A prática psicanalítica com Lacan
Coordenação Alexandre Simões
Tema de hoje:
O inconsciente em Freud e em
Lacan (referência Seminário 11 – O inconsciente freudiano e o nosso,
pp. 23- 32)
Na lição inicial do Seminário 11, Lacan, recorrendo ao conceito de praxis, vai propor que
“... a praxis delimita um campo” (p. 15)
Nesta segunda lição (22/01/1964), Lacan irá delinear este ‘campo’
Para tal, ele explicita que o objeto mencionado
anteriormente...
lembremo-nos disto nestes 2 próximos slides:
Lacan e a Verdade
“... A verdade do sujeito, mesmo quando ele está em posição de mestre, não está nele mesmo, mas, como a
análise o demonstra, num objeto, velado por natureza...” (p. 13)
Quanto à concepção do que vem a ser a prática analítica, faz uma grande diferença:
a verdade do sujeito como aquilo que lhe é intrínseco
a verdade do sujeito como aquilo que se localiza em sua relação com o objeto (e, ademais: objeto que não é claro)
O objeto velado por natureza é o
objeto a.
E Lacan nos adverte: ele tem diversas
formas (cf. p. 24)
A menção inicial a este objeto é que possibilitará a Lacan falar não em um campo genérico, em se tratando da
Psicanálise como praxis, mas em algo bem específico:
o campo freudiano
Lacan argumenta que os analistas deixaram de valorizar aquilo que estava no âmago da
experiência freudiana: a fala
“... foi preciso todo o meu esforço para revalorizar aos olhos deles [dos analistas] esse instrumento, a fala - para lhe devolver sua dignidade, e fazer com que ela não seja sempre, para eles, essas
palavras desvalorizadas de antemão que os forçavam a fixar os olhos em outra parte, para lhes encontrar um fiador.” (p. 24)
A fala, deve ser revalorizada no campo analítico sob um fundo:
“o inconsciente é estruturado como uma linguagem” (p. 25)
Este é o nível da estrutura:
“O importante, para nós, é que vemos aqui o nível em que - antes de qualquer formação do sujeito, de um sujeito que pensa, que se situa aí - isso conta, é contado, e no contado já está o contador. Só depois é que o sujeito tem que se reconhecer ali, reconhecer-se ali como contador.” (p. 26)
Localizar o sujeito (e a experiência analítica) não exatamente a partir de uma estrutura fechada, porém, a
partir de uma falha
hiância “... o inconsciente freudiano, é nesse ponto
que eu tento fazer vocês visarem por aproximação que ele se situa nesse ponto
em que, entre a causa e o que ela afeta, há sempre claudicação.” (p. 27)
Quais são as consequências práticas (por exemplo, para a condução de uma análise) ao se considerar seriamente que o ponto central de nossa experiência se refere a
uma
falha?
“O inconsciente, primeiro, se manifesta para nós como algo que fica em espera na área, eu diria algo de não-nascido”
(p. 28)
buraco
hiância fenda
Em meio a esta circunstância, Lacan é preciso:
na prática analítica, o que está em operação não é o inconsciente em geral, porém, o
INCONSCIENTE FREUDIANO (Unbewusste):
“O inconsciente freudiano nada tem a ver com as formas ditas do inconsciente que o precederam, mesmo as que o acompanhavam, mesmo as
que o cercam ainda. (...) O inconsciente de Freud não é de modo algum o inconsciente romântico da criação imaginante. Não é o lugar das divindades
da noite. (...) No sonho, no ato falho, no chiste - o que é que chama a atenção primeiro? É o modo de tropeço pelo qual eles aparecem.” (p. 29)
buraco hiância
fenda
tropeço
dimensões esquecidas do inconsciente (cf. p. 28)
rachadura
desfalecimento
surpresa
descontinuidade
dimensões esquecidas do inconsciente (cf. p. 28)
ruptura
traço de abertura
“Vocês concordarão comigo em que o um que é introduzido pela experiência do inconsciente é o um da fenda, do traço, da ruptura” (p.30)
E isto repercute diretamente sobre a escuta do analista, o manejo da transferência, a direção do tratamento.
O Um da fenda, do não-todo ( -> Unbewusste)
Prosseguiremos com
O sujeito do inconsciente (referência Seminário 11 – Do sujeito da certeza, pp. 33- 44)
Até lá!
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ALEXANDRE
SIMÕES
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