UNIVERSIDADE PAULISTA CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA
CAMPI ANCHIETA / CHCARA / PINHEIROS
ECONOMIA & MERCADO
Prof. Rodrigo Marchesin (Organizador)
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So Paulo 2009
Prof. Rodrigo Marchesin Economia & Mercado
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APRESENTAO1
At o ano de 1615, o conjunto de conhecimentos dessa cincia era denominado simplesmente
Economia, nome ainda preferido, conforme veremos mais adiante. Nesse mesmo ano, pela primeira
vez, usou-se um nome mais extenso: Economia Poltica. Foi o autor francs Antoine de Montchrtien
(1575-1621) quem acrescentou a palavra poltica expresso economia, em seu clebre livro Trait de
lconomie politique, o qual afirmou: A cincia da aquisio da riqueza comum ao Estado e famlia.
Em seu entender, no era conveniente, em nenhum caso, a separao do adjetivo poltica do
substantivo economia, na designao dessa disciplina. Como a denominao economia poltica tem
sido criticada, propuseram-lhe outros nomes em substituio, uns mais antigos, como, por exemplo,
crematstica (do grego Khrema - riqueza - cincia da riqueza), plutologia (do grego PLOUTOS =
riqueza, cincia da riqueza), catalactica (do grego Katallactein - cincia das trocas) e outros mais
recentes, como economia nacional, economia social, econmica (com a desinncia empregada na
denominao de outras disciplinas - Fsica, Botnica, Qumica) e economia (excluindo o adjetivo
poltica, que implica estudo dos fatos pertencentes cincia do governo de um pas) etc.
Ao examinarmos a expresso tradicional economia poltica, vamos verificar, primeiramente,
que temos nela um substantivo e um adjetivo qualificativo. A expresso economia tem origem na
palavra grega oikos, que significa casa, fortuna, riqueza, e na palavra nomos (tambm grega), que quer
dizer lei, regra ou administrao.
No por outra razo que um dos majores gnios da Idade Mdia e o maior filsofo da Igreja
dizia que ecnomos eram aqueles que administravam os bens, as rendas e as despesas da casa ou
do lar. Ainda hoje, encontramos as pessoas encarregadas da administrao de certos estabelecimentos
da Igreja, isto , os ecnomos das casas, dos colgios e conventos religiosos. Como se v, continua
sendo usada a palavra ecnomos, de acordo com sua origem.
O adjetivo poltica vem do latim, representado pela palavra politicus (remotamente do grego
polis), que significa cidade, pas ou nao (Estado). A palavra grega polis tambm tem o significado de
cidade, pois muito usada, ainda hoje, na terminao do nome de algumas cidades brasileiras, como,
por exemplo: Florianpolis, Terespolis, Martinpolis etc. Portanto, poltica significa cidade, pas ou
ao (Estado). Ou, por outras palavras, a arte de governar a cidade, o pas ou nao (Estado).
Caso adotssemos a opinio de acordo com a origem das palavras, teramos um objeto falso
da Economia Poltica, porque ento ela seria as leis, as regras ou a administrao de uma casa, e, por
extenso, as leis ou as regras de uma cidade, sociedade ou pas. Sabemos que isto no verdade,
pois compete a outras cincias o estudo das leis ou regras de uma cidade ou pas, no Economia.
1 Centro Universitrio Monte Serrat (UNIMONTE).
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No devemos abandonar o nome economia, como propem muitos autores, porque, se
examinarmos as outras denominaes, nelas vamos encontrar os mesmos defeitos. Podemos manter a
expresso mais extensa economia poltica, ou ento usar a ltima denominao proposta economia -
o que ser prefervel, porque, alm de tradicional, de uso geral e adotada pela maioria dos
economistas, apesar de sua origem etimolgica significar a administrao da casa.
Assim como outras cincias so denominadas por uma nica palavra (este o argumento de
alguns autores), usa-se apenas o termo economia, que tem a vantagem de ser uma expresso breve.
Uma vez conhecidas as razes do nome desse ramo do conhecimento humano, passaremos ao estudo
de sua definio e de seu objeto.
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SUMRIO
1 INTRODUO ECONOMIA 6
1. CONCEITO 6 2. SISTEMAS ECONMICOS 6 3. OS PROBLEMAS ECONMICOS FUNDAMENTAIS 6 4. FUNCIONAMENTO DE UMA ECONOMIA DE MERCADO: FLUXOS REAIS E MONETRIOS 8 5. BENS DE CAPITAL, BENS DE CONSUMO, BENS INTERMEDIRIOS E FATORES DE PRODUO 9 6. INTER-RELAO DA ECONOMIA COM OUTRAS REAS DO CONHECIMENTO 10
2 HISTRIA DO PENSAMENTO ECONMICO 11
1. INTRODUO 11 2. PRECURSORES 11 3. PENSAMENTO MARXISTA 15 4. A TEORIA NEOCLSSICA (FINS DO SC. XIX AO INCIO DO SC. XX) 16 5. O KEYNESIANISMO (DCADA DE 1930) 17
3 DINMICA DOS MERCADOS E SEUS IMPACTOS NAS ORGANIZAES 19
1. MICROECONOMIA 19 2. DEMANDA, OFERTA E EQUILBRIO DE MERCADO 20 3. INTERFERNCIA DO GOVERNO NO EQUILBRIO DE MERCADO 23
4 ESTRUTURAS DE MERCADO 24
1. INTRODUO 24 2. ESTRUTURA DO MERCADO DE FATORES DE PRODUO 25
5 INTRODUO MACROECONOMIA 27
1. MACROECONOMIA 27 2. INSTRUMENTOS DE POLTICA MACROECONMICA 28 3. ESTRUTURA DE ANLISE MACROECONMICA 30
6 O MERCADO MONETRIO 32
1. HISTRIA DA MOEDA 32 2. FUNES DA MOEDA 34 3. A OFERTA DE MOEDA 35 4. O BANCO CENTRAL 38 5. A DEMANDA DE MOEDA 41 6. RELAO ENTRE MOEDA E NVEL DE PREOS 44
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7 O SETOR EXTERNO 48
1. FUNDAMENTOS DO COMRCIO INTERNACIONAL: A TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS 48 2. DETERMINAO DA TAXA DE CMBIO 49 3. A INFLAO INTERNA E SEUS EFEITOS SOBRE A TAXA DE CMBIO 50 4. A ATUAO GOVERNAMENTAL NO MERCADO DE DIVISAS: POLTICAS EXTERNAS 50 5. A ESTRUTURA DO BALANO DE PAGAMENTOS 50 6. ORGANISMOS INTERNACIONAIS 51 7. O BALANO DE PAGAMENTOS NO BRASIL 52
8 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONMICOS 54
1. PLANO CRUZADO 54 2. PLANO BRESSER 54 3. MALSON DA NBREGA DA POLTICA DO FEIJO-COM-ARROZ AO PLANO VERO 55 4. PLANO COLLOR 56 5. PLANO REAL 63
REFERNCIAS 68
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CAPTULO 1
INTRODUO ECONOMIA
1. Conceito
uma cincia social que estuda como o indivduo e a sociedade decidem empregar recursos
produtivos escassos na produo de bens e servios, de modo a distribu-los entre as pessoas e
grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.
Em qualquer sociedade, os recursos ou fatores de produo so escassos; contudo as
necessidades humanas so ilimitadas, e sempre se renovam. Isso obriga a sociedade a escolher
entre alternativas de produo e de distribuio dos resultados da atividade produtiva aos vrios
grupos da sociedade.
2. Sistemas Econmicos
Pode ser definido como sendo a forma poltica, social e econmica pela qual est organizada
uma sociedade.
Os elementos bsicos de um sistema econmico so:
Estoques de Recursos Produtivos ou Fatores de Produo: recursos humanos (trabalho e
capacidade empresarial), o capital, terra, reservas naturais e a tecnologia.
Complexo de unidades de produo: constitudo pelas empresas.
Conjunto de instituies polticas, jurdicas, econmicas e sociais: que so base da
organizao da sociedade.
Os sistemas econmicos podem ser classificados em:
Sistema capitalista, ou economia de mercado, aquele regido pelas foras de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produo.
Sistema socialista ou economia centralizada, ou ainda economia planificada, aquele
em que as questes econmicas fundamentais so resolvidas por um rgo central de
planejamento, predominando a propriedade pblica dos fatores de produo.
3. Os Problemas Econmicos Fundamentais
Da escassez dos recursos ou dos fatores de produo, associa-se s necessidades ilimitadas
do homem, originando problemas econmicos fundamentais:
O qu e quanto produzir: dada a escassez de recursos de produo, a sociedade ter de
escolher, quais produtos sero produzidos e em que quantidades.
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Como produzir: a sociedade ter de escolher ainda quais recursos de produo sero
utilizados para a produo de bens e servios, dado o nvel tecnolgico existente.
Para quem produzir: a sociedade ter tambm que decidir como seus membros
participaro da distribuio dos resultados de sua produo (demanda, oferta,
determinao de salrios, das rendas das terras, dos juros etc).
Em economias de mercado, esses problemas so resolvidos pelos mecanismos de preos
atuando por meio da oferta e da demanda. Nas economias centralizadas, essas questes so
decididas por um rgo central de planejamento, a partir de um levantamento dos recursos de
produo disponveis e das necessidades do pas, e no pela oferta e demanda no mercado.
3.1. Curva de Possibilidades de Produo (ou curva de transformao)
um conceito terico com o qual se ilustra, como a questo da escassez impe um limite
capacidade produtiva de uma sociedade, que ter que fazer escolhas entre alternativas de produo.
Devido escassez de recursos, a produo total de um pas tem um limite mximo, onde todos os
recursos disponveis esto empregados.
Suponhamos uma economia que s produza mquinas (Bens de Capital) e alimentos (Bens
de Consumo) e que as alternativas de produo de ambos seja as seguintes:
Alternativas de Produo
Mquinas (milhares)
Alimentos (toneladas)
A 25 0
B 20 30
C 15 45
D 10 60
E 0 70
Na primeira alternativa (A) todos os fatores de produo seriam alocados para a produo de
mquinas;na ltima (E) seriam alocados somente para a produo de alimentos; e nas alternativas
intermedirias (B, C e D) os fatores de produo seriam distribudos na produo de um ou de outro
bem.
3.2. Conceito de Custo de Oportunidade
A transferncia dos fatores de produo de um bem A para produzir um bem B implica um
custo de oportunidade que igual ao sacrifcio de se deixar de produzir parte do bem A para se
produzir mais do bem B. O custo de oportunidade por representar o custo da produo alternativa
sacrificada, reflete em um custo implcito.
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4. Funcionamento de Uma Economia de Mercado: Fluxos Reais e Monetrios
Para entender o funcionamento do sistema econmico, vamos supor uma economia de
mercado que no tenha interferncia do governo e no tenha transaes com exterior ( economia
fechada ).
Os agentes econmicos so as famlias e as empresas. As famlias so proprietrias de
fatores de produo e os fornecem s empresas, atravs do mercado dos fatores de produo. As
empresas, atravs da combinao dos fatores de produo, produzem bens e servios e os fornecem
s famlias por meio do mercado de bens e servios.
4.1. Fluxo Real da Economia
MERCADO DE BENS E SERVIOS
DEMANDA OFERTA
FAMLIAS EMPRESAS
OFERTA DEMANDA
MERCADO DE FATORES DE PRODUO
No entanto, o fluxo real da economia s se torna possvel com a presena da moeda, que
utilizada para remunerar os fatores de produo e para o pagamento dos bens e servios. Desse
modo, paralelamente ao fluxo real temos um fluxo monetrio da economia.
4.2. Fluxo Monetrio da Economia
PAGAMENTO DOS BENS E SERVIOS
FAMLIAS EMPRESAS
REMUNERAO DOS FATORES DE PRODUO
4.3. Fluxo Circular de Renda
Unindo os fluxos real e monetrio da economia, temos o chamado Fluxo Circular de Renda:
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MERCADO DE BENS E SERVIOS
DEMANDA DE BENS E SERVIOS
OFERTA DE BENS E SERVIOS
O QUE E QUANTO PRODUZIR
FAMLIAS COMO PRODUZIR EMPRESAS
OFERTA DE SERVIOS DOS FATORES DE PRODUO
PARA QUEM PRODUZIR DEMANDA DE SERVIOS DOS FATORES DE PRODUO
MERCADO DE FATORES DE PRODUO
Fluxo Monetrio Fluxo Real (Bens e Servios)
5. Bens de Capital, Bens de Consumo, Bens Intermedirios e Fatores de Produo
5.1. Bens de Capital
So aqueles utilizados na fabricao de outros bens, mas que no se desgastam totalmente
no processo produtivo. Exemplo: Mquinas, Equipamentos e Instalaes.
5.2. Bens de Consumo
Destinam-se diretamente ao atendimento das necessidades humanas. De acordo com sua
durabilidade, podem ser classificados como durveis (geladeiras, foges, automveis) ou como no
durveis (alimentos, produtos de limpeza).
5.3. Bens Intermedirios
So aqueles que so transformados ou agregados na produo de outros bens e que so
consumidos totalmente no processo de produtivo (insumos, matrias-primas e componentes).
5.4. Fatores de Produo
So constitudas pelos recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e
tecnologia. Cada fator de produo corresponde a uma remunerao, a saber:
Fator de Produo Tipo de Remunerao Trabalho Salrio Capital Juro Terra Aluguel
Tecnologia Royalty Capacidade empresarial Lucro
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6. Inter-Relao da Economia com Outras reas do Conhecimento
Apesar de ser uma cincia social, a Economia limitado pelo meio fsico, dado que os
recursos so escassos, e se ocupa de quantidades fsicas e das relaes entre as quantidades, como
a que se estabelece entre a produo de bens e servios e os fatores de produo utilizados no
processo produtivos.
A Economia apresenta muitas regularidades, sendo que algumas relaes so inviolveis.
Por Exemplo: O consumo nacional depende diretamente da renda nacional. A quantidade
demandada de um bem tem uma relao inversamente proporcional com o seu preo. As
exportaes e as importaes dependem da taxa de cmbio.
A rea que est voltada para quantificao dos modelos a Econometria, que combina
Teoria Econmica, Matemtica e Estatstica.
Economia e Poltica so reas muito interligadas, tornando-se difcil estabelecer uma relao
de casualidade entre elas. A estrutura poltica se encontra muitas vezes subordinadas ao poder
econmico. Citemos alguns exemplos: poder Econmico dos latifundirios, poder dos oligoplios e
monoplios, poder das corporaes estatais.
Economia e Histria: a pesquisa histrica extremamente til e necessria para Economia,
pois ela facilita a compreenso do presente e ajuda nas previses para o futuro com base nos fatos
do passado. As guerras e revolues, por exemplo, alteraram o comportamento e a evoluo da
Economia.
Economia e Geografia: a Geografia no o simples registro de acidentes Geogrficos e
climticos. Ela nos permite avaliar fatores muito teis anlise econmica, como as condies
geoeconmicas dos mercados, a concentrao espacial dos fatores produtivos, a localizao de
empresas e a composio setorial da atividade econmica.
Economia, Moral, Justia e Filosofia: na pr-economia, antes da Revoluo Industrial do
sculo XVIII, que corresponde ao perodo da Idade Mdia, a atividade econmica era vista como
parte integrante da Filosofia, Moral e tica. A Economia era orientada por princpios morais e de
justia.
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CAPTULO 2
HISTRIA DO PENSAMENTO ECONMICO
1. Introduo
O pensamento econmico passou por diversas fases, que se diferenciam amplamente, com
muitas discrepncias e oposies. No entanto, a evoluo deste pensamento pode ser dividida em
dois grandes perodos: Fase Pr- Cientfica e Fase Cientfica Econmica.
A fase pr-cientfica composta por trs subperodos. A Antigidade Grega, que se caracteriza
por um forte desenvolvimento nos estudos poltico- filosficos. A Idade Mdia ou Pensamento
Escolstico, repleta de doutrinas teolgico- filosficas e tentativas de moralizao das atividades
econmicas. E, o Mercantilismo, onde houve uma expanso dos mercados consumidores e,
consequentemente, do comrcio. Como iremos tratar de um pensamento econmico que nos
influencia at hoje s trataremos da fase cientfica.
A fase cientfica pode ser dividida em Fisiocracia, Escola Clssica e Pensamento Marxista.
Esta primeira pregava a existncia de uma "ordem natural", onde o Estado no deveria intervir (laissez-
faire, laissez-passer) nas relaes econmicas. Os doutrinadores clssicos acreditavam que o Estado
no deveria intervir para equilibrar o mercado (oferta e demanda), atravs do ajuste de preos ("mo-
invisvel"). J o marxismo criticava a "ordem natural" e a "harmonia de interesses" (defendida pelos
clssicos), afirmando que tanto um como outro resultava na concentrao de renda e na explorao do
trabalho.
Apesar de fazer parte da fase cientfica, convm ressaltar que a Escola Neoclssica e o
Keynesianismo, diferenciam-se dos outros perodos por elaborar princpios tericos fundamentais e
revolucionar o pensamento econmico, merecendo, portanto, destaque. na Escola Neoclssica que
o pensamento liberal se consolida e surge a teoria subjetiva do valor. Na Teoria Keynesiana, procura-
se explicar as flutuaes de mercado e o desemprego (suas causas, sua cura e seu funcionamento).
2. Precursores
2.1. Fisiocracia (Sc. XVIII)
Doutrina de ordem natural: O Universo regido por leis naturais, absolutas e imutveis e
universais, desejadas pela Providncia divina para a felicidade dos homens.
A palavra fisiocracia significa governo da natureza. Isto , de acordo com o pensamento
fisiocrata as atividades econmicas no deveriam ser reguladas de modo excessivo e nem guiadas por
foras "antinaturais". Deveria-se conceder uma maior liberdade a essas atividades, afinal "uma ordem
imposta pela natureza e regida pelas leis naturais" governaria o mercado e tudo se acomodaria como
tivesse que ser.
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Na fisiocracia a base econmica a produo agrcola, ou seja, um liberalismo agrrio, onde a
sociedade estava dividida em trs classes:
a classe produtiva, formada pelos agricultores.
a classe estril, que engloba todos os que trabalham fora da agricultura (indstria,
comrcio e profisses liberais);
a classe dos proprietrios de terra, que estava ao soberano e aos recebedores de
dzimos (clero).
A classe produtiva garante a produo de meios de subsistncia e matrias primas. Com o
dinheiro obtido, ela paga o arrendamento da terra aos proprietrios rurais, impostos ao Estado e os
dzimos; e compra produtos da classe estril - os industriais. No final, esse dinheiro volta classe
produtiva, pois as outras classes tm necessidade de comprar meios de subsistncia - matrias
primas. Dessa maneira, ao final, o dinheiro retorna ao seu ponto de partida, e o produto se dividiu entre
todas as classes, de modo que assegurou o consumo de todos.
Para os fisiocratas, a classe dos lavradores era a classe produtiva, porque o trabalho agrcola
era o nico que produzia um excedente, isto , produzia alm das suas necessidades. Este excedente
era comercializado, o que garantia uma renda para toda a sociedade. A indstria no garantia uma
renda para a sociedade, visto que o valor produzido por ela era gasto pelos operrios e industriais, no
criando, portanto, um excedente e, conseqentemente, no criando uma renda para a sociedade.
O papel do Estado se limitava a ser o guardio da propriedade e garantidor de liberdade
econmica, no deveria intervir no mercado ("laissez-faire, laissez-passer" que quer dizer deixe-se
fazer, deixe-se passar.), pois existia uma "ordem natural" que regia as atividades econmicas.
2.1.1. Franois Quesnay
O fundador da escola fisiocrata, e da primeira fase cientfica da economia, foi Franois
Quesnay (1694-1774), autor de livros que at hoje so inspirao para economistas atuais, como por
exemplo Tableau conomique. No se pode falar em fisiocracia, sem citar seu nome. Quesnay foi
autor de alguns princpios, como o da filosofia social utilitarista, em que deveria se obter a mxima
satisfao com um mnimo de esforo; o do harmonismo, no obstante a existncia do antagonismo
das classes sociais, acreditava-se na compatibilidade ou complementaridade dos interesses pessoais
numa sociedade competitiva; e, por fim, a teoria do capital, onde os empresrios s poderiam comear
o seu empreendimento com um certo capital j acumulado, com os devidos equipamentos.
Em seu livro Tableau conomique foi representado um esquema de fluxo de bens e despesas
entre as diferentes classes sociais. Alm de evidenciar a interdependncia entre as atividades
econmicas e mostrou como a agricultura fornece um "produto lquido" que repartido na sociedade.
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Com o advento da fisiocracia surgiram duas grandes idias de alta relevncia para o
desenvolvimento do pensamento econmico. A primeira diz que h uma ordem natural que rege todas
as atividades econmicas, sendo intil criar leis organizao econmica. A segunda se refere a
maior importncia da agricultura sobre o comrcio e a indstria, ou seja, a terra a fonte de todas as
riquezas que mais tarde faro parte destes dois campos econmicos.
2.2. A Escola Clssica (Fins do Sc. XVIII e incio do sc. XIX)
A base do pensamento da Escola Clssica o liberalismo econmico, ora defendido pelos
fisiocratas. Seu principal membro Adam Smith, que no acreditava na forma mercantilista de
desenvolvimento econmico e sim na concorrncia que impulsiona o mercado e conseqentemente
faz girar a economia.
A teoria clssica surgiu do estudo dos meios de manter a ordem econmica atravs do
liberalismo e da interpretao das inovaes tecnolgicas provenientes da Revoluo Industrial. Todo
o contexto da Escola Clssica est sendo influenciado pela Revoluo Industrial. caracterizada pela
busca no equilbrio do mercado (oferta e demanda) via ajuste de preos, pela no- interveno estatal
na atividade econmica, prevalecendo a atuao da "ordem natural" e pela satisfao das
necessidades humanas atravs da diviso do trabalho, que por sua vez aloca a fora de trabalho em
vrias linhas de emprego.
De acordo com o pensamento de Adam Smith, a economia no deveria se limitar ao estoque
de metais preciosos e ao enriquecimento da nao, pois, segundo o mercantilismo, desta nao fazia
parte apenas a nobreza, e o restante da populao estaria excluda dos benefcios provenientes das
atividades econmicas. Sua preocupao fundamental era a de elevar o nvel de vida de todo o povo.
Em sua obra Wealth of Nations (Riqueza das Naes), Adam Smith estabelece princpios para
anlise do valor, dos lucros, dos juros, da diviso do trabalho e das rendas da terra. Alm de
desenvolver teorias sobre o crescimento econmico, ou seja, sobre a causa da riqueza das naes, a
interveno estatal, a distribuio de renda, a formao e a aplicao do capital.
Alguns crticos de Smith afirmam que ele no foi original em suas obras, devido ao seu
mtodo, que se caracteriza por percorrer caminhos j trilhados, buscando, assim, segurana, utilizar
elementos j existentes. No entanto, sabe-se que suas obras foram grandiosas para o
desenvolvimento do pensamento econmico, devido a sua clareza e ao esprito equilibrado.
2.2.1. Adam Smith (1723-1790)
Filsofo, terico e economista, nascido na Esccia em 1723, dedicou-se quase que
exclusivamente ao magistrio. considerado o pai da Economia Poltica Clssica Liberal. Seu
pensamento filosfico e econmico encontra-se, basicamente, em a Teoria dos Sentimentos Morais
(1759) e em a Riqueza das Naes (1776), respectivamente. Os crticos a essas duas importantes
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obras de Smith, afirmam haver um paradoxo entre ambas: Na Teoria, Smith teria como sustentao
de sua concepo tica o lado simptico da natureza humana; enquanto na Riqueza das Naes
reala a idia do homem movido pelo egosmo, constituindo-se este, na fora motriz do
comportamento humano. Crtica essa repudiada e apontada como um falso problema, no havendo
descontinuidade de uma obra para outra.
As idias liberais de Adam Smith, em a Riqueza das Naes aparecem, entre outras, na sua
defesa a liberdade irrestrita do comrcio, que deve, no s ser mantida como incentivada, por suas
inegveis vantagens para a prosperidade nacional. Ao Estado caber manter uma relao de
subordinao entre os homens e, por essa via, garantir o direito da propriedade.
Para Adam Smith as classes se constituem em: classe dos proprietrios; classe dos
trabalhadores, que vivem de salrios e a classe dos patres, que vivem do lucro sobre o capital. A
subordinao, na sociedade, se deve a quatro fatores: qualificaes pessoais, idade, fortuna e bero.
Este ltimo pressupe fortuna antiga da famlia, dando a seus detentores mais prestgio e a autoridade
da riqueza aos mesmos.
Smith afirmava que a livre concorrncia levaria a sociedade perfeio uma vez que a busca
do lucro mximo promove o bem-estar da comunidade. Smith defendia a no interveno do Estado na
economia, ou seja o liberalismo econmico.
2.2.2. Thomas Malthus (1766 1834)
Tentou colocar a economia em slidas bases empricas. Para ele, o excesso populacional era
a causa de todos os males da sociedade (populao cresce em progresso geomtrica e alimentos
crescem em progresso aritmtica). Malthus subestimou o ritmo e o impacto do progresso tecnolgico.
2.2.3. David Ricardo (1772 1823)
Mudou, de modo sutil, a anlise clssica do problema do valor: Ento, a razo, pela qual o
produto bruto se eleva em valor comparativo porque mais trabalho empregado na produo da
ltima poro obtida, e no porque se paga renda ao proprietrio da terra. O valor dos cereais
regulado pela quantidade de trabalho empregada em sua produo naquela qualidade de terra, ou
com aquela poro de capital, que no paga aluguel. Ricardo mostrou as interligaes entre expanso
econmica e distribuio de renda. Tratou dos problemas do comrcio internacional e defendeu o livre-
cambismo.
2.2.4. John Stuart Mill (1806 1873)
Introduziu na economia preocupaes de justia social. Suas idias refletem diversas
influncias de outros pensadores contemporneos, apresentando em sua evoluo uma srie de
contradies, a ponto de ser considerado um integrante do liberalismo clssico por alguns autores e
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um pr-socialista por outros. Ele prprio chegou a se autodefinir um socialista. Nessa tentativa de
conciliao de idias socialistas com seus fundamentos utilitaristas ele fez uso de uma relao entre
a religio e a moral, na qual admitiu que o aperfeioamento intelectual do homem serve de base ao
desenvolvimento social. Da a principal crtica de Marx a esse tipo de ecletismo do qual Mill o
melhor intrprete. Para Marx, isto prova inconteste de ingenuidade ou uma tentativa de conciliao
dos inconciliveis.
2.2.5. Jean Baptist Say (1768 1832)
Deu ateno especial ao empresrio e ao lucro; subordinou o problema das trocas diretamente
produo, tornando-se conhecida sua concepo de que a oferta cria a procura equivalente, ou
seja, o aumento da produo transformar-se em renda dos trabalhadores e empresrios, que seria
gasta na compra de outras mercadorias e servios.
Lei de Say a lei dos mercados. A oferta cria sua prpria procura.
Partindo do pressuposto de que o mecanismo da economia funcione de modo perfeito e
harmnico que tudo se governa de modo eficiente e sutil, o todo no problema e apenas as partes
mereciam estudo e ateno.
Foi o economista francs Jean Baptist Say que deu formulao definitiva a esta corrente de
idias em sua clebre Lei dos Mercados, a qual depois se transformou em dogma indiscutvel e
aceito sem restries.
De acordo com ela, a superproduo impossvel, pois as foras do mercado operam de
maneira tal que a produo cria sua prpria demanda.
Nestas condies os rendimentos criados pelo processo produtivo sero fortemente gastos na
compra desta mesma produo. Tal opinio arraigou-se profundamente no sculo atrasado.
3. Pensamento Marxista
A principal reao poltica e ideolgica ao classicismo foi feita pelos socialistas, mais
precisamente por Karl Marx (1818-1883) e Frederic Engels. Criticavam a "ordem natural" e a "harmonia
de interesses", pois h concentrao de renda e explorao do trabalho.
O pensamento de Marx no se restringe unicamente ao campo da economia, mas abrange,
tambm, a filosofia, a sociologia e a histria. Preconizava a derrubada da ordem capitalista e a
insero do socialismo. Convm esclarecer que Marx no foi o fundador do socialismo, pois este j
vinha se formando durante os perodos ora citados, tendo por incio a obra "A Repblica", onde Plato
demonstra sinais de ideologia socialista. No entanto, as obras anteriores ao Karl Marx, estiveram
destitudas de sentido prtico e nada mais fizeram do que contrapor-se s prticas comerciais
realizadas poca.
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Em contraposio aos clssicos, Marx afirmava que erraram ao afirmar que a estabilidade e o
crescimento econmico seria efeito da atuao da ordem natural. E explica, dizendo que "as foras
que criaram essa ordem procuram estabiliz-la, sufocando o crescimento de novas foras que
ameaam solap-la, at que essas novas foras finalmente se afirmem e realizem suas aspiraes".
Ao afirmar que "o valor da fora de trabalho determinado, como no caso de qualquer outra
mercadoria, pelo tempo de trabalho produo, e conseqentemente reproduo, desse artigo em
especial", Marx modificou a anlise do valor-trabalho (teoria objetiva do valor). Desenvolveu, tambm,
a teoria da mais- valia (explorao do trabalho), que a origem do lucro capitalista, de acordo com o
pensamento marxista. Analisou as crises econmicas, a distribuio de renda e a acumulao de
capital.
No decorrer da evoluo do pensamento econmico, Marx exerceu grande impacto e provocou
importantes transformaes com a publicao de duas conhecidas obras: Manifesto Comunista e Das
Kapital. Segundo sua doutrina, a industrializao vinha acompanhada de efeitos danosos ao
proletariado, tais como, baixo padro de vida, longa jornada de trabalho, reduzidos salrios e ausncia
de legislao trabalhista.
4. A Teoria Neoclssica (Fins do sc. XIX ao incio do sc. XX)
A partir de 1870, o pensamento econmico passava por um perodo de incertezas diante de
teorias contrastantes (marxista, clssica e fisiocrata). Esse perodo conturbado s teve fim com o
advento da Teoria Neoclssica, em que se modificaram os mtodos de estudo econmicos. Atravs
destes buscou-se a racionalizao e otimizao dos recursos escassos.
Conforme a Teoria Neoclssica, o homem saberia racionalizar e, portanto, equilibraria seus
ganhos e seus gastos. nela que se d a consolidao do pensamento liberal. Doutrinava um sistema
econmico competitivo tendendo automaticamente para o equilbrio, a um nvel pleno de emprego dos
fatores de produo.
A principal preocupao dos neoclssicos era o funcionamento de mercado e como se chegar
ao pleno emprego dos fatores de produo, baseada no pensamento liberal.
4.1. Alfred Marshall (1842-1924)
Alfred Marshall, um dos grandes fundadores da teoria Neoclssica no sc. XIX, no processo de
sua construo, procurou apoiar-se em dois paradigmas de cincia que no se combinam
confortavelmente: o mecnico e o evolucionrio.
Conforme o primeiro, a economia real entendida como um sistema de elementos
(basicamente, consumidores e firmas) que permanecem idnticos a si mesmos exteriores uns aos
outros, e que estabelecem relaes de trocas orientados unicamente pelos preos. Estes ltimos tem a
funo de equilibrar as ofertas e demandas que constituem os mercados .Na economia como um
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sistema mecnico preciso notar, todo movimento reversvel e nenhum envolve qualquer mudana
qualitativa.
Conforme o segundo, a economia real compreendida como um sistema m permanente
processo de auto- organizao que apresenta propriedades emergentes. Os elementos do sistema
evolucionrio podem se transformar no tempo. Influenciando-se uns aos outros, relacionando-se entre
si de vrias formas, as quais tambm podem mudar. Ao contrrio do que ocorre no sistema mecnico,
neste ltimo o movimento acompanha a flecha do tempo e aos acontecimentos so irrevogveis.
Para Marshal preciso tomar um caminho evolucionrio e este caminho hoje est aberto
mesmo o plano do formalismo j que a era do computador permite o desenvolvimento de modelos com
base em dinmicas complexas.
5. O Keynesianismo (Dcada de 1930)
Quando a doutrina clssica no se mostrava suficiente diante de novos fatos econmicos,
surgiu o economista ingls John Maynard Keynes que, com suas obras, promoveu uma revoluo na
doutrina econmica, opondo-se, principalmente, ao marxismo e ao classicismo. Substituindo os
estudos clssicos por uma nova maneira da raciocinar na economia, alm de fazer uma anlise
econmica reestabelecedora do contato com a realidade.
Seus objetivos eram de, principalmente, explicar as flutuaes econmicas ou flutuaes de
mercado e o desemprego generalizado, ou seja, o estudo do desemprego em uma economia de
mercado, sua causa e sua cura.
Opondo-se ao pensamento marxista, Keynes acreditava que o capitalismo poderia ser
mantido, desde que fossem feitas reformas significativas, j que o capitalismo houvera se mostrado
incompatvel com a manuteno do pleno emprego e da estabilidade econmica. Recebendo, portanto,
muitas crticas dos socialistas no que se refere ao aumento da inflao, ao estabelecimento da uma lei
nica de consumo, ignorando as diferenas de classes. E, por outro lado, algumas de suas idias
foram agregadas ao pensamento socialista, como por exemplo, a poltica do pleno emprego e a do
direcionamento dos investimentos.
Keynes defendia a interveno moderada do Estado. Afirmava que no havia razo para o
socialismo do Estado, pois no seria a posse dos meios de produo que resolveria os problemas
sociais, ao Estado compete incentivar o aumento dos meios de produo e a boa remunerao de
seus detentores.
Roy Harrod acreditava que Keynes tinha trs talentos que poucos economistas possuem.
Primeiramente a lgica, para assim poder ter se transformado num grande especialista na teoria pura
da Economia. Dominar a tcnica de escrever lcida e convincentemente. E, por fim, possuir um senso
realista de como as coisas se realizaro na prtica.
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Suas obras estimularam o desenvolvimento de estudos no s no campo econmico, mas
tambm nas reas da contabilidade e da estatstica. Na evoluo do pensamento econmico, at
agora, no houve nenhuma obra que provocasse tanto impacto quanto a Teoria Geral do Emprego, do
juro e da moeda de Keynes.
O pensamento Keynesiano deixou algumas tendncias que prevalecem at hoje no nosso
atual sistema econmico. Dentre as principais, os grandes modelos macroeconmicos, o
intervencionismo estatal moderado, a revoluo matematizante da cincia econmica...
Os Keynesianos admitiram que seria difcil conciliar o pleno emprego e o controle da inflao,
considerando, sobretudo, as negociaes dos sindicatos com os empresrios por aumentos salariais.
Por esta razo, foram tomadas medidas que evitassem o crescimento de salrios e preos. Mas a
partir da dcada de 60os ndices de inflao foram acelerados de forma alarmante.
A partir do final da dcada de 70, os economistas tem adotado argumentos monetaristas em
detrimento daqueles propostos pela doutrina Keynesiana; mas as recesses em escala mundial, das
dcadas de 80 e 90 refletem os postulados da poltica econmica de Jonh Maynard Keynes.
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CAPTULO 3
DINMICA DOS MERCADOS E SEUS IMPACTOS NAS ORGANIZAES
1. Microeconomia
A Microeconomia, ou Teoria Geral dos Preos, analisa a formao de preos no mercado, ou
seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preo e a quantidade de um
determinado bem ou servio em mercados especficos. A microeconomia estuda o funcionamento da
oferta e da procura na formao do preo no mercado, isto , o preo sendo obtido pela interao do
conjunto dos consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou servio.
1.1. Pressupostos Bsicos da Anlise Microeconmica
A hiptese coeteris paribus (tudo o mais permanece constante): o foco de estudo dirigido
apenas quele mercado, analisando o papel que a oferta e a demanda nele exercem, supondo que
outras variveis interfiram muito pouco, ou que no interfiram de maneira absoluta.
1.1.1. Papel dos preos relativos
Na anlise microeconmica, so mais relevantes os preos relativos, isto , os preos dos
bens em relao aos demais, do que os preos absolutos ( isolados) das mercadorias. Exemplo: se o
preo do guaran cair 10%, mas tambm o preo da soda cair em 10%, nada deve acontecer na
demanda dos dois bens, mas se cair apenas o preo do guaran, permanecendo inalterado o preo
da soda, deve-se esperar um aumento na quantidade procurada de guaran e uma queda na soda.
Embora no tenha havido alterao no preo absoluto da soda, seu preo relativo aumentou, quando
comparado com o guaran.
1.1.2. Princpio da Racionalidade
Por esse princpio, os empresrios tentam sempre maximizar lucros condicionados pelos
custos de produo, os consumidores procuram maximizar sua satisfao no consumo de bens e
servios ( limitados por sua renda e pelos preos das mercadorias).
1.2. Aplicaes da anlise microeconmica
A teoria microeconmica no um manual de tcnicas para a tomada de decises do dia-a-
dia, mesmo assim ela representa uma ferramenta til para esclarecer polticas e estratgias, dentro
de um horizonte de planejamento, tanto em nvel de empresas quanto de nvel de poltica econmica.
Para as empresas, a anlise microeconmica pode subsidiar as seguintes decises:
polticas de preos da empresa.
previso de demanda e faturamento.
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previso de custos de produo.
decises timas de produo (melhor combinao dos custos de produo).
avaliao e elaborao de projetos de investimentos (anlise custo/benefcio)
poltica de propaganda e publicidade.
localizao da empresa.
Em relao da poltica econmica, pode contribuir na anlise e tomada de decises das
seguintes questes:
efeitos de impostos sobre mercados especficos.
poltica de subsdios.
fixao de preos mnimos na agricultura.
controle de preos
poltica salarial
polticas de tarifas pblicas. (gua, luz, etc.).
2. Demanda, Oferta e Equilbrio de Mercado
Os fundamentos da anlise da demanda ou procura esto alicerados no conceito subjetivo
de utilidade. A utilidade representa o grau de satisfao que os consumidores atribuem aos bens e
servios que podem adquirir no mercado. Como est baseada em aspectos psicolgicos ou
preferncias, a utilidade difere de consumidor para consumidor (uns preferem usque, outros preferem
cerveja etc.).
2.1. Demanda de Mercado
A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um determinado bem ou
servio que os consumidores desejam adquirir em determinado perodo de tempo.
A procura depende de variveis que influenciam a escolha do consumidor. So elas: o preo
do bem e servio, o preo dos outros bens, a renda do consumidor e o gosto ou preferncia do
indivduo. Para estudar-se a influncia dessas variveis utiliza-se a hiptese do coeteris paribus, ou
seja, considera-se cada uma dessas variveis afetando separadamente as decises do consumidor.
H uma relao inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preo do bem.
a chamada Lei Geral da Demanda.
Essa relao pode ser observada a partir dos conceitos de escala de procura, curva de
procura ou funo demanda.
A relao preo/quantidade procurada pode ser representada por uma escala de procura,
conforme apresentada a seguir:
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Alternativa de preo ($) Quantidade Demandada
1,00 12.000
3,00 8.000
6,00 4.000
8,00 3.000
10,00 2.000
Se o preo de um bem aumenta, a queda da quantidade demanda ser provocada por esses
dois efeitos somados:
a) Efeito substituio: se um bem possui um substituto, ou seja, outro bem similar que
satisfaa a mesma necessidade, quando seu preo aumenta, o consumidor passa
adquirir o bem substituto, reduzindo assim sua demanda. Exemplo: Fsforo.
b) Efeito renda: quando aumenta o preo de um bem, o consumidor perde o poder aquisivo,
e a demanda por esse produto diminui.
2.1.1. Elasticidade
Cada produto tem sua prpria sensibilidade com relao s variaes dos preos e da renda.
Essa sensibilidade ou reao pode ser medida atravs da elasticidade. Genericamente, a elasticidade
reflete o grau de reao de uma varivel quando ocorrem alteraes em outra varivel, coeteris
paribus.
2.1.1.1. Elasticidade-preo da Demanda
a resposta relativa da quantidade demandada de um bem X s variaes de seu preo.
Pode ser:
Demanda elstica: os consumidores de um determinado produto tm grande reao ou
resposta nas quantidades a eventuais variaes de preos.
Demanda inelstica: os consumidores tendem a reagir em menor escala s variaes de
preos.
Fatores que influenciam o grau de elasticidade da demanda:
a) Disponibilidade de bens substitutos: quanto mais substitutos houver para um bem, mais
elstica ser sua demanda;
b) Essencialidade do bem: se o bem essencial, ser pouco sensvel variao do preo;
c) Importncia do bem, quanto ao gasto no oramento do consumidor: quanto mais
importante o gasto referente a um determinado bem, em relao ao oramento, mais
sensvel torna-se o consumidor a alteraes de seu preo, ou seja, a demanda mais
elstica. Comparativamente, por exemplo, a carne tende a ter a elasticidade-preo da
demanda mais elevada que o fsforo, em funo da relao do preo da carne junto ao
oramento domstico.
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2.2. Oferta de Mercado
Pode-se conceituar oferta como as vrias quantidades que os produtores desejam oferecer
ao mercado em determinado perodo de tempo. Da mesma maneira que a demanda, a oferta
depende de vrios fatores; dentre eles, de seu prprio preo, dos demais preos, dos preos dos
fatores de produo, das preferncias do empresrio e da tecnologia.
Diferentemente da funo demanda, a funo de oferta mostra uma correlao direta entre a
quantidade ofertada e nvel de preos. a chamada Lei Geral da Oferta.
Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma srie de preos,
quais seriam as quantidades ofertadas a cada preo:
Alternativas de Preo ( $ ) Quantidade Ofertada
1,00 1.000
3,00 5.000
6,00 9.000
8,00 11.000
10,00 13.000
A relao direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preo desse bem deve-se ao fato
de que, coeteris paribus, um aumento do preo no mercado estimula as empresas a produzirem mais,
aumentando sua receita.
2.3. Equilbrio de Mercado
A interao das curvas de demanda e de oferta determina o preo e a quantidade de
equilbrio de um bem ou servio em um dado mercado.
Veja o quadro a seguir representativo da oferta e da demanda do bem X:
Quantidade
Preo ($) Procurada Ofertada Situao de Mercado
1,00 11 1 Excesso de procura (escassez de oferta)
3,00 9 3 Excesso de procura (escassez de oferta)
6,00 6 6 Equilbrio entre oferta e procura
8,00 4 8 Excesso de oferta (escassez de procura)
10,00 2 10 Excesso de oferta (escassez de procura)
Como se observa na tabela, existe equilbrio entre oferta e demanda do bem X, quando o
preo igual a 6,00 unidades monetrias.
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3. Interferncia do Governo no equilbrio de mercado
O governo intervm na formao de preos de mercado, a nvel microeconmico , e quando
fixa impostos e subsdios, estabelecem critrios de reajustes do salrio mnimo, fixa preos mnimos
para produtos agrcolas decreta tabelamentos ou ainda congelamento de preos e salrios.
3.1. Estabelecimento de Impostos
sabido que quem recolhe a totalidade do tributo a empresa, mas isso no quer dizer que
ela quem efetivamente paga. Assim, saber sobre quem recai efetivamente o nus do tributo uma
questo da maior importncia na anlise dos mercados.
Os tributos se dividem em impostos, taxas e contribuies de melhoria. O impostos dividem-
se em:
Impostos Indiretos: impostos incidentes sobre o consumo ou sobre as vendas. Exemplo:
Imposto sobre Circulao de Mercadorias (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI).
Impostos Diretos: Impostos incidentes sobre a renda. Exemplo: Imposto de Renda.
3.2. Poltica de preos mnimos na agricultura
Trata-se de uma poltica que visa dar garantia de preos ao produtor agrcola, com propsito
de proteg-lo das flutuaes dos preos no mercado, ou seja, ajud-lo diante de uma possvel queda
acentuada de preos e conseqentemente da renda agrcola. O governo, antes do incio do plantio,
garante um preo que ele pagar aps a colheita do produto.
3.3. Tabelamento
Refere-se interveno do governo no sistema de preos de mercado visando coibir abusos
por parte dos vendedores, controlar preos de bens de primeira necessidade ou ento refrear o
processo inflacionrio, como foi adotado no Brasil (Planos Cruzado, Bresser etc.), quando se aplicou
o congelamento de preos e salrios.
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CAPTULO 4
ESTRUTURAS DE MERCADO
1. Introduo
Nas aulas anteriores vimos, quais variveis afetam a demanda e a oferta de bens e servios,
e como so determinados os preos, supondo sem interferncias, o mercado automaticamente
encontra seu equilbrio. Implicitamente, estava sendo suposta uma estrutura especfica de mercado,
qual seja, a de concorrncia perfeita.
As vrias formas ou estruturas de mercados dependem fundamentalmente de trs
caractersticas:
a) nmero de empresas que compe esse mercado;
b) tipo do produto ( se as firmas fabricam produtos idnticos ou diferenciados);
c) se existem ou no barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado.
A maior parte dos modelos existentes pressupe que as empresas maximizam o lucro total,
especificamente para o caso de estruturas oligopolistas de mercado, veremos que existe uma teoria
alternativa, que pressupe que a empresa maximiza o mark-up, que margem entre a receita e os
custos diretos ( ou variveis )de produo.
1.2. Concorrncia pura ou perfeita
um tipo de mercado em que h um grande nmero de vendedores ( empresas ), de tal
sorte uma empresa, isoladamente, por ser insignificante, no afeta os nveis de oferta do mercado e,
consequentemente, o preo de equilbrio.
Nesse tipo de mercado devem prevalecer ainda as seguintes premissas:
produtos homogneos: no existe diferenciao entre os produtos ofertados pelas
empresas concorrentes;
no existem barreiras: para o ingresso de empresas no mercado;
transparncia do mercado: todas as informaes sobre lucros, preos etc. so
conhecidas por todos os participantes do mercado.
1.3. Monoplio
O mercado monopolista se caracteriza por apresentar condies diametralmente opostas s
da concorrncia perfeita. Nele existe, de um lado, um nico empresrio (empresa) dominando
inteiramente a oferta e, de outro, todos os consumidores. No h, portanto concorrncia, nem produto
substituto ou concorrente. Nesse caso, ou os consumidores se submetem s condies impostas pelo
vendedor, ou simplesmente deixaram de consumir o produto.
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Nessa estrutura de mercado, a curva de demanda da empresa a prpria curva de demanda
do mercado como um todo. Ao ser exclusiva no mercado, a empresa no estar sujeita aos preos
vigentes. Mas isso no significa que poder aumentar os preos indefinidamente.
Para a existncia de monoplios, deve haver barreiras que praticamente impeam a entrada
de novas firmas no mercado. Essas barreiras podem advir das seguintes condies: Monoplio puro,
elevado volume de capital, patente e controle de matrias-primas bsicas, existem ainda, os
monoplios institucionais ou estatais em setores considerados estratgicos ou de segurana nacional
(petrleo, energia, comunicao).
1.4. Oligoplio
um tipo de estrutura normalmente caracterizada por um pequeno nmero de empresas que
dominam a oferta de mercado. Pode caracterizar-se como um mercado em que h um pequeno
nmero de empresas, como a indstria automobilstica, ou ento onde h um grande nmero de
empresas, mas poucas dominam o mercado, como a indstria de bebidas. O setor produtivo no Brasil
altamente oligopolizado, sendo possvel encontrar inmeros exemplos: montadoras de veculos,
setor de cosmticos, indstria de papel, indstria farmacutica etc.
Nos oligoplios, tanto as quantidades ofertadas quanto os preos so fixados entre as
empresas por meio de cartis. O cartel uma organizao formal ou informal de produtores dentro de
um setor que determina a poltica de preos para todas as empresas que a ele pertencem.
Podemos caracterizar tambm tanto oligoplios com produtos diferenciados (como a indstria
automobilstica) como oligoplios com produtos homogneos (alumnio).
1.5. Concorrncia monopolista
Trata-se de uma estrutura de mercado intermediria entre a concorrncia perfeita e o
monoplio, mas que no se confunde com o oligoplio, pelas seguintes caractersticas:
a) nmero relativamente grande de empresas com certo poder concorrencial, porm com
segmentos de mercados e produtos diferenciados, seja por caractersticas fsicas,
embalagem ou prestao de servios complementares (ps-venda).
b) margem de manobra para fixao dos preos no muito ampla, uma vez que existem
produtos substitutos no mercado.
Essas caractersticas acabam dando um pequeno poder monopolista sobre o preo de seu
produto, embora o mercado seja competitivo (da o nome concorrncia monopolista).
2. Estrutura do Mercado de Fatores de Produo
At aqui identificamos as estruturas de mercados de bens e servios. O mercado de fatores
de produo mo de obra, capital, terra e tecnologia tambm apresenta diferentes estruturas.
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2.1. Concorrncia Perfeita no mercado de fatores
um mercado onde existe oferta abundante do fator de produo, por exemplo, mo de obra
no especializada, o que torna o preo desse fator constante. Os ofertantes ou fornecedores, como
so em grande nmero, no tm condies de obter preos mais elevados por seus servios.
2.2. Monopsnio
Trata-se de uma forma de mercado na qual h somente um comprador para muitos
vendedores dos servios dos insumos. o caso da empresa que se instala em uma determinada
cidade do interior e, por ser a nica, torna-se demandante exclusiva da mo de obra local e das
cidades prximas, tendo para si a totalidade da oferta de mo de obra.
2.3. Oligopsnio
um mercado onde existem poucos compradores que dominam o mercado para muitos
vendedores. Exemplo: indstria de laticnios. Em cada cidade existem dois ou trs laticnios que
adquirem a maior parte do leite dos inmeros produtores rurais locais. A indstria automobilstica,
alm de oligopolista no mercado de bens e servios, tambm oligopsonista na compra de
autopeas.
2.4. Monoplio bilateral
O monoplio bilateral ocorre quando um monopsonista, na compra de um fator de produo,
defronta-se com um monopolista na venda deste fator. Por exemplo, s a empresa A compra um tipo
de ao que produzido apenas pela siderrgica B. A empresa A monopsonista, porque s ela
compra esse tipo de ao, e a siderrgica B monopolista, porque s ela vende este tipo de ao.
Nesses casos, a determinao dos preos de mercado depender no s de fatores
econmicos, mas do poder de barganha de ambos: o monopsonista tentando pagar o preo mais
baixo (usando a fora de ser o nico comprador), e o monopolista tentando vender por um preo mais
elevado (usando o poder de ser o nico fornecedor).
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CAPTULO 5
INTRODUO MACROECONOMIA
1. Macroeconomia
A macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a determinao e o
comportamento de grandes agregados, tais como: renda e produto nacionais, nvel geral de preos,
emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balana de pagamentos e taxa de
cmbio.
1.2. Metas de Poltica Macroeconmica
Alto nvel de emprego;
Estabilidade de preos;
Distribuio de renda socialmente justa;
Crescimento econmico.
1.2.1. Alto Nvel de Emprego
Desde a Revoluo Industrial, em fins do sculo XVIII, at o incio do sculo XX, o mundo
econmico parece ter funcionado sobre o pensamento liberal, que acreditava que os mercados, sem
interferncia do Estado, conduziam a Economia ao pleno emprego de seus recursos, como se
guiados por uma mo invisvel, determinariam os preos e a produo de equilbrio, e, desse modo,
nenhum problema surgiria no mercado de trabalho. Entretanto, a evoluo da economia mundial
trouxe em seu bojo novas variveis, como o surgimento de sindicatos de trabalhadores, os grupos
econmicos e o desenvolvimento de mercado de capitais e do comrcio internacional, de sorte a
complicar e trazer incertezas sobre o funcionamento da economia.
A ausncia de polticas econmicas levou quebra da Bolsa de Nova York em 1929, e uma
crise de desemprego atingiu todos os pases do mundo ocidental nos anos seguintes. Com a
contribuio de Keynes, fincaram-se as bases da moderna Teoria Econmica, e da interveno do
Estado na economia de mercado, que nos passa qual o grau de interveno do Estado na economia
e em que medida ele deve ser produtor de bens e servios. A corrente dos economistas liberais (hoje
neoliberais), prega a sada do governo da produo de bens e servios.
1.2.2. Estabilidade de Preos
Define-se inflao como um aumento contnuo e generalizado no nvel geral de preos. Por
que inflao um problema? Primeiramente, porque a inflao acarreta distores, principalmente
sobre a distribuio de renda, sobre as expectativas dos agentes econmicos e sobre o balano de
pagamentos.
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importante salientar que, enquanto nos pases industrializados o problema central o
desemprego, nos pases em via de desenvolvimento o foco mais importante de anlise o da
inflao. Esse tema de difcil abordagem, dado que as causas da inflao diferem entre pases
(deve-se levar em conta, por exemplo, o estgio de desenvolvimento e a estrutura dos mercados), e
num dado pas, diferem no tempo.
1.2.3. Distribuio Eqitativa de Renda
A economia brasileira cresceu razoavelmente entre o fim dos anos 60 e a maior parte da
dcada de 70. Apesar disso, verificou-se uma disparidade muito acentuada de nvel de renda, tanto a
nvel pessoal coma a nvel regional. Isso fere, evidentemente, o sentido de eqidade ou justia.
No Brasil, os crticos do milagre argumentavam que haviam piorado a concentrao de
renda no pas, nos anos 1967-1973, devido a uma poltica deliberada do governo baseada em
crescer primeiro para depois distribuir (chamada Teoria do Bolo).
A posio oficial era de que um certo aumento na concentrao de renda seria inerente ao
prprio desenvolvimento capitalista, dada as transformaes estruturais que ocorrem (xodo rural,
com trabalhadores de baixa qualificao, aumento da proporo de jovens etc.). Nesse processo
gera-se uma demanda por mo de obra qualificada, a qual por ser escassa, obtm ganho extra.
Assim o fator educacional seria a principal causa da piora distributiva.
1.2.4. Crescimento Econmico
Se existe desemprego e capacidade ociosa, pode-se aumentar o produto nacional atravs de
polticas econmicas que estimulem a atividade produtiva. Mas, feito isso, h um limite quantidade
que se pode produzir com os recursos disponveis. Aumentar o produto alm desse limite exigir:
um aumento nos recursos disponveis;
ou um avano tecnolgico (melhoria tecnolgica, novas maneiras de organizar a
produo, qualificao da mo de obra).
Quando falamos em crescimento econmico, estamos pensando no crescimento da renda
nacional per capita, ou seja, colocar disposio da coletividade uma quantidade de mercadorias e
servios que supere o crescimento populacional. A renda per capita considerada um razovel
indicador o mais operacional para se aferir melhoria do padro de vida da populao, embora
apresente falha (os pases rabes tm as maiores rendas per capita, mas no o melhor padro de
vida do mundo).
2. Instrumentos de Poltica Macroeconmica
A poltica macroeconmica envolve a atuao do governo sobre a capacidade produtiva e
despesas planejadas, com objetivo de permitir que a economia opere a pleno emprego, com baixas
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taxas de inflao e uma distribuio justa de renda. Os principais instrumentos para atingir tais
objetivos so as polticas fiscais, monetrias, cambiais e comerciais, e de rendas.
2.1. Poltica Fiscal
Refere-se a todos os instrumentos que o governo dispe para arrecadao de tributos e o
controle de suas despesas. Alm da questo do nvel de tributao, a poltica tributria, por meio da
manipulao da estrutura e alquotas de impostos. utilizada para estimular (ou inibir) os gastos de
consumo do setor privado.
Se o objetivo da poltica econmica reduzir a taxa de inflao, as medidas fiscais
normalmente utilizadas, so a diminuio de gastos pblicos e/ou o aumento da carga tributria (o
que inibe o consumo). Ou seja, visam diminuir os gastos da coletividade. Se o objetivo um maior
crescimento e emprego, os instrumentos fiscais so os mesmos, mas em sentido inverso, para elevar
a demanda agregada.
2.2. Poltica Monetria
Refere-se atuao do governo sobre a quantidade de moeda e de ttulos pblicos, os
instrumentos disponveis para tal so:
a) emisses;
b) reservas compulsrias;
c) open market (compra e venda de ttulos pblicos);
d) redescontos (emprstimos do Banco Central aos bancos comerciais).
As polticas monetrias e fiscal representam meios alternativos diferentes para as mesmas
finalidades. A poltica econmica deve ser executada atravs de uma combinao adequada de
instrumentos fiscais e monetrios. Pode-se dizer que a poltica fiscal apresenta maior eficcia quando
o objetivo uma melhoria na distribuio de renda, tanto na taxao s rendas mais altas como pelo
aumento dos gastos do governo com destinao a setores menos favorecidos.
2.3. Polticas Cambial e Comercial
A poltica cambial refere-se atuao do governo sobre a taxa de cmbio. O governo, atravs
do Banco Central, pode fixar a taxa de cmbio, ou permitir que ela seja flexvel e determinada pelo
mercado de divisas.
A poltica comercial diz respeito aos instrumentos de incentivos s exportaes e/ou estmulo
ou desestmulo s importaes, ou seja, refere-se aos estmulos fiscais (crdito - prmio do ICMS, IPI
etc.) e creditcios (taxas de juros subsidirias) s exportaes e ao controle de importaes (via
tarifas e barreiras quantitativas sobre importaes).
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2.4. Poltica de Rendas
A poltica de rendas refere-se interveno direta do governo na formao de renda
(salrios, aluguis), atravs de controle e congelamentos de preos. A caracterstica especial que,
nesses controles, os preos so congelados, e os agentes econmicos no podem responder s
influncias econmicas normais de mercado.
3. Estrutura de Anlise Macroeconmica
Tradicionalmente, a estrutura bsica do modelo macroeconmico compe-se de cinco
mercados:
Mercado de Bens e Servios;
Mercado de Trabalho;
Mercado Monetrio;
Mercado de Ttulos;
Mercado de Divisas.
3.1. Inflao
definida como um aumento persistente e generalizado dos ndices de preos, ou seja, os
movimentos inflacionrios so aumentos contnuos de preos, e no podem ser confundidos com
altas espordicas de preos, devidas s flutuaes sazonais, por exemplo.
As fontes de inflao costumam diferir em funo das condies de cada pas, como por
exemplo:
a) tipo de estrutura de mercado (oligopolista, monopolista, etc.);
b) grau de abertura da economia ao comrcio exterior: quanto mais aberta economia
competio externa, maior a concorrncia interna entre fabricantes, e menores os preos
dos produtos;
c) estrutura das organizaes trabalhistas: quanto maior o poder de barganha dos
sindicatos, maior a capacidade de obter reajustes de salrios acima dos ndices de
produtividade, e maior presso sobre os preos.
3.2. Efeitos Provocados por Taxas Elevadas de Inflao
Uma das distores mais srias provocadas pela inflao diz respeito reduo relativa do
poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, com prazos legais de reajustes.
Nesse caso esto os assalariados que, com o passar do tempo, vo ficando com seus oramentos
cada vez mais reduzidos, at a chegada de um novo reajuste. Os comerciantes, industriais e o
prprio Governo tm condies de repassar os aumentos de custos provocados pela inflao,
garantindo, assim, a participao de sua parcela no produto nacional.
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A distoro provocada por altas taxas de inflao, afeta tambm o balano de pagamentos.
As elevadas taxas de inflao, em nveis superiores ao aumento de preos internacionais encarecem
o produto nacional relativamente ao produzido externamente. Assim devem provocar um estmulo as
importaes e um desestmulo as exportaes, diminuindo o saldo da balana comercial,
normalmente lanam mo de desvalorizaes cambiais, as quais, tornando a moeda nacional mais
barata relativamente moeda estrangeira, podem estimular a colocao de nossos produtos no
exterior, ao mesmo tempo em que desestimulam as importaes.
Nas finanas pblicas, a inflao tende a corroer o valor da arrecadao fiscal do governo,
pela defasagem existente entre o fato gerador e o recolhimento efetivo do imposto. Maior a inflao,
menor a arrecadao real do governo.
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CAPTULO 6
O MERCADO MONETRIO
1. Histria da Moeda
1.1. Origem da Moeda: o Escambo e o Desenvolvimento da Atividade Econmica
Os primeiros grupos humanos, em geral nmades, no conheciam a moeda e recorriam s
trocas diretas de objetos (chamada de escambo) quando desejavam algo que no possuam. Esses
grupos, basicamente, praticavam uma explorao primitiva da natureza e se alimentavam por meio da
pesca, caa e coleta de frutos. Num ambiente de pouca diversidade de produtos, o escambo era
vivel.
O escambo apresenta alguns problemas no que se refere ao desenvolvimento das atividades
econmicas de uma maneira geral. Ele exige uma dupla coincidncia de desejos, porque quem
pescasse e quisesse, por exemplo, um machado, teria que achar uma outra pessoas que fabricasse
machados e quisesse, exatamente, peixes. Outro problema diz respeito indivisibilidade dos objetos
nas trocas diretas. Montoro Filho (1992) exemplifica esse problema salientando a dificuldade que um
fabricante de canoas teria se quisesse tomar um cafezinho.
A primeira revoluo agrcola foi modificando o sistema baseado no escambo. A vida nmade
foi gradativamente cedendo lugar para sedentria e a produo passou a diversificar-se com a
introduo de utenslios de trabalho. A diviso social do trabalho comea a se manifestar e os
integrantes do grupo ganham funes especficas como guerreiros, agricultores, pastores, artesos e
sacerdotes Dessa maneira, a diviso do trabalho provocou sensveis mudanas na vida social. A
atividade econmica tornou-se mais complexa; o numero de bens e servios exigidos para satisfao
das necessidades do grupo aumentou, por consequncia, a "dupla coincidncia de desejos" torna-se
mais difcil; a troca torna-se fundamental para a sobrevivncia do grupo social
A partir de ento, alguns bens de aceitao so eleitos como intermedirios de trocas,
exercendo, portanto, funo de moeda.
A moeda pode ser conceituada como um intermedirio de trocas
"que serve como medida de valor e que tem aceitao geral. (...) esta aceitao geral um fenmeno essencialmente social. Alm disso, como a moeda representa um poder de aquisio, desde o momento em que recebida at o momento em que dada em pagamento de outra transao, ela tambm se caracteriza como uma reserva de valor" (LOPES e ROSSETTI, 1991: 18).
1.2. Evoluo Histrica da Moeda
As primeiras moedas foram mercadorias e deveriam ser suficientemente raras, para que
tivessem valor, e, como j foi dito, ter aceitao comum e geral. Elas tinham, ento, essencialmente
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valor de uso; e como esse valor de uso era comum e geral elas tinham, conseqentemente, valor de
troca). O abandono da exigncia do valor de uso dos bens, em detrimento do valor de troca, foi
gradativo.
Entre os bens usados como moeda esto o gado, que tinha a vantagem, de multiplicar-se entre
uma troca e outra mas, por outro lado, o sal na Roma Antiga; o dinheiro de bambu na China; o
dinheiro em fios na Arbia.
"As moedas-mercadorias variaram amplamente de comunidade para comunidade e de poca
para poca, sob marcante influncia dos usos e costumes dos grupos sociais em que circulavam" .
Assim, por exemplo, na Babilnia e Assria antigas utilizava-se o cobre, a prata e a cevada como
moedas; na Alemanha medieval, utilizavam-se gado, cereais e moedas cunhadas de ouro e prata; na
Austrlia moderna fizeram a vez de moeda o rum, o trigo e at a carne.
Com o tempo, as moedas-mercadorias foram sendo descartadas. As principais razes para
isso foram:
elas no cumpriam satisfatoriamente a caracterstica de aceitao geral exigida nos
instrumentos monetrios. Alm disso, perdia-se a confiana em mercadorias no
homogneas, sujeitas ao do tempo (como no caso dos gados citado acima), de difcil
transporte, diviso ou manuseio;
a caracterstica valor de uso e valor de troca tornava o novo sistema muito semelhante ao
escambo e suas limitaes intrnsecas.
Os metais preciosos passaram a sobressair por terem uma aceitao mais geral e uma oferta
mais limitada, o que lhes garantia um preo estvel e alto. Alm disso, no se desgastavam,
facilmente reconhecidos, divisveis e leves. Entretanto, havia o problema da pesagem.
Em cada transao, os metais preciosos deveriam ser pesados para se determinar seu valor.
Esse problema foi resolvido com a cunhagem, quando era impresso na moeda o seu valor. Muitas
vezes, entretanto, um soberano recontava as moedas para financiar o tesouro real. Ele recolhia as
moedas em circulao e as redividia em um nmero maior, apoderando-se do excedente. Esse
processo gerava o que conhecemos como inflao, uma vez que existia um maior nmero de moedas
para uma mesma quantidade de bens existentes
Os primeiros metais utilizados como moeda foram o cobre, o bronze e, notadamente, o ferro.
Por serem, ainda, muito abundantes, no conseguiam cumprir uma funo essencial da moeda que
servir como reserva de valor. Dessa maneira, os metais no nobres foram sendo substitudos pelo
ouro e pela prata, metais raros e de aceitao histrica e mundial.
O desenvolvimento de sistemas monetrios demandaram o surgimento de um novo tipo de
moeda: a moeda-papel. A moeda-papel veio para contornar os inconvenientes da moeda metlica
(peso, risco de roubo), embora valessem com lastro nela. Assim surgem os certificados de depsito,
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emitidos por casas de custdia em troca do metal precioso nela depositado. Por ser lastreada, essa
moeda representativa poderia ser convertida em metal precioso a qualquer momento, e sem aviso
prvio, nas casas de custdia A moeda-papel abre espao para o surgimento da moeda fiduciria, ou
papel-moeda, modalidade de moeda no lastreada totalmente. O lastro metlico integral mostrou-se
desnecessrio quando foi constatado que a reconverso da moeda-papel em metais preciosos no
era solicitada por todos os seus detentores ao mesmo tempo e ainda quando uns a solicitavam,
outros pediam novas emisses. A passagem da moeda-papel para o papel-moeda tida como uma
das mais importantes e revolucionrias etapas da evoluo histrica da moeda A falncia do sistema
privado de emisses (quando, em diversos momentos da Histria, todos resolviam reconverter seus
papis-moeda em metais preciosos) levou o Estado a controlar o mecanismo das emisses e a
exercer seu monoplio. Aps o uso de diversos sistemas de converso que se mostraram
fracassados, os sistemas monetrios de quase todos os pases, depois da Grande Depresso gerada
pela crise de 1929-33, com a exceo dos Estados Unidos que mantiveram o lastro metlico
proporcional at 1971 , adotaram o sistema fiducirio. Hoje, esses sistemas apresentam
inexistncia de lastro metlico, inconversiblidade absoluta e monoplio estatal das emisses
Desenvolve-se, juntamente com a moeda fiduciria, a chamada moeda bancria, escritural (porque
corresponde a lanamentos a dbito e crdito) ou invisvel (por no ter existncia fsica). O seu
desenvolvimento foi acidental (LOPES e ROSSETTI, 1991), uma vez que no houve uma
conscientizao de que os depsitos bancrios, movimentados por cheques, eram uma forma de
moeda. Eles ajudaram a expandir os meios de pagamento atravs da multiplicao de seu uso. Hoje
em dia, a moeda bancria representa a maior parcela dos meios de pagamento existentes.
Criada pelos bancos comerciais, essa moeda corresponde totalidade dos depsitos vista e
a curto prazo e sua movimentao feita por cheques ou por ordens de pagamento instrumentos
utilizados para sua transferncia e movimentao Atualmente, as duas formas de moeda utilizadas
so a fiduciria e a bancria, que tm apenas valor de troca.
2. Funes da Moeda
Para aprofundar as utilizaes da moeda descritas acima, quando foi feita a sua conceituao,
esto, a seguir, as principais funes da moeda relacionadas por Cavalcanti e Rudge:
Intermediria de trocas: Superao do escambo, operao de economia monetria,
melhor especializao e diviso social do trabalho, transaes com menor tempo e esforo,
melhor planejamento de bens e servios;
Medida de valor: Unidade padronizada de medida de valor, denominador comum de
valores, racionaliza informaes econmicas constri sistema agregado de contabilidade
social, produo, investimento, consumo, poupana;
Reserva de valor: Alternativa de acumular riqueza, liquidez por excelncia, pronta
aceitao consensual;
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Funo liberatria: Liquida dbitos e salda dvidas, poder garantido pelo Estado;
Padro de pagamentos: Permite realizar pagamentos ao longo do tempo, permite crdito
e adiantamento, viabiliza fluxos de produo e de renda;
Instrumento de poder: Instrumento de poder econmico, conduz ao poder poltico, permite manipulao na relao Estado-Sociedade.
3. A Oferta de Moeda
Vamos nos concentrar agora nos fatores que determinam a oferta de moeda. Vimos que a
oferta de moeda realizada tanto pelas autoridades monetrias, por meio da emisso de notas e
moedas metlicas, quanto pelos bancos comerciais que, apesar de no poderem emitir, podem, no
entanto, criar ou destruir moeda. Iremos inicialmente estudar a oferta de moeda dos bancos
comerciais e posteriormente analisar os instrumentos disponveis pelas autoridades para controlarem
a oferta total de moeda.
3.1. O Sistema Bancrio - Criao e Destruio de Moeda
De incio, convm definir o que venha a ser criao ou destruio de moeda. Na seo
anterior definimos moeda como sendo a soma do papel-moeda em poder do pblico (inclusive
moedas metlicas) e dos depsitos vista nos bancos comerciais. A primeira parecia chamada
moeda manual ou moeda corrente, e, a segunda, moeda escritura[ ou bancria. Haver criao de
moeda quando houver um aumento desta soma, ou seja, ~o aumenta o volume da soma de moeda
corrente e de moeda escritural. De outra parte haver destruio de moeda quando se reduzir o
volume de meios de pagamento. Alguns exemplos esclarecem estes aspectos:
a) um indivduo efetua um depsito vista. No h criao nem destruio de moeda e,
sim, uma transferncia entre moeda manual e moeda escritural;
b) um indivduo efetua um depsito a prazo. Existe destruio de meios de pagamento, pois
depsitos a prazo no so considerados meios de pagamento;
c) um banco compra ttulos da dvida pblica possudos pelo pblico, pagando em moeda
corrente: h criao de meios de pagamento, pois aumenta o volume de moeda manual
em poder do pblico (estas operaes so chamadas Mercado Aberto ou Open Market).
A criao (ou destruio) de moeda manual corresponde, assim, a um aumento (ou
diminuio) do papel-moeda em poder do pblico, enquanto para a moeda escritural a
sua criao (ou destruio) se d quando h um acrscimo (ou decrscimo) dos
depsitos vista ou a curto Prazo nos bancos comerciais. Portanto nossa preocupao,
no momento, verificar como os bancos podem aumentar ou diminuir os depsitos
vista.
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3.2. Mecanismo de Expanso dos Meios de Pagamento
A criao de moeda por meio dos bancos comerciais se faz, atualmente, de forma anloga
apresentada na seo anterior, quando se tratou da moeda fracionalmente lastreada. A substncia
a mesma. Somente uma parte do total dos depsitos exigida, ao mesmo tempo, para pagamento.
De fato, um depsito vista num banco comercial representa um direito que o depositante
possui sobre uma determinada quantia. Em outras palavras, quando um banco recebe um depsito
vista, ele promete pagar a quantia depositada ou uma parte desta, quando para tal for solicitado.
Normalmente esta solicitao feita por meio de cheques. Ocorre, entretanto, que a todo instante
existem depsitos e saques, de tal forma que somente uma parcela do total dos depsitos
necessria para atender ao movimento. Esta parcela normalmente pequena, 10%, e desta forma o
banco comercial pode fazer . promessas de pagar" em um valor mltiplo do total de depsitos iniciais
e usar os fundos assim obtidos para efetuar emprstimos. Um exemplo esclarece melhor.
Suponhamos que seja 10% a parcela do total dos depsitos que normal mente (em mdia) exigida.
Caso o banco tenha em caixa, como reserva, 10%, ele poder fazer promessas de pagar num total de
10 vezes suas reservas, ou seja, 1.000.
3.2.1. Um nico Banco Comercial
Vamos analisar este exemplo com maior ateno e verificar como o banco pode criar moeda
ou depsitos. Para tal fim vamos fazer inicialmente algumas hipteses simplificadoras. Em primeiro
lugar, suponhamos que exista apenas um nico banco comercial. Em segundo lugar, que o pblico
esteja satisfeito com a quantidade de papel-moeda em seu poder, de tal forma que qualquer volume a
mais seja depositado nos bancos. Nestas condies vamos analisar o que ocorre quando feito um
novo depsito de $ 10o,0o, em moeda, neste nosso banco monopolista.
A tabela a seguir mostra como esta transao ser transcrita nos livros do banco:
Tabela 1
Ativo Passivo
Encaixe 100 Depsitos 100
Nesta primeira etapa no houve criao de moeda e, sim, uma transferncia de moeda
manual para moeda escritural. Ocorre, entretanto, que o banco no precisa conservar 100% de
reservas para garantir seus depsitos. A experincia mostra que uma parcela, pequena, suficiente,
vamos supor 10%.
Com $ 100,00 de reservas o banco pode prometer pagar $ 1.000,00 (de depsitos). Assim ele
poder, por exemplo, emprestar $ 500,00 para a empresa X, e emprestar $ 400,00 ao indivduo A,
cobrando juros em ambas; as operaes. Em contrapartida o banco permite ao indivduo A preencher
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cheques at o montante do emprstimo e abre um crdito na conta da empresa X no valor de $
500,00. A tabela 2 mostra como estas transaes aparecero nos livros do banco.
Tabela 2
Ativo Passivo
Encaixe 100
Emprstimo para X 500
Emprstimo para A 400
Depsitos 1.000
1.000 1.000
O ativo do banco agora inclui os $ 100,00 do depsito inicial, e os $ 900,00 de emprstimos
efetuados. O passivo, por sua vez, aumentou para $ 1.000,0o, sendo $ 100,00 dos depsitos iniciais,
$ 500,00 de depsitos criados para a empresa X e $ 400,00 criados para o indivduo A. Note-se que
por simples lanamentos contbeis o banco criou $ 900,00 de novos depsitos, ou seja, moeda
escritural. Seus encaixes agora representam 10% de suas obrigaes (depsitos).
de se esperar que tanto a empresa X como o indivduo A gastem o seu dinheiro. Na maioria
dos casos eles o faro por meio de cheques. Como estamos supondo que exista um nico banco e
que o pblico no deseje conservar quantias adicionais de moeda em forma de moeda manual, os
indivduos, ou empresas, que receberem os cheques, iro deposit-los no nosso banco. O banco,
ento, reduzir a conta corrente de quem preencheu o cheque e aumentar a conta de quem o
recebeu. No haver, assim, qualquer alterao no total dos seus depsitos, e a situao permanece
a mesma que foi descrita pela Tabela 2, com modificaes apenas na composio interna dos
depsitos.
3.2.2. Vrios Bancos Comerciais
No raciocnio exposto acima, fizemos duas hipteses simplificadoras. Vamos agora alterar o
raciocnio, eliminando-as. Em primeiro lugar, vamos supor a existncia de muitos bancos, hiptese
esta que corresponde realidade brasileira. Neste caso, cada banco, isoladamente, no pode
esperar que os cheques lanados por seus clientes sejam recebidos por outros seus clientes e
novamente depositados no banco. de se esperar que estes cheques sejam depositados em outros
bancos, ao menos a maioria. Assim, cada banco individualmente no poder se comportar da forma
que foi exposta no caso de um nico banco.
Podemos, entretanto, pensar no sistema em conjunto, ou seja, raciocinarmos com todos os
bancos agregadamente. Nestas condies, o raciocnio o mesmo. De fato, para o sistema como um
todo, vale a hiptese feita de que todos os cheques sero novamente depsitos no sistema. E, assim,
o mecanismo de expanso exatamente igual ao apresentado. O sistema bancrio pode criar
depsitos num valor mltiplo dos depsitos iniciais.
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4. O Banco Central
Os bancos que acabamos de analisar so bancos comerciais, ou seja, bancos privados, cujo
comportamento ditado pela regra de maximizar os lucros, ou motivados em seu funcionamento
pelos lucros a serem alcanados.
Alm destes bancos, encontramos, em quase todos os pases, Bancos Centrais, cuja funo
primordial regular o fluxo da moeda e do crdito na economia. O Banco Central uma agncia das
autoridades monetrias por meio da qual realizada a poltica monetria. Em outras palavras, o
Banco Central o instrumento pelo qual o governo realiza sua poltica monetria.
A estrutura administrativa e jurdica dos diversos Bancos Centrais varia largamente entre
pases. No Reino Unido, o Banco Central o Banco da Inglaterra. Nos Estados Unidos, encontramos
o Sistema Federal de Reserva. No Brasil, as funes do Banco Central so desempenhadas pelo
Banco Central do Brasil e pelo Banco do Brasil. Entretanto, em que pese as diferenas institucionais,
as funes dos diversos bancos centrais so as mesmas. Neste sentido, vamos nos concentrar no
estudo das funes gerais de um banco central.
4.1. Banco dos Bancos
Os bancos comerciais podem querer depositar seus fundos em algum lugar e necessitam de
um mecanismo para transferir fundos de um banco para outro. O Banco Central cumpre este papel.
Recebe depsitos dos bancos comerciais e t
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