1
Informação, Capital Social e Mercado de Crédito Rural
ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ” UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Abril 2008
Roberto Arruda de Souza Lima
2
• Introdução
• Hipótese básica
• Objetivos
• Metodologia e Resultados
• Conclusões
SUMÁRIO
3
INTRODUÇÃO
• No presente trabalho é analisado o papel do capital
social na oferta de crédito rural.
4
INTRODUÇÃO
• O mercado financeiro rural é relevante para o
desenvolvimento da agricultura.
• No presente trabalho é analisado o papel do capital
social na oferta de crédito rural.
5
• No entanto, na prática, a intermediação financeira enfrenta muitas ineficiências, o que reduz o volume de negócios, e, portanto, prejudica o processo de desenvolvimento da agricultura.
INTRODUÇÃO
6
• No entanto, na prática, a intermediação financeira enfrenta muitas ineficiências, o que reduz o volume de negócios, e, portanto, prejudica o processo de desenvolvimento da agricultura.
INTRODUÇÃO
• Assim, contribuições no sentido de combater as causas das ineficiências ou minimizar seus efeitos são interessantes para o mercado de crédito e, consequentemente, para a economia.
7
Admite-se neste estudo, como hipótese básica, que
o capital social influi na intermediação financeira,
contribuindo para sua maior eficiência.
HIPÓTESE
8
O objetivo geral do presente estudo está centrado
no entendimento de como informação e capital
social afetam o volume de negócios praticados no
mercado de crédito rural.
OBJETIVOS
9
Especificamente, os objetivos são:
OBJETIVOS
A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do
financiamento à agricultura brasileira;
B) avaliar a relevância da informação na determinação dos
custos destes financiamentos e, consequentemente, na
eficiência da intermediação financeira;
C) avaliar a importância do capital social para a
minimização dos custos de transação; e,
D) verificar econometricamente a influência do capital social
na oferta de crédito rural.
A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do
financiamento à agricultura brasileira;
B) avaliar a relevância da informação na determinação dos
custos destes financiamentos e, consequentemente, na
eficiência da intermediação financeira;
C) avaliar a importância do capital social para a
minimização dos custos de transação; e,
10
• Do descobrimento do Brasil até meados do século XIX, a dinâmica do setor rural brasileiro era bastante simples, determinada pelas flutuações do comércio exterior.
A urbanização (e, posteriormente, a industrialização) aliada às necessidades do comércio exterior resultaram em políticas que buscavam atender aos interesses das oligarquias rurais tradicionais, isto é, aos setores ligados ao modelo primário exportador, afetado por estas alterações sócio-econômicas.
Objetivo: A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do financiamento à agricultura brasileira;
11
Objetivo: A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do financiamento à agricultura brasileira;
• As primeiras tentativas de se criar uma política de crédito rural no Brasil ocorreram no início do século passado, com o crescimento das lavouras cafeeiras.
• No entanto, medidas concretas só foram implementadas em 1937. Naquele ano foi criada a Carteira de Crédito Agrícola e Industrial (CREAI) do Banco do Brasil.Neste mesmo ano regulamentando o Penhor Rural, que havia sido introduzido na legislação brasileira em 1885.
• Não havia uma política voltada ao setor agrícola como um todo, mas apenas aos setores voltados à exportação.
• Desta forma, o volume de recursos destinados ao financiamento rural e o número de contratos efetuados até o final dos anos 60 não foram significativos.
12
Evolução do número de contratos e valor dos financiamentos à agropecuária, Brasil, 1938, 1948, 1958, 1968 e 1978, em
milhões de cruzeiros constantes de 1978.
Fonte: Massuquetti (1998)
233.942
24.29713.0423.7825800
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
1938 1948 1958 1968 1978
Cr$
milh
ões
de 1
978
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
Núm
ero
de c
ontr
atos
Valor dos financiamentos Número de contratos
Objetivo: A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do financiamento à agricultura brasileira;
13
Objetivo: A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do financiamento à agricultura brasileira;
0
10
20
30
40
50
60
Bilh
ões
de R
eais
1969
1971
1973
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
Fonte: Banco Central do Brasil
Evolução de recursos de crédito ruralvalores constantes de 2000
14
Objetivo: A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do financiamento à agricultura brasileira;
• O entendimento do comportamento da oferta de crédito rural só é possível através de uma revisão da evolução econômica do Brasil.
• Há uma interação entre políticas macroeconômicas e agricultura, em especial durante o processo inflacionário. A política agrícola quase sempre buscou o crescimento da agropecuária não com objetivos prioritários no próprio setor, mas para atender a objetivos de equilíbrio interno (em especial, o controle da inflação) e externo da economia como um todo.
15
Variação anual do IGP/DI no período de 1944 a 1964.
Fonte: FGV
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
1944
1946
1948
1950
1952
1954
1956
1958
1960
1962
1964
Objetivo: A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do financiamento à agricultura brasileira;
16
Distribuição percentual do crédito rural concedido, por tipo de instituição, no Brasil, de 1969 a 2000.
Fonte: Gasques & Conceição (2001) e BACEN (2001).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1969
1971
1973
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
Bancos Oficiais Federais Bancos Oficiais Estaduais Bancos Privados
Caixas Econômicas Cooperativas de Crédito Rural
Objetivo: A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do financiamento à agricultura brasileira;
17
Média ponderada do valor dos contratos de crédito rural concedidos por tipos de instituição, no Brasil, no período de
janeiro de 1996 a dezembro de 2000.
Financiador Valor MédioBancos Oficiais Federais R$ 8.479,37Bancos Oficiais Estaduais R$ 10.806,76Bancos Privados R$ 25.194,25Cooperativas de Crédito Rural R$ 7.262,82Total R$ 10.561,73
Fonte: BACEN (2001)
Objetivo: A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do financiamento à agricultura brasileira;
18
Distribuição percentual dos créditos (rural) concedidos por tipos de instituição, no Brasil, no período de janeiro de 1996
a dezembro de 2000.
Financiador Valor (R$*) Nº ContratosBancos Oficiais Federais 62,2% 77,4% Bancos Oficiais Estaduais 3,5% 3,4%Bancos Privados 29,8% 12,5% Cooperativas de Crédito Rural 4,6% 6,7%Fonte: BACEN (2001)
* Valores mensais deflacionados pelo IGP-DI/FGV
Objetivo: A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do financiamento à agricultura brasileira;
19
Objetivo: A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do financiamento à agricultura brasileira;
Brasil: evolução da taxa de juros real em operações de crédito rural para custeio, 1970 a 1995, em % a.a.
Fonte: Shirota (1988) e Franca (1996)
-50%
-40%
-30%
-20%
-10%
0%
10%
20%
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
Ano
Tax
a de
Jur
os A
nuai
s .
20
Parcelas dos subsídios do programa de crédito rural financiadas pela Dívida Pública, Expansão de Base Monetária e por Depositantes do Sistema
Bancário. Brasil, 1971-1981 (percentagens).
Parcela Financiada por (pela)Ano Dívida Pública Depositantes Base Monetária1971 0,0 83,2 16,81972 31,6 62,5 5,91973 37,1 58,0 4,91974 4,8 91,8 3,41975 15,7 79,3 5,01976 11,0 82,6 6,31977 18,3 72,2 9,51978 21,3 67,7 11,01979 20,1 64,4 15,51980 17,2 61,8 21,01981 25,5 62,0 12,5
Fonte: Sayad (1982)
Objetivo: A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do financiamento à agricultura brasileira;
21Fonte: Sayad (1982)
Brasil: Evolução da participação no saldo médio do crédito rural, por tipo de agente financeiro, no período de 1971 a 1981.
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
Par
ticip
ação
no
sald
o m
édio
1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981
Ano
Banco do Brasil Bancos Comerciais
Objetivo: A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do financiamento à agricultura brasileira;
22
Evolução da produção de grãos, em milhões de toneladas, e do volume de crédito rural, em bilhões de dólares, Brasil,
período de 1965 a 1980.
Fonte: Ministério da Agricultura
0
5
10
15
20
25
1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980
Ano
Cré
dito
0
10
20
30
40
50
60
Prod
ução
Crédito - US$ bilhões Produção - Milhões t
Objetivo: A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do financiamento à agricultura brasileira;
23
Evolução da participação relativa das principais fontes de recursos nos financiamentos concedidos a produtores e
cooperativas, em percentual, 1985 a 1999.
Fonte: Gasques & Conceição (2001)
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99
Rec. Tesouro Rec. Obrigatórios Poupança Rural Rec. Livres Fundos Constitucionais FAT Outros
Objetivo: A) descrever e analisar a atual estrutura de organização do financiamento à agricultura brasileira;
24
Velho Paradigma(crédito direcionado)
Novo Paradigma(mercado financeiro)
Definição do problema Superar imperfeições demercado
Reduzir riscos e custosde transação
Papel dos mercadosfinanceiros
Promover nova tecnologiaEstimular a produçãoImplementar planosAjudar aos pobres
Intermediar recursosmais eficientemente
Visão sobre os usuários Tomadores de crédito sãoselecionados segundo metas
Tomadores de créditosão clientes queescolhem produtos
Subsídios Elevados subsídios Subsídios pequenos /ausentes
Fonte dos Fundos Governo e doações Depósitos voluntários,na maioria dos casos
Sustentabilidade Em geral ignorada Preocupação semprepresente
Avaliação Impacto do crédito sobre osbeneficiários
Desempenho dasinstituições financeiras
Principais características do velho e do novo paradigma de financiamento rural.
Fonte: Meyer & Nagarajan (2000)
25
Objetivo: B) avaliar a relevância da informação na determinação dos custos destes financiamentos e, consequentemente, na eficiência da intermediação financeira;
Sistema Financeiro
Capital
Capital + Juros
Ofe
rtan
te
To
ma
dor
Fluxo de capitais e o sistema financeiroFonte: Baseado em Rudge & Cavalcante (1996)
26
jCR
XM
jM
Xt X0
Objetivo: B) avaliar a relevância da informação na determinação dos custos destes financiamentos e, consequentemente, na eficiência da intermediação financeira;
St
Sb
D
Xt’ X
j
S
XdXCR
Racionamento
X0Xt
j0
jt
27
Objetivo: B) avaliar a relevância da informação na determinação dos custos destes financiamentos e, consequentemente, na eficiência da intermediação financeira;
Despesas com viagem, alimentação e hospedagem,Documentação, Gratificações, Custo de oportunidade do tempo para o tomador, Elaboração do Projeto a ser financiado eReciprocidades bancárias.
Juros e comissões são apenas parte do custo total do empréstimo; outras despesas precisam ser consideradas para se obter uma estimativa do custo total e a viabilidade do empréstimo, algumas destas despesas são:
28
Objetivo: B) avaliar a relevância da informação na determinação dos custos destes financiamentos e, consequentemente, na eficiência da intermediação financeira;
• Em Fachini, Ramirez e Lima (2007), observou-se que a soma dos custos de transação representou em média 2,22% do valor do empréstimo, com desvio-padrão de 0,018.
• Em termos relativos, tomadores que fizeram empréstimos menores sentem mais o peso desses custos.
• O tomador que emprestou R$ 300,00, por exemplo, teve um custo de transação equivalente a 7,70% enquanto ao tomador que emprestou R$ 8.000,00 o custo foi equivalente a 0,16%.
29
Objetivo: B) avaliar a relevância da informação na determinação dos custos destes financiamentos e, consequentemente, na eficiência da intermediação financeira;
• Custos de transação:Estacio-namento
10%
Telefo-nemas
1%
Gastos com pas-sagens e combus-
tível27%
CPMF23%
Cópias e Cartório
2%
Custo de oportuni-dade do tempo37%
Fonte: Fachini, Ramirez e Lima (2007).
30
Objetivo: B) avaliar a relevância da informação na determinação dos custos destes financiamentos e, consequentemente, na eficiência da intermediação financeira;
Nos estudos realizados por Araújo et al (1990) na agricultura brasileira, os autores afirmam que:
• para pequenos agricultores, os custos de transação podem até ser superiores à soma de taxa de juros e comissões,
• os custos do tempo do agricultor aparecem com maior participação relativa, principalmente em regiões onde a agricultura é mais dinâmica.
• Em regiões onde o valor médio do principal é menor, o custo de transação para o tomador é maior.
• Nos empréstimos informais, as despesas de viagem (transporte, alimentação e hospedagem) têm maior participação relativa.
31
Objetivo: B) avaliar a relevância da informação na determinação dos custos destes financiamentos e, consequentemente, na eficiência da intermediação financeira;
• Seleção
• Monitoramento
• Execução
Custos de Intermediação Financeira
32
Objetivo: B) avaliar a relevância da informação na determinação dos custos destes financiamentos e, consequentemente, na eficiência da intermediação financeira;
Informação:
• É um fator de produção.
• Há um esforço excessivo (duplicidade de custos) na busca de dados cadastrais e informações que auxiliem o monitoramento das operações de crédito.
• A Informação possui um elevado custo de produção e um baixo custo de reprodução.
• Bem não-rival.
• A Informação possui um elevado custo de produção e um baixo custo de reprodução.
• Bem não-rival.
• É um fator de produção.
33
Objetivo: B) avaliar a relevância da informação na determinação dos custos destes financiamentos e, consequentemente, na eficiência da intermediação financeira;
• Entre os determinantes da restrição ao acesso ao
crédito, destaca-se a inadimplência.
• Mesmo as renegociações de dívidas rurais,
ocorridas nos anos 90 com objetivo de reduzir a
inadimplência, contribuíram para tornar os bancos
mais seletivos, restringindo o acesso ao crédito
(Faveret Filho, 2002).
34
Objetivo: B) avaliar a relevância da informação na determinação dos custos destes financiamentos e, consequentemente, na eficiência da intermediação financeira;
Entre as verificações empíricas de acesso ao crédito, observa-se que (Carvalho & Barcelos, 2002):
• tomadores com maior transparência contábil apresentam maior facilidade para acessar financiamento;
• a eficiência do sistema judiciário é fator determinante na facilidade com que os credores podem tomar posse de suas garantias. Assim, empresas localizadas em estados onde o judiciário é mais ineficiente apresentam maior dificuldade para acessar crédito. E,
• tanto o tamanho da empresa quanto o grau de imobilização afetam positivamente o acesso ao crédito.
35
Objetivo: C) avaliar a importância do capital social para a minimização dos custos de transação;
“... Características da organização social, como confiança, normas e sistemas, que contribuam para aumentar a eficiência da sociedade, facilitando as ações coordenadas.”
Robert Putnam (1993)
36
Objetivo: C) avaliar a importância do capital social para a minimização dos custos de transação;
Conjunto de estoques de capitais que condicionam o crescimento das economias
Fonte: Baseado em Peres (2000)
Capital Físico(Construções, tecnologias,
equipamentos etc.)
Capital Financeiro(Crédito, poupança, títulos etc.)
Capital Natural(Solo, subsolo, clima etc.)
Capital Humano(Educação, saúde etc.)
Capital Social(Confiança, grupos, civilidade etc.)
37
Objetivo: C) avaliar a importância do capital social para a minimização dos custos de transação;
Estrutura com três pessoas:
Fonte: Baseado em Coleman (1990)
A
B C
capital humano nos nós e capital social nas relações
38
Objetivo: C) avaliar a importância do capital social para a minimização dos custos de transação;
• A utilização do capital social tem sido comum no mercado de crédito, tanto na estipulação de garantias (como no aval solidário) quanto como alternativa de redução de custos para credores diante de informação imperfeita.
• Estas aplicações tem se voltado, em geral, para o acesso de pessoas mais pobres ao crédito.
• Diferentes tipos de crédito com esta finalidade surgiram e podem ser classificados, como sugerido por van Bastelaer (2000), em quatro categorias: ROSCAs (Rotating Saving and Credit Associations); os prestamistas locais (local moneylenders); créditos comerciais; e, programas de microfinanças baseados em grupos.
39
Objetivo: C) avaliar a importância do capital social para a minimização dos custos de transação;
Custos de transação para os credores nos grupos solidários e em empréstimos individuais
Crédito Individual
Crédito Solidário
Custo de transação por
volume de empréstimo
Volume dos empréstimos
40
Objetivo: C) avaliar a importância do capital social para a minimização dos custos de transação;
VCS = ƒ(j, c)
em que:
VCS = volume ofertado de crédito
j = taxa de juros
c = confiabilidade (informação + capital social)
0
c
VC S
ConfiabilidadeJu
ros
Volume de Crédito
41
Objetivo: C) avaliar a importância do capital social para a minimização dos custos de transação;
rc
rt
r*
oferta
demanda
qdqcqt Volume de crédito
juros
42
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Foi estimada a seguinte função:
V = ƒ(G, K, W)em que:
V = Ocorrência de transação de crédito;
G = Garantias oferecidas;K = Capital social; e,W = Outras variáveis.
43
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Nome DescriçãoSinal
esperado
UPAj Número de unidades de produção agropecuária presentes no município j em 1995.
CREDRURj Número de UPAs que receberam crédito no município j.
Para o cálculo de V = Ocorrência de transação de crédito:
Para o cálculo das demais vaeiáveis:
44
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Nome DescriçãoSinal
esperado
LPRODj Valor da receita, na forma logarítmica, da produção animal e vegetal na safra 1995/96 (em milhares de Reais).
Positivo
CAPSOCj Valor máximo entre os percentuais de UPAs, no município j, cujo produtor fazia parte de cooperativas, associações ou sindicatos de produtores, na safra 1995/96.
Positivo
ICMSj Percentual da participação do município j na arrecadação do ICMS do Estado de São Paulo no ano de 1995.
Positivo
OPCREDj Valor das operações de crédito, na forma logarítmica, nas instituições financeiras do município j em 1995 (em Reais de dezembro de 2000).
Positivo
AGBCOj Número de agências bancárias no município j em 1995, por mil habitantes.
Positivo
AREAj Área das UPAs no município j (em milhares de hectares), em dezembro de 1995.
Negativo
CRIMESj Total de ocorrências de crimes contra o patrimônio, no município j, por habitante (em 1997).
Negativo
45
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
0,0% a 25,0%25,1% a 50,0%50,1% a 75,0%75,1% a 100,0%
0
10
2030
40
50
Fre
qüên
cia
Estado de São Paulo: distribuição geográfica e
histograma dos municípios de acordo com o percentual de
UPAs que fazem parte de
cooperativas, safra 1995/96.
46
0
20
40
60
80
Fre
qüên
cia
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Estado de São Paulo: distribuição geográfica e
histograma dos municípios de acordo com o percentual de
UPAs que fazem parte de associações,
safra 1995/96.
0,0% a 25,0%25,1% a 50,0%50,1% a 75,0%75,1% a 100,0%
47
0102030405060
Fre
qüên
cia
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Estado de São Paulo: distribuição geográfica e
histograma dos municípios de acordo com o percentual de
UPAs que fazem parte de sindicatos,
safra 1995/96.
0,0% a 25,0%25,1% a 50,0%50,1% a 75,0%75,1% a 100,0%
48
0
10
2030
40
50
Fre
qüên
cia
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Estado de São Paulo: distribuição geográfica e
histograma dos municípios de acordo com o capital socialcapital social (medido como o valor
máximo entre os percentuais de UPAs que fazem parte de
cooperativas, associações e
sindicatos), safra 1995/96
0,0% a 25,0%25,1% a 50,0%50,1% a 75,0%75,1% a 100,0%
49
0
20
40
60
80
0,02
0,13
0,24
0,36
0,47
0,58
0,70
M
ais
Fre
qüên
cia
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Estado de São Paulo: distribuição geográfica e
histograma dos municípios de acordo
com o número de agências bancárias por mil habitantes,
1995.
0,000 a 0,1500,151 a 0,2500,251 a 0,3500,351 a 1,000
50
0102030405060
10,62
12,22
13,83
15,44
17,04
18,65
20,26
M
ais
Fre
qüên
cia
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Estado de São Paulo: distribuição geográfica e
histograma dos municípios de acordo
com o valor das operações de crédito (na forma logarítmica)
nas instituições financeiras do
município em 1995, em Reais de
dezembro de 2000
0,00 a 13,5013,51 a 16,0016,01 a 17,5017,51 a 25,00
51
020406080
100120
1,39
2,89
4,40
5,90
7,41
8,91
10,42
M
ais
Fre
qüên
cia
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Estado de São Paulo: distribuição geográfica e
histograma dos municípios de acordo com o valor da receita (na forma logarítmica) da produção animal e
vegetal na safra 1995/96, em milhares
de Reais.
0,00 a 8,508,51 a 9,509,51 a 10,5010,51 a 12,00
52
0
100
200300
400
500
Fre
qüên
cia
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Estado de São Paulo: distribuição geográfica e
histograma dos municípios de acordo com o percentual da participação destes na arrecadação do
ICMS, 1995.
0,0000 a 0,02500,0251 a 0,05000,0501 a 0,15000,1501 a 3,0000
53
0
20
40
60
80
Fre
qüên
cia
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Estado de São Paulo: distribuição geográfica e
histograma dos municípios de acordo
com a área das UPAs, em milhares de hectares, 1995
0,0 a 15,015,1 a 30,030,1 a 60,060,1 a150,0
54
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Matriz de variâncias e covariânciasLPROD CAPSOC ICMS OPCRED AGBCO AREA CRIMES
LPROD 9,0E-5
CAPSOC -4,0E-5 9,6E-4
ICMS -2,9E-6 -2,0E-5 2,2E-3
OPCRED -2,0E-5 -2,0E-5 -8,0E-5 2,1E-5
AGBCO 8,1E-5 -3,0E-4 9,2E-4 -1,0E-5 5,4E-3
AREA -1,1E-6 2,6E-7 1,6E-6 -1,1E-7 1,2E-6 6,4E-8
CRIMES 2,5E-4 4,3E-4 -5,3E-3 -1,4E-3 2,3E-2 3,2E-6 1,0343
A multicolinearidade não viola nenhuma hipótese de regressão: as estimativas serão não-viesadas e consistentes (Gujarati, 2000). Esta situação pode implicar na exclusão, indevida, de variáveis relevantes da análise. Mas o efeito de uma variável independente pode ser suficientemente forte que, apesar da multicolinearidade, o seu coeficiente se mostre estatisticamente diferente de zero (Hoffmann & Vieira, 1998).
55
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Matriz de variâncias e covariânciasLPROD CAPSOC ICMS OPCRED AGBCO AREA CRIMES
LPROD 9,0E-5
CAPSOC -4,0E-5 9,6E-4
ICMS -2,9E-6 -2,0E-5 2,2E-3
OPCRED -2,0E-5 -2,0E-5 -8,0E-5 2,1E-5
AGBCO 8,1E-5 -3,0E-4 9,2E-4 -1,0E-5 5,4E-3
AREA -1,1E-6 2,6E-7 1,6E-6 -1,1E-7 1,2E-6 6,4E-8
CRIMES 2,5E-4 4,3E-4 -5,3E-3 -1,4E-3 2,3E-2 3,2E-6 1,0343
Para diagnosticar a multicolinearidade foi calculado o índice de condição (IC), definido como:
mínimoautovalor
máximoautovalorIC
56
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Matriz de variâncias e covariânciasLPROD CAPSOC ICMS OPCRED AGBCO AREA CRIMES
LPROD 9,0E-5
CAPSOC -4,0E-5 9,6E-4
ICMS -2,9E-6 -2,0E-5 2,2E-3
OPCRED -2,0E-5 -2,0E-5 -8,0E-5 2,1E-5
AGBCO 8,1E-5 -3,0E-4 9,2E-4 -1,0E-5 5,4E-3
AREA -1,1E-6 2,6E-7 1,6E-6 -1,1E-7 1,2E-6 6,4E-8
CRIMES 2,5E-4 4,3E-4 -5,3E-3 -1,4E-3 2,3E-2 3,2E-6 1,0343
Embora os valores das variâncias e covariâncias tenham sido baixos – apenas a variância relacionada com a variável CRIMES apresentou valor mais alto – o IC obtido na análise foi superior a 30 (foi de 32,81), indicando multicolinearidade grave. Assim, o efeito de uma variável independente relevante deverá ser forte para que a estimativa de seu coeficiente se mostre estatisticamente significativa.
57
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
A multicolinaridade, embora represente uma potencial falta de precisão na estimativa dos parâmetros, não implica necessariamente em perda de acurácia na análise.
• W não tem acurácia (não se aproxima do alvo), nem precisão (as marcas são dispersas);
• X não tem acurácia (está longe do alvo), mas tem precisão (pequena dispersão dos tiros);
• Y tem acurácia (aproxima-se do alvo), mas não tem precisão (marcas dispersas); e,
• Z tem tanto acurácia (acerta o alvo) quanto precisão (pequena dispersão).
Y
Y Y
YZZ ZZ
XXXX
W
WW
W
58
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Variável Estimador Valor-p Razão de Chances
LPROD 0,488 <0,0001 1,629
CAPSOC 1.236 <0,001 3,442
ICMS -1,052 <0,001 0,349
OPCRED 0,041 <0,001 1,042
AGBCO 1,896 <0,001 6,662
AREA -0,006 <0,001 0,994
CRIMES -2,800 0,006 0,061
Fonte: Resultado da pesquisa
59
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
As quatro estatísticas indicam que a qualidade de ajuste do modelo é boa.
Estatísticas referentes às associações entre as respostas observadas e as probabilidades estimadas.
Somers’ D 0,295
Gamma 0,298
Tau-a 0,075
c 0,648
60
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
O coeficiente relacionado à variável CRIMES foi o mais influenciado. Assim, o coeficiente e razão de chances referente a este estimador deve ser analisado com cautela.
discrepantes
Municípios que apresentaram observações diagnosticadas
como discrepantes.
61
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Municípios ricos e com economia diversificada, com forte presença do setor industrial – como Campinas, Jundiaí, Moji das Cruzes, Moji Guaçu e São José do Rio Preto – exercem forte influência sobre o coeficiente da variável ICMS, único que apresentou sinal diferente do esperado na análise de regressão. A influência dos municípios industrializados, que, em geral, apresentam elevados valores referentes à variável ICMS e baixa vocação rural (por definição), ocorre no sentido inverso do esperado.
discrepantes
Municípios que apresentaram observações diagnosticadas
como discrepantes.
62
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
O modelo apresentou dificuldade na estimativa dos valores mais elevados do percentual de UPAs que receberam credito rural. Dos 15 maiores percentuais observados, 14 referem-se a municípios que apresentaram observações discrepantes.
discrepantes
Municípios que apresentaram observações diagnosticadas
como discrepantes.
63
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
As observações discrepantes estão geograficamente concentradas em três regiões: extremo nordeste (região de Ituverava), região de Campinas e região sul (Itapetininga). A região de Ituverava, em especial, ressalta uma limitação na mensuração de capital social utilizada no modelo analisado.
discrepantes
Municípios que apresentaram observações diagnosticadas
como discrepantes.
64
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Estado de São Paulo: distribuição geográfica dos municípios de acordo com a percentagem de UPAs que efetivamente receberam crédito rural, safra 1995/96.0,0% a 10,0%
10,1% a 15,0%15,1% a 25,0%25,1% a 100,0%
Estado de São Paulo: distribuição geográfica dos municípios, de acordo com o modelo, da percentagem de UPAs que teriam recebido crédito rural, safra 1995/96.
65
Objetivo: D) verificar econometricamente a influência do capital social na oferta de crédito rural.
Estado de São Paulo: estimativas concordantes e discordantes, considerando desvios de cinco e de dez pontos percentuais, referentes ao número de UPAs que receberam crédito rural, em percentagem, safra 1995/96.
ConcordanteDiscordante
desvio de 5 pontos percentuais desvio de 10 pontos percentuais
66
CONCLUSÕES
O capital social reduz os custos de transações
atrelados aos comportamentos oportunísticos,
diminuindo, assim, os custos de seleção,
monitoramento e de execução de contratos.
• A utilização do conceito de capital social tem sido
crescente como alternativa de redução de custos de
transação diante de informação imperfeita.
67
CONCLUSÕES
Quanto mais alta for a confiança (somatório de
informação e capital social) dos ofertantes de
recursos na seleção, no monitoramento e na
execução de seus créditos, tanto maior será o
volume de recursos ofertado, com menores taxas de
juros (menor será o risco).
• A informação e o capital social favorecem o
desenvolvimento da agricultura na medida em que
tornam o mercado de crédito rural mais eficiente e
aumentam o volume de financiamentos.
68
CONCLUSÕES
• Os resultados empíricos obtidos no presente estudo
mostram que, de fato, o volume de crédito rural
contratado no Estado de São Paulo é afetado pela
variável capital social.
Esse resultado tem importantes implicações de
natureza política.
69
CONCLUSÕES
• Desta forma, o mercado de crédito rural pode
desenvolver-se mais, com incremento no volume de
negócios, através de incentivos que favoreçam não
apenas a geração e a disponibilidade de informação,
mas também a criação e manutenção de capital
social.
70
CONCLUSÕES
• As características de não-rivalidade e não-
exclusividade do capital social implicam em
subinvestimento privado na sua formação e
manutenção.
Isto ressalta a importância do apoio do setor público
na construção de capital social.
71
• Trabalho completo disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-14072003-094610/