UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS REDES SOCIAIS
Por: Raquel Elena Monteiro dos Santos
Orientador(a): Mariana de Castro Moreira
Brasília - DF
2013
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS REDES SOCIAIS
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Educação Ambiental.
Por: Raquel Elena Monteiro dos Santos
AGRADECIMENTOS
Ao tutor Leonardo Silva da Costa e à
minha família.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos aqueles que
acreditam que os primeiros passos para a
transformação estão na educação.
RESUMO
Este trabalho monográfico desenvolveu-se a partir da identificação de um problema levantado no plano de pesquisa: se as redes sociais são realmente ferramentas úteis para a práxis da educação ambiental. A partir daí buscou-se pesquisar como ocorre a práxis da Educação Ambiental nas redes sociais Facebook e Twitter; refletir as possibilidades da Educação Ambiental com auxílio da tecnologia; analisar a dinâmica do conhecimento no meio virtual, e verificar as redes sociais como ferramenta eficaz na Educação Ambiental. A fim de encontrar possibilidades de resolução do problema, fez-se necessária uma pesquisa bibliográfica e webgráfica em torno de três temas pertinentes ao assunto: Web 2.0, redes sociais e educação ambiental; além de observar como esses temas interagem no Facebook e Twitter ao mesmo tempo. Analisando todos esses veículos de aquisição de conhecimento, acredita-se que as redes sociais podem sim ser uma ferramenta aliada para o fomento da educação ambiental e sua prática. Palavras-chave: Web 2.0; Redes Sociais; Educação Ambiental.
METODOLOGIA
Para embasar o presente trabalho foram realizadas: revisão bibliográfica
e webgráfica com autores renomados como Genebaldo Freire Dias e Pierre
Lévy, entre outros; avaliação de publicações ambientais nas redes sociais
Facebook/Twitter; acompanhamento de publicações em grupos de discussão
via internet (e-mail) e no Facebook e no Twitter; participação síncrona nos
grupos e páginas que tratam das questões e educação ambientais.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................ 8
CAPÍTULO I – Web 2.0 ............................................................................. 10
CAPÍTULO II – Redes Sociais .................................................................. 19
CAPÍTULO III – Educação Ambiental........................................................ 28
CONCLUSÃO..................................................... ......................................35
BIBLIOGRAFIA ............................................... .......................................... 38
WEBGRAFIA............................................ .................................................39
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INTRODUÇÃO
Na construção de um novo desenvolvimento é fundamental a formação de
recursos humanos, universalizando a educação básica e conscientizando a
população a respeito dos problemas ambientais. Mesmo convivendo com
tamanho desequilíbrio ecológico, boa parte da população não interliga seus
problemas do dia a dia à degradação do meio ambiente e nem mesmo se veem
como multiplicadores desse processo.
Há uma necessidade crescente de se promover a conscientização para
se conservar o meio ambiente, a qual poderá ser adquirida por meio da
educação ambiental (EA). Esta prepara os seres humanos para lidar com a
natureza e obter qualidade de vida. A educação ambiental deve ser vista como
uma questão inerente ao exercício da cidadania, portanto, como educação
política e principalmente social.
Não tem sentido opor meio ambiente e desenvolvimento, pois a qualidade
do primeiro é o resultado da dinâmica do segundo. Os problemas de
preservação do meio ambiente são os problemas do desenvolvimento desigual
para as sociedades humanas e nocivo para os sistemas naturais. Nenhuma
decisão econômica pode ser feita sem afetar o meio ambiente e nenhuma
alteração ambiental pode ocorrer sem provocar impactos econômicos, por
menores que eles sejam.
A interação entre as pessoas e as organizações de conhecimento comuns
tornam as questões ambientais foco de discussões e, assim, permite em um
curto espaço de tempo definir/sugerir resoluções para os problemas/dúvidas.
Para que isso seja possível o uso da internet – da Web 2.0 – é um recurso
tecnológico muito útil, colaborando para a divulgação da educação ambiental e
suas práticas, até mesmo, capaz de uma maior mobilização e engajamento,
pois não é necessário se locomover para sensibilizar e agir, com apenas
alguns cliques já é possível (ou deveria ser possível) conquistar e envolver um
grande número de “defensores” de uma mesma causa.
Desse ponto de vista, as redes sociais são lugares de informações
rápidas capazes de abrir caminho para as práticas de EA, tendo um alcance
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inimaginável. A fim de saber se as redes sociais realmente são ferramentas
úteis para a práxis de educação ambiental, foi necessário pesquisar como isso
ocorre no Facebook e Twitter; refletir as possibilidades da EA com auxílio da
tecnologia; analisar a dinâmica do conhecimento no meio virtual; e, verificar as
referidas redes sociais como ferramenta eficaz na educação ambiental. Para
Lévy (2011) “[...] o ciberespaço também pode ser colocado a serviço do
desenvolvimento individual ou regional, usando a participação em processos
emancipatórios e abertos de inteligência coletiva” (p. 227).
Corroborando esse pensamento Silva apud Carvalho (2012) “o
monitoramento nada mais é do que aplicar metodologias diversas para
acompanhar e compreender o que falam de determinada marca, seja no
ambiente off-line, seja no mundo virtual” (p. 14).
Ou seja, a formação do capital humano também é possível no universo
virtual, no ciberespaço, local esse que reúne diferentes faces de um mesmo
objeto/meta onde sua diferença é justamente a velocidade com que se alcança
um objetivo e qual profunda pode se tornar as relações entre pessoas que
nunca se viram, mas que têm o mesmo foco.
Para melhor entendimento da relação entre EA e as redes sociais a
presente monografia estará disposta nos seguintes capítulos: Web 2.0; Redes
Sociais; Educação Ambiental.
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CAPÍTULO I
Web 2.0
A Web 2.0 é a evolução dos meios de comunicação e tecnologia
(chamadas de Novas Tecnologias de Informação e Comunicação – NTIC’s)
que auxiliam na interação entre as pessoas e empresas em todo o mundo.
Nesse ambiente virtual há várias ferramentas que completam o processo de
aquisição de conhecimento pessoal, profissional e/ou educacional. Entre essas
ferramentas encontramos: diários virtuais (blogs); Youtube; páginas e/ou
diários de fotos; mapas conceituais e, nosso objeto de estudo, as redes sociais
Twitter e Facebook.
Portanto, a Web 2.0 tem como objetivo ser uma plataforma aberta de
multimídias focada na participação do usuário, fortalecendo a inteligência
coletiva.
[...] Atualmente temos criado espaços de convivência virtualizados – ciberespaços. Estes sugerem a necessidade de nos abrirmos às leituras pluri/multifocalizadas. Mais do que nunca somos criadores e criaturas de apelos multimidiáticos e de formulações poliparadigmáticas. Novas territorialidades, que encerram diferentes e inéditas geografias, se desenham e se abrem constantemente sob nossos olhares perplexos. Vivemos uma temporalidade vertiginosa. (CASCINO, 2000, p. 75).
A inserção no cotidiano de máquinas que desenvolveram sobremaneira
os sistemas de comunicação (computadores, telefones, rádios e televisores),
ao lado de meios de transporte velozes, possibilitou uma radical transformação
da representação de território, que até então o ser humano experimentara.
(Idem, 2000), ou seja,
O que a gente conhece como sendo a Internet hoje é parte a infraestrutura tecnológica que a faz funcionar e parte o conjunto de ideias que vem sendo associadas a ela ao longo dos anos. (BRAMBILLA & SPYER, 2011, p. 18).
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Observa-se que o espaço social não é mais somente (re)construído no
meio físico, mas também no chamado ciberespaço, cujo alcance é mundial e
em várias esferas. Conforme Lévy (2011) [...] “se trata de uma interação no
centro de uma situação, de um universo de informações, onde um contribui
explorando de forma própria, modificando ou estabilizando” (p. 231).
Cooperar é atuar junto, de forma coordenada, no trabalho ou nas relações sociais para atingir metas comuns. As pessoas cooperam pelo prazer de repartir atividades ou para obter benefícios mútuos. (CAMPOS et al. apud
ARGYLE, 2003).
As informações chegam a todo instante, nos bombardeando e nos
colocando em uma situação bastante difícil, pois é preciso filtrar todas essas
informações e checá-las para evitarem-se equívocos, o que nem sempre é
possível. A construção coletiva é que fortalece/encoraja as pessoas a dar suas
opiniões, a ter uma fonte baseada em fatos, a ir além do que lhe é proposto.
Então,
A internet, antes vista como apenas mais um meio de comunicação, hoje possui papel fundamental na vida das pessoas, seja para se comunicar, buscar informação, criticar, reclamar ou até mesmo realizar compras. (OLIVEIRA, s.d.)
Assim, caracteriza-se a inteligência coletiva como sendo a capacidade de
construção colaborativa que um grupo de pessoas/usuários tem para modificar
seu futuro e cumprir junto metas em um contexto de alta complexidade (LÉVY,
2011). Para que essa colaboração aconteça é necessário o uso de várias
ferramentas tecnológicas que favoreçam a utilização do tempo e do espaço
abertos para que pessoas interajam com outras pessoas dando-lhes
empoderamento.
Un colaboratorio es la más fiel representación de la tecnología social en la cual el conocimiento humano potencia sus capacidades hasta multiplicarse de manera
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ilimitada al expandirse a través de las tecnologías digitales de interacción. El mejor ejemplo de un colaboratorio es un repositorio (ver repositorio en Wikipedia25). (ROMANÍ & KUKLINSKI, 2007, p. 52).
De acordo com Romaní & Kuklinski (2007) aplicam-se os quatros pilares
da Web 2.0: Social Networking (redes sociais) – ferramentas que auxiliam na
criação de comunidades e níveis de intercâmbio social. Ex.: Facebook, Twitter;
MySpace. Conteúdos (gerados pelos usuários) – promovem a leitura e a escrita
online, sua distribuição e troca. Ex.: Youtube, blogs, Wikipédia. Organização
Social e Inteligente da Informação – auxilia no armazenamento de informações
e de outros recursos disponíveis na internet. Ex.: Buscadores, Feeds de
Notícias (RSS, Atom), Marcadores Sociais de Favoritos, entre outros.
Aplicações e Serviços de Mashup – recursos criados para fornecer serviços de
valor acrescentado para o usuário final. Ex.: serviços que funcionam ao mesmo
tempo, Google Maps em um site imobiliário.
A relevância é a principal razão para que as pessoas utilizem as Tecnologias de Informação (TI) nas suas atividades de informação. Na Web coexistem dois complexos sistemas informativos interagindo, um construído através dos sistemas computacionais e o outro que movimenta todo o aparato tecnológico: a sociedade (o ser humano interagindo). (BRAMBILLA & LIMA, 2011, p. 25).
Na era da informação para saber o básico, a fim de viver na Sociedade do
Conhecimento, vai muito além da capacidade de ler e escrever. Saber como
usar os computadores de forma produtiva é uma ferramenta de sobrevivência;
“é preciso aprender a navegar e familiarizar-se com o assunto”. (LÉVY, 2010,
p. 71).
Por muito tempo, abordar a “gestão do conhecimento" era tratar quase que exclusivamente de Tecnologia da Informação. Nos últimos anos, a demanda social por processos mais abertos, tanto com seus colaboradores quanto com as pessoas que compunham o ambiente profissional, também se refletiu na gestão do conhecimento empresarial, que precisou dar maior atenção aos ativos humanos envolvidos no processo,
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capacitando-os para estabelecerem trocas mais profundas entre si. (SILVA & FURTADO, 2012, p. 130).
Para que isso seja possível alguns componentes críticos para a
alfabetização digital do século XXI são necessários, como o uso das TIC’s
(Tecnologias da Informação e Comunicação) para acessar, gerenciar, integrar,
avaliar e criar informação, ou seja,
Cabe pensar na Internet como uma grande e ainda pouco explorada mata atlântica digital, com dimensões expansíveis. A Web é o território, as mídias sociais seriam as vilas e comunidades povoando essa nova terra. (BRAMBILLA & VALADARES, 2011, p. 62).
Para Lévy (2010) o desenvolvimento do ciberespaço ocorreu por ser
embasado, participativo, descentralizado e espontâneo e por causa da ajuda
dos poderes econômico, científico e político; na verdade, foi justamente esse
empoderamento que deu à internet a sua grandeza atual. O autor ainda
pontua:
Acrescentemos que esse novo espaço de comunicação é suficientemente vasto e tolerante para que projetos que pareçam ser mutuamente exclusivos sejam executados simultaneamente ou mostrem-se também
complementares. (Idem, 2010, p. 216).
Corroborando a ideia quanto ao uso do ambiente virtual, Romaní &
Kuklinski (2007) indicam que a interatividade é a peça-chave das origens da
internet, proporcionando os mecanismos necessários para o desenvolvimento
do conhecimento da sociedade/comunidade de maneira organizada e
horizontal. Cabe, ainda, ressaltar os três efeitos, segundo Sancho et al. (2006),
sobre as NTIC’s, são eles: “alteram a estrutura de interesses, mudam o caráter
dos símbolos, modificam a natureza da comunidade” (p. 16).
[...] a comunidade virtual é um conjunto de atores e suas relações que, através da interação social em um determinado espaço constitui laços e capital social em uma estrutura de cluster, através do tempo, associado a
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um tipo de pertencimento. Assim, a diferença entre a comunidade e o restante da estrutura da rede social não está nos atores, que são sempre os mesmos, mas sim nos elementos de conexão, nas propriedades das redes. (RECUERO, 2009, p. 144).
Em outras palavras, o ciberespaço é o meio mais rápido, e muitas vezes o
único, de comunicação e aprendizagem, capaz de transformar os processos de
relacionamento social e profissional, proporcionando outro olhar sobre um
mesmo processo;
O conhecimento é considerado um construtor social, e desta forma o processo educativo acaba sendo beneficiado pela participação social em ambientes que propiciem a interação, a colaboração e a avaliação. Espera-se que os ambientes de aprendizagem cooperativos sejam ricos em possibilidades e proporcionem o desenvolvimento do grupo. (CAMPOS et al., 2003, p. 26).
“Os elementos formadores da comunidade virtual seriam: as discussões
públicas; as pessoas que se encontram e reencontram, ou que ainda mantêm
contato através da Internet” (RECUERO, 2009, p. 137),
Assim, o computador e suas tecnologias associadas, sobretudo a internet, tornaram-se mecanismos prodigiosos que transforma o que tocam, ou quem os
toca, e são capazes, inclusive, de fazer o que é impossível para seus criadores. [...] Daí vem a fascinação exercida por essas tecnologias sobre muitos educadores, que julgam encontrar nelas a pedra filosofal que permitirá transformar a escola atual. (SANCHO et al., 2006, p. 17).
O caráter transformador das TIC’s não pode permitir que seja esse o
único elo entre a aquisição da informação e a prática de ensino-aprendizagem,
assim cria-se um grande vácuo pedagógico constituindo uma falsa realidade
dos processos educativos, portanto,
As potencialidades educativas das redes informáticas obrigam a repensar muito seriamente a dimensão individual e coletiva dos processos de ensino-
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aprendizagem. [...] não podemos esquecer que a tecnologia, em si mesma, não significa uma oferta pedagógica como tal. O que acontece é que sua validez educativa se sustenta no uso que os agentes educativos fazem dela. (SANCHO et al., 2006, p. 73).
Das diversas mudanças trazidas pelo advento da internet a mais
significativa é a possibilidade de expressão e socialização através das
ferramentas de comunicação mediada pelo computador (CMC). (RECUERO,
2009). Ainda para a autora (2009) “Redes sociais na Internet possuem
elementos característicos, que servem de base para que a rede seja percebida
e as informações a respeito dela sejam apreendidas” (p. 25). É como se fosse
uma espécie de transferência da rede social física/offline para a online, com
suas diferenças e alcance inerentes. Observa-se que
Três principais características distinguem as comunidades das redes sociais: são unidas por interesses comuns de um grupo grande de pessoas e, embora existam relações interpessoais préexistentes, isso não é necessário, pois novos membros normalmente não conhecem a maioria das pessoas de uma comunidade; qualquer pessoa pode fazer parte de muitas comunidades; elas se sobrepõem ou são contidas em outras comunidades. (BRAMBILLA & TARGA, 2012, p. 20).
Nesse ambiente virtual, percebe-se que as tecnologias disponíveis são
ferramentas que auxiliam a cooperação no sentindo em que aguça o olhar
sobre as coisas e as pessoas, modifica o modo de agir em relação a elas e,
principalmente, como se adquire e compartilha o conhecimento;
[...] a aprendizagem cooperativa amplia as capacidades sociais de interação e comunicação efetivas, promove o desenvolvimento do pensamento crítico, amplia a auto-estima e a integração no grupo e fortalece o sentimento de solidariedade e respeito mútuo, com base nos resultados do trabalho em grupo. (CAMPOS et al., 2003,
p. 47).
Na internet o conteúdo é fragmentado e a partir daí criam-se laços
permitindo ao usuário/ator escolher exatamente o que quer ler e aonde quer
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chegar a suas pesquisas (BRAMBILLA et al., 2012). É também na internet que os
códigos vão se transformando o tempo todo e com isso, exigindo maior
interatividade entre as diferentes culturas ali presentes. “Por isso, a
intensificação de relações pelas mídias digitais são sinais de uma
reestruturação das identidades perante a globalização e a interculturalidade”
(BRAMBILLA & GONZATTO, 2012, p. 244).
Aprender cooperativamente implica a troca entre pares, a interação entre iguais e o intercâmbio de papéis, de forma que diferentes membros de um grupo ou comunidade podem assumir diferentes papéis (aprendiz, professor, pesquisador de informação, facilitador) em momentos diferentes, dependendo da necessidade. (CAMPOS et al. apud KAYE, 2003, p. 27).
Para Silva & Furtado (2012) “Gerir conhecimento é, assim, integrante de
uma realidade complexa em que mobilizar e compreender expectativas é
essencial para vincular e engajar os sujeitos para as trocas” (p. 131);
A internet é feita de conteúdo. E de pessoas. Pessoas que consomem, compartilham e produzem uma infinidade desse conteúdo. Imagem, texto, vídeo, som, histórias, frases, conversas, fotos, tweets, posts, praticamente tudo que encontramos online é conteúdo. [...] No final, a grande questão é criar envolvimento entre o seu público e o seu conteúdo, o monitoramento e o seu planejamento é apenas uma forma de chegar lá. (SILVA & MUNIZ, 2012, p. 121 e 123).
Para Tomaél et al. (2005) “o maior desafio da Era da Informação: criar
uma organização capaz de compartilhar o conhecimento” (p. 94). Por outro
lado “O contexto em que estamos inseridos desencadeia uma série de
mudanças na rotina dos indivíduos, e uma delas evidencia as redes como
ponto de convergência da informação e do conhecimento”. (Idem, 2005, p. 95).
Nas redes sociais, cada indivíduo tem sua função e identidade cultural. Sua relação com outros indivíduos vai formando um todo coeso que representa a rede. De acordo com a temática da organização da rede, é
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possível a formação de configurações diferenciadas e mutantes. (Idem, 2005, p. 93).
A autora afirma que “a informação está no domínio pessoal do receptor,
isto é, é ele quem define se a mensagem recebida acrescenta algum valor ao
estado anterior, estabelecendo sentido e modificando atitudes” (p. 96). E que
“se a informação é percebida e aceita como tal, colocando o indivíduo em um
estágio melhor, consciente consigo mesmo e dentro do mundo onde se realiza
a sua odisséia individual”, então essa relação de fato se realizou. (TOMAÉL et
al. Apud BARRETO, 2005, p. 96).
Reconhecendo-se como certo que a informação e o conhecimento são inerentes às redes sociais, sua importância social e econômica é conseqüência do efeito que causam nas pessoas e nas organizações. Nesse âmbito, constatamos a necessidade de compartilhá-los para que possam trazer mudanças no contexto em que estão inseridos. (TOMAÉL et al., 2005, p. 97).
Infere-se, de acordo com Silva & Tori apud Hine (2012) que “Os modelos
de cultura e de artefato cultural são utilizados para fornecerem uma estrutura
para pensar sobre dois aspectos do ciberespaço que podem ser observados
como campos para um etnógrafo” (p. 136) e que “A etnografia virtual deve ser
compreendida em seu caráter qualitativo em que a análise da internet pode ser
observada sob duas óticas em seus efeitos: como cultura e como artefato
cultural” (p. 136).
E é nesse enfoque que as redes são mais valorizadas; ao mesmo tempo que contribuem para o aprimoramento dos ativos organizacionais, possibilitam que as organizações, distinguindo as características das redes e valendo-se delas, tornem o compartilhamento mais profícuo. (p. 94).
Para Lévy (2011) “A importância e a realidade de um conhecimento já não
se medem pela altura de sua origem, mas por seu grau de acuidade, de
encarnação e de prática por indivíduos vivo” (p. 02). Portanto, “O mundo virtual,
por sua vez, ilumina os indivíduos e as equipes que contribuíram para seu
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surgimento, enriquecendo-os com sua diversidade e abrindo-lhes novas
possibilidades”. (LÉVY, 2011, p. 92).
O intelectual coletivo é uma espécie de sociedade anônima para cada acionista traz como capital seus conhecimentos, suas navegações, sua capacidade de aprender e de ensinar. O coletivo inteligente não submete nem limita as inteligências individuais; pelo contrário, exalta-as [...[. Ela faz florescer uma forma de inteligência qualitativamente diferente, que vem se acrescentar às inteligências pessoais, uma espécie de cérebro coletivo ou hipercórtex. (Idem, 2011, p. 96).
A maior contribuição das TIC’s é a possibilidade de mediação quando
aplicada nos processos de ensino-aprendizagem (SANCHO et al., 2006, p. 74).
Assim como “a internet [...] propiciam mudanças sobre muitas concepções
preexistentes a respeito da maneira de nos comunicarmos e, portanto, de
conhecermos e entendermos o mundo” (Idem, 2006, p. 80).
As TIC permitem a interação, a construção do conhecimento, a colaboração e a atividade social. [...] Um dos aspectos mais interessantes das TIC é sua natureza acultural, pois não estão enraizadas em nenhuma cultura, mas podem ajudar a transmissão da cultura de maneira significativa. (SANCHO et al. apud GUILLERAN, 2003, p.
106).
É justamente essa abrangência que torna as ferramentas da web 2.0
extremamente úteis, independentemente do seu objetivo; é o que se pretende
discutir no próximo capitulo: As Redes Sociais.
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CAPÍTULO II
Redes Sociais
As redes sociais são vistas pelas pessoas/usuários como um espaço
onde podem se comunicar com amigos, criar novas relações, um lugar livre. E,
também, são ferramentas da Gestão do Conhecimento fomentando a inovação
e reutilização de conhecimento explícito, ou seja, são lugares de interação do
capital social. (SILVA et al., 2010).
Essas interações são, de certo modo, fadadas a permanecer no ciberespaço, permitindo ao pesquisador a percepção das trocas sociais mesmo distante, no tempo e no espaço, de onde foram realizadas. (RECUERO, 2009, p. 30).
“Uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos: atores
(pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas conexões (interações
ou laços sociais)” (Idem, apud WASSERMAN & FAUST; DEGENNE & FORSE,
2009, p. 24). “A abordagem de rede tem, assim, seu foco na estrutura social,
onde não é possível isolar os atores sociais e nem suas conexões”
(RECUERO, 2009, p. 24).
Entretanto, é preciso compreender que estudar redes sociais na Internet é estudar uma possível rede social que exista na vida concreta de um indivíduo, que apenas utiliza a comunicação mediada por computador para manter ou criar novos laços. Não se pode reduzir a interação unicamente ao ciberespaço, ou ao meio de interação. A comunicação mediada por computador corresponde a uma forma prática e muito utilizada para estabelecer laços sociais, mas isso não quer dizer necessariamente que tais laços sejam unicamente mantidos no ciberespaço. (Idem, 2009, p. 143).
Assim, surgiram várias redes sociais que foram se modificando e se
transformando como, por exemplo, o Facebook. Este é um serviço de rede
social que foi lançada em 2004, onde o usuário cria um perfil pessoal e/ou
empresarial e a partir dele pode adicionar outros usuários como amigos, trocar
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mensagens públicas e/ou privadas, compartilhar publicações, criar páginas de
fãs (fanpages) e grupos temáticos e, até mesmo, criar uma loja virtual;
incluindo notificações automáticas quando atualizar o seu perfil. Atualmente
tem mais de 900 milhões de usuários, tornando-se uma das redes sociais mais
ativas no mundo virtual.
O Facebook tem crescido a medida que a rede social evolui como uma espécie de habitat completo, onde os aplicativos, jogos e recursos tem proporcionado aos usuários um leque cada vez maior de atividades possíveis dentro da rede social. (OLIVEIRA, s.d.).
É uma ferramenta bem completa, pois permite ao usuário conectar-se a
outras redes sociais, entre elas o Twitter, participar de grupos de discussões e
seguir, curtir páginas e conteúdos. O ponto forte dessa rede social é o
compartilhamento, seja ele qual for. Seu alcance é bem amplo, aproximando
pessoas com interesses comuns em todo o planeta, capaz de transformá-lo no
caminho mais rápido para impulsionar uma ideia, ou seja,
o indivíduo para se informar, não depende mais apenas da ótica dos tradicionais veículos, mas da ótica dos usuários da rede, ou melhor, do cruzamento das
informações que são postadas por eles. (BRAMBILLA & REIS, 2012, p. 210).
Já o Twitter é um serviço de microblogging que suporta textos de até 140
caracteres, permitindo aos usuários enviar e receber atualizações, seguir e
serem seguidos por outros usuários/contatos. Foi criado em 2006, e tem sido
usado para diversos fins: pessoais, educacionais, jornalísticos, pois permite
interatividade em tempo real com outros usuários. Uma característica bem
interessante dessa rede social é o uso da hashtag (#) – Trending Topics (TT’s)
- marcação utilizada para definir uma lista dos assuntos mais falados em tempo
real,
[...] percebe‐se que a indexação de idéias ao redor das tags permite que a reunião de tweets isolados possibilite a construção de movimentos onde os indivíduos atuam
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coletivamente, bem como traz a possibilidade da criação de novos laços sociais formados ao redor de temas específicos e permite a construção de comunidades
baseadas no interesse da coletividade. (BRAMBILLA &
REIS, 2012, p. 208).
E claro, o fato de se conectar com outras redes sociais, entre elas o
Facebook, e aumentar o compartilhamento das publicações e, assim,
sincronizando uma rede a outra por apenas uma delas. É um alcance muito
grande de informações que podem ser trocadas por todo e qualquer tipo de
usuário da ferramenta.
Após o grande “Boom” das redes sociais em 2010/2011 entramos no ano de 2012 com um novo cenário onde as redes sociais deixaram de ser vistas como algo passageiro, para desempenhar um papel fundamental como ferramenta de comunicação em tempo real. Empresas, usuários, profissionais ou não eles estão na internet e acessando as redes sociais. (OLIVEIRA, s.d.).
“Um dos elementos mais relevantes para o estudo da apropriação dos
sites de redes sociais é a verificação dos valores construídos nesses
ambientes” (RECUERO, 2009, p. 107). Percebe-se que a aprendizagem se dá,
também, pela interação e participação online, em tempo real, mesmo porque as
pessoas tendem buscar conhecimento na internet de maneira informal e não
formal, procurando por grupos de ideias afins. “O que é diferencial nos sites de
redes sociais é que eles são capazes de construir e facilitar a emergência de
tipos de capital social que não são facilmente acessíveis aos atores sociais no
espaço offline” (Idem, 2009, p. 107), em outras palavras,
A mídia social conectada é um formato de comunicação mediada por computador (CMC) que permite a criação, o compartilhamento, comentário, avaliação, classificação, recomendação e disseminação de conteúdos digitais de relevância social de forma descentralizada, colaborativa e autônoma tecnologicamente. Possui como principal característica a participação ativa (síncrona e/ou assíncrona) da comunidade de usuários na integração de informações (LIMA JR apud BRAMBILLA, 2011, p. 26).
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Em uma adaptação quase livre dos quatro pilares da
educação/aprendizagem pode-se indicar o Aprender fazendo – uso das
ferramentas que permitem a leitura e escrita na Web 2.0. Aprender pela
interação – troca de ideias com outras pessoas/usuários. Aprender pela
pesquisa – processo de investigação, seleção e adaptação do assunto
pesquisado, favorecendo a leitura e a escrita, bem como a síntese. Aprender
pelo compartilhamento – processo de troca de conhecimentos e experiências
fortalecendo a aprendizagem colaborativa. (ROMANÍ & KUKLINSKI, 2007),
assim,
A interação constante ocasiona mudanças estruturais e, em relação às interações em que a troca é a informação, a mudança estrutural que pode ser percebida é a do conhecimento, quanto mais informação trocamos com o ambiente que nos cerca, com os atores da nossa rede, maior será nossa bagagem de conhecimento, maior será nosso estoque de informação, e é nesse poliedro de significados que inserimos as redes sociais. (TOMAÉL et al., 2005, p. 95).
Alguns itens devem ser observados e “perseguidos” para se conseguir o
tão sonhado envolvimento no ciberespaço: geração de conteúdo, saber o que
as pessoas procuram/desejam e claro, agregar valor àquilo com que se quer
trabalhar. A experiência virtual só é construída quando há engajamento na
criação da interatividade, portanto,
É um momento de hiperconexão em rede, onde estamos não apenas conectados, mas onde transcrevemos nossos grupos sociais e, através do suporte, geramos novas formas de circulação, filtragem e difusão dessas informações. (BRAMBILLA & RECUERO, 2011, p. 14).
Recuero (2009) infere que o capital social apropria-se das ferramentas
disponíveis na internet para formar seu tipo de construção aquele mais voltado
ao indivíduo e aos atores sociais. “Estudos já apontam que as mídias sociais,
ao contrário de uma visão comum, estão expondo mais pessoas a questões
humanitárias e sociais” (BRAMBILLA & BARRETO, 2011, p. 163). E porque não
ambiental?!
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O desafio diante do cenário em que todo mundo está à distância, comunicado-se em momentos diferentes, em mídias diferentes, situações diferentes; sobre o mesmo assunto, é, justamente, canalizar tudo isso ao processo de aprendizagem, nessa imensa sala de aula virtual. (AYRES & COSTA, 2012, p. 84).
Para Lévy (2011) a inteligência coletiva se refaz a todo instante auxiliada
pelo virtual, espaço este que a exprime. O maior desafio nesse panorama de
ensino-aprendizagem nas redes sociais está em saber filtrar as informações
mais importantes, em utilizá-las de maneira dinâmica e colaborativa para, aí
sim, abrir espaço para a práxis educativa. Em foco, o fortalecimento da
educação ambiental. Em outras palavras,
Conhecer as redes é saber interpretar os modos de interação, que podem variar de acordo com a rede, e estar preparado para a mudança do padrão de relacionamento com as pessoas e entre elas. (BRAMBILLA & CARVALHO, 2011, p. 113).
Entender o mecanismo por trás da movimentação criação e uso das redes
sociais é o grande “pulo do gato”, principalmente em se tratando da prática
educacional, seja ela, formal, informal e não formal. O fato é que estamos
aprendendo a todo instante e com esse aprendizado passamos a ter uma
necessidade urgente de compartilhar o que sabemos, para que ocorra uma
troca, com outras pessoas, do mesmo sentimento, do mesmo conhecimento.
Embora os dados coletados na internet devam, para uma análise mais completa, ser cruzados com aqueles oriundos de outras fontes, as informações aqui obtidas trazem algumas facilidades, a saber: a visibilidade do meio, já que boa parte dos perfis em redes sociais online são públicos; a permanência da informação e seus emissores, em alusão à memória da internet; e a espontaneidade existente hoje, uma vez que aqui os usuários ainda se expressam com naturalidade. (AYRES & CERQUEIRA, 2010 p. 35).
24
Pode-se inferir que é um tipo de autoafirmação, autoavaliação, um
termômetro que mede a evolução do conteúdo que desenvolvemos e
compartilhamos e, também, que adquirimos simplesmente usando a internet e
suas ferramentas, as redes sociais mais precisamente.
Comunidades Virtuais, Sociedade em Rede, Tribos Urbanas – o surgimento e a popularização dessas e outras expressões atestam para o reconhecimento das rápidas e profundas alterações nas formas como nos relacionamos uns com os outros que estão em curso. (FRAGOSO apud RECUERO, 2009, p. 11).
Pesquisas vêm demonstrando o grande crescimento das redes sociais e
assim seu uso seja intensificado. Ainda que haja mais crescimento e abertura
para o envolvimento e para a mobilização social, não é garantia de que
também aumente a participação dos usuários/atores.
Cabe ressaltar, neste momento, duas características muito interessantes
sobre a representação das redes sociais:
As redes sociais do tipo emergente são aquelas expressas a partir das interações entre os atores sociais. São redes cujas conexões entre os nós emergem através das trocas sociais realizadas pela interação social e pela conversação através da mediação do computador. [...] dependem do tempo disponível para a interação entre os atores sociais no computador, bem como de seu comprometimento e investimento em criar e manter um perfil. [...] Nas redes de filiação, há apenas um conjunto de atores, mas são redes de dois modos porque é estudado um conjunto de eventos aos quais um determinado ator pertence. Chama-se rede de dois modos porque são medidas duas variáveis: além dos atores-indivíduos são observados os eventos. [...] assim, constituídas de dois tipos de nós: os atores e os grupos. Esses nós se relacionariam por conexões de pertencimento. (RECUERO, 2009, p.96).
Observando o funcionamento das redes sociais por essa perspectiva, fica
claro que essas características são essenciais para determinar como e quando
as relações ocorrem, assim como a qualidade delas. Talvez, tais características
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sejam indicadores da permanência/participação dos atores naquela
ferramenta/serviço.
A autora afirma quanto às redes associativas que “Além disso, essas
redes mostram uma rede que não é alterada pelo acréscimo ou descréscimo
das interações e valores trocados, mas que pode agregar valor à rede social e
gerar capital social”. (RECUERO, 2009, p. 98).
Para exemplificar o conceito de redes emergentes podemos usar o Twitter
quando se troca uma mensagem aberta ou direta com algum dos contatos; é
uma relação recíproca, pontual. Quanto às redes de filiação, podemos tomar
como exemplo a lista de contatos do Facebook, não há necessariamente uma
relação direta com todos na lista, pois eles se aproximaram por causa de
outros atores. “Não é preciso interagir com o ator para manter a conexão. O
próprio sistema mantém as conexões da rede” (Idem, 2009, p. 99).
Enquanto as redes de filiação são bastante estáveis e mudam mais raramente (e quanto mais difícil for deletar uma conexão, mais a rede ficará estável), tendem a crescer e agregar mais nós; as redes emergentes são bastante mutantes e tendem a apresentar dinâmicas de agregação e ruptura com frequência. Mas é preciso que se tenha claro que um mesmo objeto pode conter tanto redes de filiação quanto redes emergentes. (Idem, 2009, p. 100).
Como mensurar todo esse processo? Buscando mecanismos de
monitoramento de redes sociais, associadas entre pessoas e softwares que
juntos são capazes de dar respostas precisas e pontuais, conseguindo
alcançar mais rapidamente objetivos propostos.
A importância em pesquisar, armazenar, organizar, preservar e compartilhar informação é cada vez maior. As tecnologias que permitem a realização destas tarefas mudam constantemente, mas a preocupação com a relevância, definida como o valor dado às respostas recebidas por um usuário a partir de um sistema de recuperação de informação, é permanente. Até porque, cada vez mais, a relevância da informação é dada não apenas por indivíduos, mas também por sistemas – como
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os resultados de uma busca no Google, a timeline do Facebook [...] (SILVA & ROSA, 2012 ,p. 39).
O autor explica que tais valores advêm da relação contextualizada de
“objetos tangíveis (documentos, máquinas e processos) com intangíveis
(ideias, conceitos e informações)” (p. 39). A partir daí “os objetos ganham
propriedades, explícitas ou implícitas, caracterizadas por inferências” (p. 39).
[...] Percebeu que a relevância de uma informação pode se manifestar a partir da conexão com o assunto, da conexão afetiva ou por sua utilidade. Dessa forma, é possível elencar algumas pistas, tais como qualidade, clareza e profundidade do tópico, organização do objeto, autoridade e precisão das informações, adequação a um problema, conforto mental (algo engraçado, descontraído). Outro dado: informações visuais provocam inferências mais rápidas em relação a textos. [...] Esses fatores podem variar de acordo com características individuais – mesmo em grupos que compartilham os mesmos interesses e linguagem, pode haver backgrounds distintos entre as pessoas. (Idem, 2012, p. 39 e 40).
Silva (2012) afirma, ainda, que:
As mídias sociais estão moldadas, antes de qualquer coisa, por dois fatores. O primeiro é a o caráter digital dos fluxos de dados e informações. O segundo é o estabelecimento e construção de redes sociais online. Quanto ao primeiro, concordamos com Scolari18 ao dizer que o principal traço do que se chama de “novas mídias” é a digitalização. Esta configura transformações na produção, circulação, consumo e no próprio conteúdo informacional. [...] Qualquer rastro digital é armazenado pelos sistemas online de um modo ou de outro e é utilizado por diferentes organizações como fonte de conteúdo e métricas de compreensão de comportamento, segmentação de publicidade e outras aplicações. (SILVA, 2012, p. 42 e 43).
Concordando com Idem (2012) quando conclui sua pesquisa/pensamento
“os dados digitais são reflexos e rastros de comportamentos, ações e
acontecimentos físicos e simbólicos reais. Há muito que não faz sentido a
divisão entre real e virtual” (p. 45).
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Outro fator importante e até mesmo determinante quando se trada de
monitoramento das redes sociais é que tipo de ferramenta/software será
utilizado para que os dados coletados se transformem em informações.
Em outras palavras, a rede é constituída por pessoas gerando mensagens espontâneas que tornam atrativa a coleta, classificação, categorização, análise e, posteriormente, a transformação desses dados em informação estratégica no mundo dos negócios. [...] Assim, seria possível identificar de onde saem as principais linhas argumentativas de citações. (SILVA & DOURADO, 2012, p. 46 e 51).
Finalizando as ideias sobre monitoramento, que são realmente muito
importantes nas redes sociais, principalmente quando se está tentando
entender como a troca de informações é feita, um foco interessante para se
trabalhar é o perfil do ator/usuário. Avaliando seu comportamento, é possível
saber quão influenciável aquele usuário/ator pode ser.
[...] O monitoramento de mídias sociais é importantíssimo dadas as informações que pode encontrar, evitando crises e permitindo ações de oportunidade. [...] Usando-se de um conjunto de serviços online, é possível avaliar usuários em mídias sociais e classificá-los de acordo com os assuntos mais citados pelos mesmos, seu grau de influência na web e muito mais. (SILVA & LUPATINI, 2012, p. 108).
Nesse contexto, não há maneira melhor de se trabalhar a educação
ambiental que não seja nas redes sociais. Vimos que a partir delas as pessoas
se encorajam, exprimem suas opiniões, pois não estão sendo vistas olho a
olho, e tem um alcance e profundidade muito grandes, nos permitindo ousar e
inovar para que os objetivos da EA sejam alcançados, afinal a educação
ambiental está na formação humana é parte indissociável dessa natureza que
não é somente os animais e a vegetação. A EA é muito mais abrangente e
complexa que isso, é o que se pretende mostrar no próximo e último capítulo.
28
CAPÍTULO III
Educação Ambiental
A educação ambiental (EA) é a prática por meio da qual se procura criar
uma consciência crítica a respeito da ação do ser humano sobre o meio
ambiente e suas dimensões a fim de preservá-lo e conservá-lo sem que se
esgotem seus recursos naturais. É formadora de hábitos, atitudes e
comportamentos em benefício da preservação ambiental criando uma nova
consciência universal, além de contribuir para a formação de um pensamento
crítico.
Para o desenvolvimento da Educação Ambiental, foi recomendado que se considerassem todos os aspectos que compõem a questão ambiental, ou seja, os aspectos políticos, sociais, econômicos, científicos, tecnológicos, culturais, ecológicos e éticos; que a Educação Ambiental deveria ser o resultado de uma reorientação e articulação de diversas disciplinas e experiências educativas, que facilitassem a visão integrada do ambiente. (DIAS, 2000a, p. 82).
A EA propõe a interação do ser humano com o meio ambiente, a
consciência dos cidadãos para uma boa qualidade de vida e, principalmente,
holística. Assim, integra-se conhecimento, aptidão, valores, atitudes e ação.
Verifica-se, ainda, grande dificuldade na aplicação da educação ambiental, pois
é caracterizada como interdisciplinar e muitos não sabem como iniciá-la.
A interdisciplinaridade oferece um caminho para superar uma fragmentação do saber que a especialização parece tornar inevitável, permitindo-nos realizar uma integração, como tomada de consciência da complexidade das realidades que nos cercam. (SANCHO et al., 2006, p.
72).
Concordando com Dias (2000b) a EA tem como princípio utilizar os
diversos meios educativos para se comunicar e adquirir conhecimentos,
corroborados pelas experiências pessoais. Seus objetivos são: a
29
sensibilização, a compreensão, o comportamento, as habilidades e a
participação. A educação ambiental acontece para todos a partir de todos; é
uma educação baseada na coletividade. Portanto,
A ação interdisciplinar estabelecerá, junto das práticas docentes e do desenvolvimento do trabalho didático-pedagógico – na transmissão e reconstrução dos conteúdos disciplinares -, a relação do “ser-no-outro”, ou a experiência de transformar-se no diferente/outro, transformando, ao mesmo tempo, esse mesmo diferente/outro. (CASCINO, 2000, p. 68).
Levando-se em consideração tudo o que foi discutido até aqui em relação
ao uso das ferramentas da internet na aquisição do conhecimento e na
formação humana proposta pela EA, percebe-se que:
Estes processos de transformação estão permanentemente exigindo a construção de “metalinguagens” capazes de “navegar entre o erudito e o vivido, que possam captar o essencial e o supérfluo do fenômeno, e assim, nesse jogo ambíguo, possam transcendê-lo” (CASCINO apud FAZENDA, 2000, p. 70).
Corroborando essa ideia, é preciso desenvolver um cidadão consciente
do ambiente total, preocupado com os problemas associados a esse ambiente
e que tenha o conhecimento, as atitudes, as motivações, o envolvimento e as
habilidades para trabalhar individual e coletivamente em busca de soluções
para resolver os problemas atuais e prevenir os futuros. (CZAPSKI, 1998).
[...] A delimitação do objeto de trabalho não pode significar a redução de uma riqueza e diversidade. Isso porque o objeto de trabalho, na educação ambiental, é o ser humano, homens e mulheres; a percepção do local precisa considerar o universal no particular, resgatando história, entorno, relações, processos que sustentam e justificam a própria existência daquele local. (CASCINO, 2000, p. 71).
Para Reigota (2001) a educação ambiental deve ser capaz de transmitir
todo e qualquer tipo de conhecimento para melhorar as ações frente às
30
questões ambientais. A ação da EA deve ocorrer por meio da integração de
componentes informativos - relativos a conhecimentos das ciências naturais e
tecnológicas, e componentes formativos, como: conscientizar, desenvolver
atitudes e estimular a participação dos indivíduos e das comunidades. Portanto,
Como nenhuma outra área do conhecimento humano, as questões ambientais vieram suscitar nas sociedades, pelas consequências do metabolismo de suas atividades econômicas sobre os sistemas naturais, a discussão das “influências de vizinhança”, a avaliação suprafronteiriça das suas atitudes, decisões e procedimentos e a mudança de paradigmas – do paradigma social (uso
infinito dos recursos; ambiente associal) para o novo paradigma do desenvolvimento sustentável. (DIAS, 2000b, p. 30, grifo do autor).
Para se trabalhar a educação ambiental é necessária uma visão sistêmica
da dinâmica, planejamento, controle e avaliação permanentes. Todas essas
devem ser sempre bem articuladas no decorrer do processo e com foco na
sensibilização, na mobilização, na informação e na ação. É a partir daí que a
práxis da EA se desenvolve. Outra forma de se trabalhar a EA é por meio de
três esferas ou domínios:
Esfera cognitiva - campo do conhecimento onde a pessoa recebe as informações básicas sobre temas que serão trabalhados, na área natural e no mundo construído pelo ser humano. Esfera afetiva - simbolizada
pelo amor a mãe-natureza; através desta esfera a pessoa é sensibilizada para agir em favor do meio ambiente e de um mundo sustentável. Processo onde se começa trabalhando a autoestima de cada um. Domínio técnico - conhecimentos de formas para transformar a teoria em prática, caracterizando-se como transmissão fundamental da educação ambiental. (CZAPSKI, 1998, p. 87, grifo nosso).
Dentre vários desafios da educação ambiental, o mais significativo é sair
da ingenuidade e do conservadorismo (biológico e político) a que se vê
confinada e propor alternativas sociais, considerando a complexidade das
relações humanas e ambientais. A EA deve estimular a ética nas relações
econômicas, políticas e sociais, interligando-as. Assim,
31
A educação que visa a participação do cidadão na solução de problemas deve empregar metodologias que permitam ao aluno questionar dados e ideias sobre um tema, propor soluções e apresentá-las. (REIGOTA, 2001, p. 38).
Diante do exposto, um olhar importante sobre o avanço das tecnologias
deve ser lançado. Como foi dito no Capítulo I – A Web 2.0 – o conhecimento é
fortalecido e levado a outras esferas quando se usa os meios de comunicação
disponíveis, sejam eles para uso formal, informal ou não-formal. No âmbito
educacional/formal não poderia ser diferente, afinal, é a partir desse meio que
se formarão profissionais qualificados para dar continuidade e evoluir ainda
mais os meios tecnológicos e, no âmbito informal/não-formal é o engajamento
nas questões socioambientais que farão a diferença.
Art. 13º. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. (DIAS, apud BRASIL. Lei n. 9.795, 27 de abril de 1999, 2000a, p. 71).
Conforme Cascino (2000) a EA tem papel fundamental na consolidação
da linguagem comum que favorece a mídia, organismos internacionais e os
mais variados grupos e representações articulados sobre questões ambientais.
Portanto, a forma mais rápida de atingir a todos é pelo uso da internet e suas
ferramentas, ou seja,
[...] Assumir, atualmente, a existência de novos, diferentes e diversificados ambientes, em que ocorrem múltiplas e diferenciadas experiências humanas, reorienta nossos discursos e práticas. O ambientar-se, transformando ambientes permanentemente, é característica humana. (Idem, 2000, p. 75).
E como a educação ambiental é inserida nesse contexto? Muito simples,
usando a linguagem dos jovens e as ferramentas que eles utilizam para buscar
conhecimento, ou seja, desbravar o meio virtual: a internet, o ciberespaço.
32
“Quando as interações podem enriquecer ou modificar o modelo, o mundo
virtual torna-se um vetor de inteligência e criação coletivas”. (LÉVY, 2010, p.
78).
A grande questão da cibercultura [...] É a transição de uma educação e uma formação estritamente institucionalizadas [...] para uma situação de troca generalizada dos saberes, o ensino da sociedade por ela mesma, de reconhecimento autogerenciado, móvel e contextual das competências. (LÉVY, 2010, p. 174).
De acordo com Dias (2000b) para a prática da educação ambiental deve-
se utilizar os meios públicos e privados disponíveis, sejam eles a educação
formal, educação extraescolar e os meios de comunicação em massa. Bem
como, promover os meios de percepção e compreensão que interagem no
tempo e no espaço a cerca do meio ambiente, tais meios devem ser adquiridos
pela observação e estudo. Acredita-se que
As tecnologias colaborativas permitem a construção de formas comuns de ver, agir e conhecer; ou seja, são ferramentas que habilitam indivíduos a se engajarem conjuntivamente na atividade de produção de conhecimento compartilhado, ou de novas práticas. (CAMPOS et al., 2003, p. 46).
Em outras palavras, para a práxis da EA o uso da Web 2.0 e suas
ferramentas se fazem necessários para obter-se um excelente e grande
alcance, onde a troca de conhecimento e a aprendizagem sejam enriquecidos
e perpetuados. Então, é possível concordar com Dias (2000a) quando ele diz
que “a EA deve capacitar ao pleno exercício da cidadania, através da formação
de uma base conceitual abrangente, técnica e culturalmente capaz de permitir
a superação dos obstáculos à utilização sustentada do meio” (p. 99).
O direito à informação e o acesso às tecnologias capazes de viabilizar o desenvolvimento sustentável constituem, assim, um dos pilares desse processo de formação de uma nova consciência em nível planetário, sem perder a ótica do local, regional e nacional. O desafio da EA,
33
nesse particular, é o de criar bases para a compreensão holística da realidade. (Idem, 2000a, p. 99).
Trançando um perfil ambiental nas redes sociais, Facebook/Twitter, do
ponto de vista da ecologia humana (condições sociais, percepção e educação
ambiental), com base nos grupos abertos e fechados, fanpages e diante do que
já sabemos/conhecemos foi possível identificar as ações dos atores sociais
com objetivos muito próximos: o de informar. Então, a “ousadia” de usar essas
ferramentas para a práxis da EA é um ponto positivo no processo de ensino-
aprendizagem.
[...] O coletivo inteligente [...] não se identifica simplesmente com o estado de cultura usual. Em um coletivo inteligente, a comunidade assume como objetivo a negociação permanente da ordem estabelecida, de sua linguagem, do papel de cada um, o discernimento e a definição de seus objetos, a reinterpretação de sua memória. (LÉVY, 2011, p. 32).
Para Dias (2000b) a educação ambiental deve ir até as pessoas, onde
quer que elas estejam levando conhecimento e sempre trabalhando com a
realidade de cada um/ou do grupo, com o intuito de resgatar e criar novos
valores sem perder a noção da totalidade do meio ambiente. Para que isso seja
possível o autor afirma que:
Primeiro, trabalhamos o nosso ambiente interior, as nossas posturas e decisões, depois o nosso entorno pessoal, nosso ambiente familiar, nosso ambiente escolar, nosso ambiente de trabalho. O entorno desses ambientes, o pátio da escola, o entorno imediato da escola, o bairro, a cidade, a região, o Estado, o país, o continente, o hemisfério, o planeta, o cosmos! (Idem, 2000b, p. 44).
O que Idem (2000b) quer dizer é que “A EA deve favorecer os processos
que permitam que os indivíduos e os grupos sociais ampliem a sua percepção
e internalizem, conscientemente, a necessidade de mudanças” (p. 47). Em
outras palavras, a prática da educação ambiental passa por uma série de
resoluções e etapas, entre elas observam-se:
34
Art. 4º São princípios básicos da educação ambiental:
[...] III – O pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;
[...] VIII – o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.
Art. 5º São objetivos fundamentais da educação ambiental:
[...] II – A garantia da democratização das informações ambientais;
III – o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social;
[...] VII – O fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. (DIAS, apud BRASIL. Lei n. 9.795, 27 de abril de 1999, 2000b, p. 68).
Fechando o pensamento e diante de tudo o que foi exposto aqui, faz-se
necessário compreender que a educação ambiental é o caminho/processo pelo
qual, obrigatoriamente, devemos percorrer para chegarmos ao entendimento
de que todos nós fazemos parte do meio ambiente onde estamos inseridos e
que tudo o que fizermos nele e/ou a partir dele sofreremos as consequências
desses atos. Não é mais possível fugir da responsabilidade daquilo que
produzimos e como isso nos afeta; todos os setores estão envolvidos. O mais
importante não por qual caminhos seguimos e sim com o usamos.
35
CONCLUSÃO
O presente trabalho desenvolveu-se a partir da hipótese levantada no
plano de pesquisa, onde foi apontada a necessidade de saber se as redes
sociais realmente são ferramentas úteis para a práxis da educação ambiental.
Para chegar até as possíveis resoluções foi preciso pesquisar como é a EA nas
redes sociais Facebook e Twitter, refletir suas possibilidades com auxílio da
tecnologia; analisar a dinâmica do conhecimento no meio virtual e verificar as
redes sociais como ferramenta eficaz na educação ambiental ou se são meras
reprodutoras de informações, não havendo discussões e/ou aprofundamento a
respeito do que é compartilhado.
Percebeu-se, então, que as pessoas e/ou organizações nem sempre
utilizam a internet de maneira qualitativa. É possível acompanhar nas já citadas
redes sociais que há mais compartilhamento de informações do que criar um
debate em relação àquela informação compartilhada. Há momentos em que as
redes sociais apresentam-se como depósitos de compartilhamentos com pouca
fundamentação e sem explorar melhor o conhecimento. Em outros, quando se
propõe uma discussão poucos são aqueles que realmente debatem o assunto
em questão. O que mais chamou a atenção foi o ponto em comum: o de
informar.
Portanto, infere-se que não há mais como separar educação das
tecnologias da informação e comunicação; uma enriquece e complementa a
outra. Estudar a troca de conhecimento nas redes sociais (Facebook e Twitter)
nos processos de EA, torna-se um caminho lúdico e rico, ao mesmo tempo em
que aproxima pessoas com ideias afins ou apenas curiosos.
A comunicação mediada pelo computador (CMC) permite que redes
sejam criadas e expressas nesses espaços amplificando a capacidade de
conexão. Assim, a parceria entre tecnologia e melhorias no processo educativo
não gera só a capacidade quantitativa de ensinar, mas, principalmente, gera a
capacidade de natureza qualitativa tornando os usurários, o público em
precurssores de novas oportunidades para estender seu processo de
aprendizagem.
36
As mídias sociais constroem ambientes extremamente dinâmicos a todo o
momento; os dados que foram coletados hoje já estarão desatualizados
amanhã, demandando um ritmo mais acelerado e criterioso no processo de
levantamento de informações. No entanto, adequar as ações educativas ao uso
das mídias se torna um risco, pois ao mesmo tempo em que pode contribuir
para a aquisição do conhecimento, também pode prejudicar toda a dinâmica da
aprendizagem. Talvez a chave seja saber filtrar as informações, os conteúdos e
aplicá-los de acordo com o objetivo proposto, seja em uma pesquisa, estudo,
diálogo, troca de experiências etc.
Uma nova cultura gera novos comportamentos, é claro, mas isso só
quando os valores estão amadurecidos e criam raízes profundas em cada
pessoa. Portanto, não adianta centrar todos os esforços numa educação
ambiental que aposta tudo na pedagogia comportamental, confundindo
mudança pontual de comportamentos com formação de sujeitos éticos e
políticos.
A educação baseada no capital humano, principalmente quando se fala
em EA, é o caminho para que as mudanças de comportamento, de hábitos, de
paradigmas realmente ocorram. E elas já acontecem, todos os dias, o dia todo,
diretamente do “mundo virtual” para o real. Isso só é possível por causa do uso
massivo das redes sociais, então, estas se afirmam como o caminho mais
rápido para a prática da educação ambiental, simplesmente por serem rápidas
e constantes, onde a participação é a grande mola propulsora.
Para que a compreensão do meio ambiente leve a ações transformadoras
é muito importante certa capacidade de “ler”, isto é, de compreender o que se
passa nele. E não basta observar passivamente em volta. É preciso participar
de forma ativa, perguntando e buscando os diferentes pontos de vista,
formulando respostas, hipóteses, ou seja, significa agir como aquele que sabe
“ler” as relações naturais e sociais que constituem os fatos ambientais.
A educação ambiental é uma prática educacional sintonizada com a
sociedade, portanto deve possibilitar o entendimento de que todos são
responsáveis pelo meio ambiente e que todos devem participar ativamente em
37
busca de possíveis soluções para os problemas ambientais e uma melhor
qualidade de vida.
Independentemente da ferramenta, o princípio das mídias sociais e da
própria internet é que, de fato, podem transformar a educação. A inteligência
coletiva é o grande diferencial quando se utiliza a internet, mais precisamente
as redes sociais, e a educação (educação ambiental). Os processos
colaborativos são aqueles que formam opiniões, impulsionam a busca do
conhecimento, interligam pessoas de diferentes lugares, idades e grau de
instrução.
Entende-se que a internet é a nossa outra casa, pois dedicamos tempo a
ela, utilizamos suas ferramentas para complementar ou até mesmo preencher
as lacunas da agitação do dia a dia. Ela está acessível vinte e quatro horas por
dia, sete dias por semana e, é, justamente no contraturno que nos permitimos
vislumbrar, contribuir direta e indiretamente e formar e fortalecer nosso laços.
As redes sociais são parte deste universo cibercultural e até mesmo extensão
daquelas que mantemos fisicamente.
Com a rapidez de troca de informações que o Facebook e Twitter
proporcionam é possível que elas sejam ferramentas mais do que adequadas
para expandir os conceitos e práticas da educação ambiental, sendo
necessário apenas saber usá-las de maneira adequada.
A nova ordem está na inteligência coletiva, na participação colaborativa
da aquisição do conhecimento. O fazer junto, de todos para todos, como
preconiza a educação ambiental.
É uma grande teia que nos une e não nos permite mais sermos como há
20 anos, por exemplo. A tecnologia veio para ficar e transformar nossa
perspectiva de mundo; é com ela que temos acesso em tempo real do que
acontece do outro lado do oceano. É a “Pangéia” tecnológica, o que não
conseguimos mais fisicamente/geologicamente, as tecnologias nos permitem,
(re)aproximação. O bom uso delas é que fará a diferença em como nos
socializamos, em como adquirimos e compartilhamos conhecimento.
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BIBLIOGRAFIA
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39
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