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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO FÍSICA UPE/UFPB
CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
CARLA CAROLINY DE ALMEIDA SANTANA
ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTADO NUTRICIONAL, APTIDÃO FÍSICA E
DESEMPENHO ESCOLAR EM ESTUDANTES.
Recife/PE
2012
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CARLA CAROLINY DE ALMEIDA SANTANA
ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTADO NUTRICIONAL, APTIDÃO FÍSICA E
DESEMPENHO ESCOLAR EM ESTUDANTES.
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa associado de pós-graduação
Educação Física-UPE/ UFPB como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre em
Educação Física.
Orientador: Prof. Dr. Wagner Luiz do Prado.
Área de concentração: Saúde, Desempenho
e movimento humano.
Recife/PE
2012
3
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO FÍSICA UPE/UFPB
CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
A dissertação: Associação entre estado nutricional, aptidão física e desempenho
escolar em estudantes.
Elaborado (a) por: Carla Caroliny de Almeida Santana
Foi julgada pelos membros da Comissão Examinadora e aprovado para
obtenção do grau de MESTRE EM EDUCAÇÃO FÍSICA na área de concentração:
Saúde, Desempenho e Movimento Humano.
Data: 17/12/2012
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Drª. Maria Tereza Cattuzzo (UPE)
Prof. Drª. Carol Virginia Gois Leandro (UFPE)
Coordenador do Programa Associado de Pós-
graduação em Educação Física UPE/UFPB
Prof. Dr. Raphael Mendes Ritti Dias
Prof. Dr. Mauro Virgílio Gomes de Barros (UPE)
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DEDICATÓRIA
A todos aqueles que sempre acreditaram e apostaram
em mim, especialmente, minha família, meu amor e
grande companheiro Flávio Medeiros e a todos os
meus verdadeiros amigos que ao longo dessa estrada
estiveram comigo torcendo pelo meu sucesso.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus pelo dom da vida, por ter me concedido
sabedoria e disposição para enfrentar qualquer tipo de batalha durante esta árdua
caminhada, sem Ele nada eu seria.
A minha família, meu pai Carlos Alberto, meu irmão João Marques, pela força,
apoio moral, espiritual, financeiro, especialmente a minha mãe, Maria das Neves de
Almeida, por tudo que ela representa em minha vida, meu refúgio e consolo.
Agradeço com muita satisfação ao meu orientador prof. Dr. Wagner Luiz do
Prado, por todas as oportunidades que ele me deu, uma delas foi a chance de poder
trabalhar no grupo de pesquisa, adquirir conhecimentos científicos sobre a área de
educação física, abrir minha mente pelo ramo da pesquisa. Obrigado professor por
ter acreditado em mim ao longo desse tempo, me ajudando bastante, desde a
escolha do tema até a conclusão do trabalho, pelo incentivo em querer que eu preze
pela minha vida acadêmica, enfim, por ter me lançado a conquistas tão antes
buscadas em minha vida.
Ao grupo de estudos GENE: Priscyla, Thaliane, Camila Tenório, Victor Gama,
os que chegaram recentemente Victor Hugo, Tércio e Leylane. Aos colegas Thiago,
Camila Freitas, Humberto e Neto pela colaboração de todos, pela força, por permitir
que a cada dia eu possa aprender com vocês, pela amizade, carinho e
compreensão. Um agradecimento especial a Tatiana Acioli, pessoa com a qual pude
adquirir muitos conhecimentos, lições de vida, que pude acompanhar sua trajetória
de luta, sendo um exemplo de pessoa e de profissional para mim.
A meu querido namorado Flávio Medeiros, meu grande amor. Agradeço pela
paciência, apoio, incentivo, por tudo que você é de bom na minha vida.
Aos professores da banca examinadora, pelo empenho em ajudar meu
trabalho se sair cada vez melhor, pelas críticas construtivas, pelo interesse em
avaliar da melhor forma o meu trabalho. Deixo um agradecimento especial, para a
professora Teresa Cattuzzo que tem acompanhado minha trajetória desde a
graduação até a o mestrado. Agradeço pela força, amizade, dedicação, muito do
que eu aprendi na minha formação teve a contribuição desta pessoa. A professora
Edna prado, pela grande ajuda desde a graduação, onde eu dei os meus primeiros
passos com os estudos nesta área, bem como, pela ajuda na construção das provas
que serviram como instrumentos de avaliação do desempenho escolar.
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Agradeço a Escola Superior de Educação Física por ter me dado muitas
oportunidades, suporte para poder desenvolver esse estudo. Por fim e com muita
satisfação, aos meus mestres com carinho que muito contribuíram para a minha
formação acadêmica e humana. Não poderia me esquecer de agradecer
especialmente a Ana Rita, Marcilio Souza Júnior, Marcelo Tavares, Raul Lopes,
Verônica Monteiro, Karla Toniolo, Tereza Cattuzo, Tesinha Lima, Keila Brandão,
Patrícia Pessoa, Ana Patrícia e in memoriam nosso ilustríssimo professor que nos
deixou muitas saudades, José césar (PLIC). Essas pessoas são as responsáveis
pela formação de grandes profissionais de Educação Física, nos proporcionando
ricos momentos de aprendizagem, compartilhando saberes os quais levaremos para
o resto de nossas vidas.
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“Quanto maiores os obstáculos, mas apaixonantes os
desafios.”
(Dom Helder Câmara)
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RESUMO
Evidências sugerem que a obesidade é associada negativamente com o
desempenho escolar, por outro lado, acredita-se que a aptidão física interfira
positivamente no desempenho escolar. O objetivo do presente estudo foi analisar a
interação entre estado nutricional, aptidão física e desempenho escolar em
estudantes do ensino fundamental II. 392 estudantes do 6º e 7º anos de ambos os
gêneros, com idade entre 10 a 13 anos participaram do estudo. A classificação do
estado nutricional baseou-se nos critérios propostos pelo Center for Diseases
Control and Prevention (CDC). Para a avaliação da aptidão física foi utilizado à
bateria de testes físicos FITNESSGRAM. Por fim, os alunos foram submetidos a
uma avaliação escrita com questões de português e matemática. Para cada
disciplina foi atribuído uma pontuação de 0 a 10 pontos, adicionalmente, foi
calculada a média geral dividindo-se as médias das duas disciplinas. Correlações
entre os componentes da aptidão física relacionada e o estado nutricional foram
verificadas através da correlação de Pearson. A interação entre o desempenho
escolar, a aptidão cardiorrespiratória e estado nutricional foi determinada através da
análise de variância para medidas repetidas (ANOVA one-way) com post-hoc de
Tukey. Os resultados demonstraram que a aptidão cardiorrespiratória foi o único
componente associado com o desempenho escolar. Meninas com peso normal,
porém, com baixo VO2máx, apresentam desempenho em matemática (2,69±1,60) pior
do que as meninas com peso normal e com VO2máx médio (4,00±2,19) (p=0,03).
Adicionalmente as meninas com peso normal e com alto VO2máx obtiveram melhor
média geral (4,53±1,71) quando comparadas as meninas com peso normal e com
baixo VO2máx (3,36±1,43) (p=0,05). Meninas com sobrepeso e com o VO2máx na
média apresentaram maior desempenho na média geral (4,74±1,56) do que as
meninas com peso normal, mas, com baixo VO2máx (3,36±1,43) (p=0,03). Não foram
verificadas associações entre o desempenho escolar, aptidão física e estado
nutricional nos meninos. Conclui-se que independente do estado nutricional, a
aptidão cardiorrespiratória está associada com melhor desempenho escolar nas
meninas. Atenuando, desta forma, os efeitos deletérios da obesidade sobre a
aprendizagem.
Palavras-chave: obesidade, estado nutricional, aptidão física, desempenho escolar.
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ABSTRACT
Evidence suggests that obesity is negatively associated with school performance, on
the other hand, it is believed that physical fitness interfere with school performance.
The aim of this study was to examine the interaction between nutritional status,
physical fitness and academic achievement in elementary school students. 392
students of 5th and 6th grade of both genders and aged 10 to 13 years participated
in the study. Previously, students answered a questionnaire socioeconomic. BMI was
used to classify students into normal weight and overweight according to the criteria
proposed by the Centers for Disease Control and Prevention (CDC). For the
assessment of physical fitness was used to test battery of physical FITNESSGRAM
(2008). Ultimately, the students answered a test with Math and Portuguese
questions. For each subject was assigned a score of 0 to 10 points, in addition, the
overall average was calculated by dividing the averages of the two disciplines.
Correlations to identify which component of physical fitness is more associated with
school performance were determined by Pearson correlation. The interaction
between school performance, cardiorespiratory fitness and nutritional status was
determined by analysis of variance for repeated measures (one-way ANOVA) with
Tukey’s post-hoc. The results demonstrated that cardiorespiratory fitness was the
only component associated with school performance. Girls with normal weight, but
with low VO2max, show worse performance in math (2.69±1.60) than girls of normal
weight and average VO2max (4.00±2.19) (p=0,03). Additionally girls with normal
weight and high VO2max had better overall average (4.53±1.71) when compared with
normal weight girls with low VO2max (3.36±1.43) (p=0.05). Girls with overweight and
with an average VO2max showed higher performance in overall average (4.74±1.56)
than girls of normal weight, but with low VO2max (3.36±1.43) (p=0.03). There were no
associations between school performance, physical fitness and nutritional status in
children. We conclude that independent of nutritional status, cardiorespiratory fitness
is associated with better school performance in girls. Attenuating this way, the
deleterious effects of obesity on learning.
Keywords: obesity, cardiorespiratory fitness, academic performance.
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1- Componentes da aptidão física relacionada à saúde de estudantes do
ensino fundamental II.....................................................................................................
TABELA 2- Componentes da aptidão física dos estudantes estratificados pelo estado
nutricional.......................................................................................................................
TABELA 1- Características antropométricas, da aptidão cardiorrespiratória e do
desempenho escolar dos estudantes estratificados pelo gênero...................................
TABELA 2- Características antropométricas, da aptidão cardiorrespiratória e do
desempenho escolar dos estudantes estratificados pelo estado nutricional..................
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1- Desenho experimental do estudo................................................................
FIGURA 1- Frequência de baixo peso, peso normal e sobrepeso em estudantes do
ensino fundamental II, de acordo com o gênero............................................................
FIGURA 2- Correlação entre IMC, porcentagem de gordura e VO2máx nas meninas
(A) e nos meninos (B) ajustado pela idade....................................................................
Figura 1- Classificação do estado nutricional de estudantes do ensino fundamental II,
de acordo com o gênero.................................................................................................
Figura 2- Frequência de sobrepeso em estudantes do ensino fundamental II, de
acordo com o nível de aptidão cardiorrespiratória.........................................................
Figura 3- Desempenho em A) português, B) matemática e C) média geral das
estudantes do ensino fundamental II, de acordo com o estado nutricional e nível de
aptidão cardiorrespiratória..............................................................................................
Figura 4- Correlações entre VO2MÁX e desempenho em A) português, B) matemática
e C) média geral das estudantes do ensino fundamental II, ajustados pelo IMC em
percentil, porcentagem de gordura e classe econômica................................................
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SUMÁRIO
RESUMO .................................................................................................. 8
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ ....13
2. OBJETIVOS ................................................................................................ 15
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 15
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 15
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................. 16
3.1 Caracterização do estudo ............................................................................. 16
3.2 População e amostra ................................................................................... 16
3.3 Aspectos éticos............................................................................................. 17
3.4 Avaliação socioeconômica .......................................................................... 17
3.5 Medidas......................... ............................................................................... 18
3.5.1 Medidas antropométricas ............................................................................ 18
3.5.2 Composição corporal .................................................................................... 18
3.5.3 Aptidão cardiorrespiratória ............................................................................ 19
3.5.4 Resistência muscular localizada ................................................................... 19
3.5.5 Força de membros superiores ...................................................................... 20
3.5.6 Flexibilidade . ................................................................................................ 20
3.6 Avaliação do desempenho escolar ............................................................... 20
4. ANÁLISE ESTATÍSTICA ....................................................................................... 21
5. RESULTADOS............. ......................................................................................... 22
5.1 Artigo I......................... ................................................................................. 22
5.2 Artigo II...................... ................................................................................... 37
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 56
7. REFERÊNCIAS............... ...................................................................................... 57
ANEXOS............................... ..................................................................................... 60
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1. INTRODUÇÃO
A obesidade é caracterizada pelo excesso de gordura corporal que influencia
negativamente um conjunto de fatores de riscos à saúde, tais como hiperglicemia,
dislipidemia e hipertensão, elevando o risco de desenvolvimento da síndrome
metabólica (SRINIVASAN et al., 2002). A obesidade é altamente prevalente e assola
todos os países do mundo, de tal modo que a Organização Mundial da Saúde a
classifica como uma condição pandêmica (“Combating the global obesity epidemic.,”
2011).
Além dos efeitos clássicos do excesso de gordura corporal para a saúde,
acredita-se que a obesidade esteja negativamente associada com o desempenho
escolar (DATAR; STURM, 2006; SHAYA et al., 2008; HOLLAR et al., 2010). Estudos
relatam que crianças com sobrepeso apresentaram menor desempenho escolar
quando comparadas às crianças com peso normal (DATAR; STURM;
MAGNABOSCO, 2004; JUDGE, 2007; SHORE et al., 2008). Porém, os mecanismos
ligados a esta associação ainda são controversos, visto que o baixo desempenho
observado em crianças com sobrepeso pode ser mediado por fatores associados à
obesidade, tais como, baixa auto-estima, ansiedade, depressão, problemas
comportamentais faltas nas aulas devido aos problemas de saúde (ZAMETKIN et al.,
2004; SHORE et al., 2008). Entretanto, especula-se que a baixa atividade cognitiva
e menor volume cerebral verificados em alguns pacientes obesos, possam ser os
responsáveis pelo decréscimo no quociente de inteligência destes indivíduos (YU et
al., 2009).
Cognição é a junção de várias habilidades integradas com o objetivo comum
de solucionar problemas inéditos, apresentados pelo meio, bem como, predizer a
capacidade de aprendizagem e alterações no desempenho cognitivo podem
interferir no rendimento escolar (SIQUEIRA; GIANNETTI, 2011). Neste sentido Li et
al. (2008), demonstram uma forte associação entre o índice de massa corporal (IMC)
e comprometimento cognitivo, isto é, crianças com sobrepeso apresentaram baixo
desempenho nos testes cognitivos quando comparadas com crianças com peso
normal.
Outro importante indicador de saúde tanto em crianças quanto em
adolescentes é a aptidão física (RUIZ et al., 2010). Sugere-se que o nível de
condicionamento físico pode estar associado com o rendimento escolar (Kim et al.,
2003). Roberts et al. (2010) demonstraram que, estudantes de nível médio (5º - 9º
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série) com melhor desempenho em testes físicos, também apresentaram melhor
rendimento em matemática e leitura. Outros estudos mostram associações positivas
entre aptidão física e desempenho acadêmico (DWYER et al., 2001; GRISSOM,
2005; CHOMITZ et al., 2009; WITTBERG et al., 2009). Da mesma forma, existem
evidências que indicam uma relação positiva entre cognição e aptidão física,
especificamente a aptidão aeróbia em crianças (HILLMAN et al., 2005; HILLMAN et
al., 2009; DAVIS et al., 2011).
É reconhecido que indivíduos obesos apresentam baixa aptidão física,
advinda de baixos níveis de atividade física observados nesta população
(SALVADORI et al., 1999). Entretanto, mesmo em crianças e adolescentes obesos
verifica-se que melhorias na aptidão estão associadas a reduções nos fatores de
riscos relacionados ao excesso de peso (AIRES et al., 2010), o que lhes confere um
benefício cardioprotetor contra doenças cardiovasculares (LEE et al., 2012). Desta
forma, hipotetizamos que o mesmo possa acontecer em relação ao desempenho
escolar, ou seja, a aptidão física além de melhorar a saúde desses alunos, atenuaria
os efeitos deletérios do sobrepeso sobre o desempenho acadêmico.
Nossa hipótese baseia-se no fato de que melhoras em alguns componentes
da aptidão física relacionada à saúde aumentam a vascularização cerebral, reduzem
os sintomas de depressão ansiedade e baixa auto-estima que influenciam
diretamente o desempenho escolar (BLUMENTHAL et al., 1999; DRIVER et al.,
2000; EVELAND-SAYERS et al., 2009)
Vale ressaltar que, até o presente momento, as pesquisas nessa área têm
analisado apenas o estado nutricional e aptidão física de forma isolada. Desta forma,
o presente estudo visa responder a seguinte questão condutora: Será que
estudantes com sobrepeso, mas, com bom nível de aptidão física apresentam
melhor desempenho escolar do que seus pares com baixa aptidão física?
Sendo assim, o objetivo do presente estudo é analisar a interação entre
estado nutricional, nível de aptidão física e desempenho escolar de estudantes do
ensino fundamental II.
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2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar a interação entre estado nutricional, aptidão física e rendimento escolar de estudantes do ensino fundamental II. 2.2 Objetivos Específicos
Identificar a freqüência de sobrepeso em estudantes do ensino fundamental II.
Avaliar a composição corporal, a aptidão cardiorrespiratória, a resistência muscular localizada, a força de membros superiores e a flexibilidade dos estudantes do ensino fundamental II.
Verificar diferenças entre o gênero nos componentes da aptidão física relacionados à saúde e no desempenho escolar.
Verificar os efeitos do estado nutricional e dos componentes da aptidão física relacionados à saúde no rendimento escolar dos estudantes do ensino fundamental II.
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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 Caracterização do estudo
Este estudo caracteriza-se como descritivo com delineamento transversal.
3.2 População e Amostra
A população alvo deste estudo foi composta por alunos do ensino
fundamental II (6º e 7º anos), de ambos os gêneros, regularmente matriculados em
escolas municipais do Recife, com idade entre 10 e 13 anos.
A rede municipal do Recife é composta por 34 escolas de ensino
fundamental II, entretanto escolas com ensino integral (duas) e que não possuíssem
espaço suficiente para realização dos procedimentos (uma) não foram consideradas
ilegíveis para este estudo. As 31 escolas incluídas possuíam 9120 alunos
matriculados nos 6º e 7º anos no ano de 2011. Foram excluídos alunos que não
responderam o questionário socioeconômico, que não completaram a bateria de
testes, que faltaram no dia dos procedimentos e os que apresentavam algum
comprometimento cognitivo e físico (auto-relatado e observação dos professores).
A seleção da amostra foi realizada em dois estágios por meio de
aleatorização simples (randomizer.org). Primeiro foram sorteadas nove escolas,
posteriormente foram sorteados os alunos. A responsável de cada escola
selecionada disponibilizou uma listagem com o nome de todos os alunos do 6º e 7º
anos, a partir da numeração seqüencial dos alunos, gerou-se uma listagem com 60
números referentes aos alunos incluídos.
Baseado no estudo piloto com 70 alunos e em estudos prévios (MO-SUWAN,
1999; DWYER et al., 2001; GRISSOM, 2005; GEIER et al., 2007; SHORE et al.,
2008; WITTBERG, et al., 2009), o tamanho amostral foi determinado em 300 alunos.
Considerando-se possíveis perdas, 417 alunos de 9 escolas foram selecionados.
Após o processo de seleção, foram aplicados os instrumentos de coleta de
dados. A figura 1 apresenta o desenho experimental do estudo.
17
Figura 1. Desenho experimental do estudo.
3.3 Aspectos éticos
O projeto de pesquisa foi previamente encaminhado e aprovado pelo Comitê
de ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco sobre o protocolo
0191.0.097.000-11. Todos os responsáveis legais assinaram termo de
consentimento livre e esclarecido para a inclusão dos menores na amostra.
3.4 Avaliação Socioeconômica
Foi aplicado o questionário de avaliação socioeconômica da Associação
Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP). Este questionário é conhecido como
Critério de Classificação Econômica Brasil, que por sua vez, estima o poder de
compra das pessoas e famílias urbanas, abandonando a pretensão de classificar a
população em termos de “classes sociais” e sim por classes econômicas. O
instrumento de avaliação contém questões relativas à posse de eletrodomésticos e
escolaridade dos pais. As questões possuem alternativas de respostas que variam
de 0 a 5 pontos, de acordo com a soma de todos os pontos obtidos, os alunos foram
classificados em classes econômicas A,B,C e D. A classe A é considerada a classe
econômica com maior poder de compra e com pais com alto nível de escolaridade, a
medida que a pontuação diminui se têm as classes B, C e a D que compreende a
classe com menor poder de compra e pais com baixa escolaridade. A aplicação do
questionário foi realizada durante o primeiro contato com os alunos na escola
durante o turno escolar. A variável classe econômica foi utilizada no presente estudo
como co-variável em algumas análises.
18
3.5 Medidas
As avaliações físicas e de desempenho escolar foram realizadas nas
dependências das escolas. Todos os procedimentos foram conduzidos sempre pelos
mesmos pesquisadores previamente treinados. Os componentes da aptidão física
relacionados à saúde foram estimados através da bateria de testes físicos para
escolares, baseado no FITNESSGRAM (2008), desenvolvido em 1982 pelo Instituto
Cooper, em resposta a necessidade de uma padronização para avaliação em
programas de Educação Física. O FITNESSGRAM se propõe a avaliar uma gama
de capacidades físicas relacionadas à saúde em crianças em idade escolar.
3.5.1 Medidas antropométricas
A medida de massa corporal foi realizada em uma balança Fillizola. Os alunos
foram pesados em pé, descalços, vestindo o mínimo de roupa possível, com os
braços ao longo do corpo, olhos fixos em um ponto a sua frente e se movendo o
mínimo possível para evitar as oscilações e assim impedir a leitura. Para mensurar a
estatura foi utilizado um estadiômetro com escala de precisão de 0,1 cm. Os alunos
se posicionavam sobre a base do estadiômetro, sem calçado, de forma ereta, com
os membros superiores pendentes ao longo do corpo, pés unidos, procurando
colocar as superfícies posteriores dos calcanhares, a cintura pélvica, a cintura
escapular e a região occipital em contato com a escala de medida. Com o auxílio do
cursor, foi determinada a medida correspondente à distância entre a região plantar e
o vértice, permanecendo o avaliado em apnéia inspiratória e com a cabeça orientada
no plano de Frankfurt paralelo ao solo (LOHMAN; ROCHE, 1988). As medidas de
peso e estatura foram realizadas em uma única vez.
A classificação do estado nutricional baseou-se nos critérios propostos pelo
Center for Diseases Control and Prevention (CDC) (2000). Os estudantes que
apresentassem IMC menor que o percentil 5 foram classificados como baixo peso,
do 5 ao 85 como peso normal e acima do percentil 85 sobrepeso.
3.5.2 Composição corporal
Para estimativa da composição corporal foram realizadas medidas das dobras
cutâneas triciptal e panturrilha utilizando-se um adipômetro da marca Lange com
precisão de 1mm. Todas as medidas foram realizadas no hemicorpo direito em
triplicada, sendo utilizado o maior valor entre as três medidas. A porcentagem de
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gordura corporal foi estimada através da equação de Slaughter et al. (1988) de
acordo com o gênero.
3.5.3 Aptidão cardiorrespiratória
A aptidão cardiorrespiratória foi estimada com a utilização do teste
Progressive Aerobic Cardiovascular Endurance Run (PACER). O PACER é um teste
com múltiplos estágios progressivo adaptado a partir do 20-meter shuttle run test
(teste de vai e vem de 20metros) publicado por Leger e Lambert (1982). Ele é
composto por 20 estágios, de um minuto cada, no primeiro estágio a velocidade é de
8,5 km/h, sendo acrescida de 0,5 km/h a cada um dos estágios seguintes. O
diferencial deste teste é que para sua aplicação ele necessita de materiais de fácil
acesso, um espaço relativamente pequeno e pode ser aplicado para estudos com
uma grande população.
Para a realização do teste foram necessários um local plano de pelo menos
25 metros, caixa de som, CD com sinal sonoro cadenciado, cones e folhas de
anotação. O teste foi aplicado em grupos de 6 a 10 alunos, que correriam juntos no
ritmo cadenciado pelo CD. Os alunos tinham que se deslocar no espaço de 20
metros, delimitado entre 2 linhas paralelas. A caixa de som emitia bips, a intervalos
específicos para cada estágio, sendo que a cada bip os avaliados deviam cruzar
com um dos pés a linha paralela. A interrupção do teste se deu por fadiga voluntária
ou quando não conseguissem manter a cadência do estágio. Baseado no último
estágio completado, o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) foi predito.
3.5.4 Resistência muscular localizada
A resistência muscular localizada foi avaliada pelo teste de abdominal. A
aplicação desse teste necessitou de colchonete de ginástica e faixa de cartolina com
largura de 11,4 centímetros (cm) que foi fixada sobre o colchonete. O aluno
posicionou-se em decúbito dorsal no colchonete com os joelhos flexionados em
aproximadamente 140º, pernas separadas, braços retos e paralelos ao tronco, com
as palmas da mão sobre o colchonete e com os pés apoiados pelo avaliador. O
aluno flexionava o tronco para que os dedos deslizassem para o outro lado da tira,
localizada sobre os joelhos. O objetivo era fazer tantos abdominais quanto possível
20
enquanto mantia-se uma cadência de 1 abdominal a cada 3 segundos, controlada
com auxílio de um metrônomo.
3.5.5 Força de membros superiores
O teste de flexão de braço foi utilizado para avaliação da força de membros
superiores. O aluno avaliado se posicionava em decúbito ventral e com as mãos sob
os ombros, dedos das mãos alongados, pernas retas, paralela e levemente
separadas. Ao comando de iniciar, o aluno realizava a extensão completa do
cotovelo. As pernas e as costas deviam ser mantidas retas por todo o teste. Em
seguida, flexionavam-se os braços formando um ângulo de 90º e os antebraços
estivessem paralelos com o solo. Esta ação foi repetida o máximo de vezes
possíveis, seguindo a cadência de uma repetição a cada 3 segundos, controlada
com auxílio de um metrônomo.
3.5.6 Flexibilidade
O teste de sentar e alcançar modificado foi utilizado para avaliar a
flexibilidade. Para a aplicação deste teste foi necessário um banco de madeira,
contendo na parte superior uma escala que mede em centímetros. Avaliando
primeiro a perna direita e depois a perna esquerda, o aluno se sentava no chão com
uma perna flexionada e a outra estendida encostando a planta do pé no banco. Com
os braços estendidos sobre a cabeça e com uma mão apoiada em cima da outra, o
aluno tinha que flexionar o tronco e alcançar com as mãos o máximo que
conseguisse sobre a escala. Foram realizadas 3 medidas em cada perna, sendo a
última registrada.
3.6 Avaliação do desempenho escolar
A avaliação do desempenho escolar foi realizada através de uma prova que
foi construída por uma especialista em educação, que permitiu avaliar o
conhecimento dos alunos em português e matemática. O conteúdo das provas foi
baseado nas matrizes de referências da Prova Brasil, que utilizam língua portuguesa
e matemática nas avaliações. De acordo com os pressupostos teóricos que norteiam
os instrumentos de avaliação, a Matriz de Referência é o referencial curricular do
que será avaliado em cada disciplina e série, informando as competências e
habilidades esperadas dos alunos (BRASIL, 2008). As provas foram aplicadas nas
21
escolas um dia após a aplicação dos testes físicos. As questões eram de múltipla
escolha, contendo quatro alternativas como respostas, sendo que apenas uma era a
correta.Os alunos tiveram 2 horas para responder a prova.
As provas apresentavam conteúdos diferentes para os 6º e 7º anos, sendo
que para cada série existiam 3 tipos de provas com as mesmas questões
distribuídas em ordens diferentes. Para cada resposta certa era atribuído 01 ponto
ao aluno, sendo assim, tanto a prova de português quanto a prova de matemática
valiam de 0 a 10 pontos. Após a obtenção das notas de cada prova, foi calculada a
nota geral, obtida a partir da média aritmética das notas de matemática e português.
Portanto, cada aluno recebeu 3 notas (português, matemática e nota geral).
4. ANÁLISES ESTATÍSTICAS
As variáveis contínuas são descritas através da média e desvio padrão e as
categóricas através de freqüências absolutas e relativas (%). Diferenças entre os
gêneros foram analisadas utilizando-se o teste T de Student para amostras
independentes. Comparações entre estado nutricional (baixo peso, peso normal e
sobrepeso) e os componentes da aptidão física foram realizadas por meio da análise
de variância para medidas repetidas ANOVA one-way com post-hoc de Tukey.
Correlações entre o IMC e os componentes da aptidão física foram determinadas
através da correlação de Pearson, ajustando-se para a idade.
Diferenças no desempenho escolar entre os grupos foram avaliadas através
da análise de variância (ANOVA one-way) com post-hoc de Tukey. Correlações
entre o VO2máx e o desempenho escolar foram determinadas através da correlação
de Pearson, ajustando-se pelo IMC em percentil, porcentagem de gordura e estado
socioeconômico. O nível de significância adotado foi p<0,05. Os dados foram
analisados usando o programa estatístico SPSS.10.
22
RESULTADOS
5.1 Artigo I
Artigo submetido ao Jornal de Pediatria
Associação entre estado nutricional e aptidão física relacionada à saúde em crianças
Resumo
Objetivo: Analisar a associação entre estado nutricional e os componentes da
aptidão física relacionada à saúde em estudantes do ensino fundamental II.
Métodos: Trata-se de um estudo transversal do qual participaram 417 estudantes de
ambos os gêneros com idade entre 10 a 13 anos, matriculados na 6º e 7º anos do
ensino fundamental II. Após as medidas de massa corporal e estatura, as crianças
foram classificadas de acordo com o estado nutricional (baixo peso, peso normal e
sobrepeso) baseados no percentil do IMC. Os componentes da aptidão física
relacionados à saúde foram estimados com a utilização da bateria de testes físicos
do FITNESSGRAM. Análise de variância para medidas repetidas com post-hoc de
Tukey foi conduzida para comparações entre o estado nutricional e os componentes
da aptidão física. Resultados: Meninos e meninas com sobrepeso apresentam
menor aptidão cardiorrespiratória e maior adiposidade corporal que seus pares com
peso normal e com baixo peso (p<0,05). Adicionalmente, nos meninos, o sobrepeso
foi associado negativamente com todos os componentes da aptidão física (p>0,05),
exceto com a flexibilidade. Conclusão: O sobrepeso afeta negativamente a aptidão
física relacionada á saúde de crianças, entretanto os efeitos são mais pronunciados
nos meninos. Tal fato pode acarretar sérias conseqüências na saúde destes
indivíduos na vida adulta.
Palavras-chave: obesidade, saúde, aptidão cardiorrespiratória, composição
corporal, estudantes.
23
Abstract
Objective: To assess the association between nutritional status and components of
health-related physical fitness in elementary school students. Methods: This cross-
sectional study was conduct with 417 students from both genders, aged 10 to 13
years, from 6th and 7th grades. Before undergo to body weight and height
measurements, children were classified according to nutritional status (underweight,
normal weight and overweight). The battery of physical tests of the FITNESSGRAM
was used to evaluate the components of health-related physical fitness. Analysis of
variance for repeated measures with Tukey as post-hoc was conducted to compare
nutritional status and physical fitness components. Results: Overweight boys and
girls presented lower cardiorespiratory fitness and higher fat mass than normal and
underweight children (P<0.05). In addition, in boys, overweight was negatively
associated with all components of health-related physical fitness (p<0.05), except
with flexibility. Conclusion: Overweight negatively affects the components of health-
related physical fitness in children, however the effects are more pronounced among
boys. This fact may lead to serious health complication in adulthood.
Keywords: obesity, health, cardiorespiratory fitness, body composition, students.
24
Introdução
A aptidão física é um dos mais importantes indicadores de saúde em crianças
e adolescentes, além de ser um potente preditor de morbidade e mortalidade por
doenças cardiovasculares na vida adulta1. Melhoras na aptidão física se apresentam
associadas a melhorias nas funções musculoesqueléticas, cardiorrespiratória e
modificações positivas no perfil lipídico, glicídico e pressão arterial2. Dentre os
componentes da aptidão física, destacam-se a flexibilidade, a força e resistência
muscular, aptidão cardiorrespiratória e composição corporal, que estão diretamente
ligados a saúde3.
O rápido aumento na prevalência de obesidade em países em
desenvolvimento, como o Brasil, tem sido atribuído à diminuição dos níveis de
atividade física, que, por sua vez, se apresenta associada a baixos níveis de aptidão
física4. Nesse sentido, foi verificado que adolescentes obesos apresentam menor
resistência muscular e aptidão cardiorrespiratória que seus pares com peso normal5.
Da mesma forma, crianças com sobrepeso apresentam pior desempenho em testes
físicos quando comparadas às crianças não obesas6.
Mesmo com redução dos casos de déficits nutricionais, em decorrência da
transição nutricional7, o baixo peso ainda é um problema de saúde pública e um
importante fator de risco para a saúde8. Esmaeilzadeh e Ebadollahzadeh9 ressaltam
a importância de se explorar a relação entre estado nutricional e aptidão física em
crianças e adolescentes com baixo peso. Bénéfice e Malina10, em um estudo com
crianças desnutridas revelaram uma associação negativa entre composição corporal
e aptidão física. Porém Shang et al.11 encontraram que crianças com baixo peso
apresentavam aptidão física semelhante a crianças com peso normal.
Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi analisar a associação entre
estado nutricional e os componentes da aptidão física relacionada à saúde de
estudantes do ensino fundamental II.
25
Material e métodos
População e amostra
A população alvo deste estudo transversal foram estudantes do ensino
fundamental II (6º e 7º ano), de ambos os gêneros, com idade entre 10 e 13 anos e
regularmente matriculados na rede municipal do Recife-PE. O processo de seleção
da amostra aconteceu em duas etapas, primeiro foram selecionadas as escolas e
depois os alunos, através do processo de aleatorização simples. Foram excluídas as
escolas com ensino integral e as que não possuíssem espaço adequado para a
realização dos procedimentos.
Desta forma, nove escolas foram incluídas no estudo. Posteriormente, de
posse da lista nominal dos alunos (fornecida pela escola), as crianças foram
aleatoriamente selecionadas (randomizer.org). Foram excluídos os estudantes que
apresentassem algum comprometimento físico que impedisse a realização dos
testes físicos. O projeto foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade de Pernambuco (#192/11). Todos os responsáveis legais assinaram
termo de consentimento livre esclarecido.
Medidas antropométricas
As medidas de massa corporal (MC) e estatura foram realizadas em uma
balança Welmy® com precisão de 0,1 kg e 0,1 cm, respectivamente, adotando os
critérios propostos por Lohman e Roche12. Em seguida foi calculado o índice de
massa corporal (IMC), dividindo-se a massa corporal (Kg) pelo quadrado da estatura
(m2). A classificação do estado nutricional se deu de acordo com o proposto pelo
Center for Diseases Control (CDC)13. Todos os procedimentos foram sempre
realizados pelos mesmos pesquisadores, previamente treinados e no ambiente
escolar.
Avaliação da aptidão física
Os componentes da aptidão física foram avaliados utilizando o
FITNESSGRAM14, que é uma bateria de testes físicos para escolares construída
pelo Cooper Institute. O FITNESSGRAM se propõe a avaliar diversas capacidades
físicas relacionadas à saúde, no presente estudo foi avaliada a composição corporal,
aptidão cardiorrespiratória, força de membros superiores, resistência muscular
localizada e flexibilidade.
26
Para estimativa da composição corporal foram realizadas medidas das dobras
cutâneas triciptal e panturrilha com auxílio de um adipômetro da marca Lange com
precisão de 1mm. Todas as medidas foram realizadas no hemicorpo direito em
triplicada, sendo utilizado o maior valor entre as três medidas. A porcentagem de
gordura corporal foi estimada através da equação de Slaughter et al.15 de acordo
com o gênero.
A aptidão cardiorrespiratória foi avaliada através do 20-meter shuttle run test
(teste vai-e-vem). A velocidade inicial foi de 8,5 km/h (primeiro estágio), sendo
acrescida de 0,5 km/h nos estágios seguintes. O teste foi aplicado em grupos de 10
alunos simultaneamente. Os alunos percorriam a distância de 20 metros, dentro do
tempo estipulado, cadenciado por sinais sonoros (Bips) a intervalos específicos para
cada estágio, sendo que a cada bip os avaliados deviam cruzar com um dos pés a
linha demarcatória de 20 metros. O teste era interrompido quando os alunos não
conseguiam percorrer a distância dentro do tempo previsto ou por fadiga voluntária.
O consumo máximo de oxigênio (VO2max) foi predito baseado no último estágio
completado pelos alunos.
O teste de flexão de braço foi utilizado para avaliação da força de membros
superiores, para tal, os avaliados ficavam posicionados em decúbito ventral e
realizavam extensões e flexões do cotovelo cadenciadas com auxílio do metrônomo
(uma repetição a cada três segundos) o máximo de vezes possíveis. Os meninos
ficavam posicionados em decúbito ventral, com o corpo alongado e as mãos sob os
ombros, já as meninas executavam o teste com o apoio dos joelhos no chão. A
resistência muscular localizada foi avaliada pelo teste de abdominal em que os
alunos ficavam posicionados em decúbito dorsal, com os braços e dedos estendidos
e com as palmas das mãos voltadas para baixo, sobre um colchonete com uma tira
de cartolina de 11,4 centímetros fixada sobre ele. O objetivo era flexionar o tronco
para cima, deslizando os dedos para a extremidade final da tira, realizando o
máximo de repetições possíveis mantendo uma cadência de um abdominal a cada
três segundos (metrônomo).
Por fim, os alunos passavam pelo teste de sentar e alcançar modificado para
avaliar a flexibilidade. Sentados no chão, os alunos, flexionavam uma das pernas
enquanto a outra ficava estendida, e encostavam a planta do pé no banco de Wells.
27
Com os braços estendidos sobre a cabeça e com uma mão apoiada em cima da
outra, deveriam flexionar o tronco e alcançar com as mãos a maior distância possível
sobre a escala do banco de Wells. Após 3 medidas com cada perna, a última medida
era registrada.
Análises estatísticas
As variáveis contínuas são descritas através da média e desvio padrão e as
categóricas através de frequências absolutas e relativas (%). Diferenças entre os
gêneros foram analisadas utilizando-se o teste T de Student para amostras
independentes. Comparações entre estado nutricional (baixo peso, peso normal e
sobrepeso) e os componentes da aptidão física foram realizadas por meio da análise
de variância para medidas repetidas ANOVA one-way com post-hoc de Tukey.
Correlações entre o IMC e os componentes da aptidão física foram determinadas
através da correlação de Pearson, ajustando-se para a idade. O nível de
significância adotado foi fixado em p<0,05. Os dados foram analisados usando o
programa estatístico SPSS 10.0.
Resultados
A amostra foi composta por 417 alunos (202 meninas e 215 meninos)
regularmente matriculados no 6º (N=245) e 7º (N=172) anos do ensino fundamental
II. Os resultados não demonstraram diferenças entre gêneros para idade
(12,05±0,71 anos; 12,19±0,76 anos), MC (43,28±9,44 kg; 42,51±12,39 kg), estatura
(148,77±7,13 cm; 147,51±8,14 cm) ou IMC (19,46±3,47 kg/m²; 19,27±4,36 kg/m²).
Do total de 202 meninas, 9 foram classificadas com baixo peso (4,5%; IC: 2.0-8.2),
142 peso normal (70,3%; IC: 63.4-76.5) e 51 apresentavam sobrepeso (25,2%; IC:
19.4-31.8). Com relação aos meninos, 16 apresentavam baixo peso (7,4%; IC: 4.3-
11.8), 142 peso normal (66,0%; IC: 59.3-72.3) e 57 sobrepeso (26,5%; IC: 20.7-32.9)
(figura 1).
28
Figura 1- Frequência de baixo peso, peso normal e sobrepeso em estudantes do ensino fundamental II, de acordo com o gênero.
Os resultados dos testes físicos demonstraram que as meninas são mais
fortes, mais flexíveis e apresentam maior adiposidade corporal que os meninos, por
outro lado, os meninos têm maior VO2máx e resistência muscular localizada,
entretanto não houve diferenças entre o gênero para a massa livre de gordura
(Tabela 1).
Tabela 1- Componentes da aptidão física relacionada à saúde de estudantes do ensino fundamental II.
VO2máx (consumo máximo de oxigênio); RML (Resistência Muscular Localizada)
Variáveis
Meninas
(n=202)
Meninos
(n=215)
P
Massa Livre de Gordura (kg) 31,74±5,25 31,68±6,78 0,92
Massa Gorda (%) 25,77±5,53 23,77±8,08 0,00
VO2máx (ml/kg/min) 41,22±3,42 44,12±4,20 0,00
RML (reptições) 17,75±11,16 24,99± 16,94 0,00
Força (repetições) 13,00±8,03 10,20±7,09 0,00
Flexibilidade (cm) 24,34±6,48 22,41±7,18 0,00
29
Não houve diferenças na idade entre os grupos de baixo peso (12,29±0,46
anos), peso normal (12,12±0,75 anos) e sobrepeso (12,10±0,77 anos). Quanto maior
o IMC maior a adiposidade corporal e massa livre de gordura, além disso,
estudantes com sobrepeso apresentam menor VO2máx quando comparados a seus
pares com peso normal e com baixo peso (Tabela 2).
Tabela 2- Componentes da aptidão física dos estudantes estratificados pelo estado nutricional.
Meninas
Baixo Peso
(n=9)
Peso normal
(n=142)
Sobrepeso
(n=51)
Massa Livre de Gordura (kg) 24,77±2,35* 30,38±3,96 36,74±5,13*†
Massa gorda (%) 19,74±13,22* 23,95±4,07 31,92±4,47*†
VO2máx (ml/kg/min) 42,76±3,33 41,75±3,48 39,46±2,56*†
RML (repetições) 15,89±11,54 18,78±11,75 15,20±8,94
Força (repetições) 10,22 ±8,13 13,08±7,76 13,29±8,81
Flexibilidade (cm) 24,11±6,37 24,40±6,56 24,22±6,38
Meninos (n=16) (n =142) (n=57)
Massa Livre de Gordura (kg) 24,94±2,77* 29,54±4,52 38,91±6,66*†
Massa gorda (%) 17,30±4,08 20,62±5,39 33,43±6,33*†
VO2máx (ml/kg/min) 44,53±4,15 45,09±4,04 41,57±3,58*†
RML (repetições) 27,94±17,28 28,34±17,94 15,82±9,48*†
Força (repetições) 10,00±6,78 11,50±7,54 7,00±4,67*†
Flexibilidade (cm) 22,00±7,76 23,15±6,88 20,71±7,57
VO2máx (consumo máximo de oxigênio); RML (Resistência Muscular Localizada).
*vs peso normal (p<0,05); †vs baixo peso (p<0,05).
Adicionalmente, quando ajustado pela idade, verificam-se correlações
positivas entre IMC e adiposidade corporal (%) e negativas entre IMC e VO2máx, em
ambos os gêneros (Figura 2A e 2B).
30
Figura 2. Correlação entre IMC, porcentagem de gordura e VO2máx nas meninas (A) e nos meninos (B) ajustado pela idade.
Não foram verificadas associações entre o estado nutricional e os demais
componentes da aptidão física nas meninas, entretanto os meninos com sobrepeso
apresentam pior desempenho em todos os testes físicos que seus pares com peso
normal e baixo peso, exceto para o teste de flexibilidade (tabela 2). Os resultados
revelam haver uma correlação inversa entre IMC e resistência muscular localizada
(p=0,00, r=-0,30), e força de membros superiores (p=0,00, r=-0,25) apenas nos
meninos.
Em relação ao grupo de baixo peso, tanto meninos quanto meninas
apresentam menor massa livre de gordura e apenas as meninas com baixo peso
apresentam menor adiposidade quando comparadas às meninas com peso normal.
Nos demais componentes da aptidão física, não foram encontradas diferenças
significativas entre baixo peso e peso normal em ambos os gêneros.
31
Discussão
Os dados do presente estudo reforçam a existência de uma associação entre
estado nutricional e aptidão física em estudantes do ensino fundamental II,
demonstrando que: a) o sobrepeso afeta negativamente a aptidão cardiorrespiratória
de meninos e meninas; b) que meninos com sobrepeso apresentam piores níveis de
força e resistência muscular localizada que seus pares com peso normal e baixo
peso; e c) que alunos com baixo peso apresentam desempenho nos testes físicos
semelhante aos alunos com peso normal.
Em crianças, o excesso de gordura corporal é fortemente associado a
diversos fatores de riscos à saúde, tais como hiperglicemia, dislipidemia e
hipertensão, que desempenham papel fundamental na patogênese da síndrome
metabólica durante a infância16, e caso esse quadro não seja revertido
precocemente, esses indivíduos apresentam elevado risco de morbidades e
mortalidade por doenças cardiovasculares na vida adulta, visto que estudos
longitudinais reportam que a adiposidade na infância é um potente preditor de
obesidade na fase adulta17,18. Adicionalmente, Pahkala et al.19 após acompanharem
425 crianças pré-escolares, verificaram que o IMC na infância também é um preditor
confiável da aptidão física na adolescência.
Assim como a adiposidade, a baixa aptidão física apresenta-se associada a
alterações negativas nos componentes da síndrome metabólica. Nesse sentido,
Neto et al.20 demonstram que adolescentes com sobrepeso e baixa aptidão física
(determinada pelo VO2máx) apresentavam 4,3 vezes mais chances de serem
hipercolesterolinêmicos e hipertensos, quando comparados com adolescentes com
peso normal e fisicamente aptos.
No presente estudo, foi verificado que crianças com sobrepeso são menos
aptas fisicamente que crianças com peso normal, o que lhes confere risco adicional
de agravos à saúde21,22. Janz et al.24 demonstraram que a variabilidade da gordura
corporal e da adiposidade abdominal, no período da infância à adolescência, são
mediadas por alterações na aptidão cardiorrespiratória e força muscular. Por esse
motivo, intervenções que visem melhorar aptidão física e controlar a massa corporal
de crianças são altamente desejáveis23.
32
Estudos prévios reportam que o baixo peso em crianças também está
associado com menor aptidão física, especificamente, menor força, resistência
muscular localizada, flexibilidade25 e menor resistência aeróbia26. Entretanto alguns
estudos verificaram que crianças com baixo peso são mais aptas fisicamente do que
crianças com peso normal e com sobrepeso8,27, nossos dados estão parcialmente de
acordo com esses prévios, pois foi verificado que as crianças com baixo peso
apresentam melhor desempenho nos testes físicos que os indivíduos com
sobrepeso, entretanto sem diferenças para os com peso normal, resultados estes
corroborados por Esmaeilzadeh e Ebadollahzadeh9 e Shang et al.11. Vale ressaltar
que os mecanismos envolvidos na melhor aptidão física observada em crianças com
baixo peso ainda não foram completamente elucidados e devem ser alvo de futuras
investigações.
É importante lembrar que o processo de maturação interfere diretamente no
desempenho físico, dessa forma, diferenças na aptidão física entre crianças de
mesma idade cronológica podem ser explicadas pela velocidade do processo de
maturação biológica28. Infelizmente no presente estudo a maturação não foi
avaliada, tal informação deve ser levada em consideração ao interpretar os
resultados. Outra limitação reside na avaliação indireta da aptidão cardiorrespiratória
e da composição corporal. Embora a técnica de dobras cutâneas e o 20-meter
shuttle run test sejam métodos amplamente utilizados e validados para essa
população, a utilização de métodos diretos (ex. análises de gases e DEXA)
forneceriam informações mais precisas sobre tais aspectos.
Por outro lado, a maioria dos estudos prévios avaliou apenas a aptidão
cardiorrespiratória, sendo os demais componentes da aptidão física negligenciados
em crianças e adolescentes com sobrepeso6. Dessa forma, a avaliação da força,
resistência muscular localizada e flexibilidade nos estudantes devem ser vistas com
um ponto forte do presente estudo.
A prática regular de atividade física é mundialmente aclamada como um
método efetivo para melhorar a aptidão física de crianças e adolescentes e as
escolas são vistas como ambientes favoráveis para incentivar a prática regular de
atividade física29, especialmente durante as aulas de educação física, pois
promovem conhecimentos e atitudes positivas a respeito de um estilo de vida ativo.
Por isso é imperativo que sejam desenvolvidos programas que estimulem a
participação nas aulas de educação física. Infelizmente, o que se verifica nos dias
33
atuais é o oposto, pois muitas escolas têm reduzido a quantidade de aulas de
educação fisica30, o que pode trazer sérias implicações à saúde das crianças em um
futuro próximo, o que certamente irá onerar não apenas os indivíduos, mas toda a
sociedade.
Dessa forma, pode-se concluir que estudantes com sobrepeso apresentam
menor nível de aptidão física quando comparados com estudantes com peso normal
e com baixo peso. Portanto é essencial que os estudantes de ensino fundamental
sejam incentivados a participar das aulas de educação física, para que possam
aproveitar os benefícios de um estilo de vida saudável, minimizando desta forma,
possíveis agravos à saúde na vida adulta, reduzindo os gastos com despesas
médicas e hospitalares.
Agradecimentos
Às escolas que aceitaram colaborar com a realização deste estudo e a todos
os alunos que aceitaram o convite para serem voluntários da pesquisa.
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37
5.2 Artigo II
A ser submetido à Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde
Associação entre estado nutricional, aptidão cardiorrespiratória e desempenho escolar
em estudantes.
Resumo
Evidências sugerem que a obesidade é associada negativamente com o desempenho escolar,
por outro lado, acredita-se que a aptidão cardiorrespiratória interfira positivamente no
desempenho escolar. O objetivo do presente estudo foi analisar a interação entre estado
nutricional, aptidão cardiorrespiratória e desempenho escolar em estudantes do ensino
fundamental II. 392 estudantes do 6º e 7º anos de ambos os gêneros, participaram do estudo.
A classificação do estado nutricional foi realizada baseada pelo índice de massa Corporal
(IMC) e a aptidão cardiorrespiratória foi estimada através do 20-meter shuttle run test. Os
alunos foram submetidos a uma avaliação com questões de português e matemática.
Adicionalmente os voluntários foram divididos em três grupos, baseados nos percentis do
VO2máx. A interação entre o desempenho escolar, a aptidão cardiorrespiratória e estado
nutricional foi determinada através da ANOVA one-way com post-hoc de Tukey. Os
resultados demonstraram que a aptidão cardiorrespiratória foi associada positivamente com o
desempenho escolar. Meninas com peso normal, porém, com baixo VO2máx, apresentam
desempenho em matemática (2,69±1,60) pior do que as meninas com peso normal e com
VO2máx médio (4,00±2,19) (p=0,03). Meninas com peso normal e com alto VO2máx obtiveram
melhor média geral (4,53±1,71) quando comparadas as meninas com peso normal e com
baixo VO2máx (3,36±1,43) (p=0,05). Meninas com sobrepeso e com o VO2máx na média
apresentaram maior desempenho na média geral (4,74±1,56) do que as meninas com peso
normal, mas, com baixo VO2máx (3,36±1,43) (p=0,03). Conclui-se que independente do estado
nutricional, a aptidão cardiorrespiratória está associada com melhor desempenho escolar nas
meninas.
Palavras-chave: obesidade, aptidão cardiorrespiratória, sucesso escolar.
38
Abstract
Evidence suggests that obesity is negatively associated with school performance, on the other
hand, it is believed that cardiorespiratory fitness interfere with school performance. The aim
of this study was to analyze the interaction between nutritional status, cardiorespiratory fitness
and academic achievement in elementary school students. 392 students of 5th and 6th grade of
both genders participated in the study. The nutritional status classification was made based at
Body Mass Index (BMI) and the cardiorespiratory fitness was estimated using the 20-meter
shuttle run test. The students answered a test with Math and Portuguese questions.
Additionally, the volunteers were divided into three groups based on the quartiles of
VO2max, according to the gender. The interaction between school performance,
cardiorespiratory fitness and nutritional status was determined by ANOVA one-way with
Tukey’s post-hoc. The results showed that girls with normal weight but with low VO2max,
have worse performance in math (2.69±1.60) than girls with normal weight and average
VO2max (4.00±2.19) (p=0.03). Additionally girls with normal weight and high VO2max had
better overall average (4.53±1.71) when compared with normal weight girls with low VO2max
(3.36±1.43) (p=0.05). Girls with overweight and with VO2max on average had higher
performance in overall average (4.74±1.56) than girls of normal weight, but with low VO2max
(3.36±1.43) (p=0.03). We concluded that independent of the nutritional status,
cardiorespiratory fitness is associated with better academic performance in the girls.
Keywords: obesity, cardiorespiratory fitness, academic achievement.
39
Introdução
A obesidade é caracterizada pelo excesso de gordura corporal que influencia
negativamente um conjunto de fatores de riscos à saúde, tais como hiperglicemia,
dislipidemia e hipertensão, elevando o risco de desenvolvimento da síndrome metabólica1.
Além dos efeitos clássicos da adiposidade para a saúde dos indivíduos, acredita-se que a
obesidade esteja negativamente associada com o desempenho escolar2, visto que crianças com
sobrepeso apresentam menor desempenho escolar quando comparadas às crianças com peso
normal3,4,5
. Porém, os mecanismos ligados a esta associação ainda são controversos, já que o
baixo desempenho acadêmico observado em crianças com sobrepeso pode ser mediado por
fatores associados à obesidade, tais como, baixa auto-estima, ansiedade, depressão, problemas
comportamentais, faltas nas aulas devido aos problemas de saúde3,5
.
Por outro lado, acredita-se que a aptidão física module positivamente o desempenho
escolar, especialmente a aptidão cardiorrespiratória que é capaz de influenciar processos
cognitivos e de aprendizagem6,7
. Alguns estudos verificaram que crianças fisicamente aptas
apresentavam melhor desempenho acadêmico do que seus pares com baixa aptidão física8,9,10
.
Da mesma forma, existem evidências que indicam uma relação positiva entre cognição e
aptidão cardiorrespiratória em crianças6,11
, independente do IMC e adiposidade. É
reconhecido que indivíduos obesos apresentam baixa aptidão física, advinda de baixos níveis
de atividade física, que geralmente são observados nesta população12
.
Entretanto, mesmo em crianças e adolescentes obesos verifica-se que, melhorias na
aptidão física apresentam-se associadas a reduções nos fatores de riscos relacionados ao
excesso de peso o que lhes confere um benefício cardioprotetor contra doenças
cardiovasculares13
. Desta forma, hipotetizamos que o mesmo possa acontecer em relação ao
desempenho escolar, ou seja, a aptidão cardiorrespiratória além de melhorar a saúde desses
alunos, atenuaria os efeitos deletérios do sobrepeso sobre o desempenho acadêmico.
40
Nossa hipótese baseia-se no fato de que melhoras na aptidão cardiorrespiratória
aumentam a vascularização cerebral, reduzem os sintomas de depressão ansiedade e baixa
auto-estima que influenciam diretamente o desempenho escolar14
. Sendo assim, o presente
estudo tem como objetivo analisar a interação entre estado nutricional, aptidão
cardiorrespiratória e desempenho escolar em estudantes.
Métodos
População e amostra
A população alvo deste estudo foi composta por alunos do ensino fundamental II (6º e
7º anos), de ambos os gêneros, regularmente matriculados em escolas municipais do Recife,
com idade entre 10 e 13 anos.
A rede municipal do Recife é composta por 34 escolas de ensino fundamental II,
entretanto escolas com ensino integral (duas) e que não possuíssem espaço suficiente para
realização dos procedimentos (uma) não foram consideradas elegíveis para este estudo. As 31
escolas incluídas apresentavam 9120 alunos matriculados nos 6º e 7º anos no ano de 2011.
Foram excluídos alunos com baixo peso, que não responderam o questionário
socioeconômico, que não completaram o teste de aptidão cardiorrespiratória, que faltaram no
dia dos procedimentos e os que apresentavam algum comprometimento cognitivo e físico
(auto-relatado e observação dos professores).
A seleção da amostra foi realizada em dois estágios por meio de aleatorização simples
(randomizer.org). Primeiro foram sorteadas as escolas e posteriormente os alunos. A
responsável de cada escola selecionada disponibilizou uma listagem com o nome de todos os
alunos do 6º e 7º anos, a partir da numeração seqüencial dos alunos, gerou-se uma listagem
com os alunos a serem incluídos.
41
Baseado no estudo piloto com 70 alunos e em estudos prévios5,8,10
, o tamanho amostral
foi determinado em 300 alunos. Considerando-se possíveis perdas, 417 alunos de 9 escolas
foram selecionados.
O projeto foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade de Pernambuco (#192/11). Todos os responsáveis legais assinaram termo de
consentimento livre esclarecido.
Avaliação Socioeconômica
Foi aplicado o questionário de avaliação socioeconômica da Associação Brasileira de
Empresas de Pesquisa (ABEP). O instrumento de avaliação contém questões relativas à posse
de eletrodomésticos e escolaridade dos pais. As questões possuem alternativas de respostas
que variam de 0 a 5 pontos, de acordo com a soma de todos os pontos obtidos, os alunos
foram classificados em classes econômicas A,B,C e D. A classe A é considerada a classe
econômica com maior poder de compra e com pais com alto nível de escolaridade, a medida
que a pontuação diminui se têm as classes B, C e a D que compreende a classe com menor
poder de compra e pais com baixa escolaridade. A aplicação do questionário foi realizada
durante o primeiro contato com os alunos na escola durante o turno escolar. A variável classe
econômica foi utilizada no presente estudo como co-variável em algumas análises.
Medidas antropométricas
As medidas de massa corporal (MC) e estatura foram realizadas em uma balança
Welmy® com precisão de 0,1 kg e 0,1 cm, respectivamente, adotando os critérios propostos
por Lohman e Roche (1988)15
. Em seguida foi calculado o índice de IMC dividindo-se a MC
(Kg) pelo quadrado da estatura (m2). A classificação do estado nutricional se deu de acordo
com o proposto pelo Center for Diseases Control and Prevention (CDC) (2000)16
. Estudantes
42
que apresentassem IMC entre o percentil de 5 a 85 foram classificados como peso normal e
aqueles que apresentassem o percentil maior que 85 foram classificados como sobrepeso.
Todos os procedimentos foram sempre realizados pelos mesmos pesquisadores, previamente
treinados e no ambiente escolar.
Avaliação da aptidão cardiorrespiratória e composição corporal
Para estimativa da composição corporal foram realizadas medidas das dobras cutâneas
triciptal e panturrilha com auxilio de um adipômetro da marca Lange com precisão de 1mm.
Todas as medidas foram realizadas no hemicorpo direito em triplicada, sendo utilizado o
maior valor entre as três medidas. A porcentagem de gordura corporal foi estimada através da
equação de Slaughter et al., (1988)17
de acordo com o gênero.
A aptidão cardiorrespiratória foi avaliada através do 20-meter shuttle run test (teste
vai-e-vem). A velocidade inicial foi de 8,5 km/h (primeiro estágio), sendo acrescida de 0,5
km/h nos estágios seguintes. O teste foi aplicado em grupos de 10 alunos simultaneamente.
Os alunos percorriam a distância de 20 metros, dentro do tempo estipulado, cadenciado por
sinais sonoros (Bips) a intervalos específicos para cada estágio, sendo que a cada bip os
avaliados deviam cruzar com um dos pés a linha demarcatória de 20 metros. O teste era
interrompido quando os alunos não conseguiam percorrer a distância dentro do tempo
previsto ou por fadiga voluntária. O consumo máximo de oxigênio (VO2máx) foi predito
baseado no último estágio completado pelos alunos. Posteriormente, os alunos foram
classificados em 3 grupos de acordo com os percentis do VO2máx: grupo 1 – VO2máx <
percentil 25; grupo 2 - percentil 25 > VO2máx < percentil 75; grupo 3 – VO2máx > percentil 75.
Avaliação do rendimento escolar
A avaliação do desempenho escolar foi realizada através de uma prova que foi
construída por uma especialista em educação, que permitiu avaliar o conhecimento dos alunos
43
em português e matemática. O conteúdo das provas foi baseado nas matrizes de referências da
Prova Brasil, que são o referencial curricular do que será avaliado em cada disciplina e série,
informando as competências e habilidades esperadas dos alunos18
. As questões eram de
múltipla escolha, contendo quatro alternativas como respostas, sendo que apenas uma era a
correta.
As provas apresentavam conteúdos diferentes para os 6º e 7º anos, sendo que para
cada série existiam 3 tipos de provas com as mesmas questões distribuídas em ordens
diferentes. Para cada resposta certa era atribuído 01 ponto ao aluno, sendo assim, tanto a
prova de português quanto a prova de matemática valiam de 0 a 10 pontos. Após a obtenção
das notas de cada prova, foi calculada a nota geral, obtida a partir da média aritmética das
notas de matemática e português. Portanto, cada aluno recebeu 3 notas (português,
matemática e nota geral). As provas foram aplicadas nas escolas um dia após a avaliação
cardiorrespiratória, e os alunos tiveram 2 horas para responder a prova.
Análises estatísticas
As variáveis contínuas são apresentadas através de média e desvio padrão e as
categóricas através de freqüências absolutas e relativas (%). Diferenças entre os gêneros
foram analisadas utilizando-se o teste T de Student para amostras independentes. Diferenças
no desempenho escolar entre os grupos foram avaliadas através da análise de variância
(ANOVA one-way) com post-hoc de Tukey. Correlações entre o VO2máx e o desempenho
escolar foram determinadas através da correlação de Pearson, ajustando-se pelo IMC em
percentil, porcentagem de gordura e estado socioeconômico. O nível de significância adotado
foi p<0,05. Os dados foram analisados usando o programa estatístico SPSS 10.
44
Resultados
Do total de 417 alunos que se voluntariam a participar do estudo, 25 foram excluídos
por apresentarem baixo peso. Dessa forma, a amostra foi composta por 392 alunos (193
meninas) regularmente matriculados no sexto (N=230) e sétimo (N=162) anos do ensino
fundamental II. Nenhum dos estudantes incluídos no estudo pertencia à classe econômica A,
97 pertenciam à classe B (24,7%; IC: 20.5-29.3), 247 à classe C (63,0%; IC: 58.0-67.8) e 48 à
classe D (12,2%; IC: 9.1-15.9). Tanto para as meninas (p=0,45) quanto para os meninos
(p=0,88) o desempenho acadêmico não foi influenciado pela classe econômica. A tabela 1
apresenta as características antropométricas, aptidão cardiorrespiratória e desempenho escolar
dos alunos de acordo com o gênero. Os resultados demonstram que os meninos eram mais
velhos, com maior VO2máx e menor adiposidade do que as meninas. Por sua vez, as garotas
obtiveram melhor desempenho na avaliação de português.
Do total de 193 meninas, 142 foram classificadas com peso normal (73,6%; IC: 66,7-
79,6) e 51 com sobrepeso (26,4%; IC: 20,3-33,2). Com relação aos meninos, 142
apresentavam peso normal (71,4%; IC: 64,5-77,5) e 57 sobrepeso (28,6%; IC: 22.4-35.4)
(figura 1), sem diferenças entre os gêneros.
Meninas e meninos com sobrepeso apresentaram maior massa corporal, estatura, IMC,
porcentagem de gordura e menor VO2máx quando comparados aos seus pares com peso
normal. Entretanto, não foi verificado nenhum efeito do estado nutricional sobre o
desempenho escolar (Tabela 2).
Quando analisado a freqüência de sobrepeso, em meninas e meninos, de acordo com o
nível de aptidão física, a figura 2 demonstra que, para ambos os gêneros, quanto maior o
VO2máx menor a quantidade de crianças com sobrepeso. Adicionalmente verificou-se que
aproximadamente 58,8% (IC: 38,9-66,0) dos meninos com baixa aptidão cardiorrespiratória
apresentavam sobrepeso e para as meninas 44,2% (IC: 31,1-59,6).
45
As meninas com VO2máx médio e com peso normal apresentaram melhor desempenho
em matemática (4,00±2,19) do que as meninas com baixo VO2máx e peso normal (2,69±1,60)
(p=0,03). Da mesma forma, verificou-se uma tendência (p=0,06) de as meninas com alto
VO2máx e com peso normal apresentarem melhor desempenho em matemática (4,05±2,01) do
que as meninas com baixo VO2máx e peso normal (2,69±1,60). Não foram verificadas
diferenças no desempenho em matemática entre os grupos de sobrepeso. Entretanto, as notas
em matemática foram 9,4% e 10,7% maiores nas meninas com VO2máx médio e alto
(respectivamente) quando comparadas às garotas com baixo VO2máx. Mesmo padrão
observado para o desempenho em português (Figura 3). Com relação a media geral, as
meninas com peso normal e alto VO2máx obtiveram melhores notas (4,53±1,71) quando
comparadas as meninas com peso normal e baixo VO2máx (3,36±1,43) (p=0,05). Meninas com
sobrepeso e VO2máx médio apresentaram maior desempenho na média geral (4,74±1,56) do
que as meninas com peso normal e VO2máx baixo (3,36±1,43) (p=0,03).
Com relação ao desempenho de português, verifica-se uma tendência a melhoras no
desempenho escolar à medida que o VO2máx aumenta, independente do estado nutricional,
visto que, as meninas com sobrepeso e alto VO2máx apresentaram desempenho em português
17,8% melhor do que as estudantes com sobrepeso e baixo VO2máx.
Quando ajustados pelo IMC em percentil, porcentagem de gordura corporal e classe
econômica, o VO2máx apresentou-se positivamente associado com o desempenho acadêmico
em português, matemática e com a média geral das meninas (figura 4).
46
Discussão
Os dados do presente estudo reforçam a existência de uma associação entre aptidão
cardiorrespiratória e desempenho escolar, visto que meninas com peso normal e com baixa
aptidão cardiorrespiratória apresentaram menor desempenho escolar do que meninas com
peso normal e com boa aptidão cardiorrespiratória; entretanto, os principais achados do
presente estudo são que: a) meninas com sobrepeso, porém com boa aptidão
cardiorrespiratória apresentam melhor desempenho escolar do que as estudantes com peso
normal e baixa aptidão cardiorrespiratória; e b) a aptidão cardiorrespiratória, independente do
estado nutricional é positivamente correlacionada com o desempenho escolar de meninas.
Estudos prévios demonstraram que crianças com sobrepeso e/ou obesidade apresentam
menor desempenho escolar2,4,5
quando comparadas a crianças com peso normal. Nossos
achados não verificaram influência do estado nutricional no desempenho escolar, o que
corrobora com outros estudos em que o estado nutricional não esteve associado com o
desempenho escolar19,20
.
Entretanto, verificamos que a aptidão cardiorrespiratória influencia positivamente o
desempenho escolar das meninas, o que está de acordo com alguns estudos prévios que
demonstraram melhor desempenho escolar em estudantes com boa aptidão
cardiorrespiratória9,14,19,21,22
. Porém, vale ressaltar que nenhum desses estudos analisou a
interação entre estado nutricional e desempenho escolar de acordo com a aptidão física, e nem
realizou a correção pelo IMC, porcentagem de gordura e nível econômico.
O fato dessa interação aparecer apenas nas meninas merece destaque, visto que,
geralmente meninas apresentam maior preocupação com a massa corporal do que os meninos,
levando-as a uma insatisfação corporal que está associada com baixa auto-estima, depressão e
limitações no desempenho psicossocial, trazendo prejuízos ao desempenho escolar23
. Sendo
assim, uma elevada aptidão cardiorrespiratória, advinda possivelmente, de níveis elevados de
47
atividade física, é capaz de modular positivamente à auto-estima, principalmente no gênero
feminino14
. Este resultado também foi previamente observado em adolescentes obesos, no
estudo de Lofrano-Prado et al. (2009)24
adolescentes obesas submetidas a um programa de
tratamento multidisciplinar, incluindo exercício físico, apresentaram diminuições nos
sintomas de depressão e insatisfação corporal.
Vários mecanismos são sugeridos para explicar tais associações entre aptidão
cardiorrespiratória, desempenho escolar e funcionamento cognitivo. A aptidão
cardiorrespiratória promove maior recrutamento de neurônios, gerando maior velocidade no
processamento cognitivo em atendimento a uma tarefa6, aumenta a vascularização sanguínea
na região do córtex, melhora o crescimento de novos neurônios e sinapses25
. Comumente,
crianças obesas apresentam apnéia obstrutiva do sono e transtornos psicológicos, incluindo
baixa auto-estima e depressão o que afeta o desempenho escolar26
. Porém, a aptidão física
também traz melhorias na qualidade do sono, nos sintomas de depressão e bem estar o que
influencia positivamente no desempenho acadêmico e mesmo em indivíduos obesos, uma boa
aptidão física confere todos esses benefícios27
.
Um adequado nível de aptidão cardiorrespiratória, além de exercer um efeito
cardioprotetor, especialmente em pessoas estratificadas como de alto risco, incluindo crianças
e adolescentes obesos28
, pode fornecer melhorias para a saúde mental e cognitiva atenuando
os efeitos associados à obesidade sobre o desempenho escolar14
. Percebe-se que a aptidão
cardiorrespiratória trás importantes implicações para a promoção da saúde, sugerindo que o
incentivo para tornar as pessoas fisicamente aptas pode ser mais importante para a saúde do
que apenas o controle de peso29
.
Nossos achados demonstram que os benefícios da aptidão cardiorrespiratória também
atuam no desempenho escolar. Além disso, estudos verificaram que quando o status
socioeconômico é incluído nas análises como co-variável, a associação entre estado
48
nutricional e desempenho escolar desaparece ou enfraquece3,4
. Entretanto, o presente estudo
não verificou influência das classes econômicas no desempenho escolar o que reforça a
magnitude dos nossos resultados.
As limitações do presente estudo residem na avaliação indireta da aptidão
cardiorrespiratória e da composição corporal. Embora a técnica de dobras cutâneas e o 20-
meter shuttle run test sejam métodos amplamente utilizados e validados para essa população,
a utilização de métodos diretos (ex. análises de gases e DEXA) forneceriam informações mais
precisas sobre tais aspectos.
Acredita-se que as aulas de educação física têm o potencial para promover
conhecimentos e atitudes positivas a respeito de um estilo de vida saudável30
. Entretanto,
educadores estão sob crescente pressão para melhorar o desempenho escolar dos alunos, esse
fato, juntamente com a crença popular de que a educação física tem menos valor educativo do
que as outras disciplinas escolares levaram a redução ou eliminação de oportunidades de
atividade física na escola7. Ao contrário disso, argumenta-se que maior quantidade de aulas de
educação física não traria prejuízo acadêmico aos alunos, além de reduzir problemas
comportamentais e principalmente melhorar o nível de aptidão física dos alunos30
. Neste
sentido, as aulas de educação física podem proporcionar várias oportunidades para aumentar a
prática de atividade física nos estudantes e conseqüentemente melhorar a aptidão física, o que
irá fornecer benefícios para a saúde física e no desempenho escolar.
Conclusão
Pode-se concluir que existe interação entre aptidão cardiorrespiratória e desempenho
escolar de estudantes do ensino fundamental II, especialmente nas meninas, e que o efeito
positivo da aptidão cardiorrespiratória sobre o desempenho acadêmico é independente do
estado nutricional. Portanto é essencial que os estudantes de ensino fundamental sejam
49
incentivados a participar das aulas de educação física, como uma ferramenta de ação
pedagógica visando o completo desenvolvimento acadêmico destas crianças.
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53
Tabela 1. Características antropométricas, aptidão cardiorrespiratória e desempenho escolar
de estudantes de acordo com o gênero.
IMC = Índice de Massa Corporal; VO2máx =consumo máximo de oxigênio.
Figura 1. Classificação do estado nutricional de estudantes do ensino fundamental II, de
acordo com o gênero.
Variáveis
Meninas
(n=193)
Meninos
(n=199)
P
Idade (anos) 12,04±0,72 12,18±0,78 0,07
Massa Corporal (kg) 43,86±9,25 43,50±12,32 0,74
Estatura (cm) 148,91±7,14 147,85±8,16 0,17
IMC (kg/m2) 19,69±3,37 19,64 ±4,32 0,90
Gordura corporal (%)
26,06±5,46 24,29±8,10 0,01
VO2máx (ml/kg/min) 41,15±3,41 44,08±4,22 0,00
Português (nota) 4,70±1,97 4,33 ±2,09 0,07
Matemática (nota) 3,75±2,02 3,95±2,36 0,36
Média geral (nota) 4,22±1,71 4,14±1,97 0,65
54
Tabela 2. Características antropométricas, aptidão cardiorrespiratória e desempenho escolar
de estudantes do ensino fundamental II, de acordo com o estado nutricional.
IMC = índice de massa corporal; VO2máx = consumo máximo de oxigênio
Figura 2. Frequência de sobrepeso em estudantes do ensino fundamental II, de acordo com o
nível de aptidão cardiorrespiratória.
MENINAS MENINOS
Variáveis
Peso normal
(n=142)
Sobrepeso
(n=51)
P
Peso normal
(n=142)
Sobrepeso
(n=57)
P
Idade (anos) 12,07±0,67 11,96±0,84 0,41 12,16±0,82 12,22±0,69 0,64
Massa corporal (kg) 40,14±6,11 54,22±8,63 0,00 37,34±5,94 58,83±10,62 0,00
Estatura (cm) 148,24±7,29 150,32±6,43 0,08 146,62±8,15 150,93±7,38 0,00
IMC (kg/m2) 18,14±1,80 24,00±2,96 0,00 17,27±1,51 25,56±3,25 0,00
Gordura corporal (%)
23,95±4,07 31,92±4,47 0,00 20,62±5,39 33,42±6,33 0,00
VO2máx (ml/kg/min) 41,75±3,48 39,46±2,56 0,00 45,09±4,04 41,57±3,58 0,00
Português 4,64±2,06 4,88±1,71 0,41 4,44±2,18 4,05±1,84 0,20
Matemática 3,75±2,09 3,75±1,82 0,99 4,08±2,44 3,61±2,12 0,80
Média geral 4,19±1,80 4,31±1,42 0,63 4,26±2,08 3,83±1,64 0,12
55
Figura 3. Desempenho em A) português, B) matemática e C) média geral das estudantes do
ensino fundamental II, de acordo com o estado nutricional e nível de aptidão
cardiorrespiratória.
Figura 4. Correlações entre VO2MÁX e desempenho em A) português, B) matemática e C)
média geral das estudantes do ensino fundamental II, ajustados pelo IMC em percentil,
porcentagem de gordura e classe econômica.
56
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente estudo verificamos que a prevalência de sobrepeso entre os
estudantes do ensino fundamental II é de aproximadamente 30%, sem diferenças
entre os gêneros, e que, quanto maior o nível de aptidão cardiorrespiratória menor a
prevalência de sobrepeso.
Adicionalmente, identificamos que há diferenças entre o gênero e os
componentes da aptidão física relacionados à saúde, indicando que as meninas são
mais fortes, mais flexíveis e apresentam maior adiposidade corporal que os meninos,
por outro lado, os meninos têm maior VO2máx e resistência muscular localizada.
Verificamos que a aptidão cardiorrespiratória é o principal componente da
aptidão física relacionada à saúde que se associa positivamente com o desempenho
escolar, e que, aparentemente, o sobrepeso não se encontra associado com o
desempenho escolar. Portanto, nossos resultados reforçam a idéia de que a aptidão
física, além de ser um importante indicador de saúde, atenuando os efeitos
deletérios do excesso de peso sobre a saúde física, influencia positivamente o
desempenho escolar de estudantes, independente do estado nutricional.
É necessário que mais estudos sejam realizados para explicar os
mecanismos envolvidos na interação entre aptidão cardiorrespiratória e desempenho
escolar, principalmente estudos com modelos experimentais e longitudinais que
possam verificar os efeitos de melhoras na aptidão física sobre a cognição,
aprendizagem e desempenho escolar.
57
7. REFERÊNCIAS AIRES, L.; SILVA, P, SILVA, G.; SANTOS, M. P.; RIBEIRO, J. C.; MOTA, J. Intensity of physical activity, cardiorespiratory fitness, and body mass index in youth. Journal of Physical Activity & Health. v. 7, n. 1, p. 54-59, 2010. BLUMENTHAL, J. A.; BABYAK, M. A.; MOORE, K. A.; CRAIGHEAD, W. E.; HERMAN, S.; KHATRI, S.; WAUGH, R.; NAPOLITANO, M.A.; FORMAN, L. M.; APPELBAUM, M.; DORAISWAMY, P. M.; KRISHNAN, K. R. Effects of exercise training on older patients with major depression. Archives of Internal Medicine. v. 159, n. 19, p. 2349 -2356, 1999.
BRASIL, Ministério da Educação. PDE: Plano de Desenvolvimento da Educação: Prova Brasil: Ensino fundamental: matrizes de referências, tópicos e descritores. Brasília: MEC, SEB; INEP, 2008.
CHOMITZ, V. R.; SLINING, M. M.; McGOWAN, R. J.; MITCHELL, S. E.; DAWSON, G. F.; HACKER, K.A. Is there a relationship between physical fitness and academic achievement? positive results from public school children in the northeastern united states. Journal of School Health. v. 79, n. 1, p. 31-37, 2009. Combating the global obesity epidemic. Journal of diabetes. v. 3, n. 1, p. 7-8, 13-4, 2011. DATAR, A.; STURM, R.; MAGNABOSCO, J. L. Childhood overweigt and academic performance: national study of kindergartners and first-grades. Obesity Research. v.12, n.1, p. 58-68, 2004. DATAR, A.; STURM, R. Childhood overweight and elementary school outcomes. International Journal of obesity. v. 30, p. 1449-1460, 2006. DAVIS, C. Exercise improves executive function and achievement and alters brain activation in overweight children: a randomized controlled trial. Health psychology. v. 30, n. 1, p. 91-98, 2011. DRIVER, H. S.; TAYLOR, S. R. Exercise and sleep. Sleep Medicine Reviews. v.4, n. 4, p. 387-402, 2000. DWYER, T.; SALLIS, J. F.; BLIZZARD, L.; LAZARUS, R.; DEAN, K. Relation of academic performance to physical activity and fitness in children. Pediatric Exercise Science. v. 13, p. 225-237, 2001. EVELAND-SAYERS, B. M.; FARLEY, R. S.; FULLER, D. K.; MORGAN, D. W.; CAPUTO, J. L. Physical fitness and academic achievement in elementary school children. Journal Physical Activity & Health. v. 6, n. 1, p. 99-104, 2009. GRISSOM, J. B. Physical fitness and academic achievement. Journal of Exercise Physiology. v. 8, n. 1, p. 11-25, 2005.
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obese and normal subjects during exercise. Respiration; international review of thoracic diseases. v. 66, n. 1, p. 25-33, 1999. SLAUGHTER, M. H.; LOHMAN, T. G.; BOILEAU, R. A.; HOREWILL, C. A.; STILLMAN, R. J.; VANLOAN, M. D.; BEMBEN, D. A. Skinfold equations for estimation of body fatness in children and youth. Human Biology. v. 60, n. 5, p. 709-723, 1988. SRINIVASAN, S. R.; MYERS, L.; BERENSON, G. S. Predictability of childhood adiposity and insulin for developing insulin resistance syndrome (syndrome X) in young adulthood: the Bogalusa heart study. Diabetes. v. 51, n. 1, p. 204-209, 2002. SIQUEIRA, C. M.; GURGEL-GIANNETTI, J. Mau desempenho escolar: uma visão atual. Revista da Associação Médica Brasileira. v. 57, n. 1, p. 78-87, 2011. SHAYA, F.T.; FLORES, D.; GBARAYOR, C.M.; WANG, J. School-based obesity interventions: a literature review. Journal of School Health. v. 78, n. 4. P. 189-196, 2008. SHORE, S. M.; SACHS, M. L.; LIDICKER, J. R.; BRETT, S. N.; WRIGHT, A. R.; LIBONATI, J. R. Decreased scholastic achievement in overweight middle school students. Obesity. v. 16, n. 7, p. 1535-1538, 2008. WELK, G. J. & MEREDITH, M. D. (Eds.). (2008). Fitnessgram/ Activitygram Reference Guide. Dallas, TX: The Cooper Institute. WITTBERG, R. A.; NORTHRUP, K. L.; COTTREL, L. Children´s physical fitness and academic performance. American Journal of Health Education. v. 40, n. 1, p. 30-36, 2009. YU, Z. B.; HAN, S. P.; CAO, X. G.; GUO, X. E. Intelligence in relation to obesity: a systematic review and meta-analysis. Obesity. v. 11, p. 656-670, 2009. ZAMETKIN, A. J.; ZOON, C. K.; KLEIN, H. W.; MUNSON, S. Psychiatric aspects of child and adolescent obesity: a review of the past 10 years. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatric. v. 43, n. 2, p. 134-150, 2004.
60
ANEXOS
61
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
Título da pesquisa: Associação entre Estado Nutricional, Rendimento Escolar e Aptidão Física em Estudantes do Ensino Fundamental II. Pesquisadores: Wagner Luiz do Prado, Carla Caroliny de Almeida Santana Justificativa dos Objetivos: O presente estudo tem como principal objetivo analisar a associação entre estado nutricional, nível de aptidão física e rendimento escolar. Metodologia: Na Escola Superior de Educação Física, o aluno passará por uma avaliação, como medida da sua estatura, da sua massa e composição corporal. Em seguida, será aplicada uma bateria de testes de avaliação da aptidão física. Para avaliar o rendimento escolar do aluno, será realizada uma prova com questões de português e matemática. Além disso, será aplicado um questionário socioeconômico para avaliar o estado econômico do aluno. Riscos e Desconfortos: não há riscos de saúde para os indivíduos no presente estudo, apenas apresenta leve desconforto devido à realizações de testes de força, resistência muscular e aptidão cardiorrespiratória ; os teste serão realizados dentro dos padrões de referência de segurança, com pessoal habilitado, podendo apresentar desconforto físico devido à realização de esforço , mas, sem nenhum dano à saúde dos sujeitos da pesquisa. Benefícios: Os resultados deste estudo nos trarão informações importantes, sobre como a obesidade e o nível de aptidão física podem influenciar no rendimento escolar das crianças. Desta forma, podem-se surgir propostas de políticas públicas, para uma inovação no currículo escolar em prol de uma educação voltada para saúde do aluno, prevenindo a obesidade, melhorando a aptidão física e conseqüentemente o rendimento escolar. Direitos do sujeito pesquisado: 1. Garantia de esclarecimento e resposta a qualquer pergunta; 2. Liberdade de abandonar a pesquisa a qualquer momento sem prejuízo para si ou para seu tratamento (se for o caso); 3. Garantia de privacidade à sua identidade e do sigilo de suas informações; Dúvidas e esclarecimentos: Em caso de dúvidas, o responsável poderá constatar o pesquisador responsável Wagner Luiz do Prado (31833378), e sua equipe composta por: Carla Caroliny de Almeida Santana (8687-3228). Nos casos do não esclarecimento pelos pesquisadores procurar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco (CEP), situado na Av. Agamenon Magalhães, s/n, Santo Amaro, Recife-PE; CEP 50100-010, telefone 3183-3775.
Consentimento Livre e Esclarecido: Eu,________________________________________ responsável pelo aluno ____________________________________________, tendo recebido todos os esclarecimentos acima citados, e cientes dos meus direitos, concordo em participar desta pesquisa, bem como autorizo toda documentação necessária, a divulgação e a publicação em periódicos, revistas bem como apresentação em congressos, workshop e quaisquer eventos de caráter científico. Desta forma, rubrico todas as páginas e assino este termo, juntamente com o pesquisador, em duas vias, de igual teor, ficando uma via sob meu poder e outra em poder do pesquisador.
Local: Data: ____/____/____ Assinatura do responsável Assinatura do Pesquisador
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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO FÍSICA UPE/UFPB
ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTADO NUTRICIONAL, RENDIMENTO ESCOLAR E APTIDÃO FÍSICA EM ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL II.
FICHA DE COLETA DE DADOS- AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA
DATA DA AVALIAÇÃO: TURNO:
NOME DATA DE NASC PESO (KG) ESTATURA
1
2
3
4
5
6
7
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9
10
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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO FÍSICA UPE/UFPB
ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTADO NUTRICIONAL, RENDIMENTO ESCOLAR E APTIDÃO FÍSICA EM ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL II.
FICHA DE COLETA DE DADOS- AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA
DATA DA AVALIAÇÃO: TURMA:
NOME
DATA DE NASC
TRICIPTAL
PANTURRILHA
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO FÍSICA UPE/UFPB
ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTADO NUTRICIONAL, RENDIMENTO ESCOLAR E APTIDÃO FÍSICA EM ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL II.
FICHA DE COLETA DE DADOS- TESTE DE ABDOMINAL
DATA DA AVALIAÇÃO:
NOME MÁX. DE
REPETIÇÕES
1
2
3
4
5
6
7
8
9
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11
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO FÍSICA UPE/UFPB
ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTADO NUTRICIONAL, RENDIMENTO ESCOLAR E APTIDÃO FÍSICA EM ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL II.
FICHA DE COLETA DE DADOS- TESTE DE FLEXÃO DE BRAÇO
DATA DA AVALIAÇÃO:
NOME MÁX. DE
REPETIÇÕES
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO FÍSICA UPE/UFPB
ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTADO NUTRICIONAL, RENDIMENTO ESCOLAR E APTIDÃO FÍSICA EM ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL II.
FICHA DE COLETA DE DADOS- TESTE DE FLEXIBILIDADE
DATA DA AVALIAÇÃO:
NOME DIREITA ESQUERDA
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO FÍSICA UPE/UFPB
ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTADO NUTRICIONAL, RENDIMENTO ESCOLAR E APTIDÃO FÍSICA EM ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL II.
FICHA DE COLETA DE DADOS- AVALIAÇÃO SOCIOECONÔMICA
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Nome: Data de nascimento: Data da avaliação: Escola: Turma: No quadro abaixo marque com um X a quantidade de itens que existem em sua casa.
ITENS POSSUÍDOS
(não vale utensílios quebrados
QUANTIDADE
0 1 2 3 4 OU +
1. Televisão em cores
2. Rádio
3. Banheiro
4. Automóvel
5. Empregada mensalista
6. Máquina de lavar
7. DVD
8. Geladeira
9. Freezer ou geladeira duplex
Marque com um X até que ano escolar seu pai e sua mãe estudaram
ESCOLARIDADE PAI MÃE
Analfabeto (a)
1º a 4º série incompleto
1º a 4º série completo
5º a 8º série incompleto
5º a 8º série completo
Ensino médio incompleto
Ensino médio completo
Ensino superior incompleto
Ensino superior completo
68
Universidade de Pernambuco- UPE Escola Superior de Educação Física- ESEF
PROVA- 5º SÉRIE (6º ANO) DO ENSINO FUNDAMENTAL
/
Nome completo do (a) aluno (a) Turma
Nome da escola
INSTRUÇÕES
Vire a página e responda à prova apenas quando o (a) professor (a) autorizar.
A prova contém 20 questões, sendo 10 questões de língua portuguesa e 10
questões de matemática.
Leia com atenção antes de responder e marque suas respostas neste caderno.
Cada questão tem uma única resposta correta. Faça um X na opção que você
escolher como certa
Use lápis preto para marcar as respostas. Se você se enganar, pode apagar e
marcar novamente.
Procure não deixar questão sem resposta.
Você terá 4 horas para responder à prova.
69
LÍNGUA PORTUGUESA 5º SÉRIE/ 6º ANO
Questão 1.
O disfarce dos bichos
Você já tentou pegar um galho sequinho e ele virou um bicho, abriu asas e voou? Se isso aconteceu é porque o graveto era um inseto conhecido como “bicho-pau”. Ele é tão parecido com o galhinho, que pode ser confundido com um graveto. Existem lagartas que se parecem com raminhos de plantas. E há grilos que imitam folhas. Muitos animais ficam com a cor e a forma dos lugares em que estão. Eles fazem isso para se defender dos inimigos ou capturar outros bichos que servem de alimento. Esses truques são chamados de mimetismo, isto é, imitação. O cientista inglês Henry Walter Bates foi quem descobriu o mimetismo. Ele passou 11 anos na selva amazônica estudando os animais. MAVIAEL MONTEIRO, JOSÉ. Bichos que usam disfarces para defesa. Folhinh, 6 nov. 1993. Suplemento infantil do jornal Folha de São Paulo. Adaptado pelas autoras. In: HELENA, Maria; Bernadette. Novo tempo: português. São Paulo: Scipione, 1999, v. 1, p. 31. O bicho-pau se parece com
(A) Florzinha seca. (B) Galhinho seco.
(C) Raminho de planta. (D) Folhinha verde. Questão 2.
Bula de remédio VITAMINAS COMPRIMIDOS Embalagens com 50 comprimidos COMPOSIÇÃO Sulfato ferroso......................400 mg Vitamina B1..........................280 mg Vitamina A1..........................280 mg Ácido fólico...........................0,2 mg Cálcio F................................150 mg INFORMAÇÕES AO PACIENTE O produto, quando conservado em locais frescos e bem ventilados, tem validade de 12 meses. É conveniente que o médico seja avisado de qualquer efeito colateral. INDICAÇÕES No tratamento das anemias CONTRA-INDICAÇÕES Não deve ser tomado durante a gravidez. EFEITOS COLATERAIS Pode causar vômito e tontura em pacientes sensíveis ao ácido fólico na fórmula.
70
POSOLOGIA Adultos: um comprimido duas vezes ao dia. Crianças: um comprimido uma vez ao dia LABORATÓRIO INFARMA S.A. Responsável- Dr. R. Dias Fonseca
CÓCCO, Maria Fernandes; HAILER, Marco Antônio. Alp novo: análise, linguagem e pensamento. São
Paulo: FTD, 1999, v. 2, p. 184. No texto, a palavra COMPOSIÇÃO indica:
(A) as situações contra-indicadas do remédio. (B) as vitaminas que fazem falta ao homem. (C) os elementos que formam o remédio. (D) os produtos que causam anemia.
Questão 3.
No 3º quadrinho, a expressão do personagem e sua fala “AHHH!” indica que ele ficou
(A) acanhado. (B) aterrorizado.
(C) decepcionado. (D) estressado. Questão 4. Texto I
Os Cerrados
Essas terras planas do planalto central escondem muitos riachos, rios e cachoeiras. Na verdade, o cerrado é o berço das águas. Essas águas brotam das nascentes de brejos ou despencam de paredões de pedras. Em várias partes do cerrado brasileiro existem canyons com cachoeiras de mais de cem metros de altura!
SALDANHA, P. Os cerrados. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.
71
Texto II Os Pantanais
O homem pantaneiro é muito ligado à terra em que vive. Muitos moradores não pretendem sair da região. E não é pra menos: além das paisagens e do mais lindo pôr-do-sol do Brasil Central, o pantanal é um santuário de animais selvagens. Um morador do Pantanal do rio Cuiabá, olhando para um bando de aves, voando sobres veados e capivaras, exclamou: “ O Pantanal parece com o mundo no primeiro dia da criação.”
SALDANHA, P. Os Pantanais. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995.
Os dois textos descrevem
(A) belezas naturais do Brasil Central. (B) animais que habitam os pantanais.
(C) problemas que afetam os cerrados. (D) rios e cachoeiras de duas regiões.
Questão 5.
TELEVISÃO Televisão é uma caixa de imagens que fazem barulho. Quando os adultos não querem ser incomodados, mandam as crianças assistirem à televisão. O que eu mais gosto na televisão são os desenho animados de bichos. Bicho imitando gente é muito mais engraçado do que gente imitando gente, como nas telenovelas. Não gosto muito de programas infantis com gente fingindo de criança. Em vez de ficar olhando essa gente brincar de mentira, prefiro ir brincar de verdade com meus amigos e amigas. Também os doces que aparecem anunciados na televisão não têm gosto de coisa alguma porque ninguém pode comer uma imagem. Já os doces que minha mãe faz e que eu como todo dia, esses sim, são gostosos. Conclusão: a vida fora da televisão é melhor do que dentro dela. PAES, J. P. Televisão. In: Vejam como eu sei escrever. 1. ed. São Paulo, Ática, 2001, p. 26-27. O trecho em que se percebe que o narrador é uma criança é:
(A) “Bicho imitando gente é muito mais engraçado do que gente imitando gente, como nas telenovelas.”
(B) “Em vez de ficar olhando essa gente brincar de mentira, prefiro ir brincar de verdade...”
(C) “Quando os adultos não querem ser incomodados, mandam as crianças assistirem à televisão.”
(D) “Também os doces que aparecem anunciados na televisão não têm gosto de coisa alguma...”
Questão 6.
Feias, sujas e imbatíveis (fragmento)
As baratas estão na Terra hã mais de 200 milhões de anos, sobrevivem tanto no deserto como nos pólos e podem ficar até 30 dias sem comer. Vai encarar? Férias, sol e praia são alguns dos bons motivos para comemorar a chegada do verão e achar que essa é a melhor estação do ano. E realmente seria, se não fosse por um único detalhe: as baratas. Assim como nós, elas também ficam bem animadas com o calor. Aproveitam a aceleração dos seus processos bioquímicos para se reproduzirem mais rápido e, claro, para passearem livremente por todos os cômodos de nossas casas. Nessa época do ano, as chances de dar de cara com a visitante indesejada, ao acordar durante a noite para beber água ou ir ao banheiro, são três vezes maiores.
Revista Galileu: Rio de Janeiro: Globo, nº 151, Fev. 2004, p.26.
72
No trecho “Vai encarar?” o ponto de interrogação tem efeito de
(A) apresentar. (B) avisar.
(B) desafiar. (D) questionar.
Questão 7.
Continho
Era uma vez um menino triste, magro e barrigudinho. Na soalheira danada do meio-dia, ele estava sentado na poeira do caminho, imaginando bobagem, quando passou um vigário a cavalo. - Você, aí, menino, para onde vai essa estrada? - Ela não vai não: nós é que vamos nela. - Engraçadinho duma figa! Como se chama? - Eu não me chamo, não, os outros é que me chamam de Zé.
MENDES CAMPOS, Paulo, Para gostar de ler- Crônicas. São Paulo: Ática, 1996, v. 1, p.76.
Há traço de humor no trecho
(A) “Era uma vez um menino triste, magro”. (B) “ele estava sentado na poeira do caminho”. (C) “quando passou um vigário”. (D) “Ela não vai não: nós é que vamos nela”.
Questão 8.
O passageiro vai iniciar a viajem a
(A) à noite. (B) à tarde.
(C) de madrugada. (D) pela manhã.
73
Questão 9.
A bicicleta pode ser paga em
(A) três vezes. (B) seis vezes.
(C) dezoito vezes. (D) vinte e seis vezes. Questão 10.
74
O objetivo do texto é
(A) alertar. (B) anunciar. (C) criticar. (D) divertir.
75
MATEMÁTICA 5º SÉRIE/ 6º ANO _______________________________________________________________ Questão 1. O numero decimal correspondente ao ponto assinalado na reta numérica é
(A) 0,3 (B) 0,23
(C) 2,3 (D) 2,03 Questão 2. O piso de uma sala está sendo coberto por cerâmica quadrada. Já foram colocadas 7 cerâmicas, como mostra a figura:
Quantas cerâmicas faltam para cobrir o piso?
(A) 6 (B) 7
(C) 8 (D) 15
Questão 3. Quando Maria colocou um bolo para assar, o relógio abaixo marcava
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O bolo ficou pronto em 30 minutos. Que horário o relógio estava marcando quando o bolo ficou pronto?
(A) 11 horas 50 minutos. (B) 12 horas.
(C) 12 horas 5 minutos. (D) 12 horas 10 minutos. Questão 4. Qual é o MAIOR número que você pode escrever usando os algarismos 8, 9, 1, 5 e 7 sem repetí-los?
(A) 91 875 (B) 98 715
(C) 98 751 (D) 97 851 Questão 5. No final do ano, os alunos de D. Célia fizeram uma pesquisa na sala, para saber onde cada um ia passar as férias. Cada aluno podia escolher um só lugar. O gráfico abaixo mostra o resultado da pesquisa:
Quais dos locais foi o MENOS escolhido pelos alunos para passarem as férias?
(A) casa. (B) fazenda do tio.
(C) praia. (D) sítio da vovó.
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Questão 6. João participou de um campeonato de judô na categoria juvenil, pesando 45,350 kg. Cinco meses depois estava 3,150 kg mais pesado e precisou mudar de categoria. Quanto ele estava pesando neste período?
(A) 14, 250 kg. (B) 40, 850 kg.
(C) 48, 500 kg. (D) 76, 450 kg. Questão 7. Um garoto completou 1.960 bolinhas de gude em sua coleção. Esse número é composto por:
(A) 1 unidade de milhar, 9 dezenas e 6 unidades. (B) 1 unidade de milhar, 9 centenas e 6 dezenas. (C) 1 unidade de milhar e 60 unidades. (D) 1 unidade de milhar e 90 unidades.
Questão 8. Uma professora ganhou ingressos para levar 50% dos seus alunos ao circo da cidade. Considerando que essa professora leciona para 36 alunos, quantos alunos ela poderá levar?
(A) 9 (B) 18
(C) 24 (D) 36 Questão 9.
A professora da 4º série, corrigindo as avaliações da classe, viu que Pedro acertou 10
2das questoes.
De que outra forma essa professora poderia representar essa fração?
(A) 0,02 (B) 0,10
(C) 0,2 (D) 2,10 Questão 10. Mariana colou diferentes figuras numa página de seu caderno de matemática, como mostra o desenho abaixo.
Essas figuras têm em comum
(A) o mesmo tamanho. (B) o mesmo número de lados
(C) a forma de quadrado. (D) a forma de retâgulo.
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Universidade de Pernambuco- UPE Escola Superior de Educação Física- ESEF
PROVA- 6º SÉRIE (7º ANO) DO ENSINO FUNDAMENTAL
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Nome completo do (a) aluno (a) Turma
Nome da escola
INSTRUÇÕES
Vire a página e responda à prova apenas quando o (a) professor (a) autorizar.
A prova contém 20 questões, sendo 10 questões de língua portuguesa e 10
questões de matemática.
Leia com atenção antes de responder e marque suas respostas neste caderno.
Cada questão tem uma única resposta correta. Faça um X na opção que você
escolher como certa
Use lápis preto para marcar as respostas. Se você se enganar, pode apagar e
marcar novamente.
Procure não deixar questão sem resposta.
Você terá 4 horas para responder à prova.
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LÍNGUA PORTUGUESA 6º SÉRIE/ 7º ANO
Questão 1.
A assembléia dos ratos
Um gato de nome Faro-fino deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha que os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de fome. Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembléia para o estudo da questão. Aguardaram para isso certa noite em que Faro-fino andava aos miados pelo telhado, fazendo sonetos à lua. - Acho- disse um deles- que o meio de nos defendermos de Faro-fino é atarmos um guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia e pomo-nos ao fresco a tempo. Palmas e bravos saudaram a luminosa idéia. O projeto foi aprovado com delírio. Só votou contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse: -Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoço de Faro-fino? Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro, porque não era tolo. Todos, porque não tinham coragem. E a assembléia dissolveu-se no meio de geral consternação. Dizer é fácil- fazer é que são elas!
LOBATO, Monteiro. In livro das Virtudes. William J. Bennet- Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. p.
308. Na assembléia dos ratos, o projeto para atar um guizo ao pescoço do gato foi
(A) aprovado com um voto contrário. (B) aprovado pela metade dos participantes.
(C) negado por toda a assembléia. (D) negado pela maioria dos presentes.
Questão 2.
Pela resposta do Garfield, as coisas que acontecem no mundo são
(A) Assustadoras. (B) corriqueiras.
(C) curiosas. (D) naturais.
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Questão 3.
O que torna o texto engraçado é que
(A) a aluna é uma formiga. (B) a aluna faz uma pechincha.
(C) a professora dá um castigo. (D) a professora fala “XIS” e “CÊ AGÁ”. Questão 4.
No terceiro quadrinho, os pontos de exclamação reforçam a idéia de
(A) comoção. (B) contentamento.
(C) desinteresse. (D) surpresa. Questão 5.
“Chatear” e “encher”
Um amigo meu me ensina a diferença entre “chatear” e “encher”. Chatear é assim: você telefona para um escritório qualquer da cidade. - Alô! Quer me chamar por favor o Waldemar? - Aqui não tem nenhum Waldemar. Daí a alguns minutos você liga de novo:
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- O Waldemar, por obséquio. - Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Waldemar. - Mas não é do número tal? - É, mas aqui nunca teve nenhum Waldemar. Mas cinco minutos você liga o mesmo número: - Por favor, o Waldemar chegou? - Vê se te manca, palhaço. Já não lhe disse que o diabo desse Waldemar nunca trabalhou aqui? - Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí. - Não chateia. Daí a dez minutos, liga de novo. - Escute uma coisa! O Waldemar não deixou pelo menos um recado? O outro esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis. Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação: - Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Waldemar. Alguém telefonou para mim?
CAMPOS, Paulo Mendes. Para gostar de ler. São Paulo: Ática, v. 2, p.35. No trecho “cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Waldemar, o emprego do termo em negrito sugere que o personagem, no contexto,
(A) era gentil. (B) era curioso.
(C) desconhecia a outra pessoa. (D) revelava impaciência .
Questão 6.
As amazônias
Esse tapete de florestas com rios azuis que os astronautas viram é a Amazônia. Ela cobre mais da metade do território brasileiro. Quem viaja pela região, não cansa de admirar as belezas da maior floresta tropical do mundo. No início era assim: água e céu. É mata que não tem mais fim. Mata contínua, com árvores muito altas, cortada pelo Amazonas, o maior rio do planeta. São mais de mil rios desaguando no Amazonas. É água que não acaba mais.
SALDANHA, P. As amazônias. Rio de Janeiro: ediouro, 1995.
No texto, o uso da expressão “água que não acaba mais” revela
(A) admiração pelo tamanho do rio. (B) ambição pela riqueza da região.
(C) medo da violência das águas. (D) surpresa pela localização do rio.
Questão 7. O texto trata
(A) da importância econômica do rio Amazonas. (B) das características da região amazônica (C) de um roteiro turístico da região amazônica. (D) do levantamento da vegetação amazônica.
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Questão 8. A frase que contém uma opinião é
(A) “cobre mais da metade do território brasileiro”. (B) “não cansa de admirar as belezas da maior floresta”. (C) “... maior floresta tropical do mundo”. (D) “é mata contínua [...] cortada pelo Amazonas”.
Questão 9.
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A terceira moça foi escolhida pelo rapaz porque ela
(A) demonstrou que era cuidadosa e paciente (B) era mais rápida que as outras. (C) provou que os últimos serão os primeiros. (D) sabia como se comportar à mesa.
Questão 10. No texto, a primeira moça era
(A) bondosa. (B) esperta.
(C) gulosa. (D) impaciente.
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MATEMÁTICA 6º SÉRIE/ 7º ANO
Questão 1 O símbolo abaixo será colocado em rótulos de embalagens.
Sabendo-se que cada lado da figura mede 1 cm, conforme indicado, a medida do contorno em destaque no desenho é
(A) 18 cm (B) 20 cm
(C) 22 cm (D) 24 cm Questão 2. Em uma loja de informática, Paulo comprou: um computador no valor de 2200 reais, uma impressora por 800 reais e três cartuchos que custam 90 reais cada um. Os objetos foram pagos em 5 vezes iguais. O valor de cada parcela, em reais, foi igual a
(A) 414 (B) 494
(C) 600 (D) 654 Questão 3. Pedro e João jogaram uma partida de bolinhas de gude. No final, João tinha 20 bolinhas, que correspondiam a 8 bolinhas a mais que Pedro. João e Pedro tinham juntos.
(A) 28 bolinhas. (B) 32 bolinhas.
(C) 40 bolinhas. (D) 48 bolinhas. Questão 4.
A fração 100
3 corresponde ao número decimal
(A) 0, 003 (B) 0,3
(C) 0,03 (D) 0,0003 Questão 5.
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No supermercado Preço ótimo, a manteiga é vendida em caixinhas de 200 gramas. Para levar para casa 2 quilogramas de manteiga, Marisa precisaria comprar
(A) 2 caixinhas. (B) 4 caixinhas.
(C) 5 caixinhas. (D) 10 caixinhas.
Questão 6. Ao resolver corretamente a expressão -1- (-5). (-3) + (-4) 3 : (-4), o resultado é
(A) -13. (B) -2.
(C) 0. (D) 30. Questão 7. Nas figuras abaixo, as áreas escuras são partes tiradas do inteiro
A parte escura que equivale aos 5
3 tirados do inteiro é
Questão 8. Na reta numérica da figura abaixo, o ponto E corresponde ao número inteiro -9 e o ponto F, ao inteiro -7.
Nessa reta, o ponto correspondente ao inteiro zero estará
(A) sobre o ponto M. (B) entre os pontos L e M.
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(C) entre os pontos I e J. (D) sobre o ponto J.
Questão 9. Sendo N= (-3)
2 - 3
2, então, o valor de N é
(A) 18 cm (B) 20 cm
(C) 22 cm (D) 24 cm Questão 10. Observe o gráfico que segue abaixo.
Ao marcar no gráfico o ponto de interseção entre as medidas de altura e peso, saberemos localizar a situação de uma pessoa em uma das três zonas. Para aqueles que têm 1,65 m e querem permanecer na zona de segurança, o peso deve manter-se, aproximadamente, entre
(A) 48 e 65 quilos. (B) 50 e 65 quilos.
(C) 55 e 68 quilos. (D) 60 e 75 quilos.
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