Pira Anno
ANMIGV4TIRA 11,11 LIMBOA
l mez 300 réis Annuncios, linha. 20 rs. 3 mezes 900 » "SÉ*
Avulso 10 » SECUNDA FEIRA 9 DE SETEMBRO 1872 ISsSKffftíSSSSSSE
LISBOA A^IG!VAT1RA XA PROVÍNCIA
1 mez 500 réis 3 mezes. I$400 réis
/I
TIRAGEM JfcSOtf EXEMPLARES
BOLETIM DO DIA
N este apostolado de civilisação e de
progresso, que a imprensa cumpre, de-
verá sempre o auxilio e o apoio muluo
cooperarem para a victoria das idéas
e alvitres proveitosos, apresentados
por cada um dos jornalistas, c que
nor vezes passam quasi desaperce-
bidos, sem terem actuado suficien-
temente na opinião publica, pela in-
cúria com que os outros jornaes dei-
xaram esmorecer a discussão.
De tal desleixo se queixa o nosso
excel lente collega do Jornal da Noi-
te, relerindo-se ao assumpto de me-
lhoramentos municipaes indispensá-
veis e urgentes, que o eguaímente
"lustre collega do Jornal do Com-
mercto reclamou de novo.
Não incorreremos na censura, e
tanto quanto em nossas forças cou-
ber, auxiliaremos a cruzada que ten-
da a elevar a cidade de Lisboa ao
nível de progresso que lhe compete
romo capital de um paiz civilfeado.
E bem preciso é que o bradar cons-
tante, quotidiano, sem trégua, des-
perte as vereações da sua faial le-
thargy para o que diz respeito às
condições hvgienicas da povoação
que está confiada aos seus cuidados.
Adoptado o peior, o mais absur-
do systema de exgoto, esse mesmo
e imperfeitíssimo na sua execução,
de modo que constitue um pantano
pestífero, por debaixo da cidade, onde
se exibe o luxo e a elegancia, ani-
nhando-se ali a morte, a doença, e o
estiolamento das famílias.
Habituámo-nos a invocar sempre
as abençoadas condições do nosso
clima, falíamos da pureza dos nos-
sos ares, da'salubridade da nossa
capital, do mesmo modo que falía-
mos dos brios cavalheirosos dos nos-
sos guerreiros de Africa, ou das pu-
rezas marítimas das nossas caravel-
las de Asia, sem pensarmos que ti do
isso passou já, e que pela nossa in-
cúria fatal, ficou tudo reduzido ape-
nas... a recordações.
Recordações também são as que
se referem á salubridade de Lisboa,
onde boje o numero dos obitos ex-
cede o dos nascimentos, alimentan-
do-se a população das continuas emigra-
ções com que a província suppre a sua
decadencia; onde a mortalidade chega a
ber proporcionalmente maior que na gi-
gantesca Londres, a que a sciencia e a
perseverança souberam melhorar larga-
mente as desfavoráveis condições hvgie-
nicas, emquanto em systematico abando-
no, tem feito peiorar de dia a dia as de
Lisboa.
A questão do exgoto precisa, a pri-
meira de todas, ser resolvida urgente-
mente. Em todos os paizes ha grandes
emprezas, que, concorrendo para a sa-
lubridade das cidades, concorrem pode-
rosamente também para o desenvolvi-
mento e prosperidade da agricultura, e
auferem grandes interesses d este com-
mercio, duplamente benefico.
Sc uma empresa destas se apresen-
tasse perante a camara de Lisboa, en-
contraria tantas e tantas difliculdades e
estorvos, que desistiria do intento! Tem
sido sempre assim.
E' preciso que a opinião publica exi-
chados, sendo respeitadas todas as bandei-
ras tricolores que não tinham signaes de
luto.
Teem n'estes últimos dias, segundo re-
ferem differentes jornaes, passado d'esta
para a outra vida, provavelmente com
bastantes saudades por andarem por cá
A CARTA DO PADRE JACINTHO
0 PADRE JACINTHO
ia imperiosa e immediatamente, a reso-
lução d'esta questão, quê interessa á saú-
de, á vida, e ao bem estar de todos os ha-
bitantes !
Os habitantes de Sédan resolveram so-
lemnisar o anniversario do dia 1 de se-
tembro com unia manifestação fúnebre.
Logo pela manhã viram-se quasi todas as
casas adornadas com bandeiras tricolores,
3ue se achavam cobertas de crepe. Ás 9
a manhã a guarda allemã mandou tirar
estes emblemas. Um patriota imprudente
collocou n uma bandeira as seguintes pa-
lavras: Viva a França! Tire-se breve a
desforra!
Os armazéns estiveram todo o dia fe-
ha muito tempo, muitos homens e mulhe-
res centenários. Ha dias fallcceu na rua do
Bom Jardim, no Porto, um individuo que
contava 108 jineiros! Era viu\o.
Mandou-se proceder a construcção do
lanço da estrada real de Ponte dos Arcos
compreendido entre aquella viltaeoCar-
regadouro na extensão de 9 kilometros,
na importancia de 17:000^000 réis.
Consta ao nosso collega da Aurora do
Lima que o traçado d'este lanço segue
pela portella de S. Simão.
^Está gravemente enfcima a actriz
MarianDa Rochedo. Receia-se Jpela sua
vida.
A carta do padre Jacintho, annuncian-
do o seu casamento, é um acontecimen-
to grave para o catholicismo contempo-
râneo. O padre Jacinto foi um dos mais
firmes sustentáculos da egreja, o vigor
da sua eloquencia, a austoridade da sua
vida faziam d'elle verdadeiramente
uni apostolo n'estes tempos de in-
diíTerença religiosa. A sua consciên-
cia não lhe perniittio acceitar o do-
gma da infallibilidade do papa. A
sua ruptura com Roma fez um gran-
de barulho em 1809. Os partidarios
da innovação quizerani condemnal-o
como um scismatico; mas lodos os
espíritos imparciaes viram que o pa-
dre Jacintho era um dos raros sacer-
dotes verdadeiramente christãos que
existiam no seio do catholicismo. Em-
quanto os seus collegas acceitavam
as ordens de Rema despreocupada-
mente, sem as discutirem nem as
apreciarem, com um sorriso indiffe-
rente, considerando a infallibilidade
papal puramente como acto politico,
e uma arma de Inda, o padre Ja-
cintho meditava-a, á luz da sua con-
sciência christà. estudava-a no si-
lencio do claustro, e, com o deses-
pero no coração, sentindo revoltar-
se contra essas mundanidadeseccle-
siasticas a sua fé sincera e ardente,
não transigia com o seu dever, e de-
clarava em alta voz que não podia
acceitar, como dogma, esse acto de
idolatria que se iusinuava nas dou-
trinas de Jesus.
Hoje a sua consciência depois de
largas luctas, revoltasse emíim con-
tra essa prescripção do celibato' sa-
cerdotal, que contraria os sentimen-
tos mais puros da natureza huma-
na, ou que, dando sempre logar a
impias fraudes, não faz senão de-
sauctorisar o caracter dos padres. E'
a sua consciência que o leva ao pro-
testo. Aos quarenta e cinco annos,
na idadç em que as paixões se acal-
mam, não é de certo um amor tar-
dio que o arroja na Jucta, é a sin-
ceridade da ?ua fé christà, que o
impelle a protestar contra uma das
causas mais evidentes da desmorali-
zação do clero. Roma não tardara a
fulminar o rebelde. Porque não con-
cilia elle, como fazem os seus con-
frades, a submissão apparente aos
decretos dos concílios com a fruição se-
creta de todos os deleites defezos?^
A egreja pede-lhe apenas um simula-
cro de obediencia, fecha os olhos ás fra-
quezas c aos perjúrios, o que não admit-
te é o protesto sincero de uma consciên-
cia que não quer viver na mentira. Con-
vença-se Roma, porém, que tem o ca-
tholicismo, hoje mais do que nunca, a
obrigação de encarar seriamente as ques-
tões que se debatem emtorno d'elle. Pas-
saram os tempos ingénuos em quão fa-
bliau motejava da incontinência dos mon-
ges, sem que a sociedade deixasse por
isso de os venerar; passou o tempo dc
frade anedoctico, e a corrupção do cle-
ro já não seria hoje um elemento de con
DIÁRIO ILLUSTKADO
veração para judeu dos contos de Boccac-
cio. Ó século c sério e grave. Importa 'juc
as doutrinas que pretendem dominal-o,
não se desauctorisem pelo ridículo.
Eis alguns dos trechos mais notáveis
da carta do padre Jacintho;
«O meu casamento nada tem que ver com as minhas convicções religiosas, nem com o meu
acto de 20 de setembro de 1869, ou antes, en- gano-me, liga-s® com clle intimamente, mas
d este modo geral e generoso que entre si pren-
de todos os progressos realisados por urna ai- ■ . L\i\li<>op.mo.n01 CAIU ma na luz e na liberdade. fcxpticar-me-hei com
inteira franqueza. Devo ao celibato religioso al-
guns dos júbilos mais delicados, algumas das ® n,.Ar.in.loc i» m.iK iloriSl-
virtnde. manter no meio de nós uma phalange
escolhida de padres e do irmãs da raridade, cujo
celibato, sempre livre e sempre voluntário, seja verdadeiramente um estado tie pureza, um es-
tado de alegria, ou pelo menos de paz no sacri-
llcio. Mas. ao mesmo tempo, apressemos o mo-
mento em que a lei da igreja e a na França
hão de constituir na liberdade, na entidade, na dignidade, o casamento do padre, quer dizer a
concentração, n um lar modelo, de tonas as
forças da família e de todas as Torras da reli-
gião.»
REVISTA ESTRANGEIRA
expereriencias mais profundas e mais dec im-
vas da minha existencia. Desde a idade de de-
zoito ar.nos em que o escolhi, observei-o c om
uma fidelidade pela qual dou gloria a Deus.
Se hoje, portanto, aos quarenta e cinco annos,
no socego e no sazonar completo da rasao, do coração, da consciencia.de todo o meu bei em-
iim, creio dever renunciar a elle. é porque o casamento se me impõe como uma d essas leis
da ordem moral, ás quaes se nao resiste sem
se nerturbar profundamente a viua, e sem se ir contra a vontade de Deus. Não digo queicssa lei
se imponha a todos, creio no celibato como n uma santa e gloriosa excepção creio que essa
lei se me impõe a mim. Quando um homem
sente no co«acâo, como outra excepção tao ra-
ra, tão santa e tão gloriosa como a primeira,
esse grande e casto amor em que o mundo nao
cré, porque não è digno dVlle, esse homem,
ainda que seja padre ou raonue, tem a prova
absoluta de que não e do numero das yictnnas
voluntárias de que o Eva%'elho fal a. Sou^se homem, e d'eita Vez ain.la dou glona a Deu*
pelo que operou em mim. As suas ol»ra> pare-
cem contradiclorias. mas elle coniiece4tas a harmonia Quando eu ia ser aba^onada rene-
gado netos meus amigos, pelos inetts parent s
exilado successivamente da minha »-reP- «10
meu paiz. da minha família, enviou ao meui ca-
minho solitário e luctuoso uma nobre e santa
alTeicâo, uma dedicação sublime, pobre do»
bens da terra, rica dos da intelligencia e do co-
ração. e. quando tudo cahiu, so esse amparo me tlcou! Pois nào seria elle o que deve ser,
não conheceria eu o dom que Deus me fez, se
mais tempo hesitasse em consagrai o no casa-
mento christáo.
• • • • • •
«Conheço o verdadeiro estado do nosso cle-
ro; sei quantas dedicações, quantas virtudes encerra, mas não ignoro quanto precisa, n um
grande numero dos seus membros, de se reco-
ciliar com os interesses, as affeições, os devi-
res da natureza humana e da sociedade civil.
Só arrancando-se ás tradições de um ascetismo
cesro e de uma theocracia mais politica ainna do que religiosa c que o padre, tórnando-se de
novo homem e cidadão, tornara a ser ao mes-
mo tempo mais verdadeiramente padre -Que
governe bem a sua propria casa diz b. Paulo, conservando seus Ulhos submissos e honestos,
porque se nào souber conduzir a sua família,
como saberá governar a igreja de Deus ?• (1 1 lii-
motheo 111, 4. 5).» .
•Tal é a reforma, sem a qual, ouso /bzel-o,
serão todas as outras illusorias e estereis. Dei-
xemos o espirito de Deus.se acreditamos na sua
PAUIS, í de setembro. — E' hoje o an-
niversano <in .revolução,; que derruam o
império, e fundou o regimen actual. Nào
se celebra com festas esse anniversario,
mie se liga a tristes recordações de ver-
gonha e de derrota. O império fundado
no anniversario de Austerlitz tinha de
cahir forçosamente no dia seguinte a Se-
dan. . .
Os dois acontecimentos, que mais in-
teressam agora a Europa, são de um
lado o congresso da Internacional, do
outro a entrevista dos tres imperadores.
Os habitantes da liava seguem com mui-
ta curiosidade as reuniões da sociedade
internacional, esta porem conserva-as por
ora secretas. São as tradições da Com-
muna. Querem lavar a roupa suja em
família. Em torno da sala das sessões
reunem-se muitos curiosos, que ouvem
com gargalhadas, retinir a cada instante
lã dentro a campainha presidencial. iSo
meio da Uirba vêem-se alguns agentes da
policia franceza, que vêm vigiar os an-
tigos membros da Communa, que estão
na capital da Ilollanda. Entretanto em
Londres o cidadão Vèsinier lulmina os
internacionalistas da liava, c declara que
o sr. Karl Marx e um delator, cujas de-
nuncias lizeram com que o governo prus-
siano prendesse vários chefes do movi-
mento social allemào. V elles, Nesinier.
a elles, corcunda sublime! a elles au-
ctor das Noites de Saint-Cloud! Visto
i«sSo, Eudes é ladrão, e Karl Marx espião?
Muito bem! Viva a Communa!
A lucta que se trava agora no seio da
Internacional consiste em saber se a di-
recção deve ser federal ou centralisada.
Da'resolução d'essa questão é que de-
pendem os votos da verilicaçào dos po-
deres. _
Passemos agora á reunião dos tres im-
peradores. ,■
O príncipe de Bismark chegou nontem
a Berlim. Ilontem assistiu o imperador
Guilherme a grandes manobras de caval-
laria. Chegaram o príncipe OrlolT o prín-
cipe GorLschakolT e o príncipe Maximi-
liano da Baviera. O programmadas les-
tas é o seguinte:
7 de Septembro.—Grande revisia. jan-
tar no Paço, representação militar, ope-
ra com bailado, grande retirada militar.
8 de Sep tem br o.—Serviço divino para
os augustos visitantes, segunda os seus
diílerentes ritos: eITectivãmente o impe-
rador da Russia pertence á egreja grega,
o imperador da Austria é catiiolico; e o
imperador da Allemanha é protestar e;
à noite festa em casa do príncipe Frede-
rico-Guilherme.
9 dc Septembro.—Manobras militares,
jantar no palacio imperial, festa á noite
em casa do príncipe Frederico Carlos.
10 de Septembro. — Novas manobras
militares, jantar em tenda de campanha,
cacada, concerto no palacio imperial.
No dia \i parte o imperador Guilher-
me para Mariemburgo.
Incêndios por toda a parte. Incêndio
no bosque do sr. Forbin d Oppéde cm
Marselha, que dm ou dois dias. Incêndio na
cathedral de Cantorbéry. O chumbo do
tecto fundido cabe em chuva ardente na
egreja. O fogo é dominado, mas os es-
tragos sào avaliados em 5:000 libras
sterlinas. t
Mais desastres. A tripulaçao do navio
inglez Lavinie foi assassinada pelos sel-
vagens do mar do Sul. Parece que ja na-)
são do nosso tempo estes sinistros.
Refere o Jornal do Porto que não ha
a precisa vigilancia no cemitério publi-
co do Prado do Repouso, d'aquella ci-
dade. ..
Não se respeitam os que dormem alio
derradeiro somno, profanando-se-lhe as
campas. . . .
Entram naquelle recinto alguns mal in
tencionados que tiram de cima das se-
pulturas os objectos que ali depõem pie-
dosamente mãos amigas ou os parentes
dos linados.
Ainda ante-hontem foi capturado pela
policia, Joaquim Fernandes, que tirou
uma jarra de cima d uma das campas do
cemitério privativo da ordem da Iriu-
dade. f
O preso confessou que na vespera lur-
tára d'aquelle jazigo mais duas jarras
que vendera depois a uma adella da viel-
la da Neta. •
O preso foi entregue aos tribunaes e
a adella intimada para entregar as jarra5
que comprara indevidamente.
O conde de Tessé era estribeiro-mór
da rainha Luiza Lecrinska. Fallando-se
em certa occasiâo de feitos militares da
nobresa franceza, voltou-se a rainha para
o conde, e disse-lhe:
— Senhor de Tessé, a vossa casa tam-
bém se destinguiu na carreira das ar-
mas.
—Sim, minha senhora, respondeu im-
mediatamente o conde, todos nós morre-
mos ao serviço de nossos amos.
— Como eu sou feliz, replicou a rai-
nha, que vós escapasses para m'o di-
zer.
Um jornal de Londres, o Telegrapher
publica um despacho dizendo que o go-
verno francez deu ordens terminantes para
deter D. Carlos, o qual se suppõe occul-
to na fronteira francesa, e que se acha
disposto a pôr-se á frente de uma nova
insurreição carlista.
O sr. Candido Augusto Martins Bran-
dão, thesoureiro da alfandega de >ian-
na, foi considerado quite para com a fa-
zenda publica, pela sua gerencia desde
1867 a 1868.
Um pescador de Villa do Conde en-
controu na margem esquerda do Ave,
proximo as marinhas, uma pipa de azei-
te, que já está na alfandega.
Entre Mindello e Villa Chã, arrojou o
mar uma porção de cera com a marca
J. A. e ura sacco de farinha, o que tu-
do é sem duvida pertencente ao nau-
fragio do Perseveranza.
Nas praias das Cachinas tombem o
mar arrojou um cadaver do sexo mascu-
lino, que se suppõe ser um dos infelizes
que morreram n aquelle naufrágio.
Nas praias dc Azurara appareceu tam-
bém um cadaver, e bem assim um pipo
de vinho, barris de azeitonas, etc.
Folhetim do Diário llluslrado
COISAS VARIAS
IV
AS PRIMEIRAS AGUAS
Escrevo de Cintra. O vento sul geme
nas ramadas do arvoredo e engolpha-se
pelas gargantas da serra. Ouve:so ao lon-
ge, no silencio da noite, o bramir do ocea-
no, batendo nos rochedos do cabo da
Roca, na pedra de Àlvidrar, no fojo, na
praia do cavallo, em todas essas mura-
lhas de basaltos sonoros, que repercutem
os tremendos lamentos das vagas enca-
pelladas.
Começou o outomno. Ja as Folhas ama-
reHecidas, desprendidas dospeciolos, ata-
petam o solo e revoluteiam ao sopro do
vento. Ja aquellas intimas e doces triste-
zas, que inspiraram a musa cratntive de
Millevoye, nos accodeni á alma. As nu-
vens sombrias, de contornos fantasticos,
rasgando aqui e ali uma frincha, por onde
as estrellas scintillantes espreitam a ter-
ra, formam uma cúpula immensa, um
d'esses zimborios aereos que parece abran-
gerem os mundos no seu âmbito enorme.
Não sei que haia espirito revêsso e
bronco, desprotegido de todo o amparo da
poesia, que não sinta e comprehenda o
que se encerra de suavíssima melancolia
B'estas primeiras aguas outomnicas.
toge o estio com os seus atavios e lou-
Um trem que ia do Porto para a vil-
la da Regoa, guiado pelo cocheiro An-
tonio Chicheiro, atropellou uma mulher
ao passar por Me/ão-Frio. A pobre mu-
lher morreu instantaneamente.
Diz o Jornal do Porto que o cochei-
ro foi preso para a villa da Regoa, mas
segundo consta tão teve culpa desta
desgraça, porque bastantes vezes bra-
dou á mulher, que era surda, para se
desviar.
çanias, a explendida face do sol que ain-
da hontem despedia lito em íito os seus
raios festivos, cobre-se de crepes funé-
reos. As folhas murcham, dobram-se e
cáem. O vento parece o soluçar de car-
pideiras por entre os tumulos.
Pelos rochedos, que se dependuram a
beira dos abysmos, precipitam-se as pri-
meiras catadupas em lençoes de alva es-
puma.
Dentro cm pouco, dizem os troncos uos
olmeiros para as Tolhas, dentro era pouco
lodos vos ireis embora, como se foram as
ingratas andorinhas. Já não poderemos
conversar ao som da brisa que nos emba-
lava docemente. Ficámos sósinhos, hirtos
e nús, despidos da vossa ramagem, que
dava abrigo aos passarinhos, que vinham
descantar em quebros e modilhos apaixo-
nados os seus amores felizes. Caídos na
modorra soturna da catalepsia, erguendo
os braços supplices e descarnados, sem
vida e sem seiva, já sentimos ao longe o
vento do inverno, os gélidos tufões, as
tempestades inclementes, que nos farão
contorcer em movimentos alllictivos, e
talvez nos arranquem as raizes dos seios
da terra, para nos prostrarem no solo jun-
cado de despojos.
Uma das dilíerenças mais capitaes en-
tre as litteraturas antigas e as modernas
reside essencialmente neste novo elemen-
to que se denomina melancolia e que se
manifesta no outomno com maior intensi-
dade. .
O senso intimo da natureza, a perfeita
harmonia entre o homem moral e o meio
circumstante, ninguém, como os antigos,
soube traduzil-o na métrica sublime, na
eterna epopeia cujos moldes correctos se
partiram, cuja harmonia soberana se es-
vaeceu para sempre. O velho pantheismo
das civifisações, que por um abuso estra-
nho da palavra, ou por uma ignorancia
implícita do passado, denominamos pri-
mitivas, gerou e creou essas litteraturas
ingentes, ao pé das quaes, força e dizel-o,
os monumentos modernos sao como um
cottafje inglez em comparação com os
palácios e jardins de Semiramis.
11a porem, no domínio do sentimento,
um accordo, ou antes uma suave e inefla-
vel melodia, que os antigos raro entende-
ram, que ás vezes se manifesta em \irgt-
lio ou em Stacio e que é o característico
principal da poesia christã. Esse accorde
e a melancolia. E uma harpa com unia so
corda, um altar com um só culto. Todas
as heroinas fabulosas ou históricas, deas
ou humanas, da antiguidade, choram tra-
Sicos prantos ou riem comicos risos. U-
e Andromacha c Dido. O desespero d ci-
las é quasi sobrehumano; nào gera a com-
paixão, produz o espanto.
Comparae íNiobe com Rachel. Aquella
entorna a urna dos prantos sobre os hlhos
que morreram, mas não esquece as re-
gras da plastica e elegância dos movimen-
tac rmimúe n manto, arrania-lhe svinc- tos. Compõe o manto, arranja-lhe syrac
tricaiuente as prégas c mostra á nosten
dade não a dor materna, desordenada,
com os cabellos soltos e ensopados em
prantos, senão a estatua, a íilha da arte.
Rachel é a verdadeira mãe, que chora,
geme e soluça, a quem nada pôde conso-
lar. Rachel plorans filios suos, nolmt con-
solari, quia mortui erant.
A mesma dilTerenca encontrareis entre
a Galathèa, a travèssa filha dos bosques
e dos sincciraes, que fugia para os sal-
gueiros, et se cupit ante vtdere, e a gen-
til Ruth, que se dobrava innocente e res-
pigava no campo de Booz. Galathèa n
descancaradamente; Ruth sorri meiga-
mente.
As epochas modernas são as das meias
tintas e dos meios tons. Foi-se a tragedia,
foi-sc a comedia, ficou o drama que e
uma e outra coisa ao mesmo tempo. Da
concepção humana desappareceram I ro-
nietheu e Sósia; mas surgiu Hamlet que
é um sábio e um doido, que se por um
lado podia ser membro da fíoyal Institu-
tion, por outro lado merecia uma cella
em Bedlam. . , ,
É por isso que a poesia moderna adora
o outomno que é a melancolia dos meri-
dionaes e o humour dos septemtrionaes,
um sorriso entre lagrimas, um raio de sol
entre duas bátegas de agua. f
E e por isso também, que n um subur-
bano de Cintra, cm companhia de um ve-
lho amigo meu, sem me importar com o
que vae lá pela villa e pela sociedade ele-
gante, que se aborrece com o whiste e
com o pairar estafado, a commèratje insi-
pidez das salas, estou escrevendo estas
linhas, prestando ouvidos attentos ás eter-
nas e grandiosas melodias da natureza
consubstanciadas nos movimentos convul-
sos de um plátano, cujas largas folhas vem
bater na vidraça do meu quarto.
A. Osorio de Vásco.ncellos.
DIÁRIO ILLUSTRADO
MADRID, 8 de setembro ás 12 horas e
2o minutos da manha.—O resultado of-
ficial das eleições para senadores é: 117
radicaes, 12 conservadores, 17 federaes,
6 aflonsistas e 7 independentes. Faltam
noticias de quatro províncias. As eleições
de Huesca e Cadix foram suspensas. Das
Canarias e Porto-Rico ignòra-se o resul-
tado. Fernandes de los Rios ministro em
Lisboa foi eleito senador pela província
de Santander. Tào depressa as cortes es-
tejam constituídas definitivamente tratar-
se-ha de apresentar o projecto do gran-
de emprestimo.
A Correspondência menciona o boato
deque o Banco de Paris por contracto
com o ministro das finanças se obriga a
pagar todos os vencimentos do thesouro
no estrangeiro em setembro e outubro,
mediante o premio de 12 por cento ao
anno. A Correspondência desmente que
Lamartiniere sirva de intermediário en-
tre o Banco de Paris e o governo. Diz
que em pouco tempo será inaugurada
uma campanha abolecionista por grandes
meetings em Madrid, Barcelona, Sevilha
e outras capitaes da província.
Logo que se abram as cortes muitas
petições serão apresentadas pedindo a
emancipação dos escravos.
BERLIM 6.—A entrevista dos impe-
radores, resolvida porelle smesmo, e não
pelos gabinetes, é considerada como des-
tinada a assegurar a paz.
HAYA, 5.—Esta manhã houve sessão
publica do congresso da internacional. Foi
ímmenso o concurso de povo. Interpreta-
ção feita em quatro línguas. Assistiram 50
delegados. O presidente no discurso da
abertura lembrou que os motivos que tem
impedido a reunião da internacional, du-
rante dois annos, foram os acontecimentos
de Paris.
ROMA, 6.— O cardeal Patrici, vigário
do Papa, ofliciou ao governo italiano ex-
pondo os insultos que nos theatros roma-
nos se tem feito contra as leis, contra a
moral e mesmo contra a verdade histó-
rica.
PARIS, 7.— lia boatos de que o impe-
rador Guilherme tem a intenção de abdi-
car por motivos de doença em favor de
seu filho. Em Berlim haverá conferencia
dos tres imperadores e tres ministros, no
domingo. As deliberações serão secretas,
Folhetim
O CAPITÃO FANTASMA
ROMANCE DE PAULO FÉ VAL
TRAD. DE PINHEIRO CHAGAS
PARTE PRIMEIRA
OS GRANADEIROS ESCOCEZES
(Continuação)
IY ^
Cesar dc Chabancil
O marechal concedeu-lhe a licença
(jue elle pedia, abraçando-o, e dizendo-
—Conde, não te demores muito. Pre-
cisas de um esquadrão na próxima victo-
ria.
O valente marechal estava completa-
mente reconciliado com os títulos de no-
breza, desde oue Napoleão imperador o
criára duque de Dalmácia.
Aqui temos o nosso capitão no cami-
nho de Uespanha. Apertava com os joe-
lhos o seu bom cavallo de Mecklemburgo,
e não se importava com o caminho a per-
correr. Ha pouco passei de relance pe-
las ingénuas estroinices da sua mocida-
de, mas não posso omittir que elle tinha
a pretenção, até certo ponto justificada,
de ser o primeiro horseman, como os
senhores Inglezes dizem, o primeiro ho-
mem de cavallo de toda a cavallaria fran-
ceza, e por conseguinte do mundo intei-
ro...
mas serão ulteriormente publicadas em
circulares.
GENEBRA, 6. — O tribunal arbitral
terminou as suas deliberações. A assigna-
tura será no sabbado 14.
HAYA, G.— () congresso da Interna-
cional declarou que o conselho geral es-
tabelecido em Londres, ficará sujeito a
um novo conselho que se estabelecerá em
New-Yorck. Carlos Marx demettiu-se.
PARIS, 7.—Novo emprestimo 88,75
3 por cento francez 5^,50.—S porcento
id. 85,75. 3 porcento hespanhol interno
26 3/16; idem externo 30'/8 a 30 3/*
MADRID, 7.—Interior 27.GO. Externo
32,40. Bons do thesouro 75,50.
Câmbios: sobre Londres 48,75 ; sobre
Paris 5,14, pedido.
Fabra.
São curiosíssimas as seguintes observa-
ções relativas ás principies épocas da
vida do Santo Padre, diz o Bracarense:
«Pio IX nasceu em 1792: estas 4 cifras
sommadas dão em resultado 19. Foi or-
denado sacerdote em 1819 ; e estas 4 ci-
fras sommadas dão de novo 19. Foi eleito
Papa em 1846 : a mesma operação dá o
mesmo resultado. Ora se sommaes as 4
cifras de 1873 obtereis ainda 19.»
Até aqui o Kirchen Zeituna de Soleu-
re. Nas obras da venerável Maria Taigi e
Mana Lalaste o anno de 1873 será o do
triumpho do Papado.
A estas mysteriosas combinações, es-
creve a Vespa de Florença, póde-se ac-
crescentar a seguinte que recebemos de
um assignante:
De 1792, anno de seu nascimento, a
IS 19, o da sua ordenação, correm 27 an-
nos; de 1819 a 1846, anno do Pontilicado
correm 27; de 1846 a 1873, igualmente
27 annos. Estes tres 27 sommados junta-
mente dão cm resultado os 81 annos que
terá Pio IX em 1873.»
£283
Um cavalheiro que chegou no dia 6 ao
Porto, ido de Valença, contou ao Diário
da Tarde, oue os pobres naufragos do va-
por hespanhol Perseveranza, ao chega-
rem a Tuy, ali lhes deram dous reates
90 réis) a cada um, para seguirem para
as terras da sua naturalidade! Vários por-
tuguezes que estavam na hospedaria, em
que elles tinham estado em\alcnça, sa-
bendo d'este caso, mandaram chamar
aquelles desventurados, e tirando uma
Esta proposição, temerariamente avan-
çada, levantou em torno da meza um
verdadeiro tumulto. Certamente, podiam-
se tolerar bastantes in verosimilhanças,
porque a historia vinha do acampamento
francez.
Ninguém abriria bico, se se tratasse de
uma ascensão á lua, ou de um túnel ras-
Sado até aos antípodas; mas asseverar
iante de Inglezes, que o primeiro caval-
leiro da França é o primeiro cavalleiro
do mundo, isso passa todos os limites e
merece protesto immediato.
Houve o protesto, acompanhado dc
movimentos de hombros, e de formidá-
veis gargalhadas.
—Gentlemen, disse-lhes pacificamente
o correio, a historia e comprida e vae-se
fazendo tarde. Peço-lhes que acceitem a
minha aflirmativa...
— Isso é que não, com todos os demo-
nios! exclamou Vermelho-Dick, teimoso
nesse ponto. Não posso admittir seme-
lhante coisa! Só no nosso pobre acampa-
mentosinho temos dois cavalleiros, Negro-
Comin, e você, correio, que levam as
lampas a toda a cavallaria franceza.
—E não ouviram fallar na façanha de
equitação, levada a cabo por esse Urbano
Moreno, a quem chamam o Verdugo? per-
guntou o alferes Farlane. Saltou a cavai-
lo os tres fossos das fortificações levan-
tadas pelo general Moore entre Coria e
Vilamiel... e a cada salto, exactamente
no momento em que o seu cavallo paira-
va entre céo e terra... mettia a bala de
uma pistola n uma melancia espetada,
a cincoenta passos, na ponta de um páo.
Isto é bonito, não é, senhor Pedrillo?
— Eu monto sofTrivelmente, gentle-
subscripção, arranjaram-lhes os meios nè-
cessarios para mais abonada mente pode-
rem transitar até ás terras para onde le-
vavam destino.
Os antigos não consideravam a muzi-
ca só como um simples recreio. Attri-
buiam-lhe egualmente importantes quali-
dades medicas.
Os pvthagoricos tinham por costume
depois do trabalho, adormecer ao som da
muzica. A muzica então, e ainda hoje
dava animo e valor aos guerreiros. Ao
mesmo Pythagoras devemos a applicação
da muzica na lherapeutica.
Homero diz que os gregos tiraram um
;rande partido da muzica no tratamento
as alTecções pestilentas.
Preservavam-se oslacedemonios de ter-
ríveis padecimentos e dizem que pelo mes-
mo meio: o grego Thimotio calmou assim
os furores de Alexandre.
Ismenias, thebano, curou-se da gota
sciatica acompanhando-se da cythara.
O cretense Phales ao som da sua ma-
viosa flauta livrou Lacedemonia de uma
epidemia.
Aullo Gelío falia da muzica como de
remédio muito em voga no seu tempo
para a cura da sciatica.
Democrito aflirma que varias doenças
não resistem á muzica.
A loucura, a epilepsia e outras affecções
segundo Apolonio de Tyanes acha no tra-
tamento muzical completo curativo.
Nunca ninguém noz em duvida os ma-
ravilhosos elleitos aa harmonia, nas alu-
cinações do rei Saul.
Ha ate um historiador nue pretende ha-
\er Deus ensinando a Salomão umas me-
lodias coiu que se curavam certos acha-
ques.
Na opinião de Elieno tinha Esculápio
a prerogative de curar por muzica.
Theolrasto, Célio, Aurelio, e muitos
outros antigos acreditavam n'esta bene-
fica influeiu-ia.
No securo XVI era muito uzado exor-
cismar com muzica.
Um celebre cardano decanta a influen-
cia dos accordes sobre o systema ner-
voso.
Para o curativo dos efTeitos da morde-
dura da tarantula sabem todos quanto é
eílicaz a muzica.
As memorias da Academia de França
já em 1707 appresentam varias observa-
men... disse este.
—Soflrivelmente! exclamou Vermelho-
Dick, o senhor que trouxe n'umanoitea
noticia do desembarque da divisão Gran-
tham de Lisboa a Madrid! Sessenta lé-
guas, se me não engano!
— Gentlemen, era uma comprida noi-
te de outonino... Monto soflrivelmente,
dizia eu... Negro-Comin monta bem; Ur-
bán Moreno é um virtuose do estribo;
mas c'o bréca! sei perfeitamente a historia
que narro, e repito-lhes que o capitão
Cesar montava melhor que todos nós. Po-
dia-se fazer um livro com as suas faça-
nhas de equitação, e espero contar-lhes
uma ou duas antes do fim d'esta verídi-
ca narrativa.
Seja como for, passou os Pyreneus, e
na serra de Muedosuccedeu-lhe\ima aven-
tura—a sua primeira aventura, para bem
dizermos.
Chegára a Medina-Cceli pelas seis ho-
ras da tarde, depois de uma larguíssima
jornada, quando o estalajadeiro, fazendo-
Ihe parar o cavallo no limiar da míse-
ra cavallariça, annunciou-lhe rudemen-
te que não havia para elle nem cama,
nem lugar á mesa. As recrutas de Navarra
marchavam para Siguenza, e os officiaes
tinham tomado todí a hospedaria. Estava
já para fazer da necessidade virtude e
tornava a montar a cavallo para ir para
Bujarrabal, do outro lado da Sierra, quan-
do uma voz disse do primeiro andar:
— Olá! senhor capitão, parto esta noite
ás dez horas. Suba; se me quer fazer a
honra de ceiar comigo, herda o meu quar-
to e o meu leito. 1 <
Cesar levantou a cabeça e viu á janella
um official de recrutas muito novo ainda
ções para provar a conveniência da ap
plicação da muzica como meio lherapeu-
tica.
A (idzeta da Saúde de 18 de janeiro
de 1776 regista a cura de um cataléptico
ao som da flauta.
Destruiram-se os progressos da epide-
mia da dança de S. Vito em França com
o auxilio de instrumentos como refere um
tal Stransi.
Teni-se tentado muitas vezes nos hos-
pitaes de alienados de França curar os
doentes por meio da musica.
De que a musica era um grande delei-
te para a alma já lodos o sabíamos* mas
que estava provado com tantos factos que
a final de contas se pôde perfeitamente
viver de cantigas, só a leitura d'esta no-
ticia é que nos podia convencer.
Por telcgramma recebido hoje, consta-
nts que foi eleito senador, pela provín-
cia de Santander, o sr. Fernandez de
los Rios, ministro de Hespanha n esta
côrte.
Começou a gosarde licença o sr. juiz
de direilo da comarca de Beja. Está ser-
vindo o sr. dr. Castro e Lanca, primeiro
substituto.
Foi transferido para o districto de Vian-
na do Castello o sr. Côrte Real, delega-
do do thesouro cm Villa Real, indo o sr.
José Augusto de Sousa Pinto, delegado
do thesouro em Vianna, substituir aquel-
le cavalheiro. •
O rei da Dinamarca distribuiu no dia
30 de agosto, os prémios aos que toma-
ram parte na exposição industrial do nor-
te, celebrada em Copenhague.
Os prémios eram 256 medalhas de
prata, 329 de bronze, e 519 mensões
honrosas.
Devia ter-se inaugurado hontem no
Mio de Janeiro a estatua de José Boni-
facio de Andrade e Silva. O estatuario
Rochet, a quem foi adjudicada a obra,
ia se acha n'aquella capital, afim decol-
locar a estatua do heroe da independen-
cia brasileira no pedestal do largo de S.
Francisco de Paula. E'merecido o preito
de homenagem que o Brasil presta ao
preceptor de D. Pedro IV, que tanto tra-
balhou pelo engrandecimento da sua pa-
tria. r
que o saudava com a mão, sorrindo. Agra-
dou-lhe a sua physionomia e respondeu:
—Com todo o gosto tenente! e subiu de-
pois de ter cuidado ilo cavallo, como deve
fazer todo o homem que se presa de ser
bom cavalleiro.
O tenente hespanhol estava sósinho e
sentado já diante de uma espadua de car-
neiro, flanqueado de uma omeleta. Um
jarro de vinho de Catalayud espumava
junto d'elle... Obedecendo a um gesto
hospitaleiro, o capitão sentou-se e atirou-
se ao carneiro como homem que já está a
vinte legoas do seu almoço. O official
hespanhol era quasi uma criança e um
delicioso conviva; interrompeu as ac-
ções de graças que Cesar principiava
a formular com a boca cheia, dizendo:
— O senhor capitão é francez, diz-se
que os francezes de nada teem medo; é
verdade ?
— E' verdade, senhor tenente, respon-
deu Chabancil por causa das dupdas.
O hespanhol deitou-lhe um bom copo
de vinho e tornou sorrindo:
— Isso é< uma bella coisa, senhor ca-
pitão... A' sua saúde e aos seus a nit-
res!... Eu perdi o meu cavallo e a minha
bolsa, a ultima vez que passei pela Sier-
ra. Sou filho segundo: D. Diogo Valver-
de para o servir, e confesso que simi-
Ihante brecha no meu orçamento e para
mim caso grave.
— Então ha bandidos na serra, senhor
tenente?
— Ha só um, senhor capitão, mas vale
por trinta.
—Como se chama esse homem terrível?
— Urbano Moreno, o Navarrez.
. .. j. .(Continua.)
£ & DIÁRIO ILLUSTRADO
Diz o Jornal da Noite que a Corres-
pondencia de liespanha dá a noticia de
se ter inventado um freio electrico para
as carruagens.
Logo que o cocheiro percebe que um
dos cavailos toma o freio nos dentes, pu-
cha um cordão, que pondo em commu-
nicaçâo a pilha estabelece a acção do ap-
parelho e produz uma descarga electri-
ca nas ventas do animal.
A applicacão pode graduar-se, já fa-
zendo uma surpresa ao cavallo, já obri-
gande-o a cair como ferido de um raio,
sendo preciso. Veriíicou-se nas experien-
cias feitas com vários cavailos a toda a
brida, que foram obrigados a parar ins-
tantaneamente.
CHARADAS
Apesar de muito pesado) .
Podes tu commigo bem. i
Mas para dar conta d'este) 9 Requer a ajuda d'alguem. (
Tara mim que nada valho
É assim qualquer trabalho. J. M. S. Basto.
Tem bocca e não come,—2
É resto e bocado,—2 Na bocca se metle
K tira enroscado. AR. T.
As duas primeiras, dama,
E na India as outras duas;
Seja lavado o conceito
Em todas as damas tuas. Idem.
Credo! diz logo a velha) «
Ao ouvir fallár cm tal. j »
Se trocares o » cm o / 0
Tens villa de Portugal. (
Em Portugal e na Franca
Na Bélgica e na liespanha
Na Italia, e por fim
Té na propria Allemanha.
Montemorense.
Primeira a minha primeira
Sem mim segunda não ha, K com esta e co a terceira
B que o meu lodo se dá. Provinciano.
Sou creada e sou senhora—2
Para assim ficar sabendo—2
Se me queres advinhar
Ko kalendario vae lendo. Palinuro.
ENIMGAS
K
CAZA
Explicação das charadas do numero
antecedente.— 1 .a 2." Migas.
Pergunta innocente: Tirar-lhe um vin-
tém. íica um pinto.
Enigma: Perante a morte são todos
eguaes.
ESPECTÁCULOS
HOJE
Thentro de ». Luiz (cm Belcm).—Espe-
ctaculo variado.
Principia ás 8 horas e três quartos.
Imprensa de Sousa Neves, rua da Atalaia, 65
ESTABELECIMENTOS m: LISBOA tu toe se ASSIM
DIABIO ILLUSTRADO
Kioske do Rocio.
Miguel Mora—Rua Direita do Arsenal, 04, Livraria.
Afra & CS—Rua do Ouro, 180, 182, Livraria.
Fortunato Neves—Praça de D. Pedro, 42, 43, Estanco.
João Maria Victor—Rua de S. José, 56, 58, Estanco.
Adão—Praça de D. Pedro, 78, Estanco.
Kioske da Ribeira Nova.
Monteiro— Rua Nova da Palma, 53, Loja.
Manoel Tavares Pinho Vouga— Rua direita do Rato, J, Estanco.
Eduardo Erico da Cunha Pessoa-Travessa de StS Justa, 84, Loja.
Casa Americana—Rua do Corpo Santo, 35, Loja
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bio.
Antonio Francisco Novaes—Rua do Principe, 117, Estanco.
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Francisco Paula Ribeiro—Rua da Rosa, 200, Estanco.
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J. I. R. da Silva Mendes—Rua do Ouro. 6i, Loja.
Antonio Joaquim d Oliveira—Rua Direita d"Alcantara, 132.
Dl AllCIOS
DE
PiTõGWi SERRA
ALFREDO VALADIM
GS, 2."—TRAVESSA DE SANTA JUSTA—05. V
É a única agencia encarregada de ^e^ran!»^ com-
municados e correspondências, para o DIÁRIO ILLUolnAUU.
Recebe lambem annuncios para alguns jornaes da capi-
tal, fazendo uma razoavel mlucção no preço, e
e annuncios para o NOTICIOSO de Valença e JORNAL DL
NOTICIAS de Ponta Delgada.
N. B. Vende-se avulso e recebe-se assignaturas para o
DIÁRIO ILLUSTRADO. ,
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Leal, Eduardo Vidal, João de Deus,
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com a noticia bibliographica do au-
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tam a escrever. Vende-se na livraria de A. E. Bara
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temente: vivo
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16, Beco da Linheira, 16
Retratos por todos ossystemas. bri-
lho e relèvo, de 1£500 a 4*000 réis a
dúzia. 8
Obras completas do cardeal Saraiva
(Dom Francisco de S. Luiz), patriarcha
de Lisboa, precedidas de uma intro-
ducção pelo marquez de Rezende; pu-
blicadas pelo conselheiro Antonio Cor-
reia Caldeira.— • ende-se o tomo 1.° na imprensa nacional e nas lojas dos seus
commissarios. Preço 1*200 réis. Está
no prélo o tomo 2.° 9
Para uso das escholas de instrucção
primaria, resolvidos do modo mais
Fácil e expedito; precedida de .algu-
mas regras e formulas simplicíssi-
mas para resolução de outras ques
tOes de applicacão das quatro ope
rações sobre inteiros e acciinaes.
POR ANTONIO MARIA BAPTISTA JUNIOR
Conductor d'obras publicas
PREÇO 100 RÉIS.—Remette-se franco
de porte a quem mandar a impor-
tância em estampilhas ao editor da
Loltecção de Problemas, rua da
Atalaia, 65, 10
TABOADA UTIL E INTERESSANTE
DE LUIZ GONÇALVES COUTINHO
no a auf*menlada com o .Compendio de System a ile- VUIÇwv tricô», em forma de dialogo,esub-divisoes mais
usadas de melros, kilogrammas e litros, em relação ao systcma antigo, e
uma tabella comparativa dos seus preços.
1EKDE-8K: EM LISBOA—Nas lojas do costume, e na imprensa de J. G.
de Sousa Neves, rua da Atalava. 65 e 67, a quem devem ser feitas quaesquer
requisições, advertindo que maior parção de exemplares tem abatimento, em relação das quantidades que se exijam.
PREÇO GO RÉIS.—EM COIMBRA.—Na Livraria Académica. 11
O MUITO ACREDITADO
NOVO
JOSÉ lilBElRO rios SANTOS (0 ÇAlITELl EIRO)
fim Lisboa na travessa dos liicos. n.° 2,íi llibeira Velha,
e cm Setúbal, na rua de S. José, n.°
Este novo estafeta sahe de Setúbal ás segundas e quintas-íeiras, e volta
de Lisboa ás tercas-feiras e sabbados. Também vai e vem todos os dias, pagando-se mais alguma cousa.
Quem mandar dinheiro para compras, Ijao paga nada, e sendo cobre
para entregar a qualquer individuo; pagara até a porta da residence d este,
? por ccntS em praia ou ouro, melo por cento. Sendo quantias grandes
faz-se algum abatimento:
A MULHER-HOMEM
Resposta d'uma mulher a Alexandre Dumas, filho, versão do Gervásio
Lobato. Preço 200 réis. Vende-se em Lisboa, nas principaes livrarias. Para as
provindas 210 réis. Os pedidos devem ser dirigidos franco de porte, para a
travessa do Pombal, 128. I 3
DE CI1APE0S DE SOL, de todas as qua-
lidades para homens e senhoras,
a 360 réis a 6*000 réis. Bengalas-ba-
dines de 200 a 4£500 réis.
Rua Nova do Almada, 06. (Proximo
da Boa Uora), 13
1
VAPOR PARA OS AÇORES
l>ura H*. Mlgnel, Tereelru.j;€irttCÍo»a. H. Jorge ©
Faval Mal no dia 15 do corrente a* IO hora#* da
manha o vapor Insulano. con»uiandante Antonio
r Telle* MacUado. Recebe carRa e paMMaKclroi».
g Agencia no Caen do Hodré, n.° andor.
O agente.=Cloruiwno Herrào Arnaud; 1J