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UNIVERSIDADE UNIGRANRIO PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: GESTÃO ORGANIZACIONAL BENEFÍCIOS OBTIDOS APÓS A IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS ERP LEANDRO ROCHA FURINI RIO DE JANEIRO 2014

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UNIVERSIDADE UNIGRANRIO

PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: GESTÃO ORGANIZACIONAL

BENEFÍCIOS OBTIDOS APÓS A IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS ERP

LEANDRO ROCHA FURINI

RIO DE JANEIRO

2014

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LEANDRO ROCHA FURINI

BENEFÍCIOS OBTIDOS APÓS A IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS

ERP

Dissertação apresentada à Escola de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Grande Rio Prof. José de Souza Herdy, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Administração.

Orientadora: Prof.ª Marta Dalbem

RIO DE JANEIRO

2014

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CATALOGAÇÃO NA FONTE/BIBLIOTECA - UNIGRANRIO

F984b Furini, Leandro Rocha.

Benefícios obtidos após a implantação de sistemas ERP / Leandro

Rocha Furini. – 2014.

90 f. ; 31 cm.

Dissertação (mestrado em Administração) – Universidade do Grande

Rio “Prof. José de Souza Herdy”, Escola de Ciências Sociais Aplicadas,

2014.

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Agradecimentos

Esta dissertação de mestrado não seria possível sem o apoio e a

participação de algumas pessoas, as quais gostaria de destacar nestes

agradecimentos:

Agradeço à minha esposa Thatiani que soube suportar todas as minhas

ausências, mesmo quando estava fisicamente em casa, mas concentrado em

meus estudos. Sem o apoio e compreensão dela não seria possível concluir

esse trabalho.

À professora Marta Dalbem, pelas inúmeras dicas e revisões de texto,

desde a idéia inicial até o fechamento do estudo, mesmo com as mudanças

que foram necessárias devido aos percalços encontrados.

E, claro, às empresas que participaram da pesquisa, sem as quais este

estudo não poderia ter sido realizado.

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Resumo: Esta pesquisa quali-quantitativa busca identificar quais benefícios

operacionais, gerenciais, tecnológicos, estratégicos, organizacionais e

financeiros são auferidos por empresas que implantaram ERPs. Por meio de

entrevistas em 3 empresas dos setores elétrico, construção e financeiro,

identificaram-se quais, dentre os benefícios listados na literatura, foram de fato

observados nas empresas. Este estudo sinaliza que o ERP traz diversos

desses benefícios esperados às empresas, principalmente aqueles ligados a

questões operacionais, gerenciais, estratégicas e organizacionais, mas menos

que o esperado nas questões relacionadas à Tecnologia da Informação. Como

as empresas entrevistadas não monitoraram os benefícios financeiros, uma

análise não paramétrica dos indicadores financeiros de 14 empresas abertas,

antes e depois da adoção dos ERPs, permitiu identificar que os ERPs podem

ter contribuído para a redução da rentabilidade das empresas, embora tenham

gerado melhoras na gestão do capital de giro. Este benefício também foi

identificado na pesquisa qualitativa, que apontou redução do tempo de ciclo e

melhora na produtividade. Outros benefícios também foram ressaltados, como

melhor controle de desempenho, melhor Governança Corporativa, liderança de

custo/economias de escala, mudança da cultura organizacional para uma

cultura focada em resultados. Na contramão destes benefícios encontrados, a

pesquisa qualitativa indicou piora nos custos gerais de TI, na motivação dos

funcionários e na rentabilidade das empresas. Apesar da percepção geral de

que a implantação de ERPs foi benéfica às empresas, constatou-se que as

empresas entrevistadas não monitoraram de forma estruturada o seu impacto,

não sendo possível afirmar que os benefícios superam os custos de

implantação. Finalmente, com base nos pontos levantados na literatura e nas

entrevistas, este trabalho propõe métricas para que esse acompanhamento dos

benefícios possa ser feito de forma tangível nas empresas.

Palavras-chave

ERP, Tecnologia da informação, Índices financeiros, Governança corporativa.

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Abstract: This qualitative and quantitative research seeks to identify which

operational, managerial, technological, strategic, organizational and financial

benefits are earned by companies that have implemented ERP systems.

Through interviews in 3 companies of electrical, construction and financial

sectors, based on literature, we have identified which of the benefits were in fact

observed in the companies. This study indicates that ERP brings many of those

expected benefits to companies, especially those related to operational,

managerial, strategic and organizational issues, but less than expected in

matters related to IT. As the interviewed companies did not monitored the

financial benefits , a non-parametric analysis of financial ratios about 14 listed

companies, before and after the adoption of ERP, allows to identify that ERPs

may have contributed to the reduction of corporate profitability, although they

have generated improvements management of working capital . This benefit

was also identified in the qualitative research, which showed a reduction in

cycle time and improves productivity. Other benefits were also highlighted as

better control performance, better corporate governance, cost leadership /

economies of scale, organizational culture change towards a results focused

culture. On the other hand, qualitative research indicated worsening in overall IT

costs, in employee motivation and corporate profitability, which confirms the

results of quantitative research. Despite the general perception that the

implementation of ERPs was beneficial to companies, it was found that the

interviewed companies not monitored in a structured way its impact and it’s not

possible to say that the benefits outweigh the costs of implementation. Finally,

based on the points raised in the literature and interviews, this paper proposes

metrics for monitoring the benefits that this can be done in a tangible way in

business.

Key-words

ERP, Information tecnology, Financial ratios, Corporate Governance.

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Sumário

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 9

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ..................................... 11

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ...................................................................... 11

1.3 JUSTIFICATIVAS TEÓRICA E PRÁTICA .................................................. 12

1.4 DELIMITAÇÃO ........................................................................................... 12

2 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................... 14

2.1 ESTUDOS SOBRE BENEFÍCIOS DOS ERPS .......................................... 19

2.2 REFERENCIAL TEÓRICO CONSOLIDADO ............................................. 24

3 METODOLOGIA ........................................................................................ 27

3.1 ANÁLISE QUALITATIVA ............................................................................ 27

3.2 ANÁLISE QUANTITATIVA ......................................................................... 28

3.2.1 Índices Financeiros e Variáveis de Controle Utilizados .............................. 30

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................. 33

4.1 RESULTADOS DA ANÁLISE QUALITATIVA ............................................. 33

4.1.1 Análise da Empresa Elétrica ...................................................................... 33

4.1.2 Análise da Empresa Construtora ............................................................... 49

4.1.3 Análise da Empresa Financeira ................................................................. 59

4.1.4 Análise Consolidada das Entrevistas ......................................................... 69

4.2 RESULTADOS DA ANÁLISE QUANTITATIVA .......................................... 77

4.2.1 Testes Estatísticos e Hipóteses ................................................................. 77

4.2.2 Estatítica Descritiva e Teste de Wilcoxon .................................................. 79

4.2.3 Regressão .................................................................................................. 82

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 85

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 88

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Lista de Tabelas

Tabela 1 Estudos do impacto da implantação de ERPs no desempenho

financeiro

Tabela 2 Benefícios da Implantação de ERPs

Tabela 3 Empresas selecionadas para análise quantitativa

Tabela 4 Análise consolidada das entrevistas

Tabela 5 Métricas de Avaliação dos Benefícios Obtidos

Tabela 6 Resultados esperados para o teste de Wilcoxon

Tabela 7 Estatística Descritiva dos Índices Financeiros

Tabela 8 Teste de Normalidade

Tabela 9 Dimensão das Amostras - teste de Wilcoxon

Tabela 10 Análise da Significância - teste de Wilcoxon

Tabela 11 Análise da Significância do modelo de Regressão

Tabela 12 Análise do R² do modelo de Regressão

Tabela 13 Análise dos coeficientes do modelo de Regressão

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Siglas e Abreviaturas

BI Business Intelligence

DRE Demonstrativo de Resultados do Exercício

ERP Enterprise Resource Planning

TI Tecnologia da Informação

IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

IFRS International Financial Reporting Standards

MRP Materials Requirement Planning

PPR Personalized Product Recommendations

ROA Retorno sobre ativos

ROI Retorno sobre investimentos

ROS Retorno sobre vendas

PMDD Prazo médio de desconto de duplicatas

PME Prazo médio de estoque

PMF Prazo médio de fornecedores

PMPF Prazo médio pagamento de fornecedores

PMV Prazo médio de vendas

VCE Virtual customer environments

XML Extensible Markup Language

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1 INTRODUÇÃO

Vistos por muitos como solução para os problemas de gestão

empresarial, os sistemas integrados de gestão ou ERP - Enterprise Resource

Planning, passaram a ser largamente utilizados pelas empresas. ERPs são

sistemas que objetivam integrar todas as informações geradas na empresa por

intermédio de uma base de dados única.

No início dos anos 2000 muitos estudos sobre ERPs e sua implantação

foram realizados. Na época, os pesquisadores buscavam entender quais eram

as mudanças ocorridas em uma organização com a informatização de sua

gestão, partindo de modelos de gestão pouco informatizados e

descentralizados, para modelos de gestão centralizados a partir destes

sistemas.

Uma década depois, a maioria das empresas já se encontram

informatizadas. Agora, o que move o processo contínuo de investimentos em TI

nas empresas é a necessidade das organizações de se ajustarem ao ambiente

para a consequente manutenção de seus lucros, crescimento, perenidade,

entre outros objetivos.

Para tal, as organizações deparam-se com a necessidade de alterar

estruturas, processos internos e tecnologias. Em função da grande presença

da tecnologia nos processos atuais de negócio, frequentemente as

necessidades de mudança envolvem decisões sobre as soluções de tecnologia

de informação (TI), dentre elas os softwares ERP.

Ao longo dos anos, do ponto de vista tecnológico e de processo, vários

estudos foram realizados para determinar os impactos da implantação destes

sistemas nas organizações. Como exemplo, Saccol et al (2003) apresentam

em seus estudos os seguintes impactos decorrentes do processo de

implantação de sistemas ERP: impactos tecnológicos, impactos estruturais e

impactos comportamentais.

Existem outros impactos que precisam ser entendidos e observados,

entre eles as questões operacionais, estratégicas, gerenciais, organizacionais e

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financeiras, também bastante relevantes. No mercado, a busca por soluções

que tragam, além da simples informatização, ganhos de processo, ganhos de

mercado e melhores resultados, trouxe como consequência a busca por

melhores soluções de sistemas e um aumento nos investimentos em softwares.

De acordo com o estudo “Mercado Brasileiro de Software – Panorama e

Tendências” realizado em 2012 pela Associação Brasileira de Empresas de

Software – ABES, os investimentos com aquisição ou cessão de uso de

software cresceram 15,7% em 2011 e 26,7% em 2012, chegando a USD 27.2

Bn. Engelbert e Graeml (2011) descrevem estes e outros custos oriundos de

processos de troca de tecnologias pelas empresas, antes e durante o processo

de troca de tecnologia, mas não os benefícios financeiros auferidos.

Uma análise custos versus benefícios permite diagnosticar se um

investimento em ERP agrega de fato valor às empresas mas, dado o caráter

multifacetado e algumas vezes intangível dos benefícios auferidos por sistemas

ERP, resta a dúvida se as empresas os têm analisado de forma estruturada e,

também muito importante, como têm mensurado tais benefícios.

Este trabalho busca contribuir ao desafio de como monitorar os impactos

de um ERP nas empresas, primeiro, levantando na literatura os benefícios que

ERPs podem trazer para as empresas e, depois, identificando se tais

benefícios – ou outros - foram percebidos em 3 empresas brasileiras, de

tamanhos e setores diferentes. Este estudo relata as experiências dessas

empresas, colhidas por meio de entrevistas com participantes ativos na

implantação.

A esse estudo qualitativo, soma-se um estudo quantitativo em que os

índices financeiros de 14 empresas abertas foram analisados, antes e depois

da implantação de ERPs. Afinal, sugerimos métricas para acompanhamento

durante o processo e pós a implantação de ERPs, as quais podem auxiliar as

empresas em processo de negociação junto a provedores de ERPs.

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1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA

Para subsidiar a tomada de decisão sobre a adoção de um sistema

ERP, é de suma importância entender e mensurar os seus benefícios. Desta

forma, foca-se neste estudo o levantamento e a análise das mudanças

observadas após a implantação de ERPs, objetivando responder às seguintes

questões:

Quais os benefícios da implantação de Sistemas ERP? As

empresas têm mensurado esses benefícios?

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

Como objetivo geral, busca-se neste estudo identificar quais são os

benefícios obtidos após a implantação de sistemas ERP.

Para tal, buscam-se os seguintes objetivos intermediários:

� Identificar o que leva as empresas a investir em implantação de

softwares ERP;

� Identificar quais benefícios, tangíveis e intangíveis, financeiros ou não

financeiros, espera-se obter com a implantação de um sistema ERP;

� Haja vista que algumas empresas que implantaram ERPs divulgam

demonstrativos financeiros publicamente, e que esta é uma fonte de

informação que poderia ajudar a responder a uma das questões de

pesquisa prescindindo-se das percepções dos executivos, julgou-se

importante identificar na literatura quais indicadores financeiros podem

melhor explicar as mudanças ocorridas no desempenho financeiro de

uma empresa;

� A partir de pesquisa qualitativa, identificar a percepção dos executivos

quanto aos benefícios obtidos após a implantação de um sistema ERP,

e se tais benefícios foram mensurados.

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� A partir de análise quantitativa de demonstrativos financeiros públicos,

identificar se e quanto o desempenho financeiro é impactado pela

implantação e quais indicadores financeiros sofrem maior impacto;

1.3 JUSTIFICATIVAS TEÓRICA E PRÁTICA

Do ponto de vista tecnológico e de processo, as dificuldades a serem

enfrentadas durante a implantação ou substituição de sistemas ERPs são

relevantes, mas também bastante conhecidas e exploradas na literatura.

Contudo, há pouca pesquisa empírica sobre os benefícios auferidos, em

especial no Brasil. Entender quais são os benefícios obtidos, e se as empresas

os têm observado de forma estruturada, é o foco desta pesquisa, cujos

resultados podem ser úteis à academia e ao mundo corporativo.

1.4 DELIMITAÇÃO

Este trabalho analisa empresas que efetuaram implantação de seus

ERPs de 2008 a 2012, período este onde ainda há memória nas empresas

sobre o tema. Esta delimitação temporal também permite que o pós-

implantação esteja fora do momento mais crítico da crise financeira

internacional e da convergência ao IFRS1.

Na pesquisa qualitativa, dada a dificuldade de acesso e também de

identificar executivos ainda nas empresas e que tivessem acompanhado o

processo de implantação e sua efetividade, a amostra se restringiu a três

empresas brasileiras, de capital nacional, sendo uma do setor elétrico, uma do

setor de construção e outra do setor financeiro, de tamanhos variados. Destas,

apenas a empresa do setor elétrico é de capital aberto e a de construção é de

controle familiar. Essas características variadas trazem riqueza de informações

e reflexões sobre o tema, mas dificultam generalizações.

Para a análise quantitativa-financeira, foram consideradas apenas

empresas de capital aberto negociadas na Bovespa e, portanto, com

1 IFRS – International Financial Reporting Standards - são normas internacionais de contabilidade publicados e revisados pelo International Accounting Standards Board (IASB)

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demonstrativos financeiros divulgados ao público. Além disso, foram

consideradas somente as empresas onde se pode identificar, por meios dos

sites dos provedores de ERPs, o período em que houve a implantação dos

sistemas. Como resultado destas restrições, a análise quantitativa utilizou uma

amostra de 14 empresas brasileiras e os resultados dos testes estatísticos

restringem-se a essa pequena amostra.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Um sistema integrado de gestão, comumente chamado de ERP -

Enterprise Resource Planning, é um software de planejamento que integra os

dados-chave e a comunicação entre as áreas da empresa, fornecendo

informações detalhadas sobre suas operações (BUCKHOUTet al., 1999).

Com primórdios no início da década de 90, sua inserção no Brasil

acentuou-se a partir de 1998. Segundo Saccol et al (2003, p.326), as empresas

passaram a adotar o sistema como uma “nova plataforma tecnológica,

abandonando seus sistemas legados, que precisariam ser adaptados”.

Schmitt (2004) justifica a disseminação de ERPs lembrando que o custo

de matérias-primas cresceu de 30-40% do custo final dos produtos na década

de 1940 para 60 a 70% nos anos 1990, exigindo eficiência na gestão de

estoques para ter competitividade no mercado. A expansão acelerada da

tecnologia e o dinamismo das mudanças no ambiente de negócios contribuíram

ainda mais para desenvolver os Sistemas de Informação, dentre eles, o próprio

ERP.

Os sistemas ERP surgiram da evolução dos sistemas MRP – Materials

Requirement Planning, este com objetivos ainda estreitos de administração de

estoque. Segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2001), ao módulo básico MRP

foram depois agregados módulos de outras funções da cadeia de suprimentos

como: o planejamento da capacidade de produção (RCCP - Rough-Cut

Capacity Planning e CRP – Capacity Requirements Planning), o planejamento

de vendas e operação (S&OP – Sales and Operations Planning), a

programação-mestre da produção (MPS – Master Production Schedule), o

controle de compras (PUR - Purchasing) e o controle da fábrica (SFC - Shop

Floor Control). Com estes módulos, estes sistemas passaram a se chamar

MRP II, ainda com foco no cumprimento dos planos de entrega de produtos

com menor custo de estoques (CORRÊA et al , 2001).

Depois da informatização e integração do processo produtivo, surgiu a

necessidade de integrá-lo às demais áreas, visando aumentar o controle e

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melhorar o processo decisório. Aos MRP II foram, então, acrescidos módulos

de: controladoria, gerenciamento financeiro, compras, apoio às atividades de

vendas e gerenciamento de recursos humanos, entre outros.

Estes módulos, integrados em sistemas únicos, passaram a ser

chamados de sistemas ERP (Corrêa et al., 2001) que, na definição mais ampla

de Cavalcanti (2001, p.185), levam em consideração a visão de processo de

uma organização com a finalidade de atingir as suas metas, integrando todas

as áreas e funções do negócio.

Hehn (1999) descreve que os módulos de sistemas ERP partilham dos

mesmos dados, favorecendo a eficiência e minorando o risco de

inconsistências, usando processos de trabalho padronizados que tendem a

adotar as melhores práticas de cada função. Souza & Zwicker (2001) também

destacam a forma de trabalho padronizado e ainda que sistemas ERP

procuram atender a requisitos genéricos do maior número possível de

empresas, incorporando modelos de processos de negócio obtidos pela

experiência acumulada de fornecedores, consultorias e pesquisas

benchmarking. Este é um ponto importante, pois a implantação de um software

ERP traz consigo a necessidade da adequação da forma de trabalho ao novo

sistema, que não aceita customizações relevantes.

Miltello (1999) lembra que em um ERP todos os processos são

documentados e contabilizados, gerando regras bem definidas e permitindo

maior controle sobre alguns pontos vulneráveis do negócio, como a

administração de custos, controle fiscal e estoques. O apoio às decisões

estratégicas é outro benefício apontado por Cunha (1998) e Wood Jr. (1999),

este lembrando que ERPs agilizam a tomada de decisão e podem ser

aplicados, com adaptações, a qualquer empresa, permitindo o monitoramento

em tempo real. Isso se tornou mais necessário a partir da integração de

empresas transnacionais e da tendência de substituição de estruturas

funcionais por estruturas ancoradas em processos.

Buckout et al. (1999) reforçam a facilidade de controle sobre a empresa

como benefício de ERPs. Com o crescimento da competição, maior controle

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favorece a lucratividade e a perenidade, além de atender à crescente exigência

por governança corporativa, rapidez no processamento de informações, maior

aproximação com os consumidores e satisfação, todos exemplos dos novos

desafios impostos às empresas.

Turban, Mclean e Wetherbe (2004) e Lozinski (1996) citam a redução de

mão de obra, devido à simplificação e automatização dos processos. Hypolito e

Pamplona (1999, p. 6) citam benefícios tangíveis - ligados a ganhos reais como

os ganhos de capital com a redução de estoques, eliminação de atividades que

não agregam valor, redução de horas e até mesmo de funcionários -, e

intangíveis, como a maior satisfação dos clientes internos e externos,

velocidade de funcionamento, confiabilidade na tomada de decisões, redução

de riscos em decisões gerenciais.

Até os anos 2000, ERPs foram implantados como parte da própria

informatização das empresas. A partir dos anos 2000, a maioria das empresas

já se encontrava informatizada, mas em função da grande presença de

tecnologias nos processos de negócio, frequentemente as necessidades de

mudança estratégica passaram a envolver soluções de tecnologia de

informação (TI), dentre elas a introdução de novos softwares ERPs ou mesmo

a agregação de novos módulos aos ERPs existentes.

Batista (2005) lembra que informações precisas e confiáveis e

mecanismos que auxiliem os profissionais a melhor estudar as informações são

de fundamental importância. Esta ideia é reforçada por Rezende e Abreu

(2009), que ressaltam a informação cada vez mais ágil, democratizada e sem

barreira de distância, graças à tecnologia; portanto, TI é vista hoje como fonte

geradora de negócios. Uma boa gestão da informação permite agregar valor

quando permite à empresa perceber oportunidades e ameaças a sua operação,

detectando problemas e tendências, informações sobre o cliente e o mercado.

Passam a ser temas frequentes na literatura o alinhamento entre TI e

estratégia organizacional, TI como forma de interação com o consumidor, TI

como patrocinadora de uma cadeia de valor que incorpora fornecedores e

clientes.

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Os estudos de alinhamento estratégico entre negócio e TI têm mais de

quinze anos. Henderson e Venkatraman (1999) descrevem que TI está

transcendendo seu papel original de BackOffice, evoluindo para um papel

estratégico, não só no suporte das estratégias de negócio, mas também

ajudando a definir novas estratégias. Ainda, que a simples utilização de uma

aplicação (software) não é suficiente para prover à empresa vantagem

competitiva; esta vantagem é obtida da capacidade de explorar as informações

geradas, o que requer uma grande mudança no papel de TI na organização.

Para Lederer & Burky (1988) e Reich & Benbasat (2000) os objetivos e

os planos de TI devem ser originados da missão, objetivos e planos de negócio

da organização, e vice-versa. Chane e Reich (2007) descrevem que, por duas

décadas, o alinhamento estratégico de TI tem se tornado assunto comum entre

executivos. Neste sentido, espera-se que ERPs que considerem esta

perspectiva contribuam com um melhor desempenho da empresa.

McKenna (1995) já lembrava que consumidores têm mais informações

sobre os produtos, mais produtos para escolher e das mais diversas formas -

shoppings, lojas especializadas, catálogos, telefone e internet -, o que diminui a

fidelidade às marcas, exigindo das empresas esforço para estabelecer e

consolidar suas marcas.

Zang et al. (2011) descrevem a significância da Internet como canal de

comércio, não só devido à comunicação entre indivíduos, mas também à

relação entre empresas e consumidores, que podem se tornar mais duradoura.

Sites de vendas e interação online com consumidores são ferramentas

poderosas e este canal tem sinergia com os sistemas ERP os quais, portanto,

ganham importância na era do comércio digital.

Os mesmos autores citam o PPR – Personalized Product

Recommendations, que refere-se à personalização de recomendações de

produtos, de acordo com as preferências e gosto dos consumidores, advindas

do processo de aprendizado obtido na relação varejista em meios eletrônicos

como a internet. Zang et al identificaram que existe maior lealdade dos

consumidores em processos de compra online do que na forma de comércio

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tradicional, sendo a intenção de recompra diretamente ligada à qualidade dos

PPRs.

Mais recentemente, empresas como Microsoft, Cisco, Nokia, Volvo e

Nike estabeleceram ambientes virtuais de consumidores (VCE – virtual

customer environments), que vão desde pequenos grupos de discussão online

até sofisticados centros de protótipos de produtos. Em alguns casos as

empresas incorporam mecanismos para integrar inovações propostas por estes

fóruns com os sistemas internos de desenvolvimento de produtos (NAMBISAN,

2008). PPRs e VCEs podem ser considerados importantes estratégias de

negócio e ter softwares ERPs que permitam o uso destas ferramentas é fator

importante que pode influenciar uma empresa a substituir seu software.

A sinergia pode acontecer também em outras etapas da cadeia de valor:

recursos tecnológicos permitem que fornecedores e clientes troquem

informações sobre suprimentos e produção (Ghiassi&Spera, 2003), permitindo

inflenciar processos externos que têm efeito direto na produção. O caso da

Dell, descrita por Magretta (1998), ilustra TI/ERPs como meio para integração

de toda a cadeia de valor a partir do foco no consumidor, agregando

fornecedores, customização em massa e produção just-in-time.

De acordo com Engelbert e Graeml (2011), os custos de troca de

tecnologia podem ser determinantes na decisão e limitar ou até impedir que tal

troca ocorra. Os autores destacam custos de: seleção, aquisição, ativação,

aquisições complementares ao software, contratação de fornecedores

especializados, compatibilização de sistemas e de formatos de informações,

aquisições ligadas aos efeitos de rede e comprometimento da cadeia,

aprendizado, estabelecimento de novos relacionamentos, formais, contratuais,

relacionados à troca quando em programas de fidelidade, psicológicos, custos

de oportunidade e de volta (caso ocorram problemas na implantação).

Mediante esta extensa relação de custos de implantação de um ERP, é de

suma importância entender os ganhos, ou seja, os benefícios subsequentes à

implantação.

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Souza e Zwicker (2001) avaliaram as razões para implantação de ERP e

identificaram quatro respostas relevantes ao contexto, na época: a) integração

de processos e informação, b) acompanhar tendências, c) pressão da matriz

e/ou acionistas, d) não perder terreno para concorrentes. As respostas são

sinais de institucionalização da adoção de ERPs, deixando dúvidas se as

empresas têm tido disciplina em mensurar seus benefícios ou mesmo em fazer

uma análise custo versus benefício desta decisão.

Afinal, os benefícios amplos anteriormente citados têm sido atingidos?

Há outros benefícios a identificar? Os benefícios têm sido mensurados? Os

benefícios compensam os custos? Diversos autores têm estudado os

benefícios da implantação de um ERP, como se detalhará na seção 2.1.

2.1 ESTUDOS SOBRE BENEFÍCIOS DOS ERPS

Shang & Seddon (2000), autores seminais na análise da pós-

implementação, consideram cinco dimensões de benefícios esperados:

operacionais, gerenciais, estratégicos, de TI e organizacionais. Estas cinco

dimensões e suas sub-classificações foram obtidas a partir da revisão da

literatura de tecnologia da informação desde 1970, sob o ponto de vista da alta

gerência das organizações, além da análise dos benefícios descritos pelos

fornecedores de software e da percepção de 267 empresas que utilizam o

software, sendo 233 avaliações obtidas a partir de 233 cases de sucesso

encontrados na web e 34 entrevistas diretas.

Wu et al (2008), descrevem que implantar sistemas ERPs sempre

envolvem muitas incertezas e os autores usam um quadro de análise baseado

em opções reais para melhorar o processo de decisão em utilizar sistemas

ERPs. Usando um algoritmo que tenta calcular e valorar os benefícios obtidos

com o uso destes softwares, determinam o valor presente (NPV) dos

investimentos em ERP considerando dois grupos de benefícios esperados:

tangíveis e intangíveis. Para valorar os benefícios tangíveis, os autores

consideram em seu modelo a variável lucro líquido após a implantação total do

software.

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Em relação aos benefícios intangíveis, e baseando-se no modelo de

criação de valor de Kalafute Low (2001), Wu et al (2008) descrevem 9 grupos e

25 itens de avaliação destes benefícios. Os grupos de benefícios descritos são:

capacidade de inovação empresarial, relações com consumidor, alianças com

parceiros, gestão de tecnologia, marca e imagem, relações com funcionários e

questões de ambiente e comunidade.

Com base nos estudos de Shang & Seddon (2000) e Wu et al (2008),

propõe-se nesta pesquisa um quadro ampliado de avaliação dos benefícios do

uso de ERPs, como referencial teórico. Para tal, analisaram-se os itens de

avaliação coincidentes, bem como os itens que podem ser complementares.

Entendendo o estudo de Shang e Seddon (2000) como mais focado em relação

à análise dos benefícios, optou-se por manter a proposta e a forma de

agrupamento de benefícios destes autores e incrementar o modelo, com itens

complementares do estudo de Wu et al (2008) e dos demais autores apontados

nesta revisão de literatura.

Identificou-se ainda que estes trabalhos são pouco específicos nas

questões financeiras e de governança corporativa e, portanto, a necessidade

de incorporar ao quadro referencial teórico um maior detalhamento destes

benefícios.

O impacto financeiro de um ERP pode ser medido pela análise de

indicadores financeiros, obtidos a partir das demonstrações financeiras e

contábeis das empresas (WESTON e BRIGHAM, 2008; ASSAF NETO, 2006).

Alguns estudos têm medido o impacto da implantação de um ERP nos

resultados de uma empresa.

Wieder et al. (2006), por exemplo, analisaram o retorno sobre ativos

(ROA), retorno sobre investimentos (ROI) e retorno sobre vendas (ROS). Além

destes indicadores, incluíram também o percentual de crescimento de vendas,

redução de custos e analisaram o fluxo de caixa. A análise foi aplicada em 102

empresas australianas que implantaram ERPs e os principais resultados

contradizem as afirmações de fornecedores ERPs, na medida em que não

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foram encontradas diferenças significativas de desempenho entre os ERP-

adotantes e não-adotantes.

Lu e Jinghua (2012), de forma complementar, analisaram os efeitos

moderadores de governança corporativa, diversificação e crescimento da

indústria no desempenho financeiro pós ERP. Em amostra de 137 empresas

usuárias de ERP e listadas em bolsas nos EUA de 1998 a 2007, os autores

utilizaram o retorno sobre ativos (ROA) como variável dependente e definiram o

grau de governança corporativa, diversificação e crescimento da indústria, além

do tamanho e estrutura de capital da empresa como variáveis independentes.

Via regressão, identificaram que empresas com maior nível de governança

corporativa tiveram melhor ROA do que empresas com baixo nível de

governança, no pós-implantação. Por outro lado, empresas com alto grau de

diversificação tiveram resultados piores do que empresas com pouca ou

nenhuma diversificação, enquanto em mercados com bom crescimento o ROA

foi melhor do que os de empresas em mercado com pouco ou nenhum

crescimento.

Hassab Elnaby et al (2012), em estudo semelhante, investigaram o

efeito mediador tanto da estratégia de negócios quanto das capacidades

organizacionais das empresas. Para tal, buscaram entender a relação entre o

ROA e estas variáveis a partir da análise de dados financeiros de 469

empresas americanas que efetuaram implantação de ERPs. Concluem que

ERPs têm um significante e positivo impacto em empresas que têm estratégias

de prospecção de negócios e que um ERP não apenas é útil para o controle de

custos, mas que também contribui para o desenvolvimento de novos produtos.

No Brasil, Faria (2010) buscou identificar em que nível investimentos em

TI impactam no resultado, a partir da análise do retorno operacional (ROP) de

bancos em relação a seus investimentos em TI e em pessoal. A partir de uma

análise cross-section, identificou que em todos os anos do período de 1997 a

2008, os investimentos em TI, bem como os gastos com pessoal, tiveram

impacto positivo no resultado operacional dos bancos no Brasil.

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Almeida et al (2004) buscaram entender o impacto de um ERP no ciclo

financeiro. Em amostra de 19 empresas, aplicaram os testes não paramétricos

de Wilcoxon e dos Sinais, para identificar diferenças entre médias e

identificaram, ao contrário do que se esperava, uma piora nos ciclos financeiros

das empresas após a implantação de um ERP, porém não significativo

considerando significância de até 10%. Ao aplicarem o teste de Mann-Whitney

a fim de verificar a significância da variação do ciclo financeiro das empresas,

identificaram piora no ciclo financeiro em 12 empresas, sendo que destas,

somente 6 mostraram-se significantes ao nível de significância de 10%. Ainda,

identificou melhora no ciclo em 7 casos, sendo que destes, apenas 3

significantes ao nível de 10%. Dados os resultados não conclusivos, os autores

sugeriram que outras variáveis macro-ambientais, além do uso ou não de

programas de qualidade ou ISO, devem ser consideradas em estudos futuros.

A Tabela 1 resume os trabalhos identificados que usam indicadores

financeiros para medir o impacto financeiro da implantação de um ERP.

No que se refere à governança corporativa, observa-se que Lu e Jinghua

(2012) a usaram como variável moderadora, porém nenhum estudo procurou

identificar se ERPs trazem benefícios de governança. O IBGC descreve em

seu site (www.ibgc.org.br) que governança corporativa é um conjunto eficiente

de mecanismos, tanto de incentivos quanto de monitoramento e controle,

visando garantir o alinhamento entre o interesse dos acionistas e o

comportamento dos executivos. ERPs auxiliam nos controles internos e a ter

acesso às informações de forma direta, clara e objetiva, contribuindo nas

quatro linhas mestras da governança corporativa - transparência, prestação de

contas, equidade e responsabilidade -, o que pode influenciar uma empresa a

substituir seu software de gestão.

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Tabela 1 – Estudos do impacto da implantação de ERPs no desempenho financeiro

Autores Indicadores usados

Variáveis de controle

Modelo Estatístico Principais Conclusões

Wieder et al (2006)

ROA ROI ROS

Δ% vendas Δ% custos

Mann-Whitney

Kolmogorov-

Smirnov

Não há diferenças significativas de desempenho entre ERP-adotantes e não-adotantes

Lu e Jinghua (2012)

ROA

� Governança corporativa

� Crescimento da indústria

� Diversificação � Tamanho

Estrutura de capital

Regressão

� Maior nível de governança corporativa favorece melhor resultado, no pós-implantação

� Alto grau de diversificação traz resultados piores

� Em mercados com bom crescimento, resultados são melhores

Hassab Elnaby et al (2012)

ROA

Qualidade (binária -

prêmios de qualidade)

� Estratégias de novos produtos

� Nivel de redesenho de processos gerado pelo ERP

� Capacidades organizacionais

Correlação

ERPs têm significante e positivo impacto em empresas que têm estratégias de prospecção de negócios.

Faria (2010)

Retorno Operacional

� Investimentos em TI

� Gastos com Pessoal

Regressão

Investimentos em TI, bem como os gastos com pessoal, tiveram impacto positivo no resultado operacional dos bancos no Brasil

Almeida et al (2004)

PME, PMF, PMV, PMC, PMPF, PMDD

-

Wilcoxon, Sinais e Mann-

Whitney

As análises não levaram a resultados conclusivos a respeito do impacto dos ERPs no ciclo financeiro

Fonte: elaboração própria Notas: ROA=retorno sobre ativos ROI=retorno sobre investimentos ROS=retorno sobre vendas PME=prazo médio de estoque PMF=prazo médio de fornecedores PMV=prazo médio de vendas PMPF=prazo médio pagamento de fornecedores PMDD=prazo médio de desconto de duplicatas

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Desta forma, no quadro teórico de referência foram incorporados os

benefícios da governança corporativa, listados por Rosseti e Andrade (2012):

� Suporta e auxilia o processo de gestão dos controles internos

� Permite acesso às informações de forma direta, clara e objetiva

� Permite criar um conjunto de mecanismos, de incentivos ou

monitoramento, para assegurar alinhamento entre comportamento

dos executivos e interesse dos acionistas

� Suporta a transparência, a prestação de contas, a equidade e a

responsabilidade corporativa

2.2 REFERENCIAL TEÓRICO CONSOLIDADO

A Tabela 2 agrega os benefícios esperados identificados na literatura, em

especial os listados por Shang & Seddon (2000) e complementados pelo

trabalho de Wu et al (2008). Foram incorporados os benefícios financeiros e

também os de governança identificados na seção 2.1, e que julgamos

relevantes ao tema.

Tabela 2 - Benefícios da Implantação de ERPs

GRUPO BENEFÍCIO MELHORAS ESPERADAS

BE

NE

FÍC

IOS

O

PE

RA

CIO

NA

IS

Redução de custos Inventário, custo do trabalho, despesas administrativas em execução das tarefas

Redução do tempo de ciclo em:

Produção, fornecedores, administrativo e serviços ao cliente

Melhora na produtividade em:

Produtos produzidos, clientes atendidos, tarefas executadas

Melhora na qualidade Redução do percentual de erros, redução do retrabalho, precisão e confiabilidade

Melhoria de serviços ao cliente

Facilidade de acesso aos pedidos e satisfação do cliente

BE

NE

FÍC

IO

S

GE

RE

NC

IA

IS

Melhor gerenciamento de recursos

Gestão de ativos, gestão da produção e suprimentos, gestão de estoques e alocação de mão de obra

Melhor tomada de decisão

Decisões estratégicas, operacionais, mercadológicas, individuais/processuais

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Melhor controle de desempenho em todos os níveis

Controle por linhas de negócio, produto, clientes, região ou outros; desempenho de produção; eficiência de funcionamento geral

Governança Corporativa

Controles internos; transparência e agilidade de informações; monitoramento constante; responsabilização

BE

NE

FÍC

IOS

ES

TR

AT

ÉG

ICO

S

Apoiar o plano crescimento do negócio em:

Volume de transações e capacidade de processamento; número de funcionários; novos mercados; resposta ao mercado

Apoiar aliança de negócios por:

Incorporação ou fusão; alianças estratégicas

Construir a inovação empresarial por:

Novas estratégias de mercado; nova cadeia de processo; vantagens competitivas; criação de novos negócios; P&D

Estratégia de liderança de custo

Economias de escala; processos simplificados; serviços compartilhados

Habilitar a estratégia de diferenciação do produto por:

Novas estratégias de mercado e vantagens competitivas; novos negócios; novos processos; pesquisa e desenvolvimento

Permite ligação externa com fornecedores e distribuidores

Aumento da qualidade ou quantidade de fornecedores; alianças de vendas

Permitir a expansão mundial com

Operação mundial centralizada; gestão de recursos globais; capacidade de multi-moeda; penetração no mercado global

Internet – E-Business e Interação com o consumidor

Interação entre empresa e clientes; feedback de clientes; e-market; personalização de produtos ou serviços; informações de pedidos em tempo real

Flexibilidade de negócios

Adaptação ao ambiente; resposta às mudanças internas e externas de forma rápida a custos mais baixos

BE

NE

FÍC

IOS

EM

TI

Alinhamento estratégico de TI

Suportar e influenciar a tomada de decisões estratégicas da organização

Redução de custos de TI

Integração de sistemas legados e consolidação da informação; manutenção; despesas de TI; equipe de TI; arquitetura

Estabilidade da plataforma

Plataforma ágil e padronizada; desempenho e integridade de dados; suporte de manutenção

Flexibilidade da plataforma

Adaptabilidade a tecnologia mais modernas; conectividade com outros dispositivos ou aplicações; configurabilidade

BE

NE

FÍC

IOS

O

RG

AN

IZA

CIO

NA

IS

Suporta mudanças organizacionais de estrutura e processos Facilita a aprendizagem e amplia as habilidades dos funcionários

Percebida em todos os níveis organizacionais; menor tempo de aprendizagem; amplia habilidades dos funcionários

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Melhora o Empowerment

Funcionários mais pró-ativos na resolução de problemas; autonomia; média gerência não executora mas sim planejadora; participação dos funcionários na gestão empresarial; responsabilização

Mudança na cultura organizacional

Comunicação interpessoal eficiente; pensamento interdisciplinar; visão consistente em diferentes níveis; melhora a identidade da corporação; cultiva cultura

Comportamento dos funcionários

Gestão crítica e maior foco no planejamento; concentração nas atividades principais; foco no cliente e no mercado; mudança de foco no back-office para o front-office

Funcionários mais satisfeitos e motivados

Um melhor processo de tomada de decisão; solução de problemas de forma eficiente; melhor serviço prestado; aumento da eficiência

BE

NE

FÍC

IOS

F

INA

NC

EIR

OS

Melhora nos índices de Rentabilidade

Retorno sobre ativos (ROA); retorno sobre vendas (ROS); retorno sobre Investimento (ROI); lucro operacional sobre total de despesas

Melhora nos índices de Giro

Ciclo operacional; ciclo de caixa; margem operacional; prazo médio de estoques - PME ; prazo médio de recebimentos - PMR; estoque sobre ativos; vendas sobre PMR; vendas sobre PME

Fonte: elaboração própria.

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3 METODOLOGIA

A hipótese central desta pesquisa é que o uso de softwares ERPs traz

benefícios às empresas. Com base no referencial teórico adotado, resumido

na Tabela 2, buscou-se identificar se os benefícios ali listados foram

observados, a partir da análise de empresas brasileiras que implantaram

sistemas ERPs de 2008 a 2012. Este estudo é, portanto, uma pesquisa

descritiva que, segundo Cervo e Barvian (1996, p.49), “observa, registra,

analisa e correlaciona fatos ou fenômenos(variáveis) sem manipulá-los”. O

período de implantação ERP foi delimitado de tal forma que ainda se pudessem

colher as impressões dos participantes no processo, e também de modo a que

elas tivessem ocorrido após o momento mais crítico da crise financeira

internacional e da convergência ao padrão contábil IFRS.

A análise foi dividida em duas partes. Para entendimento dos benefícios

operacionais, gerenciais, estratégicos, de TI e organizacionais, optou-se pelo

uso de análise qualitativa, através de estudo de múltiplos casos, onde três

empresas foram analisadas.

Para entendimento dos benefícios financeiros, optou-se pelo uso de

análise quantitativa, com estatística descritiva dos indicadores financeiros de

empresas que implantaram softwares ERP no período, 14 no total, além do uso

de testes estatísticos para identificar a relação entre o uso do software e os

benefícios financeiros esperados.

3.1 ANÁLISE QUALITATIVA

Os objetos de estudo foram três empresas que implantaram o software

ERP de 2008 a 2012 e que se dispuseram a participar da pesquisa, o que

caracteriza um método de amostragem não probabilística por conveniência,

que segundo Gil (2001), possibilita ao autor maior liberdade de escolha dos

casos a serem estudos.

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Para eliminar um possível viés de qualidade do software ou influência de

mercado, optou-se por analisar ao menos uma empresa usuária de cada

software ERP, e em mercados diferentes. Com isto, foram entrevistadas uma

empresa do mercado de energia elétrica, uma empresa do mercado de

construção civil e uma empresa de serviço do mercado financeiro. Para

preservar a confidencialidade das empresas, serão utilizados nomes fantasia, a

saber: Elétrica, Construtora, Financeira.

O instrumento de pesquisa utilizado foram entrevistas em profundidade

realizadas com representantes das empresas que passaram a utilizar um

sistema ERP e que tivessem de algum modo relacionamento direto com o

processo de implantação e uso do software. Estas entrevistas foram baseadas

em roteiro semiestruturado desenvolvido a partir do quadro de benefícios

descrito na Tabela 3, contudo com encorajamento a extrapolarem as questões

delimitadas no roteiro, de modo a permitir-lhes descrever seus pontos de vista

em relação à adoção destes sistemas.

Depois de coletados, os dados foram analisados de maneira

comparativa, com o objetivo de identificar os pontos mais relevantes,

considerando e descrevendo os itens que corroboram ou não a literatura, bem

como as avaliações que coincidem ou não entre as empresas.

3.2 ANÁLISE QUANTITATIVA

O levantamento de dados foi dividido em duas etapas. Primeiro, a

relação das empresas que implantaram softwares ERP a partir de 2008, assim

como a informação sobre o período em que se deu a implantação, foram

obtidos nos sites das empresas TOTVS e SAP, provedoras de ERPs. Não

foram utilizadas nesta análise empresas clientes da empresa Itaú Soluções

Previdenciárias, pois estas são fundos de pensão que não objetivam lucro e

cujos demonstrativos financeiros têm características particulares. Com esta

seleção, foram identificadas 14 quatorze empresas, conforme Tabela 3.

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Tabela 3 – Empresas selecionadas para análise quantitativa

Empresa Ano anterior Ano Posterior ALL 2007 2009 Cia Gas SP 2008 2010 WEG 2008 2010 Braskem 2009 2011 CCR 2009 2011 Cemig 2009 2011 CSN 2009 2011 DHB 2009 2011 Usiminas 2009 2011 alpargatas 2010 2012 Klabin 2010 2012 Light 2010 2012 MRV 2010 2012 Rossi 2010 2012

Fonte: elaboração própria

Os dados financeiros das empresas foram obtidos de base secundária,

Bloomberg, considerando os relatórios financeiros do ano imediatamente

anterior ao início e do ano imediatamente posterior ao fim da implantação do

sistema ERP, nas empresas estudadas. Trata-se, portanto, de um estudo de

eventos que, segundo Campbell, Lo e Mackinley (1997), permite medir o efeito

de um evento específico em determinada empresa.

Apesar da amostra pequena, a análise foi quantitativa, com o uso de

estatística descritiva e testes não-paramétricos de diferenças entre médias

para comparação das situações financeiras posterior e anterior, buscando

identificar a relação entre o uso do software ERP e os benefícios financeiros

esperados.

Também se tentou, por meio de regressões, identificar o impacto do

ERP nos índices financeiros, sendo a variável independente do estudo a

existência ou não de um ERP em operação, definida por uma variável binária

que indica (1) se a empresa já o implantou e (0) caso negativo. O efeito do

ERP foi mediado por algumas variáveis de controle, tais como a variação do

PIB e a variação da taxa de juros, combinada ao nível de alavancagem

financeira. As variáveis dependentes foram índices financeiros, descritos na

seção 3.2.1.

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3.2.1 Índices Financeiros e Variáveis de Controle Utilizados

Os índices financeiros foram selecionados com base em estudos

semelhantes, tendo sido agregados outros que consideramos importantes. Os

relatórios da Bloomberg já disponibilizam estes indicadores calculados. Salvo

quando explicitado de outra forma, as definições a seguir dos índices são

baseadas em Gitman (2010) e coerentes com o cálculo usado pela Bloomberg.

ROA – Return on assets, ou retorno sobre os ativos, equivale a Lucro

Líquido/Ativo Total

“Este índice mostra quanto a empresa obteve de Lucro Líquido em relação ao Ativo. É uma medida do potencial de geração de lucro da parte da empresa. Não é exatamente uma medida de rentabilidade do capital [...], mas uma medida da capacidade da empresa em gerar lucro líquido e assim poder capitalizar-se. É ainda uma medida do desempenho comparativo da empresa ano a ano.” (MATARAZZO, 2003, p. 179).

Ciclo Operacional , CO - Para fins deste estudo, usaremos o que foi

disposto por Brigham e Ehrhardt (2008), que descrevem que o ciclo

operacional (CO) como a soma do prazo médio de estoque (PME) e o prazo

médio de recebimentos (PMR), ou seja, CO = PME + PMR.

Ciclo de Caixa, CC - demonstra o período de tempo em que há saída

de caixa da empresa para pagamento aos fornecedores por insumos ou

mercadorias até o momento em que há o recebimento do cliente pela venda

desse produto industrializado ou comercializado. Equivale a CC = PME + PMR

- PMP, sendo PMP o prazo médio de pagamento a fornecedores.

Margem Operacional, MO - a margem operacional mede a proporção

de cada unidade monetária de receita de vendas em relação ao que

permanece após a dedução de todas as despesas e os custos, não incluindo

juros, impostos e dividendos de ações preferenciais. Em suma, mede a

eficiência operacional da empresa, o quanto de suas receitas líquidas

provenientes de vendas e serviços vieram de suas atividades operacionais.

MO=Lucro Operacional/Receita de Vendas.

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Prazo Médio de Estoques, PME – através do prazo médio de estoques,

identifica-se quanto tempo a mercadoria permanece em estoque desde a

compra até o momento da venda. PME = Estoques/Custo da Mercadoria

Vendida*360 dias.

Prazo Médio de Recebimentos, PMR - indica o tempo médio que a

empresa espera até receber suas vendas a prazo. PMR = Contas a

Receber/Receita de Vendas*360 dias.

Estoque sobre Ativos, ESA – indicador utilizado para medir a

participação do estoque em relação ao total de Ativos da empresa. ESA =

Estoques/Ativo Total.

Lucro Operacional sobre Total de Despesas, LOTD – indicador

utilizado para medir se houve redução percentual dos custos em relação ao

lucro obtido.

Giro do Contas a Receber, GCR – indicador utilizado para medir se

houve melhora do prazo médio de recebimentos em relação ao total das

vendas da empresa. GCR = Receita de Vendas/Contas a Receber

Vendas sobre Prazo Médio de Estoque, VSPME – indicador utilizado

para medir se houve melhora percentual do prazo médio de estoque em

relação ao total das vendas da empresa. VSPME = Receita de Vendas/PME.

Fatores de mercado e fatores econômicos influenciam os resultados das

empresas. Para considerar o impacto destes fatores, este estudo utilizou como

variáveis de controle nas regressões:

Variação do PIB, ΔPIB - obtida no site do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística - IBGE, expressa em percentual.

Variação da Taxa de Juros, TX - obtida no site do Banco Central do

Brasil, em pontos percentuais. O impacto da taxa de juros foi medido em

conjunto com o nível de alavancagem da empresa, isto é, usou-se esta variável

multiplicada pelo índice de alavancagem IEG, detalhado a seguir.

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Índice de Endividamento Geral, IEG– ou alavancagem financeira,

mede a proporção dos ativos totais da empresa financiada por credores.

Quanto maior for este índice, maior será o montante de capital de terceiros,

que vem sendo utilizado para gerar lucros e maior será o impacto dos juros nos

resultados. IEG = ET/AT, onde o ET é o passivo Exigível Total e AT o Ativo

Total.

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 RESULTADOS DA ANÁLISE QUALITATIVA

Esta etapa baseia-se nas entrevistas, buscando verificar as percepções

dos entrevistados sobre os benefícios obtidos, além de identificar possíveis

métricas que tenham sido utilizadas para monitorar e avaliar os resultados do

ERP.

4.1.1 Análise da Empresa Elétrica

A Elétrica é uma empresa aberta do mercado de energia elétrica, com

mais de quatro mil funcionários, atendendo várias cidades na região Sudeste.

Trata-se de empresa de grande porte, com controle acionário misto e nacional.

A entrevista foi realizada com a responsável pelo projeto de implantação

do sistema, que ocorreu em 2011. O motivo principal que levou a empresa

Elétrica a decidir usar um sistema ERP foi que a empresa estava em processo

de venda, tendo sido imposta pelo comprador a implantação do referido

sistema para que houvesse maior controle e acesso às informações gerais da

empresa. O software escolhido foi da empresa SAP, maior provedora de

softwares ERPs no Brasil e líder no segmento de softwares para empresas de

energia.

Benefícios Operacionais

Houve por parte da Empresa Elétrica uma visão bastante positiva sobre os

benefícios operacionais encontrados com o uso de seu sistema ERP.

a) Redução de custos

Houve percepção de redução direta de custos para a empresa Elétrica. No

caso, foram identificados todos os benefícios descritos no quadro de avaliação:

gestão de inventário, custo do trabalho com a redução de pessoal, despesas

administrativas e no custo de execução das tarefas. Segundo a entrevistada,

esta redução de custos estava, inclusive, prevista no caso de negócio da

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empresa para implantação do software e a percepção é de que foi plenamente

atingida.

Em especial houve redução dos custos pela diminuição da mão de obra

(inclusive de terceiros) e pela melhora e automatização dos processos, que

passaram a ser mais rápidos e seguros, quando comparados com o software

anteriorque trazia muito risco e custos.

Foi destacado que, pelo fato do sistema ERP ter processos predefinidos

pouco customizáveis em sua raiz, a empresa preocupou-se com o redesenho

de processos para torná-los mais aderentes ao sistema e nem tanto à forma

como a empresa operava o negócio. Outro ponto importante destacado pela

entrevistada é que este redesenho dos processos olhando para o sistema

trouxe outro benefício ligado a custo: quanto menos customização, mais barata

e ágil a implantação.

O software permitiu o uso de outras tecnologias integradas ao sistema.

Citou o uso de Palmtops no despacho de ordens de serviço, que são

automaticamente disponibilizadas para os setores responsáveis através do

sistema, o que trouxe redução de custos de suprimento e maior rapidez no

processo. Citou como exemplo que hoje até o relógio de luz no cliente é

controlado no sistema de forma centralizada

Em relação à redução de custos na gestão de inventário, transferência,

armazenagem, foi identificada melhora na gestão do estoque. Esta melhora se

deu pela integração em cadeia desde o pedido de compra, à compra, produção

e instalação no cliente. Uma informação relevante é que na época foi realizado

junto com a implantação um novo inventário do estoque.

b) Melhora no tempo ou ciclo de execução

Houve percepção de melhora em todos os itens listados no quadro de

avaliação: no atendimento ao cliente, nas rotinas administrativas, na gestão de

fornecedores e pedidos e na produção. Segundo a entrevistada, o uso do

software permitiu uma total integração das áreas da empresa e uma melhor

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fluidez das informações ao longo do processo. Citou como exemplo que o

atendimento a cliente tem acesso online às informações de pedido, pagamento,

execução e status das solicitações.

Em relação à execução de serviços, mencionou-se novamente a

integração do palmtop com o software ERP. Ela descreveu que existe solução

de controle que monitora os palmtops e sabe em tempo real o que está sendo

executado no atendimento, têm inclusive GPS que monitora onde estão os

técnicos. O software permite também uma melhor distribuição dos serviços,

pois identifica as demandas e posiciona melhor o atendimento.

c) Melhora na produtividade

Também neste item houve percepção positiva. Houve melhora

identificada tanto no atendimento técnico de campo quanto no atendimento de

solicitações de clientes, graças à capacidade do software em permitir melhor

gestão das requisições (chamados).

Cabe destacar uma observação importante feita pela entrevistada: em

primeiro momento, houve uma queda na produtividade dos funcionários de

20%. Segundo avaliação feita pela empresa, esta queda foi gerada por conta

da curva de aprendizagem do software e do novo processo.

d) Melhora na qualidade e em serviços ao cliente

Foi informado que houve melhora na qualidade dos serviços prestados.

Isso foi percebido pela queda nas reclamações e diminuição do retrabalho. Em

relação a este último, a entrevistada mencionou o caso dos cortes por

inadimplência - às vezes não era possível executá-los e era necessário rever

todos os atendimentos e atualizar o sistema ao final do dia. Hoje, quando o

atendimento não é finalizado no sistema é repassado automaticamente para

outro dia.

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Benefícios Gerenciais

Houve por parte da empresa uma visão bastante positiva sobre os

benefícios gerenciais obtidos com o uso de seu sistema ERP.

a) Melhor gerenciamento de recursos

Houve percepção de melhora no gerenciamento dos recursos da

empresa, principalmente ligada a uma melhor disponibilização das

informações. A entrevistada mencionou o uso de um módulo de BI – Business

Inteligence2, que permite acesso em tempo real das informações, desde o

estoque até o atendimento ao cliente, além das informações financeiras.

A entrevistada destacou que a implantação do software trouxe uma

mudança no perfil dos colaboradores da empresa: agora eles precisam ser

menos operacionais e mais analíticos. Houve também melhora no controle da

cadeia de responsabilidades, definindo melhor os papéis de cada um. Houve,

inclusive, preocupação na redefinição dos perfis e papéis de cada parte do

processo, durante o processo de implantação.

Novamente, foi mencionado que o software contribuiu para a redução de

mão de obra, por conta do redesenho e pela melhora e automatização dos

processos, que passaram a ser mais rápidos e seguros.

Foi identificada também melhora na gestão dos recursos, gerada pela

melhora na gestão dos chamados, conforme identificado também nos itens de

melhora de produtividade e melhora nos serviços ao cliente.

Em um dos itens de análise em relação ao gerenciamento de recursos -

gestão do capital intelectual - não houve melhora percebida. Inclusive, a

entrevistada ressaltou que entende não haver qualquer relação entre utilização

dos conhecimentos e o uso de sistemas ERPs, pois credita a gestão de

conhecimento a um processo organizacional, puxado por ações específicas.

2O termo Business Intelligence (BI), pode ser traduzido como Inteligência de negócios e refere-se ao processo de coleta, organização, análise, compartilhamento e monitoramento de informações que oferecem suporte a gestão de negócios.

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b) Melhor tomada de decisão

Em relação a este benefício esperado e seus itens (decisões

estratégicas, decisões operacionais e decisão individual), houve percepção de

melhora após a implantação do software. Novamente, houve menção ao

módulo de BI, o qual possibilita melhor tomada de decisão pelo maior número

de informações claras disponíveis, pelo tempo de resposta (tempo de acesso)

e pela transparência. Como exemplo, mencionou que o software traz em tempo

mais rápido as informacões de lucro x custos. Antes não se sabia de onde

vinham os números que eram apresentados em reuniões e que hoje tudo é

mais claro, acessível e analítico (antes eram fechados o que tornava análise

mais difícil).

Em relação à transparência, foi destacado que antes existiam diversos

controles paralelos, planilhas e arquivos fora do sistema, os quais não se sabia

exatamente como eram gerados. Hoje tudo é retirado do sistema a partir do

módulo de BI ou dos relatórios diversos, e acessível a quem for de direito.

Uma informação relevante descrita pela entrevistada é a identificação de

mudança de postura dos funcionários. Como hoje as informações estão

disponíveis de forma mais rápida e clara, há uma maior preocupação do

indivíduo no controle e principalmente o impacto destas informações. Como

exemplo, citou o processo de provisão para devedores duvidosos. Existe uma

maior preocupação de todos os envolvidos com este assunto e em ter a

informação mais precisa e atualizada possível.

c) Melhor controle de desempenho em todos os níveis das organizações

Em relação a este benefício, onde se busca controle de desempenho

financeiro, monitoramento de desempenho de produção com previsão de

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mudanças e ajustes rápidos e eficiência de funcionamento e gestão, também

houve percepção de melhora.

A entrevistada descreveu que a empresa atende a várias cidades e

regiões e que hoje, através do sistema, é possível efetuar, por exemplo,

análises de informacões regionalizadas, o que permite acões específicas em

cada região. O sistema permitiu criar mapas de informacões para

acompanhamento e controle de desempenho. Antes do sistema isso era muito

difícil, pois as informações não estavam centralizadas, o que fazia com que

cada regional efetuasse seus próprios controles e acompanhamentos.

d) Governança Corporativa

Nas palavras de entrevistada, “houve grandes ganhos em relação à

governança corporativa”, com destaque para controles internos, transparência,

prestação de contas e a responsabilidade corporativa.

Após implantação do ERP, há maior controle devido à integração de

todos os módulos com o sistema financeiro e contábil. Antes havia um

processo de integração entre os sistemas e planilhas utilizadas, mas com

deficiências e morosidade. Hoje, como todos os módulos do ERP são

integrados, há acesso rápido e claro às informações.

Ainda, descreveu que o módulo financeiro tem função específica de

controladoria, que traz vários relatórios especificos para controles. Hoje é

possível identificar uma diferença no total e navegar até o detalhe do

lançamento.

Sobre controle de riscos - riscos em processos - foi criado um perfil de

acesso ao sistema que permite a quem de direito obter informações específicas

sobre atividades de risco. Importante destacar que há a responsabilidade do

acompanhamento destes itens pelas áreas de negócio, de acordo com o perfil

configurado para cada uma delas. Outro destaque é a determinação de níveis

de alçada no sistema. Através de fluxogramas, foram implantados, por

exemplo, níveis de aprovação.

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Não houve menção direta em relação à melhora para o alinhamento

entre comportamento dos executivos e o interesse dos acionistas (conflitos de

agência). Quando perguntada sobre este ponto, a entrevistada demonstrou

percepção positiva em relação aos ganhos, mas não apresentou exemplos.

Benefícios Estratégicos

Em relação aos benefícios estratégicos, houve percepção positiva em

vários dos itens, com exceção ao item “construir a inovação empresarial”.

a) Apoiar o plano atual e futuro de crescimento do negócio

Segundo a entrevistada, a implantação de um sistema ERP suporta sim

o crescimento dos negócios, principalmente em relação ao crescimento em

volume de transações e à capacidade de processamento, puxado pela maior

organização, controle e possibilidade de acompanhamento dos processos

obtidos com o uso do sistema.

O crescimento dos negócios com novos produtos ou serviços

comerciais, novas divisões ou novas funções em diferentes regiões, não pode

ser verificado, pois a empresa atua a partir de uma concessão, com produto,

escopo e área pré-determinados, não havendo, portanto, concorrência.

b) Apoiar alianças de negócios

A entrevistada informou que a Elétrica foi incorporada recentemente por

outra grande empresa do mesmo mercado e que existe um projeto de aliança

entre as empresas. Como este processo ainda está em andamento, não seria

possível avaliar com segurança se este benefício foi identificado, contudo, a

percepção até então era bastante positiva. Sua avaliação é de que este

processo de integração só será possível pelo uso do sistema ERP e pela

consequente padronização das práticas de negócio.

c) Construir a inovação empresarial

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Em relação a este benefício, onde esperava-se identificar melhoras

ligadas a novas estratégias de mercado, cadeias de processo, vantagens

competitivas no mercado, criação de novos negócios e melhora no processo e

gerenciamento de P&D, houve a primeira percepção negativa.

Segundo a entrevistada, a implantação de um ERP gera uma limitação

na inovação empresarial, na medida em que obriga a empresa a pensar de

forma única sob a perspectiva dos processos implantados pelo sistema. Ainda,

em sua opinião, limita o processo criativo dos colaboradores devido ao mesmo

ter escopos de trabalho bem definidos e burocratizados. Para ela, a

burocratização do sistema limita a inovação, a criatividade do indivíduo.

d) Estratégia de liderança de custo através da realização de economias de

escala por meio de processos simplificados ou serviços compartilhados

Destacando novamente que a empresa Elétrica atua a partir de uma

concessão, onde é pré-determinada a área de atuação e não há concorrência,

a única estratégia seguida é a eficiência operacional, com foco na simplificação

de processos e melhora dos serviços. Destacou-se que quanto mais eficiente,

melhor será a sua lucratividade, principalmente pelo fato da tarifa elétrica ser

regulada pela Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel. Este foi um dos

principais motivos da escolha da implantação do ERP e este é um dos

principais benefícios verificados após a implantação. Destacou-se ainda que

houve crescimento no faturamento da empresa, ligado a esta melhora da

qualidade do processo e consequente eficiência, o que está diretamente ligado

à redução de custos.

e) Habilitar a estratégia de diferenciação do produto

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No caso da Elétrica, não foi possível verificar este benefício, pois têm um

único produto oferecido ao mercado através de contrato público de concessão:

energia elétrica.

f) Permite ligação externa com fornecedores e distribuidores

Em relação a este benefício, houve percepção de melhora,

principalmente ligada à melhora de qualidade, seja nos processos ou no

relacionamento.

Como exemplo, a entrevistada citou uma integração realizada com

alguns fornecedores onde, após faturamento, o fornecedor envia as

informações em arquivo XML3, para carga no sistema ERP. Este arquivo é

carregado no sistema e validado com o pedido de compra lançado

anteriormente. Estando correto, é enviada eletronicamente ao depósito, o qual

fica responsável pelo recebimento da mercadoria. Ao recebê-la, o sistema

verifica se todos os itens solicitados foram entregues. Estando tudo correto, a

baixa do pedido é feita automaticamente e todos os lançamentos

complementares, como o pagamento da fatura, são realizados pelo sistema.

Uma informação relevante é que a entrevistada credita o sucesso desta

integração com fornecedores ao envolvimento de todos os fornecedores da

empresa Energia durante a implantação do sistema.

Ainda, houve melhora na comunicação e relacionamento com os

fornecedores, pois antes o erro só era detectado quando o produto estava "na

porta" da empresa. Hoje, as divergências são identificadas muito mais

rapidamente e de forma eletrônica, o que também gera rápido acionamento dos

fornecedores e agilidade na resolução do problema.

g) Permitir a expansão mundial

3XML, do inglês eXtensibleMarkupLanguage, é uma linguagem de marcação recomendada pela W3C para a criação de documentos com dados organizados hierarquicamente, tais como textos, banco de dados ou desenhos vetoriais.

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No caso da Empresa Elétrica, não foi possível verificar este benefício,

uma vez que a empresa atua somente no mercado nacional.

h) Internet, permitir o E-Business e a Interação com o consumidor

Houve especial destaque para dois itens: melhor interação entre

empresa e clientes nos serviços prestados e fornecimento em tempo real de

dados e solicitações de clientes.

Hoje há interação entre as solicitações dos clientes e o portal WEB da

empresa e existem serviços que podem ser solicitados e acompanhados via

WEB. A conta mensal pode ser enviada via email – chamada de conta verde.

Isso é possível pela interação direta entre a página WEB e os módulos do

sistema, que permite, por exemplo, alteração de cadastro, solicitação de

segunda via de fatura e solicitação de religação de energia em caso de corte.

Quando questionada sobre outro item, a melhora da concepção do

produto através do feedback direto do cliente, houve uma negativa da

entrevistada em relação à obtenção de benefícios. Segundo ela, o software por

si só não traz este benefício. Ela entende que depende muito mais da empresa

ter esta postura, com ações específicas para obter estas informações junto aos

clientes.

i) Maior flexibilidade de negócios por resposta às mudanças internas e

externas de forma rápida a custos mais baixos e proporcionar gama de

opções em reagir às exigências de mudança.

Este benefício foi percebido e hoje a empresa tem maior capacidade de

adaptação ao ambiente. Citou como exemplo as mudanças de legislação. É

previsto em contrato com o fornecedor a disponibilização de soluções

sistêmicas em relação a mudanças de legislação.

Benefícios em TI

Houve alguns benefícios não identificados, principalmente aqueles

ligados a custos.

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a) Melhor planejamento estratégico de TI

Segundo a entrevistada este não foi um benefício percebido após a

implantação do sistema ERP. Ainda, não entende que o software possa ser um

facilitador e sim, na verdade, uma parte de um processo maior. Entende que o

planejamento estratégico de TI é algo maior e independente de um sistema ou

processo.

b) Redução de custos de TI

Em linhas gerais, houve reconhecimento de benefícios de redução de

custos de TI sobre despesa de mão de obra para o desenvolvimento do

sistema, integração de sistemas legados com a consequente consolidação da

informação e projeto de arquitetura do sistema, mas não houve

reconhecimento de melhora em outros itens esperados, a saber: projeto de

arquitetura do sistema e desenvolvimento e consolidação da informação.

O custo geral de terceiros diminuiu, pois a empresa trabalhava com

vários sistemas diversos com equipe terceirizada para manutenção e

desenvolvimento, os quais foram integralmente substituídos pelo sistema ERP,

o que também gerou impacto positivo nos custos ligados à integração e

consolidação da informação.

Por outro lado, outros benefícios esperados não foram identificados. Ao

contrário, há a percepção de aumento de custos de licencas, treinamento,

manutenção de sistema e infraestrutura. Em relação a esta última, houve

aumento inicial de custos devido aos investimentos em máquinas e servidores

necessários para implantação, mas espera-se a diluição deste custo inicial ao

longo dos anos.

Foi destacado pela entrevistada que, no geral, considerando as

reduções e os aumentos, houve um equilíbrio nos custos gerais de TI. Quando

questionada em relação a uma possível surpresa da empresa em relação a

esta não redução de despesas, a entrevistada expôs informação relevante:

durante o processo decisório para escolha da melhor solução ERP, o item

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custo foi considerado, contudo, já havia a expectativa de não obter ganhos ou

até de ter aumento de custos gerais de TI.

c) Estabilidade da plataforma de TI

Em relação a este benefício, os itens plataforma global com

conhecimento global centralizado e suporte de manutenção global, não

puderam ser analisados, pois, como já destacado, a empresa é nacional e tem

atuação regional.

Os itens plataforma ágil e padronizada e desempenho e integridade de

dados tiveram um destaque positivo. Segundo a entrevistada, na solução

anterior, havia menos disponibilidade sistêmica devido a alguns problemas,

mas principalmente pela morosidade trazida pelos diversos processamentos de

integração entre os diversos sistemas existentes. Hoje há disponibilidade de

24x7, mesmo em períodos de processamento. Ainda, destacou que os

processamentos em batch4 são bem mais rápidos e são agendados para rodar

de madrugada, não gerando assim, concorrência com processos normais do

sistema.

d) Flexibilidade da plataforma de TI - suporte para as mudanças de negócio

atuais e futuras

Em relação à flexibilidade da plataforma, todos os benefícios esperados

foram identificados - adaptabilidade a tecnologia mais modernas, possibilidade

de integração com outras aplicações internas ou de terceiros e abertura para

personalização e configurabilidade dos processos do sistema - com um ponto

de atenção relevante: o limite do que pode ser customizado no sistema para

atender às necessidades dos processos da empresa.

Sobre integração com outras aplicações, durante a entrevista houve

destaque para algumas ações positivas suportadas pelo sistema, como a

4Oprocessamento Batch é um modo de execução que não tem interação com o usuário, com

instruções ou programas enfileirados e executados através de um estímulo previamente agendado.

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integração com o portal WEB da empresa, onde são realizadas solicitações dos

clientes e a integração com dispositivos Palmtops utilizados no despachode

ordens de serviço.

Já sobre abertura para personalização e configurabilidade dos

processos do sistema, para que a implantação fosse mais rápida e efetiva,

além de toda a preocupação citada anteriormente em relação ao redesenho

dos processos da empresa de acordo com o sistema, a empresa tomou como

estratégia a implantação do sistema de forma standard, com o mínimo de

customizações necessárias. Na visão da entrevistada esta estratégia foi

bastante assertiva, pois culminou em um processo mais transparente de

implantação.

Uma vez implantado o sistema, iniciaram-se as customizações, feitas

inclusive por equipe própria, pois a solução ERP implantada permite que

customizações de certa complexidade limite sejam efetuadas sem a

necessidade de acompanhamento ou execução do fornecedor. Contudo, é

relevante destacar que existem regras e processos principais do sistema que

não podem ser customizados. Ainda, customizações mais complexas devem

ser feitas pelo fornecedor, geralmente com custos mais altos.

Benefícios Organizacionais

a) Suporta mudanças organizacionais de estrutura e processos

Como descrito ao longo da entrevista, a empresa tomou como estratégia

conjunta à implantação do sistema ERP a reorganização de seus processos,

visando otimização e também adequação à forma de processamento do

sistema, para que a implantação ocorresse da melhor forma possível. Neste

caso o software foi o motivo gerador da mudança, mas segundo a entrevistada,

isso permitiu à empresa ter hoje processos mais consistentes e uma cadeia de

operações mais simples. Ainda, destacou que novos processos de mudança,

desde que simples como, por exemplo, a abertura de uma filial, são feitos hoje

com relativa tranquilidade.

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b) Facilita a aprendizagem de negócios e amplia as habilidades dos

funcionários

Este benefício esperado não foi diretamente identificado, pois na sua

visão não houve diferenças no aprendizado dos funcionários em relação ao

negócio, e sim, houve melhora no processo de aprendizado da operação, que

tornou-se mais amigável e simples, pois os com o ERP, os processos são pré-

definidos e a sequência e o fluxo de trabalho são controlados pelo sistema.

Uma informação relevante é que a implantação do sistema ERP trouxe

uma consequente diminuição na necessidade de pensar do funcionário em

relação à execução de um processo. Entende-se que isso trouxe como

benefício uma mudanca de foco, onde o funcionário deixa de se preocupar com

os passos do processo e torna-se mais analítico das respostas e no

entendimento dos números – mudança de perfil de operador para analista.

Neste sentido, os três benefícios esperados foram identificados por ela:

melhora percebida em todos os níveis organizacionais, com encurtamento do

tempo de aprendizagem e ampliação das habilidades dos funcionários.

c) Melhora o Empowerment (delegação de poder)

Foram identificadas melhoras em: maior valor agregado na prestação de

contas, responsabilização, média gerência menos executora e mais

planejadora.

Sobre a responsabilização, houve destaque para a transparência e

facilidade de acesso às informações e números, que ajudam a localizar os

erros e identificar os responsáveis, o que, em conjunto com a mudança do

perfil dos funcionários para uma visão mais analítica, trouxe como benefício

uma maior preocupação em toda a empresa em relação à qualidade dos

processos, bem como uma facilidade em relação à responsabilização.

Houve mudança também no perfil da média gerência, agora mais

planejadora, pois deixou de se preocupar em demasia com o operacional e

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passou a ter mais foco no pensar, na análise de resultados da área, usando as

ferramentas dadas pelo sistema, como o já citado módulo e BI e os relatórios

disponíveis.

Em relação a ter funcionários mais proativos na resolução de problemas

e ter maior participação dos funcionários na gestão empresarial, estes

benefícios, apesar de não terem sido destacados neste momento, já haviam

sido detectado ao longo da entrevista, quando foi mencionado pela

entrevistada a mudança de perfil dos funcionários, que agora são mais

analíticos e menos operacionais, bem como mais preocupados com os

números, informações geradas e o impacto disso, ao longo do processo da

empresa.

Já em relação à implantação do software ter trazido como benefício uma

forma de trabalho mais autônoma, a entrevistada destacou não ter identificado

nenhuma melhora, ao contrário, entende que se existe maior controle e alçadas

de forma que o sistema não permite seguir sem autorização, ou seguir de uma

forma diferente daquela que foi configurada no sistema, entende que, na

verdade, o software diminuiu a autonomia do funcionário na execução e suas

tarefas. No entanto, note-se que isso agrega benefícios de governança.

d) Mudança na cultura organizacional

Todos os itens de melhora esperados foram encontrados, exceto a

comunicação interpessoal eficiente.

De acordo com a entrevistada, houve uma mudança na empresa para

uma cultura de resultado. Esta mudança foi puxada pelo fato da empresa ter

sido privatizada, mas acredita que foi suportada pelo software ERP, pois o

mesmo permite que todos os funcionários não se preocupem somente com

suas operações, mas também com o impacto de suas ações e o resultado

disso para a empresa, o que caracteriza melhora nos itens: pensamento

interdisciplinar, visão consistente em diferentes níveis de organização,

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identidade da corporação e, consequentemente, o cultivo da cultura

organizacional.

e) Comportamento dos funcionários mudou com aumento do foco

Em linhas gerais, este benefício foi percebido, inclusive bastante

destacado e citado ao longo da entrevista, quando foi mencionada a mudança

do perfil do colaborador para um perfil mais analítico, o fato dos gestores terem

deixado de se preocupar com a operação e se preocupar mais com a gestão.

Ainda, foi colocado pela entrevistada que em relação ao item foco no

cliente e mercado, houve sim uma mudança para uma maior preocupação com

os serviços prestados aos clientes, também gerado do processo de

privatização, mas suportado pelo software ERP.

f) Funcionários mais satisfeitos e motivados

A entrevistada descreveu que hoje os funcionários estão mais satisfeitos

e motivados do que antes, contudo, entende que esta melhora não foi gerada

diretamente pelo software.

Em suma, o software não foi o responsável por gerar uma maior

satisfação e motivação nos funcionários. O que ocorreu foi um processo

descrito por ela como seleção natural, pois o processo de privatização e o

processo de implantação do software gerou a necessidade de perfis diferentes

de funcionários. Com isso, houve um processo de seleção dos funcionários

mais aderentes e o desligamento daqueles que não estivessem enquadrados

às novas perspectivas da empresa.

É relevante que houve uma certa movimentação de desligamentos e

contratações no período de implantação do software, entre 2010 e 2011,

inclusive em relação a gestores, que agora devem estar mais ligados à

estratégia da empresa de centralização de processos, redução de despesas e

retrabalhos.

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4.1.2 Análise da Empresa Construtora

A Construtora é empresa familiar de capital fechado que opera no

mercado de incorporação imobiliária, tem aproximadamente mil funcionários e

maior atuação na região Sudeste.

A entrevista foi realizada com o gerente geral de TI, também

responsável pelo projeto de implantação do sistema que ocorreu entre 2007 e

2008. O motivo principal que levou a empresa Construtora a decidir usar um

sistema ERP foi a necessidade da empresa em ter maior controle gerencial,

redução de custos e acesso às informações gerais da empresa. O software

escolhido foi da empresa TOTVS, um dos maiores provedores de softwares

ERPs no Brasil.

Benefícios Operacionais

Houve por parte da Empresa Construtora uma percepção de melhora

somente nos itens ligados à redução de custos e melhora na produtividade de

processos administrativos. Não houve percepção de melhora na operação das

obras, uma vez que trata-se de trabalho ainda bastante manual e artesanal.

a) Redução de custos

Houve percepção de redução direta de custos administrativos. Foram

identificados os benefícios de todos os itens descritos no quadro de avaliação:

gestão de inventário, custo do trabalho com a redução de pessoal, despesas

administrativas e no custo de execução das tarefas. Citou como exemplo

melhoras significativas nos processos de folha de pagamento, processo de

conciliação bancária, processo de pagamentos de fornecedores e processo de

suprimentos.

Apesar de entender que houve redução nos custos nos itens descritos,

em relação ao custo de execução das tarefas, entende não haver grandes

ganhos, uma vez que houve redução na execução da tarefa propriamente dita,

mas criaram-se vários controles internos que não existiam, o que gerou um

pequeno aumento da carga de trabalho, ou seja, outros custos da execução

das tarefas até então inexistentes.

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b) Melhora no tempo ou ciclo de execução

Houve percepção de melhora em todos os itens esperados, contudo,

quando indagado a especificar os itens e citar alguns exemplos, limitou-se a

dizer que não imagina a operação de sua empresa hoje sem o software

integrando todas as áreas, citou que havia outro sistema antes do ERP

implantado e que a melhora foi muito grande, principalmente na questão do

ciclo de operação, pois, além de obsoleto, não havia confiança no sistema

anterior.

c) Melhora na produtividade

Houve melhora no processo produtivo, mas pelo aceleramento da cadeia

de fornecimento de materiais para as obras e também pela integração dos

processos entre as áreas. Na Construtora, não foi possível identificar a melhora

na produtividade do funcionário de obra, pelo fato do trabalho de construção

civil ainda ser muito artesanal. Com isso o ERP pouco influência a

produtividade do produto final da empresa.

d) Melhora na qualidade

Houve reconhecimento de melhora em todos os itens esperados -

redução do percentual de erros, redução do retrabalho ou duplicidade de

tarefas e precisão e confiabilidade nos produtos ou serviços, contudo, nos

processos administrativos, destacando que a qualidade no processo produtivo

da empresa Construtora é pouco afetada pela implantação do sistema ERP,

devido ao caráter manual e quase artesanal, citado anteriormente.

Segundo o entrevistado, esta melhora na qualidade é ocasionada nos

processos administrativos onde o sistema é preparado para blindar possíveis

erros humanos, além de realizar automaticamente algumas tarefas antes

executadas manualmente.

e) Melhora de serviços ao cliente

Também houve percepção de melhora, tanto no item facilidade de

acesso a dados e pedidos de clientes, quanto no item melhora da satisfação do

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consumidor para o produto ou serviço. Esta última, em especial, não por

qualquer mudança no processo produtivo, mas pela melhor qualidade no

atendimento prestado.

Segundo o entrevistado o sistema de relacionamento com o cliente -

CRM faz parte do conjunto de módulos da solução ERP implantada. Todo o

atendimento ao cliente é registrado, existindo um fluxo pré-estabelecido para

cada tipo de atendimento, o que permite atender e responder com mais rapidez

e qualidade às solicitações efetuadas pelos clientes. Ainda, o módulo CRM

permite à empresa mensurar o nível de satisfação dos clientes.

Benefícios Gerenciais

Houve por parte da empresa uma visão bastante positiva sobre os

benefícios gerenciais encontrados com o uso de seu sistema ERP, contudo

não foi possível extrair maiores detalhes.

a) Melhor gerenciamento de recursos

Houve percepção de melhora no gerenciamento dos recursos da

empresa. Para o entrevistado, como a empresa funciona basicamente

orientada por projetos, o sistema ERP proporciona ferramentas – consultas e

relatórios - onde os engenheiros sabem o que, quando e quanto comprar de

determinados insumos, além de contratar serviços específicos e até contratar

pessoas, o que caracteriza uma melhor gestão de ativos e estoques, gestão da

produção e força de trabalho.

b) Melhor tomada de decisão

Houve percepção de melhora em relação a este benefício esperado e

seus itens - decisões estratégicas, decisões operacionais e decisão individual.

Foi destacado que, a partir de relatórios e consultas específicas, a

empresa agora consegue buscar de forma fácil e ágil qualquer informação que

auxilia a tomada de decisão, seja ela geral ou individual. Descreveu, contudo,

que o ERP implantado tem módulo de BI que disponibiliza painéis, cubos,

gráficos, mas que não satisfaz plenamente a necessidade da empresa e que,

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por este motivo, estão contratando um software de terceiro que será integrado

ao ERP.

c) Melhor controle de desempenho em todos os níveis das organizações

Em relação a este benefício, também houve percepção de melhora em

todos os itens: controle de desempenho financeiro, monitoramento de

desempenho de produção com previsão de mudanças e ajustes rápidos e

eficiência de funcionamento e gestão.

Segundo ele, houve melhora mais significativa na eficiência de

funcionamento geral e gestão eficiente, pois o sistema possui regras

parametrizadas que impedem qualquer operação em não-conformidade em

relação ao processo definido e parametrizado no sistema.

d) Governança Corporativa

Houve melhoras no processo de Governança Corporativa da empresa

Construtora. Foi ressaltado que o sistema permite criar relatórios, painéis de

controle – chamados de Cockpit, além de tabelas dinâmicas onde é possível

extrair a informação desejada, como por exemplo, quanto dinheiro entrou no

caixa o dia anterior, quanto a empresa vendeu no mês, qual o estoque atual,

entre outros. Quando questionado em relação a se houve melhora na

transparência nos números gerados para a direção bem como para os

conselhos, informou que sim, destacando que antes a empresa não fazia

mensalmente os demonstrativos de resultados do exercício – DRE - e que não

tinham orçamento nem acompanhamento. Agora a empresa e os conselhos

têm estas informações acessíveis de forma rápida, clara e transparente.

Benefícios Estratégicos

a) Apoiar o plano atual e futuro de crescimento do negócio

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Houve percepção positiva em relação à obtenção deste benefício, com

destaque em relação à maior organização.

Informação relevante refere-se ao que o entrevistado chamou de

escalabilidade. Segundo o mesmo, o ERP deve possuir escalabilidade no

sentido de comportar tanto o crescimento como a redução do negócio em

momentos de crise, por exemplo.

Em relação ao crescimento dos negócios em novos mercados, entende-

se que este benefício não se aplica à empresa Construtora.

b) Apoiar alianças de negócios

No caso da empresa Construtora, não foi possível verificar este

benefício, uma vez que a empresa não mantém alianças com outras empresas.

c) Construir a inovação empresarial

Na visão do entrevistado, com as informações no ERP é possível

desenhar melhor novos produtos aos seus clientes. Quando questionado se

haveria melhora também no produto principal da empresa – o imóvel - e de que

forma, informou que é possível cruzar informações de pedidos, reclamações,

custos e receitas no banco de dados e transformar estas informações em

imóveis melhor construídos e mais próximos ao que o mercado solicita.

d) Estratégia de liderança de custo através da realização de economias de

escala por meio de processos simplificados ou serviços compartilhados

Houve também Percepção de melhora neste item. Foram mencionadas

duas ferramentas que permitem à empresa economias de escala: central de

compras serviços compartilhados.

Em relação à central de compras, especificou que cada obra é uma

empresa diferente, e que quando tratadas individualmente não possibilitam

ganhos de escala. O software permite agrupar as demandas de compras de

todas as obras e, com isso, ter maior poder de negociação com fornecedores.

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Já nos serviços compartilhados as equipes de folha de pagamento, de

contabilidade, de orçamento e de suprimentos entre outras atendem todas as

empresas do grupo. Esse modelo garante economia de escala nas operações

realizadas em diversas localizações além de permitir o melhor controle de

nossos processos.

e) Habilitar a estratégia de diferenciação do produto

No caso da empresa Construtora, não foi possível verificar este

benefício. Mas a percepção do entrevistado é que esta é uma dificuldade da

empresa e do tipo do negócio e não uma deficiência do software ERP. Entende

que o software permite fornecer produto ou serviços personalizados, mas que a

empresa trata os clientes de forma igual.

f) Permite ligação externa com fornecedores e distribuidores

Em relação a este benefício, também houve percepção de melhora,

principalmente em relação aos itens esperados: qualidade e número de

relacionamentos com fornecedores. Foi destacada a existência de duas

ferramentas que proporcionam isso: Portal do Fornecedor e Cotação WEB. No

portal do Fornecedor é permitido ao fornecedor consultar suas informações

sobre pagamentos e informações sobre ordens de compra como quantidade já

entregue, saldo e notas fiscais.

Na Cotação Web o sistema dispara um e-mail para os fornecedores que

participarão de uma determinada cotação e cada fornecedor cadastra seu

preço através de formulário eletrônico. Após o término do período de vigência

da cotação, o valor mais baixo ganha a concorrência automaticamente.

g) Permitir a expansão mundial

No caso da empresa Construtora, não foi possível verificar este

benefício, uma vez que a empresa atua somente no mercado nacional.

h) Internet, permitir o E-Business e a Interação com o consumidor

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Neste benefício, foram identificadas melhoras na interação entre

empresa e clientes nos serviços prestados e fornecer em tempo real consultas

de dados e solicitações de clientes. Foi informado que foi implantado junto com

o ERP um Website chamado Portal do Cliente, onde é possível consultar a

atual situação financeira, reemitir boletos bancários, atualizar dados cadastrais,

dentre outros serviços.

Já melhoras na concepção do produto através de feedback direto do

cliente e prestar um serviço ou fabricar um produto personalizado, não foram

identificadas, ressaltando novamente o que foi citado pelo entrevistado ao

longo da entrevista: entende que o software permite fornecer produto ou

serviços personalizados, mas que por questões de processo a empresa trata

os clientes de forma igual.

Em relação ao item expansão para novos e-Market, não se aplica à

empresa visto que a mesma não faz qualquer comercialização direta via Web,

apesar de seu portal permitir a busca de imóveis e o contato com a área

comercial.

i) Maior flexibilidade de negócios por resposta às mudanças internas e

externas de forma rápida a custos mais baixos e proporcionar gama de

opções em reagir às exigências de mudança.

Houve percepção positiva, sendo destacado que o sistema ERP se

adapta/adaptou ao processo da empresa. Foram descritos alguns exemplos de

mudança com suporte do sistema, como o processo de aprovação de compra

de insumos, que antes precisava apenas da autorização de um gerente e

agora, pelo gerente da obra e o gerente geral.

Outro exemplo citado foi em relação à resposta a mudanças de

legislação. Houve uma mudança de regra na Declaração do Imposto da Renda

Retido na Fonte – DIRF, no que diz respeito ao plano de saúde dos

dependentes dos funcionários. O sistema foi rapidamente alterado para atender

esse novo requisito. Outro exemplo dado foi em relação ao SPED Fiscal e

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Contábil, onde também houve rápida resposta na implantação das regras no

sistema.

Benefícios em TI

Em relação aos benefícios em TI, a maioria dos benefícios esperados

foram identificados pela empresa Construtora, com especial destaque àqueles

ligados a custos.

a) Melhor planejamento estratégico de TI

Houve percepção positiva. Segundo o entrevistado, com os dados

armazenados nos nossos Bancos de Dados pode-se construir relatórios que

ajudam a definir o Plano Estratégico da TI. Quando questionado de que forma

isso era feito, limitou-se a dizer que com as informações do ERP é possível

prever a necessidade de recursos, planejar as aquisições, definir novos

processos e procedimentos, entre outros.

b) Redução de custos de TI

Entende-se que a implantação do software ERP trouxe redução de

custos gerais de TI à empresa Construtora, mas com foco diferente daqueles

esperados neste item: o olhar sobre o alto custo anterior e não a um possível

menor custo após a implantação do sistema. Segundo ele, desenvolver o

próprio sistema e manter toda uma estrutura de TI para manutenção é algo

oneroso e de muita responsabilidade e entende que ter uma empresa terceira e

um software terceiro é a melhor forma de reduzir custo e também transferir

riscos. Foi destacado que o custo mensal do ERP fica aproximadamente R$

50.000,00 e que a empresa investiu em TI no ano de 2013 1,5% de seu

faturamento, incluindo a aquisição de CPUs, servidores e outros softwares e a

própria manutenção do ERP.

c) Estabilidade da plataforma de TI

Houve percepção de melhora principalmente na integridade das

informações, com destaque para as informações financeiras e contábeis.

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d) Flexibilidade da plataforma de TI - suporte para as mudanças de negócio

atuais e futuras

De acordo com o entrevistado o sistema é parametrizável de modo a ser

aderente ao processo da empresa. Normalmente há em conjunto com a

implantação um redesenho de processos na empresa e foi questionado se isso

ocorreu no caso da empresa Construtora. Ele descreveu que na sua visão isso

“ocorreu, ocorre e sempre ocorrerá”. Para ele o ERP deve ser vivo e dar

respostas rápidas às mudanças de processos, caso contrário, acaba

desatualizado e não aderente às mudanças que a empresa precisa fazer para

estar alinhada ao seu mercado.

Benefícios Organizacionais

a) Suporta mudanças organizacionais de estrutura e processos

O software suporta processos de mudança organizacional; um exemplo

recente, onde houve mudanças na Diretoria Executiva, demandou alterações

de processos e procedimentos e o ERP suportou a contento esta mudança.

Foi questionado se este suporte existia também para processos

menores de mudança e se isso era simples de ser feito. A resposta foi positiva,

mas foi destacado que como o sistema é integrado, devem-se analisar os

impactos dessa mudança nas diversas áreas da empresa e não somente no

processo a ser mudado. Ainda, é necessário capacitar as pessoas antes de

fazê-lo.

Questionado sobre de que forma são feitas estas customizações, se por

equipe própria ou equipe do fornecedor, informou que as customizações e

manutenções podem ser feitas tanto internamente quanto por terceiros, sejam

eles ou não do fornecedor.

b) Facilita a aprendizagem de negócios e amplia as habilidades dos

funcionários

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Sim, pois considera que o ERP possui documentação e manual de

operação online (e-learning) o que facilita o aprendizado de como operar o

sistema.

c) Melhora o Empowerment (delegação de poder)

Segundo o entrevistado, “não só melhora como define

responsabilidades”. Existe no sistema definição de papéis como: responsável

pelos almoxarifados nas obras, responsáveis pelas entradas de notas fiscais e

responsáveis por aquisições entre outros, e que de acordo com o perfil

estabelecido no sistema o empregado fica restrito às atividades de sua

responsabilidade, mas com alçadas definidas, de acordo com o fluxo definido

no sistema.

d) Comportamento dos funcionários mudou com aumento do foco

Esta mudança foi percebida, principamente em relação aos processos

da empresa, pois hoje os funcionários percebem melhor como sua atividade

impacta na atividade de outro e que, portanto, preocupam-se em executar sua

atividade da melhor forma possível, o que remete ao item esperado: mais

concentração nas atividades principais.

e) Mudança na cultura organizacional

Houve uma visão de melhora no que diz respeito à cultura

organizacional. A percepção é que a implantação do software trouxe aos

funcionários e consequentemente à empresa uma identidade única voltada aos

processos da empresa e não uma identidade de cada setor. Segundo o

entrevistado, isto ocorreu pois “os empregados vivem o ERP dentro da

empresa”.

f) Funcionários mais satisfeitos e motivados

Não houve reconhecimento de melhora em relação a este item, pois

segundo o entrevistado, o ganho de produtivade que o sistema proporciona

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logo é aplicado em redução do quadro de empregados e com isso, qualquer

problema no sistema gera sobrecarga de trabalho.

4.1.3 Análise da Empresa Financeira

A Financeira é empresa do setor financeiro, mais especificamente do

setor previdenciário e é responsável pela gestão dos planos de benefícios

previdenciários dos funcionários de uma grande empresa de bens de consumo

no Brasil, de capital aberto e controle nacional. A empresa tem vinte

funcionários e sede na região Sul.

Nesta empresa, a entrevista foi realizada com o coordenador de

benefícios previdenciários, que participou ativamente no projeto de implantação

do sistema, que ocorreu em 2012. O motivo principal que levou a empresa a

decidir usar um sistema ERP foi a mudança no seu modelo de operacional,

saindo de um modelo terceirizado para um modelo de operação centralizada na

empresa. Esta mudança trouxe a necessidade de ter um software que

permitisse, além de controle gerencial, acesso fácil às informações gerais da

empresa e um fluxo de trabalho pré-definido que ajudasse a empresa neste

processo de mudança. O software escolhido foi da empresa Itaú Soluções

Previdenciárias, maior provedora de softwares do segmento de gestão

previdenciária no Brasil.

Benefícios Operacionais

Houve por parte da Financeira uma visão bastante positiva sobre os

benefícios operacionais encontrados com o uso de seu sistema ERP, mas

diferentemente das anteriores, não identificou redução e custos.

a) Redução de custos

Não houve percepção de redução direta de custos para a Financeira.

Primeiramente, não foi possível identificar melhora em custos na gestão de

inventário, por não se aplicar ao modelo de negócio da Financeira.

Em relação à redução de despesas administrativas com papéis ou

suprimentos e redução do custo de execução das tarefas, não houve

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percepção de melhora nem piora, ou seja, o software não teve qualquer

influência sobre estes custos.

Em relação à redução do custo do trabalho, ao contrário do que se

esperava, houve percepção de piora. A redução do custo de mão de obra era

sim esperada, mas não foi identificada após a implantação e isso pode ser

explicado pelo fato de terem anteriormente à implantação do sistema ERP um

modelo com terceirização de algumas operações da empresa. A implantação

do ERP e a consequente mudança para um modelo centralizado de operação,

trouxe a necessidade de contratação de funcionários para operar o sistema, o

que tornou o custo maior que o do modelo de terceirização anterior.

b) Melhora no tempo ou ciclo de execução

Houve percepção de melhora em relação ao tempo de atendimento ao

cliente e em relação ao tempo de execução das tarefas administrativas,

principalmente em relação ao processo de folha de pagamento de aposentados

e pensionistas, que no caso de uma empresa previdenciária, é um dos

principais produtos oferecidos aos seus clientes o que, por conseqüência,

também evidencia melhora no tempo de execução dos serviços aos clientes.

Mais especificamente, destacou o entrevistado que houve

principalmente ganhos de eficiência, com a maior automação dos processos e

diminuição dos tempos e passos de cada etapa. Ainda, destacou que o

software possibilitou identificar mais facilmente problemas e/ou gargalos nos

processos da empresa. Destacou ainda que o software ERP melhora o

processo de aprendizagem das tarefas, uma vez que as tarefas são melhor

definidas e claras, além do fato de que com o software existe apenas uma

forma de executar as tarefas – não há espaço para execuções fora do escopo

definido.

Em relação a possíveis melhoras no tempo ou ciclo de execução de

tarefas com fornecedores, não pode ser verificado, pois a empresa tem agora

pouca ou nenhuma relação com fornecedores ligados aos serviços prestados

as clientes.

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c) Melhora na produtividade

Também neste item houve percepção positiva do entrevistado,

principalmente em relação à quantidade de clientes atendidos, principalmente

de solicitações participantes (clientes) que ainda não estão em gozo de

benefício, ou seja, aqueles que ainda estão na fase laboral e contributiva. Em

geral, segundo o entrevistado, este público é o maior demandante de

informações à empresa, principalmente aquelas ligadas aos rendimentos das

reservas e contribuições mensais. Apesar da melhora percebida, a análise da

produtividade não é retirada do software e sim através de controle paralelo.

d) Melhora na qualidade e nos serviços ao cliente

Todas as melhoras esperadas neste item foram identificadas pelo

entrevistado.

Em relação à precisão e confiabilidade nos produtos ou serviços,

descreveu que isto foi percebido, através do número de reclamações ou

questionamentos feitos pelos participantes (clientes). Segundo ele, o número

de questionamentos reduziu muito e observou-se que aqueles que persistem

são diferenciados, mais técnicos.

Já em redução do percentual de erros, houve na verdade um aumento

de incidência de erros, o que no caso da Financeira deve ser visto como

positivo, pois o software permite através de suas consistências e regras tornar

visível falhas de processo como, por exemplo, informações cadastrais antigas

inconsistentes ou até benefícios antigos concedidos de forma inconsistente em

relação às regras do regulamento. Destaca-se que estes tipos de erro não

eram percebidos anteriormente.

Como efeito colateral, identificou-se inicialmente aumento de retrabalho

ou duplicidade de tarefas. Quando questionado sobre se isso seria gerado por

alguma deficiência do sistema, o entrevistado informou que ele entende que,

na verdade, o software reduz o retrabalho, mas que faziam apenas 12 meses

da implantação do software e que o retrabalho atual era gerado pelo ajustes

que se faziam necessários na base cadastral e nos benefícios. Informou que

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agora estão ajustando os processos internos adequando-os com as regras do

sistema.

Benefícios Gerenciais

Em linhas gerais houve por parte da empresa percepção de melhora em

relação a os benefícios gerenciais encontrados com o uso de seu sistema ERP,

mas com alguns itens não percebidos diretamente.

a) Melhor gerenciamento de recursos

Houve percepção de melhora no gerenciamento dos recursos da

empresa, principalmente ligada a uma melhor gestão dos serviços prestados.

De acordo com o entrevistado, houve melhora no gerenciamento da mão

de obra, contudo entende que o software ajuda a identificar gargalos, apesar

do software não ter uma ferramenta que permita fazer isso diretamente. Na

verdade isso é feito pela organização e controle que o software traz ao

processo. Entende também que houve ganhos de escala, pois agora consegue

estabelecer melhor cronogramas de atividades o que permite agrupar e

executar atividades dentro de um mês.

b) Melhor tomada de decisão

Houve uma melhora geral na tomada de decisão da empresa, mas não

atribuída diretamente ao software, e sim por conta da mudança do modelo de

gestão, gerada em conjunto com a implantação do software. Quando

questionado sobre se o software contribuiu para esta melhora por ter suportado

o processo de mudança, o entrevistado se mostrou positivo, mas destacou que

o software é deficiente em relatórios específicos, como por exemplo relatórios

de BI, o que pode indicar uma abordagem mais operacional e menos gerencial

específica do software escolhido.

c) Melhor controle de desempenho em todos os níveis das organizações

Em relação a este benefício, onde se busca controle de desempenho

financeiro, monitoramento de desempenho de produção com previsão de

mudanças e ajustes rápidos e eficiência de funcionamento e gestão, também

houve percepção de melhora, mas de forma parcial.

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Entende que houve melhoras em alguns pontos como: gestão do

passivo/benefícios melhor gerados - e diminuição de custos

financeiros/operacionais, contudo, não identificou melhora no controle do

desempenho financeiro, diretamente ligado à operação de um dos módulos do

sistema.

Há de se destacar que, tratando-se de uma empresa previdenciária, o

desempenho financeiro está intimamente ligado a como a empresa faz a

gestão de seus recursos no mercado financeiro e o acompanhamento e gestão

dos serviços investimentos é feita através de ferramentas e softwares

específicos.

d) Governança Corporativa

Nos benefícios gerenciais, a melhora na governança corporativa foi o

item mais latente. O entrevistado destacou, inclusive, que um dos pontos

objetivados com a implantação do software era a melhora na governança e que

o objetivo havia sido atingido.

Após a implantação identificou melhora em relação à criação de

controles nos processos mais críticos, como arrecadação de contribuições

mensais, pagamento de benefícios, reajuste anual entre outros. Descreveu que

o software trabalha com o conceito de workflow, com funcionamento de seus

módulos de forma integrada e sequencial entre seus módulos e que há

diversos painéis de críticas e checagem de consistências que, ou não permitem

dar continuidade ao processo, ou permitem dar sequência mediante

autorização de usuário com alçada superior, como um gerente por exemplo, o

que ajuda a mitigar os riscos e traz transparência aos processos.

Benefícios Estratégicos

Em relação aos benefícios estratégicos, apesar da percepção da

ocorrência positiva de vários dos itens, verificou-se também a percepção

negativa em relação a dois benefícios esperados: permitir ligação externa com

fornecedores e distribuidores e maior flexibilidade de negócios por resposta às

mudanças internas e externas.

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a) Apoiar o plano atual e futuro de crescimento do negócio

Em relação ao crescimento dos negócios com novos produtos ou

serviços comerciais, há percepção positiva. Foi especificado que o ERP

suporta o processo de criação de novos produtos e destacado um caso

específico onde a empresa lançou um novo perfil de investimento para opção

dos seus clientes, o que ocorreu com o suporte do sistema e do fornecedor. O

entrevistado entende que o ERP não somente suporta o processo de criação,

mas também de melhoria dos produtos já existentes.

Em relação ao crescimento dos negócios com o aumento de

funcionários, novas políticas e procedimentos, também há percepção de

ganhos. Entende-se que o ERP suporta o processo de crescimento bem como

respostas às mudanças ambientais, como por exemplo as mudanças para

cumprimento de novas legislações, que são tratadas tempestivamente pelo

fornecedor, de acordo com contrato estabelecido.

b) Apoiar aliança de negócios

Este benefício não pode ser avaliado, pois a empresa não mantém

alianças de negócio com outras empresas.

c) Construir a inovação empresarial

Em relação a este benefício esperado, em linhas gerais, considera que o

ERP trouxe benefícios diretos, sendo reforçados pelo entrevistado os ganhos já

descritos no item apoiar o plano atual e futuro de crescimento do negócio.

d) Estratégia de liderança de custo através da realização de economias de

escala por meio de processos simplificados ou serviços compartilhados

Este benefício não pode ser avaliado diretamente, pois, em se tratando

de uma empresa de serviços previdenciários, a estratégia de liderança em

custo ou economia de escala não se aplica ao negócio da empresa, contudo,

destaca-se que houve percepção de melhora na simplificação dos processos

com a implantação do ERP.

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e) Habilitar a estratégia de diferenciação do produto

Houve percepção positiva em relação a este benefício, como exemplo foi

citada novamente a criação de um novo perfil de investimento. Quando

questionado a citar outro exemplo, o entrevistado destacou que a implantação

do ERP era muito recente e que, portanto, este seria o único exemplo que teria.

f) Permite ligação externa com fornecedores e distribuidores

Em relação a este benefício, não houve percepção de melhora. Foi

mencionado que a empresa tem dificuldades na integração com fornecedores

de serviços externos. Citou que não há integração com o escritório contábil que

atende a empresa e não há integração com o fornecedor de serviços de

impressão para emissão de contracheques, por exemplo. Ainda mencionou que

o software, apesar de gerar as informações necessárias para envio à

Secretaria de Previdência - PREVIC, não tem integração e o envio da

informação não é automatizado.

g) Permitir a expansão mundial

No caso da empresa Financeira, não foi possível verificar este benefício,

uma vez que a empresa atua somente no mercado nacional.

h) Internet - Permitir o E-Business e a Interação com o consumidor

Em relação a este benefício esperado, houve reconhecimento de

melhora em: interação entre empresa e clientes nos serviços prestados, prestar

um serviço ou fabricar um produto personalizado e fornecer em tempo real

consultas de dados e solicitações de clientes. Citou a implantação de um

produto chamado site do participante, que permite aos clientes verificar suas

informações de rendimentos, benefícios, pagamentos e, também, permite o

auto-serviço, onde os clientes podem solicitar/efetuar algumas transações,

como, por exemplo, a solicitação de empréstimos.

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i) Maior flexibilidade de negócios por resposta às mudanças internas e

externas de forma rápida a custos mais baixos e proporcionar gama de

opções em reagir às exigências de mudança.

Em relação a este benefício esperado, houve dúvidas em relação a reais

ganhos. A percepção é de que o ERP gera uma certa dificuldade e custos,

quando a mudança é gerada pela empresa, pois normalmente dependem de

atendimento do provedor. Por outro lado, quando a mudança é gerada pelo

mercado, como uma nova legislação por exemplo, a percepção é de que o

software traz ganhos, conforme já mencionado no item apoiar o plano atual e

futuro de crescimento do negócio.

Benefícios em TI

No grupo de benefícios em TI houve maior incidência de benefícios não

percebidos para a Financeira. Houver percepção positiva apenas para o item

estabilidade da plataforma de TI - suporte para as mudanças de negócio atuais

e futuras.

a) Melhor planejamento estratégico de TI

O entrevistado entende que o ERP não traz benefícios em relação ao

planejamento estratégico de TI. Descreveu que na sua visão isto faz parte de

um processo maior, puxado por ações estratégicas específicas. Destacou

informação relevante: para o negócio da empresa, TI não é considerada

estratégica e tem papel apenas de suporte.

b) Redução de custos de TI

Em linhas gerais, não houve reconhecimento de benefícios de redução

de custos de TI. Entende que houve na verdade aumento dos custos, durante e

também após a implantação, contudo, a expectativa é de queda nos custos a

partir de 2015. Depois de implantado, descobriram vários custos periféricos,

não percebidos quando da opção pelo software, gerados por customizações e

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novos produtos/serviços, que até a implantação do ERP não era possível se

fazer.

Importante destacar que a empresa fornecedora trabalha com o modelo

de aluguel de software, com custos mensais. O entrevistado descreveu o custo

do software como extremamente alto, principalmente em customizações.

c) Estabilidade da plataforma de TI

O entrevistado destacou melhora em 2 pontos: estabilidade do software,

a qual é garantida em item de contrato – 98% das horas mensais – e na

integridade e disponibilização de informações, benefício reconhecido e

mencionado por diversas vezes ao longo da entrevista.

d) Flexibilidade da plataforma de TI - suporte para as mudanças de negócio

atuais e futuras

Em relação a este benefício não houve percepção de melhora e

destacou-se que os altos custos e a dependência do fornecedor para

customizações maiores, devem ser consideradas como limitadores de

mudanças de negócio da empresa.

Benefícios Organizacionais

a) Suporta mudanças organizacionais de estrutura e processos

Como destacado ao longo da entrevista, a empresa optou pelo uso do

ERP para que o mesmo suportasse o processo de mudança no modelo gestão

da empresa, saindo de um modelo de terceirização para um modelo de

operação centralizada na empresa. Por este motivo, teve percepção positiva

em relação à obtenção deste benefício. Destacou, contudo, a questão dos altos

custos já citada.

b) Facilita a aprendizagem de negócios e amplia as habilidades dos

funcionários

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Houve percepção de melhora em dois itens: facilita a aprendizagem em

todos os níveis organizacionais e encurta o tempo de aprendizagem, devido à

padronização dos processos e fluxos já citados anteriormente.

Em contrapartida, entende que o software não amplia a habilidade do

funcionário. Na verdade, possibilita os funcionários melhorar suas habilidades

atuais e fazer melhor suas atividades, mas não permite adquirir outras

habilidades ligadas ao negócio, porque o colaborador tem acesso apenas às

suas rotinas e ainda de forma limitada, não permitindo ações diferentes

daquelas pré-definidas no sistema.

c) Melhora o Empowerment (delegação de poder)

Em relação à prestação de contas e responsabilização, houve

percepção de melhora, pois o software mantém o registro (log) de todas as

ações e permite facilmente identificar quem executou ou autorizou algum

processo.

Já em relação a ter funcionários mais proativos, entende que o ERP não

tem qualquer influência sobre isso, pois não acha que é o software que

determina isso. Entende estar mais ligado ao individuo e relacionado ao

processo de seleção da empresa, não ao software.

Entende também que os funcionários não ficam mais autônomos devido

à limitação das ações. Por outro lado, há percepção de que o ERP permite à

média gerência se preocupar mais com o planejamento das atividades, pois

desonera um coordenador, por exemplo, de se preocupar com a forma como a

operação/rotina está sendo executada; afinal, o software não permite que seja

executado diferente do programado.

d) Mudança na cultura organizacional

Neste benefício esperado, entende que o software traz alguns

benefícios, mas com pouco influência no geral. O software permite criar uma

cultura voltada aos processos da empresa e não somente às ações de cada

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funcionário - pensamento interdisciplinar- contudo, ao contrário do que se

esperava, entende que o ERP acaba por diminuir a interação com outras áreas,

na medida que há menor necessidade de integração pessoal entre

funcionários.

e) Comportamento dos funcionários mudou com aumento do foco

Há percepção de aumento no foco, devido ao ERP trazer aos

funcionários uma visão mais crítica de suas ações, além de permitir aos

gestores identificar rapidamente um erro e responsabilizar quem for de direito.

Entende também que há maior foco no cliente, mas mais para média gerência

do que para a operação.

f) Funcionários mais satisfeitos e motivados

O entrevistado entende que o software não tem qualquer influência na

motivação dos funcionários, pois isto está ligado diretamente às ações da

empresa e dos gestores e não a um software. Destacou inclusive que a

implantação do software gera desconforto nos colaboradores e que os gestores

devem ter habilidade para contornar esta dificuldade e deixar os funcionários

mais motivados, pois isso é essencial para o sucesso da implantação.

4.1.4 Análise Consolidada das Entrevistas

A Tabela 4, demostra o resumo da análise consolidada das entrevistas,

onde “S” correspondente a sim, indicando que o benefício foi percebido, “N”

corresponde a não, indicando que o benefício não foi percebido, “P”

corresponde a parcial, indicando melhora parcial e “N/A” corresponde a não se

aplica ao caso ou negócio da empresa.

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Tabela 4 – Análise consolidada das entrevistas

Item Elétrica Construtora Financeira

Ben

efíc

ios

Op

erac

ion

ais Redução de custos S S N

Redução do tempo de ciclo S S S

Melhora na produtividade S S S

Melhora na qualidade S S S

Melhora de serviços ao cliente S S S

Ben

efíc

ios

Ger

enci

ais Melhor gerenciamento de recursos S S S

Melhor tomada de decisão S S P

Melhor controle de desempenho S S P

Governança Corporativa S S S

Ben

efíc

ios

Est

raté

gic

os

Apoia o plano atual e futuro de crescimento S S S

Apoia alianças de negócios S N/A N/A

Ajuda a construir a inovação empresarial N S S Permite liderança de custo / economias de escala via processos simplificados ou serviços compartilhados.

S S N/A

Habilita estratégia de diferenciação do produto N/A S N/A Permite ligação externa com fornecedores e distribuidores S S N

Permite expansão mundial N/A N/A N/A Permite e-Business e Interação com o consumidor S S S

Maior flexibilidade de negócios, resposta rápida às mudanças internas e externas S S P

Ben

efíc

ios

em T

I Alinhamento estratégico de TI N S N

Redução de custos de TI N S N

Estabilidade da plataforma de TI - suporte para as mudanças de negócio atuais e futuras S S S

Flexibilidade da plataforma de TI - suporte para as mudanças de negócio atuais e futuras P S N

Ben

efíc

ios

Org

aniz

acio

nai

s

Suporta mudanças organizacionais de estrutura e processos S S S

Facilita a aprendizagem de negócios e amplia as habilidades dos funcionários S S P

Melhora o Empowerment (delegação de poder) P S P

Mudança na cultura organizacional S S P

Comportamento dos funcionários mudou com aumento do foco S S P

Funcionários mais satisfeitos e motivados N N N Fonte: elaboração própria.

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Análise dos benefícios operacionais

Em relação aos benefícios operacionais, em linhas gerais verifica-se o

reconhecimento de todos os benefícios esperados, com exceção feita ao

benefício de redução de custos da empresa Financeira. Há que se ressaltar

que a empresa passou por uma mudança no modelo de gestão, saindo de um

modelo de gestão terceirizado, para um modelo de operação centralizado na

empresa, que culminou em contratação de mão de obra para a operação do

sistema, trazendo a percepção de aumento de custos. Fica evidente que o

aumento de custo tem como origem a mudança no modelo e não a implantação

do software.

Ressaltem-se neste quesito algumas observações importantes:

- a experiência da Elétrica parece ter sido a mais bem sucedida por uma

questão fundamental: a empresa optou por adaptar inicialmente todos os

processos ao ERP básico, o que parece ter facilitado muito a implantação e

minorado o custo de customizações;

- a Elétrica observou uma queda inicial na produtividade dos funcionários

de 20%, gerada pela curva de aprendizagem do software e dos novos

processos. É possível que a empresa Financeira, que apenas mais

recentemente implantou seu ERP, ainda esteja experienciando esse problema,

o que pode explicar o grande número de avaliações apenas parciais para

muitos benefícios. É possível, ainda, que a Financeira, por ter um negócio mais

simples que os das demais empresas (que têm maior interação com

fornecedores, prestação de serviços fora de suas sedes, restrições de

margem), será a que menos perceberá benefícios mesmo depois do período de

adaptação ao ERP;

- a Construtora identificou o ERP como catalisador de diversos controles

operacionais que antes não existiam, sequer em softwares internos, um

benefício mais fácil de ser identificado em empresas de menor porte. Note-se

que o entrevistado não conseguiu perceber formas de analisar a produtividade,

alegando ser um setor artesanal, mas o argumento parece falho e denota que

ou o ERP não esteja sendo usado em todo o seu potencial ou, ainda, que TI

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não está tão alinhada com as metas estratégicas da Construtora. Essa

interação se observa facilmente na Elétrica, até mesmo pelo discurso da

entrevistada.

Análise dos benefícios gerenciais

No tocante aos benefícios gerenciais, também houve reconhecimento de

todos os benefícios esperados, com dois itens onde houve percepção apenas

parcial de melhora na empresa Financeira: na tomada de decisão e no controle

de desempenho em todos os níveis da organização.

Merecem destaque:

- a avaliação bastante positiva em relação aos ganhos de governança

corporativa. Este benefício foi bastante destacado pelos entrevistados,

principalmente em relação à criação de controles, existência de painéis e

relatórios de acompanhamento dos processos considerados mais críticos,

alçadas de aprovação e possibilidade de controle de atividades que envolvem

risco;

- na Elétrica, o ERP promoveu uma mudança no perfil dos funcionários,

que passaram a ser menos operacionais e mais analíticos. Isso, atrelado a uma

redefinição dos papéis de cada um no processo, rotina de reporte dos

resultados e facilidade de responsabilização, tornou mais fácil o gerenciamento

da empresa rumo aos seus objetivos.

Análise dos benefícios estratégicos

A maioria dos benefícios estratégicos foram percebidos. Em todas as

empresas se elogiou o ERP por permitir ou até patrocinar o e-business, mesmo

que apenas via portal de consulta disponível para os clientes, ou portais para

quotação eletrônica de compras junto a fornecedores. Todas concordaram que

o ERP apóia o crescimento do negócio.

Na empresa Elétrica, o benefício de “construir a inovação empresarial”

não foi percebido, pois se entende existir uma limitação não só na inovação

empresarial, mas também no processo criativo dos colaboradores, pois o ERP

obriga a empresa e o colaborador a pensar de forma única sob a perspectiva

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dos processos implantados no sistema. Há de se destacar que esta visão

limitadora do ERP não foi identificada nas percepções dos demais

entrevistados. Apenas na empresa Financeira não houve percepção do

benefício “Permite ligação externa com fornecedores e distribuidores”, o que

pode indicar alguma questão específica do sistema implantado.

Análise dos benefícios em TI

Neste grupo foi identificado o maior número de benefícios não

percebidos: permitir um melhor planejamento estratégico de TI, redução de

custos de TI e flexibilidade da plataforma de TI.

Apenas a Construtora percebeu todos os benefícios em TI, talvez porque

essa empresa cresceu muito nos últimos anos e tinha softwares internos

primitivos. Do ponto de vista das demais empresas, um ERP parece não trazer

grandes benefícios no quesito TI. Essa percepção pode ter sido influenciada

pelo fato de TI ser a área mais demandada no processo de implantação, tendo

que lidar com a adaptação da equipe aos novos recursos e fazer a interface,

nem sempre amistosa, com as demais áreas da empresa afetadas pela

mudança.

Ainda, percebe-se nas avaliações dos entrevistados que os custos da

implantação e da manutenção são maiores dos que eram esperados,

derrubando um dos grandes argumentos utilizados pelos fornecedores deste

tipo de sistema. No entanto, os discursos foram em geram favoráveis também

neste quesito e as restrições soaram mais como um reflexo do trabalho extra

que passa a ser feito quando mais e mais controles têm que ser implantados,

além das eventuais dificuldades de customização.

Análise dos benefícios organizacionais

Houve percepção de melhora em vários itens, mas também a percepção

de melhoria parcial em alguns. A Financeira foi a menos satisfeita nesse

quesito, talvez por ter enfrentado também uma mudança na gestão durante a

implantação.

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Merecem destaque:

- a Elétrica ressaltou várias vezes durante a entrevista os funcionários

terem se tornado mais analíticos, e a gerência mais planejadora, patrocinando

uma cultura voltada para resultado. Embora com menos autonomia, entendeu-

se que os benefícios de governança superam esse problema.

- o único item onde houve percepção negativa de todas as empresas:

funcionários mais satisfeitos e motivados. No caso da Elétrica, a percepção é

de que durante o processo de implantação do ERP, houve uma maior

motivação dos funcionários, mas não por conta do sistema e sim por uma

mudança no perfil dos funcionários gerada pelo processo de privatização pelo

qual a empresa havia passado e por um processo de seleção natural, com

desligamentos voluntários e contratações. Na empresa Construtora, a

percepção é que o sistema traz como consequência a redução do quadro de

empregados, o que acaba por gerar sobrecarga e desmotivação. Ainda, na

empresa Financeira foi destacado desconforto gerado pela implantação do

ERP.

Finalmente, tornou-se evidente durante as entrevistas que, embora

muitos dos benefícios – ou malefícios – do ERP poderiam ter sido monitorados

via métricas de desempenho, nenhuma das empresas adotou um procedimento

estruturado para acompanhar tais evoluções durante e após a implantação do

ERP. A Elétrica, maior entre as 3 empresas entrevistadas, chegou a mencionar

algumas mensurações, lembrando inclusive que houve um plano de negócios

para a implantação do ERP onde algumas métricas - como custos em TI -

foram discutidas, mas não houve um acompanhamento tangível do assunto.

Com base nos benefícios esperados (Tabela 3) e nas entrevistas,

sugerimos que pelo menos as seguintes métricas poderiam ser usadas em

futuras implantações de ERPs:

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Tabela 5 – Métricas de Avaliação dos Benefícios Obtidos

Item Métricas Sugeridas

Ben

efíc

ios

Ope

raci

onai

s

Redução de custos

- Lucro operacional sobre total de despesas - Estoque sobre ativos - Produtividade por funcionário - Número de funcionários - Número de funcionários de TI - Despesas anuais de TI (hardware, software e serviços) - Despesas administrativas - Despesas financeiras - Estoque sobre ativos

Redução do tempo de ciclo

- Ciclo de caixa - Prazo médio de estoques - Prazo médio de recebimentos - Ciclo operacional

Melhora na produtividade

- Quantidade de pedidos processados X Quantidade de itens produzidos ou Quantidade de Serviços executados - Produtividade por Funcionário

Melhora na qualidade

- Número de devoluções de compras - Número de reclamações dos clientes internos e externos - Tempo de resposta ao cliente - Pesquisa de opinião junto a clientes internos e externos

Melhora de serviços ao cliente - Tempo de resposta ao cliente - Pesquisa de satisfação de clientes

Ben

efíc

ios

Ger

enci

ais

Melhor gerenciamento de recursos - Produtividade por Funcionário - Número de funcionários

Melhor tomada de decisão - Quantidade de relatórios específicos usados para processos de decisão (Ex. BI)

Melhor controle de desempenho

- Retorno Sobre Ativos - Vendas sobre Prazo Médio de Estoque - Prazo Médio de Estoques - Prazo Médio de Recebimentos - Lucro Operacional sobre Total de Despesas - Índice de Eficiência Operacional (Receitas Totais X Custos Totais) - Margem Operacional - Pesquisa interna de qualidade das informações - visão antes e depois

Governança Corporativa

- Redução no número de não-conformidades de informação - controles internos - Pesquisa no Conselho, Controladoria, Auditoria Interna, avaliando se as informações estão sendo fornecidas mais rápido e com mais clareza

Ben

efíc

ios

Est

raté

gico

s Apoia o plano atual e futuro de crescimento -

Apoia alianças de negócios -

Ajuda a construir a inovação empresarial

- Pesquisa de opinião na área de Novos Negócios - sobre uso do sistema e e utilidade das informações

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Permite liderança de custo / economias de escala via processos simplificados ou serviços compartilhados.

- Pesquisa de opinião nas áreas envolvidas (TI, Planejamento, Compras, Finanças)

Habilita estratégia de diferenciação do produto -

Permite ligação externa com fornecedores e distribuidores

- Quantidade de integrações sistêmicas com fornecedores

Permite expansão mundial -

Permite e-Business e Interação com o consumidor

- Quantidade e volume de negócios e serviços efetuados via Internet

Maior flexibilidade de negócios, resposta rápida às mudanças internas e externas

- Tempo para adequar-se a mudanças internas (ex.número de produtos, novas regiões de operação, novas empresas adquiridas) e externas (ex.: novos fornecedores, mudanças nos sistemas dos fornecedores) - Tempo contratual de resposta para mudanças na legislação

Ben

efíc

ios

em T

I

Alinhamento estratégico de TI -

Redução de custos de TI

- Despesas anuais de TI (Hardware, Software e Serviços) - Número de funcionários de TI (inclusive terceiros) - Folha de pagamento de TI em R$ - Rotatividade de pessoal

Estabilidade da plataforma de TI - suporte para as mudanças de negócio atuais e futuras

- Tempo de processamento de rotinas de sistema - Tempo de inatividade sistêmica

Flexibilidade da plataforma de TI - suporte para as mudanças de negócio atuais e futuras

- Despesas anuais de TI (Hardware, Software e Serviços) - Custo anual de customizações sistêmicas

Ben

efíc

ios

Org

aniz

acio

nais

Suporta mudanças organizacionais de estrutura e processos

- Tempo para adequar-se a mudanças (ex. novas alçadas, novos funcionários, novas estruturas, novas empresas no grupo)

Facilita a aprendizagem de negócios e amplia as habilidades dos funcionários

- Produtividade dos funcionários - Pesquisa de opinião junto a funcionários e gestores

Melhora o Empowerment (delegação de poder)

- Número de níveis de aprovação necessárias em cada tipo de decisão.

Mudança na cultura organizacional - Pesquisa de opinião junto a gestores e funcionários

Comportamento dos funcionários mudou com aumento do foco

- Pesquisa de opinião junto a gestores e funcionários

Funcionários mais satisfeitos e motivados

- Pesquisa de satisfação dos funcionários - Pesquisa de clima organizacional

Fonte: elaboração própria.

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4.2 RESULTADOS DA ANÁLISE QUANTITATIVA

4.2.1 Testes Estatísticos e Hipóteses

Por meio do software SPSS (versão 19), foram usados dois métodos

para identificar a relação entre os benefícios financeiros esperados e o uso do

software ERP: teste de pontos com sinais de Wilcoxon e Regressão Múltipla.

Ainda, para identificar a normalidade ou não das amostras para cada indicador

financeiro, foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk.

Segundo Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009) o teste de pontos com

sinais de Wilcoxon é um importante teste não paramétrico, que estuda

diferenças entre observações pareadas levando em conta a magnitude das

diferenças. Esta técnica foi escolhida devido ao pequeno número de casos da

amostra e à não normalidade da distribuição. Ainda segundo estes autores, o

teste Shapiro-Wilk é o teste de normalidade indicado quando para amostras de

dimensão mais reduzida – menor do que trinta casos.

Para o teste de Wilcoxon, as hipóteses são:

H0: µd - µa = 0, sinalizando não ter havido alteração no índice pós implantação

ERP

H1a: µd - µa > 0, sinalizando que o índice aumentou após implantação ERP

H2a: µd - µa < 0, sinalizando que o índice diminuiu após implantação ERP

Onde: µd = média da distribuição do índice, depois da implantação, e

µa = média da distribuição do índice, antes da implantação.

Rejeitando-se a hipótese nula H0 em benefício de H1 ou H2, a um nível

de significância aceitável - neste trabalho será considerado 10% -, pode-se

dizer que o ERP teve impacto financeiro sobre as empresas. A Tabela 6

descreve o que seria esperado em cada variável, caso esse impacto tenha sido

um benefício.

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Tabela 6 – resultados esperados para o teste de Wilcoxon, quando o ERP traz benefícios

Indicador Avaliação Hipótese alternativa que favorece a conclusão de que ERP traz benefícios

ROA Se aumentou, melhor H1: µd- µa> 0 Ciclo Operacional, CO Se diminuiu, melhor H2: µd -µa< 0 Ciclo de Caixa, CC Se diminuiu, melhor H2: µd -µa< 0 Margem Operacional, MO Se aumentou, melhor H1: µd- µa> 0 Prazo Médio de Estoques, PME Se diminuiu, melhor H2: µd -µa< 0 Prazo Médio de Recebimentos, PMR Se diminuiu, melhor H2: µd -µa< 0 Estoque sobre Ativos, ESA Se diminuiu, melhor H2: µd -µa< 0 Giro do Contas a Receber, GCR Se aumentou, melhor H1: µd- µa> 0 Vendas/PME, VSPME Se aumentou, melhor H1: µd- µa> 0

Fonte: elaboração própria

Segundo Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009), a Regressão é um dos

modelos relacionais mais conhecidos e utilizados, que consiste de uma variável

dependente (um índice financeiro) estar relacionada, por meio de equação, a

uma ou mais variáveis independentes (ERP ativo ou não, mais as variáveis de

controle). Esta técnica foi escolhida como tentativa de identificar a relação

associativa entre as variáveis dependentes e as variáveis independentes. Na

busca da identificação do nível de impacto da implantação de um ERP nos

resultados das empresas, buscou-se analisar três hipóteses e equações de

regressão:

H1: A implantação de um software ERP influencia positivamente nos resultados

de uma empresa, de forma a aumentar o Retorno sobre Ativos (ROA)

Equação testada: ROA = β0 + β1.ERP + β2. Δ PIB + β3.TX*IEG + i

ε

H2: A implantação de um software ERP influencia positivamente no resultado

operacional de uma empresa, de forma a melhorar o Ciclo Operacional (CO)

Equação testada: CO = β0 + β1.ERP + β2. Δ PIB + i

ε

Outras relações foram testadas por meio de regressões, considerando

os outros índices financeiros como variável dependente, mas nenhuma delas

teve índice R2 e R2 ajustado aceitáveis, ou passaram no teste F, ou tiveram

parâmetros de regressão significativos ao nível de 10%. Optou-se por

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apresentar apenas as duas equações acima detalhadas, pois elas

complementam alguns resultados observados no teste não paramétrico de

Wilcoxon.

4.2.2 Estatítica Descritiva e Teste de Wilcoxon

A Tabela 7 apresenta a estatística descritiva dos índices financeiros

observados nos 14 casos, e nos períodos antes e depois da implantação.

Tabela 7 – Estatística Descritiva dos Índices Financeiros

Item N Período Média Desvio Padrão

Mínimo Máximo

ROA 14 Antes 0,0312 0,1499 -0,4762 0,1364 Após 0,0520 0,0525 -0,0250 0,1507

Margem Operacional 14

Antes 54,8541 54,2116 7,3960 191,7049 Após 41,6787 52,8179 -36,2929 176,4031

Ciclo de Caixa 14

Antes 95,9861 137,9718 -100,5401 372,6292

Após 156,9066 244,7069 -131,7893 684,0062

Prazo Médio de Estoques 14

Antes 81,7507 74,4584 0,0000 206,0162 Após 114,9994 134,1684 0,0000 470,8011

Prazo Médio de Recebimentos

14 Antes 72,6680 55,2944 14,1646 205,6620

Após 104,3923 115,6564 15,1281 341,6005

Estoque sobre Ativos 14

Antes 8,2446 7,3704 0,0000 20,0386 Após 12,3154 15,8758 0,0000 61,3765

Lucro Operacional sobre Total de Despesas

14

Antes 0,2267 0,2973 0,0218 1,1267

Após 0,2316 0,3115 -0,0560 1,1198

Vendas sobre Prazo Médio de Recebimentos

14

Antes 4,6090 2,9462 0,4431 9,6828

Após 5,9369 4,8422 0,1348 17,6255

Vendas sobre Prazo Médio de Estoque

14 Antes 42,5415 94,3828 0,0000 347,3714

Após 31,0999 76,5791 0,0000 289,3389

Ciclo Operacional 14

Antes 154,4187 118,4854 14,1646 411,6782 Após 219,3917 241,2228 15,1281 802,6010

Fonte: elaboração própria

Inicialmente, a fim de identificar o teste estatístico correto a ser utilizado

na análise de cada variável, aplicou-se o teste de normalidade. Foi utilizado o

teste de Shapiro-Wilk, devido ao número de casos ser inferior a trinta. Os

resultados estão na Tabela 8.

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Tabela 8 – Teste de Normalidade

Item Shapiro-Wilk Statistic df Sig.

ROA ,569 28 ,000 Ciclo Operacional ,771 28 ,000 Ciclo de Caixa ,831 28 ,000 Margem Operacional ,866 28 ,002 Prazo Médio de Estoques ,828 28 ,000 Prazo Médio de Recebimentos ,701 28 ,000 Estoque sobre Ativos ,711 28 ,000

Lucro Operacional sobre Total de Despesas

,703 28 ,000

Vendas sobre Prazo Médio de Recebimentos

,912 28 ,022

Vendas sobre Prazo Médio de Estoque

,477 28 ,000

Fonte: elaboração própria

Considerando que na hipótese nula os dados das variáveis estudadas se

originam de uma distribuição normal, a um nível de significância e 5%,

verificou-se que as variáveis não apresentam distribuição normal.Com isso,

buscou-se analisar as hipóteses descritas na Tabela 6 aplicando o teste de

pontos com sinais de Wilcoxon, cujo resultados encontram-se na Tabela 9 e na

Tabela 10 a seguir.

A Tabela 9 apresenta a dimensão das amostras, a média das ordens

(Mean Rank) e a soma das ordens (Sum of Ranks).

Ao contrário do que se esperava, há indícios de piora em quase todos os

indicadores após a implantação do sistema ERP, exceto no Prazo Médio de

Estoque e no Giro do Contas a Receber, conforme hipóteses definidas na

Tabela 4. Ao analisarmos a Tabela 10, que contém a análise da significância,

verifica-se que a 5% (p < 0,05) nos testes unicaudais há significância

estatística para se rejeitar as hipóteses nula de que o ERP não impactou o

índice nos casos do ROA, do Ciclo de Caixa e do Estoque sobre Ativos. No

entanto, no caso do ROA o impacto foi contrário ao esperado, isto é, não houve

benefício e sim o contrário. Nos outros dois casos, o ERP trouxe benefícios.

Para significância 10% (p < 0,10) no teste unicaudal, verifica-se que é

possível também rejeitar a hipótese nula de que a implantação do ERP não traz

variação do indicador financeiro, para os indicadores Margem Operacional,

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Giro do Contas a Receber e Vendas sobre Estoque, além dos já identificados

ROA, Ciclo de Caixa e Estoque sobre Ativos. No entanto, houve piora nos três

novos indicadores.

Tabela 9 – Dimensão das Amostras - teste de Wilcoxon

Item* N Mean Rank Sum of Ranks

ROA

Negative Ranks 10 8,00 80,00 Positive Ranks 4 6,25 25,00 Ties 0 Total 14

Ciclo Operacional

Negative Ranks 6 6,83 41,00 Positive Ranks 8 8,00 64,00 Ties 0 Total 14

Ciclo de Caixa

Negative Ranks 5 5,00 25,00 Positive Ranks 8 8,25 66,00 Ties 1 Total 14

Margem Operacional

Negative Ranks 11 8,09 89,00 Positive Ranks 3 5,33 16,00 Ties 0 Total 14

Prazo Médio de Estoques

Negative Ranks 4 6,75 27,00 Positive Ranks 9 7,11 64,00 Ties 0 Total 13

Prazo Médio de Recebimentos

Negative Ranks 6 7,33 44,00 Positive Ranks 8 7,63 61,00 Ties 0 Total 14

Estoque sobre Ativos

Negative Ranks 4 5,00 20,00 Positive Ranks 9 7,89 71,00 Ties 0 Total 13

Lucro Operacional sobre Total de Despesas

Negative Ranks 9 6,44 58,00 Positive Ranks 5 9,40 47,00 Ties 0 Total 14

Vendas sobre Prazo Médio de Recebimentos

Negative Ranks 6 5,00 30,00 Positive Ranks 8 9,38 75,00 Ties 0 Total 14

Vendas sobre Prazo Médio de Estoque

Negative Ranks 9 7,67 69,00 Positive Ranks 4 5,50 22,00 Ties 0 Total 13

* todos os itens medidos considerando o indicador depois menos o indicador antes da implantação

Fonte: elaboração própria

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Tabela 10 – Análise da Significância - teste de Wilcoxon

Item Z Asymp. Sig. (2-tailed)

ExactSig. (2-tailed)

ExactSig. (1-tailed)

Point Probability

ROA -1,726 ,084 ,091 ,045** ,006

Ciclo Operacional -,722 ,470 ,502 ,251 ,019 Margem Operacional -1,433 ,152 ,168 ,084* ,011

Ciclo de Caixa -2,291 ,022 ,020 ,010** ,002 Prazo Médio de Estoques -1,293 ,196 ,216 ,108 ,013 Prazo Médio de Recebimentos -,534 ,594 ,626 ,313 ,021 Estoque sobre Ativos -1,782 ,075 ,080 ,040** ,006

Lucro Operacional sobre Total de Despesas

-,345 ,730 ,761 ,380 ,023

Giro do Contas a Receber -1,412 ,158 ,173 ,086* ,010

Vendas sobre Prazo Médio de Estoque

-1,642 ,101 ,110 ,055* ,008

*significante ao nível de 10% ** significante ao nível de 5%

Fonte: elaboração própria

Na Tabela 10, os índices em itálico são aqueles que pioraram após

implantação ERP e os em negrito são os que melhoraram, ao nível de

significância de 10% nos testes unicaudais.

Observa-se que a implantação do ERP trouxe redução na rentabilidade

(ROA, margem operacional), porém melhorou o Ciclo de Caixa e o Estoque

sobre Ativos. A interpretação desses dois últimos índices de atividade

operacional são um pouco conflitantes com a piora observada nos dois últimos

índices, que refletem o Giro do Contas a Receber e Vendas/Estoques. Este

último, pode ser explicado por um aumento do CMV em relação a Vendas (ou

seja, uma redução da margem bruta), que explicaria uma redução no Prazo

Médio de Estoques, e portanto, uma melhoria do Ciclo de Caixa (mantendo

demais valores constantes), mas não necessariamente do Vendas/Estoques.

Além disso, o Ciclo de Caixa é também afetado pelo Prazo Médio de

Pagamentos.

Em resumo, a amostra analisada sinaliza que ERP reduz as margens,

porém melhora a administração do capital de giro das empresas.

4.2.3 Regressão

As Tabelas 11, 12 e 13 demonstram os resultados da análise de

regressão extraída do software SPSS.

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Tabela 11 – Análise da Significância do modelo de Regressão

ANOVA

Model Sum of Squares

df Mean Square

F Sig.

Ciclo Operacional

Regression 29550,455 1 29550,455 ,818 ,374 Residual 938954,250 26 36113,625 Total 968504,704 27

ROA Regression ,098 3 ,033 3,344 ,036 Residual ,233 24 ,010 Total ,331 27

Fonte: elaboração própria

Tabela 12 – Análise do R² do modelo de Regressão

Model R R

Square

Adjusted R

Square

Std. Error of the Estimate

Ciclo Operacional ,175 ,031 -,007 190,0358519

ROA ,543 ,295 ,207 ,0986244312558 Fonte: elaboração própria

Tabela 13 – Análise dos coeficientes do modelo de Regressão

Coefficients

Model Unstandardized

Coefficients Standardized Coefficients t Sig.

Betas Std. Error Beta Ciclo Operacional

(Constant) 154,419 50,789 3,040 ,005 Erp 64,973 71,827 ,175 ,905 ,374

ROA

(Constant) -,149 ,066 -2,250 ,034 Erp ,039 ,038 ,179 1,022 ,317 VAR PIB ,009 ,006 ,256 1,426 ,167 IEG * JUROS ,082 ,035 ,419 2,371 ,026

Fonte: elaboração própria

Pode-se verificar pelo teste F que somente a equação de regressão do

ROA tem significância estatística, considerando p < 0,05, enquanto deve-se

descartar qualquer análise subsequente sobre o Ciclo Operacional. Algumas

das premissas para a validade do teste F (normalidade da amostra, por

exemplo), não são atendidas, de modo que este teste não é robusto. No

entanto, o afastamento moderado dessas premissas, o que é o caso, não

chega a tornar o resultado inconclusivo (McCLAVE, BENSON, SINCICH,

2005). Regressões envolvendo outros índices, entre os detalhados na seção 3,

na posição de variável dependente na seção 3 não tiveram significância

estatística.

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Ao analisar o coeficiente de determinação R² do modelo para o ROA,

verifica-se que o valor de 0,295 encontrado indica que as variáveis ERP,

variação do PIB e grau de alavancagem IEG explicam em conjunto 29,5% das

variações do ROA em torno de sua média, um resultado aceitável. O R²

ajustado de 0,207, que envolve uma penalização pelos graus de liberdade

perdidos pela adição de variáveis explicativas ao modelo, também é aceitável.

Finalmente, analisando a tabela de coeficientes, em especial analisando

a coluna dos Betas, obtemos a seguinte equação de regressão:

ROA = -0,149 + 0,039 ERP + 0,009 Δ PIB + 0,082TX*IEG

O beta relacionado ao ERP não tem significância estatística, com p-

value alto em 0,317, de modo que nada se pode dizer sobre o efeito do ERP

sobre o ROA, com base na regressão múltipla. Esse resultado era esperado,

dado o tamanho reduzido da amostra que conseguimos obter, mas optamos

por apresentá-lo a título de ilustração.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho é o resultado de entrevistas em profundidade em 3

empresas que implantaram ERPs e que relataram os benefícios observados,

assim como da análise dos índices financeiros de outras 14 empresas

brasileiras de capital aberto, antes e depois da implantação de ERPs.

Há uma percepção bastante positiva das empresas entrevistadas em

relação aos benefícios obtidos com a implantação de um software ERP, mas

deve-se ressaltar que em nenhuma delas se observou um processo

estruturado de acompanhamento dos seus impactos, nem mesmo dos

tangíveis.

Em linhas gerais, este estudo sinaliza que o ERP traz diversos

benefícios às empresas, principalmente aqueles ligados a questões

operacionais, gerenciais, estratégicas e organizacionais, corroborando com as

observações de Hehn (1999), Miltello (1999), Buckout et al.(1999), Cunha

(1998) e Wood Jr. (1999).

Sobre os benefícios financeiros esperados, houve melhora na

administração do capital de giro das empresas identificada tanto na análise

qualitativa quanto na análise quantitativa. O discurso dos entrevistados foi

conflitante na questão da redução de custos, ora afirmando terem existido, ora

não, a depender dos itens sendo questionados. Essa incerteza de certa forma

transparece também na análise quantitativa, dado que na análise não

paramétrica se observou queda na rentabilidade operacional das empresas

analisadas, no período pós-implantação, enquanto na regressão o ERP parece

ter impacto positivo, mas essa conclusão não tem significância estatística ao

nível de 10%.

Tais resultados corroboram estudo anterior de Almeida et al (2004), no

Brasil e diverge daqueles achados por Wieder et al (2006), Lu e Jinghua (2012)

e HassabElnaby et al (2012) que contudo, são estudos realizados em países já

desenvolvidos. Além disso, esses estudos usaram variáveis mediadoras que

não puderam ser utilizadas neste trabalho, dada a amostra restrita disponível.

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Ressalte-se que no aspecto financeiro o acompanhamento estruturado

poderia facilmente controlar os impactos do ERP, mas isso não foi feito, de

modo que as empresas entrevistadas reportaram benefícios como melhor

controle de desempenho e possibilidade de custo/economias de escala, que

em princípio resultariam em melhor rentabilidade, mas não controlaram esse

aspecto.

É importante destacar que no grupo de benefícios em TI foi identificado

o maior número de benefícios não percebidos, com destaque para a não

redução dos custos gerais de TI, o que é surpreendente. Na percepção dos

entrevistados, os custos da implantação e da manutenção são maiores dos que

os esperados, derrubando um dos grandes argumentos utilizados pelos

fornecedores de ERPs. Ainda, houve especial destaque para os altos custos

decorrentes das customizações necessárias, seja durante ou após a

implantação.

Merece atenção também que nenhuma das empresas percebem o ERP

como fonte de motivação dos funcionários, ao contrário, descrevem que a

implantação gera desconforto, principalmente ligado à percepção de que o

sistema causa a redução do quadro de empregados, e sobrecarga de trabalho.

Este item precisa ser considerado durante processos de implantação.

Com base nos relatos das empresas e da literatura revista, fica evidente

que vários aspectos relacionados à implantação de ERPs podem e devem ser

monitorados. Sugerimos que métricas como: produtividade por funcionário,

número de reclamações dos clientes internos e externos, tempo de resposta ao

cliente, quantidade de integrações sistêmicas com fornecedores, despesas

anuais de TI, rotatividade de pessoal, pesquisa de satisfação dos funcionários

e indicadores financeiros entre outros, sejam adotadas pelas empresas que

estejam pensando em adotar esses sistemas e que novas negociações com

provedores incluam cláusulas que os sujeitem a indicadores de desempenho.

Há limitações no estudo. A amostra obtida para a análise quantitativa é

pequena e precisa-se de mais casos para uma análise mais ampla, inclusive

considerando os resultados de empresas não abertas. Ainda, o impacto de

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efeitos econômicos e setoriais, além de possíveis diferenças de qualidade entre

os softwares ERP existentes podem ser considerados, ficando como sugestão

para pesquisas futuras que disponham de uma base de dados maior.

Nos estudos de caso, os resultados são específicos das empresas, que

operam em setores diferentes e têm características variadas, de modo que as

conclusões são limitadas. No entanto, este trabalho pode amparar uma nova

pesquisa survey, com questionário bem estruturado e que, se respondido por

número relevante de empresas, permitirá generalizações.

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