancos conveniados com a PGJ, Unibanco/Itaú, CEF, Ban-
co do Brasil etc. (...) que no arquivo txt era enviado ao banco os nomes dos servido-
res e respectivos valores a serem pagos a título de remuneração líquida; que, após o
envio desse arquivo txt ao banco e a confirmação do recebimento, era expedido um
ofício contendo o valor global de transferência, com a finalidade autorizar os paga-
mentos, de acordo com o estabelecido no arquivo txt; o valor global que consta no
txt era sempre o mesmo valor que constava no ofício; e o valor global que constava
em todos os arquivos txt equivalia sempre ao mesmo valor global da folha de paga-
mento; que, quando indagado ao declarante se saberia justificar a situação fática de
um servidor que, na folha da pagamento constava como recebedor de R$ 3.500,00,
porém, recebeu efetivamente a quantia de R$ 7.500,00, não soube explicar; que tal
situação ocorreu na folha de pagamento de janeiro de 2006; que o arquivo txt,
mesmo depois de gerado, é possível ser editado, antes ou depois do envio ao banco;
que o declarante não utilizava o sistema SIAFEM para o envio dos dados ao banco
para pagamento; (...); que, contudo, era comum, no mesmo arquivo, estar constando
outro tipo de folha de pagamento, elaborada como teste para adequação orçamentá-
ria; que também era comum elaborar folhas de pagamento, tipos 3 ou 4, referentes a
pagamentos atrasados, por exemplo, quando no ano estavam atrasados 2 meses de
remuneração; (...)”.
JOSÉ RIBAMAR, por meio de seu depoimento, demonstra cabalmente a
fragilidade da segurança que havia sobre a folha de pagamento do MPPI. Note que o arquivo
TXT, que embasa o pagamento dos salários dos servidores pelos bancos, era passível de
modificação. E além disso o TXT não era arquivado no MPPI, segundo RIBAMAR, “por
falta de interesse da Administração. ” É dizer: não havia interesse do PGJ à época, Sr. EMIR
MARTINS, de arquivar o TXT no MPPI, muito provavelmente para não vir à tona “erros
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grosseiros” e diferença gritante de valores e servidores quando comparado com a folha de
pagamento que era fornecida aos órgãos de controle.
1.2. DA FAMÍLIA DO PROCURADOR
GERAL EMIR MARTINS FILHO BENEFICIADA COM RECURSOS DO MPPI.
MONTANTE DESVIADO.
Antes, vejamos fluxograma ilustrativo:
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Há fortes indícios de que, enquanto Procurador-Geral de Justiça do Piauí,
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entre novembro/2004 e novembro/2008, o Sr. EMIR MARTINS FILHO se utilizou do seu
cargo para apropriar-se de recursos públicos do MPPI, e desviá-los em benefício próprio e
de seus familiares.
Por ser gestor do Ministério Público, era EMIR MARTINS FILHO que
escolhia e nomeava todos os assessores, estagiários e servidores do MPPI. Como se percebe,
esta escolha era pessoal, voltada a beneficiar diretamente seus familiares, nomeando-os para
exercer funções e/ou cargos no âmbito do MPPI, especialmente para os cargos de assessores
e estagiários.
Ademais, eram pagos com salários e gratificações absolutamente
desproporcionais aos cargos de assessores e de estagiário. Chegou-se ao absurdo de familiar,
nomeado para ser estagiário do MPPI pelo próprio EMIR, perceber a quantia de
R$ 12.000,00 ou de R$ 20.000,00 a título de “bolsa”.
O fluxograma “TOTAL RECEBIDO NO PERÍODO” representa o que cada
investigado recebeu diretamente do MPPI, em valores da época, seja a título de remuneração
ou sem qualquer motivação jurídica.
Vale salientar que o Promotor de Justiça Substituto do MPPI, por exemplo,
recebia a título de vencimento em 2008 o valor bruto de R$ 13.056,47, conforme tabela
juntada nos autos, emitida pela Assessoria para pagamento de pessoal, do MPPI.
Passemos à análise individualizada da participação de cada investigado:
MARIA DA GLÓRIA SAUNDERS MARTINS:
Ex-esposa de EMIR MARTINS FILHO, mãe de TIAGO SAUDERS de ANDREA SAUDERS
Recebeu diretamente do MPPI a quantia de R$ 11.024,00, em valores da
época, a título de funcionária do MPPI.
Embora assim, residia na cidade de Picos/PI, na Rua Projetada II, n. 250,
Canto da Várzea, numa clara demonstração de que jamais prestou serviço no sede MPPI em
Teresina.
Demais disso, a conta corrente da Sra. MARIA DA GLÓRIA é objeto de
inúmeras transações bancárias, as quais figuram como remetentes e destinatários os demais
investigados. Bastante comum verificar MARIA DA GLÓRIA como depositante de valores
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nas contas bancárias dos outros investigados. Comum também constatar repasses de valores
bancários por pessoas que eram nomeadas estagiárias e/ou para exercerem cargos
comissionados no MPPI para a conta de MARIA DA GLÓRIA. Coincidentemente, estas
transferências eram realizadas logo após o depósito do salário pelo MPPI, e em valores
muito próximos à remuneração.
Neste Print, Maria Raquel recebe do MPPI R$ 12.000,00 (doze mil reais)
referentes a crédito de salário, no dia 21/02/2006, e no mesmo dia faz duas transferências
para a sua irmã MARIA DA GLÓRIA SAUNDERS no total de R$ 7.500,00 (sete mil e
quinhentos reais).
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Neste segundo Print, no dia 21 do mês de março de 2006, Maria Raquel
recebe crédito de salário de R$ 12.000,00 (doze mil reais) e no mesmo dia faz duas
transferências de R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais) cada para a conta de sua irmã
MARIA DA GLÓRIA SAUNDERS, totalizando R$ 15.000,00 (quinze mil reais).
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Neste Print, Maria Rachel recebe, em 20 de abril de 2006 – quinta feira
(crédito de salário do MPPI) e transfere para a sua irmã MARIA DA GLÓRIA SAUNDERS,
três dias depois, no primeiro dia útil – segunda-feira, R$ 5.700,00 (cinco mil e setecentos
reais).
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No dia 19 de maio de 2006, Maria Rachel recebe R$ 11.250,00 (Onze mil
duzentos e cinquenta reais) do MPPI, daí no dia 22 de maio faz duas transferências para a
sua irmã MARIA DA GLÓRIA SAUNDERS no total de R$ 9.200,00 (nove mil e duzentos
reais).
De apenas alguns enxertos colacionados, visto que durante todo o ano de
2006, tais transações foram feitas, verifica-se que a cunhada do investigado EMIR
MARTINS era uma “laranja” utilizada pelo ex- PGJ para receber dinheiro do MPPI e
repassar de volta para a investigada MARIA DA GLÓRIA (ex-esposa de EMIR),
evidenciando-se assim o fluxo do dinheiro subtraído.
MARIA RACHEL SAUNDERS, irmã de MARIA DA GLÓRIA foi
“contratada” pelo Ministério Público sem concurso público, sendo nomeada pelo Sr. EMIR,
Chefe do Ministério Público piauiense à época. Percebia, a título de salário, R$ 5.000,00
mensais.
Os valores dos seus salários eram variáveis, portanto, sem qualquer critério:
em fevereiro e março de 2006, RACHEL recebeu a quantia de R$ 12.000,00 mensais; em
janeiro, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro de 2006, a quantia
de R$ 7.500,00; e em novembro de 2007, o valor de R$ 15.000,00.
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Logo após (no mesmo dia ou no dia seguinte) o depósito em conta do seu
salário, pago com recursos do MPPI, RACHEL transfere valores para a sua irmã, MARIA
DA GLÓRIA. Estes valores eram 80% da quantia recebida a título de salário pela RACHEL;
em algumas situações chegou a ser 100%. Vejamos:
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Trata-se, Excelência, de prova robusta da prática de crime de lavagem de
dinheiro!
Como se não bastasse, embora “servidora” do Ministério Público piauiense,
MARIA RACHEL SAUNDERS mora em Fortaleza/CE, mais precisamente na Rua João
Emídio da Silveira, n. 214, bairro Dionísio Torres, Fortaleza/CE. Resta claro, portanto, que
embora recebesse vultuosa quantia, MARIA RACHEL SAUDERS jamais trabalhou para o
parquet piauiense, pois residia no Estado do Ceará.
ARMINDA HAGI SAUDERS GADELHA:
Irmã de MARIA DA GLÓRIA SAUNDERS MARTINS, cunhada de EMIR MARTINS FILHO
Entre 2004 e 2008, recebeu diretamente do MPPI a quantia de
R$ 305.498,34 (valores da época), a título de remuneração.
Foi Assessora de Gabinete de Procurador de Justiça do Piauí, sob a
matrícula 16.622.
Conforme relatório da quebra de sigilo bancário, ARMINDA recebia a
título de salário quantias variáveis por mês. São exemplos de valores: R$ 7.000,00
(15/10/2004), R$ 3.500,00 (15/11/2004), R$ 10.000,00 (20/12/2004), R$ 20.000,00
(21/03/2005), R$ 17.665,00 (21/11/2005), R$ 15.000,00 (19/05/2006), R$ 9.800,00
(18/08/2006), R$ 13.066,67 (23/04/2007), R$ 19.600,00 (21/11/2007) e R$ 22.866,67
(10/03/2008). Em 17/06/2005 recebeu duas quantias a título de salário: R$ 10.000,00 e
R$ 20.000,00. Vejamos:
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Era bastante comum que no mesmo dia, ou no dia posterior, todo o valor
mensal do salário depositado em conta corrente fosse sacado. Note, ainda, que a
movimentação bancária da conta se restringia unicamente em depósito do salário e saque do
salário, numa demonstração inequívoca de que referida conta foi aberta unicamente para este
fim.
Veja também que a movimentação bancária teve início em 01/10/2004, isto
é, coincidentemente no mesmo período em que EMIR assumia a Chefia do MPPI.
Entre 2004 e 2008, ARMINDA transferiu para MARIA DA GLÓRIA a
quantia de R$ 29.860,00. É possível que este valor seja muito superior, tendo em vista que a
quebra de sigilo bancário não identificou todas as transações realizadas da conta bancária de
ARMINDA.
Embora recebesse vultuosos valores do MPPI, a título de salário,
ARMINDA residia em Fortaleza/CE, mais precisamente na Rua João Emídio da Silveira,
214, bairro Dionísio Torres, Fortaleza/CE. Trata-se do mesmo endereço de sua irmã,
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MARIA DA GLÓRIA.
MARIA LIDUINA UCHOA SAUDERS Irmã de MARIA DA GLÓRIA SAUNDERS MARTINS, cunhada de EMIR MARTINS FILHO
Também residente na Rua João Emídio da Silveira, 214, bairro Dionísio
Torres, Fortaleza/CE, isto é, o mesmo endereço residencial de MARIA DA GLORIA e de
ARMINDA.
Recebeu diretamente do MPPI, a título de salário, entre 2004 e 2008, a
quantia de R$ 43.200,00, em valores da época.
Nomeada pelo investigado EMIR como Assessora de Gabinete de
Procurador de Justiça, sob a matrícula 16.711.
Percebia, a título de remuneração, a quantia de R$ 5.000,00 mensais.
A abertura de sua conta corrente (CC 1035128; Ag 1430, UNIBANCO), na
qual era creditado seu salário, ocorreu em 01/12/2004. O Sr. EMIR foi nomeado a PGJ/PI
em novembro/2004. Referida conta teve movimentação bancária até o ano de 2008. O Sr.
EMIR, por sua vez, deixou de ser PGJ/PI em outubro de 2008. Vejamos:
TIAGO SAUDERS MARTINS:
Filho de EMIR MARTINS FILHO e de MARIA DA GLÓRIA SAUNDERS MARTINS;
E
AGAMENON REGO MARTINS DE DEUS: Esposo de ANDREA SAUDERS, portanto genro de EMIR MARTINS FILHO. Também é
sócio de TIAGO SAUDERS na empresa SAUDERS ARAÚJO MARTINS LTDA ME, CNPJ:
13.759.326/0001.49;
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TIAGO recebeu diretamente do MPPI, a título de salário, R$ 120.493,67,
em valores da época.
Foi nomeado pelo seu pai e investigado EMIR como Assessor de Gabinete
de Procurador de Justiça, sob a matrícula 16.708.
Ademais, entre 01/10/2004 e 19/08/2009 TIAGO recebeu de MARIA DA
GLÓRIA a quantia de R$ 111.900,00, na CC 558702, Ag. 3178, Banco de Brasil. Vejamos:
Vale lembrar que era comum as irmãs MARIA LIDUINA, ARMINDA
HAGI e MARIA RACHEL transferirem quantias vultuosas a sua irmã MARIA DA
GLÓRIA, logo após receberem os valores provenientes de salário do MPPI. E grande
parte destes valores, ao que parece, eram repassados para o filho do EMIR, Sr. TIAGO
SAUNDERS.
Há indícios fortes de que parte destes recursos tenham sido utilizados para
que TIAGO SAUNDERS, juntamente com seu cunhado, também investigado,
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AGAMENON REGO, criassem a pessoa jurídica SAUNDERS ARAÚJO E MARTINS
LTDA ME (CNPJ: 13.759.326/0001-49).
A SAUNDERS ARAÚJO E MARTINS LTDA ME foi fundada em
13/04/2011. Tem como nome fantasia PREDILETOS STEAKHOUSE, do ramo de bares e
restaurantes, localizada na cidade de Picos/PI. Vejamos:
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Trata-se do principal restaurante da cidade de Picos/PI.
Foi detectado pelo GAECO/MT algumas remessas efetuadas para pessoas
que não constavam em nenhum dos arquivos do MPPI, tais como AGAMENON REGO
MARTINS DE DEUS e SAMUEL PACHECO MORAES.
Cumpre informar também que AGAMENON, cunhado de TIAGO e sócio
da SAUNDERS ARAÚJO E MARTINS LTDA ME, recebeu diretamente do MPPI a quantia
R$ 142.583,32, em valores da época. Neste caso, sequer AGAMENON constava como
servidor do MPPI, isto é, sequer seu nome fazia parte da folha de pagamento do MPPI. Não
era funcionário, porém recebeu repasse do banco. Verifica-se, por exemplo, que
AGAMENON, a pretexto de salário, recebeu por duas vezes a quantia de R$ 12.833,33
(17/03/2008 e 19/05/2006).
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Portanto, Excelência, é bem possível que valores desviados do MPPI, tais
como os recebidos diretamente por TIAGO e AGAMENON, e aqueles repassados por
MARIA DA GLÓRIA a TIAGO, tenham sido “lavados” para a abertura do restaurante
PREDILETOS STEAKHOUSE, com sede em Picos/PI.
Vale trazer à baila, ainda, transferência de R$ 40.000,00 realizada por
MARIA DA GLÓRIA a AGAMENON, no dia 08/06/2009, reforçando ainda mais a prática
do crime de lavagem de dinheiro por estes investigados, tornando capital ilícito, proveniente
de crimes contra a Administração Pública, em dinheiro lícito, aplicado, supostamente, para
erguer empreendimento comercial na cidade de Picos/PI. No dia seguinte à transferência, há
compensação de cheque, “por coincidência” também no valor de R$ 40.000,00. Vejamos:
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ANDREA SAUNDERS MARTINS:
Filha de EMIR MARTINS FILHO e de MARIA DA GLÓRIA SAUNDERS MARTINS;
Recebeu diretamente do MPPI a quantia de R$ 10.500,00, em valores da
época, a título de salário, sem jamais ter efetivamente prestado serviço ao parquet piauiense.
Foi nomeada como Assessora de Gabinete sob a matrícula 16.4204.
Estranhamente, porém, recebeu de MARIA DA GLÓRIA, no dia
29/07/2009, uma transferência no valor de R$ 69.800,00. No mesmo dia ANDREA aplicou
em fundo de investimento a quantia de R$ 60.000,00. Vejamos:
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Embora tenha recebido “somente” a quantia de R$ 10.500,00 diretamente
do MPPI, ANDREA recebeu de uma das articuladoras e executoras do esquema, Sra.
MARIA DA GLÓRIA, a surpreendente quantia de R$ 69.800,00.
Não esqueçamos, era MARIA DA GLÓRIA que recebia os principais
repasses de recursos públicos desviados do MPPI, realizados por “servidores fantasmas”, a
exemplo de MARIA LIDUINA, ARMINDA HAGI e MARIA RACHEL.
SUSYANE ARAÚJO LIMA SAUNDERS MARTINS:
Esposa de TIAGO SAUNDERS MARTINS, portanto nora de EMIR MARTINS FILHO
Recebeu do MPPI, entre 2005 e 2007, a quantia de R$ 68.806,56, a título
de “bolsa” de estágio (Matrícula 16.666). Era realizado em seu benefício pagamento das
rubricas “estágio remunerado” e “gratificação de desempenho”, incompatíveis, portanto,
com a remuneração dos cargos de estagiário e de assessora especial, conforme relatório do
Ministério Público da União (MPU) (v. fl. 43, do PIC 004/2015).
De acordo com a servidora MARIANNE DE MACEDO RODRIGUES,
servidora do MPPI, afirmou que poucas vezes viu SUSYANE na PGJ. Vejamos:
“(...) que, no ano de 2006, obteve a informação, por meio de José
Ribamar, que trabalhava na folha de pagamento, que Suzyanne, nora do
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drº Emir, era estagiária do MP; que apenas a viu na sede da PGJ, para
tratar de processos, umas três vezes, no máximo; que, inclusive, os
processos que ela levou para casa foram devolvidos sem manifestação, e
feitos pela declarante e por Viviane; que nessa época, drº Emir era PGJ;
que ouviu dizer que Suzyanne ganhava mais do que os outros estagiários;
que nessa época, os prestadores de serviços eram contratados diretamente
pela PGJ, sem licitação; (...)”
Para ser estagiária do MPPI recebia a “bolsa” de R$ 4.498,50 por mês,
conforme se verifica no extrato detalhado de sua conta bancária, cujo sigilo foi quebrado
com autorização da Justiça:
Percebe-se, ainda, que após o depósito dos proventos (dia 20/06/2008) em
sua conta corrente, SUSYANE transfere para seu companheiro TIAGO SAUNDERS quase
todo o valor recebido pelo MPPI. Este mecanismo, Excelência, configura forte indício de
crime de lavagem de dinheiro.
Vê-se claramente que EMIR se valia da informalidade para nomeação de
estagiários e assessores para inserir apadrinhados e “laranjas” no âmbito do MPPI, os quais
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serviam simplesmente para “emprestar” seus nomes à folha de pagamento do MPPI.
MARIANA SAUNDERS UCHOA DE MOURA SANTOS:
Sobrinha de EMIR MARTINS FILHO
Recebeu diretamente do MPPI a quantia de R$ 21.333,05, como estagiária.
Trabalhou por 06 (seis) meses no MPPI, entre dezembro/2008 e março/2009, conforme
depoimento prestado no GAECO/PI, às fls. 127 do PIC.
Trabalhou no gabinete do então Procurador EMIR MARTINS FILHO
como Assessora de Procurador de Justiça, sob a matrícula 16.401.
Em 22/12/2008 recebeu o valor de R$ 6.599,70; em 21/01/2009,
R$ 4.915,71; em 19/02/2009, R$ 4.915,71; em 23/03/2009, R$ 4.901,93. Contudo,
MARIANA SAUNDERS afirmou ao GAECO/PI que efetivamente recebia somente
R$ 1.500,00. (v. fl. 127, do PIC).
MARIA RACHEL SAUNDERS PACHECO:
Irmã de MARIA DA GLÓRIA SAUNDERS MARTINS, portanto cunhada de EMIR MARTINS
FILHO;
MARIA RACHEL SAUNDERS foi “contratada” pelo Ministério Público,
sem concurso público, sendo nomeada pelo Sr. EMIR, Chefe do Ministério Público
piauiense à época. Percebia, a título de salário, R$ 5.000,00 mensais. Foi nomeada como
Assessora de Gabinete, sob o n. 16.710.
Contudo, estranhamente, os valores dos seus salários passaram a ser
alternados: em fevereiro e março de 2006, RACHEL recebeu a quantia de R$ 12.000,00
mensais; em janeiro, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro de
2006, a quantia de R$ 7.500,00; e em novembro de 2007, o valor de R$ 15.000,00.
Estranhamente, Excelência, logo após o depósito em conta do seu salário,
pagos com recursos do MPPI, RACHEL transferia valores para a sua irmã, MARIA DA
GLÓRIA. Estes valores eram 80% da quantia recebida a título de salário pela RACHEL; em
algumas situações chegava a 100%. Vejamos:
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Trata-se, Excelência, de prova robusta da prática de crime de lavagem de
dinheiro!
Como se não bastasse, embora “servidora” do Ministério Público piauiense,
MARIA RACHEL SAUNDERS mora em Fortaleza/CE, mais precisamente na Rua João
Emídio da Silveira, n. 214, bairro Dionísio Torres, Fortaleza/CE. Resta claro, portanto, que
embora recebesse vultuosa quantia, MARIA RACHEL SAUNDERS jamais trabalhou para o
parquet piauiense.
Vejamos, utilizando-se da ferramenta de Busca Inteligente – Qlik View, no
ano de 2006, o total dos valores recebidos por Maria Rachel Saunders, assim como o
comportamento de suas transações:
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PRINT 02
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PRINT 03
Tomando-se como parâmetro, a fim de demonstrar como ocorria a
empreitada criminosa, julgou-se importante trazer à baila os prints acima colacionados, de
onde, passa-se a explicar a senda ardilosa.
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Conforme se verifica nos autos, a investigada MARIA RAQUEL
SAUNDERS PACHEDO, foi admitida no MPPI no cargo de assessora de gabinete, no ano
de 2006, quando EMIR MARTINS FILHO exercia o cargo de Procurador-Geral de Justiça,
com salário para tal cargo na importância de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais).
Consoante se verifica da tabela dos prints, na coluna SP_HIS que significa histórico de
sistema de folha de pagamento crédito /débito, emergem os valores que a mesma deveria
receber a título de salários (esta era informação que era enviada pelo MPPI ao TCE, assim
como a informação oficial para efeitos de pagamentos de folha de pessoal).
Cumpre trazer aos autos o relatório técnico confeccionado pelo
GAECO/MT (fls. 265/266), ipisis litteris:
“Como havia inconsistências entre os valores fornecidos à comissão que compareceu ao
MPE/PI, as tabelas SP_HIS (utilizada pelo sistema de folha de pagamento no dia da cópia)
e SPHIS2 (com a mesma estrutura da tabela SP_HIS, mas com dados até o dia
15/09/2008), verifiquei com qual das tabelas os holerites constantes na denúncia
correspondiam. Para completar e ter uma ideia melhor de qual seria o valor real, também
comparei com os dados de remessa de pagamento enviado aos bancos. Reforço que em
todas as verificações foi retirado o mês 10/2008, pois o arquivo SPHIS2 só continha
informações até 15/09/2008 (mês de referência para pagamento 10/2008).
Assim, efetuei uma verificação por matrícula, mês e ano de cada holerite constante no
PAD n° 0.00.000.000884/200868, confrontando com os dados das tabelas
FORNECIDOS_SP_HIS e SPHIS2. As seguintes inconsistências foram encontradas:
Percebemos, em análise da tabela acima, que o valor total líquido dos holerites dos
servidores acima corresponde ao valor encaminhado ao banco e ao arquivo SPHIS2.
Entretanto, é diferente da tabela SP_HIS e do valor fornecido pelo MPE/PI à comissão”.
A conclusão da análise foi a seguinte:
“concluímos, portanto, que os dados da tabela SPHIS2 são os mais próximos da
verdadeira folha de pagamento do MPE/PI entre 01/2005 a 09/2008, pois os contidos nos
arquivos Fornecidos à comissão e no arquivo SP_HIS mostram-se muito diferentes, quando comparados aos dados dos bancos e aos holerites exibidos ao CNMP. No entanto,
para se ter certeza, torna-se necessária uma quebra de sigilo bancário, para identificar
corretamente quais foram os valores depositados nas contas bancárias de cada um dos
membros/servidores do Ministério Público do Estado do Piauí”. (grifei)
Com o sigilo bancário quebrado, conforme sugestão da análise, verificou-se a
verdade, ou seja, que os valores efetivamente depositados nas contas dos investigados eram
diferentes à maior, dos valores que MPPI declarou ao CNMP. Defluindo-se daí que existia
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um verdadeiro esquema de pagamentos indevidos, nos quais para efeitos legais existia uma
folha e para efeitos fáticos uma outra folha de pagamento. Tal descoberta somente foi
possível após a vinda do CNMP a este estado, quando deparando-se com tais suspeitas,
determinou a coleta dos dados existentes nos computadores do setor de pagamento de
pessoal da Procuradoria-Geral de Justiça.
No caso exemplificado da Maria Raquel Saunders Pacheco, cunhada do
então Procurador-Geral de Justiça EMIR MARTINS FILHO, os valores declarados
oficialmente (tabela SP_HIS) para efeito de pagamento divergem totalmente do valor
constante na tabela (SPHIS2) encontrada na busca determinada pelo CNMP. E tal valor
(SPHIS2) bate literalmente com os valores efetivamente depositados em conta,
evidenciando-se assim, que se tratava de uma segunda folha de pagamento, em formato TXT,
cujo formato era enviado aos Bancos para fazer o depósito do numerário evidenciado na
tabela SP_HIS2.
Facilmente perceptível ao visualizar tais tabelas e ver que a folha SP_HIS
no ano de 2006 para esta servidora constava a importância sempre de R$ 3.500,00 (três mil e
quinhentos reais), enquanto na tabela SP_HIS2 constou valores diferentes. Vejamos:
JANEIRO – 7.500,00
FEVEREIRO – 12.000,00
MARÇO – 12.000,00
ABRIL – 7.500,00
MAIO – 11.250,00
JUNHO – 7.500,00
JULHO – 7.500,00
AGOSTO – 7.500,00
SETEMBRO – 7.500,00
OUTUBRO – 10.000,00
NOVEMBRO – 7.500,00
DEZEMBRO – 7.500,00
Urge, ainda, evidenciar que tais dados comprovados vão de encontro as
alegações do investigado JOSÉ RIBAMAR DE SENA ROSA, então responsável pelo
sistema de folha de pagamentos do MPPI. Ipisis litteris (fls. 286):
“que o SP_HIS2 é um arquivo teste, um arquivo inválido, que o que vale é o SP_HIS, que
não sabe explicar porque devendo o valor do holerite do banco ser igual ao SP_HIS, na
verdade, o que foi efetivamente pago foi o do SP_HIS2” (grifei)
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Ora, Excelência, ao se analisar os valores efetivamente depositados e ao
comparar com os da tabela SP_HIS2, o qual segundo o declarante seria “lixo, inválido”,
percebe-se que tal arquivo “inválido” se encaixa perfeitamente com os valores pagos pelos
Bancos aos investigados. Destarte, evidencia-se o DOLO dos agentes.
Ora, não seria possível todas as vezes, se se tratasse de simples equívoco,
bater os valores da tabela suspeita (SP_HIS2) com os valores efetivamente depositados nas
contas, isto em todos os meses, em todos os anos, e somente com pessoas relacionadas
intimamente ao então Chefe da Instituição.
Das fls. 176/177 dos autos dá-se para ter uma ideia da vultosa quantia que
transitou pela conta dos investigados entre os anos de 2004 a 2008. Já analisando a tabela
disposta nas fls. 178 dos autos (QUEBRA DE SIGILO FISCAL), deflui-se a total
incongruência entre os valores transitados nas contas dos investigados, oriundas do MPPI e
os valores declarados à Receita Federal no período em investigação.
SAMUEL PACHECO MORAIS:
Samuel Pacheco Morais reside no município de Palmas, Estado do
Tocantins.
O GAECO do Mato Grosso, na perícia realizada no âmbito do Ministério
Público do Estado do Piauí, constatou o pagamento regular de remuneração mensal a
Samuel Pacheco Morais, entre os anos de 2006 e de 2008, sem que este sequer integrasse o
quadro de membros ou de servidores da Instituição.
De acordo com a perícia realizada pelo GAECO do Mato Grosso, Samuel
Pacheco Morais recebeu o total de R$ 217.333,33, em valores da época, sem que houve
qualquer vínculo com o MPPI.
Observe-se a tabela seguinte formatada pelo GAECO do Mato Grosso,
onde se demonstra a data de pagamento e os respectivos valores indevidamente percebidos:
SAMUEL PACHECO MORAES 24/04/2006 2006 4 9.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 21/07/2006 2006 7 10.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 23/10/2006 2006 10 10.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 21/11/2006 2006 11 10.000,00
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SAMUEL PACHECO MORAES 14/12/2006 2006 12 10.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 23/01/2007 2007 1 10.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 23/02/2007 2007 2 10.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 21/03/2007 2007 3 10.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 23/04/2007 2007 4 10.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 25/05/2007 2007 5 5.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 21/06/2007 2007 6 10.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 23/07/2007 2007 7 10.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 21/08/2007 2007 8 10.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 21/09/2007 2007 9 10.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 23/10/2007 2007 10 10.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 21/11/2007 2007 11 20.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 21/12/2007 2007 12 10.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 22/01/2008 2008 1 10.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 21/02/2008 2008 2 10.000,00
SAMUEL PACHECO MORAES 25/03/2008 2008 3 23.333,33
MARIA DIANA SOARES
Ao se realizar a análise de mais algumas pessoas constantes da folha de
pagamento do Ministério Público, verifica-se a presença de uma servidora comissionada de
nome MARIA DIANA SOARES. Em pesquisas realizadas em fontes abertas, deflui-se que a
mesma é beneficiária do Programa Minha Casa Minha Vida, no município de Picos, portanto,
tratando-se de pessoa simples, humilde, até prova em contrário.
Não obstante tal fato, a mesma realizou intensa movimentação bancária
em sua conta, consoante se depreende do Print (Click View) inserto nesta lauda.
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Causa espécie é que tão logo recebia seus PROVENTOS do MPPI, a
mesma fazia transferência bancária a algumas pessoas, quais seriam, AGAMENON REGO
MARTINS DE DEUS, ARMINDA HAGY SAUNDERS GADELHA, MARIA DA GLÓRIA
SAUNDERS MARTINS e THIAGO SAUNDERS MARTINS, respectivamente, genro,
cunhada, ex-esposa e filho de EMIR MARTINS FILHO, então Procurador-Geral de Justiça.
Apesar da falta de capacidade econômica da dita servidora do MPPI, os
valores transferidos para tais parentes do então Chefe do MPPI chegam a quantia de
R$ 87.960,00 (oitenta e sete mil novecentos e sessenta), isto, diga-se de passagem, entre
2005 e 2008, período em que EMIR exercia a chefia do MPPI.
Tais fatos evidenciam indícios fortes de que Maria Diana Soares se tratava
de uma “laranja” utilizada pelo esquema criminosa, a qual passava a “mesada”,
mensalmente, aos integrantes da organização criminosa.
DOS MODUS OPERANDI
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Basicamente, existiam dois modos de atuação da organização criminosa. A
primeira consistia em colocar valores a maior nos contracheques dos estagiários, pessoas de
cargo comissionado em geral. Acontece que de fato recebiam a menor, ou seja, pelo valor
que estava estritamente descrito no contracheque, com tal burla conseguia colocar valores a
maior nas contas daqueles que deveriam receber menos, ou seja, neste último caso, no
contracheque (SP_HIS) o valor era menor, contudo o valor depositado em conta e
encontrado na perícia feita nos computadores do setor financeiro do MPPI (tabela SP_HIS2)
era bem maior do legalmente devido. Desta feita, poderia no balanço contábil geral, que era
feito sobre o valor total da folha de pagamento, sem discriminar especificamente o que era
devido a cada um dos servidores, criar a falsa aparência de legalidade, visto que o valor total
enviado ao TCE na prestação de contas, por exemplo, era o mesmo valor que saía dos cofres
do MPPI para o banco, dando assim a conotação de que fechava o caixa.
O dinheiro desviado então era depositado nas contas, na maior parte das vezes
de familiares de EMIR, cunhadas e genros como proventos/salários, ao que depois retornava
para o mesmo, imediatamente, através de transferências bancárias ou saques e, logo depois,
depósitos. Para tanto, participou ativamente a sua ex-esposa, a investigada MARIA DA
GLÓRIA SAUNDERS MARTINS. Esta última, após o pagamento de valores exorbitantes
nas contas de suas irmãs (ARMINDA HAGI SAUNDERS GADELHA, MARIA LIDUÍNA
UCHOA SAUNDERS e MARIA RAQUEL SAUNDERS PACHECO), recebia de volta os
valores desviados (às vezes 100% ou 80% do valor), consoante se extrai do sigilo bancário
quebrado judicialmente. Para tanto, EMIR ainda utilizou as contas bancárias de sua nora
(SUSYANNE ARAÚJO LIMA SAUNDERS MARTINS) e do seu genro (AGAMENON
REGO MARTINS DE DEUS), e de uma sobrinha de nome MARIANA SAUNDERS U. DE
MOURA SANTOS, todos os valores recebidos diretamente das contas do MPPI.
Somente neste modus operandi foram desviados quase R$ 2.000.000,00 (dois
milhões de reais).
Outra forma de atuação era simplesmente atribuir valores para o pagamento de
funcionários “fantasmas”, utilizando-se para tanto de matrículas de pessoas que não mais
trabalhavam no Ministério Público, ou que jamais trabalharam no Ministério Público (EX:
SAMUEL PACHECO MORAES – fls. 269).
O engodo era utilizado para inchar a folha de pagamento com pessoas que
nada recebiam, mas que constavam como recebedoras de pagamento do MPPI, dando
margem contábil/financeira, assim para subtrair dinheiro utilizando-se de outras pessoas que
deveriam receber a menos, e de fato na conta bancária recebiam a mais. O acinte era tão
grande que determinadas pessoas, somente depois da denúncia de tais fatos ao CNMP,
tiveram o conhecimento que estavam na folha de pagamento do Ministério Público. Outras,
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como seus familiares, que tinham pleno conhecimento dos acontecimentos já que os
depósitos eram feitos em suas contas, sequer residiam no Piauí, como as suas cunhadas que
moravam em Fortaleza, enquanto sua nora e seu genro moravam em Picos. Como ficou bem
delineado na investigação, sua nora Susyanne trabalhava ativamente como advogada na
Comarca de Picos (conforme se comprova de vários termos de audiência ocorridos naquela
comarca – docs nos autos), não tendo assim, a mínima possibilidade de labutar em Teresina
como assessora de quem quer que seja.
1.3. DA APROPRIAÇÃO DOS
RECURSOS DO MPPI POR EMIR MARTINS FILHO. EMIR MARTINS FILHO
COMO BENEFICIÁRIO DO ESQUEMA DE LAVAGEM DE DINHEIRO.
Como verificado no fluxograma acima, EMIR MARTINS FILHO recebeu
diretamente do MPPI, no período investigado, a quantia de R$ 738.805,01, dentre salário,
gratificações e outros benefícios.
O GAECO/MT apurou diferença de valores entre o que EMIR MARTINS
recebia efetivamente pelo MPPI (depósito em banco, realizado com supedâneo no arquivo
TXT) e o que constava como devido na folha de pagamento apresentada ao CNMP. Em
muitas situações EMIR MARTINS recebia a maior, sem que a folha de pagamento
apresentasse esta diferença.
EMIR beneficiou-se, também, do esquema de lavagem de dinheiro,
supostamente liderado pelo próprio EMIR MARTIS FILHO. Vejamos:
Restou devidamente demonstrado que EMIR, quando PGJ, gerenciava
diretamente a folha de pagamento do órgão; escolhia e nomeava sem qualquer critério e
formalidade estagiários e comissionados, que serviriam de “laranjas” para o esquema;
nomeou diversos parentes no MPPI, dentre filhos, cunhados e a própria esposa.
Há indícios fortes também, como acima restou demonstrado, que a esposa
do EMIR, Sra. MARIA DA GLÓRIA, funcionava como uma espécie de “central de
arrecadação” dos valores recebidos por estagiários e comissionados nomeados pelo PGJ
EMIR. Não à toa, há intensa movimentação bancária nas quais figura como remetente ou
destinatário a Sra. MARIA DA GLÓRIA e os demais investigados.
Uma vez recebidos os salários, os “parentes laranjas” transferiam os valores
para MARIA DA GLÓRIA, ou sacavam imediatamente após o depósito. Esta prática
também ficou demonstrada acima.
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Parte destes valores desviados retornava diretamente a EMIR MARTINS
FILHO. Tomemos como exemplo uma transferência de R$ 52.000,00, em 29/07/2009,
realizada por MARIA DA GLÓRIA a EMIR MARTINS FILHO:
Neste período em que foi Procurador-Geral de Justiça, evidenciou-se que o
investigado EMIR MARTINS FILHO passou a ostentar patrimônio incompatível com suas
rendas, conforme já avisava a testemunha Jeromildo Rodrigues Alves (fls. 220) dos autos,
quando informou no ano de 2009, quando ouvido pelo CNMP (fls. 220) dos autos, ou seja,
antes da quebra do sigilo bancário do investigado EMIR. Neste depoimento, o mesmo já
alertava que o referido investigado, mesmo após um divórcio, tendo deixado apartamento e
veículo para ex-esposa, passou a comprar veículos caros, sítios e apartamentos caríssimos.
Tais fatos, posteriormente, foram comprovados após observar a movimentação bancária do
investigado EMIR e de seus familiares que receberam direta e, algumas vezes indiretamente,
vultosa quantia advinda dos cofres do MPPI.
1.4 DO RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DO CNMP
Às fls. 223 dos autos, após profunda e extensa investigação o CNMP
asseverou:
“Por solicitação da comissão, a Procuradoria Geral de Justiça do Piauí forneceu arquivos
digitais que representavam as folhas de pagamentos do MPPI de janeiro de 2005 a março
de 2009. Os dados vieram organizados em planilhas eletrônicas, uma para cada ano.
Contudo, a comparação entre os dados fornecidos pela PGJ e os contracheques existentes
nos autos demonstrou a existência de divergência entre os valores consignados, o que
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levantou a hipótese de que os arquivos contendo os dados históricos das folhas de
pagamento tenham sido alterados para ocultar irregularidades .
(...)
Conforme consignado da ata de reunião de instrução, no dia 26/03/2009, na parte da
manhã, a comissão dirigiu-se à sede da PGJ e lá procedeu à cópia dos discos rígidos dos
dois microcomputadores utilizados no setor financeiro. Os arquivos copiados foram
analisados pelo analista de sistemas Erich Raphael Masson, do Ministério Público do Mato
Grosso, conforme relatório de Análise, que confirmou a hipótese de manipulação de
dados”. (grifei)
Ainda acrescentou o CNMP – fls. 224:
“Esses fatos são graves, pois indicam a deliberada intenção de prestar informações falsas
à comissão instituída pelo Conselho Nacional do Ministério Público (e, aparentemente,
também ao Tribunal de Contas do Piauí, visto haver sido relatado que os mesmos dados
foram enviados àquela corte de contas). É provável que a alteração dos dados tenha
ocorrido no dia 15/09/2008, mas as informações disponíveis no sistema não permitiram
identificar o usuário por elas responsável.
O exame pericial identificou também os arquivos gerados pelos programas utilizados para o
crédito dos vencimentos e subsídios do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e
Unibanco, o que permitiu o cruzamento entre as informações constantes nos arquivos de
armazenamento e as ordens de crédito efetivamente enviada aos bancos. Constatou-se
conforme descrito no item 4.1.2, que as ordens de crédito coincidiam com os dados
armazenados no arquivo SP_HIS2.
O cruzamento entre esses dados levou à conclusão de que os dados verdadeiros (ou ao
menos os mais próximos dos verdadeiros) são aqueles contidos no arquivo SP_HIS2,
conclusão essa que é reforçada por serem esses dados também coincidentes com os
contracheques que constam dos autos (impressos antes de setembro de 2008), conforme
descrito no item 4.1.21 do Relatório de Análise”.
1.5 DA TENTATIVA DE OBSTAR A INVESTIGAÇÃO
Conforme se extrai de todo o caderno investigativo, os investigados,
notadamente, o mentor do esquema criminoso, o investigado EMIR MARTINS, utilizou-se
de diversas manobras ardilosas com o fito de impedir a investigação quanto aos fatos telados,
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para tanto conforme se vê de diversas declarações de testemunhas, como por exemplo, a
servidora Marianne de Macedo Rodrigues (fls. 303) dos autos que relatou:
“que sabe informar que seu Modesto, à época zelador do MPPI, relatou ter queimado
muito papel a mando de Paulo Cury, no período da tarde, em local reservado, longe da
PGJ”
Outra testemunha (fls. ) dos autos – Viviane Maria de Pádua Rios
Magalhães asseverou:
“que Paulo Cury, chefe da folha de pagamento, era o braço direito de Dr. Emir, que quando
entrou no MP em 1998, Paulo Cury já era chefe da folha de pagamento, que há uns três
anos, ao fazer um requerimento à chefia de recursos humanos, sobre as contribuições ao
IAPEP, obteve a informação, extraoficialmente, de que todos os dados anteriores a 2004
tinham sido apagados, não havendo como prestar as informações requeridas”.
Cumpre gizar que Paulo Cury à época dos fatos era quem gerenciava toda a
folha de pagamento, sendo pessoa de confiança do investigado Emir Martins.
Frise-se, ainda, que no afã de se desvencilhar de suas responsabilidades o
investigado EMIR MARTINS, no período em que o CNMP esteve no Piauí a fim de
inspecionar as irregularidades apontadas, envidou esforços para adulterar o próprio sistema
de pagamento do MPPI. Conforme se verifica das fls. (223/224) dos autos, o MPPI foi
vítima de manipulação de dados, tudo no sentido de impedir as investigações do CNMP,
razão esta que fez o órgão determinar a extração imediata dos dados que ainda constavam
em dois computadores do setor financeiro do MPPI, por risco de perder a fonte probatória
para sempre. Assim o GAECO/MT fez a análise de todo o material extraído, quando,
verificou que a gravidade dos fatos apontados inicialmente era muito maior do que se
imaginava.
Vale aduzir, ainda, que o investigado EMIR MARTINS FILHO, com o
escopo de se livrar de penalidade administrativa imposta pelo E. CNMP, antecipou-se e
requereu sua aposentadoria voluntária. E não só: com a aposentadoria EMIR requereu e
recebeu verbas indenizatórias, as quais o próprio CNMP já havia julgado como irregulares.
Vejamos teor da entrevista concedida pelo Corregedor-Geral do CNMP, Sr. Sandro Neis, no
dia 04 de agosto de 2010:
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“Por Anselmo Moura
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Na entrevista coletiva que concedeu na manhã de hoje (04), a jornalistas de Teresina, o
corregedor do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Sandro Neis,
praticamente antecipou uma das penalidades que o CNMP deverá impor ao ex-
procurador geral de Justiça do Piauí, Emir Martins Filho, cujo processo sobre evidências
de práticas de irregularidades se encontra aguardando julgamento em Brasília. Emir
pode ter sua aposentadoria cassada por recomendação do CNMP.
Alvo de investigações nas inspeções feitas pelo CNMP em Teresina no ano passado, Emir
Martins optou pela antecipação da aposentadoria, chegando a receber verbas
indenizatórias que o próprio Conselho determinou fossem devolvidas. Segundo Sandro
Néis Emir foi denunciado e o CNMP comprovou práticas de diversas irregularidades,
entre as quais, pagamentos irregulares de salários e alteração da folha salarial da
Procuradoria de Justiça do Piauí.
Segundo Sandro Neis, o fato de Emir Martins ter antecipado sua aposentado não exclui a
sua responsabilidade diante dos fatos. Um processo disciplinar foi instaurado e deverá ser
julgado possivelmente hoje ou nas próximas sessões do CNMP, em Brasília.
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Praticamente antecipando o resultado do julgamento do processo contra Emir Martins, o
corregedor nacional do Ministério Público afirma que caso semelhante aconteceu no estado
do Amazonas, onde o procurador local acabou tendo sua aposentadoria cassada.
Sandro Neis afirma ainda que o Conselho encaminha o pedido de cassação da
aposentadoria ao Poder Judiciário, que é o responsável pelo julgamento do processo.
Com relação à nova inspeção que está sendo feita no Ministério Público do Piauí, Sandro
Neis afirma que as recomendações feitas pelo Conselho estão sendo atendidas e que as
melhorias da Procuradoria de Justiça do Estado estão no caminho certo.”
(https://www.portalaz.com.br/noticia/geral/181232/corregedor-diz-que-emir-martins-
pode-ser-punido-e-ter-aposentadoria-cassada)
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Tudo isso, Excelência, serve para demonstrar a personalidade do Sr. EMIR
MARTINS FILHO, voltada a práticas ardilosas e simuladoras, com o intuito nefasto de
impedir, a qualquer custo, que a efetiva responsabilização criminal, administrativa e cível
recaiam sobre os seus ombros.
Ora, por duas situações, que restaram devidamente comprovadas, EMIR
tentou impedir que o CNMP apurasse as irregularidades cometidas pelo investigado, e que o
órgão de controle ministerial aplicasse efetivamente a pena devida. Em um primeiro
momento EMIR teria criado, supostamente, uma folha de pagamento falsa e apresentada
para o TCE e o CNMP. Num segundo momento, o investigado antecipa sua aposentadoria
voluntária a fim de “não ser pego” pelo CNMP, e ainda leva consigo verbas indenizatórias
julgadas irregulares pelo CNMP – diga-se, mais recursos públicos ministeriais.
Não duvidemos, portanto, que o Sr. EMIR envide todos os esforços para
impedir ou embaraçar a presente investigação logo após tome conhecimento do seu trâmite
no GAECO/PI, pois, como visto acima, tem personalidade voltada a práticas pouco
republicanas.
De mais a mais, EMIR MARTINS FILHO, embora não mais inserido nos
quadros do MPPI, ainda carrega prestígio social e político, sobretudo nos municípios de
Teresina/PI e de Picos/PI. Por exemplo, temos seu filho HUGO VICTOR como vereador da
Câmara Municipal picoense, sendo reeleito a novo mandato. Seu outro filho, Sr. TIAGO
SAUDERS, ora investigado, ocupou cargo de Secretário na Prefeitura Municipal de Picos/PI,
e se posta como advogado influente naquela cidade.
Em Teresina/PI, mesmo após sua aposentadoria voluntária, EMIR
MARTINS FILHO é figura comum nas colunas sociais, demonstrando ainda estreita relação
sócio-política com a alta classe teresinense. Vejamos:
“http://cidadeverde.com/periclesmendel/1259/coluna-de-06-07-2011”
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Emir Martins e Neide Martins clicados em festa cuja temática foi Uma Noite em Ibiza
http://www.portalodia.com/blogs/salada-vip/ano-novo-1-128167.html
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“Colega colunista Péricles Mendel com o casal Emir Martins e Neide Martins. Péricles
bombou em seu evento em 2011”
http://cidadeverde.com/pericles
mendel/1661/coluna-de-26-06-
2012
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2.DO DIREITO
2.1 DOS CRIMES QUE ESTÃO SENDO INVESTIGADOS.
Feita a análise dos elementos indiciários até então produzidos (afastamento
do sigilo bancário e fiscal; prova testemunhal; análise de vínculos bancários e demais pro-
vas) chegou-se à conclusão de que havia uma associação criminosa instalada no Ministério
Público do Piauí.
Investiga-se os seguintes crimes:
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1. Prática de peculato, eis que apropriaram-se os funcionários públicos de dinheiro,
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do
cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio (art. 312 do Código Penal);
2. Prática de corrupção passiva, eis que possivelmente os funcionários da folha de
pagamento do MPPI solicitaram ou receberam, para si ou para outrem, direta ou indireta-
mente, ainda que fora da função ou antes, de assumi-la, mas em razão dela, vantagem inde-
vida, ou aceitar promessa de tal vantagem (art. 317 do Código Penal);
3. Prática de corrupção ativa, eis que possivelmente ofereceram ou prometeram vanta-
gem indevida a funcionário público da folha de pagamento, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício (art. 333 do Código Penal);
4. Prática de lavagem de dinheiro, eis que ocultaram ou dissimularam a natureza, ori-
gem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores
provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal (art. 1º Lei 9.613/98);
5. Prática de quadrilha ou bando (com redação anterior à Lei nº 12.850, de 2013), pois
mais de três pessoas se associaram com a finalidade de cometer crimes.
2.2 DA PRISÃO TEMPORÁRIA
Reza a lei 7.960/89
“Art. 1° Caberá prisão temporária:
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários
ao esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na le-
gislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
(...)
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal” (grifei)
Preliminarmente, cabe evidenciar que os crimes imputados aos investiga-
dos são gravíssimos, quase todos punidos com pena superior a 4 (quatro) anos, alguns pre-
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vendo pena de detenção outros de reclusão, fato este que poderia ensejar uma medida mais
gravosa como a prisão preventiva. Conforme se delineou, amiúde, em todo este petitório, há
indícios fortíssimos da materialidade delitiva e, aponta-se, por sua vez a autoria a todos os
investigados telados. O sigilo bancário e fiscal, bastante trabalhado e detalhado nos autos,
após perfunctória análise, aliados a depoimentos e outras fontes de prova, alicerçam de for-
ma contundente a prática dos crimes especificados.
Pois bem, passemos agora aos motivos autorizadores de uma medida mais
branda, a prisão temporária que tem por escopo aprofundar as investigações em determina-
dos tipos de delitos. No caso narrado, evidencia-se de forma cabal a existência do então cri-
me capitulado no Código Penal no art. 288 – quadrilha ou bando, recentemente alterado para
associação criminosa. Resumindo-se, percebe-se existente uma soma de esforços praticados
por servidores públicos e particulares com o único objeto, por quatro anos reiterados, no
sentido de subtrair os cofres públicos. Para tanto, a quadrilha contava com o apoio de pesso-
as com necessários conhecimentos em diversas áreas, tais como informática, contabilidade,
finanças enfim, fato este que por si só evidencia a periculosidade dos agentes envolvidos, os
quais de forma hierarquizada e organizada praticavam delitos continuadamente. Todos envi-
dando esforço conjuntos, de forma deliberada, no sentido de obter vantagens indevidas se
aproveitando do cargo que ocupavam, outras atuando em co-autoria como verdadeiros auto-
res engajados em escamotear o dinheiro desviado da instituição ministerial, propalando-se
uma verdadeira máquina de lavar dinheiro público subtraído no afã de impedir a ação do
Estado.
Desta feita, com o fito de concluir as investigações, já que ainda pairam al-
gumas indagações que devem ser respondidas, faz-se necessária a prisão temporária de todos
os investigados acima citados.
Ademais, evidencia-se, outrossim, a reprovabilidade aguçada dos investi-
gados, notadamente, de EMIR MARTINS FILHO, o qual como chefe maior, à época, da
instituição do Ministério Público Piauiense, utilizou-se do cargo, de seu poder, assim como
de suas prerrogativas para perpetrar tais atos, como se fosse imune à lei, diferente assim dos
outros demais cidadãos.
Como se sabe, a Instituição do Ministério Público é defensora do Estado
Democrático de Direito, guardiã constitucional da probidade, devendo se portar como ver-
dadeiro exemplo para as demais instituições, devendo agir com zelo, retidão, ética, honesti-
dade. No caso em espécie, ocorreu justamente o contrário, o chefe maior da instituição, es-
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cudado no poder que detinha à época, passou a surrupiar os cofres públicos, a dilapidar o
patrimônio material e moral da instituição, dando verdadeiro exemplo de como não se con-
duzir um Membro desta Instituição.
Tal fato é de um acinte sem precedentes, posto que além do fato que por si
só é altamente reprovável, utilizou-se da função pública que exercia para facilitar sua ambi-
ção por riquezas. Para tanto, colocou a instituição em sérios problemas de ordem financeira,
moral, tanto é que o MPPI passou por uma quase intervenção do Conselho Nacional do Mi-
nistério Público.
Ademais, utilizou-se de um esquema arquitetado com o fim único de sub-
trair o erário, basta evidenciar que muitas das contas utilizadas pelos “laranjas” do gestor
foram abertas tão logo alçou ao cargo de chefe da instituição. Assim, demonstra-se que de
forma predisposta já buscou o ápice da carreira para obter vantagens pessoais para si e para
a sua família. Mais grave ainda, é que em muitas de suas empreitadas, utilizou-se de ardis,
como colocar valores a maior em quem recebia menos, com o simples fito de se locupletar
do dinheiro público, colocando em face de suas ações, pessoas honradas em situação cons-
trangedora.
A ação de EMIR é típica de mafiosos, explica-se. Isto por que além de co-
meter toda a sorte de desmandos, prejudicando pessoas inocentes e a sociedade de forma
geral, enodoando inclusive o nome da instituição a que pertencia, passou como um mafioso
a enveredar esforços no sentido de impedir a investigação, fato este delineado em tópico
próprio.
Desta feita, a prisão temporária de EMIR e de seus demais colaboradores, a
vista de toda a prova produzida, mas ainda carecendo de alguns detalhes a serem esclareci-
dos (tais como as transações que não foram identificadas pelos Bancos) é medida de extrema
necessidade para a conclusão da presente investigação.
No que diz respeito ao tema cumpre trazer a baila o julgado no recurso es-
pecial n° 1.251.621 – AM (2011/0082630-6), onde o próprio Superior Tribunal de Justiça
ressalta:
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“Vale como circunstância judicial desfavorável, a ensejar maior grau de reprovabilidade
da conduta, o fato de o crime de corrupção passiva ter sido praticado por PROMOTOR
DE JUSTIÇA... os quais são distintas e incomuns, se equiparadas aos demais servidores
públicos latu sensu”.
Nos mesmos sentidos são os julgados: STF, HC 104.864/RJ; STJ,
35665/SP e STJ, RESP 1.251.621/AM.
Afinal, o fato de se tratarem de ilícitos comumente qualificados como
“crimes de colarinho branco”, não exclui o risco à ordem pública. Crimes de colarinho
branco podem ser tão ou mais danosos à sociedade ou a terceiros que crimes praticados nas
ruas, com violência como já apontava o sociólogo Edwin Sutherland (1883-1950) em seu
clássico estudo, White-Collar Criminality, de 1939:
O custo financeiro do crime de colarinho branco é
provavelmente muitas vezes superior ao do custo financeiro de todos os crimes que são
costumeiramente considerados como constituindo 'o problema criminal'. Um empregado
de uma rede de armazéns apropriou-se em um ano de USD 600.000,00, que foi seis vezes
superior das perdas anuais decorrentes de quinhentos furtos e roubos sofridos pela mesma
rede. Inimigos públicos, de um a seis dos mais importantes, obtiveram USD 130.000,00
através de furtos e roubos em 1938, enquanto a soma furtada por Krueger [um criminoso de
colarinho branco norte-americano] é estimada em USD 250.000,00 ou aproximadamente
duas vezes mais. (…) A perda financeira decorrente do crime de colarinho branco, mesmo
tão elevada, é menos importante do que os danos provocados às relações sociais. Crimes de colarinho branco violam a confiança e, portanto, criam desconfiança, que diminui a moral social e produz desorganização social em larga escala. Outros crimes produzem relativamente menores efeitos nas instituições sociais ou nas organizações sociais (SUTHERLAND, Edwin H. White-Collar Criminality. In: GEIS, Gilbert; MEIER, Robert F.; SALINGER, Lawrence M. (ed.) White-Collar Crime: classic and contemporary views. 3. ed. New York: The Free Press, 1995, p. 32.)
Quando se exige a escolha entre a liberdade do indivíduo e a eficácia da aplicação da lei penal, como no presente caso, há que se ter em mente que não se está diante de um caso de criminalidade comum, mas de um grupo de pessoas unidas para dilapidar elevadíssimas quantias, através da asfixia financeira de uma instituição.
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Ao lado do garantismo negativo, que se traduz na proibição de excesso do Estado em relação ao acusado, trabalha-se, como contraponto, em garantismo positivo, identificado como a proibição de proteção insuficiente de toda a coletividade, pelo menos do Estado.
De acordo com o magistrado e doutrinador S. Moro,
“o governo do povo, pelo povo e para o povo irá perecer da face da terra se a corrupção for tolerada. Os beneficiários e os pagadores de propinas possuem uma malévola preeminência na infâmia. A exposição e a punição da corrupção pública são uma honra para uma nação, não uma desgraça. A vergonha reside na tolerância, não na correção. Nenhuma cidade ou Estado, muito menos Nação, pode ser ofendida pela aplicação da lei. (...) Se nós falhamos em dar tudo o que temos para expulsar a corrupção, nós não poderemos escapar de nossa parcela de responsabilidade pela culpa. O primeiro requisito para o autogoverno bem sucedido é a aplicação da lei, sem vacilos, e a eliminação da corrupção”.
Finalizando, assevera o mesmo pensador: “Não existe crime mais sério
do que a corrupção. Outras ofensas violam uma lei, enquanto a corrupção ataca as fundações de todas as leis”.
Diante do exposto, verificando-se a necessidade da medida constritiva
para o sucesso e finalização da investigação, requer o Órgão Ministerial a PRISÃO TEMPORÁRIA dos seguintes investigados:
1- EMIR MARTINS FILHO
2- MARIA DA GLÓRIA SAUNDERS
MARTINS
3- ARMINDA HAGI SAUDERS
GADELHA
4- MARIA LIDUINA UCHOA SAUDERS
5- MARIA RACHEL SAUDERS
PACHECO
6- TIAGO SAUDERS MARTINS
7- ANDREA SAUDERS MARTINS
8- AGAMENON REGO MARTINS DE
DEUS
9- SUSYANE ARAÚJO LIMA SAUDERS
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MARTINS
10- MARIANA SAUDERS UCHOA DE
MOURA SANTOS
11- SAMUEL PACHECO MORAIS
12- JOSÉ RIBAMAR DE SENA ROSA
2.3. DO AFASTAMENTO DO SIGILO BANCÁRIO
A Constituição Federal erigiu à categoria de direito fundamental a
inviolabilidade da intimidade e vida privada, nos seguintes termos:
“Art. 5º. (...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação”.
Os direitos individuais, conforme há muito assentado, não podem constituir
salvaguarda para a prática de atos lesivos à coletividade, ao patrimônio público, à
moralidade e à ordem social. Portanto, assim como as demais garantias individuais
asseguradas pela Constituição Federal, a garantia ao sigilo bancário e fiscal não constituem
direito absoluto quando as informações dele decorrentes adquirem especial relevo para o
interesse público, notadamente na hipótese da prática de crimes.
No mesmo vértice, já assentou o Ministro Celso de Mello do Supremo
Tribunal Federal, em julgamento onde se questionava violação a direitos e garantias
fundamentais, que tanto a proteção à intimidade e à vida privada, quanto a possibilidade de
flexibilização destes direitos para fins de relevante persecutio criminis, não constitui ato
ilícito se praticado dentro das regras legais:
“Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter
absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse público ou exigências derivadas do princípio
de convivência das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a adoção, por parte dos
órgãos estatais, de medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que
respeitados os termos estabelecidos pela própria Constituição. O estatuto constitucional das
liberdades públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão sujeitas - e considerado o
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substrato ético que as informa - permite que sobre elas incidam limitações de ordem jurídica,
destinadas, de um lado, a proteger a integridade do interesse social e, de outro, a assegurar a
coexistência harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser exercido em
detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros” (voto do
Min. CELSO DE MELLO no MS 23452/ RJ, - Pleno do STF, 16.09.99 - DJU 12.05.00 – Unânime).
Assim, a inviolabilidade do sigilo bancário pode ser afastada, nas precisas
lições do mestre ALEXANDRE DE MORAES1, quando ele estiver sendo utilizado para
ocultar a prática de atividades ilícitas, desde que presentes os seguintes requisitos: a)
Autorização judicial ou determinação de CPI; b) Indispensabilidade dos dados constantes
em determinada instituição financeira, quando existentes fundados elementos de suspeita
que se apóiem em indícios idôneos, reveladores de possível autoria de prática ilícita por
parte daquele que sofre a investigação; c) Individualização do investigado e do objeto de
investigação; d) Obrigatoriedade de manutenção do sigilo em relação a pessoas estranhas à
causa; e) Utilização dos dados obtidos somente para a investigação que lhe deu causa.
Dessa forma, a Lei Complementar n.º 105/2001 dispôs acerca do acesso a
dados protegidos pelo sigilo bancário:
“Art. 1.º As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e
serviços prestados.
§ 3.º Não constitui violação do dever de sigilo:
IV – a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos,
abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos
provenientes de qualquer prática criminosa;
§ 4.º A quebra de sigilo poderá ser decretada, quando necessária para apuração de ocorrência de
qualquer ilícito, em qualquer fase do inquérito ou do processo judicial, e especialmente nos
seguintes crimes:
VI – contra a Administração Pública;
VIII – lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores;
Art. 3.º Serão prestadas pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários e pelas
instituições financeiras as informações ordenadas pelo Poder Judiciário, preservado o seu caráter
sigiloso mediante acesso restrito às partes, que delas não poderão servir-se para fins estranhos à
lide.
1 MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2003, p. 92.
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Embora o artigo 3º acima transcrito refira-se em sua parte final à “lide”,
sabe-se que a quebra do sigilo bancário não é processo judicial em sentido estrito, em que há
uma pretensão resistida a ser satisfeita pelo Poder Judiciário, o qual detém o monopólio de
aplicação da lei. Desde quando ainda em vigor o § 1º, artigo 38, da Lei n. 4.595, de
31.12.1964 (o qual foi revogado justamente pelo art. 13 da Lei Complementar n.º 105/2001),
que se referia à “partes legítimas na causa”, o Poder Judiciário já firmara o seu
entendimento de que nos pedidos de quebra de sigilo bancário não há que se falar em lide,
contraditório, ou ampla defesa.
Vejamos, para demonstração desse entendimento, a decisão proferida pela
Primeira Turma do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, com relatoria do ínclito
Ministro LUIZ FUX:
“RECURSO ORDINÁRIO. MINISTÉRIO PÚBLICO. SIGILO BANCÁRIO. DIREITO RELATIVO.
SUSPEITA DE CRIME FINANCEIRO. 1. A suspeita de crime financeiro, calcado em prova de
lesividade manifesta, autoriza a obtenção de informações preliminares acerca de movimentação
bancária de pessoa física ou jurídica determinada por autoridade judicial com o escopo de instruir
inquérito instaurado por órgão competente. 2. A quebra do sigilo bancário encerra um
procedimento administrativo investigatório de natureza inquisitiva, diverso da natureza do
processo, o que afasta a alegação de violação dos Princípios do Devido Processo Legal, do
Contraditório e da Ampla Defesa. 3. O sigilo bancário não é um direito absoluto, deparando-se ele
com uma série de exceções previstas em lei ou impostas pela necessidade de defesa ou salvaguarda
de interesses sociais mais relevantes. (Vide §§ 3º e 4º do art. 1º e art. 7º da Lei Complementar
105/2001) 4. Recuso ordinário improvido”.
Os pedidos de quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico formulados
para instruir o procedimento investigatório em trâmite, portanto, não implica, sob nenhuma
hipótese, em oportunidade de oitiva do investigado, sob risco de inviabilizar o sucesso da
apuração. O contraditório, caso constatada a destinação ilícita dos valores movimentados
pelos investigados, será estabelecido por ocasião da propositura da respectiva ação criminal.
Do mesmo modo, insta ressaltar que, apesar de todas as evidências
apresentadas, não cabe ao Judiciário perquirir a fundo sobre a presença de indícios ou provas
cabais que justifiquem o pleito de quebra.
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Neste sentido se posiciona do Superior Tribunal de Justiça, pois “(...) é
impossível exercitar, ab initio, um juízo de valor da utilidade do meio de prova pretendido,
tendo em vista que ele pode ser válido ou não diante do contexto de todas as provas que
efetivamente vierem a ser colhidas” (STJ - Agravo Regimental n. 9600000038-7/DF, Rel.
Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJU 16.09.96).
Destarte, resumidamente, o objetivo do presente pedido é permitir a
realização de todas as diligências necessárias junto às instituiçoes financeiras, fiscais e
telefônicas, com o consequente afastamento dos sigilos bancário, fiscal e telefônico e demais
providências correlatas que se fizerem úteis - tudo para identificar e tentar rastrear o destino
dos valores ilegalmente auferidos pelos investigados, além das ligações telefônicas
realizadas entre eles no período em que houve os pagamentos ilícitos.
Por óbvio, deixa-se de incluir no pólo passivo da demanda os possíveis
destinatários da quebra de sigilo bancário, certamente porque ainda não se tem a informação
precisa e oficial sobre quais foram os beneficiários das transferências, residindo a obtenção
destes dados um dos motivos que justificam o presente pleito.
Da mesma forma, cumpre ressaltar que a presente investigação não diz
respeito à qualquer autoridade que disponha de foro privilegiado em razão do cargo, de
modo que a remota possibilidade de surgimento futuro de pessoa com tal prerrogativa na
qualidade de investigado, evidentemente, não possui o condão de interferir na competência
para apreciação do pleito neste momento investigativo.
Importante deixar claro que a quebra de sigilo bancário como diligência
pretendida pelo Ministério Publico do Estado do Piauí, guarda total pertinência com o objeto
da investigação em curso, situando-se dentro do estrito campo da razoabilidade, posto que
delimitada a incidência objetiva e temporal desta medida excepcional de restrição da intimi-
dade enquanto garantia constitucional.
Quanto aos requisitos da medida ora pleiteada, assevera o mestre
VICENTE GRECO2
, que a interferência judicial somente deve pairar sobre casos
excepcionais, desde que presentes os pressupostos específicos do fumus boni iuris e do
periculum in mora, exigíveis para todas as medidas de caráter cautelar.
Nesta senda, ao apreciar o pressuposto do fumus boni iuris, deve a
2 FILHO GRECO. Vicente. Interceptação Telefônica: considerações sobre a Lei n. 9.296, de 24 de
junho de 1996. São Paulo: Saraiva, 2005.
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autoridade judicial, como perfilha o insigne LUIZ FRANCISCO TORQUATO3, dispor de
elementos seguros da existência de um crime, que ensejaria o sacrifício da privacy, ao passo
que deve ser considerado o risco ou prejuízo que da não realização da medida possa resultar
para investigação ou instrução processual, na aferição do periculum in mora.
O fumus boni iuris está devidamente demonstrado pelas provas
documentais colacionadas aos inclusos autos do PIC.
Já o periculum in mora está consubstanciado na necessidade de se apurar
da verdade real. Como já exaustivamente defendido, é essencial a determinação do
AFASTAMENTO DOS SIGILOS BANCÁRIO e FISCAL do investigado JOSÉ RIBAMAR
DE SENA ROSA, na tentativa de se identificar todas as pessoas que transacionaram com o
investigado.
Notório, portanto, que as investigações envolvendo o caso somente podem
ser aprofundadas através da quebra dos sigilos bancário e fiscal dos investigados, cujos
elementos indiciários evidenciam a possibilidade de deferimento da pretendida medida.
2.4 DA OPERACIONALIZAÇÃO DA QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO –
SISTEMA SIMBA
O Ministério Público do Estado do Piauí firmou convênio com a
Procuradoria-Geral da República para utilização do Sistema de Investigação de
Movimentações Bancárias – SIMBA, o qual recepciona os dados enviados pelas instituições
bancárias em meio eletrônico, através de código próprio, que assegura a inviolabilidade dos
dados, e emite relatórios das contas bancárias e das movimentações financeiras dos
investigados.
Considerando a dificuldade operacional de se processar e analisar os
pedidos de afastamento de sigilo bancário, foi constituída, na Procuradoria-Geral de Justiça,
o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPE-PI) que,
dentre outras atribuições, processa todos os dados bancários objeto de apuração pelo
Ministério Público do Estado do Piauí, desde que as informações sejam encaminhadas no
formato tecnológico adequado, que já é de conhecimento das principais instituições
bancárias estabelecidas no País.
3 AVOLIO, Luiz Francisco Torquato. Provas ilícitas: interceptações ambientais e gravações
clandestinas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.
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Assim, a partir do momento em que se verificou a necessidade de se obter
o afastamento do sigilo bancário do investigado, foi protocolizado no GAECO/MPE-PI o
Pedido de Cooperação Técnica que recebeu o número 042-MPPI-000024-00, o qual deverá
ser fornecido às instituições bancárias com as quais os investigados tiverem relacionamento,
para fins de direcionamento das informações relativas ao presente pedido de afastamento de
sigilo bancário.
A metodologia operacional para análise dos dados bancários encontra-se
devidamente descrita no ATO PGJ Nº 404/2013, disponível no endereço eletrônico
http://www.mppi.mp.br/simba.
Os dados bancários são assim encaminhados via eletrônica segundo
conceitos, definições e modelos estabelecidos na Carta Circular BACEN nº 003454, de
14.06.2010. Importante ressaltar que o Conselho Nacional de Justiça, através da Instrução
Normativa nº 03, de 09.08.2010, determinou aos magistrados a adoção do formato
estabelecido na referida carta circular quando do afastamento de sigilo bancário.
Posto isso, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PIAUÍ requer a V.
Exa. o seguinte:
1 - o imediato afastamento do sigilo bancário de JOSÉ RIBAMAR DE SENA ROSA,
CPF n° 077.728.823-00 com fulcro na Lei Complementar nº 105/2001, em relação a todas
as contas de depósitos, contas de poupança, contas de investimento e outros bens, direitos e
valores mantidos em Instituições Financeiras pela pessoa física abaixo relacionada, no
período também informado no quadro abaixo, requerendo que seja determinado o prazo de
30 (trinta) dias, a contar da comunicação do Banco Central às instituições financeiras, para
que estas cumpram a determinação:
NOME
CPF/CNPJ
Período de Afastamento
1 JOSÉ RIBAMAR DE SENA
ROSA
077.728.823-00
01/12/2004 a 30/04/2014
Deferido por Vossa Excelência o afastamento de sigilo bancário dos
investigados, requer seja oficiado ao Banco Central do Brasil para que:
I - Efetue pesquisa no Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional (CCS) com o
intuito de comunicar às instituições financeiras e cooperativas de crédito com as quais o
investigado possui ou tenha mantido relacionamentos no período do afastamento do sigilo
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bancário, acelerando, assim, a obtenção dos dados junto a tais entidades.
II - Transmita em 10 dias ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
da Procuradoria Geral de Justiça – GAECO/MPE-PI, observando o modelo de leiaute e o
programa de validação e transmissão previstos no endereço eletrônico
http://www.mppi.mp.br/simba, cópia da decisão/ofício judicial digitalizado e todos os
relacionamentos do investigado obtidos no CCS, tais como contas correntes, contas de
poupança e outros tipos de contas (inclusive nos casos em que o investigado apareça como
co-titular, representante, responsável ou procurador), bem como as aplicações financeiras,
informações referentes a cartões de crédito e outros produtos existentes junto às instituições
financeiras.
III - Comunique imediatamente às instituições financeiras e às cooperativas de crédito o
teor da decisão judicial de forma que os dados bancários do investigado sejam transmitidos
diretamente ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado –
GAECO/MPE-PI, no prazo de 30 dias, conforme modelo de leiaute estabelecido pelo Banco
Central na Carta-Circular 3.454, de 14 de junho de 2010 e determinado às autoridades
judiciárias pela Corregedoria Nacional de Justiça por meio da Instrução Normativa nº 03, de
09 de agosto de 2010.
IV - Comunique imediatamente às instituições financeiras o teor da decisão judicial de
forma que os dados bancários do investigado sejam submetidos à Validação e transmissão
descritos no arquivo MI 001 – Leiaute de Sigilo Bancário, disponível no endereço eletrônico
http://www.mppi.mp.br/simba;
V – Informe às instituições financeiras e cooperativas de crédito que o campo “Número de
Cooperação Técnica” seja preenchido com a seguinte referência: 042-MPPI-000024-00 e
que os dados bancários sejam submetidos ao programa “VALIDADOR BANCÁRIO
SIMBA” e transmitidos por meio do programa “TRANSMISSOR BANCÁRIO SIMBA”,
ambos disponíveis no endereço eletrônico http://www.mppi.mp.br/simba;
VI - Que as instituições financeiras e as cooperativas de crédito informem também, além do
saldo movimento, o saldo inicial de abertura da(s) conta(s), bem como o saldo do termo final
da investigação, ressaltando-se que, caso haja dificuldade na transmissão dessas informações
via SIMBA, que as mesmas sejam remetidas por ofício ou mídia, para o endereço abaixo
descrito;
VII – Em caso de dúvidas, o endereço eletrônico para contato com o Grupo de Atuação
Especial de Combate ao Crime Organizado – GAECO/MPE-PI é: [email protected], e
para correspondências o endereço do GAECO/MPE-PI é o seguinte: GAECO – Rua Av.
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2.5 DO AFASTAMENTO DO SIGILO FISCAL
Da mesma forma, quanto ao sigilo fiscal, o mesmo não é absoluto, uma vez
que o art. 198, do Código Tributário Nacional – Lei nº 5.172/66, ao estabelecer o sigilo das
informações de natureza fiscal, excepcionou a necessidade de prova em processo judicial,
conforme a seguir transcrito:
“Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por
parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício
sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a
natureza e o estado de seus negócios ou atividades.
§ 1º Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos previstos no art. 199, os
seguintes:
I - requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça;”
Quanto aos requisitos da medida ora pleiteada, reiteramos os argumentos já
mencionados quanto ao pedido de afastamento de sigilo bancário, lembrando o que assevera
o mestre VICENTE GRECO4, que a interferência judicial somente deve pairar sobre casos
excepcionais, desde que presentes os pressupostos específicos do fumus boni iuris e do
periculum in mora, exigíveis para todas as medidas de caráter cautelar.
Nesta senda, ao apreciar o pressuposto do fumus boni iuris, deve a
autoridade judicial, como perfilha o insigne LUIZ FRANCISCO TORQUATO5, dispor de
elementos seguros da existência de um crime, que ensejaria o sacrifício da privacy, ao passo
que deve ser considerado o risco ou prejuízo que da não realização da medida possa resultar
para investigação ou instrução processual, na aferição do periculum in mora.
O fumus boni iuris está devidamente demonstrado pelas provas
documentais e testemunhais colacionadas aos inclusos autos do Procedimento de
Investigação Criminal (PIC) nº 002/2015.
4FILHO GRECO. Vicente. Interceptação Telefônica: considerações sobre a Lei n. 9.296, de 24 de junho de
1996. São Paulo: Saraiva, 2005. 5AVOLIO, Luiz Francisco Torquato. Provas ilícitas: interceptações ambientais e gravações clandestinas.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.
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Já o periculum in mora está consubstanciado na necessidade de se apurar
da verdade real. Como já exaustivamente defendido, é essencial a determinação do
AFASTAMENTO DOS SIGILOS BANCÁRIO E FISCAL do Investigado JOSÉ RIBAMAR
DE SENA ROSA, CPF 077.728.823-00, na tentativa de se identificar todas as pessoas
beneficiadas com os pagamentos indevidos realizados pelas vítimas das transferências
imobiliárias fraudulentas efetuadas pelo investigado.
Em face do exposto, este Órgão Ministerial pleiteia a V. Exa. o
afastamento do sigilo fiscal dos investigados constantes na tabela acima, devendo ser
oficiado ao Delegado da Receita Federal do Brasil em Teresina - PI, informando-se os
CNPJ's/CPF's do(s) investigado(s), para que:
I - Forneça diretamente ao GAECO/MPPI, situada na rua Senador Área Leão, nº 2236,
bairro São Cristóvão, nesta capital, no prazo de 30 (trinta) dias, cópias das Declarações,
originais e eventuais retificadoras, de Ajuste Anual de Pessoa Física (DIRPF), de
Informações Econômico-Fiscal de Pessoa Jurídica (DIPJ) e Declarações de Isenção, anos-
calendários 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014;
II - No mesmo período, dossiê integrado para cada investigado, contendo, no que couber, as
seguintes informações de sua base de dados: Extrato PJ ou PF; Cadastro de Pessoa Física;
Cadastro de Pessoa Jurídica; Ação Fiscal; Compras DIPJ Terceiros; Vendas DIPJ Terceiros;
DIPJ; DIRPF; DECRED; DMED; DIMOF; DCPMF; DIMOB; DOI; DIRF; DITR; e-
DPV; DERC; DCTF; CADIN; DACON; DASN; DBF; PAES; PER/DCOMP; SIAFI ; SINAL;
SIPADE e COLETA, bem como a versão eletrônica dos bancos de dados acima discrimina-
dos, dentre os disponíveis.
2.5 DA BUSCA E APREENSÃO
Requer que Vossa Excelência determine a BUSCA E APREENSÃO com
fulcro no art. 240 do CPP e ss., na residência de todos os investigados, a fim de apreender
papéis, notebooks, computadores, pen-drive, DVD e Cds que armazenam documentos, que
tenha ligação com transações e pagamentos realizados pelo Ministério Público do Piauí, ou
transações entre os envolvidos, ora elencados nesta peça, nos endereços acima descritos.
Assim, como apreensão de extratos bancários, escrituras públicas, procurações e todo e
qualquer documento que tenha ligação com os fatos investigados.
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2.6 DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES
A) Por haver claro cunho patrimonial os crimes telados e, levando-se em conta o imen-
surável prejuízo causado a terceiros, requer o Órgão Ministerial o BLOQUEIO DE TODAS
AS CONTAS BANCÁRIAS, via BACENJUD em nome dos investigados, a exemplo das
contas bancárias abaixo relacionadas, sem prejuízo de outras contas identificadas em
nome dos investigados:
INVESTIGADO CPF/CNJ CO
NTA
S
BAN
CÁ
RIA
S
Banco Agência
AGAMENON REGO
MARTINS DE DEUS
649.961.403-30 BANCO DO
BRASIL
3178
4708
ITAU-
UNIBANCO S.A.
8840
UNIBANCO 1430
1430
ANDREA SAUNDERS
MARTINS
805.176.503-63 BANCO DO
BRASIL
44
ITAU-
UNIBANCO
8840
UNIBANCO 1430
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CAIXA
ECONOMICA
FEDERAL
2774
4025
ARMINDA HAGY S.
GADELHA
850.925.413-34 UNIBANCO 1430
BRADESCO 1234
BANCO DO
BRASIL
3473
EMIR MARTINS FILHO 906.512.198-68 BANCO DO
BRASIL
5609
ITAU-
UNIBANCO
8840
BANCO REAL 333
333
BANCO RURAL 87
UNIBANCO 1430
Banco do Estado
do Piauí
9
CAIXA
ECONOMICA
FEDERAL
29
29
HSBC 1363
BRADESCO 937
MARIA DA GLORIA S.
MARTINS
289.797.883-04 ITAU-
UNIBANCO
8840
UNIBANCO 1430
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1430
BANCO DO
BRASIL
254
254
5609
BANSICREDI 2306
Banco do Estado
do Piauí
9
9
MARIA LIDUINA U.
SAUNDERS
049.602.893-68 UNIBANCO 1430
BRADESCO 1017
MARIA RAQUEL S.
PACHECO
383.633.803-34 ITAU-
UNIBANCO
4453
UNIBANCO 1430
BRADESCO 2572
MARIANA SAUNDERS
UCHOA DE MOURA
SANTOS GUILHERME
958.889.423-91 BANCO DO
BRASIL
2726
CAIXA
ECONOMICA
FEDERAL
2774
SAMUEL PACHECO
MORAIS
266.534.781-49 UNIBANCO 1430
SUSYANE ARAUJO
LIMA
935.037.923-68 COOPERFORTE 4202
BANCO DO
BRASIL
254
254
3350
3350
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CAIXA
ECONOMICA
FEDERAL
639
TIAGO SAUDERS
MARTINS
832.441.073-20 CAIXA
ECONOMICA
FEDERAL
639
BANCO DO
BRASIL
254
254
3178
3178
3350
3350
5605
5605
5605
5609
5609
BANCO REAL 1326
Banco do Estado
do Piauí
14
14
29
639
639
639
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HSBC 1363
ITAU-
UNIBANCO
8840
UNIBANCO 1430
1430
B) o BLOQUEIO DE VEÍCULOS em nome dos investigados via RENAJUD ou outra via
similar, tudo com esforço para garantir dividendos a fim de posteriormente ressarcir aos co-
fres públicos as lesões patrimoniais sofridas;
C) O BLOQUEIO IMOBILIÁRIO dos bens pertencentes aos investigados, a fim de
possibilitar o ressarcimento do erário, devendo se oficiar ao Cartório de Registro Imobiliário
das Comarcas de Teresina/PI, Picos/PI e Fortaleza/CE a fim de que localizem eventual pa-
trimônio e realize a INDISPONIBILIDADE;
D) Requer que os pedidos dos itens “A”, “B” e “C”, fiquem limitados ao valor suposta-
mente recebido ilicitamente, PAGO DIRETAMENTE PELO MINISTÉRIO PÚBLICO PI-
AUIENSE, por cada investigado, conforme a seguir descrito (OBS: OS VALORES NÃO RE-
VELAM AS QUANTIAS EXATAS SUPOSTAMENTE DESVIADAS PELOS INVESTIGADOS,
TRATANDO-SE DE ESTIMATIVA A MENOS. OS VALORES FORAM ATUALIZADOS PE-
LO ÍNDICE IGPM.)
EMIR MARTINS FILHO – R$ 378.542,40
MARIA DA GLÓRIA SAUNDERS MARTINS – R$ 17.576,69
ARMINDA HAGI SAUDERS GADELHA – R$ 487.087,13
MARIA LIDUINA UCHOA SAUDERS –R$ 68.878,16
MARIA RACHEL SAUDERS PACHECO – R$ 323.264,99
TIAGO SAUDERS MARTINS – R$ 192.115,34
ANDREA SAUDERS MARTINS – R$ 16.741,22
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AGAMENON REGO MARTINS DE DEUS – R$ 227.335,12
SUSYANE ARAÚJO LIMA SAUDERS MARTINS – R$ 109.705,31
MARIANA SAUDERS UCHOA DE MOURA SANTOS – R$ 34.013,46
SAMUEL PACHECO MORAIS – R$ 346.516,67
Requer também que os presos portadores de diploma de curso superior se-
jam recolhidos ao Batalhão de Polícia Militar em sala especial em Teresina e os demais se-
gregados na Casa de Custódia nesta capital.
Requer, por fim, que V. Exa. autorize o acompanhamento da diligência pela
Polícia Rodoviária Federal e Polícia Militar no sentido de dar cumprimento a respeitável
decisão judicial.
Aguarda deferimento.
Teresina/PI, 13 de outubro de 2016.
RÔMULO PAULO CORDÃO
Promotor de Justiça Coordenador do GAECO/PI
LUIZ ANTÔNIO GOMES FRANÇA Promotor de Justiça Membro do GAECO/PI
SINOBILINO PINHEIRO DA SILVA JUNIOR Promotor de Justiça Membro do GAECO/PI
LUANA AZERÊDO ALVES Promotora de Justiça – Membro do GAECO/PI