“Elas chegaram para ficar”: mulheres no mercado de trabalho e história de vida
RHAENNY MAÍSA FREITAS*
Este trabalho faz parte de pesquisa de dissertação de Mestrado referente ao
protagonismo feminino na cidade de Nova Porteirinha/MG. A guinada para o estudo ocorreu
através da observação da grande participação feminina na política neste município, o que
depois nos levou a também perceber que o protagonismo se expande para outros setores da
sociedade, o que merece ser estudado e tomado enquanto exemplo quando se trata da
igualdade de gêneros.
“Elas chegaram para ficar” foi título de excelente matéria produzida por Maria
Cristina Bruschini e publicada no Notícias Forenses no ano de 2007. No texto a autora aborda
a inserção das mulheres no poder judiciário, após constatar que o seu número se tornou
superior ao dos homens nestes espaços. Obviamente não estamos tratando aqui desse mesmo
aspecto de ocupação feminina, mas fizemos jus a esta autora ao dizer que “elas chegaram para
ficar” significa que, após serem pioneiras na construção da cidade de Nova Porteirinha,
confirmaremos agora que esse protagonismo não foi apenas um vulto. Ele continua e se
expande para outros ambientes que, em outras localidades, se constituem tipicamente
masculinos.
Assim como no poder judiciário, evidenciamos que as mulheres adentram o
mercado de trabalho em Nova Porteirinha nos proporcionando histórias inspiradoras e
exemplares para trazer à tona, mais uma vez, como homens e mulheres podem conviver e
participar ativamente nos espaços de poder que existem no seu meio social.
História de Vida
A cultura está implícita no conceito de ser humano, fator que o diferencia dos
outros seres da natureza e que faz com que suas produções estejam intrinsecamente ligadas.
Por se tornar peça-chave da expressão da humanidade a cultura pode ser tanto benéfica como
agir para o mal, uma contradição que reflete a própria vida do ser humano. Para além do
* Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES); Pós-Graduanda em História Social; Bolsista Capes.
mundo material e espiritual, a cultura também se conecta ao processo criador humano,
ganhando um significado maior dentro do mundo em que vivemos. “Em consequência, numa
primeira análise, entendemos por cultura o mundo de vivências e experiências, o processo
criador da história e auto-produtor do ser humano, seu produto essencial e o âmbito natural de
sua vida” (CUNHA; MACHADO, 2003: 66).
Este processo envolvendo a cultura humana nos demonstra o quanto é importante
trazermos os discursos individuais como forma de produzir história e entender processos
coletivos maiores. É o caso deste capítulo, onde procuramos evidenciar a vida destas mulheres
para validar o poder de outras que vieram depois isto porque, até então acreditava-se no
protagonismo feminino dentro de nosso campo de estudo apenas na política, o que agora não
pode mais ser sustentado como teoria, pois percebemos que este poder é anterior ao processo
político.
“O homem, ao criar a história, a cultura e a vida social, por meio do trabalho, cria
seu próprio mundo para habitá-lo e transformá-lo, ao mesmo tempo em que se transforma a si
mesmo” (CUNHA; MACHADO, 2003: 73). Os longos anos de pesquisa com História Oral e
História de Vida permitiram aos autores atentarem para o fato de que é imprescindível
oferecer ao entrevistado um espaço adequado de conversa e condições de rememoração de sua
história de vida para que, ao contar e reviver, ele possa também se reinventar, reconhecer e
reapropriar de sua própria história.
A linguagem também possui papel essencial dentro desta teoria, pois ela é capaz
de reafirmar os homens enquanto seres humanos dotados de raciocínio lógico e também de
emoções que se dissipam na conversa. A mitologia também possibilita analogia com esta
premissa:
Não há, a rigor, na Teogonia uma relação entre linguagem e ser, mas uma
imanência recíproca entre eles. Tal imanência é concebida e experimentada por
Hesíodo como uma força múltipla e divina que ele nomeia com o nome de Musas –
filhas de Zeus com Mnemosine, a deusa Memória. Elas possuem o divino poder de
trazer à experiência o não-presente, coisas passadas e futuras. O Ser se dá,
portanto, na linguagem do discurso das Musas, que é numinosamente força-de-
nomear. Ou seja, neste caso, a linguagem, enfim, o discurso não diz, ele é (CUNHA;
MACHADO, 2003: 74).
Conforme o que nos traz os autores, a conexão entre linguagem e ser está presente
neste ato de trazer à experiência o não-presente, coisas passadas e futuras. Isso faz com que
coisas e acontecimentos da vida humana sejam nomeados e relatos, tornando a linguagem
dispensada de dizer, simplesmente porque o discurso por si só já existe, ele é inerente à vida
do ser humano.
A gramática também é eficaz para compreendermos o papel da linguagem na vida
do sujeito, pois o verbo enquanto indicativo de ação, quando dito por alguém significa fazer
do dito e dizer do feito. A linguagem tem capacidade criadora, que se presume
consequentemente em criação de cultura e como fator de humanização dos homens. “É por
isso que nas narrativas, que decorrem e que caracterizam os usos da história oral e histórias de
vida, narrador e entrevistador/pesquisador se envolvem em uma prática transformadora e
humanizadora” (CUNHA; MACHADO, 2003: 74).
Muitas pesquisas podem ser divididas entre quantitativas e qualitativas, ou até
mesmo as duas ao mesmo tempo. Podemos observar variados métodos dentro de cada um
desses campos, sendo que a área qualitativa é a que mais interessa para este trabalho.
Optamos por usar o método da História de Vida, levando em consideração a singularidade e
riqueza dos depoimentos obtidos das mulheres eleitas para protagonizar nossa pesquisa,
trazendo uma delas para esse texto. Trata-se, nessa esfera, de ressaltar o diálogo como um
momento único e construtivo passível de construir experiências significativas.
A concretização da História de vida como método de pesquisa, se fortificou a
partir da Escola de Chicago, onde professores e alunos da Universidade de Chicago iniciaram
um movimento de pesquisa voltado para a Sociologia e a Psicologia Social, com o
desenvolvimento de diversos estudos. Mesmo não havendo total consonância, este movimento
foi de fundamental importância para construir diretrizes e preceitos fundamentais para a
sociologia americana (SILVA et al, 2007).
Neste mesmo cenário emerge a teoria do interacionismo simbólico que ressalta a
necessidade da participação do pesquisador nos eventos a serem estudados por ele:
Assim, o acesso aos fenômenos a serem estudados pelo pesquisador só pode se dar
quando ele participa ativamente, como agente, no mundo a ser estudado, pois esses
fenômenos são precisamente as produções sociais significantes construídas pelos
agentes (...) O conhecimento de determinada ação só vai, então, fazer sentido se
entendido dentro de seu contexto, na realidade em que é experimentada (SILVA et
al, 2007: 30).
Neste aspecto, pesquisas desse tipo corroboram com a construção identitária do
indivíduo, além de sua trajetória pessoal que pode contribuir para uma dimensão social maior,
de conhecimento da sociedade em que ele viveu e as características de sua identidade. Contar
uma história não é apenas trazer um depoimento individual, mas exteriorizar a maneira como
ela foi capaz de moldar os preceitos de uma sociedade determinada. Ou seja: “(...) por meio
da história de vida contada da maneira que é própria do sujeito, tentamos compreender o
universo da qual ele faz parte (SILVA et al, 2007: 31).
O ato de rememorar sua própria história e contá-la, faz com que o indivíduo
ressignifique sua própria vida e o meio social onde vive, possibilitando sua reinvenção. Estes
aspectos proporcionam, para além do alcance dos objetivos de pesquisa, a dimensão ética do
estudo, que seria proporcionar à pessoa contribuinte a oportunidade de experimentar sua
história sob novo ângulo e a partir daí, quem sabe criar novas perspectivas (SILVA et al,
2007).
A história de vida propõe uma escuta comprometida, engajada e participativa. Na
relação de cumplicidade entre pesquisadores e sujeitos pesquisados encontra-se a
possibilidade daquele que narra sua história experimentar uma ressignificação de
seu percurso e dar continuação à construção de um sentido frente à este relato
endereçado (SILVA et al, 2007: 31).
O pensamento dos autores permite asseverar neste momento a importância do
desenvolvimento desta pesquisa, pois sabemos que outros estudos sobre a cidade de Nova
Porteirinha já foram desenvolvidos, mas nenhum que tratasse especificamente da temática das
mulheres e que pudesse ainda ser desenvolvido pelo olhar de alguém que viveu naquele lugar
e conhece de longa data as protagonistas aqui apresentadas.
Portanto, a história de vida se apresenta também como terapêutica, pois o sujeito
tem a chance, não apenas de relembrar, mas reconstruir aquilo que viveu. Não podemos
esquecer ainda da importante tarefa de dar voz àqueles que foram sucumbidos por discursos
dominantes no passado, fato muito presente na história social das mulheres, quando se
preocupa em trazer a tona os silêncios da história.
O vínculo de confiança e amizade estabelecidos entre o pesquisador e os
entrevistados é essencial para assegurar a qualidade da entrevista e as falas que surgirão. É
importante que a pessoa entrevistada sinta por parte do pesquisador respeito e interesse por
seu percurso de vida e os relatos que tem a contar. Não é possível criar um roteiro pré-
estabelecido, mas sim, juntos, construir um processo que terá como resultado o seu caminho e
trajetória refeitos.
Em relação aos procedimentos que devem ser adotados, são os seguintes:
O método começa a partir do desejo do entrevistado de contar sua vida. Pede-se ao
sujeito que conte sua história, como achar melhor – nos moldes de entrevista não-
estruturada. Este sujeito vai ser escolhido a partir das relações já desenvolvidas
pelo pesquisador no contexto, de acordo com seu desejo de participar. É a partir da
relação que vai sendo estabelecida – o vínculo, a confiança, a construção de
sentidos – que o método se desenvolve. Trata-se da interlocução. A história de vida
não pode ter um sentido, mas sim vários. O relato não corresponde necessariamente
ao real, a vida não é uma história. O que importa é o sentido que o sujeito dá a esse
real, de forma que o momento de análise posterior dê conta do indivíduo como
social (SILVA et al, 2007: 32).
Ao contar sobre sua vida, o indivíduo traz informações que nos permitem conectá-
lo ao coletivo, depreender ainda o contexto por ele vivenciado, seja com experiências,
ideologias, valores. Enfim, é possível saber mais sobre a característica de determinados
momentos, lugares ou pessoas, exteriorizando a história de vida não apenas como meramente
individual ou biográfica, mas como chave para compreender questões de alçadas maiores.
Abordar metodologias pertinentes a qualquer pesquisa que seja, envolve também
trazer à tona quais são os percalços e dificuldades que determinados métodos podem
ocasionar no trajeto de estudo, o que não é diferente com a História de Vida e todos os outros
utilizados até então. Thelma Spindola e Rosângela da Silva Santos (2003) apontam que a
primeira orientação para evitar entraves é a escolha do tema, que deve ser familiar ao
pesquisador, de modo que possa fazê-lo fluir de maneira agradável.
Como sabemos a primeira premissa para trabalhar a História de Vida é
compreender que ela está centrada na narrativa da história de vida da pessoa, não cabendo ao
pesquisador julgar os fatos ou confrontar a veracidade das informações prestadas. Este relato
servirá para compreender processos sociais na qual aquele indivíduo está inserido, tendo,
portanto, maior valor a sua experiência de vida e a maneira como vê os fatos.
Assim, o método de história ou relato de vida tem como consequência tirar o
pesquisador de seu pedestal de ‘dono do saber’ e ouvir o que o sujeito tem a dizer
sobre ele mesmo: o que ele acredita que seja importante sobre sua vida. Por meio
do relato de Histórias de Vida individuais, podemos caracterizar a prática social de
um grupo (SPINDOLA; SANTOS, 2003: 121).
Depreende-se que, mesmo sendo tão singulares, as histórias de vida proporcionam
valiosa reflexão sobre o momento já vivido pelo próprio indivíduo que está relatando sua
vida. Combinada à força motora de revelar características do grupo na qual a pessoa pertence,
o método se revela eficaz na perspectiva da narrativa como forma de construir histórias
(SPINDOLA; SANTOS, 2003).
Torna-se importante compreender, dentro deste aspecto, como o cotidiano pode
ser entendido e ressignificado através da narrativa da história de vida. O cotidiano pode ser
erroneamente confundido como uma série de ações repetitivas e monótonas e asseveramos
que essa afirmativa acontece porque, na verdade, ele é carregado de férteis microeventos com
muitas significações tanto para os atores sociais que os vivenciam, como para os
pesquisadores que deles tomam conhecimento. “Um estudo do cotidiano dirige o olhar do
pesquisador para uma dimensão, uma família, um grupo social que pode ser identificado pelas
práticas sociais que elabora” (SPINDOLA; SANTOS, 2003: 122).
A história de vida não é capaz de agir isolada sobre os estudos pretendidos, deve-
se estar atento ao fato de que, aplicada a sua devida importância e suas técnicas de
metodológicas, partimos então para a análise do contexto em que se desenvolveu e os
aspectos históricos que a rodeiam, proporcionando a avaliação de seu contexto coletivo e
social (SPINDOLA; SANTOS, 2003).
É considerável notar a relevância do cenário das entrevistas e sua realização
propriamente dita. Quanto ao ambiente, este deve ser agradável para ambas as partes, e que
cause familiaridade principalmente aos entrevistados. A obtenção dos relatos também deve
ser feita de modo que seja estabelecida uma relação de confiança e intimidade entre
entrevistado e pesquisador, com o mínimo de interferências possíveis, fazendo com que a
pessoa conte sua vida da maneira que achar mais conveniente ou à medida que as lembranças
vão surgindo. Caso alguma questão não tenha ficado clara, é permitido intervir com perguntas
que possibilitem esclarecer fatos e não criar expectativa em torno do que não foi dito
(SPINDOLA; SANTOS, 2003).
Para quem trabalha com história oral e conhece o processo de entrevistas semi-
estruturadas, é sabido que os relatos de nossos entrevistados sempre instiga a mais
questionamentos, dúvidas e até mesmo interação em determinados momentos da fala dos
participantes. No caso da história de vida, um dos desafios é se manter em silêncio e deixar
que a pessoa conte sua história sem interrupções. É relevante constatar que não há obrigação
de ficar sempre calado, mas que, naturalmente, essa é uma metodologia onde há menos
intervenções por parte do pesquisador.
No caso das entrevistas realizadas, originalmente elas não foram planejadas como
história de vida. Entretanto, ao analisar melhor o que se conhecia da trajetória delas surgiu
esta possibilidade que se concretizou no momento dos primeiros contatos que antecederam os
relatos. O que percebemos é que elas não fizeram parte de movimentos isolados de
protagonismo feminino ou participação em eventos importantes para a temática abordada ou
para a história da cidade de Nova Porteirinha, mas sim que suas próprias vidas foram, mesmo
que inconscientemente, um processo de engajamento por espaço na sociedade enquanto
mulheres. Isso nos permite crer que essas histórias de vida abriram caminho para as mulheres
que vieram depois, que se inseriram no mercado de trabalho, nos espaços públicos da cidade e
na política.
“Quem arranjar será feliz!”: história de vida de Inês Mendes de Souza
“Quem arranjar será feliz!” foi a frase saudosamente lembrada por Dona Inês
Mendes de Souza, segundo ela proferida no momento em que terminou de realizar as provas
do concurso público onde concorria os direitos sobre o Cartório de São José do Gorutuba.
Dentre muitos entraves políticos, ela “arranjou”, trabalhou, foi mãe, dona de casa e hoje se
considera batalhadora e possuidora por todo esse tempo da felicidade proferida naquele
momento.
As mulheres sempre fizeram parte do mundo do trabalho, entretanto, por um
longo tempo, suas tarefas laborais se restringiram ao campo doméstico e foram injustamente
desvalorizadas e tidas como obrigação do sexo feminino. Mesmo os trabalhos informais de
subsistência foram desconsiderados da renda familiar e descentralizados da figura da mulher
como provedora do lar, cabendo este papel apenas aos homens. O trabalho doméstico foi
incorporado como categoria na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) apenas
no ano de 1992, entretanto considerando-se apenas o trabalho remunerado, ficando as
atividades domésticas exercidas pelas donas de casa como inválidas dentro da esfera
econômica (GUIRALDELLI, 2007).
Cabe lembrar que a mulher não participa apenas do mercado de trabalho, ou seja,
assumindo funções produtivas, mas também as funções reprodutivas, além do
trabalho doméstico onde se prevalece a responsabilidade feminina, permitindo com
isso transmitir à mulher uma carga tripla de jornada de trabalho, ou seja, o
trabalho extra domicílio, o cuidado com os filhos e as tarefas do lar
(GUIRALDELLI, 2007: 6-7).
Mesmo com todas as transformações ocorridas em relação à presença feminina no
mundo do trabalho produtivo, há percalços e maneiras de pensar que sobrevivem, tais como
aptidão feminina para determinadas tarefas e outras não, ficando destinadas exclusivamente
aos homens, além da ideia de que o trabalho das mulheres e a renda advinda daí serve como
complemento ao orçamento familiar, mesmo que em muitos casos sejam as principais
geradoras de renda (GUIRALDELLI, 2007).
Na economia agricultora, na manufatureira, no comércio ou nas tecelagens, as
mulheres vieram ao longo do tempo contribuindo substancialmente para o desenvolvimento
da economia de nossa sociedade e na geração de riquezas. Entretanto, devemos ressaltar como
muitas vezes a mão de obra feminina e a infantil foram desumanamente exploradas,
principalmente a partir do advento das fábricas, em decorrência da Revolução Industrial
(GUIRALDELLI, 2007).
No Brasil, foi a partir dos anos 1970 o ápice da inserção das mulheres no mercado
de trabalho, que ocorreu justamente através do trabalho doméstico remunerado. Esse
crescimento é tido como reflexo do aumento das mulheres no mercado de trabalho formal e
que a partir de então precisam de outras mulheres em suas casas executando as tarefas
domésticas e cuidando dos seus filhos (LEONE; TEIXEIRA, 2010).
As mulheres foram capazes de ampliar sua participação na atividade econômica.
Houve crescimento muito forte do emprego feminino no serviço doméstico
remunerado. O emprego doméstico remunerado absorveu algumas mulheres,
possibilitando a liberação de outras para participarem da atividade econômica
(LEONE; TEIXEIRA, 2010: 3).
A independência das mulheres no mercado de trabalho começou a dar sinais a
partir de 1960, fruto dos questionamentos sobre seu espaço na sociedade e a luta pela
igualdade de gênero. Toda essa movimentação permitiu às mulheres maior domínio sobre seu
corpo e, principalmente, sobre suas funções reprodutivas, fator determinante para sua entrada
e permanência no mundo do trabalho formal (LEONE; TEIXEIRA, 2010).
Mesmo com todas as conquistas, algumas questões são passíveis de discussão
quanto aos avanços da presença feminina no desenvolvimento da economia de nosso país.
Uma delas é sobre a predominância do sexo feminino no trabalho doméstico e
consequentemente a divisão sexual de postos de trabalho, o que nos leva a refletir também
sobre as discrepâncias salariais existentes entre homens e mulheres que ocupam o mesmo
cargo e possuem o mesmo nível de escolaridade.
As mulheres enfrentam no mercado de trabalho barreiras não visíveis, como maior
dificuldade de ascensão a cargos de chefia e as maiores exigências de escolaridade
em ocupações consideradas de maior qualidade mais acessíveis a mulheres. Sem
dúvida nenhuma as mulheres tiveram muitas conquistas, como o acesso ao mercado
de trabalho – ainda que em condições desiguais. Entretanto, essas conquistas
impuseram a dupla jornada de trabalho, a segmentação das mulheres em atividades
ou funções ditas femininas, as disparidades salariais e a ausência de políticas
púbicas como creches, etc (LEONE; TEIXEIRA, 2010: 4).
Essas discussões vão sendo incorporadas nas organizações femininas, nos
sindicatos e no próprio meio acadêmico para que mudanças sejam aplicadas, mesmo que
lentamente. Cabe ressaltar ainda a importância de demonstrar o protagonismo feminino e a
história dessas mulheres que, mesmo sendo exceção, trazem estimadas reflexões sobre o
ambiente em que vivem e os exemplos que podem ser seguidos no que concerne à igualdade
de direitos independente dos sexos.
Nova Porteirinha traz muitas peculiaridades, que talvez não sigam a regra sobre a
incorporação das mulheres no mercado de trabalho. Resguardados alguns empecilhos que
nossas protagonistas enfrentaram, podemos ver notáveis diferenças que permitem asseverar o
município como diferente dos demais. Não se trata de um caso isolado, mas de vários casos
de mulheres que despontaram em funções predominantemente masculinas e obtiveram
sucesso e reconhecimento da maioria da população, convidamos então para conhecer uma das
mulheres que se destacou na entrada ao mercado de trabalho.
Inês Mendes de Souza tem 76 anos é filha de Joaquim Marcelino da Conceição e
Maria Mendes da Silva. Ao todo foram dezesseis filhos, onde seis foram criados no seio da
família, inclusive Dona Inês. É casada com o Sr. Delcídio Antônio de Souza, conhecido na
cidade por todos pelo apelido de Seu Lola, há 58 anos, e tiveram como fruto deste
matrimônio onze filhos, sendo que oito estão vivos. A família se mudou para Nova
Porteirinha há 38 anos atrás, trazendo muitas histórias e lutas de sua matriarca para que visse
garantidos seus direitos básicos enquanto mulher trabalhadora.
A descoberta de Dona Inês como uma das mulheres protagonistas na cidade de
Nova Porteirinha se deu através de uma despretensiosa conversa no meio da rua e que, mais
tarde, originaria a entrevista então produzida para esta pesquisa. No meio da entrevista, ao
pausar para atender o chamado de uma das netas mais novas, surge a história que melhor
ilustra a garra e excepcionalidade de D. Inês: na semana anterior acabara de ir ao Parque de
Diversões com as netas e achou fantástico subir com elas nos brinquedos mais radicais sem
medo algum.
A garra que Dona Inês demonstra logo no primeiro instante vem de longa
caminhada, quando ainda era muito jovem e morava no Distrito de São José do Gorutuba,
pertencente à Porteirinha. Segundo nossa entrevistada foi naquele lugarejo onde nasceu, se
criou, casou e teve seus filhos, berço também do nascimento de seus pais e avós. A sua
primeira saída de São José do Gorutuba foi para cursar o primário na cidade de Porteirinha,
onde primeiro foi enviada sua irmã Lili e posteriormente ela:
Meu pai colocou Lili minha irmã em Porteirinha em 1953, na casa de um amigo, o
ano todo pra fazer o primário e eu em 1954. E meus parentes ficava só falando com
meu pai: “Mas Joaquim tem coragem viu, pegar essas meninas e deixar na cidade,
onde pode acontecer alguma coisa diferente, Joaquim é muito corajoso”. Mas meu
pai, naquele tempo do carrancismo, meu pai, eu entendo meu pai um homem bem
civilizado, o povo falava e ele não tava nem ai. E com isso nos ajudou muito!
(SOUZA, 2017).
Foi graças ao impulso do pai de fazer as filhas estudarem fora de casa, não por
capricho, mas pelo fato de os recursos estarem realmente na cidade de Porteirinha, que aos 14
anos D. Inês começou no seu primeiro emprego como professora alfabetizadora de adultos.
Conforme ela mesma conta, a sala de aula era iluminada por lamparina de querosene e cheia
de alunos todos mais velhos que ela. Exerceu essa profissão por dez anos e durante seu
percurso começou a trabalhar também na escola estadual do distrito de São José do Gorutuba,
denominada Neco Lopes, onde deu aula por quatro anos.
Com o advento das eleições municipais em 1962, o candidato que sairia vitorioso
na cidade de Porteirinha era Alcides Mendes, adversário político do pai de Dona Inês.
Naquela época eram escassos os concursos públicos e muitos empregos dependiam
exclusivamente de indicações e articulações políticas entre quem estava no poder e seus
correligionários. Com isso Seu Joaquim Marcelino acabou sendo afetado por não ter eleito
seu candidato e diante de tal situação o prefeito eleito Alcides Mendes conseguiu que o Juiz
de Paz lhe tomasse o Cartório de São José do Gorutuba e passasse a outra pessoa, além de ter
feito com que suas filhas, Inês e Lili, fossem demitidas da escola estadual.
Lili tinha oito anos de trabalho, tempo necessário naquela época para que o
funcionário do estado se tornasse efetivo. Tal fator proporcionou sua volta à escola de
maneira definitiva, mas sua irmã Inês lecionava no estado há apenas quatro anos e acabou
ficando desempregada. Pouco tempo depois foi aberto concurso para o Cartório de São José
do Gorutuba, onde as irmãs se inscreveram juntamente com outros dois homens. A inscrição
de Lili foi indeferida porque os documentos não chegaram a tempo, então os outros três foram
até Porteirinha para realizar a prova:
Na hora que terminou as provas lá em Porteirinha, eu lembro, onde é o
Destacamento Policial, ali era o Fórum né, então veio um Doutor Leontino de
Francisco Sá, promotor de justiça, aplicar as provas pra nós lá. Quando terminou
as provas eu perguntei assim: “Ô Doutor Leontino e o resultado das provas vai sair
quando?” Ele falou assim: “Todos aprovados por unanimidade! Agora vocês vão
brigar com o governo”. Ainda falou assim: “Quem arranjar será feliz!” (SOUZA,
2017).
A partir de então começou a busca entre os correligionários políticos para que
houvesse a sua indicação por parte do Governo Estadual para assumir o cartório, momento em
que teve substancial ajuda de Cícero Dumont e Humberto Souto, respectivamente Deputado
Estadual e Deputado Federal naquela época. O resultado do sucesso de sua empreitada chegou
à Porteirinha em um telegrama que depois seguiu a cavalo para São José do Gorutuba. Nele a
presença de Dona Inês era solicitada no município de Montes Claros para realização dos
exames de aptidão para o exercício do trabalho e depois o retorno à Porteirinha para tomar
posse.
Entretanto, diante da concretização do emprego tão almejado por Dona Inês, havia
um impasse: estava grávida e sabia que estava prestes a dar à luz, mesmo com a ausência de
acompanhamento médico. Ela mesma relata esse fator como um desânimo que a abateu, para
além dos comentários da população daquele distrito, que viam como loucura o fato dela viajar
grávida para assumir o cartório. Este comportamento não se caracteriza como novidade para
aquela época e para a sociedade predominantemente patriarcal na qual estavam inseridos estes
personagens, pois havia ainda a ideia de que as mulheres deveriam priorizar os cuidados com
a família e o lar, em detrimento de suas carreiras e aspirações pessoais.
Ai agora minha mãe falava: “Vai minha filha! Você tá indo é pra onde tem
conforto, talvez seja melhor que ficar aqui”. E eu desanimada, mas animei e fui.
Você sabe de quê que nós fomos pra Montes Claros no dia? Foi eu e meu pai, Lola
não foi não, Lola ficou em São José com os meninos, já tinha um bocado já né. Ai
agora nós fomos no jipinho velho de Almerindo Silva, naquele tempo a estrada era
só barro, só quebra mola, ainda não tinha asfalto, a estrada bem ruim né?! Então
nós fomos lá pra Montes Claros, sei que nós chegamos lá em Montes Claros dia 30,
30 de setembro, não, de Agosto! 31 nós fizemos a consulta tudo, pegou o laudo
médico. Quando foi 31, meia noite, eu entrei no hospital São Vicente de Paula pra
ganhar Gislene. Eu tava mais meu pai na pensão de Dandim, minha cama de um
lado do quarto e meu pai do outro, nós ficamos num quarto só. Falei assim: “Pai,
providencia que eu quero ir pro hospital ganhar neném!” Meia noite eu entrei no
hospital, quando foi primeiro de setembro 11 horas da manhã eu ganhei Gislene
(SOUZA, 2017).
Seis dias após o nascimento da filha, foi hora de retornar à Porteirinha, de trem,
para tomar posse como Oficial do Cartório de 1º Ofício de São José do Gorutuba. Foi uma
grande correria, como bem disse Dona Inês e, para além de toda essa batalha, ainda teve que
lidar com o preconceito da própria família, em especial uma tia que a acusava de ter saído
“parindo pras estradas” na pressa de assumir o cartório mesmo estando grávida. Familiares de
seu marido também achavam um absurdo ela ter tido coragem de se inscrever no concurso e
fazer a prova no meio de dois homens, talvez com mais estudo e conhecimento que ela. Com
um sorriso no rosto ela agradece a Deus e expressa como foi feliz por não ter desistido de seus
objetivos diante dos empecilhos impostos, recebeu o Cartório com sua filha Gislene nos
braços e continuou sua trajetória que ainda reservava muitas lutas.
O trabalho do cartório era conhecido por Dona Inês por já ter pertencido ao seu
pai e era ela quem fazia tudo sozinha, pois o movimento não era tão grande pelo fato de
abrigar apenas os serviços necessários aos moradores do distrito. Durante a entrevista ela nos
explicou que, atualmente temos o costume de ver os serviços de cartórios desmembrados,
principalmente em cidades maiores, mas no caso do distrito era tudo feito no mesmo
estabelecimento: registro de nascimento, casamento e óbito; escrituras; procurações;
reconhecimento de firmas e os demais serviços que houvesse demanda.
O distrito de São José do Gorutuba está localizado muito próximo do Rio
Gorutuba, de onde seus moradores tiraram sua subsistência durante muito tempo, e onde
também houve desocupação de terras em função da construção da Barragem Bico da Pedra,
processo explorado no capítulo anterior. A desapropriação dos moradores da localidade
também afetou tanto a vida particular de Dona Inês, bem como seu trabalho no Cartório de
Notas.
Quando aconteceu a desapropriação lá na região de São José, foi desapropriado na
região lá e na zona rural tudo, mais de 450 famílias. Inclusive foi desapropriado até
a metade do povoado, a casa do meu vizinho foi desapropriada, a minha já não foi
desapropriada. Ai agora o povo foi saindo todo, era quatro, cinco caminhão de
mudança no dia. Quantas vezes eu chorei lá antes de me mudar, os carros de
mudança passando e os pais de família mandava parar e despedia da gente
chorando minha filha, deixando aquela propriedade com uma indenização irrisória.
Olha que tá com 38 anos isso e não dava pra comprar um lote nas periferias de
Janaúba, não valia nada a indenização não. Então eu chorei muitas vezes antes de
sair de lá (...) O cartório não tinha movimento mais não, o povo da região tinha
saído tudo, 450 família desapropriada, tava fazendo mais nada não, e se aparecesse
um registrozinho pra fazer não tava tendo nem testemunha mais pra assinar, não
aparecia testemunha (SOUZA, 2017).
Ela lembrou ainda de muitas famílias que tinham a agricultura como forma de
subsistência, sendo necessário ter a terra e a água do rio para sobreviver, de onde foram
tirados com indenizações injustas em virtude de tudo que havia nas terras. Na opinião de
Dona Inês, todas essas pessoas deveriam ter sido os primeiros colonos a serem abrigados no
projeto de irrigação, mas infelizmente muitos ficaram de fora. Como vimos no capítulo
anterior, ela concorda que a vinda da barragem trouxe muito medo e perdas no começo, mas
que hoje ela é a salvação da população de Nova Porteirinha e Janaúba.
Em virtude dos fatos narrados, Dona Inês recorreu aos órgãos competentes em
Belo Horizonte para que pudesse mudar o cartório de São José do Gorutuba para Nova
Porteirinha, que naquela época ainda não era sequer distrito e estava subordinada ao primeiro.
Seu pedido foi acatado até que a sede definitiva fosse decidida em âmbito municipal. A
mudança trouxe boas perspectivas para Dona Inês e sua família, pois o povoado de Nova
Porteirinha estava crescendo com a vinda das famílias desapropriadas e consequentemente o
fluxo de serviços no cartório também aumentava.
Mesmo Nova Porteirinha sendo o povoado de maior movimento e que estava
abrigando grande parte da população de São José do Gorutuba, após quatro anos fixado na
localidade, o cartório foi mudado para o Distrito de Bom Jesus, onde é sua sede até hoje. O
lugar era menor que Nova Porteirinha e possuía na época poucos habitantes, mas, conforme
Dona Inês, a mudança se deu por desavenças políticas. Mais uma vez o prefeito Alcides
Mendes conseguiu fazer com que Dona Inês e sua família fossem prejudicados, mesmo com
os danos ela levou o cartório pra Bom Jesus e a família permaneceu morando em Nova
Porteirinha, fazendo com que ela fosse e voltasse todos os dias para trabalhar. A diferença
entre Bom Jesus e Nova Porteirinha pode ser notada quando é relatado por nossa entrevistada
a queda de 90% nos rendimentos do cartório em decorrência da mudança. Uma experiência de
Dona Inês com seu filho caçula Joaquim, apelidado de Galego, retrata bem essa situação:
Ai agora, mas pra arranjar transferência da sede de Gorutuba pra Bom Jesus,
Alcides conseguiu um documento que deve ter levado pra Corregedoria de Justiça,
que era um povoado de mais de 100 habitantes pra transferir. Quando eu fui lá
tinha era seis casas na vila, a igreja e um grupo escolar só, depois que foi construir
a outra escola (...) Como eu ia falando, então eles arranjaram esse documento falso
e levou pra conseguir, porque não podia transferir com aquele pouco de casa ali
não. Eu lembro quando eu comecei a trabalhar lá, Galego devia ter quatro ou cinco
anos, quando eu comecei a trabalhar lá né... Justamente, quando eu vim pra cá ele
tinha um ano e sete meses né, fiquei quatro anos aqui e daí fui pra lá. Ele falou
assim: “Ô mãe, me leva no Bom Jesus mais a senhora! Me leva!” Ele ainda não
estudava. Quando foi um dia eu levei ele e ele brincou muito mais os meninos de
minha amiga lá, andando à cavalo. Quando chegou pras menina ele falou assim,
quando chegou de lá: “As meninas, eu tô pensando que mãe trabalha mesmo é num
Bom Jesus, mãe trabalha, as menina, se vocês ver, é num Bom Matão! De Bom
Jesus lá não tem nada, é Bom Matão!” (SOUZA, 2017).
As adversidades políticas são muito afloradas em cidades pequenas, fazendo com
que mágoas e brigas sejam carregadas por longo tempo. Ressalta-se ainda a escassez de
recursos para que se pudesse recorrer de tais decisões que prejudicavam não apenas
especificamente à pessoa de Dona Inês, mas também na prestação de serviços àquela
população. Como não viu maneira de brigar para que a sede do cartório transferisse para Nova
Porteirinha, ela o levou para Bom Jesus e lá ainda trabalhou por mais treze anos até se
aposentar.
Durante este intervalo, Dona Inês solicitou ao Juiz de Paz que nomeasse sua filha
Gislene como sua escrevente, segundo ela não pelo fato de o movimento e o trabalho serem
muitos para uma pessoa só, mas porque às vezes era necessário deixar o cartório fechado em
decorrência de alguma viagem ou consulta médica. Após a sua aposentadoria, a filha tentou
concurso para continuar no cartório, mas não obteve êxito.
Atualmente é notório o quanto os concursos para cartórios são concorridos e
viraram a verdadeira galinha dos ovos de ouro para os bacharéis em Direito, tendo em vista o
grande retorno financeiro na maioria deles. Mas cabe ressaltar que nossa entrevistada está
centrada numa época de grandes dificuldades para a região, ela própria destacou que no
momento da última mudança do cartório, permaneceu cumprindo seu ofício mais para que
completasse o tempo de aposentadoria do que pelo retorno financeiro. Durante os treze anos
em que trabalhou longe de casa, Dona Inês contou com o apoio das filhas, algumas já
trabalhando e outras não, para que cuidassem da casa e dos filhos menores juntamente com o
pai.
Por fim, Dona Inês destaca como sua vida foi uma verdadeira batalha, com muitas
dificuldades e enfrentamento de estereótipos que ainda marcavam aquela época, onde fez
história como uma mulher protagonista de sua própria vida, que lutou para ter o seu lugar não
apenas no mercado de trabalho, mas dentro de uma sociedade que reconheceu a necessidade
da prestação de seus serviços.
Referências
CUNHA, Jorge Luiz da; MACHADO, Alexsandro dos Santos. Sujeitos que lembram:
História Oral e Histórias de Vida. História da Educação, Pelotas, set./2003, n.14, p. 63-77.
GUIRALDELLI, Reginaldo. Presença feminina no mundo do trabalho: história e atualidade.
Estudos do Trabalho, 2007, ano 1, n.1, p. 1-15.
LEONE; Eugenia Troncoso; TEIXEIRA, Marilane Oliveira. As mulheres no mercado de
trabalho e na organização sindical. In: XVII Encontro Nacional de Estudos Populacionais.
Anais Eletrônicos ENEP 2010. Disponível em: <
http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2010/docs_pdf/tema_8/abep2010_2200.pdf>.
Acesso em Abr. 2017.
SILVA, Aline Pacheco et al. “Conte-me sua história”: reflexões sobre o método de História
de Vida. Mosaico: estudos em psicologia, 2007, vol. 1, n. 1, p. 25-35.
SOUZA, Inês Mendes de. Protagonismo feminino em Nova Porteirinha/MG: entrevista.
Concedida a Rhaenny Maísa Freitas, Abril/2017.
SPINDOLA, Thelma; SANTOS, Rosângela da Silva. Trabalhando com a história de vida:
percalços de uma pesquisa (Dora)? Revista da Escola de Enfermagem da USP, 2003, vol.
37, n. 2, p. 119-126.