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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
PROGRAMA ASSOCIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
SIDNEY DOS SANTOS PINHEIRO
ATIVAÇÃO MIOELÉTRICA INSPIRATÓRIA DURANTE O EXERCÍCIO
SUPINO VERTICAL NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
JOÃO PESSOA - PB
2012
1
Sidney dos Santos Pinheiro
ATIVAÇÃO MIOELÉTRICA INSPIRATÓRIA DURANTE O EXERCÍCIO
SUPINO VERTICAL NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Trabalho de Dissertação apresentado ao
Programa Associado de Pós-graduação em
Educação Física da UPE/UFPB, Àrea de
concentração: Inter-relação Atividade Física
e Saúde como requisito para a obtenção do
título de mestre.
Orientador: Profº. Drº. AMILTON DE CRUZ SANTOS
Co-Orientador: Profª. Drª. MARIA DO SOCORRO BRASILEIRO SANTOS
JOÃO PESSOA - PB
2012
2
SIDNEY DOS SANTOS PINHEIRO
A dissertação de título Ativação mioelétrica inspiratória durante o exercício
supino vertical na insuficiência cardíaca.
Foi julgada pelos membros da Comissão Examinadora e aprovada para a
obtenção do grau de MESTRE EM EDUCAÇÃO FÍSICA na área de
concentração: Inter-relação Saúde e Atividade Física.
Data: __________ de março de 2012.
___________________________________
Prof° Dr°. Mª do Socorro Brasileiro-Santos
Coordenadora Local do Programa Associado
de Pós-Graduação em Educação Física
UPE/UFPB.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________
Profª Drª Anna Myrna Jaguaribe de Lima
Universidade Federal Rural de Pernambuco –
UFPE
___________________________________
Profª. Drª. Simone dos Santos Maciel
Universidade Federal da Paraíba – UFPB
___________________________________
Prof°. Dr°. Mª do Socorro Cirilo de Sousa
Universidade Federal da Paraíba - UFPB
JOÃO PESSOA – PB
2012
3
DEDICATÓRIA
Não posso deixar de dedicar esse trabalho a quatros pessoas que sempre
estiveram ao meu lado:
A minha, esposa Renata Serrano de Andrade Pinheiro e minha filha
Brunna Serrano de Andrade Pinheiro, por serem amigas, companheiras e sempre
ao meu lado iluminando a minha vida. Agradeço a vocês por fazerem parte dessa
caminhada, suportando as ausências e dando força nos momentos difíceis. Amo
muito vocês duas!
Aos meus dedicados pais José Pinheiro Filho e Maria do Socorro dos
Santos Pinheiro por sempre apoiarem as minhas decisões profissionais. Dedico o
término desse trabalho e mais essa conquista profissional a essas duas estrelas que
iluminam os meus caminhos nunca deixando escurecer. Obrigado por tudo!
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por iluminar meus caminhos por onde passo, colocando
sempre as pessoas certas na minha vida:
Aos meus orientadores e amigos, Drº Amilton da Cruz Santos e Drª Maria
do Socorro Brasileiro Santos. Vocês têm um enorme significado na minha vida,
tanto na formação pessoal como profissional. Sou eternamente grato por vocês
terem acreditado em mim e pelas oportunidades que me deram.
A professora Drª Maria do Socorro Cirilo de Sousa, por ensinar a amar a
pesquisa e mais uma vez fazer parte do meu caminhar acadêmico.
A professora Drª Simone dos Santos Maciel, que pelas suas argüições que
ajudaram na conclusão desse trabalho.
Aos todos os meus amigos da turma do mestrado e em especial Ana Cristina
Marques, José Alfredo Pinto, Luis Eugênio Martiny e Rodrigo Aniceto, pelas
constantes palavras de incentivo, por compartilhar comigo cada momento do
mestrado, tornando-os ainda mais significativos.
A todos os docentes do Programa Associado de Pós-Graduação em
Educação Física UFPB/UPE pelos conhecimentos transmitidos.
Aos meus amigos do LETFAS, Leone Nascimento, Fabio Thiago, Fernanda
Freitas, Aline Rabay, Anna Julia, Rodolfo Dantas, Rinaldo Ferreira, Erlan Felix,
Luan Rocha, Fabrício Jácome, Elias Benício, por sempre estarem presentes nos
momentos difíceis e nos momentos alegres, fazendo das vivências acadêmicas
momentos de muito prazer e de amizade.
Ao professor Mestre Rodrigo Benevides Ceriani, pela amizade verdadeira
cultivada na faculdade e germinada com os anos de convivência e luta.
Aos médicos do ambulatório de cardiologia do Hospital Universitário Lauro
Wanderley, Hélio Malheiros, Maria das Graças Feitosa Wanderley Cavalcanti,
Lucia Maria Ricarte de Andrade, José Mário Espínola, Evanizio Roque de
Arruda Junior, Ricardo Antonio R. Maia, onde tive a oportunidade de acompanhar
os atendimentos e ver a dedicação de cada um deles em ajudar a quem precisa.
5
Também agradeço a todos pelo envolvimento na pesquisa, pois sem eles seria difícil
a conclusão desse trabalho.
Ao diretor do Centro de Ciências Médicas Drº Marcos Antonio de Vivo
Barros por abrir as portas do Hospital Universitário para a minha pesquisa.
Aos voluntários do estudo, ao qual tive a oportunidade de vivenciar e
aprender um pouco do dia-dia e o valor da vida.
6
PINHEIRO, S.S. ATIVAÇÃO MIOELÉTRICA INSPIRATÓRIA DURANTE O
EXERCÍCIO SUPINO VERTICAL NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA. (Dissertação).
João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba e Universidade de Pernanbuco;
2012. 75p. Mestre em Educação Física.
RESUMO
Introdução: A fraqueza muscular inspiratória afeta a maioria dos pacientes com
insuficiência cardíaca (IC), sendo um fator limitante para as atividades da vida diária.
Objetivo: Comparar a ativação dos músculos inspiratórios diafragma e
esternocleidomastoideo durante o exercício no supino vertical e no dispositivo
Threshold®, em pacientes com IC que apresentam fraqueza muscular inspiratória.
Métodos: Foram incluídos 8 pacientes com IC, média de idade 49,6±9,6 anos e IMC
25,5±4,0 Kg/cm2. Os pacientes foram submetidos ao exercício de força Supino
Vertical e ao dispositivo Threshold®. Para o registro da atividade dos músculos
inspiratórios Esternocléidomastoideo (ME) e Diafragma (MD) foi usado EMGs. Para
a análise dos sinais EMGs, foi selecionado trecho equivalente aos sessenta últimos
segundos do pulso eletromiográfico referente ao período de contração, e trechos
basais de mesmo período para normalizar o sinal. Os dados foram analisados pelo
teste t de Student para amostras independentes e apresentados como média±EP.
Foi utilizado nível de significância de p<0,05. Resultados: Verificou-se que o ME
não apresentou diferença significativamente de ativação durante o exercício com o
Threshold® quando comparado ao supino vertical (3,3±0,4% vs 2,9±0,4%, p=0,42).
Em relação ao MD também não foi observado diferença significativa entre os
exercícios Supino Vertical e o Threshold® (3,0±0,5% vs 2,7±0,4%, p=0,31,
respectivamente). Conclusão: No presente estudo o exercício supino vertical ativou
os músculos diafragma e esternocleidomastoideo em pacientes com IC de maneira
similar ao observado com o dispositivo Threshold®.
Palavras-chaves: Eletromiografia, Músculos Respiratório e Insuficiência Cardíaca.
7
PINHEIRO, S.S. MYOELECTRICAL ACTIVATION INSPIRATORY DURING
VERTICAL BENCH PRESS EXERCISE IN HEART FAILURE. (Dissertation) João
Pessoa/Recife: Paraíba Federal University and University of Pernambuco; 2012.
75p. Master in Physical Education.
ABSTRACT
Introduction: Respiratory muscle weakness affects most of the patients with heart
failure (HF), being a daily activities limiting factor. Objective: Compare the activation
of inspiratory muscles diaphragm and sternocleidomastoid during vertical bench
press exercise and using Threshold® device, in patients with HF presenting
respiratory muscle weakness. Methods: Eight patients with HF have been included,
mean age 49.6±9.6 years and BMI 25.5±4.0 kg/cm2. Patients underwent strength
training doing bench press exercises and using Threshold® device. For the recording
of the inspiratory muscles Sternocleidomastoid (MS) and Diaphragm (MD) activity,
EMGs was used. For the analysis of EMGs signals, a section equivalent to last sixty
seconds of electromyographic pulse referring to the contraction period was selected,
as well as the basal section of the same interval to normalize the signal. The data
were analyzed by Student’s t-test for independent samples and presented as
mean±SD. Significance was taken at p < 0.05. Results: It was observed that MS
didn’t present significant differences in activation percentage during exercises with
the Threshold® device when compared to vertical bench press (3.3±0.4% vs.
2.9±0.4%, p = 0.42). In relation to MD, it was also not observed significant difference
between vertical bench press exercises and Threshold® device (3.0±0.5% vs.
2.7±0.4%, p = 0.31 respectively). Conclusion: In the present study, the bench press
exercise activated the diaphragm and sternocleidomastoid muscles in patients with
HF in a similar way it occurred with the use of the Threshold® device.
Keywords: Electromyography, Respiratory Muscles, Heart Failure
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Manovacuômetro analógico para aferição da pressão
inspiratória máxima.
33
Figura 2. Posicionamento dos eletrodos de referência e dos músculos
inspiratórios estudados.
35
Figura 3. Foto do Dispositivo Threshold® utilizado para o Treinamento
Muscular Inspiratório.
36
Figura 4. Foto da máquina articulada Supino Vertical, utilizado para o
treinamento de força.
37
Figura 5. Protocolo do estudo dividido em dois momentos. 38
Figura 6 – Fases da coleta do protocolo experimental. RSC =
Respiração Sem Carga; Rep = Repouso; S60 = Supino Vertical 60%;
T50 = Threshold 50%.
39
10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
SIGLA - TERMO
µV - Microvolts
1RM - Teste de uma repetição máxima
A/D - Analógico/Digital
ACC/AHA - American College of Cardiology/American Heart
Association
ACSM - American College Sport Medicine
Ag/CgCl - Cloreto de prata
ATS/ERS - American Thoracic Society/European Respiratory Society
bpm - Batimentos por minuto
cmH2O - Centímetro de água
CO2 - Dióxido de Carbono
CPT - Capacidade pulmonar total
dB - Decibéis
ECM - Esternocleidomastóideo
EMGs - Eletromiografia de superfície
FC - Freqüência Cardíaca
FEVE - Fração de ejeção do ventricular esquerda
Hz - Hertz
IC - Insuficiência cardíaca
IMC - Índice de massa corporal
LETFAS - Laboratório de Estudos do Treinamento Físico Aplicado a Saúde
mmHg - milímetro de mercúrio
MRs - Músculos respiratórios
NYHA - New York Heart Association
O2 - Oxigênio
OMS - Organização mundial da saúde
PA - Pressão arterial
PCO2 - Pressão de CO2
PEmáx. - Pressão expiratória máxima
PImáx. - Pressão inspiratória máxima
11
RMS - Root mean square
SatHbO2 - Saturação periférica da hemoglobina pelo oxigênio
SBC - Sociedade brasileira de cardiologia
TMI - Treinamento muscular inspiratório
VE/VCO2 - Relação entre a produção de CO2 pela ventilação
VO2 máx. - Volume Máximo de Oxigênio
VR - Volume Residual
12
SUMÁRIO
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO 13
1.1 Hipóteses 15
1.2 Objetivo 16
1.2.1 Geral 16
1.2.2 Específicos 16
CAPITULO 2 - REVISÃO DE LEITERATURA 17
2.1 Aspectos gerais da insuficiência cardíaca 17
2.2 Exercício físico e músculos respiratórios na insuficiência cardíaca 22
2.3 Eletromiografia dos músculos respiratórios 24
2.4 Função pulmonar e músculos respiratórios 26
CAPITULO 3 - MATERIAL E MÉTODOS 29
3.1 Caracterização do estudo 29
3.2 Casuística 29
3.3 Aspectos éticos 30
3.4 Desenho do estudo 30
3.5 Variáveis analisadas 30
3.6 Procedimentos metodológicos para coleta de dados 31
3.7 Plano estatístico 40
REFERÊNCIAS 42
CAPITULO 4 – ARTIGO: ATIVAÇÃO MIOELÉTRICA INSPIRATÓRIA
DURANTE O EXERCÍCIO SUPINO VERTICAL NA INSUFICIÊNCIA
CARDÍACA.
51
APENDICE A: Termo de consentimento livre e esclarecido 71
APENDICE B: Questionário da avaliação diagnostica e antropométrica 73
ANEXO A: Certidão de aprovação do comitê de ética 75
13
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO
A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma síndrome sistêmica, marcada por
processos patológicos, que compromete os rins, o sistema nervoso autonômico,
vasos periféricos, músculos esqueléticos, entre outros, como também, promovem
alterações neuro-humorais e inflamatórias (JACKSON et al., 2000; LINDSAY et al.,
1996; MCMURRAY et al., 1992).
Dentre os sistemas acometidos por essa síndrome, os indivíduos com IC
apresentam uma variedade de disfunções respiratórias, tais como: as alterações
vasculares pulmonares, redução da complacência pulmonar e da relação
ventilação/perfusão, miopatia diafragmática, reduzido fluxo sanguíneo e oxigenação
dos músculos respiratórios (SULLIVAN; HIGGINBOTHAM; COBB, 1988; WIENER et
al., 1986). Em conjunto, essas anormalidades pulmonares e musculares podem
propiciar alteração na sensibilidade dos quimiorreceptores e, por conseguinte,
acarretar a hiperatividade simpática. Esta hiperatividade simpática pode contribuir
para a intolerância ao exercício e a miopatia dos músculos esqueléticos (BACURAU
et al., 2009; LAGHI; TOBIN, 2003).
Frente à exposição das disfunções na mecânica respiratória, observa-se que a
miopatia na IC também atinge os músculos respiratórios (MRs), cuja fraqueza está
relacionada ao aumento do trabalho respiratório durante a hiperpnéia (DALL’AGO et
al., 2006). Laghi e Tobin (2003) acrescentam ainda, que o grau de fraqueza dos
MRs ocorre paralelamente à severidade da síndrome, com redução significativa da
resistência da musculatura respiratória, no entanto, essa redução é desproporcional
a diminuição da força muscular inspiratória e expiratória, o que contribui para a
dispnéia e diminuição da capacidade de realizar exercício.
Estudos realizados por Meyer et al. (2001), demonstraram que estão reduzidas
a pressão inspiratória máxima e a resistência da musculatura inspiratória de sujeitos
com IC, o que leva a limitações nas respostas ao exercício e na qualidade de vida.
De acordo com Lindsay et al. (1996), a principal causa desta disfunção respiratória
ainda não está definida. Biópsias do diafragma demonstraram uma variedade de
anormalidades histológicas, incluindo atrofia de fibras do tipo I, que tem sido
relacionada com as desordens generalizadas da musculatura esquelética.
14
Com a finalidade de reabilitar esses indivíduos com IC e fraqueza dos MRs,
prévios estudos têm demonstrado os efeitos benéficos de dispositivos
espiroscópicos, para o treinamento muscular ventilatório (TMV), resultando na
melhoria da força muscular inspiratória e na capacidade funcional (CHIAPPA et al.,
2008; DALL’AGO et al., 2006; RIBEIRO et al., 2009). Além desses dispositivos, os
exercícios aeróbios podem também ser usados como estratégias positivas
(ROVEDA et al., 2003) para tratar essas disfunções ventilatórias na IC. Essa
afirmativa é corroborada pelo estudo de Winkelmann et al. (2009) , que analisou a
associação entre o TMV e o treinamento aeróbio, e verificou uma melhora na
fraqueza muscular inspiratória e na resposta cardiorrespiratória ao exercício.
Em adição, aos benefícios dos programas de exercícios também foi observado
que a realização de exercícios de força (EF) provoca hipertrofia muscular e aumento
da espessura do diafragma (AL-BILBEISI; MCCOOL, 2000; DEPALO et al., 2004;
MCCOOL et al., 1997). Corroborando ainda com estas afirmativas Martinez et al.
(1991), observaram que durante a elevação dos braços a nível dos ombros em
pacientes com obstrução crônica das vias aéreas, ocorreu aumento do recrutamento
do diafragma. Já, Al-Bilbeisi e McCool, (2000), analisaram que durante a realização
dos exercícios, supino, rosca bíceps, sentar/levantar e levantamento livre, o
diafragma foi recrutado e a pressão transdiafragmática elevada a um nível que pode
constituir um estímulo de treinamento de força significativo.
Há de se observar ainda que existem lacunas do conhecimento em relação à
atividade física e a saúde dos pacientes com IC, no que diz respeito ao nível da
atividade dos músculos inspiratórios durante a realização dos exercícios de força
nos membros superiores. Assim, o exercício supino vertical foi escolhido nesse
estudo, por ser amplamente usado nos programas de treinamento de força, já que o
seu movimento consegue solicitar e desenvolver força e/ou resistência dos músculos
do tronco (peitoral, ombro) e dos membros superiores (tríceps) (WELSCH; BIRD;
MAYHEW, 2005).
Com o intuito de auxiliar na avaliação e no diagnóstico funcional dos MRs
durante o supino vertical, a eletromiografia de superfície (EMGs) surge como uma
possibilidade de analisar a atividade elétrica muscular de forma objetiva e relevante.
A partir da utilização de um dispositivo que capta e amplifica os potenciais de ação
da contração voluntária dos músculos, é possível um diagnóstico funcional, por
15
refletir a condição do sistema neuromuscular (FERREIRA; GUIMARÃES; SILVA,
2010; MORITANI; YOSHITAKE, 1998; RAINOLDI; MELCHIORRI; CARUSO, 2004).
A EMGs é uma metodologia válida na monitoração dos intervalos de ativação
muscular, manifestações mioelétricas de fadiga, análise da resposta muscular frente
a diversas condições (RAINOLDI; MELCHIORRI; CARUSO, 2004).
Para melhor argumentar o uso da metodologia escolhida, nós realizamos uma
revisão sistemática para avaliar as evidências científicas disponíveis sobre o uso da
EMGs na avaliação dos músculos inspiratórios (PINHEIRO et al., 2011). Como
conclusão a revisão sistemática indicou, em parte, que a EMGs fornece informações
importantes das alterações da atividade elétrica e da fadiga muscular dos MRs
durante o exercício físico, tanto em pessoas saudáveis como em portadoras de
Doenças pulmonares obstrutivas como a DPOC.
Deste modo, acreditamos que a eletromiográfia de superfície é a metodologia
apropriada para investigar comparativamente o comportamento da ativação
mioelétrica dos músculos inspiratórios, durante o exercício de força supino vertical
comparado aquela induzida pelo Threshold®.
1.1 HIPÓTESES
Substantiva
O presente estudo fundamenta-se na premissa de que a execução do exercício
supino vertical provoca estímulos significativos para o fortalecimento dos músculos
da respiração, em pacientes com fraqueza muscular inspiratória.
Estatística
Considerando como critério de rejeição e aceitação o nível de significância de
p≤0,05, as hipóteses estatísticas são enunciadas na forma nula (H0) e experimental
(HE).
H0: O exercício supino vertical a 60% de uma repetição máxima não provoca
estímulos significativos nos músculos inspiratórios em pacientes com fraqueza
16
muscular quando comparado ao exercício seletivo dos músculos respiratórios
(manobra do Threshold®).
HE: O exercício supino vertical a 60% de uma repetição máxima provoca
estímulos significativos nos músculos inspiratórios em pacientes com fraqueza
muscular quando comparado ao exercício seletivo dos músculos respiratórios
(manobra do Threshold®).
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 GERAL
Comparar os níveis de ativação da musculatura inspiratória durante o exercício
supino vertical com o dispositivo Threshold®, em pacientes com insuficiência
cardíaca que apresentam fraqueza muscular inspiratória.
1.2.2 ESPECIFICO
Verificar os níveis de ativação mioelétrica durante a execução do exercício de
força e exercício seletivo dos músculos inspiratórios;
Analisar os níveis de ativação mioelétrica do diafragma e
esternocleidomastóideo durante a execução do exercício supino vertical e
threshold®.
17
CAPITULO 2 - REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Aspectos gerais da insuficiência cardíaca
Apesar do tratamento da IC ter melhorado em relação aos avanços
tecnológicos e novas descobertas científicas, proporcionando aumento na
longevidade dos cardiopatas, ainda têm se registrado aumento de sua incidência no
Brasil e no mundo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) inseriu a IC como
prioridade entre as doenças que necessitam de atenção especial, considerada um
grande problema de saúde pública em todo mundo (GUIMARÃES et al., 2002).
Ressalta-se também, que a IC é a via final comum da maioria dos cardiopatas que
acometem o coração, sendo um dos mais importantes desafios da área da saúde.
No Brasil, não existem estudos epidemiológicos envolvendo a incidência,
embora com base no DATASUS do Ministério da Saúde, estima-se que há cerca de
6,4 milhões de pessoas sofram de IC. Em 2007, as doenças cardiovasculares
representaram a terceira causa de internações no Sistema Único de Saúde, com
1.156.136 hospitalizações, sendo a IC a causa mais freqüente de internação por
doença cardiovascular. A população mais exposta está na faixa etária acima de 60
anos, dos quais, mais de 2/3 (69,8%) das hospitalizações foram realizadas. Em
relação à taxa de mortalidade intra-hospitalar observa-se variação com a faixa
etária, sendo maior nos idosos e nos menores de 20 anos (BOCCHI et al., 2009).
Segundo o American College of Cardiology e o American Heart Association
(ACC/AHA) a IC é considerada uma síndrome clínica complexa que pode resultar de
distúrbio estrutural ou funcional do coração, prejudicando a capacidade de
enchimento e/ou durante a ejeção de sangue ventricular em quantidade compatível
com as necessidades metabólicas teciduais. Atualmente, para explicar a sua
natureza progressiva devem-se levar em consideração vários fatores complexos que
envolvem as alterações estruturais, funcionais e biológicas (HUNT et al., 2001).
Portanto, a IC pode resultar de desordens do pericárdio, miocárdio, endocárdio,
ou grandes vasos, porém, a maioria dos pacientes apresenta sintomas devido ao
comprometimento da função miocárdica do ventrículo esquerdo (HUNT et al., 2005).
De acordo a III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica, a disfunção
ventricular esquerda sistólica, ou seja, IC sistólica tem uma prevalência de 60%
18
entre os adultos, já a disfunção diastólica isolada do ventrículo esquerdo,
caracterizando a IC diastólica, afeta cerca de 40% dos pacientes (BOCCHI et al.,
2009).
Em relação a sua conceituação, pode-se identificar a existência de várias
classificações, que incluem a região do coração comprometida, como o lado direito
e/ou esquerdo, as fases de contração, definidas como sistólica e/ou diastólica,
sendo também caracterizadas como aguda ou crônica (HUNT et al., 2005;
JACKSON et al., 2000; JESSUP; BROZENA, 2003). No entanto, o mecanismo
responsável pelos sintomas e sinais clínicos de IC está associado à disfunção
sistólica ou diastólica, como em ambas, podendo afetar apenas um lado do
ventrículo ou dois.
As duas principais etiologias para o desenvolvimento de IC no Brasil são a
cardiopatia isquêmica crônica, associada à Hipertensão Arterial, e sua exposição em
longo prazo a pressão alta, ou isquemia aguda ao músculo cardíaco, resultam em
remodelação e disfunção ventricular (BOCCHI et al., 2009). Também existem outras
etiologias comuns que não tratadas podem evoluir para a IC, entre essas o diabetes
mellitus, doença cardíaca valvular, especificamente estenose aortica e regurgitação
mitral e cardiomiopatia não-isquemica (ARONOW, 2006).
Quanto à classificação da síndrome sob o ponto de vista do grau de limitação
funcional imposta pela doença, o critério da New York Heart Association de 1994
(NYHA) é ainda amplamente utilizado, categorizando com base na intensidade dos
sintomas em 4 classes (BOCCHI et al., 2009; HUNT et al., 2005). Estas classes
estratificam o grau de limitação imposta pela doença para atividades cotidianas do
indivíduo, sendo também uma maneira de avaliar a qualidade de vida do paciente
frente a sua doença. As quatro classes propostas são: Classe I – ausência de
sintomas (dispnéia) durante atividades cotidianas. A limitação para esforços é
semelhante à esperada em indivíduos saudáveis; Classe II – sintomas
desencadeados por atividades cotidianas; Classe III – sintomas desencadeados em
atividades menos intensas que as cotidianas ou pequenos esforços: Classe IV –
sintomas em repouso. A estratificação de sintomas pela classe funcional possui boa
correlação com o prognóstico e qualidade de vida.
Outra forma importante de avaliação proposta pela ACC/AHA é a classificação
por estágio da doença em consideração ao seu caráter progressivo. Essa
19
classificação permite que estratégias terapêuticas preventivas sejam implementadas
além de nortear estratégias adequadas para cada estágio da síndrome. Foram então
estabelecidos os seguintes estágios: Estágio A – pacientes sem anormalidades
estruturais do coração, mas com alto risco de desenvolver IC devido à presença de
fatores de risco; Estágio B – pacientes com alguma alteração estrutural do coração
correlacionada com IC, mas nunca mostraram sinais ou sintomas; Estágio C –
pacientes com alterações estruturais do coração e que tem ou tiveram sintomas ou
sinais de IC; Estágio D – pacientes com alterações estruturais graves no coração e
sintomáticos, apesar do uso da medicação (HUNT et al., 2005).
Deste modo torna-se importante a utilização da classificação por estágios junto
à classificação funcional uma vez que esta fornece informação sobre a severidade
dos sintomas nos pacientes que se encontram no estágio C ou D(HUNT et al.,
2005). Já para o diagnóstico da IC, existe atualmente, uma combinação específica
de características clínicas relacionadas com uma demonstração objetiva da função
ventricular esquerda anormal(SELIG et al., 2010).
A IC também tem como característica uma seqüência de eventos que pode
incorporar múltiplas causas e atingir vários órgãos. Sabe-se, portanto que a IC é
marcada por processos patológicos que comprometem diretamente o coração,
podendo desenvolver mudanças que afetam outros órgãos, como os pulmões, rins,
sistema nervoso autonômico, vasos periféricos e os músculos esqueléticos (BOCCHI
et al., 2009; EICHHORN, 2001; LINDSAY et al., 1996).
No entanto, esses processos patológicos geram sintomas que caracterizam as
primeiras manifestações clinicas da IC que são a dispnéia e fadiga muscular,
acompanhada da diminuição da tolerância ao exercício físico e força, sendo estes
resultantes de uma complexa rede fisiopatológica que vai muito além das
anormalidades hemodinâmicas centrais.
A fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE) é importante na avaliação da
extensão da disfunção sistólica miocárdica, mas irrelevante na predição da
capacidade do paciente em se exercitar. Logo, a fraca relação entre a FEVE e a
tolerância ao exercício na IC estimula o interesse em mecanismos periféricos para
explicar a intolerância ao exercício, já que o coração e a periferia estão intimamente
ligados, tanto em adultos saudáveis como em pacientes com IC (MANCINI et al.,
1991).
20
Por sua vez, Mancini e Lang, (2004) dizem que o potencial mecanismo para
estas manifestações em pacientes com IC são claramente multifatoriais e incluem
anormalidades pulmonares e diafragmáticas. Em relação às anormalidades
pulmonares são destacadas as alterações vasculares, da função pulmonar
(diminuição da complacência, padrão obstrutivo das vias aéreas e hiper-reatividade
brônquica), inadequada ventilação-perfusão e anormal mecanismo de controle
ventilatório. Em nível de acometimento da musculatura diafragmática ocorre a
miopatia, redução do fluxo sanguíneo e da oxigenação dos músculos respiratórios.
Portanto, muita atenção tem sido dada na participação dos pulmões na origem
dos sintomas, porém, afastando-se a possibilidade de prejuízos na função pulmonar,
demonstrando que eles não são a causa da limitação ao exercício. A relação entre a
produção de CO2 (VCO2) pela ventilação (VE) – VE/VCO2 encontra-se aumentada
nos indivíduos com IC durante o exercício, porém sem uma implicação diretamente
pulmonar, mas sim, em função de uma baixa pressão parcial de CO2 arterial
ocasionada pela excessiva ventilação pulmonar (CLARK, 2006).
Aditivamente, segundo Young e Worthley (2004), a respiração de Cheyne-
Stokes é um dos sinais que freqüentemente está presente nos pacientes com IC em
classes funcionais mais avançadas 3 e 4. Segundo Franco et al. (2004), a
respiração de Cheyne-Stokes é definida como uma respiração com ciclos
respiratórios oscilando de forma ―crescente e decrescente‖ associada à
dessaturação de O2. O desenvolvimento da mesma em pacientes com insuficiência
cardíaca promove diminuição da pressão parcial de dióxido de carbono sangüínea,
inibindo a ventilação e promovendo apnéia, que por sua vez promove elevação da
PCO2 e nova resposta hiperventilatória, reiniciando um novo ciclo. Cronicamente,
esta manobra propicia o desenvolvimento de fraqueza na musculatura respiratória,
devido o encurtamento muscular.
Partindo desses pressupostos, a busca do entendimento sobre o que provoca
os sintomas de dispnéia e fadiga na IC tem direcionado os estudos para existência
de anormalidades na musculatura esquelética dos indivíduos portadores de IC
(COATS, 1996; POOLE-WILSON; FERRARI, 1996). O músculo esquelético na IC
desempenha um importante papel na gênese da fadiga e dispnéia, já que durante o
exercício é o primeiro consumidor de oxigênio e gerador de dióxido de carbono,
provocando alterações no pH, como também a relação dos estímulos nas unidades
21
respiratórias que provocam aumento da freqüência respiratória (MANCINI; LANG,
2004).
As primeiras teorias atribuíam a intolerância ao exercício em pacientes com IC
à subperfusão do músculo em atividade. No entanto, posteriormente, demonstrou-se
que o aumento no suprimento sanguíneo do músculo esquelético não resultou na
melhoria imediata de VO2 max. Logo, novas evidências direcionaram suas hipóteses
para anormalidades intramuscular intrínsecas, afastando a relação com o fluxo
sanguíneo do músculo (DREXLER et al., 1992; MANCINI; LANG, 2004).
A partir destas novas evidências, várias anormalidades têm sido demonstradas
nos músculos esqueléticos de pacientes com IC, provocando a dependência
precoce do metabolismo anaeróbico, que por sua vez, limita a tolerância ao
exercício (POOLE-WILSON; FERRARI, 1996). Essas incluem: redução dos níveis de
enzimas envolvidas na utilização oxidativa de substrato (DREXLER et al., 1992;
SULLIVAN; GREEN; COBB, 1990), alterações mitocondriais (SABBAH et al. 1993),
diminuição da densidade capilar (SULLIVAN; GREEN; COBB, 1990), alterações
ultra-estruturais com a distribuição do tipo de fibra muscular do tipo I para tipo II,
(SABBAH et al., 1993; SULLIVAN; GREEN; COBB, 1990), atrofia da fibra muscular
(MANCINI et al., 1992) e alterações das capacidades vasodilatadoras (BROQVIST et
al., 1992). Alterações no tratamento de fosfato de alta energia também foram
relatadas (BERNOCCHI et al., 1996; BROQVIST et al., 1992).
Em adição, estudo realizado por Lindsay et al. (1996) demonstraram através de
biópsia que tanto os músculos dos membros, como também os respiratórios
apresentaram anormalidades histológicas nos pacientes com IC, tais como à atrofia
de fibras do tipo I, sendo relacionada com a desordem generalizada da musculatura
esquelética. Pode-se analisar então, que várias repercussões da função muscular
respiratória contribuem sobremaneira para a dispnéia e na limitação das atividades
diárias (LAGHI; TOBIN, 2003).
Por fim, pode-se observar que os estudos direcionam a fadiga precoce em
pacientes com IC para anormalidades histológicas musculares, tais como: a perda
de massa muscular, diminuição do fluxo sanguíneo muscular, maior glicólise e
acidose metabólica, e reduzida capacidade oxidativa.
22
2.2 Exercício físico e músculos respiratórios na insuficiência cardíaca
Décadas atrás, a intolerância ao esforço levou a acreditar que a prática de
exercício físico pudesse piorar o estado clínico dos pacientes com IC, tornando-a
contra-indicada. Atualmente, a inatividade física é considerada fator de risco para o
agravamento da doença, havendo uma relação inversa entre aptidão física e
mortalidade (MANCINI; LANG, 2004; SELIG et al., 2010). Nos dias de hoje a
literatura tem demonstrado a importância do treinamento físico regular em pacientes
com IC, na melhora do estado clínico e no aumento da tolerância aos esforços,
(BACURAU et al., 2009; BOCCHI et al., 2009; COATS, 1996; DALL’AGO et al.,
2006; FRANCO et al., 2006; SELIG et al., 2010), mas também por reduzir os
sintomas debilitantes, como falta de ar e fadiga, sempre agindo sobre os sistemas
cardiovasculares e músculo-esquelético (PIEPOLI, 2004; PIÑA et al., 2003b).
É importante ressaltar que os mecanismos responsáveis por estas melhoras
são complexos e variados, mas não há duvidas de que o exercício físico tornou-se
uma opção efetiva de intervenção terapêutica, não farmacológica, capaz de retardar
ou reverter alterações centrais e periféricas decorrentes da evolução da IC (COATS,
1996; ROVEDA et al., 2003).
A recomendação do ACSM é que o treinamento físico seja combinado por
exercícios de endurance cardiorrespiratória, endurance e a força muscular e a
flexibilidade (PIÑA et al., 2003b). Para reforçar a importância dos programas de
exercício, vários estudos demonstraram que a combinação de exercícios tem se
mostrado uma modalidade de tratamento segura e eficaz na maioria dos pacientes
com IC (BECKERS et al., 2008; FEIEREISEN et al., 2007; SELIG et al., 2010). Vale
resaltar que o treinamento combinado parece ser a modalidade mais benéfica, pois
combinam melhorias importantes da função cardíaca e da força muscular periférica,
resistência e massa (PIÑA et al., 2003a).
Ainda no que se refere ao treinamento, a ACSM sugere a inserção de
exercícios de força para os membros superiores e dependendo do acometimento da
força ou endurance dos músculos respiratórios a inserção de TMV com dispositivos
de resistência inspiratória no programa de reabilitação (PIÑA et al., 2003b).
Observa-se que indivíduos de classe funcional II, III e IV segundo a NYHA,
apresentam atrofia muscular generalizada, que compromete a realização das
23
atividades diárias, como também, esta atrofia afeta os MRs, provocando aumento da
sobrecarga respiratória (DALL’AGO et al., 2006; MEYER et al., 2001; PIÑA et al.,
2003b; SABBAH et al., 1993; SULLIVAN; GREEN; COBB, 1990).
Esta sobrecarga ventilatórias pode ser relacionada também com a fraqueza
muscular dos membros superiores para realização das atividades da vida diária que
solicitem: sustentar pesos, elevar objetos, escovar os dentes, barbear, entre outras
necessidades básicas (PIÑA et al., 2003a). A importância de inserir exercícios para
os membros superiores pode ser vista no estudo realizado por Martinez; Couser;
Celli, (1991), que observaram em pacientes com obstrução crônica das vias aéreas,
que a simples elevação do braço aumentou de forma importante a ventilação e a
atividade dos MRs.
Frente à exposição destes fatos, a importância dos exercícios físicos para a
melhoria da força, resistência muscular e redução da fadiga, dos MRs em pacientes
com IC tem sido muito discutida (DALL’AGO et al., 2006; DUIVERMAN et al., 2009;
GRASSINO et al., 1979; MEYER et al., 2001). A utilização de dispositivos
espiroscópicos e programas de exercícios físicos aeróbios e/ou resistidos são os
métodos recomendados para o fortalecimento dos MRs. É importante ressaltar, que
a especificidade dos programas de reabilitação deve ser adequada ao grau de
comprometimento dos MRs do indivíduo (ABOUSSOUAN, 2009; PIÑA et al., 2003a).
Alguns estudos têm demonstrado resultados positivos dos exercícios físicos no
processo ventilatório, no entanto, os exercícios espiroscópicos e o treinamento de
força demonstraram bons resultados, tanto na atrofia muscular generalizada, como
nos MRs em pacientes com IC. Pesquisa realizada por Chiappa et. al.(2008) que
utilizaram dispositivos de resistência inspiratória demonstram a melhora do fluxo
sanguíneo dos membros após o treinamento. Em outros estudos que avaliaram o
efeito do TMV, observaram resultados favoráveis na ventilação voluntária máxima,
no VO2 e na percepção da dispnéia (MANCINI et al., 1995), capacidade funcional, na
resposta ventilatória ao exercício, aumento da força muscular respiratória e a
qualidade de vida (CHIAPPA et al., 2008; DALL’AGO et al., 2006).
Em relação ao treinamento de força, no que se refere ao fortalecimento dos
músculos respiratórios, ainda é pouco discutido e têm poucas evidências em
pacientes com IC. Porém, McCool et al. (1997) observaram em indivíduos saudáveis
que praticam treinamento de força possuem maior espessura diafragmática.
24
Aditivamente, AL-BILBEISI e McCooL, (2000) observaram que exercício de força
recruta o diafragma e a pressão transdiafragmática é elevada a um nível que pode
proporcionar um estimulo de treinamento significativo. O efeito crônico do
treinamento de força foi observado por DePalo et al., (2004) que após 16 semanas
de treinamento houve aumento da espessura do diafragma.
De uma forma geral, diferentes tipos de atividade física, de intensidade
moderada podem ter efeitos benéficos nas variáveis clínicas, na capacidade
funcional e na qualidade de vida desses pacientes (FEIEREISEN et al., 2007; SELIG
et al., 2010).
2.3 Eletromiografia dos músculos respiratórios
Apesar de já se ter observado que o treinamento físico promove aumento da
espessura do diafragma (MCCOOL et al., 1997), mais pesquisas precisam ser
desenvolvidas para avaliar a forma e o nível em que esses MRs são ativados.
Portanto, aliado ao exercício físico a eletromiografia tem demonstrado ser uma
técnica de mensuração de sinais mioelétricos que são originados por variações
fisiológicas no estado da membrana da fibra muscular provocadas por algum
estímulo que pode ser de natureza elétrica, química ou mecânica (ATS/ERS, 2002;
DUIVERMAN et al., 2009; DUIVERMAN et al., 2004).
Atualmente, pode-se observar que a eletromiografia tem sido aplicada para
avaliar capacidade de endurance muscular, limiar anaeróbio e de lactato,
biomecânica muscular, aprendizagem motora, relaxamento neuromuscular, análise
da velocidade da marcha e pedalada, dor muscular, doenças neuromusculares,
atividades da unidade motora e fadiga do músculo esquelético (FERREIRA;
GUIMARÃES; SILVA, 2010; MORITANI; YOSHITAKE, 1998; RAINOLDI;
MELCHIORRI; CARUSO, 2004).
Em relação, a avaliação eletromiográfica dos MRs, ela pode ser realizada por
três métodos: com eletrodos de agulha inseridos na musculatura de interesse; por
eletrodos fixados no interior do esôfago e/ou; eletrodos de superfície, na região da
pele que recobre a musculatura (ATS/ERS, 2002). Porém, no momento da escolha
de qual eletrodo vai ser utilizado para captação dos sinais eletromiográficos, devem-
se considerar as vantagens e desvantagens.
25
No entanto, entre os métodos mais utilizados nas pesquisas a eletromiografia
de superfície dos MRs tem sido uma alternativa na verificação da ativação muscular
(DEMOULE et al., 2003; DUIVERMAN et al., 2004; MAARSINGH et al., 2000). A
principal vantagem dessa técnica é devido a sua natureza não invasiva e a
possibilidade de captar os sinais de um grande número de unidades motoras.
Porém, existem também algumas desvantagens, como a utilização sem
padronização, aumentando as chances de captar sinais indesejados produzidos de
músculos vizinhos. Outra desvantagem é a influência da distância entre o músculo e
a superfície da pele onde será fixado o eletrodo. As variações na quantidade de
gordura subcutânea entre as pessoas podem dificultar as comparações de ativação
muscular (ATS/ERS, 2002).
Apesar de algumas desvantagens em relação aos outros métodos, a literatura
tem destacado pesquisas com validade e confiabilidade das medidas dos MRs
(DUIVERMAN et al., 2004; MAARSINGH et al., 2000; SINDERBY et al., 1998).
Segundo Demoule et al. (2003), em trabalho realizado para verificar a validação dos
sinais da EMGs do diafragma durante estimulação magnética transcranial,
conseguiram demonstrar que não existe diferença significativa entre os tempos de
latência decorridos do estímulo transcranial ao primeiro sinal eletromiográfico do
diafragma adquirido por eletrodos de agulha e de superfície em sujeitos saudáveis.
Em outra pesquisa realizado por Sinderby et al. (1998) que investigaram o nível
de ativação voluntária do diafragma durante a respiração em repouso e outras
manobras inspiratórias, demonstraram correlação entre as medidas de ativação
muscular do diafragma por eletrodos introduzidos no esôfago e por eletrodos de
superfície. Já o estudo de Maarsingh et al. (2000), demonstrou que não existiu
diferença significativa das medidas da EMGs feitas durante a ativação dos músculos
diafragma e intercostais durante a respiração em adultos e em crianças saudáveis,
afirmando ser uma medida confiável. Martins (2009) através da EMGs verificou em
indivíduos com IC a ativação dos músculos da respiração pelo dispositivo de
resistência inspiratória Threshold®, e pode avaliar o aumento da atividade
mioelétrica.
Também foi observado o uso da EMGs na avaliação mioelétrica em resposta
ao exercício aeróbio em cicloergômetro (DUIVERMAN et al., 2009; JONVILLE et al.,
2005) em esteira rolante (PERLOVITCH et al., 2007) e, ao dispositivos
26
espiroscópicos (HAWKES; NOWICKY; MCCONNELL, 2007; TOMICH et al., 2007)
ou durante o treinamento de força (BARDIER et al., 1994; MARTINEZ; COUSER;
CELLI, 1991).
De forma geral, a literatura reforça que, para a captação ideal do sinal
eletromiográfico de superfície, é fundamental a escolha apropriada da configuração
e da localização dos eletrodos, o controle da distância entre eletrodo e músculo de
interesse e o controle de interferências de sinais que venham de outros músculos ou
de outras fontes (ATS/ERS, 2002).
2.4 Função pulmonar e músculos respiratórios
O sistema respiratório exerce função vital para o organismo, por ser
responsável pelo processo de oxigenação das células do sangue e remoção de
dióxido de carbono para o meio ambiente. Quanto às estruturas que participam do
mecanismo ventilatório, os MRs que são músculos esqueléticos merecem atenção
especial e tem sido alvo de várias investigações, uma vez que são responsáveis
pela entrada e saída de ar dos pulmões. Desta forma, acometimentos na mecânica
ventilatória, na estrutura e/ou função dos MRs podem provocar incompetência
ventilatória (RATNOVSKY et al., 2003) que pode estar associada à gravidade de
diversas patologias, como também associadas ao processo do envelhecimento,
desnutrição e ao descondicionamento físico (OROZCO-LEVI, 2003).
A força dos músculos respiratórios pode ser quantificada de forma simples e
segura, por meio da realização da medida direta das pressões inspiratória máxima
(PImáx) e expiratória máxima (PEmáx) que eles geram durante contrações
voluntárias (ATS/ERS, 2002). Os testes clínicos de função pulmonar, largamente
utilizados na prática clínica, têm um papel essencial no manejo de pacientes com
doenças pulmonares e também naqueles sob risco para desenvolvimento de
disfunção respiratória. Esses testes fornecem dados objetivos de função pulmonar
que o clínico pode correlacionar com dados altamente subjetivos, tais como a
dispnéia. Os testes também fornecem resultados quantitativos e reprodutíveis,
permitindo avaliações longitudinais. Isso é importante porque os sintomas
respiratórios se correlacionam pobremente com a gravidade e a progressão de
diversas doenças (PEREIRA, 2005).
27
A medida das pressões respiratórias máximas auxilia na avaliação e no
diagnóstico de pacientes com disfunção respiratória de etiologia neuromuscular.
Ambas as pressões inspiratórias e expiratórias máximas (PImáx e PEmáx) estão
reduzidas em doenças neuromusculares generalizadas, tais como miastenia gravis e
distrofias musculares (PEREIRA, 2005). Pacientes com disfunção do músculo
diafragma pode apresentar fraqueza muscular com redução da pressão inspiratória
máxima. Nos pacientes com lesão de medula espinhal, mas com nervos frênicos
intactos, há queda das pressões expiratórias. Essa informação pode ter um papel
prognóstico importante. A medida das pressões respiratórias máximas pode auxiliar
na avaliação da capacidade de proteção das vias aéreas (por exemplo, capacidade
de gerar tosse adequada), para predizer o sucesso ou não do desmame da
ventilação mecânica e para avaliar a gravidade e a progressão de fraqueza
neuromuscular em diversas condições (LAGHI; TOBIN, 2003).
Então em 1969 os pesquisadores Black e Hyatt criaram uma forma simples de
medir pressões respiratórias máximas, através do manômetro/manovacuômetro
graduado em cmH2O, demonstrando que essa era a medida quantitativa da função e
força dos músculos respiratórios. A partir dessa técnica, a força muscular respiratória
pode ser medida avaliando-se a pressão respiratória estática máxima, gerada na
boca após manobras de inspiração e expiração completas, caracterizando,
respectivamente, a PImáx e a PEmáx (COSTA et al., 2010). Portanto, a PImáx é
uma medida que caracteriza a força dos músculos da inspiração, e a PEmáx mede a
força dos músculos abdominais e intercostais, responsáveis pela expiração
(MANGELSDORFF et al., 2001).
Para medir as pressões respiratórias máximas, especialmente em terapia
respiratória, vários estudos foram realizados na tentativa de formular tabelas de
valores previstos para PImáx e PEmáx, levando em consideração fatores como
idade, gênero e altura, respeitando as características da população. No Brasil, foram
realizados ainda poucos estudos populacionais sobre os valores de referência para
as pressões respiratórias máximas, embora alguns sejam relevantes: Camelo Jr
foram os primeiros a sugerir valores de PImáx e PEmáx para a população brasileira
adulta; Neder et al., (1999) propuseram equações preditivas para a população
brasileira, e sofreu varias críticas, já que suas fórmulas não eram capazes de
predizer os valores de PImáx e PEmáx na população-alvo.
28
Finalmente, Costa et al. (2010) prepuseram novas equações para determinar
os valores previstos de PImáx e PEmáx para a população brasileira: Homens:
PImáx: y = −1,24 × idade + 232,37 e PEmax: y =-1,26 x idade + 183,31; Mulheres:
PImáx: y = −0,46 × idade + 74,25 e PEmax: y = -0,68 x idade + 119,35.
29
CAPITULO 3 - MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Caracterização do estudo
Trata-se de um estudo quase-experimental, com delineamento série pré e pós-
teste e abordagem quantitativa. Neste desenho, o pesquisador mede o grupo
repetidamente, tanto antes como depois da exposição ao tratamento (SOUSA;
DRIESSNACK; MENDES, 2007).
3.2 Casuística
A população alvo deste estudo foi formada de pacientes portadores de
insuficiência cardíaca de diferentes etiologias, atendidos na clínica cardiológica do
Hospital Universitário Lauro Wanderley. A amostra foi composta, de oito indivíduos
do sexo masculinos, média de idade de 49,5±3,6 anos, em estágio C segundo a e
classe funcional I, II e III (New York Heart Association), (AHA/ACC, 2005)
Para a seleção da amostra foram estabelecidos os seguintes critérios de
inclusão: diagnóstico de IC há no mínimo seis meses; FEVE em repouso ≤ 56%
avaliado pelo ecocardiograma no período máximo de um ano; estabilidade
hemodinâmica há pelo menos três meses; medicação com doses otimizadas há pelo
menos três meses; Índice de massa corporal (18,5 – 29 Kg/m²); não participar de um
programa de exercícios regulares ou que acumule mais de 30 minutos de atividade
física moderada na maioria dos dias da semana (ACSM); apresentar medida de
PImáx. < 70% do previsto; não apresentar histórico clínico de indicativo de doença
respiratória.
Quanto aos critérios de exclusão foram: estado febril (temperatura axilar >
37,5°), presença de tosse ou expectoração, sintomas de gripe nos sete dias
antecedentes à coleta dos dados; incapacidade de compreender ou realizar os
protocolos de exercício; apresentar, doenças infecciosas, problemas ortopédicos ou
neurológicos que pudessem interferir na realização do exercício; angina instável,
arritmias não controladas, infarto agudo do miocárdio num período de tempo inferior
há 3 meses; incapacidade de realizar o teste de uma repetição máxima.
30
3.3 Aspectos éticos
O projeto de pesquisa foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa do
Hospital Universitário Lauro Wanderley – UFPB (CEP-HULW, no 074/2011) (ANEXO
A). Com a aprovação do Projeto de Pesquisa, o estudo foi iniciado após os
pacientes lerem e assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido
(APÊNDICE A).
3.4 Desenho do estudo
Neste estudo foi utilizada a aleatoriedade para a ordem da execução dos
experimentos. Durante a realização dos exercícios Threshold® e Supino Vertical, os
indivíduos foram avaliados visando à determinação de alterações nas variáveis
dependentes decorrentes do experimento aplicado.
Foram divididos conforme o delineamento apresentado na tabela 1:
Tabela 1. Delineamento do estudo.
Grupo EXPERIMENTO 1 EXPERIMENTO 2
GIC DT ou SV SV ou DT
GIC = Portadores de IC; DT= Dispositivo Threshold®; SV = Supino Vertical
3.5 Variáveis analisadas
Variáveis dependentes
Força dos Músculos Respiratórios
Valores de RMS dos músculos esternocleidomastoideo e diafragma durante a
condição basal e execução dos exercícios.
31
Variáveis independentes
Exercício seletivo dos músculos respiratórios (Threshold® a 50% da PImax)
Exercício de força (Supino vertical a 60% de uma repetição máxima)
Variáveis intervenientes
Tempo de exposição à doença
Limitação da carga do dispositivo Threshold®
3.6 Procedimentos metodológicos para coleta dos dados
Recrutamento dos voluntários para a composição da amostra
Para o recrutamento dos voluntários, o pesquisador se dirigiu ao Hospital
Universitário Lauro Wanderley, fez contato com os médicos cardiologistas,
explicando os procedimentos do estudo e as características necessárias para
composição dos pacientes da amostra (critérios de inclusão). Em seguida o
pesquisador foi verificar junto à secretária as informações médicas registradas nos
prontuários e bancos de dados e quando necessário, solicitava mais informações
sobre o paciente ao próprio médico. Em seqüência fez-se contato telefônico com o
candidato, que recebeu esclarecimento quanto ao teor e benefícios da pesquisa,
eles foram também questionados sobre outros parâmetros de inclusão e, se fosse o
caso, convidado a participar da pesquisa.
Locais utilizados e etapas da coleta de dados
As avaliações clínica, antropométricas, os testes de pressão inspiratória e
expiratória máxima, teste de 1RM e a captação do EMG foram realizados no
Laboratório de Estudos do Treinamento Físico Aplicado a Saúde (LETFAS). O
LETFAS fica situado no Ginásio de Ginástica, localizado na praça de esportes do
Departamento de Educação Física da UFPB.
32
Avaliação antropométrica
A avaliação antropométrica foi constituída pela aferição da massa corporal em
Kg (MC), da estatura em cm (Est), ao qual foi definido seu estado nutricional pelo
índice de Massa Corporal (IMC).
Avaliação da força muscular inspiratória
Para avaliação da força muscular inspiratória foi utilizado o manovacuômetro
analógico da marca WIKA®, São Paulo, Brasil, (modelo MV300) com intervalo
operacional de ± 300 cmH2O (Figura 1). O manuovacuômetro foi conectado a uma
traquéia de plástico de 16 centímetros de comprimento de 2,4 centímetros de
diâmetro interno. A extremidade da traquéia foi conectada a um bocal de plástico
rígido que possuía um orifício de fuga de 2mm de diâmetro para prevenir o
fechamento da glote durante a manobra de pressão inspiratória máxima (PImáx.).
Em seqüência, foi realizada as medida da PImáx. fazendo necessário o
paciente estar sentado, com os pés e o tronco apoiados a 90°, sendo orientado
verbalmente sobre a realização da manobra. Durante o experimento foram adotados
os seguintes procedimentos avaliativos: 1) Uso de um clipe nasal, para a oclusão
das narinas durante toda a execução do teste; 2) Uso de boquilhas de 5 cm de
comprimento com um orifício de 2 mm; 3) A força dos MRs foi avaliada a partir da
mensuração da PImáx. Para a avaliação da PImáx o paciente foi orientado a realizar
uma inspiração máxima até a capacidade pulmonar total (CPT) durando pelo menos
3 segundos, contra uma válvula ocluída, a partir do volume residual (VR). Foram
realizadas três manobras e o maior valor registrado em cmH2O. Foi dado o intervalo
de 1 minuto entre as manobras e estabelecido um número máximo de 10 manobras.
Os valores obtidos foram comparados com os parâmetros de normalidade por meio
das equações de predição de Costa et al. (2010).
Homens: PImáx: y = −1,24 × idade + 232,37.
33
Figura 1: Manovacuômetro analógico para aferição da pressão inspiratória
máxima.
Teste de 1RM
Foi utilizado para avaliar a contração voluntária máxima gerada pelos músculos
durante a execução do movimento supino vertical. O protocolo de 1RM seguiu as
orientações do ACSM, (2003): 1) o indivíduo realizou um prévio aquecimento de 5 a
10 repetições com 40 a 60% do máximo percebido. 2) Após um minuto de repouso
com prévio alongamento, o indivíduo faz 3 a 5 repetições com 60 a 80% do máximo
percebido. 3) Observa-se que ele deve chegar perto de 1RM percebida na etapa 2.
Uma pequena quantidade de peso é acrescentada e será tentado um levantamento
de 1RM. 4) Caso o levantamento não seja bem sucedido, proporciona-se um
período de repouso de 3 a 5 minutos, e repete-se a tentativa. 5) O objetivo deste
teste consiste em encontrar o valor de 1RM dentro de 3 a 5 esforços máximos.
Avaliação eletromiográfica
O uso da eletromiografia de superfície no presente estudo consistiu na análise
do espectro de potência do EMG com o objetivo de avaliar os níveis de ativação dos
músculos da inspiração (RMS em µV), durante o exercício supino vertical e o
exercício seletivo dos músculos respiratórios realizado com o Threshold®.
34
Para a coleta dos sinais EMG na presente pesquisa foi utilizado um
eletromiografo da marca EMGSystem® do Brasil LTDA de cinco canais, com placa
conversora A/D 12bits com freqüência de amostragem de 2000 Hz, faixa de entrada
de 5 mV, ganho interno total de 1000 vezes, razão do modo de rejeição comum
>120 dB e filtros internos passa-alta (20Hz) e passa-baixa (500Hz). A detecção dos
sinais foi feita utilizado eletrodos ativos, bipolares, cujo contato é constituído de
Cloreto de prata (Ag/AgCl) e um gel solido aderente de alta condutibilidade (3M
Korea LTDA). Nesse modelo de eletrodo, as superfícies de contato ficam inseridas
em suporte de espuma e gel sólido, distanciadas aproximadamente 2 cm entre
eletrodos. Para redução dos ruídos foi utilizado eletrodo de referência fixado em uma
região não ativa (processo estilóide) sendo o Índice de rejeição de modo comum >
120 dB.
Para o correto posicionamento dos eletrodos, o pesquisador seguiu alguns
procedimentos:
Ativação mioelétrica do diafragma
Para a aquisição da atividade do músculo diafragma os eletrodos foram
posicionados à direita, no 7º ou 8º espaço intercostal, sendo o ponto inter eletrodos
posicionado no ponto eqüidistante da linha axilar e da linha médio clavicular (Figura
2). Para a localização da região ideal de colocação dos eletrodos do diafragma, o
paciente foi orientado a inspirar até a CPT de modo a permitir o posicionamento dos
eletrodos no local onde o sinal apresentasse a maior amplitude (DORNELAS-
ANDRADE et al., 2005; DEMOULE et al., 2003; MARTINS, 2009).
Ativação mioelétrica do esternocleidomastóideo
Para a aquisição da atividade do músculo esternocleidomastóideo (ECM), os
eletrodos foram posicionados à direita, na direção das fibras do músculo de forma
que o ponto inter-eletrodos foi fixado na região do terço inferior da linha que se
estende da borda inferior do processo mastóideo até o centro da fenda external
(DORNELAS-ANDRADE et al., 2005; MARTINS, 2009).
35
Figura 2: Posicionamento dos eletrodos de referência e dos músculos
inspiratórios estudados.
Instrumentos utilizados no protocolo experimental
Exercício muscular inspiratório (EMI)
Foi utilizado o dispositivo Threshold® para o EMI, amplamente divulgado na
literatura (Figura. 3). Ele permite sobrecarga inspiratória de forma linear,
independente das variações de fluxo geradas pelo usuário durante o exercício. A
sobrecarga é dada em unidades de pressão (cmH2O) que variam de 7cmH2O a
41cmH2O com incrementos de 2 em 2 cmH2O.
O protocolo com o dispositivo para o treinamento muscular inspiratório seguiu
os seguintes procedimentos: foi realizado com o paciente mantendo o
posicionamento sentado, segurando o dispositivo com a mão dominante, sendo
colocado um apoio na altura do cotovelo para que o membro superior fique bem
36
posicionado, foi também usado o clip nasal. Durante a respiração com a carga, o
paciente foi orientado a respirar de modo a gerar uma força suficiente para fazer o ar
entrar no aparelho, sem uma orientação de um padrão respiratório específico
(CHIAPPA et al., 2008).
Figura 3. Foto do Dispositivo Threshold® utilizado para o TMI
Exercício de Força (EF)
Para o protocolo do EF foi utilizado o banco supino vertical, onde duas torres
verticais são articuladas a base do banco para servir de alavanca. (Figura 4). Esse
exercício solicita a musculatura do peitoral maior, o peitoral menor, tríceps, o feixe
anterior do deltóide, os serráteis anteriores e o corocobraquial (DEVALIER, 2000).
A execução do exercício levou em consideração alguns procedimentos: a
execução do movimento do supino vertical seguiu as orientações de Delavier,
(2000), em que o paciente deve sentar na máquina com os seguintes pontos de
apoio no banco: cabeça, tórax, lombar e pés apoiados no solo. As mãos em
pronação com uma distância superior à largura dos ombros, inspirar e descer as
torres, controlando o movimento até o peito, subir e expirar até o final do esforço.
37
Figura 4 – Foto da maquina articula Supino Vertical, utilizado para o
treinamento de força.
Seqüência do protocolo experimental
Previamente à realização do protocolo experimental os voluntários foram
orientados para que nas 24 horas antecedentes aos experimentos não realizem
esforços, mantenham os hábitos alimentares e de descanso e evitem ingerir bebidas
alcoólicas. Também foram informados para que no dia dos experimentos façam a
refeição até duas horas antes e vistam roupas confortáveis para a execução dos
exercícios.
Os participantes foram orientados a chegar ao laboratório 30 minutos antes do
início do procedimento experimental. A verificação de parâmetros de monitoramento
foi realizada considerando as características típicas de descompensação da IC.
Foram monitorados: Pressão arterial (PA), Freqüência Cardíaca (FC), saturação
periférica da hemoglobina pelo oxigênio (SatHbO2), antes e durante a continuidade
dos testes. Caso o paciente apresente-se com PA sistólica > 160mmHg ou diastólica
> 105mmHg, SatHbO2 <85% ou FC abaixo de 50 ou acima de 100bpm, dispnéia ou
falta de ar, o teste era interrompido e paciente ficava aos cuidados do médico do
laboratório e em seguida era orientado a procurar seu médico.
38
O protocolo do estudo foi dividido em dois momentos, separados por um
intervalo de 48 horas, necessário para recuperação dos testes máximos e do
período de adaptação que os pacientes foram submetidos. Pode-se ver na figura 5 o
fluxograma que apresenta as etapas do estudo.
Figura 5: Protocolo do estudo dividido em dois momentos
Primeiro momento do experimento
Neste momento foram realizadas as avaliações clinicas antropométrica, da
força muscular inspiratória e o teste de 1RM e anotados em ficha de registro
(APÊNDICE B). Após o período de coleta dos dados, o indivíduo foi submetido a um
período de adaptação aos exercícios, composto de exercícios de alongamento para
os grupamentos musculares específicos e a realização dos exercícios com o
dispositivo Threshold® e Supino Vertical, esclarecendo seu mecanismo de
funcionamento. Durante a realização dos exercícios foram aplicadas as cargas a
serem utilizadas no 2º momento. O protocolo do EMI foi realizado com uma carga de
50% da PImáx., duração de três minutos e respiração espontânea. Durante a
realização EF, foi utilizada a carga de 60% de 1RM em 15 repetições, numa
cadência de 2x2.
Segundo momento do experimento
No segundo dia ao chegar ao laboratório para realização do protocolo, o
paciente ficou em repouso durante 10 minutos antes de iniciar os experimentos, em
seguida foram verificados os sinais vitais para avaliar a estabilidade hemodinâmica.
Antes da colocação dos eletrodos da EMGs foi realizado o procedimento de limpeza
2º MOMENTO: PROTOCOLO EXPERIMENTAL:
EXERCÍCIO DA MUSCULATURA
VENTILATÓRIA e
EXERCICIO DE FORÇA
1º MOMENTO: AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA ANTROPOMETRICA, AVALIAÇÃO PULMONAR, TESTE DE 1RM E ADAPTAÇÃO AO EXERCÍCIO.
48 horas depois
39
da pele, com a fricção utilizando álcool a 70%. Após a limpeza foi adotado o
procedimento para o posicionamento dos eletrodos, já descrito no tópico acima.
Também foi realizada a aleatorização dos exercícios para determinar qual dos
dois iniciava o experimento, situação 1 ou 2 (Figura 6). Depois do sorteio os
indivíduos foram submetidos à fase de respiração espontânea, que foi realizada
sempre antes da execução do exercício, e teve a duração de um minuto. No caso do
Threshold® foi colocado apenas o bocal na boca sem o aparato da mola e da
membrana plástica, já com relação ao supino vertical o indivíduo foi posicionado na
máquina sem realizar o movimento. Essa fase foi nomeada respiração sem carga
(RSC).
Durante os protocolos de exercício, o Threshold® foi realizado com carga de
50% da PImáx. (T50%), com duração de três minutos, que segundo Martins (2009),
produz maior atividade eletromiografica sobre os MRs. Já o supino vertical foi
realizado com a carga entre 60% de 1RM (S60%), cujo a meta era atingir 15
repetições, com cadência de 2x2 utilizando metrônomo, totalizando 60 segundos de
contração muscular dinâmica, seguindo as orientações da ACSM, para pacientes
com cardiopatias. Entre o primeiro e segundo exercício foi realizado um intervalo de
15 minutos de recuperação com respiração espontânea (FIGURA 6). Os registros
eletromiográficos foram digitalizados e armazenados continuamente ao longo de
toda a coleta experimental.
Figura 6 – Fases da coleta do protocolo experimental. RSC = Respiração Sem
Carga; Rep = Repouso; S60 = Supino Vertical 60%; T50 = Threshold 50%.
40
Análise dos dados eletromiográficos
Para normatização do sinal eletromiográfico foi utilizado os valores obtidos
durante a ativação em relação à RSC. O período de ativação do exercício supino
vertical foi o tempo total para completar as 15 repetições, já para o Threshold foi
considerado o terceiro minuto de coleta. A seleção dos dados nos respectivos
intervalos de tempo foi realizada no software EMGLab versão 1.2. Através desse
programa foi possível visualizar a ativação muscular do diafragma e do ECM durante
o momento da inspiração e assim, selecionar os cortes da eletromiografia
justamente durante a fase inspiratória.
De posse dos valores da ativação muscular inspiratória, foram calculados os
valores de RMS.
Após os registros simultâneos da atividade elétrica durante a manobra do EMV,
foi selecionado o trecho equivalente dos 60 últimos segundos do pulso
eletromiográfico. Em relação ao EF foi selecionado o tempo de 60 segundos para a
análise dos sinais. Também foi destacado um trecho referente à atividade basal, de
mesma duração para normalização do sinal, para qual foi utilizada a seguinte
equação: RMS% = RMSEMV ou RMSEF /RMSBASAL (DORNELAS-ANDRADE et
al., 2005). Tal procedimento é necessário para a análise de dados eletromiográficos
quando se deseja fazer comparações entre músculos ou exercícios diferentes. A
comparação entre os músculos serão realizadas nas duas situações de exercícios,
Threshold® com 50% da PImax. e supino vertical a 60% de 1RM.
3.7 Plano estatístico
O poder da amostra foi avaliado com base no parâmetro eletromiográfico,
obtido em um estudo piloto com cinco voluntários. O tamanho mínimo da amostra
(n=7) foi determinado pelo teste t para amostra pareada (média de diferença ente os
grupos 9,5µV; desvio padrão da diferença 9,0µV, poder de 0,80 e um erro α de
0,05), no qual se utilizou o parâmetro RMS em µV obtido nas situações RSC e
ativação do músculo esternocleidomastóideo. Os cálculos foram processados com o
uso do GPower 3.1.0.
41
Para análise dos dados foi utilizado o pacote Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS 18.0, Chicago, USA). Para verificar a normalidade e homogenidade
da variância dos dados foram realizados os testes de Shapiro-Wilks e Levene,
respectivamente. Para testar os valores do RMS (µV) do basal e ativação do
músculo esternocleidomastóideo e do diafragma durante os exercícios com
Threshold® e Supino Vertical e o % RMS dos músculos esternocleidomastóideo e
diafragma nos exercícios com Threshold e supino vertical foi utilizado o teste-t de
Student para amostras pareadas. Os dados são apresentados com média e erro
padrão e o nível de significância aceito foi de p<0,05.
42
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51
CAPITULO 4 – ARTIGO
ATIVAÇÃO MIOELÉTRICA INSPIRATÓRIA DURANTE O EXERCÍCIO SUPINO
VERTICAL NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA.
Sidney dos Santos Pinheiro(1); Maria do Socorro Brasileiro-Santos(1,2); Anna Myrna
Jaguaribe de Lima(2;3); Amilton da Cruz Santos(1;2)
1. Graduado pelo Programa Associado de Pós-graduação em Educação Física
Universidade de Pernambuco/Universidade Federal da Paraíba – UPE/UFPB, João
Pessoa, Paraíba, Brasil;
2. Laboratório de Estudo do Treinamento Físico Aplicado a Saúde (LETFAS) do
Departamento de Educação Física da Universidade Federal da Paraíba - UFPB,
João Pessoa, Paraíba, Brasil;
3. Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFPE, Recife, Pernambuco, Brasil.
Keywords: Electromyography; Respiratory Muscles; Heart Failure.
Endereço para correspondência:
Prof. Ms. Sidney dos Santos Pinheiro
Laboratório de Estudo do Treinamento Físico Aplicado a Saúde (LETFAS) do
Departamento de Educação Física da Universidade Federal da Paraíba - UFPB,
João Pessoa, Paraíba, Brasil, Castelo Branco I, João Pessoa, PB. CEP 58.051-900,
Telefone: (83) 3216 7212; endereço eletrônico: [email protected]
Este artigo está no formado do Journal of Electromyography and Kinesiology, http://ees.elsevier.com/jek/
52
RESUMO
Objetivo: Comparar a ativação dos músculos inspiratórios diafragma e
esternocleidomastoideo durante o exercício no supino vertical e no dispositivo
Threshold®, em pacientes com IC que apresentam fraqueza muscular inspiratória.
Métodos: Foram incluídos oito pacientes com IC, média de idade 49,6±9,6 anos e
IMC 25,5±4,0 Kg/cm2. Os pacientes foram submetidos ao exercício de força Supino
Vertical e ao dispositivo Threshold®. Para o registro da atividade dos músculos
inspiratórios Esternocléidomastoideo (ME) e Diafragma (MD) foi usado Eletromigrafia
de superfície e sua análise no domínio do tempo e os valores processados em Root
Mean Square (RMS). Para a análise dos sinais EMGs, foi selecionado trecho
equivalente aos sessenta últimos segundos do pulso eletromiográfico referente ao
período de contração, e trechos basais de mesmo período para normalizar o sinal.
Os dados foram analisados pelo teste t de Student para amostras independentes e
apresentados como média±EP. Foi utilizado nível de significância de p<0,05.
Resultados: Verificou-se que o ME não apresentou diferença significativamente de
ativação durante o exercício com o Threshold® quando comparado ao supino
vertical (3,3±0,4% vs 2,9±0,4%, p=0,42). Em relação ao MD também não foi
observado diferença significativa entre os exercícios Supino Vertical e o Threshold®
(3,0±0,5% vs 2,7±0,4%, p=0,31, respectivamente). Conclusão: No presente estudo
o exercício supino vertical ativou os músculos diafragma e esternocleidomastoideo
em pacientes com IC de maneira similar ao observado com o dispositivo
Threshold®.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos do Hospital Universitário Luciano Wanderley (CEP-HULW no 074/2011)
53
INTRODUÇÃO
Diversas anormalidades funcionais têm sido relatadas nos músculos
esqueléticos de pacientes com insuficiência cardíaca (IC), as quais provocam
dependência precoce do metabolismo anaeróbico, que por sua vez, limitam a
tolerância ao exercício (Wilson and Mancini, 1993; Harrington and Coats, 1997).
Dentre as alterações histoquímicas e/ou metabólicas musculares que
comprometem os pacientes com insuficiência cardíaca foram observadas redução
dos níveis de enzimas envolvidas na utilização do substrato oxidativo (Sullivan et al.,
1990; Drexler et al., 1992), diminuição da densidade capilar (Sullivan et al., 1990),
alterações mitocondriais (Sabbah et al., 1993), ultra-estruturais com a distribuição do
tipo de fibra muscular do tipo I para tipo II, (Sullivan et al., 1990; Sabbah et al.,
1993), atrofia da fibra muscular (Mancini et al., 1992), capacidade vasodilatadora
(Broqvist et al., 1992) e no tratamento de fosfato de alta energia (Broqvist et al.,
1992; Bernocchi et al., 1996).
Prévios estudos têm investigado a miopatia nos músculos respiratórios (MRs)
de pacientes com IC (Drexler et al., 1992; Bernocchi et al., 1996; Chiappa et al.,
2008), eles verificaram que esses músculos apresentam fraqueza muscular que
provocam aumento no trabalho respiratório e sensação de dispnéia (Dall’Ago et al.,
2006). Aditivamente eles observaram que essa fraqueza muscular está diretamente
relacionada à severidade da disfunção cardíaca, o que contribui para reduzir a
capacidade de realizar exercício físico (Laghi and Tobin, 2003) e a qualidade de vida
(Meyer et al., 2001).
Com a finalidade de reabilitar os MRs na insuficiência cardíaca, estudos têm
demonstrado os efeitos benéficos de dispositivos espiroscópicos para o treinamento
muscular ventilatório, resultando na melhoria da força muscular inspiratória e na
capacidade funcional, melhoria do fluxo sanguíneo dos membros após o treinamento
(Dall’Ago et al., 2006; Chiappa et al., 2008; Ribeiro et al., 2009).
No entanto pouco se conhece sobre os benefícios dos exercícios de força no
tratamento da disfunção muscular, apesar de estudos prévios demonstrarem
resultados importantes em proporcionar hipertrofia muscular e aumento da
espessura diafragmática em sujeitos saudáveis (McCool et al., 1997; Al-Bilbeisi and
McCool, 2000; DePalo et al., 2004). Segundo DePalo et al. (2004) pessoas
54
saudavéis submetidas ao treinamento de força por 16 semanas podem aumentar em
até 30% na força do diafragma e 26% na espessura, sendo comprável em
magnitude ao aumento da força e da hipertrofia miofibrilar observada nos membros
inferiores.
Deste modo, nós iremos testar a hipótese que o exercício supino vertical ativa
os músculos inspiratórios de pacientes com insuficiência cardíaca, de forma similar
ao exercício seletivo com Threshold®. O principal objetivo desse estudo foi
comparar a ativação da musculatura inspiratória durante o exercício supino vertical
com o dispositivo Threshold®, em pacientes com insuficiência cardíaca que
apresentam fraqueza muscular inspiratória.
MATERIAIS E MÉTODOS
Amostra
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres
Humanos do Hospital Universitário Lauro Wanderley (CEP-HULW, no 074/2011).
Cada paciente foi informado dos riscos e benefícios envolvido no estudo e
assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido antes de participar. Os
pacientes eram portadores de insuficiência cardíaca de diferentes etiologias, em
estágio C da doença e classe funcional II e III (NYHA), eles foram recrutados no
ambulatório de cardiologia do Hospital Universitário Lauro Wanderley.
Para poderem ser incluídos no estudo, os pacientes deveriam possuir
diagnóstico de insuficiência cardíaca há no mínimo seis meses; Fração de Ejeção do
Ventrículo Esquerdo em repouso < 45% avaliado pelo ecocardiograma; estabilidade
hemodinâmica há pelo menos três meses; medicação com doses otimizadas há pelo
menos três meses; Índice de massa corporal (18,5 – 29 Kg/m²); fraqueza muscular
inspiratória (PImáx. < 70% do predito); não apresentar histórico clínico indicativo de
doença respiratória. Não foram admitidos no estudo pacientes em estado febril
(temperatura axilar > 37,5°), com presença de tosse ou expectoração, sintomas de
gripe nos sete dias antecedentes à coleta dos dados; incapacidade de compreender
ou realizar os protocolos de exercício físico; apresentar, doenças infecciosas,
problemas ortopédicos ou neurológicos que pudessem interferir na realização do
55
exercício físico; angina instável, arritmias não controladas, infarto agudo do
miocárdio num período de tempo inferior há 3 meses; incapacidade de realizar o
teste de uma repetição máxima.
Teste de Função Muscular Respiratória
Para se determinar a carga de trabalho no dispositivo Threshold® foi realizado
o teste de pressão inspiratória máxima (PImáx) usando um manovacuômetro
analógico (WIKA do Brasil, LTDA). Para isso faz-se necessário o paciente estar
sentado, com os pés e o tronco apoiados a 90°, sendo orientado verbalmente sobre
a realização da manobra. Para a avaliação da PImáx o paciente foi orientado a
realizar uma inspiração máxima até a capacidade pulmonar total, contra uma válvula
ocluída, a partir do volume residual. Foram realizadas três manobras com intervalo
de 1 minuto (ATS/ERS, 2002). Os valores obtidos foram comparados com os
parâmetros de normalidade por meio das equações de predição de Costa (Costa et
al., 2010).
Teste de Contração Voluntária Máxima
Para se avaliar a contração voluntária máxima gerada pelos músculos peitorais
durante a execução do exercício supino vertical (SV) seguiram-se as orientações da
American College Sport Medicine (ACSM, 2010), cujo protocolo consiste em
encontrar o valor de 1RM dentro de 3 a 5 esforços máximos (2010).
Eletromiografia de Superfície
O sinal da EMG foi obtido usando um módulo de cinco canais (EMG System do
Brasil LTDA), consistindo de um condicionador de sinal com filtro analógico de
segunda ordem do tipo Butterworth, passa-baixa de 500Hz e passa-alta de 20Hz.
Ganho amplificado de até 2000 vezes, sendo feito pelo equipamento em 100 vezes
e pelos eletrodos ativos em 20 vezes. Taxa de rejeição de modo comum >120dB.
Todos as informações foram processados usando software específico para
aquisição e análise (EMGlab), e placa conversora analógico/digital de 12 bits de
56
resolução. A freqüência de amostragem de anti-alisamento foi de 2.0kHz para cada
canal e taxa de entrada de 5 mV.
Os sinais da EMG foram obtidos a partir de eletrodos de superfície bipolares
ativos, constituído de Cloreto de Prata (Ag/AgCl) e um gel sólido aderente de alta
condutibilidade, com distância entre as superfícies de contato fixa em 20mm
(Hermens et al., 2000). Previamente à colocação dos eletrodos, à pele foi
tricotomizada e feita assepsia com álcool a 70%. Para auxiliar na redução de ruído
na aquisição dos sinais, foi utilizado um eletrodo de referência fixado no processo
estilóide da ulna. Para capturar os sinais mioelétricos do diafragma, os eletrodos
foram colocados entre o sétimo e oitavo espaço intercostal anterior, de acordo com a
melhor captação do sinal, posicionado entre a linha axilar e hemiclavicular, já no
músculo esternocleidomastóideo, o eletrodo foi colocado no ventre muscular a cinco
centímetros do processo mastóide (Dornelas-Andrade et al., 2005). Todos os
eletrodos foram posicionados no lado direito do paciente e fixados com fita
micropore. A utilização do equipamento para a coleta e processamento dos sinais de
ativação muscular seguiu as recomendações da International Society of
Electrophysiology and Kinesiology e da Surface Electromyography for Noninvasive
Assesment of Muscles.
Protocolo de Ativação Muscular Respiratória
O experimento envolveu duas sessões com intervalo de 48 horas. Na primeira
sessão, os pacientes foram submetidos a avaliação clínica, antropométrica, da força
muscular respiratória e ao teste de 1RM. Em seguida, os indivíduos foram
submetidos a adaptação com o dispositivo Thershold® e o supino vertical. A
segunda sessão consistiu na realização dos protocolos de exercício para coletas dos
dados. Os pacientes ao chegarem ao laboratório permaneciam em repouso durante
10 minutos antes de iniciar os experimentos, em seguida foram verificados os sinais
vitais (Pressão Arterial, Freqüência Cardíaca e SatHbO2) para avaliar a estabilidade
hemodinâmica. Após instrumentação foi iniciado o protocolo basal, que consistiu de
respiração espontânea sem carga com duração de um minuto. Para realização da
respiração sem carga com o TH foi colocado apenas o bocal na boca sem o aparato
da mola e da membrana plástica, já com relação ao SV o indivíduo foi posicionado
57
na máquina sem realizar o movimento. O sinal obtido durante estas manobras com
respiração sem carga foi utilizado como registro basal, e serviu para normalizar os
valores do sinal eletromiográfico.
Para avaliação da atividade mioelétrica foi realizado experimentos em duplicata
randomizados (TH e SV ou SV e TH), conforme descrito posteriormente. Durante os
protocolos de exercício com TH foi utilizado carga de 50% da PImáx, com duração
de três minutos (Dornelas-Andrade et al., 2005). Já o SV foi realizado com a carga
de 60% de 1RM, em 15 repetições, com cadência de 2/2, seguindo as orientações
da ACSM para pacientes cardiopatas (2010). Entre os protocolos de exercícios teve
um intervalo de 15 minutos de recuperação. Os registros eletromiográficos foram
digitalizados e armazenados em computador ao longo de toda a execução dos
exercícios.
A ordem de execução dos exercícios foi randomizada. A randomização foi
realizada em computador utilizando-se do endereço eletrônico
(www.randomizer.org).
Tratamento do Sinal Eletromiográfico
O tratamento do sinal eletromiográfico foi realizado no domínio do tempo e foi
processado pelo cálculo da raiz quadrada da média (DeLuca, 1997). Para
normalização do sinal eletromiográfico foram utilizados os valores da EMG obtidos
durante a ativação muscular dividindo-se pelos valores da EMG obtidos no registro
basal. O período de ativação do exercício SV foi o tempo total para completar as 15
repetições, já para o TH foi considerado os 60 segundos finais da coleta. A seleção
dos dados nos respectivos intervalos de tempo foi realizada no software (EMGLab
versão 1.2). Através deste foi possível visualizar e selecionar os trechos do sinal
eletromiográfico durante a ativação muscular do diafragma e do
esternocleidomastóideo durante o ciclo respiratório.
Os valores da ativação muscular foram calculados como % RMS pela razão do
RMS TH/ RMS do registro basal ou RMS SV/ RMS do registro basal (Sinderby et al.,
1998; Andrade et al., 2005; Dornelas-Andrade et al., 2005).
58
Análise Estatística
O poder da amostra foi avaliado com base no parâmetro eletromiográfico
obtido em um estudo piloto com cinco voluntários. O tamanho da amostra foi de sete
pacientes, determinado pelo teste t para amostra pareada a fim de produzir um
poder de 80% e um erro α de 5%, no qual foi utilizado os parâmetros de RMS em µV
obtido nas situações Basal e ativação do músculo esternocleidomastóideo.
Para verificar a normalidade e homogenidade da variância dos dados foram
realizados os testes de Shapiro-Wilks e Levene, respectivamente. Para testar os
valores absolutos do RMS (µV) do basal dos músculos esternocleidomastóideo e do
diafragma e o valores relativos do % RMS dos músculos esternocleidomastóideo e
diafragma durante os exercícios com Threshold® e supino vertical foi utilizado o
teste-t de Student para amostras pareadas. Os dados são apresentados com média
e erro padrão e o nível de significância aceito foi de p<0,05.
RESULTADOS
Foram recrutados 16 pacientes no ambulatório do HULW, porém três foram
excluídos por apresentarem medida de PImáx maior que 70% do previsto, três por
diagnóstico clínico de doenças pulmonares e dois por acidente vascular encefálico.
Os dados antropométricos e clínicos dos pacientes avaliados durante o estudo
estão apresentados na Tabela 1. Durante o protocolo experimental os indivíduos
apresentavam-se estáveis e clinicamente compensados.
INSERIR TABELA 1
Os valores eletromiográficos individuais e médios de RMS no período basal e
durante ativação dos músculos esternocleidomastóideo e diafragma com o
dispositivo TH e SV estão apresentados na Figura 1. Nela, observa-se que os
valores basais do esternocleidomastóideo não apresentaram diferenças
significativas entre o TH e SV (6,0±0,3 vs 5,8±0,4, respectivamente; p=0,57), como
também, em relação ao diafragma (4,6±0,3 versus 4,8±0,3, respectivamente;
p=0,63). Quando avaliamos a ativação mioelétrica com o TH e o exercício SV do
59
diafragma (12,3±2,1µV versus 14,9±3,3µV, respectivamente; p=0,16) e do
esternocleidomastóideo (19,7±2,3µV versus 16,9±3,1µV, respectivamente; p=0,35)
não observamos diferenças significativas.
Por outro lado, quando comparamos o período basal com a ativação
mioelétrica com o dispositivo TH (esternocleidomastóideo: 6,0±0,3µV versus
19,7±3,3µV, p<0,001; diafragma: 4,6±0,3µV versus 12,3±2,1µV, p=0,03) e com o
exercício de força SV (esternocleidomastóideo: 5,8±0,4µV versus 16,9±3,1µV,
p=0,005; diafragma: 4,8±0,3µV versus 14,9±3,3µV, p=0,01) verificamos diferenças
significativas para todas as comparações.
INSERIR FIGURA 1
Na Figura 2 observa-se o padrão do sinal eletromiográfico dos músculos
esternocleidomastóideo e diafragma nos pacientes com insuficiência cardíaca
durante registro basal e ativação com o dispositivo TH e exercício de força SV.
INSERIR FIGURA 2
Na Figura 3 verifica-se o percentual de RMS da atividade eletromiográfica
durante exercício seletivo com dispositivo TH e exercício de força com SV. O
esternocleidomastóideo não apresentou diferença significativa durante o uso do TH
comparado ao SV (3,3±0,4%; 2,9±0,4%, p=0,42, respectivamente). Com relação ao
diafragma observa-se comportamento similar entre o exercício SV em comparação
ao exercício seletivo TH (3,0±0,5%, 2,7±0,4%, p=0,31, respectivamente).
INSERIR FIGURA 3
DISCUSSÃO
No estudo, resolvemos investigar o comportamento da musculatura inspiratória
em pacientes com insuficiência cardíaca e fraqueza nos músculos respiratórios,
desde que, alterações na mecânica ventilatória, na estrutura e/ou função dos
músculos respiratórios podem provocar incompetência ventilatória, prejudicando o
60
processo de oxigenação da hemoglobina, dificultando a realização de atividade
física e até mesmo das tarefas cotidianas (Laghi and Tobin, 2003; Ratnovskya et al.,
2008).
Com a finalidade de auxiliar nessa avaliação e diagnóstico, utilizou-se a
eletromiográfia de superfície (EMGs), um exame que compreende na aquisição dos
potenciais elétricos dos músculos avaliado (DeLuca, 1997). O principal benefício
dessa técnica vem da sua natureza não invasiva e da possibilidade de captar os
sinais de um grande número de unidades motoras (DeLuca, 1997). Prévios estudos
têm demonstrado validade e confiabilidade no uso da EMGs para avaliar MRs (25,
27, 28). Duiverman et al. (Duiverman et al., 2004) realizaram a verificação e a
validação dos sinais da EMGs do diafragma durante estimulação magnética
transcranial, eles demonstraram que não houve diferenças significativas entre os
tempos de latência decorridos do estímulo transcranial ao primeiro sinal
eletromiográfico do diafragma em sujeitos saudáveis. Em outro estudo foi
investigado o nível de ativação voluntária do diafragma durante a respiração em
repouso e manobras inspiratórias, demonstrando correlação entre as medidas de
ativação muscular do diafragma por eletrodos introduzidos no esôfago e por
eletrodos de superfície (Sinderby et al., 1998). Já o estudo de Maarsingh et al.
(Maarsingh et al., 2000) demonstrou que não existe diferença significativa das
medidas da EMGs feitas durante a ativação dos músculos diafragma e intercostais
durante a respiração em adultos e em crianças saudáveis, afirmando ser uma
medida confiável.
Com relação a utilização da EMG com eletrodos transesofágica para avaliação
dos músculos respiratórios durante a realização de exercicios de força, Al-Bilbeisi
and McCool, (2000) verificaram em sujeitos saudáveis o comportamento mioelétrico
do diafragma durante a realização do levantamento de peso no supino, rosca
bíceps, sentar/levantar e levantamento livre, eles verificaram um aumento importante
da pressão transdiafragmática. Também foi descrido que o treinamento de força de
16 semanas em indivíduos saudáveis aumenta de forma significativa a espessura do
diafragma (DePalo et al., 2004) e que ele também provoca aumento da espessura
diafragmática quando comparado aos sujeitos controles (McCool et al., 1997).
No período basal o uso da EMGs em nosso estudo demonstrou que as médias
do RMS absoluto nos dois experimentos não foram significativamente diferentes,
61
demonstrando que um intervalo de 15 minutos de repouso entre os um experimento
e outro foi suficiente para restaurar os valores basais dos músculos estudados.
Por outro lado para comparar a atividade mioelétrica do
esternocleidomastóideo e diafragma durante os exercícios supino vertical e a
manobra seletiva com Threshold nos pacientes com insuficiência cardíaca, foi
utilizado os dados normalizados. A ativação do ME com TH não apresentou
diferença significativa no percentual de RMS quando comparado com a ativação
com o exercício supino vertical. Quando avaliado o MD ativado durante os exercícios
SV e TH os resultados foram similares aos achados anteriores. Esse nosso
resultado foi similar ao encontrado por Dornelas-Andrade et al., (2005), onde eles
avaliaram pacientes com DPOC submetidos ao exercício com o TH na intensidade
de 30% da Pimax, e verificaram um aumento significativo do basal para ativação do
ME e do MD (Dornelas-Andrade et al., 2005).
Aditivamente, a insuficiência cardíaca e DPOC não têm relação direta com a
função do orgão alvo, alterações histoquimicas e histológicas dos MRs são
encontradas em ambas as doenças, estando relacionadas com a baixa capacidade
funcional (Gosker, 2003; Trooters et al., 2004). Na DPOC ocorre readaptação
mecânica da caixa torácica em decorrência da hiperinsuflação pulmonar, dificultando
a ação do diafragma e contribuindo para diminuição da geração de força muscular
respiratória (Trooters et al., 2004), enquanto que na insuficiência cardíaca não há
alterações biomecânica do diafragma decorrente da hiperinsuflação e, pouco se
conhece sobre os mecanismos relacionados à diminuição na geração de força
muscular. Por outro lado, alguns estudos já têm demostrado o acometimento da
atividade do diafragma, na insuficiência cardíaca, pela observada redução dos niveis
de oxigênio na musculatura respiratória e nas fibras tipo I(Mancini et al., 1992;
Hugues et al., 1999).
Apesar do TH promover uma maior ativação do ME (Dornelas-Andrade et al.,
2005), pesquisa longitudinal demonstrou que 4 semanas de treinamento, com
intensidade de 60% da PImax, foi suficiente para provocar aumento de 72% na
PImax e hipertrofia do diafragma em pacientes com insuficiência cardíaca (Chiappa
et al., 2008). Portanto, em nosso estudo como os níveis de ativação muscular entre
o TH e o exercício SV não foram estatisticamente diferentes, sugerindo que o
treinamento de força de membro superior pode produzir adaptações similares a
62
aquelas encontradas com o TH nos indivíduos com insuficiência cardíaca que
apresentem fraqueza muscular respiratória.
Portanto, tanto a solicitação como a hipertrofia do diafragma pelo treinamento
de força pode em parte ser explicada com a magnitude das pressões intra-
abdominal e torácica, gerada durante a execução dos exercícios de membros
superiores e inferiores (Al-Bilbeisi and McCool, 2000). Estudos realizados em
indivíduos saudáveis verificaram que o aumento da pressão abdominal provoca
tensão excêntrica do diafragma, com o intuito de minimizar a transmissão da
pressão intra-abdominal para o tórax, com isso, ocorre um aumento da pressão
transdiafragmática (Al-Bilbeisi and McCool, 2000; DePalo et al., 2004).
Consequentemente, esses repetidos recrutamentos diafragmáticos pode ter um
efeito similar ao obtido com o treinamento de força. Estudo prévio observou que a
magnitude da pressão transdiafragmática tem relação com o tipo de manobra
realizada, com a intensidade do exercício e o uso de cintos abdominais (Al-Bilbeisi
and McCool, 2000).
A partir da similaridade entre os exercícios, podemos dizer que os exercícios
de membros superiores são importantes para ativar os músculos da respiração, uma
vez que, se sabe que indivíduos com insuficiência cardíaca em diferentes classes
funcionais apresentam atrofia muscular generalizada que compromete a realização
das atividades diárias (2010), além de afetar os MRs, levando ao aumento da
sobrecarga respiratória (Sullivan et al., 1990; Sabbah et al., 1993; Meyer et al., 2001;
Dall’Ago et al., 2006). Esta sobrecarga pode está relacionada também com a
fraqueza muscular dos membros superiores para realização das atividades diárias
como sustentar pesos, elevar objetos, escovar os dentes, barbear, entre outras
necessidades básicas (Piña et al., 2003).
Nosso estudo apresenta limitações, uma delas foi a amostra, que foi
composta de pacientes com variadas etiologias de IC, com diferentes tempo de
doenças que podem interferir no nível de fraqueza muscular respiratória. O uso da
eletromiografia de superfície para analisar o músculo diafragma pode captar
interferências de musculaturas adjacentes e de fatores intrínsecos e extrínsicos.
Porém o modelo de estudo adotado nessa pesquisa pode minimizar essas
interferências.
63
CONCLUSÃO
Concluímos no presente estudo que uma sessão aguda de exercício supino
vertical foi capaz de ativar os músculos diafragma e esternocleidomastoideo em
pacientes com insuficiência cardíaca que apresentam fraqueza muscular inspiratória
de maneira similar ao dispositivo Threshold®. No entanto, outros estudos para
avaliar o efeito crônico dos exercícios de força nos músculos respiratórios são
necessários.
64
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67
Tabela 1: Características físicas, funcionais e clínicas dos sujeitos.
N 8
Idade (anos) 49,5±3,6
IMC (Kg/m²) 25,5±1,5
CF (NYHA) I-II(5) III(3)
Etiologia (Isquêmica/Não-
isquêmica) 2/6
FEVE (%) 36,1±2,7
PImax (% predito) 50,2±4,1
FC (bpm) 79,9±8,2
PAS (mmHg) 116,9±5,6
PAD (mmHg) 78,8±3,7
SATHbO2 (%) 97,3±0,4
1RM (Kg) 16,4±1,9
Medicação (%)
Diurético 100
Digoxina 100
Inibidor ECA 50
Beta-bloqueador 100
Dados apresentados como média ± erro padrão. IMC = índice de massa
corporal; FEVE = fração de ejeção ventricular esquerda; CF, NYHA = classe
funcional, New York Heart Association; PImax = pressão inspiratória máxima;
FC = Frequência Cardíaca; PAS = pressão arterial sistólica; PAD = pressão
arterial diastólica; SATHbO2 = saturação periférica de hemoglobina pelo oxigênio;
1RM = teste de uma repetição máxima; ECA: enzima conversora de
angiotensina.
68
Figura 1: Valores individuais e médios eletromiográficos no basal e durante ativação
dos músculos esternocleidomastóideo e diafragma com Threshold e Supino Vertical.
*Diferença significativa do basal versus ativação.
6,0
19,7
0
5
10
15
20
25
30
35
ES
TE
RN
OC
LE
IDO
MA
ST
ÓID
EO
RM
S (
µV
)
THRESHOLD
4,9
12,3
0
5
10
15
20
25
30
35
Basal Ativação
DIA
FR
AG
MA
RM
S (
µV
)
4,8
14,9
Basal Ativação
5,8
16,9
SUPINO VERTICAL
**
**
69
Figura 2: Exemplo do registro EMG bruto do basal (A, B), durante a realização do
Threshold (C, D) e durante a realização do Supino Vertical (E, F).
70
Figura 3: Ativação mioelétrica do esternocleidomastóideo e diafragma em % da
RMS durante os exercícios com Threshold® e supino vertical.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Esternocleidomastóideo Diafragma
RM
S (
%)
THRESHOLD
SUPINO
71
APENDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado (a) Senhor (a),
Esta pesquisa é intitulada comparação da ativação muscular inspiratória entre
threshold e exercício supino plano na insuficiência cardíaca, ela será desenvolvida pelo
aluno do programa associado de pós-graduação em educação física UPE/UFPB, sob a
orientação da Profº. Drº. Amilton de Cruz Santos
O principal objetivo deste estudo é comparar a ativação dos músculos diafragma e
esternocleidomastoideo entre o dispositivo threshold com o exercício supino plano.
A finalidade deste trabalho é conhecer e aprofundar os estudos sobre as disfunções
do sistema respiratório em pessoas portadoras de Insuficiência Cardíaca. Com base nos
resultados nós esperamos estar contribuído para um melhor entendimento dos possíveis
mecanismos que podem estar envolvidos na disfunção respiratória na Insuficiência
Cardíaca, uma vez que, o cansaço ao esforço, a falta de ar e a fraqueza muscular
respiratória pode ser decorrentes das alterações funcionais dos músculos da respiração.
Deste modo, solicitamos a sua colaboração para participar dos seguintes
procedimentos:
Espirometria
Será realizado um exame (espirômetria) para avaliar os volumes pulmonares tais
como: capacidade vital forçada (CVF), volume expiratório forçado no primeiro segundo, fluxo
expiratório forçado entre 25% e 75%, pico de fluxo expiratório e relação VEF1/CVF. Este
procedimento não apresenta desconforto ou riscos previsíveis.
Manovacuometria
Será utilizado um aparelho (manuvacuômetro) para medir a força da pressão
inspiratória e expiratória. Este procedimento não apresenta desconforto ou riscos
previsíveis.
Avaliação da Atividade Eletromiográfica dos Músculos Respiratórios
Serão fixados na superfície da pele eletrodos para avalia a atividade elétrica dos
músculos da respiração. Este procedimento não apresenta desconforto ou riscos
previsíveis.
Tratamento com aparelho threshold
Dispositivo utilizado para o fortalecimento da musculatura da respiração, cujo o
procedimento consta de 3 minutos respirando contra uma resistência inspiratória de 50%
72
avaliado pela Manovacuometria. Este procedimento não apresenta desconforto ou riscos
previsíveis.
Execução do exercício supino vertical
O avaliado será submetido ao exercício resistido supino vertical com carga equivalente
a 15 repetições, realizado na maquina com peso livre. Este procedimento não apresenta
desconforto ou riscos previsíveis.
Também solicitamos sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em
eventos da área de saúde e publicar em revista científica. Por ocasião da publicação dos
resultados, seu nome será mantido em sigilo.
Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, o(a) senhor(a)
não é obrigado(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas
pelo Pesquisador(a). Caso decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer momento
desistir do mesmo, não sofrerá nenhum dano, nem haverá modificação na assistência que
vem recebendo na Instituição. Os pesquisadores estarão a sua disposição para qualquer
esclarecimento que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa.
Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido (a) e dou o meu
consentimento para participar da pesquisa e para publicação dos resultados. Estou ciente
que receberei uma cópia desse documento.
______________________________________
Assinatura do Participante da Pesquisa
ou Responsável Legal
______________________________________
Assinatura da Testemunha
Contato com o Pesquisador (a) Responsável:
Caso necessite de maiores informações sobre o presente estudo, favor ligar para o
pesquisador: Amilton da Cruz Santos. Endereço: Universidade Federal da Paraíba – Centro
de Ciências da Saúde/ Departamento de Educação Física. Telefone: 3216 7212 ou 3216
7030; 9148 5007
Atenciosamente,
___________________________________________
Drº Amilton da Cruz Santos / Pesquisador Responsável
___________________________________________
Sidney dos Santos Pinheiro / Pesquisador Participante
73
APENDICE B: Questionário da avaliação diagnostica e antropométrica
Nome: Sexo:
End:
Fone: Data Nasc: Idade:
Natural. Estado
Profissão
Fator RH:
Telefone:
Medico: Telefone:
1. Insuficiência Cardiaca Congestiva
Tipo NYHA ECO em: FEVE
( ) Presença de tosse ou expectoração ( )
( ) ( )
( )
( )
3. História patólogica pessoal:
( ) Infarto do Miocárdio ( ) Acidente Cerebral ( ) Anemia
( ) Revasc. Miocárdio ( ) Prob. Tireóide ( ) Fraturas
( ) Valvopatia ( ) Pro.Nervoso/Emocional ( ) Arnomalia radiograficas no torax
( ) Cinecoronariografia ( ) Febre Reumática ( )
( ) Precordialgia ____________ ( ) Arteriosclerose ( )
( ) Veias Varicosas ( ) Artrites pernas/braços ( )
( ) Luxações ( ) Diabetes ( ) Outros
( ) Tonteira ou Desmaios ( ) Epilepsia
(incluindo avós, tios; excluindo primos, parentes pelo casamento e por afinidade).
( ) Ataque cardiaco abaixo de 50 anos ( ) AVC abaixo de 50 anos
( ) Pressão Alta ( ) Colesterol Elevado
( ) Diabetes ( ) Asma
( ) Doenças Cardiacas Congenitas ( ) Operações Cardíacas
( ) Glaucoma ( ) Obesidade (20Kg ou mais acima do peso)
( ) Leucemia ou Câncer( abaixo de 60) ( ) Outros
Cirurgias/Internações:
Medicamentos em Uso:
6. Exame Sangüineo?
Anemia ( )S ( )N HDL LDL
Glicose
7. Hábitos sociais
Tabagismo
( )S( )N Fumante? Q.Cigarros?
Etilismo
Bebe? ( ) Sim ( ) Não
Dieta? ( ) Faz Dieta ( ) N Faz Dieta Objetivo:
Descreva como é a sua alimentação durante o dia?
1º ( )sim ( )não; Tratada ( )sim ( )não; Qual tratamento? ; Desde que idade?| | | anos;
9. Pratica Atividade Física?
( )Sim ( )Não Quais?
( ) Já Praticou Durante quanto tempo? Há quanto tempo está inativo?
FICHA DE AVALIAÇÃO DE ACOMPANHAMENTO
1º ( )sim ( )não; Tratada ( )sim ( ) não; Qual tratamento? Desde que idade?|___|___| anos;
6 – Tabagismo?
1º
7 – Estresse Percebido ?
1º ( )sim ( )não; Tratada ( )sim ( )não; Qual tratamento? Desde que idade?|___|___| anos;
1º
3 – Dislipidemia?
1º ( )sim ( )não; Tratada ( )sim ( )não; Qual tratamento? Desde que idade?|___|___| anos;
4 - Doença Renal?
Triglicérides
1º ( )sim ( )não; Tratada
5 – Obesidade?
Há quanto Tempo?
8. Fatores de riscos pessoais
1 -- Hipertensão Arterial?
2 – Diabetes:
Observações gerais acerca da Anamnese
Em caso de emergência avisar:
Hospital ou Clinica:
( ) Já fumou Q.Tempo parou?
ANAMNESE
4. Historia Patologica Familiar:algum de seus parentes co-sangüíneos teve alguma das seguintes doenças?
5. Dados Clínicos
2. Avaliação Respiratória
Presença de chiado
Sintomas de gripe nos últimos 7 dias
Colesterol Total
Antecedentes de doenças respiratórias
Ter trabalhado em ambiente com poeira
Tabagismo (menos de 1 cigarro/dia ou ano)
LABORATORIO DE ESTUDO DO TREINAMENTO FÍSICO APLICADO AO DESEMPENHO E A SAÚDE DO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA - LETFADS
Grau de Instrução
Data 1º avaliação: Data 2º avaliação:
Tipo Sangüinio Plano de Saúde:
74
Peso Altura IMC C. Torax Ins C. Torax Exp
FC inicial bpm PA incial mmHg SatO2 %
FC final bpm PA final mmHg SatO2 %
2. ESPIROMETRIA
CVF FEF 25-75
VEF1 VEF1/CVF
PImáx. % da predita
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Pemáx
1 2 3 4 5 6 7 8 9
FC
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Cargas:
1º 2º
FÓRMULAS PARA CÁLCULO DA Pimáx PREDITA E CVF/VEF1
HOMENS:
MULHERES:
1. PARAMETROS HEMODINÂICOS E ANTROPOMETRICO
TEMPERATURA AXILAR
3. MANOVACUOMETRIA
5. ELETROMIOGRAFIA
Protocolo de coleta (realizada em ___/___/___)
PROTOCOLO DAS MEDIDAS
1 (1º RSC) 1 (RSC)
2 (Repouso)
3 (T50%)
2 (Repouso)
3 (S60%)
44 (T50%)
( )T50% Pimax ( ) S60% 1RM Ordem aleatória
T50% e S60% S60% e T50%
8
9
10
11
12
5 (T50%) 5
6 6
7
18
19 (2º RSC)
20 (Repouso)
21 (T50%)
22 (T50%)
13
14
15
16
17
Previsto CVF = est. (cm) x 0,0441 – idade x 0,0189 – 2,848 / Limite inferior para CVF= valor previsto – 0,64
Previsto VEF1= estatura (cm) x 0,0314 – idade x 0,0203 – 1,353 / Limite inferior para VEF1= valor previsto – 0,61
Previsto Pimáx. = 110,4 - 0,49 (idade)
9
8
7
Previsto Pimáx. = 155,3 - 0,80 (Idade)
Previsto VEF1 = est. (cm) x 0,0398 - idade x 0,0257 - peso Kg x 0,0077 - 1,201 / Limite inferior: previsto - 0,79
Previsto CVF = est. (cm) x 0,0599 - idade x 0,0213 - peso Kg x 0,0106 - 3,748 / limite inferior: previsto - 0,91
14
13
12
11
10
19
18
17
16
15
23 (T 50%)23 (S605)
22 (Repouso)
21 (2ª RSC)
20