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Universidade Federal do
Pampa
Claudio Roberto Acosta Barbosa
O TABAGISMO NA GESTAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso
URUGUAIANA 2010
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CLAUDIO ROBERTO ACOSTA BARBOSA
O TABAGISMO NA GESTAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Federal do Pampa com o requisito para obtenção do título de bacharel em Enfermagem
Orientadora: Profª Ms. Jussara Lipinski
URUGUAIANA 2010
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a todas as pessoas que de alguma forma fizeram parte desta
caminhada e contribuíram para minha formação acadêmica e pessoal.
À minha família, em especial minha mãe, que por todo seu esforço e
dedicação auxiliou-me para que pudesse concretizar esse desejo de tornar-me
enfermeiro.
À minha esposa e ao meu filho que me serviram como uma coluna para
suportar todas as adversidades e estresse para que chegasse até o fim dessa
caminhada.
Aos meus amigos que conquistei nesses anos de universidade, em especial
ao meu colega, amigo e companheiro Elton Parraga, que tornou o período mais
divertido.
A todos os professores que contribuíram para minha formação acadêmica, em
especial a professora Jussara Lipinski por todos os ensinamentos sobre pesquisa
bibliográfica, e por ter trabalhado junto para a idéia deste trabalho.
Obrigado a todos!
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RESUMO
O tabagismo é considerado um problema de saúde pública, sendo a principal causa
de morte evitável no mundo. O tabagismo entre as mulheres teve um significativo
aumento após a Segunda Guerra Mundial, hoje é uma prática habitual entre
gestantes apesar dos seus conhecidos agravos tanto a saúde da mulher quanto a
dos bebês. O objetivo geral deste estudo foi realizar revisão do material produzido e
publicado nas bases de dados LILACS e SCIELO na literatura nacional sobre o uso
do tabaco entre as gestantes e como específicos: conhecer as pesquisas realizadas,
a opção teórico metodológica dos artigos e os resultados encontrados, descrever e
discutir os achados destes estudos e os relatos sobre os agravos na saúde da
gestante e do seu bebê pelo uso do tabaco. A metodologia utilizada para este
estudo foi à revisão integrativa, sendo este, um método que tem a finalidade de
reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um determinado tema ou questão,
de maneira sistemática e ordenada. Os dados foram coletados utilizando-se os
descritores gravidez e tabagismo em periódicos dos anos 1998 a 2009. Os
resultados demonstram que o hábito de fumar é comum entre as mulheres gestantes
e que estas, muitas vezes, desconhecem os efeitos negativos do uso do tabaco para
o desenvolvimento do feto, ressalta-se que há necessidade de controle do
tabagismo e que este é o melhor e mais econômico modo de se prevenir várias
doenças, especialmente durante a gestação. O enfermeiro pode atuar de forma
comprometida na consulta de enfermagem quando tem a oportunidade de orientar
as mulheres sobre os riscos do uso do tabaco assim como com seu trabalho em
grupos de apoio, neste sentido ressalta-se a importância do compromisso
profissional com a promoção da saúde.
Descritores: Tabagismo e Gestação
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 7
1.1. OBJETIVOS...................................................................................................... 8
1.1.1 Objetivo Geral.................................................................................................. 8
1.1.2 Objetivo Específico.......................................................................................... 8
2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................ 9
2.1 O tabaco e sua história....................................................................................... 9
2.2 O uso do tabaco, os agravos a saúde e o que temos feito................................ 10
2.3 O tabaco e sua epidemiologia............................................................................ 11
2.4 A gestação e o uso do tabaco............................................................................ 12
3. METODOLOGIA................................................................................................... 16
3.1 Escolha do tema, formulação do problema e objetivo........................................ 16
3.2 Coleta de dados................................................................................................. 16
3.3 Avaliação dos dados..........................................................................................
3.4 Apresentação e discussão dos dados................................................................
3.5 Apresentação dos resultados.............................................................................
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................
REFERÊNCIAS........................................................................................................
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24
25
APÊNDICE A: Formulário da coleta de dados......................................................... 28
ANEXO A: Declaração de respeito ao direito autoral............................................... 47
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1. INTRODUÇÃO
O elo entre os saberes e as vivências adquiridas na vida acadêmica
oportunizaram refletir sobre a importância de um acompanhamento pré-natal a fim
de esclarecer e informar sobre os prejuízos que o tabagismo pode causar na saúde
da mãe e de seu filho, estimulando os estudos na área de enfermagem materno
infantil, e a partir disso foi possível compreender que muitas das experiências vividas
pelas mulheres podem repercutir de forma direta no decorrer de sua vida.
Pensando em melhorar a qualidade de vida das mulheres, muitas são as
políticas e programas que foram pensadas e instituídas no decorrer dos anos e
estas visavam melhorar a qualidade de vida das mulheres, mas vemos que por mais
que políticas nesta área sejam instituídas e tenham algum êxito, ainda há muitas
fragilidades quando se pensa na promoção da saúde integral da mulher e do bebê.
Frente a esta problemática vemos que muitos hábitos transformaram a vida
das mulheres, e entre eles está a adesão da mulher ao uso do tabaco, este por sua
vez veio associado a idéia de independência no século passado, mas ao mesmo
tempo trouxe riscos tanto para a saúde da mulher quanto a do bebê.
O tabagismo sendo um problema de saúde pública que traz inúmeros
malefícios, tanto para seus dependentes quanto para os fumantes passivos, acarreta
em um enorme prejuízo a saúde. Partindo desse contexto, as ações de combate ao
tabagismo confrontam-se com esse hábito desestimulando seu consumo.
De acordo com uma pesquisa realizada, em quinze capitais brasileiras e no
Distrito Federal realizada no período entre 2002 e 2003, a prevalência do tabagismo
variou entre 12,9 a 25,2%. Os homens superam as mulheres em todas as capitais
no consumo do tabaco. Em Porto Alegre, encontram-se maiores proporções de
fumantes, tanto no sexo masculino quanto no feminino, e em Aracaju, as menores,
também foi constatado que a concentração de fumantes é maior entre as pessoas
com menos de oito anos de estudo do que entre pessoas com oito ou mais anos de
estudo (BRASIL, 2009).
Considerando os riscos causados pelo tabagismo e a necessidade de que a
mulher perceba-se como responsável pela sua saúde e de seu filho, este trabalho
destaca a importância do acompanhamento pré-natal adequado, para a promoção
da educação em saúde de maneira a contribuir nas orientações às mulheres sobre
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os efeitos deletérios do tabaco sobre a saúde do binômio mãe-feto. Neste sentido
temos como objetivos:
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo Geral
Realizar revisão do material produzido e publicado nas bases de dados LILACS
e SCIELO na literatura brasileira sobre o uso do tabaco na gestação.
1.1.2 Objetivos Específicos
Conhecer as pesquisas realizadas, a opção teórico metodológica dos artigos
e os resultados encontrados.
Descrever e discutir os achados destes estudos e os relatos sobre os agravos
na saúde da gestante e do seu bebê pelo uso do tabaco.
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2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O Tabaco e sua história
A indústria de tabaco tem seu desenvolvimento no final do século dezenove,
com o inteiro domínio das multinacionais estadunidenses e britânicas. Entre 1904 e
1947, as indústrias de tabaco dos EUA em comparação com a indústria
automobilística tem um vertiginoso crescimento, lançando marcas populares de
cigarros. O consumo interno cresce tanto que nenhuma firma se interessa por
exportações. No Brasil, o chamado “sistema integrado de produção de fumo” foi
criado pela British American Tobacco – BAT – controladora acionária da Souza Cruz
desde 1914 – em 1918, na Região Sul. A BAT se torna, ao final da Segunda Guerra
Mundial, a maior fabricante de cigarros do mundo, expandindo-se principalmente na
China (BOEIRA e GUIVANT, 2002, p. 46).
É nesse período, ao término desse conflito armado, que as mulheres
buscavam maior independência em relação à igualdade dos sexos, emancipação
feminina que gerou um salto vertiginoso de consumo do cigarro entre elas
(MACHADO e LOPES, 2009, p. 76).
O mercado de trabalho tem, a partir desse momento, a participação mais ativa
da mulher e seu papel social, também foi somado a esse contexto que elas
passaram a ter mais poder aquisitivo e independência dentro da própria sociedade e
família, onde já exercia um papel fundamental de modelo de comportamento para
seus filhos. Em torno de todas essas mudanças, a mulher passou a tornar-se alvo
preferido da publicidade da indústria do tabaco, que passou a divulgar o cigarro
como símbolo da emancipação e independência e desse modo o número de
fumantes do sexo feminino aumentou consideravelmente na América Latina
(BRASIL, 2009).
10
2.2 O uso do tabaco, os agravos a saúde e o que temos feito
Segundo Iglesias et. al. (2007, p.1) o tabagismo é um dos fatores de risco
mais importantes para as Doenças e Agravos Não-Transmissíveis (DANT), a
principal causa de óbitos e enfermidades em nosso país. Desde 1930 até os anos
90, a proporção de mortes por DANT cresceu mais de três vezes no país. Em 2004,
as DANT foram responsáveis por aproximadamente 63% da mortalidade devido a
causas conhecidas. Desde 1985, o Brasil vem desenvolvendo intervenções para o
controle do tabagismo. Um recente estudo sobre as DANT, realizado no país,
constatou que no Programa Nacional de Controle do Tabagismo brasileiro é a
legislação ampla que entrou em vigor em 1996, restringindo o uso do tabaco em
teatros, escolas, escritórios do governo e no sistema de transporte público,
advertências em maços de cigarros e extensas campanhas nos meios de
comunicação em massa (IGLESIAS et. al. 2007, p.1).
Recentemente, Brasília tornou-se a primeira cidade brasileira livre de tabaco.
O Brasil é um dos poucos países que dispõem de uma agência reguladora
responsável pela regulamentação dos produtos derivados do tabaco, incluindo a
comercialização, os teores das substâncias e a distribuição dos produtos. Os
impostos correspondem a aproximadamente 74% dos preços dos cigarros, incluindo
impostos de valor agregado e outros. Por outro lado, os preços dos cigarros são
ainda relativamente baixos no país, apesar da carga fiscal ser bastante elevada
(IGLESIAS R. et. al. 2007, p.1).
O fumo é considerado uma ameaça à saúde dos que o utilizam como
daqueles que também sofrem com o fumo passivo, acarretando efeitos nocivos e
favorecendo enfermidades, sendo considerado um problema de saúde pública como
relata Machado e Lopes (2009, p. 75) “O tabagismo é considerado um grave
problema de saúde pública, sendo uma das principais causas de doenças e morte
no mundo. Produz efeitos deletérios sobre o organismo, causando diferentes
malefícios à saúde”.
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2.3 Tabaco e sua epidemiologia
Por ser consumido em qualquer parte do mundo e de fácil aquisição, o tabaco
atinge um grande número de indivíduos, aumentando assim o número de
dependentes, levando a doenças e a morte de seus consumidores. Segundo
(BRASIL, 2004, p.1), o fumo causa 4,9 milhões de mortes anuais no mundo. Se as
tendências de seu consumo forem mantidas, esse número chegará a dez milhões de
mortes anuais por volta de 2030. O tabagismo constitui fator de risco para dezenas
de doenças, entre elas, as doenças cardiovasculares e diversos tipos de cânceres
O conceito de tabagismo conforme Boeira e Guivant (p. 71, 2003) é a
“compulsão impulsionada por inúmeros fatores interligados e de mútuo reforço,
ainda que independentes entre si e variáveis ligada aos aspectos bioquímicos e/ou
genético e também culturais, sociológicos e históricos”.
As causas de morte devido ao cigarro têm ceifado inúmeras vítimas em
países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Segundo Menezes (2004, cap.1) o
cigarro mata mais que a soma de outras causas evitáveis de morte como a cocaína,
heroína, álcool, incêndios, suicídios e AIDS, nos países desenvolvidos. Vale lembrar
que 2/3 da população está situada em países pobres onde, a fome e a desnutrição
são as principais causas de morte também evitável.
O crescimento fetal é comprometido devido à nicotina que limita o aporte
sanguíneo. Segundo Leopércio e Gigliotti, p.2, 2004 “a insuficiência útero-placentária
tem sido indicada como o principal mecanismo responsável pelo retardo do
crescimento fetal nas gestantes fumantes provocada pela nicotina”.
A gestante que fuma apresenta um maior risco de aborto espontâneo, morte
fetal, óbito neonatal e síndrome de morte súbita fetal. O tabagismo é um fator que
está interligado com o prejuízo à concepção e diminuição do peso do neonato (em
média cento e setenta gramas), produzindo uma condição conhecida como
síndrome fetal do tabaco (FURTADO, p.5, 2002).
A produção de fumaça pela queima do cigarro ou expelida pelos seus
usuários em ambientes fechados, que favorecem a inalação por indivíduos não
fumantes, faz com que estes se tornem tabagistas passivos, segundo (BRASIL,
2009):
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A inalação da fumaça de derivados do tabaco (cigarro, charuto, cigarrilhas,
cachimbo e outros produtores de fumaça) por indivíduos não-fumantes, que
convivem em ambientes fechados é denominada poluição tabagística
ambiental (PTA) e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), torna-
se ainda mais grave em ambientes fechados.
O uso do tabaco pela mulher após o nascimento do seu filho no momento da
amamentação provocará os efeitos imediatos do cigarro. Durante o aleitamento
materno, a criança absorverá através do leite materno a nicotina, ocasionando
intoxicação, levando a quadros de agitação, vômitos, diarréia, taquicardia,
principalmente em mães que fumam de vinte ou mais cigarros por dia (BRASIL,
2009).
O tabagismo passivo é a terceira maior causa de morte evitável no mundo,
subseqüente ao tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool. Os jovens são
imprescindíveis para a expansão das vendas do tabaco, e são seduzidos pela
promoção e publicidade que associam o tabaco às imagens de beleza, sucesso,
liberdade, poder, inteligência e outros atributos. A partir desse comportamento é que
90% dos fumantes começam a usar o tabaco antes dos dezenove anos de idade o
tabaco é a segunda droga mais consumida pelo público jovem no mundo e no Brasil.
Esta estratégia adotada pelas companhias de cigarro visam restabelecer as fileiras
daqueles que deixaram de fumar ou morreram, por outros consumidores que
assumirão seus lugares (BRASIL, 2009).
Conforme relatam Machado e Lopes, (2009, p. 76) o uso do cigarro pela
mulher durante a gravidez tem um prejuízo que afeta além da gestante o seu feto
que é um verdadeiro fumante passivo.
2.4 A gestação e o uso do tabaco
O desenvolvimento normal de um feto é controlado por um processo
cronológico preciso. Este desenvolvimento ocorre simultaneamente com outras
fases relacionadas. O contato entre a mãe e seu feto é através da placenta, que
fornece condições indispensáveis para o crescimento e bem estar fetal.
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O período gestacional compreende desde o momento da fertilização até o
nascimento. Sua duração pode ser calculada por dois métodos, o primeiro
conhecido como idade ovular, refere-se à última ovulação, visto que poucas
mulheres sabem quando ovularam, o método mais utilizado é o da idade menstrual,
que leva em conta o fluxo menstrual. Nesse método a gestação é calculada a partir
do início do último período menstrual normal e dura cerca de quarenta semanas
(BRANDEN, 2000, p. 17).
A gestação é dividida em três períodos: Pré-embrionário, que dura em média
três semanas, é nesse estágio do desenvolvimento que ocorre à implantação do ovo
a divisão e o processo de diferenciação celular, e o desenvolvimento da placenta e
do embrião (BRANDEN, 2000, p. 17).
Período Embrionário que a partir do início da quarta semana a fase pré-
embrionária plana adquire um formato de um embrião cilíndrico, em que quase
triplica seu tamanho, ocorre uma transformação nos sistemas orgânicos primitivos
que sofrem diferenciação complexa (BRANDEN, 2000, p. 19).
E por fim o período fetal em que vai até a quadragésima semana. Nessa fase
há o desenvolvimento dos órgãos fetais que começam a funcionar suprindo as
necessidades metabólicas do feto e, além disso, a placenta ainda se desenvolve
(BRANDEN, 2000, p.23).
O estilo de vida saudável é imprescindível para a mulher que tem o
pensamento de engravidar, o que pode ser discutido em uma avaliação anterior a
gravidez (KOWALSKI, 2008, p. 248).
A gestação é composta por inúmeros sinais, sendo determinado por três
classificações: sintomas e sinais presuntivos, sinais de probabilidade e sinais de
certeza. Os sinais de certeza podem ser percebidos antes da décima sexta a
vigésima semanas de gestação, os sinais de probabilidade são encontrados mais
cedo e os sinais presuntivos são encontrados em ocasiões variadas (ZIEGUEL e
CRANLEY, 1985, p. 164 - 167).
Os sinais e sintomas presuntivos são subjetivos e observados pela própria
mulher, dentre eles, são destacados, cessação da menstruação, alterações nas
mamas, náuseas e vômitos, polaciúria entre outros sinais e sintomas que podem ser
notados como aumento de áreas pigmentadas da pele e o aparecimento de estrias
abdominais. Os sinais de probabilidade são a detecção da gestação por um
enfermeiro ou um médico, esse método é forte evidência de gestação, como
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aumento do abdome, alterações uterinas, rebote (método em que o feto entre o
quarto e quinto meses de gestação movimenta-se livremente entre o líquido
amniótico), palpação e contorno do feto, teste de gravidez. E por fim os sinais
positivos em que estes sinais não serão evidentes antes da décima oitava e
vigésima semana de gestação, sinais esses que provem do feto, como: ausculta e
contagem dos batimentos cardíacos fetais, percepção dos movimentos fetais ativos,
visualização do contorno esquelético fetal por raio-x ou ultra-som (ZIEGUEL e
CRANLEY, 1985, p. 164-167).
A consulta pré-natal fornece um esclarecimento sobre os riscos do tabaco,
somando-se a situação em que as gestantes podem expor suas dúvidas, medos e
angústias decorrentes da gestação. Esse quadro pode ser um agravante levando a
gestante a sofrer de depressão e ansiedade e com isso o início do hábito de fumar
costuma estar associado a propriedades relaxantes (MACHADO e LOPES, 2009, p.
77).
Segundo relata Machado e Lopes (2009, p. 76) ao longo dos anos as
mulheres em idade fértil tiveram um aumento no consumo do tabaco. O tabagismo
durante a gravidez tem efeitos deletérios sobre a saúde, por aumento nos casos de
baixo peso ao nascer, partos prematuros e mortes perinatais. A mulher que faz uso
do tabaco durante o período da gestação expõe seu bebê aos componentes da
fumaça do cigarro, que chegam ao feto pela placenta, que promovem várias
complicações como: alterações da oxigenação e metabolismo placentário e as
mudanças no seu próprio metabolismo decorrentes do fumo. Na evolução da
gravidez os inúmeros componentes do tabaco afetam de forma significativa a
gestante e seu feto, tem papel destacado nesse contexto a ação da nicotina e do
monóxido de carbono.
Segundo Mello et al (2001, p. 259) o sistema cardiovascular é instigado a
liberar catecolaminas pela ação da nicotina que atuam na circulação materna e,
como conseqüência disso, ocorre a taquicardia, vasoconstrição periférica e redução
do fluxo sanguíneo placentário.
Conforme relata Furtado (2002, p.2) apud Taylor P. (1996, p. 131-145) e
O’Brien CP, (1996, p. 523-535) a nicotina é absorvida através da pele, mucosas
(estomacal e intestinal) e pulmões, sendo transportada pela corrente sanguínea,
chegando ao sistema nervoso central (SNC), exercendo seus efeitos em sete a oito
segundo, liberando opióides endógenos e glicocorticóides. Segundo Furtado (2002,
15
p.2) apud Nel MR, Morgan M. (1996; 51: 309-311) a meia vida plasmática da
nicotina é de aproximadamente trinta a sessenta minutos. Apesar de ser altamente
tóxica, é eliminada após a abstinência de uma noite. Após esse período é observada
a redução da freqüência cardíaca, pressão sanguínea e níveis de catecolaminas.
O principal mecanismo responsável pelo retardo no crescimento fetal nas
gestantes provém da insuficiência útero-placentária e seu causador é a nicotina. Ela
por sua vez é a causadora da vasocontrição dos vasos do útero da placenta,
reduzindo o fluxo sanguíneo e a oferta de oxigênio e nutrientes ao feto (LEOPÉRCIO
e GIGLIOTTI, 2004, p.2).
A nicotina consegue atravessar a barreira placentária e concentrar-se no
líquido amniótico bem como, atravessar barreiras e se concentrar-se no leite
materno, afetando o recém-nascido. Assim sendo, ocorre uma diminuição do volume
de leite excretado, sendo insuficiente para atender às exigências nutricionais do
recém-nascido, e deste modo tornando-se um motivo para a mãe deixar de
amamentar (MACHADO E LOPES, 2009, p.77 apud. Dorea JG, 2007; 11:287-91 e
Mello PRB, Pinto GR, Botelho C, 2001;77:257-64).
Segundo Leopércio e Gigliotti (2004, p.2), o monóxido de carbono (CO) é um
gás venenoso produzido pela combustão incompleta de matéria orgânica.
Conforme Lima, LimaVerde e Lima Filho, (2006, p. 810) a combinação estável
do monóxido de carbono com a hemoglobina é de duzentas vezes maior do que o
oxigênio, além de desviar a curva de dissociação da hemoglobina para a esquerda,
e assim ocasionando hipóxia tecidual. O tabagismo pode ocasionar deficiência na
absorção de vitamina B12, tendo como responsável o ácido cianídrico, um dos
componentes do cigarro. A deficiência da vitamina B12 está associada ao parto
prematuro, redução na eritropoiese e leucopoiese, levando a anemia, alterações do
sistema nervoso e prejuízos no crescimento fetal (MACHADO E LOPES, 2009,
p.76).
16
3. METODOLOGIA
A metodologia escolhida para este estudo é a revisão integrativa da literatura
que é definida como aquela em que estudos realizados anteriormente podem ser
sumarizados a fim de se formular inferências sobre um determinado assunto. A partir
de sua realização abrem-se novos subsídios para a implementação de modificações
que possibilitem a discussão de novos conhecimentos e condutas assistenciais de
enfermagem. (MENDES, SILVEIRA e GALVÃO, 2008, p.759).
As pesquisas foram realizadas nas bases de dados LILACS e SCIELO, para
artigos que contenham os descritores gestação e tabagismo entre os anos de 1998
a 2009.
3.1 Escolha do tema, formulação do problema e objetivo
A escolha do tema deu-se em razão da importância de um acompanhamento
pré-natal a fim de esclarecer e informar sobre os prejuízos que o tabagismo causa
na saúde da mãe e de seu filho, estimulando os estudos na área de enfermagem
materna infantil.
Formulação do problema: como se apresentam as produções científicas
utilizando o tema tabagismo na gestação em periódicos brasileiros, na base de
dados Lilacs e Scielo no período de 1998 a 2009, com o objetivo de conhecer as
produções científicas oriundas de periódicos brasileiros acerca do tema tabagismo
na gestação.
3.2 Coleta de Dados
O critério de inclusão são os artigos científicos cadastrados no Lilacs e Scielo,
publicados na língua portuguesa, no período de 1998 a 2009, que continham os
descritores tabagismo e gestação.
17
3.3 Avaliação dos Dados
Esta etapa consiste na definição das informações a serem extraídas dos
estudos selecionados, utilizando um instrumento para reunir e sintetizar as
informações-chave. O nível de evidência dos estudos deve ser avaliado a fim de
determinar a confiança no uso de seus resultados e fortalecer as conclusões que
irão gerar o estado do conhecimento atual do tema investigado. As informações
devem ser organizadas e sumarizadas de maneira concisa, formando um banco de
dados de fácil acesso e manejo. Geralmente as informações devem abranger a
amostra do estudo (sujeito), os objetivos, a metodologia empregada, resultados e as
principais conclusões de cada estudo (MENDES, SILVEIRA e GALVÃO, 2008,
p.762).
Para garantir a validade da revisão, os estudos selecionados devem ser
analisados detalhadamente. A análise deve ser realizada de forma crítica,
procurando explicações para os resultados diferentes ou conflitantes nos diferentes
estudos. Dentre as abordagens, o revisor pode optar para a aplicação de análises
estatísticas; a listagem de fatores que mostram um efeito na variável em questão ao
longo dos estudos; a escolha ou exclusão de estudos frente ao delineamento da
pesquisa. A conclusão desta pesquisa pode gerar mudanças nas recomendações
para a prática (MENDES, SILVEIRA e GALVÃO, 2008, p.762).
Foram encontrados 13 artigos nas bases de dados SCIELO e 10 na base de
dados LILACS totalizando 23 artigos. Após filtrar os artigos científicos localizados,
considerando os descritores tabagismo e gestação, apenas artigos escritos em
língua portuguesa, o período entre 1998-2009 e somente os textos completos
disponíveis on line, foram identificados 10 artigos que correspondiam às exigências:
0 em 1998, 0 em 1999, 1 em 2000, 1 em 2001, 0 em 2002, 0 em 2003, 1 em 2004, 1
em 2005, 0 em 2006, 2 em 2007, 0 em 2008, 4 em 2009.
Per/ 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Nº 0 0 1 1 0 0 1 1 0 2 0 4
Total 10
Assim o corpus da pesquisa ficou constituído por 10 artigos, aos quais se
aplicou o instrumento de coleta de dados.
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Foram excluídos 13 artigos que não continham os descritores tabagismo e
gestação e/ou estavam fora do período estabelecido: 0 em 1998, 0 em 1999, 0 em
2000, 1 em 2001, 0 em 2002, 2 em 2003, 2 em 2004, 0 em 2005, 0 em 2006, 1 em
2007, 3 em 2008, 4 em 2009.
3.4 Apresentação e discussão dos dados
Esta etapa corresponde à fase de discussão dos principais resultados na
pesquisa convencional. A fundamentação nos resultados da avaliação crítica dos
estudos incluídos realiza a comparação com o conhecimento teórico, a identificação
de conclusões e implicações resultantes da revisão integrativa. Devido à ampla
revisão conduzida, é possível identificar fatores que afetam a política e os cuidados
de enfermagem (prática clínica). A identificação de lacunas permite apontar sugestões
pertinentes para futuras pesquisas direcionadas para a melhoria da assistência à
saúde (MENDES, SILVEIRA e GALVÃO, 2008, p.762).
Após analisar a produção científica dos artigos relacionados aos efeitos do
tabagismo na saúde da gestante e do feto, foram encontradas descritas na literatura
inúmeras complicações pelo uso do cigarro nas gestantes e seus filhos, conforme os
relatos que seguem:
Num total de 10 publicações analisadas, 9 (90%) publicações abordam
aspectos clínicos, comportamentais e educacionais das gestantes e somente 1
(10%) aborda as ações de enfermagem frente as implicações clínicas do tabagismo
na gestação.
Em seu trabalho Pinto e Botelho (2000, p. 5) comentam que através do
estudo com Dopplervelocimetria no Sistema Vascular Materno-fetal que a influência
do tabagismo na gestação ocasionou uma hipóxia crônica, o que segundo os
autores contribui para o entendimento de como o tabagismo materno esta associado
com maior morbidade fetal e neonatal,
Os autores ainda comentam que o efeito do cigarro faz com que a pressão
arterial e a freqüência cardíaca materna, associados ao aumento da freqüência
cardíaca fetal, sejam causadores das alterações hemodinâmicas que influenciam a
velocidade de fluxo das artérias uterinas e umbilical.
19
Possato, Parada e Tonete, (2006, p.437-438) dizem que a implantação da
placenta sofre alteração devido a quantidade de cigarros consumidos pela gestante,
visto que essa placenta é mais acometida de necrose na decídua basal e que esse
fator é predisponente para acarretar uma dificuldade de implantação e deslocamento
precoce da placenta, interferindo no desenvolvimento normal de sua vascularização,
com conseqüências flagelantes para as trocas gasosas e de nutrientes entre a mãe
e o feto
Mello, Pinto e Botelho (2001, p. 259) relatam em seus estudos que as
gestantes tabagistas correm maior risco de partos prematuros e de terem bebês que
apresentem baixo peso ao nascer. Relatam também que tais situações ocorrem por
volta do terceiro trimestre, e este risco aumenta proporcionalmente com o número de
cigarros consumidos, acrescentam ainda que o feto é um verdadeiro fumante
passivo, que inala a fumaça involuntariamente, por ser um ser vulnerável.
Comentam ainda que toda a gestante tabagista expõe o feto não apenas aos
componentes do cigarro, mas também a diminuição de oxigenação e metabolismo
placentário e as mudanças no seu próprio metabolismo secundário decorrentes do
uso do fumo.
Mello, Pinto e Botelho (2001, p. 260-261) relatam ainda que a lactação faz
parte de um período importante no desenvolvimento físico e psicológico da criança,
que pode determinar a redução da morbi-mortalidade infantil no primeiro ano de
vida. Seus estudos demonstram ocorrer uma diminuição em 40% nos níveis de
prolactina em mulheres fumantes em decorrência da nicotina que estimula a
liberação de dopamina que atua como um antagonista da prolactina.
Em seus trabalhos da Silva et al (2007, p. 60-61), procuravam uma relação
entre a cólica infantil relacionado com o tabagismo e dieta materna, fato esse que
não foi evidenciado no grupo por eles estudado. Porém, estudos realizados com um
grupo de mães que fumavam quatro cigarros por dia com alto teor de nicotina e
outro grupo que fumava quatro cigarros por dia com baixo teor de nicotina, mostrou
que no grupo com alto teor, o nível de motilina intestinal que é um hormônio
gástrico liberado ciclicamente a cada 90 minutos no estado de jejum, as crianças
apresentam uma concentração maior que os adultos, esse hormônio atua
diretamente no músculo liso como estômago, duodeno e cólon, em concentrações
elevadas podem favorecer a mau funcionamento gastrointestinal, acarretando
refluxo e cólica, com elevado nível de nicotina era maior o risco e assim descrevem
20
que o tabagismo materno acarreta o surgimento da cólica infantil, pela exposição
das crianças à nicotina contida no leite materno, contudo o grupo estudado por da
Silva et al utilizou cigarros com baixo teor de nicotina o que poderia ser fator de não
comprovação da cólica infantil com o tabagismo materno.
Os autores Silva et al. (2005, p. 1542) constataram que o peso e o
comprimento do RN ao nascer era menor em filhos de mulheres fumantes do que
crianças cujas mães não eram fumantes, essa análise permitiu perceber uma
importante variável associada à baixa estatura quando associada ao tabagismo dos
pais, interferindo assim na forma de avaliação nutricional e antropométrica que
compromete o crescimento das crianças.
Em seu trabalho Sé e Amorim (2009, p. 8) abordam que crianças com sete
anos de idade, filhas de gestantes que fumaram 10 cigarros ou mais por dia,
apresentaram atraso no aprendizado quando comparadas as outras crianças, atraso
esse de três meses para habilidade geral, de quatro meses para a leitura e de cinco
meses para a matemática.
Os referidos autores somam ainda que o risco de óbito neonatal tem um salto
vertiginoso, aumenta com o decréscimo da idade gestacional por ocasião do parto,
essa mortalidade ocorre entre a 28ª semana e o 28º dia de vida, sendo mais
freqüente entre as gestantes tabagistas do que as abstêmias.
Freire, Padilha e Saunders (2009, p.7) relatam em seus estudos que o perfil
das mulheres com maiores riscos de chances de uso de álcool e cigarro na gravidez
é em decorrência da situação marital instável tendo este sido um fator de destaque
para ambas as substâncias.
Devido ao sentimento de culpa demonstrado por gestantes, o hábito de fumar
e o etilismo na gestação são subdiagnosticados, assim elas evitam o contato com o
profissional da saúde contornando assim uma possível desaprovação e repreensão
levando a falta de informação sobre o potencial malefício de seu uso conforme
comentam Freire, Padilha e Saunders (2009, p.7).
Em seu trabalho Possato, Parada e Tonete (2006, p.439) comentam que
pelos discursos das gestantes tabagistas estudadas tem se a clara representação
negativa do cigarro na gestação como potencial causador de complicações fetais,
especialmente relacionadas a problemas de crescimento, asfixia e prematuridade e
inúmeras complicações maternas como problemas placentários, cardiovasculares,
respiratórios e câncer. Foi observado a vontade de abandonar o vício evidenciado
21
no relato das gestantes daquele estudo e também o conflito vivenciado em relação
ao hábito de fumar, em especial os sentimentos de culpa e tristeza, frente a esses
conflitos.
3.5 Apresentação dos resultados
Esta etapa corresponde à fase de discussão dos principais resultados na
pesquisa convencional. O revisor fundamentado nos resultados da avaliação crítica
dos estudos incluídos realiza a comparação com o conhecimento teórico, a
identificação de conclusões e implicações resultantes da revisão integrativa. Devido
à ampla revisão conduzida, é possível identificar fatores que afetam a política e os
cuidados de enfermagem. A identificação de lacunas permite que o revisor aponte
sugestões pertinentes para futuras pesquisas direcionadas para a melhoria da
assistência à saúde (MENDES, SILVEIRA e GALVÃO, 2008).
Possato, Parada e Tonete (2006, p. 439) descrevem que atualmente o
tabagismo está classificado internacionalmente no grupo de transtornos mentais e
de comportamento decorrentes do uso de substâncias psicoativas, dessa forma o
fumante deveria ser tratado como um dependente de drogas, logo é necessário o
auxilio médico e muitas vezes de remédios que diminuam a vontade de fumar e os
sintomas de abstinência, além da necessidade de apoio psicológico, de amigos e
familiares por um período longo. Sendo assim, é afortunada a necessidade da ajuda
profissional, que poderá proporcionar não só informações, mas também a
abordagem e o tratamento adequados orientando as gestantes à atividade que
possam diminuir sua ansiedade.
Possato, Parada e Tonete (2006, p. 435) expõem que em consonância sobre
a abordagem e o tratamento de fumantes, publicado pelo Ministério da Saúde do
Brasil, os métodos de enfrentamento do problema tabagismo na gestação é dividido
em dois grupos: aqueles para os quais existem evidências sobre sua eficácia na
cessação de fumar e aqueles que embora preconizados, ainda carecem de
evidências científicas sobre sua eficácia. Estão no primeiro grupo a abordagem
cognitivo-comportamental e a farmacoterapia.
22
Sé e Amorim (2009 p. 15) falam que as ações de enfermagem vão de
encontro com as implicações clínicas evidenciadas no tabagismo na gestação e, a
partir das delimitações relacionadas, traça-se o diagnóstico de enfermagem e as
possíveis intervenções, tendo a necessidade de atenção às questões relacionadas
aos aspectos comportamentais das gestantes, durante o acompanhamento pré-
natal.
Conforme dados obtidos por Sé e Amorim (2009, p. 2) o momento propício
para ajudar a mulher no abandono do tabagismo é durante a gestação. O sucesso
dos programas de intervenção para o abandono do fumo são cerca de três vezes
maior nas gestantes quando comparada a outros grupos, sendo assim, é de suma
importância alocar alguns minutos para o tema tabagismo na gestação e suas
conseqüências.
Para Sé e Amorim (2009, p.2) devido as implicações clínicas que o tabagismo
causa na gestação e assim a partir dos problemas relacionados à exposição ao
tabagismo, são traçadas ações de enfermagem frente à problemática, tais como:
orientar as gestantes e puérperas sobre as implicações do hábito de fumar durante a
amamentação; encorajar a amamentação natural, porém, recomendar que as
lactentes esperem cerca de duas horas após o último cigarro para dar início à
amamentação; orientar a gestante e seus acompanhantes sobre os efeitos
deletérios do fumo tanto para a mãe quanto para o seu bebê; investigar o
conhecimento e percepção da gestante e da família sobre os efeitos deletérios do
fumo para a gestação; estabelecer e fortalecer vínculo com a gestante, para que o
ambiente favorável à explicitação de idéias, medos, anseios e dúvidas; orientar para
possível síndrome de abstinência e como amenizá-las e encaminhar fumantes ao
programa de controle do tabagismo.
O enfermeiro deve buscar no campo da educação em saúde uma abordagem
da mulher exposta ativa ou passivamente ao tabagismo em diversas atividades,
como grupo de gestantes, grupos de sala de espera, na sala de amamentação, nas
visitas domiciliares. Eles ainda somam a essa explanação que as atividades podem
ser programadas e sistematizadas através de um plano de cuidados, que receberá
as modificações de acordo com cada mulher, referente às necessidades básicas
A partir dessa pesquisa de dados foi possível identificar os métodos e as
intervenções de enfermagem frente à problemática do tabagismo na gestação,
23
promovendo a diminuição do consumo prevenindo inúmeras doenças causadas pelo
tabagismo.
24
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como proposta identificar os efeitos prejudiciais na saúde
da gestante e de seu filho pelo uso do tabaco. No atual contexto deve ser ressaltado
que o controle do tabagismo é o melhor e mais econômico modo de se prevenir
várias doenças, especialmente durante a gestação, com a realização de anamnese
na primeira consulta pré- natal. Esta consulta poderá ser realizada pelo enfermeiro
que deverá investigar o hábito de fumar da gestante e das pessoas que convivem no
mesmo ambiente familiar e profissional, sendo esta informação a base para as
ações a serem desenvolvidas nas consultas posteriores.
Acredita-se que a realização de estudos desta natureza possa contribuir tanto
para o conhecimento dos profissionais da saúde acerca do assunto quanto para
nortear o atendimento à gestante na promoção da saúde do binômio mãe-feto.
Pode-se observar o pequeno número de pesquisas sobre o tabagismo na
gestação, fato esse que limitou a coleta de dados acerca do assunto, reforçando a
necessidade de que mais estudos sejam realizados de forma a contribuir para o
avanço do conhecimento e do cuidado de enfermagem.
25
REFERÊNCIAS
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26
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28
APÊNDICE – A Formulário de coleta de dados
Formulário de coleta de dados
A - Código de referência: 528520
- Título do artigo
Fatores associados ao uso de álcool e cigarro na gestação
- Nome do autor
Freire, Karina;
Padilha, Patrícia de Carvalho;
Saunders, Claudia.
- IES
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
- Fonte de publicação:
Rev. Brasileira Ginecologia e Obstetrícia 31(7):335-341
- Formação acadêmica
► (FREIRE) Nutricionista, Especialista em Nutrição Clínica – Rio de Janeiro (RJ),
Brasil.
► (PADILHA) Nutricionista do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira
(IPPMG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro –Pesquisadora do Grupo de
Pesquisa em Saúde Materna e Infantil do Núcleo de Pesquisa em Micronutrientes
(GPSMI/NPqM) do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC) - Rio de Janeiro
(RJ), Brasil.
► (SAUNDERS) Professora Adjunto do Departamento de Nutrição e Dietética do
Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil;
Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Saúde Materna e Infantil do Núcleo de
Pesquisa em Micronutrientes (GPSMI/NPqM) do Instituto de Nutrição Josué de
Castro (INJC) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.
- Ano de publicação
Julho.2009
29
Tipo de artigo
Pesquisa
- Tipo de estudo
Quantitativo
- Resumo
OBJETIVO: descrever o consumo de álcool e cigarro em gestantes adultas e
identificar a associação desse consumo ao resultado obstétrico. MÉTODOS: trata-se
de um estudo analítico do tipo transversal, no qual foram incluídas 433 puérperas
adultas e seus conceptos atendidos em maternidade pública do Rio de Janeiro, no
período de 1999 a 2006. As informações sobre as puérperas e os recém-nascidos
foram coletadas no momento do parto e no puerpério, por meio de entrevista e
consultas aos prontuários. Considerou-se “uso de álcool na gestação” e “uso de
cigarro na gestação” quando esses foram detectados pelo profissional de Saúde na
consulta de pré-natal em qualquer idade gestacional e registrados no prontuário.
RESULTADOS: verificou-se que 5,5 e 7,4% das puérperas relataram uso de cigarro
e álcool durante a gestação, respectivamente. As características maternas
associadas ao fumo na gestação foram: situação marital (p=0,005); idade materna
(p=0,01) e assistência nutricional pré-natal (p=0,003). O fumo durante a gestação foi
fortemente associado ao uso do álcool, sendo que 31,3% das gestantes fizeram uso
concomitante de cigarro e álcool (p<0,05). Quanto ao uso de álcool, as
características associadas a essa prática foram situação marital (p=0,003); e história
de aborto (p=0,04). Não foi verificada associação entre o uso de álcool e cigarro na
gestação e as condições ao nascer (idade gestacional, peso ao nascer e
intercorrências com o recém-nascido, p>0,05). CONCLUSÕES: os achados
sugerem que o uso de cigarro e álcool na gestação deve ser investigado na
assistência pré-natal dentre todas as mulheres, especialmente entre as que vivem
sem o companheiro, com mais de 35 anos, com história de aborto, e que não
planejaram a gestação. A assistência nutricional mostrou efeito protetor contra o
tabagismo na gestação, de forma que as gestantes devem ser esclarecidas quanto
aos efeitos deletérios de tais substâncias contribuindo dessa forma para melhores
resultados obstétricos.
30
B - Código de referência: 470804
- Título do artigo
Representação de gestantes tabagistas sobre o uso do cigarro: estudo
realizado em hospital do interior paulista.
- Nome do autor
Possato,Marina;
Parada,Cristina Maria Garcia de Lima;
Tonete,Vera Lúcia Pamplona.
- IES
Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista
(UNESP)
- Fonte de publicação
Revista Esc. Enfermagem USP; 41(3): 434-440
- Formação acadêmica
► (POSSATO) Graduanda de Enfermagem, Bolsista de Iniciação Científica da
FAPESP Piracicaba, SP, Brasil;
► (PARADA) Professora Doutora Assistente do Departamento de Enfermagem,
UNESP. Botucatu, SP, Brasil;
► (TONETE) Professora Doutora Assistente do Departamento de Enfermagem,
UNESP. Botucatu, SP, Brasil.
- Ano de publicação
Setembro de 2007
- Tipo de artigo
Pesquisa
- Tipo de estudo
Quantitativa
31
- Resumo
Este estudo objetivou apreender as representações de gestantes tabagistas sobre o
uso de cigarro. Utilizou-se como referencial teórico a Teoria das Representações
Sociais. Para análise dos dados, construiu-se o Discurso do Sujeito Coletivo. Das 27
mulheres entrevistadas, 18 possuíam primeiro grau completo, oito, o segundo grau
completo e uma, ensino superior; 14 tinham união estável, seis eram casadas.
Quatro temas emergiram: 1) o início do hábito de fumar: prática social e natural; 2)
satisfação versus culpa; 3) uma bomba: efeitos do cigarro na gestação; 4) cessação:
entre o querer e o poder. Apreendeu-se representação negativa do cigarro,
considerado o pior dos vícios e potencial causador de complicações fetomaternas. O
tabagismo foi representado de maneira preconceituosa, desconsiderando a
existência e necessidade de tratamento. Emergiram dificuldades relativas à
cessação, trazendo a necessidade de ajuda profissional, para informações,
abordagem e tratamento adequados e apoio para que se alcance êxito.
32
C- Código de referência: 407862
- Título do artigo
Tabagismo no domicilio e baixa estatura em menores de cinco anos.
- Nome do autor
(1) Silva-Gonçalves, Regina M. V;
(2,3) Valente, Joaquim G; (1) Lemos-Santos, Márcia G. F;
(2)Sichieri,Rosely.
- IES
- Fonte de publicação
Caderno de saúde pública Rio de Janeiro; 21(5):1540-1549
- Formação acadêmica
► 1 Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, Brasil.
► 2 Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, Brasil.
► 3 Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro,
Brasil.
- Ano de publicação
Setembro - Outubro de 2005
- Tipo de artigo
Pesquisa
-Tipo de estudo
Quantitativa
- Resumo
O tabagismo durante a gestação é um dos responsáveis pelo menor peso e
comprimento ao nascer. No entanto, a exposição à fumaça do tabaco, no período
pós-natal, não tem sido explorada nos estudos de crescimento. Sabe-se que a
prevalência do tabagismo é alta no nível sócio-econômico mais baixo e que a
estatura de crianças está também associada com variáveis sócio-econômicas. O
33
objetivo deste estudo foi verificar o efeito das variáveis sócio-econômicas e da
exposição à fumaça do tabaco sobre o crescimento. Foram medidos e pesados os
menores de cinco anos atendidos nos postos de saúde, para imunização (n = 2.037).
Os pais responderam a um questionário sobre o tabagismo no domicílio e
características sócio-demográficas das famílias. A prevalência da baixa estatura foi
4,3%.Verificou- se na análise bivariada associação negativa entre a estatura e o
tabagismo gestacional, e associações positivas com nível sócio-econômico, renda
familiar e escolaridade dos pais. A análise de regressão linear hierarquizada mostrou
que o tabagismo dos pais permaneceu associado com a baixa estatura mesmo após
ajuste para tabagismo durante a gravidez e para variáveis sócio-demográficas.
34
D- Código de referência: 360387
- Título do artigo
Tabagismo e suas peculiaridades durante a gestação: uma revisão crítica.
- Nome do autor
Leopércio, Waldir;
Gigliotti, Analice
- IES
- Fonte de publicação
Jornal brasileiro de pneumologia; 30(2):176-185.
- Formação acadêmica
- Ano de publicação
Março/Abril de 2004
- Tipo de artigo
Artigo de revisão
- Tipo de estudo
Qualitativo
- Resumo
A gestação é uma ocasião especial para a promoção da cessação do tabagismo. A
preocupação com a saúde do feto gera uma motivação extraordinária na gestante.
Os resultados e a relação custo-efetividade das intervenções são melhores neste
grupo do que na população em geral. Os ganhos extrapolam os benefícios à saúde
da mulher, pois permitem também o desenvolvimento de um feto mais saudável. O
conhecimento das peculiaridades do tabagismo durante a gestação é fundamental
para uma abordagem direcionada e com maior probabilidade de sucesso. Este
trabalho de revisão tem o objetivo de ressaltar a extensão dos malefícios do fumo,
tanto para a mulher gestante quanto para seu feto, e estimular o uso de técnicas
apropriadas para a suspensão do tabagismo nesta população.
35
E- Código de referência: 519658
-- Título do artigo
Abordagem do tabagismo na gestação.
- Nome do autor
Machado, Júlia Barros;
Lopes, Maria Helena Itaqui
- IES
Faculdade de Medicina da PUCRS
- Fonte de publicação
Scientia Medica, Porto Alegre, v. 19, n. 2, p. 75-80.
- Formação acadêmica
► (MACHADO) Médica Ginecologista e Obstetra. Membro do Serviço de Obstetrícia
do HSL-PUCRS. Mestranda.
► (LOPES) Professora Adjunta do Departamento de Medicina Interna da Faculdade
de Medicina. Especialista em Educação. Doutora em Clínica Médica. Vice-Diretora.
- Ano de publicação
Abril/Junho de 2009
- Tipo de artigo
Artigo de revisão
- Tipo de estudo
Qualitativo
- Resumo
Objetivos: discutir os efeitos do cigarro e avaliar alternativas para estimular o
abandono do tabagismo durante a gestação. Fonte de dados: revisão da literatura
através das bases de dados Medline e Scielo. Síntese dos dados: o tabagismo
causa sérios prejuízos à saúde humana e encontra-se associado ao
desenvolvimento de múltiplas doenças. Seus efeitos na gestação já são
devidamente conhecidos e relatados, tais como o crescimento intrauterino restrito e
36
maior risco de trabalho de parto prematuro, entre outras alterações. A gestação
torna-se um momento propício para a interrupção desta dependência. Conclusões:
o cigarro tem inúmeros efeitos negativos sobre o organismo humano e esses efeitos
podem ser ainda piores quando associados à gestação. A consulta médica do
ginecologista e obstetra deve incluir abordagem do tabagismo, bem como os
esclarecimentos e orientações sobre os malefícios do fumo. O papel educativo do
médico e da equipe de saúde é fundamental para o controle do tabagismo.
37
F- Código de referência: 329025
-- Título do artigo
Influência do tabagismo no sistema vascular materno-fetal: estudo com
dopplervelocimetria.
- Nome do autor
Pinto, Gilberto Rodrigues;
Botelho, Clovis.
- IES
- Fonte de publicação
Rev. bras. Ginecologia e Obstetrícia; 22(10): 641-646.
- Formação acadêmica
- Ano de publicação
Novembro/Dezembro 2000
- Tipo de artigo
Pesquisa
- Tipo de estudo
Quantitativa
- Resumo
Objetivo: avaliar a influência do tabagismo materno na dinâmica vascular materno-
fetal, por meio da dopplervelocimetria obstétrica das artérias uterinas, umbilical e
cerebral média. Métodos: estudo prospectivo em 42 gestantes saudáveis, sendo 20
fumantes e 22 não-fumantes. Foram realizadas ultra-sonografias para determinar o
tempo de gestação e exame de dopplervelocimetria pulsátil das artérias uterinas,
umbilical e cerebral média nas 24a, 28a, 32ª e 36a semana para avaliar o fluxo
vascular materno-fetal. As fumantes foram orientadas a não fumar por pelo menos 2
horas antes do exame. Resultados: o índice de resistência (IR) médio das artérias
uterinas D e E foi maior no grupo de fumantes na 36a semana com média de 0,50 e
desvio padrão de 0,034. O índice de pulsatilidade (IP) da artéria umbilical foi maior
no grupo de fumantes na 28a semana [x (DP) = 1,135 (0,182)], p = 0,008; o IP da
artéria cerebral média (ACM) não se mostrou diferente entre os grupos, porém, a
38
relação IP ACM/umbilical foi menor no grupo de fumantes, na 32a semana [x (DP) =
1,9 (0,291)], p = 0,027 e na 36a semana [x (DP) = 1,850 (0,465)], p = 0,014.
Conclusões: os índices de dopplervelocimetria mostraram que no grupo de
fumantes há aumento na resistência da circulação útero-placentária e feto-
placentária, associado a concomitante diminuição na resistência da ACM,
mimetizando uma tendência do tabagismo levar à hipóxia crônica do feto.
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G- Código de referência: 514438
-- Título do artigo
Ações de enfermagem frente às implicações clínicas do tabagismo na saúde
da mulher.
- Nome do autor
Sé, Carla Coutinho Sento;
Amorim, Wellington Mendonça de.
- IES
Escola de Enfermagem Alfredo Pinto Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro - UNIRIO
- Fonte de publicação
SMAD, Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas;5(1):1-18
- Formação acadêmica
► (SÉ) Acadêmica.
► (AMORIM) Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem de Saúde
Pública. Doutor em História da Enfermagem. Pesquisador do Laboratório de
Pesquisa de História da Enfermagem - Laphe/EEAP-UNIRIO; e Líder do Grupo de
Pesquisa "A trajetória da enfermagem de saúde pública no Brasil".
- Ano de publicação
Fevereiro de 2009.
- Tipo de artigo
Pesquisa exploratória.
- Tipo de estudo
Analise documental
- Resumo
Estudo sobre as ações de enfermagem junto às mulheres frente às implicações
clínicas do tabagismo na gestação (1986–2007). Esta pesquisa exploratória foi
embasada em análise documental. Fontes: publicações do Ministério da Saúde,
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artigos científicos indexados no Portal de Periódicos Capes e na Biblioteca Virtual de
Saúde e Legislações Federais do Tabagismo no Brasil. Objetivos: identificar as
proposições do Ministério da Saúde sobre o hábito da mulher de fumar; analisar as
implicações clínicas do tabagismo na gestação a partir das produções científicas;
discutir as implicações clínicas do tabagismo na gestação para subsidiar as ações
de enfermagem junto às gestantes e/ou mulheres fumantes. Resultados: as
principais implicações clínicas do tabagismo na gestação encontradas foram baixo
peso ao nascer, alterações útero-placentárias, crescimento intrauterino retardado,
prematuridade e mortalidade perinatal.
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H- Código de referência: 479401
-- Título do artigo
Tabagismo e dieta materna: Uma relação com a cólica infantil.
- Nome do autor
Silva, Amanda Alcaraz da;
D'Avila, Gisele Liliam;
Melo, Karin Fortuna de;
Barreta, Claiza; Bona, Camila;
Azevedo, Luciane Coutinho de;
Campella, Enzo Luiz Sugayama.
- IES
Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI
- Fonte de publicação
Arquivos Catarinenses de Medicina, 36(4):56-62.
- Formação acadêmica
► (SILVA) Mestre em Neurosciência e Comportamento. Professora do curso de
Nutrição;
► (D’AVILA) Acadêmica do Curso de Nutrição;
► (MELO) Mestre em Neurosciência e Comportamento. Professora dos cursos de
Medicina e Nutrição;
► (CAMPELLA) Médico, especialista em Cirurgia Vascular e sócio da Associação
Catarinense de Medicina.
- Ano de publicação
Outubro-Dezembro de 2007.
- Tipo de artigo
Pesquisa
- Tipo de estudo
Quantitativa
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- Resumo
Objetivo: avaliar a associação entre cólica infantil e tabagismo e dieta materna.
Métodos: foram avaliadas mães de crianças de 0 a 1 ano, atendidas em Unidade de
Referência em Saúde Infantil, de agosto a dezembro de 2005 – Balneário Camboriú.
Foram aplicados questionários sobre dados demográficos, clínicos e
socioeconômicos e um questionário de freqüência alimentar com as mães, onde a
participante referia o número de vezes que consumia o alimento e também a
unidade de tempo (por dia, semana, mês ou ano). As crianças tiveram seu estado
nutricional avaliado pelo escore Z, OMS (1995). Foi adotado nível de significância de
p<0, 05. A cólica foi avaliada de acordo com os critérios estabelecidos por Wessel
(1954). Resultados: participaram da pesquisa 152 lactentes, 15% apresentavam
cólicas, de acordo com os critérios de Wessel e 85% das crianças eram eutróficas.
O tabagismo na gestação foi de 16% e na lactação 13%. Verificou-se ainda que o
tabagismo e a alimentação materna não apresentaram associação com a cólica
infantil. Conclusão: o tabagismo e a dieta materna não foram identificados como
riscos associados para o aparecimento da cólica infantil, porém, mais estudos
devem ser realizados para o esclarecimento da influência ou não destes fatores
sobre síndrome.
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I- Código de referência 528520
-- Título do artigo
Fatores associados ao uso de álcool e cigarro na gestação.
- Nome do autor
Freire, Karina;
Padilha, Patrícia de Carvalho;
Saunders, Cláudia.
- IES
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ - Rio de Janeiro (RJ), Brasil
- Fonte de publicação
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.
- Formação acadêmica
► (FREIRE) Nutricionista, Especialista em Nutrição Clínica - Rio de Janeiro (RJ),
Brasil
► (PADILHA)Nutricionista do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira
(IPPMG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ - Rio de Janeiro (RJ),
Brasil; Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Saúde Materna e Infantil do Núcleo
de Pesquisa em Micronutrientes (GPSMI/NPqM) do Instituto de Nutrição Josué de
Castro (INJC) - Rio de Janeiro (RJ), Brasil;
► (SAUNDERS), Professora Adjunto do Departamento de Nutrição e Dietética do
Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC) - Rio de Janeiro (RJ), Brasil;
Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Saúde Materna e Infantil do Núcleo de
Pesquisa em Micronutrientes (GPSMI/NPqM) do Instituto de Nutrição Josué de
Castro (INJC) - Rio de Janeiro (RJ), Brasil.
- Ano de publicação
Julho 2009
- Tipo de artigo
Pesquisa
- Tipo de estudo
Quantitativa
- Resumo
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OBJETIVO: descrever o consumo de álcool e cigarro em gestantes adultas e
identificar a associação desse consumo ao resultado obstétrico. MÉTODOS: trata-se
de um estudo analítico do tipo transversal, no qual foram incluídas 433 puérperas
adultas e seus conceptos atendidos em maternidade pública do Rio de Janeiro, no
período de 1999 a 2006. As informações sobre as puérperas e os recém-nascidos
foram coletadas no momento do parto e no puerpério, por meio de entrevista e
consultas aos prontuários. Considerou-se “uso de álcool na gestação” e “uso de
cigarro na gestação” quando esses foram detectados pelo profissional de Saúde na
consulta de pré-natal em qualquer idade gestacional e registrados no prontuário.
RESULTADOS: verificou-se que 5,5 e 7,4% das puérperas relataram uso de cigarro
e álcool durante a gestação, respectivamente. As características maternas
associadas ao fumo na gestação foram: situação marital (p=0,005); idade materna
(p=0,01) e assistência nutricional pré-natal (p=0,003). O fumo durante a gestação foi
fortemente associado ao uso do álcool, sendo que 31,3% das gestantes fizeram uso
concomitante de cigarro e álcool (p<0,05). Quanto ao uso de álcool, as
características associadas a essa prática foram situação marital (p=0,003); e história
de aborto (p=0,04). Não foi verificada associação entre o uso de álcool e cigarro na
gestação e as condições ao nascer (idade gestacional, peso ao nascer e
intercorrências com o recém-nascido, p>0,05). CONCLUSÕES: os achados
sugerem que o uso de cigarro e álcool na gestação deve ser investigado na
assistência pré-natal dentre todas as mulheres, especialmente entre as que vivem
sem o companheiro, com mais de 35 anos, com história de aborto, e que não
planejaram a gestação. A assistência nutricional mostrou efeito protetor contra o
tabagismo na gestação, de forma que as gestantes devem ser esclarecidas quanto
aos efeitos deletérios de tais substâncias contribuindo dessa forma para melhores
resultados obstétricos.
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J- Código de referência: 299236
-- Título do artigo
Influência do tabagismo na fertilidade, gestação e lactação
- Nome do autor
Mello, Paulo Roberto Bezerra de;
Pinto, Gilberto Rodrigues;
Botelho, Clovis Botelho.
- IES
Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Federal de Mato Grosso.
- Fonte de publicação
Jornal de Pediatria
- Formação acadêmica
► (MELO) Prof. Mestre do Departamento de Pediatria.
► (PINTO) Prof. Mestre do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia.
► (BOTELHO) Prof. Dr. do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de
Ciências Médicas e do Curso de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente do Instituto
de Saúde Coletiva (Pneumologia Ambiental).
- Ano de publicação
Julho/Agosto. 2001
- Tipo de artigo
Pesquisa
- Tipo de estudo
Integrativa
- Resumo
Objetivo: descrever a influência do tabagismo nas diferentes fases do processo
reprodutivo, fecundação, gestação e lactação, destacando os mecanismos de ação
dos principais componentes tóxicos do cigarro nestas fases. Sugerir medidas
profiláticas de
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controle ambiental e de como reduzir a exposição da criança à fumaça do tabaco.
Métodos: revisão bibliográfica não sistemática sobre os temas abordados,
utilizando-se da base de dados do MEDLINE. Resultados: o tabagismo atua
negativamente nas diferentes fases da reprodução, por ação direta de seus
principais componentes tóxicos, a nicotina e o monóxido de carbono. Reduz a taxa
de fertilidade, compromete a duração da gestação e o peso do concepto. Também
diminui a produção de leite da nutriz fumante e o tempo de lactação,
comprometendo o ganho de peso da prole, por mecanismos ainda não bem
compreendidos, nos quais a prolactina pode estar envolvida.
Conclusões: os efeitos do tabagismo comprometem a qualidade da função
reprodutiva em diferentes fases, por atuar principalmente sobre o desenvolvimento
do concepto, tanto na fase intra quanto na fase extra-uterino. Por ser um período de
contato mais freqüente da mulher fumante com o profissional de saúde, a gestação
e a lactação deveriam ser alvo especial de campanhas antitabágicas.
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